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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres 1 NOTAS DE ORIENTAÇÃO Versão 2 Novembro de 2009 John Twigg

NOTAS DE ORIENTAÇÃO - CEPED UFSC · Sociedade do Crescente Vermelho. Em anos recentes, este grupo de interagências recebeu investimento do Departamento Britânico de Desenvolvimento

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

1

NOTAS DE ORIENTAÇÃO

Versão 2 – Novembro de 2009

John Twigg

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

A versão eletrônica do original em inglês pode ser baixada em

www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13

(site do Aon Benfield UCL Hazard Research Centre)

Um novo site pode ser utilizado no futuro.

Esse endereço de internet também disponibiliza a primeira edição deste guia (em Inglês, Espanhol, Francês e Indonésio), estudos

de caso, apresentações e outros documentos relacionados ao tema de comunidades resilientes.

Cópias deste guia em inglês, e de outros documentos também podem ser obtidas diretamente com o autor, Dr. John Twigg, na

University College London ([email protected]), para quem questões e comentários também podem ser enviados.

ISBN 978-0-9550479-9-2

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.

T971c Twigg, John

Características de uma comunidade resiliente aos desastres / John Twigg;

[tradução Sarah Marcela Chinchilla Cartagena].- 2. ed. – Londres: Latitude,

2009.

84 p. : il. color.

Tradução de: Characteristics of a disaster-resilient community

ISBN 978-85-65590-02-0

1. Riscos de desastres - redução. 2. Comunidade resiliente. I. ActionAid. II.

Christian Aid. III. Plan UK. IV. Practical Action. V. Tearfund. VI. Red Cross.

VII. Título.

CDU 504.4

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

3

Prefácio .............................................................................................. 4

Agradecimentos do autor .................................................................. 5

Abreviações e siglas ........................................................................ 5

Parte 1 - Introdução ........................................................................... 6

1.1 O conteúdo destas notas de orientação ................................ 6

Os próximos passos dessa pesquisa ............................................ 6

1.2 Utilizando as características: uma visão geral ...................... 7

2.1 Redução de riscos de desastres ........................................... 8

2.2 Resiliência e comunidade resiliente ...................................... 8

Parte 2: Conceitos Chave................................................................ 8

2.3 Comunidade ........................................................................... 9

Parte 3 – As tabelas docaracterísticas: uma explicação .................. 9

3.1 Áreas temáticas ..................................................................... 9

3.2 Os componentes de resiliência ........................................... 10

3.3 Os componentes da resiliência ........................................... 11

3.4 Características de um ambiente favorável .......................... 12

3.5 Desafios ............................................................................... 13

3.5.1 Limitações de um quadro como ferramenta ............... 13

3.5.2 Limitações do quadro de ação de hyogo .................... 13

3.5.3 Aspectos comportamentais de resiliência .................. 14

Parte 4 – Como utilizar as características .................................... 14

4.1 Visão geral e contextos ....................................................... 14

4.1.1 Visão geral .................................................................. 14

4.1.2 Contextos .................................................................... 14

4.2 Introdução às características; construção da capacidade de

usuário ....................................................................................... 16

4.2.1 Público alvo e grupos de usuários .............................. 16

4.2.2 Introdução das características ao usuário .................. 16

4.3 Selação, modificação, “customização”. ............................... 18

4.3.1 Porque as características precisam ser modificadas . 18

4.3.2 Abordagens possíveis ................................................. 18

4.3.3 Características chave ................................................. 18

4.3.4 Estabelecimento de prioridades ................................. 19

4.3.5 Marcos ......................................................................... 19

4.4 Aplicação das características em atividades de rrd ............ 21

4.4.1 Planejamento estratégico e parcerias ........................ 21

4.4.2 Ciclo de gestão do projeto .......................................... 22

4.4.3 Pesquisa ...................................................................... 25

4.4.4 Engajamento ............................................................... 26

Parte 5 – Leituras complementares................................................. 26

Área Temática 1 – Governança ................................................. 28

Parte 6 – As tabelas das características ......................................... 28

Área Temática 2 – Avaliação de risco ....................................... 31

Área Temática 3 – Conhecimento e educação ......................... 33

Área temática 4 – Gestão de risco e redução de

vulnerabilidades ......................................................................... 36

Área temática 5 – Preparação e resposta a desastres ............. 41

Painéis ............................................................................................. 45

Painel 1 – Outras iniciativas para indicadores de rrd ................ 45

Painel 2 – Integração entre RRD e adaptação às mudanças

climáticas.................................................................................... 46

Painel 3 – Criação de um processo de resiliência bem sucedido

.................................................................................................... 48

Painel 4 – Envolvimento da juventude....................................... 49

Painel 5 – Adaptação das características a contextos locais ... 49

Painel 6 – Criação de novas áreas temáticas ........................... 50

Painel 7 – ‘As 20 mais’ características de Tearfund ................. 51

Painel 8 – Indicadores chave de uma comunidade resiliente, por

ADPC ......................................................................................... 54

Painel 9 – “Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades

utilizando o quadro das características ..................................... 55

Painel 10 – Conversão das características em indicadores ..... 56

Painel 11 – Características / indicadores: quantitativo ou

qualitativo? ................................................................................. 57

Painel 12 – Pesquisa sobre a construção da resiliência ........... 57

Painel 13 – Vínculos entre comunidade resiliente e ambiente

favorável ..................................................................................... 58

Estudos de Caso ............................................................................60

Estudo de caso 1: ...................................................................... 60

Estudo de caso 2: ...................................................................... 62

Estudo de caso 3: ...................................................................... 68

Estudo de caso 4: ...................................................................... 70

Estudo de caso 5: ...................................................................... 74

Estudo de caso 6: ...................................................................... 77

Estudo de caso 7: ...................................................................... 79

ÍNDICE

Page 4: NOTAS DE ORIENTAÇÃO - CEPED UFSC · Sociedade do Crescente Vermelho. Em anos recentes, este grupo de interagências recebeu investimento do Departamento Britânico de Desenvolvimento

Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Bem vindo às notas de orientação das Características de uma

Comunidade Resiliente aos Desastres! Esperamos que se

anime com a oportunidade de aproveitar esse conteúdo e

aprender a explorar sua amplitude e profundidade. Tendo

integrado o grupo de agências financiadoras e assim

conhecendo todo o trabalho, confiamos na riqueza de

conhecimentos que as Características podem fornecer. Cada

agência investiu nesse projeto com o propósito de promover

um novo senso de motivação para as equipes e parceiros, os

quais têm beneficiado diversas comunidades.

O desenvolvimento desse documento foi realizado por um

grupo de seis agências – ActionAid, Christian Aid, Plan UK,

Practical Action and Tearfund, em conjunto com a Cruz

Vermelhara e a Federação Internacional da Cruz Vermelha e

Sociedade do Crescente Vermelho. Em anos recentes, este

grupo de interagências recebeu investimento do

Departamento Britânico de Desenvolvimento Internacional

(DFID) para iniciativas de redução de riscos de desastres

(RRD), e para dar suporte à promoção do Quadro de Ação de

Hyogo (HFA), particularmente em nível local. No entanto,

quando se discute como monitorar o sucesso da implantação

do HFA, fica claro que não há nenhuma estrutura para

compreender seus impactos em bases comunitárias.

O grupo de interagências financiado pelo DFID discutiu sobre

essa oportunidade com John Twigg para definir o que é

exatamente uma comunidade resiliente aos desastres, e de

que maneira podem ser desenvolvidos indicadores a partir

desse conceito. Em seguida, John Twigg e uma equipe de

apoio tornaram-se consultores para identificar as

características básicas de uma comunidade resiliente que

poderiam complementar o trabalho das agências da ONU

sobre indicadores nacionais e internacionais.

A primeira fase deste trabalho resultou em um abrangente

conjunto de características de múltiplos riscos e múltiplos

contextos, publicado em formato de texto explicativo intitulado

Características de uma Comunidade Resiliente aos

Desastres: notas de orientação, em agosto de 2007. O

material foi amplamente utilizado pelas agências de RRD. O

próximo passo foi testar as Características em pesquisas de

campo. Diversas agências foram convidadas para o piloto a

partir de seus trabalhos e nos deram retorno sobre os

resultados obtidos. Veio então a recomendação para utilizar a

pesquisa sob diversas perspectivas – para definir projetos

futuros, desenvolver indicadores de passo a passo ou

mensurar trabalhos já concluídos, por exemplo – e adaptá-las

às próprias necessidades e contextos operacionais.

Assim, no decorrer dos últimos dois anos, a aceitação das

Características tem sido considerável. Todos os membros do

grupo de interagências utilizaram largamente, mas muitas

outras organizações em todo o mundo rapidamente percebem

seu potencial e tornam-se ávidas pelas possibilidades de

pesquisas que oferecem. Todos estão ansiosos para aplicar o

método em seu trabalho e para compartilhar suas conquistas,

como demonstra o comentário abaixo:

“Finalmente uma observação: a equipe de campo

normalmente tem um olhar ligeiramente reticente em

um primeiro momento (e confesso que eu também). Mas

depois de ler com calma e compreender seu potencial

de aplicação, veio a justa, compartilhada e súbita

motivação de partir imediatamente para a prática. Isso

ficou especialmente claro durante uma recente

pesquisa de campo em Malawi... Eu escutava

integrantes da equipe de campo, parceiros locais –

normalmente pequenas organizações com reduzida

equipe especializada - escritórios de extensão, e líderes

comunitários nos dizendo ‘vemos os desastres de uma

maneira diferente, agora’, ‘nós abrimos nossos olhos’,

‘só agora sabemos o que fazer’, e expressões similares.

Eu mesmo testemunhei um funcionário público criticar

suas próprias atividades e propor mudanças

espontaneamente...” 1

Esta segunda edição das Características é baseada nos

retornos que obtivemos pelos testes de campo. A estrutura

básica permanece inalterada, mas há muito mais orientações

práticas e métodos de aplicação e adaptação desse recurso,

incluindo exemplos e estudos de caso. Estamos

particularmente interessados que essa publicação seja vista

como um recurso para Adaptação às Mudanças Climáticas,

reconhecendo que os desastres causados pela variação

climática estão sendo sentidos por um número crescente de

comunidades em todo o mundo, com impacto prevalente nos

países em desenvolvimento.

Por fim, como um grupo de agências, acreditamos que o

desenvolvimento de ações de RRD em comunidades é

fundamental para redução o riscos e o impacto dos desastres.

Devemos também registrar que não há metas obrigatórias ou

compromissos estabelecidos pelos governos via o HFA. Como

resultado, queremos oferecer às comunidades ações efetivas

de RRD como um passo em direção ao sucesso das ações do

HFA, encorajando que cada um possa se juntar a essa e

outras iniciativas em suas áreas de atuação, e assim

contribuir localmente para alcançar os objetivos do Quadro.

Em última análise, esta publicação apoia as comunidades

para que haja garantia de que, durante os impactos de um

desastre, elas tenham suas habilidades, recursos e confiança

desenvolvidos para reduzir tais impactos, gerenciar a resposta

e recuperar-se rapidamente. Tudo isso pode ser conquistado

se governos, ONGs, universidades e comunidades

trabalharem juntos.

Oenone Chadburn –

Diretor da Unidade de Gestão de Desastres –

Tearfund

Em nome do Grupo Interinstitucional (ActionAid, British Red

Cross, Christian Aid, Practical Action, Plan UK and Tearfund).

Dezembro de 2009.

1 Relato de José Luis Penya, Christian Aid.

PREFÁCIO

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

5

ADPC Asian Disaster Preparedness Center Centro asiático de preparação para desastres

CBDM community-based disaster management Gestão de desastres de base comunitária

CBDRM community-based disaster risk management Gestão de riscos de base comunitária

CBO community-based organization Organização comunitária

CCA climate change adaptation Adaptação às mudanças climáticas

CSO civil society organization Organização da sociedade civil

DFID Department for International Development Departamento para o Desenvolvimento Internacional

DP disaster preparedness Preparação para desastres

DRM disaster risk management Gestão de riscos de desastres

DRR disaster risk reduction Redução de Riscos de Desastres (RRD)

EW early warning Alerta e alarme

EWS early warning system Sistema de alerta e alarme

HFA Hyogo Framework for Action Quadro de Ação de Hyogo

IFRC International Federation of Red Cross and Federação Internacional da Cruz Vermelha e

Red Crescent Societies Sociedade do Crescente Vermelho

M&E monitoring and evaluation Monitoramento e avaliação

NGO non-governmental organization Organização não governamental (ONG)

PTSD post-traumatic stress disorder Estresse pós-traumático

UN United Nations Organização das Nações Unidas (ONU)

UN ISDR UN International Strategy for Disaster Reduction Estratégia Internacional para Redução de

Riscos de Desastres da ONU (UNISDR ou EIRD)

UN OCHA UN Office for Coordination of Humanitarian Affairs Escritório da ONU para coordenação da

assistência humanitária (OCHA)

VCA vulnerability and capacity assessment/analysis Análise e avaliação de capacidades e vulnerabilidades

NOTA DA TRADUÇÃO – optou-se por manter as siglas do original em inglês, traduzindo seus significados, e em poucos casos apresentando ao

final e entre parênteses a sigla correspondente na língua portuguesa. No decorrer do texto, dá-se prioridade à utilização por extenso das

abreviaturas aqui apresentadas.

AGRADECIMENTOS DO AUTOR

O retorno dos testes de campo após a primeira edição dessa publicação foi quase avassalador. Membros do Grupo de

Interagências (ActionAid, British Red Cross, Christian Aid, Plan UK, Practical Action and Tearfund) que permitiram esse trabalho

contribuíram largamente com seus comentários e estudos de caso: as páginas seguintes demonstram o tamanho da minha

dívida com eles e seus parceiros. Todo esse conteúdo só foi possível de ser organizado pelo retorno de muitas outras

organizações, nacionais, internacionais e locais. Muitos deles foram espontâneos, não em resposta a pedidos diretos meus, e

frequentemente de pessoas as quais eu não conhecia ou algumas vezes de organizações que eu sequer tinha ouvido falar. Esta

é uma evidência da demanda massiva por pesquisas desse tipo, evidente deste o início desse projeto. Meus agradecimentos

recaem sobre todos os envolvidos, ao Departamento Britânico de Desenvolvimento Internacional (DFID), pelo apoio ao grupo de

interagências, e particularmente a Oenone Chadburn da Tearfund e a Nick Hall da Plan UK pela sua leveza e simpatia na gestão

desse projeto.

John Twigg

University College London

[email protected]

Novembro de 2009

ABREVIAÇÕES E SIGLAS

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

O documento Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres é apenas uma contribuição a um processo muito

maior e de mais longo prazo para a construção da resiliência de comunidades em todo o mundo. Esperamos continuar a

contribuir para esse processo e, aqueles que como você, utilizarem essas notas nos ajudarão a garantir que o documento

continua sendo relevante.

Quando você ler este documento, você se dará conta de quantas organizações já utilizaram nossa pesquisa, e de quantos

caminhos são possíveis de aplicar os conceitos aqui trabalhados. Esperamos também que o material seja utilizado por muitas

outras organizações que atuam na redução de riscos de desastres, adaptação às mudanças climáticas e outros aspectos de

desenvolvimento sustentável.

Gostaríamos que esse projeto fosse um meio para o conhecimento e compartilhamento de informações sobre a resiliência das

comunidades – compreendê-la, analisá-la, implantar projetos de base e lutar para mudanças nos mais altos níveis.

Continuaremos a coletar e compartilhar experiências sobre a aplicação da pesquisa, sua contribuição para a construção da

resiliência e como adaptá-la para torná-la mais prática.

O envolvimento do leitor e do profissional de campo é essencial nesse momento. Por favor, nos envie seus comentários sobre

sua experiência na utilização das Características, bem como ideias de modificações ou novas formas de aplicação; e claro, nos

apresente suas dúvidas, se for o caso.

Novas atualizações estarão disponíveis na página das Características de uma comunidade resiliente aos desastres:

www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 (site do Aon Benfield UCL Hazard Research Centre). Em

breve, um novo site deve ser disponibilizado.

Contribuições, ideias e dúvidas podem ser enviadas a John Twigg na University College London.

[email protected]

PARTE 1 - INTRODUÇÃO

1.1 O CONTEÚDO DESTAS NOTAS DE ORIENTAÇÃO

As Características de uma comunidade resiliente aos desastres é um conjunto de notas de orientação para organizações

governamentais e da sociedade civil que trabalham com redução de riscos de desastres e adaptação às mudanças climáticas

em comunidades vulneráveis, por meio de parcerias.

O documento apresenta como uma “comunidade resiliente ao desastre” pode ser caracterizada, demonstrando os diferentes

elementos da resiliência. E também registra algumas ideias sobre como se estabelecesse o processo até a resiliência.

O conteúdo organiza-se em uma série de tabelas (veja Parte 6) que estabelecem as características de uma comunidade

resiliente aos desastres, apoiando-se em orientações sobre como aplicar cada característica (Parte 4).

As tabelas são explicadas mais detalhadamente na Parte 3, sendo organizadas em cinco temas principais que representam as

áreas de intervenção em RRD, e baseiam-se no Quadro de Ação de Hyogo 2005-2015 (HFA), da Estratégia Internacional de

Redução de Riscos de Desastres (UNISDR). Esse esquema foi escolhido, pois o HFA é geralmente adotado pela ONU, outras

agências internacionais, pela maioria dos governos nacionais, e por diversas ONGs. O HFA define três objetivos estratégicos e

cinco prioridades de ação, que abrangem as principais áreas de RRD. O documento também sugere importantes áreas para

intervenção em cada um dos temas: veja a figura 1 (O Quadro de Ação de Hyogo).

OS PRÓXIMOS PASSOS DESSA PESQUISA

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

7

Figura 1. O Quadro de Ação de Hyogo

O projeto Características é apenas um em uma série de iniciativas em andamento no tema de RRD. Pela importância da

redução de riscos de desastres e o reconhecimento que vêm ganhando, muitas organizações têm desenvolvido indicadores de

resultados. O Painel 1 (outras iniciativas de indicadores para RRD) identifica alguns dos principais esforços internacionais que

focam, particularmente, em indicadores nacionais. Isso poderá ajudá-lo a identificar as iniciativas e conhecer seus resultados.

Esta é a segunda edição das notas de orientação, e está baseada em um processo de pesquisa, discussão com especialistas e

escuta durante um longo período de trabalho e de testes de campo a partir de uma edição piloto realizada por agências diversas.

Estamos, entretanto, ainda em processo de aprendizado sobre a validade e os caminhos de aplicação, e todo retorno dos

usuários será bem vindo2.

1.2 UTILIZANDO AS CARACTERÍSTICAS: UMA VISÃO GERAL

Este documento inclui uma extensa orientação sobre os caminhos para aplicação das Características em seu trabalho (veja

Parte 4), mas antes é importante registrarmos aqui algumas observações introdutórias.

Primeiro, e mais importante, as Características e suas notas de orientação são uma pesquisa e não um manual. Está

organizada para dar apoio ao processo de mobilização comunitária e parcerias para redução de riscos de desastres. Os usuários

podem selecionar as informações e ideias mais relevantes para dar suporte ao seu trabalho de campo, de acordo com suas

necessidades e prioridades. Essa escolha deve ser resultado de uma análise cuidadosa em conjunto com as comunidades e as

organizações que nelas atuam.

Também é preciso enfatizar que a “comunidade resiliente ao desastre” que aqui apresentamos, é a ideal. Na realidade,

porém, nenhuma comunidade será totalmente livre de riscos. As tabelas apresentam um estado ideal, e não projetam

indicadores a partir de um senso comum. Pela combinação de variados elementos de resiliência aqui identificados, projetos de

RRD trabalham em uma sensível ampliação da capacidade das comunidades diante de ameaças e eventos adversos.

Outro importante ponto a destacar trata-se de compreender que as Características aqui definidas são gerais para todos os

contextos. Aqueles que utilizarem essas orientações irão, provavelmente, focar nos elementos da resiliência que sejam mais

apropriados às condições em que trabalham ou no tipo de trabalho que executam.

2 Contato do autor, John Twigg, University College London ([email protected]).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Três conceitos são centrais nestas notas de orientação: redução de riscos de desastres, resiliência e comunidade. É

importante refletir sobre o significado de cada um deles antes de utilizar as tabelas.

2.1 REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES

Redução de Riscos de Desastres (RRD) é um conceito relativamente novo. Temos, na literatura técnica, diferentes definições

para o termo, mas genericamente seu significado passa pelo entendimento de que se trata de um amplo desenvolvimento de

políticas, estratégias e práticas com foco na minimização de vulnerabilidades e dos riscos de desastres com a participação de

toda a sociedade. 3

RRD é uma abordagem sistemática na identificação, avaliação e redução de riscos de desastres. Tem o objetivo de reduzir as

vulnerabilidades socioeconômicas ao desastre, bem como abordar assuntos sobre o ambiente e outras ameaças que os

desencadeiam. O conceito está atrelado à responsabilidade pelo desenvolvimento e ao processo de assistência humanitária,

devendo ser integrado como parte do trabalho das organizações. RRD é muito abrangente, havendo necessidade e potencial de

aplicar iniciativas em praticamente todos os setores de desenvolvimento e trabalho humanitário.

Nenhum grupo ou organização consegue abordar todos os aspectos da RRD. O pensamento da RRD percebe o desastre como

um complexo conjunto de demandas de responsabilidade coletiva, que deve partir de diferentes disciplinas e grupos

institucionais – em outras palavras, parcerias. Esta é uma consideração importante porque organizações individualmente terão

de decidir como focar seus esforços e como trabalhar com seus parceiros para garantir que os demais aspectos da resiliência

sejam também abordados. (veja o item 4.4.1 para ideias sobre como utilizar as Características para identificar necessidade e

oportunidades de parcerias).

Perceba que as tabelas das Características são resultado de uma pesquisa com uma ampla rede de organizações que

trabalham em níveis local e comunitário, coletiva e individualmente. Alguns elementos da resiliência podem ser mais relevantes

para algumas organizações ou contextos do que outros.

2.2 RESILIÊNCIA E COMUNIDADE RESILIENTE

Muitas tentativas foram investidas para definir “resiliência”, tanto no contexto da RRD como no da adaptação às mudanças

climáticas. A variedade de definições e conceitos acadêmicos pode gerar confusão. Para objetivos operacionais é mais útil

trabalhar com definições amplas e características comumente já compreendidas. A partir dessa abordagem, um sistema ou uma

comunidade resiliente pode ser definido como a capacidade de:

Antecipar, minimizar e absorver os estresses potenciais ou as forças destrutivas pela adaptação ou resistência.

Gerenciar ou manter determinadas fundações e estruturas básicas durante a ocorrência de um desastre.

Reconstruir-se ou recuperar-se depois de um evento.

A ‘Resiliência’ é geralmente compreendida como um conceito maior que ‘capacidade’ porque vai além do comportamento, das

estratégias e das medidas específicas para a gestão e redução do risco que normalmente são entendidos como capacidades. É

difícil, no entanto, distinguir claramente os conceitos. É um trabalho diário, ‘capacidade’ e ‘lidar com capacidade’ muitas vezes

significam o mesmo que ‘resiliência’.

O foco na resiliência significa enfatizar fortemente o que as comunidades podem fazer por si próprias e como fortalecer

suas capacidades, mais do que concentrar-se em sua vulnerabilidade ao desastre, nos seus impactos e tensões, ou em

suas necessidades durante uma emergência.

Os termos ‘resiliência’ e ‘vulnerabilidade’ podem ser vistos como os dois lados de uma mesma moeda, ambos, entretanto, são

relativos. Deve-se identificar a que e em que medida os indivíduos, as comunidades e os sistemas são vulneráveis.

Assim como a vulnerabilidade, a resiliência é um conceito complexo e multifacetado. Diferentes características e fases da

resiliência são necessárias para tratar com diferentes tipos e severidades de risco, tensão, ou mudança climática.

3 O termo ‘redução de desastres’ é frequentemente utilizado com o mesmo significado. ‘Gestão de risco de desastres’ também é utilizado algumas

vezes nesse sentido, apesar de ser normalmente aplicado especificamente nas dimensões operacionais da RRD. Algumas agências usam ‘redução de risco’ como um termo guarda-chuva para auxiliar na integração do trabalho de com desenvolvimento e desastre.

PARTE 2: CONCEITOS CHAVE

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

9

Nenhuma comunidade jamais estará completamente segura das ameaças naturais ou humanas. Seria importante pensar na

resiliência ao desastre ou na comunidade resiliente ao desastre como “a possibilidade mais segura que nosso conhecimento

permite construir em um contexto de ameaças naturais4” minimizando sua vulnerabilidade pela maximização da aplicação das

medidas de RRD. RRD é então um conjunto de ações, ou processos, empreendido no sentido de alcançar a resiliência.

2.3 COMUNIDADE

Na gestão convencional de emergências, as comunidades são vistas em termos espaciais: grupos de pessoas vivendo na

mesma área ou próximas dos mesmos riscos. Essa visão negligencia outras dimensões significativas das “comunidades” que

devem se aproximar de outros interesses, valores, atividades e estruturas.

As comunidades são complexas e frequentemente não organizadas. Há diferenças em seu modo de produção de riquezas, seu

status social e suas atividades, e talvez haja divisões mais sérias dentro de uma mesma comunidade. Os indivíduos podem ser,

ao mesmo tempo, membros de mais de uma comunidade, associados a cada uma por diferentes fatores como localização,

ocupação, status econômico, gênero, religião, e interesses de recreação e lazer. As comunidades são dinâmicas: as pessoas

podem unir-se por objetivos comuns e depois separar-se quando alcançarem o objetivo.

Todos esses fatores dificultam a clara identificação da ‘comunidade’ com a qual se trabalha. Sob a perspectiva das ameaças, a

dimensão espacial é essencial para identificar as comunidades em risco. Entretanto, há que se relacionar também à

compreensão socioeconômica, vínculos e dinâmicas dentro da área de risco, não apenas para identificar os grupos vulneráveis,

mas também para compreender os diversos fatores que contribuem para a vulnerabilidade. Negócios, serviços e infraestrutura

de uma comunidade também devem ser levados em conta.

As comunidades não existem isoladamente. O nível de resiliência de uma comunidade também é influenciado pelas capacidades

externas, em particular pela gestão dos serviços de emergência, além de outros serviços sociais e administrativos,

infraestruturas públicas e uma rede de vínculos políticos e socioeconômicos com o resto do mundo. Praticamente todas as

comunidades são dependentes de serviços externos em maior ou menor grau, mesmo aquelas que se encontram em extrema

marginalização. As seções de Ambiente Favorável apresentadas nas tabelas buscam explicitar algumas destas influências. (veja

item 3.4)

PARTE 3 – AS TABELAS DAS CARACTERÍSTICAS: UMA EXPLICAÇÃO

No centro das Características está um conjunto de tabelas que busca ilustrar a compreensão do que seja uma comunidade

resiliente ao desastre (veja Parte 6). As tabelas são às vezes complexas, mas foram organizadas em diferentes níveis e

assuntos para facilitar sua compreensão e uso.

Nesta parte do documento apresentam-se os critérios utilizados para organização das tabelas com algumas sugestões sobre

como a pesquisa pode ser utilizada5. Na parte seguinte (Parte 4) as discussões giram em torno das diferentes aplicações das

Características mais especificamente, com apresentação de exemplos oriundos dos testes de campo.

3.1 ÁREAS TEMÁTICAS

As tabelas estão divididas em cinco áreas principais relacionadas à resiliência e RRD: chamadas de Áreas Temáticas. Essas

áreas temáticas estão baseadas no Quadro de Ação de Hyogo (veja item 1.1, anterior) e têm a intenção de considerar todos os

aspectos da resiliência. As cinco áreas temáticas são:

1. Governança

2. Avaliação de Risco

3. Conhecimento e educação

4. Gestão de risco e redução de vulnerabilidades

5. Preparação e resposta a desastres

4 Geis DE 2000, ‘By Design: the Disaster Resistant and Quality-of-Life Community’. Natural Hazards Review 1(3): 151-160 (citação na p.152).

5 As tabelas das Características não foram alteradas nesta primeira edição, com duas pequenas exceções. Uma está relacionada à adaptação às

mudanças climáticas (veja item 4.1.2). A outra se refere a uma ligeira alteração no Componente de Resiliência 2, na área temática 2. A razão para não realizar outras alterações dá-se em função do grande sucesso das Características. A pesquisa tem sido conduzida com entusiasmo e adotada por diversas agências em todo o mundo da forma como está. Não faria sentido, portanto, desfazer-se de todo o trabalho de orientação, treinamento e aplicação pela alteração radical em sua estrutura. Os usuários são, entretanto, incentivados a realizar modificações, seleções e qualquer alteração necessária para que as Características atendam suas próprias necessidades. (veja item 4.3 para mais orientação sobre isto),

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

As áreas temáticas são muito abrangentes, como se verá nas tabelas (particularmente a Área Temática 4: Gestão de risco e

redução de vulnerabilidades). Cada área está então subdivida em três subseções, apresentadas e discutidas a seguir:

Componentes de resiliência

Características de uma comunidade resiliente a desastres

Características de um ambiente favorável

3.2 OS COMPONENTES DE RESILIÊNCIA

Cada Área Temática está subdividida em um conjunto com seus principais Componentes de Resiliência. Estes são subtemas

ainda bastante amplos, mas iniciam o processo de desmembramento da resiliência ao desastre em conjuntos de atividades mais

precisos e compreensivos.

Pelo escopo das várias Áreas Temáticas, a quantidade e o alcance dos Componentes de Resiliência variam para cada uma

delas. A tabela abaixo traz a lista dos Componentes de Resiliência de cada Área Temática.

Áreas Temáticas Componentes da Resiliência

1 Governança Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político.

Sistemas legais e regulatórios.

Integração a políticas de desenvolvimento e planejamento.

Integração com ações de reconstrução e resposta a emergências.

Mecanismos, capacidades e estruturas institucionais; definição de

responsabilidades.

Parcerias.

Prestação de contas e participação comunitária.

2 Avaliação de Risco Avaliação de ameaças e de dados sobre risco.

Avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades.

Inovação e capacidades técnicas e científicas.

3 Conhecimento e Educação Informação pública, conhecimento e habilidades.

Gestão e compartilhamento da informação.

Educação e treinamento

Cultura, atitude, motivação.

Pesquisa e aprendizado.

4 Gestão de Risco e Redução de

Vulnerabilidades Gestão de recursos naturais e ambientais.

Saúde e bem estar.

Meios de subsistência sustentáveis.

Proteção social.

Instrumentos financeiros.

Proteção física; medidas técnicas e estruturais.

Sistemas de planejamento.

5 Preparação e Resposta a Desastres Coordenação e capacidades organizacionais.

Sistemas de alerta e alarme.

Preparação e planos de contingência.

Recursos de emergência e infraestrutura.

Resposta e reconstrução em emergências.

Participação, voluntariado e prestação de contas.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Na Parte 4 deste documento apresentamos sugestões de uso dos Componentes sob diferentes perspectivas de aplicação,

associadas as demais integrantes do quadro das Características.

A Área Temática 1 (Governança) é, de fato, um tema transversal a todas as áreas. Planejamento, regulação, integração,

sistemas institucionais, parcerias e prestação de contas são itens relevantes para todos, pois afetam qualquer iniciativa de RRD,

desenvolvimento ou resposta e assistência. Os usuários são então alertados para referir-se aos aspectos de governança a

qualquer momento, mesmo que estejam focando em outras áreas temáticas ou componentes de resiliência.

Talvez você deseje incluir ou enfatizar outros aspectos que sejam particularmente importantes em seu trabalho ou que você

sinta que não estão adequadamente tratados no quadro das Características. Você pode adicionar novos Componentes de

Resiliência ou alterar os já existentes. Alternativamente, você pode introduzi-los como temas transversais se forem aplicáveis a

mais de uma Área Temática. O item 4.3 fornece mais informação para isso.

3.3 OS COMPONENTES DA RESILIÊNCIA

Para cada Componente de Resiliência, as tabelas fornecem um conjunto de Características de uma Comunidade Resiliente a

Desastres. São itens muito mais detalhados e específicos, e aproximam os usuários da realidade de campo. Mais uma vez, a

quantidade de características varia de acordo com a natureza do Componente, mas de forma geral há muito mais características

(167 no total de todas as Áreas Temáticas, comparadas aos 28 Componentes de Resiliência).

Aqui está um exemplo de um Componente de Resiliência com suas Características de Comunidade Resiliente a Desastres.

Área Temática 2:

Avaliação de Risco

Características de uma comunidade resiliente aos

desastres

Primeiro elemento da Resiliência: Avaliação de

ameaças e dados sobre risco Realização de avaliações comunitárias de riscos e ameaças para

promover um retrato da compreensão das principais ameaças e riscos

a que a comunidade está exposta. (e riscos potenciais).

As avaliações de risco e ameaças constituem-se em um processo

participativo que inclui representantes de toda a comunidade e tipos

de conhecimento.

Resultados das avaliações compartilhados, discutidos, compreendidos

e acordados entre todas as partes interessadas, de forma a alimentar

o plano comunitário para desastres.

Resultados acessíveis a todas as partes interessadas (dentro ou fora

da comunidade, localmente e em níveis maiores), de forma a

alimentar o plano comunitário para desastres.

Monitoramento permanente das ameaças e riscos e atualização das

avaliações.

Habilidade e capacidade para realizar avaliações de risco e ameaças,

mantidas por meio de suporte e treinamento.

Esta parte das tabelas é utilizada mais frequentemente em trabalhos de campo. Assim, a maior parte das discussões sobre

aplicação da Parte 4, relaciona-se a este quadro.

Pode não estar claro, a todo o momento, exatamente para quem as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres

se aplica – e por isso, quem deve atuar apropriadamente. A característica determinada como ‘compartilhamento da visão de uma

comunidade resiliente e preparada’, por exemplo, induz à questão: Quem deve compartilhar essa visão? Todas as

características têm a intenção de serem aplicadas às comunidades e seus membros, mas algumas podem também ser aplicadas

a grupos e organizações que trabalham nas comunidades, como ONGs locais e órgãos de governo, ou ainda aqueles que atuam

em trabalhos de extensão. Para a maioria das agências externas as suas capacidades teriam espaço neste quadro, dentro do

Ambiente Favorável (item 3.4). Uma vez que as fronteiras entre as comunidades e os Ambientes Favoráveis não podem ser

sempre perfeitamente desenhadas, e uma vez que as agências externas têm um importante papel no bem estar e

desenvolvimento das comunidades, esse assunto necessita de uma discussão e decisão de campo.

Um ponto mais específico aqui trata sobre como algumas Características são compostas – por exemplo: [ameaça e risco]

Compartilhamento, discussão, compreensão e acordos sobre os resultados de avaliações, entre todos os públicos de interesse,

e a alimentação do plano comunitário para desastres (Área temática 2, Característica 1.3). Este contém dois elementos

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

principais: (1) compartilhamento, discussão, compreensão e acordo sobre os resultados entre todos os públicos de interesse; (2)

resultados da avaliação alimentando o plano comunitário de desastres. O primeiro elemento também pode ser dividido em quatro

outros elementos: compartilhamento, discussão, compreensão e acordo. Uma razão para agregar as Características dessa

forma é tornar estas notas de orientação mais fácil: as tabelas tornar-se-iam extremamente longas de outra forma. Mas essa

escolha só foi feita quando as diferentes Características estavam fortemente associadas uma a outra. Na prática, e dependendo

do propósito para que as tabelas estejam sendo utilizadas, as organizações podem separar algumas das Características.

3.4 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL

Nestas notas de orientação, o foco está nas comunidades e nas organizações locais (ainda que a resiliência individual e de

grupos familiares esteja incorporada nas tabelas de alguma forma). Entretanto, o quadro reconhece a importância dos fatores

maiores relacionados à política, socioeconomia e institucional no suporte ao nível de resiliência comunitária.

As tabelas identificam os principais elementos do Ambiente Favorável em relação a cada Componente de Resiliência. Eles são

mais detalhados que os Componentes, mas menos que as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres. Muitos

deles têm origem nos indicadores de nível nacional de RRD e seus quadros, desenvolvidos pela UNISDR e pela UM OCHA (veja

Painel 1. Outras iniciativas para indicadores de RRD).

As tabelas seguintes ilustram como o Ambiente Favorável se liga a cada um dos Componentes de Resiliência. Perceba que

estão incluídas características de nível local e nacional. As tabelas também incluem, em alguns momentos, dimensões

internacionais dos Ambientes Favoráveis.

Área Temática 1: Governança Características de um ambiente favorável

Primeiro elemento da Resiliência: Políticas

públicas, planejamento, prioridades e

compromisso político.

Consenso político sobre a importância da RRD.

RRD como uma prioridade de política pública em todos os níveis de

governo.

Política pública nacional de RRD, plano estratégico de implantação,

com definições claras de visão, prioridades, metas e pontos de

referência.

Políticas públicas locais de RRD, plano estratégico de implantação em

campo.

Política pública oficial (nacional e local), estratégia e suporte à gestão

de riscos de base local.

Nível local de compreensão oficial e suporte à visão comunitária.

Aqueles que trabalham com resiliência de comunidades precisam ter consciência do Ambiente Favorável e do efeito que ele

pode gerar em seu trabalho, mas não precisam analisá-lo em detalhes. Um projeto individual irá provavelmente realizar uma

avaliação rápida e subjetiva do Ambiente Favorável. De outro lado, uma organização que trabalha com uma quantidade de

projetos em um país em particular – a exemplo de uma ONG nacional e internacional – pode interessar-se em realizar

avaliações mais aprofundadas para informar sobre o seu trabalho e dar suporte à causa que defende.

Muitas funcionalidades do Ambiente Favorável ideal serão perdidas por diversos motivos. Em algumas situações a falta de

componentes chave de suporte é tão grande que cria o que pode ser chamado de um ambiente ‘desativado’ para iniciativas de

nível local. (veja, por exemplo, os comentários sobre conflitos no item 4.1.2). Os usuários das Características e suas notas de

orientação terão, portanto, uma base para seus planos de avaliação real sobre o tipo e nível de suporte externo que possam

esperar.

O Ambiente Favorável não está separado do trabalho comunitário e não deve ser visto isoladamente. E isso é particularmente

relevante na construção de parcerias (item 4.4.1) e na defesa de causas (item 4.4.4). Onde as ações comunitárias e o ambiente

favorável são considerados juntos, as ideias para interação entre diferentes atores e níveis de intervenção são mais úteis, e a

influência do projeto nos processos decisórios tem mais potencial para a sustentabilidade e expansão.

Na prática, não há uma fronteira clara entre o que seja uma comunidade e um Ambiente Favorável, assim como é provável que

haja um elo de relações e conexões entre a comunidade e os atores externos. Os órgãos operacionais que atuam em

comunidades podem, eles próprios, ser considerados como parte do Ambiente Favorável, se forem externos às comunidades ou

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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parte de uma organização maior, redes ou movimento. Sua cultura organizacional, sua forma de trabalho e a natureza de suas

parcerias locais e externas influenciam na construção dos fatores de resiliência. Isto sugere que caminhos diversos devem ser

encontrados para engajar as comunidades aos órgãos de governo de mais alto nível na aplicação das Características, para

romper fronteiras e estimular a integração.

3.5 DESAFIOS

3.5.1 Limitações de um quadro como ferramenta

O documento Características tem a intenção de prover uma compreensão da resiliência e da RRD, por meio de um quadro. Para

torná-lo útil o quadro foi estruturado (seguindo o Quadro de Ação de Hyogo) em Áreas Temáticas, Componentes de Resiliência,

e Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres; e adicionalmente o quadro também inclui o Ambiente Favorável.

Sem uma estrutura deste tipo poderia ser impossível encontrar uma forma de expressar as mais diversas características da

resiliência. Mas, como todo quadro, há algumas distinções artificiais entre os diferentes aspectos de cada item. Há, na verdade,

muito mais conexões e coincidências, e assim muitas Características individuais de uma comunidade resiliente a desastres

podem aparecer em mais de uma Área Temática ou Componente de Resiliência6. Há, neste ponto, um perigo – que há também

em qualquer quadro – que é a tendência a separar os diferentes elementos e ignorar as ligações entre eles. Estas conexões

sobre os diferentes temas e componentes devem ser mantidas e sempre lembradas.

As atividades para promoção da resiliência não ocorrem independentemente, qualquer que seja. Por exemplo, o planejamento

está majoritariamente enquadrado na Área Temática da Governança, mas na prática, está vinculado a outras atividades, como a

de Avaliação de Riscos. De forma similar, as Características foram separadas em Componentes de Resiliência para a avaliação

de ameaças e riscos (Área Temática 2), mas frequentemente se combinam operacionalmente. O item 4.2 discute sobre como os

elementos do quadro podem ser modificados para refletir em uma prática melhor.

3.5.2 Limitações do Quadro de Ação de Hyogo

O Quadro de Ação de Hyogo é geralmente aceito pelas agências internacionais, governos e inúmeras ONGs – trata-se do único

quadro sobre RRD acordado internacionalmente – de maneira que faz sentido alinhar as Características às suas cinco

Prioridades de Ação para desenhar comparações relevantes e apresentar análises aos gestores públicos e outros tomadores de

decisão.

Esta não é, entretanto, uma área confortável o tempo todo, particularmente no caso da Prioridade 4 (Redução dos Fatores de

Risco), que nas Características iniciam a Área Temática 4 (Gestão de Riscos e Redução de Vulnerabilidades). Esta área

temática abrange uma variada gama de importantes temas, que não necessariamente precisam estar juntos. Os sete

Componentes de Resiliência nessa área temática são:

Gestão de recursos naturais e ambientais.

Saúde e bem estar.

Meios de subsistência sustentáveis.

Proteção social.

Instrumentos financeiros.

Proteção física; medidas técnicas e estruturais.

Sistemas de planejamento.

Alguns aspectos estão intimamente relacionados às ocorrências de desastres: a exemplo das medidas técnicas e estruturais

necessárias à proteção física contra as ameaças. Outras estão relacionadas às causas da vulnerabilidade de longo prazo e já

enraizadas, que pode trazer à tona fatores fundamentais de larga escala, como os econômicos e sociais. O agrupamento de

todos esses aspectos em um mesmo ponto de partida pode causar confusão, com o risco de algumas importantes questões

serem superficialmente analisadas. Essa condição também cria um desequilíbrio para as Áreas Temáticas, com algumas

recebendo uma ampla visibilidade e outras com foco mais restrito.

Todos esses são pontos importantes. Por isso, já avisamos aos usuários para que tenham atenção especial na Área Temática 4,

garantindo que os diferentes Componentes de Resiliência sejam adeuqdamente compreendidos e investigados por,

6 Sempre que possível, as Características individuais foram colocadas em apenas um local dentro do quadro. Não é a forma ideal, dada à natureza

holística da resiliência – e nem todos os usuários estão felizes com isso – mas a repetição das Características individuais ao longo do quadro poderia transformar este, em um documento mais longo e confuso.

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completo. Quando possível, os profissionais que trabalham com desastres e desenvolvimento devem estar envolvidos, bem

como especialistas de áreas correlatas (por exemplo, especialistas da área financeira para trabalhar com instrumentos de sua

área; engenheiros, arquitetos para a área de meio ambiente).

3.5.3 Aspectos comportamentais de resiliência

Algumas pessoas acreditam que as Características devem dizer mais sobre as atitudes e os comportamentos da resiliência.

Fatores como crenças, intenções, confiança e credibilidade são frequentemente estudados como influenciáveis ao

comportamento dos indivíduos em situação de desastres, mas é difícil avaliar tais aspectos em nível comunitário ou institucional.

Os aspectos de atitude e comportamento estão mais implícitos que explícitos nas Características, mas não estão ausentes. Na

Área Temática 1, por exemplo, existem características relacionadas à visão, consenso, pensamento de longo prazo,

voluntariado, compromisso e entusiasmo. Os usuários devem lembrar-se desses aspectos quando estiverem em ações de

avaliação e planejamento para resiliência.

PARTE 4 – COMO UTILIZAR AS CARACTERÍSTICAS

4.1 VISÃO GERAL E CONTEXTOS

4.1.1 Visão Geral

As Características podem ser utilizadas em estágios diversos do ciclo de gestão de projeto (para estudos de base, planejamento

e avaliação de projetos, por exemplo), associadas a outras ferramentas de RRD e a projetos de pesquisa (análise de

vulnerabilidades e capacidades, por exemplo), para construção de capacidades e defesa de causas específicas, ou ainda para o

planejamento estratégico.

Neste capítulo discutimos alguns desses caminhos de aplicação das Características, desenhando as lições aprendidas nos

testes de campo. Não se trata de uma crítica abrangente ou de um manual para usuários, mas da apresentação de estudos de

caso tomados como exemplos; do direcionamento de algumas questões que precisam ser respondidas; do reconhecimento de

desafios que precisam ser identificados; e da apresentação de sugestões práticas sobre como lidar com esse contexto.

Recomendamos que você dedique algum tempo analisando a estrutura básica e seu conteúdo a partir de todas as

tabelas (no item 6) para familiarizar-se antes de continuar lendo este capítulo.

4.1.2 Contextos

As Características podem ser aplicadas em qualquer contexto local onde haja um planejamento em RRD, ou haja sua intenção.

Como já foi dito, todo projeto, localidade e comunidade é único. Todo planejamento e intervenção devem refletir suas

particularidades. Muito do que se apresenta neste item trata sobre as diferentes maneiras de utilizar as Características para

adaptá-las ao contexto local. Mas, os contextos específicos de aplicação que se seguem exigem certos comentários.

(a) Adaptação às mudanças climáticas

“A RRD pode lidar com a atual variabilidade climática e ser a linha de frente no combate às mudanças climáticas,

sendo então essencial para a adaptação. Reciprocamente, para que a RRD seja bem sucedida é necessário ter em

conta que os riscos associados às mudanças climáticas são inconstantes, e garantir que as medidas não ampliem a

vulnerabilidade às mudanças climáticas em médio ou longo prazo” 7.

RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas não são a mesma coisa: RRD relaciona-se a uma gama muito maior de ameaças

que apenas às climáticas, enquanto que o escopo da Adaptação às Mudanças Climáticas vai além dos tópicos de RRD, como a

7 Mitchell T, van Aalst M, 2008, ‘Convergence of Disaster Risk Reduction and Climate Change Adaptation: A Review for DFID’(relatório não

publicado) p.1. http://humanitarian-space.dk/fileadmin/templates/billeder/dokumenter/Event_Climate/Convergence_of_DRR_and_CCA.pdf

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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perda da biodiversidade e as alterações nos ecossistemas. Não obstante, há uma justaposição entre elas: ambas focam na

gestão dos riscos e na redução de vulnerabilidades no contexto do desenvolvimento sustentável. Suas agendas também

evoluíram separadamente e sua integração ainda é limitada. A maior parte das organizações humanitárias ainda busca uma

efetiva integração, tanto conceitualmente como operacionalmente8. O Painel 2 (Integração entre RRD e Adaptação às Mudanças

Climáticas) ilustra como alguns membros de grupos de interagências estão atualmente pensando sobre o tema: note que há

ainda muito trabalho em andamento.

No trabalho de campo não é necessariamente interessante fazer distinções entre impactos e tensões causados pelas

ameaças, mudanças climáticas ou outras formas de degradação do ambiente: o que é importante é compreender a

natureza da ameaça e suas causas, e assim planejar as ações de resposta apropriadamente.

As Características não foram desenhadas especificamente para as mudanças climáticas e não contêm orientações detalhadas

para essa temática. Nas poucas situações em que o documento se refere especialmente às mudanças climáticas ou seu

processo de adaptação, pretende-se que os usuários estejam atentos às necessidades de ligação e integração entre as áreas,

por meio de estratégias e políticas públicas.

Entretanto, considera-se que as iniciativas de RRD sejam necessárias à gestão das ameaças e impactos gerados pelas

mudanças climáticas e, portanto, implica em todo o documento aqui apresentado, uma vez que muitos dos componentes e

características aqui sugeridos são aplicáveis à Adaptação às Mudanças Climáticas. Como observou Maarten van Aalst, da Cruz

Vermelha / Centro Climático do Crescente Vermelho, em um recente evento das Características: ‘A adaptação não é uma

atividade isolada, deve ser integrada a todos os elementos relevantes do quadro das Características’. Significa, portanto, que os

usuários devem manter o tema da Adaptação às Mudanças Climáticas em mente sempre que trabalharem com as

Características, e não presumir que as mudanças climáticas são apenas relevantes nos pontos em que está diretamente

mencionada neste documento9.

(b) Depois do desastre

O estado ideal de resiliência delineado nas Características está muito distante da condição de uma comunidade que tenha

acabado de sofrer um desastre. Talvez haja a necessidade de se pensar Características similares por meio de uma pesquisa

que as identifique para aquelas comunidades que estão em fase de reconstrução pós-desastre (a exemplo das fases de limpeza,

e fornecimento de água confiavelmente tratada) como um primeiro passo da resiliência. Isso poderia ser criado pela seleção de

pequenos conjuntos relativamente pequenos das Características (veja item 4.3.3), ainda que seja uma tarefa cuidadosa, em um

processo deveras deliberativo.

A iniciativa da Cruz Vermelha de Mianmar, IFRC e Cruz Vermelha de Danish, por exemplo, de desenvolver um quadro de

monitoramento e avaliação para as ações de assistência, socorro e reconstrução após o Ciclone Nargis incluiu o

desenvolvimento de ‘perfis de resiliência’ comunitários: a composição de um conjunto de indicadores para setores diferentes

(água e saneamento, abrigos, por exemplo) que ilustra o nível de resiliência de uma comunidade ou famílias em diferentes

tempos. Cada perfil representa um ‘pacote’ mínimo de resiliência para um setor em particular e um dado momento após o

desastre. Essa abordagem também tem algo em comum com os diversos ‘marcos’ descritos no item 4.3.5.

(c) Conflitos

As Características foram escritas a partir dos chamados desastres ‘naturais’ considerando, e com a expectativa, de uma gestão

de desastres de base comunitária, assumindo que haja um grau de consenso dentro das comunidades. Em situações de forte

instabilidade ou conflito, pode ser mais difícil aplicá-las. Mais que isso, os conflitos frequentemente minam a resiliência das

comunidades; a exemplo da perda da coesão social; da destruição dos bens produtivos e da infraestrutura local; do acesso

limitado aos recursos naturais como fontes de água e pastagens; forçando famílias inteiras a abandonar suas residências. As

alterações na forma em que as Características são aplicadas em tais contextos são imprescindíveis – e é exatamente o que é

difícil de orientar, uma vez que não há experiências de campo na aplicação das Características em contextos desse tipo. (veja

também item 3.4 em Ambiente Favorável).

8 Para acessar a explanação completa deste tema, acesse: Venton P, La Trobe S, 2008, Linking climate change adaptation and disaster risk

reduction (Teddington: Tearfund) www.tearfund.org/webdocs/Website/Campaigning/CCA_and_DRR_web.pdf 9

Na primeira edição das Características, a adaptação às mudanças climáticas foi mencionada na gestão de recursos ambientais e naturais

constante no Componente 1 da Área Temáticas 4 (Gestão de Riscos de Redução de Vulnerabilidades). Embora a adaptação às mudanças climáticas não esteja restrita a esse tema, o documento sugeria que o usuário fosse levado a pensar que este era o ponto de maior prioridade para integração entre as duas temáticas, e que cada usuário poderia identificar outros pontos de integração. A referência foi retirada nesta edição.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

4.2 INTRODUÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS; CONSTRUÇÃO DA CAPACIDADE DE USUÁRIO

4.2.1 Público alvo e grupos de usuários

As Características foram formatadas principalmente para governos e organizações da sociedade civil que trabalho com RRD e

Adaptação às Mudanças Climáticas em níveis comunitários, e em parceria com essas comunidades. Assim, os principais

usuários durante a pesquisa e o teste de campo foram ONGs nacionais e internacionais, e seus parceiros locais, em todo o

mundo. As orientações, no entanto, também podem ser utilizadas por cientistas e técnicos que estejam desenvolvendo seus

próprios modelos e orientações sobre resiliência; por pesquisadores que desenham quadros analíticos; ou ainda para o ensino

universitário sobre redução de riscos de desastres. O uso governamental tem sido lento, mas muitos governos nacionais por

meio de seus escritórios de gestão de desastres têm mostrado interesse pelas Características. Destaca-se que todo esse

material foi desenvolvido tanto por profissionais de ONGs, como por pesquisadores para facilitar a discussão com os governos

locais sobre suas capacidades e intervenções.

4.2.2 Introdução das Características ao usuário

(a) Princípios básicos

Como iniciar o uso das Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres em seu trabalho? A resposta depende do

que você, usuário, decidir! (as notas de orientação aqui apresentadas tem a intenção de ajudá-lo em suas decisões).

As Características não funcionam como um modelo para toda e qualquer situação. Trata-se de uma pesquisa, e não

uma lista de afazeres a ser completada. Elas devem estimular e facilitar a discussão, e sempre serem adaptadas ao

contexto de aplicação e às necessidades e capacidades de seus usuários.

Em qualquer contexto, é essencial investigar as utilidades das Características e sua relevância aos usuários da organização,

bem como aos seus parceiros e comunidades vulneráveis. O que inclui a percepção de o quanto e em que medida elas são

aplicáveis à abordagem organizacional e individual, aos sistemas e à gestão estrutural.

Houve um acordo generalizado durante os testes de campo como a necessidade de facilitação para a introdução das

Características aos potenciais usuários. Ainda que os princípios básicos possam ser facilmente explicados, o documento por si

só é longo e complexo, com a linguagem podendo apresentar-se de forma abstrata e conceitual, e as tabelas bastante

detalhadas. Notas de orientação são sempre úteis, especialmente quando feitas por experientes profissionais de RRD que

empenharam algum tempo estudando as Características e as utilizando em campo; mas é igualmente importante dar aos

usuários o tempo e a oportunidade para prepararem-se pela leitura, reflexão e discussão.

Uma introdução às Características poderia envolver um treinamento, mas na prática é mais habitual realizar oficinas de

planejamento e organizar atividades de grupo nas quais se possa discutir, validar e modificar o conteúdo da pesquisa, por meio

de métodos participativos de alcance. Frequentemente esse é apenas um único exercício, mas seria melhor percebê-lo como

parte de um processo de longo prazo de aquisição e uso desta e de outras ferramentas para planejamento, implantação e

avaliação de ações em RRD.

Lembre-se de que a construção da resiliência deve ser compreendida como um processo contínuo de aprendizagem e

prática. As Características não apresentam instruções como conduzir esse processo, e são apenas uma entre tantas pesquisas

que podem ser úteis a essa tarefa: veja Painel 1 (Outras iniciativas para indicadores de RRD) e Painel 3 (Criação de um

processo de RRD bem sucedido).

É essencial que aos grupos vulneráveis seja dada a chance de explorar e validar as Características. Este deve ser um

processo participativo. Até o momento, as Características têm sido aplicadas de cima para baixo. Mas podem também ser

adotadas localmente em um processo de baixo para cima – não apenas pelas comunidades, como também por organizações

locais. Isto cria uma propriedade para a pesquisa que amplia as chances de ser aplicada com sucesso. (veja o Painel 4:

Envolvimento da juventude, para sugestões sobre como engajar comunidades). Algumas abordagens também requerem

facilitadores experientes em trabalhos de base comunitária.

(b) Abordagens para indução e formação

Seria difícil apresentar todas as Características em uma única introdução ou exercício prático, a menos que um tempo

considerável possa ser destinado a isso (idealmente como um processo contínuo, incluindo tempos para avaliação e

desdobramentos para que os usuários tornem-se mais experientes na aplicação da pesquisa). Um único exercício resumido

pode ter seu valor diminuído, a menos que os participantes já sejam especialistas em RRD e tenham um tempo anterior para

familiarizar-se com as Características. Desprender um tempo com a equipe da ‘linha de frente’ para falar sobre as

Características gera maior compreensão e comprometimento.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Diversos são os caminhos possíveis para a introdução às Características.

O primeiro tem início em uma revisão geral do quadro e seus elementos principais: As Áreas Temáticas, os Componentes

de Resiliência e o Ambiente Favorável. Esse passo pode estimular uma discussão semiconceitual sobre a natureza, a

aplicação e os objetivos da RRD.

Um grupo de exercícios poderia focar em um Componente de Resiliência específico, junto às suas características,

permitindo que os participantes estejam engajados à pesquisa e debatam sobre sua aplicação em situações reais, a

exemplo da criação de linhas de base, conjunto de prioridades ou avaliação de progresso.

Outro caminho consiste em iniciar com o que as pessoas já conhecem sobre o assunto – ou seja, situações e projetos reais,

em que o olhar para trás sobre de que maneira ações e resultados já alcançados encaixam-se ao quadro das

Características. Isto pode conduzir a uma discussão sobre pontos fortes e fracos, ou lacunas e seguranças. O Estudo de

Caso 1 (Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh) é uma descrição

detalhada desse método, desenvolvido por Tearfund. O Estudo de Caso 2 (Introdução das Características aos parceiros da

ONG no Nepal) é uma ilustração aprofundada advinda de ações práticas de RRD e do trabalho em bases comunitárias.

A maneira como as Características serão introduzidas deve estar de acordo com o potencial dos usuários, em relação ao seu

conhecimento e capacidades: não há um padrão para todas as situações. Há casos em que as organizações não tiveram um

nível suficiente de compreensão sobre RRD e sua terminologia para utilizar facilmente as Características, ou situações em que

os participantes e os facilitadores tinham diferentes entendimentos das questões que necessitavam de solução prioritariamente.

(c) Conquista da aceitação organizacional

Durante o período de testes de campo, a aplicação das Características ocorreu, na maioria das vezes, em projetos específicos,

com benefícios indiretos em termos de conquista de habilidades e conhecimento sobre as Características e RRD como um todo.

Ainda é relativamente pequena a evidência sobre como as Características podem ser trabalhadas em âmbito organizacional,

mas existem alguns exemplos dos testes de campo sobre caminhos nos quais as Características podem apoiar a construção de

capacidades em projetos ou equipes organizacionais.

O Estudo de Caso 3 (Uso das Características para avaliar capacidades, habilidades e lacunas) é um bom exemplo. Outro

exemplo vem da Oxfam GB, em que parte da programação do ‘encontro global’ de dezembro de 2007, destinou-se a

familiarização de sua equipe com as Características. Após uma discussão geral sobre o documento e sua ampla cobertura em

RRD, os participantes foram divididos em grupos, um para cada Área Temática. Cada grupo escolheu um Componente de

Resiliência de sua Área Temática, observou as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres dentro de cada

componente, selecionou uma dessas características e discutiu sobre como transformar tal característica em um indicador e

como mensurá-lo. Esse exercício permitiu que os participantes aproximassem-se da pesquisa e debatessem sobre os caminhos

de adaptação ao seu próprio ciclo operacional, bem como gerassem uma devolutiva sobre a aplicabilidade de forma geral.

(d) Tradução

A primeira edição das Características foi traduzida para o Francês, Espanhol e Indonésio. Esperamos que essa edição esteja

também disponível em diversos idiomas. No campo, as agências já traduziram partes do documento, ou termos e conceitos

chave, para idiomas locais. Essa pode ser uma tarefa difícil, especialmente onde não haja uma palavra da língua local para

alguns termos do Inglês: uma organização que trabalha no Nepal, por exemplo, encontrou dificuldade em traduzir a palavra

‘resiliência’. A dificuldade pode ser maior onde haja diferentes compreensões ou interpretações de um termo em particular.

Não há uma solução simples para esse problema. O que importa é conduzir o processo da melhor forma – neste caso,

investindo tempo na discussão dos termos, e os associando a conceitos em que haja concordância de significado na tradução.

Um bom facilitador pode auxiliar nesse momento.

(e) Atitudes positivas

Finalmente, nós pudemos perceber um inesperado, mas muito importante, resultado de nossos testes de campo: o valor

psicológico das Características na criação de atitudes positivas entre os usuários. Este foi o resultado das Características com

foco em soluções, mais que em situações problema. O retorno de Tearfund a partir de sua atividade de introdução às

Características para profissionais de RRD em Bangladesh10

foi típico:

“Vimos o valor positivo das Características. Anteriormente, eles sabiam o que queriam para prevenir o desastre em

uma área de risco, mas isso se transformou em conhecimento sobre o que realmente querem alcançar”.

A dimensão psicológica e motivacional na construção da resiliência merece estudos aprofundados.

10 Descrito no Estudo de Caso 1: Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

4.3 SELEÇÃO, MODIFICAÇÃO, “CUSTOMIZAÇÃO”.

4.3.1 Porque as Características precisam ser modificadas

Os usuários precisam comprometer-se completamente com a pesquisa das Características, debatendo sua utilidade e, quando

apropriado, adaptando para caber em suas necessidades. Isto pode envolver a seleção em particular de alguns Componentes

de Resiliência e das Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres, adaptando e as reescrevendo, incluindo novas,

ou até organizando de uma forma diferente o quadro proposto. Seria como ‘customizar’ o quadro, de maneira a deixar as

Características mais relevantes às necessidades e capacidades particulares; às ameaças a que cada comunidade está exposta;

ao tipo de trabalho que as organizações são especialistas e têm capacidade de desenvolver; e ao seu ambiente operacional e

político. É importante não adotar características individuais sem questionar sua precisão e relevância para determinada situação.

Em contextos de mudanças rápidas, esse questionamento deve ser repetido seguidas vezes a garantir que as Características

permaneçam adequadas.

Não se espera que ninguém utilize todas as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres em seu trabalho.

Mesmo que o façam, as Características – que pretende ser o mais abrangente possível – não têm a capacidade de dar conta de

todas as dimensões da resiliência, todos os setores ou todos os grupos vulneráveis da sociedade11

. Provavelmente cada usuário

terá sua própria visão sobre como as Características refletem em seu trabalho.

4.3.2 Abordagens possíveis

O processo de modificação ou seleção das Características relevantes deve considerar os fatores abaixo para que as decisões

sejam claras sobre as priorizações, a reconhecer que esse processo pode envolver alguns compromissos (veja mais sobre

priorizações no item 4.4.4). O processo deve ser aberto.

As Características terão mais utilidade (e, portanto, serão mais utilizadas) quando forem selecionadas por, ou ao menos

com, aqueles que necessitam delas. O que significa que se trata de um processo participativo, de discussão e de

validação local.

Diversas organizações ‘customizaram’ as Características, de variadas formas. O Painel 5 (Adaptação das Características a

contextos locais) é um exemplo que vem das Filipinas, em que uma ONG local traduziu genericamente as Características de

uma Comunidade Resiliente a Desastres e o Ambiente Favorável para um guia de orientações em versões que se adéquam ao

contexto local de seu trabalho mais especificamente.

A Plan Internacional tem explorado alguns caminhos para fazer com que as Características reflitam suas principais abordagens

em direitos e proteção das crianças. Uma das formas foi desenvolver um conjunto de indicadores desenhados a partir do quadro

das Características, mas específico ao foco da Plan e ao processo de RRD com crianças (veja Estudo de Caso 4:

Contextualização das Características para redução de risco com foco em crianças). Outra experiência registrou-se com a criação

de uma Área Temática extra (ainda em versão rascunho) sob a perspectiva de gênero e das crianças em comunidades

resilientes a desastres, e nela incluem-se seus próprios Componentes de Resiliência, Características de uma Comunidade

Resiliente aos Desastres, e Ambiente Favorável. (veja Painel 6: Criação de novas Áreas Temáticas).

Este documento foi desenhado com foco central em RRD, mas a RRD é uma parte que integra o desenvolvimento

sustentável. Muitos dos componentes de resiliência e das características delimitados nesta pesquisa são aplicáveis a

outros contextos de desenvolvimento.

É, portanto, possível compartilhar e discutir as Características em torno de toda a organização, buscando conexões com outros

conceitos e indicadores utilizados pelas organizações em seus diversos campos de atuação. Algumas conexões provavelmente

assumirão a forma de fertilização cruzada ou empréstimo de ideias, ao invés de uma integração mais formal de sistemas

conceituas ou de avaliação, mas os usuários devem sentir-se à vontade para reinterpretar e reorganizar as Características na

direção que lhes seja mais apropriada, incluindo transformá-las em uma linguagem mais simples.

4.3.3 Características chave

Algumas organizações customizaram um passo mais adiante pelo desenvolvimento de listas gerais de Características chave –

‘chave’ em relação às prioridades de RRD, a área específica da RRD na qual um projeto individual esteja focado ou o tipo de

trabalho que a agência desenvolve.

A Tearfund é uma organização que tem desenvolvido conjuntos de características chave e percebeu utilidade em seu trabalho

global em RRD e segurança alimentar (veja Painel 7: As ‘20 mais’ características de Tearfund).

11 Por exemplo, alguns usuários sugeriram que a gestão de recursos sustentáveis e o capital social não se encaixam bem neste quadro.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

19

Outras organizações falam em termos de identificação ‘prioritária’ ou ‘mínima’ de indicadores e Características, reconhecendo o

imenso desafio que envolve o progresso em todos os aspectos da resiliência, especialmente onde se concentra a alteração de

padrões subjacentes ao desenvolvimento. (para apontamentos semelhantes, veja o Painel 8: Indicadores chave de uma

comunidade resiliente, por ADPC). Esse deve ser um processo deliberativo e inclusivo, relacionado ao contexto das iniciativas

em RRD, e algumas vezes o consenso pode ser difícil. Lembre-se também de que a RRD é por si só um processo constante de

aprimoramento: ninguém deve estar satisfeito com um mínimo de conquistas.

Algumas agências podem desejar atuar de alguma maneira nesse campo, o que pode ser um valioso exercício se estimular a

discussão e informar o processo de decisão sobre a natureza da resiliência, áreas prioritárias para a construção da resiliência ou

a RRD em geral (a questão é frequentemente debatida entre especialistas). Mais uma vez, é essencial conduzir o processo da

maneira correta. Se a seleção das características chave é necessária (e não se deve presumir que é), deve ser feita de maneira

participativa e deliberativa, jamais impositiva. O exercício não deve ser isolado, há que se incluir visões diversas. A resiliência ao

desastre não é estatística: as necessidades e capacidades das pessoas e de seus contextos podem mudar. Se a seleção das

Características permanecer fixa, os gestores de projetos podem simplesmente esquecer os outros aspectos da resiliência que

precisam ser considerados por sua significância.

4.3.4 Estabelecimento de prioridades

Para muitas agências, a abrangência da RRD e a variedade dos potencias de suas iniciativas apresentam problemas na escolha

sobre onde e como fazer intervenções. As Características não fazem diferenciação entre a variedade de tipos de RRD em

termos de seus significados. Há que se registrar, entretanto, que as agências devem escolher suas prioridades porque não

podem abarcar todos os aspectos da resiliência ao mesmo tempo.

O papel das Características é de auxiliar os usuários a visualizar a maior gama possível de opiniões, para que possam

fazer suas próprias escolhas. Está a critério do grupo ou organização definir suas prioridades para intervenção e isso

dependerá de um número de fatores que incluem necessidades, contextos e capacidades operacionais.

Quando se decide pelas intervenções, pode ser também útil olhar para as conexões entre as diferentes Áreas Temáticas. Uma

atividade em uma Área Temática pode ter mais impacto se for reforçada por um Componente de Resiliência de outra área. Por

exemplo, as atividades de preparação para desastres (Área Temática 5) serão mais efetivas no planejamento quando basearem-

se na redução de riscos e de avaliação de vulnerabilidades (Área Temática 2) e há também níveis mais altos de participação

comunitária e prestação de contas (Área Temática 1)12

. Similarmente, a avaliação de riscos, ameaças e vulnerabilidades (Área

Temática 2) é, com frequência, vista como uma prioridade para o início de um projeto, para identificação das ameaças principais

de uma comunidade e para orientar o plano de ação em RRD. Mas outras forças, dificuldades e lacunas de resiliência podem

também ser identificadas antes que as escolhas operacionais sejam feitas.

4.3.5 Marcos

“As Características podem beneficiar desde uma simples ponderação de um processo de prestação de contas, até

diferentes países e comunidades que iniciam seus trabalhos e precisam identificar, de alguma maneira, ‘a distância

a ser percorrida”.

O conjunto das Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres representa um objetivo: o mais alto nível de

resiliência que seja realmente viável. Marcos adicionais são necessários para aperfeiçoamentos e progressos em direção a este

objetivo. Há, entretanto, desafios no uso dessas tabelas para avaliar o nível de evolução de um estado pré-existente de

resiliência para o estado ideal de segurança13

.

Algumas Características podem ser utilizadas como indicadores convencionais de processo (veja item 4.4.2), mas não podem

ser aplicadas como medidas padrão para requisitos específicos de projetos específicos. Os parceiros do projeto terão que

concordar sobre como medir sua própria evolução em cada caso. Ao fazer isso eles focarão todas as Características de uma

Comunidade Resiliente a Desastres que escolheram trabalhar, atuando em um processo que pretende passar do estado atual

para o estado final em cada caso, e com indicadores acordados para diferentes estágios ao longo de todo o caminho.

Um modelo de ‘marcos’ pode ser útil para compreender o progresso em direção à resiliência de uma comunidade ou localidade

em particular. Isso provavelmente irá ser mais útil como um exercício para diversos públicos de interesse observarem o trabalho

de grupos e organizações envolvidos em RRD na localidade.

12 Algumas sugestões indicam que, a nível comunitário, a avaliação de riscos é ponto de partida para a RRD eficaz, uma vez que gera alianças e

participação, e assim facilita o diálogo com o governo. 13

Dr. Maureen Fordham, em entrevista para a Plan UK.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Não há, todavia, uma compreensão comum sobre os diferentes estágios de progresso em RRD; trabalhar com marcos e

avaliações comparativas é ainda algo experimental. Nas Características, sugere-se uma escala de cinco níveis, em que cada

nível distingue um estágio de desenvolvimento em RRD. Essa é uma escala simples que deve ser de fácil uso14

. A escala foi

desenhada para possibilitar uma visão geral do estado de resiliência, e pode ser utilizada para revisar a evolução em direção à

resiliência a partir das cinco Áreas Temáticas, ou separadamente por Área Temática. Ainda pode ser também aplicada para

selecionar os componentes de resiliência, mas não necessariamente para todos eles.

Nível 1 Pouco conhecimento sobre o assunto ou pouca motivação local. Ações limitadas a respostas pela

ocorrência de eventos adversos.

Nível 2 Conhecimento do assunto e vontade de atuação na área. Capacidade de ação (informação e habilidades,

recursos humanos, materiais e outros) ainda limitada. As intervenções tendem a ser de cima para baixo,

esporádicas e com efeito de curto prazo.

Nível 3 Desenvolvimento e implantação de soluções. Capacidade de ação aprimorada e substancial. As

intervenções ocorrem em maior quantidade e com efeitos de longo prazo.

Nível 4 Coerência e integração. As intervenções são extensivas, abordando todos os diferentes aspectos do

problema e associadas a uma visão estratégica de longo prazo.

Nível 5 A ‘cultura da segurança’ existe em todos os públicos de interesse, onde a RRD está arraigada a todas as

políticas públicas, ao planejamento, à prática, às atitudes e aos comportamentos.

Parte-se do pressuposto que os grupos e organizações que utilizarem essa ferramenta para sua autoavaliação já tenham

ultrapassado o nível 1.

O nível 5, por sua vez, aproxima-se do ideal de uma comunidade resiliente a desastres. A noção de ‘cultura da segurança’ a que

nos referimos aqui, que foi ampliada por sistemas da ONU e outros, vai além dar realização de atividades locais de RRD, pois

implica uma larga aderência e uma arraigada mudança comportamental15

.

As avaliações de progresso utilizadas nesse modelo envolvem a observação de como o alcance da RRD ou dos temas

relacionados à resiliência foi conquistado; de como a quantidade, o tipo e a abrangência das Características foram conquistadas;

e – mais importante – como foi o nível de coerência e coordenação de esforços. Para aplicar este, ou métodos similares, indica-

se manter todo o cenário à vista, e incentivar destacada coerência nas atividades e elos entre os diferentes grupos e

organizações envolvidas.

As avaliações podem ser mais rápidas ou mais intensivas, mas a complexidade da análise não deve ser desprezada. Alguns

usuários recentes das Características preocuparam-se com a tarefa de trabalhar todas as 167 características para construir o

cenário completo dos marcos de progresso em direção à resiliência. Certamente essa é uma tarefa impraticável para projetos de

campo (a menos que tenham algum valor de pesquisa). Uma atuação mais prática poderia receber avaliações mais genéricas

baseadas em critérios qualitativos em altos níveis (Áreas Temáticas e Componentes de Resiliência), com, talvez, o desenho de

algumas Características chave de uma comunidade resiliente ao desastre se apropriado. Essas avaliações devem ser

obviamente, participativas. O objetivo será o de alcançar um consenso.

Os marcos podem ser usados como linhas de base no início do projeto para avaliar o nível de acertos a cada momento (veja

item 4.4.2). A repetição das avaliações deve indicar a extensão do progresso em RRD. Deve-se enfatizar, todavia, que muitas

dessas mudanças serão atingidas apenas em longo prazo, especialmente onde as comunidades e as agências de apoio têm

limitações em capacidades e recursos, e onde existe competição de prioridades.

Alguns usuários também advertiram sobre o perigo de utilizar um modelo muito simples e linear de avaliação de progresso em

direção à resiliência: em sociedades que experimentam mudanças drásticas nas áreas ambientais, socioeconômicas e políticas,

as funcionalidades da resiliência que já tinham sido previamente conquistadas, podem ser perdidas. Isto sugere a necessidade

de revisão constante de todos os estados de resiliência em uma comunidade.

14 Escalas similares de realização são usadas em variadas avaliações de RRD: por exemplo, indicadores de RRD da UNISDR (UNISDR, 2008) e

método de avaliação da incorporação da RRD em organizações de desenvolvimento da Tearfund (La Trobe e Davis, 2005). Veja item 5 (Leituras complementares). 15

A medida para a mudança de comportamento é bastante difícil, mas há alguns métodos para fazê-lo, como o mapa de resultados – veja em:

www.outcomemapping.ca

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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4.4 APLICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS EM ATIVIDADES DE RRD

4.4.1 Planejamento estratégico e parcerias

(a) Planejamento estratégico

Apesar do uso mais direcionado a trabalhos de campo, as Características também podem dar suporte a planejamentos de níveis

superiores. Pouca experiência sob essa perspectiva foi desenvolvida, mas esse recurso pela Christian Aid é um modelo de

aproximação bastante interessante ao desenvolver a integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas como uma

estratégia regional para a América Central. (veja Estudo de Caso 5: Plano estratégico com o uso das Características).

(b) Escopo

As Características, particularmente os Componentes de Resiliência, podem ser usadas como um “mapa” ou “escopo” básico,

num exercício para identificar:

Em quais principais áreas da resiliência ou da RRD o órgão está focado, e ou outras agências, direcionando seus esforços

atualmente para uma área ou comunidade em particular.

Onde está a ênfase de suas intervenções atualmente.

Quaisquer grandes lacunas na cobertura ou na ausência de elos entre os componentes de RRD.

Os resultados de tal revisão poderiam contribuir para as discussões sobre o foco de um trabalho futuro. Um exercício de

definição de escopo ou mapeamento pode ser particularmente útil em conjuntos de diferentes públicos de interesse, podendo

indicar falhas na cobertura coletiva das agências, e destaques potenciais para novas colaborações mais fortes, ou em temas

específicos.

É extremamente improvável que uma única organização trabalhe em todas as áreas relevantes. Nem se aconselha que isto

ocorra, uma vez que conhecimentos técnicos e especializados são necessários em muitos casos. Quando as competências

próprias de uma organização estão sendo trabalhadas em campo (a exemplo da preparação para desastres, apoio aos meios de

subsistência, educação) é necessária, muitas vezes, a construção sobre funcionalidades já existentes. Mas um mapeamento ou

exercício de definição de escopo irá permitir a consideração sobre o envolvimento em outros aspectos relevantes de RRD e de

resiliência para apoiar seu trabalho atual ou aumentar seu impacto (incluindo parcerias com outras agências).

Por exemplo:

Uma organização com experiência em ameaças e avaliação de riscos ou avaliação de vulnerabilidades (veja em Área

Temática 2: Avaliação de Risco) pode interessar-se por garantir que seus resultados estejam sendo compartilhados e

aplicados de forma eficaz. Isso pode levar ao desejo de desenvolver um trabalho de informação ao público (aspecto da Área

Temática 3: Conhecimento e Educação), ou um trabalho de sistemas de alerta e alarme (Área Temática 5: Preparação e

Resposta a Desastres).

Uma organização com foco em tecnologias de RRD, tais como construções seguras ou medidas de controle contra

inundações e deslizamentos (parte da Área Temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) provavelmente irá

necessitar envolver-se em discussões sobre padrões de construção, uso e ocupação do solo e outras disposições e

regulamentos legais (Área Temática 1: Governança) que podem afetar suas iniciativas, bem como na promoção de

capacitação técnica de membros da comunidade (Área Temática 3: Conhecimento e Educação).

(c) Necessidades e oportunidades de parcerias

Estas notas de orientação apoiam a investigação de questões relacionadas à RRD de diversas formas.

Conceitualmente, duas Características desse quadro são particularmente relevantes.

1. Elementos correlatos à Área Temática 1 (Governança): esses são elementos como a integração de atividades, o

compartilhamento de visões, negociação, consenso, participação, ação coletiva, representação, inclusão, prestação de

contas, voluntariado e confiança. A governança também sustenta as demais áreas temáticas e componentes de resiliência.

2. Por meio dos Ambientes Favoráveis constantes deste quadro, as Características reconhecem a importância de uma política

mais ampla sobre os fatores institucional e sócio econômico no apoio ao nível de resiliência de uma comunidade.

Nas aplicações, existem diversas maneiras em que as Características podem ser utilizadas para identificar, avaliar e estimular

oportunidades de parceria. Uma delas é o mapeamento inicial ou exercício de definição de escopo, já descrito acima.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Uma série de revisões de projetos e avaliações tem utilizado as Características como uma estrutura ou uma “lente” para

observar a governança e sua relação com as dimensões de RRD. Normalmente, define-se a situação atual como o estado ideal

estabelecido nas Características e identificam-se áreas de trabalho futuros, tais como a necessidade de uma maior integração

entre as atividades do projeto e entre as estruturas locais de governança. Outras visões e estudos de diagnóstico têm

considerado esses elementos do Ambiente Favorável que sejam relevantes para alcançar os objetivos do projeto e desenvolver

suas atividades.

Alguns comentários guiados pelas tabelas das Características ampliaram as relações entre os objetivos do projeto. Por exemplo,

uma revisão de um programa de educação em RRD da ActionAid em Bangladesh refere-se a um processo mais amplo de

consulta interativa com várias partes interessadas e com comunidades de três localidades sujeitas a desastres, resultando na

informação de que as pessoas, líderes comunitários, professores, e gestores locais de desastres e educação foram bem

informados sobre os riscos de desastres e seu papel no processo de gestão. O governo local também foi envolvido no

desenvolvimento e implantação do plano de ação de projeto. Isso não significa, entretanto, que as Características por si só,

tenha estimulado as agência a se engajar mais plenamente em RRD, mas que sua aplicação auxiliou o processo de percepção.

Os pesquisadores também foram rápidos em aplicar as Características em questões de parcerias. Em Honduras, um estudo

sobre a prestação de contas e a não discriminação na gestão de risco de inundações contou com as Áreas Temáticas e o

Ambiente Favorável (com outros materiais) na definição de suas perguntas de pesquisa16

. As Características foram utilizadas

pela ChristianAid para orientar as questões utilizadas em entrevistas semiestruturadas e discussões de grupo em um estudo

comunitário em La Reforma, Honduras, que explorou os fatores que afetam a capacidade de uma comunidade e outros atores

(em especial outras comunidades afetadas pela enchente) como um direcionamento em RRD, levando à realização de

mudanças em suas relações com as autoridades municipais.

Comentários realizados sugerem que os usuários das agências não estão utilizando as Características ao máximo de seu

potencial para avaliação e desenvolvimento de parcerias em RRD com públicos diversos. Não está claro porque isso tem

ocorrido, mas qualquer que seja o motivo é uma lacuna a ser solucionada se quisermos ver em larga escala a construção de

comunidades resilientes aos desastres.

4.4.2 Ciclo de gestão do projeto

(a) Estudos de base

Ao se referir às Características os projetos podem garantir que suas linhas de base sejam suficientemente coerentes e

abrangentes para cobrir toas as questões relevantes. Ao observar os Componentes de Resiliência e as Características de uma

Comunidade Resiliente a Desastres, é possível identificar as características específicas e os indicadores para orientar a coleta

de dados. Dados de pesquisas de base da atividade de RRD também podem ser comparados ao quadro das Características e

seus diferentes elementos, de maneira a identificar a extensão da resiliência que já existe em uma comunidade.

Algumas agências podem achar útil a ponderação ou a nivelação para o mapeamento, na forma de escores numéricos. Isto está

relacionado com a questão dos ‘marcos’ de progresso em direção a resiliência (veja item 4.3.5), e então qualquer sistema de

pontuação pode ser criado. Por exemplo, uma sugestão do teste de campo é que as linhas de base poderiam marcar as

Características de acordo com uma escala simples: (1) atendida; (2) parcialmente atendida; (3) não atendida. A escola pode ser

utilizada para gerar escores brutos que poderiam ajudar a decidir as prioridades de um projeto (por exemplo, para concentrar

intervenções sobre um aspecto particular de resiliência, ou trabalhar em uma comunidade em vez de outra). Pesquisas

posteriores utilizando o mesmo sistema de pontuação seriam capazes de avaliar o progresso desde a linha de base. Qualquer

que seja o sistema utilizado, os escores numéricos teriam que ser debatidos e acordados, muitas vezes com base em dados

qualitativos e juízos de valor. Os resultados podem ser apresentados visualmente, por exemplo, na forma de diagramas de

aranha.

(b) Análise de vulnerabilidades e capacidades

A vulnerabilidade é um termo amplo e o conceito é compreendido e explicado de diferentes maneiras por acadêmicos e

profissionais. Os profissionais de RRD devem ter clara a maneira como desejam que o termo “vulnerabilidade” seja aplicado em

seu trabalho.

A análise de vulnerabilidades e capacidades deve ser ampla, a partir de todas as dimensões identificadas, ainda que na prática

seja difícil formatar uma análise coerente a partir da muita informação coletada referente a temas variados, e com alguma

diversidade (incluindo variações de qualidade). Alguns usuários falam sobre as Características, referindo-se a elas como um

16 Newborne P 2008, Accountability and Non-discrimination in Flood Risk Management: Investigating the potential of a rights-based approach.

Honduras case study (Londres: Overseas Development Institute/Christian Aid).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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instrumento de ‘aprimoramento’ da análise de vulnerabilidade, pela identificação de áreas de investigação antes que a análise de

vulnerabilidades e capacidades seja inserida em um quadro no qual a informação possa ser interpretada e analisada. As

Características também podem ser aplicadas como um quadro para organização e interpretação das avaliações de risco ou de

vulnerabilidades conduzidas anteriormente. O Painel 9 (“Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades utilizando o quadro

das Características) é um bom exemplo.

Os métodos de participação na análise de vulnerabilidades e capacidades, bem como seus quadros, foram desenhados para

apoiar o processo nos quais as comunidades possam identificar e avaliar suas próprias situações. Normalmente apenas as

grandes áreas de investigação são consideradas. Os indicadores não são definidos, pois poderiam levar a definições

incompletas ou distorcidas. Ainda que haja o reconhecimento como uma boa prática, ainda é útil ao trabalho de campo observar

a abrangência e os tipos de vulnerabilidade e resiliência que a análise de vulnerabilidades e capacidades pode apresentar em

função do foco ou ampliação do escopo de investigação, conforme for apropriado. As Características podem auxiliar nesse

sentido. Por exemplo, um projeto financiado pela ActionAid DIPECHO para fortalecer uma comunidade e a torná-la resiliente a

inundações, terremotos e deslizamentos no Nordeste do Afeganistão utilizou as Características como parte do processo

participativo de análise de vulnerabilidades, incluindo orientação e treinamento para identificar os diferentes tipos de

vulnerabilidades existentes na comunidade onde o projeto estava sendo implantado.

Os ‘grupos vulneráveis’ a que se referem às Características não são um único grupo social, uma vez que há diversos grupos

vulneráveis – pobres, mulheres, crianças, idosos, grupos religiosos e étnicos e pessoas com deficiência, por exemplo – sendo

que sua vulnerabilidade difere aos impactos externos em termos de formas e extensão. Presume-se que um bom projeto

trabalhe com as vulnerabilidades de diferentes grupos de maneira distinta. No entanto, as organizações que atuam com grupos

específicos podem sentir a necessidade de reorganizar as Características de forma que reflitam as situações e necessidades

desses grupos.

Uma orientação formal para a análise de vulnerabilidades e capacidades também deve salientar esse ponto. As Características

(Área Temática 2, Componente de Resiliência 2) não se aprofundam em detalhes sobre como conduzir a análise, mas fazem

notar que a tarefa deve fornecer uma ‘imagem global’ das vulnerabilidades e capacidades, sendo esse um ‘processo participativo

que inclui representantes de todos os grupos vulneráveis’ (Características 2.1, 2.2).

Questões de gênero são ainda frequentemente subestimadas ou negligenciadas nas avaliações de vulnerabilidades e

capacidades e nos projetos de RRD. Alguns quadros de avaliação incluem o gênero como um aspecto transversal específico

que exige uma análise separada. Isso foi feito no estudo ‘Views from the Frontline – 2008-9’ conduzido pela Global Network of

Civil Society Organizations for Disaster Reduction17

. Não há um elemento específico de gênero nas Características, mas está

implícito ao longo de todo o quadro: por exemplo, nas Características relacionadas à participação, prestação de contas,

conhecimento indígena, culturas e atitudes, bem estar e proteção social. Essa é outra forma de ilustrar a necessidade das

organizações trabalharem as Características para evitar uma abordagem tipo ‘cheklist’, e passar a utilizar o recurso como um

ponto de partida para a identificação e discussão de aspectos relevantes.

Outro comentário feito durante os testes de campo foi o de que as Características promovem uma distinção artificial entre as

informações e avaliações de riscos e ameaças, de um lado; e avaliações e dados de impacto sobre vulnerabilidades e

capacidades, de outro. Veja a Área Temática 2 (Avaliação de Risco), Componentes de Resiliência 1 e 2 (Avaliação de ameaças

e dados sobre risco; avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades). Na prática, existem muitas

sobreposições entre os diferentes tipos de avaliação, havendo muitas formas de conduzi-las com mais ou menos participação e

inclusão das diversas dimensões do risco e da vulnerabilidade. A separação das Características não tem a intenção fazer essa

distinção ou separar exercícios, mas sim garantir que todos os aspectos relevantes da ameaça, do risco e da vulnerabilidade

humana sejam considerados juntos aos planos de resiliência e RRD.

(c) Projeto: seleção de indicadores

“Enquanto nós não compreendermos, conceitualmente ou às vezes intuitivamente, a vulnerabilidade e a resiliência,

o tormento estará sempre nos detalhes, e neste caso, o tormento está na medida18

”.

As Características definidas nas tabelas não são indicadores de projeto convencionais. Elas caracterizam um estado ideal de

resiliência em termos gerais, de maneira que os projetos específicos terão seus próprios e mais detalhados indicadores de

desempenho para fases apropriadas, momentos de decisão e ajustes no ciclo do projeto19

. As Características devem ser

17 Clouds but little rain... Views from the Frontline: A local perspective of progress towards implementation of the Hyogo Framework for Action

(Teddington: Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction, 2009) www.globalnetwork-dr.org 18

Cutter S et al. 2008, Community and Regional Resilience: Perspectives from Hazards, Disasters and Emergency Management

(Community and Regional Resilience Initiative) p.7 19

A UNISDR e a OCHA explicam em detalhes os indicadores e critérios de seleção. Veja Parte 5 (Leituras complementares).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

vistas como sinalizadoras de indicadores de desempenho, descrevendo atributos e elementos que contribuam para a

resiliência das comunidades. Então devem ser traduzidas em indicadores mensuráveis. È imprescindível compreender isso.

A relação entre as Características e os indicadores convencionais não é fixa:

Algumas Características são equivalentes aos indicadores de impacto ou resultado utilizados na avaliação de projetos, pois

representam um estado final resultante das intervenções de RRD.

Outras são mais próximas de indicadores de resultados, pois indicam atividades ou medidas completas de RRD, que

tenham sido postas em prática com o objetivo de obter a resiliência.

Algumas poucas equivalem ao processo de indicadores que mensuram a implantação das atividades do projeto como um

projeto contínuo.

As organizações e seus projetos podem optar por reorganizar algumas Características adequando-as ao seu formato, lógica e

mais genericamente, ao seu processo de monitoramento e avaliação.

O Painel 10 (Conversão das Características em indicadores) baseia-se nas orientações da OXFAM GB para auxiliar a equipe do

projeto no desenvolvimento de indicadores mensuráveis.

Muitas agências utilizaram as Características para informar a concepção do projeto e a seleção de indicadores a partir de um

quadro lógico baseado em resultados. Tipicamente, as Características são selecionais e modificadas para tornarem-se

indicadores. Algumas vezes, os indicadores são desenvolvidos pelo projeto refinando e relatando Características específicas.

Esse deve ser um processo de tomada de decisão ponderada, não qual, primeiro, as Características são revisadas para

identificação e seleção de indicadores potencialmente relevantes, e então aquelas selecionadas são alteradas e adequadas,

quando necessário, aos indicadores compatíveis ao projeto. Frequentemente essa tarefa exige uma discussão com os públicos

de interesse. Durante os testes de campo as Características ajudaram a identificar lacunas e pontos fracos na concepção do

projeto, bem como boas práticas no enfoque realístico e metas alcançáveis.

Na prática, esse processo podem envolver algumas quantificações de modo que as metas mensuráveis do projeto possam ser

definidas (por exemplo, o número de tipos de treinamentos propostos durante o período do projeto, o número de participantes,

as datas em que as avaliações de rico ou de vulnerabilidades e capacidades serão conduzidas, o número de estruturas de

captação de água de devem ser construídas). Veja também o Painel 11 (Características / indicadores: quantitativo ou

qualitativo?).

A seleção de indicadores, e sua revisão, pode ocorrer em outros momentos se os existentes forem inadequados para coletar as

informações necessárias, ou se surgirem imprevistos durante a implantação do que o projeto se propôs a realizar.

O processo não é tão simples, uma vez que cada projeto tem objetivos diferentes – por exemplo, em níveis de grupo familiar,

comunitário ou governo local. O recurso das Características pretende enfocar a análise do nível comunitário. Alguns elementos

podem ser relevantes a outros níveis, mas a seleção e a adaptação das Características será mais complexa.

(d) Comentários e avaliações

Uma das principais aplicações das Características tem sido na revisão de projetos e processos de avaliação. O retorno aqui é

particularmente positivo. As Características são utilizadas, na maior parte das vezes, para enquadrar o processo de revisão de

projetos, de uma ou duas maneiras (a primeira é mais comum).

Na primeira opção, revisores e avaliadores selecionam as mais relevantes Características de uma Comunidade Resiliente a

Desastres como indicadores de atividades ou de resultados para uma área particular da RRD a que o projeto se destina. Isso

pode fornecer critérios mais completos e mais claros para avaliar o progresso, mesmo quando as Características sejam

autoexplicativas.

Por exemplo, em um processo de avaliação de projetos da Tearfund na Índia, um dos indicadores de sucesso do projeto

marcava 80% das comunidades alvo com comitês em funcionamento ou com equipes de voluntários. Três Características

relevantes foram incluídas no processo de avaliação para ajudar a verificar:

‘liderança comunitária comprometida, efetiva e transparente no planejamento e implantação de ações de RRD’. (Área

Temática 1, Característica1. 5);

‘capacidade comunitária para fornecer serviços de resposta e emergência efetivos e em tempo apropriado: por exemplo,

busca e resgate; primeiros socorros e assistência médica; avaliação de danos e necessidades; coordenação de ajuda de

emergência e de abrigos; suporte psicológico; desobstrução de vias’. (Área Temática 5, Característica 5.1);

‘alto nível de voluntariado comunitário em todos os aspectos da preparação, resposta e reconstrução, com representação de

todos os setores comunitários’. (Área Temática 5, Característica 6.4).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

25

Embora esteja claro que é melhor utilizar as Características para seleção de indicadores na fase de concepção do projeto, de

maneira a garantir consistência em todo o seu ciclo, isso não significa que elas não possam ser utilizadas em uma fase posterior

– na verdade, a maior parte das avaliações e revisões são retroativas – não sendo essencial, portanto, aguardar avaliações

formais e programadas para rever um projeto a partir do ‘olhar’ das Características: isso pode ser feito a qualquer momento do

projeto como parte do monitoramento contínuo.

O monitoramento e a avaliação, entretanto, podem tornar-se mais difícil onde os indicadores ou a hierarquia de indicadores

tenham sido alterados durante a execução do projeto. Mais que isso, os investidores esperam por relatórios baseados nos

indicadores originais. A mudança de indicadores ou a inclusão de novos também pode confundir a equipe do projeto, seus

parceiros e comunidades, por isso toda mudança deve ser criteriosa. Durante o piloto das Características, muitas agências

incentivaram o problema sobre como aplicá-las aos projetos em curso, pelo estabelecimento de quadros de indicadores (na

forma de quadros lógicos ou baseados em resultados). A solução para este problema parece ser utilizar as Características não

para substituir indicadores existentes, mas para aperfeiçoa-los tornando-os mais claros, explícitos e detalhados. Não há muita

experiência nessa tarefa, mas o exemplo da Christian Aid no Estudo de Caso 6 (Uso das Características para revisões e

avaliações) mostra como isso pode ser feito.

A segunda opção percebe o projeto sob outra perspectiva. Ela ‘mapeia’ todas as atividades e realizações do projeto a partir do

quadro das Características, buscando não apenas uma medida de sucesso, mas também a compreensão de lacunas e

limitações em sua cobertura de RRD. Isso pode ser feito como um exercício único ou com um adicional ao processo de

avaliação.

Essa opção pode ser bastante útil ao proporcionar uma visão sistêmica do que está sendo feito ou do que é necessário, de

maneira relativamente rápida. O método também pode estimular a discussão sobre prioridades e índices de desempenho. Por

exemplo, quando a Oxfam aplicou as Características para as conclusões de uma revisão do Programa River Basin, na

Gaibandha, em Bangladesh, o fez a fim de abrir espaço para a discussão com o país sobre a organização da equipe regional,

seus pontos fortes e fracos, suas lacunas e oportunidades relacionadas ao programa.

Aqueles que assim utilizam as Características devem, no entanto, estar cientes de que pode ser desmotivador para aqueles que

conceberam o projeto, uma vez que é extremamente improvável que um projeto individualmente possa contemplar todos os

componentes de resiliência. Alguns integrantes da equipe local, assim como parceiros, podem até pensar que seja perigoso

expor muitas lacunas de sua atuação em RRD, e como resultado, adotar uma postura defensiva. Aplicações desse tipo devem

ser tratadas com sensibilidade – pode ser melhor desenvolver essa atividade juntamente com a equipe, onde os assuntos

possam ser debatidos e solucionados, ao invés de deixá-los para o julgamento de profissionais externos. Algumas vezes será

mais apropriado aplicar o método de revisão de atividades de todas as agências em uma comunidade em particular, ao invés de

fazê-lo separadamente por agência.

No monitoramento e avaliação, assim como em outras aplicações, as Características podem ser personalizadas para atender

diferentes necessidades e contextos. Cada projeto é diferente. Terá que ser um processo de seleção que permita focar sobre os

Componentes de Resiliência e sobre as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres que sejam mais apropriados

ao projeto. Será necessário, provavelmente, selecionar as Características mais relevantes para a medição de desempenho, ou

utilizar os Componentes de Resiliência como um quadro mais amplo no quais se encaixam os resultados do projeto.

É possível que não seja necessário ou prático para todos os membros da equipe de avaliação familiarizar-se com cada detalhe,

mas seus líderes e aqueles que selecionam os principais indicadores certamente terão de conhecer muito bem as

Características como parte do processo de seleção.

4.4.3 Pesquisa

A pesquisa é, em potencial, uma importante aplicação para o quadro das Características. Os estudos e investigações não devem

basear-se apenas nas Características, mas sim tomá-las como um entre seus vários recursos, estruturas e conceitos a serem

utilizados pelos pesquisadores para definir seus projetos e suas perguntas de pesquisa.

Muitas propostas de pesquisa e projetos já utilizaram as Características para observar aspectos diversos, que incluem:

prestação de contas e transparência na gestão de risco de enchentes e inundações; avaliação de resiliência em comunidades

montanhosas (com foco em conhecimento local de risco e práticas de ambiente sustentável; adoção de práticas de RRD e

diversidade dos meios de subsistência; acesso a recursos naturais), governança local em riscos de desastres; e estratégias

individuais e de grupo para enfrentamento psicológico. (veja também Quadro 12: Pesquisa sobre a construção da resiliência).

A Christian Aid aplicou as Características extensivamente como uma ferramenta conceitual de enquadramento para análise e

desenvolvimento de estudos de caso sobre a vulnerabilidade de comunidades: O Estudo de Caso 7 (Uso das Características

para coleta de dados e pesquisa) descreve esse processo. Os resultados da pesquisa foram, em sua maioria, relacionados com

aos projetos, havendo também questões mais amplas (a pesquisa em Malawi, por exemplo, pontuou sobre a associação entre

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

ONGs, estruturas de poder, análise de vulnerabilidades e capacidades, sugerindo que a influência entre as estruturas de poder

local no processo de avaliação de vulnerabilidades e capacidades pode distorcer os resultados, com sérios impactos ao

planejamento e à prestação de contas do projeto) 20

.

4.4.4 Engajamento

As Características apoiam o amparo de assuntos diversos, pela promoção de evidências (ajudam a identificar vulnerabilidades e

capacidades, indicar áreas prioritárias para intervenção e demonstrar o impacto das medidas de RRD), e pelo estímulo à

discussão entre parceiros.

Algumas ONGs encontraram nas Características do Ambiente Favorável uma ferramenta útil ao seu trabalho de defesa por

causas específicas, especialmente no desenvolvimento da agenda de integração da RRD em altos escalões de maneira a

complementar o trabalho de base (veja Painel 13: Vínculos entre Comunidade Resiliente e Ambiente Favorável). Como as

Características de um Ambiente Favorável tender a ser genéricas, pode ser necessário formatá-las ao foco específico nos

objetivos em questão (por exemplo, obter leis específicas de RRD em assembleias e câmaras legislativas). No entanto, tal como

está, esta parte do quadro ajuda as organizações da sociedade civil a fazer perguntas aos governos locais sobre resiliência e

RRD; e assim, lhes permite envolver-se com as discussões de políticas públicas com os administradores públicos. O Ambiente

Favorável também contempla diferentes níveis – local, nacional e internacional. As iniciativas de defesa de causas precisam

identificar seus objetivos em cada nível de governo e descobrir como associá-los em um contexto único.

PARTE 5 – LEITURAS COMPLEMENTARES

Esta lista contém uma importante seleção de pesquisas facilmente disponíveis (a maioria online)

O Quadro de Ação de Hyogo e indicadores de RRD da ONU

Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction 2009, Clouds but little rain... Views from the

Frontline: A local perspective of progress towards implementation of the Hyogo Framework for Action (Teddington:

Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction) www.globalnetwork-dr.org

UNISDR Hyogo Framework for Action web page, http://www.unisdr.org/eng/hfa/hfa.htm

UNISDR 2008, Indicators of Progress: Guidance on Measuring the Reduction of Disaster Risks and the Implementation

of the Hyogo Framework for Action (Genebra: UNISDR) www.unisdr.org

UNISDR / UN OCHA 2008, Disaster Preparedness for Effective Response: Guidance and Indicator Package for

Implementing Priority Five of the Hyogo Framework (Genebra: UNISDR / OCHA) www.preventionweb.net

As Características e sua aplicação

Liebmann M, Pavanello S 2007, ‘A critical review of the Knowledge and Education Indicators of Community-Level

Disaster Risk Reduction’ (London: Aon Benfield UCL Hazard Research Centre, unpublished report)

www.proventionconsortium.org/?pageid=90 e www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13

Twigg J 2009, Identifying Partnership Needs and Opportunities (Londres: Aon Benfield UCL Hazard Research Centre,

Disaster Studies Working Paper 18) www.abuhrc.org

Veja também os estudos de caso e outros documentos sobre as Características nos sites:

www.proventionconsortium.org/?pageid=90 ou www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13

Outras indicações sobre RRD e indicadores de resiliência

ADPC 2006, Critical Guidelines: Community-based Disaster Risk Management (Bangkok: Asian Disaster Preparedness

Center) www.adpc.net

Benson C, Twigg J 2007 (with T Rossetto), Tools for Mainstreaming Disaster Risk Reduction: Guidance Notes for

Development Organizations (Genebra: ProVention Consortium) www.proventionconsortium.org/mainstreaming_tools

Benson C, Twigg J 2004, ‘Measuring Mitigation’: Methodologies for assessing natural hazard risks and the net benefits

of mitigation: a scoping study (Genebra: ProVention Consortium) www.proventionconsortium.org/mainstreaming_tools

Centre for Community Enterprise 2000, The Community Resilience Manual: a resource for rural recovery and renewal

(Port Alberni, BC: Centre for Community Enterprise) www.cedworks.com

20 Penya JL, Nyrongo J 2008, ‘Who controls development? NGOs, accountability and power in rural Malawi’ (London: Christian Aid, artigo não

publicado).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

27

IOTWS 2007, How Resilient is Your Coastal Community? A guide for evaluating coastal community resilience to

tsunamis and other hazards (Bangkok: US Indian Ocean Tsunami Warning System Program)

www.preventionweb.net/english/professional/publications/v.php?id=2389

LaTrobe S, Davis I 2005, Mainstreaming disaster risk reduction: a tool for development organizations (Teddington:

Tearfund) http://tilz.tearfund.org

McEntire DA 2000, ‘Sustainability or invulnerable development? Proposals for the current shift in paradigms’. Australian

Journal of Emergency Management 15(1): 58-61.

ProVention Consortium 2006, Risk Reduction Indicators. TRIAMS Working Paper (Genebra: ProVention Consortium)

www.proventionconsortium.org/themes/default/pdfs/TRIAMS_full_paper.pdf

Tearfund undated, CEDRA: Climate Change and Environmental Degradation Risk and Adaptation Assessment. Na

environmental field tool for agencies working in developing countries (Teddington: Tearfund) http://tilz.tearfund.org

Williamson L, Connor H 2008, Vulnerability – Adaptation – Energy Resilience (VAR): Indicators and methodology t

identify adaptation projects that reinforce energy systems resilience (Paris: Helio International) www.helio-

international.org

RRD e Adaptação às mudanças climáticas

Disasters, Vol. 30, No.1, Março, 2006 (tema especial em ‘Natural Disasters and Climate Change’).

Ensor J, Berger R, 2009, Understanding Climate Change Adaptation: Lessons from community-based approaches

(Rugby: Practical Action Publishing).

Pasteur K, 2010 (in press), From Vulnerability to Resilience (V2R): Guidelines for Analysis and Action to Build

Community Resilience (Rugby: Practical Action Publishing) http://www.practicalaction.org/

Venton P, La Trobe S, 2008, Linking climate change adaptation and disaster risk reduction (Teddington: Tearfund)

www.tearfund.org/webdocs/Website/Campaigning/CCA_and_DRR_web.pdf

RRD em bases comunitárias e locais

ADPC 2006, Critical Guidelines: Community-based Disaster Risk Management (Bangkok: Asian Disaster Preparedness

Center) www.adpc.net

Twigg J 2004, Disaster risk reduction: Mitigation and preparedness in development and emergency programming

(Londres: Overseas Development Institute, Humanitarian Practice Network, Good Practice Review No. 9)

www.odihpn.org

UNISDR/UNDP 2007, Building Disaster Resilient Communities: Good Practices and Lessons Learned (Genebra:

UNISDR/UNDP) www.unisdr.org

Resiliência e comunidade resiliente ao desastre

Buckle P, Marsh G, Smale S 2000, ‘New approaches to assessing vulnerability and resilience’ Australian Journal of

Emergency Management 15(2) 8-14.

Cutter S et al. 2008, ‘A place-based model for understanding community resilience to natural disasters’. Global

Environmental Change 18: 598-606.

Cutter S et al. 2008, Community and Regional Resilience: Perspectives from Hazards, Disasters and Emergency

Management (Community and Regional Resilience Initiative) www.resilientus.org

Geis DE 2000, ‘By Design: the Disaster Resistant and Quality-of-Life Community’. Natural Hazards Review 1(3): 151-

Godschalk DR 2003, ‘Urban Hazard Mitigation: Creating Resilient Cities’. Natural Hazards Review 4(3) 136-143.

IFRC 2004, World Disasters Report 2004: Focus on community resilience (Geneva: IFRC), pp. 11-35.

Learning for Sustainability site, www.learningforsustainability.net (página da Community Resilience and Adaptation)

McEntire DA 2005, ‘Why vulnerability matters. Exploring the merit of an inclusive disaster reduction concept’. Disaster

Prevention and Management 14(2) 206-222.

Manyena SB 2006, ‘The concept of resilience revisited’. Disasters 30(4): 433-450.

Sapirstein G 2006, ‘Social Resilience: The Forgotten Dimension of Disaster Risk Reduction’. Jamba 1(1) 54-63.

RRD e comunidades

Buckle P 1998/9, ‘Re-defining community and vulnerability in the context of emergency management’. Australian

Journal of Emergency Management 13(4) 21-26.

Enders J 2001, ‘Measuring community awareness and preparedness for emergencies’. Australian Journal of

Emergency Management 16(3): 52-58.

IFRC 2004, World Disasters Report 2004: Focus on community resilience (Geneva: IFRC), pp. 27-31.

Marsh G, Buckle P 2001, ‘Community: the concept of community in the risk and emergency management context’.

Australian Journal of Emergency Management 16(1): 5-7.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

ÁREA TEMÁTICA 1 – GOVERNANÇA

Componentes da resiliência

1. Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político.

2. Sistemas legais e regulatórios.

3. Integração a políticas de desenvolvimento e planejamento.

4. Integração com ações de reconstrução e resposta a emergências.

5. Mecanismos, capacidades e estruturas institucionais; definição de responsabilidades.

6. Parcerias.

7. Prestação de contas e participação comunitária.

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Políticas públicas,

planejamento,

prioridades e

compromisso

político em RRD.

1.1. Visão compartilhada de uma

comunidade preparada e resiliente.

1.2. Visão consensuada sobre riscos

enfrentados, abordagem da gestão de

risco, ações específicas a serem

conduzidas e metas a serem atingidas21

.

1.3. Visão e informação sobre planos de

RRD, compreensão sobre causas básicas

de vulnerabilidade e sobre outros fatores

fora do controle da comunidade.

1.4. Comunidade com uma perspectiva de

longo prazo, com foco em resultados e

impactos de RRD.

1.5. Lideranças comunitárias

compromissadas, efetivas e transparentes

no planejamento e implantação de ações

de RRD.

1.6. Plano comunitário de RRD (e de

preparação para desastres) desenvolvido a

partir de um processo participativo, prático

e atualizado periodicamente.

Consenso político sobre a importância da

RRD.

RRD como uma prioridade política em todos

os níveis de governo.

Política Nacional de RRD, plano estratégico e

de implantação, com visão clara, prioridades,

metas e boas práticas de referência.

Políticas governamentais locais de RRD,

planos estratégicos e de implantação

colocados em prática.

Política oficial (nacional e local) e estratégia

de apoio à gestão comunitária de riscos de

desastres.

Compreensão oficial local da visão

comunitária, e suporte para tal.

2. Sistemas legais e

regulatórios. 2.1. Compreensão comunitária sobre a

legislação relevante, bem como sobre

regulamentos e procedimentos, e sua

importância.

2.2. Comunidade informada sobre seus

direitos e obrigações legais do governo e

outros órgãos para garantia de sua

proteção.

Legislação, regulamentos, códigos, etc.

relevantes e aplicáveis, com foco e suporte à

RRD em níveis nacional e local.

Jurisdição e responsabilidades em RRD em

todos os níveis definidos em legislação,

regulamentos, estatutos, etc.

Mecanismos para atendimento e aplicação

das leis, regulamentos, códigos, etc., e

penalidades para o não cumprimento dói que

é definido em lei.

Sistema legal e regulatório sustentado por

garantia de direitos: segurança, assistência

social igualitária, direito a ser ouvido e

consultado.

Regulamentos para uso e ocupação do solo,

códigos para construções e outras leis e

regulamentos relacionados à aplicação local

de ações de RRD.

21 Incluindo acordo sobre o nível de risco aceitável.

PARTE 6 – AS TABELAS DAS CARACTERÍSTICAS

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

29

Área temática 1 – continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE

UMA COMUNIDADE

RESILIENTE AOS

DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE

FAVORÁVEL

3. Integração a

políticas de

desenvolvimento e

planejamento.

3.1. Atuação comunitária em RRD

compreendida por todos os públicos de

interesse como parte integral dos

planos e ações para alcançar

amplamente os objetivos comunitários

(por exemplo, redução da pobreza, e

qualidade de vida).

Abordagem holística e integrada em RRD por

governos (de todos os níveis), situada em amplos

contextos de desenvolvimento e associada aos

planos de desenvolvimento de diferentes setores.

RRD incorporada em, ou associada a, outros planos

de desenvolvimento e programas nacionais de

financiamentos22

.

Rotina de RRD integrada ao plano de

desenvolvimento e a políticas setoriais (erradicação

da pobreza, proteção social, desenvolvimento

sustentável, adaptação às mudanças climáticas,

desertificação, gestão de recursos naturais, saúde,

educação, etc.).

Plano formal de desenvolvimento e processo de

aplicação definindo e incorporando elementos de

RRD (por exemplo, análise de ameaças,

vulnerabilidades e riscos, planos de mitigação).

Plataformas institucionais multissetoriais de RRD.

Políticas de planejamento local, sistemas decisórios e

regulamentos que considerem os riscos de desastres.

4. Integração com

ações de

reconstrução e

resposta a

emergências.

4.1. Comunidade e outros

representantes locais de

desenvolvimento sustentável e RRD

engajados em planos compartilhados

com a comunidade, equipes e

estruturas locais de emergência.

Política nacional formatada para que a RRD seja

incorporada ao desenho e implantação de ações de

resposta e reconstrução.

Políticas públicas, planejamento e operacionalização

de elos entre gestão de emergências, RRD e

estruturas de desenvolvimento.

Redução de riscos incorporada oficialmente aos

planos de ação para reconstrução pós-desastre (e

apoio internacional para implantação).

5. Mecanismos,

capacidades e

estruturas

institucionais,

definição de

responsabilidades.

5.1. . Organizações comunitárias

representativas dedicadas a RRD e a

gestão de riscos de desastres.

5.2. ONGs locais, e outras

organizações comunitárias atuantes em

aspectos correlatos capazes de apoiar

ações de RRD e de resposta23

.

5.3. Responsabilidades, recursos, etc.,

definidos nos planos comunitários para

desastres.

5.4. Compreensão compartilhada por

todos os públicos locais em relação às

responsabilidades, autoridades e

processos de decisão relacionados à

RRD.

Ambiente político, administrativo e financeiro de

suporte ao desenvolvimento de base comunitária e à

gestão local de riscos.

Mandatos e responsabilidades institucionais

claramente definidos para ações de RRD, incluindo

mecanismos de articulação interinstitucional ou

coordenação, com definição exata de atribuições.

Ponto focal em nível nacional como autoridade e

recursos para coordenar todas as partes envolvidas e

relacionadas à gestão de desastres e a RRD.

Recursos humanos, técnicos, materiais e financeiros

para adequação de ações de RRD à definição de

papéis e responsabilidades (incluindo alocação de

recursos para RRD em níveis nacional e local).

22 Estratégias para redução da pobreza, relatórios nacionais dos objetivos do milênio, Planos de ação de adaptação nacionais, Quadro para

assistência do PNUD, etc. 23 Isto é, emergências, organizações de extensão ou expansão. Espera-se que as organizações de expansão assumam outras funções em

tempos de crise, o que fazem aumentando a sua capacidade ou alterando as suas estruturas organizacionais (por exemplo, uma filial da Cruz Vermelha local convocando voluntários treinados para apoiar o seu pequeno núcleo). Das organizações de extensão, por sua vez, não há a expectativa de resposta a desastres, mas durante a ocorrência podem executar tarefas que não sejam de rotina. (por exemplo, uma empresa de construção que apoie as operações de resgate com a limpeza de detritos). Por fim, as organizações de emergência não existem antes de um desastre, e sim se organizam em função dele. (por exemplo, busca e salvamento espontâneo). Saiba mais em Webb GR 1999, Individual and Organizational Response to Natural Disasters and other Crisis Events: the continuing value of the DRC typology (University of Delaware, Disaster Research Center, Preliminary Paper #277), http://dspace.udel.edu:8080/dspace/handle/19716/662

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 1 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE

FAVORÁVEL

5.5. Gestão de recursos financeiros

comunitários e outros recursos materiais

para RRD e reconstrução.

5.6. Acesso a recursos governamentais e

outros fundos para RRD e reconstrução.

Divisão de responsabilidades (e recursos) para

planejamento e implantação de ações de RRD entre

governos locais e comunidades, ao máximo

possível, baseada na provisão de recursos e

conhecimentos especializados para apoio ao

processo decisório, ao planejamento e a gestão de

desastres.

Compromisso e efetividade dos serviços

comunitários (RRD e serviços relacionados, como

atenção à saúde, por exemplo).

6. Parcerias. 6.1. Públicos de interesse locais

comprometidos genuinamente com as

parcerias (com princípios de colaboração,

e altos níveis de confiança).

6.2. Parcerias claras, acordadas e

estáveis entre grupos locais e

organizações (comunidades e

organizações com autoridades locais,

ONGs, empresas, etc.).

6.3. Condução de processos diretamente

na comunidade (com apoio de agências

externas).

6.4. Capacidade local e entusiasmo para

promover ações de RRD em grande

escala (a partir de parcerias externas).

6.5. Grupos e organizações comunitárias

com capacidade para recrutar, treinar,

apoiar e motivar os voluntários da

comunidade em RRD, e trabalhar junto

para alcançar os objetivos.

RRD identificada como uma responsabilidade de

todos os setores da sociedade (público, privado,

civil), com mecanismos apropriados, articulação e

coordenação.

Participação em longo prazo da sociedade civil,

ONGs, iniciativa privada e comunidades na

articulação de parcerias para RRD e ações de

resposta a emergências.

Vínculos com instituições regionais e globais para

encaminhamento de iniciativas de RRD.

7. Prestação de

contas e participação

comunitária.

7.1. Estruturas de RRD desenvolvidas

para facilitar a participação comunitária.

7.2. Acesso à informação dos planos e

estruturas governamentais locais.

7.3. Confiança interna entre a

comunidade, e externa entre as agências

de cooperação.

7.4. Capacidade de lobby com agências

externas para realização dos planos de

RRD, definição de prioridades e ações

que impactam as situações de risco.

7.5. Sistemas de monitoramento e

avaliação participativos para alcançar a

resiliência e o progresso em RRD.

7.6. Inclusão e representação de grupos

vulneráveis nos processo decisórios da

comunidade e na gestão de RRD.

7.7. Alto grau de participação voluntária

nas ações de RRD.

Direitos básicos formalmente reconhecidos pelos

governos nacional e local (e pelas organizações da

sociedade civil) relacionados à: segurança, redução

de vulnerabilidades, assistência e socorro, voz e

consulta (implicando em responsabilidades para

garantia desses direitos sempre que apropriado).

Efetivo controle de qualidade e mecanismos de

auditoria para estruturas e sistemas oficiais

aplicados localmente.

Sistema democrático de governo, e assim

considerado pelos tomadores de decisão.

Sistema consultivo entre governo e sociedade civil,

ONGs, iniciativa privada e comunidades.

Participação popular no desenvolvimento e

implantação de políticas públicas.

Demanda dos cidadãos para ações em redução de

riscos de desastres.

Existência de grupos de ‘ouvidoria’, que pressionem

por mudanças.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

31

ÁREA TEMÁTICA 2 – AVALIAÇÃO DE RISCO

Componentes da resiliência

1. Avaliação de ameaças e de dados sobre riscos

2. Avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades

3. Inovação e capacidades técnicas e científicas

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Avaliação de

ameaças e de dados

sobre riscos.

1.1. Condução de avaliações comunitárias

de risco e ameaças que promovam a

compreensão dos cenários da maioria das

ameaças e dos riscos a que a comunidade

está exposta (incluindo riscos potenciais).

1.2. Processo participativo de avaliação de

riscos e ameaças que inclua

representantes de todas as partes da

comunidade e fontes especializadas.

1.3. Resultados das avaliações

compartilhados, discutidos, compreendidos

e acordados entre todos os públicos de

interesse, de forma a alimentar o plano

comunitário de RRD.

1.4. Resultados disponíveis para todas as

partes interessadas (dentro e fora da

comunidade, localmente e em níveis mais

altos), de forma a alimentar o plano

comunitário de RRD.

1.5. Monitoramento permanente de

ameaças e riscos, com atualização das

avaliações.

1.6. Habilidades e capacidades para

conduzir as avaliações de risco e ameaças,

mantidas por meio de suporte e

treinamento.

Avaliações de risco e ameaças como itens

obrigatórios das políticas públicas, legislação,

etc., com padrões para elaboração, publicação

e revisão.

Avaliações sistemáticas e periódicas de

ameaças e riscos de desastres realizadas como

parte dos planos de desenvolvimento dos altos

escalões. Áreas de alto risco identificadas.

Qualidade de dados sobre ameaças e riscos

(bancos de dados científicos, relatórios oficiais,

etc.) disponíveis para apoio às avaliações

locais.

Conhecimento produzido registrado, sintetizado

e compartilhado sistematicamente (por meio de

sistemas de informação e gestão de desastres).

Participação de todos os órgãos públicos

ecorrelatos de interesse nas avaliações.

Governo (local e ou nacional) e ONGs

compromissados em promover suporte técnico

e de outros tipos para as avaliações locais e

comunitárias de risco e ameaças.

2. Avaliação e dados

de impacto sobre

vulnerabilidades e

capacidades.

2.1. Avaliações comunitárias de

vulnerabilidade e capacidades conduzidas

para promover a compreensão do cenário

de vulnerabilidades e capacidades.

2.2. Processo de avaliação de capacidades

e vulnerabilidades que inclua

representantes de todos os grupos

vulneráveis.

2.3. Resultados das avaliações

compartilhados, discutidos e acordados

entre todos os públicos, de forma a

alimentar o plano comunitário de RRD.

2.4. Avaliações de capacidades e

vulnerabilidades utilizadas na definição de

linhas de base para início dos projetos de

RRD.

Avaliações de risco e ameaças como itens

obrigatórios das políticas públicas, legislação,

etc., com padrões para elaboração, publicação

e revisão.

Desenvolvimento de indicadores de

vulnerabilidades e capacidades, mapeados e

aplicados sistematicamente (com coberturas de

todos os fatores sociais, econômicos, físicos,

ambientais, políticos e culturais mais

relevantes).

Dados sobre os impactos dos desastres e

informações estatísticas de perdas disponíveis

e utilizadas nas avaliações de vulnerabilidades

e capacidades.

Uso sistemático das avaliações de

vulnerabilidade e capacidades nos planos de

desenvolvimento dos altos escalões.

Identificação dos grupos vulneráveis e de suas

causas.

Conhecimento produzido registrado, sintetizado

e compartilhado sistematicamente (por meio de

sistemas de informação e gestão de desastres).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 2 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

2.5. Resultados disponíveis a todas as

partes interessadas (dentro e fora da

comunidade), de forma a alimentar o plano

comunitário de RRD.

2.6. Monitoramento permanente de

ameaças e riscos, com atualização das

avaliações.

2.7. Habilidades e capacidades para

conduzir as avaliações de risco e ameaças,

mantidas por meio de suporte e

treinamento.

Participação de todos os órgãos públicos e

correlatos de interesse nas avaliações.

Governo (local e ou nacional) e ONGs

compromissados em promover suporte técnico e

de outros tipos para as avaliações locais e

comunitárias de risco e ameaças.

3. Inovação e

capacidades

técnicas e científicas.

3.1. Membros e organizações comunitárias

treinados em técnicas de avaliação de

vulnerabilidades, capacidades, ameaças e

riscos, a receber apoio para conduzir suas

avaliações.

3.2. Utilização do conhecimento indígena e

das percepções locais de risco, bem como

de conhecimentos científicos, métodos de

avaliação e banco de dados.

Capacidade técnica e institucional para coleta e

análise de dados.

Permanente desenvolvimento técnico e científico;

compartilhamento de dados; observação espacial

da Terra, modelagem climática e previsão;

sistemas de alerta e alarme.

Valorização de agências externas e utilização de

conhecimento indígena.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

33

ÁREA TEMÁTICA 3 – CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO

Componentes da resiliência

1. Informação pública, conhecimento e habilidades.

2. Gestão e compartilhamento da informação.

3. Educação e treinamento.

4. Cultura, atitude e motivação.

5. Pesquisa e aprendizado.

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Informação

pública,

conhecimento e

habilidades.

1.1. Visão compartilhada sobre a

comunidade resiliente e preparada.

1.2. Toda a comunidade participante das

campanhas informativas correntes,

elaboradas a partir das necessidades e

capacidades comunitárias (níveis de

alfabetização, por exemplo).

1.3. Conhecimento comunitário de riscos,

ameaças, vulnerabilidades e ações de

redução de riscos suficientes para a efetiva

participação comunitária (individual e

colaborativa com outros públicos).

1.4. Processamento (individual e coletivo)

de conhecimento técnico e organizacional,

bem como habilidades para ações locais de

RRD e de resposta (incluindo

conhecimento técnico indígena, estratégias

de enfrentamento e de subsistência).

1.5. Diálogo aberto dentro da comunidade,

tendo como resultados acordos sobre

problemas, soluções, prioridades, etc.

Público informado e com capacidade de reflexão

sobre riscos de desastres e maneiras de gestão.

Programas educativos apropriados, com alta

visibilidade, formatados e implantados em níveis

nacional, regional e local por órgãos oficiais.

Envolvimento da mídia na comunicação de riscos

e sensibilização sobre os desastres e as medidas

de minimização.

Programas de comunicação pública que

envolvam o diálogo com públicos de interesse

sobre riscos de desastres e assuntos correlatos

(não disseminação de informação em via única).

Compreensão dos órgãos externos sobre as

vulnerabilidades, capacidades, riscos, percepção

de riscos e racionalidade das decisões de gestão

de risco das comunidades; e reconhecimento da

viabilidade do conhecimento local e das

estratégias de enfrentamento.

Efetiva disseminação de informação e

sensibilização a partir das especificidades de

oferta de educação, acesso, alfabetização, etc.

2. Gestão da e

compartilhamento

informação.

2.1. Informação sobre risco,

vulnerabilidades, práticas de gestão de

desastres, etc., compartilhada com todos

que habitam áreas de risco.

2.2. Planos de resposta a desastres

comunitários, públicos e disponíveis, com

ampla compreensão.

2.3. Toda a comunidade informada sobre

instalações, serviços, e habilidades

disponíveis antes, durante e depois de uma

emergência, bem como o acesso a eles.

2.4. Desenvolvimento de métodos e

conteúdos para comunicação com as

comunidades (por exemplo: ‘comunicação’

e não ‘disseminação de informação’).

2.5. Ampla utilização de canais de

comunicação informais, tradicionais e

indígenas.

2.6. Avaliação dos impactos dos materiais

informações e das estratégias de

comunicação24

.

Governo (local e nacional) comprometido ao

compartilhamento de informação (transparência)

e ao diálogo com comunidades sobre riscos e

gestão de riscos de desastres.

Legislação específica sobre direito à informação

pública e a obtenção de informação sobre os

riscos enfrentados individualmente.

Compreensão comum com os órgãos externos de

princípios, conceitos, terminologia, abordagens

alternativas em RRD.

Coleta de informação e sistemas de

compartilhamento públicos e privados sobre

ameaças, riscos, recursos para gestão de

desastres (incluindo centros de custos, banco de

dados, sites, diretórios, inventários, boas práticas)

existentes e acessíveis.

Redes ativas de profissionais atuantes em gestão

de riscos de desastres (compartilhamento

científico, técnico e aplicação de conhecimento

local e tradicional).

24 A exemplo de atitudes individuais e comunitárias com foco nas estratégias de gestão de riscos e de risco de desastres.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 3 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

3. Educação e

treinamento.

3.1. Educação escolar sobre RRD para

crianças por meio de atividades

curriculares, e quando for o caso,

extracurriculares25

.

3.2. Treinamentos em RRD e Gestão de

riscos de desastre destinados a identificar

prioridades apontadas pelas comunidades

e com base na avaliação local de riscos,

vulnerabilidades e demais problemas

correlatos.

3.3. Membros da comunidade e de

organizações treinados em habilidades de

RRD e preparação para desastres (por

exemplo, avaliação de ameaças e riscos;

plano comunitário de gestão de riscos de

desastres; busca e salvamento; primeiros

socorros; gestão de abrigos; avaliação de

necessidades; distribuição de recursos de

resposta; combate a incêndio).

3.4. Proprietários e construtores treinados

em técnicas de construção segura e

adaptada, e outras práticas para proteger

casas e propriedades.

3.5. (rural) Membros comunitários

habilitados ou treinados em agricultura

apropriada, uso do solo, gestão da água e

gestão de práticas ambientais.

3.6. Experiência comunitária de

enfrentamento em eventos anteriores, ou

conhecimento sobre outras experiências,

utilizados na educação e treinamento.

Inclusão da RRD como tema relevante em todas

as séries escolares (desenvolvimento curricular,

fornecimento de material didático, formação de

professores), de abrangência nacional.

Treinamentos vocacionais especializados e

disponibilidade de facilidades para RRD e gestão

de riscos em diferentes níveis e para diferentes

grupos, associados a estratégias de capacitação

integral. Inclui certificação.

Educação apropriada e programas de

capacitação para planejadores e equipes de

campo atuantes em RRD e gestão de riscos.

Desenvolvimento setorial definido e implantado

em âmbito nacional, regional e local.

Destinação de recursos (técnicos, financeiros,

materiais e humanos) pelo governo aos serviços

de emergência, ONGs, etc., para suporte local em

RRD.

4. Cultura, atitude e

motivação.

4.1. Compartilhamento de valores

comunitários, aspirações e objetivos (e

postura positiva ao compromisso

comunitário como um todo, de acordo com

os objetivos comunitários).

4.2. Atitudes culturais e valores (por

exemplo, expectativas de ajuda ou

autossuficiência; visão religiosa e

ideológica) que permitam a adaptação ou

recuperação de choques e estresses.

4.3. Informação sobre atitudes factíveis

para construção da resiliência.

4.4. Confiança justificada sobre segurança

e capacidades de autoconfiança.

4.5. Disponibilidade de (ou acesso a)

informação, recursos de apoio necessários

ou desejados para garantir a segurança.

4.6. Noção de responsabilidade para

preparação para desastres e RRD.

4.7. Comportamento seguro como

resultado de processos educativos.

Ambiente político, social e cultural que motive a

liberdade de pensamento e expressão, e estimule

a investigação e o debate.

Aceitação oficial e pública do princípio da

precaução: necessidade de agir diante de

informações insuficientes ou de plena

compreensão para reduzir potenciais riscos de

desastres.

25 Presume-se um alto nível de frequência escolar, e quando não for o caso, aplicação de atividades de extensão.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

35

Área temática 3 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

5. Pesquisa e

aprendizado.

5.1. Documentação, uso e adaptação de

conhecimento técnico indígena e

estratégias de enfrentamento.

5.2. Sistemas participativos de avaliação e

monitoramento para mensurar a resiliência

e o progresso em RRD.

Capacidade de pesquisa nacional e

subnacional em estudos sobre ameaças,

riscos e desastres (em organizações

especializadas ou dentro de outras

instituições), com aplicação adequada de

recursos financeiros em pesquisas em

andamento.

Estímulo à pesquisa interdisciplinar, orientada

a políticas públicas.

Cooperação nacional, regional e internacional

para pesquisa, ciência e desenvolvimento

tecnológico.

Agenda apropriada ao desenvolvimento

científico, técnico, de políticas públicas, de

planejamento e de pesquisa participativa em

RRD.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

ÁREA TEMÁTICA 4 – GESTÃO DE RISCO E REDUÇÃO DE VULNERABILIDADES

Componentes da resiliência

1. Gestão de recursos naturais e ambientais.

2. Saúde e bem estar.

3. Meios de subsistência sustentáveis.

4. Proteção social.

5. Instrumentos financeiros.

6. Proteção física; medidas técnicas e estruturais.

7. Sistemas de planejamento.

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Gestão de

recursos naturais e

ambientais.

1.1. Compreensão comunitária das

características e funcionamento do

ambiente natural e dos ecossistemas (por

exemplo, características de drenagem,

bacias hidrográficas, relevo e solo) e riscos

potenciais associados com tais recursos

naturais e intervenções humanas que os

afetam.

1.2. Adoção de práticas de gestão

ambiental sustentável para reduzir

ameaças e riscos26

.

1.3. Preservação da biodiversidade (por

exemplo, por meio de bancos comunitários

de sementes, com sistema de distribuição

equitativa).

1.4. Preservação e aplicação de

conhecimento indígena e apropriação de

tecnologias relevantes à gestão ambiental.

1.5. Acesso a recursos comunitários de

propriedade comum para trabalhar com

comunidades no manejo e renovação, e

assim apoiar estratégias de subsistência e

de enfrentamento em tempos de

normalidade e situações de crise.

Estrutura política, legislativa e institucional que

apoie ecossistemas sustentáveis e manejo

ambiental; e que maximize as práticas de gestão

de recursos ambientais em RRD.

Ação efetiva oficial para prevenir o uso do solo de

forma não sustentável e prevenir uma

administração de recursos que aumente o risco

de desastres.

Políticas públicas operacionalizadas para gerar

um vínculo entre o manejo ambiental, as políticas

e o planejamento em redução de risco.

Políticas e estratégias de RRD integradas a

outras políticas e estratégias de adaptação.

Especialistas dos governos locais e outros

profissionais disponíveis para trabalhar com

comunidades no manejo e na renovação

ambiental em longo prazo.

2. Saúde e bem

estar.

(inclui capital

humano)

2.1. Manutenção da habilidade física ao

trabalho e da boa saúde em tempos de

normalidade por meio de uma alimentação

e nutrição adequada, higiene, e atenção à

saúde.

2.2. Altos níveis de segurança pessoal e

segurança contra ameaças físicas e

psicológicas.

2.3. Fornecimento garantido de alimentos e

status de segurança alimentar (por

exemplo, por meio de reservas de grãos e

outros alimentos básicos administrados

pelas comunidades, com um sistema de

distribuição equitativo durante uma crise

alimentar).

Estruturas de saúde pública integradas ao

planejamento para desastres e preparação para

emergências.

Estruturas comunitárias integradas ao sistema de

saúde pública.

Programas educativos em saúde que incluam

conhecimento e habilidades relevantes para

momentos de crise (por exemplo, salubridade,

higiene, tratamento de água).

26 A exemplo da conservação da água e do solo, de florestas sustentáveis, gestão de zonas úmidas para reduzir o risco de inundação,

conservação de mangues com proteção contra tempestades, manutenção de sistema de água e de drenagem.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

37

Área temática 4 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

2.4. Acesso à quantidade e qualidade de

água suficiente para cobrir as

necessidades domésticas durante uma

crise.

2.5. Conhecimento das medidas para

manter-se com saúde (por exemplo,

higiene, salubridade, nutrição, tratamento

de água), para proteger a vida e conhecer

as medidas de auxílio, assim como contar

com as habilidades adequadas.

2.6. Estruturas comunitárias e culturais que

apoiem a autoconfiança e possam auxiliar

na gestão das consequências psicológicas

de um desastre (trauma, depressão pós-

traumática).

2.7. Instalações comunitárias de

assistência médica e com profissionais de

saúde, equipados e treinados para dar

respostas às consequências físicas e de

saúde mental de um desastre e de

ameaças menores; apoiados pelo acesso a

serviços médicos de emergência,

remédios, etc.

Compromisso político, legislativo e institucional

para garantir a segurança alimentar por meio de

intervenções de mercado e outras, com estruturas

e sistemas adequados.

Envolvimento do governo, do setor privado e de

organizações da sociedade civil com planos para

mitigação e gestão de crises alimentares e de

saúde.

Sistemas de planejamento para emergências que

disponibilizem recursos para alimentos, remédios,

etc.

3. Meios de

subsistência

sustentáveis.

3.1. Altos índices locais de emprego e

atividade econômica (incluindo grupos

vulneráveis); estabilidade na atividade

econômica e nos índices de emprego.

3.2. Distribuição equitativa da riqueza e das

formas de subsistência da comunidade.

3.3. Diversificação dos meios de

subsistência (em níveis familiar e

comunitário), incluindo atividades

a0grícolas em áreas rurais ou não.

3.4. Menos pessoas envolvidas em

atividades não seguras (por exemplo,

mineração em pequena escala) ou em

atividades vulneráveis diante de ameaças

(por exemplo, agricultura irrigada em locais

de seca).

3.5. Adoção de práticas agrícolas

resistentes a ameaças (por exemplo,

método de conservação do solo e da água,

padrões de cultivo voltados à baixa ou

variável pluviosidade, culturas tolerantes a

ameaças) para segurança alimentar.

3.6. Pequenas empresas com planos de

negócios de proteção de recuperação.

3.7. Relações locais de comércio e

transporte com mercados para produtos,

trabalhos e serviços protegidos contra

ameaças e outros traumas externos.

Desenvolvimento econômico equitativo: economia

forte na qual os benefícios são compartilhados

com toda a sociedade.

Diversificação de economias locais e

subnacionais para redução de risco.

Estratégias de redução da pobreza focadas nos

grupos vulneráveis.

Percepção da RRD como parte integral do

desenvolvimento econômico, refletida na

implantação de políticas públicas.

Salários adequados e justos, garantidos por lei.

Sistema legislativo que apoie a segurança da

posse de terra, acordos de posse equitativos e

acesso a recursos de propriedades comuns.

Disponibilização de incentivos financeiros e outros

para reduzir a dependência de atividades de

subsistência perigosas ou vulneráveis a ameaças.

Câmaras de comércio e associações similares

que apoiem os esforços de resiliência de

pequenas empresas.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 4 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

4. Proteção social 4.1. Sistemas de assistência mútua, redes

sociais e mecanismos de apoio direto a

redução de risco por meio de atividades

socioeconômicas de desenvolvimento que

reduzam a vulnerabilidade, ou de apoio que

possam estender suas atividades para a

gestão de emergências quando estas

ocorrem27

.

4.2. Sistemas de assistência mútua, em

cooperação com as estruturas formais e

comunitárias, dedicados a gestão de

desastre.

4.3. Acesso comunitário a serviços sociais

básicos (incluindo o registro em serviços de

segurança social).

4.4. Canais de informação e meios de

comunicação estabelecidos, sem que haja

isolamento de pessoas vulneráveis.

4.5. Conhecimento e experiência coletivos

de gestão de contingência (ameaças e

crises).

Esquemas de proteção social formal e sistemas

de redes sociais acessíveis a grupos vulneráveis

em tempos de normalidade e de crises.

Enfoque político, institucional e operacional

coerente de segurança social que permita

vínculos com outras estruturas e enfoques da

gestão de risco e de desastres.

Agências externas preparadas para investir tempo

e recursos na construção de alianças fortes com

grupos e organizações locais para proteção,

segurança social e RRD.

5. Instrumentos

financeiros.

5.1. Patrimônio base do local e da

comunidade (bens, economias e

propriedades) suficientemente grandes e

diversificados para apoiar as estratégias de

enfrentamento de crise.

5.2. Custos e riscos de desastres

compartilhados a partir da propriedade

coletiva do patrimônio local e comunitário.

5.3. Existência de economias e sistemas de

crédito comunitários; e / ou acesso as

serviços de microfinanciamento.

5.4. Acesso comunitário a seguros (que

incluam cobertura de vida, residencial e de

outras propriedades) por meio do mercado

de seguradoras ou de instituições

financeiras.

5.5. Fundo comunitário de desastres para

implantar ações de RRD, assim como

atividades de resposta e recuperação.

5.6. Acesso a transferências monetárias e

de remessas provenientes de membros da

família ou da comunidade que trabalham

em outras regiões ou outros países.

Governos e setor privado apoiam as medidas28

financeiras de mitigação focadas nas

comunidades vulneráveis e em áreas de risco.

Incentivos econômicos para ações de RRD

(redução de prêmios de seguros para

proprietários, isenção de taxas e impostos para

negócios correlatos, etc.).

Microfinanciamento, ajuda em dinheiro, créditos

(juros baixos), garantias de empréstimo, etc.,

disponíveis depois do desastre para retorno às

atividades de subsistência.

27Compreende os sistemas informais (individual, familiar, comunitário, etc.) e outras estruturas de grupos (por exemplo, comitês de preparação

para desastres, sistemas e grupos de apoio de assistência a pessoas com vulnerabilidades particulares, comitês de gestão de água, associações de apoio a funerais e sepultamentos, associações de mulheres, grupos religiosos). 28

A exemplo de seguros e resseguros, instrumentos diversificados para infraestrutura pública e bens privados, como fundos para calamidades e

bônus para catástrofes, microcrédito e financiamentos, fundos comunitários e fundos sociais.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

39

Área temática 4 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

6. Proteção física;

medidas técnicas e

estruturais.

6.1. Decisões e planos comunitários para

construção e meio ambiente que

considerem os riscos e ameaças naturais

potenciais (incluindo o potencial de

ampliação por sua interferência com os

sistemas ecológicos, hidrológicos e

geológicos) e vulnerabilidades de

diferentes grupos.

6.2. Segurança dos direitos de propriedade

e de terra. Baixos índices de pessoas sem

moradia ou sem terra.

6.3. Locais seguros: para instalações e

para os membros da comunidade

(residências, locais de trabalho, instalações

públicas e sociais), sem exposição a

ameaças em áreas de alto risco, ou

realocação para outras áreas distantes da

área de risco.

6.4. Medidas estruturais de mitigação

(terraplanagem, canais de desvio de

inundações, tanques para armazenamento

de água, etc.) construídos, quando

possível, com mão de obra, habilidades,

material e tecnologias locais.

6.5. Conhecimento da comunidade sobre

códigos e regulamentos de construção.

6.6. Adoção de práticas de construção e

manutenção resiliente a ameaças, tanto

para residências como para instalações

locais, que utilizem, quando possível mão

de obra, habilidades, material e tecnologias

locais.

6.7. Capacidades e habilidades

comunitárias para construir, reforçar e

manter as estruturas (técnicas e

organizacionais).

6.8. Adoção de medidas físicas para

proteger bens domésticos (por exemplo,

levantamento de plataformas internas e

armazenamento como medida de mitigação

de inundações, fogões portáteis) e bens de

produção (por exemplo, abrigos para

animais).

6.9. Adoção de medidas de proteção em

curto prazo contra eventos iminentes (por

exemplo, proteção emergencial de portas e

janelas contra ciclones).

Observância dos padrões internacionais para

construção, projeto, planejamento, etc.

Códigos de construção e regulamentos para

planejamentos de uso e ocupação do solo que

considerem as ameaças e o risco de

desastres.

Observância dos códigos e padrões de

construção para todos os edifícios e obras de

infraestrutura pública.

Avaliações de ameaças e vulnerabilidades

como requisito para todos os responsáveis por

sistemas de infraestrutura pública e privada.

Proteção de instalações e infraestrutura

públicas essenciais a partir do reforço e

reconstrução, especialmente em áreas de

risco.

Segurança de acesso a instalações sanitárias

e outras durante uma emergência (local ou

mais distante), integrada ao planejamento

contra desastres.

Sistemas legais e regulatórios que protejam a

propriedade de terra e os direitos de posse,

assim como o direito ao acesso público.

Manutenção periódica das estruturas de

controle de ameaças.

Enfoque em ações ‘hardware’ (estruturais) de

mitigação de desastres, acompanhadas de

ações ‘software’ (não estruturais) em

educação, treinamento, capacitação, etc.

Sistemas legais e regulatórios, e políticas

econômicas que reconheçam e respondam

aos riscos de surgem dos padrões de

densidade e movimento populacional.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 4 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

6.10. Infraestrutura e instalações públicas

para apoio as necessidades de gestão de

uma emergência (por exemplo, abrigos,

rotas de fuga e abandono de emergência).

6.11. Instalações essenciais resilientes e

acessíveis (por exemplo, centros médicos,

hospitais, delegacias de polícia e corpos de

bombeiros – em termos de resiliência

estrutural, sistemas de salvamento, etc.).

6.12. Infraestrutura resiliente do transporte

e serviços correlatos (rodovias, pontes,

fontes de água, saneamento, linhas de

energia, comunicações, etc.).

6.13. Meios de transporte próprio ou

disponíveis em quantidade suficiente para

emergências (por exemplo, para abandono,

ou abastecimento), ao menos durante os

eventos sazonais; capacidade de

recuperação do meio de transporte dentro

da comunidade.

7. Sistemas de

planejamento

7.1. Processo decisório comunitário com

respeito ao uso e gestão do solo, que

considere as ameaças e vulnerabilidades.

(incluindo o microzoneamento aplicado

para permitir ou restringir o uso e ocupação

do solo).

7.2. Planos locais de desastres

(comunitários) que retroalimentam os

planos de desenvolvimento dos governos

locais para uso e ocupação do solo.

Observância dos padrões de planejamento

internacionais.

Regulamentos para planejamento de uso e

ocupação do solo que considerem as

ameaças e riscos de desastres

Sistemas efetivos de execução e

monitoramento.

Aplicação de planos de desenvolvimento de

uso e ocupação do solo, e de planejamento

urbano e regional baseados em avaliações de

risco e ameaças, e incorporados

adequadamente às ações de RRD.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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ÁREA TEMÁTICA 5 – PREPARAÇÃO E RESPOSTA A DESASTRES

Componentes da resiliência

1. Coordenação e capacidades organizacionais.

2. Sistemas de alerta e alarme.

3. Preparação e planos de contingência.

4. Recursos de emergência e infraestrutura.

5. Resposta e reconstrução em emergências.

6. Participação, voluntariado e prestação de contas.

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Coordenação e

capacidades

organizacionais.

1.1. Capacidades locais de preparação

para desastres e de resposta avaliada

pelas comunidades (elas próprias ou

parceiros e agências externas).

1.2. Estrutura de organizações locais para

preparação para desastres e resposta em

emergências (por exemplo, comitês de

preparação para desastres ou abandono)29

.

1.3. Organizações de preparação para

desastres que sejam gerenciadas pela

comunidade e que possuam

representatividade.

1.4. Papéis e responsabilidades das

organizações de resposta e de preparação

para desastres, bem como de seus

membros, claramente definidos, acordados

e compreendidos.

1.5. Instalações para emergências

(equipamentos de comunicação, abrigos,

centros de controle, etc.) disponíveis e

gerenciadas pela comunidade ou por suas

organizações em nome de todos os

membros da comunidade.

1.6. Número suficiente de organizações

treinadas para conduzir tarefas relevantes

(por exemplo, comunicações, abrigos,

resgates, primeiros socorros, distribuição de

ações de resposta).

1.7. Treinamentos periódicos (cursos de

atualização e de novas habilidades)

fornecidos por ou para organizações locais;

exercícios simulados regulares, exercícios

de construção de cenários, etc.

1.8. Mecanismos de coordenação e de

processo decisório definidos e acordados

entre as organizações comunitárias e os

especialistas e técnicos externos,

autoridades locais, ONGs, etc.

1.9. Mecanismos de coordenação e de

processo decisório definidos e acordados

com as comunidades e localidades vizinhas

e suas organizações.

Políticas públicas locais e nacionais, e

quadros institucionais que reconheçam e

valorizem ações locais e comunitárias de

preparação para desastres como parte

integral do sistema nacional de preparação e

resposta.

Estruturas, papéis e mandatos definidos e

acordados para os atores governamentais e

não governamentais em ações de preparação

e resposta a desastres, em todos os níveis, e

baseados na coordenação e não na

abordagem de comando e controle.

Delegação de responsabilidades e capacidade

para ações de planejamento de emergências

e resposta ao nível local sempre que possível.

Diálogo permanente, troca de informação e

coordenação (vertical e horizontal) entre

gestores de desastres e setores de

desenvolvimento em todos os níveis.

Capacidades de gestão de desastres nacional

e local (técnica, institucional, financeira)

adequadas ao apoio em âmbito comunitário e

ações de preparação e resposta a desastres.

Orçamentos adequados para as ações de

preparação para desastres incluídos e

institucionalizados como parte dos planos em

todos os níveis.

Fundos para fortalecimento de capacidades e

atividades da sociedade civil em ações de

preparação para desastres.

29 Grupos podem ser formados especificamente para esta função, ou na existência de outros grupos, pode-se delegar a função desde que sejam

capazes de assumir o papel de preparação e resposta a desastres.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 5 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

2. Sistemas de alerta

e alarme30.

2.1. Sistemas de alerta e alarme baseado

nas comunidades e centralizado em

pessoas em nível local.

2.2. Sistemas de alerta e alarme capazes

de atingir a comunidade inteira (via rádio,

TV, telefone ou outra tecnologia, e por meio

dos meios de comunicação comunitários,

como redes de voluntários).

2.3. Mensagens de alerta e alarme

apresentadas apropriadamente para que

haja compreensão de todos os setores da

comunidade.

2.4. Sistemas de alerta e alarme que

possuam detalhes dos eventos locais e

considerem as condições locais.

2.5. Sistemas de alerta e alarme baseados

no conhecimento comunitário de principais

ameaças e riscos, assim como dos sinais e

mensagens e seus significados.

2.6. Organizações comunitárias de

preparação e resposta a desastres capazes

de agir em função das mensagens emitidas

e de mobilizar as comunidades para ação.

2.7. Confiança da comunidade nos

sistemas e organizações que produzem as

mensagens de alerta a alarme.

2.8. Recursos técnicos (monitoramento e

equipamentos de comunicação) com

pessoas treinadas para manutenção e

operação do sistema.

Sistemas de alerta e alarme nacional e regional,

envolvendo todos os níveis de governo e

sociedade civil, baseados em informação

científica, conhecimento sobre riscos,

comunicação e disseminação de mensagens, e

capacidade comunitária de resposta.

Comunicação vertical e horizontal, e coordenação

entre todos os públicos de interesse dos sistemas

de alerta e alarme, como papéis e

responsabilidades claramente definidos e

acordados.

Governo local que inclua em todos os sistemas de

alerta e alarme seus planos e treinamentos,

reconhecendo os públicos de interesse chave.

Comunidades e outras organizações da

sociedade civil ativamente participantes de todos

os aspectos de desenvolvimento, operação,

treinamento e teste dos sistemas de alerta e

alarme.

Meios de comunicação de massa como parte dos

sistemas de alerta e alarme, sem ação

independente.

Vínculos entre os sistemas de alerta e alarme e

os órgãos de preparação e resposta a desastres.

Sistemas e alerta e alarme apoiados por

campanhas públicas educativas.

3. Preparação e

planos de

contingência.

3.1. Existência de um plano comunitário de

preparação ou de contingência que

considere os principais riscos31

.

3.2. Planos de preparação e contingência

preparados com métodos participativos, e

compreendidos por todos os membros da

comunidade.

3.3. Planos coordenados aos planos

oficiais, sendo compatíveis com outros

órgãos.

3.4. Definição, compreensão e acordo dos

papéis e responsabilidades de diferentes

atores locais e externos.

3.5. Processo de planejamento construído

por consenso e fortalecendo as relações

entre os mecanismos de coordenação e os

diversos públicos de interesse.

Planos de preparação com suporte e aprovação

política, e claramente articulados em âmbito

nacional; parte da gestão integrada de desastres

com todas políticas corretadas, procedimentos,

papéis, responsabilidades e financiadores.

Estabelecimento de papéis e responsabilidades

para cada ator, governamental ou não, referente a

cada cenário de desastre, e divulgados em

conformidade.

ONGs participantes do desenvolvimento e

disseminação dos planos nacionais e locais;

papéis e responsabilidades claramente definidos.

Planejamento comunitário percebido como

elemento fundamental para todos os planos e

incorporado a eles.

Recursos disponíveis para ações de apoio

identificadas nos planos comunitários.

30 Veja também tabela 2: Avaliação de riscos.

31Os termos preparação para desastres e planos de contingência são amplamente utilizados aqui e incluem todos os tipos de planos para

preparação e resposta a desastres e emergências. Presume-se que o plano, como todo bom plano de preparação ou contingência, tenha objetivos claros, sistematize uma sequência de atividades de maneira lógica e clara, avalie tarefas e responsabilidades específicas, seja prático e baseado em parâmetros realistas (por exemplo, foco apropriado, nível de detalhe, formatado para usuários locais, diante de suas necessidades e capacidades), e seja processual (por exemplo, não enfatize em demasiado a importância do plano escrito), e ainda seja direcionado à ação. Para informações mais detalhadas sobre preparação e planos de contingência, veja: UN OCHA 2007, Disaster Preparedness for Effective Response: Implementing Priority Five of the HyogoFramework for Action (Genebra: Office for the Coordination of Humanitarian Affairs); Choularton R 2007, Contingency planning and humanitarian action: a review of practice (Londres: Humanitarian Practice Network, Network Paper 59).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

43

Área temática 5 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE

AOS DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

3.6. Vínculos (formais e informais) entre

especialistas, autoridades, ONGs, etc.,

para apoiar os planos e treinamentos

comunitários.

3.7. Planos testados regularmente, a

exemplo de simulados comunitários.

3.8. Planos revisados e atualizados

regularmente por todos os públicos.

3.9. Desenvolvimento familiar de seus

próprios planos de preparação a desastres

no contexto dos planos comunitários.

3.10. Negócios e comércios locais com

seus próprios planos contextualizados aos

planos comunitários.

3.11. Planos de contingência formatados a

partir do entendimento dos planos mais

amplos de instalações e disposições locais.

Todos os planos de contingência baseados em

uma sólida avaliação de ameaças e riscos e na

identificação das áreas de risco em todo o país.

Desenvolvimento e teste dos planos de

contingência para todos os principais cenários de

desastre em todas as áreas de risco.

Treinamento, simulação e revisão de exercícios

conduzidos com a participação dos principais

órgãos governamentais e não governamentais.

Questões transversais como gênero, participação

comunitária e ambiente consideradas e incluídas

nos planos de contingência.

Serviços locais de emergência e instalações

críticas que desenvolvam seus próprios planos de

contingência, coordenados aos planos

comunitários.

4. Recursos de

emergência e

infraestrutura.

4.1. Organizações comunitárias capazes de

gerir crises e desastres, sozinhas ou em

parceria com outras organizações.

4.2. Rotas de abandono seguras,

identificadas, mantidas e de conhecimento

dos membros da comunidade.

4.3. Abrigos de emergência (construído ou

alterado) acessíveis à comunidade

(distância, rotas seguras, sem restrições de

acesso) e com instalações adequadas para

toda a população afetada.

4.4. Abrigos de emergência para gado.

4.5. Infraestrutura de comunicações segura

e com rotas de acesso para serviços de

emergência e equipes de resgate.

4.6. Sistemas de comunicação de duas

vias desenhados para funcionar em crise.

4.7. Recursos de emergência (estoques)

gerenciados pela comunidade sozinha ou

em parceira com organizações locais

(incluindo grãos e bancos de sementes).

4.8. Gestão comunitária dos fundos de

emergência e contingência32

.

Serviços locais de emergência (instalações,

estrutura, equipes, etc.) capazes de gerenciar

crises e desastres, sozinhos ou com apoio de

organizações.

Serviços de emergência de alto nível com

estrutura, capacidade, instalação e procedimento

que os permitam apoiar ações locais

efetivamente.

Fundos para emergência e contingência,

estoques disponíveis rapidamente diante de

necessidades, com estabelecimento de

procedimentos para utilizá-los.

Acordos previamente assinados com agências de

financiamento para acesso a fundos ou recursos

internacionais e regionais como parte dos planos

de emergência e reconstrução.

5. Resposta e

reconstrução em

emergências.

5.1. Capacidade comunitária em fornecer

efetiva resposta às emergências, e em

tempo adequado: a exemplo de busca e

salvamento, primeiros socorros, assistência

médica, avaliação de necessidades e

danos, distribuição de recursos de

resposta, abrigos, apoio psicológico,

desobstrução de rodovias.

5.2. Órgãos locais e comunitários que

assumam o papel de coordenação da

resposta e reconstrução.

Organizações de proteção e defesa civil, ONGs e

redes de voluntários capazes de responder aos

eventos com efetividade e tempo adequado, de

acordo com os planos acordados.

Capacidade de reestabelecer sistemas e

infraestrutura críticos (por exemplo, transporte,

energia, comunicação, saúde pública) e acordar

procedimentos de ação.

32 Pode ser parte integrante, ou separada, de outros fundos, créditos, ou iniciativas de microfinanciamento.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Área temática 5 - continuação

COMPONENTES

DA RESILIÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE UMA

COMUNIDADE RESILIENTE AOS

DESASTRES

CARACTERÍSTICAS DE UM

AMBIENTE FAVORÁVEL

5.3. Ações de resposta e reconstrução

destinadas à população afetada e priorizada

de acordo com as necessidades

comunitárias.

5.4. Apoio psicológico à comunidade e

mecanismos de aconselhamento.

5.5. Conhecimento comunitário sobre

obtenção de socorro e suporte para resposta

e reconstrução.

5.6. Confiança comunitária na efetividade e

imparcialidade da resposta e da ação dos

órgãos de reconstrução.

5.7. Planos33

comunitários de reconstrução e

implantação dos mesmos vinculada aos

aspectos social, ambiental, econômico e

físico, e baseada no máximo aproveitamento

das capacidades e recursos locais.

5.8. Papéis, responsabilidades e

coordenação acordados para a reconstrução

(envolvendo públicos locais e externos).

5.9. Incorporação da RRD nas comunidades

e em seus planos de reconstrução.

Programas de apoio à recuperação dos meios de

subsistência (por exemplo, pagamento por

trabalhos, redefinição de patrimônio produtivo,

empréstimos emergenciais ou capital inicial).

Recursos (humanos, institucionais, materiais,

financeiros) acessíveis para ações de

reconstrução e recuperação em longo prazo.

Recursos governamentais disponíveis para

resposta e reconstrução; informação sobre os

recursos e como torná-los acessíveis às

comunidades afetadas.

Órgãos oficiais dispostos e capazes de garantir a

segurança pública após os desastres e de

proteger os grupos mais vulneráveis.

Continuidade oficial dos planos de recuperação

no local, com capacidade de desenvolvimento e

apoio por sistemas adequados.

Quadro político nacional que exija a incorporação

da RRD nos projetos e implantação de ações de

resposta e reconstrução.

Ações de RRD integradas aos planos e práticas

das principais organizações.

6. Participação,

voluntariado e

prestação de contas.

6.1. Liderança local no desenvolvimento e

entrega dos planos de contingência, resposta

e recuperação.

6.2. Participação de toda a comunidade no

desenvolvimento e entrega dos planos de

contingência, resposta e recuperação;

‘propriedade’ comunitária dos planos e

estruturas de implantação.

6.3. Confiança comunitária justificada nos

sistemas de alerta, alarme e de emergência

assim como em sua própria capacidade de

atuar de forma efetiva durante um desastre.

6.4. Alto índice de voluntariado em todos os

aspectos da preparação, resposta e

reconstrução, representatividade de todos os

setores da comunidade.

6.5. Grupos de voluntários e organizações

integrados à comunidade, e às estruturas

locais e supralocais.

6.6. Estruturas formais de preparação e

resposta capazes de adaptar-se aos grupos

de voluntários espontaneamente (dentro e

fora da comunidade) e integrar-se à resposta

e reconstrução.

6.7. Autoajuda e grupos de apoio aos mais

vulneráveis (idosos e deficientes).

6.8. Mecanismos para pessoas afetadas por

desastres que expressem sua visão, para

aprendizado e compartilhamento de lições

pós-evento.

Reconhecimento dos que responderam à

emergência (externos e locais) do direito à ajuda

adequada depois do desastre, à participação e ao

planejamento da etapa de reconstrução e à

proteção contra violência (definidos em lei).

Aceitação internacional dos princípios sobre

direitos e transparência nas ações de resposta e

reconstrução34

acordados e adotados pelas

autoridades nacionais, governo local, ONGs e

outros públicos.

Instrumentos legais que obriguem ações

específicas às organizações públicas nas ações

de resposta e reconstrução.

Mecanismos de participação que garantam a

todos os públicos o desenvolvimento de todos os

componentes de gestão e planejamento de

desastres, e sua operação em todos os níveis.

Governo local e outros órgãos com planejamento

para ‘grupos emergentes’ de voluntariado.

Aplicação de auditorias sociais, relatórios e outros

mecanismos que permitam aos afetados avaliar a

resposta durante a emergência.

Consideração de avaliações independentes de

capacidades e mecanismos de preparação para

desastres.

Mecanismos efetivos e transparentes de

monitoramento e avaliação das ações de resposta

e preparação.

33 Inclui planos de reassentamento.

34 A exemplo dos princípios de prestação de contas (HAP), Sistema Esfera (Sphere), Código de conduta da Cruz Vermelha.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Painel 1 – Outras iniciativas para indicadores de RRD

Em anos recentes, um grande número de organizações desenvolveram quadros e indicadores de resiliência ou RRD para apoiar

planejamentos em diferentes contextos. Como muitas dessas iniciativas foram desenvolvidas ao mesmo tempo, abre-se um

espaço para compartilhar informações e debater ideias, de forma a garantir que os diversos resultados complementem uns aos

outros tanto quanto for possível.

Duas agências da ONU desenvolveram conjuntos de indicadores nacionais de RRD, baseados no Quadro de Ação de Hyogo (as

Características buscaram complementar esses indicadores sob a perspectiva local):

A Estratégia Internacional para Redução de Desastres (UNISDR) produziu orientações e indicadores para as prioridades 1,2

3 e 4 do Quadro de Ação de Hyogo (UNISDR, 2008).

O Escritório da ONU para Coordenação de Assistência Humanitária (OCHA) desenvolveu indicadores para as cinco

prioridades do Quadro de Ação de Hyogo (UNISDR/OCHA, 2008).

Outras iniciativas recentes, ou em andamento, de quadros e indicadores para RRD e resiliência incluem:

O manual do programa US Indian Ocean Tsunami Warning System Program sobre avaliação da resiliência a ameaças de

comunidades costeiras, destinados a apoiar e complementar o desenvolvimento de comunidades e as ações de

planejamento e gestão costeiras (IOTWS, 2007).

O manual da Helio Internacional para avaliação da resiliência de sistemas de energia em nível nacional (Williamson and

Connor, 2008).

Veja Parte 5(Leituras Complementares) para detalhes sobre esses e outros indicadores e orientações sobre RRD e resiliência.

PAINÉIS

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Painel 2 – Integração entre RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas

Diversas agências de desenvolvimento e de desastres estão, atualmente, explorando formas de conceitualização, explanação e

visualização de caminhos nos quais a RRD e a adaptação às mudanças climáticas coincidam-se e associem-se entre si. Há

diversas formas para fazer isso, ainda que não haja um modelo específico para tanto. Três exemplos são aqui apresentados, na

forma de tabelas e diagramas, resultado do trabalho de membros do Grupo de Interagências que financiou o projeto das

Características. Todos esses três exemplos representam o trabalho de vários estágios de progresso.

Exemplo 1. Tearfund utiliza o diagrama Venn para mostrar os pontos de coincidência entre RRD, adaptação às mudanças

climáticas e outras formas de adaptação à degradação ambiental. O diagrama abaixo contém o exemplo do tipo de resposta que

pode ser necessária a cada área, servindo para ilustrar as equipes de campo que determinadas escolhas no desenvolvimento

das atividades podem contribuir para a sustentabilidade ambiental, para a redução da vulnerabilidade a desastres e para apoio à

adaptação às mudanças climáticas.

Fonte: Tearfund

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Exemplo 2. Atividades práticas de vulnerabilidade para resiliência (V2R) é um modelo que identifica os vínculos entre os meios

de subsistência, governança, incerteza futura e tendências de longo prazo (incluindo as alterações climáticas), ameaças e

impactos. A desse modelo pode-se desenvolver uma abordagem integrada de resiliência.

Resiliência

Habilidade para adaptação à mudança

Habilidade para gestão de ameaças

Habilidade para manter a segurança alimentar

Habilidade para sair da pobreza

Ameaças e EstressePreparação para Desastres

Construção de capacidades para análise de ameaças e estresse (inclui impactos

das mudanças climáticas) Aprimoramento das ações de prevenção

e proteção contra ameaças Ampliação dos sistemas de alerta e alarme Estabelecimento de planos de contingência

e emergência

Meios de subsistênciaDiversidade

Fortalecimento da voz e da organização comunitária

Apoio ao acesso e gestão sustentável dos recursos produtivos

Promoção do acesso às tecnologias e habilidades

Melhoria do acesso ao mercado de trabalho e emprego

Garantia de condições de vida segura.

Incertezas FuturasTendências de longo prazo, incluindo as mudanças climáticas

Melhor compreensão das tendências e seus impactos

Garantia de acesso a informação relevante em tempo certo

Construção de confiança e flexibilidade ao aprendizado e

experimentação para adaptação às incertezas

Ambiente de Governança

Descentralização e participação no processo decisório

Fortalecimento de vínculos entre os níveis local,

estadual e nacional

Promoção de ações integradas entre os meios de

subsistência, os desastres e as mudanças climáticas.

Vulnerabilidade

Quadro de Resiliência

Fonte: Pasteur K, 2010 (imprensa), From Vulnerability to Resilience (V2R): A Framework for Analysis and Action to Build

Community Resilience (Rugby: Practical Action Publishing) http://www.practicalaction.org/

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Exemplo 3. A Christian Aid, o Institute of Development Studies, e a Plan International trabalham com alternativas para fazer da

RRD mais ágil aos extremos das mudanças climáticas. Hipoteticamente, eles consideram uma transição do modelo de clima

convencional com abordagem de RRD, para um modelo inteligente de abordagem com uma ênfase diferente, demonstrado na

tabela abaixo.

RRD e sensibilidade climática RRD e oportunidades climáticas Gestão de risco proativa, com foco nos riscos intensivos e

dominantes.

Gestão de risco proativa, como foco nos riscos intensivos

e extensivos.

Consideração das causas subjacentes de vulnerabilidade,

principalmente as de raízes sociais, políticas, ambientais e

econômicas.

Consideração das causas subjacentes de vulnerabilidade,

particularmente as de raízes sociais, políticas, ambientais

e econômicas atribuíveis às mudanças climáticas.

Projeção de sistemas para melhoria da confiabilidade da

previsão dos impactos prováveis da maior parte das

ameaças (ameaças relacionadas ao clima como um

subconjunto).

Adoção de sistemas mais flexíveis, com perspectiva de

longo prazo e reconhecimento de mudanças nos riscos e

incertezas associadas aos extremos das mudanças de

clima.

Processo decisório com base na experiência, frequência e

magnitude de eventos anteriores (a partir de conhecimento

científico e tradicional).

Processo decisório com base em informações

aperfeiçoadas sobre mudanças extremas do clima e com

base em tendências históricas de ameaças (a partir do

conhecimento científico e tradicional).

Consideração de vulnerabilidades passadas e presentes. Consideração de vulnerabilidades passadas, presentes e

futuras, reconhecendo que mudanças sutis relacionadas

ao meio e ao clima, podem aumentar significativamente a

vulnerabilidade futura.

Predominância da responsabilidade associada a padrões

humanitários.

Predominância da responsabilidade associada a padrões

de desenvolvimento e ambientais.

Desenvolvimento da capacidade de grupos alvo para

gerenciar os riscos com base na experiência e melhoria das

previsões de curso alcance.

Desenvolvimento da capacidade de grupos alvo para

gerenciar os riscos alterados e as incertezas associadas

ao longo alcance das previsões climáticas.

Desconsideração das intervenções para as alterações

climáticas (por exemplo, fornecimento de materiais para

resgate e reconstrução).

Avaliação e favorecimento de intervenções que não

contribuem ao problema das mudanças climáticas.

Fonte: Projeto de Fortalecimento à resiliência climática http://community.eldis.org/scr

Painel 3 – Criação de um processo de resiliência bem sucedido

Uma recente iniciativa canadense de apoio socioeconômico para resiliência comunitária identificou seis ‘comportamentos’ que

caracterizam sucesso ou comunidades resilientes. Basicamente, todos esses itens estão relacionados ao processo de

construção da resiliência, o que envolve negociação, parceria e processo decisório:

Abordagem multifuncional para criação de um sistema de desenvolvimento sustentável dentro da comunidade (econômica,

ecológica, política e socialmente);

Por meio de planejamento estratégico e outros esforços, maximizam o uso de seus tempo e recursos limitados nas áreas

que produzam os maiores benefícios globais;

Planos de desenvolvimento que se integram a metas sociais e econômicas e reforçam a capacidade local;

Capacidade para mobilizar setores chave da comunidade a partir de suas prioridades;

Foco nas energias de mobilização de recursos internos (tanto financeiros como humanos) ao mesmo tempo em que

alavancam recursos externos para alcançar seus objetivos;

Estabelecimento de uma massa crítica de organizações cooperativas pelas quais são implantadas e avaliadas iniciativas

locais.

Fonte: The Community Resilience Manual: a resource for rural recovery and renewal (Port Alberni, BC: Centre for Community

Enterprise, 2009, www.cedworks.com).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Painel 4 – Envolvimento da juventude

Um consultor, ao analisar as aplicações das Características ao trabalho da Plan Internacional com crianças e jovens, sugeriu o

seguinte processo para melhorar a definição de uma comunidade resiliente a partir da perspectiva comunitária:

Trabalhar com grupos separados de adultos, e crianças e jovens – explore a utilidade de divisão por gênero.

Comece com uma discussão aberta (chuva de ideias) de uma das Áreas Temáticas, selecionada por relevância local. Esta

‘chuva de ideias’ pode ser feita de diferentes maneiras incluindo desenhos, dramatização, etc.

Então aprofunde a investigação utilizando os Componentes de Resiliência – mais uma vez com base na relevância local.

Apoie crianças, jovens e adultos na elaboração de indicadores apropriados – essa tarefa necessita de facilitadores, tanto

para orientação como para empoderamento.

Mantenha um local adequado para compartilhamento de resultados (a equipe da Plan em Bangladesh sugeriu às crianças

que desenhassem com o tema da resiliência comunitária e então circulou os desenhos entre os adultos para verificar se

concordavam com a visão). Esse é um exemplo de participação integrada.

Comunique resultados – a exemplo de murais (pode ser em telas, de modo a ser portátil) que representem sua comunidade

resiliente, teatros, concertos, etc. – apropriando-se da cultura local.

Painel 5 – Adaptação das Características a contextos locais

O MACEC (Conselho Marinduque para Questões Ambientais), sediado na ilha de Marinduque na costa das Filipinas, utilizou as

Características no planejamento do trabalho de desenvolvimento de sua comunidade, com particular interesse no

desenvolvimento de intervenções de fortalecimento da resiliência da comunidade por meio da integração entre RRD e adaptação

às mudanças climáticas. Para auxiliar na identificação e análise de oportunidades a MACEC adotou Características específicas,

bem como algumas Características de um Ambiente Favorável para torná-las mais adequadas ao contexto em que trabalhava.

Aqui está um exemplo, relativo a um componente de resiliência da Área Temática 1 (Governança). A parte do texto ‘regular’ foi

retirada do original das Características; a parte em ‘itálico’ é de autoria da MACEC como resultado de seu trabalho focado no

Ambiente Favorável.

Área temática 1: Governança

Componente da Resiliência 3: Integração ao desenvolvimento de planos e políticas

Características de uma Comunidade Resiliente ao Desastre 3.1:

A comunidade resiliente aos desastres é vista pelos públicos de interesse locais como parte integrante dos planos e ações para

alcançar amplamente os objetivos comunitários (a exemplo da erradicação da pobreza e da qualidade de vida).

A MACED relacionou os significados de RRD e adaptação às mudanças climáticas às Metas de Desenvolvimento do Milênio, ao

Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo das Filipinas, aos 10 Pontos da Agenda da Administração atual, e ao Plano do

Quadro de Desenvolvimento e Visão da Província.

Características de um Ambiente Favorável

Os governos (em todos os níveis) possuem uma abordagem holística e integrada em RRD, localizada dentro de um amplo

contexto de desenvolvimento e associada ao plano de desenvolvimento articulado entre diferentes setores.

A RRD está incorporada ou associada a outros planos nacionais de desenvolvimento e aos programas de financiamento.

Rotina integrada entre RRD, planos de desenvolvimento e políticas públicas setoriais (erradicação da pobreza, proteção

social, desenvolvimento sustentável, adaptação às mudanças climáticas, desertificação, gestão de recursos naturais, saúde,

educação, etc.).

Planos de desenvolvimento formais e implantação de processos incorporados aos elementos de RRD (por exemplo,

análises de ameaças, vulnerabilidades e riscos, planos de mitigação).

Plataformas institucionais multissetoriais para promoção da RRD.

Planos para políticas públicas locais, sistemas regulatórios de tomada de decisão que considerem os riscos de desastres.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Pelo aprendizado obtido a partir das lições compartilhadas pela Autoridade Nacional Econômica e de Desenvolvimento na

incorporação dos elementos de RRD em um processo de planejamento de desenvolvimento formal, a MACEC buscou a mesma

abordagem em nível local e com foco na integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas para o planejamento local e

processos de ornamentação.

Particularmente, a MACED focou seus esforços na integração e adaptação da RRD ao Planejamento de Desenvolvimento de

Barangay (comunidade) e ao Plano de Investimento Anual. Nesse contexto foi possível desenhar suas próprias Características

de um Ambiente Favorável:

Sugestão de Características de um Ambiente Favorável

Coerência em políticas nacionais e locais que sejam significantes à RRD e à adaptação às mudanças climáticas.

Plataformas institucionais e multissetoriais que facilitem a participação no processo de tomada de decisão e políticas

públicas em RRD e adaptação às mudanças climáticas em todos os níveis de governança.

Painel 6 – Criação de novas áreas temáticas

Como parte do trabalho para adaptar as Características a uma abordagem centralizada na criança, a Plan IK explorou a ideia de

criar uma nova Área Temática especialmente para esse assunto. Trata-se de algo ainda em discussão, mas o rascunho inicial

está reproduzido abaixo para indicar como a Plan conduzir essa tarefa. Modificações substanciais foram realizadas as quais

podem tornar as Características mais relevantes ao trabalho da Plan, enquanto que o processo de reflexão e discussão sobre as

modificações podem fortalecer a ‘propriedade’ do recurso dentro da organização e de seus parceiros.

(draft) Área Temática 0: Características Gerais da centralização na infância, da cultura de

gênero e da prática para organizações e comunidades.

Componentes da

resiliência

Características de uma comunidade

resiliente aos desastres focada na infância

e no gênero.

Ambiente favorável

1. Foco nos direitos

infantis

1.1. Comitês infantis ou de jovens reconhecidos por sua voz

na comunidade.

1.2. Comitês infantis ou de jovens que alimentem outros

níveis de governo com suas recomendações.

1.3. Políticas públicas de proteção à criança incorporadas na

política da Plan.

1.4. Políticas públicas de proteção à criança incorporadas

nos planos comunitários locais.

1.5. Planos de preparação para emergências devem incluir

um elemento de proteção à criança.

1.6. Avaliação de risco contínua para situações de

emergência envolvendo crianças e considerando a proteção

das crianças a riscos específicos.

1.7. Equipes da Plan e outras associações devem

familiarizar-se com as situações que possam representar

riscos às crianças, e então aprender a como lidar com essas

situações.

1.8. Equipe da Plan e outras associações devem receber

treinamentos apropriados aos seus papéis para garantir que

procedimentos relacionados a padrões de proteção à criança

sejam efetivamente implantados e seguidos.

1.9. Crianças devem ser envolvidas adequadamente em

assuntos de proteção que as afetam, e no desenvolvimento

das medidas de proteção.

Adoção e prática de

legislação relevante em

direitos das crianças por

governos de todos os níveis.

Tomadores de decisão

locais abertos à participação

infantil.

Existência de uma

legislação de proteção à

infância, políticas públicas e

processos locais de

implantação.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

51

Componentes da

resiliência

Características de uma comunidade

resiliente aos desastres focada na infância

e no gênero.

Ambiente favorável

2. Direitos de

gênero.

2.1. Necessidades práticas e interesses estratégicos de

homens e mulheres reconhecidos em políticas públicas,

planos e programas.

2.2. Reconhecimento das diferenças entre os papéis e

relações entre os gêneros.

2.3. Dados sobre desagregação de gênero coletados e

utilizados rotineiramente.

2.4. Normas para equilíbrio de gênero em equipes, membros

de comitês.

2.5. Equilíbrio de gênero como aspiração dos trabalhos

comunitários.

2.6. Entendimento da prevalência generalizada de violência

de gênero e medidas para lidar com essa situação, comum à

equipe de base.

Adoção e prática de

legislação em direitos de

gênero relevantes.

3. Definições da

comunidade

3.1. Grupos e comitês comunitários os mais inclusivos

socialmente quanto for possível.

3.2. Dinâmicas locais de poder compreendidas e

consideradas nos processos decisórios dos comitês.

3.3. Equipe da Plan (em todos os níveis) treinadas, cientes e

sensíveis dos conflitos e dinâmicas de poder dentro das

comunidades.

Suporte ao

desenvolvimento,

participação e processo

democrático por governos

de todos os níveis.

4. Participação /

Inclusão social

4.1. Reconhecimento entre a equipe da Plan de que existem

níveis de participação e que se aspira que os níveis mais

elevados de participação envolvam crianças e comunidades

empoderadas.

4.2. Realização de esforços para atingir todos os níveis da

comunidade, inclusive os chamados de ‘difícil acesso’.

5. Causas do

desastre e

desenvolvimento da

vulnerabilidade

5.1. Reconhecimento de que muitos problemas de

desenvolvimento são criados em escolas superiores às

comunitárias, e que as formas apropriadas de defesa da

causa são conduzidas nesses níveis.

Painel 7 – ‘As 20 mais’ características de Tearfund

Como um uso genérico pela organização e seus parceiros, a Tearfund reduziu o conjunto de Características de uma

Comunidade Resiliente a Desastre a um muito menor, com um número gerenciável de características consideradas mais

relevantes para seu trabalho.

De início, foram selecionadas Características chave em relação ao trabalho em RRD da organização como um todo (A Tearfund

chamou esta lista de ‘as 20 mais’ Características). Essa seleção inicial foi realizada por dois especialistas em RRD: eles

escolheram as características nas quais haveria possibilidade de serem mensuradas e atingidas, e nas quais se aplicariam a

maior parte dos tipos de desastres. Para garantir essa seleção, a lista deveria conter ao menos duas Características de cada

uma das cinco Áreas Temáticas.

Uma seleção similar foi conduzida para identificar as Características possíveis de serem mesuradas e que sejam relevantes em

desastres de evolução gradual, especialmente aqueles de longo prazo, como a insegurança alimentar crônica.

Os dois conjuntos de Características são apresentados nas tabelas seguintes.

Ambas as seleções envolvem alguma reescrita das Características quando necessário. Em poucos casos duas ou mais

Características foram combinadas em uma nova. As duas listas possuem referências à lista original (por número) para permitir

aos usuários conferir a lista completa.

Mais do que utilizar ‘as 20 mais’ como uma forma pronta, a Tearfund incentiva seus representantes em cada país a trabalhar

com suas próprias seleções, de acordo com sua realidade local e com o perfil de cada desastre. O ponto mais importante não é

a imposição de Características e de seu cumprimento, mas sim a necessidade de possuir um conjunto que expresse a resiliência

em seu contexto particular.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

A Tearfund acredita que esse exercício contribuiu para que a pesquisa se tornasse mais fácil para os usuários, e assim,

desmistificar RRD. A equipe do programa era muito ocupada, mas estava disposta a envolver-se com as listas se fossem mais

curtas, ainda que tenha sido difícil selecionar algumas poucas Características, especialmente quando há a tentativa de aplicá-las

a diversos tipos de ameaças ao mesmo tempo. Como resultado, há o risco do documento tornar-se muito impreciso.

Resumo das características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres, por Tearfund

(‘as 20 mais’)

Área temática 1: Governança Referência (lista

completa das

características)

Lideranças comunitárias efetivas, comprometidas e transparentes na implantação e

elaboração dos planos de RRD.

Capacidade de desafiar e negociar com agências externas nos planos de RRD, ações e

prioridades que podem causar impacto sobre os riscos locais.

Evidências de que a redução de desastres é considerada nas atividades de planejamento de

desenvolvimento.

1.5

7.4

3.1 & 4.1

Área temática 2: Avaliação de Risco

Participação na condução e atualização das avaliações de ameaças, vulnerabilidades e

capacidades, que promovam um cenário completo de todas as ameaças, riscos,

vulnerabilidades e capacidades da comunidade.

Utilização comunitária do conhecimento indígena e da percepção de risco local, bem como

de outros métodos científicos de avaliação baseada em dados.

1.1 & 2.1

3.2

Área temática 3: Conhecimento e Educação

Conhecimento técnico e organizacional, e habilidades para redução de riscos e resposta a

desastres em nível local (exemplo: conhecimento técnico indígena, mecanismos de

enfrentamento, estratégias de subsistência).

Informação de todos da comunidade sobre planos de contingência, instalações, serviços e

habilidades disponíveis, antes, durante e depois de uma emergência, bem como a forma de

acessá-los.

Conhecimento em RRD repassado em meios formais como escolas locais, e informais, como

oralmente de uma geração para outra.

1.4

2.3

3.1

Área temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades

Segurança no fornecimento de água e comida em tempos de crise (exemplo: gestão de

estoques comunitários de grãos e outros alimentos básicos; proteção ou estocagem de

fontes de água).

Diversificação nos meios de subsistência familiares e comunitários, incluindo trabalhos em

áreas rurais ou não, com poucas pessoas envolvidas em práticas de subsistência inseguras

ou atividades vulneráveis a ameaças.

Adoção de práticas agrícolas e gestão sustentável do ambiente resiliente a ameaças

(exemplo: conservação de água e solo, padrões flexíveis de cultivo, culturas tolerantes a

ameaças e manejo florestal).

Existência e acesso a sistemas de crédito e economias, e /ou fundo comunitário para

desastres e preparação, atividades de resposta e reconstrução.

Medidas estruturais de mitigação (exemplo: tanques de captação de água, diques, canais de

desvio de inundação).

Casas, locais de trabalho e ambientes públicos localizados em áreas seguras ou que utilizem

métodos de construção seguros contra ameaças.

Medidas de proteção de bens chave (exemplo: gado) e itens de propriedade doméstica

(exemplo: utilização de plataformas internas elevadas ou recipientes de plástico).

2.3 & 2.4

3.3 & 3.4

1.2 & 3.5

5.3 & 5.5

6.4

6.3, 6.5 & 6.6

6.8

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

53

Área temática cinco: Preparação e Resposta a Desastres

Instalações e equipamentos de emergência disponíveis (para abrigos, comunicações,

resgate, etc.), de propriedade e de responsabilidade da comunidade.

Sistemas de alerta e alarme de base comunitária e centrado em pessoas em âmbito local,

produção de mensagens confiáveis e compreensíveis por toda a comunidade.

Existência de planos de contingência familiares e comunitários, desenvolvimento e

responsabilidade das comunidades, associados a planos de níveis maiores e praticados

regularmente.

Comunidade com capacidade de fornecer serviços de resposta a emergências em tempo e

forma adequados, incluindo treinamento e desenvolvimento de voluntários com habilidades

apropriadas (exemplo: busca e salvamento, primeiros socorros, gestão de abrigos para

emergências, combate a incêndio).

Comunidade com planos adequados e sistemas de suporte mútuo para cuidado dos mais

vulneráveis – normalmente idosos, deficientes, portadores de HIV, mães e crianças.

1.6

2.1 & 2.3

3.2, 3.3 & 3.7

5.1 & 6.4

6.7

As características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres, por Tearfund – sob a

perspectiva da segurança alimentar.

Área temática 1: Governança Referência (lista

completa das

características)

Lideranças comunitárias compromissadas, efetivas e transparentes no planejamento e

implantação de ações de RRD.

Comunidade informada sobre seus direitos e obrigações legais do governo e outros órgãos

para garantia de sua proteção.

Inclusão e representação de grupos vulneráveis nos processos decisórios da comunidade e

na gestão de RRD.

1.5

2.2

7.6

Área temática 2: Avaliação de Risco

Condução de avaliações comunitárias de risco e ameaças que promovam a compreensão

dos cenários da maioria dos riscos e ameaças a que a comunidade está exposta.

Avaliações (referente ao item anterior) conduzidas como um processo participativo,

envolvendo representantes de todos os setores da comunidade, incluindo os grupos

vulneráveis.

Utilização do conhecimento indígena e de percepções locais de risco, bem como de outros

conhecimentos científicos, dados e métodos de avaliação.

1.1 & 2.1

1.2 & 2.2

3.2

Área temática 3: Conhecimento e Educação

Educação escolar sobre RRD para crianças por meio de atividades curriculares ou

extracurriculares quando for o caso.

Membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo,

gestão da água e gestão de práticas ambientais.

3.1

3.5

Área temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades

Adoção de práticas de gestão ambiental sustentável que reduzam ameaças e riscos.

Status de segurança de fonte nutricional e alimentar (exemplo: por meio de reservas de grãos

e outros alimentos básicos, com um sistema de distribuição equivalente durante crises

alimentares).

Acesso à água em qualidade e quantidade suficiente para atendimento de necessidades

domésticas durante todo o ano.

Diversificação dos meios de subsistência (em âmbito familiar e comunitário) incluindo

atividades rurais e não rurais.

Adoção de práticas agrícolas resistentes (exemplo: métodos de conservação do solo e da

água, padrões de cultivo voltados a baixas ou variação de pluviosidade, culturas tolerantes a

ameaças) para segurança alimentar.

1.2

2.3

2.4

3.3

3.5

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Sistemas de assistência mútua, redes sociais e mecanismos de apoio que deem

suporte direto à redução de risco diretamente, por meio de atividades de RRD; ou

indiretamente por meio de atividades de desenvolvimento socioeconômico que

reduzam vulnerabilidades, ou pela capacidade de atividades de extensão para

gestão de emergências quando as mesmas ocorrerem.

Existência de comunidades e grupos para economias e esquemas de crédito, e /ou

acesso a facilidades de microcrédito.

Medidas estruturas de mitigação – exemplo: captação de água, diques, barragens

e canais de irrigação – construindo com mão de obra, habilidades,materiais e

tecnologias locais tanto quanto for possível.

4.1

5.3

6.4

Área temática 5: Preparação e Resposta a Desastres

Estruturas organizacionais locais para preparação a desastres ou resposta em

situações de emergência (exemplo: comitês de preparação para desastres).

Sistemas de alerta e alarme baseados em comunidades e centrados em pessoas,

que forneça avisos em tempo adequado, confiáveis e compreensíveis para chegar

a todos os membros da comunidade.

Planos de contingência comunitários e familiares para seca, incluindo preservação

de bens básicos (exemplo: água, forragem e saúde para animais).

Recursos de emergência (estoques), gerenciados pela comunidade, sozinha ou em

parceria com outras organizações locais (incluindo bancos de grãos e sementes).

1.2

2.1, 2.2, 2.3, 2.7

3.1 & 3.9

4.7

Nota: As Características foram selecionadas a partir de seu potencial de mensuração de desastres de evolução gradual,

escolhendo ao menos duas delas por Área Temática e minimizando a sobreposição entre as mesmas. Elas talvez não sejam as

Características mais importantes.

Painel 8 – Indicadores chave de uma comunidade resiliente, por ADPC

A partir desta publicação, o ADPC (Centro Asiático de Preparação para Desastres) desenhou a seguinte lista de indicadores

para um ‘nível mínimo de resiliência’?

Organização comunitária

Plano de preparação para desastres e RRD.

Sistema de alerta e alarme comunitário.

Mão de obra especializada: avaliação de risco, busca e salvamento, primeiros socorros, distribuição de socorro, pedreiros

para construções mais seguras, combate a incêndio.

Conectividade física: telefone, eletricidade, rodovias, clínicas.

Conectividade com autoridades locais, ONGs, etc.

Conhecimento sobre riscos e ações de redução de risco.

Fundo comunitário para redução de desastres para implantar ações de redução de risco.

Casas mais seguras para suportar ameaças locais.

Meios de subsistência mais seguros.

Fonte: ADPC 2006, Critical Guidelines: Community-based Disaster Risk Management (Bangkok: Asian Disaster Preparedness

Center; www.adpc.net).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Painel 9 – “Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades utilizando o quadro

das Características

Como parte de seu programa de RRD, a Church World Service – Paquistão e Afeganistão conduziu uma rápida avaliação de

ameaças, vulnerabilidades e capacidades nas montanhas de um distrito do Paquistão. A proposta básica do exercício foi: (a)

identificar uma comunidade exposta a vários desastres; (b) com o apoio da comunidade, identificar as ameaças que as afetam,

categorizar suas vulnerabilidades e mapear suas capacidades; (c) engajar a comunidade no desenvolvimento de um plano de

RRD (um conjunto holístico de atividades de gestão de desastres e desenvolvimento); (d) disseminar os resultados a todos os

públicos de interesse. A equipe de avaliação utilizou uma combinação de métodos quali e quantitativos incluindo informação de

fontes secundárias (mapas de ameaças, por exemplo); grupos focais de discussão, envolvendo uma variedade de ferramentas

participativas de avaliação rural (a exemplo de linhas do tempo, calendários sazonais, cartas de ameaças prioritárias, e mapas

comunitários); caminhadas transversais; e outras discussões com as partes interessadas locais.

O exercício produziu muita informação sobre ameaças, vulnerabilidades e capacidades que mais tarde foram utilizadas na

definição do plano de RRD. Para auxiliar a estruturar os resultados da avaliação sobre vulnerabilidades e capacidades, foram

feitas revisões posteriores utilizando o quadro das Características e agrupando (‘mapeando’) sob o enfoque das cinco Áreas

Temáticas, como demonstram as tabelas seguintes.

Vulnerabilidades

Área temática 1:

Governança

Divisões étnicas, de castas e socioeconômicas na comunidade.

Ausência de estruturas políticas eficazes.

Estruturas governamentais de gestão de desastres debilitadas (nacional e

local).

Área temática 2:

Avaliação de Risco

Ausência de dados.

Ausência de qualquer sistema de alerta e alarme.

Área temática 3:

Conhecimento e Educação

Fatalismo.

Ausência de compreensão sobre as causas dos desastres.

Diferentes perspectivas sobre ameaças e desastres a partir do gênero.

Baixos níveis de educação de mulheres.

Ausência de facilidades educacionais para meninas.

Baixos níveis de conhecimento das mulheres sobre ameaças.

Área temática 4:

Gestão de Risco e Redução de

Vulnerabilidades

Alta densidade populacional.

Porcentagem elevada da população exposta a locais montanhosos e com

ameaças e riscos múltiplos.

Altos índices de pobreza.

Oportunidades limitadas de sustento (dependência da agricultura).

Infraestrutura de transporte inadequada e acessos remotos.

Dificuldade de acesso ao comércio e serviços (bens e trabalho).

Arranjos fundiários (índices elevados de arrendamento)

Mulheres confinadas ou com acesso restrito além do lar.

Construções inadequadas (não resistentes a terremotos).

Ausência de instalações sanitárias locais.

Ausência de fontes e meios de alimentação.

Ausência de instalações públicas para reuniões comunitárias, etc.

Área temática 5:

Preparação e Resposta a

Desastres

Ausência completa de gestão de desastres de base comunitária e formal.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Capacidades

Área temática 1:

Governança

Autoconfiança e solidariedade durante as crises.

Representação políticas de grupos pobres e marginalizados.

Proprietários de terra fornecendo ajuda em momentos de crise.

Envolvimento externo em projetos de desenvolvimento.

Área temática 2:

Avaliação de Risco

Identificação comunitária de locais propensos a deslizamento.

Área temática 3:

Conhecimento e Educação

Memória comunitária de eventos passados.

Altos índices de conhecimento comunitário sobre riscos e ameaças.

Altos índices de acesso a telefones celulares e rádios.

Demanda comunitária por meninas nas escolas.

Área temática 4:

Gestão de Risco e Redução de

Vulnerabilidades

Envolvimento externo em projetos de desenvolvimento (meios de

subsistência sustentáveis).

Envio de recursos por trabalhadores migrantes.

Superávit de produtos pecuários.

Produção de mel.

Área temática 5:

Preparação e Resposta a

Desastres

Autoconfiança comunitária para ações de resposta e preparação a

desastres.

Nota: Um relato mais completo do projeto pode ser encontrado como um estudo de caso na página das Características:

www.proventionconsortium.org/?pageid=90 ou www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13

Painel 10 – Conversão das Características em indicadores

Em seu recentemente conteúdo publicado - Measuring the Impact of Disaster Risk Reduction (parte de uma série de documentos

internos do ‘Learning Companion’, ou ‘Companheiro de Aprendizagem’) – a Oxfam GB disponibiliza orientações práticas sobre

muitos aspectos de monitoramento e avaliação em RRD, incluindo como utilizar as Características para desenvolver indicadores

de resultados.

O documento ilustra como determinadas Características de Resiliência podem ser redefinidas em indicadores genéricos de

resultado em RRD, pensados a partir de 10 exemplos, oriundos das cinco Áreas Temáticas. Um extrato desse trabalho está aqui

reproduzido, ao apresentar as três características / indicadores selecionados da Área Temática 5: Preparação e resposta a

desastres.

Características, Área temática 5: Preparação e Resposta a Desastres.

(Quadro de Ação de Hyogo, Prioridade 5: Fortalecimento da preparação a desastres em todos os níveis).

Componente de Resiliência 1: Coordenação e Capacidades Organizacionais

Característica 1.6: Número suficiente de membros comunitários e institucionais treinados para realizar tarefas

específicas relevantes (por exemplo, comunicação, estudos e pesquisas, primeiros socorros, distribuição de socorro).

Indicador genérico potencial: porcentagem dos membros do comitê que demonstram habilidade para a condução de tarefas

de resposta relevantes de acordo com padrões mínimos e de forma coordenada.

Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: porcentagem de (por exemplo, comitês) que possuem um sistema de

gestão para seus equipamentos de resposta e opções para substituição dos obsoletos, executando a manutenção essencial

e apoiando as atividades básicas da organização.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Componente de Resiliência 2: Sistemas de alerta e alarme

Característica 2.2 Sistema de alerta e alarme capaz de atender a toda a comunidade (via rádio, TV, telefone e outras

tecnologias de comunicação, e via mecanismos comunitários de alerta e alarme como redes de voluntários).

Indicador genérico potencial: potencial de membros da comunidade que recebem mensagens do sistema de alerta e alarme

de pelo menos um fonte.

Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: nível de funcionalidade os sistemas de comunicação e de alerta e alarme

para a transmissão de alertas que permitam que a informação chegue à população em tempo e forma apropriados.

Componente de Resiliência 4: Recursos de emergência e infraestrutura

Característica 4.2: Rotas de abandono seguras e identificadas, em constante manutenção e de conhecimento dos

membros da comunidade.

Indicador genérico potencial: porcentagem de rotas de abandono seguras que recebem manutenção regular e porcentagem

de membros da comunidade aptos a identificar as rotas de abandono seguras.

Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: porcentagem da população da comunidade que está apta para chegar a

abrigos com segurança e rapidez.

Fonte: Measuring the Impact of Disaster Risk Reduction: A Learning Companion (Oxfam GB, 2009).

Painel 11 – Características / indicadores: quantitativo ou qualitativo?

As tabelas das Características são qualitativas. Comunidades e seus parceiros precisam então fazer suas próprias reflexões

sobre que aspectos da resiliência devem ou não ser atingidos. Alguns desses aspectos serão mais importantes que outros. Por

exemplo, é fácil dizer se existe em uma comunidade planos de contingência ou de preparação para desastres (mesmo quando

sua qualidade seja outro ponto de análise). Mas é muito mais difícil decidir se há uma distribuição equilibrada de riquezas e de

meios de subsistência em uma comunidade, ou se é adequado o acesso aos recursos comuns que possa apoiar as estratégias

de enfrentamento durante as crises.

As Características não orientam projetos e comunidades sobre como eles devem alcançar e conduzir suas reflexões. Toda

reflexão deve ter origem em um processo coletivo de acordo entre as partes interessadas. As conclusões serão diferentes em

cada caso, a partir dos diferentes contextos e expectativas, e haverá também ponderações subjetivas. Mas em todos os casos, o

processo decisório deve ser transparente e participativo.

Algumas orientações e especialistas sugerem a necessidade de indicadores quantitativos para determinados aspectos de RRD

(por exemplo, treinamento de voluntários em primeiros socorros, porcentagem de domicílios em uma comunidade com

propriedades asseguradas). É impossível determinar um padrão quantitativo de medidas que podem ser aplicadas em todos os

contextos, mas indicadores qualitativos podem ser utilizados em cada nível do projeto, se necessário. Em muitos casos, podem

fazer parte dos dados mais amplos em que as ponderações sobre resiliência foram baseadas. Isso se aplica a equipes de

projetos ao decidir que tipos de indicadores quantitativos são apropriados e em quais níveis de realização.

Painel 12 – Pesquisa sobre a construção da resiliência

A ONG BEDROC, de atuação local, conduziu um extensivo estudo para a Oxfam América sobre o impacto dos esforços de

reabilitação após o tsunami em Tamil Nadu, Índia, avaliando-o localmente e em função da resiliência em comunidade. Com os

programas de assistência das agências chegando aom fim, era necessário avaliar a sustentabilidade de seus diversos esforços

para a construção de capacidades locais. A pesquisa também buscou boas práticas mais gerais sobre o que fazem os

programas de recuperação bem sucedidos. Dois distritos foram escolhidos para o estudo e as provas foram coletadas a partir de

comunidades e pessoas de externas que tiveram papéis significativos na resposta ao tsunami.

A pesquisa da equipe da BEDROC utilizou as Características como um quadro para avaliação, trabalhando as cinco Áreas

Temáticas. Os Componentes de Resiliência foram selecionados como pontos de atenção, assim como foram as Características

de uma Comunidade Resiliente a Desastres e as Características de um Ambiente Favorável.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

A coleta de dados ocorreu a partir desse quadro. Uma série de ferramentas de pesquisa foi implantada para recolher opiniões e

informações, tendo sido recolhidos diferentes tipos de evidências. Os resultados foram registrados em seções que cobrem cada

um dos Componentes de Resiliência selecionados, permitindo que a equipe construísse um cenário detalhado e abrangente. Os

pesquisadores também ponderaram sobre o nível de progresso em direção à resiliência para cada componente relacionado,

utilizando o esquema do quadro de marcos.

O relatório que apresenta o método e os resultados em detalhes foi publicado em 20087 e está disponível em versões impressa

e online. (Building Local Capacities for Disaster Response and Risk Reduction: An Oxfam-BEDROC Study; www.bedroc.in).

Painel 13 – Vínculos entre Comunidade Resiliente e Ambiente Favorável

Parte do projeto de RRD da Coastal CORE Sorsogon foi desenvolvida em uma comunidade costeira e pobre do Sitio Gumang,

nas Filipinas (apoiado pela Christian Aid), e teve seu foco na saúde, proteção social e meios de subsistência, com o objetivo de

melhorar o Ambiente Favorável e de fortalecer a resiliência comunitária. As Características foram utilizadas para identificar os

resultados desejados em ambas as vertentes, modificadas para se ajustarem ao contexto local (veja tabela abaixo). Os papéis

dos órgãos governamentais locais parceiros na concretização destes objetivos também foram especificados no plano.

Características Características de um ambiente favorável 1. Alto nível de conhecimento das famílias

em como manter uma vida saudável por

meio de uma alimentação familiar básica

e simples; e com bom saneamento.

Ambiente limpo e com saneamento básico.

Apoio de técnicas e infraestrutura providenciadas pelo governo local (a

exemplo fornecimento de filtros de água a pelo menos metade das

famílias).

Políticas de saneamento, manutenção e limpeza acordadas com a

comunidade.

Estratégias de apoio fornecidas pela unidade municipal de saúde de Gubat

especialmente destinadas a parteiras e profissionais de saúde de Barangay,

de acordo com as metas comunitárias de atender principalmente a crianças

desnutridas.

Apoio do governo local de Gubat no incentivo ao estabelecimento e

manutenção de horta comunitária.

2. Melhor acesso à água e necessidades

domésticas em quantidade e qualidade

suficiente, especialmente durante as

crises.

3. Membros da comunidade

autossuficientes com seus próprios meios

de subsistência.

Treinamentos focados na construção de capacidades para identificação,

desenvolvimento, aperfeiçoamento e gestão financeira de meios de

subsistência sustentáveis.

Suporte organizacional do COTIPABA (organização parceira de

cooperação) aos seus membros no desenvolvimento e financiamento de

atividades.

Suporte a divulgação das atividades desenvolvidas em cooperação com os

membros locais.

4. Ações de RRD sensíveis ao gênero na

implantação de seus planos de RRD.

Mudança comportamental para construção de capacidades de sensibilidade

e conscientização quanto ao gênero.

Planos de desastres apoiado por planos comunitários orientados por

membros do Barangay Council.

Políticas públicas locais que apoiem e promovam iniciativas de

desenvolvimento associadas à questão de gênero.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh

Organização: Tearfund, com o parceiro local HEED Bangladesh

Autor: Oenone Chadburn [email protected]

_________________________________________________________________________________

Propósito

Como parte dos testes de campo, a Tearfund apresentou as Características aos seus principais parceiros de RRD para obter

retornos sobre a pesquisa: (a) utilidades e facilidade de compreensão no formato atual, e (b) aplicabilidade a situações

particulares de cada país. Este estudo documento os testes e a aplicação das Características em comunidades rurais de

Bangladesh.

Metodologia

O exercício foi realizado em um único dia, em um misto de trabalho de campo e de escritório. Foi apresentado por uma única

pessoa, com utilização de PowerPoint, quadro de anotações e atividades interativas e de discussão. A apresentação sistemática

de todas as Características foi uma das dificuldades identificadas; percebendo-se ser mais apropriado trabalhar ao contrário,

para analisar quais características de resiliência a desastres já foram encontradas e então correlacioná-las a listas de

características da publicação.

Após um resumo oral da programação do dia, a metodologia foi a seguinte:

a. Introdução às Características, sua proposta e desenvolvimento.

b. Desenho de um grande mapa de chão de uma típica vila em Bangladesh, com características geográficas e estruturais

relevantes. Algumas cartas foram incluídas (todas da mesma cor) para destacar os pontos particularmente vulneráveis às

ameaças existentes. Um segundo conjunto de cartas (em uma cor diferente) foi então adicionado referindo-se às atividades

sugeridas para redução de vulnerabilidades.

c. Distribuição de cópias das Características, com tempo destinado a leitura e discussão.

d. Correlação de determinadas Características com as atividades de redução de risco anteriormente sugeridas. Às Vezes,

características múltiplas foram combinadas com a mesma atividade.

Resultados positivos

Os participantes perceberam o valor positivo das Características. Anteriormente, eles sabiam o que queriam evitar em uma

localidade predisposta a desastres, e agora sabem exatamente o que querem alcançar. Eles puderam ver o valor potencial

desta abordagem nas comunidades, muitas vezes focadas nos problemas de impacto de desastres, em vez do

desenvolvimento da resiliência ao desastre.

Eles descobriram falhas na concepção do seu projeto. A partir de um quadro exaustivo dos fatores de resiliência, novos

aspectos que poderiam ser incluídos em seu trabalho foram notados. Apesar de onerosa, a revisão foi muito útil. O grupo

possuía uma visão realista sobre o que poderia ou não ser alcançado no apoio a uma comunidade para a resiliência.

Eles valorizaram as relações entre as Características e o Quadro de Ação de Hyogo. A HEED já possuía uma forte

compreensão do Quadro de Hyogo, mas as Características permitiram uma aplicação paralela às cinco ações, assim como

a elaboração de um quadro mais preciso para aplicações futuras.

Eles reconheceram que o conjunto das Características era novo, mas ansiavam por ver seu desenvolvimento contínuo a

partir de uma variedade de ferramentas. Reconheceram também a capacidade de adaptar as características para ser um

recurso empregado diretamente na comunidade, e com algum apoio, seria possível desenvolver indicadores de resiliência.

Eles sentiram que as Características eram abrangentes e úteis para Bangladesh. Perceberam a possibilidade de reduzir o

número de características para representar uma comunidade e obter um desenho profissional. No treinamento da

comunidade, este quadro pode ser comparado com as realidades atuais.

Estudo de Caso 1:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Desafios

Em geral, o exercício levou muito mais tempo do que o previsto. A previsão era de ocupar metade de um dia, mas em vez

disso durou uma manhã e metade da tarde. Em parte, a alteração ocorreu devido à barreira da língua, mas talvez mais em

função das discussões em profundidade que se seguiram entre os praticantes sobre a natureza exata e o objetivo da RRD.

Não há separação na apresentação das Características entre aquelas que são passivos e os que são ativos. Existe o

potencial de uma característica ser aderida por uma comunidade, mas se perder no decorrer do tempo, e por isso algumas

características precisam ser ‘ativas’ e constantemente renovadas.

Este exercício teve um forte viés das Áreas Temáticas 3, 4 e 5, sendo mais fraco o desenvolvimento e compreensão das

Áreas Temáticas 1 e 2. Atividades de ‘software’ são mais difíceis de capturar em um formato puramente cenográfico. O

ambiente favorável também foi subrrepresentado, sendo necessário enfatizar de forma diferente como influenciador da

concepção do projeto.

A aplicação lateral tomou muito tempo do capital social no quadro. Estruturas comunitárias religiosas têm uma importância

no apoio psicossocial após um desastre, mas é difícil encontrar dentro das Características o ponto exato dessa demanda. A

relação óbvia entre as atividades de gestão sustentável de recursos e as Características também foi difícil de obter.

O exercício supôs que a interação entre os profissionais e as comunidades já estava em um grau de participação elevada e

que todas as decisões ou atividades foram realizadas de forma colaborativa. No entanto, esse pressuposto derrubou a

identificação de que a participação seja uma característica de uma comunidade resiliente a desastres.

Recomendações

As Características devem ser utilizadas em treinamentos de RRD, para apoiar a compreensão sobre o que é, na prática,

uma comunidade resiliente a desastres. Neste sentido, o foco é deslocado do impacto negativo das ameaças para a

conquista positiva da resiliência.

Desenhos ou mapas de comunidades de áreas de risco devem ser feitos mostrando onde as Características podem ser

encontradas ou como poderiam ser desenvolvidas, nas Áreas Temáticas 3, 4 e 5. Outras ferramentas são necessárias para

demonstrar as Áreas Temáticas 1 e 2, e os Ambientes Favoráveis.

Para uma comunidade em participar, a lista das Características deve ser reduzida ao máximo, apresentada em figuras e

utilizada em treinamentos e programas educativos.

As Características devem ser utilizadas como uma ferramenta de apoio para elaboração de projetos, tanto no início como

para os momentos de revisão do projeto. Elas podem inclusive auxiliar na identificação de lacunas durante a implantação

das cinco áreas do Quadro de Ação de Hyogo.

As Características podem ser utilizadas para identificar atividades específicas que podem construir a resiliência local.

A seguir apresenta-se uma seleção de atividades específicas para a identificação e correlação das Características.

1. Erguer as construções em palafitas acima do nível da inundação anual e estabelecer um ponto de abrigo: Área

Temática 5 (Preparação e Resposta a Desastres) – Característica 4.3 (Abrigos de emergência acessíveis à

comunidade e com serviços adequados à toda a população afetada).

2. Dar início a um novo sistema escolar onde as inundações anuais coincidam com as férias escolares (para então as

famílias estarem juntas durante os períodos de inundação e o calendário escolar não ser prejudicado se a escola

sofrer danos em sua estrutura ou funcionar como abrigo): Área Temática 1 (Governança) – Característica 3.1 (Atuação

comunitária em RRD compreendida por todos os públicos de interesse como parte integral dos planos e ações para

alcançar amplamente os objetivos comunitários)

3. Garantia de acesso à água potável e consciência sobre sua importância em situações de inundação: Área Temática 3

(Conhecimento e Educação) – Característica 3.5 (membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura

apropriada, uso do solo, gestão da água e gestão de práticas ambientais); e Área Temática 4 (Gestão de Riscos e

Redução de Vulnerabilidades) – Característica 2.5 (informação sobre os meios para manter-se saudável, medidas de

proteção e salvamento de vidas, e qualificação adequada).

4. Desenvolvimento de alternativas práticas de cultivo (por exemplo, diferentes estações de cultivo ou espécies

resistentes a inundações): Área Temática 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) – Característica 3.5

(Adoção de práticas resistentes a ameaças); e Área Temática 3 (Conhecimento e Educação) – Característica 3.5

(membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo, gestão da água e gestão de

práticas ambientais).

Nota: Uma versão mais completa deste estudo de caso está disponível em: www.proventionconsortium.org/?pageid=90 e

www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Introdução das Características aos parceiros da ONG no Nepal

Organização: Practical Action

Autor: Pieter van den Ende [email protected]

_________________________________________________________________________________

Propósito

O projeto de ação prática, denominado ‘A integração dos meios de subsistência centrada em abordagens para Gestão de

Desastres’ busca demonstrar que essas atividades podem fortalecer e diversificar os meios de subsistência, além de ampliar as

ações de preparação para resiliência de comunidades alvo ao impacto local prevalente, considerando-se impactos e tensões

associados.

As Características foram introduzidas a um grupo de parceiros locais e sua equipe de campo no Nepal para:

Explicar o desenvolvimento das notas de orientação.

Esclarecer o conceito de resiliência.

Relacionar atividades do projeto a elementos específicos das Características.

Orientar sobre mensuração de progresso em direção à concretização da resiliência

Fornecer resultados ou metas positivos.

Metodologia

O exercício foi realizado por meio de um grupo de discussão ao longo de seis horas no ‘Escritório de Ação Prática Chitwan’, por

um único facilitador, apoiado com recursos de murais e transparências. Após a discussão introdutória, definido o cronograma da

oficina, a justificativa para o desenvolvimento das Características foi brevemente explicado.

As duas organizações parceiras trabalham em diferentes áreas geográficas. SAHAMATI trabalha em uma bacia hidrográfica com

as comunidades a jusante e a montante no Distrito de Nawalparasi; a MADE, por sua vez, trabalha nas planícies (Terai) com as

comunidades ribeirinhas no Distrito de Chitwan.

Como os dois parceiros já tinham conduzido avaliações de ameaças em suas comunidades, cada grupo foi convidado a

apresentar as ameaças a que estão expostas as comunidades e a identificar os elementos de risco de cada ameaça (elementos

de vulnerabilidade). As seguintes ameaças e elementos de vulnerabilidade foram identificados:

SAHAMATI REALIZADO Enchentes e Inundações

Terras agrícolas

Pastos

Casas próximas a rios

Rodovias, bueiros, etc. – estruturas físicas.

Enchentes, inundações e erosões

Fonte de renda

Culturas e terras disponíveis

Pecuária

Infraestrutura – rodovias, canais de irrigação,

eletricidade, etc.

Água potável

Saúde e saneamento – doenças

Deslizamentos

Florestas

Pastos

Terras agrícolas

Pecuária

Casas

Canais de irrigação

Água potável

Rodovias, etc.

Estudo de Caso 2:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

63

SAHAMATI REALIZADO Seca e estiagem

Produção sazonal

Água potável reduzida

Irrigação

Incêndios

Seca e estiagem

Culturas disponíveis – fonte de renda

Recursos de água

Saúde e saneamento – doenças

Vida selvagem

Culturas

Morte de gado

Vidas humanas

Vida selvagem

Culturas e pecuária

Recursos humanos

Infraestrutura, abrigos, etc.

A tabela mostra que a terra e os meios de subsistência foram os mais afetados. Após as avaliações de vulnerabilidades e

capacidades, as comunidades afetadas iniciaram as atividades destinadas a reduzir o impacto destes riscos sobre suas vidas,

bens e meio de subsistência.

A seguinte pergunta foi feita: ‘Será que estas atividades contribuir para a resiliência comunitária?’

As Características, como recurso, foram então introduzidas em uma curta apresentação de PowerPoint e o conceito de

‘resiliência’ foi discutido. Foi feita referência às páginas apropriadas da versão impressa das notas de orientação. A repartição

das mesas e sua relação com as vulnerabilidades e os elementos com os quais o projeto trabalha também foram explicadas.

Rapidamente, os participantes identificaram que a maioria de suas atividades enquadrava-se na Área Temática 4 (Gestão de

Riscos e Redução de Vulnerabilidades). Cada grupo foi, então, orientado a fazer uma relação entre suas atividades e os

Componentes de Resiliência, além de identificar as Características específicas correlatas (veja a tabela ao final deste estudo de

caso).

Resultados

As atividades baseadas na comunidade, destinadas a reduzir vulnerabilidades das populações expostas, foram iniciadas antes

da produção das Características. A forma de medir a sua contribuição para o aumento da capacidade de resiliência não foi, de

fato, ainda definida. As Características forneceram orientações oportunas sobre a contribuição que essas atividades dão para a

construção da resiliência.

Todos os participantes identificaram, facilmente, os componentes de resiliência com os quais suas atividades contribuíam. Além

disso, reconheceram a importância das características na identificação de indicadores apropriados. Isso iniciou uma vigorosa

discussão sobre o mérito de reduzir a vulnerabilidade versus o aumento da resiliência.

Os participantes concordaram que as Características esclareceram o objetivo do projeto. Muitos sentiram que a mudança em

direção à resiliência era um resultado positivo, em oposição à conotação mais negativa associada à redução de vulnerabilidades.

A Resiliência foi percebida como um alvo atingível, enquanto que a eliminação da vulnerabilidade era vista como algo mais difícil

de conquistar.

Algumas atividades contribuíram para mais de um Componente de Resiliência, outros contribuíram mais indiretamente a um

componente individualmente.

Sugeriu-se que, devido à complexidade das tabelas e do grande número de características que foi parcialmente aplicado às

atividades a serem implantadas na comunidade, seria UTI identifica uma seleção ‘chave’ das características de resiliência que

poderiam ser alvo do projeto.

Os parceiros, assim que retornaram às suas comunidades, iniciaram a discussão sobre sua interpretação das Características e

fizeram a facilitação para a elaboração de uma lista de características desejáveis específicas às suas comunidades, as quais

poderiam ser expressas em idioma local.

Foi reconhecido que diferentes componentes das outras áreas temáticas também são de relevância para o projeto, mas o tempo

não permitiu que fossem investigados.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Conclusões

Profissionais experientes em RRD são capazes de relacionar as atividades comunitárias às Características mais facilmente que

os recém-chegados à disciplina.

Algumas atividades contribuem para várias Características. Seria útil pinçar um núcleo de Características mais relevantes que

definissem a abordagem da organização.

A tradução de algumas terminologias é extremamente difícil e consome tempo.

A resiliência é vista como um alvo ‘positivo’ que, embora dinâmico, é viável.

Componentes da

resiliência

Características de

uma comunidade

resiliente aos

desastres

Atividades

comunitárias em

SAHAMATI

Atividades

comunitárias

realizadas

1. Gestão de

recursos naturais e

ambientais

1.1. Comunidade compreende

as características e a

funcionalidade do ambiente

natural, bem como dos

ecossistemas locais.

Gestão de bacias

hidrográficas.

1.2. Adoção de práticas de

gestão sustentável do ambiente

para redução ameaças e riscos.

Área de conservação e

plantio de árvores nas

margens dos rios.

1.3. Preservação da

biodiversidade.

Biodiversidade.

Recursos hídricos e

captação de água.

1.4. Preservação e aplicação de

conhecimento indígena e

tecnologias apropriadas para

gestão ambiental.

Controle indígena de

inundações e

deslizamentos.

Tecnologia apropriada.

Controle orgânico de

pragas.

1.5. Acesso ao sistema

comunitário de gestão de

recursos e propriedades

comuns para apoiar as

estratégias de enfrentamento e

sobrevivência em tempos de

normalidade e situações de

crise.

Construção de canais de

irrigação.

Captação de água

2. Saúde e bem

estar

2.1. Capacidade física e boa

saúde para trabalho em tempos

de normalidade por meio de

uma alimentação e nutrição

adequada, higiene e cuidados

com a saúde.

Hortas Produção agrícola e

pecuária considerando

segurança alimentar

2.4. Acesso à quantidade e

qualidade de água suficiente

para consumo e necessidades

domésticas durante as crises.

Sistema aprimorado de

irrigação

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

65

Componentes da

resiliência

Características de

uma comunidade

resiliente aos

desastres

Atividades

comunitárias em

SAHAMATI

Atividades

comunitárias

realizadas

2.5. Informação sobre meios de

manter-se saudável e medidas

de proteção à vida, salvamento

e apropriação de habilidades

adequadas.

Construção de

banheiros, melhoramento

de pocilgas.

3. Meios de

subsistência

sustentáveis

3.1. Alto índice de atividade

econômica local e emprego;

estabilidade econômica e

índices de desemprego.

Criação de porco, cabra,

viveiros.

Agricultura comercial.

Início de emprego local.

3.3. Subsistência na

desertificação.

Apicultura e estocagem

de sementes.

Criação de animais –

porcos, cabras, abelhas,

etc.

Desertificação em

fazendas.

Culturas sazonais.

3.4. Menos pessoas envolvidas

em atividades de subsistência

inseguras ou atividades

vulneráveis a ameaças.

Redução da agricultura

propensa à inundação.

3.5. Adoção de práticas

agrícolas resistentes às

ameaças para segurança

alimentar.

Plantações de bambu.

Gestão da irrigação.

Conservação do solo e

da água.

Poços tubulares rasos.

Legumes.

4. Proteção social 4.1. Sistemas de assistência

mútua, redes sociais e

mecanismos de suporte que

apoiem a redução de risco.

Formação de grupos.

Comitês para gestão

local dos desastres.

Redes e links para

organizações locais e

agências de governo.

Comitês para gestão

local dos desastres.

4.2. Sistemas de assistência

que cooperem com as

comunidades ou outras

estruturas formais dedicadas à

gestão do desastre.

Plano preparado por uma

gestão de riscos de base

comunitária.

4.3. Acesso comunitário a

serviços sociais básicos.

Redes locais.

4.4. Canais de informação e

comunicação estabelecidos;

garantia de não isolamento de

pessoas vulneráveis.

Quadros de avisos. Acesso aos sistemas de

alerta e alarme

(DIPECHO).

Quadros de aviso.

4.5. Conhecimento coletivo e

experiência em gestão de

eventos anteriores.

Perfil histórico de

ameaças.

Estudos de base.

Conhecimento coletivo.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Componentes da

resiliência

Características de

uma comunidade

resiliente aos

desastres

Atividades

comunitárias em

SAHAMATI

Atividades

comunitárias

realizadas

5. Instrumentos

financeiros

5.1. Famílias e comunidades

com bens materiais de base

suficientemente diversificados

para apoiar as estratégias de

enfrentamento de crises.

Economias e poupança. Poupança, crédito,

geração de renda.

Melhoramento de bens

materiais.

5.2. Custos e riscos de

desastres compartilhados entre

as propriedades e bens

coletivos de grupos e

comunidades.

Recursos dos comitês de

desenvolvimento

utilizados para proteção.

5.3. Existência de economias e

créditos comunitários ou de

grupos, e /ou serviços de micro

financiamento.

Economias e poupança. Poupanças para grupos

– mulheres e usuários da

floresta.

5.5. Fundo comunitário para

desastres que destine recursos

a RRD, ações de resposta e

reconstrução.

Contribuições dos

comitês de

desenvolvimento e de

grupos florestais.

6. Proteção física;

medidas técnicas e

estruturais.

6.2. Direitos assegurados sobre

propriedades e arrendamentos.

Baixo ou mínimo índice de sem-

terra ou sem moradia.

Propriedade de terra. Propriedade de terra.

Sem Terras.

6.3. Locais seguros: membros

comunitários e instalações não

expostos a ameaças em áreas

de alto risco.

Locais seguros.

6.4. Medidas estruturais de

mitigação para proteção contra

grandes ameaças; construções

que utilizem mão de obra,

habilidades, materiais e

tecnologias locais ao máximo

possível.

Extensão de tanques de

água.

Canal de irrigação.

Desvio de inundações,

captação de água e

tecnologia local.

6.10. Instalações públicas e de

infraestrutura para apoio a

gestão das necessidades

emergenciais.

Sistema de alerta e

alarme (DIPECHO).

6.12. Transporte e serviços de

infraestrutura articulados e

resilientes.

Infraestrutura.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Componentes da

resiliência

Características de

uma comunidade

resiliente aos

desastres

Atividades

comunitárias em

SAHAMATI

Atividades

comunitárias

realizadas

7. Sistemas de

planejamento

7.1. Processo decisório da

comunidade sobre gestão, uso

e ocupação do solo,

considerando riscos, ameaças

e vulnerabilidades.

Gestão pública do solo,

da terra.

7.2. Planos locais de desastres

(comunitários) articulados ao

governo e desenvolvimento

local e ao plano de uso e

ocupação do solo.

Plano para gestão de

risco comunitária.

Plano do comitê de

desenvolvimento.

Planos com comitês de

desenvolvimento e

organizações

comunitárias de gestão

de risco.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Uso das Características para avaliar capacidades, habilidades e lacunas

Organização: Tearfund, with local partners in Malawi

Autor: Oenone Chadburn [email protected]

_________________________________________________________________________________

Propósito

Testar a utilidade das Características como uma ferramenta de avaliação de capacidades e habilidades aos profissionais de

gestão de desastres, e identificar habilidades adicionais necessárias para atingir os objetivos do programa. O exercício foi

conduzido em Zomba, no sul do Malawi com 20 parceiros de campo e da equipe de gestão que participam de um consórcio do

Tearfund.

Metodologia

O exercício foi realizado durante uma tarde (quatro horas) em um centro de conferência. Foi apresentado por uma única pessoa,

utilizando PowerPoint, um quadro branco, cartas coloridas, atividades interativas e discussão. Seria impossível em uma única

tarde revisar todas as Características, e, portanto, a Área Temática 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) foi

escolhida para basear a discussão.

O processo foi o seguinte:

Uma apresentação sobre o desenvolvimento das Características, ou seja, sua função e o processo de desenhá-las. Elas

deveriam ser vistas como...

A visão de uma comunidade resiliente ao desastre em um mundo perfeito, em que os resultados desejados de

uma comunidade podem ser identificados.

Uma pesquisa, não uma ferramenta: ou seja, as Características precisam de modificações e adaptações a

diferentes culturas, ameaças e estágios no ciclo de um projeto.

Um ‘menu’ de uma grande variedade de intervenções em RRD, as quais poderiam ser utilizadas imediatamente

como um recursos para o trabalho diário em RRD e desenvolvimento de profissionais.

Uma rápida revisão da Área Temática 4 para garantir o entendimento básico do conceito das Características. O grupo

também foi introduzido à análise de necessidades de treinamento, e os subgrupos – conhecimento, habilidades e atitudes.

Os participantes foram então convidados para uma ‘chuva de ideias’ sobre conhecimento, habilidades e atitudes

necessários para o desenho e implantação de projetos e atividades que se apliquem à Área Temática 4, componente 2

(saúde e bem estar). Os participantes foram orientados a permanecer com a função de sua organização. Por exemplo, se

uma ONG não promove serviços de saúde, houve a motivação para considera como esses serviços poderiam ser solicitados

pelos parceiros e incorporados ao plano de defesa de causa.

Separados em dois grupos, um deles observou os componentes de resiliência 3, 6 e 7 (meios de subsistência sustentáveis;

proteção física; medidas técnicas e estruturais; e regime governamental de planejamento, respectivamente) e o outro grupo

observou os componentes 1, 4 e 5 (gestão de recursos naturais e ambientais; proteção social; e instrumentos financeiros).

Três diferentes conjuntos de cartas coloridas foram fornecidas para representar Conhecimento, Habilidades e Atitudes.

Cada grupo desenvolveu um exercício similar a um dos componentes acima, garantindo que cada carta também

referenciasse a características individuais de uma comunidade resiliente a desastres.

Após um tempo, os dois grupos reuniram-se novamente e cada um apresentou seus resultados, dividindo conhecimentos,

habilidades e atitudes similares em grupos respectivos.

Uma corda foi então disposta no chão e três títulos inseridos no início, meio e final da corda com o dizer ‘totalmente

equipado’; ‘capacidade média’, e ‘alcance limitado’. Todo o grupo foi então convidado a decidir onde deveriam colocar as

cartas na corda. (veja fotografia seguinte).

Finalmente os participantes refletiram sobre conhecimento, habilidades e atitudes sentidas pelo grupo ou não, e como

poderiam obtê-las, aprimorá-las ou compartilhá-las.

Estudo de Caso 3:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Resultados

O exercício da corda demonstrou onde havia pontos fortes e onde havia pontos fracos na capacidade de atendimento às

Características. As cartas divididas foram colocadas, em sua maioria, entre os títulos ‘totalmente equipado’ e ‘capacidade

média’, com uma pequena quantidade de cartas dispostas em ‘alcance limitado’. Destacaram-se as áreas onde havia

necessidade de desenvolvimento de capacidades, para o compartilhamento de conhecimentos entre os parceiros, ou

alternativamente, trazendo consultorias de outras organizações.

Os parceiros reconheceram a necessidade e a oportunidade de apoiarem-se mutuamente, em termos de compartilhamento

de habilidades e capacidades, e a necessidade de trabalhar em conjunto com o governo e as comunidades locais. Eles não

processaram - em si próprios - todas as habilidades necessárias.

Todas as Características encontraram alguma ressonância dentro do trabalho em Malawi. Algumas mais difíceis de aplicar

que outras, mas os participantes perceberam as lacunas em seus próprios projetos ou necessidade para encaixar-se.

Todos os parceiros perceberam claramente que em profundidade a técnica requer a implantação de algumas atividades de

RRD. Por exemplo, a maioria já emprega atividades agrícolas especializadas, mas não reconhece seu valor. Igualmente,

eles perceberam apenas agora como o conhecimento ambiental é necessário para efetivar o apoio às comunidades.

Os participantes aprovaram o debate de capacidades necessárias para as Características. Acordaram em considerar cada

Característica especificamente, com frequência identificando comparações entre as características de RRD e os meios de

subsistência sustentáveis, proteção social e boas práticas agrícolas (entre tantas outras).

Lições Aprendidas

As conclusões em termos de capacidades dos parceiros foram muito específicas a Malawi; diferentes resultados poderiam

ser identificados se a atividade fosse realizada em outro país.

Um exercício desse tipo exige muita motivação da equipe. Neste caso, pelo desenvolvimento profissional e técnico

especializado, foi possível utilizar a experiência para refletir profundamente a presença ou ausência de habilidades chave.

A separação das cartas em cores diferentes não é realmente uma necessidade para a natureza geral desse exercício, mas

poderia provar benefício na compreensão sobre o foco de abordagem.

O exercício seria mais útil se fosse feito com um grupo de agências que estivesse em estágios iniciais de parceria,

habilitando-as a perceber a necessidade e os benefícios de parcerias estratégicas.

Algumas agências podem não querer abrir suas áreas de capacidade limitada, ainda que haja ‘segurança nos números’

para este exercício, pois a seção final foi feita como uma construção coletiva e nenhuma agência sentiu-se exposta.

Um dia inteiro é necessário ao exercício se houver um pensamento por meio de um plano de ação coletivo. A limitação de

tempo no grupo significa que não sejam encorajados a pensar muito profundamente sobre cada assunto!

Para um efeito completo e de longo prazo, um ação de planejamento e processo deve ser incorporada ao procedimento.

Alternativamente, estreitando o exercício para focar uma séria de Características pré-selecionadas pode ajudar.

Durante o exercício o conhecimento necessário do Ambiente Favorável ficou evidente (por exemplo, conhecimento dos

direitos dos beneficiários, bem como a prestação e os compromissos políticos do governo ou autoridades locais com as

comunidades).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Contextualização das Características para redução de risco com foco em crianças

Organização: Plan International

Autores: Nick Hall [email protected]

Kelly Hawrylyshyn [email protected]

_________________________________________________________________________________

Introdução

A Plan Internacional usou as Características para planejar, monitorar e revisar seu trabalho de RRD com foco em crianças. A

iniciativa da Plan em trabalhar com o tema deu-se frente ao desafio de como melhor definir seu trabalho, uma vez que, como a

maior parte das organizações, não possuía uma definição de resiliência que pudesse ser usada como orientação. Assim o

projeto aqui descrito abraçou a ideia de desenvolver uma abordagem centrada na criança a partir das cinco áreas danificadas

pelo Quadro de Ação de Hyogo. A Plan juntou-se então ao consórcio de ONGs que encomendou a produção das

Características, e em seguida testou as características com o objetivo de refinar o seu trabalho. Este estudo de caso descreve

como isso contribuiu para o desenvolvimento de um modelo de resiliência com foco em crianças. O modelo apresenta os

indicadores para ações de RRD centradas em crianças, os quais podem ser utilizados para desenvolver projetos e programas,

monitorar e avaliar ações nessa área.

Propósito

O objetivo da Plan em utilizar as Características foi de desenvolver um recurso prático que pudesse ser utilizados nos programas

de cada país para definir, implantar e revisar o progresso de seu trabalho. A partir de consultas regionais com suas equipes,

ficou claro que antes que as Características pudessem ser utilizadas pelas organizações, seria necessário tornar-se mais familiar

a elas a partir das abordagens dos programas centrados em crianças para o desenvolvimento comunitário.

Metodologia

A Plan começou a testar as Características durante os encontros destinados a introduzir conceitos de RRD aos colegas de

trabalho em países vulneráveis aos impactos das ameaças naturais.

Após a introdução conceitual em RRD e comunidade resiliente, os participantes mapearam o trabalho já existente dos

programas da Plan em face às cinco Áreas Temáticas das Características. O que foi feito da seguinte maneira:

1. Trabalho em grupos, oficinas participativas para que se produzisse: 'Uma lista de todas as atuais atividades da Plan

implantadas que dão apoio à construção de comunidades resilientes’. Cada atividade foi escrita em um bloco de notas.

2. O facilitador da oficina apresentou então as cinco Áreas Temáticas (Governança; Avaliação de Risco; Conhecimento e

Educação; Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades; Preparação e Resposta a Desastres) em torno da sua, e os

participantes foram solicitados a discutir sobre si próprios e classificar suas respostas individuais de acordo com cada Área

Temática. Todos os grupos colaram suas notas correspondentes.

3. Um voluntário de cada grupo recebeu a atribuição de ler as respostas unificadas e coladas em cada área temática, com o

facilitador apresentando reflexões e questionando se uma reclassificação deveria ser considerada.

4. Uma vez que o processo estava completo, o facilitador revisar os resultados e perguntava:

(a) Existe alguma Área Temática em que a Plan pareça estar menos engajada? (por exemplo, onde há menos notas

coladas)? Por quê?

(b) Que intervenções adicionais poderiam ser inseridas dentro dessa Área Temática?

5. Cada grupo então apresentou seu trabalho a todos os participantes e então as respostas iniciais dadas no início do

exercício foram complementadas com as novas ideais a partir da discussão e do consenso do grupo.

Estudo de Caso 4:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

71

Ao localizar seu trabalho com foco em crianças no quadro das Características, a equipe da Plan sentiu-se mais à vontade com o

conceito de resiliência, com base na percepção de que a Plan já trabalha fortemente e de fato constrói a resiliente a desastres

nas comunidades em que atua.

A informação coletada a partir desse exercício, realizado em quatro oficinas regionais, foi consolidada pela equipe do Programa

de RRD da Plan UK com o apoio de consultores externos, e está sintetizada na tabela abaixo:

Área temática Elementos chave do Plano de Abordagem com

foco na infância, em RRD Governança

Participação

Desenvolvimento organizacional

Recursos para desenvolvimento

Parcerias

Defesa de causas específicas

Planejamento e avaliação de risco Avaliações de vulnerabilidades e capacidades comunitárias e

escolares.

Planos de contingência e de preparação em RRD comunitários e

escolares.

Conhecimento e educação Sensibilização

Construção de capacidades

Pesquisa e produção de conhecimento

Gestão de risco e redução de vulnerabilidade Prevenção e mitigação de desastres

Preparação e resposta a desastre Atividades de preparação

Resposta ao desastre

RRD aplicada à recuperação de desastres

O segundo passo da Plan ao adotar as Características foi alinhá-las aos princípios da Convenção da ONU sobre os Direitos das

Crianças. O objetivo era o de garantir que o trabalho da Plan para o direito das crianças – sobrevivência, proteção,

desenvolvimento e participação – estivesse mais claramente refletido e alinhado às cinco Áreas Temáticas.

Os resultados do Programa de RRD da Plan alcançaram em termos de mudanças na vida das crianças e das comunidades

foram identificadas por cada um dos elementos chave de uma abordagem de RRD centrada na criança, apresentados acima. A

formulação das Características foi então modificada para atender a abordagem da Plan com foco em crianças.

Por exemplo, quando consideradas as Características de um Ambiente Favorável, o trabalho de alcançar os objetivos desejados

focou nos papéis dos detentores de obrigações nos níveis de governo local, nacional e da sociedade civil, com um conjunto de

questões para induzir equipes e parceiros a reavaliar seu papel na obtenção dos resultados esperados e garantir sua aderência

aos princípios fundamentais dos direitos das crianças e do desenvolvimento sustentável (incluindo o melhor interesse da criança,

a não discriminação, o impacto ambiental, e a sustentabilidade).

A tabela que segue ilustra o resultado desse processo, para uma Área Temática: Conhecimento e Educação (o conjunto

completo de tabelas abrange todas as Áreas Temáticas das Características e os Elementos Chaves próprios da Plan).

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Tabela: Conhecimento com foco na infância e resultados para educação

Resiliência ao desastre

Resultados sob a perspectiva de direitos

Ambiente favorável

Resultados sob a perspectiva de deveres Crianças e comunidades Governo local

Sensibilização

1. Crianças e adolescentes, incluindo meninos e meninas

vulneráveis, informados sobre os riscos de desastres e sobre

como gerenciá-los por meio de treinamentos escolares e

comunitários, além de outras atividades educativas.

2. Campanhas de sensibilização em RRD conduzidas por

toda a comunidade com a participação de crianças e

adolescentes e utilização de diferentes formas de

comunicação adequadas a todas as idades, e considerando

diferentes contextos de gênero e cultura.

3. Toda a comunidade sensibilizada e informada sobre os

riscos de desastres e as maneiras de gerenciá-los.

4. Membros da comunidade que exibam atitudes positivas e

comportamentos de redução de risco, com a participação de

crianças e adolescentes na gestão de desastres e nas ações

de RRD.

Construção de capacidades

5. Crianças e adolescentes e membros da comunidade

treinados e com habilidades que os permitam implantar ações

determinadas nos planos de RRD.

Pesquisa e produção de conhecimento

6. Crianças e adolescentes com habilidades de pesquisa, que

documentem e comuniquem suas experiências em RRD a

diferentes públicos utilizando variadas formas de

comunicação.

7. Crianças e adolescentes, e outros grupos comunitários

envolvidos em atividades regulares de monitoramento e

avaliação, utilizando boas práticas aprendidas para modificar

sua prática futura.

1. O governo local oferece oportunidades a crianças e

adolescentes para participar nas atividades de

sensibilização de RRD.

2. RRD é parte do currículo escolar e também está incluído

em atividades não formais de educação.

Governo nacional

3. O governo nacional oferece oportunidades a crianças e

adolescentes para participar nas atividades de

sensibilização de RRD.

4. RRD é parte do currículo escolar nacional.

Sociedade Civil

5. Organizações intermediárias de suporte as atividades

educativas e de sensibilização em RRD por crianças e

comunidades.

6. Meios de comunicação participam das medidas de

comunicação de riscos e incluem em suas divulgações o

papel das crianças e adolescentes na RRD.

7. Instituições acadêmicas apoiam a pesquisa local sobre o

papel das crianças e adolescentes na RRD, e possuem

práticas e processos centrados na infância, utilizando seus

resultados para ampliar o conhecimento na temática em

níveis nacional e internacional por meio de publicações e

apresentações.

Papel do plano: Em que medida a Plan contribuiu para essas mudanças?

Centralidade na criança: Em que medida a mudança afetou as crianças (positiva ou negativamente)?

Melhores interesses das crianças: Houve algum impacto negativo para as crianças?

Não discriminação e inclusão: Quem se beneficiou com as mudanças? Quem não? Por quê? (com especial atenção ao

gênero, idade, diversidade cultural e vulnerabilidade).

Impacto ambiental: As mudanças impactaram positiva ou negativamente o ambiente?

Sustentabilidade: Em que medida as mudanças serão sustentáveis, o quanto resiliente é a mudança?

Resultados

As Características com foco em crianças são agora utilizadas pela equipe da Plan e das organizações parceiras para projetar

seus novos programas de RRD com foco em crianças, para a defesa de causas e para os processos de monitoramento e

avaliação, além do desenvolvimento de propostas submetidas a financiadores para captação de recursos.

Em Bangladesh, elas foram utilizadas para delinear as linhas de base de um estudo para um projeto financiado pela União

Europeia. A estrutura foi formatada com foco nos grupos de discussão com crianças e membros da comunidade. Ao final do

projeto as tabelas de resultados foram também utilizadas para enquadrar vários estudos de caso sobre as lições, desafios e

oportunidades marcados pelos projetos.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

73

Em El Salvador, a Plan utilizou as Características com foco em crianças para conduzir um estudo diagnóstico sobre resiliência

em cinco comunidades (quatro delas participaram do projeto de RRD para crianças, e uma comunidade externa serviu para o

controle do grupo). Os resultados foram utilizados para planejar a estratégia do programa de fortalecimento de capacidade do

governo local para os comitês de gestão de desastres em quatro municípios. As Características auxiliaram a identificar as

prioridades e a montar os planos a partir de quadros de ação, definindo papéis e responsabilidades de vários atores. Os

indicadores de monitoramento e avaliação para verificação do trabalho foram desenhados diretamente pelas Características com

foco em crianças.

Desdobramentos

As Características ofereceram a fundamentação e um recurso de desenvolvimento de um quadro conceitual para ações de RRD

com foco em crianças. A Plan estava apta a utilizá-las de diversas maneiras para apoiar:

Pesquisa primária, pela definição de perguntas baseadas nas Características a partir das discussões dos grupos focais que

foram conduzidas como parte do projeto de linhas de base em Bangladesh, Cambodia e Equador.

Planejamento por meio do desenvolvimento de recursos de assistência a equipe na identificação de potenciais áreas de

intervenção.

Análise dos programas a partir do quadro de análise situacional (diagnóstico) para gestão municipal de desastres em El

Salvador.

Defesa da causa em âmbito global pela elaboração de questões de pesquisa conduzida em 13 países com mais de 800

crianças. Os resultados da pesquisa foram a evidência e os dados do relatório complementar com foco em crianças para a

pesquisa principal conduzida pela Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction e apresentada na

Plataforma Global da ONU em 2009. (A visão das crianças a partir da pesquisa principal está disponível em:

http://www.plan-uk.org/pdfs/Children_on_the_Frontline_GP_report.pdf)

Lições aprendidas

As Características caracterizam-se com um recurso bastante complexo, abrangendo todos os aspectos da gestão de desastres

que explicam o que é a resiliência de uma comunidade. No entanto, dada a amplitude e a profundidade dessa abordagem de

gestão de riscos de desastres, é essencial selecionar algumas características que sejam mais relevantes para uma intervenção

particular, e explica-las em uma linguagem mais simples e acessível, não técnica. Para serem realmente úteis em nível local,

elas precisam ser compreendidas, especialmente pelas comunidades e crianças vulneráveis.

Ao introduzir as Características, a Plan avaliou ser melhor primeiro explorar o entendimento que cada um possui sobre

resiliência para então abrir a discussão sobre os trabalhos em andamento que parecem promover a resiliência a desastres

localmente. O primeiro passo foi muito importante. A construção a partir do conhecimento existente auxilia a pertinência dos

resultados, e a superação à ideia de que as Características sejam apenas ‘mais uma’ nova ferramenta.

Além disso, considerou-se também que a inter-relação das Características provoca também um maior grau de complexidade.

Por exemplo, os elementos das Áreas Temáticas de Governança e de Conhecimento e Educação podem ser vistos como

transversais a todas as áreas temáticas. Para responder a esse desafio a Plan agrupou as Características de acordo com as

atividades típicas de seus projetos – como as de sensibilização, construção de capacidades, pesquisa e aprendizado. O que

auxiliou a equipe da Plan a identificar os vínculos entre o trabalho que se encaixa entre as áreas temáticas, de forma a

simplificar o processo de planejamento.

A Plan encomendou o apoio de especialistas em direitos da criança para dar assistência na adaptação das Características para

encaixá-las no quadro de direitos das crianças. Esses especialistas garantem que as características individuais são mais

claramente relacionadas às necessidades, capacidades e direitos das crianças.

Durante o exercício de validação a Plan concluiu que as Características devem sempre ser adaptadas e simplificadas para

alinhar-se ao contexto e as capacidades locais.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Plano estratégico com uso das Características

Organização: Christian Aid

Autor: José Luis Penya [email protected]

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Propósito

Este estudo de caso demonstra como as Características foram utilizadas para orientar o desenvolvimento de uma estratégia

regional que abrange tanto RRD como adaptação às mudanças climáticas na América Central.

Em 2008, dez anos depois do Furacão Mitch, a Christian Aid e seus parceiros assumiram a tarefa de atualizar sua abordagem

regional para RRD, fazendo um balanço das lições da última estratégia (2003-2008) e considerando as implicações das

mudanças climáticas para a vida o os meios de subsistência de pobres e marginalizados na América Central.

Metodologia

A Christian Aid é uma organização baseada em parcerias e, por essa razão, seu planejamento estratégico foi pensado como um

processo de articulação com os seus parceiros em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua, os quatro países que

atualmente compõem o programa da América Central.

Em agosto de 2008 a equipe da Christian Aid desenhou os objetivos estratégicos durante uma reunião da equipe regional

realizada em Tegucigalpa. Depois disso, a Christian Aid realizou uma oficina para discutir com as organizações parceiras e

desenvolver em conjunto as linhas estratégicas de ação, ou em outras palavras, as áreas do programa. A oficina foi realizada no

Copan (Honduras), entre os dias 24 e 26 de setembro de 2008, com representantes de cerca de 20 organizações.

Durante a primeira metade da oficina, os participantes revisaram os resultados da estratégia anterior e consideraram diferentes

opções para atualizá-la, o que incluía uma pesquisa-ação, os direitos e abordagem de RRD e a utilização das Características

para definição do projeto. Durante a segunda metade foram formados grupos de países, com os representantes de cada país da

Christian Aid atuando como facilitadores. A preferência por grupos homogêneos deu-se em função de que:

1. As organizações de um mesmo país possuem uma longa história de cooperação e já haviam desenvolvido uma

dinâmica de trabalho de grupo interna. A facilitação por parte do representante do país tinha o objetivo de multiplicar

esse efeito.

2. Ameaças e vulnerabilidades de países isoladamente são mais bem compreendidas e mais facilmente direcionadas do

que se forem resultado de um grupo misto de países.

Os grupos foram orientados a selecionar três Componentes de Resiliência como ‘linhas de ação’ prioritárias. Eles trabalharam

em duas sessões de 90 minutos, uma para a defesa, e a segunda para o trabalho comunitário, utilizando as tabelas da Área

Temática 1 (Governança) e 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades), respectivamente, como um ponto de partida

para as discussões em grupo. Após uma h ora, os grupos relataram sobre os componentes selecionados e justificaram suas

decisões.

Os componentes selecionados por cada país foram então comparados em uma sessão aberta e as prioridades regionais

escolhidas por regras simples de consenso:

1. Componentes selecionados pro mais da metade do número de grupos (três grupos, neste caso) foram tomados como

prioridades.

2. Componentes selecionados por dois grupos foram incluídos como itens secundários.

3. Componentes selecionados por apenas um grupo foram desconsiderados como prioridades regionais, ainda que os

participantes pudessem manter seus resultados para utilização em âmbito nacional.

Estudo de Caso 5:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

75

Resultados

Os resultados da oficina foram organizados pela Christian Aid e repassados para a equipe que escreveria a estratégia. Em

novembro de 2008, o documento final foi apresentado para aprovação da equipe regional e divulgado entre os parceiros. Todo o

processo durou quatro meses, um prazo razoável para definição de uma estratégia de cinco anos.

A metodologia produziu um rápido e forte consenso sobre as prioridades de âmbito regional (as prioridades estão no quadro

abaixo). O resultado foi surpreendentemente incontroverso, dadas as complexidades envolvidas, e foi considerado muito bem

alinhado às tendências de longo prazo tanto pela Christian Aid como por seus parceiros.

O uso das Características como um guia para discussões de grupos focais teve duas consequências adicionais:

1. Fez das Características um quadro aceito para o desenvolvimento completo das áreas do programa (no nível do

projeto, por exemplo).

2. Transformou as Características em algo próximo a um documento de referência para resolução de conflitos, detalhado

e esclarecedor par organizações que trabalham com RRD e adaptação às mudanças climáticas.

Linhas principais dos parceiros da Christian Aid na América Central, estratégia para redução de

riscos de desastres e adaptação às mudanças climáticas

LINHA DE AÇÃO 1: DEFESA DE CAUSAS ESPECÍFICAS

Prioridades:

Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político em RRD e adaptação às mudanças

climáticas.

Itens secundários:

Sistemas legais e regulatórios.

Parcerias.

Prestação de contas e participação comunitária

LINHA DE AÇÃO 2: TRABALHO EM COMUNIDADE

Prioridades:

Capital natural: gestão de recursos naturais e ambientais, incluindo adaptação às mudanças climáticas.

Meios de subsistência sustentáveis.

Itens secundários:

Saúde e bem estar.

Proteção física, medidas técnicas e estruturais.

Sistemas de planejamento.

Recomendações

1. Integração entre diferentes práticas comunitárias: a utilização das Características pode ajudar a lidar com a complexidade

do trabalho com grupos diversificados de organizações parceiras na área de redução de riscos e adaptação, uma área ainda

cinzenta onde diferentes comunidades possuem práticas cruzadas, cada uma levando em conta sua própria compreensão

conceitual.

O desenvolvimento de uma linha estratégica para RRD e adaptação às mudanças climáticas envolve fontes de complexidade

que foram superadas pelo uso das Características. O primeiro ponto é a comumente controvérsia sobre se as mudanças

climáticas devem estar integradas a outras áreas de gestão de risco ou se devem ser tratadas como uma área separada. Além

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

disso, os participantes tiveram que trabalhar com outras áreas de contenção, como a integração da defesa por causas e a

prestação de serviços, e os vínculos entre resgate e desenvolvimento. Finalmente, o resultado deve respeitar os compromissos

de longo prazo das organizações com setores específicos como água, recursos naturais, gênero e agricultura.

A utilização das Características foi fundamental para lidar com essas restrições, proporcionando uma estrutura robusta e

também flexível para transpor os obstáculos e construir um entendimento comum entre as diversas comunidades, como por

exemplo, as necessidades básicas das organizações de base e os direitos dos grupos, especialistas em resgate e

desenvolvimento ou em gênero e ativistas ambientais. Algumas partes do documento especialmente úteis para essa tarefa

foram:

O grande número de elementos individuais disponíveis, fazendo com que diferentes comunidades de prática percebessem

suas particularidades e interesses e tornando-os representativas e consideradas.

A articulação entre as Áreas Temáticas gerais e os Componentes de Resiliência agrupados em conjuntos específicos de

indicadores, permitindo que os participantes encontrassem áreas relevantes e rapidamente associassem as mesmas aos

setores de trabalho e às atividades familiares a eles.

A apresentação paralela da ‘comunidade’ e do ‘ambiente favorável’ e seus indicadores, facilitando a discussão conjunta para

defesa de causas locais e componentes de prestação de serviços.

2. Diversidade e especialidades da equipe: O principal efeito do documento é sua notável capacidade para focar a discussão

e acelerar o consenso. Para aproveitar ao máximo esse efeito, os participantes devem estar familiarizados com o documento

antes da oficina. O uso de grupos homogênicos em um único país de discussão também facilitou o efeito.

Dois outros recursos contribuíram para esse sucesso:

Todos os participantes pertenciam a parceiros comprometidos, com experiência em RRD, meios de subsistência e áreas

afins, e com um interesse explícito em explorar a nova área de trabalho das mudanças climáticas.

A maioria dos participantes conhecia o documento com antecedência e, em alguns casos, já tinha utilizado para

monitoramento ou definição do projeto.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Uso das Características para revisões e avaliações

Organização: Christian Aid

Autora: Cristina Ruiz [email protected]

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Propósito

Como parte de um projeto global de médio prazo em RRD financiado pela DFID, a Christian Aid utilizou as Características para

desenvolver ainda mais os indicadores de resultados a partir do quadro lógico do programa. Os indicadores foram utilizados para

formar os termos de referência para a revisão do programa em Honduras, Malawi and Bangladesh.

Metodologia e desafios

Uma equipe internacional do projeto (nove pessoas) pensou em como reduzir o número de indicadores do quadro original e

torná-los mais mensurável, com um bom equilíbrio de indicadores quali e quantitativos.

Para estruturar esse processo, as partes relevantes das Características foram referenciadas como indicadores de

desenvolvimento em potencial. Assim, os indicadores individuais de resultados estavam ligados a determinadas Áreas

Temáticas e a Componentes de Resiliência que poderiam ajudar a avaliar o nível de realização de cada indicador. Em alguns

casos o trabalho com os indicadores foi revisado utilizando as Características como um guia.

É importante destacar que esse exercício foi feito com o programa de implantação já em andamento, e, portanto não era

possível substituir os indicadores ou adicionar novos ao quadro (acordado com o financiador). Ao invés disso, os indicadores

poderiam ser modificados por divisão, reformulação ou esclarecimento. Esse foi um desafio à equipe, mas também uma

oportunidade de impor mais precisão aos ‘velhos’ indicadores para de fato mensurar a resiliência.

Por exemplo, no caso de um indicador que se referia a ‘estratégias úteis e positivas em locais que reduzam a vulnerabilidades

de comunidades em risco’, a equipe decidiu remeter a sete Componentes de Resiliência da Área Temática 4 (Gestão de Riscos

e Redução de Vulnerabilidades) e suas Características individuais, para informar sobre como decidir se uma estratégia

específica foi ‘útil ou positiva’.

Resultados

A tabela abaixo mostra como alguns dos indicadores originais foram reformulados no quadro. O texto em itálico refere-se às

partes das tabelas das Características que ajudaram a Christian Aid e seus parceiros a medir novos indicadores.

Indicadores de resultados e o quadro

lógico original (Janeiro de 2006)

Indicadores de resultados revisados, por

meio das Características (Junho de 2008)

Incorporação da abordagem e dos indicadores de RRD

nas estratégias de apoio temático corporativas da

Christian Aid, e regionalmente nas estratégias que

sustentam sua estrutura corporativa 2005-2010 na África,

América Latina, Caribe, Ásia e Oriente Médio.

Desempenho positivo em relação aos indicadores

definidos pela estratégia corporativa da Christian Aid,

Meta 1: assegurar meios de subsistência; e Meta 3 –

governança.

Replicação de boas práticas.

1. Incorporação da abordagem e dos indicadores de RRD

nas estratégias corporativas da Christian Aid, que sustentam

o quadro corporativo 2005-2010; a nível corporativo e nas

estratégias regionais da África, América Latina, Caribe, Ásia

e Oriente Médio.

2. Materiais educativos apropriados (informação,

comunicação, educação) em RRD produzidos pela Christian

Aid e disseminação de outras fontes (utilizando diferentes

mídias). A ser orientado pela Área Temática 3,

Componentes de 1 a 5.

Estudo de Caso 6:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Indicadores de resultados e o quadro

lógico original (Janeiro de 2006)

Indicadores de resultados revisados, por

meio das Características (Junho de 2008)

Aumento da capacitação e sensibilização de abordagens

em RRD no desenvolvimento e programação de

emergência em toda a Christian Aid e seus parceiros.

Produção de materiais educativos sobre RRD pela

Christian Aid e parceiros.

Profissionais de comitês, voluntários e governos que

repliquem conhecimento em ações práticas.

Reflexo do conhecimento em RRD nas propostas

recebidas.

Ao menos cinco vínculos criados com instituições

acadêmicas ou outras para produção e disseminação de

documentos educativos, revisão de publicações e

apresentações em seminários nacionais ou internacionais

correlatos.

Publicação de um relatório final de lições aprendidas.

Número de avaliações de risco realizadas.

Número de estratégias de subsistência sustentável

colocadas em prática.

Mudanças em âmbito de políticas públicas.

Número e regularidade de mesa redonda, reunião e

fóruns.

Escala e escopo da participação ativa dos parceiros nas

redes de defesa de causas.

Número das atividades de intercâmbio entre parceiros.

Meios utilizados para divulgação de informações

(programas de rádio, seminários, etc.).

Ao menos uma iniciativa comum com outras agências do

Reino Unido ou redes ecumênicas. .

Retorno positivo das comunidades sobre as iniciativas de

redução de risco.

3. Aprendizagem positiva replicada em âmbito comunitário

(comitês. voluntários, trabalhos de extensão de governos).

4. Aprendizagem em RRD desdobrada em propostas

recebidas de parceiros, e em ações práticas de projetos

implantados.

5. Ações da organização e seus parceiros que resulte em

alteração de políticas públicas.

6. Número de atividades de intercâmbio entre parceiros para

aprendizagem e inovação dentro das organizações.

7. Criação de vínculos produtivos com a academia,

instituições científicas e outras para produzir e disseminar

documentos informativos, conduzir revisões de publicações

e realizar apresentações em seminários nacionais e

internacionais correlatos.

8. Participação comunitária em avaliações em número,

qualidade, eficiência e tempo adequados. Orientados pela

Área Temática 2, Componentes de 1 a 3.

9. Número de estratégias úteis e positivas que reduzam a

vulnerabilidade comunitária em termos de mudanças na

gestão de recursos naturais; subsistência; proteção física e

social; ou outros. Orientados pela Área Temática 4,

componentes de 1 a 7.

10. Número de ações que melhorem a organização

comunitária para preparação aos desastres. Orientados pela

Área Temática 5, componentes de 1 a 6.

11. Comunidades e parceiros que compreendam em

detalhes a legislação correlata e os planos operacionais de

RRD. Orientados pela Área Temática 1, componentes 1 e 2.

12. Ações efetivas de defesa de causas iniciadas pelas

comunidades e resultantes em acesso a recursos público e /

ou influência positiva em políticas públicas. Orientados pelas

Características de um Ambiente Favorável de todas as

Áreas Temáticas.

A nova versão dos indicadores foi aprovada pelo financiador e utilizada como informação para a revisão parcial. O tipo de quadro

de documentos do projeto não pode incluir a quantidade e o nível de detalha contido no quadro das Características, portanto a

matriz lógica apresentada ao financiador não inclui a referência às características de cada indicador, mas somente uma

referência geral à forma como o documento poderia orientar os indicadores.

Recomendações

Todos os participantes concordaram que as Características auxiliaram a definição de indicadores. A equipe foi formada por

profissionais experientes em RRD das Filipinas, Bangladesh, Honduras, El Salvador, Malawi e Grã Bretanha. Houve um

consenso na utilidade das Características em que os membros da equipe estavam trabalhando, mesmo diante de diferentes

contextos e riscos. Há que se registrar, entretanto, que para atingir esse nível de discussão é necessário um conhecimento

prático e certa especialização com o trabalho de RRD.

Idealmente, o exercício de definição de indicadores deve ser concluído no início do projeto, utilizando as características para

definir e formatar o projeto desde o princípio. Então, revisões e avaliações serão feitas referenciando os indicadores acordados

com os financiadores.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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Uso das Características para coleta de dados e pesquisa

Organização: Christian Aid

Autora: Cristina Ruiz [email protected]

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Propósito

Como parte de um projeto global de médio prazo em RRD financiado pela DFID, a Christian Aid utilizou as Características para

desenvolver um estudo de caso de experiências comunitárias e de parceiros durante um processo de revisão como base para

discussão e análise em profundidade. A série de estudos de caso foi realizada em três países do projeto, com a escolha de

diferentes focos de análise e combinação particular dos componentes das Características:

O objetivo dos estudos de caso era triplo:

4. Registrar lições iniciais e identificar desafios chave em áreas específica para orientar a discussão da equipe no

trabalho preparatório de revisão.

5. Testar as Características em campo como um quadro conceitual para estudos em profundidade e estudos de caso

(utilizando Características selecionadas de relevância particular para construção da resiliência de comunidades).

6. Gerar ideias básicas e iniciais para as avaliações específicas de casa país.

Metodologia e desafios

Os estudos de caso pretenderam refletir áreas de projetos específicos e componentes de resiliência, baseados no quadro do

projeto original e no documento das Características.

A equipe do projeto selecionou algumas poucas Áreas Temáticas, Componentes de Resiliência e Características de uma

Comunidade Resiliente a Desastres, que tinha relevância para os objetivos do projeto e que poderiam ter utilidade para os

resultados iniciais na preparação para as avaliações de cada país. Os critérios para seleção de componentes e características

específicos para os estudos de caso foram então:

Os objetivos do projeto (como definidos do quadro)

Uma lista de componentes acordados para os testes de campo.

Competências dos parceiros e da Christian Aid particulares a cada país.

Por exemplo, em Bangladesh o estudo de caso focou o nível da comunidade e analisou os vínculos entre os níveis de

conhecimento de risco local e prática ambiental. Duas Áreas Temáticas com componentes e características relevantes foram

selecionadas e combinadas da seguinte maneira:

Estudo de Caso 7:

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

Áreas temáticas e

Componentes da resiliência

Características de uma

comunidade resiliente ao

desastre

Características de um

ambiente favorável

Área temática 2: Avaliação de Risco

Componente 1. Avaliação de ameaças e

dados sobre risco.

1.2. Processo participativo de

avaliação de riscos e ameaças que

inclua representantes de todas as

partes da comunidade e fontes

especializadas.

1.3. Resultados das avaliações

compartilhados, discutidos,

compreendidos e acordados entre

todos os públicos de interesse, de

forma a alimentar o plano comunitário

de RRD.

1.4. Resultados disponíveis para

todas as partes interessadas (dentro

e fora da comunidade, localmente e

em níveis mais altos), de forma a

alimentar o plano comunitário de

RRD.

1.5. Monitoramento permanente de

ameaças e riscos, com atualização

das avaliações.

Área temática 4: Gestão de riscos e

redução de vulnerabilidades

Componente 1. Gestão de recursos

naturais e ambientais.

1.1. Compreensão comunitária das

características e funcionamento dos

riscos potenciais, e ambiente natural

local.

1.4. Preservação e aplicação de

conhecimento indígena e apropriação

de tecnologias relevantes à gestão

ambiental.

As Características selecionadas foram então discutidas e revisadas em conjunto com os parceiros locais da Christian Aid antes

de visitar as comunidades; os temas principais com suas perguntas para as entrevistas, grupos focais e entrevistas individuais

foram acordados. As seguintes questões gerais orientaram o processo:

1. Existem avaliações de ameaças e riscos que incluam as avaliações de riscos associados às mudanças climáticas,

conduzidas no projeto com contribuições comunitárias e pela alteração da percepção de risco e de atitudes de

preparação?

2. Existe um processo de avaliação participativa aprimorado pelo conhecimento das pessoas sobre seus papéis e

responsabilidades durante a resposta, sendo capazes de abordar os fatores de risco subjacentes?

3. Existe o envolvimento de diversos atores locais, incluindo governos, que influencia o processo de mapeamento de

riscos e ameaças? Esse processo teve algum impacto nas relações entre a comunidade e os representantes de

governo, com consequente acesso a serviços públicos?

Nas comunidades, as entrevistas foram feitas com membros dos Comitês Locais de Gestão de Desastres (tanto entrevistas

individuais como em grupo, incluindo mulheres e homens representantes dos comitês), e como membros dos Comitês de

Voluntários, minorias étnicas, representantes da Ward e da Union Parishad, equipe do governo local (engenheiros, veterinários).

Adicionalmente, entrevistas individuais foram conduzidas com doutores, professores e executivos dentro e fora da comunidade.

Em Honduras, o estudo de caso foi conduzido pela consideração da consciência dos riscos combinada à capacidade de defesa

da causa. Focou-se em nível comunitário e analisou as seguintes questões chave:

Uma comunidade com visão compartilhada de preparação e resiliente, bem treinada e consciente dos riscos de desastres

tem mais possibilidades de influenciar as ações governamentais em nível local?

Que outros fatores e aspectos de um Ambiente Favorável são necessários para as comunidades estarem habilitadas ao

efetivo engajamento com governos e outros públicos de interesse?

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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As características selecionadas foram:

Áreas temáticas e

Componentes da resiliência

Características de uma

comunidade resiliente ao

desastre

Características de um

ambiente favorável

Área temática 3: Conhecimento e

educação

Componente 1. Informação pública,

conhecimento e habilidades.

1.2. Toda a comunidade participante

das campanhas informativas

correntes, elaboradas a partir das

necessidades e capacidades

comunitárias (níveis de alfabetização,

por exemplo).

1.3. Conhecimento comunitário de

riscos, ameaças, vulnerabilidades e

ações de redução de riscos

suficientes para a efetiva participação

comunitária (individual e colaborativa

com outros públicos).

1.4. Processamento (individual e

coletivo) de conhecimento técnico e

organizacional, bem como habilidades

para ações locais de RRD e de

resposta (incluindo conhecimento

técnico indígena, estratégias de

enfrentamento e de subsistência).

Área temática 3: Conhecimento e

educação

Componente 1. Educação e treinamento.

3.1. Educação escolar sobre RRD

para crianças por meio de atividades

curriculares, e quando for o caso,

extracurriculares.

3.2. Treinamentos em RRD e Gestão

de riscos de desastre destinados a

identificar prioridades apontadas

pelas comunidades e com base na

avaliação local de riscos,

vulnerabilidades e demais problemas

correlatos.

3.3. Membros da comunidade e de

organizações treinados em

habilidades de RRD e preparação

para desastres

Área temática 1: Governança

Componente 1. Políticas públicas,

planejamento, prioridades e

compromisso político.

1.2. Visão consensuada sobre riscos

enfrentados, abordagem da gestão de

risco, ações específicas a serem

conduzidas e metas a serem

atingidas.

1.5. Lideranças comunitárias

compromissadas, efetivas e

transparentes no planejamento e

implantação de ações de RRD.

1.6. Plano comunitário de RRD (e de

preparação para desastres)

desenvolvido a partir de um processo

participativo, prático e atualizado

periodicamente.

Consenso político sobre a

importância da RRD.

RRD como uma prioridade

política em todos os níveis de

governo.

Política Nacional de RRD, plano

estratégico e de implantação,

com visão clara, prioridades,

metas e boas práticas de

referência.

Políticas governamentais locais

de RRD, planos estratégicos e

de implantação colocados em

prática.

Compreensão oficial local da

visão comunitária, e suporte

para tal.

Área temática 1: Governança

Componente 2. Sistemas legais e

regulatórios

2.2. Comunidade informada sobre

seus direitos e obrigações legais do

governo e outros órgãos para garantia

de sua proteção.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

No Malawi o estudo de caso observou a construção do conhecimento e os canais de comunicação em nível comunitário,

abordando as seguintes questões chave:

A institucionalização da informação social e dos canais de comunicação isola alguns grupos vulneráveis? A avaliação de

capacidades e vulnerabilidades ajuda a resolver esse isolamento?

A avaliação de capacidades e vulnerabilidade coleta experiências e conhecimentos coletivos de gestão anteriores às crises?

Até que ponto? Que tipo de atividades, fatores, ações, etc., isso pode promover ou impedir?

Para tanto, as seguintes Características foram selecionadas e combinadas:

Áreas temáticas e

Componentes da resiliência

Características de uma

comunidade resiliente

ao desastre

Características de um

ambiente favorável

Área temática 2: Avaliação de risco

Componente 2. Avaliação de dados de

impacto sobre vulnerabilidades e

capacidades.

2.2. Processo participativo de

avaliação de riscos e ameaças

que inclua representantes de

todas as partes da comunidade e

fontes especializadas.

Avaliações de risco e ameaças

como itens obrigatórios das políticas

públicas, legislação, etc., com

padrões para elaboração,

publicação e revisão.

Dados sobre os impactos dos

desastres e informações estatísticas

de perdas disponíveis e utilizadas

nas avaliações de vulnerabilidades e

capacidades.

Conhecimento produzido registrado,

sintetizado e compartilhado

sistematicamente (por meio de

sistemas de informação e gestão de

desastres).

Participação de todas as agências

correlatas e dos públicos de

interesse nas avaliações.

Área temática 4: Gestão de risco e

redução de vulnerabilidades

Componente 4. Proteção social (inclui

capital social).

4.4. Estabelecimento de canais

de comunicação e informação

social; grupos vulneráveis não

isolados.

4.5. Conhecimento coletivo e

experiência em gestão de eventos

anteriores (ameaças, crises).

Proteção social formal, esquemas e

redes de segurança social acessível

a grupos vulneráveis em tempos de

normalidade e para respostas em

situações de crise.

Agências externas preparadas para

investir tempo e recursos na

construção de parcerias com grupos

locais e com organizações de

proteção social, segurança e RRD.

O roteiro de entrevista para cada estudo de caso foi desenvolvido em diálogo com a equipe da Christian Aid e de seus parceiros,

tendo como referência as características escolhidas para cada caso. Entrevistas abertas e semiestruturadas, bem como

discussões em grupo foram realizadas com os membros da comunidade, equipes dos parceiros do projeto, representantes do

governo local e outros públicos de interesse.

Resultados e recomendações

Durante a condução dos estudos o foco das questões de pesquisa baseadas nas Características mostrou que os pressupostos

em que algumas hipóteses foram baseadas não se confirmaram. Por exemplo, em Bangladesh, o estudo demonstrou que o

processo de avaliação não foi completamente participativo e seus resultados não foram amplamente compartilhados com as

comunidades ou externamente. Além disso, o governo local, mesmo tendo informado sobre a avaliação participativa de

comunidades e vulnerabilidades, não participou do exercício, com exceção de um membro comunitário que era o representante

do Ward na Union Parishad.

O estudo então buscou compreender o que impediu que as comunidades participassem mais ativamente do processo de

avaliação de risco e, de forma mais ampla, das atividades do projeto. Para tanto, a pesquisa não apenas destacou três fatores

chave para intervenções em RRD considerados pelos parceiros (participação, autonomia e sustentabilidade), como também

permitiu o levantamento de novas questões de pesquisa para discussão e análise posterior.

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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres

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As Características provaram ser uma ferramenta muito útil na elaboração de questões específicas de estudo para a pesquisa de

campo. Foi útil para focam em amplos interesses e depois focar em questões mais específicas, guiando assim a condução das

questões para a entrevista. Ao utilizar as Características dessa maneira também foi possível facilitar o engajamento da equipe

da Christian Aid na abertura das discussões com os parceiros locais sobre as medidas de progresso da resiliência comunitária,

ao invés de apenas avaliar as realizações desses parceiros.

Para fazer das Características uma ferramenta útil para esse exercício um processo completo de seleção dos Componentes de

Resiliência e das Características de uma Comunidade Resiliente ao Desastre foi feito em diálogo aberto com todos os

envolvidos. Apesar de ser algo relativamente demorado, o processo também ajudou no foco e enquadramento da análise no

entendimento de todo – e por isso o esforço foi tão valioso.

Apesar das preparações detalhadas, em alguns casos, as Características precisaram de adaptações no momento em que as

equipes chegaram a campo. Essa necessidade refletia no melhor encaixe às realidades locais – e foi executada com facilidade.

Algumas recomendações específicas incluem:

Seleção dos participantes da comunidade e das entrevistas: A seleção da comunidade e os parceiros para a entrevista deve

ser conduzida em conjunto com todos os envolvidos no processo e particularmente pela consulta à equipe que irá conduzir

as entrevistas.

Seleção das Características: As Áreas Temáticas e os Componentes do quadro das Características selecionadas para

coleta de dados e pesquisa devem considerar o contexto do projeto, da comunidade, e da iniciativa a que se relacionada: ou

seja, os quadros os projetos, os registros, os planos de ação da comunidade, as prioridades estratégicas, etc., devem ser

considerados durante o processo de seleção.

Desenvolvimento de um guia de entrevistas: A identificação das questões para entrevista e suas diretrizes podem ser

facilmente organizadas seguindo cada uma das Características que sejam mais relevantes dentro dos componentes

selecionados. O guia deve ser adotado com a concordância de cada grupo.

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