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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O profissional da neuropsicopedagogia em sala de aula.
Ana Livia Andrade Acosta.
ORIENTADOR:
Prof. Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2019
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Ana Livia Andrade Acosta.
O profissional da neuropsicopedagogia em sala de aula.
Rio de Janeiro
2019
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais que sempre me
colocaram no caminho da educação, ao meu
marido por toda a ajuda e aos meus filhos por
sempre me incentivarem a nunca parar de
estudar.
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a minha mãe, que
mesmo em meio a suas dificuldades de enxergar,
me inspira a nunca desistir.
5
RESUMO
Este trabalho de pesquisa tem como foco principal articular a
neurociência e a piscopedagogia com a formação de professores, contribuindo
assim para a aquisição da aprendizagem e seu desenvolvimento junto a
sociedade, refletindo assim a participação do profissional da
neuropsicopedagogia no cotidiano escolar, visando assim um melhor
desempenho no ambiente escolar. Sendo assim esse processo de ensino
aprendizagem faze-a de maneira prazerosa e motivadora, facilitando assim que
novas conexões sejam elaboradas, modificando assim o seu comportamento.
Primeiramente este trabalho argumenta-se, em principio, com os mais variados
autores da neurociência e da psicopedagogia, e as suas contribuições nas
praticas pedagógicas. Professores e alunos são agentes fundamentais no
contexto educacional, que se interligam mutuamente numa rede de constantes
trocas e interações, onde ambos constroem e modificam suas ações. Portanto
o papel do neuropsicopedagogo é de compreender que o aluno é um ser
biologicamente funcional com infinitas possibilidades de aprendizagem mesmo
encontrando certas limitações. Com este trabalho podemos pesquisar e buscar
definições, explicações e orientações a fim de que se possa delinear e nortear
ações para as questões de ensino aprendizagem com profissionais que
entendam o aluno em sua plenitude.
6
METODOLOGIA
O tema a ser abordado nesta pesquisa será a importância dos
estudos da neurociência na formação dos professores. O trabalho terá o
objetivo de apresentar os estudos sobre a formação docente ao longo dos anos
e como a neurociência pedagógica pode ajudar na prática do professor.
Para conduzir esse estudo, optou-se por uma abordagem qualitativa,
que compreende a importância dos estudos bibliográficos para a excelência da
pesquisa, dando assim um grande enfoque nos estudos teóricos em relação à
formação de professores e a neurociência.
Serão utilizados como auxílio de pesquisa os textos bibliográficos
que consigam atingir os objetivos aqui propostos, dentre os pesquisadores
estudados, pode-se citar: Marta Relvas( 2012), (2015), Maria Lúcia de Arruda
Aranha (2006), José Carlos Libâneo (1997), Lent (2012), Iván Izquierdo (2011),
Stanislas Dehaene (2012), Ramon M. Cosenza (2011).
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
Neurociência e Psicopedagogia: Conceito. 09
CAPÍTULO II
O processo de ensino-aprendizagem 21
CAPÍTULO III
Neuropsicopedagogia na escola 31
CONCLUSÃO 40
BIBIOGRAFIA 41
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende contribuir para o aprimoramento dos
profissionais de educação que sempre estão comprometidos em entender e
questionar os processos de aprendizagem dos seus alunos, para isso se faz
necessário a educação continuada desse professor, passando de um mero
repetidor de conhecimento para um conhecedor da construção biologia, social
e afetiva dos seus educandos, sendo assim um neuropsicopedagogo.
O ambiente externo é um grande influenciador para a aprendizagem,
por essa razão o professor não deve se conter somente com que ele aprendeu
na sua faculdade, é preciso que se tenha estudos mais aprofundados sobre o
conhecimento biológico dos seus alunos, para que assim esse educando
compreenda plenamente os ensinamentos, por essa razão, deve –se pensar na
grande importância de um neuropsicopedogogo no ambiente escolar.
Sendo os objetivos desse trabalho compreender por completo a
visão do professor sobre esse aluno que chega na escola, e qual a melhor
abordagem a ser considerada melhor para que essa aprendizagem ocorra.
Com isso esses estudos são de total importância para o meio
pedagógico, sendo através desse trabalho que o professor terá conhecimento
sobre o seu aluno, uma vez , que na faculdade se estuda sobre esse assunto
de forma , bem superficial, sendo preciso que o professor, procure uma pós
para conseguir se aprofundar sobre esse conhecimento.
A metodologia usada será a bibliografia, que leva-la em conta
resumos e fichamentos realizados durante todo o estudos.
A estrutura do trabalho seguirá com três capítulos, o primeiro se
tratando dos estudos a cerca da historia da neurociência e da psicopedagogia,
o segundo sobre o processo da aprendizagem e o terceiro e ultimo, sobre a
neuropsicopedagogia e o profissional que se forma.
Que esses estudos possa nortear varias outros, pois a educação precisa muito
de profissionais cada vez mais preocupados em conhecer e se aprofundar no
seu aluno e sobre o processo de ensino aprendizado, com isso todos iram
ganhar.
9
CAPÍTULO I
Neurociência e Psicopedagogia : conceitos
1.1-Uma breve historia sobre a neurociência
Um homem deve dizer simples e profundamente que não compreende como a consciência leva a existência é perfeitamente natural. Mas um homem deve grudar seus olhos em um microscópio e olhar e olhar, e ainda assim não ser capaz de ver o que esta acontecendo; é ridículo, e é particularmente ridículo quando se supõe que isto é sério... Se as ciências naturais estivessem desenvolvidas nos tempos de Sócrates como agora, todos os sofistas seriam cientistas. Haveria microscópios pendurados do lado de fora das lojas para atrair fregueses e teria placa dizendo: Aprenda e veja através do microscópio gigante como um homem pensa ( e, lendo esta placa, Sócrates teria dito: Assim se comporta um homem que não pensa). (SOREN, 1948, p.15)
Se busca a todo momento explicar como a cognição e a consciência
humana nasce das atividades mentais do cérebro, sendo essa procura muito
ousada e ambiciosa para a Neurociência, pois muitas das vezes nos
confundimos no que seja consciência e cognição.
A história da neurociência vem demostrando essa problemática de
se pensar em mente e cérebro, de forma separada, como se um não
dependesse do outro para se realizar as funções mentais. Até conseguir
compreender a mente e o cérebro se passaram séculos e séculos de estudos,
cada estudioso, cientista, colaborou para que chegássemos ao conhecimento
que temos agora, de que cérebro e mente se complementam em suas funções
sociais e biológicas. Para Lent (2015,p.3), até o começo do século XIX, as
principais teorias sobre a mente e a consciência consideravam que elas são a
manifestação de espíritos animais atuando através do cérebro.
10
Cada filosofo, cientista, estudava o cérebro e a mente e deixava
um pouco da sua contribuição para o aprimoramento do estudo, que muito
futuramente seria a neurociência. Uns acreditavam que a mente tinha sede no
coração, que por essa razão toda a vez que se tinha alguma emoção, o
coração avisava e aumentava as batidas e se sentia na pele os sintomas, todos
eles queriam entender os mecanismos do cérebro e da mente, o que era um
pensamento avançado para aquela época.
Naquela época os meios de se conseguir estudar o cérebro eram
bem escassos, o que se fazia era a dissecação de cadáveres, fornecendo
assim as primeiras descrições mais detalhadas do cérebro humano, esse fato
ocorreu no antigo Egito, que já possuía vontade de conhecer a mente humana
e os males que a afligem, conseguindo compreender que cérebro e mente
seriam uma coisa só.
Existiam varias teorias, cada cientista foi um colaborador, para
que conseguíssemos chegar nos estudos atuais, pois quando se estuda
neurociência, também se estuda Anatomia, Biologia, Farmacologia, fisiologia,
entre outras partes da ciências, que resultam no estudo completo do cérebro e
suas funções.
Cada cientista que trabalhou para conhecer as funções, deu a
sua valiosa contribuição, como por exemplo, o francês Paul Broca, que
declarou e reconheceu que a linguagem tinha uma localização precisa no
córtex cerebral, o que já contribui bastante para se pensar que o cérebro
possui áreas especificas, que trabalham o motor e a cognição.
A partir da descoberta de Broca floresceram os estudos envolvendo lesões experimentais que buscavam identificar a localização cerebral das funções mentais.(LENT, 2015, p.9)
Através das pesquisas no cérebro , destacam-se duas formas
opostas de entender a relação entre o cérebro e como as pessoas, sentem,
pensam e se comportam. A primeira delas é a visão localizacionista, que
entende que as funções psicológicas encontram-se em determinadas áreas do
cérebro, que existiriam centros para as emoções, para a linguagem e até
11
mesmo para a consciência. Assim como Broca tinha estudado, que a parte da
linguagem estava localizado em um determinado lugar, ele era um
localizacionista, reconhecendo as áreas do cérebro, com padrões
metodológicos mais rigorosos.
Na verdade, a grande revolução das descobertas do cérebro surgiu quando Paul Broca (1824-1880) disse que a linguagem tinha uma localização precisa no córtex cerebral humano, especificamente no córtex frontal esquerdo. (RELVAS,2012. p,38)
O seu oposto dessa visão é a holista, que considera que as
funções psicológicas são produtos do encéfalo como um todo e que não há
especialização de áreas cerebrais para processarem emoções ou a linguagem,
como por exemplo.
Os estudiosos que se consideravam holistas acreditavam que
,como pode ser observar na fala de Lent (2012 p.9) “... que os tecidos animais
e vegetais são compostos por uma unidade básica – a célula.”
Dessa forma para os holistas, o cérebro tinha a sua
homogeneidade, ele era uma rede única de informações e sensações, o que
para o localizionistas era errado.
Com o passar do tempo e dos estudos, cada cientista foi
complementando o estudo do outro, o que era e é ate hoje um grande ganho
para a ciência e para a humanidade, que começa a conhecer e reconhecer a
importância dos estudos da neurociência.
O homem deve saber que de nenhum outro lugar, mas do encéfalo, vem a alegria, o prazer, o riso e a diversão, o pesar, o ressentimento, o desânimo e a lamentação. É por isto, de uma maneira especial, que adquirimos sabedoria e conhecimento, e enxergamos e ouvimos e sabemos o que é justo e injusto, o que é bom e o que é ruim, o que é doce e amargo... E pelo mesmo órgão, tornamo-nos loucos e delirantes, e medos e terrores nos assombram... Todas estas coisas suportamos do encéfalo quando não está sadio... Neste sentido sou da opnião de que encéfalo exerce o maior poder sobre o homem.Hipócrates - Acerca das doenças Sagradas, Século IX a.C. ( RELVAS, 2015, p.22)
12
O órgão cérebro foi colocado em evidência, estuda-lo era
importante, pois o estudioso acabava por ser tornar um conhecedor da mente
humana, com isso, na Itália já surgia estudos avançados a cerca do assunto.
Sendo Camilo Colgi o primeiro a aplicar uma coloração prateada nos
neurônios, para que se pudesse ter uma visão completa do neurônio. Com
essas informações, outro cientista complementou essa visão e completou,
ratificando que existia sim neurônios no cérebro, mais que diferente do seu
mentor esse neurônio não se encontrava sozinho, mais sim, fazia parte de uma
corrente de neurônios, que se comunicavam através de transmissões elétricas.
Um único órgão e duas visões diferentes, sobre o seu
funcionamento, Colgi, ainda acreditava que o cérebro era uma única massa,
com um único núcleo, o que foi contraditório á visão de Cajal, que via uma rede
de neurônios que se interligava entre si, e passava as informações através de
impulsos nervosos, conforme foi comprovado mais tarde, tanto assim
importância aos estudos avançados da mente e do cérebro humano.
Além do mais, o aproveitamento do método de Colgi, por Cajal foi intensificado pela sua decisão de adotar o sistema nervoso ainda em desenvolvimento (neonatal) como seu principal objeto de estudo.( LENT, 2015 p.10)
Depois de vários estudos, varias pesquisas e de séculos e séculos
de anatomia em cérebros para se conhecer a mente humana, chegamos ao
século XX, que foi um século notável para os estudos a cerca da neurociência.
O século XX foi notável para o estudo do cérebro. A verdadeira “caixa preta” para a compreensão do seu funcionamento, o cérebro pode afinal ser despido e visto como podemos, através dos raios X. ( RELVAS,2009 p.33)
Com essas modernas máquinas, os estudos foram se avançando,
não ficando mais limitado aos estudos da anatomia, em que o cérebro estava
estagnado, sem atividade. Com os avanços os estudos foram realizados com
13
pessoas vivas, em que o circuito elétrico do cérebro estava em movimento,
conseguindo assim compreender vários aspectos da mente e do seu
funcionamento.
Como diz Lent :
com a vinda do advento e de cada novo método de abordagem, há uma nova explosão na pesquisa em Neurociência. A mais recente ocorreu em 1990, com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das técnicas de visualizações do funcionamento cerebral. ( LENT, 2015,p.15)
O ganho sobre todos esses estudos foi a humanidade, que começou
a compreender e reconhecer a importância desses estudos para a vida social e
emocional do ser humano, elaborando hipóteses testáveis sobre a geração de
emoções e da consciência pelo cérebro.
Quando se fala de cérebro, precisa se falar de emoção, pois na
maioria das vezes o que nos move a agir é a emoção, um sentimento tão
profundo que nos impulsiona a querer modificar o ambiente externo e interno,
construindo assim uma consciência que compreende o meio em que esta
inserido, vivendo nesse meio e procurando sobreviver da melhor forma nesse
meio.
Assim como Damasio (2015 , p.16) nos fala: “ o estreito laço entre
emoção e consciência seria inclusive um dos valores adaptativos da
consciência, útil por possibilitar aos organismos conhecer suas emoções.”
Quando se tem uma emoção, o cérebro rapidamente se movimenta
e cria se sinapses a partir de lembranças, por essa razão é tão importante o
professor ser um conhecedor da neurociência, sendo assim ele passa a ser um
facilitador de aprendizagem, conhecendo o seu aluno na forma biológica e
social, a aprendizagem se torna prazerosa e benéfica para o cérebro, que é
movido pela emoção, com isso o que se aprende passa a ser incluído na
memoria de longo prazo, o que é de suma importância para a educação.
O que comove, o que instiga o aluno a aprender, é aquilo que mexe
com o seu emocional, que faz com que o aluno sinta vontade em aprender,
pois é através desse sistema, que o cérebro manda informações para o corpo,
para que ele apreenda tudo aquilo que lhe foi transmitido. Emoção e desejo
14
estão andando de mãos dadas quando o quesito é educação, fazendo com que
o aluno se sinta contagiado a aprender cada vez mais e mais, sendo essa
aprendizagem prazerosa, que é o mais importante.
aprender é um ato desejante e sua negação é o não-aprender. O desejo é movido pelo inconsciente, que nesse momento do aprender ou não-aprender responde as informações libidinadas ( negação, recusa, omissão, rejeição etc..) ( RELVAS, 2009, p.59)
Existe tantas funções importantes para se aprender, assim como a
emoção, temos que ter atenção, desejo em aprender, entre outros aspectos
importantes para o cérebro, para que ele consiga aprender e compreender toda
a informação transmitida a ele naquele momento, o professor nesse instante se
torna um mediador e um facilitador de aprendizagem, que entende todo esse
processo, e consegue trabalhar da melhor forma possível, para o melhor
processamento dessas informações .
O professor precisa ser um conhecedor de todo esse sistema, pois
depois de tantos estudos em relação a neurociência, não se torna mais
aceitável, que seja negligenciada essa informações. O aluno não pode ser mais
visto como uma tabua rasa, em que não possui nenhuma bagagem cultural, o
educando é mais do que isso, na visão dos neurocientista, ele é um cérebro
que vai para a escola e necessita de uma atenção especial nas suas
especificidades, respeitando-as e conhecendo modos e métodos de se instigar
mais essa inteligência.
Segundo Relvas:
é fundamental que educadores conheçam as estruturas cerebrais como interfaces da aprendizagem e que sejam sempre um campo a ser explorado. Para isso, os estudos da biologia cerebral vem contribuindo para a práxis em sala de aula, na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e sociais no redimensionamento do sujeito aprendente e suas formas de interferir nos ambientes pelos quais perpassam. (RELVAS,2015,p35)
15
1.2- Historia sobre a psicopedagogia
Quando se pensa em Psicopedagogia, logo se remete a importante
temática daquele profissional que é capaz de desvendar todos os problemas de
aprendizagem dos alunos, pois quando se desmistifica a palavra
psicopedagogia, se encontra dois nomes, o da psicologia que pela visão
popular compreende o aluno e o entende, e no segundo nome vem o da
pedagogia que se utiliza de métodos e metodologias capazes de fazerem os
alunos compreenderem aquilo que antes não estavam entendendo.
Dessa forma assim o profissional da psicopedagogia acaba sendo
para muitos um milagroso da educação, que consegue com um passe de
magica compreender o sistema da aprendizagem, sendo esse pensamento
ainda enraizado na mentalidade de muitas pessoas, como era pensado por
muito tempo na historia da psicopedagogia.
O termo psicopedagogia permanece ainda hoje, com uma característica especial. Quando mais tentamos elucida-lo menos claro nos parece. Essa dificuldade é uma das razões e da finalidade do presente ensaio, isto é, procuro deixar claro que a ambiguidade reside tanto na palavra quanto na coisa que ela reporta. (BOSSA, 2011 p.25)
Sendo pequenez esse pensamento que a psicopedagogia vem
apenas da psicologia e da pedagogia, pois é preciso também se ter uma noção
de Neurologia, Sociologia, Psicologia Genética, entre tantas outras
especialidades, pois para se conhecer profundamente o educando, e para se
conseguir planejar metodologias de melhor entendimento, é preciso se
aprofundar em suas especificidades.
Importante se manter em mente que psicopedagogia está totalmente
atrelado a educação, o profissional dessa especialidade possui a preocupação
em compreender essa criança que está em processo de aprendizagem, tanto
externamente, como internamente, se fazendo bastante necessário nos
quesitos da educação, sendo uma das peças fundamentais do entendimento
do sucesso escolar.
16
Segundo Bossa (2011,p.26),“ falar sobre psicopedagogia é,
necessariamente, falar sobre a articulação entre educação e psicologia,
articulação essa que desafia estudiosos e práticos dessas duas áreas.”
Como se pode observar a articulação com outras especialidades
sempre ocorrerá quando se tratar da psicopedagogia, pois o centro de estudo
desse profissional é o aluno, um ser pensante que modifica e é modificado a
todo instante pelo meio que vive e influência.
Para se entender a psicopedagogia, é necessário voltar um pouco
na história e verficar, de onde se iniciou as ideias piscopedagogas, e quais
foram os seus precussores, que disseminaram essas ideias para o mundo
todo.
A historia da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina. Devido a proximidade geográfica e ao acesso fácil a literatura (inclusive pela facilidade da língua), as ideias dos argentinos muito tem influenciado a nossa pratica. (BOSSA, 2011,p. 55)
Quando se fala em psicopedagogia no Brasil, temos que no remete
a como tudo aconteceu na Argentina, sendo eles, os grandes precussores
desses ideias, uma vez em que lá a psicopedagogia é tratada como uma
graduação para os seus estudantes, dada a sua grande importância, sendo
aqui tratada como uma pós, sendo um complemento de uma outra graduação.
Sendo os argentinos aqueles que trouxeram para a américa latina,
os ideias europeus que já encontravam problemas nas aprendizagem dos seus
alunos e passaram a estuda-los, não para o bem dos alunos mais para que
conseguissem doutrina-los para a fé cristã, sendo esse o primeiro pensamento,
mudando assim com o passar do tempo essa mentalidade de educação.
Segundo Áries (1981), a preocupação entre os moralistas e os
educadores do século XVII era compreender mais e melhor a criança para
transforma-la em um home racional e cristão (pag. 21)
Muito foi se pensando em como doutrinar as crianças, um ser
diferente do adulto, que precisava ser conhecida e dominada, para se
transformar num cidadão produtivo e capaz de ajudar na sociedade em que
estava inserida, sendo um ser passivo, que apenas recebia as informações,
sem poder colaborar para as modificações sociais.
17
A partir do século XVIII, a criança para a ser inscrita em um discurso social em que predomina o conceito disciplina, a racionalidade dos costumes, acrescido a preocupação com a higiene e a saúde física. (BOSSA,2011 p.56)
Quando é analisado o século XIX, começa se a pensar sobre uma
visão tecnicista para a criança, com novos avanços na área do conhecimento e
da tecnologia, aquele que sabe mais, acaba assim progredindo no trabalho, por
esse motivo surge o ideal de uma escola que se preocupe em transmitir as
informações do mundo, e quem não se adequa a esse ideal escolar, deve ter
algum problema, surgindo assim o fracasso ou o sucesso escolar do aluno.
O termo Piscopedagogia curativa, adotado por Jaine Mery, é usado para caracterizar uma ação terapêutica que considera aspectos pedagógicos e psicológicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar.( BOSSA, 2011,p.57)
Segundo a psicopedagoga Alícia Fernández, um dos nomes de
destaque da psicopedagogia argentina, foi na década de 70 que começaram a
surgir, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, foram quando equipes
de psicopedagogos atuavam fazendo diagnósticos e tratamentos. Diante da
observação de que os pacientes resolviam seus problemas de aprendizagem,
mas desenvolviam problemas psicológicos, resolveram incluir o olhar e a
escuta psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (apud BOSSA,
2000, p.41).
Pode se ver que um complementa o outro, a pedagogia se cerca de
métodos e metodologias para a melhor aprendizagem do aluno, enquanto que
a psicologia cuida da mente desse educando, que procura meios de facilitar e
dar prazer a esse processo de aprendizagem.
O olhar do psicopedagogo recorre a critérios diagnósticos no
sentido de se compreender a falha na aprendizagem, daí da onde vem o
conceito clinico da Psicopedagogia, sendo ainda que os seus objetivos centrais
é a prevenção dos problemas de aprendizagem.
Quando o profissional se encontra com o problema de
aprendizagem, ele para e começa a pensar em buscar um saber-fazer, para
18
agir dentro dessa dificuldade de aprendizagem do aluno, com isso ele irá colher
informações que subsidia-la o seu plano de trabalho.
Existem pontos importantes na psicopedagogia, ela só acontece
quando o profissional consegue informações sobre aquele aluno que ele irá
ajudar, e assim conseguir informações para se dar um diagnostico, que o ajude
a preparar melhor o seu fazer pedagógico naquela situação sinalizada, sendo
de total importância o psicopedagogo conhecer o seu objeto de estudo, em
todos os seus aspectos, social, afetivo e cognitivo.
A investigação diagnostica, envolve a leitura de um processo complexo, no qual todas as ambiguidades de atribuição de sentido a uma serie de manifestações conscientes e inconscientes se fazem presentes. Interjogam ai o pessoal, o familiar atual e passado, o sociocultural, o educacional, a aprendizagem sistemática. (BOSSA, 2011,p.46)
1.3– A interligação entre neurociência e psicopedagogia
O ser humano nos é revelado em sua complexidade: ser, ao mesmo tempo, totalmente biológico e totalmente cultural. O cérebro, por meio do qual pensamos, a boca, pala qual falamos, a mão, com a qual escrevemos, são órgãos totalmente culturais. O que há de mais biológico – o sexo, o nascimento, a morte- é, também, o que há de mais impregnado de cultura. ( MORIN, 2012,p.21)
É inegável se pensar em trabalhar com um aluno e não conseguir
enxergar nele um ser biopsicossocial, que aprender através de um cérebro,
que aprende com toda a velocidade, igual ou melhor do que de uma maquina,
então por que não se prepara os professores em suas formações acadêmicas
a saberem trabalhar com esses cérebros.
A grade de ensino das universidades estão lotadas de estudos que
compreendem mais os alunos em seus aspectos sociais, e os aspectos
biológicos, aonde fica nisso tudo.
Quando se educa, o profissional esta trabalhando nas novas
aquisições de aprendizagem, que se passa através da rede neural, então como
19
se pode negar ou não estudar esse cérebro, e suas funções que é tão
importante para aprendizagem desse aluno.
A precariedade dos saberes sobre o funcionamento do cérebro, bem como a falta de utilização de seus vastos recursos na educação, faz com que seja premente a união dos aspectos relacionados da Psicologia da educação com a Neurociência na formação cientifica do psicopedagogo. (RELVAS 2014,p.162)
Esse dialogo entre a psicopedagogia e a neurociência e de total
importância para o aperfeiçoamento do aluno que esta no processo de
aprendizagem, pois quando se conhece o aluno no seu todo, o fazer
pedagógico se faz melhor e mais fácil, pois você passa a conhecer o seu aluno
e entender como esse processo de aprendizagem funciona.
Por questões culturais sociais e culturais essa aproximação de
neurociência e psicopedagogia ficou bem defasada, por questões que vão além
das salas de aula, paradigmas que precisam ser quebrados, para um bem
maior do educando, que necessita ter esse olhar mais profissional, uma vez
que ele seja um ser biopsicossocial.
As duas categorias tem muito a ensinar e a se complementar, tento
assim uma perfeita integração, desenvolvendo a humanidade para uma nova
visão de educação que tem o seu respaldo na neurociência, reconhecendo o
cérebro que aprende, através de certos estímulos conhecidos pelos
psicopedagogos, uma categoria sendo a complementação da outra.
Com isso a visão para o educando muda, observando ele em sua
totalidade, tendo assim uma visão holística, desse processo, rompendo assim
com uma educação que se baseia em uma só visão de mundo e de
aprendizagem.
O profissional que se deve formar nas universidades é aquele
que tem em sua mente, um educando biopsicossocial que necessita ser
conhecido em seu total, para que assim a aprendizagem ocorra de modo
prazeroso para os dois envolvidos no sistema.
A junção dessas duas categorias é de suma importância para o bem
comum, o profissional que possui essas duas visões esta totalmente equipado
20
para se trabalhar em qualquer contexto social, pois ele compreende o seu
educando e o estimula em todos os seus aspectos, conhecendo e respeitando.
21
CAPÍTULO II
2.1 - O processo de ensino-aprendizagem
Enquanto outros referem que o cérebro é o órgão onde se forma a cognição, sendo por excelência, o órgão mais organizado do nosso organismo (MORIN,1996), o que pressupõe que todo o processo tem no cérebro a sua matriz, por ser esse órgão que, segundo a literatura especializada, exerce a função de “ controlar os movimentos, receber e interpretar os estímulos sensitivos, coordenar os atos da inteligência, da memoria, do raciocínio e da imaginação. (SAMPAIO,2014,p.17)
Quando se fala em aprendizagem o principal personagem
dessa historia é o cérebro, um dos órgãos mais importantes do corpo humano,
sendo também responsabilidade dele, compreender o ambiente externo e levar
essa informações para o ambiente interno, e armazena-lo em um lugar próprio
para que essa informação mais tarde possa a ser usada, no caso a memoria,
seria essa responsável.
O cérebro possui a grande capacidade de se comunicar com
todo o corpo, trabalhando para que isso ocorra é de suma importância que as
sinapses estejam trabalhando a todo vapor, levando e trazendo informações
sem parar, ajudando assim para o bom desempenho do corpo humano e assim
da aprendizagem.
Para que se possa entender como a aprendizagem ocorre, e
imprescindível que conhecemos um pouco do que seja uma sinapse, pois elas
são as ferramentas para uma aprendizagem plena, pois elas conseguem
receber os estímulos do ambiente externo e transporta-los para o ambiente
interno.
As sinapses só ocorrem por que existem os neurônios que
proporcionam gerar essa corrente elétrica, para que a mensagem possa ser
passada de um neurônio a outro, a sinapse faz a função de junção
especializada no qual ocorre á comunicação entre dois neurônios. É através
22
dessas sinapses que o potencial de ação (impulso elétrico que leva uma
informação) é transmitido. O disparo do impulso elétrico de um neurônio
influencia a atividade dos que estão conectados pelas sinapses.
Como se observa para que uma criança possa aprender, requer um
impulso de um neurônio a outro, sendo transmitido através das sinapses, mais
para que isso possa ocorrer, e necessário que se tenha um estimulo, que a
criança se sinta estimulada a aprender, e a fazer com que o cérebro crie
impulsos elétricos para que essa aprendizagem ocorra.
Isso ocorre, por exemplo, quando o cérebro aprende por meio de experiência e da estimulação, em um processo que acrescenta ou elimina as conexões entre as células, causando mudanças na quantidade de substancias químicas ( neurotransmissores), que exercem a função de transmitir mensagens ou quando o funcionamento de uma determinada área cerebral se torna mais ativo.( SAMPAIO, 2014 p.17)
O aluno precisa se sentir estimulado a aprender, para que esse
processo de troca de sinapses ocorra, o professor desempenha um papel
fundamental nessa aprendizagem, o do mediador do saber, aquele que
compreende esse processo e trabalhar da melhor forma para o entendimento
do aluno.
Os estímulos ocorrem pelos sentidos do aluno, tanto pelo tato,
quanto pelo paladar, como em todos os outros sentidos, a aprendizagem
sempre esta presente em cada momento em que algo novo acontece, ou
quando relembramos algo, o professor é um grande influenciador dessa
aprendizagem, mais também cabe ao aluno ter a motivação para aprender.
Como nos diz Valle (2014, p.34), “na escola ou na vida, ninguém
produz nada como mero espectador passivo.”, o aluno é um produtor do seu
conhecimento de forma ativa, ele constrói e reconstrói a sua aprendizagem,
sendo mediado pelo educador ou sozinho, com a sua bagagem de vida.
O educando não é uma tabua rasa como alguns autores
acreditavam, ele possui suas experiências de vida que influenciam na sua
aprendizagem, com elas, ele consegue compreender melhor o meio em que
está inserido e atua de forma ativa no meio, sendo influenciado e influenciando.
23
O aprendizado do educando passa pela mudança de um
comportamento, por meio de experiências, exigindo assim como pré –
requisito, a aquisição de conhecimentos e a capacidade assim de armazena-
los. Quando se fala desse tema, não se pode omitir nenhum dos aspectos
importantes da aprendizagem, seja a memoria, a motivação, os estímulos e a
emoção, todos eles são peças fundamentais no grande quebra cabeça da
aprendizagem.
O professor precisa se ter essa visão abrangente do ensino
aprendizagem do aluno, não se pode mais relutar sobre esses conhecimentos,
por essa razão o professor necessita ser um conhecedor, ou melhor um
profissional que estuda e compreende o seu aluno em todos os seus aspectos.
Pensando na aprendizagem, alguns componentes que colaboram
para que a aprendizagem ocorra, devem ser reconhecidos com fundamentais
para esse processo, são eles: memória, atenção, motivação, emoção e
estímulos.
2.1 – Memória
Ela possui um papel fundamental na aprendizagem, sendo a
responsável por manter armazenado todas as experiências e estímulos que
recebemos em modo de memoria, para que possa ser possível ser usado mais
a frente quando precisarmos.
“Memória’ significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só se “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido. (ISQUIERDO, 2011 p.11)
O nosso cérebro é maravilhoso e admirável, melhor que muito
computador, pois ele possui a possibilidade de armazenar muitas informações,
e cada uma delas está localizadas em lugares específicos, que são usados
futuramente, quando assim for solicitado.
24
Uma grande e bela ferramenta possuímos para o processo de
ensino aprendizagem, pois quando aprendemos algo, aquilo não se perde, ela
esta guardada em algum lugar, para ser usada assim que precisarmos. Nunca
poderemos responder ou falar sobre algo que não conhecemos, se não nos
remetermos a nossa memoria, ela esta ali o tempo todo para nós ajudar e a
nos fazer lembrar, do que precisamos no momento certo.
Com isso nós tornamos únicos em meio a tantas outras pessoas,
pois somos feitos de memorias particulares, de experiências individuais, que
nos formaram como seres pensantes, e nos faz ser o que somos, cada um
possui aquilo que é seu, ninguém mais vai possuir a mesma experiência de um
fato, mesmo acontecendo o fato com varias pessoas, cada uma reage e
armazena na memoria de uma forma.
Por essa razão a aprendizagem é algo tão particular, faz parte de
uma historia, de uma cultura, de um sujeito pensante, que precisa ser visto
como um ser que aprende por meio de suas experiência e por meio de
estímulos que lhe são colocados, criando assim ligações para que essas
aprendizagens, sejam mantidas em sua memória.
Segundo Izquierdo (2011,p.67), “ O acervo de memorias de cada um
nos converte a indivíduos.” Somos seres únicos, com memorias únicas, com
varias formas de aprendizagens, cabe ao professor ser um profissional, com
um olhar neuropsicopedagogico, para assim compreender esse sujeito em
todas as suas variáveis.
Para se usar todo o potencial da memoria, o sujeito precisa se ter
atenção ao que está acontecendo ao seu redor, prestar atenção é um dos
primeiros passos, para que o sujeito aprendente, reconheça aquilo como algo a
aprender, e se mantenha focado para que consiga compreender o que se é
passado.
25
2.2 – Atenção
Quando o sujeito se mantem focado em alguma atividade, é muito
mais fácil de que esse conhecimento seja transmitido para a memoria, pois
quando se tem atenção em algo, o processo de ensino aprendizagem acontece
de forma prazerosa para o educando.
Cabe ao aluno tentar se manter com atenção ao realizar as
atividades propostas pelo professor, pois assim ele consegui-la ativar a sua
memoria para conseguir aprender, pois uma vez que a desatenção entra em
cena a memoria nunca aparece, e quem sofre com essa situação é a
aprendizagem do aluno que fica defasada.
O fato é que, se a atenção decidir não marcar presença a memoria também não comparece. Como é possível lembrar sem a atenção para recordar –se de um acontecido, é preciso que a atenção tenha passado por lá ( nem que seja inconsciente), mas, quanto mais ela se detiver em algum lance, mais fácil retê-lo. ( VALLE, 2014, p.61)
A atenção e a aprendizagem estão intimamente ligadas a um
conceito estudado na psicologia cognitiva que se refere à forma como
processamos informações presentes em nosso ambiente.
Pode se ver estudos relacionados a atenção, como o psicólogo e
filósofo William James, nos descreve, que a atenção seria como à tomada de
posse pela mente, de forma clara e vívida, de um entre diversos objetos ou
esquemas de pensamento simultaneamente possíveis.
Para que seja preciso termos a atenção devemos retirar algumas
coisas da mente com a finalidade de lidar efetivamente com outras coisas que
aparecem em nossa mente, para que nos distrai, daquilo que realmente
precisamos aprender.
Destra forma, o que acaba acontecendo é uma seleção de muitos
estímulos, com registro de curto e longo prazo. Mostrando assim que a nossa
atenção tem limites, e com capacidade de duração, sendo seletiva e
respondendo bem a estímulos. Deve-se afastar-se de algumas situações para
lidar efetivamente com outras, situações que surgem. Isso acontece pela
26
experiência, e essa experiência do aluno é aquilo que ele concorda em prestar
atenção.
Por essa razão a atenção e a aprendizagem estão interligadas e
para que possamos ter foco na aprendizagem devemos pensar no que será
significativo para o aluno, algo que gere motivação para que a atenção ocorra.
Reconhecendo nesse processo que quando recebemos um estímulo mais de
uma vez, isso faz com que a aprendizagem ocorra, de forma significativa.
2.3 – Motivação
O aluno precisa ter motivação para aprender algo, para isso o
professor necessita ser esse incentivador do conhecimento, quando essa
motivação acontece a aprendizagem se torna bem mais prazerosa e fácil de
ser entendida.
Quando se fala em motivação pode se entender ela de varias
maneiras, como por exemplo um feedback que o aluno fez com a aula e com
suas experiências de vida, que fez com que ele se sentisse mais motivado a
estuda-la ou um envolvimento que o aluno sentiu por aquele determinado
conhecimento.
Então, esse envolvimento é, muitas vezes, inconsciente, mas nem por isso menos importante. Além de fazer aprender melhor, o envolvimento interfere no relacionamento com as pessoas, no jeito de trabalhar e no gostar do que se faz. (VALLE, 2014, p.75)
Cada ser humano aprende de forma diferente, pois suas
experiências, suas crenças, suas motivações são individuais e particulares,
cabendo ao professor conseguir colocar esses sentimentos para fora,
incentivado cada vez mais seus alunos a compreenderem o que os motiva,
para assim conseguir um melhor ensino-aprendizagem.
27
o diferente interesse percebido entre os estudantes permite a aceitação que nem todos fazem a mesma coisa pelas mesmas razões, e é nessa diversidade que reside a fonte de entendimento dos aspectos que buscam a motivação do ser humano.(RELVAS, 2014,P.43)
Deve se observar que somos guiados, por assim dizer aos instintos
da motivação, sejam eles intrínsecos ou extrínsecos, sendo eles que nos
incentivam a praticar determinadas atividades que até então não estávamos
dispostos, sendo a motivação que nos impulsiona ao aprender.
Motivação extrínseca, é o controlo da conduta que é influenciado
pelo meio exterior, não sendo assim os fatores motivacionais inerentes nem ao
sujeito nem à tarefa, mas simplesmente ao que parece o resultado da interação
entre ambos.
Na motivação intrínseca, ao contrário, o controlo da conduta
depende absolutamente do sujeito em si, dos seus próprios interesses e
disposições.
Por assim dizer a motivação e tanto ou quanto importante para o
processo de ensino aprendizado, sendo essencial para o aluno e para o
professor, pois juntos estão caminhando na mesma direção.
Mais nada disso teria sentido se não tivesse emoção nesse
processo, pois a mente se move conforme a emoção que é depositada em
cada coisa, que se faz, se sente, ou se experimenta, quimicamente o que move
o ser humano é a emoção que ele sente, por essa razão não se pode falar em
aprendizagem sem que passe pelo fies da emoção.
2.4- Emoção
As emoções tem o papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino (WALLON, 1989. p.35)
Resumidamente quando o assunto se trata sobre aprendizado, é ela
a emoção que comanda tudo, sendo através dela que a atenção se mantem
28
focada, a memoria começa a armazenar e a motivação funciona, pois o que se
passa no cérebro é aquilo que ela comanda.
Infelizmente ou felizmente, quando se trata de emoção, ela tende a
ser tanto positiva quanto negativa, interferindo assim na aprendizagem, tanto
para o lado mau, quanto para o lado bom, facilitando ou bloqueando de vez o
aluno para esse processo.
Cabe ao professor ser um conhecedor desse processo para saber
lidar da melhor forma possível com essa emoção do aluno, pois se ele falhar,
pode estar marcando esse aluno positivamente ou negativamente.
Por essa razão se faz de suma importância que o professor consiga
compreender o aluno com um individuo bioemocional, que é comandado na
maioria das vezes pela sua emoção.
Falando nisso, Relvas ( 2014), alerta para essa emoção do aluno,
quando diz: “aprendemos com a cognição, mas, sem duvida alguma,
aprendemos pela emoção, o desafio do professor é unir conteúdos coerentes,
desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem” (p.41)
Isso significa que o professor é de suma importância na
aprendizagem do aluno, pois ele é um mediador que precisa estar preocupado
com o ensino- aprendizagem, que torne as aulas mais prazerosas e
incentivadoras, que compreenda e reconheça a grande imensidão de
possibilidades que ocorre numa sala de aula, entre um professor e seus
alunos.
O professor que é um neuropsicopedagogo, possui muito mais
facilidade em saber trabalhar com os alunos em suas especificidades, uma vez
que ele é conhecedor de todo esse processo, e compreende o seu educando
como um sujeito pensante, que vem para a escola com todas as suas
particularidades, sabendo assim desenvolver cada uma delas.
Assim com Relvas(2012,p.15)fala sobre as escolas: “ Os ambientes
escolares necessitam de mediadores mais atuantes e conhecedores dos
processos de aprendizagem em um contexto mais neurocientífico.”
O professor carrega consigo muito do processo de ensino
aprendizagem do aluno, mais não se pode esquecer da importância que o
29
ambiente escolar exerce sobre o aluno, pois quando a escola é rica em
estímulos, esse processo, sempre será mais prazeroso.
A escola acaba sendo o segundo mais importante ambiente
incentivador para o aluno, é através dela que a socialização acontece, que os
alunos se conhecem e passam a fazer parte de uma importante rede de
informação e de conhecimento.
2.5 – A aprendizagem segundo os autores
A aprendizagem acontece, com particularidades, durante toda a vida da pessoa. e o aprender rompe com a ideia passiva de assimilação de conteúdos. A ação ativa do aprender necessita de uma complexa rede de operações neurofisiológicas e neuropsicológicas que ainda interagem com o meio ambiente. (RELVAS, 2016, p.199)
Quando se fala sobre aprendizagem, todos os autores concordam
que o processo de ensino aprendizagem e de suma importância para o
aprender do aluno e que o professor possui um papel fundamental nesse
aprender.
Sendo através dele, que o aluno reconhece e conhece o
conhecimento, o que está no ambiente externo se faz muito importante para
essa construção de conhecimento, legitimando que o aluno é um ser pensante
e ativo, que participa constantemente dessa aprendizagem.
O professor é um mediador dessa aprendizagem, sendo ele o
responsável por intrigar os seus educandos para quererem aprender, criando
assim motivações intrínsecas para que o processo de ensino aprendizagem
seja o mais expirador possível.
Desta forma de acordo com Oliveira (1993), as atividades mediadas
por instrumentos e por signos apresentam naturezas diferentes, mas estão
reciprocamente vinculadas, pois a alteração num nível provoca transformação
no outro. A presença de elementos mediadores introduz um ou mais elementos
nas relações organismo \ meio, tornando – as mais complexas (p.14).
A criança esta o todo tempo aprendendo, sendo com um mediador
ou sem, a aprendizagem acontece muita das vezes por forma natural, mais é o
30
mediador que cria muita das vezes perguntas, questionamentos que fazem o
aluno se sentir instigado em aprender.
O que ocorre muita das vezes e que o aluno ainda não se encontra
no mesmo nível de aprendizagem dos outros alunos, pois cada aluno esta em
uma fase de aprendizagem, devido a sua bagagem cultural e de vida, por
essas razões, muitos alunos acabam tendo dificuldades de aprendizagem, pois
não conseguiram ainda compreender de forma plena o processo de ensino
aprendizagem.
Cabendo o professor ser um mediador que possui essa visão da
educação, que consegue compreende que cada aluno e um ser em especial e
que possui as suas especificidades e particularidades, e que esse processo
acaba sendo particular.
O desenvolvimento do sujeito humano se da a partir das constantes interações com o meio social em que vive já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social. (VYGOTSKY,2016, p.177)
31
CAPÍTULO III
Neuropsicopedagogia na escola
3.1- Neuropsicopedagogia
Neurociência é o estudo do sistema nervoso, estrutura, desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente, e também suas alterações. ( HERCULANO, 2011 p.21)
É notório afirmar que o indivíduo aprende, por excelência, por meio
de modificações funcionais do Sistema Nervoso Central (SNC), ocorrendo
principalmente nas áreas da linguagem, da atenção e da memória, dentre
outras áreas. Sendo assim cabe mencionar que para que ocorra o processo de
aprendizagem estabeleça-se de forma harmoniosa, é necessário que o sujeito
aprendiz possa interagir com o objeto do conhecimento e que suas conexões
neurais possam realizar sinapses cada vez mais e mais produtivas e com
qualidade de captação, seleção, memorização, armazenamento, retenção,
evocação e, posteriormente, a transmissão de dados e informações para
construir conhecimentos como um ser capaz de produzir e refletir numa relação
dialógica com o objeto apreendido.
Para que se possa iniciar o diálogo, é necessário que tenha em
mente que o termo Neurociências significa “ conjunto de ciências fundamentais
e clínicas que se ocupam da anatomia, da fisiologia e da patologia do sistema
nervoso, segundo Diniz; Daher; Silva. (2008, p. 154)”. Outra denominação de
Neurociências que merece destaque nos diz que o termo representa uma
grande “congregação multidisciplinar e sistêmica de conhecimentos, onde os
avanços da Neurologia, da Psicologia e da Biologia - referentes aos estudos do
cérebro - nos elucidam sobre os aspectos fisiológicos e bioquímicos
relacionados ao seu funcionamento Beauclir (2014, p.24)”.
32
Conforme a afirmação que esta acima, podemos querer inferir que o
profissional que esta lidando diretamente com a Neurociências deve se
apropriar dos conhecimentos sobre a estrutura, o funcionamento e das
doenças adquiridas pelo sistema nervoso como forma de estudar, avaliar,
diagnosticar, intervir e pesquisar sobre as particularidades do cérebro, a
aprendizagem e os transtornos advindos do não funcionamento harmônico da
estrutura psíquica e a sua relação com o cérebro. Cabendo assim mencionar
que segundo as pesquisas das Neurociências, o neuroaprendiz ao aprender
necessita que:
Ocorram modificações permanentes nas sinapses das redes neurais de cada memória e, para a evocação de uma memória, é necessária a reativação das redes sinápticas de cada memória armazenada. É bom lembrar que as emoções, os níveis de consciência e o estado de ânimo podem inibir estes processos. A aprendizagem e a memória necessitam de mecanismos neuronais mediados pelas sinapses nervosas. Estas sinapses podem ser afetadas por estímulos neuropsicológicos, eletrofisiológicos, farmacológicos e genéticas molecular, que determinam alterações nos circuitos cerebrais. ( RELVAS, 2009, p. 37)
Com isso está grande incumbência, as Neurociências teve que se
ramificar em outras especialidades que, por sua vez, uma dessas ramificações
é denominada em Neuropsicopedagogia. Para Beauclair (2014, p.23), o termo
Neuropsicopedagogia é “um novo campo de especialização profissional, de
pesquisa, ação e intervenção, baseados nos avanços das Neurociências e
suas aplicabilidades no campo da Educação e Psicopedagogia”.
Com base em nessas pesquisas, pode se constatar que as
Neurociências é uma área bastante jovem e que ainda está em construção
devido os grandes mistérios que cérebro nos reserva. Por outro lado, quando
nos referimos à Neuropsicopedagogia, verificamos que a mesma constitui-se
como uma área de conhecimento e pesquisa de caráter interdisciplinar e
transdisciplinar, que tem como direcionamento focal para os processos de
ensino-aprendizagem, levando em consideração tanto a avaliação, diagnóstico
e intervenção que são partes constituintes de uma investigação do sujeito, da
família, da escola e da sociedade que o neuroaprendiz está inserido. Cabendo
33
assim mencionar que a Neuropsicopedagogia é, ainda, uma práxis o que
significa que a mesma é uma prática que tem como aporte teórico de estudo os
referenciais teóricos, não se constituindo por natureza, como ciência de fato.
Apesar de não constituir-se ainda como ciência, é importante declarar que a
Neuropsicopedagogia é:
Um novo campo de intervenção e especialização, onde o conhecimento ultrapassa fronteiras e cria, com isso, novas possibilidades de aprender sobre o aprender, ampliando olhares e oportunizando novas formas de interrelacionar informações, conhecimentos e saberes.( BEAUCLAIR, 2014, p. 28).
Para que assim se faça entender melhor sobre o termo de
Neuropsicopedagogia, vale salientar que é uma área de estudo das
Neurociências que objetiva, de acordo com Rotta apud Consenzza (2011,p.50),
a “análise dos processos cognitivos,[...] construir indicadores formais para a
intervenção clínica frente aos educandos padrões com baixo desempenho e
que apresentam disfunções neurais devido a lesão neurológica de origem
genética, congênita ou adquirida.
Valendo se destacar que ao quando analisarmos a historicidade da
educação brasileira, foi se constatando que a culpa para o fracasso escolar
sempre foi direcionado à aprendizagem do aluno e, assim, todos os envolvidos
foram e são destituídos de qualquer culpa, como também a escola e a
sociedade. Para melhor refletir essa questão na atualidade, cabe pontuar que a
Neurociências veio mudar este pensamento no que refere que:
3.2 – O profissional neuropsicopedagogo
A Neurociência tem apresentado diariamente novas descobertas que não era possível saber antes. Hoje, talvez, a melhor e a mais importante descoberta da ciência que estuda o cérebro seja a questão da plasticidade cerebral, ou seja, no passado, acreditava-se que quem não aprendia e ponto final. Seu cérebro não dava conta e nunca poderia dar conta da aprendizagem, e, dessa forma, cabia ao indivíduo desaparecer
34
dos meios acadêmicos e sociais. Era uma exclusão fundamentada até mesmo pela ciência. ( ALMEIDA, 2012, p. 44).
Sendo assim fica possível se constatar que as Neurociências veio
mudando as concepções do passado e, com isso, através de pesquisas e
estudos sobre o cérebro, demonstra que a partir do cérebro que se possui
inúmeras potencialidades, na qual o neuropsicopedagogo pode começar a
despertar o grande potencial de sua clientela, seja no campo acadêmico como
social.
Com isso neste sentido, se faz necessário constatar que o
profissional de Neuropsicopedagogia ao se apropriar dos conhecimentos das
Neurociências poderá ter um suporte teórico-prático mais fundamentado para
entender as funções cognitivas, tais como: atenção, memória, tátil-cinestésica,
funções motoras, funções superiores ( linguagem, planejamento, julgamento,
etc.), orientação, verbais. Vale lembrar que o profissional de
neuropsicopedagogia deve estar em constante busca de novos conhecimentos
de sua área e de áreas afins, por conta que sua formação possui uma natureza
interdisciplinar e transdisciplinar. Neste sentido, o profissional de
Neuropsicopedagogia deve ser, por excelência, um eterno aprendiz como
também um pesquisador crítico-reflexivo de sua própria práxis.
Quando ocorre isso, o neuropsicopedagogo deve levar em
consideração que uma das suas grandes metas de estudo deve-se a aquisição
e o aperfeiçoamento constantes de sua bagagem técnico-científico sobre novas
atualizações advindas de inúmeras pesquisas sobre as anomalias
neurológicas, psiquiátricas e distúrbios psicológicos existentes do
neuroaprendiz, além de outros saberes teórico-práticos, como nos alerta
Beauclair ( 2014, p.35) que o neuropsicopedagogo deve “possuir vontade de
ampliar seus referenciais teóricos, estudando campos de conhecimentos
diferentes dos que está habituado em sua trajetória profissional e ampliando
sua curiosidade epistemológica”.
Atualmente, o profissional que é um neuropsicopedagogo é
considerado como um dos profissionais mais respeitados por ter como
35
embasamento teórico-prático, tendo como foco de estudo as Neurociências
como bagagem instrumental, uma ciência que tem evoluído bastante em pleno
século XXI, constituindo-se como a ciência de um futuro promissor, pois a
mesma amplia o entendimento como seres humanos e desvenda mistérios de
como nós somos, como nos desenvolvemos e como aprendemos. Dessa
forma, cabe ao neuropsicopedagogo de posse do conhecimento de
Neurociências, a incumbência de lidar diretamente com a aprendizagem e seus
transtornos.
Vale se destacar que quando ocorre a posse dos conhecimentos
neurocientíficos, o neuropsicopedagogo se traz à sociedade uma contribuição
mais efetiva e consistente sobre as Neurociências, porque o mesmo é capaz
de pesquisar, compreender, transmitir e propagar, de forma mais sistemática,
os conhecimentos e os mistérios sobre a complexidade do cérebro humano.
Para entender melhor as várias atuações do neuropsicopedagogo, vale pontuar
que as responsabilidades deste profissional é justamente ter que:
- Compreendendo assim o grande papel que o cérebro possui nas
relações complexas dos processos neurocognitivos e sua inserção na
aplicação de estratégias neuropsicopedagógicas em diferentes âmbitos sociais,
objetivando potencializar os processos de ensino aprendizagem.
- Intervir no desenvolvimento humano desse individuo aprendente,
no campo psíquico, no campo do neuropsicomotor e nos campos da linguagem
e da cognição.
- Obtendo a expertise conceitual, teórica e prática referentes à
complexidade pedagógica presente nas distintas questões educacionais.
- Ampliando as capacidades de intervenção na afirmação de novos
procedimentos educacionais e construir criativamente alternativas
neuropsicopedagógicas.
- Conhecer, reconhecer, analisar e compreender amplamente os
paradigmas focados na Educação Especial Inclusiva, de modo transdisciplinar
e sistêmico, com ênfase na aprendizagem e suas possíveis dificuldades (
BEAUCLAIR, 2014, p. 34).
Diante das incumbências apontadas, se constata a grande
importância da atuação do neuropsicopedagogo em nossa sociedade, sendo
36
através deste profissional é possível reduzir os altos índices de reprovação e
evasão escolar – insucesso escolar – através da aplicação da avaliação,
diagnóstico e da intervenção neuropsicopedagógica, tanto de forma preventiva
como terapêutica, trabalhando em instituições escolares, como também em
espaços clínicos com educandos com baixo desempenho escolar ou com
transtornos escolares, psicológicos e/ou psiquiátricos com base nos
conhecimentos advindos das descobertas das Neurociências.
O neuropsicopedagogo deve ser, acima de tudo, atuar na linha de
frente para a implantação da Educação Especial Inclusiva mais humanizadora,
como também ressignificar as práticas educativas de forma que possa
estabelecer e promover práticas pedagógicas significativas, mais
transformadoras e emancipatórias, levando em consideração como o cérebro
aprende, além de estimular o neuroaprendiz a utilizar suas múltiplas
inteligências, como selecionar, memorizar, armazenar e evocar informações e,
posteriormente, transformá-los em conhecimentos significativos em sua própria
vida, na qual o sujeito é capaz de construir suas próprias aprendizagens, a
partir de suas próprias experiências, sendo sujeito e objeto do conhecimento
em constante interação.
Convém então ressaltar que o cérebro diante de inúmeras
funcionalidades, passa por várias modificações significativas ao longo da
evolução humana. Este fenômeno retrata perfeitamente a neuroplasticidade do
nosso cérebro que,
Nas palavras de Relvas, indica uma condição na qual significa:
habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.( RELVAS, 2007, p. 45)
Segundo esses estudos da Neurociências, este fenômeno
representa que o neuroaprendiz possui grandes e diversas possibilidades de
aprender e ressignificar novos aprendizados com base em suas experiências
37
vividas tanto na escola como na vida social. Ou melhor dizendo, acaba
realizando assim, cada vez mais novas sinapses e formando redes neuronais
mais interligadas e consistentes. Proporcionando assim, por sua vez, uma
maior velocidade das redes de interligações das sinapses gerando assim
portanto, por via de regra, um grande potencial de processamento de
informações, sentimentos, de emoções, de aprendizado capaz de reorganizar a
funcionalidade das conexões e a estrutura do cérebro a cada nova experiência
vivida.
Sendo com base neste fenômeno que ocorre com cada individuo em
desenvolvimento, é que o neuropsicopedagogo deverá intervir de forma
bastante positiva na vida do neuroaprendiz, tendo como missão assim
primordial de que é capaz de potencializar e ressignificar cada vez mais a
neuroplasticidade do sujeito aprendente, utilizando-se de métodos e estratégias
neuropsicopedagógicas.
Com isso a contribuição significativa das Neurociências e da
Neuropsicopedagogia, se faz possível constatar que o neuropsicopedagogo de
posse desses conhecimentos, poderá amenizar os malefícios advindos da não
aprendizagem e do insucesso escolar. Vale salientar que os mesmos
comprometem de forma negativa a vida de milhares de alunos que estão
sofrendo nos bancos escolares por não aprenderem no mesmo ritmo em que a
escola, a família e a sociedade exigem. Para demostrar o dilema que os
educandos vivem no espaço escolar, vale pontuar que:
Na atualidade, a escola vem cada vez mais se afastando da ciência e reproduzindo dogmas extraídos das ciências humanas por desconhecer a ciência do cérebro. E na aplicação desses dogmas, continua circulando uma prática pedagógica vulnerável ao potencial humano, descredibilizando a possibilidade educativo-metodológico da escola e desestimulando a permanência do aprendiz na escola.(FLOR; CARVALHO, 2011, p. 21)
Com base nesta reflexão, esses profissionais terão que assim agir
com base em uma ação pautada em questionamentos, dúvidas e, acima de
tudo, na reflexão centrada no processo de aprendizagem do aluno e tentando
38
adaptar o ambiente escolar e familiar do neuroaprendiz partindo das seguintes
indagações: o fracasso é da escola, do aluno (neuroaprendiz), do
professor(ensinante), da família ou sistema educacional?. A escola promove
em suas relações a pedagogia do oprimido ou da pedagogia da autonomia, ou
seja, a escola cultiva em sala de aula a metodologia do fracasso ou do
sucesso?.
Para responder a essas indagações, cabe lembrar que a escola é
uma instituição provida de regras, normas, valores e função social, e que nesta
relação dialética, o neuropsicopedagogo deverá se conscientizar de sua própria
identidade profissional e de sua práxis, para que possa assim delimitar até
onde vai a sua atuação e a de outro profissional, realizando quando for
necessário o devido encaminhamento a outro especialista.
Sendo assim, cabe a seguinte reflexão: de que forma o insucesso
escolar deve ser visto pelos professores, a escola, pela família e, em especial,
o neuropsicopedagogo. Cabe mencionar que este impasse deve ser visto como
um obstáculo a ser superado, pois, se o aluno fracassar nos estudos estará
implicando que todos, também, fracassaram na atribuição de educá-lo. Nesse
sentido, todos devem agir de forma consciente, lembrando-se que é
responsabilidade de todos darem suporte, carinho, estímulos e motivação para
que o aluno possa manifestar seu desejo de aprender ao longo de sua
trajetória escolar. A esse respeito, é importante esclarecer que:
Toda criança pode aprender a ler e a escrever, mas não em qualquer situação. Mas está claro, também que não é em qualquer situação para todas as crianças. As condições para que ocorra aprendizagem vão variar de acordo com seu período de formação, pois todo processo de aprendizagem deve estar articulado com a história de cada indivíduo. (LIMA, 2002, p. 15)
Para que a aprendizagem possa ser consolidada se faz necessário
que o neuropsicopedagogo possa identificar as dificuldades e, acima de tudo,
demonstrar que acredita em seu potencial e, acima de tudo, tentar minimizar as
39
barreiras e promover assim a facilitação da aprendizagem do aluno através de
seu próprio desejo e sua autonomia para continuar aprendendo.
Com isso, diante dessa grande afirmação, é a partir desse
pressuposto que o neuropsicopedagogo pode começar a cultivar uma postura
mais investigativa durante todo esse processo de avaliação e de intervenção
neuropsicopedagógica.
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CONCLUSÃO
O profissional da neuropsicopedagogia tem muito a contribuir para o
ambiente escolar, sendo através dele que o processo de ensino aprendizagem
será bastante notório e visto e repensado para o melhor aproveitamento do
envolvidos nesse processo.
Esse profissional na escola será o grande diferencial pedagógico no
ambiente escolar, pois com os seus conhecimentos o aluno será visto e
entendido como um ser em processo de construção de conhecimento, e suas
atividades serão realizadas para o seu melhor aproveitamento.
Quando se lida com seres humanos o que se espera é que o
profissional esteja receptivo a atender a todas as especificidades desse
educando, respeitando assim ele em todas as suas particularidades e
conhecendo e reconhecendo o aluno como um grande responsável para a
realização do processo de aprendizagem.
Este estudo abordou o tema do profissional da neuropsicopedagogia
na escola, pois se consegue compreender a grande importância de se ter ele
em sala de aula ou dentro da escola, pois ele conhece todos os mecanismos
da aprendizagem e como isso ocorre dentro da cabeça do aluno, podendo
assim sempre contribuir para um melhor aproveitamento do aluno.
41
BIBLIOGRAFIA
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infantil. Rio de janeiro: Wak editora, 2015.
BEAUCLAIR, J. Neuropsicopedagogia: inserções no presente, utopias e desejos futuros. Rio de Janeiro: Essence All, 2014.
BOSSA, Nadia. A psicopedagogia no Brasil. Rio de janeiro: Wak editora, 2011.
CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva.10 ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.
CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociências e Educação: como o
cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. ELENA, Luiza. Cérebro e Aprendizagem. Um jeito diferente de viver. Rio de
janeiro: Wak editora, 2014.
LIMA P.A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo; AVERCAMP, 2002.
MUNIZ Iana. Neurociência e os exercícios mentais. Rio de janeiro: Wak editora, 2014.
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RELVAS, Marta. Que cérebro é esse que chegou a escola ? Rio de janeiro:
Wak editora. 2014. RELVAS, Marta. Sob o comando do cérebro. Rio de janeiro: Wak editora, 2014.
RELVAS, Marta. Neurociência na pratica pedagógica. Rio de janeiro: Wak
editora, 2012. SAMPAIO, Simaia. Transtornos e dificuldades de aprendizagem. Rio de
janeiro: Wak editora. 2014.
LIMA,
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 00
AGRADECIMENTOS 01 DEDICATÓRIA 02 RESUMO 03
METODOLOGIA 04 SUMÁRIO 05
INTRODUÇÃO 06 CAPÍTULO I
Neurociência e Psicopedagogia : conceitos 10
1.1-Uma breve historia sobre a neurociência 10 1.2- Historia sobre a psicopedagogia 17 1.3- A interligação entre neurociência e psicopedagogia 21
CAPÍTULO II
O processo de ensino-aprendizagem 23
2.1- Memória. 25
2.2 - Atenção 27 2.3 - Motivação 28 2.4- Emoção 30
2.5- A aprendizagem segundo os autores 31 Capitulo III
Neuropsicopedagogia na escola 32
3.1 – Neuropsicopedagogia 32 3.2 – O profissional neuropsicopedagogo 34
CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 42