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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO
TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: UM ESTUDO DE CASO.
CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO
João Pessoa 2015
CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO
PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO
TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: ESTUDO DE CASO.
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção do Centro de Tecnologia da
Universidade Federal da Paraíba, como requisito
para obtenção do grau de Mestre em Engenharia
de Produção.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Christine Werba Saldanha.
João Pessoa 2015
PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO
TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: UM ESTUDO DE CASO
CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO
Esta Dissertação foi julgada e aprovada em sua forma final para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba.
JOÃO PESSOA, 28 de AGOSTO de 2015
BANCA EXAMINADORA
______________________
Prof.ª Maria Christine Werba Saldanha, Dr.ª
(Orientadora)
Universidade Federal da Paraíba
Prof.ª Maria Silene Alexandre Leite, Dr. ª (Examinador interno)
Universidade Federal da Paraíba
Prof.º Ricardo José Matos de Carvalho, Dr. (Examinador externo)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Dedico este trabalho em especial aos meus pais, pela dedicação e apoio em todos os momentos e as minhas eternas amigas e irmãs Jeane Torelli Cardoso e Andréia Luisa dos Santos Lima.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela sua graça, por traçar
oportunidades e trilhar caminhos que me proporcionaram vivenciar novas
descobertas e experiências únicas que ficarão guardadas ao longo da minha
trajetória de vida. A ti Senhor! Honra e glória, por ser uma torre forte a qual todo
aquele que se refugia encontra um alto retiro.
Aos meus pais João Crisóstomo (in memoriam) e Josefa Zélia, por terem se
esforçado ao máximo e com sabedoria, privando-se diversas vezes de suas próprias
necessidades para me proporcionar a melhor educação possível. Estes sim! Eu
considero como os verdadeiros mestres.
Meus sinceros agradecimentos a todos que, de uma forma ou de outra,
contribuíram para a realização deste trabalho e em reconhecimento registro aqui
meu muito obrigada:
• A Universidade Federal da Paraíba - UFPB e ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia da Produção - PPGEP pela oportunidade de
realização do Mestrado;
• Quero destacar o agradecimento a minha orientadora e professora Dr.ª
Maria Christine Werba Saldanha e ao professor Dr. Marcos Barros de
Medeiros essenciais ao desenvolvimento desse trabalho;
• À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) pelo apoio financeiro disponibilizado;
• A Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT/UFPB) e a Fundação de Apoio à
Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ) pelo apoio financeiro
disponibilizado ao Projeto “AGROINDEX”;
• Aos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia da
Produção - PPGEP, por todos os ensinamentos;
• A todos os alunos da graduação do Campus III (Bananeiras), bem como
do Campus I (João Pessoa) envolvidos no projeto AGROINDEX;
• A Todos os amigos, colegas do mestrado UFPB e colegas da UFRN, em
especial membros do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ergonomia
(GREPE/UFRN);
• Aos queridos agricultores plantadores da batatinha agroecológica do
Território do da Borborema/PB;
• Às instituições de pesquisa (AS-PTA, POAB, UFPB entre outras);
• À banca examinadora composta pelos professores: Dr. Ricardo José
Matos de Carvalho e Dr.ª Maria Silene Alexandre Leite.
RESUMO
MELO, Crisoleide Silva de. Processo de revitalização da produção familiar de batata no Território do Polo da Borborema-PB: um estudo de caso. 2015. 116f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, 2015.
Instituições de pesquisa e agricultores familiares de forma integrada, coletiva e participativa fomentam a transição da agricultura convencional para agroecológica no Território da Borborema/PB. A ação parte da necessidade de reverter à grave crise socioambiental gerada pela utilização de práticas convencionais baseadas na Revolução Verde. O objetivo dessa pesquisa foi caracterizar um agroecossistema familiar, inserido no Território da Borborema/PB, em processo de transição e envolvido com o cultivo da batata agroecológica (solanum tuberosum l.). A pesquisa teve sua natureza aplicada e como procedimento foi realizado um estudo de caso, direcionado por uma abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório. Foram utilizados métodos observacionais, interacionais, além de registros fotográficos e audiovisuais. O agroecossistema analisado, denominado neste trabalho como Crisântemo, atende os critérios exigidos na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, para que a unidade agrícola seja considerada de produção familiar. Visto que possui: predomínio de mão de obra familiar, renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no agroecossistema; área da propriedade menor que quatro módulos fiscais e, direção do agroecossistema familiar. No agroecossistema foram identificados os seguintes subsistemas: produção vegetal (roçados anuais, quintais, forragem e árvores) e criação animal (bovinos, suínos e aves). Cada subsistema possui características ecológicas particulares que atuam de forma sistêmica e integrada tornando o agroecossistema sustentável. Nos roçados anuais foram identificados as seguintes espécies (batatinha, erva-doce, batata-doce, macaxeira, feijão, milho, fava, jerimum), nos quintais (cebolinha, coentro, couve, alface, tomate, chuchu, maxixe, quiabo, pimenta, erva-cidreira e sabugueiro), nas forragens (palma, abóbora forrageira e capim elefante) e, no subsistema árvores (gliricídia, nim, avelós, sabiá, leucena, algaroba, coqueiro, gravioleira, cajueiro, mamoeiro e goiabeira). Foram identificadas práticas agroecológicas tradicionais e inovadoras, que estão relacionadas ao manejo das sementes, manejo dos solos, manejo de água, manejo dos animais. As práticas Agroecológicas de manejo dos solos estão relacionadas à adubação orgânica mediada pelo biodigestor e pela esterqueira, aplicação de MB-4 (Pó de Rocha), trabalho mínimo dos solos, rotação de culturas e, consórcio de culturas. O processo de transição agroecológica adotada no agroecossistema vem conferindo um crescente nível de sustentabilidade, existindo um comprometimento dos agricultores familiares não apenas com sua unidade familiar, mas com o meio ambiente e com as gerações futuras.
Palavras-chave: Agroecologia; Agricultura Familiar; Agroecossistema; Sustentabilidade
ABSTRACT
MELO. Crisoleide Silva de. Revitalization process of potato family production in the Borborema-PB pole territory: a case study. 2015. 116f. Dissertation (Master in Production Engineering) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.
Research institutions and family agriculture in an integrated, collective and participative way foster a transition of conventional agriculture for agroecology in the Territory of Borborema/PB. The action starts from the need to revert to the serious socio-environmental crisis generated by the use of conventional practices based on the Green Revolution. The objective of this research was to characterize a family agroecosystem, inserted in the Territory of Borborema / PB, in transition process and involved with the cultivation of agroecological potato (solanum tuberosum L.). The research was done and applied based on a case study, directed to a qualitative, descriptive and exploratory approach. They were adopted by observational, interactive methods, as well as photographic and audiovisual records. The analyzed agroecosystem, called in this work as Crisântemo, meets the criteria required by Law 11.326, of July 24, 2006, so that the agricultural unit is considered as family production. Considering that it has: predominance of family labor, family income of agricultural activities generated in the agroecosystem; area of property less than four fiscal modules, and direction of the family agroecosystem. In the agroecosystem the following subsystems were identified: plant production (annual farm, backyards, forage and trees) and breeding of animals (cattle, pigs and birds). Each subsystem has particular ecological characteristics that act in a systemic and integrated way making the agroecosystem sustainable. The following species were identified in the annual rows: potato, sweet potato, sweet herb, cassava, beans, maize, fava, pumpkin), quintals (chives, coriander, cabbage, lettuce, tomato, chuchu, elephantgrass), and in the sub-system trees (gliricídia, neem, hazelnut, sabiá, leucena, algaroba, coconut, soursop, cashew, papaya and guava). Traditional and innovative agroecological practices have been identified, related to seed management, soil management, water management, and animal husbandry. Agroecological practices of soil management are related to the organic fertilization mediated by the biodigestor and the mackerel, application of MB-4 (Pó de Rocha), minimum soil work, crop rotation and crop consortium. The agroecological transition process adopted in the agroecosystem has provided an increasing level of sustainability, and there is a commitment of family farmers not only to their family unit but also to the environment and future generations.
Keywords: Agroecology; Family Farming; Agroecosystems; Sustainability
SUMÁRIO
1 CAPÍTULO: INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
1.1 Delimitação do Tema ...................................................................................................................... 16
1.2 Justificativa ....................................................................................................................................... 21
1.3 Objetivo ............................................................................................................................................. 24 1.3.1 Objetivo Geral .............................................................................................................................. 24 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................. 24
2 CAPÍTULO: REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 25
2.1 Agroecologia ..................................................................................................................................... 25
2.2 Revolução Verde e Sistema Convencional de Produção .......................................................... 28
2.3 Transição Agroecológica ................................................................................................................ 31
2.4 Agroecossistemas ........................................................................................................................... 32 2.4.1 Agroecossistemas no Agreste da Paraíba .............................................................................. 34 2.4.2 Manejo de Agroecossistemas: Práticas Culturais em Agroecologia ................................... 37
2.4.2.1 Manejo dos Solos .............................................................................................................. 38 2.4.2.2 Adubação Orgânica .......................................................................................................... 39 2.4.2.3 Rotação de Culturas ......................................................................................................... 39 2.4.2.4 Plantio em Curvas de Nível ............................................................................................. 40 2.4.2.5 Manutenção do pH do Solo ............................................................................................. 40 2.4.2.6 Trabalho Mínimo do Solo ................................................................................................. 41 2.4.2.7 Melhor Controle da Irrigação ........................................................................................... 41 2.4.2.8 Preservação dos Microrganismos Solos........................................................................ 41 2.4.2.9 Uso de Coberturas Vegetais e Adubação Verde .......................................................... 42 2.4.2.10 Consórcio de Culturas ...................................................................................................... 42 2.4.2.11 Controle Biológico ............................................................................................................. 43 2.4.2.12 Manejo de Animais ............................................................................................................ 43
2.5 Sustentabilidade: Enfoque da Agroecologia ................................................................................ 44 2.5.1 Dimensão Ecológica ................................................................................................................... 46 2.5.2 Dimensão Social ......................................................................................................................... 46 2.5.3 Dimensão Econômica ................................................................................................................ 47 2.5.4 Dimensão Cultural ...................................................................................................................... 47 2.5.5 Dimensão Política ....................................................................................................................... 47 2.5.6 Dimensão Ética ........................................................................................................................... 48
3 CAPÍTULO: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 49
3.1 Classificação da Pesquisa ............................................................................................................. 49
3.2 Método da Pesquisa........................................................................................................................ 50 3.2.1 Métodos Observacionais e Interacionais ................................................................................ 51
3.2.1.1 Primeiro Momento: Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA ........................... 51 3.2.1.2 Segundo Momento: Visita ao Agroecossistema Familiar Crisântemo ...................... 52 3.2.1.3 Terceiro Momento: Reunião com Representantes do POAB ..................................... 53 3.2.1.4 Quarto Momento: Seminário Impacto e Balanço do Processo de Revitalização da Batata 53 3.2.1.5 Quinto Momento: Estudo de Caso .................................................................................. 54
4 CAPÍTULO: RESULTADO E DISCUSSÕES ................................................................................... 55
4.1 Contextualização do Processo de Revitalização da Batata no Território da Borborema/PB 55
4.2 Estudo de Caso: Agroecossistema Crisântemo ......................................................................... 63 4.2.1 História do Agroecossistema Crisântemo ............................................................................... 63 4.2.2 Perfil dos Agricultores Familiares ............................................................................................. 66 4.2.3 Descrição Geral do Trabalho Familiar no Agroecossistema ................................................ 67
4.2.3.1 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa .............................................................. 67 4.2.3.2 Atividades Desenvolvidas pela Agricultora Beta .......................................................... 70 4.2.3.3 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa Jr. ........................................................ 72 4.2.3.4 Atividades Desenvolvidas pela Agriculta Sigma ........................................................... 74 4.2.3.5 Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema Crisântemo ......... 76
4.2.4 Caracterização da Produção Agrícola do Agroecossistema Crisântemo ........................... 77 4.2.4.1 Produção Vegetal .............................................................................................................. 78 4.2.4.2 Criação Animal................................................................................................................... 83 4.2.4.3 Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da
Renda 87 4.2.5 Práticas Agroecológicas ............................................................................................................ 88
4.2.5.1 Manejo das Sementes ...................................................................................................... 89 4.2.5.2 Manejo dos Solos .............................................................................................................. 89 4.2.5.3 Manejo de Água................................................................................................................. 92 4.2.5.4 Manejo de Animais ............................................................................................................ 94 4.2.5.5 Práticas Agroecológicas Tradicionais e Inovadoras .................................................... 95
5 CAPÍTULO: CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 97
5.1 Sugestões para Estudos Futuros .................................................................................................. 98
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 99
APÊNDICE A: Roteiro Observacional ................................................................................................... 109
APÊNDICE B: Roteiro de Ação Conversacional ................................................................................. 110
APÊNDICE C: Produção Vegetal Comercializada ............................................................................... 111
APÊNDICE D: Produção Animal Comercializada ................................................................................ 112
ANEXO A: Convite - Seminário Revitalização da Batata Agroecológica - 2014 ............................ 114
ANEXO B: Protocolo de Tempo das Atividades Diárias .................................................................... 115
LISTA DE FIGURA
FIGURA 1 - Três Pilares Tecnológicos Fundamentais da Agricultura Convencional. 28
FIGURA 2 - Paralelo entre Sustentabilidade e Complexidade dos Sistemas ............. 34 FIGURA 3 - Pilares Fundamentais para a Produção Pecuária Agroecológica. .......... 43
FIGURA 4 - Multidimensões da Sustentabilidade. ........................................................... 45 FIGURA 5 - Mapa Mental: Classificação da Pesquisa. ................................................... 49
FIGURA 6 - Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA. .......................................... 52
FIGURA 7 - Visita ao Agroecossistema Crisântemo. ...................................................... 52 FIGURA 8 - Reunião com Representantes do POAB. .................................................... 53
FIGURA 9 - Cidades do Território da Borborema. ........................................................... 55
FIGURA 10 - Agroecossistema Crisântemo. ..................................................................... 64
FIGURA 11 - Vista Aérea do Agroecossistema de Produção Familiar. ........................ 66
FIGURA 12 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa. .................................... 69 FIGURA 13 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Beta. ................................. 71
FIGURA 14 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa Jr. ................................ 73 FIGURA 15 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Sigma. ............................. 75
FIGURA 16 - Modelo de Sustentabilidade dos Agroecossistema. ................................ 78
FIGURA 17 - Principais Produtos Agrícolas (vegetal). .................................................... 79
FIGURA 18 - Principais Produtos Agrícolas (animal). ..................................................... 84
FIGURA 19 - Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da Renda Familiar. ............................................................................ 88
FIGURA 20 - Estoque de Sementes em Silos. ................................................................. 89
FIGURA 21 - Estoque de Sementes em Garrafas PET. ................................................. 89
FIGURA 22 - Esterqueira. .................................................................................................... 91
FIGURA 23 - Biodigestor. ..................................................................................................... 92
FIGURA 24 - Diagrama de Produtos e Pluviometria. ...................................................... 93
FIGURA 25 - Reservatórios de Recursos Hídricos. ......................................................... 94
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Pluviometria das Cidades Produtoras da Batatinha Agroecológica 2010-2014. ............................................................................................................. 60
GRÁFICO 2 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa............................ 69 GRÁFICO 3 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Beta. ....................... 72
GRÁFICO 4 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa. Jr. ..................... 74
GRÁFICO 5 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Sigma. .................... 76 GRÁFICO 6 - Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema. ........ 76
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Estabelecimentos Agropecuários no Território da Borborema/PB. ......... 19
TABELA 2 - Municípios, Famílias e Comunidades Envolvidas com o Plantio da Batatinha Agroecológica. ..................................................................................... 58
TABELA 3 - Produção Familiar de Batatinha Agroecológica 2011-2014. .................... 59 TABELA 4 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades
do Território - 2012. .............................................................................................. 61
TABELA 5 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2014. .............................................................................................. 61
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- Módulos Fiscais das Cidades que Integram o Território da Borborema-PB. ........................................................................................................................... 17
QUADRO 2 - Relação entre os Princípios de Manejo dos Agroecossistemas e as Práticas Tradicionais e Inovadoras. ................................................................... 35
QUADRO 3 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário. ..... 36
QUADRO 4 - Perfil Social dos Agricultores do Agroecossistema Crisântemo. ........... 67
QUADRO 5 - Subsistemas no Agroecossistema Crisântemo ........................................ 77 QUADRO 6 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário no
Agroecossistema Crisântemo. ............................................................................ 95
QUADRO 7 - Relação entre os Princípios de Manejo e Práticas Empregadas no Agroecossistemas Crisântemo. .......................................................................... 96
LISTA DE ABREVIATURAS
AESA - Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba AGROINDEX - Índice de Desenvolvimento da Agricultura Familiar AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projeto em Agricultura Alternativa DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf DRPA - Diagnostico Rápido e Participativo de Agroecossistemas ECOBORBOREMA - Associação dos Agricultores e Agricultoras Agroecológicos do Território da Borborema EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária EMPASA - Empresa Paraibana de Abastecimento FAO - Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação FAPESQ - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MC - Ministério das Comunicações MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário NERA - Núcleo de Extensão Rural e Agroecologia ONG - Organização não governamental ONU - Organização das Nações Unidas P1MC - Programa um Milhão de Cisternas PAA - Programa de Aquisição de Alimentos PET- Politereftalato de etileno PIB - Produto Interno Bruto PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar POAB - Polo Sindical da Borborema PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial SEDAP - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca SERHMACT - Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia SID - Secretaria de Inclusão Digital STR - Sindicato de Trabalhadores Rurais UEPB - Universidade Estadual da Paraíba UFPB - Universidade Federal da Paraíba UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
16
1 CAPÍTULO: INTRODUÇÃO
Essa pesquisa faz parte do projeto de extensão tecnológica Índice de
Desenvolvimento da Agricultura Familiar: Uma aplicação na produção agroecológica
da batata orgânica na região da Borborema‐PB. (AGROINDEX, 2013). Este projeto
recebe apoio das seguintes instituições: Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado
da Paraíba (FAPESQ), em parceria com a Secretaria de Estado dos Recursos
Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia (SERHMACT), junto com a
Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações (SID/MC). O projeto
foi iniciado em 2014 pela professora Dr.ª Maria Christine Werba Saldanha, no âmbito
do programa rede digital para suporte à inclusão social, produtiva e inovativa de
cidades paraibanas, através da chamada pública 03/2013 - SID/MC/ SERHMACT
/FAPESQ. A equipe do projeto foi composta por docentes, mestrandos e alunos de
graduação de diversas áreas do conhecimento, entre as quais se destacam:
Engenharia de Produção e Ciências Agrárias.
1.1 Delimitação do Tema
A agricultura familiar é um segmento de reconhecida importância no processo
de desenvolvimento rural no Brasil. Diante de várias iniciativas de combate à fome, a
Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano de 2014 como o ano
internacional da agricultura familiar. Segundo a FAO (2014), o objetivo dessa
iniciativa foi reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas,
ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades
para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e
equilibrado.
A agricultura familiar é caracterizada como aquela na qual a gestão dos
trabalhos é exercida pelo produtor e sua família, a mão‐de‐obra familiar é superior
ao trabalho contratado e a área da propriedade está dentro de um limite
estabelecido para cada região do país. (GUANZIROLI e CARDIM, 2000). De acordo
com a lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, as diretrizes para a formulação da
política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares definem o
agricultor familiar como aquele que:
17
Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos;
I - Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II - Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III - Tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo;
IV - Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. (BRASIL, 2006a, p.1).
A medida do módulo fiscal mencionada no inciso I do artigo 3º da lei nº
11.326/2006 é instituída pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) e refere-se à unidade de medida de área (expressa em hectares) para
indicação da extensão mínima das propriedades rurais consideradas áreas
produtivas economicamente viáveis. (INCRA, 2013). As cidades que compõe o
Território da Borborema-PB apresentam os seguintes tamanhos unitários do módulo
fiscal conforme mostra o quadro 1.
QUADRO 1- Módulos Fiscais das Cidades que Integram o Território da Borborema-PB.
MUNICÍPIOS TAMANHO UNITÁRIO DO MÓDULO
FISCAL (ha)
Alagoa Nova 16
Algodão de Jandaíra 18
Arara 30
Areia 25
Areial 16
Borborema 20
Campina Grande 12
Casserengue 16
Esperança 12
Lagoa Seca 12
Massaranduba 12
Matinhas 16
Montadas 12
Pilões 25
Puxinanã 16
Queimadas 20
Remígio 18
São Sebastião de Lagoa de Roça 30
Serra Redonda 35
Serraria 30
Solânea 16
Fonte: INCRA, (2013).
18
Segundo Picolotto (2011), a lei da agricultura familiar nº 11.326, de 24 de
julho de 2006, foi promulgada para dar maior segurança institucional aos programas
de apoio à agricultura familiar, pois estabelece diretrizes para a formulação da
política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.
Debates sobre a sustentabilidade da agricultura familiar têm gerado efeitos
importantes no que diz respeito à conjectura e efetivação de políticas públicas
direcionadas ao fortalecimento desse segmento. Conforme Azevedo e Pessôa
(2011), a agricultura familiar é um setor muito estratégico para o governo brasileiro.
Ela já é percebida como uma solução para desenvolver e manter a segurança
alimentar e a erradicação da pobreza. Segundo Cassel (2009), a agricultura familiar é
responsável por garantir a segurança alimentar do país e gerar os principais produtos da
cesta básica consumida pelos brasileiros, mesmo cultivando produtos em uma área
menor que a dos estabelecimentos de produção agrícola não familiar.
Diversas políticas públicas no Brasil vêm sendo desenvolvidas ao longo dos
anos para apoiar setores agrícolas, como o familiar. O Governo Federal no ano de
2003 iniciou a política de promoção de desenvolvimento dos territórios rurais,
através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), denominada de Programa Nacional de
Desenvolvimento dos Territórios Rurais. A orientação estratégica do Governo
Federal direciona esforços para a redução da pobreza, o combate à exclusão social
e a diminuição das desigualdades sociais e regionais. (BRASIL, 2005b).
Como forma de subsidiar a formulação de estratégia para a elaboração de
políticas púbicas a SDT/MDA apresenta diversas diretrizes de apoio ao
desenvolvimento sustentável dos territórios rurais, entre elas:
Estimular a construção de alianças buscando fortalecer o protagonismo dos agricultores familiares nos processos de gestão social das políticas públicas;
Atuar em sintonia e sinergia com os vários níveis de governo, com as entidades da sociedade civil e organizações dos movimentos sociais representativos dos diversos seguimentos comprometidos com o desenvolvimento rural sustentável centrado na agricultura familiar e na reforma agrária. (BRASIL, 2005b, p.12).
De acordo com Sauer e Leite (2012), a realização do censo agropecuário
2006 trouxe luzes para a compreensão da importância da agricultura familiar
19
brasileira, com seus contornos e nuanças. Para os autores França, Grossi e
Marques (2009), o censo do IBGE realizado em 2006 mostrou que os agricultores
familiares respondem por 84% dos estabelecimentos do país, ocupam 24,3% da
área cultivada e empregam 74,4% da mão de obra do setor. Ainda conforme os
autores citados, a agricultura familiar mesmo com pouca área cultivada representa
10% do Produto Interno Bruto (PIB) total do país.
No Brasil, a agricultura familiar vem se destacando como um segmento
agrícola gerador de renda no meio rural. Para Souza (2013, p.46), a agricultura
familiar no Brasil é “composta por um conjunto plural de pequenos e médios
produtores rurais, assentamentos de reforma agrária e de comunidades rurais
tradicionais, representando a imensa maioria dos produtores brasileiros”.
Segundo Wanderley (2011, p.29), “a agricultura familiar povoa o campo e
anima a vida social ao passo que se opõe ao absenteísmo praticado pela agricultura
latifundiária que esvazia o meio rural”. Para Verona (2008, p.20), “a agricultura
familiar é reconhecidamente de extrema importância no Brasil, pelo número de
estabelecimentos, por sua participação na economia e pelo modelo diferenciado de
alta qualidade da produção agrícola”.
O segmento agrícola no Território da Borborema segundo o censo do IBGE
(2006a), conta com 27.564 estabelecimentos agropecuários, dos quais 24.725 (90%)
são estabelecimentos familiares e 2.839 (10%) estabelecimentos não familiares.
Ainda conforme o instituto, os estabelecimentos familiares correspondem a 43,12%
da área total do território e são responsáveis por 60,17% do valor total das receitas
geradas no mesmo (Tabela 1).
TABELA 1 - Estabelecimentos Agropecuários no Território da Borborema/PB.
MUNICÍPIOS
Estabelecimentos (Unidades)
Área (Hectares)
Valor das receitas obtidas em 2006 pelos
estabelecimentos agropecuários (Mil Reais)
AGRICULTURA FAMILIAR
NÃO FAMILIAR
AGRICULTURA FAMILIAR
NÃO FAMILIAR
AGRICULTURA FAMILIAR
NÃO FAMILIAR
Alagoa Nova 1.583 130 5.593 5.688 18.546 14.868
Algodão de Jandaíra
140 37 2.673 7.851 86 157
Arara 1.038 50 4.661 1.023 970 154
Areia 1.727 327 7.429 14.536 7.166 6.323
Areial 547 51 2.252 1.013 1.018 152
Borborema 263 35 1.175 1.118 23.803 5.253
Campina 1.806 332 7.246 21.455 5.685 11.269
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Continuação
Grande
Casserengue 753 40 6.078 5.301 806 505
Esperança 1.775 141 6.332 3.749 2.188 2.250
Lagoa Seca 1.592 228 4.721 14.026 26.704 3.428
Massaranduba 1.809 166 5.452 12.701 1.925 404
Matinhas 736 82 2.624 1.008 27.005 29.253
Montadas 477 50 1.509 1.218 1.171 17.797
Pilões 684 78 2.749 2.435 5.591 632
Puxinanã 833 119 3.333 1.680 2.349 3.964
Queimadas 3.299 315 11.156 13.320 4.379 9.294
Remígio 896 63 5.125 6.963 1.893 652
São Sebastião de Lagoa de Roça
1.398 106 3.473 918 2.030 611
Serra Redonda
930 194 2.513 1.333 598 151
Serraria 672 115 2.524 4.179 4.265 6.908
Solânea 1.767 180 9.126 7.441 1.730 889
TERRITÓRIO DA
BORBOREMA 24.725 2.839 97.744 128.956 139.908 114.914
Fonte: IBGE (2006a).
Ainda de acordo com os dados da tabela 1, verifica-se que existem 2.839
(9,24%) estabelecimentos não familiares, apesar de poucos em relação aos
estabelecimentos familiares, ocupam uma área de 128.956 hectares (56,9% das
terras). Os dados apontam um problema de concentração de terras. Mas, problemas
como esse e desigualdades sociais vêm ao longo dos anos sendo combatido por um
movimento social (sindicalismo) no Território do Polo da Borborema.
Os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STR’s) do Território vêm ao longo
dos anos priorizando em suas agendas o desenvolvimento da agricultura familiar e
da Agroecologia. Eles vêm acompanhando e estimulando experiências
agroecológicas nos agroecossistemas, e o cultivo da batatinha (Solanum tuberosum
L.) é uma dessas experiências.
Tomando como base o exposto, o presente trabalho buscou responder ao
seguinte problema de pesquisa: Quais as características de um agroecossistema
familiar envolvido com o processo de transição agroecológica e com o
processo de revitalização da batata (Solanum tuberosum L.) no Território da
Borborema/PB?
21
1.2 Justificativa
Práticas agroecológicas vêm conferindo um crescente nível de sustentabilidade
ética, cultural, política, ecológica, econômica e social aos agroecossistemas
familiares. Para Lopes (2009), A agroecologia possui práticas e princípios
metodológicos capazes de orientar cientificamente agriculturas sustentáveis.
Caracterizar um agroecossistema familiar em processo de transição
agroecológica e envolvido com o cultivo da batata agroecológica no Território da
Borborema/PB, permite evidenciar práticas agrícolas que corroboram com a
agroecologia, com a sustentabilidade local e, com a própria sustentabilidade do
agroecossistema familiar.
No Território da Borborema instituições sociais e não governamentais
(ONG’s) buscam ao longo dos anos promover a agricultura familiar e disseminar
práticas agroecológicas. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Agreste
Paraibano, como entidade de representação “vem ao longo dos anos demonstrando
preocupação com a sustentabilidade da agricultura familiar e com o processo de
solidariedade, emancipação e cooperação dos sujeitos coletivos”. (DIAS, 2010, p.
49).
De acordo com Bastos (2010), os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR’s)
de Solânea e Remígio no ano de 1993 e Lagoa Seca no ano de 1996 iniciaram o
processo de buscar novas ações para fomentar a agricultura familiar em seus
municípios. O passo primordial foi estabelecer uma parceria com a Assessoria e
Serviços a Projeto em Agricultura Alternativa (AS-PTA). Estabelecida a parceria, a
primeira ação realizada entre as organizações AS-PTA e os STR’s foi à realização
de um Diagnostico Rápido e Participativo de Agroecossistemas (DRPA) nas cidades
de Remígio, Solânea e Lagoa Seca.
Para Petersen e Sabourin (2002a), a parceria possibilitou às direções
sindicais se inserirem num esforço sistemático e coletivo para conhecerem a
realidade da agricultura familiar, para isso realizaram um DRPA nos seus
respectivos municípios.
DRPA é uma metodologia adaptada pela AS-PTA a partir de referenciais conceituais e metodológicos oriundos das escolas francesa e inglesa de desenvolvimento agrícola. [...], fornece subsídios para a formulação de estratégias técnicas de conversão ecológica dos agroecossistemas, [...]
22
estimula os atores locais a assumirem o papel protagonístico no processo. (PETERSEN; SILVEIRA, 2002a, p.132).
De acordo com Caniello, Piraux, Bastos (2013), os STR’s subsidiados pelos
diagnósticos passaram a atuar como um ator coletivo demandador de políticas
públicas específicas e como um espaço político organizativo em torno de um projeto
comum de desenvolvimento local focado na promoção da agroecologia.
A experiência nos municípios Remígio, Solânea e Lagoa Seca permitiram “a
busca de modelos alternativos de desenvolvimento rural, baseados no
reconhecimento da força e da diversidade produtiva e cultural da agricultura
familiar[...]”. (DELGADO; LEITE, (2011, p. 458).
Com a finalidade de conduzir os processos sociais de inovação baseados nos
princípios da Agroecologia e com objetivo de promover o desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar no Território, os STR’s de 14 municípios (Arara,
Areial, Alagoa Nova, Casserengue, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça,
Lagoa Seca, Massaranduba, Matinhas, Montadas, Queimadas, Remígio, Solânea, e
Serra Redonda) se uniram e formaram o Polo Sindical da Borborema (POAB).
(BASTOS, 2010). O POAB pode ser entendido como:
O Polo Sindical da Borborema (POAB) é uma rede de organizações que envolvem 14 sindicatos de trabalhadores rurais, uma associação regional de agricultores agroecológico (ECOBORBOREMA), mais de 150 associações comunitárias e vários outros tipos de grupos informais [...] vem ao longo dos últimos anos assumindo um papel determinante na condução dos processos sociais de inovação baseada nos princípios da agroecologia com objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar na região. (BASTOS, 2010, p.56).
De acordo com Silveira, Freire e Diniz (2010), o Território de atuação do
POAB reúne um espaço de uma afirmação campesina comprometida com a
Agroecologia e com formas de obtenção de produtos de melhor qualidade,
valorizando o agricultor familiar e suas potencialidades, suas bases sociais, seu
trabalho e sua cultura.
O Polo Sindical da Borborema (POAB) incentiva e desenvolve o processo de
revitalização da batata (Solanum tuberosum L.) popularmente conhecida por
batatinha. Esse incentivo segundo Silveira, Freire e Diniz (2010), parte da premissa
de uma intensa dinâmica social de experimentação de inovações e disseminação
por meio de um processo de aprendizagem coletiva, fundado na revalorização dos
23
conhecimentos sobre o manejo dos agroecossistemas locais que são de domínio
das famílias agrícolas.
Segundo Silva et al. (2011, p.2), “a batatinha foi introduzida na região do
agreste paraibano no município de Esperança/PB entre os anos 1930 e 1935, porém
a sua produção foi desenvolvida somente a partir de 1975, através do Projeto
Polonordeste com a instalação de um frigorífico para a conservação das sementes”.
A partir de incentivos financeiros disponibilizado pelo governo os agricultores
familiares foram modificando seus sistemas de produção. Nesse contexto a
diversidade de cultivo deu espaço ao monocultivo com ênfase na produção de
batatinha. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013). Ao longo dos anos, a batatinha deixou
de ser uma cultura altamente rentável para ser altamente onerosa, do ponto de vista
econômico, social e ambiental. (AS-PTA, 2011a).
Diante da crise do tubérculo muitas famílias abandonaram o cultivo, mas
outras tantas continuaram a plantar de forma agroecológica, consorciada com outras
culturas e sem o emprego de produtos químicos. (AS-PTA, 2011a). Os incentivos
governamentais condicionados à monocultura, ao uso de agrotóxicos e fertilizantes
químicos, geravam uma enorme dependência, endividamento e contaminação ao
meio ambiente. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013).
Para articular e liderar o processo de revitalização da batatinha, em 2011
formou-se a comissão territorial da batata agroecológica. Conforme AS-PTA (2011b),
essa comissão territorial acompanha o processo de revitalização e, tem por objetivo
construir uma abordagem participativa em todo o processo de negociação. Dessa
forma busca fortalecer as famílias agrícolas, a produção, a comercialização e o
planejamento.
Corroborando Cunha (2013), ratifica que o movimento para a consolidação do
processo de revitalização do plantio da batatinha, tomou impulso em 2011 quando
foi consolidada a comissão territorial da batata agroecológica. Segundo AS-PTA
(2011b), essa comissão é formada por: agricultores familiares produtores de
batatinha, representantes da AS-PTA, representantes da Empresa Estadual de
Pesquisa Agropecuária (EMEPA), integrantes do POAB, representantes da
EMATER/PB, integrantes da ECOBORBOREMA, representante da Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (SEDAP) e Universidade
Estadual da Paraíba/Núcleo de Extensão Rural e Agroecologia (UEPB/NERA).
24
Entre os 21 (vinte e um) municípios do Território da Borborema 7 (sete) estão
desde 2010 envolvido no processo de revitalização da batatinha. Conforme os
autores Silva, Vieira e Santos (2013), os municípios envolvidos com o processo de
revitalização da batatinha são: Areial, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça,
Lagoa Seca, Massaranduba, Montadas e Remígio.
Para Silva et al. (2011, p.2), o plantio da batata agroecológica que vem sendo
fomentado nas cidades do Território da Borborema possui características específicas
e vem buscando ao longo dos anos formas para promover o desenvolvimento
sustentável local.
1.3 Objetivo
1.3.1 Objetivo Geral
Caracterizar um agroecossistema familiar, inserido no Território da
Borborema/PB, em processo de transição agroecológica e envolvido com o cultivo
da batata (Solanum tuberosum L.).
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Apresentar a contextualização em que o agroecossistema familiar em processo
de transição agroecológica encontra-se inserido;
b) Descrever o agroecossistema familiar em processo de transição agroecológica
pertencente ao Território da Borborema/PB;
c) Identificar práticas sustentáveis que corroboram para o processo de transição da
agricultura convencional para agricultura agroecológica.
25
2 CAPÍTULO: REFERENCIAL TEÓRICO
Esse capítulo aborda conceitos e referenciais teóricos relacionados aos
objetivos do estudo, foram abordados temas como: Revolução Verde, sistema
convencional de produção, Agroecologia, práticas agroecológicas, agroecossistema
e sustentabilidade.
2.1 Agroecologia
O uso contemporâneo do termo Agroecologia, data dos anos 70 mas, a
ciência e a prática da agroecologia são tão antigas quanto as origens da agricultura.
(HECHT, 2002, tradução nossa). Rosa e Freire (2010, p.168) relatam que “o termo
Agroecologia passou a ser usado no meio científico para designar uma agricultura
diferente da proposta pela Revolução Verde”. No início dos anos 70, a Revolução
Verde com a suas práticas não ecológicas, de uso intensivo de substâncias
químicas, estratégias de criação de animais e especialização em monocultura,
intensificaram os estudos sobre a importância de uma literatura pautada na
Agroecologia. (WEZEL; BELLON, 2009, tradução nossa).
Para Casado, Molina e Sevilla (2000, tradução nossa), a Agroecologia se
materializou em todo o mundo como uma estratégia para o desenvolvimento rural
sustentável e um forte componente endógeno, resultando em inúmeras
experiências, socialmente justas, ecologicamente corretas, economicamente viável e
culturalmente aceitável.
Na América Latina, a Agroecologia tem sido difundida como uma técnica-
agronômica capaz de orientar o desenvolvimento rural sustentável para a
racionalização energética da produção agrícola, com o mínimo possível de impactos
ambientais e eficiência econômica em geral. (NORGAARD; SIKOR, 2002, tradução
nossa). No Agreste da Paraíba a Agroecologia vem sendo disseminada como:
A ciência da Agroecologia fornece conceito e método para um estilo de desenvolvimento tecnológico que responda pela urgente necessidade de promoção de uma agricultura a um só tempo economicamente viável, ecologicamente sustentável, socialmente justa e culturalmente apropriada. (PETERSEN; SILVEIRA, 2002b, p.125).
26
A agroecologia emergiu no início dos anos 80 com uma estrutura básica
conceitual distinta para o estudo dos agroecossistemas. (GLIESSMAN, 2009). Os
pesquisadores Caporal e Costabeber (2004), ratificam que a Agroecologia se baseia
no conceito de agroecossistema como unidade de análise. Ela ultrapassa a visão
unidimensional e proporciona bases científicas para apoiar o processo de transição
do modelo de agricultura convencional para estilos de agricultura sustentável.
O autor Araújo, baseado em um contexto agronômico elucidou os seguintes
objetivos da Agroecologia:
a) Aumentar a diversidade biológica do sistema em seu conjunto; b) Promover os trabalhos coletivos dentro da unidade familiar; c) Respeitar as relações de gênero e geração; d) Incrementar a atividade biológica e a fertilidade do solo; e) Reutilizar os restos de origem vegetal e animal a fim de devolver
nutrientes ao solo; f) Basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados
localmente; g) Promover o uso sustentável dos recursos naturais a partir do manejo
racional do solo, da água e do ar; h) Manipular os produtos agrícolas, insistindo no uso de métodos de
elaboração cuidadosos; i) Utilizar variedades tradicionais e espécies locais. (ARAÚJO et al. 2010,
p.11).
Para Caporal e Costabeber (2004), a Agroecologia não aborda apenas os
aspectos meramente ecológicos ou agronômicos da produção, sua preocupação
fundamental é, encarar os agroecossistemas como unidade fundamental de estudo,
onde os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e
as relações socioeconômicas são investigadas e analisadas em seu conjunto. Para
Petersen e Silveira (2002a, p. 124), “a harmonização das atividades produtivas com
os contextos socioambientais locais é o princípio da agroecologia”.
A Agroecologia busca “reunir e organizar contribuições de diversas ciências
naturais e sociais. Sem descartar os conhecimentos já gerados, procura incorporá-
los dentro de uma lógica integradora e mais abrangente que a apresentada pelas
disciplinas isoladas”. (EMBRAPA, 2006a, p.25). Corroborando Casado, Molina e
Sevilla (2000, tradução nossa), enfatizam que vários campos de conhecimento
científico, têm contribuído para formar o corpus teórico e metodológico dessa
ciência. Diante da capacidade integradora da Agroecologia o pesquisador Caporal
acrescenta:
27
Ao contrário das formas compartimentadas de ver e estudar a realidade, ou dos modos isolacionistas das ciências convencionais, baseadas no paradigma cartesiano, a Agroecologia busca integrar os saberes históricos dos agricultores com os conhecimentos de diferentes ciências, permitindo, tanto a compreensão, análise e crítica do atual modelo do desenvolvimento e de agricultura, como o estabelecimento de novas estratégias para o desenvolvimento rural e novos desenhos de agriculturas mais sustentáveis, desde uma abordagem transdisciplinar. (CAPORAL, 2009a, p.15).
Já o pesquisador Altieri (2002a), enfatiza a importância da Agroecologia como
uma disciplina que fornece os princípios ecológicos básicos para estudar, projetar e
gerenciar agroecossistemas.
A agroecologia absorve outras disciplinas científicas, saberes, conhecimentos
e experiências dos próprios agricultores. Essa capacidade de absorção permite o
estabelecimento de estratégias amplas com maior capacidade para orientar o
desenho e o manejo de agroecossistemas sustentáveis, assim como nortear o
desenvolvimento rural sustentável. (CAPORAL; COSTABEBER, 2004).
De acordo com Caporal, Costabeber e Paulus (2005, p.1), a Agroecologia
surge como uma “matriz disciplinar integradora de saberes, conhecimentos e
experiências de distintos atores sociais, dando suporte à emergência de um novo
paradigma de desenvolvimento rural”. Para Casado, Molina e Sevilla (2000, tradução
nossa), a Agroecologia se alimenta de várias disciplinas, acumulando suas reflexões
teóricas e conceituais científicas. Contudo, também absorve o conhecimento
tradicional e empírico dos pequenos agricultores sobre o funcionamento da
natureza.
A Agroecologia ao atuar como matriz disciplinar procura ser integradora,
rompendo com o isolacionismo das ciências e das disciplinas. (CAPORAL, 2009b).
Conforme os autores Balem et al. (2009, p.13), Agroecologia “resgata a agricultura
como uma cultura do Agro e retoma o agricultor como agente do processo de
geração de conhecimento. Essa ação dar um sentido radical a Agroecologia como
superação de um modelo de desenvolvimento”.
Segundo Caporal (2009b), é importante reter o entendimento da Agroecologia
com uma ciência do campo da complexidade ao passo que procura ser integradora,
sistêmica, complexa, e holística e, por isso mesmo, mais apropriada como
orientação teórica e prática para estratégias capazes de fazer avançar a construção
de agriculturas mais sustentáveis. Altieri (1998b), ratifica Agroecologia como a
28
ciência que representa um enorme salto na direção certa para agriculturas
sustentáveis.
2.2 Revolução Verde e Sistema Convencional de Produção
Em relação à agricultura, o desenvolvimento teve sua expressão mais
manifesta, naquilo que se conhece como Revolução Verde. A Revolução Verde
partiu da promessa de erradicar a fome no mundo ao passo que conseguisse
aumentar a oferta de alimentos. (ALBERGONI; PELAEZ, 2007). As técnicas e
métodos que influenciaram a agricultura convencional, permitiram aumentar a
produção mundial de alimento, diminuir custos de plantio, transporte e
comercialização, assim como provocou a degradação do solo, a perda da
biodiversidade, a prática da monocultura e o uso indiscriminado de fertilizantes e
agrotóxicos. (KAMIYAMA, 2011).
A Revolução Verde foi capaz de potencializar a produção agrícola. Mas de
acordo com Caporal e Costabeber (2004), esse modelo tem sido bastante criticado
por haver privilegiado aos agricultores mais dotados de recursos e aos
agroecossistemas com maior capacidade de resposta aos investimentos
tecnológicos, aumentando com isso as desigualdades sociais. Esse modelo de
desenvolvimento baseado na alavancagem das relações de produção “tem como
principais implicações o crescimento do nível de degradação dos recursos naturais,
aumento da poluição ambiental e aumento nos níveis de desigualdade social e de
concentração de riqueza”. (MARTINS e CANDIDO, 2011, p.4).
A figura 1, desenvolvida por Aquino e Assis (2005, p.24), apresenta os três
pilares tecnológicos fundamentais, que subsidiam o modelo convencional e a
maximização da produção agrícola.
FIGURA 1 - Três Pilares Tecnológicos Fundamentais da Agricultura Convencional.
Fonte: Aquino e Assis (2005, p.24).
29
De acordo com Mazalla Neto (2009, p. 15), a forma de produção agrícola que
envolve “máquinas agrícolas e sistemas de irrigação torna o trabalho mais rápido e
mais barato por utilizar menos mão de obra; melhoramento de sementes; adubos;
fertilizantes e agrotóxicos para aumentar a produção bruta dos produtos agrícolas e
a qualidade do produto”. Desta forma a Revolução Verde consistiu em:
Na segunda metade do século XX, vários países latino-americanos engajaram-se na intitulada Revolução Verde, um ideário produtivo proposto e implementado nos países mais desenvolvidos após o término da Segunda Guerra Mundial, cuja meta era o aumento da produção e da produtividade das atividades agrícolas, assentando-se para isso no uso intensivo de insumos químicos, das variedades geneticamente melhoradas de alto rendimento, da irrigação e da motomecanização. Políticas públicas nacionais foram criadas, tendo a pesquisa agrícola e a extensão rural – aliadas geralmente ao crédito agrícola subsidiado – como os principais instrumentos para a concretização dessas políticas. (ALTIERI, 1998b, p. 7).
Para Andrades e Ganimi (2007, p.2), as intenções das empresas eram
pautadas na “maximização do lucro através da monopolização de fatias cada vez
maiores do mercado e a aquisição de royalty por intermédio dos pacotes
tecnológicos, criando um círculo de dependência para o agricultor”. Destaca Casado
e Mielgo, (2007, tradução nossa), os agricultores tiveram que fazer grandes
investimentos monetários para a aquisição de tecnologia exógena para que suas
propriedades aumentassem a produtividade física e econômica e se tornarssem
eficazes na produçao de bens agrícola.
Sendo assim, para Silva et al. (2011, p.1), a Revolução Verde pode ser
visualizada como uma maneira capitalista de controlar a agricultura, ao passo que as
técnicas modernas de melhoramento e desenvolvimento de práticas do uso de
pacotes tecnológicos como: agrotóxicos, máquinas, tratores e sementes, foram
substituindo as variedades de plantas e as práticas tradicionais.
Para Caporal (2009b, p.1), a Revolução Verde, têm sido responsáveis por um
conjunto de variáveis que levaram a uma crise socioambiental sem precedentes na
história da humanidade. Ela causou profundos impactos no que tange a seus
aspectos sociais, entre eles: “aumento da concentração da renda e da terra,
exploração da mão-de-obra no campo, envenenamento dos agricultores e migração
para as cidades”. (ANDRADES e GANIMI, 2007, p.1).
30
A Revolução Verde aumentou a produção mundial de alimentos e diminuiu os
custos de produção, assim como trouxe impactos ambientais e sociais entre eles:
Degradação dos solos pela ocorrência de erosão, acidificação, salinização e compactação;
Desmatamentos ilegais;
Erosão genética e perda da biodiversidade pela especialização da produção;
Contaminação da água, solos e dos alimentos pelo uso inadequado de adubos químicos e agrotóxicos;
Intoxicação de agricultores, trabalhadores rurais e consumidores pelo uso indevido de agrotóxicos;
Aparecimento de novas pragas e surgimento de pragas resistentes;
Concentração de renda e exclusão social. (KAMIYAMA, 2011, p.17).
Para Aquino e Assis (2005 p. 26), a “agricultura convencional não cumpriu
seu objetivo de melhorar a vida da população rural, marginalizando contingentes
enormes dessa população, que vivem o drama do êxodo e da vida marginal nos
grandes centros urbanos”. Corroborando com as consequências da crise oriunda da
revolução o autor Gliessman destaca:
[...] todos os países nos quais práticas de “Revolução Verde” foram adotadas em larga escala experimentaram declínios recentes na taxa de crescimento anual do setor agrícola. Ademais, em muitas áreas onde as práticas modernas foram instituídas para cultivar grãos na década de 1960 (sementes melhoradas, monocultura e aplicação de fertilizantes), os rendimentos começaram a se manter no mesmo nível e, até, decaíram após os espetaculares aumentos iniciais. (GLIESSMAN, 2009, p 40).
Ao analisar os limites do modelo tecnológico herdado da Revolução Verde,
surge a evidência que a transição a uma agricultura de base ecológica não é um
processo unilinear, mas sim de múltiplas dimensões, o que reflete a própria
complexidade da noção de sustentabilidade. (COSTABEBER; MOYANO, 2000).
Para Borsatto (2011, p.79), “o mérito do pensamento complexo consiste no
fato de priorizar o enfoque transdisciplinar para abordar e propor estratégias;
portanto, não é um pacote de intervenções, mas um conjunto de reflexões
elaboradas a partir de múltiplas dimensões”.
31
2.3 Transição Agroecológica
Conforme Costabeber e Moyano (2000 p.2), “o termo transição, em sua
acepção semântica, pode designar simplesmente a ação e efeito de passar de um
modo de ser ou estar a outro distinto. Para Caporal e Costabeber (2004, p.88), a
transição agroecológica pode ser definida como o “processo gradual de câmbio
através do tempo nas formas de manejo e gestão dos agroecossistemas, tendo
como meta a passagem de um sistema de produção convencional a outro sistema
de produção que incorpore princípios, métodos e tecnologias com base ecológica”.
Para Canuto (2009, tradução nossa), o conhecimento dos agricultores e a pesquisa
institucional também têm um grande potencial no apoio aos processos de transição
agroecológica.
De acordo com a Embrapa (2006a, p.59), se tratanto de transição interna ao
sistema produtivo, três passos são fundamentais: “Redução e Racionalização do
Uso de Insumos Químicos; Substituição de Insumos; Manejo da Biodiversidade e
Redesenho dos Sistemas Produtivos”. Corroborando Altieri destaca:
A conversão do manejo convencional é um processo de transição com quatro fases distintas, consistindo de retirada progressiva de produtos químicos; racionalização e melhoramento da eficiência no uso de agroquímicos por meio do manejo integrado de pragas e manejo integrado de nutrientes; substituição de insumos, utilizando tecnologias alternativas e de baixo consumo de energia; replanejamento do sistema agrícola diversificado visando incluir uma ótima integração plantação/animal. (Altieri,1998b, p.76).
No enfoque agroecológico o conceito de transição não é simplesmente buscar
a substituição de insumos ou a diminuição do uso de agrotóxicos, mas um processo
capaz de implementar mudanças multilineares e graduais nas formas de manejo dos
agroecossistemas. (CAPORAL, 2009a). O pesquisador Gliessman (2009), distingue
três níveis do processo de transição:
Nível 1: Aumento da eficiência de práticas convencionais a fim de reduzir o uso e o consumo de insumos escassos, caros ou ambientalmente danosos. [...];
Nível 2: Substituição de insumos e práticas convencionais por práticas alternativas. [...];
Nível 3: Redesenhar o agroecossistema de forma que ele funcione baseado em um novo conjunto de processos ecológicos. (GLIESSMAN, 2009, p.574).
32
O autor supracitado destaca que a medida que as famílias agricultoras
resolvem reduzir sua dependência em relação aos insumos externos e artificiais,
elas passam a estabelecer uma produção de alimentos mais fortemente baseada em
princípios ecológicos.
2.4 Agroecossistemas
O interesse na busca pelo estudo dos agroecossistemas, surgiu com a
intenção de se obter uma resposta às mudanças ocorridas em dado sistema, sem
perder o enfoque integrado, visando o alcance de uma produção ecologicamente
equilibrada, socialmente justa e economicamente viável. (LIMA et al., 2011).
Para Petersen e Silveira (2002a, p.126), sob a perspectiva socioeconômica,
“o agroecossistema é um sistema econômico no qual se imbricam subsistemas de
produção de bens e serviços voltados para o mercado e para o consumo da família”.
De acordo com Hernández (2009, traduçao nossa), partindo da premissa da
Agroecologia, agroecossistema é a unidade básica de trabalho, o conceito vem da
ecologia (ecossistema), e permite enquadrar os agroecossistemas como
ecossistemas transformados pela ação humana através de práticas agrícolas. Já os
ecossistemas são sistemas ecológicos complexos, grandes e interdependentes,
cujas relações garantem a dinâmica, equilíbrio e a sustentabilidade do mesmo,
através basicamente de dois aspectos: direcionamento da energia e reciclagem
contínua dos materiais. (LIMA et al., 2011).
Para Gliessman (2009), deve-se ter consciência de que cada ecossistema
tem uma capacidade de produção, portanto as bases do enfoque agroecológico
visam manter a produtividade agrícola, mantendo a capacidade produtiva do solo, a
qualidade e a quantidade dos alimentos ao longo prazo. O agroecossistema pode
ser considerado como:
Sistemas ecológicos modificados pelo ser humano com finalidade de produzir comida, fibras ou outros produtos agrícolas. Também são considerados como um conjunto ou um arranjo de componentes unidos que se relaciona de tal maneira que formam ou atuam com um único sistema formado por várias interações intrínsecas que define as características e suas propriedades. (LIMA et al., 2011, p. 85).
33
Corroborando relata Gliessman (2009) o agroecossistema consiste em uma
unidade de produção agrícola ou uma propriedade agrícola, que engloba todos os
organismos, sejam eles de interesse agropecuário ou não, e considera as interações
nos níveis de população, comunidade e ecossistema, tendo como prioridade a
sustentabilidade. Ainda conforme o autor os agroecossistemas proporcionam uma
estrutura com a qual é possível analisar os sistemas de produção de alimentos como
um todo, incluindo seus conjuntos de insumos e produção e as interconexões entre
as partes que os compõe.
Conforme o Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas (NEREN)
(2015), os agroecossistemas dizem respeito a sistemas agrícolas, onde os recursos
naturais como solo, água, flora e fauna se inter-relacionam e, por sua vez, interagem
com o homem com efeitos recíprocos. Para Gliessman (2009), os agroecossistemas
ainda possuem uma relação entre o mundo social e o natural, no qual é criado uma
teia de conexões que se dissemina.
Corroborando com Gliessman, os autores Petersen, Silveira e Almeida
(2002b), relatam que o funcionamento do agroecossistema comporta complexa teia
de interações entre os sistemas técnico, ecológico e socioeconômico, além de se
revestirem de caráter processual e histórico, devido permanentes modificações.
Para Altieri (1998b), em agroecossistemas tradicionais o predomínio de
sistemas de cultivos complexos e diversificados tem uma importância chave na
medida em que as interações entre plantas cultivadas, animais e árvores resultam
em sinergismos benéficos que permitem aos agroecossistemas promover sua
própria fertilidade de solo, controle de pestes e produtividade.
A complexidade do agroecossistema permiti que os cultivos atinjam níveis de
produtividade aceitáveis até em condições ambientalmente desfavoráveis como por
exemplo: solos marginais, áreas secas, áreas facilmente inundadas ou com poucos
recursos. (ALTIERI, 2010c). Já para Caporal (2009b, p.13), quanto mais
diversificados e integrados forem os sistemas de cultivos e criações mais próximos
estarão da sustentabilidade ambiental desejada e possível. Conforme mostra a
figura 2.
34
FIGURA 2 - Paralelo entre Sustentabilidade e Complexidade dos Sistemas.
Fonte: Caporal (2009a, p.13).
O pesquisador Altieri (1998b), afirma que os agroecossistemas apresentam
características geográficas e históricas peculiares, mas podem apresentar muitas
características estruturais e funcionais semelhantes, entre elas o autor destaca:
a) Contêm um grande número de espécies; b) Exploram toda uma gama de microambientes com características
distintas, tais como solo, água, temperatura, altitude, declividade ou fertilidade, seja em um único campo de cultivo, seja em uma região;
c) Mantêm os ciclos de materiais e resíduos através de práticas eficientes de reciclagem;
d) Têm como suporte interdependências biológicas complexas, resultando em um certo grau de supressão biológica de pragas;
e) Utilizam baixos níveis de insumos tecnológicos, mobilizando recursos locais baseados na energia humana e animal;
f) Fazem uso de variedades locais e espécies silvestres de plantas e animais;
g) Produzem para consumo local. (ALTIERI, 1998b, p.31).
2.4.1 Agroecossistemas no Agreste da Paraíba
Para Petersen e Silveira (2002), os agroecossistemas presentes na região do
Agreste da Paraíba apresentam forte diversidade. Eles saíram de ciclos de
monocultivo de mamona, algodão e sisal, e possuem em torno de seis subsistemas
de cultivos: “culturas anuais (roçados), culturas permanentes (fruteiras), criação
animal (principalmente bovinos), quintais, pequena irrigação (muito pouco frequente)
e extrativismo (também de pouca relevância)”. (PETERSEN; SILVEIRA; ALMEIDA,
2002b, p.30).
35
De acordo com Petersen, Silveira e Almeida (2002, p.31-32), no Agreste da
Paraíba três princípios de manejo são universalmente adotados nos
Agroecossistemas tradicionais da região:
1) A manutenção de alta biodiversidade funcional - A valorização produtiva dos recursos abióticos (água, nutrientes, radiação) disponíveis nos ecossistemas naturais e nos agroecossistemas depende essencialmente da capacidade deles se transformarem em biomassa vegetal [...]. A biomassa produzida nos diferentes subsistemas é manejada de forma a favorecer a interação entre eles que, por isso, assumem entre si forte grau de complementariedade e sinergia [...];
2) A constituição e o manejo de estoques de recursos - Em face da irregularidade das condições pluviométricas e de baixa capacidade de retenção de água nos solos [...]. As estratégias de estocagem nos agroecossistemas incluem a acumulação de reservas hídricas, forragens, de alimento, de sementes e de capital, entre outras;
3) A valorização produtiva de espaços limitados com alto potencial de produtividade biológica - A grande heterogeneidade ecológica [...], as áreas com alto potencial de produtividade biológica são utilizadas intensivamente pelas famílias da região e respondem por significativa
proporção de suas rendas [...]. (PETERSEN; SILVEIRA; ALMEIDA (2002, p.31-32).
A relação dos três princípios de manejos e as práticas tradicionais e
inovadoras executadas nos agroecossistemas do Agreste da Paraíba pode ser
verificada no quadro 2. Os autores Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.91),
ratificam que a medida que as práticas adotadas se revestem de caráter
multifuncional promovem impactos sistêmicos e os três princípios estratégicos são
estreitamente inter-relacionados.
QUADRO 2 - Relação entre os Princípios de Manejo dos Agroecossistemas e as Práticas Tradicionais e Inovadoras.
PRINCÍPIOS DE MANEJO
PRÁTICAS
TRADICIONAIS INOVADORAS
Manutenção de alta biodiversidade funcional
• Consórcios
• Aproveitamento das espécies forrageiras ou nativas
• Uso de variedades locais
• Integração agricultura / pecuárias
• Uso de plantas medicinais
• Plantio de cercas vivas
• Resgate e multiplicação de variedades locais
• Avaliação e introdução de novas variedades
• Arborização das propriedades
• Cultivos em aléias
• Matas produtivas
• Adubação verde
• Cordões de contorno vegetados
36
Continuação
Constituição e manejo de estoques
• Poupança de capital em forma de gado
• Barreiros, cisternas, tanques de pedra, etc.
• Armazenamento doméstico de sementes
• Armazenamento de restos de cultivos com fonte forrageira
• Bancos de sementes comunitários
• Barragens subterrâneas
• Cisternas de placa
• Práticas de ensilagem e fenação
Valorização de espaços limitados com alto potencial
de produção biológica
• Quintais domésticos
• Plantio intensivo em baixios
• Barragens subterrâneas
• Faxinas
• Barreiras de pedra
Fonte: Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.90).
Ainda conforme os autores supracitados, a integração entre agricultura e
pecuária intensifica os processos de produção e decomposição de biomassa no
agroecossistema. Todavia a criação animal é essencial na estrutura e no
funcionamento dos agroecossistemas familiares. O quadro 3 apresenta a integração
entre os subsistemas: agrícola e pecuário.
QUADRO 3 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário. Sentido agricultura pecuária
PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS
Extrativismo de espécies forrageiras nativas
Produção e melhoria do aproveitamento de espécies forrageiras (aquisição de máquinas forrageiras, plantio de cercas vivas com espécies forrageiras, plantio e manejo de espécies forrageiras nativas, etc.)
Estocagem e uso forrageiro dos restos de cultivo
Intensificação da estocagem e do uso dos restos de cultivo (fenil). Estocagem de cultivos forrageiros
Sentido pecuária agricultura
PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS
Uso do esterco como adubo orgânico Práticas que visam à intensificação do uso do esterco como adubo orgânico (currais, compostagem, aquisição de carroças, etc.
Uso de tração animal no preparo dos solos
Introdução de novos implementos tradicionais por força animal nas propriedades (rolos-facas, grades etc.)
Fonte: Silveira, Petersen e Sabourin, (2002, p.96).
37
2.4.2 Manejo de Agroecossistemas: Práticas Culturais em Agroecologia
As práticas culturais nos cultivos agroecológicos visam a conduzir os plantios
de forma sustentável. Para Gliessman (2009), a Agroecologia contempla a aplicação
dos conceitos e princípios da Ecologia no desenho e manejo de agroecossistemas
sustentáveis. Portanto, o autor define um agroecossistema sustentável como aquele
que: “mantém a base de recursos da qual depende, conta com um uso mínimo de
insumos artificiais vindos de fora do sistema, maneja pragas e doenças através de
mecanismos reguladores internos e é capaz de se recuperar de perturbações
causadas pelo manejo e colheita. (GLIESSMAN, 2009, p.565).
Para Altieri (1998b, tradução nossa), agricultura sustentável geralmente se
refere a um modo de agricultura, que visa proporcionar rendimentos sustentados a
longo prazo através do uso de tecnologias de gestão ecológica. “O conhecimento
ecológico da sustentabilidade dos agroecossistemas deve dar nova forma à
perspectiva que a humanidade tem da produção vegetal e animal, a fim de que seja
alcançada, em nível mundial, a produção sustentável de alimentos”. (GLIESSMAN,
2009, p.54).
O autor Carporal (2009b), ratifica que um dos primeiros passos da aplicação
da Agroecologia aos sistemas produtivos deve ser a ampliação (ou manutenção) da
diversificação e da biodiversidade. Ainda conforme o autor quanto mais
diversificados e integrados forem os sistemas de cultivos e criações mais próximos
estarão da sustentabilidade ambiental.
Na visão de Gliessman (2009), o equilíbrio do agroecossistema e o manejo
sustentável da biodiversidade tornam os sistemas resistentes a problemas, ao passo
que eles projetam agroecossistemas com flexibilidade, resistência e capacidade de
manter-se através do tempo. O autor aponta a importância de criar
agroecossistemas sustentáveis, os quais alcancem as características semelhantes
aos ecossistemas naturais e mantenham uma produção para ser colhida.
De acordo com Vargas, Fontoura e Wizniewsky (2013), a biodiversidade nos
sistemas de produção agrícolas pode ser preservada através de práticas de manejos
sustentáveis, entre elas: rotação de culturas, utilização de cultivos de cobertura,
cultivos intercalados, barreiras de cata-vento, cinturões de proteção e cercas vivas.
Para os autores cultivar diversas espécies de forma integrada, incorporando num
38
mesmo sistema árvores frutíferas, florestais e animais, se possível, contribuirá para
a sustentabilidade de um determinado agroecossistema.
De acordo com Araújo et al. (2010), as práticas culturais nos cultivos
agroecológicos visam conduzir plantios que proporcionem o desenvolvimento
saudável das plantas, respeitando os ciclos naturais, harmonizando todos os
manejos, de forma que haja uma interação equilibrada entre o homem e o
ecossistema. Ainda conforme os autores as seguintes práticas agroecológicas são
elencadas:
Manejo dos solos; adubação orgânica; rotação de cultura; plantio em curvas de nível; manutenção do pH do Solo; trabalho mínimo do solo; melhor controle da irrigação; preservação dos microrganismos do solo; uso de coberturas vegetais e adubação verde; consórcio de culturas; controle biológico e manejo de animais. (ARAÚJO et al. 2010, p. 12-19).
Do ponto de vista de manejo, os componentes básicos de um
agroecossistema incluem:
a) Cobertura vegetal como meio eficaz de conservar o solo e a água: pode ser obtida através de práticas de cultivo que não movam o solo, uso de cobertura morta, cultivos de cobertura viva, etc.;
a) Suprimento regular de matéria orgânica: obtido com a incorporação regular de matéria orgânica (esterco, composto) e promoção da atividade biológica do solo;
b) Mecanismos eficazes de reciclagem dos nutrientes incluindo: rotações de culturas, sistemas mistos de cultivos/criação, agroflorestamento e sistemas de consorciação baseados em leguminosas;
c) Regulação de pragas: as práticas de manipulação da biodiversidade e a introdução e/ou conservação dos inimigos naturais fornecem os agentes biológicos necessários para o controle das mesmas. (ALTIERI, 1998b, p.66).
2.4.2.1 Manejo dos Solos
O manejo adequado do solo deve ser uma prática prioritária em Agroecologia.
Para Kamiyama (2011, p.40), a “recuperação e manutenção da fertilidade do solo
devem ser atingidas mediante a reciclagem do material orgânico, cujos nutrientes
são gradualmente disponibilizados às plantas por meio da ação de microrganismos
do solo”.
39
De acordo com Araújo et al. (2010, p.13), o solo natural tende a um estado de
equilíbrio perfeito entre seus componentes e os do meio que mantém, entretanto
quando o solo é cultivado esse equilíbrio é rompido. Portanto, “o manejo do solo
consiste num conjunto de operações realizadas com objetivos de propiciar condições
favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas,
por tempo ilimitado”. (EMBRAPA, 2003b).
2.4.2.2 Adubação Orgânica
Na adubação com matéria orgânica os nutrientes provindos dela, são
assimilados pelas plantas, completando o seu ciclo de vida. Portanto é preciso que
ocorra uma interação e diversificação de espécies de animais e vegetais para que o
equilíbrio em um ecossistema seja atingido. (FIEIRA e BATISTA, 2009).
Na adubação orgânica a produção de compostos, utilizando estercos e restos
vegetais tende a aumentar o conteúdo de húmus do solo e sua capacidade de reter
água, bem como melhora sua estrutura, facilitando o trabalho do solo, estimulando
sua atividade enzimática e repondo grande parte dos elementos nutritivos
necessários para o desenvolvimento das plantas. (ARAÚJO et al., 2010).
Para Kamiyama (2011), a utilização de composto orgânico, com mistura de
estercos animais e resíduos vegetais é uma prática incentivada, pois é uma forma de
obtenção de um produto mais estabilizado, com melhor aproveitamento pelas
plantas, além da possibilidade de reciclagem dos resíduos em uma propriedade.
2.4.2.3 Rotação de Culturas
A rotação de culturas tem o “propósito de aumentar a eficiência no uso dos
recursos disponíveis e minimizar riscos agronômicos e econômicos”. (PETERSEN;
SILVEIRA; PETERSEN; ALMEIDA, 2002b, p.35). Portanto a rotação de culturas
alterna, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola e pode ser feita
por meio de uma sucessão planejada de cultivos. Ela representa uma medida-chave
para a fertilidade do solo, além de ser uma arma poderosa no controle de ervas
daninhas, pragas e doenças. (ARAÚJO et al., 2010).
São inúmeras as vantagens da rotação de culturas para os sistemas
produtivos agrícolas, entre as elas:
40
Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas [...], essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas, repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. Além disso, a rotação de culturas viabiliza uma utilização mais intensa de máquinas e equipamentos, reduzindo o custo do capital imobilizado do empreendimento agrícola. (CRUZ; PEREIRA FILHO; ALBUQUERQUE FILHO, [2015]).
De acordo com Silveira, Petersen e Sabourin (2002), as rotações promovem
uma série de serviços ambientais aos agroecossistemas, ao passo que a
complementaridade fisiológica existe entre espécies que apresentam diferenças
bioquímicas na captação dos recursos disponíveis no ambiente.
2.4.2.4 Plantio em Curvas de Nível
De acordo Araújo (2010 p.14), o plantio em curvas de nível “consiste em
realizar todos os trabalhos de solo e práticas de cultivo em alinhamento de plantio de
acordo com a topografia do terreno, com o objetivo de amenizar o escoamento
superficial da água e consequente arraste do solo”.
2.4.2.5 Manutenção do pH do Solo
De acordo com a EMBRAPA (2003c), “os nutrientes têm sua disponibilidade
determinada por vários fatores, entre eles o valor do pH, medida da concentração
(atividade) de íons hidrogênio na solução do solo”. Diversas práticas são adotadas
para estabilizar solos com pH muito elevado ou muito baixo. Conforme Araújo et al.
(2010), solos com pH alto pode-se usar a matéria orgânica para corrigi-los. Para o
autor supracitado solos muito ácidos, pode-se usar o calcário, desde que o solo
tenha bastante matéria orgânica, caso contrário, a cal destruirá a pouca matéria
orgânica presente no solo.
41
2.4.2.6 Trabalho Mínimo do Solo
Para Fieira e Batista (2009, p.1), solo é considerado por alguns
pesquisadores da Agroecologia, como o maior organismo vivo do planeta, “por ser
um sistema vivo [...], o uso de máquinas pesadas e implementos revolvendo o solo,
pode causar uma alteração na ordem natural dos horizontes, perdendo as camadas
mais férteis”. (ARAÚJO 2010, p.15).
O solo e a camada mais superficial da crosta terrestre, segundo Kamiyama
(2011), o solo é uma mistura de diversos sais minerais e rochas em decomposição
como: matéria orgânica, seres vivos, água e ar. Conforme a autora, cada solo possui
a sua formação particular ao passo que o mesmo recebe influência do clima, do tipo
de vegetação, do relevo e da rocha matriz.
2.4.2.7 Melhor Controle da Irrigação
Segundo Petersen, Silveira e Almeida (2002b), nos agroecossistemas do
Agreste da Paraíba a principal oferta primária de água é das chuvas. Para
compatibilizar a irregularidade das chuvas e a incerteza com as demandas regulares
(dessedentação, uso doméstico, irrigação ente outros) o único caminho é o
armazenamento. Para Araújo et al. (2010), em regiões semiáridas o grande esforço
é armazenar a água de forma adequada, para evitar sua escassez em períodos
críticos para os cultivos.
2.4.2.8 Preservação dos Microrganismos Solos
A matéria orgânica do solo diminui sua atividade biótica com o uso de
produtos agressivos e contaminantes. Portanto de acordo com Araújo et al. (2010,
p.16), deve ser “evitado o abuso de fertilizantes químicos, assim como a utilização
de algumas substâncias fitossanitárias, os quais vêm provocando uma redução
gradual do conteúdo de matéria orgânica do solo”.
42
2.4.2.9 Uso de Coberturas Vegetais e Adubação Verde
Para Araújo et al. (2010), a cobertura morta de vegetais, ajudam a evitar o
crescimento de ervas daninhas, mantêm a umidade do solo, evitam as perdas da
camada de solo, e ao longo do tempo se decompõem introduzindo matéria orgânica
ao solo”. Corroborando Gliessman (2009), ratifica que as culturas de cobertura do
solo são plantas cultivadas especificamente para ser incorporadas como adubo
verde ao solo ou para permitir uma cobertura morta eficiente contra o impacto das
gotas da chuva quando o plantio direto.
A cobertura do solo com restos vegetais (palha, casca) proporciona efeito
protetor contra erosão, favorece a infiltração de água no solo, evita as altas
temperaturas provocadas pela incidência direta dos raios solares e contribui para o
controle de plantas espontâneas. (KAMIYAMA, 2011).
2.4.2.10 Consórcio de Culturas
De acordo com Araújo et al. (2010, p.17), “nos consórcios de culturas o
agricultor conduz no mínimo dois cultivos diferentes ao mesmo tempo, de modo que
um conviva ou beneficie o outro”. Ainda conforme os autores essa prática além de
trazer diversidade para o produtor, está também associado a preservação e
fertilidade dos solos, evitando o monocultivo. Ratifica Altieri (1998b, p.68):
[...] agricultores em todo o mundo optam pelos policultivos é que uma área semeada com cultivos múltiplos frequentemente produz mais do que uma área e equivalente cultivada em parcelas monoculturais distintas. Essa eficiência no aproveitamento da terra é particularmente importante em áreas onde as propriedades são pequenas devido às condições socioeconômicas [...].
Os pesquisadores Hernani, Souza e Ceccon (2003), definem o consórcio de
culturas como: “maximização de espaço mediante o cultivo simultâneo, num mesmo
local, de duas ou mais espécies com diferentes características quanto à sua
arquitetura vegetal, hábitos de crescimento e fisiologia”.
43
2.4.2.11 Controle Biológico
O controle biológico considera o uso de organismos vivos para controlar
pragas. Segundo Araújo et al. (2010), o controle biológico consiste no emprego de
um organismo predador, parasita ou patógeno, que ataca outro que esteja causando
danos econômicos às lavouras.
2.4.2.12 Manejo de Animais
De acordo com Altieri (1998b, p. 54), os animais integrados aos
agroecossistemas são escolhidos de acordo com seu “valor nutricional, sua
adaptabilidade às condições agroclimáticas locais, os padrões de consumo dos
camponeses locais e oportunidades de mercado disponíveis”.
O manejo agroecológico deve evidenciar a sanidade dos animais para o
desenvolvimento de uma produção de qualidade e rentável. A Figura 3 elaborada
por Araújo et al. (2010 p.22), apresenta os pilares fundamentais para a produção
pecuária agroecológica.
FIGURA 3 - Pilares Fundamentais para a Produção Pecuária Agroecológica.
Fonte: Araújo et al. (2010 p.22).
De acordo com Araújo et al. (2010, p.21), os animais na exploração
agroecológica devem ser instalados levando-se em conta seu bem-estar e os
aspectos relativos às suas necessidades específicas, assegurando assim, sua saúde
e vitalidade.
44
2.5 Sustentabilidade: Enfoque da Agroecologia
A agroecologia possui práticas e princípios metodológicos capazes de orientar
cientificamente agriculturas sustentáveis, portanto entender a agroecologia como
sinônimo de agricultura orgânica é errôneo. (LOPES, 2009). Para Souza, Santos e
Bezerra, (2012), não se pode confundir Agroecologia com agricultura orgânica até
porque a agricultura orgânica nem sempre tratam de enfrentar os problemas
presentes em todas as dimensões da sustentabilidade.
O conceito de sustentabilidade com enfoque agroecológico toma por base a
definição de Caporal e Costabeber (2004, p.112), onde a sustentabilidade tem por
premissa, “preservação e conservação da base dos recursos naturais como
condição essencial para a continuidade dos processos de reprodução
socioeconômica [...], e de produção agropecuária, em particular, numa perspectiva
que considere tanto as atuais como as futuras gerações”.
O contexto da sustentabilidade, através da Agroecologia, deve ser construído
a partir dos seguintes elementos, proposto por Guzmán (2001, p.42):
a) A ruptura das formas de dependência que põem em perigo os mecanismos de reprodução, sejam de natureza ecológica, socioeconômica e/ou política;
b) A utilização daqueles recursos que permitam que os ciclos de materiais e de energia existentes no agroecossistema sejam o mais fechado possível;
c) A utilização dos impactos benéficos que se derivam dos ambientes ecológico, econômico, social e político, existentes nos diferentes níveis, desde a propriedade até a sociedade maior;
d) A não-alteração substantiva do meio ambiente [...];
e) O estabelecimento dos mecanismos bióticos de regeneração dos materiais deteriorados, para permitir a manutenção, a longo prazo, das capacidades produtivas dos agroecossistemas;
f) A valorização, recuperação e/ou criação de conhecimentos locais[...];
g) O estabelecimento de circuitos curtos para o consumo de mercadorias[...];
h) A potencialização da diversidade local, tanto biológica como sociocultural.
A sustentabilidade é um conceito complexo por envolver distintos problemas
derivados da relação homem-natureza e das associações que se estabelecem entre
45
eles. (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). A Agroecologia como “ciência dedicada ao
estudo das relações produtivas entre homem e natureza, visando sempre a
sustentabilidade ecológica, econômica, social, cultural, política e ética”. (SOUZA;
SANTOS; BEZERRA2012, p.7).
Para Guzmán (2001), a Agroecologia, propõe o desenho de métodos de
desenvolvimento endógeno para o manejo ecológico. Para o autor não se trata de
levar soluções prontas para a comunidade, mas de detectar aquelas que existem
localmente e acompanhar e animar os processos de transformação existentes em
uma dinâmica participativa.
Para Ferreira et al. (2011), a sustentabilidade dos agroecossistemas, avaliada
através dos princípios da Agroecologia, deve partir de uma observação aprofundada
da dinâmica e das interações bióticas, leva em conta três dimensões básicas que
compõem um sistema: social, econômica e ambiental, podendo haver subdimensões
ligadas a estas, como a cultural e a ética.
Corroborando os autores Caporal e Costabeber (2004, p.111), apresentam
seis multidimensões da sustentabilidade a partir da Agroecologia: “ecológica,
econômica, social (primeiro nível), cultural, política (segundo nível) e ética (terceiro
nível)”. Conforme mostra a figura 4.
FIGURA 4 - Multidimensões da Sustentabilidade.
Fonte: Caporal e Costabeber (2004, p.112).
46
2.5.1 Dimensão Ecológica
Na dimensão ecológica é importante observa estratégias que contemplem a
“reutilização de materiais e energia dentro do próprio agroecossistema, assim como
a eliminação do uso de insumos tóxicos ou cujos efeitos sobre o meio ambiente são
incertos ou desconhecidos (por exemplo, os OGMs - Organismos Geneticamente
Modificados)”. (COSTABEBER; COSTABEBER, 2004, p.112).
De acordo com Caporal e Moyano (2000, p.10), no “centro da dimensão
ambiental, e sob a perspectiva do processo de ecologização, estaria o objetivo de
recuperar e manter a capacidade produtiva dos agroecossistemas, através da
adoção de métodos, técnicas e processos de produção ecologicamente mais
prudentes”.
A dimensão ambiental da sustentabilidade diz respeito à compatibilidade do
agroecossistema com os sistemas naturais do seu entorno, ele deve se manter
produtivo em razão da manutenção da qualidade do solo e água, assim como
permitir a conservação das demais espécies do bioma do qual faz parte. (CORREIA,
2007). Portanto Verona (2008, p.50), destaca a importância de verificar as
características do solo através de uma forma prática, participativa, onde o
conhecimento local seja valorizado e o agroecossistema seja considerado no todo.
2.5.2 Dimensão Social
De acordo com Caporal e Costabeber (2004), a dimensão social representa
um dos pilares básicos da sustentabilidade, uma vez que os recursos naturais
somente adquirem significado e relevância quando o produto gerado nos
agroecossistemas apresentam bases renováveis e podem ser equitativamente
apropriados e usufruídos pelos diversos segmentos da sociedade.
Esta dimensão evidencia a busca por educação, saúde e uma maior
qualidade de vida e inclusão social mediante a produção e consumo de alimentos
mais saudáveis e melhoria das condições de trabalho, o que comporta a eliminação
do uso de insumos agrotóxicos no processo produtivo agrícola. (COSTABEBER;
MOYANO, 2000).
47
2.5.3 Dimensão Econômica
De acordo com Caporal e Costabeber (2004, p.113), esta dimensão “não se
trata somente de buscar aumentos de produção e produtividade agropecuária a
qualquer custo, pois eles podem ocasionar reduções de renda e dependências
crescentes em relação a fatores externos”. Para Costabeber e Moyano (2000, p.8), a
“dimensão econômica, estaria, pois, a incorporação e intensificação tecnológica via
adoção de estilos de produção agrícola poupadores de capital e energia, abrindo
caminho, assim, para a implementação de uma agricultura de base ecológica”.
Corroborando Mazalla Neto (2009, p.24), ratificam que a dimensão econômica
da sustentabilidade dentro da perspectiva da Agroecologia envolve também “a
importância do autoconsumo, a produção de bens de consumo em geral e as trocas
de serviço ou outros tipos de cooperação”.
2.5.4 Dimensão Cultural
O manejo de agroecossistemas dentro da perspectiva da Agroecologia, na
dimensão cultural, de acordo com Caporal e Costabeber (2004), deve considerar os
saberes, os conhecimentos e os valores locais das populações rurais. Estes são
capazes de espelha a identidade cultural das pessoas que vivem e trabalham em um
determinado agroecossistema. Portanto “promover, preservar e divulgar a história,
tradições e valores regionais, bem como acompanhar suas transformações fazem
parte da concepção dessa dimensão”. (MENDES, 2009, p.55).
2.5.5 Dimensão Política
A dimensão polítca tem a ver com os processos participativos, democráticos e
com as redes de organização social e de representações dos diversos segmentos da
população rural (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). Para Mendes (2009), essa
dimensão busca sensibilizar, motivar, informar, e mobilizar a participação ativa das
pessoas, permitindo maior compreensão dos problemas e oportunidades para
superar as práticas e políticas de exclusão, bem como buscar o consenso nas
decisões coletivas.
48
2.5.6 Dimensão Ética
Conforme Caporal e Costabeber (2004), a ética da sustentabilidade tomar
como ponto de partida uma profunda crítica sobre as bases epistemológicas que
deram sustentação ao modelo convencional e a Revolução Verde”. (CAPORAL e
COSTABEBER, 2004). Segundo Mattos et al. (2006, p.30), a sustentabilidade nessa
dimensão implica uma “opção ética por um meio ambiente equilibrado e por uma
sociedade onde prevaleça maior equidade socioeconômica”.
Para Caporal e Costabeber (2004, p. 116), “Agroecologia tem sido bastante
positiva, pois nos faz lembrar de estilos de agricultura menos agressivos ao meio
ambiente, que promovem a inclusão social e proporcionam melhores condições
econômicas aos agricultores familiares”. Conforme Souza, Santos e Bezerra (2012),
a Agroecologia constitui os seguintes elementos básicos: O manejo ecológico das
riquezas naturais, a construção de relações justas e solidárias, o respeito às
diversidades culturais, a distribuição equilibrada das riquezas, consumo consciente e
a comercialização justa.
49
3 CAPÍTULO: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse capítulo apresenta a classificação da pesquisa, os métodos abordados,
os materiais utilizados e a amostra da pesquisa. A classificação da pesquisa foi
pertinente para o processo de realização do estudo, pois, por meio dela, focou-se no
cumprimento dos objetivos estabelecidos e na resolução da arguição problema. A
classificação da pesquisa pode ser identificada a partir da figura 5:
FIGURA 5 - Mapa Mental: Classificação da Pesquisa.
Fonte: Autora da pesquisa (2014).
3.1 Classificação da Pesquisa
Do ponto de vista da sua natureza, a presente pesquisa classificou-se como
aplicada, Segundo Prodanov e Freitas (2013, p.51), “a pesquisa aplicada envolve
verdades e interesses locais, ela objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos”. A natureza aplicada da
pesquisa desenvolvida no agroecossistema Crisântemo, baseou-se no desejo de
conhecer para caracterizar um modelo de agroecossistema fundamentado na
Agroecologia. A pesquisa bibliográfica subsidiou essa etapa e levou em
consideração assuntos como: Agroecologia, transição agroecológica,
agroecossistemas, Revolução Verde, agricultura convencional, sustentabilidade,
agricultura familiar, produção de batatinha no Território da Borborema entre outros.
Quanto aos objetivos esta pesquisa caracterizou-se, como exploratória e
descritiva. Para Gil (2002), as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação
de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis. Do ponto de vista
50
exploratório esta pesquisa visou proporcionar maior entendimento do contexto do
agroecossistema de produção familiar em processo de transição agroecológica e
envolvido com o processo de revitalização da batata (Solanum tuberosum L.). A
pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. (GIL, 2002). Com relação à pesquisa descritiva realizada foi possível
evidenciar características do agroecossistema e dos agricultores familiares.
Em relação à forma de abordagem do problema, tratou-se de uma pesquisa
qualitativa. A pesquisa teve com fonte direta dos dados o agroecossistema familiar e
seus atores sociais. De acordo Gerhardt e Silveira (2009, p.14), “na pesquisa
qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica
do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo
social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória etc.”. Portanto a
escolha da unidade produtiva desse estudo, baseou-se na apreciação do assessor
técnico da AS-PTA. Esse profissional possui envolvimento com as 107 unidades
agrícolas em processo transição agroecológica e produtoras da batata Solanum
tuberosum L.
Como procedimento, tratou-se de um estudo de caso. O estudo de caso de
acordo com Gil (2002), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Para
Gerhardt e Silveira (2009), estudo de caso não é uma técnica específica, mas uma
análise holística, a mais completa possível, que analisa a unidade social estudada
como um todo, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos. O
estudo de caso surge da necessidade de compreender fenômenos complexos, ele
permite uma investigação que busca preservar as caracteristicas holisticas e
significativas dos eventos da vida real. (YIN, 2001).
3.2 Método da Pesquisa
De acordo com Vidal (2012), os métodos de análise global são classificados
em duas categorias: métodos observacionais e métodos interacionais. Para o
desenvolvimento desse estudo foram utilizados métodos observacionais e
interacionais.
51
3.2.1 Métodos Observacionais e Interacionais
Os métodos observacionais e interacionais têm grande relevância tática e
estratégica no desenvolvimento de estudos científicos. Nessa pesquisa, o método
observacional utilizado foi à observação aberta evidenciada nos itens: 3.2.1.1;
3.2.1.2; 3.2.1.3 e 3.2.1.4. As observações foram subsidiadas pelo APÊNDICE A.
Elas permitiram obter registros fotográficos e dados relacionados ao processo de
revitalização da batatinha, Agroecologia e agricultura familiar no Território da
Borborema, assim como permitiu a escolha intencional do agroecossistema
Crisântemo e de seus atores sociais, essenciais no desenvolvimento o estudo de
caso.
Para a escolha da amostra dessa pesquisa, levou-se em consideração a
apreciação do assessor técnico da AS-PTA. A escolha da amostra foi feita de forma
intencional, ao passo que, o assessor indicou um agroecossistema pertencente ao
grupo que possui maior número de práticas agroecológicas entre os demais. De
acordo com Gil (2002, p. 145), “na amostra intencional, os indivíduos são
selecionados com base em certas características tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes, mostrando-se mais adequada para a obtenção de
dados de natureza qualitativa”.
Os métodos observacionais e interacionais foram auxiliados por recursos
como: câmera fotográfica, filmadora e blocos de anotações.
3.2.1.1 Primeiro Momento: Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA
O primeiro momento de investigação do contexto em que o agroecossistema
em processo de transição agroecológico está inserido ocorreu no dia 01 de agosto
de 2014 das 15h30min às 17h:30min e teve por objetivo conhecer o envolvimento da
AS-PTA e seu esforço coletivo voltado para disseminar a Agroecologia e o manejo
sustentável da batatinha nos agroecossistemas do Território da Borborema.
A figura 6 mostra esse primeiro momento de construção social, nela é
possível verificar o assessor da AS-PTA apresentando para a equipe do projeto de
extensão tecnológica AGROINDEX a atuação geográfica da ONG, assim como de
forma sintética as origens da instituição, sua relação com a Agroecologia e com os
52
sindicatos dos trabalhadores rurais pertencentes ao Território da Borborema-PB. De
acordo com o assessor técnico (2014), “a ONG almeja construir um território
agroecológico e tem por princípios metodológicos a construção participativa, onde os
agricultores são sujeitos do trabalho e portadores de conhecimento”.
FIGURA 6 - Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
3.2.1.2 Segundo Momento: Visita ao Agroecossistema Familiar Crisântemo
O segundo momento de investigação ocorreu no dia 06 de agosto de 2014
das 13h:30min às 16h:00min, nas dependências da unidade agrícola familiar
Crisântemo na cidade Esperança – PB. Estiveram presentes nesta visita a campo: o
assessor técnico da AS-PTA, dois estagiários da AS-PTA, a autora desta pesquisa e
a coordenadora do projeto AGROINDEX. O objetivo da visita inicial à propriedade foi
conhecer a família de agricultores e observar o agroecossistema (figura 7).
FIGURA 7 - Visita ao Agroecossistema Crisântemo.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
53
3.2.1.3 Terceiro Momento: Reunião com Representantes do POAB
O terceiro momento de investigação ocorreu com os representantes do POAB
(figura 8). A reunião aconteceu no dia 28 de agosto de 2014 das 8h:30min às
15h:30min nas dependências da AS-PTA. Estiveram presentes: o representante do
sindicato de Areial/PB, o secretário da agricultura da cidade de Montadas/PB, o
representante do sindicato de Esperança – PB, dois assessores técnicos da AS-
PTA, o representante da Ecoborborema e alunos de graduação e pós-graduação
envolvidos com o projeto AGROINDEX.
Nesse momento os representantes do POAB foram expondo como o Polo
Sindical da Borborema interage para fortalecer o plantio agroecológico. Segundo o
representante do sindicato de Esperança o POAB atua através de redes (Comissão
Territorial). As redes articulam espaços de debates que incentivam ações e políticas
públicas que viabilizam o desenvolvimento da agricultura familiar e da Agroecologia.
FIGURA 8 - Reunião com Representantes do POAB.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
3.2.1.4 Quarto Momento: Seminário Impacto e Balanço do Processo de
Revitalização da Batata
O quarto momento de investigação ocorreu no dia 02 de dezembro de 2014,
no convento Ipuarana na cidade de Lagoa Seca. Segundo o assessor técnico da AS-
PTA o seminário tinha por objetivo fazer um balanço sobre os impactos da
revitalização da batata agroecológica produzida em 2014, definir estratégias para a
continuidade da produção em 2015, assim como socializar os resultados de
54
pesquisas realizadas sobre o manejo e fertilidade do solo na cultura da batatinha. O
público do seminário era de aproximadamente 90 pessoas, dos quais: agricultores,
feirantes, pesquisadores, estudantes, professores, extensionistas e representantes
de entidades de assessoria e de órgãos governamentais.
3.2.1.5 Quinto Momento: Estudo de Caso
O quinto momento de investigação correspondeu ao estudo de caso realizado
no agroecossistema, para fins dessa pesquisa, denominado Crisântemo. O
agroecossistema atende os critérios exigidos para que a unidade agrícola seja
considerada de produção familiar, com base na Lei nº 11.326 de 24 de julho de
2006. A propriedade situa-se na zona rural do município de Esperança, possui oito
hectares e dista aproximadamente 159 km da capital da Paraíba (João Pessoa).
O estudo de caso realizado no agroecossistema foi subsidiado por métodos
interacionais e complementados por métodos observacionais. Buscou-se com os
métodos interacionais promover um diálogo espontâneo com os agricultores e
estabelecer temas ou tópicos centrais para orientar os debates e a coleta de dados
da pesquisa (APÊNDICE B). Entre os temas ou tópicos centrais encontram-se:
aspectos sociais do agroecossistema, água, solo, Agroecologia, comercialização da
produção, sementes, aspectos ambientais, produção, aspectos relacionados a
segurança do trabalho e gestão da produção agrícola.
Entre os métodos interacionais utilizados estão: as verbalizações
espontâneas e provocadas e a conversação. A conversação auxiliou a construção
do apêndice C e D. Ambos os apêndices apresentam aspectos referentes a
produção animal e vegetal comercializada pelo agroecossistema durante o ano de
2014. De acordo com Jaeschke (2010, p.36), as verbalizações provocadas ocorrem
quando algum questionamento é feito pelo pesquisador, já a verbalização
espontânea o pesquisado se comunica de maneira livre e sem interrupções. Já a
conversação é um método de interação livre, ordenada e sistemática (VIDAL, 2012,
p.153).
55
4 CAPÍTULO: RESULTADO E DISCUSSÕES
Esse capítulo aborda os resultados e discussões. O capítulo divide-se em
dois tópicos principais: (4.1) contextualização do processo de revitalização da
produção da Batata no Território da Borborema-PB, motivador da transição da
agricultura convencional para a agroecológica e, (4.2) caracterização de um
agroecossistema inserido no Território da Borborema/PB em processo de transição
da agricultura convencional para agroecológica. Através dessa caracterização, foi
possível Identificar as práticas agroecológicas sustentáveis e adaptadas a realidade
local da agricultura familiar.
4.1 Contextualização do Processo de Revitalização da Batata no Território da
Borborema/PB
O Território da Borborema/PB localiza-se na Zona do Agreste da Paraíba
entre as Zonas da Mata e Zona da Borborema, abrange uma área de 3.233 Km² e é
composto por 21 municípios (figura 9): Alagoa Nova, Algodão de Jandaíra, Arara,
Areia, Areial, Borborema, Campina Grande, Casserengue, Esperança, Lagoa Seca,
Massaranduba, Matinhas, Montadas, Pilões, Puxinanã, Queimadas, Remígio, São
Sebastião de Lagoa de Roça, Serraria, Serra Redonda e Solânea. (CANIELLO, et
al., 2011).
FIGURA 9 - Cidades do Território da Borborema.
Fonte: Adaptado Piraux e Bonnal (2009, p.117).
56
A população do Território da Borborema/PB, segundo dados do IBGE
(2010b), constitui-se por um contingente de 671.142 habitantes, sendo que 527.873
(78,6 %) residem na zona urbana e 143.269 (21,3 %) na zona rural. Em termos de
densidade demográfica, o Território, apresentava em 2010 uma densidade de
207,59 hab./km2. Sendo a maior densidade demográfica registrada no município de
Campina Grande com 648,31 hab./km2, e a menor no município de Algodão de
Jandaíra com uma densidade demográfica da ordem de 10,74 hab./ km2.
O Território da Borborema é “banhado por três Bacias Hidrográficas, dos Rios
Curimataú, Mamanguape e Paraíba. Ele apresenta um relevo diversificado, com
altitudes variando entre 300 metros (Matinhas) e 713 metros (Montadas)”.
(CANIELLO et al., 2011).
Os municípios do Território apresentam variações na dimensão ambiental,
assim como na social e econômica. Essa afirmação pode ser observada através do
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e do Produto Interno Bruto
(PIB) per capita. Os municípios de Campina Grande e Esperança em função de suas
potencialidades econômicas apresentam o maior PIB per capita do Território, os
valores estão acima da média estadual. (CANIELLO et al., 2011).
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -
PNUD (2015), “O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma
medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano:
longevidade, educação e renda. Conforme Portela (2013), “O IDHM varia de 0 a 1,
sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Ainda
conforme o autor é considerado: taxa muito baixa aquela entre 0 a 0,49; taxa baixa,
entre 0,5 a 0,59; taxa média de 0,6 a 0,69; taxa alta, entre 0,7 a 0,79, e taxa muito
alta entre 0,8 a 1,0”.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Território da
Borborema no ano de 2010 apresentou uma média de 0,58, portanto classificado
como baixo desenvolvimento humano. Os dados mostram que 67% dos municípios
(Algodão de Jandaíra, Casserengue, Massaranduba, Areia, Serraria, Pilões,
Matinhas, Solânea, Serra Redonda, Arara, Montadas, Alagoa Nova, Borborema, São
Sebastiao de Lagoa de Roça) apresentam baixo desenvolvimento, 28% dos
municípios (Remígio, Queimadas, Puxinanã, Esperança, Areial, Lagoa Seca) médio
desenvolvimento e 2% alto desenvolvimento (Campina Grande).
57
Para entender o funcionamento do Território da Borborema, é necessário
identificar fatores de diferenciação espacial de natureza antrópica ou não, que
influenciam nitidamente as situações rurais locais. Para Piraux e Bonnal (2009, p.
119), as diversas dinâmicas territoriais são influenciadas por uma conjunção de
fatores como: “o clima e a repartição pluviométrica, a renovação dos movimentos
sociais e, sobretudo, da ação sindical, a evolução da rede viária, o efeito polarizador
das cidades do território e o tipo de governança municipal”.
Ao longo dos anos os municípios do Território praticaram diversas atividades
agrícolas. De acordo com Piraux e Bonnal (2009, p.114), é possível citar de forma
cronológica as principais atividades agropecuárias do agreste paraibano: “século
XIX-1920: algodão e café; 1920-1940: cana-de-açúcar e algodão; 1940-1960:
algodão, sisal e cana-de-açúcar; 1960-1975: pecuária de corte; 1975-1995: cana-de-
açúcar, pecuária de leite e batatinha”.
Na década de 70 e 80 a batatinha foi chamada cultura de renda e cultivada
com todo o aparato da Revolução Verde, portanto, todos os incentivos
governamentais e os financiamentos dos bancos eram totalmente atrelados à
aquisição do pacote tecnológico (AS-PTA, 2011b). Corroborando os autores Silva,
Vieira, Santos (2013), ratificam que esse período foi considerado o tempo áureo da
produção da batata no Estado, seja pelos altos investimentos financeiros para
manutenção e expansão da cultura, como também pelo consequente uso de arsenal
tecnológico a base de fertilizantes químicos para viabilização da produção do
tubérculo.
Para os autores Barreto, Capurro e Sabourin (1999, p.14), secas e a
concorrência da produção da batatinha dos Estados do Sul, como o Paraná isento
de ICMS, são fatores impulsionadores da crise da batatinha na Paraíba.
As principais limitações na comercialização da batatinha da Paraíba são decorrentes de diversos fatores: crise do sistema de produção, agravado pelas secas e pouca adaptabilidade das variedades [..], a elevada perecibilidade da batatinha, resultando na urgência de efetivação da venda, [..]. A forte concorrência de outras regiões produtoras, notadamente dos Estados do Sul, com o agravante da isenção da tributação do ICMS no Paraná. [..]. Além do mais, o apoio institucional, por parte dos órgãos públicos, se limita à semente, não havendo contemplação para a produção e a comercialização. O efeito combinado dos fatores acima citados gera um mecanismo de retroalimentação negativa, com graves reflexos para o desempenho da atividade agrícola e comercial, resultando em fraco poder de negociação dos produtores (BARRETO; CAPURRO; SABOURIN, 1999, p.14).
58
A crise incentivou a sociedade civil a buscar e apelar por alternativas de
adaptação e valorização do cultivo da batatinha local com a finalidade de reascender
o cultivo do tubérculo. A AS-PTA e os STRs dos municípios de Remígio e Lagoa
Seca responderam a este apelo e conseguiram reunir a colaboração da UFPB, dos
escritórios da EMATER-PB de Esperança e Remígio, e o apoio metodológico do
Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o
Desenvolvimento (Cirad, França). (CAPURRO, SILVEIRA, SABOURIN, 2002, p.
310). Ainda conforme os autores foram realizados estudos específicos sobre a
problemática, com o objetivo de aprofundar o conhecimento das organizações dos
agricultores a respeito das limitações a serem enfrentadas e as potencialidades a
serem exploradas na cadeia produtiva da batatinha.
O plantio da batata agroecológica vem sendo fomentado em 7 (sete) cidades
do Território da Borborema e possui características específicas. A tabela 2 apresenta
os municípios (Areial, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa Seca,
Massaranduba, Montadas e Remígio), o número de famílias e suas respectivas
comunidades envolvidas com o plantio da batata agroecológica.
TABELA 2 - Municípios, Famílias e Comunidades Envolvidas com o Plantio da Batatinha Agroecológica.
MUNICÍPIOS FAMÍLIAS COMUNIDADES
QUANTIDADE % QUANTIDADE %
Areial 26 24,3 10 18,5
Esperança 17 15,9 13 24
São Sebastião de Lagoa de Roça 16 15 5 9,3
Lagoa Seca 13 12,1 9 16,7
Massaranduba 16 15 8 14,8
Montadas 10 9,3 3 5,6
Remígio 9 8,4 6 11,1
TOTAL 107 100 54 100
Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)1.
De acordo com AS-PTA (2011a), o fator decisivo para estimularam o
movimento de revitalização do plantio da batatinha ocorreu em 2009, quando a
EMBRAPA trouxe quatro variedades de batatas da unidade de Pelotas-RS para
serem multiplicadas em propriedades de três agricultores no Território da
Borborema. De acordo com Silva, Vieira e Santos (2013), foram implantados, pelas
1 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.
59
famílias agricultoras, campos de multiplicação das cultivares de batatas: BRS Elisa,
BRS Cristal e BRS Catucha, elas tiveram boa adaptação na região, o que
desencadeou uma mobilização intensa e um momento de socialização dos
resultados das análises das variedades de batatas.
Segundo a AS-PTA (2011a), a integração entre os conhecimentos científicos
e a sabedoria dos agricultores foram essenciais para o êxito dos resultados dos
experimentos com as batatas sementes, ainda conforme a ONG os resultados
obtidos nos campos de multiplicação em 2009 sensibilizaram o governo do Estado
da Paraíba e através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária
e da Pesca (SEDAP) em 2010 foram disponibilizadas 940 caixas de sementes de
batatas.
No ano de 2011, as sementes obtidas foram multiplicadas pelas famílias
agricultoras e uma parcela correspondente a 984 caixas foram armazenadas para a
safra de 2012. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013). Conforme Cunha (2013, p.160), o
“fato importante foi à reabertura da Câmara Frigorífica da SEDAP no município de
Esperança – PB, onde as famílias agricultoras puderam armazenar parte da
produção colhida para ser utilizada como semente na safra seguinte”.
A Tabela 3 mostra a produção anual de batatas agroecológica ao longo dos
anos 2011 (43.239 kg), 2012 (89.220 kg), 2013 (212.716 kg) e 2014 (270.944 kg).
Ela também apresenta as quantidades de batatas armazenadas (sementes),
comercializadas e consumidas pelas famílias de agricultores.
TABELA 3 - Produção Familiar de Batatinha Agroecológica 2011-2014.
ANO SEMENTES
ARMAZENADAS (KG)
% CONSUMO FAMILIAR
(KG) %
COMERCIALIZADO (KG)
% PERDAS % TOTAL
PRODUZIDO (KG)
2011 21.390 49,5 3.590 8,3 18.259 42,2 * * 43.239
2012 32.040 35,9 8.610 9,7 48.570 54,4 * * 89.220
2013 41.650 19,6 17.444 8,2 153.622 72,2 * * 212.716
2014 49.860 18,4 27.235 10,1 172.922 63,8 20.927 7,7 270.944
Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)2 Legenda: NA = *
De acordo com Silva, Vieira e Santos (2013), mesmo o ano de 2012 com
severas estiagens, a produção da batatinha agroecológica superou as expectativas
2 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.
60
das famílias agrícolas. Mesmo em condições climáticas adversas a produção da
batatinha agroecológica em 2012 teve um crescimento de 34,8% em relação a 2011.
O gráfico 1, mostra a precipitação pluviométrica anual de uma sequência de
cinco anos nas cidades produtoras da batatinha agroecológica. É possível perceber
que 2012 foi o ano que apresentou menores índices pluviométricos.
GRÁFICO 1 - Pluviometria das Cidades Produtoras da Batatinha Agroecológica 2010-2014.
Fonte: Dados da AESA/PB (2014).
A produção da batata agroecológica no ano de 2012, correspondeu a um total
de 89.220 kg, dos quais 32.040 kg de batatas sementes (35,9 %) foram
armazenadas na câmara fria estadual, no município de Esperança/PB, 8.610 kg (9,7
%) foram consumidas pelas famílias produtoras e 48.570 kg (54,7 %) foram
comercializadas (Tabela 3).
As batatas agroecológicas comercializadas tiveram os seguintes canais de
negociações: feiras agroecológicas 4.370 kg (9%), feiras livres 17.450 kg (36%),
vendas institucionais (PAA/PNAE) 8.300 kg (17,2%) e EMPASA/atravessador e
outros 18.450 kg (37,7%). A comercialização em todos os canais, no ano de 2012,
gerou um valor apurado de R$ 61.827,00 (sessenta e um mil, oitocentos e vinte e
sete reais) (Tabela 4).
61
TABELA 4 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2012.
MERCADO QUANTIDADE (KG) % VALOR APURADO (R$) %
Feiras agroecológicas 4.370 9 7.366,00 11,9
Feiras livres 17.450 36,1 20.646,00 33,4
Vendas institucionais (PAA/PNAE) 8.300 17,2 13.849,00 22,4
Empasa/atravessadores e outros 18.450 37,7 19.966,00 32,3
Total 48.570 100 61.827,00 100
Fonte: Adaptado de Silva, Vieira e Santos (2013).
A produção da batata agroecológica no ano de 2014, nas cidades do
Território da Borborema, correspondeu a um total de 270.944 kg, dos quais 49.860
kg de batatas sementes (18,4 %) foram armazenadas na câmara fria estadual, no
município de Esperança/PB, 27.235 kg (10,1 %) foram consumidas pelas famílias
produtoras, 172.922 kg (63,8 %) foram comercializadas e 20.927 (7,72 %)
correspondeu as perdas da produção (Tabela 3).
As batatas agroecológicas comercializadas tiveram os seguintes canais de
negociações: feiras agroecológicas 26.810 kg (15,5%), feiras livres 7.800 kg (4,5%),
vendas institucionais (PAA/PNAE) 44.372 kg (25,7%) e EMPASA/atravessador e
outros 93.940 kg (54,3 %). A comercialização em todos os canais, no ano de 2014,
gerou um valor apurado de R$ 215.740,64 (duzentos e quinze mil, setecentos e
quarenta reais e sessenta e quatro centavos) (Tabela 5).
TABELA 5 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2014.
MERCADO QUANTIDADE (KG) % VALOR APURADO (R$) %
Feiras agroecológicas 26.810 15,5 56.230,00 26,1
Feiras livres 7.800 4,5 7.482,00 3,5
Vendas institucionais (PAA/PNAE) 44.372 25,7 79.584,00 36,9
Empasa/atravessadores e outros 93.940 54,3 72.444,64 33,6
Total 172.922 100 215.740,64 100
Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)3
Portanto, mesmo com o declínio da cultura da batatinha e com as dívidas que
os agricultores contraíram no passado, muitas famílias agricultoras têm um
sentimento positivo em relação a essa cultura. A batatinha marcou a vida e os
costumes da agricultura na região estudada. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013).
3 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.
62
O processo de revitalização da batatinha no Território da Borborema vem
sendo incitado por interações promovidas pela AS-PTA e parcerias com outras
instituições e organismos organizados como: POAB, ECOBORBOREMA, EMATER,
UEPB, SEDAP entre outras. Essas interações têm sido de fundamental importância
para a condução de ações e projetos pautados na Agroecologia. O processo de
revitalização da batatinha é uma das ações promovidas de forma participativa e
coletiva que busca valorizar a agricultura familiar, assim como incentivar a transição
dos agroecossistemas agroecológicos no Território da Borborema/PB.
Uma interação coletiva e participativa que merece destaque nesse estudo foi
o seminário impacto e balanço 2014 do processo de revitalização da batatinha. O
seminário contou com a presença do representante da secretaria de agricultura do
Estado da Paraíba o que foi de fundamental importância para que os agricultores
apresentassem à administração pública a iminente necessidade da compra de novas
sementes de batata, visto que as 940 caixas de batata semente adquiridas no ano
de 2010 estão perdendo a capacidade produtiva, assim como restringindo a
qualidade da batata agroecológica produzida. Essa necessidade é evidenciada no
discurso de um agricultor da cidade de Lagoa Seca/PB: “Desde 2010, ninguém
acreditava o quanto cresceu a batatinha na região, nós sabemos que há
necessidade de novas sementes, por que a batatinha que plantamos em 2014 não
produziu como nas safras anteriores em termos de quantidade e qualidade”. Um dos
técnicos presentes corrobora: “a semente da batata por ser um clone, quando é
armazenada e multiplicada ao longo dos anos, ele reduz sua capacidade produtiva”.
Durante o seminário foi realizado um trabalho em grupo onde os próprios
agricultores fizeram um levantamento dos avanços da produção da batata no ano de
2014, assim como levantaram propostas e desafios para o fortalecimento do trabalho
em 2015, entre as principais: estoque de batata para consumo; dificuldades com
mão de obra; renovação das sementes; escoamento da produção; problemas com
pragas; participação ativa dos filhos dos agricultores junto às atividades ligadas a
agricultura.
Em um dado momento do seminário os agricultores juntamente com outros
representantes da comissão territorial da batata apresentaram o balanço da
produção do cultivo do tubérculo do ano de 2014. Essa apresentação foi dividida em
quatro eixos temáticos: manejo ecológico das doenças na batata agroecológica;
manejo da fertilidade do solo na produção da batata; seleção de batata sementes e
63
armazenamento na câmara fria; circuitos de comercialização da batata
agroecológica.
Sendo assim, a crescente participação e múltiplas interações das
organizações e dos agricultores familiares na implementação de programas próprios
voltados para a promoção da agricultura familiar e dos agroecossistemas revelaram
uma nova concepção sobre o domínio das ações de interesse público, que vem
deixando de ser encaradas como atribuição exclusiva do Estado e passam a
mobilizar também a capacidade proativa das organizações da sociedade civil.
4.2 Estudo de Caso: Agroecossistema Crisântemo
De acordo com o censo do IBGE (2010b), o município de Esperança possui
1.775 estabelecimentos familiares, em contraste com apenas 141 estabelecimentos
não familiares. A população é constituída por um contingente de 31.095 habitantes,
sendo que 21.631 (69,56 %) residem na zona urbana e 9.464 (30,44 %) na zona
rural (IBGE, 2006a).
Os estabelecimentos agrícolas pertencentes ao município de Esperança de
acordo com o INCRA (2013), possuem o valor unitário do módulo fiscal
correspondente a 12 hectares. Portanto para os estabelecimentos se enquadrarem
na legislação 11.326/2006 devem possuir áreas inferiores ou iguais a 48 hectares.
Com base na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, é possível evidenciar que
o agroecossistema desta pesquisa possui:
✓ Predomínio de mão de obra familiar;
✓ Renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no agroecossistema;
✓ Área da propriedade menor que quatro módulos fiscais;
✓ Direção do agroecossistema é familiar.
Sendo assim, o agroecossistema Crisântemo atende os critérios exigidos para
que a unidade agrícola seja considerada de produção familiar.
4.2.1 História do Agroecossistema Crisântemo
O agroecossistema familiar Crisântemo (figura 10) abrange no total oito
hectares de terra, sendo que quatro hectares pertencem legalmente ao pai de Alfa.
64
(atualmente as terras são utilizadas por Alfa e família). Os outros quatro hectares de
terras o agricultor Alfa comprou com recursos financeiros que conseguiu economizar
quando trabalhou na construção civil durante 15 meses no Estado de São Paulo no
ano de 1986.
FIGURA 10 - Agroecossistema Crisântemo.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
No ano de 1987, o agricultor Alfa retornou ao Estado da Paraíba, mais
precisamente à cidade de Esperança, e como o dinheiro que adquiriu em São Paulo
comprou quatro hectares vizinhas a propriedade do seu pai, logo após construiu
uma casa de alvenaria com cinco cômodos, sendo um banheiro, dois quartos, uma
sala e uma cozinha, casou-se e passou a trabalhar e morar na propriedade.
Na propriedade o agricultor Alfa começou o plantio de feijão, fava, milho e
batatinha, mas a produção que se destacava comercialmente era a batatinha. A
produção do tubérculo (batatinha) foi bem-sucedida durante anos, mas começou a
apresentar-se onerosa e a gerar prejuízos. Conforme mostra o discurso do agricultor
Alfa: “a produção da batatinha era boa até que começou a entrar em crise, a
dificuldade foi tão grande que regressei para São Paulo no ano de 1991”. No
entanto, o agricultor ao se deparar com o contraste da cidade de São Paulo,
resolveu voltar à Paraíba. O relato agricultor do Alfa mostra este contraste: “eu estive
no Sul, só que eu voltei revoltado por que é muita discriminação, pense em um
negócio ruim é um nordestino pobre dentro de São Paulo”.
65
O agricultor passou menos de um ano em São Paulo. Aproximadamente no
início do ano 1992, ele retornou a sua propriedade rural e retomou a prática agrícola.
Nesse mesmo ano o agricultor tomou a decisão de não mais utilizar adubos
químicos no seu roçado. Ele percebeu que não era vantagem o uso dos agrotóxicos,
pois tudo que lucrava era destinado ao pagamento das dívidas que contraia para
adquirir os produtos, além do mais, o uso desses agentes causava efeitos negativos
à saúde do agricultor e de sua família.
No desenvolvimento das atividades laborais, antes de 1992, no campo o
agricultor esteve exposto a riscos químicos, visto que fazia uso de agrotóxicos em
suas lavouras e pastagens sem receber orientação técnica para uso adequado dos
produtos químicos ou sintéticos. Conforme se verificou no seguinte relato do
agricultor:
Já usei muito veneno na cultura da batatinha, hoje se eu for obrigado a usar veneno na minha plantação eu prefiro abandonar a agricultura, [...] usei muitos tipos de veneno na lavoura: Aldrin, Folidol, Dithane e outros mais. Para aplicar o veneno eu nunca usei nenhum equipamento para me proteger, me lembro que eu sentia muita dor de cabeça, vomitava, sentia tonturas e meu nariz sangrava, hoje graças a Deus não sei nem o que é isso, antes eu adoecia no sítio agora ele é meu remédio.
No ano de 2011, o agricultor Alfa e sua família tomaram conhecimento de que
o sindicato dos trabalhadores rurais de Esperança/PB, estava incentivando o cultivo
agroecológico e distribuindo batatas sementes, então, o agricultor Alfa resolveu
adquiri-las e começar a experiência de cultivar a batata de maneira agroecológica.
Nesse momento iniciou-se o fortalecimento do processo de transição do sistema
convencional para o cultivo agroecológico no agroecossistema Crisântemo. De
acordo com o relato do agricultor a decisão de cultivar de forma agroecológica trouxe
resultados positivos: “percebi que a minha produção foi muito boa sem o uso do
veneno, praticamente meu custo foi zero, gastei apenas com mão de obra para
colher [...] não fiz mal para minha saúde nem para a natureza”.
A figura 11, mostra a vista aérea do agroecossistema familiar. Nela é possível
observar o perímetro da propriedade e a área onde foi plantada a batatinha no ano
2014.
66
FIGURA 11 - Vista Aérea do Agroecossistema de Produção Familiar.
Fonte: Adaptação imagem google maps (2015)
4.2.2 Perfil dos Agricultores Familiares
O agricultor Alfa é casado, tem 51 anos, é natural da cidade de Areia/PB,
possui o ensino fundamental incompleto, possui Declaração de Aptidão ao Pronaf
(DAP) e trabalha em tempo integral na propriedade. Sua esposa tem 42 anos, é
natural da cidade de Esperança/PB, possui o ensino fundamental incompleto,
trabalha na agricultura e em atividades domésticas.
Na propriedade moram o agricultor Alfa, sua esposa e seus dois filhos. O
casal tem mais uma filha, que atualmente mora em São Paulo e trabalha como
operadora de caixa em um supermercado. A filha mais jovem do casal, Sigma,
estuda em tempo integral. Ela nasceu na cidade de Esperança/PB, tem 18 anos é
solteira e está concluindo o ensino médio. O rapaz, Alfa Júnior, nascido na cidade de
Esperança/PB e tem 20 anos, solteiro, possui o ensino médio completo e ajuda seu
pai nas atividades agrícolas, com mais ênfase no subsistema criação animal.
Os filhos do agricultor Alfa, que moram na unidade de produção agrícola,
pensam em permanecer, no futuro, envolvidos com agricultura. O Alfa Jr. no ano de
2012 foi a São Paulo, com a perspectiva de trabalhar, mas não se adaptou ao ritmo
de trabalho da metrópole. Ambos os filhos do agricultor Alfa recebem capacitações e
incentivos por parte da AS-PTA e POAB para auxiliarem seu pai a desenvolverem a
agricultura agroecológica.
67
Durante a época da colheita da batatinha, geralmente nos meses de
julho/agosto, o agricultor Alfa faz uma contratação temporária pelo valor de R$
35,00/diária. Geralmente é contratado o agricultor Lambda, que tem 40 anos,
convive em união estável, é analfabeto e natural de Esperança/PB. O quadro 4
permite uma visualização do perfil social dos agricultores.
QUADRO 4 - Perfil Social dos Agricultores do Agroecossistema Crisântemo.
PERFIL SOCIAL
NO
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Alfa Representante M 51 Areia/PB Agricultor Casado X
Beta Esposa F 42 Esperança/PB Agricultor Casado X
Alfa Jr. Filho M 20 Esperança/PB Agricultor Solteiro X
Sigma Filha F 18 Esperança/PB Estudante Solteiro X
Lambda Contratual M 40 Esperança/PB Agricultor União
estável X
Fonte: Pesquisa de campo (2014). Legenda: Vinculo*= Relação com o representante.
4.2.3 Descrição Geral do Trabalho Familiar no Agroecossistema
Foram identificadas oito principais atividades desenvolvidas pela família:
trabalho agrícola, trabalho doméstico, comercialização, estudar, sono, lazer, higiene
pessoal e alimentação. Essas atividades foram selecionadas ao passo que os
agricultores descreviam sua rotina diária.
4.2.3.1 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa
O agricultor Alfa, acorda as 04h:00min da manhã para desenvolver suas
atividades e começar a jornada de trabalho diária. Inicialmente ele ordenha as
vacas, e deixa os bovinos no cercado para pastarem. Quando termina a execução
dessas atividades o agricultor volta para casa e passa em torno de 30 minutos
fazendo sua refeição matinal, a qual já havia sido preparada por sua esposa. Após a
68
refeição o agricultor retorna para o roçado, acompanhado de sua esposa e de posse
de água para beber e lanche. Geralmente em torno das 07h:30min da manhã, o Alfa
reinicia o trabalho e desenvolve as seguintes atividades: capina, prepara o solo,
aplica biofertilizantes e outras. Dependendo da época do ano, são realizados o
plantio, a colheita e a irrigação. Aproximadamente às 09h:00min, o agricultor faz
uma parada rápida para o lanche, logo após, volta a trabalhar e aproximadamente
13h:00min ele retorna a sua casa para almoçar.
Depois do almoço, às 14h:00min, o agricultor retorna sozinho ao trabalho
agrícola, pois sua esposa ainda tem trabalhos domésticos a realizar.
O filho do casal cuida dos suínos, aves e dos bovinos, seguindo o mesmo
horário do pai. Os bovinos são alimentados com capim ou palma, visto que a área de
pasto da propriedade é pequena.
A família encerra a atividade agrícola às 18h:30min, às 19h:00min o jantar é
servido, às 20h:00min a família se reúne para assistir televisão e às 21h:00min todos
se recolhem para dormir. De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho do agricultor
e sua família não apresentam muitas variações, no entanto algumas foram
identificadas no final de semana.
No sábado pela manhã, as 07h:30min, o agricultor Alfa, desloca-se até a
cidade de Esperança para comercializar e comprar alguns produtos na feira livre da
cidade. O agricultor retorna aproximadamente 11h:30min. Ao chegar em casa
rapidamente retoma suas atividades rotineiras de trabalho agrícola. Já no domingo a
única variação da rotina laboral é com relação ao tempo de jornada de trabalho, que
é menor com relação aos demais dias da semana.
A figura 12, permitiu identificar as principais atividades executadas pelo
representante do agroecossistema familiar diariamente, nela é possível observar que
a linha azul mostra as principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a
linha vermelha mostra as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra
as atividades desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de
15 minutos até completar às 24 horas diárias.
69
FIGURA 12 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A rotina diária do agricultor representante do agroecossistema familiar
relaciona-se com seis atividades básicas desenvolvidas por ele, são elas: trabalho
agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal, alimentação e comercialização.
O gráfico 2, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária
do agricultor. A atividade que mais despende tempo são as atividades agrícolas
sendo que, da segunda à sexta-feira ocupa 52,1%, aos sábados 34,4% e aos
domingos 50% da carga horária diária do agricultor.
GRÁFICO 2 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
70
4.2.3.2 Atividades Desenvolvidas pela Agricultora Beta
A agricultora Beta, acorda as 06h:00min da manhã para desenvolver suas
atividades e começar à jornada de trabalho diária. Inicialmente ela prepara o café da
manhã e o lanche que será consumido posteriormente na roça. Após, espera seu
esposo e filho para fazerem a primeira refeição matinal. Ao terminarem o café, a
agricultora acompanha seu esposo para o roçado. Dependendo da época do ano ela
desenvolve as seguintes atividades agrícolas: capina, prepara o solo, aplica
biofertilizantes, planta, colhe, irriga etc.
Aproximadamente às 09h:00min, a agricultora faz uma parada rápida para o
lanche, mas logo volta ao trabalho agrícola. Às 11h:00min ela retorna a sua
residência para auxiliar Sigma no almoço e nas demais atividades domésticas. Após
o almoço a agricultora realiza atividades domésticas até 14h:30min. Ao terminá-las,
ela volta a desenvolver atividades agrícolas juntamente com seu esposo e filho. Beta
fica na roça até aproximadamente 18h:30min. Ao retornar, faz sua higiene pessoal,
se reuni com a família para jantar; assistir televisão e às 21h:00min se recolhe para
dormir.
De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho da agricultora e sua família não
apresentam muitas variações, no entanto algumas foram identificadas no final de
semana. No sábado pela manhã, enquanto seu esposo e filho estão na feira livre, à
agricultora fica desenvolvendo atividades domésticas como: lavar, limpar, cozinhar
entre outras. No período vespertino e noturno as atividades da Beta permanecem
iguais as desenvolvidas durante a semana, porém são concluídas às 18h:00min. No
domingo pela manhã identificou-se uma folga, a qual a agricultora utiliza para ir à
igreja. No período da tarde ela realiza atividades domésticas retornando ao campo
apenas na segunda-feira.
A figura 13, permitiu identificar as principais atividades executadas
diariamente pela agricultora. Nela é possível observar que a linha azul mostra as
principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra
as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades
desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até
completar às 24 horas diárias.
71
FIGURA 13 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Beta.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A rotina diária da agricultora relaciona-se com seis atividades básicas
desenvolvidas por ela, são elas: trabalho agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal,
alimentação e trabalho doméstico.
O gráfico 3, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária
da agricultora. As atividades que mais despende tempo são as atividades agrícolas
e atividades domésticas. O gráfico mostra que de segunda a sexta-feira as
atividades agrícolas ocupam 34,4%, aos sábados 16,7% e aos domingos não é
realizada atividade agrícola, já as atividades domésticas ocupam 13,5% da segunda
à sexta-feira, aos sábados 32,3% e aos domingos 32,3 % da carga horária diária da
agricultora.
72
GRÁFICO 3 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Beta.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.3.3 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa Jr.
O agricultor Alfa Jr., acorda as 04h:00min da manhã para desenvolver suas
atividades e começar a jornada de trabalho diária. Inicialmente ele ordenha as
vacas, quando termina, volta para casa e passa em torno de 30 minutos fazendo sua
refeição matinal. Após a refeição por volta das 07h:30min da manhã, o Alfa Jr.
reinicia o trabalho e desenvolve as seguintes atividades: realiza cuidados
necessários nos habitats dos animais, prepara a alimentação dos mesmos e
posteriormente os alimenta.
O agricultor retorna a sua casa para almoçar às 13h:00min. Depois do
almoço, às 14h:00min, o agricultor volta ao trabalho e no período vespertino, mais
uma vez, ele volta a cuidar dos suínos, aves e bovinos. Os bovinos são alimentados
com capim, feno ou palma, visto que a área de pasto da propriedade é pequena. Ao
término do dia o agricultor recolhe os animais, que foram soltos para pastarem, e às
18h:30min encerra suas atividades agrícolas.
O agricultor volta para casa, faz sua higiene pessoal, janta, assiste televisão e
às 21h:00min se recolhe para dormir. De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho
do agricultor não apresenta muitas variações, no entanto algumas foram
identificadas no final de semana.
73
No sábado pela manhã, às 07h:30min, Alfa Jr. e seu pai deslocam-se até a
cidade de Esperança para comercializar e comprar alguns produtos na feira livre da
cidade. O agricultor retorna aproximadamente 11h:30min e ao chegar em casa
rapidamente retoma suas atividades rotineiras de trabalho agrícola. Já no domingo a
única variação da rotina laboral é com relação ao tempo de jornada de trabalho, que
é menor com relação aos demais dias da semana.
A figura 14, permitiu identificar as principais atividades realizadas pelo
agricultor diariamente. Nela é possível observar que a linha azul mostra as principais
atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra as
atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades
desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até
completar às 24 horas diárias.
FIGURA 14 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa Jr.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A rotina diária do agricultor relaciona-se com seis atividades básicas
desenvolvidas por ele, são elas: trabalho agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal,
alimentação e comercialização.
O gráfico 4, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária
do agricultor. A atividade que mais despende tempo são as atividades agrícolas
74
sendo que, de segunda a sexta feira ocupa 52,1%, aos sábados 24% e aos
domingos 37,5% da carga horária diária do agricultor.
GRÁFICO 4 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa. Jr.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.3.4 Atividades Desenvolvidas pela Agriculta Sigma
A agricultora Sigma, acorda as 06h:15min da manhã para desenvolver suas
atividades e começar à jornada de trabalho diária. Inicialmente ela auxilia sua mãe
no preparo do café da manhã. Às 07h:00min faz sua refeição matinal e ao terminá-la
realiza alguns trabalhos domésticos. Aproximadamente às 08h:00min, Sigma realiza
atividades escolares e estuda para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Às
10h:00 ela pausa suas atividades escolares e se dedica a fazer o almoço. Após o
almoço desloca-se até a cidade de Esperança/PB para estudar. Sigma retorna da
escola, faz a janta, se reuni com sua família para jantar, assisti televisão e as
21h:00min recolhe-se para dormir.
De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho de Sigma não apresenta muitas
variações, no entanto algumas foram identificadas no final de semana. No sábado e
domingo como ela não vai para a escola, desenvolve atividades domésticas como:
lavar, limpar entre outras. A rotina diária da agricultora relaciona-se com seis
75
atividades básicas: estudar, dormir, lazer, higiene pessoal, alimentação e atividades
domésticas.
A figura 15, permitiu identificar as principais atividades executadas
diariamente pela agricultora. Nela é possível observar que a linha azul mostra as
principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra
as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades
desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até
completar às 24 horas diárias.
FIGURA 15 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Sigma.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
O gráfico 5, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária
da agricultora. As atividades que mais despende tempo são as atividades: dormir,
atividades escolares e atividades domésticas. O gráfico mostra que de segunda a
sexta-feira as atividades escolares ocupam 25%, aos sábados e aos domingos a
agricultora não realiza atividades escolas, já as atividades domésticas ocupam
22,9% de segunda a sexta-feira, aos sábados 31,3% e aos domingos 18,8 % da
carga horária diária da agricultora.
76
GRÁFICO 5 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Sigma.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.3.5 Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema
Crisântemo
O gráfico 6, apresenta a participação das atividades na carga horária semanal
de cada agricultor. Percebe-se que as atividades que mais despendem tempo da
jornada semanal da maioria dos integrantes da família são: as atividades agrícolas e
atividades domésticas.
GRÁFICO 6 - Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
77
4.2.4 Caracterização da Produção Agrícola do Agroecossistema Crisântemo
No agroecossistema Crisântemo foram identificados 5 (cinco) principais
subsistemas, conforme mostra o quadro 5. A valorização produtiva desses
subsistemas só é possível graças a elevada diversidade mantida pela agricultura
familiar. Portanto cada subsistema possui características ecológicas particulares que
atuam de forma sistêmica e integrada tornando o agroecossistema sustentável.
QUADRO 5 - Subsistemas no Agroecossistema Crisântemo
SUBSISTEMAS PRODUÇÃO POR SUBSISTEMA
1. ROÇADO Batatinha, erva-doce, batata-doce, macaxeira, feijão, milho, fava e jerimum.
2. QUINTAL Cebolinha, coentro, couve, alface, tomate, chuchu, maxixe, quiabo, pimenta, erva-cidreira e sabugueiro.
3. FORRAGEM Palma, milho B, abóbora forrageira e capim elefante.
4. MATINHA/ÁRVORE NO SISTEMA
Gliricídia, nim, avelós, sabiá, leucena, algaroba, coqueiro, gravioleira, cajueiro, mamoeiro e goiabeira.
5. CRIAÇÃO ANIMAL Bovinos, suínos e aves.
Fonte: Pesquisa de campo (2014), adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002).
O subsistema roçado contém policultivos em que se combinam grandes
variedades de espécies anuais, solteiras, consorciadas ou em rotação. Esse
subsistema é dedicado ao consumo familiar, a comercialização e ao consumo
animal.
O subsistema pequena irrigação contém policultivos de uma pequena horta e
plantas medicinais ou fitoterápicos. Esse subsistema é dedicado ao consumo
familiar. Esse subsistema é o único irrigado. A irrigação acontece de forma manual e
depende da água armazenada no barreiro.
O subsistema forragem é concebido como estoque de biomassa (ensilagem e
fenagem), ao passo que a produção é utilizada em épocas de seca para alimentação
animal.
O subsistema matinha/árvore no sistema cumpre variadas funções entre elas:
quebra-ventos, cercas vivas, produção de forragem e de matéria orgânica,
sombreamento, produção de alimentos e produção de lenha. Esse subsistema é
dedicado ao consumo familiar, a comercialização e ao consumo animal.
78
O subsistema criação animal é formado por bovinos, suínos e aves, ele é
fundamental à segurança alimentar, melhoramento nutricional do solo e à geração
da renda familiar. Esse subsistema é utilizada para consumo familiar,
comercialização, geração de matéria orgânica e fonte energética.
A figura 16 permite uma visualização da complexidade do agroecossistema,
nela é possível perceber que os agentes envolvidos estão integrados de tal forma
que há um ciclo de reaproveitamento de recursos. Os produtos agrícolas são
originários de sementes crioulas, posteriormente designados para consumo familiar,
alimentação animal e comercialização.
FIGURA 16 - Modelo de Sustentabilidade dos Agroecossistema.
Fonte: Saldanha e Carvalho, (2014).
4.2.4.1 Produção Vegetal
Os principais cultivos de origem vegetal produzidos no agroecossistema no
ano de 2014 foram os roçados anuais, são os seguintes cultivos: batatinha, erva-
doce, feijão, milho, fava, batata-doce, macaxeira e jerimum (Figura 17).
79
FIGURA 17 - Principais Produtos Agrícolas (vegetal).
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
As características das espécies cultivadas nos roçados anuais serão descritas
a seguir:
a) Batata
No ano de 2014, a batatinha (Solanum tuberosum L.) foi plantada em
aproximadamente 1 (um) hectare, em consórcio com a erva-doce e a batata-doce. O
cultivo da batatinha apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente três meses
(figura 24), sendo plantada no mês de maio e colhida em agosto de 2014. Nesse
ano o agricultor plantou 600 kg de batata semente e colheu 4.650 kg, sendo que
desse total, houve uma perda de 150 kg. Da colheita do ano 2014 foram escoados:
600 kg para armazenamento no frigorífico, 100 kg para consumo familiar, 300 kg
(semente) vendida para vizinhos e 3.500 kg para a comercialização.
De acordo com a percepção do agricultor o valor adquirido com a venda da
batatinha representou 25% da renda familiar (figura 19). As batatinhas foram
comercializadas através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e vendas
diretas (APÊNDICE C). A comercialização institucional gerou um valor total de R$
6.335,00 (seis mil, trezentos e trinta e cinco reais). Nessa transação foram vendidos
80
3.500 kg de batatinha pelo preço de R$ 1,81/kg (um real e oitenta e um centavos).
Já a venda direta gerou um valor total de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), uma
vez que, foram vendidos 300 kg de batata semente pelo preço de R$ 0,50/kg
(cinquenta centavos). Segundo o agricultor: “esse programa do PAA foi muito bom,
como eu queria vender meu feijão ou qualquer outro produto assim, se eu fosse
vender a batatinha ao atravessador ele não pagaria nem a um real o quilo”.
b) Erva-doce
A erva-doce (Pimpinela anisum L.) foi cultivada em uma área de
aproximadamente ½ (meio) hectare, em consórcio com a batatinha e a batata-doce.
O cultivo apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente nove meses (figura
24), foi podado no início de abril e foi colhido nos meses de novembro e dezembro
de 2014. Nesse ano, a produção gerou um total de 234 kg, sendo escoada: 1 kg
para consumo familiar; 2 kg para estoque particular de sementes; 1 kg para doação
e, restante da produção, 230 kg foram estocados para comercialização (APÊNDICE
C).
Embora não tenha havido comercialização da erva-doce em 2014, a
percepção do agricultor é de que a futura comercialização desse produto
representará aproximadamente 10% para a renda familiar (figura 19).
c) Batata-doce
O plantio da batata-doce (Ipomoea batatas Lam.) foi cultivada em uma área
de aproximadamente ½ (meio) hectare, em consórcio com a batatinha e a erva-doce.
O cultivo apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente cinco meses, foi
plantado no mês de abril e colhido no final do mês de agosto de 2014 (figura 24).
Nesse ano, a produção gerou um total de 350 kg, sendo escoada da seguinte forma:
50 kg consumo familiar; 100 kg alimentação animal 100 kg e 200 kg
comercialização.
A batata-doce representou 2% da renda da produção agrícola de acordo com
a percepção do agricultor (figura 19). Uma parte da renda proporcionada por esse
cultivo, foi adquirida através da venda ao atravessador e gerou um valor total de R$
81
280,00 (duzentos e oitenta reais). Nessa transação foram negociados 200 kg pelo
preço de R$ 1,40/kg (um real e quarenta centavos) (APÊNDICE C).
d) Macaxeira
A macaxeira (Manihot esculenta Crantz) foi plantada sem consórcio (solteira)
em uma área de aproximadamente ½ (meio) hectare. O cultivo da macaxeira
geralmente apresenta um ciclo produtivo maior que um ano, o cultivo desse produto
teve um ciclo de aproximadamente 16 meses, foi plantada em agosto de 2013 e foi
colhida em outubro, novembro e dezembro de 2014 (figura 24). Nesse ano, a
produção gerou um total de 1.055 kg, essa produção foi escoada para: 50 kg
consumo familiar; 5 kg doação; 100 kg alimentação animal e 900 kg
comercialização.
A macaxeira representou 2% da renda da produção agrícola de acordo com a
percepção do agricultor (figura 19). Uma parte da renda gerada por este cultivo, foi
adquirida através da venda ao atravessador e gerou um valor total de R$ 900,00
(novecentos reais). Nessa transação foram negociados 900 kg pelo preço de R$
1,00/kg (um real) (APÊNDICE C).
e) Feijão Carioca
O feijão carioca (Phaseolus vulgaris Linn.) foi plantado em
consórcio/simultâneo com o milho, a fava e o jerimum em uma área de
aproximadamente 1 ½ hectare (um hectare e meio). Ele apresentou um ciclo
produtivo de aproximadamente três meses, foi plantado no final de abril e colhido no
final do mês de julho de 2014 (figura 24). Nesse ano foram plantados 40 kg de
sementes e foram colhidos um total de 1.800 kg, sendo que desse total houve uma
perda de 50 kg. A produção do feijão carioca foi escoada para: 40 kg estoque
particular de sementes, 240 kg consumo familiar e, restante da produção, 1.470 kg
foram estocados para comercialização posteriormente (APÊNDICE C).
Embora não tenha havido comercialização do feijão carioca no ano de 2014, a
percepção do agricultor é que a venda futura desse produto representará
aproximadamente 8% para a renda familiar (figura 19).
82
f) Milho
O milho foi plantado em dois momentos e de dois cultivos diferentes. No
primeiro momento, o plantio do milho A aconteceu em consórcio/simultâneo com a
fava, o feijão e o jerimum. Ele foi plantado no final de abril e foi colhido no mês de
julho, agosto e novembro de 2014. Nos meses de julho e agosto parte do milho A foi
colhido, ainda verde, para o consumo familiar, e foi utilizado para produção de
pamonha e canjica. Em um segundo momento, o plantio do milho B aconteceu no
instante que o feijão carioca foi colhido. Portanto a colheita do feijão abriu espaço
para o plantio de um novo cultivo (milho B) (figura 24).
O milho B e o restante do milho A foram colhidos ambos secos no mês de
novembro. Merece destaque que o milho B plantado no segundo momento pertence
a uma variedade mais apropriada para forragem, visto que apresenta em sua
estrutura vegetal uma quantidade maior de palha.
No primeiro momento foram plantados 4 kg de sementes do milho A, e sua
produção gerou um total de 297 kg, essa produção foi escoada para: 7 kg estoque
particular de sementes, 60 kg consumo familiar e, restante da produção, 230 kg
foram destinados a alimentação dos animais. Já no segundo momento foram
plantados 9 kg de sementes do milho B e sua produção gerou um total de 900 kg,
essa produção foi destinada para: 10 kg estoque particular de sementes e todo o
restante da produção, 890 kg foram para ração animal (APÊNDICE C).
Os 1.120 kg de milhos produzidos foram utilizados como ração animal. Esse
cultivo representou 6% na renda familiar na percepção do agricultor (figura 19).
g) Fava
A fava (Phaseolus lunatus L.) foi plantada em consórcio/simultâneo com o
milho, o feijão e o jerimum em uma área de aproximadamente 1 ½ hectare (um
hectare e meio). Apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente sete meses, foi
plantada no final de abril e colhida nos meses de setembro e outubro de 2014 (figura
24). Nesse ano foram plantados 3 kg de sementes e colhidos 186 kg, sendo que
desse total houve uma perda de 2 kg. A produção do cultivo foi escoada para: 3 kg
estoque particular de sementes; 1kg doação banco de sementes comunitário; 60 kg
83
consumo familiar e, restante da produção, 120 kg estocados para comercialização
(APÊNDICE C).
Embora não tenha havido comercialização da fava no ano de 2014, a
percepção do agricultor é que a futura comercialização representará
aproximadamente 2% para a renda familiar (figura 19).
h) Jerimum
O jerimum (Cucurbita sp.) foi plantado em consórcio/simultâneo com feijão
carioca, milho e fava, em uma área de 1 ½ hectare (um hectare e meio). O jerimum
apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente dois meses e meio, foi plantado
no final de abril e foi colhido no mês de julho de 2014 (figura 24). Foram plantadas
200 gramas de sementes, a produção gerou um total de 65 unidades. O agricultor
armazenou aproximadamente 200 gramas de semente do jerimum em seu estoque
particular (APÊNDICE C).
A produção do jerimum no ano de 2014 foi escoada para: consumo familiar 40
unidades, doação para vizinhos 5 unidades e alimentação animal 20 unidades. Os
jerimuns que alimentaram os animais seriam comercializados, afirma o agricultor
Alfa: “os 20 (vinte) jerimuns seriam vendidos, mas como o preço de mercado estava
baixo, foi mais vantagem alimentar os animais”.
4.2.4.2 Criação Animal
O sistema criação animal é fundamental à segurança alimentar,
melhoramento nutricional do solo e à geração da renda familiar. Esse subsistema no
agroecossistema Crisântemo é formado por bovinos, suínos e aves (Figura 18).
Nesta propriedade, a criação animal é de pequena escala e está presente de
maneira integrada à produção vegetal.
84
FIGURA 18 - Principais Produtos Agrícolas (animal).
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
As características das espécies cultivadas no subsistema criação animal serão
descritas a seguir:
a) Bovinos
O agroecossistema no ano de 2014 apresentou um número total de 15
(quinze) bovinos. Nesse ano um touro reprodutor e três vacas reproduziram um total
de 3 (três) bezerros. Do total de nascidos nenhum animal nasceu morto e todos os
três foram destinados à engorda para posteriormente serem vendidos como animal
de corte. Dos bovinos existentes na propriedade, desde o ano de 2013, vinham
sendo criados 5 (cinco) animais (duas novilhas e três garrotes), os mesmos foram
vendidos para corte no ano de 2014. O agricultor ainda possui um boi de trabalho e
duas vacas, porém essas duas vacas não reproduziram no ano de 2014 (APÊNDICE
D). Os bovinos são criados sob um sistema intensivo, visto que os animais ficam
85
presos em pequenos espaços. Eles ocupam uma área de aproximadamente ½ (meio)
hectare e alimentam-se de capim, feno, palma e água em cochos.
Os bovinos e derivados representaram 15% da renda da produção agrícola na
percepção do agricultor (figura 19). Durante o ano 2014 foram vendidos ao
atravessador como animais de corte duas novilhas e três garrotes, eles foram
vendidos em média pelo preço de R$ 800,00 (oitocentos reais) o que totalizou um
valor total de R$ 4,000,00 (quatro mil reais). Nesse mesmo ano as vacas que
reproduziram, produziram 3.000 litros de leite, desse total 450 litros foram destinados
para consumo familiar e 2.550 litros para comercialização. O leite foi vendido ao
atravessador pelo preço de R$ 1,50/l (um real e cinquenta centavos), a
comercialização gerou um valor total de R$ 3.825,00 (três mil, oitocentos e vinte
cinco reais). O esterco foi outro subproduto produzido e gerou um total de
aproximadamente 27 m3. Esse material orgânico foi destinado para adubar o solo e
alimentar o biodigestor existente na propriedade.
b) Suínos
O agroecossistema em 2014 apresentou um total de 39 (trinta e nove) suínos.
Nesse ano 1 (um) porco reprodutor e 4 (quatro) matrizes reproduziram um total de
32 (trinta e dois) leitões. Do total de leitões nascidos, apenas 1 (um) animal nasceu
morto, 12 (doze) foram vendidos e 19 (dezenove) foram destinados a criação para
um posterior abate (APÊNDICE D). Os animais são criados em uma área de 70 m2,
distribuídas em duas pocilgas (38,5 m2 e 31,5 m2).
No ano de 2014 foram consumidos e vendidos 2 (dois) animais que vinham
sendo criados desde 2013. Os animais geraram um total de 250 kg de carne, essa
produção foi escoada para: 50 kg da carne para consumo familiar e 200 kg foram
comercializados com atravessadores. Foram comercializados 200 kg pelo preço de
R$ 9,00/kg (nove reais) e gerou um valor total de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos
reais). Ainda nesse mesmo ano foram comercializados de forma direta 12 leitões
para recria, pelo preço de R$ 100,00 (cem reais) a cabeça, essa transação gerou um
valor total de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais).
A produção de suínos representou 15% da renda da produção agrícola na
percepção do agricultor (figura 19).
86
c) Aves
No ano de 2014 foram criadas aves do tipo caipira e capoeira, totalizando 555
(quinhentos e cinquenta e cinco) aves. Desse total 75 (setenta e cinco) eram do tipo
capoeira, criadas soltas na propriedade e 480 eram do tipo caipira, criadas
semiconfinadas e consorciadas o cultivo vegetal da palma.
Durante todo o ano (2014) duas galinhas, do tipo capoeira, geraram
aproximadamente 124 ovos, deste total 40 ovos foram destinados ao consumo
familiar e 84 ovos foram colocados para chocar, mas 12 ovos goraram, portanto,
apenas 72 ovos geraram pintinhos.
A produção de galinhas, tipo capoeira adultas, foram escoadas de duas
formas: 10 aves para consumo familiar e 62 aves comercializadas, restando um total
de 3 aves para postura (APÊNDICE D). As 62 aves foram comercializadas da
seguinte forma: 12 unidades da galinha do tipo capoeira vendidas de forma direta,
pelo preço de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) a unidade, esta negociação gerou um
valor total de R$ 300,00 (trezentos reais). Também foram negociadas ao
atravessador 50 unidades desse mesmo tipo de galinha por um preço de R$ 25,00
(vinte e cinco reais) a unidade, essa transação gerou um valor total de R$ 1.250,00
(um mil e duzentos e cinquenta reais).
Durante todo o ano de 2014 foram criadas 480 (quatrocentos e oitenta) aves
do tipo caipira, sendo 400 (quatrocentos) aves adquiridas no ano de 2014 e 80
(oitenta) aves já vinham sendo criadas na propriedade desde 2013. Observou-se
que as galinhas do tipo caipira são criadas confinadas em uma área de
aproximadamente 250 m2, nessa mesma área encontra-se uma parcela do plantio
de palma forrageira, sendo assim, as aves são criadas semiconfinadas e ao
completarem 100 dias estão prontas para o consumo ou comercialização.
A produção das galinhas, tipo caipira foram escoadas de duas formas: 80
aves para consumo familiar e 400 aves comercializadas. As galinhas foram vendidas
15 unidades de forma direta pelo preço de R$ 20,00 (vinte reais) a unidade e gerou
um valor total de R$ 300,00 (trezentos reais). Também foram vendidas 385 unidades
desse mesmo tipo de galinha ao atravessador pelo preço de R$ 17,00 (dezessete
reais) a unidade e gerou um valor total de R$ 6.545,00 (seis mil, quinhentos e
quarenta e cinco reais). Nesse ano merece destaque também que as galinhas
87
caipiras geraram como subproduto um total de 200 ovos o quais foram destinados
apenas para consumo familiar (APÊNDICE D).
A produção de aves representou 15% da renda da produção agrícola na
percepção do agricultor (figura 19).
4.2.4.3 Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na
Formação da Renda
No agroecossistema familiar os produtos de origem vegetal comercializados
são: batatinha, erva-doce, feijão, fava, batata-doce e macaxeira. Já os produtos de
origem animal comercializados são: suínos, bovinos e aves.
De acordo com a percepção do agricultor Alfa o produto que mais contribuiu
em 2014 na renda familiar foi a batatinha. Merece destaque que cada produto
(vegetal e animal) que integrou a renda familiar possui um valor na percepção do
agricultor Alfa. Portanto considerou-se não apenas o valor que determinado produto
gerou em sua transação comercial, mas o valor que determinado produto agregou
ao agroecossistema.
No ano de 2014 os produtos fava, feijão e erva-doce agregaram valor a renda
familiar em forma de estoque, já o milho teve sua contribuição em forma de ração
animal. Essa contribuição mensurada através da percepção do agricultor pode ser
evidenciada em seu discurso. Para Alfa: “se não fosse a produção de milho no sítio,
eu teria que comprar ração para alimentar os animais, como teve o milho, o dinheiro
não saiu do meu bolso, por isso digo que o milho representa aproximadamente 6%
da renda total”.
Merece destaque que o valor que cada produto agregou a renda é muito
peculiar a percepção do agricultor. De acordo com o agricultor Alfa sua percepção é
baseada na sinergia e importância que o produto exerce para o agroecossistema. A
figura 19 apresenta a percepção do agricultor e a participação de cada produto na
formação da renda familiar.
88
FIGURA 19 - Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da Renda Familiar.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.5 Práticas Agroecológicas
No agroecossistema estudado foram identificadas as seguintes práticas
agroecológicas: manejo de sementes; manejo dos solos; manejo de águas; práticas
tradicionais e inovadoras.
89
4.2.5.1 Manejo das Sementes
No agroecossistema Crisântemo as sementes são armazenadas há anos e
seguem a percepção dos agricultores com relação a qualidade e adaptabilidade as
características locais. O agricultor Alfa tem um saber tradicional de conservação e
possui estratégias para a manutenção do patrimônio genético das sementes. De
acordo com o agricultor as espécies das sementes são conservadas há gerações e
são armazenadas na propriedade.
FIGURA 20 - Estoque de Sementes em Silos.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
FIGURA 21 - Estoque de Sementes em Garrafas PET.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.5.2 Manejo dos Solos
A prática Agroecológica manejo dos solos compreende as seguintes
subpráticas: adubação orgânica; MB-4 (pó de rocha); trabalho mínimo dos solos;
rotação de culturas; consócios de culturas; mediadores das técnicas agroecológicas
de manejo dos solos.
a) Adubação Orgânica
Para preservar os microrganismos do solo é necessário aumentar seus níveis
de matéria orgânica. A adubação orgânica é uma prática agroecológica pertinente
para essa finalidade. No agroecossistema Crisântemo os fertilizantes químicos foram
substituídos por biofertilizantes naturais, eles não agridem o solo nem contaminam o
meio ambiente.
O biofertilizante utilizado para melhorar a fertilidade do solo foi produzido pelo
próprio agricultor com produtos naturais existentes em sua propriedade. Para
produzir o biofertilizante conta o agricultor Alfa: “a produção é simples e o custo é
90
baixo e os ingredientes são diversos e tem aqui no sítio: água, folhas verdes
(gliricídia, ramas de batata etc.), manipueira (água de goma), garapa de rapadura
entre outros”.
Ainda como forma de adubação orgânica, o agricultor Alfa relatou que aplicou
no solo estrumes (substrato do biodigestor e esterqueira).
b) MB-4 (Pó de Rocha)
O agricultor Alfa aplicou o pó de rocha (MB-4) no cultivo da batatinha
conforme orientações técnicas que recebeu. Relata o agricultor: “eu apliquei
100g/cova de pó de rocha, o que equivale a 2 toneladas de pó de rocha por hectare
que eu plantei”.
c) Trabalho Mínimo dos Solos
O agroecossistema Crisântemo não utiliza máquinas pesadas e implementos
que possam revolver o solo, causar alteração nas camadas mais férteis ou destruir a
alta biodiversidade.
Para o preparo do solo os principais instrumentos utilizados pela família são:
arado de tração animal e manual, pulverizador costal, matraca manual, enxada, pá,
ciscador, pulverizador e regador.
d) Rotação de Culturas
A rotação de cultura praticada alterna anualmente, as seguintes espécies
vegetais: batatinha, batata-doce e macaxeira. Portanto a rotação ocorre por meio de
uma sucessão planejada de plantio na mesma área. Segundo o agricultor Alfa, a
rotação auxilia a fertilidade do solo, controla ervas daninhas, pragas, doenças e
permite um melhor aproveitamento dos nutrientes do solo.
e) Consórcio de Culturas
No ano de 2014 foram identificados no agroecossistema Crisântemo dois
consórcios, eles buscaram: evitar o monocultivo, melhorar o aproveitamento da área
agrícola, melhorar a fertilidade dos solos e aumentar a diversidade de cultivos. O
91
primeiro consórcio envolveu três cultivos diferentes (batatinha, batata-doce e erva-
doce) plantados em fileiras e lado a lado na propriedade em áreas próximas. O
segundo consórcio envolveu o plantio simultâneo de três cultivos diferentes (milho,
fava, feijão) praticamente em uma mesma área. Ainda nesse segundo consórcio o
jerimum é plantado posteriormente e de forma dispersa no interior do roçado.
f) Mediadores das Técnicas Agroecológicas de Manejo dos Solos
As práticas agroecológicas de manejo do solo são mediadas pelo biodigestor
e pela esterqueira, implementados na propriedade através de projetos desenvolvidos
pelas instituições que apoiam a transição da agricultura convencional para a
agricultura agroecológica.
A esterqueira é uma tecnologia disponibilizada pela AS-PTA e POAB. Os
agricultores, envolvidos com o processo de revitalização da batatinha, vêm
recebendo a esterqueira e orientações técnicas de como utilizá-la para melhorar a
fertilidade do solo. A figura 22 mostra a esterqueira localizada no agroecossistema e
o discurso do agricultor Alfa ratificando a eficácia da tecnologia.
FIGURA 22 - Esterqueira.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
O biodigestor é uma tecnologia, disseminada pela AS-PTA juntamente com o
POAB, que consiste em um equipamento usado para o processamento de matéria
orgânica (figura 23).
92
FIGURA 23 - Biodigestor.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
O biodigestor é considerado como uma estratégia de investimentos
progressivos ou fundo de crédito rotativo. De acordo com o agricultor Alfa o fundo de
crédito rotativo funciona da seguinte forma: “todo mês eu e outros agricultores
deixamos de forma voluntária no sindicato um valor de um botijão de gás para que
novos biodigestores sejam construídos, [...] não sou obrigado a contribuir tudo é
voluntário, mas eu gosto de cumprir com o que combinei”.
No agroecossistema Crisântemo o biodigestor é alimentado com esterco
bovino, logo após passa por um processo, libera gás e gera biomassa. O gás pode
substituir o comprado em botijões e a biomassa pode ser utilizada como
biofertilizante para o solo.
Foi constatado que o biodigestor é uma tecnologia vantajosa para a unidade
agrícola por gerar: economia financeira, biofertilizante e redução no desmatamento.
4.2.5.3 Manejo de Água
A oferta primária de água no agroecossistema Crisântemo é das chuvas, que,
ocorre de maneira irregular. Em contrapartida a família depende de regularidade na
93
demanda de água para as seguintes situações: consumo familiar (beber, cozinhar,
banho e outras), irrigar o subsistema quintal e dessedentar animais.
Os produtos agrícolas pertencentes ao subsistema roçado, dependem
exclusivamente da água das chuvas. A figura 24, mostra através de setas o
processo de cultivos de produtos do subsistema roçado: a seta verde representa o
plantio, a seta marrom representa o desenvolvimento e a seta laranja representa a
colheita de determinado cultivo.
FIGURA 24 - Diagrama de Produtos e Pluviometria.
Fonte: Pesquisa de campo (2014), adaptado de Saldanha e Carvalho, (2014). Legenda: CHUVA - Ausência:1; Pouca: 2; Média: 3; Ótima: 4; Excesso: 5
Plantio = Desenvolvimento = Colheita = Consórcio 1 = Consórcio 2 =
De acordo com o agricultor Alfa, na Paraíba o início do plantio dos produtos
do roçado está ligado a tradição religiosa e geralmente começa no mês de março,
mais precisamente no dia 19, dia de São José protetor da família. No ano de 2014
CULTIVO
MESES
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
SU
BS
IST
EM
A R
OÇ
AD
O
Batatinha
Erva-doce
Batata-doce
Macaxeira
Feijão
Milho A
Milho B
Fava
Jerimum
CHUVA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Percepção
Pluviométrica do
Agricultor – 2014
1 2 1 2 3 3 3 3 4 3 1 1
Pluviometria (mm)
(Dados AESA –
2014)
14,9 87,9 40,4 4,4 119,9 76,2 79,2 40,8 76,2 34,4 18,3 2,9
94
as irregularidades nas chuvas mudaram um pouco essa tradição e o agricultor
começou o plantio apenas no início do mês de abril.
As irregularidades das condições pluviométricas, a falta de rios perenes e a
insuficiência de armazenamento natural dos recursos hídricos levou os agricultores à
necessidade de constituir manejo de estoques. No agroecossistema Crisântemo a
reserva hídrica de água é oriunda das chuvas, porém em épocas de estiagem
prolongadas, onde não é possível captar a água da chuva, os reservatórios
(cisternas) são abastecidos por carro pipa fornecida pelo exército e governo do
Estado da Paraíba.
Para consumo familiar a água é armazenada em duas cisternas de placas de
16 mil litros cada. Elas possuem formato cilíndrico construída com placas de cimento
pré-moldadas, conforme mostra a figura 25. O abastecimento da cisterna em época
de inverno é feito pela captação de água da chuva. A água desce do telhado da
casa dos agricultores e posteriormente é conduzida por calhas até as cisternas. As
cisternas foram viabilizadas pelo Programa um Milhão de Cisternas (P1MC). O
programa tem por premissa a ideia de captar e armazenar a água das chuvas para o
consumo humano.
Para dessedentação dos animais e irrigação do subsistema quintal, o
agricultor utiliza água de um barreiro. Esse reservatório é abastecido unicamente
pela água das chuvas. Ele foi construído com recursos do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).
FIGURA 25 - Reservatórios de Recursos Hídricos.
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
4.2.5.4 Manejo de Animais
A criação animal é composta por bovinos, suínos e aves e formam o
subsistema criação animal. Esse subsistema é manejado de forma sistêmica e
95
possibilita uma integração entre agricultura e pecuária. De acordo com os
agricultores os animais são escolhidos de acordo com as condições climáticas, as
oportunidades mercadológicas e o valor nutricional para o consumo familiar. A
sanidade dos animais e a rentabilidade é um reflexo do manejo agroecológico
realizado na unidade agrícola familiar.
O quadro 6 apresenta a integração entre os subsistemas agrícola e pecuário,
assim como, mostra a relação que os mesmos exercem com as práticas tradicionais
e inovadoras adotadas.
QUADRO 6 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário no Agroecossistema Crisântemo.
Sentido agricultura Pecuária
PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS
Extrativismo de espécies forrageiras nativas
Produção e melhoria do aproveitamento de espécies forrageiras (aquisição de máquina forrageira, plantio e manejo de espécies forrageiras nativas – milho B e abóbora forrageira).
Estocagem e uso forrageiro dos restos de cultivo
Intensificação da estocagem e do uso dos restos de cultivo (ensilagem e fenagem).
Sentido pecuária Agricultura
PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS
Uso do esterco como adubo orgânico Práticas que visam à intensificação do uso do esterco como adubo orgânico (biodigestor e esterqueira)
Uso de tração animal no preparo dos solos Introdução de novos implementos tradicionais por força animal nas propriedades (arado e carroça).
Fonte: Pesquisa de campo, adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.96).
A integração que acontece entre os subsistemas, intensificam os processos
de produção e melhoram o desempenho natural do agroecossistema. Um exemplo
dessa integração é a combinação da produção agrícola (palma) e animal (aves). As
aves são criadas semiconfinadas e, os dejetos que produzem são liberados
diretamente no solo, isso permite um aporte de nutrientes e matéria orgânica para a
manutenção do solo e produtividade da palma.
4.2.5.5 Práticas Agroecológicas Tradicionais e Inovadoras
No agroecossistema Crisântemo a manutenção do solo é comprometida com
sua natureza viva, portanto é feita de maneira agroecológica. Nesse contexto são
96
levados em consideração três princípios de manejo elencados por Petersen, Silveira
e Almeida (2002b): manutenção de alta biodiversidade funcional; constituição e o
manejo de estoques de recursos; valorização produtiva de espaços limitados com
alto potencial de produtividade biológica. Ainda conforme os autores, os princípios
envolvem práticas tradicionais e inovadoras que permitem atuação sistêmica e
integrada das partes.
O quadro 7, permite observar a relação entre os princípios de manejo
presente no agroecossistema Crisântemo e suas práticas tradicionais e inovadoras.
QUADRO 7 - Relação entre os Princípios de Manejo e Práticas Empregadas no Agroecossistemas Crisântemo.
PRINCÍPIOS DE MANEJO PRÁTICAS
TRADICIONAIS INOVADORAS
Manutenção de alta biodiversidade funcional
• Consórcios;
• Aproveitamento das espécies forrageiras ou nativas;
• Uso de variedades locais;
• Integração agricultura / pecuárias;
• Uso de plantas medicinais;
• Plantio de cercas vivas.
• Resgate e multiplicação de variedades locais;
• Avaliação e introdução de novas variedades;
• Arborização da propriedade.
Constituição e manejo de estoques
• Poupança de capital em forma de gado;
• Barreiro e cisternas;
• Armazenamento doméstico de sementes;
• Armazenamento de restos de cultivos com fonte forrageira.
• Bancos de sementes comunitários;
• Cisternas de placa;
• Práticas de ensilagem e fenagem.
Valorização de espaços limitados com alto potencial de produção biológica
• Quintais domésticos.
-
Fonte: Pesquisa de campo, adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.90).
97
5 CAPÍTULO: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo geral caracterizar um agroecossistema
familiar, inserido no Território da Borborema/PB, em processo de transição e
envolvido com o cultivo da batata agroecológica (Solanum tuberosum L.). Os
objetivos específicos foram: (1) contextualizar o processo de transição agroecológica
do agroecossistema familiar, descrito no item 4.1 do capítulo 4; (2) descrever o
agroecossistema familiar localizado no Território da Borborema/PB, em processo de
transição agroecológica, descrito no item 4.2 do capítulo 4; (3) Identificar práticas
sustentáveis que corroboram para o processo de transição da agricultura
convencional para agricultura agroecológica, descritos no item 4.2.5 do capítulo 4.
A partir desta pesquisa foi possível evidenciar que o fortalecimento da
agricultura familiar no Território da Borborema, vem sendo incitado por interações
promovidas pela AS-PTA e parcerias com outras instituições e organismos
organizados como: POAB, ECOBORBOREMA, EMATER, UEPB, SEDAP, entre
outras. Essas interações têm sido de fundamental importância para a condução de
ações e projetos pautados na Agroecologia. O processo de revitalização da
batatinha é uma das ações promovidas de forma participativa e coletiva que busca
valorizar a agricultura familiar e a transição agroecológica nos agroecossistemas do
Território da Borborema-PB.
O agroecossistema analisado, denominado neste trabalho como Crisântemo,
atende os critérios exigidos na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, para que a
unidade agrícola seja considerada de produção familiar. Com base nas análises
realizadas foi possível evidenciar que o agroecossistema possui: predomínio de mão
de obra familiar, renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no
agroecossistema; área da propriedade menor que quatro módulos fiscais e, direção
do agroecossistema familiar.
O agroecossistema Crisântemo está envolvido em um processo de transição
da agricultura convencional para agroecológica. Os agricultores partiram da
premissa de reverter a grave crise gerada pela utilização de práticas convencionais
baseadas na Revolução Verde. A transição vem recebendo apoio de instituições que
promovem a agricultura familiar no Território da Borborema. O agroecossistema
apresenta uma integração gerada pela produção vegetal e animal e adota práticas
98
agroecológicas. As práticas agroecológicas adotadas no agroecossistema vem
conferindo um crescente nível de sustentabilidade. Sendo assim, existe um
comprometimento dos agricultores familiares não apenas com sua unidade familiar,
mas com o meio ambiente e com as gerações futuras que usufruirão desse meio.
5.1 Sugestões para Estudos Futuros
Como propostas para estudos a serem realizados futuramente apontamos:
✓ Propor um sistema de indicadores de sustentabilidade envolvendo aspectos
de produção, produtividade e fatores humanos, para ajudar os agricultores
familiares a monitorarem, a tomarem decisões e, assim, melhorarem a gestão
da produção;
✓ Mensurar a sustentabilidade gerada em agroecossistema agroecológico no
Território da Borborema;
✓ Mensurar a sustentabilidade gerada em agroecossistema convencional no
Território da Borborema;
✓ Comparar o nível de sustentabilidade de unidades agrícolas familiares, que
desenvolvem a produção convencional versus a produção agroecológica no
Território da Borborema;
✓ Analisar os resultados obtidos com os projetos e ações desenvolvidos por
instituições comprometidas com Agroecologia no Território da Borborema/PB.
99
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108
APÊNDICE:
109
APÊNDICE A: Roteiro Observacional
ROTEIRO OBSERVACIONAL
Observáveis
1. Processo de revitalização da batatinha pelas instituições: ✓ AS-PTA; ✓ POAB.
2. Agroecossistema Crisântemo Esperança - PB
✓ Agricultores; ✓ Produção: principais cultivos e criação de animais; ✓ Estradas; ✓ Residência; ✓ Organização do trabalho; ✓ Condições de trabalho; ✓ Tecnologias utilizadas; ✓ Recursos hídricos; ✓ Aproveitamento da água da chuva; ✓ Técnicas agroecológicas; ✓ Sementes; ✓ Transporte; ✓ Armazenamento;
✓ Equipamentos, máquinas ou ferramentas de trabalho.
110
APÊNDICE B: Roteiro de Ação Conversacional Nome: Agroecossistema Crisântemo Município: Esperança – PB
AÇÃO CONVERSACIONAL
ASSUNTO TÓPICOS
Aspectos sociais
✓ Tempo na agricultura convencional e na agricultura agroecológica; ✓ Posse da propriedade agrícola / área da propriedade; ✓ Perfil social dos agricultores; ✓ Residência na unidade produtiva; ✓ Pais ou familiares envolvidos na agricultura; ✓ Permanência e interesse dos filhos na atividade agrícola; ✓ Participação de cada pessoa no processo produtivo; ✓ Vínculo com ONG, sindicatos; associação e outros; ✓ Tecnologias sociais – (Biodigestor; - Esterqueira); ✓ Saúde; ✓ Educação; ✓ Habitação (aspectos da residência – n° de cômodos, energia elétrica).
Água ✓ Fonte de irrigação e aproveitamento da água da chuva; ✓ Origem da água para animais; plantações e consumo familiar; ✓ Formas de tratamento da água para consumo.
Solo ✓ Qualidade do solo (percepção); ✓ Histórico do uso e ocupação do solo; ✓ Correções do solo.
Agroecologia
✓ Vantagens da agricultura agroecológica; ✓ Técnicas (rotação; consórcio entre outras; ✓ Biofertilizante; ✓ Controles fitossanitários (controle de insetos e doenças nos cultivos).
Comercialização
✓ Feiras, atravessadores, vendas institucionais, direta, doações; ✓ Transporte; ✓ Quantidade; ✓ Produtos (vegetal e animal); ✓ Subprodutos.
Sementes
✓ Formas de aquisição; ✓ Banco de sementes; ✓ Programa de distribuição de sementes; ✓ Quantidade plantada; ✓ Quantidade armazenada.
Ambiental ✓ Preservação ambiental; ✓ Reciclagem.
Produção
✓ Equipamentos, máquinas ou ferramentas; ✓ Épocas de safra, plantio e colheita; ✓ Área total cultivada – animal e vegetal; ✓ Perdas; ✓ Produtos (vegetal e animal); ✓ Subprodutos; ✓ Criação; ✓ Renda gerada por cultivo (percepção);
Segurança do Trabalho
✓ Condições de trabalho e riscos. ✓ Problema de saúde relacionado ao trabalho.
Gestão
✓ Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP); ✓ Participação em projetos ligados a agroecologia. ✓ Jornada de trabalho; ✓ Valor da hora de trabalho/época de contratação; ✓ Assistência técnica
111
APÊNDICE C: Produção Vegetal Comercializada
Legenda: N = não; S = sim; * = unidades Fonte: Pesquisa de campo (2014)
UNIDADE FAMILIAR CRISÂNTEMO: PRODUÇÃO VEGETAL – 2014
CULTIVOS
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COMERCIALIZAÇÃO R$/ kg
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DIR
ET
A
Consórc
io -
1
Batatinha
2 ha
N 600 600 0,50
N N N N 1,81
N N 100 N N N N 150 4.650 0 25 300 3500
Erva-doce N N N N 2 N N S N N N 1 1 N N N N 234 230 10
Batata-doce
N N N N N N N 1,40
N N 100 50 N N N N N 350 0 2 200
Macaxeira ½ ha
N N N N N N N 1,00
N N 100 50 5 N N N N 1.055 0 2 900
Consórc
io -
2
Feijão Carioca
1,5 ha
N 40 N N 40 N N S N N N 240 N N N N 50 1.800 1.470 8
Milho A N 4 N N 7 N N N N N 230 60 N N N N N 297 0 6
Milho B N 9 N N 10 N N N N N 890 N N N N N N 900 0
Fava N 3 1 N 3 N N S N N N 60 N N N N 2 186 120 2
Jerimum N 1/5 N N 1/5 N N N N N 20* 40* 5* N N N N 65* 0 0
112
APÊNDICE D: Produção Animal Comercializada
Legenda: * = faz referência ao subproduto carne; N= não; S= sim. Fonte: Pesquisa de campo (2014)
UNIDADE FAMILIAR CRISÂNTEMO: PRODUÇÃO ANIMAL – 2014 G
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REPRODUTORES
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20
15)
SUBPRODUTOS
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BO
VIN
OS
1 5 1
A 1 1
3 0 0 500 N N N 800,00
10 Leite 450 l N N
2.550 3.000 l
15 B 1 1
1,50 C 1 1 D 0 0
5 Esterco 27 m3 N N N 27 m3
E 0 0
SU
INO
S
0 2 1
A 1 10
32 1 0 70 2*
100,00
N N 24 Carne 50 kg
N N
200 kg 250 kg ou 2
suínos
15 B 1 9
C 1 8 12 9,00
D 1 5
AV
ES
Capo
eira
0 0 1
A 3 18
84 12 0 Livre 10
25,00 N 25,00
3 Ovos 40
unid. N N N
40 unid.
15 B 2 15 12 50
Caip
ira
0 80 - - - - 400 - 0 25 80 20,00
N 17,00
0 Ovos 200 unid.
N N N 200 unid.
15 385
113
ANEXO:
114
ANEXO A: Convite - Seminário Revitalização da Batata Agroecológica - 2014
115
ANEXO B: Protocolo de Tempo das Atividades Diárias
Fonte: Adaptado de Fischer; Silva-Costa; Saldanha; Carvalho (2011)