Novela de - megapro.com.br · ter apenas que trocar o copo da bebida que ele toma ... TADEU ― Sempre quis voar de asa delta, ... me vende um sacolé. Mas dessa vez eu pago

___________________________________________________________

Mano a Mano Capítulo 08 Pág: 1

MANO A MANO

Novela de

Rômulo Guilherme

Criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

___________________________________________________________


CENA 01. FLAT MAURO. INT. NOITE

CONTINUAÇÃO IMEDIATA. ÁGATHA E MAURO.

ÁGATHA ― (CHOCADA) Matar?

MAURO ― Só assim, me livrando do Rômulo, que vou

conseguir assumir a presidência do banco, como

deveria ter sido desde que meu pai morreu.

ÁGATHA ― Não acha que está indo longe de mais não,

Mauro? Matar alguém?

MAURO ― Eu já pensei em tudo, Ágatha. Ninguém vai

desconfiar de nada. Posso ou não contar com

você?

ÁGATHA FICA PENSATIVA, CONFUSA.

MAURO ― Chegou a hora de provar tudo o que você fala

sentir por mim, Ágatha.

ÁGATHA ― E quer minha ajuda exatamente pra que?

MAURO ― Vou usar um poderoso veneno pra matá-lo. E a

festa de cinqüenta anos vai ser a oportunidade

perfeita pra colocar meu plano em ação. Você vai

ter apenas que trocar o copo da bebida que ele

toma, pelo copo com a bebida envenenada que

vou te dar. Simples assim.

ÁGATHA ― É muito arriscado, Mauro.

MAURO ― É sim, mas foi essa a forma que encontrei pra

corrigir o erro que meu pai cometeu dando a

presidência praquele adotado metido à besta. (T)

Posso ou não contar com você!

ÁGATHA NÃO FICA A VONTADE, MAS TOPA.

___________________________________________________________


ÁGATHA ― Tudo bem. Eu te ajudo, apenas por saber

quanto é importante pra você aquela cadeira.

MAURO PEGA CARINHOSO, SORRINDO, NA MÃO DE ÁGATHA.

MAURO ― Sabia que podia contar com você.

ÁGATHA FICA CISMADA.

CORTA PARA:

CENA 02. RESTAURANTE. INT. NOITE

RÔMULO E VÂNIA.

RÔMULO ― Melhorou mesmo sua dor de cabeça?

VÂNIA ― Estou melhor sim. (T) Tem tanto tempo que

não saímos pra jantar.

RÔMULO ― Assumindo a presidência do banco, ganhei o

dobro de responsabilidade.

VÂNIA ― Acho que você trabalha de mais, Rômulo.

Muitas vezes me sinto tão sozinha...

RÔMULO ― Eu faço o melhor de mim na nossa relação,

Vânia.

VÂNIA ― Não estou reclamando, apenas comentando.

RÔMULO SERVE MAIS VINHO PRA ELE E VÂNIA.

RÔMULO ― Estou estranhando a reação do Mauro?

VÂNIA ― O que ele fez?

RÔMULO ― Ele não fez. É isso que estou estranhando.

VÂNIA ― Como assim?

RÔMULO ― Ficou revoltado na leitura do testamento. Disse

que iria fazer e acontecer inconformado com a

___________________________________________________________


decisão do nosso pai de ter me escolhido ao invés

dele pra assumir seu posto, e até agora nada.

VÂNIA ― Ele pode estar armando alguma coisa pelas

suas costas.

RÔMULO FICA PREOCUPADO.

RÔMULO ― Acha que ele seria capaz?

VÂNIA ― Por dinheiro e poder uma pessoa como o

Mauro é capaz de tudo.

RÔMULO ― Mauro é daqueles que agem pelas costas,

traiçoeiro.

VÂNIA ― É bom você ficar de olho, Rômulo. Muitas

vezes o inimigo está mais próximo do que

imaginamos.

CORTA PARA:

CENA 03. FAVELA. LAJE CACAU. INT. NOITE

CACAU REUNIDO COM FRAJOLA E OUTROS AMIGOS, BEBENDO,

CONVERSANDO.

MÚSICA: “OH NOVINHA”. GATAS DANÇANDO.

REMO E MARMITA MAIS AFASTADOS, CONVERSANDO,

BEBENDO.

MARMITA ― Que bom que tu desistiu de se tornar monge,

Remo. (DEBOCHANDO) Além de não ter nada a

ver com você, tu ficaria muito engraçado com

aquela roupa.

REMO DISTANTE.

REMO ― Eu fico imaginando como teria sido muita

minha vida se eu tivesse sido adotado por uma

família rica.

___________________________________________________________


MARMITA ― Teria tudo do bom e do melhor, viraria

playboyzinho.

OS DOIS RIEM.

REMO ― A vida é muito injusta mesmo!

MARMITA ― Bota injusta nisso.

REMO ― Enquanto alguns dão sorte de nasceram em

berço de ouro, serem adotados por uma família

com condição boa, eu, você e tantos outros

sobramos.

MARMITA ― Nos ferramos bonito! Mas não sofro com isso

mais não, Remo. Superei já. Aprendi a fazer

minhas escolhas, meu caminho.

REMO ― Foi à vida na rua quem nos adotou e nos criou.

Pai e mãe.

MARMITA ― Por isso quero tanto esse dinheiro, pra que eu

possa satisfazer muitos prazeres, vontades que eu

sempre tive, mas que por falta de grana, de

condição, eu não consegui realizar.

REMO ― E vai ser isso que vou fazer também. Ir atrás de

tudo o que eu quis, mas a vida não me deu

oportunidade de conseguir.

MARMITA ― Se não conseguimos de um jeito,

conseguiremos agora, assaltando o banco.

MARMITA E REMO BRINDAM COM SEUS COPOS COM CERVEJA.

FUSÃO PARA:

CENA 04. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. AMANHECENDO. DIA

TAKES DA CIDADE. CORTA PARA:

___________________________________________________________


CENA 05. CASA MARIANA E CARLOS. COZINHA. INT. DIA

MARIANA ESTÁ ARRUMANDO A MESA DO CAFÉ.

A CAMPAINHA TOCA.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 06. CASA MARIANA E CARLOS. SALA. INT. DIA

MARIANA ABRE A PORTA. É UM ENTREGADOR DE LOJA

SEGURANDO UM PAPEL E UM CARTÃO.

MARIANA ― Pois não?

ENTREGADOR ― Encomenda pra (LENDO O PAPEL) Mariana

Andrade.

MARIANA ― Sou eu mesma.

O ENTREGADOR FAZ SINAL PRA OUTRO ENTREGAR TRAZER O

PRODUTO.

MARIANA ― Mas entrega de que? Não comprei nada.

MARIANA FICA SURPRESA QUANDO VÊ O SEGUNDO

ENTREGADOR TRAZENDO E ENTRANDO COM UMA CADEIRA

DE RODAS MOTORIZADA.

MARIANA ― Eu não comprei isso.

ENTREGADOR ― Mandaram entregar a cadeira e esse cartão

também.

ENTREGADOR ENTREGA O CARTÃO PRA MARIANA, QUE LÊ.

RAFAEL ― (OFF) Espero que goste do presente. Rafael.

ENTREGADOR ― Preciso que assine aqui...

MARIANA ASSINA NO LOCAL QUE O ENTREGADOR MOSTRA.

ELES VÃO EMBORA. MARIANA FECHA A PORTA, MEIO

ABOBADA.

___________________________________________________________


CORTE DESCONTÍNUO PARA CARLOS OLHANDO A CADEIRA.

MARIANA PERTO.

CARLOS ― Que presentão, minha filha.

MARIANA ― Não posso aceitar, pai. Imagina quanto deve

ter custado?

CARLOS ― Mas se foi um presente de coração, Mariana.

Qual o problema? E além do mais sua cadeira está

bem desgastada e com esse acidente que você

sofreu só piorou a situação dela.

MARIANA ― É bonita, né? E motorizada.

CARLOS ― Experimenta, filha. Sente como é.

MARIANA CONCORDA. CARLOS CARREGA MARIANA E A

COLOCA NA CADEIRA NOVA. SENTE O CONFORTO.

CARLOS ― Então? É confortável?

MARIANA ― Muito.

MARIANA ANDA PELA SALA. CARLOS FELIZ.

CORTA PARA:

CENA 07. PRAIA. EXT. DIA

TADEU ESTÁ VENDENDO UM SACOLÉ PRA UMA JOVEM.

LUÍSA CHEGA POR TRÁS DELE.

LUÍSA ― Oi.

TADEU OLHA E FICA SURPRESO.

LUÍSA ― Podemos conversar?

CORTA PARA:

___________________________________________________________


CENA 08. PRAIA. QUIOSQUE. EXT. DIA

LUÍSA E TADEU SENTADOS EM UMA MESA. TADEU SÉRIO.

LUÍSA ― Tenho três coisas pra falar com você. Primeira,

quero me apresentar: Luísa.

LUÍSA ESTENDE A MÃO EM DIREÇÃO A TADEU.

TADEU ― Tadeu.

ELES SE CUMPRIMENTAM.

LUÍSA ― Prazer. Segunda, te agradecer por você ter me

salvado. Naquela confusão nem tive essa

oportunidade.

TADEU ― Tudo bem.

LUÍSA ― Terceira e última: pedir desculpas, em nome da

minha mãe, pela atitude ofensiva que ela teve com

você.

TADEU ― Já estou acostumado a lidar com essas

situações.

LUÍSA ― Assim que soube o que ela tinha feito com

você, te oferecido dinheiro como agradecimento,

eu reagi, discuti. Minha mãe acha que dinheiro

resolve tudo, esquece que um gesto, uma palavra

pode ser mais do que suficiente.

TADEU FICA MAIS RELAXADO E DESCONTRAÍDO.

TADEU ― Achei que você era igualzinha a sua mãe.

LUÍSA ― Não mesma. Não é só porque sou rica que sou

metida, nariz em pé, não, Tadeu.

TADEU ― Filha de dondoca, dondoca é!

RISOS.

___________________________________________________________


LUÍSA ― Não sou apegada a dinheiro, a status como

minha querida e adorável mãe é. Gosto de ter

contato com a natureza, aproveitar a vida nas

simplicidades que ela proporciona.

TADEU FICA MEXIDO.

TADEU ― Nossa, confesso que estou surpreso. Tinha

pintado você de outra forma.

LUÍSA ― Só queria que tudo ficasse esclarecido.

TADEU ― Eu te reconheci no momento em que te vi no

mar.

LUÍSA ― Eu também lembrei do você: o rapaz do sacolé.

Alias, um sacolé muito bom mesmo.

TADEU ― Não esqueço do nosso primeiro encontro. Seu

sorriso me encantou.

CLIMA ENTRE ELES.

LUÍSA ― Assim vou ficar sem graça.

TADEU ― Desculpa.

LUÍSA TIRA UM CARTÃO DE APRESENTAÇÃO SEU DA BOLSA.

LUÍSA ― Me liga depois. Ou, se preferir, aparece na

minha agência de turismo. Conversamos, quem

sabe até combinarmos um passeio de asa delta?

TADEU ― Tá falando sério? Achei que não ia querer

pular de asa delta nunca mais.

LUÍSA ― Não mesmo. Foi um susto, mas passou. Estou

pronta pra outra e se tiver coragem pode vir

comigo. Anima?

TADEU ― Animo!

___________________________________________________________


LUÍSA ― Me passa seu número que eu vou marcar e te

ligo.

LUÍSA PEGA UMA CANETA E PAPEL DA BOLSA. ANOTA O

NÚMERO DO CELULAR DE TADEU.

LUÍSA ― Então está combinado!

TADEU ― Sempre quis voar de asa delta, mas nunca tinha

tido oportunidade.

LUÍSA ― (PROVOCA) Vamos ver se é corajoso mesmo,

quando estiver lá no alto.

TADEU ― Nunca me faltou coragem. Sempre fui

guerreiro e batalhador.

TROCA DE OLHARES.

LUÍSA ― Agora, pra fechar com chave de ouro esse

novo encontro: me vende um sacolé. Mas dessa

vez eu pago.

TADEU ACHA GRAÇA. VENDE SACOLÉ PRA LUÍSA. ELES

DESPEDEM-SE E LUÍSA VAI EMBORA. TADEU, MEXIDO, SORRI.

CORTA PARA:

CENA 09. QUARTO MARIANA. INT. DIA

MARIANA NO CELULAR, FALANDO COM RAFAEL.

MARIANA ― (CEL.) Te liguei pra agradecer pela cadeira de

rodas.

INTERCALAR COM CENA SEGUINTE.

CORTA PARA:

CENA 10. QUARTO RAFAEL. INT. DIA

RAFAEL NO CELULAR TERMINANDO DE SE ARRUMAR PRA IR

TRABALHAR.

___________________________________________________________


RAFAEL ― (CEL.) Que bom que você gostou. Vi que

estava precisando de uma cadeira nova.

MARIANA ― (CEL.) Você deve ser meu anjo da guarda.

Apareceu pra me tirar daquela situação, agora me

dando essa cadeira de rodas motorizada... Estou

muito grata, Rafael. Fico feliz de ver que ainda

tem pessoas boas nesse mundo.

RAFAEL ― (CEL.) Simpatizei muito por você, Mariana.

Passei a te admirar e acompanhar suas postagens

no blog. E o destino resolve me presentear te

conhecendo pessoalmente e podendo te ajudar.

MARIANA ― (CEL.) Faço questão que você volte aqui em

casa, com tempo, pra que possa tomar meu café.

Modéstia a parte, faço um café muito bom.

RAFAEL ― (CEL.) Não chama duas vezes não que aceito.

Adoro café, ainda mais quando é bem feito,

gostoso.

MARIANA ― (CEL.) Está mais do que convidado.

FELÍCIA ENTRA NO QUARTO, SURPREENDENDO RAFAEL.

RAFAEL ― (CEL.) Depois nos falamos... Tá bom. Até!

RAFAEL DESLIGA. FELÍCIA FICA CISMADA.

CORTA PARA:

CENA 11. QUARTO MARIANA. INT. DIA

MARIANA DESLIGA O CELULAR. NÃO CONSEGUE ESCONDER A

FELICIDADE QUE ESTÁ SENTINDO.

CORTA PARA:

CENA 12. QUARTO RAFAEL. INT. DIA

RAFAEL E FELÍCIA.

___________________________________________________________


FELÍCIA ― Quem era?

RAFAEL ― Assunto de trabalho.

RAFAEL ― Você, meu pai, precisa parar com essa mania

de entrarem no meu quarto sem bater.

FELÍCIA ABRAÇA RAFAEL.

FELÍCIA ― Tá bom, meu marrentinho.

FELÍCIA LHE BEIJA.

FELÍCIA ― Já tomou café?

RAFAEL ― Ainda não.

FELÍCIA ― Ótimo. Vamos tomar café da manhã juntos.

FELÍCIA SAÍ PUXANDO RAFAEL PRA FORA DO QUARTO.

CORTA PARA:

CENA 13. MANSÃO VENÂNCIO. PISCINA. INT. DIA

DOUGLAS NA PISCINA. BELARMINO TOMANDO SOL NA

ESPREGUIÇADEIRA.

DOUGLAS SAÍ DA PISCINA E DEITA NA ESPREGUIÇADEIRA DO

LADO.

BELARMINO ― Conheci uma gata no bingo ontem.

DOUGLAS ― Pegando as novinhas, vô?

BELARMINO ― Me respeita, Douglas. Vê lá se sou homem de

pegar “novinhas”.

DOUGLAS ― O que mais tem por aí é homens na idade do

senhor pegando as novinhas.

BELARMINO ― Mas não estou! Essa que estou te falando é

uma gata das antigas, quase da minha idade, que

___________________________________________________________


dançava no Cassino da Urca. Não é da sua época.

Um espetáculo de mulher. Eu ia mais ao cassino

pra vê-la, do que mesmo pra me divertir.

DOUGLAS ― E não se divertia com ela? Quero dizer, nunca

aconteceu nada entre vocês?

BELARMINO ― Não. Mas ela continua com a mesma beleza de

antes, só que mais amadurecida.

DOUGLAS ― Então não perca tempo, vô. Investe.

BELARMINO ― Temos uma coisa em comum: adoramos um

bingo!

RISOS.

DOUGLAS ― Também conheci uma gata, que está mexendo

comigo.

BELARMINO ― Essa sim é uma novinha, né?

DOUGLAS ― Daquelas que deixa o sujeito doido.

INSERT DA CENA 27 DO CAPÍTULO 03: O baile está lotado. As

pessoas dançam, se divertem. Douglas está na pickup, comandando o som.

Bebel chega com suas amigas e começa a dançar. Douglas e Bebel se

olham e um clima surge entre eles. Momento. Douglas chama Bebel,

através de gesto, pra subir onde ele está. Bebel não perde tempo e vai até

ele. Douglas lhe ensina a mexer na aparelhagem de música e Bebel se

diverte. Enquanto a música toca, eles improvisam uns passinhos. FIM DO

INSERT.

BELARMINO ― Uma coisa você puxou de mim: bom gosto pra

escolher mulher!

CORTA PARA:

CENA 14. FAVELA MACAQUINHA. GERAIS. EXT. DIA

___________________________________________________________


TAKES DA FAVELA. MÚSICA: “CHEGUEI” – LUDMILA. CORTA

PARA:

CENA 15. QUARTO BEBEL. INT. DIA

NAOMI, AMIGA DE BEBEL, FAZ A UNHA DELA.

BEBEL ― Ele é lindo, amigo. Descolado, engraçado...

NAOMI ― Nunca vi tu ficar tão mexida assim por carinha

nenhum.

BEBEL ― Não sei, mas to sentindo que com o Douglas é

diferente. Ele me chamou atenção de verdade.

NAOMI ― Quero conhecê-lo. Aquele dia não deu pra ir ao

Baile Charme com vocês.

BEBEL ― Pode tirar o olho, viu. Ele já tem dona.

NAOMI ― (ATINGIDA) Credo, Bebel. Vê lá se eu sou

dessas que fica tentando roubar o boy das amigas.

BEBEL ― Mas avisar nunca é de mais!

CORTA PARA:

CENA 16. MANSÃO VENÂNCIO. SALA JANTAR. INT. DIA

VENÂNCIO, RAFAL E FELÍCIA NA MESA TOMANDO CAFÉ.

VENÂNCIO LÊ O JORNAL.

FELÍCIA ― Estava pensando que podíamos fazer uma

viagem, Rafael. Só eu e você. Um final de semana

desses.

RAFAEL ― Acho meio complicado, Felícia. Tem muito

trabalho na empresa.

FELÍCIA ― É só um final de semana. Tem tanto tempo que

não viajamos juntos. A última vez foi aquela

viagem que fizemos pra Nova York.

___________________________________________________________


VENÂNCIO ― Vai, meu filho. Vai ser bom pra você. Está

precisando se distrair um pouco, relaxar. Anda tão

tenso de uns tempos pra cá.

RAFAEL ― Vou ver. Não vou prometer nada.

FELÍCIA ― Faz uma forcinha, por mim, por nos dois.

RAFAEL ― Tá bom.

RAFAEL COME ALGO. VENÂNCIO E FELÍCIA SE OLHAM.

CORTA PARA:

CENA 17. PRAIA. CALÇADÃO. EXTERIOR. DIA

RÔMULO E FRANCISCA CAMINHAM, SE EXERCITANDO. CORTA

PARA:

CENA 18. PRAIA. QUIOSQUE. EXTERIOR. DIA

UM GARÇOM SERVE ÁGUA DE COCO PRA RÔMULO E

FRANCISCA.

RÔMULO ― Nem consegui dormir direito pensando numa

coisa que a Vânia me disse.

FRANCISCA ― Percebi mesmo que você acordou tenso, com

uma expressão de preocupação. O que foi que ela

disse?

RÔMULO ― Vânia acha que o Mauro pode estar armando

alguma coisa pelas minha costas, pra conseguir

me tirar da presidência do banco. Queria saber a

opinião da senhora. Acha que ele seria capaz de

fazer alguma coisa pra me prejudicar?

FRANCISCA ― Mauro reagiu muito mal à escolha que o pai de

vocês fez. Esbravejou, se revoltou, mas até então

não fez nada.

___________________________________________________________


RÔMULO ― É isso que é curioso. Pra quem ficou tão

inconformado e ameaçou reivindicar, é realmente

muito estranho ele estar tão quieto assim.

FRANCISCA ― Conheço meu filho. Mauro é daquelas que

planeja, arquiteta, pra atacar depois. Não faz de

rompante.

RÔMULO ― A Vânia disse a mesma coisa.

FRANCISCA ― Não podemos afirmar concretamente que ele

está tramando alguma coisa, mas não seria

nenhuma surpresa se ele fizer isso.

RÔMULO ― O problema é imaginar do que ele pode ser

capaz.

FRANCISCA ― As pessoas andam tão frias umas com as

outras, a falta de sentimentos, de compaixão, anda

tão grande, que ninguém conhece mais ninguém

no sentindo de saber do que o outro é capaz em

uma determinada situação de conflito, de raiva, de

desespero.

RÔMULO ― Pra conhecer o verdadeiro caráter de uma

pessoa, quem ela é de verdade, é só lhe dar

dinheiro e poder.

FRANCISCA ― Me dói muito dizer isso do seu irmão como

mãe, mas Mauro tem um coração duro. É frio e

calculista. Visa apenas seu interesse. E pessoas

assim são capazes de tudo pra terem o que

querem, Rômulo. Tudo!

CORTA PARA:

CENA 19. PRESÍDIO. PÁTIO. INT. DIA

VELMA E SOLANGE CAMINHAM.

___________________________________________________________


VELMA ― Não vejo à hora de sair desse inferno. Mas

tenho medo de como será minha vida quando esse

momento chegar.

SOLANGE ― A vida fora desses muros aqui pra um ex-

presidiário não é nada fácil.

VELMA ― Falta oportunidade e sobra preconceito.

SOLANGE ― Por isso muitos voltam pro mundo do crime e

presos novamente.

VELMA ― Mas comigo vai ser diferente. Quero

reconstruir minha vida, ter o amor dos meus

filhos.

SOLANGE ― Vai atrás do seu homem, o Cacau? Fiquei

sabendo que ele fugiu.

VELMA ― Não quero vê-lo nem pintando de ouro. Não

quero mais problemas na minha vida e ao lado

dele é roubada na certa. Aquele lá nasceu pro

mundo do crime. Não tem concerto.

CORTA PARA:

CENA 20. FAVELA. CASA CACAU. INT. DIA

CACAU COM FRAJOLA.

CACAU ― Eu e a Velma aprontávamos muito. Parceiros

no amor e no crime. Já passamos por cada

situação...

FRAJOLA ― Tu ainda gosta dela?

CACAU ― Gostava muito dele. Mas esfriou da última vez

que fomos presos.

FRAJOLA ― Tu pode ter a mulher que tu quiser, Cacau.

___________________________________________________________


CACAU ― A Velma é daquelas do tipo inesquecível, que

marca um homem. Nunca vou esquecê-la.

CORTA PARA:

CENA 21. CARRO RAFAEL. INT. DIA

RAFAEL DIRIGE. VENÂNCIO DO LADO.

VENÂNCIO ― Vou te fazer uma pergunta bem direta, meu

filho: você está gostando de outra mulher?

RAFAEL FICA SURPEESA COM O QUE ESCUTA E FICA SEM

JEITO.

RAFAEL ― Não, pai.

VENÂNCIO ― Tenho a impressão de que você está cansado

da Felícia. Desanimado ou até saturado com o

noivado, com a relação de vocês.

RAFAEL ― Por que o senhor está me perguntando isso?

VENÂNCIO ― Quando um homem fica assim, é porque está

querendo terminar pra ficar sozinho ou terminar

pra ficar com outra.

RAFAEL ― A Felícia quer atenção vinte e quatro horas por

dia. Esquece que eu tenho minha rotina, minha

vida, meu trabalho.

VENÂNCIO ― Mas ela te ama, Rafael.

RAFAEL ― Tem várias formas de amar, pai. E o amor dela

me sufoca.

VENÂNCIO ― Faz essa viagem, Rafael. Vai ser bom pra você,

pra Felícia, pro relacionamento de vocês...

RAFAEL ― Pode até ser. Estou mesmo precisando repensar

muita coisa na minha vida e uns tempos fora pode

amadurecer tudo o que estou pensando.

___________________________________________________________


CORTA PARA:

CENA 22. BANCO IMPÉRIO. SALA MAURO. INT. DIA

MAURO E ÁGATHA.

MAURO ― Já consegui o veneno.

ÁGATHA ― Vai mesmo levar esse plano a diante?

MAURO ― É claro que sim.

ÁGATHA ― É que eu achei.../

MAURO ― (EM CIMA) Que eu ia desistir? Não volto

atrás no que decido. Você é quem parece que está

dando pra trás. Desistiu de me ajudar?

ÁGATHA ― (FIRME) Se eu falei que vou ajudar, eu vou!

MAURO FICA SATISFEITO.

MAURO ― É assim que gosto.

RÔMULO ENTRA.

RÔMULO ― (P/ÁGATHA) Preciso de você na minha sala.

ÁGATHA ― Sim, senhor.

RÔMULO SAÍ.

MAURO ― Vai ver o que esse imbecil quer.

ÁGATHA SAÍ. MAURO RELAXA NA CADEIRA.

MAURO ― Pode ir se despedido do posto de presidente,

Rômulo. Sua hora está chegando!

FUSÃO PARA:

CENA 23. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT. DIA/NOITE

TAKES DA CIDADE. DIVERSOS PONTOS TURÍSTICOS.

___________________________________________________________


MÚSICA: JUÍZO FINAL

CORTA PARA:

CENA 24. MOSTEIRO. IGREJA. EXTERIOR. DIA

REMO ENTRA NA IGREJA.

LEGENDA : ALGUNS DIAS DEPOIS...

CORTA PARA:

CENA 25. MOSTEIRO. IGREJA. INT. DIA

REMO E BASTIÃO. REMO AFLITO.

BASTIÃO ― Que aflição é essa, Remo?

REMO ― Vim pedir a sua benção, padrinho.

BASTIÃO ― O que está acontecendo?

REMO ― Sinto que vou me arrepender de algo que vou

fazer.

BASTIÃO ― Então não faça. Você tem dois caminhos: Não

escolha o que vai te prejudicar.

REMO ― Agora é tarde. Não tem mais volta.

REMO, MUITO AGONIADO, PEGA NA MÃO DE BASTIÃO.

REMO ― Me dê sua benção, padrinho.

BASTIÃO SE COMOVE COM A SITUAÇÃO DE REMO E O

ABENÇOA.

BASTIÃO ― Deus te abençoe, Remo. Te proteja e guie seus

caminhos.

REMO BEIJA A MÃO DE BASTIÃO. DEPOIS O ABRAÇA, MUITO

AGRADECIDO E EMOCIONADO.

CORTA PARA:

___________________________________________________________


CENA 26. PEDRA BONITA. EXT. DIA

LUÍSA E TADEU PRONTOS PRA VOAREM DE ASA DELTA

JUNTOS. PREPARAM-SE E GANHAM O CÉU.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 27. ASA DELTA. EXT. DIA

LUÍSA E TADEU VOANDO PELA CIDADE, APRECIANDO A VISTA

LINDA.

TROCAM OLHARES.

CORTA PARA:

CENA 28. CASA MARIANA. SALA. INT. DIA

MARIANA ABRE A PORTA. É RAFAEL.

MARIANA ― (SURPRESA) Rafael?

RAFAEL ― Vim tomar aquele cafezinho que você me

ofereceu.

CORTA PARA:

CENA 29. APTO. PÉROLA. COPA. INT. DIA

PÉROLA E FELÍCIA TOMAM CAFÉ.

PÉROLA ― Eu achei que você voltaria grávida dessa

viagem.

FELÍCIA ― Fiquei tão triste, frustrada, quando minha

menstruação veio.

PÉROLA ― Era um risco, que infelizmente se concretizou.

Mas o que importa é continuar tentando.

FELÍCIA ― Tenho medo de não conseguir recuperar esse

meu corpão depois da gravidez.

___________________________________________________________


PÉROLA ― É claro que vai, Felícia.

FELÍCIA ― Não quero ficar toda muxibenta, sem minhas

curvas que fazem tanto sucesso.

PÉROLA ― E se não conseguir por conta própria, nada que

uma boa cirurgia plástica não resolva.

CORTA PARA:

CENA 30. CASA MARIANA. SALA. INT. DIA

CARLOS CUMPRIMENTA RAFAEL. MARIANA PERTO.

CARLOS ― Muito obrigado pelo presente que você deu pra

minha filha.

RAFAEL ― Foi um prazer poder dar um presente tão útil.

MARIANA ― (BRINCA) Rafael é meu anjo da guarda.

CARLOS ― Vai ver que é mesmo. Nome de anjo ele já tem.

MARIANA ― Agora vamos tomar o café que eu te prometi.

RAFAEL ― (P/CARLOS) Fiquei sabendo que é um café

muito bom.

CARLOS ― Não é puxando saco não, mas minha filha faz

um café divino. Bebo quase a garrafa toda.

CORTA PARA:

CENA 31. CASA MARIANA. COZINHA. INT. DIA

RAFAEL E MARIANA TOMAM CAFÉ.

MARIANA ― Então, o que achou?

RAFAEL ― Nossa, nunca tomei um café tão gostoso.

MARIANA ― É claro que já.

RAFAEL ― Juro.

___________________________________________________________


MARIANA ― Um rapaz viajado como você parece ser, deve

ter tomado café muito mais gostoso que o meu.

RAFAEL ― O seu tem um diferencial de todos os outros,

Mariana.

MARIANA ― Descobriu meu segredo?

RAFAEL ― Tem amor!

CLIMA. TROCA DE OLHARES DOS DOIS.

CORTA PARA:

CENA 32. PRAIA. EXTERIOR. DIA

TADEU E LUÍSA ACABAM DE POUSAREM. RECOLHEM O

EQUIPAMENTO.

LUÍSA ― Então, o que achou?

TADEU ― (EMPOLGADO) É incrível, maravilhoso.

Nunca tinha experimentado uma sensação

parecida. É algo que não tem como explicar e sim

sentir.

LUÍSA ― (RINDO) Realmente é algo que você não

consegue traduzir totalmente em palavras, só

sentindo mesmo pra conseguir ter noção de como

é bom.

TADEU ― Quase poder tocar o céu, ver a cidade que amor

de cima, sentir o vento, me deu uma leveza, como

se todos os problemas sumissem, não existissem

mais.

LUÍSA ― É como eu me sinto, Tadeu. Volto pra rotina

com a bateria recarregada. É engraçado como um

simples ato mexe tanto com a gente.

___________________________________________________________


TADEU ― Principalmente quando se está bem

acompanhado.

CLIMA. TROCA INTENSA DE OLHAR.

INSERT DE CLIP RÁPIDO DE CENAS DE TADEU E LUÍSA NUM

TOM ROMÂNTICO, EMBALADO POR MÚSICA TEMA.

LUÍSA E TADEU SÃO ENVOLVIDOS PELA QUÍMICA ENTRE ELES.

A ATRAÇÃO FICA MAIS FORTE. CAM EM SLOW. APROXIMAM

SEUS ROSTOS E SE BEIJAM.

CORTA PARA:

CENA 33. BARRACO REMO E MARMITA. SALA. INT. DIA

REMO ESTÁ DIANTE DO ESPELHO, VENDO SEU REFLEXO.

MARMITA VEM DO QUARTO E MEXE COM ELE.

MARMITA ― (ANIMADO) É hoje que vamos ficar rico, meu

amigo!

MARMITA VAI PRA COZINHA. REMO CONTINUA SE OLHANDO.

REMO ― Hoje minha vida vai mudar pra sempre!

CORTA PARA:

CENA 34. MANSÃO VARELLA. EXTERIOR. DIA

CORTA PARA:

CENA 35. QUARTO RÔMULO. INT. DIA

RÔMULO ACABA DE VESTIR UMA BLUSA E VAI DIANTE DO

ESPELHO SE AJEITAR.

A IMAGEM DOS DOIS IRMÃOS DIANTE DO ESPELHO DIVIDE

A TELA.

FRANCISCA ENTRA.

RÔMULO ― Bom dia, mãe.

___________________________________________________________


FRANCISCA APROXIMA-SE DE RÔMULO E O ABRAÇA FORTE.

ESTÁ COM UMA EXPRESSÃO CARREGADA, PREOCUPADA.

RÔMULO ― (ESTRANHA) Que foi, mãe?

FRANCISCA ― (AGONIADA) Toma muito cuidado, Rômulo.

RÔMULO ― (SEM ENTENDER) Com o que, mãe? O que

está acontecendo?

FRANCISCA ― Tive um sonho ruim com você. Não gosto nem

de lembrar, mas envolvia a morte.

RÔMULO FICA ASSUSTADO.

CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO

Documents

Novela de - megapro.com.br · ter apenas que trocar o copo da bebida que ele toma ... TADEU ― Sempre quis voar de asa delta, ... me vende um sacolé. Mas dessa vez eu pago