116
MARCELL PATACHI ALONSO Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária Cuiabá 2011

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MARCELL PATACHI ALONSO

Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária

Cuiabá

2011

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MARCELL PATACHI ALONSO

Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciência Animal da Universidade

Federal de Mato Grosso para a obtenção do

título de Mestre em Ciência Animal

Área de Concentração: Nutrição e Produção de

Ruminantes

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Henrique

Bevitori Kling de Moraes

Co-Orientadores: Prof. Dr. Dalton Henrique

Pereira e Prof. Dr. Douglas dos Santos Pina

Cuiabá

2011

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A454s Alonso, Marcell Patachi.

Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária. / Marcell Patachi Alonso; Orientador: Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes; Co-orientadores: Dalton Henrique Pereira, Douglas dos Santos Pina, Cuiabá, 2011.

115 f.

Dissertação (Mestrado - Programa de Pós Graduação em Ciência Animal. Área de concentração: Nutrição e Produção de Ruminantes) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso.

1. Nutrição animal. 2. Suplementação de bovinos. 3. Bovino de corte - alimentação. 4. Pastagens - manejo I. Título.

CDU 636.084.4

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha Catalográfica elaborada por Carolina Alves Rabelo CRB1/2238

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno: MARCELL PATACHI ALONSO

Título: Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da

Universidade Federal de Mato Grosso para a

obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal

Aprovado em:

Banca Examinadora:

_______________________________

Prof. Dr. Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)

(Orientador)

_______________________________

Prof. Dr. Dalton Henrique Pereira (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)

(Co-Orientador)

_______________________________

Prof. Dr. Douglas dos Santos Pina (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)

(Co-Orientador)

_______________________________

Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral (Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade Federal de Mato Grosso)

(Membro)

_______________________________

Pesq. Dr. Mirton José Frota Morenz (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite)

(Membro)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me amar e me abençoar todos os dias.

Ao meu pai Zaru Alonso e minha mãe Késia Greice Patachi, pelo amor, carinho,

confiança, educação e pelo apoio incondicional. Amo muito vocês e agradeço por tudo o que

representam em minha vida.

À minha irmã Greice Cristiny Alonso de Macedo, por torcer por mim e pelo

cumprimento de mais esta etapa da vida.

À esta família que tanto amo e agradeço a Deus pelo apoio dado, mesmo que de longe.

À minha companheira Helena Marília Passos de Castro, por me amar e estar ao meu

lado sempre me ajudando. Sem você tudo ficaria mais difícil.

Ao meu amigo Bremmer Clayston Gobira Mazete, pelos bons anos de amizade na

UFRRJ e na UFMT, e pela motivação para realização deste curso.

Aos estagiários e futuros Zootecnistas: Alvair Hoffmann, Breno Gimenez, Denise

Caragnato, Fábio Júnior, Mircéia Mombach e Renan Medeiros, pelo auxílio nesta empreitada.

Vocês tiveram papel preponderante na realização deste trabalho. Muito Obrigado.

Aos professores: Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, Dalton Henrique

Pereira, Douglas dos Santos Pina e Luciano da Silva Cabral pelo apoio cedido, cada qual da

sua maneira, para a condução e conclusão deste curso.

Aos bons 10 amigos feitos na 1° turma de 2009 da PGCA, obrigado pelas risadas e

pelo ótimo convívio.

Ao colega de mestrado Antônio José Neto, pela incubação das amostras dos

tratamentos.

Aos secretários do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal – UFMT, Douglas

e Elaine, pelo apoio e simpatia sempre presente.

Ao pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Flávio Jesus Wruck pela parceria e apoio

no desenvolvimento deste experimento.

Aos técnicos da Embrapa Agrossilvipastoril, Antônio Damasceno e Marcelo Moulin

pelas caronas, auxílio nas pesagens dos animais e pelo transporte de amostras.

Ao Sr. Agenor Pelissa, por disponibilizar a área do experimento e pelo apoio, através

de equipamentos e veículos, para a realização das atividades de campo.

Ao Sr. Albino Pelissa, por ter cedido os animais.

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Aos funcionários da Fazenda Dona Isabina, pelo auxílio na realização dos trabalhos de

campo.

Ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal – UFMT, pela oportunidade de

realizar este curso.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de estudo.

À Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT), por financiar parte

deste projeto de pesquisa.

Ao PROCAD UFMT-UFV.

À Agropel Sementes, pela parceria em fornecer insumos para confecção dos

suplementos.

À Rações Tertúlia, pela parceria em fornecer a mistura mineral para composição dos

suplementos.

E a todos que contribuíram de alguma forma para realização deste trabalho.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

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RESUMO

ALONSO, M.P. Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e

pecuária. 2011. 115f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e

Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011.

Esta dissertação foi elaborada a partir de dois experimentos com o objetivo de avaliar

o desempenho de bovinos de corte nas fases de recria e terminação, nos períodos de águas e

seca, respectivamente, assim como a avaliação das características estruturais e nutricionais do

pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu e dos suplementos utilizados na dieta dos animais.

Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Dona Isabina, localizada no município de

Santa Carmem, situado na região norte do estado de Mato Grosso. As análises laboratoriais

foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT campus

Sinop. No Experimento 1 (período das águas), foram utilizados 100 novilhos, sendo 57

mestiços (sem grau de sangue definido) e 43 da raça Nelore, com idade média de 15 meses e

peso corporal médio inicial de 281 ± 31 kg. A área experimental constituiu-se de quatro

piquetes de 4,68 ha compostos por um bebedouro central comum a todos e comedouros

individuais descobertos para fornecimento dos suplementos. O experimento foi estruturado

segundo o esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado,

onde foram avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro diferentes

formulações de suplementos (suplemento mineral – SM; suplemento energético – SE;

suplemento energético protéico – SEP e suplemento protéico energético – SPE). O

arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h com tempo gasto total de 30 minutos

sendo a quantidade ofertada aos animais de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE,

aproximadamente 0,16% do peso corporal médio dos animais, salvo o SM ofertado ad

libitum. Houve efeito (P>0,05) de grupo genético sobre o desempenho produtivo dos animais.

O ganho de peso médio diário e o ganho de peso total foram maiores nos animais que

consumiram SE e SEP (P<0,05). O tratamento SE permitiu maiores retornos econômicos por

unidade monetária investida quando comparado aos tratamentos SM, SEP e SPE. No

Experimento 2 (período de seca), foram utilizados 64 novilhos, sendo 32 mestiços (sem grau

de sangue definido) e 32 da raça Nelore, com média de idade de 20 meses e o peso corporal

médio inicial de 388 ± 26 kg. O experimento foi conduzido na mesma área e com as mesmas

instalações descritas no Experimento 1. Foram avaliados o desempenho, ingestão,

digestibilidade e o retorno econômico de dietas baseadas em pastagem de Brachiaria

brizantha cv. Marandu associada a suplementação. O experimento foi estruturado segundo o

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esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado, onde foram

avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) alimentados com quatro suplementos

diferenciados pelos níveis crescentes de grão de milheto em substituição ao milho (0%, 33%,

66% e 100%). O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, a quantidade ofertada

aos animais foi de 4,0 kg/animal/dia, aproximadamente 0,93% do peso corporal médio dos

animais. Para avaliação de consumo de MS de forragem dos animais foi utilizado a fibra em

detergente neutro indigestível (FDNi) e o dióxido de titânio (TiO2) como indicadores interno e

externo, respectivamente. O ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso corporal

final, foi influenciado pelo grupo genético (P<0,05). Contudo, o grupo genético não afetou

(P>0,05) o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes. Os ganhos de peso médio

diário, ganho de peso total e peso corporal final dos animais decresceram com aumento da

inclusão dos níveis de milheto (P<0,05). Os níveis de substituição entre ingredientes

energéticos não afetaram (P>0,05) o consumo dos nutrientes. Os tratamentos contendo 33% e

66% de milheto como ingrediente energético apresentaram maior retorno econômico por

unidade monetária investida.

Palavras chave: suplemento, desempenho, níveis de substituição, consumo, digestibilidade

aparente total

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ABSTRACT

This dissertation was drawn from two experiments that aimed to evaluate the

performance of growing beef cattle and finishing in the rainy and dry seasons, respectively, as

well as evaluation of nutritional and structural characteristics of the pasture of Brachiaria

brizantha cv. Marandu and supplements used in animal diets. The experiments were

conducted at Fazenda Dona Isabina, in Santa Carmen, located in the northern state of Mato

Grosso. Laboratory analyses were conducted at the Laboratory of Animal Nutrition and

Forage UFMT campus Sinop. In Experiment 1 (rainy season), used 100 steers, 57 crossbred

and 43 Nelore, with 15 months of average age and were 281 ± 31 kg initial body weight. The

experiment was perfomed in four paddocks of 4.68 ha composed by central waters common to

all paddocks and individual feeders in each paddock for the supply of supplements. The work

was designed as a factorial arrangement (2x4) in a completely randomized design to evaluate

two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) and four different formulations of supplements

(mix mineral - MM; energy supplement - SE; protein and energy supplement – SEP; energy

and protein supplement - SPE). The animals feeding were around 10:00 am with the total time

spent of 30 minutes and the quantity supplied to the animals of 0.5 kg/animal/day for the SE,

SEP and SPE, approximately 0.16% of average body weight, except to MM the was offered

ad libitum. There was significant effect (P<0.05) of genetic group on productive performance

of animals. The average daily and total gain weight, were higher in animals that consumed SE

and SEP (P<0.05). The SE treatment allowed greater economic return per unit monetary

invested when compared to other treatments MM, SEP and SPE. In the experiment 2 (dry

season), were used 64 steers, 32 crossbred and 32 Nelore, with 20 months of average age and

the initial body weight of 388 ± 26 kg. The experiment was conducted in the same area and

with four paddocks as described in Experiment 1. Were evaluate did the performance, intake

and digestibility of diets based on Brachiaria brizantha cv. Marandu pastures and the

economic return of supplementation. The experiment was designed as a factorial arrangement

(2x4) in a completely randomized design with two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) fed

with four different supplements compose by increasing levels of grain millet instead of maize

(0%, 33%, 66% and 100%). The animals were feeding around 10:00 am, the quantity offer of

supplements to the animals was 4.0 kg/animal/day, approximately 0.93% of average body

weight. To estimate of forage and dry matter intake of animals was used indigestible neutral

detergent fiber (NDFi) and titanium dioxide (TiO2), as internal and external indicator,

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respectively. The average daily gain weight, total gain weight and final body weight were

affected by genetic group (P<0.05). However, the genetic group not affected (P>0.05) the

intake and digestibility of nutrients. The average daily gain weight, total gain weight and final

body weight of animals were decreased as the inclusion level of millet increased (P<0.05).

The levels of substitution between energy ingredients did not affect (P>0.05) nutrients intake.

The treatments containing 33% and 66% of source of energy as millet had higher economic

return per unit monetary invested.

Keywords: supplement, performance, levels of substitution, consumption, total apparent

digestibility

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BIOGRAFIA

Marcell Patachi Alonso, filho de Zaru Alonso e Késia Greice Patachi, nasceu em São

Paulo, estado de São Paulo, no dia 11 de outubro de 1983.

Em abril de 2004 iniciou o curso de graduação em Zootecnia na Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro campus Seropédica, obtendo o título de Zootecnista em dezembro de

2008.

Em março de 2009 ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal na

Universidade Federal de Mato Grosso campus Cuiabá, concentrando seus estudos na área de

Nutrição e Produção de Ruminantes, submetendo-se à defesa de dissertação em 28 de março

de 2011.

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SUMÁRIO

Página

CAPÍTULO 1

1.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14

1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 17

1.2.1. Panorama da bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso..................... 17

1.2.2. Sistema de integração lavoura e pecuária........................................................ 19

1.2.3. Alimentação animal......................................................................................... 22

1.2.3.1. Aspectos relativos ao pasto...................................................................... 24

1.2.3.2. Aspectos relativos à suplementação alimentar......................................... 27

1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 33

CAPÍTULO 2 – Suplementação de bovinos de corte recriados em sistema de

integração lavoura e pecuária no período das águas

2.1. RESUMO................................................................................................................. 40

2.2. ABSTRACT............................................................................................................ 41

2.3. Introdução.............................................................................................................. .. 42

2.4. Material e Métodos.................................................................................................. 43

2.5. Resultados e Discussão............................................................................................ 51

2.6. Conclusões............................................................................................................... 68

2.7. Referências Bibliográficas....................................................................................... 69

CAPÍTULO 3 – Grão de milheto em suplementos para terminação de bovinos

de corte em sistema de integração lavoura e pecuária no período da seca

3.1. RESUMO................................................................................................................. 74

3.2. ABSTRACT............................................................................................................ 75

3.3. Introdução................................................................................................................ 76

3.4. Material e Métodos.................................................................................................. 77

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3.5. Resultados e Discussão............................................................................................ 85

3.6. Conclusões............................................................................................................... 109

3.7. Referências Bibliográficas....................................................................................... 110

4. CONCLUSÕES GERAIS........................................................................................ 115

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14

CAPÍTULO 1

1.1. INTRODUÇÃO

A produção de alimentos protéicos de origem animal ocupa ao longo dos anos posição

de destaque no setor agropecuário nacional. Esta posição reflete intensos trabalhos

desenvolvidos no sentido de trazer aos sistemas de produção uma característica de condução

tecnificada, buscando aumentar as oportunidades e reduzir possíveis ameaças. Entretanto, é

evidente que os índices zootécnicos ainda estão aquém do potencial quando comparado a

produtores tidos como referência, o que torna de competência ao conhecimento gerado ao

longo dos resultados de pesquisas, promover técnicas eficientes, viáveis e aplicáveis

permitindo indicadores produtivos mais próximos aos adequados.

Ao tratar-se da cadeia produtiva da carne bovina, o ponto principal do planejamento e

do desenvolvimento de projetos que visam à precisão dos sistemas de produção são técnicas

apropriadas que promovam índices zootécnicos mais favoráveis, em relação aos animais e ao

alimento consumido, seja este na forma de volumoso ou na forma de

complementos/suplementos.

Técnicas que envolvam a exploração do potencial genético dos animais e das

forrageiras, tornando-os mais adaptados e eficientes à região a serem explorados, redução da

dependência de insumos e diminuição dos custos de produção são reflexos às tecnologias

aplicadas. Assim, modelos de produção mais eficientes e com menores ciclos produtivos

tornam-se possíveis através da otimização da capacidade produtiva.

Esta forma de desenvolvimento da produção encontra-se dentro de uma perspectiva

denominada bovinocultura de precisão. Concomitantemente aos adequados índices

zootécnicos e ainda dentro do mesmo conceito, torna-se relevante o papel da agropecuária na

contribuição econômica, social e ambiental (FAO, 2009) sendo esta última através de formas

de mitigação dos impactos promovidos pelo sistema produtivo, melhorando a qualidade de

vida e preservando a capacidade de produção para gerações futuras, desta forma, estimulando

a sustentabilidade dentro do sistema de produção agropecuário (PAULINO et al., 2006a).

Dentre os diferentes sistemas de condução da produção de bovinos de corte, encontra-

se a integração lavoura e pecuária (ILP). Neste sistema, a produção da cultura anual é

introduzida sob o conceito de minimização dos custos com aplicações de insumos, melhora

dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo (VILELA et al., 2003), quebra do ciclo de

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pragas, doenças e plantas daninhas, melhora da conservação de água e redução da oscilação

da temperatura no solo. Simultaneamente à cultura anual, conduz-se a exploração pecuária

através do cultivo de plantas forrageiras, onde os objetivos vão desde recuperar pastagens

degradadas à produção de alimento na entressafra mantendo alta produtividade do pasto.

Assim, atribui-se maior eficiência de utilização da terra e ao sistema como um todo,

apresentando, segundo Lopes et al. (2008), maior sustentabilidade econômica e ecológica.

Quando contrastado aos sistemas de produção convencionais, a ILP promove melhores

benefícios quanto à conservação dos recursos ambientais, assegurando o uso racional das

áreas agrícolas e de pastagens. Tais benefícios tornam-se evidentes pela redução da pressão de

desmatamento de novas áreas e pela redução dos problemas ambientais originados por erosão

e queimadas (GONÇALVES e FRANCHINI, 2007).

Desta forma, o objetivo da ILP é o sincronismo do manejo dos animais e da produção

agrícola, tendo alta eficiência no aproveitamento da área de produção e manutenção das

características adequadas do solo, conservando os recursos ambientais.

Aspectos relativos à fase de recria em bovinocultura de corte são de grande valor,

visto que esta detém os animais por maior período na propriedade, sobretudo nos sistemas

tradicionais de produção. Segundo Aidar e Kluthcouski (2003), a duração deste período pode

alongar-se por até 30 meses em sistemas de produção inadequados, com baixa aplicação de

tecnologia. Entretanto, os autores destacam que esta fase pode ser reduzida para 10 a 12

meses, ou até mesmo ser eliminada, visto que a ampliação da recria resulta em baixos índices

zootécnicos e eleva os custos de produção.

Deste modo, práticas que reduzam o número de animais em recria e a duração desta

fase tornam-se consideráveis para o desenvolvimento de uma bovinocultura de corte com

menores ciclos de produção (PAULA, 2008). Para tal objetivo, algumas limitações devem ser

transpostas, principalmente as relativas à alimentação animal.

Assim como na recria, grande importância relativa à fase de terminação/engorda de

bovinos de corte é relatada, devido a esta categoria corresponder ao produto final entregue ao

frigorífico sendo o principal componente responsável pela remuneração ao pecuarista.

Dentre os componentes do custo na fase de terminação, o preço de aquisição dos

animais constitui, segundo Bonfim et al. (2001), o fator mais relevante, participando com

cerca de 70 a 80 % do custo total. Desta forma, o preço do animal para engorda torna-se fator

decisivo para resultados econômicos positivos da atividade. Contudo, ao desconsiderar o

preço de aquisição dos animais, a alimentação torna-se o fator preponderante para composição

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dos custos influenciando diretamente a rentabilidade da produção. Assim, a condução da

produção sob conceitos de custos mínimos, especificamente alimentação, contempla a fase de

terminação através da condução de regime alimentar onde a fonte prioritária de nutrientes

encontra-se no pasto. Entretanto, para alcançar elevado desempenho dos animais em

terminação sob pastejo, formas suplementares na alimentação tornam-se interessantes de

emprego ao manejo alimentar.

Acerca de pastagens tropicais, estas se comportam de acordo com uma irregularidade

natural, onde a constância na produção deste recurso ao longo do ano é sabidamente

inexistente, fator decorrente do período seco (outono/inverno) que correlaciona-se

positivamente com valores inadequados de forragem, seja do ponto de vista nutricional como

produtivo. Em contrapartida, no período das águas composto pelas estações primavera e

verão, elevada oferta de forragem de maior valor nutritivo é encontrada.

No entanto, os pastos tropicais durante o período das águas mesmo apresentando

valores nutricionalmente adequados, ainda proporcionam aos animais ganhos de peso inferior

aos observados em condições de clima temperado.

De acordo com Da Silva e Pedreira (1996), um princípio inerente à tomada de decisão

em sistemas de produção de ruminantes em pastagens, é a adequação do suprimento de

nutrientes aos animais durante todas as épocas do ano. Para obtenção de tais metas, a

suplementação da dieta dos animais em pastagens surge como uma ferramenta para o

suprimento de nutrientes limitantes, bem como para o aumento da eficiência de utilização das

forragens (POPPI e McLENNAN, 1995), isto porque na maioria das situações, a fonte de

forragem não contém todos os nutrientes essenciais na proporção adequada de forma a atender

integralmente as exigências dos animais em pastejo (PAULINO et al., 2005).

Desta forma, a utilização de suplementos na dieta de animais em pastejo, ainda que no

período das águas, pode proporcionar aumento do desempenho e reduzir a idade de abate dos

animais (PORTO et al., 2009).

O emprego de suplementos na estação seca adquire enfoque diferenciado, no sentido

de suprir nutrientes não verificados na forragem. Ao provê-los, obtêm-se manutenção de

ganho de peso nos animais a um ponto em que se alcance objetivos pré determinados para o

sistema de produção. A fase de terminação de gado de corte torna-se comum a esta época do

ano e a sua gestão, por meio da utilização de sistemas pasto-suplemento, promove resultados

de desempenho produtivo semelhantes àqueles encontrados em animais oriundos de

confinamentos (PAULINO et al., 2002a).

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Conclusões obtidas na condução de ensaios pertinentes ao tema destacaram que a

técnica de suplementação em pastejo na fase de terminação/engorda constitui uma alternativa

aplicável e viável para produção de carne durante o período seco quando garantida a

disponibilidade mínima de forragem (PAULINO et al., 2002a; FIGUEIREDO et al., 2007;

BARONI, 2007), a saber que para tal viabilidade questões biológicas e mercadológicas

relativas aos ingredientes que comporão os suplementos necessitam ser ponderadas.

Assim sendo, através das considerações precedentes, conduziram-se dois experimentos

com o propósito de promover informações e esclarecimentos da técnica de suplementação

alimentar sobre animais em fase de recria no período das águas e em fase de terminação no

período da seca, considerando aspectos de desempenho produtivo e econômico em um

sistema de ILP.

1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.2.1. Panorama da bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso

Segundo publicação da FAO (2009), o setor pecuário é uma das partes mais dinâmicas

da economia agrícola, expandindo-se rapidamente nas últimas décadas e com expectativa de

manutenção de crescimento ao longo dos anos, impulsionado pelo notável aumento na

demanda por produtos de origem animal.

De acordo com Rosegrant e Thornton (2008), o consumo de carne (per capta) nas

principais regiões do mundo apresentará incremento de 0,288 kg/pessoa/ano. Segundo os

autores, no ano de 2000 a população destas regiões apresentou um consumo médio de 40 kg

de carne/pessoa/ano, sendo previsto para o ano de 2050 um consumo de 54,4 kg/pessoa/ano.

Dada a grande participação de carne bovina neste incremento, cabe a produção brasileira

elevar seus índices de produtividade através de sistemas de produção mais eficientes com o

objetivo de suprir grande parte desta demanda.

Segundo Cepea/ESALQ (2011), o Brasil, dentro de um cenário geral, figurou-se em

2010 com um mercado aquecido na comercialização de carne bovina, decorrente em grande

parte, pelo suprimento da demanda, sobretudo do mercado interno. Adicionalmente, os

valores de exportação apresentaram-se 2,72% superiores ao ano de 2009, corroborando a

informação do aumento mundial no consumo deste produto, o que coloca o país em situação

privilegiada por concentrar o segundo maior rebanho comercial de bovinos.

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O estado de Mato Grosso detém uma área de aproximadamente 903.357,91 km2, o que

representa 10,61% da área total do país, localizado na região Centro-Oeste, ao lado de Distrito

Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul. Por sua vez, a região abrange em sua distribuição

espacial a fronteira agrícola brasileira, onde a área de pastagens apresenta grande expansão,

evidenciando as maiores taxas de crescimento do rebanho na região (CEZAR et al., 2005).

O estado tem grande papel na produção nacional de alimentos e na geração de renda

proveniente de produtos de origem vegetal e animal. Como uma das bases econômicas do

estado, a pecuária de corte destaca-se por sua presença em grande parte dos municípios

através da atuação de criadores, profissionais autônomos, empresas de consultoria e indústrias

frigoríficas, que contribuem de forma direta, assim como os sistemas agropastoris relatados

por Yokoyama e Stone (2003), ao desenvolvimento da região por meio do aumento na

arrecadação e pela contribuição na geração de novas frentes de trabalho.

Segundo dados disponibilizados pelo IBGE (2009) e IMEA (2010), o estado de Mato

Grosso possui o maior efetivo de bovinos de corte do país, sendo predominante nos

municípios constituintes das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do estado que representam

juntos 54,2% do rebanho bovino do estado.

A atividade pecuária está associada a diferentes aspectos econômicos e históricos no

processo de ocupação e desenvolvimento do território. Dentre os sistemas de produção

encontrados no estado, o extensivo possui maior representatividade, entretanto, outros

sistemas também são praticados (intensivos e semi-intensivos), porém, com menor expressão.

A prática destes sistemas detém de modo similar o comportamento evidenciado no país, que

se caracteriza por distintas formas de produção que empregam diversos níveis tecnológicos

resultando em indicadores técnicos e econômicos diferenciados. A distribuição destes

sistemas abrange distintas regiões do estado e apresentam maior intensidade em algumas

localidades e menor em outras (FAMATO e FABOV, 2008).

Com o objetivo de aumentar a eficiência produtiva, através da elevação de índices

zootécnicos e econômicos, pecuaristas passaram a iniciar um processo de modernização de

seus sistemas produtivos, racionalizando o manejo da pastagem e utilizando de forma técnica,

acasalamentos dirigidos com raças de maior interesse na região. Na mesma direção, entretanto

em uma concepção holística, o estado de Mato Grosso participa, assim como São Paulo,

Paraná, Minas Gerais e Goiás, das regiões consideradas livre de aftosa com vacinação,

certificação fornecida pela OIE – Circuito Internacional Epizootias, uma instituição ligada a

Organização das Nações Unidas para o comércio internacional de produtos de origem animal.

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A importância desta certificação permite que o estado exporte carne bovina para países

componentes da União Européia, Ásia e para os Estados Unidos da América (FAMATO e

FABOV, 2008).

A exportação originada em Mato Grosso apresenta-se superior a outros estados

componentes da região Centro-Oeste. No período compreendido de janeiro a maio de 2010 as

exportações atingiram valores de 85.549 toneladas de equivalente carcaça, representando

14,22% do total exportado pelo país no período supracitado, o que torna o estado o segundo

maior exportador de carne bovina nos primeiros cinco meses do ano. Esta posição encontra-se

superior a observada no ano de 2009, em que o estado ficou atrás apenas de São Paulo e Goiás

(IMEA, 2010).

O mercado cárneo apresenta-se com alto potencial de desenvolvimento para

atendimento às demandas internas e externas, contudo, a cadeia produtiva agroindustrial da

bovinocultura de corte deve ser aprimorada como um todo, a fim de tornar o Brasil e o estado

de Mato Grosso mais competitivos no segmento (FAMATO e FABOV, 2008).

1.2.2. Sistema de integração lavoura e pecuária

A pecuária de corte nacional encontra-se em transição, pois o mercado exige uma

evolução natural dos sistemas produtivos com objetivo de melhorar a qualidade dos produtos

e aumentar a eficiência de produção, conferindo maior competitividade e sustentabilidade à

cadeia da carne bovina (LEÃO et al., 2005).

Assim encontra-se a bovinocultura de corte, onde outrora, seu desenvolvimento

baseou-se na expansão da fronteira agropecuária, onde a exploração se deu a níveis de baixa

aplicação técnica. Contudo Paulino et al., (2006a), destacaram a presença de iniciativas de

otimização da capacidade produtiva dos sistemas através de um amplo leque de tecnologias

embasadas sob o aspecto de arranjos produtivos compatíveis com a realidade, o que

caracteriza a evolução dos sistemas produtivos dentro de um conceito de sustentabilidade e

precisão.

Seja qual for o sistema produtivo considerado, tem-se a sustentabilidade como uma

das bases para o sucesso da atividade. Segundo Ponciano et al. (2008) e Lima e Pozzobon

(2005), sustentabilidade é descrita como a capacidade de algo ou alguém persistir ao longo do

tempo em determinado lugar, englobando desta forma, a habilidade de superar as dificuldades

não esperadas. Os mesmos autores consideram sustentabilidade sobre o ponto de vista

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ambiental, como a exploração de recursos naturais sem comprometer, ao longo do tempo, a

integridade ecológica, assim, conservando os recursos naturais. Ao destacarem demais

conceitos, identificaram e classificaram duas formas distintas de sustentabilidade: a agrícola

que demanda um balanço de nutrientes no sistema, incluindo compensações por perdas dentro

da cadeia produtiva, e a sustentabilidade social que exige do sistema a permanência da

lucratividade em longo prazo.

Para a ciência agropecuária, a manutenção da produção agrícola em níveis tais que

sustentem uma população em crescimento, não contribuindo para o aumento na degradação e

agressão do meio ambiente, apresenta-se como grande desafio a ser superado (AROEIRA e

MORENZ, 2004).

Tratando-se de sustentabilidade agropecuária, com enfoque na produção nacional, é

necessário o conhecimento de alguns conceitos e premissas básicas, tais como a recuperação

de áreas degradadas pelo cultivo de lavouras ou condução da atividade pecuária, a

preservação ambiental e o aumento na competitividade de produtos gerados no campo. Países

europeus, detentores de uma agropecuária desenvolvida e eficiente, empregam a

sustentabilidade como alicerce para desenvolvimento de sistemas de produção apropriados às

necessidades sociais. Assim, a aplicação de tal conceito, com o objetivo de atender índices de

produção apropriados, permitiriam nos sistemas de produção agropecuários conduzidos em

nível nacional, atingir eficiência similar (KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003).

A condução da atividade agropecuária sob conceitos que associam a produção animal

com a produção de grãos contemplam seu desenvolvimento através das considerações

supracitadas acerca de sustentabilidade, permitindo ao sistema melhor aproveitamento de

recursos, desta forma, menores tornam-se os custos aplicados promovendo maior

rentabilidade. Portanto, aos sistemas de ILP confere-se uma característica de trilogia

sustentável, sendo de acordo com Ofugi et al. (2009), um sistema economicamente viável,

ecologicamente correto e socialmente justo.

As vantagens advindas da exploração de diferentes culturas em sistemas de integração

são conhecidas e estimulam sua utilização por ser uma alternativa extremamente importante

do ponto de vista da sustentabilidade da produção, entretanto alguns pré-requisitos são

exigidos para que o sistema possa ser implementado (VILELA et al., 2003).

De fato, Yokoyama et al. (1998) destacaram que as maiores limitações à adoção de tal

tecnologia são os custos de sua implementação, sendo a ausência de maquinário apropriado na

fazenda um grande entrave.

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Contudo, ao longo dos anos, tornaram-se inúmeras as ofertas tecnológicas aplicáveis

de integração às diversas condições socioeconômicas de produtores, seja desde agricultura a

nível familiar até a agricultura de precisão conduzida a nível empresarial, cada qual

satisfazendo objetivos distintos (KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003).

Segundo publicação da FAMATO e FABOV (2008), o estado de Mato Grosso possui

opções de programas de incentivo à assimilação do sistema de ILP por parte de produtores

rurais. O Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) foi instituído pela Lei n.° 7.827/89, e

promove o desenvolvimento econômico e social da região através de programas de crédito aos

diferentes setores de produção. O FCO Rural apresenta uma linha denominada de Programa

de ILP, onde são financiados bens e serviços necessários ao empreendimento rural, estes

contemplam o preparo do solo, aquisição de sementes e mudas, aquisição de maquinário

agrícola, adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente, aquisição de animais

(matrizes, reprodutores e novilhos), custeio associado ao investimento, entre outros.

De acordo com Trecenti et al. (2009), além do Fundo Constitucional como financiador

de projetos de ILP, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

também disponibiliza recursos através do Programa de Estímulo à Produção Agropecuária

Sustentável (PRODUSA), acessados via agentes públicos e privados que beneficiam

produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, cooperativas agropecuárias, inclusive para

repasse a cooperados.

O sistema de ILP possui uma gama de benefícios às atividades que o compõem. Na

aplicação pecuária, têm-se a recuperação de pastagens degradadas ou em processo de

degradação, a produção de forragem na entressafra e a consequente manutenção de alta

produção de volumoso ao longo do ano como principais benefícios. Na atividade lavoureira,

constituem-se na quebra do ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas, melhoria nas

qualidades físico-químicas e biológicas do solo e agregação de valores ao sistema

(KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003). Tais benefícios influem de forma direta na

redução dos custos de produção de áreas em recuperação de produtividade (agricultura e

pastagens) quando comparados aos sistemas tradicionais de cultivo, visto que estes promovem

grande dispêndio financeiro inerente a maior necessidade de insumos (KLUTHCOUSKI e

STONE, 2003).

Segundo Paulino et al. (2006a), a integração entre lavoura e pasto promove grandes

oportunidades para inclusão do bovino ao sistema. Ao considerarem a terminação de bovinos

no período seca/inverno grande relevância é dada a vantagem por parte dos produtores que

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não necessitariam disponibilizar uma área de verão para engorda, o que não acarretaria em

redução da área destinada à agricultura, uma vez que o acabamento se daria em um único

ciclo de pastagem. Corroborando tal informação, Teixeira Neto et al. (2009) relataram sobre

elevados desempenhos de bovinos observados em pastagem de Brachiaria ruziziensis após 60

dias à colheita do milho, com utilização de animais anelorados em fase de terminação na

entressafra, promovendo, segundo os autores, uma boa alternativa de remuneração para o

acabamento de bovinos alimentados a pasto.

A expansão nacional de sistemas de ILP por parte dos produtores é evidente, trabalhos

conduzidos em centros de ensino e pesquisa, por órgãos públicos e privados, além de relatos

acerca de adeptos comprovam cada vez mais a vantagem de sua utilização. A amplitude de

assimilação é constatada pela condução de ensaios observados na região Sul do país (LOPES

et al., 2008), Sudeste (CORDEIRO e IORA, 2009), Centro-Oeste (KLUTHCOUSKI et al.,

2003) e Nordeste (TEIXEIRA NETO et al., 2009). De acordo com Macedo (2009) outras

regiões como Maracaju, MS; Rio Verde, GO; Campo Mourão, PR; e Rondonópolis, MT,

destacam-se pela prática de tal tecnologia e iniciativas como nos municípios de Luis Eduardo

Magalhães, BA; Uberlândia, MG; Pedro Afonso, TO; e Assis, SP comprovam a abrangência

de sua aplicação.

Entretanto, faz-se necessário maior incentivo, público e/ou privado, a fim de promover

cada vez mais conhecimento e planejamento à adoção do sistema, acompanhado de técnicas

que beneficiem a produção agropecuária com vistas à sustentabilidade do agronegócio.

1.2.3. Alimentação animal

Segundo Jacquot et al. (1960) citado por Andriguetto et al. (1990), a definição dada ao

alimento é a de uma substância que, quando consumida por um indivíduo, seja capaz de

contribuir para assegurar o ciclo regular de sua vida e a sobrevivência da espécie a qual

pertence.

Com base neste conceito, torna-se clara a contribuição da alimentação aos animais

domésticos, uma vez que esta promove a um ou mais indivíduos, os nutrientes capazes de

manutenção da vida e quando em condições adequadas de rendimento, o atendimento das

produções demandadas pelo homem (ANDRIGUETTO et al., 1990).

Ao considerar o pasto como o alimento natural dos ruminantes, este deve constituir a

sua principal dieta. De acordo com Paulino (2005), deve haver um grande destaque quanto à

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utilização sustentável dos pastos para produção de ruminantes, uma vez que estes recursos

representam a principal e mais econômica fonte de nutrientes a estes animais.

Um princípio inerente à tomada de decisão em sistemas de produção de ruminantes em

pastagens é o equilíbrio entre o suprimento e a demanda dos animais durante todas as épocas

do ano (DA SILVA e PEDREIRA, 1996). Diferenças quanto à quantidade e propriedades

físicas dos compostos que fazem parte do pasto, em especial a fibra, afetam de forma direta a

utilização da dieta, proporcionando diferentes desempenhos por parte dos animais, os quais

podem ser positivos ou negativos, em reflexo ao efeito da quantidade e do valor nutricional da

forragem sobre o consumo e a alterações na fermentação ruminal (PAULINO et al., 2001).

Segundo Paulino et al. (2006a) em ocasiões onde a alimentação baseia-se na dúplice

pasto e mistura mineral, frequentemente há um fator limitante ao ótimo desempenho biológico

e econômico e, diante disto, caberá ao manejador prover os nutrientes limitantes para os

animais com o objetivo de suprir suas necessidades nutricionais.

Paulino et al. (2001), relatam que as diferenças inerentes ao animal pastejador no fator

ingestão de forragem estariam ligadas ao estádio de desenvolvimento da planta e são mais

importantes que aquelas ligadas à espécie vegetal. Assim, no manejo ideal dos pastos são

priorizadas espécies que mantenham durante o ciclo fenológico teores mais elevados de

nutrientes disponíveis.

Esta forma de manejo encontra-se dentro da perspectiva de uma bovinocultura de

precisão que envolve a exploração do potencial genético tanto de forrageiras como de

animais. Desta forma, um sistema que demanda precisão, exige espécies de forragens e

animais adaptados para atuarem sinergicamente com objetivo de se obter elevado

desempenho. Aos animais, cabe a atribuição de possuírem a eficiência na conversão de

forragens em produto animal, e para o pasto, a minimização da variação quantitativa e

qualitativa ao longo do ano. Assim sendo, os fatores nutricionais passíveis de ajuste devem

ser realizados a fim de permitirem aos animais a expressão do seu potencial genético

(PAULINO et al., 2006a).

A evolução natural destes conceitos conduz ao desenvolvimento de formas de manejo

que integrem qualidade e quantidade de forragem através da oferta de MS potencialmente

digestível, independentemente da época do ano (PAULINO et al., 2004) e concomitantemente

objetivem o equilíbrio entre três fases do processo de produção, ou seja, o crescimento, a

utilização e a conversão de material vegetal em produto animal (HODGSON, 1990).

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1.2.3.1. Aspectos relativos ao pasto

O pasto caracteriza-se por ser o componente mais importante na dieta de bovinos de

corte, sendo no Brasil constituído basicamente por gramínneas perenes (nativas e cultivadas),

sendo notadas, entretanto em menor escala, pastagens cultivadas de ciclos anuais (CEZAR et

al., 2005).

Segundo Detmann et al. (2010), o pasto deve ser entendido como um componente da

produção de elevada complexidade, uma vez que este fornece substratos aos animais e é

passível de apresentar uma variação qualitativa e quantitativa ao longo do ano determinado,

principalmente, por fatores abióticos (e.g., precipitação, temperatura e radiação solar).

Dada a sua complexidade, importância e estreita relação com a produtividade animal,

um manejo adequado do pasto se aplica com a finalidade de obter altos rendimentos, seja por

animal como também por área. Tal manejo deve voltado para maximizar a produção

forrageira conciliada à sua perenidade ao longo do ciclo produtivo, aliado a alta eficiência de

utilização por parte dos animais (GOMIDE e GOMIDE, 1999; MARCELINO, 2004; REIS et

al., 2007). Da mesma forma, a escolha de espécies adaptadas associadas a técnicas de

adubação e correção do solo permitem maiores taxas de lotação no ambiente da pastagem

intensificando o sistema de produção (ALMEIDA et al., 2000).

Paulino et al. (2006a), ao abordarem formas de condução da produção pecuária com

ênfase em precisão, apresentaram um conceito moderno e aplicável de manejo de pastagem,

com menção ao manejo para qualidade e quantidade através da MSpd descrito em Paulino et

al. (2001) e Paulino (2005). A este manejo caberia a construção de ambientes pastoris

compatíveis com um elevado padrão de bem-estar e nutrição, sendo este último caracterizado

pela acessibilidade dos nutrientes em proporções adequadas às exigências dos animais, tanto à

mantença como à produção, durante todo o desenvolvimento do ciclo de produção.

Formas de manejo de pastagem que promovam melhorias em seus índices produtivos

constituem elementos de constantes pesquisas para aprimoramento da produção pecuária a

pasto. De acordo com Marcelino (2004), há a necessidade de maiores estudos a respeito do

tema, principalmente quando abordado gramíneas tropicais.

Ampla importância deve ser destacada a ingestão de forragem em sistemas de criação

de bovinos. Segundo Mertens (1994) citado por Da Silva et al. (2008), a resposta produtiva

dos animais é função do consumo de nutrientes digestíveis e metabolizáveis, contudo,

aproximadamente 60 a 90% das variações em desempenho são definidas pelas variações

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correspondentes em consumo e apenas 10 a 40% pelas variações correspondentes em

digestibilidade.

O consumo de forragem é regido por fatores nutricionais e não nutricionais. Os fatores

nutricionais são aqueles decorrentes da dieta basal, sendo grande a influencia determinada

pela fibra insolúvel que participa diretamente no efeito de repleção ruminal, Detmann et al.

(2010) destaca este efeito ao tratar do tema na utilização de recursos alimentares basais de

baixa qualidade. A caracterização de tais recursos é determinada pelo baixo nível de

compostos nitrogenados e pela elevada lignificação da fração fibrosa insolúvel (PAULINO et

al., 2006b). Aos fatores não nutricionais, considera-se o efeito promovido pela planta através

da apresentação da estrutura do dossel e ao efeito dos animais na seleção da forragem,

tamanho e taxa de bocados e tempo de pastejo (DA SILVA et al., 2008).

Segundo Sarmento (2003), características estruturais do dossel forrageiro, como a

altura e a densidade volumétrica, determinam padrões de comportamento ingestivo realizado

pelos animais. O mesmo autor destaca que o consumo de forragem é passível de controle

através das variações da condição e estrutura do dossel sob um manejo adequado da

pastagem, o que pode atender a diferentes demandas nutricionais em diferentes épocas do ano.

Como evidenciado por Sbrissia (2004), maiores taxas de acúmulo líquido Brachiaria

brizantha cv. Marandu foram obtidos com a manutenção do dossel forrageiro a uma altura de

30 cm (resultados observados ao final da primavera, verão e outono). Sendo o acúmulo

líquido de forragem isento de material senescente, melhor tornam-se as condições de oferta de

forragem aos animais, influindo sobre seu consumo e contribuindo no desempenho animal.

Entretanto, vale ressaltar de que mesmo quando a disponibilidade de forragem apresenta-se

elevada, o colmo e o material morto podem limitar o consumo por parte do animal (DA

SILVA et al., 2008). Cabendo ao agente manejador adequar ao pasto qualidade e quantidade a

fim de atender aos requisitos exigidos à produção animal.

Atualmente uma variante que tem despertado interesse por tornar o sistema de

produção mais eficiente e sustentável, suprindo as demandas dos animais e mantendo a

qualidade da forrageira, é o sistema de ILP que possui como uma de suas características a

manutenção da pastagem em bom estado produtivo ao longo do ano (PAULINO et al.,

2006a). De acordo com Vilela et al. (2003), produtores que praticam a integração apresentam

vantagem considerável sobre demais produtores praticantes do sistema convencional, como

exemplo à produção pecuária são evidenciados rendimentos de carne de 25 @/ha no primeiro

ano de pastejo após o cultivo de soja.

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O período seco é onde se encontra o principal fator limitante no desempenho dos

bovinos em virtude da escassez de forragens. Segundo Aidar et al. (2003) ao tratarem da

produção de forragem no bioma Cerrado, destacaram que esta sazonalidade na produção é

devida a marcante escassez de chuva em determinados períodos do ano. Esta carência na

pluviosidade promove uma deficiência hídrica que influi negativamente na absorção de

nutrientes pelo sistema radicular das plantas.

Para tal situação, são propostas técnicas que possibilitem o aumento da disponibilidade

de forragem durante o período crítico, atingindo a mesma lotação animal do período chuvoso

(EUCLIDES e QUEIROZ, 2000). Destaque às opções de irrigação, fertirrigação e diferimento

de pastagem.

A fim de amenizar a escassez de chuva no período de seca, a técnica de irrigação e a

fertirrigação (aplicação de fertilizantes via água de irrigação) apresentam-se como

ferramentas úteis à produção de pastagem (DRUMOND, 2005).

De acordo com Paulino et al. (2006a), a utilização de recursos hídricos superficiais e

ou subterrâneos através da irrigação, possui potencial para uso intensivo da terra, reduz riscos

de baixas produtividades e contribui para o desenvolvimento da bovinocultura dentro do

enfoque da ILP na viabilização de culturas como sorgo, milho, cana-de-açúcar e pastagens de

uso direto na bovinocultura.

Todavia, sabe-se que as técnicas apresentam custo final elevado, decorrente da infra-

estrutura a ser disposta, assim como da energia utilizada e da manutenção dos equipamentos,

podendo não apresentar eficiência econômica em determinadas situações (AIDAR et al.,

2003).

Acerca do diferimento de pastagens, este consiste na estratégia de manejo que

seleciona determinadas áreas da propriedade e as exclui do pastejo, garantindo acúmulo de

forragem para utilização durante o período em que naturalmente a sua disponibilidade é baixa

(SANTOS e BERNARDI, 2005).

Santos (2007) destacou que a técnica além de constituir uma reserva de forragem,

permite, caso seja o objetivo, o florescimento das plantas e a produção de sementes,

contribuindo para a regeneração e sustentabilidade da pastagem.

Contudo, uma condução errônea da técnica pode promover acúmulo de matéria

vegetal indesejável, a exemplo de colmos maduros e materiais senescentes que contém

elevado percentual de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), influenciando

negativamente o consumo de MS potencialmente digestível (PAULINO et al., 2006b).

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Sobre os constituintes das pastagens nas regiões tropicais brasileiras, diferentes

sistemas empregam variados exemplares forrageiros (nativos e cultivados). As pastagens

nativas apresentam capacidade de suporte variando de 0,1 a 0,3 UA/ha, conseqüentemente os

indicadores de desempenho desses sistemas encontram-se relativamente baixos. Pastagens

cultivadas podem apresentar capacidade de suporte média anual oscilando de 0,5 a 2,5 UA/ha,

com ganhos de peso corporal oscilando de 42 a 255 kg/ha/ano (CEZAR et al., 2005).

Segundo os autores supracitados e corroborados por Da Silva et al. (2008), os gêneros

de gramíneas Brachiaria sp. e Panicum sp. são os principais constituintes das pastagens

cultivadas tropicais (80%) e possuem a característica de permanecerem perenes ao longo do

ano. Todavia, nos sistemas de ILP, utilizam-se também gramíneas de ciclo anual (e.g.,

milheto, aveia e sorgo).

Sobre Brachiaria sp., especificamente o exemplar Brachiaria brizantha cv. Marandu,

detém de grande representatividade nas pastagens localizadas na região central do Brasil,

sendo a recomendação do cultivar feita a solos de média a alta fertilidade, tendo como

principais características, a alta produtividade, persistência, tolerância à seca e ao fogo e

resistência às cigarrinhas das pastagens, denotando ao material grande interesse econômico e

científico na pesquisa de pastagens (MARCELINO, 2004).

1.2.3.2. Aspectos relativos à suplementação alimentar

No Brasil os sistemas de produção de bovinos residem quase que em sua totalidade

regidos sob alimentação a pasto e com pouca utilização de alimento concentrado. Desta

forma, ampla importância se faz na composição de dietas a baixo custo, utilizando

(manejando) de forma eficiente o componente basal da alimentação dos animais ruminantes

(PAULINO, 2005; PAULINO et al., 2006a).

Este componente basal caracteriza-se por uma heterogeneidade natural de fatores,

tanto quantitativos como qualitativos, onde a composição botânica e morfológica apresenta

variações de acordo com o estádio fenológico das plantas e com a forma em que estas se

dispõem em diferentes direções no espaço compondo a arquitetura do dossel, estas variações

possuem papel determinante sobre a ordem de grandeza das respostas produtivas de animais

criados sobre pastagem (DA SILVA, 2006).

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Entretanto, a criação a pasto é altamente influenciada pelos efeitos climáticos, visto

que estes promovem uma estacionalidade na produção de forrageiras concentrando 80 % da

produção no período das águas e 20 % no período da seca (EUCLIDES et al., 2007).

Conforme Paulino et al., (2006a), a fim de atender desempenhos acima do obtido

através do consumo exclusivo de pasto, a suplementação através de alimento concentrado

torna-se uma técnica indispensável quando as exigências por nutrientes se fazem em maior

quantidade (crescimento acelerado). Sendo o conceito da terminologia de suplemento,

segundo a descrição realizada por Malafaia et al. (2003), como algo que se fornece a mais;

aquilo que serve para suprir a deficiência de...; parte que se adiciona a um todo, visando

aperfeiçoá-lo. Da interpretação deste conceito, suplementa-se à dieta (o pasto) e não os

animais como observado em algumas citações.

Quanto ao papel da suplementação para bovinos em pastejo, este se constitui na ação

de suprir a demanda não atendida exclusivamente pela dieta basal (pasto) através do

fornecimento de uma fonte de nutrientes adicionais para o sistema. Adicionalmente, Reis et

al. (2005) destacaram outros papéis da utilização da técnica de suplementação, tais como o

aumento na capacidade de suporte das pastagens, a potencialização do ganho de peso dos

animais, a diminuição da idade de abate, o auxílio no manejo das pastagens e o fornecimento

de aditivos ou promotores de crescimento via concentrado.

Respostas à suplementação são evidenciadas através de variações no consumo de

forragens e desempenho animal, decorrente do aumento na disponibilidade de energia

dietética e nas reservas de precursores bioquímicos do metabolismo (PAULINO, 2005;

PAULINO et al., 2010). De forma similar, Mieres (1997) ressaltou as implicações quanto à

utilização de suplementos na dieta de ruminantes, segundo o autor há melhora no status

nutricional dos animais, maior eficiência no uso dos alimentos, prevenção de enfermidades

nutricionais e destino mais adequado aos resíduos de colheitas.

Outra implicação é dada pela manipulação de parte da microbiota ruminal. Segundo

Malafaia et al. (2003) o consumo de suplementos contendo elevados níveis de NaCl (7,5 %),

promove aumento proporcional da ingestão de água, contribuindo para o aumento do fluxo de

protozoários ruminais para o intestino delgado. O aumento da ingestão de água torna o

conteúdo ruminal mais diluído o que promove um impedimento na migração de protozoários

de volta ao rúmen, não ocorrendo retenção ruminal de proteína microbiana de origem

protozoa.

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A técnica de suplementação é fatível em qualquer período do ano atendendo a

diferentes objetivos de produção, sendo sua composição e quantidade de fornecimento aos

animais sujeitos às metas estabelecidas no pré-planejamento da produção. Diferentes enfoques

são conferidos aos períodos de seca e das águas, bem como aos períodos de transição

águas/seca e seca/águas marcantes em algumas regiões do país. Estas divisões acontecem

principalmente pelas diferenças na qualidade e quantidade de forragem ao longo do ano.

Segundo Paulino et al. (2002a) a função primária da suplementação no período de seca

(inverno) é o suprimento de nutrientes não disponíveis pela fonte basal de alimento.

Considerando a lei de Liebig (lei do mínimo), o suprimento através de alimento concentrado

possibilitaria o adequado desenvolvimento do animal no período seco, visto que elementos

nutricionais essenciais, naturalmente deficitários neste período, seriam supridos.

Resultados obtidos através de ensaios realizados no período de seca retratam a

eficiência do sistema pasto-suplemento em diferentes fases da criação de bovinos de corte.

Detmann et al., (2004) ao pesquisarem níveis de PB para suplementos de animais terminados

a pasto, evidenciaram ganho médio diário de 0,983 kg/animal e rendimento de carcaça

superior a 51,0 % para tratamentos com teor de 20 % de PB. Os autores inferem que este

percentual de PB otimiza o desempenho produtivo dos animais permitindo rentabilidade

favorável no período da seca. Adicionalmente, incrementos a esta rentabilidade podem ser

obtidos através da aquisição estratégica de insumos.

Santos et al. (2002) ao avaliarem características de desempenho e de carcaça de

animais terminados em sistema pasto-suplemento, demonstraram que o fornecimento de

suplementos proporciona a obtenção de carcaças mais pesadas, com menor proporção de

ossos, maior relação músculo:osso e melhor acabamento, quando comparado às carcaças dos

animais não-suplementados. Desta forma a técnica de suplementação durante o período seco

permite a terminação e o abate de animais classificados como jovens e com carcaças de alta

qualidade.

No período de transição seca/águas os ganhos observados devem-se ao fato de que os

animais podem expressar ganhos compensatórios devido à disponibilidade de forragens de

bom valor nutricional, situação notada após um período de subnutrição devido ao período de

seca (POPPI e McLENNAN, 1995; SANTOS et al., 2002).

Neste contexto, Moraes et al., (2006) concluíram que diferentes níveis de PB ofertada

através de suplementos influenciam de forma distinta o desempenho dos animais. Segundo os

autores, o suplemento com 24,0 % de PB apresenta-se como sendo o mais eficiente,

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imprimindo aos animais melhor performance e permitindo retorno econômico favorável

durante o período de transição seca/águas.

Quanto à suplementação no período das águas, esta detém o escopo de aumento no

ganho de peso além do obtido naturalmente sem a utilização da técnica, isto porque mesmo

constituindo-se de um período favorável ao desenvolvimento de forragens, há situações em

que variações quanto aos seus valores nutritivos são observados, sendo estas variações

possíveis de não atingirem à demanda exigida pelos animais (MORAES, 2006).

Um dos fatores contribuintes para o aumento em desempenho no período das águas é a

influencia determinada pela nutrição. Sob o intuito de atender maiores exigências nutricionais

estabelecidas pelo crescimento acelerado, um aumento na oferta de proteína na alimentação

apresenta-se como uma opção adequada (POPPI e McLENNAN, 1995). Adicionalmente,

Malafaia et al. (2003) descrevem sobre a conveniência de suplementos com proteínas de

menor degradabilidade ruminal, mesmo para animais pastejando forragens com altos níveis de

proteína.

Entretanto, Costa (2009) inferiu que a suplementação de bovinos em pastejo no

período das águas é mais adequada quando se utiliza fontes de compostos nitrogenados

degradáveis, o que permite ampliar a eficiência de uso do pasto por elevar a concentração de

nitrogênio amoniacal ruminal. Afirmativa esta corroborada por Detmann et al. (2010), em que

a recomendação de um planejamento nutricional no período das águas deve ser realizada

envolvendo suplementos que contenham compostos degradáveis no rúmen a fim de elevar a

concentração de nitrogênio amoniacal ruminal ao mínimo de 13 mg/dl.

Outro fator abordado por Poppi e McLennan (1995) e Malafaia et al. (2003), diz

respeito à suplementação energética no período das águas, esta promoveria melhora na

utilização da proteína do pasto, principalmente quando a proteína possuísse elevada

degradação ruminal, o que permitiria um aumento no crescimento microbiano, em

consequência, maiores suprimentos de proteína microbiana para o intestino delgado seriam

evidenciados.

Zervoudakis et al. (2002), em trabalho desenvolvido com recria de novilhas mestiças

sob o consumo de 0,5 kg de suplemento/dia, constataram respostas ao ganho de peso diário

em valores médios de 0,838 kg por novilha. De acordo com os autores os resultados

apresentados demonstraram-se adequados face ao contexto avaliado. De forma semelhante,

Porto et al. (2009), observaram efeitos significativos no ganho de peso de animais em recria

consumindo suplemento alimentar comparados aos que consumiam mistura mineral. Os

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resultados destes trabalhos confirmam a afirmativa de Paulino et al. (2002b) sobre o efeito da

suplementação protéica durante a estação das águas. De acordo com os autores, os animais

suplementados geralmente respondem à utilização de suplementos com ganhos adicionais

variando de 0,200 a 0,300 kg.

Sobre a suplementação no período de transição águas/seca, Barbosa et al. (2008)

evidenciaram diferenças significativas quanto ao ganho médio diário e ao ganho total por

novilho consumindo suplemento protéico-energético quando comparados a animais que

consumiam mistura mineral. Além disto, conclusões a respeito de rentabilidade da técnica

demonstraram-se positivas, segundo os autores recomenda-se a suplementação protéico-

energética, pois o retorno econômico é maior do que o observado para animais consumindo

apenas suplemento mineral.

Um possível efeito ao suplementar a dieta de bovinos de corte foi apresentado por

Lange (1980) citado por Mieres (1997), sobre as relações entre o pasto e o suplemento. Estas

relações apresentam-se de distintas formas sobre o consumo da pastagem, sendo descritas

como aditivas, substitutivas, aditiva substitutiva, aditiva com estímulo e substitutiva com

depressão. Efeitos associativos positivos permitem que haja incremento no consumo de

forragem quando providos, através de suplementos concentrados, os nutrientes limitantes

deficientes no pasto (e.g., nitrogênio e fósforo) (PAULINO, 2005).

Quanto aos efeitos negativos, é importante considerar que estes não se enquadram em

sistemas que preconizam precisão na produção. Detmann et al. (2005) destacam que efeitos

substitutivos sobre o consumo de forragem não são interessantes, visto que o objetivo

principal da suplementação no sistema produtivo reside sobre a otimização do uso das

forragens, minimizando o efeito de substituição. Segundo Euclides (2002), o efeito dessa

substituição ocorre geralmente em situações onde a suplementação alimentar é fornecida

simultaneamente a pastagens de alta qualidade resultando em depressão do consumo de

forragem por parte do animal. O motivo pelo qual o animal apresenta esta alteração de

consumo se dá em função do controle quimiostático, que é sensível à quantidade de energia

digerível ingerida. Costa (2009) ao avaliar o desempenho nutricional de bovinos em sistema

pasto-suplemento apresentou coeficientes de substituição médios de 2,11 g de MS de pasto e

1,07 g de FDN de pasto para cada grama de suplemento ingerido.

Segundo Paulino (2005) os efeitos associativos negativos são frequentes e podem

influenciar a digestibilidade da forragem de forma negativa, o que contribuiria também para

uma baixa eficiência na utilização de grãos.

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Estas interações foram igualmente destacadas por Detmann (2002), alegando que a

taxa de crescimento específico dos microrganismos ruminais sofre influencia dos efeitos de

interação entre alimentos. Portanto, sejam os efeitos associativos positivos ou negativos, de

grande ou pouca magnitude, estes existem e ocorrem em circunstâncias práticas de

alimentação.

Um aspecto relevante ao sistema pasto-suplemento se deve a avaliação econômica de

adesão da técnica. Uma administração com caráter empresarial, com gestão embasada em

projeções de custos e rentabilidade são prioridades nas considerações realizadas no

planejamento pecuário que antecede a definição de sua aplicação. Além disto, Nogueira

(2003) destacou o estabelecimento de um plano anual a ser aplicado dentro das possibilidades

da empresa rural para se obter uma condição eficientemente lucrativa.

Quanto ao sucesso da técnica, Da Silva et al. (2008) destacam que em sistemas de

produção baseados em pastagens que objetivem a eficiência e otimização dos recursos

suplementares, torna-se imprescindível o conhecimento das relações entre níveis de

suplementação, disponibilidade e oferta de forragem. Uma suplementação adequada depende

do entendimento dos efeitos da utilização do suplemento, assim como da eficiência do sistema

de produção como um todo.

Um planejamento que empregue a técnica de suplementação no sistema de produção

de bovinos a pasto, através de gestão integrada dos recursos alimentares, tornará índices

produtivos mais compatíveis com o potencial latente da pecuária de corte brasileira.

Os capítulos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Brasileira

de Zootecnia.

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CAPÍTULO 2

Suplementação de bovinos de corte recriados em sistema de integração lavoura e

pecuária no período das águas

2.1. RESUMO – Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo e econômico de animais

consumindo quatro diferentes formulações de suplementos, SM – mistura mineral, SE –

suplemento energético, SEP – suplemento energético-protéico e SPE – suplemento protéico-

energético, assim como avaliar as características nutricionais e estruturais do pasto de

Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistema de integração lavoura e pecuária. Foram

utilizados 100 novilhos não castrados, sendo 57 mestiços (Nelore x Europeu) e 43 da raça

Nelore, com idade média de 15 meses e peso corporal médio inicial de 281 ± 31 kg. A área

experimental constituiu-se de quatro piquetes de 4,68 ha, formados com B. brizantha cv.

Marandu. A massa de forragem total (MFT) e massa de forragem potencialmente digestível

(MFpd) foi de 6,19 t/ha e 4,14 t/ha, respectivamente. O experimento foi estruturado segundo o

esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado, onde foram

avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro diferentes formulações de

suplementos. O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, sendo a quantidade

ofertada de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE, aproximadamente 0,16% do peso corporal

médio dos animais, salvo o SM ofertado ad libitum. Houve diferença de grupo genético sobre

o ganho produtivo dos animais, sendo que os novilhos mestiços apresentaram melhor

desempenho. A média de ganho de peso diário, ganho de peso total e peso corporal final,

foram maiores nos animais que consumiram SE em relação ao SM e SPE. O tratamento SE

permitiu maior retorno econômico por unidade monetária investida e maior redução nos dias

necessários para a obtenção de animais de peso corporal de 360 kg quando comparado aos

tratamentos SM, SEP e SPE.

Palavras chave: pastagem, suplemento, recria, bovinos de corte, desempenho animal

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Supplementation of beef cattle raised in integrated crop and livestock during the rainy

season

2.2. ABSTRACT – The objective was the evaluate the performance and economic

development of animals receiving four different formulations of supplements, MM – mix

mineral, SE – energy supplement, SEP – protein and energy supplement and SPE – energy

protein and supplement, as well as evaluate the nutritional and structural characteristics of the

pasture (Brachiaria brizantha cv. Marandu) in integrated crop and livestock. A total of 100

steers, 57 crossbred and 43 Nelore, uncastrated, with 15 months of average age and 280 ± 31

kg of initial body weight. The experiment consisted of four paddocks of 4.68 ha formed by B.

brizantha cv. Marandu. The availability of dry matter and potentially digestible dry matter

was 6.19 t/ha and 4.14 t/ha, respectively. The work was designed as factorial arrangement

(2x4) in a completely randomized design, were evaluated two genetic groups (Nelore vs.

Crossbred) and four different formulations of supplements. The animals were feeding around

10:00 am, and the quantity of supplements offer of 0.5 kg/animal/day for the SE, SEP and

SPE, approximately 0.16% of average body weight, except the MM offered ad libitum. There

was significant effect of genetic group on productive performance of animals, crossbred steers

and that had better performance. The average daily and total gain weight, were higher in

animals that consumed SE in relation to MM and SEP. The SE treatment allowed greater

economic return per unit monetary invested when compared to other treatments MM, SEP and

SPE. Crossbred steers raised in system integration of crops and livestock in the period of

productive waters have better performances.

Keywords: pasture, supplement, rearing, beef cattle, animal performance

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2.3. Introdução

As exportações brasileiras de carne bovina ao longo da primeira década do século 21

apresentaram notável crescimento. Contudo, para a continuidade deste incremento, a

produção nacional deve ter como meta altos índices de produtividade associados a produtos

de qualidade, tendo em vista o suprimento da demanda dos mercados interno e externo.

A ampliação da capacidade de produção nas áreas atualmente exploradas deve possuir

como objetivo a utilização de tecnologias que favoreçam o produtor rural sem, contudo,

promover impactos irreversíveis ao meio ambiente. Destaca-se que, as adoções de sistemas

que integrem cultura de grãos à pecuária apresentam-se de grande interesse, visto que, estes se

completam sob os aspectos do manejo, da fertilidade, da física e da biologia do solo,

promovendo benefícios da exploração pecuária à lavoura, assim como, da lavoura à pecuária,

através do aproveitamento residual das adubações das culturas de grãos permitindo maior

produtividade e qualidade do pasto e, aumentando os indicadores de produção por parte do

componente animal.

Adicionalmente, para o aumento da produtividade, a redução da idade ao abate dos

animais apresenta-se oportuna, pois amplia a taxa de desfrute dos rebanhos e melhora a

qualidade do produto ofertado.

Aspectos relativos à fase de recria tornam-se de grande valia na produção de bovinos

de corte, uma vez que esta detém os animais por maior período na propriedade. Como descrito

por Aidar & Kluthcouski (2003), a duração desta fase pode alongar-se por até 30 meses em

sistemas de produção menos tecnificados. No entanto, tal período apresenta-se passível de

redução ou até mesmo de eliminação, visto que a sua ampliação promove baixos índices

zootécnicos, elevando os custos do sistema de produção.

Desta forma, a recria de bovinos de corte, responsável por aproximadamente 58% do

ciclo de produção, apresenta-se como a etapa principal para a aplicação de tecnologias a fim

de melhorar a eficiência do processo produtivo (Goes et al., 2005). Práticas que diminuam o

número de animais nesta fase e/ou abreviem o seu tempo de duração, tornam-se significantes

para o desenvolvimento de uma bovinocultura de ciclo curto como observado em sistemas de

pastejo que utilizam suplementação alimentar (Barbosa et al., 2008; Paula et al., 2010).

A utilização de suplementos na produção de bovinos de corte apresenta-se,

independentemente da estação, imprescindíveis quando as demandas por nutrientes se fazem

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em maior quantidade, como exigido por sistemas delineados para obtenção de crescimento

acelerado e oferta de animais acabados precocemente.

No entanto, Pilau et al. (2003) relataram que a suplementação possui grande

participação na composição dos custos totais da atividade pecuária. Com base na afirmação,

Paula (2008) enfatizou sobre a importância de se realizar uma avaliação conjunta entre

eficiência produtiva e o impacto econômico promovido pela adesão desta técnica. Isto porque,

a pecuária desenvolvida no sistema pasto-suplemento implica em mudanças estratégicas no

planejamento e na condução da criação, o que geralmente exige maiores investimentos por

parte do produtor.

De acordo com as considerações apresentadas, definiu-se como objetivo deste estudo

avaliar o desempenho produtivo e econômico de bovinos de corte, Nelore e mestiços, na fase

de recria, suplementados em pastagem com Brachiaria brizantha cv. Marandu, cultivada em

sistema de integração lavoura e pecuária (ILP) durante o período das águas.

2.4. Material e Métodos

O experimento foi conduzido em área pertencente à fazenda Dona Isabina, localizada

no município de Santa Carmem situado na região norte do estado de Mato Grosso, durante o

período das águas, compreendendo os meses de janeiro a abril do ano de 2010. A área

experimental encontra-se sob as coordenadas geográficas 12°03’52.07’’ Sul e 55°21’16.92’’

Oeste.

O clima de Santa Carmem é, de acordo com a classificação de Köppen-Geiger, do tipo

Am (clima de monção), ou seja, tropical chuvoso com um pequeno período de chuvas no mês

mais seco. O município localiza-se no Planalto dos Parecis, sendo o relevo homogêneo com

pouca declividade e altitude média de 435,0 m em relação ao nível do mar (Santa Carmem,

2010).

O módulo do sistema de ILP utilizado apresentou, durante cinco anos agrícolas,

distintas culturas, sendo iniciado o experimento no ano de 2009/10 (Tabela 1).

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Tabela 1 – Histórico da distribuição das culturas em função do ano agrícola e da época do

ano.

Ano agrícola Época

Águas Seca

2005/06 Soja1

Sorgo3 + B. ruziziensis

2006/07 Soja1 Milho

4 + B. ruziziensis

2007/08 Arroz2 Milheto

5 + Sorgo

3 + B. ruziziensis

2008/09 Soja1 Milho

4 + B. brizantha cv. Marandu

2009/10 B. brizantha cv. Marandu --- 1Precoce;

2Semeado em plantio direto;

3Pastejo;

4Safrinha;

5Semeado sobre o consórcio Sorgo + B.

ruziziensis que germinaram inadequadamente.

O módulo do sistema de ILP destinado à avaliação das variáveis do pasto e do

desempenho produtivo dos animais apresentava área total de 18,72 ha, subdividido em quatro

piquetes de 4,68 ha, delimitados internamente por cerca elétrica composta de três fios. Em

cada piquete, foram alocados três cochos móveis e descobertos, e um bebedouro tipo

Australiano (2600 litros) localizado no vértice comum aos quatro piquetes.

O pasto era formado homogeneamente pela gramínea Brachiaria brizanta cv.

Marandu, sendo sua implantação realizada no ano agrícola 2008/09, em consórcio à cultura de

milho (Zea mays) dentro das técnicas preconizadas pelo sistema de ILP – Santa Fé. Após a

colheita do grão o pasto foi manejado até o dia de início do período experimental, sendo

realizada uma adubação de manutenção com 50 kg de N/ha dez dias após o início das

atividades com intuito de proporcionar acréscimo na produção de massa de forragem.

O experimento foi conduzido através de lotação contínua, com taxa de lotação variável

em função do ganho médio diário dos animais. Para avaliação de desempenho foram

utilizados 100 novilhos não castrados, sendo 43 animais da raça Nelore e 57 animais mestiços

(Nelore x Europeu), com idade média de 15 meses e peso corporal médio inicial de 281 ± 31

kg. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em quatro lotes com pesos semelhantes. Ao

início do experimento, todos os animais foram submetidos ao controle de endo e ectoparasitas

e durante o período experimental, quando necessário, realizaram-se controles individuais dos

animais que apresentaram ferimentos infestados por miíases.

Os dados climáticos referentes ao período ao período experimental foram tomados,

para temperatura, da estação automática pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia e,

para precipitação, de um pluviômetro localizado a cerca de 100 m da área experimental, os

dados climáticos encontram-se dispostos na Tabela 2.

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Tabela 2 – Valores médios diários das temperaturas máximas e mínimas, e precipitação

pluviométrica média e total coletados ao longo do período experimental

Períodos Temperaturas Médias (°C)¹ Precipitação (mm)²

Máxima Mínima Média Total

Jan/Fev 31,04 21,64

12,91 361,50

Fev/Mar 31,91 22,25

9,91 277,50

Mar/Abr 30,75 21,83 10,86 304,00

Fonte: ¹ Instituto Nacional de Meteorologia; ² Pluviômetro de campo.

Foram avaliados quatro tratamentos compostos por suplementos alimentares

(suplemento mineral – SM; suplemento energético – SE; suplemento energético protéico –

SEP; suplemento protéico energético – SPE) na alimentação de bovinos recriados em pastejo

no período das águas. O SE é assim caracterizado por possuir menos de 20% de PB e não

conter fonte protéica, SEP por possuir menos de 20% de PB e conter fonte protéica, e o SPE

por ter mais de 20% de PB e conter fonte protéica. Na Tabela 3, encontra-se a composição

percentual dos suplementos.

O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h com tempo gasto total de 30

minutos. A quantidade ofertada foi de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE,

aproximadamente 0,16% do peso corporal médio dos animais. O SM foi ofertado ad libitum.

Através de pesagens diárias da sobra encontrada no cocho, determinou-se o consumo médio

de mistura mineral por animal ao longo dos períodos, fornecendo dados mais próximos ao

real para contribuição à posterior análise econômica.

Tabela 3 – Composição percentual dos suplementos com base na matéria natural

Ingredientes Suplementos

SM SE SEP SPE

Mistura mineral1 100,0 14,0 14,0 14,0

Resíduo de feijão moído - - 17,7 43,1

Grão de milheto moído - 86,0 66,8 36,9

Uréia - - 1,5 6,0 1 Mistura mineral comercial – Tertúlia 85 P.

Níveis de garantia: Cálcio 180,0 g; Sódio 120,0 g; Fósforo 85,0 g; Enxofre 15,0 g; Magnésio 2,0 g;

Zinco 4500,0 mg; Cobre 1300,0 mg; Manganês 1150,0 mg; Flúor 830,0 mg; Cobalto 85,0 mg; Iodo

85,0 mg; Selênio 24,5 mg.

O início do experimento ocorreu em 15 de janeiro de 2010 e o término em 09 de abril

de 2010, perfazendo um total de 84 dias, divididos em três períodos de 28 dias.

Após a pesagem inicial, os animais foram distribuídos em quatro lotes, aos quais

foram alocados os tratamentos aleatoriamente, sendo 28 dias o intervalo entre as pesagens

subseqüentes. Os pesos dos animais foram tomados sempre no mesmo horário do dia com o

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objetivo de acompanhar desempenho produtivo durante e ao término do experimento. A fim

de minimizar algum eventual efeito benéfico inerente a algum piquete, como uma possível

variação na massa de MS de forragem, procedeu-se o rodízio dos lotes de animais a cada 14

dias, mantendo-se o fornecimento do respectivo tratamento aos mesmos.

Ao início do experimento e sucessivamente a cada 10 dias, realizou-se a coleta de

amostras de pasto utilizando-se dois métodos. No primeiro método foram realizadas

amostragens de altura (cm) e de massa de forragem (t de MS/ha) através do corte de cinco

áreas aleatórias de cada piquete experimental. Os cortes foram feitos a uma altura de 0,10 m

do solo, delimitados por um quadrado metálico com dimensão de 0,50 x 0,50 m. As alturas

foram medidas anteriormente ao corte, com auxílio de um metro de madeira posto ao centro

do quadrado, a partir do nível do solo até o plano horizontal médio das folhas superiores.

Seguido o corte, as amostras foram pesadas e os valores registrados para posterior

determinação da massa de forragem e da densidade volumétrica do pasto (kg de MS/ha.cm).

Em seguida, o material de cada piquete foi homogeneizado, do qual foi coletado duas

subamostras compostas por piquete, sendo, uma para determinação da composição

bromatológica e massa total de forragem em t de MS/ha (MFT) e a outra fracionada para os

componentes lâmina foliar verde – LV, lâmina foliar seca – LS, colmo verde – CV e colmo

seco – CS, sendo a bainha e a inflorescência considerados como colmo, o que permitiu o

conhecimento da composição bromatológica de cada componente e a proporção entre a massa

de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e da massa de forragem morta (MFMorta, t de MS/ha)

por piquete e por período na MFT.

O segundo método de coleta adotado foi realizado com objetivo de avaliar a forragem

ingerida pelos animais através da simulação de pastejo, a qual foi conduzida por um único

amostrador ao longo do experimento a fim de minimizar a variação dos resultados. As

amostras de pastejo simulado foram obtidas simultaneamente à coleta através do método do

quadrado metálico. Ao anteceder a simulação, o amostrador posicionou-se a uma distância

que permitisse a observação do material ingerido pelos animais, após o acompanhamento deu-

se início a ação da coleta ao longo de linhas em “zig-zag” em de cada piquete, até que fosse

obtido, aproximadamente, 400 g/amostra.

Para amostras destinadas à estimativa da massa total de forragem e para amostras de

pastejo simulado, foram calculados os percentuais de MS potencialmente digestível (MSpd)

ofertada e ingerida pelos animais. Os resultados foram obtidos por intermédio do resíduo

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insolúvel em detergente neutro, obtido após incubação ruminal in situ das amostras por 240

horas (Casali et al., 2008), segundo a equação descrita por Paulino et al. (2006a):

MSpd = 0,98 x (100 – FDN) + (FDN – FDNi)

Onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeira do conteúdo celular;

FDN = fibra em detergente neutro;

FDNi = fibra em detergente neutro indigestível.

A determinação da massa de MSpd foi estimada multiplicando-se seu respectivo

percentual pela massa de forragem total (t de MS/ha).

Semanalmente, foram realizadas 200 mensurações da altura média do pasto tomadas

em 50 pontos aleatórios por piquete com o objetivo de estabelecer o correto manejo da

pastagem, dentro dos limites de 0,20 a 0,40 m recomendados por Lupinacci (2002), Sarmento

(2003) e Da Silva et al. (2008) para o capim Marandu.

As amostras de forragem coletadas, suplementos e seus respectivos ingredientes foram

enviados ao Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT, campus Sinop, para

as seguintes análises químico-bromatológicas (Tabela 4): matéria seca (MS), matéria orgânica

(MO), proteína bruta (PB) em que PB(%) = Ntotal(%) x 6,25, extrato etéreo (EE) e cinzas,

realizadas segundo as técnicas descritas por Silva & Queiroz (2002). As análises de fibra em

detergente neutro (FDN) foram conduzidas conforme Mertens (2002). A fibra em detergente

neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp) segundo Detmann et al. (2010). A fibra em

detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al. (1991). A lignina (LIG) foi

determinada segundo o método do ácido sulfúrico 72% p/p (lignina “Klason”), descrito por

Silva & Queiroz (2002). A FDN indigestível (FDNi) segundo as recomendações de Casali et

al. (2008). O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido

(NIDA) foram obtidos conforme Licitra et al. (1996).

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Tabela 4 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes e dos suplementos

Item Tratamentos

Milheto Resíduo de

Feijão Uréia

SM SE SEP SPE

MS1 (%) 98,86 90,12 90,33 90,87 88,69 89,04 98,80

MO2, 16

0,76 83,33 83,24 83,19 96,77 96,03 99,83

MM3, 16

99,24 16,67 16,76 16,81 3,23 3,97 0,17

PB4, 16

- 12,42 18,41 33,27 14,44 25,68 273,63

NIDN5, 17

- 22,89 21,42 18,68 26,62 20,55 -

NIDA6, 17

- 6,06 7,27 8,83 7,05 14,45 -

EE7, 16

- 4,28 3,69 2,72 4,98 2,05 -

CT8, 16

- 66,52 63,76 57,98 77,35 68,30 -

CNF9, 16

- 54,17 52,17 19

47,64 19

62,99 56,56 -

FDN10, 16

- 12,85 12,16 10,81 14,94 12,30 -

FDNcp11, 16

- 12,35 11,67 10,36 14,36 11,74 -

FDNi12, 16

- 10,80 9,56 7,48 12,56 6,61 -

FDA13, 16

- 6,58 7,16 7,80 7,65 11,56 -

LIG14, 16

- 1,74 1,63 1,42 2,02 1,56 -

NDT15, 18

- 72,99 71,23 66,72 84,88 82,12 - 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Carboidratos não fibrosos;

10Fibra em detergente neutro;

11Fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína; 12

Fibra em detergente neutro indigestível; 13

Fibra em detergente ácido; 14

Lignina; 15

Nutrientes digestíveis totais; 16

% da MS; 17

% do N total; 18

Estimado segundo NRC (2001); 19

Estimado segundo Hall (2000).

Os teores de carboidratos totais das amostras foram calculados segundo equação

proposta por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 – (%PB + %EE + %Cinzas). Para os

carboidratos não fibrosos (CNF) da forragem e do suplemento que não continha uréia na

formulação, o cálculo foi realizado por meio da diferença entre CT e FDNcp. Já para os

suplementos contendo uréia utilizou-se a equação proposta por Hall (2000):

CNF = 100 – [(%PB – %PB derivada da uréia + %uréia) + %FDNcp + %EE + %Cinzas]

Onde: PB = proteína bruta (% da MS);

FDNcp = fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (% da MS);

EE = extrato etéreo (% da MS);

Cinzas = cinzas (% da MS).

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49

Para estimativa de NDT (% da MS) da forragem e dos suplementos, utilizou-se o

modelo sugerido pelo NRC (2001) a partir da composição dos alimentos avaliados conforme

as equações:

PBD (forragens) = PB[–1,2 x (PIDA/PB)]

PBD (concentrados) = PB x [1 – (0,4 x PIDA/PB)]

AGD = EE – 1

CNFD = 0,98 x {100 – [(FDN –PIDN) + PB + EE + CINZAS]} x PAF

FDNpD = 0,75 x (FDNp – L) x [1 – (L/FDNp)0,667

]

NDT = CNFD + PBD + (AGD x 2,25) + FDNpD – 7

Onde: PBD = proteína bruta digestível (% da MS);

PB = proteína bruta (% da MS);

PIDA = proteína insolúvel em detergente ácido (% da MS);

AGD = ácidos graxos digestíveis (% da MS), se EE < 1, então AGD = 0;

EE = extrato etéreo (% da MS);

CNFD = carboidratos não fibrosos digestíveis (% da MS);

FDN = fibra em detergente neutro (% da MS);

PIDN = proteína insolúvel em detergente neutro (% da MS);

CINZAS = cinzas (% da MS);

PAF = fator de ajuste para processamento físico, (PAF = 1);

FDNpD = fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível (% da MS);

FDNp = fibra em detergente neutro corrigida para proteína (% da MS);

L = lignina (% da MS);

7 = valor fecal metabólico (Weiss et al., 1992 citados pelo NRC, 2001).

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50

A análise econômica foi realizada considerando a remuneração do capital investido,

obtida através da razão entre a margem de lucro e as despesas envolvidas no processo de

suplementação.

A receita obtida do ganho em equivalente carcaça (@) foi multiplicada pelo valor

médio de venda da @ na região no mês do término do experimento (abril), sendo as despesas

obtidas através do custo total com os suplementos (aquisição de ingredientes e produção)

somados aos custos envolvidos com sua distribuição. Este último foi composto pelo custo de

mão-de-obra somado ao custo com combustível utilizado para o veículo em serviço.

Considerou-se, para fins de cálculo, o tempo médio de 30 minutos para distribuição dos

suplementos aos animais, sendo a distância total percorrida de aproximadamente 1,0 km.

O experimento foi estruturado segundo um esquema fatorial (2x4), sendo dois grupos

genéticos e quatro suplementos, distribuído em um delineamento inteiramente casualizado

(DIC) com período experimental de 84 dias, subdividido em três períodos de 28 dias.

O peso corporal inicial foi utilizado como covariável no modelo estatístico para as

variáveis em estudo e, no caso da não significância do mesmo, este parâmetro foi retirado do

modelo e a análise foi realizada novamente.

As variáveis mensuradas foram submetidas à análise de variância e as médias de

mínimos quadrados comparadas pelo teste “t” adotando-se um nível de significância de 0,05.

Para realização da análise variância foi utilizado o PROC GLM do programa computacional

SAS (Statistical Analyses System).

O modelo estatístico utilizado para o experimento foi:

Yijk = µ + Si + Gj + Si*Gj + β*(PIijk – PI/n) + eijk

Onde: Yijk = resposta observada no animal k, do grupo genético j, consumindo suplemento i;

µ = média geral observada;

Si = efeito do suplemento i, i = (SM; SE; SEP; SPE);

Gj = efeito do grupo genético j, j = (Nelore; Mestiço);

Si*Gj = efeito da interação entre suplemento e grupo genético;

β = coeficiente de inclinação do modelo linear;

PIijk = covariável peso corporal inicial;

PI/n = média geral do peso corporal inicial;

eijk = erro aleatório associado a cada observação.

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51

2.5. Resultados e Discussão

Os valores de massa de forragem total (MFT) ao longo dos períodos do experimento

(Figura 1) apresentaram-se decrescentes, sendo os menores registros observados ao término

do experimento. Tais reduções apresentam-se dentro de uma variação esperada em virtude dos

fatores climáticos ao fim da época das águas e início da época seca, pois tal época apresenta

condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento vegetativo das forragens.

Ao mesmo tempo, o decréscimo na massa de forragem total observado vem

acompanhado do aumento no consumo de MS (CMS) de pasto, efeito este decorrente da

maior demanda por nutrientes pelos animais ao longo de seus desenvolvimentos fisiológicos

(Hodgson, 1990). Tais desenvolvimentos são evidenciados pelo aumento na taxa de lotação

(TL) ao longo do experimento, sendo ao início do período de 3,3 UA/ha e ao término de 4,0

UA/ha.

Figura 1 – Massa de forragem total (MFT, t de MS/ha) e massa de forragem potencialmente

digestível (MFpd, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do

experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

O valor médio de MFT (6,19 t de MS/ha) foi decorrente, em grande parte, à adubação

nitrogenada de manutenção realizada ao início das atividades, assim como pelo efeito residual

dos fertilizantes aplicados no solo das culturas de grãos, como soja e milho, com o qual o

capim Marandu foi implantado em consórcio no módulo experimental do sistema ILP.

2.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.5

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr

Mas

sa d

e fo

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MS

/ha)

Mas

sa d

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de

MS

/ha) MFT

MFpd

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52

Sob a luz do conhecimento de que as respostas produtivas dos animais criados em

sistemas de pastejo são determinadas pelo consumo do pasto e este, por sua vez, detém de

estreita relação não só com arranjo espacial (estrutura), mas também com seu valor nutritivo e

com a massa disponível, destaca-se que o valor médio de MFT encontrado neste experimento

não impediu que houvesse um consumo seletivo por parte dos animais, uma vez que este se

encontrou superior ao valor de 4,67 t de MS/ha, sugerido por Euclides et al. (1992) como não

limitante à seletividade.

Considerada a MFT, faz-se necessária maior ponderação quanto ao seu conteúdo

passível de utilização pelo animal. Um primeiro modelo básico para taxa de digestão foi

descrito por Waldo & Smith (1972), destacando a característica de que a fibra das forragens

poderia ser dividida em frações digestíveis e indigestíveis.

Segundo Paulino et al. (2006b), sob o conceito das frações da fibra acima citadas, o

manejo do pasto relacionando a qualidade nutricional e a quantidade disponível deveria

concentrar-se na MS passível de utilização pelos animais, também descrita como matéria seca

potencialmente digestível (MSpd).

No presente estudo, o percentual de MSpd variou de um valor mínimo de 64,80% à

um máximo de 69,17% da MFT ao longo dos períodos, sendo a massa de forragem

potencialmente digestível (MFpd) média correspondente a 4,14 t/ha, o que determinou um

considerável estoque de energia disponível. Tais resultados podem ser atribuídos a

manutenção de um percentual considerável de massa de forragem verde (MFV) na

composição da MFT (Figura 2).

Como destacado por Paulino et al. (2006a), incrementos de MSpd promovem

benefícios diretos ao sistema, maiores tornam-se as produtividades ao mesmo tempo em que

necessidade de suplementos para correção de deficiências quantitativas do pasto diminui.

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53

Figura 2 – Massa de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e massa de forragem morta

(MFMorta, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do

experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

Os valores de MFV apresentaram, ao longo deste estudo, 81,01% da MFT. Esta

resposta ocorreu, provavelmente, por tratar-se de um pasto de primeiro ano formado por meio

de técnicas de consorciação no sistema de ILP, o que permitiu a forrageira um alto potencial

de crescimento e manutenção de grandes proporções de tecidos verdes.

Considerações acerca de massa, proporções e da qualidade nutricional dos segmentos

morfológicos do componente vegetal possuem grande importância devido à influência sobre o

consumo de MS de pasto e, consequentemente, sobre o desempenho dos animais em pastejo

(Santos et al., 2004a). Situações em que não haja limitações de massa de forragem, maior será

a seletividade do animal que opta no momento do pastejo por selecionar porções mais

nutritivas (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e ao material senescente e

morto. Assim, a quantidade ótima de tecidos vivos no pasto desempenha um papel importante

na resposta produtiva dos animais. Face a tal importância, apresentam-se na Figura 3 e 4 os

valores de massa dos segmentos morfológicos do capim Marandu utilizado neste ensaio.

0.00.10.20.30.40.50.60.70.80.91.01.11.21.31.41.51.6

2.5

3.5

4.5

5.5

6.5

7.5

8.5

9.5

10.5

11.5

15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr

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Mas

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a) MFV

MFMorta

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54

Figura 3 – Massa de colmo verde (MCV, t de MS/ha) e massa de colmo seco (MCS, t de

MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo

de Confiança: 90%).

A diminuição na massa de colmo verde e aumento de colmos secos promove

decréscimo no valor nutricional da forrageira e prejudicam o seu consumo de duas formas,

uma pré consumo e a outra pós consumo. A primeira por influenciar a estrutura do pasto que

se encontra intimamente relacionada com a profundidade e com massa do bocado obtida pelo

animal (Carvalho, 1997) e, a segunda, pela redução dos valores de PB e aumento nos valores

de FDN e FDNi do pasto, sendo este último tipo de fibra correspondente dos tecidos

lignificados refratários à digestão (Paulino et al., 2001), portanto, quanto maior sua

participação no pasto pior torna-se o seu valor nutricional.

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.0

1.5

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2.5

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3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr

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Mas

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a)MCV

MCS

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55

Figura 4 – Massa de lâmina foliar verde (MLV, t de MS/ha) e massa de lâmina foliar seca

(MLS, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento

(Intervalo de Confiança: 90%).

Para os valores de lâminas foliares verdes observou-se a manutenção da massa entre

os piquetes ao longo dos períodos. Tal comportamento é justificado pelo favorecimento das

condições climáticas ao desenvolvimento vegetativo da forrageira (Tabela 2).

A não evidencia de grandes variações na MLS possivelmente tenha ocorrido pelo

consumo desta fração concomitantemente ao consumo de lâminas foliares verdes como

descrito no experimento de Euclides et al. (1992), em que 81,7% do material coleta via fístula

esofágica foi composto por folhas (verdes e secas).

Semelhantemente a este estudo, a baixa taxa de senescência para pastos de Marandu

manejados a altura média de 40 cm, na estação de verão, promoveu a manutenção de lâminas

foliares secas na pastagem, como evidenciado por Sbrissia (2004).

Observou-se diminuição dos valores de altura do pasto (Figura 5) com o avançar dos

períodos, decorrente da forragem consumida pelos animais do início ao término do

experimento, sendo esta redução concomitante ao decréscimo dos valores de MFT. Outro

fator responsável pela redução da altura foi o possível efeito de pisoteio e acamamento

promovido pelos animais ao longo dos 84 dias de avaliação.

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

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15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr

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Mas

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MLS

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56

Figura 5 – Valores médios das alturas do pasto verificados semanalmente ao longo do

período experimental (Intervalo de Confiança: 90%).

Segundo Rego et al. (2006), a altura do pasto apresenta-se como um dos fatores que

permitem incrementar o consumo de forragem pelos animais através do aumento da ingestão

(g MS/bocado), permitindo a intensificação da taxa de ingestão (g MS/minuto).

Sarmento (2003), em ensaio com capim Marandu, destacou que o aumento da altura

do pasto também acarretaria um incremento potencial do extrato pastejável da forrageira. O

mesmo autor recomenda alturas de manejo do pastejo em função do objetivo e da natureza do

sistema de produção, variando na amplitude de 20 a 40 cm.

Os resultados médios das alturas do pasto encontraram-se dentro da faixa

recomendada por Sarmento (2003), a exceção do 1° período (14/01/2010 a 11/02/2010) que se

encontrou superior (52,23 cm). Esta elevada altura ocorreu devido à maior MFT ao início do

experimento associado à maior MCV e MCS em detrimento as lâminas foliares. Uma vez que

a dimensão vertical (altura) apresenta seu valor ampliado quando em situações de maiores

participações de colmos.

A partir dos valores de altura média do pasto associados à MFT, procedeu-se os

cálculos dos valores de densidade volumétrica do pasto (DVP) (Figura 6).

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

55.0

60.0

Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr

Alt

ura

(cm

)

Períodos

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57

Figura 6 – Densidade volumétrica do pasto (DVP, kg de MS/ha.cm) e altura do pasto (ALT,

cm) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de

Confiança: 90%).

Os valores de DVP não se apresentaram diferentes em função da redução da altura do

pasto ao longo do experimento. Tais resultados diferem do observado por Sarmento (2003) e

Molan (2004) que relataram valores crescentes para a DVP, para os meses correspondentes ao

verão (período das águas), à medida que a altura do dossel forrageiro era diminuída.

O valor médio de DVP neste ensaio foi de 138,15 kg de MS/ha.cm, dentro da

amplitude descrita por Stobbs (1975) de 14 a 200 kg de MS/ha.cm para forrageiras tropicais.

Sendo esta variável determinada pela razão entre MFT (kg de MS) e o volume do

pasto (ha x cm), a manutenção da DVP entre períodos justifica-se através das reduções

concomitantes de MFT e altura do pasto ao longo do experimento, inerentes à sua utilização

pelos animais.

Assim, ainda que o pasto tenha apresentado redução em sua altura, a DVP não permite

corroborar a afirmação de Laca et al. (1992) e Barret et al. (2001) de que quanto menor for a

altura das plantas, mais denso é o pasto.

Com base nos valores obtidos de disponibilidade dos segmentos do pasto, procedeu-se

a avaliação da relação lâmina foliar/colmo (Figura 7), a partir deste ponto considerado como

relação folha/colmo. Segundo Paulino et al. (2004), ao admitir uma pastagem com elevada

densidade de plantas, a altura do pasto associada à sua relação folha/colmo apresenta-se como

um bom indicador na definição do manejo do pastejo, desta forma, almeja-se que nesta

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

55.0

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75.0

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100.0

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170.0

15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

Alt

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Den

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DVP

ALT

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58

relação haja maior participação de tecidos com células contendo paredes celulares menos

lignificadas, a exemplo de lâminas foliares que aumentariam os valores da relação

folha/colmo.

Marcelino (2004) destacou que com o avançar na idade da planta, a proporção de

colmos aumenta relativamente à de folhas. De acordo com a autora, a digestibilidade do

segmento colmo apresenta-se 46% inferior à da folha. Assim, a espécie forrageira com

capacidade de disponibilizar elevada massa de folhas verdes poderá imprimir maiores

componentes de alto valor nutritivo na dieta dos animais.

Figura 7 – Relação folha/colmo (F:C) e altura do pasto (ALT, cm) de Brachiaria brizantha

cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

Evidenciou-se, ao longo do experimento, valores crescentes da relação folha/colmo,

sendo este aumento proporcional ao decréscimo na MCV (Figura 3) que somado a MCS

promoveram aumento na relação folha/colmo, uma vez que a massa total de colmos

representa o denominador da relação e é inversamente proporcional à variável.

Como evidenciado por Sbrissia (2004), valores de relação folha/colmo para capim

Marandu foram reduzidos à medida que os valores de altura foram acrescidos. De forma

análoga, este experimento demonstrou acréscimo nos valores da relação folha/colmo com o

decréscimo da altura do pasto, situação coerente com o observado pelo autor supracitado.

Sendo as variáveis (relação folha/colmo e altura) correlacionadas negativamente, à medida

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

55.0

60.0

65.0

70.0

75.0

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0.0

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15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr

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59

que se diminui a participação da estrutura vertical (altura), determinada em grande parte por

colmos, aumentam-se os valores da relação folha/colmo.

Sabe-se que, de uma forma geral, o consumo e o desempenho dos animais são

acrescidos, além das características da estrutura do pasto citadas anteriormente, pelo aumento

na oferta de forragem (OF). Tal índice constitui-se uma variável-controle no processo de

pastejo, assim descrita por Da Silva & Nascimento Júnior (2006). Entretanto, os mesmos

autores destacaram que este aumento tende a um valor máximo específico para cada espécie e

categoria animal, o que, em situações de elevadas OF, caracterizariam uma limitação dos

animais em processar e/ou digerir a forragem pastejada, ou seja, seria atingido um platô

(saturação) no consumo dos animais onde os maiores acréscimos de OF não corresponderiam

a incrementos no consumo.

Associado aos valores de massa de forragem ofertados aos animais, Baroni et al.

(2010) destacaram uma relação entre OF e a digestibilidade da pastagem consumida. Tal

afirmação se justifica por situações em que maiores OF permitem aos animais selecionar as

porções mais nutritivas do pasto (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e

material senescente. Sendo a fração lâmina foliar verde preferencialmente consumida pelos

animais e esta, por sua vez, possuir maior percentual de digestibilidade em comparação aos

outros segmentos da planta, caberia relacionar o conceito de OF à MSpd, afim de que a

apreciação dos valores de forragem ofertada fossem mais precisos quanto ao conteúdo

realmente passível de digestão pelos animais.

Níveis máximos de consumo estão relacionados com uma massa de forragem de duas

a três vezes a necessidade diária do animal (Hodgson, 1990). Sendo então, do ponto de vista

prático, necessário ofertar uma massa de forragem, em kg de MSpd/dia, acima do valor

descrito como crítico (4 a 5% do peso corporal) para que tanto o desempenho animal como o

aproveitamento do pasto sejam otimizados (Paulino et al., 2006b).

Contudo, a elevada OF deve ser apreciada com cautela, isto porque em algumas

situações este elevado índice pode apresentar um efeito negativo no ganho de peso dos

animais. Reis et al. (2005) destacaram que em situações como esta, o que se evidencia é o

subpastejo da área, em consequência, se observam consideráveis acúmulos de material vegetal

de baixo valor nutritivo, ou seja, com baixa digestibilidade implicando em diminuição de seu

consumo pelos animais.

Outro fator a ser considerado, trata-se da massa de forragem residual antecedente à

cultura de grãos. A elevada OF pode resultar, em algumas espécies, em entouceramento da

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60

gramínea, proporcionando alta massa vegetal residual após a retirada dos animais da

pastagem. Tal situação dificultaria o plantio da cultura de grãos realizado sobre a palhada da

gramínea, tornando o custo do sistema de produção mais elevado em virtude da aplicação de

maior quantidade de herbicidas ou ainda, da necessidade de rebaixamento da forrageira

antecedendo a dessecação (Cobucci & Portela, 2003).

Os valores de OF (Tabela 5) apresentaram-se decrescentes ao longo do experimento,

sendo cerca de 43,96% de redução para MS e cerca de 43,30% de redução para MSpd.

Todavia, estes resultados apresentam-se superiores aos valores de 4 a 5% de MSpd descritos

como limitantes para o adequado aproveitamento animal.

Tabela 5 – Valores médios da oferta de forragem1 de Brachiaria brizantha cv. Marandu e

taxa de lotação ao longo dos períodos experimentais

Item Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr Médias2

Oferta de Forragem (kg MS/100 kg PC)

25,49 19,77 14,29 19,85 ± 3,24

Oferta de Forragem (kg MSpd/100 kg PC)

17,03 13,15 9,65 13,28 ± 2,13

Taxa de Lotação (UA/ha) 3,3 3,6 4,0 3,6 ± 0,20 1Forragem cortada a 10 cm de altura do solo;

2Média ± erro-padrão da média.

De acordo com a Tabela 5, os valores de OF apresentaram-se inversamente

proporcionais aos valores de taxa de lotação (TL), isto porque, o desenvolvimento dos

animais foi acompanhado da redução dos valores de massa de forragem (Figura 1) o que

determinou, ao longo do experimento, maior pressão de pastejo na área.

O teor de PB da forragem amostrada para disponibilidade e pela simulação de pastejo

(Tabela 6) apresentaram-se superiores ao valor de 7% preditos por Poppi & McLennan (1995)

e Lazzarini et al., (2009) como mínimo para adequada atividade microbiana no ambiente

ruminal, não sendo, portanto, fator restritivo para o desenvolvimento dos microrganismos

ruminais, bem como, para a diminuição do consumo de forragem.

Contudo, ainda que este nível encontre-se acima do mínimo supracitado, a alta

degradação da PB do pasto no período das águas, pode provocar perda de nitrogênio no

rúmem sob a forma de amônia, gerando déficit protéico quando da exigência de elevados

ganhos (Poppi & McLennan, 1995). O que permite pressupor que, melhores desempenhos por

parte dos animais podem ser evidenciados quando supridas estas deficiências, ainda que no

período das águas, via suplementação da dieta.

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61

Tabela 6 – Composição químico-bromatológica do pasto

Item Brachiaria brizantha cv. Marandu

Disponibilidade19

Pastejo Simulado19

MS1 (%) 25,82 ± 1,24 22,89 ± 0,74

MO2, 16

90,78 ± 0,34 90,64 ± 0,46

MM3, 16

9,22 ± 0,34 9,36 ± 0,46

PB4, 16

7,30 ± 0,28 12,54 ± 0,08

NIDN5, 17

35,76 ± 0,62 42,99 ± 2,04

NIDA6, 17

17,77 ± 0,59 11,83 ± 1,30

EE7, 16

1,46 ± 0,13 2,05 ± 0,10

CT8, 16

82,02 ± 0,72 76,05 ± 0,34

FDN9, 16

67,93 ± 1,09 60,97 ± 0,66

FDNcp10, 16

64,23 ± 1,24 56,21 ± 0,49

CNF11, 16

17,79 ± 0,52 19,84 ± 0,72

FDNi12, 16

32,38 ± 0,33 22,95 ± 1,05

FDA13, 16

35,75 ± 1,59 29,61 ± 0,49

LIG14, 16

6,11 ± 0,50 4,90 ± 0,14

NDT15, 18

46,33 ± 0,71 46,61 ± 0,69 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Fibra em detergente neutro;

10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;

11Carboidratos não fibrosos;

12Fibra em detergente neutro indigestível;

13Fibra em detergente ácido;

14Lignina;

15Nutrientes digestíveis totais;

16% da MS;

17% do N total;

18Estimado segundo NRC (2001);

19Média ± erro-padrão da média.

A redução dos valores de FDN representa maior participação de carboidratos solúveis

na composição da forrageira avaliada. Neste trabalho, os teores de FDN apresentaram-se

semelhantes ao observado por Canesin et al. (2007) e Fernandes et al. (2010) para o período

das águas e trabalhando com mesma gramínea. Segundo Van Soest (1994), menores teores de

FDN tornam-se mais interessantes para gramíneas, proporcionando aos animais um material

volumoso de melhor valor nutricional. Este, por sua vez, provém da maior participação do

conteúdo celular na composição das células vegetais, assim como, do maior teor de CNF

pertencentes à parede celular vegetal.

A avaliação da FDNi permite evidenciar a quantidade de compostos indigestíveis da

fração fibrosa dos alimentos além de considerar aspectos relativos ao percentual de MSpd da

forragem, sendo a FDNi correlacionada negativamente à MSpd. Os efeitos negativos

proporcionados por altos valores de FDNi influenciam na qualidade nutricional do alimento e

no trânsito ruminal de partículas fibrosas.

Observou-se menores teores de FDNi, para as amostras de simulação de pastejo

comparadas à disponibilidade total de MS. A redução de FDNi também foi observada por

Nascimento et al. (2010) para o período das águas em amostras de Brachiaria decumbens.

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Contudo, assim como descrito por Silva et al. (2009), na literatura poucos são os

experimentos que apresentam os teores de FDNi da forragem, o que torna difícil a

comparação entre esta variável nos desempenhos de bovinos em pastejo recebendo

suplementação alimentar.

Tabela 7 – Composição químico-bromatológica dos segmentos morfológicos do pasto

Item Brachiaria brizantha cv. Marandu

CV18

CS18

LV18

LS18

MS1 (%) 23,73 ± 0,61 45,64 ± 5,05 25,14 ± 0,78 56,29 ± 5,76

MO2, 15

91,63 ± 0,18 93,00 ± 0,06 90,26 ± 0,22 91,07 ± 0,30

MM3, 15

8,37 ± 0,18 7,00 ± 0,06 9,74 ± 0,22 8,93 ± 0,30

PB4, 15

5,74 ± 0,19 3,83 ± 0,04 12,61 ± 0,10 4,56 ± 0,49

NIDN5, 16

28,45 ± 0,29 39,70 ± 0,40 43,08 ± 1,57 42,76 ± 0,42

NIDA6, 16

18,32 ± 1,83 39,42 ± 1,09 11,08 ± 0,43 39,34 ± 1,25

EE7, 15

1,26 ± 0,24 0,93 ± 0,14 1,93 ± 0,07 1,33 ± 0,10

CT8, 15

84,63 ± 0,57 88,24 ± 0,15 75,72 ± 0,10 85,18 ± 0,66

FDN9, 15

72,48 ± 1,05 79,66 ± 0,36 64,52 ± 0,29 73,80 ± 0,22

FDNcp10, 15

69,75 ± 1,12 75,93 ± 0,29 59,70 ± 0,14 69,07 ± 0,20

CNF11, 15

14,88 ± 0,63 12,31 ± 0,42 16,02 ± 0,17 16,11 ± 0,46

FDA12, 15

41,66 ± 1,43 45,44 ± 0,11 31,00 ± 0,38 38,16 ± 0,12

LIG13, 15

6,39 ± 0,82 7,10 ± 0,18 3,93 ± 0,11 7,55 ± 0,26

NDT14, 17

46,55 ± 1,52 46,11 ± 0,28 46,69 ± 0,23 44,79 ± 0,50 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Fibra em detergente neutro;

10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;

11Carboidratos não fibrosos;

12Fibra em detergente ácido;

13Lignina;

14Nutrientes digestíveis totais;

15%

da MS; 16

% do N total; 17

Estimado segundo NRC (2001); 18

Média ± erro-padrão da média.

Com base nos resultados apresentados na Tabela 7, observaram-se maiores teores de

PB nos componentes LV e CV em comparação a LS e CS, assim como menores teores de

NIDA para LV e CV comparados a LS e CS. Estes resultados demonstram a maior

concentração de nitrogênio e, consequentemente, PB em tecidos vivos da planta. Sendo o

NIDA o nitrogênio indisponível ligado à parede celular vegetal, quanto menor seu valor maior

torna-se o percentual de nitrogênio prontamente degradável disponibilizado pela planta ao

animal.

Para os teores de FDN e FDA, os resultados demonstraram que o processo de

senescência e posterior morte do segmento morfológico, apresenta-se como um fator para o

aumento dos componentes estruturais da planta, como observado pelo menor teor dos

componentes indigestíveis em detergente neutro e ácido nos segmentos verdes (CV e LV) e

no maior teor dos mesmos componentes nos tecidos secos (CS e LS), o que causa, segundo

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Paciullo et al. (2001), redução da digestibilidade dos componentes do pasto ao avançar do

tempo (idade).

Para os valores de ganho de peso médio diário dos animais e ganho de peso total, a

covariável peso corporal inicial não se apresentou significativa (P>0,05). Também não foi

observado interação (P>0,05) entre o grupo genético e os suplementos estudados. Porém, o

grupo genético influenciou (P<0,05) o ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso

corporal final, os quais foram superiores para os animais mestiços em relação aos animais

Nelore (Tabela 8).

Os maiores ganhos observados nos animais mestiços possivelmente foram decorrentes

do efeito da heterose. A superioridade evidenciada neste grupo genético corrobora a descrição

de Alencar (2007), de que os resultados dos trabalhos de pesquisa no Brasil, demonstram que

animais cruzados são, em geral, superiores aos puros para características de crescimento em

sistemas de produção a pasto.

Neste experimento, o bom potencial produtivo dos animais mestiços também

associasse ao sistema de produção de ILP, pois este permitiu observar baixa infestação

parasitária nos animais, em decorrência à interrupção do ciclo biológico (fase ambiental)

obtido pela rotação entre culturas na área experimental. Tal efeito, possivelmente tenha

permitido melhora das condições ambientais a ambos os grupos genéticos. Contudo, aos

animais mestiços, as expressões das características produtivas tornaram-se mais evidentes.

Para as variáveis, ganho de peso médio diário e ganho de peso total, observaram-se

diferenças significativas entre o tratamento SE quando comparado ao SM e SPE (P<0,05),

entretanto para SEP não se evidenciou diferença (P>0,05).

Quando considerado os resultados de ganho de peso médio diário e ganho de peso

total para SEP, não se observou diferenças significativas entre quaisquer outros tratamentos

(P>0,05).

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Tabela 8 – Desempenho de bovinos Nelore e mestiços suplementados em pastagem com

Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistemas de integração lavoura e pecuária

Item GG

Valor-P Tratamento (Trat)

Valor-P CV(%) GG x Trat N1 M2 SM3 SE4 SEP5 SPE6

GMD7 0,616b 0,671a 0,0274 0,625b 0,698a 0,655ab 0,597b 0,0338 17,73 0,2469

GPT8 51,74b 56,40a 0,0272 52,48b 58,64a 55,00ab 50,19b 0,0341 17,74 0,2461

PCF9 331,35b 335,72a 0,0459 331,86b 338,08a 334,51ab 329,70b 0,0358 2,92 0,2750 a, b

Valores de GMD, GPT e PCF, seguidos de letras diferentes, são diferentes pelo teste “t” (P<0,05). 1Nelore;

2Mestiços;

3Suplemento mineral;

4Suplemento energético;

5Suplemento energético protéico;

6Suplemento protéico energético.

7Ganho de peso médio diário (kg/dia);

8Ganho de peso total (kg);

9Peso corporal final (kg).

O consumo médio de SM verificado foi de 0,098 kg/animal/dia, sendo os resultados de

ganho de peso médio diário para SM 29,65% inferiores ao observado por Porto et al. (2009)

para animais mestiços e de mesma categoria, consumindo individualmente cerca de 0,060 kg

de suplemento mineral/dia em pastagem e período (estação) similar a este experimento.

Entretanto, estes valores superiores aparentemente devem-se a maior massa de MS (7,46 t/ha)

e MSpd (4,50 t/ha) disponível em comparação a este estudo.

Entretanto, Goes et al. (2005) observaram ganhos diários inferiores (0,260

kg/animal/dia) no período de transição águas-seca com um consumo médio de 0,070

kg/animal/dia, tal desempenho foi obtido sobre o consumo de pasto de capim Marandu com

massa disponível superior, contudo com qualidade inferior a encontrada neste experimento.

Estes resultados destacam, acompanhados dos valores de desempenho animal deste

estudo, que a suplementação mineral no período das águas apresenta ampla variação nas

respostas produtivas dos animais, sendo influenciada principalmente pela qualidade

nutricional e pela massa de forragem ofertada, assim como pela variação na composição da

mistura mineral entre os experimentos supracitados. Salienta-se também que, em todos estes

trabalhos, esta suplementação não proporcionou melhor desempenho dos animais em relação

aos outros suplementos contendo nutrientes orgânicos.

Os valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso corporal final

apresentaram-se superiores ao lote que consumiu SE em relação ao SM e SPE. Neste estudo,

assim como observado por Costa (2007), a suplementação energética proporcionou melhores

resultados no desempenho animal, entretanto os valores obtidos pelo autor superam os

evidenciados neste experimento. Tais diferenças podem ser atribuídas ao valor nutricional da

forragem consumida e ao maior nível de suplementação utilizado devido a baixa oferta de

forragem (0,6% do PV em suplemento/dia), o que proporcionou ganhos diários de 0,960

kg/animal.

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Em contraste aos resultados deste experimento, Moraes et al. (2006) observaram que o

desempenho de animais sob o consumo de SE não apresentou diferença em relação ao SM.

No entanto, quando comparado ao SEP e SPE, o SE promoveu o pior desempenho. Segundo

os autores, este comportamento indica que o fornecimento de suplementos energéticos não

propicia aporte de N necessário para potencializar o ganho de peso de animais em regime de

pastejo durante o período das águas.

Contudo, a justificativa acima não se aplica a este experimento, em virtude de que o

SE possivelmente tenha propiciado o N necessário para o aumento da resposta dos animais,

isto por que o milho, ingrediente utilizado por Moraes et al. (2006) como fonte energética,

possui uma fração protéica de baixa degradação ruminal (α-zeína), conferindo a este

ingrediente uma proteína de baixa qualidade quando comparada ao milheto (ingrediente deste

estudo). Adicionalmente, o grão de milheto quando comparado ao grão de milho, possui a

característica de permitir um aumento na digestibilidade aparente total do amido, devido ao

aumento na digestibilidade intestinal deste componente (Gonçalves et al., 2010).

Para gramíneas tropicais, Malafaia et al. (2003) enfatizaram a limitada produção da

proteína microbiana pela deficiência de substratos prontamente fermentescíveis. Os autores

destacaram a evidente melhora no desempenho de animais consumindo alimentos energéticos

devido ao suprimento de carboidratos de rápida fermentação, permitindo aumento no fluxo de

proteína microbiana para o intestino delgado.

Da mesma forma, Dewhurst et al. (2000) destacaram que a inclusão moderada de

amido na dieta promoveria benefícios à microbiota ruminal, através do aumento no substrato

e na taxa de crescimento de bactérias associadas à fase líquida.

Todavia, salienta-se a possibilidade de interações associativas negativas com a

utilização de suplementos energéticos em detrimento ao consumo de pasto, como descrito por

Mieres (1997). No entanto, para animais em pastejo em gramíneas tropicais, o consumo de

forragem não é afetado pela suplementação energética quando a quantidade de suplemento

consumido não supera 0,2% de peso vivo (Malafaia et al., 2003).

Desta forma, no presente experimento, as melhores respostas evidenciadas pela

suplementação energética utilizada (0,16% do peso vivo), permite inferir que o melhor

desempenho dos animais não esteve associado a um efeito substitutivo do suplemento sobre o

consumo de forragem.

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Observa-se que de acordo com a Tabela 9, o SE apresentou menor custo por

quilograma, seguido pelo SEP e pelo SPE, sendo o SM o de maior custo, entretanto o

consumo de SM por animal foi 80,21% inferior aos demais suplementos (SE; SEP e SPE).

A SE na quantidade de 0,5 kg/animal/dia proporcionou maior remuneração do

investimento, a maior margem bruta de lucro por animal (R$ 89,29) e por lote (R$ 2.232,25).

Tabela 9 – Valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e remuneração do

capital investido em função dos diferentes suplementos fornecidos ao longo do

experimento (84 dias)

Variáveis Tratamentos

SM SE SEP SPE

Ganho de peso médio diário (kg/animal) 0,625 0,698 0,655 0,597

Ganho de peso total (kg/animal) 52,48 58,64 55,00 50,19

Ganho de peso total (@/animal) 1,75 1,95 1,83 1,67

D3601 122 114 124 134

Receita2 (R$/animal) 131,86 147,34 138,20 126,11

Consumo de suplemento (kg/animal) 8,31 42,00 42,00 42,00

Custo médio do suplemento (R$/kg) 1,13 0,24 0,26 0,31

Custo do suplemento consumido (R$/animal) 9,42 10,28 10,99 12,91

Custo de arraçoamento3,4

(R$/animal) 7,95 7,95 7,95 7,95

Custo total do suplemento5 (R$/animal) 17,37 18,23 18,94 20,86

Custo com vermifugação6 (R$/animal) 1,50 1,50 1,50 1,50

Custo da pastagem7 (R$/animal) 22,50 22,50 22,50 22,50

Custo com adubação4,8,9

(R$/animal) 15,83 15,83 15,83 15,83

Custo total da pastagem10

(R$/animal) 38,33 38,33 38,33 38,33

Custo global11

(R$/animal) 57,19 58,05 58,77 60,68

Custo diário (R$/animal) 0,68 0,69 0,70 0,72

Custo por arroba produzida (R$/animal) 32,69 29,70 32,05 36,27

Margem bruta de lucro12

(R$/animal) 74,67 89,29 79,43 65,43

Margem bruta de lucro13

(R$/lote) 1.866,75 2.232,25 1.985,75 1.635,75

Relação benefício custo14

(B/C)

2,31 2,54 2,35 2,08 1Dias necessários para que os animais atingissem o peso corporal de 360 kg;

2Preço da arroba – R$

75,38 (Abril/2010); 3

Custo de mão-de-obra (R$ 4,64/hora) + Combustível gasto (R$ 0,19/arraçoamento);

4Tempo gasto de 30 minutos;

5Consumo médio de suplemento por animal ao

longo do experimento multiplicado pelo seu respectivo custo (R$/kg) + Custo de arraçoamento;

6Ivermectina (R$ 299,00/L) sendo aplicado 5 ml/animal;

7Custo de R$ 7,50/animal/mês pela ocupação

do pasto; 8

Custo com adubo nitrogenado (R$ 84,16/ha) sendo a área experimental de 18,7 ha; 9Custo

de mão-de-obra (R$ 4,64/hora); 10

Custo da pastagem + Custo com adubação; 11

Despesa com o Custo

total do suplemento + Custo com vermifugação + Custo total da pastagem; 12

Margem bruta de lucro (R$/animal) = Receita – Custo global;

13Margem bruta de lucro (R$/lote) = Margem bruta de lucro

(R$/animal) x 25 animais; 14

B/C = Receita/Custo global.

Da mesma forma, Santos et al. (2004b) evidenciaram a eficiência de suplementação

energética no aumento da produção animal e na receita bruta por hectare.

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Segundo Lobato & Pilau (2004), a suplementação energética proporcionou maior

potencial de resposta em pastagens de alta qualidade. Concordando com esta afirmação, o SE

utilizado neste experimento evidenciou ganhos diferenciados quando comparada aos outros

suplementos (SM, SEP, SPE), decorrente da considerável qualidade nutricional do capim

Marandu produzida pelo sistema de integração lavoura e pecuária (Tabela 6 e 7).

Os resultados econômicos (Tabela 9) demonstraram que os quatro tratamentos foram

economicamente viáveis, isto é, permitiram obter resultado positivo. O ganho de peso dos

animais custeou a utilização dos suplementos permitindo que houvesse um excedente para a

remuneração do capital investido. Segundo a análise da relação B/C para cada R$ 1,00

aplicado na utilização da técnica de suplementação houve um retorno de R$ 2,31; 2,54; 2,35 e

2,08 respectivamente para os tratamentos SM; SE; SEP; SPE.

A análise da relação B/C permitiu evidenciar maior retorno econômico ao grupo de

animais alimentados com SE em relação ao SM. Tal evidencia, demonstrou que o SE no

período das águas, mesmo tendo apresentado maior custo que o SM, foi economicamente

mais vantajoso.

Cabe dizer, assim como Barbosa et al. (2008), que esta análise é temporal e não deve

ser tomada como inferência para todo o ano, isto porque o desempenho dos animais, a

qualidade do pasto e o custo dos ingredientes para confecção dos suplementos se alteram ao

longo do ano, sendo necessário novas avaliações para comprovar a viabilidade da

suplementação.

Segundo Porto et al. (2009), outro fator a ser considerado na aplicação da técnica de

suplementação, é o ganho proporcionado pela desocupação da pastagem que promove a

liberação da área recém utilizada para categorias de animais mais jovens e mais eficientes na

conversão de alimentos. Segundo os resultados descritos na Tabela 9, a desocupação dos

animais que consumiram SE ocorreria mais cedo, evidenciado pelo número de dias

necessários para atingir 360 kg de peso corporal, o que na prática permitiria a liberação da

área para novos animais.

Adicionalmente, têm-se ao longo do tempo o fator de valorização do capital

imobilizado no empreendimento pecuário. Uma vez que no mercado físico os preços

praticados pela compra e venda da arroba do boi apresentam-se dinâmicos, sua valorização ou

desvalorização ao longo do tempo são representativas e indispensáveis a uma análise

econômica mais precisa.

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2.6. Conclusões

A suplementação energética composta de grão de milheto moído e mistura mineral,

possibilita desempenho animal superior à suplementação mineral e a suplementação protéico-

energética para bovinos em pastejo em sistema de integração lavoura e pecuária no período

das águas.

Novilhos mestiços (Nelore x Europeu), recriados em sistema de integração lavoura e

pecuária no período das águas apresentam melhores desempenhos produtivos do que novilhos

Nelore.

A suplementação energética, em sistema de integração lavoura e pecuária no período

das águas, permite maior margem bruta de lucro e maior redução nos dias necessários para a

obtenção de animais de peso corporal de 360 kg prontos para a fase de terminação.

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2.7. Referências Bibliográficas

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KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L.F.; AIDAR, H. (Ed.). Integração lavoura e pecuária. Santo

Antônio de Goiás: Embrapa-CNPAF, 2003, p.23-58.

ALENCAR, M.M. Cruzamento em gado de corte. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE

ZOOTECNIA, 4., 2007, Londrina, PR. Anais... Londrina: UEL, 2007, p.549-562.

BARBOSA, F.A.; GRAÇA, D.S.; GUIMARÃES, P.H.S. et al. Análise econômica da

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CAPÍTULO 3

Grão de milheto em suplementos para terminação de bovinos de corte em sistema de

integração lavoura e pecuária no período da seca

3.1. RESUMO – Objetivou-se avaliar os parâmetros nutricionais, o desempenho produtivo e

econômico dos animais consumindo quatro distintas formulações de suplementos

diferenciados pelos níveis crescentes de grão de milheto em substituição ao grão de milho

(0%, 33%, 66% e 100%), assim como avaliar as características estruturais e nutricionais do

pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistema de integração lavoura e pecuária.

Foram utilizados 64 novilhos, não castrados, sendo 32 mestiços (Nelore x Europeu) e 32 da

raça Nelore, com média de idade de 20 meses e o peso corporal médio inicial de 388 ± 26 kg.

A área experimental constituiu-se de quatro piquetes de 4,68 ha, formados com B. brizantha

cv. Marandu. A massa de forragem total (MFT) e a massa de forragem potencialmente

digestível (MFpd) foram de 5,14 t/ha e 3,34 t/ha, respectivamente. O experimento foi

estruturado segundo um esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente

casualizado, onde foram avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro

diferentes níveis de grão de milheto em substituição ao grão de milho na formulação dos

suplementos. O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h sendo a quantidade

ofertada de 4,0 kg/animal/dia aproximadamente 0,93% do peso corporal médio. Houve efeito

de grupo genético sobre o ganho produtivo dos animais, sendo que novilhos Nelore

apresentaram melhor desempenho. O ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso

corporal final reduziram linearmente com a inclusão de milheto nos suplementos. Os níveis de

inclusão contendo 33% e 66% de milheto como ingrediente energético apresentaram maior

retorno econômico por unidade monetária investida.

Palavras chave: níveis de substituição, suplementação, desempenho, consumo,

digestibilidade aparente total

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Millet grain in supplements for finishing beef cattle in integrated crop and livestock

system during the dry season

3.2. ABSTRACT – The objective was to evaluate the performance and economic

development of animals receiving four different formulations of supplements differentiated by

the levels of grain of millet as replacement for corn grain (0%, 33%, 66% and 100%), as well

as assess structural characteristics and nutritional pasture of Brachiaria brizantha cv.

Marandu in integrated crop and livestock. Used 64 steers, uncastrated, 32 crossbred and 32

Nelore, with 20 months average age and 388 ± 26 kg initial body weight. The experiment

consisted of four paddocks of 4.68 ha formed by B. brizantha cv. Marandu. The availability

of dry matter and potentially digestible dry matter was 5.14 t/ha and 3.34 t/ha, respectively.

The work was designed as a factorial arrangement (2x4) in a completely randomized design to

evaluate two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) and four different levels of grain instead

of millet to maize grain in the formulation of supplements. The feeding of the animals

occurred around 10:00 am, and the quantity supplied of 4.0 kg/animal/day approximately

0.93% of average body weight. A significant effect of genetic group on productive

performance of animals, Nelore steers have better performance. The average daily weight

gain, total weight gain and final body weight decreased linearly with the inclusion of millet in

supplements. The inclusion levels containing 33% and 66% of energy as an ingredient millet

had higher economic return per unit monetary invested.

Keywords: replacement levels, supplementation, performance, intake, total apparent

digestibility

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3.3. Introdução

A dinâmica do crescimento econômico brasileiro traz consigo o aquecimento do

mercado estimulado pelo acréscimo no consumo de produtos diversificados. Tal evidência é

dada pelo aumento do poder aquisitivo da população, o que implica em consideráveis

mudanças, principalmente nos hábitos alimentares, caracterizados, sobretudo por uma

transição para dietas que contenham proteína de origem animal.

Para o suprimento da demanda de produtos cárneos, é necessário que haja elevada

eficiência na produção tanto em quantidade como em qualidade. Entretanto, ao Brasil isto

implica na necessidade de aprimorar e adequar, segundo Wilkinson (2010), às exigências de

sanidade, meio-ambiente e bem-estar animal. Sobretudo a questões ambientais, os sistemas

que permitam a conservação de recursos naturais apresentam-se de grande interesse à

atualidade frente aos novos conceitos de produção.

A terminação de animais em pastejo em sistemas de integração lavoura e pecuária

mostra-se oportuna ao desenvolvimento de uma bovinocultura de precisão e, segundo Paulino

et al. (2006a), a terminação de bovinos no período de seca/inverno é vantajosa por não

necessitar de área de verão para engorda, o que não acarretaria em redução da área destinada a

agricultura, uma vez que o acabamento se daria em um único ciclo de pastagem.

De modo inclusivo, a produção de grãos no sistema permite a utilização de produtos e

resíduos na dieta animal sob a forma de alimentos suplementares em períodos de baixa

produtividade e baixo valor nutricional do pasto, o que proporciona ao sistema maior

eficiência de utilização de seus recursos. Desta forma, a suplementação participa reduzindo

deficiências nutricionais, estimulando o consumo, digestibilidade, assimilação de nutrientes e

promovendo maiores índices produtivos aos animais (Canesin et al., 2007).

Sabendo que a suplementação contendo grão de milho como ingrediente energético

pode elevar o custo de produção, a sua substituição através de fontes alternativas, a exemplo

do grão de milheto, torna-se importante para o desenvolvimento de uma bovinocultura de

maior eficiência econômica obtida por meio da redução de custos e elevação de desempenhos

produtivos.

Como componente energético de baixo custo em suplementos alimentares, o grão de

milheto (Pennisetum americanum) apresenta-se como fonte de grande interesse na

alimentação animal. Tal ingrediente possui características nutritivas que o qualificam como

possível substituto ao grão de milho na formulação de dietas contendo concentrados.

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Diferenças acerca do desempenho (Goes et al., 2005), das exigências nutricionais

(Estrada et al., 1997; Valadares Filho et al., 2010) e da composição do ganho (Freitas et al.,

2006) entre animais da raça Nelore e mestiços apresentam considerável importância na

pesquisa conduzida pela comunidade científica nacional. O conhecimento das informações

originadas através de ensaios contrastando distintos grupos genéticos permite a aplicação de

tecnologias de produção e o aprimoramento na gestão de sistemas pecuários conferindo a

estes melhores desempenhos econômicos. Em virtude de tais benefícios, a aplicação de testes

envolvendo animais mestiços e Nelore em sistemas de integração lavoura e pecuária

associados à utilização de suplementos permite evidenciar diferentes respostas entre grupos

gerando melhores indicadores zootécnicos que conferem maior rentabilidade em uma mesma

área de produção.

Dessa forma, objetivou-se com este experimento avaliar a terminação de bovinos de

corte, mestiços e Nelore, a pasto em sistema de integração lavoura e pecuária durante o

período de seca com a utilização de quatro suplementos com níveis crescentes de substituição

de milho por milheto, sobre o desempenho produtivo dos animais, consumo, digestibilidade

aparente dos componentes da dieta e avaliação econômica, bem como caracterizar

quantitativa e qualitativamente o pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu.

3.4. Material e Métodos

O experimento foi conduzido em área pertencente à fazenda Dona Isabina, localizada

no município de Santa Carmem, situado na região norte do estado de Mato Grosso. A área

experimental encontra-se sob as coordenadas geográficas 12°03’52.07’’ Sul e 55°21’16.92’’

Oeste. O desenvolvimento dos trabalhos de campo ocorreu durante o período da seca, entre os

meses de junho e setembro do ano de 2010.

O clima encontrado em Santa Carmem é, de acordo com a classificação de Köppen-

Geiger, do tipo Am (clima de monção), ou seja, tropical chuvoso com um pequeno período de

chuvas no mês mais seco (Santa Carmem, 2010).

O mesmo módulo do sistema de integração lavoura e pecuária descrito no capítulo 2

foi destinado à avaliação das variáveis do pasto e do desempenho animal, sendo realizado

anteriormente ao início das atividades o diferimento de pasto por 1 mês. Os piquetes foram

mantidos com as mesmas dimensões e mesmas instalações internas.

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O experimento teve início em 12 de Junho de 2010, sendo finalizado em 4 de

Setembro de 2010, perfazendo um total de 84 dias que foram divididos em três períodos de 28

dias.

Para avaliação de desempenho e consumo foram utilizados 64 novilhos não castrados,

sendo 32 animais da raça Nelore (N) e 32 animais mestiços Nelore x Europeu (M), com média

de idade de 20 meses e peso corporal médio inicial de 388 ± 26 kg. Os animais foram

distribuídos aleatoriamente em quatro lotes com pesos semelhantes, sendo cada lote composto

de 8 animais N e 8 animais M. Ao início do experimento, todos os animais foram submetidos

ao controle de endo e ectoparasitas e durante o período experimental, quando necessário,

realizaram-se controles individuais dos animais que apresentaram ferimentos infestados por

miíases.

Os dados climáticos referentes às temperaturas durante o período de desenvolvimento

do experimento foram tomados da estação automática pertencente ao Instituto Nacional de

Meteorologia (Tabela 1). Dados referentes à precipitação pluviométrica foram nulos durante o

experimento.

Tabela 1 – Valores médios diários das temperaturas máximas e mínimas ao longo do período

experimental

Períodos Temperaturas Médias (°C)¹

Máxima Mínima

Jun/Jul (12/06 a 13/07) 34,52 17,52

Jul/Ago (14/07 a 13/08) 33,68 16,19

Ago/Set (14/08 a 13/09) 36,03 17,30

Fonte: ¹ Instituto Nacional de Meteorologia.

Foram avaliados oito tratamentos compostos por dois grupos genéticos associados a

quatro suplementos alimentares contendo diferentes níveis de substituição entre ingredientes

energéticos (milho e/ou milheto) na alimentação de bovinos de corte terminados a pasto

durante o período de seca, sendo os níveis de substituição descritos a seguir: 100% milho e

0% milheto; 66% milho e 33% milheto; 33% milho e 66% milheto; 100% milheto e 0% milho

(Tabela 2).

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Tabela 2 – Distribuição e composição percentual dos suplementos alimentares com base na

matéria natural

Ingredientes Níveis de grão de milheto (%)

0% 33% 66% 100%

Mistura mineral1 2,00 2,00 2,00 2,00

Resíduo de soja moído 55,27 52,68 50,09 45,78

Grão de milheto moído - 14,24 28,48 52,22

Grão de milho moído 42,73 31,08 19,43 - 1 Suplemento mineral comercial – Tertúlia 85 P.

Níveis de garantia: Cálcio 180,0 g; Sódio 120,0 g; Fósforo 85,0 g; Enxofre 15,0 g; Magnésio 2,0 g;

Zinco 4500,0 mg; Cobre 1300,0 mg; Manganês 1150,0 mg; Flúor 830,0 mg; Cobalto 85,0 mg; Iodo

85,0 mg; Selênio 24,5 mg.

O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, sendo a quantidade de

suplemento ofertada de 4,0 kg/animal/dia, aproximadamente 0,93% do peso corporal médio

dos animais.

Após a pesagem inicial, os tratamentos foram aleatoriamente designados a cada lote,

sendo 28 dias o intervalo entre as pesagens subseqüentes. Os pesos foram tomados dos

animais sem jejum prévio e sempre no mesmo horário do dia com o objetivo de acompanhar

desempenho produtivo dos lotes durante e ao término do experimento. A fim de minimizar

algum eventual efeito benéfico inerente a algum piquete, como uma possível variação na

massa de MS de forragem, procedeu-se o rodízio dos grupos de animais a cada 14 dias

mantendo-se o fornecimento do respectivo tratamento aos mesmos.

Ao início do experimento e sucessivamente a cada 14 dias, realizou-se a coleta de

amostras de pasto através de dois métodos. No primeiro foram realizadas amostragens de

altura (cm) e de massa de pasto (t de MS/ha) através do corte de cinco áreas aleatórias

internas a cada piquete experimental. Os cortes foram feitos a uma altura de 0,10 m do solo,

delimitados por um quadrado metálico com dimensão de 0,50 x 0,50 m, sendo as alturas

medidas anteriormente ao corte com auxílio de metro de madeira posto ao centro do

quadrado, a partir do nível do solo até o plano horizontal médio das folhas superiores.

Seguido o corte, as amostras foram pesadas e os valores registrados para posterior

determinação da massa de forragem e da densidade volumétrica do pasto (kg de MS/ha.cm).

Em seguida, o material de cada piquete foi homogeneizado, do qual foi coletado duas

subamostras compostas por piquete, sendo, uma para determinação da composição

bromatológica e massa total de forragem em t de MS/ha (MFT) e a outra fracionada para os

componentes lâmina foliar verde – LV, lâmina foliar seca – LS, colmo verde – CV e colmo

seco – CS, sendo a bainha e a inflorescência considerados como colmo, o que permitiu o

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conhecimento da composição bromatológica de cada componente e a proporção entre a massa

de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e da massa de forragem morta (MFMorta, t de MS/ha)

por piquete e por período na MFT.

O segundo método de coleta adotado foi realizado com objetivo de avaliar a forragem

ingerida pelos animais através da simulação de pastejo, a qual foi conduzida por um único

amostrador ao longo do experimento a fim de minimizar a variação dos resultados. As

amostras de pastejo simulado foram obtidas simultaneamente à coleta através do método do

quadrado metálico. Ao anteceder a simulação, o amostrador posicionou-se a uma distância

que permitisse a observação do material ingerido pelos animais, após o acompanhamento deu-

se início a ação da coleta ao longo de linhas em “zig-zag” em de cada piquete, até que fosse

obtido, aproximadamente, 400 g/amostra.

Para amostras destinadas à estimativa da massa total de forragem e para amostras de

pastejo simulado, foram calculados os percentuais de MS potencialmente digestível (MSpd)

ofertada e ingerida pelos animais. Os resultados foram obtidos por intermédio do resíduo

insolúvel em detergente neutro, obtido após incubação ruminal in situ das amostras por 240

horas (Casali et al., 2008), segundo a equação descrita por Paulino et al. (2006a):

MSpd = 0,98 x (100 – FDN) + (FDN – FDNi)

Onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeiro do conteúdo celular;

FDN = fibra em detergente neutro;

FDNi = fibra em detergente neutro indigestível.

A determinação da massa de MSpd foi estimada multiplicando-se seu respectivo

percentual pela massa de forragem total (kg de MS/ha).

Semanalmente foram realizadas 200 mensurações da altura média do pasto tomadas

em 50 pontos aleatórios por piquete experimental com o objetivo de identificar o correto

manejo da pastagem através da falta ou do excesso de forragem avaliada pela altura de

manejo do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu tida como ideal descrita entre a faixa de

0,20 e 0,40 m (Lupinacci, 2002; Sarmento, 2003; Da Silva et al., 2008).

O consumo de matéria seca total (CMSTotal) e matéria seca da forragem (CMSF) foi

estimado com a utilização de indicador externo, dióxido de titânio (TiO2), e interno, fibra em

detergente neutro indigestível (FDNi) utilizando 10 animais de cada lote avaliado no

desempenho.

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81

A excreção fecal foi estimada através do TiO2 misturado aos diferentes suplementos

na quantidade de 20 g/animal/dia, sendo sete dias de adaptação sem que houvesse manejo dos

animais ao curral. Após este período, foram realizadas três coletas de fezes, via retal, durante

três dias, nos horários de 8:00, 12:00 e 16:00 horas, sendo os animais conduzidos até o curral.

A determinação da concentração de TiO2 nas fezes foi realizada através de equipamento de

espectrofotometria seguindo a metodologia descrita por Myers et al. (2004).

A estimativa da excreção fecal foi obtida através da relação:

EF (g/dia) = Dose diária de dióxido de titânio (g/dia)

Concentração fecal de dióxido de titânio (g/g)

Para determinação do consumo voluntário de forragem foi utilizado a FDNi obtida

através do método de incubação in situ por 240 h (Casali et al., 2008). As amostras utilizadas

foram provenientes da simulação de pastejo. O consumo médio de matéria seca de

suplemento (CMSS) ofertado foi de 3,6 kg de MS/animal/dia, a mesma quantidade fornecida

diariamente, onde os 16 animais de cada lote foram submetidos ao procedimento de avaliação

de consumo de pasto, sendo avaliados ao final 10 animais/lote. Tal procedimento foi realizado

através da seleção dos animais considerando o logaritmo da excreção de MS fecal por

quilograma de peso corporal metabólico (g/kg de PC0,75

) baseado na sua distribuição simétrica

de probabilidade, adotando-se um intervalo de µ ± 1σ em relação a média de todas as

observações, correspondendo a um total de 68% (16 animais x 0,68 ≅ 10 animais), o que

permitiu a obtenção de 10 animais por tratamento com consumo médio aproximado de 3,6 kg

de suplemento/dia (Figura 1).

Figura 1 – Distribuição simétrica do consumo de matéria seca de suplemento e da excreção

de MS fecal (g/kg de PC0,75

) com um intervalo de µ ± 1σ.

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82

De posse dos dados de EF e FDNi dos alimentos e das fezes procederam-se os

cálculos de CMSTotal de acordo com as equações:

CMSTotal = CTotalFDNi

CTotalFDNi = ETotalFDNi

CMSS x FDNisupl + CMSFor x FDNifor = MSfecal x FDNifecal

Onde: CMSTotal = consumo de matéria seca total (kg/dia);

CTotalFDNi = consumo total de fibra em detergente neutro indigestível (kg/dia);

ETotalFDNi = excreção fecal total de fibra em detergente neutro indigestível (kg/dia);

CMSS = consumo de matéria seca de suplemento (kg/dia);

FDNisupl = fibra em detergente neutro indigestível do suplemento (g/100g);

CMSFor = consumo de matéria seca de forragem (kg/dia);

FDNifor = fibra em detergente neutro indigestível da forragem (g/100g);

MSfecal = matéria seca das fezes (kg/dia);

FDNifecal = fibra em detergente neutro indigestível das fezes (g/100g).

As amostras coletadas de forragem, suplementos e seus respectivos ingredientes foram

enviados ao Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT, campus Sinop, para

as seguintes análises químico-bromatológicas (Tabela 3): matéria seca (MS), matéria orgânica

(MO), proteína bruta (PB) em que PB(%) = Ntotal(%) x 6,25, extrato etéreo (EE) e cinzas,

realizadas segundo as técnicas descritas por Silva & Queiroz (2002). As análises de fibra em

detergente neutro (FDN) foram conduzidas conforme Mertens (2002). A fibra em detergente

neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp) segundo Detmann et al. (2010). A fibra em

detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al. (1991). A lignina (LIG) foi

determinada segundo o método do ácido sulfúrico 72% p/p (lignina “Klason”), descrito por

Silva & Queiroz (2002). A FDN indigestível (FDNi) segundo as recomendações de Casali et

al. (2008). O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido

(NIDA) foram obtidos conforme Licitra et al. (1996).

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83

Tabela 3 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes e dos suplementos

Item Níveis de grão de milheto (%) Mistura

Mineral Milho Milheto

Resíduo de

Soja 0% 33% 66% 100%

MS1 (%) 89,63 89,76 89,89 90,12 98,86 89,67 90,53 89,26

MO2, 16

95,36 95,54 95,71 96,00 0,76 97,26 98,50 97,35

MM3, 16

4,64 4,46 4,29 4,00 99,24 2,74 1,50 2,65

PB4, 16

25,03 25,28 25,53 25,95 - 9,07 16,14 38,28

NIDN5, 17

16,53 18,55 20,57 23,94 - 9,11 25,80 22,87

NIDA6, 17

6,27 6,61 6,96 7,53 - 3,32 6,74 8,77

EE7, 16

12,72 12,29 11,87 11,17 - 5,69 5,07 18,61

CT8, 16

57,61 57,96 58,31 58,88 - 82,50 77,29 40,46

CNF9, 16

43,68 43,73 43,78 43,85 - 69,08 61,50 25,63

FDN10, 16

18,40 18,54 18,69 18,93 - 13,89 16,49 22,55

FDNcp11, 16

13,93 14,23 14,53 15,03 - 13,42 15,79 14,83

FDNi12, 16

11,42 11,70 11,98 12,44 - 7,91 11,06 14,55

FDA13, 16

11,43 11,61 11,80 12,11 - 4,76 8,28 17,00

LIG14, 16

2,32 2,35 2,38 2,43 - 1,53 2,01 3,01

NDT15, 18

88,06 87,89 87,72 87,43 - 87,11 86,79 91,99 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Carboidratos não fibrosos;

10Fibra em detergente neutro;

11Fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína; 12

Fibra em detergente neutro indigestível; 13

Fibra em detergente ácido; 14

Lignina; 15

Nutrientes digestíveis totais; 16

% da MS; 17

% do N total; 18

Estimado segundo NRC (2001).

Os teores de carboidratos totais das amostras foram calculados segundo equação

proposta por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 – (%PB + %EE + %Cinzas). Os

carboidratos não fibrosos (CNF) das amostras de suplemento e forragem foram calculados por

meio da diferença entre CT e FDNcp.

Para estimativa de NDT (% da MS) da forragem e dos suplementos, utilizaram-se as

equações sugeridas pelo NRC (2001) a partir da composição dos alimentos avaliados

conforme as equações:

PBD (forragens) = PB[–1,2 x (PIDA/PB)]

PBD (concentrados) = PB x [1 – (0,4 x PIDA/PB])

AGD = EE – 1

CNFD = 0,98 x {100 – [(FDN –PIDN) + PB + EE + CINZAS]} x PAF

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FDNpD = 0,75 (FDNp – L) x [1 – (L/FDNp)0,667

]

NDT = CNFD + PBD + (AGD x 2,25) + FDNpD – 7

Onde: PBD = estimativa dos valores de proteína bruta digestível (% da MS);

PB = proteína bruta (% da MS);

PIDA = proteína insolúvel em detergente ácido (% da MS);

AGD = ácidos graxos digestíveis (% da MS), se EE < 1, então AGD = 0;

EE = extrato etéreo (% da MS);

CNFD = carboidratos não fibrosos digestíveis (% da MS);

FDN = fibra em detergente neutro (% da MS);

PIDN = proteína insolúvel em detergente neutro (% da MS);

CINZAS = cinzas (% da MS);

PAF = fator de ajuste para processamento físico, (PAF = 1);

FDNpD = fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível (% da MS);

FDNp = fibra em detergente neutro corrigida para proteína (% da MS);

L = lignina (% da MS);

7 = valor fecal metabólico (Weiss et al., 1992 citados pelo NRC, 2001).

A análise econômica foi realizada considerando a remuneração do capital investido,

obtida através da razão entre a margem de lucro e as despesas envolvidas no processo de

suplementação.

A receita obtida do ganho em equivalente carcaça (@) foi multiplicada pelo valor

médio de venda da @ na região no mês do término do experimento (setembro), sendo as

despesas obtidas através do custo total com os suplementos (aquisição de ingredientes e

produção) somados aos custos envolvidos com sua distribuição. Este último foi composto

pelo custo de mão-de-obra somado ao custo com combustível utilizado para o veículo em

serviço. Considerou-se, para fins de cálculo, o tempo médio de 30 minutos para distribuição

dos suplementos aos animais, sendo a distância total percorrida de aproximadamente 1,0 km.

O experimento foi delineado segundo um esquema fatorial (2x4), sendo dois grupos

genéticos e quatro suplementos alimentares, e distribuídos em um delineamento inteiramente

casualizado (DIC) com período experimental de 84 dias subdividido em três períodos de 28

dias.

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85

O peso corporal inicial foi utilizado como covariável no modelo estatístico para as

variáveis em estudos e no caso da não significância do mesmo, este parâmetro foi retirado do

modelo e a análise foi realizada novamente, sem o mesmo.

Os parâmetros mensurados foram submetidos ao teste padrão para normalidade de

distribuição e processados para análise de variância, sendo posteriormente analisados pelo

método de regressão. Para análise dos resultados foi utilizado o programa computacional SAS

(Statistical Analyses System), sendo adotado para todos os procedimentos um nível de

significância de 0,05.

O modelo estatístico utilizado para o experimento foi:

Yijk = µ + Si + Gj + Si*Gj + β*(PIijk – PI/n) + eijk

Onde: Yijk = resposta observada no animal k, do grupo genético j, consumindo suplemento i;

µ = média geral observada;

Si = efeito do suplemento i, i = (SM; SE; SEP; SPE);

Gj = efeito do grupo genético j, j = (Nelore; Mestiço);

Si*Gj = efeito da interação entre suplemento e grupo genético;

β = coeficiente de inclinação do modelo linear;

PIijk = covariável peso corporal inicial;

PI/n = média geral do peso corporal inicial;

eijk = erro aleatório associado a cada observação.

3.5. Resultados e Discussão

Os valores de massa de forragem total (MFT) ao longo dos períodos do experimento

(Figura 2) apresentaram-se constantes.

O período de seca apresenta situações climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento

vegetativo das plantas. Observa-se, nestas condições, que a maioria das forrageiras tropicais

apresenta, nesta época, o estádio de desenvolvimento reprodutivo.

Segundo Hodgson (1990), quando a planta forrageira inicia a reprodução (estádio

reprodutivo) tem-se início o alongamento das hastes, cessando o aparecimento de novas

folhas refletindo diretamente na disponibilidade de massa de folhas. Mantendo-se esta

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situação, ou seja, enquanto a haste reprodutiva não for cortada ou morrer, não há surgimento

de novas folhas nos perfilhos.

Ao longo deste experimento, observou-se em todos os piquetes, grande quantidade de

touceiras com a presença de haste reprodutiva. Sendo neste estudo a inflorescência

contabilizada juntamente ao colmo, maiores tornaram-se os valores relativos à massa de

colmos e menores tornaram-se os valores relativos à disponibilidade de folhas.

Desta forma, a manutenção dos valores de MFT deveu-se em grande parte pela

elevada proporção de colmos em relação às folhas (Figura 4 e 5), uma vez que o percentual de

MS de colmos apresenta-se superior, seu acréscimo tornou possível a manutenção dos valores

de MFT descrito com base na MS.

Figura 2 – Massa de forragem total (MFT, t de MS/ha) e massa de forragem potencialmente

digestível (MFpd, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do

experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

O valor médio de MFT foi de 5,14 t de MS/ha. Este valor obtido deve-se, em grande

parte, pelo diferimento do pasto realizado 1 mês antes do início do experimento, assim como

pelas características do pasto produzido no sistema de integração lavoura e pecuária.

Segundo Aidar et al. (2003), as pastagens de primeiro ano obtidas neste sistema

apresentam-se mais produtivas também no período de seca (entressafra), permanecendo

verdes por mais tempo e com acúmulo de biomassa ainda que nos meses mais secos e frios do

1.5

2.0

2.5

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12/jun 26/jun 08/jul 24/jul 07/ago 20/ago 04/setM

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ano. Conforme os autores, este comportamento provavelmente deve-se tanto ao melhor aporte

de nutrientes como também ao tamanho do sistema radicular profundo e volumoso (denso), o

que torna a forragem capaz de absorver água de camadas mais profundas do solo.

Sendo as respostas produtivas dos animais criados em sistemas de pastejo

determinadas principalmente pelo consumo de pasto e sendo este influenciado em grande

parte pela massa de forragem disponível (Santos et al., 2004; Carvalho, 1997), destaca-se que

o valor médio de MFT encontrado neste experimento não impediu que houvesse um consumo

seletivo por parte dos animais, uma vez que este se encontrou superior ao valor de 4,67 t de

MS/ha, sugerido por Euclides et al. (1992) como não limitante à seletividade.

Apreciada a MFT faz-se necessário maior ponderação quanto ao seu conteúdo passível

de utilização pelo animal, pois segundo Paulino et al. (2006b), um conceito aplicável de

manejo de pastagem através da relação entre qualidade nutricional e a quantidade disponível

encontra-se concentrado na MSpd.

Os percentuais de MSpd deste estudo variaram de um valor mínimo de 61,49% à um

máximo de 68,25% da MFT ao longo dos períodos, o que determinou um valor médio de 3,34

t de MFpd/ha, sendo a maior MFpd correspondente a 3,93 t/ha (Ago/Set) e a menor

correspondente a 2,74 t/ha (Jun/Jul). Estes resultados podem ser atribuídos aos elevados

valores de FDNi observados em grande parte da composição do material vegetal morto e em

senescência.

Entretanto, a MFpd ainda apresentou considerável estoque de energia potencialmente

digestível à utilização dos animais, inclusive ao 3° período, onde observa-se maior presença

de material morto (Figura 3), isto porque os valores de oferta de forragem para tal período

(8,43 kg de MSpd/100kg PC) foram superiores a variação mínima de 4 a 5% de PC em MSpd,

recomendado por Paulino et al. (2006b), para que tanto o desempenho animal como o

aproveitamento do pasto sejam otimizados.

Como destacado por Paulino (2005), incrementos à MSpd promovem benefícios

diretos ao sistema, as produtividades tornam-se maiores ao mesmo tempo em que se reduz a

necessidade do uso de suplementos.

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Figura 3 – Massa de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e massa de forragem morta

(MFMorta, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do

experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

Os valores de MFV representaram em média de 40,26% da MFT ao longo deste

estudo, já os resultados de MFMorta representaram em média 59,74% da MFT. A quantidade

de MS morta apresentou-se elevada, entretanto dentro de um padrão tido como normal para a

época seca.

A MFMorta apresentou seus valores acrescidos, em grande parte, pelo último período

do experimento. Como destacado na Figura 3, observa-se diminuição das frações verdes da

forragem (colmo verde e lâmina foliar verde), possivelmente pela perda de material verde

ofertado e não colhido que sofrera processo de senescência, ainda que, segundo Sbrissia

(2004), as maiores taxas de senescência não aconteçam na estação de inverno (período seco),

esta ocorre com valores médios de 13,9 kg de MS/ha/dia.

Adicionalmente, tem-se a diminuição da MFV e aumento da MFMorta pelo consumo

preferencial de colmos e lâminas foliares verdes decorrentes da seletividade dos animais.

Outro aspecto é, ainda que com um sistema com boas condições de fertilidade, este

necessariamente depende de fatores bióticos, sendo a precipitação pluviométrica nula durante

os 84 dias de experimentação, a grande proporção de MFMorta foi influenciada por fatores

climáticos desfavoráveis ao desenvolvimento e manutenção de maiores quantidades de MS

verde.

0.0

0.5

1.0

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Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set

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89

Em um primeiro momento atribui-se a quantidade de material vegetal morto como

fator principal da diminuição da qualidade nutricional da forragem devido ao acúmulo de

FDNi, contudo os valores de MSpd destacam grande proporção de material vegetal, ainda que

seco, passível de utilização pela microbiota ruminal.

Vale ressaltar que a quantidade excessiva de colmos secos, ainda que no sistema de

integração lavoura e pecuária, influenciará diretamente o hábito de consumo e diminuirá a

capacidade de seleção de forragem pelos animais. Desta forma, se por um lado a MFT não

impediu a seletividade dos animais, por outro lado o consumo, possivelmente, estaria

sofrendo uma influência negativa da estrutura do pasto, principalmente no período final das

avaliações, devido à grande participação de MS morta, especialmente da massa de colmo seco

(Figura 4).

Tal influencia estrutural, relaciona-se à profundidade e à massa do bocado obtida pelo

animal (Carvalho, 1997), ou seja, em situações como a evidenciada neste experimento, onde

se observa considerável MFMorta (colmos secos e lâminas foliares secas), possivelmente,

menores seriam o tamanho dos bocados com consequente decréscimo na taxa de ingestão de

forragem, sendo necessário um aumento no tempo de pastejo como meio de compensar a

deficiência estrutural do pasto.

Figura 4 – Massa de colmo verde (MCV, t de MS/ha) e massa de colmo seco (MCS, t de

MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo

de Confiança: 90%).

0.0

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Mas

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e co

lmo s

eco (

t de

MS

/ha)

Mas

sa d

e co

lmo v

erde

(t d

e M

S/h

a)

MCV

MCS

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90

As diferenças observadas pela diminuição na disponibilidade de colmo verde e

aumento na disponibilidade de colmo seco imprimem um decréscimo na qualidade nutricional

da forrageira devido ao aumento nos valores de FDNi do pasto, o que poderia resultar,

segundo Moraes (2006), na diminuição da disponibilidade energética da forragem ao animal.

Para os valores de lâminas foliares verdes (figura 5), observou-se redução entre os

piquetes ao longo de cada período, representando em Ago/Set apenas 3,99% da MFT.

Figura 5 – Massa de lâmina foliar verde (MLV, t de MS/ha) e massa de lâmina foliar seca

(MLS, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento

(Intervalo de Confiança: 90%).

Os valores médios de MLS apresentaram-se crescentes entre os períodos. Este

comportamento está associado à taxa de senescência do capim Marandu, que segundo Sbrissia

(2004), ocorre com maior intensidade na altura média do dossel de 30 cm para as estações de

inverno e início da primavera, levando a crer que o incremento na MLS ao longo deste

experimento tenha ocorrido pela elevação na taxa de senescência devido à estação de inverno

e a altura média do pasto (28,07 cm – Figura 6) próxima ao reportado por Sbrissia (2004).

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

12/jun 26/jun 08/jul 24/jul 07/ago 20/ago 04/set

Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set

Mas

sa d

e lâ

min

a fo

liar

sec

a (t

de

MS

/ha)

Mas

sa d

e lâ

min

a fo

liar

ver

de

(t d

e M

S/h

a)

MLV

MLS

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91

Figura 6 – Valores médios das alturas do pasto ao longo do período experimental.

Observa-se, na Figura 6, diminuição dos valores de altura do pasto com o avanço dos

períodos, decorrente da forragem consumida pelos animais do início ao término do

experimento, assim como pela ação de pisoteio dos animais ao longo dos 84 dias de avaliação.

Segundo Rego et al. (2006), a altura do pasto promove facilidade aos animais para

incrementarem o consumo de forragem através do aumento do tamanho do bocado (g de MS),

redução no tempo gasto por bocado (segundos), permitindo a intensificação da taxa de

ingestão (g de MS/minuto).

Sarmento (2003), em ensaio com Brachiaria brizantha cv. Marandu destacou que o

aumento da altura do pasto também acarretaria em incremento potencial do estrato pastejável

da forrageira. O mesmo autor recomenda alturas de manejo do pastejo em função do objetivo

e da natureza do sistema de produção, sendo que estas alturas encontram-se na amplitude de

20 a 40 cm. Desta forma, os resultados médios das alturas do pasto deste experimento

encontraram-se dentro da faixa recomendada.

A partir dos valores de altura média do pasto associados à MFT, procedeu-se os

cálculos dos valores de densidade volumétrica do pasto (DVP) apresentados na Figura 7.

20.0

22.0

24.0

26.0

28.0

30.0

32.0

34.0

36.0

38.0

Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set

Alt

ura

(cm

)

Períodos

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Figura 7 – Densidade volumétrica do pasto (DVP, kg de MS/ha.cm) e altura do pasto (ALT,

cm) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de

Confiança: 90%).

Ao contrário dos resultados de altura do pasto, a DVP apresentou acréscimo em seus

valores ao decorrer dos períodos, concordando com Sarmento (2003) e Molan (2004) que

observaram valores crescentes para a DVP, para os meses correspondentes ao inverno, à

medida que se diminuísse a altura do dossel forrageiro. Sendo a DVP determinada pela razão

entre MFT e altura média do pasto, estes resultados justificam-se através do aumento na MFT

e redução na altura do pasto.

Sarmento (2003) destacou que elevados valores de densidade volumétrica podem

influenciar negativamente a ingestão de forragem, impedindo a maior profundidade de

bocados levando a uma redução no tamanho de bocados.

Adicionalmente, a elevada MFT ao longo do experimento, especialmente em Ago/Set,

demonstram que a maior contribuição nestes valores foram devidos a MCS (Figura 4).

Simultaneamente, a dimensão vertical (altura) por ser composta principalmente pelo

componente colmo, quando em situações de baixa disponibilidade de lâminas foliares (época

seca), implica em dizer que os valores de DVP são na verdade compostos quase que em sua

totalidade por colmos. Desta forma é proposto que para estações desfavoráveis ao

desenvolvimento vegetativo onde haja desfolhação intensa (lotação contínua) seja realizado

avaliações mais cautelosas quanto aos valores de DVP.

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

100.0

115.0

130.0

145.0

160.0

175.0

190.0

205.0

220.0

235.0

250.0

12/jun 26/jun 08/jul 24/jul 07/ago 20/ago 04/set

Alt

ura

(cm

)

Den

sidad

e volu

mét

rica

do p

asto

(kg d

e M

S/h

a.cm

)DVP

ALT

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93

Assim sendo, os resultados médios de DVP, por diferirem entre si ao longo dos três

períodos, associados à MCS (Figura 4), permitem inferir que possivelmente tenha ocorrido

influência da variável densidade sobre a ingestão de forragem acarretando em diminuição da

capacidade dos animais em aumentar a massa do bocado.

Com base nos valores obtidos de disponibilidade dos segmentos do pasto, procedeu-se

a avaliação da relação lâmina foliar/colmo (Figura 8). Segundo Paulino et al. (2004), ao

admitir uma pastagem com elevada densidade de plantas, a altura do pasto associada à sua

relação folha/colmo apresenta-se como um bom indicador na definição do manejo do pastejo,

desta forma, almeja-se que nesta relação haja maior participação de tecidos com células

contendo paredes celulares menos lignificadas, a exemplo de lâminas foliares que

aumentariam os valores da relação folha/colmo.

Marcelino (2004) destacou que com o avançar na idade da planta, a proporção de

colmos aumenta relativamente à de folhas. De acordo com a autora, a digestibilidade do

segmento colmo apresenta-se 46% inferior à da folha. Assim, a espécie forrageira com

capacidade de disponibilizar elevada massa de folhas verdes poderá imprimir maiores

componentes de alto valor nutritivo na dieta dos animais.

Figura 8 – Relação folha/colmo (F:C) e altura do pasto (ALT, cm) de Brachiaria brizantha

cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de Confiança: 90%).

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

12/jun 26/jun 08/jul 24/jul 07/ago 20/ago 04/set

Alt

ura

(cm

)

Rel

ação

folh

a/co

lmo

F:C

ALT

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Como evidenciado por Sbrissia (2004) na estação de inverno, valores de relação

folha/colmo para capim Marandu foram aumentados na medida em que os valores de altura

foram diminuídos. De forma contrária, neste experimento houve decréscimo nos valores da

relação folha/colmo associados à redução da altura do pasto ao longo dos períodos (Figura 8).

Tais resultados são devidos, em grande parte, pelo significativo aumento na MCS (Figura 4) o

que aliado à redução da MLV (Figura 5) promoveram a diminuição da relação, uma vez que a

disponibilidade total de colmos representa o denominador da fração sendo inversamente

proporcional a variável.

Sabe-se que, de uma forma geral, o consumo e o desempenho dos animais são

acrescidos, além das características da estrutura do pasto citadas anteriormente, pelo aumento

na oferta de forragem (OF). Tal índice constitui-se uma variável-controle no processo de

pastejo, assim descrita por Da Silva & Nascimento Júnior (2006). Entretanto, os mesmos

autores destacaram que este aumento tende a um valor máximo específico para cada espécie e

categoria animal, o que, em situações de elevada OF, caracterizariam uma limitação dos

animais em processar e/ou digerir a forragem pastejada, ou seja, seria atingido um platô

(saturação) no consumo dos animais onde os maiores acréscimos de OF não corresponderiam

a incrementos no consumo.

Associado aos valores de massa de forragem ofertada aos animais, Baroni et al. (2010)

destacaram uma relação entre OF e a digestibilidade da pastagem consumida. Tal afirmação

se justifica por situações em que maiores OF permitem aos animais selecionar as porções

mais nutritivas do pasto (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e material

senescente. Sendo a fração lâmina foliar verde preferencialmente consumida pelos animais e

esta, por sua vez, possuir maior percentual de digestibilidade em comparação aos outros

segmentos da planta, caberia relacionar o conceito de OF à MSpd, afim de que a apreciação

dos valores de forragem ofertada fossem mais precisos quanto ao conteúdo realmente passível

de digestão pelos animais.

Níveis máximos de consumo estão relacionados com uma massa de forragem de duas

a três vezes a necessidade diária do animal (Hodgson, 1990). Dessa forma, do ponto de vista

prático, seria necessário ofertar uma massa de forragem, em kg de MSpd/dia, acima do valor

descrito como crítico (4 a 5% do peso corporal) para que tanto o desempenho animal como o

aproveitamento do pasto sejam otimizados (Paulino et al., 2006b).

Contudo, a elevada OF deve ser analisada com cautela, isto porque em algumas

situações este elevado índice pode apresentar um efeito negativo no ganho de peso dos

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animais. Reis et al. (2005) destacaram que em situações como esta o que se evidencia é o

subpastejo da área, em consequência se observam consideráveis acúmulos de material vegetal

de baixo valor nutritivo, ou seja, com baixa digestibilidade implicando em diminuição de seu

consumo e desempenho produtivo dos animais.

Os valores de OF apresentaram crescentes entre Jun/Jul e Ago/Set, tendo um pequeno

decréscimo em Jul/Ago (Tabela 4).

Os acréscimos de OF foram cerca de 18,41% para MS e cerca de 8,11% para MSpd,

sendo superiores aos valores limitantes descritos por Paulino et al. (2006b).

Tabela 4 – Valores médios da oferta de forragem1 de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao

longo dos períodos experimentais

Item Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set Médias2

Oferta de Forragem (kg MS/100 kg PC) 11,68 11,03 13,83 12,28 ± 0,85

Oferta de Forragem (kg MSpd/100 kg PC) 7,80 7,08 8,43 7,77 ± 0,39

Oferta de Forragem (kg MS verde/100 kg PC) 7,36 3,98 2,48 4,61 ± 1,44 1Forragem cortada a 10 cm de altura do solo;

2Média ± erro-padrão da média.

Ao considerar os resultados de MFT e MFpd, a OF demonstrou não ser fator restritivo

ao consumo dos animais. No entanto, como citado anteriormente, a apreciação dos valores de

OF devem ser tomados com cautela. Neste experimento, a quantidade ofertada de forragem

aos animais encontrava-se dentro dos valores ideais para que não houvesse restrição do

consumo. Contudo, ao observar a OF calculada através da MFV, os valores passam a

apresentar-se abaixo de 4,0 kg de MS verde/100 kg de PC, tornando provável a influencia

negativa sobre o consumo dos animais, visto que a grande quantidade ofertada é composta por

MS morta.

A composição químico-bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu encontra-

se disposta na Tabela 5. Os teores de PB da forragem amostrada (disponibilidade e pastejo

simulado) apresentaram-se abaixo dos valores descritos por Poppi & McLennan (1995) como

mínimo para adequada atividade de microrganismos no ambiente ruminal sendo, portanto,

fator considerável a uma possível diminuição do consumo de forragem pelo

comprometimento da utilização dos substratos energéticos fibrosos potencialmente digestíveis

(Lazzarini et al., 2009).

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Tabela 5 – Composição químico-bromatológica do pasto

Item Brachiaria brizantha cv. Marandu

Disponibilidade19

Pastejo Simulado19

MS1 (%) 55,85 ± 6,87 52,49 ± 9,31

MO2, 16

93,13 ± 0,05 92,57 ± 0,17

MM3, 16

6,87 ± 0,05 7,43 ± 0,17

PB4, 16

3,64 ± 0,70 5,74 ± 1,12

NIDN5, 17

39,72 ± 3,26 42,56 ± 1,98

NIDA6, 17

17,77 ± 0,59 11,83 ± 1,30

EE7, 16

1,42 ± 0,03 1,72 ± 0,12

CT8, 16

88,07 ± 0,70 85,10 ± 1,01

FDN9, 16

72,64 ± 1,03 68,41 ± 1,72

FDNcp10, 16

69,95 ± 1,17 63,71 ± 2,06

CNF11, 16

18,12 ± 0,48 21,39 ± 1,08

FDNi12, 16

35,49 ± 1,77 28,27 ± 2,40

FDA13, 16

36,76 ± 1,22 32,54 ± 2,30

LIG14, 16

7,37 ± 0,76 6,44 ± 0,85

NDT15, 18

48,60 ± 0,91 49,37 ± 1,09 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Fibra em detergente neutro;

10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;

11Carboidratos não fibrosos;

12Fibra em detergente neutro indigestível;

13Fibra em detergente ácido;

14Lignina;

15Nutrientes digestíveis totais;

16% da MS;

17% do N total;

18Estimado segundo NRC (2001);

19Média ± erro-padrão da média.

O aumento dos valores de FDN e FDA representam menor participação de

carboidratos solúveis na composição da forrageira e consequentemente maior percentual de

carboidratos fibrosos e componentes insolúveis da parede celular. De acordo com Mello et al.

(2006), o aumento nos teores de FDN e FDA influi diretamente na redução do valor nutritivo

da forragem procedente da menor concentração do conteúdo celular, limitando a energia

disponível para os ruminantes. Neste experimento os valores de FDN e FDA apresentaram-se

crescentes ao longo dos períodos experimentais sendo as respectivas médias inferiores ao

descrito por Baroni et al. (2010) (73,89% de FDN e 38,17% de FDA) e, superiores ao

observado por Canesin et al. (2007) (55,06% de FDN e 29,23% de FDA), ambos os trabalhos

no período de seca e utilizando capim Marandu.

A avaliação da FDNi permite evidenciar a quantidade de compostos indigestíveis da

fração fibrosa dos alimentos além de considerar aspectos relativos ao percentual de MSpd da

forragem, sendo a FDNi correlacionada negativamente à MSpd. Os efeitos negativos

proporcionados por altos valores de FDNi refletem na qualidade nutricional do alimento e no

trânsito ruminal de partículas fibrosas. Segundo Waldo & Smith (1972), a fração indigestível

da fibra vegetal se constitui de uma porção nutricionalmente inerte que ocupa espaço no

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ambiente ruminal e é somente removível por trânsito, tornando-a agente ativo no efeito de

repleção ruminal.

O valor observado para a FDNi encontra-se inferior a 35,12% reportado por Baroni et

al. (2010) para amostras de pastejo simulado realizadas no período de seca. Contudo, como

descrito por Silva et al. (2009), na literatura poucos são os experimentos que apresentam os

teores de FDNi da forragem, o que torna difícil a comparação entre esta variável nos

desempenhos de bovinos em pastejo recebendo suplementação alimentar.

Com base nos resultados apresentados na Tabela 6, observam-se maiores percentuais

de PB nos componentes CV e LV em comparação a CS e LS, assim como menores valores de

NIDN para CV comparado a CS. Contudo, os teores de NIDN para LV comparado a LS

apresentaram-se semelhantes. Para NIDA, os valores dos segmentos verdes (CV e LV)

apresentaram-se menores quando contrastados aos segmentos secos (CS e LS).

Tabela 6 – Composição químico-bromatológica dos segmentos morfológicos do pasto

Item Brachiaria brizantha cv. Marandu

CV18

CS18

LV18

LS18

MS1 (%) 42,21 ± 3,37 68,86 ± 6,15 55,76 ± 5,65 76,94 ± 6,81

MO2, 15

95,21 ± 0,11 94,70 ± 0,16 93,23 ± 0,12 92,53 ± 0,15

MM3, 15

4,79 ± 0,11 5,30 ± 0,16 6,77 ± 0,12 7,47 ± 0,15

PB4, 15

3,15 ± 0,36 2,55 ± 0,22 6,88 ± 0,61 3,55 ± 0,17

NIDN5, 16

28,88 ± 1,94 41,74 ± 1,89 45,55 ± 5,73 42,76 ± 2,30

NIDA6, 16

18,32 ± 1,83 38,53 ± 0,46 11,08 ± 0,43 39,34 ± 1,25

EE7, 15

0,93 ± 0,07 0,78 ± 0,06 1,68 ± 0,10 0,90 ± 0,07

CT8, 15

91,13 ± 0,48 91,37 ± 0,39 84,68 ± 0,70 88,08 ± 0,19

FDN9, 15

73,07 ± 0,17 78,01 ± 0,77 68,05 ± 1,49 72,83 ± 0,10

FDNcp10, 15

71,35 ± 0,38 75,83 ± 1,16 65,81 ± 0,72 67,90 ± 1,38

CNF11, 15

19,78 ± 0,37 15,54 ± 0,81 18,87 ± 0,06 20,18 ± 1,48

FDA12, 15

37,89 ± 0,30 43,58 ± 1,07 31,23 ± 1,12 36,19 ± 0,33

LIG13, 15

6,05 ± 0,42 8,04 ± 0,55 4,44 ± 0,37 6,39 ± 0,58

NDT14, 17

52,43 ± 0,89 48,03 ± 1,10 52,45 ± 0,35 48,90 ± 1,21 1Matéria seca;

2Matéria orgânica;

3Matéria mineral;

4Proteína bruta;

5Nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;

7Extrato etéreo;

8Carboidratos totais;

9Fibra em detergente neutro;

10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;

11Carboidratos não fibrosos;

12Fibra em detergente ácido;

13Lignina;

14Nutrientes digestíveis totais;

15%

da MS; 16

% do N total; 17

Estimado segundo NRC (2001); 18

Média ± erro-padrão da média.

Estes resultados demonstram a maior concentração de nitrogênio e, consequentemente,

da PB em tecidos vivos da planta. Sendo NIDA, a fração de nitrogênio ligado à parede celular

vegetal indisponível aos microrganismos e ao animal, quanto menor sua proporção maior

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torna-se o percentual de nitrogênio disponível (NIDN) ao animal. Nesta situação, ao comparar

os diferentes teores entre NIDN e NIDA, observou-se que ainda que haja elevado percentual

de nitrogênio em NIDN no segmento LV, este se encontra na forma latente, passível de

utilização por microrganismos ruminais.

A análise da diferença entre os teores de NIDN e NIDA (Δ), sendo Δ relacionado à

fração B3 descrita por Sniffen et al. (1992), demonstrou maior percentual de nitrogênio

indisponível à ação de microrganismos ruminais no segmento CS (Δ = 3,21), onde Δ de

CS<LS<CV<LV. Havendo maior indisponibilidade de nitrogênio nos segmentos quando os

resultados aproximaram-se de 0 (NIDN = NIDA). Tais valores encontram-se dentro de um

contexto esperado, em virtude de que materiais vegetais mortos ou em senescência,

decorrentes do aumento da idade fisiológica da planta, aparentemente apresentam maiores

concentrações de nitrogênio ligado a FDA (Balsalobre et al., 2003).

Observou-se maior concentração dos componentes indigestíveis em detergente neutro

e ácido nos segmentos mortos (CS e LS) e menores concentrações nos tecidos verdes (CV e

LV), causando, segundo Paciullo et al. (2001), uma redução da digestibilidade dos

componentes do pasto ao avançar do tempo (idade).

Neste estudo, não houve interação entre grupo genético e níveis de substituição do

ingrediente energético (P>0,05) para o consumo (Tabela 7). Da mesma forma, também não se

observou influência do grupo genético e do nível de substituição do milho pelo milheto sobre

o consumo dos componentes da dieta (P>0,05).

O consumo de forragem é regido por fatores nutricionais e não nutricionais. Os fatores

nutricionais são aqueles decorrentes da dieta basal, sendo grande a influencia determinada

pela fibra insolúvel que participa diretamente no efeito de repleção ruminal (Paulino et al.,

2004). Aos fatores não nutricionais, considera-se o efeito promovido pela planta através da

apresentação da estrutura do dossel e ao efeito dos animais na seleção da forragem, tamanho e

taxa de bocados e tempo de pastejo (Poppi et al., 1987).

Segundo Costa (2009), o consumo voluntário de forragem pelo animal é dependente

da quantidade e da qualidade da forragem ofertada. Contudo, vale ressaltar de que mesmo

quando a disponibilidade de forragem apresenta-se elevada, o colmo e o material morto

podem limitar o consumo por parte do animal (Da Silva et al., 2008).

Embora os teores de amido do milho e do milheto sejam distintos (Ribeiro et al., 2004)

(Tabela 3), acredita-se haver diferentes respostas sobre os parâmetros de consumo devido às

variações na taxa e na extensão da degradação intrínseca às diferentes fontes. No entanto, não

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se observou efeito dos níveis de inclusão de milheto sobre o consumo de matéria seca total

(CMST), cujos valores médios foram 9,012; 7,903; 8,198; 8,157 kg/dia, respectivamente para

os níveis de milheto de 0%; 33%; 66% e 100%.

Quanto a influencia de utilização de suplementos sobre o consumo de MS e nutrientes,

Moraes (2003), assim como neste experimento, não evidenciou diferenças entre o consumo de

MS total de novilhos em terminação alimentados com suplementos contendo níveis de PB

semelhantes a este estudo.

De forma análoga, Detmann et al. (2005) não observou variações no consumo de MS

total de novilhos mestiços em terminação alimentados com 4,0 kg de suplementos/dia e

manejados em pastagem de Brachiaria decumbens Stapf. durante o período de transição

seca/águas.

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100

Tabela 7 – Consumo dos componentes da dieta de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes de inclusão de milheto

Item GG

1

Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM)

CV (%) GG x NGM2

Contrastes

N M 0% 33% 66% 100% Linear Quadrático

CMSP3 4,764 4,688 0,9239 5,436 4,316 4,617 4,534 25,80 0,1951 0,4794 0,5557

CMOP4 4,325 4,256 0,9240 4,935 3,918 4,192 4,116 25,80 0,1951 0,4795 0,5556

CPBP5 0,197 0,194 0,9249 0,225 0,179 0,191 0,188 25,81 0,1935 0,4794 0,5569

CEEP6 0,082 0,081 0,9258 0,093 0,074 0,080 0,078 25,77 0,1947 0,4934 0,5540

CFDNP7 3,260 3,207 0,9241 3,719 2,953 3,159 3,101 25,80 0,1951 0,4794 0,5557

CCNFP8 1,001 0,985 0,9240 1,142 0,907 0,970 0,952 25,81 0,1955 0,4796 0,5555

CMST9 8,355 8,280 0,9242 9,012 7,903 8,198 8,157 14,35 0,1951 0,5096 0,5270

CMOT10

7,760 7,691 0,9243 8,344 7,345 7,619 7,594 14,02 0,1953 0,5273 0,5237

CPBT11

1,111 1,108 0,9246 1,120 1,085 1,106 1,128 9,19 0,1948 0,7680 0,3876

CEET12

0,513 0,512 0,9306 0,548 0,515 0,505 0,482 8,27 0,1950 0,0017 0,6822

CFDNT13

3,928 3,877 0,9242 4,377 3,618 3,828 3,788 21,09 0,1951 0,5050 0,5432

CCNFT14

2,572 2,556 0,9245 2,704 2,475 2,537 2,541 9,79 0,1955 0,5596 0,5033

CMSPPC15

1,09 1,01 0,6399 1,18 0,95 1,04 1,02 25,60 0,2548 0,5910 0,6028

CMSTPC16

1,91 1,78 0,4768 1,95 1,74 1,85 1,83 14,36 0,2876 0,7160 0,6022 1Grupo genético (N – Nelore; M – mestiços);

2GG x NGM = Interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos;

3Consumo de matéria seca de pasto (kg/dia);

4Consumo de matéria orgânica de pasto (kg/dia);

5Consumo de proteína bruta de pasto (kg/dia);

6Consumo de

extrato etéreo de pasto (kg/dia); 7Consumo de fibra em detergente neutro de pasto (kg/dia);

8Consumo de carboidratos não fibrosos do pasto (kg/dia);

9Consumo de matéria seca total (kg/dia);

10Consumo de matéria orgânica total (kg/dia);

11Consumo de proteína bruta total (kg/dia);

12Consumo de extrato

etéreo total (kg/dia); 13

Consumo de fibra em detergente neutro total (kg/dia); 14

Consumo de carboidratos não fibrosos totais (kg/dia); 15

Consumo de matéria seca de pasto (% do PC);

16Consumo de matéria seca total (% do PC) em função dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.

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Gonçalves et al. (2010) destacaram a possibilidade de total substituição do grão de

milho por milheto em dietas de bovinos de corte. Isto por que os níveis de substituição não

apresentaram alterações quanto ao consumo de MS, ao mesmo tempo em que houve melhora

sobre a digestibilidade do extrato etéreo e do amido da dieta. De acordo com os autores, o

consumo similar de MS pelos animais alimentados com níveis crescentes de substituição de

grão de milho por grão de milheto demonstrou boa aceitação pelos animais, sugerindo não

haver diferença de palatabilidade entre as duas fontes energéticas.

O somatório das informações supracitadas em conjunto aos resultados obtidos neste

estudo permite dizer que a substituição do grão de milho por grão de milheto em suplementos

para animais em pastejo não influencia o consumo dos componentes da dieta.

Neste estudo, não foi observado efeito de grupo genético sobre o coeficiente de

digestibilidade aparente dos componentes da dieta (P>0,05), assim como a não significância

da interação entre grupo genético e níveis de inclusão de milheto (P>0,05) (Tabela 8).

Não foi observado efeito significativo de grupo genético sobre o nutriente digestível

total observado (P>0,05). Semelhantemente, para níveis de substituição de ingrediente

energético não se observou significância sobre o NDTOBS (P>0,05).

Os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB, EE, FDN e CNF da dieta

total, não apresentaram diferença entre os níveis de inclusão de milheto nos suplementos

(P>0,05).

Cabe salientar que, para avaliação dos parâmetros de consumo e digestibilidade in vivo

deste experimento, utilizou-se um elevado número de repetições (10 animais/tratamento) em

comparação a outros ensaios observados na literatura.

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Tabela 8 – Digestibilidade dos componentes da dieta de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes de inclusão de milheto

Item GG

1

Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM)

CV (%) GG x NGM2

Contrastes

N M 0% 33% 66% 100% Linear Quadrático

DMS3 43,58 45,95 0,6746 44,67 49,72 39,93 44,74 19,87 0,6879 0,8288 0,8690

DMO4 47,99 53,12 0,3398 52,00 54,10 46,64 49,46 17,12 0,3712 0,6786 0,9120

DPB5 55,14 62,70 0,0637 56,25 62,93 58,26 58,26 20,71 0,3718 0,9396 0,4032

DEE6 64,67 71,13 0,0595 68,77 73,41 62,59 66,82 15,15 0,5930 0,2698 0,9525

DFDN7 50,23 55,64 0,3900 57,34 60,90 50,50 43,01 19,54 0,2788 0,0993 0,2397

DCNF8 65,91 70,09 0,2114 69,24 70,37 64,74 67,64 14,96 0,4129 0,4845 0,7895

NDTOBS9 61,08 67,21 0,1579 66,04 70,65 60,51 59,37 10,42 0,3208 0,1232 0,5031

1Grupo genético (N – Nelore; M – mestiços);

2GG x NGM = Interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos;

3Coeficiente de digestibilidade aparente da MS total (DMS, %); 4Coeficiente de digestibilidade aparente da MO total (DMO, %); 5

Coeficiente de

digestibilidade aparente da PB total (DPB, %); 6Coeficiente de digestibilidade aparente do EE total (DEE, %); 7

Coeficiente de digestibilidade da

FDN total (DFDN, %); 8Coeficiente de digestibilidade aparente dos CNF totais (DCNF, %); 9Níveis de nutrientes digestíveis totais observado na

dieta total (NDTOBS, %) em função dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.

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Segundo Brody (1945), animais de elevado peso corporal possuem maior consumo de

matéria seca e apresentam maior exigência de energia para mantença, o que afeta a eficiência

de utilização da energia da dieta para ganho de peso corporal.

Para contornar a influencia do peso corporal nas variáveis de desempenho animal,

realizaram-se ajustes para os valores médios de ganho de peso médio diário (GMD), ganho de

peso total (GPT) e peso corporal final (PCF), devido à significância apresentada pela

covariável peso corporal inicial (P<0,05) (Tabela 9).

Tabela 9 – Desempenho de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes

de substituição de grão de milho por grão de milheto

Item GG

Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM) CV

(%) GG x NGM3

Contrastes4

N1 M2 0% 33% 66% 100% L Q

GMD5

0,827a 0,737b 0,0192 0,816 0,826 0,797 0,691 18,23 0,8786 0,0141 0,1117

GPT6 69,50a 61,95b 0,0192 68,54 69,38 66,95 58,04 18,19 0,8880 0,0131 0,1263

PCF7 457,65a 450,09b 0,0192 456,86 457,41 454,98 446,25 2,63 0,8880 0,0131 0,1263 1Nelore;

2Mestiços;

3GG x NGM = interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos

suplementos; 4Contraste linear (L) e quadrádico (Q);

5Ganho de peso médio diário (kg/dia); 6Ganho de peso total

(kg); 7Peso corporal final (kg); ŶGMD = 0,8418 – 0,0012X; ŶGPT = 70,7169 – 0,1008X; ŶPCF = 458,1481 –

0,0859X.

Neste estudo, não foi observado significância da interação entre grupo genético e

níveis de substituição do ingrediente energético (P>0,05) para as variáveis GMD, GPT e PCF.

Observou-se influência do efeito de grupo genético sobre as variáveis GMD, GPT e

PCF (P<0,05), ou seja, animais de grupo genético Nelore apresentaram melhores

desempenhos em resposta aos níveis de substituição de grão de milho por milheto quando

comparados ao grupo de animais mestiços.

Um fator considerável é a característica de que animais da raça Nelore suportam

melhor o clima tropical. Segundo Poppi & McLennan (1995), animais não podem sofrer

estresse calórico, caso tal situação ocorra, há diminuição da taxa de crescimento para um nível

em que o calor possa ser dissipado confortavelmente. Tal informação permite supor que as

condições climáticas (Tabela 1) tenham influenciado negativamente o desempenho de animais

mestiços.

Adicionalmente, tem-se o conhecimento de que animais da raça Nelore apresentam

melhor aproveitamento de dietas ricas em fibra de baixa qualidade, características do período

de seca e observadas neste estudo (Tabela 5). Este baixo valor nutricional do pasto pode ter

contribuído para a diferença evidenciada entre os grupos genéticos, sendo os animais mestiços

menos rústicos, característica intrínseca a proporção de genes de raças Bos taurus taurus

evidentes nos animais.

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Freitas (2005) observou, assim como neste estudo, que bovinos de corte terminados

em pastejo apresentaram diferentes respostas ao aporte de nutrientes fornecidos via

suplementação em função de diferentes grupos genéticos. Contudo, o autor evidenciou

resposta superior de animais mestiços destacando a inferioridade de desempenho de animais

Nelore.

As variáveis, GMD, GPT e PCF, diminuíram linearmente (P<0,05) com o aumento

dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.

O emprego de suplementos na estação seca possui o enfoque de suprir nutrientes não

disponíveis pelo pasto mantendo o ganho de peso nos animais a um ponto em que se alcance

objetivos traçados para o sistema de produção. A fase de terminação de gado de corte, comum

a esta época do ano, permite que a gestão através da utilização de sistemas pasto-suplemento

promova resultados de desempenho produtivo semelhantes àqueles encontrados em animais

oriundos de confinamentos (Paulino et al., 2002).

Entretanto, Silva et al. (2009) destacaram que o desempenho de animais em pastejo

recebendo algum tipo de suplementação é determinado por uma vasta influência entre fatores

relacionados às interações forragem:suplemento:animal, as quais possuem características

peculiares a cada experimento.

Os valores de desempenho observados neste estudo (Tabela 9) apresentaram-se

superiores aos resultados médios descritos por Nascimento et al. (2009) em avaliação de

diferentes fontes amiláceas (milho e milheto) nos suplementos de novilhos mestiços

(Holandês x Zebu) em pastejo. Diferentemente deste experimento, os autores não

evidenciaram diferenças entre ganhos de peso médio diário e peso corporal final dos animais

alimentados com concentrados contendo milho ou milheto. Segundo os autores, estes

resultados demonstraram eficiência semelhante quanto à utilização de ambas as fontes de

amido.

O efeito do aumento dos níveis de substituição de grão de milho por grão de milheto

nos suplementos sobre o desempenho animal não se apresentaram claros.

Destaca-se que este experimento foi desenvolvido sob o sistema de produção de

integração lavoura e pecuária, quanto a este, Kluthcouski et al. (2003) descreveram acerca dos

efeitos benéficos de sua adoção à produção de bovinos de corte. Os autores relataram a

obtenção de taxas de lotação média cujas variações encontraram-se entre 2,5 e 3,0 UA/ha,

também destacaram ganhos médios diários entre 0,300 a 0,400 kg obtidos no período de seca

com a utilização de suplementação alimentar (quantidade fornecida não informada). Ainda

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que estes valores encontrem-se inferiores ao obtido neste estudo (GMD de 0,782 kg e TL

média variando entre 2,9 e 3,4 UA/ha), percebe-se que a inclusão da técnica de suplementação

na alimentação de bovinos mostrou-se oportuna ao sistema de integração lavoura e pecuária.

Adicionalmente, a avaliação do desempenho animal em conjunto ao consumo médio

de proteína bruta total dos tratamentos (Tabela 7), permitiu observar que valores de ingestão

de 1,109 kg de PB/animal/dia promoveram, entre tratamentos, ganhos médios diários de 0,782

kg/animal/dia (Tabela 9). Segundo a tabela de exigências nutricionais de zebuínos puros e

cruzados BR-CORTE (Marcondes et al., 2010), para animais em pastejo com peso corporal de

400 kg e taxas de ganho de 0,750 kg/animal/dia, exigem-se consumos da ordem de 1,044 kg

de PB/dia. Desta forma, para as condições aqui apresentadas, evidenciou-se que os

suprimentos de PB total dos tratamentos adequaram-se às exigências demandadas pelos

animais promovendo ganhos superiores ao tabelado.

Em outra análise, o consumo médio de 0,914 kg de PB via suplementos (ΣCPBT/n –

ΣCPBP/n, sendo n = 4 níveis de grão de milheto; Tabela 7), correspondeu a ganhos diários de

0,782 kg/animal (Tabela 9). Ao contrastar os resultados observados por Baroni et al. (2010),

evidencia-se que os consumos de PB via suplementos apresentaram valores próximos em

ambos os trabalhos, contudo o ganho médio diário dos animais observado por Baroni et al.

(2010) foi inferior a este estudo. Segundo os autores, os baixos valores devem-se a resposta

não satisfatória de animais em pastejo consumindo suplementos protéicos em pastos com

elevada disponibilidade de MS.

A fim de considerar a eficiência do método realizado para avaliação da excreção fecal

através de TiO2 misturado aos suplementos, assim como avaliar a estimativa de consumo de

MS deste experimento, realizou-se o teste de significância da hipótese de nulidade conjunta

(β0 = 0 e β1 = 1), com o objetivo de indicar equivalência entre estes resultados e os valores de

consumo de MS preditos pela equação proposta em BR-CORTE (Azevêdo et al., 2010).

Tabela 10 –Estatística para regressão entre os valores de consumo de MS observado

(CMSOBS) e consumo de MS predito (CMSBRC) através da equação sugerida por

BR-CORTE (Azevêdo et al., 2010)

Item Parâmetros do modelo linear

Valor – P* β0 ± EP β1 ± EP

CMSOBS vs. CMSBRC 4,0361 ± 5,2964 0,4668 ± 0,5891 0,1146

* H0: β0 = 0 e β1 = 1; H1 ≠ H0.

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De acordo com o teste de significância (Tabela 10), o consumo de MS observado não

apresenta diferença em relação ao consumo de MS predito (P>0,05), o que permite inferir que

o método utilizado foi eficiente e aplicável nas condições de suplementação em que não haja

flexibilidade de manejo dos animais, incluindo assim o indicador via suplemento e manejando

os animais apenas em dias de coleta.

O suplemento com nível de inclusão de 100% de grão de milheto como ingrediente

energético apresentou menor custo por quilograma, seguido pelos níveis 66%, 33% e 0%.

Esses resultados advêm da redução percentual do resíduo de soja (R$ 233,00/t) na

composição dos suplementos à medida que se aumentou os níveis de inclusão do grão de

milheto nos tratamentos. Outro fator responsável pela redução do custo do quilograma de

suplemento deveu-se ao maior valor pago ao grão de milho (R$ 183,33/t) em comparação ao

grão de milheto (R$ 100,00/t) no período de aquisição dos ingredientes e preparo dos

suplementos (Tabela 11).

O suplemento contendo 33% de grão de milheto como ingrediente energético,

fornecido na quantidade de 4,0 kg/animal/dia, proporcionou maior remuneração do

investimento obtendo a maior margem bruta de lucro por animal (R$ 76,48), assim como a

maior margem bruta de lucro/animal/ha (R$ 4,09).

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Tabela 11 –Valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e remuneração do

capital investido em função dos níveis de substituição de milho por milheto nos

suplementos fornecidos ao longo do experimento (84 dias)

Variáveis Níveis de grão de milheto (%)

0% 33% 66% 100%

Ganho de peso médio diário (kg/animal) 0,816 0,826 0,797 0,691

Ganho de peso total (kg/animal) 68,54 69,38 66,95 58,04

Ganho de peso total (@/animal) 2,28 2,31 2,23 1,93

D4501 78 70 85 85

Receita2 (R$/animal) 190,85 193,19 186,41 161,61

Consumo de suplemento (kg/animal) 336,0 336,0 336,0 336,0

Custo médio do suplemento (R$/kg) 0,23 0,22 0,20 0,18

Custo do suplemento consumido (R$/animal) 77,21 72,79 68,37 61,00

Custo de arraçoamento3,4

(R$/animal) 12,42 12,42 12,42 12,42

Custo total do suplemento5 (R$/animal) 89,63 85,21 80,79 73,42

Custo com vermifugação6 (R$/animal) 1,50 1,50 1,50 1,50

Custo da pastagem7 (R$/animal) 30,00 30,00 30,00 30,00

Custo global8 (R$/animal) 121,12 116,70 112,28 104,92

Custo diário (R$/animal) 1,44 1,39 1,34 1,25

Custo por arroba produzida (R$/animal) 53,01 50,46 50,32 54,23

Margem bruta de lucro9 (R$/animal) 69,73 76,48 74,12 56,70

Margem bruta de lucro10

(R$/lote) 1.115,68 1.223,68 1.185,92 907,20

Relação benefício custo11

(B/C) 1,58 1,66 1,66 1,54 1Dias necessários para que os animais atingissem o peso corporal de 450 kg;

2Preço da arroba – R$

83,53 (Setembro/2010); 3

Custo de mão-de-obra (R$ 4,64/hora) + Combustível gasto (R$

0,19/arraçoamento); 4Tempo gasto de 30 minutos;

5Consumo médio de suplemento por animal ao

longo do experimento multiplicado pelo seu respectivo custo (R$/kg) + Custo de arraçoamento;

6Ivermectina (R$ 299,00/L) sendo aplicado 5 ml/animal;

7Custo de R$ 10,00/animal/mês pela

ocupação do pasto; 8Despesa com o Custo total do suplemento + Custo com vermifugação + Custo da

pastagem; 9Margem bruta de lucro (R$/animal) = Receita – Custo global;

10Margem bruta de lucro

(R$/lote) = Margem bruta de lucro (R$/animal) x 16 animais; 11

B/C = Receita/Custo global.

Nascimento et al. (2009) evidenciaram eficiência similar, quanto ao ganho de peso

corporal, entre a suplementação contendo milho ou milheto como ingredientes energéticos.

Tais dados permitem considerar, uma vez que os animais estavam submetidos às mesmas

condições, que a melhor margem bruta de lucro para os tratamentos contendo milho ou

milheto possivelmente estaria relacionada ao suplemento de menor custo. Como o grão de

milheto geralmente apresenta menor valor de mercado em relação ao grão de milho, supõe-se

que os melhores resultados seriam obtidos com os tratamentos com maiores participações de

milheto na dieta, diferentemente do observado neste experimento, devido ao desempenho

diferenciado.

Os resultados econômicos (Tabela 11) demonstraram que os quatro tratamentos foram

economicamente viáveis, isto é, apresentaram resultado positivo. O ganho de peso dos

animais custeou a utilização dos suplementos permitindo que houvesse um excedente para a

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remuneração do capital investido. Segundo a análise da relação B/C, para cada R$ 1,00

aplicado no sistema houve um retorno de R$ 1,58; 1,66; 1,66 e 1,54 respectivamente para os

tratamentos contendo 0%; 33%; 66% e 100% de grão de milheto. Deste modo, os níveis de

inclusão de grão de milheto 33% e 66%, quando contrastados aos suplementos 0% e 100%,

remuneram de forma mais eficiente o capital investido.

Sabendo-se que após a aquisição dos animais, a alimentação apresenta-se como fator

preponderante para a composição dos custos de criação, faz-se necessário a avaliação

cautelosa ao considerar o planejamento da produção que utiliza a técnica de suplementação,

haja vista que a produção de suplementos sob conceitos de custos mínimos podem não

apresentar melhores rentabilidades, assim como o observado neste estudo em que o

suplemento de menor custo de produção promoveu menor desempenho animal o que

determinou reduzido rendimento.

Cabe dizer, assim como Barbosa et al. (2008), que esta análise é temporal e não deve

ser tomada como referência para todo o ano, isto porque o desempenho dos animais, a

qualidade do pasto e o custo dos ingredientes para confecção dos suplementos podem ser

alterados ao longo do ano, sendo necessário novas avaliações para comprovar a viabilidade da

suplementação.

Segundo Porto et al. (2009), outro fator a ser considerado na aplicação da técnica de

suplementação é o ganho proporcionado pela desocupação da pastagem que promove a

liberação da área recém utilizada para categorias de animais mais jovens e mais eficientes na

conversão de alimentos. Segundo os resultados descritos na Tabela 11, a desocupação dos

animais que consumiram o tratamento 33,33% ocorreria mais cedo, evidenciado pelo número

de dias necessários para atingir 450 kg de peso corporal, o que na prática permitiria a

liberação da área para novos animais.

Adicionalmente, têm-se ao longo do tempo o fator de valorização do capital

imobilizado no empreendimento pecuário. Uma vez que no mercado físico os preços

praticados pela compra e venda da arroba do boi apresentam-se dinâmicos, sua valorização ou

desvalorização ao longo do tempo são representativas e indispensáveis a uma análise

econômica mais precisa.

Salienta-se que este experimento foi desenvolvido em um sistema de integração

lavoura e pecuária, o que possibilita vislumbrar maiores retornos econômicos pela otimização

de recursos alimentares gerados (resíduos da lavoura), passíveis de utilização na produção de

suplementos.

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3.6. Conclusões

O consumo de nutrientes por bovinos em pastejo em sistema de integração lavoura e

pecuária, no período da seca, não foi influenciado pelo grupo genético e pela substituição do

grão de milho pelo grão de milheto.

Novilhos Nelore terminados em sistema de integração lavoura e pecuária, no período

de seca, apresentam melhores desempenhos produtivos em relação a novilhos mestiços.

A suplementação com níveis de 33% de grão de milheto como ingrediente energético

promove maior margem bruta de lucro e redução nos dias necessários para a obtenção de

animais de peso corporal de 450 kg.

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4. CONCLUSÕES GERAIS

A suplementação de animais de diferentes grupos genéticos em sistema de integração

lavoura e pecuária mostrou-se uma técnica eficiente de forma a melhorar os índices

produtivos e econômicos dos animais e do sistema, respectivamente.