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JOÃO PAULO LADEIRA NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADO DA SOLDADO PMMG

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JOÃO PAULO LADEIRA

NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADO DA SOLDADO PMMG

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Professor: João Paulo Ladeira

Caríssimos alunos!

Com a publicação do edital para o concurso de ingresso no Quadro de

Soldados da Polícia Militar de Minas Gerais, é chegada à hora de otimizar os

estudos.

O curso de direito penal militar que começamos hoje será direcionado para o

cargo supracitado e temos como principal objetivo que você consiga obter um bom

resultado em sua prova relativa a esta matéria.

Além disso, você deve ter em mente que a diferença de apenas uma questão,

seja ela de direito penal militar, seja de constitucional, seja de direitos humanos,

poderá representar a diferença entre o seu sucesso ou então a sua não classificação

no concurso.

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APRESENTAÇÃO

Para aqueles que ainda não nos conhecem, vamos a uma rápida apresentação:

meu nome é João Paulo Ladeira (professor Ladeira) e sou oficial da Reserva da

Força Aérea Brasileira, aprovado em 4º lugar no concurso público de provas do

Quadro Complementar de Oficiais da Aeronáutica. Também fui aprovado em 3º

lugar no concurso para Oficial do Ministério Público de Minas Gerais no ano de

2007.

Sou advogado pela Seccional da OAB/MG. No ano de 2009 completei a

minha especialização em Ciências Penais, Justiça Criminal e Criminologia pela

Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais e em 2016 a

segunda especialização “lato sensu” – em Inteligência de Estado e Inteligência de

Segurança Pública pela Associação Internacional para Estudos de Segurança e

Inteligência (INASIS).

Entre os anos de 2008 a 2012, exerci a função de chefe da Seção de

Investigação e Justiça do Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa, quando

então fui transferido para a Assessoria Jurídica da Escola Preparatória de Cadetes do

Ar (EPCAr) em Barbacena-MG.

Também estive à frente da Assessoria Jurídica da Divisão de Concursos do

Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) em Belo Horizonte – MG

e é com imenso prazer que conduzirei a disciplina Noções de Direito Penal Militar

do Portal Carreira Militar neste SUPER REVISÃO! Ainda da tempo. Vamos com

tudo!

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ROTEIRO DO CURSO

A Polícia Militar de Minas Gerais, com vistas ao seu engrandecimento e

melhoria na qualidade da prestação do serviço de segurança pública passou a exigir

como requisito de provimento do cargo a condição de possuir ensino superior

completo. Portanto, o concurso elenca um rol de disciplinas jurídicas em seu

conteúdo programático. Dessa forma, ocorre com o nosso Direito Penal Militar,

matéria de pouco conhecimento da comunidade jurídica, notadamente porque na

maioria dos “bancos acadêmicos” das faculdades de Direito, não há em sua grade

curricular tal disciplina.

Portanto, sem a menor dúvida, ela será a prova que irá diferenciar os

candidatos rumo à aprovação.

Exatamente por isso, estou aqui! Vamos caminhar juntos até a sua aprovação.

Contem comigo e com o Portal Carreira Militar!

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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

1 – Direito Penal Militar – Teoria Crítica e Prática

Autores: Adriano Alves-Marreiros; Guilherme Rocha; Ricardo Freitas

Editora: Gen Método

2 – Código Penal Militar Comentado – Artigo por artigo

Autor: Paulo Tadeu Rodrigues Rosa

Editora: Líder – 3ª edição

3 – Elementos de Direito Penal Militar

Autores: Ione de Souza Cruz e Claudio Amin Miguel

Editora: Lumen Juris – 2ª edição

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1 – Aplicação da Lei Penal Militar

2 – Crime

3 – Concurso de Agentes

4 – Das Penas Principais

5 – Das Penas Acessórias

6 – Ação Penal

7 – Extinção da Punibilidade

8 – Dos crimes militares em tempo de paz

9 – Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar

10 – Dos crimes contra o serviço e o dever militar

11– Dos crimes contra a Administração Militar

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CONCEITO:

A ESPECIALIDADE DO DIREITO PENAL MILITAR

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL MILITAR

1 – Legalidade (Reserva Legal)

2 – Intervenção Mínima (Ultima Ratio ou Subsidiariedade)

3 – Lesividade (Ofensividade)

4 – Adequação Social

5 – Fragmentariedade

6 – Insignificância (Bagatela)

7 – Individualização da Pena

8 – Limitação ou Humanidade das Penas

9 – Proporcionalidade

10 – Princípio da Responsabilidade Pessoal (Intranscendência da Pena)

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APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR

Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar

crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória

irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

TEMPUS REGIT ACTUM

ABOLITIO CRIMINIS

Retroatividade de lei mais benigna

Art.1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se

retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória

irrecorrível.

Apuração da maior benignidade

Art. 2º, §2°: Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior

devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas

aplicáveis ao fato.

QUESTÃO: MPE/ES/2010: Adaptada – “O CPM admite retroatividade de lei mais

benigna e dispõe que a norma penal posterior que favorecer, de qualquer outro

modo, o agente deve ser aplicada retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo

sentença condenatória irrecorrível. O referido código determina também que, para se

reconhecer qual norma é mais benigna, a lei posterior e a anterior devem ser

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consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao

fato.”

Combinação de leis. É possível?

EMENTA: HABEAS CORPUS. RECLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DE CRIME

COMUM PARA CRIME MILITAR. AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DA

LEI N° 8.072/90. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA

RESERVA LEGAL. LEGITIMIDADE DA DIFERENÇA DE TRATAMENTO. A

diferença de tratamento legal entre os crimes comuns e os crimes militares, mesmo

em se tratando de crimes militares impróprios, não revela inconstitucionalidade, pois

o Código Penal Militar não institui privilégios. Ao contrário, em muitos pontos, o

tratamento dispensado ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do

Código Penal comum (RE 115.770/RJ). O que se pretende, neste habeas, é a

aplicação do Código Penal Militar apenas na parte que interessa ao paciente.

Entretanto, isto representaria a criação de uma norma híbrida, em parte

composta pelo Código Penal Militar e, em outra parte, pelo Código Penal

comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da reserva legal e o próprio

princípio da separação de poderes. Ordem parcialmente concedida, apenas para

determinar que o juízo das execuções penais analise se o paciente faz jus à

progressão de regime prisional, tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade

do art. 2º, § 1º, da Lei n° 8.072/90 (HC 82.959/SP).

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Medidas de segurança

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da

sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

Foi recepcionado?

Lei excepcional ou temporária

Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua

duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato

praticado durante sua vigência

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/ EXECUÇÃO DE

MANDADOS/STM/2011: A lei penal militar excepcional ou temporária possui

disciplinamento diverso do código penal comum, uma vez que preconiza, de forma

expressa, a ultratividade da norma e impõe a incidência da retroatividade da lei

penal mais benigna.

TEMPO DO CRIME

Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que

outro seja o do resultado.

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011: Em relação ao tempo do crime,

o Código Penal Militar adotou a teoria da atividade.

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QUESTÃO: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2010: Diversamente do

direito penal comum, o direito penal militar consagrou a teoria da ubiquidade, ao

considerar como tempo do crime tanto o momento da ação ou omissão do agente

quanto o momento em que se produziu o resultado.

LUGAR DO CRIME

Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade

criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como

onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato

considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.

Sistema misto

QUESTÃO: MPE/ES/2010: No tocante ao lugar do crime, o CPM aplica a teoria da

ubiquidade para os crimes comissivos e omissivos, do mesmo modo que o CP.

LEI PENAL NO ESPAÇO

Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de

direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território

nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou

tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

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QUESTÃO: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2001: Foram adotados os

princípios da territorialidade e da extraterritorialidade para a aplicação no espaço da

lei penal castrense.

Território nacional por extensão

§1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território

nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob

comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de

autoridade competente, ainda que de propriedade privada.

Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros

§2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves

ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o

crime atente contra as instituições militares

Princípio da extraterritorialidade incondicionada (irrestrita)

QUESTÃO: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2004: O direito penal militar

adota a teoria da extraterritorialidade irrestrita, sendo suficiente, para a sua

aplicação, que o delito praticado constitua crime militar nos termos da lei penal

militar nacional, independentemente da nacionalidade da vítima ou do criminoso, do

lugar onde tenha sido cometido o crime ou do fato de ter havido prévio processo em

país estrangeiro.

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Aplicação da lei penal militar quanto às pessoas

Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação dêste Código, qualquer

pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às fôrças armadas, para

nelas servir em pôsto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.

ART. 3º - LEI 6880/80

§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações:

a) na ativa:

I - os de carreira;

II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial,

durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante as

prorrogações daqueles prazos;

III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados,

reincluídos, designados ou mobilizados;

IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva;

V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas

Forças Armadas.

§ 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e

permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida.

b) na inatividade:

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I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e

percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço

na ativa, mediante convocação ou mobilização; e

II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores estejam

dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas continuem a

perceber remuneração da União.

lll - os da reserva remunerada, e, excepcionalmente, os reformados, executando

tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força Armada.

Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas:

I - individualmente:

a) os militares da reserva remunerada; e

b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a ativa.

II - no seu conjunto:

a) as Polícias Militares; e

b) os Corpos de Bombeiros Militares.

Defeito de incorporação

Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar,

salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.

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Militares dos Estados e competência da Justiça Militar da União

EMENTA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. MPM. DECISÃO QUE

REJEITA, COM BASE NA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR, A

DENÚNCIA EM FACE DE MILITARES ESTADUAIS QUE COMETERAM, EM

TESE, CRIME MILITAR CONTRA MILITAR DAS FFAA. CASSADA A

DECISÃO PARA DECLARAR COMPETENTE A JUSTIÇA MILITAR DA

UNIÃO PARA JULGAR O FEITO.

I - É da Justiça Militar da União a competência para julgar o crime que envolve

militar federal e militar estadual, considerando que desperta o interesse da União,

sendo seu papel tutelar interesses da Federação como: manutenção da ordem,

disciplina e hierarquia nas Corporações Militares Estaduais e nas FFAA. Precedente

Recurso Criminal nº 2002.01.007044-9, julgado em 3/2/2003. STM Num: 0000157-

81.2011.7.07.0007 UF: PE

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

E FEDERAL. LESÕES CORPORAIS CULPOSAS. POLICIAL MILITAR

CONTRA CAPITÃO DO EXÉRCITO. BATALHÃO DE INFANTARIA. LOCAL

SUJEITO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR FEDERAL. COMPETÊNCIA DA

JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO.

1. Lesões corporais praticadas por policial militar contra capitão do exército, dentro

de um batalhão de infantaria, local sujeito à Administração militar federal, é crime

militar de competência da Justiça Militar da União, em face da qualificação dos

envolvidos e também pela proteção que merece o local onde acontecidos os fatos.

2. Aplicação da letra "a" do inciso II do art. 9º do Código Penal Militar.

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3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Auditor da 1ª Auditoria da 2ª

Circunscrição Judiciária Militar da União em São Paulo, o suscitado.

Assemelhado

Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da

Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar,

em virtude de lei ou regulamento.

Comandante

Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar,

toda autoridade com função de direção.

Superior

Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sôbre outro de igual

pôsto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal

militar.

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DO CRIME MILITAR

Conceito:

Crime militar e Transgressão Disciplinar

Infrações disciplinares

Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011: “No atual Código Penal Militar,

são prescritos os crimes militares e regulamentadas as infrações disciplinares

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

Crimes Militares Próprios

Crimes Militares Impróprios

Crimes Tipicamente Militares

11ª QUESTÃO – O Código Penal Militar trata dos crimes militares próprios e

dos crimes militares impróprios. Assim, no Estado Democrático de Direito a que

estão submetidas todas as Instituições civis e militares brasileiras do século XXI, o

“conceito de crime militar”, apenas se satisfaz completamente, quando

compreendemos e julgamos a ação humana praticada, em suas dimensões formal,

material e constitucional. Partindo dessa afirmativa, marque “V”, para as

verdadeiras e “F”, para as falsas:

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( ) Crime militar, impróprio, pode ser praticado por militar da ativa, reserva,

reformado e civil, nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e lugar.

( ) O civil, em regra, não pratica crime propriamente militar, mas pode praticá-lo por

exceção.

( ) O tráfico e a posse de entorpecentes, por militar estadual, dentro de Unidade

Militar Estadual, embora haja previsão em legislação especial penal comum, pode se

constituir em crime militar impróprio.

( ) O crime militar praticado em lugar sujeito à administração militar, é causa de

agravamento da pena.

Marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de

cima para baixo:

A. ( ) F, V, V, F.

B. ( ) V, F, F, V.

C. ( ) F, V, F, V.

D. ( ) V, F, V, F.

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Critérios legais Determinantes

Qual o critério utilizado pelo Código para distinguir o crime comum do crime

militar?

Do Crime Militar em Tempo de Paz

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei

penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição

especial;

II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição

na lei penal comum, quando praticados:

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma

situação ou assemelhado;

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à

administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou

civil;

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza

militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar

contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299,

de 8.8.1996)

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva,

ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

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e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a

administração militar, ou a ordem administrativa militar;

III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as

instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso

I, como os do inciso II, nos seguintes casos:

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa

militar;

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou

assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no

exercício de função inerente ao seu cargo;

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância,

observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função

de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e

preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente

requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior.

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e

cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando

praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei

no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação

dada pela Lei nº 12.432, de 2011)

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Súmula Vinculante nº 36

Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes

de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da

Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador

(CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil

QUESTÃO: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2007: “ Compete à justiça

militar da União processar e julgar crime doloso contra a vida, praticado por militar

do Exército Brasileiro contra civil, estando aquele em atividade inerente às funções

institucionais das Forças Armadas.”

TEORIAS DO DOLO NO CÓDIGO PENAL MILITAR

Art. 33. Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

1 – TEORIA DA VONTADE

2 – TEORIA DO ASSENTIMENTO

TIPO CULPOSO

II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou

diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,

não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não

se realizaria ou que poderia evitá-lo

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Princípio da Excepcionalidade do Crime Culposo

Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato

previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

QUESTÃO: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2007: “ O CPM assim como o CP,

não tipifica o crime de dano culposo”.

QUESTÃO – Levando em consideração apenas os dispositivos contidos no

artigo 9º do Código Penal Militar, Dec. 1001/69-CPM, no seu aspecto meramente

formal, sem qualquer interferência de posicionamentos doutrinários e

jurisprudenciais, analise as afirmativas abaixo e marque “V”, para as verdadeiras e

“F”, para as falsas:

( ) O crime de homicídio culposo contra civil, praticado por militar estadual em

serviço, será considerado crime militar.

( ) O crime de homicídio doloso contra civil, praticado por militar estadual em

serviço, será da competência da justiça comum.

( ) O crime de homicídio doloso contra militar estadual, praticado por militar

estadual em serviço, será considerado crime comum.

( ) O crime de homicídio culposo contra militar estadual, praticado por militar

estadual em seu período de folga, descanso ou repouso, será considerado crime

comum.

Marque a alternativa que contem a sequência de respostas CORRETAS, na ordem

de cima para baixo.

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A. ( ) F, V, V, F.

B. ( ) V, V, F, F.

C. ( ) V, F, F, V.

D. ( ) F, F, V, V.

Relação de Causalidade

Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a

quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado

não teria ocorrido.

§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação

quando, por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto,

a quem os praticou.

Iter Criminis

Fases:

1ª - Cogitação (cogitatio)

2ª - Preparação (conatus remotus)

3ª - Execução (conatus proximus)

4ª - Consumação (summatum opus)

5ª - Exaurimento

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Teoria adotada pelo CPM: OBJETIVO-FORMAL

Tentativa

Art. 30. Diz-se o crime

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias

à vontade do agente.

Pena de tentativa

Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída

de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a

pena do crime consumado.

EMENTA. Embargos. Tentativa de homicídio. Caso de excepcional

gravidade. Apenação correspondente ao crime consumado. Vingança. Motivo

torpe. Descaracterização. Agente que movido por sentimento de vingança

resolve eliminar, deixando, porém, paraplégica a pessoa que imaginava tivesse sido

a autora das injustas e fortes agressões por ele sofridas, não há como

identificar-se, em tal reação, por si só, um ato de torpeza e nem assim

descreveu a denúncia. Tal atitude resulta, entretanto, excepcional

gravidade, merecendo a pena do crime consumado. Unânime, rejeitados os

embargos do Ministério Público Militar e, por maioria, não acolhidos os embargos

da defesa. Num: 2003.01.049006-3 UF: MS Proc: EMB(FO) - EMBARGOS (FO)

Cód. 160 – STM

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Arrependimento posterior

O Código Penal Castrense encampa a teoria do arrependimento posterior?

QUESTÃO: DPU/2007: “O direito penal militar contempla o arrependimento

posterior como causa obrigatória de redução de pena.”

ILICITUDE

CONCEITO:

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE:

Exclusão de crime

Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento do dever legal;

IV - em exercício regular de direito.

Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,

aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade,

compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras

urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a

desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

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QUESTÃO: MPE/ES/2010: “No direito penal militar, o consentimento do ofendido

está entre as causas expressas excludentes de ilicitude e apresenta como

peculiaridade, nesse sistema penal, a possibilidade de ocorrer antes ou após a prática

da infração.”

ESTADO DE NECESSIDADE JUSTIFICANTE

Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar

direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro

modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é

consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a

arrostar o perigo.

TEORIAS SOBRE O ESTADO DE NECESSIDADE

Código Penal Brasileiro (CPB)

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de

perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,

direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-

se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade

Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa

a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo

certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito

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alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era

razoavelmente exigível conduta diversa.

Estado de necessidade, como excludente do crime

Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar

direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro

modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é

consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a

arrostar o perigo.

QUESTÃO: MPE/ES/2010: “No sistema penal militar, o estado de necessidade

segue a teoria diferenciadora do direito penal alemão, que faz o balanço dos bens e

interesses em conflito. O estado de necessidade pode ser exculpante ou justificante.

O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o segundo, de exclusão de

ilicitude.”

QUESTÃO: DPU/2004: “No direito castrense, o estado de necessidade pode

constituir causa de exclusão da culpabilidade do delito".

Excludente de ilicitude do Comandante

Exclusão de crime

Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

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II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento do dever legal;

IV - em exercício regular do direito.

Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave

ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os

subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para

salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a

revolta ou o saque.

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIARIO/STM/2004: “A legislação penal militar

admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte do comandante para

compelir os subalternos a executar serviços e manobras urgentes, para evitar o

desânimo, a desordem ou o saque.”

Excesso nas causas de justificação

EXCESSO EXCULPANTE

Art. 45, CPM

Excesso escusável

Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou

perturbação de ânimo, em face da situação.

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QUESTÃO: MPE/ES/2010: “O excesso culposo, nas descriminantes legais, tem

idêntico disciplinamento no direito penal militar e no direito penal comum, sendo o

excesso intensivo, em qualquer caso, excludente de culpabilidade do agente.”

EXCESSO DOLOSO

Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.

ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME

Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime:

I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente;

II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de

quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a

agressão.

QUESTÃO: MPE/ES/2010: “Para a caracterização do crime contra a autoridade ou

disciplina militar, é irrelevante o fato de o agente ter ou não conhecimento da

condição de superior do outro militar atingido e consciência de que está infringindo

as regras de disciplina e hierarquia militar.”

CULPABILIDADE

Elementos:

1 – Imputabilidade

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2 – Potencial Consciência da Ilicitude

3 – Exigibilidade de Conduta Diversa

Potencial Consciência da Ilicitude

Erro de Direito

Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o

agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito

o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.

Há domínio da situação fática.

Não tem consciência de que se trata de um comportamento proibido.

Semelhança e Diferença para o tratamento do Erro de Proibição do Código

Penal

Erro de Fato

Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente

escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de

situação de fato que tornaria a ação legítima.

Erro culposo

§1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível

como crime culposo

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Causas Legais de exclusão da Culpabilidade

Coação Irresistível (art. 38)

Obediência Hierárquica (art. 38)

Estado de Necessidade Exculpante ( art. 39)

Excesso Escusável (art. 45)

Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:

Coação irresistível

a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria

vontade;

Obediência hierárquica

b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de

serviços.

§1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.

§2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente

criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o

inferior.

QUESTÃO: DPU/2004: “Admite-se a coação moral irresistível como causa de

exclusão da culpabilidade no crime de deserção.”

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ESTADO DE NECESSIDADE EXCULPANTE

Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa

a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo

certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito

alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era

razoavelmente exigível conduta diversa.

CONCURSO DE AGENTES

Crimes Unissubjetivos:

Crimes Plurissubjetivos

TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS

1 – Teoria Monista (Monística ou Unitária ou Igualitária)

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2004: “ O Código Penal Militar

(CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o princípio da

equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine qua non, o qual se

contrapõe à teoria monista adotada pelo mesmo código quanto ao concurso de

pessoas.”

Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este

cominadas.

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QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2004: O CPM, ao estabelecer que

aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas penas a este

cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a teoria monista.”

2 – Teoria Dualista

Autor X Partícipe

Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:

I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;

II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou

praticando violência;

III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência,

em comum, contra superior;

IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou

dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura

militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para

ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em

detrimento da ordem ou da disciplina militar:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um têrço para os cabeças.

Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

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Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar

sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado,

fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos

no artigo.

3 – Teoria Pluralista

Corrupção passiva

Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da

função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou aceitar

promessa de tal vantagem:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Corrupção ativa

Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática,

omissão ou retardamento de ato funcional:

Pena - reclusão, até oito anos.

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS:

A) Pluralidade de pessoas e de condutas

B) Relevância causal de cada conduta

C) Liame subjetivo ou psicológico entre as pessoas

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D) Identidade de infração penal

COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE CONDIÇÕES

PESSOAIS

Condições ou circunstâncias pessoais

Art. 53, § 1º: A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos

outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam,

outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando

elementares do crime.

Elementares:

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2004: “ O CPM estabelece que não se

comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, exceto quando

elementares do crime, o que significa dizer que responde por crime comum a pessoa

civil que, juntamente com um militar, cometa, por exemplo, crime de peculato

tipificado no CPM.”

OFENSA AVILTANTE A INFERIOR - Concurso de agentes - Co-autor estranho

à Carreira Militar - Irrelevância. I - Circunstâncias elementares do crime

consistentes na condição de militar e de superior que se comunicam. II -

Aplicação do art. 53, § 1º, "in fine", do CPM. III - Recurso provido para,

desconstituindo-se a Decisão atacada, receber-se a Denúncia na parcela relativa à

subsunção da conduta, em tese, do Funcionário Civil denunciado ao art. 176, do

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CPM, determinando-se a baixa dos autos à origem para o prosseguimento do Feito.

IV - Decisão unânime. 2000.01.006744-8 UF: RJ Decisão: 14/09/2000

Proc: RSE(FO) - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (FO) Cód. 320. STM.

HC 81438 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS

Relator(a): Min. NELSON JOBIM Julgamento: 11/12/2001 Órgão

Julgador: Segunda Turma.

EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME MILITAR.

DENÚNCIA. ATIPICIDADE. CONCURSO DE AGENTES. MILITAR E

FUNCIONÁRIO CIVIL. CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL,

ELEMENTAR DO CRIME. APLICAÇÃO DA TEORIA MONISTA. Denúncia que

descreve fato típico, em tese, de forma circunstanciada, e faz adequada qualificação

dos acusados, não enseja o trancamento da ação penal. Embora não exista

hierarquia entre um sargento e um funcionário civil da Marinha, a qualidade

de superior hierárquico daquele em relação à vítima, um soldado, se estende ao

civil porque, no caso, elementar do crime. Aplicação da teoria monista. Inviável o

pretendido trancamento da ação penal. HABEAS indeferido.

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PARTICIPAÇÃO

Teoria Adotada pelo Código Penal Militar

Impunibilidade na Participação

Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em

contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

CABEÇAS

Art. 53

§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que

dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.

§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes

considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

QUESTÃO: DPU/2007: “ Embora o CPM tenha se filiado à teoria da equivalência

dos antecedentes causais (conditio sine qua non), consideram-se cabeça, nos crimes

de autoria coletiva necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de

oficial.”

QUESTÃO: DPU/2001: “O oficial militar que, em concurso com praças, vier a

praticar um crime de autoria coletiva necessária não será considerado cabeça

somente em decorrência do princípio da hierarquia com os inferiores”

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PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA

MODELO SANCIONATÓRIO ADOTADO

PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA

PRINCIPAIS

PENAS

ACESSÓRIAS

PESSOAIS

MEDIDAS DE SEGURANÇA

PATRIMONIAIS

PENAS PRINCIPAIS:

1 – MORTE

2 – RECLUSÃO

3 – DETENÇÃO PRIVATIVAS DE LIBERDADE

4 – PRISÃO

5 – IMPEDIMENTO RESTRITIVA DE LIBERDADE

6 – SUSPENSÃO

RESTRITIVAS DE DIREITOS

7 - REFORMA

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QUESTÃO: DPU/2010: “O CPM dispõe sobre hipóteses de crimes militares,

próprios e impróprios, e sobre infrações disciplinares militares. Entre as sanções

penais, está expressa a possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de

delitos de natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros

à administração militar.”

QUESTÃO: MPE/ES/2010: “Nos casos de crimes militares, a pena de multa

somente poderá ser imposta aos autores de delitos militares impróprios, por expressa

disposição contida no CPM.”

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011: “ Nos termos das disposições

gerais do CPM, é cabível para os crimes militares a cominação das penas privativas

de liberdade, restritivas de direitos e multa, conforme também prevê o Código Penal

Comum.”

PENA DE MORTE

AUTORIZAÇÃO CONSTITUCIONAL

PREVISÃO LEGAL:

FORMA DE EXECUÇÃO:

QUESTÃO: ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2004: “A legislação penal militar

estabelece que a pena de morte é executada por fuzilamento e que, nessa situação, o

condenado militar deverá deixar a prisão com o uniforme sem as insígnias, e o

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condenado civil deverá estar vestido decentemente, devendo ambos os condenados

estar de olhos vendados no momento da execução, salvo se o recusarem.”

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o

mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA A MILITAR

Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é

convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão

condicional: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)

I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;

II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que

estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo

superior a dois anos.

QUESTÃO: DPU/2004: “ A pena de reclusão superior a dois anos somente será

cumprida pelo oficial em estabelecimento prisional civil após ser declarada a perda

do posto e da patente.”

ART. 2º, § ÚNICO, LEP

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao

condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento

sujeito à jurisdição ordinária.

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SÚMULA 192, STJ:

COMPETE AO JUIZO DAS EXECUÇÕES PENAIS DO ESTADO A

EXECUÇÃO DAS PENAS IMPOSTAS A SENTENCIADOS PELA JUSTIÇA

FEDERAL, MILITAR OU ELEITORAL, QUANDO RECOLHIDOS A

ESTABELECIMENTOS SUJEITOS A ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.

PENA DE IMPEDIMENTO

Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da

unidade, sem prejuízo da instrução militar.

QUESTÃO: MPE/ES/2010: “ A pena de impedimento prevista no COM é aplicável

a qualquer crime militar, próprio ou impróprio, desde que seja inferior a dois anos.

Essa pena obsta o exercício das funções policiais e militares pelo prazo mínimo de

dois anos, submetendo o apenado, quando se tratar de oficial, à pena acessória de

perda do posto.”

PENAS ACESSÓRIAS

PERDA DO POSTO E PATENTE

OFICIAIS INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO

INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO

PRAÇAS EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS

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PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA

CIVIS

INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃOPÚBLICA

SUSPENSÃO PODER FAMILIAR, TUTELA OU CURATELA/DIREITOS POLÍTICOS

MEDIDAS DE SEGURANÇA

Espécies de medidas de segurança

Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira

espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a

internação em manicômio judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico

anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial

de um ou de outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de

veículos motorizados, o exílio local e a proibição de freqüentar determinados

lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade

ou associação, e o confisco.

1) PESSOAIS - DETENTIVAS

- NÃO-DETENTIVAS

2) PATRIMONIAIS

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QUESTÃO: DPU/2001: “ O estatuto penal militar vigente não contempla as

medidas de segurança de natureza patrimonial.”

Súmula 527, STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve

ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.”

Exílio local

Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o considera necessário como medida

preventiva, a bem da ordem pública ou do próprio condenado, consiste na proibição

de que este resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na localidade,

município ou comarca em que o crime foi praticado.

Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa

condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.

PENAS ACESSÓRIAS

Não se trata de substituição de penas principais.

A aplicação depende da imposição de uma pena principal.

São aplicadas cumulativamente com as penas principais, de acordo com a natureza

do crime.

Rol taxativo de penas acessórias (art. 98, CPM).

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1 – PERDA DO POSTO E DA PATENTE (Art. 99, CPM)

Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de

liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.

OBS.: Art. 142, §3º, inciso VI, CRFB.

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou

com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em

tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

2 – DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO (Art. 100,

CPM)

Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar

condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou

cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245,

251, 252, 303, 304, 311 e 312.

QUESTÃO: DPU/2004: “ Considere que um tenente, estando de serviço, em área

fora da administração militar, tenha constrangido uma mulher à prática de conjunção

carnal, mediante grave ameaça, e por isso tenha sido preso em flagrante e

denunciado pela prática do crime previsto no art. 232, CPM (estupro). Considere

ainda que, durante o processo, tenha sido juntada aos autos certidão de casamento do

referido tenente com a vítima, fato ocorrido após o dia do delito. Em face dessas

considerações e com base no CPM, julgue o item que se segue:

Se o oficial for condenado pelo crime em tela, será declarado indigno para o

oficialato.

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Ementa: “Representação para declaração de indignidade. Condenação de oficial à

pena privativa de liberdade superior a 02 (dois) anos. Sentença transitada em

julgado. Concussão. Ofensa aos preceitos éticos e morais. Inviabilidade da

permanência do oficial na Força. Fato atinge o decoro e o pundonor militar.

Procedência do pedido para declarar o militar oficial indigno do oficialato, com a

perda do seu posto e patente, na forma do art. 142, § 3º, VI e VII, da CF.” STM,

RDIIOF 0000040-09.2011.7.00.0000 - DF

3 – DECLARAÇÃO DE INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO

(Art. 101, CPM)

Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar

condenado nos crimes dos arts. 141 e 142.

Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil.

Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele

existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e

qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

Art. 142. Tentar:

I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro;

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II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o

território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a

sua soberania;

III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional:

Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para os

demais agentes.

4 – EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS

Exclusão das forças armadas

Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a

dois anos, importa sua exclusão das forças armadas.

Art. 125, § 4º, CRFB: “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os

militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais

contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima

for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente

dos oficiais e da graduação das praças.”

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM

AGRAVO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. MILITAR. EXCLUSÃO DA

CORPORAÇÃO. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DE 12 (DOZE) ANOS

DE RECLUSÃO PELA PRÁTICA DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. 1. Compete à Justiça Militar Estadual

decidir sobre a perda da graduação de praças somente quando se tratar de crimes

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militares. 2. No caso sub examine, o recorrente foi condenado à pena de 12 (doze)

anos de reclusão, pela prática do crime homicídio qualificado, e como efeito

secundário dessa condenação, perdeu a função de policial militar, sem a necessidade

de instauração de procedimento específico para esse fim. Precedente: RE 605.917-

ED/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 22/6/2012. 3. In casu, o

acórdão originariamente recorrido assentou: “CRIMINAL – HOMICÍDIO

QUALIFICADO – DECISÃO QUE NÃO SE APRESENTA MANIFESTAMENTE

CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS – CONDENAÇÃO MANTIDA – PERDA

DO CARGO PÚBLICO – MANUTENÇÃO. Encontrando o veredicto apoio no

conjunto probatório, a sentença deve ser confirmada, não havendo falar-se em

decisão manifestamente contrária à prova dos autos. A perda do cargo público

constitui efeito da condenação, quando a pena privativa de liberdade é superior a 04

(quatro) anos de reclusão, sendo decidida tal questão – Perda do cargo público -,

pelo Tribunal Militar apenas em caso de cometimento de crime militar, o que não se

verifica na espécie. Desprovimento ao recurso que se impõe” (fl. 132 do volume 3

dos autos eletrônicos). 4. Agravo regimental DESPROVIDO. ARE 742879 AgR /

MG - MINAS GERAIS - STF.

E M E N T A: CRIME DE TORTURA – CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA A

OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR – PERDA DO POSTO E DA PATENTE

COMO CONSEQUÊNCIA NATURAL DESSA CONDENAÇÃO (LEI Nº

9.455/97, ART. 1º, § 5º) – INAPLICABILIDADE DA REGRA INSCRITA NO

ART. 125, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO, PELO FATO DE O CRIME DE

TORTURA NÃO SE QUALIFICAR COMO DELITO MILITAR –

PRECEDENTES – SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO –

INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU OMISSÃO –

PRETENSÃO RECURSAL QUE VISA, NA REALIDADE, A UM NOVO

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JULGAMENTO DA CAUSA – CARÁTER INFRINGENTE –

INADMISSIBILIDADE – PRONTO CUMPRIMENTO DO JULGADO DESTA

SUPREMA CORTE, INDEPENDENTEMENTE DA PUBLICAÇÃO DO

RESPECTIVO ACÓRDÃO, PARA EFEITO DE IMEDIATA EXECUÇÃO DAS

DECISÕES EMANADAS DO TRIBUNAL LOCAL – POSSIBILIDADE –

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS. TORTURA –

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM – PERDA DO CARGO COMO EFEITO

AUTOMÁTICO E NECESSÁRIO DA CONDENAÇÃO PENAL. - O crime de

tortura, tipificado na Lei nº 9.455/97, não se qualifica como delito de natureza

castrense, achando-se incluído, por isso mesmo, na esfera de competência penal

da Justiça comum (federal ou local, conforme o caso), ainda que praticado por

membro das Forças Armadas ou por integrante da Polícia Militar. Doutrina.

Precedentes. - A perda do cargo, função ou emprego público – que configura

efeito extrapenal secundário – constitui consequência necessária que resulta,

automaticamente, de pleno direito, da condenação penal imposta ao agente

público pela prática do crime de tortura, ainda que se cuide de integrante da

Polícia Militar, não se lhe aplicando, a despeito de tratar-se de Oficial da

Corporação, a cláusula inscrita no art. 125, § 4º, da Constituição da República.

Doutrina. Precedentes. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – UTILIZAÇÃO

PROCRASTINATÓRIA – EXECUÇÃO IMEDIATA – POSSIBILIDADE. - A

reiteração de embargos de declaração, sem que se registre qualquer dos pressupostos

legais de embargabilidade (CPP, art. 620), reveste-se de caráter abusivo e evidencia

o intuito protelatório que anima a conduta processual da parte recorrente. - O

propósito revelado pelo embargante, de impedir a consumação do trânsito em

julgado de decisão que lhe foi desfavorável – valendo-se, para esse efeito, da

utilização sucessiva e procrastinatória de embargos declaratórios incabíveis –,

constitui fim que desqualifica o comportamento processual da parte recorrente e que

autoriza, em consequência, o imediato cumprimento da decisão emanada desta

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Suprema Corte, independentemente da publicação do acórdão consubstanciador do

respectivo julgamento. AI 769637.

5 – PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA (Art. 103, CPM)

Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil:

I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder

ou violação de dever inerente à função pública;

II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois anos.

Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou reformado,

se estiver no exercício de função pública de qualquer natureza.

QUESTÃO: ANALISTA/STM/2004: “De acordo com a legislação penal militar, a

condenação da praça e a do civil a pena privativa de liberdade superior a dois anos,

implicam, respectivamente, a exclusão do militar das Forças Armadas e a perda da

função pública ao civil”

6 – INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA (Art.

104, CPM)

Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de

dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude

de crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à

função pública.

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Termo inicial

Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública começa

ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança

imposta em substituição, ou da data em que se extingue a referida pena.

7 – SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA E CURATELA (Art. 105,

CPM)

Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja

qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou

curatela, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta em

substituição (art. 113).

Suspensão provisória

Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão provisória do

exercício do pátrio poder, tutela ou curatela.

8 – SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (Art. 106, CPM)

Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de

segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função

pública, o condenado não pode votar, nem ser votado.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

PUNIBILIDADE

É Exclusiva do Estado?

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Situações expressamente previstas em lei.

Rol de causas de extinção da punibilidade distinto do rol previsto no Código Penal

Comum.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA PARTE GERAL DO CPM

MORTE

ANISTIA

INDULTO

ABOLITIO CRIMINIS

PRESCRIÇÃO

REABILITAÇÃO

RESSARCIMENTO DO DANO NO PECULATO CULPOSO

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA PARTE ESPECIAL

PERDÃO JUDICIAL NA RECEPTAÇÃO CULPOSA

Art. 123, Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto,

elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este. Nos

crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos

outros, a agravação da pena resultante da conexão.

QUESTÃO: MPE/ES/2010: Nas infrações penais conexas, especificamente em

relação aos crimes militares próprios, a declaração de extinção da punibilidade de

um dos delitos impede que este agrave a pena resultante dos demais delitos da

conexão.

1 – MORTE DO AGENTE

Princípio da Intranscendência da pena

Certidão de óbito

2 – ANISTIA (CLEMÊNCIA SOBERANA ou INDULGÊNCIA PRINCIPIS)

Concedida por meio do Congresso Nacional.

É irrevogável.

Tem por objeto fatos e não pessoas.

Efeitos retroativos (ex tunc).

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Não se aplica à crimes hediondos e equiparados.

3 – INDULTO

Concedido mediante decreto presidencial ou por outra autoridade no exercício de

delegação.

Fulmina apenas a pretensão executória.

4 – GRAÇA

Não há previsão expressa de extinção da punibilidade pela “Graça”.

5 – ABOLITIO CRIMINIS

Afasta todos os efeitos penais.

E quando não houver o trânsito em julgado?

6 – REABILITAÇÃO

É causa que extingue a punibilidade!!

Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva.

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Prazo exigido para requerer habilitação

Art. 134, §1º A reabilitação poderá ser requerida decorridos cinco anos do dia em

que for extinta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar a execução desta ou

da medida de segurança aplicada em substituição (art. 113), ou do dia em que

terminar o prazo da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional,

desde que o condenado:

a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;

b) tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom

comportamento público e privado;

c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre absoluta

impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a

renúncia da vítima ou novação da dívida.

QUESTÃO: DPU/2007: O prazo para requerer a reabilitação, após o cumprimento

ou a extinção da pena, é idêntico no processo penal comum e no processo penal

militar.

Negada a reabilitação, há prazo para novo requerimento?

7 – RESSARCIMENTO DO DANO NO PECULATO CULPOSO

Momento: até o trânsito em julgado

Art. 303, § 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a

sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade

a pena imposta.

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QUESTÃO: DPU/2010: No peculato culposo, a reparação do dano, antes da

sentença irrecorrível, acarreta a extinção da punibilidade do agente, tanto no CP

como no CPM.

8 – PERDÃO JUDICIAL

Receptação culposa

Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta

desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve

presumir-se obtida por meio criminoso:

Pena - detenção, até um ano.

Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um

décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.

9 – PRESCRIÇÃO

CONCEITO

Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser declarada de ofício.

Espécies de prescrição

Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da pena.

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PRESCRIÇÃO DA PENA EM ABSTRATO

Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se

pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:

I - em trinta anos, se a pena é de morte;

II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a doze;

IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito;

V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro;

VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não

excede a dois;

VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.

QUESTÃO: DPU/2004: A prescrição da ação penal dos crimes aos quais é

cominada pena de morte se dá em vinte anos.

Termo inicial da prescrição da ação penal

§ 2º A prescrição da ação penal começa a correr:

a) do dia em que o crime se consumou;

b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou conhecido.

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CAUSAS SUSPENSIVAS:

Art. 125, § 4º A prescrição da ação penal não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o

reconhecimento da existência do crime;

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

QUESTÃO: DPU/2007: No processo penal militar, efetivada a citação por edital,

não comparecendo o réu, nem constituindo advogado, ficarão suspensos o processo

e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada

de provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva.

CAUSAS INTERRUPTIVAS

Art. 125, §5º O curso da prescrição da ação penal interrompe-se:

I - pela instauração do processo;

II - pela sentença condenatória recorrível.

QUESTÃO: ANALISTA/STM/2004: A extinção da punibilidade dá-se, entre outras

causas, pela prescrição, a qual, no curso da ação penal, é interrompida pela

instauração do processo, pela sentença condenatória recorrível e pela prática de

outro crime pelo acusado.

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Art. 125, § 6º: A interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos os

autores do crime; e nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, a

interrupção relativa a qualquer deles estende-se aos demais.

CAUSA DE REDUÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL

Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando o criminoso era,

ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior de setenta.

Obs.: PRESCRIÇÃO VIRTUAL: Súmula 438, STJ:

“É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva

com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do

processo penal.”

REGRAS ESPECIAIS DE PRESCRIÇÃO

Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja pena cominada,

no máximo, é de reforma ou de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo

ou função.

Art. 130. É imprescritível a execução das penas acessórias.

PRESCRIÇÃO NO CRIME DE INSUBMISSÃO

Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do dia em que o

insubmisso atinge a idade de trinta anos.

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PRESCRIÇÃO NO CRIME DE DESERÇÃO

Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só

extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e,

se oficial, a de sessenta.

QUESTÃO: ANALISTA/STM/2011: A prescrição da ação penal militar, de regra,

regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, possuindo

natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade Entretanto, no crime de

deserção, o sistema do CPM configura duas hipóteses para a questão da prescrição,

ora aplicando a norma geral, ora estabelecendo norma especial, previstas igualmente

no estatuto castrense.

QUESTÃO: DPU/2004: Se um oficial da Aeronáutica desertasse aos 25 anos de

idade e fosse capturado 25 anos depois, a ação penal já se encontraria prescrita em

abstrato, pois o crime de deserção possui pena máxima de 2 anos.

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PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL MILITAR

VISÃO PRINCIPIOLÓGICA

DO MOTIM E DA REVOLTA

Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:

I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;

II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou

praticando violência;

III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência,

em comum, contra superior;

IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou

dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura

militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para

ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em

detrimento da ordem ou da disciplina militar:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Revolta

Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:

Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Violência contra superior

Art. 157. Praticar violência contra superior:

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Pena - detenção, de três meses a dois anos.

Formas qualificadas

§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial

general:

Pena - reclusão, de três a nove anos

§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço.

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a

do crime contra a pessoa.

§ 4º Se da violência resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.

Violência contra militar de serviço

Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra

sentinela, vigia ou plantão:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar

em que deve permanecer, por mais de oito dias:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

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Casos assimilados

Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito

ou férias;

II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias,

contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é

declarado o estado de sítio ou de guerra;

III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;

IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou

simulando incapacidade.

Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:

Atenuante especial

I - se o agente se apresenta voluntàriamente dentro em oito dias após a consumação

do crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até

sessenta;

Agravante especial

II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a

pena é agravada de um terço.

Aumento de pena

§ 3o A pena é aumentada de um terço, se se tratar de sargento, subtenente ou

suboficial, e de metade, se oficial.

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Concerto para deserção

Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da deserção:

I - se a deserção não chega a consumar-se:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Modalidade complexa

II - se consumada a deserção:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Abandono de posto

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha

sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Exercício de comércio por oficial

Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência

de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou

cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:

Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

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Concussão

Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da

função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Excesso de exação

Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando

devido, empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Reunião ilícita

Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato

de superior ou assunto atinente à disciplina militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis

meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.

Publicação ou crítica indevida

Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial,

ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar,

ou a qualquer resolução do Governo:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

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Recusa de obediência

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço,

ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Oposição a ordem de sentinela

Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Desacato a superior

Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro, ou procurando

deprimir-lhe a autoridade:

Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Agravação de pena

Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante

da unidade a que pertence o agente.

Desacato a militar

Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão

dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

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Desobediência

Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:

Pena - detenção, até seis meses.

Ingresso clandestino

Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave,

hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou

não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave

Recusa de obediência

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço,

ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Rigor excessivo

Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não

permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:

Pena - suspensão do exercício do posto, por dois a seis meses, se o fato não constitui

crime mais grave.

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Violência contra inferior

Art. 175. Praticar violência contra inferior:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada

a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto no art.

159.

Ofensa aviltante a inferior

Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio

empregado, se considere aviltante:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior

Estupro

Art. 232. Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave

ameaça:

Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da correspondente à violência.

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Atentado violento ao pudor

Art. 233. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar, a

praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo da correspondente à violência.

Pederastia ou outro ato de libidinagem

Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,

homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.