Nova Diretriz Da PMMG

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  • COMANDO - GERAL

    DIRETRIZ PARA A PRODUO DE SERVIOS DE SEGURANA PBLICA N 3.01.06/2011 - CG

    Maro/2011

    REGULA A APLICAO DA FILOSOFIA DE POLCIA

    COMUNITRIA PELA POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

  • GOVERNADOR DO ESTADO

    ANTONIO AUGUSTO JUNHO ANASTASIA

    SECRETRIO DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL

    LAFAYETTE LUIZ DOORGAL DE ANDRADA

    COMANDANTE-GERAL DA PMMG

    CEL PM RENATO VIEIRA DE SOUZA

    CHEFE DO ESTADO-MAIOR

    CEL PM MRCIO MARTINS SANTANA

    SUPERVISO TCNICA

    Cel PM Eduardo de Oliveira Chiari Campolina

    Diretor de Apoio Operacional

    Ten Cel PM Armando Leonardo L.A. F. da Silva

    Chefe da Seo de Emprego Operacional da PMMG

    REDAO

    Maj. PM Alexandre Nocelli

    Maj. PM Cludio Jos Dias

    Maj PM Edgard Antonio de Souza

    Cap. PM Alexandre Magno de Oliveira

    Cap. PM Vanderlan Hudson Rolim

    1 Ten. PM Marcelo Ribeiro Vilas Boas

    2 Ten. PM Ricardo Pereira de Arajo Gomes

    REVISO DOUTRINRIA E EQUIPE DE APOIO

    Cap PM Edivaldo Onofre Salazar

    2 Sgt PM Ariclio Santos

    2 Sgt PM Luiz Henrique de Moraes Firmino

    REVISO FINAL

    Maj. PM Alexandre Nocelli

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    Direitos exclusivos da Polcia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG)

    Reproduo proibida circulao restrita.

    POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS. Diretriz para a Produo de Servios de Segurana Pblica n 3.01.06/2011 - CG Regula a Aplicao da Filosofia de Polcia Comunitria pela Polcia Militar de Minas Gerias. Belo Horizonte: Seo de Emprego Operacional EMPM/3, 2011. XX.; Il.

    1. Polcia Comunitria-Filosofia. 2. Comunidade-organizao.

    I. Ttulo.

    CDU 355.43

    ADMINISTRAO

    Estado-Maior da Polcia Militar

    Quartel do Comando-Geral da PMMG

    Cidade Administrativa/Edifcio Minas, Rodovia Prefeito Amrico Gianetti, s/n 6 Andar - Bairro Serra Verde Belo Horizonte MG Brasil

    CEP 31.630-900

    Telefone: (31) 3915-7806.

    SUPORTE METODOLGICO E TCNICO

    Seo de Planejamento do Emprego Operacional (EMPM/3)

    Quartel do Comando-Geral da PMMG

    Cidade Administrativa/Edifcio Minas, Rodovia Prefeito Amrico Gianetti, s/n 6 Andar - Bairro Serra Verde Belo Horizonte MG Brasil

    CEP 31.630-900

    Telefone: (31) 3915-7799.

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    DIRETRIZ PARA A PRESTAO DE SERVIOS DE SEGURANA PBLICA N 3.01.06/2011-CG

    Elaborada a partir:

    do princpio constitucional da eficincia, regente dos atos da Administrao Pblica, contido no art. 37, caput, da Constituio Federal, e art. 13, caput, da Constituio do Estado de Minas Gerais;

    das competncias atribudas Polcia Militar de Minas Gerais pela Constituio Estadual;

    da estratgia de longo prazo do Governo do Estado contida no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), de melhorar a segurana pblica e o sentimento de segurana dos mineiros;

    dos eixos essenciais da segurana pblica, definidos pela SENASP/MJ em 2003: a reorganizao institucional dos rgos de segurana pblica e sua integrao sistmica; a formao e valorizao de seus profissionais; o aperfeioamento das prticas de produo e gesto do conhecimento; o desenvolvimento de aes preventivas planejadas e focalizadas e o desenvolvimento de polticas de reduo da violncia especificamente voltadas para o enfrentamento de problemas e situaes estratgicos;

    do pressuposto bsico da gesto operacional orientada por resultados, contido na Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG (DGEOp);

    do pressuposto bsico de polcia comunitria, contido na Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG (DGEOp);

    do conceito de governo preventivo, relacionado na Diretriz para a Produo de Servios de Segurana Pblica (DPSSP) n 06/2003-CG, que dispe sobre o papel do administrador da polcia ostensiva de preservao da ordem pblica, sob os efeitos sociais, polticos e econmicos da nova ordem mundial (globalizao);

    dos objetivos estratgicos da PMMG no tocante a reduo da violncia, da criminalidade, da desordem e da sensao de insegurana, em reas urbanas, rurais e em rodovias, orientados pelo atendimento qualificado s necessidades do cidado e da sociedade mineira, com nfase na preveno criminal, garantia das liberdades e direitos fundamentais;

    das polticas institucionais de operaes da PMMG com nfase na preveno ocorrncia do delito, de acompanhamento da mutabilidade e mobilidade do crime, como instrumento de percepo das demandas operacionais, e de apoio e incentivo mobilizao, organizao e participao comunitrias, nas questes locais afetas ao conceito de operaes das unidades operacionais;

    da Estratgia 8.3.4 do Plano Estratgico PMMG, 2009-2011, Consolidar a filosofia de polcia comunitria como servio de policiamento de preveno criminal e de mobilizao da comunidade para a soluo de problemas na municipalidade.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    QUADRO N 1 CARACTERSTICAS DAS ERAS DO POLICIAMENTO..................................................12

    QUADRO N 2 DIFERENAS ENTRE POLCIA TRADICONAL E POLICIA COMUNITRIA..........23

    QUADRO N 3 (2.2: DIAGRAMA-CLASSIFICAO DOS PROBLEMAS) ............................................. 33

    QUADRO N 4 (2.3: MANEIRA DE LIDAR COM O PROBLEMA POLICIAL).......................................36

    QUADRO N 5 (2.4 DIAGRAMA 5W2H OU 4Q1POC)..................................................................................36

    QUADRO N 6 (2.5 PLANO DE AO DE POLICIAMENTO)....................................................................37

    QUADRO N 7 (2.6 AVALIAO QUANTITATIVA DO PLANO DE AO DE POLICIAMENTO)..38

    QUADRO N 8 (3.4 CARACTERSTICAS DOS INDICADORES DE QUALIDADE)...............................41

    QUADRO N 9 (4.1 CLASSIFICAO E ANLISE DOS INDICADORES PARA AVALIAO DO

    POLICIAMENTO COMUNITRIO)................................................................................................................42

    FIGURA N 1 EVOLUO HISTRICA: ERAS DO POLICIAMENTO X ORIGEM ESTATGIA.... 14

    FIGURA N 2 DILATAO DAS ESTRATGIAS NO CAMPO DE ATUAO.....................................18

    FIGURA N 3 MTODO IARA NO POLICIAMENTO ORIENTADO PARA O PROBLEMA................30

    FIGURA N 4 DIAGRAMA FONTES DE DADOS PARA IDENTIFICAR O PROBLEMA......................32

    FIGURA N 5 (2.6 TRINGULO DE ANLISE DO PROBLEMA TAB).....................................................34

    FIGURA N 6 (2.7 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO)...............................................................................35

    FIGURA N 7 (3.4 NVEIS DE GESTO DE QUALIDADE E INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTA

    O)...................................................................................................................................................................... 39

    FIGURA N 8 (A FORMAO DOS INDICADORES DE QUALIDADE)...................................................43

    FIGURA N 9 (3.7 TIPOS DE INDICADORES DE QUALIDADE E OBJETIVOS NA MEDIAO).....43

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    4Q1POC

    5W2H

    O Que? Quando? Quem? Quanto? Por qu? Onde? Como?

    Acrnimo em ingls para as palavras What? Who? When? Where? Why? How? How Much?

    BC Base Comunitria

    BCM

    CAD

    Base Comunitria Mvel

    Controle de Atendimento e Despacho

    CG Comando-Geral

    Ch Chefe

    Cia PM Companhia de Polcia Militar

    CICOp Centro Integrado de Comunicaes Operacionais

    Cmt

    CMAD

    CMDCA

    CMDI

    CMDM

    CODEMA

    Comandante

    Conselho Municipal Antidrogas

    Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente

    Conselho Municipal dos Direitos do Idoso

    Conselho Municipal dos Direitos da Mulher

    Conselho Municipal do Desenvolvimento Ambiental

    CONSEP Conselho Comunitrio de Segurana Pblica

    COPOM Centro de Operaes Polciais Militares

    CPCia Coordenador do Policiamento de Companhia

    DAOp

    DMAT

    Diretoria de Apoio Operacional

    Diretoria de Meio Ambiente e Trnsito

    DPO Diretriz de Planejamento Operacional

    DPSSP Diretriz para Produo de Servio de Segurana Pblica

    EMPM

    EUA

    GEACAR

    GEPAR

    IAPE

    Estado-Maior da Polcia Militar

    Estados Unidos da Amrica

    Grupo Especializado no Atendimento Criana e Adolescente em Situao de Risco

    Grupo Especializado em reas de Risco

    Indicador de Aes Preventivas nas Escolas

    IARA

    IBGE

    Identificar, Analisar, Responder e Avaliar

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

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    ISPA

    JCC

    Indicador de Servio de Preveno Ativa

    Jovens Construindo a Cidadania

    JICA

    IAPE

    ICM

    IMS

    ISPA

    Japan Internation Cooperation Agency

    Indicador de Aes Preventivas nas Escolas

    ndice de Cumprimento de Meta

    ndice de Mobilizao Social

    Indicador de Servio de Preveno Ativa

    ONG Organizao No Governamental

    PE

    PMMG

    Ponto de Estacionamento

    Polcia Militar de Minas Gerais

    POV Posto de Observao e Vigilncia

    POP Policiamento Orientado para o Problema

    PPC

    PPMAmb

    Posto de Policiamento Comunitrio

    Patrulha de Preveno a Degradao do Meio Ambiente

    PPO

    PROERD

    Posto de Policiamento Ostensivo

    Programa Nacional de Resistncia as Drogas e a Violncia

    PRONASCI Programa Nacional de Segurana com Cidadania

    ReCoD

    REDS

    Relatrio de Constatao de Desordem Fsica ou Moral

    Registro de Evento de Defesa Social

    RPM

    SARA

    Regio de Polcia Militar

    Scanning, Analysis, Response, Assessment

    SCI Sistema de Comando de Incidentes

    SENASP

    SIDS

    Secretaria Nacional de Segurana Pblica

    Sistema Integrado de Defesa Social

    SOFI Seo de Oramento e Finanas

    SOU Sala de Operaes da Unidade

    Subcmt

    TAP

    UEOp

    Subcomandante

    Tringulo para Anlise do Problema

    Unidade de Execuo Operacional

    UDI Unidade de Direo Intermediria

    ZQC Zona Quente de Criminalidade

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    SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................................................................10

    2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................11

    2.1 GERAL ......................................................................................................................................11 2.2 ESPECFICOS .............................................................................................................................11

    3 CONTEXTUALIZAO ............................................................................................................11

    3.1 ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO .............................................................................11 3.2 ESTRATGIAS INSTITUCIONAIS, O QUE ELAS REPRESENTAM? ..............................14 3.3 ESTRATGIAS DE POLICIAMENTO: DO POLICIAMENTO PROFISSIONAL AO POLICIAMENTO COMUNITRIO .................................................................................................15

    3.3.1 Policiamento profissional .................................................................................................15 3.3.2 Policiamento estratgico ..................................................................................................15 3.3.3 Policiamento orientado para o problema ........................................................................16 3.3.4 Polcia comunitria ..........................................................................................................17

    4 POLCIA COMUNITRIA: CONCEITOS E PRINCPIOS (ANALISADOS) ....................18

    4.1 CONCEITO ................................................................................................................................18 4. 2 OS PRINCPIOS DA POLCIA COMUNITRIA .............................................................................20

    5 COMPARAES ENTRE POLCIA TRADICIONAL E POLCIA COMUNITRIA ......23

    6 POLICIAMENTO COMUNITRIO .........................................................................................25

    6.1 BASE COMUNITRIA ................................................................................................................25 6.2 BASE COMUNITRIA MVEL ...................................................................................................26 6.3 GEACAR .................................................................................................................................26 6.4 GEPAR ....................................................................................................................................26 6.5 JCC ..........................................................................................................................................26 6.6 PATRULHA RURAL ...................................................................................................................26 6.7 PATRULHA DE PREVENO DEGRADAO DO MEIO AMBIENTE (PPMAMB) .....................27 6.8 PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTNCIA S DROGAS E VIOLNCIA (PROERD) .............27 6.9 REDE DE VIZINHOS PROTEGIDOS ...................................................................................27

    7 TEORIA DA PREVENO AO CRIME ..................................................................................28

    8 METODOLOGIAS DE SOLUO DE PROBLEMAS ...........................................................29

    8.1 POLICIAMENTO ORIENTADO PARA O PROBLEMA .....................................................................29 8.2 IDENTIFICAO 1 FASE .......................................................................................................31 8.3 ANLISE 2 FASE ..................................................................................................................33 8.4 RESPOSTA - 3 FASE .................................................................................................................35 8.5 AVALIAO - 4 FASE .............................................................................................................37

    9 GESTO DA QUALIDADE ........................................................................................................39

    9.1 AVALIAO DA QUALIDADE ....................................................................................................40 9.2 INDICADORES DE QUALIDADE (PROCESSO, DESEMPENHO E QUALIDADE PROPRIAMENTE DITO) NO POLICIAMENTO COMUNITRIO ............................................................................................40 9.3 EXEMPLOS DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA O POLICIAMENTO COMUNITRIO NA PMMG ................................................................................................................................................44

    9.3.1 Indicador de Servio de Preveno Ativa (ISPA) ............................................................44 9.3.2 Indicador de Aes Preventivas nas Escolas (IAPE) .......................................................45 9.3.3 Indicador de Mobilizao Social (IMS) ...........................................................................45

    10 CONSIDERAES FINAIS....................................................................................................46

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    ANEXO A (CONCEITOS BSICOS) DPSSP N 3.01.06/11- CG...........................................47

    ANEXO B (PROCEDIMENTOS DE OPERACIONALIZAO DA POLCIA COMUNITRIA) DPSSP N 3.01.06/2011 - CG ...........................................................................50

    ANEXO C (QUESTIONRIOS DE IMPLANTAO DA POLCIA COMUNITRIA) DPSSP N 3.01.06/2011 CG ..............................................................................................................57

    ANEXO D (MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO POLICIAL COMUNITRIO) DPSSP N 3.01.06/2011 - CG ............................................................................................................................65

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...............................................................................................81

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    DIRETRIZ PARA A PRODUO DE SERVIOS DE SEGURANA PBLICA N 3.01.06/2011-CG

    Regula a aplicao da filosofia de Polcia Comunitria pela Polcia Militar de Minas Gerias.

    1 INTRODUO

    Para alcanar seus objetivos institucionais, fundamentados na atual Administrao Pblica Gerencial, a PMMG busca, por meio de decises, aes e operaes orientadas por resultado, servir e proteger os cidados e a sociedade, bem como, garantir a segurana dos bens pblicos e privados, prevenir e coibir os ilcitos penais e as infraes administrativas.

    Alm disso, a Polcia Militar de Minas Gerais (PMMG) tem como principais linhas de ao: nfase nas pessoas, liderana participativa, inovao na soluo de problemas, foco na sociedade e no cidado, polcia orientada para a soluo de problemas e melhoria contnua da qualidade de vida das comunidades.

    Nesse sentido, a filosofia da Polcia Comunitria tem se firmado, tema central da presente Diretriz, cuja estratgia bsica melhorar a qualidade da gesto operacional da PMMG, com nfase nas metodologias de mobilizao social, resoluo de problemas, integrao, parceria e conscientizao comunitria no que diz respeito soluo de problemas de segurana pblica e anlise dos fatores intervenientes para a sua execuo.

    Ainda convm lembrar, que a filosofia de Polcia Comunitria representa progresso, inovao e mudanas fundamentais na estrutura e na administrao das organizaes policiais, gera segurana pblica, diminui as taxas de criminalidade, reduz o medo do crime, faz o pblico se sentir menos desamparado, refaz a conexo da polcia com a sociedade e reconhece que esta no pode ter sucesso em atingir seus objetivos bsicos sem o apoio, tanto operacional quanto poltico, da sua prpria comunidade.

    Trata-se, portando, de uma polcia moderna, proativa, que estabelece laos da confiana, do respeito aos Direitos Humanos, da Democracia, da Idoneidade, da tica e Conscincia Policial to indispensvel a qualquer pessoa, profissional, grupo ou Instituio.

    Sendo assim, a atual Diretriz vem estabelecer novos princpios direcionadores para a implantao, implementao e institucionalizao da filosofia de Polcia Comunitria pela Polcia Militar de Minas Gerais, atravs do policiamento comunitrio na consecuo dos objetivos e metas estabelecidas para o alcance das chances de sucesso na arte de fazer uma polcia moderna, mais eficiente, cientfica e sustentada pelos pilares da parceria da governana e polcia democrtica-comunitria-humanitria, promotora dos direitos humanos na busca da (re) soluo conjunta dos problemas comunitrios e da segurana pblica.

  • 11

    2 OBJETIVOS

    2.1 Geral

    Sedimentar a Filosofia de Polcia Comunitria, alinhada a misso, viso e valores da PMMG, com nfase na preveno situacional da violncia, do crime, da criminalidade e na resoluo de problemas.

    2.2 Especficos

    2.2.1 Orientar aos integrantes da PMMG, nos diversos nveis, quanto ao conceito, parmetros e as aes necessrias para a consolidao da filosofia de polcia comunitria;

    2.2.2 Interagir com rgos pblicos e privados, em mbito Internacional, Nacional, Estadual e Municipal;

    2.2.3 Investir de autoridade decisria, de fato e de direito, dos profissionais de segurana pblica que atuam em interface direta com a comunidade;

    2.2.4 Referenciar a produo doutrinria a cerca da implantao dos servios do policiamento comunitrio.

    3 CONTEXTUALIZAO

    Parece complexo compreender o que polcia comunitria, embora, essencialmente, esta filosofia represente apenas uma estratgia organizacional. Compreender este conceito mais fcil quando primeiramente analisamos a histria da evoluo social das instituies policiais. Assim, como forma de melhor compreenso desta histria e consequente surgimento da filosofia de polcia comunitria ser apresentado um breve relato sobre os perodos pelo qual o policiamento moderno passou at que chegasse a este novo conceito de estratgia organizacional. Tambm, muito importante, entender o que representa uma estratgia organizacional e quais so seus objetivos e o porqu dela existir.

    De forma institucionalizada, a implantao da filosofia de polcia comunitria na PMMG iniciou-se na dcada de 90 com a elaborao da Diretriz de Planejamento Operacional (DPO) 3008/93 e ainda muito nova se comparada com a histria bicentenria da instituio. Como toda mudana, enfrenta muita resistncia interna e tambm na prpria comunidade. Como fator agravante desta resistncia destaca-se as constantes interpretaes equivocadas desta filosofia de polcia e a falta de conhecimento de sua origem e real objetivo.

    3.1 ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO

    Para compreender o surgimento do policiamento moderno, hoje executado pelas instituies policiais no Brasil, necessrio relembrar a histria de como surgiu o policiamento moderno nos Estados Unidos, que muito nos influenciou com a sua cultura e estilo administrativo.

    Historicamente, o policiamento nos EUA foi dividido em trs perodos fundamentais, denominados eras. O 1 perodo, era poltica, foi caracterizado

  • 12

    por um policiamento que desempenhava diversas funes sociais e sem profissionalizao. O 2 perodo, Era da Reforma ou Profissional, foi o momento em que surgiram as Academias de Polcia com o objetivo de formar profissionais com foco no combate ao crime, e 3 Perodo, Era de resoluo de problemas da comunidade, orienta-se na construo de um relacionamento de cooperao entre a polcia e a sociedade. Este ltimo tem como base a participao dos agentes comunitrios.

    A seguir apresentado um quadro com as principais caractersticas destas trs eras:

    QUADRO 1 - Caractersticas das Eras do Policiamento

    Fonte adaptada de: KELLING, George L.; MOORE, Mark Harrinson. A evoluo da estratgia de policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polcia, n. 10. Rio de Janeiro: Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993.

    MOORE, Mark Harrinson; Trojanowicz, Robert C... Estratgias Institucionais para o Policiamento.

    DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitrio e Controle sobre a Polcia: A Experincia Norte-Americana. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

    A era poltica foi caracterizada pelo sistema de aplicao da lei, com funcionrios dedicados em tempo integral ao patrulhamento contnuo visando preveno do crime. Neste contexto, a polcia desenvolve um servio social amplo, pois no est bem definida sua funo social. Certamente suas aes eram muito influenciadas pelas instituies poltico-partidrias locais, o que gera uma enorme flexibilidade na atuao do policial. Destaca-se que a principal ttica de policiamento o deslocamento a p ou a cavalo, o que possibilita um maior contato com as pessoas.

  • 13

    As maiores crticas era poltica foram violncia e a corrupo policial. Outro grave problema era a forma de ingresso na carreira, resumida a uma oportunidade de emprego para protegidos polticos. Os nicos requisitos necessrios para a indicao de um policial eram a influncias poltica e a fora fsica. No havia necessidade de treinamento preliminar. Os policiais eram considerados suficientemente preparados para o exerccio de suas funes se portassem um revlver, cassetete, algemas e vestissem um uniforme. Tratava-se de uma era de incivilidade, ignorncia, brutalidade e corrupo.

    Baseando-se nestas contradies vrias crticas surgiram, principalmente dentro da prpria polcia. Para aprimorar este servio os defensores das reformas defendiam a incorporao dos mtodos gerenciais e operacionais da iniciativa privada, o objetivo era criar um departamento policial perfeito afora comumente chamado de modelo profissional. Portanto, havia um consenso que era preciso blindar a polcia de interferncias da poltica externa, centralizar as estruturas internas de comando e controle, delimitar a funo do policial para prender os infratores da lei e formar o profissional de polcia.

    Este modelo profissional d nfase eficincia operacional, conquistada a partir de um controle centralizado, linhas ntidas de organizao, melhor e mais efetiva utilizao dos agentes policiais, maior mobilidade, intensificao dos treinamentos e crescente uso de equipamentos e tecnologia.

    Com a reforma surge um novo policiamento onde o policial tem um mandato fixo, estabilidade e autonomia no emprego.

    As caractersticas desta era policial so um servio profissional, distante da comunidade, focado no combate repressivo do crime e que utiliza principalmente o automvel e o telefone para implementar o radiopatrulhamento. inegvel que surge uma mquina burocrtica eficiente e um corpo profissional treinado com as melhores tecnologias para o momento, mas os policiais no conseguem ainda identificar os problemas cotidianos dos cidados.

    As atuais reformas na rea policial esto fundadas na premissa de que deve haver uma relao slida e consistente entre a polcia e a sociedade para que ocorra eficcia na poltica de preveno criminal e na produo de segurana pblica. Assim, o policiamento comunitrio fomenta um ambiente organizacional e cultural voltado ao alinhamento da conduta policial s caractersticas locais.

    As eras do policiamento moderno americano so apresentadas para uma anlise temporal. Nesta sntese possvel perceber quais so as principais caractersticas de cada perodo e como ocorreu esta transformao que influenciou as principais estratgias de policiamento que surgiram na Era da Reforma e na Era de Soluo de Problemas com a Comunidade. Deve-se ter o cuidado para no simplificar a anlise de uma era policial somente em algumas caractersticas, sob o risco de distorcer todo um contexto histrico-social. Uma caracterstica, total ou parcial, de um perodo pode repetir em outro, por exemplo: o relacionamento ntimo entre a polcia e a comunidade, presente na era poltica e na era da comunidade.

    Tambm importante destacar que estas so caractersticas comuns entre a maioria dos rgos policiais naquele perodo, portanto, as datas so parmetros. Por exemplo, segundo Goldstein (2003), as caractersticas da era poltica permaneceram em alguns rgos policiais at 1965.

  • 14

    3.2 ESTRATGIAS INSTITUCIONAIS, O QUE ELAS REPRESENTAM?

    Definir uma estratgia organizacional ajuda a instituio, os seus funcionrios e os seus executivos a produzirem com maior eficincia e qualidade. Uma estratgia institucional explcita diz s pessoas de fora, que investe na instituio, o qu a organizao pretende fazer e de que maneira pretende faz-lo? Ela explica para os funcionrios o que considerado como contribuio importante para a instituio; auxilia os gerentes a manter dentro de um foco consistente todo o material que lhes chega; direciona ateno desses gerentes para aqueles poucos programas, atividades e investimentos que so crticos para implantao da estratgia proposta.

    Para qualquer instituio, existem numerosas estratgias. O desenvolvimento de uma estratgia institucional uma questo complexa. Entretanto, muitas vezes, estratgias institucionais complexas podem ser descritas em frases ou slogans relativamente simples. Voltando a ateno para o policiamento, pode-se dizer que a estratgia direciona, entre outros tpicos, os objetivos da polcia, seu foco de atuao, a orientao de como se relacionar com a comunidade e as principais tticas a serem utilizadas.

    importante destacar que a segurana pblica acumulou experincias policiais diversas na tentativa de atingir seus objetivos organizacionais, estabelecer seu profissionalismo e, em alguns locais, alcanar legitimao na prpria comunidade. Para Goldstein (2003) no um hbito registrar estas estratgias no meio acadmico e principalmente discuti-las nos rgo policiais. Para correlacionar a origem das estratgias de policiamento com as respectivas eras de policiamento recorre-se a seguinte evoluo histrica, apresentada por Kelling e Moore (1993), ilustrada na figura a seguir:

    FIGURA 1 Evoluo Histrica: eras do policiamento x origens das estratgias

    Fonte adaptada de: KELLING, George L.; MOORE, Mark Harrinson. A evoluo da estratgia de policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polcia, n. 10. Rio de Janeiro: Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993.

    MOORE, Mark Harrinson; Trojanowicz, Robert C. Estratgias Institucionais para o Policiamento. Cadernos de Polcia, n. 10. Rio de Janeiro: Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993.

    DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitrio e Controle sobre a Polcia: A Experincia Norte-Americana. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

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    3.3 ESTRATGIAS DE POLICIAMENTO: DO POLICIAMENTO PROFISSIONAL AO POLICIAMENTO COMUNITRIO

    3.3.1 Policiamento profissional

    A estratgia de policiamento que orientou mundialmente o policiamento moderno a partir de 1930, e at hoje direciona a grande maioria das instituies policiais, o policiamento profissional. tambm denominado como policiamento tradicional ou de combate profissional do crime. Ela foi concebida num contexto histrico que buscava dirimir os conflitos urbanos que eclodiam, diante da ausncia de estratgias policiais eficientes na Era Poltica (1830-1930).

    Ela tem como principal caracterstica foco direto sobre o controle do crime. Portanto, aumenta-se o status e autonomia dos rgos policias. Para isto a instituio policial se organiza em unidades centralizadas, com profissionais que tm o aporte de oramento pblico para pessoal, logstica, tecnologia e treinamento. O objetivo da estratgia de combate profissional do crime criar uma fora de combate do tipo militar, disciplinada e tecnicamente sofisticada; que no pratique a truculncia no seu cotidiano. As principais tecnologias operacionais dessa estratgia incluem a utilizao de patrulhas motorizadas (de preferncia automveis), suplementadas com rdio, atuando de modo a criar uma sensao de onipresena e respondendo rapidamente aos chamados, principalmente aqueles originados na rede de rdio via tele-atendimentos das centrais de comunicaes policiais.

    As contradies e inconsistncias da estratgia profissional foram revelando-se ao longo do tempo, ou mesmo resultantes do seu prprio estilo. O carter reativo da ttica policial, de atuar somente quando acionada, falha na preveno criminal, pois no consegue identificar os problemas nas suas causas. Outra limitao o grande isolamento entre a polcia e a comunidade, tornando-a inacessvel para as demandas polticas inerentes ao contexto democrtico. Na verdade, o distanciamento incentivado pelos altos escales, pois quem entende de polcia a prpria polcia. O isolamento policial, o estilo impessoal e a prpria burocracia centralizada uma tentativa institucional de evitar a corrupo, a truculncia e principalmente limitar a discricionariedade do exerccio policial.

    Todas estas caractersticas alimentam uma estratgia de policiamento menos eficiente na preveno criminal, no combate da criminalidade e na preservao da ordem pblica.

    3.3.2 Policiamento estratgico

    O policiamento estratgico tenta resolver os pontos fracos do policiamento profissional no combate ao crime, acrescentando reflexo e energia. Segundo Souza (2003), essa estratgia representou um novo esforo das instituies policiais na definio de um escopo competitivo para as suas aes, direcionando-as para determinados tipos de delitos. Desta forma, enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes que no esto bem controlados pelo modelo tradicional.

    O objetivo bsico da polcia permanece o mesmo que o controle efetivo do crime. O estilo administrativo continua centralizado. Atravs de pesquisas e estudos a patrulha nas ruas direcionada, melhorando a forma de emprego. O policiamento estratgico reconhece que a comunidade pode ser um importante instrumento de auxlio para a polcia. Recebem nfase os crimes praticados por delinquentes

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    individuais ou associaes criminosas sofisticadas, que geram grande repercusso devido ao grau elevado de violncia ou ao mtodo intricado, por exemplo: crimes de homicdio em srie, terrorismo, narcotrfico, pedofilia, xenofobia, homofobia, descaminho ou contrabando, entre outros.

    Esta estratgia de policiamento carece de uma alta capacidade investigativa, por isso incrementou unidades especializadas de investigao. Entretanto, o policiamento estratgico trouxe poucas melhorias preveno dos delitos comuns dos bairros e ruas, apesar de haver introduzido a ttica do lanamento das patrulhas direcionadas.

    O policiamento estratgico demonstra um aprimoramento da ao policial na preveno, no enfrentamento e na conteno do crime, superando-se as bases do policiamento tradicional. As tecnologias disponveis so direcionadas e utilizadas como importantes instrumentos de investigao cientfica, aumentando a independncia e diminuindo a influncia da poltica local, estabelecendo-se laos com outras agncias policiais e com o poder judicirio, principalmente atuando com patrulhas de represso qualificada.

    3.3.3 Policiamento orientado para o problema

    O policiamento para resoluo de problemas, tambm conhecido como policiamento orientado para o problema (POP) uma estratgia que tem como objetivo principal melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexo e preveno criminal. O POP foi detalhado por Goldstein em 1979 com a seguinte definio [...] a resoluo de problemas constitua o verdadeiro propsito do policiamento e propugnava por uma polcia que identificasse e buscasse as causas dos problemas subjacentes s repetidas chamadas policiais (CERQUEIRA, 2001). Desta forma, Goldstein busca atravs de um estudo metodolgico, demonstrar que a polcia deve agir nas causas e no apenas nos efeitos.

    O POP pressupe que os crimes podem estar sendo causados por problemas especficos e talvez contnuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser minimizado, ou at mesmo extinto, atravs de aes preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pblica. Essa estratgia determina o aumento das tarefas da polcia ao reagir contra o crime na sua causa, muito alm do patrulhamento preventivo, investigao ou aes repressivas.

    O policiamento orientado para o problema sustenta que o comportamento individual resultado da interao entre o indivduo e o ambiente. Assim, assegura que a oportunidade pode ser considerada a principal causa do crime. Embora a teoria das oportunidades venha sendo frequentemente utilizada para estudo das causas do crime, sua aplicao tem sido maior nos crimes contra o patrimnio. Entretanto, por sua versatilidade, pode ser tambm utilizada para o entendimento de todos os tipos de crimes, inclusive os crimes contra a pessoa. A teoria pode ser resumida considerando que a ocorrncia de um crime depende de que os fatores tempo e espao convirjam nos seguintes elementos: um agressor motivado (1), um alvo adequado e disponvel (2) e a ausncia de um guardio que impea a ocorrncia do crime (3). (CLARKE; FELSON, 1998; MOREIRA, 2005).

    Essa estratgia de policiamento implica em mudanas estruturais da polcia, aumentando a discricionariedade do policial, aumento de sua capacidade de deciso, iniciativa e de resoluo de problemas. O POP desafia a polcia a lidar com

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    a desordem e situaes que causem medo, visando um maior controle do crime. Os meios utilizados so diferentes dos anteriores e inclui um diagnstico das causas subjacentes do crime, a mobilizao da comunidade e de instituies governamentais e no-governamentais. Encoraja uma descentralizao geogrfica e a existncia de policiais generalistas e capacitados.

    A soluo de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular pode contribuir para a reduo, ou soluo, dos crimes, melhorar a sensao de segurana e at mesmo diminuir a desordem fsica e moral vivenciada nos bairros. Solucionar problemas no policiamento no novidade, a diferena que o policiamento orientado para o problema apresenta um mtodo analtico que mais a frente ser analisado.

    3.3.4 Polcia comunitria

    A polcia comunitria o final de um movimento contnuo de reformas operacionais, que comearam nos anos 60 com o team policing (policiamento de grupo) e o neighborhood watch (vigilantes de bairro). A premissa que a polcia no pode lidar sozinha com o problema do crime. Para construo de uma estratgia de polcia comunitria devem ser buscados como objetivos: parceria, fortalecimento, soluo de problemas, prestao de contas e orientao para o cliente. A polcia deve trabalhar em parceria com a comunidade, com o governo, outras agncias de servio e com o sistema de justia criminal. A palavra de ordem deve ser: Como podemos trabalhar juntos para resolver este problema? Portanto, as lideranas da comunidade devem estar envolvidas em todas as fases do planejamento do policiamento comunitrio.

    Basicamente, existem dois tipos de fortalecimento os dos policiais e o da prpria comunidade. O policiamento comunitrio valoriza a capacidade dos cidados em participar das decises sobre o policiamento e de outras agncias de servio para prover maior impacto nos problemas de segurana. Poder de deciso, criatividade e inovao so atitudes que devem ser encorajadas em todos os nveis da polcia. uma estratgia que representa um renascimento da abordagem do policiamento pela soluo de problemas. A meta da soluo de problemas realar a participao da comunidade atravs de abordagens para reduzir as taxas de ocorrncias e o medo do crime com planejamentos a curto, mdio e longo prazo.

    A polcia comunitria como estratgia institucional muda os fins, os meios, o estilo administrativo e o relacionamento da polcia com a comunidade. O objetivo para alm do combate ao crime, pois permite a incluso da reduo do medo do crime, da manuteno da ordem e de alguns tipos de servios sociais de emergncia. Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resoluo de problemas (mtodo IARA). O estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de policiais especialistas para generalistas.. O papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a polcia, para participante do controle do crime e na criao de comunidades ordeiras. Nas prximas sees esta estratgia ser mais explorada e detalhada.

    As estratgias de policiamento, apesar de terem caractersticas distintas, no so concorrentes, elas tm um sentido de complementao ao longo do tempo. Cada estratgia um trabalho desenvolvido para o seu contexto histrico e busca suprir uma lacuna que ainda no era abordada ou desenvolvida na tarefa policial da estratgia anterior, conforme ilustra a figura adiante:

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    FIGURA 2 Dilatao das Estratgias no Campo de Atuao

    Fonte: MOORE, Mark H.; TROJANOWICZ, Robert C..Estratgias Institucionais para o Policiamento. Trad. Mina Seinfeld de Carakushansky. Publicao do Instituto Nacional de Justia, do Departamento Nacional de Justia e do Programa de Polticas em Justia Criminal e Administrao. Escola de Governo John F. Kennedy, Universidade de Harward. Novembro de 1988 N 6.

    As caractersticas isoladas de cada estratgia de policiamento (comunitrio, orientado para o problema, estratgico e profissional), so por si s, insuficientes para promover a segurana pblica. Todos esses modelos dependem da capacidade de enxergar por trs da superfcie de um problema, simples ou complexo. Desta forma, importante haver um equilbrio entre as tticas policiais reativas e preventivas, isto , qualquer estratgia de policiamento deve estar alinhada com uma poltica de segurana que contemple o combate profissional contra o crime e ter a capacidade de envolver a comunidade na soluo dos problemas rotineiros da comunidade local.

    4 POLCIA COMUNITRIA: CONCEITOS E PRINCPIOS (ANALISADOS)

    4.1 Conceito

    De acordo com Robert Pell1, cidado ingls aceito como o autor das bases para a estruturao da polcia moderna em 1829, a polcia o povo e o povo a polcia. Tal definio leva compreenso de que uma pessoa que faz parte de um

    1 Sir Robert Peel foi primeiro-ministro britnico de 1834 a 1835 e novamente de 1841 a 1846. mais conhecido

    pela criao do Departamento Policial de Londres quanto ele ocupava a funo de "Home Secretary", dando

    origem a alcunha de "Bobbies" para os policiais londrinos.

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    organismo policial , antes de tudo, um integrante do povo, ou seja, quem faz parte da polcia no deixa de ser povo.

    Dessa forma, torna-se necessrio entender que Polcia Comunitria um termo que se refere exatamente atividade policial por excelncia, cujos objetivos se dirigem comunidade. Conforme Rosembaum (2002) e Skolnick e Bayley (2002) o termo polcia comunitria representa um marco na mudana da forma de fazer polcia na sociedade contempornea, e no somente isso, mas um retorno quilo que sempre deveria ter sido a atividade de polcia.

    Segundo Cerqueira (2001), no existe um conceito exclusivo de polcia comunitria no Brasil, embora o mais presente entre as instituies policiais o seguinte:

    Para a compreenso deste conceito de Polcia Comunitria, ser necessria ainda uma anlise de seus componentes:

    a) Filosofia

    Pode ser definida como o estudo geral sobre a natureza das coisas e suas relaes entre si, ou ainda, como uma forma de compreender e pensar sobre determinado assunto.

    b) Estratgia

    a arte de usar os meios disponveis ou as condies que se apresentam para atingir determinados objetivos, ou tambm, forma de fazer, de utilizar recursos para atingir certa finalidade.

    c) Organizacional

    Da organizao, no caso especfico, da Polcia Militar, no entanto, como visto acima, pode se aplicar a qualquer estrutura que possua uma funo policial, de fiscalizao ou de atendimento comunidade.

    d) Parceria

    a reunio de uma ou mais pessoas para um fim de interesse comum, ou ao de mais de um ator para alcanar um objetivo comum a todos os atores sociais.

    Polcia Comunitria uma filosofia e uma estratgia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a populao e a polcia. Tal parceria se baseia na premissa de que tanto a polcia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens fsicas e morais, e em geral a decadncia do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da rea. (TROJANOWICZ e BUCQUEROUX, 1994, p.4-5).

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    e) Problema

    Definido basicamente como uma questo levantada para considerao, discusso, deciso ou busca de soluo.

    f) Qualidade de vida

    Conjunto de condies ou situaes que delineiam o viver e o conviver do cidado na comunidade.

    Ainda de acordo com Cerqueira (2001), qualquer organismo com uma funo policial faz parte, na realidade, da sociedade. A estratgia comunitria v o controle e a preveno do crime como resultado da parceria com outras atividades. Isto significa dizer que os recursos do policiamento, articulados com os novos recursos comunitrios, so agora os instrumentos essenciais para a preveno do crime; em outras palavras, os membros da comunidade assumem seu real papel de cidados que atuam junto da polcia para o bem comum.

    Entende-se, assim, que a premissa central da polcia comunitria que o pblico deve exercer um papel mais ativo e coordenado na obteno da segurana. [...] Desse modo, impe-se uma responsabilidade nova para a polcia, ou seja, criar maneiras apropriadas de associar o pblico ao policiamento e manuteno da lei e da ordem [...] (SKOLNICK; BAYLEY, 2002, p.18).

    A filosofia de Polcia Comunitria oferece ento meios para o fortalecimento do processo de empoderamento dos cidados, no sentido de compartilharem entre si e a polcia a tarefa de planejar prticas para enfrentar o crime.

    Conclui-se que a ideia central de Polcia Comunitria reside na possibilidade de propiciar uma aproximao dos profissionais de segurana junto comunidade onde atuam, de modo a dar caracterstica humana ao profissional de polcia, e no apenas um nmero de telefone ou uma instalao fsica referencial. Para isto realiza um amplo trabalho sistemtico, planejado e detalhado.

    Cabe ressaltar tambm que Polcia Comunitria no uma atividade especializada, particularizada, para servir somente a algumas comunidades de cidados ordeiros sem obedecer aos critrios tcnicos ou cientficos. Da mesma forma, Polcia Comunitria tambm no uma troca de favores, nem a comunidade fornecer apoio financeiro ou logstico para uma determinada corporao.

    4. 2 Os Princpios da Polcia Comunitria

    O conceito de Polcia Comunitria inclui mais que o exerccio de novas funes, uma moderna viso da gesto da segurana pblica, segundo a qual a cultura organizacional transformada. Tal viso trazida existncia pelo exerccio concomitante de dez princpios abaixo elencados, conforme propem Trojanowicz, Robert & Bucqueroux, Bonnie (1990) e Mendona (2009):

    a) Filosofia e estratgia organizacional

    Como a filosofia e a estratgia so da organizao, compreende-se que toda a Corporao pensa e age de uma mesma forma: com base na comunidade. No lugar de buscar ideias pr-concebidas, a Polcia deve buscar, junto s comunidades,

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    os anseios e as preocupaes destas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurana, em processos de deciso compartilhados.

    Com base em uma compreenso sistmica da defesa social e da segurana pblica e na gesto compartilhada das polticas pblicas, a Polcia Militar aumenta a sua capacidade de responsabilizao pela segurana pblica e o policial militar passa a atuar como planejador, solucionador de problemas e coordenador de reunies para troca de informaes com a populao.

    Esse exerccio de responsabilidade depende ainda de um estilo de administrao baseado em valores prvia e claramente estabelecidos, fundamentados na responsabilidade social do estado. Da mesma forma, necessrio o estabelecimento de um estilo de processo decisrio fundamentado em estreita parceria dos rgos da segurana pblica com a comunidade, na identificao dos problemas que lhes afetam, na sua discusso compartilhada e na busca de solues conjuntas.

    b) Comprometimento da organizao com a concesso de poder comunidade

    Uma vez compreendido o funcionamento do Estado Democrtico de Direito em funcionamento no Brasil, fica claro que o pas vive numa situao em que as normas que regulam o convvio so definidas pela maioria da populao por meio de representantes eleitos.

    Como a Constituio Federal prev, no art. 144, que a segurana pblica dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, e a prpria Constituio Federal, vontade do povo brasileiro, que define as funes da Polcia Militar, inequvoco o raciocnio de que, na realidade, o povo que outorga autoridade Polcia Militar.

    Logo, dentro da comunidade, os cidados tm o direito e a responsabilidade de participarem, como plenos parceiros da polcia, na identificao, priorizao e soluo dos problemas afetos mesma comunidade.

    c) Policiamento descentralizado e personalizado

    Para que a Polcia Comunitria exista e funcione adequadamente, fundamental uma descentralizao da estrutura dos rgos de segurana pblica, de forma a possibilitar a integrao e interao entre eles e a comunidade.

    necessrio ainda um policial plenamente envolvido com a comunidade, presente e conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades, o que se traduzir tambm na agilidade nas respostas de qualidade s necessidades de proteo e socorro da comunidade. Evidente ainda que esta atuao seja beneficiada pelo emprego do policiamento no processo a p, mais prximo e em contato mais estreito com as pessoas.

    d) Resoluo preventiva de problemas a curto e em longo prazo

    Entende-se como prioritria a atuao preventiva da Polcia Militar como atenuante de seu emprego repressivo, fortalecendo a ideia de que o policial no precise ser acionado pelo rdio, mas que se antecipe ocorrncia. Com isso, o nmero de chamadas das centrais de emergncia tende diminuir, facilitando a resposta ao maior nmero possvel de acionamentos, tendentes sua totalidade.

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    e) tica, legalidade, responsabilidade e confiana

    A prtica da Polcia Comunitria pressupe um novo contrato entre a polcia e os cidados aos quais ela atende, com base no rigor do respeito tica policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiana mtua que devem existir. Esta sensao fortalecida sobremaneira pela transparncia das atividades desempenhadas pela polcia, de forma a permitir um maior controle pela populao, o que seu direito por definio.

    f) Extenso do mandato policial

    O policial militar passa a ampliar sua atuao, auxiliando a comunidade a solucionar problemas que afligem a qualidade de vida local e que, numa viso tradicional, no seriam problema de polcia.Cada policial passa ento a atuar como um chefe de polcia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parmetros rgidos de responsabilidade.

    Para que o policial militar assuma tal responsabilidade preciso perguntar-se:

    - Isto est correto para a comunidade?

    - Isto est correto para a segurana da minha regio?

    - Isto tico e legal?

    - Isto algo que estou disposto a me responsabilizar?

    - Isto condizente com os valores da Corporao?

    Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, a possibilidade de xito cresce de forma expressiva.

    g) Ajuda s pessoas com necessidades especficas

    Valorizao da vida de pessoas mais vulnerveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, entre outros. Esse deve ser um compromisso inalienvel do policial militar.

    O ponto de partida o conceito de justia e de segurana como sinnimo de equidade: justa a sociedade em que todos os membros desfrutem de modo pleno e igual, de um conjunto de liberdades fundamentais claramente especificadas - os direitos humanos sem discriminao e no grau mximo compatvel com as liberdades alheias.

    h) Criatividade e apoio bsico por parte dos diversos nveis de Comando

    Os Comandantes, nos diversos nveis hierrquicos da Corporao devem exercitar a confiana nos profissionais que esto na linha de frente da atuao policial, acreditar no seu discernimento, sabedoria, experincia e, sobretudo na formao que recebeu.

    Tal ambiente propiciar abordagens mais criativas para os problemas contemporneos da comunidade por meio da investidura de autoridade decisria, de fato e de direito, nos profissionais de segurana pblica que atuam em interface direta com a comunidade.

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    i) Mudana interna

    O exerccio da Polcia Comunitria exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organizao. fundamental a atualizao e o aprimoramento de seus cursos e respectivos currculos, bem como de todos os seus quadros de pessoal, materializando um projeto de mudanas para 10 ou 15 anos.

    j) Construo do futuro

    Deve-se oferecer comunidade um servio policial descentralizado e personalizado, com endereo certo. A ordem no deve ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polcia como um servio a ser utilizado para ajud-las a resolver problemas atuais de sua comunidade, criando um ambiente propcio para o exerccio pleno da cidadania.

    Quando a comunidade composta por verdadeiros cidados, o equilbrio entre os direitos e deveres natural e o funcionamento desta comunidade tende a se aproximar do ideal.

    5 COMPARAES ENTRE POLCIA TRADICIONAL E POLCIA COMUNITRIA

    O novo modelo difere do modelo tradicional de se fazer polcia. Importante ressaltar que no se tratam de entendimentos diametralmente opostos, mas sim de uma complementao. Basicamente, a Polcia Comunitria ultrapassa a Polcia Tradicional nos seguintes aspectos bsicos explicitados no quadro 2:

    QUADRO 2 Diferenas entre Polcia Tradicional e Polcia Comunitria

    POLCIA TRADICIONAL POLCIA COMUNITRIA

    a) A polcia apenas uma agncia governamental responsvel, principalmente, pelo cumprimento da lei;

    a) A polcia o pblico e o pblico a polcia: os policiais so aqueles membros da populao que so pagos para dar ateno em tempo integral aos cidados;

    b) Na relao entre a polcia e as demais instituies de servio pblico, as prioridades so muitas vezes conflitantes;

    b) Na relao com as demais instituies de servio pblico, a polcia apenas uma das instituies governamentais responsveis pela qualidade de vida da comunidade, dentro a viso do sistema;

    c) O papel da polcia se preocupar com a resoluo do crime;

    c) O papel da polcia assume um enfoque mais amplo, buscando a resoluo de problemas, principalmente por meio da preveno;

    d) As prioridades so, por exemplo, roubo a banco, homicdios e todos aqueles envolvendo violncia;

    d) As prioridades so quaisquer problemas que aflijam a comunidade;

    e) A polcia se ocupa mais com os incidentes;

    e) A polcia se ocupa mais com os problemas e as preocupaes dos cidados;

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    f) O que determina a eficincia da polcia to somente o tempo de resposta s solicitaes;

    f) A eficcia da polcia medida pela ausncia de crime e de desordem, pela sensao de segurana e pela confiana da comunidade, mais que o tempo de resposta;

    g) O profissionalismo policial se caracteriza apenas pelas respostas rpidas aos crimes srios;

    g) O profissionalismo policial se caracteriza principalmente pelo estreito relacionamento com a comunidade, alm da rapidez nas respostas;

    h) A funo do comando prover os regulamentos e as determinaes que devam ser cumpridas pelos policiais;

    h) A funo do comando incutir e desenvolver os valores institucionais;

    i) As informaes mais importantes so aquelas relacionadas a certos crimes em particular;

    i) As informaes mais importantes so aquelas relacionadas com as atividades delituosas de indivduos ou grupos, o que facilita a identificao das melhores estratgias para tratamento do problema;

    j) O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua rea, que representa, no mximo 2% da populao ali residente;

    j) O policial trabalha voltado para os 98% da populao de sua rea, que so pessoas de bem, trabalhadoras, cidados e clientes da organizao policial;

    k) O policial o do turno de servio; k) O policial da rea, conhecido, que auxilia a comunidade;

    l) A fora empregada como tcnica de resoluo de problemas;

    l) A resoluo dos problemas construda por meio do apoio e da cooperao do pblico;

    m) Presta contas somente ao seu superior;

    m) O policial presta contas de seu trabalho ao superior e comunidade;

    n) As patrulhas so distribudas somente conforme o pico de ocorrncias.

    n) As patrulhas so distribudas conforme a necessidade de segurana da comunidade, ou seja, 24 horas por dia, alm da observncia dos dados estatsticos.

    Fonte: PMMG

    Resumidamente, estas mudanas surgiram em decorrncia da evoluo da polcia tradicional (reativa) para uma filosofia de polcia comunitria (proativa) que redefine a estrutura organizacional das instituies policiais e tambm modifica o perfil do policial que passa a trabalhar mais prximo da comunidade, agindo numa parceria preventiva com os cidados, para identificar e resolver problemas.

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    6 POLICIAMENTO COMUNITRIO

    Enquanto Polcia Comunitria a filosofia de trabalho indistinta a todos os rgos com funo de polcia, o Policiamento Comunitrio a ao de policiar, de desenvolver aes efetivas junto comunidade.

    A ideia central por trs do policiamento comunitrio [...] a de que o trabalho conjunto e efetivo entre a polcia e a comunidade pode ter um papel importante na reduo do crime e na promoo da segurana. O policiamento comunitrio enfatiza que os prprios cidados a primeira linha de defesa na luta contra o crime (SKOLNICK; BAYLEY, 1986; SPARROW, MOORE; KENNEDY, 1990 apud MOORE, 2003, p.139).

    O policiamento comunitrio se traduz assim em aes iniciadas pelas polcias para utilizar um potencial no aproveitado na comunidade para lidar com mais eficcia e eficincia com os problemas do crime, principalmente na sua preveno.

    A preveno comunitria do crime est incorporada na noo de que os meios mais eficazes de evitar o crime devem envolver os moradores na interveno proativa e na participao em projeto cujo objetivo seja reduzir ou prevenir a oportunidade para que o crime no ocorra em seus bairros. (ROSENBAUM apud MOORE, 2003, p.153).

    Tal raciocnio apoiado pelas palavras de Wadman (1994), que define o policiamento comunitrio como uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as energias e os talentos da polcia na direo das condies que frequentemente do origem ao crime e a repetidas chamadas por auxlio local, o que deve passar, obrigatoriamente, pelo comprometimento do policial militar.

    Com base nos ensinamentos de diversos autores, tanto a nveis nacionais quanto internacionais, em experincias prticas de sucesso, a Polcia Militar de Minas Gerais tem implementado e executado servios moldados nos ensinamentos preconizados pela filosofia de Polcia Comunitria, com grande aceitabilidade social, por meio de projetos e programas, cujas experincias de sucesso vm sendo adaptadas nas diversas unidades de execuo operacional da Corporao em todo o Estado de Minas Gerais.

    De forma sucinta e genrica sero demonstradas algumas experincias j executadas. Estas podero servir como referncia para a criao e desenvolvimento de novos servios de acordo com a realidade operacional e cultural de cada unidade:

    6.1 Base Comunitria

    Estabelecido pela 3.03.07/2010-CG. um servio policial preventivo, prestado por uma equipe de policiais militares, que utilizam como referncia uma edificao policial militar e, com o apoio da comunidade, desenvolvem o policiamento orientado para o problema com o objetivo de reduzir o crime, medo do crime e a desordem pblica em reas com alta densidade populacional.

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    6.2 Base Comunitria Mvel

    Estabelecido pela 3.03.07/2010-CG. um servio policial preventivo, prestado por uma equipe de policiais militares, que utilizam como referncia uma viatura (tipo trailler ou Van) e, com o apoio da comunidade, desenvolvem o policiamento orientado para o problema com o objetivo de reduzir o crime, medo do crime e a desordem pblica em reas com alta densidade populacional sazonal.

    6.3 GEACAR

    Grupo Especializado no Atendimento Criana e Adolescente em Situao de Risco. Esse grupo atua como protagonista da Polcia Militar nos eventos de defesa social que envolva crianas e adolescentes sejam autores ou vtimas de ato infracional e/ou crime. Sua atuao se baseia nos princpios de Direitos Humanos, principalmente no que tange proteo dos grupos vulnerveis, e tambm na filosofia de Polcia Comunitria. Os princpios e valores preconizados pelo Estatuto da Criana e do Adolescente so norteadores da atuao do GEACAR, de forma a garantir os direitos da infncia e juventude.

    6.4 GEPAR

    Grupamento Especializado em reas de Risco, regulada pela Instruo n 02/2005-CG: implementado para atuar preventivamente em favelas de BH onde o trfico de drogas e o crime de homicdios foram identificados com sendo problemas crnicos. Atualmente tem sido criado tambm no interior; conjugam estratgias de Polcia Comunitria, Policiamento Orientado para a Resoluo de Problemas e a Represso Qualificada como ferramentas essenciais para o controle e preveno da criminalidade, restituio da paz e qualidade de vida em comunidades carentes. As aes devem ser pautadas num diagnstico prvio da criminalidade local, constantemente atualizado a partir do uso, troca e anlise sistemtica de informao entre os policiais integrantes do grupo, dos policiais de inteligncia e das sees de anlise criminal e estatstica das Companhias PM, a qual cada GEPAR faz parte. Os resultados devem ser avaliados e monitorados de forma constante.

    6.5 JCC

    Jovens Construindo a Cidadania: de forma geral, o objetivo aprimorar e reforar atitude proativa, preventiva e educativa nas comunidades escolares da rede pblica e privada, atuando junto aos adolescentes e jovens, ensinando valores positivos e princpios de cidadania. O JCC, de forma mais especfica, visa criar um ambiente livre de crimes e drogas, atravs de um movimento liderado pelos prprios jovens, sendo eles os principais responsveis pela preveno, na busca de estabelecer uma cultura de paz em um ambiente de aprendizado.

    6.6 Patrulha Rural

    A Patrulha Rural, regulada na PMMG pela Instruo n 03/2006-CG, est voltada principalmente para prevenir crimes como roubos de gado, residncias, veculos, mquinas e defensivos agrcolas Os policiais militares empenhados nesse

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    tipo de policiamento, devem participar de treinamento especfico, com didtica voltada especialmente para a abordagem tpica junto ao pblico presente na zona rural, de forma diferenciada e adequada. Objetiva oferecer maior segurana aos moradores e fazendeiros, interagindo a populao rural com a Polcia Militar, de forma preventiva, criando laos de confiana. Geralmente utiliza-se veculo com trao 4x4, equipada com rdio mvel, com armamento adequado para o bom desenvolvimento das aes e operaes. Pode adaptar o servio utilizado motocicleta como o caso do projeto Moto Patrulha Preventiva Rural, que consiste no lanamento de Patrulheiro Rural em viatura de duas rodas com a finalidade de desenvolver atividade preventiva de orientao aos moradores das comunidades rurais.

    6.7 Patrulha de Preveno Degradao do Meio Ambiente (PPMAmb)

    Este servio de polcia comunitria, regulado na PMMG, pela Instruo n 3.03.01/2009-CG, visa executar o policiamento ostensivo e preventivo de meio ambiente com nfase na educao formal e no formal, utilizando preferencialmente das tcnicas de mobilizao social e de soluo de problemas.Sua atuao est baseada na filosofia de promover a educao, esclarecendo e sensibilizando o cidado como forma de evitar as ocorrncias dos delitos ambientais, visando ainda melhorar a imagem institucional da PMMG, garantir os direitos e garantias individuais, em busca da paz social e o desenvolvimento sustentvel.

    6.8 Programa Educacional de Resistncia s Drogas e Violncia (PROERD)

    Programa Educacional de Resistncia s Drogas e Violncia, regulado na PMMG pela DPSSP n 3.01.04/2010-CG: um programa com carter social preventivo, que alicerado no Programa D.A.R.E (Drug Abuse Resistance Education), Norte Americano, que tem como objetivo dotar jovens estudantes com ferramentas que lhes permitam evitar influncias negativas em questo afetas s drogas e violncia, inserindo neles a necessidade de desenvolver as suas potencialidades para que alcancem de maneira concreta e plena seus sonhos de uma sociedade mais justa e segura.

    6.9 Rede de Vizinhos Protegidos

    Objetiva a seguridade social e preventiva entre vizinhos, visa a parceria entre a comunidade de um determinado bairro e a PMMG. desenvolvido atravs da formao de grupos de vizinhos entre 05 e 06, com a inteno de se auto protegerem contra furtos em residncias. Os componentes da rede so responsveis pela vigilncia das residncias, como nos casos de viagens ausncia, etc. Cada famlia que pertence rede ter informaes de todas as famlias componentes da rede, tais como: nomes completos, telefone residencial e pessoal (celulares). As famlias que participam do Projeto tero fixado na parte externa de suas casas, placas indicando que esto sendo monitoradas pela rede de vizinhos protegidos.

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    7 TEORIA DA PREVENO AO CRIME

    A Polcia Militar de Minas Gerais no que tange ao conceito de Preveno elencado nesta diretriz, tem como parmetro de atuao a Preveno secundria e eventualmente, atua como potencializadora na Preveno primria.

    Vale ressaltar que a Instituio tem como matriz fundamental de atuao a atividade de preveno com nfase na resolutividade que dever ser o foco de todos os comandantes nos diversos nveis da Organizao (institucional, ttico e operacional).

    Neste contexto, apresentaremos trs tipos de preveno que podem produzir bons resultados em relao ao crime e violncia com a possibilidade de serem utilizados conjuntamente ou isoladamente, dependendo do problema com o qual se vai trabalhar. So eles:

    a) Preveno primria

    No meio ambiente urbano onde em tese ocorre maior incidncia da criminalidade e violncia, esta composta por aes dirigidas ao meio ambiente fsico e/ou social, com foco prioritrio nos fatores de risco e de proteo.

    Poder tambm incluir aes que implicam mudanas mais abrangentes na estrutura da sociedade ou comunidade, que visa reduzir a pr-disposio para a prtica de crimes e violncias na sociedade (preveno social).

    E, ainda, permitir a incluso de aes que implicam mudanas mais restritas e pontuais em reas ou situaes que ocorrem os crimes e violncias, com o fito de reduzir as oportunidades para a prtica de crimes e violncias na sociedade (preveno situacional).

    As definies dos trs tipos de preveno, primria, secundria e terciria, trazidas aqui, so totalmente baseadas na pesquisa da Arquitetura Institucional do Sistema nico de Segurana Pblica, elaborada em 2004, pelo Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica, por intermdio do convnio entre a Federao das Indstrias do Rio de Janeiro e Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento.

    A ampliao dos servios de sade direcionados a famlias com filhos recm nascidos, ampliao das oportunidades de educao e trabalho na comunidade so exemplos de aes tpicas de preveno social.

    O controle e a limitao do uso de armas, modificao de horrios e locais de atividades econmicas, sociais e culturais e o aumento da vigilncia, so modelos de aes tpicas de preveno situacional.

    b) Preveno secundria

    composta por aes dirigidas s pessoas e grupos mais suscetveis de praticar ou sofrer crimes e violncias, bem como dos fatores que contribuem para sua vulnerabilidade e/ou resilincia, a fim de evitar o seu envolvimento com o crime e a violncia ou limitar os danos causados por este envolvimento.

    Abrange ainda as pessoas e grupos mais suscetveis de serem vtimas de crimes e violncias para prevenir ou limitar os danos causados pela sua vitimizao.

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    As aes de preveno secundria so frequentemente dirigidas aos jovens e adolescentes, membros de grupos vulnerveis, em situao de risco, inclusive crianas, mulheres e idosos em casos de violncia domstica, intra-familiar, mulheres em casos de violncia de gnero, e afro descendentes em casos de violncia contra minorias.

    c) Preveno terciria

    composta de aes dirigidas s pessoas que j praticaram crimes e violncias, cujo objetivo evitar a reincidncia e promover o seu tratamento, a reabilitao e reintegrao familiar, profissional e social.

    Nestas aes, incluem tambm, as pessoas que j foram vtimas de crimes e violncias, para impossibilitar a repetio da vitimizao e promover o seu tratamento, reabilitao e reintegrao familiar.

    A preveno do crime e da violncia pode ser realizada por distribuio de aes em algumas reas temticas especficas, como comunidade, famlia, escola, trabalho e gerao de renda, polcia, justia criminal, sistema prisional e sade.

    8 METODOLOGIAS DE SOLUO DE PROBLEMAS

    8.1 Policiamento orientado para o problema

    O policiamento para (re) soluo de problemas, tambm conhecido como policiamento orientado para o problema (POP); uma estratgia que tem como objetivo principal melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexo e preveno criminal. O POP foi detalhado por Goldstein em 1979 com a seguinte definio [...] a resoluo de problemas constitua o verdadeiro propsito do policiamento e propugnava por uma polcia que identificasse e buscasse as causas dos problemas subjacentes s repetidas chamadas policiais (CERQUEIRA, 2001). Desta forma, Goldstein busca atravs de um estudo metodolgico, demonstrar que a polcia deve agir nas causas e no apenas nos efeitos.

    Para diversos autores [...] o policiamento orientado para a soluo de problemas conota mais do que uma orientao e o empenho em uma tarefa particular. Ele implica em um programa, com sugestes sobre o que a polcia precisa fazer, segundo Skolnik; Bayley (2002, p. 39). O POP pressupe que os crimes podem estar sendo causados por problemas especficos e talvez contnuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser minimizado (ou at mesmo extinto) atravs de aes preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pblica. Essa estratgia determina o aumento das tarefas da polcia ao reagir contra o crime na sua causa, muito alm do patrulhamento preventivo, investigao ou aes repressivas.

    O policiamento orientado para o problema encontra sustentao terica com a colocao de Clarke e Felson (1998), pois argumenta que o comportamento individual resultado da interao entre o indivduo e o ambiente. Desta forma, assegura que a oportunidade pode ser considerada a principal causa do crime. Embora a teoria das oportunidades venha sendo frequentemente utilizada para estudo das causas do crime, sua aplicao tem sido maior nos crimes contra o patrimnio. Entretanto, por sua versatilidade, pode ser tambm utilizada para o entendimento de todos os tipos de crimes, inclusive os crimes contra a pessoa. Da mesma forma, por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das taxas de

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    crime e a decadncia dos bairros, inmero programas de reduo do medo foram desenvolvidos, alguns em parceria com a comunidade (MOREIRA, 2005).

    A abordagem das atividades rotineiras teve incio a partir das explicaes utilizadas para os crimes predatrios em um artigo escrito por Cohen e Felson em 1979. A teoria pode ser resumida considerando que para que um crime ocorra deve haver convergncia de tempo e espao em pelo menos trs elementos: um provvel agressor, um alvo adequado, na ausncia de um guardio capaz de impedir o crime. (CLARKE; FELSON, 1998; MOREIRA, 2005).

    Essa estratgia de policiamento implica em mudanas estruturais da polcia, aumentando a discricionariedade do policial (aumento de sua capacidade de deciso, iniciativa e de resoluo de problemas). O POP desafia a polcia a lidar com a desordem e situaes que causem medo, visando um maior controle do crime. Os meios utilizados so diferentes dos anteriores e inclui um diagnstico das causas subjacentes do crime, a mobilizao da comunidade e de instituies governamentais e no-governamentais. Encoraja uma descentralizao geogrfica e a existncia de policiais generalistas e capacitados.

    No contexto de descentralizao, Silva (2000, p. 32-34) discorre sobre este processo e faz uma importante distino com o termo desconcentrao, baseando-se em sua pesquisa, realizada sobre Comandante de Policiamento da Companhia (CPCia), realizado na 1 RPM, Belo Horizonte. Naquela ocasio estava em fase de implementao o projeto de Policiamento por Resultados, descrito por Beato (1999). Depois de aguada reviso literria o autor conclui que desconcentrao e descentralizao tm entendimentos diferentes entre Pereira, Silva e Bayley (apud SILVA 2000, p.36). Entretanto, nota-se que a desconcentrao e a descentralizao tm um consenso em torno da tendncia de contribuir para a melhoria da prestao de servios de segurana pblica (SILVA, 2000).

    A soluo de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular pode contribuir para a reduo, ou soluo, dos crimes, melhorar a sensao de segurana e at mesmo diminuir a desordem fsica e moral, vivenciada nos bairros. Solucionar problemas no policiamento no novidade, a diferena que o policiamento orientado para o problema apresenta um mtodo analtico. O model SARA (modelo IARA), formado pelo acrstico de cada fase, foi formulado por John Eck e Bill Spelman, (fig. 3):

    FIGURA 3: Mtodo IARA no policiamento orientado para o problema

    Fonte: GOLDSTEIN, Herman. Policiando uma Sociedade Livre. Trad. Marcello Rollemberg. So Paulo: Universidade de So Paulo, 2003 (Srie Polcia e Sociedade, n.6).

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    O funcionamento deste ciclo de fcil compreenso, o primeiro passo reconhecer que as ocorrncias (que possuem um mesmo padro de repetio) so incidentes de um problema maior; que precisam ter suas origens (causas) bem compreendidas para ser solucionado. No policiamento profissional (rdio-atendimento) a ao do policial atuar de forma reativa. Traz alvio temporrio, mas no resolve o problema, a origem do problema permanece e a soluo provisria e limitada. Como a polcia no solucionou as causas ocultas que gerou o problema, ele, muito provavelmente, voltar a ocorrer.

    Por sua vez, no policiamento orientado para o problema, o ideal analisar como que este problema est ocorrendo e neste caso atingir o ciclo de vida do problema, para minimiz-lo ou at mesmo extinguir. Para criar uma resposta adequada, os policiais utilizam as informaes obtidas a partir do atendimento das ocorrncias, de outras fontes da prpria comunidade, de pesquisas, etc., para terem uma viso clara do problema. Aps isso, podem lidar com as condies subjacentes ao problema.

    O servio policial, no contexto do policiamento orientado para o problema, muito semelhante ao servio mdico preventivo. A cincia mdica j conseguiu construir um objeto de estudo, mais delineado, sob a tica positivista da modernidade, as doenas so classificadas em especialidades, programas preventivos so experimentados (dentro de um sistema lgico). Em contraste, na segurana pblica a criminalidade ainda tratada com muito empirismo pelos operadores do sistema de segurana pblica; apesar de ser um tema recorrente nas agendas de qualquer programa de polticas pblicas.

    A polcia tem sido tradicionalmente ligada ao crime, assim como os mdicos tm sido relacionados doena. Mas no campo mdico, a relao muito mais especfica: as doenas tm sido classificadas, os fatores que as causam tm sido isolados, programas preventivos tm sido desenvolvidos e testados, e a real capacidade do pessoal mdico em prevenir e controlar males especficos tem sido demonstrada. Em contraste, no que toca polcia e comunidade, muito do que se fala em relao criminalidade permanece em um nvel muito geral, [...]. O problema agravado porque a palavra utilizada livremente seja por polticos, pelos policiais e pela populao em geral como se tivesse um significado uniforme (GOLDSTEIN, 2003, p. 48-49).

    De acordo com Goldstein (1979); Eck; Spelman (1987); Sparrow; Moore; Kennedy (1990) apud Moore, 2003, p. (137), POP a atividade de pensamento e anlise necessrios para compreender as informaes indispensveis ao perfeito entendimento das situaes que do origem, direta ou indiretamente aos incidentes que a polcia ostensiva atende no cotidiano operacional. De acordo com Bittner (2003, p. 212), "(...) o interesse em situaes, em circunstncias, no cenrio, na relatividade, ou falando mais amplo, no scio-cultural (em oposio preocupao com os casos individuais e isolados)", que o fenmeno do crime vai ocorrer.

    8.2 Identificao 1 FASE

    A quantidade e qualidade das informaes obtidas tm impacto decisivo na soluo do problema, por isto todas as possveis informaes sobre o problema devem ser obtidas. Observe o diagrama a seguir sobre as fontes de dados para substanciar a 1 fase. (fig. 4)

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    FIGURA 4: Diagrama fontes de dados para identificar o problema

    Fonte: MOREIRA, Ccero Nunes; OLIVEIRA, Alexandre Magno de. Gesto pela qualidade na segurana pblica. In: BRASIL. Ministrio da Justia. Secretaria Nacional de Segurana Pblica (AD/BRA/98/D32). Apostila do curso nacional l de multiplicador de polcia comunitria. Rio de Janeiro, mar. 2004. p. 137 - 166

    Deve ficar claro que a comunidade no faz parte da rea de inteligncia das

    instituies policiais, por isso os lderes comunitrios no devem ser cobrados para fazer investigao criminal. A comunidade pode e deve participar desta coleta de dados, atravs da denncia annima, ou outra forma que preserve sua segurana. Outra importante fonte interna de informaes so os estudos acadmicos (monografias, dissertaes, teses) desenvolvidos pelas instituies policiais e as prprias universidades/ faculdades. (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004)

    muito comum nas primeiras reunies com a comunidade os policiais ficarem perdidos, diante de tantos problemas que so expostos, muitos deles (inclusive), de ordem pessoal. Segundo Moreira; Oliveira (2004), o policial deve ficar atento e ouvir as exclamaes, importante salientar que este um momento de auscultar as necessidades dos moradores, pois est nascendo (ou fortalecendo) um elo de confiana entre a comunidade e o policial.

    Entretanto, o policial deve propor uma maneira mais criativa para lidar com estes problemas. Ou seja, se todos ficarem reclamando nada acontecer. Portanto deve ser exposto o formulrio para classificar os problemas ao grupo. A prpria comunidade (dividida em mini-grupos de cinco pessoas no mximo), deve discutir, e preencher este formulrio, para depois cada grupo apresentar o seu trabalho para os demais participantes. Esta uma metodologia simples, mas que direciona os trabalhos de forma construtiva e lgica. O importante ter uma viso de todos os problemas, hierarquiz-los, e no final (de forma democrtica), a prpria comunidade e a instituio policial escolher um problema para ser solucionado (somente um problema por vez).

    A conduo da reunio facilitar quando se utiliza um formulrio para ordenar os problemas, aqui classificado em trs categorias:

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    QUADRO 3 (2.2: Diagrama Classificao dos Problemas-exemplos fictcios)

    a) Crime / Contraveno so os fatos tpicos antijurdicos, definidos em lei. Geralmente esto tipificados no Cdigo Penal, ou outra legislao especfica como a Lei de Crimes Ambientais, por exemplo;

    b) Medo do Crime so os atos referentes sensao de insegurana, como o medo de sair de casa, a desconfiana de denunciar um delito a instituio policial, medo de ir para a escola, entre outros;

    c) Desordem fsica ou social so fatos que se referem aparncia das coisas ou dos comportamentos das pessoas, que no constituem um crime / contraveno (propriamente dito); mas facilita e estimula a sua ocorrncia. Exemplo: praticar a prostituio na porta de um condomnio, pichao de muros e imveis numa rua deserta ou de grande circulao, manter um lote vago com a vegetao elevada e sem estar devidamente cercado ou murado.

    8.3 Anlise 2 FASE

    O segundo estgio ANLISE o corao do processo e por isso tem grande importncia no esforo para a soluo do problema. Uma resposta adequada no ser possvel a menos que se conhea, perfeitamente, a causa do problema. O propsito da anlise aprender, o mximo possvel, sobre o problema para poder identificar suas causas.

    Uma anlise completa envolve a seriedade do problema, todas as pessoas e

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    grupos envolvidos e afetados e todas as causas possveis do problema, avaliando todas as atuais respostas e sua efetividade. Muitas pessoas simplesmente saltam fase da anlise do IARA, acreditando ser bvia a natureza do problema, sucumbindo ante a pressa para obter a soluo.

    Solucionadores de problema devem resistir a esta tentao ou ento se arriscam a lidar com um problema irreal, implementando solues inadequadas.

    Para facilitar o incidente analisado sob a tica de um tringulo, cada lado corresponde: (1) a um agressor, ou infrator; (2) uma vtima em potencial; e (3) um local, ou ambiente favorvel. O TAP (Tringulo de Anlise do Problema) ajuda os envolvidos a visualizar o problema e entender o relacionamento entre os trs elementos:

    FIGURA 5 (2.6: Tringulo de Anlise do Problema - TAP)

    O relacionamento entre esses trs elementos pode ser explicado da seguinte forma: se existe uma vtima e ela no est em um local onde ocorram crimes, no haver crime; se existe um agressor e ele est em um local onde os crimes ocorrem, mas no h nada ou ningum para ser vitimizado, ento no haver crime. Se um agressor e uma vtima no esto juntos em um local onde ocorrem crimes, no haver crime. Parte do trabalho de anlise do crime consiste em descobrir, o mximo possvel, sobre vtimas, agressores e locais onde existem problemas para que haja entendimento sobre o que est provocando o problema e o que deve ser feito a respeito disso.

    Quando os policiais e o restante do grupo de lideranas comunitrias chegarem nesta fase, o problema escolhido ser devidamente analisado, agora o formulrio proposto para facilitar o desencadeamento lgico das ideias o diagrama de Ishikawa (causa-efeito), adaptado para o contexto policial (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004).

    A essncia do POP se traduz numa "[...] abordagem que leve a srio a noo de que situaes podem dar origem ao crime e que esse pode ser evitado pela mudana nas situaes que parecem estar originando os chamados de servio",

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    (CLARKE 1983 apud MOORE, 2003, p. 137). A Teoria das Oportunidades defendidas por Clarke e Felson, prope uma lgica para a preveno do crime situacional, e encontra aceitao no contexto da segurana pblica na atualidade, principalmente por substanciar teoricamente a estratgia de policiamento orientado para o problema.

    A metodologia a mesma, deixar que a prpria comunidade, acompanhada pelos policiais, descreva as causas deste problema, baseados nas informaes que possuem. s vezes necessrio fazer vrias reunies para preencher todo o formulrio (Figura 6). importante ter cuidado com a divulgao do contedo destas informaes (pessoais) para no ferir a tica das pessoas, principalmente das vtimas ou dos prprios infratores analisados, pois o diagrama muito objetivo (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004):

    FIGURA 6 (2.7: Diagrama causa-efeito-espinha de peixe no policiamento (exemplo

    fictcio)

    8.4 Resposta - 3 Fase

    Aps o problema ter sido claramente definido e analisado, a polcia enfrenta outro desafio: procurar o meio mais efetivo de lidar com ele, desenvolver aes adequadas ao custo / benefcio. Antes de entrar nesta etapa a polcia precisa superar a tentao de programar respostas prematuras e certificar-se de que j tenha analisado o problema. Tentativas de resolver rapidamente o problema so raramente efetivas em longo prazo (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004).

    Para desenvolver respostas adequadas, solucionadores de problema devem rever suas descobertas sobre os trs lados do TAP (vtima, agressor e local) e desenvolver solues criativas que iro lidar com, pelo menos, dois lados deste tringulo. Policiais solucionadores de problema frequentemente buscam ajuda da comunidade, outros departamentos da cidade, comerciantes, agncias de servio social e de qualquer um que possa ajudar. Conforme quadro a seguir as respostas abrangentes podem, frequentemente, requerer prises, mudanas nas leis, etc. Mas, as prises nem sempre so as respostas mais efetivas:

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    QUADRO 4 (2.3: Maneiras de lidar com o problema policial)

    importante lembrar tambm que a chave para desenvolver respostas adequadas certificar-se de que as respostas so bem focalizadas e diretamente ligadas com as descobertas feitas na fase de anlise do problema.

    Essa orienta que os policiais escapem da lgica do policiamento dirigido para ocorrncias (incidentes) e busquem uma soluo proativa e criativa, para equacionar o crime, minimizar o medo crime e a desordem. Observe como que o diagrama 5W2H pode ajudar na gerencia do servio policial. Esta metodologia, tambm conhecida nos pases de lngua portuguesa como 4Q1POC (aps a traduo), muito utilizada na administrao de empresas para gerenciar um Plano de Ao para elaborar um servio ou produto:

    QUADRO 5 (2.4: Diagrama 5W2H ou 4Q1POC)

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    Outro formulrio (Plano de Ao) pode ser utilizado com a prpria metodologia 5W2H, ou 4 Q1POC. Ele direciona o trabalho do policial e da comunidade, pois facilita a execuo das tarefas, e principalmente, estabelece com objetividade as metas a cumprir. Por ser um formulrio bem objetivo; as informaes devem ser descritas de maneira mais especfica possvel, para no haver dvida na hora de executar (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004):

    QUADRO 6 (2.5: Plano de Ao de Policiamento 5W2H exemplos fictcios)

    8.5 Avaliao - 4 FASE

    Finalmente, na etapa de avaliao, os policiais verificam a efetividade de suas respostas. Um nmero de medidas tem sido tradicionalmente usado pela polcia e comunidade para avaliar o trabalho da polcia. Isso inclui o nmero de prises, nvel de crime relatado, tempo de resposta, reduo de taxas, queixas dos cidados e outros indicadores.

    Vrias dessas medidas podem ser teis na avaliao do esforo para soluo de problemas, entretanto, as medidas no-tradicionais facilitam a avaliao onde o problema tem sido reduzido ou eliminado. Moreira; Oliveira (2004) destaca alguns exemplos da literatura:

    a) reduo da quantidade de vtimas repetidas;

    b) reduo da quantidade de relatos de crimes ou ocorrncias;

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    c) indicadores de qualidade de vida nos bairros, que podem incluir: salrios para comercirios em uma rea-alvo aumentam de utilizao da rea, aumento do valor venal das propriedades, diminuio da vadiagem, menos carros abandonados, menos lotes sujos, entre outros;

    d) aumento da satisfao do cidado com respeito maneira com que a polcia est lidando com o problema (determinado atravs de pesquisas, entrevistas, etc.);

    e) reduo do medo dos cidados relativo ao problema; entre outros.

    A avaliao a chave para o mtodo IARA. Se as respostas no so efetivas (eficazes e eficientes), as informaes reunidas durante a etapa de anlise devem ser revistas. Nova informao pode ser necessria ser coletada antes que nova soluo possa ser desenvolvida e testada. Quando o Plano de Ao bem objetivo, facilita muito o trabalho de avaliao (cumprimento de metas) por todos envolvidos no processo.

    O policiamento orientado para o problema uma estratgia silenciosa, pois geralmente as aes alcanadas no so divulgadas na mdia de massa. Por isso, a importncia dos chefes policiais e lideranas comunitrias terem os objetivos bem claros para no haver dificuldade de avaliar (diariamente, semanalmente e mensalmente), a tarefa de cada policial. O ideal fazer a avaliao durante todo o processo, para justamente realinhar algum desvio. Pois, muito comum iniciar o cumprimento de um objetivo e surgirem outras demandas. Conforme exemplifica o quadro a seguir uma maneira fcil atravs do acompanhamento de cada objetivo, segundo o seu cumprimento de forma percentual (%):

    Quadro 7 (2.6: Avaliao quantitativa do plano de ao de policiamento exemplos fictcios)

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    9 GESTO DA QUALIDADE

    O termo qualidade nos servios pblicos tem sido muito utilizado nos dias atuais. Um dos fatores para esse acontecimento se deve ao fato de a sociedade brasileira compreender que necessrio exigir desses servios um melhor atendimento pblico e aes positivas que satisfaam a coletividade. Segundo Paladini (2007, p. 20), a Gesto da Qualidade Total envolve estratgias para acompanhar as aes propostas pela instituio, com mtodos quantitativos e necessrios para o futuro da organizao.

    Nesta seo sero apresentadas as classificaes da gesto da qualidade, segundo o nvel da organizao (estratgico, ttico e operacional). Percebe-se na figura a seguir que para cada nvel tem um instrumento especfico para desenvolver a gesto da qualidade:

    FIGURA 7 (3.4: Nveis de Gesto de Qualidade e Instrumentos de Implementao)

    Estudos como de Deming (1990), Juran (1994) e Miguel (2005) consideram que trabalhar com qualidade aperfeioar custos (financeiros, humanos, logsticos) colocar a satisfao do cliente em primeiro lugar, avaliar o desempenho operacional e ser o elemento fundamental para o gerenciamento das organizaes.

    Alm disso, a gesto da qualidade envolve um monitoramento e avaliao para alcanar os objetivos propostos.

    Possui, portanto, metodologia que facilita a medio da melhoria do servio prestado (BOHAN, BECKER, 1994 apud PALADINI 2007, p. 20), cujo foco principal o cliente.

    Na PMMG, o Caderno de Gesto para Resultados n 02/2010 faz abordagem sobre o acordo de resultados e tambm apresenta uma preocupao de enumerar elementos que favoream a avaliao da qualidade dos servios, sendo necessrio criar alguns indicadores que facilitem essa mensurao. Sobre este assunto, oportuno salientar o seguinte:

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    9.1 Avaliao da qualidade

    A avaliao da qualidade, como um produto da Gesto da Qualidade, ocupa lugar de destaque no gerenciamento das organizaes, assim como da Polcia Militar de Minas Gerais. Avaliar a ao de apreciar se os objetivos propostos pela organizao foram alcanados. O ato de avaliar tambm possibilita verificar se houve algum elemento novo no ambiente interno e externo que provoquem uma mudana dos hbitos da organiz