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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA SAMIRA SALAME NEUROPLASTICIDADE INDUZIDA POR DIFERENTES PERÍODOS DE TREINAMENTO DE EXERCÍCIO ACROBÁTICO SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA

SAMIRA SALAME

NEUROPLASTICIDADE INDUZIDA POR

DIFERENTES PERÍODOS DE TREINAMENTO DE

EXERCÍCIO ACROBÁTICO

SÃO PAULO

2013

 

 

SAMIRA SALAME

NEUROPLASTICIDADE INDUZIDA POR

DIFERENTES PERÍODOS DE TREINAMENTO DE

EXERCÍCIO ACROBÁTICO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob orientação da Profa. Drª. Raquel Simoni Pires .

SÃO PAULO

2013

 

 

Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID 

S159n

Salame, Samira

Neuroplasticidade induzida por diferentes períodos de treinamento de exercício acrobático. / Samira Salame. --- São Paulo, 2013.

89 p.

Bibliografia

Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Raquel Simoni Pires

1. Plasticidade neural. 2. Proteína 1 de resposta de crescimento precoce. 3. Proteínas do tecido nervoso. 4. Exercícios. I. Pires, Raquel Simoni, oriente. II. Título.

CDD 615.82

   

 

 

SAMIRA SALAME

Neuroplasticidade induzida por diferentes períodos de

treinamento de exercício acrobático

Dissertação apresentada ao

Programa de Mestrado em

Fisioterapia da Universidade

Cidade de São Paulo, como

requisito para obtenção do

título de Mestre

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Tese de Mestrado, em

sessão pública realizada a ......../........../............., considerou

( ) Aprovada ( ) Reprovada

Examinadora:.........................................................................................................

Profª.Drª Rosana Macher Teodori

Universidade Metodista de Piracicaba

Examinadora:.........................................................................................................

Profª.Drª Sandra Regina Alouche

Universidade Cidade de São Paulo

Presidente:.............................................................................................................

Profª.Drª Raquel Simoni Pires

Universidade Cidade de São Paulo

 

 

Dedico primeiramente à Deus,

e a minha querida Família.

 

 

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por conceder-me a vida, por ser a razão do meu viver, por andar sempre comigo mostrando-me o melhor caminho a seguir, por me abençoar e ter dado sabedoria para que eu pudesse alcançar aquilo que almejei. Pois sei, que este sonho já estava no coração Dele. Agradeço a todos da minha família por serem meus maiores incentivadores e por estarem comigo sempre. Aos meus Pais, meus fãs número um, que vibram com minhas vitórias, que estão sempre comigo durante as dificuldades, que me colocam para cima quando me faltam forças e que sempre me fazem sentir a melhor pessoa do mundo! Agradeço também aos meus irmãos Jihad e Ramza, os mais lindos que eu pude ter. Eu os amo e sou eternamente grata, pelo simples fato deles existirem em minha vida e torná-la mais completa e feliz. Agradeço também a minha Tia Walide por ser minha segunda mãe, acompanhando-me sempre em todas as etapas da minha vida e dando todo o apoio quando foi preciso, além de todo o incentivo necessário na minha educação com seu jeito forte e marcante! E a minha querida Vó Luiza, por seu imensurável amor, carinho e suas orações incessantes por mim, elas funcionaram, deu tudo certo Vózinha! (risos) Agradeço ao Pr. Leonilton, que já faz parte da família, pelas orações e apoio sempre!! Agradeço a minha orientadora, “Prof” (como costumo chamar) Raquel pelos ensinamentos valiosos, incentivo, pelas palavras de apoio e ânimo, por acreditar sempre em mim, pela amizade e por toda ajuda concedida. Agradeço minha companheira de trabalho e maninha Juliana (Ju), por tudo! Pelos experimentos que realizamos juntas, pela força que sempre me deu, pelas palavras amigas na hora do sufoco e desânimo. Mas também, por todas as risadas e brincadeiras de todos os dias! Sentirei falta!

 

 

Agradeço ao Prof. Britto, chefe do Laboratório USP por conceder o espaço para a realização da pesquisa, e por todo o ensinamento e disposição! Agradeço também as colegas da USP pelas colaborações, sugestões, ensinamentos, por estarem sempre dispostas a me ajudar: Carol, Priscila e Ana! Muito Obrigada! Agradeço ao Adilson, técnico do Laboratório por toda a ajuda com os experimentos, pela paciência e alegria sempre!! Obrigada!! Agradeço a Prof.ª Andréia por permitir que eu usufruir-se dos equipamentos do seu laboratório quando foi preciso! Agradeço aos amigos da USP pelas brincadeiras, pelo acolhimento e pela amizade: Gabi, Marina, Lucíla, Francis, Mauro, Jáfia, Cecília, Vivian, Taísa, Erika, Kallene, Cleyton e em especial ao André e Danilo, a dupla dinâmica, pelas risadas, pela ajuda, pelas distrações, amizade e incentivo sempre, muito obrigada! Aos amigos da Unicid: Andressa, Indiara, Naiane, Flávia Manfredi, Diego, Anderson, Quilza e Wellington pela amizade e apoio sempre! Aos colegas e Professores (Profª Sandra Freitas, Profª Mônica, Profª Sandra Alouche e Profª Raquel) do grupo de Neuro da Unicid pelos ensinamentos e contribuições essenciais para o meu crescimento! À minha Fonoaudióloga Cláudia por toda ajuda, paciência e carinho em todo esse tempo! Às minhas amigas da Faculdade: Renata Kalil e Renata Hernandes que sempre farão parte da minha vida! Obrigada por toda força mesmo de longe! E aos meus amigos: Marluci, Karen, Dri, Mayara, Alê Ataíde, Ellys, Arly , Alex, Polly, Samantha e Samuel por de alguma forma me ajudarem a vencer! Alguns pela distância eu nunca vejo, mas são sempre muito presentes na minha vida! Agradeço a FAPESP pelo auxílio financeiro! Obrigada...

 

 

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................................ 16 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................................. 18 

RESUMO ...................................................................................................................................... 20 

ABSTRACT .................................................................................................................................... 22 

1.  INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7 

1.1. Neuroplasticidade x Exercício ................................................................................................ 7 

1.1.1. Modalidade do Exercício Físico ........................................................................................... 8 

1.1.2.  Períodos de treinamento: Curto e Longo prazo ............................................................... 11 

1.2. Neurogênese Hipocampal adulta ......................................................................................... 13 

1.3. Neuroanatomia Funcional .................................................................................................... 14 

1.3.1. Córtex Motor ..................................................................................................................... 15 

1.3.2. Estriado ............................................................................................................................. 16 

1.3.3. Cerebelo ............................................................................................................................ 17 

1.3.4. Hipocampo ........................................................................................................................ 20 

1.4. Marcadores de Plasticidade ................................................................................................. 20 

1.4.1. Proteínas Sinápticas e Proteínas Estruturais ..................................................................... 21 

1.4.2. Gene Egr1 .......................................................................................................................... 23 

2.  JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 25 

3.  OBJETIVOS ........................................................................................................................... 25 

3.1. Objetivo Geral ...................................................................................................................... 25 

3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................................ 25 

4.  MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................................... 26 

4.1. Animais ................................................................................................................................. 26 

4.2. Desenho experimental ......................................................................................................... 26 

4.2.1. Protocolo de Exercício Acrobático .................................................................................... 26 

4.3. Protocolo de Imuno‐histoquímica ........................................................................................ 27 

 

 

4.4. Protocolo de Avaliação da Neurogênese pelo “Doublecortin” (DCX) .................................. 30 

4.5. Protocolo de “Immunoblotting” .......................................................................................... 31 

4.6. Análise Estatística ................................................................................................................. 32 

5. RESULTADOS ........................................................................................................................... 33 

5.1. Desempenho Motor ............................................................................................................. 33 

5.2. Expressão de Proteínas Estruturais e Sinápticas .................................................................. 34 

5.2.1. Córtex Motor ..................................................................................................................... 36 

5.2.2. Estriado ............................................................................................................................. 40 

5.2.3. Cerebelo ............................................................................................................................ 44 

5.3. Expressão de Egr1 ................................................................................................................ 52 

5.3.1. Córtex Motor ..................................................................................................................... 52 

5.3.2. Estriado ............................................................................................................................. 52 

5.3.3. Cerebelo ............................................................................................................................ 52 

5.4.1 Hipocampo ......................................................................................................................... 56 

6. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 57 

6.1. Comportamento do Desempenho Motor ............................................................................ 57 

6.2. Efeitos dos Diferentes Tempos de Treinamento em Regiões Motoras ............................... 58 

6.2.1. Córtex Motor ..................................................................................................................... 58 

6.2.2. Estriado ............................................................................................................................. 61 

6.2.3. Cerebelo ............................................................................................................................ 63 

6.2.4. Hipocampo ........................................................................................................................ 66 

7. CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 67 

8. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 68 

ANEXO I ....................................................................................................................................... 78 

 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Imagens digitais dos obstáculos que compõem o circuito para as

atividades acrobáticas.......................................................................................27

Figura 2 - Desempenho dos ratos em diferentes períodos de treinamento

acrobático avaliado pela média do tempo gasto para realização das seis tarefas

presentes no circuito por semana......................................................................33

Tabela 1 – Níveis de proteínas estruturais e sinápticas nos diferentes períodos

de treinamento de exercício acrobático.............................................................35

Figura 3 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína associada ao microtúbulo (MAP2) no córtex

motor..................................................................................................................37

Figura 4 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a expressão de neurofilamento (NF) no córtex motor...........38

Figura 5 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinapsina I (SYS) no córtex motor........................39

Figura 6 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinaptofisina (SYP) no córtex motor......................41

Figura 7 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína associada ao microtúbulo (MAP2) no

estriado..............................................................................................................42

Figura 8 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a expressão de neurofilamento (NF) no estriado...................43

Figura 9 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinapsina I (SYS) no estriado................................45

 

 

Figura 10 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinaptofisina (SYP) no estriado.............................46

Figura 11 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína associada ao microtúbulo (MAP2) no

cerebelo.............................................................................................................47

Figura 12 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a expressão de neurofilamento (NF) no cerebelo..................49

Figura 13 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinapsina I (SYS) no cerebelo...............................50

Figura 14 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre a proteína sinaptofisina (SYP) no cerebelo............................51

Figura 15 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre o gene de resposta precoce ao crescimento (Egr1) no córtex

motor..................................................................................................................53

Figura 16 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre o gene de resposta precoce ao crescimento (Egr1) no

estriado..............................................................................................................54

Figura 17 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre o gene de resposta precoce ao crescimento (Egr1) no

cerebelo.............................................................................................................55

Figura 18 – Efeitos dos diferentes períodos de treinamento de exercício

acrobático sobre o “doublecortin” (DCX) no hipocampo....................................56

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

 

- AMS: Área Motora Complementar

- AC: Exercício Acrobático

- AC1: Treinamento de Exercício Acrobático por 1 semana

- AC2: Treinamento de Exercício Acrobático por 2 semanas

- AC4: Treinamento de Exercício Acrobático por 4 semanas

- AE: Ambiente Enriquecido

- BDNF: Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo

- Cb: Cerebelo

- CG: Camada Granular

- CM: Camada Molecular

- CaM-K: Cálcio calmodulina/quinase

- DCX: “Doublecortin”

- DG: Giro Denteado

- DLS: Estriado Dorsolateral

- DMS: Estriado Dorsomedial

- EE: Exercício em Esteira

- EG: Externamente Guiado

- Egr1: Gene de Resposta Precoce ao Crescimento

- EV: Exercício Voluntário

- GluR: Receptor de Glutamato

- GPe: Globo Pálido Externo

- GPi: Globo Pálido Interno

- IF: Filamentos Intermediários

- IG: Internamente Guiado

- LTP: Potenciação a Longo Prazo

- MAP: Proteína Associado ao Microtúbulo

- MF: Microfilamento de Actina

- MT: Microtúbulo

- NB: Núcleos da Base

- NF: Neurofilamento

 

 

- NT: Neurotransmissor

- SED: Sedentário

- SGV: Zona Subgranular

- SNC: Sistema Nervoso Central

- SYP: Sinaptofisina

- SYS: Sinapsina

- SVZ: Zona Subventricular

 

 

RESUMO

Exercícios realizados a curto e a longo prazo podem induzir mudanças

funcionais e estruturais distintas nas áreas encefálicas envolvidas com controle

motor. Portanto, o estudo visou avaliar a expressão das proteínas sinapsina I

(SYS), sinaptofisina (SYP), MAP2 e neurofilamento de pequeno peso molecular

(NF68) além do gene Egr1 nas regiões do córtex motor, estriado e cerebelo e

níveis de neurogênese no hipocampo de ratos adultos jovens submetidos a

diferentes períodos de treinamento de exercícios acrobáticos. O desempenho

motor também foi avaliado. Para tal, utilizamos 76 ratos (2 meses), Wistar,

aproximadamente 250g, divididos aleatoriamente em 2 grupos: exercício

acrobático (AC=57) e controle-sedentário (SED=19). O grupo submetido ao

exercício acrobático foi subdividido em 3 grupos com diferentes períodos de

treinamento: 1semana (AC1), 2 semanas (AC2) e 4 semanas (AC4), com 5

passagens pelo circuito acrobático, 3 vezes na semana. Para analisar a

expressão de proteínas nas áreas motoras envolvidas com a coordenação,

equilíbrio e planejamento foi utilizada a técnica de “immunoblotting” e imuno-

histoquímica. Para o desempenho motor mediu-se o tempo na execução de

cada tentativa. As comparações entre os grupos foram conduzidas com o teste

ANOVA para medidas repetidas, seguida do pós-teste de Tukey quando a

análise de variância apresentou diferença estatisticamente significante

(p≤0,05). Observou-se na análise do desempenho motor que os animais

pertencentes aos grupos AC1, AC2 e AC4 mostraram melhora do desempenho

motor com a diminuição do tempo na execução do exercício acrobático a partir

da segunda semana. Em nossos resultados, na região do córtex motor, a curto

prazo de treinamento houve diminuição de MAP2 e aumento de SYP e a longo

prazo houve aumento de MAP2 e SYP com aumento progressivo de células

Egr1-positivas ao longo do período de treinamento. No estriado, o treinamento

a curto prazo de atividades motoras complexas induziu aumento de NF, SYP e

SYS na região dorsomedial e aumento de MAP2, SYP e SYS na região

dorsolateral e a longo período de treinamento aumento de MAP2, SYP e SYS

na região dorsomedial e somente de MAP2 na região dorsolateral dos animais

treinados. Juntamente com maior marcação de celulas Egr1-positivas na região

 

 

dorsomedial com pico na segunda semana de treinamento (AC2) e retornando

aos níveis basais. E no cerebelo, a curto prazo houve aumento de NFs nas

duas camadas estudadas e de SYP na camada CM e a longo prazo aumento

somente de NFs juntamente com o aumento de marcação de células

granulares Egr1-positivas com pico na primeira semana de treinamento (AC1).

Não houve alteração significativa na contagem de células DCX-positivas no

hipocampo. Desta forma, nosso estudo sugere que os diferentes tempos de

treinamento modulam proteínas sinápticas e estruturais e o gene Egr1 de forma

distinta nas áreas encefálicas, desempenhando um importante papel na

plasticidade tempo-dependente em regiões motoras.

Palavras chave: Neuroplasticidade, gene Egr1, proteínas estruturais, proteínas

sinápticas, exercício acrobático

 

 

ABSTRACT

Exercises performed in the short and long term can induce functional and

structural changes in distinct brain areas involved in motor control. Therefore,

this study aimed to evaluate the expression of proteins synapsin I (SYS),

synaptophysin (SYP), MAP2 and low molecular weight neurofilament (NF68)

beyond the Egr1 gene regions of the motor cortex, striatum and cerebellum and

levels of neurogenesis in the hippocampus of young adult rats submitted to

different periods of training of acrobatic exercises. Motor performance was also

evaluated. Therefore, we used 76 rats (2 months), Wistar approximately 250g

were randomly divided into 2 groups: exercise Acrobatic (AC = 57) and control-

sedentary (SED = 19). The group submitted the acrobatic exercise was divided

into 3 groups with different training times: 1week (AC1), 2 weeks (AC2) and 4

weeks (AC4), with 5 passes through the circuit acrobatic, 3 times a week. To

analyze the expression of proteins involved in motor areas with balance,

coordination and planning technique was used for "immunoblotting" and

immunohistochemistry. To motor performance was measured execution time in

each trial. Comparisons between groups were performed with ANOVA for

repeated measures not followed by the Tukey post-test when the analysis of

variance showed a statistically significant difference (p ≤ 0.05). It was observed

in engine performance analysis that the animals belonging to the groups AC1,

AC2 and AC4 showed increased engine performance with reduced time in

acrobatic performance of the exercise after the second week. In our results, the

region of the motor cortex, short-term training of decreased MAP2 and SYP

increase and long-term increased by MAP2 and SYP with progressive increase

in Egr1-positive cells throughout the training period. In the striatum, the short-

term training of complex motor activities induced increase in NF, SYP and SYS

in the region dorsomedial and increased MAP2, SYP and SYS in dorsolateral

and long training period increased MAP2, SYP and SYS in the region and

dorsomedial MAP2 only in the dorsolateral region of the trained animals. Along

with higher markup Egr1-positive cells in the dorsomedial region with a peak in

the second week of training (AC2) and returning to baseline levels. And in the

cerebellum, increased short term NFS studied in two layers and SYP layer CM

 

 

and long-term increase only NFs along with the increase in labeling of cells with

granular Egr1 positive peak during the first week of training (AC1) . There was

no significant change in cell count DCX-positive in the hippocampus. Thus, our

study suggests that the different training times and modulate synaptic proteins

and structural gene Egr1 differently in brain areas play an important role in time-

dependent plasticity in motor regions.

Keywords: Neuroplasticity, Egr1 gene, Structural Proteins, Synaptic Proteins,

Acrobatic exercise

 

1. INTRODUÇÃO

1.1. Neuroplasticidade x Exercício

Durante muito tempo, acreditou-se que o sistema nervoso central (SNC),

após seu desenvolvimento, tornava-se uma estrutura rígida, que não poderia

ser modificada, e que lesões neste seriam permanentes, pois suas células não

poderiam ser reconstituídas ou reorganizadas. Hoje sabemos da capacidade

de modificação do SNC e da grande adaptabilidade em função de suas

experiências ou como tentativa de regeneração1-3.

A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em

modificar algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em

resposta às alterações do ambiente. Na presença de lesões, o SNC utiliza-se

desta capacidade na tentativa de recuperar funções perdidas3-5 e/ou,

principalmente, fortalecer funções similares relacionadas às originais.

Nas últimas décadas alguns estudos também têm se dedicado ao

entendimento das bases neurobiológicas do exercício físico para manter e

melhorar as funções cerebrais. Evidências mostram que exercícios físicos

trazem inúmeros benefícios ao sistema nervoso de humanos6,7 e animais8-11,

com consequentes melhoras no aprendizado, na memória e na plasticidade do

sistema nervoso como resposta ao exercício 9,12-14.

O exercício físico acelera cascatas celulares e moleculares que

aumentam e mantém a plasticidade cerebral, induz expressão de genes

associados à plasticidade, pode promover neurogênese e aumento da

vascularização e metabolismo cerebral9,15,16.

As adaptações que o exercício físico causa no sistema nervoso têm

implicações na prevenção e tratamento de obesidade, câncer, depressão,

declínio cognitivo associado ao envelhecimento, mostrando que em animais

envelhecidos há melhora da memória espacial, aumentando a neurogênese e

suprimindo a apoptose no giro denteado17,18, e ameniza os distúrbios

neurológicos gerados pela doença de Parkinson, doença de Alzheimer,

acidente vascular isquêmico e lesões medulares ou encefálicas19,20.

 

1.1.1. Modalidade do Exercício Físico

Diversos estudos têm mostrado que diferentes modalidades de exercício

físico geram um mecanismo de neuroproteção, promovendo redução da

apoptose no hipocampo21,22 e aumento da sinaptogênese no córtex motor 23 de

ratos pós lesão encefálica, além de facilitar a recuperação funcional pós lesão

medular11,24.

Os roedores são os principais modelos animais de estudo para os

paradigmas do exercício físico nas funções cerebrais e seus mecanismos.

Vários modelos de exercícios vêm sendo desenvolvidos a fim de simular os

exercícios físicos realizados por seres humanos9,12,25-27. Esses modelos de

exercícios físicos em animais têm protocolos que incluem diferentes

intensidades, frequência de treinamento contínua e intermitente, e realizados

em um período de curta e longa duração25.

Os principais modelos de atividade física estudados são: exercício

voluntário28-31, ambientes enriquecidos4,32,33, exercícios forçados como natação 34-36e esteira26,37-40, e exercício acrobático40-43. O tipo de atividade ou tarefa, e a

forma como esta é realizada tem diferentes efeitos sobre o encéfalo44.

No exercício voluntário (EV) os animais executam a atividade com

tempo, frequência e intensidade definidos por eles mesmos. Por exemplo, ao

correr em uma roda dentro do seu ambiente, podemos observar que alguns

ratos correm vários quilômetros por dia, enquanto outros pouco se envolvem na

atividade. É um exercício realizado geralmente de forma intermitente, com

curtos períodos de alta a baixa intensidade durante um período de 12h

noturnas25,28.

Vários estudos que envolvem o EV avaliam a plasticidade neural em

áreas relacionadas a aprendizagem motora e memória. O aumento do fator

neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), de genes associados à plasticidade

sináptica, excitabilidade celular e de MAP Kinase foram observados no

hipocampo e suas subáreas9,45-47. Vaynman e colaboradores38 demonstraram

que esse tipo de atividade promove um aumento dos níveis de proteínas

sinápticas (sinapsina I e sinaptofisina) sendo que a sinapsina I mostrou uma

correlação positiva com a quantidade de exercícios executados. E mais, que

 

essas respostas das proteínas sinápticas frente ao EV são controladas pelo

BDNF.

O EV mostrou ser capaz de aumentar a proliferação celular no giro

denteado do hipocampo e a capacidade de induzir a potenciação à longo prazo

(LTP)48, além de alterar a atividade de neurotransmissores nos encéfalos de

ratos. Soares e colaboradores49 observaram aumento de noradrenalina no

córtex frontal de ratos adultos após 4 a 5 semanas de treinamento, ressaltando

a importância deste tipo de exercício em áreas relacionadas à memória.

Vários estudos em mamíferos tiveram foco nas respostas encefálicas

frente à experiência ambiental. Um dos paradigmas mais utilizados para

demonstrar esse fenômeno é o ambiente enriquecido (AE)4,12. O AE

tipicamente envolve a exposição de roedores a uma variedade de estímulos,

tais como brinquedos, túneis, rodas de correr e interações sociais com outros

roedores. Estes estudos têm fornecido informações importantes sobre os

mecanismos envolvidos com aprendizagem e memória, visto que o ambiente

enriquecido pode produzir uma grande variedade de alterações morfológicas e

funcionais nas regiões específicas do cérebro, tal como o hipocampo e o

neocórtex12.

O enriquecimento ambiental aumenta as ramificações dendríticas,

contatos sinápticos, neurotransmissão e o tamanho dos neurônios na área do

neocórtex, além de favorecer a potenciação à longo prazo (LTP)12 no

hipocampo, a neurogênese4,50, os níveis de neurotrofinas e sinaptofisina, e o

gene de expressão CREB12,51.

Outro modelo de exercício físico realizado em ratos é a natação. Apesar

das críticas quanto à temperatura, ao estresse do esforço forçado e ao tempo

possível de submersão dos animais durante o exercício, a natação tem sido

muito empregada, pois é uma habilidade inata aos ratos e os estudos

realizados utilizando esse modelo revelam a ocorrência de adaptações ao

treinamento físico semelhante àquelas observadas em humanos52. No entanto,

uma limitação do modelo é a dificuldade de precisão da sobrecarga de

esforço53.

No exercício físico forçado em esteira (EE) os animais o executam de

acordo com as determinações do pesquisador, que estabelece a velocidade,

10 

 

inclinação e tempo de treinamento25. Este exercício é capaz de promover

mudanças no SNC como neurogênese e supressão da apoptose no hipocampo

de ratos idosos, prevenindo assim o déficit de memória ocorrida com o

envelhecimento17,18. O exercício em esteira a curto e a longo prazo induz

mudanças distintas na expressão dos receptores de glutamato do tipo AMPA

(GluR1-3) nas diferentes estruturas encefálicas estudadas quando comparado

o grupo controle sedentário39. Carro e colaboradores54, observaram que o

exercício em esteira protege contra agentes excitotóxicos, prevenindo dano e

perda neuronal, promovendo um efeito neuroprotetor.

Outros estudos concentraram-se na aprendizagem de habilidade motora

associada ao treinamento acrobático, em oposição ao exercício físico repetido

como uma única variável enriquecedora. O exercício acrobático (AC) consiste

no treinamento de novas habilidades motoras utilizando uma sequência de

tarefas destinadas a incentivar a resolução de problemas e coordenação. O AC

promove alterações em proteínas neuronais como MAP2 e sinaptofisina55,

aumento de BDNF e seu receptor 56, sinaptogênse em regiões do cerebelo e

córtex motor32,41,43,57 além de alterações comportamentais, como redução do

tempo de realização das tarefas motoras, indicando um aumento substancial

na aquisição de habilidades motoras32.

Este tipo de aprendizagem motora (em oposição à atividade motora

envolvida no exercício voluntário ou forçado) aumenta a formação de sinapses

no córtex cerebelar42,43, enquanto que o exercício físico repetitivo aumenta a

densidade dos vasos sanguíneos cerebelares58, sugerindo que os elementos

individuais do ambiente enriquecido podem ter efeitos diferentes sobre os

componentes específicos da plasticidade neural. O treinamento acrobático em

ratos também aumenta sinaptogênese no córtex motor e coordenação motora

após lesão no córtex sensório-motor23.

Garcia e colaboradores40 ao comparar diferentes modalidades de

exercício físico (exercício acrobático e exercício em esteira) observou que no

grupo treinado em esteira a área do córtex motor apresentou aumento

significativo das proteínas sinapsina I (SYS) e sinaptofisina (SYP) e diminuição

de neurofilamento (NF), no estriado houve um aumento de neurofilamento

(NF68), SYS e SYP, e no cerebelo aumento de MAP2 e neurofilamento (NF).

11 

 

Por outro lado, o grupo do exercício acrobático mostrou um aumento

significativo de MAP2 e SYP no córtex motor, aumento de MAP2, SYS, SYP e

NF68 no estriado e aumento de SYS no cerebelo sugerindo que o exercício

promove aumento das proteínas estruturais e sinápticas no córtex motor e

estriado, suportando o envolvimento dessas regiões no processo de

aprendizagem de novas habilidades motoras enquanto que o exercício em

esteira promoveu alterações mais evidentes no córtex motor e cerebelo.

Com intuito de compreender a contribuição dos mais variados estímulos

ambientais sobre funções cognitivas, Lambert e colaboradores12 observaram

que cada elemento individual do ambiente enriquecido pode gerar alterações

neurobiológicas específicas e contribuir de forma diferente na memória espacial

e alterações sinápticas. O exercício voluntário foi capaz de melhorar a memória

espacial comparada ao controle, enquanto que a estimulação cognitiva e o

treinamento acrobático não. Apesar disso, o exercício e a estimulação cognitiva

induziram um aumento da expressão da sinaptofisina no neocórtex e

hipocampo.

1.1.2. Períodos de treinamento: Curto e Longo prazo

Além do tipo de atividade, o que se tem estudado são respostas a

diferentes períodos de treinamento. Porém, a determinação da duração do

exercício nos estudos que avaliam seu potencial terapêutico é uma dúvida que

persiste.

Exercícios tanto a curto quanto a longo prazo foram descritos como tendo

um grande impacto no encéfalo e no comportamento de animais. A maioria

desses estudos analisa a neuroplasticidade ocorrida em áreas relacionadas à

aprendizagem e memória12,40,47,49,56,59.

Em 2002, Molteni e colaboradores9, demonstraram no hipocampo que

existem respostas diferentes na expressão de genes após o exercício em

esteira agudo e crônico, porém o fator neurotrófico derivado do encéfalo

(BNDF) apresentou acréscimo em todos os tempos estudados (3, 7 e 28 dias).

A proteína dependente de cálcio/calmodulina quinase (CaM-K) é ativada

durante os períodos de exercício a curto prazo e a longo prazo, após ocorrer

12 

 

aumento da transmissão glutamatérgica, enquanto MAP-K/ERK é mais ativada

durante o exercício à longo prazo. Já os subtipos NR2A e NR2B do receptor de

glutamato do tipo NMDA apresentou pico de expressão gênica após 3 dias de

corrida, sofrendo decréscimo gradativo após 7 e 28 dias, evidenciando o

envolvimento do exercício físico na neuroplasticidade. O perfil temporal da

expressão do gene parece delinear um mecanismo no qual vias moleculares

específicas são ativadas após o desempenho do exercício9.

O exercício voluntário aumenta a expressão de muitos genes associados

à função sináptica9. Por exemplo, a sinapsina I é aumentada

predominantemente em curtos períodos de exercício voluntário (3 e 7 dias) no

hipocampo, consistente com seu papel na liberação de vesículas sinápticas.

Em adição à sinapsina I, o exercício voluntário aumenta os níveis de mRNA

para sintaxina e sinaptogamina60.

A expressão de proteínas envolvidas na plasticidade neuronal como

MAP2 e sinaptofisina, foi analisada em ratos expostos ao exercício AC a curto

prazo, revelando um aumento na expressão de sinaptofisina no córtex motor,

que parece estar relacionada com os primeiros cinco dias de aprendizagem da

habilidade motora55. Entretanto, a MAP2 não parece aumentar de acordo com

a dificuldade da tarefa e nem com a duração do treinamento55.

Estudos revelaram mudanças na expressão do BDNF e seu receptor

frente a diferentes tipos de treinamento físico56. Nos grupos acrobáticos e

exercício forçado houve um aumento na expressão de BDNF e de seu receptor

TrkB na camada molecular do cerebelo nos primeiros sete dias de treinamento.

Após o décimo quarto dia de treinamento, o BDNF permaneceu elevado

apenas no grupo acrobático, enquanto o TrkB retornou aos níveis basais em

ambos os grupos, no exercício acrobático e exercício forçado. No córtex motor,

houve um aumento significativo tanto da proteína BDNF quanto do seu receptor

TrkB após 14 dias de treinamento acrobático. No grupo exercício voluntário

houve apenas o aumento da expressão da proteína BDNF e não de seu

receptor56. Real e colaboradores39 mostraram que o exercício forçado a curto e

a longo prazo induz mudanças diferentes na expressão dos receptores de

glutamato do tipo AMPA (GluR1-3) nas diferentes estruturas encefálicas

estudadas quando comparado ao grupo controle sedentário. O córtex sensório-

13 

 

motor apresentou resposta bifásica, revelando uma diminuição da expressão

de GluRs na fase inicial e aumento na tardia. Já no cerebelo foi observado uma

diminuição de GluRs na fase inicial, enquanto no estriado houve um aumento

somente na fase tardia.

Diferentes tempos de treinamento de ratos em esteira mostraram um

aumento de sinapsina I no estriado após 3 e 7 dias de treino retornando a

níveis basais no décimo quinto dia, o córtex motor não revelou alteração na

expressão de proteínas sinápticas mas redução do nível da expressão de NFs

após um curto prazo de treinamento (3 dias), demonstrando que o exercício em

esteira de intensidade moderada é capaz de promover mudanças distintas nas

proteínas estruturais e sinápticas em diversas regiões do encéfalo de ratos a

curto e longo período de treinamento26.

Estudos avaliando a influência dos diferentes períodos de treinamento

do exercício acrobático sobre os níveis de proteínas estruturais e sinápticas, a

resposta do gene Egr1 e os níveis de neurogênese são escassos.

1.2. Neurogênese Hipocampal adulta

A descoberta de neurogênese no encéfalo de mamíferos adultos

derrubou o dogma de que o encéfalo adulto não tem a capacidade de gerar

novos neurônios. Porém, hoje em dia já é bem aceito que neurônios são

continuamente adicionados em poucas regiões do encéfalo durante toda a vida

adulta61.

A neurogênese adulta originam-se de células progenitoras neurais que

tem sido constantemente observadas em duas regiões no cérebro adulto: a

zona subventricular (SVZ) do ventrículo lateral e na zona subgranular (SGZ) do

giro denteado (DG) do hipocampo. Neurônios nascidos na SVZ migram através

da corrente migratória rostral e se tornam neurônios granulares e

periglomerulares no bulbo olfatório. Neurônios nascidos na SGZ se diferenciam

e integram-se na rede local de neurônios como células granulares do DG61.

14 

 

No cérebro adulto, o hipocampo é uma estrutura crucial para a formação

de certos tipos de memória, como a memória temporal e espacial. Por meio de

suas interações com estruturas associadas do cérebro62.

Muitos estudos demonstraram que a atividade comportamental como o

enriquecimento ambiental4,63, o exercício físico48, e as tarefas específicas

dependente da aprendizagem64,65 podem regular a atividade neurogênica no

DG do hipocampo61.

O exercício voluntário tem mostrado aumentar a neurogênese e

melhorar o desempenho cognitivo66,67, aumentando a proliferação e

sobrevivência de células14,48,68,69. Este aumento da neurogênese, contudo, é

dependente da fase circadiana e do volume diário de exercício. Foi observado

que camundongos tiveram níveis de neurogênese aumentados apenas quando

faziam exercício em roda de correr por 3 horas e no meio do período ativo

(ciclo escuro)70.

Vários protocolos de exercício também têm demonstrado um aumento

da neurogênese hipocampal de animais adultos revelados pelo número de

células “doublecortin”–positivas (DCX) na SGZ do giro denteado do

hipocampo17,71,72.

Estudo como o de Ferreira e colaboradores71 mostraram que o exercício

em esteira induziu um aumento da proliferação celular e neurogênese na SGZ

do giro denteado do hipocampo após todos os períodos de treinamento (3, 7 e

15 dias) e revelou que 3 dias de exercício em esteira de moderada intensidade

foram suficientes para induzir estas alterações.

É importante ressaltar que o efeito benéfico do exercício sobre a

neurogênese hipocampal adulta é observado tanto em animais jovens, quanto

em animais idosos14. Há, no entanto, a hipótese de que não é simplesmente o

exercício que promove benefícios para o encéfalo, mas sim o exercício com

desafios cognitivos66.

1.3. Neuroanatomia Funcional

Nos próximos tópicos serão abordadas as estruturas do Sistema

Nervoso que foram estudadas neste trabalho, permitindo um melhor

15 

 

entendimento de sua composição e função na atividade motora e aprendizado

motor. Estas regiões motoras foram escolhidas por serem frequentemente

afetadas por doenças neurodegerativas ou por lesões, por estarem envolvidas

direta ou indiretamente com o planejamento e/ou execução do movimento, ou

por sofrerem influência direta dos efeitos do exercício físico.

1.3.1. Córtex Motor

Muitas áreas do córtex cerebral estão envolvidas principalmente com o

processamento da informação sensorial ou com o planejamento e execução

dos comandos motores73. Essas áreas são subdividas em motora primária e

em várias áreas pré-motoras (áreas motoras secundárias ou de associação). A

região motora primária é responsável por executar o movimento, participando

de padrões de movimentos mais complexos74. O córtex cerebral esta

organizado em camadas celulares. O neocórtex contem seis camadas

numeradas de I-VI, como descrito por Lorente de Nó em 194275, numeradas da

superfície externa (pia máter) do córtex para a substância branca73.

Embora cada camada do córtex cerebral seja definida primariamente

pela presença ou ausência de corpos celulares de neurônios, cada camada

contém também elementos adicionais. Nas camadas I, II e III encontramos

dendritos apicais de neurônios que tem seus corpos celulares nas camadas V e

VI, enquanto as camadas V e VI contem os dendritos basais de neurônios com

corpos celulares nas camadas III e IV. Quanto a camada IV estão as fibras

aferentes e na V temos células que dão origem às fibras eferentes, chamadas

também de células de Betz na área motora, isto é, que deixam o córtex

cerebral indo para o tronco encefálico, medula espinal e núcleos da base , e na

VI temos as fibras que partem desta zona em direção ao tálamo73.

Vários estudos mostram mudanças no número de sinapses32,41 e da

eficiência sináptica76 no córtex motor em associação com as mudanças nas

áreas corticais relacionadas ao movimento32,77. Outros autores têm

demonstrado que o exercício acrobático após uma lesão cerebral promove o

aumento da sinaptogênese, isto é, mais sinapses por neurônios na camada V

do córtex cerebral quando comparado aos outros grupos do estudo23.

16 

 

1.3.2. Estriado

Quatro estruturas subcorticais interconectadas compõem os núcleos da

base (NB), com projeções principais para o córtex cerebral, tálamo e certos

núcleos do tronco encefálico73. Estas estruturas controlam a atividade motora

por meio da regulação de impulsos neuromotores que facilitam sua atividade

tônica, auxiliando o planejamento e a execução de movimentos

sequenciados78,79. A principal função destas é manter a eficácia dos neurônios

corticais, sobretudo na área motora suplementar (AMS), afim de organizar e

ativar seqüências de movimentos ou programas motores, em tempos

adequados dentro de uma seqüência de movimentos auto-gerados73. Outra

função importante é a de ativar e finalizar programas motores que sejam

adequados para a aquisição de uma meta, como por exemplo, alcançar e

segurar um objeto. Seu papel funcional também está relacionado à

manutenção desse movimento durante sua execução e que pode ser

observado pelas variações na velocidade e na amplitude do movimento80,81.

Além disso, os NB possuem importante participação na formação da memória e

aprendizado82 83.

Os núcleos da base são constituídos pelo: estriado, globo pálido (interno

- GPi e externo - GPe), substância negra (parte compacta e reticulada) e o

núcleo subtalâmico. O estriado por sua vez, consiste de três importantes

subdivisões: o núcleo caudado, o putâmen e o estriado ventral (o qual inclui o

núcleo acumbens)73.

Embora o estriado possua vários tipos diferentes de células, 90-95%

delas são neurônios com espinhos dendriticos e projeções GABA-érgicas.

Essas células são alvos importantes da aferência cortical84.

Os núcleos da base auxiliam o córtex motor no controle de movimentos

através de duas vias eferentes do estriado, sendo uma direta e outra indireta. A

vida direta é composta pelo globo pálido interno e pela substância negra(parte

reticulata), ambos compostos, em parte, por neurônios GABA-érgicos e a via

indireta inclui conexões inicialmente com o globo pálido externo e o núcleo

subtalâmico, sendo essa uma via puramente GABA-érgica85.

17 

 

Em linhas gerais, a organização funcional dos núcleos da base se inicia

com uma aferência cortical ao corpo estriado. A alça direta retira a inibição que

o globo pálido teria sobre o núcleo ventrolateral do tálamo, permitindo então

que este estimule o córtex cerebral (liberando o movimento). Já a alça indireta,

da qual participa o núcleo subtalâmico, produz uma inibição do tálamo e

consequentemente uma estimulação reduzida do córtex (inibindo o

movimento)86. A substância negra aferenta então o estriado fazendo sinapses

dopaminérgicas com neurônios que contêm receptores D1 para formar a alça

direta, facilitando a via tálamo-cortical e com neurônios que contêm receptores

D2 para formar a alça indireta, inibindo a inibição do tálamo. Em resumo, a

ativação da via nigroestriatal resultará na facilitação do movimento.

Essas duas vias têm funções distintas para o controle de movimentos. A

indireta está envolvida com a iniciação e/ou com a finalização de movimentos e

a direta, além da iniciação, é responsável pela manutenção do programa motor

durante a ação87 88.

Alguns estudos sugerem que durante as fases precoces e tardias de

aprendizagem de habilidade, os circuitos estriatais e os processos envolvidos

podem ser distintos. O estriado dorsomedial ou associativo (DMS – homólogo

ao caudado em primatas) que recebe aferências principalmente da área motora

suplementar e córtex pré-frontal, parece estar envolvido nas fases iniciais de

aprendizagem visuomotora. De outra forma, o estriado dorsolateral ou

sensório-motor (DLS – homólogo ao putâmen em primatas), recebe aferências

do córtex sensório-motor e esta relacionado as aquisições de comportamento

habituais e automáticas89.

As tarefas internamente guiadas (IG), ou seja, movimento iniciados

voluntariamente, são principalmente processadas pelo circuito NB-tálamo-

cortical com recrutamento do circuito cerebelo-tálamo-cortical90.

1.3.3. Cerebelo

O cerebelo foi escolhido para ser analisado neste estudo, uma vez que

desempenha funções importantes no controle motor. Ele ajusta respostas

motoras por meio de uma comparação do resultado pretendido com o

18 

 

movimento executado. Além disso, ele modula a força e a amplitude dos

movimentos e está envolvido na aprendizagem motora91,92.

O cerebelo de mamíferos é formado pelo córtex cerebelar (substância

cinzenta externa), substância branca interna e por núcleos cerebelares

profundos, que representam suas principais estruturas de saída. Ele pode ser

dividido de acordo com o desenvolvimento evolutivo ou sua funcionalidade93,94.

O sistema nervoso utiliza o cerebelo para coordenar as funções de

controle motor em três níveis funcionais: vestíbulocerebelo, constituído

principalmente pelos lobos floculonodulares e porções adjacentes do vermis,

responsável pela manutenção da postura e do equilíbrio. O espinocerebelo

formado pela maior parte do vermis do cerebelo posterior e anterior e os lobos

intermediários, que contém circuitos para coordenar, sobretudo, os movimentos

das porções distais dos membros, especialmente mãos e dedos, além de

regular o tônus muscular e a postura. E o cerebrocerebelo, composto pelas

zonas laterais dos hemisférios cerebelares, responsáveis pelo planejamento

dos movimentos voluntários sequenciais73,95.

O córtex cerebelar, é formado por três camadas distintas: molecular, das

células de Purkinje e granular. A disposição celular em cada uma dessas

camadas é a mesma em todos os lobos, diferindo somente na procedência das

vias aferentes e no destino das vias eferentes86.

A camada mais externa ou camada molecular do córtex cerebelar é

basicamente uma área de sinapses e nela encontram-se os corpos celulares

de dois tipos de interneurônios inibitórios, estrelados e em cesto, dispersos

entre as fibras paralelas, originárias das células granulares (excitatórias) e os

dendritos das células de Purkinje (inibitórias), os quais encontram-se

orientados perpendicularmente a esses axônios73,86.

Abaixo da camada molecular está a camada das células de Purkinje,

que consiste em uma única camada de corpos celulares grandes e

arborizações dendríticas em forma de leque que se estendem até a camada

molecular. Os axônios das células de Purkinje projetam-se para os núcleos

cerebelares profundos ou para os núcleos vestibulares, constituindo assim a

via de saída do córtex cerebelar. Estas células constituem a eferência do córtex

cerebelar73,86.

19 

 

E a camada mais interna ou camada granular contém um grande

número de células granulares e um pequeno número de interneurônios de

Golgi. As fibras musgosas, a maior fonte de aferências ao cerebelo, terminam

nessa camada73,86,96.

O cerebelo recebe dois tipos principais de aferências excitatórias: as

fibras musgosas e fibras trepadeiras. Ambos os grupos de fibras fazem

sinapses excitatórias com neurônios cerebelares, mas os dois grupos terminam

diferentemente no córtex cerebelar e produzem diferentes padrões de disparos

nas células de Purkinje73.

As fibras musgosas originam-se de núcleos do tronco encefálico e

neurônios medulares que dão origem ao trato espinocerebelar e conduzem

informações sensórias da periferia, bem como informações do córtex cerebral.

Essas fibras fazem sinapses excitatórias sobre os dendritos das células

granulares na camada granular e indiretamente sobre as células de Purkinje via

fibras paralelas73,93 .

As fibras trepadeiras originam-se do núcleo olivar inferior e formação

reticular medial, que recebem aferências do córtex cerebral, núcleo rubro e

medula espinal e conduzem informações somatossensórias e/ou visuais. Essas

fibras fazem sinapses diretamente com o soma e os dendritos das células de

Purkinje93.

De uma forma geral, essas informações processadas no córtex

cerebelar saem pelos axônios das células de Purkinje direcionados para os

núcleos cerebelares profundos e daí para o tálamo formando assim o circuito

cerebelo-tálamo-cortical (Cb-tálamo-cortical)97. Esse circuito fornece ao córtex

motor informações sobre os movimentos em andamento, além da velocidade e

da força desse movimento44.

Enquanto os circuitos NB-tálamo-corticais são principalmente ativados em

tarefas que são IG, as tarefas externamente guiadas (EG), ou seja, tarefas

orientadas por estímulos visuais ou auditivas são principalmente processadas

nos circuitos Cb-tálamo-corticais, com recrutamento do circuito NB-tálamo-

cortical90.

20 

 

1.3.4. Hipocampo

O hipocampo desempenha importante papel em algumas formas de

aprendizado e memória98. É uma região do lobo temporal do cérebro,

responsável por aspectos da neurobiologia da memória emocional e declarativa

(memória de fatos e eventos). Processa a informação recentemente adquirida

por um período de dias, semanas ou até meses, e depois a transfere para

áreas importantes do córtex cerebral para um armazenamento mais

prolongado73,99,100.

É composto por duas áreas principais: corno de Amon (subdividido em

quatro campos – CA1, CA2, CA3, CA4), e o giro denteado (GD)101,102. CA2 é

pequeno e indistinto em algumas espécies, por este motivo ele é

frequentemente incluído em CA1101,103.O termo “formação hipocampal” inclui o

GD, o subículo, o hipocampo propriamente dito, além dos córtices entorrinal,

perirrinal e paraipocampal102.

O giro denteado é composto por três camadas de células: a camada

molecular (relativamente desprovida de células e ocupada basicamente pelos

dendritos das células granulares, em cesto e polimórficas), a camada de

células granulares (principal camada de células que apresenta empacotamento

denso de células granulares e uma população de células em cesto na sua

camada mais profunda) e a camada de células polimórficas (também chamada

de hilo e onde se encontram as células musgosas)85.

Um aspecto que confere extrema importância a região do hipocampo

seria a população de células tronco neurais nela encontrada. Além da zona

subventricular dos ventrículos laterais, a zona subgranular do giro denteado do

hipocampo é a única outra área onde foram identificadas estas células

progenitoras no encéfalo de mamíferos adultos98.

1.4. Marcadores de Plasticidade

Estudos demonstram evidências sobre neurogênese e plasticidade

cerebral104,105 induzidas especificamente por famílias de moléculas

neutrotróficas106,107. Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas

21 

 

estruturas e funcionamento das células neurais e de suas conexões, ou seja, o

aprendizado promove modificações plásticas, como crescimento de novas

terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas dendríticas,

aumento das áreas sinápticas funcionais42, estreitamento da fenda sináptica,

mudanças de conformação de proteínas receptoras, incremento de

neurotransmissores108.

No contexto da plasticidade algumas ferramentas são frequentemente

usadas para a verificação e avaliação de possíveis alterações morfológicas

plásticas, como elementos do citoesqueleto e de densidades sinápticas109.

A seguir faremos uma breve descrição dos marcadores de plasticidade aqui

estudados.

1.4.1. Proteínas Sinápticas e Proteínas Estruturais

Atualmente, pesquisas propiciaram uma sequência de estudos

analisando a implicação de proteínas de vesículas sinápticas, como

sinapsinas8,11,60,110-112 e sinaptofisina10,12,113 na neuroplasticidade frente ao

exercício físico. A avaliação de elementos estruturais também tem mostrado

efeitos plásticos de intervenções como o exercício e/ou ambientes

enriquecidos, além de mostrar os efeitos da falta destes, como a redução do

número de sinapses e de espinhos dendríticos em regiões envolvidas com a

cognição114. Pode haver também em decorrência do exercício mudanças na

atividade e concentração de determinados subtipos de receptores39,115.

A Sinapsina I (SYS) é membro da família de fosfoproteínas expressas

principalmente em neurônios, envolvidas no ancoramento e liberação

de vesículas sinápticas, que medeia a transmissão sináptica116. Acredita-se

que a proteína sinapsina I, a mais abundante de todas as fosfoproteinas

neuronais, é mediadora de interações de vesículas sinápticas com o

citoesqueleto. Esta proteína está envolvida com a regulação da formação de

sinapses em vários estágios do desenvolvimento neuronal, regulando a

maturação estrutural e funcional das sinapses, exercendo papel importante na

organização da estrutura do terminal nervoso117,118.

22 

 

Outra proteína sináptica é a sinaptofisina (SYP), uma glicoproteína

associada a vesículas que é fosforilada em tirosina. Responsável pela

biogênese e ancoragem das vesículas sinápticas no terminal sináptico e

resgate de proteínas dessas vesículas por endocitose, o que é importante para

uma neurotransmissão rápida e eficiente38. Aumento na imunorreatividade de

sinaptofisina parece refletir um aumento dos terminais pré-sinápticos119-121

importante para a biogênese das vesículas sinápticas e endocitose122,123.

Os microtúbulos e suas proteínas associadas (MAP2) têm um papel

fundamental no desenvolvimento de axônios e dendritos. É uma proteína que

faz parte de um grupo de componentes do citoesqueleto, predominantemente

expressos nos neurônios e servem como substrato para a maioria das

proteínas quinases e fosfatases presentes em neurônios. A MAP2 pode

desempenhar múltiplas funções, incluindo a nucleação e estabilização dos

microtúbulos e possíveis microfilamentos, o transporte de organelas dentro de

axônios e dendritos, bem como a fixação de proteínas reguladoras, tais como

proteínas quinases que podem ser importantes para a transdução de sinal.

Além disso, participam do processo de crescimento e arborização dendrítica,

remodelamento dendríticos pós-lesão, estabelecimento e manutenção da

sinaptogênese124.

E por fim, o citoesqueleto neuronal é composto por três filamentos

interconectados: os microfilamentos de actina, os microtúbulos e os filamentos

intermediários125. Os neurofilamentos(NF), filamentos intermediários

específicos de neurônios, constituem o principal tipo de filamento em neurônios

adultos105. São essenciais para a manutenção da forma neuronal, da

arborização dendrítica e para o crescimento axonal, e transporte de moléculas

e organelas no sistema nervoso126.

Existem três tipos diferentes de neurofilamentos que diferem entre si

pelo peso molecular: as de baixo peso molecular, NF-L (68kDa), as de peso

molecular intermediário, NF-M (160kDa) e as de alto peso molecular, NF-H

(200kDa), que formam heteropolímeros entre si, necessitando de co-

polimerização do NF68 com pelo menos uma das outras subunidades126.

Durante o estágio de morfogênese neuronal os componentes do

citoesqueleto auxiliam nos processos de crescimento neurítico e estabilização

23 

 

de axônios e dendritos formados127. Mutações em genes que codificam

neurofilamentos ou suas proteínas ligantes podem causar inibição no

transporte axonal. Adicionalmente, o acúmulo anormal de proteínas dos

neurofilamentos é uma característica comum a muitas doenças

neurodegenerativas128. 

 

1.4.2. Gene Egr1

O Gene Egr1 (gene de resposta precoce ao crescimento 1) é membro de

uma família Egr, caracterizada pela presença de três proteínas zinc-fingers e

outras proteínas DNA-ligantes, que juntas participam da regulação da

expressão de genes alvo, importantes para os efeitos a longo prazo no

crescimento e diferenção celular129,130. O Egr1 recebeu denominações (Zif,

NGFI-A, Krox-24, TIS8) na medida em que foi definido por sua rápida

expressão em diferentes tecidos, como cérebro, pulmão e gânglio cervical

superior, após exposição desses tecidos ao fator de crescimento neural

(NGF)131.

O Egr1 é induzido em neurônios após estimulação extracelular por

substâncias tróficas e neurotransmissores, dentre eles o glutamato, bem como

seus agonistas específicos, que ativam diversas classes de receptores

glutamatérgicos, como kainato, NMDA e AMPA. Em 1997, Beckmann e

colaboradores132 destacaram o aumento da atividade do Egr1 no córtex

cerebral e hipocampo de ratos após a administração de NMDA e kainato, em

compensação, um pré-tratamento com um antagonista do receptor NMDA (MK-

801) não afetou a expressão dos genes imediatos (incluindo Egr1) no sistema

límbico, sugerindo que a interação de Egr1 com os receptores de glutamato

depende da região do sistema nervoso central observada133.

Devido a essa interação entre Egr1 e os fatores de transcrição

desencadeando a expressão de genes de resposta tardia, deve-se considerar

um importante papel funcional deste gene no contexto da plasticidade e do

aprendizado134.

A expressão de Egr1 apresentou-se aumentada após indução da

potenciação de longo prazo (LTP) no giro denteado de ratos, superando a

24 

 

expressão dos demais genes imediatos pesquisados, c-Fos, c-jun e jun-B135. É

importante a pesquisa do gene Egr1 em regiões do encéfalo como cerebelo,

estriado e córtex motor devido a sua relação com a LTP e aprendizado. O

treinamento acrobático em animais promove sinaptogênese em regiões do

cerebelo e córtex motor32,41,43, além de alterações comportamentais, como

redução do tempo de realização das tarefas, indicando um aumento

substancial na aquisição das habilidades motoras32.

Entretanto os mecanismos intrínsecos a essa plasticidade que o

treinamento acrobático gera durante um treino a curto e a longo prazo ainda

não são claros. No presente estudo, buscamos associar aos mecanismos

plásticos observados pela expressão de proteínas estruturais e sinápticas a

expressão de Egr1 nessas regiões ao realizar o treinamento de ratos adultos

jovens em um circuito acrobático, traçando um perfil do comportamento do

gene relacionado ao protocolo proposto.

25 

 

2. JUSTIFICATIVA

A neuroplasticidade que ocorre no sistema nervoso central de animais e

humanos através do exercício físico, independentemente da modalidade, a

curto ou a longo prazo foi descrita por diversos autores. Entretanto, evidências

demonstrando resposta de proteínas estruturais, sinápticas e genes de

expressão precoce após exercícios acrobáticos com diferentes tempos de

treinamento são escassas.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Este estudo visa observar o desempenho motor e mensurar a

neuroplasticidade induzida por diferentes tempos de treinamento de exercício

acrobático nas áreas motoras do encéfalo de ratos.

3.2. Objetivos Específicos

3.2.1. Analisar a performance motora dos ratos submetidos a curto (

uma e duas semanas), e longo (quatro semanas) períodos de treinamento

acrobático.

3.2.2. Avaliar a expressão das proteínas sinápticas (sinapsina I e

sinaptofisina) e do citoesqueleto (microtúbulos e neurofilamentos) no córtex

motor (primário e secundário), estriado e cerebelo de ratos adultos submetidos

a diferentes períodos de treinamento de exercício acrobático.

3.2.3. Quantificar a expressão de Egr1 nas áreas motoras do encéfalo

de ratos adultos envolvidas com o planejamento e aprendizado motor,

submetidos a períodos distintos de treinamento de exercício acrobático.

3.2.4. Quantificar a expressão de DCX na região hipocampal (giro

denteado) do encéfalo de ratos adultos treinados durante diferentes períodos

de treinamento de exercício acrobático.

26 

 

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1. Animais

Neste estudo foram utilizados 76 ratos machos da linhagem Wistar

fornecidos pelo Biotério Central do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Os animais foram mantidos em uma sala com temperatura constante de 23 ºC

e ciclo claro/escuro artificialmente controlado de 12/12 h, tendo livre acesso à

alimentação e água ad libitum. Antes do início do treinamento físico os animais

ficaram 15 dias na sala para adaptação de ciclo invertido 36 136. Este estudo foi

conduzido de acordo com os Princípios Éticos de Experimentação Animal

adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi

aprovado pela Comissão Ética em Experimentação Animal (CEEA) do ICB/USP

em 21/05/2010, protocolo registrado sob nº 152 nas folhas 95 do livro 2 para

uso de animais de experimentação (anexo I).

4.2. Desenho experimental

Os animais foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: acrobático

(n=57) e controle-sedentário (SED, n=19). O grupo acrobático passou por um

período de adaptação à tarefa motora passando 2 vezes por todo o circuito em

2 dias numa semana. Posteriormente, este grupo foi subdividido em 3 com

diferentes períodos de treinamento: 1semana (AC1, n=19), 2 semanas (AC2,

n=19) e 4 semanas (AC4, n=19). Os animais sedentários permaneceram no

mesmo ambiente que os treinados. Os encéfalos foram analisados pelas

técnicas de imuno-histoquímica e “immunoblotting”.

4.2.1. Protocolo de Exercício Acrobático

O treinamento acrobático foi feito no período ativo do animal70 e

consistiu em atravessar um circuito constituído pelos seguintes obstáculos:

gangorra, barreiras verticais, ponte de cordas paralelas, traves paralelas de

madeira roliça, pontes de madeira roliça e corda, como mostra a Figura 1. O

27 

 

circuito foi baseado no utilizado por Kleim e colaboradores32 e localizado a uma

altura de 1,50m do chão. O treinamento foi realizado em dias alternados, com

frequência de três vezes por semana e com 5 passagens nesse circuito por dia

até completar o tempo de treinamento de cada grupo. Os animais receberam

estímulos manuais leves no trem posterior quando necessário como forma de

estímulo para percorrer todo o caminho. Foi registrado o tempo necessário

para cada rato percorrer cada passagem pelo circuito41,58. Após o término das 5

passagens de cada animal pelo circuito, todos os obstáculos e plataformas

foram limpos com etanol 70%.

Figura 1: Imagens digitais dos obstáculos que compõem o circuito de treinamento de exercícios acrobáticos40.

4.3. Protocolo de Imuno-histoquímica

Os animais treinados (n=5 de cada grupo) e os controles (n=5) foram

anestesiados com ketamina (100mg/kg) e xilazina (25mg/kg) por via

intraperitonial e submetidos à perfusão transcardíaca, com solução salina

0,9%, seguida de solução fixadora constituída de paraformaldeído 2%

dissolvido em tampão fosfato 0,1 M (PB, pH 7,4). Os animais foram submetidos

a esse procedimento após uma hora do término do treinamento. Após a

perfusão, os encéfalos foram coletados e armazenados em paraformaldeído

2%, durante 4 horas. Após este período, o material foi transferido para uma

solução crioprotetora de sacarose a 30% em PB 0,1M, armazenados a 4oC.

Após 36 horas, foram feitos cortes frontais dos encéfalos em uma espessura de

30 m em um micrótomo deslizante de congelamento (Leica SM 2000 R).

28 

 

Os cortes histológicos foram colocados em placa de cultivo, em solução

crioprotetora, e mantidos em freezer a -20ºC até o momento do procedimento

de imuno-histoquímica. Os cortes contendo o córtex motor, estriado e o

cerebelo foram selecionados137 e submetidos à metodologia de imuno-

histoquímica com anticorpos primários específicos para detecção de Egr1

(anticorpo policlonal obtido em coelho dirigido contra o gene Egr1, Santa Cruz

Biotechnology, Inc. CA, USA), na concentração 1:100, sinapsina I (anticorpo

policlonal obtido em coelho dirigido contra proteína SYS – Chemicon ,

Temecula, CA, EUA) na concentração 1:1000, sinaptofisina (anticorpo

policlonal obtido em coelho dirigido contra proteína SYP – DakoCytomation,

Glostrup, Dinamarca) na concentração 1:1000, MAP2 (anticorpo monoclonal

obtido em camundongo dirigido contra a proteína MAP2 – Chemicon,

Temecula, CA, EUA) na concentração 1:1000 e neurofilamentos (anticorpo

monoclonal obtido em camundongo dirigido contra os neurofilamentos – Zymed

Laboratories, San Francisco, CA, EUA) na concentração 1:2000. O anticorpo

PAN reconhece uma região homóloga nos três neurofilamentos (NF68, NF160

e NF200), o que torna impossível distinguí-los com a técnica de imuno-

histoquímica, mas apenas quando analisados pela técnica de “immunoblotting”.

A imuno-histoquímica foi processada da seguinte forma: os cortes

selecionados foram lavados em tampão fosfato (PB 0,1M) por três vezes de 10

minutos, em seguida foram incubados com anticorpos primários específicos

para os anticorpos citados acima, diluídos em PB 0,1M com 0,3% de Triton X-

100 e 5% de soro normal do animal em que foi feito o anticorpo secundário e

mantido por um período de 14 a 18 horas à temperatura ambiente (24ºC).

Os cortes foram então novamente lavados em PB 0,1M em temperatura

ambiente e incubados por duas horas com o anticorpo secundário biotinilado

(1:200) contra as imunoglobulinas do animal no qual foi feito o anticorpo

primário. Após nova série de lavagens à temperatura ambiente, os cortes foram

colocados por duas horas numa solução de Triton-X-100 0,3 % em tampão

fosfato 0,1M com 0,4 M de NaCl, onde se incluiu o complexo avidina-biotina-

peroxidase (ABC ELITE kit, Vector Labs.). Após nova série de lavagens, os

cortes foram imersos num meio contendo 3-3’diaminobenzidina (DAB- Sigma-

Aldrich) 0,05% em PB 0,1M por cerca de 5 minutos e posteriormente,

29 

 

adicionado em torno de 3 ml de solução de H2O2 a 0,3% em água destilada,

mantendo-se os cortes neste banho até que a reação fosse evidenciada.

Atingida a imunorreatividade desejada com o desenvolvimento de coloração

marrom clara, os cortes foram removidos da solução com DAB e imersos em

tampão PB 0,1M. Depois de nova série de lavagens em PB 0,1M com o

objetivo de remoção do excesso de reagente, os cortes foram colocados sobre

lâminas de vidro gelatinizadas e colocadas em placa quente. Após secarem

foram hidratadas em água destilada por 1 minuto, banhadas em solução de

tetróxido de ósmio 0,1% por 15–30 segundos para intensificar a coloração,

desidratadas por uma série de álcoois em concentrações crescentes, clareadas

com Hemo-De (Fisher) e cobertas com lamínulas, tendo como meio de

montagem o Permount (Sigma). A análise qualitativa do material e as

quantificações por densitometria foram realizadas com a utilização do

microscópio óptico (E1000, Nikon) acoplado à câmera digital e programa Nikon

Imaging Software ACT-U.

A análise semi-quantitativa da densidade óptica relativa foi realizada em

4 animais de cada grupo. Para cada animal analisamos 5 cortes dos quais

foram capturados 8 campos tanto do córtex motor como do cerebelo, e 12

campos do estriado. No córtex foram selecionadas as áreas motoras primária

(M1) e secundária (M2), por serem áreas envolvidas diretamente com a

execução e o planejamento motor, respectivamente, sendo analisada a

camada V e suas imediações, pois esta camada contém células eferentes do

córtex. No estriado foram analisados campos da região dorsomedial e

dorsolateral em toda extensão rostro-caudal. E por fim, foi selecionada a

região paramediana do cerebelo, e analisado as camadas molecular e granular

do córtex cerebelar exceto com relação ao anticorpo Egr1 no qual foi analisado

somente a camada granular do córtex cerebelar.

As regiões de interesse foram identificadas baseado no atlas Stereotaxic

Coordinates137. Para o córtex motor foi analisado entre 2.52-1.56 da área de

bregma. Para o estriado foi analisado entre 1.80-0.36 da área de bregma, e

para o cerebelo analisamos o córtex cerebelar (lóbulo paramediano) entre

14.08-12.30 da área de bregma. As imagens foram analisadas utilizando o

programa Image J (NIH).

30 

 

4.4. Protocolo de Avaliação da Neurogênese pelo “Doublecortin”

(DCX)

Animais do grupo sedentário (SED, n=4) e grupo treinado (AC1, AC2 e

AC4, n=12) foram analisados pela técnica de imuno-histoquímica com algumas

especificidades: a solução fixadora constituiu-se de paraformaldeído 4%

dissolvido em tampão fosfato 0,1 M (PB, pH 7,4). Os animais foram submetidos

a esse procedimento após uma hora do término do treinamento. Após a

perfusão, os encéfalos foram coletados e armazenados em paraformaldeído

4%, durante 4 horas. Após este período, o material foi transferido para uma

solução crioprotetora de sacarose a 30% em PB 0,1M, armazenados a 4oC.

Após 16 horas aproximadamente, foram feitos cortes frontais dos encéfalos em

uma espessura de 30 m em um micrótomo deslizante de congelamento (Leica

SM 2000 R).

Os cortes histológicos foram colocados em placa de cultivo, em solução

PB 0,2M e submetidos no mesmo dia ao procedimento de imuno-histoquímica.

Os cortes contendo áreas da região hipocampal foram selecionados e

submetidos à metodologia de imuno-histoquímica com anticorpos primários

específicos para detecção de DCX (anticorpo policlonal obtido em coelho

dirigido contra o gene DCX, Santa Cruz Biotechnology, Inc. CA, USA), como

citado acima.

A análise qualitativa do material e as quantificações das células DCX-

positivas foram realizadas com a utilização do microscópio óptico (E1000,

Nikon) acoplado à câmera digital e programa Nikon Imaging Software ACT-U.

A contagem das células DCX-positivas foi realizada em 4 animais de

cada grupo. Para cada animal analisamos 5 cortes dos quais foram capturadas

4 áreas do hipocampo, na região do giro denteado (GD) especificamente na

zona subgranular (ZSG), entre 3 e 4mm da área de bregma137,por estar

envolvido com a neurogênese adulta61. As imagens foram analisadas utilizando

o programa Image J (NIH).

31 

 

4.5. Protocolo de “Immunoblotting”

Após o treino físico, 10 animais de cada um dos 4 grupos foram

decapitados, e o córtex motor (primário e secundário), cerebelo e estriado

foram rapidamente coletados, e congelados em nitrogênio líquido e

armazenadas a -80ºC até o uso. Para iniciar a extração, as amostras foram

homogenizadas a 4ºC em tampão de extração (Tris pH 7,4 1000 mM; EDTA

10mM; PMSF 2mM aprotinina 0,01 mg/ml) com um homogenizador do tipo

Turratec, modelo MA-102/mini (Marconi; São Paulo, Brasil). Os homogenatos

foram centrifugados a 12.000 rpm, por 20 minutos a 4ºC em uma centrífuga

modelo CT14000 DR (Cientec, São Paulo, Brasil). O sobrenadante foi

separado do “pellet” e uma pequena amostra deste foi utilizada para

determinação do conteúdo proteico, e o restante tratado com tampão Laemmli

(Tris/HCL 125mM, pH 6,8, contendo 2,5% (p/v) de SDS, 2,5% de 2-

mercaptoetanol (2-ME), 4mM de EDTA e 0,05% de azul de bromofenol)138,

contendo DTT 100nM 138, fervido em banho-maria por 5 minutos e

armazenado. O conteúdo protéico do material isolado dos diferentes grupos de

animais foi dosado pelo método de Bradford (Amresco, U.S.A) 139. Cerca de

100 µg de proteína destas amostras armazenadas em Laemmli foram

submetidas a separação por eletroforese com corrente constante de 25mA em

géis de acrilamida de 6,5% e 8% contendo dodecil sulfato de sódio (SDS, Bio-

Rad, EUA) utilizando uma cuba para mini-gel (Mini-Protean 3; Bio-Rad). Após a

separação eletroforética, as proteínas foram eletro-transferidas para a

membrana de nitrocelulose (Millipore, 0,2um de diâmetro) utilizando-se um

sistema de transferência (Trans-Blot cell system; BioRad), em tampão

contendo SDS, de acordo com a técnica descrita por Towbin et al., 1979. Após

a transferência, as membranas foram incubadas em solução de bloqueio com

leite desnatado (Molico, Nestlé) a 5% em tampão Tris-Salina (Tris 10mM e

NaCl 0,15M, pH 7,5) por 2 horas em temperatura ambiente sob agitação leve.

Após este período, as membranas foram lavadas por três vezes de 10 minutos

com Tris-Salina e incubadas com os mesmos anticorpos utilizados na imuno-

histoquímica, além do anticorpo contra β-actina (Sigma, St.Louis, MO, EUA ,

concentração 1:10.000) por 18 horas a 4ºC, sob agitação leve. Em seguida as

32 

 

membranas foram lavadas novamente e incubadas por 2 horas com um

anticorpo secundário marcado com peroxidase (Amersham Biosciences),

diluído a 1:10000 em solução bloqueadora. O excesso de conjugado foi

removido com mais um ciclo de lavagens e as membranas foram reveladas

utilizando o Kit ECL (Amersham Biosciences) de quimioluminescência. Logo

após a revelação as membranas foram então incubadas com solução

“stripping” por 20 minutos à temperatura ambiente para retirar o anticorpo da

membrana e reincubar a membrana com novo anticorpo. Finalmente as bandas

obtidas nos filmes foram escaneadas e analisadas quanto a densidade óptica

da imunorreatividade usando o programa Image J (National Institutes of

Health/USA). Dos dados obtidos realizou-se uma razão entre a densidade

óptica de cada uma das proteínas estruturais e sinápticas com a β-actina que

funcionou como controle interno de pipetagem, e estes foram então submetidos

às análises estatísticas com o programa GraphPad Prism 5. Os dados

representados nos gráficos foram normalizados pelo grupo controle/sedentário

que assumimos ser 1, ou seja 100%.

4.6. Análise Estatística

Os dados de densidade óptica relativa, níveis relativos de proteína e

densidade média de células Egr1 e DCX-positivas foram submetidos à análise

estatística com o uso do software GraphPad Prism 5. As comparações entre os

grupos foram conduzidas a partir do teste ANOVA para medidas repetidas,

seguida do pós-teste de Tukey quando a análise de variância apresentou

diferença estatisticamente significante. Na análise dos dados utilizou-se Média

+ Erro Padrão. Para todos os testes, o nível de significância assumido foi de

p≤0,05.

33 

 

5. RESULTADOS

5.1. Desempenho Motor

A análise do desempenho motor revelou que os animais pertencentes

aos grupos AC1, AC2 e AC4 tiveram tempos de treinamento semelhantes ao

final da primeira semana (148,50s+6,63, 147,54s+2,92, 155,93s+6,50,

respectivamente). A partir da 2 semana de treinamento (AC2, 113,80s+3,14) foi

observado uma redução significativa do tempo (segundos) necessário para

executar todo o circuito comparado ao da primeira semana (p<0,001). E essa

redução significativa em relação ao início do treinamento persistiu até a última

semana de treinamento (AC4, 93,71s+4,54) (Figura2). Entretanto, não houve

diferença entre os tempos da segunda, terceira e quarta semana de

treinamento.

Figura 2: Desempenho dos ratos no treinamento de exercícios acrobáticos avaliado pela média do tempo gasto para a realização das seis tarefas presentes no circuito. AC1- uma semana de treinamento, AC2- duas semanas de treinamento; AC4- quatro semanas de treinamento. Para ### ou *** p<0,001. ### refere-se aos dados do AC2 e *** refere-se aos dados do AC4.

34 

 

5.2. Expressão de Proteínas Estruturais e Sinápticas

 

Diferentes tempos de treinamento acrobático induziram mudanças

significativas na expressão de proteínas nas áreas motoras encefálicas

reveladas pelos métodos de “immunoblotting” e imuno-histoquímica (Tabela 1).

Entretanto, alguns dados foram discordantes entre as técnicas empregadas,

visto que a técnica de imuno-histoquímica nos permite avaliar os tipos e

localização das estruturas imunorreativas ao marcador plástico em camadas

específicas do córtex motor, região lateral e medial do estriado e área

paramediana do cerebelo, enquanto a técnica de “immunoblotting” avalia o

conteúdo proteico da estrutura toda retirada do encéfalo, podendo assim

mascarar as mudanças alcançadas em uma área específica de uma

determinada estrutura.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

35 

 

SED AC1 AC2 AC4 SED AC1 AC2 AC4

Média Média Média Média Média Média Média Média

(±SEM) (±SEM) (±SEM) (±SEM) (±SEM) (±SEM) (±SEM) (±SEM)

Córtex Motor MAP2 1 (±0,03) 1,35 (±0,14)** 0,91 (±0,02) 0,91 (±0,02) MAP2 1 (±0,01) 0,88 (±0,00)  0,82 (±0,04)*      1,28 (±0,05)***

NF68 1 (±0,06) 0,89 (±0,15) 0,68 (±0,05) 0,68 (±0,05)       NF 1 (±0,00)      1,15 (±0,02)***      1 (±0,02) 1,07 (±0,01)

SYS 1 (±0,04) 0,94 (±0,44) 1,13 (±0,08) 1,13 (±0,08)      SYS 1 (±0,02) 0,90 (±0,01) 0,99 (±0,01) 1,02 (±0,04)

SYP 1 (±0,03) 0,91 (±0,03) 0,97 (±0,08) 0,97 (±0,08)      SYP 1 (±0,08) 0,85 (±0,02)       1,60 (±0,04)***      1,34 (±0,05)**

Med                 Lat Med                 Lat Med                 Lat Med                 Lat

Estriado MAP2 1 (±0,07) 1,36 (±0,07)** 1,04 (±0,08) 1,04 (±0,08) MAP2 1 (±0,04)          1 (±0,01)     1,37 (±0,19)    1,63 (±0,12)**  1,28 (±0,08)      1,32 (±0,04)    2,53 (±0,22)*** 1,55 (±0,13)**

NF68 1 (±0,11) 1,44 (±0,08)* 1,86 (±0,15)*** 1,86 (±0,15)*** NF 1 (±0,01)          1 (±0,10) 1,28 (±0,00)     1,07(±0,03)  1,43 (±0,15)**  1,14 (±0,06)  1,07 (±0,01)       0,88 (±0,01)

SYS 1 (±0,07) 0,77 (±0,11) 0,93 (±0,05) 0,93 (±0,05) SYS 1 (±0,04)          1 (±0,03)  0,98 (±0,03)    1,06 (±0,02)        1,15 (±0,01)*    1,23 (±0,02)***  1,26 (±0,01)*** 1,06 (±0,03)

SYP 1 (±0,07)      1 (±0,05) 0,85 (±0,05) 1,27 (±0,05)** SYP 1 (±0,01)          1 (±0,01)  1,06 (±0,03)    1,14 (±0,03)   1,25 (±0,02)*** 1,39 (±0,01)  1,18 (±0,03)**   1,06 (±0,00)

CG                 CM CG                 CM CG                 CM CG                 CM

Cerebelo MAP2 1 (±0,02) 1,13 (±0,14) 2,84 (±0,40)*** 2,84 (±0,40)*** MAP2 1 (±0,02)          1 (±0,03)   0,96 (±0,03)      1,03 (±0,70) 1,11 (±0,04)      1,10 (±0,02)  0,91 (±0,04)        1,13 (±0,03)

NF68 1 (±0,07) 1,27 (±0,14) 1,22 (±0,07) 1,22 (±0,07) NF 1 (±0,01)          1 (±0,02)     1,41 (±0,04)*** 1,10(±0,02)*  0,93 (±0,04)      0,96 (±0,01)  1,32 (±0,04)*** 0,91 (±0,02)

SYS 1 (±0,04) 0.95 (±0,08) 1,02 (±0,08) 1,02 (±0,08) SYS 1 (±0,09)          1 (±0,07)     0,78 (±0,05)      0,79 (±0,03)*  0,54 (±0,01)***1,10 (±0,04)  1,04 (±0,00)       1,18 (±0,02)

SYP 1 (±0,07) 0.97 (±0,08) 1,04 (±0,09) 1,04 (±0,09) SYP 1 (±0,08)          1 (±0,13)       1,33 (±0,15)       1,94 (±0,16)**        1,14 (±0,03)      2,40 (±0,18)***  1,13 (±0,03)            1 (±0,01)

SED: sedentário; AC‐1: grupo  acrobático de 1 semana; AC‐2: grupo acrobático de 2 semanas; AC‐4: grupo acrobático de 4 semanas; MAP2: proteína associada ao microtúbulo 2; NF68: neurofilamento 68 kDa; 

SYS: sinapsina I; SYP : sinaptofisina; CM: Camada Molecular; CG: Camada Granular; Med: Dorsomedial; Lat: Dorsolateral (*p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001 vs grupo sedentário)

Tabela 1. Níveis de proteínas estruturais e sinápticas nos diferentes tempos de treinamento

Região Encefálica

Proteína "Immunoblotting" Proteína Imuno‐histoquímica

36 

 

5.2.1. Córtex Motor

Células das várias camadas do córtex motor primário e secundário (M1 e

M2) apresentaram-se imunorreativas aos anticorpos contra MAP2, NFs,

sinapsina I e sinaptofisina em todos os grupos estudados.

O exercício acrobático induziu mudanças distintas na expressão de

proteínas estruturais e sinápticas no córtex motor de ratos no decorrer de um

mês de treinamento.

Quanto às proteínas estruturais, a imunorreatividade ao anticorpo MAP2

mostrou-se ao longo das neurópilas, por toda a região da camada V do córtex

motor primário e secundário, nos 4 grupos estudados (Figura 3). Análise da

densidade óptica relativa nessa região cortical revelou que duas semanas de

treinamento acrobático induziu uma diminuição estatisticamente significante de

da proteína MAP2 (AC2, aprox. 18%, p≤0,05) e aumento significativo na quarta

semana de treinamento (AC4, aprox. 28%, p≤0,05) quando comparado ao

grupo controle (SED) (Figura 3). Os dados de “immunoblotting” corroboram

com esses resultados mostrando um aumento dos níveis proteicos somente no

grupo AC4 (aprox. 40%, p≤0,05) comparado ao SED, AC1 e AC2 (Figura 3).

Nesta região, a expressão do NF foi observada em processos e corpos

celulares, sendo identificado um aumento estatisticamente significativo da

densidade óptica relativa no grupo AC1 (aprox. 15%, p≤0,05) em relação ao

grupo controle (SED) (Figura 4). Os dados de “immunoblotting” não revelaram

alteração significativa no nível de expressão de NF68 entre os grupos

estudados (Figura 4).

As proteínas sinápticas SYS e SYP foram expressas de forma

puntiforme e difusa (Figuras 5 e 6). A densidade óptica relativa de SYS não

revelou mudanças significativas frente aos diferentes tempos de treinamento

acrobático (Figura 5). Entretanto, nos dados de “immunoblotting” foi observado

uma diminuição de SYS (aprox. 32%, p≤0,001) no grupo AC2 com retorno aos

níveis do controle no grupo AC4 (Figura 5).

37 

 

Figura 3. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da proteína

MAP2 no córtex motor (M1 e M2). A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de MAP2 no córtex motor. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de MAP2 pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de MAP2 analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05; ***p<0,001.

38 

 

Figura 4. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão de

neurofilamento no córtex motor (M1 e M2). A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de

rato ilustrando a expressão de NFs no córtex motor. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de NFs pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de NF68 analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. ***p<0,001.

39 

 

Figura 5. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da proteína

SYS no córtex motor (M1 e M2). A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de SYS no córtex motor. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de SYS pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de SYS analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05; ***p<0,001.

40 

 

O exercício acrobático por duas semanas (AC2) promoveu um aumento

estatisticamente significante da densidade óptica relativa de SYP (aprox. 60%,

p≤0,05) em relação ao grupo controle, que persistiu no AC4 (aprox. 34%,

p≤0,05) (Figura 6). Já os dados de “immunoblotting” revelaram que o exercício

acrobático promoveu uma diminuição da expressão de SYP (aprox. 19%,

p≤0,05) nas duas primeiras semanas, retornando aos níveis do controle nos

ratos do grupo AC4 (Figura 6).

5.2.2. Estriado

No estriado, o exercício acrobático induziu mudanças distintas na

expressão de proteínas estruturais e sinápticas em relação aos diferentes

tempos de treinamento de exercício acrobático.

Nos quatro grupos estudados, a proteína MAP2 foi expressa ao longo da

neurópila de forma difusa por toda extensão rostro-caudal e médio-lateral do

estriado (Figura 7). A densidade óptica relativa de MAP2 no estriado

apresentou um aumento significativo na região dorsomedial do grupo AC4 em

relação aos outros grupos estudados, e na região dorsolateral foram os grupos

AC1 e AC4 que demonstraram um aumento estatisticamente significativo

quando comparado ao grupo sedentário (Figura 7). Entretanto, os dados de

“immunoblotting” revelaram um aumento significante da expressão de MAP2 no

grupo AC2 em relação ao grupo controle (aprox. 55%, p≤0,05) com retorno ao

basal no grupo AC4 (Figura 7).

A imunorreatividade contra o anticorpo para NF revelou uma marcação

puntiforme e agrupada em regiões onde possivelmente há a passagem de

feixes nervosos (Figura 8). A densidade óptica relativa de NF na região

dorsolateral mostrou-se similar nos diferentes períodos de treinamento

estudados. Entretanto, na região dorsomedial houve um aumento significativo

(aprox. 43%, p≤0,05) do grupo AC2 quando comparado ao controle, retornando

aos níveis do controle na quarta semana de treinamento (Figura 8).

41 

 

Figura 6. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da proteína

SYP no córtex motor (M1 e M2). A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de SYP no córtex motor. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de SYP pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de SYP analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03; ***p<0,001.

42 

 

Figura 7. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da proteína

MAP2 no estriado. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a

expressão de MAP2 no estriado. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de MAP2

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de MAP2

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; ***p<0,001.

43 

 

Figura 8. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão de

neurofilamento no estriado. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando

a expressão de NFs no estriado. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de NFs

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de NF68

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03.

44 

 

Todavia, os dados do “immunoblotting” demonstraram um aumento de

NF68 no grupo AC1 (aprox. 82%, p≤0,01), retornando aos níveis do controle na

segunda semana de treinamento (Figura 8).

As proteínas sinápticas SYS e SYP nesta região revelaram uma

imunorreatividade de padrão puntiforme e difusa por todo o estriado (Figuras 9

e 10). A densidade óptica relativa de SYS mostrou-se significativamente

aumentada na região dorsomedial após duas e quatro semanas de treinamento

acrobático (AC2 e AC4) comparada ao grupo controle. Enquanto na região

dorsolateral, o aumento estatisticamente significativo (aprox. 23%, p≤0,05)

ocorreu somente no grupo AC2 retornando ao nível do controle na quarta

semana de treinamento (Figura 9). Já os dados de “immunoblotting” não

revelaram mudanças significativas com relação ao grupo controle (Figura 9).

A quantificação da imunorreativade para SYP na região dorsomedial do

estriado revelou que os grupos AC2 e AC4 induziram um aumento

estatisticamente significante em relação ao grupo controle e na região

dorsolateral esse aumento foi observado nos grupos AC1 e AC2 comparado ao

controle (Figura 10). Os dados de “immunoblotting” do estriado revelaram que o

treinamento acrobático induziu um aumento da proteína SYP (aprox. 27%,

p≤0,01) no grupo AC4 quando comparado aos outros grupos estudados (Figura

10).

5.2.3. Cerebelo

No cerebelo dos quatro grupos de animais estudados foi observado

processos axonais e dendríticos ao longo das camadas granular e molecular

imunorreativos a MAP2 e NF (Figuras 11 e 12). A imunorreatividade para essas

proteínas estruturais apresentaram um padrão citoplasmático de marcação nas

células de Purkinje. Análises da proteína MAP2 realizadas pela imuno-

histoquímica na camada granular e molecular do cerebelo e pelo

“immunoblotting” de todo o cerebelo revelaram que os diferentes tempos de

treinamento acrobático não foi capaz de produzir mudanças estatisticamente

significativas quando comparado ao controle (Figura 11).

45 

 

Figura 9. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da proteína

SYS no estriado. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a

expressão de SYS no estriado. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de SYS

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de SYS

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03; ***p<0,001.

46 

 

Figura 10. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da

proteína SYP no estriado. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a

expressão de SYP no estriado. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de SYP

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de SYP

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03; ***p<0,001.

47 

 

Figura 11. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da

proteína MAP2 no cerebelo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de MAP2 no cerebelo. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de MAP2 pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de MAP2 analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05.

48 

 

A proteína NF nos grupos treinados AC1 e AC4 mostrou um aumento

significativo da densidade óptica relativa na camada granular em relação ao

grupo controle, enquanto na camada molecular esse aumento foi produzido

somente pelo grupo AC1 (Figura 12). Dados de “immunoblotting” mostraram

que o exercício acrobático induziu um aumento significativo de NF68 (aprox.

48%, p≤0,05) no grupo AC2 comparado ao SED, com retorno a níveis do

controle na 4ª semana (Figura 12).

Quanto a expressão das proteínas sinápticas SYS e SYP no cerebelo

dos grupos estudados foi observado imunorreatividade de características

puntiforme entre as células de Purkinje e em aglomerados difusos na camada

molecular e esparsos na camada granular (Figuras 13 e 14). O treinamento

acrobático promoveu uma diminuição estatisticamente significante da

intensidade de marcação de SYS na camada granular após duas semanas

(AC2) e na camada molecular após uma semana de treinamento (AC1) em

relação ao grupo controle, retornando ao nível do controle após esses períodos

(Figura 13). Dados de “immunoblotting” não revelaram alterações significativas

de SYS entre os quatro grupos estudados (Figura 13).

O exercício acrobático induziu mudanças na imunorreatividade para SYP

somente na camada molecular, onde observamos um aumento da densidade

óptica relativa nos grupos AC1 e AC2 comparado ao controle, retornando ao

nível basal na quarta semana de treinamento (Figura 14). Dados de

“immunoblotting” não revelaram alterações significativas desta proteína entre

os 4 grupos estudados (Figura 14).

49 

 

Figura 12. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão de

neurofilamento no cerebelo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de NFs no cerebelo. B: Análise semi-quantitativa da densidade

integrada de NFs pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da

expressão de NF68 analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo

acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4:

grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03; ***p<0,001.

50 

 

Figura 13. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da

proteína SYS no cerebelo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando

a expressão de SYS no cerebelo. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de SYS

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de SYS

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03; ***p<0,001.

51 

 

Figura 14. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão da

proteína SYP no cerebelo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando

a expressão de SYP no cerebelo. B: Análise semi-quantitativa da densidade integrada de SYP

pela técnica de imuno-histoquímica. C: Razão da densidade óptica da expressão de SYP

analisada pela técnica de “immunoblotting”. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. **p<0,03; ***p<0,001.

52 

 

5.3. Expressão de Egr1

5.3.1. Córtex Motor

No córtex motor (M1 e M2) dos quatro grupos de animais estudados a

imunorreatividade contra o gene Egr1 se apresentou de forma difusa com

marcações no núcleo da célula (Figura 15).

A análise da densidade média de células Egr1-positivas nessa região

cortical revelou um crescente aumento significativo de células Egr1-positiva nos

três grupos treinados em relação ao grupo controle (Figura 15).

5.3.2. Estriado

No estriado dos quatro grupos estudados, o gene Egr1 foi expresso no

núcleo da célula de forma difusa por toda a extensão rostro-caudal e médio-

lateral (Figura 16).

A análise quantitativa mostrou que o AC2 induziu um aumento

estatisticamente significante da densidade média de células Egr1-positivas na

região dorsomedial em relação ao grupo controle e grupo AC1, retornando ao

nível do controle no AC4 (Figura 16). Já na região dorsolateral não houve

diferença entre os grupos experimentais e controle (Figura 16). Entretanto, foi

observado um aumento de células Egr1-positivas no grupo AC2 comparado ao

grupo AC1 (Figura 16).

5.3.3. Cerebelo

No cerebelo dos quatro grupos estudados, pode-se observar

imunorreatividade contra o gene Egr1 de forma difusa por toda a camada

granular com marcação no núcleo das células (Figura 17).

A análise da camada granular mostrou que o exercício acrobático

induziu um aumento estatisticamente significante de células Egr1-positivas

comparado ao controle nos três diferentes tempos de treinamento. Embora

esse aumento foi mais acentuado no grupo AC1(Figura 17).

53 

 

Figura 15. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão do gene

Egr1 no córtex motor (M1 e M2). A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato

ilustrando a expressão de Egr1 no córtex motor (M1 e M2). B: Análise quantitativa da

densidade média de células Egr1-positivas pela técnica de imuno-histoquímica. SED:

sedentário; AC1: grupo acrobático treinado por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado

por duas semanas; AC4: grupo acrobático treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03;

***p<0,001.

54 

 

Figura 16. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão do gene

Egr1 no estriado. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a

expressão de Egr1 no estriado. B: Análise quantitativa da densidade média de células Egr1-

positivas pela técnica de imuno-histoquímica. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03.

55 

 

Figura 17. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão do gene

Egr1 no cerebelo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a

expressão de Egr1 no cerebelo. B: Análise quantitativa da densidade média de células Egr1-

positivas pela técnica de imuno-histoquímica. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas. *p<0,05; **p<0,03.

56 

 

5.4. Expressão de DCX

5.4.1 Hipocampo

A imunorreatividade produzida pelo anticorpo DCX no hipocampo revelou um

padrão de marcação no núcleo da célula ao longo da zona subgranular (SG) do

giro denteado (Figura18). A contagem de células DCX-positivas não revelaram

diferenças significativas entre os grupos controle e treinados (Figura 18)

Figura 18. Efeitos dos diferentes períodos de exercício acrobático sobre a expressão de DCX

no hipocampo. A: Imagens digitais de cortes frontais de encéfalo de rato ilustrando a células

DCX-positivas no hipocampo. B: Análise quantitativa da densidade média de células DCX-

positivas pela técnica de imuno-histoquímica. SED: sedentário; AC1: grupo acrobático treinado

por uma semana; AC2: grupo acrobático treinado por duas semanas; AC4: grupo acrobático

treinado por quatro semanas.

57 

 

6. DISCUSSÃO

6.1. Comportamento do Desempenho Motor

Aprendizagem de uma habilidade motora é caracterizada pela melhora

do desempenho do comportamento aprendido.55 Essa melhora do desempenho

motor consiste de duas fases distintas do aprendizado. A primeira fase consiste

de um período de rápida melhora do desempenho que é observado após

poucas sessões de treinamento, e a segunda fase é caracterizada por um

ganho lentificado do desempenho motor que ocorre ao longo de várias sessões

de treinamento.41 Essas duas fases são chamadas de aquisição e

consolidação, respectivamente. Os nossos dados revelaram que a partir da 2ª

semana de treinamento acrobático (AC2) foi observado uma redução

significativa do tempo necessário para executar todo o circuito comparado ao

da primeira semana. E essa redução significativa em relação ao início do

treinamento persistiu na terceira e quarta semana de treinamento (AC4)

apresentando uma crescente queda no tempo necessário para a realização das

tarefas motoras.

Vários estudos com diferentes protocolos de treinamento e exigências

motoras distintas revelaram uma redução do tempo de passagem pelo circuito

que variou entre o segundo, quinto, sexto e décimo dia de treinamento

dependendo do tipo de atividade exigida e o número de repetições do

circuito.40-43,55,56 E mais, tanto o nosso estudo como os citados anteriormente40-

43,55,56 revelaram reduções do tempo com padrões distintos ao longo do

treinamento destacando-se as duas fases do aprendizado. Além disso, esses

estudos demonstraram que quanto maior foi os desafios motores presentes nos

circuitos de treinamento maior será a redução de tempo comparado ao início

do treinamento sugerindo um importante melhora do desempenho motor nesta

fase inicial de aquisição, enquanto aquelas tarefas com pouca exigência

motora não revelaram reduções significativas no tempo de realização da tarefa

durante as fases de aquisição e consolidação do aprendizado.

58 

 

Os dados do nosso estudo sugerem que a fase de aquisição ocorreu nas

duas primeiras semanas de treinamento, grupos AC1 e AC2, e a de

consolidação do aprendizado foi observada no grupo AC4.

A diminuição do tempo gasto para percorrer o circuito observado no

nosso estudo e nos citados acima foi decorrente de mudanças

comportamentais, tais como diminuição de erros, hesitações e dos estímulos

manuais.

6.2. Efeitos dos Diferentes Tempos de Treinamento em Regiões

Motoras

Com o objetivo de estudar proteínas estruturais e sinápticas em regiões

motoras do encéfalo, observamos que os diferentes períodos de treinamento

de exercício acrobático utilizado induziu respostas distintas tanto nos níveis das

proteínas estudadas (NFs, MAP2, SYS e SYP) quanto na densidade óptica

relativa do gene Egr1.

O presente estudo demonstrou que algumas proteínas envolvidas na

estrutura e na função neuronal são dinamicamente alteradas durante o

processo de aquisição e consolidação da aprendizagem motora enquanto

outros seguem um padrão de alteração de expressão mais previsível.

Portanto, nos tópicos a seguir, cada região motora será discutida

separadamente com o intuito de identificar efeitos específicos dos períodos de

treinamento sobre essas regiões envolvidas no controle e desempenho motor.

 

6.2.1. Córtex Motor

Os nossos dados revelaram que diferentes tempos de treinamento de

exercício acrobático induziram mudanças distintas na expressão de proteínas

estruturais e sinápticas no córtex motor de ratos adultos.

A expressão dessas proteínas foi diferente diante das técnicas de

“immunoblotiing” e imuno-histoquímica, provavelmente devido a diferença na

quantia e no tipo de tecido examinado com essas duas técnicas. Os dados da

imuno-histoquímica resultam da análise de uma discreta área do córtex motor

59 

 

correspondente a camada V enquanto os obtidos pela técnica de

“immunoblotting” são oriundos da análise do córtex motor como um todo.

Quanto as proteínas estruturais, o exercício acrobático a curto prazo

induziu diminuição da expressão de MAP2 e aumento de NF68 e a longo prazo

somente aumento do nível proteico de MAP2 quando comparado ao grupo

sedentário, revelando um remodelamento dendrítico e sinaptogênese de

maneira distinta ao longo dos períodos de treinamento.

Aumento da arborização dendrítica e sinaptogênese no córtex motor

após treinamento de uma tarefa complexa tem sido bastante observada em

alguns estudos relacionados com a aprendizagem motora23,41,140,141 A

sinaptogênese resultante da aprendizagem motora tem sido demonstrada nos

neurônios piramidais do córtex motor durante a fase de manutenção ou

consolidação do aprendizado de habilidade motora, não sendo evidente na

fase de aquisição.41 Além disso, Kleim e colaboradores141 investigando a

relação temporal entre sinaptogênese e reorganização do mapa motor cortical

associado com aprendizagem de habilidade motora em ratos treinados por 3, 7

ou 10 revelaram que o aumento significativo no número de sinapses por

neurônio não foram observado até o sétimo dia de treinamento e que a

reorganização do mapa motor só foi evidenciado após 10 dias de treinamento.

Garcia e colaboradores40 observaram que animais treinados por 4 semanas de

exercício acrobático, 3 vezes/semana com 5 passagens/dia induziu um

aumento na expressão da proteína MAP2 e SYP, corroborando nossos dados

que apresentaram resultados semelhantes.

Estudo com mapeamento cortical demonstrou que após treinamentos de

novas habilidades motoras em ratos ocorreu uma expansão da área cortical

envolvida com os movimentos utilizados para a realização dessas tarefas.77

Portanto, os nossos dados corroboram com as citados acima, revelando que

aumentos na expressão de MAP2 após quatro semanas de treinamento AC

demonstram uma crescimento da árvore dendrítica e estabelecimento de novas

sinapses, resultando num aumento da área cortical envolvida no controle dessa

atividade motora e consequente reorganização do mapa cortical juntamente

com a fase de consolidação observada pela melhora comportamental do

desempenho motor.

60 

 

Entretanto, nossos dados revelaram que curtos períodos de treinamento

acrobático induziu uma diminuição da proteína MAP2 e um aumento do NF,

sugerindo um remodelamento axonal favorecendo aumento do calibre axonal e

consequente aumento da velocidade de condução do impulso nervoso.

A expressão das proteínas sinápticas SYS e SYP no córtex motor dos

animais AC tanto a curto como a longo prazo foi diferente diante das duas

técnicas de análise “immunoblotting” e imuno-histoquímica. Discrepâncias

como essas são encontradas na literatura, e a explicação mais plausível estão

nas diferentes características das metodologias empregadas. Curto período de

treinamento (AC1 e AC2) promoveu uma diminuição dos níveis proteicos de

SYS e SYP no córtex motor como um todo, revelado pela técnica de

“immunoblotting”; entretanto, quando analisadas pelo método de imuno-

histoquímica, observamos aumento significativo de SYP tanto a curto como a

longo prazo do treinamento acrobático.

Os nossos dados de imuno-histoquímica, revelando aumento da

expressão de SYP no córtex motor dos animais treinados, foram obtidos com

análises de densidade óptica relativa na camada V. Esses dados corroboram

com vários estudos que mostraram um aumento de sinapses por neurônio na

camada V em ratos que realizavam exercício acrobático comparados aos

animais controle,23,32,77,141 sugerindo que o treinamento acrobático a curto

prazo pode favorecer o fortalecimento das sinapses já existentes140 ou

aumentar a excitabilidade neuronal142. Já o aumento de SYP após longo prazo

de treinamento acrobático aparece juntamente com os achados de

sinaptogênese e potenciação sináptica em áreas corticais envolvidas com o

planejamento dessa atividade motora ao longo da fase de consolidação do

aprendizado de habilidades motoras. Entretanto, existe um outro estudo que

revelou que o treinamento acrobático diário por 6 semanas não afetou a

expressão dos níveis de SYP no córtex motor de ratos adultos analisado pelo

método de ELISA.55 Uma explicação para a diferença entre os nossos dados é

que eles analisaram uma área cortical maior e diferente da que nós estudamos,

. Considerando nossos dados citados acima, constatamos que o córtex

motor está ativo tanto durante a fase de aquisição como na fase de

consolidação da aprendizagem de habilidade motora. Nossos dados de

61 

 

densidade de células Egr1-positivas na camada V do córtex motor revelaram

um aumento progressivo de células ativas ao longo do período de treinamento.

Avaliar a expressão do gene Egr1 nessa região cortical ao longo dos

diferentes períodos de treinamento acrobático é importante devido a sua

relação com o mecanismo de potenciação de longo prazo (LTP) e aprendizado.

A expressão de Egr1 pode ser induzida, de forma rápida e transitória, por

moléculas sinalizadoras externas como neurotransmissores e fatores de

crescimento, que se ligam a receptores de glutamato e ativam uma cascata de

eventos, levando a expressão deste gene.

A crescente ativação de Egr-1 encontrada no nosso trabalho corrobora

com os nossos achados de mudanças na expressão de proteínas estruturais e

sinápticas juntamente com os dados da literatura citados acima que revelaram

uma remodelamento dendrítico, sinaptogênese e reorganização do mapa

cortical juntamente com a melhora do desempenho motor ao longo da

aprendizagem de habilidade motora, refletindo possivelmente os mecanismos

intrínsecos envolvidos no contexto da plasticidade sináptica.

6.2.2. Estriado

Os diferentes períodos de treinamento (AC1, AC2 e AC4) promoveram

alterações na expressão das proteínas estruturais e sinápticas no estriado.

Quanto as proteínas estruturais, observamos aumento da expressão das

proteínas MAP2 e NF68 a curto prazo de treinamento do exercício acrobático

enquanto que a longo prazo não houve alterações. A ausência de mudanças

na expressão de proteínas estruturais no estriado a longo prazo de treinamento

é discordante do obtido por Garcia e colaboradores40, que demonstraram um

aumento de MAP2 e NF68 após 4 semanas de treinamento. Possivelmente

essa discrepância dos resultados se deu em virtude da diferença existente

entre as amostras utilizadas, pois em nosso estudo comparamos 3 grupos com

períodos de treinamento distintos, enquanto que nos estudo citado foi utilizado

2 grupos com diferentes tipos de exercícios

62 

 

O estriado é uma estrutura encefálica envolvida tanto com a fase inicial

do aprendizado de novas habilidades e sequências motoras, como com a

consolidação dessas habilidades motoras numa fase mais tardia. 44,143. Sendo

assim, esse padrão distinto do aumento das proteínas estruturais entre os

diferentes períodos de treinamento parece apoiar as diferentes funções do

estriado na aquisição de uma habilidade motora complexa e consolidação da

aprendizagem motora.89

Com relação a expressão das proteínas sinápticas no decorrer do

período de treinamento obtidos pelo método de “immunoblotting”, observamos

mudanças na expressão da SYP a longo prazo de treinamento, sem alterações

na expressão da proteína SYS. Este aumento da expressão da proteína SYP

no estriado pode ter ocorrido devido a uma liberação aumentada de glutamato

que está diretamente ligada à fosforilação da SYP, sugerindo uma possível

potenciação de longo prazo (LTP).144

A imuno-histoquímica revelou um aumento de SYP e SYS a curto prazo

de treinamento nas regiões dorsolateral, e ao longo do período de treinamento

na região dorsomedial dos animais treinados, diferentemente dos dados de

“immunoblotting”. Essa diferença pode ser devido às variadas formas de

reconhecimento e ligação dos anticorpos aos seus epítopos. Contudo, esse

aumento da eficiência sináptica nessas regiões do estriado induzida pelos

diferentes períodos de treinamento estão de acordo com o aumento do

potencial excitatório pós-sináptico observados nos registros eletrofisológicos do

estriado de camundongos submetidos igualmente a realização de habilidades

motoras.89

Os dados de imuno-histoquímica obtidos em nosso estudo sugerem uma

reorganização estrutural e funcional do estriado dorsal dependente do tempo

de treinamento e da atividade motora complexa. Estudos anteriores com

roedores demonstraram o envolvimento de diferentes circuitos do estriado

durante a fase inicial e tardia do aprendizado de uma habilidade motora e

também de respostas motoras habituais e automáticas.1,40 No nosso estudo

observamos que o treinamento a curto prazo de atividades motoras complexas

induziu aumento de PAN, SYP e SYS na região dorsomedial e aumento de

MAP, SYP e SYS na região dorsolateral enquanto que a longo período de

63 

 

treinamento podemos observar aumento de MAP2, SYP e SYS na região

dorsomedial e somente de MAP2 na região dorsolateral. Sugerindo um

remodelamento dendrítico e axonal e maior eficiência sináptica na região

dorsomedial ao longo do período de treinamento. Juntamente com nossos

dados de Egr1-positivo que mostraram uma ativação maior da região

dorsomedial tendo seu pico na segunda semana de treinamento (AC2) e

retornando aos níveis basais.

Nossos dados corroboram com estudos que observaram que a região

dorsomedial parece estar mais envolvida com a aquisição de habilidades

motoras , enquanto que a região dorsolateral parece estar envolvido além das

respostas habituais e automáticas com a consolidação da aprendizagem

motora. 40,44,143 Observamos em nosso estudo que na fase de aquisição, há

uma melhora rápida do desempenho motor revelado pela diminuição do tempo

necessário para realização daquela tarefa, e tanto a fase de aquisição como a

de consolidação parecem ser acompanhadas de respostas plásticas distintas,

que podem ser tanto em regiões diferentes como em relação a expressão de

proteínas. Podemos sugerir também que essa melhora rápida do desempenho

motor pode ter sido proporcionado pelo aumento da eficiência sináptica tanto

da região dorsomedial quanto da região dorsolateral.

6.2.3. Cerebelo

Os nossos dados revelaram que as mudanças na expressão das

proteínas estruturais e sinápticas no cerebelo ocorreram preferencialmente

após curto período de treinamento acrobático, retornando ao nível do controle

na quarta semana de treinamento. Ao analisarmos o cerebelo como um todo,

através da técnica de “immunoblotting”, observarmos mudanças somente a

curto prazo de treinamento na expressão da proteína NF68. Porém, quando

analisamos especificamente a região do lóbulo paramediano do cerebelo, tanto

na camada molecular quanto na camada granular observamos mudanças

tempo-dependente distintas na expressão das proteínas sinápticas e

estruturais.

64 

 

Quanto as proteínas estruturais, observamos que curto período de

exercício acrobático promoveu aumento da proteína NF68 revelado pela

técnica de “immunoblotting” e quando analisadas separadamente pela técnica

de imuno-histoquímica observamos um aumento da expressão da proteína

PAN nas camadas granular e molecular após curto período de treinamento e

após longo período somente na camada granular. Além disso, nossos dados

revelaram ausência de alterações na expressão da proteína MAP2 em ambas

as técnicas utilizadas. Esses achados de expressão de NF e MAP2 após longo

período de treinamento (AC4) corroboram com os de Garcia e colaboradores40

que não revelaram mudanças após quatro semanas de treinamento. Mas o

aumento da expressão de NF nas camadas granular e molecular frente a uma

semana de treinamento acrobático sugere uma importante reestruturação

axonal com possível aumento no diâmetro e/ou extensão dos axônios

favorecendo uma maior velocidade de condução do impulso nervoso nessas

camadas do córtex cerebelar. Vale ressaltar que as fibras nervosas

encontradas nessas camadas são axônios das aferências, fibras musgosas e

trepadeiras, parte dos axônios das células granulares e as fibras paralelas.

Considerando que a atividade acrobática requer coordenação e equilíbrio, esse

aumento de NF, principalmente na fase inicial do treinamento, decorre da

intensa reaferentação proprioceptiva e cortical.

Essa mudança da expressão de NF está acompanhada de aumento de

expressão da proteína sináptica SYP na camada molecular e diminuição da

expressão da proteína SYS na camada molecular e granular após curtos

períodos de treinamento acrobático. O aumento da SYP concomitante ao do

NF sugere incrementos da eficiência sináptica juntamente com aumento da

velocidade de condução dos impulsos nervosos na camada molecular que é

confirmado pelo aumento da densidade de células granulares Egr1-positivas ao

longo do período de treinamento com pico na primeira semana de treinamento

(AC1).

O cerebelo participa da integração somatosensorial145, do fornecimento

de informação do movimento ao córtex146 e na aquisição de coordenação

motora e aprendizado espacial147. O exercício acrobático é uma tarefa motora

complexa que exige coordenação e equilíbrio do animal para executar todo o

65 

 

circuito. Com base nisso, podemos sugerir que na primeira semana de

treinamento quando encontramos o pico de ativação das células granulares se

deveu ao aumento da demanda proprioceptiva através da via espinocerebelar

que adentra ao cerebelo como fibras musgosas. Essa demanda aumentada

pode gerar uma intensa estimulação induzindo aumento de NF e consequente

remodelamento axonal, além do aumento da formação de vesículas e

recaptação através do aumento de SYP que parece dar suporte ao aumento da

eficiência sináptica na camada molecular onde se encontram as arborizações

dendríticas das células de Purkinje em resposta ao exercício acrobático. Além

de que esse aumento de SYP no cerebelo pode ser devido ao aumento de

liberação de glutamato que está diretamente relacionado à fosforilação da SYP,

sugerindo uma possível potenciação de longo prazo (LTP)144.

A longo prazo de treinamento, nossos dados não mostraram um

aumento da densidade óptica relativa de SYP e SYS. No entanto, Kleim e

colaboradores43 mostraram que o exercício acrobático é capaz de promover

sinaptogênese nos animais submetidos a 30 dias consecutivos de acrobacias

visto que apresentaram um aumento do número de sinapses por célula de

Purkinje. Uma possível explicação para isto é que a frequência de treinamento

utilizada por Kleim e colaboradores24 foi de 30 dias consecutivos, enquanto que

do nosso estudo foi 3 vezes por semana durante 30 dias. Um tempo tão

prolongado de treinamento pode favorecer os mecanismos plásticos da fase de

consolidação do aprendizado de uma nova habilidade motora gerando um

automatismo motor. Já foi muito bem descrito a importância do circuito

cerebelo-tálamo-cortical nesse tipo de atividade motora44.

Em contrapartida, nossos dados revelaram também que na fase inicial

de treinamento houve uma diminuição da SYS na camada molecular e

granular. Porém estudos anteriores já mostraram que o exercício acrobático foi

capaz de aumentar significativamente a expressão de SYS na camada

molecular a longo prazo, ou seja após 4 semanas treinamento de exercício

acrobático.40 A associação desses dois dados sugerem que o exercício

acrobático parece induzir respostas distintas na expressão da proteína SYS

frente a diferentes períodos de treinamento, revelando assim uma mudança

plástica tempo-dependente.

66 

 

6.2.4. Hipocampo

O diferentes períodos de treinamento de exercício acrobático não

revelaram mudanças na contagem de células DCX-positivas na zona

subgranular (SGV) do giro denteado do hipocampo entre os grupos treinados.

Lambert e colaboradores12 ao analisar ratos submetidos ao treinamento de

exercício voluntário (EV), exercício acrobático (AC) e exposição ao ambiente

enriquecido (AE) por 6 semanas, 7 vezes na semana, observaram aumento da

proteína SYP na região do hipocampo em ratos submetidos ao EV e AE, sem

alterações no grupo AC. Sugerindo menor ativação hipocampal através do

exercício acrobático. Isso levanta a hipótese de que a falta de mudança na

eficiência sináptica no hipocampo observada pelo estudo do Lambert e

colaboradores pode dar suporte a falta de neurôgenese induzida pelo exercício

acrobático. Porém precisa de mais análises afim de maior esclarecimento.

67 

 

7. CONCLUSÕES

- Com base nos resultados obtidos nesse estudo, podemos concluir que

os diferentes períodos de treinamento de exercício acrobático promoveram

melhora acentuada do desempenho motor dos ratos ao final da segunda

semana, e ao mesmo tempo que geraram alterações nas proteínas

sinápticas e estruturais e no gene Egr1 de forma distinta nas áreas

encefálicas. Além disso, o exercício acrobático não promoveu alterações

nos níveis de neurogênese observado pelo gene DCX no hipocampo.

- No córtex motor, o AC promoveu mudanças na expressão de proteínas

MAP2 e SYP após duas e quatro semanas de treinamento, coincidindo com

aumento de células Egr1-positivas,

- O estriado respondeu com aumento de proteínas estruturais MAP2 e

NFs principalmente após uma a duas semanas de treinamento precedendo

o aumento das proteínas sinápticas SYP e SYS que aconteceram na

segunda e quarta semana.

- No cerebelo, o aumento da proteína estrutural NF e sináptica SYP

aconteceram após curto período de treinamento acrobático (AC1 e AC2)

retornando ao nível controle na quarta semana.

- O conhecimento sobre as respostas plásticas induzidas por diferentes

tempos de treinamento do exercício acrobático e respectivas mudanças no

desempenho motor podem facilitar a escolha da duração do emprego de

determinadas intervenções terapêuticas e contribuir para um melhor

planejamento do protocolo de exercício escolhido.

 

68 

 

8. REFERÊNCIAS

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ANEXO I

 

 

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