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MOTIVAÇÃO Iniciamos, agora, o estudo do Tema 3 – Diferenças entre língua falada e língua escrita, pontuação e acentuação, que constitui mais uma etapa da Unidade 2 (Nível 2) do cursoNoções de Internet, Técnicas de Estudo e Redação Acadêmica. Nas etapas anteriores, dedicadas à redação acadêmica, tivemos a oportunidade de refletir brevemente sobre a importância que a linguagem assume nas relações humanas e, sobretudo, na aquisição e evolução do conhecimento. Além disso, conhecemos o conceito de texto e as principais tipologias textuais, com um enfoque especial à dissertação. Conforme já dissemos na Unidade 1 (Nível 1), na Educação a Distância, a interação entre professor e aluno dá-se, na maioria das vezes, mediada por textos escritos. Seja nas participações em fóruns de discussão e portfólios, seja no desenvolvimento dos mais variados trabalhos acadêmicos, a comunicação escrita surge como ferramenta indispensável à sua formação. Durante sua trajetória acadêmica, por várias vezes, você vai se utilizar de textos escritos para interagir com seus colegas de turma e com seus tutores. Pensando nisso, veremos, a seguir, as diferenças pontuais entre a língua falada e a língua escrita, a fim de promover uma reflexão sobre os processos de elaboração textual em suas diferentes modalidades. PARA REFLETIR De que forma entramos em contato com os conhecimentos de uma determinada área científica? Pelos textos produzidos ao longo da história por aqueles que trilharam antes de nós os caminhos daquela área de conhecimento. Se o homem um dia não tivesse sentido a necessidade de registrar suas descobertas, muito do que conhecemos hoje talvez não existisse. Daí decorre o valor que a língua escrita assumiu ao longo dos anos, visto que, com ela, fomos capazes de vencer os limites do tempo e do espaço, desenvolvendo possibilidades como esta que agora chega até você: a chance de

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MOTIVAÇÃO

Iniciamos, agora, o estudo do Tema 3 – Diferenças entre língua falada e língua escrita, pontuação e acentuação, que constitui mais uma etapa da Unidade 2 (Nível 2) do cursoNoções de Internet, Técnicas de Estudo e Redação Acadêmica.

Nas etapas anteriores, dedicadas à redação acadêmica, tivemos a oportunidade de refletir brevemente sobre a importância que a linguagem assume nas relações humanas e, sobretudo, na aquisição e evolução do conhecimento. Além disso, conhecemos o conceito de texto e as principais tipologias textuais, com um enfoque especial à dissertação.

Conforme já dissemos na Unidade 1 (Nível 1), na Educação a Distância, a interação entre professor e aluno dá-se, na maioria das vezes, mediada por textos escritos. Seja nas participações em fóruns de discussão e portfólios, seja no desenvolvimento dos mais variados trabalhos acadêmicos, a comunicação escrita surge como ferramenta indispensável à sua formação. Durante sua trajetória acadêmica, por várias vezes, você vai se utilizar de textos escritos para interagir com seus colegas de turma e com seus tutores. Pensando nisso, veremos, a seguir, as diferenças pontuais entre a língua falada e a língua escrita, a fim de promover uma reflexão sobre os processos de elaboração textual em suas diferentes modalidades.

PARA REFLETIR De que forma entramos em contato com os conhecimentos de uma determinada área científica? Pelos textos produzidos ao longo da história por aqueles que trilharam antes de nós os caminhos daquela área de conhecimento. Se o homem um dia não tivesse sentido a necessidade de registrar suas descobertas, muito do que conhecemos hoje talvez não existisse. Daí decorre o valor que a língua escrita assumiu ao longo dos anos, visto que, com ela, fomos capazes de vencer os limites do tempo e do espaço, desenvolvendo possibilidades como esta que agora chega até você: a chance de fazer uma faculdade a distância.Atualmente, podemos entrar em contato com uma diversidade de eventos ocorridos em séculos passados. Isso se deve, de um modo especial, aos registros deixados por nossos antepassados. Se a transmissão ocorresse apenas pela oralidade, o que também é importante, haja visto que, ainda hoje, muitas línguas e culturas sãoágrafas, certamente, muito do que sabemos já teria se perdido, uma vez que, durante o processo histórico, diversas tribos e muitos povos foram dizimados e, com eles, lamentavelmente, suas línguas e suas culturas.Glossário: são chamadas línguas ágrafas aquelas que não possuem sistemas de registros escritos.

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Mesmo diante da consciência da importância da linguagem e, sobretudo, da língua escrita em nossas vidas, muitas pessoas ainda tomam como grande desafio a tarefa de escrever um texto. Muitas são as razões que contribuem para essa triste realidade, porém, não é nossa intenção aqui discorrer sobre isso, mas, sim, tentar fazer com que você passe a ver a escrita como uma atividade indispensável à sua formação acadêmica e, mais do que isso, ao exercício de sua cidadania.

Aquisição da fala e da escrita

Ainda quando criança, o ser humano, em seu meio familiar, entra em contato com a língua por meio da fala, basicamente ouvindo e tentando reproduzir o que ouviu.

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Figura 1 - Aquisição da fala.

Com o passar do tempo, ao iniciar seu ciclo escolar, ele vai se deparar com uma nova modalidade linguística, a escrita. Nos primeiros anos do processo de alfabetização, os professores precisam lidar com a difícil tarefa de dissociar na criança a fala da escrita, mostrando a ela as particularidades de cada modalidade, uma vez que, nessa fase, é muito comum a tentativa de reproduzir a fala na escrita.

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Figura 2 - Aquisição da escrita

Ocorre que essa confusão entre uma modalidade e outra da língua, quando não trabalhada adequadamente nos bancos escolares, pode se estender ao longo da vida, deixando traços de oralidade na escrita e, por consequência, comprometendo a redação daqueles que assim procedem. Isso porque, como sabemos, a escrita constitui apenas uma tentativa, muitas vezes ineficaz, de reproduzir graficamente os sons da língua. É ineficaz porque, normalmente, os grafemas (letras) não condizem ao certo com os fonemas (sons). Vejamos, por exemplo, a palavra “táxi”. Se fôssemos tentar reproduzir literalmente na escrita o seu som, poderíamos ter “táksi”.

Dica importante!

Com o passar do tempo, a linguagem escrita passou a receber maior prestígio quando comparada com a linguagem falada. Essa visão, muitas vezes, acaba por gerar uma consciência de valor, em que a escrita se mostra mais importante do que a fala, o que, como sabemos, constitui uma definição equivocada. Ambas são manifestações da língua e, como tais, fazem parte do desenvolvimento de qualquer cultura.

Para ficar apenas com um exemplo, pensemos em como um trabalhador rural que não teve acesso a uma educação formal transmite aos seus sucessores os segredos da agricultura: pela língua falada.

Outro dado digno de atenção é o fato de que a simples passagem pela escola não assegura a ninguém o desenvolvimento da competência da produção textual. Faraco e Tezza (1992, p. 105) nos ajudam a pensar sobre essa questão:

“Há razões históricas fortes para essa supervalorização da escrita em detrimento da oralidade. O fato é que, ao longo dos séculos, nós nos transformamos numa ‘civilização grafocêntrica’, que tem no poder da palavra escrita um elemento fundamental para sua sobrevivência e continuidade. Mas é sempre bom lembrar dois fatos:: 1. Mesmo na maioria dos povos modernos, apenas uma pequena parcela da população tem na escrita um elemento essencial da vida. Pense, por exemplo, no número de analfabetos ou semi-analfabetos no Brasil. 2.Há um número imenso de povos que não conhecem nenhum sistema de escrita. A cultura desses povos se sustenta na oralidade – e são culturas tão complexas quanto qualquer outra."

Feitas essas considerações iniciais, nosso objetivo nesta etapa do curso é levar você a refletir sobre as principais diferenças entre o texto falado e o texto escrito. No sentido de aprimorar sua capacidade de produzir bons textos, dada a importância que eles desempenham no processo interativo da Educação a Distância e na própria vida, daremos maior ênfase à modalidade escrita. Por ser limitada a nossa carga horária, neste momento, apenas nos ocuparemos de tratar de algumas características da linguagem escrita, dentre as quais destacamos a acentuação e a pontuação.

FALA E ESCRITA

Koch e Elias (2010) abordam o texto como um evento sociocomunicativo que apenas se concretiza quando situado num processo interacional. Desse modo, o que eles nos dizem é que todo texto resulta da coprodução entre interlocutores. E a distinção entre o texto

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falado e o escrito está na maneira como ocorre essa coprodução. Vejamos, portanto, como se dá essa interação nas duas modalidades, a começar pela que mais utilizamos no dia a dia.

Fala

Figura 3 - Fala.

O texto falado, por sua vez, emerge do próprio momento da interação. Como se costuma dizer, ele é seu próprio rascunho. Por estarem os interlocutores copresentes, ocorre uma interlocução ativa, que implica um processo de coautoria, refletido na materialidade linguística por marcas da produção verbal conjunta. Por isso, a linguagem falada difere, em muitos pontos, da linguagem escrita: a) pelo próprio fato de ser falada; b) devido às contingências de sua formulação (KOCH; ELIAS, 2010, p. 14)

A língua falada pressupõe contato direto com o falante, o que a torna mais concreta; é mais espontânea, não apresentando grande preocupação gramatical. Seu vocabulário é mais restrito, mas está em constante renovação.

[...] A língua falada conta com recursos extralinguísticos, contextuais, tais como gestos, expressões faciais, postura, que muitas vezes completam ou esclarecem o sentido da comunicação. A presença do interlocutor permite que a língua falada seja mais alusiva, enquanto a escrita é menos econômica, mais precisa (ANDRADE; HENRIQUES, 2007, p. 34)

Escrita

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Figura 4 - Escrita.

No texto escrito, a coprodução se resume à consideração aquele para quem se escreve, não havendo participação direta e ativa deste na elaboração linguística do texto, em função do distanciamento entre escritor e leitor. Nele, a dialogicidade constitui-se numa relação ‘ideal’, em que o escritor leva em conta a perspectiva do leitor, ou seja, dialoga com determinado (tipo de) leitor, cujas respostas e reações ele prevê.

Dessa forma, no caso do texto escrito, ao contrário do que acontece no texto falado, contexto de produção e contexto de recepção, de maneira geral, não coincedem nem em termos de tempo, nem de espaço, já que escritor e leitor normalmente não se encontram copresentes. Por isso, o produtor do texto tem mais tempo para o planejamento, a execução mais cuidadosa do texto e a revisão, a ‘copidescagem’, sempre que for o caso (KOCH; ELIAS, 2010, p. 13).

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Ainda a respeito da língua escrita, Andrade e Henriques (2004, p. 34) acrescentam:

“A língua escrita mantém contato indireto entre quem escreve e quem lê, o que a torna mais abstrata; é mais refletida, exige grande esforço de elaboração e obediência às regras gramaticais. Seu vocabulário é mais apurado e é, por natureza, mais precisa.”

Na sequência de nossos estudos, pretendemos demonstrar como ocorre essa diferenciação, apresentando a você a reprodução de um comentário falado e de um comentário escrito sobre a mesma temática.

TEXTO FALADO E TEXTO ESCRITO

Após uma breve análise dos conceitos, fica nítida a distinção entre estas duas modalidades da língua: fala e escrita. Nosso objetivo, ao estabelecer essa diferenciação, é fazer com que você, quando inserido numa situação de comunicação escrita formal, evite transpor aos seus textos as marcas características da oralidade (língua falada).

A seguir, apresentamos um exemplo extraído de um artigo da pesquisadora Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade, em que podemos analisar melhor a diferenciação entre o registro falado e o escrito.

TEXTO FALADO

Repare que, na transcrição da fala da aluna, encontramos várias marcas características da língua falada. Como o planejamento do texto é simultâneo à produção, encontramos várias palavras repetidas, enunciados truncados, hesitações, frases fragmentadas ou inacabadas, marcadores conversacionais (né?) etc.

Para que possamos estabelecer uma comparação, veja agora um comentário sobre a mesma peça, só que, desta vez, por meio de um texto escrito:

TEXTO ESCRITO

Ao contrário do que vimos na transcrição da fala, no segundo texto, encontramos uma maior articulação entre as ideias, o cuidado com a norma padrão da língua, a ausência de hesitações e frases incompletas. Tudo isso se deve ao fato de, nessa modalidade, haver tempo para o planejamento e a elaboração textual.

O que acontece, porém, é que muitas pessoas, ao se verem diante da necessidade de redigir algo, não se preocupam em dedicar um tempo ao planejamento da escrita, e muito menos com a leitura e a revisão após o término da redação. Esses três procedimentos básicos (planejamento, leitura e revisão), dentre outros igualmente importantes, podem ser tomados como etapas indispensáveis ao aprimoramento do ato de escrever. Por isso, a seguir, abordaremos brevemente essas três etapas, além de outras duas fundamentais ao texto escrito: a acentuação e a pontuação.

PRODUÇÃO DO TEXTO ESCRITO

Conceito

Imaginemos que você se encontre diante da necessidade de produzir um texto. Estamos certos de que, agora, você seguirá os três procedimentos que apresentamos, além, é

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claro, de outros possíveis e necessários. Nossa intenção aqui não é apresentar uma “receita” de como se deve proceder na construção de um texto, mas apenas destacar alguns métodos básicos que poderão contribuir muito com o processo e o resultado final da sua escrita

No sentido de melhor demonstrar a organização das etapas da redação do seu texto, optamos por dividi-la em dois momentos:

1) Pré-redação: essa etapa deve ser dedicada ao planejamento do seu texto (conforme indicações do esquema a seguir). Esse é o momento que antecede o início da escrita, em

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que devemos refletir sobre como conseguiremos transpor em palavras nossas ideais, levando em consideração aspetos como:

2) Pós-redação: essa etapa será dividida em dois momentos:

a) Após concluir o seu texto, você deverá fazer uma leitura cuidadosa de tudo aquilo que foi escrito. Nesse momento, você irá identificar se, em algum trecho, faltou clareza às suas ideias, além de anotar as partes que precisam ser revistas, ajustadas, as palavras que você tem dúvida quanto à grafia (para esse problema, é recomendável consultar um bom dicionário) etc.

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b) Terminada a leitura de identificação de possíveis problemas com o texto, é chegado o momento de você fazer a revisão. Nessa etapa, além de solucionar os problemas encontrados durante a leitura, você irá verificar se o seu texto está de acordo com a norma padrão da língua portuguesa; se o texto está coeso e coerente (apresenta relações lógicas entre suas partes); se há palavras repetidas em excesso; se o texto obedece às normas da acentuação e da pontuação.

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Elegemos dois aspectos dessa última etapa para tratar (acentuação e pontuação) com maior riqueza de detalhes. Pedimos para que você procure pesquisar sobre os demais que não foram contemplados aqui.

ACENTUAÇÃO

Você sabia que o acento está presente tanto na fala como na escrita? Sim, é verdade! A maior parte das palavras em português possui uma de suas sílabas pronunciadas com uma força de entonação maior. Essa “força” que produzimos quando liberamos o ar de

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nossos pulmões, passando pelas cordas vocais (ou “pregas vocais”), pela língua, pelos lábios e dentes, entre outros, é chamada de acento tônico.

Tente pronunciar, por exemplo, a palavra “bexiga”. Qual é a sílaba mais forte?

Em primeiro lugar, é importante que você saiba que “sílaba” é um “pedacinho” de qualquer palavra que contém, ao menos, uma vogal (a, ã, é, e, i, ó, o, õ, u etc.).

Se tomarmos a palavra “bexiga”, podemos perceber, claramente, que ela é formada por três desses “pedacinhos”. Pronuncie em voz alta e verá que essa palavra é assim dividida: “be-xi-ga”.

Conseguiu perceber?

Agora, voltando ao acento tônico, que é aquele colocado na sílaba pronunciada com mais força, tente perceber nessa palavra qual é a sílaba mais forte. Uma dica legal que certamente a sua professora do primário ensinou é aquela que diz que, para sabermos qual é a sílaba mais forte de uma palavra, basta “chamarmos” essa palavra, como se estivéssemos gritando. É como se disséssemos: “Ô bexiiiiiiga”. Viu só? A sílaba que contém o acento tônico dessa palavra é aquela que foi prolongada; no caso, “xi”. Essa dica pode parecer boba, mas é bem útil no caso de você ficar com alguma dúvida.

Tente pronunciar outras palavras e identificar em qual sílaba está presente o acento tônico. Você perceberá que a maioria das palavras em português contém uma sílaba mais forte.

Dissemos que a maioria tem um acento tônico pelo fato de que existem algumas palavras que não têm acento tônico. São, por esse motivo, chamadas de palavras átonas. Por exemplo, isso acontece com o pronome “me” em uma frase como “Mãe, ela me bateu!”. Se você pronunciar de forma natural essa frase, vai perceber que o som do pronome “me” quase some em meio às outras sílabas. É como se você dissesse “Mãe, ela m’bateu!”.

Bem, mas o que nos interessa mesmo agora são as palavras que contêm acento tônico! Em português, o acento tônico pode cair na última sílaba, como em “fubá”; na penúltima sílaba, como em “mesa”; ou na antepenúltima sílaba, como em “lâmpada”.

As palavras em que o acento tônico está presente na última sílaba são chamadas oxítonas; aquelas em que o acento está na penúltima sílaba, paroxítonas; e as que têm aantepenúltima sílaba como mais forte se chamam proparoxítonas.

Há duas coisas que você tem sempre de se lembrar:

- As palavras em português sempre contêm, no máximo, UMA sílaba tônica. Apenas uma!- Nem todas as palavras em português são acentuadas. Portanto, nem toda sílaba tônica tem acento!

Assim, apenas algumas palavras em português utilizam um acento gráfico para marcar a sílaba que contém acento tônico.

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Na verdade, a maioria das palavras em português não tem acento gráfico. Dê uma olhada na quantidade de palavras que escrevemos até aqui e conte quantas têm acento gráfico e quantas não o têm. Percebeu como são poucas as que têm acento?

Os acentos gráficos que servem para marcar a sílaba tônica no português são os seguintes:

- Acento agudo: (´) “avó”.- Acento circunflexo: (^) “avô”.

Vale dizer que o acento grave não marca sílabas tônicas na língua portuguesa. Ele serve tão somente para indicar crase, assunto que você estudará com detalhes no decorrer do seu curso EaD.

A acentuação gráfica, assim como a escrita, foi regulamentada por uma convenção e faz parte do acordo ortográfico de 1943, modificado, parcialmente, em 1971 e em 2010.

Para que saibamos quando devemos acentuar graficamente uma palavra escrita, temos de entender algumas regras. Apresentaremos a você as principais.

Acentuação das proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica)

Acentuação das oxítonas (última sílaba tônica)

Acentuação das paroxítonas (penúltima sílaba tônica)

Acentuação de casos especiais

Vale dizer que, em 2010, foram estabelecidas algumas regras novas para a acentuação das palavras em português. Estamos falando do Novo Acordo Ortográfico estabelecido pelos países de língua portuguesa. Esse conteúdo você aprenderá com detalhes durante o seu curso EaD!

PONTUAÇÃO

Quando falamos, damos vida à nossa produção verbal por meio das nossas entonações, pronunciando as frases de diversos tons, ora aumentando, ora diminuindo a tonalidade daquilo que dizemos.

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Como isso não é possível no texto escrito, utilizamos a pontuação para marcar pausas, para mostrar que os turnos acabaram, para indicar que o texto tem continuidade. Em outras palavras, a pontuação é o código eleito para facilitar a leitura de um texto escrito e para marcar os inumeráveis recursos melódicos e rítmicos que a escrita não possui.

De acordo com Cunha e Cintra (2001), os sinais de pontuação podem ser divididos em dois grupos:

1. O grupo dos sinais que marcam pausas:

a. o “ponto” (.)b. a “vírgula” (,)c. o “ponto e vírgula” (;)

2. O grupo dos sinais cuja função principal é marcar a melodia e a entonação. Dentre eles, os principais são:

a. o ponto de interrogação (?) b. o ponto de exclamação (!) c. as reticências (...) d. os dois-pontos (:) e. as aspas (“ ”) f. o travessão ( ― ).

PONTO

O ponto (ou “ponto final”) é utilizado para marcar a pausa máxima entre os enunciados escritos. É ele, por exemplo, que pode ser o indicador de que a frase está terminada.

Abreu (2003, p. 245), a fim de mostrar a relação entre a escrita e a fala, explica:

“Quando baixamos a voz, no final de uma frase, produzindo uma curva sonora descendente em direção ao grave, queremos, com isso, passar ao nosso interlocutor a informação de que essa é uma frase declarativa (afirmativa ou negativa) que acaba de chegar ao fim. Exemplos:

O congresso aprovou o orçamento.

grave

O congresso não aprovou o orçamento.

grave

Além de indicar essa ‘pausa maior’, o ponto também serve para indicar que uma palavra está sendo abreviada, como em: ‘Sr.’ (para ‘senhor’), ‘etc.’ (para et cetera)”.

VÍRGULA

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Figura 6 - Vírgula.

É comum ouvirmos que a vírgula serve para mostrar ao leitor quando ele deve “respirar” na sua leitura. Isso não está nem nunca esteve correto; imagine como faria, então, uma pessoa que estivesse voltando da sua corrida diária. Haveria, em seu texto, mais vírgulas do que palavras! Brincadeiras à parte, Cunha e Cintra (2001, p. 644) dizem que a vírgula “marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período” (grifo nosso).

Contudo, a vírgula não serve apenas para marcar uma pequena pausa na leitura de um texto. A sua função vai muito além, podendo ser usada, de modo geral, na inversão da ordem direta da frase, na intercalação de elementos que interrompem a leitura do enunciado, na omissão de alguns elementos que ficam subentendidos no contexto em que estão e, também, na ênfase de alguns elementos (CAMARGO, 2005, p. 1.).

Como a explicação de como usar a vírgula em todas as situações é extensa, vamos abordar aqui apenas alguns casos mais pontuais, que ocorrem com mais frequência.

Por exemplo, dizemos que existe, na língua portuguesa, uma ordem canônica. O que isso significa? Observe este simples exemplo:

Pedro comprou um carro ontem.

Podemos dizer que os elementos dessa frase estão numa sequência ideal que atende ao padrão do português. Qual é esse padrão? Observe:

Sujeito + verbo + objetos + circunstância/complemento

Essa é a sequência ideal para as frases estruturadas em português. Aplique essa sequência ao exemplo dado anteriormente e teremos:

Pedro (sujeito) comprou (verbo) um carro (objeto direto) ontem (adjunto adverbial/circunstância).

Como você pode perceber, a frase está exatamente na sequência da ordem canônica da língua portuguesa. Por essa razão, não é preciso utilizar vírgula. No entanto, se tivéssemos esta sequência:

Ontem (adjunto adverbial/circunstância), Pedro (sujeito) comprou (verbo) um carro (objeto direto)

Nessa frase, o adjunto adverbial de tempo “ontem” aparece anteposto ao sujeito “Pedro”, de modo que a sequência assim ficaria:

Circunstância, + sujeito + verbo + objeto

Para marcar esse termo que está fora da ordem canônica da língua portuguesa, utilizamos vírgula.

É por isso que dizemos que jamais separamos o sujeito do verbo por vírgula. Veja este exemplo:

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Maria, gosta do Pedro.

Veja que “Maria”, que é o sujeito da oração, está separada de “gosta”, verbo, por uma vírgula. Lembra-se da ordem canônica da língua portuguesa? Pois bem, o verbo “gosta” está no seu lugar padrão, assim como o sujeito e o objeto direto. Então, se todos os elementos estão nos seus devidos lugares, não há motivo para se colocar vírgula.

O correto, então, seria:

Maria gosta do Pedro. (sem vírgula!)

OS SENTIDOS DA VÍRGULA

A vírgula possui várias outras funções. Veja esse interessante quadro, elaborado pelo professorRogério Chociay, pesquisador da Unesp e autor de Pontuação, Ponto a Ponto (editora Íbis, 2005):

Os sentidos da vírgula

Há casos em que a vírgula pode mudar o sentido da frase e gerar dúvidas.

Josué Machado

É verdade que a vírgula, como a crase, não nasceu para humilhar ninguém. Mas pode humilhar, sim. E até causar pequenos desastres de compreensão. Ou de incompreensão, dependendo do caso e do contexto, porque quem virgula mal em geral escreve mal por não entender bem a estrutura da frase. 

Primeiro, convém lembrar que nem toda vírgula indica pausa e nem toda pausa é indicada por vírgula. Depois, é da maior importância ressaltar que nunca se devem pôr vírgulas entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seus complementos. Posto isso e agrupando casos de alguma semelhança, podem-se resumir a quatro os principais empregos da vírgula.

1. Marcar inversões da ordem direta Quando a crise chegou, estavam desprevenidos. Embora achasse que não, disse que o amava. Depois da lua de mel, fugiu dele para não mais voltar.

Quando o adjunto adverbial for representado por uma só palavra, a vírgula é dispensável, a menos que se queira acentuar o valor do advérbio: Hoje vamos passear no bosque.Melancolicamente se despediram. (Ou: "Melancolicamente, se despediram" /"Melancolicamente, despediram-se").

2. Marcar intercalações que interrompam a ordem natural da frase Em explicações, retificações, ressalvas, continuações, aposições, vocativos, conclusões, inclusive oracionais: Aquele político, eterno candidato, se refugia na Câmara para não ir preso. 

Nós, respondeu o representante da bancada da motosserra, daremos um jeito. Deus meu, por que me abandonaste?

3. Marcar omissão do verbo já enunciado na oração anterior Ele foi de primeira classe; ela, de terceira. (Foi.) 

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O marido gostava de balé; a mulher, de luta livre. (Gostava.) Ou: O marido gostava de balé, e a mulher, de luta livre. Nota-se que no exemplo anterior justifica-se a vírgula antes da conjunção "e" porque ela une duas orações com sujeitos diferentes: marido e mulher.

4. Separar termos da mesma função em sequência, coordenados Laranjas, limões, bananas; ladrões, traficantes, políticos; jogar, correr, disputar; primeiro, segundo, terceiro, quarto. A casa onde nasceu, a rua onde viveu, a cidade onde morreu. Ela deixou livros, discos, quadros, tapetes, saudades. 

Mas não se usa vírgula antes do verbo, após o último elemento de uma série de núcleos de sujeito separados por vírgula: Os livros raros, os discos da coleção, os quadros antigos, os tapetes puídos, as lembranças amargas (sujeito) foram deixados pela amada que partia.

ProibiçãoFora os quatro grupos de casos mais ou menos óbvios, é preciso acentuar dois casos fundamentais, já citados, de vírgulas absolutamente impróprias.

1. Jamais se separa por vírgula o sujeito (grifado nos exemplos) do predicado verbal, mesmo que o núcleo, modificado por adjuntos, esteja distante do verbo, destacado em negrito. 

A) O consultório daquele cirurgião plástico açougueiro no extremo oposto de minha rua foifechado pela polícia.B) O padre procurado pela justiça e o filho dele mantinham a igreja caça-níqueis em funcionamento.C) Muito melhor do que cassar aquele político seria forçá-lo a devolver o dobro do que afanou.

Para descobrir o sujeito pergunta-se ao verbo: o que ou quem.A) O que foi fechado? Sujeito: o consultório (núcleo do sujeito).B) Quem mantinha a igreja caça-níqueis? Sujeito: o padre e o filhote (sujeito composto por dois núcleos).C) O que seria melhor do que cassá-los? Sujeito: forçá-los a devolver em dobro a bufunfa afanada.

Há orações que funcionam como sujeitos. Nem assim devem ser separadas do predicado verbal de que são sujeitos: Quem com ferro fere com ferro será ferido. O homem que lê vale mais. É absolutamente necessário que todos votemos melhor.

2. A vírgula jamais deve separar o verbo de seus complementos (grifados). O Luís come empadinhas engorduradas todos os dias. O Edgard gostou muito daquela garota robusta . Elas responderam a eles (compl.) que não voltariam (compl.). À mulher e aos filhos (compl.) ele disse que não voltaria mais (compl.).

PONTO E VÍRGULA

Segundo Cunha e Cintra (2001), como o próprio nome indica, o ponto e vírgula é um sinal intermediário, que fica entre o ponto e a vírgula, podendo ora se aproximar mais de um, ora de outro. Pode ser, então, uma espécie de ponto final reduzido ou uma vírgula alongada, com relação aos valores pausais e melódicos que representa no texto.

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Assim, o uso do ponto e vírgula, em virtude dessa imprecisão, depende substancialmente do contexto. É claro que alguns gramáticos estabelecem algumas regras para esse uso, como para separar diversos itens de enunciados enumerativos (em leis, decretos, portarias etc.), ou para separar partes de um período, das quais pelo menos uma esteja subdividida por vírgula, como em:

Eu me chamo João; ele, Pedro.

Em síntese, o ponto e vírgula serve para indicar que o período não está completamente concluído.

SINAIS DE PONTUAÇÃO QUE MARCAM A MELODIA E A ENTONAÇÃO

Entre os sinais de pontuação que marcam a melodia e a entonação das frases, estão o ponto de interrogação, o ponto de exclamação, as reticências, as aspas, os dois-pontos, os parênteses, os colchetes e o travessão. A seguir, explicaremos as suas funções de forma breve.

O ponto de interrogação serve para indicar o final de uma frase interrogativa direta; é o ponto usado quando se faz uma pergunta a alguém. Ao contrário do ponto final, que tem uma curva sonora descendente no final da frase, o ponto de interrogação tem uma curva ascendente; nós aumentamos a tonalidade no final da frase que enunciamos. Veja:

Por que você não foi à aula hoje?

O ponto de exclamação, por sua vez, marca o final de uma frase exclamativa, ou seja, serve para indicar que a frase foi dita como uma tonalidade de espanto, alegria, admiração etc., sendo enunciada com ênfase, em voz alta, em tom “exclamativo”. É usado, também, em frases imperativas, ou seja, aquelas que denotam uma ordem, uma obrigação etc. Observe os exemplos:

Cale a boca!Eu passei no vestibular!

As reticências podem marcar uma hesitação, um momento de dúvida ou uma interrupção.

— O que você ia me dizer mesmo?— Nada... nada... esqueça!

Os dois-pontos são usados para anunciar que algo mais vai ser dito, ou seja, que será feita uma citação, uma explicação, uma enumeração etc. Observe:

Vá até o supermercado e compre isto:

1kg de farinha;1 dúzia de ovos;1 litro de leite.

O travessão, de acordo com Cunha e Cintra (2001), é empregado para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou seja, ele indica quando há uma mudança de quem

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fala dentro de uma conversa. Além disso, o travessão pode ser usado para isolar palavras e frases em um contexto. Veja este exemplo em que se tem o uso das duas funções do travessão:

— Você acredita — perguntou João — que fui obrigado a pagar juros?— Ninguém mandou você não pagar a conta na data correta — retrucou Maria.

As aspas são usadas para marcar o início e o fim de uma citação (para distingui-la do resto do texto), para realçar ironicamente uma palavra ou expressão, para acentuar o valor significativo de um termo ou para fazer sobressair expressões e vocábulos que geralmente não são peculiares à linguagem de quem escreve (como estrangeirismos, arcaísmos etc.). Veja um exemplo de uma frase irônica:

Ele foi muito “gentil” quando me mandou ficar quieta na frente dos meus amigos.

Esses são os principais sinais de pontuação que devem ser utilizados para “dar vida” ao seu texto. Quando for escrever, pense na forma como o seu leitor vai “perceber” a sua produção, ou seja, como ele vai pronunciar, mentalmente, aquilo que está no papel.

Agora, coloque em prática o que você aprendeu até aqui! Quando for escrever, preste bastante atenção aos sinais de pontuação que você tem de colocar! Eles fazem toda a diferença na hora da leitura!