4
ENTIDADES DE DEFESA DO CONSUMIDOR ENVIAM AO SENADO NOTA DE APOIO AO PLS 283/2012 Projeto de Lei do Senado, que trata da prevenção ao superendividamento, está sob ameaça de não ser aprovado por pressão dos bancos Leia, abaixo, o texto enviado ao Senado na íntegra: O tema mais importante contido no projeto de atualizacao do CDC e o tratamento ao endividamento excessivo, ou superendividamento. A ampliacao do acesso ao crédito ampliou as facilidades de aquisicao produtos e serviços, superando esquemas elitistas e popularizando sofisticados contratos financeiros e de credito. Se o endividamento é inerente à vida em sociedade hoje, o endividamento excessivo apresenta uma nocividade que não pode ser desconsiderada pelo legislador porque exclui o endividado da sociedade de consumo. O superendividamento afeta não somente a pessoa, mas toda a sua família, como verdadeira “bola de neve” desequilibrando as finanças de todo um grupo familiar, comprometendo o orçamento familiar a ponto de prejudicar o sustento das famílias. Daí seus efeitos nefastos e em grandes proporções abalando países e bancos como se observou na crise financeira mundial de 2008 e 2009, que se iniciou com a falência de grande número de consumidores mais pobres. Conforme conclui o Banco Mundial, em seu relatório sobre insolvência dos consumidores, os países que desejam manter sistemas financeiros saudáveis e evitar a volta da crise financeira mundial devem incluir normas sobre prevenção e tratamento do superendividamentos dos consumidores pessoas

Nota apoio pls283

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Nota apoio pls283

ENTIDADES DE DEFESA DO CONSUMIDOR ENVIAM AO SENADO NOTA DE

APOIO AO PLS 283/2012

Projeto de Lei do Senado, que trata da prevenção ao superendividamento, está

sob ameaça de não ser aprovado por pressão dos bancos

Leia, abaixo, o texto enviado ao Senado na íntegra:

“O tema mais importante contido no projeto de atualizacao do CDC e o tratamento ao

endividamento excessivo, ou superendividamento. A ampliacao do acesso ao crédito

ampliou as facilidades de aquisicao produtos e serviços, superando esquemas elitistas

e popularizando sofisticados contratos financeiros e de credito.

Se o endividamento é inerente à vida em sociedade hoje, o endividamento excessivo

apresenta uma nocividade que não pode ser desconsiderada pelo legislador porque

exclui o endividado da sociedade de consumo. O superendividamento afeta não

somente a pessoa, mas toda a sua família, como verdadeira “bola de neve”

desequilibrando as finanças de todo um grupo familiar, comprometendo o orçamento

familiar a ponto de prejudicar o sustento das famílias. Daí seus efeitos nefastos e em

grandes proporções abalando países e bancos como se observou na crise financeira

mundial de 2008 e 2009, que se iniciou com a falência de grande número de

consumidores mais pobres.

Conforme conclui o Banco Mundial, em seu relatório sobre insolvência dos

consumidores, os países que desejam manter sistemas financeiros saudáveis e evitar a

volta da crise financeira mundial devem incluir normas sobre prevenção e tratamento do

superendividamentos dos consumidores pessoas físicas como já fazem alguns países a

exemplo dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá, Portugal, Bélgica,

Luxemburgo, África do Sul e a vizinha Argentina.

Esta nova realidade de democratização do crédito e de superendividamento das

famílias coloca a necessidade, inclusive no Brasil, de aperfeiçoar os mecanismos

existentes de apoio aos consumidores com o intuito de reduzir conflitos no terreno do

superendividamento. Em 2011, o superendividamento entra definitivamente na agenda

nacional. Por ser da essência das relações de consumo, o superendividamento foi um

dos temas escolhidos para ser atualizado e melhor detalhado no Código de Defesa do

Consumidor, fazendo avançar e ampliar os direitos do consumidor de crédito.

Page 2: Nota apoio pls283

O projeto de lei 283 relativo ao crédito e superendividamento, elaborado por uma

renomada Comissão de Juristas instituída pela Presidência do Senado Federal em

2011, após amplo debate com a sociedade, visa “prevenir o superendividamento da

pessoa física, promover o acesso ao crédito responsável e à educação financeira do

consumidor, de forma a evitar sua exclusão social e o comprometimento de seu mínimo

existencial, sempre com base no princípio da boa-fé e da função social do crédito ao

consumidor”. Esta importante função ou dimensão de inclusão social e de combate à

exclusão do consumidor pessoa física da sociedade de consumo globalizada fica clara

com os novos instrumentos ou técnicas de proteção adotados com inspiração na

legislação de direito comparado, especialmente europeia.

O Brasil tem a chance de aprovar o PLS 283, 2012, seguindo as linhas mais atuais e

importantes quanto à lealdade na concessão responsável de crédito e conciliação em

bloco das dívidas dos consumidores, com ajuda do Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor e do Judiciário, mas está cedendo a pressões dos lobbies e colocando em

cheque a saúde financeira de nosso mercado e de grande parte da população

brasileira, já fortemente endividada e vitimada pela cobrança de juros abusivos (dos

mais altos do mundo) e pelas persistentes práticas bancárias abusivas.

É preciso mudar esta atitude servil aos interesses econômicos e valorizar os bons

fornecedores de crédito, manter a democratização do crédito, fomentar o consumo, mas

também proteger os consumidores, como os países mais desenvolvidos o fazem desde

o século XIX e por isso já estão saindo da crise financeira, que iniciou com a quebra em

massa dos consumidores norte-americanos face à hipotecas especulativas. O PLS 283,

2012 prepara o nosso mercado para os impactos da crise financeira, permitindo que os

consumidores paguem suas dívidas e retornem ao mercado de consumo, evitando a

exclusão social que ora visualizamos.

O povo brasileiro foi às ruas para pedir mais dignidade e a aprovação do PLS 283,

2012,na forma do substitutivo apresentado pelo Senador Ricardo Ferraço, é a chance

de realizar este pedido, incluindo o Brasil no rol dos países, que como afirma o Banco

Mundial, estará preparado para sair da crise e ter um mercado financeiro saudável e

leal.”

Page 3: Nota apoio pls283

Marilena Lazzarini- Presidente do Conselho Diretor do IDEC

Rosana Grinberg- Presidente do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do

Consumidor e Coordenadora Executiva da ADECCON

Clarissa Costa de Lima- Presidente do Brasilcon

Paulo Góes- Diretor da Fundação Procon São Paulo

Gisela Simona- Presidente da Associação Procons Brasil