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Notícias - PwC Portugal: auditoria, consultoria e … IVA - Taxas - Assistência técnica e venda - Máquinas de rega Pivot, Center Pivot ou Rampa Polar - Sistemas de rega estática

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Notícias Inforfisco

N.º 149 Maio 2014

Índice

Notícias Inforfisco 2

1. Legislação tributária 3

2. Instruções e decisões administrativas 5

3. Harmonização fiscal comunitária 8

4. Jurisprudência do Tribunal Constitucional (TC) 10

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo (STA) 12

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo (TCA) 23

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE)

55

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD)

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9. Publicações 63

Nota 1 Colocando o cursor sobre o número do diploma, poderá visualizar-se a página da Internet onde originalmente ele foi publicado. Efetuando um "click" será feito o reencaminhamento para essa página. Notamos, contudo, que esse reencaminhamento poderá não funcionar se ocorrerem alterações nas páginas de origem (portais do Governo, da AT, etc). Nota 2 Toda a informação contida neste documento está apresentada em forma resumida, podendo a respetiva informação integral ser consultada no site www.pwc.pt/inforfisco

1. Legislação tributária

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Diploma Assunto

Resolução do Conselho de Ministros n.º 34/2014, de 16.05.2014

Fiscalidade - Minutas dos contratos fiscais de investimento

Resolução do Conselho de Ministros n.º 34/2014 que aprova as minutas dos contratos fiscais de investimento e respetivos anexos, a celebrar entre o Estado Português e diversas sociedades. Publicação: DR I, n.º 94, de 16.05.2014

Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2014, de 15.05.2014

Fiscalidade - Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2014 - Contratos fiscais de investimento Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2014 que aprova as minutas dos contratos fiscais de investimento e respetivos anexos, a celebrar entre o Estado Português e diversas sociedades. Publicação: DR I, n.º 93, de 15.05.2014

Portaria n.º 101-B/2014, de 13.05.2014

Fiscalidade - Fundo de Estabilidade Tributária Portaria n.º 101-B/2014 que fixa a percentagem do Fundo de Estabilidade Tributária relativamente ao ano de 2013. Publicação: DR I, n.º 91, 2.º Suplemento, de 13.05.2014

Resolução da Assembleia da República n.º 34/2014, de 06.05.2014

IVA - Resolução da Assembleia da República n.º 34/2014 - Aluguer de equipamentos industriais Resolução da Assembleia da República n.º 34/2014 que recomenda ao Governo a concretização de medidas para o sector do aluguer de equipamentos industriais. Publicação: DR I, n.º 86, de 06.05.2014

Aviso n.º 51/2014, de 02.05.2014

Fiscalidade - CDT - Portugal/Qatar Aviso n.º 51/2014 que torna público que foram emitidas notas, em que se comunica terem sido cumpridas as respetivas formalidades constitucionais internas de aprovação do Acordo entre a República Portuguesa e o Estado do Qatar para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, assinado em Doha, a 12 de dezembro de 2011. Publicação: DR I, n.º 84, de 02.05.2014

1. Legislação tributária

2. Instruções e decisões administrativas

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N.º Assunto

6943 IVA - Taxas - Adubos, fertilizantes e semelhantes em embalagens inferiores a 1 litro e ou 1 kg (verba 3.1 da lista I anexa ao CIVA)

6899 IVA - Taxas - Alojamento em estabelecimento do tipo hoteleiro - Aluguer de quartos, sem regime de alimentação (Artigo: verba 2.17 da lista I anexa ao CIVA)

6798 IVA - Taxas - Assistência técnica e venda - Máquinas de rega Pivot, Center Pivot ou Rampa Polar - Sistemas de rega estática gota - a - gota - Sistemas de rega por aspersão ditos de cobertura total - Grupos de Bombagem e seus quadros elétricos (Artigo: alínea f) da verba 4.2 da lista I anexa ao CIVA; alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º)

6778 IVA - Isenções - Município - Fornecimento de refeições protocolado em parceria com outras entidades - Estabelecimentos integrados no Sistema Nacional de Educação - Operações que revistam um caráter complementar em relação às atividades de ensino (Artigo: n.º 9 do art. 9.º)

6762 IVA - Faturação - Elementos que devem conter as faturas - Faturas emitidas por revendedores de combustíveis líquidos (matricula do veículo abastecido) (Artigo: n.º 2 do art. 72.º)

6749 IVA - Inversão do sujeito passivo - Serviços de construção civil - Venda com instalação e montagem da plataforma(s) de ordenha mecânica rotativa (Artigo: alínea j) do n.º 1 do artigo 2.º)

6726 IVA - Taxas - Venda de “troncos de árvores” obtidos a partir da aquisição de árvores em pé e sua transformação (Artigo: verba 5.4 da Lista I, anexa ao CIVA, alínea a) do n.º 1 e do n.º 3 do artigo 18.º)

6706 IVA - Gorjetas atribuídas por terceiros - Operações não sujeitas a IVA (Artigo: 1.º, 2.º)

6691 IVA - Cessões a título oneroso ou gratuito de estabelecimento comercial, da totalidade de um património ou de uma parte dele (Artigo: n.º 4 do artigo 3.º e do n.º 5 do artigo 4.º)

6548 IVA - Taxas - Postes metálicos e de madeira para suporte de arame de vinhas (armação) vendidos a viticultores (Artigo: alínea b) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 18.º e alínea c) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 18.º)

6521 IVA - Enquadramento - Sujeição a IVA - Operações realizadas por um banco de células privado, quando fatura esperma e ovócitos humanos a um cliente - Quer seja uma clínica ou pessoa privada (Artigo: 9.º)

Fichas Doutrinárias

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N.º Assunto

6416 IVA - Enquadramento - Regra geral de tributação - Aquisição de bens com destino à transformação, em produtos novos para venda, que não constituem desperdícios, resíduos ou sucatas recicláveis (Artigo: 1.º, 3.º, 18.º)

6037 IVA - Taxas - Venda de cortiça (Artigo: alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º)

2014 000628 IRC - Benefícios fiscais ao investimento (CFEI de 2013 e RFAI de 2010 e de 2013) - Limites, acumulações e prioridades na dedução à coleta (Lei n.º 49/2013, de 16 de Julho e Lei n.º 10/2009, de 10 de março)

Fichas Doutrinárias

3. Harmonização fiscal comunitária

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3. Harmonização fiscal comunitária

N.º Assunto

Nota Explicativa 2014/C 138/03, de 08.05.2014

IVA - Ouro para investimento isento - Lista das moedas de ouro que preenchem os critérios fixados no n.º 1, ponto 2), do artigo 344.º da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro de 2006 (regime especial aplicável ao ouro para investimento) - Válido para o ano de 2014 Nota Explicativa 2014/C 138/03 sobre a Lista das moedas de ouro que preenchem os critérios fixados no n.º 1, ponto 2), do artigo 344.º da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro de 2006 (regime especial aplicável ao ouro para investimento) - válido para o ano de 2014. Publicação: JOUE, C 138/4, de 08.05.2014

Diretiva 2014/55/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16.04.2014 (publicado em maio)

Fiscalidade - Diretiva 2014/55/UE - Aprovação - Facturação electrónica - Contratos públicos

Diretiva 2014/55/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014 relativa à faturação eletrónica nos contratos públicos. Publicação: JOUE, L 113, de 06.05.2014

4. Tribunal Constitucional

(TC)

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4. Tribunal Constitucional

N.º Assunto

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 181/14

CPPT - art. 256.º - constitucionalidade - princípio da igualdade

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo (STA)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 69/14

CPPT - indeferimento liminar - oposição - fundamentos - falta de notificação - liquidação I - O indeferimento liminar só terá lugar quando for de todo em todo impossível o aproveitamento da petição inicial, isto tendo em atenção que o princípio da pronúncia sobre o mérito sesobrepõe a questões formais que não interfiram e ponham em causa o mesmo. II - Assim, o despacho de indeferimento liminar só é admissível quando a improcedência da pretensão do autor for tão evidente e, razoavelmente, indiscutível, que torne dispensável assegurar o contraditório e inútil qualquer instrução e discussão posterior. III - Sendo admissível que a oposição possa cair na alínea e) do n.º 1 do art. 204.º do CPPT, não deve ser rejeitada liminarmente a petição de oposição quando foi alegada a falta de notificação da liquidação no prazo de caducidade.

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 251/14

CPPT - despacho liminar - caso julgado formal - retificação de erro material

I - Quando o juiz conhece do mérito, no despacho liminar, de uma das questões a que alude o art. 209.º, n.º 1 do CPPT, julgando-a improcedente, fica impedido de a reapreciar oficiosamente em momento posterior; II - É de conhecimento oficioso, pelo tribunal de recurso, a exceção dilatória da violação do caso julgado formal; III - Logo que o despacho ou decisão que recaia unicamente sobre a relação processual não seja suscetível de recurso ordinário ou de reclamação, forma-se o caso julgado formal. IV - A retificação de erros materiais de uma decisão proferida sobre o conhecimento de uma exceção dilatória, não pode implicar a sua anulação, se no momento em que se retifica, a mesma já se encontra consolidada por via da força do caso julgado formal.

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 1192/13

IRC - tributação - dividendos - retenção na fonte - tributação de sujeitos passivos não residentes - direito comunitário - livre circulação de capitais - princípio da não discriminação

O imposto retido na fonte sobre os dividendos distribuídos no ano de 2002 por uma empresa com sede em Portugal a uma sua acionista não residente, com sede em Espanha, viola os princípios da não discriminação, da liberdade de estabelecimento e da livre circulação de capitais, consagrados nos artigos 12.º, 43.º, 46.º, 56.º e 58.º, n.º 3 do Tratado da CEE, bem como o artigo 5.º, n.º 1 da diretiva 90/435/CEE do Conselho, de 23/07/1990 se os mesmos dividendos se encontram isentos de imposto sobre o rendimento ao abrigo do artigo 20, da Ley 43/1995, de 27 de dezembro (do Reino de Espanha), sobre o Imposto sobre Sociedades, não se permitindo a dedução, compensação ou recuperação de qualquer imposto pago pela impugnante em Portugal.

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 129/14

CPPT - custas - dispensa - omissão de pronúncia

I - Não ocorre omissão de pronúncia na sentença de 1.ª instância que não se pronunciou sobre o requerimento de dispensa do remanescente da taxa de justiça prevista no art. 6.º n.º 7 do RCP se este requerimento, embora registado em 17/05/2013, só foi junto aos autos em data posterior à da prolação da sentença. II - Vindo tal requerimento dirigido à Mª Juíza de 1.ª Instância que dele ainda não conheceu devem os autos baixar à 1.ª Instância para esse efeito.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 879/13

LGT - CPPT - verificação - graduação de créditos - aplicação da lei no tempo - incompetência

I - Após as alterações introduzidas no CPPT pela Lei n.º 55-A/2010, de 31.12, os Tribunais Tributários continuam a ter competência para conhecer da matéria relativa à verificação e graduação de créditos, tendo ocorrido apenas uma alteração da via ou forma processual adequada ao seu conhecimento, que deixou de ser o processo judicial de verificação e graduação de créditos, para ser o processo judicial de reclamação da decisão proferida pelo órgão da execução sobre a matéria, passando, assim, esta reclamação a constituir a forma processual de exercer a tutela jurisdicional no que toca à verificação e graduação de créditos. II - Assim sendo, nenhuma censura merece a decisão recorrida que julgou improcedente a exceção de incompetência em razão da matéria do Tribunal para conhecimento da verificação e graduação de créditos que lhe foi remetida pelo Serviço de Finanças após a entrada em vigor da Lei n.º 55-A/2010 (embora o crédito reclamado o tenha sido em data anterior à da entrada em vigor daquela lei), porquanto um eventual erro na forma do processo não determina a incompetência do Tribunal para conhecimento da ação.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 15/14

IRC - gratificações I - Nos termos do art. 24.º, n.º 2, do CIRC, permitia-se que as gratificações de trabalhadores da empresa a título de participação nos resultados fossem relevadas como variações patrimoniais negativas, concorrendo para a formação do lucro tributável do exercício a que respeita o resultado em que participam, desde que pagas ou colocadas à disposição dos beneficiários até ao fim do exercício seguinte. II - Se esta condição não fosse verificada, o art. 24.º, n.º 5, do CIRC, estabelecia que ao valor do IRC liquidado em relação ao exercício seguinte se adicionava o IRC que deixou de ser liquidado, em resultado da dedução das gratificações que não tivessem sido pagas ou colocadas à disposição dos interessados no prazo indicado, acrescido dos juros compensatórios correspondentes.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 1871/13

IS - prédio urbano - afetação - habitação

Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI (subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral) uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 318/12

IMI- prédio rústico - prédio urbano - pedreira

Tendo-se decidido, em impugnação judicial autónoma deduzida contra os atos de fixação de valores patrimoniais, pela ilegalidade de tais atos de fixação, impõe-se, face até à inerente prejudicialidade da causa, a consequente anulação da liquidação operada com base e no pressuposto da legalidade da fixação de tais valores patrimoniais.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

Notícias Inforfisco 15

Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 55/14

IS - prédio urbano - afetação - habitação Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI (subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral) uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 317/14

IS - impugnação judicial - tabela do imposto de selo - prédio urbano Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 195/13

IRC - impugnação judicial - nulidade de sentença - omissão de pronúncia - questão - conhecimento oficioso - alegações - inconstitucionalidade É nula, por omissão de pronúncia, a sentença que não se pronuncie sobre questão de inconstitucionalidade, de conhecimento oficioso, suscitada pela impugnante nas suas alegações finais.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 465/14

CPPT - erro na forma de processo - anulação - execução fiscal - extinção da execução fiscal I - Não ocorre nulidade da sentença por omissão de pronúncia quando o juiz evoca razões para justificar a abstenção de conhecimento de questão que lhe foi colocada. II - Em face do pedido de anulação de um despacho proferido pelo órgão da execução fiscal (que indeferiu o pedido de extinção da execução fiscal formulado com fundamento na anulação da dívida exequenda), não pode considerar-se verificado o erro na forma do processo se o meio processual escolhido foi a reclamação judicial prevista no art. 276.º do CPPT. III - Questão diferente é a de saber o executado usou o meio processual próprio para pedir a extinção da execução fiscal e, aí sim, é de considerar que se verifica o erro na forma do processo se esse pedido, que deveria ser feito mediante oposição à execução fiscal, o foi mediante requerimento dirigido ao órgão da execução fiscal. IV - Nesse circunstancialismo, nada obsta à convolação do requerimento em petição inicial de oposição à execução fiscal, desde que a apresentação desse articulado tenha sido feita dentro do prazo fixado pelo n.º 1 do art. 203.º do CPPT.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

Notícias Inforfisco 16

Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 401/14

LGT - CPPT - impugnação - despacho de reversão - erro na forma de processo - omissão de pronúncia I - O meio processual adequado para o revertido impugnar contenciosamente o despacho que ordena a reversão, com fundamento em falta de fundamentação ou preterição de formalidades a tal ato imputadas, é a oposição à execução, e não o processo de impugnação judicial. II - Não se verifica nulidade por omissão de pronúncia da sentença recorrida se o tribunal “a quo” não tomou conhecimento do mérito da impugnação por ter julgado verificado fundamento legal de rejeição liminar.

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 456/14

CPPT - competência hierárquica - decisão - ato de trâmite - taxa de justiça

I - A “operação” de subsunção jurídica, adequação do facto à norma ou princípio jurídico, pertence à competência deste Supremo Tribunal por ser a própria Lei que lha atribui de forma explícita; II - A apensação a que se refere o art. 111.º, n.º 3 do CPPT, consubstancia-se num ato de trâmite e não numa decisão destinada a produzir efeitos na esfera jurídica do interessado; III - Para efeitos do disposto no art. 183.º-A, n.º 1 do CPPT, verifica-se a decisão final do pleito, em caso de impugnação administrativa, quando se formar o chamado caso decidido ou resolvido, o que ocorre quando a decisão da Administração Tributária deixar de ser contenciosamente impugnável com fundamento em vícios geradores de anulabilidade; IV - A dispensa do pagamento do remanescente a taxa de justiça a que se refere o art. 6.º, n.º 7 do RCP, deve operar relativamente à ação considerada em bloco, uma vez que a norma se refere não à atuação de cada uma das partes, mas antes à ação como um todo.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 63/14

CPPT - oposição de acórdãos - identidade de facto tributário - identidade de matéria de direito

I - Atento o disposto no art. 27.º, alínea b) do ETAF, no art. 284.º do CPPT e no art. 152.º do CPTA, o recurso por oposição de acórdãos interposto em processo judicial tributário instaurado após 1 de janeiro de 2004 (data da entrada em vigor do ETAF de 2002) depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos legais: que se verifique contradição entre o acórdão recorrido e o acórdão fundamento sobre a mesma questão fundamental de direito e que não ocorra a situação de a decisão impugnada estar em sintonia com a jurisprudência mais recentemente consolidada do Supremo Tribunal Administrativo. II - Não se verifica o 1.º requisito se os acórdãos em confronto decidem a mesma questão jurídica no mesmo sentido. III - Esse requisito também não se verifica se as soluções adotadas nos acórdãos em confronto não resultam de entendimentos divergentes quanto à mesma questão fundamental de direito, mas antes do enfrentamento de realidades fácticas distintas, que levaram à apreciação de questões jurídicas diversas.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

Notícias Inforfisco 17

Data/Processo Sumário

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 60/14

CPPT - recurso por oposição de acórdãos - requisitos - decisão expressa

I - São requisitos dos recursos por oposição de acórdãos a que se aplica o ETAF de 2002: - identidade da questão de direito sobre que recaíram os acórdãos em confronto, que supõe estar-se perante uma situação de facto substancialmente idêntica; - que não tenha havido alteração substancial na regulamentação jurídica; - que se tenha perfilhado, nos dois arestos, solução oposta; - a oposição deverá decorrer de decisões expressas e não apenas implícitas. II - Não pode prosseguir recurso com fundamento em oposição de julgados se nos acórdãos fundamento e recorrido não há pronúncia expressa sobre questão relativamente à qual se coloca a existência de oposição de acórdãos.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1316/13

LGT - CPPT - recurso por oposição de julgados A admissibilidade dos recursos por oposição de acórdãos, tendo em conta o regime previsto nos artigos 27.º, alínea b) do ETAF e 152.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, depende de existir contradição entre o acórdão recorrido e o acórdão invocado como fundamento sobre a mesma questão fundamental de direito, sendo que a oposição de soluções jurídicas pressupõe identidade das questões suscitadas e resolvidas, perante quadro legal substancialmente idêntico e substancial identidade das situações fácticas.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 468/14

LGT - CPPT - pagamento em prestações - aperfeiçoamento do requerimento - dever de colaboração

I - Ao contrário do que estipula a lei para o pedido de dispensa de prestação de garantia, a lei não impõe que o requerimento do pedido de pagamento em prestações seja desde logo instruído com a prova necessária. II - Daí que, antes do indeferimento do pedido de pagamento em prestação por falta de prova dos pressupostos de que depende, deva a Administração Fiscal notificar o requerente para vir juntar os documentos de que não disponha e julgue em falta. III - A omissão de tal dever de notificação fere de ilegalidade o ato de indeferimento motivado por falta de prova.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1442/13

CPPT - recurso por oposição de acórdãos - requisitos I - O recurso por oposição de acórdãos interposto em processo de reclamação judicial deduzida em execução fiscal instaurada em 21/10/2012 depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos legais: que se verifique contradição entre o acórdão recorrido e o acórdão fundamento sobre a mesma questão fundamental de direito e que não ocorra a situação de a decisão impugnada estar em sintonia com a jurisprudência mais recentemente consolidada do STA. II - Não se verifica oposição de julgados no caso de a diversidade das soluções jurídicas encontrada nos arestos em confronto não resultar de entendimento inconciliável quanto à mesma questão fundamental de direito, mas antes do enfrentamento de realidades fácticas distintas, que levaram à apreciação de questões jurídicas diversas à luz de normas também diferentes.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

Notícias Inforfisco 18

Data/Processo Sumário

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1576/13

CPPT - oposição de acórdãos - suspensão da prescrição - pagamento em prestações

I - Nos termos do n.º 5 do art. 5.º do Dec. Lei n.º 124/96, de 10 de agosto, o prazo de prescrição suspende-se durante o período de pagamento em prestações, entendendo-se por período de pagamento em prestações o período fixado por ato administrativo da entidade competente para a autorização do regime, e não apenas o período em que o contribuinte pagou pontualmente as prestações contidas no plano de pagamento autorizado. II - Só a exclusão do plano autorizado de pagamento, por ato administrativo da mesma entidade, determina a exclusão do regime e, consequentemente, a cessação do efeito suspensivo do prazo de prescrição.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1633/13

LGT - CPPT - recurso por oposição de acórdãos

A admissibilidade dos recursos por oposição de acórdãos, tendo em conta o regime previsto nos artigos 27.º, alínea b) do ETAF e 152.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, depende de existir contradição entre o acórdão recorrido e o acórdão invocado como fundamento sobre a mesma questão fundamental de direito, sendo que a oposição de soluções jurídicas pressupõe identidade das questões suscitadas e resolvidas, perante quadro legal substancialmente idêntico e substancial identidade das situações fácticas.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1097/12

CPPT - recurso por oposição de acórdãos - falta - pressupostos

Se não se verifica divergência de soluções quanto à mesma questão de direito, deve o recurso ser julgado findo, por falta dos pressupostos desse recurso de oposição de acórdãos, nos termos do disposto no n.º 5 do art. 284.º do CPPT.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1802/13

CPPT - reclamação para a conferência - despacho de não admissão do recurso - recurso - decisão arbitral

I - O recurso para o STA de decisão arbitral pressupõe que se verifique, entre a decisão arbitral recorrida e o acórdão invocado como fundamento, oposição quanto à mesma questão fundamental de direito (cfr. o n.º 2 do artigo 25.º RJAT), não devendo, ainda, o recurso ser admitido se, não obstante a existência de oposição, a orientação perfilhada no acórdão impugnado estiver de acordo com a jurisprudência mais recentemente consolidada do Supremo Tribunal Administrativo (cfr. o n.º 3 do artigo 152.º do CPTA, aplicável “ex vi” do disposto no n.º 3 do artigo 25.º do RJAT). II - Não havendo entre a decisão arbitral recorrida e o Acórdão deste STA eleito como fundamento contradição sobre a mesma questão fundamental de direito - porquanto nem a questão objeto de um e outro recurso é a mesma, nem os pressupostos de facto de um e outro se afiguram como suscetíveis de ser enquadrados na mesma hipótese normativa - não deve o recurso ser admitido.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

Notícias Inforfisco 19

Data/Processo Sumário

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 1717/13

CPPT - recurso por oposição de acórdãos

A admissibilidade dos recursos por oposição de acórdãos, tendo em conta o regime previsto nos artigos 27.º, alínea b) do ETAF e 152.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, depende de existir contradição entre o acórdão recorrido e o acórdão invocado como fundamento sobre a mesma questão fundamental de direito, sendo que a oposição de soluções jurídicas pressupõe identidade das questões suscitadas e resolvidas, perante quadro legal substancialmente idêntico e substancial identidade das situações fácticas.

Acórdão de 07.05.2014, Proc. 198/14

LGT - CPPT - oposição à execução fiscal - pedido - incompatibilidade - erro na forma de processo - nulidade de citação

I - A nulidade da citação, porque não determina a extinção da execução fiscal, mas apenas a repetição do ato com cumprimento das formalidades omitidas, não constitui fundamento de oposição à execução fiscal, antes devendo ser arguida em primeira linha perante o órgão da execução fiscal, com possibilidade de reclamação judicial de eventual decisão desfavorável. II - Invocada a nulidade da citação em processo de oposição à execução fiscal, há que ponderar a possibilidade de convolação da petição inicial em requerimento dirigido à execução fiscal (cf. art. 97.º, n.º 3, da LGT e art. 98.º, n.º 4, do CPPT), possibilidade que, porque não é cindível a petição inicial, não existe nos casos em que nesta tenham sido também invocados fundamentos próprios da oposição à execução fiscal. III - Tendo o juiz julgado procedente a oposição à execução fiscal com fundamento na invocada nulidade da citação, é de revogar a sentença. IV - A fundamentação da reversão, devendo ser comunicada ao revertido quando da citação (art. 23.º, n.º 4, da LGT), não tem que constar do título executivo (cf. art. 163.º, n.º 1, do CPPT), e a falta dessa comunicação apenas poderá constituir nulidade da citação.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 194/14 (publicado em maio)

RGIT - contra - ordenação fiscal - atenuação especial - coima - falta - prestações tributárias - aplicação da lei no tempo

I - O n.º 2 do artigo 114.º do RGIT, na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 64.º-A/2011, de 30 de dezembro - nos termos da qual o limite mínimo da contra - ordenação negligente por “falta de entrega da prestação tributária” foi elevado de 10% para 15% do valor do imposto em falta - , é aplicável aos factos praticados após a data da entrada em vigor daquela lei. II - Julgando-se preenchidos os pressupostos legais de atenuação especial da coima, previstos no artigo 32.º, n.º 2 do RGIT, haverá que atender a que, nos termos do disposto no artigo 18.º do Regime Geral das Contraordenações, os limites mínimos e máximos das coimas abstratamente aplicáveis se reduzem para metade, sendo dentro destes novos limites que terão de ser fixadas as coimas concretamente aplicadas a cada uma das contra - ordenações fiscais em concurso. III - As coimas individualmente fixadas para as contra - ordenações em concurso praticadas após a entrada em vigor da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro - que deu nova redação ao artigo 25.º do RGIT, reintroduzindo-lhe a sua redação originária (que havia sido alterada pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro) - são objeto de cúmulo material, e não de cúmulo jurídico.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 400/14 (publicado em maio)

LGT - manifestações de fortuna - âmbito temporal - presunção

A determinação do rendimento com base na aquisição de um bem previsto na tabela do n.º 4 do art. 89.º-A da LGT só pode ser feita uma vez, relativamente ao ano em que se verificou ou em qualquer um dos três anos seguintes em que, nos termos do n.º 1 do mesmo artigo, falte a declaração de rendimentos ou se verifique a desproporção aí prevista, e não em todos esses anos.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 1840/13 (publicado em maio)

CPPT - recurso jurisdicional - junção de documentos - anulação de liquidação I - Encontra-se, ainda, abrangido pelo disposto nos artigos 651.º, n.º 1 e 425.º do CPC (código novo), que permitem a junção de documentos em fase de alegações, desde que os mesmos se destinem à comprovação de factos que ocorreram em momento posterior à prolação da sentença proferida na 1.ª instância e/ou quando a junção se torne necessária em virtude do julgamento proferido na 1.ª instância, a prova da data do trânsito em julgado das decisões judiciais que serviram de fundamento à sentença recorrida, quando esse facto pode ter repercussão na decisão do recurso e só ocorreu após a interposição do respetivo recurso. II - Os recursos jurisdicionais no contencioso tributário têm, em regra, efeito meramente devolutivo da decisão recorrida (artigo 286.º, n.º 2 do CPPT). III - Em razão do efeito devolutivo do recurso interposto pela Fazenda Pública de decisão anulatória das liquidações que estão na origem da dívida exequenda, não pode a Administração prosseguir com a execução na pendência do recurso - mesmo que a garantia prestada na impugnação tenha “expirado” e não seja oferecida nova garantia idónea - porquanto a única decisão que, na pendência do recurso, existe na ordem jurídica é a de anulação das liquidações que estão na base do título executivo.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 272/14 (publicado em maio)

IS - verba - tabela do imposto de selo - prédio urbano - afetação - habitação

Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 271/14 (publicado em maio)

IS - IMI - impugnação judicial - verba - tabela do imposto de selo - prédio urbano - habitação Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 1690/13 (publicado em maio)

LGT - IVA - liquidação - falta de fundamentação I - A Administração Tributária tem o dever de fundamentar os atos de liquidação impugnados de harmonia com o princípio plasmado no art. 268.º da CRP e acolhido nos arts. 125.º do CPA e 77. º da LGT. II - O ato estará suficientemente fundamentado quando o administrado, colocado na posição de um destinatário normal - o bonus pater familiae de que fala o art. 487.º n.º 2 do CC - possa ficar a conhecer as razões factuais e jurídicas que estão na sua génese, de modo a permitir-lhe optar, de forma esclarecida, entre a aceitação do ato ou o acionamento dos meios legais de impugnação, e de molde a que, nesta última circunstância, o tribunal possa também exercer o efetivo controle da legalidade do ato, aferindo o seu acerto jurídico em face da sua fundamentação contextual. III - Significa isto que a fundamentação, ainda que feita por remissão ou de forma muito sintética, não pode deixar de ser clara, congruente e encerrar os aspetos, de facto e de direito, que permitam conhecer o itinerário cognoscitivo e valorativo prosseguido pela Administração para a determinação do ato. IV - Não tendo a Administração Tributária explicado, ainda que minimamente, as razões de facto e de direito que a conduziram a integrar no IVA de 2003 os rendimentos apurados em relatório de peritagem realizado no âmbito de inquérito-crime que abrangeu o espaço temporal decorrido entre 1 de janeiro de 2000 e fevereiro de 2003, impõe-se concluir que esse ato de liquidação adicional de IRS não se encontra suficientemente fundamentado nem de facto nem de direito.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 252/14 (publicado em maio)

IRS - graduação de créditos - hipoteca - privilégio imobiliário geral

Os privilégios imobiliários previstos no artigo 111.º do CIRS são gerais, e não especiais, pelo que não preferem ao crédito hipotecário, também reclamado, na respetiva graduação de créditos.

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 286/14 (publicado em maio)

EBF - empreendimento turístico - benefícios fiscais I - De acordo com o decidido pelo acórdão desta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo de 23 de janeiro de 2013 em julgamento ampliado, nos termos do disposto no art. 148.º do CPTA, no processo n.º 968/12, e que deu origem ao acórdão uniformizador de jurisprudência n.º 3/2013, a aquisição de unidades de alojamento num empreendimento turístico, ainda que integradas no empreendimento em causa e, por isso, afetas à exploração turística, não pode beneficiar das isenções consagradas no art. 20.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 423/83. II - A referida interpretação e aplicação do art. 20.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 423/83, independentemente da sua correção, não viola disposição ou princípio constitucional algum.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 23.04.2014, Proc. 270/14 (publicado em maio)

IS - IMI - impugnação judicial - tabela do imposto de selo - prédio urbano - afetação - habitação

Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 09.04.2014, Proc. 332/14 (publicado em maio)

LGT - CPPT - garantia

I - Do art. 53.º da LGT resulta que o direito à indemnização pela garantia indevidamente prestada, a atribuir sem dependência do prazo a que alude o n.º 1 do artigo supra citado, depende da verificação, dos seguintes pressupostos de facto: a) a prestação da garantia bancária ou equivalente (com vista à suspensão da execução fiscal que tenha por objeto a cobrança de dívida emergente da liquidação impugnada, ainda que a execução fiscal seja questionada através de oposição. b) a existência de prejuízos emergentes da prestação dessa garantia; c) o vencimento na reclamação graciosa, impugnação judicial, ou oposição onde seja verificado o erro imputável aos serviços. II - No caso concreto dos autos, em que a garantia prestada foi a garantia bancária, e a ora recorrente decaiu na oposição não podia, ser requerida a fixação da indemnização ao abrigo da norma quantificadora do art. 53.º n.º 3 da LGT por, desde logo, não estarem verificados todos os pressupostos legais contidos no normativo citado. III - O art. 171.º, n.º 1 do CPPT, invocado pela recorrente, visa apenas regulamentar a forma de exercício do direito de indemnização previsto no art. 53.º da LGT. O pedido de indemnização por danos sofridos apresentado pela executada não pode ser formulado em processo de execução, dada a natureza jurídica deste tipo de processo, que não tem natureza declarativa, mas, tão só, de cobrança coerciva de dívidas constantes de determinado título executivo - o que, sempre conduziria à improcedência da pretensão formulada nesta sede. IV - Sendo, no entanto, certo que a recorrente pode ter danos no caso concreto. Assim é de admitir a possibilidade de o pedido indemnizatório ser efetuado em processo autónomo onde se possam averiguar com mais acuidade os danos que o interessado possa ter sofrido (este deve especificar os concretos prejuízos que teve).

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo (TCA)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7581/14

CPPT - penhora em execução fiscal - penhora de abonos ou vencimentos. art. 227.º, do CPPT - reclamação prevista no art. 276.º e seg., do CPPT - subida imediata da reclamação a tribunal - art. 278.º, n.º 3, do CPPT - suspensão do processo de execução fiscal - despacho a ordenar a penhora como ato que a lei não admite (art. 195.º, do CPC.)

1. A penhora consiste numa apreensão de bens e sua afetação aos fins do processo de execução fiscal. Realizada a penhora, o executado continua a poder dispor e onerar os bens penhorados, mas os atos que pratique são ineficazes em relação ao exequente (cfr. art. 819.º, do CC). A maior parte da doutrina nacional atribui à penhora a natureza de garantia real (cfr. art. 822.º, n.º 1, do CC). 2. Especificamente, a penhora de abonos ou vencimentos encontra-se prevista no art. 227.º, do CPPT, normativo que consagra as formalidades a que deve obedecer tal diligência pignoratícia. 3. Tendo a reclamação do despacho de indeferimento do pedido de dispensa de prestação de garantia natureza urgente e subida imediata a Tribunal, o processo de execução fiscal deve considerar-se automaticamente suspenso, o que acarreta a ilegalidade da penhora efetivada nos autos antes da prolação da decisão judicial definitiva que recaia sobre a mesma reclamação. Suspensão que é igualmente exigida e, até, imprescindível, para assegurar a tutela judicial efetiva dos direitos ou interesses do reclamante afetados por atos da Administração Tributária, nos termos do disposto nos artºs. 20 e 268, n.º 4, da CRP. Assim sendo, o despacho a ordenar a penhora de vencimento ao ser contrário ao regime da suspensão automática da reclamação, com subida imediata, tal como resulta do disposto nos artºs. 276.º, 277.º, n.º s. 2 e 3, e 278.º, n.º 3, do CPPT, consubstancia a prática de um ato que a lei não admite, com a consequente nulidade prevista no art. 195.º, do CPC, uma vez que tem influência na decisão da causa.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7369/14

CPPT - descontos incidentes sobre remunerações de trabalhadores sujeitos ao regime de aposentação da função pública - ato determinativo dos quantitativos a pagar à CGA pela entidade empregadora - competência dos tribunais administrativos 1. O âmbito da jurisdição fiscal e a competência dos tribunais fiscais é de ordem pública e o seu conhecimento precede o de qualquer outra matéria (artigo 13.º do CPTA). 2. A competência do tribunal tem de ser aferida pela pretensão material deduzida pelo autor através da instauração da ação. 3. A intenção impugnatória dos autos centra-se na desconstituição do ato determinativo do quantum devido pela autora no quadro da relação de proteção social ou de segurança social, cuja garantia, nos termos da lei, compete à CGA. 4. É o tribunal administrativo o competente para conhecer da legalidade ou ilegalidade de tais pensões e não o tribunal tributário através do meio processual da impugnação judicial, uma vez que não estamos aqui perante mera liquidação de receitas parafiscais, antes perante atos administrativos dos quais resultam os valores a pagar.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Sul

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7529/14

CPPT - IRS - ato tributário e facto tributário - noção - conceito de rendimento tributário em sede de CIRS - (conceção de rendimento-acréscimo - noção de mais-valia (cfr. art. 10.º, do CIRS) - art. 10.º, n.º 5, do CIRS - mais-valias realizadas com a alienação onerosa de bens imóveis destinados a habitação própria e permanente - défice instrutório (cfr. art. 662.º, n.º 2, al. c), do CPC)

1. O ato tributário tem sempre na sua base uma situação de facto concreta, a qual se encontra prevista abstrata e tipicamente na lei fiscal como geradora do direito ao imposto. Essa situação factual e concreta define-se como facto tributário, o qual só existe desde que se verifiquem todos os pressupostos legalmente previstos para tal. As normas tributárias que contemplam o facto tributário são as relativas à incidência real, as quais definem os seus elementos objetivos. Só com a prática do facto tributário nasce a obrigação de imposto. A existência do facto tributário constitui, pois, uma condição “sine qua non” da fixação da matéria tributável e da liquidação efetuada. 2. Na construção do conceito de rendimento tributário o CIRS adota a conceção de rendimento-acréscimo, segundo a qual a base de incidência deste tributo abrange todo o aumento do poder aquisitivo do contribuinte, incluindo nela as mais-valias (vistas enquanto acréscimos patrimoniais que não provêm de uma atividade produtiva, mas que têm algum significado económico e sendo passíveis de controlo pela A. Fiscal, nestas se incluindo as mais-valias prediais) e, de um modo geral, as receitas irregulares e ganhos fortuitos, os quais também devem ser considerados manifestações de capacidade contributiva. 3. A mais-valia deve definir-se, em princípio, pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, especialmente quando o facto gerador do imposto se descreve como uma alienação onerosa, assim estando sujeita ao princípio da realização (cfr. art. 44, do CIRS). 4. O art. 10.º, n.º 5, do CIRS, sistematicamente inserido na categoria de incrementos patrimoniais (normas de incidência real), apresenta-se como uma norma de delimitação negativa da incidência. O preceito consagra uma exclusão de incidência tributária relativa às mais-valias realizadas com a alienação onerosa de bens imóveis destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar, assim favorecendo a propriedade do imóvel destinado a habitação permanente do sujeito passivo (ou do respetivo agregado familiar) sempre que, dentro de determinados prazos e condições, o valor de realização for reinvestido em imóvel destinado ao mesmo fim e situado no território nacional. O imóvel “de partida” e o “de chegada” têm de ser destinados à habitação própria e permanente. Qualquer outro destino de ambos, ou só de um deles, destrói as condições de aplicação da exclusão da incidência e a mais-valia realizada no imóvel “de partida” será tributável. A norma sob exegese contém, pois, dois elementos na sua previsão: por um lado, os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados a habitação devem ser reinvestidos na aquisição de outro imóvel com o mesmo destino; por outro, tal reinvestimento deverá realizar-se no prazo de vinte e quatro meses. Como obrigação acessória, o sujeito passivo deve fazer constar na declaração do ano fiscal em que ocorreu a realização da mais-valia, a intenção de efetuar o reinvestimento (art. 57.º, n.º 3, do CIRS, na versão em vigor em 2005), mais tendo que provar a sua efetivação, o mais tardar, na declaração de rendimentos do último ano fiscal em que esta pode ocorrer.

(continuação)

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

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5. Se a situação "sub judice" se não enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 712, n.º.1, do CPC (cfr. atual art. 662.º, n.º 1, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), norma aplicável ao processo tributário “ex vi” do art. 2.º, al. e), do CPPT, e que consagra os casos em que é possível a alteração da decisão de facto pelo Tribunal de 2.ª Instância, pode verificar-se uma situação de défice instrutório que demanda o exercício de poderes cassatórios por parte do Tribunal “ad quem” (cfr. art. 662.º, n.º 2, al. c), do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), caso em que se deve ordenar a baixa dos autos, com vista a que seja estruturada a instrução do processo pelo Tribunal de 1.ª Instância.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 2832/09

IRC - nulidade da sentença - falta de especificação dos fundamentos de facto - art. 615.º, n.º 1, al. b), do CPC - decisão da matéria de facto - princípio da livre apreciação da prova - erro de julgamento de facto - impugnação da decisão de 1.ª instância relativa à matéria de facto - ónus do recorrente - questões novas - noção de custos - ativo imobilizado da empresa - noção - vida útil de um elemento do ativo imobilizado - reintegração ou amortização - noção - regime geral das reintegrações e amortizações - art.ºs.27.º e seg., do CIRC - Dec. Lei 22/92, de 14/2 - ato destacável - princípio da especialização dos exercícios - princípio da tributação das empresas pelo rendimento real (cfr. art. 104.º, n.º 2, da CRP) 1. Nos termos do preceituado no art. 668.º, n.º 1, al. b), do CPC (cfr. atual art. 615.º, n.º 1, al. b), do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), é nula a sentença, além do mais, quando não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão. Para que a sentença padeça do vício que consubstancia esta nulidade é necessário que a falta de fundamentação seja absoluta, não bastando que a justificação da decisão se mostre deficiente, incompleta ou não convincente. Por outras palavras, o que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação, tanto de facto, como de direito. Já a mera insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, podendo afetar o valor doutrinal da sentença, sujeitando - a ao risco de ser revogada em recurso, mas não produz nulidade. Igualmente não sendo a eventual falta de exame crítico da prova produzida (cfr. art. 607.º, n.º 4, do CPC) que preenche a nulidade sob apreciação. No processo judicial tributário o vício de não especificação dos fundamentos de facto da decisão, como causa de nulidade da sentença, está previsto no art. 125.º, n.º 1, do CPPT 2. Relativamente à matéria de facto, o juiz não tem o dever de pronúncia sobre toda a matéria alegada, tendo antes o dever de selecionar apenas a que interessa para a decisão, levando em consideração a causa (ou causas) de pedir que fundamenta o pedido formulado pelo autor (cfr.artºs. 596.º, n.º 1 e 607.º, n.º s. 2 a 4, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) e consignar se a considera provada ou não provada (cfr. art. 123.º, n.º 2, do CPPT).

(continuação)

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3. Segundo o princípio da livre apreciação da prova, o Tribunal baseia a sua decisão, em relação às provas produzidas, na sua íntima convicção, formada a partir do exame e avaliação que faz dos meios de prova trazidos ao processo e de acordo com a sua experiência de vida e de conhecimento das pessoas (cfr. art. 607.º, n.º 5, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). Somente quando a força probatória de certos meios se encontra pré - estabelecida na lei (v.g. força probatória plena dos documentos autênticos - cfr. art. 371.º, do CC) é que não domina na apreciação das provas produzidas o princípio da livre apreciação. 4. O erro de julgamento de facto ocorre quando o juiz decide mal ou contra os factos apurados. Por outras palavras, tal erro é aquele que respeita a qualquer elemento ou característica da situação “sub judice” que não revista natureza jurídica. O erro de julgamento, de direito ou de facto, somente pode ser banido pela via do recurso e, verificando-se, tem por consequência a revogação da decisão recorrida. 5. No que diz respeito à disciplina da impugnação da decisão de 1.ª Instância relativa à matéria de facto a lei processual civil impõe ao recorrente um ónus rigoroso, cujo incumprimento implica a imediata rejeição do recurso. Ele tem de especificar, obrigatoriamente, na alegação de recurso, não só os pontos de facto que considera incorretamente julgados, mas também os concretos meios probatórios, constantes do processo ou do registo ou gravação nele realizada, que, em sua opinião, impunham decisão sobre os pontos da matéria de facto impugnados, diversa da adotada pela decisão recorrida (cfr. art. 685.º-B, n.º 1, do CPC, “ex vi” do art. 281.º, do CPPT). Tal ónus rigoroso ainda se pode considerar mais vincado no atual art. 640.º, n.º 1, do CPC, na redação resultante da Lei 41/2013, de 26/6. 6. O direito português segue o modelo do recurso de revisão ou reponderação (modelo que tem as suas raízes no Código Austríaco de 1895). Daí que o Tribunal “ad quem” deva produzir um novo julgamento sobre o já decidido pelo Tribunal “a quo”, baseado nos factos alegados e nas provas produzidas perante este. Os juízes do Tribunal de 2ª. Instância, ao proferirem a sua decisão, encontram-se numa situação idêntica à do juiz da 1.ª Instância no momento de editar a sua sentença, assim valendo para o Tribunal “ad quem” as preclusões ocorridas no Tribunal “a quo”. Nesta linha, vem a nossa jurisprudência repetidamente afirmando que os recursos são meios de obter o reexame de questões já submetidas à apreciação dos Tribunais inferiores, e não para criar decisões sobre matéria nova, não submetida ao exame do Tribunal de que se recorre, visto implicar a sua apreciação a preterição de um grau de jurisdição. 7. Para o conceito fiscal de custo vale a definição constante do aludido art. 23.º, do CIRC, a qual, depois de nos transmitir, de uma forma ampla, a noção de custos ou perdas como englobando todas as despesas efetuadas pela empresa que, comprovadamente, sejam indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva, procede a uma enumeração meramente exemplificativa de várias despesas deste tipo. Estamos perante um conceito de custo que se pode considerar comum ao balanço fiscal e ao balanço comercial. A definição fiscal de custo, como conceito mais amplo do que sejam os custos de produção e de aquisição, parte de uma perspetiva ampla de atividade e de necessidade da empresa, assim estabelecendo uma conexão objetiva entre a atividade desta e as despesas que, inevitavelmente, daqui decorrerão.

(continuação)

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E fá-lo com uma finalidade claramente fiscal, a qual consiste em distinguir entre custos que podem ser aceites para fins fiscais e que, por isso, vão influenciar o cálculo do lucro tributável e os que não podem ser aceites para tal efeito. Os custos ou perdas da empresa constituem, portanto, os elementos negativos da conta de resultados, os quais são dedutíveis do ponto de vista fiscal quando, estando devidamente comprovados, forem indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva da empresa em causa. A ausência de qualquer destes requisitos implica a não consideração dos referidos elementos como custos, assim devendo os respetivos montantes ser adicionados ao resultado contabilístico. 8. O ativo imobilizado da empresa é o conjunto de bens que revestem um caráter de permanência, ou seja, os bens que a empresa pretende manter por mais do que um exercício económico. 13. O despacho do Exmº. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, identificado no n.º 2 do probatório, constitui um ato administrativo relativo a questão fiscal e não um ato de liquidação ou preparatório deste, porque ato inserido num procedimento administrativo iniciado a requerimento do recorrente em que lhe autoriza a reavaliação dos bens do ativo imobilizado corpóreo mas exclui os efeitos dessa reavaliação, em sede de reintegrações e amortizações, quanto ao exercício de 1994, não se inserindo, diretamente, no caminho dessa própria liquidação adicional do exercício de 1995, sendo diretamente lesivo, como tal, devendo ser impugnado contenciosamente, de forma autónoma, e não conjuntamente com a impugnação judicial do concreto ato de liquidação adicional objeto do presente processo (cfr. art. 97.º, n.º 1, al. p), do CPPT). 14. A consolidação de tal despacho na ordem jurídica como ato administrativo relativo a questão fiscal e prejudicial do ato tributário "stricto sensu", é condicionador da posterior liquidação, que, como ato de vontade da Administração Fiscal, constitui um ato destacável do processo de que faz parte para efeitos da sua impugnação contenciosa como ato lesivo, ou para efeito de recurso hierárquico. E se o ato prejudicial não for impugnado, a autoridade que pratica o posterior ato tributário de liquidação tem de conformar-se com o conteúdo do primeiro. 15. O princípio da especialização ou do acréscimo encontra-se consagrado no art. 18.º, do CIRC (cfr. art. 22.º, do anterior CCI), o qual determina que os proveitos e os custos devem ser imputados ao período a que respeitam, independentemente do seu recebimento ou pagamento. Por outras palavras, em determinado exercício, devem ser contabilizados os proveitos, e também os custos, que nele efetivamente tenham sido realizados. 16. O princípio da tributação pelo lucro real, como opção de tributação relativa aos entes empresariais, encontra consagração no art. 104.º, n.º 2, da CRP. Porém, tal princípio, não é absoluto, como desde logo a redação da sua norma o pressupõe, ao dispor que a tributação das empresas incide "fundamentalmente" sobre o seu rendimento real, e não em todo e qualquer caso, antes tendo de ser concatenado com outros princípios e normas constantes em outros diplomas legais infraconstitucionais, como seja a norma do então art. 51.º, do CIRC, que permitia a determinação do lucro tributável por métodos indiretos, as dos artºs. 18.º e 27.º e seg. do mesmo Código, e as constantes do dec.reg. 2/90, de 12/1, que determinam que as reintegrações e amortizações apenas podem constituir custos fora dos exercícios a que respeitam em casos excecionais e perante autorização da DGCI, de forma a contribuir para outros fins e princípios também com dignidade constitucional, como seja o da satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas (art. 103.º, n.º 1, da CRP) e o já citado da especialização dos exercícios.

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Acórdão de 15.05.2014, Proc. 6694/13

IRC - decisão da matéria de facto - princípio da livre apreciação da prova - erro de julgamento de facto - impugnação da decisão de 1.ª instância relativa à matéria de facto - ónus do recorrente - princípio da livre apreciação da prova - prova testemunhal - noção de custos - faturas falsas - ónus da prova - princípio da tributação das empresas pelo rendimento real (cfr. art. 104.º, n.º 2, da CRP) - princípio da investigação - limites

1. Relativamente à matéria de facto, o juiz não tem o dever de pronúncia sobre toda a matéria alegada, tendo antes o dever de selecionar apenas a que interessa para a decisão, levando em consideração a causa (ou causas) de pedir que fundamenta o pedido formulado pelo autor (cfr. artºs. 596.º, n.º 1 e 607.º, n.º s.2 a 4, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) e consignar se a considera provada ou não provada (cfr. art. 123.º, n.º 2, do CPPT). 2. Segundo o princípio da livre apreciação da prova, o Tribunal baseia a sua decisão, em relação às provas produzidas, na sua íntima convicção, formada a partir do exame e avaliação que faz dos meios de prova trazidos ao processo e de acordo com a sua experiência de vida e de conhecimento das pessoas (cfr. art. 607.º, n.º 5, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). Somente quando a força probatória de certos meios se encontra pré - estabelecida na lei (probatória plena dos documentos autênticos - cfr. art. 371.º, do CC) é que não domina na apreciação das provas produzidas o princípio da livre apreciação. 3. O erro de julgamento de facto ocorre quando o juiz decide mal ou contra os factos apurados. Por outras palavras, tal erro é aquele que respeita a qualquer elemento ou característica da situação “sub judice” que não revista natureza jurídica. O erro de julgamento, de direito ou de facto, somente pode ser banido pela via do recurso e, verificando-se, tem por consequência a revogação da decisão recorrida. 4. No que diz respeito à disciplina da impugnação da decisão de 1.ª Instância relativa à matéria de facto a lei processual civil impõe ao recorrente um ónus rigoroso, cujo incumprimento implica a imediata rejeição do recurso. Ele tem de especificar, obrigatoriamente, na alegação de recurso, não só os pontos de facto que considera incorretamente julgados, mas também os concretos meios probatórios, constantes do processo ou do registo ou gravação nele realizada, que, em sua opinião, impunham decisão sobre os pontos da matéria de facto impugnados, diversa da adotada pela decisão recorrida (cfr. art. 685.º-B, n.º 1, do CPC, “ex vi” do art. 281.º, do CPPT). Tal ónus rigoroso ainda se pode considerar mais vincado no atual art. 640.º, n.º 1, do CPC, na redação resultante da Lei 41/2013, de 26/6. 5. Se a decisão do julgador, no que diz respeito à prova testemunhal produzida, estiver devidamente fundamentada e for uma das soluções plausíveis, segundo as regras da lógica, da ciência e da experiência, ela será inatacável, visto ser proferida em obediência à lei que impõe o julgamento segundo a livre convicção. 6. Para o conceito fiscal de custo vale a definição constante do aludido art. 23.º, do CIRC, a qual, depois de nos transmitir, de uma forma ampla, a noção de custos ou perdas como englobando todas as despesas efetuadas pela empresa que, comprovadamente, sejam indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva, procede a uma enumeração meramente exemplificativa de várias despesas deste tipo. Estamos perante um conceito de custo que se pode considerar comum ao balanço fiscal e ao balanço comercial.

(continuação)

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A definição fiscal de custo, como conceito mais amplo do que sejam os custos de produção e de aquisição, parte de uma perspetiva ampla de atividade e de necessidade da empresa, assim estabelecendo uma conexão objetiva entre a atividade desta e as despesas que, inevitavelmente, daqui decorrerão. E fá-lo com uma finalidade claramente fiscal, a qual consiste em distinguir entre custos que podem ser aceites para fins fiscais e que, por isso, vão influenciar o cálculo do lucro tributável e os que não podem ser aceites para tal efeito. Os custos ou perdas da empresa constituem, portanto, os elementos negativos da conta de resultados, os quais são dedutíveis do ponto de vista fiscal quando, estando devidamente comprovados, forem indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva da empresa em causa. A ausência de qualquer destes requisitos implica a não consideração dos referidos elementos como custos, assim devendo os respetivos montantes ser adicionados ao resultado contabilístico. 7. Independentemente da questão da adequada titulação do custo, a A. Fiscal pode desconsiderar custos refletidos nos documentos porque lhe suscitam dúvidas quanto à sua existência ou quantificação, hipótese em que deverá concretizar a factualidade indiciária que conduziu a essa situação de dúvida (v.g. pagamento em numerário de quantias avultadas; falta de prova do levantamento da importância de depósito à ordem para o caixa a fim de satisfazer o pagamento, etc.). O contribuinte tem, então, o ónus de comprovar a efetividade do custo e a consequente determinação do seu concreto montante, recorrendo a qualquer meio de prova e, do êxito da prova, depende a medida do exercício do direito à dedução. Por outras palavras, a A. Fiscal tem o ónus de demonstrar a factualidade suscetível de abalar a presunção de veracidade das operações constantes da escrita do contribuinte (cfr. art. 75.º, da LGT), só então passando a competir ao contribuinte o ónus da prova de que as operações se realizaram efetivamente, sob pena de os valores constantes dos documentos contabilísticos não poderem ser aceites como custos para efeitos de IRC. Mais, não é necessário que a A. Fiscal efetue prova dos pressupostos da simulação previstos no art. 240.º, do CC, sendo bastante a prova de indícios sérios e objetivos que traduzam uma probabilidade elevada de as operações referidas nas faturas serem simuladas. 8. O princípio da tributação pelo lucro real, como opção de tributação relativa aos entes empresariais, encontra consagração no art. 104.º, n.º 2, da CRP. Porém, tal princípio, não é absoluto, como desde logo a redação da sua norma o pressupõe, ao dispor que a tributação das empresas incide "fundamentalmente" sobre o seu rendimento real, e não em todo e qualquer caso, antes tendo de ser concatenado com outros princípios e normas constantes em outros diplomas legais infraconstitucionais, como seja, por exemplo, o da satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas (art. 103.º, n.º 1, da CRP), tal como os artºs. 18 e 23, do CIRC. 9. O princípio da investigação traduz o poder/dever que o Tribunal tem de esclarecer e instruir autonomamente, mesmo para além das contribuições das partes, os factos sujeitos a julgamento, criando, assim, as bases para decidir, princípio este vigente no processo judicial tributário (cfr. art. 99.º, n.º 1, da LGT; art. 13.º, n.º 1, do CPPT).

(continuação)

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10. No entanto, o poder/dever de investigação do Tribunal está limitado aos factos alegados pelas partes ou que, oficiosamente, seja lícito ao juiz conhecer (cfr. art. 99.º, n.º 1, da LGT). Por outras palavras, não podemos esquecer que a lide e o objeto do processo se individualizam não só pelo pedido, como pela causa de pedir, uma vez que no nosso direito processual se acolheu a chamada teoria da substanciação, segundo a qual, não basta que o autor formule uma pretensão, devendo, igualmente, delimitá-la por uma concreta “causa petendi” (cfr. art. 581.º, do CPC). Também no processo contencioso tributário o juiz está limitado a julgar “secundum allegata”, não podendo, por si, ampliar o objeto do processo, premissa que condiciona o examinado princípio da investigação.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7535/14

CPPT - IMI- decisão da matéria de facto - princípio da livre apreciação da prova - erro de julgamento de facto - garantia de que gozam os créditos de IMI- privilégio imobiliário especial - preferência face a hipoteca - pluralidade de créditos envolvidos pelo mesmo tipo de garantia 1. Relativamente à matéria de facto, o juiz não tem o dever de pronúncia sobre toda a matéria alegada, tendo antes o dever de selecionar apenas a que interessa para a decisão, levando em consideração a causa (ou causas) de pedir que fundamenta o pedido formulado pelo autor (cfr. artºs. 596.º, n.º 1 e 607.º, n.º s. 2 a 4, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) e consignar se a considera provada ou não provada (cfr. art. 123.º, n.º 2, do CPPT). 2. Segundo o princípio da livre apreciação da prova, o Tribunal baseia a sua decisão, em relação às provas produzidas, na sua íntima convicção, formada a partir do exame e avaliação que faz dos meios de prova trazidos ao processo e de acordo com a sua experiência de vida e de conhecimento das pessoas (cfr. art. 607.º, n.º 5, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). Somente quando a força probatória de certos meios se encontra pré-estabelecida na lei (probatória plena dos documentos autênticos - cfr. art. 371.º, do CC) é que não domina na apreciação das provas produzidas o princípio da livre apreciação. 3. O erro de julgamento de facto ocorre quando o juiz decide mal ou contra os factos apurados. Por outras palavras, tal erro é aquele que respeita a qualquer elemento ou característica da situação “sub judice” que não revista natureza jurídica. O erro de julgamento, de direito ou de facto, somente pode ser banido pela via do recurso e, verificando-se, tem por consequência a revogação da decisão recorrida. 4. Os créditos de IMI, quando incidentes sobre o imóvel penhorado no processo de execução fiscal, gozam de privilégio imobiliário especial incidente sobre o mesmo bem imóvel cujos rendimentos a eles estão sujeitos, desde que inscritos para cobrança no ano da penhora ou nos dois anteriores, podendo tal privilégio estender-se até à data da venda de acordo com a jurisprudência do STA, a qual perfilhamos (cfr. artºs. 735.º, n.º 3, e 744.º, n.º 1, do CC, “ex vi” do art. 122.º, n.º 1, do CIMI). 5. Os privilégios imobiliários especiais, relativos a IMI, de que se valem os mencionados créditos fazem com que os mesmos prefiram face ao crédito de que é titular uma reclamante, o qual se encontra garantido por hipoteca, assim devendo ser pagos com preferência em relação a este (cfr. art. 751.º, do CC). 6. Integrando o concurso de credores uma pluralidade de créditos envolvidos pelo mesmo tipo de garantia ou de preferência de pagamento, haverá que distinguir conforme estas estejam, ou não, sujeitas a registo, prevalecendo, no primeiro caso, a garantia de pagamento que primeiro tenha sido inscrita no registo (cfr. art. 6.º, do C.R.Predial) e, no segundo, de harmonia com a regra “prior in tempore potior in jure”, a garantia que em primeiro lugar tiver sido constituída (cfr. art. 748.º, do CC).

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Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7508/14

CPPT - omissão de pronúncia (vício de “petitionem brevis”) - art. 615.º, n.º 1, al. d), do CPC - art. 125.º, n.º.1, do CPPT - vícios de atividade contrapõem-se aos vícios de julgamento - nulidade da sentença - falta de especificação dos fundamentos de facto - art. 615.º, n.º 1, al. b), do CPC - decisão da matéria de facto - princípio da livre apreciação da prova - erro de julgamento de facto - impugnação da decisão de 1.ª instância relativa à matéria de facto - ónus do recorrente - título executivo - requisitos - nulidade do título executivo não constitui fundamento do processo de oposição - fundamento previsto no art. 204.º, n.º 1, al. h), do CPPT - âmbito de aplicação - cobrança de dívidas que não foram criadas por ato administrativo - questões novas

1. A omissão de pronúncia (vício de “petitionem brevis”) pressupõe que o julgador deixa de apreciar alguma questão que lhe foi colocada pelas partes (cfr. art. 615.º, n.º 1, al. d), do CPC). 2. No processo judicial tributário o vício de omissão de pronúncia, como causa de nulidade da sentença, está previsto no art. 125.º, n.º 1, do CPPT, no penúltimo segmento da norma. 3. A sentença nula é a que está inquinada por vícios de atividade (erros de construção ou formação), os quais devem ser contrapostos aos vícios de julgamento (erros de julgamento de facto ou de direito). A nulidade da sentença em causa reveste a natureza de uma nulidade sanável ou relativa (por contraposição às nulidades insanáveis ou absolutas), sendo que a sanação de tais vícios de atividade se opera, desde logo, com o trânsito em julgado da decisão judicial em causa, quando não for deduzido recurso. 4. Nos termos do preceituado no citado art. 668.º, n.º 1, al. b), do CPC (cfr. atual art. 615.º, n.º 1, al. b), do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), é nula a sentença, além do mais, quando não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão. Para que a sentença padeça do vício que consubstancia esta nulidade é necessário que a falta de fundamentação seja absoluta, não bastando que a justificação da decisão se mostre deficiente, incompleta ou não convincente. Por outras palavras, o que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação, tanto de facto, como de direito. Já a mera insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, podendo afetar o valor doutrinal da sentença, sujeitando - a ao risco de ser revogada em recurso, mas não produz nulidade. Igualmente não sendo a eventual falta de exame crítico da prova produzida (cfr. art. 607.º, n.º 4, do CPC) que preenche a nulidade sob apreciação. No processo judicial tributário o vício de não especificação dos fundamentos de facto da decisão, como causa de nulidade da sentença, está previsto no art. 125.º, n.º 1, do CPPT. 5. Relativamente à matéria de facto, o juiz não tem o dever de pronúncia sobre toda a matéria alegada, tendo antes o dever de selecionar apenas a que interessa para a decisão, levando em consideração a causa (ou causas) de pedir que fundamenta o pedido formulado pelo autor (cfr.artºs. 596.º, n.º 1 e 607.º, n.º s. 2 a 4, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) e consignar se a considera provada ou não provada (cfr. art. 123.º, n.º 2, do CPPT).

(continuação)

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6. Segundo o princípio da livre apreciação da prova, o Tribunal baseia a sua decisão, em relação às provas produzidas, na sua íntima convicção, formada a partir do exame e avaliação que faz dos meios de prova trazidos ao processo e de acordo com a sua experiência de vida e de conhecimento das pessoas (cfr. art. 607.º, n.º 5, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). Somente quando a força probatória de certos meios se encontra pré - estabelecida na lei (probatória plena dos documentos autênticos - cfr. art. 371.º, do CC) é que não domina na apreciação das provas produzidas o princípio da livre apreciação. 7. O erro de julgamento de facto ocorre quando o juiz decide mal ou contra os factos apurados. Por outras palavras, tal erro é aquele que respeita a qualquer elemento ou característica da situação “sub judice” que não revista natureza jurídica. O erro de julgamento, de direito ou de facto, somente pode ser banido pela via do recurso e, verificando-se, tem por consequência a revogação da decisão recorrida. 8. No que diz respeito à disciplina da impugnação da decisão de 1ª. Instância relativa à matéria de facto a lei processual civil impõe ao recorrente um ónus rigoroso, cujo incumprimento implica a imediata rejeição do recurso. Ele tem de especificar, obrigatoriamente, na alegação de recurso, não só os pontos de facto que considera incorretamente julgados, mas também os concretos meios probatórios, constantes do processo ou do registo ou gravação nele realizada, que, em sua opinião, impunham decisão sobre os pontos da matéria de facto impugnados, diversa da adotada pela decisão recorrida (cfr. art. 685.º-B, n.º 1, do CPC, “ex vi” do art. 281.º, do CPPT). Tal ónus rigoroso ainda se pode considerar mais vincado no atual art. 640.º, n.º 1, do CPC, na redação resultante da Lei 41/2013, de 26/6. 9. No processo de execução fiscal o título executivo consiste numa certidão ou em qualquer outro documento a que, por lei especial, seja atribuída força executiva (cfr. art. 162.º, do CPPT), estando os respetivos requisitos consagrados no art. 163.º, do CPPT. 10. Nos termos do art. 165.º, n.º 1, al. b), do CPPT, constitui nulidade insanável em processo de execução fiscal a falta de requisitos essenciais do título executivo, quando não puder ser suprida por prova documental. Esta nulidade ocorre quando falte à certidão de dívida algum dos requisitos indicados no art. 163.º, n.º 1, do mesmo diploma, se a falta não puder ser suprida por documento. 11. A nulidade do título executivo (principalmente nos casos em que tal nulidade, a existir, puder ser suprida por prova documental) não é fundamento de processo de oposição a execução fiscal, antes devendo ser arguida e conhecida no próprio processo de execução fiscal. 12. No art. 204.º, n.º 1, al. h), do CPPT, prevê-se como fundamento de oposição a ilegalidade da liquidação da dívida exequenda, sempre que a lei não assegure meio judicial de impugnação ou recurso contra o ato de liquidação. Ora, em regra, liquidado um tributo, é feita a respetiva notificação, podendo o sujeito passivo impugnar a liquidação, por via graciosa ou contenciosa (reclamação graciosa ou impugnação judicial, em conformidade com o preceituado nos artºs. 70.º, 99.º e 102.º, do CPPT). Por ser dada esta oportunidade ao interessado de impugnar o ato de liquidação e haver um prazo para serem usados esses meios processuais é vedada ao sujeito passivo, em regra, a possibilidade de discutir na oposição a legalidade daquele. Com exceção dos casos em que for imputado ao ato vício qualificável como nulidade ou invocada a sua inexistência (cfr. artºs. 133.º e 134.º, do CPA).

(continuação)

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13. Quando não se trate de vícios desse tipo, estar-se-á perante ilegalidades em concreto do próprio ato, que só poderão ser fundamento de oposição à execução fiscal quando a lei não previr meios para a sua impugnação contenciosa. Casos em que a lei não assegura meios de impugnação dos atos de liquidação são aqueles em que se permite a extração de certidões de dívida perante a mera constatação de omissão de um pagamento, sem que haja um ato administrativo ou tributário prévio, definidor da obrigação (cfr. v.g. contribuições/quotizações para a segurança social). 14. A discussão da legalidade da liquidação da dívida exequenda na oposição à execução só é permitida nos casos em que, por via do “âmbito da execução fiscal” definido no art. 148.º, do CPPT, são cobradas dívidas, através de tal processo, que não foram criadas por ato administrativo. Só em relação a estas se pode afirmar que o executado não teve anteriormente a possibilidade de utilizar meio judicial de impugnação ou recurso para sindicar a respetiva legalidade. 15. O direito português segue o modelo do recurso de revisão ou reponderação (modelo que tem as suas raízes no Código Austríaco de 1895). Daí que o Tribunal “ad quem” deva produzir um novo julgamento sobre o já decidido pelo Tribunal “a quo”, baseado nos factos alegados e nas provas produzidas perante este. Os juízes do Tribunal de 2.ª Instância, ao proferirem a sua decisão, encontram-se numa situação idêntica à do juiz da 1.ª Instância no momento de editar a sua sentença, assim valendo para o Tribunal “ad quem” as preclusões ocorridas no Tribunal “a quo”. Nesta linha, vem a nossa jurisprudência repetidamente afirmando que os recursos são meios de obter o reexame de questões já submetidas à apreciação dos Tribunais inferiores, e não para criar decisões sobre matéria nova, não submetida ao exame do Tribunal de que se recorre, visto implicar a sua apreciação a preterição de um grau de jurisdição.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7625/14

LGT - IRS

I. Nos termos do disposto no artigo 74.º, n.º 3, da LGT, compete à AT o ónus da prova dos pressupostos que lhe permitem aplicar métodos indiretos na determinação da matéria tributável e, feita essa prova, compete ao contribuinte o ónus da prova do excesso na quantificação da matéria tributável efetuada. II. Evidenciados movimentos bancários a crédito (depósitos) divergentes em mais de EUR 100.000,00 em relação aos rendimentos declarados, sem justificação efetuada pelo contribuinte, consideram-se verificados os pressupostos legais para a avaliação indireta do seu rendimento tributável desse ano (art. s 85.º, n.º 1, e 87.º, n.º 1, al.s b) e f) da LGT). III. Verificados os pressupostos legais de aplicação dos métodos indiretos, por força do disposto no artigo 89.º-A, n.º 3, da LGT é ao sujeito o passivo que incumbe a comprovação de que correspondem à realidade os rendimentos declarados e de que é outra a fonte das manifestações de fortuna ou o acréscimo de património ou o consumo evidenciados. IV. Não faz essa prova o contribuinte que, alegando que as quantias em causa derivam de proventos obtidos em jogos de casino e jogos on-line, para o demonstrar se limita a juntar cópia de três cheques bancários (frente) de EUR 50.000,00, de EUR 25.000,00 e de EUR 5.000,00, não datados, emitidos por Estabelecimento com autorização para promover jogos de fortuna e azar, sem fazer prova do seu efetivo depósito nas contas bancárias referenciadas. V. Esses cheques, desacompanhados de outra prova, não permitem inferir nem a proveniência dos depósitos bancários das quantias em questão, nem sequer a existência de ganhos de jogo.

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Acórdão de 15.05.2014, Proc. 6999/13

CPPT - recurso jurisdicional - competência hierárquica - meios processuais acessórios - execução de julgado

I. Compete à Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo conhecer dos recursos interpostos de decisões dos tribunais tributários com exclusivo fundamento em matéria de direito (cfr. artigo 26.º, alínea b) do ETAF), sendo que compete à Secção de Contencioso Tributário de cada Tribunal Central Administrativo conhecer dos recursos de decisões dos tribunais tributários, salvo o disposto na referida alínea b) do artigo 26.º (cfr. artigo 38.º, alínea a) do ETAF). II. Os recursos de atos jurisdicionais sobre meios processuais acessórios comuns à jurisdição administrativa e tributária são regulados pelas normas sobre processo nos tribunais administrativos (artigo 279.º, n.º 2 do CPPT), sendo que são admitidos no processo judicial tributário os meios processuais acessórios de intimação para consulta de documentos e passagem de certidões, de produção antecipada de prova e de execução de julgados, os quais serão regulados pelo disposto nas normas sobre o processo nos tribunais administrativos (cfr. artigo 146.º, 1 do CPPT). III. Aos processos de execução de julgados aplica-se o regime do ETAF de 2002 e do CPTA, contanto que os mesmos tenham sido instaurados a partir da data da entrada em vigor do CPTA, como é o caso, ainda que se trate de execução relativa a processo iniciado antes desta data (cfr. artigo 5.º, n.º 4, da Lei n.º 15/2002). IV. No contencioso tributário, não tem aplicação a repartição de competências entre o STA e os tribunais centrais administrativos para o conhecimento de recursos jurisdicionais de decisões dos tribunais tributários, designadamente a que resulta dos recursos per saltum previstos no art. 151.º do CPTA, pois essa repartição, em matéria tributária, é feita pelos artigos 26.º e 28.º do ETAF de 2002 V. Assim, se, nestes processos, a que se aplica o CPTA, como sucede no caso vertente, for interposto recurso de uma decisão de um tribunal tributário com fundamento exclusivamente em matéria de direito, é competente para o seu conhecimento o STA, por força do preceituado no art. 26.º, alínea b), do ETAF de 2002, não sendo aplicáveis os requisitos exigidos pelo art. 151.º do CPTA para o recurso de revista per saltum. VI. A delimitação da competência entre o STA e os TCA, no caso de recursos de decisões dos tribunais tributários, tem na sua base a distinção entre matéria de facto e matéria de direito. Não se confunde, pois, a remissão feita, no caso dos recursos jurisdicionais de atos sobre meios processuais acessórios comuns à jurisdição administrativa e tributária, para as normas sobre o processo nos tribunais administrativos, com as normas que, no ETAF, delimitam e distinguem a competência do STA e dos TCA, em matéria tributária.

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Acórdão de 15.05.2014, Proc. 3992/10

EBF - IMI - contribuição autárquica - imposto municipal sobre imóveis - isenção - utilidade turística - contagem do período de isenção

I. Dispunha o artigo 43.º, n.º 1 do EBF que: 1 - Ficam isentos de contribuição autárquica por um período de sete anos os prédios integrados em empreendimentos a que tenha sido atribuída a utilidade turística. Em idêntico sentido dispõe o atual n.º 1 do artigo 47.º do EBF relativamente ao Imposto Municipal sobre Imóveis: 1 - Ficam isentos de imposto municipal sobre imóveis, por um período de sete anos, os prédios integrados em empreendimentos a que tenha sido atribuída a utilidade turística. II. Tendo sido concedida isenção de contribuição autárquica pelo período de sete anos, respeitante ao período de 05/03/97 a 05/03/04, prazo este pelo qual foi atribuída a utilidade turística de empreendimento turístico, tal benefício não pode deixar de ser interpretado, no que respeita à contribuição autárquica e ao imposto municipal sobre imóveis, de acordo com o disposto nos referidos artigos 43.º, n.º 1 do EBF, atual 47.º, n.º 1 do EBF e, bem assim, tendo presentes os artigos 8.º, n.º 1 e 10.º, n.º 1, alínea b) do CCA e 8.º, n.º 1 e 9.º, n.º 1, alínea a) do CIMI, os quais nos levam a concluir pela presença, no caso, de impostos anuais, cujo facto tributário ocorre a 31 de dezembro de um determinado ano (cfr. artigos 18.º do CCA e 113.º do CIMI). III. Ou seja, não se pode contabilizar, para efeitos da isenção dos referidos impostos, cada ano civil de março de 1997 a março de 2004 para perfazer os 7 anos; no caso, a isenção teve lugar logo em 1997 e não apenas em 1998. IV. Significa isto, fazendo o enfoque no caso concreto, que a Impugnante, ora Recorrida, ficou isenta de CA no ano de 1997 (não obstante o período de isenção ter o seu início apenas em março desse ano, importando aqui, porém, a data de 31 de dezembro daquele mesmo ano), de 1998, de 1999, de 2000, de 2001, de 2002 e de 2003, o que perfaz, precisamente, 7 anos de isenção de contribuição autárquica V. Por conseguinte, o ano de 2003 correspondeu ao último ano da isenção de sete anos de CA, pelo que em 2004 o IMI é devido, sendo este o ano seguinte ao do termo da situação de isenção, tal como prevê o artigo 9.º, n.º 1, alínea b) do CIMI.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7252/13

LGT - IVA

i) Apesar de a prescrição não poder constituir fundamento de impugnação judicial da liquidação, admite-se que pode ser apreciada nessa sede como motivo da inutilidade superveniente da lide: verificada a prescrição da obrigação tributária, que determina a inexigibilidade da correspondente dívida, com a consequente impossibilidade de cobrança coerciva, a impugnação judicial em que se visa apenas a apreciação da legalidade da liquidação que lhe deu origem deixa de ter utilidade; nesse circunstancialismo, deve extinguir-se a instância por inutilidade superveniente da lide. ii) A possibilidade de conhecer incidentalmente da prescrição em sede de impugnação judicial apenas se impõe ao tribunal caso constem dos autos todos os elementos que permitam uma avaliação segura dessa questão, designadamente todos os que permitam aferir da existência de causas interruptivas ou suspensivas do prazo de prescrição.

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Acórdão de 15.05.2014, Proc. 7623/14

RCPIT - gravação - prova - procedimento de inspeção

i. O atual regime da gravação da prova encontra assento no art. 155.º do CPC, aplicável ao processo judicial tributário ex vi do art. 2.º, al. e), do CPPT. ii. A secretaria deve, oficiosamente, tornar acessível às partes a gravação no prazo máximo de dois dias, contados desde a realização do respetivo ato. iii. O prazo para a parte interessada arguir qualquer irregularidade da gravação é de dez dias e conta-se a partir do momento em que a gravação é disponibilizada pela secretaria. Assim, o prazo máximo para a arguição de irregularidades da gravação não pode ser superior a doze dias, contados a partir do ato e que correspondem ao somatório do prazo para a secretaria disponibilizar a gravação e do prazo da parte para arguir a sua irregularidade. iv. As irregularidades da gravação podem ser totais, seja porque a gravação não foi efetuada, seja porque foi realizada de tal modo que dela nenhum dado relevante se consegue colher, por erro técnico do equipamento, por defeito do suporte digital ou por outro motivo, correspondendo à falta da gravação a que se refere o n.º 4 art. 155.º do CPC. E podem ser parciais nos demais casos, isto é, quando a irregularidade apenas afeta parte ou partes da gravação, equivalendo aos defeitos da gravação a que alude esta norma. v. O quadro legal que disciplina a impugnação da matéria de facto, contido nos n.º s 1, al. b) e n.º 2, als. a) e b), do art. 640.º do CPC, deve ser aplicado com as devidas adaptações à arguição dos defeitos da gravação (irregularidade parcial), o que impõe que o requerente circunscreva com nitidez os trechos defeituosos. vi. A repetição do ato só deve ocorrer, em caso de irregularidades na gravação, quando estas impeçam que se apure aquilo que foi dito pelas testemunhas e, dentro do depoimento destas, os trechos que são relevantes para a apreciação do mérito da causa. vii. Sobre o impugnante da matéria de facto recai o ónus de identificar com precisão não só os concretos pontos da matéria de facto que considera incorretamente julgados mas também os concretos segmentos dos meios probatórios que justificam decisão diferente. viii. O princípio da livre apreciação das provas, contido no art. 607.º, n.º 5, do CPC, significa que o juiz decide com intermediação de elementos psicológicos inerentes à sua própria pessoa e que por isso não são racionalmente explicáveis e sindicáveis, embora a construção da sua convicção deva ser feita segundo padrões de racionalidade e com uma valoração subjetiva devidamente controlada, com substrato lógico e dominada pelas regras da experiência. ix. Por força do princípio da imediação a tarefa de reexame da matéria de facto pelo tribunal de recurso está limitada aos casos em que ocorre erro manifesto ou grosseiro ou em que os elementos documentais fornecem uma resposta inequívoca em sentido diferente daquele que foi considerado no tribunal a quo. x. O depósito de uma quantia em numerário num banco não prova, por si só, que o dinheiro depositado corresponde àquele que foi levantado, cerca de um mês antes, ao balcão de um outro banco. xi. Constitui jurisprudência consolidada e uniforme de que a única consequência da caducidade procedimento de inspeção por não ter sido terminado no prazo legal de seis meses é a da cessação do efeito suspensivo da liquidação, e não a ilegalidade do procedimento. xii. A apresentação de novos elementos no âmbito do exercício do direito de audiência prévia só justifica a repetição desta se tais elementos suscitarem questões que sejam relevantes para a decisão final, implicando uma alteração do sentido decisório anteriormente definido. xiii. A recolha de elementos necessários para o início e desenrolar da inspeção, bem como a confirmação de elementos já obtidos, não constituem verdadeiros atos de inspeção.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 7020/13 (publicado em maio)

IVA - VIES - aquisições intracomunitárias ou intra - UE

i. O regime geral das transações intracomunitárias de bens é aplicável a todas as transações intra - UE de bens efetuadas entre sujeitos passivos de IVA, independentemente do tipo de bem em causa, desde que este tenha sido expedido ou transportado de um Estado - Membro para outro Estado - Membro. ii. A transmissão intra - UE de bens, à semelhança das operações de exportação, é isenta no Estado - Membro de origem, conferindo o direito à dedução do IVA suportado a montante para a respetiva realização (isenção completa). iii. A aquisição intra - UE de bens, à semelhança das operações de importação, é uma operação tributável no país de destino, conferindo o direito à dedução do IVA liquidado; iv. Os sujeitos passivos que fazem transações intra-UE de bens tem as seguintes obrigações: a. Autoliquidar o IVA devido nas aquisições intra-UE; b. O envio de uma declaração recapitulativa das transmissões intra-UE de bens que efetuaram no seu período de tributação c. Fazer constar das faturas, designadamente, a aposição do prefixo dos Estados-Membros do transmitente e do adquirente, seguido dos respetivos números de identificação fiscal e a indicação do local de destino das mercadorias; v. Para além dos demais mecanismos de cooperação administrativa existentes, o VIES-VAT Information Exchange System - é um sistema de intercâmbio eletrónico de transmissão de informações relativas ao registo do IVA dos operadores económicos situados na União Europeia e das entregas comunitárias de bens isentas (cfr. art. 138.º da Diretiva 2006/112/CEE ou Diretiva IVA), sendo estas transmitidas pelo sistema VIES às administrações tributárias dos Estados-Membros envolvidas nas operações. vi. O registo no VIES de uma dada operação por um agente económico depende de um número válido de identificação para efeitos de IVA. vii. Como o sujeito passivo que acede ao sistema VIES não tem acesso à identificação do nome associado ao número de identificação fiscal, pode suceder que determinada entidade que faça transmissões intra-UE utilize um número de contribuinte existente e válido que não corresponda ao número de contribuinte do sujeito passivo que efetivamente fez as correspondentes aquisições intracomunitárias de bens. viii. O VIES visa reforçar o combate à fraude no domínio do IVA, sendo essencial na chamada fraude carrossel, a qual depende, em regra, de quatro elementos fundamentais: (i) transmissão intracomunitária de bens isentos de IVA, com direito à dedução do IVA suportado; (ii) aquisição intra-UE desses bens; (iii) venda desses bens com IVA; e, (iv) não pagamento desse IVA ao Estado. ix. O VIES padece de fragilidades associadas à falta de harmonização das normas nacionais de registo de não residentes e ao atraso com que os modelos de IVA são preenchidos, em combinação com a isenção de IVA nas transmissões intra-EU, que permitem que o sistema de fraude carrossel se complete antes que o missing trader desapareça. x. A fiabilidade dos dados transmitidos pelo VIES não é total, pois estes dependem das declarações apresentadas pelos sujeitos passivos. xi. As informações do VIES devem, por regra, ser apoiadas em elementos complementares obtidos em território nacional que demonstrem a existência das operações ou, pelo menos, a sua plausibilidade e que permitam suportar, designadamente, uma liquidação adicional decorrente de uma ação inspetiva.

(continuação)

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xii. Todavia, no caso de não existir qualquer registo contabilístico da ou das operações no(s) operador(es) interno ou outro elemento probatório adicional obtido em território nacional, tais informações não devem ser pura e simplesmente desconsideradas. Tudo depende das circunstâncias de cada caso concreto e, nomeadamente, do grau de credibilidade das declarações apresentadas pelo sujeito passivo e da colaboração prestada por este e da existência ou não dos pressupostos para a passagem para a fixação da matéria tributável por métodos indiretos.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 5376/12 (publicado em maio)

IRC - RETGS - gastos - comprovação - reclamação graciosa - objeto da impugnação

i. O Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades (RETGS) é dominado por uma lógica de tributação conjunta, sendo a tributação em sede de IRC feita tendencialmente pelo seu resultado agregado, como se de uma só sociedade se tratasse, correspondendo à unidade económica do conjunto que se comporta no mercado como se efetivamente fosse uma única empresa. ii. Contudo, cada sociedade do grupo não perde a sua personalidade jurídica e individualidade jurídico-organizativa e patrimonial nem deixa de ser sujeito de relações tributárias próprias pelo facto de passar a integrar o grupo de sociedades iii. A tributação em sede de RETGS baseia-se na soma algébrica dos lucros tributáveis e prejuízos fiscais individuais das sociedades do perímetro do grupo de sociedades, permitindo que os prejuízos fiscalmente reconhecidos sejam relevantes para os lucros fiscais das demais sociedades deste, traduzindo-se, efetivamente, numa redução dos impostos pagos por estas. iv. A soma é efetuada a final do exercício, sendo feito com base na declaração periódica apresentada pela sociedade dominante. No entanto, cada uma das sociedades incluídas no perímetro deve apresentar também uma declaração periódica de rendimentos, que todavia não é objeto de liquidação. v. No que concerne aos prejuízos verificados durante a aplicação do RETGS estes só podem ser deduzidos em cada exercício, sem prejuízo da aplicação do regime geral no que respeita à dedução em exercícios posteriores. vi. De harmonia com o disposto no artigo 65.º, n.º 2, do CIRC, na redação do Decreto-Lei n.º 221/2001, de 7 de agosto, o regime específico de dedução de prejuízos fiscais dos grupos de sociedades implicava que fosse obtida a autorização prevista no artigo 69.º do CIRC para os prejuízos fiscais verificados em exercícios anteriores ao da constituição do grupo. vii. Essa autorização apenas não era obrigatória para os casos de cisão/fusão intragrupo, quando os prejuízos tivessem origem após a constituição do grupo e na vigência deste. viii. A impugnação judicial subsequente a uma reclamação graciosa tem por objeto não só os vícios próprios da decisão administrativa (objeto imediato) que recaiu sobre a reclamação mas também os vícios próprios da liquidação (objeto mediato), em relação aos quais não existe qualquer efeito preclusivo associado à falta de arguição na reclamação graciosa. ix. Contudo, como o ato tributário de liquidação é divisível, a falta da sua total e oportuna impugnação (por via administrativa e ou contenciosa) impede que os segmentos do ato que não foram objeto da reclamação graciosa possam ser atacados na impugnação judicial que lhe seja subsequente, porque neste caso se verifica uma situação de caso resolvido ou decidido em relação a tais segmentos.

(continuação)

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x. A preclusão do direito à impugnação de segmentos da liquidação na sequência de reclamação graciosa, na qual os mesmos não foram atacados, não viola os direitos constitucionais de acesso à justiça e de impugnação contenciosa dos atos lesivos. xi. Uma nova liquidação, que se limita a revogar parte de anterior liquidação, não tem natureza de ato substitutivo porque não cria um novo quadro jurídico regulador de uma situação concreta, tratando-se antes de um ato que se limita a expurgar uma parte do ato primitivo e que, por isso, não inovando na ordem jurídica na parte não revogada, tem natureza meramente confirmativa que não admite impugnação autónoma. xii. A comprovação a que se refere o art. 23.º, n.º 1, do CIRC, na sua redação anterior, deve ser interpretada no sentido de que todas as despesas têm de estar devida e documentalmente suportadas. A redação atual do art. 23.º, n.º 1, do CIRC, na medida em que acolhe esse sentido interpretativo, que maioritariamente correspondia a um dos que a doutrina e a jurisprudência extraíam da redação anterior, tem natureza de verdadeira interpretação autêntica.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 7476/14 (publicado em maio)

LGT - IRS - ato tributário e facto tributário - noção - conceito de rendimento tributário em sede de CIRS (conceção de rendimento - acréscimo) - interpretação das normas de incidência tributária - pensões de aposentação - noção - art. 53.º, do CIRS - ónus da prova

1. O ato tributário tem sempre na sua base uma situação de facto concreta, a qual se encontra prevista abstrata e tipicamente na lei fiscal como geradora do direito ao imposto. Essa situação factual e concreta define-se como facto tributário, o qual só existe desde que se verifiquem todos os pressupostos legalmente previstos para tal. As normas tributárias que contemplam o facto tributário são as relativas à incidência real, as quais definem os seus elementos objetivos. Só com a prática do facto tributário nasce a obrigação de imposto. A existência do facto tributário constitui, pois, uma condição “sine qua non” da fixação da matéria tributável e da liquidação efetuada. 2. Na construção do conceito de rendimento tributário o CIRS adota a conceção de rendimento-acréscimo, segundo a qual a base de incidência deste tributo abrange todo o aumento do poder aquisitivo do contribuinte, incluindo nela, de um modo geral, as receitas irregulares e ganhos fortuitos, os quais também devem ser considerados manifestações de capacidade contributiva. 3. As normas de incidência dos tributos bem como as que concedem isenções ou exclusões de tributação, devem ser interpretadas nos seus exatos termos, sem o recurso à analogia, tornando prevalente a certeza e a segurança na sua aplicação. 4. As pensões de aposentação são prestações pecuniárias atribuídas aos agentes e funcionários do Estado e de outras pessoas coletivas de direito público, após a cessação do exercício das suas funções. 5. O recorrente auferiu durante o ano de 2005 rendimentos de pensões de aposentação (cfr. categoria H de rendimentos - cfr. art. 11.º, do CIRS), em relação aos quais a entidade processadora (Caixa Geral de Aposentações), enquanto substituto tributário, efetuou retenções na fonte incidentes sobre o respetivo rendimento bruto e de acordo com a tabela de retenção para titulares deficientes (cfr. arts. 53.º, n.º 3, e 99.º, n.º 1, do CIRS).

(continuação)

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6. Não tendo o sujeito passivo efetuado a comprovação pedida (através da apresentação de documento passado pela entidade competente conforme estatui o citado art. 53.º, n.º 3, do CIRS), a A. Fiscal estruturou liquidação na qual, no apuramento do rendimento coletável, apenas levou em consideração o quantitativo de dedução específica consagrado art. 53.º, n.º 1, do CIRS, mais tendo corrigido o acréscimo à dedução específica previsto no n.º 3, do mesmo preceito, em virtude da falta de prova do grau de invalidez permanente do recorrente reportado ao ano de 2005. 7. Cabia ao recorrente fazer prova que durante o ano dos rendimentos em causa, o ano de 2005, era portador de uma incapacidade superior ou igual a 60%. Para tanto, era necessário a junção aos autos de um atestado médico onde constasse, claramente, que o contribuinte padecia de uma incapacidade de 60% desde/no ano de 2005 (cfr. art. 53.º, n.º 3, do CIRS; art. 74.º, n.º 1, da LGT).

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 7456/14 (publicado em maio)

LGT - CPPT - IRS - nulidades processuais - nulidades processuais secundárias - regime de arguição - conhecimento imediato do pedido previsto no art. 113.º, n.º 1, do CPPT, é obrigatório - natureza recetícia do ato tributário - notificação como simples condição de eficácia do ato tributário - falta de notificação da liquidação enquanto fundamento de oposição a execução fiscal - notificação da liquidação nos termos do art. 149.º, n.º 3, do CIRS - ónus da prova

1. As nulidades processuais consubstanciam os desvios do formalismo processual seguido, em relação ao formalismo processual prescrito na lei, e a que esta faça corresponder, embora não de modo expresso, uma invalidação mais ou menos extensa de atos processuais (cfr. art. 195.º, do CPC). As nulidades de processo que não sejam de conhecimento oficioso têm de ser arguidas, em princípio, perante o Tribunal que as cometeu (cfr. arts. 196.º e 199.º, do CPC). São as nulidades secundárias, com o regime de arguição previsto no art. 199.º, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6. 2. Tratando-se de irregularidade anterior à decisão final, a sua arguição deve ser efetuada junto do próprio Tribunal recorrido, em consonância com o preceituado no citado art. 199.º, do CPC. Mais, as irregularidades não qualificadas como nulidades principais ou de conhecimento oficioso (cfr. art. 98.º, do CPPT) ficam sanadas com o decurso do prazo em que podem ser arguidas, o que significa que tudo se passa como se elas não tivessem sido praticadas. Por último, se o interessado, além de pretender arguir a nulidade processual, quiser também interpor recurso da decisão que foi proferida, deverá cumulativamente apresentar requerimentos de arguição da nulidade e de interposição de recurso, não podendo fazer a arguição da nulidade neste último. 3. O conhecimento imediato previsto no art. 113.º, n.º 1, do CPPT, é obrigatório, tanto no caso de estar em causa apenas resolução de questões de direito, como no caso de estar em causa também, ou exclusivamente, questões de facto, como se infere da redação imperativa adotada no mesmo preceito (“...conhecerá...”). Estando em causa a resolução de questões de facto, o conhecimento imediato não deixa de ser obrigatório, mas a questão de saber se o processo fornece os elementos necessários envolve alguma subjetividade, a mesma que está ínsita na possibilidade de o juiz realizar ou ordenar todas as diligências que considerem úteis ao apuramento da verdade, conforme estatui o art. 13.º, n.º 1, do CPPT.

(continuação)

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De qualquer modo, só no caso de o juiz entender ser de realizar ou ordenar diligências de prova poderá deixar de conhecer imediatamente do pedido. 4. A natureza recetícia do ato tributário, enquanto ato administrativo, deve hoje ter-se como perspetiva devidamente sedimentada pela doutrina e jurisprudência, configurando-se a notificação como requisito de perfeição do ato tributário de liquidação. 5. No entanto, a notificação não é um elemento intrínseco do ato tributário e, portanto, não é um requisito da sua validade, mas simples condição da sua eficácia, aliás, suprível por outras formas de conhecimento (cfr. art. 67.º, n.º 1, do CPA). 6. De acordo com a interpretação jurisprudencial do quadro normativo existente, à qual se adere, fica aberta, na fase executiva, pelos meios legais de oposição, a discussão da falta ou de eventuais vícios da notificação, designadamente por inexigibilidade da dívida, ao abrigo do disposto no mencionado art. 286.º, n.º 1, al. h), do CPT (cfr. art. 204.º, n.º 1, al. i), do CPPT). Em resumo, o regime processual de defesa do contribuinte, nestas situações será o seguinte: A - Se é instaurada uma execução fiscal e não foi efetuada notificação válida do ato de liquidação, o sujeito passivo pode sempre opor-se à execução ao abrigo da alínea i), do n.º 1, do art. 204.º, do CPPT, invocando a ineficácia do ato, que impede que a dívida seja exigível, sendo indiferente, para este efeito, que o ato de liquidação enferme de qualquer vício, inclusivamente o de extemporaneidade da liquidação; B - Já se foi instaurada uma execução e efetuada notificação válida do ato de liquidação, mas a notificação foi realizada fora do prazo de caducidade previsto no art. 45.º, n.º 1, da LGT (ou outro prazo especial que for aplicável), o contribuinte pode opor-se à execução ao abrigo da alínea e), do n.º 1, deste art. 204.º, do CPPT (trata-se de situação que, no seu teor literal, poderia caber na mencionada alínea i), pois não se engloba nela a apreciação da legalidade da própria liquidação nem é matéria da exclusiva competência da entidade que emite o título, mas que era dela afastada à face do entendimento jurisprudencial referido formado na vigência do CPT, reconduzindo-se a utilidade da alínea e) ao afastamento da aplicabilidade deste entendimento; a possibilidade de oposição ao abrigo da alínea e) existirá independentemente de a própria liquidação ser extemporânea, isto é, de ela própria ser ilegal, pois não está em causa no processo de oposição à execução fiscal a apreciação da legalidade da liquidação, mas a sua oponibilidade ao seu destinatário); C - Por último, se foi efetuada uma liquidação fora do prazo de caducidade e, necessariamente, também a respetiva notificação foi efetuada fora do prazo, mas não foi ainda instaurada execução, o contribuinte pode impugnar judicialmente a liquidação, invocando a ilegalidade da sua extemporaneidade, porém, se o não fizer e não pagar a quantia liquidada, não ficará impedido de se opor à execução, ao abrigo da alínea e) referida, visto que, além da ilegalidade da liquidação, ocorrer também a sua inexigibilidade por falta de tempestiva notificação. 7. O regime de notificação da liquidação sob cobrança coerciva em causa no presente processo refere-se a imposto de natureza periódica (IRS), sendo o mesmo constante do art. 149.º, n.º 3, do CIRS, normativo que nos diz dever a notificação ser efetuada através de carta registada, regra especial que se sobrepõe à geral constante do art. 38.º, do CPPT.

(continuação)

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8. Não se provando que foi atingido o objetivo que se visava alcançar com a notificação, esta é inválida. Neste caso, sendo sobre a Administração Tributária que recai o ónus da prova dos pressupostos de que depende o seu direito de exigir a obrigação tributária (cfr. art. 342.º, n.º 1, do CC; art. 74.º, n.º 1, da LGT), designadamente, que houve uma notificação validamente efetuada ou foi atingido o fim por ela visado de transmitir ao destinatário o teor da liquidação, tem de se valorar processualmente a favor do destinatário da notificação a dúvida sobre estes pontos, o que se reconduz a que tudo se passe, para efeitos do processo, como se tal notificação não tivesse ocorrido.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 7557/14 (publicado em maio)

LGT - CPPT - processo de execução fiscal - regime de pagamento em prestações da dívida tributária - art. 196.º, do CPPT 1. O processo de execução fiscal tem como objetivo primacial a cobrança dos créditos tributários, de qualquer natureza, estando estruturado em termos mais simples do que o processo de execução comum, com o intuito de conseguir uma maior celeridade na cobrança dos créditos, recomendada pelas finalidades de interesse público das receitas que através dele são cobradas. A este título, deve levar-se em consideração, desde logo, o princípio da indisponibilidade dos créditos tributários, enunciado no art. 30.º, n.º 2, da LGT. 2. É o art. 42.º, n.º 1, da LGT, que prevê a possibilidade do contribuinte requerer o pagamento da dívida tributária em prestações, caso não a possa cumprir integralmente e de uma só vez. No art. 86.º, do CPPT, prevê-se a possibilidade de o pagamento em prestações ser requerido antes da instauração da execução fiscal. Por sua vez, no art. 196.º e seguintes do CPPT, estabelece-se o regime do pagamento em prestações requerido após a instauração do processo de execução fiscal. Mais se dirá que o pagamento em prestações apenas pode ser autorizado nos casos previstos na lei, pois consubstancia uma moratória, para efeitos do art. 85.º, n.º 3, do CPPT, assim devendo considerar-se um regime com características excecionais. 3. Do exame do art. 196.º, do CPPT, deve concluir-se que, quando o devedor demonstre a sua impossibilidade económico-financeira de solver a dívida exequenda de uma só vez, poderá ser autorizado a pagar a mesma em prestações, num número máximo de trinta e seis (36), mais não devendo ser cada prestação de valor inferior a uma U.C. (€ 102,00) (n.º 4). No caso de dívidas superiores a 500 U.C. (€ 51.000,00), se o sujeito passivo demonstrar a impossibilidade de pagar as prestações mensais resultantes da divisão por 36 do imposto em dívida ou que tal pagamento comprometeria gravemente a sua situação económica (v.g. pondo em risco a continuidade da sua atividade empresarial), pode o pagamento em prestações ser autorizado até um máximo de sessenta (60) prestações (5 anos), desde que estas não resultem inferiores a dez U.C. (€ 1.020,00) em cada prestação. Ao montante da dívida de capital incluída em cada prestação acrescerão os respetivos juros de mora, vencidos até à data em que cada pagamento deva ter lugar (cfr. n.ºs 5 e 7, do art. 196.º, do CPPT). 4. Especificamente o art. 196.º, n.º 4, do CPPT, permite o pagamento em prestações, desde que a situação económica do executado tenha por consequência a impossibilidade de solver a dívida exequenda de uma só vez, assim apelando o legislador a uma situação de dificuldades financeiras e às previsíveis consequências económicas gravosas que advenham do pagamento global e de uma só vez da dívida.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 6688/13 (publicado em maio)

IRS - abatimentos - pensão de alimentos - recurso jurisdicional - junção de documentos

I. De acordo com o preceituado no art. 693.º-B do CPC, é de admitir a junção, a título excecional, de documentos que só com o julgamento em 1ª instância se tornou necessária, pois que aí se considerou não provado o pagamento das pensões de alimentos, pagamento este que, na perspetiva do ora Recorrente, não esteve na base da fundamentação erigida pela Administração para sustentar a não consideração, in casu, dos abatimentos a que se reporta o artigo 56.º do CIRS, ou seja, a necessidade de tais documentos era imprevisível antes dessa decisão. II. Para efeitos de abatimento ao rendimento líquido total dos valores respeitantes às pensões de alimentos, o art. 56.º do CIRS (na redação introduzida pela Lei 55-B/2004, de 30 de dezembro, aplicável à data dos factos) impunha a verificação de dois requisitos, a saber: (i) que as importâncias em causa tivessem sido comprovadamente suportadas e não reembolsadas e que (ii) tais encargos com pensões decorressem de uma obrigação do sujeito passivo resultante de sentença judicial ou acordo homologado nos termos da lei civil. III. Não tendo sido questionado no ato impugnado o requisito do efetivo pagamento da pensão de alimentos e verificando-se documentalmente comprovado, como se concluiu, que o requisito respeitante à fonte da obrigação do pagamento das pensões de alimentos - a existência de sentença ou acordo homologado nos termos da lei civil - nada mais se impunha à sentença apreciar para julgar a impugnação procedente, pelo que padece a mesma de erro de julgamento.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 7435/14 (publicado em maio)

LGT - nulidade da sentença quando os seus fundamentos estão em oposição com a decisão - art. 615.º, n.º 1, al. c), do CPC - prescrição da dívida exequenda - determinação do regime de prescrição a aplicar ao caso concreto - regimes de suspensão e interrupção da prescrição - aplicação de diferentes regimes de prescrição no que respeita às causas de suspensão ou interrupção - art. 297.º, n.º 1, do CC - art. 12.º, n.º 2, do CC - factos interruptivos da prescrição no âmbito de vigência do CPT - responsáveis subsidiários - processo de falência - C.P.E.R.E.F. (Dec. Lei 132/93, de 23/4) - défice instrutório (cfr. art. 662.º, n.º 2, al. c), do CPC)

1. Nos termos do preceituado no citado art. 615.º, n.º 1, al. c), do CPC., é nula a sentença quando os seus fundamentos estejam em oposição com a decisão. Encontramo - nos perante um corolário lógico da exigência legal de fundamentação das decisões judiciais em geral consagrado no art. 154.º, n.º 1, do CPC. O vício em análise, o qual tem como premissa a eventual violação do necessário silogismo judiciário que deve existir em qualquer decisão judicial, terá lugar somente quando os fundamentos da sentença devam conduzir, num processo lógico, a uma decisão oposta ou, pelo menos, diferente da que foi adotada. No processo judicial tributário o vício de oposição entre os fundamentos e a decisão, como causa de nulidade da sentença, está previsto no art. 125.º, n.º 1, do CPPT.

(continuação)

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2. A prescrição da dívida exequenda constitui fundamento de oposição à execução (cfr. art. 176.º, al. d), do CPCI; art. 286.º, n.º 1, al. d), do CPT; art. 204.º, n.º 1, al. d), do CPPT), consubstanciando exceção perentória de conhecimento oficioso no âmbito do processo tributário (cfr. art. 27.º, §2 e 3, do CPCI; art. 259.º, do CPT; art. 175.º, do CPPT). 3. A determinação do regime de prescrição a aplicar ao caso concreto faz-se no momento da entrada em vigor da nova lei (cfr. art. 297.º, n.º 1, do CC). 4. Como se retira do preceituado nos arts. 318.º a 320.º, do CC, a suspensão da prescrição tem como efeito que esta não comece a correr ou não corra, depois de iniciado o prazo, enquanto se verificar o facto, de natureza duradoura, a que é atribuído efeito suspensivo. Os factos suspensivos são de natureza duradoura, obstando ao começo e ao decurso do prazo de prescrição enquanto perdurarem, como se infere dos citados arts. 318.º, 319.º e 320.º, do CC. Nas leis tributárias prevêm-se factos especiais a que é atribuído efeito suspensivo, pelo que serão essas as regras a aplicar em matéria de prescrição da obrigação tributária (cfr. v.g. art. 49.º, n.º 4, da LGT). Concluindo, para além da especificidade dos factos a que é atribuído efeito suspensivo, o regime da suspensão da prescrição da obrigação tributária não tem especialidades no domínio do direito tributário, pelo que, face a qualquer facto com natureza suspensiva, enquanto este surtir efeitos, a prescrição não começa nem corre. 5. Por sua vez, a interrupção da prescrição tem sempre como efeito a inutilização para o respetivo regime de toda o tempo decorrido anteriormente, sendo esse efeito instantâneo o único próprio da interrupção, presente em todas as situações (cfr. art. 326.º, n.º 1, do CC). Porém, em certos casos, designadamente quando a interrupção resultar de citação, notificação ou ato equiparado, ou de compromisso arbitral, o novo prazo de prescrição não começa a correr enquanto não passar em julgado a decisão que puser termo ao processo (cfr. art. 327.º, n.º 1, do CC). 6. A aplicação de diferentes regimes no tocante aos prazos prescricionais, em resultado da previsão normativa do art. 297.º, n.º 1, do CC, não impõe a aplicação de um ou outro regime em bloco, pois só se refere tal normativo à lei que altere o prazo e não aos termos em que se conta, nem a tudo o que releva para o seu curso. O texto do artigo e a respetiva epígrafe revelam que se tem em vista apenas as leis que alteram prazos e não as que alteram os efeitos das causas interruptivas ou suspensivas da prescrição. Por isso, as leis que alteram causas de suspensão ou interrupção não sendo leis sobre “alteração de prazos”, não estão abrangidas na previsão do referido art. 297.º, do CC. Estas leis seguem a regra de aplicação no tempo do art. 12.º, n.º 2, do mesmo diploma. Nos termos do disposto no art. 12.º, n.º 2, do CC, a lei aplicável aos factos interruptivos e suspensivos do prazo de prescrição será, portanto, a vigente no momento em que os mesmos ocorreram. 7. Constituem factos interruptivos no âmbito de vigência do CPT, conforme resulta do disposto no art. 34.º, n.º 3, a reclamação, o recurso hierárquico, a impugnação e a instauração de execução. 8. Se o facto com efeito interruptivo em relação ao devedor originário ocorreu na vigência do CPT, o efeito interruptivo também se produz em relação ao responsável subsidiário, independentemente do momento em que vier a ser citado, pois esse efeito interruptivo estendia-se a este, sem qualquer condição, ao abrigo do mencionado regime.

(continuação)

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9. Nos termos do Código dos Processos Especiais de Recuperação da Empresa e de Falência (C.P.E.R.E.F.), aprovado pelo dec.lei 132/93, de 23/4, somente o prosseguimento da ação de recuperação da empresa gerava a suspensão do processo de execução fiscal, tal suspensão abrangendo todos os prazos de prescrição oponíveis ao devedor (cfr. art. 29.º, n.º 1, do C.P.E.R.E.F.). Já quanto ao processo falimentar, a declaração de falência apenas obsta à instauração ou ao prosseguimento de qualquer ação executiva contra o falido (cfr. art. 154.º, n.º 3, do C.P.E.R.E.F.), embora não origine a suspensão dos prazos de prescrição, o que se justificará visto que o processo de falência constitui uma forma de prosseguir o processo executivo. Por outro lado, a remessa do processo de execução ao processo de falência, em virtude da avocação (cfr. art. 264.º, n.º 2, do CPT.) não determina a paragem daquele, pois, uma vez apensado a este, com ele segue a sua normal tramitação, enquanto reclamação dos créditos exequendos. Nestes termos, só se tiver ocorrido, entretanto, paragem do processo de falência por mais de um ano, enquanto os processos de execução a ele estiverem apensados, é que se poderá reiniciar a contagem do prazo de prescrição interrompido com a instauração destes, atento o disposto no art. 34.º, n.º 3, do CPT. 10. Se a situação "sub judice" se não enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 712.º, n.º 1, do CPC (cfr. atual art. 662.º, n.º 1, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), norma aplicável ao processo tributário “ex vi” do art. 2.º, al. e), do CPPT, e que consagra os casos em que é possível a alteração da decisão de facto pelo Tribunal de 2ª. Instância, pode verificar-se uma situação de défice instrutório que demanda o exercício de poderes cassatórios por parte do Tribunal “ad quem” (cfr. art. 662.º, n.º 2, al. c), do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), caso em que se deve ordenar a baixa dos autos, com vista a que seja estruturada a instrução do processo pelo Tribunal de 1ª. Instância.

Acórdão de 13.03.2014, Proc. 5486/12 (publicado em maio)

RGIT - prescrição do procedimento contraordenacional por infração tributária - cômputo do prazo prescricional

1) A prescrição do procedimento de contraordenação tributária segue o regime do artigo 33.º do RGIT/Regime Geral das infrações tributárias. 2) Estando em causa infração cuja coima depende do valor da prestação tributária a liquidar através do ato tributário correspondente, é aplicável o disposto no artigo 33.º/2, do RGIT. 3) Havendo sucessão de prazos de prescrição do procedimento de contraordenação, importa aplicar aquele que seja mais favorável ao agente, ou seja, o prazo mais curto (artigos 2.º/4, do Código Penal e 3.º/2, do RGCO/Regime Geral das contraordenações). 4) As causas de suspensão da prescrição previstas no Código Penal e no RGCO são aplicáveis ao caso em exame, de acordo com o disposto no artigo 33.º/3, do RGIT (“[o] prazo de prescrição interrompe-se e suspende-se nos termos estabelecidos na lei geral”). 5) Nas hipóteses em que esteja pendente processo tributário no qual se discuta situação tributária subjacente à infração, tendo em vista evitar a contradição de decisões tomadas naquele processo e no processo sancionatório, o procedimento contraordenacional suspende-se até que seja tomada decisão final no primeiro (no mesmo sentido, V. artigo 42.º/2, do RGIT).

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 38/06.4 (publicado em maio)

SISA - impugnação judicial - julgamento da matéria de facto incidência real - benfeitorias - ónus de alegação

I) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC, incumbindo - lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. II) A sisa incide sobre o valor das benfeitorias implantadas nos prédios transmitidos e que não esteja incluído no respetivo valor patrimonial - artigo 19.º, § 2.º, parte final, do Código do Imposto Municipal de Sisa e dos Imposto Sobre as Sucessões e Doações. III) Verificando a administração tributária que o valor declarado para efeitos de sisa não inclui o valor dessas benfeitorias indicado nas faturas emitidas pelo transmitente e registadas na contabilidade de ambos os contraentes, e pretendendo o adquirente dos referidos prédios que esse valor não diz respeito a tais benfeitorias, mas a outros bens ou direitos de natureza pessoal que não estão sujeitos a sisa, é sobre este que recai o ónus de demonstrar os exatos contornos do negócio titulado nas referidas faturas, através de elementos objetivos e externamente confirmáveis. IV) A Recorrente não apresentou, em termos de alegação, como lhe competia, dados objetivos e suscetíveis de verificação externa que permitissem concluir com a necessária segurança que o negócio titulado nas referidas faturas não correspondeu ao que neles se descreveu, situação que condenou ab initio ao insucesso a pretensão formulada pela Recorrente no âmbito do presente recurso.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 555/10.1 (publicado em maio)

LGT - CPPT - IRS - reclamação art. 276.º CPPT - nulidade da sentença por não especificação dos fundamentos de facto - julgamento da matéria de facto - prescrição - suspensão do prazo

I) No que concerne à nulidade da sentença por falta de fundamentação de facto e de direito, há que ter em atenção que, como é sabido, só se verifica tal nulidade quando ocorre falta absoluta de fundamentação, sendo que há que distinguir cuidadosamente a falta absoluta de motivação da motivação deficiente, medíocre ou errada. O que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação; a insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, afeta o valor doutrinal da sentença, sujeita-a ao risco de ser revogada ou alterada em recurso, mas não produz nulidade. Por falta absoluta de motivação deve entender-se a ausência total de fundamentos de direito e de facto. II) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC, incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. III) A reclamação prevista nos artigos 276º e ss do CPPT não se inclui entre os casos de suspensão da prescrição abrangidos pelas designações genéricas de meios processuais incluídas no n.º 4 do art. 49.º da LGT.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 428/13.6 (publicado em maio)

CPPT - reclamação art. 276.º CPPT - nulidade da sentença por não especificação dos fundamentos da decisão - isenção/dispensa de prestação de garantia - renovação - princípio da boa fé

I) No que concerne à nulidade da sentença por falta de fundamentação de facto e de direito, há que ter em atenção que, como é sabido, só se verifica tal nulidade quando ocorre falta absoluta de fundamentação, sendo que há que distinguir cuidadosamente a falta absoluta de motivação da motivação deficiente, medíocre ou errada. O que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação; a insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, afeta o valor doutrinal da sentença, sujeita-a ao risco de ser revogada ou alterada em recurso, mas não produz nulidade. Por falta absoluta de motivação deve entender-se a ausência total de fundamentos de direito e de facto. II) A lei ao determinar que a isenção de dispensa de prestação de garantia é válida por um ano, devendo a Administração Tributária notificar o executado da data da sua caducidade até trinta dias antes, para o efeito de o mesmo requer novo período (art. 52.º, n.º 5 e 6, da LGT), não estabelece qualquer prazo para aquela decidir, uma vez que não estamos perante um prazo de decisão, mas sim perante um dever de notificação. III) As razões, em especial de urgência, que possam justificar a recusa do direito de audiência no procedimento do pedido inicial de isenção de prestação de garantia não se verificam no caso de renovação do pedido tendente a obter um novo período de isenção, uma vez que a execução se encontra suspensa por força da 1ª isenção. IV) Tendo presente que o princípio da boa-fé é dotado de inúmeras potencialidades jurídicas e ainda que está em causa uma mesma pretensão formulada no âmbito do mesmo quadro jurídico (a única alteração prende-se com o prazo de validade da impetrada isenção), sendo que em ambos os casos já se faz referência ao ofício-circulado 60.077, e sem prejuízo de a AT estar sujeita ao princípio da legalidade, é manifesto que sendo a primeira decisão favorável à pretensão da ora Recorrente, é inegável que ela significa para qualquer pessoa colocada na posição da Recorrente que o seu requerimento, mantendo os mesmos pressupostos de facto, será idóneo a lograr um novo deferimento. V) Deste modo, resulta elementar que, na situação presente, cabia à AT informar a ora Recorrente da sua nova perspetiva sobre a matéria, dando-lhe a possibilidade de se pronunciar sobre a matéria, sendo que nesse caso poderá mesmo justificar-se conceder ao interessado a possibilidade de reformular o seu requerimento, juntando mesmo novos meios de prova, pois que, apesar de o regime legal determinar que o articulado contenha as razões de facto e de direito em que se baseia a pretensão e que o mesmo deve ser instruído com a prova documental pertinente, o que não se compadece, à partida, com qualquer reformulação do requerimento ou apresentação de novos meios de prova, numa situação como a dos autos, a atuação da AT tem de ser consequente, ou seja, uma vez deferida uma determinada pretensão, dando ao requerente um claro sinal de que a mesma tem cabimento legal, não basta informá-lo de que a situação vai ter outro tratamento, tem de lhe conceder a possibilidade de reformular toda a sua atuação, com referência aos termos da nova análise da AT, sob pena de a sua audição não passar de uma diligência vazia de conteúdo útil, ficando incólume uma conduta da AT claramente atentatória do princípio da boa-fé.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 482/08.2 (publicado em maio)

LGT - IVA - oposição à execução fiscal - despacho de reversão - fundamentação - gerência de facto - ónus da prova - défice instrutório

I) A fundamentação formal do despacho de reversão basta-se com a alegação dos pressupostos e com a referência à extensão temporal da responsabilidade subsidiária que está a ser efetivada (n.º 4 do art. 23.º da LGT) não se impondo, porém, que dele constem os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido. II) Assim, não se impõe que constem do despacho de reversão os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido, o que significa que, no caso de reação do visado, a AT terá então (na contestação à oposição) de avançar com esses elementos no sentido de se desembaraçar do ónus que a lei lhe comete da prova dos pressupostos da responsabilidade subsidiária do gerente, estando aqui em destaque o efetivo exercício da gerência. III) A leitura da contestação permite dizer que a FP pretendeu discutir tal questão, apontando que, de acordo com a informação do Serviço de Finanças, ambos os gerentes e, por isso, também o oponente, participaram, nessa qualidade, na aquisição e alienação de vários imóveis, além de que o oponente recebeu salários na qualidade de gerente da empresa e apresentou-se, por diversas vezes, junto da AF na qualidade de gerente e assinou, nessa mesma qualidade, várias faturas, juntando prova documental relativa à matéria alegada. IV) A partir daqui, é manifesto que a decisão recorrida não pode manter-se, pois que a discussão da matéria em apreço não pode desconsiderar a alegação da FP neste âmbito, sendo que, mostrando-se controvertida a questão da gerência de facto, face às diferentes posturas assumidas nos autos pelo oponente e pelo RFP, deveria o Juiz, a quem incumbe a direção e julgamento dos processos da sua jurisdição, ordenar todas as diligências que considere úteis para o apuramento da verdade e assim que reunidos todos esses elementos, concluir ou não pela efetiva gerência do oponente. V) Nesta sequência, tendo sido suscitada nos autos a pertinência neste domínio das sentenças condenatórios proferidas em dois processos penais pela prática de crimes de natureza dolosa relacionados com a retenção de IVA e contribuições para a segurança social, onde também o ora Recorrido terá sido condenado, matéria que consta dos autos de oposição 295/08.1BECBR, tem de entender-se que, para além da realidade vertida na contestação da FP, a matéria agora apontada tem relevância bastante no sentido de poder contribuir para estabelecer o quadro factual a ponderar no âmbito da questão da gerência de facto, existindo a possibilidade séria de a produção da prova agora referida implicar o estabelecimento de outro, sobretudo, mais alargado cenário factual, capaz de, pela sua amplitude, esclarecer melhor todos os acontecimentos, com repercussão no sentido da decisão do mérito da causa.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 913/13.0 (publicado em maio)

CPPT - efeito suspensivo - atos de execução indevidos - falta de despacho de apensação - reversão - erro na forma do processo 1. A decisão oficiosa de apensação das execuções fiscais a que alude o artigo 179.º do CPPT não tem que ser motivada. 2. O meio processual adequado para conhecer dos vícios formais do procedimento de reversão é a oposição à execução fiscal - artigo 204.º, n.º 1, alínea i), do CPPT.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 3694/10.5 (publicado em maio)

LGT - oposição à execução fiscal - pressupostos da reversão - fundada insuficiência do património - culpa do responsável subsidiário nessa insuficiência

I) O art. 23.º n.º 2 da LGT consagra o benefício da excussão, sendo que este benefício já decorria do direito anterior, embora não em termos expressos, pelo que o atual número 2 tem um significado interpretativo. II) No entanto, a reversão da execução fiscal contra o responsável subsidiário pode ser decidida antes dessa excussão, muito embora o prosseguimento do processo contra o revertido, após o prazo da oposição, só pode operar-se depois de excutidos os bens do devedor principal e dos responsáveis solidários, ou seja, uma vez penhorados os bens do responsável subsidiário, e faltando ainda definir com precisão o montante a pagar por este, suspende-se o processo de execução fiscal desde o termo do prazo de oposição até à completa excussão do património do executado. III) Quanto à questão da culpa, e na medida em que tal responsabilidade é aferida pela lei vigente ao tempo do nascimento das dívidas, no caso, deparamos com a aplicação do disposto no art. 24.º n.º 1 al. b) da LGT, o qual contempla as “dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do exercício do seu cargo, quando não provem que não lhes foi imputável a falta de pagamento”, sendo este o elemento que não se presta a qualquer hesitação no âmbito dos presentes autos. IV) Nesta medida, tratando-se de dívidas enquadradas no âmbito dessa alínea, impõe-se sublinhar que o ato ilícito culposo que se presume praticado pelo gestor não se fica pela omissão de pagamento do imposto vencido. O que se presume é que o gestor não atuou com a diligência de um bonus pater familiae, com a observância das disposições legais aplicáveis aos gestores, em especial ao do artigo 64.º do CSC, que lhe impõe a observância de deveres de cuidado, de disponibilidade, de competência técnica, de gestão criteriosa e ordenada, de lealdade, no interesse da sociedade e dos sócios que sejam relevantes para a sustentabilidade da sociedade. V) Apesar da dificuldade que existe na prova de um facto negativo, como é o caso da ausência de culpa, a oponente não podia deixar de alegar e provar factos concretos de onde se possa inferir que a insuficiência patrimonial da empresa se deveu a circunstâncias que lhe são alheias e que não lhe podem ser imputadas. Para afastar a responsabilidade subsidiária por dívidas de impostos cujo prazo de pagamento terminou durante a gestão, o gestor tem pois que demonstrar que a devedora originária não tinha fundos para pagar os impostos e que a falta de meios financeiros não se deveu a qualquer conduta que lhe possa ser censurável.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 656/13.4 (publicado em maio)

CPPT - reclamação art. 276.º - nulidade da sentença por omissão de pronúncia - julgamento da matéria de facto - insolvência - suspensão da execução fiscal - crédito vencido - isenção de custas I) Em termos de omissão de pronúncia, embora o julgador não tenha que analisar todas as razões ou argumentos que cada parte invoca para sustentar o seu ponto de vista, incumbe-lhe a obrigação de apreciar e resolver todas as questões submetidas à sua apreciação, isto é, todos os problemas concretos que haja sido chamado a resolver no quadro do litígio (tendo em conta o pedido, a causa de pedir e as eventuais exceções invocadas), ficando apenas excetuado o conhecimento das questões cuja apreciação e decisão tenha ficado prejudicada pela solução dada a outras. E questão, para este efeito (contencioso tributário), é tudo aquilo que é suscetível de caracterizar um vício, uma ilegalidade do ato tributário impugnado. II) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC, incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. III) Nada obsta a que após a declaração de insolvência sejam instauradas execuções fiscais contra a sociedade insolvente, possibilidade que constitui um regime especial para os processos de execução fiscal (afastando a regra geral do art. 88.º, n.º 1, do CIRE), sendo que - se para cobrança de créditos vencidos antes da declaração de insolvência, deverão ser imediatamente sustadas e avocadas pelo tribunal judicial para apensação ao processo de falência (art. 180.º, n.ºs 1 e 2, do CPPT, e art. 85.º, n.ºs 1 e 2, do CIRE); - se para cobrança de créditos vencidos após a declaração de insolvência, prosseguindo a execução, mas apenas se forem penhorados bens não apreendidos no processo de insolvência (cfr. art. 180.º, n.º 6, do CPPT, interpretado tendo em conta a unidade do sistema jurídico, como imposto pelo art. 9.º, n.º 1, do CC). IV) A declaração de insolvência não determina a sustação da execução fiscal instaurada para cobrança de crédito vencido posteriormente - artigo 180.º, n.º 6, do Código de Procedimento e de Processo Tributário. V) O crédito decorrente de facto tributário ocorrido antes da declaração da insolvência mas que só foi determinado posteriormente constitui crédito vencido após a declaração da insolvência. VI) Não coincidindo o conceito de sociedade comercial em estado de insolvência com o de massa insolvente de uma sociedade comercial já declarada insolvente, só à primeira se aplica a isenção de custas prescrita no art. 4.º, n.º 1, al. u) do RCP, pelo que a ora Recorrente não goza da pretendida isenção de custas.

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Acórdão de 30.04.2014, Proc. 1210/07.5 (publicado em maio)

LGT - oposição à execução fiscal - julgamento da matéria de facto - despacho de reversão - fundamentação - gerência de facto - ónus da prova - ato isolado

I) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC, incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. II) A fundamentação formal do despacho de reversão basta-se com a alegação dos pressupostos e com a referência à extensão temporal da responsabilidade subsidiária que está a ser efetivada (n.º 4 do art. 23.º da LGT) não se impondo, porém, que dele constem os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido. III) Assim, não se impõe que constem do despacho de reversão os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido, o que significa que, no caso de reação do visado, a AT terá então (na contestação à oposição) de avançar com esses elementos no sentido de se desembaraçar do ónus que a lei lhe comete da prova dos pressupostos da responsabilidade subsidiária do gerente, estando aqui em destaque o efetivo exercício da gerência. IV) Embora sem grandes desenvolvimentos, a FP, na sua contestação, sempre foi dizendo que se encontra provado nos autos “que o oponente exerceu funções de gerência, nomeadamente, apondo a sua assinatura em requerimentos dirigidos à Administração Fiscal, nomeadamente solicitando o pagamento de dívidas em prestações, solicitando o pagamento de dívidas em prestações, solicitando compensação de dívidas da executada, sendo fiel depositário dos bens desta, e assinando declarações de rendimentos e alterações da executada, etc.” IV) Nesta sequência, e perante a realidade factual efetivamente a considerar nos autos, temos apenas que no dia 26-03-2004 deu entrada no Serviço de Finanças de Matosinhos 2 um pedido de pagamento em prestações em nome da executada MICROGÁS, em que o oponente assina, na qualidade de gerente, conforme carimbo aposto - fls. 66 - 68, sendo que afigura-se-nos que esse (único) facto provado, embora possa constituir um indício no sentido do exercício efetivo da gerência por parte do ora Recorrido, por si só, não é suficiente para permitir a conclusão de que o mesmo exerceu a gerência de facto da devedora originária no período em questão. V) Como se decidiu no acórdão deste TCAN de 20/12/2011, proferido no processo 639/04.5BEVIS - AVEIRO, www.dgsi.pt, “[d]e um ato isolado praticado pelo Oponente, em que, aparentemente, terá agido em representação da executada originária num momento concreto […] não é viável, à luz das regras de experiência comum, extrair a conclusão de que o mesmo exerceu, de facto, a gerência da dita sociedade”. VI) Deste modo, analisada a matéria de facto provada, constata-se que ficou por provar uma realidade suscetível de evidenciar um tal exercício efetivo dos poderes de administração por parte do ora Recorrido, sendo que, repete-se, quem estava onerado com o peso da prova era a Fazenda Pública, por isso que, como já referimos, o exercício efetivo da administração é facto constitutivo de um pressuposto da responsabilidade subsidiária que se pretende efetivar através da reversão e a lei não estabelece, nesse domínio, qualquer presunção que inverta o ónus da prova.

(continuação)

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Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Norte

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Data/Processo Sumário

VII) Na realidade, ainda que assim não tenha sucedido, temos por inexorável a ilação de que, pelo menos, fica uma dúvida substancial e fundada sobre o efetivo exercício da gerência da sociedade executada por parte do ora Recorrido, de modo que, competindo à AT o ónus probatório do exercício efetivo da administração por parte do Recorrente, a tal título, como responsável subsidiário, e sendo a presunção desse mesmo exercício, decorrente da respetiva qualidade jurídica, meramente de facto ou judicial, então forçoso se impõe concluir que a referida dúvida tem desfavorecer a AT.

Acórdão de 11.04.2014, Proc. 1091/07.9 (publicado em maio)

LGT - IVA - impugnação judicial - simulação

1. No procedimento de liquidação que decorra de inspeção tributária, o fundamento da decisão respetiva é o que vier mencionado nas conclusões do relatório respetivo que forem superiormente sancionadas - artigos 77.º, n.º 1, da LGT, e 62.º, n.º 5, e 63.º, estes do Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária; 2. Se do documento de cobrança constar fundamentação diversa, o que temos é uma irregularidade na própria notificação, que pode afetar a validade desse ato mas não a validade nem o conteúdo do ato notificado. 3. É sobre a administração tributária que recai o ónus de recolher indicadores suficientes da existência de simulação, quando pretenda pôr em causa o exercício do direito à dedução do imposto nos termos do artigo 19.º, n.º 3, do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; 4. Não constituem indicadores suficientes de que a operação titulada em venda a dinheiro é simulada o facto de o emitente ter declarado que a operação não existiu e não existir outra prova do pagamento respetivo.

Acórdão de 11.04.2014, Proc. 237/05.6 (publicado em maio)

IRC - impugnação judicial - métodos indiretos

1. A invocação da insuficiência ou deficiência na fundamentação de facto da sentença integra erro de julgamento; 2. Quando se impugna a sentença com base em erro de julgamento de facto deve o recorrente obrigatoriamente especificar, sob pena de rejeição: os concretos pontos de facto que considera incorretamente julgados e os concretos meios probatórios, constantes do processo ou de registo ou gravação nele realizada, que impunham decisão diversa, bem como os depoimentos em que se funda, por referência ao assinalado em ata - artigo 690.º-A, n.ºs 1 e 2, do CPC (na redação aplicável aos autos); 3. Não tendo o recorrente especificado os concretos pontos de facto que considerou incorretamente julgados e indicado as passagens da gravação dos depoimentos das testemunhas em que se apoiou para os dar como provados, o recurso deve ser rejeitado nesta parte. 4. Na determinação indireta da matéria coletável nos termos dos artigos 87.º, n.º 1, alínea b) e 88.º, ambos da LGT, cabe à administração tributária demonstrar a existência de anomalias e incorreções no cumprimento dos deveres de declaração, de escrituração ou de documentação a impossibilidade de comprovação e quantificação direta e exata dos elementos indispensáveis à correta determinação da matéria tributável - artigo 74.º, n.º 3, da LGT. 5. Tendo o tribunal recorrido indicado as anomalias e incorreções que constam do ato impugnado e confirmado as justificações ali apresentadas da necessidade de recorrer a métodos indiretos e não tendo as suas razões sido devidamente infirmadas em via de recurso, não pode merecer o provimento o recurso que tenha por fundamento o erro de julgamento nesta parte.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 11.04.2014, Proc. 850/08.0 (publicado em maio)

LGT - CPPT - oposição - prescrição - decisão liminar - princípio do contraditório 1. Na oposição à execução fiscal, juiz não pode conhecer da prescrição da obrigação exequenda sem ouvir previamente a contraparte. 2. O conhecimento da prescrição da obrigação exequenda sem chamar a contraparte ao processo importa a violação do princípio do contraditório - artigo 3.º do Código de Processo Civil. 3. A violação do princípio do contraditório importa, em tal caso, a anulação de todos os atos processuais subsequentes à petição inicial - cfr. artigos 194.º e 202.º ambos do CPC.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

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7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. C-337/13

Reenvio prejudicial - Sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado - Diretiva 2006/112/CE - Artigo 90.º - Redução do valor tributável - Âmbito das obrigações dos Estados - Membros - Efeito direto 1) O disposto no artigo 90.º da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado, deve ser interpretado no sentido de que não se opõe a uma disposição nacional que não prevê a redução do valor tributável do imposto sobre o valor acrescentado em caso de não pagamento do preço, se for aplicada a derrogação prevista no n.º 2 do mesmo artigo. No entanto, essa disposição deve abranger todas as situações em que, de acordo com o n.º 1 do referido artigo, o sujeito passivo não receba, depois de efetuada uma transação, uma parte ou a totalidade da contrapartida, o que cabe ao órgão jurisdicional nacional verificar. 2) Os sujeitos passivos podem invocar o artigo 90.º, n.º 1, da Diretiva 2006/112 contra o Estado-Membro perante os tribunais nacionais para obterem a redução do valor tributável do imposto sobre o valor acrescentado. Embora os Estados-Membros possam prever que o exercício do direito à redução do valor tributável fique sujeito ao cumprimento de determinadas formalidades que permitam provar que, depois de efetuada uma transação, o sujeito passivo não recebeu, definitivamente, uma parte ou a totalidade da contrapartida e que o mesmo podia invocar uma das situações elencadas no artigo 90.º, n.º 1, da Diretiva 2006/112, tais medidas não devem exceder o que for necessário para fazer essa prova, o que cabe ao órgão jurisdicional nacional verificar.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. C-480/12

Código Aduaneiro Comunitário - Âmbito de aplicação dos artigos 203.º e 204.º, n.º 1, alínea a), do Regulamento (CEE) n.º 2913/92 - Regime de trânsito externo - Constituição da dívida aduaneira por incumprimento de uma obrigação - Apresentação tardia na estância de destino - Sexta Diretiva IVA - Artigo 10.º, n.º 3 - Ligação entre a constituição da dívida aduaneira e a constituição da dívida de IVA - Conceito de operação tributável 1) Os artigos 203.º e 204.º do Regulamento (CEE) n.º 2913/92 do Conselho, de 12 de outubro de 1992, que estabelece o Código Aduaneiro Comunitário, conforme alterado pelo Regulamento (CE) n.º 648/2005 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de abril de 2005, conjugados com o artigo 859.º, ponto 2, alínea c), do Regulamento (CEE) n.º 2454/93 da Comissão, de 2 de julho de 1993, que fixa determinadas disposições de aplicação do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, conforme alterado pelo Regulamento (CE) n.º 444/2002 da Comissão, de 11 de março de 2002, devem ser interpretados no sentido de que o simples não cumprimento do prazo de apresentação, fixado nos termos do artigo 356.º, n.º 1, do Regulamento n.º 2454/93, conforme alterado pelo Regulamento n.º 444/2002, não leva à constituição de uma dívida aduaneira por subtração das mercadorias em causa à fiscalização aduaneira, na aceção do artigo 203.º do Regulamento n.º 2913/92, conforme alterado pelo Regulamento n.º 648/2005, mas à constituição de uma dívida aduaneira com base no artigo 204.º desse regulamento, e que não é necessário, para que uma dívida aduaneira se constitua nos termos desse artigo 204.º, que os interessados prestem informações às autoridades aduaneiras sobre as causas do não cumprimento do prazo fixado no artigo 356.º do Regulamento n.º 2454/93, conforme alterado pelo Regulamento n.º 444/2002, ou sobre o local onde as mercadorias permaneceram no período que decorreu entre o termo desse prazo e a apresentação efetiva dessas mercadorias na estância aduaneira de destino. 2) O artigo 7.º, n.º 3, primeiro parágrafo, da Sexta Diretiva 77/388/CEE do Conselho, de 17 de maio de 1977, relativa à harmonização das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos impostos sobre o volume de negócios - Sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado: matéria coletável uniforme, conforme alterada pela Diretiva 2004/66/CE do Conselho, de 26 de abril de 2004, deve ser interpretado no sentido de que é devido imposto sobre o valor acrescentado quando as mercadorias em causa tiverem saído dos regimes aduaneiros previstos nesse artigo, mesmo se a dívida aduaneira se tiver constituído exclusivamente nos termos do artigo 204.º do Regulamento n.º 2913/92, conforme alterado pelo Regulamento n.º 648/2005.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 08.05.2014, Proc. C-347/12

Reenvio prejudicial - Segurança social - Regulamento (CEE) n.º 1408/71 - Regulamento (CEE) n.º 574/72 - Prestações familiares - Abonos de família - Subsídio de educação - ‘Elterngeld’ - ‘Kindergeld’ - Cálculo do complemento diferencial Os artigos 1.º, alínea u), i), e 4.º, n.º 1, alínea h), do Regulamento (CEE) n.º 1408/71 do Conselho, de 14 de junho de 1971, relativo à aplicação dos regimes de segurança social aos trabalhadores assalariados, aos trabalhadores não assalariados e aos membros da sua família que se deslocam no interior da Comunidade, na sua versão alterada e atualizada pelo Regulamento (CE) n.º 118/97 do Conselho, de 2 de dezembro de 1996, conforme alterado pelo Regulamento (CE) n.º 1606/98 do Conselho, de 29 de junho de 1998, bem como o artigo 10, n.º 1, alínea b), i), do Regulamento (CEE) n.º 574/72 do Conselho, de 21 de março de 1972, que estabelece as modalidades de aplicação do Regulamento n.º 1408/71, na sua versão alterada e atualizada pelo Regulamento n.º 118/97, devem ser interpretados no sentido de que, numa situação como a que está em causa no processo principal, para efeitos do cálculo do complemento diferencial eventualmente devido a um trabalhador migrante no seu Estado-Membro de emprego, não deve se tomada em conta a totalidade das prestações familiares recebidas pela família desse trabalhador por força da legislação do Estado-Membro de residência, uma vez que, sem prejuízo das verificações a efetuar pelo órgão jurisdicional de reenvio, o «Elterngeld» previsto na legislação alemã não é da mesma natureza, na aceção do artigo 12.º do Regulamento n.º 1408/71, que o «Kindergeld» previsto nessa legislação e os abonos de família previstos na legislação luxemburguesa.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. C-250/13 (publicado em maio)

Reenvio prejudicial - Segurança social - Acordo entre a Comunidade Europeia e a Confederação Suíça - Regulamento (CEE) n.º 574/72 - Artigo 107.º, n.ºs 1 e 6 - Regulamento (CE) n.º 987/2009 - Artigo 90.º - Trabalhadores migrantes - Conversão de moedas - Tomada em consideração dos abonos de família recebidos na Suíça no cálculo, por um Estado - Membro, dos abonos por filhos a cargo - Complemento diferencial - Data a tomar em consideração para a conversão em euros dos abonos de família suíços

1) Em circunstâncias como as do processo principal, a conversão monetária de prestações familiares deve ser efetuada em conformidade com o artigo 107.º, n.º 6, do Regulamento (CEE) n.º 574/72 do Conselho, de 21 de março de 1972, que estabelece as modalidades de aplicação do Regulamento (CEE) n.º 1408/71 relativo à aplicação dos regimes de segurança social aos trabalhadores assalariados, aos trabalhadores não assalariados e aos membros das suas famílias que se deslocam no interior da Comunidade, na sua versão alterada e atualizada pelo Regulamento (CE) n.º 118/97, conforme alterado pelo Regulamento (CE) n.º 1386/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de junho de 2001. 2) O artigo 107.º, n.º 6, do Regulamento n.º 574/72, na sua versão alterada e atualizada pelo Regulamento n.º 118/97, conforme alterado pelo Regulamento n.º 1386/2001, deve ser interpretado no sentido de que a conversão monetária de prestações familiares, como os que estão em causa no processo principal, para efeitos do cálculo do complemento diferencial de prestações familiares, nos termos do artigo 10.º, n.º 1, alínea a), deste regulamento, deve ser efetuada ao câmbio oficial do dia do pagamento das prestações pelo Estado-Membro em cujo território o trabalhador em causa exerce uma atividade assalariada.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 30.04.2014, Proc. C-209/13 (publicado em maio)

Sistema comum de imposto sobre as transações financeiras - Autorização de uma cooperação reforçada ao abrigo do artigo 329.º, n.º 1, TFUE - Decisão 2013/52/UE - Recurso de anulação com fundamento na violação dos artigos 327.º e 332.º TFUE, bem como do direito internacional consuetudinário 1) É negado provimento ao recurso. 2) O Reino Unido da Grã - Bretanha e da Irlanda do Norte é condenado nas despesas. 3) O Reino da Bélgica, a República Federal da Alemanha, a República Francesa, a República da Áustria, a República Portuguesa, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia suportam as suas próprias despesas.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 16.04.2014, Proc. 146/2013 - T (publicado em maio)

IRC - Aceitação de royalties como custo fiscal - Preços de transferência

Acórdão de 03.04.2014, Proc. 203/2013 - T (publicado em maio)

IMI - Aplicabilidade do benefício fiscal previsto no artigo 49.º do EBF

Acórdão de 28.03.2014, Proc. 225/2013 - T (publicado em maio)

IS - VPT atualizado em 2012 antes da entrada em vigor da Verba 28 da TGIS e inferior a €1.000.000,00

Acórdão de 21.03.2014, Proc. 233/2013 - T (publicado em maio)

IS - Transmissão de Suprimentos; alínea f) do n.º 3 do artigo 1.º e n.º 2 do CIS e da verba 1.2 da TGIS

Acórdão de 20.03.2014, Proc. 189/2013 - T (publicado em maio)

IS - Verbas 28 e 28-1 da TGIS - Terreno para construção

Acórdão de 19.03.2014, Proc. 183/2013 - T (publicado em maio)

IS - Propriedade vertical - Verba 28.1 da TGIS

Acórdão de 07.03.2014, Proc. 205/2013 - T (publicado em maio)

IS - Verba 28 da TGIS - Incidência subjetiva

Acórdão de 07.03.2014, Proc. 180/2013 - T (publicado em maio)

IS - Verba 28.1 da TGIS - Terreno para construção

Acórdão de 26.02.2014, Proc. 216/2013 - T (publicado em maio)

IRS - Inspeção tributária de caráter externo - Caducidade do direito à liquidação

Acórdão de 25.02.2014, Proc. 199/2013 - T (publicado em maio)

IRC - Competência material dos Tribunais Arbitrais - Dupla tributação internacional

Acórdão de 20.02.2014, Proc. 214/2013 - T (publicado em maio)

IRS - Determinação dos rendimentos empresariais a que alude o art. 28.º do CIRS - Incompetência em razão da matéria

Acórdão de 14.02.2014, Proc. 170/2013 - T (publicado em maio)

IUC - Incidência subjetiva

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa

Notícias Inforfisco 62

Data/Processo Sumário

Acórdão de 10.02.2014, Proc. 181/2013 - T (publicado em maio)

IS - Verba 28.1 da TGIS - Prédio em propriedade total com andares ou divisões suscetíveis de utilização independente

Acórdão de 03.02.2014, Proc. 231/2013 - T (publicado em maio)

IS - Verba 28.1 - Terreno para construção

Acórdão de 15.01.2014, Proc. 174/2013 - T (publicado em maio)

IRC - IS - Concurso publicitário - Verba 11.2.2 da Tabela Geral de Imposto de Selo - Legitimidade processual do substituto tributário

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa

9. Publicações

Notícias Inforfisco 64

Tipo Sumário

Guidelines A recent VAT Committee guideline on the VAT treatment of importation of small consignments (taxud.c.1 (2014)1870542 - 798)

Comments Comments received on discussion drafts on Neutralise the Effects of Hybrid Mismatch Arrangements published

Information Proposal for a Council Directive amending Directive 2011/96/EU on the common system of taxation applicable in the case of parent companies and subsidiaries of different Member States

Information Countries commit to automatic exchange of information in tax matters

Press Release

Taxation of the Digital Economy: High-level Expert Group presents final report (IP/14/604 28/05/2014)

Press Release EU Council of Ministers adopted conclusions on the governance reform of the EU customs union

Press Release EU Council of Ministers discussed the Parent - Subsidiary Directive and the Financial Transaction Tax 07/05/2014

Press Release EU Commissioner Šemeta visits China, Hong Kong and Macau to discuss customs cooperation, trade facilitation, and tackling tax evasion

9. Publicações

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