Newsletter - Janeiro 16

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  • 7/25/2019 Newsletter - Janeiro 16

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    N 9 janeiro Ano:2016 Pg. 1

    ndice

    Artigos de Interesse Especial

    Nota de abertura____________1

    Destaque do ms:

    Centenrio de Verglio Ferreira__2

    Memria coletiva:Tom Jobim_________________2

    Uma proposta de leitura:

    Mrs. Dalloway_______________3

    Ideias do ms_______________4

    Escrita de palavras___________4

    Destaques Individuais

    Autor do ms_______________3Um Poema_________________ 2

    Nota de abertura Do amor e do corpo em Verglio Ferreira

    Mas mesmo onde era mais noite havia restos do dia, talvez restos daluz do dia, pensei, e era bom para nos vermos e no vermos, como

    prprio da beleza. (Em nome da terra, pg. 14)

    O teu corpo. O amor do teu corpo e tudo o que possvel acumularpara uma vida, esse resgate permanente da tua juventude, da tuaperfeio que a nossa identificao para pronunciar Terra ouUniverso ou Deuses. contigo, com a tua expresso de amor que emtomos de energia e sorrisos, de pele branca que nos encontramos namais desnudada imaginao. a construo da nossa mortalidade,mas mais do que apenas material. feita de deslumbramento, demistrio e de impossvel, pois a ternura s se formula nessa criao dedoura. Uma doura capaz de em momentos de tempo mais lentopermitir a nossa criao, entre a tua agilidade, o teu riso de nuvem, osteus cabelos soltos em caracis, as tuas mos de chuva, a tua

    vitalidade de mrmore feita corpo transbordante de alegria. E agoraque sucumbo s feridas do tempo, em que tropeo nas minhas mosgastas, com linhas de chuva escorrendo, como gotas de vidraasensombradas de vento vejo as leas da janela que resistem aos diasseguidos de rotina. Decoram o mais longe, com braos esguiosnascidos em rugas que o tempo acastanhou e de onde flores de ventose erguem como pequenos jardins. E deste amor que se lembra, comoamar-te agora em rugas de silncio, no tempo do acontece, naessncia da eternidade, acima da memria descalcificada. O sublime sempre uma iluminao, ama-se com esse sentido de circunstncia, aforma de escrever eternidade, como quando os astros se juntam

    numa galxia de luz. o ponto inicial e final de consumir beleza, ofascnio encontrado nos teus olhos, o amor do qual no sabamos sair,o mundo que no existe, as formas macias de toda a expressocorporal, o fundamento da terra. E em casas, como rvores ouvamosa folhagem, o silncio do absoluto, os seres da terra, a sua msica etalvez tambm Deus. E era para superar a nossa mortalidade e o seupoder, a sua omnipotente vaidade que nos amvamos at queperdemos o que era o amor, essa cano sem lobos. E dos momentosem que partiste tornou-se impossvel recuperar as formas e omovimento de como, de quanto te amei. Penso nessas formaspossveis do que fomos, a nossa ontologia, como uma natureza viva

    que j no se recupera no desenho do teu rosto, pois j no sobra doreal que vejo. Essa expresso de amor, escrito nesses tempos de rio ebosques, medido com o universo deu-nos uma forma de eternidade. Ocorpo que se transcende de angstia de tempo deu-nos essatotalidade de ns. O que farei desse sonho de nuvem? - LC

  • 7/25/2019 Newsletter - Janeiro 16

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    N 9 janeiro Ano: 2016 Pg. 2

    Destaque mensalTrs dias com Verglio Ferreira

    Os alunos das turmas (10 C1, 10 C2, 10 C3, 11 E2 e 2 C1)

    participaram nas atividades planeadas para celebrar o centenrio do

    nascimento de Verglio Ferreira. A Biblioteca e a disciplina de Filosofia

    organizaram um conjunto de atividades a que se deu o nome de trs

    dias com Verglio Ferreira. Foram divulgados contedos digitais sobre

    este autor e apresentados aos alunos um folheto biogrfico e um

    Boletim Bibliogrfico. No final de cada sesso foi proposta uma

    actividade de escrita / reflexo sobre algumas das temticas da obra deVerglio Ferreira. Mais tarde sero divulgados alguns destes textos.

    Um poema Eugnio de Andrade

    Escuta, escuta: tenho ainda

    uma coisa a dizer.

    No importante, eu sei, no vai

    salvar o mundo, no mudar

    a vida de ningum mas quem

    hoje capaz de salvar o mundo

    ou apenas mudar o sentido

    da vida de algum?

    Escuta-me, no te demoro.

    coisa pouca, como a chuvinha

    que vem vindo devagar.

    So trs, quatro palavras, pouco mais.

    Palavras que te quero confiar,

    para que no se extinga o seu lume,

    o seu lume breve.

    Palavras que muito amei,

    que talvez ame ainda.

    Elas so a casa, o sal da lngua.

    Eugnio de Andrade, O Sal da Lngua.

    Fundao Eugnio de Andrade

    Tom Jobim

    uma das figuras imortais dos nossos dias. Cantou a

    beleza, os encontros e desencontros dos seres humanos,

    revelou as paisagens quotidianas de um Pas diferente.

    Ajudou a criar um movimento cultural de grande valor, a

    Bossa Nova. Chama-se Antnio Carlos Brasileiro Jobim e a

    sua arte musical e potica encheu de graciosidade todos

    os que tiveram a oportunidade de o ouvir. Nasceu a 25 de

    Janeiro de 1927 no Rio de Janeiro e foi compositor,pianista, maestro, conversador nato e criador de uma

    paisagem potica que deslumbraria o Mundo. Revelou-nos

    como a cultura pode criar um Pas novo. Com

    simplicidade, continua a encantar-nos.

    (..)Que no peito dos desafinados

    No fundo do peito

    Bate calado, que no peito dos desafinadostambm bate um corao.

    De Desafinado: (Tom Jobim)

  • 7/25/2019 Newsletter - Janeiro 16

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    N 9 janeiro Ano: 2016 Pg. 3

    Autor do ms: Verglio Ferreira

    O que h a redimir a fulgurante evidncia da

    nossa condio, mediante uma outra evidncia

    absoluta que a aceite em harmonia, em

    plenitude . O que h a redimir a adequaodeste milagre brutal de nos sabermos umaevidncia iluminada, de nos sentirmos esteser que vivo, se reconhece nico no corpoque ele, na lcida realidade que o preenche,o identifica nas mos que prendem, na bocaque mastiga, nos ps que firmam, de nosdescobrirmos como uma entidade plena,indispensvel, porque ela de si mesma ummundo nico, porque tudo existe atravs

    dela e impossvel que esse tudo deixe deexistir, porque ela irrompe de ns como apura manifestao de ser, e o ser a nicarealidade pensvel o que h a redimir aadequao desta fantstica evidncia quenos cega e a certeza de que ela estprometida morte, de que o seu destino aimpossvel e absoluta certeza do no-ser, dapura ausncia, da totalidade nula, da purairrealidade. Colaborar com a vida, aceitar avalidade de uma norma, forjar uma regrapara a distribuio da nossa ao e interesse sim. Mas impossvel, antes disso,desviarmos os nossos olhos de fascinao davertigem, e vermos, vermos bem, de quefundas razes gostaramos de entender tudoquando realizssemos. uma tentativaabsurda, meu amigo, toda a gente no-lo diz toda a gente que desconhece essa fora quenos fascina. Mas eu sei que s se homem,plenamente, quando se sabe. A escala de

    tudo quanto povoa a terra estabelece-se-nosa, no saber. A iluso da plenitude, a fico deuma quotidiana divindade. Essa que se definepor uma certa instalao na permanncia,forja-se apenas de uma inconscincia animal.Somos homens, no somos deuses nempedras. Se a grandeza que nos coube foi essaao menos de saber, conquistemo-la at onde,nos limites das evidncias primeiras, ela senos anuncia. E se o absurdo a face desses

    limites, assumamo-lo como quem no rejeitanada do que ainda ns prprios. A cobardiano est em assumir esses limites, mas emrecus-los. ()Verglio Ferreira. Carta ao Futuro. Quetzal.

    Uma proposta de leitura: Mrs. Dalloway

    "Mrs. Dalloway disse que ela mesma compraria

    flores. (...)

    Agora, nunca mais diria de ningum no mundo queessa pessoa era isto ou aquilo. Sentia-se muito jovem;

    ao mesmo tempo, indizivelmente envelhecida.

    Atravessava as coisas como uma faca e, ao mesmo

    tempo, ficava de fora, a olhar. Tinha a perptua

    sensao, enquanto observava os txis, de estar

    longe, longe, muito longe, no meio do mar; sempre

    tivera a sensao que era muito, muito perigoso, viver

    um s dia que fosse. (...)

    So as vises que flutuam incessantemente, que

    contornam as coisas, que interpem o rosto entre elas

    e a realidade; dominando frequentemente o viajante

    solitrio e tirando-lhe o sentido da terra, o desejo de

    regressar, concedendo-lhe por sua vez uma paz

    absoluta, como se toda aquela febre de viver fosse a

    prpria simplicidade; e mirades de coisas se

    dissolvessem numa s; e aquela figura, feita com o

    de cu e ramos, se erguesse do mar turbulento como

    uma forma que pode ser sugada para fora das ondas e

    fazer chover das suas magnificentes mos a

    compaixo, a compreenso, a absolvio."

  • 7/25/2019 Newsletter - Janeiro 16

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    N 9 janeiro Ano: 2016 Pg. 4

    BIBLIOTECAS ESCOLARES

    Biblioteca Escolar| ESRDA

    Rua Jau Alto de Santo AmaroTelf. 213 616 060

    [email protected]

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    Ideias para o ms

    Destacamos como autor do Ms, na Biblioteca,

    Verglio Ferreira. A Biblioteca organizou um conjuntode atividades a que se deu o nome de trs dias com

    Verglio Ferreira. A Biblioteca e o grupo de Portugus

    organizaram as provas do Concurso Nacional de

    Leitura. Foi ainda destacado o Dia do Holocausto com

    a organizao de algumas atividades (mostra de livros

    / projeo de um filme). No espao de leitura informal

    deu-se desta ue aos diversos livros do ms.

    Escrita de Palavras A raiz do medo

    O medo, quando de alguma forma interage connosco, integra-se

    plenamente na nossa constituio. Passa a fazer parte de ns assim como

    os nossos membros, pensamentos ou lgicas. Este vai aos poucos

    prendendo-se e amarando-se intensamente sem ns (em muitos casos)

    darmos por isso. Como no nos apercebemos da dimenso da situao,

    nem do exato momento em que se inicia e perdura, aquilo que podia ser o

    mais pequeno medo, o que se confundiria facilmente com o receio, vai-semultiplicando e fundindo medida que nos desenvolvemos, at que aos

    poucos vai formando a sua raiz. Uma raiz mutvel e fortificada que se

    engloba num corpo fraco e pobre, uma rstia de grandeza que fora antes

    do encontro com o medo e do frente-a-frente fatal. A falta de fora

    impossibilita o combate destrutivo que nos salvaria. nesta luta com o

    nosso "eu" que a raiz aumenta e se propaga inconscientemente,

    bloqueando primeiramente o tronco, onde tudo se conectara e gerara,

    seguindo-se-lhe os braos e as mos, as pernas e os ps. () Ficou agora

    apenas uma mente imvel, mais funda e enterrada do que visvel e que

    anseia com desespero ver a luz do Sol, pelo menos mais uma vez. ()

    Uma mente que no incio, desejava o cu e as estrelas e que agora s se

    pode contentar com a terra e o subsolo hmido, frio e escuro; () E quem

    foi o culpado? Talvez o medo seja o mais bvio. Para mim, no apenas a

    ele que se devem atribuir as responsabilidade. Defendo que foi "algum"

    que se deixou morrer quando se tinha podia ter libertado e salvado. Em

    vez disso, retraiu-se e autorizou o repouso e consequente formao de

    uma raiz indestrutvel fora humana. Aqui est a raiz do medo. A

    substncia que nos confronta e que surge quando menos se espera, mas

    cuja vida e durao depende unicamente de ns.

    MARIANA PEREIRA| 11. H1 | | ESRDA| 2015/ 2016|

    Biblioteca Escolar

    Escola Secundria Rainha Dona Amlia|

    |Lisboa

    mailto:[email protected]:[email protected]://biblioteca-rainha.blogspot.pt/http://biblioteca-rainha.blogspot.pt/https://www.diigo.com/user/bibliorainhahttps://twitter.com/Bibliorainhahttp://www.pinterest.com/bibliotecaesrda/https://www.facebook.com/people/Biblioteca-Esrda/100004174698915https://www.facebook.com/people/Biblioteca-Esrda/100004174698915https://www.facebook.com/people/Biblioteca-Esrda/100004174698915http://www.pinterest.com/bibliotecaesrda/https://twitter.com/Bibliorainhahttps://www.diigo.com/user/bibliorainhahttp://biblioteca-rainha.blogspot.pt/mailto:[email protected]