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Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 13 1 Nível de atividade A trajetória do PIB, na margem, ratificou as perspectivas de retomada da atividade econômica, antecipadas no Relatório de Inflação de junho. Este movimento se reveste de contornos mais relevantes a partir da constatação de que a variação do agregado no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, refletiu, pela ótica da oferta, resultados favoráveis na indústria e nos serviços, enquanto o exame dos componentes da demanda revela que o consumo das famílias registrou o segundo aumento consecutivo, neste tipo de comparação, e a FBCF, após acumular retração de 20,3% nos trimestres encerrados em março de 2009 e em dezembro do ano anterior, registrou estabilidade. A evolução de importantes indicadores setoriais, no decorrer do terceiro trimestre do ano, sugere a aceleração do ritmo de crescimento da atividade. Neste ambiente, a expansão significativa observada, em agosto, nos índices que mensuram a confiança do empresariado industrial, e o patamar elevado da confiança dos consumidores, deverão favorecer a continuidade dos resultados positivos registrados na produção da indústria que, em julho, cresceu pelo sétimo mês consecutivo e atingiu o maior patamar desde novembro de 2008. Este cenário benigno incorpora, ainda, os impactos do processo de flexibilização monetária, dos estímulos fiscais, das melhoras nas condições dos mercados de trabalho e de crédito, e do recuo nas taxas de inflação sobre a renda real dos trabalhadores, com desdobramentos favoráveis em relação à consolidação do mercado interno como fator de sustentação da retomada da atividade econômica. 1.1 Comércio O ambiente favorável inerente aos processos de ampliação da massa salarial e do saldo das operações de crédito, e de acomodação das expectativas do consumidor em patamar elevado, se constituiu no principal determinante da manutenção da retomada das vendas varejistas, que

Nível de atividade - bcb.gov.br · dezembro do ano anterior, ... no Norte e no Centro-Oeste. ... constitua no quarto aumento mensal consecutivo, o INC se

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Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 13

1Nível de atividade

A trajetória do PIB, na margem, ratificou as perspectivas de retomada da atividade econômica, antecipadas no Relatório de Inflação de junho. Este movimento se reveste de contornos mais relevantes a partir da constatação de que a variação do agregado no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, refletiu, pela ótica da oferta, resultados favoráveis na indústria e nos serviços, enquanto o exame dos componentes da demanda revela que o consumo das famílias registrou o segundo aumento consecutivo, neste tipo de comparação, e a FBCF, após acumular retração de 20,3% nos trimestres encerrados em março de 2009 e em dezembro do ano anterior, registrou estabilidade.

A evolução de importantes indicadores setoriais, no decorrer do terceiro trimestre do ano, sugere a aceleração do ritmo de crescimento da atividade. Neste ambiente, a expansão significativa observada, em agosto, nos índices que mensuram a confiança do empresariado industrial, e o patamar elevado da confiança dos consumidores, deverão favorecer a continuidade dos resultados positivos registrados na produção da indústria que, em julho, cresceu pelo sétimo mês consecutivo e atingiu o maior patamar desde novembro de 2008. Este cenário benigno incorpora, ainda, os impactos do processo de flexibilização monetária, dos estímulos fiscais, das melhoras nas condições dos mercados de trabalho e de crédito, e do recuo nas taxas de inflação sobre a renda real dos trabalhadores, com desdobramentos favoráveis em relação à consolidação do mercado interno como fator de sustentação da retomada da atividade econômica.

1.1 Comércio

O ambiente favorável inerente aos processos de ampliação da massa salarial e do saldo das operações de crédito, e de acomodação das expectativas do consumidor em patamar elevado, se constituiu no principal determinante da manutenção da retomada das vendas varejistas, que

14 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

retornaram, ao final do segundo e início do terceiro trimestre do ano, ao patamar observado anteriormente à intensificação da crise internacional.

Esta evolução, impulsionada em especial pelo desempenho dos segmentos dependentes de forma mais intensa do crédito, é evidenciada pelo aumento de 5,4% registrado nas vendas do comércio ampliado no trimestre encerrado em julho, em relação ao finalizado em abril, considerados dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vale mencionar que as vendas do comércio – excetuando-se o recuo de 0,9% observado nas relativas a combustíveis e lubrificantes – registraram aumento generalizado em todos os setores considerados na pesquisa, com ênfase nos referentes a automóveis, motocicletas, partes e peças, 6,7%; outros artigos de uso pessoal e doméstico, 3,3%; e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, 2,7%.

Considerada a mesma base de comparação, as vendas do comércio varejista, conceito que exclui os segmentos veículos e motos, partes e peças e de material de construção, elevaram-se 1,5%, ressaltando-se as expansões assinaladas no Nordeste, 2,8%; e Sul, 1,7%; enquanto nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte observaram-se variações trimestrais de 1,3%, 0,5% e 0,1%. Por Unidades da Federação, as vendas do varejo apresentaram evolução favorável em 23 dos 27 estados pesquisados, com ênfase no dinamismo observado no Piauí, 6,7%; Sergipe, 5,2%; Alagoas, 3,7%; Ceará, 3,5%; e Bahia, 3,5%, contrastando com os desempenhos negativos registrados em Rondônia, 4,6%; Roraima, 1,4%; e Maranhão, 0,3%.

A receita nominal do comércio ampliado aumentou 5,1% nos sete primeiros meses de 2009, em relação ao mesmo período do ano anterior, resultado de elevações de 3,4% no volume de vendas e de 1,6% nos preços. Dos dez segmentos pesquisados, cinco apresentaram crescimento da receita nominal superior à variação média de 5,5% registrada, no período, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE. Os principais aumentos ocorreram nos segmentos outros artigos de uso pessoal e doméstico, 19%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, 18,4%; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 14%, em oposição aos recuos relativos a veículos e motos, partes e peças, 2,3%, este refletindo, fundamentalmente, o impacto da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os preços do setor e móveis e eletrodomésticos, 2%.

Tabela 1.1 – Índice de volume de vendasVariação percentual

Discriminação 2009

Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Comércio varejista -0,2 0,4 1,7 0,5 Combustíveis e lubrificantes -0,6 1,6 -3,0 -1,3 Hiper, supermercados 0,8 0,2 1,0 0,8 Tecidos, vestuário e calçados -1,8 -2,5 10,1 -3,9 Móveis e eletrodomésticos -1,9 0,8 3,6 1,9 Art. farmacêuticos, médicos -1,2 0,9 0,0 3,8 Livros, jornais, rev. e papelaria -2,1 2,4 -0,4 4,2 Equip. e mat. para escritório 8,7 -10,6 14,3 -4,2 Outros arts. de uso pessoal -2,2 3,2 2,7 -0,8 Comércio ampliado -3,8 5,0 7,1 -6,0 Materiais de construção -4,3 4,0 -1,4 -1,3 Automóveis e motocicletas -5,5 6,9 9,3 -10,4

Trimestre/trimestre anterior1/

Comércio varejista 2,5 1,3 1,0 1,5 Combustíveis e lubrificantes 2,0 2,6 1,1 -0,9 Hiper, supermercados 3,2 1,9 1,7 1,4 Tecidos, vestuário e calçados 1,3 0,0 0,7 2,0 Móveis e eletrodomésticos -1,1 -2,4 -2,2 1,7 Art. farmacêuticos, médicos 3,3 3,1 1,2 2,0 Livros, jornais, rev. e papelaria -3,2 -3,0 -3,3 2,7 Equip. e mat. para escritório 3,3 2,8 8,7 2,7 Outros arts. de uso pessoal 6,9 4,7 2,5 3,3 Comércio ampliado 5,4 3,7 3,5 5,4 Materiais de construção 0,2 2,5 0,6 0,3 Automóveis e motocicletas 16,1 8,5 4,6 6,7

No ano Comércio varejista 4,5 4,2 4,4 4,6 Combustíveis e lubrificantes 3,2 2,9 2,2 1,2 Hiper, supermercados 6,5 6,5 6,8 7,3 Tecidos, vestuário e calçados -7,4 -8,3 -6,9 -6,2 Móveis e eletrodomésticos -1,6 -2,6 -2,3 -1,9 Art. farmacêuticos, médicos 12,0 11,6 11,8 12,0 Livros, jornais, rev. e papelaria 9,7 9,2 8,6 9,0 Equip. e mat. para escritório 18,3 15,3 16,7 15,5 Outros arts. de uso pessoal 8,5 9,0 9,5 9,3 Comércio ampliado 2,5 2,6 3,9 3,4 Materiais de construção -11,4 -10,7 -9,8 -10,2 Automóveis e motocicletas 1,2 1,9 5,3 3,7

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Tabela 1.2 – Índice de vendas no varejo – BrasilJulho de 2009

Variação % acumulada no anoDiscriminação Receita Volume Preços

nominal

Comércio varejista 9,8 4,7 4,9 Combustíveis e lubrificantes 2,2 1,2 1,0 Hiper, supermercados 14,0 7,3 6,2 Tecidos, vestuário e calçados 0,8 -6,2 7,5 Móveis e eletrodomésticos -2,0 -1,9 -0,1 Art. farmacêuticos, médicos, 18,4 12,0 5,7 Equip. e mat. para escritório, 8,8 15,6 -5,9 Livros, jornais, rev. e papelaria 12,8 9,0 3,5 Outros arts. de uso pessoal, 19,0 9,3 8,9 Comércio varejista ampliado 5,1 3,4 1,6 Automóveis e motocicletas -2,3 3,7 -5,8 Materiais de construção 1,1 -10,3 12,7

Fonte: IBGE

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 15

Ratificando os resultados do IBGE, estatísticas dessazonalizadas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revelaram que as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 11,2% no trimestre finalizado em agosto, em relação ao encerrado em maio, consolidando o retorno ao patamar dos meses que antecederam o agravamento da crise econômica internacional. Na mesma linha, as vendas totais de autoveículos nacionais, divulgadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), elevaram-se 1,5% no trimestre.

O nível da inadimplência, considerada a relação entre o número de cheques devolvidos por insuficiência de fundos e o total de cheques compensados, atingiu 5,9% em agosto, ante médias respectivas de 7,1% e 6,8% nos dois primeiros trimestres do ano e 5,6% em igual mês de 2008, enfatizando-se que a melhora registrada no decorrer de 2009 é consistente com as condições mais favoráveis do mercado de crédito, expressas em redução das taxas de juros e alongamento de prazos, e com a recuperação da confiança dos consumidores. Os indicadores de inadimplência apresentaram, regionalmente, comportamento semelhante ao indicador nacional, com ênfase nas evoluções registradas no Norte e no Centro-Oeste.

De acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a inadimplência no estado, registrando tendência semelhante à captada pelos indicadores nacionais e estabilidade em relação a igual mês de 2008, atingiu 6,7% em agosto, ante médias respectivas de 8,2% e 9,2% nos trimestres encerrados em março e em junho de 2009.

As pesquisas destinadas à avaliação das expectativas dos consumidores, em continuidade à recuperação assinalada no trimestre encerrado em junho, registraram, no bimestre finalizado em agosto, resultados semelhantes aos observados anteriormente à crise econômica.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), em patamar superior à sua média histórica, apresentou recuo mensal de 0,4% em agosto, considerados dados dessazonalizados, após experimentar cinco resultados mensais positivos em seqüência, mantendo-se 1,9% acima do indicador relativo a agosto de 2008. A evolução mensal refletiu crescimento de 2,3% no Índice da Situação Atual (ISA) e recuo de 1,7% no Índice de Expectativas (IE).

115

120

125

130

135

140

145

170

185

200

215

230

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul

Móveis e eletrodomésticos

Hipermercados e supermercadosFonte: IBGE

Gráfico 1.2 – Índice de volume de vendas no varejo – Segmentos selecionadosDados dessazonalizados2003 = 100Móveis e eletrodomésticos Hipermercados e supermercados

140

160

180

200

220

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul

Gráfico 1.3 – Índice de volume de vendas (veículos, motos, partes e peças)Dados dessazonalizados2003 = 100

Fonte: IBGE

95

100

105

110

115

120

125

110

120

130

140

150

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago

INC ICC

Fontes: ACSP e FGV

Gráfico 1.4 – Índice Nacional de Confiança (INC – ACSP) e Índice de Confiança do Consumidor (ICC – FGV)

ICCSet 2005 = 100INC

128

137

146

155

164

173

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul

Fonte: IBGE

Gráfico 1.1 – Índice de volume de vendas no varejo –Conceito ampliadoDados dessazonalizados2003 = 100

16 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

O Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela Ipsos Public Affairs para a ACSP, consolidando trajetória de recuperação, atingiu 129 pontos em agosto, elevando-se 2,4% em relação ao mês anterior. Embora este resultado se constitua no quarto aumento mensal consecutivo, o INC se mantém em patamar 7,4% inferior ao assinalado em agosto de 2008 e 16,5 pontos abaixo do recorde assinalado em novembro de 2006. Regionalmente, o indicador registrou aumentos mensais no Sul, 13,1%; Nordeste, 7,9%; Norte/Centro-Oeste, 3,5% e Sudeste, 2,2%.

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado trimestralmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou, no trimestre encerrado em junho, recuperação em relação aos resultados assinalados ao final de 2008 e início de 2009, elevando-se 3,7% em relação ao trimestre finalizado em março e 0,4% ante igual período de 2008. A elevação do indicador no trimestre refletiu, em especial, as melhoras acentuadas nos componentes relacionados à evolução do desemprego, 17%, e da inflação, 11,2%.

O ICC, divulgado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) e restrito à região metropolitana de São Paulo, se manteve, em setembro, na trajetória crescente iniciada em maio, registrando alta de 4,5% em relação ao mês anterior. Este resultado traduziu a ocorrência de elevações de 2,5% no Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), com peso de 60% no índice geral, e de 7,2% no Índice de Condições Econômicas Atuais (Icea). O ICC aumentou 4,4% em relação a setembro de 2008, se constituindo, após oito recuos consecutivos, no terceiro resultado positivo em seqüência neste tipo de comparação.

1.2 Produção

Agropecuária

A produção do setor agropecuário decresceu 3% no primeiro semestre de 2009, em relação a igual período de 2008, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo IBGE.

Lavouras

A safra de grãos deverá alcançar 133,5 milhões de toneladas em 2009, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de agosto, do

Tabela 1.3 – Produção agrícolaEm mil toneladas

Discriminação Produção Variação %

2008 20091/ 2009/2008

Produção de grãos 145 986 133 466 -8,6

Caroço de algodão 2 422 1 797 -25,8

Arroz (em casca) 12 101 12 582 4,0

Feijão 3 460 3 519 1,7

Milho 59 012 50 099 -15,1

Soja 59 917 56 824 -5,2

Trigo 5 886 5 666 -3,7

Outros 3 188 2 981 -6,5

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

110

120

130

140

150

160

Jan 2007

Mai Set Jan 2008

Mai Set Jan 2009

Mai Set

ICC Icea IECFonte: Fecomercio SP

Gráfico 1.5 – Índice de Confiança do Consumidor

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 17

IBGE. A retração anual, projetada em 8,6%, reflete, em especial, o impacto da irregularidade climática observada nas principais regiões produtoras de soja, milho e caroço de algodão herbáceo sobre o desenvolvimento destas culturas, que deverão registrar recuos anuais respectivos de 5,2%, 15,1% e 25,7%. A projeção negativa para a produção agrícola em 2009 incorpora, ainda, a perspectiva de redução de 13,6% na produção de café, em ciclo bianual de baixa produtividade.

Em sentido inverso, as safras de feijão e de arroz deverão aumentar, na ordem, 1,7% e 4% em relação a 2008, enquanto a relativa à cana-de-açúcar, evidenciando o impacto da demanda interna por etanol, está prevista em 696,4 milhões de toneladas, 7,3% superior à registrada no ano anterior, quando havia crescido 18,4%.

Pecuária

De acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, divulgada pelo IBGE, as produções de carnes bovina, de aves e de suínos totalizaram, na ordem, 1,5 milhão, 2,3 milhões e 696,8 mil toneladas no primeiro trimestre de 2009, registrando variações respectivas de -7,6%, -6,7% e 13,6% em relação a igual período do ano anterior.

As exportações de carnes bovina, de aves e de suínos totalizaram 536,9 mil, 1,9 milhão e 301,5 mil toneladas nos sete primeiros meses do ano, representando variações respectivas de -12,8%, -1,8% e 2,3% em relação a igual intervalo de 2008.

1.2 Produção

Produção industrial

A evolução recente da atividade econômica incorpora a recuperação progressiva do setor industrial, favorecida, principalmente, pelo esgotamento do processo de ajuste de estoques e pela expansão do mercado interno. Esta trajetória, em ambiente de melhora nos indicadores trimestrais relacionados às expectativas tanto de empresários quanto de consumidores, reflete ainda, a retomada na produção de bens de capital, sugerindo o retorno gradual do investimento no setor produtivo.

A produção industrial cresceu 3,5% no trimestre finalizado em julho, em relação ao encerrado em abril, de

100

115

130

145

160

175

190

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul

Gráfico 1.7 – Produção industrialDados dessazonalizados2000 = 100

Total Indústria detransformação

ExtrativamineralFonte: IBGE

75

85

95

105

115

125

135

145

155

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: IBGE1/ Estimativa.

1/

Gráfico 1.6 – Produção de grãos Em milhões de toneladas

Tabela 1.4 – Produção da pecuária

Peso total das carcaças

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2008 2009

Out Nov Dez Jan Fev Mar

Bovinos -5,3 -5,9 -6,1 -11,7 -10,4 -7,6

Suínos 5,0 4,9 6,3 9,2 10,4 13,6

Aves 15,3 14,1 13,7 -9,8 -10,0 -6,7

Fonte: IBGE

18 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), realizada pelo IBGE. O desempenho favorável do segmento traduziu os crescimentos observados nas indústrias de transformação, 2,7%, e extrativa, 3,7%, este evidenciando, em cenário de retomada da demanda por commodities minerais, o aumento trimestral de 32,8% registrado na extração de minérios ferrosos.

A evolução da indústria de transformação refletiu a ocorrência de aumentos generalizados em todas as categorias de uso, com ênfase no crescimento de 3,7% registrado pela produção de bens intermediários, enquanto as relativas a bens de capital e a bens de consumo experimentaram expansões respectivas de 2,8% e 2%, no trimestre.

O desempenho da indústria de bens de consumo esteve associado, em grande parte, ao aumento de 9,6% observado no segmento de bens duráveis, impulsionado pelas expansões registradas pelas indústrias de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações, 20,1%; outros equipamentos de transportes 17,6%; mobiliário, 17,1%; e veículos automotores, 13,6%. Vale mencionar, ainda, o crescimento trimestral de 22,9% na produção de eletrodomésticos da “linha branca”.

A indústria de bens de capital, após apresentar recuo de 14,2% no trimestre encerrado em abril, em relação ao finalizado em janeiro, registrou crescimento de 2,8%, considerados dados dessazonalizados. A análise da produção de bens de capital segundo sua destinação evidencia crescimentos relevantes nas categorias de bens direcionados à construção civil, 23,4%; e de uso misto, 10,5%, contrastando com os recuos respectivos de 5,5% e 4% observados nos segmentos de bens de capital agrícolas e para equipamentos de transporte. A produção de bens de capital para fins industriais, evidenciando retrações na fabricação de itens não seriados, 4%, e seriados, 2,1%, recuou 2,8% no trimestre, enquanto a relacionada a insumos típicos da construção civil, favorecida pela continuidade do programa habitacional federal Minha Casa, Minha Vida, pela recuperação da renda interna e pela desoneração tributária no segmento, aumentou 2% na mesma base de comparação.

A produção de veículos leves aumentou 3,9% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao finalizado em maio, segundo dados dessazonalizados da Anfavea. As vendas totais de autoveículos registraram crescimento trimestral de 1,5% em agosto, resultado de acréscimos de 0,6% nas vendas internas e de 3,5% nas exportações. A produção de máquinas agrícolas decresceu 6,5%, na mesma base de comparação.

Tabela 1.6 – Produção industrial por categoria de usoVariação %

Discriminação 2009

Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Produção industrial 1,1 1,3 0,4 2,2

Bens de capital 2,4 1,0 2,2 1,4

Bens intermediários 1,2 1,5 0,7 2,0

Bens de consumo 0,8 1,8 -2,4 2,7

Duráveis 2,5 4,2 1,9 4,6

Semi e não duráveis 0,4 0,8 -2,5 1,0

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção industrial 0,7 4,9 3,7 3,5

Bens de capital -14,2 -5,7 -2,0 2,8

Bens intermediários -0,5 4,0 3,6 3,7

Bens de consumo 4,0 6,1 3,3 2,0

Duráveis 21,2 23,6 11,3 9,6

Semi e não duráveis 1,4 2,8 1,5 -0,1

No ano

Produção industrial -14,6 -13,9 -13,4 -12,8

Bens de capital -22,6 -22,6 -23,0 -23,1

Bens intermediários -17,5 -16,6 -15,7 -15,1

Bens de consumo -8,0 -7,4 -7,2 -6,7

Duráveis -22,3 -20,5 -19,1 -17,3

Semi e não duráveis -3,1 -2,9 -3,0 -3,1

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Tabela 1.5 – Produção industrialVariação percentual

Discriminação 2009

Abr Mai Jun Jul

Indústria geral

No mês1/ 1,1 1,3 0,4 2,2

Trimestre/trimestre anterior1/ 0,7 4,9 3,7 3,5

Mesmo mês do ano anterior -14,8 -11,2 -10,9 -9,9

Acumulado no ano -14,6 -13,9 -13,4 -12,8

Acumulado em 12 meses -3,9 -5,0 -6,5 -8,0

Indústria de transformação

No mês1/ 1,1 1,2 0,0 2,1

Trimestre/trimestre anterior1/ -1,1 3,1 2,5 2,7

Mesmo mês do ano anterior -15,0 -11,0 -10,9 -9,9

Acumulado no ano -14,6 -13,9 -13,3 -12,8

Acumulado em 12 meses -3,9 -5,0 -6,5 -8,1

Extrativa mineral

No mês1/ 1,1 -0,8 5,0 -0,3

Trimestre/trimestre anterior1/ -0,1 3,5 3,7 3,7

Mesmo mês do ano anterior -11,5 -14,2 -9,4 -10,1

Acumulado no ano -14,7 -14,6 -13,7 -13,2

Acumulado em 12 meses -3,0 -4,9 -6,3 -7,8

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 19

O desempenho da indústria no trimestre esteve condicionado, em grande parte, ao impacto dos resultados favoráveis assinalados nos estados de Goiás, 7,5%; Amazonas, 7,4%; Minas Gerais, 6,6%; Espírito Santo, 5,6%; Rio de janeiro, 4,1%; e Santa Catarina, 3,3%, em contraposição ao derivado dos recuos observados nas indústrias do Paraná, 7%; Ceará, 3,2%; Pará, 3,5%; e Pernambuco, 0,4%.

O índice do pessoal ocupado na indústria, considerados dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Empregos e Salários (Pimes) do IBGE, recuou 1,3% no trimestre finalizado em julho, em relação ao finalizado em abril, quando retraíra 3,6%, no mesmo tipo de comparação, enquanto o número de horas pagas registrou reduções respectivas de 1,4% e 3,1%, nos períodos mencionados. Ressalte-se que a evolução do indicador, embora ainda incorpore o impacto da adequação do setor industrial às condições vigentes no período que sucedeu a intensificação da crise internacional, revela arrefecimento importante dos efeitos desse ajuste, no período.

A produtividade média do trabalho, estimada pela razão entre os índices da produção física e do número de horas pagas, aumentou 4,9% no trimestre terminado em julho, em relação ao finalizado em abril, considerados dados dessazonalizados.

O nível médio de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria de transformação, divulgado pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação (SCIT) da FGV, atingiu 81,3% em agosto, ante 79,2% em maio e 85,9%, em média, no terceiro trimestre de 2008, período anterior ao agravamento da crise econômica.

A desagregação do indicador revela crescimento generalizado no nível de utilização em todas as categorias de uso, com ênfase no aumento trimestral de 4,9 p.p. no Nuci relativo à indústria de bens de capital, que atingiu 77,7%, segundo dados dessazonalizados. O indicador relacionado à categoria de bens de consumo aumentou 2,6 p.p. no trimestre, enquanto os relativos às indústrias de bens intermediários e de material de construção cresceram, igualmente, 0,9 Pontos percentuais (p.p.)

O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da FGV, fortalecendo o cenário de retomada da atividade industrial, atingiu 105,7 pontos em agosto, elevando-se 16,2 p.p. em relação a maio, de acordo com dados dessazonalizados pela FGV. Em relação aos componentes do indicador, o ISA

90

105

120

135

150

165

180

195

Jan 2007

Abr Jul Out Jan 2008

Abr Jul Out Jan 2009

Abr Jul

Gráfico 1.8 – Produção industrialBens de consumo duráveisDados dessazonalizados2000 = 100

Fonte: IBGE

109

112

115

118

121

Jan 2007

Abr Jul Out Jan 2008

Abr Jul Out Jan 2009

Abr Jul

Gráfico 1.9 – Produção industrialBens de consumo semi e não duráveisDados dessazonalizados2000 = 100

Fonte: IBGE

100

111

122

133

Jan 2007

Abr Jul Out Jan 2008

Abr Jul Out Jan 2009

Abr Jul

Gráfico 1.10 – Produção industrialBens intermediáriosDados dessazonalizados2000 = 100

Fonte: IBGE

130

145

160

175

190

205

220

Jan 2007

Abr Jul Out Jan 2008

Abr Jul Out Jan 2009

Abr Jul

Gráfico 1.11 – Produção industrialBens de capitalDados dessazonalizados2000 = 100

Fonte: IBGE

20 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

alcançou 107,4 pontos e o IE, 104 pontos, elevando-se, na ordem, 14,3 p.p. e 17,5 p.p., no período. A segmentação do indicador por categorias de uso evidencia melhora generalizada da confiança em relação ao desempenho da indústria, ressaltando-se os aumentos de, igualmente, 19 p.p., observados nas categorias de bens de capital e de bens intermediários, e de 15,3 p.p. registrado na relativa a bens de consumo.

1.3 Mercado de trabalho

A evolução recente do mercado de trabalho, especialmente no setor industrial, reflete a trajetória de retomada mais acentuada da atividade econômica registrada nos últimos meses. Nesse sentido, o recuo observado na taxa de desemprego em julho refletiu, em oposição à recorrente retração na oferta de empregos registrada nos meses que sucederam o agravamento da crise internacional, a elevação no número de ocupados. Adicionalmente, ocorreram, no mês, a predominância da criação de empregos com vínculos formais e a continuidade do processo de elevação nos rendimentos médios reais.

Emprego e desemprego

A taxa de desemprego média registrada nas seis regiões metropolitanas abrangidas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, atingiu 8,3% no trimestre terminado em julho, ante 8,8% naquele finalizado em abril e 8% em igual período de 2008. Ressalte-se que o aumento de 0,3 p.p. observado na comparação interanual representa recuo importante em relação aos observados, no mesmo tipo de comparação, nos trimestres finalizados em maio, 0,6 p.p., e em junho, 0,5 p.p. De fato a taxa de desemprego relativa a julho situou-se 0,1 p.p. abaixo da relativa a igual mês de 2008.

A PME registrou, ainda, movimento de aceleração da ocupação, expresso no crescimento de 0,4% observado no número de ocupados no trimestre encerrado em julho, em relação a igual período de 2008, ante expansão de 0,1%, no mesmo tipo de comparação, no trimestre encerrado em junho. Em julho, o número de ocupados cresceu 1,1% em relação a igual mês do ano anterior, maior alta desde fevereiro. Reforçando o movimento de superação da crise, foram gerados 419 mil empregos no trimestre finalizado em julho, ante 247 mil no período correspondente de 2008.

100

103

106

109

112

115

118

121

124

Jan 2007

Abr Jul Out Jan 2008

Abr Jul Out Jan 2009

Abr Jul

Fonte: IBGE

Gráfico 1.12 – Produtividade do trabalhoDados dessazonalizados2002 = 100

Tabela 1.7 – Índice de Confiança da Indústria1/

Discriminação 2009

Abr Mai Jun Jul Ago

Índice de Confiança da Indústria 84,5 89,5 93,6 99,5 105,7

Por componente:

Índice de Situação Atual 86,5 93,1 97,3 101,1 107,4

Nível da demanda global 80,1 90,6 91,9 95,7 105,6

Nível de estoques 89,4 89,2 93,5 94,7 98,1

Situação dos negócios 77,1 86,5 92,8 99,2 104,0

Índice de Expectativas 82,5 85,8 90,0 97,9 104,0

Situação dos negócios 89,9 98,8 106,3 111,6 129,0

Emprego 94,0 94,8 97,2 107,9 107,9

Produção física 109,8 112,9 118,8 130,2 136,8

Fonte: FGV

1/ A média dos últimos dez anos corresponde a 100. Séries dessazonalizadas.

76

78

80

82

84

86

88

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago

CNI FGV

Fonte: CNI e FGV

Gráfico 1.13 – Utilização da capacidade instalada na indústria de transformaçãoDados dessazonalizados%

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 21

Segmentada por setores de atividade, a taxa de ocupação na indústria recuou 5,2% no trimestre encerrado em julho, em relação a igual período do ano anterior, contrastando com os resultados favoráveis assinalados nos segmentos setor público, 2,5%; serviços, 1,4%; construção, 1,2%; e comércio, 0,4%. A taxa de formalização do emprego, definida como a razão entre o número de empregados com carteira assinada e o número total de ocupados, atingiu 49,8% no trimestre encerado em julho, ante 48,6% em igual período de 2008, evolução decorrente das variações assinaladas no nível da ocupação dos trabalhadores do setor privado com carteira, 2,8%; sem carteira, -5,2%; e por conta própria, -0,3%.

A evolução da taxa de desemprego apresentou, no período considerado, padrões distintos nas regiões metropolitanas pesquisadas pela PME, registrando-se aumentos em Recife e São Paulo, relativa estabilidade em Salvador e Porto Alegre, e recuos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

A recuperação do emprego formal é ratificada pelas estatísticas do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que identificaram a criação de 500 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em agosto – dos quais 242,1 mil neste mês, ante 272,6 mil no trimestre finalizado em maio e 751,8 mil em igual período de 2008. Vale mencionar que o resultado referente a agosto configura recorde histórico para o mês. O trimestre encerrado em agosto representou 66,5% dos postos de trabalho criados em igual período de 2008, comparativamente a 38,7% no trimestre encerrado em maio, se constitui em indicativo importante de recuperação do mercado de trabalho formal no trimestre.

O nível de emprego formal aumentou 2,2% nos oito primeiros meses do ano, em relação a igual período do ano anterior, com ênfase nos crescimentos observados nos segmentos construção civil, 6,3%; serviços, 4,2%; e comércio, 4%, contrastando com o recuo de 2,3% registrado na indústria de transformação.

Rendimentos

O rendimento médio nominal habitualmente recebido pelos trabalhadores nas seis regiões metropolitanas abrangidas pela PME atingiu R$1.323,30 em julho, elevando-se 8,1% em relação a igual mês do ano anterior. Considerado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor

6

7

8

9

10

11

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009

Gráfico 1.14 – Taxa de desemprego aberto%

Fonte: IBGE

Tabela 1.8 – Evolução do emprego formalNovos postos de trabalho – acumulado no período (em mil)

Discriminação 2009

Mai Jun Jul Ago

Total 180,0 299,5 437,9 680,0

Ind. de transformação -146,5 -144,5 -127,1 -60,6

Comércio -50,5 -33,0 -5,6 51,2

Serviços 212,6 235,4 263,1 348,7

Construção civil 61,1 79,4 111,6 151,5

Agropecuária 71,7 128,9 158,4 147,1

Serv. ind. de util. pública 2,8 3,6 6,1 6,3

Outros1/ 28,8 29,6 31,5 35,8

Fonte: MTE

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

700

800

900

1 000

1 100

1 200

1 300

1 400

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul

Total Com carteira

Sem carteira Conta própria

Gráfico 1.15 – Rendimento habitual médio real1/

Em R$, a preços de abril de 2009, deflacionado pelo INPC

Fonte: IBGE1/ Média móvel trimestral.

22 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

(INPC) como deflator, o indicador registrou acréscimos reais de 3,4%, no período, e de 3,1% no trimestre encerrado em julho, em relação a igual período de 2008. Nesta última base de comparação, a massa salarial real, representada pelo produto do rendimento médio real habitualmente recebido pelo número de ocupados, cresceu 3,5%.

1.4 Produto Interno Bruto

O PIB, ratificando as perspectivas de recuperação do nível de atividade sinalizadas por indicadores setoriais antecedentes, delineadas no relatório de inflação anterior, registrou taxa de crescimento significativa, na margem, no segundo trimestre do ano. Esta trajetória reflete a flexibilização da política monetária e os incentivos fiscais direcionados a segmentos importantes na cadeia produtiva.

Nesse sentido, considerados dados dessazonalizados, o PIB cresceu 1,9% no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, revertendo a trajetória declinante iniciada após o agravamento da crise internacional. Vale mencionar que, no mesmo tipo de comparação, o PIB, ainda refletindo o ambiente de deterioração das expectativas, restrições no mercado de crédito, ajuste de estoques e recuo dos investimentos, havia recuado 1% no trimestre encerrado em março.

A recuperação do PIB, na margem, considerada a ótica da produção, refletiu as expansões observadas na indústria, 2,1%, e no setor de serviços, 1,2%, que haviam registrado variações respectivas de -3,2% e 0,6%, no trimestre finalizado em março, contrastando com o recuo de 0,1% assinalado na agropecuária, que havia registrado retração de 1,4% no trimestre encerrado em março. O exame da evolução do PIB segundo os componentes da demanda registra a ocorrência de aumento de 2,1% no consumo das famílias, estabilidade na FBCF, e redução de 0,1% no consumo do governo, enquanto no âmbito da demanda externa ocorreram elevações de 14,1% nas exportações e de 1,5% nas importações.

O PIB registrou retração de 1,2% no segundo trimestre de 2009, em relação a igual período de 2008. Sob a ótica da oferta, este resultado refletiu recuos respectivos de 4,2% e 7,9% na agropecuária e na indústria, e crescimento de 2,4% no setor de serviços.

O desempenho da agropecuária foi influenciado, fundamentalmente, pela quebra nas safras de milho e soja,

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 23

cujas colheitas incidem com maior peso nesse trimestre, enquanto a trajetória do setor industrial evidenciou o impacto dos resultados desfavoráveis experimentados pelas indústrias extrativa mineral e de transformação, pela construção civil e pelo segmento serviços industriais de utilidade pública.

A expansão observada no setor de serviços refletiu, em especial, os crescimentos registrados nos segmentos intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relativos, 8,2%; outros serviços, 7,3%; serviços de informação, 6,8%; e administração, saúde e educação públicas, 2,8%, em oposição aos recuos relativos às atividades comércio e transporte, armazenagem e correio, mais dependentes do dinamismo dos setores primário e secundário.

O exame da evolução interanual do PIB sob o ângulo da demanda enfatiza a contribuição negativa de 1,9 p.p. proporcionada pela evolução da demanda interna, resultante do impacto mais acentuado da retração de 17% experimentada pela FBCF, em relação ao derivado dos aumentos observados no consumo das famílias, 3,2%, e do governo, 2,2%. O setor externo, refletindo os recuos registrados nas exportações, 11,4%, e nas importações, 16,5%, exerceu contribuição de 0,7 p.p., no período.

A projeção para o crescimento do PIB em 2009, incorporados os resultados relativos ao segundo trimestre do ano, foi mantida em 0,8%. Em relação à projeção anterior, ocorreram, sob a ótica da oferta, reduções respectivas de 0,4 p.p. e 1,1 p.p. nas projeções relacionadas aos setores primário e secundário, e aumento de 0,6 p.p. na relativa ao terciário.

No âmbito da demanda, vale mencionar a revisão, de -5,1% para -10,7%, na estimativa para a FBCF, alteração associada tanto ao desempenho do componente no primeiro semestre quanto à recuperação ainda incipiente da construção civil. A projeção para o crescimento do consumo das famílias, evidenciando o cenário de recuperação da confiança dos consumidores, manutenção da renda e crescimento recente da ocupação, aumentou de 1,5% para 2,5%, enquanto a relativa ao consumo do governo foi mantida em 2,8%. Adicionalmente, as projeções relacionadas aos fluxos do comércio externo foram reduzidas tanto para as importações, de -7,8% para -11%, quanto para as exportações, de -5,7% para -7,5%. Nesse cenário, as contribuições da demanda interna e do setor externo para o crescimento de PIB em 2009 deverão atingir, na ordem, 0,5 p.p. e 0,3 p.p., ante 0,3 p.p. e 0,5 p.p., na projeção anterior.

Tabela 1.9 – Produto Interno Bruto – Preços de mercadoVariação %

Discriminação 2008 2009

II Tri III Tri IV Tri I Tri II Tri

Acumulado no ano 6,2 6,4 5,1 -1,8 -1,5

Acumulado em 4 trimestres 6,0 6,3 5,1 3,1 1,3

Trimestre/igual trimestre

do ano anterior 6,2 6,8 1,3 -1,8 -1,2

Trimestre/trimestre anterior1/ 1,5 1,3 -3,4 -1,0 1,9

Agropecuária 4,2 -1,5 -2,0 -1,4 -0,1

Indústria 1,1 1,6 -8,0 -3,2 2,1

Serviços 0,6 1,0 -0,5 0,6 1,2

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Tabela 1.10 – Produto Interno Bruto – Ótica da demanda

Acumulado no anoVariação %

Discriminação 2008 2009

III Tri IV Tri I Tri II Tri IV Tri1/

PIB a preços de mercado 6,4 5,1 -1,8 -1,5 0,8

Consumo das famílias 6,5 5,4 1,3 2,3 2,5

Consumo do governo 5,7 5,6 2,7 2,5 2,8

Formação Bruta de

Capital Fixo 17,3 13,8 -14,0 -15,6 -10,7

Exportação 1,6 -0,6 -15,2 -13,1 -7,5

Importação 22,6 18,5 -16,0 -16,3 -11,0

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

Tabela 1.11 – Produto Interno BrutoAcumulado no ano

Variação %

Discriminação 2008 2009

III Tri IV Tri I Tri II Tri IV Tri1/

Agropecuária 6,7 5,8 -1,6 -3,0 -1,2

Indústria 6,5 4,3 -9,3 -8,6 -3,3

Extrativa mineral 5,6 4,3 -1,1 -0,9 2,7

Transformação 6,1 3,2 -12,6 -11,2 -5,2

Construção civil 10,2 8,0 -9,8 -9,6 -2,5

Produção e distribuição de

eletricidade, gás e água 4,9 4,5 -4,2 -4,1 -2,3

Serviços 5,5 4,8 1,7 2,1 2,7

Comércio 8,6 6,1 -6,0 -5,0 -0,9

Transporte, armazenagem

e correio 5,0 3,2 -5,6 -5,4 -1,9

Serviços de informação 8,8 8,9 5,4 6,1 5,6

Intermediação financeira,

seguros, previdência com-

plementar e serviços

relativos 10,7 9,1 5,8 7,0 6,8

Outros serviços 4,7 4,5 7,0 7,2 5,6

Atividades imobiliárias

e aluguel 3,3 3,0 1,6 1,5 1,6

Administração, saúde

e educação públicas 2,0 2,3 3,1 3,0 2,8

Valor adic. a preços básicos 5,9 4,7 -1,5 -1,2 0,8

Impostos sobre produtos 9,1 7,4 -3,3 -3,0 0,8

PIB a preços de mercado 6,4 5,1 -1,8 -1,5 0,8

Fonte: IBGE

24 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

1.5 Investimentos

De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo IBGE, os investimentos, excluídas as variações de estoques, embora apresentassem estabilidade na margem, registraram retração de 17% no segundo trimestre de 2009, em relação a igual período do ano anterior, acumulando recuo de 15,6% no primeiro semestre do ano. É relevante mencionar que a deterioração dos investimentos ocorreu mesmo no cenário de crescimento expressivo dos desembolsos do Sistema BNDES – BNDES, Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES Participações S.A. (BNDESpar), que aumentaram 66,1% nos sete primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2008, com ênfase no aumento de 122,7% naqueles destinados à indústria de transformação.

A intensificação recente da retomada do nível da atividade favoreceu a estabilidade registrada pelos investimentos no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, considerados dados dessazonalizados. Nesta mesma base de comparação, a produção de insumos da construção civil cresceu 1,4%, enquanto a produção, as importações e as exportações de bens de capital assinalaram reduções respectivas de 2,1%, 5,4% e de 3,6%, resultando em recuo de 1,3% na absorção desta categoria de bens, no período.

Estatísticas referentes a julho ratificam a recuperação dos investimentos na margem. Nesse sentido, a produção, as importações e as exportações de bens de capital registraram, na ordem, variações de 1,4%, 8,5% e -19,2%, em relação ao mês anterior, resultando em expansão de 8,1% na absorção desta categoria de bens, no período, considerados dados dessazonalizados. A produção de insumos da construção civil recuou 2,3%, na mesma base de comparação.

1.6 Conclusão

A evolução recente dos indicadores macroeconômicos, além de ratificar as perspectivas de retomada consistente da atividade, sugere o início de novo ciclo de crescimento econômico no país. Esse movimento evidencia, em grande parte, a eficácia das medidas adotadas no período posterior à intensificação da crise internacional, com ênfase no impacto, sobre a consolidação do mercado interno como fator determinante para a recuperação mencionada, da flexibilização da política monetária e da desoneração tributária sobre importantes produtos da cadeia produtiva.

Tabela 1.12 – Produto Interno Bruto

Trimestre ante trimestre imediatamente anterior

Dados dessazonalizadosVariação %

Discriminação 2008 2009

II Tri III Tri IV Tri I Tri II Tri

PIB a preços de mercado 1,5 1,3 -3,4 -1,0 1,9

Agropecuária 4,2 -1,5 -2,0 -1,4 -0,1

Indústria 1,1 1,6 -8,0 -3,2 2,1

Serviços 0,6 1,0 -0,5 0,6 1,2

Consumo das famílias 0,5 1,8 -1,4 0,6 2,1

Consumo do governo 0,1 1,2 0,3 0,8 -0,1

Formação Bruta de

Capital Fixo 3,8 4,3 -9,1 -12,3 0,0

Exportação 6,7 -2,8 -4,1 -15,8 14,1

Importação 5,7 0,5 -7,0 -12,0 1,5

Fonte: IBGE

100

110

120

130

140

150

160

170

II2005

IV II2006

IV II2007

IV II2008

IV II2009

Consumo das famílias FBCF

F

Gráfico 1.16 – Consumo das famílias e Formação Bruta de Capital Fixo1/

1995 = 100

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados.

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 25

O impacto do agravamento da crise mundial sobre o mercado de trabalho brasileiro, evidenciando, em parte, a resposta relativamente favorável da economia do país ao ambiente recessivo experimentado pelas principais economias maduras, mostrou-se mais brando do que as expectativas iniciais sugeriam. Nesse cenário, este boxe avalia os determinantes deste desempenho, com ênfase nos efeitos associados ao comportamento da População Economicamente Ativa (PEA) e à concentração da crise interna no segmento industrial.

O mercado de trabalho, refletindo as opções de alteração temporária da utilização deste fator, reage, tradicionalmente, com relativa defasagem às oscilações do ciclo econômico, movimento acentuado, no Brasil, em resposta ao custo imposto pela legislação às empresas que decidem pelo rompimento de contratos de trabalho. Nesse sentido, o impacto, sobre o nível da ocupação, associado à retração da atividade econômica que se seguiu ao acirramento da crise mundial, ocorreu com maior intensidade ao longo do primeiro semestre, registrando-se indicativos importantes de esgotamento deste processo já em julho.

O nível de ocupação, definido pela razão entre o total de ocupados e a População em Idade Ativa (PIA), divulgados pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa uma aproximação da demanda por trabalho. Este indicador, após registrar, considerada a comparação anual, resultados positivos até janeiro, passou a assinalar retrações nos seis meses seguintes, período em que o crescimento de novos postos de trabalho ocorreu em patamar inferior ao da PIA. Vale mencionar que em julho, embora se

Evolução do Mercado de Trabalho ao Longo da Crise

26 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

registrasse resultado negativo, o indicador apresentou recuperação, conforme expresso no Gráfico 1.

A oferta de trabalho, medida pela taxa de atividade – definida como a razão entre a PEA e a PIA – assinalou trajetória semelhante à da demanda, apresentando retração mais acentuada em junho e recuperação em julho. O desempenho destes dois indicadores proporcionou, portanto, que a taxa de desemprego, considerados iguais meses de 2009 e do ano anterior, mantivesse relativa estabilidade no decorrer do ano e registrasse retração em julho, quando o recuo do nível de ocupação foi inferior ao assinalado na taxa de atividade.

A trajetória recente da taxa de atividade é mais bem compreendida a partir do exame da ocupação por setor, expressa no Gráfico 2, que revela que o movimento decrescente do nível da ocupação se concentrou na indústria, enquanto nos demais setores ocorreram desacelerações no crescimento da ocupação, e, apenas, retrações eventuais na construção e no comércio. Ressalte-se que a concentração dos efeitos da crise na indústria – setor com grau de formalização e de renda média mais

Jan� 2007FevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNov

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Jan2007

Mar Mai Jul Set Nov Jan2008

Mar Mai Jul Set Nov Jan2009

Mar Mai Jul

Crise Taxa de atividade Nível de ocupação

Gráfico 1 – Variação anual da taxa de atividade e do nível de ocupaçãop.p.

Fonte: IBGE

Jan� 2007FevMarAbrMaiJunJulAgo

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

Jan2007

Mar Mai Jul Set Nov Jan2008

Mar Mai Jul Set Nov Jan2009

Mar Mai Jul

Crise Comércio Indústria Construção Serviços

Gráfico 2 – Ocupação por setor de atividadeVariação % em relação a igual mês do ano anterior

Fonte: IBGE

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 27

elevados e com melhores condições de acesso à rede de proteção social, o que, em ambiente de dificuldade na obtenção de nova ocupação, pode estimular o trabalhador a se manter fora do mercado de trabalho – refletiu-se, em parte, no desempenho da PEA. Esta hipótese se fortalece a partir do aumento, de 3.409,3 mil no primeiro semestre de 2008 para 4.060,3 mil no mesmo período de 2009, no número de trabalhadores beneficiados pelo seguro desemprego, dos quais 25,3% destinados a trabalhadores da indústria, ante 23,7% no mesmo período de 2008.

Ressalte-se, ainda, o provável impacto das novas formas de relação de trabalho sobre a evolução da taxa de atividade. Nesse sentido, a suspensão temporária de contratos de trabalho, bastante utilizada no setor industrial como forma alternativa de reduzir a utilização de mão de obra sem incorrer nos custos de demissão, embora implique retração no nível da ocupação, não gera, necessariamente, tendo em vista as expectativas dos trabalhadores quanto ao retorno ao emprego, elevação na oferta de trabalho.

A manutenção dos ganhos de renda real se constituiu em condicionante fundamental para a trajetória da taxa de atividade, tendo em vista que, conforme observado na Tabela 1, ocorreram ganhos reais de renda generalizados em 2009, sejam considerados setores de atividade, posição na ocupação ou rendimentos domiciliares1. O ganho real mencionado – favorecido pela redução, em oposição ao observado em crises anteriores, da inflação – evidencia que a desaceleração assinalada na ocupação geral e a retração registrada no emprego industrial não implicaram em excesso de oferta de mão de obra tal que reduzisse o poder dos sindicatos nas negociações salariais realizadas após o agravamento da crise. Nesse sentido, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), 93% das negociações realizadas em 2009 resultaram em reajustes salariais iguais ou superiores à variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, desde a última data-base das respectivas categorias, ante 87% em 2008. A proporção de negociações que agregaram ganhos reais aos salários atingiu 77%, ante 72% em 2008.

1/ A abordagem do impacto dos ganhos de renda real sobre a evolução recente da massa salarial encontra-se no boxe Massa Salarial Ampliada: Conceito e Evolução Recente, página 29.

Julho de 2009

Categoria Valor No ano

R$ Mês/Mês Trim/Trim

Ocupados 1 323,30 3,38 3,13 4,00

Indústria 1 431,90 7,50 6,22 4,40

Construção 1 033,90 4,80 7,33 2,59

Comércio 1 049,10 1,77 1,01 1,66

Serviços 1 714,30 -2,54 -0,85 3,68

Serviços domésticos 507,10 5,52 5,34 6,26

Setor Público 2 128,60 7,63 5,04 6,10

Empregado com carteira 1 266,90 4,35 3,27 4,07

Empregado sem carteira 869,60 2,04 5,27 3,35

Conta própria 1 124,40 3,43 2,63 3,44

Empregadores 3 524,50 -4,58 -2,40 0,32

Domiciliar 2 250,23 1,39 1,81 3,27

Domiciliar – per capita 858,04 2,52 2,82 3,75

Fonte: IBGE

Mesmo período ano anterior

Tabela 1 – Rendimento médio real

28 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

A abordagem deste boxe permite que se conclua, portanto, que o mercado de trabalho não registrou deterioração significativa na atual crise, registrando-se, mesmo no cenário de perda de dinamismo na geração de postos de trabalho, relativa estabilidade da taxa de desemprego e continuidade do crescimento do rendimento real. Adicionalmente, é importante mencionar que a evolução recente dos principais indicadores do mercado de trabalho se constitui em indicativo relevante de sua recuperação, indicando, possivelmente, o início da retomada de novo ciclo de crescimento sustentado.

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 29

A expansão registrada, nos últimos anos, pela massa de rendimentos do trabalho – entendida como o produto do número de ocupados e o rendimento médio do trabalho – tem sustentado o crescimento do consumo privado e se constituído em importante determinante para o fortalecimento do mercado interno e da economia do país. Os aumentos contínuos dos gastos do governo no âmbito da Previdência Social e dos programas de assistência social somam-se a esses recursos, atuando como estímulo adicional aos fluxos de despesas das famílias1. Nesse contexto, o objetivo deste boxe consiste em estimar uma medida representativa do volume de recursos na economia do país – exclusive as fontes creditícias e de renda de capital – que incorpore as distintas fontes de recursos mencionadas anteriormente e, posteriormente, analisar a evolução dessa variável, em especial no período que se seguiu ao agravamento da crise internacional.

A Massa Salarial Ampliada (MSA) é definida como:

MSA = MR + BPS + BP,onde MR = N x RM

Sendo:MR = massa de rendimentos do trabalho;BPS = benefícios de proteção social;BP = benefícios previdenciários;N = número de ocupados no país;RM = rendimento médio.

O número de ocupados no país (N) é calculado a partir das informações anuais da Pesquisa

1/ A esse respeito, ver boxe: Análise da Evolução dos Gastos Vinculados a Mecanismos de Transferência de Renda e/ou Assistência Social, página 63.

Massa Salarial Ampliada: Conceito e Evolução Recente

30 | Relatório de Inflação | Setembro 2009

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), estendidas em bases mensais a partir das estatísticas relativas ao número de ocupados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), ponderados, em toda série, pela razão entre o valor encontrado na PNAD e na PME para essa variável. A variável RM foi calculada de maneira semelhante2.

A componente BPS incorpora os recursos associados ao programa Bolsa Família, aos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e ao Seguro-Desemprego e Bolsa Qualificação, todos associados à proteção social do governo na esfera Federal, enquanto o conceito BP inclui os benefícios previdenciários concedidos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pelo Regime Próprio dos Servidores Públicos (RPSP) e pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Fundos de pensão). Nos três regimes foram considerados benefícios concedidos com aposentadorias, pensões e outros benefícios, como auxílios.

A Tabela 1 registra a variação real da MSA, deflacionada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a partir de 2005, e a participação de cada componente em 2008. Evidenciando a trajetória favorável do mercado de trabalho nos últimos anos, expressa em aumento da taxa de formalização e em ganhos reais recorrentes, a massa de rendimentos do trabalho – que em 2008 representava 76% da massa salarial ampliada – registrou aumento real de 6,1% no quadriênio encerrado em 2008. Vale mencionar que os outros componentes da massa salarial ampliada registraram crescimento médio real de 7,5% no período, com ênfase na elevação de 18% referente aos gastos incluídos nos programas de proteção social do governo federal. Nesse cenário, a MSA experimentou aumento médio real de 6,4%, no período.

A taxa de crescimento da MSA no período posterior ao agravamento da crise mundial, embora 1,1 p.p. inferior à média assinalada no quadriênio finalizado em 2008, se constituiu em fator determinante

2/ A massa de rendimentos nominal, divulgada pela PME do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), restrita a seis regiões metropolitanas, corresponde ao produto do rendimento médio efetivo do trabalho e da população ocupada remunerada, divulgados, igualmente, na PME. O cálculo da massa de rendimentos nominal, com abrangência nacional, consiste no produto da massa de rendimentos nominal divulgada na PME por um fator fixo, definido como a razão entre a massa de rendimentos divulgada pela PNAD e a massa de rendimentos divulgada pela PME, em ambos os casos consideradas as médias dos meses de setembro (mesmo mês de referência da PNAD) de 2002 a 2008.

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 31

para a retomada da atividade econômica no país. É relevante mencionar que a relativa estabilidade da MSA nos períodos considerados refletiu a reversão acentuada observada entre as trajetórias das variações da massa de rendimentos do trabalho e dos outros componentes da MSA, que pós assinalarem elevações anuais respectivas de 7,7% e 3,3% em 2008, registraram, na ordem, aumentos de 4,4% e 8,4% no primeiro semestre de 2009, em relação a igual período do ano anterior.

A reversão mencionada refletiu, por um lado, o impacto, sobre o nível da ocupação, associado à retração da atividade econômica que se seguiu ao acirramento da crise mundial, em especial ao longo do primeiro semestre3. Em relação aos itens que compõem as outras fontes de recursos, as maiores variações ocorreram nos gastos relacionados ao Seguro-Desemprego e Bolsa Qualificação, 33,2% – consistente com o processo de eliminação de postos de trabalho formais observado desde o início de 2009; e aos benefícios de prestação continuada, 17%. Esse processo pode ser visto, em parte, como evidência da operação de estabilizadores automáticos, que tendem a mitigar as oscilações do consumo e, portanto, da demanda doméstica.

De fato, a trajetória das médias móveis trimestrais da MSA e da MR, em termos reais, apresentada no Gráfico 1, evidencia que as fontes

Tabela 1 – Massa de rendimentos do trabalho real e massa salarial ampliada realVariação no ano (%)

Peso em 2005 2006 2007 2008 Média 2009

2008 2004/2008 (até junho)

Massa de rendimentos do trabalho 76,1 5,4 5,9 5,3 7,7 6,1 4,4

Outros 23,9 8,7 10,0 8,2 3,3 7,5 8,4

Programas de proteção social do governo federal 2,9 26,2 21,8 15,1 9,5 18,0 19,9

Bolsa família 0,8 42,1 28,1 14,4 11,1 23,3 5,9

BPC 1,0 22,2 25,2 14,1 12,0 18,3 17,0

Seguro-desemprego e Bolsa-qualificação 1,1 18,0 13,8 16,5 5,9 13,5 33,2

Benefícios previdenciários 21,0 7,3 8,8 7,3 2,5 6,5 7,0

RGPS 15,0 9,9 9,9 7,4 1,1 7,0 6,9

RPSP 4,5 0,5 6,2 7,9 7,4 5,4 8,1

Fundos de pensão 1,5 2,0 4,8 4,8 2,3 3,5 5,5

Massa salarial ampliada 100,0 6,1 6,9 6,0 6,6 6,4 5,3

Fonte: IBGE, MDS, STN e SPC.

3/ A esse respeito, ver Boxe: Evolução do Mercado de Trabalho ao Longo da Crise, página 25.

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de recursos complementares aos rendimentos do trabalho exerceram função relevante para a sustentação do consumo4, em especial de bens de menor valor agregado, no decorrer do primeiro semestre de 2009, quando as restrições observadas no mercado de crédito e a deterioração das expectativas dos consumidores contribuíam para a criação de um ambiente de desestímulo aos gastos das famílias.

4/ A esse respeito, ver Boxe – Determinantes da Evolução Recente do Consumo Privado, página 33.

Jun 2007JulAgoSetOutNovDezJan

110

115

120

125

130

135

Jun 2007

Ago Out Dez Fev Abr Jun 2008

Ago Out Dez Fev Abr Jun 2009

Massa salarial ampliada realMassa de rendimentos do trabalho real

Gráfico 1 – Massa salarial ampliada real e massa de rendimentos do trabalho realSérie dessazonalizada (mm3)

Fonte: IBGE, MDS, STN e SPC.

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 33

O dinamismo do consumo privado, traduzindo a evolução favorável das condições dos mercados de trabalho e de crédito, e das expectativas dos consumidores, exerceu impacto determinante no processo de crescimento econômico observado no país nos últimos anos, ressaltando-se que a taxa anual de expansão dos gastos familiares, após atingir 4,5% em 2004, manteve-se em patamar superior a 5% nos anos subseqüentes. O fortalecimento registrado pelo mercado interno nos últimos anos, além de sustentar o ciclo recente de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), se constituiu em elemento decisivo para que o impacto do acirramento da crise internacional sobre a economia brasileira ocorresse com menor intensidade e duração do que na maior parte das economias maduras e emergentes. Nesse ambiente, este boxe analisa os determinantes da evolução recente do consumo das famílias, com ênfase na composição da massa salarial ampliada e, tendo em vista a influência das condições do mercado de crédito e da evolução das expectativas sobre estes gastos, em sua segmentação.

Os ganhos reais de rendimentos, refletindo, em especial, o ambiente de estabilidade de preços, se constituíram no principal propulsor do consumo nos últimos anos. A massa salarial ampliada1 – considerada como a soma dos rendimentos do trabalho, dos benefícios previdenciários e das transferências do Governo Federal no âmbito dos programas sociais2 – registrou aumento médio real anual de 6,4% no quadriênio encerrado em 2008, com ênfase nas elevações médias assinaladas, de

Determinantes da Evolução Recente do Consumo Privado

1/ O detalhamento do conceito massa salarial ampliada encontra-se no Boxe: Massa Salarial Ampliada, Evolução e Determinantes, página 29.2/ Considerados os benefícios concedidos no âmbito Lei Orgânica de Assistência Social (Lei 8.742/1993), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),

e dos programas Renda Mensal Vitalícia (RMV) e Bolsa Família. A análise detalhada destes benefícios encontra-se no Boxe: Análise da Evolução dos Gastos Vinculados a Mecanismos de Transferência de Renda e/ou Assistência Social, página 63.

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acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no nível do emprego, 2,6%, e nos rendimentos reais do trabalho, 3,5%. Vale mencionar, adicionalmente, os impactos da política de concessão de reajustes reais para o salário mínimo sobre os benefícios previdenciários, traduzido em elevação média real anual de 6,9% nestes gastos, e do aumento das transferências de recursos governamentais no âmbito dos programas mencionados.

A taxa de crescimento real da massa salarial ampliada, observada no Gráfico 1, registrou arrefecimento a partir do último trimestre de 2008, movimento associado, em especial, às reduções assinaladas na geração de empregos e nos reajustes salariais. Ainda assim, a massa salarial ampliada registrou crescimento real de 5,1% no primeiro semestre de 2009, relativamente a igual intervalo de 2008, contribuindo para que o consumo das famílias, mesmo em desaceleração, seguisse em expansão, no período.

O arrefecimento registrado no consumo das famílias no primeiro semestre de 2009 refletiu a redução expressiva do dinamismo das vendas nos setores mais dependentes das condições de crédito e da disposição dos consumidores em comprometer renda futura, contrastando com o desempenho relativamente mais favorável das vendas relacionadas a bens de menor valor agregado e mais dependentes, portanto, do comportamento da massa salarial. Esta trajetória é evidenciada a partir do exame da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, a qual revela que, enquanto as vendas do comércio geral, após apresentarem aumentos anuais respectivos de 9,6% e 9% em 2007 e 2008, elevaram-se 5,1% no primeiro semestre de 2009, em relação a igual período do ano anterior, as vendas do comércio ampliado – que incorporam as relativas a veículos, motocicletas, partes e peças, e a materiais de construção, usualmente de maior valor agregado – registraram desaceleração mais acentuada, expressa em variações respectivas de 13,6%, 9,9% e 3,9%, nos períodos considerados, a despeito dos incentivos concedidos às vendas de automóveis.

A classificação dos segmentos do comércio ampliado em bens de consumo semiduráveis e não

6,16,9

6,06,6

5,34,5

5,2

6,3

5,4

2,3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2005 2006 2007 2008 2009(até II Tri)

Massa salarial ampliada real Consumo das famílias

Gráfico 1 – Massa salarial ampliada real e consumo das famíliasSérie observada (% acumulada no ano)

Fonte: IBGE, MDS, STN e SPC

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 35

duráveis, e em bens de consumo duráveis se constitui em forma alternativa para identificar o impacto da evolução da renda disponível, das condições de crédito e das expectativas dos consumidores sobre a trajetória do consumo3. Esta agregação, expressa no Gráfico 2, revela que as vendas de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, que se referem a bens de menor valor agregado e mais dependentes, portanto, da trajetória da renda disponível, mantiveram-se relativamente estáveis nos meses subseqüentes à intensificação da crise internacional, enquanto as relacionadas a bens de consumo duráveis registraram volatilidade acentuada, recuando 6% no último trimestre de 2008 e recuperando-se nos dois primeiros trimestres de 2009. A evolução das vendas nesse segmento é melhor compreendida quando considerados os comportamentos do crédito e das expectativas no mesmo período.

A importância das operações de crédito para a evolução das vendas de bens de consumo duráveis é intuitiva e pode ser constatada a partir da estreita relação entre a trajetória destas vendas e a das concessões para pessoas físicas classificadas como crédito referencial na modalidade recursos livres, que concentra cerca de 70% das operações de crédito contratadas no segmento. Nesse sentido, as concessões mencionadas, conforme registrado no Gráfico 3, após aumentarem 5,6% no segundo semestre de 2008, em relação ao semestre encerrado em junho daquele ano, recuaram 6,5%, no mesmo tipo de comparação, no primeiro semestre de 2009, e, refletindo, em parte, o recuo das taxas de juros e os efeitos das medidas do Banco Central em resposta à redução de liquidez observada no início da crise, voltaram a se expandir nos primeiros meses de 2009.

Em relação às condições de crédito, a taxa média mensal de juros praticada nas operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas, após atingir o nível médio de 56,8% no trimestre finalizado em dezembro de 2008, recuou para 47,2% naquele encerrado em junho de 2009, ante 49,6%

3/ A classificação dos segmentos da PMC de acordo com a metodologia da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF) preservou os respectivos pesos divulgados na primeira pesquisa. Os segmentos a seguir foram incorporados no grupo de bens de consumo semiduráveis e não duráveis: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; combustíveis e lubrificantes; livros, jornais, revistas e papelaria; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos e tecidos vestuários e calçados, enquanto o grupo de bens de consumo duráveis inclui veículos, motocicletas, partes e peças, principalmente; materiais de construção; equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação e móveis e eletrodomésticos. Ressalte-se que esta classificação incorpora certo grau de arbitrariedade, tendo em vista que quando os segmentos se destinam a múltiplos destinos, seu enquadramento é definido segundo o critério da predominância.

Jun 2007JulAgoSetOutNovDezJanFevMar

-8-6-4-202468

101214

Jun 2007

Ago Out Dez Fev2008

Abr Jun Ago Out Dez Fev2009

Abr Jun

Gráfico 3 – Concessões de crédito – PF Variação % acum. em seis meses

Fonte: Bacen

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

Jun 2007

Ago Out Dez Fev2008

Abr Jun Ago Out Dez Fev2009

Abr Jun

Bens de consumo semiduráveis e não duráveis (47,7%)

Bens de consumo duráveis (52,3%)

Gráfico 2 – Comércio ampliado por categorias de bens de consumoSérie dessazonalizada (% mm3/mm3-1)

Fonte: IBGE

14%

18%

22%

26%

30%

34%

Jun 2007

Ago Out Dez Fev2008

Abr Jun Ago Out Dez Fev2009

Abr Jun

Endividamento Comprometimento da renda

Gráfico 4 – Endividamento e comprometimento da renda

Fonte: IBGE, BACEN, MDS, STN e SPC

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no período correspondente de 2008. Ressalte-se, ainda, que o prazo médio consolidado das operações de crédito com recursos livres não se alterou significtivamente durante a crise, mantendo-se em torno de 480 dias no segundo trimestre de 2009. Vale mencionar, adicionalmente, que tanto a trajetória do comprometimento da renda das famílias com o crédito4, estável em torno de 20% nos últimos dois anos, quanto a relativa ao endividamento das famílias com crédito5, que registra aumento compatível com a expansão recente desse mercado, consistem em indicativos de que o mesmo possui margem considerável de crescimento para os próximos anos (Gráfico 4).

Os efeitos da deterioração recente assinalada nas expectativas dos consumidores sobre as decisões de gasto presente e de comprometimento de renda futura impactaram, adicionalmente, a trajetória das vendas de bens duráveis. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), conforme observado no Gráfico 5, registrou recuo expressivo a partir de junho de 2008, com as variações negativas mais acentuadas observadas em novembro e dezembro evidenciando certa defasagem na percepção dos agentes em relação às dimensões da crise. As perspectivas, vislumbradas a partir do final do trimestre encerrado em março, de que a fase mais aguda da crise estava superada, favoreceram a reversão da trajetória decrescente do ICC a partir daquele mês, movimento que, em cenário de melhora nas condições do mercado de crédito, se traduziu na retomada das concessões, em especial no segmento de pessoas físicas e, em conseqüência, na recuperação das vendas do comércio ampliado. Ressalte-se que o indicador relativo à situação atual Índice da Situação Atual (ISA) mostrara ponto de inflexão em fevereiro último, na série com ajuste sazonal, sugerindo a percepção, naquele momento, de que o pior momento da crise fora superado. Observe-se, ainda, o crescimento substancial do componente sobre as expectativas futuras Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), apontando perspectivas favoráveis para o consumo no curto prazo.

4/ Razão entre o pagamento de juros e principal da dívida sobre a média dos últimos 12 meses da massa de rendimentos ampliada relevante para o mercado de crédito, definida como o resultado da massa ampliada subtraída dos benefícios com programas de transferência direta de renda.

5/ Razão entre o estoque de crédito com recursos livres para pessoas físicas e a massa de rendimentos ampliada relevante.

90

95

100

105

110

115

120

125

Jun 2007

Ago Out Dez Fev2008

Abr Jun Ago Out Dez Fev2009

Abr Jun

ICC ISA IEC

Gráfico 5 – Índice de Confiança do Consumidore componentesSérie dessazonalizada (mm3)

Fonte: FGV

Setembro 2009 | Relatório de Inflação | 37

Vale mencionar, ainda, que a segmentação do ICC por intervalo de renda, expressa na Tabela 1, revela que o indicador relativo às faixas de maior poder aquisitivo registrou recuperação mais acentuada, quando considerados os trimestres encerrados em junho e em março de 2009, resultado que se constitui em indicativo relevante de recuperação mais acentuada, nos próximos meses, das vendas de bens de maior valor agregado.

Em linhas gerais, a perspectiva de desaceleração acentuada nos gastos de consumo em resposta ao acirramento da crise financeira internacional foi atenuada, significativamente, pelo contínuo crescimento da massa salarial ampliada, que sustentou, sobretudo, o nível de gastos com bens de consumo semi e não duráveis. Outros condicionantes do consumo afetados sensivelmente pela crise, como o nível das expectativas dos consumidores e as condições do mercado de crédito, passaram a registrar recuperação a partir do início deste ano trajetória consistente com o êxito das medidas econômicas implementadas com vistas a estimular setores importantes na cadeia produtiva do país. Prospectivamente, as perspectivas favoráveis derivadas da trajetória da massa salarial ampliada e das melhoras nas expectativas dos consumidores e nas condições no mercado de crédito se constituem em indicativos importantes de que o consumo das famílias seguirá como fator relevante para a consolidação da recuperação da economia brasileira.

Tabela 1 – Índice de Confiança do Consumidor1/

Variação trimestral2/

ICC ICC-ISA ICC-IE

Brasil 10,2 8,0 11,5

Faixa de renda I (até R$ 2.100)3/ 6,4 4,1 7,3

Faixa de renda II (entre R$ 2.100 e R$ 4.800) 9,4 8,3 10,7

Faixa de renda III (entre R$ 4.800 e R$ 9.600) 10,1 9,0 10,9

Faixa de renda IV (acima de R$ 9.600) 13,2 7,8 16,5

Fonte: FGV

1/ Dados dessazonalizados.

2/ Variação entre os trimestres encerrados em março e junho de 2009.

3/ Renda familiar mensal.