38
1 Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos de manejo e aplicação de recursos oriundos de exploração de produtos e subprodutos florestais, em atendimento ao Projeto de Lei no. 249/2013, que concede o uso da Estação Experimental de Itirapina e da Floresta de Cajuru, por meio de licitação pública Membros do GT Giselda Durigan (coordenadora) Antônio Carlos Galvão de Melo Antônio Carlos Scatena Zanatto Denise Zanchetta Francisco de Souza Fernandes Helena Dutra Lutgens Honório Carlos Fachin Luis Cesar Porto Francisco Maria de Jesus Robim Maria Teresa Zugliani Toniato Mariano Maudet Bergel Paulo Henrique P. Ruffino Janeiro 2014

New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

1

Secretaria de Estado do Meio Ambiente

Instituto Florestal

Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para

Elaboração de procedimentos de manejo e aplicação de recursos oriundos de

exploração de produtos e subprodutos florestais, em atendimento ao Projeto

de Lei no. 249/2013, que concede o uso da Estação Experimental de Itirapina e

da Floresta de Cajuru, por meio de licitação pública

Membros do GT

Giselda Durigan (coordenadora) Antônio Carlos Galvão de Melo Antônio Carlos Scatena Zanatto

Denise Zanchetta Francisco de Souza Fernandes

Helena Dutra Lutgens Honório Carlos Fachin

Luis Cesar Porto Francisco Maria de Jesus Robim

Maria Teresa Zugliani Toniato Mariano Maudet Bergel

Paulo Henrique P. Ruffino

Janeiro 2014

Page 2: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

2

Apresentação

O relatório que aqui se apresenta foi elaborado em atendimento ao disposto na Portaria

IF de 03 de Junho de 2013, pela qual o Diretor Geral do Instituto Florestal, PqC VI Dr. Miguel Luiz

Menezes Freitas, designou os membros do Grupo de Trabalho e estabeleceu seus objetivos. Uma vez

que o Projeto de Lei continua em tramitação, o Grupo trabalhou sobre a versão disponibilizada pela

diretoria geral, às folhas 15 a 26 deste processo (SMA 04991/2013).

As recomendações aqui apresentadas pelo GT foram construídas com base: nos

dispositivos do PL; nos instrumentos jurídicos relativos à criação das unidades; no uso atual da terra

nas unidades segundo mapas fornecidos pela Seção de Inventário, da Divisão de Dasonomia do

Instituto Florestal; em visitas de campo; no volume estimado de madeira em pé em Itirapina,

fornecidos pela Diretoria da Divisão de Florestas e Estações Experimentais, no número de árvores com

potencial de exploração fornecido pelo gestor da Floresta de Cajuru e no Plano de Manejo Integrado

da Estação Ecológica e Estação Experimental de Itirapina, aprovado pelo Conselho Estadual de Meio

Ambiente – CONSEMA em maio de 2010.

Este relatório contém uma Síntese das Recomendações do GT, que deverá nortear os

contratos, e em seguida traz o detalhamento das recomendações para a aplicação de recursos

oriundos de concessão florestal das unidades de Cajuru e Itirapina, considerando que as áreas poderão

ser licitadas individualmente.

O Grupo de Trabalho tomou como ponto de partida os Termos gerais do OFÍCIO

SMA/GAB/052/2013, que encaminhou o PL à Assembléia, referentes às duas unidades:

“A concessão do uso dos próprios estaduais mostra-se a maneira correta e eficiente

para se atingir a melhor gestão das áreas em que estão situadas a Estação

Experimental de Itirapina e a Floresta de Cajuru. Por meio do devido procedimento

licitatório serão definidos os objetivos e características da concessão, notadamente

prazo, indicações e restrições de uso de área, direitos da Administração e

obrigações do concessionário, dentre as quais figurariam as intervenções

Page 3: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

3

necessárias para a recuperação da Floresta de Cajuru e resolução dos problemas

existentes em relação à Estação Ecológica de Itirapina.

Cumpre frisar que o objeto da concessão de uso seriam somente as áreas da

Floresta Estadual de Cajuru, com 1.909,56 ha, e da Estação Experimental de

Itirapina, que corresponde a 3.212 ha. A área de 2.300 ha da Estação Ecológica de

Itirapina não seria objeto de concessão, devendo manter as características de

preservação e investigação científica a que se destinam, sob execução e

responsabilidade direta da Administração estadual, cabendo ao futuro

concessionário tão somente os ônus relativos à sua recuperação e manutenção, nos

limites estabelecidos em lei, edital e futuro eventual contrato.

É necessário salientar, por oportuno, que a concessão de uso das áreas de floresta

não conflita com o princípio de manejo integrado as áreas contíguas de preservação

permanente e pesquisa. Na verdade, o instrumento de concessão milita em favor da

conservação e da pesquisa, já que permitirá extrair o máximo da potencialidade das

áreas de produção em favor das áreas de preservação, colocando-as no eixo

necessário, dentro de um período predeterminado para viabilizar, de modo

permanente, a consecução dos objetivos conservacionistas originais que norteiam a

própria existência desta Secretaria de Estado.

Há ainda no anteprojeto que ora submeto, outras áreas em que o instrumento da

concessão de uso se mostra a melhor opção da administração e que hoje são áreas

de preservação permanente.”

Geraldo Alckmin

GOVERNADOR DO ESTADO

Page 4: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

4

SÍNTESE DAS RECOMENDAÇÕES DO GT

1. Será negociado entre o Instituto Florestal e a Concessionária o valor a ser pago pela

concessionária, que compreenderá: a) madeira em pé, b) resina que poderá ser

explorada até o corte final das árvores já existentes com base no cronograma de corte

e c) valor anual do arrendamento das áreas concedidas por 30 anos (sendo 25 anos

para cultivo e 05 anos para restauração), bem como o repasse parcelado dos valores

acordados;

Para garantir transparência na comercialização de produtos oriundos de terras

públicas, é recomendável que, previamente, seja feito inventário detalhado de volume

de madeira em pé ou número de árvores com potencial de resinagem em cada talhão,

realizado por empresa contratada para esta finalidade, em cada uma das unidades.

2. O pagamento pela concessionária será feito em serviços, obras, equipamentos, veículos

e material de consumo, previstos no Plano de Manejo das unidades (vigente ou

atualizado) e com aval de seu Conselho Consultivo. No caso de Cajuru, as previsões

serão feitas com base em plano emergencial a ser elaborado e referendado pelo

Conselho Técnico do IF, enquanto não houver Plano de Manejo aprovado e Conselho

Consultivo;

3. Será de responsabilidade direta da Concessionária a vigilância e a manutenção de

estradas e carreadores em toda a área das unidades, englobando as áreas de

silvicultura e os ecossistemas naturais ou que venham a ser restaurados, durante os 30

anos de vigência do contrato. Os custos desses serviços serão descontados quando do

acerto dos valores a serem pagos pela concessionária, no contrato.

4. Caberá ao gestor da unidade, executor do Plano de Manejo, apresentar à

Concessionária, no mês X de cada ano (a ser estabelecido no contrato para que sejam

incluídas as despesas no Plano Orçamentário da Concessionária), um Plano de

Trabalho, contendo as demandas para o ano seguinte, cabíveis dentro do cronograma

dos pagamentos e do volume de recursos de cada pagamento. O gestor da unidade

elaborará os termos de referência para obras ou serviços e apontará as especificações

de veículos, produtos e equipamentos, em ordem de prioridade, definindo-as com o

apoio do Conselho Consultivo da unidade.

Page 5: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

5

No caso de Cajuru, enquanto não houver Plano de Manejo aprovado, o

encaminhamento será feito pelo gestor com o aval do Conselho Técnico do Instituto

Florestal.

Se a solicitação não for encaminhada pelo gestor dentro do prazo, o valor a ser pago

pela concessionária com base no contrato será depositado para aplicação a partir do

ano seguinte.

5. Caberá à concessionária a contratação das empresas que realizarão as obras e serviços

ou fornecerão veículos, equipamentos e o material que venha a ser solicitado.

6. Caberá ao gestor e ao Conselho Consultivo da unidade verificar o atendimento às

cláusulas do contrato.

No Caso de Cajuru, enquanto a unidade não tiver Plano de Manejo e Conselho

Consultivo, a verificação será feita pelo gestor, mediante relatório ao Conselho Técnico

do Instituto Florestal.

7. O valor devido excedente à demanda anual será depositado em conta poupança em

nome da concessionária (nos moldes dos recursos de compensação ambiental), PARA

APLICAÇÃO EXCLUSIVA NAS RESPECTIVAS UNIDADES, durante os 30 anos da concessão.

Ao término dos 30 anos, cumpridas todas as cláusulas contratuais, caso haja recursos

remanescentes, serão transferidos para o Fundo de Despesas do Instituto Florestal.

8. Para Itirapina serão explorados pela concessionária 1957,63 ha de florestas plantadas

existentes. Deste total, a parte correspondente a 696,88 ha (Talhões 18, 35 (A-I), 44 A,

44 B, 50, 51, 56, 62, 63 b, 72b, 72c, 72d, 72e,73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83,

84, 85, 86, 87, 88 a, 88b, 89) terá a vegetação nativa restaurada após a retirada das

árvores cultivadas pela concessionária, no máximo até o 10º ano do contrato. A área

de 1260,75 ha (correspondente aos Talhões 1, 2, 3A, 3B, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13,

14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 25A, 25B, 26A, 26B, 26C, 27A, 27B, 27C, 29A, 29B, 30,

31, 32, 33A, 33B, 34, 38, 39, 39, 40, 41, 42A, 42B, 43 B, 46, 47, 48, 49, 52A, 52B, 52C,

53, 54, 55, 57C, 58, 59A, 59B, 60, 61, 64, 65, 66A, 66B, 67A, 67B, 68, 69A, 69B, 70 e 71)

será explorada pela concessionária para silvicultura até o 25º ano do contrato,

devendo a vegetação nativa nestes talhões ser restaurada até o 30º ano.

Page 6: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

6

9. Para Cajuru, serão explorados pela concessionária 736,10 ha de florestas plantadas

existentes.

Deste total, uma parte (345,67 ha) terá a vegetação nativa restaurada após a retirada,

pela concessionária, das árvores cultivadas existentes, no máximo até o 10º ano do

contrato. As áreas que serão restauradas após exploração compreendem: a) 112 ha

hoje ocupados com madeira em pé para serraria (Talhões 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49,

50, 51, 52) e b) 233,67 ha com baixos volumes de madeira de baixo valor, com uso

potencial para lenha, em plantios jovens de Pinus (153,81 ha nos Talhões 53, 54, 55,

56, 57, 63, 64 e 66) e rebrota fraca de eucalipto (79,86 ha nos Talhões 65, 67 e 75).

Todas essas áreas serão monitoradas para decisão, pelo Instituto Florestal, sobre a

necessidade de plantios de restauração ou possibilidade de regeneração natural da

vegetação do Cerrado.

A outra parte, correspondente a 390,43 ha (Talhões 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09,

10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32,

33,34, 35, 36, 37, 38, 39, 4 e 41), será explorada para silvicultura até o 25º ano do

contrato, devendo a vegetação nativa nestes talhões ser restaurada até o 30º ano.

10. As operações de corte e retirada nos talhões que serão restaurados devem ser feitas

por técnicas de mínimo impacto sempre que houver vegetação nativa em regeneração.

Isto vale para os talhões 35ª, 35B, 35C, 35D, 35E, 35F, 35G, 35H, 35I, 36 A, 36B, 37 A,

37B, 37C, 50, 51 e 57b em Itirapina e, em Cajuru, para os talhões 42, 43, 44, 45, 46, 47,

48, 49, 50, 51, 52, 65, 67 e 75).

11. As terras concedidas só poderão ser exploradas para silvicultura, devendo o preparo de

solo ser feito estritamente pelas técnicas de cultivo mínimo, de modo a preservar

estruturas subterrâneas de plantas nativas de Cerrado eventualmente existentes,

facilitando, assim, as ações de restauração futura da vegetação nativa na área.

12. As técnicas de restauração dos ecossistemas a serem adotadas pela concessionária

serão, sempre que possível, baseadas nos processos naturais de regeneração das

plantas nativas e no controle permanente de espécies exóticas invasoras (gramíneas e

arbóreas). Excepcionalmente, será admitida a restauração por meio de plantio de

enriquecimento ou em área total, mediante projeto aprovado pelo Instituto Florestal.

Page 7: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

7

Quando for necessário plantio de restauração, os custos serão deduzidos dos

pagamentos a serem efetuados pela concessionária, mediante anuência do gestor e do

Conselho Consultivo.

No caso de Cajuru, enquanto não houver Plano de Manejo aprovado, a anuência

caberá aogestor, com o aval do Conselho Técnico do Instituto Florestal.

13. A efetividade da restauração de cada talhão (para fins de verificação do cumprimento

do contrato) será demonstrada por meio de monitoramento periódico (a cada 05

anos), tendo como base os seguintes indicadores: obtenção de 80 % de cobertura do

terreno (avaliada pelo método de linhas) por vegetação nativa (herbáceas ou projeção

da copa de espécies lenhosas; inexistência de indivíduos de árvores exóticas e menos

de 10% de ocupação do terreno por gramíneas exóticas. A realização do

monitoramento e a comprovação do resultado da restauração serão obrigações da

concessionária, com posterior ratificação pelo IF.

Page 8: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

8

DETALHAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DO GT

A seguir são apresentadas as propostas detalhadas para o manejo das unidades e para a

aplicação dos recursos, com base no Plano de Manejo vigente das unidades de Itirapina ou com base

nas recomendações do Grupo de Trabalho para a Floresta de Cajuru.

Floresta de Cajuru

Caracterização e uso atual da unidade

A área conhecida como Floresta de Cajuru (a que o PL se refere equivocadamente como

Floresta Estadual de Cajuru) é uma propriedade do Estado, ocupando 1.909,56 ha, nos municípios de

Altinópolis e Cajuru, estado de São Paulo. Foi desapropriada no ano de 1962 (Decreto 40.990 de

6/11/1962), por ser área considerada “necessária à expansão dos trabalhos de pesquisas e

reflorestamento afetos ao Serviço Florestal da Secretaria da Agricultura”.

Embora conste em todos os registros institucionais e seja amplamente conhecida como

“Floresta de Cajuru”, a unidade nunca recebeu denominação formal e nem foi enquadrada

oficialmente em categoria do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Assim, o uso da

propriedade, desde a sua incorporação à Fazenda do Estado, tem sido a produção florestal, voltada a

produtos florestais madeireiros e não-madeireiros, sob administração do Instituto Florestal. A

configuração atual da unidade, pelas formas de uso da terra (Figura 1) resulta em 736,10 ha ocupados

atualmente por silvicultura (39%) e o restante estando coberto por vegetação nativa, cerca de metade

em bom estado de conservação e o restante tem a fisionomia de campo antrópico em processo lento

de regeneração natural. A área da sede ocupa 2,54 ha.

A vegetação original da Floresta de Cajuru era parte do Bioma Cerrado, representado pela

fisionomias campo cerrado, cerrado stricto sensu, cerradão, e mais um complexo de tipos

vegetacionais ripários, incluindo matas-galeria e campos úmidos. Algumas das zonas ripárias

apresentam-se invadidas por Pinus spp.

Page 9: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

9

Figura 1. Cobertura e uso atual da terra na Floresta de Cajuru, municípios de Cajuru e Altinópolis, SP.

Page 10: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

10

O número de árvores existentes na unidade, com uso potencial para produção de

madeira serrada, cuja exploração poderá ser objeto da concessão, foi estimado por meio de

inventário realizado em Agosto de 2013 em 290.124 árvores, sendo 7835 de Corymbia citriodora

(plantios com idades de 40 a 46 anos) e 282.289 de Pinus, de diversas espécies tropicais, com

idades entre 21 e 46 anos (Tabela 1).

Tabela 1. Síntese da estimativa do número de árvores por espécie com dimensões para serraria (submetidas a desrama), que serão disponibilizadas para exploração na Floresta de Cajuru, com base no inventário realizado em 2013.

Espécie

Área (ha)

Número de árvores

Corymbia citriodora 22,20 7835

Pinus caribaea bahamensis* 5,50 3.696

Pinus caribaea caribaea* 144,90 71.851

Pinus caribaea hondurensis* 295,13 180.043

Pinus oocarpa 26,60 22.404

Pinus kesyia 1,20 300

Pinus tecunumanii 6,90 3995

Total

290.124

*Árvores resinadas

Uso planejado da unidade

Considerando o elevado déficit de Unidades de Conservação do bioma Cerrado no

Estado de São Paulo e o potencial de regeneração natural ou de restauração dos ecossistemas por

meio de plantio de espécies nativas na área da atual Floresta de Cajuru, propõe-se a conversão de

cerca de 70% da área da unidade em Estação Ecológica de Cajuru, destinando-se essa área à

conservação dos ecossistemas naturais e à pesquisa científica, conforme estabelece a lei que

instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. O restante da área deverá ser

categorizado como Floresta Estadual de Altinópolis, categoria prevista no Sistema Nacional de

Unidades de Conservação – SNUC, sendo destinada à produção florestal e conservação de

ecossistemas naturais.

Page 11: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

11

Figura 2. Proposta de uso da terra e manejo nas futuras unidades do Instituto Florestal nos municípios de Cajuru e Altinópolis.

Page 12: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

12

A nova configuração da área como um todo, com base nas ações de manejo e

restauração propostas (Figura 2), compreende as categorias descritas a seguir:

a) Talhões para exploração e reforma: correspondem à área de 390,43 ha (em cor cinza claro

na Figura 2), destinada à silvicultura, onde é prevista a exploração das árvores existentes e

reforma dos plantios, sem revolvimento do solo (cultivo mínimo).

b) Talhões para exploração de madeira de alto valor e restauração: totalizam 112 ha (cor

abóbora na Figura 2), onde as árvores existentes serão exploradas por meio de técnicas de

baixo impacto, preservando o subosque. Essas áreas serão restauradas (condução da

regeneração natural) e integradas aos ecossistemas para conservação.

c) Talhões para erradicação do Pinus de baixo valor comercial e restauração: somam 153,81

ha (em cor magenta na Figura 2), onde foi plantado Pinus em 2006, mas por falta de

manutenção a sobrevivência é muito baixa e o ataque de formigas comprometeu

completamente o potencial de exploração. Essas árvores deverão ser cortadas no primeiro

ano de vigência do contrato e a vegetação nativa restaurada. A definição da técnica de

restauração a ser aplicada (restauração passiva ou plantio) será feita com base no

monitoramento do potencial de regeneração natural, a ser realizado pelo IF.

d) Talhões para erradicação do eucalipto e restauração: correspondem à área de 79,86 ha (em

cor cinza escuro na Figura 2), onde existe rebrota de antigos talhões de eucalipto, em meio

à vegetação de cerrado em regeneração natural. As técnicas de restauração consistirão no

corte raso das árvores de eucalipto por meio de técnicas de baixo impacto, seguido de

aplicação imediata de glifosato puro nas touças, para impedir a rebrota. Essas operações

deverão ser feitas no primeiro ano de vigência do contrato.

e) Vegetação campestre em regeneração natural: corresponde à área de 993,98 ha (em verde

escuro na Figura 2). Nessas áreas a vegetação nativa sofreu fortes perturbações recentes,

incluindo o talhonamento e preparo de solo para silvicultura. Atualmente essas áreas são

ocupadas por vegetação campestre em regeneração natural, com baixa densidade e baixa

diversidade, predominando plantas ruderais, com presença de gramíneas exóticas

invasoras. Nessas áreas é necessário monitoramento para avaliar o potencial de

regeneração natural e a necessidade de intervenções de restauração. As ações imediatas

Page 13: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

13

devem se restringir ao controle das plantas invasoras, até que sejam definidas técnicas de

restauração, se necessárias.

f) Vegetação nativa arbustivo-arbórea: ocupa 332,84 ha (em verde claro na Figura 2),

geralmente em zonas ripárias. De modo geral encontra-se em bom estado de conservação.

No entanto, há pontos com invasão por Pinus spp., onde as árvores exóticas precisam ser

erradicadas. A erradicação deve ser feita no primeiro ano do contrato, por corte,

desdobramento e retirada do material lenhoso quando em alta densidade (nesses casos a

vegetação natural deve ser inexistente) e corte e abandono do material quando se tratar de

árvores esparsas (para evitar o impacto que viria a ser causado pelas operações de retirada

sobre as plantas nativas).

Dispositivos do PL relativos à unidade de Cajuru

Em relação à Floresta de Cajuru, a apresentação do PL à assembléia traz a seguinte

redação:

“a concessão do uso dos próprios estaduais mostra-se a maneira correta e eficiente

para se atingir a melhor gestão d.......a Floresta de Cajuru. Por meio do devido procedimento

licitatório serão definidos os objetivos e características da concessão, notadamente prazo,

indicações e restrições de uso de área, direitos da Administração e obrigações do concessionário,

dentre as quais figurariam as intervenções necessárias para a recuperação da Floresta de Cajuru.

Cumpre frisar que o objeto da concessão de uso seriam somente as áreas da Floresta

Estadual de Cajuru, com 1.909,56 ha. ...

É necessário salientar, por oportuno, que a concessão de uso das áreas de floresta não

conflita com o princípio de manejo integrado das áreas contíguas de preservação permanente e

pesquisa. Na verdade, o instrumento de concessão milita em favor da conservação e da pesquisa, já

que permitirá extrair o máximo da potencialidade das áreas de produção em favor das áreas de

preservação, colocando-as no eixo necessário, dentro de um período predeterminado para

viabilizar, de modo permanente, a consecução dos objetivos conservacionistas originais que

norteiam a própria existência desta Secretaria de Estado.

Page 14: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

14

Há ainda no anteprojeto que ora submeto, outras áreas em que o instrumento da

concessão de uso se mostra a melhor opção da administração e que hoje são áreas de preservação

permanente.” (Geraldo Alckmin, Governador do Estado).”

Artigo 1º - Fica a Fazenda do Estado autorizada a conceder o uso remunerado, pelo prazo de até 30 (trinta) anos, dos seguintes próprios estaduais:

...............

II - das áreas públicas, em que se situam a:

a) ......

b) Floresta Estadual de Cajuru, com área de 1.909,56 hectares, localizada na Rodovia vicinal Arlindo Vicentini km 6, Altinópolis – SP, encontrando-se descrita e identificada nos trabalhos técnicos que compõem o Processo nº SMA nº 3080/2013.

............................

Artigo 3º - A concessão de uso a que se refere o artigo 1º desta lei deverá ser precedida da realização de licitação, na modalidade de concorrência.

§ 1º - O edital de licitação deverá especificar:

.....

3 - para a área a que se refere a alínea “b” do inciso II do artigo 1º desta lei, as obras e serviços a serem realizados pela concessionária, bem como os usos possíveis na concessão, incluindo a elaboração do respectivo Plano de Manejo, em conformidade com a legislação pertinente.

Artigo 4º - Do contrato de concessão deverão constar os encargos, cláusulas, termos e condições que assegurem:

..............

...............

§ 3º - Para a área a que se refere a alínea “b”, do inciso II, do artigo 1º desta lei, o contrato deverá assegurar:

1 - a elaboração pela concessionária do Plano de Manejo para a Floresta Estadual de Cajuru;

2 - a assunção de obrigações pela concessionária relativamente à recuperação do próprio estadual em que se localiza a Floresta Estadual de Cajuru, de modo a restituí-la ao bioma nativo local, além da realização de georreferenciamento da área, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias contados da assinatura do instrumento a que alude o “caput” deste artigo, bem como, se cabíveis, a adoção das providências necessárias à retificação da descrição do perímetro do imóvel.

Page 15: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

15

Proposta para os termos da concessão

Objetivo: desmembrar a atual Floresta de Cajuru em duas unidades de conservação: Estação

Ecológica de Cajuru e Floresta Estadual de Altinópolis. Elaborar, implementar e assegurar a

atualização periódica dos Planos de Manejo das duas unidades.

Prazo: 30 anos (25 anos para exploração florestal na FE Altinópolis – exploração e reforma em

vários ciclos + 05 anos para restauração da vegetação nativa em toda a área); 10 anos para

exploração ou erradicação das árvores de espécies exóticas (cultivadas ou invasoras) e restauração

da vegetação nativa na área destinada à EEc Cajuru.

Restrições de uso das áreas:

A. Talhões para exploração e reforma: uso exclusivamente para silvicultura. O plantio deve ser

feito por cultivo mínimo (sem revolvimento do solo em área total, para preservar as

estruturas subterrâneas de plantas nativas eventualmente existentes). O subosque não

deverá ser roçado a não ser por ocasião da reforma dos talhões. Uso por 25 anos, sendo os

últimos 05 anos destinados à restauração da vegetação nativa para devolução ao Instituto

Florestal.

B. Talhões para exploração sem reforma: nesses talhões o prazo para exploração será de 10

anos. O corte e retirada das espécies cultivadas deverá buscar impacto mínimo. Isso

significa que o corte de vegetação nativa existente no subosque deve restringir-se às linhas

de carreadores, com distância mínima de 30 m entre carreadores e 3 m de largura. Entre as

linhas não será admitido o corte intencional de plantas nativas.

C. Nos demais talhões serão admitidas, para a concessionária, apenas ações destinadas à

restauração dos ecossistemas.

Direitos da Administração (Instituto Florestal)

Acesso às áreas sob concessão mediante notificação prévia à concessionária.

Page 16: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

16

Obrigações do Instituto Florestal

Apresentar, anualmente, dentro do prazo estabelecido em contrato, as demandas em termos

de obras, serviços e aquisições para o ano seguinte, devidamente acompanhadas de Termos

de Referência ou especificações, referendadas pelo Conselho Consultivo da unidade ou pelo

Conselho Técnico do Instituto Florestal, enquanto a unidade não dispuser de Plano de

Manejo e Conselho. (Na Tabela 2 encontram-se resumidas as prováveis solicitações, como

diretriz para o gestor).

Coordenar a elaboração, implementação e atualizações do Plano de Manejo;

Realizar pesquisas nas áreas naturais ou em restauração e dar diretrizes para a restauração

dos ecossistemas na área destinada à Estação Ecológica;

Providenciar o georeferenciamento das terras e sua regularização cartorial.

Verificar o cumprimento das cláusulas do contrato de concessão.

Obrigações da empresa concessionária

Providenciar a realização ou a contratação de obras e serviços e as aquisições solicitadas pelo

gestor.

Efetuar o depósito, em conta-poupança, dos recursos que excederem a demanda anual

apresentada pelo gestor.

Apresentar comprovantes de custos de obras, serviços e aquisições realizados ou

contratados pela concessionária, bem como demonstrativo de saldo disponível, ao final de

cada ano.

Realizar ou contratar serviços de manutenção das áreas como um todo: aceiros, estradas

internas, cercas, controle de espécies invasoras (Pinus e gramíneas exóticas) durante 30

anos.

Page 17: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

17

Realizar ou contratar serviços que sejam apontados como necessários pelo Instituto Florestal

para a restauração de ecossistemas naturais.

Realizar o monitoramento dos ecossistemas em restauração, apresentando relatórios

periódicos a cada cinco anos.

Devolver a área integral das duas unidades ao Instituto Florestal, ao final dos 30 anos, com os

ecossistemas naturais restaurados e a infra-estrutura instalada e em bom estado.

Técnicas a serem aplicadas para a restauração dos ecossistemas naturais

A vegetação original dos talhões de silvicultura na Floresta de Cajuru, com base em

observações de campo e depoimentos dos funcionários, era Cerrado, predominado a fisionomia

cerrado stricto sensu, e um mosaico de tipos ripários, com vegetação campestre, arbustiva e

arbórea. A vegetação de Cerrado foi suprimida para a implantação das florestas de produção,

sendo o desmatamento seguido de preparo convencional do solo (aração e gradagem). Na maioria

das vezes, a conversão do Cerrado em Silvicultura de ciclo longo (que é o caso da Floresta de

Cajuru) preserva estruturas subterrâneas de espécies lenhosas nativas que podem rebrotar após a

remoção das espécies exóticas e este potencial é visível sob os talhões antigos da unidade (Figura

3). Mas a avaliação precisa desse potencial depende de diagnóstico e monitoramento. Esta

informação é fundamental para a definição das técnicas de restauração a serem aplicadas.

A restauração da vegetação de Cerrado esbarra, hoje, na inexistência de tecnologia de

plantio (faltam sementes de plantas herbáceas e sementes e mudas de plantas lenhosas), de modo

que a restauração depende, acima de tudo, dos processos naturais de regeneração e do controle de

fatores de degradação. Entre os principais fatores de degradação destacam-se a invasão por

plantas exóticas (Pinus e gramíneas africanas) e a erosão do solo (Figura 4). Na Floresta de Cajuru, a

invasão por Pinus (Figura 5) e gramíneas exóticas é localizada, ocupando proporção relativamente

pequena das áreas a restaurar. Porém, existem áreas extensas onde o solo encontra-se

parcialmente exposto, com processo muito lento de reocupação por gramíneas e ervas nativas

(Figura 6), sujeito a processos erosivos.

Page 18: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

18

Tabela 2. Obras, equipamentos e serviços a serem custeados pela concessionária em Cajuru, com base nas recomendações do GT. Custos anuais referem-se a

todo o período de concessão, repetindo-se do primeiro ao último ano.

Item Custo único

(R$) Custo anual

(R$)

Pri

ori

dad

e

Justificativa

Levantamento topográfico para

georeferenciamento da Floresta de Cajuru

30.000,00 1 Retificação de área e georeferenciamento exigido por Lei. A única

medição foi feita antes de novembro de 1962, para efeito de

desapropriação.

Reforma de residência para uso provisório

como alojamento

30.000,00 1 Fundamental para a elaboração do Plano de Manejo e para pesquisas

Elaboração dos Planos de Manejo de ambas as

unidades

600.000,00 Fundamental para a conservação e manejo dos ecossistemas naturais

Instalação de cercas (15 km) 180.000,00 1 Confecção de cerca de divisa com cinco fios de arame farpado, com

mourões a cada 2 metros. Proteção da unidade.

Manutenção de estradas 22.000,00 1 100 horas de moto niveladora 140 HP

Manutenção de aceiros 17.000,00 1 100 horas de maquina de esteira 90 HP

Prevenção de incêndios 15.000,00 1 100 horas de trator de pneu traçado com grade pesada

Controle de processos erosivos 42.500,00

1 250 horas de maquina de esteira 90HP para confecção de terraços par

contenção de erosões. Ação imediata para garantir a conservação dos

ecossistemas naturais (independe de Plano de manejo) confecção de

terraços.

(cont...)

Page 19: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

19

Tabela 2 (cont.)

Item Custo único

(R$) Custo anual

(R$)

Pri

ori

dad

e

Justificativa

Controle de invasões biológicas A estimar* 2 Ação imediata para garantir a conservação dos ecossistemas naturais

(independe de Plano de manejo)

Restauração de ecossistemas por meio de

plantio (o custo dependerá das técnicas e

extensão das áreas a restaurar, que dependem

de monitoramento)

A estimar*

3 Recuperação da vegetação nativa nos talhões após a retirada das

espécies exóticas cultivadas

Aquisição de pick-up 120.000,00 1 Para elaboração dos Planos de Manejo e para as atividades de pesquisa

do IF na unidade

Suporte à pesquisa (custos de alimentação e

hospedagem)

20.000,00 3 Para assegurar a realização das pesquisas que venham a ser

recomendadas pelo Plano de Manejo

Contratação de pessoal (02 postos de

vigilância), 03 auxiliares de serviços)

170.640,00** 2 Vigilância para a proteção dos ecossistemas naturais e dos próprios do

Estado.

Contratação de pessoal (03 auxiliares de

serviços)

54.360,00 2 Para assegurar a manutenção do alojamento, e demais imóveis, veículos

e etc.

Total 1.002.500,00* 299.000,00

*não incluir o custo a estimar de controle de espécies invasoras e restauração, que dependerão de monitoramento e serão negociados a cada ano. **não deverá ser incluído se a fiscalização for negociada no contrato como obrigação direta da concessionária

Page 20: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

20

Figura 3. Regeneração natural de plantas do Cerrado sob talhões antigos de Pinus, na

Floresta de Cajuru, SP (Foto: Giselda Durigan, julho 2013).

Figura 4. Solo parcialmente descoberto e processos erosivos em áreas a serem

restauradas, na Floresta de Cajuru, SP. (Foto: Giselda Durigan, julho 2013).

Page 21: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

21

Figura 5. Invasão por Pinus sp. em zona ripária, na Floresta de Cajuru, SP, com total

supressão da vegetação nativa. (Foto: Giselda Durigan, julho 2013).

Figura 6. Vista das áreas em que a vegetação campestre nativa encontra-se em

processo lento de regeneração natural, na Floresta de Cajuru, SP. (Foto: Giselda

Durigan, julho 2013).

Page 22: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

22

Ações previstas para a restauração de ecossistemas:

1) Controle dos processos erosivos. Anteriormente a qualquer ação de restauração, todos

os processos erosivos devem ser controlados com terraceamento e reforma de

estradas e carreadores.

2) Controle da invasão por Pinus nas zonas ripárias (derrubada com motosserra para

árvores a partir de 4 cm DAP e facão para plantas menores). Essa operação não deve

ser realizada no período de janeiro a julho, quando as sementes da espécie invasora

podem germinar e recolonizar essas áreas.

3) Eliminação das rebrotas de eucalipto (Talhões 65, 67 e 75 e ao redor das nascentes

entre os talhões 56, 57 e 64). Corte raso e aplicação imediata de herbicida (glifosato)

na touça. Corte e retirada do material lenhoso pela concessionária.

4) Eliminação das árvores de Pinus nos plantios jovens (lenha) (Talhões 53, 54, 55, 56, 57,

63, 64 e 66). Corte e retirada pela concessionária. Monitoramento por um ano para

decidir sobre a necessidade de plantio de espécies nativas.

5) Eliminação das árvores exóticas nos talhões antigos que não serão reformados, dentro

de prazo máximo de 10 anos. Pode ser:

a) imediata e total (corte raso) nos talhões em que existe vegetação nativa cobrindo

pelo menos 50% do terreno. As operações de corte e retirada devem assegurar

impacto mínimo.

b) gradual, por desbastes, onde houver regeneração natural com baixa cobertura.

Nessas áreas deve ser realizado o controle permanente de espécies invasoras

(gramíneas exóticas ou Pinus)

6) Controle da invasão por Pinus em talhões em restauração (motosserra para árvores a

partir de 4 cm DAP e facão ou fogo para plantas menores). O fogo controlado pode ser

aplicado para eliminar plantas jovens de Pinus, apresentando a vantagem de eliminar a

manta de acículas, que é o principal obstáculo à regeneração das plantas nativas, no

caso de talhões antigos.

Page 23: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

23

7) Controle da invasão por gramíneas africanas em toda a área destinada à futura Estação

Ecológica: pulverização manual de glifosato sobre as manchas da espécie invasora

antes do florescimento dos capins, tantas vezes quantas forem necessárias até

erradicação. Não revolver o solo nessas áreas, exceto se isto for necessário para

controle de processos erosivos, pois o revolvimento do solo faz aumentar a invasão.

8) Para áreas em que o monitoramento apontar potencial muito baixo para regeneração

natural deverão ser testadas, experimentalmente, técnicas de plantio por mudas,

semeadura direta de gramíneas nativas ou transposição de top soil extraído de áreas

naturais de Cerrado não invadidas.

9) Restauração, por meio de técnicas de plantio, das áreas sem potencial para

regeneração natural que forem apontadas pelo Instituto Florestal.

Comprovação de resultado da restauração (obrigação da concessionária a ser

ratificada pelo IF)

Por meio de monitoramento periódico (a cada 05 anos), a efetividade da

restauração de cada talhão será demonstrada pela obtenção de 80% de cobertura do terreno

por vegetação nativa (herbáceas ou projeção da copa de espécies lenhosas), inexistência de

indivíduos de árvores exóticas e menos de 10% de ocupação por gramíneas exóticas.

Page 24: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

24

Estação Ecológica e Estação Experimental de Itirapina

Caracterização e uso atual das unidades

A Estação Experimental de Itirapina e a Estação Ecológica de Itirapina ocupam

área que começou a ser desapropriada pelo Decreto 14.027 de 14/06/1944, que foi seguido

por numerosas outras desapropriações, que resultam em área atual de 3.212 ha

correspondente à Estação Experimental de Itirapina e área de 2.300 ha correspondente à

Estação Ecológica de Itirapina.

Embora as últimas glebas (1.472,57 hectares no município e comarca de Brotas,

desapropriados em 1962, pelo Decreto n. 40.993, de 06 de novembro de 1962, modificado

pelo Decreto 44.163, de 02 de dezembro de 1964) fossem destinadas à “expansão dos

trabalhos de pesquisas e reflorestamento afetos ao Serviço Florestal da Secretaria da

Agricultura”, esta e algumas áreas que não foram reflorestadas com espécies exóticas vieram a

ser convertidas em Estação Ecológica em 1984, visando à conservação dos ecossistemas

naturais e pesquisa.

O Decreto 22335, de 07 de Junho de 1984 (que Cria a Estação Ecológica de

Itirapina e dá providências correlatas), estabeleceu como objetivo de criação da UC: “assegurar

a integridade dos ecossistemas e do conjunto fluvial ali existentes e proteger sua flora e fauna,

bem como promover sua utilização para objetivos educacionais e científicos”. Com base nesses

objetivos, ainda no início da década de 1990, foi elaborado o Plano de Manejo integrado das

duas unidades, que viria a ser publicado em 2004.

No ano de 2006, o Plano de Manejo integrado da Estação Ecológica e Estação

Experimetnal de Itirapina foi atualizado, tendo sido aprovado pelo CONSEMA somente no ano

de 2010 (Deliberação Consema 09/2010, de 19 de maio de 2010, na 271ª Reunião Ordinária do

Plenário). Este Plano foi elaborado a partir das seguintes diretrizes e objetivos:

“adotou-se como princípio conciliar a dicotomia entre conservação e produção;

de forma a utilizar todos os recursos humanos, logísticos e financeiros das Unidades de

Itirapina, para administrar sem distinção 3.212 ha de floresta implantada associados a suas

fisionomias de cerrado da Estação Experimental, com significativo valor social e outros 2.300

Page 25: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

25

ha de vegetação nativa da Estação Ecológica, com um valor ambiental inestimável. Dentre os

principais objetivos do trabalho destacamos:

Diversificar as atividades de manejo da Estação Ecológica, sempre visando a atingir

seus objetivos.

Intensificar o manejo florestal com caráter de uso múltiplo.

Aplicar e ensaiar alternativas metodológicas que possam ser irradiadas ao Instituto

Florestal (IF).

Participar do desenvolvimento, através do turismo e demais atividades

ambientalmente sustentáveis nos municípios da área de influência.

Estabelecer estratégias e ações que garantam a efetiva conservação de ecossistemas

representativos do Estado de São Paulo para as gerações futuras.”

O conglomerado formado pelas duas unidades (Figura 7) é utilizado, hoje, para

múltiplas finalidades, incluindo: produção florestal, lazer, educação ambiental, conservação da

natureza e pesquisa científica.

Page 26: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

26

Figura 7. Ocupação e uso atual da terra na Estação Ecológica e Estação Experimental

de Itirapina (adaptado a partir do Plano de Manejo).

Existem, no total, atualmente, 2003,06 ha ocupados por silvicultura na Estação

Experimental e na Estação Ecológica de Itirapina, dos quais 45,43 ha são plantios de espécies

arbóreas nativas ou experimentos que deverão ser manejados pelo Instituto Florestal. Dos

restantes 1957,63 ha, que farão parte do contrato de concessão, 696,88 ha deverão ser

revertidos para vegetação nativa após a exploração da madeira, conforme determina o Plano

de Manejo. O volume estimado de madeira em pé por meio de inventário realizado em 2012

(Tabela 3), que poderá ser objeto da concessão, é de 426.814,74 m3.

Page 27: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

27

Tabela 3. Síntese da estimativa do volume de madeira disponível para exploração na Estação Experimental de Itirapina, com base no inventário realizado em 2012. Os dados de volume referem-se a metros cúbicos de tora com casca.

Espécie

Área (ha)

Volume (m³)

P. caribaea var. bahamensis

7,53

4.029,28 P. caribaea var. caribaea

186,07

80.551,00

P. caribaea var. hondurensis

217,16

84.336,84

P. kesyia

114,92

38.257,68

P. oocarpa

159,26

57.591,06

P. elliotti

765,50

162.048,88

Total 1.450,44 426.814,74

Uso planejado da terra nas unidades de Itirapina

Embora o Plano de Manejo integrado das unidades de Itirapina tenha sido

aprovado no ano de 2010, muito pouco do que foi planejado (Figura 8) foi executado,

especialmente no que diz respeito à restauração de ecossistemas pela reversão de talhões

de silvicultura para vegetação nativa.

Page 28: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

28

Figura 8. Uso planejado das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina apontado pelo Plano de Manejo

Page 29: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

29

A Figura 9 sintetiza as ações de manejo que nortearão os termos da concessão,

destinadas à ampliação das áreas com vegetação nativa, pela exploração da madeira das

espécies exóticas e restauração ecológica em todos os talhões limítrofes com os

ecossistemas naturais da Estação Ecológica. A nova configuração da área como um todo,

com base nas ações de manejo e restauração a serem realizadas (Figura 9), compreende as

categorias descritas a seguir:

a) Talhões para exploração de madeira e reforma: correspondem à área de 1260,75

ha (em cor branca na Figura 9), destinada à silvicultura, onde é prevista a

exploração das árvores existentes e reforma dos plantios, sem revolvimento do

solo (cultivo mínimo).

b) Talhões para exploração de madeira e restauração: totalizam 696,88 ha (cor

abóbora na Figura 9), onde as árvores existentes serão exploradas por meio de

técnicas de baixo impacto, preservando o subosque. Essas áreas serão restauradas

(condução da regeneração natural ou, eventualmente, plantio) e integradas aos

ecossistemas para conservação.

c) Talhões experimentais ou de espécies nativas a serem manejados pelo IF:

correspondem à área de 45,43 ha (em cor rosa na Figura 9).

d) Vegetação natural ou em restauração (em cor verde na Figura 9). Compreende as

demais áreas da Estação Ecológica e da Estação Experimental de Itirapina, naturais

ou em restauração, com extensos trechos de invasão biológica por Pinus e alguns

raros pontos de invasão por Eucalyptus, que necessitam de intervenção imediata

para erradicação e controle. Nas áreas em verde no mapa é desejável também o

controle da invasão por gramíneas exóticas, especialmente ao longo de estradas e

carreadores.

Page 30: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

30

Figura 9. Talhões indicados para restauração após a exploração ou para exploração e reforma (adaptado a partir do Plano de Manejo). As áreas em cor verde (vegetação natural ou em restauração) apresentam invasão por árvores de Pinus spp ou Eucalyptus spp, em densidades variáveis, que deverão ser erradicadas.

Page 31: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

31

Dispositivos do PL referentes às unidades de Itirapina

O ofício de encaminhamento do PL à Assembléia pelo Sr. Governador traz o

seguinte texto, no que se refere às unidades de Itirapina:

“A concessão do uso dos próprios estaduais mostra-se a maneira correta e eficiente

para se atingir a melhor gestão das áreas em que estão situadas a Estação Experimental de

Itirapina.... Por meio do devido procedimento licitatório serão definidos os objetivos e

características da concessão, notadamente prazo, indicações e restrições de uso de área,

direitos da Administração e obrigações do concessionário, dentre as quais figurariam as

intervenções necessárias para a .... resolução dos problemas existentes em relação à Estação

Ecológica de Itirapina.

Cumpre frisar que o objeto da concessão de uso seriam somente as áreas .... da

Estação Experimental de Itirapina, que corresponde a 3.212 ha. A área de 2.300 ha da Estação

Ecológica de Itirapina não seria objeto de concessão, devendo manter as características de

preservação e investigação científica a que se destinam, sob execução e responsabilidade direta

da Administração estadual, cabendo ao futuro concessionário tão somente os ônus relativos à

sua recuperação e manutenção, nos limites estabelecidos em lei, edital e futuro eventual

contrato.

É necessário salientar, por oportuno, que a concessão de uso das áreas de floresta

não conflita com o princípio de manejo integrado das áreas contíguas de preservação

permanente e pesquisa. Na verdade, o instrumento de concessão milita em favor da

conservação e da pesquisa, já que permitirá extrair o máximo da potencialidade das áreas de

produção em favor das áreas de preservação, colocando-as no eixo necessário, dentro de um

período predeterminado para viabilizar, de modo permanente, a consecução dos objetivos

conservacionistas originais que norteiam a própria existência desta Secretaria de Estado.

Há ainda no anteprojeto que ora submeto, outras áreas em que o instrumento da

concessão de uso se mostra a melhor opção da administração e que hoje são áreas de

preservação permanente.” (Geraldo Alckmin)

Page 32: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

32

Artigo 1º - Fica a Fazenda do Estado autorizada a conceder o uso remunerado, pelo prazo de até 30 (trinta) anos, dos seguintes próprios estaduais:

...............

II - das áreas públicas, em que se situam a:

a) Estação Experimental de Itirapina, com área de 3.212 hectares, localizada na Rua 8, s/nº, Vila Santa Cruz, Itirapina – SP, encontrando-se descrita e identificada nos trabalhos técnicos que compõem o Processo nº SMA nº 3089/2013;

............................

Artigo 3º - A concessão de uso a que se refere o artigo 1º desta lei deverá ser precedida da realização de licitação, na modalidade de concorrência.

§ 1º - O edital de licitação deverá especificar:

2 - para a área a que se refere a alínea “a”, do inciso II, do artigo 1º desta lei:

a) as obras e serviços a serem realizados pela concessionária, bem como os usos possíveis na concessão, em consonância com o Plano de Manejo Integrado das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina.

b) as atividades a serem realizadas pela concessionária, como encargos da concessão, relativamente à Estação Ecológica de Itirapina;

....................

Artigo 4º - Do contrato de concessão deverão constar os encargos, cláusulas, termos e condições que assegurem:

..............

§ 2º - Para a área a que se refere a alínea “a”, do inciso II, do artigo 1º desta lei, o contrato deverá assegurar:

1 - a observância do Plano de Manejo Integrado das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina;

2 - a execução pela concessionária de georreferenciamento de todo o próprio estadual, compreendendo as áreas das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias contados da assinatura do instrumento a que alude o “caput” deste artigo, bem como, se cabíveis, a adoção das providências necessárias à retificação da descrição do perímetro do imóvel;

Page 33: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

33

Proposta para os termos da concessão

Objetivo: Implementar e atualizar periodicamente o Plano de Manejo Integrado da Estação

Ecológica e Estação Experimental de Itirapina, a partir de recursos gerados pela exploração

florestal.

Prazo: 30 anos

Restrições de uso das áreas:

A. Talhões para exploração e reforma (1260,75 ha): uso exclusivamente para silvicultura.

Não há restrições ao corte de espécies nativas, mas o plantio deve ser feito por cultivo

mínimo (sem revolvimento do solo em área total, para preservar as estruturas

subterrâneas de plantas nativas eventualmente existentes). O subosque não deverá ser

roçado a não ser por ocasião da reforma dos talhões. Uso por 25 anos, sendo os últimos

05 anos destinados à restauração da vegetação nativa para devolução ao Instituto

Florestal.

B. Talhões para exploração sem reforma (696,88 ha): nesses talhões o prazo para

exploração será de 10 anos. O corte e retirada das espécies cultivadas deverá buscar

impacto mínimo. Isso significa que o corte de vegetação nativa existente no subosque

deve restringir-se às linhas de carreadores, com distância mínima de 30 m entre

carreadores e 3 m de largura. Entre as linhas não será admitido o corte intencional de

plantas nativas.

Direitos da Administração (Instituto Florestal)

Acesso às áreas sob concessão mediante notificação à concessionária.

Obrigações do Instituto Florestal

Apresentar, anualmente, dentro do prazo estabelecido em contrato, as demandas em

termos de obras, serviços e aquisições para o ano seguinte, devidamente acompanhadas

Page 34: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

34

de Termos de Referência ou especificações, referendadas pelo Conselho Consultivo da

unidade. (Na Tabela 4 encontram-se resumidas as prováveis solicitações, como diretriz

para o gestor);

Coordenar a implementação e atualizações do Plano de Manejo;

Realizar pesquisas nas áreas naturais ou em restauração e dar diretrizes para a

restauração dos ecossistemas nas áreas indicadas em contrato;

Providenciar o georeferenciamento das terras e sua regularização cartorial (a partir do

mapeamento realizado pela concessionária).

Verificar o cumprimento das cláusulas do contrato de concessão.

Obrigações da empresa concessionária

Providenciar a realização ou a contratação de obras e serviços e as aquisições solicitadas

pelo gestor, segundo os Termos de Referência e especificações apresentados pelo

Instituto Florestal.

Efetuar o depósito, em conta-poupança, dos recursos que excederem a demanda anual

apresentada pelo gestor.

Apresentar comprovantes de custos de obras, serviços e aquisições realizados ou

contratados pela concessionária, bem como demonstrativo de saldo disponível, ao final

de cada ano.

Realizar ou contratar serviços de manutenção das áreas como um todo: aceiros, estradas

internas, cercas, controle de espécies invasoras (Pinus e gramíneas exóticas) durante 30

anos.

Realizar ou contratar serviços que sejam apontados como necessários pelo Instituto

Florestal para a restauração de ecossistemas naturais.

Realizar o monitoramento dos ecossistemas em restauração, apresentando relatórios

periódicos a cada cinco anos.

Devolver a área integral das duas unidades ao Instituto Florestal, ao final dos 30 anos,

com os ecossistemas naturais restaurados e a infra-estrutura instalada e em bom estado.

Page 35: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

35

Tabela 4. Obras, equipamentos e serviços a serem custeados pela concessionária em Itirapina, com base nas recomendações do Plano de Manejo das unidades.

Item Custo

estimado (R$) Ano Justificativa

Georeferenciamento das unidades 45.000,00 1 Necessário para a regularização da documentação das unidades, exigida por lei.

Construção de Centro de Referência em Estudos do Cerrado (860 m

2 + galpão)

3.236.850,68 2 Obra essencial para alavancar as atividades científicas na EEc Itirapina

Construção do Centro de Visitantes

2.011.213,72 1 Prevista no Plano de Manejo

Instalações para Uso Público 190.000,00 1 Previstas no Plano de Manejo

Reformas da estrutura existente e Suporte a Pesquisa (equipamentos)

100.000,00 1 Essenciais para o desenvolvimento de pesquisas

Restauração de ecossistemas (condução da regeneração natural)

A estimar* 1 a 10 Ações prioritárias nas áreas após exploração das exóticas cultivadas ou erradicação de invasoras, para reintegração dos ecossistemas naturais.

Restauração de ecossistemas nas áreas concedidas (plantio)

A estimar* 26 a 30 Ação exigida nos últimos cinco anos do contrato, para restauração do Cerrado em toda a área.

Controle de invasões biológicas (600 ha de invasão esparsa + 600 ha de invasão densa)

135.000,00 1 a 5 Ação fundamental e urgente para a conservação dos ecossistemas naturais. Custo estimado em R$215,00/ha para invasão densa e R$12,56/ha para invasão esparsa (Abreu 2013)

Aquisição de veículos (para os primeiros cinco anos)

285.000,00 1 Essenciais para as ações de pesquisa e administração.

Manutenção de veículos e equipamentos (por ano)

15.000,00 1 a 30 Para assegurar o funcionamento dos veículos e equipamentos

Combustível (por ano) 10.000,00 1 a 30 Para o veículo que vier a ser adquirido

Atualização do Plano de Manejo a cada cinco anos (custo por edição)

200.000,00 2, 7, 12, 19, 24,

29

Essencial para atender à legislação vigente

Financiamento de projetos de pesquisa (por ano)

20.000,00 1 a 30 O desenvolvimento de pesquisas vem sendo cerceado pela falta de recursos para custeio dos projetos.

Total 6.248.064,40**

*A estimativa de custos dependerá do monitoramento para a definição da necessidade de plantio ou possibilidade de condução da regeneração natural. ** Não inclui os valores a estimar para os custos da restauração.

Page 36: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

36

Técnicas a serem aplicadas para a restauração dos ecossistemas naturais

Os talhões de silvicultura que serão revertidos para vegetação nativa foram

plantados, invariavelmente, há algumas décadas, após desmatamento da vegetação de Cerrado.

Como regra geral, a densidade atual de árvores exóticas é baixa, uma vez que os talhões já

foram submetidos a desbastes. Com a abertura do dossel, existem espécies nativas em

regeneração sob os talhões, herbáceas e lenhosas, em densidade e cobertura variáveis,

geralmente capazes de desencadear a restauração passiva (por regeneração natural, sem

necessidade de intervenção) após a retirada das exóticas cultivadas.

As técnicas de restauração a serem aplicadas devem basear-se no potencial de

regeneração natural da vegetação nativa, devendo ser evitado o plantio de mudas. Se

necessário, para atingir os critérios de efetividade da restauração (abaixo), só serão aceitas

mudas produzidas por propágulos obtidos na própria UC, para evitar a introdução de espécies

ou genótipos alóctones.

A queima controlada é desejável nos talhões a serem restaurados ou em áreas

invadidas por Pinus, em que a manta de acículas for mais espessa que 6 cm ou onde houver

plantas jovens de espécies de Pinus (DAP < 4 cm). Essa prática elimina os obstáculos à

regeneração natural sem revolver o solo, que prejudica a resiliência do Cerrado e estimula a

ocupação por gramíneas exóticas invasoras.

Nos talhões de eucalipto em que a vegetação nativa será restaurada e nas áreas

pontuais onde há invasão de zonas ripárias por espécies de eucalipto, o corte das árvores deve

ser seguido de aplicação imediata de herbicida (glifosato) puro na touça, para impedir a rebrota.

Ações previstas para restauração de ecossistemas, em ordem de prioridade

1) Controle da invasão por Pinus na Estação Ecológica (derrubada com motosserra para

árvores a partir de 4 cm DAP e facão para plantas menores). Essa operação não deve ser

realizada no período de Janeiro a Julho, quando as sementes da espécie invasora estão

viáveis. O material lenhoso deve ser desdobrado e retirado em áreas com invasão

densa, sem regeneração natural de plantas nativas. Quando a invasão for esparsa e

Page 37: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

37

houver plantas nativas sob as árvores invasoras a operação deve se restringir ao corte e

abandono do material em campo, para evitar o impacto da retirada.

2) Controle da invasão por espécies de eucalipto na Estação Ecológica. Corte raso e

aplicação imediata de herbicida (glifosato) na touça.

3) Eliminação das árvores exóticas nos talhões antigos que não serão reformados, dentro

de prazo máximo de 10 anos. Pode ser:

c) imediata e total (corte raso) nos talhões em que existe vegetação nativa cobrindo

pelo menos 50% do terreno. As operações de corte e retirada devem assegurar

impacto mínimo. No caso de talhões de eucalipto, o corte deve ser seguido de

aplicação de herbicida (glifosato) puro na touça.

d) gradual, por desbastes, onde houver regeneração natural em baixa cobertura.

Nessas áreas deve ser realizado o controle permanente de espécies invasoras

(gramíneas exóticas ou Pinus)

4) Controle da invasão por Pinus nos talhões a serem restaurados (motosserra para árvores

a partir de 4 cm DAP e facão ou fogo para plantas menores). O fogo controlado pode ser

aplicado para eliminar plantas jovens de Pinus, apresentando a vantagem de eliminar a

manta de acículas no caso de talhões antigos, que é o principal obstáculo à regeneração

das plantas nativas.

5) Instalação de experimento de controle de gramíneas exóticas invasoras, para direcionar

ações futuras visando à erradicação da espécie e restauração dos ecossistemas

invadidos.

6) Restauração, por meio de técnicas de plantio, das áreas sem potencial para regeneração

natural que forem apontadas pelo Instituto Florestal.

Critérios para comprovação da efetividade da restauração para verificação

do cumprimento das cláusulas do contrato de concessão

Por meio de monitoramento periódico (a cada 5 anos), a efetividade da restauração

de cada talhão será demonstrada pela obtenção de pelo menos 80 % de cobertura do terreno

por vegetação nativa (herbáceas ou projeção da copa de espécies lenhosas, medida pelo

Page 38: New Secretaria de Estado do Meio Ambiente Instituto Florestal · 2015. 8. 6. · Instituto Florestal Relatório do Grupo de Trabalho criado em 03/06/2013, para Elaboração de procedimentos

38

método de linhas), inexistência de indivíduos de árvores exóticas e menos de 10% de ocupação

por gramíneas exóticas. A realização do monitoramento e a comprovação do resultado da

restauração serão obrigações da concessionária, com posterior ratificação pelo IF. Esses níveis

deverão ter sido atingidos em todas as áreas concedidas, ao término do contrato.

Ao término do contrato, as áreas devem ser devolvidas ao Instituto Florestal sem

nenhum indivíduo das espécies arbóreas exóticas cultivadas ou invasoras.