24
No Restaurante Carlos Drummond de andrade l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a n h a l a s a h a

No Restaurante

Embed Size (px)

DESCRIPTION

trabalho feito para a disciplina Artes Gráficas C, EBA/UFMG, ministrada pelo professor Vlad Eugen Poenaru, em 2007. ilustração e diagramação do texto "No Restaurante", de Carlos Drummond de Andrade.

Citation preview

Page 1: No Restaurante

NoRestaurante

Carlos Drummond de andrade

lasanha lasanha lasanha las

anh

a

lasa

nh

a

lasa

nh

a l

asanha lasanha lasa

nha

la

san

ha lasanha lasanha lasanha lasan

ha

lasanha las

anh

a

lasa

nh

a

lasa

nh

a lasanha lasanha lasanh

a la

san

ha lasanha lasa

nh

a lasanha lasanha lasanha

Page 2: No Restaurante
Page 3: No Restaurante
Page 4: No Restaurante

20

La sa nha

Page 5: No Restaurante

No Restaurante

Carlos Drummond de andrade

19

O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu.

Aí, um casal, na mesa vizinha,bateu palmas. O resto da sala

acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível.

Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total,

o poder ultrajovem.

ilustrações de Renata Gibson

Page 6: No Restaurante

UFMGEscola de Belas Artes

Artes Gráficas CProfessor: Vlad Eugen Poenaru

Renata GibsonComunicação Social3° período

Junho 2007

18

- Eu e você, tá?

- Meu amor, eu...

- Tem de me acompanhar, ouviu?

Pede a lasanha.

Page 7: No Restaurante
Page 8: No Restaurante

167

Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação

atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do

mais forte.camarã

o

camarã

o

camarã

o

camarão

camar

ão

camarão

camar

ão

Aquele anteprojeto de mulher- quatro anos, no máximo,

desabrochando na ultraminissaia - entrou decidido no restaurante.

Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada.

Sabia perfeitamente o que queria.

Queria lasanha.

Page 9: No Restaurante

Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa frita- da de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acon-tecimentos, não foi recusada pela senhorita.

815

camarã

o

camarã

o

camarã

o

camarã

ocamarão

camarã

o

camarã

o

O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.

- Meu bem, venha cá.

- Quero lasanha.

- Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.

- Não, já escolhi. Lasanha.

camarão

Page 10: No Restaurante

149

camarão camarão camarão

Que parada - lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescen-

deu em sentar-se primeiro, e depoisencomendar o prato:

- Vou querer lasanha.- Filhinha, por que não

pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.

- Bem, então me vê um chinite, e pra ela... o que é que você quer, meu anjo?

- Uma lasanha. - Traz um suco de laranja pra ela.

n

ha lasanha lasanha lassanha la

sanha

Page 11: No Restaurante

1013

lasanha lasanha lasanha lasanha lasanha

- Perfeitamente, senhorita.

O pai, no contra-ataque:- O senhor providenciou a fritada?

- Já sim, doutor.

- De camarões bem grandes?

- Daqueles legais, doutor.

- Gosto, mas quero lasanha.- Eu sei, eu sei que você gosta de camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.

- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?- Você come camarão e eucomo lasanha.

anha lasanha lasanha lasanh

a l

asanha lasanh

a lasanha la

Page 12: No Restaurante

1211

- Moço, tem lasanha?O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo: - Quero lasanha.

O pai corrigiu: - Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.

A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam

querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha?

Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios

mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o

serviço, ela atacou:

Page 13: No Restaurante

1211

- Moço, tem lasanha?O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo: - Quero lasanha.

O pai corrigiu: - Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.

A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam

querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha?

Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios

mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o

serviço, ela atacou:

Page 14: No Restaurante

1013

lasanha lasanha lasanha lasanha lasanha

- Perfeitamente, senhorita.

O pai, no contra-ataque:- O senhor providenciou a fritada?

- Já sim, doutor.

- De camarões bem grandes?

- Daqueles legais, doutor.

- Gosto, mas quero lasanha.- Eu sei, eu sei que você gosta de camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.

- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?- Você come camarão e eucomo lasanha.

anha lasanha lasanha lasanh

a l

asanha lasanh

a lasanha la

Page 15: No Restaurante

149

camarão camarão camarão

Que parada - lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescen-

deu em sentar-se primeiro, e depoisencomendar o prato:

- Vou querer lasanha.- Filhinha, por que não

pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.

- Bem, então me vê um chinite, e pra ela... o que é que você quer, meu anjo?

- Uma lasanha. - Traz um suco de laranja pra ela.

n

ha lasanha lasanha lassanha la

sanha

Page 16: No Restaurante

Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa frita- da de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acon-tecimentos, não foi recusada pela senhorita.

815

camarã

o

camarã

o

camarã

o

camarã

ocamarão

camarã

o

camarã

o

O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.

- Meu bem, venha cá.

- Quero lasanha.

- Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.

- Não, já escolhi. Lasanha.

camarão

Page 17: No Restaurante

167

Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação

atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do

mais forte.camarã

o

camarã

o

camarã

o

camarão

camar

ão

camarão

camar

ão

Aquele anteprojeto de mulher- quatro anos, no máximo,

desabrochando na ultraminissaia - entrou decidido no restaurante.

Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada.

Sabia perfeitamente o que queria.

Queria lasanha.

Page 18: No Restaurante

617

lasanha.Quero- Estava uma coisa, hem? -

comentou o pai, com um sorriso bem alimentado.

- Sábado que vem, a gente repete... combinado?

- Agora a lasanha, não é, papai?

- Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai

comer mesmo?

Page 19: No Restaurante

UFMGEscola de Belas Artes

Artes Gráficas CProfessor: Vlad Eugen Poenaru

Renata GibsonComunicação Social3° período

Junho 2007

18

- Eu e você, tá?

- Meu amor, eu...

- Tem de me acompanhar, ouviu?

Pede a lasanha.

Page 20: No Restaurante

No Restaurante

Carlos Drummond de andrade

19

O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu.

Aí, um casal, na mesa vizinha,bateu palmas. O resto da sala

acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível.

Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total,

o poder ultrajovem.

ilustrações de Renata Gibson

Page 21: No Restaurante

20

La sa nha

Page 22: No Restaurante
Page 23: No Restaurante
Page 24: No Restaurante

NoRestaurante

Carlos Drummond de andrade

lasanha lasanha lasanha las

anh

a

lasa

nh

a

lasa

nh

a l

asanha lasanha lasa

nha

la

san

ha lasanha lasanha lasanha lasan

ha

lasanha las

anh

a

lasa

nh

a

lasa

nh

a lasanha lasanha lasanh

a la

san

ha lasanha lasa

nh

a lasanha lasanha lasanha