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TUR ISMO Planetário no Rio de Janeiro oferece interação com o universo, de forma científica e lúdica SHOW DO COSMOS PÁGINA 8 ESTADO DE MINAS TERÇA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2009 EDITORA-ASSISTENTE: Marlyana Tavares E-MAIL: [email protected] TELEFONE: (31) 3263-5333 ISRAEL NO CENÁRIO DAS ESCRITURAS Jerusalém – O calor é intenso, o clima é árido, as oliveiras são milenares. É inevitável estar em Jerusalém e não se sentir um figurante de J Je es su us s d de e N Na az za ar ré é (1977), aquela produ- ção de Franco Zeffirelli reprisada à exaustão pela televisão brasileira, no Natal ou na Pás- coa. A culpa é, principalmente, das pedras claras que revestem casas e prédios na capi- tal declarada de Israel – é proibido erguer qualquer construção que fuja a esse padrão. Além de manter a estética “de sempre”, as pedras são isolantes térmicos, o que, no meio do deserto, é sempre bom. De longe, a paisagem do Monte Sião (foto) pode dar a impres- são de que ali o tempo não passa e nada muda. A consequência é a sensação nítida de que a qualquer momento, ao virar uma esquina, você pode trombar com um barbudo Robert Powell montado em um burrinho, no papel de Jesus, ou uma sedutora Maria Madalena na pele de Anne Bancroft. “Tudo aqui lembra as escrituras sa- gradas”, avisa o guia Efraim Rushan- sky, de 56 anos. Brasileiro de Pernambuco, o judeu foi vi- ver em Israel quando ti- nha pouca idade, só 19 anos, mas mui- tos problemas com o AI-5. Serviu o Exército – como o fazem todos os jovens, meninos e meninas – e hoje trabalha guiando grupos brasileiros e espanhóis, judeus e cristãos pela Terra Santa. Sagrada para as três principais religiões monoteístas do mundo, aqui é possível encontrar, lado a la- do, mesquitas, igrejas e sinagogas. Em hebraico, "Cidade da Paz"; em árabe, "A Sagrada". A maior parte dos 3 milhões de turistas que visitam o país, de fato, assinalam “peregri- nação religiosa”, nos questionários que perguntam o motivo da viagem. Porém, há o que fazer além de se religar ao Senhor: atrações como o Mar Morto, nos limites com Jordânia e Cisjordânia, são um bálsamo alternativo de paz. A Fortaleza de Massada, próxima dali, é uma das mais incríveis aulas de história da região. E a curiosidade quanto aos kibutzim, unidades de produção socialista que ajudaram a firmar a economia do Estado e estão em plena transformação na sociedade israelense, é outros fator que engrossa o caldo do passeio (este assunto você confere na próxima edição do caderno T Tu ur ri is sm mo o). Isso tudo faz valer a pena encarar as 14 horas do novo voo que vai de São Paulo a Telavive, sem escalas, pela El Al, companhia aérea is- raelense. FREDERICO BOTTREL LEIA MAIS SOBRE ISRAEL PÁGINAS 4 A 7 JÚNIA GARRIDO/DIVULGAÇÃO

No cenário das escrituras

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Matérias sobre viagem a Israel, publicadas no caderno Turismo do Jornal Estado de Minas. Agosto de 2009.

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TUR ISMO Planetário no Rio deJaneiro oferece

interação com ouniverso, de forma

científica e lúdica

SHOW DOCOSMOS

PÁGINA 8

ESTADO DE MINAS ● T E R Ç A - F E I R A , 1 1 D E A G O S T O D E 2 0 0 9 ● E D I TO R A - A S S I S T E N T E : M a r l y a n a Ta v a r e s ● E - M A I L : t u r i s m o . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 3 3 3

ISRAEL

NO CENÁRIO

DAS ESCRITURASJerusalém – O calor é intenso, o clima é árido, as oliveiras são milenares. É inevitável

estar em Jerusalém e não se sentir um figurante de JJeessuuss ddee NNaazzaarréé (1977), aquela produ-ção de Franco Zeffirelli reprisada à exaustão pela televisão brasileira, no Natal ou na Pás-coa. A culpa é, principalmente, das pedras claras que revestem casas e prédios na capi-tal declarada de Israel – é proibido erguer qualquer construção que fuja a esse padrão.Além de manter a estética “de sempre”, as pedras são isolantes térmicos, o que, no meiodo deserto, é sempre bom. De longe, a paisagem do Monte Sião (foto) pode dar a impres-são de que ali o tempo não passa e nada muda. A consequência é a sensação nítida de quea qualquer momento, ao virar uma esquina, você pode trombar comum barbudo Robert Powell montado em um burrinho, nopapel de Jesus, ou uma sedutora Maria Madalenana pele de Anne Bancroft.

“Tudo aqui lembra as escrituras sa-gradas”, avisa o guia Efraim Rushan-sky, de 56 anos. Brasileiro dePernambuco, o judeu foi vi-ver em Israel quando ti-nha pouca idade, só19 anos, mas mui-tos problemascom o AI-5.

Serviu o Exército – como o fazem todos os jovens, meninos e meninas – e hoje trabalhaguiando grupos brasileiros e espanhóis, judeus e cristãos pela Terra Santa. Sagrada paraas três principais religiões monoteístas do mundo, aqui é possível encontrar, lado a la-do, mesquitas, igrejas e sinagogas. Em hebraico, "Cidade da Paz"; em árabe, "A Sagrada".

A maior parte dos 3 milhões de turistas que visitam o país, de fato, assinalam “peregri-nação religiosa”, nos questionários que perguntam o motivo da viagem. Porém, há o quefazer além de se religar ao Senhor: atrações como o Mar Morto, nos limites com Jordâniae Cisjordânia, são um bálsamo alternativo de paz. A Fortaleza de Massada, próxima dali,

é uma das mais incríveis aulas de história da região. E a curiosidadequanto aos kibutzim, unidades de produção socialista que

ajudaram a firmar a economia do Estado e estão emplena transformação na sociedade israelense, é

outros fator que engrossa o caldo do passeio(este assunto você confere na próxima

edição do caderno TTuurriissmmoo). Issotudo faz valer a pena encarar as

14 horas do novo voo que vaide São Paulo a Telavive,

sem escalas, pela El Al,companhia aérea is-

raelense.

FREDERICO BOTTREL

LEIA MAIS SOBRE ISRAELPÁGINAS 4 A 7

JÚNIA GARRIDO/DIVULGAÇÃO

ISRAELTURISMO

E S T A D O D E M I N A S ● T E R Ç A - F E I R A , 1 1 D E A G O S T O D E 2 0 0 9

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Sobreviventes de destruições, principais pontosde peregrinação do país convidam à tolerância

TUDO JUNTOe misturado

FREDERICO BOTTREL*

Jerusalém - “Por aquele portal, Jesus entrou na ci-dade, montado em um burrinho, aclamado pela mul-tidão,naPáscoa.Ali,maisadiante,vemosacúpuladou-rada da mesquita de Omar, de onde Maomé subiu aoscéus em um cavalo alado para ter a revelação, base dafé islâmica. E, mais atrás, temos o Muro das Lamenta-ções, onde os judeus choram a destruição do templo epedem a paz”. Bastam três frases. Dedos esticados emdireção à paisagem cinematográfica, Efraim Rushan-sky, guia turístico em Israel, resume a importância his-tórico-religiosa do principal ponto de peregrinação dopaís. Do Monte das Oliveiras, tem-se a melhor vista daCidade Antiga, cujos muros guardam valores arquite-tônicos e sentimentais que movem fiéis do mundo to-do. Berço do cristianismo, islamismoe judaísmo, Jerusalém, como não po-deria deixar de ser, tem aquele pesode tradição.

Para além dos muros, os bairrosmodernos da cidade correspondemàfédeseushabitantes:háobairroju-deu, o árabe, o cristão armênio e ocristão não armênio. Dentro da cida-demurada,asmesmasvielasservemdepassagematodos.Eparecemcon-viver bem com isso. Aquela primeiraideia, de rusgas constantes entre di-ferentes, vai embora quando se ca-minha pelo lugar e se percebe que écada um muito “na sua”.

Quem ganha é o turista sempreconceitos, disposto a aproveitaro melhor que tanta riqueza histó-rica tem a oferecer. Afinal, é nada

menos que impressionante estar em uma cidadeque já foi destruída duas vezes, sitiada 23 vezes, ata-cada 52 vezes, capturada e recapturada 44 vezes.

O ambiente é amistoso, totalmente monitoradopor câmeras de segurança, em sistema interligado àpolícia local. “Policial é uma coisa cara; câmera é umacoisa barata”, justifica o guia. A estratégia reduz rou-bos – cuidado apenas quando um vendedor esperta-lhão quiser cobrar US$ 2 por uma garrafinha d’água,que não deve custar mais que US$ 1.

A maior parte dos grupos brasileiros que visita o lo-cal faz o roteiro cristão, seguindo os últimos passos davida terrena de Jesus. Por isso, o Monte das Oliveiras,ainda do lado de fora da cidade murada, é a primeiraparada obrigatória. As mesmas árvores que testemu-nharam a agonia de Cristo e a traição de Judas Escario-

tes produzem olivas aos montes, ainda hoje. Aquelascultivadas no Jardim da Igreja de Getsemani, ou Igre-ja das Nações, ficam cercadas, para preservação – afi-nal, são mais de 3 mil anos. “Um grupo de freirinhasaté já pulou a cerca para levar alguns galhos desuvenir”, diverte-se Efraim.

Descer a pé até lá, pelo caminho que margeia o ce-mitério judeu, é oportunidade bacana para repararem detalhes como as pedrinhas que eles depositamsobre os túmulos, como tradição ancestral. O mendi-go que, diante da igreja, pede esmolas em inglês é ou-tro detalhe que escapa ao famigerado city tour dedentro do micro-ônibus.

A igreja em questão é Dominus Flevit, ou Lágrimasdo Senhor, construída sobre o local em que Jesus teriachorado a sorte de Jerusalém. Diante do santuário me-

dieval, não é só o mendigo que está deolho nas oportunidades: um vende-dor de pashminas está a postos quan-do um guarda avisa que mulheres dedecote ou homens de bermuda nãopodem entrar sem tapar as partes docorpo expostas indevidamente. Oprovidencial vendedor de pashminasfica US$ 10 mais rico a cada lenço quevende, e o passeio prossegue. Por isso,se você não quiser sair dessa US$ 10mais pobre, não use decotes ou ber-mudas para visitar templos religiososem Israel. E isso vale para todos. Já acaminho da Cidade Antiga, a melhorvista do Monte das Oliveiras dá umadimensão do cenário, em que se des-tacam as cúpulas russas da igreja or-todoxa dedicada a Maria Madalena e asuntuosidade da Igreja das Nações.

Judaísmo, cristianismo e islamismo se encontramnas vielas da parte antiga de Jerusalém.

Um garoto faz seu bar mit-zvah (cerimônia que transformao menino judaico em partici-pante adulto da comunidade),levantado por homens da famí-lia. Separadas por uma cerqui-nha, estão as mulheres – mães,irmãs, primas, jogando balinhas,cantando e gritando “Mazel tov”(algo como boa sorte, ou para-béns). No Muro das Lamenta-ções é assim: homens de um la-do, mulheres de outro. Todostêm acesso ao grande Muro Oci-dental, parte do templo cons-truído por Herodes que resistiuà destruição romana, local maissagrado para o povo judeu, em-bora as moças fiquem espremi-das em uma área bem menorque a dedicada aos rapazes. To-dos são rigorosamente revista-dos antes de entrar.

O guia Efraim explica: “O so-nho de todo judeu é de que, coma volta do Messias, o templopossa ser reconstruído e a paz,restabelecida”. E emenda, emtom de chacota, antes de liberaros turistas para conhecerem omuro de perto: “Os homens po-dem fazer a visita em cinco mi-nutos. Já as mulheres, que têm

muito mais pecados para la-mentar, a gente encontra depoisdo almoço.”

Como o lugar é sagrado, ébom estar atento aos costumes:gafe ali é coisa séria. É funda-mental desligar o celular, nãousar roupas inapropriadas e nãofotografar em sábados e diassantos – nos outros dias, os cli-ques devem ser discretos, semimportunar o pessoal em prece:alguns homens se balançamdiante da parede, um senhorusa um lenço branco na cabeçae fala sozinho, um outro prati-camente entra em uma racha-dura do muro, outros deposi-tam bilhetinhos. Antes de en-trar na área destinada à aproxi-mação do muro, homens de-vem colocar na cabeça um kipáde papel, disponível em reci-piente na entrada. É de bomtom não esquecer de devolver ochapeuzinho na saída, sob penade encarar os protestos vee-mentes do judeu que toma con-ta do posto. Ele é capaz de armarum escarcéu em hebraico e fa-zer o turista pagar o maior mi-co. A dica da reportagem vemcom conhecimento de causa.

Por um lugar no muro

YAD VASHEMHilda Fainsilber(foto) tem a voz embargadapela emoção dezenas de vezes, a cada visita

que guia no Museu Yad Vashem, erguidoem 2005, em memória aos 6 milhões de

judeus que morreram no Holocausto. Hildaé paulista, filha de sobreviventes da 2ª

Guerra e mora em Israel há quatro anos.“Aqui, nomeamos cada uma dessas 6

milhõesdepessoas”,destaca.Avisitacomeçadiantedeumvídeoqueretrataavidados

judeusantesdoHolocausto,segueemdireçãoaoiníciodapropagandanazista,detalhaos

constrangimentosnosguetoseasagoniasnoscamposdeconcentração.Ohalldosnomeséo

ápicedavisita,comdocumentoshistóricosqueremetemàindividualidadedasvítmas.Depoisdeleumbalcãoamplooferecevista

esperançosadeJerusalém.

Do caos ao silêncio

A MOEDAO shekel novo vale R$ 0,50.Embora restaurantes, lojase museus aceitem dólar,geralmente, sai mais baratousar a moeda local. Sacar,com cartão brasileiromesmo, de caixas rápidos,é uma boa.

TRAJES CURTOSÉ proibido entrar emlocais sagrados com ojoelho ou o colo à mostra.Alguns locais indicam aproibição com placas,mas não é bom arriscaronde não hásinalização.

QUERO IR DE BIKEViajantes soltinhosencontram amparo emtours gratuitos eecológicos em Jerusalém:a pé ou de bicicleta,promovidos pelo centro doviajante independenteSandeman’s New Europe.

OUVINDO TUDOEste áudioguia, vendidonos hotéis e bancas, ébom companheiro paraquem fala inglês e querconhecer a Cidade Antigaimerso em narração etrilha sonora bacanas.US$ 19.

PEDRAS NOCEMITÉRIO

Tradição herdada dotempo nômade. Em

peregrinação, judeusdepositavam pedras

marcando os locais ondeenterravam os mortos.

Fazem isso até hoje.

FOTOS: FREDERICO BOTTREL/EM/D.A PRESS

Jerusalém não dá muitotempo para o visitante virar aschavinhas entre uma cultura eoutra. Quando mal saímos daárea destinada à visitação doMuro, já estamos no MercadoÁrabe da cidade, construídoexatamente em volta dos pon-tos que marcam a Via Dolorosa– os últimos passos de Jesus, ru-

mo à crucificação. Judaísmo,cristianismo e islamismo as-sim; tudo junto e misturado. Otrajeto é inusitado: aqui, eleapoiou a mão na pedra (e oscristãos tiram foto apoiandotambém), ao lado vemos umalojinha vendendo um candela-bro de sete braços de Israel, ali oCirineu ajudou Jesus a carregar

a cruz, acolá vendem-se terçoscatólicos e presépios. Adiante,véus árabes adornam belas ca-beças de manequins (US$ 15 ca-da).

A comida é calórica e imper-dível: homous e falafel, ambosfeitos com grão-de-bico, servi-dos nas melhores biroscas. Esco-lha uma limpinha, espante afrescura e mande ver. As lem-branças arqueológicas tambémchamam a atenção. Esculturas,vasos e moedas milenares sãotão abundantes que custam apartir de US$ 10. Em meio ao ce-nário que convida à viagem aostempos bíblicos, uma mulherárabe caminha enquanto, de te-lefone celular na mão, mandaSMSs e nos lembra que estamosno século 21. Mesmo com toda adispersão, há os fieis que conse-guem se concentrar para medi-tar na Via-Sacra.

O caminho culmina na Basí-lica do Santo Sepulcro. Guiasturísticos acompanham gruposfranceses, russos, espanhóis, eusam alto-falantes do lado ex-terno da igreja. Uma Babel de

línguas, contando a mesma his-tória: estamos onde Jesus foicrucificado, sepultado e de on-de teria ressucitado. “Os evan-gélicos não entram nessa igre-ja”, polemiza Efraim, indicandoque os protestantes preferemgastar o tempo no Jardim daTumba Vazia, que, acreditam,merece mais crédito. À parte ascontrovérsias, até mesmo nãocristãos visitam o lugar a títulode curiosidade.

“Aqui dentro temos as últi-mas estações da Via Dolorosa.Neste ponto o corpo de Jesus foilavado, conforme a tradição ju-daica. Até hoje mulheres vêmaqui e lavam esta pedra. Por isso,ela conserva esse cheirinhobom”, diz o guia. A maior fila sededica à última estação, a tum-ba propriamente dita. O sol en-tra por um enorme orifício noteto, projetando a luz em fachosobre o ambiente denso com afumaça das velas. Iluminados, osfieis esperam, em silêncio.

** OO rreeppóórrtteerr vviiaajjoouu aa ccoonnvviitteeddoo MMiinniissttéérriioo ddoo TTuurriissmmoo ddee IIssrraaeellVéus colorem o Mercado Árabe, em meio à Via Sacra Fieis esperam, em fila, o momento de entrar no Santo Sepulcro

SEA

PED

IDA

ÉM

USE

U…

TORRE DE DAVIDNas muralhas da Torre de David,

um dos sítios arqueológicos maispreciosos de Jerusalém, tudo

convida à reflexão, a começarpelas inscrições, talhadas naparede: “Há pedras que tem

coração de homem e homem quetêm coração de pedra”. No interior

da Fortaleza estão registros dequase todos os períodos históricosda cidade. Contando 4 mil anos de

história, painéis e reproduçõesgarantem interesse para fieis das

três principais religiõesmonoteístas do mundo. Além das

visitas guiadas, o show Noiteespetacular merece atenção,

contando a história por meio deluzes incrustadas na muralha.

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Do Monte das Oliveiras (detalhe) tem-se a melhor vista da cidade murada, com atrações como o portal de entrada e a mesquita de Omar, com sua cúpula dourada

Paramentado, garoto faz bar mitzvah, cerimônia de iniciaçãoCom o livro sagrado nas mãos, judeu se concentra

É BOM SABER

TURISMO

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ISRAELBatismo no Rio Jordão é atrativo administradopor brasileiro. Lago Tiberíades e Monte dasBem-Aventuranças completam tour cristão

PASSAGEMpara a Bíblia

Tiberíades -Umdiadepasseiosésuficienteparaseguir alguns dos principais passos da vida públicade Jesus, no interior de Israel. No Mar da Galileia, ouLagoTiberíades,váriasdashistóriascontadassãore-conhecidasfacilmente.“Esteétalvezumdosúnicoslugaresdomundoemqueaspessoasjásabemtudoo que os guias turísticos vão dizer”, reconhece, hu-milde, Efraim. Ele exagera na modéstia, porque, naverdade,detalhespicantesoupolêmicossemprees-capamaoslivros–semfalarnassensaçõesparticula-res que os lugares costumam causar nos cristãos.

Antes de chegar a Tiberíades, o Rio Jordão é pit-stop obrigatório. Benzer-se ou batizar-se nas mes-mas águas em que João Batista batizou Jesus, se-gundo a tradição, é privilégio de quem visita o lu-gar, explorado turisticamente pelo Kibutz de Yar-denit. Na gerência da atração, o brasileiro SergioDoclis, há 24 anos em Israel. “A entrada é grátis,por isso precisamos do lado comercial – tanto dalojinha quanto da lanchonete lá fora. Vários gru-pos de igrejas brasileiras vêm. Normalmente co-loco na entrada uma bandeira do Brasil, outra deIsrael, eles adoram isso”, conta Sergio.

O Lago Tiberíades testemunhou momentos no-tórios da vida pública de Jesus, como a pesca mila-grosa, a multiplicação de pães e peixes, a caminha-da sobre as águas. Na margem norte está Cafar-naum, onde é possível visitar as ruínas da vila emque morou o apóstolo Pedro. “De agora em diantevocês não serão mais pescadores de peixes, e simpescadores de homens”, Efraim cita a Bíblia, dian-te da casa sobre a qual foi construída uma igreja.

Também no Monte das Bem-Aventuranças, de

onde Jesus proferiu uma das mais belas mensa-gens do cristianismo, o Sermão da Montanha,uma igreja marca o local de orações. “Foi projeta-da por Antonio Berlucci, financiada por Mussolini,nos anos 1930”, diz o guia, “traduzindo o evange-lho para a arquitetura, com vitrais retratando ca-da uma das bem-aventuranças. Ela é simples efosca por fora e dourada por dentro, também pa-ra mostrar que a beleza do cristão é interior.” (FB)

LEIA NO PRÓXIMO CADERNO TURISMOSOBRE OS KIBUTZIM E TELAVIVE, EM ISRAEL

SERVIÇOIsraelFica no Oriente Médio, na extremidadeSudeste do Mar Mediterrâneo. Tem áreatotal de 20.770 km2, com populaçãoestimada de 7.401.400 habitantes.

COMO IRDe aviãoIda e volta a partir de US$ 2.224,70.Pela El Al. www.elal.co.il

PACOTESOito dias a partir de US$ 2.507 porpessoa / duplo. Inclui aéreo ida e volta,traslados, sete dias de excursão comguia espanhol em Telavive, Rehovot,Ashdod, Beit Guvrin, Jerusalém, Desertoda Judeia, Mar Morto, Fortaleza deMassada, Cidade Moderna, Yad Vashem,Ein Karem, Monte das Oliveiras, CidadeVelha, Vale do Jordão, Beit Shean, Golan,Safed, Nazaré, Tiberíades, Rosh, Hanikra,Acco, Haifa e Caesarea Maritima. Pela Master.(31)3330-3614. www.masterturismo.com.br

13 dias a partir de US$ 3.324 por pessoa / duplo. Inclui aéreo ida e volta,traslados, roteiro passando por Telavive, Haifa, Galiléia, Nazaré,Jerusalém e Mar Morto. Pela ALM. (31)3412-7744www.almtour.com.br

ONDE FICARMount Zion Hotel – JerusalémDiárias a partir de US$ 1.799 / casal / superior /café da manhãwww.mountzion.com

Le Memidiem Dead Sea – Mar MortoDiárias a partir de US$ 300 / casal / superior / café da manhãwww.starwoodhotels.com/lemeridiem

Club Hotel Tiberias – TiberíadesDiárias a partir de US$ 600 / casal / suíte / café da manhã

Hostel MassadaUma noite a partir de US$32/ por pessoawww.hihostel.com

No almoço em mercadosárabes, houmous (pastafeita à base de grão-de-bico) e falafel (bolinhofeito à base, advinhem,de grão-de-bico!) comlegumes, acompanhadode pão sírio, em algumbotequim. Gafeimperdoável: pedircerveja. A inconfundívellatinha de Coca-Cola,mesmo em árabe, faz asvezes, em ambiente emque é proibido oconsumo de álcool. Arefeição não passa deUS$ 8.

ONDE COMER

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Em todo o caminho, a maior parte dos restaurantes são koscher. Issosignifica que são preparados de acordo com regras especiais para acomida judaica. Não se misturam queijo e carne, por exemplo. Só noMcDonald’s a atendente pergunta se o cliente quer queijo no Big Mac.Há bistrôs charmosos como o Little Jerusalém e o Hachatzer, nacapital. Tiberíades também explora a orla do lago, com bares erestaurantes especializados em peixes

FOTOS FREDERICO BOTTREL/EM/D. A PRESS

Bênção no Rio Jordão, onde João Batista batizou Jesus, é um dos pontos altos da visita ao localNa igreja, construída sobre o local onde foi proferidoo Sermão da Montanha, o clima é de paz absoluta

Por ter um comércio que abre todos os dias, Tel Aviv é conhecida também como a cidade dadiversão. Em sua costa, bares e restaurantes foram reformados para receber bem o turista

IISSRRAAEELL

TURISMO

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POR DENTRO DA BOLHA

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FREDERICO BOTTREL*

Normalmente, a primeirae última impressão que setem de Israel é Telavive, cida-de cosmopolita que abriga oAeroporto Ben Gurion, prin-cipal porta de entrada dos 3milhões de turistas que visi-tam o país anualmente. Tela-vive é reconhecida pela co-munidade internacional co-mo a capital do país (as em-baixadas estão lá), enquantoJerusalém é a capital declara-da pela legislação israelense.Tem praia, sol, grandes ho-téis e empresas, vida notur-na e cultural agitada. Quan-do a vista são os prédios qua-se futuristas da cidade, en-tende-se por que ela é conhe-cida como “a bolha”.

“Diferente de outras par-tes do país que guardam odia santo, aqui todos os esta-belecimentos abrem todos osdias da semana. A diversãonão para, sempre tem algopara fazer”, dizem os guiasespecializados em vida no-turna, no antigo Porto de Te-lavive. Eles têm uma boa fra-se de efeito: “Se Jerusalém écidade sagrada, em Telavive ésagrado curtir a vida”. O es-paço do porto foi totalmentereformado para abrigar ba-res, restaurantes e lojas, quese espalham ao longo da cos-ta. A região hoteleira tam-bém é boa para badalação. Sódorme quem quer.

Para os que torcem o narizpara a noite, Telavive guardapasseios mais singelos, em Ja-ffa, cidade antiga, hoje anexa-da à principal. A quantidadede edifícios em estilo Bau-hauss também chama a aten-ção. A cidade branca, como fi-cou conhecida a região queconcentra esses prédios, étombada pela Unesco. Com2 milhões de habitantes(que costumam lotar apraia no fim de semana pa-ra conferir o memorávelpôr do sol no Mediterrâ-neo), a cidade está em festaeste ano. A celebração docentenário se estende atédezembro, com eventos demoda, inaugurações de no-vos espaços culturais, festi-vais de cinema e culminamcom a abertura do novomuseu de história da cida-de. Veja programação no si-te www.tlv.100.co.il

A paisagem futurista colabora para os inconfundíveis ares cosmopolitas da metrópole. Diante do Mediterrâneo, (abaixo) a pedida é se render ao pôr do sol na praia

FOTOS: FREDERICO BOTTREL/EM/D. A PRESS

Os novos kibutzim“Durante a Guerra dos Seis

Dias, fiz a promessa de que sótiraria minha barba quando apaz viesse. Desde então, estouesperando e acredito que vouassim para a cova”. É assim queZabo Levium, um senhor quenão revela a idade, explica a vo-lumosa barba branca aos curio-sos que visitam o kibutz de EnGedi, na Região do Mar Morto,em Israel. Ele emenda: “Talvezalguma coisa mude com Oba-ma, mas vá saber!”. Zabo fala apartir da experiência de quemjá combateu, defendendo os in-teresses do estado israelense,em quase todas as guerras emque o país esteve envolvido.

Desde que deixou o Exérci-to, Zabo mora ali, escolheuaquele modo de vida. Os ki-butzim (o plural é esse) sãounidades de produção comu-nitária, com bases socialistas,que ajudaram a dar força àeconomia de Israel. A ativida-de agrícola de muitos deles setransformou: hoje, é fácilachar kibutzim que exploramo turismo em Israel, além decuidar de suas plantações para

subsistência. En Gedi, mesmo,tem até um supermercado. Osturistas compram com dinhei-ro; os moradores do kibutz ba-sicamente “penduram a con-ta”, debitada de uma certa co-ta, ao fim do mês.

“Fato é que estamos em ple-na transformação, ainda redefi-nindo muitos dos parâmetrosa que estávamos acostuma-dos”, explica Uria Levium, filhode Zabo, que tem 32 anos e nas-ceu no kibutz. Ele usa uma san-dália Croc (que, alias, é umamania em Israel). O barulho deum grilo interrompe a conver-sa: é o toque, digamos, ecológi-co, do celular de Uria, umNokia. O rapaz conta que, deuma maneira geral, os jovensfaziam uma imagem muito ne-gativa dos kibutzim: “Éramosvistos como se caminhássemosa passos de tartaruga”.

Há 20 anos, as crianças eramcriadas por uma unidade espe-cífica, não cresciam junto aospais, que precisavam de tempopara trabalhar para o coletivo.“Hoje não é mais assim. As indi-vidualidades são mais respeita-

das. Temos experimentado no-vas formas de convívio nos ki-butzim”, diz Uria. Em no máxi-mo 50 anos, ele acredita, terãosolidificado bases de um mode-lo social mais justo que poderáaté ser exportado. O parlamen-to que discute as novas regras,em En Gedi, conta com 180 re-presentantes. No país todo, sãomais de 200 kibutzim.

Um deles é Zabo, que, alémde carpinteiro, é responsávelpor guiar os turistas que visi-tam o lugar. Sempre que passadiante de algum kibutznik (mo-rador do kibutz), Zabo o cum-primenta: “Oi, chefe!”. E expli-ca: “Todos eles são meus chefesaqui. Sou um só, mas tenho 10chefes!”. O Jardim Botânico deEn Gedi é um colosso. Mantidopor irrigação e água reciclada, éo maior orgulho dos habitan-tes. Informado sobre a naciona-lidade do grupo de visitantes,Zabo vai em direção de umaplanta nossa conhecida.

“O jardim é muito impor-tante para nossa vida, porqueestamos no meio do deserto.A Unesco o declarou Jardim

Botânico Internacional, por-que contém 1 mil tipos dife-rentes de plantas, inclusive doBrasil, como este pé de algo-dão”. Zabo chama o vegetal deplanta da boa noite: “Com es-se aqui, dá para fazer umamanta quentinha”.

Com 650 habitantes, o ki-butz de En Gedi mantém umhostel, que tem 107 quartos e90% de ocupação, de acordocom Uria. As diárias não pas-sam de 100 euros. As mudan-ças podem agradar aos jovensde 30 e poucos anos, comoUria, o filho. O pai, Zabo, con-fessa que não é dos mais refor-mistas: “Quando os kibutzimcomeçaram a mudar comple-tamente, me senti órfão pelaterceira vez – a primeira domeu pai, depois da minha mãee depois dos kibutzim”. Segun-dos depois do momento refle-xivo, é com bom humor queele arremata a visita: “Demo-rei demais com vocês, meuchefe vai me matar”.

TEL AVIV-JAFFA – MISHKENOT

RUTH DANIEL

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SERV

IÇO

ONDE FICAR

Zabo Levium espera a paz para cumprir promessa e fazer a barba

●● O repórter viajou a convite doMinistério do Turismo de Israel.