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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X NOTAS SOBRE A JORNADA DE REDES FORMATIVAS RUMO À MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2015 - UMA PERSPECTIVA SOB A METODOLOGIA FUTUREO Maria Luzitana Conceição dos Santos 1 Resumo: Dentre as ações de resistência enquanto estratégia coletiva, empreendedora e interdisciplinar, a prática de extensão realizada no Centro de Ciências Aplicadas e Educação CCAE (também conhecido como Campus IV) da Universidade Federal da Paraíba, juntamente com o comitê local da Marcha das Mulheres Negras da cidade Rio Tinto-PB, questionaram se tinha sido oportunizado às mulheres da zona rurais e jovens secundaristas da cidade o direito a sonhar em conhecer os propósitos da Marcha das Mulheres Negras contra o Racimo, a Violência e pelo Bem Viver. A marcha reuniu cerca de 50 mil mulheres na capital federal do Brasil. Buscou-se perceber quais pensamentos de mulheres negras na diáspora destacaram-se na influencia da mística, construção individual, construção coletiva, SIJO e convergência em uma imagem única de futuro bonito, ou seja, nas fases de implementação da metodologia Futureo que lastrearam a realização das Jornadas de Redes Formativas rumo à Marcha das Mulheres Negras? Neste sentido, o estudo teve por objetivo registrar o processo de estruturação que envolveu a utilização de metodologia operacionalizada dentre outras ações em movimentos sociais do campo - Futureo (ULLOA FORERO, 2015) e que foi ressignificada para as Jornadas de Redes Formativas ruma à Marcha das Mulheres Negras, a partir do debate sobre o feminismo negro (SEBASTIAO, 2010) perspectivado pela interseccionalidade de gênero, raça e território (VIANA, 2011; CARDOSO, 2014). Palavras-chave: Marcha das Mulheres Negras. Interseccionalidade. Metodologia. A historiografia afro-brasileira evidencia que negros/as e indígenas têm sido mantidos/as às margens do desenvolvimento social, cultural, econômico e político imputado pelo racismo institucional à brasileira (DOMINGUES, 2005). Outrossim, ações de resistência colocam-se frente à ruptura desse paradigma, tendo como referencial histórico de transformações, conexões e deslocamentos, o pensamento de mulheres negras na diáspora. Dentre as ações de resistência e a partir de prática coletiva, empreendedora e interdisciplinar desenvolvida no âmbito do projeto Rede Educativa, Empreendedor e Colaborativa no Secretariado da Universidade Federal da Paraíba (RECOSEC/UFPB), juntamente com o Comitê Local da Marcha das Mulheres Negras da cidade Rio Tinto-PB, questionaram se tinha sido oportunizado às mulheres da zona rurais e jovens secundaristas da cidade de Rio Tinto-PB o direito a sonhar em conhecer a influência histórica, práticas culturais e o propósito da Marcha das Mulheres Negras 1 Professora da Universidade Federal da Paraíba e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e Indígenas/CCHLA/UFPB. João Pessoa PB, Brasil. E-mail: [email protected].

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Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

NOTAS SOBRE A JORNADA DE REDES FORMATIVAS RUMO À MARCHA DAS

MULHERES NEGRAS 2015 - UMA PERSPECTIVA SOB A METODOLOGIA FUTUREO

Maria Luzitana Conceição dos Santos 1

Resumo: Dentre as ações de resistência enquanto estratégia coletiva, empreendedora e

interdisciplinar, a prática de extensão realizada no Centro de Ciências Aplicadas e Educação –

CCAE (também conhecido como Campus IV) da Universidade Federal da Paraíba, juntamente com

o comitê local da Marcha das Mulheres Negras da cidade Rio Tinto-PB, questionaram se tinha sido

oportunizado às mulheres da zona rurais e jovens secundaristas da cidade o direito a sonhar em

conhecer os propósitos da Marcha das Mulheres Negras contra o Racimo, a Violência e pelo Bem

Viver. A marcha reuniu cerca de 50 mil mulheres na capital federal do Brasil. Buscou-se perceber

quais pensamentos de mulheres negras na diáspora destacaram-se na influencia da mística,

construção individual, construção coletiva, SIJO e convergência em uma imagem única de futuro

bonito, ou seja, nas fases de implementação da metodologia Futureo que lastrearam a realização das

Jornadas de Redes Formativas rumo à Marcha das Mulheres Negras? Neste sentido, o estudo teve

por objetivo registrar o processo de estruturação que envolveu a utilização de metodologia

operacionalizada dentre outras ações em movimentos sociais do campo - Futureo (ULLOA

FORERO, 2015) e que foi ressignificada para as Jornadas de Redes Formativas ruma à Marcha das

Mulheres Negras, a partir do debate sobre o feminismo negro (SEBASTIAO, 2010) perspectivado

pela interseccionalidade de gênero, raça e território (VIANA, 2011; CARDOSO, 2014).

Palavras-chave: Marcha das Mulheres Negras. Interseccionalidade. Metodologia.

A historiografia afro-brasileira evidencia que negros/as e indígenas têm sido mantidos/as às

margens do desenvolvimento social, cultural, econômico e político imputado pelo racismo

institucional à brasileira (DOMINGUES, 2005). Outrossim, ações de resistência colocam-se frente à

ruptura desse paradigma, tendo como referencial histórico de transformações, conexões e

deslocamentos, o pensamento de mulheres negras na diáspora.

Dentre as ações de resistência e a partir de prática coletiva, empreendedora e interdisciplinar

desenvolvida no âmbito do projeto Rede Educativa, Empreendedor e Colaborativa no Secretariado

da Universidade Federal da Paraíba (RECOSEC/UFPB), juntamente com o Comitê Local da

Marcha das Mulheres Negras da cidade Rio Tinto-PB, questionaram se tinha sido oportunizado às

mulheres da zona rurais e jovens secundaristas da cidade de Rio Tinto-PB o direito a sonhar em

conhecer a influência histórica, práticas culturais e o propósito da Marcha das Mulheres Negras

1 Professora da Universidade Federal da Paraíba e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e

Indígenas/CCHLA/UFPB. João Pessoa – PB, Brasil. E-mail: [email protected].

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contra o Racimo, a Violência e pelo Bem Viver, realizada 18 de novembro de 2015, que reuniu 50

mil mulheres na capital federal de todos os rincões do Brasil.

Em um momento político de golpe ao sistema político brasileiro com um congresso de

bancadas extremamente conservadoras e fundamentalistas (evangélica e latifundiária); e de forte

contexto de políticas neoliberais e movimentos políticos que negam a identidade de gênero

enquanto construção social, elementos orgânicos e conjunturais da sociedade reforçam um caminho

de combate às desigualdades por intermédio de uma prática política que correlaciona saberes não

formais e formais originados em dinâmicas do movimento social negro e do espaço acadêmico

respectivamente, potencializados pelo protagonismo de mulheres da zona rural e meninas,

estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Luiz Gonzaga Burity,

estimuladas juntamente com os meninos ao debate sobre o respeito às diferenças e sobre o

preconceito racial tendo a Marcha das Mulheres Negras como referencial concreto de resistência

para outra cultura possível.

Neste contexto, questionaram-se quais pensamentos de mulheres negras na diáspora

destacaram-se na influencia da mística, construção individual, construção coletiva, SIJO e

convergência em uma imagem única de futuro bonito, ou seja, nas fases de implementação da

metodologia Futureo que norteou a realização das Jornadas de Redes Formativas rumo à Marcha

das Mulheres Negras?

O pensamento foi situado a partir das relações ideológicas díspares vivenciadas no ambiente

acadêmico e, em contrapartida, pela contínua ação solidária entre mulheres negras da Paraíba, no

Brasil e no mundo. Ao fazê-lo, sigo o posicionamento da pesquisadora Cláudia Pons para quem

“a(o) pesquisador(a) deve se colocar no mesmo plano crítico que o tema pesquisado” (CARDOSO,

2013, p. 144).

As atividades de extensionistas realizadas pelo projeto RECOSEC circunscrevem o território

(SOUZA, 2010) do Litoral Norte paraibano de vulnerabilidade social aqui entendido como ausência

ou à insuficiência de ativos (COSTA; MARGUTI, 2015). O projeto parte do pressuposto do

empreendedorismo colaborativo, campo teórico estruturado na prática das Células Empreendedoras

(CRUZ NETO, 2011) que busca incentivar o desenvolvimento de competências ligadas ao

empreendedorismo, para além da perspectiva mercadológica do capital, no sentido de incentivar o

desenvolvimento de competências de estudantes universitários relacionando autonomia, liderança,

resistência, resiliência, criatividade, identidade e satisfação coletiva.

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De forma específica, a cidade de Rio Tinto – PB com uma população estimada em 2016

24.090 (IBGE, 2016) apresenta um índice de pobreza de 64,24% de acordo com o Mapa de Pobreza

e desigualdade – municípios brasileiros 2003 (IBGE) considerando o índice de Gini de 0,44.

Este território com 465,666 Km2 e densidade demográfica de 49,42 hab/km2 compreende

pelo menos 04 grandes usinas de cana de açúcar, abarca uma reserva indígena com 31 aldeias de

etnia Potiguara, território de povos tradicionais, mas ainda confere invisibilidade à população negra

e as políticas públicas de valorização e/ou afirmativas (MESSIAS, 2010) inerentes às demandas

raciais, notadamente ao ocultar o racismo calcado nas culturas de branquitude.

Do ponto de vista metodológico, essas incongruentes relações de poder não impedem que

recuperemos alguns principais pontos dos procedimentos adotados na Jornada de Redes Formativas

rumo à Marcha das Mulheres Negras que teve como objetivo fomentar outras formas de

participação do público impulsionada pela Marcha das Mulheres Negras, enquanto diálogo entre

atividade de extensão e ação do movimento social negro. Ao contrário, fortalecem na relação

indissociável extensionista entre o processo educativo formal e não formal, ilhas de resistência

contra o racismo à brasileira mediante construção participativa e produção de conhecimento que

parte do pensamento de mulheres negras na diáspora.

Muito embora o Futureo não tenha sido idealizado por uma mulher negra, traz em sua

concepção alguns traços ideológicos que igualmente lastreiam o pensamento de mulheres negras na

diáspora. Trata-se de uma metodologia participativa que derivou das práticas de Revisão de

Experiências com Vista ao Futuro (REI-F) e que se constitui, segundo Forero (2015, p. 01), em “um

processo de construção gradual e consensual, de uma bonita imagem-horizonte [sonho bonito], seja

de uma comunidade (...), uma organização, uma família, um coletivo ou situação atual”.

Para uma melhor compreensão acerca da prática metodológica e sua relação com

pensamento de mulheres na diáspora buscou-se registrar o seu processo de estruturação, como o

este foi ressignificado para as Jornadas de Redes Formativas ruma à Marcha das Mulheres Negras

e o intercâmbio de saberes entre o feminismo negro (SEBASTIAO, 2010) perspectivado pela

interseccionalidade de gênero, raça e território (VIANA, 2011; CARDOSO, 2014).

Este empreendimento de cunho político, social, cultural e artístico foi construído por

diferentes atores: projeto RECOSEC/CCAE/UFPB, Comitê Local da Marcha das Mulheres Negras,

integrante da Associação Cultural de Mulheres Capoeiristas da Paraíba (representante do comitê

local da Marcha), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (EMATER),

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Sindicato de Trabalhadoras/es Rurais de Rio Tinto, Prefeitura de Rio Tinto e Escola Estadual Prof.

Luiz Gonzaga Burity.

Assim como os interesses econômicos eurocêntricos que trouxeram forçosamente o nosso

povo subjugando-nos à escravidão e ao racismo estão extremamente presentes na memória das

mulheres negras na diáspora, a Macha das Mulheres Negras enquanto prática política continua viva

enquanto Marcha que está acontecendo. Afinal, nossos passos vêm de longe e o tempo já revelou as

mulheres que somos!

Marcha das Mulheres Negras – um sonho de luta ressignificado pelo Futureo

Tecer uma ação de resistência mediatizada pela Jornada de Redes Formativas sem levar em

consideração a memória da escravidão, do racismo e das desigualdades sociais seria, como diz

Césarie (1978, p. 19) um pseudo-humanismo cuja “... regeneração das raças inferiores ou

abastardadas pelas raças superiores está dentro da ordem providencial da humanidade” pela qual

uma civilização de barbárie negou outras civilizações.

A ‘Marcha das Mulheres Negra contra o racismo e a violência e o bem viver’, sonho que “...

desde 2012/13, foi colocada em pauta (...) com o intuito de fortalecer as organizações de mulheres

negras da América Latina na construção de estratégias para o enfrentamento do racismo e do

sexismo”, conforme afirmam Carvalho e Rocha (2014, p. 2444), enquanto ação política do

feminismo negro brasileiro foi e continua sendo uma ação de resistência às desigualdades no

enfrentamento das relações de poder que ora dá origem, ora impulsiona políticas públicas ainda

embasadas na ideologia da mestiçagem cujas classes sociais, seus desdobramentos e implicações

socioeconômicas distinguem quem terá acesso de educação de qualidade, os melhores postos de

emprego, às melhores rendas, qualidade de vida e desenvolvimento humano.

A Marcha continua imprimindo o debate sobre a inclusão e exclusão provocados pelo sistema

racial brasileiro (DOMINGUES, 2005 apud TELLES, 2003), como também as relações de

subalternização e as desigualdades socioeconômicas que no Brasil configuram há mais de 400 anos.

Estes atrelados à desigualdade nos direitos e tangenciados pelo hedonismo e pelo corporativismo

buscam sobrepor-se à condição de humanidade na limitação da liberdade (de corpos, gênero,

expressões, simbologias, religião e tantas outras). Enquanto elementos teóricos e empíricos

desdobram-se em reflexões acerca da inobservância da partilha, equidade e cidadania, muito

embora sejamos, nós os/as negros/as, o braço forte que historicamente alicerça os interesses de

progresso, crescimento e desenvolvimento na perspectiva da globalização neoliberal capitalista

apenas de viver bem, enquanto “... sinônimo de apossar-se de conhecimento, riqueza, acúmulo,

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conforto, com a finalidade consciente ou inconsciente de dominar o outro, o tempo e a natureza”

como diz o Pe. Alfredo J. Gonçalves.

Nós, mulheres negras, partindo do princípio de trazer à baila a história e a cultura de nossas

vidas na perspectiva da Afrocentricidade (CARTIANO, 2010) e uma convivência que busca

construir o sentido real do bem viver no ritmo da nossa Mãe Terra, continuamos em Marcha.

Continuamos protagonizando as nossas poesias, músicas, palavras de ordem, expressões artísticas

de diferentes naturezas, mobilizações coletivas, atividades científicas enquanto prática política de

enfrentamento ao racismo, ao machismo e sexismo e em prol da emancipação do povo negro

brasileiro.

Algumas dessas práticas sustentou a implementação do Futureo (que se assemelham a um

grupo focal, só que com vários rearranjos e desdobramentos interacionistas) nas suas fases, tendo

como única e impactante condição: a liberdade. Neste sentido, sem restrições, ameaças, punições,

críticas ou limitações.

De acordo com Forero at. al. (2016, p.5-6), o Futureo pode ser compreendido como “...

método para construir coletivamente imagens boas e bonitas de futuro que sirvam para orientar as

decisões das pessoas na comunidade” parte da premissa de que ‘muitos sonhos bonitos’ podem se

transformar em um ‘futuro-bonito-de-todos’, mediante atuação de ‘protagonistas impulsionadores

do processo’ e parte do pressuposto da cosmovisão dos povos andinos que contrastam

posicionamentos ocidentais.

É importante registrar que em contraposição ao pensamento eurocêntrico alicerçado nas ideias

de branquitude e enquanto prática metodológica, para o Futureo ‘o sonho’ tem o sentido de outros

mundos possíveis, partindo da cosmologia e do modo de vida ameríndio presente em diferentes

culturas que como acentua a intelectual feminista estatudinense bell hooks enfrentam o racismo, o

machismo e as formas de opressão por uma sociedade mais justa. Ou seja, a metodologia foi

aplicada na Jornada de Redes Formativas de maneira que possibilitou o diálogo entre mulheres

negras, indígenas e da zona rural de Rio Tinto-PB, Brasil em prol de práticas políticas

descolonizadoras conceituadas pela intelectual brasileira Lélia González por americanos.

A metodologia Futureo parte da complexidade que Morin (1990) e ganha interdependência ao

pensamento de Aníbal Quijano sobre colonialidade do poder e de María Lugones sobre

colonialidade de gênero mediante compreensão sobre a construção de corpo, sexo e gênero de

forma racializada e capitalista. Neste sentido, a metodologia enquanto “... encadeamento múltiplo,

dos diversos enlaces entre objetos, seres e situações, dos relacionamentos diferentes, que originam

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diversas formas para reagir ante a vida, em momentos distintos” (FORERO at. al., 2016, p.13)

transversaliza-se para o enfrentamento da problemática da equidade e do racismo com base em

alguns fundamentos filosóficos, dentre os quais o ubuntuísmo (CASTIANO, 2010).

Ainda em reflexão sobre o Futureo, para Marin e Forero (2013) a propositura desta

metodologia participativa a partir do REI-F implica na ratificação de que a modernidade e o

Positivismo apresentam-se insuficientes quando da propagação do mito da neutralidade científica,

tão combatido pela perspectiva metodológica afrocêntrica. O REI-F busca evidenciar a memória

como meio de proteção da história e desde o final do século XX depois de circundar países latino-

americanos como a Nicarágua (onde surgiu o REI-F), México, Guatemala, Honduras e El Salvador

em 37 situações diferentes e atender demandas de quase 30 organizações, eis que o mesmo

desdobrou-se no Futureo.

Para Forero et. al. (2016, p.5-6) por intermédio desta metodologia “... precisamos sonhar

[realizar, praticar] futuros bonitos (...) para que sejam possíveis. Um sonho criado e [construído]

pela comunidade [vez que a comunidade negra] pode assumir seu poder” contrapondo-se aos

projetos neoliberais de “crescimento e desenvolvimento”. Neste sentido, apresentamos as fases do

Futureo:

Matriz Processual do Futureo

PASSOS NOMES DESCRIÇÃO GERAL

1 Mística

(Simbologias)

Integração entre participantes, com o programa, com a natureza e de

si para consigo mesmo.

2 Construção

Individual

Criação, expressão inicial e registro dos sonhos pessoais.

3 Construção

por SIJO2

Partilha, conversação e aprimoramento dos sonhos entre os diversos

pequenos grupos de um mesmo SIJO.

4 Convergência

em uma

imagem única

de um futuro

bonito

Partilha, conversação e aprimoramento dos sonhos entre os diversos

SIJOS. Pode ser necessário fazer várias interações, até conseguir

integrar uma só imagem de futuro bonito que represente todos os

SIJOS. Pode-se utilizar um procedimento de consenso diferente com

representantes de cada SIJO que dialogam, entre outros.

Fonte: Forero (2016, p. 95).

Uma breve descrição da aplicação metodológica, considerando o objetivo deste estudo:

2 Interesse coletivo – interpretação da autora deste texto.

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A MÍSTICA (Simbologias): Muito embora o termo mística não seja comumente utilizado nas

práticas do movimento social negro, na Jornada de Redes Formativas por associação foram

utilizados elementos simbólicos que remeteram à ancestralidade do povo negro. Foi apresentado às

mulheres da zona rural e estudantes secundaristas o vídeo da Marcha das Mulheres Negras,3 na

perspectiva do multiculturalismo. Naquele momento, ainda não surgiu um sonho, mas muitas foram

as narrativas de pesadelos sociais evidenciados pelas complexas e difíceis condições de vida

(precariedade de moradia, ausência de serviços sanitários, dificuldade de acesso contínuo a recursos

de manutenção para plantio e criação de animais nos sítios, acesso ao transporte escolar, dentre

outros). Os temas preconceito e violência surgiram primeiro nas narrativas dos/as estudantes. De

forma tímida ou zombeteira, os/as estudantes trouxeram para reflexão algumas denúncias,

sobretudo, de violência. Ao problematizarmos, logo foram identificadas as “cores” dos que

sofreram as violências relatadas. Alguns casos conhecidos por muitos e outros, recebidos com

surpresa e até certo constrangimento, mas tendo o diálogo como meio. De início, chamou a nossa

atenção o sentimento de despertencimento à comunidade negra e à sua história por parte dos

autodeclarados amarelos ou pardos, assim como certa dificuldade de autodeclarar-se negro/a, o que

foi mudando ao longo da Jornada;

COMUNGANDO SONHOS INDIVIDUAIS: os temas racismo, preconceito e violência

ganharam eloquência a partir da reflexão sobre o lugar do/a negro/a na sociedade. Os/as estudantes

tomavam sempre como referencial, situações vividas e bem conhecidas, notadamente sobre a

violência. Alguns alunos/as posicionaram-se favoravelmente e outros contra a Marcha. O debate foi

intenso! Viu-se enraizada a ideologia da branquitude com implicações decorridas da percepção de

mestiçagem e desconhecimento do sistema racial brasileiro. Houve intervenção das facilitadoras

com esclarecimentos conceituais sobre mestiçagem, racismo brasileiro e feminismo negro. Houve

muito silencio reflexão pessoal e algumas pessoas não se pronunciaram, situação que respeitamos.

Houve também falas fortes de filhas de mulheres rurais (autodeclarada negra) e de meninas

potiguaras sobre o futuro, que foi do senso de responsabilidade à desesperança sobre as

possibilidades de atuação no ‘mercado’ para quem é dali, daquele território e é mulher. Outra

intervenção. Desta vez, trazendo a construção da Marcha das Mulheres Negras como processo para

pensar o futuro a partir do passado. O debate foi tecido por ideias amparadas no peso do simbolismo

3 Vídeo Marcha das Mulheres Negras 2015 - Contra o racismo e a violência e pelo bem viver. Griô Produções. Dezembro - 2014

Realização AMNB - Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, disponível no link: https://youtu.be/AaGIPizSeCE.

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e de expressões da identidade cultural afrodescendente e indígena, aproximando-se do pensamento

interseccional africanista de Lélia González;

CONSTRUÇÃO POR SIJO – O SONHO POR SETOR: A Jornada de Redes Formativas –

Ruma à Marcha das Mulheres Negras, por intermédio do Futureo fez emergir a memória por vezes

perdida que invisibiliza o importante papel da cultura e história africana na sociedade. Uma praxis

comunitária buscou, pelo debate, registros de fatos de forma inter-geracional e ilustrativas -

ressignificar a capacidade de articular fatos da memória subterrânea (POLLAK, 1989) num

combate ao esquecimento histórico forjado. Os interesses foram revelados em temáticas em formato

de questionamentos. Alguns grupos perguntaram: o que acontecerá após a Marcha? Já outros

passaram a demonstrar identificação com os propósitos da Marcha e questionaram: o que nós

precisamos fazer para ir à Marcha?

Jornada de Redes Formativas

Fonte: Projeto RECOSEC, 2015.

O FUTURO BONITO – A COMISSÃO PRÓ MARCHA: o sonho do futuro bonito começou a

ganhar forma com o encaminhamento e constituição de uma ‘Comissão Pró Marcha das Mulheres

Negras’, formada por estudantes e professores. A comissão tinha como objetivo sensibilizar

pais/mães no processo de autorização de algumas estudantes interessadas em ir à Brasília (Marcha)

e esta missão foi celebrada com uma apresentação cultural do grupo de Hip Hop, Break Style. Por

questões de disponibilização de transporte e choques de datas de atividades escolares, a Comissão

desdobrou ações em oficinas de desenhos e cartazes gerados na Jornada de Redes Formativas e que

foram levados à Marcha pela representante do comitê local da Marcha, a estudante de antropologia

Ana Margarida de Jesus. A Comissão tomou como pressuposto a ampla dimensão da palavra

participar enquanto processo de debate tendo a Marcha das Mulheres Negras como referência do

seu papel (futuro) político. Sim, os/as estudantes da Escola Luiz Burity da cidade de Rio Tinto-PB

também estiveram em Brasília marchando!

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Jornada de Redes Formativas

Fonte: Projeto RECOSEC, 2015.

Para continuarmos em Marcha

- Ulloa Forero (2016, p.26, grifo nosso) ao contextualizar o mundo complexo – palco das/os

resistentes lutadoras/es acentua que “desde os primeiros anos na América Latina, os negros

sonharam a liberdade e, ainda mais, construíram juntos espaços de realização do sonho, como

formas de resistência e busca de autonomia” num esforço pela humanização (do sonho), assim

como o Futureo;

- A Marcha das Mulheres Negras 2015 trouxe/traz consigo a (re)afirmação das rebeldes

(sonhadoras) afrodescendentes que partem da ratificação de nossa identidade na perspectiva de um

protagonismo social no Brasil e a América Latina (Abya-Yala4) ao ampara-se no Bem Viver para

sobrepor-se ao bom senso5.

- A nossa Marcha de todas nós mulheres negras não tem sido uma trajetória fácil, já sabemos.

A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras e destas, 52 são mulheres, números acima

da média nacional (31 mortes), de acordo com o Atlas da Violência 2017. Passados dois anos da Lei

do Feminicídio (Lei Lei 13.104/15), importante avanço nas políticas públicas de gênero, tivemos

ainda em 2015 6,6% de homicídios contra mulheres negras na Paraíba, contra 1,7% de mulheres

brancas vitimadas por homicídio;

- A Marcha das Mulheres Negras contra o Racimo, a Violência e pelo Bem Viver estimulou

várias outras Marchas nos vários rincões do Brasil. Um de seus grandes efeitos foi sensibilizar

mulheres e crianças para o exercício da prática política por intermédio do debate crítico e

reinvidicalizador;

4 Nome dado ao continente americano pelos povos Kuna do Panamá e Colômbia, antes da chegada dos homens brancos. 5 Aqui no sentido de mansidão e aceitação das práticas do colonizador.

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- Não são poucos os pensamentos de mulheres negras na diáspora que influenciaram a

metodologia Futureo com as quais buscamos dialogar teoricamente quando da realização das

Jornadas de Redes Formativas rumo à Marcha das Mulheres Negras. Num esforço em função de

delimitações de espaço salientamos Manunga Thereza Santos, Lélia González, Petronilha Beatriz

Gonçalves e Silva, Cláudia Pons Cardoso e, especialmente, Ana Margarida de Jesus. Esta última,

estudante de Antropologia, capoeirista, mulher sensível e forte, destemida, atuante no feminismo

negro. Estes registros aqui são ínfimos para homenageá-la por todo o seu desprendimento e

disponibilidade na construção, participação e efetivação das Jornadas;

- Não esquecer a nossa história é permanecer na luta e continuar marchando, dentro e fora da

universidade, afinal os nossos passos vêm de longe. Vem marchar com agente!

Referências

ALVES, Edvaldo Carvalho; AQUINO, Mirian de Albuquerque. A pesquisa qualitativa: origens,

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REMARKS ABOUT THE QUEST OF FORMATIVE NETWORKS TOWARDS THE

BLACK WOMEN´S MARCH IN 2015- A PERSPECTIVE FROM THE FUTUREO’S

METHODOLOGY

Astract: Among the actions of resistance, and as a collective, entrepreneurial and interdisciplinary

strategy, the extension practice carried out at the Center for Applied Sciences and Education -

CCAE (also known as Campus IV) of the Federal University of Paraiba, along with the local

committee of the Black Women's March from Rio Tinto City, in the state of Paraiba, they have

questioned whether the rural women and young high school girls in the city had been given the right

to dream of knowing the purposes of the 'Black Women's March against Racism, Violence and

Well-Being', held on November 18, 2015, which gathered 50,000 women from all corners of Brazil

in the Federal Capital.I wonder, what are the main thoughts of black women in the diaspora mostly

influenced the construction, planning and execution of the Quests of Formative Networks towards

the Black Women´s March? From the explanation of this path in this sense, the study aims toin a

general way I seek to record the structuring process that involved the use of operational

methodology among other actions in rural social movements - Futureo ((ULLOA FORERO, 2015)

and that was re-signified for the Quests of Formative Networks towards the Black Women’s March,

provoking an effective debate on black feminism (SEBASTIAO, 2010) and on intersectionality of

gender, race and territory (VIANA, 2011; CARDOSO, 2014) among academics, rural workers and

young high school students.

Keywords: Black women´s march. Intersectionality. Methodology.