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9 03 DE DEZEMBRO 2013 EDUCAÇÃO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO I Canidelo tem a melhor escola pública de Gaia Pelo segundo ano consecutivo, o Agrupamento de Escolas D. Pedro I, em Canidelo, alcançou um resultado histórico no ranking nacional das escolas. Com um honroso 19º lugar a nível do distrito do Porto, este agrupamento foi considerado como a melhor escola pública de Vila Nova de Gaia. Contudo, o resultado não foi surpresa para a direção nem para os docentes que admitem que este é apenas o reflexo “de muito trabalho e de uma cultura de exigência”. Por Joana Vasconcelos [email protected] S egundo os dados mais re- centes do ranking nacional de escolas, o Agrupamento de Escolas D. Pedro I, de Cani- delo, é a melhor escola pública de Vila Nova de Gaia até ao 9º ano de escolaridade. Na 19ª posição a nível do distrito do Porto, o agru- pamento conseguiu subir também sete posições no ranking nacional, ocupando agora um honroso 64º lugar. Para António Duarte, diretor do Agrupamento de Escolas D. Pedro I, que reúne, ao todo, 2.323 alu- nos, este é o resultado “de um tra- balho sistematizado, estruturado e de uma permanente diferenciação pedagógica e da promoção do alu- no, que é valorizado e a quem é incutido o gosto por ir mais além”. “Estou profundamente satisfeito com o patamar que a escola alcan- çou pelo segundo ano consecutivo, em nos tornarmos a melhor escola pública de Gaia e também uma das melhores do distrito do Porto. Isso enche-nos de profunda satisfação e é, no fundo, fruto do trabalho em equipa e da diferenciação pedagó- gica, pois temos uma panóplia de atividades que concorrem para a melhoria dos resultados. Temos uma cultura de exigência, aqui há muita transpiração, com metas de- finidas para cada disciplina. É este treino permanente de insistir no trabalho que leva a que os alunos melhorem o seu percurso”, afirma António Duarte. Para o diretor do agrupamen- to, estes resultados, mais do que fruto do trabalho e da disciplina, devem-se ao empenho e dedicação de todos os que fazem parte des- ta comunidade, motivo pelo qual aproveitou o momento para agra- decer todo o trabalho dos últimos anos. “A posição que alcançamos no ranking deve-se a este trabalho de retaguarda por parte dos profes- sores e, por isso, quero agradecer aos meus profissionais. Aos alunos também pela dedicação e por con- fiarem na escola. Aos funcionários por estarem sempre presentes nos desafios e aos pais por acreditarem e aceitarem o compromisso de es- tarem ligados a este agrupamento. Quero agradecer a este conjunto de atores o trabalho e a promoção do agrupamento. É a esta cultura de colaboração que se deve o êxito”. Também Vitorino Silva, presiden- te do conselho geral, admite estar “muito orgulhoso” com os resul- tados obtidos no ranking, e con- fessa que também a nível interno os resultados são excelentes, o que demonstra “a qualidade do traba- lho”. “Os alunos empenham-se muito. Existe aqui na escola uma cultura de procurar os resultados, e temos conseguido ótimos resulta- dos. Quando se trabalha com pra- zer consegue-se mais, e é isso que acontece nesta escola. Há um clima de bem-estar quer para os professo- res, quer para os alunos”. Vitorino Silva destaca ainda que os resultados “devem-se ao diretor e a toda a equipa diretiva que têm incutido em todos um espírito de missão”. “Procuram que as pessoas se sintam integradas e que vistam a camisola do agrupamento. Somos uma equipa a rumar para o mes- mo lado, por isso, este sucesso é de todos os que aqui trabalham”, acrescenta. A mesma opinião tem Pedro Tei- xeira, coordenador TEIP do agru- pamento, que acredita que estes resultados são “uma continuidade” e que aparecem também devido a “uma grande dinâmica por parte de toda a direção para harmonizar tudo e dar respostas às necessida- des”. “Esta é só a ponta do iceberg de todo o trabalho que estás por trás. Por baixo está um projeto enorme e muitas horas dedicadas por parte de todos”. De facto, no agrupamento D. Pedro I os alunos dispõe de uma série “de muletas” para alcançar melhores resultados e Pedro Tei- xeira está convencido que esse é um dos principais motivos para o sucesso. “Estes resultados são fru- to do trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos com projetos educativos direcionados para a melhoria das aprendizagens. Temos vários eixos e várias áreas de intervenção, trabalhamos ao nível da indisciplina, ao nível do aban- dono e absentismo… tem sido feito um trabalho exaustivo com assessorias pedagógicas, um sem número de aulas de apoio ou uma sala de estudo a funcionar para alu- nos voluntários e propostos. Esse é o motivo por que esta escola tem um horário tão carregado”, explica o coordenador que acrescenta ain- da que o agrupamento dispõe de um gabinete de intervenção social com uma psicóloga que trabalha como mediadora de conflitos e uma pessoa que trabalha com as famílias nos casos de abandono es- colar. “Temos tudo organizado na escola de maneira a que as coisas funcionem para colmatar dificul- dades e para que os resultados se- jam melhores”, refere. Sendo esta uma escola TEIP (Ter- ritório Educativo de Intervenção Prioritária), Pedro Teixeira acredita que já não tem “uma conotação tão negativa”, e que começa a ser vista pela comunidade “como uma esco- la de resultados muito bons”, com notas acima da média nacional. Também António Duarte concor- da com esta afirmação e acrescen- ta que os próprios pais procuram cada vez mais esta escola. “Este agrupamento é muito apetecido pelos pais porque temos um clima de segurança muito grande. Somos considerados um “semi- colégio”. É uma escola credível e apetecível para os pais. Além disso, como recebemos muitos alunos de colé- gios, acabamos por formar ‘turmas de nível’ com alunos desses colé- gios, que entram em bloco para que se sintam integrados. O suces- so também se deve a esta continui- dade pedagógica até na formação de turmas”, refere. Apesar de satisfeito com os resul- tados, o diretor não esconde que tal significa também “mais res- ponsabilidade”. “Obriga-nos a um processo permanente de monitori- zação. Obriga-nos a sermos mais exigentes e motivar constantemen- te os alunos”. OS PROJETOS DE SUCESSO A lém de toda as atividades já enumeradas, o Agrupa- mento de Escolas D. Pe- dro I tem ainda outros projetos que têm ajudado nesta busca incansável por melhores resultados: salas de estudo orientado, sala de apoio que já chegou a ter cerca de 100 alunos simultaneamente, apoio direcio- nado às disciplinas de português e matemática, oficinas de ciências ou as “meninas dos olhos” do di- retor, os clubes de escrita criativa e soletração. A escola acolhe tam- bém, desde o início do ano letivo, a Orquestra Juvenil de Inclusão, um projeto que engloba 100 alunos de todas as escolas de Gaia e que se reúnem às quartas-feiras com pro- fessores voluntários que “dão esse tempo para a orquestra”. Contudo, há um projeto em espe- cial que tem vindo a levar o nome do agrupamento ainda mais longe. Sob a orientação das professoras Andreia Silva e Sandra Ribeiro, mais de 40 alunos do 2º e 3º ciclo estão a participar no Projeto Del- fos, uma parceria com a Universi- dade de Coimbra para trabalhar o raciocínio matemático e preparar os alunos para as Olimpíadas Na- cionais e Internacionais. “A nossa escola aderiu a este pro- jeto, embora seja a Liga Delfos Júnior, e pretendemos fomentar o gosto pela disciplina da matemáti- ca, o raciocínio matemático, o trabalho em parceria entre alunos, fundamentalmente, dar atenção aos bons alunos, porque o que acontece é que nos preocupamos sempre com os alunos que têm dificuldades e neste projeto é ex- atamente o contrário”, explicou ao AUDIÊNCIA a professora Andreia Silva. Esta é a única escola do país que aderiu ao projeto e, depois de dois matchs feitos, os resultados confir- mam que foi uma aposta ganha. “Todos tiveram acima da positiva, tivemos duas ou três provas quase totalmente corretas. E as provas são feitas com conteúdos que eles não conhecem, são apenas dadas dicas, noutros casos são introduzi- dos com um jogo matemático, para eles chegarem a conteúdos que têm de descobrir. Isto trabalha imenso o raciocínio matemático e eles têm gostado imenso”, explica Andreia Silva. As provas da Liga Delfos Júnior, que são sempre visionadas pela Universidade de Coimbra, decor- rem até ao final do ano letivo e An- dreia Silva acredita que acabam por desenvolver também mais capaci- dades para as avaliações escolares. “Não podemos deixar estes alunos de parte. São bons alunos e como nas aulas trabalhamos com quem tem mais dificuldade, este projeto acaba por dar uma outra confiança aos bons alunos, que percebem que vão trabalhar coisas mais à frente e desenvolver capacidades. É um projeto com ótimos resultados”, acrescenta. O diretor, António Duarte Pedro Teixeira, coordenador TEIP O professor e presidente do Conselho Geral, Vitorino Silva Os alunos do Projeto Delfos A sala de estudo é uma das muitas valências da escola A segunda prova da Liga Delfos Júnior decorreu na semana passada

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903 DE DEZEMBRO 2013EDUCAÇÃO 903 DE DEZEMBRO 2013

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IAGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IAGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO I

Canidelo tem a melhor escola pública de GaiaPelo segundo ano consecutivo, o Agrupamento de Escolas D. Pedro I, em Canidelo, alcançou um resultado histórico no ranking nacional das escolas. Com um honroso 19º lugar a nível do distrito do Porto, este agrupamento foi considerado como a melhor escola pública de Vila Nova de Gaia. Contudo, o resultado não foi surpresa para a direção nem para os docentes que admitem que este é apenas o reflexo “de muito trabalho e de uma cultura de exigência”.

Por Joana [email protected]

S egundo os dados mais re-centes do ranking nacional de escolas, o Agrupamento

de Escolas D. Pedro I, de Cani-delo, é a melhor escola pública de Vila Nova de Gaia até ao 9º ano de escolaridade. Na 19ª posição a nível do distrito do Porto, o agru-pamento conseguiu subir também sete posições no ranking nacional, ocupando agora um honroso 64º lugar. Para António Duarte, diretor do Agrupamento de Escolas D. Pedro I, que reúne, ao todo, 2.323 alu-nos, este é o resultado “de um tra-balho sistematizado, estruturado e de uma permanente diferenciação pedagógica e da promoção do alu-no, que é valorizado e a quem é

incutido o gosto por ir mais além”. “Estou profundamente satisfeito com o patamar que a escola alcan-çou pelo segundo ano consecutivo, em nos tornarmos a melhor escola pública de Gaia e também uma das melhores do distrito do Porto. Isso enche-nos de profunda satisfação e é, no fundo, fruto do trabalho em equipa e da diferenciação pedagó-gica, pois temos uma panóplia de atividades que concorrem para a melhoria dos resultados. Temos uma cultura de exigência, aqui há muita transpiração, com metas de-� nidas para cada disciplina. É este treino permanente de insistir no trabalho que leva a que os alunos melhorem o seu percurso”, a� rma António Duarte.

Para o diretor do agrupamen-to, estes resultados, mais do que fruto do trabalho e da disciplina, devem-se ao empenho e dedicação de todos os que fazem parte des-ta comunidade, motivo pelo qual aproveitou o momento para agra-decer todo o trabalho dos últimos anos. “A posição que alcançamos no ranking deve-se a este trabalho de retaguarda por parte dos profes-sores e, por isso, quero agradecer aos meus pro� ssionais. Aos alunos também pela dedicação e por con-� arem na escola. Aos funcionários por estarem sempre presentes nos desa� os e aos pais por acreditarem e aceitarem o compromisso de es-tarem ligados a este agrupamento. Quero agradecer a este conjunto de atores o trabalho e a promoção do agrupamento. É a esta cultura de colaboração que se deve o êxito”. Também Vitorino Silva, presiden-te do conselho geral, admite estar “muito orgulhoso” com os resul-tados obtidos no ranking, e con-fessa que também a nível interno os resultados são excelentes, o que demonstra “a qualidade do traba-lho”. “Os alunos empenham-se muito. Existe aqui na escola uma cultura de procurar os resultados, e temos conseguido ótimos resulta-dos. Quando se trabalha com pra-zer consegue-se mais, e é isso que acontece nesta escola. Há um clima de bem-estar quer para os professo-res, quer para os alunos”. Vitorino Silva destaca ainda que os resultados “devem-se ao diretor e a toda a equipa diretiva que têm incutido em todos um espírito de missão”. “Procuram que as pessoas se sintam integradas e que vistam a camisola do agrupamento. Somos uma equipa a rumar para o mes-mo lado, por isso, este sucesso é de todos os que aqui trabalham”, acrescenta. A mesma opinião tem Pedro Tei-xeira, coordenador TEIP do agru-pamento, que acredita que estes resultados são “uma continuidade” e que aparecem também devido a

“uma grande dinâmica por parte de toda a direção para harmonizar tudo e dar respostas às necessida-des”. “Esta é só a ponta do iceberg de todo o trabalho que estás por trás. Por baixo está um projeto enorme e muitas horas dedicadas por parte de todos”. De facto, no agrupamento D. Pedro I os alunos dispõe de uma série “de muletas” para alcançar melhores resultados e Pedro Tei-xeira está convencido que esse é um dos principais motivos para o sucesso. “Estes resultados são fru-to do trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos com projetos educativos direcionados para a melhoria das aprendizagens. Temos vários eixos e várias áreas de intervenção, trabalhamos ao nível da indisciplina, ao nível do aban-dono e absentismo… tem sido feito um trabalho exaustivo com assessorias pedagógicas, um sem número de aulas de apoio ou uma sala de estudo a funcionar para alu-nos voluntários e propostos. Esse é o motivo por que esta escola tem um horário tão carregado”, explica o coordenador que acrescenta ain-da que o agrupamento dispõe de um gabinete de intervenção social com uma psicóloga que trabalha como mediadora de con� itos e uma pessoa que trabalha com as famílias nos casos de abandono es-colar. “Temos tudo organizado na escola de maneira a que as coisas funcionem para colmatar di� cul-dades e para que os resultados se-jam melhores”, refere. Sendo esta uma escola TEIP (Ter-ritório Educativo de Intervenção Prioritária), Pedro Teixeira acredita que já não tem “uma conotação tão negativa”, e que começa a ser vista pela comunidade “como uma esco-la de resultados muito bons”, com notas acima da média nacional. Também António Duarte concor-da com esta a� rmação e acrescen-ta que os próprios pais procuram cada vez mais esta escola. “Este agrupamento é muito apetecido pelos pais porque temos um clima de segurança muito grande. Somos considerados um “semi- colégio”. É uma escola credível e apetecível para os pais. Além disso, como recebemos muitos alunos de colé-gios, acabamos por formar ‘turmas de nível’ com alunos desses colé-gios, que entram em bloco para que se sintam integrados. O suces-so também se deve a esta continui-dade pedagógica até na formação de turmas”, refere. Apesar de satisfeito com os resul-tados, o diretor não esconde que tal signi� ca também “mais res-ponsabilidade”. “Obriga-nos a um processo permanente de monitori-zação. Obriga-nos a sermos mais exigentes e motivar constantemen-te os alunos”.

OS PROJETOS DE SUCESSO

A lém de toda as atividades já enumeradas, o Agrupa-mento de Escolas D. Pe-

dro I tem ainda outros projetos que têm ajudado nesta busca incansável por melhores resultados: salas de estudo orientado, sala de apoio que já chegou a ter cerca de 100 alunos simultaneamente, apoio direcio-nado às disciplinas de português e matemática, o� cinas de ciências ou as “meninas dos olhos” do di-retor, os clubes de escrita criativa e soletração. A escola acolhe tam-bém, desde o início do ano letivo, a Orquestra Juvenil de Inclusão, um projeto que engloba 100 alunos de todas as escolas de Gaia e que se reúnem às quartas-feiras com pro-fessores voluntários que “dão esse tempo para a orquestra”. Contudo, há um projeto em espe-cial que tem vindo a levar o nome do agrupamento ainda mais longe. Sob a orientação das professoras Andreia Silva e Sandra Ribeiro, mais de 40 alunos do 2º e 3º ciclo estão a participar no Projeto Del-fos, uma parceria com a Universi-dade de Coimbra para trabalhar o raciocínio matemático e preparar os alunos para as Olimpíadas Na-cionais e Internacionais. “A nossa escola aderiu a este pro-jeto, embora seja a Liga Delfos Júnior, e pretendemos fomentar o gosto pela disciplina da matemáti-ca, o raciocínio matemático, o trabalho em parceria entre alunos, fundamentalmente, dar atenção

aos bons alunos, porque o que acontece é que nos preocupamos sempre com os alunos que têm di� culdades e neste projeto é ex-atamente o contrário”, explicou ao AUDIÊNCIA a professora Andreia Silva. Esta é a única escola do país que aderiu ao projeto e, depois de dois matchs feitos, os resultados con� r-mam que foi uma aposta ganha. “Todos tiveram acima da positiva, tivemos duas ou três provas quase totalmente corretas. E as provas são feitas com conteúdos que eles não conhecem, são apenas dadas dicas, noutros casos são introduzi-dos com um jogo matemático, para eles chegarem a conteúdos que têm de descobrir. Isto trabalha imenso o raciocínio matemático e eles têm gostado imenso”, explica Andreia Silva. As provas da Liga Delfos Júnior, que são sempre visionadas pela Universidade de Coimbra, decor-rem até ao � nal do ano letivo e An-dreia Silva acredita que acabam por desenvolver também mais capaci-dades para as avaliações escolares. “Não podemos deixar estes alunos de parte. São bons alunos e como nas aulas trabalhamos com quem tem mais di� culdade, este projeto acaba por dar uma outra con� ança aos bons alunos, que percebem que vão trabalhar coisas mais à frente e desenvolver capacidades. É um projeto com ótimos resultados”, acrescenta.

O diretor, António Duarte

Pedro Teixeira, coordenador TEIP

O professor e presidente do Conselho Geral, Vitorino SilvaOs alunos do Projeto Delfos

A sala de estudo é uma das muitas valências da escola

A segunda prova da Liga Delfos Júnior decorreu na semana passada