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NEWSLETTER Editorial Destaques • A caminho de erradicar a malária • Violência Sexual • Bullying - uma realidade intemporal • Eleições livres no Haiti Abril 2011 Newsletter 3 Directora: Nélia Nobre Editor: João Sigalho Grafismo: T&T ASSOCIÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Bullying fenómeno reconhecido recentemente a nível internacion- al e tem sido um tema em voga. Os comportamentos associados afectam directamente a vida de milhões de jovens, mas não só. Na actualidade, tem vindo a ser um tema debatido com maior afinco, muito devido à exposição mediáti- ca de jovens que se impuseram contra esses comportamentos. João Sigalho Cartoon por | José Marques www.artzreal.com WWW.DIREITOSHUMANOSAAC.ORG SECÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

Newsletter SDDH Abril 2011

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Newsletter SDDH Abril 2011

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Page 1: Newsletter SDDH Abril 2011

NEWSLETTER

Editorial

Destaques• A caminho de erradicar a malária

• Violência Sexual

• Bullying - uma realidade intemporal

• Eleições livres no Haiti

Abril 2011 Newsletter 3 Directora: Nélia NobreEditor: João SigalhoGrafismo: T&T

ASSOCIÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Bullying fenómeno reconhecido recentemente a nível internacion-al e tem sido um tema em voga. Os comportamentos associados afectam directamente a vida de milhões de jovens, mas não só. Na actualidade, tem vindo a ser um tema debatido com maior afinco, muito devido à exposição mediáti-ca de jovens que se impuseram contra esses comportamentos.

João Sigalho

Cartoon por | José Marques

www.artzreal.com

WWW.DIREITOSHUMANOSAAC.ORG

SECÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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Na terça-feira, 19 de Abril, veri-ficou-se um aumento da pressão para que Khadafi abandone o poder, na conferência de Londres. Após uma série de explosões, os EUA afirmam que os ataques se devem atenuar. O facto de os combatentes anti-Khadafi não terem logrado da campanha aérea está a ser interpretado como um sinal de impasse no conflito.

Nélia Nobre

No dia 25 de Abril ocorreu a cele-bração dos 37 anos da implemen-tação da democracia na República Portuguesa. Após um ano contur-bado (tanto a nível económico, social e político), salvaguarda-se a demonstração em massa dos di-reitos do povo português, através da realização de manifestações pacíficas, uso do direito ao voto e da liberdade de expressão. Em-bora em ponto pequeno, o pre-sente artigo serve para agradecer aos “Capitães de Abril” o facto de terem alterado a realidade portu-guesa.

João Sigalho

VIOLÊNCIA NO IÉMEN ATAQUES NA LÍBIAABRANDAM

25 DE ABRIL DE 2011 UM MARCO DE ESPERANÇA

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No espaço de um mês e meio 26 crianças foram mortas em conse-quência de conflitos armados. A UNICEF, durante o mês de Abril, solicitou às partes envolvidas que unissem todos os meios para pro-teger menores, com o intuito de evitar o aumento desse número, embora não tenham sido desen-volvidas, até então, medidas que o consumassem.

Nélia Nobre

O 25 de Abril marca o Dia Mundial da Malária. Cientistas concluíram que será possível sobrepor a pop-ulação de mosquitos alterados geneticamente à restante, em algumas gerações. De relembrar um caso de sucesso, visto que em Moçambique foi possível reduzir o número de óbitos relacionados com a malária em metade, seg-undo a UNICEF.

João Sigalho

CIÊNCIA A CAMINHO DE ERRADICAR A MALÁRIA

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Não pretendo cingir-me a um di-reito em particular. Considero que todos eles sejam importantes. E de facto são. Existem direitos que de certa forma nos tocam mais do que outros, mas isso também se deve à sociedade em que nos en-contramos inseridos. A igualdade de oportunidades en-tre sexos é algo que foi conquis-tado com o tempo em Portugal e noutros países como o nosso, mas todos nós sabemos que em mui-tos países, muitos deles nossos “vizinhos”, muitas mulheres ainda vivem na sombra dos homens. Continuamos a sofrer a discrimi-nação de géneros, continuam a tratar-nos como incapacitadas face ao homem.Não me imagino a viver num pais que me limitasse em termos de escolhas e opções. Não me im-agino como escrava eterna de um homem que muitas delas não amam, mas desprezam. A minha mente não concebe a id-eia de submissão ao sexo mascu-lino.É verdade que os homens têm uma força física superior à das mulheres mas não é isso que serve como impedimento à con-quista de sonhos e de ambições.Com isto tudo não pretendo demonstrar uma feminista frívola que considera a espécie masculina algo abominável, antes pelo con-trário. Pretendo antes chamar a atenção de muitas mulheres que

DIREITOS HUMANOS: UMA QUESTÃO DE VIDA (S)

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vivem na sombra de um homem por opção. Abrir-lhes os olhos face aquilo que se passa à sua volta, pois nem todas têm a pos-sibilidade e a oportunidade de ter uma posição social equivalente à do homem. Vou dar um exemplo simples que a mim, no papel de mulher, me chocou.Uma miúda brasileira de nove anos que estava grávida e que vivia em casa da sua tia, mas que assim que o bebe nascesse, iria novamente para casa de sua mãe que tomaria conta de ambos.Não pensem que esta criança de nove anos que iria dar a luz outra criança, estava grávida por vio-lação.

NÃO ESTAVA GRÁVIDA SIM PORQUE, TAL COMO OUTRAS MIÚDAS BRA-SILEIRAS, UM HOMEM QUE LHE OFER-EÇA UM PEDACINHO DE CÉU É DIGNO DE POSSUIR O SEU CORPO.

Um corpo que para muitos ho-mens não passa de um brinquedo onde podem assim, satisfazer os seus instintos carnais.Conto-vos este exemplo, não para que se revoltem contra uma so-ciedade que permite que casos destes aconteçam sem qualquer tipo punição para quem o faz, mas para que tomem consciência de que, infelizmente, continuamos a viver num mundo cheio de in-justiças sociais e que muitos de nós continuam a optar por um mundo perfeito e cor-de-rosa sem se darem conta do que se encon-tra a nossa volta.

Rute Santos

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VIOLÊNCIA SEXUAL – A ARMA “INVISÍVEL” DOS CONFLITOSRwanda, 1994, guerra entre Hutu e Tutzi

“UM DIA, NA RÁDIO, É DITO QUE O MEU VIZINHO, COM O QUAL SEMPRE ME DEI BEM, POSSUI UM SANGUE DIFERENTE, PERTENCE A UMA RAÇA INFERIOR E QUE, COMO TAL, TEM DE SER ODIADO”.

Essa ideia começa a ser imple-mentada na sociedade, através da aplicação de barreiras étnicas e linguísticas, o que, combinado com o tráfico massivo de arma-mento, resulta numa guerra civil entre os Hutus e os Tutsi. Essa vi-olência é perpetrada com armas simples (facas, armas de fogos, macetes) e também com o uso da violência sexual sobre o corpo das mulheres, sendo este um método de humilhar e de desmoralizar a parte oposta do conflito, como irá ser abordado posteriormente.Este método é utilizado, também, devido à elevada probabilidade de contrair o vírus HIV/SIDA, visto que o vírus irá contagiar os parcei-ros sexuais da mulher e também poderá vir a influenciar a vida dos futuros filhos, o que associado ao deficiente fornecimento de fárma-cos e à impossibilidade de cura, resulta numa estratégia macabra para limitar a sobrevivência de di-versas etnias. Segundo Véronique Nahoum-Grappe, a qual tem dedi-cado a sua vida à antropologia, a violência sexual “é uma forma de demonstrar poder e controlo. Im-põe medo a toda a comunidade.

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Visa também transmitir uma men-sagem aos homens: não são ca-pazes de defender as vossas mul-heres”, desmoralizando assim a população alvo, até na realização de pequenas actividades funda-mentais do dia-a-dia, as quais implicam a saída das mulheres do seu lar. Nos casos mais extre-mos, a violência utilizada pelos grupos armados pode provocar danos irreparáveis ao aparelho reprodutivo das mulheres, sendo que nestes casos resulta no próp-rio afastamento da mulher do seio da sociedade, visto que estas so-ciedades são caracterizadas pelo facto de os homens procurarem mulheres capazes de gerar de-scendentes.O tribunal internacional de l’Aja definiu, no 2001, a violência sexu-al como arma de guerra e consid-erou a mesma como crime contra a humanidade, tendo em conta a condenação dos casos de violência sexual aquando da guerra na ex-Jugoslávia. Este caso serve para referir que não é só em África que ocorrem estes crimes, visto que até na Europa se podem verificar alguns casos do uso da violência sexual como arma de guerra. Du-rante a guerra nos Balcãs, a qual opôs diferentes etnias (e também baseado em diferenças religiosas) num conflito armado, a violação foi instrumentalizada pelos exérci-tos como uma arma de sistemáti-ca humilhação e abuso sobre os corpos das mulheres pertencentes a diferentes etnias.

Sofia Poppi

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BULLYING – UMA REALIDADE INTEMPORAL

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O bullying é definido pelo uso da agressão (física ou psicológica), intencional e repetida, com o intu-ito de se intimidar e/ou perseguir alguém, sendo que, actualmente, associa-se primeiramente a situ-ações que decorrem no ambiente escolar, mas também já se insere nesse grupo a própria violência utilizada em casa ou até as situ-ações decorrentes nos locais de trabalho.

Associado a pessoas que já tenham sofrido de violência psicológica ou física, o perpetrador do bullying, por norma, consegue escapar à punição do acto devido à incapaci-dade que as vítimas têm em reagir cabalmente com a situação, quer seja aquando do confronto ou até após a realização do acto, devido à incapacidade psicológica (por nor-ma associado ao medo que se tem do agressor ou até mesmo devido a um sentimento de vergonha) que as vítimas têm de denunciar

a situação. Esta realidade não é recente visto que desde sempre houve membros da sociedade que oprimiram os restantes (por diver-sos motivos), mas só nos últimos anos se começou a verificar uma preocupação por esta realidade, muito devido à capacidade dos media em exporem situações que afectam diferentes sociedades. Desde então, medidas têm vindo a ser tomadas por actores pert-encentes à sociedade (através de criação de fóruns de debate so-bre a situação em análise, através da criminalização do acto, ou até através da divulgação de propa-ganda que tem como intuito a ex-posição dos casos).

NOS ÚLTIMOS MESES TÊM SIDO EXPOSTOS NA INTERNET DIVER-SOS VÍDEOS QUE DEMONSTRAM A CORAGEM DE DIVERSOS JO-VENS (E POR VEZES ATÉ MEROS PEÕES QUE SE DEPARAM COM SITUAÇÕES DE BULLYING NUM ESPAÇO PÚBLICO) A REAGIREM CONTRA OS BULLIES. Casey Heynes, quinze anos, foi alvo de bullying até ao dia em que resolveu tomar uma atitude con-tra um dos seus agressores, mo-mento que foi capturado numa câmara de filmar e colocado na internet. Até ao momento é difícil precisar o número de visionamen-tos do filme, mas estima-se que já tenha sido observado por milhões de pessoas em todo o mundo, o que levou à realização de uma entrevista por parte de um canal de televisão da Austrália. Mais

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uma vez, percebe-se que não ex-iste uma percepção da ocorrência destes actos de violência por parte das pessoas próximas das vítimas de bullying, situação que tem sido alvo de diversas críticas por parte de ditos “peritos”, na medida em que acusam os pais/amigos/con-hecidos de se alhearem da vida dos seus entes mais próximos quando, na realidade, apenas se verifica um isolamento por parte das vítimas, como foi previamente referido.A internet tem sido o instrumento mais utilizado para tentar combat-er este flagelo, como se pode facil-mente verificar através de uma pequena pesquisa sobre o tema, onde nos deparamos com intensos debates (sobre as causas, modos, consequências desse acto), um sem número de vídeos a demon-strar tentativas de bullying que não se concretizaram devido à re-sposta por parte das vítimas, ou até sites que facilitam o acompan-hamento das vítimas por parte de pessoal qualificado. Se formos a ter em conta a instrumentalização desse avanço tecnológico para combater essa atitude,

DÁ PARA ENTENDER QUE NOS DE-PARAMOS COM UMA SITUAÇÃO INTEMPORAL QUE AFECTA TO-DOS OS ESCALÕES DA NOSSA SO-CIEDADE E QUE, INFELIZMENTE, MUITO DIFICILMENTE SERÁ IN-TEIRAMENTE ERRADICADO.

De ter em conta que este tipo de abusos pode vir a englobar actos de violência doméstica, na medida

em que esses actos se inserem no tipo de comportamento descrito pela definição de bullying (abu-sos físicos/psicológicos repetidos, com o intuito de intimidar e/ou perseguir alguém), assim como é o caso da violência que, por vezes, ocorre no local de trabalho, sendo que neste caso é fácil denotar um enfoque na violência psicológica. Tendo isso em conta, dá para de-notar uma abrangência do bully-ing a grande parte da sociedade, mesmo que por vezes não seja-mos capazes de assimilar a ocor-rência desse acto. É importante realçar que este tipo de comportamento não é carac-terístico de sectores em particular da sociedade, podendo nós próp-rios vir a ser alvo dele, independ-entemente da nossa situação so-cial, da nossa raça, do nosso credo ou até mesmo das nossas escol-has.Como tal, o presente artigo serve para chamar a atenção de uma realidade que é tão intrínseca à sociedade, que leva a que vítimas (como é o caso de Casey Heynes) venham a ser vistas como heróis, devido ao sentimento de cor-agem e esperança que conseguem transpor para a vida de outros que sofram dos mesmos abusos.

João Sigalho

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O presidente Alexander Lukashen-ko afirmou, no dia 21 de Abril de 2011, que os atentados ocorridos a 11 de Abril de 2011 resultaram da excessiva democracia em vigor no país. Com esta afirmação, existe o receio por parte da comunidade internacional que o presidente em questão venha a desenvolver me-didas repressivas para com a sua população.

João Sigalho

Em 2010 foram denunciados 79 possíveis casos de tráfico de seres humanos, em Portugal. Segundo o Jornal de Notícias, 21 foram con-firmados e 35 estão a ser investi-gados. Verificou-se uma alteração no público-alvo deste crime au-mentando o tráfico de seres hu-manos do sexo masculino tendo como resultado final a exploração laboral.

João Sigalho

Após confrontos originários entre as diferentes facções que concor-riam ao poder, o ambiente acal-mou e verificou-se a confirmação da existência de eleições livres e justas no Haiti, por parte da co-munidade local e por parte de diversas organizações internacio-nais. Este feito resulta na eleição do cantor Michel Martlly

João Sigalho

PRESIDENTE BIELORRUSSO LIGA O “EXCESSO DE DEMOCRACIA” A ATENTADO TERRORISTA

TRÁFICO DE SERES HUMANOS

ELEIÇÕES LIVRES NO HAITI

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DEMONSTRAÇÕES POPULARES SÃO REPRIMIDAS NA SÍRIAActivistas dos Direitos Humanos acusam o governo sírio de ter vin-do a reprimir com meios inadequa-dos as demonstrações populares que se têm verificado na República Árabe da Síria. Segundo os mes-mos, têm sido utilizados tanques, um número excessivo de tropas terrestres (cerca de 3000), ati-radores especiais (comummente designados por “snipers”), entre outros. O número de mortos não é conhecido, visto que não tem sido permitido recolher os corpos das ruas.

João Sigalho

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