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Perícia  Conceito e aplicações de perícia ..................... ...................... ....................... ...................... ........... ....................... ............4  Aplicação da perícia nas fases processuais e pré-processuais .................... ...................... ...................... .............. ...........5  Função da perícia no processo judicial e nas inves gações cíveis e criminais do Ministério Público ............................. .8  Meios de prova aceitos no processo civil e no processo penal ....................... ....................... ................... ................... ..11  Perito Ocial e Assistentes Técnicos, conceitos e diferenças ........................................................................................ 16  Requisitos pessoais e prossionais para o cargo de Perito ............................................................................................18  Prazos processuais nos diversos documentos periciais..................... ...................... ....................... ............ ....................21  Perícia e os campos de conhecimentos..................... ...................... ...................... ....................... ........... ...................... .21  Caracteríscas da prova judicial .....................................................................................................................................12  Conceitos e diferenças entre exame, vistoria e avaliação ....................... ...................... ....................... .............. ............22  Quesitos impernentes e impugnação ..........................................................................................................................22  Planejamento e estratégia em perícia ...................... ...................... ....................... ...................... .................... ...............22  Consequências do trabalho pericial ................... ....................... ...................... ....................... .......... ...................... ........23  Requisição de perícia...................... ...................... ....................... ...................... ............... ..................... ...................... ...24  Estrutura de um Laudo Pericial ....................... ...................... ....................... ...................... ........... ...................... ...........24 *Somente para área de Perícia. SUMÁRIO Noções de Perícia* MPU

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Perícia  Conceito e aplicações de perícia ..................... ...................... ....................... ...................... ........... ....................... ............4  Aplicação da perícia nas fases processuais e pré-processuais .................... ...................... ...................... .............. ...........5  Função da perícia no processo judicial e nas invesgações cíveis e criminais do Ministério Público ............................. .8  Meios de prova aceitos no processo civil e no processo penal ....................... ....................... ................... ................... ..11  Perito Oficial e Assistentes Técnicos, conceitos e diferenças ........................................................................................ 16  Requisitos pessoais e profissionais para o cargo de Perito ............................................................................................18  Prazos processuais nos diversos documentos periciais ..................... ...................... ....................... ............ ....................21  Perícia e os campos de conhecimentos ..................... ...................... ...................... ....................... ........... ...................... .21  Caracteríscas da prova judicial .....................................................................................................................................12

  Conceitos e diferenças entre exame, vistoria e avaliação ....................... ...................... ....................... .............. ............22  Quesitos impernentes e impugnação ..........................................................................................................................22  Planejamento e estratégia em perícia ...................... ...................... ....................... ...................... .................... ...............22  Consequências do trabalho pericial ................... ....................... ...................... ....................... .......... ...................... ........23  Requisição de perícia ...................... ...................... ....................... ...................... ............... ..................... ...................... ...24  Estrutura de um Laudo Pericial ....................... ...................... ....................... ...................... ........... ...................... ...........24

*Somente para área de Perícia.

SUMÁRIO

Noções de Perícia*

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NOÇÕES DE PERÍCIAElione Cipriano / João Luis Aguiar 

FASE HISTÓRICA

A perícia existe desde os mais remotos tempos da hu-

manidade, quando, reunindo em sociedade, iniciou-se oprocesso civilizatório – aliás, infindável – para caminhar daanimalidade para a racionalidade, pela experiência ou pelomaior poderio sico, onde se comandava a sociedade na eraprimiva, ou seja, é tão anga quanto à contabilidade, que

foi se evoluindo com as crescentes mudanças econômicase a evolução da humanidade. Nessa época, perito, juiz, le-gislador eram os que exerciam a lei, ou seja, eram peritos,

legisladores, árbitros e executores ao mesmo tempo. Esseera o germe básico correspondente ao exame da situação.Para uma visão mais detalhada da perícia, considerando

o aspecto tempo e espaço, o quadro seguinte busca sintezara cronologia histórica da evolução da perícia contábil.

Período Principais Acontecimentos

Ano 1.248 a.C. Claras referências da realização de perícias de levantamento de locais de morte violenta na obraSi Yuan Lu, do juiz Song Ts’Eu na China.

Ano 130 d.C. Ves gios de escritas de perícia no papiro Abbot, ao tempo do Imperador Adriano Trajano Augus-to. Corresponde a um autênco laudo do médico Caio Minucio Valeriano, do burgo de Caranis, apropósito de ferimentos na cabeça recebidos por um indivíduo chamado Mysthorion.

Século VIII O Imperador Carlos Magno, nas Leis capitulares, Sálicas e Germânicas, exigia a interferência de

médicos para analisar ocorrências de mortes violentas.

A parr do século XIII Grande desenvolvimento da perícia como instrumento de prova na Grécia, França, Inglaterra eItália.

Século XIV O papa Gregório XI, nas Leis Decretais, determinava a realização de perícias médicas para a com-provação de casos de impotência, aborto e lesões corporais.

Ano de 1850 A perícia surge regulamentada no Brasil pela Lei nº 556, de 25 de junho de 1850 – Código Comer-cial – que estabeleceu o Juízo Arbitral obrigatório nos casos de abalroação de navios.Regulamento nº 737, de 25 de dezembro de 1850, sobre o funcionamento do perito. Em ma-téria contábil, é escolhido o profissional formado em aula de Comércio com posse da Carta deHabilitação.

Ano de 1863 Pela primeira vez é ulizada a arbitragem na chamada “Questão Chrise”, caso que envolvia adetenção de oficiais da marinha britânica por autoridades policiais brasileiras. A arbitragem, cujo

laudo foi favorável ao Brasil, foi feita pelo Rei Leopoldo, da Bélgica.Ano de 1866 Revogado o Juízo arbitral obrigatório pela Lei nº 1.350 (o juízo arbitral voluntário permaneceu).

Ano de 1911 O governo brasileiro decreta lei sobre peritos contabilistas, estabelecendo suas atribuições.

Ano de 1917 Entra em vigor a Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil, que traz a profissão docontador e, consequentemente, a perícia contábil.

Ano de 1939 Entra em vigor o Decreto Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939. Definia a parcipação doperito nas ações judiciais, mais precisamente no campo do direito civil e comercial.

 Ano de 1973 Entra em vigor o Novo Código de Processo Civil, Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Estabe-leceu-se que o perito necessitava de formação universitária.

Ano de 1984 Incluído no art. 145 do Código de Processo Civil Brasileiro – Lei nº 5.869/1973, pela Lei nº7.270/1984, o § 1º, que assim determina: “Os peritos serão escolhidos entre profissionais denível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto

no Capítulo VI, Seção VII, deste Código”.Ano de 2002 O Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, determina, em seu art. 212, inciso V,

que: “Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado medianteperícia”.

Quadro 1: Cronologia Histórica da Perícia

Contudo, é no remoto direito romano que vamos encon-trar maior clareza da situação, com definições mais objevas,pois ali já se estabelece afigura do perito – embora não doárbitro – quando a decisão de uma questão dependia daapreciação técnica de um fato. Ou seja,nha o magistrado afaculdade de deferir o juízo da causa a homens que, segundocircunstâncias, melhor pudessem, por seus conhecimentostécnicos, pronunciar-se sobre os fatos, e essa pessoa –arbi-

ter –  constuía-se em verdadeiro juiz, de modo que era juize perito ao mesmo tempo.

O árbitro que era perito e juiz ao mesmo tempo denha opoder real, feudal, no sistema de castas e privilégios indianos.

Há um papiro, contendo  pico laudo, onde se descreveos estudos e as conclusões a que se chegou um profissionalindicado para verificar como e porque um indiano havia fa-lecido por ferimento na cabeça.

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Desse modo, neste sistema, o laudo (relatório, pareceretc.) do perito se constuía na própria sentença, já que omagistrado a ele estava adstrito.

Superados os tenebrosos tempos da Idade Média, comseus tribunais de inquisição, seus “Juízos de Deus” e tantosoutros barbarismos, estruturou-se, novamente, renascendoum Direito mais posivo e consentâneo com o novo surtode desenvolvimento ocidental que se seguiu.

Nas palavas de Morais e França (2004, p. 22), períciavem do lam  peri  a  (habilidade, saber), que a linguagem jurídica designa, no seu sendo lato, “diligência realizada porperitos”, afim de se evidenciar determinados fatos. Significa,portanto, pesquisa, exame acerca da verdade dos fatos, efe-tuada por pessoa de reconhecida habilidade ou experiênciacomprovada na matéria invesgada.

Fase Contemporânea

Com o advento da Constuição Federal de 1988, o Esta-do brasileiro consolidou a normazação de seus elementosessenciais: sistema de normas jurídicas, regulamentação daforma do Estado, forma de seu governo, o exercício do poder,

o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, asgaranas e os direitos fundamentais do cidadão. Sem dúvida,a CF/1988 é desnada à completa realização da cidadania eo direito ao contraditório e à ampla defesa é uma garanaconstucional que fez emergir em um considerável aumentodas demandas judiciais.

Nessa esteira, sistemas de tribunais justos, imparciais,estão garandos na Constuição Federal de 1988, especial-mente no Capítulo III, ao tratar do Poder Judiciário; assim,a imparcialidade do Judiciário e a segurança do cidadãocontra o abuso estatal estão estampados no princípio do juiz natural, incisos XXXVII e LIII do art. 5º da Constuição.Destarte, juízes independentes e profissionais constuem abase deste aparelho. Essa autonomia é no sendo de queos Magistrados estão “livres para tomarem decisões legais”,mesmo que contradigam interesses de parte envolvida noprocesso, mesmo que seja o próprio governo.

A Constuição Federal reservou uma seção especí fica(Das Funções Essenciais à Jusça) ao Ministério Público –que possui a função defiscalizador da lei – “incumbindo-lhea defesa da ordem jurídica, do regime democráco e dosinteresses sociais e individuais indisponíveis”. Para tanto, éindependente dos três poderes, com princípios instucionais:a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Nãopoderíamos deixar de esclarecer que a Constuição Federalgarante a celeridade processual; esta garana constucionalestá expressa no art. 5º, LXXVIII. Numa revisão bibliográfica,verifica-se que, há tempos, inúmeras reformas processuaistêm buscado encontrar resposta ao problema da morosidadedo Judiciário em nosso país.

Observa-se, de igual forma, que o Código de Defesa doConsumidor (Lei nº 8.078/1990) é, sem dúvida, um avançoconsiderável de nossa nação, visto que, dentre outras, garan-u ao comprador informações claras e precisas, segurançados produtos, prazo de conserto de defeito e, principalmen-te, facilitar a defesa dos consumidores com a inversão doônus da prova e a criação de órgãos administravos comoo Procon.

Vale destacar que, ao longo dos tempos, nossa sociedadetem exigido do Estado intervenções mais céleres, com ofitode obter a solução de conflitos, com vistas a almejada pazsocial. A Lei nº 9.307/1996 (Lei de Arbitragem) trouxe consigouma nova cultura que é, por si só, um método alternavo desolução de conflitos. Registra-se que as pessoas capazes decontratar poderão valer-se da arbitragem, para solucionar

li 

gios rela

vos a bens patrimoniais disponíveis.

Desse modo, observa-se que nossa legislação pátriatem evoluído ao longo dos anos de forma a possibilitar aocidadão, em geral, o acesso aos seus direitos e garanasfundamentais, em menor tempo possível – celeridade pro-cessual. Frisa-se, nas palavras do Ministro Castro Meira: “pelaimportância que a jusça tem, cada dia mais, na sociedade,buscando distribuir, a cada um, o que é seu, aplicar a lei deum modo correto, atender às reivindicações dos cidadãos”.Nesse raciocínio, é notório que a sociedade brasileira tembuscado cada vez mais os tribunais, para ter resguardadosseus direitos e garanas.

O aumento das demandas judiciais, consequentemente,tem levado à ampliação da estrutura do Judiciário, tanto noâmbito urbano como no rural e, por conseguinte, tem am-pliado o mercado de trabalho para perito em diversas áreasdo conhecimento (Contador, Médico, Engenheiro, Admi-nistrador, Economista, Grafotécnico etc.), quando imbuídoda função de perito judicial ou perito-assistente das partes.

Os processos judiciais são presididos por um juiz, caben-do a este tomar todas as providências de praxe para que a jusça seja feita. Vale dizer que, quando a prova do fato de-pender de conhecimento técnico ou cien fico, o Magistrado

será assisdo por perito, segundo o disposto nos arts. 145 e421 do CPC, que deverá ser portador do curso de bacharel;portanto, exige-se nível superior na área do conhecimentoa que se desna a prova pericial, com o devido registro noConselho de Classe pernente.

Conceito e Aplicação de Perícia

A perícia, quando realizada em processos judiciais, cons-tui o conjunto de procedimentos técnico-cien ficos desna-dos a levar a instância decisória elementos de prova neces-sários a subsidiar a justa solução do li gio pelo magistradoou constatação de um fato, mediante laudo pericial e/ouparecer pericial, em conformidade com as normas jurídicas,

profi

ssionais e a legislação especí fi

ca no que for per

nente.Com relação à perícia aplicada na via administrava, sãoaquelas realizadas fora do âmbito do Judiciário, como, porexemplo, aquelas realizadas nos processos que tramitam nosConselhos Administravos Tributários e aquelas realizadaspelo INSS que se caracterizam como perícia administrava.Podendo, ainda, a perícia administrava ser requerida porparculares, em que cada um contrata um profissional devi-damente habilitado e capacitado para emir parecer técnicocom o fito de esclarecer certa questão.

No que concerne ao conceito de perícia, este está dire-tamente ligado ao conceito genérico da perícia, no que serefere à habilidade, ao saber e à perspicácia na busca daprova de fatos controverdos, visto que a matéria pericialrecairá em área do conhecimento humano o qual irá atuar,

como na Contabilidade, Medicina, Administração, Finanças,Engenharia, Informáca etc. 

Assim, pelo conceito emológico da palavra, pode-seinferir que perícia é uma habilidade que vai se adquirindono decorrer da vida, por meio do saber e dos trabalhos re-alizados. Destarte, a perícia consiste numa declaração deciência sobre fatos relevantes à causa, emida por pessoacom relevante sabedoria, também chamada de expert , como objevo de esclarecer aspectos técnicos, mediante exame,vistoria, indagação, invesgação, arbitramento, avaliação,com objevo exclusivo de fazer prova perante o Magistradoe as partes envolvidas na discussão.

Até aqui buscou-se um conceito genérico do que é perí-cia, a qual possui um campo extenso a ser pesquisado. Nesseentendimento, pode-se dizer que o campo de atuação da

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perícia está relacionado a todas as situações contraditóriase de desequilíbrio que envolver uma discussão na sociedade.

O termo “perícia” vem do lam peri  a, que significaconhecimento adquirido pela experiência, já ulizadona Roma Anga, onde se valorizava o talento de saber.(HOOG, 2001)Na linguagem jurídica designa especialmente, emsendo lato, a diligência realizada por peritos, a fimde se evidenciar determinados fatos. (MORAIS; FRAN-ÇA, 2000, p. 29)

Significa, a pesquisa, o exame, a verificação, ou avali-ção acerca da verdade ou da realidade de certos fatos,por pessoas que tenham reconhecido habilidade ouexperiência na matéria de que se trata.A perícia, pela ópca mais ampla, pode ser entendi-da como qualquer trabalho de natureza especí fica,cujo rigor na execução seja profundo. Dessa maneirapode haver perícia em qualquer área cien fica ou atéem determinadas situações empíricas. [...] Entende--se por perícia o trabalho de notória especialização

feito com o obje

vo de obter prova ou opinião paraorientar uma autoridade formal no julgamento de umfato, ou desfazer conflito em interesses de pessoas.(MAGALHÃES, 2004, p. 12).

Dessa forma, a denominação dada a esta habilidadeou saber passou a disnguir a própria ação ou invesgaçãolevada a efeito para o esclarecimento pretendido. Confor-me o Código de Processo Civil, art. 420, a perícia tem comoespécie: os exames, as vistorias, as avaliações. Todas elas,genericamente, também se dizem exames periciais.

Portanto, a perícia, segundo o princípio da lei processual,é a medida que vem mostrar o fato quando não haja meiode prova documental para mostrá-lo, ou quando se queresclarecer circunstâncias a respeito do mesmo que não se

acham perfeitamente definidas.A perícia, geralmente, importa sempre em exame que

necessite ser feito por profissionais técnicos, isto é, por pe-rito ou pessoas hábeis e conhecedoras da matéria a que serefere, conforme ressalta o Código de Processo Civil, em seuart. 145, qual seja:

Art. 145 Quando a prova do fato depender de conhe-cimento técnico ou cien fico, o juiz será assisdo porperito, segundo o disposto no art. 421.§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionaisde nível universitário, devidamente inscritos no órgãode classe competente.§ 2º Os peritos comprovarão suas especialidades namatéria sobre a qual deverão opinar, mediante cer-

dão do órgão profissional em que esverem inscritos.§ 3º Nas localidades onde não houver profissionaisqualificados que preencham os requisitos dos pará-grafos anteriores, a indicação dos peritos será de livreescolha do juiz. (Grifo nosso)

O exame, a diligência ou qualquer medida que não tenhapor escopo a descoberta de um fato que dependa de habili-dade técnica ou de conhecimentos técnicos não constuem,propriamente, uma perícia, no rigor do sendo do vocábulo.(VOCABULÁRIO JURÍDICO).

Nessa esteira, podemos também conceituar perícia comomeio de prova realizado por técnicos, promovida pela auto-ridade policial ou judiciária, com afinalidade de esclarecer àJusça sobre o fato de natureza duradoura ou permanente.

Objevo da perícia

O objevo precípuo da perícia judicial é de restabelecere restaurar a paz social mediante um processo dialéco, istoé, mostrando a verdade de um fato a uma ou mais pessoasque a busquem, o que se materializa no laudo pericial. Nessaórbita, temos que o objevo maior da perícia é a verdadesobre o objeto examinado, melhor dizendo, o objevo maioré a transferência da verdade para o ordenamento – o pro-cesso ou outra forma da instância decisória.

No caso vertente, temos que afinalidade da perícia téc-nica é levar conhecimento técnico ao juiz, produzindo provapara auxiliá-lo em seu convencimento e levar ao processo adocumentação técnica do fato, o qual é realizado medianteexame de documentos legais.

Aplicação da Perícia nas Fases Processuais ePré-Processuais

Com relação a este item abordado no edital do MPU,ressaltamos que seguiremos fielmente a sequência exigida,ou seja, primeiro trataremos da perícia na fase processual

ou judicial, para então abordarmos a fase pré-processualou administrava.

Perícia na fase processual

Para entendermos a perícia na fase processual, sendoela processada no âmbito do Poder Judiciário, faremos umbreve histórico acerca do assunto.

Há tempos o legislador inseriu na legislação pátria nor-mazação sobre a perícia; nesta esteira, verifica-se que oDecreto-Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939, que cui-dou do Código de Processo Civil, dedicou os arts. 129 a 132(Capítulo III) especialmente ao Perito, vejamos:

Do PeritoArt. 129. Os exames periciais poderão ser feitos porum só louvado, concordando as partes; se não con-cordarem indicarão de lado a lado o seu perito e o juiz nomeará o terceiro para desempate por um doslaudos dos dois antecedentes, caso não se contentecom um destes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº8.570, de 1946)Art. 130. O perito será noficado de sua nomeaçãoquinze (15) dias antes da audiência, pelo menos.Art. 131. Salvo prova de força maior, o perito ficarásujeito às seguintes penalidades, que serão impostaspelo juiz:I – multa de duzentos mil réis (200$0) a um conto deréis (1:000$0), em bene cio da parte prejudicada,

e cobrável como custas, se exceder prazos, ou nãocomparecer à audiência;II – inabilitação para funcionar em outras perícias, nocaso de recusa de nomeação anterior, podendo, senomeado, ser destuído a requerimento de qualquerdas partes.§ 1º O perito que, por dolo ou culpa grave, prestarinformações inverídicas, incorrerá nas penas dos in-cisos I e II, sem prejuízo do disposto na lei penal.§ 2º Na úlma hipótese, o juiz dará ciência ao órgãodo Ministério Público.Art. 132. O pedido de perícia deverá ser feito antesda conclusão para o despacho saneador, indicandoas partes o perito único ou cada qual o seu. (Redaçãodada pelo Decreto-Lei nº 8.570, de 1946)

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Parágrafo único. Se requerido por uma só das partes,deverá a outra ser inmada para dentro de 24 horasdizer se concorda com o perito indicado, ou nomear oseu. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.570, de 1946)

O Código de Processo Civil brasileiro vigente, instuídopela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, ao tratar dasprovas (Capítulo VI), determina na Seção VII, que:

Da Prova PericialArt. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoriaou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I – a prova do fato não depender do conhecimentoespecial de técnico;II – for desnecessária em vista de outras provas pro-duzidas;III – a verificação for impracável. (Grifo nosso)

No que concerne ao atual Código Cívil brasileiro de 2002,ao tratar da prova impõe que:

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma es-pecial, o fato jurídico pode ser provado mediante:[...]V – perícia.

Assim, a perícia judicial é o meio de prova realizada portécnicos de nível universitário com o devido registro pro-fissional no órgão de classe competente, promovida pelaautoridade judiciária, com afinalidade de esclarecer à Jusçasobre o fato de natureza duradoura ou permanente.

No caso vertente, temos que afinalidade da perícia téc-nica é levar conhecimento técnico ao juiz, produzindo provapara auxiliá-lo em seu convencimento e levar ao processo adocumentação técnica do fato, o qual é realizado medianteexame de documentos legais.

Destarte, a perícia, na fase processual ou judicial, é emsuma uma declaração de ciência sobre fatos relevantes à cau-sa, emida por pessoa de conhecimento técnico, comumentedenominado de expert , tem o objevo de elucidar “aspectostécnicos ou cien ficos inerente, mediante vistoria, indagação,invesgação, arbitramento, avaliação ou cerficação. Vale di-zer que esta declaração de ciência no âmbito do Judiciário éemida mediante a elaboração do competentelaudo pericial.

Nesse raciocínio, destacamos que, nas fases processuais,a perícia ou prova pericial é importante peça para a recons-trução dos fatos da verdade no processo; a perícia por si sónão resolve a lide, mas é uma base para sustentar a decisão

do magistrado, pois é de ordem técnica e cien fi

ca.Após a solicitação das provas, há um rito normal dosprincipais procedimentos na execução dos trabalhos peri-ciais, qual seja:

Nomeação doperito pelo Juiz

Rerada doprocesso pelo

peritoDevolução do processoe protocolo do laudo

pericial contábil

Devolução doprocesso

Revisão dolaudo

Elaboração do laudopericicial contábil

Rerada do

processo pararealização da

perícia

Planejamento daperícia e proposta de

honorários

Quadro 2: Procedimentos da perícia judicial

Pois bem, feita essas obordagens acerca da perícia na faseprocessual ou judicial, entendemos ser imprescindível apre-sentar parte da legislação que trata do assunto. Desse modo,o Código de Processo Civil brasileiro (Lei nº 5.869/1973) dis-ciplina esta matéria e a parcipação do perito.

De início, a legislação equipara o perito jucicial aos au-xiliares da jusça, todavia vale dizer que esta relação não épermanente, porque o perito do juízo não é funcionário doJudiciário, portanto não recebe salário deste órgão. O legis-

lador trata-o como auxiliar eventual, visto ser nomeado vezou outra quando a jusça necessita dos seus conhecimentostécnicos, in verbis:

Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros,cujas atribuições são determinadas pelas normasde organização judiciária, o escrivão, o oficial de jusça, o perito, o depositário, o administrador eo intérprete.

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Nessa órbita, o perito do juízo, que é por sua vez o longamanus do Juiz, ou seja, é a mão estendida do Magistrado, aden-trando ao processo por meio de nomeação, que se processa nostermos do seguinte argo do Código de Processo Cívil, vejamos:

Art. 145. Quando a prova do fato depender de co-nhecimento técnico ou cien fico, o juiz será assisdopor perito, segundo o disposto no art. 421.

§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionaisde nível universitário, devidamente inscritos no ór-gão de classe competente, respeitado o disposto noCapítulo Vl, Seção Vll, deste Código. (Incluído pela Leinº 7.270, de 10/12/1984)§ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade namatéria sobre que deverão opinar, mediante cerdãodo órgão profissional em que esverem inscritos. (In-cluído pela Lei nº 7.270, de 10/12/1984)§ 3º Nas localidades onde não houver profissionaisqualificados que preencham os requisitos dos pa-rágrafos anteriores, a indicação dos peritos será delivre escolha do juiz. (Incluído pela Lei nº 7.270, de10/12/1984) (Grifo nosso)

Ainda segundo este regramento, é oportuno destacarque, na função de auxiliar da jusça, o perito tem o dever de:

Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o o cio,no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda asua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargoalegando movo legí mo.Parágrafo único. A escusa será apresentada dentrode 5 (cinco) dias, contados da inmação ou do im-pedimento superveniente, sob pena de se reputarrenunciado o direito a alegá-la (art. 423). (Redaçãodada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992) (Grifo nosso)

Acrescentamos que o perito deve levar a verdade ao Juiz,para que a prova tenha efeito jurídico; nesse caminho, caso

o perito falseie a verdade dos fatos, este estará sujeito àssanções cíveis e penal, vejamos:

Processo Civil (CPC – Lei nº 5.869/1973):

Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestarinformações inverídicas, responderá pelos prejuízosque causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois)anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá nasanção que a lei penal estabelecer.

Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940):

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar averdade como testemunha, perito, contador, tradu-tor ou intérprete em processo judicial, ou administra-vo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redaçãodada pela Lei nº 10.268, de 28/8/2001)Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. (VideLei nº 12.850, de 2.013) (Vigência)§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço,se o crime é pracado mediante suborno ou se come-do com o fim de obter prova desnada a produzirefeito em processo penal, ou em processo civil emque for parte endade da administração pública di-reta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268,de 28/8/2001)§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentençano processo em que ocorreu o ilícito, o agente seretrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Leinº 10.268, de 28/8/2001) (Grifo nosso)

Os arts. 19, 20 e 33 (Das Despesas e das Multas) cuidamdas despesas judiciais e da forma de oferta e pagamento daverba honorária do perito, entre elas as despesas com aperícia, senão vejamos:

Art. 19. Salvo as disposições concernentes à jusçagratuita, cabe às partes prover as despesas dos atosque realizam ou requerem no processo, antecipan-do-lhes o pagamento desde o início até sentençafi-nal; e bem ainda, na execução, até a plena sasfaçãodo direito declarado pela sentença.§ 1º O pagamento de que trata este argo será feitopor ocasião de cada ato processual.§ 2º Compete ao autor adiantar as despesas relavasa atos, cuja realização o juiz determinar de o cio oua requerimento do Ministério Público.Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar aovencedor as despesas que antecipou e os honoráriosadvoca cios. Esta verba honorária será devida, tam-bém, nos casos em que o advogado funcionar em cau-sa própria. (Redação dada pela Lei nº 6.355, de 1976)§ 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso,condenará nas despesas o vencido. (Redação dada

 pela Lei nº 5.925, de 1973)§ 2º As despesas abrangem não só as custas dos atosdo processo, como também a indenização de viagem,diária de testemunha e remuneração do assistentetécnico. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo dedez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento(20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Re-dação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)a) o grau de zelo do pro fi ssional; (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1973)b) o lugar de prestação do serviço;  (Redação dada

 pela Lei nº 5.925, de 1973)c) a natureza e importância da causa, o trabalho re-alizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu

serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)§ 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor ines-mável, naquelas em que não houver condenaçãoou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,embargadas ou não, os honorários serão fixadosconsoante apreciação equitava do juiz, atendidasas normas das alíneas a, b e c do parágrafo ante-rior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)§ 5º Nas ações de indenização por ato ilícito contrapessoa, o valor da condenação será a soma das pres-tações vencidas com o capital necessário a produzir arenda correspondente às prestações vincendas (art.602), podendo estas ser pagas, também mensalmente,na forma do § 2º do referido art. 602, inclusive em con-signação na folha de pagamentos do devedor. (Incluído

 pela Lei nº 6.745, de 1979) (Vide § 2º do art. 475-Q)Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assis-tente técnico que houver indicado; a do perito serápaga pela parte que houver requerido o exame, oupelo autor, quando requerido por ambas as partesou determinado de o cio pelo juiz.Parágrafo único. O juiz poderá determinar que aparte responsável pelo pagamento dos honoráriosdo perito deposite em juízo o valor corresponden-te a essa remuneração. O numerário, recolhido emdepósito bancário à ordem do juízo e com correçãomonetária, será entregue ao perito após a apresen-tação do laudo, facultada a sua liberação parcial,quando necessária.  (Incluído pela Lei nº 8.952, de1994) (Grifo nosso)

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A leitura dos argos indicados, em síntese, determinaque cada parte (autor ou réu, requerente ou requerido,embargante ou embargado etc.) está obrigada a custear osatos processuais, inclusive antecipando esses gastos. Essaantecipação, geralmente, é feita mediante pagamento deguias judiciais – no caso de pagamento das custas judiciais,inclusive aquelas diligências realizadas pelos oficiais de jus-

ça –, quanto aquelas requeridas com ofi

to de produção deprovas, que é o caso da perícia técnica.Em se tratando da perícia técnica, requerida pela parte

autora, quando determinada de o cio pelo Juiz ou requeridapelo Ministério Público, compete a esta parte depositar, an-tecipadamente, os honorários periciais em uma conta judiciala favor daquele juízo, para que seja iniciada a perícia. Valeressaltar que os honorários do perito é também de respon-sabilidade da parte contrária, réu, por exemplo, quandorequerida por esta, devendo proceder nos mesmos moldescitados anteriormente.

O perito, quando imbuído na sua função de auxiliar da jusça, ou seja, o perito do juízo e ao órgão do MinistérioPúblico (art. 138, I e II, CPC), sendo parte, está condicionadoaos mesmos impedimentos e suspeição que o Magistra-do. Os disposivos do CPC a seguir tratam desse assunto,vejamos:

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções noprocesso contencioso ou voluntário:I – de que for parte;II – em que interveio como mandatário da parte,oficiou como perito, funcionou como órgão do Mi-nistério Público, ou prestou depoimento como tes-temunha;III – que conheceu em primeiro grau de jurisdição,tendo-lhe proferido sentença ou decisão;IV – quando nele esver postulando, como advogadoda parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,

consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linhacolateral até o segundo grau;V – quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim,de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral,até o terceiro grau;VI – quando for órgão de direção ou de administraçãode pessoa jurídica, parte na causa.Parágrafo único. No caso do inciso IV, o impedimentosó se verifica quando o advogado já estava exercendoo patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogadopleitear no processo, a fim de criar o impedimentodo juiz.Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parciali-dade do juiz, quando:

I – amigo ínmo ou inimigo capital de qualquer daspartes;II – alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linhareta ou na colateral até o terceiro grau;III – herdeiro presunvo, donatário ou empregadorde alguma das partes;IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado oprocesso; aconselhar alguma das partes acerca doobjeto da causa, ou subministrar meios para atenderàs despesas do li gio;V – interessado no julgamento da causa em favor deuma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se sus-peito por movo ínmo.

Art. 138. Aplicam-se também os movos de impe-dimento e de suspeição:I – ao órgão do Ministério Público, quando não forparte, e, sendo parte, nos casos previstos nos incisosI a IV do art. 135;II – ao serventuário de jusça;III – ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de1992)

IV – ao intérprete.§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimentoou a suspeição, em peção fundamentada e devida-mente instruída, na primeira oportunidade em quelhe couber falar nos autos; o juiz mandará processaro incidente em separado e sem suspensão da causa,ouvindo o arguido no prazo de 5 (cinco) dias, facul-tando a prova quando necessária e julgando o pedido.§ 2º Nos tribunais caberá ao relator processar e julgaro incidente. (Grifo nosso)

Perícia na fase pré-processual

Entende por perícia pré-processual aquela realizada forado âmbito do Judiciário. No entanto, as partes podem in-

gressar no Judiciário valendo-se dos levantamentos préviosrealizados por um perito, para que a parr de então requei-ram ao Magistrado a aplicação da lei no caso concreto, edecida a vexata ques on – questão controverda, segundoseu entendimento.

A perícia pré-processual é comumente denominada deperícia extrajudicial, ou seja, são aquelas pracadas fora doâmbito do Estado, voluntariamente, sem formalidades pro-cessuais ou judiciais, mas com capacidade de produzir efeitos jurídicos, normalmente é demandada em situação amigávelentre as partes, quando ainda não há li gio. É ajustada poracordo entre as partes, que se comprometem a aceitar oresultado apresentado pelo perito, o qual, regra geral, con-tando com confiança recíproca, dispensa a contratação deassistente técnico e as partes se comprometem a aceitar os

resultados apresentados pelo perito. Pode, também, servirde instrução a peção inicial, ou seja, antes de ser proto-colada nos Tribunais de Jusça para a discussão em juízo,como nos casos de ações revisionais de contratos bancários.

O perito, nessas condições, normalmente funciona semassistentes indicados pelas partes, já que goza de confiançairrestrita de ambas. É menos onerosa do que a perícia judicial.

Função da Perícia no Processo Judicial e nasInvesgações Cíveis e Criminais do MinistérioPúblico

A Constuição Federal de 1988 dá o seguinte tratamentoao Ministério Publico, vejamos:

Art. 127. O Ministério Público é instuição perma-nente, essencial à função jurisdicional do Estado,incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regi-me democráco e dos interesses sociais e individuaisindisponíveis.§ 1º São princípios instucionais do Ministério Pú-blico a unidade, a indivisibilidade e a independênciafuncional.§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomiafuncional e administrava, podendo, observado odisposto no art. 169, propor ao Poder Legislavoa criação e exnção de seus cargos e serviços auxi-liares, provendo-os por concurso público de provasou de provas e  tulos, a polí ca remuneratória e osplanos de carreira; a lei disporá sobre sua organiza-

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ção e funcionamento. (Redação dada pela EmendaCons tucional nº 19, de 1998)[...]Art. 128. O Ministério Público abrange:I – o Ministério Público da União, que compreende:a) o Ministério Público Federal;b) o Ministério Público do Trabalho;c) o Ministério Público Militar;d) o Ministério Público do Distrito Federal e Terri-tórios;II – os Ministérios Públicos dos Estados.

Desse modo, observa-se que o Ministério Público é oórgão de Estado que atua na defesa da ordem jurídica efiscalização do cumprimento da lei no Brasil. Assim, a CartaMagna determina que o Ministério Público está incluído nasfunções essenciais à jusça e não possui vinculação funcionaldos Poderes do Estado.

Atuando de forma independente e autônoma, o MP temorçamento, carreira e administração próprios, atuando comofiscal das leis, como defensor da sociedade, tem a funçãode defender o patrimônio nacional, o patrimônio público

e social, incluso o patrimônio cultural, o meio ambiente,os direitos e interesses da colevidade, especialmente dascomunidades indígenas, a família, a criança, o adolescentee o idoso.

O MP atua, também, na defesa dos interesses sociais eindividuais indisponíveis e no controle externo da avidadepolicial. Assim, o órgão trata da invesgação de crimes, darequisição de instauração de inquéritos policiais – no caso emtela Polícia Federal –, da promoção pela responsabilizaçãodos culpados, do combate à tortura e aos meios ilícitos deprovas, entre outras atuações.

O MP possui quadro de servidores próprios, incluindo--se a figura do perito que é, portanto, seu auxiliar, e não doJuízo. Considerando-se a ampla defesa e o contraditório, nomomento oportuno é concedido à parte contrária a possibi-

lidade de contratar seu perito (assistente-técnico) para queeste faça seus levantamentos segundo sua tese.

No tópico anterior, descrevemos o momento processual,em que é nomeado o perito do juízo, para que este profis-sional técnico de nível universitário, com o devido registrono órgão de classe competente, possa atuar como o longamanus do Estado Juiz. Há, inclusive, citações do Código deProcesso Civil e do Código Penal.

No que concerne à abordagem exigida neste item, refor-çamos que a perícia no processo judicial é aquela realizadadentro dos procedimentos processuais do Poder Judiciário,por determinação, requerimento ou necessidade de seusagentes avos, e se processa segundo regras legais espe-cí ficas. Essa espécie de perícia subdivide-se, segundo suas

finalidades precípuas no processo judicial, em meio de provaou de arbitramento. Ou seja, a perícia judicial será provaquando, no processo de conhecimento ou de liquidação porargos, ver por escopo trazer a verdade real dos fatos, de-monstrável cien fica ou tecnicamente, para subsidiar a for-mação da convicção do julgador, e será arbitramento quando,determinada no processo de liquidação de sentença, verpor objeto quanficar mediante critério técnico a obrigaçãode dar em que aquela se constuir.

Essa forma de perícia envolve o Estado, o Poder Judi-ciário, quando as partes já estão em li gio e não conse-guiram outra forma de entrar em acordo para resolver alide. Quando a perícia é solicitada pelas partes, diz-se serperícia requerida, e quando determinada pelo juiz, diz-seser perícia de o cio.

Nessas formas de perícia, segundo Führer (2003, p. 17),necessário se faz compreender o que são processo e proce-dimento. Entende-se que

processo é uma sequência de atos independentes,desnados a solucionar um li gio, com a vinculaçãodo juiz e das partes a uma série de direitos e obriga-ções; procedimento é o modo pelo qual o processoanda, ou andamento do processo. Os procedimentossão comuns ou especiais, conforme sigam um pa-drão geral ou uma variante. O procedimento comumdivide-se em ordinário e sumário.

Tendo em vista que ao Poder Judiciário compete a solu-ção dos li gios que lhes são apresentados, tendo como órgãode cúpula desse poder o Supremo Tribunal Federal – STF ea Jusça Federal comum, composta dos Tribunais RegionaisFederais, dos juízes federais e dos juizados especiais paracausas cíveis de menor complexidade e infrações penais demenor potencial ofensivo e, em função de uma ação ajuizadaem um desses órgãos, e que fora solicitada uma perícia con-tábil, o juiz dirige o processo, compendo-lhe assegurar-lhe

às partes igualdade de tratamento, velar pela rápida soluçãodo li gio e prevenir ou reprimir qualquer ato contrário àdignidade da jusça (art. 125 do CPC).

Como descrito por Fúhrer (2000, p. 15 e 22),

O processo civil é um actumtrium personarum, ouseja, uma relação entre três pessoas em que um li-gante (autor) pede ao juiz que lhe reconheça oufaça valer um direito contra uma outra pessoa (réu).[...] Várias outras pessoas, porém, parcipam do pro-cesso, algumas necessariamente e outras de modofacultavo. Em primeiro lugar, teremos ao lado decada parte o seu respecvo advogado, pois ninguémpode estar em juízo sem procurador legalmente habi-litado (salvo no Juizado Especial Cível). Temos depois

os auxiliares da jusça, [...] conforme o art. 145 doCPC, onde se configura a pessoa do perito.

Normalmente, esta forma de perícia é requerida na pe-ção inicial pelos advogados que defendem as partes envol-vidas no processo, autora e ré, que solicitam provar a suaarguição por todos os meios de prova admidos em direito,conforme o art. 282 do CPC, inclusive e/ou em especial aprova pericial contábil, podendo ser requerida por uma daspartes ou ambas. O juiz decidirá pelo deferimento ou nãoda peção. Na circunstância em que nenhuma das partesrequeira a perícia e o Magistrado entender que seja ela ne-cessária para apoio da sentença, é determinada perícia deo cio.

Locais de ocorrência de perícia no processo judicial

Ressalta Morais (2000, p. 75) que

a perícia judicial pode ser demandada nas instânciasfederal e estadual. Na federal, a perícia visa à produ-ção de prova para auxiliar na resolução de conflitosentre a União ou suas endades vinculadas e os ci-dadãos e demais endades privadas.

No que concerne à perícia no âmbito da jusça estadual,ela objeva produzir prova para auxiliar na resolução de con-flitos entre estados e municípios ou suas endades vincula-das e os cidadãos e demais endades privadas. Apresenta-se,a seguir, um resumo desses locais.

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Itens Instância Estadual Exemplos de fatos geradores

1. Nas Varas Cíveis Esta-duais

Anulatória; Anulação de Ato Jurídico; Apuração de Haveres; Avaliação de Patrimônio In-corporado; Busca e Apreensão; Cobrança; Consignação de Pagamentos; Cambiais – açõesCambiárias – notas promissórias; Cautelar Inominada; Compensação de créditos; Consig-nação de depósito para pagamentos; Declaratórias; Desapropriação de bens; Despejo;Dissolução de sociedades; Resolução de sociedades empresárias e simples; Exclusão desócios; Embargos a Execução; Esma de bens penhorados; Execução; Exibição de livros e

documentos; Extravio e dissipação de bens; Falta da entrega de mercadorias; Fundo deComércio ou empresarial; Impugnação de Créditosfiscais; Indenização por perdas e danos;Execuçãofiscal; Liquidação de sociedades empresárias e simples; Lucros Cessantes; Medidascautelares; Monitória; Ordinária de Cobrança; Prestação de contas; Produção Antecipadade Provas; Repeção de Indébitos; Rescisória; Revisional.

2. Nas Varas Criminais Crimes contra a ordem econômica e tributária; Fraudes e vícios contábeis; Crimes falimen-tares; Lavagem de dinheiro e sonegação.

3. Nas Varas de Falênciae Recuperação Judicial

Recuperação Judicial Prevenva e Suspensiva; Falências; Impugnação de Créditos falimen-tares.

4. Nas Varas de Família Avaliações patrimoniais, inventários; Avaliações de pensões alimen cias; Prestação decontas de inventariantes; Divórcios e Separação de Corpos; prestação de contas em geral.

5. Instância Federal (naJusça Federal)

Execução fiscal (INSS, FGTS, Imposto de Rendas e tributos federais em geral); revisão definanciamentos do Sistema Financeiro Habitacional – SFH e ações que envolvem a União.

6. Nas Varas da Fazenda

Pública Estadual e Mu-nicipal

Perícias envolvendo os tributos estaduais e municipais, como ICMS, ISS, IPTU, ITBI.

7. Jusça do Trabalho Indenizatórias em geral, envolvendo empregados e patrões.

8. Nas Varas de Precató-rias

As execuções para a cobrança de dívidas da Fazenda Pública (União, Estados, Município,Autarquias e Fundações de Direito Público).

Com ofito de auxiliar a pesquisa,abordaremos de formasucinta a perícia semijudicial, que, segundo Alberto (2002,p. 53-54),

é aquela realizada dentro do aparato instucionaldo Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendocomo finalidade principal ser meio de prova nos or-denamentos instucionais usuários. Esta espécie deperícia subdivide-se, segundo o aparato estatal atu-ante, em policial (nos inquéritos), parlamentar (nascomissões Parlamentares de Inquérito ou especiais),e administravo-tributária (na esfera da administra-ção pública tributária ou conselhos de contribuintes).

Quando for necessário o trabalho de um perito especia-lizado, não havendo, nos órgãos públicos, especialistas namatéria, esses serão solicitados pela comissão. Deveria sermediante licitação, mas, dada à urgência em alguns casos, issonão ocorre, e devem ser observados os critérios já existentes.

Função da perícia nas invesgações cíveis e criminaisdo Ministério Público

A função da perícia nas invesgações cíveis e criminais do

Ministério Público também é de prova pericial, que consiste,segundo o art. 420 do CPC, em exame, vistoria ou avaliaçãodos fatos; o exame e análise de documentos, livros, informa-ções e testes e a busca por informações sobre o objeto oufato relacionado à perícia. A vistoria e a diligência objevam averificação e a constatação de situação, coisa ou fato de formacircunstancial. Avaliação e o ato de estabelecer os valores decoisas, bens e direitos é o ato de mensurar as consequências.

Destarte, a perícia nas invesgações cíveis e criminais,segundo o CPC e o CPP, é a realização de diligências paradirimir dúvida sobre ponto relevante controverdo ou apu-ração de fatos. “O exame de corpo de delito é indispensávelquando a infração deixar ves gios, mesmo que o acusadotenha confesso o crime.” Mostra que mesmo o autor confes-sando o crime é necessária a perícia, com vistas da garana

cons

tucional do contraditório e da ampla defesa.

Assim, serviço pericial apresenta o seu ciclo básico que seinicia com o pedido de provas pelas partes, pelo MinistérioPúblico e/ou determinada de o cio pelo Magistrado.

Igualmente visto nos quadros de servidores efevos doMinistério Público, existe o cargo de perito. Este profissio-nal, que atua na área de conhecimento, realiza as períciasrequisitadas pelo órgão, no entanto, a parte contrária pode-rá ao mesmo tempo contratar seu perito, denominado de

assistente técnico, com o fito de acompanhar e contrapor aperícia realizada pelo MP.Como exemplo de atuação dos peritos do Ministério Pú-

blico, trazemos o nociário publicado pelo portal G1.globo.com, vejamos:

Perito do Ministério Público faz visita técnica naBR-251Objetivo é diagnosticar pontos que podem serconsiderados crí cos na via.Dados serão entregues à Procuradoria da República.

Valdivan Veloso, do G1 Grande Minas

Perito verificou e fotografou pontos que podem ser considera-dos crí cos na rodovia. (Foto: Valdivan Veloso / G1)

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O Ministério Público Federal enviou na tarde destaquinta-feira (9) um técnico perito à BR-251 para re-alizar uma inspeção no trecho que liga Montes Cla-ros a Salinas, no Norte de Minas Gerais.Durante a visita, o perito José Aléx Santana fotografoupontos que podem ser considerados crí cos na ro-dovia. Os dados levantados durante a inspeção serãoentregues à Procuradoria da República. “Todos osestudos técnicos fazem parte de um processo. Nocaso do Ministério Público é um processo de olhar seexiste algum dano para a cidadania e ver quepo demelhorias podem ser feitas”, afirma o perito. 

Segundo o Dnit, passam cerca de oito mil veículos diariamentepela BR-251. (Foto: Valdivan Veloso / G1)

A BR-251 é considerada uma das mais importantesvias do complexo rodoviário do país. Segundo o DNIT,trafegam diariamente cerca de oito mil veículos. Oalto número de veículos somado às más condiçõesda via tornam o trânsito na rodovia extremamenteperigoso. “Toda ligação Norte-Sul é feita por aqui. Po-rém, esta é uma BR que está esquecida, e precisando

de manutenção”, afirma Silvana dos Anjos Pereira, daPolícia Rodoviária Federal.Segundo a PRF, os acidentes registrados entre 2008 e2012 deixaram 1.589 feridos e 194 mortos. Somenteem 2013, em 84 acidentes são 99 feridos e 11 ví masfatais. Motoristas que passam pela rodovia cobrammelhorias. “A BR está muito esburacada, ela não su-porta o trânsito que tem. É uma BR anga que nuncateve uma reforma nem criou uma terceira faixa. Dámuito medo passar por aqui”, afirma o motoristaAntônio Luiz Brant.

Outro exemplo de perícia requisitada pelo MP:

O Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR)

enviou o cio à 3ª Câmara de Coordenação e Revi-são da Procuradoria-Geral da República para solicitarperícia técnica de telecomunicação, com o objevode apurar a qualidade dos serviços oferecidos porcada operadora de telefonia móvel que atuam nosmunicípios do Estado.Conforme detalhado no documento, a perícia técnicatem a finalidade de apurar, de forma individualiza-da, as áreas com cobertura de telefonia móvel queestejam sem sinal ou com sinal deficiente, a quedafrequente de ligações telefônicas, a má prestação natransmissão de dados e a impossibilidade de efetuarchamadas mesmo com o sinal funcionando.De acordo com o procurador Regional dos Direitosdo Cidadão, Gustavo Kenner Alcântara, a perícia é

necessária para instruir o Inquérito Civil Público (ICP)instaurado na Procuradoria da República em Rorai-ma, em 2010, movado por um abaixo-assinado dosmoradores do município de Cantá – relatando sobrea falta de cobertura do sinal de telefonia –, e tam-bém pelas constantes falhas divulgadas por meio daimprensa local.Após relatório da 3ª Câmara e análise das ações doplano de melhorias de serviços apresentado pelasoperadoras, o procurador pretende definir um acordocom as empresas de telefonia para tentar resolver osproblemas extrajudicialmente. No entanto, caso asprestadoras não apresentem soluções sasfatóriaspara curto ou médio prazo, é possível a judicializa-ção do caso para obrigar as empresas a oferecer umserviço de maior qualidade.“A telefonia móvel é um serviço público, sob conces-são da União, e deve sasfazer as condições de regu-laridade, connuidade, eficiência, segurança e atua-lidade”, ponderou o procurador Gustavo Alcântara.Fonte: ASCOM do MPF/RR.

O perito criminal em sendo estrito é o servidor público,policial ou não, pertencente aos quadros dos Instutos deCriminalísca, dos Instutos de Perícias e dos órgãos de Po-lícia Cien fica, MP e afins, que está devidamente invesdo,por concurso público, nos cargos de nível superior elencadosna Lei nº 12.030/2009. O perito criminal está a serviço da jusça, especializado em encontrar ou proporcionar a cha-mada prova técnica ou prova pericial, mediante a análisecien fica de ves gios produzidos e deixados na práca dedelitos. As avidades periciais são classificadas como de gran-de complexidade, em razão da responsabilidade e formaçãoespecializada revesdas no cargo.

O perito oficial, agindo por requisição da autoridade ju-dicial, pelo Ministério Público ou pela autoridade policial,estuda o fato criminoso – ex.: corpo (ou objeto envolvidono delito), refaz o mecanismo do crime (para saber o queocorreu), examina o local onde ocorreu o delito e efetuaexames laboratoriais, entre outras coisas. O perito criminaltem autonomia garanda pela Lei nº 12.030, não havendosubordinação funcional ou técnica deste perito para com aautoridade requisitante. À semelhança dos magistrados, operito age tão somente quando provocado.

Em vários Estados, os Instutos de Perícias e de Crimina-lísca, órgãos onde estão lotados os peritos criminais, nãofazem mais parte da estrutura da Polícia Civil. Nessas locali-dades, a Criminalísca tem estrutura administrava própria.Esse quadro de total independência da Criminalísca vem seestabelecendo em muitos desses estados durante as úlmasdécadas, numa clara tendência de assegurar a autonomia

pericial, em todos os sendos, tornando-a independente dapotencial ingerência da autoridade policial, em casos de abu-so. Essa posição vai ao encontro do estabelecido no Decretonº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que aprova o ProgramaNacional de Direitos Humanos, e que prevê como um de seusobjevos estratégicos, no âmbito do Ministério da Jusça, aproposição de projeto de lei para proporcionar autonomiaadministrava e funcional dos órgãos periciais federais.

Meios de Prova Aceitos no Processo Civil e noProcesso Penal

O Código Processual Civil, no Capítulo VI, determina asprovas admidas em direito. Para fins didácos, a seguirtranscrevemos a letra da lei, no entanto, para maiores ex-

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planações sobre este assunto, orientamos os leitores a pes-quisarem diretamente no CPC, vejamos:

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moral-mente legí mos, ainda que não especificados nesteCódigo, são hábeis para provar a verdade dos fatos,em que se funda a ação ou a defesa.Art. 333. O ônus da prova incumbe:I – ao autor, quanto ao fato constuvo do seu direito;II – ao réu, quanto à existência de fato impedivo,modificavo ou exnvo do direito do autor.Parágrafo único. É nula a convenção que distribui demaneira diversa o ônus da prova quando:I – recair sobre direito indisponível da parte;II – tornar excessivamente di cil a uma parte o exer-cício do direito.Art. 334. Não dependem de prova os fatos:I – notórios;II – afirmados por uma parte e confessados pela partecontrária;III – admidos, no processo, como incontroversos;IV – em cujo favor milita presunção legal de existência

ou de veracidade.Art. 335. Em falta de normas jurídicas parculares,o juiz aplicará as regras de experiência comum sub-ministradas pela observação do que ordinariamenteacontece e ainda as regras da experiência técnica,ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, asprovas devem ser produzidas em audiência.Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha,por enfermidade, ou por outro movo relevante, es-ver impossibilitada de comparecer à audiência, masnão de prestar depoimento, o juiz designará, confor-me as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, esta-dual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o

teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória sus-penderão o processo, no caso previsto na alínea bdo inciso IV do art. 265 desta Lei, quando, tendo sidorequeridas antes da decisão de saneamento, a provanelas solicitada apresentar-se imprescindível. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.280, de 2006)Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória,não devolvidas dentro do prazo ou concedidas semefeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos atéo julgamento final.Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborarcom o Poder Judiciário para o descobrimento daverdade.Art. 340. Além dos deveres enumerados no art. 14,

compete à parte:I – comparecer em juízo, respondendo ao que lhefor interrogado;II – submeter-se à inspeção judicial, que for julgadanecessária;III – pracar o ato que lhe for determinado.Art. 341. Compete ao terceiro, em relação a qualquerpleito:I – informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, deque tenha conhecimento;II – exibir coisa ou documento, que esteja em seupoder.Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verda-de de um fato, contrário ao seu interesse e favorávelao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.

Art. 349. A confissão judicial pode ser espontâneaou provocada. Da confissão espontânea, tanto querequerida pela parte, se lavrará o respecvo termonos autos; a confissão provocada constará do depoi-mento pessoal prestado pela parte.Parágrafo único. A confissão espontânea pode serfeita pela própria parte, ou por mandatário com po-deres especiais.Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o con-fitente, não prejudicando, todavia, os lisconsortes.Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bensimóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissãode um cônjuge não valerá sem a do outro.Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relavos a direitos indisponíveis.Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, doloou coação, pode ser revogada:I – por ação anulatória, se pendente o processo emque foi feita;II – por ação rescisória, depois de transitada em julga-do a sentença, da qual constuir o único fundamento.Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de pro-por a ação, nos casos de que trata este argo; mas,

uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito àparte ou a quem a represente, tem a mesma eficáciaprobatória da judicial; feita a terceiro, ou conda emtestamento, será livremente apreciada pelo juiz.Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmen-te, só terá eficácia nos casos em que a lei não exijaprova literal.Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, nãopodendo a parte, que a quiser invocar como prova,aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la noque lhe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quandoo confitente lhe aduzir fatos novos, susce veis deconstuir fundamento de defesa de direito materialou de reconvenção.

Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba docu-mento ou coisa, que se ache em seu poder.Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:I – a individuação, tão completa quanto possível, dodocumento ou da coisa;II – a finalidade da prova, indicando os fatos que serelacionam com o documento ou a coisa;III – as circunstâncias em que se funda o requerentepara afirmar que o documento ou a coisa existe e seacha em poder da parte contrária.Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco)dias subsequentes à sua inmação. Se afirmar quenão possui o documento ou a coisa, o juiz permiráque o requerente prove, por qualquer meio, que adeclaração não corresponde à verdade.

Art. 358. O juiz não admirá a recusa:I – se o requerido ver obrigação legal de exibir;II – se o requerido aludiu ao documento ou à coisa,no processo, com o intuito de constuir prova;III – se o documento, por seu conteúdo, for comumàs partes.Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admirá comoverdadeiros os fatos que, por meio do documentoou da coisa, a parte pretendia provar:I – se o requerido não efetuar a exibição, nemfizerqualquer declaração no prazo do art. 357;II – se a recusa for havida por ilegí ma.Art. 360. Quando o documento ou a coisa esverem poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo pararesponder no prazo de 10 (dez) dias.

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Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, oua posse do documento ou da coisa, o juiz designaráaudiência especial, tomando-lhe o depoimento, bemcomo o das partes e, se necessário, de testemunhas;em seguida proferirá a sentença.Art. 362. Se o terceiro, sem justo movo, se recusara efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que procedaao respecvo depósito em cartório ou noutro lugardesignado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo aorequerente que o embolse das despesas que ver;se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirámandado de apreensão, requisitando, se necessário,força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidadepor crime de desobediência.Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir,em juízo, o documento ou a coisa:  (Redação dada

 pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)I – se concernente a negócios da própria vida da famí-lia; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)II – se a sua apresentação puder violar dever de hon-ra; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)III – se a publicidade do documento redundar em

desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seusparentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau;ou lhes representar perigo de ação penal; (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)IV – se a exibição acarretar a divulgação de fatos, acujo respeito, por estado ou profissão, devam guar-dar segredo;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º/10/1973)V – se subsisrem outros movos graves que, se-gundo o prudente arbítrio do juiz, jusfiquem a re-cusa da exibição. (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º/10/1973)Parágrafo único. Se os movos de que tratam osincisos I a V disserem respeito só a uma parte doconteúdo do documento, da outra se extrairá uma

suma para ser apresentada em juízo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)Art. 364. O documento público faz prova não só dasua formação, mas também dos fatos que o escrivão,o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreramem sua presença.Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais:I – as cerdões textuais de qualquer peça dos autos,do protocolo das audiências, ou de outro livro a car-go do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob suavigilância e por ele subscritas;II – os traslados e as cerdões extraídas por oficialpúblico, de instrumentos ou documentos lançadosem suas notas;III – as reproduções dos documentos públicos, desde

que autencadas por oficial público ou conferidas emcartório, com os respecvos originais.IV – as cópias reprográficas de peças do próprioprocesso judicial declaradas autêncas pelo próprioadvogado sob sua responsabilidade pessoal, se nãolhes for impugnada a autencidade. (Incluído pelaLei nº 11.382, de 2006)V – os extratos digitais de bancos de dados, públicose privados, desde que atestado pelo seu emitente,sob as penas da lei, que as informações conferemcom o que consta na origem; (Incluído pela Lei nº11.419, de 2006)VI – as reproduções digitalizadas de qualquer docu-mento, público ou parcular, quando juntados aosautos pelos órgãos da Jusça e seus auxiliares, pelo

Ministério Público e seus auxiliares, pelas procura-dorias, pelas reparções públicas em geral e por ad-vogados públicos ou privados, ressalvada a alegaçãomovada e fundamentada de adulteração antes oudurante o processo de digitalização. (Incluído pela Leinº 11.419, de 2006).§ 1º Os originais dos documentos digitalizados, men-cionados no inciso VI do caput deste argo, deverãoser preservados pelo seu detentor até ofinal do prazopara interposição de ação rescisória. (Incluído pelaLei nº 11.419, de 2006).§ 2º Tratando-se de cópia digital de  tulo execuvoextrajudicial ou outro documento relevante à ins-trução do processo, o juiz poderá determinar o seudepósito em cartório ou secretaria. (Incluído pela Leinº 11.419, de 2006).Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância doato, o instrumento público, nenhuma outra prova,por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.Art. 367. O documento, feito por oficial público in-competente, ou sem a observância das formalidadeslegais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma

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cácia probatória do documento par

cular.Art. 368. As declarações constantes do documentoparcular, escrito e assinado, ou somente assinado,presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.Parágrafo único. Quando, todavia, conver decla-ração de ciência, relava a determinado fato, o do-cumento parcular prova a declaração, mas não ofato declarado, compendo ao interessado em suaveracidade o ônus de provar o fato.Art. 369. Reputa-se autênco o documento, quando otabelião reconhecer afirma do signatário, declarandoque foi aposta em sua presença.Art. 370. A data do documento parcular, quando aseu respeito surgir dúvida ou impugnação entre osligantes, provar-se-á por todos os meios de direito.

Mas, em relação a terceiros, considerar-se-á datadoo documento parcular:I – no dia em que foi registrado;II – desde a morte de algum dos signatários;III – a parr da impossibilidade  sica, que sobreveioa qualquer dos signatários;IV – da sua apresentação em reparção pública ouem juízo;V – do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, aanterioridade da formação do documento.Art. 371. Reputa-se autor do documento parcular:I – aquele que o fez e o assinou;II – aquele, por conta de quem foi feito, estando as-sinado;III – aquele que, mandando compô-lo, não ofirmou,

porque, conforme a experiência comum, não secostuma assinar, como livros comerciais e assentosdoméscos.Art. 372. Compete à parte, contra quem foi produzidodocumento parcular, alegar no prazo estabelecidono art. 390, se lhe admite ou não a autencidade daassinatura e a veracidade do contexto; presumindo--se, com o silêncio, que o tem por verdadeiro.Parágrafo único. Cessa, todavia, a eficácia da admis-são expressa ou tácita, se o documento houver sidoobdo por erro, dolo ou coação.Art. 373. Ressalvado o disposto no parágrafo únicodo argo anterior, o documento parcular, de cujaautencidade se não duvida, prova que o seu autorfez a declaração, que lhe é atribuída.

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Parágrafo único. O documento parcular, admidoexpressa ou tacitamente, é indivisível, sendo defesoà parte, que pretende ulizar-se dele, aceitar os fatosque lhe são favoráveis e recusar os que são contráriosao seu interesse, salvo se provar que estes se nãoverificaram.Art. 374. O telegrama, o radiograma ou qualquer ou-tro meio de transmissão tem a mesma força probató-

ria do documento parcular, se o original constanteda estação expedidora foi assinado pelo remetente.Parágrafo único. Afirma do remetente poderá ser re-conhecida pelo tabelião, declarando-se essa circuns-tância no original depositado na estação expedidora.Art. 375. O telegrama ou o radiograma presume-seconforme com o original, provando a data de suaexpedição e do recebimento pelo desnatário. (Re-dação dada pela Lei nº 5.925, de 1º/10/1973)Art. 376. As cartas, bem como os registros domés-cos, provam contra quem os escreveu quando:I – enunciam o recebimento de um crédito;II – contêm anotação, que visa a suprir a falta de tuloem favor de quem é apontado como credor;III – expressam conhecimento de fatos para os quais

não se exija determinada prova.Art. 377. A nota escrita pelo credor em qualquer partede documento representavo de obrigação, aindaque não assinada, faz prova em bene cio do devedor.Parágrafo único. Aplica-se esta regra tanto para odocumento, que o credor conservar em seu poder,como para aquele que se achar em poder do devedor.Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seuautor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar,por todos os meios permidos em direito, que oslançamentos não correspondem à verdade dos fatos.Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os re-quisitos exigidos por lei, provam também a favor doseu autor no li gio entre comerciantes.Art. 380. A escrituração contábil é indivisível: se dos

fatos que resultam dos lançamentos, uns são favo-ráveis ao interesse de seu autor e outros lhe sãocontrários, ambos serão considerados em conjuntocomo unidade.Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento daparte, a exibição integral dos livros comerciais e dosdocumentos do arquivo:I – na liquidação de sociedade;II – na sucessão por morte de sócio;III – quando e como determinar a lei.Art. 382. O juiz pode, de o cio, ordenar à parte aexibição parcial dos livros e documentos, extraindo--se deles a suma que interessar ao li gio, bem comoreproduções autencadas.Art. 383. Qualquer reprodução mecânica, como a fo-

tográfica, cinematográfica, fonográfica ou de outraespécie, faz prova dos fatos ou das coisas representa-das, se aquele contra quem foi produzida lhe admira conformidade.Parágrafo único. Impugnada a autencidade da re-produção mecânica, o juiz ordenará a realização deexame pericial.Art. 384. As reproduções fotográficas ou obdas poroutros processos de repeção, dos documentos par-culares, valem como cerdões, sempre que o escrivãoportar por fé a sua conformidade com o original.Art. 385. A cópia de documento parcular tem omesmo valor probante que o original, cabendo aoescrivão, inmadas as partes, proceder à conferênciae cerficar a conformidade entre a cópia e o original.

§ 1º Quando se tratar de fotografia, esta terá de seracompanhada do respecvo negavo.§ 2º Se a prova for uma fotografia publicada em jor-nal, exigir-se-ão o original e o negavo.Art. 386. O juiz apreciará livremente a fé que devamerecer o documento, quando em ponto substanciale sem ressalva conver entrelinha, emenda, borrãoou cancelamento.

Art. 387. Cessa a fé do documento, público ou par-cular, sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade.Parágrafo único. A falsidade consiste:I – em formar documento não verdadeiro;II – em alterar documento verdadeiro.Art. 388. Cessa a fé do documento parcular quando:I – lhe for contestada a assinatura e enquanto não selhe comprovar a veracidade;II – assinado em branco, for abusivamente preen-chido.Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele, querecebeu documento assinado, com texto não escritono todo ou em parte, o formar ou o completar, por siou por meio de outrem, violando o pacto feito como signatário.

Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando:I – se tratar de falsidade de documento, à parte quea arguir;II – se tratar de contestação de assinatura, à parteque produziu o documento.

Subseção IIDa Arguição de Falsidade

Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qual-quer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte,contra quem foi produzido o documento, suscitá-lona contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contadosda inmação da sua juntada aos autos.Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de

encerrada a instrução, a parte o arguirá de falso, empeção dirigida ao juiz da causa, expondo os movosem que funda a sua pretensão e os meios com queprovará o alegado.Art. 392. Inmada a parte, que produziu o docu-mento, a responder no prazo de 10 (dez) dias, o juizordenará o exame pericial.Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial,se a parte, que produziu o documento, concordar emrerá-lo e a parte contrária não se opuser ao desen-tranhamento.Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidentede falsidade correrá em apenso aos autos principais;no tribunal processar-se-á perante o relator, obser-vando-se o disposto no argo antecedente.

Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsi-dade, o juiz suspenderá o processo principal.Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, de-clarará a falsidade ou autencidade do documento.

Subseção IIIDa Produção da Prova Documental

Art. 396. Compete à parte instruir a peção inicial(art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documen-tos desnados a provar-lhe as alegações.Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntaraos autos documentos novos, quando desnados a fa-zer prova de fatos ocorridos depois dos arculados, oupara contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

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Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a jun-tada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seurespeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.Art. 399. O juiz requisitará às reparções públicas emqualquer tempo ou grau de jurisdição:I – as cerdões necessárias à prova das alegaçõesdas partes;II – os procedimentos administravos nas causas emque forem interessados a União, o Estado, o Muni-cípio, ou as respecvas endades da administraçãoindireta.§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, noprazo máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, cer-dões ou reproduções fotográficas das peças indica-das pelas partes ou de o cio;findo o prazo, devolveráos autos à reparção de origem. (Renumerado pelaLei nº 11.419, de 2006).§ 2º As reparções públicas poderão fornecer todosos documentos em meio eletrônico conforme dis-posto em lei, cerficando, pelo mesmo meio, que setrata de extrato fiel do que consta em seu banco dedados ou do documento digitalizado. (Incluído pela

Lei nº 11.419, de 2006).

No que tange a prova testemunhal, o art. 400 do CPCdetermina que esta é sempre admissível não dispondo a leide modo diverso, no entanto, não podem depor como tes-temunha pessoas que estejam em situação de incapacidade,impedidas ou suspeitas.

Com relação ao caso em estudo perícia, o CPC disciplina-anos arts. 420 a 439, senão vejamos:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoriaou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I – a prova do fato não depender do conhecimentoespecial de técnico;

II – for desnecessária em vista de outras provas pro-duzidas;III – a verificação for impracável.Art. 421. O juiz nomeará o perito,fixando de imediatoo prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pelaLei nº 8.455, de 24/8/1992)§ 1º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias,contados da inmação do despacho de nomeaçãodo perito:I – indicar o assistente técnico;II – apresentar quesitos.§ 2º Quando a natureza do fato o permir, a períciapoderá consisr apenas na inquirição pelo juiz doperito e dos assistentes, por ocasião da audiênciade instrução e julgamento a respeito das coisas que

houverem informalmente examinado ou avaliado.(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o en-cargo que Ihe foi comedo, independentemente determo de compromisso. Os assistentes técnicos sãode confiança da parte, não sujeitos a impedimentoou suspeição. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de24/8/1992)Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou serrecusado por impedimento ou suspeição (art. 138,III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impug-nação, o juiz nomeará novo perito. (Redação dada

 pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Art. 424. O perito pode ser substuído quando: (Re-dação dada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)

I – carecer de conhecimento técnico ou cien fico;II – sem movo legí mo, deixar de cumprir o encargono prazo que lhe foi assinado.  (Redação dada pelaLei nº 8.455, de 24/8/1992)Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juizcomunicará a ocorrência à corporação profissionalrespecva, podendo, ainda, impor multa ao perito,fixada tendo em vista o valor da causa e o possívelprejuízo decorrente do atraso no processo. (Redaçãodada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante adiligência, quesitos suplementares. Da juntada dosquesitos aos autos dará o escrivão ciência à partecontrária.Art. 426. Compete ao juiz:I – indeferir quesitos impernentes;II – formular os que entender necessários ao escla-recimento da causa.Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quan-do as partes, na inicial e na contestação, apresenta-rem sobre as questões de fato pareceres técnicosou documentos elucidavos que considerar suficien-

tes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Art. 428. Quando a prova ver de realizar-se porcarta, poderá proceder-se à nomeação de perito eindicação de assistentes técnicos no juízo, ao qualse requisitar a perícia.Art. 429. Para o desempenho de sua função, podemo perito e os assistentes técnicos ulizar-se de todosos meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendoinformações, solicitando documentos que estejamem poder de parte ou em reparções públicas, bemcomo instruir o laudo com plantas, desenhos, foto-grafias e outras quaisquer peças.Art. 430. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Art. 431. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992))Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local

designados pelo juiz ou indicados pelo perito parater início a produção da prova. (Incluído pela Lei nº10.358, de 27/12/2001)Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, queabranja mais de uma área de conhecimento espe-cializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e aparte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído

 pela Lei nº 10.358, de 27/12/2001)Art. 432. Se o perito, por movo jusficado, nãopuder apresentar o laudo dentro do prazo, o juizconceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundoo seu prudente arbítrio.Parágrafo único.  (Revogado pela Lei nº 8.455, de24/8/1992)Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório,

no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) diasantes da audiência de instrução e julgamento. (Reda-ção dada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerãoseus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias,após inmadas as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27/12/2001)Art. 434. Quando o exame ver por objeto a au-tencidade ou a falsidade de documento, ou for denatureza médico-legal, o perito será escolhido, depreferência, entre os técnicos dos estabelecimentosoficiais especializados. O juiz autorizará a remessados autos, bem como do material sujeito a exame,ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pelaLei nº 8.952, de 13/12/1994)

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Parágrafo único. Quando o exame ver por objetoa autencidade da letra e firma, o perito poderárequisitar, para efeito de comparação, documentosexistentes em reparções públicas; na falta destes,poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem seatribuir a autoria do documento, lance em folha depapel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes,para fins de comparação.Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento doperito e do assistente técnico, requererá ao juiz quemande inmá-lo a comparecer à audiência, formulan-do desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.Parágrafo único. O perito e o assistente técnico sóestarão obrigados a prestar os esclarecimentos a quese refere este argo, quando inmados 5 (cinco) diasantes da audiência.Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial,podendo formar a sua convicção com outros elemen-tos ou fatos provados nos autos.Art. 437. O juiz poderá determinar, de o cio ou arequerimento da parte, a realização de nova perícia,quando a matéria não lhe parecer suficientemente

esclarecida.Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmosfatos sobre que recaiu a primeira e desna-se a cor-rigir eventual omissão ou inexadão dos resultadosa que esta conduziu.Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposiçõesestabelecidas para a primeira.Parágrafo único. A segunda perícia não substui aprimeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valorde uma e outra.

 No que se refereàs provas admidas no Código de Pro-

cesso Penal, o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941,disciplina-as nos seguintes moldes:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livreapreciação da prova produzida em contraditório ju-dicial, não podendo fundamentar sua decisão exclu-sivamente nos elementos informavos colhidos nainvesgação, ressalvadas as provas cautelares, nãorepe veis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº11.690, de 2008)Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pes-soas serão observadas as restrições estabelecidas nalei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem afizer, sendo, porém, facultado ao juiz de o cio:  (Re-

dação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, aprodução antecipada de provas consideradas urgen-tes e relevantes, observando a necessidade, adequa-ção e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei

nº 11.690, de 2008)II – determinar, no curso da instrução, ou antes deproferir sentença, a realização de diligências paradirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela

Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentra-nhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendi-das as obdas em violação a normas constucionaisou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadasdas ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexode causalidade entre umas e outras, ou quando asderivadas puderem ser obdas por uma fonte inde-pendente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690,

de 2008)

§ 2º Considera-se fonte independente aquela quepor si só, seguindo os trâmites  picos e de praxe,próprios da invesgação ou instrução criminal, seriacapaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído

 pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da pro-va declarada inadmissível, esta será inulizada pordecisão judicial, facultado às partes acompanhar oincidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Perito Oficial e Assistente Técnico: Conceitos eDiferenças

Incialmente, cumpre-nos esclarecer a diferença entre oPerito Oficial/Judicial e o Assistente Técnico. O  perito do juízo e o perito assistente têm funções disntas nos autos,embora devam trabalhar para o esclarecimento da verdade.A disnção de funções consiste em que o perito do juízotrabalha somente para a causa, não se importando a qualdas partes assiste a razão e sempre se reportando ao juiz.Já o perito assistente reporta-se fora dos autos à parte queo contratou e dentro dos autos ao juiz, contestando ou con-cordando com a posição do perito do juízo.

Perito do Juízo Perito Assistente

Nomeado pelo Juiz. Indicado pela parte.

Confiança do juiz. De confiança da parte.

Sujeita-se às regras de impedimento e suspeição. Não está sujeito às regras de impedimento e suspeição.A seu critério poderá ou não trabalhar em conjunto com operito assistente.

Aguardará posicionamento do perito do juiz para realizaçãode trabalho conjunto.

Emite laudo pericial – art. 433 do CPC. Emite o parecer sobre o laudo do perito do juízo – CPCart.433, parágrafo único.

Substuído por decisão do juiz. Substuído pela parte que o contratou.

Honorário homologado pelo juiz. Honorário contratado diretamente pela parte.

Compromisso com a causa, não se importando a quem as-siste a razão.

Compromisso com a causa, mas se reporta diretamente àparte que o contratou.

Com relação ao perito oficial/judicial, nos termos doart. 145 do Código de Processo Civil, quando se busca a provade um fato visam-se esclarecimentos técnico ou cien fico

dele, ou seja, conforme Magalhães e Lunkes, “a necessidadede fazer perícia se manifesta nas imperfeições” e, em fun-ção disso, o magistrado busca assistência de um profissio-

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nal qualificado na área de perícia, no caso, perícia contábil.Diante dessa necessidade, o perito oficial será nomeado,em consonância com o art. 421 do Código de Processo Civil.

O primeiro contato do perito oficial ou perito judicial comos autos ocorre após a nomeação. Inmado pelo magistradoa apresentar proposta de honorários, comparece ao cartórioda vara correspondente e pede carga dos autos.

Essa nomeação do perito é ato especí fico e indelegável domagistrado que, na função de promover a Jusça, de formaequânime e absolutamente isenta, nomeia-o para que esteproduza o laudo pericial que servirá de suporte para auxiliarna decisão do magistrado. Uma vez feita a nomeação, oex-

 pert  é comunicado por meio do cartório da vara da Jusçacorrespondente.

No período de tempo que lhe for concedida a carga dosautos, normalmente cinco dias, deve o perito estudá-los coma finalidade de inteirar-se do seu conteúdo, avaliar o graude complexidade, a extensão e tempo necessário ao desem-penho do mister para, então, planejar o trabalho pericial eesmar o valor dos honorários. Isto feito, o perito compareceao cartório da vara e devolve o processo acompanhado depeção fundamentada com o planejamento e a proposta

de honorários.É nesta fase de conhecimento dos autos que o perito deveverificar se está incurso ou não em fatos que lhe impeçamou o torne suspeito pelas partes para realizar o trabalho.

Perito do Juiz ou Perito Oficial

O perito oficial ou do juízo é um dos mais importantesauxiliares do juízo e, em muitas perícias, é imprescindívelpara a solução dos li gios. Tanto é assim que o Código deProcesso Civil contemplou este profissional dentre aquelescujas atribuições são de grande importância para auxiliar os juízes nas suas decisões. Assim se manifesta o referido códigosobre os auxiliares da Jusça:

Art. 139 São Auxiliares do juízo, além de outros, cujasatribuições são determinadas pelas normas de orga-nização judiciária, o escrivão, o oficial de jusça, operito, o depositário, o administrador e o intérprete.(Grifo nosso)

O perito do juízo é o expert  nomeado por este, que nesteato determina prazo para a produção da prova pericial ea entrega do respecvo laudo. Após a nomeação, o peritooferece proposta de honorários e planejamento para a reali-zação do trabalho pericial. A proposta então será submedaàs partes para se pronunciarem e efetuarem o depósito doshonorários, neste úlmo caso, a parte autora.

O perito é da confiança do juiz, mas a prova pericial sóserá produzida se a parte que solicitar a perícia esver de

acordo com os honorários do perito. Caso contrário, ou aperícia não será realizada ou a parte terá que depositar oshonorários mesmo que com eles não concorde, sob pena dedesistência da prova pericial.

Contudo, a perícia somente será realizada se o magistra-do esver de acordo com sua necessidade, pois, caso con-trário, poderá indeferir a peção para produção da provapericial fundamentado no que preceitua o art. 420 do Códigodo Processo Civil – CPC, conforme segue:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoriaou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I – a prova do fato não depender de conhecimentoespecial de técnico;

II – for desnecessária em vista de outras provas pro-duzidas;III – a verificação for impracável.

Se o entendimento do magistrado for no sendo de de-ferir a prova pericial, a nomeação ocorrerá na forma do art.421 do CPC:

Art. 421 O juiz nomeará o perito,fixando de imediatoo prazo para a entrega do laudo.§ 1º Incumbe às partes, dentro de cinco dias, con-tados da inmação do despacho de nomeação doperito:I – indicar o assistente técnico;II – apresentar quesitos.§ 2º Quando a natureza do fato o permir, a períciapoderá consisr apenas na inquirição pelo juiz doperito e dos assistentes, por ocasião da audiênciade instrução e julgamento a respeito das coisas quehouverem informalmente examinado ou avaliado.

É importante que o perito observe a existência ou não

dos quesitos do juiz ou das partes. Caso não haja quesitosformulados, deve ser verificado o objevo da discussão, des-de a inicial, e analisado o ato da nomeação, pois aí podemestar implícitos os quesitos ou o direcionamento que o levaráà produção da prova pericial.

Uma situação em que é frequente a inexistência de que-sitos ou a existência de uma abordagem geral substuindo oquesito ocorre em perícia de avaliação patrimonial de empre-sas. É quando os sócios dissidentes requerem saber o valorda empresa, para contestarem ou aceitarem o valor pedidopelos outros sócios.

De acordo com o § 2º do art. 421 do CPC, já transcritoanteriormente, podemos chamar de perícia informal a sim-ples inquirição do perito e dos assistentes em audiência,dispensada a apresentação de laudo escrito e fundamentado.

Contudo, embora haja essa previsão legal, a situação mais separece com um depoimento, e não com uma perícia, apesardo seu conteúdo ser tomado a termo, ou seja, ficar escritoe assinado pelos peritos. Entretanto, é bom esclarecer que,nesse po de perícia, embora o perito não execute todas asfases de uma perícia formal, como vistoria, busca de provase outros não o desobrigam de cumprir todas as formalidadesde uma perícia formal, como o comportamento éco, moral,técnico e tudo o que se espera desse profissional.

Relacionamento do Perito com a Causa

O relacionamento do perito com a causa é feito por in-termédio do processo. Não deve o perito manifestar suaopinião fora dos autos.

Com a Jusça, o relacionamento é feito por intermédio docartório (secretaria) da vara onde a causa esver tramitandoe, uma vez instalada a perícia, o processo ou os autosficamsob a guarda e responsabilidade do perito. Assim, o contatodo perito com o processo ocorrerá em duas oportunidades:a primeira para estudo preliminar, visando oferecer plane- jamento do trabalho e proposta de honorários; a segunda na instalação da perícia e que durará até a entrega do lau-do pericial. Após essas duas ocasiões, o relacionamento doperito com o processo somente ocorrerá pelo atendimentode diligências para complementação do laudo ou esclareci-mento de posicionamentos.

Havendo parcipação de peritos assistentes, estes só semanifestarão depois que o perito judicial entregar o laudoao juiz, no prazo de dez dias ou a critério do perito, duran-

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te a realização do trabalho pericial, se este entender que hánecessidade de trabalho em conjunto.

O perito, para pedir vistas dos autos ou pedir carga doprocesso antes de qualquer manifestação das partes sobresua proposta de honorários, deverá observar os arts. 134,135 e 138 do CPC. Esta observação é de suma importância,pois evitará que seja destuído do processo ou tenha querenunciar já em fase adiantada da sua execução pericial.

Assistentes Técnicos: Conceitos e Diferenças

O perito assistente, segundo o Código de Processo Ci-vil, é o profissional trabalhando pelas partes, para atuar noprocesso em defesa dos interesses do seu cliente, conformedisciplinado no art. 421, inciso I.

O perito assistente é contratado pelas partes, autorae ré, dentro do prazo processual. A função desse perito éassisr ao perito do juízo durante a elaboração do trabalhopericial e manifestar-se, se necessário, sobre o laudo pericialapresentado, podendo com ele concordar ou dele discordar.

Funções do Perito Assistente

A função principal do perito assistente é proteger o inte-resse da parte que o contratou, no sendo de que haja impar-cialidade nas conclusões do perito do juízo sobre a respostade cada quesito. Sua parcipação também está disciplinadano art. 145 do Código de Processo Civil, conforme segue:

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhe-cimento técnico ou cien fico, o juiz será assisdo porperito, segundo o disposto no art. 421.§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionaisde nível universitário, devidamente inscritos no órgãode classe competente.§ 2º Os peritos comprovarão suas especialidades namatéria sobre a qual deverão opinar, mediante cer-

dão do órgão profissional em que esverem inscritos.§ 3º Nas localidades onde não houver profissionaisqualificados que preencham os requisitos dos pará-grafos anteriores, a indicação dos peritos será de livreescolha do juiz.

Há controvérsias a respeito de o perito assistente serconsiderado perito ou não no processo. Se analisado peloconteúdo do art. 421, ficam as perguntas: o que é conside-rado perito para a lei? Somente aquele da confiança do juiz?E os outrosdos como da confiança das partes? É muito im-portante que se analise o fato pelo seguinte prisma: Uma dasfunções do perito assistente é proteger o patrimônio do seucliente, acompanhando os passos do perito oficial. Surgem aí

dois pontos importantes que merecem destaque: primeiro,emergindo desse trabalho alguma prova contrária ao laudopericial, é seu dever juntá-la aos autos e contestar o trabalhodo perito oficial, pois se sabe que aquele profissional é daconfiança da parte que o indicou e exerce o mister no inte-resse do seu cliente; segundo, existe no Judiciário brasileiro,entendimento de que o trabalho do perito assistente é igualao do advogado da parte e não queremos discordar disso,entretanto, o que se quer demonstrar é que a contestaçãodo assistente técnico por meio do seu parecer, pode trazera prova aos autos que o perito oficial não encontrou e o juiz amparado na lei, querendo, até pode decidir favoravel-mente, consubstanciado nesta prova, pois o magistrado nãoestá adstrito ao laudo oficial. Vejamos o que nos ensina oart. 427 do CPC:

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quan-do as partes, na inicial e na contestação, apresenta-rem sobre as questões de fato pareceres técnicos oudocumentos elucidavos que considerar suficientes.

O perito assistente tem o mesmo poder delegado por leiao perito oficial de diligenciar, contestar, contrariar provas,discur nos autos e até em audiência de instrução e julga-mento, o trabalho oficial do perito, e isso nos leva a afirmarque o trabalho deve ser exercido com todo o cuidado possí-vel, pois só pode executar os serviços acima quem conhecetécnica e cienficamente os fatos. Concluindo,fica claro queo perito assistente deve ser um profissional com todos osatributos e conhecimentos do perito oficial, exceto apenas noque tange ao impedimento, à suspeição e à imparcialidade.

Não nos parece salutar para o processo, nem para as par-tes, um leigo discur matérias de tão grande relevância sem,contudo, possuir conhecimento paralelo ao do perito oficial.

O papel do perito assistente se destaca no momento emque ele conhece as suas obrigações junto à parte, especial-mente a parr da inicial quando na elaboração do parecertécnico, na elaboração dos quesitos e a manifestação sobre

o laudo do perito oficial.O parecer técnico aqui tratado é tão somente a posiçãode um profissional conhecedor do assunto sobre as contro-vérsias da causa, que servirá de instrumento para que o juizdefira ou não a realização da prova pericial, como define oart. 282 do CPC.

Art. 282. A peção inicial conterá:I – (omissis).[...]VI – as provas com que o autor pretende demonstrara verdade dos fatos alegados.

É também importante que os peritos observem que de-vem comprovar sua regularidade como profissionais, ou seja,

aptos à realização do trabalho pericial, com a apresentaçãode cerdão passada pelo órgão regulador do exercício dasua profissão.

Requisitos Pessoais e Profissionais para o Cargode Perito

Primeiramente, destacamos que, para a função de pe-rito, seja ele do juízo ou das partes (assistente técnico), éimprescindível que o profissional seja bacharel, ou seja, te-nha nível superior, com o devido registro no órgão de classecompetente.

As qualidades e as responsabilidades pessoais que o peri-to deve ter para obter êxito na profissão estão elencadas nos

códigos de écas das diferentes profissões, normas essas edi-tadas comumente pelos Conselhos de Classe. Dentre essesrequisitos, destacamos que a éca, a moral e os valores sãoas bases para a perícia representar a realidade dos fatos. Olaudo pericial tem de ser escrito sob as linhas retas da éca.

A honesdade tem que ser um bem que o perito jamaiscolocará à venda ou em negociação. Deveria ser uma prácacomum a todos, mas não é, infelizmente. Morais e França(2004, p. 32) ressaltam sobre a jusça e o senso de ser justode forma bem clara, vejamos:

Se uma prova for abandonada ou esquecida ou nãovista pelo perito, certamente será o primeiro passopara este profissional cometer injusça. Falha esta

que poderá chegar ao processo decisório.

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É indispensável ao perito pracar jusça em tudo oque faz, principalmente nas lides e disputas judiciaisou extrajudiciais, não importa. A jusça é qualidadeinerente ao senmento de respeito ao trabalho peri-cial. É também na justeza do seu trabalho que o juizou julgador se alicerça para não cometer injusças[...].

O perito tem que ser corajoso para fazer o que tem queser feito. As diligências corretas e necessárias para se chegarà essência dos fatos, geralmente, não são de fácil acesso,principalmente se depender das partes contrárias. O peritotem de estar convicto do seu trabalho para apresentar umlaudo puro e íntegro.

O respeito pela causa, pelas partes, pelos assistentes, serrespeitador poderá ser decisivo para o sucesso da perícia,assim como ser tolerante, não se deixando levar pela ansie-dade, aflições e a preocupação com os prazos, esquecendoda humanidade para com os outros. Outra qualidade pessoaldo perito é a perspicácia, pois ele ficará diante de situaçõesem que as partes podem faltar com a verdade, tentar burlaros fatos e, até mesmo, tentar influenciar o perito a seu favor

por meio de gestos, palavras e a

tudes.O Código Processual Civil e o Processual Penal, assimcomo as resoluções emidas pelos conselhos de cada clas-se, regulamentam os requisitos profissionais para o peritoexecutar a perícia. A seguir a transcrição segundo o CPC:

Art. 145. Quando a prova do fato depender de co-nhecimento técnico ou cien fico, o juiz será assisdopor perito, [...]§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionaisde nível universitário, devidamente inscritos no órgãode classe competente, [...]§ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade namatéria sobre que deverão opinar, mediante cerdãodo órgão profissional em que esverem inscritos.

§ 3º Nas localidades onde não houver profissionaisqualificados que preencham os requisitos dos pará-grafos anteriores, a indicação dos peritos será de livreescolha do juiz.

O Código Processual Penal também define os requisitospara o perito:

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perí-cias serão realizados por perito oficial, portador dediploma de curso superior.§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será reali-zado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras dediploma de curso superior preferencialmente na áreaespecí fica, dentre as queverem habilitação técnica

relacionada com a natureza do exame.

Com relação às habilidades e competências profissionaisque os peritos devem possuir, comumente os Conselhos deClasse assim determinam:

Competência técnico-cien fica pressupõe ao perito man-ter adequado nível de conhecimento da ciência pesquisada,das Normas Brasileiras, das técnicas, da legislação anentesa profissão e aquelas aplicáveis à avidade pericial, atuali-zando-se, permanentemente, mediante programas de capa-citação, treinamento, educação connuada e especialização.Para tanto, deve demonstrar capacidade para:

a) pesquisar, examinar, analisar, sintezar e fundamen-tar a prova no laudo pericial contábil e no parecer pericialcontábil;

b) realizar seus trabalhos com a observância da equidadesignifica que o perito-contador e o perito-contador assistentedevem atuar com igualdade de direitos, adotando os precei-tos legais, inerentes à profissão contábil;

c) comprovar sua habilitação profissional por intermédioda Declaração de Habilitação Profissional expedida pelo seuórgão de classe (Conselho).

O espírito de solidariedade do perito não induz nem jus-fica a parcipação ou a conivência com erros ou atos infrin-gentes às normas profissionais, técnicas e écas que regemo exercício da profissão, devendo estar vinculado à buscada verdade fáca, a fim de esclarecer o objeto da perícia deforma técnica-cien fica e o perito-contador assistente parasubsidiar na defesa da parte que o indicou.

A nomeação, a contratação e a escolha do perito para oexercício da função de expert , em processo judicial, extra- judicial e arbitral devem ser consideradas como disnçãoe reconhecimento da capacidade e honorabilidade do pro-fissional, devendo este escusar-se do encargo sempre quereconhecer não ter competência técnica ou não dispor deestrutura profissional para desenvolvê-lo, podendo ulizar

o serviço de especialistas de outras áreas, quando parte doobjeto da perícia assim o requerer.

A indicação ou a contratação para o exercício da atri-buição de perito-assistente, em processo extrajudicial, de-vem ser consideradas como disnção e reconhecimento dacapacidade e da honorabilidade do profissional, devendoeste recusar os serviços sempre que reconhecer não estarcapacitado a desenvolvê-los, contemplada a ulização deserviços de especialistas de outras áreas, quando parte doobjeto do seu trabalho assim o requerer.

A ulização de serviços de especialista de outras áreas,quando parte do objeto da perícia assim o requerer, não im-plica presunção de incapacidade do perito, devendo tal fatoser, formalmente, relatado no laudo pericial ou no parecerpericial contábil para conhecimento do julgador, das partesou dos contratantes.

A indicação ou a contratação de assistente técnico daspartes ocorre quando a parte ou contratante desejar serassisda por outro profissional da mesma área do conheci-mento, ou comprovar algo que dependa de conhecimentotécnico-cien fico, razão pela qual o profissional só deve acei-tar o encargo se reconhecer estar capacitado com conheci-mento suficiente, discernimento e irrestrita independênciapara a realização do trabalho.

Em suma, temos que as qualidades inerentes ao perito,seja ele oficial/judicial ou assistente técnico da parte, são:

Éca e Moral

Esses termos possuem origem emológica disnta. Apalavra “éca” vem do grego ethos, que significa “modo deser” ou “caráter”. A expressão “moral” tem origem no termolano morales, que significa “relavo aos costumes”.

Éca é um conjunto de conhecimentos extraídos dainvesgação do comportamento humano ao tentarexplicar as regras morais de forma racional, funda-mentada, cien fica e teórica. É uma reflexão sobrea moral.Moral é o conjunto de regras aplicadas no codiano eusadas connuamente por cada cidadão. Essas regrasorientam cada indivíduo, norteando as suas ações eos seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral,

certo ou errado, bom ou mau.

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Deste modo, a responsabilidade éca do perito decorreda necessidade do cumprimento dos princípios écos, emespecial os estabelecidos no Código de Éca Profissional doContabilista e outras normas que cuidam deste tema.

Deve recusar trabalhos em que a parte solicita ao pro-fissional que falseie a verdade. Lembramos que o art. 147do CPC e os arts. 342 e 343 do CPP impõem penalidadesaos peritos que faltarem, calarem ou falsearem a verdade.

Honesdade

Refere-se à qualidade de ser verdadeiro; não menr,não fraudar, não enganar. A honesdade é a honra, umaqualidade da pessoa, ou de uma instuição, significa falar averdade, não omir, não dissimular, não querer levar van-tagem em tudo.

Honesdade, de maneira explícita, é a obediência incon-dicional às regras morais existentes.

Jusça

Este termo vem do lam e significa respeito à igualdade

de todos os cidadãos. É o princípio básico de um que tem oobjevo de manter a ordem social por meio da preservaçãodos direitos em sua forma legal. É um termo abstrato quedesigna o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação oudo seu direito por ser maior em virtude moral ou material.

O perito deve estar imbuído no espírito de jusça, ouseja, auxiliar o Judiciário a fazer jusça e “dar a cada um oque é seu”.

Imparcialidade

O perito-contador, no desempenho de suas funções, devepropugnar pela imparcialidade, dispensando igualdade detratamento às partes e especialmente aos perito-contadoresassistentes. Não se considera parcialidade, entre outros, osseguintes:

• atender a uma das partes ou assistente técnico, desdeque se assegure igualdade de oportunidade à outraparte, quando solicitado;

• trabalho técnico-cien fico anteriormente publicadopelo perito-contador que verse sobre o tema objetoda perícia.

Deste modo, cumpre ao perito-contador no exercício deseu o cio atuar com independência.

Tolerância

Este termo vem do lam tolerare, que significa “supor-

tar”, “aturar”. A tolerância é o ato de indulgência perante algoque não se quer ou que não se pode impedir, sendo atudefundamental para quem vive em sociedade.

Uma pessoa tolerante normalmente aceita diferentesopiniões ou comportamentos disntos. Portanto, o peritodeve ser tolerante ao ponto de aceitar opiniões diferentesdaquela empregada por ele no seu encargo.

Respeito

A transparência e o respeito recíproco entre o peritooficial/judicial, o assistente técnico da parte, os represen-tantes das partes, o juízo da causa, o MP etc. pressupõemtratamento impessoal, restringindo os trabalhos, exclusiva-mente, ao conteúdo técnico-cien fico.

Assim, data venia é uma expressão lana que significa“dada a licença” ou “dada a permissão”. É uma forma educa-da e polida de iniciar uma frase de discordância sobre o quedisse ou escreveu o interlocutor. A expressão corresponde adizer “com o devido respeito” ou “com a devida vênia” paraargumentar contra o posicionamento de outrem.

Para enfazar a pretensão, também é usada a expressãodata maxima venia, na qual o termo maxima tem a funçãode intensificar a expressão.

Discrição

Trata-se da qualidade daquele que é discreto; não é rarodepararmos com a seguinte expressão: “a discrição é a mãoda virtude”. Significa dizer que, no exercício de seu o cio,o perito deve guardar segredo sobre o trabalho que estárealizando e, por consequência, das partes envolvidas.

Perspicácia

Perspicácia é sinônimo de sagacidade, cujo significadoalude a alguém dotado de sagacidade, perspicácia oufinura.

Uma pessoa perspicaz caracteriza-se por ter alguma agilida-de de espírito e facilidade de compreensão. Deste modo, operito deve possuir a qualidade de compreensão rápida dasituação envolvida.

Competência

A palavra exper  se tem origem francesa que significa“experiência”, “especialização”. Versa no conjunto de ha-bilidades e conhecimentos de uma pessoa, de um sistemaou tecnologia. Logo, e xper  se é o conhecimento adquiridocom base na pesquisa de um assunto e a capacidade deaplicar tal conhecimento, resultando em experiência, prácae disnção naquele ramo de atuação. Está relacionada comas capacidades e competência para executar algo. No caso

em tela, o resultado de uma avaliação ou perícia feita porum expert também se denomina exper  se.

Neste giro, e xpert  é uma pessoa que se torna especialistaem determinada área, destacando-se pela sua destreza ecompetência na execução de um trabalho. Um expert é umperito. É alguém com muita experiência e práca, e, porisso, considerado apto a dar o seu parecer com base nosseus conhecimentos.

Diligente e Zelo

Diligente e zelo são sinônimos. Uma pessoa diligente secaracteriza por ser cuidadosa, escrupulosa e solícita.

Refere-se ao cuidado que o perito deve dispensar naexecução de suas tarefas, em relação a sua conduta, docu-

mentos, prazos, tratamento dispensado às autoridades, aosintegrantes da lide e aos demais profissionais, de forma quesua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado a bom termoe, consequentemente, o laudo pericial contábil e o parecerpericial contábil dignos de fé pública.

Desse modo, podemos afirmar que o perito é diligentequando verifica que os documentos que fazem parte dosautos do processo são insuficientes para a realização da provapericial. Assim, mediante o Termo de Diligência (TD), solicitadocumentos, coisas, dados, ou quaisquer outras informaçõesnecessárias à elaboração do Laudo ou Parecer Pericial.

Frisa-se que o TD deve ser redigido pelo próprio perito,ser apresentado diretamente à parte, ao seu procurador, ouao terceiro, por qualquer meio escrito que se possa docu-mentar a sua entrega, contendo minunciosamente o rol de

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documentos, livros, coisas ou outros dados imprescindíveispara a elaboração materialização da perícia.

Responsabilidade

O perito deve conhecer as responsabilidades sociais,écas, profissionais e legais às quais está sujeito no mo-mento em que aceita o encargo para a execução de períciascontábeis judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral. Tem aobrigação de respeitar os princípios da moral, da éca e dodireito, atuando com lealdade, idoneidade e honesdade nodesempenho de suas avidades, sob pena de responder civil,criminal, éca e profissionalmente por seus atos.

Enfim, a responsabilidade do perito decorre da relevânciaque o resultado de sua atuação pode produzir para soluçãoda lide.

Prazos Processuais nos Diversos DocumentosPericiais

Os principais prazos processuais que o perito deveficaratento estão elencados no Código de Processo Civil:

Art. 130. O perito será noficado de sua nomeaçãoquinze (15) dias antes da audiência, pelo menos.Art. 138. Aplicam-se também os movos de impe-dimento e de suspeição:I – ao órgão do Ministério Público, quando não forparte, e, sendo parte, nos casos previstos nos ns. Ia IV do art. 135;II – ao serventuário de jusça;III – ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de1992)IV – ao intérprete.§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimentoou a suspeição, em peção fundamentada e devida-mente instruída, na primeira oportunidade em que

lhe couber falar nos autos; o juiz mandará processaro incidente em separado e sem suspensão da causa,ouvindo o arguido no prazo de 5 (cinco) dias, facul-tando a prova quando necessária e julgando o pedido.Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o o cio,no prazo que lhe assina a lei, empregando toda asua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargoalegando movo legí mo.Parágrafo único. A escusa será apresentada dentrode 5 (cinco) dias, contados da inmação ou do im-pedimento superveniente, sob pena de se reputarrenunciado o direito a alegá-la (art. 423 ). (Redaçãodada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)[...]Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco)

dias subsequentes à sua in

mação. Se afi

rmar quenão possui o documento ou a coisa, o juiz permiráque o requerente prove, por qualquer meio, que adeclaração não corresponde à verdade.Art. 360. Quando o documento ou a coisa esverem poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo pararesponder no prazo de 10 (dez) dias.Art. 362. Se o terceiro, sem justo movo, se recusara efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que procedaao respecvo depósito em cartório ou noutro lugardesignado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo aorequerente que o embolse das despesas que ver;se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirámandado de apreensão, requisitando, se necessário,força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade

por crime de desobediência.

Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qual-quer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte,contra quem foi produzido o documento, suscitá-lona contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contadosda inmação da sua juntada aos autos.Art. 392. Inmada a parte, que produziu o docu-mento, a responder no prazo de 10 (dez) dias, o juizordenará o exame pericial.Art. 392. Inmada a parte, que produziu o docu-mento, a responder no prazo de 10 (dez) dias, o juizordenará o exame pericial.[...]Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a jun-tada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seurespeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.Art. 399. O juiz requisitará às reparções públicas emqualquer tempo ou grau de jurisdição:I – as cerdões necessárias à prova das alegaçõesdas partes;II – os procedimentos administravos nas causas emque forem interessados a União, o Estado, o Muni-cípio, ou as respecvas endades da administração

indireta.§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, noprazo máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, cer-dões ou reproduções fotográficas das peças indica-das pelas partes ou de o cio;findo o prazo, devolveráos autos à reparção de origem. (Renumerado pelaLei nº 11.419, de 2006)§ 2º As reparções públicas poderão fornecer todosos documentos em meio eletrônico conforme dis-posto em lei, cerficando, pelo mesmo meio, que setrata de extrato fiel do que consta em seu banco dedados ou do documento digitalizado. (Incluído pelaLei nº 11.419, de 2006)Art. 421. O juiz nomeará o perito,fixando de imediatoo prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela

Lei nº 8.455, de 24/8/1992)§ 1º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias,contados da inmação do despacho de nomeaçãodo perito:I – indicar o assistente técnico;II – apresentar quesitos.Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório,no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) diasantes da audiência de instrução e julgamento.(Reda-ção dada pela Lei nº 8.455, de 24/8/1992)Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerãoseus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias,após inmadas as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27/12/2001)Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do

perito e do assistente técnico, requererá ao juiz quemande inmá-lo a comparecer à audiência, formulan-do desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.Parágrafo único. O perito e o assistente técnico sóestarão obrigados a prestar os esclarecimentos a quese refere este argo, quando inmados 5 (cinco) diasantes da audiência.

Perícia e os Campos de Conhecimentos

Como visto anteriormente, o conceito de perícia estádiretamente ligado ao conceito genérico da perícia no quese refere à habilidade, ao saber e à perspicácia na busca daprova de fatos controverdos, visto que a matéria pericial

recairá em área do conhecimento humano o qual irá atuar,

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como na Contabilidade, Medicina, Administração, Finanças,Engenharia, Informáca etc.

Conceitos e Diferenças entre Exame, Vistoria eAvaliação

Como visto anteriormente, o Código de Processo Civil

vigente determina:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoriaou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I – a prova do fato não depender do conhecimentoespecial de técnico;II – for desnecessária em vista de outras provas pro-duzidas;III – a verificação for impracável. (Grifo nosso)

Nesta esteira, temos que:• exame  é a análise pormenorizada acerca do objeto

periciado, podendo consisr no “exame” de livros, re-gistros das transações e documentos correlatos;

• vistoria  é a diligência que objeva a verificação e aconstatação de situação, coisa ou fato, de forma cir-cunstancial;

• avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens,direitos, obrigações, despesas e receitas.

Quesitos Impernentes e Impugnação

De forma objeva, ensinamos que quesitos são indaga-ções arculadas/feitas pelas partes, pelo próprio promotorde Jusça e pelo Juiz a um perito oficial, com ofim de instruirquestões técnicas surgidas no processo.

Nos termos do Código de Processo Civil, é de compe-tência do juiz indeferir os quesitos impernentes, ou seja,

aqueles ques

onamentos feitos em forma de perguntas, quenão têm pernência com a perícia a ser realizada. Ressalta-seque alguns quesitos dos como impernentes podem o serpor não ter conexão com a perícia e tratar-se exclusivamentede jurídicos, que é de competência exclusiva do Magistrado.

Art. 426. Compete ao juiz:I – indeferir quesitos impernentes;II – formular os que entender necessários ao escla-recimento da causa.

No que se refere à impugnação, compete às partes im-pugnarem ou não quesitos, devendo o Magistrado julgar,segundo seu livre arbítrio, se os quesitos são pernentes aoobjeto e perícia a ser realizada.

Ainda com relação aos quesitos impernentes, acres-centamos que esses configuram como quesonamentosefetuados pelas partes ao perito que, de alguma forma, sãooportunos para aquele momento processual, cujas respostassempre serão alheias aos propósitos dos ligantes ou da jusça. Neste caso, poderá a resposta ficar prejudicada, ouseja, fora do objeto da prova pericial.

Responder quesito que nada tem a ver com o li gio ou como despropósito pelo qual foi nomeado pelo juiz, apenas sob oamparo de que perguntas efetuadas devem ser respondidasé assumir riscos desnecessários, além de ter que responderpor outros danos causados, como o de induzir o juiz a erro.

Complementamos que o art. 435 do CPC disciplina queos esclarecimentos requeridos ao perito, devem sempresurgir na forma de quesitos e que deverão ser comunicadas

ao perito judicial no prazo de 5 (cinco) dias úteis antes daaudiência.

Art. 435 A parte, que desejar esclarecimento do pe-rito e do assistente técnico, requererá ao juiz quemande inmá-lo a comparecer à audiência, formulan-do desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.Parágrafo único. O perito e o assistente técnico sóestarão obrigados a prestar os esclarecimentos a quese refere este argo, quando inmados 5 (cinco) diasantes da audiência.

Portanto, quesitos de esclarecimentos são perguntas ouquesonamentos efetuados pelo juiz ou pelas partes porocasião das arguições principais ou suplementares. Essesesclarecimentos são prestados pelo perito em audiência oupor meio de mandado de inmação. Nesse caso, o peritofica,então, obrigado a esclarecer o que lhe for perguntado sobreo laudo que produziu e protocolado no Tribunal de Jusçada Comarca em que está sendo realizada a perícia contábil.

Planejamento e Estratégia em Perícia

O planejamento tem como objevo principal idenficaro objeto da perícia e definir o escopo e os procedimentos dotrabalho a ser executado na busca da prova pericial, servindode base para fundamentação da proposta de honorários, parademonstrar, com clareza, ao MM. Juízo, a complexidade, otempo necessário, as diligências, a equipe técnica, os cus-tos diretos e indiretos para manter a estrutura do escritórioetc., jusficando-se, assim, o quanto e o porquê dos custos,desde a leitura dos autos e coleta das informações iniciaisaté a produção do Laudo Pericial. Um planejamento bemelaborado evita que o Juiz, por falta de legimidade, acabearbitrando um valor que não seja suficiente para cobrir oscustos diretos e indiretos do trabalho pericial.

O planejamento é um guia a ser seguido que consiste na

quanficação do tempo necessário à realização de cada etapada perícia, na esmava do valor dos honorários de formaorganizada com as reflexões necessárias e as medidas quedevem ser tomadas em cada quesito ou questão. Na faltadestes, a análise é feita por meio do objeto da lide.

Inicialmente, para se planejar com eficácia é preciso se-guir etapas que, dependendo da perícia a ser realizada, faz-senecessário um plano que depende de:

• pleno conhecimento do processo se for judicial e odirecionamento dos objevos;

• conhecimento de todos os fatos que movam à perí-cia, inclusive, a idenficação do local de realização daperícia;

• levantamento prévio dos recursos disponíveis para oexame;

• prazo de execução das avidades em entregar o laudoou parecer;

• acessibilidade aos dados, através de diligências;• conhecer os peritos assistentes;• verificar a relevância e o valor da causa;• verificar o planejamento das horas despendidas para

a execução do trabalho pericial.

Pensar que o elenco de quesitos já é um guia suficientepara a realização das avidades periciais é um ledo engano,pois o que as partes desejam saber é apenas mais um detalhea ser observado pelo perito.

Ter pleno conhecimento dos fatos é base necessáriapara a realização do trabalho técnico. Nesse sendo, não

basta uma simples leitura dinâmica dos autos, e sim uma

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Requisição de Perícia

A prova pericial é geralmente requisitada pelas partes li-gantes em processo judicial, o órgão do Ministério Públicoou determinada de o cio pelo Magistrado. Sendo requeridapor aqueles, compete ao juiz decidir pelo deferimento ounão da prova pericial requerida, vejamos:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoriaou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I – a prova do fato não depender do conhecimentoespecial de técnico;II – for desnecessária em vista de outras provas pro-duzidas;III – a verificação for impracável. (Grifo nosso)

Neste ponto vale esclarecer que, em geral, compete àspartes arcar com as custas do processo, e, por conseguinte,aquelas inerentes à prova pericial. No entanto, como pre-visto no art. 19 do Código de Processo Civil vigente algumas

situações em que essas partes estão dispensadas de pagarestas custas:

Art. 19. Salvo as disposições concernentes à jusçagratuita, cabe às partes prover as despesas dos atosque realizam ou requerem no processo, antecipan-do-lhes o pagamento desde o início até sentençafinal; e bem ainda, na execução, até a plena sasfaçãodo direito declarado pela sentença.§ 1º O pagamento de que trata este argo será feitopor ocasião de cada ato processual.§ 2º Compete ao autor adiantar as despesas relavasa atos, cuja realização o juiz determinar de o cio oua requerimento do Ministério Público. (Grifo nosso)

Este disposivo legal prevê ainda em seu art. 33 o se-guinte:

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assis-tente técnico que houver indicado; a do perito serápaga pela parte que houver requerido o exame, oupelo autor, quando requerido por ambas as partesou determinado de o cio pelo juiz.Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parteresponsável pelo pagamento dos honorários do pe-rito deposite em juízo o valor correspondente a essaremuneração. O numerário, recolhido em depósitobancário à ordem do juízo e com correção monetá-ria, será entregue ao perito após a apresentação do

laudo, facultada a sua liberação parcial, quando ne-cessária. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13/12/1994)

Estrutura de um Laudo Pericial

Comumente o laudo pericial é elaborado pelo peritooficial, ou seja, pelo perito do juízo, que, segundo o art. 145do CPC, deve ser profissional de nível universitário com odevido registro em Conselho de Classe competente.

O laudo pericial é documento escrito, pelo qual o peritodo juízo deve registrar, de forma abrangente, o conteúdoda perícia e parcularizar os aspectos e as minudências queenvolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova ne-cessários para a conclusão do seu trabalho. Este documento,

que é a peça final que o perito emite, deve ser escrito deforma clara e precisa contendo todas as suas conclusões.

Haja vista que a nossa legislação não define a estrutu-ra de um laudo pericial, esclarecemos que compete a cadaConselho de Classe editar normas que regulem a perícia e operito que atua naquela dada área do conhecimento. Comoórgão de classe que geralmente tem editado normas comrelação à perícia e ao perito, citamos os Conselhos Federais:de Contabilidade, Economia, Engenharia, Medicina etc.

A tulo ilustravo, citamos o Conselho Federal de Conta-bilidade, que foi criado pelo Decreto-Lei nº 9.295/1946, comas alterações promovidas pela Lei nº 12.249/2010, é órgãocompetente para registrar,fiscalizar e regular a profissão deContador e Técnico em Contabilidade. No entanto, cabe-nosexplicitar que por força do art. 145, § 1º, do CPC, apenaso Contador que é profissional de nível universitário, podeassumir a função de perito.

Seguindo nosso exemplo, destacamos que o ConselhoFederal de Contabilidade possui competência para editar nor-mas para atuação dos profissionais ali registrados, como é ocaso do perito-contador e, por sua vez, editam normas comrelação à perícia que uliza-se desta ciência. Para maiores

detalhes sobre este assunto, orientamos os leitores a pesqui-sarem as Resoluções do Conselho Federal de Contabilidadenºs 1.243/2009 e 1.244/2009, que tratam da perícia e doperito contador.

Considerações gerais

Com relação especificamente ao laudo pericial, ressal-tamos que este documento deve ser orientado e conduzidopelo perito do juízo, que adotará padrão próprio, respeitadaa estrutura prevista nas normas editadas pelos Conselhosde Classes, conforme mencionado acima. O laudo pericial deve ser registrado de forma circunstanciada, clara e ob- jeva, sequencial e lógica, o objeto da perícia, os estudose observações realizadas, as diligências executadas para a

busca de elementos de prova necessários, a metodologia ecritérios adotados, os resultados devidamente fundamenta-dos e as suas conclusões.

O perito não deve se ulizar no laudo pericial dos espaçosmarginais ou interlineares para lançar quaisquer escritos nolaudo pericial contábil e parecer pericial contábil, ou produziremendas ou rasuras. A linguagem adotada pelo perito deveráser acessível aos interlocutores, possibilitando aos julgadorese às partes da demanda conhecimento e interpretação dosresultados obdos nos trabalhos periciais contábeis. Devemser ulizados termos técnicos e o texto conter informaçõesde forma clara. Os termos técnicos devem ser inseridos naredação do laudo pericial contábil e do parecer pericial contá-bil, de modo a se obter uma redação técnica, que qualifiqueo trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras dos

Conselhos de Classe, bem como a legislação de regência daprofissão contábil.

Destaca-se que o laudo pericial deverá ser escrito deforma direta, devendo atender às necessidades dos julga-dores e dos interessados e ao objeto da discussão, semprecom conteúdo claro e limitado ao assunto da demanda, deforma que possibilite os julgadores a proferirem justa deci-são. O laudo pericial não deve conter documentos, coisas,e/ou informações que conduzam a duvidosa interpretação,para que não induza os julgadores e interessados a erro. Operito oficial deve elaborar o laudo pericial ulizando-se dovernáculo, sendo admidas apenas palavras ou expressõesidiomácas de outras línguas de uso comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais. Este documento deve contemplaro resultado final de todo e qualquer trabalho alcançado por

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meio de elementos de prova inclusos nos autos ou adquiridosem diligências que o perito-contador tenha efetuado, porintermédio de peças contábeis e quaisquer outros documen-tos, pos e formas.

Estrutura

O laudo pericial deve conter, no mínimo, os seguintesitens:

• idenficação do processo e das partes;• síntese do objeto da perícia;• metodologia adotada para os trabalhos periciais;• idenficação das diligências realizadas;• transcrição e resposta aos quesitos: para o laudo pe-

ricial contábil;• transcrição e resposta aos quesitos: para o parecer

pericial contábil, onde houver divergência, transcriçãodos quesitos, respostas formuladas pelo perito-conta-dor e as respostas e comentários do perito-contadorassistente;

• conclusão dos trabalhos;• anexos – documento fornecidos pelas partes, consegui-

dos pelo perito mediante as diligências empreendidas;

• apêndices – são documentos elaborados pelo perito,como por exemplo as planilhas de cálculos, fotografiase outros;

• assinatura do perito: fará constar sua categoria profis-sional: se Contador, Engenheiro, Economista, Médicoetc.

EXERCÍCIOS

1. Marque a alternava correta. O perito judicial no exer-cício de sua função pode produzir várias provas.a) documento, avaliação, denúncia e confissão.b) confissão, arbitramento, testemunha e exame.c) exame, vistoria, arbitramento e avaliação.d) denúncia, delação, parecer e exame.e) testemunha, vistoria, declaração e laudo.

2. Marque a alternava correta. O perito do juízo, segundoo art. 433 do CPC, emite o laudo pericial, enquanto operito assistente emite o parecer sobre o laudo do juízo.Esse parecer serve para subsidiar a quem?a) o juiz, o árbitro e as partes nas suas tomadas de

decisão.b) o árbitro e as partes nas suas tomadas de decisão.c) o perito-contador e o árbitro nas suas tomadas de

decisão.d) as partes nas suas tomadas de decisão.e) o juiz e as partes nas suas tomadas de decisão.

3. Marque a alterna

va correta. Como pode ser defi

nidoparecer pericial?a) Refere-se a uma peça técnica elaborada de forma

sequencial pelo perito contador assistente, reconhe-cida pela padronização em sua estrutura.

b) Refere-se a uma peça técnica elaborada pelo peritocontador assistente para contestar o laudo do peritodo Juízo.

c) Define-se como uma peça para cumprir exigêncialegal.

d) O Decreto-Lei nº 9.295/1946 determina que parecerpericial contábil somente seja elaborado por con-tabilista habilitado e devidamente regularizado emConselho Regional de Contabilidade do Estado desua atuação.

e) Todas as alternavas estão corretas.

4. Marque a alternava correta. No que se refere à defi-nição de perícia.I – A perícia é a prova elucidava dos fatos, sendo assim,até mesmo por ser um meio de prova repudia a amos-tragem como critério, tem caráter de eventualidade esó trabalha com o universo completo, em que a opiniãoé expressa com rigores de 100% de análise.

  II – Perícia é a revisão, verificação, tende a ser neces-sidade constante, rependo-se de tempo em tempo,com rigores metodológicos próprios e diferentes, poisse uliza da amostragem nos seus levantamentos.

  III – Perícia é executada somente por pessoa sica, pro-fissional de nível universitário (CPC, art. 145).

  IV – Perícia serve a uma época, a um quesonamentoespecí fico, como, por exemplo, apuração de haveres nadissolução de sociedade.a) I e II estão corretas.b) II, III e IV estão corretas.c) II e IV estão corretas.d) I, III e IV estão corretas.e) Todas as alternavas estão corretas.

5. Segundo a Resolução do CFC nº 1.243/2009 que nor-maza a NBC TP 01 – Perícia Contábil, diz sobre os pro-cedimentos periciais que serão marrizados no laudopericial ou no parecer pericial. Assim, relacione os pro-cedimentos de perícia contábil na primeira coluna coma coluna respecva e assinale a alternava correta.

1) Exame ( ) Ato de atestar a informação trazidado laudo pericial contábil pelo pe-rito-contador, conferindo-lhe cará-ter de autencidade pela fé públicaatribuída a este profissional.

2) Vistoria ( ) Determinação de valores ou a so-lução de controvérsia por critériotécnico-cien fico.

3) Arbitragem ( ) Análise de livros, registros dastransações e documentos.

4) Cerficação ( ) Diligência que objeva a verifica-ção e a constatação de situação,coisa ou fato, de forma circunstan-cial.

  A sequência correta é:a) 4, 3, 2, 1.b) 4, 3, 1, 2.c) 3, 4, 1, 2.d) 3, 4, 2, 1.

6. O perito-contador deve declarar suspeição quando

nomeado pelo juízo em uma das seguintes condições.Assinale a alternava que apresenta uma situação quenão configura caso de suspeição.a) Afilha de uma das partes tem uma dívida em atraso

com o perito-contador.b) O perito-contador é herdeiro presunvo da esposa

de uma das partes.c) Um dos ligantes é amigo ínmo do perito-contador.d) O perito-contador não é especialista na matéria em

li gio.e) Todas as alternavas.

7. Há perícias que não há quesitos a serem respondidos.Caso ocorra, qual o parâmetro de orientação que o pe-rito deverá ulizar. Marque a alternava correta.

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a) Pelo objeto da matéria, se assim decidir quem a de-terminou.

b) Pelo Juízo e pela parte que solicitou a perícia.c) Pelo perito-contador e pelo perito-contador assis-

tente.d) Pelo Juízo e pelo perito-contador.e) Todas alternavas estão corretas.

8. O perito, quando nomeado pelo juízo, reconhecer suaincapacidade em desenvolver seus trabalhos periciaisdevido ao objeto do trabalho, o perito-contador deverátomar a seguinte providência:a) aceitar o trabalho devido a sua responsabilidade

profissional.b) comunicar as partes, por escrito, a razão de seu im-

pedimento.c) dirigir peção ao Juízo, no prazo legal, jusficando

sua escusa.d) declarar sua impossibilidade na primeira audiência

do processo.e) mesmo sendo de responsabilidade, aceitar o traba-

lho e terceirizar.

9. Marque a alternava correta. Antes de se realizar umaperícia, é fundamental que se faça um planejamentode um possível objevo.a) Definir com precisão os honorários periciais.b) Idenficar o objeto da perícia e definir o escopo e

os procedimentos de trabalho a ser executado.c) Definir os procedimentos de atuação do perito as-

sistente.d) Idenficar o objevo dos trabalhos periciais e pre-

cisão na definição dos honorários.e) Idenficar o objevo da perícia, definir o escopo e

os procedimentos de trabalho a ser executado.

10. Com relação à estrutura do laudo pericial contábil e do

parecer pericial contábil, segundo a Resolução CFC nº1.243, assinale a alternava que possui os itens que fazparte da estrutura do laudo pericial ou do parecer.a) Idenficação do processo e das partes.b) Metodologia adotada para os trabalhos periciais e

idenficação das diligências realizadas.c) Transcrição e resposta aos quesitos, conclusão, ane-

xos e assinatura.d) Todas as alternavas estão corretas.

11. O prazo para que o perito-contador possa apresentarsuas escusas, segundo o art. 146 do CPC, é de:a) dentro de cinco dias contados da inmação ou do

impedimento superveniente.b) de acordo com a decisão do Juiz.

c) dentro de quinze dias contados da inmação ou doimpedimento superveniente.

d) não existe prazo definido para apresentação da es-cusa.

e) dentro de dez dias contados da inmação ou do im-pedimento superveniente.

12. Segundo o art. 435 do CPC, o perito e o assistente téc-nico só estarão obrigados a prestar esclarecimentos aoJuiz quando inmados a comparecer à audiência, for-mulando as perguntas, sob a forma de quesitos, quandoinmados:a) 30 dias antes da audiência.b) 20 dias antes da audiência.c) 15 dias antes da audiência.

d) 10 dias antes da audiência.e) 5 dias antes da audiência.

13. Em relação aos quesitos, marque a alternava correta.

1) Quesitossuplementares

( ) São quesonamentos efetua-dos pelo Juiz ou pelas partespor ocasião das arguições

principais.2) Quesitos

impernentes( ) Formulação de perguntas de

maneira superficial, recheadode doutrinas e jurisprudência.

3) Quesitosincompletos

( ) São quesonamentos inopor-tunos para aquele momentoprocessual, cujas respostassempre serão alheias aospropósitos dos ligantes ouda jusça.

4) Quesitos deesclarecimentos

( ) Trata-se de quesitos que ve-nham a complementar o lau-do, através de novos examespernentes.

  A sequência correta é:a) 4, 3, 2, 1.b) 4, 3, 1, 2.c) 3, 4, 1, 2.d) 3, 4, 2, 1.

14. Segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade, aexecução da perícia quando incluir a ulização deequipe técnica deve ser realizada sob a orientação esupervisão do:a) perito-contador indicado pela ré.b) perito-contador indicado pela autora.c) perito-contador que assume a responsabilidade pe-

los trabalhos.

d) juiz e advogados das partes.e) nenhumas das alternavas.

15. O laudo pericial, na esfera judicial, serve para subsidiara) o juiz, o árbitro e as partes nas suas tomadas de

decisão.b) o árbitro e as partes nas suas tomadas de decisão.c) o juiz e as partes nas suas tomadas de decisão.d) o perito-contador e o árbitro nas suas tomadas de

decisão.e) as partes nas suas tomadas de decisão.

 16. Ao estruturar o parecer pericial, o assistente técnico da

parte imbuído nesta função, segundo a éca profissio-

nal, poderá:a) omir fatos relevantes, encontrados durante sua di-

ligência, que comprovem a veracidade da acusaçãocontra seu cliente, visto o seu papel ser de assistenteda parte.

b) ser parcial, conduzindo o juiz responsável pelo pro-cesso de sentença a dar posição favorável a seucliente.

c) buscar elementos que superem o objeto da causapara garanr à parte uma indenização maior.

d) revelar fatos importantes e relevantes encontradosdurante suas diligências, ainda que prejudique seucliente ou faça com que ele perca o processo.

e) criar elementos e provas para atestar a veracidadedas informações constantes no processo.

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17. Assinale a alternava incorreta.a) No tocante a perícia, a lei determina que, quando a

prova do fato depender desta especialidade técnicaou cien fica, o juiz será assisdo por perito.

b) Os peritos poderão ser escolhidos entre profissionaisde nível universitário, devidamente inscritos no ór-gão de classe competente.

c) Os peritos comprovarão sua especialidade na maté-ria sobre que deverão opinar, mediante cerdão doórgão profissional, no caso no CRC-GO.

d) Nas localidades onde não houver profissionais qua-lificados que preencham os requisitos estampadosno CPC (art. 145), a indicação dos peritos serão delivre escolha do juiz.

e) O perito tem o dever de cumprir o o cio, no prazoque lhe assinala a lei, empregando toda sua diligên-cia; pode, todavia, escudar-se do encargo alegandoforo ínmo.

18. Assinale a alternava incorreta.a) As partes poderão apresentar, durante a diligência,

quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aosautos, dará o escrivão ciência a patê contrária.

b) O juiz é competente para indeferir quesitos imper-nentes e/ou formular os que entender necessáriosao esclarecimento da causa.

c) Se o perito, por movo jusficado, não puder apre-sentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á,por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudentearbítrio.

d) O juiz está adstrito ao laudo pericial, não podendoformar a sua convicção com outros elementos oufatos provados nos autos.

e) O juiz poderá determinar, de o cio ou a requerimen-to da parte, a realização de nova perícia, quando amatéria lhe não parecer suficientemente esclarecida

pela primeira perícia.

19. O parecer pericial, na esfera judicial, serve para subsi-diar:a) o juiz, o árbitro e as partes nas suas tomadas de

decisão.b) o árbitro e as partes nas suas tomadas de decisão.c) o juiz e as partes nas suas tomadas de decisão.d) o perito-contador e o árbitro nas suas tomadas de

decisão.e) as partes nas suas tomadas de decisão.

20. Com relação à perícia judicial, é correto afirmar quea) o perito, uma vez nomeado pelo juiz, não poderá

recusar a perícia, tendo que assumir todas as res-ponsabilidades pelo trabalho.

b) somente os documentos anexados ao processopodem ser objeto da perícia; quando apurado oulocalizados outros documentos estes devem ser des-considerados.

c) a assinatura em conjunto do laudo pericial pelo pe-rito e pelo perito assistente exclui a possibilidade deparecer pericial.

d) o planejamento não deve conter orçamentos de va-lores a serem despendidos nas diligências, uma vezque, quem determina os valores na perícia é o juiz.

e) o perito oficial deve aceitar ou não a parcipaçãodo assistente técnico, manifestando sua posição ao

 juiz do processo.

21. Com relação à perícia judicial, é incorreto afirmar quea) o juiz poderá determinar, de o cio ou a requerimen-

to da parte, a realização de nova perícia, quando amatéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.

b) a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatossobre que recaiu a primeira e desna-se a corrigireventual omissão ou inexadão dos resultados a queesta conduziu.

c) a segunda perícia rege-se pelas disposições estabe-lecidas para a primeira.

d) a segunda perícia não substui a primeira, cabendoao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.

e) a segunda perícia substui a primeira, cabendo to-davia ao juiz apreciar livremente o valor de uma eoutra.

22. Quando nomeado em Juízo e reconhecer não estar ca-pacitado a desenvolver o objeto do trabalho, o peritooficial ou judicial deverá:a) aceitar o trabalho devido a sua responsabilidade

profissional.b) comunicar as partes, por escrito, a razão de seu im-

pedimento.c) declarar sua impossibilidade na primeira audiênciado processo.

d) dirigir peção ao Juízo, no prazo legal, jusficandosua escusa.

23. O Juiz indeferirá a perícia quando:  I – a prova do fato não depender de conhecimento es-

pecial técnico.  II – carecer de conhecimento técnico ou cien fico.  III – for desnecessária em vista de outras provas pro-

duzidas.  IV – não houver cumprimento do encargo no prazo es-

pulado.  V – a verificação for impracável.

  As alternavas corretas são:a) I, III e V.b) I, IV e V.c) II, III e IV.d) II, IV e V.

24. Em relação ao prazo espulado pelo Juiz para a entregado laudo pericial é incorreto afirmar:a) A parte poderá inmar o perito para comparecimen-

to em audiência para prestar esclarecimento sobreo laudo.

b) O perito não podendo apresentar o laudo dentro doprazo, o Juiz conceder-lhe-á, por uma vez, a prorro-gação, segundo o seu prudente arbítrio.

c) O perito poderá apresentar laudo em cartório, noprazo fixado pelo Juiz, no prazo de vinte dias antesda audiência de instrução e julgamento.

d) Os peritos e assistentes técnicos oferecerão seuspareceres no prazo comum de vinte dias.

GABARITO

1. c2. e3. d4. d5. b6. d

7. a8. c9. b10. e11. a12. e

13. a14. c15. c16. d17. b18. d

19. a20. e21. e22. d23. a24. d

8/10/2019 Noçoes de Legislação Perícia

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