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___________________________________________________________ Mano a Mano Capítulo 24 Pág: 1 MANO A MANO Novela de Rômulo Guilherme Criada e escrita por: Rômulo Guilherme

Novela de · BEBEL — Mas pode me chamar de Bebel. É assim que ... pra amar, Mauro? Se têm eu não estou sabendo ... Remo está agachado perto da

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Mano a Mano Capítulo 24 Pág: 1

MANO A MANO

Novela de

Rômulo Guilherme

Criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

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CENA 01. MANSÃO VARELLA. SALA. INT. NOITE

Continuação imediata da última cena. Mesmos personagens. Remo

abaixa os olhos sem jeito. Armando continua lhe olhando. Francisca

aproxima-se.

FRANCISCA — Seja muito bem vindo, meu querido.

ARMANDO — Essa daqui é minha neta: Isabel.

BEBEL — Mas pode me chamar de Bebel. É assim que

todos me chamam.

Francisca e Bebel se cumprimentam.

FRANCISCA — Prazer te conhecer, Bebel.

Corta para Mauro comentando com Remo.

MAURO — De onde minha mãe conhece essa figura? Olha

pra cara deles, pra roupas. Dá pra ver que são

pobres e favelados.

Remo está muito incomodado, inquieto. Sua vontade é de sair correndo

dali. Vânia percebe.

VÂNIA — (estranha) Tá tudo bem, Rômulo?

Remo concorda e tenta disfarçar.

MAURO — Não vai nos apresentar seus convidados, mãe?

Francisca vira-se pra todos.

Corta para Leilane no alto da escada, pronta pra descer, quando vê Armado

e fica surpresa, chocada.

LEILANE — (assusta) Não pode ser! Meu tio!

FRANCISCA — Esse é o Armando e a neta dele Bebel.

Leilane corre pro seu quarto.

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FRANCISCA — Armando é um amor do meu passado, quem eu

namorei antes de conhecer o pai de vocês. E

depois de tantos anos separados, a vida nos

reaproximou e agora estamos juntos.

MAURO — O que a senhora quer dizer com “juntos”?

BEBEL — Namorados, ora!

MAURO — (reage) O quê?

FRANCISCA — Obrigada, Bebel. É isso mesmo, Mauro: eu e o

Armando estamos namorando!

Mauro fica em choque com a notícia. Vânia acha o máximo. Remo

continua ali com vontade de sumir. Armando olha novamente pra Remo.

Corta para:

CENA 02. QUARTO LEILANE E MAURO. INT. NOITE

Leilane atordoada.

LEILANE — Então o convidado misterioso da minha sogra é

meu tio? Não pode ser! E agora? Se eu descer ele

vai revelar toda a verdade. Me expor diante da

minha família. Revelar minhas origens pobres,

daquela favela. Não vou descer. Tenho que

arrumar alguma desculpa...

Corta para:

CENA 03. MANSÃO VARELLA. SALA. INT. NOITE

Continuação da cena 01. Mesmos personagens.

MAURO — Que palhaçada é essa, mãe? Namorar com sua

idade?

FRANCISCA — E tem idade pra namorar, pra amar, Mauro? Se

têm eu não estou sabendo.

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VÂNIA — Deixa sua mãe ser feliz com o homem que ela

ama. Que ela sempre amou, Mauro.

MAURO — (ríspida) Não se intrometa, Vânia. A mãe é

minha!

FRANCISCA — Se contra, Mauro. Por favor.

ARMANDO — Prometo que vou fazer sua mãe muito feliz,

como eu queria ter feito anos atrás, na nossa

juventude.

Armando e Francisca trocam um olhar doce e afetuoso.

MAURO — (p/Remo) Fala alguma coisa, Rômulo. Temos

as nossas diferenças, mas dessa vez você vai ficar

do meu lado diante dessa situação patética e

ridícula.

REMO — Desculpa. Não estou me sentindo muito bem.

Remo segue pro exterior da mansão. Todos ficam sem entender.

VÂNIA — Com licença.

Vânia vai atrás de Remo.

ARMANDO — É o seu filho também, né?

FRANCISCA — É sim. Rômulo.

ARMANDO — Engraçado que eu já tinha o visto antes.

FRANCISCA — É mesmo? Onde?

ARMANDO — Lá na favela.

MAURO — Na favela?

ARMANDO — Sim. Na favela da Macaquinha, onde

moramos.

BEBEL — Meu avô conhece todo mundo lá.

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FRANCISCA — Acho que você está enganado, Armando. O

Rômulo nunca freqüentou uma favela.

Corta para:

CENA 04. MERCADINHO ARMANDO. FRENTE. EXT. DIA

Insert de cena a ser gravada. Armando está varrendo a frente do

mercadinho. Remo e Marmita passam conversando.

ARMANDO — (off) Sou bom fisionomista. Era ele sim.

Corta para:

CENA 05. MANSÃO VARELLA. PISCINA. EXT. NOITE

Remo está agachado perto da piscina, olhando seu reflexo, distante.

REMO — (voz) O cerco está se fechando, Remo. Sua

mentira agora está por um fio...

Vânia aparece.

VÂNIA — Rômulo!

Remo leva um susto e volta a si.

VÂNIA — Que foi? O que você tem?

REMO — Estava me sentindo sufocado naquela sala.

VÂNIA — Não vai me dizer que você também não gostou

da notícia sobre sua mãe estar namorando, como o

Mauro?

REMO — Não, não é isso...

VÂNIA — Então o que é?

REMO — Quero ficar um pouco sozinho, Vânia. Tomar

um pouco de ar puro. Daqui a pouco eu entro de

novo.

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Vânia faz um carinho em Remo.

VÂNIA — Não gosto quando você fica assim, desse jeito,

com esse olhar. Parece que uma sombra ruim

paira sobre você, meu amor. Perde todo aquele

seu brilho, encanto, doçura...

REMO — Vai passar, ta bom. Vai passar!

Remo sorri de leve e dá um beijo em Vânia, que em seguida entra.

Corta para:

CENA 06. QUARTO LEILANE E MAURO. INT. NOITE

Mauro entra. Leilane está deitada, usando uma máscara de dormir.

MAURO — (estranha) Deitada? Você não vai descer?

LEILANE — Minha cabeça está estourando, Mauro. Mal

consigo abrir os olhos.

MAURO — Mas você estava tão bem agora a pouco.

LEILANE — Pois é. Veio de repente. Pede desculpa pra sua

mãe e pro convidado dela, mas estou sem

condição nenhuma de descer.

MAURO — Você não sabe da última da minha mãe:

resolveu, agora depois de velha e viúva, namorar.

Corta para:

CENA 07. QUARTO LUÍSA. INT. DIA

Lucas está recostado na cama, acariciando Luísa, que pegou no sono. Lucas

olha e vê que ela dormiu. Com todo carinho e tentando não acordá-la,

ajeita-a direito na cama, cobrindo-a em seguida. Ajoelha-se bem próximo

do seu rosto.

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LUCAS — Você vai voltar a ser minha, Luísa. Eu vou te

reconquistar agora que aquele favelado não está

mais no nosso caminho.

Lucas dá um selinho em Luísa e depois saí do quarto.

Corta para:

CENA 08. MANSÃO VARELLA. SALA. INT. DIA

Bebel mostrando pra Otávio, no celular dele, um dos vídeos dela dançando

uma música de Beyoncé.

BEBEL — Danço ou não danço bem? Pode falar.

OTÁVIO — Tem várias curtidas, já.

BEBEL — Curte aí também...

Francisca e Armando conversam.

FRANCISCA — O Rômulo sofreu um grave acidente de carro,

que o fez perder a memória. Desde então ele está

muito mudado, sabe? Perdeu a lembrança de tudo.

E tem essas crises, como você viu agora.

ARMANDO — Tudo bem. Não tem problema, Francisca. Eu

lamento muito por ele. Deve ser horrível de uma

hora pra outra não se reconhecer. Não saber nada

de sua própria vida.

Lucas desce a escada.

LUCAS — Já estou indo, dona Francisca.

FRANCISCA — Não quer ficar pro jantar, Lucas?

LUCAS — Obrigado, mas tenho mesmo que ir. Boa noite

pra vocês.

Lucas vai embora.

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FRANCISCA — Um amigo da minha neta Luísa, que está sem

condição de descer, já que está passando por uma

grande desilusão amorosa...

ARMANDO — Sei bem então o que ela está passando. Só

quem nunca viveu um grande amor pra não saber

o que é sofrer por ele.

FRANCISCA — E o Tadeu como está?

Corta para:

CENA 08. CASA ARMANDO. SALA. INT. DIA

Tadeu, usando muleta, abre a porta com dificuldade. É Cacau.

TADEU — (estranha) Você? O que quer aqui?

CACAU — Vim ver como você está. Soube do acidente.

TADEU — Estou bem. (frio) Mas não precisa se preocupar

comigo. Vai cuidar dos seus rolos e esquemas.

Não quero envolvimento com bandido.

CACAU — Eu sou seu.../

Cacau se corta. Tadeu olha sem entender.

TADEU — O quê?

CACAU — Quis dizer que sou uma pessoa que pode te

ajudar a arrumar sua moto. Posso até te dar uma

nova se você quiser.

TADEU — (ríspido) Não quero nada que venha de você e

do seu dinheiro sujo, cara. Agora me dá licença.

Boa noite!

Tadeu fecha a porta na cara de Cacau.

TADEU — (achando graça) Era só o que me faltava. Esse

cara ficar agora se preocupando comigo.

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Corta para:

CENA 09. MOSTEIRO. IGREJA. INT. NOITE

Rômulo diante do altar.

RÔMULO — Que pecado tão grave eu cometi pra ser

castigado assim? Passar a viver nessa escuridão,

sem saber direito quem eu sou, do meu passado,

da minha vida. Eu só quero me lembrar de tudo,

recuperar minha memória. Será que é pedir

muito?

Corta para:

CENA 10. MOSTEIRO. QUARTO RÔMULO E MARMITA. INT.

NOITE

Marmita está deitado, com os braços cruzados debaixo da cabeça. Rômulo

entra.

MARMITA — Tava me lembrando de uma coisa, Remo.

RÔMULO — O quê?

MARMITA — Eu já ouviu uma história envolvendo esse

nome Rômulo. E o mais engraçado é que ele tem

uma ligação muito forte com o seu nome.

RÔMULO — Que história é essa?

MARMITA — É a história de dois irmãos: Rômulo e Remo...

Corta para:

CENA 11. MANSÃO VARELLA. SALA JANTAR. INT. NOITE

Francisca, Armando, Bebel, Otávio, Remo, Vânia e Mauro jantando.

ARMANDO — Você não está mesmo se lembrando de mim,

Rômulo?

Remo não encara Armando. Continua comendo enquanto fala.

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REMO — Eu perdi a memória.

ARMANDO — Claro, desculpa. Sua mãe me disse.

MAURO — (interessado) Então quer dizer que o Rômulo

andou se enveredando pela favela? É isso mesmo?

Remo lança um olhar fuzilante pra Mauro.

MAURO — Que foi? Só quero saber o que você andou

fazendo na favela da Macaquinha. Boa coisa não

deve ser.

BEBEL — Por quê? Só porque ele estava na favela não

podia estar fazendo uma coisa boa?

MAURO — Não se intrometa, garota.

FRANCISCA — (tom) Mauro. Olha como você fala com minha

convidada.

VÂNIA — (p/Bebel, baixo) Não liga. Ele é assim mesmo.

BEBEL — Nem ligo...

MAURO — Sua memória precisa voltar logo, Rômulo.

Acho que agora todos estão curiosos pra saber o

que você andou aprontando por aí.

Corta para:

CENA 12. QUARTO GABRIEL. INT. NOITE

Agatha está lendo um livro pra Gabriel, que já está deitado. O livro

termina.

AGATHA — E fim! Agora vamos dormir, filho.

Agatha ajeita o edredom de Gabriel.

GABRIEL — Meu pai vai vir pro meu aniversário, mãe?

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AGATHA — Eu falei com ele. Mas você sabe, filho, seu pai

trabalha muito.

GABRIEL — Queria tanto que ele viesse.

AGATHA — Eu sei, filho. Mas ele prometeu que faria o

possível pra vir.

GABRIEL — Queria que ele trabalhasse menos e passasse

mais tempo que a gente.

AGATHA — É o que eu quero também. Mas não se

preocupe que isso logo vai mudar.

Corta para:

CENA 13. PRESÍDIO. CELA VELMA. INT. NOITE

Velma está observando o céu pela pequena janela.

VELMA — (voz) Nem acredito que amanhã vou sair desse

inferno. Amanhã é dia de vida nova. Dia de

recomeçar sua vida e conquistar o amor dos seus

filhos.

Corta para:

CENA 14. QUARTO TADEU. INT. NOITE

Tadeu está segurando o papel com a letra da música que terminou de

compor. Ele olha, admirando.

TADEU — Essa música é pra você, Luísa. Um pouco da

nossa história, que ainda não terminou. Eu sinto

isso.

Corta para:

CENA 15. MOSTEIRO. BIBLIOTECA. INT. NOITE

Marmita e Rômulo diante do computador, onde tem uma tela aberta com

uma página mostrando a história de Rômulo e Remo.

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MARMITA — Você tem um irmão, Remo. O Rômulo.

RÔMULO — Isso é mitologia, Marmita. Não vida real.

MARMITA — Mas se você tivesse realmente um irmão e que

ele se chamasse Rômulo?

RÔMULO — Seria bem estranho. Mas isso é só história.

MARMITA — Uma bela história, por sinal.

Rômulo mexe no computador e para na parte onde tem uma imagem da

loba amamentando Rômulo e Remo. A imagem fascina Rômulo, que fica

ali observando, sentindo-se atraído de uma forma que não entende.

Corta para:

CENA 16. MOSTEIRO. QUARTO RÔMULO E MARMITA. INT.

NOITE

Rômulo dorme. Insert da cena 16 do capítulo 10:

A LOBA DA LENDA MITOLÓGICA SAÍ DO MEIO DO MATO E APARECE NO

MEIO DA ESTRADA.

Sobre o insert, a voz da cigana da cena 08, do capítulo 10:

CIGANA ― Separados no passado, mas que se encontraram no

presente, com grandes mudanças na vida de cada um.

Fusão para:

CENA 17. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA

Corta para:

CENA 18. CASA MARIANA. SALA. INT. DIA

Carlos conversa com Rafael na porta.

CARLOS — É melhor vocês conversarem em outro

momento, Rafael. A Mariana está triste, magoada.

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RAFAEL — Mas eu só quero entender o que aconteceu, seu

Carlos.

Corta para Mariana na porta do seu quarto, escutando tudo.

RAFAEL — Não sei por que ela não quer me ver mais. Eu

amo sua filha e me dói muito estar longe dela.

CARLOS — Eu sinto que é verdadeiro o que você sente por

minha filha. Mas conversar agora não seria bom.

Espere até que ela esteja mais calma pra vocês

conversarem sem brigas, sem discussão, evitando

assim mágoas e feridas.

RAFAEL — Tudo bem. Eu vou respeitar, mas não vou

desistir de sua filha, seu Carlos. Quero me casar

com ela e fazê-la a mulher mais feliz do mundo.

Mariana fica mexida. Rafael se despede e vai embora. Carlos fecha a porta.

Mariana aparece.

CARLOS — Oi, filha. O Rafael.../

MARIANA — (corta) Eu escutei, pai.

CARLOS — O Rafael é uma boa pessoa e te ama. Dá pra

ver como que ele está sofrendo com o que está

acontecendo. Não sei o que ele te fez, mas pelo

menos saber o que aconteceu ele tem direito,

minha filha.

Corta para:

CENA 19. PRAIA. EXTERIOR. DIA

Rafael está caminhando pela praia, distante, pensativo. Está descalço,

sentindo a o mar tocar seus pés. Seu celular toca.

RAFAEL — (cel.) Oi, Felícia.

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FELÍCIA — (cel.) Vamos almoçar hoje? Depois podíamos

sair pra comprar roupinhas pro nosso filho ou

filha. Quero montar um enxoval lindo.

RAFAEL — (cel.) Tudo bem.

Corta para Neide caminhando pela praia. Ela não acredita quando vê Rafael

sentado, observando o mar. Cria coragem e resolve se aproximar.

NEIDE — Oi.

Rafael olha pra Neide.

RAFAEL — Oi.

NEIDE — Posso sentar?

Rafael concorda.

NEIDE — Adoro observar o mar. Me da uma paz, uma

tranqüilidade, principalmente quando estou triste.

E vendo você, seu olhar, vejo uma grande tristeza,

estou certo?

Rafael concorda novamente.

NEIDE — Dor de amor, acertei?

RAFAEL — E o pior de tudo é que nem sei o que eu fiz.

NEIDE — Não fica assim não. Se é amor de verdade que

existe tudo vai se acertar.

Rafael olha pra Neide com carinho.

RAFAEL — Nós não nos conhecemos?

Neide fica gelada, sem reação, sem saber o que falar.

NEIDE — Quem sabe. Não falam que todos nesse mundo

tem alguma ligação?

Rafael sorri e levanta.

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RAFAEL — Preciso ir.

NEIDE — Mas já? Está sendo tão bom conversar com

você.

RAFAEL — Também gostei. Senti algo familiar na senhora.

NEIDE — Pode me chamar de... Sandra.

RAFAEL — Tudo bem, Sandra.

Rafael estende a mão pra Neide e eles se cumprimentam.

Corta para:

CENA 20. CARRO LUCAS. INT/EXT. DIA

Lucas dirige. Olha pro lado e Luísa está com a cabeça recostada na janela,

pensativa.

LUCAS — Tudo bem?

Luísa concorda e solta um leve sorriso.

LUÍSA — Vai ficar.

Lucas pega a mão de Luísa e dá um beijo carinhoso nela.

LUÍSA — Obrigado. Você está sendo incrível!

LUCAS — Só quero te ver bem, Luísa. E sou capaz de

tudo pra isso. Ver você sorrindo, feliz, de bem

com a vida como sempre foi desde que te conheci.

Corta para:

CENA 21. GRAVADORA. SALA RAFAEL. INT. DIA

Rafael, pra baixo, acaba de chegar. Venâncio aparece.

VÊNANCIO — Onde você estava, Rafael? Temos uma reunião

daqui a pouco.

RAFAEL — Eu sei, pai.

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VENÂNCIO — Você não respondeu: onde você estava?

RAFAEL — (aborrecido) Para de me tratar como uma

criança, pai. Que tem que dar satisfação de tudo o

que faz ou deixa de fazer.

VENÂNCIO — Só me preocupo com você, Rafael. Você é meu

único filho. Meu herdeiro.

RAFAEL — Fui atrás da mulher que amo.

VENÂNCIO — Fez as pazes com a Felícia?

RAFAEL — Estou falando da Mariana.

VENÂNCIO — Desiste dessa mulher, meu filho. A Felícia está

grávida de um filho seu. Não acha que seria bom

se vocês voltassem e se casassem como era pra ter

acontecido? Construir uma família.

RAFAEL — Eu não amo a Felícia, pai. Eu amo a Mariana.

(pra baixo) Mas ela não quer mais me ver. Não sei

o que eu aconteceu, mas acabou.

VENÂNCIO — Vai ver que foi melhor assim. Lembre-se

daquele ditado: o destino escreve certo, por linhas

tortas.

RAFAEL — Encontrei uma mulher que me aconselhou. Foi

tão bom conversar com ela...

VENÂNCIO — (cismado) Que mulher é essa?

RAFAEL — Eu estava caminhando pela praia, quando ela

apareceu. Disse que se chamava Sandra.

Venâncio fica preocupado. A secretária aparece.

SECRETÁRIA — Já estão todos na sala de reunião esperando por

vocês.

VENÂNCIO — Já estamos indo.

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A secretária saí.

RAFAEL — Vamos?

Venâncio concorda e eles saem da sala.

Corta para:

CENA 22. PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA

A porta do presídio abre e Velma saí, carregando uma sacola com seus

objetos. Ela dá uma boa olhando pro céu, sorri, feliz. Sente o vento, a

liberdade.

VELMA — Vida nova!

Ela olha pro lado e vê Armando. Fica feliz vendo o pai ali. Velma

aproxima-se de Armando e se abraçam.

VELMA — Que bom que o senhor veio.

ARMANDO — É claro que eu vim, minha filha. Eu disse que

vou te ajudar nessa vida nova.

Corta para:

CENA 23. QUARTO TADEU. INT. DIA

Tadeu está vendo televisão. Bebel entra.

BEBEL — Então, como você está?

TADEU — De saco cheio de ficar aqui nesse quarto.

BEBEL — Mas você tem que fazer repouso. O médico

disse.

TADEU — Tenho algo pra te mostrar.

Tadeu pega o papel com a letra da música que compôs e mostra pra Bebel.

BEBEL — O que é isso?

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TADEU — Uma música que compus. Dá uma olhada e

veja o que acha.

Enquanto Bebel lê a música, escutamos Tadeu cantando a música que

compôs. Bebel fica encantada.

BEBEL — É linda, meu irmão.

TADEU — Fiz pensando na Luísa.

BEBEL — Imaginei. Pelo menos ela te inspirou a compor

essa letra incrível. Tenho certeza que essa música

vai ser seu passaporte pro estrelato, Tadeu. É com

essa música que você vai estourar como nova

aposta da música brasileira.

TADEU — Sem exagero, Bebel.

BEBEL — Acredite em você, no seu potencial.

TADEU — Só não sou deslumbrado igual você é.

BEBEL — Eu sempre penso grande. E já estou pensando

no sucesso que você vai fazer. Bonito, com essa

voz, com esse talento, Luan Santana, Safadão, que

se cuidem.

Risos.

BEBEL — Agora temos só que gravar essa música e o

resto você deixa comigo.

Corta para:

CENA 24. RUAS CARIOCAS. EXTERIOR. DIA

Mauro está no seu carro, seguindo o carro de Remo. Corta para:

CENA 25. CARRO MAURO. INT. EXT. DIA

Mauro dirige.

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MAURO — A mim você não engana, Rômulo. Alguma

coisa você está escondendo e eu vou descobrir!

Corta para:

CENA 26. ACADEMIA. BANHEIRO. INT. DIA

Leilane e Vânia acabam de chegar. Uma mulher sai do banheiro. Elas

entram com suas bolsas e param na frente do espelho, deixando as bolsas

na bancada. Enquanto falam, mexem nas bolsas, se ajeitam pra malharem.

LEILANE — Pra mim a dona Francisca tinha que ser como

essas avós, que só querem curtir os netos, fazer

tricôs, bordados...

VÂNIA — Eu achei super legal e estou dando o maior

apoio, principalmente por ser um amor que

começou no passado e que agora está tendo a

oportunidade de continuar sendo escrito.

Vânia vê um objeto dentro da bolsa de Leilane que chama sua atenção. Seu

desejo de tê-lo cresce de uma forma intensa. Vânia fica nervosa, inquieta.

LEILANE — Já volto.

Leilane vai urinar. Vânia tenta se controlar, mas a vontade de pegar o

objeto é mais forte e ela pega pra si o objeto em questão. Guarda dentro da

bolsa. Olha pro lado, tensa.

LEILANE — (off) Aposto que seu Joaquim deve estar se

revirando no túmulo, vendo a esposa se

envolvendo com outro homem...

Vânia pega sua bolsa e saí apressada, quase correndo, como uma fugitiva.

Leilane saí do box onde estava e estranha não ver Vânia.

LEILANE — Vânia... Nossa, nem me esperou.

Leilane pega sua bolsa e saí do banheiro.

Corta para:

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CENA 27. CARRO VÂNIA. INT. DIA

Vânia dirige. Está muito abalada, mexida pelo que acabou de fazer. Sua

bolsa e seu celular estão jogados no banco do passageiro. Seu celular está

recebendo uma ligação de Leilane. Ela ignora e continua dirigindo.

Corta para:

CENA 28. ACADEMIA. INT. DIA

Leilane desiste de falar com Vânia. Seu personal aparece.

PERSONAL — Vamos?

LEILANE — Vamos.

Quando Leilane vai guardar seu celular, uma mensagem chega.

LEILANE — (lendo) Chifruda! (reage) O quê?

PERSONAL — Algum problema?

Leilane olha pro personal, furiosa, mas não diz nada.

Corta para:

CENA 29. QUARTO ÁGATHA. INT. DIA

Agatha rindo satisfeita, depois de ter mandado a mensagem provocando

Leilane.

AGATHA — Chifruda! Vou usar esse chip que comprei só

pra atormentar a vida dessa perua metida a besta!

Corta para:

CENA 30. MOSTEIRO. FRENTE. EXTERIOR. DIA

Mauro acaba de parar seu carro do outro lado da rua, vendo o carro de

Remo parado na frente do mosteiro e fica sem entender.

MAURO — (estranha) Mosteiro? Por que diabos o Rômulo

parou aqui?

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Para sua total surpresa, Mauro vê Rômulo saído do mosteiro junto com

Marmita e fica boquiaberto, sem acreditar no que está vendo.

MAURO — (abismado) Mas o que está acontecendo aqui?

Da surpresa de Mauro, corta para:

Fim do capítulo