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23/05/13 R. Lanz: Nocoes Basicas de Antroposofia - parte 7 www.sab.org.br/edit/nocoes/basicas6.htm 1/5 Noções Básicas de Antroposofia Rudolf Lanz Esta página contém parte do livro que, para um melhor entendimento, recomendamos seja lido integralmente desde o seu início em www.sab.org.br/edit/nocoes Direitos reservados à Editora Antroposófica Rua da Fraternidade 174, 04738-020 São Paulo, SP, tel. (11) 5686-4550 Esse livro pode ser adquirido também em sua loja virtual A EVOLUÇÃO DO SER HUMANO I - ESTADOS PRÉ-TERRESTRES Conhecemos agora o ser humano como um ser desmembrado em quatro elementos constitutivos, que toma consciência de si num universo perceptível formado pelos três reinos inferiores e elevando-se "para cima" a planos superiores habitados por seres que lhe são imensamente superiores. Tendo-se já mencionado o princípio da evolução que domina todo ser, cabe-nos estudar agora o caminho percorrido pelo homem até atingir o seu estado presente. Uma observação superficial nos mostra que, das quatro partes da entidade humana, o eu é o mais imperfeito, uma vez que o homem só desperta de vez em quando para a verdadeira autoconsciência e atua só em casos excepcionais com verdadeira reflexão e livre arbítrio. Mas também o corpo astral com seus desejos e paixões desenfreados, suas cobiças, seus instintos viciados, está longe da perfeição. Já as funções vitais, e mais ainda, os processos puramente físicos, estão-se desenrolando em relativa harmonia, a não ser que sofram os reflexos de uma vida anímica e espiritual defeituosa. Daí podemos inferir, com uma certa probabilidade de razão, que o eu é o elemento mais novo, enquanto o corpo físico é o mais velho. A investigação esotérica confirma plenamente essa suposição, mas para bem compreender a situação presente é necessário conhecer algo da evolução que a ela conduz. Antes, porém, de expô-la em suas linhas gerais, cumpre fazer algumas observações. Em primeiro lugar, convém frisar desde já que o homem atual é o produto de um trabalho efetuado pelas hierarquias superiores. Foram elas que formaram e plasmaram todos os membros da sua entidade. As forças que assim atuaram sobre ele nem sempre emanaram de entes favoráveis que quisessem influenciá-lo de modo harmonioso. Havia forças contrárias e opostas aos seres favoráveis, e cujas influências se revelaram perturbadoras. Veremos mais tarde que o homem é o produto do combate entre essas forças antagônicas.

Noções Básicas de Antroposofia - A EVOLUÇÃO DO SER HUMANO

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    www.sab.org.br/edit/nocoes/basicas6.htm 1/5

    Noes Bsicas de Antroposofia

    Rudolf Lanz

    Esta pgina contm parte do livro que, para um melhor entendimento,recomendamos seja lido integralmente desde o seu incio em www.sab.org.br/edit/nocoes

    Direitos reservados Editora Antroposfica

    Rua da Fraternidade 174, 04738-020 So Paulo, SP, tel. (11) 5686-4550

    Esse livro pode ser adquirido tambm em sua loja virtual

    A EVOLUO DO SER HUMANO

    I - ESTADOS PR-TERRESTRES

    Conhecemos agora o ser humano como um ser desmembrado em quatroelementos constitutivos, que toma conscincia de si num universo perceptvel

    formado pelos trs reinos inferiores e elevando-se "para cima" a planos superiores

    habitados por seres que lhe so imensamente superiores.

    Tendo-se j mencionado o princpio da evoluo que domina todo ser, cabe-nos

    estudar agora o caminho percorrido pelo homem at atingir o seu estado presente.Uma observao superficial nos mostra que, das quatro partes da entidade

    humana, o eu o mais imperfeito, uma vez que o homem s desperta de vez em

    quando para a verdadeira autoconscincia e atua s em casos excepcionais com

    verdadeira reflexo e livre arbtrio. Mas tambm o corpo astral com seus desejos

    e paixes desenfreados, suas cobias, seus instintos viciados, est longe daperfeio. J as funes vitais, e mais ainda, os processos puramente fsicos,

    esto-se desenrolando em relativa harmonia, a no ser que sofram os reflexos de

    uma vida anmica e espiritual defeituosa.

    Da podemos inferir, com uma certa probabilidade de razo, que o eu oelemento mais novo, enquanto o corpo fsico o mais velho. A investigao

    esotrica confirma plenamente essa suposio, mas para bem compreender a

    situao presente necessrio conhecer algo da evoluo que a ela conduz.

    Antes, porm, de exp-la em suas linhas gerais, cumpre fazer algumas

    observaes.

    Em primeiro lugar, convm frisar desde j que o homem atual o produto de um

    trabalho efetuado pelas hierarquias superiores. Foram elas que formaram e

    plasmaram todos os membros da sua entidade. As foras que assim atuaram

    sobre ele nem sempre emanaram de entes favorveis que quisessem influenci-lo

    de modo harmonioso. Havia foras contrrias e opostas aos seres favorveis, e

    cujas influncias se revelaram perturbadoras. Veremos mais tarde que o homem

    o produto do combate entre essas foras antagnicas.

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    Tendo que voltar a pocas remotssimas, onde as condies exteriores eramtotalmente diversas das atuais, existe o risco de provocar mal-entendidos ao

    empregarmos termos tirados da nossa vida atual, como "espao", "tempo", "calor",

    etc. Mas no h outra soluo, e devemos estar cnscios desse perigo.

    Uma primeira pergunta ser sem dvida levantada pelo leitor atento: Mesmo

    admitindo que a vidncia permita observar fatos no-fsicos atuais, como

    possvel que o iniciado possa descrever o que se passou em pocas remotas,

    quando nada era parecido com o mundo atual? Lembremos que a memria do

    homem individual "reside" em seu corpo etrico. Pois bem: assim como os fatos

    vividos pelo homem esto "gravados" em seu corpo etrico, assim a substncia

    etrica csmica recebe a "impresso" de todo e qualquer fato que ocorre no

    mundo. O clarividente pode, a um determinado grau do seu desenvolvimento

    inicitico, dirigir o seu "olhar" espiritual para esse mundo etrico como o dirigepara o corpo etrico de uma planta ou de outro homem. Ele poder ento "ler"

    nessa memria csmica as impresses feitas em tempos passados. Sendo essamemria etrica denominada pelo velho termo hindu de Akasha, o esoterismo

    moderno diz, empregando uma imagem bastante pitoresca, que o vidente est"lendo a crnica do Akasha".

    Convm lembrar que muitos fenmenos de telepatia, ou de observao de fatos a

    grande distncia, explicam-se pela existncia desse "meio" supra-espacial ondetudo deixa o seu vestgio.

    A histria, a paleontologia e a geologia revelam-nos fatos valiosos do passado;mas mesmo as teorias cosmognicas mais ousadas no estendem o campo da sua

    observao (ou especulao) alm de fenmenos materiais, fsicos. AAntroposofia, empregando os meios de observao aludidos, remonta muito mais

    longe, descrevendo estados pr-materiais durante os quais j existia o homem, ouantes, precursores do homem.

    Seria absurdo querer remontar ao "comeo dos comeos". A Antroposofia tem

    por objeto o homem, e assim procuraremos descobrir o momento do passadoonde aparece o primeiro vestgio do homem.

    Isso nos faz voltar a um tempo onde nada, mas absolutamente nada do nosso

    mundo atual existia. O que havia eram as entidades das hierarquias superiores, quetambm no haviam atingido o seu grau de evoluo atual.

    Foi ento criado, por um ato que pode apenas ser comparado a um auto-

    sacrifcio, o primeiro germe do corpo fsico humano, graas a uma emanao, dasua prpria substncia, produzida pelos Tronos, ou Espritos da Vontade. Essecorpo era como que uma massa ainda no individualizada de matria, e essa

    matria era to sutil que poderia lembrar apenas o que chamamos hoje de "calor".J o estado gasoso, e muito mais os estados lquido e slido, eram inconcebveis

    nesse cosmo de extrema sutileza.

    "Vontade sob forma de calor" eis o primeiro estado do nosso "mundo". Outrashierarquias comearam ento a atuar; sob sua influncia, a massa informe

    comeou a diferenciar-se numa infinidade de pequenas partculas. Para

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    caracterizar esse estado, Rudolf Steiner emprega a imagem de uma gigantescaamora, onde cada pequena esfera seria um precursor de um corpo fsico humano

    atual. Esse precursor de "ns" no tinha ainda vida prpria; seu grau deconscincia (se que podemos falar de um smile de conscincia) era equivalente

    quele dos atuais minerais.

    A um dado momento, comeou a existir nesse corpo csmico uma espcie devida, reflexo da atividade exercida "de fora" por certas hierarquias; mas ainda no

    era vida prpria. Depois de mais um lapso de tempo (devemos imaginar que essaevoluo se verificou em perodos de tempo muito longos), essa esfera de calor

    comeou a luzir. Para um espectador "de fora" ela se teria apresentado como umagrande esfera de calor resplandescente, percorrida por correntes de calor e

    dividida em inmeras pequenas esferas que eram as precursoras dos nossoscorpos fsicos.

    Esse antigo estado, espcie de primeira encarnao csmica do nosso sistemasolar, tem no ocultismo o nome de Velho Saturno.

    Decorrido um certo tempo, esse cosmo se desintegrou, tudo voltando para um

    estado puramente espiritual. Essa "noite csmica", comparada a uma sstoleuniversal, designada pelo nome hindu de Pralaya.

    Aps um certo lapso de tempo, nasceu um novo Universo. Primeiro houve uma

    espcie de recapitulao da poca anterior. Formou-se novamente um corpo decalor. Mas em dado momento, e novamente como resultado da atuao das

    hierarquias superiores, os precursores do nosso corpo fsico receberam um corpoetrico e comearam a aparentar formas rudimentares de vida prpria. O corpo

    fsico passou ao estado gaseiforme, embora contivesse tambm o elemento decalor ou fogo. Nesse estado, "ns" tnhamos, portanto, o grau de evoluo de uma

    planta (corpo fsico e corpo etrico) tendo a substancialidade de um gs. O

    "nosso" grau de conscincia naquela segunda encarnao da nossa Terra tambmera aquele de uma planta, isto , de sono profundo.

    Houve no Velho Saturno entes que no atingiram o ponto final previsto para aevoluo saturnina. Esses seres no puderam acompanhar, na segunda

    encarnao, a evoluo dos demais, tendo, ao contrrio, que recapitular o estado

    que seus irmos mais avanados j haviam terminado no Velho Saturno. Havia,

    pois, no Antigo Sol (pois esse o nome que se d segunda encarnao desseUniverso) dois reinos: um evoludo, tendo o grau de desenvolvimento de uma

    planta, e possuindo um corpo fsico e um corpo etrico; e outro atrasado, que

    ainda percorria - pela segunda vez - a existncia equivalente de um mineral, sem

    corpo etrico.

    Em determinada poca dessa evoluo, certos espritos das hierarquias

    superiores, os quais no puderam suportar a densificao progressiva do

    ambiente, retiraram-se do corpo do Velho Sol e constituram um corpo celeste parte, repetio do Velho Saturno. Havia, pois, dois corpos possuindo

    configurao e caractersticas diferentes, e que atuavam um sobre o outro.

    Devemos imaginar esses corpos permeados e atravessados pelas hierarquias esuas influncias, sob cuja ao o precursor do homem evoluiu, at que tudo voltou

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    novamente a um pralaya, ou noite csmica. Antes disso, os dois corpos se tinham

    reunido novamente. Convm frisar que esses dois estados planetrios no tem

    nenhuma semelhana com o Saturno e o Sol atuais.

    Emergindo do estado puramente espiritual, o nosso Universo iniciou sua terceira

    fase: a Velha Lua. Aps nova recapitulao dos estados anteriores, a

    condensao progrediu at a incluso do elemento lquido, dando matria maisdensa a forma de uma neblina ou de um gel. Novamente as hierarquias mais sutis,

    no podendo acompanhar essa densificao, formaram um novo corpo

    equivalente ao Sol. Originaram-se da certos movimentos rotativos e estadosalternados de irradiao.

    Sob a influncia de determinada hierarquia, o "homem" passou a adquirir um

    precursor do nosso corpo astral, atingindo um estado semelhante ao dos nossosanimais, com a conscincia de "sonho". Em baixo dele havia dois reinos; aqueles

    que haviam recapitulado no Velho Sol, com sucesso, a evoluo proto-saturnina,

    e que nessa altura atingiram o nvel de planta; e aqueles que tambm no Velho Sol

    no conseguiram progredir, tendo que percorrer agora, mais uma vez, um estadode mineral.

    Tambm entre os seres das hierarquias superiores havia evolues anormais. Em

    dado momento, vrios dentre eles se "revoltaram" contra a evoluo geral,procurando um desenvolvimento diferente. A interao de todas essas influncias

    fez com que o mundo se diversificasse ainda mais: houve at a formao de outros

    "planetas", centros de atuao espiritual dos vrios grupos de hierarquias.

    Em meio a esse mundo vivia o "homem". O corpo astral j lhe proporcionava

    sensaes, instintos, antipatia e simpatia, mas sem a faculdade de livre-arbtrio e

    sem o raciocnio, apangios da plena conscincia que nasceriam apenas com o eu.Outrossim, a "forma" exterior do homem, como alis, o aspecto de todo o mundo

    ao redor dele, no podiam ser comparados a nada do que atualmente existe. No

    momento da sua maior concentrao, a Velha Lua, com os germes dos homens,

    no passava de uma massa mida ou viscosa com incluses gasosas. Nessemundo viviam, alm dos seres das hierarquias, os homens, cujo membro mais

    elevado era um corpo astral; e, abaixo deles, aqueles que haviam ficado para trs,

    constituindo dois reinos equivalentes s nossas plantas e minerais. Processossemelhantes respirao e circulao j existiam, e os estados de conscincia

    mais ou menos clara alternavam, de acordo com as circunvolues dos corpos

    celestes, sedes das hierarquias em seus vrios agrupamentos.

    No fim dessa evoluo, os vrios corpos celestes se reuniram novamente. Um

    terceiro perodo de involuo (Pralaya) fez voltar toda a diversificao a um

    estado puramente espiritual do qual emergeria, como quarta fase, a nossa Terra

    atual com o sistema solar que ela integra.

    Toda a evoluo anterior , pois, caracterizada:

    1. pela atuao das hierarquias superiores que nos criaram e nos fizeramevoluir;

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    2. pela densificao progressiva;

    3. pelo despertar paulatino da conscincia;

    4. pelo acrscimo de novos "membros superiores" e seu aperfeioamento soba influncia de seres superiores;

    5. pelo desenvolvimento que fez ficarem para trs os seres que no se

    desenvolveram de acordo com o "programa" csmico. Todavia, no foi porculpa ou mrito prprio que ocorreu essa desclassificao pois, por

    enquanto, o "ser humano" ainda no era responsvel pelos seus atos;

    6. pela mais absoluta dissemelhana entre as condies "exteriores" dasanteriores "encarnaes" da Terra entre si e em comparao com o nosso

    mundo atual.