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Fabrício Carareto, Maria Elena Covre e Beck ELEIÇÕES 2018 POLÍTICA POLÍTICA A-5 A-4 Jornal São José do Rio Preto, sexta-feira 21 de setembro de 2018 ENTREVISTA Elisângela Jovana dos Santos é da safra de protetores de animais que até chora quando fala das dificuldades enfrentadas no dia a dia para conseguir atendimento para um cachorro doente, por exemplo. E é também da mesma safra que descobriu mais recentemente que o tema ganhou tanto espaço na sociedade nos dias de hoje que começou a se reverter em votos para cargo político-partidário. Lançou-se candidata a vereadora em 2016 pelo Psol, “mas sem nenhum apoio”, reforça. E levou mais de mil votos. Daí que foi picada pela mosquinha azul. Seja lá qual tenha sido a estratégia da legenda ao lançá-la na disputa a federal, ela garante que está levando a empreitada a sério. Chegou na entrevista ansiosa, avisando que só sabia falar da causa animal. Realmente mostrou-se à vontade com o tema, mas revelou desconhecer o básico de temas polêmicos na pauta do Congresso Nacional. Espontânea e faladeira, não se prendeu a amarras ideológicas de esquerda, mostrando-se alinhada a posições de direita em temas como a redução da maioridade penal, por exemplo. Veja abaixo principais trechos da entrevista concedida nesta quinta (20) à coluna... A senhora foi candidata a vereadora em 2016 e agora está tentando um voo muito mais alto. Por que está se lançando candidata a deputada federal? É para cumprir as cotas femininas obrigatórias ou acredita mesmo na possibilidade de sair vitoriosa numa disputa tão complexa e cara? Elisângela dos Santos - A partir do momento que a gente toma uma decisão dessas é para valer. Todo mundo pergunta: “É estadual?”. Respondo: “Não, é federal”. Aí as pessoas que já entendem mais de política falam: “Nossa, mas foi bem pra frente, já pra federal”. Mas vamos tentar, vamos levar nosso nome, nosso conhecimento. Tenho muito conhecimento pelo trabalho que eu faço em defesa da causa animal. Algumas regiões do Brasil me conhecem. Inclusive, algumas pessoas em Maceió falaram que me darão apoio caso eu seja eleita. Então, vamos tentar, vamos ousar. Na primeira vez foi realmente para entrar por causa da cota e deu certo. Eu não tive apoio do partido para vereadora em 2016 e fui bem. Quantos votos a senhora teve? Elisângela - Quase 1, 2 mil votos. Sem coligação, sem candidato a prefeito. Entramos em quatro pessoas só e nos ajudamos. Fomos à luta e deu certo, sabe. Aí eu vi a minha capacidade de fazer alguma coisa em cima do trabalho que eu realizo há 24 anos na cidade. Exite uma guerra nas redes sociais hoje entre os cuidadores de animais de Rio Preto. Inclusive de grupos ligados à senhora em relação à vereadora Claudia de Giuli (PMB), que milita na mesma área. A falta de união surgiu em função desta disputa por poder, já que a causa, nobre, virou um filão na busca por votos a cargos políticos? Elisângela - Então, é um pouco complicado porque eu acho que essas desavenças já existem há bastante tempo. Antes de rede social, antes de internet, de explodir por aí. Desde a época que eu comecei. Então, sempre teve essa disputa, um quer fazer mais que o outro para mostrar para outra pessoa. Algumas pessoas mentem em cima da causa animal. Bom, tudo que envolve dinheiro é assim. A causa animal deveria ser vista com outros olhos, Algumas pessoas já usaram muito como forma de renda, para ganhar dinheiro em cima. Fala que resgata cachorro e sai pedindo dinheiro. O cachorro já morreu e a pessoa continua pedindo dinheiro em cima desse cachorro. Não só aqui na nossa cidade. Em todo lugar no País existem algumas histórias de pessoas que se aproveitam da situação. Ter uma vereadora da causa na Câmara não é uma conquista? Elisângela – Ela (Claudia de Giuli) é a primeira. Infelizmente ainda não temos o apoio do poder púbico, do Executivo. Ela praticamente fica ali de mãos atadas, porque o prefeito prometeu muita coisa em cima disso na campanha eleitoral dele e todo mundo cobra. Nós, protetores, estamos acumulados com dívidas e animais em casa. Outro dia eu ELISÂNGELA JOVANA DOS SANTOS ‘Os animais tomam todo meu tempo’ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Algumas pessoas mentem em cima da causa animal. Algumas pessoas já usaram muito como forma de renda, para ganhar dinheiro em cima CAPIVARAS PENSANTES Augusto Nunes “Caso vencesse as eleições, Fernando Haddad - se continuasse fazendo o que faz hoje -, passaria mais tempo na cadeia ouvindo ordens de um ex-presidente presidiário do que no Palácio do Planalto” POSTADO NO ZONA ELEITORAL por Beck Painel da Assessoria Olar, brazeeel! Interrompemos o ‘hilário eleitoral’ desta sexta para compartilhar um assunto bem mais sério e de extrema importância. O recado abaixo foi postado pelo médico Miguel Zerati Filho em seu perfil no Facebook. Acreditando na relevância da informação para o leitor e para a sociedade em si, a coluna transcreve abaixo o texto do médico. Abre aspas “Agora é oficial: a justiça dá respaldo em 2ª instância ao Conselho Federal de Medicina, proibindo práticas “médicas “ que iludem a população, prometem resultados fantasiosos e descabidos, com tratamentos sem nenhum respaldo científico. Finalmente, esperamos que seja o fim da chamada “Terapia Anti Aging”, Modulação Hormonal “com uso de hormônios e produtos “mágicos” para retardar o envelhecimento e outras práticas de picaretagem, que visam somente o mercantilismo”. Roda e avisa Zerati também compartilhou, na íntegra, o texto publicado pela Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5, responsável por negar, em placar de unanimidade, a apelação contra a Resolução Nº1999/2012, do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em linhas gerais, o texto amplia a decisão do CFM em combater a “prática de reposição hormonal sem comprovação científica, objetivando retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”. Em uma época em que grande volume de pessoas se rendem aos “encantos fáceis” da Medicina em todas as suas áreas, nunca é demais compartilhar conhecimento. Compartilhe você também. Urologista Miguel Zerati Filho comemora decisão da Justiça e faz apelo à sociedade: “Precisamos combater práticas médicas que iludem a população” Reprodução A cartada final O que poderia unir o PT e Jair Bolsonaro (PSL), que politicamente e ideologicamente são água e óleo? Para o PSDB, há algo em comum: Hugo Chávez, ex-presidente da Ve- nezuela. Essa foi a aposta do programa tucano veiculado nesta quinta-feira (20) no horário eleitoral gratuito. O tom mais agressivo é a última carta- da de Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar subir nas pesquisas e garantir um lugar cada dia mais improvável no 2º turno, que hoje se desenha entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). A bateria maior ainda é contra o capitão da reserva. O programa de Alckmin começou falando sobre a proposta do economista Paulo Guedes, chamado de “banqueiro milionário”, de adotar uma alíquota única do Imposto de Renda de 20%, independentemente da faixa salarial. “Menos imposto para os ricos, mais imposto para os pobres”, afirma a propaganda. Em seguida o tema é a Venezue- la, “um vizinho que já foi muito rico, mas que, em determinado momento da história, fez uma escolha muito er- rada”. A escolha errada, no caso, foi a eleição de Hugo Chávez e a política econômica adotada pelo seu suces- sor, Nicolás Maduro, que levaram o país à quase completa miséria. Diz ainda o programa que Chávez, “que deu início à destruição daquele país”, tem dois fãs no Brasil: Lula e Bolso- naro. Corta para imagens do ex-presi- dente petista ao lado do venezuela- no, além de falas elogiando Chávez. Também utilizaram uma entrevis- ta antiga de Bolsonaro à Folha de S.Paulo, na qual o capitão diz que o ex-presidente venezuelano é “uma esperança para a América Latina” e que “gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil”. Só no último minuto e meio dos 5 minutos e 30 segundos da propa- ganda é que Alckmin dá as caras, ata- cando tanto Bolsonaro – “intolerante e simpático a ditadores” – quanto o PT – “o partido que quer acabar com a Lava-Jato”. Dizem os especialistas em marketing que a população hoje não gosta de ver propagandas políticas agressivas no rádio e na TV. Mas, para Estagnado, Alckmin apresenta o programa mais agressivo desde o início do horário eleitoral no rádio e na TV ANÁLISE MULTA MAIOR A vereadora Claudia de Giuli (PMB) conseguiu dez assinaturas para que seja votado, em regime de urgência na próxima sessão (25), projeto de sua autoria que altera as regras para liberação de animais apreendidos soltos em vias públicas. De acordo com a vereadora, as normas seguidas atualmente pela Secretaria de Saúde têm beneficiado os infratores. Lei de 1991 diz que a multa nestes casos é de apenas 0,5% de 1 UFM, o que daria meros R$ 2,78. VOTO SECRETO Experiente na lida política, Kátia Abreu, vice de Ciro Gomes (PDT), sentou e mandou ver na arte do convencimento durante sua visita ao HB nesta quinta (20). Num determinado momento, deixou Amália Tieco, diretora executiva do hospital, em saia justa ao perguntar em quem ela votaria. Não obteve resposta, mas angariou admiração. “É uma mulher bem inteligente”, limitou-se a revelar Amália. NOVA PESQUISA 1 A proximidade das eleições, marcadas para o dia 7 de outubro, tem levado os institutos de pesquisa a divulgar levantamentos quase que diários. Nesta quinta-feira (20) foi a vez de o Datafolha apresentar os resultados, que colocam Bolsonaro (PSL) com 28%, Haddad (PT) com 16%, Ciro (PDT) com 13%, Alckmin (PSDB) com 9% e Marina (Rede) com 7%. Já com relação à rejeição, o capitão segue na dianteira com 43%, seguido da candidata da Rede, com 32%, e do petista com 29%. Alckmin, é o que restou. Desde a pré- -campanha, o tucano não consegue chegar aos dois dígitos da intenção de votos, distante do segundo colo- cado, Haddad. Mas o problema maior de Alckmin é mesmo Bolsonaro, que conseguiu conquistar a simpatia dos eleitores de direita e também antipe- tistas. Algo que o tucano até tentou, mas não obteve sucesso. O tom mais agressivo é uma es- pécie de tudo ou nada para a cam- panha de Alckmin. Ou ele começa a finalmente crescer nas pesquisas, ti- rando votos de Bolsonaro (principal- mente) e Haddad, ou é o seu último suspiro. É alçar voo mais alto ou mor- rer no ninho. É a tucanada apostando tudo em Chávez. 11 fiz um resgate com a Polícia Ambiental, que geralmente todos me chamam para acompanhar. Eu denuncio, eles me acompanham. Aí o policial perguntou pra mim: “Quantos animais você tem em casa?”. Respondi. Aí, ele falou: “Nossa, não pode”. Eu disse: “Você quer que eu faça o quê? Agora jogo pra rua de novo?” A senhora falou que tem gente que se aproveita para ganhar dinheiro em cima da causa. Então, explica para as pessoas leigas que se sensibilizam com uma história e queiram ajudar. Como separar o joio do trigo? Elisângela - Eu falo sempre para quem me ajuda: “Olha, venha conhecer. Venham na minha casa ver.” Eu não vou dar meu endereço pra todo mundo, porque é complicado. Esses dias mesmo tive que instalar câmera na minha casa porque começaram a jogar cachorro por cima do meu muro, que tem quase 3 metros. Chega a machucar o animal. Porque eles caem em cima dos vasos de plantas. Jogam gatos. Então, eu sempre falo para essas pessoas que venham conhecer. É preciso saber quem está ajudando. Eu, por exemplo, devo satisfação para quem ajuda, não para quem faz fofoca. Ou seja, se você está ajudando, exija saber o que está sendo feito. Vá na casa da pessoa. Vai doar ração? Mas tem gente que vende saco de ração, sabe? É, tem esse também. Do ponto de vista prático, o que uma deputada federal pode fazer em relação à causa animal? Elisângela - Vou pegar nossa cidade como referência, já que nós estamos com mais de 400 mil habitantes. Outro dia tive uma reunião com o prefeito e ele falou: “Rio Preto é a terceira cidade do Brasil melhor para se viver”. Ele fala isso porque não conhece muitos problemas da cidade. Ele mesmo falou que desconhecia o problema dos animais. É uma questão de saúde pública. Então, uma medida paliativa que nós faríamos é garantir recursos para a castração em massa. Isso é muito importante, ir nos bairros, porque para uma pessoa que mora na periferia, a 20 km do Centro de Zoonoses, que é onde se faz a castração de graça depois de um cadastro e muita espera, fica difícil. Alguns veterinários se aproveitam disso. Uma castração que valeria em torno de R$ 180 a R$ 200 chega a R$ 800. Ninguém tem condições. Eu esto com vários cachorros resgatados para castrar. É do meu bolso que sai se não tem um veterinário que faça isso por coração, por piedade. Uns dizem: “Não, Elisângela, traz aqui que eu vou fazer e divido para você, faço um preço simbólico”. E se não fosse isso, Rio Preto estaria mais no caos, porque nós, protetores, estamos fazendo o trabalho da Prefeitura de acolher animais na rua, animais doentes. Eu acho que deveria ter um castramóvel, parceria com clínicas veterinárias. Tem muitos veterinários começando que querem, que estão engajado na causa. Quanto a senhora pretende gastar na sua campanha? Elisângela - Vou falar a verdade. Não recebi doação de ninguém, porque tem esse fundo que a gente... Nem do partido, o Psol? Elisângela – O Psol está ajudando a gente, sim. Quanto foi até agora? Elisângela – Deram R$ 3 mil pra mim. Pouco, né? Elisângela - Sim, mas até que deu para fazer santinho, porque da outra vez não tivemos nada. Mas R$ 3 mil reais não dá nem para fazer uma campanha de vereadora numa cidade de 50 mil habitantes... Elisângela - É mesmo, né? Pelo que nós vemos aí. Eu liguei no jornal esses dias e colocaram algumas pessoas lá, alguns deputados. Eu fiquei estarrecida pelos valores, tinha gente ultrapassando um milhão de reais numa campanha... Qual é a atividade profissional da senhora? Elisângela- Eu fiz técnico de enfermagem, depois comecei faculdade de letras e não terminei, porque na época eu estava desempregada. Hoje vivo como pensionista, meu pai era militar. A gente, eu e minha mãe, é pensionista. Só que o dinheiro é todo revertido para a causa. Temos uma limitação financeira muito grande, porque minha mãe já está com idade avançada e não pode ficar muito sozinha. Eu tenho uma filha de 12 anos que ajuda também. Então a gente vive com limitações. Minha pensão é comprometida com isso. E os animais tomam todo meu tempo… Mudando de assunto. A Polícia Federal é hoje a instituição de maior credibilidade entre os brasileiros e fortaleceu-se por ser imparcial em suas investigações. Nota-se que cada candidato a presidente tem uma ideia mirabolante para a PF, o que pode reconfigurar a instituição. Pergunta: A senhora é a favor ou contra dotar a PF de autonomia administrativa e financeira? A senhora apoia a PEC 412/09, que está parada no Congresso, que trata justamente da autonomia da Polícia Federal? (pergunta formulada por André Previato Kodjaoglanian, delegado da Polícia Federal de Rio Preto) Elisângela - Eu acho que sim. A Polícia Federal faz um trabalho espetacular, não desmerecendo as outras polícias, porque eu tenho a opinião que todos fazem o seu trabalho muito bem feito. Claro, tem muitas falhas, mas a Polícia Federal é quase impecável, vamos dizer assim, então acho que eles precisam dessa autonomia. Na questão da Lava Jato mesmo, a PF foi uma grande protagonista. A senhora concorda com a atuação dela nas investigações da Lava Jato? Elisângela - Com certeza. Tanto da Lava Jato como em todas as investigações que envolvam corrupção. Rio Preto é uma cidade pobre em universidades públicas, apenas uma estadual (a Unesp), mais a Faculdade de Medicina. Não está na hora de a cidade receber uma universidade federal? O que falta para realizar isso? Empenho dos nossos políticos? (pergunta de Fernando Marques, jornalista e historiador) Elisângela - É o que eu falo, Rio Preto deixa a desejar em muita coisa. Já deveria ter uma universidade federal há muito tempo. Talvez seja algo que, na visão dos políticos, não seja tão lucrativo para eles... E como conseguir trazer uma Universidade Federal aqui para Rio Preto? Elisângela – Com investimento. Eles investem em tantas coisas desnecessárias... Considerando-se o emaranhado de normas tributárias (são mais de 5 mil normas tributárias no País) que criam obrigações acessórias em excesso, burocratizam arrecadação e disfarçam estratégias de aumento de carga tributaria, o que objetivamente a senhora, enquanto deputada, fará para dar clareza e simplificar o ordenamento jurídico, melhorar a segurança do ambiente empreendedor, reduzir a judicialização, a cobrança de impostos e taxas que pesam sobre a comunidade empresarial e toda a sociedade brasileira? (pergunta de Paulo Sader, presidente da Acirp) Elisângela - Somos um País que tem as maiores taxas, os maiores impostos. E é um dinheiro que não vemos retorno, né? Eu não tenho conhecimento profundo na área comercial, empresarial, mas eu acho que deveria reduzir, ou pelo menos que eles mostrem serviço em cima desses impostos cobrados, convertendo em benefício para a população, porque às vezes a verba sai para alguma área no extremo do país e não chega. Qual é a opinião da senhora sobre o programa Mais Médicos? (pergunta de Toufic Anbar Neto, médico e diretor da medicina Faceres-Rio Preto) Elisângela – É igual foi falado, falta muito recurso, falta faculdade. Nós temos uma das melhores do País aqui na nossa cidade, é um orgulho para qualquer pessoa. E o programa Mais Médicos é no que deveria ser investido mesmo. Sabe, é o que eu falei, a população carece de muita coisa, com verbas que não chegam. Se fosse tudo certinho, eu acho que daria pra investir em muita coisa, saúde e tal. Vamos lá. O programa Mais Médicos foi instalado no governo do PT e, entre outras coisas, permite a vinda de médicos cubanos e de outras nacionalidades para atuarem na saúde pública. Mas enfrenta oposição dos médicos brasileiros. A senhora entende que o Brasil deve investir mais na formação de médico aqui ou buscar profissionais que queiram atuar em áreas nas quais faltam profissionais? Elisângela - Na minha sincera opinião, sou super contra, porque nós temos ótimos profissionais. Nós temos formandos ai que estão precisando trabalhar. Com certeza, não é porque é médico que ele já vai sair empregado. Então, tem que investir no nosso País, nos nossos profissionais. Devemos investir e isso é uma obrigatoriedade. Eu acho uma coisa fora de cogitação você trazer outras pessoas, de outros lugares, para trabalhar no nosso país. Deixa eles lá trabalhando no País deles e dê valor no nosso aqui. Vamos ao nosso teste. Qual a opinião da senhora sobre... 1) Descriminalização do aborto? Elisângela - Eu acho que todo mundo é contra o aborto, ninguém é a favor de tirar uma vida, vamos dizer assim. Mas é um assunto muito complicado. A descriminalização reduziria a morte entre as mulheres, porque quem tem dinheiro paga clínica boa e quem não tem vai em clínica clandestina. Mas precisa de uma discussão da sociedade sobre o assunto. 2) Descriminalização do uso da maconha? Elisângela - Sou contra o uso de qualquer tipo de drogas, incluindo drogas lícitas como álcool e tabaco 3) Liberação do uso de armas pelo cidadão comum? Elisângela - Eu sou totalmente contra. Na minha casa mesmo tive a experiência do meu tio, que cometeu suicídio com uma arma de fogo. Nós sempre tivemos arma de fogo em casa, sempre. Meu tio, num momento de depressão, cometeu suicídio. Anos antes, uma mulher com quem ele não queria ter relacionamento, atirou nas costas dele. Isso uns 30 anos atrás, quando todo mundo tinha armas em casa. Essa mulher tinha uma arma, deu um tiro nas costas dele, ele ficou paraplégico. E aí entrou em depressão, pegou a arma que tinha em casa e se matou. Olha a consequência. Vamos brincar um pouquinho: o brasileiro não tem mira para usar um vaso sanitário, vai ter mira atirar em alguém? Tem tantos policiais morrendo na mão de bandidos e eles são treinados para usar uma arma. Imagina a pessoa comum. Vai virar um bagunça total. 4) Redução da maioridade penal para 16 anos? Elisângela - Vou falar por mim. Eu sou a favor, porque um menino de 16 anos pode fazer filho, pode matar e roubar, ir para a rua, né, mas não acontece nada. Ele pode votar. Daqui uns dias vai poder tirar carta. Mas para acontecer isso, deveria mudar totalmente a Constituição, que é antiga, não tem lógica. Para finalizar. Porque a senhora acha que merece o voto de confiança do eleitor? Elisângela - Vamos renovar, porque dos mesmos estamos cansados. Vamos dar oportunidade para quem é honesto, para quem fala a verdade, para quem quer trabalhar mesmo. Independentemente da causa que a pessoa luta, vamos dar oportunidade e, com certeza, essa oportunidade eu não quero sozinha. Eu falo sempre que estamos juntos, que sozinho ninguém faz nada. Então, a população tem que participar. Então, nessa oportunidade eu peço seu voto para estarmos lá e renovarmos aquele Congresso, que está precisando de uma reforma geral. 17 Colaborou com a coluna: Thais Covre NOVA PESQUISA 2 O cenário para o 2º turno está completamente indefinido. Bolsonaro e Haddad aparecem com 41%, empatados numericamente. Já no cenário entre o capitão e Ciro, o presidenciável do PDT ganharia de 45% contra 39%. A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 18 e 19 de setembro e foram ouvidos 8.601 eleitores em 323 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Guilherme BATISTA MOTTA NO SOFÁ O sindicalista Luiz Carlos Motta, candidato a deputado federal pelo PR, é o sabatinado da coluna nesta sexta (21). Como sempre, você pode participar da entrevista com perguntas e comentários por meio do Facebook do DHoje Interior, à 8h45. 12 13 14 15 16 A metralhadora Kábia Abreu mira Haddad Se Geraldo Alckmin (PSDB) au- mentou a munição numa tentati- va derradeira de tiro fatal em Jair Bolsonaro (PSL), a candidatura de Ciro Gomes (PDT) decidiu fazer o mesmo em relação a Fernando Ha- ddad (PT). Durante atividades de campa- nha em Rio Preto nesta quinta (20), a senadora Kátia Abreu, vice de Ciro, empunhou uma metralhado- ra verbal contra o presidenciável petista e seu padrinho, o ex-pre- sidente Lula. E sobrou até para a “colega” Dilma Rousseff, de quem se manteve ao lado durante o pro- cesso de impeachment. “Ninguém é desgraçadamente ruim em um governo. Ninguém se elege para ser ruim. Às vezes não tem a competência, não tem a ex- periência e não tem a força política para fazer. Foi a caso da Dilma, ti- nha espírito público, tinha vontade de fazer, era uma mulher honesta, mas do ponto de vista de articula- ção não deu conta”, disparou. Ao fazer isso, queria colar em Haddad o fracasso da primeira afilhada de Lula na Presidência da República. “Isso porque o Lula es- tava solto. Imagina Haddad com o Lula detido. Que condições ele terá para manejar o Congresso Nacio- nal? Ele não tem essa habilidade. Ele não mostrou essa habilidade na prefeitura de São Paulo. Ele foi um dos prefeitos mais rejeitados de São Paulo. Não é porque o Ha- ddad é ruim, mas, para ser bom, precisa ser completo.” A ofensiva é consequência do descolamento do candidato pe- tista para um segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Daí que ela usou sem cerimônia o discurso do voto útil, tentando convencer os interlocutores que a candidatura de Ciro pretende con- vergir ideias políticas da esquerda e da direita. Ou seja, quer ganhar a confiança de quem não se sen- te confortável com uma disputa entre dois extremos no segundo turno. Na visita que fez ao Hospital de Base, onde foi recebida por parte da diretoria, médicos e funcioná- rios, Kátia defendeu a criação de uma espécie de Ideb da Saúde, ou seja, um indicador que possa aferir a qualidade dos serviços prestados na área em todas as esferas. Pela proposta, quem apresentar me- lhores resultados receberá mais recursos. Ligada ao setor do agronegó- cios, a senadora entrou na chapa presidenciável justamente para fu- rar a resistência do setor às candi- daturas mais à esquerda. Seguindo seu DNA, criticou o MST na forma como faz ocupações, mas não re- chaçou uma reforma agrária, “des- de que necessária”. A agenda da vice de Ciro, ci- ceroneada na cidade por Carlos Arnaldo, presidente local do PDT, previa, depois de entrevistas e pe- quenas reuniões, uma atividade grande num hotel da cidade na noite de ontem. 18 19 20 21 de sua agenda. Mais provocação ainda: foi tirar foto com o pessoal do Hospital de Base, onde foi recebida, aliás, com pompa e circunstância por alguns médicos, diretores e funcionários. A neo-tucana, que ficou no imaginário popular como a bonitona que ajudou a desmontar o esquema de Paulo Cesar Farias e Collor, não se fez de rogada: chegou pedindo voto naquele que já foi território exclusivo do deputado estadual Vaz de Lima, marido de Ivani, também candidata a federal pelo PSDB. Thereza antecedeu Kátia Abreu, a vice de Ciro, num dia concorrido no HB. ATÉ A THEREZA DEU UMA PASSADINHA LÁ Se você tem menos de 30 anos de idade e faltou às aulas da história recente da política brasileira, põe no Google o nome Thereza Collor. Pois bem, a ex-cunhada do ex-presidente cassado Fernando Collor de Mello redesenhou sua biografia ao implodir relações com o clã e se instalar, 15 anos atrás, em São Paulo. Candidata a deputada federal pelo PSDB, ela esteve em Rio Preto nesta quinta (20). E, provocação das provocações, veio sem que ninguém do tucanato local tivesse conhecimento Divulgação Divulgação Kátia Abreu em café no HB

NOVA PESQUISA 1 ENTREVISTA ELISÂNGELA JOVANA DOS … · ENTREVISTA Elisângela Jovana dos Santos é da safra de protetores de animais que até chora quando fala das difi culdades

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Fabrício Carareto, Maria Elena Covre e Beck

ELEIÇÕES 2018POLÍTICAPOLÍTICA A-5A-4 Jornal

São José do Rio Preto, sexta-feira21 de setembro de 2018

ENTREVISTA

Elisângela Jovana dos Santos é da safra de protetores de animais que até chora quando fala das difi culdades enfrentadas no dia a dia para conseguir atendimento para um cachorro doente, por exemplo. E é também da mesma safra que descobriu mais recentemente que o tema ganhou tanto espaço na sociedade nos dias de hoje que começou a se reverter em votos para cargo político-partidário.

Lançou-se candidata a vereadora em 2016 pelo Psol, “mas sem nenhum apoio”, reforça. E levou mais de mil votos. Daí que foi picada pela mosquinha azul. Seja lá qual tenha sido a estratégia da legenda ao lançá-la na disputa a federal, ela garante que está levando a empreitada a sério. Chegou na entrevista ansiosa, avisando que só sabia falar da causa animal. Realmente mostrou-se à vontade com o tema, mas revelou desconhecer o básico de temas polêmicos na pauta do Congresso Nacional.

Espontânea e faladeira, não se prendeu a amarras ideológicas de esquerda, mostrando-se alinhada a posições de direita em temas como a redução da maioridade penal, por exemplo. Veja abaixo principais trechos da entrevista concedida nesta quinta (20) à coluna...

A senhora foi candidata a vereadora em 2016 e agora está tentando um voo

muito mais alto. Por que está se lançando candidata a deputada federal? É para cumprir as cotas femininas obrigatórias ou acredita mesmo na possibilidade de sair vitoriosa numa disputa tão complexa e cara?

Elisângela dos Santos - A partir do momento que a gente toma uma decisão dessas é para valer. Todo mundo pergunta: “É estadual?”. Respondo: “Não, é federal”. Aí as pessoas que já entendem mais de política falam: “Nossa, mas foi bem pra frente, já pra federal”. Mas vamos tentar, vamos levar nosso nome, nosso conhecimento. Tenho muito conhecimento pelo trabalho que eu faço em defesa da causa animal. Algumas regiões do Brasil me conhecem. Inclusive, algumas pessoas em Maceió falaram que me darão apoio caso eu seja eleita. Então, vamos tentar, vamos ousar. Na primeira vez foi realmente para entrar por causa da cota e deu certo. Eu não tive apoio do partido para vereadora em 2016 e fui bem.

Quantos votos a senhora teve?

Elisângela - Quase 1, 2 mil votos. Sem coligação, sem

candidato a prefeito. Entramos em quatro pessoas só e nos ajudamos. Fomos à luta e deu certo, sabe. Aí eu vi a minha capacidade de fazer alguma coisa em cima do trabalho que eu realizo há 24 anos na cidade.

Exite uma guerra nas redes sociais hoje entre os cuidadores de animais de

Rio Preto. Inclusive de grupos ligados à senhora em relação à vereadora Claudia de Giuli (PMB), que milita na mesma área. A falta de união surgiu em função desta disputa por poder, já que a causa, nobre, virou um fi lão na busca por votos a cargos políticos?

Elisângela - Então, é um pouco complicado porque eu acho que essas desavenças já existem há bastante tempo. Antes de rede social, antes de internet, de explodir por aí. Desde a época que eu comecei. Então, sempre teve essa disputa, um quer fazer mais que o outro para mostrar para outra pessoa. Algumas pessoas mentem em cima da causa animal. Bom, tudo que envolve dinheiro é assim. A causa animal deveria ser vista com outros olhos, Algumas pessoas já usaram muito como forma de renda, para ganhar dinheiro em cima. Fala que resgata cachorro e sai pedindo dinheiro. O cachorro já morreu e a pessoa continua pedindo dinheiro em cima desse cachorro. Não só aqui na nossa cidade. Em todo lugar no País existem algumas histórias de pessoas que se aproveitam da situação.

Ter uma vereadora da causa na Câmara não é uma conquista?

Elisângela – Ela (Claudia de Giuli) é a primeira. Infelizmente ainda não temos o apoio do poder púbico, do Executivo. Ela praticamente fi ca ali de mãos atadas, porque o prefeito prometeu muita coisa em cima disso na campanha eleitoral dele e todo mundo cobra. Nós, protetores, estamos acumulados com dívidas e animais em casa. Outro dia eu

ELISÂNGELA JOVANA DOS SANTOS

‘Os animais tomam todo meu tempo’

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“Algumas pessoas mentem em cima da causa animal. Algumas pessoas já usaram muito como forma de renda, para ganhar dinheiro em cima

CAPIVARAS PENSANTES

Augusto Nunes“Caso vencesse as eleições, Fernando Haddad - se continuasse fazendo o que faz hoje -, passaria mais tempo na cadeia ouvindo ordens de um ex-presidente presidiário do que no Palácio do Planalto”

POSTADO NO

ZONA ELEITORAL

por Beck

Painel da Assessoria

Olar, brazeeel! Interrompemos o ‘hilário eleitoral’ desta sexta para compartilhar um assunto bem mais sério e de extrema importância. O recado abaixo foi postado pelo médico Miguel Zerati Filho em seu per� l no Facebook. Acreditando na relevância da informação para o leitor e para a sociedade em si, a coluna transcreve abaixo o texto do médico.

Abre aspas

“Agora é o� cial: a justiça dá respaldo em 2ª instância ao Conselho Federal de Medicina, proibindo práticas “médicas “ que iludem a população, prometem resultados fantasiosos e descabidos, com tratamentos sem nenhum respaldo cientí� co.

Finalmente, esperamos que seja o � m da chamada “Terapia Anti Aging”, Modulação Hormonal “com uso de hormônios e produtos “mágicos” para retardar o envelhecimento e outras práticas de picaretagem, que visam somente o mercantilismo”.

Roda e avisa

Zerati também compartilhou, na íntegra, o texto publicado pela Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5, responsável por negar, em placar de unanimidade, a apelação contra a Resolução Nº1999/2012, do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em linhas gerais, o texto amplia a decisão do CFM em combater a “prática de reposição hormonal sem comprovação cientí� ca, objetivando retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”.

Em uma época em que grande volume de pessoas se rendem aos “encantos fáceis” da Medicina em todas as suas áreas, nunca é demais compartilhar conhecimento. Compartilhe você também.

Urologista Miguel Zerati Filho comemora decisão da Justiça e faz apelo à sociedade: “Precisamos combater práticas médicas que

iludem a população”

Reprodução

A cartada fi nalO que poderia unir o PT e Jair

Bolsonaro (PSL), que politicamente e ideologicamente são água e óleo? Para o PSDB, há algo em comum: Hugo Chávez, ex-presidente da Ve-nezuela.

Essa foi a aposta do programa tucano veiculado nesta quinta-feira (20) no horário eleitoral gratuito. O tom mais agressivo é a última carta-da de Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar subir nas pesquisas e garantir um lugar cada dia mais improvável no 2º turno, que hoje se desenha entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).

A bateria maior ainda é contra o capitão da reserva. O programa de Alckmin começou falando sobre a proposta do economista Paulo Guedes, chamado de “banqueiro

milionário”, de adotar uma alíquota única do Imposto de Renda de 20%, independentemente da faixa salarial. “Menos imposto para os ricos, mais imposto para os pobres”, a� rma a propaganda.

Em seguida o tema é a Venezue-la, “um vizinho que já foi muito rico, mas que, em determinado momento da história, fez uma escolha muito er-rada”. A escolha errada, no caso, foi a eleição de Hugo Chávez e a política econômica adotada pelo seu suces-sor, Nicolás Maduro, que levaram o país à quase completa miséria. Diz ainda o programa que Chávez, “que deu início à destruição daquele país”, tem dois fãs no Brasil: Lula e Bolso-naro.

Corta para imagens do ex-presi-dente petista ao lado do venezuela-

no, além de falas elogiando Chávez. Também utilizaram uma entrevis-ta antiga de Bolsonaro à Folha de S.Paulo, na qual o capitão diz que o ex-presidente venezuelano é “uma esperança para a América Latina” e que “gostaria muito que essa � loso� a chegasse ao Brasil”.

Só no último minuto e meio dos 5 minutos e 30 segundos da propa-ganda é que Alckmin dá as caras, ata-cando tanto Bolsonaro – “intolerante e simpático a ditadores” – quanto o PT – “o partido que quer acabar com a Lava-Jato”.

Dizem os especialistas em marketing que a população hoje não gosta de ver propagandas políticas agressivas no rádio e na TV. Mas, para

“ Estagnado, Alckmin apresenta o programa mais agressivo desde o início do horário eleitoral no rádio e na TV

ANÁLISE “

MULTA MAIORA vereadora Claudia de Giuli (PMB) conseguiu dez assinaturas para que seja votado, em regime de urgência na próxima sessão (25), projeto de sua autoria que altera as regras para liberação de animais apreendidos soltos em vias públicas. De acordo com a vereadora, as normas seguidas atualmente pela Secretaria de Saúde têm bene� ciado os infratores. Lei de 1991 diz que a multa nestes casos é de apenas 0,5% de 1 UFM, o que daria meros R$ 2,78.

VOTO SECRETOExperiente na lida política, Kátia Abreu, vice de Ciro Gomes (PDT), sentou e mandou ver na arte do convencimento durante sua visita ao HB nesta quinta (20). Num determinado momento, deixou Amália Tieco, diretora executiva do hospital, em saia justa ao perguntar em quem ela votaria. Não obteve resposta, mas angariou admiração. “É uma mulher bem inteligente”, limitou-se a revelar Amália.

NOVA PESQUISA 1A proximidade das eleições, marcadas para o dia 7 de outubro, tem levado os institutos de pesquisa a divulgar levantamentos quase que diários. Nesta quinta-feira (20) foi a vez de o Datafolha apresentar os resultados, que colocam Bolsonaro (PSL) com 28%, Haddad (PT) com 16%, Ciro (PDT) com 13%, Alckmin (PSDB) com 9% e Marina (Rede) com 7%. Já com relação à rejeição, o capitão segue na dianteira com 43%, seguido da candidata da Rede, com 32%, e do petista com 29%.

Alckmin, é o que restou. Desde a pré--campanha, o tucano não consegue chegar aos dois dígitos da intenção de votos, distante do segundo colo-cado, Haddad. Mas o problema maior de Alckmin é mesmo Bolsonaro, que conseguiu conquistar a simpatia dos eleitores de direita e também antipe-tistas. Algo que o tucano até tentou, mas não obteve sucesso.

O tom mais agressivo é uma es-pécie de tudo ou nada para a cam-panha de Alckmin. Ou ele começa a � nalmente crescer nas pesquisas, ti-rando votos de Bolsonaro (principal-mente) e Haddad, ou é o seu último suspiro. É alçar voo mais alto ou mor-rer no ninho. É a tucanada apostando tudo em Chávez.

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fi z um resgate com a Polícia Ambiental, que geralmente todos me chamam para acompanhar. Eu denuncio, eles me acompanham. Aí o policial perguntou pra mim: “Quantos animais você tem em casa?”. Respondi. Aí, ele falou: “Nossa, não pode”. Eu disse: “Você quer que eu faça o quê? Agora jogo pra rua de novo?”

A senhora falou que tem gente que se aproveita para ganhar dinheiro em cima da

causa. Então, explica para as pessoas leigas que se sensibilizam com uma história e queiram ajudar. Como separar o joio do trigo?

Elisângela - Eu falo sempre para quem me ajuda: “Olha, venha conhecer. Venham na minha casa ver.” Eu não vou dar meu endereço pra todo mundo, porque é complicado. Esses dias mesmo tive que instalar câmera na minha casa porque começaram a jogar cachorro por cima do meu muro, que tem quase 3 metros. Chega a machucar o animal. Porque eles caem em cima dos vasos de plantas. Jogam gatos. Então, eu sempre falo para essas pessoas que venham conhecer. É preciso saber quem está ajudando. Eu, por exemplo, devo satisfação para quem ajuda, não para quem faz fofoca. Ou seja, se você está ajudando, exija saber o que está sendo feito. Vá na casa da pessoa. Vai doar ração? Mas tem gente que vende saco de ração, sabe? É, tem esse também.

Do ponto de vista prático, o que uma deputada federal pode fazer em relação à causa

animal?Elisângela - Vou pegar nossa cidade

como referência, já que nós estamos com mais de 400 mil habitantes. Outro dia tive uma reunião com o prefeito e ele falou: “Rio Preto é a terceira cidade do Brasil melhor para se viver”. Ele fala isso porque não conhece muitos problemas da cidade. Ele mesmo falou que desconhecia o problema dos animais. É uma questão de saúde pública. Então, uma medida paliativa que nós faríamos é garantir recursos para a castração em massa. Isso é muito importante, ir nos bairros, porque para uma pessoa que mora na periferia, a 20 km do Centro de Zoonoses, que é onde se faz a castração de graça depois de um cadastro e muita espera, fi ca difícil. Alguns veterinários se aproveitam disso. Uma castração que valeria em torno de R$ 180 a R$ 200 chega a R$ 800. Ninguém tem condições. Eu esto com vários cachorros resgatados para castrar. É do meu bolso que sai se não tem um veterinário que faça isso por coração, por piedade. Uns dizem: “Não, Elisângela, traz aqui que eu vou fazer e divido para você, faço um preço simbólico”. E se não fosse isso, Rio Preto estaria mais no caos, porque nós, protetores, estamos fazendo o trabalho da Prefeitura de acolher animais na rua, animais doentes. Eu acho que deveria ter um castramóvel, parceria com clínicas

veterinárias. Tem muitos veterinários começando que querem, que estão engajado na causa.

Quanto a senhora pretende gastar na sua campanha?

Elisângela - Vou falar a verdade. Não recebi doação de ninguém, porque tem esse fundo que a gente...

Nem do partido, o Psol?Elisângela – O Psol está

ajudando a gente, sim.

Quanto foi até agora?Elisângela – Deram R$ 3

mil pra mim.

Pouco, né?Elisângela - Sim, mas até

que deu para fazer santinho, porque da outra vez não tivemos

nada.

Mas R$ 3 mil reais não dá nem para fazer uma campanha de vereadora

numa cidade de 50 mil habitantes...

Elisângela - É mesmo, né? Pelo que nós vemos aí. Eu liguei no jornal esses dias e colocaram algumas pessoas lá, alguns deputados. Eu fi quei estarrecida pelos valores, tinha gente ultrapassando um milhão de reais numa campanha...

Qual é a atividade profi ssional da senhora?

Elisângela- Eu fi z técnico de enfermagem, depois comecei faculdade de letras e não terminei, porque na época eu estava desempregada. Hoje vivo como pensionista, meu pai era militar. A gente, eu e minha mãe, é pensionista. Só que o dinheiro é todo revertido para a causa. Temos uma limitação fi nanceira muito grande, porque minha mãe já está com idade avançada e não pode fi car muito sozinha. Eu tenho uma fi lha de 12 anos que ajuda também. Então a gente vive com limitações. Minha pensão é comprometida com isso. E os animais tomam todo meu tempo…

Mudando de assunto. A Polícia Federal é hoje a instituição de maior

credibilidade entre os brasileiros e fortaleceu-se por ser imparcial em suas investigações. Nota-se que cada candidato a presidente tem uma ideia mirabolante para a PF, o que pode reconfi gurar a instituição. Pergunta: A senhora é a favor ou contra dotar a PF de autonomia administrativa e fi nanceira? A senhora apoia a PEC 412/09, que está parada no Congresso, que trata justamente da autonomia da Polícia Federal? (pergunta formulada por André Previato Kodjaoglanian, delegado da Polícia Federal de Rio Preto)

Elisângela - Eu acho que sim.

A Polícia Federal faz um trabalho espetacular, não desmerecendo as outras polícias, porque eu tenho a opinião que todos fazem o seu trabalho muito bem feito. Claro, tem muitas falhas, mas a Polícia Federal é quase impecável, vamos dizer assim, então acho que eles precisam dessa autonomia.

Na questão da Lava Jato mesmo, a PF foi uma grande protagonista. A senhora

concorda com a atuação dela nas investigações da Lava Jato?

Elisângela - Com certeza. Tanto da Lava Jato como em todas as investigações que envolvam corrupção.

Rio Preto é uma cidade pobre em universidades públicas, apenas uma

estadual (a Unesp), mais a Faculdade de Medicina. Não está na hora de a cidade receber uma universidade federal? O que falta para realizar isso? Empenho dos nossos políticos? (pergunta de Fernando Marques, jornalista e historiador)

Elisângela - É o que eu falo, Rio Preto deixa a desejar em muita coisa. Já deveria ter uma universidade federal há muito tempo. Talvez seja algo que, na visão dos políticos, não seja tão lucrativo para eles...

E como conseguir trazer uma Universidade Federal aqui para Rio Preto?

Elisângela – Com investimento. Eles investem em tantas coisas desnecessárias...

Considerando-se o emaranhado de normas tributárias (são mais

de 5 mil normas tributárias no País) que criam obrigações acessórias em excesso, burocratizam arrecadação e disfarçam estratégias de aumento de carga tributaria, o que objetivamente a senhora, enquanto deputada, fará para dar clareza e simplifi car o ordenamento jurídico, melhorar a segurança do ambiente empreendedor, reduzir a judicialização, a cobrança de impostos e taxas que pesam sobre a comunidade empresarial e toda a sociedade brasileira? (pergunta de Paulo Sader, presidente da Acirp)

Elisângela - Somos um País que tem as maiores taxas, os maiores impostos. E é um dinheiro que não vemos retorno, né? Eu não tenho conhecimento profundo na área comercial, empresarial, mas eu acho que deveria reduzir, ou pelo menos que eles mostrem serviço em cima desses impostos cobrados, convertendo em benefício para a população, porque às vezes a verba sai para alguma área no extremo do país e não chega.

Qual é a opinião da senhora sobre o programa

Mais Médicos? (pergunta de Toufi c Anbar Neto, médico e diretor da medicina Faceres-Rio Preto)

Elisângela – É igual foi falado, falta muito recurso, falta faculdade. Nós temos uma das melhores do País aqui na nossa cidade, é um orgulho para qualquer pessoa. E o programa Mais Médicos é no que deveria ser investido mesmo. Sabe, é o que eu falei, a população carece de muita coisa, com verbas que não chegam. Se fosse tudo certinho, eu acho que daria pra investir em muita coisa, saúde e tal.

Vamos lá. O programa Mais Médicos foi instalado no governo do PT e, entre

outras coisas, permite a vinda de médicos cubanos e de outras nacionalidades para atuarem na saúde pública. Mas enfrenta oposição dos médicos brasileiros. A senhora entende que o Brasil deve investir mais na formação de médico aqui ou buscar profi ssionais que queiram atuar em áreas nas quais faltam profi ssionais?

Elisângela - Na minha sincera opinião, sou super contra, porque nós temos ótimos profi ssionais. Nós temos formandos ai que estão precisando trabalhar. Com certeza, não é porque é médico que ele já vai sair empregado. Então, tem que investir no nosso País, nos nossos profi ssionais. Devemos investir e isso é uma obrigatoriedade. Eu acho uma coisa fora de cogitação você trazer outras pessoas, de outros lugares, para trabalhar no nosso país. Deixa eles lá trabalhando no País deles e dê valor no nosso aqui.

Vamos ao nosso teste. Qual a opinião da senhora sobre...

1) Descriminalização do aborto?

Elisângela - Eu acho que todo mundo é contra o aborto, ninguém é a favor de tirar uma vida, vamos dizer assim. Mas é um assunto muito complicado. A descriminalização reduziria a morte entre as mulheres, porque quem tem dinheiro paga clínica boa e quem não tem vai em clínica clandestina. Mas precisa de uma discussão da sociedade sobre o assunto.

2) Descriminalização do uso da maconha?

Elisângela - Sou contra o uso de qualquer tipo de drogas, incluindo drogas lícitas como álcool e tabaco

3) Liberação do uso de armas pelo cidadão comum?

Elisângela - Eu sou totalmente contra. Na minha casa mesmo tive a experiência do meu tio, que cometeu suicídio com uma arma de fogo. Nós sempre tivemos arma de fogo em casa, sempre. Meu tio, num momento de depressão, cometeu suicídio. Anos antes, uma mulher com quem ele não queria ter relacionamento, atirou nas costas dele. Isso uns 30 anos atrás, quando todo mundo tinha armas em casa. Essa mulher tinha uma arma, deu um tiro nas costas dele, ele fi cou paraplégico. E aí entrou em depressão, pegou a arma que tinha em casa e se matou. Olha a consequência. Vamos brincar um pouquinho: o brasileiro não tem mira para usar um vaso sanitário, vai ter mira atirar em alguém? Tem tantos policiais morrendo na mão de bandidos e eles são treinados para usar uma arma. Imagina a pessoa comum. Vai virar um bagunça total.

4) Redução da maioridade penal para 16 anos?

Elisângela - Vou falar por mim. Eu sou a favor, porque um menino de 16 anos pode fazer fi lho, pode matar e roubar, ir para a rua, né, mas não acontece nada. Ele pode votar. Daqui uns dias vai poder tirar carta. Mas para acontecer isso, deveria mudar totalmente a Constituição, que é antiga, não tem lógica.

Para fi nalizar. Porque a senhora acha que merece o voto de confi ança do eleitor?

Elisângela - Vamos renovar, porque dos mesmos estamos cansados. Vamos dar oportunidade para quem é honesto, para quem fala a verdade, para quem quer trabalhar mesmo. Independentemente da causa que a pessoa luta, vamos dar oportunidade e, com certeza, essa oportunidade eu não quero sozinha. Eu falo sempre que estamos juntos, que sozinho ninguém faz nada. Então, a população tem que participar. Então, nessa oportunidade eu peço seu voto para estarmos lá e renovarmos aquele Congresso, que está precisando de uma reforma geral.

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Colaborou com a coluna: Thais Covre

NOVA PESQUISA 2O cenário para o 2º turno está completamente inde� nido. Bolsonaro e Haddad aparecem com 41%, empatados numericamente. Já no cenário entre o capitão e Ciro, o presidenciável do PDT ganharia de 45% contra 39%. A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 18 e 19 de setembro e foram ouvidos 8.601 eleitores em 323 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Guilherme BATISTA

MOTTA NO SOFÁO sindicalista Luiz Carlos Motta, candidato a deputado federal pelo PR, é o sabatinado da coluna nesta sexta (21). Como sempre, você pode participar da entrevista com perguntas e comentários por meio do Facebook do DHoje Interior, à 8h45.

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A metralhadora Kábia Abreu mira HaddadSe Geraldo Alckmin (PSDB) au-

mentou a munição numa tentati-va derradeira de tiro fatal em Jair Bolsonaro (PSL), a candidatura de Ciro Gomes (PDT) decidiu fazer o mesmo em relação a Fernando Ha-ddad (PT).

Durante atividades de campa-nha em Rio Preto nesta quinta (20), a senadora Kátia Abreu, vice de Ciro, empunhou uma metralhado-ra verbal contra o presidenciável petista e seu padrinho, o ex-pre-sidente Lula. E sobrou até para a “colega” Dilma Rousse� , de quem se manteve ao lado durante o pro-cesso de impeachment.

“Ninguém é desgraçadamente ruim em um governo. Ninguém se elege para ser ruim. Às vezes não tem a competência, não tem a ex-periência e não tem a força política para fazer. Foi a caso da Dilma, ti-nha espírito público, tinha vontade de fazer, era uma mulher honesta, mas do ponto de vista de articula-ção não deu conta”, disparou.

Ao fazer isso, queria colar em Haddad o fracasso da primeira a� lhada de Lula na Presidência da República. “Isso porque o Lula es-tava solto. Imagina Haddad com o Lula detido. Que condições ele terá para manejar o Congresso Nacio-nal? Ele não tem essa habilidade. Ele não mostrou essa habilidade na prefeitura de São Paulo. Ele foi

um dos prefeitos mais rejeitados de São Paulo. Não é porque o Ha-ddad é ruim, mas, para ser bom, precisa ser completo.”

A ofensiva é consequência do descolamento do candidato pe-tista para um segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Daí que ela usou sem cerimônia o discurso do voto útil, tentando convencer os interlocutores que a candidatura de Ciro pretende con-vergir ideias políticas da esquerda e da direita. Ou seja, quer ganhar a con� ança de quem não se sen-

te confortável com uma disputa entre dois extremos no segundo turno.

Na visita que fez ao Hospital de Base, onde foi recebida por parte da diretoria, médicos e funcioná-rios, Kátia defendeu a criação de uma espécie de Ideb da Saúde, ou seja, um indicador que possa aferir a qualidade dos serviços prestados na área em todas as esferas. Pela proposta, quem apresentar me-lhores resultados receberá mais recursos.

Ligada ao setor do agronegó-

cios, a senadora entrou na chapa presidenciável justamente para fu-rar a resistência do setor às candi-daturas mais à esquerda. Seguindo seu DNA, criticou o MST na forma como faz ocupações, mas não re-chaçou uma reforma agrária, “des-de que necessária”.

A agenda da vice de Ciro, ci-ceroneada na cidade por Carlos Arnaldo, presidente local do PDT, previa, depois de entrevistas e pe-quenas reuniões, uma atividade grande num hotel da cidade na noite de ontem.

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de sua agenda. Mais provocação ainda: foi tirar foto com o pessoal do Hospital de Base, onde foi recebida, aliás, com pompa e circunstância por alguns médicos, diretores e funcionários. A neo-tucana, que � cou no imaginário popular como a bonitona que ajudou a desmontar o esquema de Paulo Cesar Farias e Collor, não se fez de rogada: chegou pedindo voto naquele que já foi território exclusivo do deputado estadual Vaz de Lima, marido de Ivani, também candidata a federal pelo PSDB. Thereza antecedeu Kátia Abreu, a vice de Ciro, num dia concorrido no HB.

ATÉ A THEREZA DEU UMA PASSADINHA LÁ Se você tem menos de 30 anos de idade e faltou às aulas da história recente da política brasileira, põe no Google o nome Thereza Collor. Pois bem, a ex-cunhada do ex-presidente cassado Fernando Collor de Mello redesenhou sua biogra� a ao implodir relações com o clã e se instalar, 15 anos atrás, em São Paulo. Candidata a deputada federal pelo PSDB, ela esteve em Rio Preto nesta quinta (20). E, provocação das provocações, veio sem que ninguém do tucanato local tivesse conhecimento

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Kátia Abreu em café no HB