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DIREO-GERAL DA SADE | Alameda D. Afonso Henriques, 45 - 1049-005 Lisboa | Tel: 218430500 | Fax: 218430530 | E-mail: [email protected] | www.dgs.pt 1/13 - Este documento foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortogrfico -
NMERO: 024/2011
DATA: 29/09/2011
ASSUNTO: Utilizao Clnica de Antipsicticos
PALAVRAS-CHAVE: Antipsicticos
PARA: Mdicos do Sistema Nacional de Sade
CONTATOS: Departamento da Qualidade na Sade ([email protected])
Nos termos da alnea c) do n 2 do artigo 2 do Decreto Regulamentar n 66/2007, de 29 de maio, na redao dada pelo Decreto Regulamentar n 21/2008, de 2 de dezembro, a Direo-Geral da Sade, por proposta do Departamento da Qualidade na Sade, emite a seguinte
I NORMA
1. Na prescrio de um antipsictico so obrigatoriamente tidos em conta os seguintes fatores:
a) resposta clnica e tolerabilidade anterior a antipsicticos;
b) potencial de cada antipsictico em causar efeitos secundrios extrapiramidais, metablicos e outros, incluindo experincias subjetivas desagradveis;
c) idade do doente;
d) antecedentes clnicos do doente;
e) evidncia cientfica acerca da eficcia dos antipsicticos.
2. Antes de se iniciar teraputica com um antipsictico o doente tem que realizar um eletrocardiograma sempre que:
a) exista histria familiar de doena cardiovascular;
b) exista fator de risco cardiovascular;
c) seja admitido em internamento.
3. No tratamento do primeiro surto ou episdio psictico deve ser prescrito um frmaco antipsictico por via oral.
4. Em doentes com o primeiro surto ou episdio psictico ou em doentes sem qualquer tratamento anterior os medicamentos antipsicticos iniciam-se nas doses mnimas previstas no Resumo das Caractersticas do Medicamento (RCM), titulando lentamente para as doses eficazes.
5. A medicao tem que ser monitorizada numa dosagem otimizada durante quatro a seis semanas.
6. No tratamento continuado com antipsicticos tem que:
a) ser evitado o seu uso intermitente em doentes com m adeso a um regime teraputico continuado. Nestas circunstncias ser de ponderar a teraputica sob a forma injetvel com antipsicticos de libertao prolongada. Comparativamente
mailto:[email protected]
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aos antipsicticos orais, a teraputica antipsictica sob esta forma est associada a um melhor resultado global e um menor risco de readmisso hospitalar;
b) ter-se particular ateno ao risco acrescido de efeitos secundrios metablicos, realizando-se regularmente anlises laboratoriais, incluindo hemograma, glicmia, funo renal e heptica, perfil lipdico e prolactinmia, determinao do peso, ndice de massa corporal e permetro abdominal, perfil tensional e eletrocardiograma.
7. A prescrio de um antipsictico em SOS, devido ao risco de impregnao, tem que ser utilizado durante o perodo mais curto possvel.
8. Em doentes que no respondem adequadamente ao tratamento antipsictico, tem que:
a) ser revisto o diagnstico;
b) ser verificada a adeso teraputica;
c) ser confirmada a dose adequada e por um perodo de tempo adequado;
d) ser verificado o uso comrbido de lcool ou de outras substncias psicoativas ou o uso concorrente de outras medicaes;
e) serem verificadas comorbilidades.
7. No existe evidncia que suporte a vantagem dos antipsicticos de segunda gerao sobre os antipsicticos de primeira gerao no tratamento do primeiro surto psictico e no tratamento de manuteno da esquizofrenia ou de outras perturbaes psicticas.
8. A clozapina no utilizada como tratamento de primeira linha, por razes de segurana hematolgica.
9. A opo teraputica dentro de cada classe da medicao antipsicotica dever obedecer a critrios de efetividade (o que implica que certas escolhas devam ser justificadas sempre que se considerem ser a melhor alternativa para o doente i.e.: reaes adversas e menor nmero de tomas possvel. Caso contrrio deve-se privilegiar a opo teraputica de menor custo para igual eficcia, salvaguardando o cumprimento das orientaes de boa prtica clnica).
9. No tratamento da esquizofrenia resistente:
a) a clozapina o nico antipsictico cuja eficcia est demonstrada;
b) a clozapina, pelo risco de agranulocitose, s prescrita a doentes que apresentem inicialmente nveis leucocitrios normais, com monitorizao semanal durante as primeiras 18 semanas e, posteriormente, em intervalos de, pelo menos, 4 semanas. A monitorizao deve continuar durante todo o tratamento at 4 semanas aps a interrupo completa do medicamento;
c) no se usam antipsicticos em associao, exceto quando a teraputica isolada com clozapina no eficaz. Neste caso, a teraputica em associao deve ter, pelo menos, uma durao de oito a dez semanas, no devendo ser usado um antipsictico que aumente os efeitos secundrios da clozapina.
10. No tratamento de um episdio manaco agudo, eficaz o uso de antipsicticos:
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a) em monoterapia, como haloperidol, olanzapina, risperidona, ziprasidona, aripiprazole e quetiapina;
b) em associao com medicamentos estabilizadores de humor, como carbonato de ltio e valproato de sdio.
11. No tratamento da depresso bipolar eficaz o uso de antipsicticos:
a) em monoterapia, como a quetiapina e a olanzapina;
b) em associao da quetiapidina ou da olanzapina com antidepressivos.
12. No tratamento de manuteno da perturbao afetiva bipolar eficaz o uso de antipsicticos:
a) em monoterapia, como a quetiapina e a olanzapina;
b) em associao da quetiapidina ou da olanzapina com medicamentos estabilizadores do humor, como o carbonato de ltio, valproato de sdio e, com menor evidncia, a carbamazepina e a iamotrigina.
13. No tratamento do Delirium/estado confusional agudo o haloperidol eficaz na diminuio da sua intensidade e durao, mas no na sua profilaxia.
14. Os antipsicticos no devem ser utilizados no tratamento da dependncia de lcool, nomeadamente na manuteno da abstinncia e na preveno de recadas.
15. Os antipsicticos de segunda gerao podem ser utilizados nas sndromes demenciais com sintomas comportamentais e psicolgicos graves, como psicose, agitao psicomotora ou agressividade. No entanto, a sua utilizao est associada a aumento de risco de acidentes cerebrovasculares.
16. A risperidona pode ser utilizada no tratamento de curta durao, at 6 semanas, de sndromes demenciais de tipo Alzheimer moderados ou graves com agressividade persistente, que no respondam a abordagens no farmacolgicas e quando exista risco de dano para o prprio ou outros.
17. A clozapina pode ser utilizada no tratamento de comportamentos suicidrios, diminuindo a sua frequncia em doentes com esquizofrenia.
18. As excees presente Norma so fundamentadas clinicamente, com registo no processo clnico.
II- CRITRIOS
a) A utilizao de antipsicticos deve ser considerada, apenas, nas situaes clnicas para as quais existe evidncia da sua eficcia.
b) A teraputica antipsictica deve ser considerada como um ensaio teraputico individual, com os seguintes procedimentos:
i. atender s indicaes clnicas baseadas na evidncia cientfica disponvel bem como aos benefcios e riscos da medicao antipsictica;
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ii. atender ao tempo esperado para haver alteraes dos sintomas e surgimento de efeitos secundrios;
iii. justificar e registar as razes que possam ter determinado a utilizao de dosagens fora dos limites autorizados.
c) Devem ser monitorizados e registados sistematicamente durante o tratamento com antipsicticos e, em especial, durante a sua titulao:
i. a eficcia do tratamento, incluindo alteraes de sintomas e de comportamento;
ii. os efeitos secundrios, tendo em conta a sobreposio entre estes e as manifestaes clnicas associadas prpria perturbao psiquitrica como, por exemplo, acatsia versus agitao e ansiedade;
iii. a adeso teraputica;
iv. os parmetros biolgicos.
d) Deve ser justificado e registado o racional para a continuao, alterao ou interrupo da teraputica com antipsicticos e os efeitos dessas alteraes.
e) No tratamento de manuteno da esquizofrenia e de outras perturbaes psicticas, para a promoo da recuperao e a preveno de exacerbaes, deve-se:
i. monitorizar os sinais e sintomas por um perodo de, pelo menos, dois anos;
ii. informar o doente que existe um risco elevado de recada no espao de um a dois anos aps paragem da teraputica antipsictica;
iii. monitorizar os sinais e sintomas de exacerbao de forma continuada, se ocorrer suspenso da teraputica antipsictica;
f) Sendo que a maioria dos doentes necessita de teraputica antipsictica de manuteno prolongada no deve ser esquecido o risco de discinsia tardia e de efeitos metablicos.
g) A escolha de um antipsictico deve ser discutida com o doente, sempre que a situao clnica o admitir, tendo em conta o potencial benefcio/risco de cada frmaco. A discusso conjunta da teraputica aumenta o potencial para a sua adeso.
III AVALIAO
a) A avaliao da implementao da presente Norma contnua e executada a nvel local, regional e nacional.
b) A parametrizao dos sistemas de informao para a monitorizao e avaliao da implementao e impacto da presente Norma da responsabilidade das administraes regionais de sade e das direes dos hospitais.
c) A efetividade da implementao da presente Norma nos cuidados de sade primrios e nos cuidados hospitalares e a emisso de diretivas e instrues para o seu cumprimento so da responsabilidade dos conselhos clnicos dos agrupamentos de centros de sade e das direes clnicas dos hospitais.
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d) A Direo-Geral da Sade, atravs do Departamento da Qualidade na Sade e da A