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Neymar cresceu como astro de reality show

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Reportagem sobre o atacante santista, para a Folha de S.Paulo, março de 2009

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Neymar cresceu como astro de um"reality show"Revelação santista teve a infância esmiuçada pela mídia,sofreu com ciúmes de time e ficou deprimido na Espanha

Protegido pela família, atacante não pode usar brincopara evitar "máscara" e precisa comprovar para a mãe,com notas, o que gasta

Caio Guatelli/Folha Imagem

O atacante Neymar, em seu apartamento em Santos

PAULO COBOSRICARDO VIEL

ENVIADOS ESPECIAIS A SANTOS

Ciúmes, uma pitada de drama, fama, dinheiro, um vilão e umcaso de amor precoce (com a torcida do Santos). Foi assim,como um "reality show", ou uma novela das oito, que oatacante Neymar viveu nos últimos cinco anos, antes de setornar uma espécie de antídoto para a "Ronaldomania" quetomou conta do futebol paulista.O garoto de 17 anos, que conseguiu dividir os holofotes como atacante corintiano (seu rival hoje no Pacaembu) desde quefoi içado ao time profissional do Santos, teve uma infância

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foi içado ao time profissional do Santos, teve uma infânciaúnica para um jogador de futebol, em qualquer época."Coloquei pressão nele quando tinha nove anos, quando vique ele tinha talento para se tornar um grande jogador", diz opai do atacante, que também se chama Neymar e é um ex-jogador profissional com passagens por Coritiba e clubesmodestos do interior paulista.E não foi só com a família, evangélica e bastante unida, queNeymar assumiu responsabilidades muito cedo. O atacantenão teve como regra o anonimato nas categorias de base, oque aconteceu, para falar do Santos, com Pelé e Robinho, porexemplo.Seus passos no clube foram esmiuçados pela mídia desde queele tinha 12 anos.O Santos o usou como garoto-propaganda de uniformesquando ele tinha 13. Seu corpo frágil e o rosto de eternomoleque apareceram em programas de TV antes dos 14.Com 14, já recebia salário de executivo de multinacional -estimados R$ 25 mil mensais (hoje ganha R$ 85 mil, valornão declarado oficialmente).Tudo isso teve um preço."O mais difícil de tudo foi o ciúme. Isso sempre aconteceu.Os pais dos outros jogadores das categorias de base nãogostavam de que ele tivesse um salário alto enquanto os filhosdeles ganhavam pouco", diz Neymar pai. "Vi num jogojuvenil um companheiro de time impedindo o Neymar debater uma falta dizendo que ele [o novo camisa 7 santista]pensava que era o dono do time", fala Wagner Ribeiro, oempresário da revelação do clube do litoral.O sonho de uma transferência precoce para o futebol europeutambém não acabou bem. Em 2006, com 14 anos, Neymar eseu pai foram para a Espanha a convite do Real Madrid."Logo me ofereceram um apartamento, escolas para os filhos[Neymar tem uma irmã] e um bom dinheiro [ 1 milhão, ouhoje cerca de R$ 3 milhões]. Estava pronto para assinar, maspassou pouco mais de uma semana e o Neymar começou aficar deprimido, a não comer direito, pois sentia falta do arroze feijão. Ele já é magro. Achei então que era melhor voltarpara o Santos", afirma o pai da revelação santista.Wagner Ribeiro fez força para Neymar ficar no Real Madrid,mas hoje vê uma vantagem no fato de o garoto ter decididovoltar para o Brasil e feito um acordo para ganhar uma boladado Santos mesmo sem ainda ser profissional."Logo depois daquela viagem, um promotor me acusou de

tráfico de menores. Levei o pai e a mãe do Neymar a umaaudiência, e a juíza viu que aquilo era absurdo. Se ele tivesseficado, eu seria um vilão, o que sempre acontece com oempresário", fala Ribeiro, que era o empresário de Robinhoquando ele forçou sua saída do Santos, em 2005, e queapostou em Neymar quando ele tinha 12 anos primeiro porsuperstição. "Ele nasceu em 5 de fevereiro, que é uma data

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superstição. "Ele nasceu em 5 de fevereiro, que é uma dataespecial para mim por causa de um parente", afirma oempresário.

MáscaraHoje, Neymar tem só quatro jogos como profissional. E seguesendo diferente da turma.Muito pelo que já rendeu de dinheiro -seu pai vendeu os 40%da família sobre os direitos do atacante para o grupo Sondapor estimados R$ 7,5 milhões, valor, segundo Ribeiro,parecido ao que o Chelsea oferecia (esse era o negócio que oempresário preferia).E também porque Neymar tem cuidados raros no futebol dehoje. Em uma entrevista coletiva, ele disse que seu pai oproibia de usar brincos.Neymar pai explica o motivo. "Ele tem brincos, correntescomo as dos garotos da sua idade. Mas não acho bom ele usarisso em campo, nos treinos ou nas entrevistas, senão logo vãofalar que ele é mascarado", afirma o pai superprotetor.Neymar, que mora com a família em um apartamento declasse média a menos de 100 m da Vila Belmiro, também nãopode esbanjar o dinheiro que ganha. "Até hoje, quando elequer um refrigerante, me pede R$ 10. Recentemente, a mãe,que é quem toma conta do dinheiro, deu a ele um cartão dedébito, mas ele precisa trazer as notas de onde gastou", contao pai, que diz que o filho pode ter adiantado as coisas na vidaprofissional, mas que não vai fazer isso na vida pessoal."Para um garoto, você dar um campo, uma bola, é a maioralegria. O Neymar precisa se preocupar só em jogar futebol.Do resto, a gente toma conta."

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