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ADEPOL – Associação dos Delegados de Polícia do Paraná
SIDEPOL – Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná
_____________________________________________________________________________________________________
Rua José Loureiro, 464, Conj. 21, Bairro Centro
Curitiba/PR, CEP 80010-000.
E-mail: [email protected] Telefone: (41) 3222 3022 site: www.sidepol.org.br/
Página: 1
NOTA DE REPÚDIO
A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná e o Sindicato dos Delegados de
Polícia do Paraná vêm por meio desta manifestar o seu público e veemente repúdio à ameaça
proferida por áudio de Whatsapp enviado pela promotora de justiça de Ibaiti, Dúnia Serpa
Rampazzo, para o Delegado de Polícia atuante naquela comarca.
O constrangimento à Autoridade de Polícia Judiciária teve o desiderato de obriga-lo a
lavrar um auto de prisão em flagrante, mesmo sabendo que se tratava de crime de atribuição da
Polícia Federal.
No dia 10 de fevereiro, 6 pessoas foram abordadas pela Polícia Militar do Paraná no
Município de Ibaiti, sob a suspeita de tráfico internacional de drogas. Constou no Boletim de
Ocorrência nº 171961/2018, feito pelos próprios militares, que a droga foi adquirida pelos
indivíduos no Paraguai, denotando a internacionalidade. Além disso, corroboraram essas
informações os dados do SINIVEM, segundo os quais o veículo transitou do Município de Mundo
Novo/MS sentido Guaíra/RS, divisa com Paraguai.
O Delegado de Polícia Civil informou então à guarnição de policiais que, em se tratando
de tráfico internacional de entorpecentes, era da Polícia Federal a atribuição para eventual
decretação de prisão em flagrante e instauração do respectivo inquérito policial. Tudo em respeito à
divisão de atribuições das Polícias Judiciárias estampadas no art. 144, §1º da CF e no art. 1º, III da
Lei 10.446/02, e reconhecida e pelos Tribunais Superiores (STF, ADI 2.427, ADI 3.441, ADI 1.570,
ADI 1.494 e RE 260.404; STJ, RMS 37.248, CC 45134, HC 47.168 e RCH 25384).
Todavia, momentos depois a Autoridade Policial recebeu por Whatsapp um áudio
ameaçador da promotora de justiça, que não foi feito pessoalmente ou mesmo por ligação telefônica
sob a justificativa de que ela estava visitando a família num “sítio na fazenda”.
A integrante do Ministério Público disse que “essa questão aí da competência (sic) da
Polícia Federal não cabe ao senhor definir isso”, e “como a droga foi apreendida em Ibaiti, foi
apreendida no Brasil, o senhor tem que fazer o flagrante”.
A um só tempo, a agente ministerial ignorou a divisão constitucional de atribuições das
Polícias Judiciárias (estampada no art. 144 da CF) e negou vigência à Lei 12.830/13 (segundo a qual
o Delegado tem autonomia em sua análise técnico-jurídica). E com isso chegou a uma conclusão
teratológica, a saber, que se a droga é apreendida no Brasil, então o tráfico é nacional e a atribuição
é da Polícia Civil.
ADEPOL – Associação dos Delegados de Polícia do Paraná
SIDEPOL – Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná
_____________________________________________________________________________________________________
Rua José Loureiro, 464, Conj. 21, Bairro Centro
Curitiba/PR, CEP 80010-000.
E-mail: [email protected] Telefone: (41) 3222 3022 site: www.sidepol.org.br/
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Como se não bastasse o caráter grotesco e imperativo da fala, a promotora finalizou
ameaçando que “se o senhor não for fazer o flagrante, aí vai dar um problema meio grande pro
senhor”.
Além disso, sublinhe-se que também causou estranheza o fato de a promotora ter
afirmado que “houve uma apreensão de droga resultante de uma investigação nossa”, evidenciando
que a abordagem dos policiais militares decorreu de investigação feita pelo MP e PM, mas no
Boletim de Ocorrência nº 171961/2018 os próprios militares constaram que a abordagem policial foi
feita “após receberem informações anônimas”, não fazendo qualquer menção à existência da
apuração.
Por todas essas razões, Associação dos Delegados de Polícia do Paraná e o Sindicato dos
Delegados de Polícia do Paraná lamentam profundamente a falta de conhecimento jurídico da agente
ministerial, e sobretudo repudiam veementemente a ameaça proferida pela promotora de justiça,
típica de alguém inebriada pelo poder que renuncia à razão.
E por fim, afirmam à sociedade paranaense, com todas as letras, que a promotora de
justiça Dúnia Serpa Rampazzo não está acima da Constituição e da legislação em vigor, e muito
menos das Autoridades Policiais deste Estado, aguardando as providências contra esse
constrangimento inassimilável, em nome das boas relações entre o Ministério Público do Paraná e a
Polícia Civil do Paraná.
Curitiba/PR, 11 de fevereiro de 2018
original assinado
Cláudio Marques Rolim e Silva
Presidente do SIDEPOL
original assinado
João Ricardo Kepes Noronha
Presidente da ADEPOL