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1 Pe. GERHARD RUDOLFO ANDERER, C.Ss.R. EDITORA SANTUÁRIO Aparecida-SP NELSINHO PARA TODOS “A Sabedoria abriu a boca dos mudos e tornou eloqüente a língua dos pequeninos” (Sabedoria 10,21)

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Pe. GERHARD RUDOLFO ANDERER, C.Ss.R.

EDITORA SANTUÁRIOAparecida-SP

NELSINHO PARA TODOS

“A Sabedoria abriu a boca dos mudos

e tornou eloqüentea língua dos pequeninos”

(Sabedoria 10,21)

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REVISÃO: Elizabeth dos Santos Reis DIAGRAMAÇÃO: Juliano de Sousa Cervelin CAPA: Orseli Luís Sestari ILUSTRAÇÕES: Pe. Gerhard Rudolfo Anderer

Composição, impressão e acabamento: EDITORA SANTUÁRIO - Rua Padre Claro Monteiro, 342Fone: (12) 3104-2000 — 12570-000 — Aparecida-SP.

Ano: 2012 2011 2010 2009 2008Edição: 16 15 14 13 12 11 10

Todos os direitos reservados à EDITORA SANTUÁRIO — 2005

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Anderer, Gerhard RudolfoNelsinho para todos / Gerhard Rudolfo Anderer.

– Aparecida, SP: Editora Santuário, 2005.

ISBN 85-7200-987-6

1. Igreja – Trabalho com crianças 2. Nelsinho (Nelson Santana), 1955-1964 3. Redentoristas – Missões 4. Redentoristas em Angola 5. Redentoristas no Brasil 6. Testemunhos (Cristianismo) 7. Vida cristã I. Título.

05-3593 CDD-259.22

Índices para catálogo sistemático:

1. Crianças: Cuidados pastorais: Cristianismo259.22

2. Pastoral com crianças: Cristianismo259.22

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Quando eu era pequenosonhava em poder voar.

Então, alguém me disse:“No Céu, Jesus vai fazertodos os gostos que você tiver”.

Hoje, eu sonho uma coisa só:poder juntar-me, feliz,às moscas do lixo da cidadeonde os meninos de ruavão procurar, famintos,alguma coisa para comer.

Ali, deixai-me, ó meu Jesus,ajudar-lhes, fraternalmente,a encontrar, com alegria,o melhor petisco de seu dia.Isso será meu Céu, meu Paraísojá na terra: minha Missão...enquanto pulsar de amor o vosso Sagrado Coração!

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Agradecimentos especiais pela colaboração e testemunho

das Irmãs Alice Reginatto, Elidia Pegoraro,

Gertrudes Pereira, Maria de Lourdes Pontoglio

e Cléamaria Simões, Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus,

Pe. Werner Antônio Anderer, meu irmão e confrade,

Ivone Soar, João Joaquim Santana, pai do Nelsinho e Antonio Joaquim

Santana, irmão do Nelsinho.

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Dedicatória

Peço licença aos amigos leitores para dedicar esta minha partilha a

Jesus, que se faz presente nas crianças, particularmente nas órfãs, nas mais pobres, nas abandonadas, nos meni-nos de rua e na rua, e, às instituições que acolheram grande parte delas no Brasil e em Angola:

• à “FEBEM”, na Rodovia Raposo Tavares, em Cotia, São Paulo;

• ao “Reino da Garotada”, em Poá, São Paulo;

• ao “Lar Kuzola”, em Luanda, Angola

• ao “Centro Sol”, no Benfica, Luanda, Angola;

• à “Associação Mulemba”, na Estalagem., Luanda, Angola;

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• à “Remar”, em Viana, Luanda, Angola;

• à ”Santa Bárbara”, na Praia do Bispo, Luanda, Angola;

• ao “Tecto Arco-Íris”, no Golf 2, em Luanda, Angola;

• ao “Centro Débora”, no Morro Bento, em Luanda, Angola

• à “Cidadela da Criança”, em Caxito, no Bengo, Angola;

• às “Casas Lares”, no Kwito, do Bié, em Angola.

A essas instituições, de modo muito especial às de Luanda, por terem, todas elas, acolhido com grande carinho nos-sos inúmeros meninos de rua da Paró-quia da Sagrada Família de Luanda, nossa Eterna Gratidão. Faço questão da presença desta dedicatória em todas as edições que vierem a sair, mesmo que al-guma instituição venha a deixar de exis-ter ou eu venha a partir deste mundo.

O autor.

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Apresentação

Completados, já, os 40 anos do iní-cio dessa experiência pessoal com

criança em minha vida pastoral de pa-dre e missionário redentorista, hoje ve-nho cumprir um dever de consciência e pagar uma dívida... contraída com con-frades, párocos, leigos ou simples ami-gos, ao longo de minha caminhada sa-cerdotal: colocar em papel o que venho partilhando com meus ouvintes, tanto em homilias, como em rádio ou retiros e pregações missionárias, sobre a vida e a missão de um menino especial, o Nel-son Santana e seus companheiros.

Eis, finalmente, o que já há tanto tempo me pediram. Graças a Deus!

É dádiva do Senhor. Aproveite também você! Cada capítulo eu ilustro com um símbolo bem simples como síntese do seu conteúdo.

O autor

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Homenagem à parte

• ao Pe. Horácio SVD com seu “Centro Pe. Arnaldo” em Luan-da, Angola

• ao Pe. Telmo com sua “Casa do Gaiato” em Malanje, Angola

• ao Pe. Manoel com sua “Casa do Gaiato” em Benguela, Angola, grandes símbolos de amor e soli-citude paterna pelas crianças ca-rentes de Angola...

• à Dra. Eufrazina Maiato, Dire-tora do “Instituto Nacional da Criança” de Angola, (INAC) para quem nenhuma delas é alheia ou anônima... nosso público agrade-cimento.

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NELSON SANTANANatural de Ibitinga – São PauloBrasil

Com sepultura perpétuano Cemitério de São Bentoem Araraquara – SP

***

Sua certidão de óbito,fotocopiada do originalque se encontra nos arquivosdo citado cemitério,reza que foi sepultadona qualidade de indigente.

***

Tinha nove anos de idadee comungava todos os dias.Seu funeral foi realizado nodia 25 de dezembro de 1964pelo Pe. Maurílio Correia de Faria, C.Ss.R.

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NELSON SANTANA

“Hoje, ao anoitecer,Jesus vai me levar para o Céu!”

Era, então, o dia24 de dezembro de 1964.

Às 19 horas Jesus o levou.

Tinha feito esse pedido,pois que pouco poderia fazercom um só braçopara ajudar seus paisnos trabalhos do campo.Estava internadopela segunda vezna Pediatria da Santa Casada cidade de Araraquaracom problemas muito sériosem seu braço esquerdo.

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1. Um tombo diferente

Tudo começou quando Nelsinho se descuidou e levou aquele tombo. Foi parar no hospital com muitas dores no braço sobre que caiu.

Sua grande sorte foi conhecer a Irmã Genarina, a encarregada da Pediatria da Santa Casa, que desde logo tornou-se para ele uma verda-deira mãe e sua grande amiga.

A Irmã Genarina percebeu, num instante, que o Nelsinho era um meni-no muito inteligente e parecia bastante religioso.

Perguntou-lhe, por isso, se não gostaria de aproveitar o tempo e fazer uma boa catequese.

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Nelsinho gostou muito dessa idéia surpreendente da Irmã, e aceitou a proposta com alegria.

Passou, então, a receber as instru-ções diariamente. Era a própria Irmã que as dava.

E, quanta coisa linda ele aprendeu sobre o Amor de Deus por nós e como Jesus nos libertou do mal.

Até as crianças da Pediatria canta-vam, entusiasmadas, com ele: “O meu coração é só de Jesus. A minha alegria é a Santa Cruz. Nada mais desejo, não quero senão: que viva Jesus no meu coração!”

Prometeu, então, a Jesus que leva-ria sua cruz cada dia e cada hora com boa disposição e sem reclamar jamais.

2. A primeira grande prova

Quando ficou bom do braço, e, re-cebendo alta no hospital, voltou para

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junto de seus pais, lá, bem longe, na fazenda, onde ganhavam seu sustento cultivando a terra do patrão na simpli-cidade e na pobreza de coração.

Um dia o Nelsinho, ofegante, en-trou correndo na cozinha, onde a mãe fazia o almoço e disse com o coração angustiado:

– Mãe, agora mesmo eu vou fazer um pecado muito grande, um pecado feio, um pecado mortal!

A mãe assustou-se e disse, tomada de aflição:

– O que é isso? O que quer dizer? Nunca vi você assim!

Ele respondeu bem comovido:– Prometi a Jesus não reclamar

quando tiver de enfrentar a dor e o so-frimento. Mas agora, não agüento. Já é demais. Meu braço está pior que antes.

A mãe consolou-o com carinho, mas repreendeu-o, dizendo:

– Mesmo que você, animado, pro-meta alguma coisa a Jesus, sua mãe

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tem de saber. E tudo. Para não acon-tecer o que vemos agora. Não é peca-do nenhum avisar a mãe em tempo, quando sente uma dor no corpo. Co-municar o que se passa não é, de modo nenhum, queixar-se. Vamos depressa chamar o pai... para levá-lo de volta ao hospital.

3. Uma tocante surpresa

Chegando à cidade, ao hospital, ao ver o Nelsinho com seu pai, a Irmã Ge-narina, já na porta, ficou toda alegre e exclamou:

– Eu sabia que um dia vocês viriam visitar-me para matar minhas sauda-des. Entrem! Vou fazer um café!

Mas o pai do Nelsinho, em tom triste, foi logo dizendo:

– Irmã, a coisa é muito séria. Vie-mos aqui, porque, veja só, o braço do menino piorou.

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Toda solícita, a Irmã Genarina foi depressa procurar o médico, que, por sorte, naquele dia, tinha acabado de ver os doentes.

Tudo foi muito rápido...Radiografia, análises e decisão. Não

havia outra solução: amputar o braço o quanto antes.

Quem vai falar ao menino?Qual seria sua reação?O médico, com muita pena, disse à

Irmã, meio sem jeito:– Vá lá, Irmã, falar ao pai. Mas, em

particular. Depois... converse com o pequeno.

Chegada a hora, avisado o pai, foi à sala onde o Nelsinho esperava, ansio-so, o resultado.

– Venha cá! Entre, por favor! – disse a Irmã com calma e carinho, olhando nos olhos luminosos do seu pequeno, mas velho amigo.

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4. Um gesto de raro amor

A Irmã, sua amiga, fez-lhe então, uma pergunta:

– Você ainda se lembra, Nelson, daquele canto que juntos cantávamos nos dias saudosos da catequese aqui na pediatria?

Nelsinho, sorrindo, respondeu:– Sim. Até hoje eu repito, bem bai-

xinho, cantando a Jesus, com o mesmo amor de então: “O meu coração é só de Jesus. A minha alegria é a Santa Cruz. Em penas e dores, em dura aflição, que viva Jesus no meu coração!” E assim ofereço a Jesus a minha dor, uma vez que cada um de nós tem todos os dias sua cruz para levar.

– Pois é, Nelsinho, parece que hoje Jesus vai pedir bem mais que sua dor.

Para a grande surpresa da Irmã, o menino, profundamente emocionado, respondeu-lhe:

– Pode falar, sem medo, Irmã, mes-

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mo que seja meu braço por inteiro, Je-sus pode levar, pois que tudo o que é meu também é Dele.

Tomadas as providências, e, marca-da a hora pelo médico, lá iam levando, anestesiado, o generoso cordeirinho para a sala de cirurgia.

Uma vez feita a operação, teríamos diante de nós uma Nova Criatura.

5. Nova luz brilha no caminho

Chegando à cidade de Araraquara em agosto de 1964 para participar de um curso que seria ministrado para padres novos, pois eu tinha, então, só dois anos de sacerdócio, tive uma das experiências mais fortes de minha vida: conheci bem de perto e por den-tro um menino extraordinário, o Nel-sinho, de apenas nove anos de idade.

Logo depois de nossa chegada, já

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na primeira terça-feira, nosso Superior pediu-nos que fizéssemos uma visita aos doentes do hospital.

Fomos todos distribuídos pelos vários corredores. A mim coube o se-tor que incluía a Pediatria, onde havia crianças de várias idades.

Conversando com elas, encontrei na cama de um canto, bem no fundo da enfermaria, um moreninho claro cujo braço esquerdo lhe fora amputa-do. Chamava-se Nelson Santana.

Em poucas palavras ele me contou que nascera em Ibitinga e que os pais, João Joaquim e Ocrécia, trabalhavam na Fazenda Ronca, onde viviam.

Agora já fazia oito meses que se encontrava aí pela segunda vez, bem longe de seus familiares.

Contou-me como perdera seu bra-ço esquerdo e que já havia feito sua Primeira Comunhão neste mesmo hos-pital e me dizia:

– Eu gostaria de comungar todos

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os dias, mas os padres são poucos e muito ocupados.

6. Uma nova força na vida

Também eu fiz minha apresenta-ção. Disse-lhe que era padre novo e que estaria em Araraquara até o Natal. Teria um curso, hospedando-me, com outros colegas padres, na Comunidade Redentorista da Igreja da Santa Cruz, onde viviam os padres que atendiam os doentes do hospital, a Santa Casa de Misericórdia, onde ele se encontrava.

Então, o Nelsinho me perguntou se eu podia lhe “trazer Jesus todos os dias para ele comungar”.

Pensei um pouco em meus horários e compromissos para responder-lhe que “sim”. Todos os dias, entre as duas e três horas da tarde, passei a realizar um sonho que ele alimentava já havia tanto tempo.

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Minha decisão, realmente, encheu seu coração de profunda alegria e seus olhos de um brilho celestial. Comungava e re-colhia todo o seu ser no Coração de Jesus, com quem passava a falar bem à vontade. Depois, conversávamos, contentes, sobre coisas que ele gostava. Sobre os sonhos, que ainda sonhava... E, eram muitos.

Dizia que Jesus era amigo das crian-ças. Mas, o que adianta se elas não sa-bem nada a respeito ou não se impor-tam com isso? Por isso ele queria come-çar por si mesmo. Queria ser o maior amigo daquele que se fez criança para, com as crianças, abrir as portas do Rei-no Celeste a toda gente, mas, especial-mente aos pequeninos e desprezados.

7. Levava um segredo consigo

Se a hora da visita de Jesus na Eu-caristia trazia um grande consolo para

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o dia-a-dia do Nelsinho e o enchia de esperança de realizar cada um dos so-nhos, havia também a hora dos cura-tivos que o colocava bem no centro, mesmo no coração, do próprio Misté-rio de Cristo Eucarístico, “a imolação de si mesmo na cruz do sofrimento de cada dia”.

Dizia que a dor era muito impor-tante para aumentar o amor verdadei-ro e tornar mais corajoso o amor já con-quistado. Isso ele constatava nas horas de curativo, ao se aprofundar na “Mís-tica da Cruz”.

Era nos dias de curativo que ele sentia seus limites e conhecia bem sua fraqueza. Era, cada vez, e sempre de novo, um retorno dilacerante ao mes-mo e conhecido Calvário.

Para não gritar de dor, ele beijava com força o Crucifixo que sua amiga e confidente lhe tinha colocado à dis-posição para seus momentos de emer-gência.

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Realmente, a Irmã Genarina era o anjo colocado pelo Pai do Céu a seu lado para ajudá-lo a dar seus passos sem tropeçar.

Confidenciava-me, como um futu-ro campeão, que apostava no amor po-deroso de seu amigo Jesus:

– Eu canto sempre baixinho, em meu coração: “O meu coração é só de Jesus. A minha alegria é a Santa Cruz. Em penas e dores, em dura aflição, que viva Jesus no meu coração; que viva Jesus no meu coração!”.

8. De olhos em seu luminoso ideal

Carregando sua cruz sobre o ombro do braço que lhe faltava, nunca Nelsi-nho pediu a Jesus sua cura, nem que se abrandassem suas dores. Sonhava com realidades muito mais elevadas que essas. Pensava num ideal bem mais su-blime e altruísta. Queria cumprir uma

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tarefa que seu Mestre lhe havia passa-do. Queria, como seu Amigo Jesus, fa-zer só e unicamente a vontade de seu Pai e realizar suas obras.

Ele olhava para seu sofrimento como para seu tesouro, como para uma escada que dava acesso ao Para-íso para ele mesmo e para quantos pu-desse associar a si, sempre em comu-nhão total com Jesus. Dizia: “A chave do meu Céu é a Cruz de Jesus!”

O que o Nelsinho agüentava, os outros já não suportavam. Começaram a lhe dar anestesia geral antes de cada curativo para não o verem sofrer tanto assim. Tinha isso como a ajuda de um “Cireneu”.

Uma coisa, porém, não podiam eli-minar: o mau cheiro... que sua ferida exalava. Parecia que a podridão de to-dos os pecados do mundo tinha sido lançada na cova nojenta dessa crua e agressiva chaga.

A presença desse corpo tão peque-

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no e tão inocente, assim, como estava, causando náusea ao que dele se apro-ximasse, parecia bem o contrário do que ele realmente era: um verdadeiro anjo em forma humana.

9. Grande susto no meio da noite

Só a Irmã Genarina podia contar e testemunhar como e quanto Nelsinho sofria com aquela ferida. As crianças, suas colegas de enfermaria, tinham mui-ta pena dele. Chegavam até a chorar pelo que, por vezes, tinham de presenciar.

Numa tarde, quando cheguei, ele me disse completamente transtornado:

– Preciso confessar-me!... Eu pe-quei! Fui covarde! Eu gritei! Eu chorei! Eu não agüentei! Perdão!

Respondi-lhe, calmamente, que isso não era nenhum pecado, pois que Jesus, na cruz, também gritou de dor,

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em tom de queixa: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?”

– Você acha que Jesus fez pecado?Ele pensou um pouco e disse:– É verdade. Não fez pecado. Um

dia minha mãe falou disso. E a Irmã Genarina explicou isso muito bem na Sexta-feira da Semana Santa, mesmo deste ano, durante a Via-Sacra que fize-mos aqui. Ela falava dos sofrimentos de Jesus e como Ele deu aquele grito que as pessoas escutaram muito longe.

Procurei consolá-lo, dizendo:– Você e Jesus são muito amigos do

Pai do Céu, não é mesmo?Ele me respondeu que “sim”. Mas

que, por isso mesmo, não podia fa-zer algo em contrário ou contradizer. Queria, sim, aprender com Jesus, sem-pre mais e melhor, pagar o preço do pecado, pela experiência dolorosa do “abandono de Deus”.

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10. Bem no fundo do poço: o Céu

Quando chegaram os dias em que nosso grupo de padres novos devia fa-zer seu Retiro Espiritual anual, expli-quei tudo ao Nelsinho.

Teríamos de permanecer cinco dias em recolhimento: rezando, refletindo e fazendo revisão de vida. Tudo isso num horário que não nos permitiria sair de casa para outros afazeres.

Pedi-lhe que, nesses dias, ele fizes-se Comunhão Espiritual... e rezasse por nós. Eu, por minha vez, rezaria por ele.

Ele interessou-se bastante pela ex-periência que íamos fazer e prometeu estar unido a nós... rezando por nós nesse tempo todo.

Nossa conversa sobre o Retiro pro-vocou uma nova e muito mais profun-da abertura de coração. Revelou-me, em sua simplicidade de criança, que queria, se Jesus assim também o quisesse, pas-

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sar o Natal no Céu, para ajudar seu ami-go Jesus a fazer o bem a toda gente aqui na terra, uma vez que, com um só braço, pouco ou nada poderia fazer para ajudar seus pais nos trabalhos do campo.

– Não sei como é no Céu. Mas, se precisar de um braço, já consigo fazer alguma coisa como: mostrar a Jesus: “Ajuda este aqui! Veja aquele ali! Não deixe de socorrer aquele lá!” E assim por diante. Dessa forma posso ser mais útil, não é mesmo?

11. Mas, o Natal ainda está longe

Tem razão. O Natal ainda vai levar algum tempo para chegar.

– Não faz mal! – exclamou meu pe-queno interlocutor. – Assim eu tenho mais tempo para me preparar.

E ele queria estar preparado para quê? Só para estar melhor no Céu?

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Com certeza que não. Sua esperança ultrapassava, e muito, a felicidade que o aguardava no Paraíso.

Ele tinha idéias muito claras sobre o que era “ser cristão”, sobre a “missão do cristão no mundo”, sobre a “inter-cessão” e sobre o que vem a ser a “co-munhão dos santos”. Tudo isso se per-cebia em suas conversas.

Não deixava escapar ocasião de saber mais, de vivenciar melhor e de partilhar com melhores frutos.

No tempo do Nelsinho não havia Mi-nistros da Eucaristia, por isso ele não po-deria comungar durante minha ausência. Eu tinha certeza, no entanto, de que ele ia continuar a ser bem alimentado espi-ritualmente com as conversas que a Irmã Genarina ia mantendo com ele.

Pensei comigo: por que será que ele escolheu o Natal para ir para o Céu? Será que ele considera sua entrada no Céu seu novo nascimento que ele quer fazer coincidir como aniversário do nas-

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cimento de seu amigo Jesus? Ou será que ele quer oferecer-se como presente a Jesus, no dia do Natal? Mas, ele já era totalmente de seu rico Amigo há muito tempo. O que lhe faltaria? Ser, agora, um dom, com Jesus para as crianças, enfim, para toda gente desta terra?

12. Uma chamada urgente

Estávamos nós, os padres novos, no terceiro dia de nosso Retiro Espi-ritual, quando eu, pelas três horas da tarde, rezando sozinho na capela da casa, percebi que entrava apressado o Superior, Pe. Altamiro Rossato, que vi-nha em minha direção para me dizer:

– A Irmã Genarina acaba de telefo-nar dizendo que o Nelsinho pede que você vá vê-lo, pois ele se sente mal e acha que já vai morrer. Ele quer a Co-munhão e a Unção.

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Quando cheguei e o cumprimentei, ele exclamou emocionado:

– Quero partir já com Jesus. E, pre-ciso partir ungido, como aprendi.

Não tive nenhuma conversa com ele e ele também não a tentou comi-go.

Nelsinho comungou e foi ungido, respondendo devotamente às orações do ritual. Depois, fechou os olhos e in-clinou a cabeça.

Fiquei olhando, atentamente, para o rostinho recolhido dele.

De repente, abre seus olhos, e, todo iluminado, sorri alegre e proclama com voz forte:

– Já não vou morrer hoje! Sinto-me tão bem agora!

No tempo do Nelsinho o sacramen-to da Unção dos Enfermos era chama-do de Extrema Unção. Um nome não muito exato, como o próprio Nelsinho teve oportunidade de comprovar.

O sacramento da Unção dos Enfer-

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mos é para lhes dar conforto e até lhes recuperar a saúde total.

13. Como um menino qualquer

O tempo foi passando e o mês de dezembro foi chegando.

Nosso curso para padres novos também já estava por terminar.

Um belo tesouro, entretanto, per-manecia ainda oculto para a maior parte dos confrades da comunidade dos Missionários Redentoristas dessa Igreja da Santa Cruz, os responsáveis pelo atendimento dos doentes nessa Santa Casa de Misericórdia.

Isso ficou claro numa tarde, na hora do lanche, no refeitório da co-munidade, quando o Pe. Faria, já dos antigos da casa, nos surpreendeu, a mim e ao Pe. João Resende, falando sobre o Nelsinho. Pe. João era da co-

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munidade e meu colega de ordena-ção sacerdotal. Eu era da Penha. De fora.

O Pe. Faria foi logo dizendo:– Não sei o que vocês estão vendo

nesse menino. Para mim ele é como um qualquer.

O Pe. Faria era um de nossos gran-des missionários, eloqüente pregador das Verdades Eternas... Durante mui-tos anos trabalhou na Rádio Aparecida com os Padres Vítor Coelho de Almei-da e Rubem Leme Galvão. Ambos fa-mosos.

Sua voz bem impostada já era co-nhecida por todos. Seus sermões sobre o inferno, durante as Missões Popu-lares, já fizeram muita gente chorar. Mas, esse Nelsinho do hospital, ele não conhecia, não.

O Pe. João Resende e eu entreolha-mo-nos e calamo-nos. O Pe. Faria era pregador, e nós, mais novos, os ouvin-tes de uma criança doente.

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14. Sua última e definitiva comunhão

Chegou o dia 24 de dezembro e cada um dos padres novos foi escalado pelo Superior para ir ajudar os párocos que haviam pedido auxílio na celebra-ção do Santo Natal.

A mim cabia viajar para a cidade de Fernando Prestes, logo após o almoço.

Pelas dez horas da manhã fui vi-sitar o Nelsinho e falar-lhe de minha saída. Perguntei-lhe:

– Você quer comungar agora ou prefere que eu peça a algum dos pa-dres que lhe dê Jesus à tarde?

Nelsinho me respondeu:– Quero comungar já!Fui, então, à capela do hospital bus-

car Jesus Hóstia para seu amigo.Nelsinho, como sempre, recebeu

Jesus devotamente e fechou os olhos. Abaixou sua cabeça e colocou sua mão-zinha direita sobre seu peito.

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Enquanto assim, recolhido, fazia sua ação de graças, veio a Irmã Genari-na, acompanhada de crianças, trazendo uma mesinha, caixas e enfeites de Natal.

Nelsinho abriu os olhos e lhe per-guntou:

– Irmã, o que vai fazer aqui?Ela respondeu-lhe:– Vamos armar aqui o presépio,

uma vez que você não pode levantar-se. Assim fica melhor para você.

Nelsinho retrucou bem decidido:– Mas, eu não vou estar mais aqui!

15. Explique-me isso já

A Irmã Genarina perguntou ao me-nino bem admirada:

– Como você não vai estar mais aqui se ainda não recebeu alta para voltar para sua casa?

Falei, então, à Irmã:– Deixe essas coisas aí e leve as

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crianças para fora, pois preciso conver-sar ainda um pouco com o Nelsinho.

Quando a Irmã acabou de sair, eu perguntei ao pequeno:

– Que história é essa de que falou à Irmã?

Ele me perguntou admirado:– O Senhor não se lembra?Prossegui, insistindo:– Lembro... de quê?E ele, meio misterioso:– Daquilo que conversamos.Entendendo agora, disse:– É verdade?Ele declarou solenemente:– Hoje, ao anoitecer, Jesus vai me

levar para o Céu!Falei-lhe meio triste:– Então, ia sem me dizer nada?– Claro que não! – consolou-me.E continuou:– Agora mesmo falava com Jesus

sobre tudo isso.Então, Nelsinho me falou sobre

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tanta coisa bonita que me fez recordar a conversa que Jesus teve com seus Apóstolos, na última Ceia, antes de morrer. Guardei tudo muito bem em meu coração e agradeci-lhe. Sentia-me às portas do Paraíso.

16. O grande compromisso

Antes de nos despedirmos, hou-ve um tempo significativo para nos-sas confidências, declarações e mútuo compromisso perante Jesus.

Voltou a falar-me das crianças e do Amor que Jesus tinha por elas e a ra-zão pela qual ele queria tanto comun-gar todos os dias.

Queria retribuir ao máximo o Amor que Jesus lhe tinha, conquistan-do o máximo de crianças para Ele. Daí me pediu que lhe ajudasse nessa árdua missão.

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Pedia a Jesus que abençoasse a todas as crianças com que eu me en-contrasse, ainda que fosse por um só momento, olhar ou pensamento. Que todas elas fossem tocadas por Jesus.

Deu-me a entender que era seu de-sejo amar e ajudar a todos através de mim e, ao mesmo tempo, que também eu pudesse ter a gratificante experiên-cia de sua solícita, constante e infalível ajuda junto a Jesus.

Depois combinou um encontro di-ário comigo e com Jesus para nós po-dermos ajudar a toda gente:

– Todos os dias, na hora de sua Santa Missa, após a Consagração, quando pousar Jesus Hóstia sobre o al-tar, diga com poucas palavras a Jesus o que quer, pois eu estarei bem atento ao lado d’Ele para insistir, com confiança, puxando Sua manga e dizendo: “Jesus, atende o Pe. Rodolfo! Atende a toda essa gente!” Tenho certeza de que não vai falhar.

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17. Nossa primeira Eucaristia

Foi, sem eu me dar conta, o Natal do Nelsinho: o nascimento de Nelson Santana, filho de João Joaquim Santa-na e Ocrécia Santana, em sua pátria de-finitiva, o Paraíso.

Foi, sem eu me dar conta, a Missa das 19 horas do dia 24 de dezembro de 1964 com a Comunidade da cidade de Fernando Prestes que lotava a Igreja Matriz, vibrando em cânticos e ação de graças, o acolhimento do mais novo Menino Jesus que passava por este mundo sedento de Amor.

Foi, sem eu me dar conta, esse povo de Deus que lotava a Igreja Matriz, nes-sa noite de fervorosa Vigília, a primeira multidão agraciada pela intercessão des-se Menino que partiu para que o Eter-no Menino pudesse conquistar sempre mais o espaço que tem por direito nos lares dessa grande Família Humana.

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Na Santa Missa, ao pousar a Hóstia sobre o altar, Jesus não ouviu nenhum pedido meu, e meu amigo Nelsinho, com certeza, pegou na manga de Jesus sem ver nada do que estava combina-do entre nós. E por quê?

Eu ia, sem me dar conta, à maneira dos discípulos de Emaús, já desfrutan-do de sua presença e de seus incalculá-veis benefícios.

Para minha maior surpresa con-segui atender em confissão a enorme multidão que lotava a Matriz após a Missa das 19 horas e a Missa da Meia Noite. Sentia que... ele agia.

18. Para onde vai o Pe. Faria?

No dia 25 de dezembro, à tarde, voltando para Araraquara, depois dos trabalhos do Natal em Fernando Pres-tes, dobrando a esquina de nosso anti-

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go convento, e, sem saber de nada do que se passou durante minha ausência, vi o Pe. Faria sair em direção do hospi-tal, levando o Ritual.

Perguntei ao porteiro:– Aonde vai o Pe. Faria?– Vai fazer o enterro do Nelsinho,

respondeu-me ele.– Então, o Nelsinho morreu?– Sim. Morreu ontem, às 19 horas.Não tive mais tempo para voltar ao

hospital e falar com a Irmã Genarina, pois, no dia seguinte, no dia 26 de manhã, eu devia viajar para São Paulo. Assim, tudo estava “consumado” em Araraquara.

Cheguei a minha comunidade, no santuário de Nossa Senhora da Penha, na Paróquia da Penha, na Zona Leste da ca-pital de São Paulo, como que despertan-do de um longo e maravilhoso sonho.

Pensei em minha vocação missioná-ria e em minha vida como consagrado na Congregação do Santíssimo Reden-tor. Revisei o curso de padres novos

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de que acabava de participar e em que aprendi tanta coisa prática para minha vida de pastoral. Entretanto, agora posso dizer, agradecido: o que deixou profunda marca em mim foi a experi-ência singular com Jesus que acolhi na pessoa de uma frágil criança chamada Nelson Santana.

A partida do Nelsinho para o Céu, exatamente na hora prevista, foi como que a assinatura de Jesus sob tudo aquilo que havíamos combinado e a plena reali-zação do que, juntos, havíamos sonhado.

19. Euforia na Cruzada Eucarística

Minha maior surpresa foi meu en-contro com as crianças da Cruzada Eu-carística da Paróquia.

Um bom grupo de “cruzadinhos” esperava por mim para me cumpri-mentar efusivamente:

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– Boas Festas de Natal, Pe. Rodolfo! Boas Festas! E o Nelsinho? Morreu?

Quando respondi que sim, houve uma inesperada explosão de alegria por parte de todos... uma grande eu-foria.

Corriam, então, ao encontro dos outros dizendo, quase aos gritos:

– O Pe. Rodolfo chegou e... o Nelsi-nho morreu!

– O Pe. Rodolfo chegou e... o Nelsi-nho morreu!

Os desinformados perguntavam:– Que foi que aconteceu?– Por que tanta alegria?– Ah! Sim! Chegou o Pe. Rodolfo.

Mas, o Nelsinho, quem é? E, se mor-reu, por que tanta alegria? Por que tan-ta satisfação? Já não dá para entender!

Foi preciso eu intervir e explicar tudo muito bem. É algo, realmente, fora do comum.

Eu nem me recordava mais de que lhes havia escrito uma carta em que

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lhes falava do Nelsinho e da vontade que ele tinha manifestado a Jesus de passar o Natal no Céu para começar a ajudar as crianças, em seus problemas aqui na terra... como nos estudos... na saúde... nas amizades, em tudo. Princi-palmente a eles.

Eis a razão de tanta festa.

20. Flores frescas ainda hoje?

Cinco anos após seu sepultamento, voltei a Araraquara a fim de descobrir onde se localizava o túmulo de meu anjo Nelsinho e conseguir uma relíquia sua, caso estivesse na época de exumá-lo para dar lugar a outros, como é cos-tume.

Depois de longa viagem, eis-me no Cemitério de São Bento, procurando meu pequeno e grande tesouro perdi-do no meio da multidão.

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Vi ali, ao lado, um senhor idoso, limpando as pequenas ruas e avenidas que conduziam as pessoas às várias áreas do cemitério.

Depois de cumprimentá-lo, falei a esse senhor:

– Não sei se vai poder me ajudar. Estou procurando a sepultura de um menino que foi sepultado no Natal há cinco anos.

Ele me interrompeu para me per-guntar meio ansioso:

– É o Nelsinho, não é mesmo?Perguntei-lhe, bem admirado:– Ainda se lembra?Prosseguiu animado:– Venha ver onde ele está!Chegando lá... que beleza! Vejo seu

túmulo com placa de bronze e recober-to de flores bem frescas, colocadas na-quela manhã.

O funcionário esclareceu-me que o menino tinha muitos amigos na cidade e que vinham fazer sua visita com gran-

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de freqüência, trazendo flores para lhe agradecer a ajuda que lhes prestava junto de Deus para a solução de seus problemas e dificuldades. E dizia:

– Era pequeno, mas agora é gigante!

21. Diferente, mas, muito poderosa

Pedi ao senhor que trabalhava no cemitério, e que falava tão bem de meu amigo, que me dissesse em que época ia ser desenterrado a fim de dar lugar a outros, pois, eu gostaria de ficar com uma relíquia sua, uma recordação.

Informou-me categoricamente:– Esse menino não vai ser desenter-

rado nunca. Este túmulo é perpétuo. Da-qui ele só sai no dia da Ressurreição.

– Como vamos, então, resolver meu problema? Eu vim de longe só por esse motivo. Sei que ele está em Deus, e, se Deus está em mim, eu tam-

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bém estou com ele. Aliás, nós todos somos membros vivos do misterioso Corpo de Cristo. Só isso nos bastaria.

– Já sei o que vamos fazer – disse-me.

– Acompanhe-me até a sala dos Arquivos. Lá conservamos sua cer-tidão de óbito. O senhor pode levar como recordação. Penso que, depois de cinco anos, ninguém mais vem procurar. Ainda mais, eu já conferi. Na certidão se lê que ele foi enterrado com o qualificativo de “indigente”.

Eu lhe disse então:– Agradeço muito mesmo essa bela

e amiga solução para resolver minha situação. Mas, penso que poderíamos seguir um caminho intermédio para chegarmos ao mesmo objetivo. Dê-me licença! Vou até ali, tirar uma fotocó-pia. O original ficará.

Desde aquela data essa certidão tem sido copiada e plastificada uma infini-dade de vezes. E sempre com êxito.

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Nota do autor: Na certidão de óbito acima, consta que Nelsinho tinha sete anos quando morreu. Trata-se de um engano de quem informou ao médico. Hoje, tem-se a certeza de que ele tinha nove anos no dia de seu falecimento.

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22. Por que enterrado como “indigente”?

O Sr. João e Da. Ocrécia deram ao mundo oito filhos, o terceiro dos quais foi o Nelson. Na época, a casa estava cheia de gente pequena.

Quando o Nelsinho começou a sua via-sacra, toda a família passou a sofrer com ele. Consultas a médi-cos de perto e de longe, chegando até a Araraquara, num “vai e vem” que levou, para o Sr. João, um ano e nove meses para chegar ao fim.

A ausência freqüente do pai de família em seu lar e no serviço, as via-gens que se multiplicaram, os gastos com consultas e medicamentos, in-ternamento e visitas semanais, foram obrigando o Sr. João a vender o que tinha para dar conta das despesas. E começou a multiplicar as dívidas, pois não havia outro remédio.

Contudo a Providência não falhou.

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23. Um santo patrão caiu do céu

O Sr. João não pode conter as lá-grimas quando começa a falar do Sr. Otávio Pereira, seu patrão. Fica todo emocionado ao recordar o quanto ele representou em sua vida nesta fase dos seus sofrimentos. Assumiu de corpo e alma todas as despesas e fez questão de pagar semanalmente, aos domingos, a viagem de Ibitinga a Araraquara., ida e volta.

Aí Sr. João, visitando seu filho, participava da Eucaristia e era con-vidado pelas irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, da Santa Casa, a almoçar com elas, pois que, uma vez em Ibitinga, tinha que en-frentar de novo os mais de 20 qui-lômetros para chegar à sua casa, na Fazenda Ronca.

Conta o Sr. João que o Sr. Otá-vio era um cirstão de verdade.

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24. Devota esposa do Sr. Prefeito

Quando Nelsinho morreu, o pai não estava presente. Assim que rece-beu a notícia, já no dia do Natal, o Sr. João foi a toda pressa arranjar um meio de ir até o hospital, pensando na ma-neira de conseguir dinheiro para com-prar um caixão. Como teve de tomar várias conduções só chegou na hora do enterro. E, havia tanta gente que esta-va difícil se aproximar.

Qual não foi a sua surpresa quan-do vê o seu Nelsinho num lindo caixão oferecido por Dona Clarice Venusso, esposa do Prefeito Rômulo Lupo, de Araraquara, pois ela o visitava com freqüência para lhe levar consolo. Não era “indigente” quando vemos tanta gente caridosa prestando ajuda. Era “indigente”, sim, quando vemos o pai sepultado em dívidas, saldadas depois pelo generoso coração do Sr. Otávio.

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25. E a história do túmulo perpétuo?

Para sua família o Nelsinho tinha ido para a casa do Pai Eterno. Mas, para o Pai Eterno, o Nelsinho tinha uma grande tarefa para cumprir ao lado do seu Filho Jesus: ajudar a toda gente pelo ministé-rio da “intercessão”. É o que Jesus tinha comunicado ao Nelsinho na véspera do Natal. Um trabalho que o menino sem-pre sonhava em poder fazer.

Como Deus não falha em Seus Planos e tudo conduz pela Sua Divina Providência, inspirou uma outra devota senhora a edificar para o Nelsinho um túmulo perpétuo que fosse o ponto de referência para todos no serviço da Ca-ridade para os carentes de ajuda. Era a Da. Adelite Caíres Giovanni que tinha um marido também Nelson que uns dez anos depois viu seu corpo descansar no mesmo túmulo com seu pequeno xará.

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26. Uma equipe se forma no Céu

Em pouco tempo o Nelsinho já nos mostrou seu espírito criativo e criador associando a si outros meninos quase de sua idade com semelhantes disposições.

Um dos primeiros foi o Cid Afonso, que faz sua Primeira Comunhão aos cinco anos de idade e passa a receber a Jesus na Eucaristia todos os dias.

Torna-se um grande amigo seu e não deixa de visitá-lo cada vez que passa diante de uma igreja.

Cid era o irmão mais novo dos três Missionários Redentoristas: Pe. Guy, Pe. Gil e Pe. Ney. Como podemos ver, era de família bem religiosa.

Jesus acha-o maduro e recolhe-o a si por um atropelamento que o faz entrar em estado de coma. Em momentos de lucidez, antes de morrer, preocupa-se com a paz de consciência do motoris-ta que o atropelou, chamando sobre si

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a responsabilidade do acidente numa comovente humildade:

– Desculpe-me, papai! Não segui o conselho que me deu de olhar para os dois lados antes de atravessar uma rua movimentada. Perdão!

– Mamãe, como está o motorista? Diga-lhe que eu estou bem. Que não se preocupe comigo. Que Jesus lhe ajude e lhe dê sua paz!

Instantes depois partiu para o Céu. Partiu estando bem. Partiu deixando bem também os outros.

No santinho que foi distribuído aos presentes na Missa do Sétimo Dia ele foi identificado e apresentado como o “Pequeno Comungante”. Realmente era extraordinária sua vida eucarística. Partiu aos seis anos.

27. Apoteose feita por pobres

O Niltinho era sobrinho de nossa Zenaide, leiga muito ativa da Paróquia

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da Penha, em São Paulo. Era um meni-no muito religioso, bem comportado, gostava de estudar e sempre separava alguma coisa para seus pobres.

Tinha sua caixinha de poupança que abria de tempo em tempo para repartir o conteúdo com os pedintes que batiam às portas de sua casa.

Um belo dia iam receber visita e a mãe queria preparar um almoço muito especial. Pediu, então, ao Nilton que fosse comprar carne e explicou-lhe como esta devia ser.

O Niltinho pegou sua bicicleta e, num instante, já estava de volta para deixar a mãe bem contente. Mas, não foi bem isso que lhe aconteceu.

Não era a carne que a mãe esperava. Devia voltar para trocá-la. E, Niltinho, que costumava provar seu amor para com sua mãe através da pronta e total obediência, pegou de novo em sua bi-cicleta e lá se foi, com tanto amor, que Jesus o arrebatou para o Céu.

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Na descida da ladeira já não conse-guiu frear ou se distraiu e foi arreben-tar-se contra um grande atrelado que atravessava o cruzamento.

Em pouco tempo uma multidão cercava o local para ver quem foi o in-feliz ali atirado em sangue.

– É o Niltinho! – exclamavam, co-movidos. – Menino tão bonzinho!

Seu enterro foi uma apoteose. Os pobres disputavam a honra de levar, só um pouco, o caixão do amigo.

28. Comovente reunião de “adeus”

O Paulo Henrique era um menino muito original. Já fazia muito tempo que estava no Hospital de Taubaté. Todos gostavam dele e visitavam-no com freqüência para se nutrirem com seu exemplo de bondade e de paci-ência.

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Sempre tinha boas palavras nos seus lábios e trazia sempre em boca e gestos seu generoso coração.

Num momento mais calmo e na hora mais apropriada, Paulinho con-vocou, de surpresa, uma reunião de médicos e enfermeiros à beira de sua cama. Todos achavam curiosa essa ini-ciativa e foram até lá com grande inte-resse pelo que o menino iria dizer.

Paulo Henrique tinha consciência da grave situação em que se encontrava e sentia que precisava abrir o coração.

Começou por dizer-lhes que sua partida já estava para breve, que não podia ir sem dizer a todos seu “adeus” e manifestar-lhes como era grande a gratidão que tinha para com seus ami-gos: médicos e enfermeiros. Aprovei-tou para pedir-lhes desculpas por não ter correspondido sempre a sua dedi-cação e expectativas.

Comoveu a todos ao se dirigir a uma enfermeira e pedir-lhe perdão

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pela vez em que se mostrou pouco dis-posto a aceitar a injeção.

Queria deixá-los a todos e a cada um com o coração bem em paz.

Seu pároco considera-o o santinho da Comunidade. De fato, seu túmulo é sempre visitado por muita gente e seus devotos não deixam de levar-lhe flores e pedir-lhe intercessão.

29. Famílias e Hospital têm pequeno patrono

Jobair José ou Jobairzinho, ou ain-da, Joba ou Jobinha, desde cedo perce-beu a situação conflituosa em muitos lares. Foi o que o levou a se entregar a Jesus como vítima de amor pela paz e união nas famílias. E Jesus aceitou sua oferta tão generosa. Para que ninguém duvidasse disso, convidou-o a passar o dia da Sagrada Família no Paraíso. Era o dia 27 de dezembro de 1970.

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No ano seguinte um médico, Dire-tor de um Hospital Pediátrico da Nigé-ria, na África, escolheu-o como Padro-eiro de seu hospital de crianças.

Jobairzinho tinha onze anos de ida-de, pertencia à Banda Marcial do Colé-gio “La Salle”, de Aparecida, sua terra natal.

Pertencia também ao movimento “Gen” ou “Geração Nova” dos “Focola-res”.

Chiara Lubich, fundadora desse movimento, havia dado ao Jobinha como “Palavra de Vida” o conhecido texto: “Os céus e a terra passarão , mas os desígnios de Deus sobre nós jamais passarão”. Foi o que aconteceu a esse grande e íntimo Amigo de Jesus.

Quem levava Jesus na Eucaristia para o Jobairzinho, no Hospital do ser-vidor, em São Paulo, era o Pe. Maurício Curi, irmão mais velho da jovem Aída Curi que morreu mártir de sua virgin-dade no Rio de Janeiro.

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Além do túmulo em Aparecida e de seu grande pôster pelo Brasil afora, ressoa em nosso coração a comovente e consoladora canção do “Titico”, refle-tindo o Ideal Gen que cultiva a “presen-ça de Jesus em nosso meio” pela prática esmerada do “amor recíproco”: “Senti-mos tua presença viva entre nós!”

30. Maravilhas do amor pela fé

Fábio Wendling, de Aparecida, aos treze anos, sofreu uma paralisia que o prendeu a uma maca de rodas famosa. Só sentia e mexia os braços, o pescoço e a cabeça. Tinha de viver de bruços por causa da urina solta.

Mas, Deus estava com ele, pois, envolveu-o com os compromissos do Nelsinho que o tornou também um

Nota do autor: Depois que os pais do Jobairzinho morreram, os irmãos fizeram um bonito túmulo para toda a família. Hoje seu corpo repousa juntamente com seus pais: Jobair e Rosiléia.

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grande amigo de Jesus, passando a co-mungar regularmente. Ele queria tam-bém fazer parte da equipe de seu Nel-sinho vivendo mesmo na terra.

Começou a compor músicas e a tocá-las em seu violão para alegrar sua casa e seus amigos. Deu-me a conhe-cer sua avó que igualmente passou a comungar freqüentemente, mesmo de-pois de eu me achar em Angola.

Numa tarde, rezando na capela, re-cebi uma mensagem telepática da avó do Fabinho: “Pe. Rodolfo, agora mes-mo estou entrando no Céu!” Poucos dias depois, o Fabinho me escreve di-zendo que sua avó tinha falecido.

Respondi-lhe que já sabia, pois ha-via me comunicado que estava entran-do no Céu no momento em que me fa-lava.

Uma vez, estando em férias no Brasil, o Fabinho me fez uma bela sur-presa. Com o dinheiro de seu trabalho estava sentado ao volante de seu car-

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ro, convidando-me para dar uma vol-ta com ele que agora era taxista. Com licença da polícia e tudo adaptado ao volante, sentia-se útil e feliz com seu trabalho.

Mas, isso durou pouco. Caiu doente e as hemodiálises lhe deram o Paraíso. Por graça de Jesus e o apoio do Nelsinho, eu pude celebrar seu solene funeral.

31. A esta hora? Mas, como?

O Pe. Albino Saluhako era um jo-vem pároco, responsável pelos cristãos de São João, na cidade do Huambo, em Angola.

Durante o dia levava sempre um grupo de meninos disponíveis na car-roçaria de seu meio de transporte para ajudar a empurrá-lo na hora da parti-da. Mas, à noite, estava privado dessa ajuda em caso de urgência.

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Certa vez, pelas 22 horas, toca o te-lefone. Era a mãe do pequeno Bonifá-cio, implorando:

– Pe. Albino, venha depressa até a nossa casa, pois, o Bonito lhe pede. Ele disse que vai morrer no final desta noi-te e tem muito para conversar.

– Mas, como vou fazer? Depois das vinte horas ninguém pode sair à rua por causa do “recolher obrigatório”. Tanto a guerrilha como os militares podem me prender. E minha “carrinha” só pega no empurrão. Como sabe, estou sozinho em casa. Mas, vou dar um jeito!

Pegou na chave do carro, abriu a garagem, sentou-se ao volante, colo-cou a chave e disse baixinho ao seu amigo Nelsinho:

– Nelsinho, agora, puxa a manga de Jesus e pede para me dar um jeito!

Virou a chave e o motor reagiu. Que maravilha! Obrigado, Jesus! Gra-to, Nelsinho! E lá se foi até a casa onde o Bonito já o esperava ansioso.

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Passaram a noite conversando so-bre as coisas que Deus queria. Coisas tão lindas que não relato por respeito, com medo de errar. Pe. Albino me con-tou tudo.

Pelas cinco horas da manhã os dois tiveram de se separar. Cheio de saúde e feliz, o Bonifácio foi para o Paraíso.

32. Bonança em meio à borrasca

Ao terminar o atendimento de um doente no Hospital Central da cidade do Huambo, encontrei-me, no corre-dor, com a mãe do Filipe que o carre-gava, totalmente tomada pelo desespe-ro. Chorava, gritava e se lamentava em alta voz, acompanhada de parentes.

– Ó mãe, o que foi que aconteceu?Ela me respondeu angustiada:– Meu filho vai morrer. O cubano

que tratou dele acaba de me dizer. Não

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há mais nada a fazer. Vou levá-lo para casa, ainda que morra pelo caminho.

E voltou a gritar e a chorar.Acompanhei-a alguns passos, pen-

sando mais no Filipe do que na dor da mãe. Ele deveria ter um clima de paz, de amor nascido da fé e ser preparado para seu encontro definitivo com o Pai.

Interrompi mais uma vez os gritos e o choro da mãe para lhe exigir, sem a hipótese de outra alternativa:

– Vamos fazer o seguinte: deixem o menino comigo. Vamos levá-lo de volta para sua cama. E, posto aí, eu disse às pessoas: “vocês saiam todos do quarto. Tenho de ficar sozinho com ele. Esta hora é preciosa para ele”.

Fechei a porta e, longe do barulho, comecei a falar com o menino que era pequeno, mas, já tinha 12 anos.

Ele estava ainda bem consciente e me ouvia com atenção. E, como eu sa-bia que era religioso, falei-lhe do Pai do Céu que o amava, sobre Jesus que o

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chamava e, sobre Nossa Senhora que, bem agora, o esperava com muitas crianças e meninos de sua idade...

Falei-lhe muito do Nelsinho e de seu compromisso, também com ele, nesta hora. Mais um pouco e, partiu em paz.

33. Seus amigos todos morrem...

Uma vez um adolescente me disse:– Seus amigos todos morrem!Meio inspirado, respondi-lhe:– Acho que é sorte minha conhecê-

los antes de morrerem. Eu posso afirmar que aqueles que morreram já estavam bem maduros. Não posso e não quero di-zer que os que não morrem ainda sejam imaturos. Temos santinhos entre nossos meninos de rua da Paróquia da Sagrada Família, tanto entre os que já estão em centros de acolhimento como não. É só lembrar o “paizinho” que, não faz tempo,

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foi atropelado às 22 horas. Era o menor de todos. Foi enxotado de casa porque o pai dizia que ele era feiticeiro. E eu o via e conhecia como um santinho.

Então, ele me interrompeu:– É isso que eu queria dizer. Mais

uma vez. Já outro que morre!Sem esperar ou pensar muito, re-

truquei calmamente:– Esses que na missa das sete ocu-

pam os bancos da frente e, ao convidá-los para virem ao microfone para faze-rem uma oração a Jesus ou cantar-lhe uma canção de agradecimento, aceitam sem nenhuma hesitação, não estão to-dos bem vivos? Ou acha que todos vão morrer em breve? Conversando com eles, encontramos vários que nos sur-preendem com reflexões até profundas para sua idade.

Desde criança aprendi a gostar de ler a vida dos santos. Eram todos adul-tos. Hoje, Deus me encanta, a cada pas-so, com seus santos tão pequenos.

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34. Um punhado de fotocópias...

Foi grande minha surpresa e pro-funda a emoção que me invadiu naque-la manhã quando acabei de ler a mensa-gem que me passava a Irmã Elizabete.

– Pe. Rodolfo, já estou em casa. Re-cebi alta no dia seguinte a nossa oração. A médica não sabia como explicar a repentina cura de meu pulmão e man-dou-me para casa. Sinto-me já comple-tamente outra. Supondo sua licença e acordo, mandei tirar este punhado de cópias da certidão de óbito do Nelsinho que tinha deixado comigo. Pode dis-tribuir. Pode entregar a quem precisa. Agora eu sei, por experiência própria, que o Nelsinho ajuda mesmo e que Je-sus gosta de atender esse pequeno mas grande amigo, mesmo depois de tan-tos anos que já faz desde que partiu.

Tudo aconteceu na maior simpli-cidade. Fui visitar o Pe. Morgado no

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Hospital de São João da Boa Vista, ci-dade onde já há muito tempo os Re-dentoristas têm o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

– Vá visitar a irmã do Carmelo que está naquele quarto do outro corredor, à esquerda! – dizia-me o Pe. Morgado. E, eu fui.

Eu mesmo não esperava o resultado dessa visita. É verdade que conversa-mos em clima de muita fé e forte amor.

Depois de lhe falar do Nelsinho, per-guntei-lhe se queria que buscasse em casa a certidão de óbito dele que eu tinha.

Ela disse que sim e veja o que acon-teceu: Coloquei a certidão nas costas, sobre o pulmão da Irmã, e falei a Jesus:

– Sabemos que Tu estás aqui. E somos três que pedimos: a Irmã, eu e o Nelsinho que já pôs a mão em Tua manga para puxar. Atende-nos que nosso Pai vai gostar.

Assim foi nossa breve mas frutuo-sa oração.

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35. Só vou confessar quando morrer

Em meados da década de 70 eu tra-balhava no Seminário Santo Afonso, em Aparecida. Conheci, então, Teresi-nha Alves, mãe de cinco meninos e seu marido que só aceitava confessar-se na hora da morte.

Teresinha era funcionária do San-tuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Sua casa não ficava longe do Seminário.

Assim que soube da preocupação que o Nelsinho tinha com o encaminha-mento das crianças, colocou seus cinco meninos sob sua tutela e eles mesmos começaram a considerá-lo como ami-go seu e anjo de sua guarda.

Sabendo também do quanto Nel-son estava sempre disposto a ajudar a toda gente, confiou-lhe a sorte de seu marido para que não morresse de re-pente, de acidente ou de modo que não

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pudesse confessar-se, sem a assistência de um sacerdote, pois era um contínuo desafio sua afirmação de confessar-se só quando estivesse na hora da morte.

Passou-se muito tempo quando, numa madrugada, atendi ao telefone e era a Teresinha insistindo:

– Pe. Rodolfo, venha depressa até a Santa Casa para confessar meu marido. Ele disse que vai morrer e quer morrer confessado, comungado e ungido.

Achei edificante sua humildade. Dizia que confiava em Jesus, mas não em si mesmo. Queria partir logo depois de ter colocado tudo em seu lugar.

Mas, Jesus o premiou com mais uma semana de vida. Sentiu-se melhor, não chegando a voltar para sua casa.

Numa outra madrugada pediu-me que lhe trouxesse seus meninos para despedir-se deles. Assistimo-lo ador-mecer feliz.

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36. Que diabo é esse?

Um dia, logo após a missa das sete horas da manhã, uma senhora veio ter comigo, dizendo amargurada:

– Padre, venha depressa comigo, pois meu neto está possuído por um demônio. Venha libertá-lo!

Pregávamos Missões Populares em Presidente Epitácio, bem lá, no interior do Estado de São Paulo.

Chegando à casa da avó, encontrei Alessandro de 17 anos, em cima do en-costo do sofá da sala de visitas, rosnan-do com voz de fera e olhando-me com olhos em boca de fornalha.

Levantei calmamente minhas mãos e, olhando em seus olhos, falei bem baixinho a Jesus:

– Apaga, Senhor, com teu amor o ódio que arde neste coração!

Na terceira vez, ele foi fechando os olhos, desceu do sofá, deitou-se e, adormeceu. E eu voltei para casa.

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Como o diabo retornasse, a avó cha-mou-me de novo. Mas, o Alessandro já estava em estado normal, podendo eu agora, analisar, com discernimento, o contexto em que isso aconteceu.

Alessandro trabalhava na “Investi-gação Criminal” e tinha revisto, no dia anterior, o processo do atropelamento, seguido da morte, do grande amigo seu, o André, de apenas quatro anos.

Como o Alessandro era hipersensí-vel, deixou-se vencer por seu subcons-ciente, torturado pela hipótese de que André, castigado, estivesse no inferno.

Acalmei-o mostrando como a parap-sicologia explicava seu caso. E, quanto ao André, era criança que, no dizer de Jesus, “tinha o Reino do Céu”.

37. Então, que dia é hoje?

Amélia Santiago, líder carismática de um dos grupos de oração da Paróquia

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da Sagrada Família de Luanda, senhora sempre alegre e comunicativa, sentava-se no primeiro banco da igreja não porque fosse também do grupo dos fariseus.

Ali, perto do sacrário, cheia de sor-risos para com todos, era para nós, ao passarmos por esse lugar, um espelho luminoso da presença de Jesus.

Aconteceu, porém, que, lentamen-te, essa luz foi se apagando e nada mais de sorrisos e amabilidades. Rosto bai-xo e sério... Que será que aconteceu?

Perguntei-lhe numa manhã:– Dona Amélia, o que foi que lhe

aconteceu?, ultimamente está tão dife-rente.

– É que não distingo mais as pessoas. Mesmo para vir até aqui, custa-me. É a vista. Minha catarata está cada vez pior.

De repente, toda gente estranhou. Fiquei muito surpreso como, de uma hora para outra, ela voltou a raiar como se estivéssemos a ter uma nova aurora.

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Perguntei-lhe, cheio de curiosidade:– Como se explica o que estou vendo?Ela respondeu com uma pergunta:– Que dia é hoje?– É Natal. – E ontem? Que dia foi?– Foi dia 24. Véspera de Natal.– E o que faz lembrar?– Muita coisa, minha irmã!– Ontem terminei de fazer um boa

Novena ao Nelsinho e hoje ele me deu uma clareira no nevoeiro e já consigo ver as pessoas. Já posso continuar a sor-rir como gostam. Mas eu irei até o Bra-sil, a São Paulo, para fazer a cirurgia da catarata que me prometeram fazer.

Hoje, Dona Amélia tem vista boa.

38. Preciso lhe contar esta

Tive de tirar umas férias no Brasil e, como faço ultimamente, passo por Apa-

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recida para visitar a Mãe em seu Santuá-rio e os muitos confrades que ali dão atendimento constante aos inúmeros romeiros que chegam todos os dias.

Ao encontrar-me com Teresinha Al-ves, funcionária bem antiga do Santuário, após saudá-la, ela me disse toda contente:

– Preciso lhe contar esta: Foi num domingo de manhã. Como sempre, tiro meu relógio do pulso e coloco-o no bol-so para que nenhum malandro ao pas-sar o arranque de mim, como costuma acontecer com muita gente nesses dias de muito movimento em Aparecida.

Saio de casa, venho para cá, atra-vessando todo este grande páteo, que já de manhã fica tomado de uma multi-dão que mais parece um formigueiro.

Então, naquela manhã, chegando ao serviço, procuro meu relógio, e nada.

Que aflição! Será que me roubaram? Será que perdi? Onde será que foi?

Cheguei até o Sacrário e falei com grande confiança a Jesus:

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– Não posso ficar sem o relógio. Eu tenho de encontrá-lo. E vou encontrá-lo. Sei que o Nelsinho já está aí com a mão na sua manga para puxar e pedir por mim. Vou voltar pelo mesmo ca-minho que vim até aqui.

Fui andando devagar e olhando com muita atenção, sempre cruzando com as pessoas, até chegar ao posto de gasolina da Basílica e, eis que, de re-pente, vejo meu reloginho, bem ao lado da guia onde os carros abastecem.

Levantei-o, beijei-o e fui correndo até o sacrário para agradecer a Jesus e seu grande amigo e auxiliar Nelsinho”.

39. Graças ao Nelsinho voltei a comungar

Aconteceu quando pregava a Se-mana Santa em Bom Repouso, na re-

Nota do autor: O citado posto de gasolina hoje não existe mais.

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gião montanhosa do Sul de Minas Ge-rais.

Durante a homilia da Missa dos Doentes, na Quarta-feira Santa, contei à multidão que lotava a Igreja Matriz a história do Nelsinho e de sua vocação de ajudar a todos.

No final da Missa, uma senhora esperava por mim na sacristia. Ela me abordou dizendo toda satisfeita:

– Afinal é o senhor o Pe. Rodolfo. Há muito tempo procuro pelo senhor. Desde quando falou do Nelsinho na Rádio Aparecida, num tríduo em pre-paração para a Festa do Corpo e do Sangue de Cristo. Dizia que o Nelsinho tinha uma alma eucarística e que Jesus aceitou seu pedido de passar o Natal no Céu para ajudá-lo a levar a todos para o bom caminho. E agora, ao lado de Jesus, vem intercedendo por aque-les que lhe pedem com confiança.

Lembrei-me que eu não podia co-mungar porque era mãe solteira e vi-

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via amigada com um homem 17 anos mais velho do que eu e que não queria largar de mim. Era o Daniel.

Comecei a rezar a Jesus na hora da Elevação, em todas as Missas, pedindo ao Nelsinho para puxar a manga de Je-sus, até que um dia o homem foi embo-ra. Escolhi, então, o Nelsinho para ser meu anjinho da guarda e nunca mais deixei de comungar.

Fui até Aparecida para lhe contar toda essa maravilha. Mas, lá me diziam que o Pe. Rodolfo vive em Angola. Angola fica na África. E hoje o vejo aqui. Prazer, Pe. Rodolfo, sou Maria Helena Martins”.

40. Agora está tudo explicado

Foi num Retiro Espiritual do clero da Diocese do Bié. Depois de ter falado sobre o Nelsinho aos retirantes, veio ter comigo o Pe. Conceição, pároco do

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Katemo, na cidade do Kwito, no Bié. Perguntou-me:

– Lembra de minha sobrinha Lú-cia que estava para morrer e a leva-ram ao Seminário, já quase à meia-noite, para que eu a acompanhasse até o Hospital?

– Lembro-me bem. Chegaram tão tarde por causa da longa viagem que tiveram de fazer desde o Menongue e, chegando ao Kwito, não sabiam onde ficava o Seminário onde você vivia. Como a estrada era péssima e péssi-ma a situação da doente, não podiam vir mais depressa.

– Pois, a Lúcia, para nós, os fami-liares, já era considerada morta. Sua si-tuação era a pior e, no Hospital, já não podiam fazer mais nada. Era esperar.

– Mas, afinal, o que aconteceu com ela? Nunca mais ouvi falar dela. Ela morreu?

– Ela não morreu. Não! Ela está bem. E está muito bem. É sobre isso

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que eu gostaria de conversar. Naque-la altura, e, até hoje, ninguém sou-be explicar. Foi de repente que tudo mudou. Todos nós já pensávamos no óbito, no funeral. E hoje, quando fala-va tão bem do menino Nelsinho, lem-brei-me de que, ao nos despedirmos naquela noite, disse-me apenas que ia rezar por ela. Foi ter com Nelsinho, com certeza, não foi?

– É fácil de adivinhar, não é?– Agora compreendo o que real-

mente aconteceu.– Tenho por certo que esse meni-

no tem um lugar muito privilegiado bem no centro do Coração de Jesus e do Pai.

41. Também sou Nelson!

Num sábado, à tarde, durante a reunião da Cruzada Eucarística da Paróquia da Sé, na cidade do Kwito,

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capital do Bié, após eu ter falado do Nelsinho e de seu grande amor a Je-sus na Eucaristia e como ele queria ser um fervoroso apóstolo desse di-vino e ardente coração, um dos pe-quenos levantou sua mão e disse com voz clara e forte:

– Eu também sou Nelson!Deu-me a impressão de ser um

campeão. É certo que Jesus conhe-cia bem esse menino. Ele ainda tra-zia Afonso entre seus nomes. Gostou dele e de suas disposições. Por isso chamou-o para ser um de seus Após-tolos. Bem diz o lema da Cruzada Eu-carística:

– Reza, comunga, sacrifica-te e sê apóstolo!

Hoje o Nelson da Cruzadinha da Paróquia de São Lourenço da Diocese do Bié já é padre, é missionário e é Re-dentorista de Santo Afonso e do Nelsi-nho, seus bons xarás.

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42. No altar quero gente pequena

Antes de partir para o Brasil afim de tirar umas férias e rever meus irmãos e confrades, passando por Luanda e, cele-brando durante alguns dias a Santa Missa em nossa Paróquia da Sagrada Família, dei-me conta de que, no altar, eu estava rodeado de muitos meninos novos e pe-quenos, ajudando devotamente a minha celebração. Sentia um novo clima.

Dada a oportunidade, no dia ante-rior a minha viagem, encontrei-me com o jovem Jerônimo, o encarregado de cuidar da formação dos meninos que ajudam as Missas e coordena seus ser-viços. Aproveitei para lhe dar os para-béns por seu novo grupo de coroinhas.

Fiquei surpreendido ao ouvi-lo di-zer-me:

– O Nelsinho me sugeriu pôr gente pequena no altar. Fica mais fácil para ele.

Refleti: criança entra mais no mistério.

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43. O mistério da dor na vida dos inocentes

É verdade. Sempre me pergun-to: que sentido tem a tortura de uma criança que jamais praticou maldade? Uma criaturinha inocente no que pen-sa e faz, por que será que tem de sofrer com as manhas e manias dos adultos? E as doenças então? Que pecados es-tão pagando os pequenos que lotam os hospitais pediátricos? Os que nascem com corpo de monstro ou deficientes? São incontáveis as crianças que mor-rem de subnutrição, por mutilações, estupros ou surras dadas por pais, pa-drastos, parentes, estranhos ou poli-ciais sem a devida formação.

A dor dos inocentes encontra sua luz na inocência de Jesus na cruz.

Jesus canonizou a criança. E o adul-to que não for como criança não pense no Paraíso. O Céu não tem preço. E não é igual para todos. Lá “são muitas

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as moradas”. O certo é que a dor e o amor são as duas faces da mesma mo-eda, cunhada na Cruz de Jesus, para todos.

44. O Mistério não se explica. Vive-se

Jesus deixou bem claro que o Rei-no dos Céus é um tesouro escondido. Jesus falou dele em parábolas. Deu a entender aos interessados seu aprofun-damento. A porcentagem dos frutos varia. O resultado da semeadura pode ser nulo, como até o de cem por cento. E tem mais: a quem tem será dado. A quem não tem será tirado. É um misté-rio o tempo, pois traz mudança. É um mistério a graça, pois faz crescer e mul-tiplica. E é ainda maior o grande misté-rio do Paraíso, o Amor, Deus, Quem fez o tempo e nele se doa em graça para que aquele que O acolhe e responde em re-

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ciprocidade, desfrute d’Ele em sua inti-midade, em segredo, em místico matri-mônio. Quem puder entender, entenda. O certo é que Deus se deixa encontrar por quem O procura. Ele está perto de quem O invoca de verdade.

45. Experiência de Deus tem idade?

Foi numa conversa confidencial com uma das irmãs que Teresinha do Menino Jesus afirmou que não se lem-brava se alguma vez, depois dos três anos de idade, chegou a negar alguma coisa a Jesus.

Desde pequenina acostumava-se a dar a Jesus pequenas mas freqüentes e constantes provas de seu amor por Ele. Ela dizia que, se fosse homem, se-ria padre, seria missionária em terras longínquas para gastar sua vida anun-ciando a todos o Amor do Bom Deus

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para com eles. E, rezava sempre pelas missões.

Quando ela se deu conta de que Jesus ia levá-la para junto de si antes de completar a idade canônica exigida para a ordenação sacerdotal, decidiu passar seu Céu fazendo o bem na terra.

Jesus aceitou e a recompensou ao lhe dar uma multidão de filhos espiri-tuais.

46. As três Teresas que conheci e amei

Até parece que foi Jesus quem me falou assim. Não foi o tríplice amigo de Jesus, o discípulo, o apóstolo e o evan-gelista João que, volta e meia, se referia ao “discípulo que Jesus amava”?

Todos ouvimos falar da grande Teresa de Ávila, a mística Doutora da Igreja que nos leva a Deus pelas “Mo-radas do Castelo Interior”, ensinando-

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nos a falar com Deus que nos purifica, nos ilumina e nos transforma por uma profunda união com Ele.

Conhecemos todos também a Dou-tora mais jovem da Igreja, a que abriu o caminho para Deus às almas mais pe-queninas, através da espiritualidade da “Infância Espiritual”, nossa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face”.

A terceira Teresa é a que já conhe-cemos em parte, chamada na vida con-sagrada de Irmã Genarina Gecchele.

47. Teresa era seu nome de batismo

A Irmã Genarina foi batizada com o nome de Teresa na pia batismal da Igreja de Santa Maria e São Martinho, em Chiampo, na Itália, a 28 de setem-bro de 1910.

Pela vida que levou e pela morte que a acolheu, vemos nela traços níti-

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dos da espiritualidade, tanto de Teresa de Ávila, como de Teresa de Lisieux, como também, e muito mais, da Ma-dre Clélia, mãe e fundadora da famí-lia religiosa das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, a que pertenceu des-de sua consagração feita no dia 21 de abril de 1932, em Alexandria.

Recebendo um nome novo em sua família religiosa, vemo-la atenta a seu significado: Genarina, pequena Januá-ria, com referência a São Januário que lhe ensina a trazer nas veias o Sangue vivo e fervente de Jesus Cristo, sendo sua candente Apóstola neste mundo.

48. Irmã Genarina provou ser Apóstola

O ardor missionário levou a Irmã Genarina a transpor os mares e a doar sua vida a inumeráveis multidões ca-rentes de amor e salvação no Brasil.

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O “Pequeno Príncipe”, hospital de Curitiba, foi o primeiro a provar o amor zeloso que a Irmã tinha para com todos, mas, por um especial carisma, para com as crianças.

Era de modo particular na pedia-tria que ela, enquanto cuidava da recu-peração da saúde do corpo das crian-ças, zelava para que todas saíssem dali muito bem catequizadas, amigas de Deus e fontes do Bem.

Não cuidava somente em preparar as crianças para os sacramentos habi-tuais. Dava também orientação para um bom discernimento vocacional, de acordo com a situação.

49. Um grande amor pelas vocações

Seu fogo de Apóstola alastrou-se por onde passava e nos corações que a en-contrassem pelo caminho em São Paulo, Bauru, Araraquara, Adamantina e...

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É fruto de seu trabalho na pedia-tria da Santa Casa de Casa Branca a caminhada vocacional do futuro Cura da Catedral da Sé, em São Paulo, o Pe. Batista, ordenado por Dom Paulo Eva-risto Arns.

Irmã Genarina era solícita em orientar e não só. Acompanhava seus pupilos nos estudos, em suas carências também materiais, além de fazer ora-ções e sacrifícios.

Oh! Quanto o Pe. Batista não dese-java celebrar uma Eucaristia no túmu-lo de sua mãe espiritual ainda antes de o Pai chamá-lo para junto de si...

50. Irmã Genarina, a alegria da casa

O mesmo amor que fazia da Irmã Genarina uma autêntica Apóstola em seu trabalho com crianças, jovens ou adultos no seu dia-a-dia fazia dela

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também a Apóstola em sua casa, em sua querida comunidade.

Primava por seu espírito de paz, de bondade, de solicitude e, sobretudo, de exuberante alegria. Sabia animar as festas, envolver as pessoas e deixar a todos felizes. Era um dom do céu que a todos enriquecia.

Amiga e amada por todos até o fim, é lembrada ainda hoje com gran-de saudade. Depois de um doloroso Calvário, em razão de um câncer que a destruía, sem nunca perder o humor, despediu-se de seus médicos Dr. Jamil e Dr. Márcio, reuniu sua comunidade com a qual rezou e cantou seu “Magni-ficat”, deixando lágrimas rolar.

Confessou-se, comungou e foi un-gida. Depois disse: “Amanhã é a Festa do Sagrado Coração de Jesus. Esta já vou passar no Céu”.

Realmente nesse dia partiu. Era o dia 17 de junho de 1977.

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51. Nelsinho, Apóstolo com as Apóstolas

“Pelos frutos se conhece a árvore”, disse Jesus. E isso comprovamos todos os dias. É da cruz que vem a luz. É da dor que vem a flor que, morrendo, faz crescer e amadurecer o fruto que, por sua vez, nos alimenta.

Todos os dias e a toda hora Deus nos ama e nos fala em tudo, pois que tudo, e tudo mesmo, concorre para o bem dos que amam o bom Deus.

É bom aprender a ler. “Ler.”Se não sabemos “ler”, calemo-nos. E

não digamos “foi por acaso”, ou “foi por coincidência”, ou ainda “foi sorte dele”. Nós aprendemos muito com os amigos de Deus, esses que nos rodeiam e que “não ouvimos porque ainda são pequenos”. Anote e confira: “Foi por acaso que conhe-ci o Nelsinho, a Irmã Genarina, as Após-tolas”? Há muitos deles por aí... e falam. Não é que somos surdos e cegos?

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52. Ide pelo mundo...

É impressionante a rapidez com que o exemplo do Nelsinho se espalha e cativa corações para o Reino de Jesus. É impressionante a força que reve-la a Palavra passada por um anúncio claro, uma catequese prática e eficaz. Quem não se sente tocado bem no fundo pelo zelo genuíno da Irmã Ge-narina? Quem não se sente mais amigo de Jesus ao conhecer o ideal inflamado do Nelsinho? Tomando conhecimento do que acontece a partir dessa experiência sin-gular já ninguém mais fica aí parado. Todos ouvem no fundo da alma o convite contagiante: Ide pelo mundo dar esta notícia para todos: só o Reino do Amor Universal fará feliz a Huma-nidade inteira. E eu? E você? E nós todos? Junte-mo-nos a ele e “mãos à obra”!!!

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Comunicado da Diocese de São Carlos

A nossa Mãe, a Santa Igreja, alegra-se com a santidade dos seus filhos, parti-cularmente dos pequeninos. Por isso a Diocese de Nelsinho está interessada em recolher documentos que narrem e com-provem as maravilhas que este pequeno realiza por toda parte. Todo relato de cura milagrosa deve vir acompanhado de um laudo médico com sua assinatura.

Envie esses relatos para:“CAUSA NELSON SANTANA”

1) Paróquia São SebastiãoPraça Côn. Heriberto Goettersdorfer, s/nº Centro – Caixa Postal, 43 CEP: 14955-000 – BORBOREMA-SP

2) Casa ParoquialRua Dr. Valentim Gentil, 166CEP: 14955-000 – BORBOREMA-SP

Fone: (16) 3266-1280 ou 3266-1002 (Obs.: Fora do Brasil: precedido de 0055)

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Índice

1. Um tombo diferente ......................................112. A primeira grande prova .............................123. Uma tocante surpresa ...................................144. Um gesto de raro amor .................................165. Nova luz brilha no caminho ........................176. Uma nova força na vida ...............................197. Levava um segredo consigo ........................208. De olhos em seu luminoso ideal ................... 229. Grande susto no meio da noite ...................2410. Bem no fundo do poço: o Céu .....................2611. Mas, o Natal ainda está longe .....................2712. Uma chamada urgente .................................2913. Como um menino qualquer ........................3114. Sua última e definitiva comunhão ..............3315. Explique-me isso já .......................................3416. O grande compromisso ................................3617. Nossa primeira Eucaristia ............................3818. Para onde vai o Pe. Faria? ............................3919. Euforia na Cruzada Eucarística .................... 4120. Flores frescas ainda hoje? .............................4321. Diferente, mas, muito poderosa ......................4522. Por que enterrado como “indigente”? .......4823. Um santo patrão caiu do céu .......................4924. Devota esposa do Sr. Prefeito ......................5025. E a história do túmulo perpétuo? ...............5126. Uma equipe se forma no Céu ......................5227. Apoteose feita por pobres ............................53

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28. Comovente reunião de “adeus” .................5529. Famílias e Hospital têm pequeno patrono ...5730. Maravilhas do amor pela fé ........................5931. A esta hora? Mas, como? .............................6132. Bonança em meio à borrasca ......................6333. Seus amigos todos morrem... .....................6534. Um punhado de fotocópias ........................6735. Só vou confessar quando morrer ...............6936. Que diabo é esse? .........................................7137. Então, que dia é hoje? ..................................7238. Preciso lhe contar esta .................................7439. Graças ao Nelsinho voltei a comungar .....7640. Agora está tudo explicado ..........................7841. Também sou Nelson! ...................................8042. No altar quero gente pequena ....................8243. O mistério da dor na vida dos inocentes ...8344. O mistério não se explica. Vive-se ..............8445. Experiência de Deus tem idade? .................8546. As três Teresas que conheci e amei ............8647. Teresa era seu nome de batismo .................8748. Irmã Genarina provou ser Apóstola .........8849. Um grande amor pelas vocações ................8950. Irmã Genarina, a alegria da casa .................9051. Nelsinho, Apóstolo com as Apóstolas .......9252. Ide pelo mundo .............................................93

“Celebrai ao Senhor, invocai o Seu Nome;

anunciai entre os povos suas numerosas façanhas!”

Sl. 105,1