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EMÍLIA AMARAL MAURO FERREIRA RICARDO LEITE SEVERINO ANTÔNIO COMPONENTE CURRICULAR LÍNGUA PORTUGUESA ENSINO MÉDIO MANUAL DO PROFESSOR

Novas Palavras Manual do Professor

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Textos e atividades

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  • EMLIA AMARALMAURO FERREIRARICARDO LEITESEVERINO ANTNIO

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    COMPONENTE CURRICULAR

    LNGUA PORTUGUESA

    ENSINO MDIO

    MANUAL DO PROFESSOR

    HINO NACIONAL

    Letra: Joaquim Osrio Duque Estrada Msica: Francisco Manuel da Silva

    Ouviram do Ipiranga as margens plcidas De um povo heroico o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios flgidos,Brilhou no cu da Ptria nesse instante.

    Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com brao forte, Em teu seio, Liberdade, Desafia o nosso peito a prpria morte!

    Ptria amada, Idolatrada, Salve! Salve!

    Brasil, um sonho intenso, um raio vvido De amor e de esperana terra desce, Se em teu formoso cu, risonho e lmpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.

    Gigante pela prpria natureza, s belo, s forte, impvido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza.

    Terra adorada,Entre outras mil, s tu, Brasil, Ptria amada!

    Dos filhos deste solo s me gentil, Ptria amada, Brasil!

    Deitado eternamente em bero esplndido, Ao som do mar e luz do cu profundo, Fulguras, Brasil, floro da Amrica, Iluminado ao sol do Novo Mundo!

    Do que a terra mais garrida Teus risonhos, lindos campos tm mais flores; Nossos bosques tm mais vida, Nossa vida no teu seio mais amores.

    Ptria amada, Idolatrada, Salve! Salve!

    Brasil, de amor eterno seja smbolo O lbaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro desta flmula - Paz no futuro e glria no passado.

    Mas, se ergues da justia a clava forte, Vers que um filho teu no foge luta, Nem teme, quem te adora, a prpria morte.

    Terra adorada,Entre outras mil, s tu, Brasil, Ptria amada!

    Dos filhos deste solo s me gentil, Ptria amada, Brasil!

    9 7 8 8 5 3 2 2 8 4 8 0 8

    ISBN 978-85-322-8480-8

  • EMLIA AMARALDoutora em Educao e Mestre em Letras (rea: Teoria Literria) pela Unicamp.Professora do Ensino Mdio e do Ensino Superior e consultora nas reas de literatura, leitura e produo de textos h mais de 20 anos.

    MAURO FERREIRA DO PATROCNIOEspecializao em Metodologia de Ensino pela Unicamp.Professor do Ensino Fundamental, do Ensino Mdio e de cursos pr-vestibulares durante 22 anos. Dedica-se realizao de palestras para professores e criao de obras didticas.

    RICARDO SILVA LEITEMestre em Letras (rea: Teoria Literria) pela Unicamp.Professor do Ensino Fundamental, do Ensino Mdio e de cursos pr-vestibulares h mais de 30 anos.

    SEVERINO ANTNIO MOREIRA BARBOSADoutor em Educao (rea: Filosofia e Histria da Educao) pela Unicamp.Professor do Ensino Mdio e do Ensino Superior h 40 anos e autor de vrios livros.

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    2. edioSo Paulo 2013

    MANUAL DO PROFESSOR

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Novas palavras : 2.o ano / Emlia Amaral... [et al.]. 2. ed. So Paulo : FTD, 2013.

    Outros autores : Mauro Ferreira do Patrocnio, Ricardo Silva Leite, Severino Antnio Moreira Barbosa

    Componente curricular: Lngua portuguesa

    ISBN 978-85-322-8479-2 (aluno) ISBN 978-85-322-8480-8 (professor)

    1. Portugus (Ensino mdio) I. Amaral, Emlia. II. Patrocnio, Mauro Ferreira do. III. Leite, Ricardo Silva. IV. Barbosa, Severino Antnio Moreira.

    13-03931 CDD-469.07

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Portugus : Ensino mdio 469.07

    NOVAS PALAVRASCopyright Emlia Amaral, Mauro Ferreira do Patrocnio, Ricardo Silva Leite, Severino Antnio Moreira Barbosa, 2013Todos os direitos reservados

    EDITORA FTD S.A.Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 Bela Vista So Paulo SPCEP 01326-010 Tel. (0-XX-11) 3598-6000Caixa Postal 65149 CEP da Caixa Postal 01390-970Internet: www.ftd.com.brE-mail: [email protected]

    Diretora editorialSilmara Sapiense Vespasiano

    EditoraJuliane Matsubara Barroso

    Editora adjuntaAngela C. Di Cesare M. Marques

    Editoras assistentesCaroline SoudantLilian Ribeiro de OliveiraRoberta Vaiano

    Assistentes de produoAna Paula IazzettoLilia Pires

    Assistente editorialGislene Aparecida Benedito

    Supervisora de preparao e reviso de textosSandra Lia Farah

    PreparadoraVeridiana Maenaka

    RevisoresCarina de LucaDaniella Haidar PacificoDesire Arajo S. AguiarFrancisca M. Loureno Giseli Aparecida GobboJlia Siqueira e Mello Juliana Cristine Folli SimesJuliana Rochetto CostaLilian Vismari Carvalho Maiara Andra AlvesPedro Henrique Fandi

    Coordenador de produo editorialCaio Leandro Rios

    Editora de arteTania Ferreira de Abreu

    Projeto grficoAndria CremaTania Ferreira de Abreu

    CapaTania Ferreira de Abreu

    Foto de capaDigital Vision/Getty Images

    IconografiaSupervisoraClia Rosa

    PesquisadorasEtoile ShawGraciela NaliatiNelson Molinari Jr.Odete Ernestina Pereira

    Editorao eletrnica

    DiagramaoClaudia da SilvaHerbert Tsuji da SilvaSonia Maria Alencar

    Tratamento de imagensAna Isabela Pithan MaraschinEziquiel RachetiVnia Aparecida Maia de Oliveira

    Gerente executivo do parque grficoReginaldo Soares Damasceno

  • SumrioLiteratura

    1O Romantismo em Portugal ..................................9Primeira leitura: Texto 1 Soneto Bocage................ 9Texto 2 Ideal Antero de Quental ............................ 9E mais... ........................................................................11Leitura de imagem ....................................................... 12Um pouco de Histria ................................................. 13As revolues do sculo XVIII As origens do Romantismo............................................................ 13Leitura: Prefcio Victor Hugo ............................... 14Caractersticas do Romantismo ................................... 15Leitura de imagem ....................................................... 17As geraes romnticas .............................................. 18O Romantismo em Portugal ........................................ 18Um pouco de Histria ................................................. 19Primeira gerao romntica portuguesa ..................... 20Almeida Garrett ........................................................... 20Leitura: Viagens na minha terra (fragmento) Almeida Garrett ........................................................ 21Leitura: Memrias pstumas de Brs Cubas (fragmento) Machado de Assis ..................... 21Leitura: A vida e as opinies do Cavalheiro Tristam Shandy (fragmento) Laurence Sterne ......... 22Leitura: Anjo s Almeida Garrett .............................. 24Alexandre Herculano .................................................. 25Segunda gerao romntica portuguesa .................... 26Camilo Castelo Branco ................................................ 26Leitura: Amor de perdio (fragmento) Camilo Castelo Branco ................................................ 27Terceira gerao romntica portuguesa ..................... 29Joo de Deus ............................................................... 29Jlio Dinis .................................................................... 29Leitura: Guida e Daniel (fragmento) Jlio Dinis ...... 30Resumindo o que voc estudou ................................. 32Atividades .................................................................... 33

    2O Romantismo no Brasil .....................................35A poesia romntica brasileira ..................................... 35Primeira leitura: Cano do exlio Gonalves Dias .............................................................................. 35E mais... ....................................................................... 38Um pouco de Histria ................................................. 38O Romantismo no Brasil ............................................. 40Leitura: Fragmentos Gonalves de Magalhes ........ 40Leitura de imagem ....................................................... 42Primeira gerao romntica brasileira ........................ 44Gonalves Dias ............................................................ 44Leitura: Autopsicografia Fernando Pessoa .............. 45

    Isto Fernando Pessoa ............................................... 45Leitura: Leito de folhas verdes Gonalves Dias ....... 46Leitura: Texto 1 O canto do piaga Gonalves Dias .............................................................................. 47Texto 2 O deslocamento da populao ................... 48Segunda gerao romntica brasileira ........................ 49Junqueira Freire ........................................................... 49Casimiro de Abreu ....................................................... 50lvares de Azevedo ..................................................... 51Leitura: Soneto lvares de Azevedo ........................ 51Terceira gerao romntica brasileira ......................... 52Leitura: Texto 1 Perseverando Castro Alves ......... 52Texto 2 O povo ao poder Castro Alves ................ 52Fagundes Varela .......................................................... 53Castro Alves ................................................................. 53Leitura: O navio negreiro (fragmento) Castro Alves ................................................................. 55Resumindo o que voc estudou ................................. 57Atividades .................................................................... 58

    3A prosa romntica brasileira ..............................61Primeira leitura: XIV Pedilvio sentimental Joaquim Manuel de Macedo ....................................... 61Um pouco de Histria ................................................. 65A prosa romntica ....................................................... 65Joaquim Manuel de Macedo ....................................... 66Jos de Alencar ............................................................ 66Leitura: Texto 1 Iracema Jos de Alencar ............ 68Texto 2 Senhora Jos de Alencar ......................... 68Manuel Antnio de Almeida ....................................... 70Leitura: O nascimento do heri Manuel Antnio de Almeida ....................................... 71A prosa romntica regionalista ................................... 72O teatro romntico ...................................................... 73Martins Pena ................................................................ 73Leitura: O novio Martins Pena ............................... 74E mais... ....................................................................... 75Resumindo o que voc estudou ................................. 76Atividades .................................................................... 76

    4O Realismo e o Naturalismo em Portugal ........79Primeira leitura: Quadro 1 O enterro de Atala Anne-Louis Girodet ..................................................... 79Quadro 2 Enterro em Ornans Gustave Coubert .. 80Leitura: Mais luz! Antero de Quental ....................... 81Um pouco de Histria ................................................. 83A Europa na segunda metade do sculo XIX ............ 83A Gerao Materialista ................................................ 84O surgimento das Escolas Realistas ............................ 84

  • E mais... ....................................................................... 86Leitura: O primo Baslio (fragmentos) Ea de Queirs ............................................................ 86Um pouco de Histria ................................................. 88A segunda metade do sculo XIX em Portugal ......... 88A Questo Coimbr e as Conferncias do Cassino Lisbonense ..................................................... 89Como se deu a Questo Coimbr? ............................. 89A poesia realista portuguesa ....................................... 89Antero de Quental ....................................................... 90Outros poetas realistas ................................................ 90Guerra Junqueiro ......................................................... 91Gomes Leal .................................................................. 91Cesrio Verde ............................................................... 91Leitura: O sentimento dum ocidental (fragmento) Cesrio Verde ....................................... 91A prosa do Realismo-Naturalismo portugus ............ 93Ea de Queirs ............................................................ 93Leitura: Texto 1 Opinio de Machado de Assis sobre O crime do padre Amaro .................... 94Texto 2 O crime do padre Amaro (fragmento) Ea de Queirs ............................................................ 94Resumindo o que voc estudou ................................. 96Atividades .................................................................... 96

    5O Realismo e o Naturalismo no Brasil ..............98Primeira leitura: Quadro Vago de terceira classe Honor Daumier.......................................................... 98Leitura: O cortio Alusio Azevedo ......................... 99Um pouco de Histria ............................................... 102O Realismo e o Naturalismo no Brasil ..................... 103Alusio Azevedo: o maior escritor naturalista brasileiro .................................................................... 103Leitura: O mulato (fragmentos) Alusio Azevedo ..................................................................... 104Leitura: O cortio (fragmentos) Alusio Azevedo ... 106E mais... .................................................................... 107Outros autores e obras naturalistas .......................... 108Raul Pompeia e O Ateneu: romance memorialista .. 108Leitura: O Ateneu (fragmentos) Raul Pompeia ..... 109A fico regionalista .................................................. 111Resumindo o que voc estudou ............................... 111Atividades .................................................................. 111

    6O Realismo psicolgico de Machado de Assis ...114Primeira leitura: Texto 1 Olhos de ressaca Machado de Assis ...................................................... 114Texto 2: O penteado Machado de Assis ................ 115O Realismo machadiano ........................................... 118Estudo dos principais romances machadianos ........ 119Leitura: Virglia? Machado de Assis ........................ 120Leitura: Quincas Borba Machado de Assis ............ 123Os contos de Machado de Assis ............................... 125Os recursos estilsticos .............................................. 126E mais... .................................................................... 127Resumindo o que voc estudou ............................... 127Atividades .................................................................. 127

    7O Parnasianismo no Brasil................................132Primeira leitura: Nel mezzo del camin... Olavo Bilac ................................................................ 132As Escolas Realistas e o Parnasianismo .................... 135Caractersticas do Parnasianismo .............................. 136Leitura de imagem ..................................................... 137O Parnasianismo no Brasil ........................................ 139Estudo dos principais autores e obras ..................... 139Olavo Bilac ................................................................ 139Leitura: Satnia Olavo Bilac ................................... 140Alberto de Oliveira .................................................... 141Raimundo Correia...................................................... 141Leitura: Texto 1 Vaso chins Alberto de Oliveira ................................................................. 142Texto 2 A cavalgada Raimundo Correia ............. 143E mais... .................................................................... 143Resumindo o que voc estudou ............................... 144Atividades .................................................................. 145

    8O Simbolismo em Portugal ...............................148Primeira leitura: Ao longe os barcos de flores Camilo Pessanha ........................................................ 148Um pouco de Histria ............................................... 149A virada do sculo XIX para o sculo XX ............... 149O estilo simbolista: origens francesas ...................... 149Leitura de imagem ..................................................... 151Caractersticas do Simbolismo .................................. 152O Simbolismo em Portugal ....................................... 153Um pouco de Histria ............................................... 153Fim de sculo em Portugal ....................................... 153Estudo dos principais autores e obras ..................... 153Eugnio de Castro ..................................................... 154Antnio Nobre ........................................................... 154Leitura: Soneto Antnio Nobre .............................. 154Camilo Pessanha ........................................................ 155Leitura: Interrogao Camilo Pessanha ................. 156E mais... .................................................................... 157Resumindo o que voc estudou ............................... 158Atividades .................................................................. 159

    9O Simbolismo no Brasil .....................................162Primeira leitura: Antfona Cruz e Sousa ................ 162Simbolismo brasileiro ................................................ 163E mais... .................................................................... 164Estudo dos principais autores e obras ..................... 165Cruz e Sousa .............................................................. 165Leitura: Dor negra Cruz e Sousa ............................ 166Alphonsus de Guimaraens ........................................ 167Leitura: Ho de chorar por ela os cinamomos... Alphonsus de Guimaraens ........................................ 168Resumindo o que voc estudou ............................... 169Atividades .................................................................. 170

  • Gramtica1

    Pronome (1. parte) ...........................................174Conceito de pronome ............................................... 174Classificao dos pronomes ...................................... 175Pronomes pessoais .................................................... 175Pronomes possessivos ............................................... 181Resumindo o que voc estudou ............................... 182Atividades .................................................................. 183Da teoria prtica ..................................................... 186Agora sua vez ......................................................... 187E mais... .................................................................... 189

    2Pronome (2. parte) ...........................................191Classificao dos pronomes (continuao) .............. 191Pronomes demonstrativos ......................................... 191Pronomes indefinidos ............................................... 194Pronomes relativos .................................................... 196Pronomes interrogativos ........................................... 199Resumindo o que voc estudou ............................... 199Atividades .................................................................. 200Da teoria prtica ..................................................... 202Agora sua vez ......................................................... 202E mais... ...................................................................... 204

    3Verbo (1. parte) .................................................205Conceito ..................................................................... 206Estudo geral do verbo ............................................... 206Conjugaes verbais .................................................. 206Flexes do verbo ....................................................... 207Classificaes dos verbos .......................................... 213Resumindo o que voc estudou ............................... 214Atividades .................................................................. 215Da teoria prtica ..................................................... 217Agora sua vez ......................................................... 217

    4Verbo (2. parte) .................................................220Composio dos modos verbais e empregos deseus tempos simples ................................................. 220Composio do modo indicativo ............................. 220Principais empregos dos tempos do modo indicativo ................................................... 222Composio do modo subjuntivo ............................ 224Principais empregos dos tempos do modo subjuntivo .................................................. 225Composio do modo imperativo ............................ 226Aspecto verbal as diferentes duraes do tempo ................................................................... 228Correlao entre os tempos verbais ......................... 228Conjugao de alguns verbos ................................... 229

    Resumindo o que voc estudou ............................... 231Atividades .................................................................. 232Da teoria prtica ..................................................... 235Agora sua vez ......................................................... 236E mais... .................................................................... 239

    5Palavras invariveis ...........................................240Palavras invariveis (1.a parte) ................................... 240Advrbio .................................................................... 240Resumindo o que voc estudou ............................... 243Atividades .................................................................. 244Palavras invariveis (2.a parte) ................................... 245Preposio ................................................................. 245Resumindo o que voc estudou ............................... 247Atividades .................................................................. 248Palavras invariveis (3.a parte) ................................... 249Conjuno .................................................................. 249Interjeio .................................................................. 250Resumindo o que voc estudou ............................... 251Atividades .................................................................. 251Da teoria prtica ..................................................... 253Agora sua vez ......................................................... 254

    6A sintaxe Sujeito e predicado .......................258Sintaxe a organizao dos enunciados ................. 258Seleo, ordenao e combinao das palavras ...... 258Anlise sinttica ......................................................... 259Sujeito e predicado .................................................... 261Conceitos ................................................................... 261Caractersticas do sujeito ........................................... 262Classificao do sujeito ............................................. 265Orao sem sujeito .................................................... 267Resumindo o que voc estudou ............................... 268Atividades .................................................................. 269Da teoria prtica ..................................................... 271Agora sua vez ......................................................... 272E mais... .................................................................... 274

    7Os verbos no predicado Termos associados ao verbo ...............................................................275Tipos de verbo no predicado ................................... 276Verbo de ligao ........................................................ 276Verbo significativo ..................................................... 277Termos associados ao verbo (1.a parte) .................... 278Objeto direto e objeto indireto ................................. 279Resumindo o que voc estudou ............................... 282Atividades .................................................................. 283Termos associados ao verbo (2.a parte) .................... 285Agente da passiva ...................................................... 285Adjunto adverbial ...................................................... 287Resumindo o que voc estudou ............................... 288Atividades .................................................................. 289Da teoria prtica ..................................................... 291Agora sua vez ......................................................... 292

  • 8Termos associados a nomes Vocativo ...........294Termos associados a nomes (1.a parte) ..................... 294Adjunto adnominal .................................................... 294Predicativo ................................................................. 296Resumindo o que voc estudou ............................... 299Atividades .................................................................. 300Termos associados a nomes (2.a parte) ..................... 301Complemento nominal.............................................. 301Aposto ........................................................................ 302Vocativo...................................................................... 304Resumindo o que voc estudou ............................... 305Atividades .................................................................. 305Da teoria prtica ..................................................... 308Agora sua vez ......................................................... 309

    Redao e leitura1

    Linguagens: entre textos, entre linhas ............312Atividades .................................................................. 312Elementos contextuais............................................... 316E mais... .................................................................... 317Atividades .................................................................. 317Resumindo o que voc estudou ............................... 319Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 320

    2O dirio pessoal ..................................................321Atividade .................................................................... 322O predomnio da narrao ....................................... 322Atividade .................................................................... 322E mais... .................................................................... 324Resumindo o que voc estudou ............................... 328Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 328

    3O relatrio ...........................................................330Prefeitura Municipal de Palmeira dos ndios Graciliano Ramos ...................................................... 330E mais... .................................................................... 335Atividades .................................................................. 335Resumindo o que voc estudou ............................... 337Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 338

    4A resenha ............................................................341Resumo e resenha ..................................................... 341Atividades .................................................................. 343E mais... .................................................................... 344Atividades .................................................................. 346Resumindo o que voc estudou ............................... 350Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 350

    5Do relato narrativa ficcional: modos de apresentao de personagens ...........................351Atividades .................................................................. 352E mais... .................................................................... 352Atividades .................................................................. 358Resumindo o que voc estudou ............................... 360Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 361

    6Enredo linear e enredo no linear ...................362O enredo linear ......................................................... 363Enredo no linear ...................................................... 367Atividades .................................................................. 369E mais... .................................................................... 371Resumindo o que voc estudou ............................... 371Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 372

    7Narrador: a voz que conta a histria ...............373Tantas mulheres Dalton Trevisan ........................... 373Atividades .................................................................. 374O conto ...................................................................... 375Atividades .................................................................. 375Atividades .................................................................. 377Atividades .................................................................. 378E mais... .................................................................... 381Resumindo o que voc estudou ............................... 381Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 382

    8A dissertao ......................................................385Atividades .................................................................. 387E mais... .................................................................... 389Resumindo o que voc estudou ............................... 390Critrios de avaliao e reelaborao ...................... 390

    Referncias .........................................................392Para aprender mais ...........................................395Lista de siglas .....................................................400

    cones de material digital complementar. Acione cada um deles no livro digital para ter acesso.

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    Vdeo/udio Texto Imagens enriquecidas Objetos educacionais

    Professor, a descrio de cada cone encontra-se nas Orientaes do livro digital.

  • Literatura

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  • O Romantismo em Portugal 9

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    O Romantismo em Portugal

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    Primeira leituraTexto

    Soneto

    tranas, de que Amor priso me tece, mos de neve, que regeis meu fado! tesouro! mistrio! par sagrado,Onde o menino algero adormece.

    ledos olhos, cuja luz pareceTnue raio do sol! gesto amado,De rosas e aucenas semeadoPor quem morrera esta alma, se pudesse!

    lbios, cujo riso a paz me tira,E por cujos dulcssimos favoresTalvez o prprio Jpiter suspira!

    perfeies! dons encantadores!De quem sois?... Sois de Vnus? mentira;Sois de Marlia, sois de meus amores.

    BOCAGE. In: ALMEIDA, Fernando Mendes de (Sel.). Sonetos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1993. p. 53.

    Texto Ideal

    Aquela, que eu adoro, no feitaDe lrios nem de rosas purpurinas,No tem as formas lnguidas, divinas,Da antiga Vnus de cintura estreita...

    No a Circe, cuja mo suspeitaCompe filtros mortais entre runas,Nem a Amazona, que se agarra s crinasDum corcel e combate satisfeita...

    A mim mesmo pergunto, e no atinoCom o nome que d a essa viso,Que ora amostra ora esconde o meu destino...

    como uma miragem que entrevejo,Ideal, que nasceu na solido,Nuvem, sonho impalpvel do Desejo...

    QUENTAL, Antero de. In: MOISS, Massaud. A literatura portuguesa atravs dos textos. 14. ed. So Paulo:

    Cultrix, 1985. p. 307-308.

    fado destino, sortemenino algero (ligeiro,

    veloz) Cupido, smbolo do amor, filho de Vnus

    ledo alegregesto rosto,

    fisionomia

    aucena lrio

    A palavra no texto

    A palavra no texto

    Circe (mitologia grega) feiticeira que morava na ilha de Ea, onde fabricava poes mgicas

    Amazona (mitologia grega) mulher de uma antiga nao de guerreiras da Capadcia (na atual Turquia). Em sua cidade (Temiscira) os homens s eram admitidos uma vez por ano. Os filhos nascidos dessa unio eram mortos ou entregues aos pais; as filhas eram educadas como guerreiras e caadoras

    Professor, a atividade da seo E mais... da p. 11 requer preparao antecipada.

  • 10

    Em tom de conversaAntes de fazer as atividades de releitura, para interpretar e comparar os dois textos, ajude seus cole-

    gas a responder s seguintes questes sobre o texto 1.

    1. A quem se dirige o eu lrico do texto 1?

    2. Qual o significado da orao de que Amor priso me tece?

    3. A que termo anterior se refere a expresso par sagrado, da primeira estrofe?

    4. Em que tempo est o verbo morrer no verso 8? Com qual valor esse tempo verbal foi empregado?

    5. Como se pode interpretar o substantivo favores na terceira estrofe?

    6. Nos dois ltimos versos h uma comparao implcita. Explique-a.

    Releitura1. Explique por que o soneto de Bocage, ao fazer a descrio da mulher amada, deve ser considerado

    neoclssico.

    2. Releia o segundo soneto. Que imagens o sujeito lrico recusa, nas duas primeiras estrofes, para re-presentar a mulher amada? Ele recusa as imagens retiradas da mitologia: Vnus, a deusa do amor; Circe, a feiticeira; as guerreiras Amazonas.

    3. Mesmo negando as idealizaes tradicionais, o sujeito lrico descreve uma imagem idealizada da mulher.J na primeira estrofe h um verbo que indica a idealizao da mulher como um ser sublime, divino. Qual esse verbo? o verbo adorar: Aquela, que eu adoro.

    4. Existem vrias formas de idealizao:

    pode-se criar um ideal de mulher, de modo puramente racional nesse caso, tem-se um conceito de mulher, uma abstrao;

    pode-se idealizar uma mulher real, exagerando suas qualidades nesse caso, tem-se a deformao da realidade pelos sentimentos (quem ama o feio, bonito lhe parece);

    pode-se, ainda, apenas criar a mulher pela imaginao nesse caso, a mulher no apenas um conceito, mas tambm no real; um ser imaginrio, que existe na fantasia de um sonhador.

    a) Em qual desses trs casos se pode incluir a mulher ideal descrita pelo soneto neoclssico (texto 1)? Justifique sua resposta.

    b) E a mulher ideal descrita pelo segundo soneto? Justifique sua resposta.

    c) Copie do poema quatro expresses que comprovem a resposta anterior.

    ComentrioNesses sonetos podemos perceber a oposio entre as duas atitudes estticas que separam a histria

    moderna da literatura ocidental em dois grandes blocos: o clssico e o romntico.O Classicismo, em sentido amplo (do sculo XVI ao XVIII, abrangendo o Renascimento, o Barroco e o

    Neoclassicismo), idealiza a realidade pela percepo racional. A representao da Mulher, por exemplo, busca concretizar, na linguagem potica, um ideal abstrato de perfeio, por meio de convenes, como a da pastora Marlia, e de imagens retiradas da mitologia greco-latina, como Vnus, Circe, as Amazonas.

    1. Ele se dirige a partes do corpo da mulher amada: tranas, mos, olhos, rosto (gesto), lbios.

    Professor: fazer observar que o verso 12 resume, nas expresses perfeies e donsencantadores, a lista de invocaes semeadas ao longo do soneto.

    O Amor prende, subjuga o eu lrico com as tranas da mulher amada. O eu lrico fascinado pela beleza dos cabelos da amada.

    mos de neve

    No pretrito mais-que-perfeito do indicativo. Foi empregado com valor de futuro do pretrito: morreria. Favor significa obsquio, algo que se

    concede sem obrigao. No contexto, significa a ddiva que Jpiter gostaria de receber dos lbios da mulher amada: beijos muito doces. O eu lrico pergunta se todos os atributos de

    perfeio descritos ao longo do poema pertencem a Vnus. Responde dizendo que eles so de Marlia. Portanto, Marlia se compara deusa da beleza e do amor.

    O sujeito lrico idealiza a amada, descrevendo-a como um ser perfeito, de beleza inigualvel. Para isso utiliza figuras da mitologia greco-latina, que inserem a mulher na esfera dos deuses: Cupido dorme em seus braos (ou em seus seios: par

    sagrado); seus lbios provocam o desejo do prprio Jpiter; seus dons confundem-se com os de Vnus. Alm disso, a amada recebe o nome de Marlia, comum s pastoras do Arcadismo.

    No primeiro caso. No Classicismo a descrio cria um ser ideal, genrico, no individualizado. Assim, Marlia, a bela pastora da Arcdia, uma criao tipificada e padronizada, no correspondendo s experincias concretas e individuais do poeta ou dos leitores.

    Pode ser includa no terceiro caso. A mulher descrita apenas fruto da imaginao, do sonho. viso, miragem, nuvem, sonho impalpvel.

  • O Romantismo em Portugal 11

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    O Romantismo, que, em sentido amplo, a tendncia esttica predominante do sculo XIX aos dias atuais, no procura representar a realidade conceitualmente o Bem, a Beleza, a Mulher. Recusa, do mesmo modo, as representaes simblicas eruditas da mitologia clssica. Ele tambm idealiza a realida-de, mas por meio da emoo e da imaginao.

    Ao autor romntico interessa sobretudo a expresso das emoes que a realidade provoca. Nem a Mulher (ideia) nem a mulher real o interessam, mas o sonho, a fantasia, a imagem provocada pelo desejo.

    Significados da palavra romantismoO substantivo romantismo e o adjetivo romntico podem ser empregados com diferentes significados, para os quais devemos estar atentos:

    Na histria da literatura e na crtica literria podem se referir:- em sentido restrito, escola literria que dominou a primeira metade do sculo XIX (substantivo) e

    s obras e autores que pertencem a essa escola (adjetivo). Exemplos: O Romantismo teve incio na Inglaterra e na Alemanha; Jos de Alencar um autor romntico;

    - em sentido amplo, a toda uma era da histria da literatura a Era Romntica que abrange as escolas literrias dos sculos XIX e XX e as tendncias atuais.

    Na linguagem comum, referem-se a qualquer atitude muito sentimental, sonhadora, fantasiosa, desprovida de senso prtico. Exemplos: Voc precisa encarar a vida com menos romantismo; Como voc romntico!.

    Com esse significado, utilizam-se tambm essas palavras em referncia a artistas e obras que possuem algumas das caractersticas tpicas do Romantismo (emocionalismo, sentimentalismo, fantasia etc.), sobretudo quando desenvolvem temas amorosos. Exemplos: Pixinguinha um compositor romntico; Gosto mais de filmes romnticos. E mais...Apresentao

    Seja o amor como o tempo no se gastee, se gasto, renasa, noite claraque acolhe a treva, e clara novamente.

    IVO, Ldo. Soneto puro. In: ______. Poesia completa: 1940-2004. Rio de Janeiro: Topbooks,

    2004. p. 206.

    Voc acha que a temtica amorosa envelheceu ou continua viva na poesia de nossa poca? Junte-se aos colegas para realizar uma atividade que os ajudar a responder a essa pergunta.

    1. PreparaoCom a ajuda de seus colegas de grupo:

    pesquise e escolha alguns poemas que desenvolvem o tema do amor (podem ser poemas de qual-quer poca, mas no deixe de considerar obras dos sculos XX e XXI);

    pesquise e escolha algumas letras de canes populares de temtica amorosa;

    escreva um pequeno texto com comentrios a respeito dos poemas e letras escolhidos e que sirva de roteiro para a apresentao.

    2. ApresentaoOs membros do grupo devem se alternar na leitura do texto-roteiro e dos poemas escolhidos.

    Organizem uma apresentao bem dinmica, com fundo musical e projeo de vdeos e slides. Se houver msicos no grupo, podem colaborar com a interpretao das canes escolhidas.

  • 12

    Leitura de imagemFranois Boucher (1703-1770), pintor

    francs tornou-se muito conhecido por suas figuras idlicas, plenas de volume, geralmen-te retratadas em poses sensuais.

    Esse quadro no pretende represen-tar uma mulher, mas sim a Mulher ideal, a Beleza ideal.

    Por isso o artista utiliza figuras mitolgi-cas, cujos significados so conhecidos pelo observador do quadro: Vnus, deusa da beleza e do amor, e os Cupidos (meninos alados; no soneto de Bocage, menino al-gero), que fazem a toalete da deusa.

    A toalete alegoria da beleza e da sen-sualidade.

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    A toalete de Vnus (1751), de Franois

    Boucher.

    Mulher com papagaio (1827), de Eugne Delacroix.

    Eugne Delacroix (1798-1863) o maior pintor romntico francs.O quadro Mulher com papagaio no uma alegoria.O ambiente desarrumado, as roupas, o relaxamento do corpo, a luz matinal, tudo indica um fim de

    festa. como se a mulher estivesse sendo espreitada em sua intimidade e o observador do quadro par-ticipasse desse olhar indiscreto.

    No canto inferior direito, o detalhe do papagaio imprime maior realismo pintura.

  • O Romantismo em Portugal 13

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    Um pouco de HistriaAo estudarmos o Neoclassicismo, vimos que muitos autores abandonaram parcialmente as convenes

    do Arcadismo e imprimiram em suas obras um tom mais pessoal e emocional. Essa tendncia pr-romn-tica mostra que o Romantismo no surgiu repentinamente, no incio do sculo XIX. Suas origens esto ligadas s grandes transformaes polticas, sociais e ideolgicas ocorridas na Europa ao longo da segunda metade do sculo XVIII transformaes to profundas, que mudaram toda a histria subsequente.

    As revolues do sculo XVIII As origens do Romantismo

    A burguesia, classe social que iniciara sua trajetria ascendente na ltima fase da Idade Mdia, j reunira, no sculo XVIII, as condies necessrias para tornar-se a classe hegemnica, em substituio aristocracia. Alguns acontecimentos marcam esse processo:

    J no sculo anterior, na Inglaterra, a Revoluo Gloriosa (1688-1689) institura a Declarao de Direitos (Bill of Rights), que limitava os poderes do rei, submetendo-os ao Parlamento. Era o fim da monarquia absoluta na Inglaterra.

    Por volta de 1750 iniciou-se na Inglaterra a chamada Revoluo Industrial, que se alastraria pela Europa ao longo do sculo XIX. A substituio da produo artesanal pela industrial teve como conse-quncia, alm da formao de uma nova classe o proletariado , a radical mudana do estilo de vida.

    A Revoluo Francesa (1789-1799) representa a tomada do poder poltico pela burguesia. Os ideais revolucionrios de liberdade espalharam-se pela Europa e pelas Amricas, inspirando outros movi-mentos.As grandes mudanas polticas, econmicas e sociais iniciadas por essas revolues seriam consoli-

    dadas ao longo do sculo seguinte e deveriam, forosamente, afetar toda a produo cultural, as artes e a literatura. O Classicismo era a arte do mundo aristocrtico; o Romantismo, lentamente gestado no sculo XVIII, foi a primeira manifestao artstica do mundo burgus.

    No prefcio da pea Hernani, estreada em 1830, Victor Hugo escreveu:O Romantismo, tantas vezes mal definido, apenas, e esta sua definio verdadeira, o liberalismo

    em literatura.

    Quadro retratando a Tomada da

    Bastilha.

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  • 14

    LeituraVictor Hugo um dos maiores autores do Romantismo francs. O

    texto a seguir um fragmento do prefcio, escrito para a edio de Cromwell, drama publicado em 1827. Leia-o atentamente e responda s questes.

    Digamo-lo, pois, ousadamente. Chegou o tempo disso, e seria estranho que nesta poca, a liberdade, como a luz, penetrasse por toda a parte, exceto no que h de mais nativamente livre no mundo, nas coisas do pensamento. Destruamos as teorias, as poticas e os sistemas. Derrubemos este velho gesso que mascara a fachada da arte! No h regras nem modelos; ou antes, no h outras regras seno as leis gerais da natureza que plainam sobre toda a arte, e as leis especiais que, para cada composio, resultam das condies de existncia prprias para cada assunto. Umas so eternas, interiores, e permanecem; as outras, variveis, exteriores, e no servem se-no uma vez. As primeiras so o madeiramento que sustenta a casa; as segundas, os andaimes que servem para constru-la e que se refazem para cada edifcio. [...] O gnio, que adivinha antes de aprender, extrai, para cada obra, as primeiras da ordem geral das coisas, as segundas do conjunto isolado do assunto que trata. No maneira do qumico que acende seu foga-reiro, sopra seu fogo, esquenta seu cadinho, analisa e destri; mas maneira da abelha, que voa com suas asas de ouro, pousa sobre cada flor, e tira o mel, sem que o clice nada perca de seu brilho, a corola nada de seu perfume.

    O poeta, insistamos neste ponto, no deve, pois, pedir conselho seno natureza, verda-de, e inspirao, que tambm uma verdade e uma natureza. Diz Lope de Vega*:

    Cuando he de escribir una comedia,Encierro los preceptos con seis llaves.

    HUGO, Victor. Do grotesco e do sublime: traduo do prefcio de Cromwell. Trad. Celia Berretini. So Paulo: Perspectiva, [s.d.]. p. 56-57.

    * Lope de Vega (1562-1635) dramaturgo barroco espanhol. Traduo dos versos de Lope de Vega: Quando tenho de escrever uma comdia / Encerro os preceitos (as regras) com seis chaves.

    Releitura1. Considerando o que voc estudou sobre a relao entre o Romantismo e a histria europeia dos sculos

    XVIII e XIX, explique a frase [...] seria estranho que nesta poca, a liberdade, como a luz, penetrasse por toda a parte, exceto no que h de mais nativamente livre no mundo, nas coisas do pensamento.

    2. Quais so as duas caractersticas do Classicismo contra as quais um autor romntico deve se insurgir? As duas caractersticas so a obedincia s regras e a imitao dos modelos clssicos.

    3. Mesmo assim, Victor Hugo reconhece dois tipos de leis que devem presidir a criao artstica.

    a) Quais so essas leis? So as leis gerais da natureza e as leis especiais para cada composio.

    b) A que se referem, no texto, os pronomes indefinidos umas/outras e os numerais ordinais primeiras/ segundas? Umas e primeiras referem-se s leis gerais da natureza. Outras e segundas, s leis especiais para cada composio.

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    Fotografia de Victor Hugo.

    1. Com as revolues do sculo XVIII, a burguesia substituiu a aristocracia no poder poltico e tornou-se a classe hegemnica. O liberalismo burgus passou a ser a ideologia dominante, penetrando em todos os setores da vida social e poltica. Victor Hugo afirma que seria contraditrio se as coisas do pensamento a literatura no fossem tambm penetradas pelo ideal burgus de liberdade. O Romantismo seria a realizao desse ideal.

  • O Romantismo em Portugal 15

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    4. Pelo que se depreende do texto, a primeira coisa que se exige de uma obra romntica a originali-dade. Por que os dois tipos de leis que presidem a criao no contradizem essa exigncia?

    5. Separe, em duas colunas, as palavras e expresses abaixo, conforme indiquem caractersticas do Classicismo e do Romantismo, na opinio de Victor Hugo:

    liberdade obedincia a regras originalidade imitao gnio criador inspirao preceitos Classicismo: obedincia a regras; imitao; preceitos.Romantismo: liberdade; originalidade; gnio criador; inspirao.

    Caractersticas do RomantismoA afirmao de Victor Hugo de que, em sua poca, a liberdade, como a luz, penetrava por toda a

    parte, traduz a crena do sculo XIX nas doutrinas liberais da burguesia: o liberalismo econmico (livre concorrncia entre os indivduos, sem a interveno do Estado) e o liberalismo poltico (oportunida-des iguais para todos, independente da classe social; garantia dos direitos do indivduo em relao ao Estado). Refletindo essas doutrinas, o Romantismo proclama a liberdade de criao e de expresso: No h regras nem modelos, diz Victor Hugo.

    Vejamos as principais caractersticas e tendncias do Romantismo:

    Subjetivismo, emocionalismo, confessionalismo Estas caractersticas j serviram para assinalar as obras de tendncia pr-romntica, quando estudamos o Neoclassicismo. Os autores clssicos pro-curam refletir sobre os sentimentos (generalizao, idealizao, racionalizao) ou exprimi-los indire-tamente, recorrendo s alegorias mitolgicas; os romnticos, ao contrrio, buscam a expresso direta das emoes. Cames diz Amor ...; os romnticos, eu amo.... Rompendo o decoro clssico, pretendem que a poesia seja a confisso sincera de estados de alma do poeta. A exacerbao dos sentimentos leva a uma dico exaltada, pontuada de exclamaes, interrogaes, reticncias, e cheia de interjeies:

    4. As leis gerais da natureza no contradizem a exigncia de originalidade porque so comuns a toda a arte. No , portanto, na natureza que reside a originalidade. As leis especiais tambm no a contradizem, porque resultam das condies de existncia prprias para cada assunto, servindo, portanto, s uma vez. No servir seno uma vez o mesmo que ter originalidade.

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    No te amo, quero-te: o amar vem dalma.E eu nalma tenho a calma,A calma do jazigo.Ai! no te amo, no. [...]

    E quero-te, e no te amo, que forado,De mau feitio azadoEste indigno furor.Mas oh! no te amo, no.

    E infame sou, porque te quero;Que de mim tenho espanto,De ti medo e terror...Mas amar!... no te amo, no.

    GARRETT, Almeida. No te amo. In: MOISS, Massaud. A literatura portuguesa. So Paulo:

    Cultrix. p. 244.

    A poesia (1868), de Jean-Baptiste Camille Corot.

  • 16

    Pessimismo Frequentemente as obras romnticas exprimem atitudes negativas em relao vida. O individualismo e o egocentrismo adquirem traos doentios de inadaptao. O spleen (melancolia) do poeta ingls Lord Byron fez escola em todas as literaturas, sobretudo na segunda gerao romntica.

    Dizem que h gozos no correr da vida...S eu no sei em que o prazer consiste! No amor, na glria, na mundana lida,Foram-se as flores a minhalma triste!

    ABREU, Casimiro de. Minhalma triste. In: MOISS, Massaud. A literatura brasileira atravs dos textos.

    So Paulo: Cultrix, 1984. p. 161-162.

    Escapismo O tdio de viver, tambm chamado mal do sculo, conduz s diversas formas de fuga da realidade. Essa fuga passa a ser expressa em narrativas de aventuras ambientadas em lugares ex-ticos ou em um passado misterioso; em narrativas fantsticas, envolvendo o sobrenatural; no culto da imaginao (o devaneio, o sonho, o delrio), tendo como pano de fundo os ambientes noturnos e o desejo da morte como ltima soluo para o indivduo.

    Era uma noite eu dormiaE nos meus sonhos reviaAs iluses que sonhei!E no meu lado senti...Meu Deus! por que no morri?Por que do sono acordei?

    AZEVEDO, lvares de. O poeta. In: . Lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Garnier, 1994. p. 27.

    No se deve pensar, entretanto, que o Ro mantismo se limitou ao egocentrismo, ao escapismo e viso negativa da vida. Uma de suas vertentes afirmativa e engajada nas grandes questes sociais e polticas do sculo XIX.

    Nacionalismo, historicismo e medievalismo Exaltando os valores e os heris nacionais, alguns autores ambientam suas obras no passado hist-rico, sobretudo no perodo medieval. O roman-ce histrico tem incio na Inglaterra, na obra de Walter Scott.

    Valorizao das fontes populares o folclore Alm das pesquisas e do trabalho de registro das narrativas orais e das canes populares, os autores buscam nessas fontes inspirao para suas prprias obras. Essa utilizao literria da tradio popular tambm uma das manifestaes do na-cionalismo romntico.

    Crtica social Muitos autores romnticos as-sumem uma posio combativa, opondo-se aos valores burgueses e denunciando as injustias so-ciais. Esse engajamento ocorre principalmente na ltima fase do Romantismo. Iluminura do Grande livro das canes (1305-1340), de

    Walther von Klingen.

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    Leitura de imagemEsprito inquieto, Eugne Delacroix participou, em julho de 1830, das barricadas de Paris, levante

    popular espontneo contra a dissoluo do Parlamento pelo rei Carlos X.O quadro A Liberdade conduzindo o povo, pintado no mesmo ano, tem como tema esse aconte-

    cimento parisiense.

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    O ideal dos romnticos: A liberdade na arte, a liberdade na sociedade, eis a dupla finalidade para a qual todos os espritos consequentes e lgicos devem contribuir. (Victor Hugo)

    Observe as figuras: em primeiro plano, parte inferior, os cadveres, acentuando as linhas horizontais. Na parte central destaca-se a figura da mulher liderando os revoltosos e predominam as linhas verticais.

    Observe a vivacidade das cores, a luminosidade e os contrastes que acentuam o tom emocional do quadro.

    A mulher representa a Liberdade liderando o povo na conquista da liberdade. Representa tambm a Repblica. Os seios expostos simbolizam suas virtudes; a bandeira tricolor, os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revoluo Francesa.

    Mesmo na pintura, o confessionalismo romntico se manifesta: o homem com o fuzil o autorretrato de Delacroix.

    Observe a postura e os gestos dramticos das personagens, traduzindo suas emoes.

    Delacroix muitas vezes se inspirava na literatura. No caso deste quadro, entretanto, acredita-se que o menino tenha inspirado Victor Hugo na criao de Gavroche, personagem do romance Os Miserveis.

    A composio e a distribuio da luz forma uma pirmide cuja base so os cadveres, e o vrtice, a cabea da Liberdade e a bandeira.

    +

  • 18

    As geraes romnticasComo voc percebeu na descrio das caractersticas do movimento, no se deve pensar que o

    Romantismo uniforme em suas manifestaes. Pelo contrrio, possui tendncias to diversas, que po-deramos falar de romantismos.

    Embora as caractersticas estudadas possam ser observadas em qualquer momento da histria do Romantismo, os historiadores apontam uma ntida evoluo representada por trs geraes de autores, cada uma marcada pela predominncia de certos traos e temas.

    PrimeirageraoOs primeiros autores romnticos ainda conservam caractersticas

    clssicas, sobretudo no que se refere s regras da criao literria. Os temas que marcam essa fase esto ligados ao nacionalismo: em Portugal, o romance histrico e o medievalismo; no Brasil, o indianismo.

    SegundageraoChamada de Ultrarromantismo, caracteriza-se pelo exage-

    ro do subjetivismo e do emocionalismo: o tdio, a melanco-lia, o devaneio, o sonho, o desejo da morte um mal-estar profundo, que reflete a impossibilidade de viver dignamente em um mundo corrompido pelos valores burgueses. Essa ati-tude pessimista generalizada muitas vezes piegas, outras, francamente cnica foi considerada o mal do sculo pelo ultrarromntico francs Alfred de Musset, cuja obra, com a do poeta ingls Lord Byron, exerceu grande influncia sobre os autores dessa gerao.

    Terceiragerao caracterizada principalmente pelo engajamento dos autores nas questes sociais e polticas da

    poca. Como voc estudar em captulos posteriores, esses temas sero tambm uma das marcas do Realismo e do Naturalismo da segunda metade do sculo XIX. Mas, diferentemente dessas escolas, a terceira gerao romntica manteve o sentimentalismo e o tom emocional, exaltado, por vezes gran-diloquente, caractersticos do Romantismo. A obra do francs Victor Hugo foi a que maior influncia exerceu sobre os autores dessa gerao.

    O Romantismo em PortugalO incio do Romantismo em Portugal foi um tanto tardio em relao a

    outros pases europeus. Nas primeiras dcadas do sculo XIX, exceo da poesia pr-romntica de Bocage, perdura um neoclassicismo convencional e pouco significativo, dominado pela influncia do escritor Felinto Elsio.

    Em 1825, Almeida Garrett, vivendo no exlio, onde teve contato com as obras dos autores romnticos ingleses, publica o poema narrati-vo Cames, considerado pelos historiadores como marco inicial do Romantismo portugus.

    Em 1865 uma polmica que ficou conhecida como Questo Coimbr marcar o trmino do Romantismo e o incio do Realismo em Portugal.

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    Esttua de Lord Byron.

    QuestoCoimbr polmica esttica e ideolgica envolvendo, de um lado, os mais reconhecidos autores romnticos, e, de outro, uma gerao de estudantes das vrias faculdades de Coimbra, liderada por Antero de Quental e Tefilo Braga, que seria responsvel pela introduo do Realismo em Portugal.

  • O Romantismo em Portugal 19

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    Os historiadores reconhecem mudanas de estilo e de temas ao longo das quatro dcadas de du-rao do Romantismo na literatura portuguesa, e apontam uma evo-luo em trs momentos, confor-me se sucederam as geraes dos autores. Devemos, no entanto, relativizar esses agrupamentos te-mtico-estilsticos, lembrando que alguns autores tiveram longa vida produtiva e ultrapassaram os limites das geraes em que so includos. o caso de Almeida Garrett e de Camilo Castelo Branco.

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    S Deus (1856), do artista portugus Francisco Metrass.

    Um pouco de HistriaNo incio do sculo, Portugal, historicamente aliado Inglaterra, viu-se envolvido numa sucesso de

    guerras contra a Frana. Em 1807, Napoleo Bonaparte, aliado Espanha, invadiu Portugal para ga-rantir o bloqueio continental Inglaterra. As consequncias foram a fuga da famlia real para o Brasil e uma longa guerra, s terminada em 1811. Entretanto, aps a retirada dos franceses, o pas continuou sofrendo a interveno inglesa em seu governo, o que provocou a revoluo militar de 1818 e a revolta do Porto, em 1820. A partir de ento e at os meados do sculo, Portugal seria constantemente abalado pelas lutas polticas e pela guerra civil entre conservadores (absolutistas) e liberais (favorveis a uma mo-narquia constitucional). Principais acontecimentos do perodo: A Constituio de 1822, elaborada a partir da vitoriosa revoluo liberal do Porto, instituiu a liberdade de

    imprensa, a separao dos poderes, com a atribuio do Poder Legislativo a representantes eleitos (cortes). Em 7 de setembro de 1822, o Brasil tornava-se independente. Apesar disso, as cortes reconheciam,

    em 1825, D. Pedro I como herdeiro do trono portugus. Em 1828, o infante D. Miguel, irmo de D. Pedro, liderou a revolta de Vila Franca (Vilafrancada), que

    restabeleceu o absolutismo. Entre 1828 e 1834 ocorria a guerra civil opondo os absolutistas, lidera-

    dos por D. Miguel, e os liberais, liderados por D. Pedro (I do Brasil e IV de Portugal), com a vitria final destes ltimos. Segue-se ainda, entretanto, um longo perodo de agitaes polticas, alternando-se a vigncia da Constituio liberal de 1822 e a da Carta Constitucional de D. Pedro, de 1824. A conciliao poltica s se estabelece a partir de 1851, no perodo chamado Regenerao.

    Portugal na primeira metade do sculo XIX Invaso napolenica bloqueio continental (1807-1811). Interferncia inglesa. Independncia do Brasil (1822). Guerra civil entre absolutistas e liberais (1828-1834). Regenerao (1851).

    Regenerao perodo da histria de Portugal (1851-1908) que aglutinou o apoio de liberais e conservadores em torno de um programa de governo visando implementar, alm do ensino tcnico, a industrializao, a construo de ferrovias e rodovias, e mais tarde a colonizao das possesses portuguesas na frica.

  • 20

    Primeira gerao romntica portuguesaDuas caractersticas principais singularizam os autores da primeira gerao no conjunto do Romantismo

    portugus:

    1. formados na poca anterior, no se libertam facilmente das caractersticas do Neoclassicismo, que transparecem sobretudo numa certa conteno racional, impeditiva da plena expanso das emoes;

    2. em razo do envolvimento nos embates ideolgicos e polticos que marcaram a histria portugue-sa da primeira metade do sculo XIX, alguns autores alinham-se com os conservadores, outros, com os liberais. No entanto, h em todos um acentuado nacionalismo, manifesto sobretudo na preocupao de resgatar a histria da formao do pas (historicismo, medievalismo) e as tradies populares (folclore).Os principais autores dessa gerao foram Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antnio Feliciano

    de Castilho.

    Almeida Garrett (1799-1854)O introdutor do Romantismo em Portugal foi uma das figuras pblicas

    mais notveis e atuantes de sua poca. Alm de participar ativamente na poltica (revolucionrio liberal, deputado em vrias legislaturas, ministro de Estado), Joo Batista da Silva Leito de Almeida Garrett foi um grande agitador cultural. Dedicou-se ao jornalismo, crtica e histria literria, poesia, prosa de fico e ao teatro.

    Em sua vasta obra destacam-se: Viagens na minha terra (prosa), Folhas cadas (poesia) e Frei Lus de Sousa (teatro).

    Principais obras de Almeida Garrett Poesia: Cames (1825); Dona Branca (1826); Lrica de Joo Mnimo (1829);

    Flores sem fruto (1845); Folhas cadas (1853). Prosa: Viagens na minha terra (1843-45); O arco de Santana (1845-50). Teatro: Cato (1822); Mrope (1841); Um auto de Gil Vicente (1842); O

    alfageme de Santarm (1842); Frei Lus de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).

    Ensaio e histria literria: Bosquejo da histria da poesia e lngua portuguesa (1826); Da educao (1829); Portugal na balana da Europa (1830).

    Viagens na minha terraObra de difcil classificao, mistura caractersticas do relato de viagens, do dirio ntimo, do en-

    saio, da reportagem jornalstica e do romance (no nos esqueamos de que o Romantismo prega a mistura dos gneros, como forma de liberdade de criao). O ncleo da narrativa o relato de uma viagem de Lisboa a Santarm (baseado numa experincia real do autor, em 1843). Mas o narrador faz, ao longo dos 49 captulos, digresses de todo tipo e a qualquer propsito: comentrios sobre poltica e administrao pblica, o clero, o amor, a arte e a literatura, mantendo sempre um tom leve, jornalstico e irnico. No captulo X, estando j o narrador no vale de Santarm, toma conhecimento da histria amorosa de Joaninha, a menina dos rouxinis, e seu primo Carlos. Desse ponto em diante, o autor entremeia na narrativa os lances dessa novela sentimental, que possui todos os ingredientes romnticos: paixo e cime, mistrios e reconhecimentos... e um final trgico, com o distanciamento do heri e a morte da herona.

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    LeituraViagens na minha terra exerceu grande e duradoura influncia sobre as literaturas de Portugal e

    Brasil. No final do sculo XIX, Machado de Assis reconhece essa influncia no prefcio da terceira edi-o de Memrias pstumas de Brs Cubas. De fato, como estudaremos mais adiante, no captulo 6, esse primeiro romance realista brasileiro possui algumas caractersticas semelhantes s das Viagens de Garrett: tom irnico, quebra da linearidade narrativa por constantes digresses, metalinguagem, con-versas com o leitor. Tanto Almeida Garrett quanto Machado de Assis tiveram como precursor o irlands Laurence Sterne (1713-1768), cujo romance A vida e as opinies do cavalheiro Tristam Shandy, de modo ainda mais radical, apresenta as mesmas caractersticas.

    Leia, a seguir, os trs fragmentos dessas obras.

    Texto

    Viagens na minha terra Captulo XXXII

    (fragmento)

    Escuta! disse eu ao leitor benvolo no fim do ltimo captulo. Mas no basta que escute, preciso que tenha a bondade de se recordar do que ouviu no captulo XXV e da situao em que a deixamos os dois primos, Carlos e Joaninha.

    Neste despropositado e inclassificvel livro das minhas Viagens, no que se quebre, mas enreda-se o fio das histrias e das observaes por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, s com muita pacincia se pode deslindar e seguir em to embaraada meada.

    Vamos pois com pacincia, caro leitor; farei por ser breve e ir direito quanto eu puder.

    GARRETT, Almeida. Viagens na minha terra. Porto: Livraria Simes Lopes, 1949. p. 235.

    Texto

    Memrias pstumas de Brs Cubas Captulo LXXIII

    (fragmento)

    O despropsito fez-me perder outro captulo. Que melhor no era dizer as coisas lisamente, sem todos estes solavancos! J comparei o meu estilo ao andar dos brios. Se a ideia vos parece indecorosa, direi que ele o que eram as minhas refeies com Virglia, na casinha da Gamboa, onde s vezes fa-zamos a nossa patuscada, o nosso luncheon. Vinho, fruta, compotas. Comamos, verdade, mas era um comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes do corao, alis o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. s vezes vinha o arrufo temperar o nmio adocicado da situao. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canap, ou ia para o interior ouvir as denguices de Dona Plcida. Cinco ou dez minutos depois, reatvamos a palestra, como eu reato a narrao, para desat-la outra vez. Note-se que, longe de termos horror ao mtodo, era nosso costume convid-lo, na pessoa de D. Plcida, a sentar-se conosco mesa; mas D. Plcida no aceitava nunca.

    ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. I, p. 584.

    luncheon (ingls) m. q. lunch; lanche, refeio leve

    A palavra no texto

  • 22

    Texto

    A vida e as opinies do cavalheiro Tristam Shandy Captulo XLI(fragmento)

    Essas foram as quatro linhas que segui no meu primeiro, segundo, terceiro e quarto volumes. No quinto, fui muito bem, sendo esta a linha precisa que nele descrevi:

    Por ela se evidencia que, exceto na curva assinalada A, onde dei um pulo at Navarra, e na curva denteada B, que corresponde ao breve passeio ao ar livre em que acompanhei a Dama Baussiere e seu pajem, no fiz nenhuma cabriola digressiva, at os demnios de Joo de la Casse me compelirem volta que vedes assinalada com um D pois quanto aos c c c c c, so apenas parnteses [...]

    Se eu continuar a corrigir-me nesse passo, no impossvel [...] que eu possa chegar doravan-te perfeio de prosseguir assim:

    o que a linha mais reta que pude traar com uma rgua de mestre de caligrafia, (que tomei emprestada para tal fim), sem curvas nem para a direita nem para a esquerda.

    [...] A melhor linha! dizem os plantadores de couve a mais curta,

    diz Arquimedes, que possa ser traada de um a outro ponto dado. Quisera que vs, senhoras, tomassem esta questo a peito em vos-

    sos prximos trajes para uma festa de aniversrio! Que viagem!

    STERNE, Laurence. A vida e as opinies do cavalheiro Tristam Shandy. Trad. Jos Paulo Paes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

    1984. p. 461-462.

    sementes frias sementes de pepino, abbora etc. que se acreditava terem efeito refrescante e calmante sobre as paixes [nota de Jos Paulo Paes]

    A palavra no texto

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    Comeo agora a avanar bastante na minha obra; e com a ajuda de uma dieta vegetariana, acompanhada de umas sementes frias, no tenho dvida de que conseguirei ir adiante com a histria do meu tio Toby, e com a minha prpria, seguindo uma linha razoavelmente reta. Assim,

  • O Romantismo em Portugal 23

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    ReleituraDepois de reler os trs fragmentos, destaque e comente com os colegas exemplos das caractersticas peculiares que aproximam o estilo dos trs autores: metalinguagem; digresso;

    conversa com o leitor; tom irnico.

    Frei Lus de SousaObra-prima da dramaturgia romntica e uma das principais de todo o

    teatro portugus, Frei Lus de Sousa uma tragdia em trs atos. Almeida Garrett aproveitou um fato histrico a vida do escritor quinhentista Manuel de Sousa Coutinho, cujo nome religioso d ttulo obra para desenvolver os eixos temticos da pea:

    nacionalista e histrico a resistncia da nobreza lusitana ao domnio es-panhol (1580-1640); o mito sebastianista (na pea, D. Joo de Portugal, que desaparecera com D. Sebastio na batalha de Alccer Quibir, retorna a Portugal e encontra sua esposa, D. Madalena de Vilhena, casada com Manuel de Sousa Coutinho);

    moral e psicolgico o conflito entre os sentimentos e a honra (o casa-mento, validado pelo amor e pela ignorncia do verdadeiro estado civil de Madalena, e invalidado pelo retorno do primeiro marido); a vergonha da filha, Maria de Noronha, ao conhecer a verdade e seu desespero diante da deciso dos pais de se entregarem vida religiosa. O drama, assim consti-tudo pelas foras do destino, torna-se tragdia, pois a nica sada para os personagens a morte simblica para Manuel Coutinho e Madalena, que se retiram da vida social, entrando para o convento, e real para Maria, que, doente e debilitada pelo sofrimento, vem a falecer na ltima cena.A cena XV, que encerra o segundo ato, embora muito curta, uma das mais conhecidas e citadas.

    Na cena anterior, um romeiro, que voltava da Terra Santa e se dizia sobrevivente da batalha de Alccer Quibir, aparecera na casa de Sousa Coutinho e conversara com Jorge, irmo de Sousa Coutinho, e com D. Madalena. Retirando-se esta, Jorge fica ainda um tempo a ss com o romeiro. o momento culmi-nante em que se d o reconhecimento. Leia a cena e observe o efeito dramtico da resposta do romeiro e da reao de Jorge.

    Cena XV

    JORGE e o ROMEIRO, que seguiu MADALENA com os olhos e est alado no meio da casa, com aspecto severo e tremendo.

    JORGE: Romeiro, romeiro, quem s tu?

    ROMEIRO (apontando com o bordo para o retrato de D. Joo de Portugal): Ningum!

    (Frei Jorge cai prostrado no cho, com os braos estendidos diante da tribuna. O pano desce lentamente.)

    GARRET, Almeida. Frei Lus de Sousa. 5. ed. Mira-Sintra/ Mem Martins: Publicaes Europa-Amrica, 1975. p. 99.

    Sebastianismo o mito segundo o qual o rei D. Sebastio, desaparecido em 1578 na batalha de Alccer Quibir, voltaria para redimir Portugal. O mito sobreviveria por muito tempo, mas como expresso do anseio popular pelo aparecimento de um redentor, que se denominou O Encoberto. Na pea de Almeida Garrett, no o rei que retorna, mas o nobre D. Joo de Portugal.

    Gravura de 1629 representando a Batalha de Alccer Quibir.

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    Os trs se referem ao estilo em que so escritos e ao modo como a narrao se desenvolve.

    Entre as referncias metalingusticas, a principal a digresso que torna sinuosa a narrativa. No texto 1: enreda-se o fio das histrias e das observaes por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, s com muita pacincia se pode deslindar e seguir em to embaraada meada; no texto 2: J comparei o meu estilo ao andar dos brios; no texto 3:cabriola digressiva e todos os desenhos e comentrios sobre a conformao das linhas que representam o curso das narrativas do autor.

    Nos trs textos, identificam-se os leitores como interlocutores do narrador: caro leitor (texto 1); Se a ideia vos parece indecorosa (texto 2); senhoras (texto 3).

    A ironia se exerce sobre o leitor e sobre o prprio autor/narrador e seu texto autoironia. Em Viagens, o narrador chama o leitor de benvolo e pede-lhe pacincia para continuar lendo esse livro despropositado e inclassificvel, prometendo ser breve e ir

    direito (e o leitor sabe que o livro continuar lento e entrecortado por digresses); em Memrias, o narrador supe que o leitor considera indecorosa

    a comparao de seu estilo com o andar dos brios e se justifica dizendo que seu estilo se parece com seus encontros com Virglia, entrecortado pelos arrufos amorosos. Os comentrios mais irnicos so os do narrador de Tristam Shandy, que representa em desenhos sinuosos a linha da narrativa. Ele considera que fez grande progresso, no quinto livro, na tentativa de construir uma narrativa em linha reta, mas o desenho que representa esse captulo ainda mais sinuoso que os anteriores. O fragmento se encerra com uma exclamao muito irnica Que viagem!.

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    Folhas cadasA poesia de Almeida Garrett est presa, em sua primeira fase, esttica neoclssica. Folhas cadas,

    obra da maturidade potica do autor, rene sua melhor produo lrica e, para muitos crticos, a melhor poesia romntica portuguesa. Os poemas foram inspirados na paixo do autor por Rosa de Montfar, a Viscondessa da Luz.

    Leitura Anjo s

    Anjo s tu, que esse poderJamais o teve mulher,Jamais o h-de ter em mim.Anjo s, que me dominaTeu ser o meu ser sem fim;Minha razo insolenteAo teu capricho se inclina,E minha alma forte, ardente,Que nenhum jugo respeita,Covardemente sujeitaAnda humilde a teu poder.Anjo s tu, no s mulher.

    Anjo s. Mas que anjo s tu?Em tua frente anuviadaNo vejo a croa nevadaDas alvas rosas do cu.Em teu seio ardente e nuNo vejo ondear o vuCom que o sfrego pudorVela os mistrios damor.Teus olhos tm negra a cor,Cor de noite sem estrela;A chama vivaz e bela,Mas luz no tem. Que anjo s tu?Em nome de quem vieste?Paz ou guerra me trouxeste

    De Jeov ou Belzebu?No respondes e em teus braosCom frenticos abraosMe tens apertado, estreito!...Isto que me cai no peitoQue foi?... Lgrima? Escaldou-meQueima, abrasa, ulcera... Dou-me,Dou-me a ti, anjo maldito,Que este ardor que me devora j fogo de precito,Fogo eterno, que em m horaTrouxeste de l... De donde?Em que mistrios se escondeTeu fatal, estranho ser!Anjo s tu ou s mulher?

    sujeita subjugada, sujeitada

    precito aquele que est condenado previamente; rprobo, maldito

    A palavra no texto

    GARRETT, Almeida. Folhas cadas. Par de Minas (MG): Virtual Books, 2002. Disponvel em:

    . Acesso em: 1. fev. 2013.

    ReleituraNa poesia romntica grande o predomnio da temtica amorosa e a figura da mulher reina absoluta. Para o escritor romntico francs Franois-Ren Chateaubriand, a mulher responsvel pelo amolecimento do carter viril, que se rende ao sentimentalismo: Elas tm no seu modo de ser um certo abandono que transferem para o nosso; tornam menos decidido nosso carter mascu-lino e as nossas paixes, amolecidas pelo contgio das delas, ganham qualquer coisa de inseguro e terno. (CHATEAUBRIAND, Franois-Ren. Le gnie du Christianisme. In: Oeuvres compltes de Chateaubriand. Paris: Acamdia, 1997. Reproduo da edio de 1861.)

  • O Romantismo em Portugal 25

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    1. Releia a primeira estrofe do poema e transcreva:a) as frases e expresses que se referem ao carter viril mencionado por Chateaubriand; esse poder [...] Jamais o h-de ter em mim; Minha razo insolente; E minha alma forte, ardente, Que nenhum jugo respeita

    b) as frases e expresses que exprimem a rendio do homem ao poder da mulher. Anjo s, que me domina; [minha razo] Ao teu capricho se inclina; [minha alma] Covardemente sujeita / Anda humilde a teu poder

    2. Por seu poder encantatrio, a mulher vista como um anjo. Entretanto, o sujeito lrico no reconhe-ce nela o esteretipo dessa entidade celestial e, perplexo, pergunta: Mas que anjo s tu?.

    a) Que caractersticas da imagem do anjo ele no encontra na mulher? A coroa de rosas; o vu cobrindo o corpo, os olhos claros e luminosos.

    b) Essas diferenas na aparncia fsica simbolizam diferenas morais entre a mulher e o anjo. Explique essa afirmao, relendo a segunda estrofe.

    c) No final da segunda estrofe, uma figura de linguagem explicita a dualidade dos sentimentos do homem romntico em relao ao amor e mulher. Identifique essa figura e transcreva suas duas ocorrncias. A figura a anttese. Ocorrncias: paz ou guerra e Jeov ou Belzebu.

    Em tom de conversaIniciado com a afirmao de que a amada um anjo, o poema termina com uma interrogao Anjo

    s tu ou s mulher?.Considere as seguintes alternativas e escolha aquela que, em sua opinio, melhor define o modo

    como o sujeito lrico v a amada. Defenda sua resposta perante a classe, buscando argumentos na inter-pretao da terceira estrofe.

    a) Indeciso e confuso, o sujeito lrico ora v a amada como anjo, ora como mulher.

    b) A amada idealizada como um anjo, embora o amante no consiga defini-lo nem compreend-lo.

    c) A amada revela-se apenas mulher, mas isso apavora o amante, que gostaria de v-la como um anjo.

    d) A amada, porque mulher, vista como demnio.

    Alexandre Herculano (1810-1877)Alexandre Herculano de Carvalho e Arajo teve uma par-

    ticipao to intensa nas lutas polticas de sua poca quanto Almeida Garrett. Assim como este, exilou-se na Inglaterra e na Frana e, retornando a Portugal em 1832, participou da guerra civil, incorporando-se ao exrcito de D. Pedro. Tornou-se, no entanto, um liberal conservador (cartista) e lutou sempre contra os democratas (setembristas). A partir de seu tardio casamento em 1866, retirou-se ao silncio de sua quinta em Val-de-Lobos.

    Herculano mais importante como prosador que como poeta. Sua obra de fico reflete sua vocao de historiador medievalista, que ocupou grande parte de sua vida: os trs ro-mances e o livro de contos que escreveu so ambientados todos na Idade Mdia: Eurico,opresbtero: focaliza a Espanha do sculo VIII, no

    final do perodo visigtico e incio da invaso rabe. OmongedeCister,ouapocadeD.JooI: como in-

    dica o subttulo, esse romance ambienta-se na poca da Revoluo de Avis (1383-1385).

    Esses dois romances formam o volume denominado Monasticon. 188

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    ra. Cole

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    artic

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    2.b) Faltam mulher as virtudes do anjo: a pureza, simbolizada pela coroa de rosas, e o pudor, representado pelo vu. Os olhos so belos, mas negros; possuem uma chama que produz o calor da sensualidade, mas no ilumina a luz deve ser interpretada, aqui, como caracterstica espiritual.

    Todas as afirmativas so vlidas, mas a questo pede que o aluno escolha a melhor. Espera-se que ele defenda uma das duas ltimas alternativas, embora a d seja mais completa que a c. Justificao para a alternativa c: Tendo idealizado a mulher como anjo (primeira estrofe) o sujeito no pode, entretanto, fugir aos seus encantos sensuais, e isso o confunde e o apavora. Justificao para a alternativa d: Os atributos da mulher, sua sensualidade, queimam de desejos o eu lrico; por isso ela anjo maldito, ou

    seja, o anjo tentador, o demnio; o fogo, metfora comum do amor, torna-se fogo eterno, ou seja, o inferno; o amante se v como o precito, o condenado.

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    O bobo: focaliza a poca de D. Afonso Henriques, ou seja, da formao do Estado portugus (sculo XII). Lendas e narrativas: livro de contos em que predominam os temas medievais (apenas duas narrati-

    vas ambientam-se no sculo XIX).

    Segunda gerao romntica portuguesaComo vimos, os autores da primeira gerao implantaram o Romantismo, mas mantinham ainda

    muitas marcas de sua formao neoclssica. S a segunda gerao (dcadas de 1840 e 1850) pde realizar plenamente os ideais estticos romnticos: liberdade de criao, entrega total ao subjetivismo e imaginao. Entretanto, logo ultrapassaram todos os limites, num transbordamento emocional e pessi-mista que beira o irracionalismo: o tdio, a melancolia (o spleen de Byron), o desespero. O egocentrismo chega aos extremos da morbidez o chamado mal do sculo e da inadaptao social: o escapismo, a fantasia, o sonho... o desejo da morte. Por isso a segunda gerao chamada de ultrarromntica.

    Os poetas dessa gerao, em sua quase totalidade, tornaram-se apenas nomes na histria da lite-ratura, tendo suas obras perdido completamente o interesse dos leitores. Nas antologias, figura quase sempre um poema, O noivado do sepulcro, de Antnio Augusto Soares de Passos, cujo tema macabro conquistou o gosto popular: depois de trs dias de seu sepultamento, o fantasma de um homem sai da tumba para lamentar a ausncia da mulher amada e cobrar o amor eterno que ela lhe tinha jurado. Surge ento o fantasma da amada e lhe revela que tambm morrera, sucumbindo dor de sua perda. Podem, assim, realizar na morte a unio que no fora possvel em vida:

    [...]E ao som dos pios do cantar funreo,E luz da lua de sinistro alvor,Junto ao cruzeiro, sepulcral mistrioFoi celebrado, dinfeliz amor.

    Quando risonho despontava o dia,J desse drama nada havia ento,Mais que uma tumba funeral vazia,Quebrada a lousa por ignota mo.

    Porm mais tarde, quando foi volvidoDas sepulturas o gelado p,Dois esqueletos, um ao outro unido,Foram achados num sepulcro s.

    PASSOS, Soares de. O noivado do sepulcro. In: MOISS, Massaud. A literatura portuguesa atravs dos textos. 14. ed. So Paulo: Cultrix, 1985. p. 252.

    Esse poema nos d uma medida dos excessos e do gosto duvidoso a que chegou o Ultrarromantismo. Uma figura, no entanto, se destaca nessa gerao: Camilo Castelo Branco, um dos principais prosadores de toda a literatura portuguesa.

    CamiloCasteloBranco (1825-1890)Camilo Castelo Branco escreveu durante quarenta anos, ininterruptamente,

    uma das mais vastas obras individuais da literatura portuguesa. Dedicou-se a diversos gneros, como a narrativa de fico (novelas e contos), o teatro, a poe- sia, a historiografia, o jornalismo. Para termos uma ideia de sua capacidade criativa, no ano de 1862 ele publicou, alm de seu romance mais importante, Amor de perdio, mais cinco romances, uma pea de teatro, e um livro de memrias. natural que uma produo to extensa tenha tido altos e baixos,

    1891

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  • O Romantismo em Portugal 27

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    com grandes concesses ao gosto popular. Assim, parte da obra de Camilo atendia grande demanda de aventuras folhetinescas, cheias de enredos mirabolantes, de mistrio, de revelaes e reviravoltas nem sempre veros-smeis. De todo o conjunto, os romances e as novelas merecem distino, entre os quais destacam-se:

    obras ultrarromnticas (romances passionais): Amor de perdio; Amor de salvao; C