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notas sobre o ARMANDO C. COHEN

Notas Sobre o Genesis - Armando Chaves Cohen

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Grande livro sobre notas do genesis

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Page 1: Notas Sobre o Genesis - Armando Chaves Cohen

notas sobre o

ARMANDO C. COHEN

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APMANDO C. COHEN

notas sobre o

GENE SIS

CB®PUBLICAÇÕES QUE EDIFCAM

Page 3: Notas Sobre o Genesis - Armando Chaves Cohen

Todos os Direitos Reservados. Copyright © 1981 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

Cohen, Arm ando Chaves, 1914-C628n Notas sobre o Gênesis / Armando Chaves

Cohen. - Rio de Janeiro : Casa Publicadoradas Assembléias de Deus, 1981

1. Bíblia. A .T . Gênesis - Comentários I.Título.

C D D - 222.1181-0167 C D U - 211.11

Código para Pedidos: CI-006Casa Publicadora das Assembléias de DeusCaixa Postal, 20.02221022 Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

5.000/19815.000/1983 - 2* Edição

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ÍNDICE

Apresentação........................................................... 5Prefácio.................................................................... 110 Princípio do Universo Material........................ 15O Princípio da Raça Humana...............................27O Princípio do Pecado............................................350 Princípio das Revelações da Redenção........... 43O Princípio da Família Humana........................ 51O Princípio da Civilização ímpia....................... 57O Princípio das Nações do Mundo.................... 65O Princípio das Confusões das Línguas............ 85O Princípio da Raça Hebraica........................... 89

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APRESENTAÇÃO

Embora reconhecendo a insuficiência dos nos­sos dotes literários, desejamos registrar neste pe­queno ensaio sobre o livro de Gênesis alguns porme­nores que nos chamaram a atenção nos estudos que fizemos neste livro, que abrange a história do princípio da humanidade e do povo de Israel.

O dicionário de John D. Da vis, pg. 246, diz que GÊNESIS, do grego genesis, “ origem” , é o nome que os Setenta deram ao primeiro livro do Antigo Testamento, ao qual os hebreus chamavam Be- reshith, que significa “ no princípio” , palavras ini­ciais do livro.

O Gênesis divide-se em três seções:Ia. História do universo em sua relação com a

divindade e a introdução à história da humanida­de, cap. 1 a 2.3.

2?. Esboço da história da humanidade antes de Abraão, apresentando a relação entre Deus e a raça

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humana e a introdução à história do povo escolhi­do, Israel, Cap. 2.4 a 11.26.

3?. História do povo escolhido até a sua entrada no Egito, cap. 11.27 a 50.

O mesmo dicionário, pg. 464, diz que o PENTA- TEUCO, do grego pentateuches, “ cinco livros” , é o nome da coleção dos primeiros cinco livros da Bíblia, os quais são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Nú­meros e Deuteronômio. Sempre que os israelitas liam esta palavra era como se pronunciassem a lo­cução “ os cinco livros da Lei ou Torah” , Js 1.7; Mt 5.17. .

Outros nomes eram dados ao Pentateuco:a. Lei de Moisés, 1 Rs 2.3; Ed 7.6; Lc 2.22.b. Lei do Senhor, 2 Cr 31.3; Lc 2.23.c. O Livro da Lei, Js 1.8.d. O Livro da Lei de Moisés, Js 8.31.e. O Livro de Moisés, 2 Cr 25.3,4.f. O Livro da Lei de Deus, Js 24.26.g. O Livro da Lei do Senhor, 2 Cr 17.9.Todas essas designações do Pentateuco-dão a

entender que os cinco livros eram lidos como um só volume, como ainda se vê nos manuscritos judaicos cada um ser citado pela palavra que o inicia.

Em seu livro “ A Bíblia em Esboço” , cujo escopo tomamos a liberdade de seguir, Robert Lee declara o seguinte, fazendo a defesa do livro de Gênesis:

“ Existem, na Bíblia, dois livros que o grande inimigo da humanidade odeia de maneira particu­lar, e contra os quais tem usado todo o seu poder para os desacreditar: Gênesis e Apocalipse. Tenta atacar Gênesis por intermédio de cientistas e críti­cos modernos; e procura dar fim ao Apocalipse per­suadindo os homens de que é um livro por demais6

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misterioso. Por que essa aversão? - indagareis. Por­que ambos profetizam a sua derrota - respondemos. Gênesis nos mostra quem a executará, e Apocalipse fornece os detalhes de sua execução.

“ Gênesis, em seus múltiplos aspectos, é o livro mais importante da Bíblia. Todos os fatos, verda­des ou revelações principais têm o seu germe neste livro. Melancthon, o grande teólogo da Reforma, disse: ‘O livro de Gênesis excede em doçura a todos os demais’ e ‘Não há outro livro tão lindo e amável’ . O Dr. Bullinger disse: ‘Gênesis é o germe de toda a

Bíblia e é essencial para uma compreensão real de cada parte dela. É o alicerce onde se apoia e sobre o qual se edifica a revelação divina. Gênesis não so­mente é o fundamento de toda a verdade como também é o livro das origens, e forma parte de toda a inspiração subsequente. Por isso, é o livro dos iní­cios nas Sagradas Escrituras.”

O livro foi escrito por Moisés. Como conseguiu ele os elementos? Seria mera coleção de documen­tos antigos? ou uma recordação dos ensinos tradi­cionais?

Milton, no seu “ Paraíso Perdido” , descreve a cena em que Gabriel relata ao primeiro homem as maravilhas da Criação. Isso não é verídico. Mas é certo que Deus comunicou a Adão esse conheci­mento. Adão, por sua vez, o transmitiu a Matusa- lém, e este a Noé e, naturalmente, Noé a Sem. Sem narrou o que sabia a Abraão, que o revelou a Isa- que. Assim, em linha de sucessão, esse conheci­mento veio a Moisés. No livro de Atos 7.37.38 dissipa-se toda a dúvida quanto à origem do livro - foi recebido das mãos de Deus por Moisés; nasceu no Monte Sinai.

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0 Dr. Adam Clark escreveu: “ A narração é tão simples, tão semelhante à verdade, tão consistente nos mínimos detalhes, tão correta nas suas datas, tão imparcial nas biografias, tão segura nos pontos filosóficos, tão pura em sua moralidade, tão bené­vola em seus desígnios que não deixa campo para a menor dúvida quando se afirma que jamais poderia ter origem humana” .

O livro foi escrito em prosa e não poesia. Isto é importante. A poesia, geralmente, aparece como atavio próprio à mitologia e à lenda, como em livros antigos. Gênesis não foi escrito em estilo mitológi­co, mas rigorosamente histórico - Narra fatos histó­ricos e não fábulas.

O livro poderia dividir-se em onze seções, po­rém, uma análise mais fácil, tomando a expressão “ o princípio” como palavra-chave, divide-o em nove seções:

1?. O princípio do Universo Material, cap. 1-1.25.2?. O princípio da raça humana, cap. 1.26 a 2.3?. 0 princípio do pecado humano, cap. 3.1-10.4?. O princípio das revelações da redenção, cap.

3.10-24.5?. O princípio da família humana, cap. 4.1-15.6?. O princípio da civilização ímpia, cap. 4.16 a

19.7?. O princípio das nações do mundo, cap. 10.8*. O princípio da confusão das línguas, cap. 11.9?. O princípio da raça hebraica, caps. 12 a 50.“ Sua mensagem principal caracteriza o fracasso

do homem, sob todas as condições, e apresenta o suprimento da salvação vinda de Deus. Foi neces­sário que o homem, pelo fracasso, reconhecesse sua

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fraqueza e insuficiência, antes de aceitar volunta­riamente a'Deus.”

Neste livro vemos como o homem falhou:a. Num ambiente ideal: o Éden.b. Sob o reino de sua consciência: da queda ao

dilúvio.c. Sob o reino patriarcal: de Noé a José.O livro começa com Deus e termina com um en­

terro.Para atender a estas divisões ou seções que fez

Roberto Lee, tivemos necessidade de pesquisar atentamente as opiniões de alguns autores e cien­tistas; dicionário bíblico de J.Davis e o Universal; a Enciclopédia e Dicionário Internacional de W.M.Jackson, além de muitas outras fontes aqui citadas e transcritas. Convém notar que, embora Gênesis seja um livro pequeno em volume, cobre um período de 2.500 anos, aproximadamente, onde tudo é registrado em forma resumida.

Talvez a maneira com que fazemos a apresenta­ção deste ensaio surpreenda alguns leitores, mas fi­quem certos de que nos esforçamos no sentido de os nossos irmãos leitores compreenderem e aproveita­rem o melhor possível os estudos apresentados e nisso glorificar a Deus. Para isso, sugiro que se faça uso da Bíblia sempre que houver citações, a fim de que sejam verificados cuidadosamente todos os exemplos oferecidos.

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PREFÁCIO

“ Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros...” , Ec 12.12.

O amor fraternal é uma virtude que, às vezes, nos leva à temeridade de confiar nossas tarefas a outros, julgando-os capazes de as executar. É bem este o caso, motivo deste tentame - introduzir o lei­tor na apreciação e no estudo deste livro.

O autor, pelo motivo aludido no parágrafo ante­rior, e através do Diretor de Publicações da CPAD, enviou-nos os originais de sua obra com o pedido de que a eles escrevêssemos uma introdução, e nós o fazemos com oração, a fim de não o decepcionar­mos.

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Para expressar a verdade que reconhecemos, o pastor ARMANDO CHAVES COHEN se eviden­cia um acurado estudioso, visando enriquecer os co­nhecimentos dos outros com os resultados de seus estudos. Aí está em circulação a segunda edição do seu “ Estudos sobre o Apocalipse” e aqui estas óti­mas “ Notas sobre o Gênesis” . Interessante, ele co­meçou com o último livro da Bíblia e agora dá pros­seguimento à sua tarefa literária com estudos sobre o primeiro.

Concordamos com o autor, e com aqueles que pensam do mesmo modo, ser o livro de GÊNESIS o maior repositório de verdades históricas, do ponto de vista religioso, existente na literatura universal.

Abrangendo 2.500 anos de história, o Gênesis nos revela o princípio de todas as coisas visíveis existentes no Universo, segundo Deus.

Causa-nos espanto poder o Autor, baseando-se em tão poucas fontes de consultas, produzir esta sé­rie de estudos! Não se pode deixar de reconhecer que a inteligência “ COHEN” foi iluminada pelo Espírito Santo ao produzir esta obra.

Este livro é Gênesis em esboço, ligeiramente anotado. Portanto, para que o leitor possa obter dele o proveito visado pelo Autor, deverá estudá-lo com a Bíblia aberta ao lado, cotejando cuidadosa­mente todas as referências citadas na obra.

Neste livro, o estudioso não deve buscar apenas erudição, mas conhecimento prático daquilo que é ensinado em Gênesis, a saber, da revelação de Deus com respeito aos princípios descritos no primeiro li­vro da Bíblia.

Estudar este livro levará o estudioso a aprofun­dar-se na pesquisa das verdades nele contidas sobre

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o que quase nada há publicado em português.0 Autor se esforça por guiar o leitor à cada uma

das principais divisões do grande livro, mostrando a significação histórica de cada uma delas. Isso fa­cilitará um estudo ordenado e proveitoso.

É interessante o esforço que faz o Autor para lo­calizar e situar os eventos históricos e geográficos, dentro dum esquema que, embora simples, presta uma ajuda considerável.

Dividindo o livro de Gênesis em onze seções, o Autor nos leva, passo-a-passo, a um estudo progres­sivo da matéria constante do livro dos princípios, de modo que nos atrevemos a afirmar que, seguindo este esboço, detida e cuidadosamente, o leitor será edificado em sua fé, mediante os conhecimen­tos adquiridos.'

É possível ler este livro dum fôlego, mas isso se­rá sem proveito porque ele não foi escrito com este alvo, e sim com o propósito de colocar nas mãos do leitor algo que o edifique e o instrua.

Recomendamos o estudo deste livro a todos os que se interessam por um melhor conhecimento das verdades históricas constantes de Gênesis.

A.P. Vasconcelos Manaus, 15/02/1980

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O PRINCIPIO DO UNIVERSO MATERIAL Cap. 1.1-25.

Só podemos aceitar o princípio da Criação como a Bíblia narra, através da fé: “ Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram cria­dos; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” , Hb 11.3.

Há estudiosos e cientistas modernos que contra­dizem a Bíblia Sagrada, rejeitando-a, sob a alega­ção de estar cheia de inverdade; de ser um livro fal­so, espúrio. No entanto, quando ensinam sobre a Criação, apoiam-se “ em hipóteses tâo-somente” , desprezando a evidência das revelações divinas. Mas nós sabemos que Deus é o autor da Bíblia, li­

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vro que não se pode comparar com nenhum outro e cujos assuntos foram, são e serão os mais palpitan­tes. A sua mensagem é sempre atual, porque o seu Autor é Deus.

Queiram ou não queiram, a Ciência marcha ao lado da Bíblia e o seu grande desenvolvimento mo­derno só pôde ser alcançado à luz da Bíblia. A Ciência só está no apogeu de sua glória porque o Autor da Bíblia disse: “ E a ciência se multiplica­rá” , Dn 12.4.

Passemos a meditar no texto indicado, Gn 1.1- 25, lendo: “ No princípio criou Deus os céus e a terra... e a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” , vv.1,2.

Muitos não sabem que existe entre esses dois versículos um grande espaço de tempo que a mente humana ainda não pôde calcular. É um mistério, um terreno difícil onde só se pode penetrar com a revelação de Deus.

“ No princípio criou Deus o céu e a terra” . Em nossa pesquisa, como já apresentamos no “ Es­tudo sobre Apocalipse” , tivemos o cuidado de re­cortar um pequeno artigo de fundo, publicado no “ Correio da Manhã” em 1960, o qual agora repeti­mos:

“ PORQUE OS CIENTISTAS CONSIDE­RAM IMPOSSÍVEL O FIM DO MUNDO - No mundo sideral o começo e o fim da terra. Todos os cientistas concordam, atualmente, em que, ou- trora, houve um momento quando o Universo teve início. As provas do nascimento do mundo já são por demais numerosas para que se possa estabele­cer dúvidas. Não fosse outra coisa, bastaria men­

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cionar a presença dos chamados radioativos - urâ­nio, tório, rádio, etc. - os quais, com maior ou me­nor velocidade, se transformam em outros elemen­tos, ou seja, consomem-se. É evidente que, se ainda existem, algum dia foram criados. A expansão do Universo é, de certo, o fenômeno mais grandioso que a vista humana pode contemplar; e representa, igualmente, um dos sinais da agonia do mundo. Se­gundo cálculos que devem ser considerados aceitá­veis, embora aproximados, toda a matéria que constitui o Universo era contida, inicialmente, em forma superdensa, numa pequena esfera - pequena em relação à imensidade do Universo - com um raio dé duzentos e vinte milhões de quilômetros, ou seja a distância média entre o Sol e Marte. Esse “ átomo primogênito” , esse “ ovo de que nasceu o mundo” , explodiu há quatro bilhões e meio de anos, aproxi­madamente, e, nesse momento, o Universo teve iní­cio, como nos aparece hoje. Essa explosão, porém foi de certo modo o princípio do fim. Será este, pois, o destino do Universo? Perder-se-á no espaço, es- vair-se-á na profundidade do nada, antes mesmo de perder toda a sua energia calorífica? Os frag­mentos da grande “ bomba” que explodiu a quatro bilhões e meio de anos não conservou a velocidade de movimento sempre igual; pelo contrário, essa velocidade diminui progressivamente em conse­qüência da força de gravitação que exercem uns sobre os outros. Deverá, portanto, chegar o momen­to em que os fragmentos avulsos do Universo se de- terão na sua fuga gigantesca. A partir daí, recome­çarão a atrair-se reciprocamente e a percorrer, em sentido contrário, a trilha que seguiram por efeito da explosão do ‘átomo primogênito’ . A corrida con-

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tinuará até o momento em que toda a matéria do Universo se concentrará novamente numa esfera de duzentos e vinte milhões de quilômetros de raio. 0 calor produzido pela contração fará explodir outra vez o ‘átomo primogênito’, e o universo tomará a nascer” .

A exemplo do que transcrevemos acima, temos ainda um outro artigo sobre o mesmo assunto: “ FOTOGRAFADA A EXPLOSÃO DE UMA GA­LÁXIA - PASADENA, Califórnia - Astrônomos fo­tografaram o mais violento fato observado no Uni­verso - a explosão do núcleo de uma galáxia. Essa explosão cataclísmica antes conhecida apenas teo­ricamente, ocorreu na M-82, uma galáxia que se acha há uns 10 milhões de anos-luz da Terra. Isso quer dizer que a luz que impressionou a chapa foto­gráfica montada no telescópio de 60 metros, no Monte Palomar, na primavera passada, deixou a galáxia há 10 milhões de anos. A explosão liberou material equivalente à massa de 5 milhões de sóis e lançou “jatos” dessa matéria a milhões e milhões de milhas de distância. A fotografia foi tirada pelo Dr. Allan R. Sandago, dos observatórios do Monte Palomar e do Monte Wilson, através de um filtro, que bloqueou toda a luz, exceto a emitida pelo hi­drogênio excitado da galáxia. Um cientista do Ob­servatório Nacional de Kitt Pesch fez o trabalho es­pectral sobre a galáxia. A explosão está sendo inter­pretada como a “ maturidade” da galáxia M-82. Isto é, a explosão é, segundo se acredita, uma fase intermediária, antes de a galáxia se tomar um ple­no sistema de bilhões de estrelas. Supõe-se que a fotografia mostra a explosão de galáxia de 1 milhão e 500 mil anos de idade. O material lançado

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pela explosão viaja pelo espaço sideral à uma velo­cidade de 32 milhões de quilômetros por hora. Tais explosões dão uma explicação teórica para os raios cósmicos que bombardeiam a Via Láctea. Por exemplo, os raios cósmicos que açoitam a atmosfe­ra terrestre não podem ser explicados a não ser pela superexplosão de um tipo que não ocorre na Via Láctea. A Terra é um satélite do Sol que, por sua vez, é uma simples estrela entre vários milhares de milhões de estrelas que constituem a Via Láctea (Folha do Norte, Belém, Pará, 24/11/1963).

“ E a terra era sem forma e vazia...” , Gn 1.2. Mas Isaías diz: “ Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada. Eu sou o Senhor e não há outro” , Is 45.18. Parece que há contradição entre esses textos sagrados, mas, na verdade, há apenas a mais o vazio que Deus não quis revelar a Moisés, e que compreende o espaço entre a criação da primitiva terra e a recriação do mundo em que vivemos.

Continuando a ler Isaías, vemos: “ Eis que o Se­nhor esvazia a Terra, e a desola, e transtorna a suasuperfície, e dispersa os seus moradores” , Is 24.1. Houve, portanto, uma desolação e a superfície da Terra foi transformada em caos e dispersos foram seus primitivos moradores. Entende-se aí que a Terra criada “ no princípio” era habitada. E, afir­ma alguém, os seus habitantes eram anjos, basean- do-se em Jd v.6: “E os anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habita­ção (EREC)... mas desampararam o seu domicílio (V.F.. edição de 1842)... reservou na escuridão e

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em prisões eternas até o juízo daquele g r a n d e d i a ” .

Como também Pedro diz: “ Porque se Deus não per­doou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lan­çado no inferno, os entregou às cadeias da escuri­dão, ficando reservados para o juízo” , 2 Pe 2.4.

Portanto, parece-nos ser bíblico que a “ primiti­va Terra” era habitada por anjos, sendo real nessa época o que profeticamente foi esclarecido por Eze- quiel, 28.11-17, sobre a pessoa de Satanás, que era “ querubim ungido” , cuja queda foi revelada por Isaías (14.12-15): “ Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançada por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu co­ração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congre­gação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens, e serei seme­lhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao in­ferno, ao mais profundo do abismo” . Satanás, pela sua rebelião, transformou-se no grande Dragão Ver­melho, Ap 12.3, que, “ com a sua cauda, levou após si a terça parte das estrelas do céu (anjos), lançan­do-as sobre a terra” , Ap 12.4; Dn 8.10; “ E foi preci­pitado o grande Dragão, a antiga serpente, chama­da o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” , Ap 12.9.

Satanás, agora em novo campo de ação, passou a conquistar os anjos habitantes da Terra primi­tiva, envolvendo-os na sua rebelião. Eis o motivo do grande cataclismo. Quem escreveu o artigo “ porque os cientistas consideram impossível o fim do mundo” , afirma que, há quatro bilhões e meio de anos, esse átomo primogênito de que nasceu o20

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mundo explodiu como uma bomba no ar. Assim tiramos a conclusão, comparando a Bíblia com a opinião científica, de que Deus ordenou aos anjos que moravam na terra e que permaneceram fiéis que se recolhessem aos céus, enquanto aprisionava os que se haviam rebelado, dando ouvidos a Sata­nás, e os enviava “ às cadeias da escuridão... em pri­sões eternas... até o juízo daquele grande dia” , como escreveram Judas e Pedro. Enquanto isso, Satanás e os anjos que com ele foram expulsos do Céu por causa do cataclismo ocorrido - juízo de Deus contra eles - fugiram para o espaço, formando as “ potestades do ar” , das quais Satanás é o prínci­pe, Ef 2.2.

“ E a terra era sem forma e vazia; e havia tre­vas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” , Gn 1.2. Em Jr4.23, lê-se: “ Observei a terra, e eis que estava va­zia; e os céus, não tinham a sua luz” . Assim é des­crito o estado em que ficou a “ primitiva terra” de­pois desse cataclismo. Abismo, desolação e confu­são a dominavam e o Espírito de Deus era o guarda­dor e protetor daquela criação, que agora era um verdadeiro caos uma desolação profunda e incom­preendida.

Diz o Dicionário Bíblico de John Davis, pg. 131: “ Nestas narrações da criação, os babilônicos ne­gam a glória a Deus. Porém, tirando este defeito ra­dical, as suas tradições conservam fundamental­mente a mesma narrativa da criação do mundo tal qual se encontra na Bíblia. Eliminada a fraseologia politeísta da tradição babilônica, ela ensina que a feição primitiva do Universo era um caos aquoso. Dessa massa caótica, surgiram Moymis, Lache e

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Lachos, ou Lahmu e Lahamu, que são, indubita­velmente, objetos naturais ou forças ainda não identificadas. 0 Dr. Thomas Chalmers adotou as suas conclusões, e declarou publicamente em 1804 que ‘os escritos de Moisés não fixaram a antiguida­de do globo’ ... Mais tarde, nas suas Evidências do Cristianismo, publicadas em 1813, explicou que muitos anos^haviam decorrido entre o primeiro ato da criação citado em Gn 1.1 e os atos descritos a partir do v.2. E, na obra dos seis dias, não estará encerrado um longo período de anos? Em 1857, Hugo Müller, em ‘O Testemunho das Rochas’, in­terpreta os seis dias como Cucier os havia interpre­tado em 1798 na introdução ao seu livro “ Osse- ments Fossiles” , dando a eles a significação de seis períodos geológicos e traçando a correspondência entre os graus sucessivos da criação, como estão no Gênesis, e de conformidade com o que se lê nas ro­chas. Deste modo, a Geologia, falando da idade dos peixes, da idade dos mamíferos, classifica as feições dominantes dessas épocas, sem negar-lhes uma ori­gem primária há tempos incalculáveis. Como quer que seja, o período da obra dos seis dias foi maior do que seis dias de vinte e quatro horas. Deus falou, para usar o termo b íbl i co , oi to vezes, vv.3,6,9,11,14,20,24,26. Os seis dias da criação fo­ram dois grupos de três dias que se correspondem: no primeiro dia apareceu a luz; e no quarto, que é o primeiro do segundo grupo, apareceram os lumina­res; no segundo, deu-se a divisão das águas e apare­ceu o firmamento; e no segundo dia do outro grupo foram criados os peixes e as aves; no terceiro dia foi criado a Terra com todos os seus produtos, .e no seu correspondente do segundo grupo foram criados o

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homem e os animais. As diversas obras da criação têm sid.o logicamente distribuídas em seis grupos” .

“ Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todos os exércitos deles pelo espírito da sua boca” , SI 33.6; “ Os céus são os céus do Senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens” , SI 115.16.

No v.3 lemos:“ E disse Deus: Haja luz. E hou­ve luz” . Foi a primeira ação de Deus ao recriar a terra em que vivemos. Parece vermos aqui o bondo­so Criador.intervir, separando a grande massa caó­tica e deixando a luz livre para brilhar. “ Disse: Haja luz!” fiat lux, e apareceu a luz, como por al­guém que acende o interruptor elétrico. “ E houve luz” .

Podemos dizer que Deus agradou-se deste peda­cinho de terra um dos menores fragmentos da “ grande esfera que explodiu há quatro bilhões e meio de anos” . Dessa caótica terra fez Deus um jar­dim, uma pérola em beleza, se comparada com os demais planetas, pelo menos com Marte e Vênus, já fotografados por satélites-sondas; e com a lua, vi­sitada por astronautas americanos. Deus permitiu o grande desenvolvimento da Ciência para ficar provado, pela tecnologia, a grandeza da obra da Criação. Deus nos deu o Sol “ como luzeiro maior para governar o dia” , e a Lua “ como luzeiro menor para governar a noite” e “ para sinais e para tempos determinados e para dias e anos” , Gn 1.14,16; Lc 21.25. A tecnologia trouxe aos homens as verdades de Deus até agora envoltas em mistério. Deus tem permitido e permitirá muito mais, para que seja evidenciada a suntuosidade da sua obra..

Assim foi criada a nossa Terra e entregue aos homens como obra prima das mãos de Deus. Ela é

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um dos nove planetas que giram em tomo do Sol - uma estrela de quinta grandeza - do qual, material­mente, depende em tudo, pois dele recebe a luz, sem o que seria um astro morto girando no espaço. Isso é uma figura da nossa dependência absoluta de Cristo, o Sol da Justiça, Ml 4.2.

Disse Jesus, conforme Lucas cap. 21.25,26: “ E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo. Porquanto as virtudes do céu serão aba­ladas” . Todos esses acontecimentos se estão reali­zando em nossos dias, os dias do fim. Aqui, “ bra­mido do mar e das ondas” não é o bramir das á- guas dos oceanos, pois mar e águas falam de po­vos, multidões, nações, Ap 17.15; Is 17.12,13. Tudo o que hoje está acontecendo traz perplexida­de e angústia a todas as nações e evidencia a proxi­midade do fim.

O autor do primeiro artigo transcrito “ porque os cientistas consideram impossível o fim do mundo” diz: “ O calor produzido pela contração fará explo­dir o novo “ átomo primogênito” e o universo torna­rá a nascer” . Nós cremos que isso acontecerá. Não sabemos se por efeito do poder nuclear das guerras modernas, ou se pela recomposição “ dos fragmen­tos avulsos” , como afirma, numa ação sobrenatu­ral, para tornarem-se novamente em um todo, como no “ princípio” . Vejamos o que diz Pedro: “ Mas o dia do Senhor virá como um ladrão (inespe­radamente): no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão (cer­tamente os elementos que compõem o firmamen­

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to), e a terra e as obras que nela há se queimarão (e- feitos das guerras nucleares)... Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos ar­dendo se fundirão (recomposição em um todo). Mas nós, segundo a sua promessa (leia Is 65.17), aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” , 2 Pe 3.10,12,13.

“ E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus” , Ap 22.17,20.

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O PRINCIPIO DA RAÇA HUMANA Cap. 1.26 a Cap. 2

“ O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em tem­plos feitos por mãos de homens, e de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes or­denados, e os limites da sua habitação” , At 17.24,26.

Leiamos em Gn 1.26: “ E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa se­melhança” . Adão foi o primeiro homem, 1 Co 15.45. A idéia apresentada por vários escritores, deque existiram na Terra, antes de Adão, outros seres humanos, é pura ficção. Leiamos esta nota trans­crita da Enciclopédia e Dicionário Internacional, de W.M.Jackson, Editores - Rio de Janeiro, Nova York, pg. 9278:

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“ Pré-história. Foi somente no decorrer do sé­culo XIX que essa Ciência se viu de posse do seu método. Os filósofos gregos e latinos tinham já su­posto, na origem da humanidade, um período de selvageria caracterizada, principalmente, pela ig­norância dos metais; e sabiam que, na utilização destes, o cobre, e o bronze haviam precedido o ferro. Não tinham sabido encontrar a significação dessas pedras talhadas em forma de machado a que cha­mavam ceráunias, ou pedra de raio, e às quais, na ignorância de sua origem, atribuíam propriedades maravilhosas. No século XVI, o italiano Mercati formulou algo sobre essa questão; mas a obra que disso tratava ficou manuscrita até 1713. Em 1723, de Jussieu, e depois Mahudel (1730), e por fim Go- guet (1758), põem definitivamente à luz a existên­cia de uma primeira civilização de pedra, a que se referem as ceráunias... O homem apareceu desde a época terciária?... As primeiras raças humanas li­gam-se todas à um tipo comum, cuja área de apari­ção seria a princípio nitidamente delimitada, ou o homem apareceu ao mesmo tempo num grande nú­mero de pontos da terra? Da mesma maneira que a precedente questão, este debate entre monogenis- tas e poligenistas está longe de ser esclarecido. A existência do homem não é duvidosa no período quaternário, antes mesmo do arrefecimento glacio- nário; é certo que se serviu da pedra estilhaçada, e depois da pedra polida.

Depois do período glacionário, que modificou profundamente o clima, a flora e a fauna da Euro­pa, aparece o homem mousteriano nas jazidas deMoustier, de Spy e de Gourdan. O esqueleto huma­no de Spy revela um vigor pouco comum: brevida­28

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de notável dos membros inferiores, uma atitude li­geiramente dobrada e uma inteligência medíocre. Talha armas de pedra só de um lado e trabalha os primeiros instrumentos de osso. É o troglodita das grutas e cavernas; cobre-se com peles de animais mais ou menos trabalhadas; e são seus comensais o grande urso das cavernas, a hiena, a pantera, e al­gumas vezes o leão.”

Aí está o que a Pré-história ensina, baseada nas descobertas feitas no século XVI, quase 1700 anos depois do nascimento de Cristo. Mas a Bíblia afir­ma que Deus criou o homem à sua imagem e seme­lhança. Como explicar que fomos criados à ima­gem e à semelhança de Deus? O Dr. Scroggio diz: “ A imagem é a substância espiritual da alma, e não pode ser perdida. A semelhança é o caráter moral separável da substância, e foi perdida na queda. Por isso os filhos de Adão foram gerados à semelhança dele e não à semelhança de Deus, como ele fora gerado” , Gn 5.3.

D homem foi criado de maneira diferente. Em todos os atos criativos Deus disse: “ Haja” , “ produ­za” , imperativos que demonstram apenas ação de sua vontade. Mas, para criar o homem, reuniu-se a Trindade - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - e dis­se: FAÇAMOS O HOMEM!” O termo aqui está no plural, que bem esclarece a ação de mais de umá pessoa. Ademais, o vocábulo que designa Deus no capítulo primeiro de Gênesis é ELOHIM, que é o plural de El (Deus), demonstrando ação da Trinda­de nos atos da criação, inclusive do homem e daí “ façamos... nossa... nossa.” Comp. Jo 1.3; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2. Nisso aprendemos a lição e não fa-

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zer as coisas sozinhos, Êx 18.13-17; Mc 2.3; 1.17; Mt 9.18 e 2 Co 5.20.

Dizem os cientistas: “ Falando fisicamente, o homem é um animal especializado. Sua especiali­zação se baseia em três direções principais: 1. A postura ereta. 2. O polegar oposto. 3. O grande de­senvolvimento da posição cerebral pré-frontal (El Hombre Pré-histórico', A.H. Brodrick, Buenos Ai­res, 1955, pg. 378).

Falam os mestres:“ Considerando o pulo enorme do animal ao ho­

mem não foi encontrado nenhum elo de conexão entre os dois. O esforço em busca desse elo tem sido debalde. O grande químico anatomista, professor Verchow, diz: “ Temos de confessar que falta qual­quer fóssil (metamorfose) que possa ser considera­do como a evolução do animal para o homem.”

“ Desde o início do período da filosofia grega, o homem tem mostrado o desejo de descobrir alguma base natural da evolução e de abandonar a idéia de uma intervenção sobrenatural na origem da natu­reza. Esta é uma declaração franca do motivo que deu origem à teoria da evolução. O pior é que mui­tas das nossas escolas primárias, secundárias e su­periores, como também o “ púlpito moderno” , con­sideram essa teoria verdadeira. No entanto, o rela­to da criação na Bíblia é tão razoável, tão científi­co, tão crível! De fato, parece mais razoável, mais fácil crer no Deus Eterno com poder para criar, do que crer na simples matéria com poder misterioso de desenvolvimento.”

“ Ora, se todas as inúmeras espécies de vida, existentes no mundo hoje, tivessem evoluído da matéria inorgânica, então duas provas estariam30

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evidentes: haveria nas formações debaixo da su­perfície da terra vestígios dessa evolução e, na na­tureza, ao redor de nós, veríamos grupos de átomos passando do estado inorgânico para o orgânico. Se­gundo o próprio Darwin, a geração espontânea é “ absolutamente inconcebível” e em lugar algum encontra-se indicação de que a vida orgânica envol­ve matéria inorgânica.”

“ Cerca de 1830, Darwin apresenta a sua teoria de que as espécies não eram imutáveis. Ao escrever seu livro “ A origem das Espécies” , criou uma nova situação no estudo dos seres vivos. Para firmar sua hipótese, percorreu o mundo e malbaratou uma fortuna. No final, apresentou-nos um símio como nossa fonte de origem. Outros sábios também enve­redaram por seus caminhos e nos falaram da Ame­ba, da Monera, etc., como se delas derivássemos.”

Encontra-se na Antropologia Física, de José Basto de Ávila - Rio de Janeiro, 1958, pg. 224-225, o seguinte: “ Diferença anatômica entre os homens e os símios: a. Grande desenvolvimento do neuro- crânio e redução do esplanotocrânio: o homem pos­sui maior crânio e menor face. b. Linguagem arti­culada. c. Diferença no tamanho e forma nos diver­sos dentes, d. Postura ereta. e. O homem possui quatro curvaturas raquidianas, e os símios duas. f. Forma da bacia (relacionada com a atitude ereta).g. Forma do pé: os símios possuem polegar.”

Na zoologia General, Storer e Usinger, Edicio- nes Omega, S.A., Barcelona, 1960, pg. 920-921, consta o seguinte: “ O homem é superior aos demais seres vivos em muitas capacidades funcionais... isto é possível devido à mão generalizada, mas,i)p !<•' ilmente. pelo maior desenvolvimento do en-

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céfalo em tamanho, organização e capacidade fun­cional. Mediante a linguagem articulada, a escritae a memória, a humanidade pode reunir e transmi­tir conhecimentos de geração em geração.”

0 homem tem inteligência, os animais têm ins­tinto. Ouvi alguém dizer: “ 0 João de Barro” (pás­saro do sertão brasileiro) sabe fazer a sua casa, mas a faz por instinto; até hoje, nenhuma diferença há entre casas de “ Joãf' de Barro , desde a primeira que foi feita. Até a porta permanece do mesmo la- do!”

“ Platão dsfiniu o homem para Diógenes: ‘E umanimal de duas patas, mas desprovido de penas.’ Diógenes depenou um galo e disse: Eis o homem de Platão.’ Platão retificou: ‘O homem é um animal de duas patas, desprovido de penas, mas provido de unhas chatas” (De Diógenes, Anedotas Históricas).

Por isso, pode dizer-se que o homem a quem Dió­genes procurava com uma lanterna acesa em pleno dia, ainda não foi descoberto pelo próprio homem. Tinha razão, pois, Sir William Dawson, presidente da Universidade de McGili, de Montreal, quando afirmou no tempo em que estava em efervescência a controvérsia darwiniana: “ Não sei coisa alguma acerca da origem do homem, a não ser o que me di­zem as Escrituras, isto é, que Deus o criou; não sei nada senão isso, e não conheço homem algum que a respeito saiba mais.”

Adão não foi criado como uma criancinha ou como um selvagem, mas como um homem adulto, perfeito, inteligente, dotado de conhecimento espe­cial dado pelo próprio Deus. Se não fosse assim, Adão não poderia ter dado nome a todos os animais do campo e às aves que povoam o espaço. Na sua32

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espécie, ele era só e poderia, talvez, ter escolhido uma fêmea irracional como companheira, mas não fez isso por não encontrar nenhum ser igual a si mesmo. Então Deus o fez dormir e, ao despertar do sono, viu Eva. Então exclamou: “ Esta é...!” , Gn2.18-23. Não teria, igualmente, capacidade de cui­dar do jardim, que tão carinhosamente Deus plan­tara, Gn 2.8; e os seus descendentes imediatos não teriam a habilidade de produzir instrumentos de música e aparelhos mecânicos, de edificar cidades nem serem cônscios de seus deveres e responsabili­dades perante o Senhor, Gn 4.20,22.

Deus criou o homem puro, santo e perfeito. Toda a pureza e perfeição de Deus no homem for­mava a mais sublime obra da Criação. Diz o Sal- mista: “ Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem para que o visites? Contu­do, pouco menor o fizeste do que os anjos, e de gló­ria e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés; todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, as aves do céu, e os pei­xes dos mares” , SI 8.4-8. O homem, antes de pe­car, mantinha uma doce comunhão com seu Cria­dor que sempre o visitava, proporcionando-lhe gozo e alegria pela presença e pelo resplendor da glória divina. Assim vivia o homem no Éden dotado de to­das as virtudes, perfeito e santo. Tudo era gozo e paz.

O homem pecou, o efeito do pecado é arruinador em todos os seus aspectos. Ao pecar, sentiu certo domínio estranho sobre si mesmo que o levou a es­colher o mal ao invés do bem. Isso é uma prova con­trária à teoria darwiniana, pois houve uma involu-

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ção e não uma evolução. Foi o homem completa­mente destituído do seu caráter e da sua semelhan­ça com Deus. Perdeu o gozo do Éden e a sublime companhia de seu Criador. Foi entregue à sua pró­pria sorte e sua vida encheu-se de sofrimento e de tormentos mil, principalmente, porque foi lançado fora da presença de Deus. Assim passou o homem a lutar pela própria subsistência e, longe de Deus, passou a regredir no grau de civilidade que de Deus recebera. Eis porque mais tarde apareceram os tro­gloditas, os homens das cavernas. (Exemplo: os ín­dios?)

No cap. 2.15, lê-se: “ E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.” Diz o Dicionário Bíblico Universal: “ É-DEN - Delícias. O Éden é o Jardim ou Paraíso que Deus preparou para receber o homem, Gn 2.8. A lo­calização do Jardim do Éden não pôde ser determi­nada, embora dois de seus quatro rios sejam indu­bitavelmente o Tigre e o Eufrates. Não tem sido possível a identificação de Pison e de Giom. Talvez o “ rio” que se tornou em quatro cabeças seja o Gol­fo Pérsico, para o qual o Tigre e o Eufrates com dois outros rios (Querca e Carum) corriam primitiva­mente. Provavelmente pensavam que o Golfo fosse um rio, explicando o fenômeno das marés a sua di­visão em quatro partes. Desta maneira, estaria o É- den como Jardim de Deus, Is 51.3; Ez 28.13; 31.9. Dizem os antigos críticos que talvez as águas do Di­lúvio houvessem transfigurado aquela região, o que tem dificuldade a sua localização nos nossos dias. O N.T. apresenta o Éden como o Paraíso restaura­do, a ideal habitação dos bem-aventurados, Lc 23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7.”34

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O PRINCÍPIO DO PECADO Cap. 3.1-10

Meditaremos sobre o início ou a origem do peca­do.

Já dissemos que Deus criou o homem puro, san­to e perfeito, e que o colocou no Jardim do Éden, onde viveu em perfeito gozo e paz até que pecou contra o Criador.

Que é pecado? Pecado é tanto um ato como um estado. Na qualidade de rebelião contra a Lei de Deus é um ato da vontade do homem; como separa­ção de Deus vem a ser um estado. Na parábola do filho pródigo, Lc 15.11-32, encontramos bem nítida esta distinção: ao sair o pródigo da casa do pai esta­va praticando um ato da sua vontade; depois de separado de seu pai, encontrou-se no estado de mi­séria conseqüente do ato praticado. Em 4.7 a pala­vra pecado é mencionada pela primeira vez na Bíblia. Essa palavra tem o significado de uma bes­ta pronta a lançar-se sobre quem lhe der ocasião.

Crime é a transgressão de qualquer mandamen­to de uma lei ou a omissão de preceito legal. Nesse

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sentido-, o pecado é crime contra Deus, Tg 4.17; 1 Jo 3.4; 5.17.

O que ensinam os nossos mestres:“ As diferentes palavras hebraicas no V.T. des­

crevem o pecado nas seguintes esferas:a. Na esferal moral. A palavra mais comumen- te usada significa: ‘Errar o alvo.’1) Errar o alvo. Como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo o pecador erra o alvo no final da vida.2) Errar o caminho. Como o viajante que sai do caminho certo.3) Ser achado em falta. Ao ser pesado na ba­lança de Deus.

b. Na esfera da conduta fraternal. A palavrausada para determinar o pecado significa vio­lência ou conduta injuriosa, Gn 6.11; Ez 7.23. Ignorando as proibições da lei de Deus, o ho­mem maltrata e oprime seus semelhantes.c.Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado implicam em o ofensor usufruir relações com Deus. Toda a nação israe­lita foi constituída de um ‘um reino sacerdotal’, onde cada membro era considerado como estan­do em contato com Deus no santo Tabernáculo. Cada israelita era santo, isto é, separado para Deus; e toda a atividade na esfera de sua vida estava regulada pela Lei da Santidade. As coi­sas fora dessa lei eram ‘profanas’ (o contrário de santas), e aquele que participava delas tornava- se ‘ i m u n d o ’ ou c o n t a m i n a d o , Lv 11.24,27,31,33,39. Se persistisse na profanação era considerado ‘irreligioso’ ou profano, Lv 21.14; Hb 12.16. Se acaso se rebelasse e delibe­

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radamente repudiasse a jurisdição da Lei da Santidade, era tido como um ‘transgressor’ , SI 37.38; 51.13; Is 53.12.d. Na esfera da verdade. As palavras que des­crevem o pecado dão ênfase ao inútil e ao frau­dulento, elementos do pecado. Os pecadores fa­lam e tratam falsamente, SI 58.3; Is 28.15; re­presentam falsamente e dão falso testemunho, Êx 20.16; SI 119.128; Pv 19.5,9. O primeiro pe­cador foi um mentiroso (Jo 8.44); o primeiro pe­cado começou com uma mentira (Gn 3.4) e todo o pecado contém o elemento do engano, Hb 3.13.O N.T. descreve o pecado como:a. Errando o alvo. Significado já conhecido no V.T.b. Dívida, Mt 6.12. O homem deve a Deus a guarda dos seus mandamentos; pecar é contrair uma dívida para com Deus.c. Desordem. ‘O pecado é iniqüidade’, Jo 3.4. O pecador é um rebelde, um idólatra, porque deliberadamente quebra o mandamento ao des­prezar a vontade de Deus; pior ainda, está con­vertendo-se em lei para si mesmo e, dessa ma­neira, fazendo do ‘eu’ uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo, que disse: ‘Eu farei’, em oposição à vontade de Deus” , Is 14.13,14.O anticristo é o “ proeminente” , “ o sem lei” ,

porque se exalta a si mesmo sobre tudo o que se chama Deus, e se adora, 2 Ts 2.4-9. O pecado é. es­sencialmente, a vontade própria; e a recíproca é verdadeira, porque a vontade própria é, essencial­mente, pecado. O pecado destrona a Deus. Na cruz

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do Filho de Deus, poderiam ter sido escritas estas palavras: “ O pecado fez isto!” Enfim, o pecado é desobediência, é transgressão; produz queda e der­rota, que significa cair de um padrão de conduta ao rejeitar a Cristo.

A ORIGEM DO PECADOPara estudarmos a origem do pecado é necessá­

rio encontrarmos os pontos-chaves da história espi­ritual do homem, que estão encerrados nestes as­suntos em que ora meditamos. A Tentação e a Cul­pa.

1. A Tentação. No capítulo anterior, lemos o relato da queda do homem; o primeiro lar; a inteli­gência do homem, o serviço no Jardim do Éden, as duas árvores e o primeiro matrimônio. A sutileza é mencionada como a característica distinta da ser­pente (comp. Mt 10.16). Com grande astúcia, ela apresenta sugestões que, ao serem aceitas, abrem caminho a desejos pecaminosos. Começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina, Gn 2.16,17. Note-se a astúcia na aproximação: a serpente torce a palavra de Deus (veja Gn 3.1; 2.16,17) e, então, finge surpresa por isso. Dessa maneira, ela, astutamente, semeia dúvidas e suspeitas no coração da ingênua mulhere, ao mesmo tempo, insinua que está bem qualifi­cada para apreciar a justeza de tal proibição. Por meio da pergunta do versículo 1, lança uma tríplice dúvida acerca de Deus:

1. Dúvida sobre a bondade de Deus: diz que “ Deus está retendo alguma bênção desti­nada a ti.”

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2. Dúvida sobre a retidão de Deus: “ Certa­mente não morrerás” , isto é, “ Deus não pretendia dizer o que disse.”

3. Dúvida sobre a santidade de Deus (v.5): “ Deus vos proibiu de comer da árvore, por­que tem ciúme de vós. Não quer que che­gueis a ser tão sábios quanto Ele. Assim de­seja manter-vos na ignorância. Não é por­que Ele se interesse por salvar-vos da mor­te, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a Ele.”

O leitor poderá perguntar porque Deus permitiu que isso acontecesse. Responderemos que Deus nunca escravizou nem manteve debaixo de seus pés os seres por Ele criados, principalmente o homem, a quem constituiu dominador e príncipe sobre a obra divina, SI 8.4-8. Contudo, precisava para o ho­mem um ponto de obediência, um limite, que im­plicasse respeito; para, então, dentro do seu livre arbítrio, o próprio homem decidir a sua vida, esco­lhendo livremente servir a Deus e dessa maneira desenvolver o seu caráter. Sem vontade livre, o ho­mem, seria uma máquina.

No cap. 3.1, diz: “ Ora, a serpente era a mais astuta que todas as alimarias do campo que o Senhor Deus tinha feito.” Já comentamos, segun­do a palavra abalisada de nossos mestres, mas repi­tamos: Satanás, o grande inimigo de Deus, encon­trou uma oportunidade para penetrar no Jardim do Éden, fazendo a serpente de médium. Por essa ra­zão, Satanás é chamado de “ a antiga serpente” , Ap 12.9. É sempre assim, Satanás procura usar al­guém para realizar a obra diabólica. Quando Pedro procurou dissuadir Jesus do cumprimento de sua

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missão, o Senhor olhou bem para os olhos do após­tolo e conheceu quem o estava instruindo e disse: “ Para trás de mim, Satanás” , Mt 16.22,23. Neste caso, Satanás apresentou-se por meio de um amigo de Jesus; no Éden, por meio da serpente, uma cria­tura da qual Eva não desconfiava.

João, o apóstolo, na sua primeira carta, diz: “ Porque tudo o que há no mundo, a concupis- cência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” , 1 Jo 2.16. Concupiscência é cobiça. Então por três atos de cobiça veio o pecado ao mundo: “ E vendo a mulher que aquela árvore era boa para comer (co­biça da carne), e agradável aos olhos (cobiça dos olhos), e árvore desejável para dar entendimento (cobiça de ser igual a Deus ou soberba da vida)” , Gn 3.6.

2. A Culpa. Notemos a evidência de uma cons­ciência culpada: “ Entáo foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” , v.7.Essa expressão “ foram abertos os olhos” é usada para indicar o esclarecimento milagroso e repenti­no, Gn 21.19; 2 Rs 6.17. Notemos que a nudez física é o quadro de uma consciência nua e culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se nas feições de ca­da criatura. Quando nossos primeiros pais pecaram, foi interrompida a comunhão entre o homem e Deus. A carne venceu o espírito. Então começou esse conflito entre a carne e o espírito que tem sido a causa de tanta miséria, Rm 7.14-24; G1 5.17-26. “ E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira o procurar cobrir a nudez é um quadro que represen-

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ta o homem procurando cobrir a sua culpa com a indumentária de esquecimento ou o traje de descul­pa. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado, v.21. “ E ouviram a voz do Senhor Deus, que passava no Jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Se­nhor Deus entre as árvores do Jardim” , v.8. O ins­tinto do homem culpado é fugir de Deus. Jonas, o profeta, não querendo obedecer ao Senhor, procu­rou fugir para não levar a mensagem que lhe foi da­da, Jn cap. 1. Quantas pessoas, ao cometerem qual­quer delito, têm procurado fugir para não serem vistas, julgando que também podem fugir de Deus. Mas, o salmista diz: “ Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da al­va, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: De certo que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roaa de mim. Nem ainda as trevas se escondem de ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” , SI 139.7-12. Leitor, qual é a tua condição; estarás também fugindo para não seres visto, ou te sentes em condições de te defrontares com o teu Deus?

“ E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse- lhe: Onde estás?” Eis Adão abatido, medroso, como o estigma da vergonha; nu, a refletir os seus atos, outrora tão puros e inocentes. Agora trêmulo ante a voz majestosa do Senhor. Aquela voz que lhe era amiga, familiar, quando muitas vezes corria ao seu encontro como um filho atento à voz do pai. Agora: Que horror! O Senhor está aqui! Como se

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fosse chamado por alguém a quem nunca vira, e que lhe causava medo e espanto. E a voz do Senhor Deus, soando solene, continua a chamar: “ Adão, onde estás?” . Estava escondido entre as árvores do jardim. Tudo porque havia desobedecido à ordem divina. Achava-se indigno de apresentar-se diante de Deus, mas, tremendo de medo, responde: “ Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi porque estava nu; e escondi-me” , v. 10.

Deus sabia onde Adão estava; entretanto, que­ria uma confissão do seu erro, uma amostra de arre­pendimento do que Adão havia praticado. Ele esta­va no seu esconderijo, mas tremia ante o pavor do pecado cometido. Sabia que era transgressor e reco­nhecia sua culpa. Diz o profeta Isaías: “ Mas as vos­sas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” , Is 59.2.

Foi o pecado cometido o único motivo de toda desgraça que sobreveio ao homem: “ Pelo que, como por um homem o pecado entrou no mundo, e peló pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” , Rm 5.12; “ A alma que pecar essa morrerá” , Ez 18.20. O pecado ocasionou a morte, não somente a morte física, mas também a morte espiritual, que é a con­denação eterna: “ Mas quanto aos tímidos, e aos in­crédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a to­dos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” , Ap 21.8; “ Porque o salário do pecado é a morte” , Rm6.23.42

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O PRINCIPIO DAS REVELAÇÕES DA RE­DENÇÃO Cap. 3.11-24

“ Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes de vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifes­tado nestes últimos tempos por amor de vós” , 1 Pe1.18-20.

Terminamos a Seção anterior (v.10), com a evi­dência de uma consciência culpada: o homem tre-

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mendo, conturbado, envergonhado e tímido ante a face do seu Criador. Deus conhece os corações, con­templa as suas criaturas, disceme-lhes os mais ínti­mos pensamentos e a elas fala sempre com a sua poderosa voz. E quão terrível é a voz de Deus! Sobre isto o escritor da carta aos Hebreus escreve: “ Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não fa­lasse mais; porque não podiam suportar o que lhes mandava. Se até um animal tocar no monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo” , Hb12.18-21. Habacuque também diz: “ Ouvi a tua voz, Senhor, e temi: na ira lembra-te da misericórdia” , Hc 3.2.

Deus é chamado “ o pai das misericórdias” , 2 Co 1.3. Assim, Deus não olhando para o pecador como um juiz áspero e duro, mas como um Pai compassivo e bom, ouviu a desculpa de Adão e a acusação que fez contra o próprio Deus: “ A mulher que me deste por companheira” , v.12. O Criador não podia dissimular a culpa do casal transgressor, não podia deixar de proferir a sentença. Começan­do pela serpente que, nesse caso, era a principal responsável, porque servira de instrumento a Sata­nás, disse: “ Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calca­nhar” , w . 14,15.

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Disse alguém que a serpente era um animal muito belo quando da Criação; de cores muito atraentes, tinha asas e voava como as aves. Agora, porque ouviu a Satanás para a queda do homem, tornou-se maldita e degradada. A sentença foi espi­ritual e se referiu diretamente a Satanás, o autor de todas as desgraças. Foi proferida para que o homem pudesse sentir, pelo castigo aplicado à serpente, que Deus pune o pecado.

Vendo arrastar-se a serpente em seu próprio ab- dome, o homem medita no dia em que Deus abate­rá até o pó o poder de Satanás. O plano de Satanás era fazer uma aliança entre a serpente e a mulher, contra Deus, mas esse plano foi frustrado. Em ou­tras palavras: não houve aliança e a luta passou a ser entre o homem e o poder maligno que deu ori­gem à sua queda. Qual será o resultado desse con­flito?

“ Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabe­ça” . Cristo veio ao mundo para esmagar o poder do Diabo. Veja em Mt 1.23,25; Lc 1.31,35 e 76; Is 7.14; G1 4.4; Rm 16.20; Cl 2.15; Hb 2.14,15; 1 Jo 3.8; 5.5; Ap 12.7,8,17; 20.1-3,10. Isso importa na vitória da humanidade por meio do Representante do ho­mem: A SEMENTE DA MULHER.

Porém, a vitória não seria sem sofrimento: “ E tu (a antiga serpente, o Diabo e Satanás, Ap 12.9) lhe ferirás o calcanhar” . No Calvário, a serpente feriu o calcanhar da SEMENTE DA MULHER (Cristo); mas este ferimento trouxe a cura e a re­denção para a humanidade. Compare com Is 53.4,5.

Esta redenção está prefigurada no versículo 21: Deus matou um animal, uma criatura inocente,

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para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a vista divina por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu o seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover a cobertura expiatória para as almas dos ho­mens.

“ Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” , Jo 3.16.

Deus deu o seu próprio Filho para, como nosso substituto, sofrer a morte pelo pecado, e receber o castigo que, segundo a justiça divina, merecíamos. Se um homem morresse com o intuito de responder pelos pecados dos seus semelhantes, essa intenção de nada valeria, pois, sendo esse homem pecador, teria de morrer pelos seus próprios pecados. Toda­via como somente um justo pode redimir um peca­dor, a morte desse homem pecador não o redimiria. Mesmo oferecendo-se estaria eternamente conde­nado. “ Porque o salário do pecado é a morte” , Rm6.23, e “ A alma que pecar, essa morrerá” , Ez 18.20. Eis o veredito divino! Paulo, o grande apóstolo dos gentios, disse: “ Miserável homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte?” , Rm 7.24. E Je­sus responde: “ Se pois o Filho vos libertar, verda­deiramente sereis livres” , Jo 8.36.

Em Gn 22.1-14 se vê que Deus proveu um Cor­deiro para substituir Isaque no grande sacrifício do Moriá, que é a figura exata da providência de Deus em favor de toda a humanidade. João Batista dis­se: “ Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” , quando apontou Jesus aos seus discípu­los.

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas

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enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido, mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moí- do pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados... Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fa- zendo-o enfermar” , Is 53.4,5,10.

“ E à mulher disse: Multiplicarei grandemen­te a tua dor, e a tua conceição; com dor terás fi­lhos, e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” , v. 16. O pecado tem corrompido to­das as relações da vida e muito particularmente a relação matrimonial. Diz certo escritor: “ A presen­ça do pecado tem sido a causa de muitos sofrimen­tos. Não há dúvida, dar à luz filhos constitui um momento crítico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma manei­ra particular sobre ela, e também a crueldade e a loucura do homem contribuem para esse processo que é mais doloroso e perigoso na mulher que nos animais” .

“ E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz da tua mulher, e comeste da árvore que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela to­dos os dias da tua vida. Espinhos e cardos tam­bém te produzirá, e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; por­quanto és pó, e em pó te tomarás” , vv.17-19. O trabalho para o homem não é um castigo, pois já havia sido designado, cap. 2.15. O castigo consiste na ambição, nas decepções, nas aflições que acom­panham o trabalho. A agricultura é aqui enfatizada

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porque tem sido sempre um dos empregos humanos mais necessários, de onde dependem todas as ou­tras formas de atividade. De alguma maneira, a terra e a criação em geral sofreram as conseqüên­cias oriundas da queda do homem. Além do anáte- ma físico que está sobre a terra, o capricho e o peca­do humano têm dificultado as condições de traba­lho, tornando-as mais difíceis e mais duros para o homem. Mas, em Is 11.1-9 e 65.17-25, temos exem­plos de versículos que predizem a extinção desses males.

Notemos a pena de morte: “ Porquanto és pó, e em pó te tornarás” , v. 19. O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinida se tivesse preservado sua inocência. Pode agora alguém pensar que Adão e Eva não se multiplicariam, de vez que, se não pecassem, não gerariam filhos! Porém tal pensamento não é certo, pois, assim que Deus criou o homem disse-lhe: “ Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” , Gn 1.27,28. A procriação não é conseqüência do peca­do, nem a origem do pecado. Esta ordenança é an­terior ao pecado. O homem, pois, andaria em per­feição diante de Deus e a terra seria um eterno pa­raíso.

O versículô 24 do nosso texto está mostrando como Deus, após lançar o homem fora do Éden, pôs querubins com espada inflamada para guardar o caminho da árvore da vida. Com isso, o Paraíso ter­restre desapareceu. O caminho para o Paraíso ficou encoberto e oculto aos olhos do homem natural. O Paraíso perdido tem sido “mistério” inexplicável para o homem; mas, a Palavra de.Deus,,declara: “ Anunciando-vos o mistério que esteve escondido48

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pelos séculos e gerações, e que agora foi descoberto aos seus santos; aos quais quis Deus fazer conhecer as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo, em quem vós tendes a esperança da glória. O qual agora foi patenteado pelas escrituras aos profetas, segundo o mandamento do eterno Deus, para se dar obediência à fé, Cl 1.26,27; Rm 16.26 (Versão Figueiredo). E Jesus mesmo diz: “ Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim” , Jo 14.6. Jesus é o caminho para o Paraíso perdido pelos nossos primeiros pais.

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O PRINCIPIO DA FAMlLIA HUMANA Cap. 4.1-15

Já dissemos que, de acordo com a doutrina de Charles Darwin, no seu livro “ A origem das Espé­cies” , o homem, anatômica e fisiologicamente é um mamífero, e nem sequer é um mamífero especiali­zado. Mas isso não nos convence de que o homem descenda do macaco. Além disso, nunca foi encon­trada uma prova fóssil dessa descendência. Os que afirmam a descendência simiesca do homem ba­seiam-se em hipóteses, em teorias.

Quem quer que escreva ou ensine sobre a origem do homem segundo o pensamento dos cientistas, é obrigado a usar sempre advérbios de dúvida, como “ provavelmente” , “ talvez” , etc., devido ao terreno duvidoso em que pisa. Mas se alguém quiser escre­

M

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ver, sem hipóteses, sobre como surgiu a família hu­mana tem de aceitar o realismo da Palavra de Deus.

Nos versículos 10-14 do Cap. 2, lemos que saía do Éden um rio, e dali se dividia em quatro braços, sendo o nome de dois deles Tigre e Eufrates. À pró­pria Ciência reconhece que a regiáo desses rios ser­viu de berço à civilização. Pela Bíblia sabemos que da queda de Adão a Jesus passaram-se cerca de 4004 anos. Isso quer dizer que nessa época foi cons­tituída por Deus a primeira família humana, que habitou na fértil área do Vale do Tigre e do Eufra­tes.

Como a Palavra de Deus é imutável, cremos que, de acordo com os ensinamentos bíblicos, Adão e Eva, depois de haverem desobedecido à ordem de Deus, não puderam ficar mais no Jardim do Éden, para não estenderem as mãos à árvore da vida e dela comerem, pois, se assim o fizessem teriam vida eterna em seus corpos físicos, estando em pe­cado. Por esse motivo após se tomarem pecadores, foram lançados do Éden para lavrar a terra e cum­prir os desígnios de Deus quanto ao pecado (Cap. 3.22,23).

- Por que Deus fez isso? Por que Deus não per­mitiu que ficassem como dantes no Jardim, com toda a liberdade? Foi para o nosso próprio bem, e por sua misericórdia. O que seria da humanidade e da própria Terra, se o homem no pecado nunca morresse? Se estando o homem sujeito à pena de morte, sentença que sabe pode cumprir-se a qual­quer momento, deseja ele ser igual a Deus e quer realizar projetos absurdos, o que faria se vivesse eternamente em estado de pecado?

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Passando o casal a habitar fora do Jardim, nas­ceram-lhe os primeiros filhos: Caim e Abel (v. 1,2). Entendemos que tanto Caim como Abel ouviram muitas vezes de seus pais a história do primeiro pe­cado, e do primeiro sacrifício que Deus fez daquele animal, cuja pele forneceu túnicas para Adão e Eva se cobrirem. Teriam ouvido também de como seus pais, com trabalho e inteligência, costuraram aven­tais de folhas de figueira que não resolveram o problema da nudez que os afligia.

Muito embora Adão e Eva vivessem fora do Jar­dim, fora do cuidado, do carinho e da atenção que Deus lhes dispensava quando fiéis e inocentes; Deus, contudo, não os desamparou, antes ouvia- lhes as súplicas e rogos que muitas vezes fizeram em momentos de aflição e angústia. Por isso, man­tinham vivo o efeito daquela doce comunhão com Deus, de que antes desfrutavam. Desejavam arden­temente voltar ao Éden, àquele convívio maravi­lhoso com o Criador; por isso ensinavam a seus fi­lhos o temor e a maneira certa de servir a Ele.

Caim trouxe do fruto de sua lavoura, que repre­sentava o produto do seu trabalho, e Abel trouxe dos primogênitos de suas ovelhas. Ambos oferece­ram holocaustos ao Senhor. A oferta de Caim - va­liosa que fosse para ele - não tinha valor para Deus, pois nenhum esforço humano tem valor diante de Deus, quando se trata de substituição, w .3 e 4.

Perguntam: Por que Deus aceitou a oferta de Abel e não a de Caim? Isso aconteceu, não porque Deus estivesse fazendo acepção entre os dois, pois, para o Senhor, ambos eram filhos de Adão, ambos eram nascidos em pecado. Deus não distinguiu Abel de Caim, mas atentou (deu mais atenção, re­

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cebeu com prazer) a Abel e sua oferta (v.4), porque essa oferta falava do plano divino de redenção, que Abel memorava. “ Porque sem derramamento de sangue não há remissão” , eis a verdade, Lv 17.11 e Hb 9.13,14,20,22,23. Aprendemos de Hb 11.4 que a oferta “ mais excelente” de Abel, foi feita pela fé.

Dos vv. 5 e 6 e de 1 Jo 3.12, aprendemos que ha­via bastante diferença na conduta e no caráter dos dois irmãos, e isto se evidenciou através dos anos. Caim era realmente nascido em pecado, era ho­mem carnal, com a violência e o ódio impregnados na personalidade. Ao sentir-se decepcionado por ter sido sua oferta recusada por Deus, irou-se forte­mente e descaiu-lhe o semblante. Está escrito: “ I- rai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” , Ef 4.26; “ E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar se­rá exaltado” , Mt 23.12.

No v.7 o Criador advertiu carinhosamente a Caim e, como um Pai bondoso, aconselhou: “ Se bem fizeres, nâo haverá aceitação para ti? (Tu não és em nada inferior ao teu irmão, procura fazer o bem, obedece, converte-te que eu te receberei). E se nào fizeres o bem (se não me ouvires), o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás (o pecado está bem perto de ti, e ele quer atingir-te para viveres sob seu domínio)” . O vocábulo hebraico que traduz pecado, neste texto, tanto serve para pecado, como para oferta pelo pe­cado, que se podia oferecer.

O v.8 descreve a ação de Caim: “ e falou Caim com o seu irmão Abel... e o matou” . Ficamos imaginando se teriam tido uma longa discussão; se Abel mostrou-se paciente e cordato, ou se, pelo con­54

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trário, brigaram! Era a primeira desinteligência en­tre irmãos. Desde então, quantas têm havido, re­sultando em ódio, contendas sem fim e em separa­ções e mortes?! Por quê? “ O pecado, sendo consu­mado, gera a morte” , Tg 1.12.

Leia com atenção o versículo 9. Perguntamos: Como o prezado leitor responderia, se a mesma per­gunta lhe fosse feita hoje?

O v. 15 diz: “ E pôs o Senhor um sinal em Caim” . Caim matou o seu irmão Abel, por isso tor­nou-se um símbolo de maldição e ódio entre todos os seres humanos. Alguém tem perguntado: Que si­nal é esse? Sinal é marca; é aviso de alguma coisa.

Vejamos o que a Bíblia diz sobre sinais:a. O arco-íris foi dado como sinal a Noé, Gn

9.12-14.b. O sábado era um sinal para os judeus, Êx

31.12-18; Ez 20.12.c. A virgem Maria foi dada como sinal para Is­

rael, Is 7.11-14.d. A Palavra de Deus é um sinal de salvação, Is

55.10-13.e. Ezequiel foi dado como sinal entre os profe­

tas, Ez 9.4; 12.2-6.f. Cristo foi sinal de contradição entre o povo,

Lc 2.34.g. Os salvos (a igreja) têm o seu sinal, Mc

16.17,18.h. Os perdidos (como Caim), têm também o seu

sinal, Jó 21.29,30; Pv 16.4; 2 Pe 2.9.Assim foi posto um sinal em Caim. Porém, de­

vemos entender que ele não foi marcado e sim que Deus, de algum modo, segundo a sua grande mise­ricórdia, assinalou-o com a proteção divina, para que viesse a arrepender-se.

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O PRINCIPIO DA CIVILIZAÇÃO ÍMPIA Cap. 4.16 - Cap. 9.

Consideremos o significado da palavra “ Civili­zação” . “ Tomada no sentido lato essa palavra de­signa um todo complexo que compreende as idéias professadas e os hábitos contraídos pelo homem que vive em sociedade. Há tantas civilizações quantas as coletividades organizadas, e a origem da civilização é a sociedade” (Dicionário Internacio­nal, W.M.Jackson).

A palavra “ Gênesis” quer dizer “ começos” . Nestes quatro capítulos temos focalizado o começo do universo material, da raça humana, do pecado e da família humana. Acrescentamos agora o começo da civilização ímpia.

Não devemos mencionar aqui a história das ci­vilizações, porque todos a conhecem através de es­tudos da matéria. O nosso alvo é focalizar os textos bíblicos, onde encontramos, na realidade, o princí­pio de todas as coisas.

Quanto ao princípio da civilização ímpia, em que ora meditamos, muito embora não se possa afirmar que foi uma civilização no sentido lato da

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palavra, devemos começar relacionando nela Caim e seus descendentes encontrados nos versículos 16- 24. Isso constitui parte da civilização daquele tem­po. Antes, porém,.devemos dizer algo sobre o con­teúdo do versículo 16, ao qual se levantam dúvidas.

Os irreverentes sempre perguntam: - QUEM FOI A MULHER DE CAIM, E PARA ONDE ELE FUGIU? (v. 17). Existiria outro povo na terra?

Aqui não se trata de outro povo ou de outra ge­ração, nem de outra origem humana. A Bíblia nada diz quanto à idade de Caim e Abel, quando da mor­te deste. Também não relata quanto tempo ainda Caim permaneceu em companhia de seus pais. O certo é que o assassínio de Abel teve lugar antes de Sete nascer (v.25) e que Adão já havia vivido 130 anos nessa ocasião. Sabemos que Adão, depois, ain­da viveu 800 anos, e lhe nasceram filhos e filhas (5.3,4), os quais, naturalmente, tiveram descen­dência, cuja relação nominal não consta na Bíblia. Adão viveu 930 anos ao todo e conheceu sua oitava geração. Pela linguagem de Sete, o nono homem depois de Adão foi Lameque, filho de Metuselá (5.27), que conheceu Adão por mais de cinqüenta anos.

“ Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei: e serei FUGITIVO E VAGABUNDO na terra” , 4.14. Esta queixa de­monstra uma pessoa que, daquela hora em diante, não teve mais repouso nem habitação certa; sem paradeiro e que viveu perambulando. Este foi o castigo que Deus aplicou a Caim e, segundo estudos bíblicos, esse período durou cerca de quatrocentos anos, após o qual Caim encontrou seu lugar de des­canso na terra de Node, um dos filhos de Adão ou mesmo de Sete, com cuja filha casou-se.58

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Verifica-se bem este caso pela genealogia de Sete (5.6-32), Caim, depois de tér conhecido sua mulher e de lhe nascer o primeiro filho, pôs neste o mesmo nome dado ao descendente de Sete, chama­do Enoque (5.18). Daí em diante, os nomes da li­nhagem de Caim e Sete eram mais ou menos os mesmos. Pedimos ao prezado leitor examinar quantos nasceram de Sete, do v.7 ao v.18. Este foi o período de vida fugitiva de Caim.

A descendência de Caim foi grande, vv. 17-22. Ele edificou uma cidade, à qual deu o nome de seu filho Enoque. Com respeito aos seus descendentes, vemos: Lameque instituiu a poligamia; Jabal esta­beleceu a vida nômade; Jubal inventou o primeiro instrumento de música; e Tubal Caim foi o primei­ro ferreiro. Esta cidade edificada por Caim, real­mente, constituiu-se em uma civilização para o seu tempo, muito embora fosse uma cidade de ho­mens homicidas.

Repitamos a leitura dos w . 23,24: “ E disse La­meque às suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; vós mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu matei um varão por me ferir e um man-cebo por me pisar. Porque sete vezes Caim será vin­gado; mas Lameque setenta vezes sete” .

A descendência de Sete também foi grande; é o que se vê de sua genealogia, v.26 e Cap 5.1-32. As duas linhagens eram distintas: a dos justos, segui­dores de Deus, porque logo após o nascimento de Enos, o primeiro filho de Sete, “ começou-se a invo­car o nome do Senhor” (v.26); a dos ímpios, a li­nhagem de Caim; seus filhos clamavam por vin­gança e estavam possuídos de ódio e de furor.

A vida de ambos os povos desenvolveu-se para-59

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leia, cap. 6.1-2. Aconteceu, porém, que como os ho­mens (a linhagem de Caim) começaram a multipli­car-se sobre a face da terra, viram os filhos de Deus (a linhagem de Sete) que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” . Desta união desigual, da qual Deus não se agradou, resultou desviarem-se de Deus os descendentes de Sete, como diz o verso 5: “ E viu o Senhor que a maldade do homem se multi­plicara sobre a terra, e toda a imaginação do pensa­mento de seu coração era má continuamente” . Leia o prezado leitor o que ensina a Bíblia neste sentido: 2 Co 6.14-18; Dt 7.3; 1 Co 5.9; 7.9.

Somente Noé, que já tinha seiscentos anos de idade e era pai de Sem, Cão e Jafé, perseverou den­tre aquela geração e foi achado justo aos olhos de Deus, Cap. 6.8-12: “ A terra porém estava cor­rompida diante da face de Deus e encheu-se a terra de violência” . O que diremos nós hoje da nossa terra? Cristo disse: “ E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Ho­mem” , Mt 24.37. “ Quando porém vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” Lc 18.8. Deus abençoe o prezado leitor para que esteja pre­parado para a vinda do Senhor, quando Ele vier buscar a sua Igreja! Amém.

Deus anunciou o Dilúvio a Noé e determinou- lhe fazer a arca, vv. 13-22.

Deus disse a Noé que entrasse na arca com sua família e com todos os animais, para preservação da semente na terra, Cap. 7.1-24. E foi a terra co­berta com as águas do dilúvio por quarenta dias e quarenta noites, e “ tudo o que tinha fôlego de 60

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espírito de vida em seus narizes, tudo o que ha­via no seco, morreu” , v. 22.

O Dilúvio terminou, Cap. 8.1-22. Noé e sua família, e todos os animais que com ele estavam na arca, dela saíram. A arca estava pousada no Monte Arará, v.4. “ Noé edificou um altar ao Senhor” , vv. 19,20, e £>eus lhe faz esta promessa: “ Não tor­narei mais a amaldiçoar a terra por causa do ho­mem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tomarei a ferir a ter­ra como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” , vv. 21,22.

Deus estabeleceu o seu pacto com Noé e seus fi­lhos, Cap. 9.1-19. “ E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Ca- naã. Estes três foram os filhos de Noé, e destes se povoou toda a terra” , vv. 18,19.

Noé plantou uma vinha na terra humosa, ao pé do Monte de Arará, e ao espremer o suco das uvas nela produzidas, bebeu exageradamente e embria­gou-se, porque continha muito fermento, w . 20-29. Cão, o segundo filho de Noé, ao ver seu pai embria­gado e descoberto, menosprezou-o, deixando de cobrir a sua nudez. E o velho Noé, quando senhor de suas faculdades, quis castigá-lo, mas respeitan­do as bênçãos já proferidas pelo Senhor, (v.l), amaldiçoou a Canaã, o filho mais novo de Cão. Pa- rece-nos, como tudo indica, que Canaã ainda não havia nascido, e assim as palavras de maldição pro­feridas por Noé foram palavras proféticas, dadas pelo próprio Deus, cujo cumprimento tem sido uma realidade nos nossos dias.

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Diz Douglas Michalany na “ A Grande Enciclo­pédia da Vida” , Volume II, pg. 427:

“ Ainda se discute acalorosamente para saber qual das grandes civilizações da antiguidade foi a primeira. A maioria das opiniões são favoráveis à civilização egípcia, não obstante muitos advogarem os direitos do Vale do Tigre - Eufrates. Outros pre­ferem o Elam, uma região que fica a leste desse vale e margeia o Golfo Pérsico. O certo é que o vale do Nilo e o do Tigre - Eufrates foram o berço das mais antigas culturas históricas” .

Em nossas observações e estudos, tiramos a se­guinte conclusão: Noé, após desembarcar da arca no Monte Arará, montanha que se eleva entre os mares Cáspio e Negro, seguiu rumo sudeste cerca de oitocentos quilômetros, acompanhando as nas­centes do Eufrates pelo braço denominado “ Mura­do” , o qual se localizava entre o lago Vã e o Monte Arará, na Armênia. Aí estava a cidade de Larsam, a cidade natal de Noé. Conta-se que Noé, quando construía a Arca, preparou vários marcos para de­pois poder encontrar a cidade. Nas ruínas de Lar­sam foram encontradas tábuas alegóricas, como também em Eridu, Uru, Uruku, Nipur e outras ci­dades antediluvianas, em cujas ruínas foram en­contradas estátuas de diorite e de bronze, tijolos com inscrições e vários outros objetos, encontran­do-se tudo isso no Museu de Louvre, na França. Todas essas cidades foram reedificadas anos de­pois, e Uru foi Ur, a cidade da Caldéia que serviu de berço a Abraão.

Não podemos encerrar no último versículo do Capítulo nove as nossas meditações, porque o as­sunto se estende aos primeiros versículos do Capí­tulo dez. Entre os descendentes de Noé, depois do 62

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dilúvio, encontramos Ninrode (v.8), filho de Cusi, bisneto de Noé, “ que se tornou poderoso caçador diante do Senhor” . Esta qualificação significa que era obedecido, que era um “ grande chefe das incur­sões nas conquistas de terras circunvizinhas, cujas proesas lhe eram atribuídas como virtudes divi­nas” .

Leiamos esta nota: “ Ninrode estabeleceu o im­pério de Sinar (Babilônia), sendo as suas principais cidades Babel, Erech, Avcad e Calneh, estendendo- se depois esse império na direção do norte, ao longo do curso do Tigre, sobre a Assíria, onde fundou um grupo de capitais: Nínive, Rehoboth, Celah e Re- sen. A tradição de Ninrode é ainda forte entre os á- rabes modernos, que lhe atribuem todas as grandes obras públicas da antiguidade. Há alguma razão para julgar que a palavra Ninrode é uma forma cor­rompida de Merodach, mas muitos pensam que a descrição se adapta ao herói Gilgames, que era, em parte, humano e em parte divino” (Dicionário Bíblico Universal).

Concluímos dizendo: As mais primitivas civili­zações começaram na região do mundo conhecido como Oriente Médio. A região se estende do limite ocidental da índia ao Mar Mediterrâneo e até à margem mais remota do Nilo. Aí floresceram, em períodos diversos, entre 4.000 a 300 aC, a civiliza­ção Egéia, poderoso império (3.000 a 1.200 a.C.); o antigo Império Babilônico (2.100 a.C.); o Império dos Hititas (1.900 a.C.); o Império do Egito (1.450 a.C.), além de pequenas civilizações formadas na Caldéia depois do dilúvio e de outras surgidas eíií idades diferentes: a dos assírios, a dos persas, a dòs sumerianos, a dos hebreus, e a dos cretenses.

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O PRINCIPIO DAS NAÇÕES DO MUNDO Cap. 10

É impossível apresentar o início ou a origem de todas as nações que sabemos existir na face da ter­ra, porénl, na leitura do Cap. 10, vemos documen­tadas as origens das mais primitivas nações, que vamos apresentar, com a ajuda e interpretação dos Dicionário Bíblico Universal, Dicionário Bíblico de Davis, Dicionário e Enciclopédia Internacional, de W.M.Jackson e Dicionário Delta-Larouse.

No verso 1 lemos os nomes dos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé. “ E destes se povoou toda a terra” , 9.19. A família de Noé desembarcou da Arca no Monte Arará (8.4) na Armênia, perto das

(ifi

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cabeceiras do Eufrates, e foi habitar a cerca de 800 quilômetros na direção sudeste, como já dissemos, estabelecendo-se na terra que depois chamou-se Caldéia.

A tradição do Dilúvio era relembrada como uma grande crise na história da humanidade. Beroso, sacerdote babilônico e historiador de 300 a.C., de­dicou o segundo volume de sua obra aos 10 reis an- tediluvianos que, segundo a sua opinião, viveram na mesma área da Caldéia, antes do Dilúvio. Ele considerava que o Dilúvio assinalou o fim do pri­meiro período da história da humanidade. Noé morreu pouco antes do nascimento de Abraão, e Sem estava com 98 anos quando veio o Dilúvio, tendo assim vivido ainda, após o nascimento de Abraão, 150 anos, 11.10,11.

A ordem cronológica aqui está invertida, come­çando pelo filho mais novo de Noé: Jafé, w . 2-5. Cremos que isto aconteceu, porque em Jafé repou­savam as bênçãos de seu pai, pois ele cumpriu seu dever filial, protegendo o velho Noé contra o escár­nio do seu irmão Cão. Em recompensa, recebeu uma bênção dobrada, que consistiu na dilatação de seus domínios, 9.20-27. Na linguagem do N.T., a bênção de Jafé representa as bênçãos dos Evange­lhos.

“ Os filhos de Jafé são: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras” , v.2. Es­tes povos habitavam o elevado Planalto do Sul, que se estendia para o ocidente do Mar Cáspio, por cima da região montanhosa do sul do Mar Negro, até as ilhas e costas do Mediterrâneo Oriental. As­sim, habitavam no Cáucaso Ocidental, no Central e no Oriental, regiões que abrangiam toda a área66

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caucasiana entre a Ásia e a Europa. Esses povos tornaram-se os ancestrais das grandes nações cau- cásicas da Europa e da Ásia:

1. Dos tártaros (mongólicos), que eram os anti­gos habitantes da Sibéria do Sul, da Mongó­lia, da Mandchúria e do Turquestáo Chinês; e ainda se distinguiram no grupo siberiano, e no grupo da Rússia européia, os tártaros de Astrokan, os tártaros da Criméia e os tártaros da Lituânia e da Polônia.

2. Dos iranianos (persas), dos curdos e dos armê­nios.

3. Dos europeus, de onde surgiram os eslavos, os alemães, os gregos e todas as nações euro­péias.

4. Dos indianos, que compreendem as nações da grande península da Ásia Meridional.

“ E os filhos de Cão: Cusi, Mizraim, Pute e Canaâ” , vv. 6-20. O segundo filho de Noé foi Cão ou Cham, que em hebraico é “HAM” , e significa quente ou queimado pelo sol. Cão foi quem me­nosprezou seu pai por causa da embriaguez invo­luntária (9.20-27). Conseqüentemente, trouxe mal­dição contra Canaã, seu filho mais novo. Cão tor­nou-se pai dos povos da Ásia oriental e da África.

“ E os filhos de Cusi são: Sebá, e Havilá, e Sabtã, e Raamá, e Sabtecá; e os filhos de Raamá são: Sebá e Dedã” , v.7. Cusi ou Cush, que em At 8.27 se traduz por Etiópia, aplicava-se, pelo menos, a três países distintos: Cutha, no oriente do Tigre, Sf 3.10; 2 Rs 17.24; Cusan, na Arábia Meridional, Nm 12.1; Hb 3.7, e Etiópia, situada ao sul do Egito,Is 45.14; Jr 13.23; Ez 29.10. A parte setentrional deste território foi chamada Seba pelos hebreus (Is

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43.3) e Meroc pelos romanos. Deste país era Canda- ce, rainha dos etíopes.

Apreciamos esta nota sobre a ETIÓPIA: “ Si­tuada na África Oriental a começar de Siene,des­cambava para a parte sul do Egito. Compreendia a região do alto Nilo, o Sudão, a Núbia com o Cordo- fão, o Senar e a Abissínia do Norte, região deserta em grande parte, mas com alguns lugares férteis. Zera, com um exército de um milhão de homens in­vadiu o reino de Judá e foi derrotado pelo rei Asa, 2 Cr 14.9-15; 16.8. O profeta Sofonias anunciou que a Etiópia se adiantaria para levar suas mãos a Deus, Sf 3.10. Esta profecia cumpriu-se na conversão do Eunuco, Superintendente dos Tesouros da rainha de Candace, da Etiópia, At 8.26-40, e na introdução do Evangelho na Abissínia.

O rei Hailé Selassié, já alguns anos destrona­do, agora falecido, contribuiu muito para a segu­rança dos cristãos na Abissínia, com sua política de centralização. Tinha os títulos de Negusa- Nagast (Rei dos Reis), Leão Conquistador da tribo de Judá, Eleito de Deus, Imperador da Etiópia. Alegara ser descendente de Salomão, Rei de Israel, e de Belquisse, Rainha de Sabá. Conclui a Bíblia: ‘Dalém dos rios da Etiópia os meus zeladores, a fi­lha da minha dispersa, me trarão sacrifícios’, Sf 3.10. A Etiópia está incluída também na grande de­flagração mundial trazida por Gogue” , Ez 38.5.

Seba. Os seus descendentes habitaram nas praias do Mar Vermelho, constituindo os reinos dos sabeus, que se estendiam desde o Mar, para o inte­rior, até Merco.

Cusi. Foi pai de Ninrode, o líder e fundador dos68

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impérios babilônicos e assírios, w.8-12. Seus fi­lhos foram:

Havilá. Que significa deserto arenoso.Sabtá. Seus descendentes povoaram certa par­

te da Arábia Félix.Raamá. Seus descendentes foram notáveis co­

merciantes, Ez 27.22, e estabeleceram-se nas praias do Golfo Pérsico ou perto de Mein, ao sudeste da Arábia. Cremos que foram destacados os nomes dos filhos de Raamá; Sebá e Dedã, por se terem toma­do importantes como nações. Eles tomar-se-ão opo­sitores na conflagração contra Gogue, Ez 38.13.

Sabtecá. O quinto filho de Cusi. Não há locali­zação de sua descendência.

“ E Mizraim gerou a Ludim e a Anamim, e a Leabim, e a Neftuim, e a Patrusim, e a Casluim (donde saíram os filisteus) e a Caftorim” , w . 13,14. Mizraim, o segundo filho de Cão, é o nome hebraico do Egito, país habitado pelos seus descen­dentes. Seus filhos Casluim e Caftorim foram os as­cendentes dos filisteus, Am 9.7; Dt 2.23; 1 Cr 1.12; Jr 47.4.

Apreciemos esta nota sobre o EGITO: “ Quan­do o Egito passou dos tempos pré-históricos, exis­tiam nele pequenos reinos, que depois de se unirem formaram o império de Menés, o primeiro rei men­cionado na história. Maneto, sacerdote de Seboni- tos, no reinado de Ptolomeu Filadelfo, dá conta de trinta dinastias desde Menés até a conquista persa no ano 345 a.C. O império médio é assinalado pela conquista do Baixo Egito pelos hicsos ou reis pasto­res vindos do Nordeste. Parece que foi no seu tempo que Abraão visitou o Egito, Cap. 12.10-20, e que Jo­sé exerceu as funções de primeiro ministro, Cap.

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41.38-47. Faraó-Hofra foi o ultimo Faraó egípcio; seu império foi entregue “na mão de Nabucodono- zor, rei da Babilônia, e na mão de seus servos; mas depois será habitada como nos dias antigos, diz o Senhor” , Jr 46.26. Do ano 345 d.C. até o século XVIII de nossa era, o Egito passou a ser dominado por persas, gregos, romanos, pelos Ptolomeus; por sarracenos, sultões e turcos. No século XVIII, Na- poleão Bonaparte dominou o Egito, e, depois de muitas guerras com vitórias e derrotas para os egíp­cios, ficou o país sob a tutela da Inglaterra, e Ba- ring o governou durante vinte e quatro anos. A 28 de novembro de 1922, uma declaração de Londres anunciava o fim do protetorado e o Egito surgiu como nação soberana, tornando-se o seu rei o sultão Fuad I, que morreu a 28 de abril de 1936, suceden- do-lhe no trono seu filho menor Faruk. Em se­tembro de 1952, o General Naguib, com o auxílio do exército, forçou Faruk a abdicar em favor do filho deste, Fuad II, que contava somente alguns meses de idade, e organizou a ditadura militar. Em junho de 1953 foi proclamada a república, ficando o Ge­neral Naguib como Chefe de Estado. Em 1954, substituiu-o o Coronel Abdel Nasser. Em junho dè 1956, os egípcios aprovaram a nova constituição e elegeram Nasser Presidente da República. Dos principais atos políticos de Nasser sobressai a cria­ção da República Árabe Unida (RAU). Vejamos agora as profecias: ...o cetro do Egito se retirará” , Zc 10.11; “ Assim diz o Senhor Jeová: Também destruirei os ídolos e farei cessar as imagens de Nofe; e nâo haverá mais um príncipe na terra do Egito” , Ez 30.13; “ ...e serão ali um reino baixo. Mais baixo se fará do que os outros reinos, e 70

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nunca mais se exalçará sobre as nações, porque os diminuirei para que não dominem sobre as nações” , Ez 29.14,15; “ E a terra de Judá será um espanto para o Egito; todo aquele a quem isto se anunciar se assombrará, por causa do propósito do Senhor dos Exércitos, do que deter­minou contra eles” , Is 19.17. Os egípcios ainda se converterão ao Senhor e serão uma bênção. Leia com atenção, Is 19.18-25.

Pute. Foi o terceiro filho de Cão, povoou a Líbia, v.6. Os seus descendentes nos tempos dos profetas, Ez 27.10, foram trabalhadores na defesa de Tiro, Na 3.9; Jr 46.9. Vejamos esta nota sobre a Líbia: “ País situado na parte ocidental do Baixo Egito. As tribos que habitavam a Líbia não eram muito de se temer, por se acharem distanciadas en­tre si e sem coesão política. Os romanos dividiram a região africana que margeava o Mediterrâneo em Líbia Marmárica, ao oriente, e Líbia Cirenaica ou Tentápolis, ao ocidente. No ano 67 a.C., constituiu- se em província romana, juntamente com a Ilha de Creta. A capital era Cirene. No dia de Pentecoste achavam-se em Jerusalém alguns representantes desta província, At 2.10. Em 1 de junho de 1934, a Líbia era uma ex-colônia italiana que abrangia a Tripolitânia e a Cirenaica. Em 1939, com exceção dos territórios do sul, foi incorporada ao território nacional italiano. Durante a segunda guerra mundial, tornou-se campo de batalha entre os aliados e as forças do Eixo. Apesar dos esforços do governo italiano, depois de 1943 a Líbia não vol­tou mais ao domínio da Itália. A ONU decidiu con­ceder-lhe independência e Idris el Senussi subiu ao trono em 1952, com o nome de Idris I” . Na profecia

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de Ezequiel, aparecem os de Pute, Ez 38.5, como parte do grande exército de Gogue.

Canaã. Foi o mais moço dos filhos de Cão e pai de Sidon, e também dos vários povos que habita­ram na Palestina, inclusive dos heveus, arqueus e amorreus, antes da conquista de Israel, vv. 15-18. Canaã foi também o nome que se deu à parte baixa da costa da Palestina que se restringe à faixa marí­tima da Filistéia e da Fenícia, para distingui-la da área montanhosa, Nm 13.29; Js 11.3; Sf 2.5; Mt 15.22.

Quanto aos filhos de Sidon, diz a Bíblia: “ Assim diz o Senhor Jeová: Visto como os filisteus usaram de vingança, e executaram vingança de coração com malícia, para destruírem em perpétua inimi­zade, portanto assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu estendo a minha mão contra os filisteus, e arran­carei os quereteus, e destruirei o resto da costa do mar , Ez 25.15,16; “ Por causa do dia que vem para destruir todos os filisteus, para cortar de Tiro e Si­don todo o resto que os socorra; porque o Senhor destruirá os filisteus, e o resto da ilha de Cator” , Jr 47.4. “ Porque Gaza será desamparada, e Asquelom assolada; Asdode ao meio-dia será expelida, e Ecrom desarraigada. Ai dos habitantes da borda do mar, do povo dos quereteus! A palavra do Senhor será contra vós, ó Canaã, terra dos filisteus, e eu vos farei destruir, até que não haja morador. E a borda do mar será de pastagens, com cabanas para pastores, e currais para os rebanhos. E será a costa para o resto da casa de Judá para que nela apascen­tem; à tarde se assentarão nas casas de Asquelom porque o Senhor seu Deus os visitará, e reconduzirá os seus cativos” , Sf 2.4-7.72

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Hete. Foi o segundo filho de Canaã, progenitor dos heteus, que passaram a habitar ao sul da Terra Prometida. A cidade de Hebron, no tempo de Abraão, era habitada pelos filhos de Hete, Cap. 26.34. Os heteus eram um povo de pele amarela. Suas feições mongólicas estão fielmente reproduzi­das nos seus próprios monumentos e nos do Egito. Tinham olhos escuros e cabelos pretos que forma­vam rabicho. Eram acaçapados e fortes, ao contrá­rio dos amorreus, que eram altos e de boa presença, de olhos azuis e cabelos louros.

A fortaleza central dos jebuseus e girgaseus, po­vos agressivos e violentos, chamou-se Jebus, v. 16; Is 19.10,11; 1 Cr 11.4,5, até que foi conquistada por Davi, Js 15.8,63; 2 Sm 5.6-8, quando foi chamada Jerusalém. Os amorreus eram habitantes das mon­tanhas e tomavam parte da grande confederação dos descendentes de Canaã, mas no espaço que de­correu entre a ida de Jacó para o Egito e o Êxodo, separaram-se os cananeus, estabelecendo-se forte­mente em Jerusalém e Hebron. Uniram-se aos fi­lhos de Hete por casamentos recíprocos. Atravessa­ram juntamente o Jordão e fundaram os reinos de Sidon e Og, Am 2.9,10, cujos exércitos foram derro­tados pelos israelitas, Nm Cap. 21; e Dt Cap. 2.

Os heveus, arvadeus, zenareus e hemateus, descenderam dos cananeus e eram associados com os amorreus, vv. 17,18. Apresentavam uma popula­ção mista de amorreus e cananeus, a qual vivia ao oriente do Jordão, Nm 21.26-30, e se apoderaram de todo o território entre Amom e o Monte Her- mon, desde o deserto até o Jordão, Dt 3.8; 4.48; Js 2.10; 9.10. Ocupavam inteiramente toda a região a oeste do Jordão, desde Jerusalém até Hebron, in­

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clusive as terras baixas; e para o norte iam até Aija- lom e terras de Efraim, Js 10.5,6; 11.3; 13.4. Estes povos são daquelas nações deixadas por Josué, Js 3.1-4, que continuaram ainda a dominar uma parte daquela região, Jz 1.35. Durante o governo de Sa­muel, estiveram em paz, e no reinado de Salomão, eles e outros povos sobreviventes foram tributários de Israel, 1 Rs 9.20,21; 2 Cr 8.7.

Eram cinco as cidades que constituíam o reino de Sodoma e Gomorra: Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Belá (que é Zoar, a cidade para onde es­capou Ló, Cap. 14.12; 19.22,23). “ Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra. E derribou aquelas cida­des, e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra” , Cap. 19.24,25. Não se pode determinar com exatidão o local da antiga Sodoma; admite-se, todavia, que o Mar Morto, existente no vale de Sidim (Cap. 14.3) cobriu a superfície ocupada pelas cidades no extre­mo sul, onde a profundidade é de 2 a 20 pés.

“ Estes são os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas ter­ras, em suas gerações” , v.20. Estes povos foram destinados à destruição e extermínio completo: “ Porém das cidades destas nações, que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida, antes destruí-las-ás total­mente: aos heteus, aos amorreus, aos cananeus, aos perizeus, aos heveus, e aos jebuseus, como te orde­nou o Senhor teu Deus. Para que não vos ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fi­zeram a seus deuses, e pequeis contra o Senhor vos­so Deus” , Dt 20.16-18.

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Em Gn 10.21 se destaca Eber como descendente de Sem. Ele é o progenitor de toda a raça hebraica.

“ Os filhos de Sem são: Elão, e Assur, e Arfa- xade, e Lude, e Arã” , vv. 22-31.

Elão. Era uma região além do Tigre, ao oriente de Babilônia. Susã era a capital e fazia parte do Império Persa, Dn 8.2. Elão ou Susiana tem agora o nome de Kazaquistão e é uma província da Pérsia atual. Vejamos esta nota sobre o IRÃ, ou PÉR­SIA: “ Em um império asiático, habitado por povos de raça ária, fundidos com os assírios, que só apare­cem na história no século VI. A Pérsia dividiu-se em pequenos estados rivais até que Salmanasar I a subjugou no ano 827 a.C. Um século depois foi que a Média se tornou tributária de Sargon, rei da Assí­ria.” Agora, o Irã ou Pérsia é uma'república islâmi­ca. Este povo é chamado na conflagração de Gogue simplesmente de “ Persa” , Ez 38.5.

Assur (Assíria). Compreendia a região do rio Tigre, Cap. 2.14. A cidade de Assur, cujas ruínas se encontram em Kalah Shergat, nas margens do rio Tigre, está localizada a cento e onze quilômetros abaixo de Nínive. Crescendo em força e domínio, a cidade deu nome a toda a região compreendida dentre as montanhas da Armênia, ao norte, e as cordilheiras da Média, a este, e o pequeno rio Zabe, ao sul. Cresceu em poder sob o reinado de Tuculti- adar, 1300 a.C., a ponto de conquistar Babilônia. Tiglate-Pileser I, 1200/1100 a.C., estendeu as fron­teiras do reino, tornando-o o maior do seu tempo. Depois desse famoso rei, o poder da Assíria decli­nou sensivelmente, permitindo que o reino de Davi e Salomão atingisse os seus limites. Assurbanipal (885/860 a.C.), pelas suas conquistas, restaurou o

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prestígio do império e erigiu um palácio ao noroeste da cidade de Calá, e fez desta antiga cidade a capi­tal do império, v.11. Sucedeu-lhe no trono seu filho Salmanasar I, em 827 a.C., que foi o primeiro rei assírio a entrar em conflito com os israelitas. Entre outros reis contam-se Pul, conhecido pelo nome de Tiglate-Pileser III, 745/727 a.C.; Salmanasar IV, 727/722 a.C; Sargom, 722/705 a.C; Senaqueribe, 705/681 a.C.;Esaradom, 680/668a.C.;e Assurbani- pal, 668/626 a.C., Pelo ano de 607 a.C., os medos, os babilônicos e seus aliados tomaram a cidade de Nínive e deram fim ao período assírio. A antiga Assíria forma hoje uma parte do Kurdistão, cujos habitantes, depois de terem sido durante um século súditos da Pérsia, revoltaram-se e submeteram-se, em sua maioria, à Turquia, no século XVII.

Observemos agora a nota sobre o IRAQUE: “ Região da Turquia Asiática da antiga cidade de Babilônia, na Caldéia, que, decaída foi submetida pela Pérsia e fez parte dos reinos de Pathros. Fica situada na bacia inferior dos rios Tigre e Eufrates. Seus habitantes são de origem semita, da ramifica­ção de Assur. Todas as cidades estão às margens dos rios Bagdad, Tekrit e Mendeli, à margem do Tigre; Hit, Hilln (perto do local da antiga Babilô­nia) e Meched Ali à margem do Eufrates; Koma, na confluência desses rios; Bassora, à margem do Chatt-el-Arab. O Iraque, tornado árabe, readquiriu a sua antiga prosperidade com Bassora, fundada em 636, e Bagdad, em 762. Disputado por largo tempo por persas e turcos otomanos, o Iraque ora a um, ora a outro desses povos desde 1638, mas foi constituído reino em 1921, pela Inglaterra, em be­nefício do Emir Faiçal, filho do antigo rei do Hed-

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jaz, Hussein Ibu Ali. A independência do Iraque foi concedida pela Inglaterra pelo Tratado de Bagdad, em 1930. A sua admissão à Sociedade das Nações em 1932. Tendo baseado a sua política externa na defesa dos povos árabes, o Iraque, em 1945, mani­festou a sua oposição à ação da França na Síria, e demonstrou violenta hostilidade ao Estado de Is­rael.”

Arfaxade. É o terceiro filho de Sem, v.22 e foi um grande patriarca semita que nunca se afastou da Caldéia. Era avô de Eber (Cap. 11.15) de cujo nome originou-se a palavra HEBREUS, que signi­fica: “ Vindo do outro lado” ou “ Que pertence a Eber” .

Lude. Foi progenitor do povo da Lídia, que foi fundada por Lidos. Ocupou um território mais ex­tenso do que o da própria Lídia, na Ásia Menor. Sua Capital foi Sárdia, mas a ela pertenciam as po­pulosas cidades de Tiatira e Filadélfia. No ano 549, Creso, o último de seus reis, foi derrotado por Ciro, passando Lídia a ser província do Império Persa. Pelo que se lê em Ap 1.11, sabe-se que na Lídia fun­daram-se várias igrejas cristãs.

Arã. O quinto filho de Sem, seu nome é dado pela Bíblia à Síria e à Mesopotâmia. A região se es­tende das montanhas do Líbano até além do rio Eufrates, e desde Sague, ao norte, até Damasco, ao sul. Observemos esta nota sobre a SlRIA: “ A pala­vra Síria é uma abreviação de Assíria, que entrou em uso depois da conquista de Alexandre, o Gran­de. A Síria formou a mais importante das provín­cias do reino Selêucidas, cuja Capital era Babilô­nia, tanto do ponto de vista comercial como do mi­litar. Quando os persas conquistaram o país, os gre­

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gos estenderam o nome Síria à Fenícia e à Judéia, assim como à Mesopotâmia, que tomou o nome de Síria dos Rios. Damasco, Hamah e Arpad eram nessa ocasião as principais cidades. De 222 a 186 a.C., Antíoco D, o Grande, conseguiu retomar aos reis do Egito a Fenícia e a Palestina e submeteu uma parte das costas gregas da Ásia Menor. O Ge­neral romano triunfou facilmente de Tigranes, e a Síria foi reduzida à província romana, com Antio- quia por Capital. Em 638 a.C.r a Síria caiu nas mãos dos árabes, e em 661, Damasco veio a ser a Capital dos califas omiades. Em 1084, os turcos seldjukidas apoderaram-se de Alepo, enquanto que em 1095 Jerusalém caía nas mãos dos fatimitas do Egito. Um momento ocupada pelos cristãos, por ocasião do reino de Jerusalém e dos principais lati­nos, a Síria caiu nas mãos dos sarracenos para pas­sar depois aos sultões do Egito, e aos turcos.” Hoje a Síria é um país independente.

O que diz a Bíblia sobre os futuros limites de Is­rael com a Síria: “ Este será o termo da terra, da banda do norte: desde o mar grande (Mediterrâ­neo), caminho de Hetlom, até a entrada de Zedade; Hamate, Berota (Beirute), Sibraim, que está entre o termo de Damasco e entre o termo de Hamate; Hazer Haticom, que está junto ao termo de Haurã. E o termo desde o mar será Hazar Enom, no termo de Damasco, e na direção do norte está o termo de Hamate. E este será o termo do norte” , Ez 47.15- 17; Nm 34.7-9. Os assírios acompanharão os egíp­cios na bênção da conversão. Veja Is 19.18-25.

Na quinta geração de Eber (Cap. 11.26) nasce­ram os filhos de Tera: Abraão, Naor e Arã. Abraão

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foi pai de Ismael, Isaque, Zinrá, Jocsã, Medã, Mi- diã, Jisbaque e Sua, Cap. 16.11; 21.3; 25.1,2.

Ismael. Deu o nome à sua descendência, povo de sangue egípcio e hebreu. Doze príncipes descende­ram de Ismael, Cap. 17.20; 25.12-16. Possivelmen­te, lhe nasceram outros filhos, porém, conservou-se este número para corresponder às doze tribos de Is­rael e também aos reis confederados dos heteus. Habitavam no deserto, em tribos nômades, ao nor­te da Arábia, Cap. 25.18. Ocasionalmente, uma de suas tribos fixou residência permanente, e tomou o nome de “ nabateus” , filhos de Nabath, cuja capi­tal era Petra. No Salmo 83.4-8, encontra-se a profe­cia sobre a pretensão Árabe-Israel, onde verifica-se (v.6) que os ismaelitas mencionados juntamente com os moabitas, edomitas e hagarenos (todos ára­bes), seguindo o exemplo de Maomé, pretendem descender de Ismael.

Isaque. Foi o pai de Esaú e de Jacó. “ Esaú” sig­nifica cabeludo. Depois da cena do guisado de len­tilhas vermelhas, preço pelo que vendeu o seu direi­to de primogenitura, Esaú passou a ser chamado “ Edom” , que quer dizer vermelho, Cap. 27.34; Hb 12.16,17. Aos quarenta anos, casou-se com duas mulheres hetéias, Cap. 26.34,35; 36.1,2. Casou também com outra mulher, filha de Ismael, Cap. 28.9; 36.3. Esaú morava no Monte Seir e os seus descendentes chamaram-se edomitas (filhos de Edom), Dt 2.4; 12.13-22. O Monte Seir passou a chamar-se “ Montanha de Esaú” , Ob. w .8,9,19,21. “ Jacó” significa suplantador. Sobre a sua descen­dência meditaremos particularmente na nona e úl­tima seção: “ O princípio da Raça Hebraica.” Sobre a eleição de Esaú como filho da promessa e a ma­

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neira como foi rejeitado, examinem-se, Cap. 25.23; Ml 1.2,3 e Rm 9.13.

Ismaelitas e edomitas. Compõem o misturado povo que habita no deserto, Jr 25.20,25, hoje cha­mado palestino, os quais se dizem filhos de Abraão por Ismael e Esaú.

Vejamos a seguinte nota sobre a JORDÂNIA: “ Jordânia ou Transjordânia. A Transjordânia foi obra da Inglaterra. Após o malogro do reino Siro- árabe de Faiçal, que assinalou a queda provisória do prestígio britânico em Damasco, e depois do sur­gimento da França como potência mandatária na Síria e no Líbano, a Grã-Bretanha quis assegurar suas posições no Oriente Médio. Para salvaguardar a liberdade de suas comunicações entre o Suez e o Golfo Pérsico, criou, em março e agosto de 1921, o Iraque e a Transjordânia, cuja direção entregou aos dois filhos de Hussein, o Xerife de Meca, Faiçal e Abdala. A Transjordânia só atingia o mar pelo por­to de Acaba, cuja posse lhe era contestada pela Arábia Saudita. Em setembro de 1946, foi dado o primeiro passo para a Criação da Grande Síria: o pacto entre a união da Transjordânia e o Iraque. Em conseqüência da anexação dos territórios ára­bes da Palestina, a Jordânia estendeu-se além do Jordão e até Jerusalém. O assassinato de Abdala em 1951, iniciou fases de lutas internas e dinásti­cas, mas não pôs fim à influência britânica. Assu­miu então o trono seu filho mais velho Talai, o qual após três meses, foi forçado a abdicar, por recomen­dação médica, em favor de seu irmão Hussein I.”

Temos agora uma nota sobre o IÊMEM: “ É parte principal da Arábia Félix. Constitui uma fai­xa costeira de 754 Km de extensão por 300 Km de80

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largura. Seus habitantes, na sua maior parte, são nômades. A parte ocidental do Iêmen ou País de Thama tem, perto da costa do Mar Vermelho, planícies baixas, arenosas e secas'. A parte oriental é a melhor região, chamada Djebael. Do século XVI até 1918, o Iêmem esteve sob o domínio turco. Tornou-se independente nesse ano, após a vitória contra o Império Otomano. Em 1934, Iba Saud, da Arábia Saudita, tentou anexar o reino, mas foi obs- tado pela Inglaterra. Em setembro de 1962 falecia o Imã Ahrned Ibu Yahia, sendo sucedido por seu fi­lho, o príncipe Mohamured Al Bard. Este, todavia, só reinou nove dias, porque a 27 de setembro termi­navam bruscamente mil anos de despotismo, quan­do foi derribada a Monarquia e proclamada a Re­pública.”

De Abraão ainda nasceram: Jossã, Medã, Mi- diã, Jisbaque e Suá, Cap. 25.1,2. Midiã foi o mais destacado entre seus irmãos e chamado povo do Deserto, Cap. 25.6; Nm 10.29-31; Is 60.6, de onde procederam cinco famílias, (Cap. 25.4), destacan­do-se o nome de Efá, referente a uma tribo no norte da Arábia. Negociantes midianitas que vinham de Gileade e faziam parte de uma caravana de ismae- litas tiraram José da cisterna em que seus irmãos o haviam lançado e o venderam aos ismaelitas, que o levaram para o Egito, Cap. 37.25,28. O sogro de Moisés era midianita, Êx 3.1. Os midianitas asso- ciaram-se aos moabitas para subornarem o profeta Balaão, a fim de amaldiçoar Israel. Falhando esse plano, usaram de sedução, levando o povo à idola­tria e à licenciosidade, Nm 22.4,14 e Cap. 25. Os is­raelitas foram obrigados a guerreá-los. Assim, ma­taram cinco dos seus reis com toda a população

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masculina daquela região e todas as mulheres casa­das, Js 13.21. No período do governo dos juizes em Israel, Deus levantou Gideão para libertar o povo e ele matou dois príncipes, Orebe e Zeebe, e dois reis, Zeba e Salmuna, dos midianitas. A terra esteve em paz durante quarenta anos, Js Cap. 6-8; 9.17; SI 83.9-12; Is 9.4; 10.26.

Naor. Não consta que tivesse emigrado de Ur dos Caldeus, e, depois da saída de Terá, Abraão e Ló, o encontraram mais tarde em Harã, Cap. 24.10; 27.43. Nasceram-lhe oito filhos de Milca, sua mu­lher. Betuel foi pai de Rebeca e de Labão, Cap.24.15-29.

Arâ. Cap. 11.26,27,28, foi pai de Ló, cuja histó­ria é bem conhecida, pois saiu em companhia de seu tio Abraão para a terra de Canaã (Cap. 12.4), e dele se apartou, preferindo as campinas de Sodoma e Gomorra, onde foi habitar, Cap. 13.

Os acontecimentos da vida de Ló são bem co­nhecidos: Foi levado cativo de Sodoma (Cap. 14.12- 17), escapou da destruição de Sodoma (Cap. 19), uniu-se incestuosamente às suas filhas (vv. 36-38) nascendo dessa união Moab e Amon. “ Moab” sig­nifica desejo e “ Benami” filho do meu povo. Be- nami é o pai dos filhos de Amom. Moabitas e amo- nitas viviam intimamente ligados. Ocupavam o país desde as planícies de Hesbom até o Wadi Ku- rahi, que emerge no extremo sul do Mar Morto e formava a linha divisória entre Edom e Moabe. Es­tas duas tribos absorveram e destruíram a raça for­te dos emins, primeiros habitantes do país, ao oriente do Jordão, Dt 2.10,11; 19.21. Pouco antes da entrada dos israelitas em Canaã, Seom, rei dos amorreus, tomou dos moabitas as pastagens e as

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terras no norte de Arnom. O país continuou a ser dominado, confinando por algum tempo com as terras ao norte de Arnom, Nm 21.13-15,26-30. Após Nabucodonozor ter subjugado aos moabitas, estes desapareceram da história.

Observemos o seguinte relato sobre a ARÁBIA SAUDITA: “ Este reino independente foi obra pes­soal do rei Ibu Saud, e testemunha a epopéia dos moabitas, que continua inigualada na história da Arábia, desde os primeiros descendentes do Profeta Maomé. Em 1932, com a união de Hedjaz, do Ned- jed e do Asir, Ibu Saud constituiu o reino da Arábia Saudita, ao qual enfeudou por um tratado de prote­ção, o Iêmem em 1934. Tomou-se, dessa forma, Se­nhor absoluto de um estado teocrático, cinco vezes maior do que a França, povoado por seis milhões de habitantes, cujos recursos essenciais são as peregri­nações a Meca e a extração do petróleo.”

Nesta nossa meditação falamos dos principais países árabes que têm lutado contra Israel. Egito (Mizraim), Líbia (Pute), Cananeus (os libaneses estão incluídos com estes povos, Js 3.1-4), Irã ou Pérsia (Elão), Kurdos e Iraque (Assur), Síria (Arã), Iêmem e Jordânia (Ismael e Esaú) e Arábia Saudi­ta (Moabe e Amom), como também, dos Palestinos (que é uma mistura de povos: Ismael, Esaú, Moa­be, etc.), e da Etiópia (Cusi).

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O PRINCIPIO DAS CONFUSÕES DAS LlN-GUASCap. 11.

Comecemos lendo o v.l: “ E era a terra duma mesma fala” . Já vimos como as coisas decorreram após o Dilúvio, e como as nações foram oriundas de Noé e seus filhos, Cap. 9.19. É natural compreen­dermos porque só havia uma língua falada e esta naturalmente passou de Noé a seus filhos, e foi con­servada pelos descendentes de Sem. Éber, bisneto de Sem (Cap. 10.24; 11.14) foi quem deu origem a diversos povos, entre eles os hebreus (Cap. 10.21;11.16-26) e armênios, descendentes de Naor, v.29; Cap. 22.20-24. A confusão das línguas deu-se de-

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pois de constituída a família de Éber, logo após o nascimento de Pelegue, Cap. 10.25

“ Partindo eles do oriente” , v.2: Após o Dilú­vio, foi Noé, como já o dissemos, habitar na Cal- déia, justamente nas ruínas de sua cidade natal, chamada Larsam. Muitos anos depois, constituin­do já uma verdadeira multidão, os descendentes de Noé, Ninrode, filho de Cusi e neto de Cão, o segun­do filho de Noé, foi líder de uma grande expedição que saiu ao longo do rio Eufrates em busca de um lugar onde pudesse construir uma cidade e uma torre, e estabelecer um nome, “ a fim de nâo se es­palharem sobre a terra” , v.4. Esta atitude era re­belde e contrariava a ordem divina: “ Povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” , Cap. 9.7. Noé era prudente e temente a Deus, e compreendia que esse movimento era uma desobe­diência à ordem divina, um desafio aos céus! Não apenas por quererem construir “ uma cidade” como “ uma torre” , e desejarem perpetuar “ um nome” , mas pela finalidade a que se destinava: “ uma ci­dade e uma torre cujo cume toque nos céus, e um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face da terra” . Achavam que Deus determinara povoarem abundantemente a terra com o fim de es­palhá-los e tomar impossível uma rebelião. Agora unidos numa só cidade, tornar-se-iam inexpugná­veis. E com uma torre cujo cume tocasse nos céus, poderia escapar de qualquer dilúvio, caso Deus não cumprisse a sua promessa feita a Noé, Cap. 9.11. Era um ato de obstinação e loucura! Era um desrespeito a Deus duvidar de sua Palavra!

A Bíblia não revela quantos dos descendentes de Noé, com suas respectivas famílias, tomaram

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parte dessa empresa; porém, dá-nos a entender que os semitas, pelo menos os da família de Eber, não participaram nessa rebelião. Ficaram, certamente, à sombra do velho Noé, em obediência ao Senhor.

Deus zela pelas suas criaturas, não obstante dar-lhes liberdade plena de viver. Assim fez o Se­nhor Deus a Adão e Eva: “ Expulsou-os do Éden, para que não estendessem as mãos e tomassem também da árvore da vida, comessem e vivessem eternamente” , cap. 3.22.

“ Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os'filhos dos homens edificavam” , v.5. A expressão “ desceu o Senhor” , não quer dizer que para Deus ver os feitos dos homens lhe seja necessá­rio descer. Aqui fala da manifestação do juízo de Deus, para evitar qualquer ato de maior loucura, que, porventura, os homens desejassem fazer. Leia, prezado leitor, o versículo 6, e note bem a expres­são: “ E disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma língua” . O que poderia fazer os homens se fossem realmente unidos? O que seria da humani­dade nos seus inúmeros atos de loucura, se houves­se perfeito entendimento? Para nós, os cristãos, aqui está uma grande e mui importante lição: “ A união desses homens incrédulos e rebeldes aba­lou o próprio Céu. Deus foi incomodado. Deus desceu. A Trindade foi abalada e convocada. Foi necessário Deus traçar um plano para evitar a loucura. Pensemos, irmãos, em Jesus, o que seria o povo cristão se, realmente, fôssemos “ um . Como lamentamos a falta dessa unidade na Igreja. Jesus, orando ao Pai, pediu: “ Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, as­sim como nós. Para, que todos sejam um, como tu,

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ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles se­jam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” , Jo 17.11,21.

“ E isto é o que começam a fazer; e agora ngo haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer , conclui o v.6. Se logo no início, quando os homens não dispunham de nenhum recurso, quise­ram constituir-se dominadores absolutos e declarar guerra contra o próprio Céu, como não seria hoje se não fosse a intervenção divina para evitar o mal? Assim mesmo, diz alguém, os homens não desani­maram e çontinuam a construir a sua torre, e já atingiram algo significativo - a lua.

Então a confusão das línguas foi uma providên­cia de Deus para beneficiar os homens e fazê-los voltar à execução do glorioso plano divino. Hoje, contamos com cerca de 1500 línguas vivas, faladas na superfície da terra. Quais foram as línguas da confusão não sabemos. Todavia, pelos descenden­tes de Noé que se constituíram em família, grupos e nações, após a confusão, podemos dizer, na mesma ordem de nossos estudos, que os jafetistas, pelos seus descendentes, falaram a língua-mãe “ indo- européia” e a “ mongólica” ; os camitas, por Cusi, falaram o etíope e outros idiomas da Ásia e da Áfri­ca por Mizraim; os egípcios e os filisteus falaram o “ copta” e o “ berdere” , e, assim por diante. Todos os povos que se constituíram nações tiveram a sua língua independente.

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O PRINCIPIO DA RAÇA HEBRAICA Cap. 12 a 50

Como já mencionamos, todas as cidades antedi- luvianas foram reedificadas muitos anos depois do Dilúvio, e Ur surgiu, pertencendo à nova Caldéia e à família semita que tinha por principal chefe Eber, bisneto de Sem, v.21, nome que deu origem à palavra “ Hebreu” , que significa: “ Vindo do outro lado” ou “ Que pertence a Eber” . Eber era também o nome de um lugar, Nm 24.24, e significa, real­mente, a parte marginal do rio, derivando-se da raiz de uma palavra cujo significado é atravessar.

Abraão, o hebreu, pertencia a essa linhagem. Nasceu em Ur e foi progenitor da raça hebraica, Js

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24.2; 1 Rs 18.36; Is 29.22 e Ne 9.7. A sua saída para a terra de Canaã foi motivada pela chamada de Deus, cujo plano, Tera, pai de Abraão, procurou modificar, estabelecendo-se em Harã, Cap. 11.31.

Depois da morte de Tera, ouviu Abraão a divina chamada, quem sabe pela segunda vez, e procurou a nova terra, recebendo então de Deus a primeira promessa com bênçãos alusivas à sua futura gran­deza e à de sua descendência, Cap. 12.1-3. Guiados por Deus, dirigiram-se Abraão, sua esposa Sarai, e seu sobrinho Ló, com os haveres e servos, à terra de Canaã. Vemos depois toda a família na rica planí­cie de Moré, perto de Siquém, nas faldas dos mais famosos montes: Ebal e Gerizim. Aí edificou Abraão um altar a Jeová e recebeu a primeira pro­messa, clara e distinta, de que aquela terra seria de seus descendentes, Cap. 12.7. No Cap. 15 é confir­mada a promessa de uma inumerável descendên­cia, contra a objeção de Abraão que não tinha fi­lhos; e no Cap. 17 nos é demonstrada a mudança do nome de Abrão para Abraão, com a confirmação: “ e serás o pai de uma multidão de nações” . Nesta circunstância assume a sua fé tal preeminência na teologia hebraica e cristã que, dizem os autores sa­grados: “ Ele creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça” , Cap. 15.6 comparado com Rm 4.3; 9.7; G1 3.6; Tg 2.23.

Nasceu Isaque em Gerar, conforme a promessa (Cap. 17.19 comparado com 21.1-7) quando Abraão tinha cem anos de idade. Isaque casou-se quanto ti­nha quarenta anos, com Rebeca sua prima, Cap. 24 e 25.20. Estando Isaque com sessenta anos nasce­ram-lhe dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó, Cap. 25.26.90

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“ Jacó significa suplantador. Foi por ardil que Jacó recebeu de seu pai, já cego, aquela bênção que pertencia a Esaú por direito de nascimento. O ódio de Esaú contra Jacó foi perdurável e, se não fosse a providência do Senhor, ele, sem dúvida teria mata­do seu irmão, Cap 27.41. Antes de Jacó fugir da presença de Esaú, foi chamado perante Isaque, re­cebendo novamente a bênção profética prometida a Abraão, Cap. 28.1-4. Jacó foi mandado a Padã-Arã em busca de uma mulher de sua própria família, Cap. 28.6. Foi animado na sua jornada por uma vi­são, recebendo o apoio divino, Cap. 28.19. Casou com Léia e Raquel, suas primas, que lhe deram doze filhos: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon, Dã, Naftali, Gade, Asser, José e Benja­mim.

Passados vinte anos, segundo a direção do Se­nhor, Jacó voltou de Padã-Arã para Canaã, onde morava Isaque, seu pai, trazendo suas mulheres e seus filhos, seus servos, seu gado e grande riqueza. Mas, para Jacó havia um problema: o encontro com o seu irmão Esaú. A passagem pelo Vau de Ja- boque (Cap. 32.22-32) registra o encontro e a luta de Jacó com o anjo do Senhor; da luta resultou a mudança do nome de Jacó para “ Israel” , que signi­fica: Aquele que lutou com Deus.

Pelo nome de Israel foram chamadas as doze tri­bos depois da libertação do Egito, Êx 3.16. Depois, com a divisão do reino de Israel no tempo de Ro- boão, filho de Salomão (1 Rs Cap. 12) as tribos de Judá e Benjamim mantiveram-se fiéis à casa de Davi e tomaram-se o reino do Sul ou o Reino de Ju­dá. As dez tribos constituíram a Jeroboão I como rei, e se tomaram o Reino do Norte ou Israel. De­

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pois do cativeiro babilônico, os que voltaram desig- naram-se por Israel, embora fossem na maioria ju­deus. Nos tempos do Novo Testamento, q povo de todas as tribos era conhecido, geralmente, como ju­deus, e agora, em nossos dias, com o retomo da na­ção à sua pátria, o nome que tem é Israel, ou Esta­do de Israel.

Josué, depois que conquistou a terra de Canaã, conforme determinação de Deus, não tomou posse da terra na extensão que Deus havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó. Lemos em Juizes 2.20-23 e 3.3,4: “ pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel e disse: Porquanto este povo transpassou o meu concerto, que tinha ordenado a seus pais, e não deram ouvidos à minha voz, tampouco desa- possarei mais de diante deles a nenhuma das na­ções, que Josué deixou, morrendo; para por elas provar a Israel, se hão de guardar o caminho do Se­nhor, como seus pais guardaram, para por ele anda­rem, ou não. Assim o Senhor deixou ficar aquelas nações, e não as desterrou logo, nem as entregou nas mãos do Josué. Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus, que habita­vam nas montanhas do Líbano, desde o Monte de Baal-Hermom, até a entrada de Hamate” .

Israel rejeitou a Jesus como o seu Messias, mas aceitará o Falso Profeta, Jo 5.43. Quando, porém, virem o Senhor na sua manifestação em glória, la- mentar-se-ão profundamente, e chorarão arrepen­didos, Zc 12.10-14; 13.6. Igualmente farão todas as tribos da terra naquele dia, Ap 1.7. José, filho de Jacó, é o tipo de Jesus neste acontecimento, quan­do reconciliou-se com seus irmãos, Cap. 45.1-15. Assim acontecerá com Jesus e seus irmãos judeus.

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Para Israel estão destinadas as bênçãos mate­riais. A nação ressurgirá como um milagre. Diz o profeta: “ Quem jamais ouviu tal coisa? quem viu coisa semelhante? poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só vez? mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus fi­lhos” , Is 66.8. E a respeito de Jerusalém, diz o pro­feta: “ Por amor de Sião me não calarei, e por amor de Jerusalém me não aquietarei; até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa. E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor nomeará. E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diade­ma real na mão do teu Deus. Nunca mais te cha­marão: Desamparada, nem a tua terra se denomi­nará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: Hefzibá (o meu prazer está nela), e a tua terra: Beulá (a ca­sada) ; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará. Porque, como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus” , Is 62.1-5.

Então estabelecer-se-á o Milênio: e Cristo rei­nará como o Príncipe dos Reis da Terra, o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 1.5; 19.16), sobre Ele estão formadas as promessas de Deus a Davi: “ Quando teus dias forem completos e vieres a dor­mir com teus pais, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas entranhas, e esta­belecerei o teu reino. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” , 2 Sm 7.12-16. Esta pro­messa está confirmada ainda nas seguintes referên­

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cias: Lc 1.32,33; Dn 2.44; 7.14,27; Ob v.21; Mq 4.7 e Is 55.4. Virá e reinará na Terra, Ap 11.15. 0 Reino de Cristo abrangerá todo o mundo e a prosperidade e a paz rodearão o globo e prevalecerão de polo a polo, Is 9.6,7; Dn 7.13,14; Mq 4.6,7; Zc 14.1-21. A sede do Reino será Jerusalém, Is 2.2-4; 4.2,3; J1 3.17,20; Mq 4.2, que será chamada Cidade do Gran­de Rei, Mt 5.35; SI 48.2.

O Milênio é o período em que, pela última vez, o homem é posto à prova e em circunstâncias as mais favoráveis que podemos imaginar, num reinado de justiça, num mundo melhor: os céus abertos em bênçãos, a terra cheia do conhecimento da glória de Deus e, como advertência para o futuro, a lembran­ça dos julgamentos anteriores. O grande problema do mal toma-se claro. Não será possível desculpar o pecado atribuindo-o à ignorância, a um mau gover­no, como tantas vezes se tem feito.

Mil anos de bênçãos sobre a terra: “ E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho do leão e a nédia ove­lha viverão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e os seus filhos jun­tos se deitarão; e o leão comerá palha com o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca do áspide, e o já desmamado meterá a sua mão na cova do basi- lfsco. Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, porque a terra se en­cherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. E acontecerá naqueles dias que as nações perguntarão pela raiz de Jessé, posta por pendão dos povos, e o lugar de seu repouso será glo­rioso” , Is 61.6-10.

“ O seu nome será: Príncipe da Paz” , Is 9.6. “ A94

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maldição será tirada da terra” , Rm 8.20-22. “ Em vez de espinheiros (símbolo da maldição), crescerá a faia” , Is 55.13. Israel será a primeira dentre todas as nações, e por Israel serão abençoadas todas as nações da terra, conforme a promessa feita a Abraão, Cap. 22.18.

Cumpre-se a união das dez tribos de Israel com Judá (Ez 37.15-28) e neste tempo haverá um só rei­no que tomará posse de toda terra prometida á Abraão, Cap. 15.18, a qual abrangerá do Rio Eufra- tes ao Rio do Egito, Ez 47.15-20.

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Armando Chaves Cohen, autor de Estudos Sobre o Apocalipse, A

Segunda Vinda de Cristo e A Vida Terrena de Jesus, é professor de

diversas disciplinas teológicas e atualmente exerce o pastorado da

Assembléia de Deus em Capanema, no Estado do Pará.

Esta nova obra é o resultado de longas pesquisas realizadas pelo autor na

área de introdução ao estudo do Gênesis. Temas de grande interesse, tais como os princípios do universo

material, da raça humana, da nação israelita etc., são analisados com muita segurança, dentro do mais

profundo respeito ao contexto bíblico e numa linguagem franca e acessível

a todos.

CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS