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REF. BIBLIOGRÁFICA: LUSTOSA, Isabel. "Notícias de Paris: a
abdicação de Carlos X e o Brasil. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 176 (466): 61-86, jan./mar. 2015.
Notícias de Paris: a abdicação de Carlos X e o Brasil
“E porque um acontecimento feito em 2000 léguas distante, em um povo
estrangeiro, lá do Velho Mundo, tanto afeta certa gente?”
O Brasileiro imparcial (26/10/1830, n. 87)
RESUMO
Artigo em que analiso a repercussão que teve no Brasil, a notícia da
Revolução de Julho de 1830, na França; as comparações que os jornais brasileiros
fizeram entre D. Pedro I e Carlos X, bem como as conseqüências desse debate.
Através da imprensa, a oposição buscaria estabelecer semelhanças entre as condições
objetivas que levaram àquela revolução européia e a realidade brasileira no sentido de
forçar o Imperador a adotar atitudes politicamente mais liberais. A crise final do
Primeiro Reinado foi acentuada pela disputa entre liberais de oposição mais ou menos
radicais e liberais partidários de d. Pedro e pelo envolvimento direto de jornalistas nos
conflitos de rua entre portugueses e brasileiros no Rio de Janeiro que acabaram
culminando com a abdicação do Imperador em 7 de abril de 1831.
1. A imprensa do final do Primeiro Reinado
A “História do Brasil” do comerciante inglês John Armitage, lançada em
1836, na Inglaterra, registra o impacto que a chegada da notícia da abdicação de
Carlos X teve no Brasil. O autor que vivera no Rio de Janeiro entre 1828 e,
possivelmente até 1836, diz ali que a novidade teve o efeito de um “choque elétrico”,
informando que “muitos indivíduos no Rio, Baía, Pernambuco e São Paulo
iluminaram suas casas por este motivo” (ARMITAGE, p. 281). Repercutida em vários
livros e artigos pela historiografia produzida sobre o assunto, tal informação é o
2
elemento que inspira este artigo. Conhecer o conteúdo e a intensidade dessas
manifestações e estabelecer a maneira como os fatos acontecidos na Europa foram
apreendidos e reelaborados pela imprensa brasileira, nos ajuda a entender como o
desfecho do reinado de d. Pedro I foi estimulado pela agenda internacional1.
Os jornais brasileiros do final de 1830, confirmam o que Armitage, historiador
de primeira hora, registrou: tão logo foi divulgada na Corte e nas províncias, a notícia
da Revolução de Julho na França, houve manifestações públicas de júbilo em vilas de
diferente pontos do Brasil. Ao Rio de Janeiro, capital do país, chegavam informações
de Pernambuco, da Bahia, de Minas Gerias, de São Paulo e do Rio Grande de Sul
dando conta da intensidade dos festejos. Jornais como o situacionista “Brasileiro
Imparcial” (26/10/1830, n. 87) informavam sobre a repercussão dizendo que “de
Pernambuco e Bahia nada nos participam de notável mais do que os exaltados
desenvolverem-se com as notícias recebidas da França”. Uma idéia do que foram as
comemorações ocorridas em várias localidades do país pode-se obter pela descrição
detalhada feita por alguém que se assina “Um rio-grandense”. Originalmente inserida
no “Constitucional Rio-Grandense” (jornal que se publicava no hoje estado do Rio
Grande do Sul) a carta foi reproduzida no jornal carioca “Ástrea” (11/12/1830, n.
649).
“Ontem, 15 de outubro, ao ocaso do sol, chegaram a esta vila algumas folhas
do Rio de Janeiro e da sua leitura fomos mimoseados da fausta e inesperada notícia de
haverem baqueado os tronos dos três tiranos, Carlos X, Fernando VII e Miguel2: é
superior a toda a expressão o extraordinário prazer que produziu tão salutar notícia.
Os cidadãos avidamente corriam à casa uns dos outros a congratularem-se com
transportes de nímio júbilo. Ao anoitecer foi geral a rápida e espontânea iluminação;
repiques de sinos se ouviram em todos os templos; imensidade de fogo no ar se
lançava a porfia por todos os pontos da vila. Não satisfeitos com isto extasiados se
dirigiram à casa do Juiz de Paz, donde saíram acompanhados do mesmo e de uma
1 A Revolução de 1830, na França, ocorrida entre os dias 27, 28 e 29 de julho, derrubara do trono Carlos X e elevara Luis Felipe d’Orleans. Revolução de caráter liberal, ela seria o estímulo para uma série de movimentos que agitariam a Europa numa verdadeira onda liberal que marcaria o fim do período conhecido como Restauração. Naturalmente que, tal como no Brasil, os processos revolucionários da Bélgica, Polônia, Grécia e Itália tiveram razões e trajetórias próprias, servindo a revolução liberal da França como estimulo e também base de apoio aos liberais daqueles países. V. APRILE, CARON & FUREIX; CHURCH e VIGIER. 2 Informação equivocada, nem o rei de Espanha, Fernando VII nem o de Portugal, D. Miguel tinham sido depostos.
3
banda de música a cantar pelas ruas da vila um hino cujas letras foram improvisadas
pelo patriota Francisco Xavier Ferreira. Durante o trajeto milhares de vivas se deram
à liberdade do universo; aos homens livres de toda a parte; à liberdade da Europa; à
da península; à rainha Maria II; aos atletas da liberdade do Brasil; à sua Constituição
e aos seus representantes. À vista disto, Sr. Redator fica patente que cidadãos que
sabem apreciar em grau tão elevado o triunfo da liberdade no Velho Mundo, melhor
apreciarão a do seu solo e darão a ultima gota de sangue para defenderem o sistema
que felizmente nos rege.”
Em Pernambuco, o ultra-conservador “O Cruzeiro” (08/10/1830, n. 125)
denunciava: “É público que alguns súditos do rei da França Carlos X, iluminaram
suas casa e que pretendem dar um baile ou coisa que o valha pela notícia da revolução
francesa.” De fato, tão logo a novidade chegou ao Recife, o próprio cônsul da França
fizera hastear a bandeira tricolor no teto de sua casa, o que provocaria a revolta do
redator do “O Cruzeiro” (11/10/1830, n. 127): “Saltar aos ares uma bandeira que
serviu em revolta para despojar do trono um monarca legitimo e aliado do Brasil é dar
asas a que nossos partidistas republicanos, aproveitando a senha, tentem levantar a
Bandeira Equatorea3 e tragam de novo a nossos campos os estragos da anarquia.”
Mas foram os festejos que se fizeram em São Paulo que tiveram as
conseqüências mais dramáticas. No dia 5 de outubro, a notícia chegara ali pelo porto
de Santos. Várias casas da cidade se iluminaram e os estudantes da Faculdade de
Direito seguiram a banda de música do batalhão que costumava percorrer as ruas às 8
horas da noite, gritando vivas e fazendo grande algazarra. Considerando aquelas
manifestações subversivas, o Ouvidor da Vila de São Paulo, Cândido Ladislau
Japiaçu, determinou a prisão dos estudantes. A repressão promovida pelo ouvidor
repercutiu no Rio de Janeiro e teve no jornal do italiano estabelecido em São Paulo,
Libero Badaró, o Observador Constitucional, seu mais contundente crítico. Em meio
ao debate que tomou conta da imprensa sobre a legalidade ou não da manifestação
estudantil, Libero Badaró foi morto em uma emboscada (21 de novembro de 1830)
supostamente a mando de Japiaçu. A morte de Badaró contribuiu para excitar ainda
3 Referencia à bandeira da Confederação do Equador, movimento iniciado em Pernambuco, no começo de 1824 e logo expandido para outras províncias do Nordeste brasileiro. O elemento detonador da Revolução foi a dissolução da Constituinte de 1823 com a subseqüente outorga de uma Carta Constitucional pelo Imperador, em 1824, mas sua origem era mesmo o espírito federalista que sempre marcou os radicais pernambucanos e que seria simbolizado pelo padre, jornalista e líder político pernambucano, Frei Caneca. V. MOREL, CABRAL.
4
mais a oposição dos liberais a d. Pedro. Em São Paulo seriam longas e populosas as
manifestações de pesar pela morte do jornalista. Elas se repetiriam, quase como uma
forma de protesto, em várias vilas do interior de Minas Gerais, durante a longa
viagem que o Imperador fez àquela província entre dezembro de 1830 e fevereiro de
1831.
2. Quais eram os jornais
Pouco tempo depois da chegada da notícia da Revolução de Julho no Rio de
Janeiro, os jornais anunciavam que já estava em preparo “uma pequeno brochura”,
intitulada “História da revolução francesa em 1830”. Segundo os anúncios, o livro
conteria “a descrição de todo o acontecido naqueles poucos dias em que uma chama
elétrica se comunicou por toda a França a unânime vontade de vingar a carta
constitucional claramente ultrajada” (Astréa, n. 624, 09/10/1830). O total arrecadado
com a venda das assinaturas seria remetido a Paris para ser entregue no escritório do
jornal “Le Constitutionnel”, a fim de ser distribuído entre as famílias “cujos pais,
filhos e irmãos pereceram combatente gloriosamente pela Liberdade.”
O responsável pela publicação da prometida brochura era o livreiro e editor
francês estabelecido no Rio de Janeiro desde 1824, Émile Seignor Plancher, sob a
proteção do Imperador4. Plancher, um liberal bonapartista que viera da França
temendo o endurecimento do regime com a subida ao trono de Carlos X, era também
o editor do “Jornal do Comércio”, folha surgida em 1827, que se pretendia neutra,
dedicada principalmente a boletins e informações comerciais mas que, eventualmente,
quando levada a se posicionar, apoiava o Imperador. Politicamente, o “Jornal do
Comércio” formava, ao lado do “Diário Fluminense”5, publicação semi-oficial que,
mudando de nome, vinha, desde 1808, liderando os jornais situacionistas.
4 O perfil mais completo de Plancher e de sua atuação no Brasil foi traçado por Marco Morel. V MOREL, pp. 25/60. 5 “Diário Fluminense”, que circulou de 1824 a 1831, foi o nome que tomou o jornal “Diário do Governo” (1823 a 1824) que, por sua vez, era originalmente a “Gazeta do Rio de Janeiro”, primeiro jornal impresso no Brasil e que circulou com este nome entre 1808 e 1822. Depois da Abdicação (1831) o “Diário Fluminense” voltou a se chamar “Diário do Governo”.
5
O fato de um liberal como Plancher se aliar ao Imperador, sendo mesmo alvo
de críticas de outros liberais6, demonstra o quanto a situação brasileira tinha de
específico e de contraditório. Para muitos europeus liberais e ilustrados, d. Pedro era a
melhor opção que havia no cenário brasileiro7. Na visão destes, o voluntarismo e
mesmo as atitudes autoritárias do imperador, não anulavam o esforço associado ao
processo da Independência do Brasil, à concessão da Carta e ao estabelecimento de
um regime baseado na divisão de poderes.
D. Pedro combateria os adversários que o acusavam de ser pouco liberal pela
afirmação constante de seu constitucionalismo e do seu compromisso com a Carta que
ele mesmo havia outorgado. Sua posição era ainda reforçada pela batalha que se
travava em Portugal entre liberais e absolutistas. O partido dos que defendiam os
direitos de d. Maria II, em virtude da Carta Constitucional outorgada por d. Pedro
aquele país, ainda em 1826, tinha no Imperador do Brasil, pai e tutor da rainha que
tinha 7 anos de idade, sua última esperança de reverter a situação portuguesa8. De
modo que a afirmação do constitucionalismo de d. Pedro na imprensa, tinha uma
dupla função. No Brasil, dar como fantasiosas as acusações que lhe faziam os liberais
de ser infiel ao que prescrevia a Carta Constitucional e, na Europa, defender os
direitos de D. Maria II ao Trono Português, afirmando a proposta liberal que deveria
orientar seu reinado.
Assim é que um dos jornais favoráveis ao Imperador, o “Brasileiro Imparcial”,
analisando as perspectivas que se abriam com a Revolução de Julho, dizia que, ao
6 Plancher seria duramente atacado pelos radicais e também por outro jornalista francês Pierre Chapuis que, pela criticas feitas na imprensa ao tratado de reconhecimento da Independência assinado com Portugal, acabou expulso do Brasil por D. Pedro I, em 1826. (MOREL, pp. 34/35) 7 Quando se estabelecesse na França, a partir de agosto de 1831, d. Pedro receberia o apoio incondicional de dois intelectuais franceses que tiveram suas trajetórias ligadas ao Brasil: Ferdinand Denis (1798/1890) e Eugène de Monglave (1796/1873). 8 A crise portuguesa teve início com a morte de D. João VI em março de 1826, seguida da Aclamação de d. Pedro I do Brasil como D. Pedro IV de Portugal e de sua Abdicação em nome da filha mais velha, Maria da Gloria, então com 7 anos de idade. Antes de abdicar do trono português, D. Pedro outorgou uma Carta Constitucional ao país. Através de intensa ação diplomática, ele negociou na Europa o casamento da filha com o tio D. Miguel, irmão mais novo de d. Pedro e pretendente da coroa portuguesa. Em fevereiro de 1828, d. Miguel que se encontrava na Áustria retornou a Lisboa como Regente nomeado por d. Pedro mas, em pouco tempo um movimento liderado por sua mãe, Carlota Joaquina, o faria aclamar rei absoluto. Uma série de confrontos entre liberais e absolutistas agitariam Portugal, culminando com a guerra iniciado por d. Pedro a partir da cidade do Porto, em 1832 e que terminou em 1834 com a vitória dos liberais e a subida de d. Maria II ao trono. Sobre essa guerra há vasta bibliografia. A obra mais recente é a biografia de D. Miguel (LOUSADA & MELLO FERREIRA) mas o empolgante relato de Oliveira Martins do que foi o miguelismo e da campanha liderada por d. Pedro para a reconquista do trono português, também incluído na bibliografia, continua a ser a obra mais interessante sobre o assunto.
6
tornar a por em vigor a Carta Constitucional, a França poderia beneficiar muitas
nações, como Portugal e o Brasil. E continuava: “Todos sabem que a usurpação de d.
Miguel é devida à cavilosa política do gabinete inglês, influente e influído, pelos
gabinetes apostólicos de França, Áustria e Espanha.” Assim, sendo, acredita o redator
que, diante da nova realidade, Brasil e Portugal, duas monarquias constitucionais,
seriam aliados naturais da França, de Luis Felipe. “O Imparcial” indagava otimista:
seria o novo governo francês capaz de “restabelecer em Portugal, rainha e Carta sem
obstáculo da política britânica, austríaca ou espanhola?” (02/10/1830, n. 80).
O redator do “Brasileiro Imparcial” ou simplesmente, “O Imparcial”, era o
negociante português Joaquim José da Silva Maia. Maia tinha vivido na Bahia por 26
anos e durante a guerra da independência naquela província publicou dois jornais:
Semanário Cívico (1821-23) e A Sentinela Bahiense (1823)9. Apesar de
constitucionalista e liberal, Maia, entusiasta das Cortes de Lisboa, foi um
intransigente defensor não só da união, como também do restabelecimento de uma
relação privilegiada de comércio entre Brasil e Portugal10. Com a derrota de
Madeira11, acompanhou as tropas portuguesas ao Maranhão e de lá voltou a Portugal,
se instalando na cidade do Porto onde passou a redigir O Imparcial (1826-28),
defendendo a Constituição e dando combate aos absolutistas que sustentavam os
direitos de d. Miguel ao trono. Depois da volta de d. Miguel a Lisboa e de sua
aclamação como rei de Portugal, teve início intensa e violenta perseguição aos
liberais.
Maia retornou ao Brasil no final de 1829, estabelecendo-se no Rio de Janeiro,
onde passou a publicar, a partir de 2 de janeiro de 1830, “O Brasileiro Imparcial”. Seu
jornal circulava duas vezes por semana, às terças-feiras e aos sábados e teve um total
de 104 edições com quatro páginas cada. A epígrafe era a mesma que Silva Maia
adotara para a edição o “Imparcial” que publicara no Porto: “Longe de servir a este ou
aquele partido, falando-lhe a linguagem das paixões, falarei a todos a linguagem da
9 Sobre o “Semanário Cívico” e as próprias contradições que marcavam o ambiente político da guerra da Independência na Bahia, ver o livro de Maria Beatriz Nizza da Silva, inclusivo na bibliografia. 10 O tema da recolonização que visões como a de Silva Maia traziam embutido, seria um fantasma a ser agitado pelos liberais brasileiros tanto no processo da independência, entre 1821 e 1822, quanto na crise que levou à abdicação, entre 1830 e 1831. 11 Questões relacionadas à história local mas também à rivalidade entre brasileiros e portugueses (que marcariam as relações desses dois grupos em várias províncias durante o Primeiro Reinado), fizeram com que uma guerra que causou centenas de mortes se prolongasse até 2 de julho de 1823, quando as tropas brasileiras venceram e a Independência do Brasil foi finalmente proclamada na Bahia.
7
razão” (PEREIRA, p. 4). Maia faria a defesa de D. Pedro e de seu reinado contra os
jornais da oposição e também usaria as páginas do jornal brasileiro também para dar
combate a D. Miguel. Ele morreu em fevereiro de 1831, em plena crise que levaria à
Abdicação do imperador, quando o “Brasileiro Imparcial” deixou de circular.
Ao lado de Silva Maia e formando entre os que defenderiam D. Pedro até o
final, destaca-se outro jornalista europeu, o francês Henri Plasson. Responsável pela
publicação do “Moderador”, Plasson fora nomeado cônsul de seu país na Bahia em
1816. Era amigo da família de Ferdinand Denis12 e quando este resolvera tentar a
sorte no Brasil, depois de alguns meses no Rio de Janeiro, foi contratado como
secretário por Plasson, com quem dividiu casa na Cidade Alta, em Salvador. Depois
de ter abandonado o posto consular para se dedicar ao comércio, Plasson se distinguiu
na guerra da independência da Bahia, lutando contra os portugueses sob o comando
de outro francês, o General Labatut, tendo alcançado a patente de coronel. Em
seguida, Plasson veio para o Rio de Janeiro e Maria Graham fala da boa impressão
que teve dele quando o francês acompanhou-a em visita ao Museu Nacional, em
agosto de 1823 (GRAHAM, p. 304).
No Rio de Janeiro, deve ter dado continuidade às suas atividades como
comerciante pois só começaria a publicar um jornal, em 1828: “Le Courrier du
Brésil” “feuille politique, commerciale et litteraire” que circulou até março de 1830.
A partir de abril de 1830, o jornal de Plasson passa a ser publicado em português com
o nome de “O Moderador” usando, a princípio como complemento do título a
referência ao antigo jornal: “Novo Correio do Brasil”. Até 2 de abril de 1831, quando
deixou de circular, foram publicados 88 números do “Moderador”. A Abdicação de
d. Pedro no dia 7, marcou não só o fim do jornal como da vida de Plasson no Brasil.
Ele acompanhou o Imperador em sua retirada para a Europa, redigindo a bordo do
Volage, junto com ele, o documento com que devia ser divulgada ao mundo sua
versão dos fatos. (SOUSA, p. 145).
Possivelmente para continuar a atender à clientela francesa, em setembro de
1829, Plasson lançou a Revue Brésilienne ou Recueil de Morceaux Originaux sur les
Affaires Intérieures de l’Empire, la Politique et sur la Statistique Locale, Imitations
12 Jean- Ferdinand Denis (1798/1890) esteve no Brasil entre 1816 e 1821, viajando por várias provincias. Na Europa, publicou diversas obras sobre o Brasil e a America Latina sendo considerado um precursos dos estudos sobre a literatura brasileira. Foi editor da “Revue de deux mondes” e diretor da Bilioteca Sainte-Genevieve, em Paris onde estão guardados seus arquivos.
8
ou Pièces originales de Littérature, Sciences et Arts - “Par les Redacteurs du
Moderador”. Apesar do título, não aparece em nenhuma de suas 75 páginas qualquer
texto sobre artes e/ou ciências, dedicando-se mais a refletir sobre temas da vida
política internacional, publicando inclusive de forma favorável a notícia da Revolução
de Julho, na França, a que chama “os três dias memoráveis” e analisando suas
possíveis conseqüências (VIANNA, p. 163 ).
No período aqui analisado, entre 1830 e 1831, certamente foram “O Brasileiro
Imparcial” e o “Moderador”, os mais combativos e ardentes defensores de d. Pedro I e
de seu reinado. Ao lado deles, formavam outros aliados eventuais como o
“Verdadeiro Patriota” que surge em outubro de 1830, adotando um tom bastante
agressivo contra os jornais de oposição. Cabe ainda incluir aqui, pelo caráter
destoante, o único jornal brasileiro a se manifestar claramente contra a Revolução de
1830 na França e em defesa dos direitos legítimos de Carlos X ao trono: “O
Cruzeiro”. Era publicado pelo padre Francisco Ferreira Barreto, atuante membro da
ordem secreta “Colunas do trono”13, apelidado por seu principal adversário na
imprensa pernambucana, o também padre Lopes Gama, como “padre forca” 14 pois
pretenderia enforcar republicanos “a seu bel-prazer”. Lopes Gama também chamava
o jornal do adversário de “oráculo dos taberneiros miguelistas” numa referência tanto
à origem de seus leitores, a comunidade comercial portuguesa, quanto à sua
predileção por D. Miguel em detrimento de D. Maria da Glória. Desde 1828, “os
colunas” gozavam de grande influência em Pernambuco e sua organização tinha por
meta fazer o imperador governar “sem o trambolho”, ou seja sem a Constituição.
Mas a imprensa que faria oposição a D. Pedro e aos seus ministérios era muito
mais ativa e disseminada. Se, durante o período que vai do fechamento da
Constituinte, em novembro de 1823, até a retomada dos trabalhos legislativos em
maio de 1826, ela fora reduzira a poucos jornais, a inauguração dos trabalhos
parlamentares marcaria o renascimento da imprensa liberal. Em 1826 surgiu a
“Astréa”; em dezembro do ano seguinte, a “Aurora Fluminense” e, em 1828, a “Nova
Luz Brasileira”. Em 1829, apareceriam o “Repúblico” e o “Tribuno” e em 1830, viria
13 No final do primeiro reinado, entre 1829 e 1831, ação de adeptos do absolutismo identificados como “Colunas do trono” foram registradas no Nordeste, entre o interior do Ceará e de Pernambuco. Proibidas aquelas manifestações pelo governo, restaram, no entanto, vários absolutistas assumidos com forte atuação na vida política pernambucana. “O Cruzeiro” era um dos principais porta-vozes dos “colunas”. (FELDMAN, p. 88) 14 Evaristo da Veiga chamaria assim o redator de “O Cruzeiro”, alegando que o apelido era bem conhecido em Recife. Aurora Fluminense, n. 422, 10.12.1830.
9
juntar-se a eles o “Voz da Liberdade”, publicada pelo Major Miguel Frias e
Vasconcelos.
Os redatores dos periódicos mais radicais, Ezequiel Correa dos Santos, da
“Nova Luz”, Francisco Chagas de Oliveira Franca, do “Tribuno” e Antonio Borges
da Fonseca, do “Republico”, eram personagens de origem mais modesta do que os
confrades. Oriundos das camadas médias urbanas, todos nascidos no Brasil e sem
chance de serem eleitos para o parlamento em um sistema de voto censitário, sua
atividade apontava no sentido da democratização da vida política e no combate aos
privilégios dos portugueses que ainda eram muito influentes no Brasil. (BASILE,
22/23)
No entanto, o mais importante dos jornais de oposição foi mesmo a “Aurora
Fluminense”, publicada pelo livreiro e depois deputado, Evaristo da Veiga. Apesar de
seu aguerrido e constante combate ao governo, a “Aurora” representava o pensamento
liberal moderado, pois não lutava nem por república nem por federação como alguns
dos jornais ditos “exaltados”. Buscava, segundo dizia em seus editoriais, a efetiva
implementação da Carta Constitucional de 1824, o que, a seu ver o governo não fazia.
A “Aurora” não se confundia com os radicais federalistas e republicanos (Repúblico,
Voz, Luz) com os quais, aliás, também travaria alguns embates. Em 9 de dezembro de
1829, o redator declarava: Nada de jacobinismos de qualquer cor que ele seja. Nada
de excessos. A linha está traçada - é a da Constituição. Tornar prática a Constituição
que existe sobre o papel deve ser o esforço dos liberais.
Exemplar do espírito de moderação que orientava o jornalismo de Evaristo da
Veiga são algumas de suas observações sobre a Revolução de Julho. A “Aurora
Fluminense” destacaria como seu aspecto mais positivo, o caráter moderado e o
respeito que os vencedores tiveram pelos direitos dos vencidos. Aqueles que “agora
acabam de salvar a França”, segundo o jornal, não o tinham feito “pelos meios que
Robespierre empregou: seguiram antes o caminho da moderação com energia”.
Fazendo uma crítica aos radicais da imprensa brasileira, o jornal menciona Benjamin
Constant, Guizot, Lafite e Lafayete, “homens ilustres que têm aqui merecido de certos
pseudo-patriotas o epíteto de capoeiras e jesuítas” (AF, 27.09.1830, n. 392).
Segundo Evaristo da Veiga, “vanguarda da Santa Aliança”, o governo dos
Bourbon tinha sucumbindo “aos golpes da opinião ilustrada”, sem que a vitória
tivesse “sido manchada com excessos” e o resultado fora a vitória dos “homens da
moderação, da razão, da moralidade pública”. (AF, 08/10/1830, n. 397). Dez dias
10
depois o mesmo jornal, registrava que na França continuavam a serem publicados
jornais tradicionalmente identificados com o Absolutismo e o Legitimismo como a
“Gazette de France” e a “Quotidienne”. Este seria, na visão de Evaristo da Veiga, o
melhor elogio que se podia fazer aos liberais e a prova de que a revolução estava mais
segura do que imaginavam “alguns dos nossos áulicos”. (AF, 18/10/1830, n 401)
Com a notícia da revolução na França, os liberais brasileiros alimentaram a
expectativa de que, a partir dali, por influência do ambiente internacional, o governo
adotasse atitudes menos autocráticas, reaproximando-se da Câmara dos Deputados.
Por isto as noticias de contágio da revolução em outras cortes européias eram
saudadas com grande entusiasmo. Na opinião da “Aurora”, certamente o processo
haveria de atingir outros países da Europa: “As duas penínsulas, Ibérica e Italiana não
deixarão de aproveitar o momento” (AF, 22/09/1830, n 390). O “Repúblico”,
(27/11/1830, n.17), informava que “a lava que assolou a tirania em França há
estendido a toda a Europa e vai caminhando aos confins do velho mundo”.
O entusiasmo dos jornais governistas pela Revolução de Julho na França, no
entanto, iria se atenuando na medida em que aumentava o esforço dos jornais de
oposição para identificar d. Pedro com Carlos X. Já em seu numero 86 (23/10/1830),
o “Imparcial” lembrava que aquela, decerto, não seria a última vez que se veria Paris
envolvida em tais tumultos, “outros aparecerão, apesar da sabedoria do povo francês.
São conseqüências necessárias de uma revolução.” No número seguinte, 87
(26/10/1830), afirma que não lhe impressionavam “esses sucessos da França,
enquanto não virmos solidamente estabelecida a Carta e todos os franceses com o
mesmo pensar”.
Parte 3: A lição e as comparações
“Acontece que a escola da experiência em que todos os homens aprendem
parece estar fechada para os reis.” (Aurora Fluminense, 27/09/1830, n 392)
O caráter pedagógico da Revolução de 1830 seria exaustivamente trabalhado
pela imprensa brasileira de oposição ao Imperador. O ambiente seria dominado pelas
tentativas de apropriação do episódio francês para moldar a nossa realidade, tanto
através de comparações quanto de exortações aos brasileiros para seguirem o exemplo
dos franceses. A lição do que se passara na França servia a todo os reis, que deveriam
11
aprender com a má experiência de Carlos X. Em seus artigos, ao identificarem quais
teriam sido os erros do rei da França, os jornalistas aproveitavam para afirmar a
orientação política que deveria ser dada aos governos modernos, em geral e ao
brasileiro, em particular. São muitas as citações do gênero publicadas nos jornais.
“Esta recente revolução da França é uma lição de primeira ordem para os
príncipes que houverem sido dotados de algum senso e que observarem quanto é hoje
impossível governar pelo moto próprio e ciência certa, quanto é necessário, até por
política e por desejo da própria conservação, ir de acordo com a ilustração do século.”
(AF, 29/09/1830, n. 392)
“Exemplo, governantes, não desprezeis as lições do presente assim como
fizestes às do passado se não quereis um futuro desastroso!” (Astréa, 25/09/1830, n,
618)
A lição deveria servir aos reis mas também aos povos. A partir do que
acontecera na França, diz o “Pregoeiro”, os povos “aprenderão agora o quanto vale
um poder absoluto nas mãos de um homem chamado rei, conhecerão que a
Constituição é a única mordaça que pode conter esses tigres; eles verão que um rei
nada é sem povo e que este, pelo contrário, é sempre o soberano.” (“Pregoeiro
Constitucional”, 13/11/1830, n. 20) Afirma a “Voz Fluminense” (14/11/1830, n. 122)
que: “o que fez o povo francês é o que devem fazer todos os povos do universo em
idênticas circunstancias.” A “Nova Luz Brasileira” (19/10/1830, n. 86)) lamenta “a
tenaz cegueira dos povos que não tratam de se fazerem sempre temidos, e ainda
acreditam na repentina conversão de maus reis, que só mudam para bons
fingidamente enquanto são a isso arrastados por força maior.”
Se a lição servia ao povo em geral, devia servir particularmente ao povo
brasileiro. Ao explicar as razões porque os brasileiros deveriam aprender com o que
se passava na Europa abria-se espaço para as críticas ao governo. A lição dada pelos
franceses deveria ser aproveitada pelos brasileiros pois, como diz a “Luz”: “O povo
brasileiro, que é tão fácil de se iludir e contentar, e que já dormia a sono solto depois
da Revolução Francesa, deve-se agora despertar e por bem alerta na certeza de que
não dorme a tirania; e nada está feito, quando alguma coisa resta por fazer. Não viu o
Brasil o que fez na França de hoje a reiunada bourbonica, depois de vinte cinco anos
de lição mestra?” (“Nova Luz Brasileira”, 07/10/1830, n.100)
Mas, o principal alvo dessa campanha pedagógica era mesmo o Imperador.
Alguns jornalistas recomendavam de forma direta a D. Pedro que aprendesse com a
12
experiência de Carlos X. Enumeravam-se então, os motivos para quais d. Pedro
deveria atentar para que não lhe acontecesse o que acontecera com o rei da França. O
que acontecera a Carlos X, alerta a “Aurora Fluminense” (AF, 27/09/1830, n. 392)
“acontece a todo aquele monarca que, traindo os seus juramentos, tenta destruir as
instituições livres de seu país”. A “Luz” (05/11/1830, n. 91) era explicita ao dizer que
“não é somente o povo que deve tirar proveito do que se vai descobrindo lá na França;
S. M. I. e C. [Sua Majestade Imperial e Constitucional] deve também meditar nesses
sucessos, a fim de que evite o comprometimento de seu nome (...)”
Outro aspecto que deveria servir de lição a d. Pedro era o destino dos reis que
davam ouvidos aos maus conselheiros: “Tal há de ser sempre a sorte daqueles
monarcas que entregarem o leme da Nau do estado nas mãos de pérfidos
conselheiros”, (“Astro de Minas”, 30/09/1830, n. 447). O “gabinete secreto” e em
especial, o Chalaça15, eram os alvos dessas comparações. Sem citar diretamente d.
Pedro, o “Republico” (16/10/1830, n. 05) lembrava que o monarca “deve convencer-
se que se continua a escutar aos homens indigitados pela opinião pública como
perversos, fica perdido: por escutar a uns outros ficou perdido Carlos X.” De forma
mais incisiva e direta, a “Nova Luz” (29/10/1830, n. 89) recomendava: “Senhor,
afastai de vosso lado os péssimos corações brasileiros e estrangeiros que vos arrastam
sobre o precipício em que os áulicos de França despenharam Carlos X.”
O debate travado entre defensores e opositores de d. Pedro pelos jornais
ensejava a produção de argumentos em que se estabeleciam diferenças entre as
circunstâncias dele e as de Carlos X e entre as circunstâncias do Brasil e as da França.
Um contraste enaltecendo d. Pedro I e depreciando Carlos X era feito tanto pelos que
lhe faziam oposição quanto pelos que o apoiavam. Os primeiros, exageravam
qualidades que não viam em d. Pedro, como uma forma de admoestação. Era neste
sentido que falava a oposicionista “Aurora Fluminense”:
15 Francisco Gomes da Silva (1791/1852), apelidado pelo próprio Imperador como “Chalaça”, do qual era intimo, fazendo-lhe as vezes de secretário e confidente, era um criado português do Paço que veio para o Brasil junto com a corte, em 1808. Tornou-se estreitamente ligado a D. Pedro depois da Independência (1822) e essa amizade foi causa de muitas críticas na imprensa, culminando com seu afastamento em 1830 quando, com uma pensão paga pelo Imperador, seguiu para a Europa. Ali, depois da Abdicação (1831) continuaria a servir a D. Pedro e à sua família. Redigiu junto com o amo as Constituições do Brasil e de Portugal. A expressão “gabinete secreto” foi cunhada pelo Marques de Barbacena, quando de sua demissão do ministério e ruptura com d. Pedro em meio a um escândalo que ganhou as paginas dos jornais. Referia-se Barbacena ao círculo de amigos íntimos do imperador, inclusive e principalmente ao Chalaça, cuja influência era tal que, muitas vezes se sobrepunha ao ministério. O fato desse grupo ser formado por portugueses contribuía para aprofundar os ressentimentos dos brasileiros contra o Imperador.
13
“No Brasil não impera um Carlos X, possuído dos pulverulentos prejuízos
com que fora educado de idéias de direito divino e legitimidade: temos um príncipe
jovem cujo poder todo dimana da nação de quem é chefe e que abraçou com
entusiasmo as doutrinas do século a que pertence” (AF, 04/10/1830, n. 395)
As vezes a comparação era estabelecida por alusão. Em geral de caráter
malicioso como no comentário relativo à tentativa de Carlos X, em seu último gesto
ainda no trono, de reduzir o parlamento e reprimir a imprensa. A “Aurora
Fluminense” AF, 04/10/1830, n. 395) refere-se a ele como “um rei que talvez jurasse
continuamente que ninguém era mais constitucional que ele”. D. Pedro, quando
acusado de autocrático insistia na afirmação de seu constitucionalismo, dizendo
literalmente que era mais constitucional que qualquer outro.
Os jornais situacionistas procuravam demonstrar as diferenças entre a situação
dos monarcas de cá e de lá, ressaltando as qualidades superiores do nosso Imperador e
de seu reinado. Dizia o “Moderador” (13/10/1830, n. 43) sobre a sorte dos brasileiros
que seriam “mais feliz do que o franceses” porque “o caráter nobre de seu soberano o
põe a coberto de tão funestas comoções”. Procuravam também demonstrar que eram
absurdas as tentativas de comparar o rei deposto da França com o Imperador do
Brasil. “Que paralelo tem o governo do Brasil com o de França sob o reinado de
Carlos X? Não temos nós leis porque nos governamos; e um monarca constitucional
todo empenhado nos meios de nossa felicidade?”, indagava o “Brasileiro Imparcial”
(23/10/1830, n. 86). A mesma questão seria retomada no numero seguinte: “Que
analogia há com um monarca e seus ministros que calcaram aos pés os foros
nacionais com o Brasil, onde o soberano e os ministros são os primeiros em manter
aqueles foros? Em um monarca que muitos anos prófugo, cabalou e pegou em armas
contra a sua pátria, com o nosso Defensor perpétuo que se colocou à frente da
liberdade brasileira e que por ela pugnou, e nos deu Independência e Constituição16?”
(“Brasileiro Imparcial”, 26/10/1830, n. 87)
Em Recife, o legitimista “Cruzeiro” (n. 131, 15/10/1830), no melhor estilo da
imprensa de insultos atacaria adversário da imprensa liberal pernambucana, o padre
Lopes Gama, vociferando: “Faze certo aos teus confrades, vil mercenário, parricida
16 Defensor Perpétuo foi um titulo concedido pela câmara do Rio de Janeiro como homenagem a d. Pedro, ainda Príncipe Regente, por decisão de ficar no Brasil. D. Pedro o conservaria ainda depois da Abdicação. A referência a Carlos X, diz respeito às tentativas dos Bourbons de retomarem o poder depois da Revolução de 1789.
14
baixo e desprezível que a Pedro 1o não sucederá o que sucedeu a Carlos X.” Outro
jornal situacionista, o “Verdadeiro Patriota” (14/12/1830, n. 15) também combate esse
tipo de comparação dizendo, ameaçador: “Miserável!! Pedro não é Carlos. O Brasil
não é França. Nesta um ministro governa o rei. No Brasil o imperador depõe os
ministros para satisfazer ao povo e à lei.”
A partir do restabelecimento da ordem constitucional, em 1826, os liberais
passaram a exigir, tanto no Parlamento quanto em seus jornais, uma mudança nos
rumos da política do governo que, desde o final de 1823, vinha sendo totalmente
controlada por D. Pedro I. Naturalmente que, durante essa campanha, a França,
governada pelo ultra legitimista Carlos X, não estimulava a que buscassem lá modelos
a serem adotados aqui, nem que se investisse em uma relação diplomática mais
estreita com aquela nação. Ao contrário, Evaristo da Veiga propunha que o Brasil
procurasse se aproximar de seus vizinhos da América para não seguir os exemplos da
“caduca Europa”. Por isso a mudança de atitude da “Aurora” e dos demais jornais de
oposição com relação à França seria ironizada pela imprensa que dava suporte ao
governo.
Numa clara alusão ao que antes vinha pregando a “Aurora Fluminense”, o
“Brasileiro Imparcial” (26/10/1830, n. 87) lembrava que, aqueles mesmos que “tantas
vezes têm dito que a América pertence a si mesma e que nenhum contato tem com os
governos e política da Europa” seriam agora os que tanto se interessam pelo que se
passa na França. Na mesma direção vinha o comentário do jornal pernambucano
legitimista “O Cruzeiro”, que criticaria os que antes desprezavam a “velha Europa” e
que agora, justamente quando a França se achava revolucionada, passaram a citá-la
como modelo.
“Quando na Europa passavam alguns fatos que iam de encontro às idéias
revolucionárias, a velha Europa de nada valia; a sua marcha devia ser olhada com
desprezo por um império cercado de repúblicas e povoado de homens livres. Hoje que
na França aparecem sucessos espantosos (...), insta-se e deseja-se que a França
inquieta se tome por modelo, quando a França em paz e tranqüila era detestada e não
digna de imitação.” (Cruzeiro, 11/10/1830, n. 127)
Os jornais situacionistas também se esforçariam por demonstrar as diferenças
entre as características do Brasil e as da França e como situação dos brasileiros em
nada se comparava à dos franceses. Acusando o redator da “Ástrea” de gritar “às
armas”, de querer “o quanto antes uma revolução”, o “Imparcial” (09/11/1830, n. 91)
15
chamava a atenção para aspectos populacionais – especialmente o elevado percentual
de escravos – , para o atraso econômico e social da nação que recentemente deixara o
status colonial e mesmo para a precária estabilidade da ordem política do Brasil. “Ora,
com estes elementos heterogêneos, sem luzes, indústria, riqueza e comércio, quererem
persuadir-se que uma revolução possa ter os mesmos resultado que uma em França só
o pode conceber os mentecaptos e as atrabiliárias meninas Aurora, Astréa e seu fusco
amante o Repúblico.”
Referindo-se ao fato de que alguém na Câmara dos Deputados tinha ameaçado
o governo dando como exemplo o que acontecera na França, o “Moderador”
(06/11/1830, n. 50) afirma que não há a menor analogia entre as duas situações:
“entre o espírito, luzes, faculdades, recursos e posição do povo francês e do povo
brasileiro”. Apesar de acreditar que “nada, absolutamente nada de atemorizador tem
havido até o momento, em que se procura inquietar os espíritos, exaltar um mal
entendido patriotismo, sublevar massas para interesses de uns poucos”, os jornais que
falavam pelo Imperador se esforçariam por demonstrar a inviabilidade de se fazer
uma revolução semelhante à francesa no Brasil pois as conseqüências seriam bem
diversas. “O Moderador” sugere que o resultado de uma revolução entre nós estaria
mais próximo do que acontecera em S. Domingos do que em Paris.
“Depois de três dias de gloriosos combates na capital da França, cada um
voltou pacificamente para a sua loja, ou para a sua oficina. (...) Em S. Domingos
houve uma discussão sobre o direito do cidadão, recorreu-se às armas, S. Domingos
foi destruído!!17” (O Moderador, n. 50, 06/11/1830)
Outro elemento a distinguir a situação brasileira da francesa era a questão da
legitimidade. O “vil e desprezível principio de legitimidade” foi diretamente atacado
tanto pelos mais radicais quanto pelos mais moderados. Todos negavam qualquer
validade ao uso desse principio no ambiente político brasileiro, lembrando sempre
que d. Pedro era Imperador do Brasil “pela livre aclamação dos povos” tal como
constava na Carta Constitucional. A revolução do povo francês provara que “a
soberania reside essencialmente em a nação e que num país constitucional, o rei
nunca foi, não é e nem será soberano; e sim só é um simples magistrado”
(“Repúblico”, n. 17, 26/11/1831). O mesmo jornal, em seu numero 52, (02/04.1831),
17 O exemplo de S. Domingos era familiar aos brasileiros. Desde que começou o processo da Independência do Brasil muitos panfletos e jornais portugueses previam para o Brasil independente um futuro semelhante ao de S. Domingos. (LUSTOSA, p. )
16
exalta o exemplo que acabara de nos dar “o generoso povo Frances, desentronizando
o tirano Carlos X, e pondo em seu lugar Luis-Felipe, “sem se prenderem com a
esturrada doutrina do direito divino, pelo qual os déspotas se dizem senhores desta ou
daquela porção do gênero humano que eles tiranizam. Será por ventura Luiz-Felipe
inda rei dos franceses pela graça de Deus?”
As contradições que marcavam liberais de um lado e de outro ficam evidentes
na crítica que a “Aurora Fluminense” (20/09/1830, n. 393) faz ao “Imparcial”. Ali ela
lembra que aquele jornal que combate a usurpação de D. Miguel e que luta pelo
estabelecimento da Carta outorgada por d. Pedro a Portugal, teria dito que “a França
estará hoje tranqüila, visto que se respeitam os princípios da Legitimidade”. O jornal
questiona que “legitimidade” seria esta em que “um povo resiste aos decretos do rei”,
o força a abdicar depois de violentos combates, onde “a bandeira nacional é mudada”
e onde não se sabe mesmo quem subirá ao trono, “se o pequeno duque de Bourdeaux,
se o hábil Orleans!”. A seu ver, a única legitimidade “razoável e justa é a vontade da
Nação”, tudo o mais seriam quimeras, “invenções da grande liga dos Reis para
oprimir a liberdade da Europa”. Na conclusão ainda indaga ao “Imparcial” “D.
Miguel, se tivesse por si o jus da primogenitura, tiranizaria legitimamente Portugal?18
Em Pernambuco, “O Cruzeiro”, lamentava que, na França, “a Legitimidade
seja postergada pelo povo para a desgraça do mesmo povo!”. Ao contrário dos demais
que fazem o elogio da revolução, augurando-lhe um futuro glorioso, o “Cruzeiro”
exaltava as virtudes dos reinados de Luis XVIII e Carlos X. Diz que a França estava
se desfazendo de um monarca “que com seu predecessor a livrou de uma enorme
dívida; pôs em andamento as suas fábricas; animou em todo os ramos a indústria
nacional; estabeleceu o melhor sistema de finanças; criou uma marinha respeitável e
até acabou de conseguir só uma conquista gloriosas que em vão empreenderam
nações coligadas!”. (“O Cruzeiro”, 11/10/1830, n. 127)
Parte 4 - Carlos X no Brasil
18 Essa mesma questão será colocada no ano seguinte, em Paris, pelo jornal legitimista “L’ami de la religion et de roi”, (p. 362) aos liberais franceses que deram integral apoio a d. Pedro em sua luta por seus “legítimos” direitos à coroa portuguesa: “la destinée de don Pédro serait aussi singulière que le rôle des libéraux qui s´attachent à sa fortune. En effet, il s´agit toujours pour eux de favoriser une entreprise qui a pour objet de faire prêvaloir son droit vrai ou prétendu de prince légitime sur la volonté nationale, sur le principe de la souveraineté du peuple.”
17
O ódio dos mais radicais a Carlos X expresso nos jornais do Rio de Janeiro era
tão intenso que só podia ser a tradução mesmo do ódio contra os monarcas em geral,
muitas vezes chamados de “ladrões coroados”. A “Voz Fluminense” (14/11/1830, n.
122) considerava que “muita generosidade teve o povo francês em não o assassinar [a
Carlos X] como merecia” e indagava: “Quem diria ao ex-Carlos X que a 25 de julho
decretava como rei dos franceses e que a 3 de agosto seguinte era Carlos Capeto, e
estava banido de rei dos mesmos franceses?” Zombava-se do rei deposto,
comemorando a sua desgraça como na “Ástrea” (14/10/1830, n. 626) onde se dizia
que o “tonto” ex-Carlos X “lá anda pelas casas alheias, choromingando e pedindo
agasalho” e que o rei preferira “mendigar nos países estranhos a ser fiel a seus
juramentos!!!” A “Voz Fluminense” (14/11/1830, n. 123) em determinado momento
passa a chamá-lo de ”Carlos chis”, cujo “desígnios e procedimentos” teriam acabado
por torná-lo “Carlos cifra”. O pecado de Carlos X, segundo a “Repúblico” (n. 52,
02/04/1831) fora o fato de que as desgraças passadas não o tinham ensinado a regular
“sua conduta pela lei fundamental que seu finado irmão havia feito e ele mesmo havia
jurado”.
De boatos também ia se fazendo a revolução. Correu na imprensa do Rio de
Janeiro o boato em que se assegurava que Carlos X desejava vir se estabelecer no
Brasil19. Segundo a “Nova Luz” (05/10/1830, n. 83) , “o mais galante neste fato do
traidor jesuíta Carlos X ex-rei da França é a sua intenção de se refugiar na terra da
liberdade que já não existira sem ferros se tanto pudessem essas coroadas e despóticas
feras que tiranizam os povos debaixo do titulo de reis ou Herodes da Europa.”
O plano seria da Santa Aliança e com ele teriam colaborado os representantes
de d. Pedro na Europa que estariam associados a Meternich no projeto. O rei deposto
viria se estabelecer no Pará, “que é melhor clima para velhos” e, a partir de Caiena
tramaria para formar um reino “para os seus reiúnos e jesuítas que sirva na América
de estado-maior e quartel-general valente, ou manhoso e jesuítico maquiavélico dos
malvados reis do pandemônio ou santa aliança luciferina.” (“Nova Luz Brasileira”,
26/11/1830, n. 97)
19 O jornal Fígaro, de Paris, publicaria, em 26 de agosto de 1831, uma divertida sátira em que se descreve o que teria sido a viagem de Carlos X ao Brasil. Motivado pela recepção calorosa que d. Pedro recebera na França, o rei deposto daquele país, acreditando que mereceria igual tratamento dos brasileiros, deixa o exílio que lhe tinha sido oferecido na Escócia e embarca para Belém do Pará.
18
A simples menção dessa possibilidade despertava nos radicais uma enxurrada
de ataques contra “Carlos Capeto”. “Longe de nós tal monstro. O Brasil inda está
muito novo para servir de asilo a tiranos e ladrões coroados. (...) Convém pois que os
brasileiros se acautelem; porque Carlos Capeto é o mau vivente, é uma víbora; melhor
seria animarmos em nosso seio uma cascavel.” (“Republico”, 01/12/1830, n. 18)
Era mais um boato que vinha se somar a outros. Pouco antes, quando se temia
que d. Pedro viesse a dar um golpe absolutista reformando a Constituição nesse
sentido, correra o boato de que havia um arranjo com a França para que viessem de lá
tropas afim de conter a revolução no Brasil. Os ânimos estavam exaltados naquele
final de 1830 e qualquer fagulha atearia fogo ao paiol de pólvora em que tinha se
tornado o ambiente político na Corte do Rio de Janeiro, como evidencia o comentário
do “Imparcial” (02/11/1830, n. 89):
“O espírito público tem estado estes dias em grande agitação; os tíbios temem
a cada instante que rebente uma revolução; os crédulos acreditam as mais absurdas
mentiras que, de propósito, sorrateiramente se fazem circular, como a de ocultos
planos, há pouco descobertos de S. M. I. haver contratado com o ex-rei de França,
Carlos X, enviar este um exército francês ao Brasil para apoiar o absolutismo (...).”
Conclusão
Se a queda de Carlos X na França não foi a principal causa do fim do reinado
de D. Pedro I, pode-se no entanto afirmar que o uso intensivo que a imprensa fez de
comparações entre a situação de um monarca e a do outro contribuiu para acirrar os
ânimos contrários ao Imperador e à sua forma de conduzir o governo. O
reconhecimento de que essa campanha alcançara seu objetivo seria oficialmente
registrado na proclamação que D. Pedro lançou em Ouro Preto, em 22 de fevereiro e
que foi divulgada na Corte no começo de março. Naquele documento, o Imperador
denunciava os que procuravam tirar partido do que acontecera na França para
revolucionar o Brasil.
“Existe um partido desorganizador que aproveitando-se das circunstancias
peculiares da França, pretende iludir-vos com invectivas contra a minha inviolável e
sagrada pessoa e contra o governo, afim de representar no Brasil cenas de horror,
cobrindo-o de luto”.
19
A denúncia de que estava em curso um processo revolucionário que se valia
de comparações entre o Brasil e a França vinha sendo objeto de inúmeros artigos
publicados no “Brasileiro Imparcial” e no “Moderador”. Aqueles jornais indicavam a
“Aurora Fluminense”, a “Ástrea”, o “Republico”, a “Nova Luz Brasileira” e a “Voz
Fluminense” como os propagadores dessa associação de imagens voltada para a
subversão da ordem. Quando o documento de d. Pedro foi divulgado no Rio de
Janeiro, esses mesmos jornais reagiram com artigos ainda mais violentos acusando o
Imperador e seus conselheiros de estimularem a desobediência à Carta e ao
Parlamento.
Ao mal-estar estar provocado pela Proclamação de Minas veio se somar a
crise que marcou a volta de d. Pedro ao Rio de Janeiro em 11 de março de 1831. Os
embates entre portugueses e brasileiros nas noites de 13, 14 e 15 de março de 1831, a
chamada “Noite das garrafadas”, transformaram em luta campal os ataques que até
então tinham se limitado às páginas dos jornais. Uma divisão inconciliável se
estabelecera entre os que combatiam d. Pedro e os que o apoiavam, dentre os quais os
mais numerosos eram os membros da comunidade portuguesa estabelecida no Rio de
Janeiro. Do lado brasileiro, os mais radicais eram os republicanos e federalistas
liderados pelos redatores do “Republico” e do “Tribuno”. A casa de Evaristo da Veiga
foi atacada por portugueses que exigiam que ele pusesse luminárias pela chegada do
Imperador. Diante da violenta repressão que se seguiu a esses embates, um grupo de
deputados publicou documento protestando contra a parcialidade da polícia que teria
sido mais rigorosa contra os brasileiros.
A evolução dessa crise e a forma como ela espelhava o que acontecera na
França foi demonstrada ponto a ponto pelo “Moderador” (23/03/1831, n. 85). Ele
relaciona alguns “fatos imitativos” ocorridos no Brasil, como manifestações de
estudantes e conflitos de rua e que teriam seus pares nas agitações que marcaram os
chamados “três dias gloriosos” dos franceses. O ultimo dos “fatos imitativos” que
relaciona é o protesto dos deputados publicado na imprensa: “Em Paris, os deputados
reuniram-se, fizeram e assinaram um adresse com o número de 221; aqui alguns
deputados fizeram também o seu adresse...”
Esses fatos eram, a seu ver, indícios que confirmavam o que denunciara o
Imperador em sua proclamação. No Brasil, um partido desorganizador não somente se
aproveitava “das circunstancias puramente peculiares da França” e seguia “a senda
20
marcada, pelas mesmas pegadas, apesar de nenhuma paridade e mesmo do mais
saliente contraste entre as circunstâncias de ambos os países.”
Não houve tempo para o “Moderador” incluir em sua lista o último e mais
importante “fato imitativo”. A 7 de abril de 1831, tal como acontecera com Carlos X,
na França, d. Pedro era levado a abdicar da coroa brasileira por se recusar a rever a
nomeação de ministério impopular que era pedida em manifestação massiva, reunindo
o povo e a tropa no centro do Rio de Janeiro. Apegava-se à Constituição que lhe
garantia o direito de escolher seus ministros e preferiu abdicar a ceder, partindo em
seguida para a Europa onde sua história iria se entrelaçar de forma definitiva à de
Portugal.
A pergunta que serve de epígrafe a este artigo foi colocada pelo “Brasileiro
Imparcial” (26/10/1830, n. 87) aos seus adversário na imprensa: “porque um
acontecimento, feito em 2000 léguas distante em um povo estrangeiro, lá do Velho
Mundo, tanto afetou esta gente?” Porque, me parece, ao insistirem no que acontecera
na França, os liberais da ex-colônia portuguesa reafirmavam, através de seus escritos,
o pertencimento à uma comunidade internacional baseadas nos ideais das Luzes e do
Progresso. Essa vontade de integração orientaria sempre o esforço das elites cultas
brasileiras no sentido de se manterem conectadas com o resto do mundo, sendo
abastecidas de informação e doutrinas a partir da circulação de impressos e,
especialmente, da multiplicação de jornais. Um acontecimento no Velho Mundo
movimentava até a vila mais remota do interior do Brasil se a noticia ali chegasse,
como chegaram as noticias da Revolução que acontecera no país para onde estavam
voltados todos os sonhos liberais desde 1789. País de onde a onda revolucionária
tomara conta do resto da Europa de 1830, alcançando até a antiga colônia portuguesa
na América. A Abdicação de D. Pedro I foi o produto final de um processo em que os
jornais brasileiros produziram uma paródia tropical do que acontecera na França
revolucionada.
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