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IMPRESSO Clube Excursionista Light - Boletim Informativo Ano 52 – nº 367 – Setembro/Outubro de 2010 “Excursionando conhecerás melhor nosso Brasil” Montagem de Paradas Escalada no Ceará Reflorestamento na Pedra Bonita e mais...

Notícias do CEL - Set 2010

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Notícias do CEL é uma publicação do CEL - Clube Excursionista Light (celight.org.br)

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Page 1: Notícias do CEL - Set 2010

IMPRESSO

Clube Excursionista Light - Boletim InformativoAno 52 – nº 367 – Setembro/Outubro de 2010

“Excursionando conhecerás melhor nosso Brasil”

Montagem de ParadasEscalada no Ceará

Reflorestamento na Pedra Bonitae mais...

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EDITORIALNeste mês de setembro completamos 6

meses de gestão, ou 1/4 do nosso mandato. Muitas melhorias têm sido realizadas, e ain-da estamos no caminho de aprimorar ainda mais.

Além da aquisição de equipamentos, oti-mização de processos internos, incremento das pranchetas e atividades fixas, uma ou-tra preocupação é aprimorar e disseminar o conhecimento técnico no montanhismo.

Nesta edição você vai encontrar o pro-duto das discussões de nosso departamen-to técnico sobre uma nova forma de montar paradas e as ações do Papo de Montanha para disseminar o conhecimento técnico e valores ambientais. Veja ainda os lugares por onde passamos e muito mais.

- Claudney Neves

Nesta Edição:

Entrevista com Renatão pg. 4

Cume no Morro da Babilônia pg. 6

Montagem de Paradas pg. 8

Escalando por aí: Ceará pg. 10

Reflorestamento na Pedra Bonita pg. 13

Resultado do Concurso Fotográfico pg 15

Programação pg. 15

ExpedienteO CEL - Clube Excursionista Light é uma entidade sem fins lucrativos que visa congregar adeptos do Excursionismo de Montanha em suas diversas modalidades, proporcionando os meios necessários à prática segura desta atividade em conjunto com a preservação do meio ambiente. Fundado em 12 de fevereiro de 1957.Notícias do CEL é uma publicação de distribuição gratuita destinada aos seus associados e entidades afins.Av. Marechal Floriano, 199 gr. 501 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20.080-004 - Tel .: (021) 2253.5052

DIRETORIA (Gestão 2010-2012)Presidente: Claudney NevesVice-presidente: João Paulo SeixasDiretor Técnico: Guilherme Silva e Hans RauschmayerTesoureiro: Julio BomfimSecretário-Geral: Márcio CunhaDiretora Social: Helena BechoDiretores de Ecologia: Alfredo Mager e Marcus CarrasqueiraDiretora de Comunicação: Paula GabrielaDiretora Cultural: Kilza Longo

É permitida a reprodução total ou parcial deste informativo, desde que citada a fonte. Os artigos publicados não representam, necessariamente, a opinião da diretoria ou do corpo editorial.

Treino em muro de escalada às terças, a partir das 18:30h.Reuniões Sociais todas as quintas a partir das 18:30h.

Notícias do CEL - 15

Data Atividade Tipo Local Guia

11/set Visita a exposição Flieg: Fotógrafo Cultural - Fotografia Instituto Moreira Salles Gabi Lima

11/set Escaladas no Dona Marta Escalada de 4 grau Morro Dona Marta Gabriel

12/set Dedo de Deus via Maria Cebola Escalada 3º III sup PNSO Renatão

18/set Babilonia Escalada Praia Vermelha Carlão

25/set 15 Picos da Floresta Caminhada pesada hardcore PNT Claudney

26/set Lionel Terray Escalada 3º III sup (A0) Pedra Bonita Renatão

30/set Projeção de filmes antigos em Super 8 Social Sede do CEL João Costa

02/out Caminho das Águas e Pico do Bico do Papagaio Caminhada PNT Marco Alves

02/out Psicoblocs Passeio de barco e escalada Arraial do Cabo Claudney

09/out 15 Picos da Floresta Caminhada pesada hardcore PNT Marco Alves

09/out Alfredo Maciel (Alfredão) escalada 6 (VIIa) Face sul do Pao de Acucar Guilherme

14/out Encontro de Escaladores do Nordeste A Escalada no Nordeste Sede do CEL Pablo Phyllip /

Emmanuel Dupouy

16/out Mauricio Mota (M2) Escalada 4 V Babilonia Marco Alves

16/out Arca de Noé Escalada 4º V Babilônia Julio

19/out Acesso às montanhas Projeto Papo de Montanha Sede do CEL Dir Técnica

Obs: As inscrições para as atividades devem ser feitas com o guia responsável.

ProgramaçãoEventos, Pranchetase reuniões

Programação permanente na sede do CEL:- Todas as Terças: Treinamento no muro de escalada - Todas as Quintas: Reunião Social - Primeira Quinta-feira do mês: CEL Pipoca - Terceira semana do mês: Palestra / Debate - Última Quinta-feira do mês: Festa dos aniversariantes

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Notícias do CEL - 3

O Papo de Montanha é um projeto de iniciativa do CEL e realização de sua di-retoria técnica que viabiliza um ciclo de palestras mensais relacionadas ao mon-tanhismo.

O objetivo é promover a difusão de conhecimento entre os montanhistas e sociedade.

As edições mensais do evento já contemplaram diversos temas de inte-resse do montanhista, trazendo pales-trantes que são referência no assun-to e que gentilmente nos cederam um pouco de seu tempo e conhecimento.

Confira o que já passou por aqui:

Maio: o presidente da Femerj, Ber-nardo Collares e o diretor- técnico do CEL, Hans Rauschmayer falaram sobre Monta-nhismo e Sociedade.

Junho: aprendemos como aplicar na prática a energia solar, com a palestra de Hans Rauschmayer.

Julho: Tivemos a oportunidade de mergulhar no universo da escalada femi-nina. Venha conhecer suas conquistas, como elas vivem, pensam e se relacio-nam com as outras esferas de suas vidas.

Agosto: Com o apoio da Deuter, assistimos à uma verdadeira aula sobre escaldas em grandes paredes com Eliseu Frechou.

Setembro: Comemoramos o dia da árvore com a palestra Biodiversidade e Áreas Protegidas no estado do Rio de Ja-neiro de André ilha.

Não perca o próximo papo: Acesso às montanhas com Kika Bra-

dford - 19 Outubro 2010 - Terça-feira.

O Papo de Montanha Já é um Sucesso!CEL Diretoria

14 - Setembro/Outubro 2010

Enfim saiu o tão esperado resultado do concurso fotográfico deste ano.

A disputa foi acirrada e a fotografia vencedora é: “Mirante do Inferno” de Guilherme Costa, que é a capa desta edi-ção.

Em 2º lugar ficaram empatadas as fo-tografias: “O Mistério do Dedo” de Hans Rauschmayer e e Cristo/K2 de Guilherme Costa .

Também tivemos empate no 3º lugar, que ficou com “Base Teixeira/Dedo de Deus de Guilherme Costa , “Cume da Ga-linha Choca” e “Vale do Frey” ambas de autoria de Claudney Neves.

Veja o resultado completo em:www.celight.org.br.

Concurso FotográficoCEL - Diretoria Cultural

catalogadas, organizadas e se transfor-mem num livro?

A editora que se lixe porque um livro pode ter a forma de vários boletins e ser uma herança deixada de sócio para o clube. E a árvore? Tivemos a chance de plantar uma mudinha durante a visita ao reflorestamento da trilha da Pedra Bonita,

marcada para sábado, dia 29 de maio, como parte da aula prática de caminhada do CBM 2010.

Cuidar dessa nova vida é um compromisso assumido por cada um que esteve por lá e plantou sua mudinha. Lem-brem-se de visitá-las de vez em quando para cuidar da sua menina, acompanhando seu crescimento e, finalmente, celebrar sua debutante quan-

do ela estiver toda enfeitada e colorida da primeira florada.

Adaptado de Bloggerman 2004.

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4 - Setembro/Outubro 2010

Entrevista com Renato MouraRenatão “Índio do Brasil”

Como surgiu a paixão pela foto-grafia e a vontade de ser fotógrafo?A inspiração surgiu no passado, quando não era comum ter uma máquina fotográ-fica. Um retratista passava esporadica-mente pelo meu bairro com sua Rolleiflex pendurada no pescoço para oferecer seus trabalhos.

Eu ficava encantado com aquele ho-mem mágico que retornava muito tempo depois com as imagens impressas num papel branco e fosco. Aquelas fotografias eram como jóias.

Mas experiência de fotografar só aconteceu em 1971- aos 12 anos de idade- quando o meu sobrinho Glaucio nasceu. Como meu cunhado precisava atender aos visitantes, passava-me a sua câmera fotográfica Instamatic da KODAK com Flash externo. Eu assumia, portan-to, a prazerosa obrigação de registrar os momentos felizes em família com o mági-co objeto.

Já apaixonado pela arte de fotografar, em 1976, com a ajuda da Helena, minha namorada - hoje minha esposa e princi-pal apreciadora das minhas fotografias

- comprei minha primeira câmera, uma Olimpus Trip 35 e Flash externo. Nesta época era difícil e caro comprar filme e mandar revelar. Demorava mais ou me-nos uma semana para ver o resultado.

Logo comecei a ser convidado para todos os casamentos, quinze anos, nas-cimentos, batizados e aniversários do nosso bairro. Mas é claro que eu preci-sava ir acompanhado de minha câmera fotográfica.

O que é necessário para realizar uma boa fotografia ?

Para se fazer uma boa foto, são ne-cessários quatro item importantíssimos: sensibilidade no olhar, conhecimento téc-nico do aparelho, perseverança e sorte.

A sorte eu pedi a Deus, mas conhe-cimentos técnicos e trabalhar minha sensibilidade, eu foi a procura para aperfeiçoar as minhas fotografias.

Qual a importância do equipamento fotográfico?

Para mim, a câmera que usamos não importa muito. Quando lemos um bom li-

Renato Moura é fotógrafo profissional pós-graduado pela UCAM e guia do CEL, onde já atuou como Diretor Técnico, Diretor- Social e Presidente por três mandatos. Participou de diversas exposições fotográficas, tais como “Folclore em Fotos”, “Brasil em Cores”, “Verde Urbano” e “Rio Entre o Mar e as Montanhas”, dentre outras.

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Reflorestamento na Pedra BonitaMarcus Vinicius Carrasqueira

Sempre ouvi dizer que todos deveriam, em algum momento da vida, realizar três tarefas para alcançar a plenitude na nos-sa breve passagem terrena: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho!

Nunca pensei muito sobre isso. Aliás, nunca pensei muito sobre o sentido da vida, fico um pouco confuso com tantos mistérios sem expli-cação. Mas arrisco afirmar que a inten-ção é deixarmos um legado para o futu-ro.

Mas, se assim é, todos teremos de ser jardineiros, escritores e boni-tos? Sim, bonitos, porque se não o formos, como é que arranjamos alguém que procrie conos-co?

E isso é im-portante porque plantar uma árvore ou escrever um livro podemos executar sozinhos, porém na concepção de um filho corremos o risco de, ao não sermos tão atraentes, as nos-sas sementes se perderem por caminhos adolescentes que não ouso falar.

Digo sementes porque as tarefas de

que falamos estão baseadas em semear algo que cresça e floresça. Eu, que nunca fui jardineiro, sei que uma árvore nasce de uma semente plantada num pequeno buraco. Com os filhos o processo é muito parecido, resguardadas as devidas pro-porções. Já com os livros é um pouco di-

ferente. Uma idéia germina na nossa mente, dá origem a um pensamento, depois uma frase, um parágrafo e fi-nalmente um texto. Ah, o buraco! No buraco ficamos se não conseguimos uma editora que se atreva a publicar a papelada!

Estou tentando fazer a minha parte. Não tendo sido am-plamente rejeitado pelo público femi-nino, tenho uma na-morada e a relação

é promissora, o máximo que pode ocorrer é ser trocado e começar tudo de novo, mas a expectativa é de constituição de família, como acontece desde que o mun-do é mundo! O livro? Eu nunca fui escritor, mas quem sabe, no futuro, estas nossas conversas periódicas floresçam, sejam

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vro, por exemplo, não nos perguntamos com que ferramenta foi feito: se foi com lápis, caneta, caneta tinteiro, maquina de escrever ou teclado de computador... Não! O que importa na verdade é a quali-dade da obra.

Assim também acontece com as foto-grafias que chegam até minhas retinas. Não me importo com que tipo de câmera elas foram feitas e sim com a sensibili-dade e inteligência humana que a reali-zou.

Sabe-se que a arte da fotografia tem muitos adeptos no montanhismo. Como você vivencia a relação entre foto-grafia e natureza?

Alem de fotogra-far para os amigos, este aparelho me levou a descobrir as belezas naturais do nosso pais. Acredito que fotografar a na-tureza é poder trazer um pedaço dela sem prejudicá-la.

Gosto muito de fotografar pessoas, com religiosidade, seus folclores, suas festas, animais, arquitetura, praias, rios, montanhas, florestas, cachoeiras... todas as imagens me encantam, tanto as gra-vadas nas rochas das cavernas feitas por

nossos antepassados que de um jeito ru-dimentar, deixou um grande legado para a prosperidade, apresentando para nós, momentos que não voltaram mais.

Hoje você inspira toda uma geração de montanhistas que desejam ser fotó-grafos. Existe algum fotógrafo que você admire?

Claro! Na Foto-grafia fiz grandes amigos e sou fã e admirador de vá-rios mestres que me apoiam com cursos, palestras, conselhos e dicas. Assim fico atualizado na Arte Fotográfica

Admiro muito o trabalho do mestre fotógrafo Walter Fir-mo a quem tenho a mesma considera-ção de irmão. Tam-bém tenho grande admiração pelos trabalhos realiza-dos pelos fotógra-

fos Flavio Dam, Andreas Valentim UCAM, Antonio Machado (Tuninho) SFF, Pedro Vasquez, Alcyr Cavalcante ARFOC, Nilton Guran...

Conheça mais um pouco do trabalho do Renato Moura em:

www.flickr.com/photos/renatomoura http://br.olhares.com/RenatoMoura

12 - Setembro/Outubro 2010

Tipo de rocha: Granito com cristais, que parecem uma barra de choquito.

Tipo das vias: Tradicionais e esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 3º a 8º grau.

Voltando à história do site www.escala-danoceara.com.br., em uma das primeiras idas à Quixadá, entrei em uma via onde as costuras não foram suficientes. Nessa épo-ca não havia informação nenhuma sobre escaladas no estado. Terminei a via e a luzi-nha acendeu sobre minha cabeça. Conver-sei com o povo de lá, disse que colocaria um site no ar, mas que precisaria muito da ajuda de todos para alimentá-lo. No início havia meia dúzia de croquis.

Hoje há mais de 150 e todos continuam contribuindo. Você que pretende fazer uma visita a Jorginho, Ednardo, Ciro, Gildo, Juni-nho e companhia, também pode contribuir e ter seu nome em nossa lista de colaborado-

res ;)Já perdi a conta de quantas vezes

estive em Quixadá, mesmo com todas essas idas não fiz tudo o que desejava. Escalei muito, conquistei algumas vias e fiz boas amizades. Como em todas as viagens para o nordeste, as pessoas são um prazer à parte. O único problema é agradar essas criaturas, já que um re-clama do outro por eu não ficar em suas casas ou por não dividir a cordada com todos =D

Claudney Neves é montanhista há 17 anos. No Brasil já escalou no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pa-raná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ce-ará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia. Fora daqui já passou pela Argentina, Bolí-via, Venezuela, Colômbia, Chile e Estados Unidos.

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6 - Setembro/Outubro 2010

Cume no Morro da BabilôniaGuilherme Costa

No dia 25 de abril aconteceria a ATM na Urca, eu ia participar com meus cole-gas do clube. Combinei com o Julio Bon-fim uma escalada antes do evento, ali mesmo no morro da Babilônia.

Comecei guiando, mas logo na primei-ra cordada vi um “lance sinistro” e deixei pro Julio guiar. Na verdade nem era tão sinistro assim, mas estava inseguro e o Julio foi. Estávamos na Reinaldo Behken, via graduada em 3° IV, e logo depois da primeira cordada a via vai fi-cando mais fácil e fomos se-guindo adiante.

O Julio foi fazendo umas cordadas bem longas, e já lá na quarta cordada fizemos o cálculo de quantas vezes terí-amos que rapelar para chegar a base. Este é o ruim de esca-lar na Babilônia, não é como fazer cume no Pão de Açúcar,

que dá para descer de bondi-nho depois uma leve caminha-da... No Babilônia, o mais de-morado são os rapéis.

Foi então que o Julio suge-riu fazer o cume do morro da Babilônia, antes evitado por causa dos traficantes arma-dos na favela da Babilônia e do Chapéu Mangueira, ambos no mesmo morro, mas na face oposta. Mas como havia a no-tícia a respeito da pacificação

da área, com a instalação de uma UPP, resolvemos arriscar, para mim seria uma aventura.

Continuamos a via, que lá para cima se transformara em uma aderência, com a li-nha da via bastante suja com vegetação, os dois últimos grampos estão escondi-dos em baixo de uma bromélia. Depois vem uma mato fechado, mas deu para passar de boa, e logo adiante um bonito

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escaladas no lugar, vou deixar o ende-reço do site que é referência para quem deseja fazer uma visitinha na terra do sol: http://www.escaladanoceara.com.br/. Na croquiteca é possível fazer várias combinações de pesquisas e exibir so-mente o que interessa. No final deste arti-go conto um pouco sobre a história deste projeto. Antes vamos falar sobre Quixadá ;)

QuixadáComo escrevi no início, Quixadá é a

Meca da escalada cearense. Conta com 77 croquis cadastrados no site e talvez um número próximo de vias sem croquis ainda. O lugar impressiona pela diversi-dade e possibilidades. Se você gosta de conquistar, vai encontrar ali paredes do

tamanho do Morro da Babilônia sem uma via sequer.

Se você quer apenas escalar, vai po-der se divertir em vias esportivas, tradi-cionais, proteções fixas, móveis, com caminhadas fáceis, outras nem tanto, al-gumas onde é possível fazer a segurança de dentro do carro, que fica estacionado na base. Vai encontrar vias que vão de 10 a 530 metros. Muitas bem protegidas e outras onde é preciso estar com o psico-lógico em dia para guiar.

Quixadá fica à 160 Km de Fortaleza. Olhando do alto é uma grande planície com o que parece ser uma plantação de monólitos, o mais conhecido destes é a Pedra da Galinha Choca, que tornou-se famosa lá pelos anos 80 com um filme da emissora global.

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bosque, que depois fomos saber que foi fruto de um trabalho de reflorestamento.

Neste bosque ficamos um pouco apreensios, não havia nada por lá, achamos uma tri-lha bem larga, que depois fomos saber que era uma antiga estrada para os jipes do exército, que antes utili-zavam a area como posto de observação.

Mais adiante encontra-mos um grupo de turistas franceses sendo acompa-

nhados por um guia, o guia foi muito simpático e re-ceptivo, o nome dele é Jair, dali em diante foi o respon-sável por nos acompanhar pelo morro da Babilônia.

Fomos descendo na-quelas vielas estreitas, vendo as pessoas, que fo-ram sempre muito simpáti-cas, e dispostas a conver-sar. Ouvimos as histórias que o Jair contou. Vimos o “campo” de futebol que

se abre no meio da favela, e tivemos uma idéia de como é viver lá apertado entre vários barracos. Há um pouco de infraes-trutura, mas é perceptível a precariedade do local, que é bem pior nos dias de chu-va e nos de muito calor.

Terinamos nosso “tour” no bar do Da-vid, onde ouvimos mais algumas histórias do local. Depois de devidamente refres-cados, saímos do Leme e voltamos para a Urca, sãos e salvos, com uma boa história para contar.

10 - Setembro/Outubro 2010

Escalando por aí: CearáClaudney Neves

No último boletim falei sobre escala-das na Bahia. Aproveitando que o nor-deste é tão quentinho e gostoso, vou con-tinuar por aqui...

Este artigo será completamente pas-sional e tendencioso. Moro no Rio de Janeiro há mais de dez anos, mas nasci no Ceará, e agora falarei sobre como um escalador pode se divertir por lá ;) Na ver-dade, por aqui. Nesse instante escrevo olhando o mar de Fortaleza pela janela!

Quando me perguntam sobre escala-das no estado, automaticamente lembro de Quixadá. A cidade é o paraíso das ro-chas, são dezenas de montanhas – várias ainda virgens – com muitas vias abertas e possibilidades infinitas. Mas antes de falar na Meca da escalada cearense, vou apresentar outras duas cidades.

RedençãoRedenção fica à 60 Km de Fortaleza e

possui cerca de 30 vias, todas esportivas. As escaladas se dividem em três setores: Pedra da Moça, Pedra do Assombrado e Pedra Vermelha.

É o lugar ideal para fazer um bate-e-volta, o acesso é rápido e fácil. As vias oferecidas vão do 3° grau no calcário ao 8° no granito. Do estupidamente bruto à escalada móvel fácil e nem tanto.

Local: Redenção.Tipo de rocha: Calcário na Pedra da

Moça. Granito no Assombrado e Vermelha.

Tipo das vias: Esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 3º a 8º grau.

TejouçuocaTejuçuoca fica à 140 Km da capital. É

o lugar para ir em um final de semana. O clima é agradável dentro das grutas, onde ficam muitas vias, que somam um pouco menos de 30. A maioria em móvel ou mista. Todas estão no Parque da Furna dos Ossos, um lugar interessantíssimo, com suas furnas e grutas impregnadas de história e misticismo, animais silves-tres e formações rochosas que atiçam a imaginação.

Tipo de rocha: Calcário.Tipo das vias: Esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 2º a 8º grau.Há outras cidades com menor ex-

pressividade, mas como o objetivo deste artigo é apenas dar uma pincelada das

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8 - Setembro/Outubro 2010

Montagem de Paradas - velhos e novos métodos Hans Rauschmayer - Diretoria Técnica Parte 1: Costura Direcionadora e Equalização.

Neste boletim começamos uma série sobre montagem de paradas, baseada em recentes testes feitas pela Associação Alemã de Alpinismo (DAV). O tema causou surpresa e polêmica no nosso clube e cer-tamente causará fora também, já que mexe com o que aprendemos e com o que nos habitua-mos.

Na primeira parte va-mos analisar uma mon-tagem de parada muito comum por aqui, bastan-te equivocada, e propor alternativas (antes de en-trar no assunto: hoje fa-lamos só de paradas du-plas em proteções fi xas: grampos, chapeletas).

O que mais se vê em paradas duplas é a equa-lização com uma fi ta, dando aquela volta no meio onde se clipa o mosquetão-mãe. Intenção é distribuir a força entre os dois grampos independentemente da direção de onde ela vem.

Qual é a força que interessa a distri-buir? Temos o peso dos escaladores, uma queda do participante enquanto o guia está dando segurança, e a queda do guia. Sem dúvida, a queda do guia é o que importa, especialmente a de fator 2. O DAV mediu

que a força chega até 7kN na última cos-tura colocada, usando freio dinâmico, e até 9kN com freio estático (ex. Grigri).

A maioria entre nos usa o ATC para dar segurança (para o Oito vale o mesmo). É um freio que funciona somente com tran-co vindo de cima, não de baixo. Por isso colocamos uma costura direcionadora (costura de saída) em um dos grampos da

parada.O resultado é o que

se vê na fi gura 1. Vamos analisar se esta monta-gem serve para o propos-to:

• Qual é o ponto que recebe a força de uma suposta queda fator 2? É a costura direcionadora com o grampo onde ela foi clipada.

• A costura é equali-zada? Não. Portanto não haverá distribuição da

força entre os grampos. Se alguma coisa correr risco de romper na queda será o grampo da costura, certo? A probabilidade é baixa, já que qualquer grampo razoável segura 9kN numa boa.

• Mas, caso o grampo rompe, o que so-bra para receber o tranco? É o mosquetão-mãe com a fi ta fi xada no outro grampo.

• Houve distribuição da força? No-vamente, não, já que sobrou apenas um grampo.

Notícias do CEL - 9

• Pior ainda, o mosquetão-mãe desce até o fi m da fi ta e leva um tranco adicional ao grampo restante. Medições mostraram que o tranco adicional chega a 40% além da força já aplicada. O segundo grampo precisa sem bem melhor do que aquele que já rompeu – e agora não tem mais reserva!

Resumindo: a costura direcionadora não representa um problema em grampos fi rmes. Mas a combinação com equaliza-ção é uma ilusão e aumenta o risco em grampos corroídos.

Quais são as alterna-tivas?

• Costura entre os grampos: já que a proba-bilidade de um grampo romper é baixa, pode-se usar um grampo como ba-ck-up do outro, colocan-do uma simples costura. Reduz o tranco adicional, mas não o elimina. É uma opção simples para gram-pos confi áveis (bastante popular na Suiça).

• Costura entre os grampos com fi ta equalizadora: funciona como a montagem anterior, já que a fi ta acaba sendo o back-up do back-up criando a ilusão da equaliza-ção. Menos segura do que parece e ainda usa mais material.

• Triângulo fi xado com um nó: equaliza-ção com um nó na fi ta que fi xa o olhal onde o mosquetão é colocado (fi g. 2). Quando um grampo rompe, o outro assume a carga com um leve pêndulo, sem tranco adicio-

nal. Das soluções seguras a mais simples.• Triângulo fi xado com dois nós: dá mais

trabalho sem benefício;• Parada Sequencial: é um novo jeito de

montar a parada e será explicado nos pró-ximos boletins.

O corpo de guias do CEL adotou o tri-ângulo fi xado como padrão em aulas do CBM. Começamos a usar a parada seqüen-cial para ganhar experiências. Aguardem informações.

Perguntas e respos-tas curtas (abordadas em detalhe nos próximos boletins):

• Como posso reduzir o impacto da queda no grampo? Dando seguran-ça com Nó UIAA direta-mente no grampo ou na parada sequencial, sem costura direcionadora.

• O nó na fi ta do triân-gulo não reduz a resis-tência? A fi ta é quádrupla e a força muito menor

que a resistência da fi ta.Caro leitor: se fi cou com dúvidas, tem

sugestões, achou um absurdo... procure a gente no clube, mande um e-mail para [email protected] ou aguarde o convite para uma ofi cina sobre o assunto que es-tamos planejando!

Fonte e desenhos (adaptados pelo au-tor): Revista bergundsteigen 1/09: Schlin-gen und Stand;

http://www.bergundsteigen.at/

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8 - Setembro/Outubro 2010

Montagem de Paradas - velhos e novos métodos Hans Rauschmayer - Diretoria Técnica Parte 1: Costura Direcionadora e Equalização.

Neste boletim começamos uma série sobre montagem de paradas, baseada em recentes testes feitas pela Associação Alemã de Alpinismo (DAV). O tema causou surpresa e polêmica no nosso clube e cer-tamente causará fora também, já que mexe com o que aprendemos e com o que nos habitua-mos.

Na primeira parte va-mos analisar uma mon-tagem de parada muito comum por aqui, bastan-te equivocada, e propor alternativas (antes de en-trar no assunto: hoje fa-lamos só de paradas du-plas em proteções fi xas: grampos, chapeletas).

O que mais se vê em paradas duplas é a equa-lização com uma fi ta, dando aquela volta no meio onde se clipa o mosquetão-mãe. Intenção é distribuir a força entre os dois grampos independentemente da direção de onde ela vem.

Qual é a força que interessa a distri-buir? Temos o peso dos escaladores, uma queda do participante enquanto o guia está dando segurança, e a queda do guia. Sem dúvida, a queda do guia é o que importa, especialmente a de fator 2. O DAV mediu

que a força chega até 7kN na última cos-tura colocada, usando freio dinâmico, e até 9kN com freio estático (ex. Grigri).

A maioria entre nos usa o ATC para dar segurança (para o Oito vale o mesmo). É um freio que funciona somente com tran-co vindo de cima, não de baixo. Por isso colocamos uma costura direcionadora (costura de saída) em um dos grampos da

parada.O resultado é o que

se vê na fi gura 1. Vamos analisar se esta monta-gem serve para o propos-to:

• Qual é o ponto que recebe a força de uma suposta queda fator 2? É a costura direcionadora com o grampo onde ela foi clipada.

• A costura é equali-zada? Não. Portanto não haverá distribuição da

força entre os grampos. Se alguma coisa correr risco de romper na queda será o grampo da costura, certo? A probabilidade é baixa, já que qualquer grampo razoável segura 9kN numa boa.

• Mas, caso o grampo rompe, o que so-bra para receber o tranco? É o mosquetão-mãe com a fi ta fi xada no outro grampo.

• Houve distribuição da força? No-vamente, não, já que sobrou apenas um grampo.

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• Pior ainda, o mosquetão-mãe desce até o fi m da fi ta e leva um tranco adicional ao grampo restante. Medições mostraram que o tranco adicional chega a 40% além da força já aplicada. O segundo grampo precisa sem bem melhor do que aquele que já rompeu – e agora não tem mais reserva!

Resumindo: a costura direcionadora não representa um problema em grampos fi rmes. Mas a combinação com equaliza-ção é uma ilusão e aumenta o risco em grampos corroídos.

Quais são as alterna-tivas?

• Costura entre os grampos: já que a proba-bilidade de um grampo romper é baixa, pode-se usar um grampo como ba-ck-up do outro, colocan-do uma simples costura. Reduz o tranco adicional, mas não o elimina. É uma opção simples para gram-pos confi áveis (bastante popular na Suiça).

• Costura entre os grampos com fi ta equalizadora: funciona como a montagem anterior, já que a fi ta acaba sendo o back-up do back-up criando a ilusão da equaliza-ção. Menos segura do que parece e ainda usa mais material.

• Triângulo fi xado com um nó: equaliza-ção com um nó na fi ta que fi xa o olhal onde o mosquetão é colocado (fi g. 2). Quando um grampo rompe, o outro assume a carga com um leve pêndulo, sem tranco adicio-

nal. Das soluções seguras a mais simples.• Triângulo fi xado com dois nós: dá mais

trabalho sem benefício;• Parada Sequencial: é um novo jeito de

montar a parada e será explicado nos pró-ximos boletins.

O corpo de guias do CEL adotou o tri-ângulo fi xado como padrão em aulas do CBM. Começamos a usar a parada seqüen-cial para ganhar experiências. Aguardem informações.

Perguntas e respos-tas curtas (abordadas em detalhe nos próximos boletins):

• Como posso reduzir o impacto da queda no grampo? Dando seguran-ça com Nó UIAA direta-mente no grampo ou na parada sequencial, sem costura direcionadora.

• O nó na fi ta do triân-gulo não reduz a resis-tência? A fi ta é quádrupla e a força muito menor

que a resistência da fi ta.Caro leitor: se fi cou com dúvidas, tem

sugestões, achou um absurdo... procure a gente no clube, mande um e-mail para [email protected] ou aguarde o convite para uma ofi cina sobre o assunto que es-tamos planejando!

Fonte e desenhos (adaptados pelo au-tor): Revista bergundsteigen 1/09: Schlin-gen und Stand;

http://www.bergundsteigen.at/

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Notícias do CEL - 7

bosque, que depois fomos saber que foi fruto de um trabalho de reflorestamento.

Neste bosque ficamos um pouco apreensios, não havia nada por lá, achamos uma tri-lha bem larga, que depois fomos saber que era uma antiga estrada para os jipes do exército, que antes utili-zavam a area como posto de observação.

Mais adiante encontra-mos um grupo de turistas franceses sendo acompa-

nhados por um guia, o guia foi muito simpático e re-ceptivo, o nome dele é Jair, dali em diante foi o respon-sável por nos acompanhar pelo morro da Babilônia.

Fomos descendo na-quelas vielas estreitas, vendo as pessoas, que fo-ram sempre muito simpáti-cas, e dispostas a conver-sar. Ouvimos as histórias que o Jair contou. Vimos o “campo” de futebol que

se abre no meio da favela, e tivemos uma idéia de como é viver lá apertado entre vários barracos. Há um pouco de infraes-trutura, mas é perceptível a precariedade do local, que é bem pior nos dias de chu-va e nos de muito calor.

Terinamos nosso “tour” no bar do Da-vid, onde ouvimos mais algumas histórias do local. Depois de devidamente refres-cados, saímos do Leme e voltamos para a Urca, sãos e salvos, com uma boa história para contar.

10 - Setembro/Outubro 2010

Escalando por aí: CearáClaudney Neves

No último boletim falei sobre escala-das na Bahia. Aproveitando que o nor-deste é tão quentinho e gostoso, vou con-tinuar por aqui...

Este artigo será completamente pas-sional e tendencioso. Moro no Rio de Janeiro há mais de dez anos, mas nasci no Ceará, e agora falarei sobre como um escalador pode se divertir por lá ;) Na ver-dade, por aqui. Nesse instante escrevo olhando o mar de Fortaleza pela janela!

Quando me perguntam sobre escala-das no estado, automaticamente lembro de Quixadá. A cidade é o paraíso das ro-chas, são dezenas de montanhas – várias ainda virgens – com muitas vias abertas e possibilidades infinitas. Mas antes de falar na Meca da escalada cearense, vou apresentar outras duas cidades.

RedençãoRedenção fica à 60 Km de Fortaleza e

possui cerca de 30 vias, todas esportivas. As escaladas se dividem em três setores: Pedra da Moça, Pedra do Assombrado e Pedra Vermelha.

É o lugar ideal para fazer um bate-e-volta, o acesso é rápido e fácil. As vias oferecidas vão do 3° grau no calcário ao 8° no granito. Do estupidamente bruto à escalada móvel fácil e nem tanto.

Local: Redenção.Tipo de rocha: Calcário na Pedra da

Moça. Granito no Assombrado e Vermelha.

Tipo das vias: Esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 3º a 8º grau.

TejouçuocaTejuçuoca fica à 140 Km da capital. É

o lugar para ir em um final de semana. O clima é agradável dentro das grutas, onde ficam muitas vias, que somam um pouco menos de 30. A maioria em móvel ou mista. Todas estão no Parque da Furna dos Ossos, um lugar interessantíssimo, com suas furnas e grutas impregnadas de história e misticismo, animais silves-tres e formações rochosas que atiçam a imaginação.

Tipo de rocha: Calcário.Tipo das vias: Esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 2º a 8º grau.Há outras cidades com menor ex-

pressividade, mas como o objetivo deste artigo é apenas dar uma pincelada das

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6 - Setembro/Outubro 2010

Cume no Morro da BabilôniaGuilherme Costa

No dia 25 de abril aconteceria a ATM na Urca, eu ia participar com meus cole-gas do clube. Combinei com o Julio Bon-fim uma escalada antes do evento, ali mesmo no morro da Babilônia.

Comecei guiando, mas logo na primei-ra cordada vi um “lance sinistro” e deixei pro Julio guiar. Na verdade nem era tão sinistro assim, mas estava inseguro e o Julio foi. Estávamos na Reinaldo Behken, via graduada em 3° IV, e logo depois da primeira cordada a via vai fi-cando mais fácil e fomos se-guindo adiante.

O Julio foi fazendo umas cordadas bem longas, e já lá na quarta cordada fizemos o cálculo de quantas vezes terí-amos que rapelar para chegar a base. Este é o ruim de esca-lar na Babilônia, não é como fazer cume no Pão de Açúcar,

que dá para descer de bondi-nho depois uma leve caminha-da... No Babilônia, o mais de-morado são os rapéis.

Foi então que o Julio suge-riu fazer o cume do morro da Babilônia, antes evitado por causa dos traficantes arma-dos na favela da Babilônia e do Chapéu Mangueira, ambos no mesmo morro, mas na face oposta. Mas como havia a no-tícia a respeito da pacificação

da área, com a instalação de uma UPP, resolvemos arriscar, para mim seria uma aventura.

Continuamos a via, que lá para cima se transformara em uma aderência, com a li-nha da via bastante suja com vegetação, os dois últimos grampos estão escondi-dos em baixo de uma bromélia. Depois vem uma mato fechado, mas deu para passar de boa, e logo adiante um bonito

Notícias do CEL - 11

escaladas no lugar, vou deixar o ende-reço do site que é referência para quem deseja fazer uma visitinha na terra do sol: http://www.escaladanoceara.com.br/. Na croquiteca é possível fazer várias combinações de pesquisas e exibir so-mente o que interessa. No final deste arti-go conto um pouco sobre a história deste projeto. Antes vamos falar sobre Quixadá ;)

QuixadáComo escrevi no início, Quixadá é a

Meca da escalada cearense. Conta com 77 croquis cadastrados no site e talvez um número próximo de vias sem croquis ainda. O lugar impressiona pela diversi-dade e possibilidades. Se você gosta de conquistar, vai encontrar ali paredes do

tamanho do Morro da Babilônia sem uma via sequer.

Se você quer apenas escalar, vai po-der se divertir em vias esportivas, tradi-cionais, proteções fixas, móveis, com caminhadas fáceis, outras nem tanto, al-gumas onde é possível fazer a segurança de dentro do carro, que fica estacionado na base. Vai encontrar vias que vão de 10 a 530 metros. Muitas bem protegidas e outras onde é preciso estar com o psico-lógico em dia para guiar.

Quixadá fica à 160 Km de Fortaleza. Olhando do alto é uma grande planície com o que parece ser uma plantação de monólitos, o mais conhecido destes é a Pedra da Galinha Choca, que tornou-se famosa lá pelos anos 80 com um filme da emissora global.

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Notícias do CEL - 5

vro, por exemplo, não nos perguntamos com que ferramenta foi feito: se foi com lápis, caneta, caneta tinteiro, maquina de escrever ou teclado de computador... Não! O que importa na verdade é a quali-dade da obra.

Assim também acontece com as foto-grafias que chegam até minhas retinas. Não me importo com que tipo de câmera elas foram feitas e sim com a sensibili-dade e inteligência humana que a reali-zou.

Sabe-se que a arte da fotografia tem muitos adeptos no montanhismo. Como você vivencia a relação entre foto-grafia e natureza?

Alem de fotogra-far para os amigos, este aparelho me levou a descobrir as belezas naturais do nosso pais. Acredito que fotografar a na-tureza é poder trazer um pedaço dela sem prejudicá-la.

Gosto muito de fotografar pessoas, com religiosidade, seus folclores, suas festas, animais, arquitetura, praias, rios, montanhas, florestas, cachoeiras... todas as imagens me encantam, tanto as gra-vadas nas rochas das cavernas feitas por

nossos antepassados que de um jeito ru-dimentar, deixou um grande legado para a prosperidade, apresentando para nós, momentos que não voltaram mais.

Hoje você inspira toda uma geração de montanhistas que desejam ser fotó-grafos. Existe algum fotógrafo que você admire?

Claro! Na Foto-grafia fiz grandes amigos e sou fã e admirador de vá-rios mestres que me apoiam com cursos, palestras, conselhos e dicas. Assim fico atualizado na Arte Fotográfica

Admiro muito o trabalho do mestre fotógrafo Walter Fir-mo a quem tenho a mesma considera-ção de irmão. Tam-bém tenho grande admiração pelos trabalhos realiza-dos pelos fotógra-

fos Flavio Dam, Andreas Valentim UCAM, Antonio Machado (Tuninho) SFF, Pedro Vasquez, Alcyr Cavalcante ARFOC, Nilton Guran...

Conheça mais um pouco do trabalho do Renato Moura em:

www.flickr.com/photos/renatomoura http://br.olhares.com/RenatoMoura

12 - Setembro/Outubro 2010

Tipo de rocha: Granito com cristais, que parecem uma barra de choquito.

Tipo das vias: Tradicionais e esportivas.Proteções: Fixas e móveis.Graduação: 3º a 8º grau.

Voltando à história do site www.escala-danoceara.com.br., em uma das primeiras idas à Quixadá, entrei em uma via onde as costuras não foram suficientes. Nessa épo-ca não havia informação nenhuma sobre escaladas no estado. Terminei a via e a luzi-nha acendeu sobre minha cabeça. Conver-sei com o povo de lá, disse que colocaria um site no ar, mas que precisaria muito da ajuda de todos para alimentá-lo. No início havia meia dúzia de croquis.

Hoje há mais de 150 e todos continuam contribuindo. Você que pretende fazer uma visita a Jorginho, Ednardo, Ciro, Gildo, Juni-nho e companhia, também pode contribuir e ter seu nome em nossa lista de colaborado-

res ;)Já perdi a conta de quantas vezes

estive em Quixadá, mesmo com todas essas idas não fiz tudo o que desejava. Escalei muito, conquistei algumas vias e fiz boas amizades. Como em todas as viagens para o nordeste, as pessoas são um prazer à parte. O único problema é agradar essas criaturas, já que um re-clama do outro por eu não ficar em suas casas ou por não dividir a cordada com todos =D

Claudney Neves é montanhista há 17 anos. No Brasil já escalou no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pa-raná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ce-ará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia. Fora daqui já passou pela Argentina, Bolí-via, Venezuela, Colômbia, Chile e Estados Unidos.

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4 - Setembro/Outubro 2010

Entrevista com Renato MouraRenatão “Índio do Brasil”

Como surgiu a paixão pela foto-grafia e a vontade de ser fotógrafo?A inspiração surgiu no passado, quando não era comum ter uma máquina fotográ-fica. Um retratista passava esporadica-mente pelo meu bairro com sua Rolleiflex pendurada no pescoço para oferecer seus trabalhos.

Eu ficava encantado com aquele ho-mem mágico que retornava muito tempo depois com as imagens impressas num papel branco e fosco. Aquelas fotografias eram como jóias.

Mas experiência de fotografar só aconteceu em 1971- aos 12 anos de idade- quando o meu sobrinho Glaucio nasceu. Como meu cunhado precisava atender aos visitantes, passava-me a sua câmera fotográfica Instamatic da KODAK com Flash externo. Eu assumia, portan-to, a prazerosa obrigação de registrar os momentos felizes em família com o mági-co objeto.

Já apaixonado pela arte de fotografar, em 1976, com a ajuda da Helena, minha namorada - hoje minha esposa e princi-pal apreciadora das minhas fotografias

- comprei minha primeira câmera, uma Olimpus Trip 35 e Flash externo. Nesta época era difícil e caro comprar filme e mandar revelar. Demorava mais ou me-nos uma semana para ver o resultado.

Logo comecei a ser convidado para todos os casamentos, quinze anos, nas-cimentos, batizados e aniversários do nosso bairro. Mas é claro que eu preci-sava ir acompanhado de minha câmera fotográfica.

O que é necessário para realizar uma boa fotografia ?

Para se fazer uma boa foto, são ne-cessários quatro item importantíssimos: sensibilidade no olhar, conhecimento téc-nico do aparelho, perseverança e sorte.

A sorte eu pedi a Deus, mas conhe-cimentos técnicos e trabalhar minha sensibilidade, eu foi a procura para aperfeiçoar as minhas fotografias.

Qual a importância do equipamento fotográfico?

Para mim, a câmera que usamos não importa muito. Quando lemos um bom li-

Renato Moura é fotógrafo profissional pós-graduado pela UCAM e guia do CEL, onde já atuou como Diretor Técnico, Diretor- Social e Presidente por três mandatos. Participou de diversas exposições fotográficas, tais como “Folclore em Fotos”, “Brasil em Cores”, “Verde Urbano” e “Rio Entre o Mar e as Montanhas”, dentre outras.

Notícias do CEL - 13

Reflorestamento na Pedra BonitaMarcus Vinicius Carrasqueira

Sempre ouvi dizer que todos deveriam, em algum momento da vida, realizar três tarefas para alcançar a plenitude na nos-sa breve passagem terrena: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho!

Nunca pensei muito sobre isso. Aliás, nunca pensei muito sobre o sentido da vida, fico um pouco confuso com tantos mistérios sem expli-cação. Mas arrisco afirmar que a inten-ção é deixarmos um legado para o futu-ro.

Mas, se assim é, todos teremos de ser jardineiros, escritores e boni-tos? Sim, bonitos, porque se não o formos, como é que arranjamos alguém que procrie conos-co?

E isso é im-portante porque plantar uma árvore ou escrever um livro podemos executar sozinhos, porém na concepção de um filho corremos o risco de, ao não sermos tão atraentes, as nos-sas sementes se perderem por caminhos adolescentes que não ouso falar.

Digo sementes porque as tarefas de

que falamos estão baseadas em semear algo que cresça e floresça. Eu, que nunca fui jardineiro, sei que uma árvore nasce de uma semente plantada num pequeno buraco. Com os filhos o processo é muito parecido, resguardadas as devidas pro-porções. Já com os livros é um pouco di-

ferente. Uma idéia germina na nossa mente, dá origem a um pensamento, depois uma frase, um parágrafo e fi-nalmente um texto. Ah, o buraco! No buraco ficamos se não conseguimos uma editora que se atreva a publicar a papelada!

Estou tentando fazer a minha parte. Não tendo sido am-plamente rejeitado pelo público femi-nino, tenho uma na-morada e a relação

é promissora, o máximo que pode ocorrer é ser trocado e começar tudo de novo, mas a expectativa é de constituição de família, como acontece desde que o mun-do é mundo! O livro? Eu nunca fui escritor, mas quem sabe, no futuro, estas nossas conversas periódicas floresçam, sejam

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Notícias do CEL - 3

O Papo de Montanha é um projeto de iniciativa do CEL e realização de sua di-retoria técnica que viabiliza um ciclo de palestras mensais relacionadas ao mon-tanhismo.

O objetivo é promover a difusão de conhecimento entre os montanhistas e sociedade.

As edições mensais do evento já contemplaram diversos temas de inte-resse do montanhista, trazendo pales-trantes que são referência no assun-to e que gentilmente nos cederam um pouco de seu tempo e conhecimento.

Confira o que já passou por aqui:

Maio: o presidente da Femerj, Ber-nardo Collares e o diretor- técnico do CEL, Hans Rauschmayer falaram sobre Monta-nhismo e Sociedade.

Junho: aprendemos como aplicar na prática a energia solar, com a palestra de Hans Rauschmayer.

Julho: Tivemos a oportunidade de mergulhar no universo da escalada femi-nina. Venha conhecer suas conquistas, como elas vivem, pensam e se relacio-nam com as outras esferas de suas vidas.

Agosto: Com o apoio da Deuter, assistimos à uma verdadeira aula sobre escaldas em grandes paredes com Eliseu Frechou.

Setembro: Comemoramos o dia da árvore com a palestra Biodiversidade e Áreas Protegidas no estado do Rio de Ja-neiro de André ilha.

Não perca o próximo papo: Acesso às montanhas com Kika Bra-

dford - 19 Outubro 2010 - Terça-feira.

O Papo de Montanha Já é um Sucesso!CEL Diretoria

14 - Setembro/Outubro 2010

Enfim saiu o tão esperado resultado do concurso fotográfico deste ano.

A disputa foi acirrada e a fotografia vencedora é: “Mirante do Inferno” de Guilherme Costa, que é a capa desta edi-ção.

Em 2º lugar ficaram empatadas as fo-tografias: “O Mistério do Dedo” de Hans Rauschmayer e e Cristo/K2 de Guilherme Costa .

Também tivemos empate no 3º lugar, que ficou com “Base Teixeira/Dedo de Deus de Guilherme Costa , “Cume da Ga-linha Choca” e “Vale do Frey” ambas de autoria de Claudney Neves.

Veja o resultado completo em:www.celight.org.br.

Concurso FotográficoCEL - Diretoria Cultural

catalogadas, organizadas e se transfor-mem num livro?

A editora que se lixe porque um livro pode ter a forma de vários boletins e ser uma herança deixada de sócio para o clube. E a árvore? Tivemos a chance de plantar uma mudinha durante a visita ao reflorestamento da trilha da Pedra Bonita,

marcada para sábado, dia 29 de maio, como parte da aula prática de caminhada do CBM 2010.

Cuidar dessa nova vida é um compromisso assumido por cada um que esteve por lá e plantou sua mudinha. Lem-brem-se de visitá-las de vez em quando para cuidar da sua menina, acompanhando seu crescimento e, finalmente, celebrar sua debutante quan-

do ela estiver toda enfeitada e colorida da primeira florada.

Adaptado de Bloggerman 2004.

Page 15: Notícias do CEL - Set 2010

EDITORIALNeste mês de setembro completamos 6

meses de gestão, ou 1/4 do nosso mandato. Muitas melhorias têm sido realizadas, e ain-da estamos no caminho de aprimorar ainda mais.

Além da aquisição de equipamentos, oti-mização de processos internos, incremento das pranchetas e atividades fixas, uma ou-tra preocupação é aprimorar e disseminar o conhecimento técnico no montanhismo.

Nesta edição você vai encontrar o pro-duto das discussões de nosso departamen-to técnico sobre uma nova forma de montar paradas e as ações do Papo de Montanha para disseminar o conhecimento técnico e valores ambientais. Veja ainda os lugares por onde passamos e muito mais.

- Claudney Neves

Nesta Edição:

Entrevista com Renatão pg. 4

Cume no Morro da Babilônia pg. 6

Montagem de Paradas pg. 8

Escalando por aí: Ceará pg. 10

Reflorestamento na Pedra Bonita pg. 13

Resultado do Concurso Fotográfico pg 15

Programação pg. 15

ExpedienteO CEL - Clube Excursionista Light é uma entidade sem fins lucrativos que visa congregar adeptos do Excursionismo de Montanha em suas diversas modalidades, proporcionando os meios necessários à prática segura desta atividade em conjunto com a preservação do meio ambiente. Fundado em 12 de fevereiro de 1957.Notícias do CEL é uma publicação de distribuição gratuita destinada aos seus associados e entidades afins.Av. Marechal Floriano, 199 gr. 501 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20.080-004 - Tel .: (021) 2253.5052

DIRETORIA (Gestão 2010-2012)Presidente: Claudney NevesVice-presidente: João Paulo SeixasDiretor Técnico: Guilherme Silva e Hans RauschmayerTesoureiro: Julio BomfimSecretário-Geral: Márcio CunhaDiretora Social: Helena BechoDiretores de Ecologia: Alfredo Mager e Marcus CarrasqueiraDiretora de Comunicação: Paula GabrielaDiretora Cultural: Kilza Longo

É permitida a reprodução total ou parcial deste informativo, desde que citada a fonte. Os artigos publicados não representam, necessariamente, a opinião da diretoria ou do corpo editorial.

Treino em muro de escalada às terças, a partir das 18:30h.Reuniões Sociais todas as quintas a partir das 18:30h.

Notícias do CEL - 15

Data Atividade Tipo Local Guia

11/set Visita a exposição Flieg: Fotógrafo Cultural - Fotografia Instituto Moreira Salles Gabi Lima

11/set Escaladas no Dona Marta Escalada de 4 grau Morro Dona Marta Gabriel

12/set Dedo de Deus via Maria Cebola Escalada 3º III sup PNSO Renatão

18/set Babilonia Escalada Praia Vermelha Carlão

25/set 15 Picos da Floresta Caminhada pesada hardcore PNT Claudney

26/set Lionel Terray Escalada 3º III sup (A0) Pedra Bonita Renatão

30/set Projeção de filmes antigos em Super 8 Social Sede do CEL João Costa

02/out Caminho das Águas e Pico do Bico do Papagaio Caminhada PNT Marco Alves

02/out Psicoblocs Passeio de barco e escalada Arraial do Cabo Claudney

09/out 15 Picos da Floresta Caminhada pesada hardcore PNT Marco Alves

09/out Alfredo Maciel (Alfredão) escalada 6 (VIIa) Face sul do Pao de Acucar Guilherme

14/out Encontro de Escaladores do Nordeste A Escalada no Nordeste Sede do CEL Pablo Phyllip /

Emmanuel Dupouy

16/out Mauricio Mota (M2) Escalada 4 V Babilonia Marco Alves

16/out Arca de Noé Escalada 4º V Babilônia Julio

19/out Acesso às montanhas Projeto Papo de Montanha Sede do CEL Dir Técnica

Obs: As inscrições para as atividades devem ser feitas com o guia responsável.

ProgramaçãoEventos, Pranchetase reuniões

Programação permanente na sede do CEL:- Todas as Terças: Treinamento no muro de escalada - Todas as Quintas: Reunião Social - Primeira Quinta-feira do mês: CEL Pipoca - Terceira semana do mês: Palestra / Debate - Última Quinta-feira do mês: Festa dos aniversariantes

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IMPRESSO

Clube Excursionista Light - Boletim InformativoAno 52 – nº 367 – Setembro/Outubro de 2010

“Excursionando conhecerás melhor nosso Brasil”

Montagem de ParadasEscalada no Ceará

Reflorestamento na Pedra Bonitae mais...