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NEMATOLOGIA BRASILEIRA VOL. 32 FASC. 2 2008 Conteúdo [Artigos / Comunicações] Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood. Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz ..................................... 93 Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura. Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza ............................................... 101 Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com Nematóides Entomo- patogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS. Aldomario S. Negrisoli Jr., Carla R. C. Barbosa & Alcides Moino Jr. ........................................................................................................................... 111 Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar. Fábia S. Oliveira, Mara R. Rocha, Renato A. Teixeira, Valéria O. Faleiro & Rogério A.B. Soares ...................................................................................................... 117 Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle de Meloidogyne graminicola em Arroz Irrigado. Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes ... 126 Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos em Hortaliças no Distrito Federal, Brasil. Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza, Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano .............................................................................................. 135 Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central. Jean K.A. Mattos, Ednalva P. Andrade, Marcela A. Teixeira, Ana Paula G. Castro & Shiou P. Huang (in memoriam) ................................................................ 142 Efeito do Gene Mi na Reprodução de Populações de Meloidogyne exigua em Tomateiro. Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro ......................................................................................................................................................... 150 Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis. Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski ............................................................................................................................. 154 Relação entre Populações Iniciais de Meloidogyne javanica e Heterodera glycines e o Desenvolvimento do Sistema Radicular da Soja. Fernando S. Rocha, Jadir B. Pinheiro, Hercules D. Campos & Vicente P. Campos ................................................................................... 161

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NEMATOLOGIA BRASILEIRA VOL. 32 FASC. 2 2008

Conteúdo [Artigos / Comunicações]

Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood. Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz ..................................... 93 Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura. Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza ............................................... 101 Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com Nematóides Entomo-patogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS. Aldomario S. Negrisoli Jr., Carla R. C. Barbosa & Alcides Moino Jr. ........................................................................................................................... 111 Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar. Fábia S. Oliveira, Mara R. Rocha, Renato A. Teixeira, Valéria O. Faleiro & Rogério A.B. Soares ...................................................................................................... 117 Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle de Meloidogyne graminicola em Arroz Irrigado. Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes ... 126 Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos em Hortaliças no Distrito Federal, Brasil. Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza, Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano .............................................................................................. 135 Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central. Jean K.A. Mattos, Ednalva P. Andrade, Marcela A. Teixeira, Ana Paula G. Castro & Shiou P. Huang (in memoriam) ................................................................ 142 Efeito do Gene Mi na Reprodução de Populações de Meloidogyne exigua em Tomateiro. Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro ......................................................................................................................................................... 150 Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis. Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski ............................................................................................................................. 154 Relação entre Populações Iniciais de Meloidogyne javanica e Heterodera glycines e o Desenvolvimento do Sistema Radicular da Soja. Fernando S. Rocha, Jadir B. Pinheiro, Hercules D. Campos & Vicente P. Campos ................................................................................... 161

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NEMATOLOGIA BRASILEIRA VOL. 32 N. 2 JUNE/2008

CONTENT

ARTICLES

Nematicidal action of oil, plant extracts and two products containing capsaicin,

capsainoids and allyl isothiocyanate on juveniles of Meloidogyne javanica (Treub)

Chitwood. Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz ..................................... 93

Field evaluation of Coffea arabica cultivars in areas infested or not by Meloidogyne

exigua in the northwest region of the State of Rio de Janeiro, Brazil – 1. Establishment

of the plantation. Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza .............. 101

Evaluation of the compatibility of agrochemicals with entomopathogenic nematodes

(Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) using a modified IOBC / WPRS

guideline. Aldomario S. Negrisoli Jr., Carla R. C. Barbosa & Alcides Moino Jr. ....................... 111

Crop systems for the management of Pratylenchus spp. in sugarcane. Fábia S. Oliveira, Mara R. Rocha, Renato A. Teixeira, Valéria O. Faleiro & Rogério A.B. Soares .......................... 117

Evaluation of essential oils of medicinal plants for the control of Meloidogyne

graminicola in flooded rice. Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes ………………... 126

Occurrence of Meloidogyne spp. and nematophagous fungi on vegetables in the

Federal District of Brazil. Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza, Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano .................................................................. 135

Key genera of eleven soil nematode communities in the savannah region of Central

Brazil. Jean K.A. Mattos, Ednalva P. Andrade, Marcela A. Teixeira, Ana Paula G. Castro & Shiou P. Huang (in memoriam) ....................................................................................................... 142 COMMUNICATIONS

Effect of the Mi gene on the reproduction of Meloidogyne exigua populations in

tomato. Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro .. 150 Nutritional status of guava (Psidium guajava L.) plants parasitized by Meloidogyne

mayaguensis.. Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski ......................................................................................................................................................... 154

Relationship between initial populations of Meloidogyne javanica and Heterodera

glycines on the development of the soybean root system. Fernando S. Rocha, Jadir B. Pinheiro, Hercules D. Campos & Vicente P. Campos .................................................................... 161

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Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood

Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base deCapsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne

javanica (Treub) Chitwood*

Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira,Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz

*Parte da Tese de Mestrado da primeira autora. Universidade Federal de Viçosa (MG) Brasil.1Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitopatologia, 36571-000 Viçosa (MG) Brasil.

Autora para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 18 / 04 / 2007. Aceito em 17 / 03 / 2008Editado por Guilherme Asmus

Resumo – Neves, W.S., L.G. Freitas, C.F.S. Fabry, R. Dallemole-Giaretta, P.A. Ferreira, L.O. Ferraz, O.D.Dhingra & S. Ferraz. 2008. Ação nematicida de óleo, extratos vegetais e de dois produtos à base de capsaicina,capsainóides e alil isotiocianato sobre juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood.

Avaliou-se a atividade nematostática e nematicida dos extratos de alho, mostarda e pimenta malagueta, doóleo de mostarda e de dois produtos à base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato, em diferentesconcentrações, sobre juvenis de segundo estádio de Meloidogyne javanica, in vitro. Os materiais testados e osnematóides foram depositados em placas de Petri, mantidas em B.O.D. a 26 oC por 24 horas, a fim de avaliar ainativação dos juvenis. Água destilada foi usada como testemunha. Após a contagem dos juvenis inativos, osmesmos foram enxaguados em água esterilizada e incubados por mais 24 horas, para a avaliação da porcentagemde mortalidade. Tanto o óleo de mostarda quanto os extratos vegetais e os produtos à base de capsaicina,capsainóides e alil isotiocianato apresentaram atividade nematicida, causando até 100 % de mortalidade dosjuvenis de M. javanica.Palavras-chaves: nematóides das galhas, extratos de plantas, capsaicina, capsainóides, alil isotiocianato.

Summary - Neves, W.S., L.G. Freitas, C.F.S. Fabry, R. Dallemole-Giaretta, P.A. Ferreira, L.O. Ferraz, O.D.Dhingra & S. Ferraz. 2008. Nematicidal action of oil, plant extracts and two products containing capsaicin,capsainoids and allyl isothiocyanate on juveniles of Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood.

The nematostatic and nematicidal activity of extracts from garlic (Allium sativum), mustard (Brassica campestris)and red hot chili pepper (Capsicum frutescens), of mustard oil and two products containing capsaicin, capsainoidsand allyl isothiocyanate were evaluated at different concentrations on second-stage juveniles of M. javanica, invitro. The tested products and the nematodes were poured into Petri dishes and were kept in B.O.D. at 26 oC for24 hours, in order to evaluate juvenile inactivation. Distillated water serves as the control. The garlic, pepperand mustard extracts showed nematicidal activity when compared to the control treatment. The productscontaining capsaicin, capsainoids and allyl isothiocyanate killed up to 100 % of M. javanica juveniles.Key words: root-knot nematode, plant extracts, capsaicin, capsainoids, allyl isothiocyanate.

ARTIGO

IntroduçãoMétodos alternativos de controle têm atraído a

atenção de pesquisadores interessados no manejo denematóides fitoparasitas em substituição ao emprego

de nematicidas sintéticos, devido aos conhecidosefeitos nocivos que estes produtos apresentam sobreo meio ambiente e o homem (Campos et al., 1998;Barker, 2003). Na literatura são relatados vários

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Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz

exemplos de plantas com potencial para a produçãode nematicidas naturais (Lewis & Papavizas, 1971;Lazzeri et al., 1993; Mayton, et al., 1996; Ferris & Zheng,1999). As espécies do gênero Brassica produzemcompostos sulfurosos, os glicosinolatos (Lewis &Papavizas, 1971), incluindo isotiocianatos, nitrilas,tiocianatos e epinitrilas (Mayton, et al., 1996) com efeitonematicida. Vários autores relataram o efeito do alhosobre Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita (Kofoid& White) Chitwood (Krishnamurthy & Murthy, 1993;Nidiry et al., 1994; Parada & Guzmán, 1997).Constituintes do óleo de alho causaram toxidez aAphelencoides sacchari Fischer e Tylenchulus semipenetransCobb (Nath et al., 1982). No mesmo estudo os autoresrelataram que extrato metanólico e aquoso bruto dealho causaram a morte de 100 % dos nematóides.Gupta & Sharma (1991) observaram que bulbos dealho apresentam substâncias tóxicas a M. incognita.Freitas et al. (2000), testando um produto comercialproduzido nos Estados Unidos (Champon®) à basede capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato,constataram redução na produção de ovos e naformação de galhas de M. javanica em tomateiroscultivados em casa de vegetação. Júlio et al. (2001)verificaram ação repulsiva in vitro de extratos depimenta a juvenis de segundo estádio de M. javanica,observando também algum efeito do Champon® edo extrato de alho sobre o referido nematóide. Dias etal. (2000) observaram que o efeito nematostático dealguns extratos de plantas sobre juvenis de M. incognitanão implica efeito nematicida, sendo então de grandeimportância a avaliação da recuperação dos juvenisde nematóides em água.

O objetivo deste trabalho foi avaliar, in vitro, aatividade nematicida de extratos de alho (Allium sativumLinn.), mostarda (Brassica campestris Linn.) e pimentamalagueta (Capsicum frutescens Linn.), óleo de mostardae de dois produtos à base de capsaicina, capsainóidese alil isotiocianato, em diferentes concentrações, sobrejuvenis de segundo estádio (J2) de M. javanica.

Material e MétodosObtenção dos extratos. Os extratos foram

obtidos baseados nos métodos de extração descritospor Demuner et al. (2004). O extrato cetônico de alho

foi obtido pela imersão de 1 kg de bulbos de alho semcasca, que foi triturado em liquidificador, em erlenmeyercontendo três litros de acetona, onde a suspensãopermaneceu vedada em repouso no escuro por quatrodias. Logo após, a amostra foi filtrada em papel defiltro e levada ao condensador para a eliminação dosolvente.

O extrato cetônico de mostarda foi obtido pelafragmentação de partes de plantas como folhas, florese sementes em pedaços de aproximadamente 1 cm²,os quais foram colocadas em câmara de secagem, comtemperatura ajustada em 20 ± 1 oC por 15 dias. Omaterial seco foi submetido à extração com acetonaem aparelho tipo “Soxhlet” durante 20 horas a 50 oC.Após este período, o solvente foi eliminado sobpressão reduzida em evaporador rotatório.

Os extratos cetônico e clorofórmico de pimentamalagueta foram obtidos de 50 gramas de pimentamalagueta. Inicialmente o material foi acondicionadoem sacos de papel que foram colocados em estufas decirculação forçada de ar com temperatura ajustada a50 oC para secagem até peso constante dos frutos.Posteriormente os frutos foram triturados emliquidificador e submetidos à extração, conformemétodo descrito anteriormente, para o extratocetônico de mostarda. Logo após a obtenção dosextratos, os mesmos permaneceram sob refrigeraçãoaté o momento do ensaio biológico.

O extrato comercial de mostarda (óleo demostarda) utilizado no experimento foi provenientedos Estados Unidos, contendo aproximadamente 95% de alil isotiocianato, de acordo com o fabricante.

Obtenção do inóculo. Ovos de M. javanica foramobtidos a partir de raízes de tomateiro Santa Cruz‘Kada’ infectado, mantido em casa de vegetação, eextraídos conforme a metodologia proposta porHussey e Barker, adaptada por Boneti & Ferraz (1981).Para a obtenção de juvenis de segundo estádio os ovosforam mantidos em câmara de eclosão a 26 °C por 24horas. Decorrido esse período a suspensão contendoos juvenis foi vertida em peneira de 0,025 mm de malha(500 mesh) e transferida para uma proveta graduadacom auxílio de pisseta contendo água de torneira.

Avaliação in vitro da mortalidade de juvenisde segundo estágio de M. javanica. Os ensaios

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Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood

foram realizados in vitro, testando-se separadamenteas diferentes concentrações de cada produto. Foramavaliados os extratos cetônicos de alho, pimenta emostarda, extrato clorofórmico de pimenta e óleo demostarda na concentração de 1.000, 400, 200, 100 e50 ppm e os produtos DS (desenvolvido naUniversidade Federal de Viçosa) e Champon®, ambosà base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato,nas concentrações de 40, 20, 10 e 5 %. Utilizou-se odetergente “Tween 80” a 1 % para promover ahomogeneização das soluções. Água destilada e“Tween 80” (1 %) foram usados como testemunha.No ensaio foram avaliados oito tratamentos com cincorepetições por tratamento.

O ensaio foi montado em placas de Petri de 5 cmde diâmetro. Em cada placa foram colocados 2,0 mlda solução teste e 1,0 ml de suspensão contendo emmédia 300 juvenis de segundo estádio (J2) de M.javanica. Logo após, as placas foram fechadas,distribuídas ao acaso em B.O.D. a 26 °C por 24 horas.Decorrido o período de incubação, as placas foramexaminadas sob microscópio estereoscópio para adeterminação da porcentagem de juvenis inativos. Emseguida, cada suspensão (contendo os extratos e osJ2) foi vertida cuidadosamente sobre peneira de 0,025mm de malha e enxaguada em água corrente. Osjuvenis retidos na peneira foram transferidos para asplacas de Petri e deixados em repouso em água pormais 24 horas. A seguir foi determinada a porcentagemde juvenis móveis e mortos nos diferentes tratamentosatravés de observação visual dos espécimes sobmicroscópio estereoscópio, por um período de 10

minutos por placa.Na etapa, os mesmos extratos mencionados acima

foram avaliados nas concentrações finais de 400, 200,100 e 50 ppm, bem como o produto Champon® eum produto em desenvolvimento na UniversidadeFederal de Viçosa (chamado DS), ambos à base decapsaicina, capsainóides e alil isotiocianato, nasconcentrações de 40, 20, 10 e 5 %. Água de torneirafoi usada como controle e foram feitas cinco repetiçõespor tratamento. Ambas as etapas do experimentoforam repetidas para se ter maior confiabilidade dosdados. Os mesmos procedimentos adotados naavaliação dos extratos a 1.000 ppm foram utilizadospara avaliação das demais concentrações.

Os ensaios foram montados em delineamentosinteiramente casualizados. Os dados percentuais foramanalisados e as médias dos diferentes tratamentosforam comparadas pelo teste de Tukey a 5 % deprobabilidade utilizando-se o programa estatísticoSAEG (Euclydes, 1983).

Resultados e DiscussãoNa concentração de 1.000 ppm a mortalidade dos

J2 foi de 4,7 e 4,8 % nos ensaios 1 e 2, respectivamente,no tratamento usado como testemunha (Tabela 1). Ocontrole com água + “Tween 80” (1 %) não diferiuestatisticamente do controle (com apenas água)apresentando morte dos juvenis de 10,4 e 10,1 % no1º. e 2º. ensaios, respectivamente. O extrato cetônicode pimenta não apresentou ação nematicida. O extratoclorofórmico de pimenta e o extrato cetônico de alhoapresentaram efeito nematicida quando comparados

Tabela 1 - Porcentagem de J2 de M. javanica mortos após 24 horas de exposição a diferentes extratos (1.000 ppm) para dois ensaiosrealizados em diferentes épocas.

Médias de cinco repetições. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).

Tratamentos J2 de Meloidogyne javanica mortos (%)

1o. ensaio 2o. ensaio

Testemunha (água) 4,8 d 4,8 d“Tween 80” a 1 % 10,1 cd 10,4 dExtrato cetônico de alho 60,4 b 49,7 bExtrato cetônico de mostarda 2,6 d 4,6 dÓleo de mostarda 100 a 100 aExtrato cetônico de pimenta 7,0 cd 11,0 dExtrato clorofórmico de pimenta 15,5 c 27,5 cC.V. (%) 14,4 22,5

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96 Vol. 32(2) - 2008

Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz

à testemunha. No primeiro ensaio o extratoclorofórmico de pimenta causou a morte de 15,5 %dos J2 e o extrato de alho 60,4 %. No segundo ensaioo extrato clorofórmico de pimenta e o extrato cetônicode alho causaram a morte de 27,5 e 49,7 % dos J2

respectivamente. Nos dois ensaios o óleo de mostardaresultou em morte de 100 % dos juvenis. O extratode mostarda não resultou em atividade nematicida,em nenhum dos dois ensaios.

Na Tabela 2, encontram-se os resultados doexperimento com os extratos a 400 ppm e os produtosChampon® e DS à 40 %. No controle (com água),7,8 e 6,2 % dos J2 morreram nos ensaios 1 e 2,respectivamente. O extrato cetônico de alho nãoapresentou efeito nematostático ou nematicida emnenhum dos dois ensaios. Extratos cetônico eclorofórmico de pimenta resultaram, respectivamente,

nas taxas de mortalidade de 18,0 e 20,4 % dos J2 (1º.ensaio) e de 15,5 e 23,7 % dos J2 (2º. ensaio). O extratode mostarda resultou em taxa de 26,6 e 15,9 % de J2

mortos nos ensaios 1 e 2, respectivamente. O óleo demostarda e os dois produtos testados, à base decapsaicina, capsainóides e alil isotiocianato,apresentaram morte de 100 % dos nematóides.

No teste dos extratos a 200 ppm e os produtos a20 %, conforme mostrado na Tabela 3, o óleo demostarda e os produtos Champon® e DS causaramum efeito deletério nos J2, pois no primeiro ensaio oóleo de mostarda apresentou 92,8 % de J2 mortos eos dois produtos testados resultaram em 100 % demorte. Os extratos cetônicos de pimenta e de mostardaapresentaram leve efeito nematostático, porém nãodiferiram da testemunha quanto ao número de J2

mortos. No segundo ensaio, o óleo de mostarda

Tabela 2 - Porcentagem de J2 de M. javanica, mortos após 24 horas de exposição a diferentes extratos e produtos (concentrações de 400ppm e 40 % respectivamente) para dois ensaios realizados em diferentes épocas.

Médias de cinco repetições. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). DS e Champon®:produtos à base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato.

Tratamentos J2 de Meloidogyne javanica mortos (%)

1o. ensaio 2o. ensaio

Testemunha (água) 7,8 d 6,3 dDS 100 a 100 aExtrato cetônico de alho 10,2 cd 8,3 cdExtrato cetônico de mostarda 26,6 b 15,9 bcÓleo de mostarda 100 a 100 aExtrato cetônico de pimenta 18,0 bc 15,5 bcExtrato clorofórmico de pimenta 20,4 b 23,7 bChampon 100 a 100 aC.V. (%) 9,4 9,4

Tabela 3 - Porcentagem de J2 de M. javanica, mortos após 24 horas de exposição a diferentes extratos e produtos (concentrações de 200ppm e 20 %, respectivamente) para dois ensaios realizados em diferentes épocas.

Médias de cinco repetições. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). DS e Champon®:produtos à base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato.

Tratamentos J2 de Meloidogyne javanica mortos (%)

1o. ensaio 2o. ensaio

Testemunha (água) 32,42 b 28,3 deDS 100 a 100 aExtrato cetônico de alho 31,18 b 47,4 cExtrato cetônico de mostarda 26,74 b 36,9 cdÓleo de mostarda 92,78 a 75,4 bExtrato cetônico de pimenta 30,54 b 23,2 eExtrato clorofórmico de pimenta 33,46 b 26,5 deChampon 100 a 100 aC.V. (%) 13,0 11,4

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Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood

causou a morte de 75,4 % dos J2 e Champon® e DSapresentaram 100 % de J2 mortos. O extrato de alhoapresentou diferença significativa quando comparadocom o controle, diferindo do primeiro ensaio. Ferris& Zheng (1999) sugeriram que resultados falsospositivos podem ocorrer devido à presença demicrorganismos ou seus metabólitos associados aextratos vegetais. Entretanto, o que se pode explicar,na diferença dos resultados entre os dois ensaios parao extrato de alho, é a possibilidade de o extrato nãoter sido totalmente retirado das amostras durante alavagem dos J2.

Na Tabela 4 estão descritos os resultados com osextratos a 100 ppm e os produtos a 10 %. O controleapresentou 17,1e 18,9 % de juvenis mortos nos ensaios1 e 2, respectivamente, enquanto que os dois produtosà base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato

apresentaram 100 % de eficiência nematicida. O óleode mostarda causou a morte de 75,9 % dos J2 no ensaio1 e de 69,9 % no ensaio 2. No 1º. ensaio, o extratoclorofórmico de pimenta apresentou um leve efeitonematicida sobre os nematóides, o que não foiobservado no 2º. ensaio. O extrato de mostardaapresentou 68,8 e 66,8 % de juvenis mortos, diferindoestatisticamente do controle. Os demais tratamentosnão diferiram significativamente do controle.

Como pode ser observado na Tabela 5, os extratosna concentração de 50 ppm e os produtos naconcentração de 5 %, apresentaram resultadossemelhantes aos das concentrações 100 ppm e 10 %,com o controle apresentando 19,7 e 18,1 % de J2

mortos nos ensaios 1 e 2, respectivamente. Osprodutos à base de capsaicina, capsainóides e alilisotiocianato causaram a morte de 100 % dos

Tabela 4 - Porcentagem de J2 de M. javanica, mortos após 24 horas de exposição a diferentes extratos e produtos (concentrações de 100ppm e 10 % respectivamente) para dois ensaios realizados em diferentes épocas.

Médias de cinco repetições. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). DS e Champon®:produtos à base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato.

Tratamentos J2 de Meloidogyne javanica mortos (%)

1o. ensaio 2o. ensaio

Testemunha (água) 17,1 e 18,9 cDS 100 a 100 aExtrato cetônico de alho 29,0 d 21,5 cExtrato cetônico de mostarda 68,8 c 66,8 bÓleo de mostarda 75,9 b 69,9 bExtrato cetônico de pimenta 27,4 d 26,5 cExtrato clorofórmico de pimenta 31,2 d 23,1 cChampon 100 a 100 aC.V. (%) 6,4 13,1

Tabela 5 - Porcentagem de J2 de M. javanica, mortos após 24 horas de exposição a diferentes extratos e produtos (concentrações: 50ppm e 5 %, respectivamente) para dois ensaios realizados em diferentes épocas.

Médias de cinco repetições. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). DS e Champon®:produtos à base de capsaicina, capsainóides e alil isotiocianato.

Tratamentos J2 de Meloidogyne javanica mortos (%)

1o. ensaio 2o. ensaio

Testemunha (água) 19,7 c 18,1 cDS 100 a 100 aExtrato cetônico de alho 25,8 c 24,9 cExtrato cetônico de mostarda 51,8 b 40,8 bÓleo de mostarda 60,7 b 58,0 bExtrato cetônico de pimenta 25,6 c 24,9 cExtrato clorofórmico de pimenta 29,4 c 23,7 cChampon 100 a 100 aC.V. (%) 11,1 12,7

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Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz

nematóides nos dois ensaios realizados. O óleo demostarda resultou em 60,7 e 58,0 % de juvenis mortosno primeiro e segundo ensaio, respectivamente. Oextrato cetônico de mostarda apresentou 51,8 e 40,8% de juvenis mortos nos ensaios 1 e 2,respectivamente, não diferindo estaticamente do óleode mostarda. Os demais tratamentos não diferiramsignificativamente entre si.

A atividade nematicida do extrato de mostarda jáhavia sido demonstrada por Inzunza et al. (2001),quando extratos de raízes e da parte aérea (folhas eflores) de Brassica campestris apresentaram atividadenematicida sobre Xiphinema americanum após 24 horasde exposição, porém somente o extrato obtido dasraízes apresentou eficiência, quando utilizado emconcentração 75 % menor. Extrato aquoso de folhasde B. nigra também apresentou atividade nematostáticasobre J2 de M. javanica, segundo Krishnamurthy &Murthy (1993). Lewis & Papavizas (1971) relataramque diversos constituintes químicos, com efeitonematicida, já foram isolados de espécies do gêneroBrassica. Mayton et al. (1996) atribuíram o controle depatógenos de plantas por espécies de Brassica àprodução de compostos sulfurosos. Uma hipótesepara explicar os resultados obtidos para o extratocetônico de mostarda nas concentrações de 100 e 50ppm, é de que houve um resíduo do óleo de mostardadeixado na peneira usada para a retirada do produto,visto que a lavagem dos J2 tratados com o extrato demostarda foi feita após a lavagem dos juvenis queestavam em óleo de mostarda. A natureza oleosa doproduto pode ter causado aderência de moléculasnematicidas à malha de nylon da peneira, pois, comopode ser observado na Tabela 3 o mesmo extrato naconcentração de 200 ppm não apresentou efeitonematicida significativo quando comparado com ocontrole e na concentração de 400 ppm a porcentagemde J2 mortos foi menor do que a apresentada nasconcentrações de 100 e 50 ppm.

Existem similaridades dos resultados da açãonematicida do extrato de alho constatadas nessetrabalho com a observada por Sukul et al. (1974), querelataram para o extrato de alho um promissor efeitonematicida in vitro ao nematóide das galhas M. incognita.Nath et al. (1982) também observaram que extratosaquoso e metanólico de alho atuaram como

nematicidas efetivos in vitro contra Aphelencoides saccharie Tylenchulus semipenetrans. Gupta & Sharma (1991)observaram que bulbos de alho apresentamsubstâncias tóxicas a M. incognita. O extrato de bulbosde alho foi avaliado por Krishnamurthy & Murthy(1993) em diferentes concentrações e promoveu altataxa de mortalidade in vitro de J2 de M. javanica na menordiluição. Parada & Guzmán (1997) relataram que oextrato de alho exerceu atividade nematostática in vitrosobre M. incognita, mas que a eficácia do extratodepende em parte da dose utilizada e do tempo deexposição dos nematóides ao produto. Extratohexânico de bulbos e de sementes de cebola e óleoessencial de bulbos de cebola não apresentaramatividade nematicida sobre M. incognita, enquanto queextrato aquoso e metanólico de sementes de cebolaapresentaram taxa de mortalidade dos J2 de 80 e 100% respectivamente, após 48 horas de exposição(Nidiry et al., 1994).

A mortalidade dos J2 de M. javanica em extratos depimenta também foi observada por Sukul et al. (1974),que observaram que extrato de pimenta do reino (Pipernigrum L) causou a morte de 100 % de J2 de M. incognitaapós 30 minutos de exposição. Krishnamurthy &Murthy (1993) relataram que o extrato de sementesde pimenta apresentou alta taxa de mortalidade de J2

de M. javanica in vitro. Scramin et al. (1987) observaramque a atividade nematicida de algumas espéciesdepende do solvente utilizado na extração dos seusprodutos, o que talvez possa explicar que tanto naconcentração de 1.000 ppm quanto na concentraçãode 400 ppm o extrato cetônico de pimenta apresentamenor porcentagem de morte dos juvenis do que aapresentada pelo extrato clorofórmico de pimenta.

O óleo de mostarda apresentou atividadenematicida em todas as concentrações testadas, porémnas concentrações de 1.000, 400 e 200 ppm este efeitofoi mais evidente. Esse resultado corrobora os obtidospor Akhtar & Mahmood (1993), os quais relataram aatividade nematicida do óleo de mostarda sobre M.incognita. Segundo Husain et al. (1984) a presença defenóis em óleo de mostarda é a responsável por suaalta atividade nematicida. Resultados semelhantesforam encontrados por Shukla & Hasseb (1996), emque o óleo de mostarda demonstrou alta eficiência nocontrole de Pratylenchus thornei. Da mesma forma,

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Ação Nematicida de Óleo, Extratos Vegetais e de Dois Produtos à Base de Capsaicina, Capsainóides e Alil Isotiocianato sobre Juvenis de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood

outros óleos essenciais tais como o óleo de gerânio(Pelargonium graveolens) e o óleo de cravo (Tagetes erecta)também apresentaram efeito nematicida (Bala & Sukul,1987; Gokte et al., 1991; Leela et al., 1992; Debprasadet al., 2000; Sanjay et al., 2000).

Os produtos Champon® e DS foram capazes dematar 100 % dos juvenis em todas as concentraçõestestadas. O alil isotiocianato é um glicosinolato,predominante em B. nigra, B. carinata e B. juncea, tóxicoa alguns fitopatógenos (Mayton et al., 1996). De fato,Lazzeri et al. (1993) já haviam investigado o efeito deglicosinolatos e de seus produtos sobre o nematóideHeterodera schachtii, observando que o alil isotiocianatocausou a morte de 100% dos nematóides após 96 horasde exposição ao produto in vitro. O óleo essencial defeijão bravo (Capparis flexuosa), rico em glicosinolatos,também foi eficiente em inativar 97,3 % dos J2 de Mincognita, in vitro (Gonçalves et al., 2000). Freitas et al.(2000) também observaram alta eficiência doChampon® no controle de M. javanica. A alta eficiênciadesse produto talvez ocorra pela potencialização depimenta e mostarda quando usados em conjunto, vistoque o óleo de mostarda e o extrato de pimentaapresentaram baixa eficiência sobre os J2 quandousados separadamente em baixas concentrações.Gokte et al. (1991) relataram que os compostos comoo estragol e linalol, encontrados em espécies do táxongenérico Ocimum (Labiateae), quando associadospossuem atividade nematicida em baixasconcentrações contra M. incognita, Heterodera avenae, H.cajae e H. zeae, enquanto que individualmente sóapresentam efeito sobre os nematóides em altasconcentrações.

O efeito nematostático de alguns extratos nãoimplica que eles tenham também efeito nematicida,como também constatado por Dias et al. (2000) e Ferris& Zheng (1999), o que demonstra a importância doestudo da taxa de recuperação dos juvenis em água.Os extratos de alho, mostarda e pimenta apresentaramrelativa eficiência na morte de J2 de M. javanica, porém,os melhores resultados foram obtidos com osprodutos à base de capsaicina, capsainóides e alilisotiocianato e com o óleo de mostarda que apresentoutaxa de mortalidade dos juvenis de até 100 %. Estudosmais detalhados devem ser realizados para definir quesubstâncias com atividade nematicida estão presentes

nos produtos e no óleo de mostarda e em quequantidade elas se encontram presentes.

Com os resultados aqui encontrados, existe apossibilidade de tais tratamentos serem promissorespara o uso em campo, tornando-se assim mais umaalternativa para o controle de fitonematóides.

AgradecimentosAo Professor Antônio Jacinto Demuner, do LASA

(Laboratório de Análise e Síntese de Agroquímicos),pertencente à Universidade Federal de Viçosa, pelaajuda na obtenção dos extratos. À FAPEMIG(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de MinasGerais), pelo apoio financeiro.

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100 Vol. 32(2) - 2008

Wânia S. Neves, Leandro G. Freitas, Cleia F.S. Fabry, Rosangela Dallemole-Giaretta, Paulo A. Ferreira, Letícia O. Ferraz, Onkar D. Dhingra & Silamar Ferraz

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Nematologia BrasileiraPiracicaba (SP) Brasil

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Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura

Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ouInfestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense –

1. Formação da Lavoura

Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza

1Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, CCTA, Av. Alberto Lamego 2000, 28013-602 Campos dosGoytacazes (RJ) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Enviado para publicação em 16 / 08 / 2007. Aceito em 07 / 03 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo - Barbosa, D.H.S.G., H.D. Vieira & R.M. Souza. 2008. Avaliação em campo de cultivares de Coffea arabicaem áreas isenta ou infestada por Meloidogyne exigua na região noroeste fluminense – 1. formação da lavoura.

Objetivou-se com este trabalho avaliar o desenvolvimento vegetativo e o comportamento de cafeeiros de C.arabica numa área infestada (CN) e outra isenta de M. exigua (SN). O experimento foi montado em maio de2003, em delineamento inteiramente casualizado com dez tratamentos (cafeeiros), sendo seis em pés francos(Obatã, Iapar 59, Tupi, Catuaí 144, Catucaí 785 / 15 e Acauã) e quatro enxertados sobre IAC Apoatã 2258(Obatã enx, Iapar 59 enx, Tupi enx e Catuaí 144 enx), com parcelas de dez plantas e cinco repetições. Odesenvolvimento vegetativo foi avaliado medindo-se periodicamente a altura, o diâmetro do colo e o númerode ramos e o comportamento do nematóide por meio da sua reprodução. Na área SN, os cafeeiros enxertadosapresentaram um desenvolvimento inferior aos de pés franco, sendo tal atraso ocasionado pelo processo daenxertia, enquanto na área CN os cafeeiros enxertados apresentaram desenvolvimento superior aos de pésfrancos, principalmente em relação aos suscetíveis a M. exigua. Dos cafeeiros em pés francos, Acauã, Iapar 59,Catucaí 785 / 15 e Tupi comportaram-se como moderadamente resistentes e os cafeeiros Obatã e CatuaíVermelho 144 comportaram-se como altamente suscetíveis. Já o porta-enxerto IAC Apoatã 2258 comportou-se como resistente, mas não como imune.Palavras-chaves: nematóide-das-galhas, cafeeiro, resistência, suscetibilidade.

Abstract – Barbosa, D.H.S.G., H.D. Vieira & R.M. Souza. 2008. Field evaluation of Coffea arabica cultivars inareas infested or not by Meloidogyne exigua in the northwest region of the State of Rio de Janeiro, Brazil – 1.establishment of the plantation.

A field experiment was carried out to evaluate the development and host status of Coffea arabica to the root-knot nematode Meloidogyne exigua. The cultivars Obatã, Iapar 59, Tupi and Catuaí Vermelho 144 (either own-rooted or grafted onto the nematode-resistant cultivar IAC Apoatã 2258), and the cultivars Catucaí 785 / 15and Acauã (own-rooted only) were tested. Seedlings were transplanted into a field naturally infested by M.exigua or into a nematode-free site, in an entirely randomized design with five plots of ten seedlings each. FromMay 2003 through May 2006, the seedlings were periodically evaluated for shoot height, stem diameter, numberof branches, and nematode reproduction. In the nematode-free field, the grafted cultivars suffered a delay intheir initial development, a consequence of the process of graft / scion compatibility. In the nematode-infestedfield, the grafted plants presented a better development, especially in comparison to the cultivars Obatã andCatuaí Vermelho 144. The cultivar IAC Apoatã 2258 was classified as resistant (not immune). The own-rootedcultivars Acauã, Iapar 59, Catucai 785 / 15 and Tupi were moderately resistant, and the own-rooted cultivarsObatã and Catuaí Vermelho 144 were highly susceptible.Key words: root-knot nematodes, coffee, resistance, susceptibility.

ARTIGO

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102 Vol. 32(2) - 2008

Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza

IntroduçãoO café é uma das culturas de maior importância

do país, ocupando uma área de 2,4 milhões de hectares(ha), com um parque cafeeiro de 6,2 bilhões de covas(CONAB, 2007). Dentre os principais problemasfitossanitários da cultura destacam-se osfitonematóides, especialmente os nematóides dasgalhas (NDG) (Meloidogyne spp.). Dentre as espéciesde NDG que afetam o cafeeiro, M. exigua Goeldi, 1887é a mais disseminada em toda a América Latina(Campos & Villain, 2005), estando presente nas regiõescafeeiras tradicionais e emergentes do país (Pinheiroet al., 2000; Souza et al., 2000; Lordello et al., 2001;Barbosa et al., 2004a; Oliveira et al., 2005; Castro et al.,2005; Portz et al., 2006), causando reduções nodesenvolvimento de mudas e na produtividade delavouras infectadas (Arruda 1960a,b; Arruda e Reis,1962; Guerra Neto et al.,1985). No estado do Rio deJaneiro, perdas de produtividade de até 45 % foramestimadas em lavouras comerciais com os melhores tratosculturais na região Noroeste (Barbosa et al., 2004b).

Além da ampla distribuição e prejuízos, outroagravante para o controle de M. exigua é a variabilidadegenética dentro da espécie, demonstrada por Ribeiroet al. (2005) e Barbosa et al. (2007). Virulência naturalao gene Mex-1 em cafeeiros portadores deste gene deresistência, quando inoculados com uma populaçãofluminense de M. exigua foi detectada por Muniz et al.(2007). A caracterização dessa variabilidade é essencialpara direcionar os trabalhos de melhoramento docafeeiro.

Das diversas táticas que podem ser empregadasno controle do NDG, poucas se mostram eficientes epráticas em culturas perenes como o café, sendo autilização de cultivares e porta-enxertos resistentes aalternativa mais econômica para o produtor (Campos& Villain, 2005). O parque cafeeiro do Estado do Riode Janeiro é formado em sua maioria por lavourasadultas e velhas (CONAB, 2007), havendo anecessidade de renovação. Para a renovação de áreasou mesmo novos plantios, deve-se selecionar dentreas cultivares disponíveis no mercado aquelas queapresentem resistência à ferrugem e, quando possível,resistência ao NDG. Entretanto, tais cultivaresprecisam ser testadas regionalmente, de modo averificar a adaptação edafo-climática e o desempenho

produtivo sob as condições tecnológicas das regiões.Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o

desenvolvimento vegetativo e o comportamento decafeeiros nobres de café, enxertados e em pés franco,em uma área infestada e em outra sem infestação porM. exigua na região noroeste fluminense.

Material e MétodosAs sementes para produção das mudas foram

obtidas no Instituto Agronômico de Campinas (CatuaíVermelho IAC 144, Obatã, Tupi e IAC Apoatã 2258),Instituto Agronômico do Paraná (Iapar 59) e MAPA/ PROCAFE (Catucaí 785 / 15 e Acauã). As mudasdos cafeeiros em pés francos foram produzidas porsemeadura direta em tubetes de 180 cm3 e asenxertadas pelo processo de garfagem hipocotiledonar,utilizando-se como porta-enxerto a cultivar IACApoatã 2258. As mudas foram mantidas na casa-de-vegetação até desenvolver o sexto par de folhas.

O experimento foi instalado em maio de 2003 emduas áreas próximas, em solos de textura média noSítio Candelária, município de Bom Jesus doItabapoana, a 650 metros de altitude. O clima da regiãocaracteriza-se como Aw, segundo a classificação deKöppen, com uma estação quente e chuvosa e outraseca. A área sem nematóides (SN) era de pastagemonde não havia infestação por NDG. A área infestadacom nematóide (CN) era de uma lavoura adulta decafé da cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 infestadapor M. exigua, e plantada em espaçamento de 3,0 x 1,0m. Para localização do experimento nessa lavoura,amostragens de solo e raízes foram realizadas a fimde verificar a distribuição do nematóide. Oexperimento foi instalado em local que apresentavauma população alta e uniforme [média de 35 juvenisde segundo estádio (J2) / 100 cm3 solo].

O delineamento utilizado foi o inteiramentecasualizado, cujos tratamentos constaram de dezcombinações de enxertos e porta-enxertos (quatroenxertados e seis em pés francos) (Tabela 1), emespaçamento de 1,5 x 1,0m, com parcelas de dezplantas e cinco repetições.

Os tratos culturais realizados na condução doexperimento seguiram as recomendações técnicasindicadas para a cultura (Matiello et al., 2005).

Para se avaliar o desenvolvimento vegetativo dos

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103

Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura

cafeeiros, foram mensurados periodicamente a altura,o diâmetro do colo e o número de ramosplagiotrópicos das plantas, no total de 14 avaliaçõesem 25 meses. A reprodução dos nematóides foiavaliada em amostras de raízes coletadas sob a saia docafeeiro, a 20 cm de distância do colo e 20 cm deprofundidade com auxílio de um enxadão; foramamostradas duas plantas / parcela aos 20 meses apóso plantio. As raízes foram lavadas, homogeneizadas,picadas, retirando-se 5 g para processamento eobtenção dos ovos e J2 de M. exigua por meio da técnicaproposta por Boneti & Ferraz (1981). A contagem donúmero de ovos e J2 foi realizada utilizando-se câmarade Peters. O comportamento dos cafeeiros na áreainfestada foi classificado por meio da redução do fatorde reprodução (RFR) do nematóide segundo o critérioutilizado por Moura & Régis (1987) (0 a 25 % -altamente suscetível; 26 a 50 % - suscetível; 51 a 75 %- pouco resistente; 76 a 95 % - moderadamenteresistente; 96 a 99 % - resistente; 100 % - imune),onde: RFR = FR padrão suscetível – FR tratamento /FR padrão suscetível, sendo o resultado multiplicadopor 100 para ser expresso em percentagem.

Os resultados das variáveis de desenvolvimentovegetativo foram submetidos à análise de variância paracomparação entre médias e, posteriormente,submetidos à análise de regressão pelo Programa deAnálises Estatísticas Genes (Cruz, 2001).

Resultados e DiscussãoNa análise de variância, as diferenças entre os

valores das variáveis analisadas (altura das plantas,diâmetro do colo e número de ramos) foramsignificativos a 1 % de probabilidade e os fatores(tratamento – áreas CN e SN, genótipos e tempo) e asinterações entre os fatores (tratamento x genótipo,tratamento x tempo e tratamento x genótipo x tempo)foram significativos a 1 % de probabilidade. Osresultados do desenvolvimento vegetativo da cultivarAcauã não serão mostrados, pois devido a problemasde germinação deste genótipo, o mesmo foi plantadodez meses após os demais. Os resultados dos demaistratamentos para as três variáveis avaliadas encontram-se dispostos nas Figuras 1 a 3.

O desenvolvimento vegetativo inicial dos cafeeirosenxertados na área sem nematóide (SN) foi menorquando comparado aos pés francos para as trêsvariáveis analisadas, ou seja, a enxertia retardou odesenvolvimento inicial dos cafeeiros (Figuras 1 a 3).Resultados semelhantes foram encontrados porOliveira et al. (2004), que avaliaram o desenvolvimentovegetativo de quatro cultivares de C. arabica oriundasde mudas em pés francos e enxertadas sobre IACApoatã 2258 na fase de implantação da lavoura emsolos isento de nematóides em Lavras (MG), tendoobservado menor desenvolvimento nas plantasenxertadas. Dias et al. (2005) avaliaram odesenvolvimento vegetativo de sete cultivares de C.arabica em três tipos de mudas (pé franco, auto-enxertadas e enxertadas sobre Apoatã), tendoconcluído, após 16 meses do plantio, que as mudasenxertadas não foram superiores às de pé franco em

Tabela 1 – Reprodução de M. exigua, medida pelo número de ovos e juvenis de segundo estádio (J2) por grama de raiz, número degalhas por grama de raiz, redução do fator de reprodução (RFR) e comportamento (C) de cafeeiros 20 meses após o plantio em áreainfestada em Bom Jesus do Itabapoana (RJ).

*pf: pés francos; enx: enxertados sobre IAC Apoatã 2258.**AS: altamente suscetível; MR: moderadamente resistente; R: resistente.

Genótipo Nº. galhas / g raiz Nº. ovos e J2 / g raiz RFR C**

Obatã pf* 102 466 2,91 ASIapar 59 enx* 11,5 10 97,91 RIapar 59 pf 35 36 92,50 MRCatucaí 785 / 15 25 41 91,45 MRTupi pf 49 94 80,41 MRCatuaí 144 pf 70 480 0,00 ASObatã enx 4,5 3 99,0 RCatuaí 144 enx 8,8 10 97,91 RTupi enx 6,8 10 97,90 RAcauã 21,8 109 77,30 MR

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104 Vol. 32(2) - 2008

Dimmy H.S.G. Barbosa, Henrique D. Vieira & Ricardo M. Souza

Figura 1 – Altura (cm) dos cafeeiros Obatã (A), Iapar 59 (B), Tupi (C) e Catuaí Vermelho 144 (D) em pés francos (pf) e enxertadossobre IAC Apoatã 2258 (enx) e Catucaí 785 / 15 em pés francos (D) em área sem infestação (SN) e outra infestada por M. exigua (CN).

y = 20,75873 + 0,01512x + 0,000013757x2 ; R2 = 0,97

y = 19,57984 + 0,01701x + 0,00007345x 2; R2 = 0,93

y = 20,88005 + 0,04673x + 0,00001041x2 ; R2 = 0,87

y = 20,92460 - 0,01560x + 0,00015485x2; R2 = 0,97

0

20

40

60

80

100

120

140

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

Obatã pf SN

Obatã pf CN

Obatã enx SNObatã enx CN

Alt

ura

(cm

)

0

20

40

60

80

100

120

140 y = 17,43879 - 0,01493x + 0,000016382x2 ; R2 = 0,97

y = 16,64908 + 0,02566x + 0,00007193x 2; R2 = 0,95

y = 16,38384 + 0,00415x + 0,000015206x 2 ; R2 = 0,96

y = 17,00359 + 0,01891x + 0,00005024x2 ; R2 = 0,81

Iapar 59 enx SN

Iapar 59 enx CN

Iapar 59 pf SN

Iapar 59 pf CN

Alt

ura

(cm

)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

0

20

40

60

80

100

120

140 y = 17,54932 + 0,00567x + 0,00014550x2 ; R2 = 0,98

y = 16,21244 - 0,00746x + 0,00014005x2 ; R2 = 0,96

y = 20,08254 + 0,03512x + 0,00003260x2; R2 = 0,92

y = 14,90017 + 0,03775x + 0,00003919x 2 ; R2 = 0,92

Tupi pf SN

Tupi pf CN

Tupi enx SNTupi enx CN

Alt

ura

(cm

)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

0

20

40

60

80

100

120

140 y = 11,33579 + 0,03044x + 0,00012672x2; R2 = 0,86

y = 13,37521 + 0,02741x + 0,00004613x2; R2 = 0,79

y = 19,82169 + 0,02439x + 0,00015241x 2; R2 = 0,98

y = 24,88207 + 0,02345x + 0,00002901x2; R2 = 0,90

y = 20,00262 - 0,00601x + 0,00016535x2; R2 = 0,95

y = 17,12839 + 0,052435x + 0,00002610x2; R2 = 0,97

Catucai 785/15 SNCatucai 785/15 CNCatuai Vermelho 144 pf SNCatuai Vermelho 144 pf CNCatuai Vermelho 144 enx SNCatuai Vermelho 144 enx CN

Alt

ura

(cm

)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

(A)

(B)

(C)

(D)

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Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura

Figura 2 – Diâmetro do colo (mm) dos cafeeiros Obatã (A), Iapar 59 (B), Tupi (C) e Catuaí Vermelho 144 (D) em pés francos (pf) eenxertados sobre IAC Apoatã 2258 (enx) e Catucaí 785 / 15 em pés francos (D) em área sem infestação (SN) e outra infestada por M.exigua (CN).

y = -0,00658 + 0,03661x + 0,00001641x2; R2 = 0,96

y = 2,76757 + 0,01691x + 0,00001223x2; R2= 0,93

y = 1,98543 + 0,02167x + 0,00002150x2; R2 = 0,95

y = 3,99838 + 0,00178x + 0,00003476x2; R2 = 0,96

0

5

10

15

20

25

30

35

40 Obatã pf SNObatã pf CNObatã enx SNObatã enx CN

0

5

10

15

20

25

30

35

40 y = 2,50539 + 0,01870x + 0,00002273x2; R2 = 0,89

y = 3,60559 + 0,00273x + 0,00003938x 2; R2= 0,95

y = 0,59439 + 0,03058x + 0,00001780x 2; R2 = 0,96

y = 3,01062 + 0,00936x + 0,00002099x2; R2 = 0,89

Iapar 59 enx SNIapar 59 enx CNIapar 59 pf SNIapar 59 pf CN

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

5

10

15

20

25

30

35

40 y = -0,24034 + 0,03377x + 0,00001453x2; R2 = 0,83

y = 3,11204 + 0,00019013x + 0,00003004x 2; R2 = 0,84

y = -0,57326 + 0,04148x + 0,00000886x2; R2 = 0,97

y = 3,27257 + 0,00825x + 0,00001767x 2; R2 = 0,93

y = 0,79450 + 0,02722x + 0,00001477x2; R2 = 0,92

y = 3,81659 + 0,00266x + 0,00003214x2; R2= 0,96

Catucai 785/15 SNCatucai 785/15 CNCatuai Vermelho 144 pf SNCatuai Vermelho 144 pf CNCatuai Vermelho 144 enx SNCatuai Vermelho 144 enx CN

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

Diâ

met

rod

oco

lo(m

m)

Diâ

met

rod

oco

lo(m

m)

Diâ

met

rod

oco

lo(m

m)

Diâ

met

rod

oco

lo(m

m)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

y = -0,51449 + 0,03701x + 0,00001084x2; R2 = 0,97

y = 2,80067 + 0,01384x + 0,00001960x 2; R2 = 0,95

y = 1,63896 + 0,01953x + 0,0002251x2; R2 = 0,95

y = 4,33510 - 0,00263x + 0,00004456x2; R2 = 0,88

Tupi pf SNTupi pf CNTupi enx SNTupi enx CN

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

(A)

(B)

(C)

(D)

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106 Vol. 32(2) - 2008

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Figura 3 – Número de ramos dos cafeeiros Obatã (A), Iapar 59 (B), Tupi (C), Catuaí Vermelho 144 (D) em pés francos (pf) eenxertados sobre IAC Apoatã 2258 (enx) e Catucaí 785 / 15 em pés francos (D) em área sem infestação (SN) e outra infestada por M.exigua (CN).

y = -2,12920 + 0,02035x + 0,00005672x2; R2 = 0,97y = -1,58431 + 0,02219x + 0,00001008x 2; R2= 0,93

y = -1,55444 + 0,01350x + 0,00005653x2; R2= 0,98

y = -0,28420 + 0,00366x + 0,00003791x 2; R2 = 0,96

0

10

20

30

40

50 Obatã pf SNObatã pf CNObatã enx SNObatã enx CN

0

10

20

30

40

50 y = -1,52547 + 0,01110x + 0,00006191x2; R2 = 0,98

y = -0,57157 + 0,00530x + 0,00004148x2; R2= 0,96

y = -2,45784 + 0,02529x + 0,00004815x 2; R2 = 0,97

y = -0,83963 + 0,01225x + 0,00002538x2; R2 = 0,91

Iapar 59 enx SNIapar 59 enx CNIapar 59 pf SNIapar 59 pf CN

0

10

20

30

40

50 y = -2,15214 + 0,02017x + 0,00005545x2; R2 = 0,98

y = -0,77210 + 0,01300x + 0,00002513x2; R2 = 0,95

y = -0,90629 + 0,01086x + 0,00002876x2; R2 = 0,96

y = -1,76205 + 0,01650x + 0,00005173x2; R2 = 0,97

Tupi Pf SNTupi Pf CNTupi enx SNTupi enx CN

0

10

20

30

40

50 y = -2,05079 + 0,02100x + 0,00004261x2; R2 = 0,89

y = -0,39486 + 0,00483x + 0,00002995x2; R2 = 0,87

y = -2,27541 + 0,02414x + 0,00005708x2; R2 = 0,98

y = -0,88033 + 0,01153x + 0,00002320x2; R2 = 0,95

y = -1,42182 + 0,00992x + 0,00006655x2; R2 = 0,95

y = -0,64214 + 0,00923x + 0,00003369x2; R2= 0,96

Catucai 785/15 SNCatucai 785/15 CNCatuai vermelho 144 pf SNCatuai vermelho 144 pf CNCatuai vermelho 144 enx SNCatuai vermelho 144 enx CN

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

mer

od

era

mos

mer

od

era

mos

mer

od

era

mos

mer

od

era

mos

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Avaliações (dias)

(A)

(B)

(C)

(D)

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107

Avaliação em Campo de Cultivares de Coffea arabica em Áreas Isenta ou Infestada por Meloidogyne exigua na Região Noroeste Fluminense – 1. Formação da Lavoura

nenhuma das características avaliadas. Uma avaliaçãodo efeito da enxertia em diferentes cultivares numaárea sem nematóides foi realizada por Garcia et al.(2005), os quais concluíram após quatro safras que oprocesso de enxertia não influenciou na altura deplantas de modo significativo, tendo observado maiorengrossamento do caule nos cafeeiros enxertados deporte alto.

Na área com nematóides (CN), inicialmente oscafeeiros em pés francos começaram a desenvolver-se mais rapidamente que os enxertados, até ocorrer ainfecção das raízes dos cafeeiros em pés francos pelapopulação de M. exigua presente na área. Assim, nodecorrer das avaliações, os cafeeiros enxertados e osque apresentaram resistência (Tabela 1) alcançaram eaté ultrapassaram os cafeeiros em pés francossuscetíveis (Figuras 1 a 3).

O desenvolvimento de mudas plantadas nasentrelinhas de uma lavoura adulta (repovoamento oudobra) infestada por M. exigua na região de Lavras(MG), utilizando mudas da cultivar Acaiá em pé francoou enxertadas sobre Apoatã, foi avaliado porFigueiredo Júnior (1999). As plantas em pés francosapresentaram maior número de ramos plagiotrópicose de folhas, mas menor altura quando comparada àsmudas enxertadas.

Os cafeeiros enxertados e os que apresentaramresistência na área infestada apresentaramdesenvolvimento menor quando comparado à áreasem infestação. Isto pode ter ocorrido devido ao fatodas mudas terem sido plantadas nas entrelinhas dalavoura adulta (concorrência por luz e concorrênciaradicular), que foi mantida para manter a populaçãodo nematóide e assegurar a infecção das mudas.Posteriormente, a lavoura foi podada (decote +esqueletamento), de modo a permitir o bomdesenvolvimento das plantas.

Outro fator é a infecção de M. exigua, sendoevidenciada a interferência de M. exigua na fisiologiados cafeeiros, na qual a energia despendida pela plantapara expressar a resistência ao nematóide resulta nummenor desenvolvimento vegetativo dos cafeeiros naárea CN quando comparado à área SN. As diferençasobservadas no desenvolvimento das plantas para asvariáveis analisadas implicarão em diferentesproduções de acordo com a suscetibilidade ou

resistência de cada cultivar a M. exigua (Tabela 1).O maior número de galhas / g raiz foi observado

na cultivar Obatã, seguido de Catuaí Vermelho IAC144, Tupi, Iapar 59, Catucaí 785 / 15 e Acauã.Entretanto, os maiores valores para número de ovose J2 / g raiz foram observados em Catuaí VermelhoIAC 144, mostrando que apesar de apresentar menornúmero de galhas / g de raiz, o nematóide sereproduziu com maior intensidade nessa cultivar. Já oporta enxerto IAC Apoatã 2258 apresentou baixosvalores para ambas as variáveis (Tabela 1).

As cultivares em pés francos Catuaí Vermelho IAC144 e Obatã comportaram-se como altamentesuscetíveis, como reportado na literatura. Já ascultivares em pés francos Acauã, Iapar 59, Catucaí785/15 e Tupi comportaram-se como moderadamenteresistentes (MR). O cafeeiro Tupi em pé francomultiplicou o nematóide, resultando na classificaçãode MR, embora seja tido como suscetível a M. exiguana literatura. Por outro lado, foi a partir de seleçõesdesse material que se obteve a cultivar Tupi RNresistente a M. exigua (Fazuoli et al., 2005).

As cultivares Catucaí 785 / 15 e Acauãcomportaram-se como MR, estando esses resultadosde acordo com os obtidos por Matiello et al. (2003a,b),que avaliaram o comportamento de diferentesgenótipos de café inoculados com M. exigua na regiãode Martins Soares (MG). Entretanto, Barbosa et al.(2007) avaliaram em casa-de-vegetação odesenvolvimento vegetativo e a reação de genótiposde cafeeiros a uma população fluminense de M. exiguavirulenta a cultivares resistentes, tendo observadoíndice de galhas igual a 5 e FR = 5,39 para o genótipoCatucaí 785 / 15, classificando-o como suscetível.

O genótipo Iapar 59 em pé franco foi classificadocomo moderadamente resistente, tendo apresentadoRFR de 92,5 %, discordando de Salgado et al. (2002),que avaliaram a reprodução de M. exigua em mudasdo genótipo e relataram índice de galhas (IG) e fatorde reprodução (FR) igual a zero. A resistência dogenótipo Iapar 59 a M. exigua foi verificada tambémpor Bertrand et al. (1998, 1999). Salgado et al. (2003)observaram também a penetração de M. exigua nasraízes de Iapar 59 e Apoatã, porém com reduzidonúmero de galhas e ovos comparado com as cultivaressuscetíveis, indicando que essa resistência é do tipo

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pós-infeccional, devido à presença de ovos e galhasnas raízes.

O porta-enxerto IAC Apoatã 2258 comportou-secomo resistente, mas não como imune, concordandocom os resultados de Barbosa et al. (2007) ediscordando de Silvarolla et al. (1998) e Ribeiro et al.(2005), os quais observaram IG e FR iguais a zero emmudas dessa cultivar quando inoculado compopulações paulista e mineira de M. exigua.

Roberts (2002) esclarece que a resistência de plantasao nematóide das galhas, em geral, não protege a plantacontra a penetração de juvenis, mas afeta odesenvolvimento ou a reprodução do nematóide. Porisso, acredita-se que a presença de M. exigua nas raízesde plantas resistentes, como os cafeeiros avaliados queapresentaram resistência, seja responsável pordesencadear o processo de defesa do cafeeiro por meioda interação entre substâncias produzidas pelonematóide e pela célula vegetal desde o início dapenetração ocorrendo, por conseguinte, a indução daexpressão de genes de defesa da planta.

Os resultados diferenciados encontrados para oscafeeiros Iapar 59, Acauã, Catucaí 785 / 15, Tupi eIAC Apoatã 2258 podem ser devidos à variabilidadeda população f luminense de M. exigua ou àvariabilidade genética do cafeeiro, sendo que resultadosdiferenciados já foram observados em outrostrabalhos. Quanto ao cafeeiro, seleções e mesmocultivares podem apresentar variabilidade genética, hajavista que C. arabica é auto-fértil com até 15 % depolinização cruzada (Matiello et al., 2005) e C. canephoraé auto-estéril, com a fecundação cruzadaproporcionando grande variabilidade entre as plantas(Ferrão et al., 2004). No caso de M. exigua, Gonçalves& Pereira (1998) e Ribeiro et al. (2005) observaramresultados distintos na reação das mesmas progêniesdo híbrido de Timor e de seleções de Catimor frentea populações do nematóide oriundas de Miraí e SãoSebastião do Paraíso (MG), assim como Avendano &Morera (1988) observaram diferenças no parasitismode clones de C. canephora cv. Robusta e de C. arabica cv.Catuaí para duas populações de M. exigua da CostaRica.

O comportamento de quatro populações de M.exigua [Lavras 1 e 2 (MG), Bom Jesus do Itabapoana(RJ) e Campinas (SP)] inoculadas em diferentes

cultivares de café arábica foi estudado por Muniz et al.(2007), que encontraram diferentes resultados decomportamento dos cultivares para essas populações.A população M. exigua de Bom Jesus do Itabapoanaapresentou FR > 100 nos cultivares Iapar 59 (cafeeiroportador do gene Mex-1) e H419-5-4-5-2 Paraíso,evidenciando a diversidade fisiológica de M. exigua.

Avaliações de modo a acompanhar a reproduçãode M. exigua em cada genótipo, bem como odesenvolvimento vegetativo e reprodutivo dosgenótipos, são de suma importância pararecomendação de quais os melhores cultivares a seremempregadas para plantio em áreas sem infestação einfestadas por este nematóide no estado do Rio deJaneiro.

AgradecimentosOs autores agradecem ao produtor José Ferreira

Pinto e ao Sr. Renilto Jerônimo de Oliveira e famíliapelo apoio na implantação e condução dosexperimentos.

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Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com Nematóides Entomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS

Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com NematóidesEntomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae)

Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS

Aldomario S. Negrisoli Jr.1, Carla R. C. Barbosa1 & Alcides Moino Jr.2

1Departamento de Fitossanidade, FAEM, Universidade Federal de Pelotas, C. Postal 354, 96010-900 Pelotas (RS) Brasil.2Departamento de Entomologia, Universidade Federal de Lavras, C. Postal 3037, 37200-000 Lavras (MG) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 02 / 07 / 2007. Aceito em 21 / 03 / 2008Editado por Luiz Carlos Ferraz

Resumo - Negrisoli Jr., A.S., C.R.C. Barbosa & A. Moino Jr. 2008. Avaliação da compatibilidade de produtosfitossanitários com nematóides entomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) utilizandoo protocolo modificado da IOBC / WPRS.

Nematóides entomopatogênicos (NEPs) podem ser utilizados no controle de pragas com possibilidade deaplicação conjunta com outros entomopatógenos ou produtos fitossanitários na chamada mistura de tanque.Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a compatibilidade de alguns produtos fitossanitários com duasespécies de nematóides entomopatogênicos. Foram utilizados 18 produtos, incluindo-se inseticidas, nematicidas,acaricidas e herbicidas. Os NEPs Heterorhabditis bacteriophora e Steinernema carpocapsae foram expostos à maiorconcentração recomendada pelo fabricante de cada produto por período de 48 horas em tubos de ensaio emantidos em B.O.D. a 22 ± 1º C, com cinco repetições por tratamento. Os JIs foram então separados dosprodutos e tiveram a viabilidade determinada sob estereoscópio. A infectividade foi avaliada em dez lagartas deGalleria mellonella, em placas de Petri com papel filtro, às quais foram adicionados cerca de 100 JIs. Após cincodias, as lagartas foram transferidas para câmara seca. Passados três dias, contabilizaram-se os números delagartas com sintoma de infecção por NEPs. Os produtos tiofanato metílico, tiametoxam e imidaclopridodiminuíram a viabilidade e a infectividade de S. carpocapsae. Tiametoxam, aldicarbe e carbofuram diminuíram aviabilidade de H. bacteriophora.Palavras-chave: Nematoda, controle biológico, seletividade, padronização.

Summary – Negrisoli Jr., A. S., C.R.C. Barbosa & A. Moino Jr. 2008. Evaluation of the compatibility ofagrochemicals with entomopathogenic nematodes (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) using amodified IOBC / WPRS guideline.

The use of agrochemical and biological control agents in integrated pest management has been the goal ofa number of studies. Entomopathogenic nematodes can be used as a strategy to control insect pests withpossibility of application together with other entomopathogenic organisms and agrochemicals in the tankmixture. Thus, the objective of this work was to evaluate the compatibility of some agrochemicals with twospecies of entomopathogenic nematodes. Eighteen products were tested including insecticides, nematicides,acaricides and herbicides. Heterorhabditis bacteriophora and Steinernema carpocapsae were exposed to the highestconcentration recommended by the manufacturer of each product for 48 hours in test tubes and kept in B.O.D.at 22 ± 1 ºC. The IJs were subsequently separated from the products, and their viability determined under astereoscopic microscope. The infection was evaluated in ten caterpillars of G. mellonella, in Petri dishes withfilter paper, to which about 100 IJs were added. After five days, the caterpillars were transferred to the dryingchamber. Three days later, the number of caterpillars with symptoms of infection by EPNs was counted.

ARTIGO

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IntroduçãoO uso de produtos químicos com fins

fitossanitários, como fungicidas, inseticidas,nematicidas e acaricidas, entre outros, representa umdos principais métodos de controle de doenças epragas agrícolas. A aplicação relativamente simples,associada à possibilidade de resultados imediatos,tornaram o uso desses produtos muito difundido emdiversas culturas. Entretanto, essa prática podeapresentar grandes problemas quando utilizada deforma indiscriminada, causando efeitos deletérios aoambiente e aos animais, inclusive ao homem e aosinimigos naturais das pragas agrícolas.

O grande sucesso alcançado pelos inseticidassintéticos no controle de pragas agrícolas a partir dadécada de 1940 relegou as pesquisas sobre inimigosnaturais a plano secundário. A alta eficiência dostratamentos e a aparente incompatibilidade entre osmétodos químicos e biológicos dividiram osentomologistas em dois campos opostos: osdefensores do método químico e os adeptos docontrole biológico. Somente a partir da década de 1950,com as primeiras conseqüências negativas do usoabusivo dos inseticidas, a importância dos agentes decontrole biológico voltou a ser reconhecida,culminando com o estabelecimento, na década de1970, dos programas de manejo integrado de pragas,pelo qual se buscava maximizar os efeitos de inseticidassobre pragas com mínimo impacto nos inimigosnaturais (Foerster, 2002).

Um dos principais aspectos no que tange àaplicação conjunta de agentes de controle biológico eprodutos fitossanitários é o estudo da compatibilidadede nematóides entomopatogênicos (NEPs) comprodutos utilizados em diferentes culturas, de formaa possibilitar, principalmente, o uso associado dessesagentes a produtos com características de sinergismoe preservar–lhes a presença em ambientes onde jáocorram (Alves et al., 1998).

Assim, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar acompatibilidade de produtos fitossanitários de

diferentes classes com Steinernema carpocapsae (Weiser,1955) e Heterorhabditis bacteriophora Poinar, 1979,utilizando o protocolo modificado da IOBC / WPRS(Vainio, 1992).

Material e MétodosForam realizados dois experimentos utilizando-se

o protocolo modificado da IOBC / WPRS, que, emoutro estudo desenvolvido pelos autores do presentetrabalho (Negrisoli Jr. et al., 2008), mostrou ser métodode baixo custo e o mais adequado na avaliação dacompatibilidade entre NEPs e produtos fitossanitáriosde diferentes classes (herbicidas, inseticidas etc.).Verificou-se, também no mesmo trabalho, que nãohouve diferença entre o tempo de exposição aosprodutos e concentração com as diferentes espéciesde NEPs. Assim, tal metodologia foi simplificada,reduzindo-se os períodos de avaliação da viabilidadee infectividade dos JIs para 48 horas de exposição aosprodutos.

Os nematóides utilizados nos experimentos foramS. carpocapsae ‘Santa Rosa’ (isolado de Santa Rosa doViterbo, SP) e H. bacteriophora isolado da Flórida (localdesconhecido) provenientes da coleção daUniversidade Federal de São Carlos (CCA), Araras (SP)Brasil, cedidos pela Dra. Marineide M. Aguillera emantidos no Laboratório de Patologia de Insetos daUniversidade Federal de Lavras (MG), armazenadosem suspensões aquosas, conforme as exigênciastérmicas de cada espécie. Juvenis infectivos (JIs) destasespécies foram obtidos de lagartas de último instar deGalleria mellonella L., segundo metodologia de Kaya &Stock (1997), sendo que as suspensões utilizadasapresentavam, no máximo, 30 dias de armazenamento.

Os produtos foram utilizados com o dobro damaior concentração passível de ser aplicada em campo,de acordo com a cultura na qual se pode aplicar a maiorquantidade do produto comercial, conforme constano compêndio de defensivos agrícolas (Andrei, 1996).Assim, para efeito de cálculo para a diluição do produtono laboratório, considerou-se que, em um hectare, são

Thiophanate metil, thiametoxan and imidacloprid reduced the viability and the infectivity of S. carpocapsae.Thiametoxan, aldicarb and carbofuram reduced the viability of H. bacteriophora.Key words: Nematoda, biological control, selectivity, standardization.

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Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com Nematóides Entomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS

aplicados 300 litros de calda. (Tabela 1).Protocolo modificado da IOBC / WPRS

(Vainio, 1992). Os nematóides foram obtidos delagartas de G. mellonella, mantidos em suspensãoaquosa a 12 ± 1ºC, no caso de S. carpocapsae, e a 25 ±1ºC no caso de H. bacteriophora e estocados por atéuma semana antes da utilização no experimento. Umlitro de calda de cada produto foi preparadoproporcionalmente à quantidade que seria aplicada emum hectare. Desta solução, foi retirada uma alíquotade 1 ml e colocada em cinco tubos de vidro portratamento, aos quais foram adicionados 2.500 JIs em1 ml de água destilada e agitados. O bioensaio deu-seem câmara climatizada a 22 ± 1 oC e UR de 70 ±10 %.

A viabilidade dos nematóides foi avaliada 48 horasapós exposição aos produtos. Assim, uma alíquota de0,1 ml da suspensão foi retirada e observados 100 JIssob estereoscópio, para a determinação damortalidade. Foram considerados mortos aqueles quenão responderam à estimulação com estilete.

A infectividade dos nematóides foi testada nomesmo período que a viabilidade. Os tubos foramcompletados com água destilada (3 ml) e deixados paradecantar por meia hora na geladeira. O sobrenadante

(cerca de 3 ml) foi descartado e a lavagem repetidapor três vezes. Após a última lavagem, 0,2 ml (cercade 100 JIs) foram retirados do fundo de cada tubo epipetados em cinco placas de placas de Petri (9 cm dediâmetro) com papel filtro por tratamento. Cada placarecebeu dez lagartas de último ínstar de G. mellonella efoi mantida em câmara climatizada nas mesmascondições do teste anterior, durante cinco dias. Aslagartas mortas foram transferidas para placas de Petri(9 cm de diâmetro) contendo uma folha de papel filtroseco e mantidas no escuro por mais três dias, sendosubmetidas à dissecação para a verificação denematóides.

Os valores de mortalidade de lagartas e nematóidesforam submetidos à análise de variância. As diferençasna viabilidade e infectividade das espécies de NEPsforam analisadas usando-se o teste de Scott-Knott (P< 0,05). Originalmente, o método preconiza quevalores de mortalidade de nematóides ou redução deinfectividade maiores de 50 % caracterizam o produtocomo incompatível com os nematóides testados. Noentanto, para melhor comparação entre a viabilidadee infectividade dos NEPs expostos aos produtosfitossanitários, não se utilizou essa classificação.

Tabela 1 - Produtos fitossanitários utilizados nos bioensaios de compatibilidade sobre Heterorhabditis bacteriophora e Steinernema carpocapsae,utilizando a metodologia modificada da IOBC / WPRS.

1A = Acaricida; I = Inseticida; F = Fungicida; N = Nematicida2Maior concentração recomendada

Nome Técnico Nome comercial Formulação Uso1 Grupo químico Concentração2

aldicarbe Temik WG I/N metilcarbamato de oxima 26 kg / hacarbofuram Furadan WG I/N metilcarbamato de benzofuralina 40 kg / hatiametoxam Actara WG I nicotinóide 2 kg / haimidacloprido Premier WG I nicotinóide (nitroguanidinas) 1,3 kg / haimidacloprido Confidor WG I nicotinóide (nitroguanidinas) 360 g / haendosulfam Thiodan CE I/A éster de ácido sulforoso

e 1 diol cíclico 11,5 l/ haclorpirifós Pyrinex CE I/A organofosforados 1 l / hadeltrametrina Decis 25 CE I piretróide 400 ml / haacetoclor Fist CE H cloroacetanilida 4 l/ haoxifluorfem Goal CE H éter difenílico 6 l/ hatiametoxam + ciproconazole Verdadero WG I/F neonicotinóide e triazol 1kg / hasimazina + ametrina Topezê SC H triazina 8 l/ hadimetiluréia Karmex 110 WG H uréias substituídas 4 kg / haoxadiazom Ronstar SC H oxadiazoles 4 l / hapendimentalim Herbadox 500 CE H dinitroanilinas 4 l/ haazafenidim Ranger GRDA H triazolona 4 kg / hatiofanato metílico Cercobin 700 PM F benzimidazoles 100 g / l águametalaxil + mancozeb Ridomil Mancozeb PM F alaninatos e diocarbamatos 4 kg / ha

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Tabela 2 - Ensaio 1.Viabilidade e infectividade de Heterorhabditis bacteriophora e Steinernema carpocapsae após exposição aos produtosfitossanitários (protocolo IOBC / WPRS modificado).

1Refere-se à porcentagem de JIs mortos.2Refere-se à porcentagem de lagartas mortas.3Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas são iguais pelo teste Scott-Knott (P > 0,05).

Resultados e DiscussãoOs testes de compatibilidade foram divididos em

dois ensaios. No primeiro, em relação à viabilidadedos JIs expostos aos diferentes produtosfitossanitários, todos estes provocaram baixamortalidade dos JIs, exceto a simazina + ametrina,que causou 84 % de morte dos JIs de H. bacteriophora(Tabela 2). A maior mortalidade registrada (50 %) paraS. carpocapsae foi com o tiofanato metílico. Os demaisprodutos provocaram mortalidade menor que 50 %para as duas espécies de NEPs.

A infectividade foi menor em H. bacteriophora emcomparação a S. carpocapsae. Os produtos que maisafetaram H. bacteriophora foram tiofanato metílico edeltametrina, provocando 32 e 40 % de mortalidadede lagartas, respectivamente. Já no caso de S.

carpocapsae, a menor mortalidade registrada foiverificada com o produto tiofanato metílico,apresentando 4 % de morte das lagartas. A baixamortalidade na testemunha de S. carpocapsae noprimeiro ensaio foi provavelmente devida a erroexperimental, dificultando a comparação com ostratamentos (produtos fitossanitários).

No segundo ensaio, observou-se alta mortalidadede JIs quando expostos aos produtos aldicarbe etiametoxam, para as duas espécies de NEPs (Tabela3). O produto carbofuram provocou alta mortalidadeem H. bacteriophora (99 %), o que não foi observadopara S. carpocapsae (48 %). Imidacloprido (Premier)causou alta mortalidade em S. carpocapsae (93 %), oque não ocorreu com H. bacteriophora (49 %).

A exemplo do primeiro ensaio, a infectividade de

Tabela 3 - Ensaio 2. Viabilidade e infectividade de Heterorhabditis bacteriophora e Steinernema carpocapsae, após exposição aos produtosfitossanitários (protocolo IOBC / WPRS modificado).

1Refere-se à porcentagem de JIs mortos.2Refere-se à porcentagem de lagartas mortas.3Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha são iguais pelo teste Scott-Knott (P > 0,05).

Tratamentos Viabilidade1 Infectividade2

H. bacteriophora S. carpocapsae H. bacteriophora S. carpocapsaetestemunha 0,80 ± 0,37 Be3 16,00 ± 6,78 Ae 72,00 ± 5,83 Ba 100 ± 0,00 Aametalaxil + mancozeb 37,80 ± 9,97 Ac 23,00 ± 7,00 Ad 50,00 ± 15,81 Ba 100 ± 0,00 Aatiametoxam 88,00 ± 2,00 Bb 96,00 ± 2,45 Aa 10,00 ± 6,32 Bb 90,00 ± 5,48 Aaimidacloprido (Premier) 49,00 ± 8,72 Bc 93,00 ± 2,00 Aa 18,00 ± 5,83 Bb 98,00 ± 2,00 Aatiametoxam + ciproconazole 29,00 ± 5,10 Bd 76,00 ± 2,45 Ab 48,00 ± 10,20 Ba 98, 00 ± 2,00 Aaaldicarbe 100 ± 0,00 Aa 100 ± 0,00 Aa 0,00 ± 0,00 Ab 6,00 ± 2,45 Abcarbofuram 99,00 ± 0,63 Aa 48,00 ± 7,35 Bc 2,00 ± 2,00 Bb 88,00 ± 4,90 Aaazafenidim 20,00 ± 3,16 Bd 58,00 ± 3,74 Ac 62,00 ± 6,63 Ba 98,00 ± 2,00 Aaclorpirifós 2,80 ± 1,36 Ae 2,20 ± 0,73 Ae 7,60 ± 1,91 Ab 13,00 ± 4,36 Aa

Tratamentos Viabilidade1 Infectividade2

H. bacteriophora S. carpocapsae H. bacteriophora S. carpocapsaetestemunha 0,00 ± 0,00 Be3 13,20 ± 3,25 Ac 52,00 ± 13,56 Ab 26,80 ± 8,76 Abacetoclor 10,00 ± 3,32 Bc 41,80 ± 5,94 Aa 54,00 ± 18,87 Bb 100 ± 0,00 Aaoxadiazom 4, 00 ± 0,63 Bd 25,60 ± 4,08 Ab 88, 00 ± 4,90 Aa 100 ± 0,00 Aapendimentalim 12,80 ± 3,71 Bc 31, 00 ± 5,18 Ab 72, 00 ± 10,20 Ba 100 ± 0,00 Aadimetiluréia 14,20 ± 4,49 Ac 7,60 ± 2,62 Ac 92, 00 ± 4,90 Aa 88,00 ± 8,00 Aasimazina + ametrina 84 ,00 ± 4,30 Aa 8,00 ± 1,45 Bc 72,00 ± 10,20 Ba 100 ± 0,00 Aatiofanato metílico 32,00 ± 7,52 Bb 50, 00 ± 7,75 Aa 32,00 12,00 Ab 4,00 ± 4,00 Bcoxifluorfem 13,80 ± 4,67 Ac 21,20 ± 4,33 Ab 88, 00 ± 4,90 Aa 100 ± 0,00 Aaendosulfam 8,80 ± 1,32 Bc 33,80 ± 3,35 Ab 76,00 ± 4,00 Ba 96,00 ± 4,00 Aaimidacloprido (Confidor) 5,40 ± 2,06 Bd 19,80 ± 2,65 Ab 64, 00 ± 7,48 Bb 88,00 ± 4,90 Aadeltrametrina 5,60 ± 1,33 Bd 28,40 ± 4,37 Ab 40,00 ± 6,32 Bb 100 ± 0,00 Aa

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Avaliação da Compatibilidade de Produtos Fitossanitários com Nematóides Entomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae, Heterorhabditidae) Utilizando o Protocolo Modificado da IOBC/WPRS

H. bacteriophora foi mais afetada em comparação a S.carpocapsae. Carbofuram (2 %), aldicarbe (0 %) eclorpirifós (7,6 %) reduziram marcantemente ainfectividade de H. bacteriophora. Aldicarbe (6 %) eclorpirifós (13 %) provocaram baixa infectividade emS. carpocapsae.

Carvalho (2003), avaliando a compatibilidade deprodutos fitossanitários utilizados na cultura do cafécom S. carpocapsae, verificou que os herbicidas simazina+ ametrina diminuíram a viabilidade do nematóide em20,57 %, enquanto acetoclor e oxifluorfem diminuíramem 100 %; a redução de infectividade do nematóideem lagartas de G. mellonella foi de 25 % (simazina +ametrina) e 100 % para acetoclor e oxifluorfem. Já nopresente trabalho, a viabilidade de S. carpocapsaeapresentou valores menores para os produtos simazina+ ametrina, acetoclor e oxifluorfem, com 8, 41, 8 e21,2 %, respectivamente; todos esses produtosapresentaram 100 % de infectividade de S. carpocapsae,diferindo do referido do que foi relatado por aqueleautor, em relação ao produto simazina + ametrina queapresentou infectividade de 25 %.

Rovesti et al. (1988) e Rovesti & Deseö (1990)estudaram a compatibilidade de vários produtosfitossanitários com H. bacteriophora, S. carpocapsae eSteinernema feltiae (Filipjev, 1934), verificando baixaviabilidade de H. bacteriophora e alta infectividade emlagartas de G. mellonella quando expostos aos fungicidasmancozeb e metalaxil + folpet. Os inseticidasdeltametrina e endosulfam não foram tóxicos aos JIsdos nematóides com elevada infectividade em todasas concentrações dos produtos, discordando de Headet al. (2000) com diminuição de infectividade de S.feltiae com deltametrina. No entanto, os nematicidasaldicarbe e carbofuram foram igualmente prejudiciais,causando diminuição na viabilidade de todos osnematóides, não reduzindo a infectividade nasmenores concentrações dos produtos. O herbicidaoxifluorfem não causou nenhum efeito de redução daviabilidade e infectividade nos nematóides,considerado como compatível. Os resultados deviabilidade de H. bacteriophora e S . car pocapsaeapresentados estão de acordo com o presente trabalho;discordando dos referidos autores, para a infectividade,aldicarbe diminuiu severamente a capacidade infectiva

de ambos os nematóides e carbofuran reduziu somenteem H. bacteriophora.

Os efeitos de aplicações combinadas deimidacloprido com H. bacteriophora e S. glaseri foramobservadas em larvas de terceiro ínstar de Cyclocephalapasadenae Casey, Cyclocephala borealis Arrow, Popilliajaponica Newman e Exomala orientalis (Waterhouse),apresentando aumento da mortalidade no uso doinseticida mais nematóide, mostrando efeito sinérgicoentre esta associação (Koppenhöfer & Kaya, 1998;Koppenhöfer et al., 2000). Posteriormente,Koppenhöfer et al. (2002) avaliaram o efeito deimidacloprido e tiametoxam combinado com H.bacteriophora e Steinernema glaseri (Steiner, 1929), obtendoos mesmos efeitos sinérgicos de ambos nematóidescom cada um dos produtos nos mesmos hospedeiros.Não foi observado efeito negativo dos citadosprodutos sobre a patogenicidade, infectividade eprogênie de S. glaseri, S. carpocapsae, S. feltiae, H.bacteriophora e H. megidis Poinar, Jackson & Klein. Alémdisso, a aplicação combinada pode aumentar a taxa deinfecção nos hospedeiros testados e a persistênciadesses nematóides em campo (Koppenhöfer et al.,2003). Concordando com os autores anteriores, ainfectividade de S. car pocapsae foi alta comimidacloprido (Confidor e Premier) e a de H.bacteriophora alta com Premier e baixa com Confidor; aviabilidade foi alta para ambos os nematóides com oConfidor, mas não com o Premier, com S. carpocapsaeapresentando elevada mortalidade de JIs.

De maneira geral, houve maior redução deinfectividade de H. bacteriophora em relação a S.carpocapsae. Alguns inseticidas e os nematicidas foramprejudiciais aos JIs de ambos os NEPs. Os herbicidas,exceto simazina + ametrina, foram compatíveis comH. bacteriophora e S. carpocapsae.

No presente trabalho, verificou-se que os produtosfitossanitários tiofanato metílico e aldicarbe sãoincompatíveis com S. carpocapsae, provocando reduçãode viabilidade e infectividade dessa espécie.Tiametoxam, tiofanato metílico, aldicarbe ecarbofuram são incompatíveis com H.bacteriophora, etiametoxam e imidacloprido (Premier) reduzem aviabilidade de S. carpocapsae. O produto clorpirifósreduz a infectividade e simazina + ametrina reduz a

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viabilidade de H. bacteriophora. Os demais produtosavaliados podem ser considerados compatíveis comH. bacteriophora e S. carpocapsae.

AgradecimentosAo Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES); ao Dr. Luís Garrigós Leite(Instituto Biológico, Campinas SP) e à Dra. MarineideMendonça Aguillera (UFSCar, Araras SP) pelacontribuição à melhoria do presente trabalho.

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Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar

Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp.na Cultura da Cana-de-Açúcar

Fábia S. Oliveira1, Mara R. Rocha1, Renato A. Teixeira1, Valéria O. Faleiro2 & Rogério A.B. Soares3

1Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, C. Postal 131, 74001-970 Goiânia (GO)Brasil.

2Embrapa Arroz e Feijão, C. Postal 179, 75375-000 Santo Antônio de Goiás (GO) Brasil.3Departamento Agrícola, Usina Jalles Machado S/A, C. Postal 04, 76380-000 Goianésia (GO) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 02 / 04 / 2007. Aceito em 30 / 06 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo – Oliveira, F.S., M.R. Rocha, R.A. Teixeira, V.O. Faleiro & R.A.B. Soares. 2008. Efeito de sistemas decultivo no controle de populações de Pratylenchus spp. na cultura da cana-de-açúcar.

O presente estudo teve como objetivo analisar o efeito de sistemas de cultivo sobre densidades populacionaisde Praytlenchus spp. em área de reforma de canavial. O trabalho foi realizado em campos de produção da UsinaJalles Machado S/A, no município de Goianésia (GO). Para a condução deste experimento, foi escolhida umaárea cultivada há vários anos com cana-de-açúcar e reconhecidamente infestada por nematóides e com baixaprodutividade. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e dez repetições.Os tratamentos foram caracterizados do seguinte modo: 1) cana-pousio-cana (testemunha); 2) cana-pousio-cana + nematicida (aldicarbe 12 kg do p.c. / ha); 3) cana-pousio-cana + torta de filtro; 4) cana-soja-cana; 5)cana-crotalária-cana. As parcelas experimentais foram compostas por nove linhas de 20 m com espaçamentode 1,4 m, sendo a área útil representada por cinco linhas em cada parcela. A população inicial de nematóides foideterminada após o primeiro cultivo de cana-de-açúcar, por meio de amostragem do solo, em todas as parcelasexperimentais. Adicionalmente, foram determinadas as populações dos nematóides do solo e do sistema radicularda soja e da Crotalaria juncea durante o período de condução destas culturas. Após o segundo plantio da cana-de-açúcar, foram realizadas avaliações das populações dos nematóides aos dois, quatro, seis e oito meses, no soloe no sistema radicular das plantas. Foram avaliadas também a produtividade da cana-de-açúcar, comprimento,diâmetro e massa do colmo e características fisico-químicas do caldo. Observou-se que o sistema de cultivocana-crotalária-cana reduz as populações de Pratylenchus spp., mantendo-as em níveis relativamente mais baixose por um período mais prolongado, em relação aos demais sistemas avaliados. A aplicação da torta de filtro nosistema cana-pousio-cana, inicialmente e até os quatro meses da aplicação, aumenta a população de Pratylenchusspp. na área de cultivo. Não foi observado efeito significativo dos tratamentos em relação ao comprimento,diâmetro e massa dos colmos, à produtividade e aos valores da análise fisico-química do caldo.Palavras-chaves: rotação de culturas, fitonematóides, Saccharum, soja, crotalária.

Summary - Oliveira, F.S., M.R. Rocha, R.A. Teixeira, V.O. Faleiro & R.A.B. Soares. 2008. Crop systems for themanagement of Pratylenchus spp. in sugarcane.

This study had the purpose to evaluate the effects of different crop systems on the populations of Pratylenchusspp. in an area of sugarcane crop renovation. The experiment was carried out in the field of Jalles Machado S/A Industry, in Goianésia (GO) Brazil, which was a long term sugarcane cultivated area highly infested bynematodes. The experimental design was completely randomized, with five treatments and ten replications.Treatments were characterized as follow: 1) sugarcane-fallow-sugarcane (control); 2) sugarcane-fallow-sugarcane+ aldicarb 12 kg of commercial product / ha; 3) sugarcane-fallow-sugarcane + filter cake; 4) sugarcane-soybean-

ARTIGO

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Fábia S. Oliveira, Mara R. Rocha, Renato A. Teixeira, Valéria O. Faleiro & Rogério A.B. Soares

IntroduçãoA produção sucroalcoleira goiana registra uma de

suas fases mais promissoras dos últimos anos. Oestado de Goiás ocupa hoje a quarta posição no“ranking” nacional de produção de cana-de-açúcar(híbridos de Saccharum sp.), atrás de São Paulo,responsável por 60 % da produção brasileira, Paranáe Minas Gerais. A produção brasileira de cana-de-açúcar no ano de 2007 totalizou 515,3 milhões detoneladas, com o estado de Goiás responsável por 21milhões de toneladas (IBGE, 2008).

O estabelecimento da monocultura da cana-de-açúcar por vários anos, em uma mesma área, tem atendência a levar a perdas no rendimento devido àocorrência e proliferação de nematóides. Dentre asespécies de maior ocorrência e virulência à cana noBrasil, são citadas Pratylenchus zeae Graham, 1951,Meloidogyne incognita (Kofoid & White 1919) Chitwood,1949 e M. javanica (Treub, 1885) Chitwood, 1949. Aespécie P. brachyurus (Godfrey, 1929) Filipjev &Stekhoven, 1941 também tem sido comum noscanaviais brasileiros (Dinardo-Miranda, 2005).

O manejo dos nematóides da cana é feito por meiode nematicidas químicos, porém medidas auxiliares,como o emprego da torta de filtro no sulco de plantioe o cultivo de plantas antagônicas do gênero Crotalariaem sistema de rotação de cultura, têm sido utilizadasem áreas de reforma de canavial com problemas denematóides (Rosa et al., 2003; Moura, 2005; Roseto,2004). Em estudos de Dinardo-Miranda et al. (2003) eChaves et al. (2002), a adição de torta de filtro em áreascultivadas com cana-de-açúcar mostrou não promovera redução das populações de nematóides prejudiciaisà cultura. Entretanto, a torta contribui para melhor

desenvolvimento da cultura, sendo portanto indicadapara áreas com infestações médias ou altas denematóides.

A rotação de culturas com espécies más ou nãohospedeiras, quando bem planejada, pode ser ummétodo eficiente em sistema integrado de controledos fitonematóides. É comum em algumas áreas, aprática do cultivo de fabáceas no períodocompreendido entre a destruição das soqueiras decana-de-açúcar e o plantio do novo canavial. Váriassão as plantas utilizadas em sistemas de rotação deculturas com cana-de-açúcar, sendo as mais comunscrotalária, mucuna, soja e amendoim. Entretanto,dependendo das espécies de nematóides que ocorramna área de cultivo, algumas dessas culturas poderãoaumentar sobremaneira a população desses parasitas.Com isso, a cultura subseqüente, no caso a cana-de-açúcar, poderá ser muito prejudicada pelo aumentodo potencial de inóculo dos nematóides (Novaretti,1992; Moura, 2005).

Dentre as leguminosas, as espécies de Crotalariatêm sido bastante estudadas com a finalidade de seremutilizadas como adubos verdes ou para reduzirempopulações de nematóides. Wang et al. (2002) relatamque a incorporação de C. juncea L. ao solo estimula ocrescimento da população de inimigos naturais denematóides. Na literatura, há registros de que C.spectabilis Roth é eficiente no controle de M. javanica eP. brachyurus (Inomoto et al., 2006). De acordo comSilva et al. (1989) e Araya & Caswell-Chen (1992), M.javanica penetra as raízes de certas crotalárias, mas nãoconsegue atingir a fase adulta. Com relação aosnematóides das lesões radiculares, existem poucostrabalhos que relatam estudos do efeito de C. juncea

sugarcane; 5) sugarcane-crotalaria-sugarcane. Nematode inicial population was determined after the firstsugarcane crop by sampling soil from all the plots. Addicionally, nematode population was determined in thesoil and roots of soybean and crotalaria. After the second sugarcane planting, nematode populations weredetermined at two, four, six and eight months after planting. It was also evaluated sugarcane yield, length anddiameter of colm and quality of juice. The system sugarcane-crotalaria-sugarcane was the treatment with thelowest population of Pratylenchus spp. The filter cake used in the system sugarcane-fallow-sugarcane + filtercake increased the nematode population at two and four months after planting. The system sugarcane-fallow-sugarcane + aldicarb reduced Pratylenchus spp. population only at four months after planting. Yield, length anddiameter of the colm, and quality of sugarcane juice were not affected by the treatments.Key words: crop rotation, plant parasitc nematodes, Saccharum, soybean, crotalaria.

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Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar

sobre esses nematóides (Wang et al., 2002; Inomoto etal., 2006, Machado et al., 2007).

A soja (Glycine max), também empregada emsistemas de rotação de cultura em áreas de reformade canavial (Dinardo-Miranda, 2001), apresenta váriosaspectos positivos, dentre os quais, a melhoria dosatributos químicos do solo. No entanto, o uso decultivares de soja suscetíveis pode aumentar aincidência de M. incognita, M. javanica e P. brachyurus (Diaset al., 2000).

Existe, atualmente, demanda crescente pormétodos alternativos no controle de nematóides. Taldemanda visa à substituição do controle químico,devido às implicações toxicológicas e ambientaisnegativas que acarretam, além do crescente interessepelo cultivo da cana-de-açúcar, em sistema orgânicode produção, pelo mercado interno e externo. Diantedisso, a presente pesquisa teve como objetivo estudaro efeito de diferentes sistemas de rotação de culturas,em áreas de reforma de canavial, sobre densidadespopulacionais de Pratylenchus spp.

Material e MétodosO experimento foi conduzido em campos de

produção da Usina Jalles Machado S/A, localizada nomunicípio de Goianésia (GO), na área da Fazenda 33,bloco 10, cultivada há vários anos com cana-de-açúcar,reconhecidamente infestada por nematóides e com baixaprodutividade. O delineamento experimental foiinteiramente casualizado, com cinco tratamentos e dezrepetições. Os tratamentos foram caracterizados pordiferentes sistemas de cultivo, conforme se segue: 1)cana-pousio-cana; 2) cana-pousio-cana + nematicidaaldicarbe; 3) cana-pousio-cana + torta de filtro; 4)cana-soja-cana; 5) cana-crotalária-cana.

Os tratamentos 1, 2 e 3, que envolvem o sistemacana-pousio-cana, foram constituídos pelo pousio dosolo previamente cultivado com cana-de-açúcar, porum período de cinco meses sem revolvimento econtrole de plantas daninhas, seguido de novo plantiode cana-de-açúcar. No tratamento 2 foi feita ainda aaplicação de produto Temik 150 G (150 gramas dealdicarbe por kg do produto comercial), na dosagemde 12 kg/ha, no momento do segundo plantio da cana.No tratamento 3 foi feita aplicação de torta de filtro

no sulco de plantio, na dosagem de 30 t / ha, nosegundo cultivo de cana. Os tratamentos 4 e 5 tiveramo plantio da crotalária (C. juncea) e da soja (BRSGO-Emgopa 316), respectivamente, intercaladas aosplantios da cana, ao invés do período de pousio. Tantoa crotalária como a soja foram plantadas em 06/12/2004 e incoporadas ao solo em torno de 120 dias apóso plantio. O segundo plantio da cana-de-açúcar foifeito no dia 01 de maio de 2005 e a colheita se deu em10 de outubro de 2006.

A população inicial de nematóides foi determinadaem 01 / 12 / 2004, três meses após a colheita doprimeiro cultivo da cana-de-açúcar, por meio deamostras de solo coletadas em todas as parcelas. Taisparcelas foram compostas por 9 linhas de 20 m comespaçamento de 1,4 m, sendo a área útil representadapor cinco linhas em cada parcela. Como informaçõesadicionais, durante o estabelecimento das culturas desoja e crotalária, foram estimadas as populações iniciale final (Pi e Pf) dos nematóides no solo e no sistemaradicular dessas culturas.

Após o segundo plantio da cana-de-açúcar foramrealizadas avaliações da população de Pratylenchus spp.aos dois, quatro, seis e aos oito meses, no solo e nosistema radicular da cana. Em cada época foramescolhidos aleatoriamente três pontos, nas três linhascentrais de cada parcela, e coletada uma subamostrade solo na profundidade de 15 cm. As três subamostrasforam homogeneizadas em um recipiente, do qual foiretirada uma amostra composta, com volume deaproximadamente 1.000 cm3 de solo. Em seguida, nosmesmos pontos escolhidos, retirava-se a touceiracorrespondente de cana-de-açúcar e coletavam-se 100g de raízes.

Essas amostras foram levadas ao laboratório deNematologia da Escola de Agronomia e Engenhariade Alimentos, da Universidade Federal de Goiás,Goiânia (GO), para processamento imediato. Asalíquotas utilizadas para a extração de nematóides dosolo e das raízes foram de 100 cm3 e 10 g,respectivamente. As amostras de solo foramsubmetidas ao método de flutuação, sedimentação epeneiramento associado à centrifugação descrito porJenkins (1964). As raízes foram cortadas em pequenosfragmentos e trituradas em liquidificador em baixa

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velocidade, após adição de 250 ml de água, por sessentasegundos, em duas etapas de trinta segundos. Emseguida, passaram pela combinação dos métodos depeneiramento, flutuação e centrifugação em soluçãode sacarose de acordo com Coolen & D’Herde (1972)e Jenkins (1964). A suspensão obtida após a extração,contendo os nematóides, foi colocada em tubo deensaio e levada ao banho-maria a 55 ºC para matar osnematóides. Logo após, foi acondicionada em frascode vidro contendo solução de Golden (Hooper, 1970)para posterior contagem e identificação dosnematóides.

Para a identificação das espécies foram escolhidasaleatoriamente cinco amostras provenientes dasextrações de raízes em cada época de avaliação. Emseguida, estas amostras foram submetidas ao métodode infiltração com glicerina (Seinhorst, 1959).Posteriormente, foram preparadas várias lâminas decada amostra e levadas ao microscópio de luz para aidentificação dos espécimes. As espécies foramidentificadas com base nas características de posição davulva, região labial e término da cauda (Loof, 1990).

Além da avaliação da população de nematóides nosolo e nas raízes, no momento da colheita, dez colmosforam retirados ao acaso de cada parcela para a análisefísico-química do caldo (“pol” do caldo, açúcaresredutores, “brix” e teor de fibra) e também paraavaliação da massa, comprimento e diâmetro doscolmos. Durante a colheita, realizada aos 17 meses

após o plantio, determinou-se a produtividade naslinhas centrais de cada parcela, utilizando-se uma célulade carga, aclopada ao trator.

Os índices de precipitação pluviométrica anualforam aferidos na estação meteorológica de Goianésia(GO). Foram utilizadas médias mensais de precipitaçãopara obtenção de um gráfico de distribuição de chuvasdurante o ano (Figura 1).

Uma análise de covariância foi aplicada, buscando-secorrigir as médias dos tratamentos para as populaçõesiniciais de Pratylenchus spp. tomadas em cada parcela. Emseguida, os dados corrigidos pela análise de covariânciaforam submetidos à análise de variância e as médias dostratamentos comparadas entre si pelo teste Tukey ao nívelde 5 % probabilidade. A comparação dos tratamentosentre as épocas foi feita por meio da análise de regressão.

Resultados e DiscussãoAs duas espécies de Pratylenchus presentes na área em

estudo ocorreram em populações mistas de P. zeae e P.brachyurus, com frequência da ordem de 30 e 70 %repectivamente. Durante as avaliações da populaçãoinicial, constatou-se irregularidade na distribuição dasdensidades populacionais de Pratylenchus spp. A baixapopulação de Pratylenchus spp. na avaliação aos doismeses pode ter ocorrido em razão das condições dedéficit hídrico nesse período (junho de 2005) (Tabela1; Figura 1), pois a falta de umidade no solo provoca aredução do crescimento e a morte de raízes da cana-de-

Figura 1 – Precipitação pluviométrica mensal (mm) na Fazenda 33, bloco 1, município de Goianésia (GO), durante o período decondução do experimento.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2005 2006

Pre

cip

itaç

ão(m

m)

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Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar

açúcar (Vasconcelos, 2006). Ao longo das épocas deavaliação, com a retomada da umidade do solo e aemissão de raízes novas, as populações aumentaram.É importante destacar que, no sistema cana-pousio-cana + torta de filtro, nas épocas iniciais de avaliaçãoocorreu aumento acentuado nas densidadespopulacionais de Pratylenchus spp., enquanto que nosistema cana-pousio-cana + aldicarbe houve redução.No entanto, ao final do período de avaliação essestratamentos se igualaram (Figura 2).

Já no sistema cana-crotalária-cana as populaçõesse mantiveram em níveis baixos até os quatro meses(Tabela 1; Figura 2). Os índices populacionais dePratylenchus spp. observados no sistema radicular da

cana-de-açúcar, em função dos diferentes sistemas decultivo, indicaram que houve diferença estatística entreos tratamentos, aos dois (P < 0,05) e aos quatro meses(P < 0,05) após o plantio (Tabela 1). Aos dois meses,o tratamento que consistiu na rotação cana-crotalária-cana foi o único a propiciar redução das populaçõesde Pratylenchus spp., em relação às populaçõesinicialmente observadas, diferindo estatisticamente dosistema cana-pousio-cana com aplicação da torta defiltro, que apresentou o maior aumento da populaçãodos nematóides. Tal comportamento parece indicarque a adição da torta de filtro estimula o aumentopopulacional de Pratylenchus spp., tendência que semanteve na segunda época de avaliação, aos quatro

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

Sistemas de cultivos Pi 2 meses 4 meses 6 meses 8 mesesCana-pousio-cana (testemunha) 140 185 ab1 218 ab 491 a 530 aCana-pousio-cana+nematicida 98 150 ab 24 b 426 a 562 aCana-pousio-cana+torta 75 378 a 764 a 428 a 520 aCana-crotalária-cana 91 66 b 112 b 356 a 226 aCana-soja-cana 85 243 ab 392 ab 400 a 520 aMédia 98 204 302 420 472CV (%) 109 111 152 154

Tabela 1 - Populações de Pratylenchus spp. no solo (100 g) após o primeiro plantio da cana-de-açúcar (população inicial - Pi) e nas raízes(10 g) da cana-de-açúcar aos 2, 4, 6 e 8 meses após o segundo plantio de cana ‘RB867515’ nos diferentes sistemas de cultivo.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 2 4 6 8 10

Época (meses)

T1

T2

T3

T4

T5

(T1) y = 4,0679x + 21,767x + 128,1 R = 0,9076 P<0,052 2

(T2) y = 12,436x2 2- 39,176x + 110,2 R = 0,8453 P<0,05(T3) y = -20,43x2 2+ 210,37x + 81,717 R = 0,7313 P<0,05(T4) y = -0,2286x2 2+ 29,859x + 56,631 R = 0,5459 P<0,05(T5) y = -3,8929x2 2+ 82,423x + 91,677 R = 0,968 P<0,05

Pra

tyle

nchu

ssp

p.

Figura 2 - Curvas e equações de regressão para densidades populacionais de Pratylenchus ssp. nas raízes de cana-de-açúcar, variedadeRB867515, nos tratamentos, em função das épocas de avaliação: (T1) cana-pousio-cana, (T2) cana-pousio-cana + aldicarbe 12 kg dop.c. / ha, (T3) cana-pousio-cana + torta de filtro, (T4) cana-crotalária-cana, (T5) cana-soja-cana.

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meses após o plantio, e confirma os resultados deNovaretti & Nelli (1985), Dinardo-Miranda et al. (2003)e Chaves et al. (2002), que também não verificaramefeito nematicida da torta de filtro aplicada na culturada cana-de-açúcar, em áreas infestadas por Meloidogynesp. e Pratylenchus sp.

Por outro lado, Oliveira et al. (2006), em estudosconduzidos em casa-de-vegetação, verificaram que aadição da torta de filtro no solo reduziu de formasignificativa o número de fêmeas de Heterodera glycinesIchinohe 1952 em raízes de soja. É possível que a tortade f i l tro apresente efeito nematicida, masdependente de diversos fatores, entre os quais aespécie de nematóide envolvida. No presente estudo,entretanto, essa redução não foi evidenciada emquaisquer das épocas de avaliação. A torta de filtro,além de possuir capacidade nutritiva, também possuielevados teores de umidade, cerca de 70 %,constituindo-se numa grande vantagem na aplicação,em períodos de estiagem prolongada, pois este resíduomantém a umidade do solo em níveis mais elevados(Valio et al., 2000).

O fator umidade pode ter influenciado o aumentoda população do nematóide nas parcelas quereceberam a torta de filtro, aos dois e aos quatro mesesapós o plantio, por proporcionar melhores condiçõespara o desenvolvimento dos nematóides. A umidadeda torta deve ter sido favorável a Pratylenchus spp.,especialmente na época de baixa umidade no solo, queseria desfavorável ao seu desenvolvimento.

Aos quatro meses após o plantio, o sistema cana-crotalária-cana manteve baixos níveis populacionaisde Pratylenchus spp., não diferindo estatisticamente dotratamento cana-pousio-cana, com aplicação donematicida aldicarbe, que apresentou valor inferior aos

demais. Logo após a aplicação do aldicarbe ocorreuum período de baixa pluviosidade (Figura 1), comconseqüente baixa umidade no solo. Isto pode terimpedido que o produto fosse disponibilizado nosistema radicular das plantas e reduzisse a populaçãodo nematóide nas raízes, já na avaliação feita aos doismeses após o plantio. Na avaliação realizada aos quatromeses após o plantio começou a haver reposição daumidade do solo, devido ao início do período chuvoso,possibilitando que o produto, um nematicida sistêmico,fosse absorvido e translocado na planta, manifestandoo seu efeito na redução da população de Pratylenchusspp.

Nas avaliações realizadas aos seis e aos oito meses,a população do nematóide nas raízes aumentou emtodos os tratamentos, com exceção do tratamento comtorta de filtro, de forma que as diferenças observadasnas primeiras épocas não se mativeram. O sistemacana-crotalária-cana, entretanto, manteve a tendênciade apresentar a menor população de Pratylenchus spp..Aos seis e oito meses observou-se que o índicepopulacional do nematóide no tratamento com adiçãodo nematicida aldicarbe equiparou-se aos demaistratamentos, indicando que passado o efeito residualdo nematicida os níveis populacionais dosfitonematóides tendem a aumentar e, ainda, que oefeito residual não se estende às soqueirassubseqüentes. Esses efeitos também foramobservados por Moura et al. (1998), Barros et al. (2000),Rosa et al. (2003) e Barros (2004), ao avaliarem aeficiência do nematicida carbofuram. Esses resultadosevidenciaram, portanto, uma importante vantagemcomparativa do controle cultural, baseado num sistemade rotação de culturas, sobre o método controlequímico.

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

Sistemas de cultivos Pi 2 meses 4 meses 6 meses 8 mesesCana-pousio-cana (testemunha) 139,9 a1 9,7 a 15,8 a 6,6 a 17,9 aCana-pousio-cana+ nematicida 97,7 a 13 a 14 a 9,8 a 7,0 aCana-pousio-cana + torta 75 a 28,6 b 22,6 a 11,8 a 18 aCana-crotalária-cana 91 a 11 a 21,8 a 4 a 4,9 aCana-soja-cana 85 a 13 a 17 a 13 a 11,6 aMédia 97,8 15 18 9,0 11,9CV (%) 81 108 130,7 131

Tabela 2 - Populações de Pratylenchus spp. em amostras de solo (100 g) após o primeiro plantio da cana-de-açúcar (populaçãoinicial - Pi) e aos 2, 4, 6 e 8 meses após o segundo plantio da cana-de-açúcar ‘RB867515’ nos diferentes sistemas de cultivo.

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Efeito de Sistemas de Cultivo no Manejo de Populações de Pratylenchus spp. na Cultura da Cana-de-Açúcar

No que se refere às populações de Pratylenchus spp.no solo (Tabela 2), os tratamentos não apresentaramdiferenças significativas entre si (P > 0,05). Os níveisforam muito baixos e isso se explica porque, quandohá disponibilidade de raízes, em geral, as mais altasdensidades populacionais de Pratylenchus spp. sãoencontradas no interior dessas e não no solo, por setratar de espécie de um endoparasita migrador. Isso éevidenciado, inclusive, quando se observa que nasquatro épocas de avaliação as populações foram maisbaixas que a população inicial, tomada em período depousio, após o primeiro cultivo da cana-de-açúcar; oque se explica pelo fato de grande parte dosnematóides presentes no solo inicialmente migrarempara as raízes, estabelecendo o parasitismo.

Ao avaliar o sistema radicular de plantas de soja ede crotalária, para obter informações complementaressobre os respectivos sistemas de rotação, foramencontradas formas adultas de Pratylenchus spp. nasraízes de ambas espécies (Tabela 3). Constatou-se,portanto, que essas espécies vegetais são hospedeirasde Pratylenchus spp. Ao ser incorporada no solo,provavelmente a crotalária tenha liberado compostosnematicidas presentes na parte aérea que, associadosao efeito da matéria orgânica, explicaria os resultadosobtidos na redução da população de Pratylenchus spp.Esses resultados, no entanto, discordam de Rosa et al.(2003) e Dinardo-Miranda & Gil (2005), que, aoavaliarem o efeito do uso de C. juncea sobre nematóidesna cultura da cana-de-açúcar, constataram que o cultivoe incorporação da biomassa de crotalária aumentaramsignificativamente a população de P. zeae.

Por outro lado, vários são os estudos quedemostram a eficácia do uso de C. juncea no controledos nematóides das galhas (Huang & Silva, 1980; Silvaet al., 1989; Moura, 1991; Araya & Caswell-Chen, 1992;Moura, 1995; Santana et al., 2003). Entretanto, comrelação a Pratylenchus spp., há poucos trabalhos emcondições de campo. Portanto, para empregar a crotalária

em sistemas de rotação com a cultura da cana-de-açúcar,visando ao controle de Pratylenchus sp., são necessáriosainda maiores estudos.

As médias populacionais no sitema cana-soja-canatambém não diferiram estatisticamente da testemunhaem quaisquer das épocas avaliadas (Tabela 1). A partirdos resultados obtidos, é possível afirmar que essacultivar de soja, utilizada em áreas de reforma decanavial, pode propiciar incremento populacional defitonematóides, aumentando os danos causados aocanavial subseqüente. Ferraz (1996) afirmou que sãopoucos os trabalhos referentes à caracterização dasreações de cultivares de soja aos efeitos do parasitismopor espécies de Pratylenchus sp., em particular P.brachyurus e P. zeae. Esse autor avaliou 46 cultivares desoja em relação a P. brachyurus e constatou que onematóide reproduziu-se em todas as cultivares,variando o número de espécimes por grama de raízesentre 72 e 249, e os fatores de reprodução, entre 0,89e 2,69. Apesar das áreas de reforma de canavialapresentarem uma opção para o cultivo da soja, porficarem disponíveis em um período que varia de quatroa seis meses (outubro a março), isso pode representarum risco, pois é possível um aumento no potencial deinóculo no solo.

Os níveis populacionais de Pratylenchus spp. nasraízes foram considerados baixos, não ultrapassandoa média de 764 indivíduos por 10 g de raízes (Tabela1). Em geral, populações de Pratylenchus sp. acima de5.000 indivíduos por 50 g de raízes são consideradasaltas (Dinardo-Miranda et al., 1996; Moura, 2005). Noentanto, Dinardo-Miranda & Ferraz (1991) e Novaretti(1997) afirmaram que populações de P. zeae próximasa 2.500 espécimes por 50 g de raízes, aos seis mesesde idade da cultura da cana-de-açúcar, podem causarreduções significativas de produção em cultivaressuscetíveis. Em relação a P. brachyurus, o nível de danoainda não foi estabelecido para essa cultura (Dinardo-Miranda, 2005). No presente trabalho, com exceção

Culturas de rotação População de Pratylenchus spp. / 10 g de raízesPi Pf

Crotalaria juncea 91,1 372,8Soja ‘BRSGO Emgopa 316’ 85,1 478,1

Tabela 3 - Populações de Pratylenchus spp. no solo (inicial = Pi) e no sistema radicular (final = Pf) da soja e da crotalária no período deentressafra da cana-de-açúcar.

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do valor 764 observado aos quatro meses para otratamento envolvendo torta de filtro, populações maiselevadas de Pratylenchus spp. foram observadas aos oitomeses após o plantio. Esse nível, próximo doconsiderado prejudicial à cultura, poderia estarcausando redução na produtividade.

As médias de produtividade obtidas no presenteexperimento não diferiram estatisticamente entre ostratamentos (P > 0,05) (Tabela 4). Isso leva a inferirque o nível de infestação de Pratylenchus spp.encontrado na área do experimento parece nãorepresentar prejuízos significativos à cultura.Esperava-se que nos sistemas de cultivo cana-pousio-cana + nematicida e cana-crotalária-cana houvesseincrementos de produtividade, pois em especial osegundo sistema manteve níveis populacionais denematóides aparentemente mais baixos do que osoutros sistemas, e o primeiro causou redução dapopulação de nematóides aos quatro meses do plantio.Entretanto, tal efeito não se manteve até os oito meses.Possivelmente, em razão disso, esses tratamentos nãoapresentaram reflexos na produtividade. Estudos deDinardo-Miranda & Gil (2005) mostraram que arotação com C. juncea contribuiu para incrementar aprodutividade da cana-de-açúcar em 20,8 t por ha,incremento este o que foi atribuído aos benefícios daadubação verde. Na presente pesquisa, a incorporaçãoda biomassa da C. juncea no solo não refletiu emganhos de produtividade (Tabela 4). Os valores dediâmetro, massa e comprimento dos colmos tambémnão foram influenciados pelos tratamentos (Tabela 4).No entanto, estes valores se mantiveram dentro dosparâmetros esperados pela indústria.

ConclusõesO sistema de cultivo cana-crotalária-cana reduz as

populações de Pratylenchus spp. mantendo-as em níveisrelativamente mais baixos e por período maisprolongado, em relação aos demais sistemas avaliados.

A aplicação da torta de filtro no sistema cana-pousio-cana, inicialmente e até os quatro meses daaplicação, aumenta as populações de Pratylenchus spp.na área de cultivo.

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ns= não significativo

Tabela 4 - Comprimento, diâmetro e peso dos colmos e produtividade da variedade de cana-de-açúcar ‘RB867515’, em função dostratamentos avaliados, em solos infestados por fitonematóides, em área experimental. Usina Jalles Machado, Goianésia (GO), 2005.

Desenvolvimento do colmoSistemas de cultivos Comprimento Diâmetro Peso Produtividade

(m) (cm) (kg) (t/ha)Cana-pousio-cana (testemunha) 2,79 ns 2,68 ns 15,60 ns 96,09 nsCana-pousio-cana + aldicarbe 2,74 2,71 15,50 96,57Cana-pousio-cana + torta 2,78 2,75 14,82 98,23Cana-crotalária-cana 2,82 2,78 15,68 91,31Cana-soja-cana 2,78 2,77 16,32 98,59Média 2,78 2,73 15,58 96,15CV (%) 5,26 4,83 13,99 9,22

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Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes

Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle deMeloidogyne graminicola em Arroz Irrigado*

Ricardo B. Steffen1, Zaida I. Antoniolli2, Veridiana K. Bosenbecker3, Gerusa P.K. Steffen1, Manoeli Lupatini1,Ângela D. Campos4 & César B. Gomes4

*Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor. Universidade Federal de Santa Maria (RS) Brasil.1PPG em Ciência do Solo, Centro Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97105-900 Santa

Maria (RS) Brasil.2Departamento de Solo, UFSM, Santa Maria (RS) Brasil.

3Universidade Federal de Pelotas, C. Postal 354, 96010-900 Pelotas (RS) Brasil. 4Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas (RS) Brasil.

Autor para correspondência: bemfica- [email protected]

Recebido para publicação em 22 / 09 / 2007. Aceito em 20 / 03 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo - Steffen, R.B., Z.I. Antoniolli, V.K. Bosenbecker, G.P.K. Steffen, M. Lupatini, A.D. Campos & C.B.Gomes. 2008. Avaliação de óleos essenciais de plantas medicinais no controle de Meloidogyne graminicola emarroz irrigado.

Dez óleos essenciais de plantas medicinais (Lavandula angustifolia, Cymbopogon citratus, Eucalyptus globulus, Menthapiperita, Rosmarimus officinalis, Matricaria chamomilla, Ocimum basilicum, Achyrocline satureioides, Origunum vulgare eFoeniculum vulgare) foram avaliados para o controle de Meloidogyne graminicola. Em uma primeira etapa foi avaliadoo efeito dos óleos sobre a eclosão e a mortalidade de juvenis de segundo estádio de M. graminicola em biotestesin vitro. Os óleos que apresentaram maiores percentagens de mortalidade (L. angustifolia e C. citratus) foramposteriormente pulverizados em plantas de arroz irrigado ‘BR IRGA-410’ ou aplicados ao solo (500 ppm), emexperimento conduzido em casa-de-vegetação. Decorridos 65 dias da inoculação, avaliou-se o efeito de ambosos óleos sobre a reprodução de M. graminicola e a atividade de enzimas de resistência nas plantas. Foi verificadoque as plantas pulverizadas com os óleos de L. angustifolia e C. citratus e inoculadas com o nematóide apresentarammenor número de galhas e tiveram redução média de 68 % na reprodução de M. graminicola, independentementedo modo de aplicação do óleo. Observou-se menor atividade enzimática de peroxidase nas plantas inoculadase pulverizadas com os óleos, o que pode ter afetado de alguma forma os níveis de resistência do arroz aonematóide.Palavras-chaves: nematóide das galhas, controle alternativo, Oryza sativa.

Summary - Steffen, R.B., Z.I. Antoniolli, V.K. Bosenbecker, G.P.K. Steffen, M. Lupatini, A.D. Campos & C.B.Gomes. 2008. Evaluation of essential oils of medicinal plants for the control of Meloidogyne graminicola inflooded rice.

Ten essential oils of medicinal plants (Lavandula angustifolia, Cymbopogon citratus, Eucalyptus globulus, Menthapiperita, Rosmarimus officinalis, Matricaria chamomilla, Ocimum basilicum, Achyrocline satureioides, Origunum vulgare andFoeniculum vulgare) were evaluated for the control of Meloidogyne graminicola. The nematicidal and nematostaticactivity of these oils on the hatching and the mortality of the second stage juveniles were first evaluated in vitro.Thereafter, the essential oils that showed the higher nematode mortality percentage values in the in vitroexperiments (L. angustifolia and C. citratus) were sprayed on the leaves of flooded rice ‘BR IRGA-410’ or the soil(500 ppm) in greenhouse conditions. Sixty five days after the inoculation, the effect of the oils on the M.graminicola reproduction and the activity of enzymes related to plant resistance were evaluated. It was verified

ARTIGO

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Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle de Meloidogyne graminicola em Arroz Irrigado

IntroduçãoDentre os fitonematóides causadores de danos em

lavouras de arroz irrigado, Meloidogyne graminicolaGolden & Birchfield é considerado um dos maislimitantes em países asiáticos (Bridge & Page, 1982;Sharma et al., 2001; Padgham et al., 2004), podendocausar perdas de 20 a 90 % na produção (Netscher &Erlan, 1993; Prot & Matias, 1995). Embora no Brasilainda não se disponha de dados sobre perdas causadaspelo nematóide em arroz irrigado, sabe-se que estáamplamente distribuído no Rio Grande do Sul e queas plantas atacadas, freqüentemente, apresentamcrescimento lento, raquitismo, clorose das folhas,floração precoce, muitas galhas nas raízes e morte dasplantas logo após a emergência (Sperandio &Monteiro, 1991; Steffen et al., 2007). Medidas decontrole como a utilização de cultivares resistentes sãoas mais efetivas e de menor custo aos produtores,entretanto, não há disponibilidade de genótiposresistentes no mercado brasileiro.

Em países asiáticos, um dos métodos maisutilizados no controle de M. graminicola é a aplicaçãode produtos químicos no solo (Decker, 1981) ou notratamento de sementes (Krishna-Prasad & Rao, 1982;Padgham et al., 2004). Entretanto, além dessesprodutos serem pouco efetivos no controle donematóide, apresentam custos elevados e podemdeixar resíduos, prejudicando a saúde humana e o meioambiente (Oka et al., 2000). Esforços têm sidoconcentrados na integração de medidas alternativas,visando a uma agricultura mais limpa, por meio deinsumos naturais contra fitopatógenos (Costa et al.,2000; Campanhola & Bettiol, 2003; Lopes et al., 2005).Dentre as práticas de controle estudadas, extratos desementes (Khurma & Singh, 1997; Dias et al., 2000),exsudatos vegetais (Rocha & Campos, 2004) e óleosessenciais (Lorimer et al., 1996; Oka et al., 2000; Lopeset al., 2005; Bosenbecker, 2006) têm sidofreqüentemente relatados.

Os óleos essenciais são potencialmente úteis nomanejo de doenças de plantas cultivadas (Isman, 2000;Salgado et al., 2003). O efeito desses óleos sobre aeclosão e desenvolvimento do nematóide das galhastem sido comprovado por vários pesquisadores (Abidet al., 1997; Isman, 2000; Oka et al., 2000; Oka, 2001;Bosenbecker, 2006). Os compostos presentes nosóleos essenciais podem atuar diretamente sobre opatógeno ou serem indutores de resistência, neste casoenvolvendo a ativação de mecanismos de defesalatentes das plantas (Hammerschmidt & Dann, 1997;Schwan-Estrada et al., 2003). Segundo Campos (2001),resultados experimentais têm demonstrado evidênciasde que os mecanismos de resistência induzidosinternamente estão envolvidos com uma perturbaçãogeral na planta causada pelo parasita. Tal reação ocorrepela ativação de vários mecanismos de defesa queculminam em mudanças físicas e químicas,principalmente alterações enzimáticas envolvendo aperoxidase e polifenoloxidase, enzimas relacionadasao metabolismo de fitoalexinas (Heitefuss, 1982;Heitefuss, 1997). Compostos produzidos pela planta,durante o processo da doença têm mostrado um papelcrucial na resistência ao organismo invasor(Nandakumar et al., 2001).

Até o presente momento, a maioria dos estudoscom plantas medicinais envolvendo o controle donematóide das galhas tem sido realizada quase queexclusivamente in vitro. Além disso, são raros os relatosde trabalhos com a utilização de óleos essenciais nocontrole de M. graminicola. Assim, teve-se por objetivoneste trabalho: a) avaliar in vitro o efeito de dez óleosessenciais de plantas medicinais sobre a eclosão emortalidade de juvenis de segundo estádio de M.graminicola; b) investigar o potencial destes óleos nocontrole deste nematóide em arroz irrigado emcondições de casa-de-vegetação; c) avaliar a atividadeenzimática de peroxidase e polifenoloxidase dasplantas pulverizadas com os óleos essenciais.

that the rice plants sprayed with essential oils and further inoculated with the nematode showed smaller gall andegg numbers, resulting in 68 % reduction of M. graminicola reproduction, independently of the oil applicationmethod. Lower peroxidase activity in the plants inoculated and sprayed with both oils was observed, suggestingsome effect on rice resistance to the nematode.Key words: root-knot nematode, alternative control, Oryza sativa.

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Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes

Material e MétodosO trabalho foi dividido em duas etapas. Na

primeira, foi estudado o efeito nematostático enematicida in vitro de diferentes óleos essenciais deplantas medicinais sobre a eclosão e mortalidade dejuvenis de segundo estádio (J2) de M. graminicola. Nasegunda etapa do estudo, foi avaliado, sob condiçõesde casa-de-vegetação, o potencial dos óleos essenciaisno controle de M. graminicola em arroz irrigado etambém sobre a atividade de algumas enzimas deresistência dessas plantas.1) Inóculo de M. graminicola. Foi utilizado comoinóculo uma população pura de M. graminicola (fenótipoesterase VS1) (Carneiro & Almeida, 2001) mantidaem arroz irrigado ‘BR IRGA-410’ em vaso com soloesterilizado, em casa-de-vegetação. Os ovos de M.graminicola foram obtidos a partir de raízes de arrozinfectadas com o nematóide, conforme técnica deHussey e Barker (1973). Parte da suspensão dos ovosfoi incubada em funil de Baermann modificado(Christie & Perry, 1951) em B.O.D. a 26 ºC por 36 h,para obtenção dos J2 do nematóide.2) Obtenção dos óleos essenciais. Os óleosessenciais foram extraídos pela técnica do arraste porvapor d´água, no aparelho de Clevenger modificado(Serafini & Cassel, 2001), utilizando-se folhas frescasde Lavandula angustifolia Mill. (alfazema), Cymbopogoncitratus (DC) Stapf. (capim cidrão), Eucalyptus globulusLabill. (eucalipto glóbulo), Mentha piperita L. (hortelã),Rosmarimus officinalis L. (alecrim), Matricaria chamomillaL. (camomila), Ocimum basilicum L. (manjericão),Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (marcela), Origunumvulgare L. (orégano) e Foeniculum vulgare Mill. (funcho).Os óleos essenciais foram solubilizados em dimetilsulfóxido (DMSO) de acordo com o método descritopor Lorimer et al. (1996) na proporção 1:1 (10 μl deóleo essencial + 10 μl de DMSO). Em 10 μl dasuspensão óleo-DMSO, foi adicionada água destiladana proporção 1:9 (10 μl de óleo-DMSO + 90 μl deágua), obtendo-se a mistura óleo essencial-DMSO-água, que foi utilizada para a condução dos testes deeclosão e mortalidade.3) Avaliação in vitro da atividade nematostática enematicida de diferentes óleos essenciais sobreM. graminicola.

3.1) Efeito de óleos essenciais sobre a eclosão deJ2 de M. graminicola. Para condução do teste daeclosão, alíquotas de 20 μl de água destilada contendo50 ovos de M. graminicola foram colocados emcavidades individuais de uma placa de Elisa,adicionando-se a cada cavidade, 20 μl da mistura óleoessencial-DMSO-água destilada e 60 μl de tampãofosfato salino PBS (1,4 x 10-1 mol / l de NaCl, 7,8 x10-3 mol / l de Na2HPO4.7H2O, 1,4 x 10-3 mol / l deKH2PO4 e 2,6 x 10-3 mol / l de KCl) a pH 7,0. Comotestemunha, foi utilizada água destilada e DMSO 2 %v/v em tampão PBS (50 J2 em 20 μl de água destilada+ 78 μl de PBS + 2 μl de DMSO).

Em seguida, as placas foram vedadas com filmeplástico e incubadas em B.O.D. a 26 oC, no escuro por12 dias. O ensaio foi conduzido em delineamentoexperimental inteiramente casualizado com 12tratamentos (Tabela 1) e quatro repetições. Foiconsiderado como repetição cada cavidade da placade Elisa.

As avaliações foram realizadas de três em três diasaté o 12º. dia após a incubação, contando-se o númerode J2 eclodidos sob microscópio estereoscópico, a fimde se determinar a percentagem de eclosão. Atravésdos dados obtidos, foi calculada a área abaixo da curvado progresso da eclosão (AACPE) de M. graminicola,utilizando-se o programa GW-BASIC 3.20 (Maffia,1986). A seguir, os valores de percentagem de eclosão(transformados em x + 1 ) e AACPE, obtidos nosdiferentes tratamentos, foram submetidos à análise devariância e teste de agrupamento de Scott & Knott(1974) pelo programa Sisvar (Ferreira, 2000).3.2) Efeito de óleos essenciais na mortalidade dejuvenis de segundo estádio de M. graminicola.Neste teste, suspensão de 20 μl de água destiladacontendo 50 J2 de M. graminicola foi colocada em umcavidade da placa de Elisa. Em seguida, foi adicionado20 μl da mistura óleo essencial-DMSO-água destiladae 60 μl do tampão fosfato salino PBS a pH 7,0conforme descrito no item 3.1. Como testemunhastambém foram utilizadas a água destilada e o DMSO2 % v/v em tampão PBS. Em seguida, as placas foramvedadas com filme plástico e incubadas em BOD a 26o C no escuro. Este teste foi conduzido emdelineamento inteiramente casualizado e constou de

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Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle de Meloidogyne graminicola em Arroz Irrigado

12 tratamentos (dez óleos essenciais e duastestemunhas) e quatro repetições conforme já descritono ensaio anterior.

Decorridas 24 e 48 h da incubação, o número de J2

mortos foi avaliado para determinação da percentagemde mortalidade. No momento da avaliação, foiadicionado 10 μl de NaOH 1N a 1 % em cadacavidade, conforme adaptação da metodologiaproposta por Chen & Dickson (2000), na qual foramcaracterizados como mortos os J2 que permaneceramcom o corpo completamente distendido três minutosapós a adição do NaOH. Os valores de percentagemde J2 de M. graminicola mortos foram transformadosem arco seno x/100 e, a seguir, submetidos à análisede variância e teste de médias de Scott & Knott (1974)pelo programa Sisvar (Ferreira, 2000).4) Avaliação do efeito dos óleos essenciais dealfazema e capim cidrão no controle de M.graminicola em arroz irrigado. Plantas de arrozirrigado cultivar BR-IRGA-410 com 30 dias de idade,mantidas em vasos de 700 cm3 com solo esterilizado,em casa-de-vegetação, foram submetidas a doistratamentos com os óleos essenciais de alfazema ecapim cidrão.

Os óleos foram dispersos em “Tween 80” a 1 % eaplicados diretamente no solo (10 ml por planta) oupulverizados na parte aérea das plantas na

concentração de 500 ppm. Após 48 h da primeiraaplicação dos óleos, cada planta de arroz foi inoculadacom suspensão de 5.000 ovos + J2 de M. graminicola.Posteriormente, foram realizadas oito pulverizaçõesa cada sete dias. Plantas pulverizadas apenas com águaforam utilizadas como testemunhas. O experimentoseguiu o esquema fatorial 2 x 2 para os tratamentosóleo essencial e modo de aplicação. Cada tratamentofoi composto por seis repetições, as quais foramdistribuídas em delineamento inteiramente casualizado,sendo o experimento repetido por duas vezes.

Sessenta e cinco dias após a inoculação, folhas dasplantas de arroz dos diferentes tratamentos foramcoletadas para análise da atividade das enzimasperoxidase (PO) e polifenol oxidase (PFO) edeterminação do teor de compostos fenólicos,utilizando-se três repetições para cada tratamento. Asanálises de PO e PFO foram realizadas conformeCampos et al. (2004); a determinação do teor decompostos fenólicos de acordo com método deextração de Swain & Hillis (1959), e identificação pelométodo Folin Denis, citado pela AOAC (1970) eKosuge (1969). Em seguida, o sistema radicular decada planta foi lavado e avaliado quanto à massa fresca,número de galhas (transformados em x + 1),número de ovos e fator de reprodução do nematóide(FR = população final / população inicial). A seguir,

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5 % de probabilidade.** Valores transformados em arco seno x/100 .*** Testemunhas.

Tabela 1 - Mortalidade após 24 e 48 h de incubação, percentagem de eclosão e área abaixo da curva do progresso da eclosão (AACPE)de J2 de M. graminicola expostos à ação de dez óleos essenciais de plantas medicinais aos 12 dias.

Espécies vegetal Mortalidade (%)** Eclosão (%)** AACPE 24 h 48 h 3º. dia 6º. dia 9º. dia 12º. dia

Alfazema 99,16 a* 100,00 a* 2,49 c 11,35 b 25,75 b 37,87 b 171,84 bCapim cidrão 94,99 a 95,82 a 12,40 b 21,07 b 31,99 b 33,51 b 228,04 bAlecrim 74,16 b 78,33 b 0,00 c 5,50 b 20,24 b 32,37 b 126,52 aManjericão 37,49 d 76,66 b 12,96 b 20,02 b 28,69 b 33,13 b 251,26 bHortelã 20,83 e 74,99 b 10,94 b 21,40 b 23,60 b 24,25 b 187,78 bOrégano 60,83 c 68,33 c 5,73 c 8,65 b 11,79 b 16,70 b 94,96 aCamomila 30,83 d 63,33 c 13,97 b 22,56 b 29,84 b 33,86 b 228,04 bEucalipto 21,66 e 34,16 d 8,48 b 13,89 b 18,44 b 24,21 b 146,02 aFuncho 19,16 e 29,99 d 10,66 b 15,55 b 39,05 b 48,30 b 252,24 bMarcela 4,99 f 26,66 d 2,38 c 5,43 b 20,11 b 32,63 b 129,13 aDMSO*** 4,16 f 4,99 e 26,40 a 42,90 a 59,81 a 72,96 a* 457,17 cÁgua*** 0,0 g 1,66 e 29,28 a 45,41 a 60,06 a 74,02 a 471,36 cCV (%) 6,13 5,05 29,87 25,04 21,85 19,77 25,86

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Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes

os dados obtidos foram submetidos à análise devariância, sendo as médias dos tratamentoscomparadas entre si pelo teste de Duncan a 5 % deprobabilidade.

Resultados e Discussão1) Efeito de óleos essenciais de plantas medicinaissobre a eclosão de J2 de M. graminicola. Todos osóleos essenciais estudados apresentaram efeitonematostático sobre os ovos de M. graminicola, inibindoem média 55 % da eclosão dos J2 (Tabela 1).Bosenbecker (2006), avaliando o efeito in vitro dosóleos de funcho e hortelã sobre a eclosão de J2 de M.javanica, também observou efeito nematostáticosemelhante. Oka et al. (2000), testando o efeito dediferentes óleos essenciais sobre ovos de M. javanica eM. incognita, também verificaram redução na eclosãodos J2 quando foram utilizados os óleos de orégano,manjericão, alecrim e alfazema nas concentrações de1.000 ppm. Entretanto, quando foram utilizados osóleos de funcho, hortelã e capim cidrão, Oka et al.(2000) verificaram menor percentagem de J2 eclodidos(0,6 - 7,5 %), sendo tais diferenças atribuídas à menorconcentração do produto ativo usada neste ensaio.

A evolução da eclosão dos J2 ao longo do tempopode ser melhor visualizada pela AACPE, em que osóleos essenciais de orégano, eucalipto, marcela ealecrim proporcionaram os menores valores, o querefletiu em inibições significativamente maiores daeclosão de M. graminicola (Tabela 1). Entretanto,quando a eclosão dos J2 foi avaliada separadamenteao 6, 9 e 12º. dia, não foi possível detectar diferençassignificativas entre os diferentes óleos. Estes resultadoscorroboram aqueles apresentados por Salgado &Campos (2003) e Bosenbecker (2006). Ocomportamento observado deve-se provavelmente aofato dos óleos essenciais serem compostos porsubstâncias instáveis na presença de luz ou calor eapresentarem volatilização dos compostos ativospresentes, sendo que, à medida que diminuiu aconcentração dos compostos na mistura, diminuiutambém a ação inibitória destes sobre a eclosão dosJ2.2) Efeito de óleos essenciais na mortalidade de J2

de Meloidogyne graminicola. Todos os óleos

essenciais estudados neste trabalho apresentaramefeito nematicida significativo sobre a mortalidade deJ2 de M. graminicola. As maiores percentagens demortalidade do nematóide foram obtidas com os óleosessenciais de alfazema e capim cidrão 24 e 48 h após aexposição dos J2 (Tabela 1). A alta toxidade destes doisóleos sobre M. graminicola pode ser devida à presençade substâncias bioativas como o cineol, citral, geraniole linalol em sua constituição, pois tais compostospossuem ação bactericida, inseticida e antisséptica(Serafini et al., 2001; Simões et al., 2003).

Bosenbecker (2006) e Oka et al. (2000), avaliandoo efeito do óleo essencial de hortelã sobre M. javanica,com 24 h de exposição, encontraram índices demortalidade de 76 a 78 %, como os resultados obtidosneste ensaio (Tabela 1). De acordo com Chatterjee etal. (1982), Sangwan et al. (1990) e Oka et al. (2000), apresença do eugenol nos óleos essenciais demanjericão e hortelã está associada ao efeitonematicida sobre J2 de M. incognita, M. exigua e M.javanica.

Nos tratamentos em que foram utilizados os óleosessenciais de alecrim, manjericão e hortelã, tambémfoi verificado efeito nematicida a M. graminicola de 78,77 e 75 %, respectivamente (Tabela 1). SegundoMartins et al. (1994), o manjericão apresenta, no seuconjunto de princípios ativos, os componenteschavicol, eugenol, estragol e timol, dos quais o efeitonematicida do eugenol foi comprovado por Bala &Sukul (1987).

Foi observado que o aumento do período deexposição dos J2 aos diferentes óleos essenciais, de 24para 48 h, proporcionou aumentou do percentual demortalidade de M. graminicola quando foram aplicadosos óleos de manjericão, hortelã, camomila, eucalipto,funcho e marcela (Tabela 1). Abid et al. (1997) avaliandoo efeito in vitro do extrato aquoso de Eucalyptuscamaldulensis Dehnh e de outras 59 espécies vegetaissobre M. javanica, verificaram que a grande maioriadestes aumentou sensivelmente o percentual de J2

mortos com o aumento do período de exposição de24 para 48 h. Da mesma forma, Mojumder et al. (2002)testando o efeito in vitro do extrato de “neem”(Azadirachta indica A. Juss.) sobre J2 de M. incognita,constataram aumento da mortalidade dos juvenis com

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Avaliação de Óleos Essenciais de Plantas Medicinais no Controle de Meloidogyne graminicola em Arroz Irrigado

48 h de exposição. Possivelmente, a maior ação dosóleos deve-se ao aumento do período de contato como organismo ou a fragilidade do nematóide devido àinanição durante esse período, o que pode ter alteradosua fisiologia, tornando-o mais vulnerável a agentesexternos. O maior efeito residual foi observado nostratamentos onde foram utilizados os óleos demanjericão, hortelã, marcela e camomila, nos quais amortalidade dos juvenis aumentou mais de 50 % com48 h de exposição dos juvenis de M. graminicola aosóleos (Tabela 1).

Embora os óleos de camomila, orégano, eucalipto,marcela e funcho tenham exibido alguma atividadesobre a mortalidade dos J2 do nematóide testado,foram menos eficientes que os demais. Trabalhoscitados na literatura fazem alusão ao efeito desses óleosno controle de Meloidogyne spp. in vitro e in vivo (Oka etal., 2000; Bosenbecker, 2006) quando testados sobreoutras espécies do nematóide das galhas, obtendo-semaiores efeitos nematicidas que aqueles observadosneste trabalho. Entretanto, estudos adicionais sãonecessários para verificar se há especificidade entre oóleo e a espécie do nematóide testada.

Considerando-se que ao final do 12º. dia deavaliação não houve diferença significativa entre todosos óleos analisados quanto à percentagem de eclosão,optou-se por realizar os testes in vivo utilizando-seapenas os tratamentos (óleo de alfazema e capimcidrão) que apresentaram os maiores percentuais demortalidade.3) Avaliação do efeito dos óleos essenciais dealfazema e capim cidrão no controle deMeloidogyne graminicola em arroz irrigado.Todos os óleos essenciais testados proporcionaramredução significativa no número de galhas e FR de M.

graminicola nas plantas de arroz irrigado,independentemente do modo de aplicação,suprimindo em média, 68% da reprodução donematóide (Tabela 2).

Verificou-se que tanto a aplicação direta do óleono solo como a sua pulverização foliar resultou nasupressão de M. graminicola. Esses resultados indicamque pode ter ocorrido efeito direto dos óleos dealfazema e capim cidrão sobre a eclosão dos ovos esobrevivência dos J2 do nematóide no solo, conformeobservado nos testes in vitro (Tabela 1). Desta forma,sugere-se que estes óleos além de terem efeito anti-bacteriano e contra insetos (Serafini et al., 2001; Simõeset al., 2003), parecem ter também alguma açãonematicida. Embora tenha sido observada redução dareprodução do nematóide, não foi detectado efeitodos tratamentos sobre o peso da matéria fresca dasplantas de arroz (Tabela 2). Estes resultados foramconfirmados quando o mesmo ensaio foi repetido nasmesmas condições, onde o tratamento das plantas comóleos de alfazema e capim limão foi efetivo no controledo nematóide, independentemente do modo deaplicação (Tabela 2).

A redução do número de galhas e fator dereprodução de M. graminicola, obtida pela pulverizaçãofoliar das plantas de arroz com ambos os óleos, indicaque alguma modificação na planta pode ter induzidoalgum tipo de resistência a esse nematóide (Tabela 2).De acordo com Lopes et al. (2005), os compostosaplicados nas plantas podem ser liberados viaexsudação das raízes, atuando contra os nematóides.Bosenbecker (2006), em estudos quanto à ação deóleos essenciais em batata (Solanum tuberosum L.),verificou que o óleo de funcho aplicado na parte aéreadas plantas proporcionou redução de 85 % na

*Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.** Valores transformados em x + 1 .**Plantas pulverizadas com água destilada.

Tratamento Massa fresca (g) Galhas (nº.**) FREnsaio 1 Ensaio 2 Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 1 Ensaio 2

Capim cidrão 13,32 a* 21,26 a 54,5 a 180,00 a 1,48 a 2,13 aAlfazema 14,89 a 19,59 a 58,0 a 169,30 a 1,73 a 1,89 aTestemunha*** 18,38 a 19,16 a 169 b 220,00 b 5,02 b 4,24 bCV (%) 15,61 10,99 23,51 16,85 17,08 34,85

Tabela 2 - Massa fresca, número de galhas e fator de reprodução (FR) de M. graminicola em plantas de arroz irrigado cultivar BR IRGA-410 tratadas com óleos essenciais de alfazema e capim cidrão independentemente do modo de aplicação (via parte aérea ou via solo).

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Ricardo B. Steffen, Zaida I. Antoniolli, Veridiana K. Bosenbecker, Gerusa P.K. Steffen, Manoeli Lupatini, Ângela D. Campos & César B. Gomes

população final de M. javanica. Roy et al. (1993)analisando o efeito da pulverização de Acaciaauriculiformis (A. Cunn) em plantas de tomateiro,também observaram que a aplicação via foliar resultouem inibição da formação de galhas. A redução degalhas e FR de M. graminicola observada neste trabalhopode ser explicada pela alteração significativa dos níveisde PO no arroz (Tabela 3), indicando modificaçõesno metabolismo das plantas após a aplicação dos óleosde capim cidrão e alfazema. Entretanto, outras enzimasde resistência deveriam ser estudadas para melhorexplicar esta associação, pois estudos desenvolvidosem outros patossistemas têm demonstrado algumacorrelação entre atividade de enzimas como a β-1,4endoglucanase e resistência da planta a fitonematóides(Davis et al., 2002).

Considerando-se os resultados obtidos nestetrabalho, verifica-se grande potencial quanto ao usode óleos essenciais no manejo integrado de M.graminicola em pequenas áreas com arroz irrigado,principalmente por não existerem cultivares comresistência ao nematóide. Dessa forma, são necessáriosestudos adicionais para validar o uso destes produtosvisando a agricultura mais sustentável e sem efeitosdeletérios ao homem e ao ambiente.

AgradecimentosAo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior(CAPES) pelas bolsas de estudos, ao FIPE / UFSM eFAPERGS pelos recursos financeiros e à EmbrapaClima Temperado pela oportunidade de realização dotrabalho.

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Tabela 3 - Atividade das enzimas peroxidase (PO), polifenol-oxidase (PFO) (UE / min.mg tecido) e teores médios de compostosfenólicos (CF) em plantas de arroz irrigado cultivar BR IRGA-410 tratadas ou não com óleos essenciais de alfazema e capim cidrão einoculadas com M. graminicola, independentemente da forma de aplicação (via parte aérea ou solo).

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.**Plantas pulverizadas com água destilada.

Tratamento PO PFO CFCapim cidrão 0,35 a* 0,26 a 0,09 aAlfazema 0,38 a 0,28 a 0,08 aTestemunha** 0,74 b 0,29 a 0,09 aCV (%) 34,96 23,40 10,78

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Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos em Hortaliças no Distrito Federal, Brasil

Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos emHortaliças no Distrito Federal, Brasil

Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza,Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70849-970 Brasília (DF) Brasil.Autora para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 20 / 11 / 2007. Aceito em 20 / 03 / 2008Editado por Claudio Marcelo Oliveira

Resumo - Carneiro, R.M.D.G., M.R.A. Almeida, I. Martins, J.F. Souza, A.Q. Pires & M.S. Tigano. 2008.Ocorrência de Meloidogyne spp. e fungos nematófagos em hortaliças no Distrito Federal, Brasil.

Trinta e oito amostras de raízes e solo infectados por Meloidogyne spp. foram coletadas em hortaliças, emdiferentes núcleos rurais do Distrito Federal. Com o objetivo de identificar as principais espécies, os fenótiposenzimáticos de esterase (Est) foram analisados, usando fêmeas maduras individualizadas. Das 38 amostrascoletadas, 10 populações exibiram fenótipo Est J3, típico de M. javanica (pepino, quiabo, feijão vagem, cenoura,jiló, berinjela, almeirão e alface), 11 de M. incognita, Est I1 ou I2 (quiabo, feijão vagem, cenoura, jiló, berinjela,pimentão) e em seis amostras a ocorrência foi concomitante dessas duas espécies. M. ethiopica foi detectado emduas amostras parasitando raízes de iacom e tomateiro. As seis amostras restantes exibiram perfil Est L3 atípico(Rm: 0,95, 1,1 1,3) e foram detectadas em pepino, alface, brócolis, quiabo, feijão vagem e iacom. Foram obtidosde massas de ovos de Meloidogyne spp. cinco isolados de Paecilomyces lilacinus, um isolado de Beauveria bassiana eum isolado de Pochonia chlamydospora. Das amostras de solo da rizosfera de plantas parasitadas com Meloidogynespp., foram obtidos 64 isolados de fungos das espécies B. bassiana, P. lilacinus e Metarhizium anisopliaePalavras-chave: eletroforese, esterase, fungos parasitas de ovos, identificação, nematóide das galhas.

Summary - Carneiro, R.M.D.G., M.R.A. Almeida, I. Martins, J.F. Souza, A.Q. Pires & M.R. Tigano. 2008.Occurrence of Meloidogyne spp. and nematophagous fungi on vegetables in the Federal District of Brazil.

Meloidogyne spp. were obtained from thirty-eight roots and soil samples collected from vegetables in differentrural municipalities in the Federal District of Brazil. In order to identify the main species, esterase (Est) phenotypeswere analyzed, using a single mature female. Ten samples of the 38 studied showed a typical Est J3 phenotypeof M. javanica (cucumber, okra, green bean, carrot, gilo, eggplant, bell pepper, chicory and lettuce), eleven wereEst I1 or I2 of M. incognita (okra, green bean, carrot, gilo, eggplant and bell pepper and six samples were amixture of the same species. M. ethiopica was found in two samples parasitizing yakon and tomato crops. Theremaining six populations exhibited atypical Est L3 phenotype (Rm: 0.95, 1.1 1.3) and were detected on cucumber,lettuce, broccoli, okra, green-bean, and yakon. From the eggs of Meloidogyne spp, five strains of Paecilomyceslilacinus, one strain of Beauveria bassiana and one strain of Pochonia chlamydospora were isolated. From the soilsamples collected with the infected roots, 64 fungi strains of the species B. bassiana, P. lilacinus and Metarhiziumanisopliae were isolated.Key words: electrophoresis, egg parasite fungi, esterase, identification, root-knot nematode.

ARTIGO

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Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza, Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano

IntroduçãoOs nematóides formadores de galhas (Meloidogyne

spp.) representam um dos principais problemasfitossanitários em hortaliças nos trópicos. A estimativade perdas varia muito entre as diferentes culturas: 17a 20 % para a berinjela, 18 a 33 % para o melão e 24 a38% para o tomate. Em produção comercial intensiva,onde é realizado o cultivo de culturas suscetíveis emseqüência, podem ocorrer perdas totais (Sikora &Fernandez, 2005). Existem poucos estudos sobreocorrência de Meloidogyne spp. no Distrito Federal(DF). Um trabalho realizado por Souza et al. (1994),usando caracterização enzimática, mostrou aocorrência de M. javanica e M. arenaria no cerradonativo do DF, sendo observada a predominância daprimeira espécie em relação à segunda. Recentemente,um patógeno exótico, M. ethiopica Whitehead, 1968,foi detectado no DF, causando sérios problemas àcultura do iacom (Carneiro et al., 2005).

Considerando a perspectiva de manejo integradode pragas na agricultura, que visa à manutenção dosníveis populacionais de pragas em equilíbrio, o controlebiológico pode exercer papel importante (Ferraz &Santos, 1995). Dentre os agentes de controle biológicode nematóides, os fungos que parasitam ovos são osque apresentam maior perspectiva de utilização, devidoà facilidade de produção in vitro, e à possibilidade dealgumas espécies colonizarem a rizosfera, sem prejuízoàs raízes das plantas (Lopéz-Llorca et al., 2002). Osnematóides formadores de galhas depositam seus ovosem massas envoltas por uma substância gelatinosa deconstituição lipoprotéica, o que facilita a rápidadisseminação dos fungos endoparasitas (Carneiro,1992). Esses fungos induzem desordens fisiológicasnos ovos, interrupção no desenvolvimentoembriogênico e, em alguns casos, rompimento físico(Dackman et al., 1989). Além disso, são parasitasfacultativos, o que facilita a multiplicação in vitro e asobrevivência no solo (Ferraz & Santos, 1995). Apesardo elevado potencial do uso do controle biológico depragas, tal prática ainda é pouco utilizada na agriculturano Brasil (Carneiro, 1992). No entanto, o empregodos fungos agentes de controle biológico de pragasagrícolas tende a aumentar significativamente, dentrode um programa de manejo integrado, principalmenteem culturas em que o controle químico não é

recomendável (Sikora & Fernandez, 2005).Este estudo teve como objetivos: i) identificar

espécies de Meloidogyne em diferentes hortaliças no DF,com ênfase em M. ethiopica; ii) coletar, isolar e identificarfungos relacionados aos nematóides das galhaspresentes no solo e em massas de ovos.

Material e MétodosForam coletadas 38 amostras de raízes infectadas

com Meloidog yne spp., em diversas hortaliçasprovenientes de diferentes núcleos rurais; dessas raízesfoi retirada alíquota para a identificação dosnematóides e outra para identificação e isolamentodos fungos nematófagos. O solo aderente ao sistemaradicular foi também coletado. De cada amostra,fêmeas foram retiradas isoladamente e submetidas àeletroforese de isoenzimas, de acordo com ametodologia descrita por Carneiro & Almeida (2001).A identificação das espécies de Meloidogyne foi feitapelo estudo do polimorfismo das esterases, conformeJanati et al. (1982), Esbenshade & Triantaphyllou (1985)e Carneiro et al. (1996, 2000, 2004b). Em todos osgéis, o extrato protéico de M. javanica foi aplicado emuma cavidade para garantir o padrão de comparaçãodos fenótipos encontrados. Os padrões perineaisforam cortados a partir de fêmeas, em ácido lático a45 % e montados em glicerina (Taylor & Netscher,1974).

As massas de ovos obtidas desses nematóidesforam colocadas em câmaras úmidas. Em caso deaparecimento de estruturas de fungos na superfíciedos ovos, foi realizado o isolamento em meio decultura BDA (batata-dextrose-agar), contendoantibiótico (250 mg de cloranfenicol / litro). Quantoao isolamento de fungos a partir do solo, para cadaamostra, foram utilizados três gramas em suspensãoem 27 ml de água estéril, contendo espalhante adesivo(Tween 80 a 0,1 %). A partir de diluições seriadas,decimais de solo em água estéril, 100 µl da suspensãoforam inoculados em placas de Petri com meio semi-seletivo (Tigano-Milani et al., 1993). Após período deaproximadamente 10 dias de incubação em câmara decrescimento, a 28 °C, as colônias de fungosindividualizadas foram retiradas e repicadas em meiode cultura BDA contendo antibiótico. A identificaçãodos fungos foi feita a partir de isolamentos purificados

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Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos em Hortaliças no Distrito Federal, Brasil

em repicagens sucessivas em meio BDA, utilizandoparâmetros morfológicos, relacionados aos conídiose conidióforos (Samson et al., 1988).

Resultados e DiscussãoOcorrência de Meloidogyne spp. Das 38

amostras coletadas, 10 populações puras exibiramfenótipo de esterase (Est) J3 (Rm: 1,0, 1,25, 1,4) típicode M. javanica (pepino, cenoura, quiabo, jiló, berinjela,

feijão vagem, almeirão e alface), 11 puras de M. incognita,Est I1 (Rm:1,0) e I2 (Rm:1,0, 1,1), também detectadoem várias culturas: quiabo, feijão vagem, cenoura, jiló,berinjela e pimentão. Oito amostras apresentaramespécies misturadas, sobretudo M. javanica e M. incognita(Tabela 1). Neste levantamento, M. ethiopica (Est E3,Rm: 0,9, 1,05, 1,25) foi detectado somente em duaslocalidades em populações puras, parasitando raízesde iacom e tomateiro (Tabela 1, Figura 1).

Tabela 1 - Espécies de Meloidogyne parasitando diferentes hortaliças em núcleos rurais do Distrito Federal.

Local Cultura Nome científico Espécie Perfil de esteraseVargem Bonita Pepino Cucumis sativus Meloidogyne sp. L3

Quiabo Abelmoschus esculentus M. incognita I2Alface Lactuca sativa Meloidogyne sp. L3Brócolis Brassica oleracea var. italica Meloidogyne sp. L3

Pipiripau Pepino C. sativus M. javanica J3Feijão vagem Phaseolus vulgaris M. incognita I2Cenoura Daucus carota M. incognita I2Cenoura D. carota M. javanica J3Quiabo A. esculentus M. jav + M. inc. J3 + I2

Taquara Cenoura D. carota M. jav + M. inc. J3 + I1Quiabo A. esculentus M. javanica J3Quiabo A. esculentus M. javanica J3Quiabo A. esculentus M.incognita I2

Alexandre Gusmão Brócolis B. oleracea var. italica Meloidogyne sp. L3Jiló Solanum gilo M. jav + M. inc J3 + I2Berinjela Solanum melongena M. jav + M. inc J3 + I2Iacom Polymnia sonchifolia M. ethiopica E3

Ceilândia Pepino C. sativus M. javanica J3Quiabo A. esculentus M .jav.+ M. sp. J3 + L3Quiabo A. esculentus M. javanica J3Beringela S. melongena M .incognita I1Jiló S. gilo M.incognita I1Quiabo A. esculentus M. javanica J3Quiabo A. esculentus M. jav + M. inc J3 + I2

Ponte Alta / Gama Quiabo A. esculentus M.jav. + M. inc.+ M.sp. J3 + I2 + L3Quiabo A. esculentus M.incognita I2Pimentão Capsicum cordiforme M.inc+ M.sp. I2+S2

Brazlândia Feijão vagem P. vulgaris M .incognita I2Cenoura D. carota M. incognita I2Feijão vagem P. vulgaris Meloidogyne sp. L3Quiabo A. esculentus M. javanica J3Quiabo A. esculentus M. incognita I2

Planaltina Almeirão Cichorium intybus M. javanica J3Alface L. sativa M. javanica J3Jiló S. gilo M. javanica J3Iacom P. sonchifolia Meloidogyne sp. L3Alface L. sativa M. incognita I2

Samambaia, CNPH Tomate Lycopersicon esculentum M. ethiopica E3

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O fenótipo Est S2, associado a uma população deM. incognita foi detectado em pimentão (Tabela 1,Figura 1). Esse fenótipo apresenta duas bandas deatividade (Rm = 0,9, 1,05), sendo que a banda 0,9 éem geral mais fraca e a banda 1,05 é mais intensa Dessamaneira, Est S2 vem sendo relatado como Est S1 emalguns trabalhos. A configuração perineal dessapopulação foi semelhante a M. incognita.

O perfil atípico Est L3 (Rm: 0,95, 1,1 1,3) foidetectado em seis populações puras nas culturas depepino, alface, brócolis, quiabo, feijão vagem e iacom(Tabela 1, Figura 1). Foi detectado também empopulações mistas com M. javanica e M. incognita (Tabela1). A configuração perineal dessa população nãopermitiu a identificação da espécie.

Rotineiramente, o reconhecimento da identidadede Meloidogyne spp. é feito por meio do exame daconfiguração perineal (Eisenback, 1985; Hirschmann,1985). Porém, com o aumento rápido no número deespécies descritas no gênero, a identificação baseadana configuração perineal está se tornando cada vezmais inapropriada devido às variações já detectadasnesses padrões e, sobretudo, à similaridade e àsobreposição dessa característica entre espécies(Carneiro et al., 2000, 2003, 2004 a, b). Além disso, écomum o surgimento de populações comconfigurações perineais atípicas, o que aumenta adificuldade de utilização dessa característica para finstaxonômicos. Desse modo, frente às dificuldadesencontradas com a utilização da configuração perinealem trabalhos de diagnose no Brasil e no exterior, ouso da eletroforese de isoenzimas vem sendo proposto

como o mais adequado em estudos de levantamentode Meloidogyne spp. O avanço alcançado com essametodologia transformou-a numa ferramentaindispensável na diagnose diferencial (Janati et al., 1982,Esbenshade & Triantaphyllou, 1985; Fargette, 1987;Pais & Abrantes, 1989; Carneiro et al., 1996, 2000,2004a,b, 2007; Castro et al., 2003; Cofcewicz et al., 2004,2005).

Neste estudo, verificou-se que,predominantemente, as espécies de Meloidogyne foramdetectadas em ocorrência isolada, mas sabe-se que écomum encontrar M. javanica associada a M. incognitaou a M. arenaria e, às vezes, a ocorrência concomitantedessas três espécies (Eisenback & Triantaphyllou,1991). Pode-se destacar neste levantamento a ausênciade M. arenaria em hortaliças, mas essa espécie foirecentemente detectada no DF, parasitando mama-cadela, Brosimum gaudichaudii Trec (Carneiro et al., 2006).

A detecção de M. ethiopica nas mesmas culturas dadetecção anterior, ou seja, tomate e iacom e em outraslocalidades, mostra que essa espécie foi provavelmenteintroduzida no DF a partir de tubérculos de iacomtrazidos do Rio Grande do Sul. Esses tubérculos foramplantados inicialmente na Embrapa Hortaliças, na áreaem que atualmente existe um plantio de tomateiros,também infectados com M. ethiopica. Posteriormente,propágulos de iacom (rizóforos) foram distribuídospara alguns produtores (Carneiro & Almeida, 2005).Recentemente, M. ethiopica foi considerada espécieextremamente importante em videira no Chile,ocorrendo também no quivi. Cerca de 80 % das áreaslevantadas estão altamente infestadas com essa espécie,

Figura 1 - Fenótipos de esterase (Est) detectados em populações de Meloidogyne spp. oriundas do Distrito Federal. M. javanica (Est J3)foi usada como referência em cada gel. Est I2 e I1=M. incognita; Est S2 = Meloidogyne sp.; Est E3=M. ethiopica; Est L3=Meloidogyne sp.

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Ocorrência de Meloidogyne spp. e Fungos Nematófagos em Hortaliças no Distrito Federal, Brasil

inclusive todos os viveiros de videira e quiviamostrados (Carneiro et al., 2007), o que comprova ahipótese de sua entrada no Brasil a partir de mudas dequivi contaminadas.

O fenótipo S1/S2 foi caracterizado primeiramentepor Esbenshade & Triantaphyllou (1985), sendodenominado S1-M1, e foi correlacionado compopulações atípicas de M. arenaria. Recentemente, operfil S1 foi identificado como M. incognita raça 1 emcafeeiros, baseado na região perineal, estilete da fêmeae vista de face dos machos (Oliveira et al., 2006). Essefenótipo foi detectado em populações encontradas,concomitantemente com M. incognita, provenientes deárea de soja (Glycine max) (Castro et al., 2003) e banana(Musa spp) (Cofcewicz et al., 2004) no Brasil. Aidentidade taxonômica desse isolado tem que seresclarecida comparando-se várias populações dediferentes culturas, por meio de estudos morfológicos,morfométricos e moleculares.

O perfil de esterase L3 já fora detectado no Brasil,em lavanda no Rio Grande do Sul (Carneiro et al., 2000)e em videira no Chile (Carneiro et al., 2007).Esbenshade & Triantaphyllou (1985) detectaram o

perfil L3 em três populações provenientes da Américado Sul e uma da Turquia. Até o momento, a espécieainda não foi identificada. Entretanto, duaspossibilidades devem ser investigadas, a ocorrência deuma nova espécie ou de uma espécie já conhecida mascom o perfil de esterase ainda não caracterizado. Maisestudos devem ser realizados, com o intuito deesclarecer a identidade taxonômica da população EstL3, uma vez que 16 % das áreas amostradas no DFapresentaram esse padrão.

Fungos nematófagos. Das massas de ovos deMeloidogyne spp. analisadas, foram obtidos cincoisolados de Paecilomyces lilacinus (Thom) Samson, umisolado de Pochonia chlamysdoporia (Goddard) Zare &W. Gams (= Verticillium chlamydosporium Goddard, Zareet al., 2001) e um isolado de Beauveria bassiana (Bals.)Vuill. Das amostras de solo analisadas, foram obtidos20 isolados de B. bassiana, 26 isolados de Metarhiziumanisopliae (Metsch.) Sorok e 20 isolados de P. lilacinus(Tabela 2).

Levantamento para determinar a microflora emovos e fêmeas de Meloidogyne spp. na China tambémmostrou que a espécie de fungo predominante foi P.

Tabela 2 - Fungos encontrados em ovos de Meloidogyne spp. e em solo na rizosfera de hortaliças infectadas no Distrito Federal.

Local Nº. de amostras Fungos (nº. de isolados)Ovos de Meloidogyne spp. Solo

Vargem Bonita 6 - Beauveria bassiana (6)Metarhizium anisopliae (4)Paecilomyces lilacinus (2)

Pipiripau 4 - B. bassiana (3)M. anisopliae (1)P. lilacinus (1)

Taquara 6 - B. bassiana (5)M. anisopliae (4)P. lilacinus (3)

Alexandre Gusmão 4 - B. bassiana (2)M. anisopliae (3)P. lilacinus (4)

Ceilândia 7 P. lilacinus (4) B.bassiana (3)M. anisopliae (5)P. lilacinus (5)

Ponte Alta / Gama 4 P. lilacinus (1) B. bassiana (1)M. anisopliae (4)P. lilacinus (4)

Brazlândia 5 B. bassiana (1) M. anisopliae (5)Pochonia chlamydospora (1) P. lilacinus (1)

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Regina M.D.G. Carneiro, Maria R.A. Almeida, Irene Martins, Janaína F. Souza, Alípio Q. Pires & Myrian S. Tigano

lilacinus (49,3 % dos isolados coletados) e que apenas6,9 % dos isolados coletados foram da espécie P.chlamydosporia (Sun et al., 2006). No entanto, em umainvestigação de fungos parasitas de ovos em solosespanhóis, P. chlamydosporia foi a espécie maisencontrada, principalmente de nematóides dos cistos,Heterodera spp. (Olivares-Bernabeu & López-Llorca,2002). No Brasil, levantamento realizado em diferenteslocais de quatro estados, mostrou alta incidência deFusarium spp. em cistos de Heterodera glycines, mas nãofoi avaliado o potencial desses fungos no biocontroledo nematóide (Costa et al., 1997). Em análises deocorrência de fungos patógenos de insetos em solosde diferentes regiões do Brasil, B. bassiana, M. anisopliaee P. lilacinus foram detectadas em grande freqüência(Tigano-Milani et al., 1993). Os isolados obtidos nestetrabalho foram armazenados em nitrogênio líquido (-196 ºC) e sob liofilização, na Coleção de Culturas deFungos Entomopatogênicos da Embrapa RecursosGenéticos e Biotecnologia, e alguns estão em testeem ensaios em casa-de–vegetação, para avaliação dopotencial como agentes de controle biológico deMeloidogyne spp.

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142 Vol. 32(2) - 2008

Jean K.A. Mattos, Ednalva P. Andrade, Marcela A. Teixeira, Ana Paula G. Castro & Shiou P. Huang (in memoriam)

Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo naRegião dos Cerrados do Brasil Central

Jean K.A. Mattos1, Ednalva P. Andrade2, Marcela A. Teixeira2,Ana Paula G. Castro2 & Shiou P. Huang (in memoriam)2

1Universidade de Brasília (UnB), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,C. Postal 04364, 70919-970 Brasília (DF) Brasil.

2UnB, Departamento de Fitopatologia, Instituto de Biologia, Brasília (DF) Brasil.Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 08 / 01 / 2008. Aceito em 07 / 04 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo- Mattos, J.K.A., E.P. Andrade, M.A. Teixeira, A.P.G. Castro & S.P. Huang. 2008. Gêneros-chaves deonze diferentes comunidades de nematóides do solo na região dos cerrados do Brasil central.

Foram estudadas, na região central do Brasil, comunidades de nematóides do solo relacionadas a coberturasvegetais nativas (cerrado, cerradão, mata de galeria e campo limpo) e cultivadas (eucalipto, Pinus caribaea, citros,café, milho, feijão-vagem e tomate), compreendendo onze diferentes níveis de intervenção humana. Asamostragens do experimento foram realizadas em cinco localidades para cada sistema estudado durante aestação chuvosa. Os nematóides de solo de cada amostra foram quantificados e os gêneros de 100 indivíduoscoletados ao acaso, determinados. Foi estabelecida a abundância relativa de cada gênero. Com os dados obtidosfoi determinado o gênero-chave ou nematóide parasita de plantas prevalente. Os gêneros Trophotylenchulus eDiscocriconemella separaram as comunidades associadas às vegetações nativas das associadas aos sistemas decultivo. O segundo distinguiu cerrado e cerradão em relação aos sistemas mata e campo. Nos sistemas eucaliptoe Pinus prevaleceu fortemente o gênero Xiphinema. Nos campos nativos e nos sistemas café, milho e tomateprevaleceu o gênero Helicotylenchus. Nos pomares cítricos, o gênero-chave foi Tylenchulus (T. semipenetrans), comexceção de um pomar onde a espécie esteve ausente, em virtude de práticas culturais seguras, prevalecendoneste o gênero Trichodorus. Na comunidade de feijão-vagem prevaleceram os gêneros Helicotylenchus e Scutellonema.Palavras-chaves: Nematoda, fauna edáfica, mata de galeria, culturas.

Summary- Mattos, J.K.A., E.P. Andrade, M.A. Teixeira, A.P.G. Castro & S.P. Huang. 2008. Key genera ofeleven soil nematode communities in the savannah region of Central Brazil.

The soil nematode community was studied in the central region of Brazil on four natural communities(“cerrado”, “cerradão”, gallery forest, and native grassland) and seven cropping systems (eucalyptus, Pinuscaribaea, citrus, coffee, corn, snap-bean and tomato) composing eleven different degrees of human intervention.Samplings were made from five different locations for each land use system in rainy season. The total numberof nematodes was evaluated in the soil, and 100 random individuals identified to generic level. The relativeabundance of each genus was expressed in percentage. The genus Trophotylenchulus was widespread in all fournative communities, whereas Discocriconemella was dominant only in “cerrado” and “cerradão”. Populations ofXiphinema were higher in eucalyptus and pinus fields, and Helicotylenchus in the native grassland and three annualcropping fields (coffee, corn and tomato). In the citrus system the genus Tylenchulus (T. semipenetrans) wasprevalent in general. Where safe agricultural practices were implemented (one orchard), Tylenchulus was absent.Trichodorus genus was prevalent there. Helicotylenchus and Scutellonema were prevalent on snap bean.Keywords: Nematoda, edaphic fauna, gallery forest, cultivated plants.

ARTIGO

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Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central

IntroduçãoOs índices comumente utilizados para descrever a

comunidade de nematóides funcionariam melhor emexperimentos em que várias fontes de variação(estação, clima, solo, etc.) pudessem ser controladas(McSorley & Frederick, 1996). Por esse motivo,variações sazonais que ocorrem na população dedeterminadas espécies de nematóides podem interferirnos índices ecológicos e nematológicos, nivelandosistemas sabidamente diferentes. Esses mesmosautores sugerem, para representar melhor acomunidade de nematóides de uma cultura, adeterminação de um gênero-chave ou espécie-chave,como Paratrichodorus minor (Colbran, 1956) Siddiqi,1974 para a cultura da soja na Flórida (EUA). Goede& Bongers (1994) determinaram que uma espécie dafamília Criconematidae era um dos elementosutilizáveis para distinguir florestas de coníferas emsolos arenosos em relação a outros sistemas. Bernard(1992) mencionou que a espécie Helicotylenchus clarkeiSher, 1966 foi encontrada na comunidade denematóides em florestas clímax e a espécie H.pseudorobustus (Steiner, 1914) Golden, 1956 em áreascom distúrbio.

Cadet et al. (2003), pesquisando as comunidadesde nematóides ao longo de dois cortes geográficos,ou seja, linhas delimitadoras de amostragens,envolvendo coberturas florestais diferentes,encontraram que o gênero predominante ou o gênero-chave diferia conforme a situação sócio-botânica eclimática, predominando em algumas áreas a espéciesScutellonema cavenessi e em outras, mesmo vizinhas,Tylenchorhynchus gladiatus. Em áreas menos perturbadasfoi observada a prevalência de Xiphinema spp.

Hoschitz & Zolda (2002) estudaram a comunidadede nematóides num campo nativo dos Alpes centraisda Áustria, com predominância das espécies botânicasVaccinium gaultherioides, V. myrtillus e Rhododendronferrugineum. Encontraram trinta e oito gêneros denematóides distribuídos por cinco grupos tróficos,segundo Yeates et al. (1993). A espécie predominantefoi Rotylenchus breviglans, obviamente o gênero-chaveda comunidade.

Pen-Mouratov et al. (2003), estudando ascomunidades de nematóides em ecossistema dedeserto em Negev, com predominância das espécies

Atriplex halimus e Hammada scoparia, encontraram aprevalência do gênero parasita de plantasTylenchorhynchus, especialmente entre os arbustos e sobA. halimus. Também observaram que a abundância dostrês gêneros prevalentes Cervidellus, Mesorhabditis eTylenchorhynchus foi influenciada pelos tratamentos(cobertura vegetal), pela estação (sazonalidade) eprofundidade de coleta de amostras.

O sistema de cultivo exerce inegável influênciasobre a prevalência de determinados gêneros. Pujol etal. (2004), estudando a população de nematóides dosolo relacionada às culturas de batata, soja, feijão emilho consoante três sistemas de cultivo (orgânico,integrado e convencional), encontraram que, muitoembora o gênero prevalente nas quatro culturas tenhasido Meloidogyne (média de 75 %), o gênero Xiphinematambém foi muito expressivo na soja (média dostratamentos 12 %, sendo 20 % no sistema orgânico).Na cultura da batata no sistema convencional, o gêneroXiphinema atingiu prevalência de 44 %. No mesmosistema, foi praticamente equivalente ao gênerodominante Meloidogyne, que atingiu apenas 45 %. Nofeijão encontraram 24 %. No milho, após o gêneroMeloidogyne (média de 75 %), destacou-se o gêneroCriconemoides com 20 % de prevalência. Criconemoidestambém destacou-se no feijão orgânico, com 23 % deprevalência.

Gomes et al.(2003), em campos de soja na regiãodos cerrados do Brasil, encontraram uma comunidadeonde 53 % foram fitoparasitos, 35 % bacteriófagos ecerca de 12 % micófagos, predadores e onívoros. Acomunidade de fitonematóides foi dominada porHelicotylenchus com 40 % da abundância total. Onematóide Heterodera glycines não foi encontrado nesteestudo.

Coletando amostras na profundidade de 20cm narizosfera das plantas de soja, Neves & Huang (2005)encontraram H. glycines e Helicotylenchus dihystera comoos dois parasitas de plantas mais abundantes, em doiscampos da cultura localizados no estado de Goiás.Evidencia-se, mais uma vez, que nem sempre o gênero-chave corresponde ao nematóide mais importante doponto de vista fitopatológico.

Os estudos sobre os nematóides dos pomarescítricos são tradicionais nos Estados Unidos. Barneset al. (1959) relataram que aproximadamente 90 % das

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plantas cítricas da Califórnia (EUA), ao final dos anos50, estavam infestadas com Tylenchulus semipenetrans.Eles relataram também a presença de Hemicycliophoraarenaria, Paratrichodorus minor (sin. Trichodorus christiei),P. porosus (T. porosus), Xiphinema americanum, Criconemoidessp e algumas espécies de Pratylenchus, todos deimportância fitossanitária. O gênero Meloidogynetambém foi relatado, mas os autores advertem que asespécies cítricas não são hospedeiras preferenciais dogênero, raramente se relatando o parasitismo e assimmesmo em mudas. Embora relatado na espécie Citrusaurantium nos Estados Unidos, o nematóide Xiphinemaitaliae não é importante, sendo a laranja um mauhospedeiro. (CAB International, 2001).

Pastor (1990) amostrou pomares cítricos naVenezuela e encontrou que os nematóides maisabundantes extraídos eram da espécie T. semipenetrans.Outros nematóides foram: Helicotylenchus, Paratylenchus,Peltamigratus, Pratylenchus, Rotylenchulus reniformis,Trichodorus, Tylenchorhynchus e Tylenchus.

Nas espécies cítricas da Costa Rica, em que sedestaca a laranja (Citrus sinensis), Solano et al. (2002)relataram os nematóides Criconemella, Helicotylenchus,Longidorus, Meloidogyne, Paratylenchus, Pratylenchus,Rotylenchulus, Trichodorus, Xiphinema e T. semipenetrans.Conforme a espécie cítrica analisada, podem serrelatados Helicotylenchus, Xiphinema americanum,Rotylenchus e Belonolaimus. Reddy (1997) confirma, emtermos gerais, a lista de hospedeiros acima apresentada.

Com referência às culturas de Eucalyptus, milho etomate, Solano et al. (2002) encontraram emprevalência os seguintes nematóides: em Eucalyptus,Meloidogyne e Tylenchorhynchus; em milho, Criconemella,Helicotylenchus, Longidorus, Meloidogyne incognita,Meloidogyne sp. - incluindo M. incognita -, Pratylenchus,Trichodorus, Tylenchorhynchus e Xiphinema; em tomate,Criconemella, Helicotylenchus, Hemicycliophora, Meloidogynehapla, M. incognita, M. javanica, Pratylenchus e Trichodorus.

Em cafeeiros, levantamento feito por Ferraz (1982),para nematóides parasitas de plantas cultivadas erealizado em 36 municípios do estado de Minas Gerais,identificou os seguintes gêneros em ordem decrescentede importância: Helicotylenchus, Criconemella, Meloidogyne,Pratylenchus e Xiphinema . Dentre as espéciesidentificadas, a mais comum foi Helicotylenchus dihystera

(Cobb, 1893) Sher, 1961, seguida de Pratylenchus zeaeGraham, 1951. Em apenas duas amostras das 68analisadas, foi encontrada a espécie Rotylenchulusreniformis Linford & Oliveira, 1940, que na Índia éconsiderado o principal nematóide parasita do cafeeiro.

Com relação à comunidade de nematóidesassociada a espécies do gênero Pinus, Brito et al. (2005),considerando a prevalência de nematóides do gêneroXiphinema na cultura, advertem sobre o risco de entradano Brasil de Xiphinema americanum Cobb, 1913. Relatamque a espécie Pinus banksiana é hospedeira dessenematóide. Mencionam ainda que a maior dificuldadeencontrada para impedir a entrada desse nematóide éa correta identificação. Muitas vezes Xiphinemaamericanum é confundido com outras espéciespertencentes ao mesmo gênero, porém esta espéciese destaca por ser importante transmissor de virosesde plantas.

Cares & Huang (1991) compararam a prevalênciados gêneros em campo cerrado, mata de galeria ecampo úmido. De acordo com os citados autores, osgêneros Aorolaimus, Coslenchus, Criconema,Discocriconemella, Hemicriconemoides e Trophotylenchulusforam encontrados com maior freqüência em áreasde cerrado stricto sensu, enquanto os gêneros Meloidogyne,Hemicycliophora, Aphelenchoides, Malenchus, Helicotylenchuse Ditylenchus o foram na mata de galeria. Nos camposúmidos, os gêneros encontrados com maior freqüênciaforam Caloosia, Criconemella, Filenchus, Pratylenchus,Xiphinema e Meloidogyne.

Huang & Cupertino (1976) relataram os gênerosde nematóides Aphelenchus, Aphelenchoides,Helicotylenchus, Meloidogyne, Rotylenchus e Tylenchus comoos mais freqüentemente encontrados em áreascultivadas em geral, na região dos cerrados em Brasília.A espécie Helicotylenchus longicaudatus Sher, 1966 foirelatada como prevalente tanto em áreas de cerradonativo como em áreas de cerrado cultivado. Cares &Huang (1991) também relataram a ocorrência degêneros de nematóides em áreas de cerrado nativo ecultivado, e encontraram que nematóides dos gênerosDitylenchus e Tylenchus adaptaram-se melhor emsistemas de cultivo anuais do que em sistemas perenes,enquanto outros como Ecphyadophora e Trophotylenchulusestabeleciam-se bem apenas em sistemas perenes.

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Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central

Material e MétodosAs comunidades de nematóides foram estudadas

em áreas nativas de cerrado, cerradão, mata ciliar ecampo limpo e em áreas de agricultura com: eucalipto,Pinus caribaea, citros, café, milho, feijão-vagem e tomate.A coleta dos dados realizou-se em 1997, nos mesesde março e abril em cinco lugares diferentes,abrangendo a região do Distrito Federal e osmunicípios goianos de Cristalina, Luziânia e PadreBernardo, situados na região do entorno.

Em cada sistema em estudo, a amostragem foidelimitada a quadrilátero de aproximadamente 1 ha.Em cada área foram coletadas amostras em cincopontos próximos aos quatro ângulos e ao centro. Emcada ponto foram retiradas com trado próprio (6,3cm de diâmetro por 20 cm de altura), cincosubamostras, as quais foram misturadas num baldede 10 litros, para que se obtivesse uma amostra únicade 500 cm3 por ponto. Cada sistema foi portantoamostrado com cinco repetições compostas. Aprofundidade da amostragem foi a do intervalo de 0 a20 cm.

Amostras de solo de 500 g suspensas em 5 l deágua foram passadas em peneira de 40 malhas sobrepeneira de 400 malhas, onde foram coletadas, deacordo com o método da flutuação-sedimentação-peneiramento de Flegg & Hopper (1970). O processofoi executado duas vezes para cada amostra. A técnicada centrifugação em sacarose foi utilizada paraclarificar a amostra (Jenkins, 1964). A seguir foramfixadas com solução de Golden de acordo comHooper (1970).

A contagem dos nematóides foi feita em câmarade Siracuse adaptada. O número de nematóides nãofoi corrigido pela taxa de eficiência de extração dométodo. A abundância relativa dos taxa foi calculada

para a proporção dos 100 nematóides identificadosao acaso por amostra. A confecção de lâminaspermanentes para microscopia foi feita mediante ométodo de infiltração lenta com glicerina de acordocom Hooper (1970). A identificação dos gêneros dosnematóides foi feita em 100 indivíduos examinadosao acaso sob microscópio óptico com magnitude de1.000 x. A abundância relativa foi registrada paranematóides pertencentes a todos os grupos tróficos(Yeates et al. 1993).

Em cada comunidade foi determinado o gênero-chave, que é o parasita de plantas prevalente de acordocom o conceito de McSorley & Frederick (1996), ouseja, o gênero parasito de plantas que apresentou maiorabundância relativa.

A classificação taxonômica dos nematóides foibaseada em Bongers (1988), May et al. (1996) e Smart& Nguyen (1988) para nematóides em geral, Jairajpuri& Ahmad (1993) e Thorne (1974) para a ordemDorylaimida, e Andrássy (1983) para nematóidesbacteriófagos da subordem Rhabditina.

Resultados e DiscussãoOs gêneros Trophotylenchulus e Discocriconemella

separaram as comunidades associadas às vegetaçõesnativas daquelas associadas aos sistemas de cultivo(Tabelas 1, 2, 3 e 4), sendo que o segundo gênerodistinguiu cerrado e cerradão em relação aos sistemasmata e campo. Cares & Huang (1991) já haviamencontrado que o gênero Trophotylenchulus era eficientepara distinguir sistemas nativos, cultivados perenes eanuais, porquanto não foi encontrado em áreas decerrado cultivadas. Bernard (1992) mencionou que aespécie Helicotylenchus clarkei Sher, 1966 era expressivana comunidade de nematóides em florestas clímax eque a espécie H. pseudorobustus (Steiner, 1914) Golden,

Tabela 1 - Abundância relativa (% em relação ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes emcomunidades de nematóides do solo de vegetações nativas.

Cerrado Cerradão Mata CampoTrophotylenchulus 7,48 Discocriconemella 8,44 Trophotylenchulus 9,68 Helicotylenchus 17,9Coslenchus 6,8 Trophotylenchulus 8,36 Helicotylenchus 5,56 Trophotylenchulus 6,16Tylenchus 5,6 Tylenchus 7,56 Tylenchus 5,16 Tylenchus 4,52Discocriconemella 5,24 Coslenchus 6 Paratylenchus 4,36 Paratylenchus 4,2Criconemella 3,92 Helicotylenchus 2,2 Criconemella 4,24 Coslenchus 1,92

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Tabela 2 - Abundância relativa (% relativa ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes emcomunidades de nematóides do solo de sistemas de cultivos perenes.

Pinus Citrus Eucalipto CaféXiphinema 37,18 Tylenchulus 19,9 Xiphinema 13,4 Meloidogyne 4,32Paratrichodorus 2,89 Trichodorus 11,4 Helicotylenchus 3,32 Helicotylenchus 3,68Criconemella 2,52 Criconematoidea 5,93 Tylenchus 2,16 Tylenchus 2,4Trichodorus 2,47 Helicotylenchus 5,81 Trophotylenchulus 1,96 Criconemella 2,12Discocriconemella 1,37 Meloidogyne 2,91 Hemicriconemoides 1,2 Pratylenchus 0,48

Tabela 3 - Abundância relativa (% relativa ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes emcomunidades de nematóides do solo de sistemas de cultivos anuais.

Feijão-vagem Milho TomateHelicotylenchus 35,74 Helicotylenchus 28,68 Helicotylenchus 14,84Scutellonema 6,09 Meloidogyne 7,88 Meloidogyne 8,6Trichodorus 3,34 Trichodorus 3,2 Tylenchus 2,48Meloidogyne 2,43 Criconemella 2,12 Coslenchus 0,56Paratrichodorus 1,45 Tylenchus 1,44 Trichodorus 0,24

Tabela 4 - Abundância absoluta de nematóides do solo (500 g) em onze comunidade estudadas na região de Brasília .

Comunidade No. de nematóidesTomate 6.576 aMilho 4.113 bFeijão-vagem 2.848 cCitros 2.600 cCampo 1.810 cCafé 1.351 cCerradão 1.174 cdCerrado 1.171 cdMata 1.116 cdEucalipto 686 dPinus 553 d

Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

1956 o era em áreas com distúrbio. McSorley &Frederick (1996) indicaram P. minor como gênero-chavepara a cultura da soja na Flórida (EUA). Goede &Bongers (1994) determinaram que espécies da famíliaCriconematidae eram utilizáveis para distinguirflorestas de coníferas em solos arenosos em relação aoutros sistemas.

Nas comunidades de nematóides do soloassociadas às culturas de Eucalyptus spp e Pinus caribaea,prevaleceu o gênero Xiphinema. Esse gênero estágeralmente associado de modo prevalente a sistemasculturais com distúrbios mínimos, conformeconstatado por Cadet et al.(2003). No Brasil, Xiphinemaaparece com destaque associado a campos graminososnativos da região dos cerrados do Brasil central,

embora não seja o gênero-chave (Cares &Huang,1991). Espécies de Eucalyptus têm sido relatadasinternacionalmente como hospedeiras de X. italiae(CAB International, 2001). Peterson (1962) relatou oparasitismo de X. americanum em Pinus nigra Arnold,causando a perda de vigor de mudinhas e figurandoentre as causas mais comuns de doenças em viveiros.

No presente trabalho, o gênero Helicotylenchus foiprevalente nos chamados “campos limpos” nativos,como também nas culturas de cafeeiros, milho etomate. Helicotylenchus longicaudatus Sher, 1966 havia sidorelatado na mesma região por Cares & Huang (1991),como prevalente tanto em áreas de cerrado nativo,certamente campos graminosos nativos, e aquiacrescentamos como também em áreas de cerrado

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cultivado. Gomes et al.(2003) encontraram umaprevalência do gênero Helicotylenchus (40 %) em camposde soja na mesma região. No milho, Solano et al. (2002),na Costa Rica, já o haviam detectado como o segundona linha de prevalência, abaixo apenas de Criconemella.Surpreendentemente, Pujol et al. (2004), no sul doBrasil, relataram no milho a prevalência do gêneroMeloidogyne (média de 75 %), destacando-se em seguidao gênero Criconemoides com 20 % de prevalência.

Com referência ao cafeeiro, Ferraz (1982) já haviadetectado Helicotylenchus como gênero prevalente emMinas Gerais. Essa prevalência do gêneroHelicotylenchus dificulta a individualização do sistemacultural com base num gênero-chave. O mesmo se dácom a prevalência do gênero Xiphinema nos sistemasflorestais de eucaliptos e pinheiros.

Rossi & Ferraz (2005) encontraram forteprevalência do gênero Helicotylenchus, com freqüênciade 60,4 %, representado principalmente pela espécieH. dihystera (49 %) em comunidades de nematóidesdo solo amostrados em pomares de fruteiras de climasubtropical e temperado nos estados de São Paulo eMinas Gerais.

No presente trabalho, de cinco pomares cítricosestudados, em um deles não foi encontrado oTylenchulus semipenetrans, prevalecendo neste caso ogênero Trichodorus. O gênero Tylenchulus foi o gênero-chave nos demais pomares cítricos. No pomar livreda espécie parasita, as mudas haviam sido lá mesmoproduzidas e implantadas em solo sob cerrado recém-desbravado. Os demais pomares haviam utilizadomudas importadas. Desta forma evidenciou-se que oT. semipenetrans foi introduzido. Freitas (2004),estudando o mesmo pomar confirmou a prevalênciado gênero Trichodorus e a ausência de Tylenchulus. Nestecaso fica evidente que e emergência de Tylenchulus comogênero-chave esteve condicionada à tecnologia deprodução de mudas adotada. Rossi & Ferraz (2005)também registraram amostras de solo de pomares emSão Paulo e Minas Gerais com ausência defitonematóides da superfamília Tylenchoidea, os quaiseram o foco do trabalho. Vários pesquisadoresconfirmam a importância do gênero Trichodorus nafauna nematológica do solo associada aos cítricos(Barnes et al.,1959; Pastor 1990; Solano et al. 2002).

Para feijão-vagem (Phaseolus vulgaris), neste estudo

foram encontrados 34 gêneros e 22 famílias nacomunidade de nematóides, compreendendo cincogrupos tróficos (Yeates et. al.1993). Os gênerosHelicotylenchus e Scutellonema foram os parasitas deplantas mais abundantes. O gênero Helicotylenchus foialtamente prevalente, sendo portanto o gênero-chavedeste sistema.

Árias & Renaud (1984) identificaram 19 gênerosna comunidade de nematóides associada à cultura deP. vulgaris com cinco grupos tróficos, tendo observadoque os parasitas de plantas apresentaram densidadespopulacionais medianas para Ditylenchus e Helicotylenchuse baixas para Rotylenchulus, Meloidogyne, Tylenchorhynchuse Pratylenchus. Em nosso estudo decidimos considerarDitylenchus como micófago (Goodey, 1960). O gêneroCoslenchus foi incluído como parasita de plantas(Andrássy, 1976).

Karanjal et al. (2001), estudando a distribuição dapopulação e densidade de nematóides parasitas deplantas associados com P. vulgaris, em três distritos doQuênia, observaram que Meloidogyne e Pratylenchusforam os endoparasitas predominantes, ocorrendo em86 e 61 % das amostras de raízes respectivamente eque Scutellonema e Helicotylenchus foram encontrados em86 e 59 % das amostras de solo respectivamente,resultados corroborados no presente trabalho.

ConclusãoO presente estudo do gênero-chave ou nematóide

parasita de plantas prevalente, determinado para asonze comunidades de nematóides do solo estudadas,evidenciou que alguns gêneros notórios de culturasnem sempre figuram como gênero-chave dacomunidade de nematóides. Observa-se que oscuidados fitossanitários procedidos pelo agricultorpodem interferir no resultado da determinação dogênero-chave.

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Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro

Efeito do Gene Mi na Reprodução de Populações deMeloidogyne exigua em Tomateiro

Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro

Laboratório de Nematologia, Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa,36570-000 Viçosa (MG) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 24 / 08 / 2007. Aceito em 07 / 01 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo - Silva, R.V., R.D.L. Oliveira, P.S. Ferreira & D.B. Castro. 2008. Efeito do gene Mi na reprodução depopulações de Meloidogyne exigua em tomateiro.

O gene Mi de tomateiro confere resistência efetiva às três espécies mais importantes dos nematóides dasgalhas, Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria, mas não há informações sobre o efeito do gene na reproduçãode M. exigua. Assim, o presente trabalho objetivou estudar o efeito do gene Mi na reprodução de duas populaçõesde M. exigua, que diferem quanto à capacidade de parasitar o tomateiro. Para tal, foram inoculadas as cultivaresde tomateiro Motelle e Moneymaker, que diferem apenas quanto à presença do gene Mi, e ‘Santa Cruz Kada’(testemunha) com duas populações do nematóide. Estas foram coletadas em cafeeiros de Minas Gerais, umadelas com capacidade de se reproduzir em tomateiro (Me-m) e a outra sem essa habilidade (Me-c). As mudas detomateiro foram inoculadas no estádio de três a quatro pares de folhas, com 5.000 ovos por planta. A avaliaçãodo número de galhas e de ovos foi realizada aos 60 dias após a inoculação. A população Me-c não foi capaz deinduzir a formação de galhas e de se reproduzir nas cultivares de tomateiro, enquanto que a população Me-mapresentou alta taxa reprodutiva, independente da presença do gene Mi. Nas cultivares Motelle e Moneymakera taxa reprodutiva foi superior à ‘Santa Cruz Kada’ em 44,7 e 51,2 %, respectivamente. Assim, tais cultivaresmostraram potencial de serem utilizadas para a multiplicação de populações de M. exigua, com a vantagem deimpedir que ocorra a contaminação do inóculo. Conclui-se que o gene Mi não foi efetivo contra M. exigua.Palavras-chaves: resistência, produção de inóculo, variabilidade fisiológica, nematóide das galhas.

Summary - Silva, R.V., R.D.L. Oliveira, P.S. Ferreira & D.B. Castro. 2008. Effect of the Mi gene on thereproduction of Meloidogyne exigua populations in tomato.

The Mi gene confers effective resistance to the three more important species of root-knot nematode, whichare M. incognita, M. javanica and M. arenaria. However, the effect of this gene on the reproduction of M. exigua isunknown. In order to evaluate the effect of Mi on M. exigua reproduction, two populations exhibiting distinctcapacity to infect tomato (Me-m and Me-c), were selected. Thus, nearly isogenic tomato lines differing in thepresence of Mi gene were inoculated in seedlings at the stage of 3-4 sets of leaves. A total of 5,000 eggs perplant at each treatment and replication was used. Upon 60 days after inoculation, the number of galls and eggsper root system were counted. The population Me-c was not capable to induce galls and to reproduce ontomato roots, while the Me-m presented high reproduction regardless the presence of the Mi gene. The nematodereproduction increased by 44.7 and 51.2 % on ‘Motelle’ and ‘Moneymaker’, respectively, when compared with‘Santa Cruz Kada’. These cultivars showed potential to be used for M. exigua multiplication, with the advantageto avoid inoculum contamination. It was concluded that Mi was not effective against M. exigua.Key words: resistance, inoculum production, physiological variability, root-knot nematode.

COMUNICAÇÃO

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Efeito do Gene Mi na Reprodução de Populações de Meloidogyne exigua em Tomateiro

ConteúdoO gene Mi constitui-se num dos mais complexos

e bem caracterizados genes de resistência afitopatógenos. Esse gene confere resistência efetivaàs três espécies mais importantes de nematóides dasgalhas, Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria(Roberts & Thomason, 1989), a qual tem se mantidapor mais de 60 anos. Por essa razão, é amplamenteutilizado no desenvolvimento de cultivares detomateiro (Williamson, 1998). Estudos demonstraramque o gene Mi foi efetivo contra alguns, mas não todosos isolados de M. chitwoodi (Bown et al., 1997). Emborao gene Mi não seja efetivo contra M. hapla, a taxareprodutiva em linhagens quase isogênicas, quediferem apenas quanto à presença do Mi, foi menornas plantas portadoras desse gene (Bown et al., 1997).

Intrigantemente, o gene Mi-1 também mediaresistência a organismos distintos dos nematóides,como o pulgão da batata, Macrosiphum euphorbiae (Rossiet al., 1998), e a mosca branca, Bemisia tabaci (Nombelaet al., 2003). O principal mecanismo de resistênciadesencadeado em plantas portadoras do gene Mi é areação de hipersensibilidade (HR), que provocamudanças histológicas, como a morte celular próximaao sítio de infecção do juvenil de segundo estádio deMeloidogyne spp. (Dropkin, 1969). Esse fenômeno temocorrido geralmente 12 h após a tentativa deestabelecimento do nematóide no interior da raiz.Entretanto, a resistência conferida pelo gene Mi-1 écomprometida por temperaturas do solo acima de 28ºC (Dropkin, 1969).

Meloidogyne exigua é a espécie de nematóide dasgalhas mais disseminada e com maior distribuiçãogeográfica em áreas de cultivo de café arábica naAmérica Latina (Campos & Villain, 2005). Otomateiro, por ser bom hospedeiro (Oliveira et al.,2005), vem sendo utilizado em trabalhos de pesquisapara a manutenção e multiplicação de populações dopatógeno. A utilização de tomate, nesse contexto, temcomo vantagens a maior rapidez na obtenção da mudae na produção de inóculo. Entretanto, devido àvariabilidade fisiológica observada nessa espécie,algumas populações têm sido incapazes de sereproduzir em tomateiro (Carneiro & Almeida, 2000;Silva et al., 2006a).

Ainda não se têm informações a respeito do efeito

do gene Mi na reprodução de M. exigua, especialmentequanto àquelas populações que se multiplicam emtomateiros. Assim, objetivou-se avaliar o efeito do geneMi na reprodução de populações de M. exigua quediferem quanto à capacidade de se reproduzir emtomateiro.

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação doDepartamento de Fitopatologia da UniversidadeFederal de Viçosa (UFV), localizada na região da Zonada Mata de Minas Gerais, com latitude 20o 45’ 14" S elongitude 42o 52’ 53" W. Durante o períodoexperimental as temperaturas mínimas e máximas doar foram de 18,4 e 27,7 ºC, respectivamente. Avaliou-se a reprodução de duas populações de M. exigua, apopulação Me-c, proveniente de Canaã MG, incapazde se reproduzir em tomateiro, e a população Me-m,coletada em Manhuaçu MG, que se reproduz nessehospedeiro. Antes de iniciar o ensaio, as populaçõesforam especificamente identificadas pelo fenótipo deesterase, usando-se a técnica de eletroforese verticalem sistema descontínuo, conforme Ornstein (1964) eDavis (1964). Foram utilizadas as cultivares detomateiro Motelle e Moneymaker, que diferem apenasquanto à presença do gene Mi, com e sem a presençado gene, respectivamente. Como testemunha foi usadaa cultivar Santa Cruz Kada.

Os ovos de M. exigua foram extraídos segundo ométodo de Boneti & Ferraz (1981). A concentraçãode ovos foi determinada em câmara de contagem dePeters e a suspensão calibrada para 1.000 ovos porml . Plântulas de tomate com 21 dias foramindividualmente transplantadas para vasos de plásticocom capacidade para 2 litros, contendo uma misturade solo e areia 2 : 1 (v / v), previamente esterilizadacom brometo de metila. O inóculo constou de 5.000ovos por planta, que foram colocados em dois orifíciosde 3 cm de profundidade, feitos ao lado de cada planta,no estádio de três a quatro pares de folhascompletamente desenvolvidas. O experimento foiinstalado em delineamento inteiramente casualizado,num esquema fatorial 2 x 3 (duas populações e trêscultivares), com seis repetições. Aos 60 dias após ainoculação avaliou-se o número de galhas e de ovospor sistema radicular. Esta variável foi usada para adeterminação do fator de reprodução (FR) conformeOostenbrink (1966). Os dados foram transformados

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152 Vol. 32(2) - 2008

Rodrigo V. Silva, Rosângela D.L. Oliveira, Patrícia S. Ferreira & Douglas B. Castro

em log (x + 1) e as médias dos tratamentos comparadaspelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. A análiseestatística foi realizada utilizando-se o programaSAEG (SAEG, 2007).

Não houve interação significativa entre os fatores,população do nematóide e cultivares de tomateiro.Entretanto, houve efeito (P < 0,05) das cultivares naexpressão dos sintomas (número de galhas) e nareprodução (número de ovos e fator de reprodução)da população Me-m, independente da presença ouausência do gene Mi. O número médio de galhas, deovos e FR foram menores na cultivar Santa Cruz Kada,mas não diferiu entre ‘Moneymaker’ e ‘Motelle’ (Tabela1). Estas apresentaram taxas reprodutivas de 51,2 e44,7 % superiores às de ‘Santa Cruz Kada’. Apopulação Me-c foi incapaz de induzir a formação degalhas e de se reproduzir nos tomateiros analisados.

O comportamento reprodutivo de M. exigua emtomateiro já foi estudado por outros pesquisadores(Ferraz & Santos, 1984; Almeida & Campos, 1991;Oliveira et al., 2005). No entanto, observa-se grandediscrepância nos fatores reprodução, com FR médiovariando do valor 1 (Ferraz & Santos, 1984) até 11(Oliveira et al., 2005). Um fato relevante, para explicaressas variações, pode estar relacionado ao estádio dedesenvolvimento da planta na ocasião da inoculação.Nos estádios iniciais do desenvolvimento das mudas,o sistema radicular é menos desenvolvido e as chancesdos juvenis de segundo estádio (J2), mesmo que ativos,encontrarem e invadirem as raízes diminui

consideravelmente (Lordello et al., 1977).Outro fator a interferir na reprodução do

nematóide é a temperatura durante o períodoexperimental, já que esta se constitui num dos fatoresabióticos que mais influenciam a reprodução denematóides. Sabe-se que a temperatura ótima para aprodução de inóculo de M. exigua em mudas decafeeiro está em torno de 26 ºC (Silva et al., 2006a). Omesmo autor observou que na temperatura de 18ºC aprodução de ovos foi 5,7 vezes menor do que a 26ºC.

As cultivares Moneymaker e Motelle mostrarampotencial para multiplicar populações de M. exigua.Além disso, ‘Motelle’ apresenta a vantagem de serresistente à mosca branca, importante praga dotomateiro, sobretudo sob condição de casa-de-vegetação (Nombela et al., 2003). Outro ponto positivoda utilização da ‘Motelle’ é que possui resistência a M.incognita e M. javanica, o que reduz as chances decontaminação por essas espécies. Como são, ambasas espécies, muito estudadas por serem amplamentedisseminadas nas áreas de produção, é comum, parafins de pesquisas, sua manutenção em casa-de-vegetação, o que não raro ocasiona a contaminaçãodos vasos e, por conseguinte, a mistura de populações.

Uma alternativa para a multiplicação daquelaspopulações de M. exigua que não se reproduzem emtomateiro é a utilização de mudas de pimentão.Segundo Silva et al. (2006b), tais populações foramcapazes de se reproduzir neste hospedeiro, com fatorde reprodução médio acima de 6.

Tabela 1 - Valores médios do número de galhas (NG), número de ovos e fator de reprodução (FR) de populações de Meloidogyne exiguaproduzidas em cultivares de tomateiro com e sem a presença do gene Mi.

1Me-m e Me-c: populações de Meloidogyne exigua originárias de Manhuaçu MG e Canaã MG, com capacidade de parasitar e não parasitar o tomateiro,respectivamente.2Média de seis repetições. Para a análise estatística os dados foram transformados em log (x + 1). Médias seguidas por uma mesma letra na coluna,não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.3RF: fator de reprodução = população final / população inicial, segundo Oostenbrink (1966).

Populações1 Cultivares NG2 NO2 FR3

Me-m Motelle (com Mi) 506 a 35.594 a 7,12

Moneymaker (sem Mi) 500 a 37.199 a 7,44

Santa Cruz Kada 296 b 24.642 b 4,92

Me-c Motelle 0 0 0

Moneymaker 0 0 0

Santa Cruz Kada 0 0 0

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Efeito do Gene Mi na Reprodução de Populações de Meloidogyne exigua em Tomateiro

Embora o gene Mi confira resistência a outrasespécies de Meloidogyne, tais como M. incognita, M.javanica, M. arenaria (Roberts & Thomason, 1989) eM. chitwoodi (Brown et al., 1997), além de diminuir ataxa reprodutiva de M. hapla (Brown et al., 1997), omesmo não interferiu na reprodução de M. exigua.

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154 Vol. 32(2) - 2008

Vicente M. Gomes, Ricardo Moreira Souza, Marcelo M. Silva & Claudia Dolinski

Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em DeclínioParasitadas por Meloidogyne mayaguensis*

Vicente M. Gomes1, Ricardo Moreira Souza1, Marcelo M. Silva2 & Claudia Dolinski1

*Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor.1Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, CCTA / LEF, Av. Alberto Lamego 2000, 28015-620

Campos dos Goytacazes (RJ), Brasil.2M. Melarato Consultoria em Agronegócios, R. Barão de Porto Feliz 82, Campinas (SP) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 12 / 11 / 2007. Aceito em 02 / 02 / 2008Editado por Mário Inomoto

Resumo – Gomes, V.M., R.M. Souza, M.M. Silva & C. Dolinski. 2008. Caracterização do estado nutricional degoiabeiras em declínio parasitadas por Meloidogyne mayaguensis.

Em goiabeiras, o parasitismo por Meloidogyne mayaguensis resulta em declínio das plantas, caracterizado porsintomas radiculares (galhas e apodrecimento) e foliares (bronzeamento, amarelecimento, queima dos bordos equeda das folhas), freqüentemente resultando em morte das plantas. Visando-se caracterizar esse patossistemaquanto ao aspecto nutricional das plantas, goiabeiras sadias e em declínio de um mesmo pomar comercialforam avaliadas quanto aos teores foliares dos macro e micronutrientes, ao longo de quatro avaliaçõesquadrimestrais. Os resultados sugerem que, nas condições de cultivo de São João da Barra (RJ), os sintomas dodeclínio na parte aérea das plantas estão associados à carência de nitrogênio, fósforo e potássio. Plantas emdeclínio apresentaram tendência de menor absorção de cálcio e magnésio (cujos teores foliares atingiram valorespróximos à carência) e tendência de acúmulo de manganês, sem entretanto atingir os níveis fitotóxicos relatadosna literatura. O mesmo ocorreu para cloro e sódio, mas a ausência de níveis de fitotoxidade estabelecidos paragoiabeiras impedem conclusão sobre esses nutrientes. Não houve associação entre os teores foliares de ferro,enxofre e zinco e a sintomatologia na parte aérea. Contaminações foliares com fungicidas cúpricos impedirama análise dos dados sobre o nutriente cobre.Palavras-chaves: Psidium guajava, nematóide da goiabeira, nematóide das galhas, deficiências nutricionais.

Summary – Gomes, V.M., R.M. Souza, M.M. Silva & C. Dolinski. 2008. Nutritional status of guava (Psidiumguajava L.) plants parasitized by Meloidogyne mayaguensis.

Guava plants parasitized by Meloidogyne mayaguensis undergo a decline characterized by chlorosis, scorchingof margin, wilting and falling of leaves, root galls, root rotting and death. The aim of this work was to characterizethis pathosystem regarding the nutritional status of the parasitized plants. From a single commercial orchard,healthy and declining plants were evaluated four times during a one year-period for their foliar concentrationof all macro and micronutrients. The results suggest that under the conditions of São João da Barra (RJ) Brazil,the shoot symptoms induced by M. mayaguensis are associated with the deficiency of nitrogen, phosphorus andpotassium. Declining plants presented foliar levels of calcium and magnesium near deficiency, and a tendencyto accumulate manganese, - but not reaching toxic levels -, chlorine and sodium. For the latter nutrients, notoxic levels are determined for guava plants. No association was observed between the shoot symptoms andthe foliar levels of iron, sulphur and zinc. Foliar contamination with copper-based fungicides used in theorchard precluded any conclusion on the nutrient copper.Key words: Psidium guajava, guava nematode, root-knot nematode, nutritional deficiency.

COMUNICAÇÃO

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Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis

ConteúdoEm várias regiões brasileiras, o cultivo da goiaba

(Psidium guajava L.) contribui para a sustentaçãoeconômica da agricultura de pequena escala. De fato,essa fruta é tipicamente cultivada em pomares de trêsa cinco hectares, sendo comercializada in natura ouprocessada em pequenas agroindústrias (Natale et al.,1996). Nos últimos anos, muitas comunidades ruraissofreram o impacto da incidência do nematóide dasgalhas da goiabeira (NGG), Meloidogyne mayaguensisHammah & Hirschmann, 1988. Pomares foramdizimados ou estão infestados nos pólos frutícolaspróximos a Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) (Anônimo,2006). Esse nematóide já foi relatado em váriosEstados brasileiros. No Rio de Janeiro, o NGG afetouseriamente as agroindústrias do município de São Joãoda Barra (Lima et al., 2003) e já afeta Cachoeiras deMacacu, principal produtor de goiabas para mesa(Kawae, 2006).

Em diversas cultivares de goiabeira, o parasitismopelo NGG causa um declínio generalizado da planta,com sintomas nas raízes (galhas e apodrecimento) ena parte aérea (bronzeamento, amarelecimento,queima dos bordos e queda das folhas), comfreqüência ocasionando a morte da planta (Souza etal., 2006; Gomes, 2007). Tais sintomas podem estarassociados a processos já relatados em outrospatossistemas envolvendo Meloidogyne spp., tais comoa obliteração de vasos condutores, alteração no padrãode absorção e / ou translocação de água e de nutrientes,alterações fisiológicas e predisposição da planta apatógenos secundários (Melakeberhan & Webster,1993).

Até o momento, o declínio causado pelo NGGnão foi ainda caracterizado, pois não se conhecem osfatores que contribuem para a morte das plantas.Alguns produtores relatam que o excesso de umidadeno solo e podas drásticas antecipam a morte dasplantas parasitadas. Por outro lado, goiabeiras isentasdo NGG, mas submetidas a longos períodos deencharcamento do solo ou cujo sistema radicularapresenta-se “enovelado” (com “pião-torto”), podemdesenvolver na parte aérea os mesmos sintomas dodeclínio causado pelo NGG. Em conjunto, tais relatossugerem que um desbalanço fisiológico está envolvidono declínio e na morte de goiabeiras parasitadas pelo

NGG. Como primeiro passo para o entendimentodeste declínio, este trabalho objetivou caracterizar oestado nutricional de goiabeiras parasitadas pelo NGG,em comparação com goiabeiras sadias.

O estudo foi desenvolvido em um pomar comercialde goiabeiras ‘Paluma’ de oito anos de idade,propagadas vegetativamente e plantadas em umespaçamento de 7 x 7 m, no município de São João daBarra (RJ) (latitude sul 21o 41’ 22", longitude oeste41o 03’ 21"). O clima da região é do tipo Cwa, de acordocom a classificação de Köppen, com precipitaçãopluviométrica média de 1450 mm / ano. A áreaexperimental era plana, com solo composto de 98 %de areia quartzosa. O manejo do pomar pelo agricultor,antes e durante o estudo, constava de podas defrutificação, adubações mensais com nitrogênio,fósforo e potássio a lanço e com cobre, boro e zincovia foliar, sem prévias análises nutricionais do solo oufoliar. A área era irrigada por micro-aspersão, sendorealizado controle efetivo de pragas e de doençasfoliares.

No pomar foram delimitadas duas áreas: no talhão1, isento do NGG, as plantas eram uniformes, comcopa densa e ausência de sintomas de deficiênciasnutricionais. No talhão 2, infestado pelo nematóide,as plantas já apresentavam sintomas de declínio. Cadatalhão foi caracterizado quanto à fertilidade do solo.O talhão 1 apresentava pH médio de 6,7, CTC de 2,72cmolc / dm3 e 8,3 g / dm3 de matéria orgânica. O talhão2 apresentava pH médio de 5,1, CTC de 6,35 cmolc /dm3 e 9,5 g / dm3 de matéria orgânica.

Duas plantas sadias uniformes entre si do talhão 1e seis parasitadas do talhão 2 foram etiquetadas eindividualmente amostradas a cada 120 dias, ao longode um ano, para que fossem realizadas análises dosteores foliares de macro e micronutrientes e de sódio.Com o intuito de avaliar possíveis diferençasnutricionais entre as plantas à medida que o declínioevoluía, as plantas parasitadas apresentavam-se emdiferentes estádios do declínio no início do estudo, asaber: estádio 1, no qual as plantas apresentavam galhasradiculares, mas ausência de sintomas na parte aérea(Figura 1); estádio 2, no qual as plantas apresentavamraízes com numerosas galhas e necroses localizadas,bem como bronzeamento, queima dos bordos e iníciode queda das folhas; e estádio 3, no qual as plantas

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apresentam poucas raízes secundárias e terciáriasdevido ao seu apodrecimento, raízes de sustentaçãocom galhas abundantes e acentuada queda de folhas.Durante o estudo, o agravamento da sintomatologiafez com que as plantas doentes avançassem nosestádios do declínio. A goiabeira etiquetada E3P1(estágio 3, planta 1) morreu após a terceira avaliaçãoquadrimestral.

De cada planta foi coletado o quarto par de folhasde ramos terminais e sem frutos, em diferentesposições na copa, perfazendo 20 pares. De cada planta,as folhas foram acondicionadas em sacos de papel eencaminhadas para avaliações mineralógicas completasno Setor de Nutrição da Universidade Federal Ruraldo Rio de Janeiro. Com o objetivo de examinar aevolução dos teores foliares dos nutrientes ao longodos doze meses de estudo, os resultados das análisesfoliares de cada uma das plantas foram lançados emgráficos e comparados com as faixas ideais de nutriçãoe os níveis fitotóxicos propostos para goiabeiras porQuaggio & Raij (1997) (citado por Salvador et al., 2000),

Natale et al. (1996; 2002), Raij et al. (1997) e Malavoltaet al. (1997).

Como este estudo foi idealizado para se entendero declínio em pomares conduzidos sob as práticasusuais dos produtores de São João da Barra,estabeleceu-se a priori que as adubações química eorgânica do pomar realizadas pelo produtor nãoofereciam a padronização necessária para uma análiseestatística dos dados. Assim, a proposta inicial desteestudo foi realizar análise descritiva, temporal, doestado nutricional das goiabeiras examinadas. Osresultados deste estudo sugerem que o declíniocausado pelo NGG está associado a alteraçõesnutricionais na parte aérea das goiabeiras, nascondições de cultivo de São João da Barra (RJ).

Nitrogênio. A Figura 2A mostra a dinâmica doelemento ao longo das avaliações quadrimestrais nasoito goiabeiras monitoradas. Vê-se que as plantasparasitadas estiveram em deficiência do elementodurante todo o período amostral, considerando-se afaixa ideal de 20 a 30 g / kg de massa seca, proposta

Figura 1 – A) goiabeira sadia; B-D) goiabeiras em diferentes estágios (1 a 3, respectivamente) do declínio causado por Meloidogynemayaguensis.

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Caracterização do Estado Nutricional de Goiabeiras em Declínio Parasitadas por Meloidogyne mayaguensis

por Natale et al. (1996; 2002), Malavolta et al. (1997) eQuaggio & Raij (1997). De acordo com Malavolta etal. (1989), os sintomas de deficiência deste mineralsão limitado desenvolvimento vegetativo, folhagem decoloração verde-clara a amarelada e redução daprodutividade, quadro sintomatológico típico degoiabeiras parasitadas pelo NGG. A constanteremobilização do nitrogênio para tecidos novos

(incluindo as folhas recém-maduras amostradas nestetrabalho) (Raij, 1991) explica a relativa estabilidade dosteores foliares de nitrogênio à medida em que as plantasavançaram no declínio causado pelo NGG.

Cálcio. A Figura 2B mostra a dinâmica desteelemento, o qual apresentou teores foliares crescentesnas plantas sadias. Nas doentes, observou-se tendênciade decréscimo dos teores à medida que as plantas

Sadia P1

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E1 P1

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Avaliações

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Sadia P1

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E3 P1

E3 P2

Sadia P1

Sadia P2

E1 P1

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E2 P2

E3 P1

E3 P2

Figura 2 – Teores foliares de diferentes nutrientes em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado peloparasitismo por Meloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P= planta.

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avançaram no declínio, mas ainda dentro da faixa idealde 7 a 15 g / kg. O acúmulo de cálcio nas plantassadias justifica-se pela alta capacidade da goiabeira emabsorver cátions divalentes e pela baixa extração decálcio pelos frutos (Melo et al., 1987; Natale et al., 1994,citados por Prado & Natale, 2004). Possivelmente, nãoocorreu acúmulo do elemento nas plantas em declínio,devido à sua menor absorção pelo sistema radicularem avançado estágio de apodrecimento.

Fósforo. A Figura 2C apresenta a evolução do teorfoliar deste elemento, o qual ficou abaixo da faixa ideal(1,4 a 3 g / kg) nas plantas em declínio, mas em níveisadequados nas sadias. Há de se notar que as plantasem declínio apresentaram carência de fósforo mesmocom níveis elevados do elemento no solo (120 mg /dm3). Acredita-se que o apodrecimento de raízessecundárias e terciárias em plantas parasitadas peloNGG prejudique a absorção de fósforo. SegundoSalvador et al. (1998), goiabeiras com carência defósforo apresentam crescimento lento de brotações efolhas velhas com coloração púrpura em toda a lâminafoliar, com repuxamento e ondulação dos bordosfoliares, conferindo às folhas um aspecto tortuoso.Tal sintomatologia é observada em pomares degoiabeiras parasitadas pelo NGG.

Potássio. A Figura 2D mostra os níveis foliaresdeste elemento, o qual esteve em níveis adequados(13 a 30 g / kg) nas plantas sadias. Naquelas emdeclínio, o potássio apresentou-se no limite inferiorda faixa ideal ou em carência, não obstante no solo oteor de potássio estivesse em nível adequado (41 mg/ dm3). Devido à participação do potássio no equilíbrioosmótico dos estômatos, é possível que a carênciarelativa do elemento acentue o estresse hídrico e amurcha de goiabeiras sob sol intenso, como observadoem pomares infestados pelo NGG.

Magnésio. Considerando-se o intervalo de 2,4 a6 g / kg como teores foliares adequados desteelemento, a Figura 2E mostra níveis elevados nasplantas sadias e níveis limítrofes inferiores nas plantasem estágio avançado de declínio. Tal como ocorreupara o cálcio, possivelmente o acúmulo de magnésionas plantas sadias deve-se à capacidade de goiabeirasem acumular o nutriente, bem como à sua poucaexportação para os frutos (Salvador et al., 2000). Onão acúmulo de magnésio nas plantas em declínio

deve-se à sua menor absorção pelo sistema radicularem avançado estágio de apodrecimento.

Boro. A Figura 2F mostra a dinâmica do elementonas folhas, o qual se manteve acima da faixa ideal de20 a 25 mg / kg, tanto nas plantas sadias quanto nasdoentes. Portanto, este estudo não sugere umaassociação entre os níveis foliares de boro e asintomatologia da parte aérea causada pelo NGG.

Cloro. A Figura 3A mostra uma tendência deacúmulo deste nutriente nas folhas ao longo do estudo,de maneira mais acentuada nas plantas doentes.Possivelmente, esse acúmulo deve-se às adubações decobertura com cloreto de potássio e ao alto nível decloro encontrado na água fornecida às plantas, emtorno de 600 % a mais do que o limite máximorecomendado para irrigação de plantas (Bernardo etal., 2006). Os sintomas de fitotoxidez por clororelatados por Lima (1997) (bronzeamento,amarelecimento prematuro, queima e abscisão dasfolhas) assemelham-se à sintomatologia do declíniocausado pelo NGG. Entretanto, como não existemníveis foliares fitotóxicos de cloro definidos paragoiabeiras não se pode inferir uma relação entre estesprocessos.

Sódio. Observa-se na Figura 3B uma tendênciade acúmulo foliar do elemento ao longo do estudo,de maneira mais acentuada nas plantas em declínio.Entretanto, como não existem faixas ideais e nemníveis fitotóxicos de sódio estabelecidos paragoiabeiras, não se pode relacionar os teores observadoscom a sintomatologia deste patossistema na parte aéreadas plantas.

Manganês. Observa-se na Figura 3C que houveuma tendência de acúmulo desse elemento nas plantasem declínio, chegando algumas dessas a acumular 550% a mais do que as plantas sadias. Entretanto, como afaixa ideal deste elemento varia de 180 a 398 mg / kge o nível de fitotoxidez é acima de 5.100 mg / kg(Salvador et al., 2000), não parece haver relação entrea sintomatologia na parte aérea e os teores demanganês foliar.

Ferro, enxofre e zinco. As Figuras 3D a 3F nãosugerem uma associação entre os sintomas na parteaérea e os teores foliares dos elementos. De fato, todasas plantas examinadas apresentaram teores próximosàs faixas ideais para goiabeiras, que são 50 a 162 mg,

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Avaliações02/2006 06/2006 10/2006 02/2007

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Sadia P1

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Sadia P1

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E3 P1

E3 P2

2,5 a 3,5 g e 25 a 38 mg / kg, respectivamente.Cobre. A inconstância dos teores foliares deste

nutriente (Figura 4) sugere que pode ter havidocontaminação das amostras devido ao uso defungicidas cúpricos pelo produtor. Assim, não se podefazer inferências sobre os teores foliares de cobre e asintomatologia do declínio na parte aérea.

Em conclusão, este trabalho sugere que nascondições de São João da Barra (RJ), deficiênciasnutricionais de nitrogênio, fósforo e potássio

Figura 3 – Teores foliares de diferentes nutrientes em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado peloparasitismo por Meloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P= planta.

contribuem para o declínio de goiabeiras parasitadaspelo NGG. Dependendo das condições ambientais ede plantio, deficiências de magnésio e cálcio, bem comoacúmulos de sódio e cloro poderiam colaborar nesteprocesso. Não obstante diferenças edafo-climáticasentre as regiões brasileiras possam alterar este cenário,a similaridade dos sintomas observados em goiabeirasparasitadas em vários Estados sugere uma constâncianas alterações nutricionais induzidas pelo NGG.

Os resultados deste estudo também sugerem a

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Avaliações02/2006 06/2006 10/2006 02/2007

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Figura 4 – Teores foliares de cobre em goiabeiras sadias e em diferentes estádios (E1 a E3) do declínio causado pelo parasitismo porMeloidogyne mayaguensis, ao longo de quatro avaliações em pomar naturalmente infestado em São João da Barra (RJ). P = planta.

possibilidade de adubações orgânicas e minerais, emcobertura e / ou foliar, contribuirem para retardar odeclínio de pomares infestados pelo NGG,aumentando a produtividade e minimizando osprejuízos sofridos pelos produtores.

Literatura CitadaANÔNIMO. 2006. Praga gera forte queda no cultivo da

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Relação entre Populações Iniciais de Meloidogyne javanica e Heterodera glycines e o Desenvolvimento do Sistema Radicular da Soja

Relação entre Populações Iniciais de Meloidogyne javanica eHeterodera glycines e o Desenvolvimento do Sistema Radicular da Soja

Fernando S. Rocha1, Jadir B. Pinheiro1, Hercules D. Campos2 & Vicente P. Campos1

1Universidade Federal de Lavras, Departamento de Fitopatologia, C. Postal 3037, 37200-000 Lavras (MG) Brasil.2 Universidade de Rio Verde, Departamento de Agronomia, C. Postal 104, 75901-970 Rio Verde (GO) Brasil.

Autor para correspondência: [email protected]

Recebido para publicação em 04 / 10 / 2007. Aceito em 08 / 03 / 2008Editado por Guilherme Asmus

Resumo - Rocha, F.S., J.B. Pinheiro, H.D. Campos & V.P. Campos. 2008. Relação entre populações iniciais deMeloidogyne javanica e Heterodera glycines e o desenvolvimento do sistema radicular da soja.

Plântulas de soja ‘Embrapa 20’ (‘Doko RC’) foram transplantadas individualmente para tubos de ensaiocontendo areia autoclavada. Após o transplante, fez-se a inoculação com 100, 200 ou 300 juvenis do segundoestádio (J2) de M. javanica ou de H. glycines por plântula de cada tubo. Quatro e 20 dias após a inoculação, asplantas foram removidas dos tubos e as raízes foram separadas da parte aérea, lavadas, pesadas e submetidas aoprocesso de coloração de J2 ou de fêmeas nas raízes, utilizando fuccina ácida. Em seguida, quantificaram-se onúmero de J2 e de fêmeas por sistema radicular. No sistema soja - M. javanica, os números de J2 e de fêmeasdentro da raiz foram proporcionais ao inóculo inicial e significativamente diferentes entre si. Aos quatro diasapós a inoculação, as massas do sistema radicular em quaisquer níveis de inóculo foram iguais, porém maioresque na testemunha. Aos 20 dias, as massas dos sistemas radiculares continuaram iguais nas plântulas inoculadas,indiferentes ao nível de inóculo, com valores bem próximos daqueles observados aos quatro dias, porém menordo que a testemunha. No sistema soja - H. glycines, aos quatro dias após a inoculação, as massas de raízes emquaisquer níveis de inóculo foram iguais, porém ocorreu aumento no número de J2 por sistema radicular como aumento do nível de inóculo. Aos 20 dias, as massas das raízes foram iguais nas plântulas inoculadas com 100e 200 J2, porém menores que na testemunha. Dentre todos os níveis de inóculo testados, a menor massa dosistema radicular ocorreu nas plântulas inoculadas com 300 J2. O parasitismo de H. glycines e M. javanica afetanegativamente o desenvolvimento das raízes.Palavras-chaves: parasitismo, densidade de inóculo, Glycine max, nematóide das galhas, nematóide de cisto.

Summary - Rocha, F.S., J. B. Pinheiro, H.D. Campos & V.P. Campos. 2008. Relationship between initialpopulations of Meloidogyne javanica and Heterodera glycines on the development of the soybean root system.

Soybean seedlings ‘Embrapa 20’ (‘Doko RC’) were transplanted individually to glass tubes containingautoclaved sand. Soon after, each plant was inoculated with 100, 200 or 300 second-stage juveniles (J2) of M.javanica or H. glycines per tube. Four and twenty days after inoculation, the plants were removed from the tubesand the roots were separated from the aerial parts, washed, weighed and submitted to the process of stainingof J2 or females in the roots using acid fuchsin, followed by quantification of the number of J2 and females perroot system. In the system soybean - M. javanica, the numbers of J2 and females inside the roots were proportionalto the initial inoculum and significantly different among themselves. Four days after inoculation, the weight ofthe root system of the plants in any inoculum level was the same, however greater than of control. After 20days, the root system weight of the inoculated plants continued similar in any inoculum level, with very closevalues to those of the four days, however, lower than of control. Four days after the inoculation of H. glycines,the weight of the roots did not differ in any inoculum level, though the number of J2 per root system increased

COMUNICAÇÃO

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ConteúdoOs gêneros Meloidogyne e Heterodera, endoparasitas

sedentários, desenvolvem-se embrionariamente dentrodo ovo até o juvenil do segundo estádio (J2), o qual saido ovo, penetra a raiz e inicia o parasitismoconcomitantemente com o desenvolvimento pós-embrionário dentro do hospedeiro parasitado(Campos et al., 2001; Agrios, 2005). A penetração deJ2 de Meloidogyne spp. e de Heterodera glycines ocorre nasraízes novas, especificamente nas regiões decrescimento e de alongamento (Wallace, 1973; Hussey& Williamson, 1998).

No campo, os nematóides de galhas (Meloidogynespp.) e de cisto da soja (H. glycines) estão amplamentedistribuídos nas principais regiões produtoras de sojano mundo, causando prejuízos aos produtores(Wrather et al., 1997). No Brasil, no ano de 2000, asperdas na produção causadas por Meloidogyne spp.foram de 237 mil toneladas e por H. glycines chegarama 604 mil toneladas, somando mais de 185 milhões dedólares (Silva et al., 2002). Devido às perdas quecausam, aliadas à habilidade em sobreviver àsdiversidades ambientais no campo, Meloidogyne javanicae H. glycines tornaram-se os patógenos de maiorimportância na cultura da soja Glycine max (L.) Merril(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2002).

Os danos causados por esses nematóides envolvema redução no crescimento da soja, afetando odesenvolvimento da cultura. Entretanto, no campoocorre variação na densidade de inóculo, afetandodiferentemente o sistema radicular da soja. Contudo,a relação entre níveis de inóculo e a quantidade deraízes produzidas pelas plantas infestadas ainda precisade estudos mais aprofundados. Desta forma,objetivou-se neste trabalho relacionar níveis de inóculode M. javanica e H. glycines com a massa de raízes e onúmero de fêmeas formadas.

Sementes de soja ‘Embrapa 20’ (‘Doko RC’) foramcolocadas por 1 minuto em copos de 250 cm3

contendo solução de hipoclorito de sódio 1 %. Aseguir, a solução de hipoclorito foi descartada e assementes foram lavadas com água destilada esterilizadapor quatro vezes consecutivas. As sementes assimdesinfestadas foram distribuídas em bandejas plásticaspreviamente desinfestadas com álcool 95 %, as quaiscontinham areia passada em peneira de abertura demalhas 0,85 mm e esterilizada por meio da trípliceautoclavagem a 120 oC por 30 minutos. Em seguida,as bandejas foram colocadas em câmara climatizadacom 14 h de luz e 10 h de escuro à temperatura de 28± 2 oC, para germinação. Após 72 h, as plântulas desoja estavam prontas para a montagem dos ensaios.

M. javanica foi inoculada em soja ‘Embrapa 20’(‘Doko RC’), mantida em vasos em casa-de-vegetação.Raízes com galhas foram coletadas e os ovos extraídosutilizando-se a técnica de Hussey & Barker (1973). Asuspensão de ovos livres de impurezas foi colocadaem câmara de eclosão e mantida em temperatura de26 ± 2 ºC. Os J2 obtidos durante as primeiras 48 horasforam descartados e utilizaram-se aqueles produzidoscom 72 horas.

O inóculo de H. glycines utilizado foi da raça 3,confirmada por meio de teste em cultivares e linhagensdiferenciadoras, conforme Riggs & Schmitt (1988).Ovos de H. glycines foram inoculados em plantas desoja da mesma cultivar e mantidas em vasos de argilaem casa-de-vegetação. Trinta dias após, as plantasinfestadas foram retiradas dos vasos. Os sistemasradiculares foram colocados em peneira de 0,85 mmde abertura, sobreposta à de 0,18 mm, para as quaisforam direcionados jatos de água a fim de deslocar asfêmeas e cistos. Para obtenção dos ovos foi utilizadaa metodologia descrita por Dias et al. (1999), na qualas fêmeas e cistos foram rompidos pressionando umbéquer sobre eles na própria peneira de 0,18 mmacoplada a uma de 0,025 mm. Dessa forma, os ovosforam recolhidos na última peneira e submetidos àcentrifugação em solução de sacarose composta de

with the inoculum level. Twenty days after inoculation, the weight of the roots was the same in plants inoculatedwith 100 or 200 J2, however lower than in control. Among all the levels of inoculum tested, the lowest rootsystem weight occurred in plants inoculated with 300 J2. The parasitism of H. glycines and M. javanica affectnegatively the development of roots.Key words: parasitism, inoculum density, Glycine max, root-knot nematode, cyst nematode.

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Relação entre Populações Iniciais de Meloidogyne javanica e Heterodera glycines e o Desenvolvimento do Sistema Radicular da Soja

454 g de açúcar por litro de água, a 2000 rpm por 1minuto., visando separá-los das impurezas. Para obteros J2, foi utilizada a mesma técnica citadaanteriormente.

Para o ensaio com M. javanica, as plântulas de sojacom sistema radicular de aproximadamente 2 cm decomprimento foram transplantadas para tubos devidro de 25 mm de diâmetro por 40 mm de altura,contendo areia esterilizada e umedecida com 5 ml deágua. Em cada tubo, foi adicionado 0,5 ml desuspensão contendo 0, 100, 200 ou 300 J2 de M.javanica. Os tubos foram vedados e colocados emcâmara climatizada a 28 ± 2 oC, com fotoperíodo de14 h de luz, por quatro e 20 dias, conforme a avaliação.O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado,com seis repetições.

Decorridos os tempos, as plântulas foram retiradasdos tubos. Os sistemas radiculares foram lavados esubmetidos ao clareamento dos tecidos em hipocloritode sódio a 1,5 % durante 6 minutos. Os sistemasradiculares das plantas que permaneceram nos tubospor 20 dias foram transferidos para hipoclorito desódio, onde ficaram imersos por 20 minutos. A seguir,foram enxaguados em água corrente e transferidospara tubos de vidro onde foi adicionada soluçãocorante (3,5 g de fucsina ácida + 250 ml de ácido láctico+ 750 ml de água destilada, diluída na proporção1 :30) até cobrir as raízes (adaptado de Byrd et al., 1983).Em seguida, as raízes imersas no corante forammantidas por 2 minutos em banho-maria com água

em ebulição. O resfriamento total foi feito emcondições ambiente durante a noite. As raízes foram,então, lavadas para eliminar o excesso de corante erecolocadas nos tubos. Cobriram-se todas as raízescom solução de glicerina 1 : 1 (glicerina pura + águadestilada), as quais foram deixadas em repouso por,no mínimo, 2 horas. Em seguida, todas as raízes foramcolocadas em lâmina microscópica, adicionando-sesobre elas gotas de glicerina pura. Outra lâmina foisobreposta à primeira, para observação aomicroscópio de objetiva invertida. Quantificou-se onúmero de J2 e de fêmeas de M. javanica dentro decada segmento radicular. O número de J2 e de fêmeasdentro das raízes foram transformados em x + 0,5para a realização da análise de variância. Nacomparação entre as médias, utilizou-se o teste deScott & Knott (1974) a 5 % de probabilidade. O cálculodo índice de fêmeas (IF) foi obtido pela divisão entreo número total de fêmeas (NTF) e a população inicial(PI) de J2 inoculados na soja para cada tratamento.

No ensaio referente a H. glycines, utilizou-se amesma metodologia descrita para M. javanica, excetoque na avaliação de 20 dias as raízes foram lavadassobre conjunto de peneiras de 0,85 e 0,18 mm deabertura sobrepostas para coletar as fêmeas aderidasexternamente às raízes, sendo este número somado àquantidade de fêmeas no interior das mesmas.

Os números de J2 e de fêmeas de M. javanica dentroda raiz foram proporcionais aos inóculos iniciais esignificativamente diferentes entre si aos quatro de

Tabela 1- Massa do sistema radicular de soja aos 20 dias após a inoculação com diferentes níveis de inóculo de Meloidogyne javanica eHeterodera glycines e respectivos número e índice de fêmeas (IF).

Níveis de inóculo Massa do sistema radicular (g) No. de fêmeas IF

Meloidogyne javanica0 0,35 a 0,00 a 0,00 a100 0,24 b 21,00 b 0,21 b200 0,23 b 45,67 c 0,23 b300 0,22 b 75,67 d 0,25 bCV (%) 21,16 26,49 33,04

Heterodera glycines0 0,29 a 0,00 a 0,00 a100 0,22 b 27,83 b 0,28 b200 0,23 b 56,33 b 0,28 b300 0,19 c 231,05 c 0,77 cCV (%) 8,54 18,52 18,52

Dados transformados em x + 0,5 . Médias seguidas pela mesma letra nas colunas são iguais pelo teste Scott & Knott a 5 % de probabilidade.

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Figura 1- Número de juvenis de segundo estádio (J2) de Meloidogyne javanica (A) e Heterodera glycines (C) no sistema radicular de soja emassa do sistema radicular (B e D), após 4 dias da inoculação com diferentes densidades de inóculo de M. javanica e H. glycines. Médiasrepresentadas por barras encimadas pela mesma letra são iguais pelo teste Scott & Knott a 5 % de probabilidade.

de

J2/

sist

ema

rad

icu

lar

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 100 200 300

Densidade de inóculo (J2)

a

d

c

b

A

de

J2/

sist

ema

rad

icu

lar

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0 100 200 300

Densidade de inóculo (J2)

a

b b

b

B

Mas

sad

osi

stem

ara

dic

ula

r(g

)M

assa

do

sist

ema

rad

icu

lar

(g)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 100 200 300

Densidade de inóculo (J2)

a

b

c

d

C

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

0,22

0 100 200 300

Densidade de inóculo (J2)

a

a

a a

D

Meloidogyne javanica

Heterodera glycines

20 dias após a inoculação (Figura 1A; Tabela 1). Aosquatro dias após a inoculação, as massas dos sistemasradiculares das plantas em quaisquer níveis de inóculoforam iguais, porém maiores que da testemunha nãoinoculada (Figura 1B). Aos 20 dias, a massa do sistemaradicular continuou igual nas plântulas inoculadas, comvalores bem próximos daqueles dos quatro dias, porémmenor que na testemunha (Tabela 1). Os índices defêmeas não diferiram significativamente entre si nostrês níveis de inóculo inicial testados (Tabela 1).

Maior massa dos sistemas radiculares observadosaos quatro dias, em relação à testemunha após ainoculação, pode ser atribuída à injúria na plantahospedeira devido à penetração dos J2 de M. javanica,o que induziria a emissão de raízes novas. Entretanto,aos vinte dias pode ter ocorrido carência de nutrientes

e, assim, comprometimento do crescimento radicularpela ação do nematóide. O aumento do nível deinóculo não afetou a massa do sistema radicular, oque pode ser atribuído aos baixos níveis de inóculoutilizados. Wallace (1971) e Asmus & Ferraz (2001)relataram que o aumento da massa do sistema radicularfresco ocorrido sob baixas populações iniciais denematóide estava associado à formação de galhas nasraízes parasitadas, bem como à emissão de raízessecundárias a partir das galhas. Por outro lado, altaspopulações iniciais de nematóide são como um drenometabólico na planta, resultando em sensível reduçãoda massa das raízes frescas, em decorrência dadiminuição da produção de fotoassimilados e da áreafoliar fotossintetizante (Asmus & Ferraz, 2001). Oestresse hídrico, a deficiência na absorção e

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translocação de nutrientes, a alta população inicial denematóide e a baixa taxa fotossintética concorrem pararedução do sistema radicular (Bird, 1974; Schans &Arntzen, 1991; Carneiro et al., 2002). Schans & Arntzen(1991) observaram, na interação Globodera pallida –batata, redução na taxa fotossintética, devidoinicialmente ao estresse hídrico e, após três dias, aprocessos não estomáticos. No presente ensaio, amaior massa do sistema radicular aos quatro dias apósa inoculação e sua redução aos 20 dias, na comparaçãocom a testemunha, demonstra que aos quatro dias aplanta manifesta reação aos danos causados pelosnematóides produzindo novas raízes. Contudo, essareação não continua, muito provavelmente devido àmaior injúria e morte de raízes, reduzindo ocrescimento e a absorção de nutriente pela planta,quando parasitada pelo nematóide. Sharma &Rodrigues (1982) observaram redução na massa frescada raiz a partir do quarto dia da inoculação com J2 deM. javanica. Alguns pesquisadores têm correlacionadonegativamente as densidades de populações iniciaiscom a altura da planta, a massa fresca da parte aérea eda raiz e a área foliar em leguminosas como soja eervilha (Sharma & Rodrigues, 1982; Sharma &Fonseca, 2000).

A emigração dos J2 de M. javanica das raízes da sojaparece não ter ocorrido de forma evidente neste ensaio,já que o número de J2 que invadiram as raízes (Figura1 A) foi semelhante ao número de fêmeas formadas(Tabela 1). Além disso, o hospedeiro não parece terrestringido o parasitismo, já que ‘Embrapa 20’ é boahospedeira do nematóide, além das condiçõesexperimentais terem sido favoráveis à penetração donematóide (Campos, 2003). No caso de algumascultivares resistentes de soja, tem-se encontradoemigração do J2 de H. glycines raça 5 após 48 horas dainoculação (Gourd et al., 1993). No caso de M. javanica,Gourd et al. (1993) relataram maior penetração de J2

durante 48 a 240 horas após a inoculação. Contudo,Herman et al. (1991) encontraram maior penetraçãode M. incognita em plantas de soja suscetíveis do queem resistentes aos oito dias após a inoculação de J2.

Em relação à H. glycines, o número de J2 no interiorda raiz aos quatro dias após a inoculação foiproporcional ao aumento da concentração do inóculoinicial (Figura 1C). Aos 20 dias após a inoculação, o

número de fêmeas não diferiu nos níveis de inóculode 100 e 200 J2, porém no nível de inóculo de 300 J2

ocorreu aumento significativo no número de fêmeas(Tabela 1). Aos quatro dias após a inoculação, asmassas dos sistemas radiculares das plantas emquaisquer níveis de inóculo foram iguais, emcomparação com a testemunha (Figura 1D). Já aos 20dias após a inoculação, a massa do sistema radicularfoi menor nas plantas inoculadas com a maiorconcentração de inóculo e igual nas outras duasconcentrações, porém menor que na testemunha(Tabela 1). O índice de fêmeas foi significativamentemaior no maior nível de inóculo inicial (Tabela 1).

A falta de diferenças significativas na massa dosistema radicular aos quatro dias após a inoculaçãodo J2 de H. glycines, em comparação com à testemunha,ao que tudo indica, é explicado pelo modo doparasitismo da espécie, a qual induz injúria em localdiferente daquele causado por M. javanica. Campos(2003) observou maior penetração de J2 de M. javanicaem raiz de soja ‘Embrapa-20’ na coifa e região decrescimento, com predomínio de tecido meristemático,enquanto os J2 de H. glycines penetraram apenas pelaregião de alongamento e lateralmente na raiz. Apenetração dos J2 de H. glycines pela região dealongamento causa menor injúria na coifa, retardandoassim a resposta da planta ao ataque do patógeno, oque provavelmente não ocorre no patossistema soja -M. javanica, em que a planta reage emitindo raízesnovas, conforme já discutido. No entanto, aos 20 diasapós a inoculação, houve redução na massa do sistemaradicular em todas as concentrações de inóculotestadas em relação à testemunha, com maior reduçãona maior concentração de inóculo, demonstrando quea injúria provocada pela penetração na região dealongamento pelos J2 pode causar a morte de tecidosque resultariam nas raízes absorventes, o que dificultaa absorção de água, reduzindo o desenvolvimento ecrescimento radiculares.

Literatura CitadaAGRIOS, G.N. 2005. Plant Pathology. 5th ed. Academic

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