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Técnico – Área Administrativa Noções de Direito Administrativo – Parte 2 Prof. Rodrigo Motta

Noções de Direito Administrativo – Parte 2 Prof. Rodrigo Motta · contratos e as disposições de direito privado. Percebe-se, então, que contratos privados da Administração

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Técnico – Área Administrativa

Noções de Direito Administrativo – Parte 2

Prof. Rodrigo Motta

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Noções de Direito Administrativo

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

CONCEITO DE CONTRATO

Art. 2º, Parágrafo único, Lei nº 8.666/93 – “Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”.

Embora a Lei traga um conceito para contrato, percebe-se que nem todo contrato firmado pela Administração Pública é propriamente um contrato administrativo. Não àtoa, alguns doutrinadores apresentam diferença entre Contratos privados da Administração e Contratos Administrativos. A diferença básica reside na incidência do regime de direito público existente no segundo, com aplicação apenas supletiva de normas de direito privado. O artigo 54, caput da Lei nº 8.666/93 assevera:

Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.

Percebe-se, então, que contratos privados da Administração são aqueles em que a relação é horizontal, pela ausência de prerrogativas públicas, que são comuns aos contratos administrativos propriamente ditos. Estes últimos apresentam características diferenciadas, onde a relação jurídica é dotada de verticalidade.

CARACTERÍSTICAS

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, são características dos contratos administrativos:

1. Presença da Administração Pública como Poder Público

Nos contratos administrativos, percebe-se a existência de prerrogativas especiais e da posição de supremacia sobre o particular. Presença de cláusulas exorbitantes (ou de privilégio).

2. Finalidade pública

A Administração Pública deve ter em vista o interesse público.

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3. Obediência à forma prescrita em lei

Cumprimento de formalidades previstas na lei.

Ex1:

Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

I – o objeto e seus elementos característicos;

II – o regime de execução ou a forma de fornecimento;

III – o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;

IV – os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;

V – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica;

VI – as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;

VII – os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas;

VIII – os casos de rescisão;

IX – o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;

X – as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;

XI – a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;

XII – a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;

XIII – a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

Ex2:

Art. 60, Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

Ex3:

Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas

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duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

4. Natureza de contrato de adesão

Não há livre discussão das cláusulas contratuais. São fixadas unilateralmente pela Administração.

5. Natureza intuitu personae

São firmados em razão das condições pessoais do contratado, apuradas em procedimento de licitação.

Ex:

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:

VI – a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;

Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração.

6. Presença de cláusulas exorbitantes

Conferem prerrogativas especiais à Administração.

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;

II – rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;

III – fiscalizar-lhes a execução;

IV – aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.

§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.

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§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

Sobre as cláusulas exorbitantes citadas:

6.1 Fiscalização

A execução contratual precisa ser acompanhada por um representante da Administração.

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.

§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.

Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na execução do contrato.

Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.

6.2 Alteração unilateral do contrato

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I – unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

II – por acordo das partes:

a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;

b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;

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c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;

d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando área econômica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

Importante!!!! Nem toda alteração de contrato ocorre de maneira unilateral. Pode se dar por acordo das partes, mas esta não se caracteriza como cláusula exorbitante.

6.3 Rescisão unilateral do contrato

Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:

I – determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;

II – amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licitação, desde que haja conveniência para a Administração;

III – judicial, nos termos da legislação;

A única modalidade de rescisão que se caracteriza como cláusula exorbitante é a unilateral.

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:

I – o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;

II – o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;

III – a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;

IV – o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;

V – a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à Administração;

VI – a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;

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VII – o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;

VIII – o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1º do art. 67 desta Lei;

IX – a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;

X – a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;

XI – a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato;

XII – razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;

XIII – a supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1º do art. 65 desta Lei;

XIV – a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;

XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;

XVI – a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais especificadas no projeto;

XVII – a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.

Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados nos autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)

Importante lembrar que a rescisão unilateral do contrato administrativo traz algumas consequências. Veja o artigo 80 da Lei nº 8.666/93:

Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei:

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I – assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da Administração;

II – ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58 desta Lei;

III – execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;

IV – retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração.

§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.

§ 2º É permitido à Administração, no caso de concordata do contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle de determinadas atividades de serviços essenciais.

§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser precedido de autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso.

§ 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida prevista no inciso I deste artigo.

6.4 Aplicação de sanções contratuais

Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:

I – advertência;

II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

III – suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou cobrada judicialmente.

§ 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

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§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação.

6.5 Ocupação provisória

O art. 58 da Lei nº 8.666/93 trata como cláusula exorbitante que “nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo”. Sendo assim, o art. 80, II, prevê acerca da “ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58 desta Lei”.

Observação importante!!!!

A Lei nº 8.666/93 trata expressamente apenas de 05 cláusulas exorbitantes, tratadas acima. Entretanto, a professora Di Pietro ainda elenca como cláusulas exorbitantes outras três situações, a saber:

Exigência de garantia (Art. 56)

Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras.

§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

I – caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda; (Redação dada pela Lei nº 11.079, de 2004)

II – seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

III – fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)

§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágrafo 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do contrato. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.

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§ 5º Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.

Restrições ao uso da exceptio non adimpleti contractus

No direito privado, o descumprimento de uma parte autoriza a da outra, conforme se extrai do Código Civil. No direito administrativo, em razão do princípio da continuidade, não se pode causar interrupção de mesma natureza.

Porém, ocorre um abrandamento, em função da própria redação da lei.

A título de exemplo, citamos o inciso XV do art. 78:

XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;

Invalidação (Anulação)

Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regu-larmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilida-de de quem lhe deu causa.

7. Mutabilidade

O contrato administrativo não é imutável. Por outro lado, deve-se respeitar o equilíbrio econômico-financeiro do mesmo.

Conforme lição da professora Di Pietro, as circunstâncias que imprimem mutabilidade aos contratos, além da alteração unilateral do contrato, já analisada anteriormente, são as seguintes:

7.1 Fato do príncipe

Medida de ordem geral, não relacionadas diretamente ao contrato, mas que nele repercutem, provocando desequilíbrio econômico-financeiro em detrimento do contratado. Ex: medida de ordem geral que dificulte a importação de determinadas peças.

7.2 Fato da administração

Conduta ou comportamento da Administração que, como parte contratual, torna impossível a sua execução, como, por exemplo, deixar de entregar o local da obra ou serviço.

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7.3 Teoria da Imprevisão

Encontra-se, diferentemente das hipóteses acima, que estão relacionadas à álea administrativa, no campo da álea econômica, definida como o acontecimento externo ao contrato, estranho à vontade das partes, imprevisível e inevitável, que causa um desequilíbrio muito grande tornando a execução do contrato excessivamente onerosa para o contratado. Se há modificação na situação existente, há que se adequar ao momento, sob pena de haver onerosidade excessiva ao contratado (cláusula rebus sic stantibus).

OBS.: Alguns doutrinadores, como Hely Lopes Meirelles, ainda tratam do caso fortuito e força maior (como os fenômenos da natureza) e das chamadas interferências imprevistas (ocorrências materiais não-cogitadas pelas partes e anteriores ao contrato, que dificultam ou oneram excessivamente a sua execução).

DURAÇÃO DOS CONTRATOS

É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado. Sendo assim, os contratos precisam respeitar a duração prevista em lei. Prega o art. 57:

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:

I – aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;

II – à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

III – (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

IV – ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.

V – às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:

I – alteração do projeto ou especificações, pela Administração;

II – superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;

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III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;

IV – aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;

V – impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;

VI – omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato.

§ 3º É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.

§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

MODALIDADES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Alguns exemplos de contratos administrativos, citados pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, são os contratos de concessão de serviço público (tanto no caso de concessões comuns quanto especiais, qualificadas como PPP – Parcerias Público-Privadas, previstas na Lei nº 11.079/2004), Prestação e locação de serviços, obra pública, dentre outros.

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Questões

QUESTÕES – LICITAÇÕES

1. (ANALISTA – ADMINISTRAÇÃO – DPE-RS – 2013 – FCC)

A Administração contratou, com base na Lei nº 8.666/93, a construção de obras para a ampliação do metrô. No curso da execu-ção do contrato, ficou constatada diferen-ça no perfil geológico da área escavada em relação àquele constante no projeto básico disponibilizado pela Administração aos lici-tantes, demandando, assim, a alteração do projeto para melhor adequação técnica aos objetivos do contrato. Diante da situação verificada, o contratado

a) poderá rescindir o contrato, fazendo jus à indenização por perdas e danos, invo-cando o princípio da vinculação ao ins-trumento convocatório.

b) possui direito ao reequilíbrio econômi-co-financeiro do contrato, caso verifi-cado aumento de seus encargos, a ser implementado por aditamento ao con-trato.

c) deverá proceder às adequações de-mandadas pela Administração, apenas se as mesmas não ensejarem aumento de seus encargos.

d) estará obrigado a acatar a alteração do projeto, desde que não importe aumen-to de mais de 25% (vinte e cinco por cento) do valor atualizado do contrato.

e) poderá rescindir o contrato ou requerer o seu aditamento, limitado a 25% do valor original atualizado, quando a alte-ração importar aumento de seus encar-gos.

2. (ANALISTA PROCESSUAL – DPE-RS – 2013 – FCC)

Considerando a mutabilidade dos contratos administrativos e os impactos que a utiliza-ção dessa prerrogativa podem causar na re-lação de equilíbrio econômico-financeiro do ajuste, analise as seguintes assertivas:

I – álea empresarial decorre de intervenção da administração pública na área econômi-ca, impactando financeiramente o retorno do contratado, razão pela qual o Poder Pú-blico deve recompor o equilíbrio econômi-co-financeiro do contrato.

II – álea administrativa compreende as condutas da administração pública que podem tornar inexequíveis as disposições contratuais, podendo ensejar a recomposi-ção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

III – álea econômica decorre de conduta ou descumprimento da administração, como parte contratual, que cause desequilíbrio no contrato, dando lugar à aplicação da teo-ria do fato do príncipe.

Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.b) II e III, apenas.c) I e III, apenas.d) II, apenas.e) I, II e III.

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3. (TÉCNICO – DPE-RS – 2013 – FCC)

A administração pública celebrou contrato para a execução de um determinado servi-ço de saúde à população por um particular, nos termos da Lei nº 8.666/93. Diante de execução insatisfatória da prestação de ser-viço, que não vem atendendo o número de pessoas conforme contratado, pode a admi-nistração pública

a) proceder a assunção de seu objeto, por meio de suspensão temporária do con-trato, rescindindo-o na reincidência.

b) proceder a retomada de seu objeto, in-clusive com ocupação e utilização das instalações e equipamentos do parti-cular, para garantir a continuidade da prestação do serviço contratado.

c) ajuizar medida judicial, necessária para garantir a prestação direta do serviço imediatamente, sem prejuízo da resci-são unilateral do contrato.

d) executar as garantias contratuais e mul-tar o contratado, somente podendo rescindir o contrato unilateralmente na hipótese da conduta não ser corrigida.

e) promover contratação emergencial para substituição compulsória do con-tratado, sub-rogando-se o novo contra-tado nos direitos do contrato vigente.

4. (ANALISTA – ADMINISTRADOR – COPER-GAS – 2016 – FCC)

Um pequeno Município do Estado de Per-nambuco, após o respectivo procedimento licitatório, celebrará o respectivo contrato com a empresa vencedora do certame. O ob-jeto contratual concerne à compra de flores para o cemitério da Cidade, a ser feita em re-gime de adiantamento, sendo o valor da con-tratação R$ 3.000,00. Nos termos da Lei nº 8.666/1993, o contrato administrativo

a) deve ser substituído por nota de empe-nho.

b) deve ser escrito.c) é nulo, haja vista ser incabível licitação

no caso narrado.

d) pode ser verbal.e) deve ser precedido de licitação na mo-

dalidade tomada de preços.

5. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-TRATIVA – TRT-23ª REGIÃO – 2016 – FCC)

O Estado do Mato Grosso realizará licitação de grande vulto envolvendo alta complexi-dade técnica e riscos financeiros conside-ráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente. No edital da respectiva licita-ção, foi exigida a apresentação de garantia contratual. A empresa SW, interessada em participar do certame, pretende apresentar garantia na forma de caução em dinheiro, cujo montante representa uma porcenta-gem sobre o valor do contrato administra-tivo. No caso narrado, conforme preceitua a Lei nº 8.666/1993, a garantia na forma de caução em dinheiro poderá ser em %, de até

a) 5.b) 10.c) 20.d) 15.e) 25.

6. (PROCURADOR – PREFEITURA DE PAULÍ-NIA – FGV – 2016)

A inexecução involuntária do contrato ad-ministrativo, decorrente da quebra do equi-líbrio econômico-financeiro por força de au-mento de carga tributária pelo próprio ente contratante, incidente sobre o serviço a ser prestado pela pessoa jurídica contratada, pode ser caracterizada como

a) caso fortuito.b) força maior.c) fato do príncipe.d) teoria do risco.e) teoria da imprevisão.

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7. (ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-PA – FUNRIO – 2016)

A Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e alterações, estabelece que, pela ine-xecução total ou parcial do contrato a Ad-ministração poderá, garantida a prévia de-fesa, aplicar ao contratado, dentre outras, a sanção de suspensão temporária de partici-pação em licitação e impedimento de con-tratar com a Administração, por prazo não superior a

a) sessenta dias.b) noventa dias.c) cento e oitenta dias.d) um ano.e) dois anos.

8. (ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-PA – FUNRIO – 2016)

Quanto à duração dos contratos relativos a projetos cujos produtos estejam contem-plados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, é correto afirmar que

a) fica adstrita à vigência dos créditos or-çamentários.

b) poderá ser prorrogada se houver in-teresse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convoca-tório.

c) será, independentemente de seu obje-to, sempre superior a sessenta meses.

d) está limitada ao período de dezoito me-ses.

e) encerrará sempre ao final do ano civil.

9. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-TRATIVA – TRT-8ª REGIÃO – 2016 – CESPE)

Com relação aos contratos administrativos, assinale a opção correta.

a) Os contratos administrativos enqua-dram-se na categoria dos contratos de adesão.

b) Dado o princípio do pacta sunt ser-vanda, é vedada, durante a execução do contrato, a alteração unilateral das cláusulas contratuais pela administra-ção pública.

c) A aplicação de sanções administrativas pela administração pública depende de manifestação do Poder Judiciário.

d) É vedado à administração pública exigir garantia para assegurar o adimplemen-to dos contratos.

e) São nulos os contratos verbais firmados com a administração pública.

10. (ADVOGADO – DPE-MT – 2015 – FGV)

Em relação aos contratos administrativos, assinale a afirmativa incorreta.

a) Os contratos referentes à prestação de serviços a serem executados de forma contínua admitem prorrogação, até o limite de 60 (sessenta) meses.

b) O atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Adminis-tração, decorrentes de obras ou servi-ços, já recebidos ou executados, con-fere ao particular o direito à rescisão unilateral do contrato.

c) O regime jurídico dos contratos admi-nistrativos confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de modi-ficá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público.

d) Os contratos administrativos poderão ser alterados unilateralmente pela Ad-ministração, quando houver modifica-ção do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos.

e) A rescisão unilateral do contrato pela Administração, em razão da inexecução do contrato por parte do particular, ga-rante à Administração a assunção ime-diata do objeto do contrato.

Gabarito: 1. B 2. D 3. B 4. D 5. B 6. C 7. E 8. B 9. A 10. B

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

INTRODUÇÃO

Consiste na obrigação que o Estado tem de reparar economicamente um dano gerado. É também denominada responsabilidade extracontratual. Pode decorrer de um ato lícito ou ilícito, culposo ou doloso, ou mesmo de uma omissão.

EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO

1. Irresponsabilidade do Estado

Típica dos regimes absolutistas, onde a figura central era a do rei. Havia a ideia de que o rei não lesaria os seus súditos (the king can do no wrong ou le roi ne peut mal faire).

2. Teoria civilista da culpa (culpa civil)

Estado equiparado ao indivíduo, havendo apenas a obrigação de indenizar se houvesse culpa. Houve transição por via da diferença dos atos de império e atos de gestão.

3.Teoriapublicistadaculpa(culpaadministrativa)

A indenização decorreria de uma falha na prestação do serviço (faute du service), caracterizada pela não-prestação, má prestação ou prestação com atraso. Não se exigia a culpa subjetiva do agente (culpa anônima).

4.Teoriadoriscoadministrativo

Para que a responsabilidade seja caracterizada, necessário que três elementos estejam presentes: fato, dano e nexo de causalidade entre eles. Responsabilidade de natureza objetiva. Aceita como excludentes a culpa exclusiva da vítima, a força maior e o caso fortuito. Havendo culpa recíproca (culpa concorrente), haverá mitigação da responsabilidade, ou seja, a obrigação de indenizar será atenuada.

OBSERVAÇÃO: Alguns doutrinadores admitem a teoria do risco integral, onde bastaria a existência do evento danoso e do nexo causal, inadmitindo qualquer excludente. Enquanto alguns entendem pelo absurdo da adoção da referida teoria, outros sustentam a sua aplicação em situações específicas, tais como: danos nucleares (art. 21, XXIII, d, CF), bem como danos ambientais.

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ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Art. 37, § 6º, CF – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Do texto constitucional, alguns pontos podem ser observados:

Pessoas jurídicas de direito público – Administração direta, autarquias e fundações públicas de direito público

Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público – claro está que as entidades que exercem atividade econômica não estão alcançadas pela previsão do art. 37, § 6º, CF. Fazem parte do alcance da previsão constitucional as empresas públicas e sociedades de economia mista (desde que prestadoras de serviços públicos), bem como as fundações públicas de direito privado. As delegatárias de serviço público (concessionárias e permissionárias, por exemplo) também são alcançadas pela redação, mesmo não integrando a Administração Pública.

Importante dizer que, segundo o STF, a responsabilidade civil objetiva das prestadoras de serviço público alcança tanto os danos causados a terceiros usuários quanto terceiros não usuários do serviço público.

AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: TERCEIRO X PESSOA JURÍDICA – O terceiro que sofreu a lesão causada por agente público (nessa qualidade) intentará a ação de indenizaçãoem face da pessoa jurídica. Havendo nexo causal entre o fato e o dano, estará configurada a responsabilidade que, neste caso, será objetiva, já que não depende de comprovação de dolo ou culpa do agente. O prazo prescricional da ação de reparação é de 05 anos (quinquenal).

DIREITO DE REGRESSO: PESSOA JURÍDICA X AGENTE – Havendo comprovação de dolo ou culpa do agente, caberá a responsabilidade subjetiva do mesmo. O instrumento cabível é a ação regressiva. Há que se observar ainda que o art. 37, § 5º da CF assevera que “a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. Em princípio, caberia falarmos em imprescritibilidade na ação de ressarcimento. Entretanto, o STF, em 2016, fixou tese de que é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil, e que a imprescritibilidade caberia apenas para casos de ações de ressarcimento decorrentes de ato de improbidade administrativa (Informativo 813 STF).

RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO

Não há unanimidade doutrinária quanto à natureza da responsabilidade por omissão. Fato é que a responsabilidade civil não decorre apenas de condutas comissivas, mas também omissivas. Em outros termos, é possível que haja responsabilidade estatal pela falta do agir. Boa parte da doutrina assevera que, no caso de omissão, caberia a aplicação da teoria da culpa administrativa, ensejando uma responsabilidade de natureza subjetiva. Neste caso, estaríamos diante da chamada omissão genérica. Por outro lado, Existem casos em que pessoas ou coisas estão sob guarda e custódia do Estado, ou seja, o Estado estaria na posição de garante, tendo, assim, o dever legal de garantir a sua integridade. Desta forma, caracterizada está a omissão específica, onde a modalidade de responsabilidade seria objetiva.

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De modo objetivo:

Omissão genérica – responsabilidade subjetivaOmissão específica – responsabilidade objetiva

A título de exemplo, a falta de manutenção de galerias pluviais, gerando um acúmulo de lixo e consequente inundação seria hipótese de responsabilidade subjetiva, pela ausência do cumprimento do dever genérico (omissão genérica). Por outro lado, um preso morto por outro detento em uma unidade prisional geraria a responsabilidade objetiva, por omissão específica.

ATOS JUDICIAIS E ATOS LEGISLATIVOS

Em regra, atos legislativos e atos judiciais não acarretam responsabilidade extracontratual para o Estado. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência consolidaram o entendimento de que, no caso de atos legislativos, leis de efeito concreto (destinatários certos, com efeitos materiais, similares aos de atos administrativos) e leis inconstitucionais (pelo descumprimento do dever de cumprimento e respeito às regras constitucionais) haveria a responsabilidade estatal. No caso de atos judiciais, encontramos abrigo no art. 5º, LXXV da CF, que reza que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”. Sendo assim, mesmo diante da regra da irresponsabilidade estatal em relação a atos legislativos e judiciais, existem hipóteses de responsabilização.

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Questões

QUESTÕES – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1. (ANALISTA – ADMINISTRAÇÃO – DPE-RS – 2013 – FCC)

Determinado cidadão foi vítima de danos causados por agente de empresa privada concessionária de serviço público. A res-ponsabilidade da empresa e do agente que causou o dano agindo nessa qualidade,

a) depende, para ambos, da comprovação de dolo ou culpa do agente.

b) independe, para ambos, da comprova-ção de dolo ou culpa, sendo de nature-za objetiva.

c) depende, para o agente, da comprova-ção de dolo ou culpa, dada sua natureza subjetiva.

d) é, para o agente, solidária em relação à responsabilidade objetiva do poder concedente.

e) é, para o agente, subsidiária em relação à responsabilidade subjetiva do poder concedente.

2. (ANALISTA PROCESSUAL – DPE-RS – 2013 – FCC)

A propósito da responsabilidade civil do Es-tado por atos praticados pelo Legislativo, pode-se afirmar que

a) existe previsão legal expressa para res-ponsabilização do Estado pelos atos do Legislativo, dada sua soberania.

b) a edição das chamadas leis de efeitos concretos pode ensejar a responsabili-zação do Estado, tendo em vista que o conteúdo do ato tem, em verdade, na-tureza jurídica de ato administrativo.

c) o Estado responde objetivamente pelos atos praticados na função típica legis-lativa, qualquer que seja a natureza do ato editado.

d) a responsabilização do Estado pela prá-tica de atos legislativos só tem lugar se for constatada inconstitucionalidade superveniente.

e) a responsabilidade do Estado só tem lu-gar diante de omissão legislativa, desde que comprovados danos concretos ao particular.

3. (TÉCNICO – DPE-RS – 2013 – FCC)

A responsabilidade civil do Estado, quando na modalidade objetiva, dispensa a com-provação de um elemento formador do lia-me de responsabilidade e exige a presença de outro, quais sejam:

a) nexo de causalidade e força maior.b) culpa e nexo de causalidade.c) culpa e força maior.d) nexo de causalidade e dano.e) dano e culpa.

4. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-TRATIVA – TRT-23ª REGIÃO – 2016 – FCC)

Considere a seguinte situação hipotética: em determinado Município do Estado do Mato Grosso houve grandes deslizamentos de terras provocados por fortes chuvas na região, causando o soterramento de casas e pessoas. O ente público foi condenado a in-denizar as vítimas, em razão da ausência de sistema de captação de águas pluviais que, caso existisse, teria evitado o ocorrido. Nes-se caso, a condenação está

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a) correta, tratando-se de típico exemplo da responsabilidade disjuntiva do Estado.

b) incorreta, por ser hipótese de exclusão da responsabilidade em decorrência de fator da natureza.

c) correta, haja vista a omissão estatal, aplicando-se a teoria da culpa do servi-ço público.

d) correta, no entanto, a responsabilidade estatal, no caso, deve ser repartida com a da vítima.

e) incorreta, haja vista que o Estado so-mente responde objetivamente, e, no caso narrado, não se aplica tal modali-dade de responsabilidade.

5. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – TRE-PI – 2016 – CESPE)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.

a) Se ato danoso for praticado por agente público fora do período de expediente e do desempenho de suas funções, a res-ponsabilidade do Estado será afastada.

b) Os danos oriundos de ato jurisdicional ensejam a responsabilização direta e objetiva do juiz prolator da decisão.

c) Em razão do princípio da supremacia do interesse público, são vedados o re-conhecimento da responsabilidade e a reparação de dano extrajudicial pela administração.

d) A responsabilidade objetiva de empre-sa concessionária de serviço público al-cança usuários e não usuários do servi-ço público.

e) A responsabilidade objetiva do Estado não alcança atos que produzam danos aos seus próprios agentes, hipótese em que sua responsabilidade será subjetiva.

6. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE-PI – 2016 – CESPE)

Se determinado agente de uma sociedade de economia mista estadual, concessioná-ria do serviço de energia elétrica, causar, durante a prestação de um serviço, dano à residência de um particular,

a) a concessionária responderá objetiva-mente, de acordo com a teoria do risco integral, caso fiquem comprovados o dano causado ao particular, a conduta do agente e o nexo de causalidade en-tre o dano e a conduta.

b) a concessionária de serviço público po-derá responder pelo dano causado ao particular, independentemente da com-provação de culpa ou dolo do agente.

c) haverá responsabilidade subjetiva do estado federado, caso a concessionária de serviço público não tenha condições de reparar o prejuízo causado.

d) será excluída a responsabilidade da concessionária e a do estado federado, caso o particular tenha concorrido para a ocorrência do dano.

e) a concessionária não responderá pelo dano, por não possuir personalidade ju-rídica de direito público.

7. (ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCE-PR – 2016 – CESPE-UnB)

Em determinado município da Federação, uma empresa pública municipal refinadora de petróleo, durante o desenvolvimento de sua atividade, deixou vazar milhões de litros de óleo cru, material que alcançou impor-tantes mananciais aquíferos e espalhou-se por várias cidades do respectivo estado--membro, tendo deixado inúmeras famílias ribeirinhas desprovidas de suas atividades laborais e do seu sustento. Nessa situação, segundo entendimento do STJ,

a) houve responsabilidade subjetiva do Estado, instruída pela teoria do risco in-tegral.

b) não houve responsabilidade do Estado, porquanto a culpa foi da empresa refi-nadora.

c) houve responsabilidade objetiva do Es-tado, instruída pela teoria do risco ad-ministrativo.

d) houve responsabilidade objetiva do Es-tado, instruída pela teoria do risco inte-gral.

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e) houve responsabilidade subjetiva do Estado, instruída pela teoria do risco administrativo.

8. (TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO – TCM-RJ – IBFC – 2016)

Analise as afirmativas abaixo e assinale a al-ternativa correta.

I – A responsabilidade objetiva pública de-corre de atos ilícitos e também lícitos. Caso o agente público aja com dolo ou culpa, o Estado poderá ser responsabilizado; nessa situação caberá ao Estado o direito de re-gresso contra o responsável. Caso o agen-te aja dentro dos limites de sua atuação, o Estado não poderá exercer o seu direito de regresso.

II – Nos termos da atual Constituição, mes-mo pessoas jurídicas privadas podem ser responsabilizadas objetivamente por seus atos, caso elas sejam prestadoras de serviço público.

III – A teoria do risco administrativo não foi adotada no sistema brasileiro, razão pela qual não se admite o afastamento da res-ponsabilização estatal pela ocorrência culpa exclusiva da vítima.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e II, apenasb) II e III , apenasc) I e III , apenasd) I, II e III

9. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – TJ-SC – 2015 – FGV)

Maria, deficiente visual, dirigiu-se ao posto de saúde municipal para consulta de urgên-cia, com dor abdominal aguda. A pacien-te foi encaminhada para exame de raio X. Mesmo estando cientes da deficiência vi-sual da cidadã, os funcionários da unidade de saúde não adotaram as medidas perti-nentes consistentes em cuidados especiais com a locomoção e acomodação de Maria

para evitar acidentes e, durante o exame, a paciente sofreu uma queda. O tombo oca-sionou-lhe traumatismo crânio-encefálico, causa de sua morte, que ocorreu dois dias depois. No caso em tela, aplica-se a respon-sabilidade civil:

a) exclusiva, direta e pessoal de todos os funcionários que agiram com culpa;

b) subjetiva do Município, sendo impres-cindível a comprovação da culpa de seus agentes;

c) solidária entre o Município e os funcio-nários que agiram com culpa;

d) subsidiária do Município, que somente responde pelos danos causados por seus agentes caso eles sejam insolventes;

e) objetiva do Município, sendo desneces-sário comprovar o elemento subjetivo de seus agentes.

10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ-SC – 2015 – FGV)

Maurício conduzia sua motocicleta de for-ma imprudente e sem cautela, com veloci-dade superior à permitida no local, em via pública municipal calçada com paralelepípe-do e molhada em noite chuvosa. Ao passar por tampa de bueiro existente na pista, com insignificante desnível em relação ao leito, Maurício perdeu o controle de sua moto e sofreu acidente fatal. Seus genitores ajuiza-ram ação em face do Município, pleiteando indenização pelos danos materiais e morais. Na hipótese em tela, é correto concluir que:

a) não obstante ser caso, em tese, de res-ponsabilidade civil subjetiva do Mu-nicípio, o acidente ocorreu por culpa exclusiva da vítima, fato que exclui a responsabilidade do poder público;

b) não obstante ser caso, em tese, de responsabilidade civil objetiva do Mu-nicípio, o acidente ocorreu por culpa exclusiva da vítima, fato que exclui a responsabilidade do poder público;

c) não obstante ser caso, em tese, de res-ponsabilidade civil subjetiva do Muni-cípio, o acidente ocorreu por caso for-

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tuito ou força maior, fato que exclui a responsabilidade do poder público;

d) aplica-se a responsabilidade civil subje-tiva do Município, que tem o dever de indenizar os autores em razão de sua omissão específica, pela teoria do risco administrativo;

e) aplica-se a responsabilidade civil obje-tiva do Município, que tem o dever de indenizar desde que reste comprova-do que seus funcionários responsáveis pela instalação da tampa do bueiro agi-ram com dolo ou culpa.

Gabarito: 1. C 2. B 3. B 4. C 5. D 6. B 7. D 8. A 9. E 10. B

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SERVIÇOS PÚBLICOS

INTRODUÇÃO

Inicialmente, cabe dizer que a Constituição Federal tratada prestação de serviços públicos pelo poder público.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II – os direitos dos usuários;

III – política tarifária;

IV – a obrigação de manter serviço adequado.

CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO

A Constituição Federal não define serviço público. Sendo assim, a doutrina contribui em larga escala para a sua noção.

Inicialmente, a noção de serviço público estava baseada em três critérios distintos:

Sentido orgânico / subjetivo: serviço público é aquele prestado pelo Estado, por meio de seus órgãos.

Sentido material: serviço público é aquele que atende às necessidades materiais e essenciais da coletividade.

Sentido formal: serviço público é aquele previsto na lei e na Constituição, prestado sob regime jurídico de direito público.

Observa-se que nenhum dos critérios (ou sentidos) esgota totalmente a noção de serviço público. Há críticas em relação a todos os tópicos. Desta forma, a melhor noção de serviço público é não pode ser caracterizada como a necessária reunião das três. Seria impossível definir serviço público de maneira plena apenas reunindo as três acepções. Pode-se aproveitar algo uma, ou mesmo combinar duas, mas é fora de contexto exigir a combinação dos três para que se consiga definir de modo mais objetivo a noção de serviço público.

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Adotando-se os tradicionais nomes da doutrina administrativista, temos várias definições para serviço público:

Hely Lopes Meirelles – serviço público é todo aquele prestado pela administração ou por seus delegados, sob normas e controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado.

José dos Santos Carvalho Filho – serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro – serviço público é toda atividade material que e lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.

PRINCÍPIOS

Para que se tenha a noção dos princípios aplicáveis, podemos citar a redação do art. 6º da Lei 8.987/95:

Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Podemos, da leitura do § 1º, citar:

Princípio da Segurança – prevenção de riscos no exercício da atividade.

Princípio da Modicidade de tarifas – as tarifas devem ser módicas, acessíveis aos usuários. Os valores não podem ser exorbitantes, a ponto de impedirem a sua utilização.

Princípio da Generalidade – o serviço deve ser prestado de maneira indistinta a todos que dele necessitem (isonomia), bem como deve alcançar o maior número possível de pessoas (universalidade).

Princípio da Regularidade – A prestação deve ocorrer de forma regular, com frequência e respeitando intervalos de tempo.

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Princípio da atualidade – conservação, melhoria, expansão e modernização das técnicas

Princípio da cortesia – urbanidade na sua prestação

Princípio da eficiência – perfeição, buscando o melhor atendimento ao usuário.

Princípio da continuidade do serviço público – o serviço não pode sofrer interrupções, sob pena de gerar um colapso nas atividades. Embora a regra seja a não interrupção, existem casos em que, mesmo sendo paralisado, não haveria caracterização de descontinuidade (hipóteses do § 3º do art. 6º)

Maria Sylvia Zanella Di Pietro trata, além da continuidade, já citada acima, do princípio da mutabilidade do regime jurídico ou flexibilidade dos meios aos fins, que autoriza mudança no regime de execução do serviço para adaptá-lo ao interesse público, e da igualdade dos usuários (prestação sem distinção pessoal).

CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Trata-se de assunto complexo, em razão da grande variedade de classificações doutrinárias existentes. Destacamos aqui as mais comuns:

1. Serviços gerais (utiuniversi) e serviços individuais (uti singuli)

Serviços gerais são aqueles prestados a toda coletividade, indivisíveis, cujos destinatários são indeterminados. Não são mensuráveis. São remunerados por impostos. Exemplo: iluminação pública, calçamento, conservação de logradouros públicos.

Serviços individuais são aqueles que possuem destinatários determinados, mensuráveis e divisíveis, remunerados por taxa ou tarifa. Exemplo: telefonia residencial, energia elétrica domiciliar.

2.Serviçosadministrativoseserviçosindustriais

Serviços administrativos são os que a Administração executa para atender a necessidades internas ou preparar outros serviços. Exemplo: imprensa oficial

Serviços industriais, também chamados comerciais, produzem renda para quem os presta, como os serviços de telecomunicações.

3.Serviçospúblicospropriamenteditoseserviçosdeutilidadepública

Serviços públicos propriamente ditos são os que a Administração presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a coletividade e o próprio Estado. Exemplo: defesa nacional, polícia, preservação de saúde pública.

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Serviços de utilidade pública são os que a Administração, reconhecendo a sua conveniência para os membros da coletividade, presta-os diretamente ou delega ao particular, sob sua regulamentação e controle. Exemplo: energia elétrica, telefone.

4. Serviços próprios e serviços impróprios

Serviços próprios são os que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público e para execução dos quais usa de supremacia, prestados sem que haja delegação a particulares. Exemplo: segurança, polícia, saúde pública.

Serviços impróprios são os que não afetam substancialmente as necessidades da coletividade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros. A Administração os presta diretamente ou delega a terceiros.

OBS.: Di Pietro leciona sobre serviços públicos exclusivos (como o serviço postal e correio aéreo nacional, gás canalizado, dentre outros) e não exclusivos (que podem ser prestados pelo Estado ou pelo particular, mediante autorização, como saúde e educação).

TITULARIDADE

Basicamente, temos:

• Competência da União – art. 21 e 22, CF • Competência remanescente do Estado – art. 25, § 1º, CF • Competência dos Municípios – art. 30, CF • Competência administrativa comum – art. 23, CF • Competência legislativa concorrente – art. 24, CF

OBS.: Distrito Federal – art. 32, § 1º, CF

Art. 21. Compete à União:

I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II – declarar a guerra e celebrar a paz;

III – assegurar a defesa nacional;

IV – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII – emitir moeda;

VIII – administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

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IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;

X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)

XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)

XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

XVI – exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;

XVII – conceder anistia;

XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)

XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

XXI – estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

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XXII – executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

XXIV – organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

II – desapropriação;

III – requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V – serviço postal;

VI – sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII – política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII – comércio exterior e interestadual;

IX – diretrizes da política nacional de transportes;

X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI – trânsito e transporte;

XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV – populações indígenas;

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XV – emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI – organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII – organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)

XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX – sistemas de consórcios e sorteios;

XXI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

XXII – competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII – seguridade social;

XXIV – diretrizes e bases da educação nacional;

XXV – registros públicos;

XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

XXIX – propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

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V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II – orçamento;

III – juntas comerciais;

IV – custas dos serviços forenses;

V – produção e consumo;

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

X – criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI – procedimentos em matéria processual;

XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII – assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV – proteção à infância e à juventude;

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XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

CAPÍTULO IIIDOS ESTADOS FEDERADOS

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

(...)

Art. 30. Compete aos Municípios:

I – legislar sobre assuntos de interesse local;

II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

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VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

(...)

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

(...)

FORMAS DE PRESTAÇÃO

Serviço centralizado – O Poder Público presta por seus próprios órgãos

Serviço descentralizado – O Poder Público transfere a sua titularidade e execução, por outorga, ou delega a concessionários e permissionários.

Serviço desconcentrado – Distribuição entre órgãos de uma mesma entidade.

A descentralização pode ser por outorga (por lei, transferindo titularidade e execução) ou por delegação (transferindo apenas a execução, por contrato ou ato unilateral).

Exemplo de outorga – entidades da Administração indireta, como autarquias.

Exemplo de delegação – concessionários e permissionários de serviço público

CONCESSÃO – Art. 2º, II da Lei 8.987/95

PERMISSÃO – Art. 2º, IV da Lei 8.987/95

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:

I – poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão;

II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

III – concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à

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pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

A disciplina acerca das concessões e permissões encontra-se na Lei 8.987/95, quanto a direitos, deveres, política tarifária, licitação, dentre outros pontos.

Um ponto muito citado em provas de concursos públicos diz respeito às formas de extinção da concessão. Do art. 35 a 39 da Lei nº 8.987/95, temos a disciplina acerca do instituto.

Art. 35. Extingue-se a concessão por:

I – advento do termo contratual;

II – encampação;

III – caducidade;

IV – rescisão;

V – anulação; e

VI – falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual.

§ 1º Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.

§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.

§ 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis.

§ 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações necessários à determinação dos montantes da indenização que será devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.

Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.

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§ 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando:

I – o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

II – a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão;

III – a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

IV – a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;

V – a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;

VI – a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e

VII – a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 12.767, de 2012)

§ 2º A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.

§ 3º Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais.

§ 4º Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo.

§ 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.

§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.

Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim.

Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

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Impende ressaltar que, além das concessões comuns, existem casos especiais de concessão, como na Lei 11.079/2004, que trata das PPP (Parcerias público-privadas), onde temos as modalidades de concessão patrocinada e concessão administrativa. Versa a citada lei:

Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

AUTORIZAÇÃO – Há uma certa resistência de alguns doutrinadores a considerar que a autorização seria uma forma de delegação. O fato de a CF, em seu artigo 175, citar apenas a concessão e a permissão, acaba acentuando esta divergência. Entretanto, entendemos que, assim como nas formas supracitadas, a autorização, embora tenha características peculiares, deve ser tratada como forma de delegação.

Hely Lopes Meirelles trata os serviços autorizados como aqueles que o Poder Público, normalmente por ato unilateral, em regra precário e discricionário, delega a sua execução ao particular. Di Pietro leciona sobre ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual o poder público delega a execução de um serviço público de sua titularidade, para que o particular o execute predominantemente em seu benefício. Não há, no caso da autorização, necessidade de licitação, nem de celebração de contrato.

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Questões

QUESTÕES – SERVIÇOS PÚBLICOS

1. (ANALISTA – ADMINISTRAÇÃO – DPE-RS – 2013 – FCC)

A exploração por particular de serviço públi-co não exclusivo do Estado como, por exem-plo, saúde e educação,

a) sujeita-se ao regime de concessão, com exploração por conta e risco do particu-lar.

b) sujeita-se ao regime de permissão, pos-suindo caráter precário.

c) não está sujeita a controle do poder pú-blico, caracterizando-se como atividade econômica.

d) somente é admitida em caráter excep-cional, para suprir a oferta pública defi-ciente.

e) depende de autorização do poder pú-blico.

2. (ANALISTA – ADMINISTRAÇÃO – DPE-RS – 2013 – FCC)

O Estado do Rio Grande do Sul concedeu à empresa privada a exploração de rodovia estadual. Antes do término do prazo do con-trato de concessão, muito embora a conces-sionária estivesse prestando o serviço aos usuários de maneira adequada e adimplente com todas as suas obrigações contratuais, o Estado decidiu retomar o serviço concedido, tendo em vista o impacto socioeconômico da cobrança de pedágio na região. De acordo com a legislação que rege a matéria,

a) o serviço somente poderá ser retoma-do, mediante encampação pelo poder público, se os investimentos da conces-sionária já estiverem amortizados.

b) a retomada do serviço pelo poder con-cedente poderá ser efetuada mediante intervenção, precedida de lei autoriza-tiva, convolando-se em encampação após o pagamento da indenização devi-da à concessionária.

c) é possível a retomada do serviço, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e prévio pa-gamento à concessionária dos investi-mentos em bens reversíveis ainda não amortizados ou depreciados.

d) não é possível a retomada do serviço, salvo por rescisão amigável perante a concessionária, que poderá pleitear a indenização pelo período restante da concessão.

e) o serviço poderá ser retomado median-te encampação, não fazendo a conces-sionária jus a qualquer indenização, salvo as relativas aos investimentos im-prescindíveis para a manutenção da ro-dovia.

3. (TÉCNICO – DPE-RS – 2013 – FCC)

Dentre as características passíveis de serem atribuídas aos contratos de concessão de serviço público regidos pela Lei nº 8.987/95, pode-se afirmar corretamente que há

a) remuneração integralmente pela tarifa, vedada qualquer outra forma de receita adicional ou acessória, pena de desca-racterização do instituto.

b) delegação da titularidade do serviço público e remuneração pela tarifa, so-mada a remuneração periódica paga pelo Poder Público.

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c) delegação da execução do serviço pú-blico e remuneração principal paga pela tarifa, admitindo-se o estabelecimento de receitas acessórias em favor do con-cessionário.

d) remuneração pela tarifa, sem prejuízo de outras receitas livremente estipula-das pelo edital de licitação, e faculdade do concessionário de rescisão unilateral do contrato na hipótese de inadimple-mento do poder público.

e) delegação da execução do serviço pú-blico e faculdade de rescisão unilateral do contrato pelo concessionário na hi-pótese de inadimplemento pelo poder público.

4. (ANALISTA PORTUÁRIO – ADVOGADO – CODEBA – 2016 – FGV)

O Município XYZ celebrou contrato de con-cessão de serviço público de transporte mu-nicipal de passageiros por ônibus com ar condicionado com a empresa “Vá de Bus”. O contrato foi celebrado com prazo de 10 (dez) anos. No entanto, passados menos de 2 (dois) anos, o serviço já havia sido inter-rompido em diversas ocasiões, por falta de veículos, além de serem constantes as re-clamações por defeitos no funcionamento do ar condicionado e desvios de rota. Nesse caso, é cabível

a) a encampação do serviço, tendo em vista a prestação deficiente do serviço, após processo administrativo em que seja assegurada a ampla defesa.

b) a declaração de caducidade da conces-são, por razões de interesse público, mediante ação judicial intentada para este fim.

c) a declaração da caducidade da conces-são, após verificação da inadimplência da concessionária em processo admi-nistrativo, assegurada a ampla defesa.

d) a encampação do serviço, por razões de interesse público, em razão da inadim-plência da concessionária, garantida à empresa ampla defesa posterior ao ato.

e) a rescisão do contrato de concessão, por descumprimento das normas legais e contratuais de prestação do serviço, mediante ação judicial intentada para este fim.

5. (ADVOGADO – CÂMARA DE FRANCA – IBFC – 2016)

Assinale a alternativa que corresponde ao conceito de serviços públicos “uti singuli”:

a) são aqueles em cuja prestação o Estado atua no exercício de sua soberania, ra-zão pela qual são indelegáveis e remu-nerados por taxa.

b) são aqueles prestados a um número de-terminado ou determinável de indivídu-os, razão pela qual admitem mensura-ção personalizada.

c) são aqueles prestados para toda a cole-tividade, indistintamente, ou seja, seus usuários são indeterminados e indeter-mináveis.

d) são aqueles prestados no interesse di-reto da coletividade, razão pela qual são delegáveis e podem ser remunera-dos por imposto ou preço público.

6. (ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCE-PR – 2016 – CESPE-UnB)

Após prévio e regular certame licitatório, um estado da Federação celebrou contrato de concessão de serviço público. No decor-rer da execução do contrato, a administra-ção, após a concessão do direito de ampla defesa, verificou que a empresa concessio-nária paralisou o serviço contratado sem motivo justificável.

Nessa situação hipotética, com respaldo na Lei n.º 8.987/1995, o ente federativo poderá extinguir o contrato mediante o instituto da

a) rescisão.b) reversão.c) encampação.d) anulação.e) caducidade.

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DPE-RS (Técnico - Área Administrativa) – Noções de Direito Administrativo – Prof. Rodrigo Motta

7. (AGENTE DE POLÍCIA – PC-PE – 2016 – CESPE)

Em relação à prestação de serviços públicos e à organização da administração pública, assinale a opção correta.

a) As sociedades de economia mista são entidades de direito privado constituí-das exclusivamente para prestar servi-ços públicos, de modo que não podem explorar qualquer atividade econômica.

b) Em decorrência do princípio da conti-nuidade do serviço público, admite-se que o poder concedente tenha prerro-gativas contratuais em relação ao con-cessionário. Uma dessas prerrogativas é a possibilidade de encampação do ser-viço, quando necessária à sua continui-dade.

c) A concessão de serviço público pode prever a delegação do serviço a um consórcio de empresas, caso em que o contrato de concessão terá prazo inde-terminado.

d) Os serviços públicos serão gratuitos, ainda que prestados por meio de agen-tes delegados.

e) O poder público poderá criar uma au-tarquia para centralizar determinados serviços públicos autônomos. Nessa hipótese, esses serviços passam a inte-grar a administração direta, com gestão administrativa e financeira centraliza-das no respectivo ente federativo.

8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PC-PE – 2016 – CESPE)

Assinale a opção correta a respeito dos ser-viços públicos.

a) Os serviços públicos gerais (ou uti uni-versi) são indivisíveis e devem ser man-tidos por impostos.

b) Os serviços públicos individuais (ou uti singuli) não são mensuráveis relativa-mente aos seus destinatários.

c) O serviço público desconcentrado é aquele em que o poder público transfere sua titularidade, ou, simplesmente, sua execução, por outorga ou delegação.

d) Os serviços de utilidade pública não ad-mitem delegação.

e) Os serviços públicos propriamente ditos admitem delegação.

9. (ANALISTA – SUBESCRIVÃO – DIREITO – TJ-BA – 2015 – FGV)

O Art. 175 da Constituição da República dispõe que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Assim, quanto à figura de quem os presta, existem dois tipos de serviços: os centrali-zados (prestados em execução direta pelo próprio Estado) e os descentralizados (pres-tados por outras pessoas). Nesse contexto, é correto afirmar que a:

a) concessão de serviço público é a dele-gação de sua prestação, feita pelo po-der concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, tomada de preços ou convite, de acordo com o valor do contrato, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determi-nado;

b) permissão de serviço público é a dele-gação de sua prestação, feita pelo po-der concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desem-penho, por sua conta e risco e por prazo indeterminado;

c) permissão de serviço público é a dele-gação, a título precário, mediante licita-ção, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capa-cidade para seu desempenho, por sua conta e risco;

d) concessão de serviço público é a dele-gação, a título precário, mediante licita-ção, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa

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física ou jurídica que demonstre capa-cidade para seu desempenho, por sua conta e risco;

e) autorização de serviço público é a dele-gação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na mo-dalidade de concorrência, tomada de preços ou convite, de acordo com o valor do contrato, à pessoa jurídica ou consór-cio de empresas que demonstre capa-cidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

10. (TÉCNICO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ-BA – 2015 – FGV)

Em tema de serviços públicos, a doutrina de Direito Administrativo ensina que se aplica especificamente o princípio da:

a) autotutela, o qual indica que a Adminis-tração Pública ou o concessionário (no caso de delegação), ao prestar os ser-viços públicos, gozam de liberdade de gestão, podendo aumentar unilateral-mente as tarifas para manter a lucrativi-dade da atividade;

b) modicidade, segundo o qual os serviços públicos devem ser remunerados a pre-ços módicos, devendo o Poder Público calcular o valor das tarifas com vistas à eficiência e lucros máximos;

c) supremacia do interesse público, se-gundo o qual as atividades administrati-vas e os serviços públicos são prestados pelo Estado para benefício do particular individualmente considerado em detri-mento da coletividade;

d) continuidade, o qual indica que os ser-viços públicos não devem sofrer inter-rupção, ou seja, sua prestação deve ser contínua para evitar que a paralisação provoque colapso nas múltiplas ativida-des particulares;

e) indisponibilidade, o qual indica que a Administração Pública ou o concessio-nário (no caso de delegação), ao prestar os serviços públicos, tem a livre disposi-ção dos bens e interesses públicos.

Gabarito: 1. E 2. C 3. C 4. C 5. B 6. E 7. B 8. A 9. C 10. D