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Normas Para a Organização Mundial do Comércio (OMC) Sobre os Níveis de Direitos Trabalhistas: ‘Mínimos’ ou ‘Proporcionais’ ? — Evitando uma Ruptura Norte-Sul Resumo em português da tese de mestrado em ‘International Political Economy’ ou ‘IPE’ (Economia Política Internacional - EPI), “‘Proportional’ Labour Standards – Preventing a North-South Split”, submetida ao Departamento de Ciência Política da Universidade de Newcastle, Inglaterra, em Setembro de 1998. Resultados: ‘Distinction’ (‘Distinção’) para a dissertação, e aprovação com ‘Distinction Overall’ (‘Distinção Geral’) no Mestrado. Autor: Marcos Castelli Florino (Favor não citar sem a permissão do autor. Comentários, sugestões e críticas são solicitados e bem-vindos.) 1

Normas Para a Organização Mundial do Comércio (OMC) · no período, o protecionismo dos países desenvolvidos contra os países mais pobres foi constantemente (e ainda é) o mais

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Normas Para a Organização Mundial do Comércio (OMC)

Sobre os Níveis de Direitos Trabalhistas:

‘Mínimos’ ou ‘Proporcionais’ ? —

Evitando uma Ruptura Norte-Sul

Resumo em português da tese de mestrado em ‘International Political Economy’ ou ‘IPE’ (Economia Política

Internacional - EPI), “‘Proportional’ Labour Standards – Preventing a North-South Split”, submetida ao

Departamento de Ciência Política da Universidade de Newcastle, Inglaterra, em Setembro de 1998.

Resultados: ‘Distinction’ (‘Distinção’) para a dissertação, e aprovação com ‘Distinction Overall’ (‘Distinção

Geral’) no Mestrado.

Autor: Marcos Castelli Florino

(Favor não citar sem a permissão do autor. Comentários, sugestões e críticas são solicitados e bem-vindos.)

1

Prefácio ao Resumo em Português. Fev/1999

Na medida em que a sub-área de conhecimento ‘International Political Economy’ ou

‘IPE’ (Economia Política Internacional) ainda é pouco conhecida no Brasil, é conveniente

aproveitarmos a oportunidade desta introdução para apresentá-la: IPE pode ser definida como

a área de interseção entre política internacional e economia internacional, ou como a sub-área

de conhecimento especializada no estudo dos aspectos econômicos das relações

internacionais. Importante notar que IPE está sempre localizada em departamentos de Ciência

Política, ou de Relações Exteriores, mas nunca em departamentos de Economia. Isto ocorre

pois uma das principais características da IPE é ser um contraponto dos departamentos de

ciência política e relações exteriores ao enfoque centralmente econômico (e freqüentemente

liberal) comum nos departamentos de economia.

Mesmo no exterior a área é relativamente nova. Apesar de alguns teóricos terem usado

este enfoque no passado (desde o século XIX como Wallerstein, e de alguns teóricos na

década de 60 entre os quais o atual presidente brasileiro, Dr. Cardoso, uns dos pais da ‘Teoria

da Dependência’), IPE se iniciou formalmente como cadeira universitária só nos anos 70 (no

Canadá). Nos anos 80 ela começou a se expandir, e nos anos 90 assistiu um forte crescimento.

(Interessante notar que a área tenha se iniciado no Canadá, país cuja economia sofre forte

influência da área externa, por ser vizinho do gigante econômico americano.) A marcante

expansão atual da IPE deve-se sobretudo ao recente processo de globalização econômica, que

vem oferecendo riquíssimo material de estudo aos especialistas em IPE. Estes por sua vez

estão em alta demanda, pois são os mais bem equipados para trabalhar com este processo.

Como exemplos de tópicos tipicamente estudados por especialistas em IPE estão as

organizações internacionais ligadas à área econômica, como o Fundo Monetário Internacional

(FMI), o Banco Mundial, o antigo GATT e atual Organização Mundial do Comércio (OMC), a

Organização Internacional do Trabalho (OIT), etc.; áreas de livre comércio tais como o

“North America Free Trade Agreement (NAFTA)”, Mercosul, e a União Européia (e seus

2

processos de expansão, aprofundamento e o processo de unificação monetária); o atual

processo de globalização econômica, as recentes crises asiática, russa e brasileira, a

instabilidade do atual sistema financeiro internacional, etc.

Durante mestrado feito no Reino Unido, de 1997 a 1998 iniciei uma pesquisa que

culminou na tese “‘Proportional’ Labour Standards -- Preventing a North-South Split”,

objeto deste resumo. Na ocasião argumentei que a União Européia estava econômica,

estratégica e moralmente equivocada ao seguir a liderança dos EUA numa questão central

junto à OMC e OIT - a proposta ‘Core Labour Standards (CLS)’ . Propus então uma correção

à proposta ‘CLS’ que não separaria os países entre desenvolvidos ou não (numa clivagem

‘norte-sul’), mas entre países com política econômica socialmente orientada ou não.

Além do resumo da citada tese de mestrado (na seção 1, abaixo), apontarei a seguir a

relevância destas pesquisa para o Brasil (seção 2) e para a comunidade internacional, não só

nos aspectos econômicos, mas também em termos da qualidade da vida humana e estabilidade

política internacional de longo prazo (ou seja, no sentido de um desenvolvimento socio-

econômico global sustentável e mais justo). A seção 3 será a conclusão e em seguida serão

apresentados alguns anexos e a bibliografia usada durante a pesquisa para o mestrado.

3

1. Resumo da tese de mestrado

O objetivo deste é resumir a tese de mestrado em no máximo seis páginas. Para isto,

cada capítulo da tese original terá que ser resumido em poucos parágrafos. Obviamente uma

condensação deste nível será obrigatoriamente genérica e incompleta.

A questão central da tese era se a União Européia (UE) estaria se posicionando

corretamente (econômica, estratégica e eticamente) ao se aproximar da posição americana na

atual polêmica em relação aos ‘Core Labour Standards’ (CLS), e sua vinculação ao conceito

de ‘Fair Trade’ (comércio justo) e aos critérios da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Para os leitores brasileiros, que podem estar menos familiarizados com a questão, pode

ser útil uma recapitulação: a polêmica Core Labour Standards (condições e normas mínimas

de trabalho) se refere à uma tentativa por parte dos EUA (rapidamente apoiado pela França, e

atualmente pela quase totalidade dos membros da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), em diferentes graus, de conseguir que a OMC permita

que seus países membros bloquem importações de produtos que tenham sido feitos sob

condições de trabalho abaixo de um nível considerado ‘mínimo’, ou ‘básico’ (tipicamente

produtos originados em países pobres). A OCDE e a Organização Internacional do Trabalho

(OIT) tem sido usadas nesse processo como instrumentos de pressão junto à OMC. Essa

polêmica assumiu dimensões internacionais na Conferência Ministerial de Singapura da OMC

em 1996, dividiu os participantes entre desenvolvidos ou não, ou entre ‘norte’ e ‘sul’, e ainda

não está resolvida, tendo também sido intensamente debatida recentemente durante a

Conferência Internacional do Trabalho - 86a. Seção, em junho de 1998 (último evento

analisado para minha tese, que foi entregue em setembro/98). Por enquanto a OMC ainda não

cedeu às pressões dos países desenvolvidos do norte. Os países menos desenvolvidos

resistem, pois temem que as real motivação dos países desenvolvidos seja protecionismo, e

não a alegada preocupação humanitária. E, mesmo que as intenções iniciais fossem boas,

argumentam que as novas normas seriam ampliadas e exploradas por lobbies protecionistas.

4

Sumário: a tese argumentou que: (1) sob o disfarce de preocupações humanitárias, a

forma com que foi proposta a relação (entre condições mínimas de trabalho e comércio

internacional) indica que a motivação real da proposta é protecionismo por parte dos

países desenvolvidos, confirmando as preocupações dos países menos desenvolvidos; (2)

o comércio exterior e fluxo de capital internacional são instrumentos essenciais para o

desenvolvimento, de acordo com uma ampla gama de teorias, indo do marxismo clássico

(tendência de expansão global do capitalismo) ao neo-liberalismo; (3) condições de

trabalho precisam ser proporcionais ao nível de desenvolvimento econômico de cada país,

como a teoria econômica argumenta, e que estas condições melhoram com o

desenvolvimento econômico, como a história econômica mostra; (4) o protecionismo do

norte desenvolvido restringirá o desenvolvimento dos países do sul, subdesenvolvidos ou

em desenvolvimento, consequentemente condenando-os ao presente deplorável estado de

condições de trabalho; (5) a solução real seria auxílio internacional ao desenvolvimento, e

que nesta área o norte tem faltado historicamente, deixando de cumprir até mesmo

acordos internacionais; (6) países ‘ultra-liberais’ como os EUA não oferecem aos seus

trabalhadores direitos trabalhistas ou proteção social que o seu nível de desenvolvimento

econômico indicaria, consequentemente extraindo de seus trabalhadores uma vantagem

competitiva ‘injusta’ através de ‘social dumping’, e exercendo uma pressão competitiva

também ‘injusta’ sobre ambos, países em desenvolvimento e países com mercado-social,

como os europeus; (7) os danos de ‘social dumping’ (‘descarga social’) é maior contra

países com níveis de desenvolvimento similar, pois competem nos mesmos mercados; (8)

O modelo de ‘mercado social’ europeu merece proteção, pela qualidade de vida que é

capaz de oferecer à população, mas que a maior ameaça a seu modelo sócio-econômico

vem de países ‘ultra-liberais’ como os EUA, e não de países pobres (pois os EUA

também possuem abundância de capital e são tecnologicamente tão ou mais avançados

que a União Européia) – dados de comércio internacional confirmam este argumento; (9)

que nossa proposta alternativa - ‘Proportional Labour Standards’ - pode compatibilizar o

vital e urgente desenvolvimento sócio-econômico dos países em desenvolvimento com a

proteção do modelo europeu de mercado-social, pois, se ao invés de níveis ‘mínimos’, for

incluído o princípio de ‘proporcionalidade’ na questão de condições de trabalho e direitos

trabalhistas, então, ao invés de uma clivagem ‘norte-sul’, ou entre países ricos e pobres,

teremos uma clivagem entre países que são mais socialmente orientados (ricos ou

pobres), e países menos socialmente orientados (ricos ou pobres), sendo esta proposta

mais defensável não apenas nos aspectos humanitários, estratégicos (aumentando as

perspectivas futuras de estabilidade internacional), mas também economicamente (no

caso europeu, pois o ‘social dumping’ americano afeta mais fortemente parceiros

comerciais com níveis de desenvolvimento econômico similar).

5

A introdução da tese (seu capítulo 1) apresentou a conjuntura internacional recente e

atual (liberalização da economia mundial), o problema a ser tratado (pressões competitivas

contra países mais orientados ao modelo de bem estar social), a polêmica ‘Core Labour

Standards’ e as suas repercussões nas relações ‘norte-sul’. Também foi apresentado o

argumento, a estrutura geral da tese, e as principais dificuldades encontradas durante a

pesquisa – especialmente a carência de dados internacionalmente comparáveis sobre

condições de trabalho, conseqüência do insucesso da OIT em convencer seus membros a

adotar sua proposta de padronização metodológica internacional.

O capítulo 2 apresentou a moldura teórica. A principal base teórica da tese foi o enfoque

dialético-histórico de Robert Cox. Cox utiliza os conceitos de Gramsci de ‘bloco histórico’ e

hegemonia, adaptando-os à teoria de relações internacionais, criando um enfoque ao mesmo

tempo poderoso e versátil. Este enfoque permite a identificação das bases sociais do poder

político, e a oportunidade de detectar contradições e fraquezas nesta estrutura de poder que

podem permitir a emergência de uma nova coalizão política – ou um bloco contra-

hegemônico, para usar a terminologia de Gramsci. No aspecto econômico, as categorias de

modelos econômicos de Cox - ‘social-market’ (mercado-social) e ‘hiperliberal’ (ultra-liberal)

- refletem acuradamente o espectro ideológico dos nossos tempos, e relacionam claramente

estes modelos econômicos com suas ideologias, respectivamente social-democrata e liberal. A

teoria marxista clássica também foi útil, no aspecto em que identifica claramente a tendência

expansionista do capitalismo (movida pela taxas de retorno decrescente nas áreas

desenvolvidas), e que explica bem a história econômica mundial desde a revolução industrial.

Neste mesmo capítulo se aprofunda o item 2 do sumário geral acima, onde se reconhece o

papel histórico do capitalismo em desenvolver as forças produtivas em escala global. A

confirmação empírica de que o sul também tem se beneficiado desse processo de expansão

econômica, inclusive nos aspectos sociais, foi apresentada através de dados do United Nations

Development Report (ver anexo 1, à página 13). Fica claro que a preocupação central da tese

não é nem combater o processo de globalização econômica, nem em deixá-lo descontrolado

(liberalismo), mas como domá-lo, e canalizá-lo para a melhoria da qualidade de vida humana,

6

evitando os perigos interligados do consumismo e degradação ambiental nas áreas já

desenvolvidas, e estimulando o crescimento econômico desesperadamente necessário nos

países menos desenvolvidos, ou seja, em como canalizar a expansão econômica no sentido de

melhorar a distribuição global de riquezas, na direção de um modelo global sustentável de

bem estar social.

O capítulo 3 resumiu a história do protecionismo internacional no período pós II Guerra

Mundial. Demonstrou-se que apesar da forte redução das barreiras ao comércio internacional

no período, o protecionismo dos países desenvolvidos contra os países mais pobres foi

constantemente (e ainda é) o mais forte. Vários casos foram analisados, como o famoso

‘Multifibre Agreement’ (MFA), que desde os anos 60 protege os mercados do norte contra

produtos têxteis do sul. Também no mesmo capítulo foi resumida a história recente de

tentativas de se vincular restrições ao comércio internacional ás condições de trabalho,

trazendo o assunto até 1996. O período mais recente, de 1996-1998, foi estudado com mais

profundidade pelo resto da tese.

O capítulo 4 analisou a posição e os argumentos econômicos e humanitários da União

Européia, , apresentados no documento “The Trading System and Internationally Recognized

Labour Standards — Commission Communication to the Council”1. A principal crítica geral é

que se medidas punitivas fossem aplicadas pela OMC (restrições as exportações) elas

atingiriam apenas produtos voltados para o comércio exterior. A OMC não teria nenhuma

influência sobre a continuação de tais práticas em produções voltadas para o mercado interno.

O fato de os países desenvolvidos não estarem preocupados com este aspecto é uma primeira

indicação de que a preocupação real é com suas balanças de pagamento, e não com o bem

estar dos trabalhadores nos países menos desenvolvidos. A segunda crítica geral é que a

simples eliminação de postos de trabalho nos países mais pobres do planeta, mesmo que

desumanos, geralmente leva os trabalhadores a situações ainda piores, como fome, crime,

prostituição ou mesmo à morte. Também foram analisados cada sub-tópico da questão.

1 COM(96) 402 final, 24 Jul. 1996, http://europa.eu.int/en/comm/dg01/tralab1.

7

O capítulo 5 expôs a situação presente dos debates na OMC e na OIT. Ficou fortemente

documentada a clivagem ‘norte-sul’ do debate, especialmente no tocante a posições

governamentais. Com relação às forças sociais envolvidas, os representantes dos

trabalhadores também se dividem numa linha norte-sul. Representantes empresariais porém,

em geral, são contra a inclusão dos ‘Core Labour Standards’ com o comércio internacional.

Ficou registrado que num caso incomum o governo americano seguiu a posição dos seus

trabalhadores, e não a de suas classes empresariais (diferentemente do caso NAFTA).

A partir do capítulo 6 a tese se torna menos descritiva, e se inicia a parte mais original

do trabalho. A primeira questão respondida foi se a motivação dos países desenvolvidos era

realmente preocupações humanitárias, como sempre afirmam, ou simplesmente um

protecionismo disfarçado. Foram apresentados dados indicando que atualmente apenas quatro

países do mundo estão cumprindo o compromisso assumido pelos países desenvolvidos na

Cúpula do Rio de destinar 0,7% de seus PIBs à ajuda ao desenvolvimento. Na medida em que

todas as partes concordam que o problema de fundo é o subdesenvolvimento, a falha no

cumprimento daquele acordo é totalmente incompatível com as declaradas ‘preocupações

humanitárias’ dos países desenvolvidos. Os dados apresentados no gráfico ‘Official Aid’

(ajuda oficial) e na tabela ‘Official Aid - 2nd table’ (‘ajuda oficial - tabela 2’ – favor ver

anexos 2 e 3, nas páginas 14 e 15) embasaram este argumento. Ainda no capítulo 6 foi

apresentado o argumento que, mesmo se as intenções fossem boas, se a OMC adotasse as

regras propostas seria muito difícil evitar que essas novas regras não fossem ‘seqüestradas’

por grupos de pressão protecionistas e consequentemente mal usadas. Na 3a. parte do capítulo

foram apresentados dados com fluxos do comércio internacional que demonstram que a tão

comentada ‘invasão’ de ‘produtos baratos’ do 3o. mundo nos mercados do norte é um mito

que não encontra respaldo nos dados, pois o norte tem superávit comercial com o sul. Os

mesmos dados indicam que competição muito maior se dá intra 1o mundo, preparando a

argumentação a seguir.

No capítulo 7 (Developing Countries - The Wrong Enemy) é detalhado o argumento

econômico de que no comércio internacional os principais competidores de cada país são

8

outros países com níveis de desenvolvimento similar, e que a pressão competitiva que os

países desenvolvidos com economias mais socialmente orientadas como os europeus sofrem

de países ‘ultra-liberais’ como os EUA é muito mais nociva do que pressões competitivas

originadas em países menos desenvolvidos. A União Européia experimentou internamente

este fenômeno com freqüência, e foi lembrado o caso do Reino Unido, freqüentemente

acusado de ‘social dumping’ pelos demais membros da União. Foi argumentado então que, se

os demais membros da UE tiveram problemas com o Reino Unido durante as últimas décadas,

agora com a maior globalização econômica, e institucionalizada pela OMC, a UE terá que

enfrentar mais abertamente dois parceiros comerciais – os EUA e o Japão – que tem um PIB

combinado doze vezes maior que o britânico, são tecnologicamente mais avançados, e tem

condições de trabalho (principalmente no tocante a benefícios) e encargos sociais ainda mais

baixos do que os do Reino Unido. Este será o problema principal (e sério) da União Européia,

e não os países menos desenvolvidos. Foram apresentados então várias séries de dados

comparando as condições de trabalho e os níveis de direitos trabalhistas dos membros da

OCDE (ver anexo 4, na página 16), apontando com freqüência os baixíssimos níveis

americanos – ainda mais se relativizados pela sua renda per capita (ver no anexo 5, gráfico

relacionando jornada de trabalho anual com PIB/capita, mostrando a jornada de trabalho

americana ainda a níveis mexicanos, à página 17).

O capítulo 8 apresentou nossa proposta alternativa, ‘Proportional Labour Standards’,

padrões trabalhistas proporcionais aos níveis de desenvolvimento econômico de cada país, e

sugeriu uma nova coalizão internacional, aliando países que sejam socialmente orientados,

desenvolvidos ou não, contra países ‘ultra-liberais’, desenvolvidos ou não. Também foram

mapeadas as principais forças políticas/sociais internas nos principais países envolvidos

(sindicatos e representantes do capital), e feita uma avaliação teoricamente informada do

provável suporte ou oposição à proposta alternativa, o que indicou a possibilidade de

viabilidade política deste proposto bloco contra-hegemônico.

A conclusão recapitulou os principais argumentos, identificou as (muitas) direções para

pesquisas complementares (uma avaliação do posicionamento do sindicalismo americano será

9

de central importância), e reaprensentou a motivação central da tese: de contribuir para um

desenvolvimento global sustentável e mais justo, não apenas econômico mas também social.

A tarefa específica foi a elaboração de estratégias que permitam conciliar a sobrevivência do

modelo de mercado-social europeu, já dito ser o mais justo da história humana, com o tão

necessário, vital e urgente desenvolvimento dos países menos desenvolvidos, propondo para

isto uma alternativa à tradicional estratégia protecionista européia. Para isto nosso trabalho

argumentou que recentemente, uma oportunidade histórica se abriu na área de economia

política internacional para uma reorganização das coalizões internacionais, durante a polêmica

‘Core Labour Standards’, que pode permitir o surgimento de um bloco contra hegemônico,

dos países europeus com os países menos desenvolvidos (especialmente os democráticos e

socialmente orientados), contra os países ‘ultra-liberais’ e países menos desenvolvidos com

regimes opressivos (provavelmente liderados pelos EUA).

Apesar dos limites de tempo e tamanho de uma tese de mestrado, que restringiram a

profundidade e abrangência da pesquisa, o seu sucesso (obtendo uma ‘Distinction’ – inédita

no programa por 3 anos), e o interesse despertado indicaram o potencial da proposta. O

encerramento da tese foi feito com uma citação que indica que o principio geral da nossa

proposta parece ser apoiado pelos dois agentes individuais mais importantes nesta polêmica:

“President Clinton captured the challenge facing us when he said that: "we must do more to make sure that this new economy lifts living standards around the world, and that spirited economic competition among nations never becomes a race to the bottom in environmental protection, consumer protection and labour standards. We should level up, not level down. Without such a strategy, we cannot build the necessary public support for the global economy. Working people will only assume the risks of a free international market if they have the confidence that this system will work for them".”2

2 R. Ruggiero, (WTO’s Director-General), The Next 50 Years: Challenges and Opportunities For the Multilateral Trading System, during address to the Friedrich-Ebert-Foundation, Hamburg, 11 June 1998, http://www.wto.org/wto/speeches/hamburg.htm. Emphasis added.

10

2. Relevância para o Brasil

Como era de se esperar de um país em desenvolvimento, a posição oficial do governo

brasileiro é contra a atual proposta Core Labour Standards. O anexo 6 (página 18) trás uma

citação clara e concisa do presidente Fernando Henrique Cardoso nesse sentido. Além disso, o

tema estudado se insere numa questão maior, e de central importância: a de controles políticos

internacionais sobre o processo de globalização econômica. Atualmente os estados nacionais

vem perdendo rapidamente autonomia para definir suas políticas econômicas. De agora em

diante, a única forma restante de algum controle político sobre a ‘máquina-mercado’, que

assume dimensões globais, passa necessariamente pelas organizações oficiais internacionais.

Instituições como a OMC assumem assim decisiva importância neste processo. No plano

ideológico, até agora apenas duas posições tem gladiado na polêmica Core Labour Standards:

protecionistas (a favor) versus liberais (contra). Também nesta medida a proposta alternativa é

original, pois defende o controle político sobre o mercado, mas propõe um critério mais justo

do que a atual proposta nortista.

As nações em desenvolvimento precisam urgentemente se organizar para defender os

interesses de suas populações neste processo, e se um novo bloco se formar na OMC, ele terá

grandes chances de ser bem sucedido. A forma de decisão da OMC já demostrou ser

razoavelmente eqüitativa (como indicou, por exemplo, uma recente vitória da Costa Rica

contra os EUA).

Especificamente para o Brasil, a relevância do trabalho proposto é evidente em pelo

menos três aspectos:

1 - Por enquanto o Brasil ainda não tem sido diretamente citado pelos defensores da

proposta CLS. Apenas casos mais graves, emocionais e ‘noticiáveis’ tem sido usados, como o

trabalho infantil nas confecções de bolas de futebol da Nike no Paquistão, crianças em estado

semi-escravo nas produções de tapetes na Índia, trabalho forçado nas prisões chinesas, etc.

Porém, se a proposta atual for aceita pela OMC, daí em diante forças protecionistas das mais

variadas a utilizarão da forma mais ampla possível. A legislação trabalhista brasileira prevê

11

uma ampla gama de benefícios, e é em muitos aspectos superior até mesmo à americana

(praticamente inexistente, especialmente no tocante a benefícios). Mas as desigualdades

regionais e setoriais do Brasil são enormes, e desrespeito à nossa legislação trabalhista é

epidêmico. Não é difícil imaginar vários setores da economia brasileira sendo atingidos. Não

resta dúvida que o Brasil precisa corrigir seus problemas sociais urgentemente. O problema é

que as possíveis punições às exportações brasileiras, ao invés de resolver o problema,

agravarão a balança de pagamentos, a situação econômica, e consequentemente a nossa

questão social. O desemprego não melhorará a situação dos trabalhadores brasileiros. O que

precisamos é de desenvolvimento econômico e principalmente de um urgente e intenso

combate às nossas desigualdades sociais e regionais - um dever moral. Se a atual proposta

pressionasse nesta direção ela seria bem vinda. Porém, as indicações são de que ela apenas

agravará nossa questão social.

2 - Com relação aos objetivos de longo prazo da nação brasileira, é razoável supormos

que será mais coerente com a cultura brasileira um sistema que equilibre desenvolvimento

econômico com segurança social e lazer, mais aos moldes do modelo de mercado-social

europeu, do que do darwinismo social ou ultra-liberalismo americano. Neste sentido, mesmo

que não seja costumeiro entre nós um planejamento de prazo tão longo, é aconselhável termos

uma participação mais ativa nos debates e nas organizações internacionais que poderão

influenciar significativamente o desenvolvimento global das próximas várias décadas.

3 – As organizações oficiais internacionais, como a OMC, são possíveis, se não

prováveis, embriões de uma estrutura futura de governança global. Uma presença maior e

participação mais intensa brasileira são do maior interesse nacional.

12

3. Conclusão

Espero ter sido possível transmitir, neste breve resumo, as intenções do trabalho e suas

bases econômicas, políticas e éticas. O objetivo maior é contribuir para uma economia global

mais justa e voltada à qualidade de vida, evitando os extremos opostos do consumismo

predatório (ao meio ambiente e aos trabalhadores) do modelo americano, e da miséria da

maior parte do planeta (também predatória ao meio ambiente e a seus trabalhadores). Ou seja,

devemos tentar canalizar o crescimento econômico para as regiões do planeta que mais

desesperadamente dele precisam, e ao mesmo tempo, tentar conduzir a economia global mais

na direção do modelo europeu, de economia de mercado socialmente controlada, e do estado

(democrático) de bem estar social. A globalização econômica tem reduzido drasticamente a

autonomia dos estados nacionais na determinação de suas políticas econômicas. Estudar e

atuar sobre os aspectos internacionais da economia política é cada vez mais necessário.

13

Anexo 1 – United Nations Development Programme, Human Development Report 1997,

trecho do capítulo ‘Overview’, em: http://www.undp.org/undp/hdro/overview.htm

“The progress in reducing poverty over the 20th century is remarkable and unprecedented. Few people realise the great advances already made. In the past 50 years poverty has fallen more than in the previous 500. And it has been reduced in some respects in almost all countries.

The key indicators of human development have advanced strongly in the past few decades. Since 1960, in little more than a generation, child death rates in developing countries have been more than halved. Malnutrition rates have declined by almost a third.The proportion of children out of primary school has fallen from more than half to less than a quarter. And the share of rural families without access to safe water has fallen fromnine-tenths to about a quarter.

These advances are found in all regions of the world. China, and another 14 countries or states with populations that add up to more than 1.6 billion, have halved the proportion oftheir people living below the national income poverty line in less than 20 years. Ten morecountries, with almost another billion people, have reduced the proportion of their people in income poverty by a quarter or more. Beyond mere advances in income, there has beengreat progress in all these countries in life expectancy and access to basic social services.

The accelerated progress in reducing poverty in the 20th century began in Europe and North America in the 19th century - in what can now be seen as the first Great Ascent from poverty and human deprivation. The ascent started in the foothills of the industrial revolution, with rising incomes, improvements in public health and education and eventually programmes of social security. By the 1950s most of Europe and North America enjoyed full employment and welfare states.

The second Great Ascent started in the 1950s in the developing countries. The end of colonialism was followed by improvements in education and health and accelerated economic development that led to dramatic declines in poverty. By the end of the 20th century some 3-4 billion of the world's people will have experienced substantial improvements in their standard of living, and about 4-5 billion will have access to basic education and health care. It is precisely these gains that make eradicating poverty not some distant ideal - but a true possibility.”

14

Anexo 2 -

Official Aid

Flows, 1997, as % of GDP

Denmark 0.97Norway 0.86Netherlands 0.81Sweden 0.76 ------- (Rio’s target - 0,7% of GDP)France 0.45Canada 0.36Switzerland 0.32Belgium 0.31Ireland 0.31Germany 0.28Australia 0.28Britain 0.26Austria 0.26New Zealand 0.25Spain 0.23Japan 0.22Italy 0.11USA 0.08

Source: OECD, as published in The Economist, June 27th, 1998, p.139

15

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

DenmNorwNethe Swed Franc Cana Switz Belgi Irelan Germ Austr Britai Austr New Spain Japan Italy USA

Series 1

16

Anexo - 3 Official Aid

(2nd table)

Country Aid as GDPs Aid

% of GDP (million $) (million $)

Denmark 0,97 172.220 1.671

Norway 0,86 145.954 1.255

Netherlands 0,81 395.900 3.207

Sweden 0,76 --> 228.679 1.738 --> Rio's target = 0.7% of GDP

France 0,45 1.536.089 6.912

Canada 0,36 568.928 2.048

Switzerland 0,32 300.508 962

Belgium 0,31 269.081 834

Ireland 0,31 60.780 188

Germany 0,28 2.415.764 6.764

Australia 0,28 348.782 977

Britain 0,26 1.105.822 2.875

Austria 0,26 233.427 607

New Zeland 0,25 57.070 143

Spain 0,23 558.617 1.285

Japan 0,22 5.108.540 11.239

Italy 0,11 1.086.932 1.196

USA 0,08 6.952.020 5.562

Totals =21.545.113 49.462

Weighted Average = 0.23 %

(Total Aid/Tot GDP/100)

From a total GDP of US$ 21,455,113, the share agreed to be directed to aid (0.7%)

should be US$ 150,815 million dollars, and not the US$ 49,462 m. A difference of

more than US$100 billion dollars per year less than what was agreed upon.

Anexo 4 -

Indices for labour standards(each item graded from 0 to 2)

Working Fixed-term Employment Minimum Employees Synthetictime contracts protection wages representat. Index

rightsEUBelgium 0 1 1 1 1 4Denmark 0 0 0 0 2 2France 1 1 1 2 1 6Germany 1 1 1 1 2 6Greece 2 1 2 2 1 8Ireland 2 0 2 0 0 4Italy 1 2 2 2 0 7Netherlands 1 0 1 1 2 5Portugal 1 1 1 1 0 4Spain 2 1 2 2 0 7U. K. 0 0 0 0 0 0

EFTASwitzerland 1 1 1 0 0 3Austria 1 1 1 0 2 5Finland 1 1 1 1 1 5Norway 1 2 1 0 1 5Sweden 1 2 1 1 2 7

North AmericaUSA 0 0 0 0 0 0Canada 1 0 0 1 0 2

Source: OECD, Employment Outlook, July 1994, p.154.

17

Anexo 5 -

Working Time / Level of Economic Development

1 Average annual hours actually worked per person in employment, 1996, including part-time workers. Switzerland: 1995. Italy, Japan and Portugal: 1994. Italy: dependent employment.Source: OECD, Employment Outlook, July 1997, p. 179.

2 Purchasing Power Parity estimates of GNP per capita, 1995, in US$.Source: World Bank, World Development Report 1997, p. 214-215.

Charted by the author.

18

Anexo 6

"7. With regard to the issue of a relationship between trade and labour standards, it would

seem to us unjust and senseless, given the very philosophy that inspires GATT, to seek

guarantees for the improvement of working conditions through punitive trade measures whose

only consequence would be to aggravate the social question. The multilateral treatment of the

issue was, in any case, settled in 1996 by a decision adopted at Ministerial level in Singapore.

8. The social question, which is so complex and urgent and which affects practically all

countries, represents a fundamental challenge for international cooperation and demands

increased and direct action in the appropriate fora."1

1 Cardoso, F. H., Brazil - Statement by H.E. Mr. Fernando Henrique Cardoso, President (at the OMC - Ministerial Conference), 1998. http://www.wto.org/wto/anniv/cardoso.htm

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