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.{~ ,i 1$ ~ /\ r) (."'\ . Lr1U\,/; :~ Arquivo's de Ciências do Mar NOTASSOBREA DIETADECACHAlOTES rCETACEA: PHYSETEROIDEAl ENCALHADOS NOCEAR4 NORDESTE DOBRASil Noteson diet of spermwhales(Cetacea: Physeteroidea), strandedinCearáState,NortheasternBrazil Lívio Moreira de Gurjão1, Manuel Antônio A. Furtado-Neto2, Roberta Aguiar dos Santos3, Paulo Cascon4 RESUMO Entre 1996 e 1999foram coletados quatro conteúdos estomacaisde duas espéciesde cachalotes,três de Physeter macrocephalus e um de Kogia breviceps. Nos estômagos dos três exemplares de P. macrocephalus foram encontrados 2.779 bicos de cefalópodes. Estes moluscos foram identificados como pertencentes a, pelo menos, 15 famílias de lulas (Alloposidae,Ancistrocheiridae,Architeuthidae,Chiroteuthidae,Cranchiídae,Enoploteuthidae,Gonatidae,Histioteuthidae, Mastigoteuthidae, Octopoteuthidae, Ommastrephidae, Onycoteuthidae, Pholidoteuthidae, Thysanoteuthidae e Vampytoteuthidae), sendo Histioteuthidae a mais representativa tanto em freqüência de ocorrência como em abundância numérica. No estômago de K. breviceps observou-se a ocorrência de peixes, cefalópodes e crustáceos. Dos três tipos de presas encontradas, só os cefalópodes puderam ser identificados. Os moluscos pertenciam a três famílias de lulas distintas: Alloposidae, Cranchiidae e Enoploteuthidae. Os resultados deste estudo sugerem que ambas as espécies de cachalotes alimentam-se de lulas oceânicas, em águas profundas, o que está de acordo com trabalhos anteriores que atribuem a estes cetáceos distribuição pelágica, associada a mergulhos profundos para aquisição de alimento. PaJavras-chaves:cetáceos, cachalotes, Physeter macrocephalus, Kogia breviceps, alimentação. ABSTRACT Between 1996 and 1999 four stomach contents of two sperm whale species were collected, three of Physeter macrocephalus and one ofKogia breviceps. A total of 2,779 squid beakswas obtainedfrom the stomachs of the three P. macrocephalus specimens. Those mollusks were identified as belonging to at least 15families of squids (A lloposidae, Ancistrocheiridae, Architeuthidae, Chiroteuthidae, Cranchiidae, Enoploteuthidae, Gonatidae, Histioteuthidae, Mastigoteuthidae, Octopoteuthidae, Ommastrephidae, Onycoteuthidae, Pholidoteuthidae, Thysanoteuthidae e Vampytoteuthidae). Histiotheuthida was the most representative family infrequency ofoccurrence and numerical abundance. The occurrence offishes, cephalopods and crustaceans in the stomach ofK. breviceps was observed. Among the three kinds ofprey reported, only cephalopods could be identified. Themollusks belonged to three distinct families ofsquid: A lloposidae, Cranchiidae e Enoploteuthidae. The results obtained in this study suggest that both sperm whale species feed on oceanic deep-water squids, what agrees with previous findings which recorded pelagic distribution of those cetacean species associated with deep diving for feeding purposes. Key-words: cetaceans,sperm whales, Physeter macrocephalus, Kogia breviceps, feeding. 1 Mestrando em Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto, Departamento de Engenharia de Pesca, Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), Universidade Federal do Ceará, Av. da Abolição, 3207, Fortaleza, Ceará. 3 Pós-graduada em Oceanografia Biológica, Departamento de Oceanografia, Fundação Universidade do Rio Grande, Rio Grande, RS, 96201-900. E-mail:oosras@[email protected] 4 Professor Adjunto, Departamento de Biologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE 60451-970. E-mail: [email protected] Arq. Ciên.Mar, Fortaleza,2003,36:67 - 75 I 67

NOTAS SOBRE A DIETA DE CACHAlOTES rCETACEA · P. macrocephalus também é considerado um cetáceo pelágico, podendo ser encontrado em todos os oceanos do mundo, porém evitando as

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NOTASSOBREA DIETADECACHAlOTESrCETACEA:PHYSETEROIDEAlENCALHADOSNOCEAR4NORDESTEDOBRASil

Noteson diet of spermwhales(Cetacea:Physeteroidea),strandedin CearáState,NortheasternBrazil

Lívio Moreira de Gurjão1, Manuel Antônio A. Furtado-Neto2, Roberta Aguiar dos Santos3,Paulo Cascon4

RESUMO

Entre 1996 e 1999foram coletados quatro conteúdos estomacaisde duas espéciesde cachalotes,três de Physetermacrocephalus e um de Kogia breviceps. Nos estômagosdos três exemplaresde P. macrocephalus foram encontrados2.779 bicos de cefalópodes.Estes moluscos foram identificados como pertencentes a, pelo menos, 15 famílias de lulas(Alloposidae,Ancistrocheiridae,Architeu thidae,Chiroteuthidae,Cranchiídae,Enoploteuthidae,Gonatidae,Histioteuthidae,Mastigoteuthidae, Octopoteuthidae, Ommastrephidae, Onycoteuthidae, Pholidoteuthidae, Thysanoteuthidae eVampytoteuthidae), sendo Histioteuthidae a mais representativa tanto em freqüência de ocorrência como em abundâncianumérica. No estômago de K. breviceps observou-se a ocorrência de peixes, cefalópodes e crustáceos. Dos três tipos depresasencontradas, só os cefalópodes puderam ser identificados. Os moluscos pertenciam a três famílias de lulas distintas:Alloposidae, Cranchiidae e Enoploteuthidae. Os resultados deste estudo sugerem que ambas as espécies de cachalotesalimentam-se de lulas oceânicas, em águas profundas, o que está de acordo com trabalhos anteriores que atribuem a estescetáceos distribuição pelágica, associada a mergulhos profundos para aquisição de alimento.

PaJavras-chaves:cetáceos, cachalotes,Physeter macrocephalus, Kogia breviceps, alimentação.

ABSTRACT

Between 1996 and 1999 four stomach contents of two sperm whale species were collected, three of Physetermacrocephalus and one ofKogia breviceps. A total of 2,779 squid beakswas obtainedfrom the stomachs of the threeP. macrocephalus specimens. Those mollusks were identified as belonging to at least 15families of squids (Alloposidae,Ancistrocheiridae, Architeuthidae, Chiroteuthidae, Cranchiidae, Enoploteuthidae, Gonatidae, Histioteuthidae,Mastigoteuthidae, Octopoteuthidae, Ommastrephidae, Onycoteuthidae, Pholidoteuthidae, Thysanoteuthidae eVampytoteuthidae). Histiotheuthida was the most representative family infrequency ofoccurrence and numerical abundance.The occurrence offishes, cephalopods and crustaceans in the stomach ofK. breviceps was observed. Among the three kinds

ofprey reported, only cephalopods could be identified. Themollusks belonged to three distinct families ofsquid: A lloposidae,Cranchiidae e Enoploteuthidae. The results obtained in this study suggest that both sperm whale species feed on oceanicdeep-water squids, what agrees with previous findings which recorded pelagic distribution of those cetacean speciesassociated with deepdiving for feeding purposes.

Key-words: cetaceans,sperm whales, Physeter macrocephalus, Kogia breviceps, feeding.

1 Mestrando em Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected] Professor Adjunto, Departamento de Engenharia de Pesca, Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), Universidade Federal do

Ceará, Av. da Abolição, 3207, Fortaleza, Ceará.3 Pós-graduada em Oceanografia Biológica, Departamento de Oceanografia, Fundação Universidade do Rio Grande, Rio Grande, RS,

96201-900. E-mail:oosras@[email protected] Professor Adjunto, Departamento de Biologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE 60451-970. E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

Os cachalotes são cetáceos pertencentes àsuperfamília Physeteroidea, englobando duas dife-rentes famílias - Kogiidae e Physeteridae - às quaispertencem os gêneros Kogiae Physeter, respectivamen-te (Fordyce &Barnes, 1994).Enquanto muitos autoresnão reconhecem a existência da primeira família,agrupando as duas espéciesdo gêneroKogiaePhysetermacrocephalus numa única família, Physeteridae(Heyning, 1997), existe um consenso quanto à deno-minação popular destes mamíferos marinhos, sendoconhecidos comum ente como cachalotes.

A família Kogiidae é composta por duas espéci-es pertencentes ao gênero Kogia:o cachalote pigmeu,K. breviceps (Blainville, 1838), e o cachalore anão, K.sima (Rice, 1998) - também chamado de Kogia simus(Owen,1866)por diversos autores. A família Physeterídaepossui uma única espécie, Physeter macrocephalus(Linnaeus, 1758).

Ambas as espécies do gênero Kogia possuemdistribuição pelágica e cosmopolita, podendo serencontrados em regiões temperadas, subtropicais etropicais em quase todo o mundo (Hetzel & Lodi,1993).Tanto K. brevicepsquanto K. sima costumamhabitar áreas próximas ao talude continental, sendoque esta última costuma alimentar-se mais próxima àplataforma continental (Baird et aI. 1996).

P. macrocephalus também é considerado umcetáceo pelágico, podendo ser encontrado em todosos oceanos do mundo, porém evitando as regiõespolares de ambos os hemisférios (Hetzel &Lodi, 1993).

No Brasil, existem registros de ocorrência de K.brevicepspara arquipélago de Fernando de Noronha,além dos estados de São Paulo (Carvalho, 1966),Rio deJaneiro (Hetzel & Lodi, 1993),Rio Grande do Sul (San-tos & Haimovich, 2001) e Ceará (Furtado-Neto, M. A.A. - comunicação pessoal). JáK. síma tem sua presençaconfirmada no litoral do Rio Grande do Sul (Pinedo,1987), Bahia (Hetzel & Lodi, 1993), Paraná (Zerbini &Kotas, 1998),São Paulo (Vicente et aI., 1998;Zampirolliet aI., 1998) e Ceará (Alves-Júnior et aI., 1996). Quantoà ocorrência de P. macrocephalusno litoral brasileiro,existem registros desde o nordeste até o sul do país(Hetzel &Lodi, 1993),incluindo um encalhe em massa,no estado do Rio Grande do Sul, em 1972 (Castello &Pinero, 1974). No Ceará, P. macrocephalusé apontadacomo a segunda espécie de cetáceo que mais encalhano litoral (Alves-Júnior et al., 1996).

Existia uma carência de informações sobre abiologia e abundância populacional de cachalotes,fazendo com que estes animais fossem classificadoscomo insuficientemente conhecidos pela literaturamundial (Klinowska, 1991). Atualmente, P.

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macrocephalus e K. brevíceps são considerados pelaIUCN -The World Conservation Union - como espé-cies vulnerável e insuficientemente conhecida, res-

pectivamente (IUCN, 2002). Mesmo enquadradosnestas categorias, muitos espécimes continuam sen-do mortos todos os anos, vítimas de interações comartes de pesca em todo o mundo (Zerbini & Kotas,1998). Estes autores relatam ainda a captura aciden-tal de K. sima e P. macrocephalusem redes pelágicas dederiva, no sul do Brasil.

Diante desta situação, torna-se necessário au-mentar os conhecimentos sobre diversos aspectos dabiologia dos cachalotes, como forma de auxiliar naelaboração de possíveis medidas para conservaçãodestes animais. Portanto, o presente trabalho foi rea-lizado com o objetivo de avaliar a dieta destes cetáceose posteriormente fazer inferências sobre a distribui-ção e comportamento dos mamíferos, baseado nohabitat e hábito das presas, uma vez que a distribui-ção e movimentação das espécies predadas influenci-am diretamente nos padrões de distribuição e movi-mentação de cetáceos em escalas temporal e espacial(Barros & Wells, 1998).

Além de ser um trabalho pioneiro no estudo dadieta de cachalotes encalhados no Ceará, este traba-lho fornece dados sobre os cefalópodes encontradosno nordeste brasileiro, principalmente porque cacha-lotes alimentam-se de uma grande variedade de orga-nismos de águas profundas, sobre os quais existepouca informação disponível (Best, 1999).

MATERIAL E MÉTODOS

Entre 1996 e 1999 foram coletados conteúdos

estomacais de um espécime de K. brevicepse de três P.macrocephalus, todos encalhados em quatro praiasdistintas do litoral cearense (Figura 1). Estas coletasforam realizadas durante atividades desenvolvidas

pela Associação de Pesquisa e Preservação deEcossistemas Aquáticos (AQUASIS).

Antes de realizar as necrópsias para coletar osconteúdos estomacais, os cetáceos foram primeiramenteidentificados segundo critérios adotados por Klinowska(1991) e/ou Hetzel & Lodi (1993), medidos com umatrena de 6 m de comprimento e um paquímetro comprecisão de 0,05mm (para morfometria mais detalhada)e posteriormente sexados.

Os conteúdos estomacais foram coletados no

mesmo dia em que as carcaças foram encontradas. Oespécimede K.brevicepsfoinecropsiadono LABOMAR(Instituto de Ciências do Mar da Universidade Fede-ral do Ceará), tendo-se realizado cada necrópsia de P.macrocephalus no próprio local de encalhe devido aogrande tamanho dos animais.

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AméricaDo Sul w

OceanoAtlântico

Ceará

Fortaleza S~ofeco

Caponga

Figura 1 - Locais de encalhe dos cachalotes no litoral cearense. P.m. - Physc/cr macrocephallls e K.b. - Kogia breviceps,

Durante as necrópsias, o trato digestivo doscetáceos foi removido e amarrado com um barbante

no início do intestino. A porção intestinal posterior àamarração foi seccionada e posteriormente descar-tada. O conteúdo estomacal de cada animal foi cole-

tado desde o início do esôfago, pois muitas vezespode ocorrer regurgitação antes do óbito do animal,até oestômago pilórico. Posteriormente, cada conteú-do estomacal coletado foi passado por urna peneiracom malha de 1,0 mm e lavado cuidadosamente comágua corrente, sob uma torneira. Os conteúdos esto-macais foram conservados separadamente em frascosde vidro devidamente eUquetados, contendo umasolução de etanol a 70%.

Para estudar o hábito alimentar dos cetáceos, osconteúdos estomacais foram retirados da solução epassados novamente pela peneira, para diminuiçãodo excesso de álcool. Em seguida, cada bolo alimentarfoi pesado e despejado individualmente em uma ban-deja, onde se realizou urna triagem para separaçãodos organismos predados: peixes (representados poresqueletos desarticulados), crustáceos (constituídospor indivíduossemidigeridos) e moluscos (indicadospelos bicos de cefalópodes) - além disso, tambémforam separados cristalinos ou lentes oculares. Cadacategoria de presas (peixes, crustáceos e moIuscos) foipesada separadamente, para que se obUvesse umapercentual de massa de cada item predado, em rela-ção à massa total de cada conteúdo estomacal.

Foram utmzadas referências bibliograficasespecializadas para tentar identificar os esqueletos

desarticulados de peixes e os crustáceos semidige-ridos, consumidos pelos cachalotes (Hgueiredo &Meneses, 1978, 1980; Menezes & Figueiredo, 1980,1985; Ruppert & Barnes, 1996). A quantificação des-tas presas, quando possível, foi realizada através decon tagem dire ta.

Os bicos de cefalópodes foram utiHzados paraq1,1antificar e qualificar os moluscos ingeridos. Naanálise quantitativa, estes bicos foram separados emsuperiores e inferiores, segundos critérios adotadospor Clarke & Maddock (1988). Destas duas catego-rias, a que apresentasse o maior número de estruturasrepresentava o número mínimo de cefalópodes con-sumidos. Para analisar qualitativamente os cefaló-podes ingeridos, os bicos foram enviados para o De-partamento de Oceanografia da Fundação Universi-dade do Rio Grande (FURG), Rio Grande do Sul. Aidentificação dos moluscos foi realizada através dadet~rminação do comprimento do rostro do bico infe-rior (LRL) e do rastro do bico superior (URL), con-forme Clarke (1986)e, com base nessas medidas, tam-bém foi possível estimar o comprimento do manto(ML) dos cefalópodes através de curvas de regressão,sempre que estas estavam disponíveis.

As presas identjficadas nos estômagos de P.macrocephallls foram analisadas quanto à freqüênciade ocorrência (FO) e percentagem numérica (%Num)(Gannonetal., 1997a; Gannon et aI., 1997b). A FO nãofoi considerada no estudo da dieta do cachalote pig-meu, pois somente um estômago foi analisado; porém,devido à diversidade de presas no estômago de K.'breviceps,considerou-seamassa de cada itempredado.

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RESULTADOS

As informações sobre os espécimes de cacha-lotes, condições de encalhe e conteúdos estomacaissão apresentadas na Tabela I.

Do total de bicos presentes nos estômagos de P.macrocephalus, aproximadamente 69% (n = 1.909)puderam ser identificados como pertencentes a 15diferentes famílias de lulas (Tabela 11)e 4% (n =115)foram apenas classificados como integrantes dasubordem Oegopsida. O restante dos bicos não pôdeser identificado devido ao desgaste.

As informações sobre a FO e %Num de cadafamília de lula nos estômagos de P. macrocephalussãoapresentados nas Figuras 2 e 3, respectivamente. Pode-seobservar nestas figuras a famíliaHistioteutlzidaecomo pos-suindo os mais altos valores de FO (3)e %. Num (76%).

Não foi possível estimar o comprimento domanto para todas as espécies de lula, devido à ausên-cia de equações de regressão. No entanto, para aque-las cujo comprimento pôde ser estimado percebeu-seuma variação entre 30,0 e 1.100,9 mm. Contudo, nagrande maioria das lulas (94%), o comprimento esti-mado do manto media até 200 mm, enquanto que em4,9% este variou entre 200 e 800 mm e apenas 1,1%possuía medidas superiores a 800mm (Figura 4).

O conteúdo estomacal do único exemplar de K.breviceps pesou 104,73g (Tabela I), revelando a pre-sença de peixes (61,67g-59%),cefalópodes (42,06-40%)e crustáceos (l,OOg-l%) como integrantes da dietadeste mamífero. Os peixes não puderam ser identifi-cados ou quantificados devido ao seu alto grau dedigestão e ausência de qualquer estrutura (ex: crâ-nios, caudas ou otólitos) que permitisse tal feito.

Tabela I - Informações sobre os espécimes de P. macrocephalus e K. breviceps que tiveram seus conteúdosestomacais coletados. CT - comprimento total, ·comprimento impreciso pela ausência de nadadeiracaudal, ? - animais cujo sexo não pôde ser determinado devido à mutilações, F - fêmea, M - macho, P- peso do conteúdo estomacal.

Figura 2 - Freqüência de ocorrência das famílias de lula nos estômagos dos trêsexemplares de p, lIIacrocep1zalus.

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Espécie CT Sexo Data de Local de P(g) Itens encontrados nos conteúdos

(m) coleta encalhe estomacais

P. lIIacroceplUllus 4,50 ? 10/01/96 Cofeco 8,61 141 bicos de lulas (51 superiores e 90inferiores)

P. lIIacroceplzalus 8,10 F 30/01/96 Caponga 90,61 1034 bicos de lulas (579 superiores e 455inferiores

P. lIIacrocep1zalus 7,20' ? 24/01/99 Taíba/ 186,92 1604 bicos de lulas (1018 superiores e 586Pecém inferiores) + 22 cristalinos

K.breviceps 2,17 M 22/03/99 Fortaleza 104,73 42 bicos de lulas (24 superiores e 18

inferiores) + esqueletos desarticulados depeixes + 6 cabeças de camarão

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Os crustáceos somente foram classificados como per-tencentes à ordem Decapoda, devido ao desgaste. Porsua vez, 15 bicos de cefalópodes foram identificadoscomo pertencentes a três diferentes espécies de lulas(Tabela 11)e nove exemplares só puderam ser identi-ficados até o taxon da subordem Oegopsida.

Não foi possível estimar o comprimento domanto de todas as lulas achadas no estômago de K.breviceps,devido à inexistência de equações de regres-são para H. atlanticus e L. reinhardti (Tabela 11).A.veranyi foi o único cefalópode cujo comprimento domanto pôde ser estimado, portanto foi possível perce-ber que 77%dos indivíduos mediam entre 35 e 45mm.

Tabela Ir - Informações sobre as lulas identificadas no conteúdo estomacal dos espé-cimes de P. macrocephalus e K. breviceps. Os dados relativos ao comprimento do mantodas lulas são referentes às famílias e não às espécies. ? - informação indisponível.

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Família N° de Comprimento Desvio Amplitude doEspécie(s) lulas médio padrão comprimento

(mm) (mm) (mm)

P. macrocephalus

Alloposidae Haliphron atlanticus] ? ? ?

Ancistrocheiridae 8 135,4 47,2 ]71,7-265,4Ancistrocheirlls lesueurii

Architeuthidae 1 ? ? ?

Architeuthis sp.Chiroteuthidae 34 120,2 ],2 119,0-121,5

Chirotellthis spp.Cranchiidae ]41 508,3 ]22,2 215,2- 1100,9

Liocranchia reinhardti

Megalocranchia maxima

Megalocranchia sp.

Taonius sp.

Enoploteuthidae 7 37,6 4,2 30,0-46,5Abralia verallyi

Gonatidae 26 257,4 25,5 192,4-299,6

GOllatus sp.Histioteuthidae 1447 93,4 9 3],4-]70,9

Histiotellthis arcturi

Histiotellthis d. arcturi

Histioteuthis spp.

Mastigoteuthidae 2 ]45,1 13,1 158,1-132,0

Mastigoteut/lis sp.

Octopoteuthidae 91 ]45,] 7,8 120,9-166,0

Octopotellthis sp.

Ommastrephidae 5 356,9 92,6 232,9-462,8Ommastrephis bartramii

Onycoteuthidae 16 203,8 11,5 ]74,]-225,401lycoteuthis ballksii

Pholidoteuthidae 2 336,3 35,7 300,6-372,0Pholidoteuthis adami

Thysanoteuthidae 2 113,7 17,7 419,4-463,6Thysalloteuthis rhomblls

Vampyroteuthidae 12 110,4 15,1 103,2-181,8Vampyrotellthis illfernalis

K. brevicevs

Enoploteuthidade 13 40,3 3,1 33,1-48,7

Abralia veranyi

AlIoposidae 1 ? ? ?

Haliphron atlanticlIsCranchiidae 1 ? ? ?

Liocranchia reillhardti

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Figura 3 - Porcentagem numérica das famílias de lula nos estômagos dos três exemplares deP. lIlucroceplzallls.

o0-200 200-800 800-1200

Intervalos de corrprirrento (mn)

Figura 4 - Comprimento estimado do manto dos cefalópodesencontrados nos conteúdos estomacais dos três espécimes deP. mucrocepllullls.

DISCUSSÃO

A ocorrência de cristalinos no conteúdo estoma-

cal de um dos espécimes de P. macrocephalus(Tabela11)pode ser atribuída à presença de peixes como inte-grantes da dieta deste cetáceo. Hetzel & Lodi (1993)afirmaram que P. macrocephalusalimenta-se de lulas,peixes (incluindo elasmobrânquios) e crustáceos. Best(1999) registrou até a presença de tunicados no con-teúdo estomacal de cachalotes, no entanto reportouque cefalópodes são oprincipal alimento deste cetáceo,o que é bastante condizente com a grande predomi-nância destes moluscos nos conteúdos estomacais de

P. macroceplzalusobservados no presente trabalho.

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A elevada diversidade de lulas identificadas nos

estômagos dos espécimes de P. macrocephalus(TabelalI), sugere que este cetáceo alimenta-se de uma grandevariedade de cefalópodes. Clarke & Roper (1998) tam-bém encontraram 15 famílias de cefalópodes numúnico estômago de cachalote, enquanto que Clarke &Young (1998) relatam a ocorrência de 14 famílias emestômagos de exemplares de P. macrocephalus.

Os altos valores FO e %Num apresentados pela.família Histioteuthidae (Figuras 2e 3), podem indicaruma predominância destas lulas na dieta de P.macrocephalus. Clarke & Young (1998) encontraramresultados semelhantes, afirmando ser a famíliaHistioteuthidae um dos maiores constituintes da di-

eta desta espécie de cachalote. Clarke & Roper (1998),estudando o conteúdo estomacal de P. macrocephalllsna Nova Zelândia, observaram que mais de 78% dosbicos de lulas encontrados pertenciam à imediata-mente supracitada família de cefalópodes. Palácios(1996) citou diferentes trabalhos reportando que, nasIll'!as Galápagos, cachalotes alimentam-se principal-mente de lulas da família Histioteuthidae. Portanto,os resultados encontrados neste trabalho estão de

acordo com informações anteriormente citadas pordiversos autores.

O predomínio de lulas de pequeno tamanho nosestômagos de P. macrocephalus(Figura 4) está de acor-do com as observações de Clarke & Roper (1998), quetambém registraram a ocorrência de lulas com com-primento estimado do manto inferior a 200 mm, inclu-indo indivíduos da família Histioteuthidae, em con-teúdos estomacais de cachalotes. No entanto, estesresultados contrapõem as informações citadas porHetzel & Lodi (1993), que afirmaram que a maioria

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Page 7: NOTAS SOBRE A DIETA DE CACHAlOTES rCETACEA · P. macrocephalus também é considerado um cetáceo pelágico, podendo ser encontrado em todos os oceanos do mundo, porém evitando as

das lulas ingeridas por cachalotes mede de 200 a1.000 mm. Porém isso pode ser explicado pelo fato deque nenhum dos espécimes de P. macrocephalusaquiestudados era adulto, e, como se tratavam de animaisjovens, era de se esperar que o comprimento das lulaspredadas fosse menor. Best (1999) observou que tantoos grandes cachalotes quanto os de tamanho media-no tendem a alimentar-se de cefalópodes maiores queos ingeridos por fêmeas ou juvenis.

Quase todas as 15 famílias identificadas nos es-tômagos de P. macrocephalus(Tabela 11)são exclusiva-mente pelágicas, com exceção de Enoploteuthidae, quetambém pode ser encontrada em ambientes neríticosprofundos (Rios, 1994; Santos & Haimovici, 2001;Young et aI.,2001). Normalmente estas lulas habitamáreas próximas ao talude continental, sendo captura-das em profundidades que variam de 400 a 1200metros(Young et aI.,2001). Estas informações suportam rela-tos anteriores de que P. macrocephalusé um cetáceopelágico e apresenta comportamento de mergulhar agrandes profundidades para alimentar-se (Klinowska,1991; Hetzel & Lodi, 1993; Palácios, 1996).

A ocorrência de cefalópodes, peixes e crustáceosno conteúdo estomacal do exemplar de K. breviceps(Tabela I)está de acordo com trabalhos anteriores, quereportaram estes mesmos tipos de presa em estômagosde cachalote pigmeu (Baird et aI.,1996;McAlpine et aI.,1997). Apesar da grande quantidade de lulas no estô-mago do espécime de K. breviceps,não é possível fazerqualquer inferência quanto à preferência alimentar destecetáceo, pois os peixes não puderam ser quantificadose somente o conteúdo estomacal de um único indiví-duo foi estudado. No entanto, autores como Hetzel &Lodi (1993)afirmaram que ocachalote pigmeu alimen-ta-se basicamente de lulas, embora, ocasionalmente,possa ingerir peixes e crustáceos.

O maior percentual de massa de peixes (59%),em relação a cefalópodes (40%)e crustáceos (1%),nãosignifica necessariamente que o exemplar de K.breviceps ingeriu mais peixe do que qualquer outroitem alimentar, pois se tem que levar em consideraçãoas diferentes taxas de digestibilidade das presas. Se-gundo Gannon et aI. (1997a; 1997b), a digestão decefalópodes ocorre mais rapidamente que a de outrositens alimentares, o que pode provocar uma subesti-mação do percentual de massa dos moluscos, em re-lação ao de outras presas.

Apesar de nenhum dos peixes encontrados noestômago de K. brevicepster sido identificado, existemregistros de que este cetáceo se alimenta diferentesespécies de Teleostei no Atlântico Norte: Gadus sp.,Lampanyctus sp., Maurolicus muelleri, Photichthysargenteus, Pyrosoma sp., Rexea solandri, Scopelopsismultipunctatus e Symbolophorus sp. (Baird et aI., 1996;McAlpine et aI., 1997).

Baird et aI. (1996) citaram a ocorrência de cama-rões do gênero Penaeusna dieta de K. breviceps.Portan-to, não se deve excluir a possibilidade de que os ca-marões ingeridos pelo exemplar de cachalote pigmeu(Tabela I) se tratem de peneídeos, devido a sua abun-dância no litoral cearense (Braga, 2000).

As lulas identificadas no conteúdo estomacal

do espécime de K. breviceps (Tabela 11)estão de acordocom trabalhos anteriores, que reportaram a presençade Abralia sp. e Histioteuthis spp. na dieta do cachalotepigmeu e classificaram as lulas da famíliaHistioteuthidae como sendo uma das principais presasdeste cetáceo (Santos & Haimovici, 2001). Estes auto-res reportaram também que K. brevicepsse alimenta delulas da espécie A. veranyi com comprimento médiode manto estimado em 36 mm, o que é bastante con-dizente com o tamanho médio das lulas A. veranyiobservado no presente trabalho (Tabela 11).

A. veranyi é uma espécie associada a regiõesneríticas distantes, sendo capturados em profundida-des de 700 a 800 metros (Young et aI. 2001), em áreaspróximas ao talude continental (Rios, 1994). L.reinhardti é considerada uma espécie pelágica (Santos& Haimovici, 2001) que realiza grandes migraçõesverticais, também sendo encontrada em torno de 700metros de profundidade (Young et aI., 2001). Já H.atlanticus ocorre é uma espécie com distribuição vari-ando de meso a batipelágica e está comumente asso-ciado ao substrato oceânico, sugerindo uma ocorrên-cia bentopelágico ao longo do talude continental(Young et aI. 2001). A distribuição destas lulas, des-crita anteriormente, confirma o hábito oceânico atri-buído a K. breviceps, além dos mergulhos de grandesprofundidades em busca de alimento, já descrito naliteratura (Klinowska, 1991; Hetzel & Lodi, 1993).

CONCLUSÕES

1. P. macrocephalus alimenta-se de uma grandediversidade de cefalópodes, com destaque para aslulas da família Histioteuthidade, com maior freqüên-cia de 0corrência e percentagem numérica.

2. K. brevicepspossui dieta diversificada, alimen-tando-se de peixes, cefalópodes e crustáceos.

3. Lulas oceânicas e de águas profundas sãointegrantes da dieta de ambas as espécies de cachalote.Estes dados confirmam as informações da literaturacientífica, que atribui a estes cetáceos uma distribui-ção pelágica, associada a mergulhos profundos paraaquisição de alimento.

Agradecimentos - Os autores agradecem aoLABOMAR/UFCpelouso desuas dependências,bemcomo aos amigos da AQUASISpelos ensinamentos,

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empréstimo de material bibliográfico e coleta dos con-teúdos estomacais. Agradecemos também à professo-ra Maria Elisabeth Araújo, da Universidade Federaldo Pernmbuco (UFPE) e a dois revisores anônimos,pelas sugestões e correções do manuscrito.

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