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Noções básicas de sociologia

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Respostas a algumas questões essenciais no campo da sociologia: a ontologia do ser social, o surgimento da sociologia e seus principais pensadores.

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Page 1: Noções básicas de sociologia

Noções básicas de sociologia: do ser social ao ser sociológico

Aluna: Andréa Pereira Moraes

1) Explique a constituição do ser social, que é a formação da própria existência humana.

O processo de constituição do ser social é bastante complexo e longo. Para que ele seja compreendido é preciso entender como se configura a relação homem/natureza, incluindo nisso, a distinção com outros animais.

Assim como qualquer animal, o homem move-se no sentido de suprir, satisfazer suas necessidades básicas, sendo a primeira delas a sobrevivência. Para isso, torna-se necessário buscar na natureza tais respostas. O modo como o homem age em relação à natureza e as respostas produzidas serão as questões fundamentais que irão diferenciá-lo de outros animais. Ao contrário dos animais, os homens vão ultrapassar a imediaticidade das situações, produzir o novo e transformar radicalmente a natureza e a si mesmos.

Desse modo, o homem ao atuar na natureza interfere em seu processo, transforma a matéria disponível, modificando-a substancialmente. Ao realizar essa atividade, o homem humaniza a natureza, pois objetiva algo que não existia anteriormente. Nesse sentido, ao transformar a natureza e nela interferir, o homem também transforma a si mesmo, pois nem o mundo objetivo é mais o mesmo, nem quem nele interferiu. Para que possa interferir na natureza, realizar escolhas e adaptá-la as suas necessidades, o homem precisou planejar intencionalmente cada passo desse processo. Isso possibilita acúmulo de experiência e jamais outros homens terão que partir do mesmo ponto. Ele ultrapassa a imediaticidade das situações, transformando velhas necessidades e produzindo novas. Nesse compasso, vai produzindo sua própria história. É um processo ininterrupto e dinâmico entre objetividade e subjetividade.

Todo esse processo de transformação do homem em ser social é deflagrado pela atividade, práxis, denominada Trabalho, que nada mais é que essa transformação da natureza. Atividade essa desenvolvida pelo homem e que os faz dar um salto ontológico em relação aos animais e que contribuirá para produzir todas as coisas que envolvem as relações sociais. A partir do modo como os homens organizam o trabalho, ou seja, o modo de responder e produzir necessidades “determinarão” as relações sociais de cada época histórica.

2) Mostre o contexto histórico do surgimento da sociologia.

Como toda a ciência, pensando-se inclusive, no modo como o homem constrói sua própria história, a sociologia surgirá como resposta a determinadas necessidades que emergirão na transição entre uma velha e uma nova ordem (modo de organização) social.

Entender a transição do feudalismo para o capitalismo, mais ainda, da Idade Média para a Moderna, é a questão histórica fundamental para compreender o surgimento da sociologia. Efetivamente, não poderemos expor/discutir/analisar todo o processo em suas contradições, mas apontaremos o contexto de um modo geral.

Um mundo em plena transformação, esse é o ponto inicial. A velha ordem feudal encontrava-se em declínio, as classes dominantes que nela se inseriam já não conseguiam sustentar seu poder. As cidades renasciam e junto a elas uma nova classe social, a burguesia. Não só o comércio estava fortalecido, mas abria caminho para a industrialização.

Em um mundo em transição, a confusão, miséria, pobreza, violência viriam a despertar os interesses dos estudiosos da época. Mas, mais ainda, era urgente o fortalecimento de uma nova classe social que destruísse e substituísse as relações feudais, consolidando um novo modo de organizar a produção e, portanto, as relações sociais.

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Para Carlos Benedito Martins, a sociologia nasce exatamente no cerne desse contexto e cria as condições para sua própria contradição, pois ao mesmo tempo que surge a burguesia como a nova classe dominante, ensejando obter o poder tanto econômico como político, emerge também nesse período o proletariado. De um lado, a sociologia conservadora e positivista que irá dominar boa parte da produção sociológica, e de outro, a possibilidade da construção de uma teoria revolucionária, que ultrapasse o limite das classes dominantes e atenda às necessidades de toda a humanidade de maneira igual.

3) Apresente as principais ideias de Émile Durkheim.

Embora Comte vigore como um importante nome na sociologia será Durkheim, considerado um dos grandes pensadores positivistas da sociologia, visto que foi o primeiro a sistematizar o estudo sociológico em torno de um objeto e de um método específico. Muitos de seus estudos ainda hoje influenciam as teorias e os pensamentos contemporâneos. Na realidade, para alguns autores como Tonet, Chasin ou até mesmo Lowy, o pesquisador só pode posicionar-se diante da realidade de duas maneiras: ou utiliza o método positivista, ou o método dialético.

Foram grandes das contribuições de Émile Durkheim para a sociologia. Sua preocupação principal era fazer com que a sociologia fosse considerada ciência e para isso estabeleceu um método para a análise da sociedade. Esse método deveria ser composto de características semelhantes as das ciências naturais, ou seja, deve pensar a sociedade a partir de leis invariáveis, passíveis de serem apreendidas, observadas e reproduzidas, já que elas existem independentes da ação e vontade humana. Pode ser considerado como um método funcionalista (o que pode reduzir seu pensamento), já que recebeu diversas influências da ciência biológica.

Para a aplicação desse método, delimita-se um objeto de pesquisa, o fato social. Para o sociólogo, este deveria ser considerado como coisas. Ou seja, como um objeto que não pode ser modificado mediante a vontade humana individual. Eles existem e são exteriores, coercitivos e gerais. Nesse sentido, na ordem, existem independente da vontade humana, quando nascemos, eles já estão lá; exercem uma grande pressão sobre os indivíduos, fazendo-os agir conforme as normas sociais; e são comuns a toda a sociedade.

Para Durkheim, isso tudo ocorre porque os homens estabelecem laços de solidariedade que contribuem para a coesão social. Uma outra preocupação sua era com a harmonia social. De um lado, reflexo de um modo de organização mais antigo ou tradicional, temos a solidariedade mecânica, em que os laços ocorrem por meio da cultura, dos sentimentos de pertencimento coletivo; de outro, temos a solidariedade orgânica, mais comum nas sociedade modernas. Nela os laços de solidariedade se organizam em torno da função de cada indivíduo na sociedade, aqui o processo de interdependência se dá pela necessidade do outro e não apenas pelo sentimento de coletividade das comunidades mais tradicionais.

4) Apresente as principais ideias de Max Weber.

Influenciado por seu cotexto histórico, o pensamento Max Weber irá destoar do pensamento positivista desenvolvido até o momento (Para alguns autores ele pode ser considerado também um positivista, já que condiciona e limita o conhecimento do sujeito as suas próprias impressões, mas não poderemos entrar nessa contenda). Sendo assim, sua teoria é conhecida como historicista, pois procurará demonstrar que o processo histórico e suas diferenciações é parte importante para o desenvolvimento e compreensão da sociedade.

Para isso, ele desenvolverá o método da sociologia compreensiva para melhor estudar as relações sociais e seu objeto será a ação social. Ou seja, contrariando as ideias de Durkheim, o pensador alemão, ressaltará que é preciso compreender as relações em sua historicidade, e mais, na interpretação da história. Para Weber, quem dota as ações de sentido são os indivíduos e não a sociedade, como afirmou Durkheim.

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Nesse sentido, o objeto da sociologia será a ação social. Isso significa afirmar a primazia da subjetividade humana, pois é o agente social que dará sentido a sua ação levando sempre o outro em consideração. Cabe ao cientista social captar tais sentidos. Evidentemente, que isso revela o limite do ato de conhecer, já que para Max Weber, é impossível compreender todos os sentidos possíveis de todas as ações. Assim como Durkheim, ele classifica os tipos de ação: tradicional, afetiva, racional com relação a fins e racional com relação a valores. Ou seja, os tipos revelariam os motivos que levam os indivíduos a dotarem suas ações com determinados sentidos. Inclusive, a relação social somente existe quando os sentidos dessas ações são compartilhados por um grupo.

Com base em seu método e objeto, ele constrói sua teoria compreensiva, e realiza análises importantes como acerca da ética protestante, a relação entre poder e legitimação, burocracia, classes etc. Coerentemente, ele indicará quais tipos de ação são mais comuns e como elas conduzem à coesão social. Para ele, na sociedade moderna há predominância da ação racional, principalmente aquela voltada para fins específicos.

5) Mostre como o positivismo, especificamente a teoria de Émile Durkheim, reflete sobre o fenômeno da educação.

Conforme todo o exposto sobre Émile Dukheim, é preciso enquadrar a educação dentro de

SUS sistema. É ela mesma um fato social, exterior, coercitivo e geral? É ela responsável pela

coesão social? Partindo desses pressupostos, a educação no positivismo assume papel central

na formação do indivíduo, principalmente, nas sociedades pautadas na solidariedade orgânica,

já que na mecânica, a educação ampla e a cultura seriam meios espontâneos de coercitividade

e introjeção de valores e normas.

Conforme Alberto Tosi Rodrigues, “num meio moral em que o individualismo possibilitado pela

diferenciação social compete com a consciência coletiva própria a toda vida social, a educação

assume o significado de educação moral. Assume a condição de pedra fundamental de

preservação da coesão social” (2001, p.32)

É evidente, que este assunto é bastante complexo, pois é preciso refletir se existe, numa

sociedade complexa e diferenciada as consciência coletivas, como pensar numa educação

pautada numa noção de generalidade das normas, crenças e valores. Para Durkheim, embora

existam crenças, normas e valores diferenciados, é preciso educar os indivíduos para que

compreendam o papel e a função que cada um exerce nessa sociedade, tendo como principal

finalidade a harmonia social.

Referências:

ANDERY, Maria Amália (Org.). Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. Editora

espaço e tempo, 1994.

COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: moderna, 1997.

MARTINS, Carlos B. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2010.

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

TURA, Maria de Lourdes Rangel (Org.). Sociologia para educadores. 2 ed. Rio de Janeiro:

Quartet, 2002.