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2000 U nião Europeia Relatório Anual sobre os Direitos Humanos

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União Europeia

Relatório Anual sobreos Direitos Humanos

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Relatório Anual da UE sobre os Direitos Humanos, aprovado pelo Conselho em 9 de Outubro de 2000.

Para mais informações, é favor contactar a Divisão de Política da Informação, Transparência e Relações Públicas através do seguinte endereço:

Secretariado-Geral do ConselhoRue de la Loi 175B-1048 Bruxelles

Fax: (32-2) 285 53 32Correio electrónico: [email protected]: http://ue.eu.int

Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int)

Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2001

ISBN 92-824-1937-1

© Instituto Comunitário das Variedades Vegetais, 2001Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Printed in Italy

IMPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Prefácio de Hubert VédrineMinistro francês dos Negócios Estrangeiros,presidente em exercício do Conselhoda União Europeia

A importância que os nossos países atribuem aos princípios e valores comuns de liberdade, de demo-cracia e de respeito dos direitos do Homem está no cerne da construção europeia e da sua políticaexterna e de segurança comum. O trabalho colectivo que presidiu à realização do presente relatórioexemplifica em minha opinião o compromisso político da União sobre este tema.

Este documento não tem por objectivo emitir um juízo sobre o que se passa fora das fronteiras daUnião, mas sim contribuir para aperfeiçoar o conhecimento da política da União a favor dos direitosdo Homem e do acompanhamento dos processos democráticos, e os instrumentos de que a Uniãodispõe para actuar neste domínio. O documento apresenta de forma global a política da União emmatéria de direitos do Homem, quer se trate das suas tomadas de posição sobre um certo número dequestões fundamentais para o mundo de hoje quer de situações que prendem muito particularmen-te a sua atenção quer da sua política de cooperação.

Tendo em consideração as reacções ao primeiro relatório, esta segunda edição inclui uma parte subs-tancial consagrada à política praticada pela União Europeia num certo número de domínios importan-tes: protecção das crianças, direitos das mulheres, luta contra o racismo, contra a exclusão social,situação dos refugiados.

Embora constitua um importante utensílio de referência, este relatório não poderá prestar contas porsi só da política dos Quinze em matéria de direitos do Homem. Resumi-la a uma série de declaraçõesou à justaposição de instrumentos seria com efeito redutor em relação à acção que realiza. É no diaa dia, na relação multiforme e confiante que constrói com os seus diferentes parceiros, que a UniãoEuropeia está em melhores condições de fazer progredir os valores universais aos quais está ligadae os processos de democratização que só serão duráveis se se apoiarem sobre uma modernizaçãopolítica, económica e social.

Hubert VÉDRINE

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Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1. Introdução: porquê um relatório da União Europeia sobre os direitos humanos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2. Direitos humanos na UE . . . . . . . . . . 13

2.1. Apresentação de alguns temas . . . . . . 13

2.1.1. Racismo e xenofobia . . . . . . . . . . . 13

2.1.2. Para uma União de liberdade, de segurança e de justiça: os marcos de Tampere . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.1.3. Combate à exclusão social . . . . . . . 16

2.1.4. Direitos das crianças . . . . . . . . . . . 18

2.1.5. Direitos das mulheres . . . . . . . . . . 20

2.2. Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.3. Alargamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3. Acção da União Europeia em matéria de direitos humanos no contexto internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1. Instrumentos e iniciativas da UE nas relações com países terceiros . . . . . . . . . . 25

3.1.1. Estratégias comuns . . . . . . . . . . . . 25

3.1.2. Acções comuns . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.3. Posições comuns . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.4. Diligências, declarações . . . . . . . . . 27

3.1.5. Directrizes para a política da UE em relação a países terceiros no que respeita à pena de morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.1.6. Diálogo político, incluindo o diálogoespecífico sobre os direitos humanos com os países associados, o Canadá, a China e os Estados Unidos . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.1.7. Os relatórios dos chefes de Missão da UE, instrumento-chave para a avaliação in loco da situação em matéria de direitoshumanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.1.8. Cláusula relativa aos direitos humanos nos acordos com países terceiros 30

3.1.9. Acordos de parceria regional . . . . . 31

3.1.10. Observação e assistência no âmbito de eleições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.1.11. Implementação da Iniciativa Europeiapara a Democracia e os Direitos Humanos (título B7-7 do orçamento da UE) em 1999 . 36

3.2. Instâncias multilaterais . . . . . . . . . . 37

3.2.1. Nações Unidas . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.2.1.1. 54.ª sessão da Assembleia Geral: trabalhos da terceira comissão . . . . . . . . . 38

3.2.1.2. 56.ª sessão da Comissão dos Direitos do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.2.1.3. Processo de análise de Pequim . . . 51

3.2.1.4. Processo de análise de Copenhaga 52

3.2.1.5. Seguimento da Cimeira Mundial sobre as Crianças: processo de preparação da sessão extraordinária da Assembleia eral de 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.2.2. OSCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.2.3. Conselho da Europa . . . . . . . . . . . . 57

Anexo 1. Tratado da União Europeia . . . . . 59

Anexo 2. Tratado que institui a ComunidadeEuropeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Anexo 3. Directivas CE e comunicações relevantes em matéria de direitos humanos . 64

Anexo 4. Critérios de Copenhaga — Conclusões da Presidência, Conselho Europeu, Copenhaga, 21 e 22 de Junho de 1993 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Anexo 5. Memorando da UE sobre a pena de morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Anexo 6. Directrizes para a política da UE em relação a países terceiros no que respeita à pena de morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Anexo 7. Statement by Mr Jaime Gama, Minister for Foreign Affairs of Portugal, on behalf of the European Union 56th session of the Commission on humanrights (Geneva, 20 March-28 April 2000) — Geneva, 21 March 2000 . . . . . . . . . . . . . . 74

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Sumário

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Anexo 8. Statement by Ambassador ÁlvaroMendonça e Moura on behalf of the uropean Union on the question of the violation ofhuman rights and fundamental freedomsin any part of the world . . . . . . . . . . . . . . 76

Anexo 9. Instrumentos relativos aos direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

Anexo 10. Instrumentos relativos aos direitos humanos assinados pelosEstados-Membros da UE . . . . . . . . . . . . . . 88

Anexo 11. Reports submitted by Member States to Human Rights Treaty Bodies . . . . 89

Anexo 12. Financial contributions by Member States to the UN Human Rights mechanisms . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

Anexo 13. Visitas a Estados-Membros de representantes dos mecanismos relativos aos direitos humanos . . . . . . . . . 96

Anexo 14. Declaração da União Europeia por ocasião do cinquentenário da DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem, Viena, 10 de Dezembro de 1998 . . . . . . . . 98

Anexo 15. 2249.ª sessão do Conselho (Assuntos Gerais), Bruxelas, 20 de Março de 2000: comunicado sobre a China . . . . 102

Anexo 16. Panorama das iniciativas financiadas em 1999 pelo título B7-7 . . . 104

Anexo 17. Conferências sobre direitos do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

Anexo 18. Human Rights on the Internet 106

Anexo 19. Regulamento (CE) n.º 975/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999 . . . 109

Anexo 20. Regulamento (CE) n.º 976/1999 do Conselho, de 29 de Abril de 1999 . . . 117

Anexo 21. Lista de siglas . . . . . . . . . . . . 125

Índice alfabético (português e inglês) . . 127

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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Dar a conhecer e partilhar o empenhamento da União EuropeiaA União Europeia assenta nos princípios daliberdade, da democracia e do respeito pelosdireitos humanos e liberdades fundamentais,bem como pelo Estado de direito. Os princípiosproclamados na Declaração Universal são umadas referências fundamentais que subjazem àsua acção, tanto a nível interno como no planoexterno.

Em 1998, por ocasião da comemoração do 50.ºaniversário da Declaração Universal dos Direitosdo Homem, os ministros europeus dos NegóciosEstrangeiros, reunidos em Viena, recordaramsolenemente o seu empenho em prol dos direi-tos humanos, tendo decidido medidas concretasdestinadas a reforçar os meios de acção daUnião Europeia neste domínio.

O presente relatório — segundo do génerodepois daquele que foi publicado em Outubro de1999 — constitui uma iniciativa que vem pôr emprática uma das medidas anunciadas nessa oca-sião. Não é seu objectivo fazer juízos, mas simdar a conhecer melhor e partilhar o empenha-mento da União Europeia em prol do respeitouniversal pelos direitos humanos e liberdadesfundamentais. Não pretende ser exaustivo, massim assegurar uma maior transparência dasprincipais posições e acções da UE e servir, aeste respeito, como documento de referência pa-ra o período abrangido, que vai de 1 de Julho de1999 a 30 de Junho de 2000.

Embora esteja principalmente centrado na acçãoexterna da União Europeia e no papel por estadesempenhado na cena internacional, estesegundo relatório compreende uma parte subs-tancial consagrada aos direitos humanos naUnião Europeia, tal como havia sido preconizadopor ocasião do primeiro Fórum dos Direitos Hu-manos da UE, reunido em 30 de Novembro e 1de Dezembro de 1999, em Bruxelas, durante aPresidência finlandesa. Consciente de que temde começar por aplicar a si própria os princípiosque defende, a União Europeia desenvolve as

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

1. Introdução: porquê um relatório da União Europeia sobre os direitos humanos?

© Giorgio Maffei

acções empreendidas a Quinze nalguns domí-nios prioritários (racismo, segurança e justiça,exclusão social, direitos das crianças, direitosdas mulheres).

No plano internacional, o presente relatóriopõe em destaque as posições e acções daUnião Europeia em matéria de direitos huma-nos nas relações com os seus parceiros e noâmbito das instâncias internacionais. A esteúltimo nível, e além dos encontros regulares(Comissão dos Direitos do Homem, Assem-bleia Geral das Nações Unidas), o período emcausa foi pródigo em eventos especiais emque os Estados-Membros da UE tiveram oca-sião de actuar em conjunto: reuniões debalanço de Pequim +5 e de Copenhaga +5; pre-paração das conferências (Europeia e Mundial)contra o racismo; negociação e adopção dedois protocolos facultativos à Convenção so-bre os Direitos da Criança — um sobre ascrianças nos conflitos armados e outro sobrea venda de crianças e a prostituição e porno-grafia infantis; criação do posto de represen-tante especial do secretário-geral para os De-fensores dos Direitos Humanos; conferênciase seminários «Dimensão humana» da OSCE(crianças nos conflitos armados e tráfico deseres humanos).

O presente relatório é fruto de um trabalhocolectivo de síntese, realizado conjuntamentepelos peritos em direitos humanos dos 15 Esta-dos-Membros, com o apoio dos serviços da Co-missão e do Secretariado do Conselho.

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Assegurar mais transparência e fomentaro diálogo com a sociedade civilO diálogo e a cooperação entre governos e socie-dade civil e o apoio aos defensores dos direitoshumanos revestem-se de primordial importânciapara a realização de progressos na implementa-ção, a nível mundial, dos direitos humanos e dasliberdades fundamentais. A União Europeia estáempenhada em tornar ainda mais estreita estarelação, tanto a nível dos governos dos Esta-dos-Membros como das suas próprias institui-ções.

Seguindo uma tradição de cooperação com orga-nizações não governamentais (ONG) a nívelnacional e internacional, a UE reconhece aimportância do papel que desempenhamenquanto parte da sociedade civil e em prol dademocracia e dos direitos humanos, apreciandoas suas competências e o impacto da sua acção.

A UE encoraja vivamente o envolvimento das ONGem questões de tão grande importância como aluta contra o racismo e a xenofobia, os esforçosno sentido de pôr cobro à utilização de criançasem conflitos armados, os direitos das mulheres, aluta contra a pena de morte, o apoio às vítimas datortura e o apoio à criação do Tribunal Penal In-ternacional — para apenas mencionar algunsexemplos. As ONG desempenharam um papel quese revelou útil e construtivo nos processos derevisão da Conferência Mundial sobre as Mulhe-res (Pequim +5) e da Cimeira sobre o Desenvolvi-mento Social (Copenhaga +5). A sua mobilizaçãoantes e durante as reuniões da Comissão dos Di-reitos Humanos e da Assembleia Geral, tanto arespeito da situação em determinados paísescomo sobre questões temáticas, tornou-se umimportante elemento destes dois eventos anuaisno domínio dos direitos humanos.

«Transparência» é hoje uma palavra-chave noâmbito da administração pública. Significa aber-tura ao escrutínio público e também consultasalargadas e regulares com os actores envolvidos,especialmente durante as fases de preparaçãode eventos internacionais. A UE está determina-da a conferir redobrada transparência à sua polí-tica de direitos humanos. Neste espírito, temvindo a envidar cada vez mais esforços parapermitir que o público interessado tenha acessoàs informações relevantes e para desenvolvercontactos regulares com as ONG que desenvol-vem actividades em matéria de direitos huma-nos, antes e ao longo das principais reuniõesneste domínio, a nível europeu ou internacional.

Neste contexto, merecem especial relevo doiseventos específicos consagrados à promoção do

diálogo e da transparência: o primeiro FórumAnual da UE para o Debate sobre Direitos Huma-nos (Bruxelas, 30 de Novembro e 1 de Dezembrode 1999) e a Conferência «A União Europeia e oPapel Fulcral dos Direitos Humanos e dos Princí-pios Democráticos nas Relações com Países Ter-ceiros» (Veneza, Maio de 2000).

O Fórum

O primeiro Fórum Anual da UE para o Debatesobre Direitos Humanos, organizado conjunta-mente pela Presidência finlandesa da UE e pelaComissão Europeia, teve lugar em 30 de No-vembro e 1 de Dezembro de 1999, em Bruxelas.O evento surgiu na sequência da adopção daDeclaração da UE por ocasião do 50.º aniversá-rio da Declaração dos Direitos do Homem,tendo reunido representantes das instituiçõesda UE, nomeadamente do Parlamento Europeu,organizações não governamentais, universitá-rios e governos dos Estados-Membros da UE.Constituiu uma das primeiras ocasiões para arealização de um debate de ideias, concentradoe focalizado, entre decisores da Comunidade edos Estados-Membros e representantes das ONGe do meio académico. Proporcionou tambémuma boa oportunidade para o reforço do inter-câmbio e da cooperação com o Parlamento Eu-ropeu. O Fórum analisou quatro grandes áreastemáticas: desenvolvimento da política da UEem matéria de direitos humanos, cooperação anível da CE no domínio dos direitos humanos,racismo e não-discriminação — inclusive nocontexto do alargamento — e perspectivas jurí-dicas. Durante o debate, foram apontadas algu-mas questões comuns: necessidade de tornarmais coerente a abordagem da UE para os direi-tos humanos ao seu próprio nível e nas suasrelações externas, uma vez que a temática dosdireitos humanos se estende a toda a estruturade três pilares da UE; importância de dispor deinformação e competências adequadas paraassegurar o maior impacto possível na defesados direitos humanos no terreno, e papeldesempenhado a este respeito pelas organiza-ções da sociedade civil; necessidade de desen-volver as redes e a coordenação entre as ONG ede estabelecer um diálogo mais estruturadocom as instituições da UE.

Conferência «A União Europeia e o papel fulcral dos direitos humanos e dos princípios democráticos nas relações com países terceiros»

Organizado conjuntamente pela Presidência por-tuguesa da UE e pela Comissão Europeia, emcolaboração com responsáveis do curso de

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pós-graduação europeia em Direitos Humanos eDemocratização, este evento, não sendo emboraum seguimento formal do fórum de debate,constituiu mais uma oportunidade de estreitarlaços entre políticos e opinião pública no domí-nio dos direitos humanos. Graças à participaçãoactiva de representantes dos governos dos Esta-dos-Membros, das instituições da UE e de ONG,bem como de universitários e peritos científi-cos, foi possível proceder a um debate aberto eanimado sobre a forma de reforçar a integraçãodos direitos humanos e dos princípios democrá-ticos nas relações da UE com países terceiros.Foram quatro as áreas temáticas abordadas naConferência: política de direitos humanos da UEno contexto da globalização, cláusulas sobredireitos humanos nos acordos entre a UE e paí-ses terceiros, dimensão «direitos humanos» naprática e educação, formação e informação so-bre direitos humanos nas relações externas daUE. Os participantes concordaram que eranecessário criar uma estratégia política global alongo prazo e utilizar melhor os actuais instru-mentos e recursos da União (cooperação para odesenvolvimento, assistência humanitária, cláu-sulas sobre direitos humanos nos acordoscomerciais e instrumentos financeiros comuni-tários disponíveis, tais como a Iniciativa Euro-peia para a Democracia e os Direitos Humanos— Título B7-7 do orçamento), salientaram aimportância de uma política de sensibilizaçãocoerente a respeito da educação para os direitoshumanos nos países terceiros e insistiram nanecessidade de melhorar a integração da dimen-são «direitos humanos», mantendo ao mesmotempo um espírito de complementaridade entreas instituições e entre os dispositivos ou instru-mentos existentes.

Em ambas as reuniões se reconheceu, na genera-lidade, que este processo devia ser levado pordiante numa base regular, uma vez que propor-ciona terreno fértil para o desenvolvimento deum diálogo mais estruturado, tendo em vistamelhorar a política de direitos humanos da UE.As conclusões integrais destas duas reuniõesestão disponíveis na Internet.

Recordar os fundamentos jurídicos e opapel dos diversos protagonistas da políti-ca europeia em matéria de direitos huma-nos, bem como os princípios que lhe estãosubjacentesA UE orienta-se, na sua actuação, pelo princípiofulcral da universalidade dos direitos humanos,reafirmado na Conferência Mundial sobre os Di-reitos do Homem (Viena, 1993). A UE reconhecea diversidade do mundo, fonte de riqueza para

toda a humanidade. Mas os direitos humanosconstituem direitos inalienáveis de cada indiví-duo, seja qual for a cultura, o meio social, oestádio de desenvolvimento ou a região geográ-fica. O respeito pelos direitos humanos é umaherança que deve ser preservada e legada àsgerações vindouras, sem qualquer espécie dedistinção com base na raça, cor, sexo, língua,religião, opinião política ou outras convicções,origem nacional ou social, nascimento ououtros factores. O princípio do respeito pelasoberania nacional não deve ser usado pelosgovernos para se eximirem da sua obrigação derespeitar os direitos humanos e as liberdadesfundamentais. Tendo em mente a declaraçãoadoptada por ocasião da Conferência Mundialsobre os Direitos do Homem (Viena, 1993), aUnião considera que a promoção e a defesa dosdireitos humanos no mundo representam umlegítimo interesse da comunidade internacional.A UE está empenhada em continuar a trabalhar,tanto a nível da ONU como no âmbito europeu,no sentido de garantir uma melhor aplicaçãodos princípios consagrados nos instrumentosrelativos aos direitos humanos, nomeadamentea Declaração Universal sobre os Direitos do Ho-mem e os pactos e convenções fundamentais namatéria.

Considera a UE que todos os direitos humanos,sejam eles civis e políticos ou económicos,sociais e culturais, são não só de igual valor,mas também indivisíveis, interdependentes e in-ter-relacionados. A concretização destes últimosnão deve constituir condição para a aplicaçãodos primeiros. Simultaneamente, é imperiosoreconhecer e fomentar a acção mutuamentedinamizadora entre direitos humanos, democra-cia, desenvolvimento e liberdades fundamen-tais. Cabe intensificar o contributo dos direitoshumanos para a paz e a estabilidade.

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Por último, a União Europeia é de opinião quedeve ser dada prioridade à cooperação e ao diálo-go, sempre que possível, enquanto melhor formade contribuir para a realização de progressos.

O Tratado da União Europeia e o Tratado queinstitui a Comunidade Europeia contêm váriasdisposições relativas aos direitos humanos, dis-posições essas que constituem o elemento fun-damental e a base para a acção da UE nestedomínio.

Nos termos do artigo 2.º do Tratado da União Eu-ropeia (TUE), um dos objectivos da União consis-te no «reforço da defesa dos direitos e dos interes-ses dos nacionais dos seus Estados-Membros» e na«manutenção e desenvolvimento da Uniãoenquanto espaço de liberdade, de segurança e dejustiça». O Tratado afirma igualmente, no n.º 1do seu artigo 6.º, que a União Europeia «assentanos princípios da liberdade, da democracia, dorespeito pelos direitos do Homem e pelas liberda-des fundamentais, bem como do Estado de direito,princípios que são comuns aos Estados-Membros».Por força do n.º 2 do mesmo artigo, a União «res-peitará os direitos fundamentais tal como osgarante a Convenção Europeia [do Conselho daEuropa] de Salvaguarda dos Direitos do Homem edas Liberdades Fundamentais (...), e tal comoresultam das tradições constitucionais comunsaos Estados-Membros, enquanto princípios geraisdo direito comunitário» (n.º 2 do artigo 6.º, cujaaplicação está submetida ao controlo do Tribunalde Justiça no que respeita às acções das institui-ções).

O Tratado prevê um processo de seguimento dorespeito pelos direitos humanos e liberdadesfundamentais: nos termos do artigo 7.º do TUE,o Conselho pode decidir suspender alguns dosdireitos decorrentes da aplicação desse Tratadoa um Estado-Membro depois de ter verificado aexistência de uma violação grave e persistente,por parte desse Estado-Membro, de algum dosprincípios enunciados no n.º 1 do artigo 6.º Oartigo 11.º do TUE estipula que «o desenvolvi-mento e o reforço da democracia e do Estado dedireito, bem como o respeito dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais», se contamentre os objectivos da Política Externa e de Se-gurança Comum da UE.

Importa, por outro lado, recordar a declaraçãorelativa à abolição da pena de morte, adoptadapela Conferência do Tratado de Amesterdão. Otexto da declaração precisa que o Protocolo n.º 6à Convenção Europeia para a Protecção dos Di-reitos do Homem e das Liberdades Fundamen-tais, assinado e ratificado pela grande maioria

dos Estados-Membros, prevê a abolição da penade morte. Neste contexto, a Conferência registouque, após a assinatura do referido Protocolo, em28 de Novembro de 1983, a pena de morte foiabolida na maioria dos Estados-Membros da UE enão foi aplicada em nenhum deles. Desde 1998,a pena de morte foi abolida em todos os Esta-dos-Membros.

O Tratado que institui a Comunidade Europeia(TCE) prevê especificamente que a Comunidade«pode tomar as medidas necessárias para com-bater a discriminação em razão do sexo, raça ouorigem étnica, religião ou crença, deficiência,idade ou orientação sexual» (artigo 13.º). Quantoà cooperação para o desenvolvimento, estipula oTCE que «a política da Comunidade (...) deve con-tribuir para o objectivo geral de desenvolvimentoe de consolidação da democracia e do Estado dedireito, bem como para o respeito dos direitos doHomem e das liberdades fundamentais» (artigo177.º).

A nível da União, várias são as instâncias ou ins-tituições envolvidas em matéria de direitoshumanos:

A Comissão, o Conselho Europeu e o Conselhodesempenham, é certo, um papel de primeiroplano no processo de orientação, decisão e exe-cução, mas dignos de realce são também ospapéis respectivos do Parlamento Europeu, doTribunal de Justiça Europeu e do Mediador.

O Parlamento Europeu

Ao longo dos anos, o Parlamento Europeu temvindo a assumir um papel de crescente enverga-dura no que toca a fazer dos direitos humanosuma das principais preocupações da UE. As suascompetências têm assim vindo a alargar-se pou-co a pouco, nomeadamente desde a entrada emvigor dos Tratados de Maastricht e de Ames-terdão. O Parlamento Europeu, que se tornouuma instância reconhecida para o debate sobredireitos humanos, mantém contactos regularescom organizações e pessoas empenhadas nadefesa dos direitos humanos. Exerce uma certainfluência no processo de elaboração de trata-dos com países terceiros. Empreende igualmentemissões respeitantes aos direitos humanos empaíses não pertencentes à UE e elabora relató-rios sobre situações específicas em matéria dedireitos humanos, bem como sobre questõestemáticas. Em Fevereiro de 2000, foi aprovadoum relatório anual sobre os direitos humanos anível internacional e sobre a política da UE emmatéria de direitos humanos (1999) (relatora Ce-cilia Malmstrom). Neste contexto, foi dado espe-

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cial relevo à promoção e à defesa dos direitosdas mulheres. O Parlamento Europeu adoptaigualmente resoluções e faz declarações sobrequestões relacionadas com os direitos humanos,dirigindo também perguntas ao Conselho e à Co-missão. Refira-se, a título de exemplo, a sua De-claração sobre os Direitos e as Liberdades Fun-damentais. Este tema é abordado a nível devárias comissões do PE. Assim, a Comissão dosAssuntos Externos, dos Direitos do Homem, daSegurança Comum e da Política de Defesa, bemcomo a Comissão para o Desenvolvimento e aCooperação, são competentes nesta matéria nodomínio das relações externas, ao passo que asquestões relativas aos direitos humanos dentroda União são abordadas pela Comissão das Li-berdades e dos Direitos dos Cidadãos, da Justiçae dos Assuntos Internos e pela Comissão dos Di-reitos da Mulher e da Igualdade de Oportunida-des. O Conselho de Ministros e a Comissão Eu-ropeia velam por manter uma estreita coopera-ção com o Parlamento Europeu no que respeitaaos aspectos relacionados com os direitoshumanos. O Parlamento Europeu é regularmenteinformado pela Presidência e pela Comissãoacerca da evolução da Política Externa e de Se-gurança Comum da União. Todos os anos, o PEatribui a uma pessoa ou a uma organização oPrémio Sakharov pela liberdade de pensamento.Em 1999, o Prémio foi concedido a José Alexan-dre «Xanana» Gusmão, presidente do ConselhoNacional da Resistência Timorense (CNRT).

O Tribunal Europeu de Justiça

O Tribunal de Justiça Europeu no Luxemburgogarante o respeito do direito na aplicação dosTratados. Tanto os Estados-Membros e as insti-tuições da União como os cidadãos podem apre-sentar questões de direito comunitário perante oTribunal. As decisões proferidas pelo Tribunaltêm carácter vinculativo. Desde 1989, existe jun-to do Tribunal de Justiça um Tribunal de Primei-ra Instância, com competência para ouvir acçõesdirectas, incluindo processos apresentados porcidadãos que podem eventualmente dizer res-peito aos direitos humanos. Muito embora ini-cialmente o Tratado CEE não incluísse cláusulasespecíficas sobre os direitos humanos, o Tribu-nal de Justiça tem reconhecido de modo conse-quente que os direitos fundamentais são parteintegrante da ordem jurídica comunitária, garan-tindo assim que os direitos humanos sejam ple-

namente tidos em conta na administração dajustiça. A jurisprudência do Tribunal nestamatéria tem vindo a constituir-se progressiva-mente desde 1969, tomando como referência astradições constitucionais comuns aosEstados-Membros e os tratados internacionaispara a protecção dos direitos humanos em queos Estados-Membros colaboraram ou que assina-ram. A este respeito, assume especial importân-cia a Convenção para a Protecção dos Direitosdo Homem e das Liberdades Fundamentais. Aimportantíssima jurisprudência do Tribunal estáagora reflectida no artigo 6.º do Tratado daUnião Europeia. A jurisprudência do Tribunaltem confirmado que a obrigação de respeitar osdireitos fundamentais se aplica tanto às institui-ções da UE como aos Estados-Membros na áreado direito comunitário.

O Mediador Europeu

O Mediador Europeu tem por principal missãoanalisar os casos de alegada má administraçãona actuação das instituições ou órgãos comuni-tários, com excepção do Tribunal de Justiça e doTribunal de Primeira Instância no exercício dassuas funções jurisdicionais. Os casos são leva-dos ao seu conhecimento, no essencial, atravésde queixas que lhe são apresentadas por cida-dãos europeus. Está igualmente habilitado a rea-lizar inquéritos por sua própria iniciativa. Algu-mas dessas queixas e inquéritos prendem-secom questões de defesa dos direitos humanos,nomeadamente o direito à liberdade de expres-são e a não-discriminação.

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É todavia aos Estados-Membros da União quecabe, em primeiro lugar, defender e promover osdireitos humanos, no âmbito das suas ordensjurídicas respectivas. A este respeito, os gover-nos dos Estados-Membros colaboram com deter-minados mecanismos internacionais de controlo,especialmente no âmbito do Conselho da Europa,da Organização de Segurança e Cooperação na Eu-ropa e das Nações Unidas, perante os quais pres-tam contas da sua acção nos domínios que lhesdizem respeito (ver, em anexo, lista circunstancia-da dos mais recentes relatórios apresentados pelosEstados-Membros em aplicação de instrumentosinternacionais e das visitas por eles efectuadas).

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O presente capítulo não se destina a abordar asituação em cada Estado-Membro, mas sim aapresentar uma panorâmica da política e dasactividades da UE no domínio dos direitoshumanos a nível interno, bem como algumasinformações sobre acontecimentos recentes(Carta Europeia dos Direitos Fundamentais, alar-gamento).

2.1. Apresentação de alguns temas

2.1.1. Racismo e xenofobia

A Declaração Universal dos Direitos do Homemproclama, no seu artigo 1.º, que todos os sereshumanos nascem livres e iguais em dignidade eem direitos. O princípio da não-discriminaçãoconstitui um dos elementos-chave do sistemade defesa dos direitos humanos, que, a par daliberdade, da democracia e do Estado de direi-to, são os pilares em que assenta a União Euro-peia.

O direito de cada um à igualdade perante a lei eà protecção contra a discriminação representaum direito fundamental cuja observância e apli-cação são indispensáveis ao bom funcionamentode toda e qualquer sociedade democrática. Orespeito pelo próximo na sua diversidade e aprática da não-discriminação são os alicerces daestabilidade e da segurança; fomentam a plenarealização e a dignidade de todas as pessoas, aharmonia das relações entre as comunidades e odesenvolvimento das sociedades.

Sejam quais forem os motivos que os animam,os actos de racismo, de discriminação racial e dexenofobia constituem, pela sua própria nature-za, uma negação do direito de não-discrimina-ção e um atentado aos direitos humanos. Comotal, é imperioso que os poderes públicos os con-denem, que os seus autores sejam punidos eque as vítimas recebam as devidas reparações.Há que pôr em prática políticas de carácter pre-ventivo. As noções de racismo, discriminaçãoracial e xenofobia devem ser contempladas à luzda definição constante do artigo 1.º da Con-venção sobre a eliminação de todas as formas dediscriminação racial.

Trata-se de uma definição que permite atender àsituação de todas as pessoas pertencentes a gru-pos vulneráveis, directa ou indirectamente ousob o ângulo da dupla discriminação, isto é, deuma conjugação de práticas racistas associadasa outras formas de discriminação.

Para combater eficazmente o racismo, a discri-minação racial e a xenofobia, há que seguir umaabordagem continuada e global, concretizadapor uma vasta série de medidas que sejam com-plementares e se reforcem mutuamente, abran-gendo todos os domínios da vida em sociedade.A adopção de estratégias que assentem, sobre-tudo, em medidas de carácter educativo é cru-cial para pôr termo às diversas manifestaçõesdos fenómenos perigosos e inaceitáveis a quese tem vindo a assistir na Europa e noutros con-tinentes.

Os governos têm uma responsabilidade especiala assumir no domínio da luta contra o racismo,mas é necessário que os seus esforços sejamtambém apoiados pela sociedade civil e pelasorganizações não governamentais.

Na declaração que proferiu aquando da últimareunião da Comissão dos Direitos do Homem,a UE reiterou a sua condenação de todos os ac-tos de anti-semitismo, racismo e xenofobia,bem como a sua firme determinação de tomarmedidas para os combater, em qualquermomento e onde quer que ocorram no territó-rio da União.

Actividades da UEOs Estados-Membros da União Europeia estãodesde há muitos anos empenhados na luta con-tra o racismo e a xenofobia e na defesa dosdireitos humanos e liberdades fundamentais aonível nacional e internacional, mas já muitomais breve é a história da actuação prática daUnião enquanto tal. A entrada em vigor do Tra-tado de Amesterdão, em 1 de Maio de 1999,veio proporcionar novas possibilidades deacção neste domínio, através do reforço dasdisposições relativas aos direitos fundamentais(artigos 6.º e 7.º do Tratado da União Europeia),

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2. Direitos humanos na UE

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à cooperação policial e judiciária no combateao racismo e à xenofobia (artigo 29.º do TUE), ànão-discriminação (artigo 13.º do Tratado queinstitui a Comunidade Europeia) e à política devistos, imigração e asilo (artigos 61.º a 69.º doTCE).

Luta contra a discriminaçãoPara conferir credibilidade à política da UE emmatéria de direitos humanos, é essencial que aspessoas que residem ou pretendem entrar noterritório da União sejam tratadas em moldesconsentâneos com os padrões internacionais nodomínio dos direitos humanos. A luta contra oracismo e a xenofobia é um importante aspectodas medidas destinadas a garantir um tratamen-to justo dos cidadãos de países terceiros.

Desde 1997, Ano Europeu Contra o Racismo, aComunidade tem continuado a promover inicia-tivas de sensibilização para a necessidade decombater o racismo, bem como intercâmbios deideias e boas práticas entre as organizaçõesmais directamente envolvidas na luta contra ofenómeno em causa. Na sequência da entradaem vigor do Tratado de Amesterdão, em 1 deMaio de 1999, essas actividades passaram igual-mente a abranger outros factores de discrimina-ção, tais como a deficiência, a idade e a orienta-ção sexual.

Com base nos novos poderes conferidos peloTratado em matéria de luta contra a discrimina-ção, a Comissão propôs, em Novembro de1999, um pacote de medidas de que faziamparte duas directivas e um programa de acção.A primeira dessas directivas (2000/43/CE),rapidamente aprovada pelo Conselho (29 deJunho de 2000), proíbe a discriminação nosdomínios do emprego, da educação, da protec-ção social, incluindo os cuidados médicos, e doacesso a bens e serviços. Os Estados-Membrostêm agora três anos para transpor a directivapara o direito nacional. A outra directiva — dis-criminação em matéria de emprego com basena religião ou convicções, deficiência, idade eorientação sexual — e o projecto de programade acção ainda estão a ser analisados pelo Con-selho.

Integração noutros domíniosOs serviços da Comissão têm vindo simultanea-mente a promover a integração da luta contra oracismo e a discriminação racial noutros domí-nios relevantes da política comunitária. Em Fe-vereiro de 2000, num relatório sobre os progres-

sos realizados até à data, foi apresentada umadescrição da forma como a luta contra o racismotem vindo a ser integrada na actuação práticaem matéria de educação, investigação, juventu-de, desenvolvimento e política externa. Estáactualmente a ser efectuada uma avaliaçãoexterna das possibilidades de reforço dos traba-lhos futuros.

Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia

A União Europeia considera que, para a eficáciado combate ao racismo e à xenofobia, é essen-cial dispor de dados fiáveis e comparáveis. As-sim, criou em 1997 o Observatório Europeuque, depois da necessária fase de instalação,começa agora a funcionar em pleno. Em De-zembro de 1999, o Observatório elaborou o seuprimeiro relatório sobre o racismo e a xenofo-bia nos Estados-Membros, tendo realizado for-malmente a sua sessão inaugural em Abril de2000. O Observatório continua a organizar me-sas-redondas que decorrem num elevadonúmero de Estados-Membros e em que partici-pam representantes das administrações públi-cas, organizações não governamentais e orga-nismos especializados; em finais de Junho de2000, realizou em Viena uma mesa-redondaeuropeia.

O Observatório está também a criar uma série decentros nacionais que ficarão responsáveis pelaprestação de informações a partir dos Esta-dos-Membros, no âmbito da rede RAXEN. A nívelnacional, cada centro cooperará com uma redede intervenientes na luta contra o racismo, axenofobia e o anti-semitismo, no que respeitaaos dados a analisar e recolher. A RAXEN serácompletada por uma rede separada de peritosindependentes, criada para facultar informaçõesrápidas sobre ocorrências e incidentes que severifiquem em toda a União. As redes deverãoestar operacionais em 2001.

O Observatório tem igualmente dado um vastocontributo para os preparativos da ConferênciaMundial sobre o Racismo, consubstanciado nosquatro documentos de orientação (protecçãojurídica, políticas e práticas, educação e sensibi-lização, informação, comunicação e media) queapresentou com vista à Conferência Regional Eu-ropeia a realizar em Outubro de 2000, em Estras-burgo. O Conselho aguarda com expectativa aoportunidade de vir a receber mais contributosdo Observatório à medida que este se vá desen-volvendo.

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2.1.2. Para uma União de liberdade, de segurança e de justiça: os marcos de Tampere

Em 15 e 16 de Outubro de 1999, o Conselho Eu-ropeu realizou em Tampere uma sessão extraor-dinária sobre a criação de um espaço de liberda-de, de segurança e de justiça na União Europeia.A sessão foi convocada com base no Tratado deAmesterdão, que prevê que os Estados-Membrosmanterão e desenvolverão a União enquantoespaço de liberdade, de segurança e de justiça,em que seja assegurada a livre circulação depessoas.

Em Tampere, os chefes de Estado e de Governoreconheceram que o objectivo é uma União Euro-peia aberta e segura, plenamente empenhada nocumprimento das obrigações da Convenção deGenebra relativa aos Refugiados e de outros ins-trumentos pertinentes respeitantes aos direitoshumanos, e com capacidade de resposta paraatender às necessidades humanitárias numa basede solidariedade. Os direitos humanos, as insti-tuições democráticas e o Estado de direito con-tam-se entre os princípios orientadores do espaçode liberdade, de segurança e de justiça, que deveassentar nos princípios da transparência e docontrolo democrático, em diálogo aberto com asociedade civil.

O Conselho Europeu de Tampere convidou a Co-missão a apresentar uma proposta de painel deavaliação para acompanhar os progressos reali-zados pela União em matéria de criação de umespaço de liberdade, de segurança e de justiça.A proposta foi já apresentada na comunicaçãoda Comissão relativa ao painel de avaliação, quetem em vista preparar o caminho para a imple-mentação das conclusões de Tampere na UniãoEuropeia [COM(2000) 167 final; Bruxelas, 24 deMarço de 2000].

Asilo e migraçãoO Conselho Europeu de Tampere reconheceu anecessidade de uma política comum da UE emmatéria de asilo e migração, domínios que foramencarados como independentes, mas estreita-mente relacionados.

Como resultado directo da abordagem assentenos direitos humanos, o espaço de liberdade, desegurança e de justiça tem de abranger todas aspessoas que residem ou pretendem entrar noterritório da União. Nas conclusões de Tampere,este objectivo foi consagrado como um impor-tante passo no âmbito das iniciativas destinadasa criar um espaço de livre circulação de pessoasque seja de facto abrangente. Trata-se de umprincípio que se aplica tanto à política de asilocomo à política de migração da União. De acordocom os marcos de Tampere, o desafio a enfren-tar consiste em garantir que todas as pessoascom residência legal na União tenham o direitode circular livremente pelo seu território, emmoldes que não limitem essa liberdade aos cida-dãos da União.

O primeiro elemento da política comum é a par-ceria com os países de origem. Nesta aborda-gem, deverão ser contempladas questões depolítica, de direitos humanos e de desenvolvi-mento em países e regiões de origem e trânsitoonde esteja nomeadamente em causa o respeitopelos direitos humanos, em especial os direitosde pessoas pertencentes a minorias, mulheres ecrianças. Para alcançar os objectivos estabeleci-dos, os chefes de Estado e de Governo prolonga-ram o mandato do Grupo de Alto Nível do Asiloe da Migração. A prevenção e a redução das vio-lações dos direitos humanos no país de origem etrânsito representarão um considerável desafiopara a política de direitos humanos da UE e paraa sua implementação no futuro.

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A União e os seus Estados-Membros atribuemespecial importância ao respeito absoluto dodireito de requerer asilo. Assim, o Conselho Eu-ropeu de Tampere acordou em trabalhar no sen-tido da criação de um sistema comum europeude asilo, que constitui o segundo elemento dapolítica comum. O sistema basear-se-á na aplica-ção integral e abrangente da Convenção de Ge-nebra, mantendo o princípio da não recusa deentrada, ou seja, assegurando que ninguém sejareenviado para um país onde poderá ficar sujei-to a perseguição. Tendo em conta os princípiosbásicos da política de direitos humanos daUnião, deve igualmente garantir-se que, no pro-cesso de controlo da migração, o acesso à pro-tecção internacional não seja posto em risco pe-la aplicação de medidas administrativas.

A Comissão elaborou propostas relativas a umFundo Europeu para os Refugiados, cujo objecti-vo consiste em prestar apoio financeiro paraefeitos de admissão, integração e repatriamentovoluntário de pessoas que necessitam de protec-ção internacional.

O tratamento equitativo de nacionais de paísesterceiros é o terceiro aspecto da política comumde asilo e migração. A política comum deveriater por finalidade assegurar aos nacionais depaíses terceiros com residência legal na UE (emespecial os residentes de longa data) direitos eobrigações comparáveis aos dos cidadãos daUnião.

Em Dezembro de 1999, a Comissão apresentouuma proposta de directiva do Conselho relativaao direito ao reagrupamento familiar para nacio-nais de países terceiros que residem legalmentenum Estado-Membro. A proposta está a ser ana-lisada pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu.

A gestão dos fluxos migratórios constitui o quar-to elemento da política comum de asilo e migra-ção. Trata-se aqui, entre outros aspectos, de com-bater o tráfico de seres humanos e a exploraçãoeconómica dos migrantes. O Conselho Europeude Tampere instou para que fossem impostasseveras sanções contra o tráfico de seres huma-nos. Há que salvaguardar os direitos das vítimasde semelhantes actividades, consagrando espe-cial atenção aos problemas das mulheres e crian-ças. A Comissão foi convidada a apresentar pro-postas de legislação neste sentido.

Um verdadeiro espaço europeu de justiçaO respeito pelo primado do Direito é essencialpara a plena concretização dos direitos huma-nos. O Conselho Europeu de Tampere reconhe-

ceu a importância do acesso à justiça, tendoafirmado que os cidadãos não devem ser desen-corajados de exercer os seus direitos por razõesde incompatibilidade ou complexidade dos sis-temas jurídicos e administrativos dos Esta-dos-Membros.

Luta contra a criminalidade a nível da UniãoO Conselho Europeu de Tampere apelou paraque fossem adoptadas, a nível da União, medi-das equilibradas para combater a criminalidadee proteger a liberdade e os direitos legais dosindivíduos e dos operadores económicos. É con-sagrada especial atenção ao tráfico de sereshumanos, em especial no que respeita à explo-ração das mulheres e à exploração sexual decrianças.

A Comissão elaborou uma comunicação sobre acriminalização do tráfico de seres humanos e daexploração sexual de crianças, com particularrelevo para a pornografia infantil na Internet.

2.1.3. Combate à exclusão social

Os problemas sociais da pobreza, do desempregoe de outras formas de exclusão social atentamcontra a dignidade humana e contra o efectivoexercício dos direitos humanos, pelo que exigemmedidas urgentes e eficazes. Daí que a União con-tinue a atribuir elevada prioridade à promoção dainclusão social, na devida observância do princí-pio da igualdade, incluindo a não-discriminação ea igualdade de oportunidades.

Neste contexto, foi definida em Lisboa umaestratégia global que visa, entre outras finali-dades, renovar o modelo social europeu, inves-tindo nas pessoas e combatendo a exclusãosocial.

A UE assumiu, para a próxima década, o novoobjectivo estratégico de se tornar na economiabaseada no conhecimento mais dinâmica e compe-titiva do mundo, capaz de garantir um crescimen-to económico sustentável, com mais e melhoresempregos, e com maior coesão social, tal como seafirma nas conclusões do Conselho Europeu de Li-sboa (23 e 24 de Março de 2000). Um posto de tra-balho é, de facto, a melhor salvaguarda contra aexclusão social.

Os resultados desta nova etapa no processo depromoção do progresso económico e social na UEsão ricos em significado no que respeita aos direi-tos humanos, sendo coerentes com os objectivosessenciais que consistem em assegurar um

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melhor nível de vida, emprego duradouro emelhores condições de trabalho em toda a União,bem como em promover o desenvolvimento domais elevado nível de conhecimentos (ver, emespecial, o artigo 2.º do TUE e os títulos VIII, Em-prego, e XI, Política Social, Educação, FormaçãoProfissional e Juventude, do TCE). As decisõesadoptadas em Lisboa destinam-se, pois, a intensi-ficar a acção da UE nos domínios relevantes:

i) a UE considera que o investimento nas pes-soas e nas qualificações se reveste de fun-damental importância para uma economiabaseada no conhecimento. A este respeito,há que reforçar as medidas destinadas aresolver os problemas da info-exclusão e doanalfabetismo digital, por forma a evitar orisco de crescente alargamento do fosso en-tre aqueles que têm acesso aos novosconhecimentos e aqueles que deles estãoexcluídos. Neste contexto, o Plano de AcçãoeEuropa 2002 (Uma Sociedade da Infor-mação para Todos), aprovado pelo ConselhoEuropeu em Junho de 2000, vem lançar asbases para a promoção da info-inclusão epara a participação de todos na economiado conhecimento;

ii) a UE está também profundamente empenha-da em assegurar a aprendizagem ao longoda vida para todos os cidadãos, enquantoinstrumento essencial para enfrentar osdesafios de um mundo em rápida mutação,e salienta que os sistemas de ensino e deformação têm de se adaptar por forma aoferecer oportunidades de ensino e de for-mação concebidas para responder às neces-sidades de determinados grupos-alvo, taiscomo jovens, desempregados e trabalhado-res cujas qualificações estão em risco de fi-car ultrapassadas. Segundo este ponto devista, é necessário, no âmbito de uma polí-tica de aprendizagem ao longo da vida, pro-

mover a participação dos parceiros sociais.A Comissão já elaborou uma comunicaçãosobre a e-aprendizagem, tendo o Conselhoaprovado orientações a respeito dos futurosdesafios e objectivos dos sistemas de ensi-no na sociedade da aprendizagem. Foi as-sim proporcionado um enquadramento paraa promoção de sistemas de ensino e forma-ção concebidos no sentido de permitir àspessoas que vivam e trabalhem na socieda-de do conhecimento;

iii) outro dos domínios-chave para o desenvolvi-mento de uma política de emprego activaprende-se com a promoção da igualdade deoportunidades em todos os seus aspectos,inclusive através da redução da segregaçãoprofissional e da adopção de medidas quepermitam conciliar mais facilmente vidafamiliar e vida profissional, estabelecendoem especial um novo padrão para a presta-ção de melhores serviços de acolhimento decrianças. No que respeita especificamente àtaxa de emprego feminino, é objectivo da UEaumentá-la para mais de 60% até 2010;

iv) no contexto do modelo social europeu, amodernização dos sistemas de protecçãosocial é igualmente considerada uma grandeprioridade. Num Estado-providência que sequer activo, os referidos sistemas são defacto um instrumento para a promoção dainclusão social e da igualdade entre sexos,bem como para a prestação de serviços desaúde de qualidade. Neste domínio, os inter-câmbios de experiências e de melhores práti-cas são referidos como um meio importante eadequado para enfrentar o desafio que repre-senta a modernização da protecção social.

A UE salienta que a promoção da inclusão socialexige uma actuação determinada no sentido de

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erradicar a pobreza, estabelecendo para tal me-tas adequadas.

Quanto a este aspecto, a UE definiu como objec-tivo a integração da promoção da inclusão naspolíticas nacionais de emprego, ensino e forma-ção, saúde e habitação, complementadas pormedidas a nível comunitário. Tratando-se depolíticas que dizem particularmente respeitoaos direitos sociais, económicos e culturais, aestratégia assim seguida contribuirá para refor-çar a implementação dos direitos humanos. Acriação do Comité da Protecção Social teve porobjectivo melhorar o desenvolvimento e o acom-panhamento sistemático dos trabalhos em maté-ria de modernização da protecção social e depromoção da inclusão social a nível comunitá-rio, bem como contribuir para intensificar a coo-peração entre Estados-Membros neste domínio,através de intercâmbios de experiências emelhores práticas. Além disso, a Comissão pro-pôs um programa comunitário de luta contra aexclusão social [COM(2000) 368], destinado aincorporar a promoção da inclusão social noâmbito da estratégia global da União Europeiapara os próximos 10 anos.

A aplicação de indicadores estruturais comunsdesempenha um importante papel no exercíciode acompanhamento, avaliação e medição dosprogressos realizados nestes domínios. Nestecontexto, o Conselho Europeu de Lisboa reafir-mou a necessidade de desenvolver, sempre quenecessário, indicadores quantitativos e qualitati-vos e benchmarks.

O Conselho Europeu realizará na Primavera umasessão ordinária consagrada a questões econó-micas e sociais, tendo em vista definir os man-datos necessários e acompanhar os progressosverificados no sentido da consecução do novoobjectivo estratégico.

2.1.4. Direitos das crianças

A UE atribui especial importância à promoção eprotecção dos direitos das crianças. A Con-venção da ONU sobre os Direitos da Criança(CDC), de 1989, que foi ratificada por todos osEstados-Membros da UE, constitui a base daspolíticas e práticas da UE, tanto a nível internocomo no plano multilateral.

Violência contra crianças e jovensNos termos do artigo 29.º do TUE, o objectivo daUnião de facultar aos cidadãos um elevado nívelde protecção, num espaço de liberdade, segu-rança e justiça, será atingido, nomeadamente,

prevenindo e combatendo a criminalidade. Nes-ta disposição, é feita especial referência ao trá-fico de seres humanos e aos crimes contra ascrianças. O Plano de Acção de Viena, de 1998,enumera as medidas a adoptar para alcançarestes objectivos. Na sua sessão extraordináriade Tampere, em Outubro de 1999, o ConselhoEuropeu considerou que os esforços para quesejam aprovadas definições, incriminações esanções deverão incidir num número limitadode sectores de particular importância, tais comoa exploração sexual de crianças.

Em 24 de Janeiro de 2000, o Parlamento Europeue o Conselho aprovaram o programa Daphne,uma acção comunitária relativa a medidas pre-ventivas de combate à violência exercida contraas crianças, os adolescentes e as mulheres. Aviolência foi aqui entendida no sentido mais la-to possível, indo do abuso sexual à violênciadoméstica, da exploração comercial à intimida-ção nas escolas, do tráfico à violência exercidacontra deficientes, minorias, migrantes ououtros grupos vulneráveis. Em 1999, foramfinanciados 54 projectos ao abrigo da iniciativaDaphne.

Com a introdução do programa Daphne (2000--2003), as possibilidades de acção foram alarga-das em três grandes domínios: aumentou onúmero de organizações que podem solicitarfinanciamento, foi assegurada uma maior cober-tura geográfica e o período de execução dos pro-jectos passou a ser superior a um ano. O progra-ma Daphne tem por objectivo contribuir paragarantir um elevado nível de protecção da saúdefísica e mental, protegendo as crianças, osjovens e as mulheres contra actos de violência(inclusive sob a forma de exploração e abusosexuais), prevenindo a violência e prestandoapoio às vítimas, a fim de evitar, em especial,que fiquem novamente expostas a actos de vio-lência. No contexto da estratégia de pré-adesão,e para incentivar o respeito pelos direitos huma-nos, o programa Daphne ficará aberto à partici-pação dos países candidatos da Europa Central eOriental e Chipre, bem como aos países da EFTA/EEE; Chipre, Malta e a Turquia serão abran-gidos por modalidades especiais. O orçamentopara o programa Daphne foi fixado em 20 mi-lhões de euros.

Combater o abuso e a exploração sexualde criançasA UE está a trabalhar activamente sobre questões relacionadas com a exploração sexualde crianças. O programa STOP, de 1996, tem por objectivo promover e melhorar a

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cooperação internacional no domínio da lutacontra o tráfico de seres humanos e a explora-ção sexual de crianças. Destina-se a incentivar ereforçar as redes entre serviços e a cooperaçãoprática, procurando, em geral, melhorar e adap-tar a formação e as competências das pessoasresponsáveis pelo combate a esta forma de cri-minalidade nos Estados-Membros. Em 1997, foiaprovada uma acção comum relativa à luta con-tra o tráfico de seres humanos e a exploraçãosexual de crianças, na qual foram estabelecidasregras de acção comuns. Uma das tarefas do Ser-viço Europeu de Polícia, Europol, consiste emaumentar a eficácia das autoridades competen-tes dos Estados-Membros e melhorar a coopera-ção entre elas. Têm sido empreendidos inter-câmbios de experiências no contexto da coope-ração com vários países asiáticos, a título doprocesso ASEM. Estas iniciativas surgem tambémno seguimento do plano de acção do CongressoMundial contra a Exploração Sexual de Criançaspara Fins Comerciais, realizado em 1996, emEstocolmo.

Foram criados programas destinados a combatero abuso de crianças no turismo sexual, tendo si-do previstas, neste âmbito, medidas legislativasa nível dos Estados-Membros e acções de coope-ração com países terceiros. Foi aberta uma rubri-ca orçamental específica para financiar campa-nhas de sensibilização do público, tendo em vis-ta lutar contra esta forma de exploração sexualde crianças. Em Dezembro de 1999, o Conselhoadoptou conclusões sobre a implementação demedidas neste contexto.

Nas suas conclusões, o Conselho preconiza umaabordagem integrada ao nível de várias políti-cas: Justiça e Assuntos Internos, saúde, ensino,turismo, política externa, etc. A Comissão e osEstados-Membros são convidados a prosseguir oapoio a medidas de sensibilização e à elabora-ção de códigos de conduta. É imperioso envidaresforços no sentido de pôr cobro ao abuso decrianças no turismo sexual com origem nos Esta-dos-Membros. Devem ser integradas medidas aeste respeito nas políticas de desenvolvimentonacionais e comunitárias.

Estão também a ser tomadas medidas para pôrtermo à produção e apresentação de pornografiainfantil, através da Internet e não só. Em 29 deMaio de 2000, foi aprovada uma decisão do Con-selho que visa combater a produção, processa-mento, divulgação e posse de material de porno-grafia infantil e fomentar uma investigação erepressão eficazes dos delitos neste domínio.Saudando o parecer do Parlamento Europeu etendo presente a urgência da adopção de medi-das imediatas contra a pornografia infantil naInternet, o Conselho declarou-se disposto a ana-lisar questões relacionadas com o direito penalsubstantivo e o processo penal à luz da AcçãoComum de 1997 e com base em propostas aapresentar no futuro.

Entre as acções complementares neste domínio,contam-se o livro verde da Comissão sobre aprotecção dos menores e da dignidade humananos serviços audiovisuais e de informação, bemcomo a recomendação do Conselho, de 1998,relativa ao desenvolvimento da competitividadeda indústria europeia de serviços audiovisuais ede informação através da promoção de quadrosnacionais conducentes a um nível comparável eeficaz de protecção dos menores e da dignidadehumana. Em Janeiro de 1999, o Conselho apro-vou um plano de acção comunitário plurianualpara fomentar uma utilização mais segura da In-ternet por meio da luta contra mensagens deconteúdo ilegal e lesivo difundidas nas redesmundiais. O plano tem por objectivo fomentarum ambiente propício ao desenvolvimento daindústria da Internet através da promoção deuma utilização mais segura e do combate àsmensagens de conteúdo ilegal ou lesivo. A deci-são diz respeito a uma vasta gama de proble-mas, nomeadamente a protecção de menores e aprotecção da dignidade humana.

Protecção de menores que são nacionaisde países terceirosQuer se encontrem acompanhadas pelos pais ou sozinhas, as crianças que pedem

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asilo podem necessitar de protecção por esta-rem sujeitas a perseguição nos países de ori-gem. Importa reconhecer que também as incer-tezas do processo de asilo podem colocar ascrianças numa situação vulnerável e sensível. Oprocesso de integração no novo país pode igual-mente ser por elas vivido como algo de compli-cado e assustador. Em Dezembro de 1998, oConselho Europeu, reunido em Viena, aprovouum plano de acção em que os Estados-Membrosse comprometeram a assegurar que seja dadorelevo à perspectiva da criança nas futuras deci-sões sobre o acolhimento de requerentes de asi-lo e sobre o processo de asilo. A Convenção daONU sobre os Direitos da Criança (CDC) é o ins-trumento que está a orientar os debates em cur-so sobre a implementação do Plano de Acção. Asfuturas medidas que venham a ser adoptadasneste domínio deverão pautar-se, em especial,pelos princípios da Convenção respeitantes aointeresse superior da criança e à unidade dafamília.

O processo aplicável aos menores não acompa-nhados que entram no território de um Esta-do-Membro, nele requerendo ou não asilo, éregido por uma resolução adoptada pelo Con-selho em 1997. Na resolução, é reconhecido queos menores necessitam de especial protecção ecuidados e que todo o processo se pautará peloprincípio do interesse superior da criança, talcomo enunciado na CDC.

A resolução sobre o reagrupamento familiar,aprovada em 1993, não é juridicamente vincula-

tiva, mas teve seguimento quando, em Janeirode 2000, a Comissão apresentou, com base noTratado de Amesterdão, um projecto de directi-va sobre o direito ao reagrupamento familiar.Nos termos da directiva, o interesse superior dacriança será tomado em consideração na decisãosobre o pedido. A directiva tem em vista atenderà situação das crianças de países terceiros quepretendem vir juntar-se às suas famílias já resi-dentes num Estado-Membro, bem como dascrianças que, tendo recebido asilo como refugia-das, se encontram sem os pais no território deum Estado-Membro e pretendem juntar-se àssuas famílias residentes num país terceiro.

No plano de acção aprovado pelo Conselho Eu-ropeu de Viena, em 11 e 12 de Dezembro de1998, para criar um espaço de liberdade, desegurança e de justiça, são estabelecidas priori-dades de implementação dentro de um períodode dois anos. No que respeita ao asilo e imigra-ção, o plano de acção prevê que, num prazo dedois anos a contar da entrada em vigor do Tra-tado de Amesterdão, deverão ser adoptadas«normas mínimas em matéria de concessão ouretirada do estatuto de refugiado, tendo em vis-ta, nomeadamente, reduzir a duração dos pro-cessos de asilo, [dando] especial atenção à situa-ção das crianças» [n.º 1, alínea d), do artigo 63.ºdo TCE].

2.1.5. Direitos das mulheres

A promoção e protecção dos direitos das mulhe-res constitui parte integrante da política da UEem matéria de direitos humanos, em consonân-cia com a Declaração e o Plano de Acção da Con-ferência Mundial sobre os Direitos do Homem(Viena, 1993) e com a Programa de Acção de Pe-quim (1995). A política da União Europeia nosentido de promover a igualdade entre os sexostem presente a necessidade de assegurar quetanto homens como mulheres possam usufruirplenamente dos direitos humanos e das liberda-des fundamentais. A este respeito, é importanteque se possa beneficiar de igualdade no acesso àeconomia, aos órgãos de decisão e aos direitossociais, bem como de protecção contra a violên-cia e o assédio sexual.

Integração da igualdade entre os sexosO artigo 2.º do Tratado CE faz da igualdade en-tre homens e mulheres um dos objectivos explí-citos da Comunidade. A integração de uma pers-pectiva de género em todas as acções e políticasé expressamente mencionada no artigo 3.º, queestabelece para a Comunidade o objectivo de eli-minar as desigualdades e promover a igualdadeentre homens e mulheres.

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A Comissão segue uma abordagem em duas vias,combinando e completando a sua estratégia deintegração com acções especificamente destina-das às mulheres. São os seguintes os documen-tos de base para a abordagem de integraçãoseguida pela Comissão: comunicação intitulada«Integrar a igualdade de oportunidades entrehomens e mulheres no conjunto das políticas edas acções comunitárias» e relatório sobre a suaimplementação [COM(1998) 122 final].

As mulheres e o usufruto dos seus direitoseconómicosNas conclusões do Conselho Europeu de Lisboa(23 e 24 de Março de 2000), foi salientada anecessidade de garantir que as mulherestenham acesso ao mercado de trabalho e à novaeconomia. A discriminação sexual na distribui-ção dos recursos económicos é incompatívelcom o usufruto, pelas mulheres, dos seus direi-tos económicos e com a sua legítima aspiraçãoa participar no desenvolvimento económico esocial.

e apelam aos Estados-Membros para que conti-nuem a esforçar-se por adoptar as medidas neces-sárias para colmatar o fosso salarial entrehomens e mulheres através de acções positivasde promoção do princípio «salário igual por tra-balho igual» e de redução das diferenças de rendi-mentos entre mulheres e homens. O exercícioanual de aprovação de orientações em matéria deemprego e elaboração de relatórios conjuntos so-bre o emprego possibilita a necessária continui-dade e permite que todos os anos seja efectuadauma revisão e se introduzam melhorias.

O Fundo Social Europeu foi inicialmente o princi-pal fundo utilizado para atender à questão daigualdade de oportunidades, essencialmenteatravés da iniciativa para o emprego NOW. Os res-tantes fundos estruturais têm sido progressiva-mente envolvidos na promoção da igualdade. Aolongo dos últimos anos, foram lançadas no qua-dro do Fundo Europeu de Desenvolvimento Re-gional (FEDER) e do Fundo Europeu de Orientaçãoe de Garantia Agrícola (FEOGA), iniciativas especí-ficas com especial incidência nas mulheres.

Em 1999, o Conselho aprovou os novos regu-lamentos relativos aos fundos estruturais para o período 2000-2006 [Regulamento (CE) n.o 1260/1999; JO L 161 de 26.6.1999]. Os novosfundos estruturais contribuirão para a promoçãoda igualdade entre mulheres e homens atravésde uma dupla estratégia: integração das ques-tões da igualdade entre os sexos em todas aspolíticas, por um lado, e execução de acçõesespecíficas focalizadas nas mulheres, por outro.De acordo com a nova regulamentação, as ques-tões da igualdade entre os sexos devem ser tidasem conta nas fases de planeamento, implemen-tação, acompanhamento e avaliação.

As mulheres no processo de decisãoA promoção da participação das mulheres noprocesso de decisão em todas as áreas da socie-dade constitui um objectivo fulcral da políticada Comunidade. A persistente sub-representa-ção feminina em todos os domínios do processode tomada de decisões denota um défice demo-crático fundamental. Em Dezembro de 1996, oConselho aprovou uma recomendação do Con-selho relativa à participação equilibrada dasmulheres e dos homens nos processos de toma-da de decisão (Recomendação 96/694/CE; JO L319 de 10.12.1996), dirigida aos Estados-Mem-bros e às instituições da UE. O relatório sobre aaplicação desta recomendação do Conselho, ela-borado com base nas informações fornecidas pe-los Estados-Membros e pelas instituições da UE eaprovado em 7 de Março de 2000 [COM(2000)

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A promoção da independência das mulheres edo seu acesso aos direitos económicos que lhesassistem inclui o acesso ao emprego, condiçõesde trabalho adequadas, a eliminação da segrega-ção profissional e da discriminação no emprego,bem como a promoção da harmonização das res-ponsabilidades profissionais e familiares demulheres e homens. Trata-se de objectivos fun-damentais da Estratégia da União Europeia emmatéria de Emprego, na constatação de que aplena participação das mulheres no mercado detrabalho é necessária para o desenvolvimentoeconómico e social da Europa.

As orientações em matéria de emprego para 2000,tal como as respeitantes a 1998 e 1999, contêmrecomendações sobre a igualdade entre os sexos

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120 final], concluiu serem positivos os resulta-dos globais das políticas aplicadas desde 1996;não tinham contudo sido atingidos os objectivosdefinidos em 1996, pelo que se tornava necessá-rio o desenvolvimento de outras acções.

Em 19 de Junho de 2000, a Comissão aprovou aDecisão 2000/407/CE (JO L 154 de 27.6.2000),na qual assume formalmente o seu empenha-mento no equilíbrio de géneros em todos oscomités e grupos de peritos por si criados. Estadecisão, que engloba tanto os grupos e comitésjá existentes como os novos comités e grupos,estabelece o objectivo a médio prazo de umarepresentação mínima de 40% de membros decada sexo em cada grupo ou comité.

Violência contra as mulheresA violência contra as mulheres constitui umimportante obstáculo à consecução dos direitoshumanos das mulheres. As questões da violênciacontra as mulheres e do tráfico de mulheres fo-ram suscitadas pela primeira vez, no contexto daUnião Europeia, no ano de 1996, com a comunica-ção sobre o Tráfico de Mulheres [COM(96) 567 fi-nal] e o programa STOP (JO L 322, 12.12.1996, p. 7 a 10], a que se seguiu a iniciativa Daphne, lan-çada em 1997, cujo sucessor é o actual programaDaphne (2000-2003), aprovado pela Decisão n.º 293/2000 (JO L 34 de 9.2.2000). O papel da Co-missão nesta área política traduz-se no apoio àsacções e actividades de investigação e na coorde-nação das políticas da UE. A Comissão Europeia

tem tido como principal objectivo assegurar queo problema da violência contra as mulheres,incluindo a luta contra o tráfico de mulheres, sejainscrito como ponto prioritário da agenda políti-ca da União Europeia.

Em Janeiro de 1999, a Comissão Europeia lançoua campanha europeia de sensibilização para aquestão da violência contra as mulheres, quedispôs nesse ano de uma dotação orçamental decerca de 4 milhões de euros. Esta campanha,que tinha por principais objectivos promover asensibilização do público em geral para o temaem questão e procurar formas de evitar a violên-cia doméstica, proporcionou numerosas iniciati-vas nacionais e locais em todos os Estados-Mem-bros, tais como a promoção de campanhas àescala nacional e a elaboração de planos deacção para combater a violência contra asmulheres. Um dos principais resultados da cam-panha foi a constatação de que a violência con-tra as mulheres constitui um problema grave epersistente.

O encerramento da campanha teve lugar na Con-ferência Internacional realizada em Lisboa emMaio de 2000. A presidência da Conferência ape-lou ao Conselho, à Comissão e aos Estados-Mem-bros para que assumissem o solene compromissode combater todas as formas de violência contraas mulheres, mediante a adopção de disposiçõesjurídicas, administrativas e outras, e de levar acabo um estudo sobre a violência e as formas deevitar, bem como sobre a protecção, o apoio e aindemnização das vítimas; apelou igualmente àorganização de um Ano «Violência contra asMulheres» por volta de 2001-2003, à nomeaçãode uma unidade (na Comissão) para manter adinâmica dos trabalhos da Comissão nesta maté-ria e à apresentação de uma comunicação sobre aviolência contra as mulheres.

2.2. Carta dos DireitosFundamentais da União EuropeiaTendo em conta que a defesa dos direitos huma-nos constitui um princípio fundador da UE euma condição imprescindível para a sua legiti-midade, os chefes de Estado e de Governo, reu-nidos no Conselho Europeu de Colónia (Junhode 1999), consideraram que, na presente fase deevolução da União Europeia, se impunha consig-nar a importância primordial de tais direitos eassegurar-lhes uma melhor visibilidade no seioda União através da redacção de uma Carta dosDireitos Fundamentais.

A instância ad hoc designada também «Con-venção», incumbida da redacção do projecto de

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Carta, é composta por 62 membros repartidospor quatro grupos: 15 representantes dos chefesde Estado e de Governo dos Estados-Membros,um representante da Comissão, 16 membros doParlamento Europeu e 30 membros dos parla-mentos nacionais. Devem ser consultados osrepresentantes do Comité Económico e Social edo Comité das Regiões, bem como peritos erepresentantes da sociedade civil. Os trabalhoscontam igualmente com a participação, na quali-dade de observadores, de dois representantesdo Tribunal de Justiça das Comunidades Euro-peias e dois representantes do Conselho da Eu-ropa, um deles em representação do Tribunal.

Em Junho de 2000, a Convenção deu por termina-da a primeira leitura dos 30 primeiros artigos doprojecto de Carta, consagrados aos direitos civis epolíticos. O grande interesse do público e, nomea-damente, da sociedade civil, relativamente à ela-boração desta Carta traduziu-se em cerca de 500propostas de alteração aos referidos 30 artigos.No mês de Julho, a Convenção deu início à análisedos cerca de 20 artigos dedicados aos direitoseconómicos e sociais e às cláusulas horizontais,tendo sido redigido um projecto de Carta.

Os métodos de trabalho da Convenção, estabele-cidos nas suas grandes linhas pelas conclusõesdo Conselho Europeu de Tampere (Outubro de1999) e especificados aquando da primeira reu-nião da instância, em 17 de Dezembro de 1999,caracterizam-se pela transparência dos traba-lhos. Com efeito, o Conselho Europeu de Tampe-re fixou como princípio a publicidade dos deba-tes realizados no seio da Convenção, bem comodos documentos pertinentes. O sítio na Internet(http://db.consilium.eu.int/) constitui a primei-ra concretização deste princípio.

O Conselho Europeu da Feira (Junho de 2000) con-vidou a Convenção a dar continuidade aos seus

trabalhos de acordo com o calendário fixado nasconclusões do Conselho Europeu de Colónia(Junho de 1999), tendo em vista a apresentaçãode um projecto de documento antes do ConselhoEuropeu de Biarritz (13 e 14 de Outubro de 2000).Em 28 de Julho, a Presidência apresentou um pro-jecto de texto integral que será analisado pelaConvenção em Setembro de 2000.

A questão da integração da Carta nos Tratados e,se for esse o caso, as suas modalidades e asmedidas a adoptar para a sua execução serãoanalisadas numa fase posterior. Caberá ao Con-selho pronunciar-se nesta matéria. Com efeito,embora a Convenção tenha trabalhado com basena hipótese do valor jurídico vinculativo da Car-ta, não lhe compete decidir da integração daCarta nos Tratados.

2.3. AlargamentoO artigo 49.º do Tratado da União Europeia esta-belece que qualquer Estado europeu que respei-te os princípios enunciados no artigo 6.º do TUEpode pedir para se tornar membro da União. Es-ses mesmos princípios foram enunciados emJunho de 1993 pelo Conselho Europeu de Co-penhaga, que indicou que a adesão exige que opaís candidato disponha de instituições estáveisque garantam a democracia, o Estado de direito,os direitos humanos, bem como o respeito pelasminorias e a sua protecção. A observância des-tes critérios constitui condição prévia para aabertura das negociações de adesão.

Com base nos critérios estabelecidos em Co-penhaga, o Conselho Europeu do Luxemburgo(Dezembro de 1997) decidiu encetar negocia-ções com seis países candidatos: Chipre, Eslové-nia, Estónia, Hungria, Polónia e República Checa.O Conselho Europeu de Helsínquia alargou asnegociações a seis outros candidatos: Bulgária,Eslováquia, Letónia, Lituânia, Malta e Roménia.Por outro lado, a União reconheceu à Turquiapleno estatuto de candidato, recordando que aobservância dos critérios políticos de Copenha-ga constituía um pré-requisito para a aberturade negociações de adesão.

O Conselho Europeu de Santa Maria da Feira(Junho de 2000), recordando o empenhamento daUnião em manter a dinâmica do processo de ade-são, pôs a tónica na capacidade efectiva dos paí-ses candidatos para aplicarem o acervo e reforça-rem as suas estruturas administrativas e judiciá-rias; tomou nota das iniciativas da Turquia tendoem vista o cumprimento dos critérios de adesão esolicitou a este país candidato a realização deprogressos concretos, designadamente nos domí-

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Projec to de Car ta do s Dire i to s Fundamentai s

da União Europe ia

Biarritz 13 -14 de Outubro de 2000

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o da

U.E

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Secretariado da Carta dos Direitos Fundamentais

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nios dos direitos humanos, do Estado de direito edo sistema judiciário. O Conselho Europeu deNice (7 e 8 de Dezembro de 2000) avaliará os pro-gressos realizados pelos países candidatos e con-sagrar-se-á à definição de uma visão política glo-bal do processo de alargamento.

A abertura das negociações decorreu a par deum acompanhamento dos progressos realizadospelos países candidatos relativamente à obser-vância dos critérios políticos de Copenhaga. Es-se acompanhamento é, em particular, assegura-do pela Comissão, que elabora periodicamenterelatórios de análise da forma como são efecti-vamente aplicados pelos países candidatos osprincípios da democracia e do Estado de direito,nomeadamente no que respeita ao funcionamen-to eficaz das instituições, do sistema judiciário,da polícia e das autarquias locais, bem como aorespeito pelos direitos humanos e, nomeada-mente, das pessoas que pertencem a minorias.Os próximos relatórios regulares da Comissãoserão apresentados ao Conselho em 8 de No-vembro de 2000.

No âmbito da sua preparação para a adesão, ospaíses candidatos devem, com efeito, utilizarintegralmente a estratégia de pré-adesão da

União, centrada nas Parcerias de Adesão e naajuda financeira.

As Parcerias de Adesão estabelecem os domíniosprioritários em que cada um dos países candida-tos em causa deve fazer incidir os seus esforçosde alinhamento pelo acervo da União. Nessesdomínios incluem-se, conforme pertinente, asprioridades ligadas ao cumprimento dos crité-rios políticos para a adesão. A ajuda financeirada UE, e em especial a que é prestada no quadrodo programa Phare, está condicionada à obser-vância, por parte de cada um dos Estados candi-datos, dos critérios de Copenhaga e dos compro-missos decorrentes dos Acordos de Associação,e bem assim aos progressos realizados naimplementação das Parcerias de Adesão.

Durante a fase de pré-adesão, o programa Pharefornece assistência financeira à criação de insti-tuições nos países da Europa Central e Oriental,o que inclui a promoção da governação demo-crática, do Estado de direito e do respeito pelosdireitos humanos. É prestado um apoio específi-co aos países candidatos em causa no seu esfor-ço de combate ao racismo, à xenofobia e ao an-ti-semitismo tendo em vista a integração e a pro-tecção das minorias nacionais e éticas.

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3.1. Instrumentos e iniciativas da UE nas relações com países terceirosNeste capítulo são dados exemplos das iniciati-vas tomadas pela UE durante o período abrangi-do pelo presente relatório para manifestar assuas preocupações e saudar a realização de pro-gressos no domínio dos direitos humanos.

Os principais instrumentos jurídicos da PolíticaExterna e de Segurança Comum da UE são asestratégias comuns, as posições comuns e asacções comuns (artigos 13.º, 14.º e 15.º do Tra-tado da União Europeia). Grande parte delas estácentrada nos direitos humanos e na democrati-zação ou contém elementos substanciais relati-vos aos direitos humanos.

3.1.1. Estratégias comuns

As estratégias comuns constituem um novo ins-trumento criado pelo Tratado de Amesterdão.Têm por objectivo aumentar a coerência globalda acção internacional da União. São decididas anível do Conselho Europeu (chefes de Estado oude Governo), e destinam-se a ser executadas pe-la União em domínios em que os Estados-Mem-bros tenham importantes interesses em comum.São adoptadas por unanimidade, mas as deci-sões no domínio da política externa e de segu-rança tomadas com base em estratégias comuns,nomeadamente as acções comuns e as posiçõescomuns, são adoptadas por maioria qualificada.

No domínio da PESC, a implementação da estra-tégia comum «Rússia», aprovada pelo ConselhoEuropeu de Colónia, possibilitou a criação deum novo quadro de diálogo político e de segu-rança em que foram abordadas todas as ques-tões de interesse comum, nomeadamente a daChechénia.

Durante o período abrangido pelo presente rela-tório foram aprovadas duas novas estratégias,uma delas respeitante à Ucrânia e outra relativaà região mediterrânica. A sua aprovação coube,respectivamente, ao Conselho Europeu de Hel-sínquia de Dezembro de 1999 e ao Conselho Eu-ropeu de Santa Maria da Feira de Junho de 2000.

Estas estratégias têm como um dos objectivosprimordiais a consolidação da democracia, doEstado de direito e da sociedade civil.

3.1.2. Acções comuns

As acções comuns incidem sobre situações espe-cíficas em que se considere necessária umaacção operacional por parte da União. Por estarazão, incluem geralmente disposições orçamen-tais. As acções comuns vinculam osEstados-Membros nas suas tomadas de posição ena condução da sua acção. Entre as acçõescomuns relevantes em matéria de direitos huma-nos adoptadas pela UE no período abrangido pe-lo presente relatório, incluem-se as que a seguirse enunciam.

Autoridade Palestiniana: a acção comum pluria-nual relativa à assistência à Autoridade Palesti-niana nos seus esforços para combater as activi-dades terroristas com origem nos territórios sobo seu controlo inclui disposições para a forma-ção dos serviços de segurança e de polícia nodomínio dos direitos humanos e do Estado dedireito. O programa pode ser suspenso se a Au-toridade Palestiniana não tomar medidas ade-quadas para garantir o respeito dos direitoshumanos aquando da sua implementação.

Bósnia-Herzegovina: a UE apoiou numa primeirafase, através de acções comuns, as estruturas deimplementação da paz e os processos eleitoraisna Bósnia-Herzegovina. Co-financiou em cercade 50% o Gabinete do Alto-Representante, cujamissão inclui o reforço da democracia e dosdireitos humanos na Bósnia-Herzegovina. A par-tir de Maio de 2000, estas actividades passarama ser financiadas com base no orçamento comu-nitário [Regulamento (CE) n.º 1080/2000 relativoao apoio à MINUK e ao Gabinete do Alto-Repre-sentante na Bósnia-Herzegovina (JO L 122, 24 deMaio de 2000)].

3.1.3. Posições comuns

As posições comuns definem a abordagem daUnião a uma questão específica de interesse ge-ral, de natureza geográfica ou temática. Os Esta-

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3. Acção da União Europeia em matéria de direitos humanos no contexto internacional

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dos-Membros devem zelar pela coerência dassuas políticas nacionais com as posiçõescomuns.

No período abrangido pelo presente relatório, aUE definiu, em especial, as posições comunsrelativas aos direitos humanos a seguir enuncia-das:

RFJ: em resposta às violações massivas dosdireitos humanos perpetradas no Kosovo pelasautoridades da República Federativa da Jugoslá-via, a UE impôs um certo número de medidasrestritivas contra a RFJ através de uma série deposições comuns e decisões de aplicação. Alémdisso, a UE favoreceu a democratização na RFJatravés do seu apoio activo às forças empenha-das nos valores democráticos (posição comumde Outubro de 1999).

África: em Julho de 1999, a UE actualizou umaposição comum, aprovada em Maio de 1998,relativa aos direitos humanos, à democracia, aoEstado de direito e à boa governação em África.Está previsto que a referida posição comum de1998 seja revista de seis em seis meses.

nos e os princípios democráticos são critériose objectivos-chave consignados em diversosacordos de cooperação entre a Comunidade eos países africanos, nomeadamente na Con-venção de Lomé revista, e enumerou as acçõesque desenvolveu nos últimos seis meses parapromover o respeito dos direitos humanos eda democracia.

Ruanda: a posição comum de 1998 relativa aoRuanda, revista em Julho de 1999, coloca a pro-tecção dos direitos humanos e das liberdadesfundamentais e a transição para a democraciano centro dos objectivos da política da Uniãorelativamente a esse país.

República Democrática do Congo: em Novem-bro de 1999, a União aprovou uma posição co-mum relativa ao apoio da UE à aplicação doacordo de cessar-fogo de Lusaca e ao processode paz da República Democrática do Congo(RDC). A UE afirmou que uma paz duradourana RDC apenas poderá ser alcançada atravésdo respeito pelos princípios democráticos epelos direitos humanos em todos os Estadosda região.

Angola: na sua posição comum de Junho de2000 relativa a Angola, a UE declara-se dispostaa apoiar iniciativas susceptíveis de contribuirpara uma solução política do conflito em Angolae exorta o governo angolano a assegurar o res-peito pelos direitos humanos, a liberdade dosmeios de comunicação social, o Estado de direi-to e a justiça.

Mianmar/Birmânia: em Abril de 2000, face àcontínua degradação da situação dos direitoshumanos na Birmânia, a União reforçou a suaposição comum de 1996 mediante a adopção denovas medidas restritivas contra as autoridadesdesse país, bem como através da prorrogação davalidade da referida posição comum.

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Nessa mesma posição comum, a UE fixou osprincípios e um enquadramento para a suaacção e para a acção dos Estados-Membros. Umaspecto-chave é o princípio segundo o qual,em colaboração com os governos e a socieda-de civil, com base na parceria e na cooperação,a União analisará a possibilidade de incremen-tar o seu apoio aos países africanos onde setenha registado uma evolução positiva no sen-tido do respeito dos direitos humanos e dosprincípios democráticos. Nos países em que setenha verificado uma evolução negativa, aUnião estudará as acções adequadas parainverter a situação. No último reexame semes-tral no contexto da posição comum (Junho de2000), a União recordou que os direitos huma-

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Timor-Leste: em Julho de 1999, a UE aprovouuma posição comum relativa ao apoio a dar àconsulta popular realizada em Timor-Leste emAgosto de 1999, por forma a contribuir parauma solução justa e duradoura da questão de Ti-mor-Leste com base no princípio da autodeter-minação.

Indonésia: em 13 de Setembro de 1999, a UE apro-vou uma posição comum que proíbe, por umperíodo de quatro meses, a exportação de armas ea cooperação militar com a República da Indoné-sia, na sequência das graves violações dos direi-tos humanos cometidas em Timor-Leste.

Afeganistão: a União fez da promoção do respei-to pelo direito humanitário internacional e pelosdireitos humanos, incluindo os direitos damulher e da criança, um dos elementos-chave dasua posição comum relativa ao Afeganistão deJaneiro de 2000.

3.1.4. Diligências, declarações

As diligências em matéria de direitos humanosefectuadas junto das autoridades de países ter-ceiros, bem como as declarações à imprensa,constituem igualmente importantes instrumen-tos da política externa da UE. As diligências sãogeralmente efectuadas, por vezes a título confi-dencial, pela tróica ou pela Presidência. Alémdisso, a UE pode fazer declarações públicas ape-lando a um governo ou a outras partes para querespeitem os direitos humanos ou manifestandoa sua satisfação perante uma evolução positiva.As declarações são publicadas simultaneamenteem Bruxelas e na capital do país que assegura apresidência da UE.

As diligências e as declarações são amplamenteutilizadas para transmitir preocupações relacio-nadas com os direitos humanos. Os principaisproblemas abordados são a detenção ilegal, osdesaparecimentos forçados, a pena de morte, asexecuções extrajudiciais, a liberdade de expres-são e associação e o direito a um processo justo.

Durante o período abrangido pelo presente rela-tório, para além das diligências respeitantes àpena de morte (ver 3.1.5), foram efectuadas dili-gências no domínio dos direitos humanosnomeadamente no Afeganistão, em Angola, naArgélia, junto da Autoridade Palestiniana, na Bie-lorrússia, na China, na Colômbia, na Índia, naIndonésia, no Irão, no Laos, na Malásia, no Pa-quistão, na Rússia, na Tanzânia, no Turquemenis-tão, na Turquia, no Uzbequistão e no Vietname.

3.1.5. Directrizes para a política da UE emrelação a países terceiros no que respeita àpena de morte

Todos os países da UE chegaram à conclusão deque a pena de morte constitui uma puniçãoexcepcionalmente desumana e irreversível. AUnião Europeia, que, por essa razão, se opõe àpena de morte sejam quais forem as circunstân-cias, decidiu promover a sua abolição universal.Preocupa-a o facto de cerca de 87 Estados man-terem a pena capital, embora apenas numaminoria (aproximadamente 30 Estados) se proce-da a execuções em qualquer ano considerado.

Prosseguindo o seu objectivo, o da abolição uni-versal, a União Europeia estabeleceu um conjun-to de directrizes para a identificação das cir-cunstâncias em que deve adoptar acções especí-ficas e orientadas (ver anexo). Nelas se especifi-ca que a UE encorajará os Estados a tornarem-separtes no segundo Protocolo Adicional ao PIDCPe em mecanismos regionais similares que visema abolição da pena de morte, e levantará a ques-tão da pena capital no âmbito das instânciasmultilaterais.

No que respeita às diligências a empreender, asdirectrizes para a política da UE em relação apaíses terceiros no que respeita à pena de morteprevêem:

i) a evocação desta questão, sempre que tal sejustifique, no âmbito do diálogo políticocom esses países;

ii) diligências quando estiver iminente a reins-tauração da pena de morte ou a anulação deuma moratória oficial ou de facto;

iii) diligências de apoio ou declarações públi-cas sempre que um país tome medidas nosentido da abolição;

iv) diligências específicas sempre que se cons-tate a violação das normas mínimas nestamatéria:

— ausência de garantias jurídicas,

— aplicação da pena de morte a pessoasque não tenham atingido a maioridadeno momento do facto punível, a mulhe-res grávidas ou que tenham recentemen-te dado à luz, a pessoas dementes,

— aplicação da pena de morte por crimesou delitos não violentos tais como osdelitos de opinião ou de consciência e oscrimes financeiros.

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Durante as presidências finlandesa e portugue-sa, a UE baseou-se nestas directrizes para evocara questão da pena de morte junto das autorida-des de Antígua e Barbuda, da Autoridade Palesti-niana, das Baamas, do Burundi, da China, dosEmirados Árabes Unidos, dos Estados Unidos, dasFilipinas, da Guiana, do Iémen, da Índia, do Irão,do Quirguizistão, do Paquistão, da Tailândia, doTajiquistão, da Trindade e Tobago, da Turquia, doUsbequistão e do Zimbabué.

Abordagem específica em relação aos EUAAlém das diligências junto das autoridades dosEUA a respeito de casos individuais de pena demorte, o UE empreendeu em Fevereiro de 2000uma diligência de carácter geral na qual apelouaos EUA para que estabelecessem uma moratóriasobre o recurso à pena capital, tendo em vista asua supressão total. A UE instou os EUA a retira-rem a sua reserva em relação ao artigo 6.º doPacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos (PIDCP), respeitante à proibição de im-por a pena de morte a menores. Além disso, a UEapelou aos EUA para que observassem as condi-ções estritas, estabelecidas em vários instru-mentos internacionais, em que pode ser aplica-da a pena de morte.

Esta diligência geral foi conjugada com ummemorando em que é apresentada uma panorâ-mica dos princípios, experiências, políticas esoluções alternativas que orientam o movimentoabolocionista na Europa Ocidental. O memoran-do foi entregue às autoridades federais e esta-tais relevantes dos EUA. (ver anexo).

Em Dezembro de 1999, as embaixadas da UE emWashington elaboraram um documento intitula-do «Acções Comuns das Embaixadas da UE sobrea Pena de Morte nos EUA», que se destina a ser-vir de base para a acção local a nível dos Esta-dos Unidos com base nas directrizes comuns daUE em matéria de pena capital.

Em Fevereiro de 2000, a União saudou a decisãodo governador do Illinois de declarar uma mora-tória sobre todas as execuções pendentes nesseEstado e, no mês de Abril, a Presidência da UEenviou ao governador do Tennessee duas cartasmanifestando a sua preocupação pela anulaçãoda moratória de facto sobre as execuções respei-tada durante 40 anos.

Em Maio do mesmo ano, a UE enviou ao gover-nador do New Hampshire uma carta em que ape-lava à aprovação do projecto de lei relativo àabolição da pena de morte no Estado em ques-tão.

3.1.6. Diálogo político, incluindo o diálogoespecífico sobre os direitos humanos comos países associados, o Canadá, a China e os Estados Unidos

A UE desenvolve com um certo número de paí-ses um diálogo privilegiado sobre o tema dosdireitos humanos.

No que se refere aos Estados Unidos, ao Canadáe aos países associados, este diálogo traduz-senuma reunião semestral de peritos, em forma-ção de tróica, antes da Comissão dos Direitos doHomem e da sessão anual da Assembleia Geraldas Nações Unidas. O objectivo principal dosdiálogos consiste em abordar questões de inte-resse comum, bem como as possibilidades decooperação nas instâncias multilaterais emmatéria de direitos humanos. Além disso, as ses-sões de diálogo com os Estados Unidos propor-cionam à União Europeia o ensejo de evocar aquestão da pena de morte. No que toca aos paí-ses associados, a UE mantém-nos informadosdas suas iniciativas, podendo esses países asso-ciar-se-lhes se assim o entenderem, como acon-tece, por exemplo, com o discurso pronunciadopela União na AGNU e na CDH sobr ea situaçãodos direitos humanos no mundo.

Por outro lado, conforme exposto em pormenorno ponto 3.1.8 (Acordos de Parceria UE-ACP), aUnião Europeia aborda as questões ligadas aosdireitos humanos no âmbito das suas relaçõescom os países candidatos e os países ACP.

Por último, a questão dos direitos humanos éregularmente tratada no contexto do diálogopolítico regular desenvolvido com alguns gran-des parceiros da UE (Irão, CCG, Sudão, SADC...).

Diálogo e programa de cooperaçãoUE-China em matéria de direitos humanosPara além de um diálogo político de carácter ge-ral, a UE conduz com a China um diálogo especi-ficamente consagrado aos direitos humanos.Este diálogo, que foi retomado em 1997, tem porobjectivo abordar de um modo franco e abertoquestões preocupantes no domínio dos direitoshumanos. A tróica da UE e os representantes doGoverno chinês reúnem-se duas vezes por ano.Foram realizadas reuniões oficiais em Outubrode 1999 e Fevereiro de 2000. São igualmenteorganizados neste contexto seminários jurídicosem que participam representantes da comunida-de académica e da sociedade civil da UE e daChina. Em Setembro de 1999, foi realizado emRovaniemi (Finlândia) um seminário sobre osdireitos das mulheres e das minorias e, em Maiode 2000, decorreu em Lisboa (Portugal) um ou-

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tro seminário, consagrado à pena de morte e àratificação do Pacto Internacional sobre os Direi-tos Civis e Políticos e do Pacto Internacional so-bre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais— ambos já assinados pela China (respectiva-mente em 1997 e 1998) mas ainda não ratifica-dos. A UE deseja que a China ratifique e imple-mente rapidamente os referidos pactos, e estádisposta a oferecer a sua cooperação para apoiaresse processo. Os domínios que preocupam a UEincluem a liberdade de opinião, de expressão ede reunião, a frequente utilização da pena demorte, as detenções arbitrárias e a utilização decampos de trabalho, e o tratamento dado àsminorias religiosas e culturais. A situação no Ti-bete, nomeadamente a «campanha de educaçãopatriótica», continua a ser para a UE motivo deprofunda preocupação. Através do processo dediálogo, a UE exprimiu também a sua preocupa-ção quanto à falta de garantias jurídicas do sis-tema chinês de reeducação e à muito lata defini-ção que continua a ser dada do conceito «crimesque põem em perigo a segurança do Estado».Além disso, a UE solicitou às autoridades chine-sas que procedessem a uma revisão retroactivados processos das pessoas detidas a título daantiga legislação sobre «crimes contra-revolucio-nários».

A utilização excessiva da pena de morte na Chi-na continua a preocupar profundamente a UE.Esta preocupação foi manifestada em várias oca-siões no quadro do diálogo sobre os direitoshumanos. A UE pressionou as autoridades chine-sas para que garantam que todos os recursossejam analisados pelo Supremo Tribunal do Po-vo e lhe forneçam dados precisos sobre o núme-ro de execuções, bem como outras informaçõesrelacionadas com o recurso à pena de morte.

A UE evocou também os casos de numerosaspessoas detidas na China. Subsequentemente,algumas dessas pessoas foram libertadas.

Foram elaborados vários projectos de coopera-ção destinados a apoiar o diálogo, ao abrigo daIniciativa Europeia para a Democracia e os Direi-tos do Homem (título B7–7) e da cooperaçãofinanceira e técnica na Ásia (rubrica B7-3000).Além disso, foi lançado em Março de 2000 umprograma de cooperação UE-China em matériade cooperação jurídica, a fim de apoiar o refor-ço do estado de direito na China através de pro-gramas de intercâmbio e formação para juristaschineses.

Trata-se da maior iniciativa deste tipo lançadaaté à data na China por países ocidentais. Conti-

nuam a decorrer os trabalhos de ultimação deum programa de apoio à democracia local.

Em Julho de 2000, a Comissão decidiu financiarum projecto relativo à promoção dos direitoseconómicos e sociais dos deficientes na China,por intermédio da Federação Chinesa dos Defi-cientes. O programa da Comissão para o ano2000 inclui ainda a criação de uma «Facilidadepara os Direitos Humanos» junto da delegaçãoda Comissão na China, que permitirá o financia-mento de pequenos projectos no terreno.

No CAG de 20 de Março, os ministros recorda-ram a importância do diálogo, considerandosimultaneamente que este deverá ser acompa-nhado da obtenção de progressos concretos noterreno; haverá que fixar objectivos concretospara o diálogo e avaliar os seus progressos (vercomunicado do CAG em anexo).

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Conselho dos Assuntos Gerais, Março de 2000:da esquerda para a direita, o presidente do Conselho, o ministro Jaime Gama, o secretário-geral do Conselho/alto--representante para a PESC, Javier Solana, e Pierre de Boissieu, secretário-geral adjunto.

3.1.7. Os relatórios dos chefes de Missãoda UE, instrumento-chave para a avaliaçãoin loco da situação em matéria de direitoshumanos

Os chefes de Missão da UE apresentam regular-mente aos órgãos da União relatórios sobre asituação dos direitos humanos em determinadospaíses. Foram aprovadas pela União, e posterior-mente revistas em Janeiro de 1999, directrizespara a elaboração de relatórios comuns. Estesrelatórios ajudam a UE a fundamentar a sua aná-lise e as suas decisões no domínio dos direitoshumanos. A UE disponibiliza ao público, desig-nadamente no sítio Internet do Conselho(http://ue.eu.int), resumos dos relatórios relati-

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vos ao processo de paz no Médio Oriente («Ob-servatório da UE para os colonatos», Observató-rio da UE para Jerusalém» e «Observatório da UEpara os Direitos Humanos»).

3.1.8. Cláusula relativa aos direitos huma-nos nos acordos com países terceiros

Cláusulas relativas aos direitos humanosna legislação comunitáriaAs relações externas da UE, tanto a nível docomércio como da cooperação, encontram-se ins-titucionalizadas numa série de tratados, que vãodesde os simples acordos bilaterais de comércio aacordos de associação integrados que incluemcláusulas sobre diferentes tipos de cooperação.

Desde o início dos anos 90, a UE introduz umacláusula relativa aos direitos humanos numnúmero significativo de acordos de comércio ecooperação com países terceiros (nomeadamen-te nos acordos de Associação, nos acordos medi-terrânicos e na Convenção de Lomé). Numa deci-são do Conselho de Maio de 1995 foi aprovadauma cláusula-modelo, a fim de garantir a coe-rência entre os diferentes instrumentos. Omodelo consiste numa disposição nos termos daqual o respeito pelos direitos humanos funda-mentais e pelos princípios democráticos, tal co-mo enunciados na Declaração Universal dos Di-reitos do Homem de 1948 (ou, num contextoeuropeu, tal como definidos também na Acta Fi-nal de Helsínquia e na Carta de Paris para umaNova Europa), bem como pelo Estado de direito,está na base das políticas internas e externasdas partes e constitui um «elemento essencial»do acordo. O modelo prevê igualmente uma dis-posição relativa à não execução do acordo, queestipula que cada uma das partes deve consultara outra antes de tomar medidas, salvo em casode especial urgência. Numa declaração de inter-pretação, ou no próprio dispositivo, é especifi-cado que os casos de especial urgência incluemhabitualmente a violação de um «elementoessencial» do acordo. A Comunidade dispõe, as-sim, da faculdade de suspender, no todo ou emparte, a aplicação de um acordo em caso de vio-lação dos direitos humanos.

Desde a decisão do Conselho de Maio de 1995, acláusula relativa aos direitos humanos tem sidoincluída em todos os acordos bilaterais de carác-ter geral (com excepção dos acordos sectoriaissobre os têxteis, os produtos agrícolas, etc.). Fo-ram até agora assinados mais de 20 acordoscom esta cláusula, que se juntam aos mais de 30acordos negociados antes de Maio de 1995. Sese incluir a Convenção de Lomé, as cláusulas

relativas aos direitos humanos aplicam-se já amais de 120 países.

A cláusula relativa aos direitos humanos não alte-ra as características de base dos acordos, que nasrestantes disposições tratam de assuntos nãoobrigatoriamente relacionados de forma directacom a promoção dos direitos humanos: constituiuma mera reafirmação mútua dos valores e prin-cípios comuns, requisito prévio para a coopera-ção no âmbito dos acordos. Esta cláusula não pre-tende, assim, fixar novas normas em matéria deprotecção dos direitos humanos a nível interna-cional, limitando-se a reiterar compromissos pré-vios que, por serem parte integrante do direitointernacional geral, vinculam já todos os Estados,e bem assim a Comunidade Europeia na sua qua-lidade de sujeito de direito internacional.

Além da cláusula relativa aos direitos humanos, amaior parte dos acordos celebrados com paísesterceiros institui igualmente um diálogo políticoregular sobre todos os problemas de interesse co-mum, que visa a cooperação para a consecução deobjectivos como a paz, a segurança, a democraciae a estabilidade regional. No âmbito deste diálogoa Comunidade tem o ensejo de evocar igualmentequestões relativas aos direitos humanos, assimprocedendo regularmente e sempre que pertinen-te, entre outros a nível de ministros no seio doConselho de Associação.

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No mesmo espírito, a UE utilizou também osmecanismos da Convenção de Lomé para procu-rar dar resposta às dificuldades relacionadascom os direitos humanos e com a democracia eo Estado de direito. Em Abril de 1999, nasequência do golpe de Estado no Níger, porexemplo, a UE realizou consultas com o governodesse país e com os Estados ACP, nos termos dodisposto no artigo 366.º-A da Convenção deLomé. Na sequência dessas consultas, o Governodo Níger comprometeu-se a seguir um plano detransição para a democracia, a executar a par de

© Giorgio Maffei

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uma progressiva normalização das relações en-tre a UE e o Níger.

Esse mesmo artigo 366.º-A da Convenção deLomé foi utilizado nos casos das Comores, daCosta do Marfim, da Guiné-Bissau e do Togo.

Em todos os casos acima mencionados, o proce-dimento utilizado caracteriza-se pela vontade deobviar, pela via do diálogo, a situações de viola-ção dos elementos essenciais da Convenção an-tes de recorrer a eventuais medidas unilateraisde suspensão da cooperação.

O Sistema de Preferências Generalizadas (SPG) éum regime no âmbito do qual a Comunidade Eu-ropeia concede preferências comerciais autóno-mas e não recíprocas a países em desenvolvi-mento, a fim de utilizar o comércio como instru-mento de desenvolvimento. Consequentemente,a concepção deste regime é adaptada aos requi-sitos de desenvolvimento sustentável e de pro-tecção dos direitos humanos. Os benefícios doSPG podem ser suspensos nalguns casos especí-ficos de práticas inaceitáveis, que incluem qual-quer forma de escravatura ou de trabalhos for-çados e a exportação de produtos fabricados emprisões. Este procedimento foi desencadeadocontra Mianmar por este país exercer práticasde trabalhos forçados, e conduziu à suspensão,em vigor desde 1997, das preferências de quebeneficiava ao abrigo do SPG.

Novo Acordo de Parceria ACP-CEEm 23 de Junho de 2000, setenta e sete EstadosACP, por um lado, e a Comunidade Europeia e osseus Estados-Membros, por outro, assinaram emCotonou (Benim) o novo Acordo de Parceria, quesucede à Convenção de Lomé. Nele são enuncia-dos, como parte integrante do desenvolvimentosustentável, o respeito por todos os direitoshumanos e pelas liberdades fundamentais,incluindo o respeito pelos direitos sociais fun-damentais, a democracia, o Estado de direito e agovernação transparente e responsável.

O respeito pelos direitos humanos, pelos princí-pios democráticos e o Estado de direito consti-tuem os elementos essenciais do Acordo de Par-ceria, pautando-se as partes pelas suas obriga-ções e compromissos internacionais nesta maté-ria. É também reafirmada neste contexto a igual-dade entre homens e mulheres.

O Acordo de Cotonou define um novo procedi-mento de consulta em caso de violação dos ele-mentos essenciais. Relativamente ao disposto naConvenção de Lomé, o novo acordo dá maior

importância à responsabilidade do Estado emcausa e prevê uma também maior flexibilidadeno processo de consulta. Em caso de especialurgência — violação grave de um elementoessencial —, podem ser imediatamente tomadasmedidas, que devem ser notificadas à outra par-te e ao Conselho de ministros ACP-CE.

Por outro lado, o Acordo de Cotonou consideraelemento fundamental a boa governação, definidade comum acordo numa formulação abrangente.

Além disso, as partes acordaram em que os casosgraves de corrupção, tanto activa como passiva,poderão doravante desencadear a aplicação deuma cláusula de não execução específica. Tal pro-cedimento aplicar-se-á não só em caso de corrup-ção lesiva dos fundos FED, mas também a um ní-vel mais geral, em qualquer país onde a Comuni-dade esteja financeiramente envolvida e a corrup-ção constitua obstáculo ao desenvolvimento.

Os elementos essenciais e fundamentais no seuconjunto serão objecto de um diálogo regular en-tre as partes, que conferirão especial importânciaaos desenvolvimentos em curso e ao carácter con-tínuo dos progressos efectuados. Nesta avaliaçãoregular será tida em conta a situação económica,social, cultural e histórica de cada país.

A esses domínios será igualmente dada maioratenção no apoio às estratégias de desenvolvi-mento. A Comunidade poderá com efeito, nestecontexto, promover reformas políticas, institucio-nais e jurídicas, bem como o reforço das capacida-des dos agentes públicos e privados e da socieda-de civil. Outro objectivo da cooperação será asse-gurar a participação equitativa de homens emulheres, mediante a integração sistemática dasquestões de igualdade entre os sexos, e, nomeada-mente, contribuir para um melhor acesso dasmulheres a todos os recursos necessários ao plenoexercício dos seus direitos fundamentais.

3.1.9 Acordos de parceria regional

Cimeira UE-América Latina e CaraíbasA primeira cimeira entre a União Europeia, porum lado, e a América Latina e a região das Ca-raíbas, por outro, realizada no Rio de Janeiro em28 e 29 de Junho de 1999, constituiu uma boaoportunidade para que os líderes que nela parti-ciparam declarassem o seu empenhamento nu-ma maior consolidação e protecção dos direitoshumanos. A «Declaração do Rio de Janeiro» e as«prioridades de acção» aprovadas nessa ocasiãopuseram a tónica nos valores, políticos e de ou-tra ordem, comuns aos Estados participantes.

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A Declaração do Rio de Janeiro remete em diver-sos pontos, e em particular nos pontos 5 e 21,para as questões de direitos humanos. Quantoàs prioridades de acção, a segunda regista oacordo alcançado entre os dirigentes no sentidoda elaboração de programas de cooperação parao reforço da protecção e promoção dos direitoshumanos, reflectindo as terceira e quarta priori-dades a necessidade de prevenir e combater axenofobia e o racismo e a importância de pro-mover e salvaguardar os direitos das mulheres edos grupos sociais mais vulneráveis. Foram sub-sequentemente realizadas duas reuniões deacompanhamento, a nível de altos funcionários,para debater as modalidades de concretizaçãodessas prioridades. Na reunião realizada em Vi-lamoura (Portugal), em 25 de Fevereiro de 2000,foram apresentadas várias propostas de progra-mas de promoção dos direitos humanos:

a) uma conferência de peritos em matéria dedireitos humanos (Brasil, Novembro de2000), a organizar conjuntamente pelo Brasile por Portugal;

b) seminários de mediadores dos direitoshumanos (durante o ano 2000) a organizarpela Dinamarca e Finlândia.

Cimeira UE-África (3 e 4 de Abril de 2000)A primeira cimeira África-Europa sob a égide daOUA e da UE, que decorreu no Cairo em 3 e 4 deAbril de 2000, permitiu aos chefes de Estado ede Governo das duas regiões reafirmar solene-mente todo um conjunto de princípios e com-promissos em que deverá assentar a parceriaglobal entre a África e a Europa ao longo doséculo XXI. Tanto a Declaração do Cairo como oPlano de Acção aprovados no final da cimeirasublinharam os valores comuns perfilhados pe-los participantes, de entre os quais se destacamo reforço da democracia representativa e partici-pativa, o respeito pelos direitos do Homem e pe-las liberdades fundamentais, o Estado de direito,a boa governação e o pluralismo.

Os princípios e compromissos em matéria de direi-tos humanos, enunciados ao longo do capítulo IV(pontos 42 a 61) da Declaração do Cairo, serão pos-tos em prática, nomeadamente, por meio da aplica-ção das medidas expostas no capítulo IV (pontos 41a 71) do Plano de Acção. Essas medidas, que consti-tuem outras tantas prioridades pelas quais se deve-rá nortear a acção dos participantes na cimeira, eque deverão ser sujeitas a um acompanhamentoregular, englobam todos os aspectos da cooperaçãointernacional no domínio dos direitos humanos emsentido geral e contribuirão para a tradução prática

do compromisso das duas regiões em conferir àsua parceria global uma nova dimensão.

Terceiro seminário informal do ASEM sobre direitos humanos (9 e 20 de Junho de 2000)O terceiro seminário informal do ASEM sobre osdireitos humanos, que decorreu em Paris em 19e 20 de Junho de 2000, deu seguimento aosencontros de Lund (Suécia) de Dezembro de1997 e Pequim (Junho de 1999). A realização deste tipo de seminários, que têm por objectivoimpulsionar a vertente política do diálogo Euro-pa-Ásia, ficou a dever-se a uma iniciativa lança-da pela França e pela Suécia por ocasião da reu-nião dos ministros dos Negócios Estrangeiros doASEM de Fevereiro de 1997.

No referido seminário, que contou com mais de60 participantes (governos, ONG, representantesdos meios académicos…) provenientes dos paí-ses membros do ASEM, foram abordadas asseguintes questões:

— Liberdade de expressão e direito à informa-ção

— Intervenção humanitária e soberania dosEstados

— Existe o direito a um ambiente são?

Este seminário informal, que decorreu num cli-ma construtivo e proporcionou uma melhorcompreensão das posições mútuas, dará origema uma publicação conjunta da ASEF, do ministrodos Negócios Estrangeiros da França e do Insti-tuto Wallenberg (Lund, Suécia).

O próximo seminário, que terá lugar em 2001,será organizado na Indonésia.

Processo de Estabilização e Associaçãopara a Europa do SudesteA União Europeia está firmemente empenhada naestabilização e no desenvolvimento da Europa doSudeste, praticando para o efeito uma estratégiade aproximação dos países da região à perspecti-va da integração europeia. Tal estratégia temcomo elemento-chave o processo de estabilizaçãoe associação de cinco países da região: Albânia,antiga República jugoslava da Macedónia, Bós-nia-Herzegovina, Croácia e República Federativada Jugoslávia. É dada pela primeira vez a estescincos países, através do Processo de Estabili-zação e Associação, uma perspectiva de integra-ção na UE, baseada numa abordagem progressivae adaptada à situação de cada um deles.

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Concebido no intuito de trazer a paz, a estabilida-de e o desenvolvimento económico à Europa doSudeste, o Processo de Estabilização e Associaçãoassenta no princípio da condicionalidade políticae económica. Entre as condições gerais que todosos países deverão preencher contam-se as refor-mas democráticas, o respeito pelos direitoshumanos e pelos direitos das minorias e o regres-so dos refugiados e pessoas deslocadas. O cum-primento destas condições constitui a base para odesenvolvimento das relações bilaterais com a CEnos domínio do comércio, da assistência financei-ra e económica e das relações contratuais. Essasrelações bilaterais incluem, conforme adequado:

a) acordos de estabilização e associação: umnovo tipo de relação contratual que oferecepela primeira vez uma perspectiva clara deintegração nas estruturas da UE — em con-trapartida do preenchimento das condiçõespertinentes — à Albânia, à antiga Repúblicajugoslava da Macedónia, à Bósnia-Herzego-vina, à Croácia e à República Federativa daJugoslávia;

bilidade para a Europa do Sudeste. Neste pacto,lançado pela União Europeia em Junho de 1999,estão igualmente implicados o Canadá, os Esta-dos Unidos, o Japão e a Rússia, bem como orga-nizações internacionais (Nações Unidas, NATO,OSCE, Conselho da Europa) e instituições finan-ceiras internacionais. Tem por objectivo apoiaros países da Europa do Sudeste nos esforços quedesenvolvem a nível regional em prol da paz, dademocracia, do respeito pelos direitos humanose da prosperidade económica por forma a criarum clima de estabilidade em toda a região.

A mesa de trabalho I do Pacto de Estabilidade éconsagrada à democratização e aos direitoshumanos, nela desempenhando a UE, bem comoo Conselho da Europa, um papel activo desde aprimeira reunião, em Outubro de 1999. Na Con-ferência Regional de Doadores realizada emMarço de 2000, em Bruxelas, a UE assumiu ocompromisso de contribuir com 314 milhões deeuros para a execução de projectos de promoçãodos direitos humanos e da democratização (aComunidade anunciou uma contribuição de 191milhões de euros). Os projectos começarão a serexecutados sensivelmente em Março de 2001.

Parceria EuromediterrânicaA Declaração de Barcelona, aprovada em Novem-bro de 1995 pelos ministros dos NegóciosEstrangeiros de 27 países das margens norte, sule leste do Mediterrâneo constituiu o acto funda-dor de uma parceria em grande escala entre aUnião Europeia e os países mediterrânicos, quevisa a criação de um espaço de paz, de estabili-dade e de prosperidade na região.

Para tal, o Processo de Barcelona articula-se emtorno de três grandes vertentes:

a) política e de segurança, nomeadamente atra-vés da aprovação de uma «Carta Euromedi-terrânica para a Paz e a Estabilidade», quedeverá ser subscrita por ocasião da quarta con-ferência dos ministros dos Negócios Estrangei-ros da parceria (Marselha, Novembro de 2000);

b) económica e financeira, no propósito de ins-taurar, até ao ano 2010, uma zona euromedi-terrânica de comércio livre entre os 27 parcei-ros, mediante a celebração de acordos de asso-ciação entre os Quinze e cada um dos parceirosda margem sul e um acompanhamento finan-ceiro da União no âmbito do programa MEDA;

c) social, cultural e humana, no intuito defavorecer o diálogo entre as culturas e ospovos das duas margens do Mediterrâneo ea cooperação entre os 27 países em domí-

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

b) medidas comerciais autónomas e outrasrelações económicas e comerciais;

c) assistência económica e financeira, nomea-damente ao abrigo dos programas Phare eObnova, assistência orçamental e apoio àbalança de pagamentos;

d) apoio à democratização e à sociedade civil;

e) ajuda humanitária aos refugiados, retorna-dos e outras pessoas em dificuldade;

f) cooperação nos domínios da justiça e dosassuntos internos;

g) desenvolvimento do diálogo político.

O Processo de Estabilização e Associação é oprincipal contributo da UE para o Pacto de Esta-

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nios tão importantes como as migrações e aluta contra o terrorismo e todo o tipo detráfico ilícito.

Em Barcelona, os 27 parceiros subscreveram umdeterminado número de princípios e obrigaçõesessenciais, com especial destaque para os decor-rentes da Carta das Nações Unidas e da Decla-ração Universal dos Direitos do Homem. Com-prometeram-se, assim, a desenvolver o Estadode Direito e a democracia, a favorecer o respeitopelos direitos do Homem e pelas liberdades fun-damentais e a promover o pluralismo e a tole-rância nas respectivas sociedades. Foram entreeles tomadas diversas iniciativas nesse sentido,entre as quais a realização de seminários deperitos, a criação de redes entre agentes dasociedade civil e a instauração de um «fórum ci-vil» paralelo às conferências ministeriais.

3.1.10. Observação e assistência no âmbitode eleições

Nos termos dos Tratados, a consolidação dademocracia é um dos objectivos fundamentaisda Política Externa e de Segurança Comum daUnião Europeia e da política de cooperação daComunidade. Durante a última década, umnúmero crescente de países do mundo inteiroadoptou formas democráticas de governação. Sebem que alguns tenham abruptamente retrocedi-do para regimes autocráticos ou mergulhado emconflitos civis e regionais, há razões para umsentimento de «demo-optimismo», na medidaem que os países onde os representantes dapopulação são eleitos por sufrágio universal seencontram actualmente em maioria a nível mun-dial. Atendendo ao número cada vez maior depaíses que se encaminham para a democracia, oapoio comunitário a tais processos de transiçãotem aumentado em conformidade. Ao apoio àorganização e observação de eleições coube aparte de leão das dotações, a saber, quase 150milhões de euros nos últimos quatro anos. Esseapoio revestiu-se de diferentes formas:

a) assistência técnica à identificação dasnecessidades;

b) prestação de assistência técnica a longoprazo às comissões eleitorais nacionais eaos organismos de gestão das eleições;

c) fornecimento de material eleitoral e dematerial de recrutamento dos eleitores eapoio financeiro às comissões eleitoraisnacionais e aos organismos de gestão daseleições;

d) apoio aos organismos de fiscalização eleito-ral;

e) financiamento da formação para a educaçãocívica e dos funcionários da administraçãoeleitoral;

f) financiamento de actividades de educaçãocívica, quer através das autoridades do paísou através das organizações da sociedadecivil;

g) apoio, por parte de organismos indepen-dentes, ao acompanhamento efectuado pe-los meios de comunicação.

h) apoio às organizações da sociedade civil quepromovem os valores democráticos e queactuam como «vigias» no decurso dos pro-cessos eleitorais e da observação de eleições;

i) apoio a cursos de formação para observa-ção de eleições;

j) apoio a seminários e à formação de jornalis-tas que cobrem os processos eleitorais;

k) financiamento de seminários e de investiga-ção sobre questões eleitorais;

l) apoio a acções destinadas a promover umaabordagem europeia comum da observaçãode eleições;

m) contribuições para fundos geridos pelasNações Unidas;

n) apoio a observadores das partes durante osprocessos de recrutamento eleitoral e devotação.

Em 11 de Abril de 2000 a Comissão aprovouuma comunicação sobre o apoio a eleições e àobservação eleitoral destinada a criar um «novoquadro para o apoio da UE às eleições e à obser-vação eleitoral», mediante a definição de umapolítica europeia coerente e com uma estratégiaclara, que se baseia em grande parte nas liçõestiradas de anteriores missões eleitorais da UE. Areferida comunicação apresenta propostas paramelhorar o processo decisório e para coordenara intervenção das instituições da UE. Essa comu-nicação salienta, em especial, a importância dese estabelecerem os acordos adequados entre asinstituições da UE no domínio da observaçãoeleitoral, a fim de definir claramente as respon-sabilidades respectivas da Comissão, do Con-selho e do Parlamento. O Conselho tenciona ana-lisar essa comunicação num futuro próximo.

Em 2000, foram implementados projectos eleito-rais financiados e co-financiados pela Comissãoda UE nos países a seguir indicados (a títulocomplementar, certos Estados-Membros efectua-ram contribuições bilaterais para projectos deobservação e apoio eleitorais).

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Apoio eleitoralGuiana: envio, durante o mês de Abril de uma mis-são de avaliação das necessidades, tendo em vistaas eleições parlamentares a realizar em 2001.

Costa do Marfim: a CE contribuiu para financiaro referendo realizado em Julho sobre as altera-ções constitucionais, as eleições presidenciaisrealizadas em Setembro, as eleições parlamenta-res realizadas em Outubro e as eleições munici-pais realizadas em Novembro. Foram disponibi-lizados cerca de 9 milhões de euros dos fundosde contrapartida anteriormente congelados.

Gana: a Comunidade financiou três projectosem apoio do aprofundamento do processo dedemocratização no Gana. Os fundos, que totali-zaram 1,93 milhões de euros, destinaram-se afinanciar fornecimentos à Comissão Eleitoral Na-cional. Foi utilizado 1 milhão de euros para aformação cívica e para a educação dos eleitores.Ambos os projectos foram financiados com basenum programa indicativo nacional. Além disso,foram concedidos cerca de 600 000 de euros àFundação Friedrich Naumann para o programa«Criação de uma Rede de Observadores Inter-nos», destinada a criar as condições para umaobservação eleitoral interna a longo prazo.

Albânia: a CE contribuiu para um projecto geri-do pelo PNUD em apoio das eleições locais, nummontante que ascendeu a 3,7 milhões de euros.

Kosovo: a Comunidade financiou a organizaçãode eleições locais com uma contribuição de 5milhões de euros para o orçamento eleitoral ela-borado pela ONU.

A Comunidade financiou um projecto de 5,5milhões de euros em apoio das eleições geraisna Tanzânia. A contribuição da CE para o orça-mento eleitoral cobrirá as despesas de materialeleitoral, tal como boletins de voto, e campa-

nhas de educação cívica. Além disso, a Comuni-dade financiará um projecto separado de educa-ção dos eleitores e o envio de uma missão deobservação eleitoral da UE, incluindo observado-res a longo e curto prazo.

No Paquistão, a Comissão organizou, em Setembrode 2000, uma missão de avaliação das necessida-des tendo em vista as eleições municipais a reali-zar entre Dezembro de 2000 e Junho de 2001. Essamissão tinha por objectivo avaliar a exequibilida-de e a oportunidade de enviar uma missão deobservação eleitoral sob a égide exclusiva da UE.

Observação eleitoralAs missões de observação eleitoral da UE foramenviadas para observar diversas eleições impor-tantes e politicamente significativas, especialmen-te em África. A Comunidade financiou missões UEde observação eleitoral nos seguintes países:

O caso do Zimbabué foi exemplar em termos decoordenação e de complementaridade entre asacções da Comunidade e dos Estados-Membros,em termos de rapidez de execução e de impactoconcreto num processo eleitoral que apresentavafalhas e irregularidades graves e se caracterizoupor um elevado nível de violência e intimidação. Ocusto total da missão, constituída por 190 observa-dores, ascendeu a 2,6 milhões de euros, dos quais1,8 milhões foram financiados pela Comunidade eo restante pelos Estados-Membros. A missão, che-fiada por observadores de primeiro plano, gozoude uma visibilidade muito elevada e contribuiupara reduzir o nível de intimidação e violência.

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Foi enviada para a Costa do Marfim uma missãoconstituída por 150 observadores tendo em vis-ta a realização de eleições democráticas após ogolpe ocorrido em Dezembro de 1999, tendo si-do atribuídos 2 milhões de euros provenientesdos recursos do FED.

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A UE organizou uma missão de observação elei-toral em grande escala na Tanzânia, a fim deobservar as segundas eleições gerais democráti-cas, realizadas em Outubro. Além disso, foramatribuídos cerca de 0,5 milhões de euros paraapoiar a observação das eleições por parte deorganizações da sociedade civil local.

Em Agosto de 2000 a Comissão organizou umamissão de avaliação de necessidades no Sri Lan-ca, a fim de avaliar a oportunidade de observaras eleições parlamentares.

Funcionários da Comissão, diplomatas da UE colo-cados na cidade do México e deputados do Parla-mento Europeu observaram as históricas eleiçõespresidenciais no México realizadas a 2 de Julho.

Monitorização a nível dos órgãos de comunicação socialEm todos os países PECO e da CEI foi financiada amonitorização dos órgãos de comunicação socialpelo Instituto Europeu da Comunicação Social.Este projecto complementou com grande utilidadeas intervenções financiadas pela CE em apoio daseleições na Albânia,na Bielorrússia e no Kosovo, ouna observação desses processos eleitorais.

Formação de observadoresNo seguimento dos seminários realizados em Se-vilha e em Estocolmo, a Comissão aprovou o finan-ciamento de um programa implementado pelaAgência Sueca para o Desenvolvimento Internacio-nal, tendo em vista a criação de uma norma euro-peia comum para os observadores eleitorais. Pro-cedeu-se à formação de peritos de todos os Esta-dos-Membros para actuarem como formadores deobservadores, sempre que necessário. O objectivoa médio/longo prazo deste projecto é o de disporde observadores a longo e curto prazos que rece-bam uma formação inicial geral enquanto seencontram ainda nos respectivos países, antes deserem enviados para o país de acolhimento, ondereceberão instruções respeitantes apenas às con-dições existentes no local e ao quadro jurídico.

Montante total dos fundos autorizadosO montante total dos fundos autorizados pelaComissão, actuando em nome da CE, para oapoio eleitoral e a observação de eleições podeser avaliado em cerca de 33 milhões de euros.

Em relação ao exercício anterior, este montanterepresenta um decréscimo de cerca de 45% dosfundos autorizados. Todavia, o número absolutode operações apoiadas pela Comissão não foisignificativamente alterado. O montante excep-cional autorizado no exercício de 1999 deve-se a

três operações de grande envergadura, querepresentaram um acréscimo de cerca de 50%das autorizações totais (Moçambique: 21milhões de euros, Indonésia: 7 milhões de eurose Timor-Leste: 5 milhões de euros).

3.1.11. Implementação da Iniciativa Europeiapara a Democracia e os Direitos Humanos(título B7-7 do orçamento da UE) em 1999

1999 foi o primeiro ano em que entraram em vi-gor dois regulamentos (975/1999 e 976/1999)que estabelecem os requisitos para a implemen-tação das acções em países terceiros relaciona-das com os direitos humanos; esses regulamen-tos constituem uma base legal para a implemen-tação das 11 rubricas do título B7-7 do orçamen-to, designadas globalmente por Iniciativa Euro-peia para a Democracia e os Direitos Humanos eum quadro global para as acções da UE relacio-nadas com os direitos humanos. As actividadesimplementadas ao abrigo do título B7-7 sãocomplementares dos demais instrumentos UE,tais como Phare, Tacis, MEDA e outros instru-mentos de cooperação financeira e técnica, nostermos dos quais é possível apoiar iniciativasrelacionadas com os direitos humanos e a boagovernação em países terceiros.

Os regulamentos prevêem a criação de um Co-mité dos Direitos do Homem e da Democraciaque deu início aos seus trabalhos em Julho de1999. Esse comité é constituído por represen-tantes dos 15 Estados-Membros e presidido pelaComissão. O comité pode analisar qualquerquestão relacionada com o auxílio comunitáriono terreno e deverá desempenhar igualmenteum papel de grande utilidade enquanto meio pa-ra implementar a coerência das acções da CE empaíses terceiros relacionadas com os direitoshumanos e a democratização. Uma vez por ano,esse comité analisa o planeamento do exercícioseguinte ou debate as orientações gerais para asacções a levar a cabo no ano seguinte nos ter-mos dos regulamentos. Faz igualmente partedas atribuições do comité assistir a Comissão naimplementação do título B7-7, mediante a emis-são de pareceres sobre projectos de um montan-te superior a 1 milhão de euros. O comité é tam-bém sistematicamente notificado dos projectoscujo montante é inferior a 1 milhão de euros.

Em relação ao ano 2000, as prioridades temáti-cas podem ser sintetizadas do seguinte modo:

a) educação e consciencialização para os direi-tos humanos na sociedade civil;

b) esquemas inovadores no domínio da pre-venção de conflitos em países em crise;

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c) promoção da tolerância inter-étnica e inter--racial em preparação da Conferência Mun-dial contra o Racismo (2001) e apoio àspopulações indígenas;

d) boa governação — medidas para promovera transparência, a responsabilização e a lu-ta contra a corrupção, e nomeadamentemedidas destinadas a reforçar a cooperaçãoe o diálogo entre a UE e os seus parceiros;

e) direitos económicos, sociais e culturais;

f) protecção de grupos especialmente vulnerá-veis, em especial as crianças.

A questão da igualdade entre os sexos constituium dos elementos fundamentais da implementa-ção do referido capítulo do orçamento. Os regula-mentos referem-se explicitamente às mulheresenquanto grupo-alvo. Incluem diversas referên-cias à igualdade de oportunidades, à não-discrimi-nação e à promoção das mulheres: «promoção daigualdade de oportunidades e de práticas não dis-criminatórias»; «promoção de uma igual participa-ção das mulheres e dos homens na sociedade civil,na vida económica e na política»; «promover aigualdade de participação nos processos eleitoraisde grupos específicos, em especial as mulheres».

Em 1999, foram utilizados diversos métodos paraimplementar esse capítulo do orçamento. Por sisó, nenhum deles é suficiente, atendendo a que aacção comunitária inclui uma combinação demétodos determinados pelos objectivos opera-cionais que se pretende alcançar, pelo calendário,pelos beneficiários e pelos parceiros envolvidos:

a) em Junho de 1999 foi lançado um convitepara apresentação de propostas em relação acertas rubricas do orçamento do referidocapítulo. O objectivo era mobilizar um amploleque de intervenientes da sociedade civil emapoio das prioridades da Comissão. Foramrecebidas 560 propostas e foram selecciona-dos, para financiamento em 1999, 77 projec-tos. Ainda neste âmbito, foram identificados44 projectos para financiamento em 2000;

b) a Comissão optou por métodos de gestão des-centralizada para aproveitar todas as potencia-lidades de todas as pequenas ONG locais nospaíses da ex-Jugoslávia, da Europa Central eOriental e dos NEI. Os denominados micropro-jectos nessas regiões oscilam entre 3 000 eurose 50 000 euros. Em 1999 foi concedido um to-tal de 5 250 000 euros aos microprojectos;

c) foram aprovadas abordagens regionais plu-rianuais na Ásia (Bangladeche) e na AméricaLatina;

d) foram desenvolvidos projectos em estreitacooperação com as organizações internacio-nais, tais como a OSCE e o Conselho da Eu-ropa. Em 1999 foram assinados com o Con-selho da Europa cinco novos programasconjuntos. Foram estabelecidos contactoscom o Alto-Comissariado para os Direitosdo Homem a fim de reforçar a cooperação,em especial no contexto da preparação daConferência Mundial contra o Racismo;

e) actividades resultantes de iniciativas e com-promissos políticos.

Consta do anexo uma lista pormenorizada dosdiferentes programas financiados em 1999 refe-rentes ao título B7-7.

3.2. Instâncias multilateraisAs instâncias multilaterais (Nações Unidas, OSCE,Conselho da Europa, etc.) constituem um quadro dereferência importante para a UE na elaboração dasua base normativa e na definição da sua posiçãosobre as diferentes questões temáticas. Os debatese iniciativas levados a cabo nessas instâncias cons-tituem uma oportunidade para a UE demonstrar acoerência entre a sua política e a sua acção.

Os Estados-Membros e a Comissão, actuando emnome da CE, coordenam a sua acção no seio dasorganizações internacionais e nas conferênciasinternacionais, e defendem nessas instâncias asposições comuns da UE. A coordenação das posi-ções aprovadas pela UE nas instâncias interna-cionais é realizada de forma regular nos diferen-tes órgãos, incluindo os grupos de trabalho doConselho (nomeadamente no âmbito do grupoCOHOM, COSCE), e in loco.

De um modo geral, nessas instâncias, a UE traba-lha a favor de um reforço dos mecanismos defiscalização e do efectivo respeito pelos direitoshumanos, bem como de uma participação coor-denada na elaboração de novas normas.

3.2.1. Nações Unidas

A UE atribui uma grande importância ao trabalhodas Nações Unidas e aos mecanismos criados em matéria de direitos humanos, que incluem os órgãos de fiscalização previstos pelos Trata-dos bem como os mecanismos não convencio-nais — relatores e representantes especiais,temáticos ou geográficos. Ao longo dos anos, foram tomadas importantes medidas para colo-car a questão dos direitos humanos e das liber-dades fundamentais no centro da cena interna-cional, nomeadamente através da criação, em

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1994, do lugar de alto-comissário das NaçõesUnidas para os Direitos do Homem. A UE apoia aacção de Mary Robinson, que desempenhaactualmente essas funções. A UE continuará aenvidar esforços para que se concretize o objec-tivo fixado pelo secretário-geral das Nações Uni-das, que consiste em colocar os direitos do Ho-mem no centro de todos os aspectos da actuaçãodas Nações Unidas.

A UE incentiva o desenvolvimento das actividadesde assistência técnica. Vários Estados-Membros ea Comissão, actuando em nome da CE, contri-buem substancialmente, a título voluntário, paraas actividades do Alto-Comissariado para os Di-reitos do Homem (ver pormenores em anexo). Emrelação a este aspecto, o lançamento do pedidoanual de contribuições do Alto-Comissariado para2000 constituiu uma séria tentativa para divulgaro leque completo das actividades do Alto-Comis-sariado e para sistematizar exaustivamente assuas necessidades. A UE congratula-se vivamentecom os progressos registados no decurso dos últi-mos anos, constituindo motivo de incentivo paraa UE os actuais compromissos no sentido de umamaior eficácia demonstrados pela iniciativa dopedido de contribuições e por outras inovaçõesregistadas durante o último ano. O lançamento dopedido anual de contribuições sublinha igualmen-te a necessidade de se proceder a um aumento dosfundos postos à disposição do Alto-Comissariado.Em relação a este aspecto, a UE, numa declaraçãoapresentada na Comissão dos Direitos do Homemno corrente ano, expressou inequivocamente asua posição segundo a qual a parte do orçamentoordinário das Nações Unidas atribuída ao Alto-Co-missariado devia ser aumentada de forma signifi-cativa por forma a poder dar resposta ao aumentode solicitações no seu trabalho e a financiar o seuamplo leque de actividades. No seu discurso na56.ª sessão da Comissão dos Direitos do Homem,o secretário-geral das Nações Unidas definiu cla-ramente o aumento do âmbito dos pedidos comque se encontra confrontado o Alto-Comissa-

riado, ao referir que «os direitos humanos devemser considerados uma componente essencial doEstado de direito nas relações internacionais» eque os direitos humanos constituem uma compo-nente central do desenvolvimento. A UE subscre-ve esta concepção alargada dos direitos humanose salienta que esta posição torna ainda mais claraa necessidade de um financiamento adequado doAlto-Comissariado.

A coordenação entre os Estados-Membros da UEno seio das Nações Unidas afirma-se cada vezmais, tal como o testemunha o número de resolu-ções aprovadas por iniciativa da UE (seis resolu-ções na 54.ª Assembleia Geral das Nações Unidas,oito resoluções e duas declarações na 56.ª Comis-são dos Direitos do Homem), e o facto de que osEstados-Membros votam em conjunto sobre aquase totalidade das questões sujeitas a votaçãonessas instâncias. Na Assembleia-Geral, tal comona Comissão dos Direitos do Homem, a UE falacom uma só voz sobre a situação dos direitoshumanos no mundo (ver infra e em anexo a alocu-ção pronunciada pela Presidência da UE na CDH),e sobre os grandes temas relativos aos direitoshumanos (ver igualmente infra). A importânciaespecial que atribui à causa da abolição universalda pena de morte e à protecção dos direitos dacriança traduz-se, além disso, pela iniciativa deuma resolução sobre cada um destes dois temas(ver sobre estes pontos as partes consagradas àAssembleia-Geral da ONU e à CDH).

Durante o período em apreço, a UE participouactivamente nos debates e nos acontecimentosrespeitantes aos direitos humanos organizadosnas Nações Unidas, nomeadamente:

a) terceira comissão;

b) abertura à assinatura do Protocolo relativoà Convenção CEDAW, que autoriza os recur-sos individuais em caso de discriminação;

c) celebração do décimo aniversário da Con-venção dos Direitos da Criança;

d) preparação do acompanhamento das Con-ferências de Pequim +5 (mulheres) e de Co-penhaga +5 (cimeira social);

e) Comissão dos Direitos do Homem;

f) preparação da Conferência Mundial sobre oRacismo.

3.2.1.1. 54.ª sessão da AssembleiaGeral: trabalhos da terceira comissãoAo contrário do que aconteceu no ano anterior,em que a sessão da AGNU foi caracterizada pela

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celebração do quinquagésimo aniversário da De-claração Universal dos Direitos do Homem e pelaaprovação de textos como a Declaração sobre osDefensores dos Direitos do Homem, os debatesna terceira comissão da 54.ª sessão da AGNU fo-ram influenciados pelo tema, que esteve presenteao longo de toda a sessão, da ingerência humani-tária face à soberania dos Estados, o que tornouos trabalhos relativamente difíceis. Essas circuns-tâncias afectaram negativamente diversos projec-tos, entre os quais o projecto europeu de resolu-ção sobre a pena de morte combatido em nome dasoberania por um grupo de determinados países,e o projecto «código de conduta democrática»,apresentado pela Roménia, que suscitou uma vivaoposição por parte de um pequeno grupo de paí-ses. O debate sobre o direito ao desenvolvimentofoi também difícil, tendo sido encerrado por umavotação sobre o texto na sua globalidade e sobrecertos parágrafos litigiosos.

Durante a Presidência finlandesa, a UE esteve naorigem das resoluções aprovadas sobre a situa-ção dos direitos humanos no Irão, no Iraque, noSudão e na República Democrática do Congo, ela-boradas em estreita consulta com os relatoresespeciais em causa. A título individual, a Suécia ea Itália apresentaram, respectivamente, as resolu-ções sobre a situação em Mianmar/Birmânia e noAfeganistão.

A UE apresentou ainda, juntamente com o grupodos países da América Latina (Grulac), a resoluçãosobre os direitos da criança. Foram introduzidosnovos elementos para reforçar esse texto, nomea-damente no que se refere às crianças nos confli-tos armados, às crianças migrantes e à exploraçãosexual das crianças. Essa resolução foi subscritapor 132 países, ou seja mais 10 países do que noano anterior.

Por último, a UE tentou pela primeira vez que fosseaprovada uma resolução sobre a pena de morte,retomando os termos do texto adoptado por suainiciativa na Comissão dos Direitos do Homem.Apesar de um importante apoio (72 países subs-creveram o projecto), o projecto de resoluçãoeuropeia deparou com a firme oposição dos paísesnão abolicionistas, determinados a incluir no textouma série de alterações que o teriam, em parte,esvaziado de sentido. Por conseguinte, a UE deci-diu não prosseguir a sua iniciativa na AGNU e sus-pendê-la momentaneamente.

A Presidência finlandesa pronunciou, em nomeda UE, uma alocução sobre a situação dos direi-tos humanos no mundo. Esse texto, reproduzidoem anexo ao presente relatório, reflecte a posi-ção da UE sobre a situação em cerca de 50 paí-ses.

A UE interveio igualmente sobre vários pontostemáticos da ordem do dia (Ano Internacionaldos Idosos, cimeira mundial para o desenvolvi-mento social, prevenção da criminalidade, pro-moção da mulher e acompanhamento da confe-rência mundial de Pequim, refugiados, direitosda criança, racismo, autodeterminação, aplica-ção dos instrumentos em matéria de direitoshumanos). Além disso, a UE apresentou declara-ção de voto ou explicou a sua posição sobrediversas resoluções relativas a certos países oua certos temas (ver igualmente infra).

No que diz respeito a iniciativas de países ter-ceiros, a UE co-patrocinou, nomeadamente, aresolução sobre a situação na Bósnia-Herzegovi-na/Croácia/antiga República Jugoslava (Sérvia eMontenegro), e a resolução sobre a situação noKosovo. Fez igualmente uma declaração de votosobre as resoluções respeitantes ao Ruanda(apresentada pelo Canadá) aos direitos humanose à diversidade cultural (Irão), à mundialização(Egipto), aos direitos humanos e às medidas coer-civas unilaterais (Cuba), e ao direito ao desenvol-vimento (África do Sul, em nome do G77).

3.2.1.2. 56.ª sessão da Comissão dos Direitos do HomemA 56.ª sessão da Comissão foi marcada, emespecial, pelo acordo a que se chegou na rea-nálise dos mecanismos da Comissão dos Direitosdo Homem e pela aprovação dos dois protocolosfacultativos da Convenção sobre os direitos dascrianças, relativos às crianças nos conflitosarmados e à venda de crianças, à exploraçãosexual das crianças e à pornografia que se lheencontra associada. A decisão de criar um novomecanismo (representante especial do secretá-rio-geral) sobre a questão dos defensores dosdireitos do Homem constitui um êxito impor-tante, tal como a aprovação, por iniciativa da UE, de uma resolução sobre a situação naChechénia.

Durante a Presidência portuguesa, a UE foi um dosprincipais intervenientes na Comissão dos Direi-tos do Homem, principal instância das NaçõesUnidas neste domínio. Ao todo, a UE esteve na ori-gem, directamente ou através de um dos seusEstados-Membros, de cerca de um terço das reso-luções aprovadas. Além disso, a UE pronunciounumerosas alocuções e participou activamentenas inúmeras negociações levadas a cabo por ini-ciativa de países terceiros.

O ministro português dos Negócios Estran-geiros tomou a palavra em nome da UE naabertura da sessão, para apresentar a política

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e as prioridades da UE em matéria de direitoshumanos. O ministro evocou, em especial, agravidade da situação humanitária e dos direitoshumanos na Chechénia e a apreensão da UEperante a falta de progressos da situação naChina, tendo salientado, em relação a esta ques-tão, que o diálogo encetado pela UE com essepaís se deveria traduzir por melhorias concretase que não constituía um fim em si mesmo. Otexto dessa alocução consta do anexo ao presen-te relatório.

Por considerar que a situação nesses países outerritórios continua a ser preocupante, a Uniãotomou de novo a iniciativa das resoluções apro-vadas sobre o Irão, o Iraque, os colonatos israe-litas nos territórios ocupados, Mianmar/Birmâ-nia, a República Democrática do Congo e oSudão.

A UE esteve na origem da resolução aprovadasobre a Chechénia, através da qual pretendeusalientar a sua preocupação face à gravidade dasituação dos direitos humanos e das violaçõesdo direito humanitário e insistir no facto de queessas violações deviam ser objecto de um inqué-rito e de que os seus autores deviam ser proces-sados.

A UE tomou igualmente a iniciativa da elabora-ção de declarações de consenso da Presidênciada Comissão dos Direitos do Homem sobre aColômbia e Timor-Leste. Neste último caso, trata-va-se de incitar a Indonésia a dar seguimento àsessão especial da Comissão dos Direitos do Ho-mem consagrada a Timor, em Setembro de 1999,a qual criou um processo internacional deinquérito sobre as violações dos direitos huma-nos. A declaração toma nota do relatório da Co-missão de inquérito da Indonésia e do início dacooperação com a comunidade internacional. Es-sa declaração regista igualmente o compromissoassumido pelo governo indonésio de realizarinquéritos sobre as violações dos direitos huma-nos e do direito humanitário, e de processarjudicialmente os seus autores.

A UE apresentou declarações de voto para expri-mir, em especial, as suas preocupações sobreuma série de situações. Deste modo, a UE expli-cou as razões que a levaram a opor-se à moçãode não actuação apresentada pela China para seopor ao projecto de resolução apresentado pelosEstados Unidos sobre a situação dos direitoshumanos nesse país. A UE lamentou que o recur-so a esse procedimento tivesse impedido a Co-missão de analisar a fundo a situação dos direi-tos humanos na China, sobre a qual a UE tinhajá tido ocasião de manifestar a sua preocupação.

A UE deu ainda o seu apoio à resolução apresen-tada pelo Qatar sobre a situação nos territóriospalestinianos ocupados, tendo reafirmado odireito do povo palestiniano à autodetermina-ção, incluindo o direito de criar um Estado. A UEassociou-se igualmente às manifestações deinquietação em relação à situação dos direitoshumanos em Cuba, tendo lamentado que a reso-lução apresentada por iniciativa da Polónia e daRepública Checa não mencione os efeitos negati-vos das sanções económicas unilaterais aplica-das a esse país. Por último, a UE subscreveu aresolução americana sobre a ex-Jugoslávia,salientou a sua inquietação devido à inexistênciade progressos na RFJ, verificou a existência decertos progressos na Bósnia-Herzegovina e con-gratulou-se com os desenvolvimentos positivosocorridos na Croácia no plano político.

No que se refere a questões temáticas, para alémda decisão de designar um representante espe-cial para os defensores dos direitos humanos naqual a UE se empenhou de forma resoluta, umdos êxitos mais significativos foi a adopção da«resolução sobre a pena de morte» apresentadapela UE. A resolução foi co-patrocinada por 67países e aprovada por 27 votos a favor, 13 con-tra e 12 abstenções.

Sinopse temática das prioridades eposições da UE na AGNU e na CDH

Pena de morte

A pena de morte coloca um conjunto de diferentesquestões de natureza filosófica, religiosa, políticae criminológica. Todos os países da UE concluíramque a pena de morte constitui uma punição excep-cionalmente desumana e irreversível.

Mesmo sistemas jurídicos bastante avançados,que se baseiam no princípio do primado dodireito, incluindo o princípio do processo justo,não são imunes a erros da justiça, (por exemplo,através das diferenças de interpretação da lei,das condenações baseadas em provas pouco cla-ras ou convincentes, bem como da falta de assis-tência jurídica adequada). Estas circunstânciasconduzem inevitavelmente à execução de uminocente. A natureza irreversível da pena capitalexclui qualquer possibilidade de corrigir os er-ros da justiça.

Não há também justificações suficientes, quercriminais quer criminológicas, para manter estetipo de castigo. Não está cientificamente prova-do que a pena de morte e a sua aplicaçãoactuem como dissuasores da criminalidade com

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mais eficácia que outras formas de punição, co-mo por exemplo a prisão perpétua. A pena capi-tal pressupõe que as pessoas condenadas porcrimes não podem ser objecto de reabilitação oureinserção social.

Por conseguinte, a União Europeia opõe-se à pe-na capital em todas as circunstâncias. Este pon-to de vista é cada vez mais partilhado por todaa comunidade internacional. Até ao presente,cerca de 108 países aboliram a pena de morte nalei (86 Estados) ou na prática (22 Estados). Tantoo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Interna-cional, como as resoluções do Conselho de Se-gurança das Nações Unidas que estabelecem osTribunais Penais Internacionais para a ex-Jugo-slávia e para o Ruanda não incluem a pena demorte entre as sanções aplicáveis, mesmo no ca-so do julgamento dos crimes mais graves,incluindo o genocídio, os crimes contra a huma-nidade e os crimes de guerra.

Por conseguinte, a UE acordou em promover aabolição universal da pena de morte. Durante oúltimo ano, a UE congratulou-se publicamentecom a plena abolição da pena de morte ou como anúncio do estabelecimento de uma moratóriasobre a execução da pena de morte em Chipre,nas Filipinas, no Turquemenistão e na Ucrânia.

Em países que mantêm a pena de morte, a UEtem por objectivo a restrição progressiva da suaaplicação e a observância estrita de salvaguar-das mínimas, estabelecidas em vários instru-mentos internacionais relativos aos direitoshumanos. A UE incentiva ainda activamente osEstados anti-abolicionistas a estabelecerem umamoratória sobre as execuções, como um primei-ro passo no sentido da sua completa abolição.

A UE está preocupada com o facto de cerca de87 Estados manterem a pena de morte, emboraapenas numa minoria (cerca de 30) sejam anual-mente levadas a cabo execuções. A UE está preo-cupada em especial com os países que executamum elevado número de presos (por exemplo aChina, a República Democrática do Congo, oIrão, o Iraque e os EUA), bem como com certoscasos em que os países voltaram a proceder aexecuções ou se retiraram das salvaguardasinternacionais destinadas a evitar os erros dejustiça, tal como Trindade e Tobago e o Peru.

Embora a pena de morte continue a existir emmuitos países africanos, registou-se nos últimosanos uma evolução positiva, tendo certos paísespassado a aplicar a pena de morte de uma formamais restritiva. No seu diálogo com os governosafricanos, a UE incentiva-os activamente a toma-

rem várias medidas no sentido de se alcançar oobjectivo último da abolição da pena capital.

Na prossecução do seu objectivo da aboliçãouniversal da pena de morte, a União Europeiadefiniu um conjunto de orientações para deter-minar as circunstâncias em que os Estados-Mem-bros deveriam levar a cabo acções específicas eorientadas para um objectivo preciso (veranexo).

Direitos da criança

Através da promoção da Convenção a nível mun-dial e da sua ratificação quase universal, ascrianças obtiveram o reconhecimento dos seuspróprios direitos enquanto pessoas. Nos termosda Convenção, a criança não deverá ser conside-rada apenas como um ser humano vulnerávelque carece de uma atenção e de uma assistênciaespeciais, devendo ser respeitado enquanto pes-soa com direitos. A importância da Convençãodos Direitos da Criança (CDC) para a ordempública a nível mundial não pode ser posta emcausa. A UE exorta regularmente os Estados queainda não procederam à ratificação da Con-venção a fazê-lo com urgência.

A UE está preocupada com o número de reservasà CDC, e os Estados-Membros da União conti-

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nuam a apresentar objecções às reservas incom-patíveis com o objectivo e a finalidade da Con-venção e exortam com firmeza os Estados partesa reverem regularmente outras reservas com oobjectivo de as retirarem. A UE dá o seu plenoapoio ao trabalho do Comité das Nações Unidaspara os Direitos das Crianças, salientando oimportante papel desempenhado pelos mem-bros do comité na definição de meios mais ade-quados para melhorar a implementação da Con-venção. A UE congratula-se com a decisão docomité de dar início à aprovação das observa-ções gerais, que constituem orientações úteispara os Estados partes. Para que os trabalhos docomité sejam coroados de êxito, é de grandeimportância que a decisão de aumentar o núme-ro dos membros do comité seja aceite pelosEstados partes.

A UE manifestou por diversas vezes o seu apoioao trabalho do Alto-Comissariado para os Direi-tos do Homem (ACDH) no domínio dos direitosdas crianças, incluindo os seus esforços paraassegurar que as instituições nacionais promo-vam e protejam a vertente dos direitos humanosno âmbito dos direitos das crianças. A UE dátambém todo o seu apoio ao importante traba-lho da Unicef no domínio da protecção dos direi-tos da criança e do aumento do seu bem-estar. AUE congratula-se, em especial, com o papel pre-ponderante da Unicef na adopção de uma abor-dagem baseada nos direitos, utilizando a CDCcomo instrumento de base para defender osinteresses das crianças através do auxílio huma-nitário, dos programas sociais e da defesa dacausa das crianças.

A UE considera que a aprovação da Convençãon.º 182 de 17 de Junho de 1999, relativa à inter-dição das piores Ffrmas de trabalho das criançase à acção Iiediata com vista à sua eliminaçãoconstitui um passo importante. Após a aprova-ção da nova convenção, todos os Estados da UEratificaram a convenção ou manifestaram a suaintenção de o fazer. A UE apoia o trabalho leva-do a cabo pelo BIT para lutar contra este proble-ma, em especial o seu programa internacionalpara a abolição do trabalho infantil (IPEC).

A fim de continuar a progredir e de melhorar aimplementação dos direitos previstos na Con-venção dos Direitos da Criança, é necessáriauma maior coordenação entre os intervenientesinternacionais, incluindo o âmbito da ONU. Porconseguinte, a UE incentivou outras partes nosistema da ONU a envidarem esforços idênticosaos da Unicef e do ACDC a fim de aprovar umaabordagem do desenvolvimento, em diversosdomínios, que tenha em conta os direitos das

crianças. Deverão ser determinados os mecanis-mos adequados para a colaboração com acomunidade internacional, em especial com osorganismos encarregados da coordenação doseguimento das principais reuniões internacio-nais.

Na sua actividade para promover os direitos dascrianças, a UE reconhece o importante papeldesempenhado pelas ONG internacionais enacionais, tanto no interior como no exterior daUE. Em muitos países, as ONG internacionais enacionais cooperaram para despertar o interessepela CDC, incentivando assim a implementaçãoda convenção. A UE continua a dar o seu apoiopolítico e financeiro a essas actividades dasONG, indispensáveis para a implementação daCDC.

Apesar dos progressos alcançados, milhões decrianças e de jovens continuam a ser explora-dos através do mundo e são frequentementevítimas deliberadas de diversas violações dosdireitos humanos. Na sua declaração sobre odireito das crianças apresentada na AssembleiaGeral, a UE reiterou o seu empenho nessesdireitos, tendo salientado que o pleno respeitoe a protecção desses direitos constituem umacondição prévia para um futuro estável e depaz. Nessa declaração, identificaram-se asseguintes áreas que constituem motivo de espe-cial preocupação: o direito de todas as criançasterem acesso a uma educação gratuita; a inacei-tável discriminação, existente em muitos paí-ses, das raparigas tanto na infância como naidade adulta; a necessidade de eliminar imedia-tamente as piores formas de trabalho das crian-ças, tendo a UE reconhecido que o trabalhoinfantil é simultaneamente uma consequência euma causa da pobreza, que deve ser enquadra-da no contexto das estratégias para a erradica-ção da pobreza e para o desenvolvimentosocial; a situação das crianças nos conflitosarmados; a necessidade de uma actuação vigo-rosa a nível nacional e de cooperação interna-cional a fim de lutar eficazmente contra oabuso sexual e a exploração das crianças.

Os Estados-Membros da UE participaram activa-mente na negociação de dois protocolos adicio-nais sobre o envolvimento das crianças nos con-flitos armados, e sobre o tráfico de crianças,prostituição e pornografia infantis. OsEstados-Membros da UE congratulam-se com aabertura à assinatura desses dois novos impor-tantes instrumentos para a protecção das crian-ças, e incitam todos os Estados a ponderaremsobre a sua assinatura e ratificação.

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A UE empenhou-se na preparação da sessãoextraordinária da Assembleia Geral que seráconsagrada ao acompanhamento da cimeiramundial em defesa das crianças, a realizar emSetembro de 2001.

Direitos humanos das mulheres

A UE considera que os direitos humanos dasmulheres e das crianças do sexo feminino cons-tituem parte inalienável, integral e indivisíveldos direitos humanos universais. Apesar disso,e embora muito tenha sido feito para pôr termoà discriminação em razão do sexo e a outras vio-lações dos direitos humanos das mulheres, háainda muito por fazer para pôr cobro a essasviolações e alcançar o objectivo da plena igual-dade entre mulheres e homens a nível global.Continua a verificar-se, em proporções variá-veis, violência sob diversas formas contra rapa-rigas e mulheres, sujeição das mulheres a situa-ções de extrema pobreza, insuficiência de cuida-dos de saúde, subnutrição e outras calamidadessociais, sub-representação no processo decisó-rio, e ainda outras situações em que se fazemsentir deficiências de dimensões inquietantes. Aluta contra estas calamidades, a nível nacional einternacional, constitui uma das prioridades da

actuação da UE, tanto no interior como no exte-rior das instâncias da ONU.

Na 54.ª sessão da Assembleia Geral das NaçõesUnidas deu-se um passo histórico no sentido depôr termo à discriminação das mulheres, com aaprovação por unanimidade, em 6 de Outubrode 1999, do Protocolo Facultativo à Convençãosobre a Eliminação de Todas as Formas de Di-scriminação contra as Mulheres (CEDAW). EsseProtocolo prevê o direito de petição e um pro-cesso de inquérito para proteger os direitoshumanos das mulheres. Os Estados-Membros daUE foram dos primeiros a assinar o protocoloquando foi aberto à assinatura, em 10 de De-zembro de 1999, e contam-se também entre osprimeiros que procederam à sua ratificação. Nu-ma declaração no plenário da Assembleia Geral,a Presidência exortou todos os Estados a analisa-rem a possibilidade de assinarem e ratificarem oprotocolo o mais rapidamente possível, a fim deaumentar as hipóteses de esse protocolo entrarem vigor rapidamente (após ratificação por par-te de 10 Estados). A Presidência incentivouigualmente todos os Estados que ainda não ofizeram, a ratificar ou aderir à CEDAW, a fim dese alcançar o objectivo da sua ratificação e cum-primento a nível universal.

As onze resoluções aprovadas na 54.ª As-sembleia Geral que se referem aos direitoshumanos das mulheres foram co-patrocina-das por muitos Estados-Membros da UE, e emcertos casos por todos eles. Nas negociaçõesque levaram à aprovação das resoluções (todaspor consenso) os Estados-Membros da UEdesempenharam um papel coordenado, activo efundamental na busca de soluções baseadas nadeclaração e no programa de acção de Pequim(quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres,Pequim, 1995). A UE sintetizou a sua posição so-bre estas questões na 54.ª Assembleia Geral nu-ma extensa declaração sobre os progressos res-peitantes à situação das mulheres (ponto 109 daordem do dia) e a implementação dos resultadosda quarta Conferência Mundial sobre as Mulhe-res (ponto 110 da ordem do dia). Nessa declara-ção, e tendo em vista a sessão especial da As-sembleia Geral sobre questões relacionadas comas mulheres, a realizar em Junho de 2000 (Pe-quim +5, ver, infra, ponto 2.1.3), a UE manifes-tou o seu empenho incondicional na plenaimplementação da declaração e do programa deacção de Pequim e exortou a que sejam delinea-das novas estratégias e iniciativas para se alcan-çar a igualdade entre homens e mulheres combase nos compromissos de Pequim. A UE decla-rou igualmente, de forma clara, que a participa-

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ção da sociedade civil, incluindo as ONG, consti-tui um elemento essencial deste processo.

Na 56.ª sessão da CDH, tal como na 54.ª Assem-bleia Geral que a precedeu (ver ponto 2.1.1), a UEmanifestou a sua profunda preocupação com ofacto de as mulheres e crianças do sexo femininoestarem actualmente muito longe de desfrutar detodos os direitos humanos e liberdades funda-mentais em plena igualdade com os homens e ascrianças do sexo masculino. Numa declaraçãoproferida em nome da UE sobre o ponto 12 da or-dem do dia, «Integração dos direitos humanos dasmulheres e perspectiva de equidade entre ossexos», a Presidência exortou os Estados a preve-nirem e punirem todos os tipos de violênciasexista, tanto no âmbito privado como público. APresidência pediu que fossem tomadas medidasurgentes e eficazes contra as práticas tradicionaisnocivas e a violência contra mulheres e criançasdo sexo feminino, incluindo a erradicação damutilação genital nas mulheres. Exortou igual-mente todos os Estados a porem termo à discrimi-nação e à segregação em razão do sexo na vidaeconómica e social e a assegurar uma igualdadeentre os sexos na educação, no processo decisó-rio nos cuidados de saúde e em outras áreas. A UEregistou com preocupação o fenómeno da femini-zação da pobreza e congratulou-se com os esfor-ços para erradicar e punir o tráfico de pessoas,especialmente de mulheres e crianças, para efei-tos de exploração sexual e de outras formas deexploração. Ao contrário da posição assumida poroutras delegações, a UE salientou que os direitoshumanos das mulheres incluem direitos sexuais edireitos relacionados com a reprodução.

No que respeita à Convenção sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discriminação contraMulheres (CEDAW), a UE lamentou que, apesardos actuais compromissos, o objectivo da ratifi-cação universal dessa convenção não tenha ain-da sido alcançado. A UE incentiva todos os Esta-dos a ratificarem ou a aderirem à Convenção CE-DAW com a maior urgência. O número de reser-vas à CEDAW constitui motivo de preocupaçãopara a UE, e a União continua a exortar os Esta-dos partes e retirarem as suas reservas, incom-patíveis com o objecto e os fins da convenção, eExorta veementemente os Estados partes naConvenção a procederem regularmente à reaná-lise de outras reservas, tendo em vista o levan-tamento das mesmas.

Refugiados e pessoas deslocadas

A abordagem da UE para lidar com situações decrise que impliquem a deslocação de pessoas temem conta o facto de que as violações dos direitos

humanos, incluindo ataques e intimidação depopulações civis, constitui frequentemente umadas causas essenciais para o deslocamento invo-luntário das pessoas no interior e fora das frontei-ras. Por conseguinte, o respeito pelos direitoshumanos, nomeadamente os direitos das pessoasque pertencem a minorias, bem como pela demo-cracia e pela boa governação, são cruciais paraprevenir o deslocamento de pessoas. A salvaguar-da dos direitos das pessoas que pertencem aminorias constitui um meio essencial paraaumentar a estabilidade política e obter umasegurança humana sustentável. Por outras pala-vras, o bom funcionamento da política dos direi-tos humanos constitui uma condição prévia paraprevenir os fluxos de refugiados e as deslocaçõesinternas.

A União Europeia participou activamente nasdeliberações do terceiro Comité da 54.ª sessãoda Assembleia Geral nas Nações Unidas sobre ospontos da ordem do dia relacionados com osrefugiados e a deslocação interna. Em nome daUnião, a Presidência finlandesa apresentou umadeclaração sobre o relatório do alto-comissáriopara os Refugiados e manifestou a sua preocu-pação por continuarem a ocorrer novos confli-tos e crises de refugiados em que há cada vezmais alvos civis, tal como no Kosovo, na SerraLeoa e em Timor-Leste. Foi ainda mencionada agrave situação na região dos Grandes Lagos e adegradação da situação humanitária na regiãodo Cáucaso.

A UE contribuiu activamente para as resoluçõesrespeitantes a estes pontos, e em especial aresolução relativa ao Alto-Comissariado para osDireitos do Homem e ao seguimento da confe-rência da CEI para resolver os problemas dosrefugiados, das pessoas deslocadas e de outrasformas de deslocação involuntária e dos retor-nados, ambas co-patrocinadas por todos osquinze Estados-Membros. A UE apoiou ainda aresolução sobre a protecção e auxílio às pessoasdeslocadas no interior do respectivo país. Aoelaborar a resolução sobre a questão da Comis-são dos Direitos do Homem, a UE louvou o tra-balho do representante do secretário-geral noque respeita às pessoas deslocadas internamen-te e referiu com satisfação o facto de as agênciasdas Nações Unidas, as organizações regionais enão governamentais estarem a utilizar no seutrabalho os princípios orientadores no que res-peita ao deslocamento interno, e incentivou adivulgação e aplicação desses princípios.

Nos últimos anos, a UE foi colectivamente omaior dador da CNUDH e defendeu que se conti-nue a dar todo o apoio aos esforços do alto-

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-comissário para resolver eficazmente os nume-rosos desafios no que respeita à protecção dosrefugiados. Neste contexto, a UE salientou anecessidade de resolver a questão dos actuaisdeslocamentos massiços de pessoas através deuma acção concertada e coordenada, necessida-de esta que se tornou ainda mais premente à luzda crise do Kosovo. Esse objectivo só poderá seralcançado se se assegurar o pleno acesso daCNUDH às áreas afectadas. A promoção de solu-ções duradouras é da maior importância. Cabeantes de mais aos Estados a responsabilidadepor evitar deslocações involuntárias e por criaras condições para o regresso voluntário, comsegurança e dignidade, das pessoas deslocadas.Os refugiados e as pessoas deslocadas que pre-tendem regressar às suas casas devem ser auto-rizados a poder fazê-lo tranquilamente e semobstáculos. Deverá dar-se especial atenção àsmulheres e às crianças, que têm carências espe-ciais, tanto nos campos de refugiados comoquando procuram obter protecção e instalar-senum novo país de acolhimento.

Reconhecendo embora a necessidade de uma soli-dariedade internacional e de partilhar os encar-gos, a União reitera que a responsabilidade pelaprotecção dos refugiados incumbe, antes demais, ao país de acolhimento. As obrigações inter-nacionais em matéria de direitos humanos e oprincípio de «não-repulsão» deverão ser respeita-dos em todas as circunstâncias. Por conseguinte,a UE condena o regresso forçado e a expulsão dosrefugiados. Neste contexto, a UE manifesta a suasatisfação pela recente adesão do Cazaquistão àConvenção de 1951 e ao seu Protocolo de 1967, eexortou todos os países que ainda o não fizeram aque adiram ou ratifiquem a Convenção o maisrapidamente possível.

Racismo, não-discriminação e respeito peladiversidade

Racismo, não-discriminação

A União Europeia está certa da importância da Or-ganização das Nações Unidas enquanto instânciainternacional que aborda de forma global a ques-tão do racismo e da xenofobia, existente em todasas regiões do mundo. De entre os inúmeros ins-trumentos internacionais relativos aos direitoshumanos aprovados sob a égide da ONU, a Con-venção sobre a Eliminação de todas as Formas deDiscriminação Racial ocupam um lugar especial; aUnião Europeia deseja que essa convenção sejaassinada e ratificada por todos os países.

A União Europeia considera que a tolerância e orespeito pela diversidade constituem elementos

essenciais para a luta contra o racismo, nomeada-mente no que se refere às pessoas que pertencema minorias, às populações autóctones e aosmigrantes.

Na 54.ª Assembleia Geral, a União Europeia pro-nunciou, em 21 de Outubro de 1999, uma decla-ração sobre a eliminação do racismo e da discri-minação racial. Durante essa mesma sessão, to-dos os Estados-Membros da União co-patrocio-naram duas resoluções sobre o racismo, aprova-das por consenso: a resolução sobre a aplicaçãodo programa de acção para o terceiro decénio daluta contra o racismo e a discriminação racial ea realização da Conferência Mundial, e a resolu-ção sobre as medidas destinadas a combater asformas contemporâneas de racismo, de discrimi-nação racial e de intolerância que se lhe encon-tram associadas.

Na última sessão da Comissão dos Direitos do Ho-mem a UE apresentou uma declaração sobre oracismo, a discriminação racial, a xenofobia e aintolerância que se lhe encontra associada. A UEdesempenhou um papel determinante na nego-ciação da Resolução n.º 2000/14 sobre o racismo,aprovada por consenso. Esse texto cria nomeada-mente um gabinete constituído por 11 membros(entre os quais se conta a França) encarregado depreparar a Conferência Mundial contra o racismoque se realizará na África do Sul, em 2001, e queconstitui para a UE, no próximo ano, um dos acon-tecimentos mais marcantes. A União Europeiaconsidera que a Conferência Mundial e o seu pro-cesso preparatório constituem um contributoimportante para a mobilização geral contra oracismo, a discriminação racial, a xenofobia e aintolerância que se lhe encontra associada. A UEdá o seu apoio ao alto-comissário para os Direitosdo Homem nas suas funções de secretário-geralda Conferência Mundial. A UE empenhou-se acti-vamente na preparação dessa conferência, emespecial através da Conferência Europeia. A UEcomunicou que está disposta a dar o seu apoio,mediante uma contribuição voluntária, aosoutros processos preparatórios regionais da Con-ferência Mundial.

Populações autóctones

Todos os países da UE subscreveram a resoluçãoapresentada pela Dinamarca recomendando àEcosoc a criação de um fórum permanente paraas populações autóctones. Embora nem todos osaspectos desse fórum tenham sido definitiva-mente aprovados, essa iniciativa representatodavia um passo significativo para a tomadaem consideração, pelas Nações Unidas, da pro-blemática das populações autóctones.

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Minorias

Por último, a resolução apresentada pela Áustria sobre os direitos das pessoas que per-tencem a minorias nacionais ou étnicas, religio-sas ou linguísticas, foi aprovada por consenso.Essa resolução solicita em especial aos Estados eà comunidade internacional que defenda e pro-teja os direitos das pessoas que pertencem aminorias nacionais ou étnicas, religiosas e lin-guísticas, tal como se encontram enunciados naDeclaração de 1993, e convida o Alto-Comissa-riado das Nações Unidas para os Direitos do Ho-mem a efectuar novamente consultas interinsti-tucionais com os organismos e programas dasNações Unidas sobre os problemas das minorias.

Direito ao desenvolvimento

A UE atribui a maior importância ao direito aodesenvolvimento e à avaliação da questão dodesenvolvimento sob a perspectiva dos direitoshumanos, tendo salientado o facto de que, nadeclaração sobre o direito ao desenvolvimento,o ser humano se encontra no cerne da questão.O direito ao desenvolvimento é o direito huma-no por força do qual todas as pessoas têm o direito de participar, contribuir e desfrutardo desenvolvimento económico, social, culturale político, em que todos os direitos humanos e liberdades fundamentais podem ser plena-mente concretizados. Com efeito, a democra-cia, o desenvolvimento e o respeito pelos direi-tos humanos, tanto civis e políticos como económicos, sociais e culturais, constituemfactores interdependentes e que mutuamentese reforçam.

O conceito do direito ao desenvolvimento foisobretudo definido através do trabalho de diver-sas conferências da ONU, da AGNU e da Comis-são da ONU. Desde que, em 1986, a AssembleiaGeral da ONU aprovou pela primeira vez a De-claração sobre o Direito ao Desenvolvimento,esta noção tem-se vindo gradualmente a alargare a aprofundar, sobretudo na Conferência Mun-dial sobre os Direitos Humanos, realizada emViena em 1993, que afirmou que o direito aodesenvolvimento constitui um direito humanouniversal e inalienável.

Tal como acontece em relação a todos os direi-tos humanos, o respeito pelo direito ao desen-volvimento é, antes de mais, da responsabilida-de dos Estados. Atendendo a que cabe principal-mente aos governos nacionais a responsabilida-de pela eliminação dos obstáculos ao desenvol-vimento, torna-se absolutamente necessário queos governos actuem de forma transparente e

responsável, pelo que a democracia e a boagovernação adquirem uma importância de pri-meira linha nos esforços para concretizar odireito ao desenvolvimento.

A comunidade internacional tem simultaneamen-te um importante papel a desempenhar em apoiodos esforços dos governos nacionais, através dacooperação internacional. Por conseguinte, odireito ao desenvolvimento constitui um impor-tante elemento dos acordos da UE concluídos compaíses em desenvolvimento. Na sua qualidade deprincipal dador da ODA, a UE tem constantemen-te reafirmado o seu compromisso em assumir asua parte do encargo e em assegurar que o ajusta-mento estrutural seja economicamente viável etolerável a nível social e político. A UE põe à dis-posição o seu auxílio no reforço da democracia,do Estado de direito e do respeito pelos direitoshumanos, que constituem objectivos explícitosda política da União de cooperação para o desen-volvimento.

Devido a problemas de natureza processual, ogrupo «Direito ao Desenvolvimento» criado pelaComissão dos Direitos Humanos não esteve ope-racional durante um longo período, e na 55.ª As-sembleia Geral da ONU não foi possível obter con-senso em relação à resolução sobre o direito aodesenvolvimento. Todavia, os problemas pude-ram ser resolvidos imediatamente antes da 56.ªsessão da Comissão dos Direitos do Homem. A UEregistou com satisfação que a Comissão estavaem condições de aprovar, por consenso, umaresolução sobre o direito ao desenvolvimento, econgratulou-se com o facto de o grupo poderagora dar início ao seu trabalho de fundo. Alémdisso, a UE congratulou-se com os esforços doalto-comissário para os Direitos do Homem daONU no sentido de integrar o direito ao desenvol-vimento no trabalho de todo o sistema da ONU,incluindo o reforço dos laços com as instituiçõesfinanceiras internacionais.

A UE continuará a participar activamente nasdeliberações sobre o direito ao desenvolvimentonas diversas instâncias internacionais, nomeada-mente nos organismos da ONU que se ocupamdas questões relacionadas com os direitoshumanos e o desenvolvimento.

Direitos económicos, sociais e culturais

Para a UE, está fora de causa a indivisibilidade,a interdependência e a inter-relação de todos osdireitos humanos. Os direitos económicos,sociais e culturais não são basicamente diferen-tes dos direitos civis, com os quais partilhamimportantes denominadores comuns, tais como

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o respeito pelo indivíduo e pela sua dignidadee os princípios da igualdade e não discrimina-ção. Ambos estes conjuntos de direitos sereforçam mutuamente: por exemplo, o direito àalimentação, educação, saúde, segurança sociale alojamento adequado contribuem para se po-der desfrutar dos direitos civis e políticos. Damesma forma, o respeito pelos direitos civis epolíticos — por exemplo, a liberdade de expres-são e os direitos dos sindicatos — constituemmeios para a implementação dos direitos eco-nómicos, sociais e culturais. Ambos os conjun-tos de direitos deverão ser implementados emsimultâneo, e, com efeito, a «Iniciativa Europeiapara a Democracia e os Direitos Humanos» (amaior rubrica orçamental da União para osdireitos humanos e as actividades de democra-tização, «título B7-7», III.1.11) atribui uma igualimportância à promoção dos dois tipos dedireitos.

Numa declaração apresentada perante o plená-rio da Comissão, a Presidência (Portugal) reite-rou a posição da UE acima referida sobre o esta-tuto dos direitos económicos, sociais e cultu-rais. A Presidência referiu que se deveria refor-çar a implementação desses direitos e congratu-lou-se com o importante trabalho levado a cabonesta área pelo Alto-Comissariado para os Di-reitos do Homem, pelas agências especializadase pelas instituições financeiras internacionais.Através de resoluções apresentadas por Esta-dos-Membros (França e Alemanha) a UE defen-deu igualmente o apoio a dois mecanismos exis-tentes no domínio dos direitos económicossociais e culturais: o perito independente sobreDireitos Humanos e Extrema Pobreza (Anne-Ma-rie Lizin, Bélgica), cujo mandato foi renovadopor um período de dois anos e o relator espe-cial para o direito à educação (KatarinaTomasevski, Croácia/Dinamarca). Na 56.ª ses-são da Comissão, os Estados-Membros da UE de-ram igualmente o seu apoio à criação dos man-datos de dois novos relatores especiais: emmatéria de direito ao alojamento (co-patrocíniocomum de uma resolução consensual apresen-tada pela Alemanha) e sobre o direito à alimen-tação (votação comum a favor de uma resoluçãocubana). Nos respectivos mandatos incluem-sefunções de controlo, elaboração de recomenda-ções políticas e a facilitação de uma cooperaçãoreforçada.

No que respeita a um outro mecanismo de imple-mentação potencialmente importante — a suges-tão de um procedimento de reclamação — a UEreconhece que, por uma questão de princípio, ogozo de todos os direitos humanos deverá serincentivado através da possibilidade de recorrer

a meios legais adequados. A UE considera impor-tante aprofundar os trabalhos sobre esta questãode uma forma positiva, a fim de clarificar os dife-rentes aspectos jurídicos e práticos da possibili-dade de invocar perante os tribunais os direitoseconómicos, sociais e culturais.

Consciente de que a pobreza, o trabalho infantil,a subnutrição e a exclusão social são fenómenosque prejudicam gravemente o gozo dos direitoseconómicos, sociais e culturais, e tendo presen-te que a ocorrência destes fenómenos se registaigualmente no interior da UE, a declaração daPresidência apresentada na Comissão centrou-senestas questões. A UE participou também activa-mente na sessão especial de diálogo sobre apobreza, organizada pela Comissão. De entre osobjectivos do Tratado CE conta-se a obrigaçãode a CE e os Estados-Membros combaterem aexclusão (ver pontos 2.1.3 e 3). No que se referea estas questões, a UE abordou-as de forma maispormenorizada em declaração apresentada nasessão especial da Assembleia Geral da ONU «ACimeira Mundial para o Desenvolvimento Sociale o Futuro: Alcançar o Desenvolvimento Socialpara todos num Mundo Globalizado» («Copenha-ga +5», Genebra, Junho de 2000) (ver ponto3.2.1.4).

Direitos civis e políticos

Nas declarações proferidas tanto na AG como naCDH, a UE reafirma regularmente o seu empenhona defesa dos direitos civis e políticos, tal comodefinidos na Declaração Universal dos Direitos doHomem e noutros instrumentos pertinentes rela-tivos aos direitos humanos. Os Estados-Membrosdesempenham também um papel cabal na nego-ciação e no apoio a resoluções importantes den-tro dos diferentes pontos da ordem de trabalhos,sendo alvo de especial atenção os seguintesassuntos:

Detenção arbitrária e tortura

Na última reunião da CDH, todos os Estados--Membros co-subscreveram uma resolução sobrea tortura apresentada pela Dinamarca. Reafir-mando que nunca poderá haver justificação paraa tortura, o texto exorta todos os governos aproibir a sua prática e a ratificar a Convençãodas NU contra a Tortura. Saúda também o impor-tante trabalho desenvolvido tanto pelo Comitécontra a Tortura como pelo relator especial, eapela a um aumento das contribuições para ofundo voluntário das NU a favor das vítimas datortura. Os princípios da investigação e docu-mentação efectiva das práticas de tortura eoutras penas ou tratamentos cruéis, desumanos

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ou degradantes foram apensos à resolução. OsEstados-Membros da UE co-subscreveram igual-mente a resolução da Costa Rica em apoio darápida conclusão do projecto de protocolo facul-tativo à Convenção contra a Tortura (CCT). OsEstados-Membros da UE apoiam a negociação de-ste protocolo facultativo, que procura estabele-cer um sistema preventivo de visitas regularesaos locais de detenção, dentro do espírito domecanismo já existente no quadro da ConvençãoEuropeia para a Prevenção da Tortura e das Pe-nas ou Tratamentos Desumanos ou Degradantes(Comité para a Prevenção da Tortura, CPT).

Os Estados-Membros da UE co-subscreveram ain-da um projecto de resolução apresentado pelaFrança sobre a detenção arbitrária. O texto reno-va por três anos o mandato do grupo de traba-lho que se ocupa da detenção arbitrária e exortaos Estados a responderem aos «apelos urgentes»do mesmo. A resolução insta também os Estadosa assegurarem o alinhamento da respectivalegislação nacional pelas normas internacionaispertinentes.

Na sua declaração, os Estados-Membros da UEexortam todos os Estados a colaborar plena-mente nos procedimentos especiais das NU emmatéria de tortura e detenção arbitrária. A UEacolheu com satisfação as recentes adesões àCCT por parte da Bolívia, da Bélgica, do Turque-menistão, do Japão e de Moçambique, bem comoas visitas realizadas pelo relator especial aoQuénia, aos Camarões e à Roménia. A UE mani-festou a esperança de que o relator especialpossa empreender uma visita à China, e lamen-tou que os governos da Argélia, do Barém, doBrasil, do Egipto, da Índia, da Indonésia e daTunísia não tenham respondido, nenhum deles,aos pedidos de visita formulados pelo relatorespecial. A declaração da UE dá parte tambémdas preocupações comuns aos Estados-Mem-bros no que se refere às práticas de detençãoadministrativa e reeducação pelo trabalho usa-das na China.

Normas de justiça

Os Estados-Membros da UE apoiaram uma sériede iniciativas destinadas a reforçar a aplicaçãoda justiça, elemento de importância vital parapermitir que os indivíduos gozem plenamentetodos os seus direitos.

A UE associou-se ao consenso sobre o projectode resolução da Áustria que saúda o trabalhorealizado pelo Comité dos Direitos da Criança epela alta-comissária para os Direitos do Homem

ao recomendar uma melhoria dos sistemas dejustiça nacionais para menores e o acompanha-mento desta questão. O texto exorta também to-dos os Estados a prever recursos adequados pa-ra assegurar a plena aplicação, a nível nacional,das normas internacionais em matéria de justiçaaplicáveis aos jovens.

Os Estados-Membros da UE co-subscreveram aresolução húngara que sublinha a importânciavital de um sistema judiciário independente eimparcial para proteger os direitos humanos nasua totalidade e reconhece o papel da sociedadecivil na defesa destes princípios. O texto saúdaos esforços desenvolvidos pelo relator especialno que se refere à independência dos juízes eadvogados e, em especial, as suas publicaçõespor intermédio do Alto-Comissariado para os Di-reitos do Homem, bem como o Manual de For-mação em Direitos Humanos para juízes e advo-gados.

A UE reconhece que é importante reparar eficaz-mente os erros judiciais e outras violações dosdireitos humanos. Os Estados-Membros da UEpuderam, assim, associar-se ao consenso sobre aresolução chilena relativa ao direito à restitui-ção, indemnização e reabilitação das vítimas deviolações graves dos direitos humanos e dasliberdades fundamentais. O texto convida osEstados a comentar o projecto de orientações eprincípios básicos elaborado pelo perito inde-pendente em matéria de restituição.

Na sua declaração à CDH, a UE reafirma aimportância da não discriminação na adminis-tração da justiça, bem como dos princípios dapresunção de inocência, da realização de julga-mentos justos, públicos e atempados, e de umarepresentação legal adequada. A UE saúda avisita do relator especial à Guatemala, maslamenta que as restrições financeiras tenhamimpedido a projectada visita à África do Sul.Reitera também a sua profunda preocupaçãopela acção de difamação instaurada contra orelator especial na Malásia, e em particular pelofacto de o governo malaio continuar a ignorar oparecer do Tribunal de Justiça Internacional so-bre a imunidade do relator à instauração deprocedimento judicial por qualquer tipo dedeclaração por si proferida no desempenho dassuas funções oficiais.

Liberdade de expressão e liberdade de religião ou convicções

Todos os Estados-Membros da UE co-subscreve-ram uma resolução apresentada pela Irlanda na

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CDH sobre a implementação da Declaração sobrea Eliminação de Todas as Formas de Intolerânciae de Discriminação Baseadas na Religião ou naConvicção. O texto exorta todos os Estados aassegurar que as leis nacionais prevejam salva-guardas adequadas e garantias eficazes emmatéria de liberdade de religião e convicções,incluindo meios de reparação. Incentiva tambémo relator especial a dar um novo contributo paraa próxima conferência mundial contra o racis-mo.

Dentro do mesmo contexto, os Estados-Membrosda UE apoiaram o consenso sobre um projectode resolução apresentado pela Finlândia quereconhece o direito de todas as pessoas a terobjecções de consciência ao serviço militar, co-mo legítimo exercício da liberdade de pensa-mento, de consciência e de religião. O texto soli-cita ao ACNUDH que prepare um catálogo e umaanálise das melhores práticas antes da reuniãoda CDH a realizar no próximo ano.

Os Estados-Membros da UE foram co-subscrito-res da resolução de iniciativa canadiana sobre aliberdade de opinião e de expressão. O textoexorta à libertação de todas as pessoas detidasem virtude das suas convicções e insta os Esta-dos a tomar medidas para reduzir a incidênciadas violações praticadas sobre quem exerce oseu direito à liberdade de expressão. Tais medi-das incluem uma definição mais clara das leisem matéria de segurança do Estado e a cessaçãodo abuso das disposições relativas ao estado deemergência. O texto reitera o apoio da comissãoao relator especial.

humana. A UE reafirma a sua preocupação, emespecial, com a perseguição e intimidação dosopositores e activistas políticos, dos jornalistase dos defensores dos direitos humanos, e refe-re-se concretamente às pesadas sentençasrecentemente anunciadas contra os membrosdo partido democrático da China e do FalunGong, condenando o facto de poderem ser cas-tigados indivíduos na China por exercerem oseu direito às liberdades de expressão ou dereligião.

Desaparecimentos forçados ou involuntários,execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias

Os Estados-Membros da UE co-subscreveramuma resolução apresentada pela França sobreos desaparecimentos forçados ou involuntá-rios. Esta resolução insta os governos a coope-rarem mais estreitamente com o grupo de tra-balho das NU e reafirma que os desaparecimen-tos forçados ou involuntários constituem cri-mes contra a humanidade. O texto convidatambém o secretário-geral da ONU a divulgaramplamente o projecto de convenção interna-cional sobre a protecção de todas as pessoascontra o desaparecimento forçado, e a procurarobter o parecer dos Estados, das organizaçõesinternacionais e das ONG. Neste mesmo capítu-lo, os Estados-Membros da UE associaram-se aoconsenso sobre um projecto de resolução apre-sentado pela Rússia sobre a questão da tomadade reféns, onde se exortam os Estados a tomaras medidas necessárias para prevenir, comba-ter e punir os actos desta natureza, nomeada-mente através do reforço da cooperação inter-nacional.

Os Estados-Membros da UE associaram-se àSuécia ao co-subscrever um projecto de resolu-ção sobre as execuções extrajudiciais, sumá-rias ou arbitrárias. O texto põe em relevo quea impunidade continua a ser um dos principaisfactores que contribuem para perpetuar as vio-lações dos direitos humanos, e regista o gran-de número de pessoas que são mortas semprocesso judicial, em nome da paixão ou dahonra, ou por defenderem os direitos huma-nos. A resolução exorta ainda os Estados quemantêm a pena de morte a cumprir integral-mente as suas obrigações nos termos da legis-lação internacional em matéria de direitoshumanos.

A UE reconheceu o importante papel da políciacientífica ao participar no consenso sobre umprojecto de resolução apresentado pela Suécia.Esta resolução salienta a utilidade da polícia

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© Giorgio Maffei

A declaração da UE salienta a importância daliberdade de opinião e de expressão, bem comoda liberdade de religião e de convicções, comosendo fundamentais em qualquer Estado basea-do nos princípios da democracia, do Estado dedireito e do respeito pela dignidade da pessoa

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científica na detecção de provas de violaçõesgraves dos direitos humanos, como torturas eexecuções extrajudiciais, e na investigação decasos de desaparecimento, e convida o ACDH acontinuar a oferecer material de referência eformação para as equipas locais de peritosforenses.

Na sua declaração, a UE condena vigorosamenteos desaparecimentos forçados ou involuntários,bem como as execuções extrajudiciais, sumáriasou arbitrárias. Trata-se de violações que sãoincompatíveis com o Estado de direito e repre-sentam uma flagrante negação da dignidadehumana e pessoal. A UE saúda o relatório dosgrupos de trabalho competentes neste domínioe exorta todos os governos a trabalharem emestreita colaboração com os mesmos.

Promoção e consolidação da democracia

Os Estados-Membros da UE co-subscreveramuma iniciativa apresentada pela Roménia, des-tinada a definir os elementos essenciais dademocracia e a respectiva relação com as nor-mas internacionais em matéria de direitoshumanos. O projecto de resolução — aprovadopor votação — reafirma a ligação indissolúvelque existe entre os direitos humanos e a socie-dade democrática e insta os Estados a consoli-dar a democracia por meio do pluralismo, daprotecção dos direitos humanos, de uma maiorparticipação na tomada de decisões, do desen-volvimento de instituições públicas competen-tes, do respeito pelo Estado de direito, da rea-lização de eleições livres, justas e regulares eda boa governação — especialmente através datransparência e da assunção das responsabili-dades.

Defensores dos direitos humanos

A UE atribui a máxima importância ao trabalhorealizado em todo o mundo pelos defensoresdos direitos humanos, quer actuem a título indi-vidual quer ajam como membros de ONG, parti-dos democráticos ou sindicatos. Trata-se deindivíduos de coragem, que defendem os direi-tos humanos, muitas vezes com grandes riscospessoais, e prestam informações sobre a situa-ção nesta matéria nos seus próprios países ou anível mundial. Procuram remédio para as víti-mas e lutam contra a impunidade. A maior partedas vezes não os conhecemos, mas pugnam pordireitos que são universais. Têm também contri-buído substancialmente para muitos dos pro-gressos alcançados no domínio dos direitos

humanos. Sabemos que o seu trabalho é difícil edemasiadas vezes perigoso.

A UE considera que a Declaração sobre os De-fensores dos Direitos Humanos aprovada pelaAssembleia Geral em Dezembro de 1998, porocasião do 50.º aniversário da Declaração Uni-versal dos Direitos do Homem, representa umaconquista significativa da comunidade interna-cional. Esta declaração tem por objectivo pro-porcionar reconhecimento e protecção a essesindivíduos, grupos e organizações. Não criadireitos especiais, mas realça o facto de que osdireitos humanos dos que se manifestam emdefesa dos direitos humanos alheios têm de serrespeitados e protegidos.

Nos termos da declaração, os Estados compro-metem-se a proteger eficazmente os defensoresdos direitos humanos que estejam em risco, masdevem também ser envidados esforços comple-mentares a nível internacional para promover aaplicação deste novo instrumento relativo aosdireitos humanos.

Foi para esse efeito que a União Europeia apoiouvigorosamente e co-subscreveu, no decurso da56.ª sessão da Comissão dos Direitos do Ho-mem, a resolução sobre os defensores dos direi-tos humanos proposta pela Noruega, onde sesolicita a criação de um mecanismo especialmediante a designação, pelo secretário-geral, deum representante especial para os defensoresdos direitos humanos. A União Europeia é deopinião que este novo mecanismo contribuirápara resolver os problemas enfrentados pelosdefensores dos direitos humanos. De acordocom o seu mandato, o representante do SG teráde analisar as acções necessárias para a efectivapromoção e aplicação da Declaração. Por um la-do, terá de pedir e receber informações sobre asviolações dos direitos dos defensores dos direi-tos humanos e de analisar e reagir de modo efi-caz a essas informações. Por outro lado, terátambém de analisar as medidas ou práticas queafectem a actividade dos defensores dos direitoshumanos e deverá recomendar programas deassistência técnica a prestar pelo Alto-Comissa-riado para os Direitos do Homem. A UE estápronta a colaborar com a pessoa que for desig-nada, no sentido de definir a melhor maneira dea apoiar na sua tarefa.

Direito dos povos à autodeterminação

Nas instâncias das Nações Unidas que se ocu-pam dos direitos humanos, a questão do direitoà autodeterminação abrange o debate da situa-ção nos territórios ocupados e no Sara Ociden-

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tal, bem como a questão dos mercenários. Nadeclaração de voto que proferiu na 54.ª sessãoda Assembleia Geral, a UE reafirmou o direito dopovo palestiniano à autodeterminação, incluin-do o seu direito de optar por um Estado. Na 56.ªsessão da Comissão dos Direitos do Homem, aUnião Europeia não pôde, mais uma vez, apoiara resolução apresentada por Cuba sobre os mer-cenários. Na sua declaração, a UE afirmou-sepreocupada com os perigos da actividade merce-nária e reiterou a sua convicção de que estaquestão deveria ser tratada na sexta comissão(Assuntos Jurídicos) da Assembleia Geral e nãona Comissão dos Direitos do Homem.

3.2.1.3. Processo de análise de PequimA sessão extraordinária da Assembleia Geral dasNações Unidas (Seagnu) «Pequim +5», realizadaem Junho de 2000, proporcionou uma oportuni-dade bem vinda para proceder a uma avaliaçãoglobal da actual situação das mulheres sob oponto de vista dos objectivos da igualdade entreos sexos e da não discriminação, e — por conse-guinte — do verdadeiro grau de emancipaçãodas mulheres. Esta avaliação foi efectuada nas12 áreas do programa de acção (platform foraction) de Pequim onde existem aspectos pri-mordiais a melhorar, tendo-se simultaneamenteassegurado que as metas e objectivos anterior-mente fixados não iriam ser renegociados e queas novas iniciativas não deviam ficar aquém dasmetas estabelecidas em Pequim.

Numa reunião preparatória regional de Estadoseuropeus (Comissão Económica para a Europa(CEE), realizada em Genebra de 19 a 21 de Janei-ro de 2000 e que se revestiu de um carácter ino-vador e interactivo, foram aprovadas conclusões(E/CN.6/2000/PC/6/Add.4), a título de contribu-to antecipado para a Seagnu. Esta reunião pro-porcionou aos países da Europa Central e Orien-tal a oportunidade de dar visibilidade aos esfor-ços por si desenvolvidos no sentido de promo-ver a igualdade entre os sexos. A reunião foitambém marcada por uma intensa participaçãode organizações não governamentais.

A Seagnu «Mulheres 2000: igualdade, desenvolvi-mento e paz para o século XXI» (Pequim +5) con-seguiu chegar a acordo com êxito — após longasnegociações — sobre um documento final defundo, onde se avaliam os progressos e os obstá-culos encontrados desde Pequim, se identificamnovos desafios à igualdade entre os sexos e seprevêem novas iniciativas, necessárias para aplena e rápida execução do programa de acção.

Na sua avaliação, a Seagnu afirma que «foramempreendidas reformas jurídicas para proibir

todas as formas de discriminação e foram supri-midas disposições discriminatórias na legislaçãoem matéria civil, penal e de estatuto pessoal querege o casamento e as relações familiares, asdiversas formas de violência, o direito dasmulheres à propriedade, ao trabalho e ao empre-go e os direitos políticos das mulheres».

Por outro lado, regista-se que «a discriminaçãoentre os sexos e todas as outras formas de dis-criminação, em especial o racismo, a discrimina-ção racial, a xenofobia e a intolerância que lhesestá associada, continuam a constituir umaameaça à fruição dos direitos humanos e dasliberdades fundamentais por parte das mulheres(...) Continua a existir legislação discriminatóriae ainda persistem tradições, usos e costumeslesivos, bem como uma estereotipação negativade mulheres e homens (...) As lacunas legislati-vas e regulamentares e a não implementação eexecução das leis e regulamentos perpetuam dejure e de facto a desigualdade e a discriminaçãoe, em alguns casos, foram introduzidas novasleis que discriminam as mulheres».

Apesar de ter desenvolvido esforços considerá-veis, a UE não conseguiu reunir apoio suficientepara que a discriminação com base na orienta-ção sexual fosse especificamente abordada notexto.

O documento final contém uma série de novasiniciativas que foram aprovadas para vencer osobstáculos e enfrentar os novos desafios que secolocam à consecução da igualdade entre ossexos. No campo dos direitos humanos, são dereferir especialmente os compromissos no senti-do de:

a) procurar empenhadamente suprimir a legis-lação discriminatória o mais rapidamentepossível, de preferência até 2005 (102b);

b) tomar todas as medidas adequadas para eli-minar a discriminação e a violência contraas mulheres e as jovens (102m);

c) criar legislação que trate dos aspectospenais de todas as formas de violênciadoméstica, incluindo a violação conjugal(103c);

d) criar e pôr em vigor leis que erradiquem oschamados crimes de honra que constituemviolações dos direitos humanos das mulhe-res e das jovens (103d);

e) desenvolver, com a plena participação detodos os países, um consenso internacional

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em matéria de indicadores e maneiras demedir a violência contra as mulheres(125h);

f) aumentar a cooperação internacional e darexecução efectiva à legislação nacional des-tinada a eliminar a violência contra asmulheres e as jovens, incluindo os crimescometidos em nome da honra ou da paixão,a violência e as mortes relacionadas com opagamento de dotes e os ataques com ácido(130a);

g) promover e proteger os direitos humanosde todas as mulheres migrantes (132b);

h) empreender acções judiciais e dar execuçãoàs leis existentes, a fim de melhorar o aces-so das mulheres aos direitos de posse epropriedade;

i) promover o acesso das mulheres aos direi-tos políticos e ao direito ao trabalho e aoemprego.

O documento final confia, além disso, à Comis-são da Condição Feminina (CCF) a responsabili-dade de avaliar e fazer avançar a execução doprograma de acção de Pequim, bem como de lhedar seguimento. Tendo servido de comissão pre-paratória para a Seagnu, a CCF terá assim tam-bém de estudar formas adequadas para darseguimento aos resultados da «Mulher 2000».

A Comissão Europeia, que representa a Comuni-dade Europeia nas NU (com estatuto de observa-dor), participou activamente na análise dos cin-co anos de implementação do programa deacção de Pequim, tendo elaborado uma panorâ-mica da sua execução a nível da CE, em respos-ta ao questionário das NU sobre o assunto, eanalisado os progressos alcançados a nívelcomunitário em todas as 12 áreas onde existemaspectos primordiais a melhorar. A Comissãoorganizou também em Bruxelas, em 3 e 4 de Fe-vereiro de 2000, em estreita colaboração com oParlamento Europeu e as ONG, uma conferênciaeuropeia sobre o seguimento do programa, quese centrou em 4 questões horizontais:

— integração do objectivo da igualdade entremulheres e homens em todos os domíniospolíticos;

— questões de igualdade entre os sexos nacooperação para o desenvolvimento;

— participação das mulheres na política, nasociedade e na economia; e

— direitos humanos das mulheres.

3.2.1.4. Processo de análise de CopenhagaFoi na Cimeira Mundial da ONU para o Desenvolvi-mento Social (1995) que, pela primeira vez na his-tória, os chefes de Estado e de Governo reconhece-ram o significado do desenvolvimento social e dobem-estar humano no pleno respeito dos direitoshumanos e das liberdades fundamentais, e lhe con-feriram a máxima prioridade. A declaração sobre odesenvolvimento social e o programa de acçãoestabelecido representam um novo consenso nosentido de colocar a pessoa humana no centro deum desenvolvimento sustentável e de erradicar apobreza, promover o pleno emprego produtivo efomentar a integração social, a fim de conseguiruma sociedade estável, segura e justa para todos.

Desde a cimeira, tem-se dado maior prioridadeao desenvolvimento social nos objectivos políti-cos nacionais e internacionais. No entanto, aanálise e avaliação efectuada cinco anos depoisde Copenhaga, como parte do documento finalda sessão extraordinária da AG (Genebra, Junhode 2000), indica que, apesar de alguns progres-sos, a desigualdade continua a crescer dentrodos Estados e entre eles.

Desde que se realizou a cimeira, o mundo temsido confrontado com novos desafios ao cumpri-mento dos compromissos e objectivos da declara-ção e do programa de acção, como sejam oaumento da globalização e da interdependência.Na sessão extraordinária de Genebra foi, portan-to, adoptada uma série de novas iniciativas paramelhorar a execução da declaração e do programade acção de Copenhaga, tendo-se reafirmado o to-tal empenho neste último nos anos vindouros.

Na sessão extraordinária, a União Europeia reiterouo princípio da declaração e do programa de acçãode Viena (DPAV) segundo o qual «a democracia, odesenvolvimento e o respeito pelos direitos huma-nos e pelas liberdades fundamentais são interde-pendentes e reforçam-se mutuamente». Alémdisso, sublinhou a importância da existência de umambiente político, jurídico e económico que sejafavorável ao desenvolvimento social e salientouque só é possível conseguir um desenvolvimentosocialmente sustentável dentro de um ambientepolítico propício, baseado na boa governação.

Simultaneamente, sublinhou-se mais uma vez anecessidade de alcançar a igualdade entre homense mulheres, condição necessária para garantir queestas últimas gozem plenamente de todos os direi-tos humanos e liberdades fundamentais, tendo aUnião Europeia apoiado as iniciativas adoptadas nasessão extraordinária «Mulheres 2000» (Pe-quim +5), que foram devidamente incorporadas nodocumento final aprovado em Genebra.

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Sem prejuízo do prosseguimento da erradicaçãoda pobreza a nível mundial e da promoção dopleno emprego e da integração social, comoprioridades básicas das nossas políticas econó-micas e sociais, durante a reunião de Genebra aUnião Europeia consagrou especial atenção àstrês questões a seguir referidas.

No que se refere ao trabalho, a necessidade temsido respeitar, promover e aplicar os princípiosconsignados na declaração da OIT sobre os prin-cípios e direitos fundamentais no trabalho e dar--lhes seguimento, como condição prévia para odesenvolvimento económico e social. Além dis-so, reconhece-se que é necessário atribuirimportância primordial à ratificação e plena exe-cução das convenções fundamentais da OIT. Em-bora a UE fosse a favor de uma linguagem maisenérgica sobre esta questão (especialmente notocante aos direitos básicos das empresas e dostrabalhadores), o modo como este ponto seencontra reflectido no documento final pode serconsiderado um passo em frente.

Além disso, a eliminação do trabalho infantiltambém está consignada no documento final, oque requer — entre outras medidas — o apoio ea participação na campanha mundial para a eli-minação imediata das piores formas de trabalhoinfantil, nomeadamente através da promoção daratificação universal e da plena aplicação daConvenção n.º 182 da OIT sobre esta matéria. De

igual modo, é sublinhada a necessidade de umaestreita colaboração entre a OIT, a Unicef, o Ban-co Mundial e outras organizações competentesna concepção e aplicação de planos nacionaisque assegurem o acesso ao ensino básico, refor-cem as oportunidades de emprego e criem opor-tunidades de rendimento para as famílias dosex-trabalhadores infantis, com especial atençãopara a situação das raparigas.

A União Europeia atribuiu igualmente importân-cia às referências à «boa governação» no texto.A este respeito é de referir que, embora a inser-ção deste termo tenha deparado com grandesdificuldades (herdadas das conversações deSeattle e da Cnuced X), a sua utilização descriti-va no documento final, tanto na declaração polí-tica como no texto sobre as novas iniciativas, foiconsiderada aceitável.

Além disso, no contexto das questões do âmbitodo Pacto Internacional sobre os Direitos Económi-cos, Sociais e Culturais e da Declaração sobre oDireito ao Desenvolvimento, pode-se salientarque, nos documentos finais, os governos reafir-mam o seu empenho em promover a implementa-ção dos direitos que são objecto de ambos os ins-trumentos. Mais concretamente, na sessãoextraordinária foi aprovado o objectivo global(até então enunciado apenas pela OCDE) de redu-zir para metade, até 2015, a percentagem dapopulação mundial que vive em condições deextrema pobreza. Na sessão extraordinária foramtambém tidos em conta os resultados da Con-ferência de Dacar sobre a Educação para todos,tendo-se dedicado uma parte importante dos tra-balhos a questões gerais de saúde, de acesso aosserviços sociais básicos e de luta contra a sida.

3.2.1.5. Seguimento da Cimeira Mundial sobre as Crianças: processo de preparação da sessão extraordináriada Assembleia Geral de 2001

A sessão extraordinária a realizar no seguimentoda Cimeira Mundial sobre as Crianças, Seagnu2001, deverá ter lugar em Nova Iorque, em Setem-bro do próximo ano. Esta sessão extraordináriaconstituirá uma importante oportunidade para acomunidade mundial reiterar o seu empenha-mento nas crianças, de acordo com as obrigaçõesprevistas pelo CDC, e desenvolver os seus com-promissos de trabalhar em prol das crianças e dosseus direitos na próxima década. O processo deanálise e preparação que conduzirá à sessãoextraordinária permitirá aos Estados fazer oinventário de tudo o que foi realizado desde 1990para atingir os objectivos definidos na Cimeira

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Mundial sobre as Crianças, dentro do contextomais lato da sensibilização para os direitos dascrianças. A UE atribui a maior importância à parti-cipação da sociedade civil neste processo prepa-ratório, bem como na própria Seagnu, e vai por-tanto procurar que sejam tomadas as disposiçõesnecessárias para a participação de organizaçõesnão governamentais nesta sessão.

Os objectivos centrais em matéria de direitos dacriança não podem ser alcançados sem a partici-pação das organizações juvenis. Há, pois, quecontinuar a incentivar igualmente uma maiorinteracção com os jovens no âmbito do processonacional de análise e a nível intergovernamental.A UE acolheria favoravelmente uma manifestaçãoou fórum especial sobre os direitos da criança,em ligação directa com a sessão extraordinária ecom uma ampla participação de crianças e jovens,da sociedade civil e do sector privado, a fim dedefinir futuras acções em prol das crianças. A UEacredita que o processo preparatório deve con-centrar-se em comparar os progressos realizadoscom os objectivos estabelecidos, em sublinhar osprincipais obstáculos, e em assegurar que sejadefinido um conjunto de indicadores de progres-so e iniciativas concretas e focalizadas para fazeravançar a implementação das decisões.

3.2.2. OSCE

A dimensão humana é particularmente impor-tante para a União Europeia, como um dos prin-

cipais componentes do conceito global de segu-rança. A União apoia, assim, vigorosamente to-das as actividades que tenham a ver com adimensão Humana, bem como a necessidade deabordar as questões relacionadas com a dimen-são humana em cada um dos Estados participan-tes. Este empenhamento decorre, para a UE, dodocumento de Copenhaga e dos outros compro-missos da OSCE em matéria de dimensão huma-na.

A UE considera também que a dimensão humanada OSCE é crucial nas suas relações com osoutros Estados participantes, inclusivamente nocontexto do processo de alargamento da União,relações essas que se baseiam num esforço con-junto para criar uma parceria de liberdade eprosperidade.

A UE está plenamente empenhada em apoiar asinstituições da OSCE que estão a desenvolveresforços para pôr em prática o acervo normativodaquela organização e prevenir assim os confli-tos. É um dos principais contribuintes para aOSCE, as suas missões no terreno e as suas insti-tuições. A UE aprecia o trabalho dos órgãos daOSCE especificamente mandatados para se ocu-par das questões relacionadas com os direitoshumanos, nomeadamente o Gabinete das Insti-tuições Democráticas e dos Direitos Humanos(ODIHR), o alto-comissário para as Minorias Na-cionais e o representante para a liberdade dos me-dia. A UE reitera o seu pleno apoio às reuniõessuplementares sobre a dimensão humana, que jáderam provas do apreciável papel que desempe-nham, nomeadamente como fórum de diálogo en-tre os representantes dos governos e das ONG.

A UE tem sistematicamente salientado o impor-tante papel desempenhado pelas ONG nas activi-dades relacionadas com a dimensão humana etem acolhido com satisfação o crescente interes-se destas organizações nas reuniões de imple-mentação da dimensão humana e nas reuniõessuplementares sobre a dimensão humana. A UEacredita simultaneamente que estas reuniões de-vem continuar a desenvolver a sua dinâmica,por forma a demonstrar o seu valor aos olhos dasociedade civil.

A colaboração de longa data entre a OSCE e a UE nodomínio dos direitos humanos tornou-se aindamais forte com a plataforma de cooperação emmatéria de segurança, incorporada na Carta de Se-gurança Europeia, que foi aprovada na Cimeira daOSCE em Istambul, em Novembro de 1999.

Além disso, a Carta cria o instrumento Rapid Ex-pert Assistance and Co-operation Teams — equi-

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pas de cooperação e assistência rápida especiali-zada (REACT), que permite reagir mais rapida-mente às violações dos direitos humanos, a fimde prevenir conflitos. O instrumento REACT, cujacriação foi activamente apoiada pela UE, ficouoperacional por decisão de 30 de Junho de 2000.

A UE tenciona melhorar, de uma maneira geral, aimplementação dos seus diversos programas deassistência e cooperação a nível regional, bemcomo dos programas congéneres estabelecidosna vasta rede de acordos diversificados comquase todos os Estados participantes da OSCE.

Resenha de alguns temas prioritá-rios para a UE e a OSCE

Questões de igualdade entre homens e mulheres

A UE acolhe com satisfação a crescente atençãoque está a ser dada no âmbito da OSCE às ques-tões relacionadas com a igualdade entre ossexos. A reunião suplementar sobre a dimensãohumana consagrada às questões de igualdadeentre homens e mulheres (14 e 15 de Junho de1999), a discussão deste tema na Conferência deAnálise de Viena, a reunião sobre o tráfico de se-res humanos realizada no âmbito da dimensãohumana (19 de Junho de 2000) e a ultimação doplano de acção da OSCE para a igualdade entreos sexos produziram várias propostas construti-vas sobre a maneira de lutar pela plena realiza-ção da igualdade de direitos e oportunidades pa-ra mulheres e homens, tanto na legislação comona prática. A UE assumirá um papel activo nosesforços para alcançar os objectivos estabeleci-dos no plano de acção.

Pena de morte

A questão da pena capital foi introduzida na listade compromissos da OSCE no âmbito da dimensãohumana por ocasião do documento de conclusãode Viena de 1989 e do documento de Copenhagade 1990, que consignam os compromissos dosEstados participantes da OSCE.

Estes princípios e compromissos foram subse-quentemente reafirmados pelos Estados partici-pantes na reunião de Moscovo de 1991, nacimeira de Helsínquia de 1992 e na cimeira deBudapeste de 1994.

A OSCE organizou ulteriormente uma reunião noâmbito da dimensão humana, em Viena, em 27de Março de 2000, com o objectivo de discutirprincipalmente o tema «Direitos Humanos e Pe-

nas ou Tratamentos Desumanos». Por ocasiãodesta reunião, o Gabinete das Instituições De-mocráticas e dos Direitos Humanos (ODIHR) pro-duziu um documento de base sobre «A pena demorte na área da OSCE». A tendência mundialpara a abolição da pena capital, activamenteapoiada pela UE, também tem tido reflexos den-tro das fronteiras da área abrangida pela OSCE.

Os direitos da criança

A UE concorda inteiramente com as propostasapresentadas no decurso da Conferência de Aná-lise de Viena sugerindo que os direitos da criança,tal como consignados no documento de Co-penhaga, deveriam figurar permanentemente naagenda da OSCE e nas actividades e programas deajuda do ODIHR.

A UE congratulou-se com a nova dinâmica confe-rida no âmbito da OSCE aos temas relacionadoscom as crianças e apoiou a iniciativa de reunirneste contexto as várias dimensões da Organi-zação, como sejam os aspectos político-militarese económicos.

As crianças e os conflitos armados

A consciência do sofrimento infligido às crianças no contexto dos conflitos armados

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tem aumentado no trabalho da OSCE, como severificou por ocasião da sessão de Copenhagada conferência desta organização sobre a dimen-são humana realizada em 1990 e, mais recente-mente, durante a cimeira de Istambul, em No-vembro de 1999.

O seminário sobre a dimensão humana organiza-do este ano pela OSCE em Varsóvia, de 23 a 26 deMaio, foi especificamente consagrado à questãodas crianças e dos conflitos armados. Existe umrelatório completo deste seminário, publicadopelo Gabinete das Instituições Democráticas e dosDireitos Humanos (ODIHR) (ver www.odihr.org).

A UE congratulou-se com o debate abrangenteefectuado no seminário de Varsóvia, que propor-cionou uma útil e fecunda discussão sobre o futu-ro papel da OSCE no que se refere às crianças emsituações de conflito armado. As vantagens com-parativas da OSCE em termos de alerta rápido,prevenção de conflitos, gestão de crises e estabi-lização pós-conflito poderiam ser plenamenteexploradas de acordo com o mandato conferidopelos chefes de Estado e de Governo à Organi-zação, em Istambul. Na sua declaração final sobreos resultados do seminário, a UE salienta em par-ticular os seguintes aspectos:

— A OSCE deveria, através dos seus órgão com-petentes, encorajar os Estados participantesa assinar, ratificar ou aderir aos instrumen-tos internacionais existentes em matéria dedireitos da criança e a retirar todas as reser-vas que sejam incompatíveis com o objecto efinalidade desses instrumentos. Além disso,é de recordar que a principal responsabilida-de pela consignação dessas obrigações ecompromissos internacionais na legislaçãonacional dos Estados participantes cabe aosgovernos nacionais.

— Os chefes das missões da OSCE deveriam, sem-pre que adequado, incluir a questão dos direi-tos da criança nos seus relatórios periódicos.

— A OSCE deveria igualmente desenvolvermódulos de formação especializada emmatéria de direitos da criança para os mem-bros das suas missões e deveria também ana-lisar a necessidade de estabelecer orienta-ções sobre a mesma matéria para todo o pes-soal das missões e para os quadros das suasinstituições pertinentes.

— Os Estados participantes deveriam destacarperitos para proceder a uma avaliação dasituação, em articulação com as autoridadese comunidades locais e as ONG, e com a par-ticipação de crianças.

— Ao seleccionar os membros das missões, osEstados participantes deveriam tomar emconsideração os requisitos práticos aplicá-veis ao pessoal das Nações Unidas encarrega-do das operações de manutenção da paz.

— A questão das crianças e dos conflitos arma-dos deveria também ser ligada ao problemadas armas ligeiras e de pequeno porte.

Apesar de não ser a favor da reabertura dos deba-tes acerca do Código de Conduta sobre os Aspec-tos Politico-Militares da Segurança, a UE poderiaprever eventuais maneiras de criar um suplemen-to ou um acordo centrado em disposições especí-ficas do Código, à luz das novas normas estabele-cidas no direito humanitário internacional e nalegislação sobre os direitos humanos.

O tráfico de seres humanos

A reunião suplementar sobre a dimensão humanarealizada em Viena em 19 de Junho de 2000 foidedicada à questão do «tráfico de seres humanos».

Os Estados participantes da OSCE têm um papelsignificativo nesta matéria, dado que, já nodocumento de Moscovo, de 1991, acordaram emreconhecer que procurariam «eliminar todas asformas de tráfico de mulheres e exploração daprostituição feminina». Este compromisso é rea-firmado no ponto 24 da Carta de Segurança Eu-ropeia, adoptada na cimeira da OSCE em Istam-bul, em Novembro de 1999.

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Os Estados participantes da OSCE deveriamigualmente adaptar a respectiva legislaçãonacional, a fim de prever uma protecção adequa-da para as vítimas e a pronta instauração deacções judiciais contra os ofensores. A acção adesenvolver a nível nacional deveria tambémincluir o estabelecimento de acordos bilateraisentre Estados, a implementação de políticassociais e a criação de programas nos países de

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origem, a fim de prevenir todas as formas detráfico, conforme recomendado pelo ODIHR naproposta de plano de acção 2000 para as acçõesde combate ao tráfico de seres humanos.

Na opinião da UE, a OSCE poderia constituir umfórum particularmente eficaz para a troca deinformações e o desenvolvimento de estratégiasanti-tráfico conjuntas ou coordenadas, uma vezque muitos países de origem, trânsito e destinosão Estados participantes da Organização. A UEsaúda a nomeação, no ODHIR, de um consultorpara as questões de tráfico.

3.2.3. Conselho da Europa

A União e o Conselho da Europa partilham os mes-mos objectivos de defesa e promoção dos direitoshumanos. Em 1999, ano do 50.º aniversário doConselho da Europa, a União reafirmou o seuempenho nos valores defendidos por esta institui-ção, designadamente, a democracia, o respeitodos direitos humanos e o Estado de direito.

A UE continuará a trabalhar no sentido de umacooperação mais estreita, com base nas conclu-sões do Conselho Europeu de Dublim, de 1996,sobre esta matéria.

Nos últimos anos tem havido uma mobilizaçãode recursos da CE em apoio do Conselho da Eu-ropa, nomeadamente para a implementação deprogramas conjuntos de cooperação e assistên-cia aos países da Europa Central e Oriental.

A UE continuará a apoiar e a contribuir activamen-te para a realização do processo de reforma doConselho da Europa, que tem por objectivo reo-rientar as atribuições e prioridades do Conselho ereforçar a cooperação com outras organizaçõeseuropeias, em especial a UE e a OSCE.

A UE reconhece que o Conselho da Europa alarga-do constitui uma importante instância políticapan-europeia que reúne a UE e outros Estadoseuropeus e promove o reforço dos valores e polí-ticas comuns no continente europeu, por exem-plo no que se refere à abolição da pena de morte.O papel do CE complementa as estratégiascomuns da UE em relação a toda uma série deEstados-chave, mormente a Federação Russa. Asnormas e valores do Conselho da Europa emmatéria de direitos humanos constituem tambémum complemento dos critérios para o futuro alar-gamento da União.

O reconhecimento pelo Conselho da Europa, den-tro do conceito de «estabilidade democrática», dainterdependência entre os direitos humanos, a

democracia, a boa governação e o Estado de direi-to, e ainda a construção da paz, a estabilidade e aprevenção de conflitos, é igualmente partilhadopela UE, que saúda o papel mais activo desempe-nhado pelo Conselho da Europa nas crises regio-nais (Sudeste europeu, Chechénia), especialmen-te através do Pacto de Estabilidade.

A UE manifesta o seu apreço pela intervenção dorecém-mandatado comissário para os Direitos doHomem do Conselho da Europa nestas crises regio-nais e congratula-se com o acordo entre o Conselhoda Europa e a Federação da Rússia sobre a presençana Chechénia de especialistas do Conselho na áreados direitos humanos, fazendo votos pela totalcolaboração das autoridades russas neste trabalho.

A União Europeia faz questão de saudar o notá-vel trabalho normativo levado a cabo no Con-selho da Europa desde a sua criação, bem comotodo o conjunto de mecanismos criados paracontrolar e garantir o respeito efectivo dos direi-tos humanos.

Estes direitos estão nomeadamente consagradosna Convenção Europeia dos Direitos do Homem,que criou um Tribunal, doravante único e per-manente, encarregado de analisar todas as ale-gadas violações da Convenção por qualquerEstado-parte. A jurisprudência deste órgão juris-dicional europeu exerce uma influência cada vezmaior na legislação e nos sistemas jurídicos dosEstados partes na Convenção.

A União Europeia deseja, além disso, recordar aimportância da Carta Social Europeia, concebidacomo contraponto da Convenção Europeia nodomínio social e que prevê igualmente um siste-ma de controlo.

A União congratula-se com o papel fundamentaldesempenhado pelo Comité Europeu para a Pre-venção da Tortura, mecanismo não judiciáriocriado em 1987 pela Convenção Europeia para aPrevenção da Tortura e que tem por finalidadeprevenir os maus tratos a que podem ser sujei-tas as pessoas privadas de liberdade.

Panorâmica geral sobre algumasquestões

Conferência ministerial de Roma (3 e 4 de Novembro de 2000)

A UE aguarda com prazer o momento de contri-buir para a Conferência ministerial de Roma a realizar em Novembro, para assinalar o

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50.º aniversário da Convenção Europeia dos Di-reitos do Homem.

O tema geral da Conferência será o futuro daprotecção dos direitos humanos na Europa e,nomeadamente, os meios para a melhorar, espe-cialmente em situações de crise ou de conflito.

A Conferência constituirá uma excelente oportu-nidade para a Europa fazer o balanço dos novosdesafios que se colocam à Convenção e ao Tri-bunal. Nessa ocasião será também aberto à assi-natura o Protocolo n.º 12 à Convenção Europeia(relativo à não-discriminação).

Organização da Conferência Europeia contra o Racismo

A UE participará plenamente na próxima Con-ferência «Todos diferentes, todos iguais: doprincípio à prática. A contribuição europeia paraa Conferência Mundial contra o Racismo, a Dis-criminação Racial, a Xenofobia e a Intolerânciaque lhes está Associada».

Os Estados-Membros, a Comissão Europeia e oParlamento Europeu têm, todos eles, participadoactivamente na preparação para a ConferênciaRegional Europeia. A Comunidade disponibili-zou verbas para a participação das ONG e pro-pôs-se, além disso, financiar também a partici-pação destas organizações nas conferências pre-paratórias de outras regiões.

A União congratula-se com o facto de o processopreparatório para a Conferência Mundial, no quediz respeito à Europa, se desenrolar no âmbitodo Conselho da Europa, organização regionalque desempenha um papel fundamental para apromoção de sociedades tolerantes e isentas dediscriminação, nomeadamente através da elabo-

ração de um quadro jurídico adequado. É desublinhar, neste contexto, o contributo da Co-missão Europeia contra o Racismo e a Intolerân-cia (ECRI).

Esta conferência realizar-se-á em Estrasburgo de11 a 13 de Outubro de2000. Voltada para o futu-ro, pragmática, orientada para a acção, larga-mente aberta à sociedade civil, ocupar-se-á daquestão do racismo no contexto dos direitoshumanos, mas também de uma forma global,pondo a tónica nas experiências europeias,nomeadamente em matéria de análise dos pro-blemas e de boas práticas. Serão elaboradas con-clusões gerais que reflectirão as opiniões de to-dos os participantes, bem como uma declaraçãopolítica que será aprovada pelos Estados mem-bros do Conselho da Europa.

O papel do Conselho da Europa no âmbitodo Pacto de Estabilidade

O Conselho da Europa está a desempenhar umimportante papel em duas task forces diferen-tes, que foram criadas no contexto da mesa detrabalho n.º 1 do Pacto de Estabilidade, designa-damente as task forces «Direitos humanos» e«Boa governação».

No que se refere à task force «Direitos huma-nos», o Conselho da Europa definiu, em consul-ta com o Coordenador Especial do Pacto, as suasprioridades e planos de acção internos, salien-tando a necessidade da reconciliação étnica naregião.

No âmbito da task force «Boa governação», oConselho da Europa definiu três campos deacção principais: o governo local, a criação deinstituições eficazes em matéria de provedoriade justiça, e a lei da administração pública.

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Artigo 2.º

A União atribui-se os seguintes objectivos:

— a promoção do progresso económico e sociale de um elevado nível de emprego e a realiza-ção de um desenvolvimento equilibrado esustentável, nomeadamente mediante a cria-ção de um espaço sem fronteiras internas, oreforço da coesão económica e social e oestabelecimento de uma união económica emonetária, que incluirá, a prazo, a adopçãode uma moeda única, de acordo com as dis-posições do presente Tratado;

— a afirmação da sua identidade na cena inter-nacional, nomeadamente através da execu-ção de uma Política Externa e de SegurançaComum, que inclua a definição gradual deuma política de defesa comum, que poderáconduzir a uma defesa comum, nos termosdo disposto no artigo 17.º;

— o reforço da defesa dos direitos e dos inte-resses dos nacionais dos seus Estados-Mem-bros, mediante a instituição de uma cidada-nia da União;

— a manutenção e o desenvolvimento da Uniãoenquanto espaço de liberdade, de segurança ede justiça, em que seja assegurada a livre cir-culação de pessoas, em conjugação com medi-das adequadas em matéria de controlos nafronteira externa, asilo e imigração, bem comode prevenção e combate à criminalidade;

— a manutenção da integralidade do acervocomunitário e o seu desenvolvimento, a fimde analisar em que medida pode ser neces-sário rever as políticas e formas de coopera-ção instituídas pelo presente Tratado, como objectivo de garantir a eficácia dos meca-nismos e das instituições da Comunidade.

Os objectivos da União serão alcançados deacordo com as disposições do presente Tratadoe nas condições e segundo o calendário nele

previstos, respeitando o princípio da subsidia-riedade, tal como definido no artigo 5.º do Tra-tado que institui a Comunidade Europeia.

Artigo 6.º

1. A União assenta nos princípios da liberdade,da democracia, do respeito pelos direitos doHomem e pelas liberdades fundamentais,bem como do Estado de direito, princípiosque são comuns aos Estados-Membros.

2. A União respeitará os direitos fundamentaistal como os garante a Convenção Europeiade Salvaguarda dos Direitos do Homem edas Liberdades Fundamentais, assinada emRoma em 4 de Novembro de 1950, e tal co-mo resultam das tradições constitucionaiscomuns aos Estados-Membros, enquantoprincípios gerais do direito comunitário.

3. A União respeitará as identidades nacionaisdos Estados-Membros.

4. A União dotar-se-á dos meios necessáriospara atingir os seus objectivos e realizarcom êxito as suas políticas.

Artigo 7.º

1. O Conselho, reunido a nível de chefes deEstado ou de Governo e deliberando porunanimidade, sob proposta de um terço dosEstados-Membros, ou da Comissão, e apósparecer favorável do Parlamento Europeu,pode verificar a existência de uma violaçãograve e persistente, por parte de um Estado--Membro, de algum dos princípios enuncia-dos no n.º 1 do artigo 6.º, após ter convida-do o Governo desse Estado-Membro a apre-sentar as suas observações sobre a questão.

2. Se tiver sido verificada a existência dessaviolação, o Conselho, deliberando por maio-ria qualificada, pode decidir suspenderalguns dos direitos decorrentes da aplicação

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ANEXO 1

TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA[Selecção de artigos]

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do presente Tratado ao Estado-Membro emcausa, incluindo o direito de voto do repre-sentante do Governo desse Estado-Membrono Conselho. Ao fazê-lo, o Conselho terá emconta as eventuais consequências dessa sus-pensão nos direitos e obrigações das pessoassingulares e colectivas.

O Estado-Membro em questão continuará, dequalquer modo, vinculado às obrigações quelhe incumbem por força do presente Tratado.

3. O Conselho, deliberando por maioria qualifi-cada, pode posteriormente decidir alterar ourevogar as medidas tomadas ao abrigo do n.º 2, se se alterar a situação que motivou aimposição dessas medidas.

4. Para efeitos do presente artigo, o Conselhodelibera sem tomar em consideração os vo-tos do representante do Governo doEstado-Membro em questão. As abstençõesdos membros presentes ou representadosnão impedem a adopção das decisões a quese refere o n.º 1. A maioria qualificada é defi-nida de acordo com a mesma proporção dosvotos ponderados dos membros do Conselhoem causa fixada no n.º 2 do artigo 205.º doTratado que institui a Comunidade Europeia.

O presente número é igualmente aplicávelem caso de suspensão do direito de voto nostermos do n.º 2.

5. Para efeitos do presente artigo, o ParlamentoEuropeu delibera por maioria de dois terçosdos votos expressos que represente a maio-ria dos membros que o compõem.

Artigo 11.º

1. A União definirá e executará uma PolíticaExterna e de Segurança Comum extensiva atodos os domínios da política externa e desegurança, que terá por objectivos:

— a salvaguarda dos valores comuns, dosinteresses fundamentais, da indepen-dência e da integridade da União, deacordo com os princípios da Carta dasNações Unidas;

— o reforço da segurança da União, sob to-das as formas;

— a manutenção da paz e o reforço dasegurança internacional, de acordo comos princípios da Carta das Nações Uni-das, com os princípios da Acta Final deHelsínquia e com os objectivos da Cartade Paris, incluindo os respeitantes àsfronteiras externas;

— o fomento da cooperação internacional;

— o desenvolvimento e o reforço da demo-cracia e do Estado de direito, bem comoo respeito dos direitos do Homem e dasliberdades fundamentais.

2. Os Estados-Membros apoiarão activamentee sem reservas a política externa e de segu-rança da União, num espírito de lealdade ede solidariedade mútua.

Os Estados-Membros actuarão de formaconcertada a fim de reforçar e desenvolvera solidariedade política mútua. OsEstados-Membros abster-se-ão de empreen-der acções contrárias aos interesses daUnião ou susceptíveis de prejudicar a suaeficácia como força coerente nas relaçõesinternacionais.

O Conselho assegura a observância destesprincípios.

Artigo 19.º

1. Os Estados-Membros coordenarão a suaacção no âmbito das organizações interna-cionais e em conferências internacionais.Nessas instâncias defenderão as posiçõescomuns.

Nas organizações internacionais e em con-ferências internacionais em que não tomemparte todos os Estados-Membros, aquelesque nelas participem defenderão as posi-ções comuns.

2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1 e no n.º 3do artigo 14.º, os Estados-Membros represen-tados em organizações internacionais ou con-ferências internacionais em que nem todos osEstados-Membros o estejam, manterão estesúltimos informados sobre todas as questõesque se revistam de interesse comum.

Os Estados-Membros que sejam igualmentemembros do Conselho de Segurança das NaçõesUnidas concertar-se-ão e manterão os outrosEstados-Membros plenamente informados. OsEstados-Membros que são membros permanen-tes do Conselho de Segurança das Nações Uni-das defenderão, no exercício das suas funções,as posições e os interesses da União, sem prejuí-zo das responsabilidades que lhes incumbempor força da Carta das Nações Unidas.

Artigo 29.º

Sem prejuízo das competências da ComunidadeEuropeia, será objectivo da União facultar aoscidadãos um elevado nível de protecção numespaço de liberdade, segurança e justiça,

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mediante a instituição de acções em comum en-tre os Estados-Membros no domínio da coopera-ção policial e judiciária em matéria penal e aprevenção e combate do racismo e da xenofobia.

Este objectivo será atingido prevenindo e com-batendo a criminalidade, organizada ou não, emespecial o terrorismo, o tráfico de seres huma-nos e os crimes contra as crianças, o tráfico ilí-cito de droga e o tráfico ilícito de armas, a cor-rupção e a fraude, através de:

— uma cooperação mais estreita entre forçaspoliciais, autoridades aduaneiras e outrasautoridades competentes dos Estados-Mem-bros, tanto directamente como através doServiço Europeu de Polícia (Europol), nostermos do disposto nos artigos 30.º e 32.º;

— uma cooperação mais estreita entre as auto-ridades judiciárias e outras autoridadescompetentes dos Estados-Membros, nos ter-mos do disposto nas alíneas a) a d) do arti-go 31.º e no artigo 32.º;

— uma aproximação, quando necessário, dasdisposições de direito penal dosEstados-Membros, nos termos do dispostona alínea e) do artigo 31.º

Artigo 49.º

Qualquer Estado europeu que respeite os princí-pios enunciados no n.º 1 do artigo 6.º pode pe-dir para se tornar membro da União. Dirigirá orespectivo pedido ao Conselho, que se pronun-ciará por unanimidade, após ter consultado aComissão e após parecer favorável do Parlamen-to Europeu, que se pronunciará por maioriaabsoluta dos membros que o compõem.

As condições de admissão e as adaptações dosTratados em que se funda a União, decorrentesdessa admissão, serão objecto de Acordo entreos Estados-Membros e o Estado peticionário. Es-se Acordo será submetido à ratificação de todosos Estados Contratantes, de acordo com as res-pectivas normas constitucionais.

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Artigo 3.º

2. Na realização de todas as acções previstas nopresente artigo, a Comunidade terá porobjectivo eliminar as desigualdades e pro-mover a igualdade entre homens e mulheres.

Artigo 13.º

Sem prejuízo das demais disposições do presen-te Tratado e dentro dos limites das competên-cias que este confere à Comunidade, o Conselho,deliberando por unanimidade, sob proposta daComissão e após consulta ao Parlamento Euro-peu, pode tomar as medidas necessárias paracombater a discriminação em razão do sexo,raça ou origem étnica, religião ou crença, defi-ciência, idade ou orientação sexual.

Artigo 17.º

1. É instituída a cidadania da União. É cidadãoda União qualquer pessoa que tenha anacionalidade de um Estado-Membro. Acidadania da União é complementar da cida-dania nacional e não a substitui.

2. Os cidadãos da União gozam dos direitos eestão sujeitos aos deveres previstos no pre-sente Tratado.

Artigo 18.º

1. Qualquer cidadão da União goza do direitode circular e permanecer livremente no ter-ritório dos Estados-Membros, sem prejuízodas limitações e condições previstas no pre-sente Tratado e nas disposições adoptadasem sua aplicação.

2. O Conselho pode adoptar disposições desti-nadas a facilitar o exercício dos direitos aque se refere o número anterior; salvo dis-posição em contrário do presente Tratado, oConselho delibera nos termos do artigo251.º O Conselho delibera por unanimidadeem todo o processo previsto nesse artigo.

Artigo 19.º

1. Qualquer cidadão da União residente numEstado-Membro que não seja o da suanacionalidade goza do direito de eleger ede ser eleito nas eleições municipais doEstado-Membro de residência, nas mesmascondições que os nacionais desse Estado.Esse direito será exercido sem prejuízo dasmodalidades adoptadas pelo Conselho,deliberando por unanimidade, sob propos-ta da Comissão, e após consulta do Parla-mento Europeu; essas regras podem preverdisposições derrogatórias, sempre que pro-blemas específicos de um Estado-Membro ojustifiquem.

2. Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do arti-go 190.º e das disposições adoptadas emsua aplicação, qualquer cidadão da Uniãoresidente num Estado-Membro que nãoseja o da sua nacionalidade goza do direi-to de eleger e de ser eleito nas eleiçõespara o Parlamento Europeu noEstado-Membro de residência, nas mesmascondições que os nacionais desse Estado.Esse direito será exercido sem prejuízodas modalidades adoptadas pelo Conselho,deliberando por unanimidade, sob propos-ta da Comissão, e após consulta do Parla-mento Europeu; essas regras podem preverdisposições derrogatórias, sempre queproblemas específicos de um Estado-Mem-bro o justifiquem.

Artigo 20.º

Qualquer cidadão da União beneficia, no territó-rio de países terceiros em que o Estado-Membrode que é nacional não se encontre representado,de protecção por parte das autoridades diplomá-ticas e consulares de qualquer Estado-Membro,nas mesmas condições que os nacionais desseEstado. Os Estados-Membros estabelecem entresi as regras necessárias e encetam as negocia-

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ANEXO 2

TRATADO QUE INSTITUI A COMUNIDADE EUROPEIA[Selecção de artigos]

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ções internacionais requeridas para garantir es-sa protecção.

Artigo 21.º

Qualquer cidadão da União goza do direito depetição ao Parlamento Europeu, nos termos dodisposto no artigo 194.º

Qualquer cidadão da União pode dirigir-se aoprovedor de Justiça instituído nos termos dodisposto no artigo 195.º

Qualquer cidadão da União pode dirigir-se porescrito a qualquer das instituições ou órgãos aque se refere o presente artigo ou o artigo 7.ºnuma das línguas previstas no artigo 314.º e ob-ter uma resposta redigida na mesma língua.

Artigo 22.º

A Comissão apresentará ao Parlamento Europeu,ao Conselho e ao Comité Económico e Social, detrês em três anos, um relatório sobre a aplicaçãodas disposições da presente parte. Esse relatórioterá em conta o desenvolvimento da União.

Com base nesses relatórios, e sem prejuízo dasdemais disposições do presente Tratado, o Con-selho, deliberando por unanimidade, sob pro-posta da Comissão, e após consulta do Parla-mento Europeu, pode aprovar disposições desti-nadas a aprofundar os direitos previstos na pre-

sente parte, cuja adopção recomendará aos Esta-dos-Membros, nos termos das respectivas nor-mas constitucionais.

Artigo 177.º

1. A política da Comunidade em matéria de coo-peração para o desenvolvimento, que é com-plementar das políticas dos Estados-Mem-bros, deve fomentar:

— o desenvolvimento económico e socialsustentável dos países em vias de desen-volvimento, em especial dos mais desfa-vorecidos;

— a inserção harmoniosa e progressiva dospaíses em vias de desenvolvimento naeconomia mundial;

— a luta contra a pobreza nos países emvias de desenvolvimento.

2. A política da Comunidade neste domíniodeve contribuir para o objectivo geral dedesenvolvimento e de consolidação dademocracia e do Estado de direito, bem co-mo para o respeito dos direitos do Homeme das liberdades fundamentais.

3. A Comunidade e os Estados-Membros res-peitarão os compromissos e terão em contaos objectivos aprovados no âmbito dasNações Unidas e das demais organizaçõesinternacionais competentes.

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— Conclusões do Conselho relativas à execu-ção, pelos Estados-Membros e pelas institui-ções europeias, da plataforma de acção dePequim

— (Comunicado à imprensa 11944/99 — nãoserá publicado em JO)

— Resolução do Conselho sobre a participaçãoequilibrada das mulheres e dos homens naactividade profissional e na vida familiar

— (Comunicado à imprensa 8980/00 — apublicar em JO)

— Directiva do Conselho que aplica o princí-pio da igualdade de tratamento entre aspessoas, sem distinção de origem racial ouétnica

— (JO L 180 de 19.7.2000, p. 22)

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ANEXO 3

DIRECTIVAS CE E COMUNICAÇÕES RELEVANTES EM MATÉRIADE DIREITOS HUMANOS

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c) O Conselho Europeu acordou hoje que ospaíses Associados da Europa Central eOriental que assim o desejem adiram àUnião Europeia. A adesão terá lugar logoque um país associado esteja em condiçõesde assumir as suas obrigações de membroao satisfazer as condições económicas epolíticas exigidas.

A adesão exige que o país candidato dispo-nha de instituições estáveis que garantam ademocracia, o Estado de direito, os direitoshumanos, o respeito pelas minorias e suaprotecção, bem como uma economia de mer-cado em funcionamento, e capacidade pararesponder à pressão da concorrência e às for-ças de mercado dentro da União. A adesão

pressupõe a capacidade dos candidatos paraassumirem as obrigações dela decorrentes,incluindo a adesão aos objectivos de uniãopolítica, económica e monetária.

A capacidade da União para absorver novasadesões, mantendo simultaneamente adinâmica da integração europeia, constituitambém um importante factor de interessegeral tanto para a União como para os paí-ses candidatos.

O Conselho Europeu continuará a acompa-nhar de perto os progressos em cada umdos Estados Associados com vista a preen-cher as condições de adesão à União e ela-borará as conclusões adequadas.

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ANEXO 4

CRITÉRIOS DE COPENHAGA — CONCLUSÕES DA PRESIDÊNCIA,Conselho Europeu, Copenhaga, 21 e 22 de Junho de 1993

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Se conseguir provar que este castigo não é nemútil nem necessário, terei feito avançar a causada humanidade.

Cesare Beccaria, «Dei delitti e delle pene» (1764)

A União Europeia (UE) opõe-se à pena de morteem todas as situações e tem defendido a suaabolição universal de forma constante, traba-lhando em prol deste objectivo. Em países quemantêm a pena de morte, a UE tem por fito arestrição progressiva da sua aplicação e a obser-vância das condições estritas, estabelecidas emvários instrumentos internacionais relativos aosdireitos humanos, em que pode ser aplicada apena capital, bem como o estabelecimento deuma moratória sobre as execuções, de maneira aeliminar completamente a pena de morte.

A UE está profundamente preocupada com onúmero crescente de execuções nos Estados Uni-dos da América (EUA), especialmente dado que agrande maioria das execuções desde o restabeleci-mento da pena de morte, em 1976, teve lugar nosanos 90. Para além disso, é permitido condenar àmorte e executar jovens infractores com menos de18 anos à data em que o crime foi cometido, emclara infracção das normas internacionalmentereconhecidas em matéria de direitos humanos.

Na alvorada de um novo milénio, a UE, em quetodos os Estados-Membros aboliram a pena demorte, deseja partilhar com os EUA os princí-pios, experiências, políticas e soluções alternati-vas que norteiam o movimento abolicionistaeuropeu. Ao proceder desta forma, a UE esperaque os EUA, país construído sobre os princípiosda liberdade, da democracia, do Estado de direi-to e do respeito pelos direitos humanos, consi-derem a possibilidade de se juntarem à vanguar-da abolicionista, adoptando como primeiro pas-so para a abolição o estabelecimento de umamoratória sobre a execução da pena de morte etornando-se, assim, num exemplo para os paísesque advogam a sua manutenção.

1. A Europa: no caminho da aboliçãoNa Europa Ocidental, a questão da pena de mor-te começou, inicialmente, por chamar a atençãode alguns círculos da sociedade.

Fazendo parte dos instrumentos tanto do direitopenal, como da política penal através dos tem-pos, a pena capital cedo provocou um debate so-bre os valores humanitários. Esta evolução dasatitudes em relação à pena de morte teve inícioparticularmente no contexto do estabelecimentodo Estado democrático no século XVIII e, desdeaí, granjeou progressivamente o apoio dos po-vos dos Estados actualmente reunidos na UE.

De facto, o questionar da legitimidade da penade morte nasceu no contexto do Iluminismo, nofim do século XVIII. Nesta época, que assistiu aonascimento do direito penal clássico, a formapreferida de sanção penal era a privação daliberdade. Embora as primeiras tentativas paraabolir a pena de morte não tenham sido total-mente bem sucedidas, vários países europeus játinham, nesta altura, aceite restringi-la aos cri-mes capitais e reestruturado as suas leis emconformidade. Esta tendência para a restriçãodo alcance da pena capital continuaria ao longodos dois séculos seguintes, embora não semvários revezes, provocados por circunstânciaspolíticas especiais.

Não obstante, alguns destes países foram aindamais longe e aboliram definitivamente das suasleis a pena de morte para crimes comuns. Portu-gal foi líder neste processo, abolindo a pena demorte em 1867, no que foi imediatamente segui-do pelos Países Baixos. A Suécia e a Dinamarcajuntaram-se a este movimento abolicionistaapós a Primeira Guerra Mundial. Depois da Se-gunda Guerra Mundial seguiram-se-lhes a Itália,a Finlândia e a Áustria. Em meados do século,também a Alemanha baniu a «pena capital» paratodos os crimes. Nos anos 60 e 70, o Reino Uni-do e a Espanha aboliram igualmente a pena demorte para crimes de direito civil.

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ANEXO 5

MEMEORANDO DA UE SOBRE A PENA DE MORTE

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Entretanto, afirmou-se também a tendência paraa abolição da pena capital para todos os crimes,ficando assim abrangidos os delitos da alçadada justiça militar ou cometidos em circunstân-cias excepcionais, como por exemplo em situa-ções de guerra. Desde o final da década de 60,todos os Estados-Membros da UE aboliram com-pletamente a pena de morte das suas leis.

Do que se acaba de expor fica claro que, para amaioria dos Estados-Membros, a abolição totalda «pena capital» foi alcançada em duas etapas,tendo a segunda constituído, geralmente, umprocesso lento. É de salientar que, embora paí-ses como o Reino Unido, a Espanha, o Luxem-burgo, a França, a Irlanda, a Grécia e a Bélgicatenham conservado a pena de morte nas suasleis durante parte da segunda metade do séculoXX, as execuções aconteceram muito raramenteou, então, esta forma de castigo não chegousequer a ser utilizada. Efectivamente, decorreuem geral um longo período de tempo entre aúltima execução e a abolição da pena de morte,o que leva a concluir que, quando os Estadoseuropeus abandonaram formalmente a penacapital, eram já abolicionistas de facto ou mes-mo por tradição, uma vez que a pena capitaltinha caído claramente em desuso na práticajudicial.

Por outro lado, enquanto em algunsEstados-Membros da UE as medidas abolicionis-tas foram ao encontro do sentimento profundoda população, correspondendo assim ao cumpri-mento de uma tradição nacional, noutros a deci-são política que levou à abolição não foi tomadacom o apoio da maioria da opinião pública. Con-tudo, nos países em que esta situação se verifi-cou, a decisão não deu origem a qualquer formade reacção negativa, conduzindo normalmente aum debate mínimo sobre a matéria. É, por isso,de referir que, em si mesma, a abolição contri-buiu favoravelmente para a emergência de umaopinião pública mais bem informada, o que aju-dou a criar diferentes sensibilidades entre osmembros da comunidade.

2. A base comum para a abolição:valores, princípios e política penal

A pena de morte coloca um conjunto de diferen-tes questões de natureza filosófica, religiosa,política e criminológica.

Embora as experiências nos Estados-Membrosem matéria de abolição tenham variado no tem-po, partilharam uma base comum — a do carác-ter desumano, desnecessário e irreversível da

pena capital, independentemente da crueldadedo crime cometido.

Além disso, esta justificação parece agora serpartilhada pela comunidade internacional noseu todo, na medida em que tanto o Estatuto deRoma do Tribunal Criminal Internacional, comoas Resoluções do Conselho de Segurança dasNações Unidas que estabelecem os Tribunais Cri-minais Internacionais para a antiga Jugoslávia epara o Ruanda não incluem a pena de morte en-tre as sanções aplicáveis, mesmo no caso do jul-gamento dos crimes mais graves, incluindo ogenocídio, os crimes contra a humanidade e oscrimes de guerra.

Valores humanísticos, pontos de vista éticos erazões que se prendem com os direitos humanospesaram a favor da abolição da pena de morte. Defacto, para os governos europeus, a pena capitalcomo forma de sanção aplicada pelo Estado rapi-damente se revelou como uma negação da digni-dade humana, que é uma base fundamental dopatrimónio comum da UE enquanto união de prin-cípios e valores partilhados.

Simultaneamente, não há justificações suficien-tes, quer criminais quer criminológicas, paramanter este tipo de castigo. Em primeiro lugar,não está cientificamente provado que a pena demorte e a sua aplicação actuem como dissuaso-res da criminalidade com mais eficácia queoutras formas de punição. Com efeito, o nível dacriminalidade e a pena de morte são realidadesindependentes, sendo que a pena capital e a suaexecução não exercem um efeito dissuasor e nãooriginam, assim, sociedades menos violentas.Para além disso, a manutenção da pena capitalnão se enquadraria na filosofia de reabilitaçãoprofessada pelos sistemas de justiça penal detodos os Estados-Membros da UE, segundo aqual um dos objectivos penológicos das sançõesé a reabilitação ou reinserção social do crimino-so. Saliente-se que também é realçado o objecti-vo penológico da prevenção, entendido comoum processo ante delictum (antes do crime) epost delictum (após o crime), implicando a rejei-ção de qualquer forma de brutalidade, tanto físi-ca como psicológica, com o objectivo de promo-ver o respeito pelos direitos humanos e preveniro desenvolvimento de uma sociedade aindamais dominada pelo crime. Por último, mas denão menor importância, a pena capital não deveser vista como uma forma adequada de compen-sar o sofrimento das famílias das vítimas doscrimes, pois esta visão transforma o sistema dejustiça numa mera ferramenta de ilegítima vin-gança privada. Isto não quer dizer que os siste-mas criminais europeus sejam insensíveis aos

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direitos e interesses das vítimas, antes pelo con-trário. Existem tanto legislação de salvaguardadesses direitos, como organizações e programasde apoio às vítimas.

Além disso, existem alternativas apropriadas àpena de morte que respondem às suas necessi-dades e lhes asseguram uma assistência adequa-da. Tanto os criminosos como as famílias dasvítimas necessitam de reabilitação. No que serefere a estas últimas, é essencial que a emoçãoprovocada pela perda que sofreram seja ultra-passada, o que requer a disponibilização deapoio psicológico e financeiro.

No domínio da prática judicial, há que levartambém em linha de conta a natureza irreversí-vel da pena capital. Mesmo sistemas jurídicosbastante avançados, que se baseiam no princí-pio do primado do direito, incluindo o princípiodo processo justo, não são imunes a erros dajustiça. Essa irreversibilidade elimina qualquerpossibilidade de corrigir os referidos erros, per-mitindo a execução de pessoas inocentes. Os er-ros judiciais, as diferenças de interpretação dalei, as condenações baseadas em provas poucoclaras ou convincentes, bem como a falta deassistência jurídica adequada em todas as fasesdo processo, especialmente nos casos em que oarguido é indigente, são apenas algumas das cir-cunstâncias que podem resultar na execução deum inocente.

Daqui resultou que os programas de política pe-nal foram intencionalmente humanizados, deforma a adequar-se à visão de que as acções doEstado não devem fazer vítimas dos seres huma-nos, mas também de que a promoção da pessoahumana constitui um dos grandes objectivos dacriminologia. Manter a pena de morte iria, pelocontrário, trazer à luz aspectos expiatórios inde-sejáveis do direito penal. Nesta linha, foramlevadas a cabo grandes iniciativas de reforma, eprocedeu-se a uma reestruturação das sançõespenais de forma a torná-las mais compatíveis,em particular, com a lógica da reintegração ereabilitação social do delinquente na comunida-de, tomando simultaneamente em conta a neces-sidade de assegurar a protecção da sociedade ede prevenir o crime, em vez de o punir.

3. Encarar sanções alternativasA opção por um sistema de justiça penal maishumano, mas também mais eficaz, preparou ocaminho para que se encarasse a possibilidadede aplicar sanções criminais que constituíssemalternativas adequadas para a pena de morte. Defacto, os legisladores europeus partiram da pre-

sunção de que os crimes podiam ser punidoscom penas não letais, como sejam a prisão per-pétua ou a longo prazo. Na prática, quando a pe-na de morte ainda estava contemplada na lei, emesmo quando a sua aplicação era obrigatória,ou o juiz optava por uma pena alternativa emvirtude de circunstâncias atenuantes, ou a sen-tença era sistematicamente objecto de indulto, eportanto comutada.

A prisão perpétua continua a ser a alternativahabitual para os crimes muito graves. De todas aformas, apesar de quase todos os Estados-Mem-bros preverem este tipo de punição nos respec-tivos códigos penais, quer como possibilidade,quer com carácter obrigatório, a prisão perpétuaé entendida mais como um princípio do que co-mo uma prática corrente.

Em alguns países, a prisão perpétua pode, defacto, ser substituída por uma pena de prisão atermo certo, no caso de existirem circunstânciasatenuantes. Para além disso, em quase todos osEstados-Membros é possível conceder a liberda-de condicional a pessoas condenadas a prisãoperpétua, depois de ter sido cumprido um certotempo de encarceramento e com base noutrosfactores, como o bom comportamento, indíciosde readaptação ou doença. A comutação da penamediante indulto também está prevista em qua-se todos os regimes de sanções em questão.Além disso, em alguns destes países a prisãoperpétua não pode, pura e simplesmente, seraplicada a menores ou a pessoas afectadas porperturbações mentais.

No respeitante à privação de liberdade a longoprazo, a actual política penal dos Estados-Mem-bros da UE indica claramente um decréscimo deconfiança no efeito reintegrador das penas deprisão longas, verificando-se uma orientação nosentido de reduzir ao mínimo o tempo de encar-ceramento.

Está claramente provado que a prisão a longoprazo, e acima de tudo a prisão perpétua, nãoconseguem alcançar os objectivos da política pe-nal, a não ser que sejam tomadas medidas rele-vantes para permitir o regresso do preso à vidaem sociedade no momento adequado. De facto,uma política de prevenção do crime que admitemanter preso, para o resto da vida, um condena-do que passou na prisão um período correspon-dente à gravidade do seu crime e já não consti-tui uma ameaça para a sociedade, não cumpri-ria, nem os padrões mínimos reconhecidos emmatéria de tratamento dos presos, nem o objec-tivo de reabilitação social, que se alcança tendoem conta a vontade e a capacidade do delin-

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quente para se sustentar e levar uma vida res-peitadora da lei.

Há também que sublinhar que a Convenção dasNações Unidas sobre os Direitos da Criança serefere expressamente à questão da prisão perpé-tua para menores, afirmando que a prisão perpé-tua, sem possibilidade de libertação, não deveráser aplicada a crimes cometidos por pessoascom menos de 18 anos de idade.

4. O contexto internacionalA tendência para a abolição de jure defendidapelos legisladores europeus, claramente eviden-te na segunda metade do século XX, foi tambémfavorecida pela conjuntura internacional. Efecti-vamente, a abolição da pena de morte cedo setransformou numa preocupação internacional,contribuindo para o enaltecimento da dignidadehumana e para o gradual desenvolvimento dosdireitos humanos.

Em 1971, a Assembleia Geral da ONU, na sua Re-solução 2875 (XXVI), afirmou ser desejável abo-lir a pena de morte em todos os países. No querespeita aos tratados abolicionistas internacio-nais, o Conselho da União Europeia deu os pri-meiros passos em 1983, ao adoptar o Protocolon.º 6 à Convenção Europeia para a Protecção dosDireitos do Homem e das Liberdades Fundamen-tais (CEDH), relativo à abolição da pena de mor-te. No quadro da ONU, foi adoptado em 1989 umsegundo Protocolo Adicional ao Pacto Interna-cional sobre os Direitos Civis e Políticos (ICCPR)com vista à abolição da pena de morte. Maisrecentemente, o sistema inter-americano para aprotecção dos direitos humanos seguiu a van-guarda abolicionista e em 1990 a Organizaçãodos Estados Americanos — à qual os EstadosUnidos pertencem — adoptou o Protocolo à Con-venção Americana dos Direitos Humanos relati-vo à Abolição da Pena de Morte.

Refira-se ainda que as condições rigorosas sobas quais a pena de morte pode ser aplicada seencontram estabelecidas em instrumentos inter-nacionais relativos aos direitos humanos, comosejam o ICCPR, ou nas Garantias para a Pro-tecção dos Direitos das Pessoas Condenadas àPena de Morte do Conselho Económico e Social(Ecosoc) da ONU. A UE procura assegurar que,nos países em que a pena de morte ainda não foiabolida, as execuções se processem em conso-nância com estas normas mínimas de aceitaçãogeral, prestando particular atenção à aplicaçãoda pena de morte a crimes que não sejam deextrema gravidade, à imposição retroactiva dapena de morte, à sua aplicação a mulheres grávi-

das ou a pessoas que sofram de qualquer formade perturbação mental, ao desrespeito das salva-guardas processuais, incluindo o direito a umjulgamento imparcial e o direito de solicitar cle-mência, e à execução da pena de morte em con-dições desumanas. As execuções nestas circuns-tâncias são contrárias às normas internacional-mente reconhecidas em matéria de direitoshumanos e desrespeitam a dignidade e o valorda pessoa humana.

5. Sistema de justiça para menoresA UE está igualmente preocupada com a aplica-ção da pena de morte a menores de 18 anos.

Todos os Estados-Membros da UE rejeitam aideia da incorrigibilidade dos menores, defen-dendo a opinião de que, ao abordar o problemada delinquência juvenil, se deve ter presenteque os jovens delinquentes se encontram emprocesso de desenvolvimento, enfrentando difi-culdades de adaptação várias. A proveniência deum meio desfavorecido, o insucesso escolar e atoxicodependência são apenas alguns dos pro-blemas sociais que afectam os jovens e dão ori-gem ao seu comportamento criminoso.

Em consequência, são menos maduros, logo me-nos culpados, não devendo ser tratados comoadultos, mas merecendo antes um regime desanções penais mais benevolente. Isto implica,nomeadamente, a rejeição da pena de morte pa-ra os menores.

A abordagem europeia no que se refere ao siste-ma de justiça para menores está, assim, em pro-funda consonância com os padrões internacio-nalmente reconhecidos nesta matéria, tal comose encontram consagrados nos seguintes instru-mentos internacionais relativos aos direitoshumanos: no Pacto Internacional sobre os Direi-tos Civis e Políticos da ONU, nas Garantias deProtecção dos Direitos das Pessoas Condenadasà Pena de Morte do Ecosoc, na Convenção daONU sobre os Direitos da Criança e na Con-venção Americana dos Direitos Humanos. Defacto, as normas internacionais em questão proí-bem expressamente a condenação à morte depessoas com menos de 18 anos de idade à dataem que o crime foi cometido. A quarta Con-venção de Genebra de 1949 relativa à Protecçãode Pessoas Civis em Tempo de Guerra e os Pro-tocolos Adicionais de 1977 às Convenções deGenebra estabelecem uma proibição semelhante.

A UE e os seus Estados-Membros baseiam a suaactuação na dignidade inerente de todos os se-

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res humanos e na inviolabilidade da pessoahumana.

Os delinquentes são seres humanos que comete-ram um crime, mas que possuem, como osdemais, uma dignidade inerente e inalienável, amesma dignidade que é reivindicada pela filoso-fia racionalista, por todas as religiões importan-tes e pela lei; ora, a pena de morte constitui anegação da dignidade humana.

O sistema de justiça penal de um país, e em par-ticular o seu regime de sanções, podem reflectirtradições e aspectos históricos específicos deuma sociedade. Contudo, a questão da pena demorte é, acima de quaisquer considerações polí-ticas, jurídicas ou penais, uma questão de huma-

nidade. A humanização do problema da penacapital deveria ser um dos aspectos decisivos davida de qualquer povo.

Há muito tempo que os países europeus, seja naprática ou na lei, optaram pela humanidade,abolindo a pena de morte e fomentando, assim,o respeito pela dignidade humana. Este é umprincípio fundamental que a UE deseja partilharcom todos os países, da mesma forma que parti-lha outros valores e princípios comuns, como aliberdade, a democracia, o Estado de direito e orespeito pelos direitos humanos. Se conseguiralcançar este objectivo, tanto a UE, como essespaíses terão feito avançar a causa da humanida-de, tal como Beccaria previu. A UE convida assimos EUA a abraçar igualmente esta causa.

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I — Introduçãoa) Em actos como o Pacto Internacional sobre

os Direitos Civis e Políticos e a Convençãosobre os Direitos da Criança, e também nasGarantias de Protecção dos Direitos das Pes-soas Condenadas à Pena de Morte aprova-das pelo Ecosoc, a Organização das NaçõesUnidas estabeleceu condições rigorosas queterão de estar sempre reunidas para que apena de morte possa ser aplicada. Nos ter-mos do Segundo Protocolo Facultativo aoPacto Internacional Sobre os Direitos Civis ePolíticos, os Estados deverão comprome-ter-se a abolir definitivamente a pena demorte. A União Europeia vai mais além eadvoga agora a abolição para os seus Esta-dos-Membros e para os outros países.

b) Por ocasião da sua 53.ª sessão, bem comona 54.ª sessão, numa resolução apoiada portodos os Estados-Membros da UE, a Comis-são da ONU para os Direitos do Homem ins-tou os países que mantêm a pena de morte:

— a restringirem gradualmente o númerode crimes passíveis de pena de morte;

— a estabelecerem uma moratória sobre asexecuções, tendo em vista a total aboli-ção da pena de morte.

c) Na cimeira do Conselho da Europa, realizadaem Outubro de 1997, os chefes de Governo,incluindo os de todos os Estados-Membrosda UE, apelaram para que a pena de mortefosse universalmente abolida, tendo alémdisso os novos Estados-Membros do Con-selho da Europa assumido o compromisso deestabelecer moratórias e de ratificar o Proto-colo n.º 6 à Convenção para a Protecção dosDireitos do Homem e das Liberdades Funda-mentais, que impõe a todos os signatários aabolição definitiva da pena capital.

d) No Tratado de Amesterdão, de 1997, aUnião Europeia registou o facto de, após a

assinatura do Protocolo n.º 6 à ConvençãoEuropeia dos Direitos do Homem, a pena demorte ter sido abolida na maior parte dosEstados-Membros e não ter sido aplicadaem nenhum deles.

e) No âmbito da OSCE, o documento de Co-penhaga impõe aos Estados participantes odever de trocar informações sobre a aboli-ção da pena de morte e de as facultar aopúblico. Para o efeito, a UE apresenta regu-larmente declarações no contexto da ver-tente «dimensão humana» da OSCE.

f) Os estatutos do Tribunal Internacional paraa Antiga Jugoslávia e do Tribunal Interna-cional para o Ruanda — que foram ambosapoiados pela UE — não prevêem disposi-ções em matéria de pena de morte, muitoembora os tribunais em causa tenham sidoinstituídos para julgar casos de violaçõesem massa do direito humanitário, nomeada-mente genocídios.

II — Aspectos operacionaisA UE considera que a abolição da pena de mortecontribui para o enaltecimento da dignidadehumana e para um gradual desenvolvimento dosdireitos humanos.

A União Europeia pretende:

— actuar em prol da abolição universal dapena de morte, assumindo deste modouma posição política firmemente defen-dida e aprovada por todos os seus Esta-dos-Membros;

— nos casos em que a pena de morte aindaexiste, apelar para que a sua aplicação vásendo gradualmente limitada e obedeçaàs normas mínimas adiante enunciadas.

Estes objectivos serão proclamados pela UE co-mo parte integrante da sua política em matériade direitos humanos.

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ANEXO 6

DIRECTRIZES PARA A POLÍTICA DA UEem relação a países terceiros no que respeita à pena de morte

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A União Europeia vai intensificar as suas iniciati-vas, nomeadamente através de declarações oudiligências a respeito da pena de morte, tantonas instâncias internacionais como perante osoutros países, à luz das normas mínimas adian-te enunciadas.

A União Europeia analisará — caso a caso e emfunção dos critérios estabelecidos — se deverãoser empreendidas diligências junto de outrospaíses a respeito da aplicação da pena de morte.

Os principais elementos da abordagem da UEserão os seguintes:

Diligências de carácter geral

Sempre que tal se justifique, a União Europeiaevocará a questão da pena de morte no seu diá-logo com países terceiros, tratando nomeada-mente de:

— defender a abolição universal da pena demorte ou, pelo menos, a introdução demoratórias;

— nos casos em que a pena de morte sejamantida, salientar que os Estados apenas adeverão aplicar em consonância com asnormas mínimas adiante enunciadas e emmoldes tão transparentes quanto possível.

Na definição do teor específico de tais iniciati-vas, ter-se-á nomeadamente em conta se:

— o país em causa dispõe de um sistema judi-ciário que seja aberto e funcione devida-mente;

— o país em causa se comprometeu, a nívelinternacional, a não aplicar a pena de mor-te, por exemplo, no contexto de organiza-ções e instrumentos regionais;

— a ordem jurídica do país e a forma como éaplicada a pena de morte estão vedadas aocontrolo público e internacional, e também sehá indicações de que a pena de morte é apli-cada em grande medida sem que as normasmínimas sejam cumpridas.

Estudar-se-á com especial atenção a oportunidadede a UE efectuar diligências a respeito da aplica-ção da pena de morte em momentos de evoluçãoda política seguida nesta matéria por um determi-nado país, por exmplo, quando estiver iminente aanulação de uma moratória oficial ou de facto oua reinstauração, por lei, da pena de morte.

Será consagrada especial atenção aos relatóriose conclusões dos organismos internacionaiscompetentes em matéria de direitos humanos.

Poderão ser efectuadas diligências ou declara-ções públicas sempre que nalgum país estejam aser tomadas medidas no sentido da abolição dapena de morte.

Casos específicos

Refira-se que a UE também contemplará a possi-bilidade de efectuar diligências específicas sem-pre que tome conhecimento de casos individuaisem que a pena de morte seja aplicada em viola-ção das normas mínimas.

Perante tais casos, a rapidez representará mui-tas vezes um factor essencial. Os Estados-Mem-bros que proponham diligências específicasdeverão, pois, fornecer o maior número de da-dos possível, com base em todas as fontes dis-poníveis. Neste contexto, deverão ser nomeada-mente facultadas breves indicações sobre o cri-me alegadamente praticado, o processo penal, anatureza concreta da violação das normas míni-mas, a fase em que se encontra qualquer even-tual recurso e, se dela se tiver conhecimento, adata prevista para a execução

Se se dispuser de tempo suficiente, caberá enca-rar a hipótese de, antes de empreender diligên-cias, solicitar aos chefes de missão informaçõespormenorizadas e conselhos sobre o caso.

Informações sobre direitos humanos

Nos seus relatórios sobre os direitos humanos,os chefes de missão da UE deveriam automatica-mente incluir uma análise da aplicação da penade morte, bem como uma avaliação periódica doefeito e do impacto das iniciativas da UE.

Eventuais resultados das intervenções da UE: outras iniciativas

A UE procurará, sempre que possível, persuadiros países terceiros a abolir a pena de morte,exortando-os a contemplar a hipótese de aderirao Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Inter-nacional Sobre os Direitos Civis e Políticos e ainstrumentos regionais semelhantes.

Nos casos em que tal não seja possível, a UEcontinuará mesmo assim a defender o objectivoda abolição e, nomeadamente:

— incentivará os Estados a ratificar e respeitaros instrumentos internacionais em matériade direitos humanos, sobretudo os que sereferem à aplicação da pena de morte, taiscomo o Pacto Internacional Sobre os Direi-tos Civis e Políticos;

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— evocará a questão em instâncias multilate-rais, diligenciando igualmente para quesejam introduzidas moratórias sobre a apli-cação da pena de morte e para que, a prazo,esta venha a ser abolida;

— exortará as organizações internacionaiscompetentes a tomar medidas adequadaspara incentivar os Estados a ratificar e cum-prir as normas internacionais relativas à pe-na de morte;

— fomentará e prontificar-se-á a estabeleceruma cooperação bilateral e multilateral,nomeadamente em colaboração com asociedade civil, inclusive no domínio jurídi-co, tendo em vista instituir um procedimen-to judicial justo e imparcial para as acçõespenais.

III — Normas mínimasNos casos em que determinados Estados insis-tam na manutenção da pena de morte, a UE con-sidera importante que sejam cumpridas asseguintes normas mínimas:

a) a pena capital apenas pode ser imposta pa-ra os crimes mais graves, sendo pontoassente que a sua aplicação se deverá cingiraos crimes premeditados com consequên-cias mortais ou outras extremamente gra-ves. A pena de morte não deverá ser impos-ta para punir crimes financeiros não violen-tos ou práticas religiosas e expressões deopinião de cariz não violento;

b) a pena capital apenas pode ser imposta pa-ra crimes passíveis de pena de morte à dataem que foram cometidos, sendo pontoassente que, se depois dessa data tiver sidoprevista por lei uma pena mais leve, o autordo delito beneficiará dessa alteração;

c) a pena capital não pode ser imposta a:

— pessoas com menos de 18 anos de idadeà data em que o crime foi cometido,

— mulheres grávidas ou que tenham recen-temente dado à luz,

— pessoas que tenham sido acometidas dedemência;

d) a pena capital apenas pode ser impostaquando a culpa do acusado tiver sidodemonstrada com base em provas claras econvincentes que não deixem margem paraqualquer outra interpretação dos factos;

e) a pena capital apenas pode ser aplicada emexecução de sentença definitiva proferidapor um tribunal competente no termo deum processo que ofereça todas as garantiaspossíveis para assegurar a imparcialidadedo julgamento. Deverão assim ser dadasgarantias equivalentes, no mínimo, às quese encontram enunciadas no artigo 14.º doPacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos, no qual se prevê, nomeadamente,que qualquer pessoa suspeita ou acusadade um crime passível de pena de morte temo direito de beneficiar de assistência jurídi-ca em todas as etapas do processo e, se forcaso disso, de entrar em contacto com umrepresentante consular;

f) toda e qualquer pessoa condenada à mortegozará efectivamente do direito de apelarpara um tribunal de jurisdição superior,devendo ser tomadas medidas para garantirque tais recursos se tornem obrigatórios;

g) toda e qualquer pessoa condenada à morteterá o direito de, se for caso disso, interporum recurso individual nos termos dos pro-cedimentos internacionais; a sentença demorte não será executada enquanto o recur-so estiver a ser analisado ao abrigo dessesprocedimentos;

h) toda e qualquer pessoa condenada à morteterá o direito de solicitar um indulto ou acomutação da pena; a amnistia, o indulto oua comutação da pena poderão ser concedi-dos em todos os casos de pena capital;

i) a pena capital não pode ser aplicada emviolação dos compromissos assumidos porum Estado a nível internacional;

j) o lapso de tempo decorrido desde a conde-nação à morte também poderá ser um dosfactores a ponderar;

k) nos casos em que seja aplicada, a penacapital será executada de modo a infligir omenor grau de sofrimento possível; as exe-cuções não poderão ser efectuadas empúblico nem de qualquer outra formadegradante;

l) a pena de morte não deverá ser imposta comoacto de retaliação política, em violação dasnormas mínimas, para punir, por exemplo,pessoas envolvidas em golpes de Estado.

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I have the honour to address this Commission onbehalf of the European Union. The central andeast European countries associated with the Euro-pean Union — Bulgaria, the Czech Republic, Esto-nia, Hungary, Latvia, Lithuania, Poland, Romania,Slovakia, Slovenia — and the associated countriesCyprus, Malta and Turkey have expressed thewish to align themselves with this statement.

Let me start by congratulating you, AmbassadorSimkhada, on taking over the Chair of the 56thSession of the Commission on Human Rights. Iwould also like to express the appreciation of the European Union for the work carried out byyour predecessor, Ambassador Anne Anderson.

Mr Chairman,

The importance of human rights in the defini-tion of modern foreign policy is an undeniablereality at the dawn of a new millennium.

The European Union firmly believes that thewell-being of all individuals in the world shouldbe of utmost relevance for all governments. AsSecretary-General Kofi Annan recently said, ‘TheState is now widely understood to be the servantof its people, and not vice-versa’. We do not con-sider that human rights as a concept can be at-tached to any particular culture or geographicalregion. The respect for human rights is a legacythat we have the duty to preserve and to pass onto future generations, irrespective of place, eth-nic origin, gender, religion or belief. In otherwords, we are speaking about universality.No country should be free to invoke sovereigntyor interference in internal affairs to prevent thepeople under its jurisdiction from fully enjoyingtheir human rights. It is the duty of the interna-tional community to monitor violations of hu-man rights whenever and wherever they occur.It is also the duty of the international communi-ty to call upon the States where those violationsare taking place to cease those practices andbring the perpetrators to justice.

A new perspective on human rights has devel-oped in recent decades. It would be difficultnowadays to argue reasonably for a separationbetween civil and political rights and economic,

social and cultural rights. Indivisibility, interde-pendence and interrelation are the key wordswhen facing those two sets of rights. Progress inone set cannot be achieved without full respectfor the other.

However, one should not think that nothing re-mains to be decided and achieved in the realmof human rights. As the world keeps moving, sowe must redefine and deepen concepts and ap-proaches. This effort is now under way withinthe European Union, as negotiations proceed forthe drafting of a European Charter of HumanRights. We expect this charter to encompass themany different contributions spread out in nu-merous other sources. What we are striving foris a comprehensive code of common values withthe purpose of better protecting those who livein the European Union.

New challenges surface almost continually. If wechoose the right path we may be able to drawmost of the positive aspects from those chal-lenges. Globalisation is a good example. Globali-sation has been accused of being a strategy de-vised by the developed countries to hamper theprogress in developing countries. This is a greatway from the truth. But as something which isstill in its infancy, globalisation’s inherent risksand dangers cannot be denied. However, oneshould realise the advantages that a global planetcan bring to improving the quality of life world-wide. The effect this could produce on a moresustainable society, where people are moreknowledgeable about the full enjoyment of theirhuman rights, can scarcely be refuted.

Mr Chairman,

The European Union considers the individual asbeing at the centre of its policies. As such, thepromotion and protection of human rights areintegral to peace and security, economic devel-opment and social equity. Protecting the individ-ual is at the core of our death penalty policy.The European Union considers that abolition ofthe death penalty contributes to the enhance-ment of human dignity and the progressive de-velopment of human rights and continues to

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ANEXO 7 (Tradução não disponível)

56th session of the Commission on human rights (Geneva, 20 March to 28 April 2000)

STATEMENT BY MR JAIME GAMA, MINISTER FOR FOREIGNAFFAIRS OF PORTUGAL, ON BEHALF OF THE EUROPEAN UNION

Geneva, 21 March 2000

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strive for its universal abolition, or at least for amoratorium on executions.

Mr Chairman,

Tackling human rights issues should not be ex-clusive to the State structure. Administrationsneed to work in cooperation with civil society atlarge and with committed NGOs in particular. Wepraise the efforts made by NGOs all over theworld to inform, monitor and denounce flagrantviolations of human rights. We acknowledgetheir contribution in shaping policies moreclosely related to people’s aspirations. We expectthat their freedom of movement and expressionis not hindered by any type of obstacle.

This continuous dialogue with NGOs has beenhelpful to promote more transparency in gov-ernments’ activities in the European Union. Ourpolicies should be accountable, and to that endpeople must be familiar with them. This is themain reason why the EU published in 1999 thefirst annual report on human rights. The Euro-pean Union’s human rights policies, prioritiesand practices are documented in this report,which is intended to foster a thorough debate.

The European Union is aware that the humanrights situation in its Member States is not per-fect. We do not consider ourselves to be abovecriticism and we do not rest on previousachievements. On the contrary, we are constant-ly seeking to improve our human rights mecha-nisms to avoid cases where the respect of a per-son’s dignity might be endangered.

Mr Chairman,

The European Union continues to be actively in-volved in the review processes of the world con-ferences of Copenhagen on social developmentand Beijing on the rights of women. We hopethat the progress achieved in those conferencescan be enhanced in a spirit of cooperation anddialogue among their participants.

The European Union is also actively engaged inthe European preparatory process of the WorldConference on Racism, on the basis of the firmbelief that the defence of the principle ofnon-discrimination should be at the centre ofevery country’s understanding of human rights.

Mr Chairman,

This session of the Commission on HumanRights will have to face a huge task. It is our re-sponsibility to address the human rights viola-tions that are taking place. In order to better ac-complish this mission, it is of utmost impor-tance to improve and rationalise the functioningof the Commission’s mechanisms. The report ofthe working group on this issue, to be approvedat this session, reflects a compromise solutionwhich we expect will contribute to more effec-tive handling of human rights issues.

Mr Chairman,

The European Union will present initiatives andoffer its comments under a number of agendaitems dealing with thematic issues and countrysituations. Today, I would like to address a fewparticular situations.

People were shocked by the images coming outof East Timor last year. The situation demandeda strong reaction from the international commu-nity and this was achieved, inter alia, by theconvening of a special session of this Commis-sion. We took note of the recommendations ofthe International Commission of Inquiry and theIndonesian Commission of Inquiry regarding theviolations of fundamental human rights and in-ternational humanitarian law perpetrated in EastTimor. The European Union defends that thoseheld responsible for human rights violations willbe brought to justice.

The European Union remains concerned over thesituation of the refugees and displaced personsin West Timor, and we strongly encourage thecreation of conditions for their safe return andfor the continued involvement of the interna-tional community in this regard.

The situation in Chechnya also demands our at-tention. Our public opinions are alarmed by re-ports of widespread human rights violations. Aserious and independent investigation must becarried out without delay in order that those re-sponsible can be brought to account. The Euro-pean Union stresses the importance of an interna-tional presence in Chechnya and urges the Rus-sian authorities to comply with their commitmentsand rapidly launch full and transparent investiga-tions into alleged human rights violations.

The European Union is committed to the exist-ing dialogue on human rights with China. We ac-knowledge progress made in fulfilling basicneeds of the Chinese population. However, weremain concerned about the lack of progressstill prevailing in other areas. The use of thedeath penalty, restrictions on fundamental free-doms, harsh sentences imposed on political dis-sidents, persecution of religious minorities,non-ratification of the UN human rights interna-tional covenants and insufficient cooperationwith UN human rights mechanisms are relevantexamples of fields where swift action needs tobe taken.

Mr Chairman,

The European Union is convinced that at the endof this session progress will certainly have beenachieved through the cooperation and efforts ofall participants. We hope that this progress will betranslated into effective improvement of the situ-ation of human rights for all people worldwide.

Thank you, Mr Chairman.

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On behalf of the European Union I would like toaddress the question of the violation of humanrights and fundamental freedoms in any part ofthe world under agenda item 9. The central andeast European countries associated with the Eu-ropean Union — Bulgaria, the Czech Republic,Estonia, Hungary, Latvia, Lithuania, Poland, Ro-mania, Slovakia, Slovenia — and the associatedcountry Malta have expressed the wish to alignthemselves with this statement.

Respect for human rights and fundamental free-doms, as well as development and consolidationof democracy and the rule of law are majorgoals for the EU. This determination is expresslystated in the Amsterdam Treaty and is consis-tent with the obligations under international lawto protect and promote human rights and funda-mental freedoms. The inherent dignity of all hu-man beings so requires.

In its bilateral relations with third countries, aswell as in the framework of international organ-isations and conferences, the EU aims at active-ly contributing to building up a worldwide cul-ture of human rights, based on the principles ofuniversality, indivisibility and interdependence.This is the ultimate message of the UniversalDeclaration of Human Rights.

Human rights are therefore a core element ofour policy and encouragement for compliancewith international human rights standards restsprimarily on the values of cooperation and in-centive. Dialogue on human rights issues, coop-eration agreements, funding mechanisms andassistance programmes, among others, are themain EU instruments through which we combineefforts with our interlocutors and partners tofoster the worth and dignity of the human be-ing. Yet the EU does not refrain from speakingout against human rights abuses and expressingits concern.

In an increasingly globalised world, a catalyticmoment has arrived for achieving freedom fromfear and freedom from want. Elimination of dis-crimination and all forms of intolerance, promo-

tion of social justice, addressing the specialneeds of those who are more vulnerable, univer-sal abolition of the death penalty and the end ofimpunity are just some of the priorities to whichwe all must dedicate ourselves.

The EU will take initiatives on the situation ofhuman rights in the Democratic Republic of theCongo, Sudan, Iran, Iraq and Burma/Myanmar. Iwould like to reserve the right to address thesesituations in the introduction of the respectiveinitiatives under item 9. The EU also seeks sup-port for initiatives on Colombia and East Timor.The human rights situation in Israel, the occu-pied territories and the territories under Pales-tinian authority have been referred to in ourstatement under item 8.

I will now address more closely the situation ofhuman rights in a number of countries and re-gions of concern.

1. The EU expresses its deep concern aboutthe situation in Chechnya and in particular theplight of innocent civilians and considers that alasting solution to the conflict requires a politi-cal solution to be reached through political dia-logue between all parties concerned. Thereforethe EU calls again on the Russian Federation toestablish a complete ceasefire.

The EU states that continuing reports of viola-tions of human rights and breaches of interna-tional humanitarian law in Chechnya must bepromptly and credibly addressed by the Russianauthorities, in accordance with the internationalhuman rights and humanitarian law treaties andconventions to which it is a party. The EU notesthe nomination of a presidential representativefor human rights in Chechnya and the function-ing of his office. In accordance with the agree-ment reached as regards the inclusion of twoCouncil of Europe representatives in that office,these representatives must be granted full inde-pendence as well as freedom of movement andcontacts. The EU also expects the presidentialrepresentative to closely cooperate with theOSCE Assistance Group. The EU further expects

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ANEXO 8 (Tradução não disponível)

56th session of the Commission on human rights (Geneva, 20 March to 28 April 2000)

STATEMENT BY AMBASSADOR ÁLVARO MENDONÇAE MOURA ON BEHALF OF THE EUROPEAN UNION

on the question of the violation of human rightsand fundamental freedoms in any part of the world

Geneva, 29 March 2000

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the Russian Federation to conduct a thorough,independent and transparent investigation intothe alleged killing, torture and ill-treatment ofcivilians and displaced persons in Chechnya andin the neighbouring republics, and to take crim-inal action against the perpetrators of these hu-man rights violations, and calls upon Russia togive free access to international organisationsand the media, including access to the detentioncamps.

The EU welcomes the willingness of the Russianauthorities to receive the United Nations HighCommissioner for Human Rights and looks for-ward to hearing her report.

The EU continues to be particularly concernedabout the serious humanitarian situation in theregion, not least in the light of the reports givenby Mr Gil-Robles, the Council of Europe’s Com-missioner for Human Rights, and Lord Judd, Headof a visiting delegation of the parliamentary as-sembly, after their respective visits to Chechnya.The EU calls upon the Russian authorities to ex-tend full cooperation to the regional organisa-tions and welcomes the forthcoming visit of theOSCE’s chair in office. The EU expresses its firmhope that the Russian authorities will create thenecessary conditions for permanent internationalmonitoring of the humanitarian and human rightssituation, including monitoring by the Council ofEurope. The EU underscores the need for a swiftreturn of the OSCE Assistance Group under cir-cumstances that will allow the entirety of its man-date to be fulfilled.

2. The EU is deeply concerned by the lack ofprogress in Federal Republic of Yugoslavia in thefield of human rights and democratisation. TheEU reiterates its view that the path towards thefull integration of the FRY into the internationalcommunity will depend on democratic change inthe FRY and on compliance by the FRY with itsinternational obligations. This includes in par-ticular full respect for human rights and therights of persons belonging to minorities, re-form of the electoral system, organisation offree and fair elections, the establishment of a dia-logue with the opposition, freedom of expres-sion, in particular freedom of the media, associ-ation and peaceful assembly, and independenceof the judiciary. The EU believes that freedom ofexpression is one of the cornerstones of democ-racy and calls upon the Serbian authorities to al-low all citizens to freely express their politicalwill. In particular the EU firmly condemns therecent intensification of repression and harass-ment of the independent media and the demo-cratic opposition. The EU urges the FRY to coop-erate fully with the International Criminal Tribunal for former Yugoslavia.

The EU is willing to strengthen its good relationswith the people of the Federal Republic of Yugo-slavia and to support its legitimate aspiration todemocracy and economic prosperity, respect forhuman rights and the rule of law as well as thedevelopment of good neighbourly relations inthe region.

The EU continues to attach the highest impor-tance to the implementation of UN Security Coun-cil Resolution 1244 on Kosovo, reiterates its fullsupport for KFOR and UNMIK and calls upon allparties to cooperate fully with them in this objec-tive. The EU urges all people in Kosovo to complyfully with the resolution and to end all acts of eth-nic violence in order to allow for the creation of ademocratic and multi-ethnic Kosovo.

The EU recalls its determination to support thedemocratisation process in Kosovo. The EU haswelcomed the establishment of interim co-admin-istration structures, and recalls the attachment toeffective participation by all parties, includingthe Kosovo Serbs, as provided for in the 31 De-cember 1999 agreement. The EU attaches the ut-most importance to the thorough preparation byUNMIK of the local elections to be held later thisyear. It calls on the Yugoslav authorities to fullycooperate with UNMIK for the civil registration ofdisplaced Serbs from Kosovo in Serbia.

The EU furthermore stresses the need for a safereturn of refugees and displaced persons totheir homes, and the assurance of security andfreedom of movement for all people in Kosovoregardless of their ethnic origin and considersthat bringing the perpetrators of atrocities tojustice is of the utmost importance.

3. The EU welcomes the steps taken to imple-ment the peace agreement in Bosnia and Herze-govina. It nevertheless remains concerned aboutthe lack of progress in many areas vital for theprotection of, and respect for human rights andfundamental freedoms. The EU particularlystresses the need to continue reform of the po-lice and the judicial system with a view to fullestablishment of the rule of law, and to end dis-criminatory practices in the area of economicand social rights, which have a negative effecton minority returns. The EU also remains con-cerned about continuing tension between thedifferent ethnic communities and violenceagainst returnees and calls upon all parties toimplement their commitments under the DaytonAgreement and to create appropriate conditionsfor the unrestricted and safe return of displacedpersons, particularly those belonging to minori-ties. The EU urges the authorities in the Repub-lika Srpska part of Bosnia and Herzegovina tocooperate fully with the International CriminalTribunal for the former Yugoslavia (ICTY).

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4. The EU welcomes significant developmentsrecently achieved in Croatia and expresses itsfirm hope that they will strengthen the path to-wards the full establishment of democracy andthe rule of law in the country. This includes thecomprehensive implementation of measuresconcerning the return of refugees and displacedpersons, respect for the rights of persons belonging to minorities, reform of the judicialsystem and ensuring freedom of expression. TheEU welcomes the ongoing legislative process on the amendment of the discriminatory lawsand the extradition to The Hague of MladenNaletilic which reflects the willingness of thenew Croatian leadership to cooperate with theICTY.

5. The EU continues to be strongly committedto the stabilisation and development of theWestern Balkans region and is determined toplay a leading role in the implementation of theStability Pact for South Eastern Europe. Alongwith all governments and organisations con-cerned, the EU is willing to work in close part-nership with the countries of the region to cre-ate the conditions for their integration withinthe European structures.

6. The EU welcomes the decision of the Turk-men authorities to abolish the death penalty. Weare otherwise deeply concerned at the deterio-rating situation of human rights in Turk-menistan. The EU has raised its concerns aboutharassment of political opponents, political ar-rests and treatment of political prisoners. Weobserve with grave concern the difficult situa-tion of small religious groups resulting fromsteadily growing repression. The EU urges Turk-menistan to implement the UN human rightscovenants, which guarantee, inter alia, freedomof opinion, expression, religion, assembly andassociation. In this regard, the EU is gravely con-cerned by the events at the end of last yearwhich opened the way for President Nyazov toremain President for life and which, if imple-mented, would undermine one of the fundamen-tal bases of democracy.

7. The EU urges the government of Uzbekistanto respect freedom of opinion, expression, infor-mation, assembly and association, including free-dom for religious groups. In particular, the EU encourages the authorities to actively protect thehuman rights of persons belonging to religiousminorities. The government ought to allow humanrights defenders to work unhindered and respectthe right to personal integrity. The right to a fairtrial, including fair treatment in pre-trial deten-tion, must be protected as a fundamental right.The EU is deeply concerned at the death sentencespassed in Uzbekistan and urges its authorities to

refrain from the use of the death penalty. The EU isconcerned at the existence of a ‘concentrationcamp’ in the steppes of Karakalpakhia and calls forits immediate dissolution.

8. The EU has noted with concern the resultsof the latest parliamentary elections in Kyrgyzs-tan in which the majority of the opposition wasprevented from taking part because of obstruc-tions created by the government. This means asetback for the development of democracy inthis country. Steps should be taken to ensurethat the presidential elections in December cantake place in a climate of freedom and fairness.

9. The EU remains concerned about the lack ofcivil and political rights in Belarus, in particularreports of arbitrary arrests and detentions, illtreatment and disappearances as well as restric-tions on freedom of expression, association andpeaceful assembly. Deficiencies in the legal andjudicial system also raise our concern, especiallyas regards State interference in judicial proceed-ings, prolonged pre-trial detentions and poorprison conditions. The EU calls upon the govern-ment to undertake legislative reforms in order toimprove civil and political rights and calls for theearly implementation of such reforms, especiallywith a view to the parliamentary elections laterthis year, which should be conducted in a free andfair manner. Furthermore, the position of the par-liament vis-à-vis the powers of the executiveshould be reinforced so as to ensure the restora-tion of the democratic balance of power in theState. The EU also urges the government to abol-ish the death penalty and, as a first step, to intro-duce a moratorium on executions.

10. The EU welcomes the launch of the talksaiming at an overdue, comprehensive, just andlasting solution to the Cyprus problem in December, in accordance with the relevant UNSecurity Council resolutions, and expresses itsstrong support for the UN Secretary-General’s ef-forts to bring the process to a successful con-clusion. The EU continues to follow the situationin Cyprus closely and reaffirms that the statusquo there remains unacceptable. The EU callsfor full respect for human rights and fundamen-tal freedoms on the whole island. In the samecontext, we express our wish that the Committeeof Missing Persons will very soon be able to duly proceed with its work.

The EU supports UNFICYP’s continued efforts toimplement its humanitarian mandate, callingupon all concerned to allow it to do so withouthindrance.

We particularly welcome the recent decision ofthe Republic of Cyprus to ratify Protocol 6 to theEuropean Convention for the Protection of

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Human Rights and Fundamental Freedoms con-cerning the abolition of the death penalty.

11. The EU welcomes recent positive develop-ments in Turkey as well as its intention to con-tinue its reforms towards fulfilling the criteriafor accession to the EU, with particular referenceto the issue of human rights. We welcome thegovernment’s efforts to implement democratic,social, legislative and administrative reforms, aswell as initiatives adopted to improve humanrights conditions, and we encourage furthersteps towards the strengthening of civil and political rights. The EU nevertheless remainsconcerned at continuing reports on the use oftorture and ill-treatment, extra-judicial killings,lack of information on missing persons, restric-tions on freedom of expression and assembly, aswell as the insufficient observance of the rightsof persons belonging to minorities. Despitesome notable efforts to combat human rights violations in detention facilities, the situation inTurkish prisons remains alarming. The EU noteswith satisfaction the stated intention of the government to adhere to the internationalcovenants on civil and political as well as oneconomic, social and cultural rights, and callsupon Turkey to fully respect the rule of law andinternational standards of human rights, includ-ing in the fight against terrorism. The EU alsocalls upon the government of Turkey to urgentlyabolish the death penalty.

12. While noting some improvement, the EU re-mains concerned about the human rights situa-tion in Syria and emphasises that furtherprogress is needed in order to achieve compli-ance with international human rights norms. Ar-bitrary arrests, prison conditions and detentionsbeyond the end of prison sentences are of greatconcern to the EU. Notwithstanding the fact thatan amnesty was granted in the previous year, wecall upon the government of Syria to release allthose imprisoned for exercising freedom of association and expression. The EU also urgesSyria to provide information about the where-abouts and situation of detained persons totheir families or, in the case of foreigners, totheir country of origin. We particularly deplorethe denial of freedom of expression, assemblyand association, as well as restrictions on thefreedom of movement. We equally condemn therepression in Syria of human rights activists anddiscrimination against the Kurdish minority, inparticular stateless Syrian-born Kurds. The EUstresses that it is fundamental that Syria fulfilits obligations under international human rightstreaties, taking all the appropriate measures toimplement them.

13. With regard to Afghanistan, the EU remainsdeeply concerned about the continuing and wide-

spread human rights violations taking place. TheEU’s common position on Afghanistan, adopted inJanuary 2000, renews our call to all parties torecognise, protect and promote all human rightsand fundamental freedoms. The EU is also deeplyconcerned about the continuing grave violationsof the human rights of women and girls, includingall forms of discrimination against them, in all areas of Afghanistan, particularly those under Taliban control. The EU is also disturbed by reportsof human rights violations in the Shomali Plainduring the Taliban’s offensive in 1999, includinghouse and crop burning, forced movements ofcivilian population and destruction of the agricul-tural infrastructure. The EU therefore welcomesthe proposed deployment of UN civilian monitors.We urge all Afghan factions to end discriminatorypolicies and to promote equal rights, dignity andaccess to education, employment and healthcarefor women and men. The EU is deeply concernedabout reports of the use of child soldiers by thewarring factions and strongly urges them to endthis practice without any delay. The EU remainsconvinced that the conflict in Afghanistan has nomilitary solution and that the major contributionto improving the human rights situation inAfghanistan would be an immediate ceasefire, fol-lowed by a negotiated settlement in line with theefforts of the UN leading to the establishment of abroad-based government.

14. The EU remains deeply concerned at the sit-uation of human rights in Saudi Arabia. The EUurges the government to ensure the respect forcivil and political rights. The EU remains partic-ularly worried at prohibitions of, or restrictionson, fundamental freedoms, including freedom ofexpression, assembly and association. The EUencourages Saudi Arabia to remove obstacles tofreedom of religion. The EU is gravely concernedabout the serious violations of the human rightsof women in Saudi Arabia and renews its call forthe improvement of human rights of women inlaw and practice. We strongly urge Saudi Arabiato become party to and implement the Conven-tion on the Elimination of All Forms of Discrimi-nation Against Women. Reports of torture andother inhuman treatment and punishment particularly worry the EU, all the more so sinceSaudi Arabia is a party to the UN Conventionagainst Torture. Considering that the accessionof Saudi Arabia to some conventions in the fieldof human rights is a positive step, the EU en-courages the government of Saudi Arabia to im-plement these texts and to go further by acced-ing to the International Covenant on Civil andPolitical Rights and the International Covenanton Economic, Social and Cultural Rights. The EUencourages Saudi Arabia to cooperate with hu-man rights mechanisms by inviting special rap-porteurs, in particular the Special Rapporteur on

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the Independence of Judges and Lawyers. TheEU is also worried by the increasing number of executions in the country and urges SaudiArabia to limit the use of the death penalty.

15. The EU remains concerned about the humanrights situation in Jammu and Kashmir, where,despite positive steps taken by the Indian Gov-ernment, the situation continues to be far fromnormal. Terrorism and armed infiltration acrossthe line of control have substantially con-tributed to the current situation. The EU encour-ages Pakistan to prevent such infiltration byadopting the appropriate measures. At the sametime, the EU encourages India to take all appro-priate measures to stop human rights violations.Following the full access given to the EU troikamission to Jammu and Kashmir in October 1999and in previous years, the EU would like tostress the need for improvement of access toKashmir for international and non-governmentalorganisations as well as for the Special Rappor-teur on Torture.

16. The EU is concerned about religious intoler-ance on the subcontinent, including cases ofmurder, assault and destruction of places ofworship. In the case of India, the EU thereforewelcomes the renewed commitment by the IndianGovernment to protect the rights of religiousminorities. The EU calls upon Pakistan to protectthe right of religious minorities and to abolishthe death penalty for blasphemy.

17. The EU takes note of the declarations by thePakistani authorities stating their commitmentto democracy, the rule of law and respect for human rights. These are core elements forwhose implementation we urge Pakistan to takeall necessary and adequate measures. We remaindisturbed by the occurrence of human rights violations in Pakistan, including the use of tor-ture, the lack of fair trials, arbitrary detention,violations of the human rights of women andchildren and of the rights of ethnic minorities.The EU calls upon Pakistan to take effectivemeasures to stop the practice of honour killingsof women and girls. The EU is seriously con-cerned about the independence of the judiciary.The EU is particularly concerned about cases ofindividuals who have been kept in ‘protectivecustody’ since last October or have subsequent-ly been arrested and transferred to an unknowndestination, without being charged with of-fences. The EU urges Pakistan to accede to theCovenants on Civil and Political Rights and onEconomic, Social and Cultural Rights and theConvention Against Torture.

18. The EU remains deeply concerned about thecontinuing armed conflict in Sri Lanka and urgesall parties to end the conflict and work for a ne-

gotiated and just settlement. In this respect, theEU hails the resumption of the political dialoguebetween the incumbent President and the leaderof UNP. The EU renews its condemnation of ter-rorist attacks by the LTTE and other paramilitarygroups against civilian targets and calls forthese to stop. The EU also calls on the LTTE tocease using child soldiers. While recognisingsome positive developments in the humanrights situation, we remain concerned at contin-uing human rights violations such as arbitrarydetentions, disappearances, torture andextra-judicial killings. We call upon the govern-ment to investigate these abuses thoroughly,bringing those responsible to justice. The EUagain calls upon the government of Sri Lanka tostrengthen the capacity of the Human RightsCommission of Sri Lanka to investigate and pro-vide for the resolution of violations of humanrights and for the Commission to be given in-creased resources and financial support. We areconcerned about intimidation of the independ-ent media. We call upon the government to re-spect the rights of the free press and to invitethe UN Special Rapporteur on Freedom of Ex-pression to visit Sri Lanka this year.

19. The EU is following with great attention thehuman rights situation in China and is deeplyconcerned about the fact that, despite somesteps in the improvement of the legal systemand social and economic rights, little progresshas been achieved on the ground, in particularregarding civil and political rights. We firmlycondemn the continuing restrictions upon fun-damental freedoms, including freedom ofthought, expression, religion, assembly and as-sociation. The EU expresses its concern in par-ticular at the harsh sentences imposed on polit-ical dissidents calling for democracy in China,as well as at the alarming human rights situationin Tibet and Xinjiang. The EU is equally dis-mayed by the severe sentences passed upon themembers of the Falun Gong movement. Themaintaining of administrative detention and theuse of the death penalty also remain matters ofparticularly serious concern to the EU. We attachgreat importance to the EU–China human rightsdialogue, which we evaluate permanently, butwe emphasise that it is fundamental that thewillingness by the Chinese authorities to discusshuman rights issues of common concern istranslated into concrete actions towards the ef-fective and full realisation of the human rightsof all persons under Chinese jurisdiction. TheEU urges China to restrict the use of the deathpenalty and to take steps towards its abolition.The EU calls upon the Chinese Government toratify, as a matter of priority, the two UN humanrights covenants and to cooperate with the CHRspecial rapporteurs and working groups. As

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well, we urge the government of China to sign amemorandum of understanding with the officeof the HCHR in the near future. The EU alsourges China not to impose restrictions uponfundamental freedoms which are contrary to in-ternationally recognised standards.

20. While a complete assessment of the humanrights situation in the Democratic People’s Re-public of Korea is extremely difficult to obtaindue to lack of transparency and openness, re-ports indicate widespread human rights viola-tions. The EU condemns the denial of humanrights and fundamental freedoms and under-lines its concerns regarding the situation of political prisoners, the absence of the rule of law,attempts to disregard the obligations undertak-en under the ICCPR and the grave humanitariansituation in general. The EU is equally concernedat persisting restrictions concerning freedom ofmovement, including the case of seven NorthKoreans who were repatriated to the DemocraticPeople’s Republic of Korea last January, after theUNHCR had granted refugee status to them.

21. The EU acknowledges the commitmentshown by the Government of Indonesia to bringthe perpetrators of violations of human rightsand international humanitarian law in East Timorto justice, possibly through the establishment of a special human rights court. The EU calls onthe Secretary-General and the High Commission-er to consult with the Government of Indonesiaon any assistance it may need in order to estab-lish a legal process that meets internationalstandards of justice and fairness.

President Wahid’s recent visit to East Timor wasan important and constructive step towards thenormalisation of the relationship between In-donesia and East Timor. Special reference shouldbe made to the agreement between Untaet andthe Indonesian authorities to exchange informa-tion relevant to investigations, prosecutions andtrials. The EU is encouraged by the intention of the Government of Indonesia and Untaet toconclude a memorandum of understanding onmutual collaboration on legal, judicial and human rights affairs. Accountability of those responsible for the violations perpetrated inEast Timor and the redress of victims are a coreelement of the process of reconciliation and ofdemocratic institution building and will improvethe prospects for friendly and peaceful relationsbetween Indonesia and East Timor.

The EU is still concerned at the lack of a secureenvironment for the safe and voluntary returnof refugees in West Timor. Intimidation and mis-information by pro-integration militias and thepresence of TNI soldiers not integrated under anormal command structure appear to be the

strongest impediments to repatriations. The en-hancement of cooperation between the Indone-sian authorities and UNTAET announced duringPresident Wahid’s visit to East Timor should con-tribute to solving subsisting problems.

22. The EU is disturbed by the human rights sit-uation in Malaysia. Restrictions of human rightsand fundamental freedoms such as freedom ofpeaceful assembly and freedom of speech andopinion are matters of concern to the EU. Weurge the Malaysian authorities to bring to an endpolitically motivated repressive measuresagainst political opponents and activists as wellas human rights defenders. The EU equally ex-presses its apprehension in view of the contin-ued erosion of the independence and impartiali-ty of the judiciary in Malaysia, as well as thepersisting excessive use of force by policeforces. We call upon the Malaysian Governmentto abide by the advisory opinion of the Interna-tional Court of Justice on the immunity of theCHR Special Rapporteur on the Independence ofJudges and Lawyers, Param Cumaraswamy. TheEU regrets that doubts remain about the truly in-dependent nature of the national commission onhuman rights recently established by law.

23. The government of Cambodia has manifest-ed a political will to build a society based on therule of law and respect for human rights. Thispolitical will needs to be reflected in decisive ac-tion. While noting that positive steps have beentaken, in particular by virtue of the adoption ofseveral legislative measures relating to humanrights and the institutionalisation of a Govern-mental Committee on Human Rights, the EUrecognises that areas of special concern in theoverall human rights situation persist, such asimpunity and the weakness of the rule of law.The EU is also particularly concerned at the useof violence by the security forces, as well as thesexual exploitation of women and children. Webelieve that the trial of the Khmers Rouges by anindependent tribunal meeting the internationalstandards of justice, fairness and due process oflaw is essential for tackling the problem of im-punity in Cambodia. The EU calls upon the Cam-bodian Government to cooperate with the UN inthis matter. The EU stresses its support for thecontinuing work of the office of the UNHCHR inCambodia and encourages the Cambodian au-thorities to establish independent national insti-tutions for the promotion and protection of hu-man rights.

24. The EU is disturbed by the human rights sit-uation in Laos. While the EU recognises that thegovernment of Laos has a willingness to promotesome of the economic, social, and cultural humanrights, the EU regards the authoritarian rule ofLaos to be a major obstacle to the fulfilment of

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human rights in general. The EU is concernedabout the fact that the exercise of political oppo-sition is not tolerated, the arbitrary nature ofsome of the arrests, the non-existence in practiceof the right to preparation of legal defence andcounsel, and the lack of legal training of the judi-ciary, but takes note of progress on the last issue.The EU is prepared to cooperate with Laos in order to improve the situation in the abovemen-tioned areas. The EU is also dismayed by the re-strictions upon fundamental freedoms, includingfreedom of expression, assembly, association andreligion. It is particularly concerned at the deten-tion of several persons since last October fordemonstrating against the government. The EUequally condemns the fact that militias are toler-ated by the authorities. It also urges the Laotianauthorities to ratify the two UN human rightscovenants. The EU reiterates its humanitarian ap-peal regarding Mr Khamphoui and Mr Sakchit-taphong, two sexagenarian prisoners of con-science in poor health conditions.

25. The EU recognises the undeniable regionaldimension of human rights in the Great Lakesarea. Indeed, the promotion and protection of hu-man rights for all are essential for achieving sta-bility and security in the Great Lakes region andwill contribute to the necessary environment forcooperation among States in the region.

26. The EU remains concerned about continuedhuman rights violations in Rwanda in spite ofsome progress, namely the improvement of thequality of the criminal procedures and the pass-ing of the ruling on the capacity of widows to in-herit. Recovery from genocide, promotion andprotection of human rights and fundamentalfreedoms are primarily responsibilities of thegovernment of Rwanda. The EU welcomes the establishment of the National Human RightsCommission and supports its work. We stressthe importance of its independence, effective-ness, broad-based composition and its close co-operation with the human rights mechanisms ofthe UN. The EU welcomes the renewed coopera-tion between the government of Rwanda and theInternational Criminal Tribunal for Rwanda (ICTR). The use of capital punishment in Rwandais of concern to the EU. The EU calls on the gov-ernment of Rwanda to establish a moratoriumon executions. Prison conditions in Rwanda arealso of great concern. The EU is concerned thatthe programme of regrouped settlement(imudugudu) affects human rights and thereforeurges the Government of Rwanda to apply theprogramme only with the participation and con-sent of the population. The EU hopes that theimplementation of a system of traditional par-ticipatory justice will facilitate an independentand fair solution to the persisting problem of

detention without trial. The EU encourages thegovernment of Rwanda to ensure that this sys-tem is in conformity with the law and interna-tional human rights standards. The EU encour-ages the government of Rwanda to strengthenits relationship with the UNHCHR in this regard.

27. The EU is seriously concerned about thecontinuing and serious human rights abuses inBurundi in spite of some progress, such as theentry into force of the new Code of Criminal Pro-cedure. In the struggle between the armedforces and the rebels, the victims are mostlywomen, children and the elderly. The EU is par-ticularly concerned about the forced removals ofcivilians by the Burundian army and welcomesthe decision of the government to start disman-tling regroupment camps. The EU also calls up-on the government of Burundi to ensure that fullprotection is given to civilians returning homeand support for their reintegration. The EUstrongly condemns the renewed outbreak of in-discriminate violence in Burundi and the attackon humanitarian relief personnel. The EU urgesall parties to refrain from any violence and tofully respect human rights. With respect to theArusha peace process we encourage all partiesto contribute constructively, to accept compro-mise and to reach a negotiated settlement assoon as possible. Progress is particularly neededwith regard to the transnational arrangements,the reform of the army and the judicial sector aswell as the question of land, property and hous-ing for the returning refugees. The EU noteswith interest a plan for reform of the judicialand penitentiary system prepared by the gov-ernment of Burundi. The EU emphasises the im-portance of the fight against impunity and urgesthe government of Burundi to accelerate investi-gations relating to human rights violations, especially those where army units have been involved, and to bring those responsible to jus-tice. The functioning of the legal system and theprison conditions in Burundi continue to be anarea of deep concern. A great number of de-tained persons have not been charged or arestill awaiting trial, the judicial procedure contin-ues to lack transparency and prison conditionsare extremely poor, particularly in the case ofprisoners sentenced to death. The EU regrets thefrequent violations of the human rights of pris-oners. The EU calls on the government of Burun-di to establish a moratorium on executions. TheEU calls upon the government of Burundi to con-tinue its cooperation with the UN human rightsmechanisms, in particular with the office of theUNHCHR.

28. The EU is concerned about the present statusof human rights in Uganda. The EU acknowledgesthe progress realised in this field such as the

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recent adoption of an Amnesty Act, and the im-portant role played by the Human Rights Com-mission. But the EU still notes serious violationsof human rights such as torture, rape and arbi-trary arrest of civilians by members of the policeforce and UPDF as well as cases of extra-judicialkillings. The EU condemns the recruitment anduse of child soldiers by rebel armies in Uganda.The EU urges the government of Uganda to abideby its obligations under the InternationalCovenants on Civil and Political Rights as well ason Economic, Social and Cultural Rights.

29. The EU welcomes the ceasefire agreementrecently signed in Brazzaville, the effective andcomplete interruption of fighting and theamnesty and reintegration decisions taken sub-sequently by the government of the Republic ofCongo. The EU strongly hopes that the cessationof hostilities will quickly lead to an improve-ment of the situation of human rights and to therestoration of democracy. The EU is still strong-ly preoccupied by reports of human rights viola-tions against the civilian population, such as arbitrary detention, torture, involuntary disap-pearances and arbitrary killings. The EU callsupon the authorities of the Republic of the Congo to investigate all human rights abusesand to bring the perpetrators to justice.

30. The EU welcomes the new developments inAlgeria and signs of cooperation by the govern-ment with international partners. In this regardthe EU welcomes the stated readiness of theGovernment of Algeria to develop a dialoguewith all human rights mechanisms and calls forearly, full and effective cooperation of the Gov-ernment of Algeria with these mechanisms. TheEU also notes the invitation issued by the Presi-dent to human rights NGOs to visit the countryand hopes that the visits will take place soon.Although reports of human rights violationssuch as disappearances, torture, arbitrary deten-tion and extra-judicial executions have de-creased the EU continues to remain concerned.The EU therefore calls on the government to in-vestigate outstanding cases of serious humanrights violations allegedly undertaken by the se-curity forces, such as extra-judicial executionsand forced disappearances, in order to promotethe rule of law and combat impunity. The EUwelcomes President Bouteflika’s pursuit of na-tional reconciliation. The EU condemns terroristviolence and underlines that terrorism can onlybe combated in the context of the rule of lawand fully respecting international human rightsstandards. The EU is concerned at recent terror-ist attacks that threaten the security situation inthe country. The EU confirms its readiness tosupport and encourage the reform process in Al-geria. It attaches great importance to continuing

a comprehensive political dialogue with the Algerian authorities.

31. The EU remains concerned about the humanrights situation in Chad, in particular as regardsextra-judicial killings, arbitrary arrest and de-tention and prison conditions including tortureand ill treatment. Inadequacies of the judicialsystem as well as restrictions on freedom ofspeech and press, association and assembly alsoraise concern. The EU urges the government ofChad to take effective steps to end human rightsviolations in the country and ensure the effec-tive establishment of the rule of law.

32. The EU notes with concern that the humanrights situation in Ivory Coast continues to pres-ent insufficiencies in a number of areas, notablyas regards the number of summary and extra-judicial executions as well as arbitrary detentionand prison conditions. The EU calls upon the au-thorities in Ivory Coast to create the necessaryconditions for the full respect of human rightsand the establishment of the rule of law in thecountry and in particular to undertake a reformof its judicial and penitentiary system.

33. The EU has welcomed the political develop-ment in Nigeria, in particular the democratisa-tion process and the overall improvements inthe human rights situation. The EU appreciatesthe decision of President Obasanjo and his gov-ernment to set up a commission mandated to in-vestigate human rights abuses during the periodof military rule. Further, the EU welcomes thefact that the judiciary has started to initiate penal proceedings against some individuals accused of grave human rights violations. The EUencourages the government of Nigeria to furtherpromote human rights, in particular regardingethnic minorities in the Delta area. The EUstresses its firm support for freedom of religionand for the right to a fair trial according to in-ternationally set standards and its opposition tothe application of degrading and cruel penalties.The EU welcomes the federal government’s con-tinuing commitment to these principles.

34. The EU has repeatedly condemned violationsof human rights in the context of the Eritrea andEthiopia conflict, including violations againstother nationalities living within Eritrea’s orEthiopia’s borders, and against persons belongingto minorities. The EU underlines that deporta-tions and other violations of human rights andhumanitarian principles undermine the quest forpeace, reconciliation and confidence-building be-tween the two nations. The EU urges Ethiopia andEritrea to continue the cooperation with the OAUto find a diplomatic solution to end this tragicconflict. The EU commends the efforts of the OAUin seeking a peaceful solution to the conflict,

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which has caused enormous losses in both coun-tries. The EU urges Ethiopia and Eritrea to imme-diately end all hostilities and proceed to a cease-fire and to the signature and the implementationof the framework agreement.

35. The EU notes with concern that since thelast parliamentary elections held in EquatorialGuinea, in March 1999, in themselves marredwith irregularities, a single-party regime hasbeen reintroduced in the country. The EU ap-peals to the government of Equatorial Guinea tocontinue to dialogue with all political partiesand to ensure the independence and efficacy ofthe National Electoral Committee, so as to avoidthese incidents in the future, namely in the localelections scheduled to take place in the middleof this year. The EU remains concerned by con-tinuing allegations of torture, poor prison condi-tions and arbitrary detention of family membersof wanted suspects and calls upon the govern-ment of Equatorial Guinea to give its full sup-port to the newly appointed Special Representa-tive of the Commission on Human Rights.

36. The EU welcomes the peace agreement be-tween the government of Sierra Leone and theRUF signed in Togo on 7 July 1999. The EU callsupon all parties to implement the peace agree-ment speedily and in full as the only basis forlasting peace and stability. In particular, the EUurges the parties to step up efforts to imple-ment all aspects of the disarmament, demobili-sation and reintegration programme. The EUwelcomes the establishment of a Truth and Rec-onciliation Commission as provided for in theagreement and stresses the importance of itssuccessful functioning. The EU emphasises thatthe accountability of individual perpetrators ofgrave human rights violations is important inensuring a fair and equitable justice system andultimately reconciliation and stability in SierraLeone. Grave violations of human rights, atroci-ties such as murder, mutilation, torture, abduc-tions, rape and the use of children as soldiersmust be addressed. The EU condemns continu-ing incidents of violence against civilians. TheEU urges all parties to the peace agreement tocooperate with the UN human rights mecha-nisms, including the appointed UN adviser pro-moting children’s rights, and to allow unhin-dered access for humanitarian organisations andUnamsil throughout the country.

37. The EU remains concerned about the con-tinuing human rights violations caused by theongoing conflict in Somalia, in particular in thesouthern parts of the country. The EU urges allparties in the conflict to continue their efforts tofind a peaceful settlement and to respect andpromote human rights. The situation is aggra-vated by a lack of legal authority and the

absence of the rule of law and of a fair judicialsystem as well as by persisting acts of violenceagainst humanitarian relief workers. The viola-tions of the human rights of women and girls,including the practice of female genital mutila-tion, are of deep concern.

38. The EU continues to be concerned about thehuman rights situation in Angola. The resump-tion of the war in December 1998, for whichUNITA bears the primary responsibility, has ledto serious human rights abuses and breaches ofinternational humanitarian law also across theborders, including extra-judicial and arbitrarykilling of civilians and forcible recruitment ofchildren into military service. The number ofrefugees and displaced persons continues torise. The EU reiterates its appeal to the govern-ment of Angola and UNITA to respect humanrights and cooperate with the humanitarian or-ganisations in the delivery of emergency reliefassistance, to guarantee the safety and freedomof movement of their personnel, as well as ac-cess to affected populations. We call on the gov-ernment, but particularly on UNITA, to immedi-ately cease mine-laying activities and to allowthe population access to food supplies. The EUconsiders the UN continued presence in Angolahighly important for the promotion of peace, na-tional reconciliation and respect for humanrights and calls on the government and UNITA tocooperate fully with the UN human rights activi-ties in the country.

39. The EU deplores the systematic and sys-temic denial of civil and political rights and fun-damental freedoms in Cuba and calls upon theCuban authorities to take vigorous steps with aview to guaranteeing freedom of expression,opinion, association and assembly for the Cubanpeople. We deplore the cases of detention andhouse arrests for political reasons, as well as thecontinued repression of dissidents and politicalopponents in the country. In line with the EUcommon position, the EU encourages the CubanGovernment to enable a peaceful transition to-wards democratic pluralism and a multipartysystem, where separation of powers, accounta-bility and transparency in decision-making areensured. We note with interest the steps takento guarantee a degree of freedom of religion, butare concerned about the continued existence ofthe death penalty. The EU calls upon Cuba to ac-cede to the UN human rights covenants.

40. The EU follows with great attention the po-litical and human rights developments in Haitiand hopes that the parliamentary elections willcreate the conditions for the country to returnto normal political life and the rule of law, whilenoting with concern the persistence of an envi-ronment of political tension and violence. The

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EU remains hopeful that the current postponedelections will be held as soon as possible in afree, fair and transparent way, which is funda-mental for the consolidation of the democraticprocess in Haiti as well as for granting interna-tional assistance. The EU notes with interest thesteps so far taken in the realm of judicial re-form, but condemns the persisting practices ofpopular justice, threats and intimidation of hu-man rights defenders and human rights abusesby the security forces. The EU calls upon theHaitian authorities to fully cooperate with theInternational Civilian Mission for Support inHaiti (MICAH) so that it can favourably dischargeits mandate in the fields of justice, humanrights and training of police forces.

41. With regard to the Caribbean, the EU re-mains concerned about the trend towards fur-ther use of the death penalty. We continue tourge all countries to refrain from applying thedeath penalty. We deeply regret that someCaribbean countries have withdrawn as Statesparty to the optional protocol to the ICCPR andre-acceded with a reservation on Article 1, whichlimits the obligations of the governments to-wards individuals under sentence of death.

42. The EU encourages the new government ofGuatemala to take all the necessary and appro-priate measures to implement the peace ac-cords, with a view to fostering reconciliation inGuatemalan society. Major reforms are needed,mainly in the military and judicial realms, in or-der to improve the situation of human rights inthe country, including tackling the problem ofimpunity for human rights violations. The inves-tigation of the assassination of bishop Juan Ger-ardi shows clearly the current state of the jus-tice administration system, characterised bythreats and intimidation of those participatingin lawsuits. It is encouraging that the new gov-ernment has expressed its strong interest inpromoting a situation in which those responsi-ble for the murder of Bishop Gerardi can bebrought to justice. The EU will be following thisprocess closely. For the EU, compliance with therecommendations made by the Commission forHistorical Clarification is of paramount impor-tance and it strongly urges the Guatemalan au-thorities to take the necessary steps for theirfull implementation as a matter of urgency.

43. The EU notes with satisfaction the contin-ued progress made in Mexico as far as theprocess of democratisation in the country isconcerned and welcomes the invitation made tothe UN for an observation mission in the forth-coming presidential and congressional elections.The EU takes note with satisfaction of the Mexi-can Government’s commitment to human rightsand the steps taken towards improvement of the

situation. The visit by the UNHCHR and the Spe-cial Rapporteur on Forced Executions, as well asthe invitations to visit issued to the special rap-porteurs on violence against women and on theindependence of judges and lawyers show thatcommitment clearly. However, we are deeplyconcerned about persisting corruption and im-punity within the administration and judiciary,which are major obstacles to the rule of law.Moreover, the EU encourages the Mexican Gov-ernment to take legislative measures designedto implement constitutionally guaranteed rights.Harassment and intimidation of media profes-sionals still occur. Illegal detention and tortureare practised by police forces. The EU remainsconcerned about extra-judicial executions,forced disappearances, the abduction of politi-cal opponents, particularly in conflict areas, andthe harassment of human rights workers. Weemphasise that the human rights of indigenouspeople should be fully respected in all circum-stances and the EU encourages the Mexican Gov-ernment to continue to strengthen its efforts toend discrimination against indigenous peoplesand to actively promote their full enjoyment ofhuman rights. The EU stands ready to cooperatewith the Mexican Government and hopes thatthose positive intentions will soon translate intoa real and substantial improvement of the hu-man rights record of the country.

44. The EU continues to be disturbed by thedecline of the rule of law and democratic insti-tutions in Peru, including deterioration in theelectoral process. We express our concern aboutpractices seriously undermining the separationof powers, lack of due process, particularlywhere military penal courts of justice are con-cerned, disrespect for procedural guarantees,harassment of human rights defenders, journal-ists and opposition political leaders, extra-judi-cial executions, torture and appalling condi-tions in detentions centres. The EU deplores thewithdrawal by Peru from the jurisdiction of theInter-American Court of Human Rights. It attaches great importance to the existence ofcomplaints procedures at international leveland considers that this unilateral decisiondeeply weakens the protection of the individualguarantees afforded by that regional system forthe protection of human rights and fundamentalfreedoms.

We are not moved by any kind of confrontation-al approach towards any of the abovementionedcountries. Our purpose is to offer sincere coop-eration to help in reducing tensions and pro-mote the dialogue between all involved. A morestable world can only be achieved if everyone istruly and irrevocably freed from all types of vio-lence and harassment.

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Nações Unidas— Declaração Universal dos Direitos do Ho-

mem (1948)

— Convenção para a Prevenção e Repressão doCrime de Genocídio (1948)

— Convenção de Genebra para Melhorar a Si-tuação dos Feridos e Doentes das Forças Ar-madas em Campanha (1949)

— Convenção de Genebra para Melhorar a Si-tuação dos Feridos, Doentes e Náufragosdas Forças Armadas no Mar (1949)

— Convenção de Genebra relativa ao Trata-mento dos Prisioneiros de Guerra (1949)

— Convenção de Genebra relativa à Protecçãodas Pessoas Civis em Tempo de Guerra(1949)

— Convenção relativa ao Estatuto dos Refugia-dos (1951)

— Convenção sobre a redução dos Casos deApatrídia (1954)

— Convenção relativa ao Estatuto dos Apátri-das (1954)

— Convenção Internacional sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discriminação Racial(1966)

— Pacto Internacional sobre os Direitos Econó-micos, Sociais e Culturais (1966)

— Pacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos (1966)

— Protocolo Facultativo referente ao Pacto In-ternacional sobre os Direitos Civis e Políti-cos (1966)

— Convenção sobre a Eliminação de Todas asFormas de Discriminação contra as Mulhe-res (1979)

— Convenção contra a Tortura e outras Penasou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou De-gradantes (1979)

— Declaração sobre a Eliminação de Todas asFormas de Intolerância e de Discriminaçãobaseadas na Religião ou na Convicção (1981)

— Declaração sobre o Direito ao Desenvolvi-mento (1986)

— Convenção sobre os Direitos da Criança(1989)

— Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Inter-nacional sobre os Direitos Civis e Políticoscom vista à Abolição da Pena de Morte (1989)

— Convenção Internacional relativa à Pro-tecção dos Direitos de Todos os Trabalhado-res Migrantes e Membros das respectivasFamílias (1990)

— Declaração relativa aos Direitos das Pessoasque pertencem a Minorias Nacionais ou Ét-nicas, Religiosas e Linguísticas (1992)

— Declaração sobre a Eliminação da Violênciacontra as Mulheres (1993)

— Declaração sobre os Direitos e a Responsabi-lidade dos Indivíduos, Grupos e Órgãos daSociedade de promover e proteger os Direi-tos do Homem e as Liberdades FundamentaisUniversalmente Reconhecidos (1998)

— Protocolo Facultativo à Convenção sobre aEliminação de Todas as Formas de Discrimi-nação contra as Mulheres (1999)

— Protocolo Facultativo à Convenção sobre osDireitos da Criança, relativo à Implicação deCrianças nos Conflitos Armados (2000)

— Protocolo Facultativo à Convenção sobre osDireitos da Criança, relativo à Venda deCrianças e à Prostituição e Pornografia In-fantis (2000)

86

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 9

INSTRUMENTOS RELATIVOS AOS DIREITOS HUMANOS

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Conselho da Europa— Convenção para a Protecção dos Direitos do

Homem e das Liberdades Fundamentais(1950), com as alterações introduzidas peloProtocolo n.º 11 (1994)

— Protocolo n.º 6 à Convenção para a Pro-tecção dos Direitos do Homem e das Liber-dades Fundamentais relativo à Abolição daPena de Morte (1983), com as alteraçõesintroduzidas pelo Protocolo n.º 11 (1994)

— Protocolo n.º 11 à Convenção para a Pro-tecção dos Direitos do Homem e das Liber-dades Fundamentais (1994)

— Convenção Europeia para a Prevenção daTortura e das Penas ou Tratamentos Desu-manos ou Degradantes (1987)

— Carta Social Europeia (1961)

— Protocolo Adicional à Carta Social Europeiaprevendo um Sistema de Reclamações Co-lectivas (1995)

— Carta Social Europeia (revista) (1996)

— Carta Europeia das Línguas Regionais ou Mi-noritárias (1992)

— Convenção-Quadro para a Protecção das Mi-norias Nacionais (1995)

Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa— Acta Final de Helsínquia (1975)

— Documento Final da Reunião de Viena dosrepresentantes dos Estados participantes na

Conferência sobre a Segurança e Coope-ração na Europa (1986)

— Documento da Reunião de Copenhaga daConferência sobre a Dimensão Humana noâmbito da Conferência sobre a Segurança eCooperação na Europa (1990)

— Carta de Paris para uma Nova Europa (1990)

— Documento da Reunião de Moscovo da Con-ferência sobre a Dimensão Humana noâmbito da Conferência sobre a Segurança eCooperação na Europa (1991)

— Documento de Helsínquia da Conferênciasobre a Segurança e Cooperação na Europa(1992)

— Documento da Reunião de Roma do Con-selho da Conferência sobre a Segurança eCooperação na Europa (1993)

— Documento da Reunião de Viena dos repre-sentantes dos Estados participantes na Con-ferência sobre a Segurança e Cooperação naEuropa (1994)

— Declaração da Cimeira de Budapeste daConferência sobre a Segurança e Coope-ração na Europa (1994)

— Declaração da Cimeira de Lisboa da Organi-zação de Segurança e Cooperação na Europa(1996)

— Declaração da Cimeira de Istambul da Orga-nização de Segurança e Cooperação na Eu-ropa (1999)

— Carta de Segurança Europeia (1999)

87

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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Nações Unidas

— Convenção para a Prevenção e Repressão doCrime de Genocídio (1948)

— Convenção de Genebra para Melhorar a Si-tuação dos Feridos e Doentes das Forças Ar-madas em Campanha (1949)

— Convenção de Genebra para Melhorar a Si-tuação dos Feridos, Doentes e Náufragosdas Forças Armadas no Mar (1949)

— Convenção de Genebra relativa ao Trata-mento dos Prisioneiros de Guerra (1949)

— Convenção de Genebra relativa à Protecçãodas Pessoas Civis em Tempo de Guerra(1949)

— Convenção relativa ao Estatuto dos Refugia-dos (1951)

— Convenção Internacional sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discriminação Racial(1966)

— Pacto Internacional sobre os Direitos Econó-micos, Sociais e Culturais (1966)

— Pacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos (1966)

— Convenção sobre a Eliminação de Todas asFormas de Discriminação contra as Mulhe-res (1979)

— Convenção contra a Tortura e outras Penasou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou De-gradantes (1979)

— Convenção sobre os Direitos da Criança(1989)

Conselho da Europa— Convenção para a Protecção dos Direitos do

Homem e das Liberdades Fundamentais(1950), com as alterações introduzidas peloProtocolo n.º 11 (1994)

— Protocolo n.º 6 à Convenção para a Pro-tecção dos Direitos do Homem e das Liber-dades Fundamentais relativo à Abolição daPena de Morte (1983), com as alteraçõesintroduzidas pelo Protocolo n.º 11 (1994)

— Protocolo n.º 11 à Convenção para a Pro-tecção dos Direitos do Homem e das Liber-dades Fundamentais (1994)

— Convenção Europeia para a Prevenção daTortura e das Penas ou Tratamentos Desu-manos ou Degradantes (1987)

— Carta Social Europeia (1961)

88

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 10

INSTRUMENTOS RELATIVOS AOS DIREITOS HUMANOS ASSINADOS PELOS ESTADOS-MEMBROS DA UE

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BELGIQUE

Pacte relatif aux droits civils et politiques

• Date pour le prochain rapport fixée en oc-tobre 2002.

Pacte relatif aux droits économiques, sociaux et culturels

• Deuxième rapport périodique. Soumis le 23 décembre 1997 (doc. E/1990/6/add18 du 5 mars 1998) à l’examen du Comité lors sasession de novembre 2000.

Convention relative aux droits de l’enfant

• Deuxième rapport périodique. Soumis le 15 mai 1999 à l’examen par le Comité en sep-tembre 2001.

DENMARK

• Fifth periodic report to the Convention onthe Elimination of All Forms of Discrimina-tion Against Women was submitted in May2000.

• 14th periodic report to the Convention onthe Elimination of all Forms of Racial Dis-crimination was submitted on 8 January1999. It was examined on 9 March 2000.

• Fourth report on the Convention Against Tor-ture was submitted on 4 August 2000.

• Fourth periodic report to the Covenant on Civil and Political Rights was submitted30 December 1998. It will be examined on 20 October 2000.

• Third report on the Covenant on Economic,Social and Cultural Rights was submitted on8 August 1996. It was examined on third May2000.

• Second periodic report to the Convention onthe Rights of the Child was submitted in Au-gust 1998.

Reports in English have been published at theweb site of the Danish Ministry of Foreign

Affairs: http://www.um.dk. Details can also befound at the web sites of the treaty bodies.

GERMANY• CESCR:

Fourth report submitted 11 January 2000(Doc. E/C 12/4/Add.3)

• CEDAW:Fourth report submitted 27 October 1998(Doc. CEDAW/C/DEU);Examined 1 February 2000(Doc. CEDAW/C/2000/1/CRP.3/Add.7/rev.1

• CERD:15th report submitted 16 June 2000(Doc. N.N.)

Internet sites:

— in English: www.unhchr.org

— in German: www.auswaertiges-amt.de

GRÈCE• Deuxième et troisième rapports périodiques

en application de la convention sur l’élimina-tion de toutes les formes de discrimination àl’égard des femmes, publiés sous la référence(cedaw/c/grc/2-3) et présentés au comité CEDEF (CEDAW) lors de sa 20e session, le 28janvier 1999. Site sur ces rapports(http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/greece.htm). Site sur les conclusionset recommandations y relatives du CEDEF(http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/20thsess.htm).

• Troisième rapport périodique en applicationde la convention contre la torture et autrespeines ou traitements cruels, inhumains oudégradants, soumis au comité CCT (CAT), le 29 novembre 1999. Le texte du rapportn’est pas encore publié, sa traduction dansles langues de travail du comité étant encours. L’examen du rapport, ainsi que desrapports d’autres pays, est prévu lors de la26e session du CCT du 20 avril au 18 mai

89

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 11 (Tradução não disponível)

REPORTS SUBMITTED BY MEMBER STATESTO HUMAN RIGHTS TREATY BODIES

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2001. Site sur la convocation de ladite ses-sion (http://www.unhchr.ch/html/menu 2/6/cat/cats 24.htm).

SPAIN

Convention on the rights of the child.

• Second report (crc/c/70/add.9), submittedon 1 June 1999.

Convention on the elimination of all forms ofracial discrimination

• 14th and 15th reports (cerd/c/338/add.6),considered jointly by the CERD on 13 and 14March 2000.

These reports can be found on the High Com-missioner for Human Rights web site(http://www.unhchr.ch/spanish/data sp.htm).

FRANCE

• Présentation du rapport en application de laconvention pour l’élimination de la discrimi-nation raciale (Genève, mars 2000).

• Envoi du rapport en application du pacte surles droits économiques et sociaux (juillet2000).

IRELAND

International Covenant on Civil and PoliticalRights

• Second report of Ireland on the measuresadopted to give effect to the provisions of theInternational Covenant on Civil and PoliticalRights, submitted 1998 CCPR/C/IRL/98/2.Concluding observations of Committee, July2000 CCPR/CO/69/IRL.

Convention on the Elimination of All Forms ofDiscrimination against Women

• Second and third periodic reports of Ireland tothe Committee on the Elimination of Discrimi-nation Against Women, submitted 1997CEDAW/C/IRL/2 and 3. Concluding observa-tions of the Committee on the Elimination ofAll Forms of Discrimination against Women:Ireland, July 1999 CEDAW/C/1999/L.2/Add.4.

All the reports and the concluding observationsare available at www.uchchr.ch or at the Depart-ment of Foreign Affairs web site (www.iveagh.irlgov.ie).

ITALIE

• Comité pour l’élimination de la discrimina-tion raciale. Le douzième/treizième rapporta été présenté le 26 juillet 2000 et la date

de son examen n’a pas encore été détermi-née.

• Comité des droits de l’enfant. Le deuxièmerapport a été soumis le 21 mars 2000 et ladate de son examen n’a pas encore été déter-minée.

• Comité des droits économiques, sociaux et culturels. Le troisième rapport(e/1994/104/add.19), soumis le 20 octobre1997, a été examiné lors de la 22e session ducomité (les 27 et 28 avril 2000). Le rapportpeut être consulté sur le site du haut-com-missaire des Nations unies aux droits del’homme.

LUXEMBOURG

• Comité pour l’élimination de la discrimina-tion à l’égard des femmes. Le troisième rap-port périodique a été soumis le 12 mars 1998(cedaw/c/lux/3 et add.1) et examiné le19 janvier 2000.

• Tous ces rapports peuvent être consultés surle site Internet du haut-commissaire auxdroits de l’homme (www.unhchr.ch).

NETHERLANDS

Convention Against Torture and Other Cruel, In-human or Degrading Treatment or Punishment(CAT):

• Latest report No CAT/C/44/Add.8 (third re-porting round) was submitted on 27 Decem-ber 1999

Convention on the Elimination of all Forms ofDiscrimination Against Women (CEDAW):

• Latest report No CEDAW/C/NLD/2; Add.1;Add.2 (second reporting round) was submit-ted on 10 December 1998

Convention on the Rights of the Child (CRC):

• Latest report No CRC/C/51/Add.1 (first re-porting round) was submitted on 15 May1997 (concluding observations/comments:No CRC/C/15/Add.114)

International Convention on the Elimination ofall forms of Racial Discrimination (CERD):

• Latest report No CERD/C/362/Add.4 (13thand 14th reporting round) was submitted on27 April 1999.

International Covenant on Civil and PoliticalRights (CCPR):

• Latest report no.CCPR/C/NET/1999/3 (thirdreporting round) was submitted on 10 Febru-ary 1999.

90

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Page 91: nião Relatório Anual sobre os Direitos Humanosdhnet.org.br/dados/relatorios/r_ue/r_dh_ue_2000.pdf · a venda de crianças e a prostituição e porno-grafia infantis; criação do

International Covenant on Economic, Social andCultural Rights (ESOCUL):

• Latest report No E/1990/6/Add.11 (secondreporting round) was submitted on 20 June1996 (concluding observations/comments:No E/C.12/1/Add. 25).

These reports can be found on the UN humanrights web site (http://www.unhchr.ch).

AUSTRIA

• Convention on the Elimination of All Formsof Discrimination against Women:

Last report submitted: fifth periodic reportDate of submission: 20 September 1999Date of examination: 15 June 2000

• Convention Against Torture and Other CruelInhuman or Degrading Treatment or Punish-ment:

Last report submitted: second periodic reportDate of submission: 12 October 1998Date of examination: 10–12 November 1999

All reports, summary records of the examinationand concluding observations and recommenda-tions — with the exception of the recently sub-mitted report to CERD and the concluding ob-servation of CEDAW on the most recent report —can be found on the Treaty body database whichis available on the Internet homepage of the of-fice of the High Commissioner for Human Rights(http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf).

PORTUGAL

• Contre la torture. Le troisième rapport a étésoumis le 2 février 2000 (CAT/C/44/Add.7)et analysé par le Comité le 3 mai 2000. Le rapport peut être consulté sur le site (www.gddc.pt/pt/dh/Tortura/CAT44English_i.htm) ou sur le site du haut-commis-saire des Nations unies aux droits de l’hom-me (www.unhchr.ch).

• Comité pour l’élimination de la discrimina-tion raciale. Le neuvième rapport soumis le 6 janvier 2000 sera analysé lors de la 58e ses-sion du CERD en mars 2001.

• Comité des droits économiques, sociaux et culturels. Le troisième rapport a été soumisle 7 novembre 1997 (E/1994/104/Add.20),lors de la présession du comité qui a eu lieu entre le 17 et le 21 mai 1999; des questions auxquelles le Portugal a répondu le 13 janvier 2000 ont été posées sur le rapport. Le rapport sera analysé par le comité lors de sa 24e session qui aura lieuentre le 13 novembre et le 1er décembre 2000.

Ce rapport peut être consulté sur le site(www.gddc.pt/pt/dh/MDH/cdesc/index.htm).

• Comité pour l’élimination de la discrimina-tion à l’égard des femmes. Le quatrième rapport a été soumis le 23 novembre 1999 (CEDAW/C/PRT/4). La date de son analyse n’apas encore été déterminée.

• Comité des droits de l’enfant. Le deuxièmerapport soumis le 8 octobre 1998(CRC/C/65/Add.11) sera analysé pendant la27e session du Comité en mai-juin 2001.

FINLAND

United Nations:

• The 15th report concerning the implementa-tion of the CERD was submitted in August1999. The examination will take place 1 and2 August 2000.

• The third report to the CAT Committee wassubmitted in October 1998. The report wasexamined 11 and 12 November 1999.

• The second report to the CRC was submittedin July 1998. The examination will take place19 September 2000.

• The fourth report to the Committee on Eco-nomic, Social and Cultural Rights was sub-mitted in July 1999. The Committee has notset a date for the examination.

• The third report to the CEDAW was submittedin January 1997 and the fourth report in Oc-tober 1999. Both reports will be examined inJanuary 2001.

Council of Europe:

• European Social Charter: the sixth report wassubmitted in April 2000.

• The initial report concerning the applicationof the European Charter on Regional or Minority Languages was submitted 2 March1999.

• The initial report concerning the implemen-tation of the Framework Convention on National Minorities was submitted 4 February1999.

Reports in English can be viewed at the web siteof the Finnish Ministry of Foreign Affairs:http://virtual.finland.fi/ministry/english/humanrights.html. Reports in Finnish (exceptthe fourth report to the HRC and the third reportto CEDAW) are also published on the Ministry’sweb site (http://virtual.finland.fi/ministry/suomi/ihmisoikeudet.html).

91

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Page 92: nião Relatório Anual sobre os Direitos Humanosdhnet.org.br/dados/relatorios/r_ue/r_dh_ue_2000.pdf · a venda de crianças e a prostituição e porno-grafia infantis; criação do

Details about the examinations can be found at the web sites of the treaty bodies. Shadow reports are published on the web site of the Finnish League for Human Rights (www.ihmisoikeusliitto.fi).

SWEDEN

International Covenant on Economic, Social andCultural Rights:

• The latest report was submitted 10 April2000. The time when the Committee will con-sider the report is not yet scheduled.

International Convention on the Elimination ofAll Forms of Racial Discrimination:

• The latest report was submitted 5 August1999. The Committee will consider the re-port 10 and 11 August 2000.

Convention on the Elimination of All Forms ofDiscrimination against Women:

The latest report was submitted 21 May 1996.The Committee has scheduled to considered thereport in June–July 2001.

The reports and the concluding observations ofthe committees can be found through the website of the UN High Commissioner for HumanRights (http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf).

Sweden is also preparing to make the reports andthe committees concluding observations avail-able through the web site of the Ministry of For-eign Affairs (http:/www.utrikes.regeringen.se).

UNITED KINGDOMUN Treaty Monitoring Bodies

• Fifth periodic report under the InternationalCovenant on Civil and Political Rights. Sub-mitted: August 1999. It can be found on theInternet (www.homeoffice.gov.uk).

• Second periodic report under the Conventionon the Rights of the Child. Submitted: August1999. It can be found on the Internet(http://193.32.28.83/unchild.htm).

• Initial report of UK in respect of the OverseasTerritories and Isle of Man under the Con-vention on the Rights of the Child. Submit-ted: February 2000. It can be found on the In-ternet (www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf). Exami-nation date: 21 September 2000.

• Fifteenth periodic report under the Conven-tion on the Elimination of Racial Discrimina-tion. Submitted: May 2000. It can be foundon the Internet (www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf).Examination: 14 and 15 August 2000

Other examinations:

• Human Rights Committee examined the com-bined 4/5th reports of the UK in respect ofthe Isle of Man, Jersey, Guernsey in New Yorkon 17 March 2000. The reports and the Com-mittee’s conclusions are available on the In-ternet (www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf).

Reports submitted under the European SocialCharter

• UK’s 20th annual report

92

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Page 93: nião Relatório Anual sobre os Direitos Humanosdhnet.org.br/dados/relatorios/r_ue/r_dh_ue_2000.pdf · a venda de crianças e a prostituição e porno-grafia infantis; criação do

BELGIQUE

• Le montant des contributions budgétaires vo-lontaires de la Belgique affectées aux méca-nismes de protection des droits de l’hommede l’ONU s’est élevé, pour la période se situantentre le 1er janvier 1999 et le 31 décembre1999, à 1 141 364 USD.

DENMARK

• For the year 1999, Denmark has contributedDKK 10 600 000 to the office of the HighCommissioner for Human Rights coveringfield operations, UN Voluntary Fund for Vic-tims of Torture, Treaty bodies, etc.

• In the budget for 2000 Denmark has alsobudgeted for DKK 10 000 000 to OHCHR forthe abovementioned purposes. Furthermore,Denmark has contributed DKK 1 300 000 tothe UN Voluntary Fund for the Programme ofAction of the Third Decade to Combat Racismand Racial Discrimination earmarked for theWorld Conference on Racism for the period1998–2001.

• For assistance to human rights and demo-cracy projects in Cambodia Denmark hasbudgeted for DKK 2 000 000 in 1999 andDKK 2 000 000 in 2000.

GERMANY

• DEM 225 000:Voluntary Fund for Victims of Torture

• DEM 675 000:Trust fund technical cooperation activities

• DEM 100 000:Documentation of human rights violations inCongo

• DEM 200 000:Technical cooperation activities/national in-stitutions

• DEM 150 000:Human rights support for peace-making,

peacekeeping and peace-building activi-ties/Burundi

• DEM 150 000:Human rights support for peace-making,peacekeeping and peace-building activi-ties/Colombia

• DEM 75 000:World Conference Against Racism, Racial Dis-crimination, Xenophobia and Related Intoler-ance

• DEM 25 000:Trust fund third decade to combat racism,racial discrimination, xenophobia and relatedintolerance

• DEM 50 000:Trust fund for indigenous populations

• DEM 250 000:Voluntary fund for Victims of Torture

• DEM 200 000:Technical cooperation activities/Yemen

• DEM 200 000:Technical cooperation activities/national in-stitutions

• DEM 250 000:Human rights support for peace-making,peacekeeping and peace-building activi-ties/Colombia

• DEM 500 000:Human rights support for peace-making,peacekeeping and peace-building activi-ties/Federal Republic of Yugoslavia

• DEM 200 000:Human rights support for peace-making,peacekeeping peace-building activities/Croa-tia

• DEM 250 000:Human rights support for peace-making,peacekeeping and peace-building activi-ties/Bosnia and Herzegovina

Grand total: DEM 3 450 000

93

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 12 (Tradução não disponível)

FINANCIAL CONTRIBUTIONS BY MEMBER STATESTO THE UN HUMAN RIGHTS MECHANISMS

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GRÈCE

Les contributions financières de la Grèce auxmécanismes onusiens de protection des droitsde l’homme pour 1999 s’élèvent à 972 200 USD.

SPAIN• World Conference on Racism:

ESP 15 000 000.

• UN fund for technical cooperation in the fieldof human rights: ESP 10 000 000.

• UN voluntary fund for victims of torture:ESP 7 000 000.

• Office for Coordination of Humanitarian Af-fairs (OCHA): ESP 300 000 000.

• Office of the UN High Commissioner for Hu-man Rights (UNHCHR): ESP 15 000 000.

• Office of the UNHCHR in Bogota (Colombia):ESP 15 000 000.

FRANCEPour la période couverte par le rapport, lescontributions volontaires de la France s’élèventà 5,85 millions de FRF, soit:

• 4,35 millions de FRF pour le Haut-Commissa-riat pour les droits de l’homme;

• 0,5 millions de FRF pour les victimes de latorture;

• 0,5 millions de FRF pour les populations au-tochtones;

• 0,5 millions de FRF pour le Togo.

IRELANDFunding:

Details of funding for 2000 and 1999 below:

• UN Office for the Coordination of Humanitar-ian Affairs (OCHA):

— 2000: IEP 200 000;— 1999: IEP 175 000.

• UN Voluntary Fund for Assistance in MineClearing:

— 2000 IEP 125 000;— 1999 IEP 100 000.

• Office of the Special Representative for Chil-dren and Armed Conflict:

— 2000 IEP 35 000;— 1999 IEP 38 000.

• UNV:

— 2000 GBP 350 000 (Some 50 % of this fund-ing for projects to which Irish APSO-spon-

sored volunteers are assigned; GBP 50 000in support of Ombudsman office in Peru);

— 1999 GBP 275 000.

• Office of the UN High Commissioner for Hu-man Rights:

— 2000 IEP 650 000;— 1999 IEP 440 000.

ITALIE

• 1999: 1 300 000 000 ITL;

• 2000: 1 200 000 000 ITL.

LUXEMBOURG

En 1999

• Fonds des Nations unies de contributions vo-lontaires aux victimes de la torture: 500 000LUF (12 395 EUR)

• Haut-Commissariat aux droits de l’homme:60 000 000 LUF (1 487 362 EUR)

En 2000

• Fonds de contributions volontaires aux vic-times de la torture des Nations unies:500 000 LUF (12 395 EUR)

• Haut-Commissariat aux droits de l’homme:1 000 000 LUF (24 790 EUR)

NETHERLANDS

Contributions to the office of the UN High Com-missioner for Human Rights in 1999/2000 a to-tal of NLG 5 537 000 consisting of:

• General contribution to the office: NLG3 000 000;

• Torture Fund: NLG 1 000 000;

• Indigenous People Fund: NLG 212 000;

• Technical Assistance Fund: NLG 1 000 000;

• World Conference Against Racism: NLG250 000;

• Trust Fund Slavery: NLG 75 000.

AUSTRIA

• UN Voluntary Fund for Technical Coopera-tion:

1999: USD 120 000;2000: USD 40 000.

• UN Voluntary Fund for Victims of Torture:

1999: USD 20 000;2000: USD 40 000.

94

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

Page 95: nião Relatório Anual sobre os Direitos Humanosdhnet.org.br/dados/relatorios/r_ue/r_dh_ue_2000.pdf · a venda de crianças e a prostituição e porno-grafia infantis; criação do

PORTUGALPendant la période se situant entre le 1er janvier1999 et le 31 décembre 1999, le Portugal a versédes contributions volontaires pour un montantde 85 000 USD aux mécanismes onusiens de pro-tection des droits de l’homme.

FINLANDIn 1999 Finland’s contribution was c. FIM 5 700 000,which was divided as follows:

Directly to the OHCHR:

• Treaty monitoring bodies: FIM 1 200 000;

• field operations (Congo, Columbia,Bosnia-Herzegovina): FIM 2 100 000;

• World Conference on Racism: FIM 150 000.

Through the OHCHR:

• UN Fund for Technical Cooperation in theField of Human Rights, VFTC: FIM 1 000 000;

• UN Voluntary Fund for Victims of Torture:FIM 1 000 000;

• UN Voluntary Fund for Indigenous Popula-tions: FIM 200 000.

Due to the late date of disbursement of some1999 grants, these would appear in OHCHR ac-counts as revenue received 2000. In the budgetfor the year 2000, Finland has allocated aroundFIM 6 000 000 for the abovementioned purposes.

SWEDEN

Sweden contributes with SEK 9 300 000 toOHCHR’s activities, SEK 1 000 000 to ‘nationalinstitutions’ through the OHCHR, SEK 8 900 000to OHCHR Field Offices in Burundi, Cambodiaand Colombia, about SEK 3 000 000 to SRSG forChildren in Armed Conflicts and SEK 1 000 000to SRSG on Internally Displaced Persons. Swedenalso finances about 20 JPOs working with humanrights issues. Not including the costs or the JPOsthis amounts to SEK 23 200 000.

UNITED KINGDOM

• GBP 2 000 000 to OHCHR every year from1999–2002. Projects include strengtheningresource mobilisation capacity, support tothe TMBs and strengthening core manage-ment systems.

• UN Voluntary Fund for Victims of Torture:GBP 130 000.

• Convention against Torture Fund for UrgentCases: GBP 50 000.

• UNHCHR Voluntary Fund for Technical Coop-eration: GBP 115 000.

• UNHCHR Trust Fund for the World Confer-ence Against Racism:GBP 100 000.

• UNHCHR Office in Bogota Technical Coopera-tion Programme: GBP 108 000.

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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BélgicaNenhum representante dos mecanismos relati-vos aos direitos humanos visitou a Bélgicarecentemente.

DinamarcaEntre Julho de 1999 e Junho de 2000, não se reali-zaram visitas de representantes dos mecanismosrelativos aos direitos humanos à Dinamarca.

AlemanhaFatma-Zohra Ouhachi-Vesely, relatora especialsobre as transferências e descargas ilegais deresíduos tóxicos, visitou a Alemanha entre 25 e29 de Outubro de 1999. O seu relatório (Doc.E/CN.4/2000/50/Ad.1) foi apresentado em 20 deMarço de 2000.

Sítio Internet: www.unhchr.ch (em inglês).

GréciaNenhum representante dos mecanismos relativosaos direitos humanos visitou a Grécia recentemente.

EspanhaNenhum representante dos mecanismos relati-vos aos direitos humanos visitou a Espanharecentemente.

França• Visita de uma delegação de dois membros

da ECRI (Comissão Europeia contra o Raci-smo e a Intolerância) em Outubro de 1999.

• Visita de uma delegação do CPT (Comité paraa Prevenção da Tortura) em Maio de 2000.

IrlandaVisita do relator especial sobre a defesa e pro-moção do direito à liberdade de opinião e de

expressão (1999): Relatório da missão à IrlandaDoc. E/CN.4/2000/63/Add.2, disponível no sítioInternet www.uchchr.ch.

ItáliaNenhum representante dos mecanismos relati-vos aos direitos humanos visitou a Itália recen-temente.

LuxemburgoNenhum representante dos mecanismos relati-vos aos direitos humanos visitou o Luxemburgorecentemente.

Países BaixosNo período de Maio de 1999 a Maio de 2000, foiefectuada uma visita por Fatma-Zohra Ouhachi-Ve-sely, relatora especial da ONU sobre as transferên-cias e descargas ilegais de resíduos tóxicos. O rela-tório da sua missão aos Países Baixos de 18 a 20 deOutubro de 1999 (Doc. E/CN.4/2000/50/Add.1, de20 de Março de 2000), pode ser consultado no sítioInternet das Nações Unidas sobre direitos huma-nos http://www.unhchr.ch.

ÁustriaNão se efectuaram quaisquer visitas de mecanis-mos da Comissão dos Direitos do Homem à Áustria.

PortugalNenhum representante dos mecanismos relati-vos aos direitos humanos visitou Portugal recen-temente.

FinlândiaConselho da Europa:

• O Comité da Carta Europeia das Línguas Re-gionais ou Minoritárias visitou a Finlândia

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 13

VISITAS A ESTADOS-MEMBROS DE REPRESENTANTES DOS MECANISMOS RELATIVOS AOS DIREITOS HUMANOS

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em Dezembro de 1999, e o Comité Consul-tivo para as Minorias Nacionais em Agostodo mesmo ano. No sítio Internet do Con-selho da Europa http://www.coe.int encon-tram-se relatórios que referem ambas asvisitas.

• O Comité Consultivo para as Minorias Na-cionais ainda não terminou as suas reco-mendações, que serão apresentadas ao Co-mité de Ministros, para aprovação definiti-va, muito provavelmente no Outono de2000.

SuéciaNão se efectuaram visitas de representantes dosmecanismos das Nações Unidas realtivos aos

direitos humanos no período a que se refere orelatório (Julho de 1999/Junho de 2000).

Reino Unido• A relatora especial sobre o direito à educa-

ção visitou o Reino Unido de 18 a 22 de Ou-tubro de 1999, podendo o seu relatório serconsultado em www.unhchr.ch.

• O relator especial sobre a liberdade de expressão visitou o Reino Unido de 25 a28 de Outubro de 1999, podendo também o seu relatório ser consultado em www.unhchr.ch.

• O Comité Europeu para a Prevenção da Tor-tura visitou a Irlanda do Norte entre 29 deNovembro e 8 de Dezembro de 1999.

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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A.

Por ocasião do 50.º aniversário da adopção daDeclaração Universal dos Direitos do Homem, aUnião Europeia recorda a importância primor-dial que atribui a esta Declaração, alicerce depolíticas a nível nacional, regional e mundialque permitem avançar e assegurar a dignidadehumana em todo o mundo.

O carácter universal e indivisível dos direitoshumanos e a responsabilidade pela sua protec-ção e promoção, juntamente com a promoção dademocracia pluralista e das garantias efectivasdo Estado de direito, constituem objectivosessenciais para a União Europeia, enquantounião de valores comuns, e formam um esteiofundamental para a nossa acção.

O ser humano ocupa um lugar central nas nos-sas políticas. Garantir a dignidade humana decada indivíduo continua a constituir o nossoobjectivo comum. A plena realização dos direi-tos da mulher e da criança merece particulardestaque, dado que continua a ser geral a atitu-de de negligência a este respeito.

A protecção e promoção dos direitos humanos edas liberdades fundamentais, pelas quais os Go-vernos são responsáveis, contribuem para aprosperidade, a justiça e a paz no mundo. Toda-via, estes objectivos não podem realizar-se semo trabalho de organizações internacionais, dasociedade civil e dos indivíduos.

A União compromete-se a prestar um apoio per-manente a uma maior promoção e protecção dosdireitos humanos, em aplicação do Tratado daUnião Europeia, da Convenção Europeia para aProtecção dos Direitos do Homem e das Liberda-des Fundamentais, e das declarações do Con-selho Europeu do Luxemburgo de 1991 e 1997, eadopta a seguinte Declaração:

B.1. Desde a adopção, há cinquenta anos, da De-

claração Universal dos Direitos do Homem,a União assistiu a progressos no domíniodos direitos humanos e no desenvolvimen-to da democracia através do mundo. Toda-via, a União continua consciente das amea-ças ao progresso e da necessidade de inten-sificar a sua determinação e os seus esfor-ços no sentido do respeito universal de to-dos os direitos humanos de todos os indiví-duos.

2. A adopção da Declaração Universal lançouum processo irreversível de sensibilizaçãoda sociedade civil para o problema dosdireitos humanos e das liberdades funda-mentais em todo o mundo, constituindo,em particular, o alicerce do subsequentedesenvolvimento de um assinalável conjun-to de importantes instrumentos jurídicosinternacionais, tais como os Pactos Interna-cionais sobre os Direitos Civis e Políticos esobre os Direitos Económicos, Sociais e Cul-turais. A Conferência Mundial sobre os Di-reitos do Homem, realizada em Viena, em1993, veio confirmar a universalidade e aindivisibilidade de todos os direitos huma-nos. A União apela a todos os países queainda o não tenham feito a que se tornempartes nos mais importantes convénios emmatéria de direitos humanos.

A implementação da Declaração Universal edos demais instrumentos internacionais dedefesa dos direitos humanos reveste-se decrucial importância para a concretização dauniversalidade dos direitos neles consigna-dos. Não poderá haver quaisquer disposi-ções especiais, baseadas em consideraçõesde ordem nacional, cultural ou religiosa,que permitam derrogações aos princípiosconsagrados nesses instrumentos. O cin-quentenário da Declaração Universal pro-porciona a realização de um balanço e moti-

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 14

DECLARAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIApor ocasião do cinquentenário

da Declaração Universal dos Direitos do HomemViena, 10 de Dezembro de 1998

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va o redobramento de esforços para promo-ver a implementação dos direitos humanosem todos os países do mundo. A Uniãoaproveita este ensejo para reiterar o seuempenhamento no respeito de todos osdireitos humanos de todos os indivíduos.

Tendo em mente a Declaração do ConselhoEuropeu de 28 e 29 de Junho de 1991, noLuxemburgo, a União reconhece e saúda osprogressos realizados desde a adopção daDeclaração Universal. Contudo, a União nãopode deixar de lamentar a persistência deviolações dos direitos humanos em todo omundo. A União reafirma que a comunidadeinternacional e todos os Estados, actuandoa título individual ou colectivo, têm a per-manente e legítima responsabilidade depromover e salvaguardar os direitos huma-nos a nível mundial. A União, por seu lado,continuará a combater a violação dessesdireitos onde quer que ocorra. Ao mesmotempo, congratula-se com o facto de umnúmero crescente de Estados trabalhar emconjunto com a União, com base em parce-rias, para promover os direitos humanos eassegurar a sua universalidade.

Nos últimos cinquenta anos, em todo omundo, milhares de mulheres e homenstêm lutado para proteger estes valores,pagando muitas vezes um pesado tributo. AUnião presta homenagem à corajosa acçãodessas mulheres e homens, que a inspirarãona sua determinação em promover os direi-tos consagrados na Declaração Universal.

Neste contexto, a União acolhe com agradoa adopção, pela Assembleia Geral dasNações Unidas, de uma Declaração sobre osDefensores dos Direitos Humanos. A salva-guarda e a promoção dos direitos humanosrecebem actualmente, em todo o mundo,contributos indispensáveis e corajosos,quer por iniciativa individual, quer a nívelde organizações não governamentais, quedevemos apoiar de forma firme e perma-nente.

3. A União Europeia, que assenta nos princí-pios da liberdade, da democracia, do respei-to pelos direitos humanos e pelas liberda-des fundamentais, bem como do Estado dedireito, subscreve os valores subjacentes àDeclaração, e está ciente da necessidade depromover os direitos humanos nos seuspróprios países. Tanto a nível interno comono plano externo, o respeito pelos direitoshumanos proclamados na Declaração Uni-

versal é um dos elementos essenciais dasactividades da União. Na sua acção, as insti-tuições da União respeitam os direitoshumanos tal como os garante a ConvençãoEuropeia para a Protecção dos DireitosdoHomem e das Liberdades Fundamentais etal como resultam das tradições constitu-cionais comuns aos Estados-Membros, sob ocontrolo do Tribunal de Justiça das Comuni-dades Europeias. Além disso, osEstados-Membros estão vinculados pelaConvenção Europeia e a sua acção é subme-tida à supervisão do Tribunal Europeu dosDireitos do Homem.

Com a entrada em vigor do Tratado de Ames-terdão, o respeito pelos direitos humanos epelas liberdades fundamentais constituiráuma condição para a adesão à União Euro-peia, podendo uma violação grave e persis-tente desses direitos conduzir à suspensãodos direitos do Estado-Membro em causa.

Acresce que o Tratado de Amesterdão torna-rá ainda mais firme o empenhamento nasalvaguarda e promoção dos direitos huma-nos e das liberdades fundamentais, emespecial através de medidas de combate àdiscriminação em toda uma série de domí-nios, reforçando nomeadamente as possibi-lidades de garantir a igualdade de oportuni-dades entre homens e mulheres. Além dis-so, na observância da Carta Social Europeiae da Carta Comunitária dos Direitos SociaisFundamentais dos Trabalhadores, o Tratadode Amesterdão define objectivos na áreados direitos sociais fundamentais. A coope-ração desenvolvida pela União Europeia emmatéria de justiça e segurança será igual-mente norteada pelo respeito dos direitoshumanos.

O respeito pelos direitos humanos e pelasliberdades fundamentais é também um dosobjectivos da Política Externa e de Segu-rança Comum da União, bem como das suasacções de cooperação para o desenvolvi-mento. A União persegue este objectivo nãosó nas suas relações bilaterais com paísesterceiros, mas também no âmbito dasNações Unidas e de outras instâncias multi-laterais, designadamente a Organização deSegurança e Cooperação na Europa e o Con-selho da Europa.

Na prossecução da sua política de promo-ção dos direitos humanos em todas as par-tes do mundo, a União aborda regularmentequestões de direitos humanos no seu diálo-

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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go com países terceiros, enquanto impor-tante e legítimo componente deste diálogo,bem como em diligências e declarações.

A União Europeia incluiu, nos acordos quecelebra, uma cláusula que torna o respeitopelos direitos humanos, em especial os con-sagrados na Declaração Universal dos Direi-tos do Homem, um elemento essencial docarácter vinculativo desses acordos. AUnião assume, deste modo, a sua responsa-bilidade na promoção e protecção dos direi-tos humanos enquanto legítima preocupa-ção da comunidade internacional, reafir-mando simultaneamente que é a todos e acada um dos governos que cabe a responsa-bilidade primordial por essa protecção epromoção.

A União manifesta a sua preocupação pelosrecentes incidentes de racismo e xenofobia,tanto no interior da União como no mundo,e trabalhará activamente para obter resulta-dos significativos na Conferência Mundialsobre o Racismo. Os esforços da União nes-ta matéria são completados por um lequede medidas práticas; neste contexto, aUnião deseja destacar, nomeadamente, asactividades do Observatório do Racismo eda Xenofobia, sediado em Viena.

A União decidiu, no ano corrente, intensifi-car os seus esforços em prol da aboliçãouniversal da pena de morte no âmbito deuma política firmemente assumida, aprova-da pela União. Nos países onde ainda existea pena de morte, a União apela à restriçãoda sua aplicação e solicita que a mesmaapenas se processe de acordo com salva-guardas internacionais. Além disso, a Uniãoexerce pressão, sempre que necessário, nosentido da instauração de moratórias.

A União atribui a maior importância aoapoio a todos os esforços de promoção dademocracia, do respeito pelos direitoshumanos, do Estado de direito e da boagovernação. Assim sendo, a União apoia to-da uma série de projectos e programas nes-tas áreas através do mundo.

A União e os Estados-Membros estão empe-nhados na cooperação com mecanismosinternacionais de promoção dos direitoshumanos a nível mundial e regional. AUnião apoia activamente a actuação da alta--comissária das Nações Unidas para os Di-reitos do Homem e as suas actividades, emespecial as que se realizam in loco. A União

encoraja o secretário-geral da ONU nos seusesforços para uma melhor integração dasquestões de direitos humanos no vasto le-que de actividades das Nações Unidas.

A União congratula-se, em particular, com aadopção do estatuto de um Tribunal CriminalInternacional permanente, que julgará os ca-sos mais graves de crime e violação do direi-to humanitário que preocupam a comunida-de internacional, e faz um apelo para queeste estatuto seja rapidamente ratificado.

4. Estas políticas devem ser prosseguidas e, senecessário, intensificadas e melhoradas. Ne-ste contexto, importa que a União reforce asua capacidade de realização dos objectivosque estabeleceu em matéria de protecção epromoção dos direitos humanos e das liber-dades fundamentais. Neste contexto, aUnião está determinada a assegurar o res-peito dos direitos humanos em todas assuas acções. Em especial, a União analisaráas seguintes medidas concretas:

1) reforço da capacidade para levar a cabouma avaliação conjunta da situação dosdireitos humanos a nível mundial, atra-vés de uma coordenação mais estreita, epara assegurar que se encontrem dispo-níveis todos os meios pertinentes neces-sários à sua acção no âmbito da União,incluindo através da eventual publicaçãode um relatório anual comunitário dosdireitos humanos;

2) desenvolvimento da cooperação nodomínio dos direitos humanos, tais co-mo acções educativas e formativas, emcoordenação com outros organismospertinentes, e de esforços para que pros-siga o programa de cursos de licenciatu-ra em direitos humanos organizados porquinze universidades europeias;

3) reflexão sobre a utilidade de criar umainstância de debate periódico sobre osdireitos humanos, com a participação deinstituições da União Europeia e derepresentantes de instituições académi-cas e ONG;

4) reforço da capacidade de resposta àsexigências operacionais internacionaisna área dos direitos humanos e dademocratização, nomeadamente atravésda eventual elaboração de uma lista co-mum de peritos europeus em matéria dedireitos humanos e democracia, paraintervenções locais no domínio dosdireitos humanos, bem como para apoioe supervisão de eleições;

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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5) promoção do desenvolvimento e da con-solidação da democracia e do Estado dedireito, bem como do respeito pelosdireitos humanos e pelas liberdades fun-damentais em países terceiros, em espe-cial trabalhando no sentido de quesejam adoptados o mais rapidamentepossível os projectos de regulamentos,

presentemente em análise no âmbito daUE, relativos à execução de acções decooperação;

6) criação de todos os meios que permitamconcretizar coerentemente estes objecti-vos, estudando nomeadamente a possi-bilidade de reforçar as estruturas comu-nitárias pertinentes.

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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China: conclusões1. De harmonia com as suas conclusões de 22

de Março de 1999, à luz do diálogo sobre osDireitos do Homem entre a UE e a China, eem vésperas da 56.ª Comissão dos Direitosdo Homem da ONU, o Conselho reviu a suapolítica relativa aos Direitos do Homem naChina.

2. O Conselho saudou a intenção declarada daChina de cooperar com os mecanismos dedefesa dos Direitos do Homem da ONU einstou a China a redobrar esforços nessesentido. A UE encoraja particularmente aChina a ratificar os pactos da ONU sobre osdireitos económicos, sociais e culturais esobre os direitos civis e políticos o maisrapidamente possível, a cooperar maisestreitamente com os relatores especiais eos grupos de trabalho da CDH, bem como aassinar o Memorando de Entendimento como Gabinete da Alta-Comissária para os Direi-tos do Homem.

3. O Conselho reiterou a importância que atri-bui à oportunidade que constituem o diálo-go sobre os Direitos do Homem entre a UE ea China e o Programa de Cooperação, aopermitirem trabalhar conjuntamente para apromoção e o respeito dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais na Chi-na. O Conselho observa que a China mani-festou disponibilidade para debater no qua-dro do diálogo um certo número de ques-tões sensíveis de interesse comum. A UEmantém a sua posição de que o diálogo só éuma opção aceitável se forem obtidos pro-gressos suficientes e estes se reflectirem noterreno.

4. O Conselho lamentou no entanto que ospassos positivos dados pela China a nívelinternacional estejam não apenas a marcarpasso, mas não tenham também sido tradu-zidos em progressos sensíveis na situação

interna dos direitos do Homem. A UE estáprofundamente preocupada com a coacçãocontínua e generalizada das liberdades fun-damentais, nomeadamente as liberdades dereunião, expressão e associação. Mais con-cretamente, a UE está desanimada pelo fac-to de o Governo chinês ter continuado a im-por duras sentenças aos activistas pró-democracia e a tomar medidas severas con-tra certos grupos minoritários, particular-mente no Tibete e em Xinjiang. A UE mani-festa também a sua apreensão relativamen-te ao número de detenções e à severidadedas sentenças pronunciadas a seguidoresdo Falun Gong, e relativamente às restri-ções e punições de membros da igreja cris-tã e de outros grupos religiosos.

5. O Conselho observou com tristeza a aplica-ção frequente da pena de morte na China.Mais ainda, e apesar das recentes reformasdo sistema jurídico chinês, o número de cri-mes não violentos, incluindo os de naturezaeconómica, ainda puníveis com a pena demorte, pode dificilmente coadunar-se com adefinição de crime grave utilizada pelasautoridades chinesas. A manutenção decampos de detenção administrativa onde aspessoas podem ser detidas sem assistênciajurídica adequada e na maioria dos casossem um julgamento justo, é outra fonte depreocupação que não foi devidamente trata-da pelas autoridades chinesas.

6. O Conselho irá rever o diálogo, com a fina-lidade de obter uma abordagem mais cen-trada e orientada para os resultados, parti-cularmente nas principais áreas de preocu-pação da UE acima referidas. Serão identifi-cados objectivos nestas áreas que serãopublicamente explorados, desde já no dis-curso da Presidência da UE na 56.ª CDH,bem como na abordagem da situação porpaís, e nos pontos da ordem do dia sobredireitos civis e políticos e questões temáti-

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 15

56.ª sessão da Comissão das Nações Unidas para os Direitos do Homem — Genebra, Março-Abril de 2000

2249.ª SESSÃO DO CONSELHO (ASSUNTOS GERAIS)

Comunicado sobre a ChinaBruxelas, 20 de Março de 2000

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cas. A UE terá de avaliar o futuro do diálogocom base nos resultados produzidos. A UEcontinuará a manifestar publicamente assuas apreensões acerca dos direitos do Ho-mem na China e a abordá-las nas suas reu-niões com a China a todos os níveis.

7. O Conselho partilha das preocupaçõesmanifestadas pelo Parlamento Europeu, pe-la sociedade civil e pelas ONG relativamen-te aos direitos do Homem na China. O Con-selho continuará a rever periodicamente asua política em relação à China, nomeada-mente na 56.ª sessão da CDH.

8. O Conselho registou que os Estados Unidosestão a preparar uma resolução sobre direi-tos do Homem na China, a apresentar na56.ª sessão da CDH. O Conselho está con-victo de que o diálogo efectivo é a melhor

forma de garantir progressos positivos emmatéria de respeito dos direitos humanosna China.

9. O Conselho acordou em que a UE deveráadoptar a seguinte abordagem na próximasessão da CDH:

— nenhum co-patrocínio da resolução;— voto contra uma «moção de não-interfe-

rência»;— caso a resolução deva ser votada, os paí-

ses da UE membros da Comissão votarãoa favor.

10. Além disso, o Conselho acordou em que asua abordagem da questão no próximo anoreflectirá os resultados obtidos em matériade direitos do Homem na China através dodiálogo.

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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Apoio à democracia nos países da Europa Centrale Oriental, incluindo nas repúblicas da antiga Ju-goslávia

B7-700 — Verba disponível: 15 milhões de euros;21 projectos (+ microprojectos) aprovados.

Apoio à democracia nos novos Estados indepen-dentes e na Mongólia

B7-701 — Verba disponível: 10 milhões de eu-ros; 14 projectos (+ microprojectos) aprovados.

Direitos do Homem e democracia nos países emdesenvolvimento, nomeadamente nos países ACP

B7-7020 — Verba disponível: 17 milhões de eu-ros; 27 projectos aprovados.

Direitos do Homem e democracia nos países daÁfrica Austral

B7-7021 — Verba disponível: 4 milhões de euros;8 projectos aprovados.

Programa especial para a democracia e a boaprática governativa na Nigéria

B7-7022 — Verba disponível: 4 milhões de eu-ros; 6 projectos aprovados.

Processo de democratização na América Latina

B7-703 — Verba disponível: 12 625 000 de eu-ros; 3 projectos + 1 programa regional pluria-nual (Comunidade Andina) aprovados.

Subvenções a favor de certas actividades deorganizações que se ocupam da defesa dos direi-tos do Homem (incluindo a reabilitação das víti-mas da tortura)

B7-704 — Verba disponível: 15 milhões de euros;29 projectos aprovados.

Programa MEDA para a democracia e os direitosdo Homem

B7-705 — Verba disponível: 10 075 000 euros; 6projectos aprovados.

Apoio às actividades dos tribunais criminaisinternacionais e à constituição do TPI

B7-706 — Verba disponível: 3,3 milhões de eu-ros; 5 projectos aprovados.

Direitos do Homem e democracia nos países daÁsia

B7-707 — Verba disponível: 5 milhões de eurosaprovados; 2 projectos para a China e um pro-grama de reforço do processo de democratiza-ção no Bangladeche.

Apoio e supervisão dos processos eleitorais

B7-709 — Verba disponível: 2 milhões de euros;3 projectos aprovados.

A gestão das rubricas orçamentais B7-700,B7-701, B7-704, B7-706 e B7-709 beneficiou daassistência técnica da Fundação Europeia paraos Direitos do Homem a partir de Maio de 1999.

104

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 16

PANORAMA DAS INICIATIVAS FINANCIADAS EM 1999 PELO TÍTULO B7-7

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— Bruxelas: fórum de discussão sobre os direi-tos do Homem, 30.11.1999-1.12.1999

(http://europa.eu.int/comm/dg1a/human_rights/intro).

— Veneza: «A União Europeia e o Papel Centraldos Direitos do Homem e dos Princípios De-mocráticos nas Relações com os Países Ter-ceiros», 25 a 28.5.2000(http://hrd-euromaster.venis.it).

105

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 17

CONFERÊNCIAS SOBRE DIREITOS DO HOMEM

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

European Commission

Service Commun Relex des relations extérieureshttp://europa.eu.int/comm/scr/index_en.htm

Secretariat-General of the Commission — A guide to grants and loanshttp://europa.eu.int/comm/secretariat_general/sgc/aides/en/en.htm

External relationshttp://europa.eu.int/comm/external_relations/index.htm

Development policyhttp://europa.eu.int/comm/development/index_en.htm

Humanitarian aidhttp://europa.eu.int/comm/echo/en/index_en.html

Enlargementhttp://europa.eu.int/comm/enlargement/index.htm

Justice and home affairshttp://europa.eu.int/comm/justice_home/index_en.htm

Employment and social affairshttp://europa.eu.int/comm/dgs/employment_social/index_en.htm

European Parliament

http://www.europarl.eu.int

EU Council of Ministers

http://ue.eu.int/

European Court of Justice

http://europa.eu.int/cj/index/

Academica — University

European Masters Degree in Human Rights and Democratisationhttp://www.hrd-european.master.venis.it

Mediterranean Masters Degree in Human Rights and Democratisationhttp://www.um.edu.mt/courses/prospectus.medmahrd

Netherlands Institute of Human Rightshttp://www.law.uu.nl/english/sim

The Danish Centre for Human Rightshttp://www.humanrights.dk

ANEXO 18 (Tradução não disponível)

HUMAN RIGHTS ON THE INTERNET

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Non-governmental organisations

Coalition to stop the use of child soldiershttp://www.child-soldiers.org

The Death Penalty Information Centrehttp://www.deathpenaltyinfo.org

International Rehabilitation Council for Torture Victimshttp://www.irct.org/

The European Human Rights Foundationhttp://www.ehrfoundation.org

European Roma Rights Centrehttp://errc.org/

International Coalition for the Establishment of an International Criminal Courthttp://www.iccnow.org/

Amnesty Internationalhttp://www.amnesty.org/

International Federation of Human Rightshttp://www.fidh.org/

Human Rights Watchhttp://www.hrw.org/

Human Rights Webhttp://www.hrweb.org/

Search engine specialised in human rights issueshttp://www.hri.ca

Sweden — Save the Childrenhttp://www.raddabarnen.se

The Asia–Europe Child Welfare Centrehttp://www.asem.org

International Committee of the Red Crosshttp://www.icrc.org

The Human Rights Informations Centrehttp://www.humanrights.coe.int

Intergovernmental organisations

Organisation of African Unityhttp://www.oau-oau.org

The Commonwealthhttp://www.thecommonwealth.org

Organisation of American stateshttp://www.oas.org

International Labour Organisationhttp://www.ilo.org

Organisation for Security and Cooperation in Europehttp://www.osce.org

United Nations

http://www.un.org/

Office of the High Commissioner for Human Rightshttp://www.unhchr.ch/

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United Nations — the UN working for womenhttp://www.un.org/womenwatch/un/index.html

World Conference Against Racismhttp://www.unhchr.ch/html/racism/index.htm

International Criminal Courthttp://www.un.org/law/icc

United Nations Children’s Fundhttp://ww.unicef.org

Council of Europehttp://www.coe.int/

The European Committee for the Prevention of Torture and Inhuman or Degrading Treatment or Punishmenthttp://www.cpt.coe.int

European Court of Human Rightshttp://www.echr.coe.int

Member StatesGerman Foreign Ministryhttp://www.auswaertiges-amt.de

German Permanent Mission to the United Nationshttp://www.germany-info.org/UN/index.htm

German Federal Ministry of Developmenthttp://www.bmz.de

UN information centre in Germanyhttp://www.uno.de

Ireland: Department of Foreign Affairshttp://www.irlgov.ie/iveagh/

Sweden: Swedish EU Presidency’s web sitehttp://EU2001.se

Sweden: Ministry of Foreign Affairs/International Law and Human Rights Departmenthttp://www.utrikes.regeringen.se/dettaar/organisation/depart/enheter/fmr.htm

Sweden: Permanent Mission to the United Nationshttp://www.un.int/sweden

United Kingdom: The Foreign and Commonwealth Officehttp://www.fco.gov.uk

España: Defensor del Pueblo Españolhttp.//www.defensordelpueblo.org

España: Ministerio de Asuntos Exteriores/Oficina de Derechos HumanosE-mail: [email protected]

España: Ministerio de Justicia/Dirección del Servicio Jurídico del EstadoAbogacía del Estado para el Tribunal Europeo de Derechos HumanosE-mail: [email protected]

France: Site Internet de la présidence française:http://www.presidence-europe.fr

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O Conselho da União Europeia,Tendo em conta o Tratado que institui a Comu-nidade Europeia e, nomeadamente, o seu artigo130.º-W,

Tendo em conta a proposta da Comissão (1),

Deliberando nos termos do artigo 189.º-C doTratado (2),

1) Considerando que é conveniente estabele-cer as regras de execução das acções decooperação para o desenvolvimento quecontribuem para o objectivo geral de desen-volvimento e consolidação da democracia edo Estado de direito, bem como para oobjectivo do respeito dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais;

2) Considerando que, em simultâneo com opresente regulamento, o Conselho adoptouo Regulamento (CE) n.° 976/1999 do Con-selho, de 29 de Abril de 1999, que estabele-ce os requisitos para a execução das acçõesda Comunidade, diversas das acções decooperação para o desenvolvimento, que,no âmbito da política comunitária de coope-ração, contribuem para o objectivo geral dedesenvolvimento e consolidação da demo-cracia e do Estado de direito, bem como pa-ra o objectivo do respeito dos direitos doHomem e das liberdades fundamentais empaíses terceiros (3); que, no âmbito da polí-tica comunitária de cooperação, contribuempara o objectivo geral de desenvolvimento econsolidação da democracia e do Estado dedireito, bem como para o objectivo do res-peito dos direitos do Homem e das liberda-des fundamentais em países terceiros;

3) Considerando que a política da Comunidade,no âmbito da cooperação para o desenvolvi-mento, contribui para o objectivo geral dedesenvolvimento e consolidação da demo-cracia e do Estado de direito, bem como parao objectivo do respeito dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais;

4) Considerando que o n.° 2 do artigo F do Tra-tado da União Europeia dispõe que a UniãoEuropeia respeitará os direitos fundamentaistal como garantidos pela Convenção Euro-peia de Salvaguarda dos Direitos do Homeme das Liberdades Fundamentais, assinada emRoma em 4 de Novembro de 1950, e tal comoresultam das tradições constitucionaiscomuns aos Estados-Membros, enquantoprincípios gerais do direito comunitário;

5) Considerando que a acção da Comunidadeem matéria de promoção dos direitos doHomem e dos princípios democráticos seinscreve no respeito dos princípios da uni-versalidade e da indivisibilidade dos direi-tos do Homem, que constituem a pedraangular do sistema internacional de protec-ção dos direitos do Homem;

6) Considerando que a acção da Comunidade emmatéria de promoção dos direitos do Homeme dos princípios democráticos se inspira nosprincípios gerais consagrados pela DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem, pelo pactointernacional sobre os direitos civis e políti-cos e pelo Pacto Internacional sobre os Direi-tos Económicos, Sociais e Culturais;

7) Considerando que a Comunidade reconhecea interdependência de todos os direitos doHomem; que os progressos alcançados nodesenvolvimento económico e social e narealização prática dos direitos civis e políti-cos se devem apoiar mutuamente;

8) Considerando que se deve considerar que orespeito do direito humanitário internacio-

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ANEXO 19

REGULAMENTO (CE) N.º 975/1999 DO CONSELHO, DE 29 DE ABRIL DE 1999,que estabelece os requisitos para a execução das acções

de cooperação para o desenvolvimento que contribuem parao objectivo geral de desenvolvimento e consolidação da democracia

e do Estado de direito, bem como para o objectivo do respeitodos direitos do Homem e das liberdades fundamentais

(1) JO C 282 de 18.9.1997, p. 14.

(2) Parecer do Parlamento Europeu de 19 de Novembro de1997 (JO C 371 de 8.12.1997, p. 74), posição comum doConselho de 25 de Janeiro de 1999 (JO C 58 de 1.3.1999,p. 17.) e decisão do Parlamento Europeu de 14 de Abrilde 1999 (ainda não publicada no Jornal Oficial).

(3) Ver p. 8 do presente Jornal Oficial.

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nal é parte integrante dos direitos do Ho-mem na acepção do presente regulamento;recordando igualmente as convenções deGenebra de 1949 e o seu protocolo adicio-nal de 1977, a Convenção de Genebra de1951 relativa ao estatuto dos refugiados e aConvenção de 1948 relativa à prevenção e àrepressão do crime de genocídio, bem comooutras normas de direito internacional con-vencional ou consuetudinário;

9) Considerando que a resolução sobre os direi-tos do Homem, a democracia e o desenvolvi-mento, adoptada em 28 de Novembro de1991 pelo Conselho e pelos Estados-Mem-bros reunidos no Conselho, define orienta-ções, procedimentos e linhas de acção con-cretas destinadas a promover, em paralelocom os direitos económicos e sociais, asliberdades cívicas e políticas, através de umregime político representativo baseado norespeito dos direitos do Homem;

10) Considerando que a acção da Comunidadeem matéria de promoção dos direitos doHomem e dos princípios democráticosdecorre de uma abordagem positiva e cons-trutiva nos termos da qual se consideramos direitos do Homem e os princípiosdemocráticos como uma questão de interes-se comum para a Comunidade e os seusparceiros, bem como um elemento do diálo-go que poderá conduzir a iniciativas de pro-moção do respeito efectivo desses direitose princípios;

11) Considerando que essa abordagem positivase deverá traduzir na execução de acções deapoio aos processos de democratização, dereforço do Estado de direito e de desenvolvi-mento de uma sociedade civil pluralista edemocrática, bem como na aplicação demedidas de confiança destinadas nomeada-mente a prevenir os conflitos, apoiar osesforços de paz e lutar contra a impunidade;

12) Considerando que os instrumentos finan-ceiros utilizados para apoiar as acções posi-tivas nestes domínios em favor de cada paísdeverão ser utilizados em sintonia com osprogramas geográficos e integrados nosoutros instrumentos de desenvolvimento, afim de aumentar ao máximo o seu impactoe a sua eficácia;

13) Considerando que é igualmente necessáriogarantir que essas acções sejam coerentescom a política externa da União Europeia,incluindo a Política Externa e de SegurançaComum;

14) Considerando que essas acções deverão,designadamente, incidir sobre as pessoassujeitas a discriminações, pobres ou desfa-vorecidas, crianças, mulheres, refugiados,migrantes, minorias, pessoas deslocadas,populações autóctones, prisioneiros e víti-mas de tortura;

15) Considerando que o apoio comunitário àdemocratização ao respeito dos princípiosdo Estado de direito no âmbito de um regi-me político que respeite as liberdades fun-damentais do indivíduo contribui para arealização dos objectivos inscritos nosacordos celebrados pela Comunidade comos seus parceiros, que fazem do respeitodos direitos do Homem e dos princípiosdemocráticos um elemento essencial dasrelações entre as partes;

16) Considerando que a qualidade, o impacto ea continuidade das acções deverão ser sal-vaguardados, em particular prevendo a pos-sibilidade de lançamento de programas plu-rianuais de promoção dos direitos do Ho-mem e dos princípios democráticos quesejam preparados em concertação com asautoridades do país em causa, num espíritode parceria, tendo em conta as necessida-des específicas do país;

17) Considerando que uma acção eficaz e coe-rente exige que as características própriasda acção a favor dos direitos do Homem edos princípios democráticos se traduzamno estabelecimento de procedimentos flexí-veis, transparentes e rápidos para a tomadade decisões relativas ao financiamento dasacções e projectos neste domínio;

18) Considerando que a Comunidade deve sercapaz de responder rapidamente a situa-ções de emergência ou de especial impor-tância, a fim de reforçar a credibilidade e aeficácia do seu empenho na promoção dosdireitos do Homem e dos princípios demo-cráticos em países em que se verifiquem es-sas situações;

19) Considerando que, sobretudo no que se refe-re aos procedimentos de concessão de sub-venções e de avaliação de projectos, é conve-niente atender à especificidade dos benefi-ciários do apoio comunitário nesse domínio,nomeadamente ao carácter não lucrativo dassuas actividades, aos riscos suportados pe-los seus membros que, em muitos casos, sãovoluntários, ao ambiente por vezes hostil emque actuam e à sua escassa margem de mano-bra em termos de fundos próprios;

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20) Considerando que o desenvolvimento dasociedade civil se deve concretizar, nomea-damente pela emergência e organização denovos intervenientes e que, a esse título, aComunidade poderá ser levada a conceder,nos países terceiros beneficiários, apoiosfinanceiros a parceiros que não possamprovar uma experiência anterior nestedomínio;

21) Considerando que as decisões relativas àconcessão de apoio financeiro a projectosde promoção dos direitos do Homem e dosprincípios democráticos deverão ser toma-das imparcialmente, sem discriminações decarácter racial, religioso, cultural, social ouétnico entre os organismos beneficiários doapoio comunitário e as pessoas ou grupos aque se destinam os projectos apoiados, enão deverão pautar-se por considerações denatureza política;

22) Considerando que deverão ser fixadasregras de execução e gestão da ajuda da Co-munidade à promoção dos direitos do Ho-mem e dos princípios democráticos finan-ciada pelo orçamento geral das Comunida-des Europeias;

23) Considerando que o presente regulamentoinclui um montante de referência financei-ra, na acepção do ponto 2 da declaração doParlamento Europeu, do Conselho e da Co-missão de 6 de Março de 1995 (4), para todaa duração do programa, sem que isso inter-fira com competências da autoridade orça-mental definidas no Tratado,

adoptou o presente Regulamento:

Capítulo I

Objectivos

Artigo 1.º

O presente regulamento tem por objecto estabe-lecer as regras de execução das acções da Co-munidade que, no âmbito da sua política de coo-peração para o desenvolvimento, contribuempara o objectivo geral de desenvolvimento econsolidação da democracia e do Estado dedireito, bem como para o objectivo do respeitodos direitos do Homem e das liberdades funda-mentais.

As acções a que se refere o presente regulamen-to serão executadas no território de países emdesenvolvimento ou relacionar-se-ão com situa-

ções que se verificam em países em desenvolvi-mento.

Artigo 2.º

Dentro dos limites do artigo 1.º e em coerênciacom o conjunto da política externa da União Eu-ropeia, a Comunidade Europeia prestará apoiotécnico e financeiro a acções que tenham comoobjecto, nomeadamente:

1. A promoção e defesa dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais, talcomo proclamados na Declaração Univer-sal dos Direitos do Homem e em outrosinstrumentos internacionais relativos aodesenvolvimento e à consolidacão dademocracia e do Estado de direito, e desig-nadamente:

a) a promoção e a protecção dos direitoscivis e políticos;

b) a promoção e a protecção dos direitoseconómicos, sociais e culturais;

c) a promoção e a protecção dos direitosfundamentais das pessoas sujeitas a dis-criminações, pobres ou desfavorecidas,o que contribuirá para a redução dapobreza e da exclusão social;

d) o apoio a minorias, grupos étnicos epopulações autóctones;

e) o apoio às instituições locais, nacionais,regionais ou internacionais, incluindo asorganizações não governamentais ONG,que desenvolvam actividades relaciona-das com a protecção, promoção ou defe-sa dos direitos do Homem;

f) o apoio aos centros de reabilitação devítimas da tortura e às organizações queprestem ajuda concreta às vítimas deviolações dos direitos do Homem ou quecontribuam para a melhoria das condi-ções em zonas onde as pessoas seencontrem privadas de liberdade, a fimde impedir a tortura ou os maus tratos;

g) o apoio à educação, formação e sensibi-lização no domínio dos direitos do Ho-mem;

h) o apoio às acções de observação nodomínio dos direitos do Homem,incluindo a formação dos observadores;

i) a promoção da igualdade de oportunida-des e de práticas não discriminatórias,incluindo medidas de combate ao racis-mo e à xenofobia;

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(4) JO C 102 de 4.4.1996, p. 4.

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j) a promoção e protecção das liberdadesfundamentais tal como referidas no pac-to internacional sobre os direitos civis epolíticos, nomeadamente a liberdade deopinião, de expressão e de consciência,bem como o direito à utilização da sualíngua.

2. O apoio aos processos de democratização,designadamente:

a) a promoção e o reforço do Estado dedireito, nomeadamente o apoio à inde-pendência e ao reforço do poder judiciá-rio e o apoio a um sistema penitenciárioque respeite a pessoa humana; o apoioàs reformas constitucionais e legislati-vas; o apoio às iniciativas em prol daabolição da pena de morte;

b) a promoção da separação de poderes,nomeadamente dos poderes judicial elegislativo em relação ao poder execu-tivo, e o apoio às reformas institucio-nais;

c) a promoção do pluralismo, tanto a nívelpolítico como da sociedade civil, atravésdo reforço das instituições necessáriaspara assegurar o carácter pluralista dasociedade, incluindo as ONG, bem comoda promoção da independência e da res-ponsabilidade dos meios de comunica-ção social e do apoio à liberdade deimprensa e ao respeito da liberdade sin-dical e do direito de reunião;

d) a promoção da boa gestão dos assun-tos públicos, nomeadamente atravésdo apoio à transparência da adminis-tração e à prevenção e luta contra acorrupção;

e) a promoção da participação das popula-ções nos processos de tomada de deci-sões, tanto a nível nacional como regio-nal e local, e, em especial, a promoçãode uma participação equilibrada doshomens e das mulheres na sociedade ci-vil, na vida económica e na actividadepolítica;

f) o apoio aos processos eleitorais, nomea-damente através do apoio às comissõeseleitorais independentes, da concessãode assistência material, técnica e jurídi-ca à preparação das eleições, incluindoos recenseamentos eleitorais, de medi-das de promoção da participação de gru-pos específicos, nomeadamente dasmulheres, nos processos eleitorais, as-sim como da formação de observadores;

g) o apoio aos esforços nacionais de deli-mitação das responsabilidades civis e

militares e a sensibilização e formaçãodos funcionários civis e militares emmatéria de respeito dos direitos do Ho-mem.

3. O apoio às acções de promoção do respei-to dos direitos do Homem e de democrati-zação, contribuindo para a prevenção deconflitos e o tratamento das suas conse-quências, em estreita ligação com as ins-tâncias competentes na matéria, designa-damente:

a) O apoio à criação de estruturas, nomea-damente o estabelecimento de sistemaslocais de alerta rápido;

b) O apoio a medidas destinadas a equili-brar as oportunidades e a sanar as dis-paridades existentes entre diferentesgrupos de identidade;

c) o apoio a medidas que facilitem a conci-liação pacífica dos interesses de grupo,incluindo o apoio a medidas de confian-ça relativas aos direitos do Homem e àdemocratização, a fim de prevenir con-flitos e a restaurar a paz civil;

d) a promoção do direito humanitáriointernacional e da sua observância portodas as partes envolvidas num confli-to;

e) o apoio às organizações internacionais,regionais ou locais, incluindo as ONG,que intervêm na prevenção e resoluçãode conflitos e no tratamento das suasconsequências, incluindo o apoio à cria-ção de tribunais penais internacionaisad hoc e à instauração de uma jurisdiçãopenal internacional permanente, bem co-mo em matéria de apoio e assistência àsvítimas de violações dos direitos do Ho-mem.

Artigo 3.º

Para o efeito, o apoio comunitário pode incluir,entre os seus meios de acção, o financiamentode:

1. Acções de sensibilização, informação e for-mação dos agentes envolvidos, bem comoda opinião pública.

2. Acções necessárias à identificação e prepa-ração de projectos, designadamente:

a) os estudos de identificação e viabilida-de;

b) o intercâmbio de conhecimentos técni-cos e de experiências entre organismos

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europeus e organismos de países tercei-ros;

c) as despesas decorrentes dos concursos,nomeadamente as relativas à avaliaçãodas propostas e à preparação da docu-mentação dos projectos;

d) o financiamento de estudos de caráctergeral relativos à acção comunitária nosdomínios a que se refere o presenteregulamento.

3. Execução de projectos referentes:

a) à assistência técnica e ao pessoal expa-triado ou local, a fim de contribuir paraa realização dos projectos;

b) à aquisição e/ou fornecimento de produ-tos ou materiais estritamente necessá-rios à execução das acções, incluindo,em circunstâncias excepcionais e quan-do devidamente justificado, a compra ouo arrendamento de instalações;

c) se for caso disso, às medidas destinadasa realçar o carácter comunitário dasacções.

4. Acções de acompanhamento, auditoria eavaliação das acções comunitárias.

5. Actividades de explicação, à opinião públicados países em causa, dos objectivos e resulta-dos dessas acções, bem como das funções deassistência administrativa e técnica em pro-veito mútuo da Comissão e do beneficiário.

Capítulo II

Regras de execução da ajuda

Artigo 4.º

1. Os parceiros que podem obter um apoiofinanceiro ao abrigo do presente regulamentosão as organizações regionais e internacionais,as organizações não governamentais, as admi-nistrações e agências públicas nacionais, regio-nais e locais, as organizações de base comunitá-ria e os institutos e operadores públicos ou pri-vados.

2. As acções financiadas pela Comunidade aoabrigo do presente regulamento são executadaspela Comissão, quer a pedido dos parceiros refe-ridos no n.º 1 quer por iniciativa própria.

Artigo 5.º

A ajuda da Comunidade está aberta aos parcei-ros referidos no n.º 1 do artigo 4.º do presente

Regulamento, que tenham a sua sede principalnum país terceiro beneficiário da ajuda da Co-munidade ao abrigo do presente regulamento ounum Estado-Membro da Comunidade. A referidasede deve constituir o centro efectivo de tomadade todas as decisões relativas às acções finan-ciadas ao abrigo do presente Regulamento. Atítulo excepcional, essa sede pode situar-se nou-tro país terceiro.

Artigo 6.º

Sem prejuízo do contexto institucional e políticoem que os parceiros referidos no n.º 1 do artigo4.º do presente Regulamento desenvolvem assuas actividades, serão nomeadamente tidos emconsideração os seguintes elementos, paradeterminar se um organismo pode beneficiar definanciamento comunitário:

a) o seu empenho em defender, respeitar epromover sem discriminação os direitos doHomem e os princípios democráticos;

b) a sua experiência no domínio da promoçãodos direitos do Homem e dos princípiosdemocráticos;

c) a sua capacidade de gestão administrativa efinanceira;

d) a sua capacidade técnica e logística em rela-ção à acção prevista;

e) se for caso disso, os resultados das acçõesanteriormente realizadas e, sobretudo, dasque tenham beneficiado de financiamentocomunitário;

f) a sua capacidade para desenvolver a coope-ração com outros intervenientes da socieda-de civil nos países terceiros em causa e pa-ra encaminhar a ajuda para as organizaçõeslocais responsáveis perante a sociedade ci-vil.

Artigo 7.º

1. Só será concedida ajuda aos parceiros referi-dos no n.º 1 do artigo 4.º se estes se comprome-terem a respeitar as condições de concessão ede execução da ajuda fixadas pela Comissão e aque os parceiros se obrigaram por contrato.

2. Qualquer acção que beneficie da ajuda comu-nitária será executada segundo os objectivosdefinidos na decisão de financiamento da Co-missão.

3. O financiamento comunitário ao abrigo dopresente regulamento assume a forma de ajudasnão reembolsáveis.

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4. Quando as acções financiadas ao abrigo dopresente regulamento estejam sujeitas a con-venções de financiamento entre a Comunidadee os países beneficiários, essas convenções esti-pularão que o pagamento de impostos, direitose encargos não será financiado pela Comuni-dade.

Artigo 8.º

1. A participação nos concursos e contratos estáaberta, em igualdade de condições, a todas as pes-soas singulares e colectivas do país beneficiário edos Estados-Membros, podendo ser tornadaextensiva a outros países em desenvolvimento e,em casos excepcionais devidamente justificados,a outros países terceiros.

2. Os fornecimentos serão originários dos Esta-dos-Membros ou do país beneficiário ou deoutros países em desenvolvimento, podendo, emcasos excepcionais devidamente justificados, seroriginários de outros países.

Artigo 9.º

1. A Comissão pode tomar todas as medidas decoordenação necessárias, em estreita coopera-ção com os Estados-Membros, a fim de realizaros objectivos de coerência e complementaridadee a fim de garantir uma eficácia máxima do con-junto das acções.

2. Em todo o caso, para efeitos do disposto nonúmero anterior, a Comissão incentivará:

a) a instituição de um sistema de intercâmbio eanálise sistemática de informações sobre asacções financiadas e sobre as acções cujofinanciamento esteja previsto pela Comuni-dade e pelos Estados-Membros;

b) uma coordenação no local de execução dasacções, através de reuniões regulares deintercâmbio de informações entre os repre-sentantes da Comissão e dos Estados-Mem-bros no país beneficiário;

c) a promoção de uma abordagem coerente emmatéria de ajuda humanitária e, sempre quepossível, a integração da protecção dosdireitos do Homem na ajuda humanitária.

Capítulo III

Procedimentos de execução das acções

Artigo 10.º

O montante de referência financeira para a exe-cução do presente regulamento durante o perío-do de 1999 a 2004 é de 260 milhões de euros.

As dotações anuais são autorizadas pela autori-dade orçamental, dentro do limite das perspecti-vas financeiras.

Artigo 11.º

A Comissão é incumbida da programação, ins-trução, decisão, gestão, acompanhamento e ava-liação das acções a que se refere o presenteregulamento de acordo com os procedimentosorçamentais e outros em vigor. A Comissão fixa-rá as condições de afectação, mobilização e exe-cução das ajudas a que se refere o presenteregulamento.

Artigo 12.º

1. São adoptados pela Comissão nos termos don.º 2 do artigo 13.º:

— as decisões relativas às acções cujo finan-ciamento ao abrigo do presente regulamen-to ultrapasse 1 milhão de euros por acção,bem como qualquer alteração dessas acçõesque implique um montante adicional supe-rior a 20% do montante inicialmente aprova-do para a acção em causa;

— os programas destinados a facultar um qua-dro coerente de acção num país ou numaregião determinada ou sobre um tema espe-cífico em que as necessidades constatadassejam de natureza a perdurar, nomeada-mente devido à sua amplitude e complexi-dade.

2. A Comissão informará o comité previsto noartigo 13.º das decisões de financiamento quetencione adoptar relativamente aos projectos eprogramas de valor inferior a 1 milhão de euros.Esta informação será prestada pelo menos umasemana antes da adopção da decisão.

Artigo 13.º

1. A Comissão é assistida pelo Comité dos Di-reitos do Homem e da Democracia, a seguirdesignado «comité», composto por representan-tes dos Estados-Membros e presidido pelo repre-sentante da Comissão.

2. Quando seja feita referência ao processo defini-do no presente artigo, o representante da Comis-são submeterá ao comité um projecto das medidasa tomar. O comité emitirá o seu parecer sobre esseprojecto num prazo que o presidente pode fixarem função da urgência da questão. O parecer será

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emitido por maioria, nos termos previstos no n.º 2do artigo 148.º do Tratado para a adopção das deci-sões que o Conselho é chamado a tomar sob pro-posta da Comissão. Nas votações realizadas nocomité, os votos dos representantes dosEstados-Membros estão sujeitos à ponderaçãodefinida no artigo atrás referido. O presidentenão participa na votação.

A Comissão adoptará as medidas projectadasdesde que sejam conformes com o parecer docomité.

Se as medidas projectadas não forem conformescom o parecer do comité, ou na ausência deparecer, a Comissão submeterá sem demora aoConselho uma proposta relativa às medidas a to-mar. O Conselho deliberará por maioria qualifi-cada.

Se o Conselho não tiver deliberado no termo deum prazo de três meses a contar da data em quea proposta lhe foi submetida, a Comissão adop-tará as medidas propostas.

Artigo 14.º

1. A Comissão pode financiar intervenções deemergência até um montante de 2 milhões deeuros. Consideram-se intervenções de emergên-cia as acções referentes a necessidades imedia-tas e não previsíveis relacionadas com a inter-rupção abrupta do processo democrático ou aemergência de uma situação de crise ou de peri-go excepcional e iminente que afecte o conjuntoou uma parte da população de um país, consti-tuindo uma ameaça grave para a salvaguardados direitos e liberdades fundamentais dos indi-víduos.

2. Para as acções que preencham essas condi-ções, a Comissão adoptará a sua decisão apósconsulta dos Estados-Membros pela forma maiseficaz, dispondo os Estados-Membros de umprazo de cinco dias úteis para apresentar even-tuais objecções. Em caso de objecções, o comitéprevisto no artigo 13.º analisará a questão nasua reunião seguinte.

3. Na reunião seguinte do Comité previsto noartigo 13.º, a Comissão informá-lo-á das inter-venções de emergência financiadas ao abrigodas presentes disposições.

Artigo 15.º

O comité pode analisar qualquer questão geralou específica relativa à ajuda comunitária neste

domínio e deve igualmente desempenhar um pa-pel útil como instrumento de melhoria da coe-rência das acções da União Europeia em matériade direitos humanos e de democratização emrelação a países terceiros. Uma vez por ano, ocomité procederá à análise da programação pre-vista para o exercício seguinte ou a uma troca deopiniões sobre as orientações gerais das acçõesa realizar no ano seguinte ao abrigo do presenteregulamento.

Artigo 16.º

1. A Comissão procederá regularmente à avalia-ção das acções financiadas pela Comunidade aoabrigo do presente regulamento, a fim de verifi-car se os objectivos previstos nessas acções fo-ram atingidos, bem como de fornecer orienta-ções para aumentar a eficácia das acções futu-ras. A Comissão apresentará ao comité um resu-mo das avaliações realizadas que poderão, sefor caso disso, ser por ele analisadas. Os relató-rios de avaliação serão facultados aos Esta-dos-Membros que o solicitem.

2. A pedido e com a participação dos Esta-dos-Membros, a Comissão pode proceder igual-mente à avaliação dos resultados das acções edos programas da Comunidade a que se refere opresente regulamento.

Artigo 17.º

Todos os contratos ou convenções de financia-mento celebrados ao abrigo do presente regula-mento estipularão, designadamente, que a Co-missão e o Tribunal de Contas poderão procedera controlos no terreno e na sede dos parceirosreferidos no n.º 1 do artigo 4.º, segundo asregras habituais definidas pela Comissão noâmbito das disposições em vigor, nomeadamen-te as do Regulamento Financeiro aplicável aoorçamento geral das Comunidades Europeias.

Artigo 18.º

1. O mais tardar no prazo de um mês a contarda sua decisão, a Comissão informará os Esta-dos-Membros das acções e projectos aprovados,indicando os respectivos montantes, a sua natu-reza, o país beneficiário e os parceiros envolvi-dos.

2. Após cada exercício orçamental, a Comissãoapresentará ao Parlamento Europeu e ao Con-selho um relatório anual com um resumo dasacções financiadas durante esse exercício.

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Esse resumo incluirá nomeadamente informa-ções relativas aos parceiros com os quaistenham sido executadas as acções a que se refe-re o artigo 1.º

O relatório incluirá igualmente uma síntese dasavaliações externas efectuadas e, se for caso dis-so, proporá acções específicas.

Artigo 19.º

Três anos após a entrada em vigor do presenteregulamento, a Comissão apresentará ao Parla-mento Europeu e ao Conselho uma avaliaçãoglobal das acções financiadas pela Comunidadeno âmbito do presente Regulamento, eventual-mente acompanhada de propostas adequadasrelativas ao futuro do presente Regulamento.

Artigo 20.º

O presente Regulamento entra em vigor no ter-ceiro dia seguinte ao da sua publicação no Jor-nal Oficial das Comunidades Europeias.

É aplicável até 31 de Dezembro de 2004.

O presente Regulamento é obrigatório em todosos seus elementos e directamente aplicável emtodos os Estados-Membros.

Feito no Luxemburgo, em 29 de Abril de 1999.

Pelo Conselho,

O Presidente

W. Müller

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O Conselho da União Europeia,Tendo em conta o Tratado que institui a Comuni-dade Europeia e, nomeadamente, o seu artigo 235.º,

Tendo em conta a proposta da Comissão (1),

Tendo em conta o parecer do Parlamento Euro-peu (2),

1) Considerando que é conveniente estabele-cer as regras de execução das acções da Co-munidade, diversas das acções de coopera-ção para o desenvolvimento, que, no âmbi-to da política comunitária de cooperaçãoem países terceiros, contribuem para oobjectivo geral de desenvolvimento e con-solidação da democracia e do Estado dedireito, bem como para o objectivo do res-peito dos direitos do Homem e das liberda-des fundamentais em países terceiros;

2) Considerando que, em simultâneo com opresente regulamento, o Conselho adoptoude 29 de Abril de 1999, o Regulamento (CE)n.º 975/1999 do Conselho, que estabeleceos requisitos para a execução das acções decooperação para o desenvolvimento quecontribuem para o objectivo geral de desen-volvimento e consolidação da democracia edo Estado de direito, bem como para oobjectivo do respeito dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais (3);

3) Considerando que, no âmbito dos programasexistentes em matéria de cooperação compaíses terceiros, nomeadamente os progra-mas Tacis, Phare e MEDA e o regulamentorelativo à reconstrução na Bósnia-Herzego-vina, bem como através da futura cooperaçãoa realizar com base no artigo 235.º do TratadoCE, são necessárias acções que contribuampara o objectivo geral de desenvolvimento econsolidação da democracia e do Estado de

direito, bem como para o objectivo do respei-to dos direitos do Homem e das liberdadesfundamentais em países terceiros;

4) Considerando que o n.º 2 do artigo F doTratado da União Europeia dispõe que aUnião respeitará os direitos fundamentaistal como garantidos pela Convenção Euro-peia de Salvaguarda dos Direitos do Homeme das Liberdades Fundamentais, assinadaem Roma em 4 de Novembro de 1950, e talcomo resultam das tradições constitucio-nais comuns aos Estados-Membros, enquan-to princípios gerais do direito;

5) Considerando que a acção da Comunidadeem matéria de promoção dos direitos doHomem e dos princípios democráticos seinscreve no respeito dos princípios da uni-versalidade e da indivisibilidade dos direi-tos do Homem, que constituem a pedraangular do sistema internacional de protec-ção dos direitos do Homem;

6) Considerando que a acção da Comunidade emmatéria de promoção dos direitos do Homeme dos princípios democráticos se inspira nosprincípios gerais consagrados pela Decla-ração Universal dos Direitos do Homem, peloPacto internacional sobre os direitos civis epolíticos e pelo Pacto Internacional sobre osDireitos Económicos, Sociais e Culturais;

7) Considerando que a Comunidade reconhecea interdependência de todos os direitos doHomem; que os progressos alcançados nodesenvolvimento económico e social e na

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ANEXO 20

REGULAMENTO (CE) N.º 976/1999 DO CONSELHO, DE 29 DE ABRIL DE 1999,que estabelece os requisitos para a execução das acçõesda Comunidade, diversas das acções de cooperação para

o desenvolvimento, que, no âmbito da política comunitáriade cooperação, contribuem para o objectivo geral de

desenvolvimento e consolidação da democracia e do Estadode direito, bem como para o objectivo do respeito dos direitosdo Homem e das liberdades fundamentais em países terceiros

(1) JO C 282 de 18.9.1997, p. 14.

(2) Parecer emitido em 14 de Abril de 1999 (ainda nãopublicado do Jornal Oficial).

(3) Ver p. 1 do presente Jornal Oficial.

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realização prática dos direitos civis e políti-cos se devem apoiar mutuamente;

8) Considerando que se deve considerar que orespeito do direito internacional humanitá-rio é parte integrante dos direitos do Ho-mem na acepção do presente regulamento;recordando igualmente as convenções deGenebra de 1949 e o seu protocolo adicio-nal de 1977, a Convenção de Genebra de1951 relativa ao estatuto dos refugiados e aConvenção de 1948 relativa à prevenção e àrepressão do crime de genocídio, bem comooutras normas de direito internacional con-vencional ou consuetudinário;

9) Considerando que a resolução sobre os direi-tos do Homem, a democracia e o desenvolvi-mento, adoptada em 28 de Novembro de1991 pelo Conselho e pelos Estados-Mem-bros, reunidos no Conselho, define orienta-ções, procedimentos e linhas de acção con-cretas tendo em vista promover, em paralelocom os direitos económicos e sociais, asliberdades cívicas e políticas, através de umregime político representativo baseado norespeito dos direitos do Homem;

10) Considerando que a acção da Comunidadeem matéria de promoção dos direitos do Ho-mem e dos princípios democráticos decorrede uma abordagem positiva e construtivanos termos da qual se consideram os direitosdo Homem e os princípios democráticoscomo uma questão de interesse comum paraa Comunidade e os seus parceiros, bem comoum elemento do diálogo que poderá condu-zir a iniciativas de promoção do respeitodesses direitos e princípios;

11) Considerando que essa abordagem positivase deverá traduzir no lançamento de acçõesde apoio aos processos de democratização,de reforço do Estado de direito e de desen-volvimento de uma sociedade civil pluralis-ta e democrática, bem como na aplicação demedidas de confiança destinadas a preveniros conflitos, apoiar os esforços de paz e lu-tar contra a impunidade;

12) Considerando que os instrumentos financei-ros destinados a apoiar as acções positivasnestes domínios em favor de cada país deve-rão ser utilizados em sintonia com os progra-mas geográficos e integrados noutros instru-mentos de desenvolvimento, a fim de aumen-tar ao máximo o seu impacto e a sua eficácia;

13) Considerando que é igualmente necessáriogarantir que essas acções sejam coerentescom a política externa da União Europeia,

incluindo a Política Externa e de SegurançaComum;

14) Considerando que essas acções deverão,designadamente, incidir sobre as pessoassujeitas a discriminações, pobres ou desfa-vorecidas, as crianças, as mulheres, os refu-giados, os migrantes, as minorias, as pes-soas deslocadas, os povos autóctones, osprisioneiros e as vítimas de tortura;

15) Considerando que o apoio comunitário àdemocratização e à observância dos princí-pios do Estado de direito no âmbito de umregime político que respeite as liberdades fun-damentais do indivíduo contribui para a reali-zação dos objectivos inscritos nos acordoscelebrados pela Comunidade com os seus par-ceiros, que fazem do respeito dos direitos doHomem e dos princípios democráticos um ele-mento essencial das relações entre as partes;

16) Considerando que a qualidade, o impacto ea continuidade das acções deverão ser sal-vaguardados, em particular prevendo a pos-sibilidade de lançamento de programas plu-rianuais de promoção dos direitos do Ho-mem e dos princípios democráticos quesejam preparados em concertação com asautoridades do país em causa, num espíritode parceria, tendo em conta as necessida-des específicas desse país;

17) Considerando que uma acção eficaz e coe-rente exige que as características própriasda acção a favor dos direitos do Homem edos princípios democráticos se traduzamno estabelecimento de procedimentos flexí-veis, transparentes e rápidos para a tomadade decisões relativas ao financiamento dasacções e dos projectos neste domínio;

18) Considerando que a Comunidade deve ser ca-paz de responder rapidamente a situações deemergência ou de especial importância, a fimde reforçar a credibilidade e a eficácia do seuempenhamento na promoção dos direitos doHomem e dos princípios democráticos empaíses em que se verifiquem essas situações;

19) Considerando que, sobretudo no que se refe-re aos procedimentos de concessão de sub-venções e de avaliação de projectos, é conve-niente atender à especificidade dos benefi-ciários do apoio comunitário nesse domínio,nomeadamente ao carácter não lucrativo dassuas actividades, aos riscos suportados pe-los seus membros que, em muitos casos, sãovoluntários, ao ambiente por vezes hostil emque actuam e à sua escassa margem de mano-bra em termos de fundos próprios;

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20) Considerando que o desenvolvimento dasociedade civil se deve concretizar, nomea-damente, pela emergência e organização denovos intervenientes e que, a esse título, aComunidade poderá ser levada a conceder,nos países terceiros beneficiários, apoiosfinanceiros a parceiros que não possamprovar uma experiência anterior nestedomínio;

21) Considerando que as decisões relativas àconcessão de apoio financeiro a projectosde promoção dos direitos do Homem e dosprincípios democráticos deverão ser toma-das imparcialmente, sem discriminações decarácter racial, religioso, cultural, social ouétnico entre os organismos beneficiários doapoio comunitário e as pessoas ou grupos aque se destinam os projectos apoiados, enão deverão pautar-se por considerações denatureza política;

22) Considerando que deverão ser fixadasregras de execução e de gestão da ajuda daComunidade à promoção dos direitos doHomem e dos princípios democráticosfinanciada pelo orçamento geral das Comu-nidades Europeias;

23) Considerando que a execução destas acçõesé de molde a contribuir para a realizaçãodos objectivos da Comunidade e que o Tra-tado apenas prevê, para a adopção do pre-sente Regulamento, os poderes estabeleci-dos no artigo 235.º;

24) Considerando que o presente regulamentoinclui um montante de referência financei-ra, na acepção do ponto 2 da declaração doParlamento Europeu, do Conselho e da Co-missão de 6 de Março de 1995 (4), para todaa duração do programa, sem que isso inter-fira com as competências da autoridadeorçamental definidas no Tratado,

aprovou o presente Regulamento:

Capítulo I

Objectivos

Artigo 1.º

O presente Regulamento tem por objecto estabe-lecer as regras de execução das acções da Co-munidade, diversas das acções de cooperaçãopara o desenvolvimento, que, no âmbito da polí-tica comunitária de cooperação em países tercei-ros, contribuem para o objectivo geral de desen-volvimento e consolidação da democracia e do

Estado de direito, bem como para o objectivo dorespeito dos direitos do Homem e das liberda-des fundamentais.

As acções a que se refere o presente Regulamen-to serão executadas no território de países ter-ceiros ou relacionar-se-ão com situações que severificam em países terceiros.

Artigo 2.º

Os procedimentos definidos no presente Regula-mento aplicam-se às acções nos domínios abran-gidos pelos artigos 3.º e 4.º, executadas noâmbito dos programas existentes em matéria decooperação com países terceiros, nomeadamen-te os programas Tacis (5), Phare (6) e MEDA (7) e os regulamentos relativos à Bósnia-Herzegovi-na (8), bem como a todas as futuras acções decooperação relativas a países terceiros nessesdomínios, diversas das acções de cooperaçãopara o desenvolvimento, realizadas com base noartigo 235.º do Tratado que institui a Comunida-de Europeia.

Artigo 3.º

Dentro dos limites dos artigos 1.º e 2.º e em coe-rência com o conjunto da política externa daUnião Europeia, a Comunidade Europeia prestaráapoio técnico e financeiro a acções que tenhamcomo objectivo, nomeadamente:

1. A promoção e a defesa dos direitos do Ho-mem e das liberdades fundamentais, tal co-mo proclamados na Declaração Universaldos direitos do Homem e noutros instru-mentos internacionais relativos ao desen-volvimento e consolidação da democracia edo Estado de direito, e designadamente:

a) a promoção e a protecção dos direitoscivis e políticos;

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(4) JO C 102 de 4.4.1996, p. 4.

(5) Regulamento (CEE) n.º 2157/91 (JO L 201 de 24.7.1991,p. 2). Regulamento com a última redacção que lhe foidada pelo Regulamento (CEE) n.º 1279/96 (JO L 165 de4.7.1996, p. 1).

(6) Regulamento (CEE) n.º 3906/89 (JO L 375 de23.12.1989, p. 11). Regulamento com a última redac-ção que lhe foi dada pelo Regulamento (CE) n.º 753/96(JO L 103 de 26.4.1996, p. 5).

(7) Regulamento (CEE) n.º 1763/92 (JO L 181 de 1.7.1998,p. 5). Regulamento com a última redacção que lhe foidada pelo Regulamento (CE) n.º 1488/96 (JO L 189 de30.7.1996, p. 1).

(8) Regulamento (CE) n.º 753/96 (JO L 103 de 26.4.1996, p. 5).

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b) a promoção e a protecção dos direitoseconómicos, sociais e culturais;

c) a promoção e a protecção dos direitosfundamentais das pessoas sujeitas a dis-criminações, pobres ou desfavorecidas,o que contribuirá para a redução dapobreza e da exclusão social;

d) o apoio a minorias, aos grupos étnicos eàs populações autóctones;

e) o apoio às instituições locais, nacionais,regionais ou internacionais, incluindo asorganizações não governamentais (ONG),que desenvolvam actividades relaciona-das com a protecção ou a defesa dosdireitos do Homem;

f) o apoio aos centros de reabilitação devítimas de tortura e às organizaçõesque prestem ajuda concreta às vítimasde violações dos direitos do Homem ouque contribuam para a melhoria dascondições em zonas onde as pessoasse encontrem privadas de liberdade, afim de impedir a tortura ou os maustratos;

g) o apoio à educação, formação e sensibi-lização no domínio dos direitos do Ho-mem;

h) o apoio às acções de observação nodomínio dos direitos do Homem,incluindo a formação dos observadores;

i) a promoção da igualdade de oportunida-des e de práticas não discriminatórias,incluindo medidas de combate ao racis-mo e à xenofobia;

j) a promoção e protecção das liberdadesfundamentais tal como referidas no pac-to internacional sobre os direitos civis epolíticos, nomeadamente a liberdade deopinião, de expressão e de consciência,bem como o direito à utilização da sualíngua.

2. O apoio aos processos de democratização,designadamente:

a) a promoção e o reforço do estado de Di-reito, nomeadamente o apoio à indepen-dência e ao reforço do poder judicial e oapoio a um sistema penitenciário querespeite a pessoa humana; o apoio àsreformas constitucionais e legislativas; oapoio às iniciativas em prol da aboliçãoda pena de morte;

b) a promoção da separação dos poderes,nomeadamente dos poderes judicial elegislativo relativamente ao poder exe-cutivo, e o apoio às reformas institucio-nais;

c) a promoção do pluralismo, tanto a nívelpolítico como a nível da sociedade civil,através do reforço das instituiçõesnecessárias para assegurar o carácterpluralista da sociedade, incluindo asONG, bem como da promoção da inde-pendência e da responsabilidade dosmeios de comunicação social e do apoioà liberdade de imprensa e ao respeitodos direitos de liberdade de associação ede reunião;

d) a promoção da boa gestão dos assun-tos públicos, nomeadamente atravésdo apoio à transparência da adminis-tração e à prevenção e luta contra acorrupção;

e) a promoção da participação das popula-ções nos processos de tomada de deci-sões, tanto a nível nacional como regio-nal e local, e em especial a promoção daparticipação equilibrada dos homens edas mulheres na sociedade civil, na vidaeconómica e na actividade política;

f) o apoio aos processos eleitorais, nomea-damente através do apoio às comissõeseleitorais independentes, da concessãode uma assistência material, técnica ejurídica à preparação das eleições,incluindo os recenseamentos eleitorais,de medidas de promoção da participa-ção de grupos específicos, nomeada-mente das mulheres, nos processos elei-torais, assim como da formação deobservadores;

g) o apoio aos esforços nacionais de deli-mitação das responsabilidades civis emilitares e a sensibilização e formaçãodos funcionários civis e militares emmatéria de respeito dos direitos do Ho-mem.

3. O apoio às acções de promoção do respei-to dos direitos do Homem e de democrati-zação, contribuindo para a prevenção deconflitos e o tratamento das suas conse-quências, em estreita ligação com as ins-tâncias competentes na matéria, designa-damente:

a) o apoio à criação de estruturas, nomea-damente o estabelecimento de sistemaslocais de alerta rápido;

b) o apoio a medidas destinadas a equili-brar oportunidades e a sanar as dispari-dades existentes entre diferentes gruposde identidade;

c) o apoio a medidas que facilitem a conci-liação pacífica dos interesses de grupo,

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incluindo o apoio a medidas de confian-ça relativas aos direitos do Homem e àdemocratização, com vista a prevenirconflitos e a restaurar a paz civil;

d) a promoção do direito humanitáriointernacional e da sua observância portodas as partes envolvidas num conflito;

e) o apoio às organizações internacionais,regionais ou locais, incluindo as ONG,que intervêm na prevenção e resoluçãode conflitos e no tratamento das suasconsequências, incluindo o apoio aoestabelecimento de tribunais penaisinternacionais ad hoc e à instauração deuma jurisdição penal internacional per-manente, bem como às medidas destina-das à reabilitação e reintegração das víti-mas de violações dos direitos do Ho-mem.

Artigo 4.º

Para o efeito, o apoio comunitário pode incluir,entre os seus meios de acção, o financiamentode:

1. Acções de sensibilização, informação e for-mação dos agentes envolvidos, bem comoda opinião pública.

2. Acções necessárias à identificação e à pre-paração de projectos, designadamente:

a) os estudos de identificação e viabilida-de;

b) o intercâmbio de conhecimentos técni-cos e de experiências entre organismoseuropeus e organismos de países tercei-ros;

c) as despesas decorrentes dos concursos,nomeadamente as relativas à avaliaçãodas propostas e à preparação da docu-mentação dos projectos;

d) o financiamento de estudos de caráctergeral relativos à acção comunitária nosdomínios a que se refere o presenteregulamento.

3. Execução de projectos referentes:

a) à assistência técnica e ao pessoal expa-triado ou local, a fim de contribuir paraa realização dos projectos;

b) à aquisição e/ou fornecimento de produ-tos ou materiais estritamente necessá-rios à execução das acções, incluindo,em circunstâncias excepcionais e quan-do devidamente justificado, a compra ouo arrendamento de instalações;

c) se for caso disso, às medidas destinadasa realçar o carácter comunitário dasacções.

4. Acções de acompanhamento, auditoria eavaliação das acções comunitárias.

5. Actividades de explicação, à opinião públicados países em causa, dos objectivos e resul-tados dessas acções, bem como das funçõesde assistência administrativa e técnica emproveito mútuo da Comissão e do beneficiá-rio.

Capítulo II

Regras de execução da ajuda

Artigo 5.º

1. Os parceiros que podem obter um apoiofinanceiro ao abrigo do presente regulamentosão as organizações regionais e internacionais,as ONG, as administrações e as agências públi-cas nacionais, as organizações de base comuni-tária e os institutos e os operadores públicos ouprivados.

2. As acções financiadas pela Comunidade aoabrigo do presente regulamento são executadaspela Comissão, quer a pedido dos parceiros refe-ridos no n.º 1 quer por iniciativa própria.

Artigo 6.º

A ajuda da Comunidade está aberta aos parcei-ros referidos no n.º 1 do artigo 5.º que tenhama sua sede principal num país terceiro benefi-ciário da ajuda da Comunidade ao abrigo dopresente Regulamento ou num Estado-Membroda Comunidade. A referida sede deve consti-tuir o centro efectivo de tomada de todas asdecisões relativas às acções financiadas aoabrigo do presente Regulamento. A títuloexcepcional, essa sede pode situar-se noutropaís terceiro.

Artigo 7.º

Sem prejuízo do contexto institucional e políticoem que os parceiros referidos no n.º 1 do artigo5.º desenvolvem as suas actividades, serãonomeadamente tidos em consideração osseguintes elementos, para determinar se umorganismo pode beneficiar de financiamentocomunitário:

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a) o seu empenho em defender, respeitare promover sem discriminação os direi-tos do Homem e os princípios demo-cráticos;

b) a sua experiência no domínio da promo-ção dos direitos do Homem e dos princí-pios democráticos;

c) a sua capacidade de gestão administrati-va e financeira;

d) a sua capacidade técnica e logística emrelação à acção prevista;

e) se for caso disso, os resultados dasacções anteriormente realizadas e,sobretudo, das que tenham beneficiadode financiamento comunitário;

f) a sua capacidade para desenvolver acooperação com outros intervenientesda sociedade civil no país terceiro emcausa e para encaminhar a ajuda para asorganizações locais responsáveis peran-te a sociedade civil.

Artigo 8.º

1. Só será concedida ajuda aos parceiros referi-dos no n.º 1 do artigo 5.º se estes se comprome-terem a respeitar as condições de afectação e deexecução da ajuda fixadas pela Comissão e a queos parceiros se obrigaram por contrato.

2. Qualquer acção que beneficie da ajuda comu-nitária será executada segundo os objectivosdefinidos na decisão de financiamento da Co-missão.

3. O financiamento comunitário ao abrigo dopresente Regulamento assume a forma de aju-das não reembolsáveis.

4. Quando as acções financiadas ao abrigo dopresente Regulamento estejam sujeitas a con-venções de financiamento entre a Comunidadee os países beneficiários, tais convenções esti-pularão que o pagamento de impostos, direitose encargos não será financiado pela Comuni-dade.

Artigo 9.º

1. A participação nos concursos e contratos estáaberta, em igualdade de condições, a todas aspessoas singulares e colectivas do país benefi-ciário e dos Estados-Membros, podendo ser tor-nada extensiva, em casos excepcionais devida-mente justificados, a outros países.

2. Os fornecimentos serão originários dos Esta-dos-Membros ou do país de acolhimento, poden-do, em casos excepcionais devidamente justifi-cados, ser originários de outros países.

Artigo 10.º

1. A Comissão pode tomar todas as medidas decoordenação necessárias, em estreita coopera-ção com os Estados-Membros, a fim de realizaros objectivos de coerência e complementaridadee a fim de garantir a eficácia máxima do conjun-to das acções.

2. Em todo o caso, para efeitos do n.º 1, a Co-missão incentivará:

a) a instauração de um sistema de intercâmbioe análise sistemática de informações sobreas acções financiadas e sobre as acções cujofinanciamento esteja previsto pela Comuni-dade e pelos Estados-Membros;

b) uma coordenação no local de execução dasacções, através de reuniões regulares deintercâmbio de informações entre os repre-sentantes da Comissão e dos Estados-Mem-bros no país beneficiário;

c) a promoção de uma abordagem coerente emrelação à ajuda humanitária e, sempre quepossível, a integração da protecção dosdireitos do Homem na ajuda humanitária.

Capítulo III

Procedimentos de execução das acções

Artigo 11.º

O montante de referência financeira para a exe-cução do presente Regulamento durante o perío-do de 1999 a 2004 é de 150 milhões de euros.

As dotações anuais são autorizadas pela autori-dade orçamental, dentro do limite das perspecti-vas financeiras.

Artigo 12.º

A Comissão é responsável pela programação,instrução, decisão, gestão, acompanhamento eavaliação das acções a que se refere o presenteRegulamento de acordo com os procedimentosorçamentais e outros em vigor. A Comissão fixa-rá as condições de afectação, mobilização e exe-cução das ajudas a que se refere o presente Re-gulamento.

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Artigo 13.º

1. São adoptados pela Comissão nos termos don.º 2 do artigo 14.º:

— as decisões relativas às acções cujo finan-ciamento ao abrigo do presente regulamen-to ultrapasse um milhão de ecus por acção,bem como qualquer alteração dessas acçõesque implique um montante adicional supe-rior a 20% do montante inicialmente aprova-do para a acção em causa;

— os programas destinados a facultar um qua-dro coerente de acção num país ou numaregião determinada ou sobre um tema espe-cífico em que as necessidades constatadassejam de natureza a perdurar, nomeada-mente devido à sua amplitude e complexi-dade.

2. A Comissão informará o comité referido noartigo 14.º das decisões de financiamento quetencione adoptar relativamente aos projectos eprogramas de valor inferior a um milhão de eu-ros. Esta informação será prestada pelo menosuma semana antes da adopção da decisão.

Artigo 14.º

1. A Comissão é assistida pelo Comité dos Di-reitos do Homem e da Democracia, a seguirdesignado «Comité», instituído pelo artigo 13.ºdo Regulamento (CE) n.º 975/1999.

2. Quando seja feita referência ao processodefinido no presente artigo, o representante daComissão submeterá ao comité um projecto dasmedidas a tomar. O Comité emitirá o seu parecersobre esse projecto num prazo que o presidentepode fixar em função da urgência da questão emcausa. O parecer será emitido por maioria, nostermos previstos no n.º 2 do artigo 148.º do Tra-tado para a adopção das decisões que o Con-selho é chamado a tomar sob proposta da Co-missão. Nas votações realizadas no Comité, osvotos dos representantes dos Estados-Membrosestão sujeitos à ponderação definida no artigoatrás referido. O presidente não participa navotação.

A Comissão adoptará as medidas projectadasdesde que sejam conformes com o parecer doComité.

Se as medidas projectadas não forem conformescom o parecer do Comité, ou na ausência deparecer, a Comissão submeterá sem demora aoConselho uma proposta relativa às medidas a to-

mar. O Conselho deliberará por maioria qualifi-cada.

Se o Conselho não tiver deliberado no termo deum prazo de três meses a contar da data em quea proposta lhe foi submetida, a Comissão adop-tará as medidas propostas.

Artigo 15.º

1. A Comissão pode financiar intervenções deemergência até um montante de dois milhões deeuros. Consideram-se intervenções de emergên-cia as acções referentes a necessidades imedia-tas e não previsíveis relacionadas com a inter-rupção abrupta do processo democrático ou aemergência de uma situação de crise ou de peri-go excepcional e iminente que afecte o conjuntoou uma parte da população de um país, consti-tuindo uma ameaça grave para a salvaguardados direitos e liberdades fundamentais dos indi-víduos.

2. Para as acções que satisfaçam essas condições,a Comissão adoptará a sua decisão após consultaaos Estados-Membros pela forma mais eficaz, dis-pondo os Estados-Membros de um prazo de cincodias úteis para apresentar eventuais objecções.Em caso de objecções, o Comité referido no artigo14.º analisará a questão na sua reunião seguinte.

3. Na reunião seguinte do comité referido noartigo 14.º, a Comissão informá-lo-á das inter-venções de emergência financiadas ao abrigodas presentes disposições.

Artigo 16.º

O Comité pode analisar qualquer questão geralou específica relativa à ajuda comunitária nestedomínio e deve igualmente desempenhar um pa-pel útil como instrumento de melhoramento dacoerência das acções da União Europeia emmatéria de direitos do Homem e de democratiza-ção em relação a países terceiros. Uma vez porano, o comité procederá à análise da programa-ção prevista para o exercício seguinte ou a umatroca de opiniões sobre as orientações geraisdas acções a realizar no ano seguinte ao abrigodo presente Regulamento.

Artigo 17.º

1. A Comissão procederá regularmente à avalia-ção das acções financiadas pela Comunidade aoabrigo do presente Regulamento, a fim de verifi-

123

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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car se os objectivos fixados por essas acções fo-ram atingidos, bem como de fornecer orienta-ções para aumentar a eficácia das acções futu-ras. A Comissão apresentará ao comité um resu-mo das avaliações realizadas que poderão, sefor caso disso, ser por ele analisadas. Os relató-rios de avaliação serão facultados aos Esta-dos-Membros que o solicitem.

2. A pedido e com a participação dos Esta-dos-Membros, a Comissão pode proceder igual-mente à avaliação dos resultados das acções edos programas da Comunidade a que se refere opresente Regulamento.

Artigo 18.º

Todos os contratos ou convenções de financia-mento celebrados ao abrigo do presente regula-mento estipularão, designadamente, que a Co-missão e o Tribunal de Contas poderão procedera controlos no local e na sede dos parceirosreferidos no n.º 1 do artigo 5.º, de acordo comas regras habituais definidas pela Comissão noâmbito das disposições em vigor, nomeadamen-te as do Regulamento Financeiro aplicável aoorçamento geral das Comunidades Europeias.

Artigo 19.º

1. No prazo de um mês a contar da sua decisão,a Comissão informará os Estados-Membros dasacções e projectos aprovados, indicando os res-pectivos montantes, a sua natureza, o país bene-ficiário e os parceiros envolvidos.

2. Após cada exercício orçamental, a Comissãoapresentará ao Parlamento Europeu e ao Con-selho um relatório anual com um resumo dasacções financiadas durante esse exercício.

Esse resumo incluirá, nomeadamente, informa-ções relativas aos parceiros com os quaistenham sido executadas as acções a que se refe-re o artigo 1.º

O relatório incluirá igualmente uma síntese dasavaliações externas eventualmente efectuadas e,se for caso disso, proporá acções específicas.

Artigo 20.º

Três anos após a entrada em vigor do presen-te regulamento, a Comissão apresentará aoParlamento Europeu e ao Conselho uma avalia-ção global das acções financiadas pela Comu-nidade no âmbito do presente Regulamento,eventualmente acompanhada de propostasadequadas relativas ao futuro do presente Re-gulamento.

Artigo 21.º

O presente Regulamento entra em vigor no ter-ceiro dia seguinte ao da sua publicação no Jor-nal Oficial das Comunidades Europeias.

É aplicável até 31 de Dezembro de 2004.

O presente Regulamento é obrigatório em todosos seus elementos e directamente aplicável emtodos os Estados-Membros.

Feito no Luxemburgo, em 29 de Abril de 1999.

Pelo Conselho,

O Presidente

W. Müller

124

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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ACDH Alto-Comissariado para os Direitos Humanos

ACNUR Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

ACP Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico

AGNU Assembleia Geral das Nações Unidas

ARJM Antiga República jugoslava da Macedónia

ASEM Encontro Ásia-Europa

CCF Comissão da Condição Feminina

CCT Convenção contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ouDegradantes

CDC Convenção sobre os Direitos da Criança

CDH Comissão dos Direitos do Homem

CE Comunidade Europeia

CEDAW Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra asMulheres

CEDH Convenção Europeia dos Direitos do Homem

CEI Comunidade dos Estados Independentes

CM Chefe de missão

CNUDH Comissão das Nações Unidas para os Direitos do Homem

COHOM Grupo dos Direitos Humanos

Comité ESC Comité das Nações Unidas para os Direitos Económicos, Sociais e Culturais

Coreper Comité de Representantes Permanentes

CPT Convenção Europeia para a Prevenção da Tortura e das Penas ou Tratamentos Desu-manos ou Degradantes

Daphne Programa de acção comunitário relativo a medidas preventivas de combate à violên-cia exercida contra as crianças, os adolescentes e as mulheres

DUDH Declaração Universal dos Direitos do Homem

ECHO Serviço de Ajuda Humanitária da Comunidade Europeia

ECMM Missão de Vigilância da Comunidade Europeia

125

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ANEXO 21

LISTA DE SIGLAS

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Ecosoc Conselho Económico e Social (ONU)

ECRI Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância

ECU Unidade de conta europeia

FMI Fundo Monetário Internacional

Grulac Grupo da América Latina e das Caraíbas

OCDE Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos

ODIHR Gabinete das Instituições Democráticas dos Direitos Humanos

OEA Organização dos Estados Americanos

OIT Organização Internacional do Trabalho

ONG Organizações não governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OSCE Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa

OUA Organização da Unidade Africana

PE Parlamento Europeu

PESC Política Externa e de Segurança Comum

Phare Programa para a Europa Central e Oriental

PIDCP Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos

Pidesc Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais

PNUD Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento

RDC República Democrática do Congo

RFJ República Federativa da Jugoslávia

RPDC República Popular Democrática da Coreia

SPG Sistema de Preferências Generalizadas

STOP Programa de incentivo e de intercâmbio destinado aos responsáveis pela acção con-tra o tráfico de seres humanos e a exploração sexual de crianças

TCE Tratado que institui a Comunidade Europeia

TPI Tribunal Penal Internacional

TPIJ Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia

TPIR Tribunal Penal Internacional para o Ruanda

TUE Tratado da União Europeia

UE União Europeia

Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância

WEOG Grupo dos Estados da Europa Ocidental e outros

126

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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A

Abuso sexual 18, 42

Acções comuns 25, 28

ACP 28, 30, 31, 104, 125

Afeganistão 27, 39

África 26, 32, 35, 39, 45, 48, 104, 125

Alargamento 8, 13, 17, 23, 24, 54, 57

Alto-comissário 38, 44, 45, 46, 54

Angola 26, 27

Argélia 27, 48

ASEM 19, 32, 125

Asilo 14, 15, 16, 20, 59

Assembleia 7, 8, 28, 38, 43, 50, 51, 53, 69,99, 125

Associação 24, 27, 30, 32, 33, 102, 120

B

Baamas 28

Birmânia 26, 39, 40

Boa governação 26, 31, 32, 36, 37, 44, 46, 50,52, 53, 57, 58, 100

C

Campos de trabalho 29

Canadá 28, 33, 39

Carta 13, 22, 23, 28, 30, 33, 34, 54, 56, 57,60, 87, 88, 96, 99

Carta Europeia 13, 87, 96

Carta Social 57, 87, 88, 99

CEDH 69, 125

Chefes de Missão 29, 72

China 27, 28, 29, 40, 41, 48, 49, 102, 103,104

Cláusula 30, 31, 100

Código de Conduta 39, 56

COHOM 37, 125

Colômbia 27, 40

Colonatos 30, 40

Colónia 22, 23, 25

Comissão da Condição Feminina 52, 125

Comissão dos Direitos do Homem 7, 13, 28,38, 39, 40, 44, 45, 46, 50, 51, 96, 102, 125

Comissão Europeia 8, 11, 22, 52, 58, 96, 126

Comité dos Representantes Permanentes 125

Comores 31

Conferência Mundial contra o Racismo 37,49, 58

Conflito armado 56

Congo 26, 39, 40, 126

Conselho da Europa 10, 11, 23, 33, 37, 57,58, 71, 87, 88, 96, 97, 99

Conselho Europeu 10, 15, 16, 17, 18, 20, 21,22, 23, 25, 57, 65, 98, 99

Convenção de Lomé 26, 30, 31

Convenção Europeia para a Protecção dos Direi-tos do Homem 10, 69, 98

Convenção para a Protecção dos Direitos do Ho-mem 11, 71, 87, 88

Convenção sobre a Eliminação de todas as For-mas de Discriminação contra as Mulheres43, 86, 88, 125

Convenção sobre a Eliminação de todas as For-mas de Discriminação Racial 13

Convenção sobre os Direitos da Criança 7,71, 86, 88, 125

Copenhaga 7, 8, 23, 24, 38, 47, 52, 54, 55,56, 65, 71, 87

Costa do Marfim 31, 35

Crianças 7, 8, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 37, 39,41, 42, 43, 44, 45, 53, 54, 55, 56, 61, 86, 110,118, 125, 126

127

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ÍNDICE ALFABÉTICO

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Crimes de guerra 41, 67

Cuba 39, 40, 51

D

Daphne 18, 22, 125

Declaração 7, 8, 9, 10, 11, 13, 20, 30, 31, 32,33, 34, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48,49, 50, 51, 52, 53, 56, 58, 86, 87, 98, 99, 100,109, 111, 117, 119, 125

Declaração Universal dos Direitos do Homem7, 13, 30, 34, 39, 47, 50, 86, 98, 100, 109,111, 117, 125

Defensores 7, 8, 39, 40, 49, 50, 99

Defensores dos direitos humanos 8, 40, 49,50

Deficiência 10, 14, 62

Democracia 7, 8, 9, 10, 13, 23, 24, 25, 26, 29,30, 31, 32, 33, 34, 36, 44, 46, 47, 49, 50, 52,57, 59, 60, 63, 65, 66, 70, 98, 99, 100, 101,104, 109, 110, 111, 114, 117, 118, 119, 123

Desenvolvimento 8, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 17,18, 19, 21, 22, 31, 32, 33, 36, 38, 39, 42, 46,47, 50, 51, 52, 53, 57, 59, 60, 63, 67, 69, 71,86, 98, 99, 100, 101, 104, 109, 110, 111, 114,117, 118, 119, 126

Detenção arbitrária 47, 48

Diálogo 8, 9, 10, 15, 25, 27, 28, 29, 30, 31,32, 33, 37, 40, 41, 47, 54, 72, 100, 102, 103,110, 118

Diálogo político 25, 27, 28, 30, 33

Diligências 27, 28, 72, 100

Direito ao desenvolvimento 39, 46, 53, 86

Direitos civis e políticos 23, 47, 102, 109,111, 112, 117, 118, 119, 120

Direitos económicos 21, 23, 29, 37, 46, 47,98, 102, 109, 110, 111, 117, 118, 120, 125

Direitos fundamentais 10, 11, 13, 22, 31, 53,59, 109, 111, 117, 120

Direitos sociais 18, 20, 31, 99

Discriminação racial 13, 14, 45, 51, 58, 86,88

Diversidade 9, 13, 39, 45

Diversidade cultural 39

E

Educação 9, 14, 17, 29, 34, 35, 36, 42, 44, 47,53, 97, 111, 120

Egipto 39, 48

Eleições 34, 35, 36, 50, 62, 100, 112, 120

Estabilidade 9, 13, 30, 33, 44, 57, 58

Estado de direito 29, 34

Estados Unidos 28, 40, 103

Estratégias comuns 25, 57

Exploração sexual 16, 18, 19, 39, 44, 126

Expressão 29, 49, 96, 102, 112, 120

F

Filipinas 28, 41

Fórum 7, 8, 9, 34, 45, 54, 57, 105

G

Gabinete das Instituições Democráticas e dos Di-reitos Humanos 54, 55, 56, 126

Gabinete do alto-representante 25

Género 7, 20

Grulac 39, 126

Guatemala 48

H

Helsínquia 23, 25, 30, 55, 60, 87

I

Imigração 14, 20, 59

Índia 27, 28, 48

Indonésia 27, 32, 36, 40, 48

Instrumento relativo aos direitos humanos50

Intolerância 45, 49, 51, 58, 86, 96, 126

Irão 27, 28, 39, 40, 41

J

Jugoslávia 67, 71, 104

K

Kosovo 26, 35, 36, 39, 44, 45

L

Legislação comunitária 30

Liberdade de associação 120

Liberdade de expressão 11, 27, 32, 47, 48,49, 97

Liberdade de opinião 29, 49, 96, 112, 120

Liberdade de religião 48, 49

128

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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M

MEDA 33, 36, 104, 117, 119

Mediterrâneo 33

Meios de comunicação social 26, 112, 120

Mianmar 26, 31, 40

Minorias 15, 18, 23, 24, 28, 33, 44, 45, 46,54, 65, 86, 87, 97, 110, 111, 118, 120

Moçambique 36, 48

Mulheres 7, 8, 11, 15, 16, 18, 20, 21, 22, 27,28, 31, 32, 37, 38, 43, 44, 45, 51, 52, 55, 56,62, 64, 69, 73, 86, 99, 110, 112, 118, 120, 125

N

Nações Unidas 7, 11, 28, 33, 34, 37, 38, 39,41, 42, 43, 44, 45, 46, 50, 51, 56, 60, 63, 67,69, 71, 86, 88, 96, 97, 99, 100, 102, 125, 126

Nigéria 104

O

Observadores eleitorais 36

Observatório Europeu do Racismo e da Xenofo-bia 14

OEA 126

OIT 53, 126

ONG 8, 9, 32, 37, 42, 44, 49, 50, 52, 54, 56,58, 100, 103, 111, 112, 120, 121, 126

Organização para a Segurança e a Cooperação naEuropa 11, 87, 99, 126

Organização dos Estados Americanos 69, 126

Organização Internacional do Trabalho 126

Organizações não governamentais 8, 13, 14,51, 54, 99, 111, 113, 120

Orientações 17, 21, 36, 41, 42, 48, 56, 110,115, 118, 123, 124

OSCE 7, 33, 37, 54, 55, 56, 57, 71, 126

P

Pacto 28, 29, 33, 53, 57, 58, 69, 71, 72, 73,86, 88, 109, 112, 117, 120, 126

Pacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos 28, 29, 69, 71, 73, 86, 88, 126

Pacto Internacional sobre os Direitos Económi-cos, Sociais e Culturais 53, 86, 88, 126

Paquistão 27, 28, 35

Parceria Euromediterrânica 33

Parlamento Europeu 8, 10, 16, 18, 19, 23, 36,52, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 103, 111, 115, 116,117, 119, 124, 126

Pena capital 27, 28, 40, 41, 55, 66, 67, 68, 70,71, 73

Pena de morte 8, 10, 27, 28, 29, 38, 39, 40,41, 49, 55, 57, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73,100, 102, 112, 120

Pequim 7, 8, 20, 32, 38, 39, 43, 51, 52, 64

Peru 41

Phare 24, 33, 36, 117, 119, 126

Política em matéria de direitos humanos 71

Política Externa e de Segurança Comum 10,11, 25, 34, 59, 60, 99, 110, 118, 126

Pós-Graduação Europeia em Direitos Humanos eDemocratização 9

Posições comuns 25, 26, 37, 60

Processo de Barcelona 33

Programa para a Europa Central e Oriental126

Prostituição 7, 42, 56, 86

Protocolo 10, 27, 38, 43, 45, 48, 58, 69, 71,72, 86, 87, 88, 110, 118

Provedor de Justiça 63

R

Racismo 7, 8, 13, 14, 24, 32, 38, 39, 45, 51,58, 61, 96, 100, 111, 120, 126

Rapariga 42, 43, 53

RAXEN 14

Refugiados 15, 16, 33, 39, 44, 45, 86, 88,110, 118, 125

Relator 47, 48, 49, 96, 97

Relator especial 47, 48, 49, 96, 97

Religião 9, 10, 14, 49, 62, 86

Representante especial 7, 39, 40, 50

República Federativa da Jugoslávia 26, 32,33, 126

Roma 41, 57, 59, 67, 87, 109, 117

Ruanda 26, 39, 41, 67, 71, 126

Rússia 25, 27, 33, 49

S

Santa Maria da Feira 23, 25

Saúde 17, 18, 19, 43, 44, 47, 53

Segurança social 47

Seminários 7, 28, 32, 34, 36

Serra Leoa 44

Sida 53

129

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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Sistema de Preferências Generalizadas 31, 126

Sociedade civil 8, 13, 15, 23, 25, 26, 28, 31,33, 34, 36, 37, 44, 48, 54, 58, 73, 98, 103,110, 111, 112, 113, 118, 119, 120, 122

Sri Lanca 36

STOP 18, 22, 126

Sudão 28, 39, 40

T

Tacis 36, 117, 119

Terrorismo 34, 61

Tibete 29, 102

Timor 36, 40, 44

Timor-Leste 36, 40, 44

Tortura 8, 47, 48, 57, 86, 87, 88, 96, 97, 104,110, 111, 118, 120, 125

TPI 104, 126

Trabalhadores 17, 53, 86, 99

Trabalho infantil 42, 47, 53

Tráfico 7, 16, 18, 19, 22, 34, 42, 44, 55, 56,57, 61, 126

Tratado da União Europeia 10, 11, 13, 23, 25,59, 98, 109, 117, 126

Tratado de Amesterdão 10, 13, 14, 15, 20, 25,71, 99

Tratado que institui a Comunidade Europeia10, 14, 59, 60, 62, 109, 117, 119, 126

Tribunal de Justiça 10, 11, 23, 48, 99

Tribunal de Justiça Europeu 10, 11

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem 99

Tribunal Penal Internacional 8, 41, 126

Trindade e Tobago 28

U

Ucrânia 25, 41

Unicef 42, 53, 126

V

Veneza 8, 105

Viena 7, 9, 14, 18, 20, 46, 52, 55, 56, 87, 98,100

X

Xenofobia 8, 13, 14, 24, 32, 45, 51, 58, 61,100, 111, 120

130

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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A

Afghanistan 79

Algeria 83

Amsterdam Treaty 76

Angola 84

Arbitrary detention 80, 83, 84

Armed conflict 80, 94, 95

ASEM 107

Association 77, 78, 79, 80, 82, 83, 84

B

Beijing 75

Bosnia and Herzegovina 77, 93

Burma 76

C

Capital punishment 82

Charter 74

Children 80, 81, 82, 84, 94, 95, 107, 108

China 75, 80

Civil and political rights 74, 78, 79, 80, 84

Colombia 76, 93, 94, 95

Commission on Human Rights 74, 75, 76, 81,84

Congo 76, 83, 93, 95

Convention Against Torture 90, 91

Convention on the Elimination of all Forms ofRacial Discrimination 89

Convention on the Rights of the Child 89, 90,92

Copenhagen 75

Council of Europe 76, 77, 91, 108

Court of Human Rights 85

Court of Justice 81

Covenant 89

Cuba 84

Cultural rights 74, 79, 80, 83, 89, 91

D

Death penalty 74, 75, 76, 78, 79, 80, 84, 85,

107

Democracy 76, 77, 78, 80, 83, 93

Development 74, 75, 76, 77, 78, 83, 106, 108

Dialogue 75, 76, 77, 80, 83, 84, 85

E

East Timor 75, 76, 81

ECHR 108

Economic rights 80

Education 79

Elections 77, 78, 84, 85

Enlargement 106

European Charter 74, 91

European Commission 106

European Convention for the Protection of Hu-

man Rights 79

European Court of Human Rights 108

European Court of Justice 106

European Parliament 106

F

Federal Republic of Yugoslavia 77

Freedom of expression 77, 78, 79, 82, 84

Freedom of opinion 78

Freedom of religion 79, 83, 84

G

Gender 74

Guatemala 85

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• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

ÍNDICE ALFABÉTICO

Anexos 7 - 8 - 11 - 12 - 18

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H

Health 79, 82

High Commissioner 77, 81, 90, 91, 92, 93, 94,107

Human Rights Defenders 78, 81, 85

I

ICC 108

ILO 107

India 80

Indigenous peoples 85

Indonesia 81

International Covenant on Civil and Political Ri-ghts 90, 92

International Covenant on Economic, Social andCultural Rights 91, 92

International Criminal Court 107, 108

International Labour Organisation 107

Intolerance 76, 80, 93

Iran 76

K

Kosovo 77

M

Media 77, 80, 85

Mediterranean 106

Minorities 75, 77, 78, 79, 80, 83, 91

Myanmar 76

N

Nigeria 83

O

OAS 107

Ombudsman 94

Organisation for Security and Cooperation in Eu-rope 107

Organisation of American States 107

OSCE 76, 77, 107

P

Pakistan 80

Peru 85, 94

Political dialogue 76, 80, 83

Protocol 78, 85

R

Racial discrimination 90, 92, 93

Racism 75, 93, 94, 95, 108

Rapporteur 79

Refugees 75, 77, 78, 81, 82, 84

Religion 74, 78, 80, 82

Roma 107

Rule of law 76, 77, 78, 79, 80, 81, 83, 84, 85

Russia 77

Rwanda 82

S

Sexual exploitation 81

Sierra Leone 84

Social Charter 91, 92

Social rights 77

Special Rapporteur 79, 80, 81, 85

Special Representative 84, 94

Sri Lanka 80

Stability 78, 82, 84

STOP 80, 107

Sudan 76

T

Terrorism 79, 80, 83

Tibet 80

Timor 75, 81

Torture 77, 79, 80, 83, 84, 85, 89, 91, 93, 94,95, 107, 108

U

Uganda 82

Unicef 108

United Nations 77, 91, 107, 108

Universal Declaration of Human Rights 76

W

Women 75, 79, 80, 81, 82, 84, 85, 89, 90, 91,92, 108

Workers 84, 85

World Conference against Racism 95, 108

X

Xenophobia 93

Y

Yugoslavia 77, 93

132

• Direitos humanos: Relatório anual 2000 •

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União Europeia — Conselho

Relatório Anual sobre os Direitos Humanos — 2000

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

2001 — 132 p. — 21 x 29,7 cm

ISBN 92-824-1937-7

Preço no Luxemburgo (IVA excluído): EUR 23

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