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Nesta Edição - Entre Irmãos · 2016-04-30 · Precisamos fazer Maçonaria de verdade! E, ... baseado na data de um evento ou um começo, e essas ... nos moldes de suas imaginações

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Nesta EdiçãoCapaCapa – A Expressão Era Vulgar e o Calendário Maçônico..CapaEditorialEditorial.........................................................................................2 Matéria da Capa –Matéria da Capa – - A Expressão Era Vulgar e o Calendário Maçônico..............3Destaques Destaques – As Leis Básicas do Universo.................................5 Informe CulturalInforme Cultural – - A Iniciação Maçônica Esotericamente Comentada.......................8

- Palestra no Oriente de Cuiabá...........................................................8Academia da LeituraAcademia da Leitura – Amantes da Leitura............................9 Trabalhos Trabalhos - Maçom Refém do Templo.....................................................10 - A Mulher na Maçonaria.........................................................11ReflexõesReflexões – Paremos de Carregar as Malas dos Outros........15LançamentosLançamentos – Livros.................................................................16

Editorial""O mundo está repleto da Luz Divina! Procure percebê-la, aproveitando ao máximo aO mundo está repleto da Luz Divina! Procure percebê-la, aproveitando ao máximo a

elevação elevação espiritual que você alcançará. Procure descobrir a Luz que brilha dentro de vocêespiritual que você alcançará. Procure descobrir a Luz que brilha dentro de você e de todas as criaturas, embora muitas vezes encoberta por grossa camada de ignorância”.e de todas as criaturas, embora muitas vezes encoberta por grossa camada de ignorância”.

(Professor Henrique José de Souza)(Professor Henrique José de Souza)

com grande alegria que, mais uma vez, utilizamo-nos deste espaço, a fim de travar importante diálogo. Comumente, o espaço de um editorial não é reservado

para tal fim, mas entendemos ser importante aproveitarmos esta oportunidade, a fim de se fazer luz sobre assuntos, que, jamais, deverão ser varridos para debaixo do tapete. Portanto, peço-lhes a prestimosa tolerância com este editor.

ÉÉ

Ao longo de uma gloriosa história de cinco anos de nossa Revista, vimos, a cada edição, tentando elucidar-lhes sobre temas, merecedores, pelo menos, de reflexão. Não temos como medir o quanto nossos esforços têm modificado tais situações aqui tratadas, mas não pretendemos parar de fazer o que nos compete, por entendermos a Revista Arte Real como órgão de informação e de conscientização do Povo Maçônico.

Voltamos a tocar no assunto que muito nos incomoda, desde que entramos na Ordem: o descomprometimento da maioria dos Irmãos com o aspecto iniciático de nossa Ordem. É notório que muitos profanos estão sendo convidados a participarem, sem que sejam informados dos objetivos da Maçonaria. Provavelmente, seus padrinhos, também, recrutados na sociedade da mesma maneira, não tendo sido, devidamente, preparados no decorrer do estudo dos Graus Simbólicos, conforme os ditames de nossa doutrina,

contribuirão para a formação, desculpe o termo, de uma “escola de profanos de avental”.

Esse retrato não é privilégio de algumas Lojas; lamentavelmente, acontece na maioria delas. A vaidade começa de cima; basta relermos a história da Ordem no Brasil para registrarmos o absurdo número de dissidências, criações de novas Lojas e de tantas outras “potências” (propositalmente, entre aspas, já que dividir a Maçonaria em diversas Obediências é enfraquecê-la, e não potencializá-la), que chegamos ao absurdo de computar mais de 125 Grão-Mestres em nosso país. Como uma Ordem tão pulverizada poderá ter uma atuação decisiva nos assuntos de interesse da sociedade?

Basta um irmão perder as eleições para Venerável Mestre de sua Loja para buscar a criação de uma nova Loja. As Lojas atuais já possuem seu quadro de Obreiros bastante reduzido; com isso, surge mais uma Loja com sete ou oito irmãos, implorando que ninguém falte, à guisa de não poder abrir seus Trabalhos. Que Maçonaria é essa?

Precisamos fazer Maçonaria de verdade! E, insisto: o caminho de tal transformação é amá-la e estar comprometido com seus ideais. Para amá-la, faz-se necessário conhecê-la, estudá-la em sua história e entendê-la como uma Escola de Iniciação, seu princípio básico!

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Disse John Kennedy ao povo americano: “Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela”. “Mutatis mutandis”, tal citação nos permitirá profunda reflexão.

Precisamos otimizar o tempo que roubamos de nossas famílias semanalmente, abolindo a ensurdecedora “sinfonia do bater de malhetes” em nossas sessões e nos dedicarmos ao estudo da doutrina maçônica. E, quando estivermos atuando na vida profana, coloquemos em prática seus ensinamentos. Não precisamos mudar, pontualmente, o político corrupto, o policial desonesto, o mau profissional; temos que mudar a nós mesmos e servirmos de exemplo para o mundo. Toda modificação começa de dentro para fora. Em outras palavras: temos que transformar a Iniciação Simbólica recebida em Iniciação Real!

Falando desta edição e colaborando para melhor conhecermos nossa Ordem, destacamos alguns temas e apresentamo-los, como Matéria de Capa, “A Expressão Era

Vulgar e o Calendário Maçônico”, trabalho de autoria do Irmão Marcelo Alegrucci; dentro do escopo de conhecer a si mesmo e o universo que nos envolve, apresentamos a matéria “As Leis Básicas do Universo”, carinhosamente, enviada pelo Irmão Galuzzi, extraída de Apostilas da Sociedade Brasileira de Eubiose; a matéria “A Mulher na Maçonaria” é um tema polêmico e até mal compreendido por muitos, isso, até a leitura da excelente matéria do renomado maçonólogo Irmão Joaquim Gervásio de Figueiredo.

Agradecendo suas prestimosas tolerâncias por nos permitir estar aproveitando este Editorial para chamá-los à razão sobre temas que, jamais, deverão ser desconsiderados, peço uma profunda reflexão de todos, em especial, sobre a frase de John Kennedy. Se a entenderem pertinente, levem-na para suas Lojas, a fim de que possamos melhorar nossa postura diante da triste realidade da Maçonaria atual e, consequentemente, fazê-la retomar o papel que lhe cabe, como Escola de Iniciação. Afinal, a Maçonaria somos todos nós! ?

Matéria da CapaA EXPRESSÃO ERA VULGAR E O CALENDÁRIO MAÇÔNICO

Rogério Alegrucci esde os idos mais antigos, a humanidade utiliza-se de certos referenciais para delimitar um determinado espaço de tempo. Os astrônomos

servem-se de acontecimentos naturais ou fenômenos a que se referem os seus cálculos, como as revoluções da Lua, os equinócios e solstícios, os eclipses e a passagem dos cometas. Os cronologistas e historiadores servem-se, também, de certos acontecimentos que tiveram influência sobre o gênero humano. Designam-se as épocas enunciando os fatos notáveis a que se referem: Criação do Mundo, Fundação de Roma e o Nascimento de Cristo, entre outros.

DD

Primitivamente, os tempos eram calculados em gerações: a Bíblia, por exemplo, conta dez gerações antes do Dilúvio e outras dez depois do Dilúvio. Já, segundo Heródoto (grego, considerado o Pai da História) e a maior parte dos autores da época, três gerações correspondiam a cem anos. Posteriormente, no século VIII, possivelmente ,introduziu-se o uso das Eras, que consistiam no número de anos civis de um povo, decorridos desde uma época notável, tomada como ponto de referência, dando o nome à era adotada.

Quanto à etimologia da palavra “Era”, é um tanto controversa. Alguns indícios apontam que teve sua origem na Espanha, acreditando-se ser a contração das iniciais A.E.R.A., encontradas nos monumentos antigos: “Annus Erat Regni

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Augusti” (era o ano do reinado de Augusto) ou “Ab Exordio Regni Augusti” (Do começo do reinado de Augusto), Os espanhóis iniciaram seus cálculos a partir do período em que o país ficou sob o domínio de Augusto.

Outros dizem derivar da palavra latina “aeneu” (bronze), porque, das medalhas e moedas desse metal, deduzia-se a data do acontecimento notável, que serviu de começo a uma série de anos. As palavras “era” e “época” têm certa relação entre si, mas, contudo, são bem distintas: ”era”, é o número de anos decorridos desde certo acontecimento notável; “época” é o momento desse acontecimento. De todos os marcos de início que se poderiam escolher, nenhum seria mais apropriado e natural do que o próprio começo do tempo, isto é: o instante do ponto de partida da primeira volta da Terra em torno do Sol, no princípio do mundo. Todos os povos tomariam esse instante, se tivesse sido possível determiná-lo. Não o sendo, cada povo adotou, como já dissemos, uma Era: A dos Judeus funda-se na criação do Mundo, segundo o Gênese; a dos antigos Romanos, na fundação de sua Capital; a dos Gregos, no estabelecimento dos Jogos Olímpicos; a dos Egípcios, na ascensão de Nabonassar, primeiro rei da Babilônia, ao trono daquele Império; a dos Cristãos, no nascimento de Cristo.

Já a expressão Vulgar tem origem no Latim “Vulgare” e, primitivamente, significava “pessoas comuns”, ou seja, aqueles que não eram da nobreza. Isso, pelo menos, até meados do século XVI, quando a palavra Vulgar passou a ter o significado de algo “grosseiramente indecente”.

Foram os Judeus, no entanto, que substituíram o antes de Cristo e o depois de Cristo por antes e depois da Era Vulgar. Como a Era Cristã, sob a denominação de Era Vulgar, é a mais empregada, serve de termo médio e de comparação com as outras, as quais podem se classificar em Eras antigas, as anteriores à Era Vulgar, e Eras Modernas, as posteriores. A Era Vulgar, portanto, designa o Calendário Gregoriano,

mundialmente, adotado. Para entender como a expressão Era Vulgar passou a

ser empregada na Maçonaria, é preciso lançar mão do Calendário Maçônico. O primeiro ano do Calendário Maçônico é o da Verdadeira Luz, ”Anno Lucis”, em latim, ou, simplesmente, V∴L∴ ou A∴L∴, como empregado na datação de antigos documentos maçônicos do século XVIII, e interpretado como “Latomorum Anno” ou, como no texto original em inglês, que serviu de base para esta pesquisa, “Age of Stonecutters”, “Idade dos Cortadores de Pedra”.

A determinação do Ano da Verdadeira Luz teria sido com base nos cálculos de James Usher, bispo anglicano, nascido no ano de 1581, em Dublim. Usher havia desenvolvido um cronograma que começava com a criação do

mundo, segundo o Gênese, ocorrido às 09h da manhã, do dia 23 de Outubro de 4004 A.C., com base no texto Massotérico (texto em hebraico que deu origem a vários capítulos da Bíblia), ao invés de o Septuaginta (antiga tradução grega do Velho Testamento). Nesse contexto, James Anderson fez constar, em sua Constituição de 1723, a adoção de uma cronologia independente da

religião, pelo menos no contexto britânico da época, com o objetivo de afirmar, simbolicamente, a Universalidade da Maçonaria.

Foi aceito, portanto, que o início da Era Maçônica se deu em 4000 anos antes da Era Comum ou Vulgar. Nota-se o que parece ser um pequeno arredondamento de quatro anos entre os cálculos de Usher e o que foi adotado nas Constituições de Anderson. O Ano Maçônico tem o mesmo comprimento do ano Gregoriano, no entanto começa em 01 de março, assim como o Ano Juliano, que, ainda, estava em vigor quando da redação das Constituições de Anderson.

No Calendário Maçônico, os meses são designados pelo seu número ordinal. Assim, 01 de março de 2011 da E∴ V∴ seria o dia 01 do mês 01 do ano de 6011 da V∴L∴, segundo Anderson.

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Se, por um lado, existem claras referências nas Constituições de Anderson a eventos, calculados segundo a regra que citamos, por outro, tal prática parece não ter sido adotada como regra geral. Os antigos maçons dos Ritos de York e Francês adicionavam 4000 anos à Era Vulgar, conforme as Constituições de Anderson. No entanto, Maçons do Rito Escocês Antigo e Aceito utilizavam o calendário judaico, adicionando 3760 anos à Era Vulgar. Já os Maçons do Arco Real utilizavam-se da data de construção do segundo Templo, ou 530 anos antes da Era de Cristo.

Qualquer que seja o motivo que tenha levado a tantas variações nos diferentes Ritos, um calendário maçônico é baseado na data de um evento ou um começo, e essas referências eram usadas em documentos oficiais das Lojas. As datas históricas são símbolos de novos começos, e não devem ser interpretadas como se já houvesse uma Loja maçônica no Jardim do Éden... A ideia só foi concebida para se transmitir que os princípios da Maçonaria (e não a Maçonaria em si) são tão antigos quanto a existência do mundo. Vejo que qualquer outro significado maçônico para essas datas não passam de um desejo dos primeiros maçons escritores: criar uma

linhagem antiga para a Maçonaria, nos moldes de suas imaginações.

No Brasil, há registros de que o GOB utilizava, nos primórdios da Maçonaria Nacional, um calendário equinocial muito próximo do hebraico, situando o início do ano maçônico não em 01 de março, como sugere Anderson, mas no dia 21 de março (equinócio de outono, no hemisfério Sul), acrescentando 4000 aos anos da Era Vulgar, datando seus documentos com o ano da V∴L∴(A∴L∴). Dessa maneira, o 6° mês Maçônico tinha início a 21 de agosto (primeiro dia do sexto mês), e o 20° dia era, portanto, 09 de setembro da E∴V∴, como situa um Boletim do GOB de 1874, isso segundo o Irmão José Castellani, em sua obra “Do pó aos arquivos”. Outro bom exemplo é a imagem do topo deste artigo, retirado da Ata de Iniciação de D. Pedro I.

O fato é que datar pranchas e documentos maçônicos com o ano da V∴L∴ caiu em desuso, talvez porque, hoje, saibamos que nosso sistema solar existe há mais de 4,5 bilhões de anos. Utilizar o Calendário Gregoriano e referir-se a ele como E∴V∴, é a prática mais comum nos dias atuais. ?

DestaquesAS LEIS BÁSICAS DO UNIVERSO*

um Iniciado, cabe conhecer a si mesmo, princípio básico para quem ousa trilhar os estreitos caminhos iniciáticos. Como Microcosmo que é, deverá buscar

a perfeita interação com o Macrocosmo e suas Leis Básicas do Universo. Recebemos de nosso valoroso Irmão José Roberto Galuzio a matéria abaixo, extraída de uma apostila da Sociedade Brasileira de Eubiose, que muito irá nos ajudar a perceber a necessidade da vida em harmonia com as Leis da Natureza. Com certeza, após a leitura deste texto, compreenderemos melhor a frase, gravada no frontispício do templo de Delfos, na antiga Grécia e adotada como divisa por Sócrates, ao nos indicar a verdadeira senda da evolução: “Homem, conhece-te a ti mesmo!”

AA

São Leis Universais, criadas quando o Supremo Arquiteto do Universo planejou a criação. São Leis imutáveis, às quais todos os Seres, sem exceção, desde a pedra bruta até o homem, estão sujeitos. O desconhecimento e o desrespeito às mesmas são causa de desequilíbrio e, consequentemente, de sofrimento.

Daí percebermos e entendermos que não há Evolução

sem Carma e sem Reencarnação. Ao mesmo tempo em que o Determinismo e o Livre Arbítrio completam o processo, ao mesmo tempo em que o fenômeno da morte se intercala com o milagre da vida.

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Lei da EvoluçãoO termo “Evolução” já era utilizado pelos filósofos

gregos, entre eles, Sócrates e Platão, os quais, iniciados que eram conheciam a Ciência Oculta e sabiam que Evolução é o caminho que o homem percorre na busca do entendimento de Deus e, mais que isto, do despertar da sua consciência divina.

No estudo da “Cosmogênese”, apreende-se que Evolução é transformar Vida Energia em Vida Consciência. E a Vida Energia processa-se nos quatro Veículos: Físico, Vital, Emocional e Mental Concreto = Quaternário Inferior. O Corpo Físico compreende os Sistemas: Ósseo, Nervoso, Circulatório, Respiratório, Glandular. O Corpo Vital é formado pelo Duplo Etéreo. O Corpo Emocional, nos seus diversos aspectos, compõe-se dos elementos: sensoriais, instintivos e emocionais, propriamente ditos. O Corpo Mental Concreto é formado pela Inteligência Concreta, ou Inteligência em função das necessidades fisiológicas.

Para que o homem, no seu processo evolucional, atinja a plenitude da consciência, precisa alcançar, ou despertar, ou se unir aos três Princípios Superiores: Mental Abstrato, Intuitivo e Crístico.

O que os iniciados procuram ensinar através das diversas Escolas e Colégios Iniciáticos, que existem desde os primórdios da raça humana, é que o homem, tendo uma origem divina, nem sempre teve essas duas naturezas desligadas. Ensinam, também, como religá-las.

Como possuímos uma natureza humana (quaternário: físico, vital, astral e mental concreto), e uma natureza divina (tríade: Mental Abstrato, Princípio Intuitivo e Princípio Crístico), elas devem funcionar em equilíbrio e permanentemente unidas, pois a Evolução se faz entre esses dois polos: Terreno e Divino.

Lei de Causa e Efeito = CarmaSendo uma Lei Universal, tem o mesmo princípio

básico existente em todo o universo e demonstrado por Newton, ou seja, “Para cada ação há uma reação igual e em sentido contrário”.

Os não-Iniciados confundem a Lei de Carma com o

pecado, ou seja, tudo que fazemos de mal é pecado e, consequentemente, levar-nos-á para o inferno, onde acertaremos contas com o Diabo. Para os religiosos, o Carma não existe. Existem, sim, o pecado e o Diabo.

O Bem e o Mal, como comumente pensamos, não existem. O que existe é o equilíbrio, ou seja, os ajustes, feitos pela Grande Lei que a tudo e a todos rege. A Lei de Carma não pode ser interpretada de maneira dogmática. O que de fato prevalece são as consequências advindas do nosso ato e a intensidade da dor causada.

A dor (sempre o resultado de qualquer sofrimento físico ou moral) é a forma de esgotarmos o nosso Carma, desde que não nos revoltemos contra ele. No entanto, dizer que a humanidade evolui pela dor é uma meia verdade, pois,

de fato, a dor é, apenas, o retorno ao equilíbrio. Somente o Conhecimento e a Sabedoria nos conduzem ao equilíbrio.

O Carma não é castigo, nem prêmio. É uma Lei Justa e evita que a humanidade se destrua. É de ajuste, de equilíbrio, de harmonia; julga as circunstâncias. Deus é o equilíbrio interno do ser humano. São Paulo, com referência à Lei do Carma, disse: “Tudo o que o homem semeia colherá” (Gálatas).

Lei dos Ciclos ou Lei de ReencarnaçãoA nossa evolução está toda fundamentada na Lei dos

Ciclos ou Lei de Reencarnação. Em cada vida, adquirimos um percentual de conhecimento, como também de Carma. Nesse processo cíclico, existem dois fatores internos que acionam nossos impulsos, tendências, inclinações: Escandas e Nidanas.

Escandas: tendências positivas, expressas pelo bem, pelas virtudes, pela moralidade, no seu conjunto. Nidanas: tendência negativas, expressas pelo mal, pelos vícios, pelos defeitos morais, no seu conjunto.

O fenômeno da morte faz o ajustamento entre essas duas energias; ao iniciar-se uma nova vida, ao nascermos de novo, trazemos impulsos, reações, tendências, resultado desse ajustamento.

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Em cada ciclo de vida, adquirimos um ou mais tipo de experiência. Por isso, são necessárias muitas vidas para se completar o ciclo de experiências. Durante os ciclos de vida, uma alma ora se aproxima, ora se afasta do espírito, à medida que vai cumprindo a tarefa de ganhar experiências.

O Que Reencarna? Não é o Corpo Físico. Este pertence à Terra e a ela

retorna após ser usado. Também não é a Alma, pois é feita de matéria astral e volta a sua origem. Não é o Espírito, pois é imortal e a tudo comanda. O que reencarna são os três átomos permanentes (físico, anímico e espiritual) que guardam todas as experiências adquiridas pela Mônada durante os seus ciclos evolutivos.

A Lei de Reencarnação não só se aplica ao homem, mas também às civilizações, pois estas crescem e atingem a maturidade e se degeneram, desaparecem para surgir logo adiante, mais avançadas, com melhor destino.

Aqueles que já adquiriram um potencial de consciência capaz de perceber essas verdades devem se esforçar para evoluir o mais rapidamente possível. Com isso estão se livrando da Roda de Sansara, ou dos Renascimentos e Mortes. Quem consegue isso não mais reencarna, mas, sim encarna, pois já é um Ser Superior e adquiriu o direito de escolher, ou não, uma nova vida humana (face da Terra).

O Que é Alma? ... O Que é Espírito?

Segundo a “Ciência das Idades”, são elementos distintos, com funções, estruturas, funcionando em planos diferentes. O Professor Henrique José de Souza, fundador da SBE, ensinou que: “Alma é Caráter; Espírito, outra coisa mais transcendental”. Disse ainda: “Deus é a Ideia, a Inteligência, o Espírito no Homem; a Alma, naturalmente, a estrutura psíquica (o caráter)”.

Determinismo e Livre ArbítrioO Determinismo está intimamente ligado à Lei de

Carma, bem como às tendências conhecidas como Escandas e Nidanas. Tem sua origem no passado, apesar de estar definindo o futuro dos Seres em processo de evolução. A par do Determinismo, existe o Livre Arbítrio. Este permite ao homem liberdade de ação, mas sempre limitada ao Determinismo e, naturalmente, também, intimamente vinculada à Lei de Carma.

Existem Leis que regem os pensamentos e as emoções. O homem, através do Livre Arbítrio, promove o desequilíbrio de tais leis e, naturalmente, o desequilíbrio na Natureza. Podemos concluir que existe o chamado “Carma Coletivo”, com consequências no processo evolucional daquele que promove tais desequilíbrios, no de todo um povo de uma Nação e até do próprio Planeta.

O Livre Arbítrio, portanto, dá liberdade de ação ao

homem, tendo suas consequências. De fato, expressa a escolha que um homem faz. No entanto, ainda que opte por uma determinada situação, não se livra do “Determinismo”.

Vida e MorteQuando uma criatura não-espiritualizada, que não

reconhece a Doutrina Reencarnacionista, passa pelo fenômeno da morte, a mecanogênese, normalmente, segundo a “Ciência das Idades”, é a seguinte: Os Corpos físico e vital, por serem mais grosseiros, menos duráveis, de menor frequência vibratória, desfazem-se no cemitério, desassociam-se mais rapidamente; Como Consciência, permanecem as experiências de natureza emocional e mental concreto (Alma). Essa Consciência permanece com a forma do corpo físico. Prevalece a forma astral que fica perambulando pelo espaço infinito, sem rumo, como folhas secas, desgarradas da árvore, levadas pelas correntes aéreas. Fica, pois, vivendo de acordo com a intensidade emocional, senão conforme os hábitos

criados quando possuía o corpo físico. Como as estruturas física e vital

se desfizeram no cemitério, perde o ponto de referência e se mantém presa (como se estivesse viva) onde tinha seus últimos hábitos. Continua morando na casa onde sempre viveu, por exemplo, e tentando influir nos novos moradores, ou mesmo sofrendo por não ser atendido nos seus propósitos de manter tudo “como sempre foi”. Outro exemplo: se era um médico, continua, através do corpo psíquico de um médium, a usar o receituário da época em que estava vivo. Observação Importante: Quando o médium receita elementos modernos, terramicina, penicilina, ou outro qualquer medicamento de nossos dias, fora, portanto, da época da vida do

médico extinto, é falso, é imaginação, é embuste do médium...As tradições indus dão a essas manifestações o nome

de Kâma-Rupa. Kâma = desejos instintivos, inferiores, sexuais, faculdades anímicas. Rupa = corpo, forma... Kâma-Rupa = corpo dos desejos, os desejos com formas, os desejos em ação.

Kama-Loca = lugar do Plano Astral, do Plano Emocional onde vivem as almas. Kama-Loca - Mundo dos Kama-Rupas, Almas desencarnadas, como dizem as escrituras sagradas. Refere-se à região do astral, dos ensinamentos teosóficos, correspondente ao plano dos mortos, da doutrina espírita.

As almas ficam ligadas às criaturas humanas por vários motivos: com aquelas que contraíram Carma de afetividade, de convivência, de longa amizade; se houve um assassinato, entra em jogo o Carma; a vítima fica ligada à parte psíquica do assassino. Entra, também, em jogo a Lei da afinidade, a Lei da responsabilidade. ?

*Matéria extraída de apostilas da Sociedade Brasileira de Eubiose, enviada pelo valoroso Irmão José Roberto Galuzio, do Oriente de São Bernardo do Campo-SP.

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Informe CulturalA INICIAÇÃO MAÇÔNICA ESOTERICAMENTE COMENTADA

Francisco Feitosa o próximo dia 03 de março, a Loja Maçônica Isabel Domingues nº 109, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, promoverá

o IV Seminário Maçônico para a Região de Jacarepaguá. O evento, de muita expressão na Maçonaria, passou a fazer parte integrante do calendário maçônico carioca, dado os temas e a participação de renomados Irmãos.

NNA equipe organizadora foi muito feliz na escolha do

tema, A Iniciação Maçônica Esotericamente Comentada, para cuja apresentação tivemos a honra de ter sido escolhido como palestrante único.

O tema é muitíssimo oportuno, tendo em vista que se observa certa evasão na Ordem, por muitos encontrarem mais uma dinâmica de estudos de sua doutrina e de seu aspecto iniciático. Tal ostracismo leva alguns desinformados a tentarem transformá-la em um Clube de Serviços, esquecendo-se de que, fundamentalmente, trata-se de uma Escola de Iniciação.

A palestra será proferida no suntuoso Templo da Loja Maçônica Isabel Domingues, com acomodação para mais de 500 pessoas, na Rua Cônego Felipe, 242, Taquara, Jacarepaguá, RJ. Às 08h começará o cadastramento dos

participantes, quando será servido Café da Manhã. A palestra terá início às 09h, com término previsto para 12h.

O tema será divido em três partes distintas: 1ª – A Origem dos Mistérios; 2ª – A Iniciação e Seus Arcanos; 3ª - Aspectos Esotéricos da Iniciação Maçônica. Na oportunidade, acontecerá uma teatralização de alguns momentos do Cerimonial Maçônico de Iniciação, seguido de comentários sobre sua origem e influências de outras Ordens, além de explanações sobre o aspecto esotérico.

Aproveitaremos a singular oportunidade para expor e debater, através de multimídia, tópicos, como: a origem da Iniciação; a definição do termo Iniciar + ação; os tipos de Iniciação; a “recepção” na Maçonaria Operativa; a influência de outras Ordens no processo iniciático maçônico; origem de símbolos usados na Maçonaria; o Homem e suas vestes sutis; os Chacras e a ritualística; o Templo e o Homem Cósmico; a Iniciação Simbólica e Iniciação Real, dentre outros.

Convido a todos a prestigiarem a quarta edição desse Seminário, quando teremos enorme prazer em recebê-los, a fim de abordarmos tão importante assunto, e, com certeza, aprendermos juntos.

Temos um encontro marcado em Jacarepaguá!

PALESTRA NO ORIENTE DE CUIABÁ-MTFrancisco Feitosa

o dia 15 de fevereiro próximo passado, estivemos no Oriente de Cuiabá,MT, atendendo ao convite da ARLS Henrique José de Souza nº 49, jurisdicionada

à Grande Loja Maçônica de Mato Grosso, a fim de proferir uma palestra, intitulada “A Vida e a Obra de JHS”. O evento tratava-se de uma reunião conjunta, envolvendo as Lojas Maçônicas Henrique José de Souza nº 49, Templo Íntimo nº 29 e Phoênix do Oriente nº 46, ambas do Oriente de Cuiabá e jurisdicionadas à GLEMT, além de diversos Irmãos de várias Lojas coirmãs.

NN

A Sessão Pública, realizada no Templo da Harmonia, sede da GLEMT, foi presidida pelo Grão-Mestre Adjunto da GLEMT, o Eminente Irmão Haroldo de Moraes. Registraram-se as presenças do Soberano Grande Inspetor Litúrgico do Estado de Mato Grosso, Poderoso Irmão Rubens Carlos de Oliveira, 33º, do Delegado Distrital, o Irmão Isaac Nepomuceno Filho, e de um seleto grupo de membros da

Ordem Paramaçônica Shrine Brasil Central, liderada pelo nobre Shriner Genilto Nogueira.

A Palestra apresentou a vida e a obra do insigne patrono da Loja Henrique José de Souza nº 49, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, patrono e mentor espiritual

de diversas Lojas Maçônicas em vários estados do Brasil.

Prestigiada por cerca de 90 pessoas, dentre Irmãos, Cunhadas, Sobrinhos e Convidados, o tema foi muito bem recebido por todos, que puderam conhecer, em detalhes, a prodigiosa Obra do Professor Henrique José de Souza, o Manu do século XX. Na oportunidade, foi ressaltada,

também, a enorme importância do estado de Mato Grosso no atual cenário mundial e no futuro espiritual do mundo.

Vale ressaltar a carinhosa e fraternal acolhida de parte dos Irmãos do Oriente de Cuiabá, em especial, do Irmão Márcio Cambahuba e sua linda família. Fica aqui nosso sincero agradecimento pela singular oportunidade! ?

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Academia da LeituraAMANTES DA LEITURA*

sta coluna se veste de “cupido”, com o objetivo de iniciar bibliófobos em um belo e apaixonante relacionamento com a leitura. Estimular a leitura

tem sido uma de nossas principais tarefas. Afinal, quem lê, melhor vê a vida, consegue enxergar o detalhe e compreende a essência das coisas.

EETentaremos, a cada edição, disparar nossas “flexas” e

transformá-los em novo Amante da Leitura. A relação, que deverá travar com o amigo livro, lhes servirá de “Chave”, para abrir-lhes os verdadeiros portais do desconhecido e ampliar-lhes a consciência nos mais variados temas.

Descobrimos o belíssimo trabalho de uma altruística associação, que visa a modificar, para melhor, a vida de pessoas, levando a leitura a lugares os mais inacessíveis. Trata-se da “Sociedade Amantes da Leitura”, uma associação civil de direito privado, sem fins econômicos e de interesse público, criada em agosto de 2003, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, SC, e formada por um grupo de pessoas, que reconhece a importância da Leitura para o desenvolvimento comunitário e individual.

Foi reconhecida como entidade de Utilidade Pública Municipal pela Lei Nº11.403 (12/07/2005) e Estadual pela Lei Nº 13.590 (29/11/2005).

O principal projeto da referida Sociedade é a “Biblioteca Barca dos Livros”, uma biblioteca viva, com intenso programa de incentivo à leitura e com a previsão de um eixo itinerante (o barco-biblioteca), montada a bordo de uma embarcação, especialmente, adaptada, respeitando as condições geográficas, o meioambiente e as tradições culturais da população da Lagoa da Conceição. Um grande acervo vem sendo constituído e preparado para ir ao encontro do leitor.

Por compartilhar da convicção de que a leitura é instrumento fundamental para a formação do indivíduo, na medida em que alimenta a imaginação e o conhecimento, vem realizando, desde sua fundação, atividades que aproximam o leitor do livro em suas mais variadas roupagens e conteúdos.

Além do projeto Barca dos Livros, organiza e promove palestras, campanhas, seminários, cursos e outros eventos nas áreas da leitura e do livro; incentiva a formação de grupos de leitura; oferece atualização contínua para jovens e adultos mediadores de leitura (estudantes universitários, professores, bibliotecários, arte-educadores, contadores de

história e demais interessados) nos domínios da leitura, literatura infantil e juvenil, literatura,

história do livro e da leitura, ilustração, “design” gráfico, restauração e encadernação de livros.

A Revista Arte Real parabeniza o grupo Sociedade

Amantes da Leitura pela belíssima iniciativa de promover cultura,

estimulando e conscientizando as pessoas quanto à importância

do hábito da leitura, livrando-as dos grilhões da ignorância.

É com esse mesmo objetivo que vimos, através desta coluna, distribuindo livros virtuais gratuitos aos nossos diletos leitores, na certeza de que possam ser multiplicadores dessa iniciativa, estimulando seus filhos, amigos e parentes a travarem um silencioso e profundo diálogo com nosso amigo livro, apaixonando-se pela leitura!

Apresentamos, de autoria de Laurence Gardner, o livro virtual “Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada”, tradução Julia Vidili, Editora Madras, 2003.

Tenham uma boa leitura e nos ajudem nessa empreitada, repassando-o aos contatos de sua lista! *Compilação extraída do site http://barcadoslivros.org/sociedade-amantes-da-leitura/

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TrabalhosMAÇOM REFÉM DO TEMPLO

Eráclito Alípio da Silveira o longo desses últimos anos, analisando algumas Lojas, e conversando com alguns Irmãos, tenho observado e feito alguns comentários a respeito da

não-interação dos Maçons na vida profana, enfim, na sociedade, em que estão fixados. Tem-se a impressão de que o Maçom vive alheio à sociedade, e o mais inadmissível é que a maioria deles nos dá a impressão de não querer aparecer como tal. Notadamente, assim se comporta como se tivesse vergonha ou medo de pertencer à Arte Real.

AA

Aqui, quero fazer uma declaração muito especial: eu não tenho vergonha ou medo de ser Maçom, entretanto, tenho muita vergonha do comportamento de certos IrmãosMaçons que denigrem essa Augusta Irmandade.

Tenho observado, também, que muitos vivem, apenas, de glórias do passado, não sendo, hoje, uma pálida sombra de seus antigos dias. Esta não é uma observação, somente, minha, pois, lendo vários autores, sabidamente, de profundos conhecimentos maçônicos, vejo que têm dito que a Maçonaria, em diversas partes do mundo, encontra-se na mesma situação. Quer dizer, numa dormência de atos e fatos, preferindo a penumbra reclusa de seus Templos, como que querendo se esconder do mundo.

Esse comportamento atípico nos leva, ligeiramente, a concluir que a Ordem está passando por uma crise de valores, encontrando dificuldades em se adaptar ao mundo moderno. Talvez, o conservadorismo exagerado não seja um bom “status quo” para Ela.

Nos dias de hoje, tudo evolui, e aquilo, que ficar preso às amarras do comportamento histórico (conservadorismo), por certo, definhará e palmilhará, tão somente, a vereda da inexpressividade – talvez, seja esse o caso. Tudo aquilo que não se atualiza, acaba ficando obsoleto. Outra observação diária, que se faz necessário nomear aqui, é que alguns recém-iniciados (Aprendizes) estão, totalmente, desiludidos com o que estão presenciando, isto é, apenas, uma catequese homeopática de instruções e um rigor excessivo nos rituais, como dizem: ”está faltando algo mais”. As instruções a que me refiro são aquelas ministradas pelos Mestres de uma

forma didática, sem criatividade e com uma insistência na repetição, e que induz a certa lavagem cerebral.

Quero acreditar que esse não é o objetivo primordial da Instituição. Mesmo porque a repetição, sem a devida criatividade, liberdade ou conotação, leva o Aprendiz a um bloqueio cego, não oferecendo condições para inteligir e argumentar o que está sendo introjetado.

Não é intenção minha querer mudar os Landmarks ou os princípios da Arte Real, afinal de contas, quem sou eu para abrigar tamanha pretensão. O que a maioria dos Maçons deseja é que a Maçonaria não mude, muito pelo contrário, quem deve mudar, atualizando-se e reciclando-se, são os Maçons. E não vivendo como se, ainda, estivessem trabalhando numa Guilda do século XVIII, sob a influência deletéria da Idade Média.

Talvez, na insipidez árida das reuniões (sessões), na falta de estudo, na carência de cultura maçônica, no desinteresse em geral, devemos ficar em alerta e ver a fonte principal das ausências, das deserções e, afinal, do adormecimento definitivo. As sessões em Loja não devem ficar, tão somente, restritas à praxe ordinária, ficando, dessa forma, o tempo, totalmente, tomado pelos rituais e pela leitura dos expedientes, práxis essa, que leva ligeiro ao enfado.

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Assim, afasta-se a possibilidade da apresentação de trabalhos, discussões temáticas, propostas de possíveis atividades no mundo profano (uma ausência muito grande dos Maçons). Enfim, fazer das sessões uma verdadeira tribuna para que os Obreiros de qualquer grau possam expor, com espontaneidade, seus pensamentos, seus desejos e seus objetivos. Isso deverá ser feito dentro de uma organização pré-estabelecida em uma outra sessão, obedecendo-a todos os princípios da Arte Real, como também ao comportamento maçônico da tolerância e do respeito mútuo.

Essa afirmação de que as reuniões são insípidas, temos ouvido, sempre, dos Irmãos, e isso deriva da posição tomada por vários deles ao reclamarem de leitura de Boletim, de Atos, de Decretos ou Leis, de correspondências recebidas e expedidas, etc.

Se não for possível mudar essa configuração das reuniões ordinárias, que se faça uma reunião, exclusivamente, para os debates, como acima propusemos. Se assim se procedesse, por certo, as reuniões tornar-se-iam mais agradáveis e não se deixariam os Irmãos à mercê de busca solitária e sem muita propriedade, estando sujeitos a, muitas vezes, adentrar veredas não muito recomendáveis.

Eu tenho a certeza de que o verdadeiro ensinamento maçônico seria transmitido pelo exemplo e pela sabedoria de cada Irmão e pela atuação conjunta de toda a Loja, a partir do momento em que ficar entendido que nenhum Irmão é possuidor da verdade e, por uma dedução lógica, não estaria capacitado para transmiti-la sozinho.

Se fossem instaladas as sessões de uma forma mais democrática, poderíamos contar com essa práxis inovadora para transmitir, de uma forma mais aberta, todos os conhecimentos, fortalecendo, maçonicamente, ambas as Colunas.

Tendo em vista essa atitude nova de se reunir com o objetivo de assimilar mais conhecimentos, fica claro que é obrigação de todos de um Quadro trazer suas Luzes para a Loja. Podendo, assim, trilhar com todo o esforço no sentido do aperfeiçoamento de cada um dos Irmãos a um só tempo.

É evidente que, caso se instalassem sessões com esse objetivo, reduzir-se-a um número mínimo os males que afligem a Maçonaria atual, trazendo, inclusive, benefícios para a Ordem.

Compete a todos os Irmãos mostrar o caminho que a Maçonaria deve trilhar pelos tempos, pois o colegiado de Obreiros é a própria, e Ela será, sempre, o somatório de todas as nossas ações.

Não quero dar continuidade a esse ensaio porque pode parecer uma intromissão, mas, na verdade, estou, completamente, adormecido por vários motivos; e o que mais me influenciou para permanecer nesse estado foi esse, acima exposto. Porém, antes de encerrar esse modesto trabalho de observação, tenho, ainda, de fazer uma referência a algo, também, observado para concluir como desfecho final. Existe uma grande culpa dos Mestres e, também, do Veneralato: a cerimônia de Iniciação não é acompanhada de esclarecimentos e estudos, que objetivem despertar a verdadeira Maçonaria no Aprendiz. Simplesmente, são colocados no alto da Coluna do Norte, onde, assistindo às sessões econômicas, aguardam certo intervalo de tempo para que, como Companheiros, possam passar à Coluna do Sul, onde tudo se repetirá até se tornarem Mestres, sem, contudo, conseguirem ser um verdadeiro Maçom.

Urge que os Maçons estudem, com maior profundidade, a sua própria Tríade: Liberdade-Igualdade-Fraternidade.

A MULHER NA MAÇONARIA

“Seja você a transformação Joaquim Gervásio de Figueiredo ob o critério místico-filosófico, tal qual os antigos Mistérios, a Maçonaria se destina igualmente ao homem e à mulher, complementos que são um do

outro, pois ambos visam a atingir a mesma meta evolutiva e a constituir a família como base celular de uma sociedade bem organizada. E, segundo os mandamentos da própria Ordem, em um dos seus antigos Landmarks, todos os seres humanos são fundamentalmente iguais, portanto suas diferenças são meramente circunstanciais.

SS

Sobre esse ponto, não há nenhuma dúvida nas tradições maçônicas, baseadas nas legítimas escolas antropológicas, místicas e ocultas. E, mais, mesmo nas escolas que atribuem sua origem às Corporações Operativas da Idade Média, os investigadores não encontraram, em seus registros e instituições, nada de discriminatório contra a inclusão do elemento feminino.

Essa esdrúxula proibição, ao arrepio da tradição, normas e ideais de todas as demais sociedades secretas passadas e contemporâneas, bem como das anteriores

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Constituições e Regulamentos da Maçonaria Operativa, foi introduzida pelo presbítero James Anderson no artigo 18º, de sua Constituição de 1723, após a transformação da Maçonaria Operativa em 1717.

É justo, porém, ressaltar que tal transformação já havia sido empreendida nos anos 1648-49 pelo célebre e culto Alquimista e Rosa-Cruz Elias Ashmole (1617-1692), em cujo nome a Universidade de Oxford conserva, um museu de raridades, e é bem sabido que os verdadeiros Rosa-Cruzes jamais nutriram preconceito de sexo e, por princípio, nunca o aprovariam.

Sobre a reforma de 1717, comenta o famoso maçom Miguel André Ramsey (1686-1743), contemporâneo dos reformadores: “Muito de nossos ritos e costumes contrários aos preconceitos dos reformadores foram mudados, disfarçados e suprimidos, e, assim, muitos irmãos lhes esqueceram o espírito e lhes retiveram, apenas, a casca externa, porém, no futuro, a Maçonaria será restaurada em sua prístina glória”(C. W. Leadbeater, Glimpses of Masonics History, p. 309). Por sua vez, o erudito e alto Maçom e Rosa-Cruz Charles Sotseran, 32º, escreve em 11 de janeiro de 1877: “As Constituições de 1723 e 1738, do falso Maçom Anderson, foram adaptadas para a recém-emplumada primeira Grande Loja de Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra, e daí derivaram todas as demais do mundo atual. Anderson compilou estas adulteradas Constituições e, a fim de contestar a chamada ‘história de lixo’ da Ordem, teve a audácia de declarar que quase todos os documentos relativos à Maçonaria, na Inglaterra, haviam sido destruídos pelos reformadores de 1717.

Felizmente, no Museu Britânico, na Biblioteca Boldeiana e em outras instituições públicas, Rebold, Hughan e outros descobriram provas suficientes ao molde das antigas Observâncias Maçônicas Operativas, para refutar a assertiva”. Depois de salientar que, graças à Maçonaria Especulativa, os Estados Unidos lograram obter sua independência política – são inquestionáveis as atuações dos Maçons Washington, Lafayette, Franklin, Jefferson e Hamilton - e a Itália obteve sua unidade através do braço executor do Maçom 33º Garibaldi,

continua: “A Maçonaria especulativa tem muitas tarefas a executar. Uma delas é a de admitir a mulher como colaboradora do homem nas atuações da vida, segundo o fizeram, recentemente, Maçons húngaros ao iniciarem a condessa Haiderk.

Outra importante tarefa é o reconhecimento prático da fraternidade humana, de modo que nacionalidade, cor, crença e posição social não sejam obstáculos ao ingresso na Maçonaria. O negro não há de ser irmão do branco, apenas, teoricamente, pois Maçons da raça negra não são admitidos nas Lojas norte-americanas.

É preciso persuadir a América do Sul a participar dos deveres com a humanidade. Se a Maçonaria há de ser, como se pretende, uma escola de ciência e religião progressivas,

deve ir na vanguarda e não na retaguarda da civilização” (H. P. Blavatsky, Isis Unveilled, Vol. II, p. 389, ed. 1931). Nas investigações empreendidas nesse setor, o primeiro escrito com o nome Freemason, que aparece, é um ato do Parlamento, do ano de 1530, 25º ano do reinado de Eduardo I, regulamentando a profissão de pedreiro; é minucioso em suas normas e omisso em relação à mulher. Depois, vem o chamado “Manuscrito Régio” ou de “Halliwel”, descoberto por um antiquário não-maçom, no Museu Britânico de Dnodez, escrito em 1390 e publicado no Magazine Freemason, de junho de 1815, porém, segundo alguns autores, era cópia de um escrito mais antigo. Trata-se de um pequeno livro em papel de vitela, com 794 versos em inglês arcaico.

A primeira parte trata da tradição da Corporação, e a segunda,

dos versos 97 a 794, é de estrito teor legal maçônico, mas nada se consigna ali de ser a Maçonaria privativa só para homens. Ao contrário, deparam-se provas, da presença e colaboração femininas. Com efeito, em seu artigo 10º, versos 203 e 204, lê-se: “que nenhum Mestre suplante outro, senão que procedam todos entre si como irmão e irmã”. No ponto 9º, versos 351 e 352, diz-se: “Amavelmente, servindo-nos a todos, como se fôssemos irmão e irmã”. Em todo esse histórico documento, básico para uma autêntica enumeração dos “Antigos Limites”

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ou Landmarks, existe, apenas, uma proibição: a de admitir servos (verso 129) e inválidos (verso 154). Também, a Constituição de York, de 926, em seu artigo 11º, assinala a condição obrigatória de o candidato à iniciação não ser servo, inválido ou de maus costumes, e nada expressa contra a mulher.

O mesmo acontece em outros documentos antigos, como o “Manuscrito de Watson”, de 1440, que coincide bastante com o “Manuscrito Régio”, levando o nome de quem o descobriu na Biblioteca Boldeiana de Oxford. Afinal, no regulamento elaborado em Londres, em 27 de dezembro de 1663, numa assembleia geral em que o Conde Santo Albano foi eleito Grão-Mestre, consta, em seu artigo 2º, que ninguém seria admitido na confraria que não fosse são de corpo, de nascimento honrado, de boa reputação e submisso às leis do país. Ainda uma vez, nenhuma referência discriminatória à mulher.

E, segundo o Dr. Chethwode Grawley (A. Q. C. XV, 69), existia, em Deneraible, Irlanda, em 1710-12, uma Loja especulativa do tipo inglês, na qual foi iniciada Elizabeth St. Leger, uma famosa dama maçônica. Mais recente ainda são as Constituições da Grande Loja de Hamburgo e os Estatutos da

Grande Loja da Dieta Alemã. Foram aceitos e aprovados, em 10 de março de 1782, sendo Frederico Guilherme II, da Prússia, o Grão-Mestre e Protetor da Ordem. Reproduzem, com esmerada exatidão, os “Antigos Limites”, sob a denominação mais moderna de Charges Landmarks, e nenhuma alusão fazem à mulher, nem contra a sua admissão na Maçonaria.

A revista inglesa Hiram, em seu número maio-junho de 1908, publicou na íntegra uma cópia de um “old charge”, destinado à Grande Loja de York, cujo original estaria na posse da Loja York nº 236. No Bulletin International du Droit Humain, do mês de maio de 1914 (páginas 390-394), uma Grande Inspetora da Federação Britânica precisou, que se trata de um texto datado de 1643, isto é, de uma época em que existia, sem sombra de dúvida, há longo tempo, uma Loja maçônica em York, que admitia mulheres. Ela cita o texto inglês original de um parágrafo do manuscrito, particularmente sugestivo: “Before the spec al charges are delivered, the one of the elderes taking the book and that he or she to be made a Mason shall lay their hands thereon and the charges shall be given”. O que se traduz como: “Antes que as instruções especiais sejam dadas, um dos mais antigos toma o livro e aquele ou aquela que deve ser constituído Maçom lhe coloca as mãos em cima, e as instruções são dadas”.

Mas nossa erudita irmã não se restringe a este documento, pois utilizou, também, outros: “Examinando os registros das antigas corporações - declara-nos ela - encontram-se, apenas, cinco de cada quinhentas existentes (um por cento), que não estavam igualmente constituídas de homens e mulheres”. E acrescenta que há dificuldade de escolha entre a profusão de manuscritos que pôde compulsar. Limita-se, todavia, a apresentar três outros, conservando o arcaico texto inglês que respeitaremos. Vem, primeiro, uma citação tirada da Corporação de Santa Catarina, de Chartres, datada de 1494: “Admissão de Irmãos e Irmãs na Corporação de Santa Catarina.... Depois se fará que se aproximem todos aqueles que deverão ser admitidos como Irmãos e Irmãs na Corporação, e o Alderman (dignitário tornado, posteriormente, “Mestre” ou “Vigilante”) os interrogará desta maneira: “Senhor ou Senhora, desejais tornar-vos Irmãos entre nós, nesta corporação?” E, de sua própria vontade, eles deverão responder “sim” ou “não”.

Uma segunda citação é tirada das Ordenações da Corporação de Corpus Chisti, York, 1408, cujo manuscrito mostra, de maneira insofismável, que é maçônico: “Ordenação V: Nenhum leigo será admitido na Corporação, exceto, apenas, aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos, sejam clérigos ou leigos, e de ambos os sexos,

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serão recebidos se forem de boa reputação e bons costumes”. No mesmo manuscrito, indica-se que os Irmãos e Irmãs deverão prestar juramento sobre um livro, e, várias vezes, faz-se alusão à “Dama”, particularmente no juramento do Aprendiz, onde se jura obedecer ao “Mestre”, ou à “Dama”, ou a todo outro Franco-Maçom.

Enfim, um último documento nos é apresentado. Na Idade Média, havia já desenhos especiais e um modo característico, inscritos sobre a campa sepulcral dos Franco-Maçons, tal qual ainda se encontram nos velhos cemitérios, o que permite aos irmãos reconhecerem que ali jaz um dos seus. Ora, um velho testamento apresenta uma perturbadora conexão com este costume. Está datado de 4 de fevereiro de 1482, e emana da falecida Margaret, esposa de John Paston, Escudeiro, e filha e herdeira de John Mauteboy, também Escudeiro. Ela ordena ali que uma inscrição, coincidente com o moto dos Franco-Maçons, seja gravada em sua tumba, em respeito às prescrições maçônicas: “Uma placa de mármore conterá escudos nos quatro cantos e, no meio da mesma, desejo ter um escudo só com as armas paternas, encimando esta inscrição: “Em Deus está a minha confiança”.

E a M∴ Il∴ Ir∴ termina seu trabalho de investigação com uma pergunta muito judiciosa: “Se os Antigos Mistérios nunca excluíram as mulheres e se mesmo as Corporações Operativas, as mais maçônicas, as recebiam de muito bom grado, por que, então, a Maçonaria Especulativa masculina de nossa época persiste tanto na discriminação contra elas?”.

Na longa história da Maçonaria, a primeira vez que aparece a proibição discriminatória contra o elemento feminino é no “Livro das Constituições”, compilado e publicado em 1723, por James Anderson, presbítero anglicano e Gr∴ Vig∴ da Grande Loja de Londres, que, no final de seu artigo 3º, diz: “As pessoas admitidas a fazer parte de uma Loja devem ser boas, sinceras, livres e de idade madura; não são admitidos escravos, mulheres, pessoas imorais e escandalosas, mas exclusivamente as que são de boa reputação”. Esta proibição foi repetida, posteriormente, no 18º Landmark, compilado por Mackey em sua Enciclopédia, donde outros a tem copiado. No entanto, não tardou a reação.

A Maçonaria continental jamais se conformou com tão estranha discriminação contra a mulher. E, por triste ironia, o golpe lhe foi desferido no exato momento em que se promovia a ampliação dos estreitos horizontes da Maçonaria Operativa para os mais brilhantes e esperançosos da Maçonaria Especulativa. Consequentemente, em 1730, esboçou-se, na França, a Maçonaria de Adoção, destinada às mulheres, em quatro graus. Outras Ordens surgiram depois, como a Moisés, em 1738, fundada por alemães, e a dos Lenhadores, em 1747, derivada

dos Carbonários da Itália. Mais associações similares vieram depois, como a Ordem do Machado, na França, onde o Grande Oriente acabou criando um novo Rito, em 1774, chamado de Adoção, com seus regulamentos próprios e sob o patrocínio de uma Loja regular.

Em 27 de Julho de 1786, o Conde Cagliostro, iniciado por volta de 1770, na antiga Maçonaria Egípcia, pelo Conde de Saint Germain, fundava em Lyon, França, a Loja Mater Sabedoria Triunfante, do Rito da Maçonaria Egípcia, adaptado a homens e mulheres, declarando que, desde que as mulheres haviam sido, indistintamente, admitidas nos Antigos Mistérios, não havia nenhuma razão para excluí-las das ordens modernas. A princesa Lamballe aceitou, prazerosamente, a dignidade de Mestra Honorária de sua sociedade secreta, e, à sua iniciação, assistiram membros dos mais importantes da corte francesa. As Lojas de Adoção acabaram por se espalhar por toda a Europa e, depois, pela América do Norte, e o movimento culminou na fundação, em 4 de abril de 1893, em Paris, pelo Dr. Georges Martin e sua esposa, da Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain (“O Direito Humano”), também, denominada CoMaçonaria Internacional. Outorga iguais direitos a homens e mulheres e os admite e inicia no mesmo nível de igualdade; hoje está instalada nos cinco continentes.

Importa assinalar que os preconceitos e discriminações contra as mulheres e outras classes e raças, sempre, existiram em toda parte, mas, ao Maçom, como a toda pessoa bem informada, cumpre combatê-los e desfazê-los, e não apoiá-los. Já há cinco mil anos, o divino Avatar Shri Krishna os impugnava nas castas da Índia com estas palavras: “Aqueles que em Mim se refugiam, ó Arjuna, ainda que concebidos em pecado, sejam mulheres, comerciantes ou artífices, também, vão para o Eterno” (Bhagavad Gita, IX, 32). Há 2500 anos, Buda contestava o regime de castas na Índia e aceitava, igualmente, homens e mulheres como seus discípulos no seu Sangha (Confraria). Há 2000 anos, Cristo prestigiou as mulheres, dialogando com elas, escolhendo-as para anunciar sua chegada e partida, defendo-as das injustiças dos homens e escolhendo a maior delas para ser sua Mãe.

Por último, temos as palavras de São Paulo, um Iniciado nos Antigos Mistérios, que, por isso, apresenta-se como “sábio mestre construtor” (I Cor. 3:10). Assim aconselha ele sobre o trato com as mulheres e os servos: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, porque todos vós sois um, em Cristo” (Gal. III, 27, 28).

Parodiando o grande Apóstolo, diríamos: “Quem honra suas insígnias maçônicas perde todo preconceito de nacionalidade, classe social e sexo”.

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ReflexõesPAREMOS DE CARREGAR A MALA DOS OUTROS

Marlene Damico Lamarco creditamos que carregamos malas alheias? Vamos fazer um exercício? Como reagimos quando nosso filho não quer ir à faculdade? Quando nossa filha quer

morar sozinha? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias, perde a hora do trabalho com frequência, gasta mais do que ganha… e muitas coisinhas mais que nos vão fazendo correr em desvario para tapar buracos, que não criamos, e evitar problemas, que não afetam nossa vida diretamente? Não afetam nossa vida, mas a de pessoas queridas. Então, saímos correndo e pegamos todas as malas, jogadas pelo caminho, e as coloca no lombo (lombo, aqui, cai muito bem, fala a verdade). E a nossa mala, a única, que temos a obrigação de carregar, fica lá, num canto qualquer da estação. Repetindo, nossa mala, a única, que temos obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!

AA

Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta, e, quando perdemos o foco, passamos a executar os propósitos alheios. A estrada é longa, e o caminho, muitas vezes, esgota-nos, pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa resistência, e o esgotamento aparece de repente. Esse é o primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando damos muito mais do que recebemos na vida, nos relacionamentos humanos ou profissionais, é porque, certamente, estamos carregando pesos desnecessários e inúteis.

Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida, e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado. É o peso da mala que nos deixa, assim, empedernidos. Quanto ela pesa? Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa, preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que exaure nossa energia vital.

E o medo, o que ele nos faz e quanta coisa ele cria, que, muitas vezes, só existe dentro da nossa cabeça? Às vezes, temos tanto medo de olhar para a própria vida, que preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai, da mãe… E, nossa mala fica na estação… O momento é esse, vamos identificar essa bagagem: ela é nossa. Ótimo, então, é

hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve.

Agora, se o excesso de peso, que carregamos, vem de cargas alheias, chegou a hora de, corajosamente, devolvê-las aos interessados. Não nos intimidemos, tampouco, fiquemos com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento, você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala.

A vida assim compartilhada fica muito mais suave, pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto. Onde está a nossa mala?

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Lançamentos“Tudo é Uma Questão de Atitude – Sonho e Visão” é um livro que vai te ajudar a replanejar sua vida, reconhecer a importância de uma atitude positiva, e outros aspectos essenciais como perdoar e elogiar. Cada artigo serve como tema para profunda reflexão, levando o leitor a buscar entender a si mesmo, ingrediente fundamental no processo de autotransformação. Recomendo como livro de cabeceira. ? Feitosa.

“Indicamos aos nossos diletos leitores, como livro de cabeceira, a excelente obra de nosso Irmão e Amigo, Alfredo Netto, que, magistralmente, uniu seu vasto conhecimento com a arte de bem escrever, traduzindo-se em um livro que, levará o ávido leitor a profundas reflexões e, consequentemente, a um eterno aprendizado!” Feitosa.Os direitos autorais foram cedidos à Loja Maçônica União e Solidariedade - GLESP, acordado que o lucro advindo da venda se reverta para obras de Filantropia.?

“O Mito Jesus – A Linhagem e a Descendência do Mestre!” - O autor apresenta, em três livros, um trabalho sério de 15 anos de pesquisas, baseado em documentos, sobre a identidade, a genealogia e a relação do Mestre Jesus com diversas personalidades do mundo atual.

Um trabalho único e ousado, já que pouquíssimos autores ousaram adentrar nessa linha de pesquisa que, com certeza, vai de encontro a “verdade” imposta pelo Vaticano!

Recomendamos sua leitura!

rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, hoje, para

24.000 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “Quarto de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho!

AA

Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33ºRevisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º Colaboradores nesta edição: Eráclito Alípio da Silveira – Joaquim Gervário de Figueiredo – José Roberto Galuzio – Marlene Damico Lamarca – Rogério Alegrucci. Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 3331-1288 / 8806-7175

Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição!

Revista Arte Real 61 16