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NOTAS SÔBRE A GEOLOGIA DA GUINÉ. PORTUGUESA POR JUDITE DOS SANTOS PEREIRA ASSISTENTE DO GRUPO DE MINERALOGIA E GEOLOGIA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DO PÔRTO Tem grande interêsse para o estudo geológico da Guiné portuguesa a nota de HUBERT: Sur la géologie du Sénégal et des régions voisines (1); segundo êste autor as indicações rela- tivas aos terrenos senegaleses e aos das regiões limítrofes poderão ser aplicadas às formações da nossa colónia. Para êle, as rochas existentes ria vasta superfície compreendendo o Senegal, as regiões francesas adjacentes, a Gâmbia inglesa e a Guiné portuguesa devem incluir-se, umas, numa série recente (Cretácico ao Holoceno) e outras em séries antigas (ante- -carboniferas). Baseado na observação de exemplares provenientes do Senegal e em esclarecimentos adquiridos em vários itinerários que percorreu, asseverou, que a partir do afloramento do Gombo, que tinha assinalado anteriormente (2), o limite das formações recentes (classificadas por CHUDEAU eocénicas) se dirige, na extensão de 500 quilómetros, para Sudoeste e não para Oeste, como f'Ht:DEAU indicara. Assim, o limite da série recente, que acompanha em certa extensão o leito do Kuluntu, entra na Guiné portuguesa a Leste de Pirada e passa muito perto de Bafatá (1). Referiu-se aquêle autor à falta de informações sôbre a localização do contacto em território português, além de Bafatá; no entanto, admitiu que êste limite devia atingir o Atlântico, entre Bissau eo Norte da fronteira da Guiné fran- cesa, provãvelmente, entre os rios Cacine e Tombali.

NOTAS SÔBRE A GEOLOGIA DA GUINÉ. PORTUGUESA · ASSISTENTE DO GRUPO DE MINERALOGIA E GEOLOGIA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DO PÔRTO ... noções. de sistemática. 11. dos terrenos

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NOTAS SÔBRE A GEOLOGIA

DA GUINÉ. PORTUGUESA

POR

JUDITE DOS SANTOS PEREIRAASSISTENTE DO GRUPO DE MINERALOGIA E GEOLOGIA

DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DO PÔRTO

Tem grande interêsse para o estudo geológico da Guinéportuguesa a nota de HUBERT: Sur la géologie du Sénégal etdes régions voisines (1); segundo êste autor as indicações rela­tivas aos terrenos senegaleses e aos das regiões limítrofespoderão ser aplicadas às formações da nossa colónia. Paraêle, as rochas existentes ria vasta superfície compreendendo oSenegal, as regiões francesas adjacentes, a Gâmbia inglesa e aGuiné portuguesa devem incluir-se, umas, numa série recente(Cretácico ao Holoceno) e outras em séries antigas (ante­-carboniferas).

Baseado na observação de exemplares provenientes doSenegal e em esclarecimentos adquiridos em vários itineráriosque percorreu, asseverou, que a partir do afloramento doGombo, que tinha assinalado anteriormente (2), o limite dasformações recentes (classificadas por CHUDEAU eocénicas) sedirige, na extensão de 500 quilómetros, para Sudoeste e nãopara Oeste, como f'Ht:DEAU indicara. Assim, o limite da sérierecente, que acompanha em certa extensão o leito do Kuluntu,entra na Guiné portuguesa a Leste de Pirada e passa muitoperto de Bafatá (1).

Referiu-se aquêle autor à falta de informações sôbre alocalização do contacto em território português, além deBafatá; no entanto, admitiu que êste limite devia atingir oAtlântico, entre Bissau e o Norte da fronteira da Guiné fran­cesa, provãvelmente, entre os rios Cacine e Tombali.

SGP
Referência bibliográfica
Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Vol. II, Fasc. I, 1943.

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Numa outra nota, diz RUBERT (4) _que o contacto seencontra na vizinhança de Bafatá, baseando esta opinião nofacto da bordadura das formações terciárias, em todo o Senegale na Mauritânia, ser marcada pela presença de xistos e, sobre­tudo, de quartzitos antigos, assim como na existência, em,Bafatá, de quartzitos situados a pequena. profundidade,' sôbreos quais assentam, imediatamente, grés ferruginosos (formaçõesrecentes).

Nesta localidade, relata HUBERT, foi colhido por COUTOULY,

a 12 metros de profundidade, um quartzito xistoso, muitoanálogo aos que' se encontram mais a Leste, no leito doKuluntu, na proximidade das formações eocénicas.

Depois das afirmações que citamos, concluiu que o limitedas formações terciárias, na Guiné portuguesa, éo bôrdoocidental das rochas sedimentares antigas. pelo menos, desdea fronteira Norte até Baíatâ.

Além desta conclusão, deu um elemento igualmente útilpara a delimitação entre os terrenos antigos e recentes: a sériesedimentar recente da parte mais ocidental do Oeste africano,de que determinara a extensão em território francês, ocuparia,na colónia portuguesa, a região ocidental, esquernãticamentedeterminada por uma recta passando por Pirada e Baíatã,englobando o arquipélago de Bijagós, Anàlogamente ao queestabelecera na nota já citada (1), a série recente devia encon­trar o Atlântico entre os rios Cacine e Tombali.

HUBERT indicou, ainda (4), uma divisão, que consideroumuito esquemática, dos três tipos de formações que domina­riam na nossa colónia. A Oeste duma linha Pirada-Bafatá,encontrar-se-iam terrenos eocénicos, sôbre os quais repousamrochas ferruginosas (sobretudo grés ferruginosos), cuja idadenão está fixada. certamente recentes. Admite a probabilidadedestas formações serem atravessadas por basaltos, COmo se veri­fica na península de Cabo-Verde (5). Na porção ocidental doterritório português. ao Sul de Missira, apareceriam grés sili­ciosos horizontais, antigos [devónicos). Mencionou, além disso,uma faixa de rochas sedimentares metamorfizadas (xistos micá­ceos e quartzitos) que atravessaria obliquamente a Guiné, entreas duas séries enumeradas, acrescentando que êste conjunto de

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terrenos, reconhecido entre Missira, Pirada e Bafatá, mostraintrusões de tipos eruptivos básicos.

A existência da zona metam6rfica foi contestada porMALAVOY e JACQUET (6), os quais reconheceram, no entanto,o aparecimento, a Este, de xistos metamorfizados, localmente,aos quais se sobrepõem formações terciárias ou post-terciárias.

Uma observação feita pelos mesmos geólogos confirma ahipótese, formulada por RUBERT, de que a série recente atingiriao mar; verificaram aquêles autores que uma das formações dasérie, o grés argiloso, se estende até ao rio Tombali.

Séries antigas (ante-carboníferas)

Nos terrenos que denominou paleozóicos (1), RUBERT dis­tinguiu três grupos de rochas: xistos cristalinos, rochas sedimen­tares metamorfizadas e grés siliciosos horizontais. As rochasmais antigas, os gneísses., foram observados num pequenonúmero de afloramentos e a designação de rochas sedimentaresmetamorfizadas J<fi aplicada a um' conjunto de quartzitos,xistos (micãceos e anfib6licos), brechas e calcários.

A idade das rochas sedimentares foi atribuída, provisoria­mente, ao Silúrico; aquêle geólogo verificou (7) que, nasregiõesr.que percorreu, onde as encontrou em grandes exten­sões, eram sempre posteriores aos xistos cristalinos e represen­tadas, principalmente, por xistos micáceos e quartzitos.

Em 1917 (I), mencionou intrusões de rochas eruptivas(diâbases, granitos e traquitos) nos terrenos antigos.

Entre as formações primárias da Guiné, localizou RUB,ERT

rochas sedimentares metamorfizadas, grés siliciosos horizontaise diábases.

Atendendo às suas afirmações, já atrás citamos afloramen­tos de tais rochas sedimentares metamorfizadas, situados entrea fronteira setentrional e Baíatâ,

Além da referência aos quartzitos existentes neste local,descreveu também filões de quartzo que, na sua opinião, s6

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podem provir de xistos micaceos: estas intrusões distribuem-seabundantemente, ao longo da fronteira franco-portuguesa, entreMissira e Pirada (4). É de opinião, além disso, de que olimite setentrional dos afloramentos grêsosos que abrangem aregião de Kindia encontra a Guiné portuguesa, provàvelmente,à altura do meridiano passando por Pai-Ai-Gal e entra nova­mente na Guiné francesa, a Norte de Missira.

Por outro lado, as indicações do relêvo das cartas portu­guesas permitem supor (4) que tõda a região circunscrita pelorio Corubal, a Leste do meridiano passando por Pai-Ai-Gal, éocupada por grés siliciosos, em continuação com os da Guinéfrancesa. Os grés paleozóicos penetram igualmente em terri­tório português, entre Kadé e Missira. Numa publicação poste­rior (8), confirmou HUBERT a indicação referente ao apareci­mento dos grés siliciosos, na nossa colónia, a partir de Missira.

MALAVOY e JACQUET, em resultado de observações reali­zadas por êles na Guiné portuguesa, em 1934, precisaram emodificaram as idéias de HUBERT, àcêrca dos terrenos antigos.Verificaram, assim, que a série antiga é representada por gréssiliciosos que passam lateralmente a quartzitos e assentam em _concordância, pelo menos aparente, sôbre xistos atravessadospor doleritos. Aludiram à continuação da série pelas formaçõesgresosas e montanhosas do Futa-Djalon e- notaram que o seulimite ocidental segue, sensivelmente, os leitos dos rios Oeba eTornbali ; observaram a erosão acentuada das rochas, a que sesobrepõe um manto aluvionário, destacando a zona de contactocom a série recente como a região que apresenta os relevosmais nítidos e a lateritização mais avançada.

Aquêles autores notaram, também, a sub-horizontalidadedas rochas antigas na região do rio Oeba, em Contubo, Bafatá, eem Xitoli e Lambessé (rio Coruba\) e observaram que, nas pro­ximidades da Guiné francesa, a 30 quilómetros a Sudeste deGabú, os mesmos grés, muito quartzosos, inclinam 40 a 50°para Sudoeste. Assinalaram mais, em Kandiadude, um aflora­mento grêsoso com uma altura de 6 a 8 metros, que se levanta,bruscamente, acima das aluviões.

O SNK. TENENTE-CORONEL CARVALHO VIEGAS, .no seu livroGuiné Portuguesa, transcreve parte de um relatório do

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ENG.O GOMES DE SOUSA que em missão de estudo visitou estacolónia em 1927, em que se diz que a Leste do Corubal são osgrés as rochas predominantes, os quais constituem grandesafloramentos próximo da povoação de Oabú, no caminho de Boé.

Apesar da falta de fósseis, HUBERT diz que os grés sili­ciosos horizontais apontados na região de Kindia podem serenglobados na série a que pertencem os da Mauritânia (devó­nicos) e os do Sudão.

Para CHUDEAU (la), os grés que constituem os planaltosdum grande número de regiões sudanesas (grés de Bandiagarae de Hambori) parecem muito semelhantes aos grés daSerra da Mesa (Capformation), que são devónicos.

Adoptando pois o critério de HUBERT, devíamos colocar osgrés siliciosos da Guiné portuguesa no Devónico; porém,a opinião de FURON àcêrca da idade dos grés sudaneses, aliadaà falta de indicações sôbre as formações subjacentes aos terrenosgrêsosos da nossa c-olónia, 'complica o problema da fixação da

.idade destas rochas../

FURON incluíu a série grêsosa do Sudão no Ordoviciano (11 ).Para êste, o conjunto de terrenos paleozóicos reünidos

sob a designação de «grés horizontais-agrupa, talvez, rochascâmbricas, silúricas (ordovicianas e gotIandianas) devónicas ecarboníferas.

A série mais antiga, xisto-calcária, localiza-a, na Guiné,Sudão e Mauritânia, na base de tôdas as arribas de erosão quelimitam os planaltos primários. Atribui-a ao Câmbrico.

A êstes depósitos sobrepõem-se, na Guiné, grés corres­pondentes aos grés inferiores tassilianos. FURON classifica.oscomo ordovicianos (12). Surgem, também, em grandes super-fícies, no Sudão e na Mauritânia. .

O Gotlandiano está representado na Guiné francesa por. xistos com graptolites.

. Aos xistossilúricos seguem-se, na Guiné francesa, Saaráe Mauritânia, grés devónicos, que são fossilíferos nesta últimaregião. Os terrenos primários terminam com os depósitos calcá­rios do Carbónico inferior, fossilíferos na Mauritânia e Niger.

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HUBERT coloca na série que compreende os grés da Mau­ritânia (devónicos) e do Sudão as formações gresosas deKindia, acentuando que estão ligadas geogràficamente àquelase têm os mesmos caracteres litológicos. Afloramentos queaparecem, especialmente, no leito do Gâmbia e no do Falêrné,fazem a ligação dos grés de Kindia com os de Tambura(Sudão) (11).

Os grés paleozóicos da nossa colónia estariam, assim,ligados aos do Sudão.

À divergência de opiniões àcêrca da idade dos gréssudaneses que, pelo critério de HUBERT, seria a dos grés portu­gueses, juntam-se diferentes observações, que vamos citar, sôbrea idade dos terrenos grêsosos da Guiné francesa e sôbre aexistência na região de Kindia de grés posteriores a xistosgotlandianos.

A importância desta descoberta é evidente, se recordarmosas declarações publicadas por HUBERT, em 1917, relativas aoprolongamento dos grés siliciosos franceses no território portu­guês; com elas concorda a opinião de MALAVOY e JAcQuET,deque a série antiga se continua pelas formações gresosas e mon­tanhosas de Futa-Djalon,

HUBERT, que assinalara o grande desenvolvimento de gréssiliciosos horizontais, não fossilíferos (devónicos) na Guinéfrancesa, considerou-os depois câmbricos ( 13).

SINCLAIR colocou, igualmente, no Câmbrico superior, osterrenos gresosos que ali existem e se estendem desde a fron­teira da Guiné portuguesa à Serra Leoa. Sôbre estas rochas,SINCLAIR encontrou, a Sudoeste de Télirnelé (círculo de Kindia),xistos argilo-piritosos com Monograptus priodon, concordantescom as formações inferiores (14). Esta espécie foi tambémreconhecida em amostras provenientes do jazigo de Télímêlépor LECOINTRE e LEMOINE (15).

O PROF. LACROIX, segundo o qual tôda a África ocidentalfrancesa, com excepção da região do Saará, mostra uma grandehomogeneidade litol6gica e constitui uma província calco-alca­lina perfeitamente definida (16), juntou às noções de sistemática

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dos terrenos que as compõem, empregadas por HUBERT (7),outras relativas à idade das mesmas formações. No conjuntode rochas sedimentares metamórficas, que denominou sériexistosa azóica, distinguiu: xistos (Birrimiano dos geólogos daCosta-do-Ouro), brechas metamórficas (Tarkwaiano da Costa­-do-Ouro, comparado pelos ingleses à série do Witwatersandda África do Sul) e quartzitos (assimilados pelos ingleses àsérie" de Pretória). Indicou ainda, que a série xistosa suportapoderosos depósitos horizontais ou sub-horizontais, essencial­mente constituídos por grés, formando uma série continua doSilúrico ao Carbónico.

JACQUET e NICKLÉS notaram o aparecimento, na Guinéfrancesa e no Sul do Senegal, de grés que consideraram elemen­tos da série enrugada câmbrica (?), ou câmbrico-ordoviciana:incluiram os grés que aparecem numa parte do Sudão (SW),da Guiné (.Futa-Djalon) e da Mauritânia (Afolé, Assaba, Tagante Adrar), na série sub-horizontal, câmbrico-ordoviciana (7).

Os grés da série! sub-horizontal devem corresponder aosque SINCLATR incluíu .no Câmbrico, pois para JACQUET e NICKLÉS, àsérie que os abrangé, seguem-se em Telimelé xistos gotlandianos.

CHÉTELAT (Í8), fundado nas analogias de fácies· e naposição estratigráfica do jazigo de Telimelé, atribuíu ao Gotlan­diano tôda a série de rochas que se estende entre o maciço deFuta-Djalon e a Guinéportuguesa, e descobriu em 1937 e 1938,novos jazigos fossilíferos, os quais comprovam a hipótese daextensão considerável do Gotlandiano no Oeste da Guiné fran­cesa e Leste da Guiné portuguesa.

O aparecimento de Clarkeia antisiensis em Saint-lean-Ouérné,na foz do rio Nunez, indica, segundo FURON, que o Ootlandianoda colónia francesa se estende até às proximidades do mar (19).

CHÉTELAT formulou a hipótese da existência no domíniofrancês do Dev6nico inferior (20). Confirmando parcialmentea sua suposição de que o Devónico da Guiné francesa, desco­nhecido até 1938, devia ser xistoso ou gresoso (21) encontrou,em 1939, naquele território, dois jazigos fossilíferos nos grése quartzitos sobrepostos aos xistos gotlandianos. Blocos degrés compacto forneceram Trigerla af. Ouerangeri e outrosbraquiópodos indetermináveis; um grés sacaróide mostrou

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fósseis que poderiam pertencer aos géneros Meganteris eAmphigenia.

Pelo estudo dos fósseis que encontrou, concluiu que ahipótese da· representação do Devónico inferior na Guinéfrancesa tende a confirmar-se e que esta descoberta prova,igualmente, que depois do Gotlandiano, o regime marinhocontinuou, com passagem duma fácies xistosa a uma fáciesgresosa, predominante. Recordemos a indicação de FURON" (11)concernente à extraordinária persistência das íâcies, que semanifesta em milhares de quilómetros, desde Marrocos até àsimediações da África equatorial.

As indicações fornecidas pelos trabalhos. citados, peloesbôço geológico do Oeste da Guiné francesa traçado porCHÉTELAT (21) e pelo reconhecimento efectuado por D. B. DOYLE

em 1936, levam a admitir a existência na nossa colónia doOrdoviciano (grés vermelhos feldspáticos, grés siliciosos equartzitos) e do Gotlandiano (xistos).

Um problema cuja solução está ligada à daquele, é o dadeterminação da idade relativa das diábases que atravessam osxistos a que acima nos referimos.

A presença de diábases, na África ocidental francesa, foiassinalada por diferentes geólogos.

HUBERT, que tinha citado importantes maciços de diábasessituados no Nordeste da Guiné francesa (~2), deduziu, posterior­mente, apoiado na possança dos sedimentos em que repousam,que as erupções diabásicas se deram durante um períodomuito longo, com uma actividade variável e descontínua,caracterizada por demoradas fases de tranqüilidade, a que cor­respondem espêssas sedimentações, entre as quais destacoucamadas de quartzitos com 100 metros de altura, intercaladasentre diábases, distribuídas em doze mantos sobrepostos, repar­tidos entre o leito do Gâmbia e o pôsto de Mali.

A falta de fósseis impediu-o de fixar a idade das mani­festações eruptivas; apesar disso, pensou que as mais recentesfôssem contemporâneas do grés de Tambura, provàvelmentedevónicos (23).

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Nos grés que se seguem a xistos análogos ãquêles em queSINCLAIR reconheceu MOflograptus, existentes a Norte do rioSenegal, aparecem também intrusões de diábases (13).

As diábases da região ao Norte de Bafulabé (Alto Sene­gal e Niger), onde estas formações são muito abundantes, mos­tram-se em mantos, dispostos sôbre os grés siliciosos e asrochas sedimentares associadas, ou sob a forma de filões--camadas, intercalados naqueles terrenos (24). •

Jonor encontrou afloramentos dolerfticos no Sudão oci­dental francês, onde metamorfizam grés horizontais; adoptandoa escala de FURON para a classificação das rochas metam6rficas,considerou-os, pelo menos, superiores ao Silúrico (25).

Os esclarecimentos que acabamos de citar, levam à con­clusão de que nas regiões vizinhas da Guiné portuguesa; a idaderelativa das diábases é variável, mas post-ordoviciana; essavariabilidade revela-se não s6 ao comparar a idade das forma­ções das várias colónias, mas na presença de afloramentos adiferentes níveis, na mesma região (26).

CHÉTELAT é de-opinião que os doleritos são posteriores aoGotlandiano, sendo/considerados na África ocidental como pos­teriores ou contemporâneos do Carbónico (21).

Segundo FLJRON (27) os sedimentos câmbrico-silúricos sãoatravessados por mantos eruptivos básicos.

Para RUBERT, alguns dos terrenos da Guiné portuguesademonstram a regra, registada na África ocidental, da pre­sença de intrusões básicas nas rochas sedimentares metamorfi­zadas (4). Segundo as suas indicações, às quais fizemos refe­rência na pág. 5, comprovam-na as colheitas de diábases aque procedeu COUTOLY em Ponte-Nova e a 10 quilómetros deBafatá e as observações de MALAVOY e JACQUET, segundo osquais as diábases que se vêm com freqüência, principalmentena bordadura ocidental dós terrenos antigos, atravessam osxistos, em Batata.

Existe um afloramento diabásico em Contubo-El, locali­dade da circunscrição civil de Batata, do qual obtivemos amos­tras, a cujo estudo nos referiremos.

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Série recente (Cretácico ao Holoceno)

Segundo HUBERT, os depósitos mais antigos desta sériesão constituídos por calcários e margas, com intercalaçõesde argila.

Na opinião de DOUVILLÉ, êstes terrenos seriam eocénícos.Seguem-se-Ihes grés argilosos e argilas, mais ou menos

arenosas, estéreis; superiormente. aparecem com freqüênciaareias, muitas vezes com estratificação entrecruzada e comligeira aglomeração de argila.

Tôdas as rochas a que fizemos referência se encontram emprofundidade, na maior parte da região dos terrenos recentes;a acção prolongada de agentes superficiais explica a abundânciade hidrato de ferro, observada na porção superficial de váriosdepósitos.

Os depósitos imediatamente mais modernos, são consti­tuídos por areias pleistocénicascom fauna marinha; HUBERT

pensou poder agrupar-lhes grandes acumulações de areias, porvezes estéreis, que se encontram não só no litoral como nointerior.

As formações mais recentes abrangem um cordão litoral,dunas fixadas temporàriamente (inverno), laterites e grés ferru­ginosos.

Já atrás indicamos a distribuição do grés argiloso, recente,observada por MALAVOY e JACQUET, na nossa colónia.

Os mesmos geólogos notaram que os terrenos se elevamgradualmente à medida que se aproximam das formações anti­gas e que a rêde dos vales é mais importante que a da regiãodo Senegal. Além dêstes dados, referiram-se a desnivelamentosque atingem, ou ultrapassam, 30 metros, os quais têm impor­tância, principalmente, no contacto com aquelas formações;salientaram a raridade dos afloramentos da série recente, origi­nada pelas aluviões fluviais, produtos de lateritização e ferrugi­nazação e argilas arenosas vermelhas, que ocultam os grésargilosos, imediatamente subjacentes.

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Evidenciaram a semelhança dos terrenos recentes com osda Mauritânia e Senegal, analogia demonstrada pela aberturade poços.

Na Guiné, a série é cortada, como naquelas regiões, porleitos mais argilosos e algumas vezes, por caulinos que salien­tam a horizontalidade das camadas e determinam níveis de água.

Em 1917 (4), RUBERT assinalou a presença na praia deBissau de calcários fossilíferos, revestidos por uma argila. dedescalcificação e imediatamente inferiores a grés ferruginosos;acentuou que a disposição dos terrenos ali verificada é a que senota em Lama (Daorné) (30) e em Rufisque (Senegal). Comoos calcários lhe parecessem muito comparáveis aos do Daomée da Costa do Marfim considerou-os landenianos.

MALAVOY e JACQUET descreveram aquelas rochas comosendo margas calcárias, amareladas, ricas em conchas delamelibrânquios; relatam que as observaram, também, no I1heudo Rei, em frente de Bissau. Na costa dêste ilheu, a arribaatinge em alguns lugares 4m,5; a um calcário com ostrídeos,Pecten, outros lamelibrânquios, gastrópodos e polipeiros, comuma espessura de 20 centímetros, sobrepõe-se uma laterite gre-

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sosa, que atinge a altura de 4 metros.Êstes calcários, incluídos no Eoceno, pareceram a MALAVOY

e ]ACQUET idênticos aos de N'Gazobil e de Popenguíne, locali­dades do Senegal.

A verificarem-se tais analogias, oscalcários representariam,na colónia portuguesa, o Eoceno inferior e médio. A seme­lhança citada por RUBERTentre as rochas calcárias do baixoDaomée as de Bissau permitiria atribuir estas, também, ao Eocenomédio; PROKOPENJW comparou a série margo-calcâría de Lama'ao Lignit Oroup dos geólogos da Nigéria (31). A identidadecom as rochas da Costa do Marfim permite a mesma conclusão,visto que, na opinião de RUBERT, há entre as formações queorlam o litoral, a Este de fresco, calcários idênticos aos doDaomé (32).

No entanto, êste autor colocou os calcários portuguesesno Landeniano. .

CHAUTARD referiu-se à fauna dos calcários margosos eargilas de N'Gazobil, cujos caracteres a aproximavam das

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faunas do Eoceno médio e inferior da Argélia, Tunísia, Egitoe Índia (33); além desta semelhança, duas das espécies daquelafauna Calyptrea trochiformis (var. D) e Citherea nitidula foramnotadas, por OPPENHEIM (34),· nos calcários margosos dos Cama­rões, que êle pensou ligar ao Eoceno inferior (35).

A presença do Eoceno inferior em Popenguine foi notadapor JACQUET (36), correspondendo estas formações cenozóicasa calcários conquííeros, com Linihia Delanouei associada alamelibrânquios e a gastrópodos - Cerithium e Turritela.

Comparando as afirmações de RUBERT, MALAVOY e JACQUET

quanto às rochas que na praia de Bissau se sobrepõem aoscalcários recentes, notam-se contradições: enquanto que aquêlecita os grés ferruginosos como rochas imediatamente supe­riores, êstes referem-se a grés argilosos..

Para MALAVOY e JACQUET a extensão dos calcáreos deBissau e do Ilhéu do Rei deve ser aproximadamente igual àdos grés argilosos que os cobrem; como formações intermédiasentre os dois tipos de rochas encontram-se argilas que deter­minam um nível de água importante e fàcilmente acessível aospoços da região. Os mesmos geólogos indicaram, ainda, que osterrenos terciários ou recentes repousam, a Leste,sôbre grés sili­cificados ou sôbre xistos metamoríizados localmente. RUBERT

agrupou sob a designação de Pleistoceno (?) aluviões argilo­-arenosas, laterites de aluvião e grés grosseiros ferruginosos.Na carta junta ao seu trabalho État actuel de nos connaissancessur la géologie de I'Afrique occidentate, indica a existência aolongo da costa da Guiné de aluviões fluviais e de depósitoscontinentais (areias e grés) (37).

Na carta apresentada pelo MARQUÊS LIVERI DE VALDUSA (38)sôbre a nossa colónia, estão indicadas zonas de aluviões aurí­feras e de jazigos metalíferos, as quais, segundo êste autor,foram também mencionadas por SANDERVAL (39), MACHAT (40),G. DOS SANTOS (41), etc..

Afirma LIVERI DE VALDUSA que na Guiné existe ouro. eoutros metais, em abundância, salientando o excelente resultadodas prospecções executadas. Alude também às observações

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feitas por uma missão, em 1906, que se referem ao aparecimento,no domínio português, de jazigos de ouro, prata, cobre e ferro.

Tectónica

Em 1905, afirmou HAUG que, no Saará, se nota uma regiãoem que os enrugamentos são anteriores ao Devónico e, provã­velmente, mesmo ao Silúrico superior e em que os terrenosdevónicos e carboníferos foram pouco desviados da horizonta­lidade primitiva (42). Salientou, também, as semelhanças dêstesistema com a cadeia caledoniana : como no centro da Orã-Bre­tanha os enrugamentos são anteriores ao Silúrico superior;posteriormente ao Devónico inferior tiveram lugar movimentosde menor importância.

A imensa região do Saará que se estende ao Sul do Ahnet,Maydir e Djuna, em que o Devónico conservou sensivelmente ahorizontalidade primitiva, representa, para HAUG, além Mediter­râneo, a homóloga da cadeia caledoniana.

CHUDEAU admite, igualmente, que os movimentos tectónicosimportantes que-afectaram aquela região foram a~te-devónicos(43), indicando que os enrugamentos tem direcção aproxima­damente N-S (direcção sub-meridiana de Flamand).

No seu trabalho La tectonique de I'Afrique occidentate (44)observaêste autor que os enrugamentos não são homogéneos eque, além dum sistema contemporâneo das Caledónidas, englo­bam restos duma cadeia mais antiga (huroniana ?).

Num outro trabalho (45), diz CHUDEAU que a idade dêstesmovimentos é mal definida, sendo imprudente ligá-los à cadeiacaledoniana, com a qual as relações são obscuras. Segundoêle, convinha designar a cadeia africana por Saáridas, designa­ção esta que se refere apenas à situação geográfica e sob a, qualestão confundidos, provisoriamente, pelo menos, dois sistemasde enrugamentos, anteriores ao Devónico.

Aludiu ao aparecimento das Saáridas do Tidikelt ao golfoda Guiné, estendendo-se mais a Oeste, na direcção de Marrocos;apresentou, também, a idéia de que para Leste se pode segui-lasaté ao índico, e que, exceptuando o Cabo, se encontram na

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maior parte da África. Para CHUDEAU esta grande extensãosuperficial diferencia as Saáridas das zonas de enrugamentosmais recentes.

ARGAND, discordando da afirmação de ÇHUDEAU exposta napublicação Recherches sur la tectonique de i' Afrique occidentale,citou as Caledónídas do Saará entre os elementos constituintesda principal divisão da cadeia caledoniana (46).

KILIAN discorda da opinião de SUESS quanto à possibilidadedas Saáridas puderem ser ligadas aos movimentos caledonianos,afirmando que são algônquicas (47); numa nota publicada em1931 (48) continua a asseverar que são ante-câmbricas, contra­riando, assim, também a indicação de ARGAND.

Há, no entanto, conformidade das idéias de ARGAND, HAUG

e CHUDEAU quanto à orientação, vizinha da meridiana, apresen­tada pelos enrugamentos saarianos.

Depois de focar a grande extensão do ramocaledonianoacima mencionado, ARGAND acrescentou que os enrugamentoscomponentes se manifestaram no fim do Ordoviciano, fim doGotlandiano e Devónico.

A acção dos movimentos citados por HAUG e CHUDEAU deveter atingido a nossa colónia.

Para LEMOINE, o Senegal apresentar-se-ia como uma área deafundimento de enrugamentos antigos, provàvelmente caledo·nianos (49). Julgou-os caledonianos, apoiado no facto deque aos xistos enrugados do Sul do Saará se sobrepõe oDevónico, horizontal, concluindo que- os enrugamentos queafectaram estas camadas eram de idade post-silúrica e pré­-devóníca.

CHUDEAU, concorda que o Senegal parece ser uma zonade afundimento de enrugamentos saarianos (2). foi tambémêste geólogo que mencionou um aíundimento dos enrugamentosno Sul da Mauritânia, o qual teria permitido o estabeleci­mento dos golfos eocénico e quaternário (45).

Segundo a sua opinião, a direcção N·S das linhas tectõ­nicas domina entre Kayes e o rio Faíéiné, ao fundo do golfoeocénico do Senegal (2); na Guiné francesa nota-se a direcçãoNE-SW (50), a qual parece ter desempenhado papel impor­tante na arquitectura do planalto Mandinga (51).

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Para KRENKEL, domina nos enrugamentos do Sudão' adirecção Nordeste (52).

CHÉTELAT, referindo-se à tectónica duma porção da Guinéfrancesa (21), julga difícil interpretar os movimentos tectónicosanteriores aos enrugamentos huronianos que, no Oeste dêstedomínio francês, têm a direcção geral NNE-SSW. Observouêste geólogo que os terrenos pré-câmbricos foram vigorosa­mente enrugados e metamorfizados. Na mesma região teriamactuado movimentos post-hercíníanos, post-lutecianos e post­-eocénicos, Atribuíu a movimentos negativos recentes e mesmocontemporâneos um abaixamento geral da região litoral da Guiné.

Para FURON, teriam actuado sôbre as formações africanas,os movimentos huronianos, caledonianos e hercinianos os quaisfizeram emergir todo o continente africano (27).

CHUDEAU, baseado na existência de praias levantadas nolitoral da África (53), desde Marrocos até Angola, admite quea costa atlântica foi, recentemente, a sede de movimentostectónicos (2). .

Também GREGORY aludiu a um levantamento de terrenosafricanos. Algutpâ:s das suas' afirmações apresentadas na publi­cação The Rift Valleys and Oeology of East A/rica foram trans­critas pelo SNR. ENG.o BACELAR BEBIANO no seu trabalho sôbreA geologia do arquipélago de Cabo-Verde (54). Segundo êle, ummar cretácico teria ocupado o curso médio do Niger, estenden­do-se através do Saará, até Tripoli e, para Sul, ao longo dacosta até ao Cabo Frio. A transgressão cretácica teria abrangidoo Bahr-El-Ghasal tchadiano e a região baixa do Tchad, prolon­gando-se para Oeste, pela zona de afundimento de Tahua (55).

LAPPARENT é de opinião que, no Cretácico, tôda a parte daÁfrica situada a Norte de 13°· ou 14° de latitude Norte eraocupada por um vasto mar, deixando emergir, de um lado, omaciço da Abissínia, do outro, uma ilha abrangendo as elevaçõesde Aír, Tassili, Ahaggar e Tademait (56). Posteriormentereferiu-se aos mares do Cretácico, reconhecidos desde Bilma aoDamergu (57), admitindo também que no Luteciano o maravançou desde Dakar ao centro do Sudão (58).

Uma grande parte da África formava, então, extensa pene­planície, a qual, segundo GREGORY, se ia elevando gradualmente,.

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originando a regressão dos mares que ocupavam as regiões dosvales dos rios Niger e baixo Nilo, assim como os de Natal, daparte oriental da colónia do Cabo e de Angola.

O SNR. ENG.o BEBIANO supõe que o levantamento se prolon­gou pelo Eoceno, parecendo que o mar banhava a peneplanície,apenas nas costas do actual Mediterrâneo, no Noroeste e Sudesteafricanos e na costa do Senegal.

fala-se ainda na mesma publicação, na existência de praiaslevantadas, de altitude variável, entre 5e 100 metros, na porçãoda costa africana fronteira às ilhas de Cabo-Verde.

FURON na sua publicação La Paléogéographie (27) refere-seà repercussão dos movimentos do Triássico e Jurássico emÁfrica, à instabilidade dêste continente no fim do Cretácico e àmodificação do sua porção ocidental depois da transgressãocenomaniana. Alude também a um levantamento do continenteafricano, originado pelos movimentos alpinos, no Eoceno, e àacção dêstes movimentos no Mioceno, os quais, no decurso doAquitaniano teriam levantado tôda a plataforma. formaram-seentão falhas ortogonais NE-SW e NW-5E. Na opinião de FURON

a África teria sido o teatro duma série de fracturas e afundi­mentos durante todo o Plioceno, acentuando-se neste período eno Quaternário, as fracturas da sua porção ocidental.

O território da Guiné portuguesa, pela sua situação eligação estreita com as regiões citadas não podia ter deixado desofrer a influência e acompanhar as diversas modificações que,no decurso dos tempos geológicos, atingiram a parte ocidentalda África.

Assim, deve ter sentido a 'acção intensa dos movimentosantigos, huronianos, caledonianos, hercinianos, não podendodeixar de acompanhar, mais tarde, as alterações provocadas pelosmovimentos terciários e quaternários. Até que ponto êstes

.diversos movimentos actuaram, só o estudo geológico porrne­norizado e exacto permitirá dizê-lo. É êsse estudo que urgeefectuar, e para o qual as notas que hoje publicamos não sãomais do que simples preâmbulo. Oxalá que em breve o esbôçogeológico que agora apresentamos, baseado quási somente nasreferências bibliográficas de diversos autores, possa ser corri­gi~o, ampliado, pormenorizado por observações directas, locais.

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