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Rev. Egon Martim Seibert

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Rev. Egon Martim Seibert

Noções de Teologia Pastoral

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Introdução

É um grande desafio Deus que coloca diante daqueles a quem ele confia o ministério eclesiástico. É uma grande responsa-

bilidade pregar a sua Palavra, que condena e salva, e administrar os seus sacramentos.

Facilmente aquele que é candidato ao ministério pode pensar que ao tornar-se pastor será alguém muito importante. Contudo, antes de qualquer coisa, é bom lembrar àquele que aspira ao episcopado que é preciso manter-se sempre humilde, com os pés no chão, e que na verdade o ofício, não a pessoa, que é importante.

Nosso propósito através deste “manual” é refletir com o aluno sobre o chamado ao ofício pastoral e tudo quanto o exer-cício do mesmo exigirá daquele que se dispõe a aceitá-lo. Além disso, pretendemos oportunizar a abordagem das tarefas mais comuns que aguardam a quem deseja ser pastor (ou é) e, final-mente, deixar uma palavra de incentivo a que todos sempre bus-quem na Palavra de Deus orientação e ânimo para o bom desen-volvimento de suas habilidades.

diagramação: Jarbas Hoffimann: 2011

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Índice1. O Chamado Pastoral ............................................12

1.1. Introdução ............................................................................. 12

1.2. Quem Chama? ...................................................................... 13

1.3. Quem pode ser chamado? ...................................................... 15

1.4. Exemplo de chamado pastoral ............................................... 16

1.5. Como decidir diante de um chamado? .................................. 18

1.6. Como proceder depois de ter aceito o chamado ...................... 19

1.7. O tempo de validade de um chamado ................................... 21

1.8. A Ordenação e a instalação de um pastor.............................. 21

1.9. Quando o pastor pode ser demitido ....................................... 22

1.10. Termos e funções do Ofício Pastoral ..................................... 22

2. Os deveres de um pastor .......................................262.1. Deveres gerais de um pastor: ................................................. 26

3. Deveres do pastor como administrador dos sacra-mentos ............................................................283.1. A respeito do Santo Batismo .................................................. 28

3.2. A respeito da Santa Ceia ....................................................... 32

4. As virtudes de um pastor ......................................404.1. O que um pastor não deve ser ou fazer .................................. 40

5. O pastor e sua vida devocional .............................446. O pastor e a sua família .........................................46

6.1. O pastor casado ...................................................................... 46

6.2. O pastor como pai. ................................................................. 49

7. O pastor e a congregação, distrito e sínodo ..........527.1. O pastor e a congregação ........................................................ 52

7.2. Projeto de estudo para planejamento da Comunidade Evangé-

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lica Luterana “Cristo” ..................................................... 54

7.3. Pastor e adminstração. ........................................................... 68

8. O pastor e os seus colegas .....................................729. O pastor e o Culto Público ..................................76

9.1. O que dizem as confissões? ..................................................... 76

9.2. Sugestões sobre o culto e sermão ............................................. 77

10. O pastor e os enfermos .......................................8011. O pastor e o casamento ......................................84

11.1. Sobre o casamento: .............................................................. 84

11.2. Exemplo de curso de noivos: ................................................ 92

12. O pastor e a confirmação ...................................9813. O pastor e o sepultamento ...............................10214. O pastor e o testemunho ..................................106Introdução .................................................................5Uma palavra de conclusão......................................119

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O Chamado Pastoral

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12 - O Chamado Pastoral

Anotações 1. O Chamado Pastoral1

1.1. IntroduçãoQueremos iniciar esta aula lendo dois textos bíblicos:

Mateus 10.1 e Mateus 28.19-20. O que vimos? Jesus chamou os 12 apóstolos e os enviou. Estes homens receberam chamado di-reto, sem intermediários. O que fizeram? Foram, batizaram, ensi-naram, fizeram discípulos que constituíram congregações.

Estas, por acaso foram abandonadas, entregues ao “Deus--dará”, à sua própria sorte? Não. Leiamos Atos 14.19-23; Atos 20.28-31; 1Tm 1.12-17; Tito 1.5.

O que fizeram estas congregações? Elegeram bispos ou presbíteros. Temos aqui o chamado, não mais direto de Deus, mas indireto, também vindo de Deus, porém, por meio de uma congregação.

Aspirar ao episcopado qualquer cristão pode. Vir a ser pastor, só por meio do chamado. A Confissão de Augsburgo, nos artigos V, Do ofício da pregação, e XIV, Da Ordem Eclesiástica, diz: Para conseguirmos essa fé, instituiu Deus o ofício da prega-ção, dando-nos o evangelho e os sacramentos, pelos quais, como por meios, dá o Espírito Santo, que opera a fé, onde e quando lhe apraz, naqueles que ouvem o evangelho, o qual ensina que temos, pelos méritos de Cristo, não pelos nossos, um Deus gracioso, se

1 Nota RT: Este material do pastor Seibert foi originalmente utilizado por ele como subsídio para uma disciplina de Teologia Pastoral que ele lecionou em um curso de teologia da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (Ielb). Este caráter é mantido quase que integralmente. Trata-se de uma série de ano-tações doutrinárias e práticas fundamentais para o exercício do pastorado. Note, também, que os dados utilizados pelo pastor são de 1995. É possível que, por exemplo, dados regimentais da Ielb tenham sido modificados desde então.

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O Chamado Pastoral - 13

Anotaçõeso cremos... Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamado re-gular ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou adminis-trar na igreja.”

Entre nós, luteranos, alguém que estuda teologia, ao se formar, torna-se bacharel em teologia. Pastor, porém, é somente alguém que recebe um chamado divino, regular ao ministério.

Eu creio que Deus me chamou ao santo ministério (Ez 3.17; At 20.28; 2Co 5.18-20; Hb 13.17). Eu creio que como pas-tor sou de Deus, um cooperador de meus colegas (1Co 3.9), um despenseiro dos mistérios de Deus que tem sob os seus cuidados a pregação da palavra e a administração dos santos sacramentos. Eu creio que se por um lado, do mesmo modo como Paulo (1Tm 1.12-17), sou indigno do ofício da pregação, por outro lado fui distinguido pelo Senhor como seu embaixador, e recebi dele a honra, a dignidade, de ser uma das estrelas da mão direita de Je-sus (Ap 1.20). Este conhecimento me consola mas me traz enor-mes responsabilidades porque sei que um dia terei que prestar contas de meu ministério ao Senhor (Hb 13.17).

1.2. Quem Chama?A Igreja Cristã é formada por sacerdotes reais (Ap 1.5-6;

1Pe 1.18-19; 2.5 e 9). Estes sacerdotes reais, os leigos, como tais não têm a pretensão de aposentar a figura do pastor. Embora o sacerdócio real pertença a todos os cristãos, Deus ainda assim instituiu o ofício pastoral (Ef 4.11; At 20.28; Tt 1.5). O ofício pastoral não é uma opção, é uma necessidade, e o pastor, aquele que ocupa este ofício, é alguém que procede de entre os sacerdo-tes reais.

O ofício pastoral é um presente que Deus deu à sua igreja (Ef 4.11 e 1Co 12.28). Deus quer que o santo ministério seja

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Anotações estabelecido em seu meio através da eleição de um pastor, atra-vés daquilo que chamamos de um chamado (Tt 1.5). Neste cha-mado, porém, temos mais uma vez a mão de Deus agindo (At 20.28) através da congregação.

Na nossa igreja as congregações legalmente estabelecidas têm o direito de chamar pastores sob a supervisão do pastor con-selheiro ou por alguém a quem a presidência da igreja delegou tal poder (RI2 2.8 e 2.1 e At 1.24; 6.3; 14.23). Além disso nossas congregações, por vezes, delegam o poder para que a direção da Igreja preencha com um nome o chamado a ser remetido. Ba-seia-se esta maneira de agir na recomendação de Paulo que diz que todas as coisas devem ser feitas com decência e ordem (1Co 14.40).

Além das congregações (e ou paróquias) também pode expedir comissionamentos a direção nacional da IELB confor-me o que dispõe o Regimento Interno....

Para alguém exercer o ofício pastoral, não basta querer ser pastor. É preciso, antes de mais nada, que ele tenha sido elei-to para este fim (At 14.23). E o pastor, que procede de entre os sacerdotes do Rei Jesus, que antes de ser pastor é sacerdote, ao re-ceber a convocação de Deus através da Congregação, busca, com a ajuda de Deus, cumprir cabalmente o seu ministério (os seus deveres pastorais) para que o rebanho que lhe foi confiado (At 20.28) cumpra as suas funções sacerdotais na família e na igreja.

Com respeito à eleição, não há nada que prescreva unani-midade no chamado de um pastor. Para tranquilidade do pastor chamado, nada melhor do que a congregação que o chama lhe dar esta unanimidade.

2 Regimento da IELB.

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O Chamado Pastoral - 15

Anotações1.3. Quem pode ser chamado?Nenhuma Comunidade tem a liberdade de eleger e de

chamar ao ofício pastoral quem ela bem desejar, mas somente quem é competente e apto para o cargo. As qualificações pesso-ais e os deveres que se esperam de um pastor serão descritos em outro capítulo.

Neste momento, porém, não podemos nos furtar de tra-tar de um assunto cujo interesse cresce nos meios luteranos, a saber: Podemos ou não chamar mulheres ao santo ministério?

Embora as mulheres façam parte do sacerdócio real, a atuação de mulheres no ofício pastoral não encontra fundamen-to bíblico. Foram homens os sacerdotes de Deus no AT; foram homens os apóstolos de Jesus no NT.

A palavra bíblica, porém, à qual sempre se refere para de-monstrar que é da vontade de Deus que mulheres não exerçam o ofício pastoral é 1Tm 2.12. Ali o apóstolo Paulo afirma: “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o ma-rido.”

De acordo com estudo apresentado pelo professor Do-naldo Schüler (Igreja Luterana, ano XXXII, 1971, A função da mulher na igreja.), é dito que das suas origens helênicas, o após-tolo Paulo retém do verbo didaskein o sentido de transmitir con-teúdos de modo contínuo e completo (Cl 3.16). Diante disso ele pergunta: O que significa a vontade apostólica expressa nas palavras: “E não permito que a mulher ensine”?

Com certeza não significa que a mulher não possa ensi-nar nunca. Timóteo foi ensinado por mulheres e Paulo as elogia (2Tm 1.5 e 3.15). Priscila e seu esposo Aquila tomaram em sua residência a Apolo e com mais exatidão lhe expuseram o cami-

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16 - O Chamado Pastoral

Anotações nho de Deus (At 18.24ss).Diante disso o prof. Donaldo afirma que o “Não permi-

to que a mulher ensine” fica circunscrito a um certo momento, àquele em que a comunidade cristã se reúne para adorar a Deus e a ouvir a sua palavra, ao culto público.

Apesar disso ainda pergunta-se: Por que não? Por que pode a mulher ensinar crianças e adultos em outras ocasiões e não no momento do culto? O professor Donaldo responde apontando para as seguintes duas razões:

1) Para o fato de que Paulo quer que as mulheres par-ticipem discretamente dos cultos, aprendendo. Se a mulher liderasse o culto, este princípio seria ferido.

2) Para o fato de que por ter sido, na ordem da criação, formado primeiro Adão e depois a mulher, Deus concedeu ao homem a liderança no lar (Ef 5.22) e no culto (1 Co 11.3). Cabe a ele, em funções nor-mais, a liderança no lar e, por isso, não precisava ser diferente no culto.

1.4. Exemplo de chamado pastoralCHAMADO SOLENEEm nome do Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo.

Amém.A Comunidade Evangélica Luterana “Cristo” de Porto

Alegre, RS, considerando necessário chamar mais um pastor para o trabalho na Comunidade, após invocar o Senhor da Seara, e no exercício da autoridade que Cristo conferiu à sua igreja, decidiu, por unanimidade, em sua assembleia extraordinária, realizada no dia 29 de agosto de 1993, entregar o presente chamado divino, ao sr. pastor

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O Chamado Pastoral - 17

AnotaçõesEGON MARTIM SEIBERTpara ser, junto com os outros pastores da Comunidade,

seu pastor e cura de almas.Requeremos do nosso pastor que se comprometa a:• ensinarepregar,empúblicoeemparticular,apala-

vra de Deus clara e puramente, em doutrina e praxe, de acordo com as Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, conforme as confissões da Igreja Luterana, contidas no Livro de Concórdia de 1580;

• administrarossantossacramentos,batismoesantaceia, conforme instituídos por nosso Senhor Jesus Cristo;

• ser,paraosmembrosdaComunidade(crianças,jo-vens, adultos e idosos), enfim, para todos os que lhe foram confiados, um verdadeiro cura de almas, que visita, repreende, consola, aconselha e busca com pa-ciência os distanciados;

• levar uma vida cristã exemplar, constituindo bomexemplo para toda a Comunidade e aos de fora, Tt 1.6,9; 1Tm 3.2-7;

• fazeraobradeumverdadeiroevangelistaemissio-nário junto àqueles que ainda não conhecem a pa-lavra de Deus, fazendo tudo o que estiver em suas forças para promover, sob a graça e bênção de Deus, a edificação e o progresso do reino de Deus em geral.

Nós, membros da Comunidade, nos comprometemos a:• receber onosso pastor comoministro deCristo e

despenseiro dos mistérios de Deus e dar-lhe a honra e o respeito que lhe são devidos, 1Tm 3.1; 5.17;

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18 - O Chamado Pastoral

Anotações • facilitarosseusdeveresministeriaisemnossomeio,sujeitando-nos à palavra de Deus de boa mente, 1Tm 5.1-2; Hb 13.17; cooperando espontaneamen-te mediante conduta verdadeiramente cristã em nossa vida e em nosso trabalho, mantendo um clima de paz, alegria e cooperação;

• orarfervorosamentepelopastoreseutrabalho;• contribuirparaosustentodeleedesuafamília,se-

gundo as nossas posses, de acordo com a palavra de Deus, Lc 10.7; 1Co 9.14; Gl 6.6-7; 1Tm 5.17.

Oramos a Deus Espírito Santo que dirija o pastor que elegemos na sua decisão. E, ao aceitar o chamado, que aqui lhe entregamos, o conduza sob sua proteção até nós, constituindo--o em bênção para muitos e fazendo do seu ministério entre nós uma glorificação perene do santo nome de Deus.

Em nome e por ordem da Comunidade Evangélica Lu-terana Cristo”.

Porto Alegre, 29 de agosto de 1993.(Seguem as assinaturas e carta explicativa com dados da

Congregação, oferta salarial e outros benefícios.)

1.5. Como decidir diante de um chamado?

Com base na experiência adquirida ao longo de meu mi-nistério pastoral, sugiro o seguinte procedimento:

1) Orar para que Deus dê sabedoria para decidir se-gundo a sua vontade;

2) Ler com atenção o chamado e a carta explicativa.3) Falar com o presidente da IELB;

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O Chamado Pastoral - 19

Anotações4) Falar com o Conselheiro Distrital de cada distrito envolvido;

5) Falar com o ex-pastor da congregação e colegas de distrito;

6) Falar com o presidente da congregação que emitiu o chamado e procurar saber qual a expectativa que têm a nosso respeito, por que nos chamaram, quais são as suas principais necessidades. Deste modo po-de-se ver se os nossos dons encaixam com as necessi-dades e aspirações da Congregação que nos chama;

7) Falar com a diretoria da Comunidade a quem esti-vermos servindo e analisar com a mesma nosso cha-mado e nosso trabalho entre eles;

8) Falar com a esposa e os filhos;9) Orar e orar, pesar bem os prós e os contras, para fi-

nalmente decidir-se, buscando com humildade, a honra e a glória de Deus.

1.6. Como proceder depois de ter aceito o chamado

Seguir o que recomenda o Regimento da IELB, edição 1994:

2.1.3: Quando receberem chamados e também quan-do tomarem sua decisão, os obreiros deverão comu-nicá-lo imediatamente às paróquias ou instituições envolvidas, aos conselheiros distritais respectivos e ao Presidente da IELB.2.2.1: O candidato ao ministério será ordenado e re-ceberá seu certificado de ordenação após ter sido reco-

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Anotações mendado pela Faculdade de Teologia, ter encaminha-do pedido de filiação à IELB, haver recebido chamado legítimo ou um comissionamento, e solicitado, por es-crito, sua ordenação ao Presidente da IELB.2.2.2: A autorização para instalação de pastores e de outros obreiros da IELB é dada pelo presidente da IELB e efetuada por ele mesmo ou por outro pastor, por ele designado.2.2.3: A ordenação poderá ser realizada na congrega-ção de origem do candidato.2.2.4: A instalação realizar-se-á na presença da con-gregação que expediu o chamado.2.2.7: Ao aceitar novo chamado, o obreiro deverá acertar com a diretoria da congregação e/ou paróquia em que atua, na presença do Conselheiro Distrital, to-dos os assuntos atinentes ao seu trabalho, e solucionará possíveis questões pendentes, despedindo-se com culto solene devidamente marcado para este fim.2.2.8: O pastor ou outro obreiro chamado que aceitar chamado para uma igreja irmã deve comunicar ime-diatamente sua decisão ao Presidente da IELB e dele solicitará a transferência.

Além disso, sugerimos que o pastor, depois de já estar tra-balhando por um bom período de tempo junto à Comunidade que o chamou (talvez 3 anos; o bom senso o mostrará):

• leiaeanalisesozinhooseuchamadoparaverseestáexecutando os compromissos que assumiu;

• leiaeanalisecomacongregaçãoochamadoquedelarecebeu para avaliar o seu ministério e o cumpri-

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Anotaçõesmento dos deveres que a própria congregação assu-miu para com o pastor chamado.

1.7. O tempo de validade de um chamado

Não há evidência escriturística que indique que todos chamados necessariamente valem até o fim da vida do pastor chamado ou que, por outro lado, devam ser determinados por um período de tempo. O chamado, geralmente, como é entendi-do na IELB, não é de tempo determinado. Enquanto o obreiro for fiel, zeloso, e tiver condições de exercer o ministério, ele con-tinua no mesmo. Porém há casos, como por exemplo de empre-endimentos missionários, em que pastores recebem chamados com tempo determinado para realizar determinada tarefa sem que haja depois continuidade do chamado.

1.8. A Ordenação e a instalação de um pastor

A ordenação que acontece tão somente uma vez, sempre precede a primeira instalação de um pastor. Por assim dizer o pastor recebe ali as ordens, isto é, ele é declarado e reconhecido como detentor do ofício pastoral, apto para aceitar o chamado que recebeu.

Aqui ele também declara a sua intenção de fazer do ofí-cio pastoral a sua vocação vitalícia.

A ordenação, a imposição de mãos, embora não neces-sária, é um costume que já era praticado nos tempos apostólicos (At 6.6; 13.3; 1Tm 4.14; 5.22; 2Tm 1.6) e não deveria ser omiti-do pela igreja.

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Anotações Entre nós, uma praxe muito comum é realizar a cerimô-nia de ordenação na congregação de origem do Bacharel em Te-ologia que recebeu um chamado legítimo.

O rito da instalação que acontece junto à congregação que expediu o chamado, declara o novo relacionamento entre pastor e congregação. Envolve promessas mútuas, do pastor e da congregação.

Estagiários de Teologia não são considerados pastores; são estudantes que realizam determinadas tarefas do ofício pas-toral sob a supervisão de um pastor e congregação que se dispu-seram para tal fim.

1.9. Quando o pastor pode ser demitido

De acordo com as Escrituras um pastor pode ser depos-to:

a) Quando ensina doutrina falsa (Tt 1.9);b) Quando sua conduta é indecente (1Tm 3.1-7);c) Quando é negligente em seu trabalho (1Co 4.1-2).

No processo de desqualificação de um pastor do seu ofí-cio age o Presidente da igreja que muitas vezes se utiliza dos prés-timos do Conselheiro Distrital (RI 2.2.6, 2.12.2.8 e 2.12.2.9).

1.10. Termos e funções do Ofício Pastoral

a) Mestre.

Talvez nada descreva melhor a função de um pastor do que esta palavra: Mestre (Ef 4.11). Para Lutero ensinar fazia

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O Chamado Pastoral - 23

Anotaçõesparte da essência do ofício pastoral, seguramente porque Jesus dissera que discípulos seriam “feitos” pelo batismo e ensino (Mt 28.20) e porque Paulo afirmara que o pastor deveria ter aptidão para ensinar (1Tm 3.2). Aliás, todo o trabalho de ensino dentro de uma congregação deve ser realizado sempre sob a supervisão do responsável maior, o pastor. Quando falarmos do pastor e o culto público, nos deteremos especialmente com a tarefa de en-sinar através do sermão.

b) Bispo, presbítero, pastor.

Ao pastor compete como bispo (episkopos), presbítero (presbiteroi) ou pastor (poimainen) supervisionar, pastorear, proteger e julgar o rebanho (At 20.28-32; 1Tm 4.1-6; Tt 1.9, 1Pe 5.1-2). Interessante de se notar é o fato de que nunca pregadores ambulantes, apóstolos, evangelistas ou auxiliares foram chama-dos de bispos. A designação só aparece quando há congregações fixas onde bispos exercem a função como tais (Fp 1.1).

c) Como administrador dos Sacramentos.

Despenseiro dos mistérios de Deus (1Co 4.1) é uma das designações dadas ao que exerce o ofício pastoral. A Teologia Lu-terana define como tarefa de despenseiro a pregação da Palavra de Deus (enfocada no item Mestre) e a administração dos Sacra-mentos. A Confissão de Augsburgo declara:

“... compete aos bispos, como bispos, isto é, àqueles que estão incumbidos do ministério da palavra e dos sa-cramentos, esta jurisdição: perdoar pecados, rejeitar doutrina que dissente do evangelho e excluir da comu-nhão da igreja os ímpios cuja impiedade é conhecida. Todavia, sem força humana, mas com a palavra. Nis-so as igrejas necessariamente e de direito divino devem

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24 - O Chamado Pastoral

Anotações prestar-lhes obediência, segundo a palavra: “Quem vos der ouvidos, ouve-me a mim”(CA3, XXVIII, 21, página 88 do Livro de Concórdia, edição 1980).

Em vista disso subdividiremos este ponto, administrador dos sacramentos, tratando separadamente o Batismo e a Santa Ceia em capítulo posterior, quando falar-se-á dos deveres do ofí-cio pastoral.

3 CA = Confissão de Augsburgo.

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Os Deveres de um Pastor

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26 - Os Deveres de um Pastor

Anotações 2. Os deveres de um pastor

2.1. Deveres gerais de um pastor:a) Orar pelo povo (At 6.1-4; 1Tm 2.1-3);b) Estudar a Palavra para ensinar corretamente as suas

verdades (1Tm 4.13);c) Pregar a palavra (2Tm 4.2; At 20.20), anunciar o

evangelho que reconcilia (2Co 5.18-19) e afadigar--se neste ensino (1Tm 5.17);

d) Cuidar da doutrina (1Tm 4.16; Tt 1.9);e) Corrigir, repreender, exortar (2Tm 4.2);f ) Confortar (Is 40.1);g) Contentar-se com o que Deus lhe dá (1Tm 6.5-10;

Mt 6.25);h) Suportar sofrimentos como bom soldado de Jesus

(2Tm 2.3);i) Exercitar-se na piedade (1Tm 4.7);j) Ser fiel (1Co 4.2; 1Tm 4.14);k) Ser exemplo para o rebanho (1Tm 4.12 e 1Pe 5.3);l) Zelar pelo seu bom nome junto à Comunidade em

que vive(1Tm 3.7);m) Preparar pessoas para que sejam líderes (2Tm 2.2);n) Ser evangelista (2Tm 4.5);o) Ser atalaia (Ez 3.17-21);p) Ser visitador dos congregados (At 15.36; 20.20, 31;

1Ts 2.11-12);q) Cumprir cabalmente o ministério (2Tm 4.5).

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Deveres do Pastor como Administrador dos Sacramentos

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28 - Pastor como Administrador dos Sacramentos

Anotações 3. Deveres do pastor como administrador dos sacramentos

3.1. A respeito do Santo Batismo

a) Da essência do batismo

Jesus dirigiu sua igreja a fazer discípulos batizando (bap-tizontes) e ensinando (didaskontes) conforme Mt 28.18-20. Todas as igrejas cristãs, com exceção das reformadas, aceitam a eficácia do batismo que é a aplicação de água em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. No batismo Deus oferece e dá a sua graça. O poder, porém, de regenerar não está na água mas na palavra de Deus.

Lutero afirma no Catecismo que o “batismo não é ape-nas água simples, mas é a água compreendida no mandamento divino e ligada à palavra de Deus (Livro de Concórdia, pg. 375, IV, 2).

Por isso também ensinamos do batismo “que é necessário e que por ele se oferece graça; que também se devem batizar as crianças, as quais, pelo batismo, são entregues a Deus e a ele se tornam agradáveis” (CA, artigo IX, Livro de Concórdia pg. 32).

b) Do local do batismo

No culto público, para que o povo de Deus veja quão importante ele é e para que sejam relembrados sua razão e seu proveito. É quase sempre uma cerimônia breve que deve ser vista pela congregação como um ato sagrado da maior importância.

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Pastor como Administrador dos Sacramentos - 29

Anotaçõesc) Quem o administra?

Aquele a quem foi confiado o ofício da palavra e dos sacramentos, o pastor. Em caso de emergência, qualquer sacer-dote real o pode fazer (Tratado4 67). Neste caso, o pastor deve certificar-se de que o mesmo foi administrado corretamente para então, num culto público posterior, anunciar o batismo que foi feito na situação de emergência.

d) Quem deve ser batizado?

Na ordem dada por Jesus no dia da Ascensão fica claro que são feitos discípulos por meio do batismo e do ensino (Mt 28.18-20).

Que adultos não foram discriminados do batismo pode-mos ver pelos seguintes exemplos: At 2.41; 8.38; 10.48; 16.15. Mas, quanto às crianças? Estas também não foram excluídas. A maior prova bíblica repousa em At 2.38-39.

Muito embora o batismo seja sacramento que deve ser administrado tanto aos adultos quanto às crianças, existem evi-dências bíblicas de que os adultos eram batizados depois de já terem a fé (At 8.36-38) enquanto que com as crianças seguiu-se a ordem natural: batizando e ensinando.

e) Da forma de batizar

Para nós é indiferente o modo de batizar — por imersão, derramamento de água (Lc 11.38; Mc 7.3-4; Hb 10.22). Aos que afirmam que o batismo só pode ser aplicado por imersão por-que simboliza o sepultamento na morte de Cristo (Rm 6.3-4), replicamos dizendo que o batismo também simboliza o lavar dos pecados (At 22.16).

4 Tratado sobre o Poder e Primado do Papa em Livro de Concórdia.

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30 - Pastor como Administrador dos Sacramentos

Anotações f) Meio da graça

O batismo é meio da graça e opera remissão dos pecados (At 2.38; At 22.16), ele concede o dom do Espírito Santo (At 2.38; Gl 3.25-27); ele regenera (Tt 3.5), ele salva (1Pe 3.21; Mc 16.15-16; Jo 3.3-6), ele santifica (Ef 5.26).

g) Da fórmula batismal

A fórmula que temos é a de Mt 28.19: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Lucas fala no batismo em nome de Jesus Cristo (At 2.38; 8.16; 10.48), embora esta frase descreva o caráter do batismo cristão, distinto de rituais judeus e romanos que então existiam e do próprio batismo de João Batista. A frase de Lucas não é uma alternativa para a fórmula trinitária de Mt 28.

Convém lembrar que o Senhor também não prescreveu onde derramar a água, nem quantas vezes devemos aplicá-la, nem a quantidade.

h) Dos padrinhos

Eles não são essenciais. Escritos da Igreja Primitiva falam do uso de padrinhos que atestavam a sinceridade dos adultos que queriam fazer parte da Igreja e sobre o desejo de os padrinhos em ajudar seus apadrinhados em sua vida cristã. Com o fim das perseguições, passou-se a usar o padrinho para o batismo das crianças.

Como responsabilidade cabe aos padrinhos testemunhar que a criança foi batizada corretamente, orar pela criança e au-xiliar seus pais em sua educação cristã. Por isso recomendam-se padrinhos cristãos e, preferencialmente, luteranos, que queiram assumir este compromisso.

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Pastor como Administrador dos Sacramentos - 31

Anotaçõesi) De quantas vezes deve-se batizar a mesma pessoa

A única coisa que justifica um novo batismo é a certeza de que o primeiro não foi feito com água e em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A pessoa, a intenção ou a fé do ofi-ciante não entram em questão. O batismo depende da palavra de Jesus e de mais nada.

j) Exemplo de curso para pais e padrinhos de

batismo

Introdução: O reformador Martinho Lutero escreveu em seu Catecismo Menor: “O batismo não é apenas água sim-ples, mas é a água compreendida no mandamento divino e ligada à palavra de Deus.” Esta palavra de Deus “é a que nosso Senhor Jesus Cristo diz no último capítulo de Mateus: ‘Ide, fazei dis-cípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.’”

• Jesuséoinstituidordobatismo(Mt28.18-20).• O batismo salva (Mc 16.15-16). Lutero disse que

o batismo “opera a remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos creem...”

• Elenãodeveserrejeitadopois: a) é necessário ( Jo 3.1-6); b) regenera (Tt 3.4-7).• Todos devem ser batizados, crianças e adultos. A

todos é dada a promessa da remissão e do dom do Espírito Santo (At 2.37-39).

• Apósobatismocomeçaanovavidaemqueoalvodo cristão é viver para a honra e glória de Deus bus-

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32 - Pastor como Administrador dos Sacramentos

Anotações cando a santidade de vida (Rm 6.4; 2.o Co 5.14-17).• Cabeaospaiscriareeducarosfilhosnadisciplina

e admoestação do Senhor após o batismo (Ef 6.4) para que as crianças também venham a atingir o alvo comentado no ponto 5.

• Cabeaospadrinhos: a) testemunhar que a criança foi batizada correta-

mente; b) orar pelo(a) afilhado(a); c) dar-lhe bons conselhos; d) auxiliar os pais na educação cristã da criança.

Conclusão: Que Deus abençoe pais e padrinhos no cum-primento de tão importante tarefa.

3.2. A respeito da Santa Ceia

a) Da instituição

“Nosso Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomou o pão, deu graças e o partiu e deu aos seus discípulos e dis-se: Tomai, comei, isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois, da ceia, tomou também o cálice, deu graças e lho deu e disse: Tomai e bebei dele todos. Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós, para remissão dos pecados. Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” (CM5, Livro de Concórdia, pg. 486; 3).

Com estas palavras Lutero, baseado nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e na narrativa do apóstolo Paulo, descre-

5 Catecismo Maior em Livro de Concórdia.

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Pastor como Administrador dos Sacramentos - 33

Anotaçõesve o momento em que Jesus instituiu a Santa Ceia para que fosse comida e bebida por nós cristãos em memória dele.

O “em memória de mim” nunca significou para nós lute-ranos fazer uma encenação do que há tantos séculos atrás acon-teceu; pelo contrário, ao celebrarmos a Santa Ceia em memória dele o fazemos certos de que receberemos o benefício para o qual Jesus instituiu este sacramento, a saber, perdão de pecados, vida e salvação, baseados na sua promessa que diz “dado e derramado por vós para a remissão dos pecados.”

b) Dos elementos

Não são outros além dos que Jesus tomou no momento da instituição: Pão (É usado no texto grego “artos” que é aplica-do para pão em geral enquanto que o específico, “azumos” para pão sem fermento, não é encontrado nos textos que apresentam a instituição da Ceia. Contudo, pelo fato de que os três evan-gelistas lembram o tempo em que Jesus instituiu o sacramento, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, muitos fazem questão de que o pão não contenha fermento) e vinho (1Co 11.20-30). Quanto ao uso ou não de pão sem fermento ou de vinho tinto ou branco, a igreja sempre teve esta matéria como adiáfora.

c) Da consagração

O propósito da consagração não é transformar, como que por um passe de mágica, o pão em corpo e o vinho em san-gue de Jesus, mas sim, deixar claro que os elementos estão sendo separados para uso sacramental.

As palavras que são usadas não são totalmente as mes-mas que Jesus usou quando deu graças; porém, usamos aquelas registradas na Bíblia e que lembram o que ele fez e disse quando instituiu o sacramento.

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34 - Pastor como Administrador dos Sacramentos

Anotações Quanto ao uso destas palavras, a Epítome da Fórmula de Concórdia declara: “Quanto à consagração, cremos, ensinamos e confessamos que obra nenhuma de homem nem a recitação do ministro efetuam esta presença do corpo e do sangue de Cristo na santa ceia; isso, ao contrário, deve ser atribuído única e ex-clusivamente à virtude onipotente de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, ao mesmo tempo também cremos, ensinamos e confessa-mos, unanimemente, que na celebração da santa ceia as palavras da instituição de Cristo de nenhum modo devem ser omitidas, porém devem ser recitadas publicamente conforme está escrito: “O cálice da bênção que abençoamos, etc” 1Co 11. Sucede essa bênção através da recitação das palavras de Cristo” (Epítome da FC6 VII, 8 e 9, pg. 519 e 520; olhar DS7 da FC, VII, 75, pg. 624).

As palavras podem ser lidas ou cantadas audivelmente, e o sinal da cruz sobre o pão ou o vinho pode ser como não ser fei-to. O pão não precisa ser partido na hora da consagração. Con-tudo, se alguém o quiser fazer, o momento próprio para isso seria durante o cantar do Agnus Dei, para se evitar que o povo pense que o partir do mesmo faz parte da Santa Ceia.

Se faltarem hóstias ou vinho durante a celebração da Santa Ceia, recomenda-se que se consagre o necessário para que todos recebam os elementos.

d) Do número de celebrações mensais

A Ceia do Senhor deveria ser oferecida em todo o culto em que houver alguém que esteja preparado e desejoso de rece-ber o corpo e o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. O fato de que estejam presentes pessoas que não queiram receber o sacra-mento não pode tirar dos que o querem o privilégio de recebê-lo.

6 Fórmula de Concórdia em Livro de Concórdia.7 Declaração Sólida em Livro de Concórdia.

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Pastor como Administrador dos Sacramentos - 35

AnotaçõesNa Apologia (XXIV 1) os confessores dizem claramente: “De-vemos, inicialmente, antecipar de novo que não abolimos a mis-sa, senão que a mantemos e defendemos escrupulosamente. Pois entre nós realizam-se missas todos os domingos e em outros dias de festa, nos quais o sacramento é administrado aos que querem fazer uso dele, depois de terem sido examinados e absolvidos.” No Catecismo Maior Lutero diz: “Por isso o sacramento nos é dado para diária pastagem e alimentação, para que a fé se restaure e fortaleça, a fim de que nessa peleja não sofra revés, porém se faça incessantemente mais vigorosa” (Do Sacramento do Altar, 24 e 25; pg. 488 do Livro de Concórdia).

Não podemos nem devemos coagir pessoas a participar da Santa Ceia. Contudo, quando alguém despreza a ceia por tempo indeterminado, Lutero diz “que não devemos conside-rar cristãos a pessoas que por tempo tão dilatado (um, dois ou três anos — 40) se ausentam e se abstêm do sacramento. Porque Cristo não o instituiu para que o tratássemos como espetáculo, senão que ordenou aos seus cristãos que o comessem e bebessem e o fizessem em memória dele” (CM, LC, pg. 490, 42).

e) Sobre quem admitimos à Santa Ceia

A Igreja Luterana convida para tomar parte da Santa Ceia apenas cristãos luteranos batizados e que receberam instru-ção nas partes principais da doutrina cristã (os 10 Mandamentos, o Credo, o Pai Nosso, o Batismo, o Ofício das Chaves e a Con-fissão, e a Santa Ceia). A nossa comunhão é fechada porque cre-mos que os que se reúnem junto à mesa do Senhor comungam da mesma fé, creem no mesmo evangelho, pois que no sacramento da Santa Ceia está o evangelho.

Existem pressões de toda forma para que admitamos à Santa Ceia pessoas de outras religiões. Uma pergunta se impõe:

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36 - Pastor como Administrador dos Sacramentos

Anotações Se podemos admiti-los à Ceia, por que não nos unirmos com os mesmos sem termos unidade doutrinária? Se o fizéssemos, serí-amos fiéis a Cristo? (Rm 16.17) Se eles concordam com a nossa doutrina, por que não se filiam ao nosso corpo eclesiástico mos-trando sua concordância de maneira clara?

Além de não admitirmos à Ceia os não membros da Igreja Luterana, também não a alcançamos a quem não se pode examinar (1Co 11.28) e à pessoas que cometeram pecado e não removeram o escândalo.

f) A respeito da confissão e absolvição

A CA declara no artigo XXV: “Os nossos pregadores não aboliram a confissão. Pois conserva-se entre nós o costume de não dar o sacramento àqueles que não foram previamente examinados e absolvidos. . . E da confissão se ensina assim: que ninguém deve ser constrangido a contar os pecados designada-mente” (CA, XXV, 1, 7, pg. 47 Livro de Concórdia).

Embora não seja prática de nossa igreja de constranger alguém a confessar seus pecados, providenciamos sempre quan-do da administração da Santa Ceia que ao comungante se ofere-ça a oportunidade de confessar os pecados (em particular ou em conjunto com os demais congregados no culto) e de receber o consolo da absolvição.

g) A respeito de quem distribui a Santa Ceia

Cabe ao pastor chamado, o despenseiro dos mistérios de Deus, que ele distribua a Santa Ceia. No caso de haver um pas-tor visitante para auxiliar o pastor local, cabe ao pastor local dar o pão pois que é ele quem recebe o seu “rebanho”, o conhece e o admite à Ceia. Para que se evite confusão recomenda-se que somente cristãos homens auxiliem o seu pastor na distribuição

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Pastor como Administrador dos Sacramentos - 37

Anotaçõesda Ceia depois de terem recebido permissão da congregação e instrução para tal fim.

h) A respeito do preparo correto

Lutero escreveu que “jejuar e preparar-se corporalmente é, sem dúvida, boa disciplina externa. Mas verdadeiramente dig-no e bem preparado é aquele que tem fé nestas palavras: “Dado em favor de vós” e “derramado para remissão dos pecados.” Aquele, porém, que não crê nessas palavras ou delas duvida, é indigno e não está preparado, pois as palavras “por vós” exigem corações verdadeiramente crentes” (Catecismo Menor, VI, 10, pg. 379, Livro de Concórdia).

i) Pode um pastor dar a Ceia a si mesmo?

Claro que sim. Lutero e outros teólogos assim o ensina-ram. O pastor, como todos os demais cristãos também tem a ne-cessidade de receber as bênçãos deste sacramento. Se, porém, sua congregação não estiver habituada com esta prática é recomen-dável que o pastor ensine a respeito.

j) Sobre a inscrição

A inscrição para a Ceia ainda é praticada em nossas con-gregações. Dá ao pastor a oportunidade de falar com o congre-gado sobre eventuais problemas que o podem impedir de par-ticipar da Ceia. Além disso, concede ao pastor a “temperatura” da fé do congregado (sua pouca participação pode ser sinal de problemas espirituais).

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As virtudes de um Pastor

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40 - As Virtudes de um Pastor

Anotações 4. As virtudes de um pastor• Abrandura(2Tm2.24)—opastornãoviveacon-

tender;• Asabedoria(2Tm2.15);• Apaciência(2Tm4.2);• Ahumildade(Tt1.7);• Amodéstia(1Tm3.2);• Acoragem(At23.11);• Aprudência(Mt10.16);• Adisciplina(Tt1.7);• Ahospitalidade(1Tm3.2);• Aliberalidade(1Tm3.3;Tt1.7)aopontodosacrifí-

cio (Fp 3.7 e 2 Tm 2.3);• Aboaadministração(1Tm3.4);• Afidelidadenocasamento(Tt1.6);• Aaptidãoparaensinar(1Tm3.2);

4.1. O que um pastor não deve ser ou fazer• Senhordorebanho(Mt20.25e1Pe5.3-4);• Ganancioso(Mt6.25);• Nãodiscutir(Fp2.14;2Tm2.24-26);• Alguémque é relaxado,descumpridordehorários

( Jr 48.10a);• Buscarosucesso(onomedeDeusdevecrescerenão

o nosso — Jo 3.30);

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As Virtudes de um Pastor - 41

Anotações• Umfofoqueiro(Pv16.28;17.9);• Umcríticodestrutivo(Tg4.11);• Umcínico(Pv26.24-25);• Alguémquefazdistinçãoentrepessoas(Tg2.1-13);• Umimoral(Pv6.23-29;1Tm3.2);• Umquedesfazoseuantecessor(1Co1.10-13;1Ts

5.12-13).

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O pastor e sua vida Devocional

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44 - O Pastor e sua vida Devocional

Anotações 5. O pastor e sua vida devocionalNão pode haver dúvidas de que é vontade de Deus que o

pastor examine as Escrituras e que ele tenha uma vida de oração (1Tm 4.13; At 6.4). Vida devocional é, portanto, algo que deve-mos nos esforçar para manter.

Para a meditação diária recomendamos que haja uma al-ternância entre a leitura da Bíblia, o Livro de Concórdia, Lei e Evangelho de Walther e uma das dogmáticas adotas pela IELB.

Quanto ao orar, seria bom organizar um caderno que contenha as seguintes necessidades: minhas, de minha família e de meus familiares, IELB (diretoria, Seminários, distrito, ligas), Congregação (colegas pastores, diretorias, departamentos, pas-sar o rol de membros), enfermos (orar pelo telefone), enlutados, aniversariantes da semana, noivos, problemas, ações de graças, Estado (município, estado, câmaras, congresso, presidência).

Para se fazer isso, necessita-se de organização e de deter-minação. O tempo gasto em oração não é tempo jogado fora.

Cuidado para não descuidar da participação da Santa Ceia.

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O Pastor e sua a sua Família

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46 - O Pastor e sua Família

Anotações 6. O pastor e a sua família

6.1. O pastor casadoO apóstolo Paulo ao escrever sua carta aos Coríntios

mostra que o pastor solteiro tem uma vantagem, se é que po-demos assim dizer, sobre o pastor casado, a saber, que ele tem tempo suficiente para dedicar-se com exclusividade ao Senhor Jesus (1Co 7.32-35). No entanto, se o solteiro não tiver o dom da castidade, terá que vigiar e orar para não cair em tentação.

Quando Deus criou o homem viu que não era bom que ele ficasse sozinho (Gn 2.18) e por isso criou a mulher e assim instituiu o matrimônio. Deus, porém, jamais proibiu os minis-tros religiosos de serem homens casados. Interessante que ele afirma que é doutrina de demônios a proibição do casamento (1 Tm 3.1-4. Em 1075 o Papa Gregório VII decretou o divórcio do clero católico).

Pedro era casado (Mt 8.14). Paulo afirmou que tinha, como os demais, o direito de casar (1Co 9.4-5). Além disso, ao falar do presbítero, mostrou que o mesmo (no caso de ser casa-do) deveria ser esposo de uma só mulher (1Tm 3.2).

Se um pastor ou alguém que aspira ao episcopado quiser casar, deve orar e olhar em sua volta, e agir com prudência na escolha de seu par.

Entre as qualidades que se deve procurar numa futura esposa citamos:

• sercristã,entusiasmadapelacausadeCristo;• espíritodesacrifício(teráqueconvivercompouco

dinheiro, lugar pequeno);

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O Pastor e sua Família - 47

Anotações• tatoebomsensonotratamentocomoutraspessoas(não dada a revidar com ofensas; não fofoqueira);

• humildadeparanãosufocarasdemaislideranças;• seraconselheiradoesposo(corrigi-lo,admoestá-lo;

observar a reação do povo aos seus sermões, estudos, etc.);

• amá-lo(sera“amante”dopastor,mulherdefato).Lembro que a esposa do pastor não recebe chamado para

ocupar um lugar na congregação. O pastor é a pessoa chamada e é o único detentor do chamado.

Se por vários motivos é bom que o pastor seja casado, é conveniente lembrar que o ministério pode atrapalhar um bom casamento. Pastores, por isso, precisam repetidamente ler o que Deus espera de um marido cristão (Ef 5.25-31; Cl 3.19).

Pastores casados também precisam ser carinhosos, “amantes” de suas esposas (recomenda-se a leitura do livro de Cantares), lembrar que elas têm necessidades e, que muitas ve-zes, são abandonadas pelos seus maridos vivendo, por isso, na solidão.

Jaime Kemp, em seu livro “Pastores em perigo” (pg. 60) destaca 12 necessidades de uma mulher de pastor que gostaria de citar aqui:

1. Necessidade de ter amizades verdadeiras, autênticas, confiáveis.

2. Necessidade de gastar tempo de qualidade com seu marido. Ela, muitas vezes sente-se em segundo pla-no, tendo a igreja como rival.

3. Necessidade de privacidade em sua casa.4. Desejo de não ter que aceitar as expectativas da igre-

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48 - O Pastor e sua Família

Anotações ja sobre ela, entre as quais destacamos:a) vestir-se adequadamente;b) viver com pouco, mas mesmo assim oferecer sua

casa com as comodidades de hotel e restaurante;c) estar presente a todas as reuniões da igreja e ainda

levar os filhos;d) ser capaz de lecionar à qualquer classe da escola do-

minical;e) ser presidente da sociedade de senhoras, reger o co-

ral e ser organista;f ) ter filhos sempre bem comportados;g) abdicar do seu marido em favor da igreja, a qual-

quer hora do dia ou da noite;h) fazer visitas com o seu marido;i) trabalhar fora para ajudar no sustento da casa e

ainda fazer tudo que a esposa do pastor anterior fazia.

5. Necessidade de ser conhecida como si mesma e não como “a esposa do pastor”.

6. Liberdade para expressar seus talentos através dos serviços que ela mesma escolher.

7. Necessidade de sentir-se, de fato, participante do ministério e não somente através de afirmações in-verídicas do marido que diz: “nosso ministério”, mas nem lhe dá ao menos o direito de verbalizar suas opi-niões.

8. Necessidade de ser ouvida e valorizada pelo marido e pela igreja, não pelo que faz, mas pelo que é.

9. Necessidade de receber treinamento em alguma área

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O Pastor e sua Família - 49

Anotaçõesque diga respeito ao seu dom, talento ou interesse.10. Necessidade de “espaço” em relação a não ter

sempre que ser o exemplo perfeito para todas as mu-lheres da igreja.

11. Necessidade de ser amada pelo marido.12. Necessidade de ter o marido participando ativa-

mente na criação e disciplina dos filhos.Um dos grandes cuidados que devemos ter é com a nossa

agenda. Não esqueçamos da esposa e dos filhos e os incluamos na mesma. Escolhamos um dia, uma noite, e dediquemo-lo(s) com exclusividade à esposa e aos filhos. Tiremos férias e, se possível, peçamos para que a casa pastoral não seja construída ao lado da igreja. Aconselhável seria que junto à igreja existisse um gabinete pastoral.

6.2. O pastor como pai.Valem ao pastor-pai as palavras de Efésios 6.4 e Colos-

senses 3.21.O pastor-pai ora pelos e com os filhos, leva-os à igreja, lê

a Bíblia com eles, brinca com eles, passeia com eles, preocupa-se com eles, tem paciência com eles, os perdoa, pede perdão a eles, etc., etc.

Se tiverem filhos, não esqueçam de:1. dar-lhes tempo (ouvir e falar com eles);2. não deixar que sejam pressionados (muitos querem

os filhos de pastor como exemplo em tudo; saia cur-ta, cabelos bem aparados, etc.);

3. pedir-lhes perdão;4. que eles têm e precisam de amigos (muitas mudan-

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50 - O Pastor e sua Família

Anotações ças são prejudiciais);5. não ficar se queixando do trabalho pastoral e dos

congregados diante deles;6. demonstrar-lhes seu amor por eles e pela mãe deles.

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O Pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo

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52 - O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo

Anotações 7. O pastor e a congregação, distrito e sínodo

7.1. O pastor e a congregação

a) A igreja, quem a constituiu, o que é, suas

marcas e objetivo.

Quando falamos em pastor e congregação queremos deixar primeiramente bem claro que embora se use o linguajar “minha igreja”, ela na verdade não pertence ao pastor. A igreja sempre foi e será daquele que a formou, o próprio Deus. Lutero, com propriedade escreveu na explicação do 3.o artigo do Credo: “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, iluminou com os seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé. Assim como chama, congrega, ilu-mina e santifica toda a cristandade na terra, e em Jesus Cristo a conserva na fé verdadeira e única” (CM, II, 6).

A igreja que é obra de Deus (Ef 2.19-22; 5.25-27; 1Pe 1.3-5; Ap 19.7) é também a sua propriedade. Ela é composta de pessoas, entre as quais além de cristãos verdadeiros também po-dem encontrar-se hipócritas.

Para a unidade da igreja, de acordo com a Confissão de Augsburgo, “basta que haja acordo quanto à doutrina do evange-lho e à administração dos sacramentos” (CA, VII, 1-3).

A igreja cristã se manifesta de maneira local como uma congregação. Entre as marcas da mesma podemos lembrar:

1. a palavra de Deus;

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 53

Anotações2. o sacramento do batismo;3. o sacramento da santa ceia;4. a absolvição;5. a ordenação e o chamamento de pastores;6. o culto a Deus;7. a vida sob a cruz (toda a santificação).

Para que a igreja consiga cumprir o objetivo para o qual foi constituída (levar o evangelho de Cristo a toda a criatura), ela, no decorrer dos séculos, tem se organizado. Contudo não existe na Bíblia um modelo de organização que foi proposto por Deus para que seja por nós seguido. Diante disso cremos que a igreja, para que tudo seja feito com decência e ordem, tem a liberdade de organizar-se do melhor modo possível para que o objetivo para o qual existe seja alcançado.

b) A divisão do objetivo maior em cinco áreas:

O professor Erni W. Seibert em seu livro “Congregação Cristã” afirma que o grande objetivo da igreja pode ser compa-rado “com um diamante lapidado com cinco faces. Cada uma destas faces enfatiza um aspecto diferente da mesma missão que se confere à igreja. Estas cinco expressões bíblicas são: adoração, educação, testemunho, serviço e comunhão.” (Congregação cris-tã, pg. 28).

Sobre a adoração ele afirma que a mesma “é a ação da igreja na qual o povo de Deus ama, honra, respeita e aclama o seu Deus. Inclui tanto a adoração em público como em particular.” (pg. 28)

Quanto à educação ele diz que com a mesma “se visa o nu-trir do cristão. Inclui todo o ciclo do ensinar e aprender ... que prepara os cristãos para viverem integralmente a fé cristã” (pg. 29).

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54 - O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo

Anotações Com respeito ao testemunho ele declara que “é a ação da igreja no sentido de levar aos que não crêem o amor que o Salvador Jesus Cristo teve e tem por todos” e que isto “inclui tanto o educar para a missão como o efetivamente agir na missão” (pg. 29).

Do serviço ele coloca que o mesmo “inclui as maneiras pelas quais o cristão e a igreja respondem às necessidades das pes-soas, a partir do amor de Cristo” (pg. 29).

Finalmente, da comunhão diz que “é a atividade da igreja cristã em que os cristãos participam da vida em Deus e das vidas uns dos outros”(pg. 30). Quanto à comunhão com Deus ele diz que a mesma se expressa de forma sublime na santa ceia e que desta comunhão com Deus os cristãos aprendem e derivam a co-munhão com os seus irmãos na fé.

Acreditamos que todas as congregações deveriam orga-nizar-se tendo em vista sua atuação nestas cinco áreas.

Julgamos oportuno apresentar neste momento o projeto que por nós está sendo apresentado à diretoria da congregação Cristo em POA para que sintam a nossa preocupação com res-peito ao trabalho realizado na mesma e pela mesma.8

7.2. Projeto de estudo para planejamento da Comunidade Evangélica Luterana “Cristo”

Introdução:

A Comunidade Evangélica Luterana “Cristo” de Porto

8 Nota: Embora este “planejamento” se refira a uma Congregação em particular da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, a Revista resolveu mantê-lo para fins de exemplificação, especialmente no que se refere à fundamentação sobre as cinco áreas de atuação da Igreja.

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 55

AnotaçõesAlegre, de acordo com o artigo 3.o de seus estatutos, foi cons-tituída para “conservação e propagação das doutrinas da Igreja Evangélica Luterana, conforme as Escrituras Sagradas e o Livro de Concórdia do ano de 1580.”

Em conformidade com a clara vontade de Deus (Tt 1.5), a CELC estabeleceu em seu meio o ofício do ministério que tem como objetivo ensinar o evangelho e administrar os sacramentos para que a fé seja criada e fortalecida (CA 5). Além disso, ela des-de o começo estruturou-se para colocar-se à serviço deste ofício.

É do ministro chamado e ordenado a responsabilidade de todo o trabalho que envolve a pregação da palavra e a adminis-tração dos sacramentos. Ele é o cooperador de Deus (1Co 3.9), o despenseiro dos mistérios de Deus (1Co 4.1), a quem Deus, por intermédio da Congregação, confiou estes deveres. E quem auxilia dentro da Comunidade na execução deste trabalho o faz sob a responsabilidade e a autoridade concedidas por este ofício.

Todo trabalho de uma congregação deveria convergir para a grande razão de sua existência. Com a intenção de con-tribuir para este fim colocamos à apreciação da diretoria este es-tudo que analisa as cinco áreas de atividade da igreja que são a adoração, a educação, o testemunho, o serviço, e a comunhão, e que propõe alguns passos para que o objetivo, acima exposto, com a bênção de Deus, possa vir a ser alcançado.

Áreas de atividade da “CELC”

I - A Adoração

O professor Erni Seibert a respeito deste assunto diz:“A adoraçao é a ação da igreja na qual o povo de Deus ama, honra, respeita e aclama o seu Deus. Inclui tanto a adoração em público como em particular. Na ado-

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56 - O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo

Anotações ração a Deus manifesta-se o cristão, pois, com a queda em pecado, o ser humano passou a render culto para a criatura e não para o Criador. Apenas quando está perdoado por Deus, em Cristo, que o ser humano pode novamente adorar verdadeiramente a Deus. Livre do pecado, se está livre para cultuar. Preso ao pecado, nin-guém consegue cultuar a Deus (Erni Walter Seibert, Congregação Cristã. São Paulo, Escola Superior de Teologia — Instituto Concórdia de São Paulo, 1988. P. 28.)

Quanto à adoração, queremos neste estudo enfatizar es-pecialmente aquela atividade cristã que acontece em público, em nosso templo. Em vista disso, procuraremos analisar o que pode contribuir para que a mesma venha a ser realizada de maneira agradável a Deus bem como auxiliar na edificação do corpo de Cristo, a própria igreja.

O culto público é, para nós cristãos, o momento ideal para adorarmos a Deus no seu templo. Esta adoração, como já lembrado anteriormente, só pode ser realizada por alguém que foi perdoado por Deus. Por isso, na ordem do culto a liturgia procura primeiramente levar o cristão à presença de Deus para confessar-lhe os seus pecados e receber dele, por meio da absol-vição, o pleno perdão. A partir de então começa o culto propria-mente dito.

A explicação das ordens litúrgicas tradicionais e a intro-dução de novas, devem auxiliar o cristão para que o momento de culto alcance os seus objetivos: Apresentar ao pecador a opor-tunidade de receber o serviço divino (proclamação do amor de Deus em Cristo Jesus através da palavra e dos sacramentos) bem como de receber o estímulo e a oportunidade para responder a

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 57

Anotaçõeseste amor servindo a Deus (hinos e orações de louvor e gratidão, ofertas).

Da mesma forma o entoar de hinos tradicionais ou no-vos, cujo conteúdo esteja de acordo com os princípios doutri-nários da Bíblia, acompanhados ou não de qualquer espécie de instrumento musical, podem tornar nossos cultos alegres e agra-dáveis a Deus (Cl 3.16; Sl 81.1-3; Sl 96.1-2; Sl 100.1-4). Prefe-rência dever-se-ia dar aos hinos cujas melodias são fáceis de can-tar. Quanto aos hinos difíceis, cuja melodia não seja do agrado popular, uma solução seria usá-los em forma de leitura.

A entrega da tarefa de realizar as leituras bíblicas do cul-to aos congregados e o envolvimento de departamentos para entoar hinos e apresentar jograis ou orações, podem contribuir para que se mude a mentalidade do “irei assistir” ao culto para “irei participar” do culto.

Cultos especiais como, por exemplo, culto jovem, cul-to do idoso, culto para a criança, culto de renovação de voto de confirmação, casamento e etc., devem ser incentivados e poderão contribuir para aumento da frequência dos congregados na igre-ja.

A introdução da celebração da Santa Ceia em todos os cultos, dando-se aos pastores que dirigem o culto e são respon-sáveis pela boa ordem dos mesmos a liberdade de os dirigirem de maneira prática sem ferir a doutrina, certamente contribuirá para o aumento da fé e para o progresso de uma vida piedosa e cristã.

Definir o 5º domingo como culto de estudo bíblico, com a participação de um ou mais pastores, pode ser uma alternativa que auxilie para uma melhor compreensão por parte dos congre-gados das doutrinas da Bíblia.

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Anotações Realizar uma pesquisa junto aos congregados quanto aos horários de culto, pode talvez indicar soluções para o problema da fraca presença aos cultos.

Para que o momento de adoração da CELC, o culto pú-blico, possa alcançar os objetivos para os quais existe, propomos as seguintes comissões e passos:

1. Fortalecimento da comissão de recepção já existen-te com a indicação de um congregado responsável para a mesma pela diretoria da Comunidade, cujo nome será homologado pela primeira assembleia re-gular que terá lugar após a posse da nova diretoria (Observação: Todas as demais comissões seguirão o mesmo padrão). Proponho que os recepcionistas sejam identificados com um crachá e que além das atribuições já existentes, seja incluída a seguinte: Solicitar aos visitantes do culto, preenchimento de ficha com endereço, e encaminhar a mesma à comis-são de evangelismo para um futuro contato.

2. Criação de uma comissão de culto. Entre as atribui-ções desta comissão deveriam constar:a) Apoiar o estudo da liturgia tradicional e a imple-

mentação de liturgias alternativas;b) auxiliar os pastores na distribuição da Santa Ceia

quando necessário;c) coordenar a distribuição de leituras da Bíblia nos

cultos;d) comunicar a secretaria da CELC para que provi-

dencie na compra de guardanapos, hóstias e vinho para a Santa Ceia, velas para o altar;

e) propor a reforma ou aquisição de utensílios necessá-

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 59

Anotaçõesrios para a administração dos sacramentos (cálices, etc) e de hinários e bíblias;

f ) pesquisar, sempre que necessário junto aos congre-gados, sobre a necessidade ou conveniência de se modificar os horários de culto;

g) outros.3. Criação de uma comissão de artes sacras. Entre as

atribuições desta comissão deveriam constar:a) zelar pelos paramentos de altar e púlpito já existen-

tes;b) propor a confecção de novos paramentos;c) propor a aquisição de novos ornamentos ou utensí-

lios para uso no altar ou igreja;d) proporcionar aos congregados uma compreensão

dos símbolos litúrgicos usados na CELC;e) outros.

4. Criação de uma comissão de música. Entre as atri-buições desta comissão deveriam constar:a) estimular o canto coral na CELC e a formação de

novos grupos de canto;b) organizar a escala dos organistas;c) promover cursos de reciclagem para os organistas já

existentes e cursos novos para congregados que quei-ram vir a ser;

d) estimular o surgimento e a participação nos cultos de congregados com novos dons musicais (violão, flauta, violino, trompete, etc.);

e) propor à diretoria da CELC a aquisição de todo o material que julgar necessário para o embeleza-

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Anotações mento de nossos cultos através do canto e da músi-ca;

f ) outros.5. Introdução da celebração da Santa Ceia em todos

os cultos da CELC, sendo que no 1º e 3º domingos será usado o cálice individual, no 2º e no 4º domin-gos o cálice coletivo, e quando houver 5º ficando a critério do pastor responsável pelo culto. Também dar-se-á aos pastores o direito de decidir no dia em que o culto é realizado quanto a fórmula que julga-rem mais prática de se distribuir a Santa Ceia.

6. Realização de pesquisa e posterior plebiscito para horários alternativos de nossos cultos.

7. Definir o 5º domingo, como o culto do estudo bí-blico. Nestes cultos, dever-se-ia estudar preferencial-mente as doutrinas do Livro de Concórdia, dando--se prioridade aos Catecismos de Lutero.

8. Entregar aos membros da CELC a tarefa de realizar as leituras dos textos do AT e da Epístola nos cultos.

9. Implantar, com o objetivo de aumentar gradualmen-te a presença nos cultos da CELC, um programa tipo “Em 1996, queremos ser, no mínimo, 400 em cada culto dominical.”

II - A Educação

Valendo-nos do estudo do professor Erní Seibert, apre-sentamos aqui a sua definição sobre o que seja educação. Ele es-creveu:

“A educação é o aspecto em que se visa o nutrir do cris-tão. Inclui todo o ciclo do ensinar e aprender. A igreja

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 61

Anotaçõesdeve criar oportunidades de educação cristã. Na edu-cação cristã Deus pretende que a igreja firme os fiéis na palavra de Deus e os treine diligentemente a andar em seus caminhos. Na educação pretende-se que as pessoas se tornem adultas na fé (1Pe 2.2). A educação cristã se dá em particular, no lar, na escola e congregação. A educação prepara cristãos para viverem integralmen-te a fé cristã (Mt 28.20; Dt 6.6-9; Ef 4.11-16; 2Tm 3.16-17).” Ibid., p. 29.

A educação cristã deve procurar acompanhar o congre-gado, desde o momento em que ele é recebido na comunhão da fé até o fim de sua vida, sendo criança ou adulto. Para tal fim a CELC procurará organizar-se na medida do necessário em de-partamentos e comissões.

A educação cristã oferece “leite” para as crianças em Cris-to e “alimento sólido” para os adultos em Cristo (1.o Co 3.1-2). Para este fim, todos, pastores e congregados, precisam cooperar, cada qual no seu ofício próprio. Os pastores têm como uma de suas atribuições o ensinar (1.o Tm 3.2). Contudo podem valer-se do auxílio de irmãos e irmãs leigos que permanecem sob a sua supervisão, confiando-lhes tarefas auxiliares de ensino. Para tan-to devem empenhar-se em apresentar currículos de estudo para todas as áreas de atividade da Congregação e ensinar, onde for preciso, todos os desígnios de Deus, bem como de preparar cur-sos para que estes irmãos leigos possam auxiliá-los.

Como não é só dever dos pastores ensinar as verdades fundamentais da fé cristã, cabe aos pais, em seus lares, educar seus filhos ensinando-lhes desde a mais tenra infância os cami-nhos de Deus contidos na Bíblia Sagrada (2Tm 3.14-17; Ef 6.4).

Além dos departamentos já existentes, Escola Domini-

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Anotações cal, Senhoras, Jovens e Idosos, bem como as agências de ensino (sermão, instrução de confirmandos, curso boas novas, curso de noivos e de padrinhos de batismo), propomos que, na medida do necessário e do possível, sejam formados os seguintes mais: Juventude Mirim, Leigos, Casais e Solteiros.

Além dos grupos de estudo bíblico já existentes, propo-mos a criação de uma comissão de estudos bíblicos para a imple-mentação de outros grupos sob a supervisão do pastor responsá-vel. O preparo e o treinamento de leigos para o desempenho da tarefa de dirigir os mesmos é recomendável.

Propomos também a formação de uma comissão de mor-domia dos bens, que zele pelo ensino e pela prática da oferta cristã na CELC, que tenha como compromisso a promoção de cursos periódicos de mordomia a todos congregados, dando es-pecialmente uma ênfase para que deles participem os novos con-gregados por conversão, os novos membros votantes e aqueles, sabidamente relapsos em seu ofertar. Também será dever desta comissão promover aos novos membros votantes um curso sobre os estatutos da CELC, para que estes conheçam melhor os seus direitos e deveres.

Finalmente, propomos a criação de uma comissão de li-teratura cristã e afins que tenha sob sua responsabilidade a co-ordenação da “livraria” da CELC, promovendo periodicamente uma exposição da literatura luterana existente, informando atra-vés do boletim dominical a respeito de filmes de bom conteúdo e incentivando a aquisição do devocionário Castelo Forte e a as-sinatura do Mensageiro Luterano.

III - O testemunho

O professor Erni Seibert define o testemunho em seu li-vro “Congregação Cristã” da seguinte maneira:

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 63

Anotações“O testemunho é a ação da igreja no sentido de levar aos que não creem o amor que o Salvador Jesus Cristo teve e tem por todos. É através desta atividade que se manifesta com mais clareza o propósito de Deus salvar o mundo. Quando a igreja não se envolve no evan-gelismo, nega o que lhe é mais próprio. Pode-se dizer que no evangelismo encontramos a pedra de toque de todo o trabalho da igreja. Quando esta atividade não está presente, tudo falha. Toda a congregação, e mesmo toda a igreja, deveria ter um programa missionário que inclui tanto o educar para a missão como o efetiva-mente agir na missão (Gn 12.3; 1Rs 8.43; Mt 28.20; 1Jo 1.2; At 4.12, 20; 2Co 5.14). Ibid.

Embora Deus não esteja preso aos meios da graça para operar a fé no coração de alguém, ele confiou aos seus filhos a sublime tarefa de anunciar o evangelho para que por meio dele o Espírito Santo opere a fé. Ele espera que cada um de nós, pastores e leigos, cumpra a sua parte.

Para que haja um maior envolvimento de congregados da CELC na tarefa de evangelizar propomos a formação de uma comissão de evangelismo externo que ajude, lidere e prepare os congregados: a) a ter uma melhor compreensão do sacerdócio universal de todos os crentes; b) a aprender quem, onde, como e por que fazer missão.

Propomos também a formação de uma comissão de evangelismo interno que tenha como área de atuação a busca dos relapsos de nossa Comunidade.

Propomos que anualmente, preferencialmente no 2.o se-mestre, se envolva o maior número possível de congregados para, num esforço evangelístico, visitar e ou entregar convite para os

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Anotações cultos de nossa congregação aos moradores do nosso bairro.

IV - O Serviço Social

O professor Erni Seibert assim se expressou sobre este assunto:

“O serviço inclui as maneiras pelas quais o cristão e a igreja respondem às necessidades das pessoas, a partir do amor de Cristo. O evangelho traz a pessoa a um novo relacionamento com Deus e com o seu semelhan-te. É, de forma bem especial, no serviço, no auxílio ao semelhante, que vai se manifestar o amor a Deus e ao próximo. Quando alguém crê em Deus, a consequên-cia inevitável é o cuidado que esta pessoa vai ter com as necessidades de seu semelhante. A compreensão da importância deste serviço ao próximo levou este aspecto do trabalho da igreja cristã de uma atividade parale-la a um dos aspectos mais discutidos e envolventes de toda a ação cristã... O crescente número de problemas sociais fêz com que se tornasse cada vez mais necessária a ação dos cristãos em obras de amor ao próximo (Ef 4.28; Sl 41.1; Dt 15.11; Tg 1.27). Ibid., pp. 29 e 30.

O amor de Deus, sem dúvida, nos conduz a amar o pró-ximo. No entanto, apesar de nosso amor a Deus querer levar-nos a realizar atos de amor ao próximo, especialmente o necessitado, temos dificuldades para decidir a quem dirigir nosso auxílio. Em vista disso propomos que a CELC forme uma comissão de Assis-tência Social para coordenar esta área de atividade, a fim de que se faça o bem a todos, mas principalmente aos irmãos carentes da família da fé (Gl 6.10).

Entre as diversas áreas de ação desta comissão podem es-

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 65

Anotaçõestar a assistência a desempregados, a crianças ou jovens que não vão à escola, aos idosos que têm dificuldades de adquirir seus re-médios e até mesmo a vir aos cultos, aos que sofrem por causa de problemas com sua saúde, alimentação, vestuário, habitação, transporte, etc.

Esta comissão deve cuidar para não gerar entre os assisti-dos dependência ainda maior e procurar desenvolver programas que permitam que os assistidos, tendo sido educados, consigam “andar” por suas próprias pernas.

V - A Comunhão

A respeito desta área o professor Erni Seibert assim se expressa:

“A comunhão é a atividade da igreja cristã em que os cristãos participam da vida em Deus e das vidas uns dos outros. A comunhão fundamental é a comunhão com Deus, expressa de forma tão sublime na Santa Ceia. Desta comunhão com Deus, os cristãos aprendem e derivam a comunhão com seus irmãos na fé. A comu-nhão afasta o egoísmo. Ela trata da própria essência da vida cristã e é vital na obra do evangelismo. Deus quer que todos vivam nesta comunhão. A comunhão cristã é diferente daquilo que a humanidade em geral entende por comunhão. A comunhão cristã é comunhão entre aqueles que têm a mesma fé, o mesmo Senhor Jesus Cristo, e esta comunhão se manifesta como um fruto desta fé (At 2.42; 1Co 10.16; 2Co 6.14; Rm 16.17; At 4.32; 1Jo 1.3; Jo 17.21). Ibid., p. 30.

Para que nossa comunhão com Deus, através da Santa Ceia, seja mais frequente, já propusemos numa seção anterior a

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Anotações administração do sacramento em todos os cultos. Por outro lado, para que nossa comunhão com os irmãos na fé, no plano hori-zontal, possa crescer, propomos a formação de uma comissão de comunhão que terá como objetivo um maior congraçamento dos congregados da CELC, promovendo para tal fim encontros de famílias, noites culturais, encontros esportivos, passeios, reti-ros, festas, etc. Será também uma das atribuições desta comissão organizar o preparo do cafezinho, chá e chimarrão para serem servidos após o culto dominical.

VI - Dos Pastores

Acredito que a CELC tem a necessidade de chamar mais um pastor e que este dedique, durante o expediente normal de trabalho, seu tempo para o serviço de capelania do Colégio Con-córdia, sem, contudo, ficar desvinculado do trabalho pastoral.

Este pastor capelão, cujo salário e encargos serão iguais aos pastores remunerados pelo caixa da CELC mas de respon-sabilidade do Colégio Concórdia, além das responsabilidades inerentes ao cargo que ocupará, deverá ser considerado pastor da CELC, ocupando seu devido lugar nas reuniões de diretoria da mesma e recebendo a responsabilidade de dirigir e pregar nos cultos de um fim de semana por mês e atuar com o pastor res-ponsável pela área junto às crianças e jovens da Comunidade, vi-sando assim uma integração maior com o Colégio, local especial para se realizar o trabalho de missão da Comunidade.

Proponho que os demais cultos continuem sendo reali-zados havendo um revezamento entre os outros dois pastores.

Proponho que o 1º domingo de cada mês bem como o sábado que o precede e a segunda que o sucede sejam cultos nos moldes do culto jovem atualmente realizado, sendo que perma-nece no 1.o domingo o sermonete com a participação especial

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 67

Anotaçõesdas crianças da CELC.Proponho, finalmente, que as áreas e comissões bem

como as atividades que as mesmas exigem dos pastores, sejam distribuídas entre eles de comum acordo e sendo respeitados os dons que cada um recebeu de Deus.

Estrutura administrativa

A CELC obedecerá à seguinte estrutura administrativa:Assembleia (órgão legislativo máximo)Diretoria e pastores (executivos das resoluções e do esta-

tuto)Conselho de planejamento (Pastores, diretoria e repre-

sentantes dos departamentos, comissões e do conselho do Colé-gio Concórdia) que se reunirá no mínimo uma vez ao ano para planejar e avaliar as atividades da CELC.

Conclusão

Foi com o propósito sincero de apresentar um estudo que vise tão somente a honra e glória de Deus através do trabalho que pode ser realizado pela nossa querida CELC que apresenta-mos este trabalho.

Acreditamos que estas propostas, se colocadas em práti-ca total ou parcialmente, aliadas ao contínuo estudo da Palavra de Deus (seja em particular ou com os irmãos na fé no culto ou nos departamentos) e a participação da Santa Ceia, haverão de contribuir para que a nossa Comunidade torne-se mais ativa.

Finalmente convocamos todos a orar a Deus, para que ele nos abençoe a fim de que lhe sejamos fiéis na fé e nas obras até o fim.

(Porto Alegre — Agosto de 1995, Egon Martim Seibert

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68 - O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo

Anotações — pastor)

7.3. Pastor e adminstração.

a) O pastor na administração da congregação:

Como pastor chamado, o pastor tem lugar nas reuniões de diretoria da congregação porque tudo que uma congregação decide e faz deve obedecer ao que a palavra de Deus estabelece. Ao pastor, como despenseiro dos mistérios de Deus, cabe orien-tar a diretoria para que as suas decisões concordem com a sã dou-trina.

Diretorias existem para auxiliar o pastor na execução de tarefas necessárias e que não fazem parte do seu ofício pastoral. Por isso recomendo que o pastor se detenha especialmente a fa-zer o que é do seu dever. A administração das propriedades e dos bens deveria ser confiada a congregados cheios do Espírito San-to, eleitos em assembleia para tal fim.

Convém que o pastor leia os estatutos de sua congrega-ção, se certifique de que os mesmos foram aprovados pela IELB e zele para que sejam colocados em prática.

b) O pastor e o Distrito

Todo o pastor da IELB ao pedir filiação compromete-se a participar das atividades da Igreja em todos os níveis, entre as quais estão as de nível distrital (RI 2.3.5), como por exemplo: Conselho Distrital (onde ele é membro votante), congressos, encontros, etc. Espera-se dos pastores que eles estejam dispostos a cooperar em nível distrital com as “ligas” existentes para ser-virem as mesmas como conselheiros quando forem solicitados.

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O pastor e a Congregação, Distrito e Sínodo - 69

Anotaçõesc) O pastor e a IELB:

Como membro votante da IELB (Estatutos, Artigo 6º) espera-se sua participação nas atividades da Igreja em todos os níveis também (RI 2.3.1 e 2.3.5 — convenções, concílios, etc). Resoluções tomadas de comum acordo nas convenções nacio-nais, deveriam ser honradas pelos pastores e congregações filia-das ao Sínodo (RI 2.8.3.1.b).

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O Pastor e os seus Colegas

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72 - O Pastor e seus colegas

Anotações 8. O pastor e os seus colegasPor que pastores também são justos e pecadores ao mes-

mo tempo, cousas negativas podem acontecer no relacionamen-to com seus colegas. Podem, por isso, vir a existir: a) falta de sinceridade; b) formação de grupos que isolam colegas; c) ma-ledicência; etc.

Diante disso recomendamos que pastores, em seu rela-cionamento com colegas, não:

• procuremespeculararespeitodevantagensoude-feitos dos mesmos nem tampouco descobrir os seus erros;

• espalhemseuspossíveiserrosoudefeitos;• interfiramnoseutrabalhoanãoserquandoexigi-

dos;• oficiem cerimônias na paróquia do outro sem sua

permissão;• coloquem-secomojuízessobresuasatividades;• copiemsuasideiasparadepoisexpô-lascomosuas;• tenhaminvejadeles;• queiramsobressair-sesobreosmesmos.

Por outro lado, julgamos positivo no relacionamento com colegas pastores que

• sempreseusedesinceridadecomosmesmos;• seconfienapalavradosmesmos;• sedefendaoseubomnome;• seaceiteaautoridadedocolegaqueéseusuperior;

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O Pastor e seus colegas - 73

Anotações• seouçaeaceiteasponderaçõesdoscolegasquandoestas forem melhores que os nossos pontos de vista;

• sepeçaperdãoquandooofendemos;• seperdoeaquelequenosofendeu;• seaconselheeadmoestecomamorofaltoso;• serespeiteadecisãodocolega,mesmoquenãopos-

samos concordar com ele. Ele, no final das contas, deverá ser o responsável pela decisão que tomou;

• sesejahospitaleiroparacomele;• setenhapaciênciacomele;• seoreporele;• seameomesmocomoCristoamouacadaumde

nós.

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O Pastor e o Culto Público

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76 - O Pastor e o Culto Público

Anotações 9. O pastor e o Culto Público

9.1. O que dizem as confissões?A Igreja Luterana, desde o princípio tem confessado:

“Porque para a verdadeira unidade da igreja cristã é suficiente que o evangelho seja pregado unanimemente de acordo com a reta compreensão dele e os sacramentos sejam administrados em conformidade com a palavra de Deus. E para a verdadeira unida-de da igreja cristã não é necessário que em toda a parte se obser-vem cerimônias uniformes instituídas pelos homens” (CA VII, 2 e 3). Com isso ela tem deixado bem claro que não são os deta-lhes e as tradições de determinadas cerimônias que determinam e mostram qual é a “coisa” essencial à unidade da igreja, mas sim o conteúdo do culto cristão. As cerimônias são entendidas como adiáforas, isto é, coisas que não são proibidas nem ordenadas por Deus. No entanto, os nossos pais, mesmo assim advertem: “Para dirimir também essa controvérsia, cremos, ensinamos e confessa-mos unanimemente que as cerimônias ou ritos eclesiásticos que não são ordenados nem proibidos na palavra de Deus, porém fo-ram instituídos apenas por causa de bem-estar e boa ordem, não são, em e por si mesmos, culto divino, nem parte dele. MT 15. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Cremos, ensinamos e confessamos que a congregação de Deus de todo lugar e época tem o poder de mudar, conforme as circunstâncias, tais cerimônias, de acordo com a maneira que for a mais útil e a mais edificante para a congregação de Deus. Mas que se evite nisso toda leviandade e ofensa, e poupem-se es-pecialmente, com todo o zelo, os fracos na fé” (Ep FC X, 1-3).

Isso nos ajuda para que não sejamos desviados do cerne

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O Pastor e o Culto Público - 77

Anotaçõesque é o evangelho de Cristo e os santos sacramentos para nos envolvermos em discussões a respeito de detalhes e cerimônias que nada têm a ver com o mesmo.

Os ritos, cerimônias e formas de culto na Igreja Luterana precisam estar de acordo com as Escrituras Sagradas e as Con-fissões Luteranas que proclamam Jesus Cristo. O pastor lutera-no, por isso, não pode introduzir nenhum hino ou oração que contrariem a pura doutrina do evangelho e precisa com os seus congregados zelar para que o culto público da congregação para a qual Deus o chamou expresse a fé das Escrituras.

9.2. Sugestões sobre o culto e sermãoOs cultos na IELB são, com raras exceções, dirigidos so-

mente pelos pastores. É da competência dele fazê-lo. Contudo, isso não quer dizer que a congregação não pode participar dos mesmos mais ativamente.

Muitos cultos são verdadeiras saladas de frutas porque não há uma unidade nas orações, leituras, hinos, mensagem. A liturgia, em muitas congregações, nunca foi entendida. Há ser-mões que muitas vezes dão a impressão de que não foram bem preparados. Diante disso sugerimos:

a) Para o culto

Explicar à congregação o que é a liturgia, ensaiar novos hinos, incentivar a formação de grupos musicais e de canto, en-volver o elemento leigo (cultos de leitura, leitura de partes da Bíblia, orações, distribuição da Santa Ceia, etc.). Algo muito simples e que também tem provado sua eficiência como entidade auxiliar para a boa ordem de um culto é a formação de uma co-missão de recepção.

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78 - O Pastor e o Culto Público

Anotações b) Para o sermão

b.1. No preparo1. Orar pedindo que Deus nos abençoe;2. Meditar (fazer uso do texto original para conhecer

o sentido das palavras quando foram escritas e de traduções diferentes), tomar nota dos pensamentos fáceis e difíceis; ler comentários, estudos e sermões; buscar o tema; iniciar segunda ou terça este traba-lho; ter um dia fixo para escrever o sermão;

3. Trazer o texto para o cotidiano, procurar ver nossos problemas e de nossos ouvintes, a nossa e a luta deles contra o tentador;

4. Usar as perícopes;5. Usar boas ilustrações (até mesmo anedotas);6. Usar vocabulário simples;7. Fazer aplicação correta de lei e evangelho.b.2. Na apresentação:1. Se o sermão for lido, ao menos deve-se fazer uma lei-

tura vibrante; se o sermão for decorado, a comunica-ção torna-se melhor;

2. Constitui-se numa boa variante se de vez em quan-do, durante o sermão, o pastor fizer uma pergunta aos seus ouvintes. Deste modo pode-se saber se os mesmos o estão compreendendo;

3. O uso de sermonetes especiais para as crianças é uma maneira de tê-las, com os seus pais, em nossos cultos;

4. A substituição do sermão por um estudo bíblico, também é uma boa possibilidade.

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O Pastor e os Enfermos

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80 - O Pastor e os Enfermos

Anotações 10. O pastor e os enfermosUma das coisas que Jesus dirá no dia de seu retorno aos

que nele creram, é: “Estive enfermo e me visitastes” (Mt 25.36). Com estas palavras Jesus deixa claro que espera dos seus discípu-los esta atividade: A visitação dos enfermos.

Enfermos são pessoas que necessitam do conforto de que Deus as ama e que ele trata com seus filhos com amor por causa de Jesus e que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28). Este conforto o pastor oferece aos seus congregados doentes através da palavra e, por vezes, da santa ceia. Na visitação pastoral aos doentes precisamos fazer mais uma vez uma correta aplicação de lei e de evangelho. Falar a verdade com amor e apontar para Deus e sua misericórdia é nosso dever. Somente a palavra de Deus poderá produzir arre-pendimento e fé.

Ao visitar enfermos temos que ter em mente que mui-tas pessoas querem saber por que estão sofrendo. A fatalidade, as consequências naturais da poluição, da má alimentação, do pou-co cuidado com a saúde ou ainda o castigo do próprio Deus são vistos por muitos doentes como a causa das suas enfermidades. Tudo isso pode ser verdade, mas nem sempre são a verdade única. Embora seja de difícil compreensão, a boa e misericordiosa von-tade de Deus para com o cristão é o motivo da enfermidade (Ex: Paulo, 2Co 12.7-10).

Querendo ou não, doenças sempre são lembretes de nossa fragilidade e do nosso fim mortal. Preparar o povo para o encontro com o Deus que não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem ao conhecimento da verdade e se salvem, faz parte de nosso trabalho com os doentes. Muitos não querem que

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O Pastor e os Enfermos - 81

Anotaçõesfalemos da morte; contudo, ao longo do meu ministério nunca deixei de falar da mesma e da viva esperança que temos em Cristo Jesus.

Visitas a doentes não devem ser demoradas, na média de 5 a 10 minutos. Devemos ir bem vestidos, o que não significa que precisamos usar colarinho clerical. Podemos ler uma peque-na mensagem, algumas passagens da Bíblia e orar. Mesmo com pessoas em estado de coma é aconselhável lembrar uma passagem de consolo e orar. Cuidar para não perturbar o ambiente nem tumultuá-lo. Cuidado com expressões como “meu tio morreu desta doença” e evitar comparações com outras pessoas portado-ras do mesmo mal.

Sem deixarmos de ser realistas devemos encorajar os do-entes a confiarem no poder e misericórdia de Deus, pois que ele ainda faz milagres hoje, quando e com quem lhe aprouver.

Por vezes, em vez de visitar, podemos orar com o doente via telefone.

Se dermos a santa ceia numa visita a enfermos, devemos ter tempo para confissão, absolvição e para as palavras da insti-tuição.

Se dermos as mãos aos doentes, deveríamos lavá-las antes de sairmos do hospital ou antes de cumprimentarmos um outro enfermo. Ao entrarmos num hospital deveríamos proceder do mesmo modo. De preferência não beijar enfermos, nem sentar junto a eles em seu leito.

Sempre que houver pacientes não luteranos no quarto, apresentar-se e pedir licença para orar. Incluir os não-luteranos também nas preces.

Entregar folhetos bíblicos aos doentes com o endereço da congregação à qual servimos pode ser meio de missão. Prepa-

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82 - O Pastor e os Enfermos

Anotações rar pessoas para visitação aos enfermos em casa ou no hospital é algo que deveria merecer nossa atenção. Orar pelos doentes no culto público e pedir que os congregados orem pelos mesmos em seus lares faz parte da prática do amor cristão.

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O Pastor e o Casamento

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84 - O Pastor e o Casamento

Anotações 11. O pastor e o casamento

11.1. Sobre o casamento:

a) Deus, o instituidor do casamento.

O primeiro ser humano criado por Deus foi o homem. Contudo, ao ser criado, ele não tinha companheira (Gn 2.20), o que foi considerado pelo próprio Deus como algo que não era bom (Gn 2.18). Por isso Deus resolveu criar-lhe uma auxiliadora que lhe fosse idônea (Gn 2.18).

Tendo formado o homem do pó da terra e a mulher de uma de suas costelas, o Senhor os une e lhes diz: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os pei-xes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn 1.28). Em cumprimento a este mandato divino é que “deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando--se os dois uma só carne” (Gn 2.24).

Aqui temos a base bíblica para a instituição do casamen-to. Deus o criou ao formar e unir o primeiro par, Adão e Eva.

b) O casamento, sua duração e finalidade.

Quando Deus instituiu o casamento (Gn 2.18-25), ele olhou para o mesmo e o incluiu no rol do que era “muito bom” (Gn 1.21). O “muito bom” de Deus estabelecia para o casamento uma união para sempre. Contudo, com a queda do homem e da mulher em pecado, o “muito bom” passa a ser contaminado pelo que é mau e, por sua vez, torna-se parte da realidade da união entre homem e mulher.

A união que deveria ser para sempre, passa a ser apenas

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O Pastor e o Casamento - 85

Anotaçõesvitalícia (Mt 19.4-6; 1Co 7.10 e 39). Por causa da fraqueza espi-ritual, porém, esta mesma união passou a ser rompida por fatores os mais diversos. Entre estes podemos lembrar o abandono ma-licioso (1Co 7.11-15) e o adultério (Mt 5.32) que possibilitam à parte inocente que requeira a anulação do antigo casamento e a oportunidade de um novo. No entanto, estes não são os únicos. Deuteronômio 24.1-4 apresenta outro, não bem definido (a ra-zão do divórcio aqui é chamada de “coisa indecente” que não é o adultério, pois isto acarretava a pena de morte ao infrator). A própria incompatibilidade de gênios é apresentada como fator determinante de uma separação. Nós, cristãos, diante da “incom-patibilidade de gênios” sempre procuramos aconselhar o casal a que, em espírito de amor, estenda um ao outro a mão e perdoe-se (Cl 3.12-17) e mantenha-se unido. Contudo, quando houve o rompimento e o caminho da volta fica impedido, o que fazer? Condená-los à solidão, ao celibato? Ou dar-lhes a oportunidade de um novo relacionamento?

Acreditamos não estarmos errados quando afirmamos que antes de mais nada o ideal bíblico do casamento enseja que os que se unem permaneçam assim até que a morte os separe. Con-tudo, quando, sem êxito, todos os passos foram dados para que a união pudesse ser restabelecida, quando a separação é definitiva, por não haver lei absoluta que proíba um novo casamento, por poder a proibição de casar causar ao divorciado problemas ain-da maiores (1Co 7.9), cabe-nos proclamar aos que fracassaram no casamento que Deus perdoa os arrependidos que creem em Jesus, que ele os quer ajudar para que sua nova união seja bem sucedida, e que ele lhes diz, individualmente: “Vai, e não peques mais” ( Jo 8.11).

Tendo estabelecido que o ideal divino para o casamento é que ele dure até que a morte separe os cônjuges, vejamos agora

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86 - O Pastor e o Casamento

Anotações para que finalidades ele existe.A primeira razão o próprio Deus dá quando, ao ver Adão

sozinho, diz: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 1.18). O estar só, sem uma companhia, não é bom ao ser humano, ao ponto de a solidão ser hoje um mal do qual inúmeras pessoas estão sofrendo.

A segunda razão é a preservação da raça humana. A bên-ção do “sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” acompa-nha a instituição do casamento (Gn 1.28). Filhos deveriam ser encarados naturalmente como uma bênção muito especial de Deus sobre o amor do casal (Sl 127.3).

A terceira razão encontramos em Gênesis (2.18): “far--lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”, ou, a outra metade, alguém que lhe sirva de encaixe. Aqui trata-se da relação sexual sem a necessidade de ser praticada com a intenção de gerar fi-lhos. Paulo, no NT, fala do mesmo assunto em 1Co 7.4-5, dei-xando claro que esposas e maridos não têm o direito de abster-se de relações sexuais, a não ser “talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e novamente vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da inconti-nência” (por falta de domínio próprio em matéria de sexo).

Além disso, todo o livro de Cantares de Salomão é um cântico que enaltece o relacionamento sexual entre um homem e uma mulher e que merece uma leitura pormenorizada por todo noivo que aspira entrar no estado matrimonial.

c) Paternidade Responsável.

Uma das questões muitas vezes ouvidas por um pastor é a seguinte: Quantos filhos um casal deve ter? Ao examinarmos as Escrituras veremos que antes da queda Deus falou “sede fecun-

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O Pastor e o Casamento - 87

Anotaçõesdos, multiplicai-vos, enchei a terra.” Esta ordem que foi renovada a Noé (Gn 9.1), não prescreve o número de filhos que cada casal deve ter. No nosso entender, ter filhos depende de planejamento. Por isso, a resposta que costumamos dar a esta pergunta é: De-pende.

Depende:• dadoençaousaúdedospais;• dascondiçõesfinanceiras(desemprego,salário);• dosprojetosdevida(estudo,casaprópria,etc).

d) O que fazer quando não se tem filhos?

Sim, o que fazer? Alugar o ventre de outra mulher? Pa-rece uma solução fácil, contudo, não apresenta esta solução um número ainda maior de problemas? Existe, diante dos avanços impostos no campo da medicina, a necessidade de respondermos quando começa a vida. Na fecundação (Sl 51.5, 58.3; 139.13-15), ensinam os luteranos. E o que dizer sobre a fecundação que acontece no tubo de ensaio? No mínimo 10 óvulos são fecun-dados, dos quais 7 serão provavelmente eliminados. O que po-demos dizer a respeito desta eliminação? Será crime ou não? O mesmo problema ético e moral existe na inseminação artificial.

Convém que consideremos que na Alemanha e na Suíça a mãe de aluguel é condenada pela ética médica. Além disso, se a mãe de aluguel não quiser entregar a criança a quem deu à luz aos seus pais genéticos, ela assim poderá proceder porque legalmente o filho pertence àquela que o deu à luz (ML9 Nov 90).

Não ter filhos não é algo vergonhoso. Por que não adotar uma criança como filho? Não seria isso a melhor solução?

9 Mensageiro Luterano, publicado pela Editora Concórdia.

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88 - O Pastor e o Casamento

Anotações e) Informações sobre adoção:

Com respeito à adoção as leis do Brasil deixam claro o que segue:

1. Todo maior de 21 anos, que seja 16 anos mais velho que o adotado, que tenha estabilidade emocional e ambiente familiar adequado, pode ser candidato à adoção;

2. O interessado deve dirigir-se à autoridade jurídica, cadastrando-se junto ao Fórum;

3. Caso a criança tiver mais de um ano, exige-se um estágio junto ao que quer adotá-la, supervisionado pela autoridade competente;

4. Toda a adoção é irreversível.

f) Algumas qualidades de cônjuges cristãos:

a) Qualidades do esposo cristão:Antes de apresentarmos as qualidades propriamente di-

tas, cumpre lembrar que se ouvem muitas vezes queixas a respei-to dos mesmos. A maioria das mesmas parece querer revelar que os maridos se esquecem de facilmente dos aniversários de nasci-mento, casamento e das pequenas cortesias que fazem as mulhe-res sentirem-se mais alegres e românticas. Um elogio sobre a de-coração e limpeza da casa, pela roupa limpinha e bem arrumada, pelo novo corte de cabelos, etc., uma flor, um abraço, um beijo carinhoso como demonstração de seu amor e apreço são sempre bem-vindos. Certamente o marido que quer a felicidade de sua esposa, procurará criar momentos especiais em seu convívio para que sua esposa sinta a sua importância e valor.

Além destas pequenas demonstrações de afeto, o esposo procurará seguir os seguintes conselhos bíblicos:

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O Pastor e o Casamento - 89

Anotações1. Terá por sua esposa elevada consideração (Pv 31.10);2. Confiará nela, sem ciúmes (Pv 31.10), louvando-a

de público (Pv 31.28-29);3. Ser-lhe-á fiel e a amará de todo o coração (Pv 5.23;

Hb 13.4; 1Co 7.3-6);4. Sacrificar-se-á por ela, se preciso, e não a tratará com

amargura (Ef 5.25; Cl 3.19).b) Qualidades da esposa cristã:

Do mesmo modo como o fizemos anteriormente, que-remos também aqui apresentar primeiramente as queixas mais frequentemente feitas por esposos cristãos a respeito de suas es-posas. Parece que um número elevado de mulheres nunca sente--se contente com nada, se descontrola emocionalmente ferindo com palavras ásperas seu consorte. Há também aquelas que nun-ca estão dispostas para nada, frequentemente estão indispostas para o relacionamento sexual, oportunizando com isso o diabo a levar seus esposos à tentação de procurar fora de casa o que no leito nupcial lhes é negado.

Quanto às qualidades podemos ressaltar:1. o bom caráter e a boa administração dentro e fora do

lar (Pv 31.10-31 e Tt 2.5);2. o amor;3. a submissão (Ef 5.22-24). Seria bom se todos lessem

o artigo do professor Donaldo Schüler sobre a maté-ria, na revista Igreja Luterana, 1971, pg. 27 até 30.

g) Responsabilidades na família:

Cônjuges cristãos têm sobre si grandes responsabilidades com respeito a seus filhos. Antes de qualquer coisa precisam re-conhecer que filhos são bênçãos dentro do lar e não estorvo, e

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90 - O Pastor e o Casamento

Anotações que os mesmos de fato contribuem para a harmonia e amor entre os cônjuges. No entanto, é bem verdade, às vezes também servem para colocar em xeque o bom relacionamento entre o casal.

Quanto às responsabilidades mútuas, destacamos as que seguem:

1. Pais deveriam providenciar bens materiais para os seus filhos (Pv 13.22);

2. Pais deveriam ensinar aos seus filhos os caminhos do bem (Pv 22.6; Dt 6.7);

3. Pais deveriam dar aos seus filhos o bom exemplo (Pv 20.7) e agir de tal modo que seus filhos possam orgulhar-se deles (Pv 17.6 e 31);

4. Pais deveriam cuidar para não provocar os filhos à ira (Ef 6.4; Cl 3.21);

5. Pais deveriam criar e educar seus filhos na discipli-na e na admoestação do Senhor (Ef 6.4 e Pv 13.24). Contudo, pais não devem se exceder, ao ponto de a disciplina chegar a constituir-se em mau trato que se configura• naprivaçãodealimentosecuidadosindispensáveis

à pessoa;• na existência ou determinação de trabalhos ou en-

cargos excessivos e inadequados;• na desumanidade e abuso do castigo imposto como

correção ou disciplina.

h. O que a Constituição diz sobre o casamento:

Ao celebrar um casamento o pastor, por assim dizer, ser-ve como “funcionário” do estado e da igreja. Por isso, precisa co-nhecer além das práticas de sua igreja com respeito ao assunto

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O Pastor e o Casamento - 91

Anotaçõesaquilo que a Constituição afirma.A Constituição de 1988 diz no capítulo VII, que trata

“DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO”, o seguinte:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.§ 1º: O casamento é civil e gratuita a celebração.§ 2º: O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.§ 3º: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como enti-dade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.§ 4º: Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus des-cendentes.§ 5º: Os direitos e deveres referentes à sociedade conju-gal são exercidos igualmente pelo homem e pela mu-lher.§ 6º: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-cio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.§ 7º: Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamen-to familiar é livre decisão do casal, competindo ao Es-tado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coerci-tiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

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92 - O Pastor e o Casamento

Anotações § 8º: O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando meca-nismos para coibir a violência no âmbito de suas rela-ções.

Incluo aqui os assuntos que abordo nos cursos de noivos que tenho ministrado.

11.2. Exemplo de curso de noivos:

1. Deus é o instituidor do casamento (Gn 2.18-

25).

O casamento é união vitalícia de um homem e de uma mulher (Mt 19.4-6 e 1Co 7.31).

O divórcio não está nos planos de Deus com respeito ao casamento. Sempre será consequência de pecado. Deixa marcas que o tempo nem sempre apaga (ódios, mágoas). Traz proble-mas para os filhos (a guarda faz deles objetos, joguetes). Traz a dor da separação e quase sempre é resultado do orgulho. Existe o abandono malicioso (1Co 7.15 e o adultério Mt 5.32 que dão ao inocente a oportunidade de um novo casamento. Direito e não dever.).

2. Coisas que se espera de noivos cristãos

Espera-se de noivos cristãos que reflitam se amam de fato e se querem um casamento para sempre, que orem, que se res-peitem (cuidado com ofensas, agressões físicas), que aprendam a se perdoar, que sejam fiéis pois a infidelidade traz infelicidade e pode causar a pobreza (sustento de duas as casas), filhos e cônju-ge doentes (AIDS, doenças venéreas — cegueira) e até mesmo a

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O Pastor e o Casamento - 93

Anotaçõesmorte (crimes passionais).

3. Casar, para quê?

a) companhia — solidão (filia — amizade);b) prazer sexual — éros (livro de Cantares)c) preservação da raça humana (é ordem divina — Gn

1.28; é bênção e não desgraça ter filhos — Sl 127.3). Há pais aos quais é vedado ter filhos. A adoção pode ser uma saída.

4. Quantos filhos um casal deve ter?

Depende da saúde, das condições financeiras, projetos de vida do casal.

Ter filhos depende de planejamento. A mulher não foi criada como máquina de produzir filhos. No máximo há 7 dias a cada mês em que existe a possibilidade de uma mulher engra-vidar. Evitando-se neste período a relação sexual, já acontece en-tão o método natural de prevenção. Existem os artificiais: anti-concepcionais — pílulas, 90% seguros e evitam a fertilização. O DIÚ é abortivo pelo que se sabe. Existe a camisinha, vasectomia, laqueadura de trompas, sendo que estes últimos podem ser irre-versíveis. Ao casal cabe escolher o melhor para ambos.

5. O que acontece no casamento religioso?

a) pregação = exortação, conselho, voto de felicidade;b) perguntas:

1) se casam de livre vontade;2) se sabem que o casamento não deve ser desfeito;3) se estão dispostos a serem auxílio e amparo um para

o outro na alegria e na dor;

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94 - O Pastor e o Casamento

Anotações c) troca de alianças: sinal de amor, respeito e fidelida-de;

d) véu: sinal de pureza. No entanto, hoje, para muitos é folclore;

e) padrinhos: testemunhas do casamento que são con-selheiros em tempos de crise.

6. Conselhos úteis para quem quer casar

a) exame pré-nupcial;b) administração conjunta dos bens (responsabilidades

divididas). Caixa único para as despesas comuns ou percentual de compromisso. Bom é anotar os gastos no começo; poupar 10% da renda é ótimo investi-mento para o futuro.

c) lembrar que a gravidez traz consigo mudanças físi-cas, contratempos (enjoos), gastos com roupa, quar-to, médico, hospital e que a liberdade fica cerceada;

d) orar a Deus;e) não permitir que os filhos tomem o lugar do cônju-

ge;f ) em tempos de crise cabe ao homem decidir pelo me-

lhor (Ef 4.31-5.2 e 5.22-30).

7. Jesus abençoou o casamento.

Jesus abençoou com sua presença o casamento de Caná da Galiléia ( Jo 2.1-12). A presença dele será certamente abenço-adora no vosso casamento. Buscai em 1º lugar o reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.25-34).

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O Pastor e o Casamento - 95

AnotaçõesConclusão

Não temos, infelizmente, famílias perfeitas. Muitos têm em seus lares discussões, brigas e falham na educação de seus fi-lhos. Nada mais certo do que continuar na busca de aperfeiçoa-mento para a vida familiar nos lares cristãos. Para isso aconselha--se que cada cônjuge:

a) reconheça sempre as suas próprias fraquezas;b) peça perdão ao cônjuge e, se necessário, aos próprios

filhos bem como conceda o perdão incondicional-mente;

c) peça perdão a Deus;d) busque o fortalecimento da fé nos meios da graça;e) ore pelo outro na certeza de que o Senhor tem cui-

dado dos seus;f ) incentive sua congregação para que sejam realizados

encontros de casais em que todas as questões que en-volvem o casamento sejam discutidas.

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O Pastor e a Confirmação

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98 - O Pastor e a Confirmação

Anotações 12. O pastor e a confirmaçãoOriginalmente a igreja cristã entendeu a confirmação

como sendo a obra do Espírito Santo confirmando-se a fé expres-sa ao tempo do batismo. Esta compreensão levou ao estabeleci-mento de uma cerimônia que chegou a tornar-se, no catolicismo, um sacramento.

Para o luteranismo a confirmação não tem o sentido de sacramento. Historicamente a instrução confirmatória estava associada ao batismo e, mais tarde, à primeira participação da Santa Ceia. Desde que Paulo recomenda que todo o comungan-te deve examinar-se para participar do sacramento (1Co 11.28) esta ênfase até que é natural. Contudo o período de instrução para a confirmação compreende as duas partes: estudo das partes principais da doutrina cristã para a confirmação consciente do voto batismal e preparação para a Ceia.

Todo confirmando deveria ter, ao final de seu período de estudos, condições para examinar-se a si mesmo e assim partici-par da Santa Ceia bem como de dar testemunho de sua fé.

Quanto à ocasião própria para tal fim, não existe uma data que é preferencial à outra.

Quanto à idade própria do confirmando e ao tempo de estudo, igualmente não há lei ou regra fixa. Cada congregação tem a liberdade de decidir quanto ao assunto.

Seria interessante que não se passasse a imagem de que o confirmando é aquela pessoa que não mais necessita estudar a Bí-blia nem o catecismo. O período da instrução é importante para a educação do mesmo, mas não é terminal. Igualmente deveria evitar-se passar a ideia de que a partir da confirmação o cristão passa a ser um cristão “responsável” diante de Deus e da igreja

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O Pastor e a Confirmação - 99

Anotaçõesdos seus atos. Ele, desde pequeno, deveria estar sendo instruído para assumir tal postura.

O pastor pode ser auxiliado na função de educador para a confirmação; contudo ele não pode fugir da responsabilidade de ser aquele que orienta e supervisiona este ensino.

O rito de confirmação na Igreja Luterana geralmente consiste de três partes: a confissão pública da fé pelos confirman-dos; as orações da congregação em favor dos confirmandos; a bênção de Deus sobre os confirmandos simbolizada na imposi-ção das mãos.

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O Pastor e o Sepultamento

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102 - O Pastor e o Sepultamento

Anotações 13. O pastor e o sepultamentoMuito embora a Bíblia não nos fale do que ocorria nas

cerimônias cristãs de sepultamento, sabemos que a morte é um dos momentos mais cruéis que todo cristão precisa viver. E, que-rendo ou não, nesta hora são esperados da parte dos que sofrem consolo e orientação para o prosseguimento da vida. Cabe ao pastor estar então ao lado dos sofredores e consolá-los com a pa-lavra de Deus.

Também cabe ao pastor procurar conhecer os costumes locais da congregação com respeito a sepultamentos. A omissão dos mesmos pode trazer sofrimentos aos familiares e dores de cabeça desnecessárias ao pastor (Ex.: Procissão; cânticos; ban-deiras; costumes quanto ao posicionamento do pastor, família, flores, terra, etc).

O funeral consiste num pequeno momento de culto que marca a passagem dum dos santos de Deus da vida, aqui, para a eternidade, lá. Por isso fazem parte do mesmo cânticos, leituras bíblicas, pregação, orações.

O sermão deveria falar da esperança que cristãos têm a respeito da ressurreição. Jamais deve ser objetivo do sermão en-viar o falecido às recamaras do céu ou às quintas do inferno.

Toda a cerimônia deveria primar pela brevidade e jamais tentar apelar para o sentimentalismo. Isso não significa, de modo algum, que os sentimentos não possam ser expressos. O próprio Jesus chorou junto à sepultura de seu amigo Lázaro.

Em muitos funerais existe o costume de se lerem os da-dos biográficos do falecido. Em várias congregações existe tam-bém o costume de se convidar parentes e amigos para um culto especial no qual serão relidos os mesmos dados biográficos e será

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O Pastor e o Sepultamento - 103

Anotaçõesproferida uma oração de agradecimento pelas bênçãos que Deus lhe concedeu enquanto vivo e de pedido de consolo e ânimo em favor dos enlutados. O momento do sepultamento não deverá ser de exaltação do morto mas sim do amor de Deus.

Quanto à cremação não há nada que impeça tal vontade. Sempre haveremos de lembrar que no dia do juízo final Deus ressuscitará a todos, mesmo os cremados que o foram por não crerem na ressurreição.

Existem ainda congregações que se reúnem no dia de fi-nados para lembrar os que faleceram no último ano. A data é ótima para lembrar a todos sobre a mortalidade dos homens, da necessidade de estarem todos preparados para o seu encontro fi-nal com Deus e, acima de tudo, da realidade de que a ressurreição de Jesus Cristo é a garantia de nossa ressurreição no dia do Juízo Final.

Embora não sejamos uma agência que realiza toda a sorte de serviços fúnebres, por vezes nos vemos às voltas com a ceri-mônia de pessoas que não foram membras da IELB. Para que o pastor possa oficiar a cerimônia de não luteranos deveria ter o testemunho de pessoas idôneas que lhe afirmem poder realizar a cerimônia na esperança da ressurreição do morto para a vida eterna. Esta cerimônia, contudo, não deveria ser realizada em nossa igreja pois tal privilégio cabe somente aos que são filiados à IELB.

Quanto à cerimônia de suicidas, este é um assunto onde cada caso deve ser estudado em particular. Não há uma regra fixa para todos. Pessoalmente já fiz uma cerimônia de sepultamento na casa do suicida (no cemitério não participei; era este o cos-tume) e me neguei uma vez em fazer um sepultamento com o respaldo de toda a diretoria da congregação (a pessoa era casa-

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104 - O Pastor e o Sepultamento

Anotações da, morreu em acidente de automóvel ao lado de uma prostituta com a qual fazia um programa).

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O Pastor e o Testemunho

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106 - O Pastor e o Testemunho

Anotações 14. O pastor e o testemunho

Introdução

Na carta aos Romanos 10.12-15, o apóstolo Paulo apre-senta uma sequência de questões que tem a ver, e muito, com o evangelismo. Por isso, ao iniciarmos este estudo pretendemos ler o que Paulo perguntou àqueles cristãos há tanto tempo atrás.

Paulo, lembrando Joel 2.32, diz que todo aquele que in-vocar o nome do Senhor será salvo (v. 12) Este invocar significa crer em Jesus, como Deus e Salvador. No entanto, logo após esta afirmação, ele coloca o problema com o qual nós, como igreja, sempre nos defrontamos: Como invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?

Como sacerdotes do Rei, que desejam como ele próprio a salvação de todos, cabe-nos conhecer cada vez mais e melhor nossa tarefa maior, a da evangelização.

a) O que é evangelismo?

A palavra evangelismo não aparece na Bíblia. O termo mais próximo, evangelista, aparece três vezes: Em Atos 21.8, em Efésios 4.11 e 2 Timóteo 4.5. Porém nestas passagens não pode ser definido com clareza o seu trabalho. Na verdade a Escritu-ra não usa substantivos quando fala de evangelismo, mas sim verbos, pois a ênfase está colocada na ação. E o termo bíblico, por excelência é evangelizar, que não significa ganhar conversos, mas trazer ou anunciar o evangelho, as boas novas, independen-temente de resultados. Neste sentido os anjos evangelizaram quando trouxeram boas novas de grande alegria aos pastores (Lc 2.10), Jesus veio evangelizando, isto é, veio pregando as boas no-

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O Pastor e o Testemunho - 107

Anotaçõesvas do Reino de Deus (Lc 4.18 e 43), e Paulo, ao descrever o seu ministério o apresentou como pregação ou evangelização (1Co 15.1-2).

b) O que o evangelho não é?

1. Não é a proclamação de que somos merecedores da salvação que Deus providenciou. Por natureza está-vamos mortos espiritualmente (Ef 2.1-3) e merecía-mos a morte (Rm 6.23);

2. Ele também não é a proclamação de que a salvação possa ser conquistada ou merecida pelo homem (Rm 4.5 e 11.6; Ef 2.8-9; Lc 10.25-37).

c) O que o evangelho é?

O Pastor Schwan, que escreveu a breve exposição do Ca-tecismo Menor de Lutero, afirmou que o evangelho é a boa nova da graça de Deus em Cristo Jesus. Assim sendo, o evangelho é:

a) notícia boa (Lc 2.10-11);b) notícia da graça, do amor de Deus, amor imerecido

que é dedicado a todo pecador ( Jo 3.16; Mc l6.15-16);

c) graça em Cristo Jesus que expiou (foi nosso substitu-to) com o seu sofrimento e morte os nossos pecados (Rm 3.24 e 1 Pe 2.24).

d) O evangelho é meio da graça:

Para dar a salvação que Deus oferece, ele usa meios, os chamados meios da graça. O evangelho é o meio da graça por excelência. Ele oferece a graça divina (At 13.38), opera a fé (Rm 10.17) e comunica o perdão que Cristo conquistou (Rm 1.16-

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108 - O Pastor e o Testemunho

Anotações 17). Batismo e santa ceia também são meios da graça. Contudo, só o são, por causa do evangelho que está ligado aos elementos visíveis.

e) Por que evangelizar?

A tarefa de evangelizar não deveria ser realizada tendo como motivação o sentimento de pena das pessoas que se per-dem nem tampouco alguma obrigação ou dever. Não é o “você deve” ou o “você precisa”, isto é, a lei, quem consegue motivar o cristão a ser um evangelista. O máximo que a lei pode no cristão é fazê-lo sentir-se culpado por tudo o que deixou de fazer na área do evangelismo. Somente o evangelho, o amor de Deus em Cris-to Jesus, pode nos prontificar a que evangelizemos.

Paulo deixou três importantes declarações no trecho de 2Coríntios 5.18-21 que comprovam este parecer, a saber:

1. Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, isto é, ele reconciliou-nos consigo mesmo através da ação redentora de seu Filho Jesus (v 19).

2. Ele confiou-nos a palavra da reconciliação que anun-cia que “aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (v. 21). Quanta honra! Que privilégio!

3. Tendo sido reconciliados, tendo recebido e sentido o efeito do seu amor perdoador — a paz com Deus, como novas criaturas respondemos ao seu amor cumprindo com alegria o seu desejo, a saber, anun-ciando ao mundo: “Em nome de Cristo, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (v. 20).

Deus, o primeiro proclamador de boas novas.O movimento evangelístico não teve a sua origem em

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O Pastor e o Testemunho - 109

AnotaçõesFrancisco Xavier (missionário enviado à Índia por Loyola), Lu-tero ou na IELB. Também não foi o apóstolo Paulo, nem a igreja de Jerusalém. Na verdade foi o próprio Deus quem o inaugurou quando foi em busca do homem perdido, ainda no jardim do Éden, proclamando: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.8-15). Aqui o próprio Deus anuncia a boa notícia de que o descendente da mulher, o Salva-dor Jesus, viria um dia para destruir a cabeça, o poder de Satanás.

f) O Antigo Testamento e o anunciar das boas

novas.

1. Deus quer a salvação de todos os povos:Estão errados aqueles que dizem que Deus somente que-

ria a salvação de Israel. O Deus que se revelou na Bíblia não que-ria ser somente o Deus do povo de Israel; ele desejava ser o Deus de todos os povos.

Em Gênesis 9.1 ele faz aliança com os descendentes de Noé. Em Gn 12.1-3 ele afirma que por meio de Abraão serão abençoadas todas as famílias da terra. Em Gn 28.14, ao falar a Jacó, o Deus Eterno diz que por meio dos seus descendentes todas as nações do mundo seriam abençoadas. No Salmo 67 é claramente pedido pelo salmista que Deus abençoe a Israel para que se conheça na terra a salvação que vem do Senhor e para que todos os povos o louvem. Em Isaías 49.6 é claramente colocado que o Servo do Senhor, o Salvador Jesus, seria luz para os gen-tios, salvador de todas as nações até à extremidade da terra. E no Novo Testamento, em Mateus 23.15 Jesus fala do esforço dos israelitas de fazer um prosélito no mundo inteiro.

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110 - O Pastor e o Testemunho

Anotações g) Por que Deus elegeu a Israel?

Deus na verdade não escolheu um povo já formado. Ele escolheu Abraão e afirmou que de sua descendência viria a feli-cidade às nações. Os seus descendentes vieram a formar o povo conhecido como Israel. E é agora este povo de Israel que:

a) deveria ser o recipiente e guardião da revelação espe-cial de Deus ao mundo (Hebreus 1.1-3);

b) seria o canal através do qual o Redentor haveria de entrar no mundo (Miquéias 5.2 e Isaías 7.14);

c) seria o servo (Isaías 44.1-2) e mensageiro (Is 43.10) em meio às nações (Sl 96.1-4).

A eleição de Israel não era um fim em si mesmo, mas um meio para um fim, para a consumação de um propósito: Alcan-çar a felicidade, a salvação, a todos os povos. E esta eleição, como qualquer outra, não conferiu somente privilégios, mas também responsabilidades.

O Deus do AT não é um Deus cruel, mas que ama.Muitos confundem a justiça divina com crueldade. Deus,

embora justo, não é cruel. Ele é Deus de amor que deseja que os pecadores se arrependam, creiam e tenham a vida eterna (Ez 33.11). Lembremos alguns exemplos do seu amor:

Num mundo que não o amava, no meio de uma terra cor-rompida e violenta, Noé e sua família são salvos (Gn 6.11-9.19). Sodoma e Gomorra, cujos pecados clamavam aos céus, não se-riam destruídas se lá vivessem, ao menos, dez pessoas fiéis (Gn 18.16-19.29); Ló e os seus foram poupados. A grande cidade de Nínive recebe o profeta Jonas, e é poupada do castigo divino (li-vro de Jonas) por dar ouvidos à sua pregação e se arrepender.

h) O NT e o anunciar das boas novas

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O Pastor e o Testemunho - 111

AnotaçõesO NT é, por assim dizer, o diário das ações evangelísticas de Jesus, dos seus apóstolos e dos primeiros cristãos. Ele dá teste-munho disso deixando claro que

a) Jesus, o descendente de Abraão (Mt 1.1), o Salvador dos pecados do povo de Israel (Mt 1.21) e de todo o mundo ( Jo 3.16), iniciou o seu ministério pro-clamando o evangelho de Deus (Mc 1.14-15 e Mt 4.17);

b) aos apóstolos Jesus confiou a tarefa de pregar o evan-gelho e de serem suas testemunhas (Mt 28.19-20; Mc 16.15-16; Lc 24.44-47; Jo 20.21; At 1.8);

c) à toda a Igreja Cristã, a comunhão dos santos, os sa-cerdotes do Rei, também foi dado o mesmo encargo (1 Pe 2.8-9).

Resumindo, quem primeiro anunciou as boas novas foi o próprio Deus, ainda no jardim do Éden, após a queda em pe-cado. Esta proclamação foi feita através dos séculos pelo povo de Deus, pelo clero (sacerdotes, profetas, apóstolos, pastores) e cris-tãos em geral. Todos, pastores e leigos, receberam este privilégio: Evangelizar.

i) Somente o Espírito Santo converte.

Muitos já atormentaram-se inutilmente ao se culparem pela não conversão de outras pessoas. Embora seja nosso dever apresentar a mensagem da salvação de maneira clara e compreen-sível, sendo oportuno ou não (2 Tm 4.2), não depende de nós a conversão dos outros. Não é o cristão quem converte o pecador, mas o Espírito Santo. Ele é quem faz renascer os mortos espiri-tuais e ele é quem ilumina os cegos espirituais através do evange-lho (1 Co 12.3 e Rm 10.17). Lutero, por este motivo, com razão

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112 - O Pastor e o Testemunho

Anotações afirmou na explicação do 3.o artigo do Credo: “Creio que por minha própria razão ou força, não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho. Assim também chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na terra.”

j. O Espírito Santo pode ser resistido

Muito embora seja o Espírito Santo quem converte, por que, no entanto, nem todas as pessoas que ouvem a notícia são convertidas? A razão não se encontra na suposta ineficácia do evangelho, mas sim, na hostilidade natural do homem para com o próprio evangelho e no seu poder de resistir à proclamação da boa nova (At 7.51; 1 Co 1.18 e 2.14). Deus jamais obrigou al-guém a crer no evangelho. Aliás, ele sempre permitiu que o ho-mem resistisse ao Espírito Santo que nele quer operar a fé que salva (At 7.51; Ez 33.11; 1 Tm 2.4).

k) Obstáculos ao evangelismo

Na verdade existe uma série de obstáculos que procura prejudicar, sob todas as formas, a nossa tarefa de evangelizar. Po-demos citar, primeiramente, o diabo, o mundo e a nossa própria carne. O diabo fará tudo que puder para impedir que o evange-lho seja anunciado. O mundo, por seu lado, não quer ouvi-lo. Além disso, com os seus prazeres, ele afasta pessoas da boa nova (Lc 8.4 e seguintes — A parábola do Semeador). E, finalmente, encontram-se em nosso próprio interior, na nossa carne, barrei-ras que nos impedem de testemunhar. Por exemplo:

a) Existem cristãos que têm conceitos falsos como os que seguem:1. “Deus já está contente se a gente vive da melhor

maneira possível.” No entanto, é preciso que se diga

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O Pastor e o Testemunho - 113

Anotaçõesque só viver não converte ninguém. A vida cristã pode ser uma boa ponte ao testemunho. Contudo, em hipótese alguma, ela exclui o falar a respeito de Jesus (Jo 14.6).

2. “Não devo tentar mudar a crença das outras pes-soas.” Se isso é verdade, por que Jesus ordenou ir e pregar o evangelho, o dele, a todas as criaturas? De-vemos cuidar com o universalismo que apregoa que todos, no final das contas, serão salvos. Lembremos sempre de que “não há salvação em nenhum outro. . .”(At 4.12).

3. “Isso é serviço do pastor. Afinal, ele é pago para fa-zer missão.” Não são raros os que pensam que o tra-balho de evangelizar diz respeito, tão somente, ao pastor. O apóstolo Pedro, porém, deixou bem claro que todos os cristãos (pastores e leigos) são povo de Deus para proclamarem as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9-10).

b) Além disso existem cristãos que têm temores. Mui-tos afirmam: “Não saberei responder todas as ques-tões que me farão. Serei rejeitado e ridicularizado. A minha vida não é boa que chega e prejudicará meu testemunho.” Estas preocupações não deveriam tirar o nosso entusiasmo para testemunhar. Não é preciso saber tudo. Admitir nossa falta de conhecimento em determinado assunto não é vergonhoso. Dar uma resposta mais adequada noutro dia às vezes é me-lhor. Os discípulos de Jesus, nem sempre as tiveram também ( Jo 1.43-46). Quanto a sermos rejeitados, isso é bem possível. Ninguém nos estará esperando

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114 - O Pastor e o Testemunho

Anotações com faixas de boas vindas e banda de música. O pró-prio Jesus foi rejeitado (Mt 8.34). E quanto ao fato de nossa vida não ser boa que chega, lembremo-nos de que somos pecadores, redimidos por Cristo, que lutam contra o pecado e que precisam do seu amor, perdão e poder para prosseguirem firmes na fé e no testemunho a respeito de Jesus, o Salvador, e não de si mesmos, até o fim (At 1.8).

l) Como vencer as barreiras?

Deus, para que o desânimo não tome conta de nós, vem ao nosso encontro, oferecendo-nos o seu Espírito Santo que age através dos meios da graça. Por isso sempre recomendamos aos nossos congregados para que participem dos cultos na igreja. Ali, em sua casa, o próprio Deus oferece e dá seu amor e perdão por meio da proclamação do evangelho e da administração dos sacramentos do batismo e da santa ceia. Fortalecidos na fé, po-deremos então enfrentar, sem medo, as barreiras que se erguem e que dificultam a nossa tarefa de falar a respeito da ação redentora de Jesus.

Além do culto público, é recomendado que cada cristão, em seu próprio lar, estude e medite nos ensinamentos da Bíblia. Usar um dos nossos catecismos, o próprio Livro de Concórdia, e até mesmo uma dogmática cristã (ex: Sumário da Doutrina Cris-tã de Koehler), para adquirir maiores conhecimentos da doutri-na bíblica, também é recomendável.

Finalmente, não como meio da graça, que se faça uso constante da oração para pedir de Deus seu amparo, entendi-mento, amor e paciência para se perseverar na tarefa de evange-lizar.

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O Pastor e o Testemunho - 115

Anotaçõesm) Onde podemos evangelizar?

De acordo com Atos 1.8, evangeliza-se em todos os lu-gares. Podemos começar em nossa própria Jerusalém que in-clui família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e de estudo, etc. Então cruza-se a fronteira que nos cerca e passa-se à Judéia (outros bairros), para então partir à Samaria (outras cidades de nosso estado) até serem alcançados os confins da terra com suas diferentes etnias. Pode acontecer que nunca consigamos sair das fronteiras de nossa própria Jerusalém. Contudo, com outros cris-tãos podemos esforçar-nos e enviar mensageiros aos quais sus-tentaremos para que o evangelho seja pregado a todas as nações.

n) Como podemos evangelizar?

Podemos fazê-lo por meioa) da distribuição de Bíblias, folhetos, devocionários e

revistas, em hotéis, hospitais, asilos, orfanatos, cre-ches, salas de espera de médicos ou dentistas, ruas, rodoviárias, saída de estádios, teatros, cinemas, es-colas, fábricas, cemitérios, praças públicas, pontos turísticos, ônibus, aviões, etc.;

b) dos meios de comunicação (TV, rádio, jornal, tele-fone);

c) de nossas instituições de ensino. Podem ser usados quadros, versículos bíblicos, devoções, formaturas, convites aos pais e alunos para que se façam presen-tes em cultos e programas especiais;

d) do trabalho de diaconia (distribuir literatura com o alimento; promover palestras e momentos de de-voção com os auxiliados; fazer um cadastro dos que estão sendo ajudados e visitá-los);

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Anotações e) de uma noite evangelística;f ) de visitação de lar em lar aos estranhos e aos nossos

relapsos;g) do envio de cartas em datas especiais a clientes e for-

necedores;h) de grupos de estudo bíblico nos bairros, dos depar-

tamentos e dos cultos (convidar os amigos e amigas para que participem dos mesmos);

i) de visitas aos que nos visitam (livro de endereço de padrinhos nas cerimônias de casamento, de batismo e dos visitantes);

j) de testemunho pessoal a amigos, familiares, colegas, vizinhos;

l) da prática de esportes sadios, noites artísticas, mo-mentos de confraternização.

o) O que falar?

Não há necessidade de se conhecer a Bíblia “de cor e sal-teada” para se falar de Jesus. No entanto, embora isso não seja necessário, é preciso, porém, que conheçamos como Deus salvou o homem.

Tendo conhecimento do modo como Deus salvou a humanidade, precisamos ter em mente um esquema lógico que contenha lei e evangelho para que o Espírito Santo possa mover o nosso ouvinte ao arrependimento e à fé. Segue, por isso, a su-gestão abaixo para que seja decorada e assim sirva de modelo.

1º Sobre a humanidade:a) todos são imperfeitos e desobedientes à lei de Deus

(Rm 3.23);

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Anotaçõesb) todos estão separados de Deus e são espiritualmente mortos (Ef 2.1);

c) todos são incapazes de conquistar ou de merecer o perdão (Ef 2.8-9).

2º Sobre Deus:a) que ele não tolera o pecado e promete castigar o pe-

cador (Rm 6.23);b) que, no entanto, ele ama o desobediente e quer sal-

vá-lo ( Jo 3.16).3º Sobre Jesus:a) que ele pagou com o seu sangue o preço de nossa

salvação (1 Pe 1.18-19);b) que todo aquele que se arrepender dos seus pecados

e crer nesta boa nova será salvo (At 16.31).Cuidados que devemos ter ao falar

a) Sempre devemos apontar para Jesus e não para nós mesmos; o evangelho é o meio da graça que nos con-cede, em e por causa de Cristo, o perdão. Não são as nossas atitudes para com Deus que salvam; elas, no máximo, serão resposta ao amor divino ou rejeição a ele.

b) Devemos estar prontos para enfrentar rejeição, des-prezo, deboche ( Jo 15.18) e lembrar-nos de que não estamos sós (Mt 28.20). Estejamos conscientes de que através de nossas palavras, por mais simples que sejam, Deus estará agindo (Mt 10.19-20) e que medo é algo que Deus nos ajudará a vencer ao surgir nos nossos corações (1Jo 4.15-18).

c) Ao testemunharmos devemos procurar ouvir a

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Anotações quem estamos falando para melhor conhecer as suas necessidades e sofrimentos e deste modo levar-lhe a mensagem do amor de Deus. Muito cuidado para não tornar o momento do testemunho em discussão teológica.

d) Antes de testemunhar a alguém devemos pedir em oração que Deus conceda, a nós e ao nosso ouvinte, o seu Espírito Santo.

ConclusãoA Bíblia Sagrada não deixa dúvidas com respeito ao de-

safio e privilégio que nos confiou aquele que nos adotou para sermos seu povo: Anunciar a boa nova da salvação a todos os homens (Mc 16.15 e 1Pe 2.9).

Que todos, especialmente também os pastores, em res-posta ao seu amor, anunciem com alegria o seu evangelho sa-bendo que a palavra que for anunciada não voltará para ele vazia (Isaías 55.10-11).

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Conclusão - 119

AnotaçõesUma palavra de conclusãoJulgamos que nunca foi fácil ser pastor. Sabemos, por ex-

periência própria, quão difícil é ser pastor hoje. No entanto, ape-sar de todas as dificuldades sentimo-nos felizes e honrados por termos sido chamados por Deus para o exercício do ministério.

Quem aspira o ministério continua almejando algo im-portante. Sem dúvida, é algo tremendo ter que anunciar o ju-ízo divino sobre todos que não querem arrepender-se dos seus pecados. Contudo, por outro lado, como é maravilhoso poder ser pastor e anunciar que Deus recebe o pecador arrependido e concede perdão de todos os pecados aos que creem em seu Filho Jesus.

Sabemos que não esgotamos o assunto proposto para o presente curso. Esperamos, porém, ter contribuído com o mes-mo para que se reflita ainda mais sobre o chamado ao ofício pas-toral e suas funções.

Encerro desejando que Deus os ilumine para que, ao se decidirem pelo ofício pastoral, estejam certos de que este é o ca-minho que Deus colocou diante de vocês e que o abracem cons-cientes de que Deus os guiará e abençoará.

Elaborado em outubro de 1995.

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