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 801  A FAZENDA PÚBLICA E O NOV O CPC Luiz Antonio Miranda Amorim Silva 1 SUMÁRIO • Introdução – 1. A Fazenda Pública e o Debate Democrático em T orno da Elaboração de um Novo CPC – 2. Prazo em Dobro e Vista Pessoal dos Autos – 3. Honorários em Percen tuais Pre iamente Deinid os – 4. Reexame Necessá - rio Reserado Para Causas de Maior Impacto Financeiro – 5. Cumprimento de Sentença contra a Faenda Pública – 6. Outras Alterações Releantes – Conclusão INTRODUÇÃO Já se fa notório que o Código de Processo Ciil, Lei 5.869 de 1973, elaborado pelo então Ministro da Justiça Alfredo Buaid, após mais de 37 anos de igência, encontra-se prestes a ser substituído no ordenamento jurídico nacional.  O noo CPC, ainda em trâmite para aproação, é fruto do trabalho de uma comissão de juristas presidida pelo então Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Lui Fux, hoje Ministro do Supremo Tribunal Feder al, cuja relatoria geral foi atribuída à ilustre processualista Terea Arruda Alvim Wambier É ainda de conhecimento corriqueiro que poucos diplomas legislatios apresentam tanta importância para adocacia pública e especialmente para a Adocacia Geral da União – AGU – como o que rege o processo ciil. Isso porque, como se sabe, uma das grandes funções da AGU encontra - -se na representação judicial da União e de suas Autarquias, que enfren- tam e são também autoras de inúmeras ações cujo procedimento toma por base o processo ciil brasileiro, que tem como pedra fundamental a Constituição Federal e o Código de Processo Civil. 1. Procurador Federal. Bacharel em Direito pela Uniersidade Federal de Pernambuco – 2007. Pós-Graduado em Direito Público pela Gama Filho – 2008, Pós-Graduado em Direito Público pela UNB – 2010. E-mail : [email protected]

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Impactos do CPC/15 na execução fiscal

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 A FAZENDA PÚBLICA E O NOVO CPC

Luiz Antonio Miranda Amorim Silva1

SUMÁRIO • Introdução – 1. A Fazenda Pública e o Debate Democrático em Torno

da Elaboração de um Novo CPC – 2. Prazo em Dobro e Vista Pessoal dos Autos

– 3. Honorários em Percentuais Preiamente Deinidos – 4. Reexame Necessá-

rio Reserado Para Causas de Maior Impacto Financeiro – 5. Cumprimento deSentença contra a Faenda Pública – 6. Outras Alterações Releantes – Conclusão

INTRODUÇÃO

Já se fa notório que o Código de Processo Ciil, Lei 5.869 de 1973,elaborado pelo então Ministro da Justiça Alfredo Buaid, após mais de 37anos de igência, encontra-se prestes a ser substituído no ordenamentojurídico nacional.

 O noo CPC, ainda em trâmite para aproação, é fruto do trabalhode uma comissão de juristas presidida pelo então Ministro do SuperiorTribunal de Justiça, Lui Fux, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal,cuja relatoria geral foi atribuída à ilustre processualista Terea ArrudaAlvim Wambier

É ainda de conhecimento corriqueiro que poucos diplomas legislatiosapresentam tanta importância para adocacia pública e especialmentepara a Adocacia Geral da União – AGU – como o que rege o processo ciil.

Isso porque, como se sabe, uma das grandes funções da AGU encontra-

-se na representação judicial da União e de suas Autarquias, que enfren-

tam e são também autoras de inúmeras ações cujo procedimento tomapor base o processo ciil brasileiro, que tem como pedra fundamental aConstituição Federal e o Código de Processo Civil.

1. Procurador Federal. Bacharel em Direito pela Uniersidade Federal de Pernambuco – 2007.Pós-Graduado em Direito Público pela Gama Filho – 2008, Pós-Graduado em Direito Públicopela UNB – 2010. E-mail : [email protected]

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Até mesmo os procuradores da união, expressão genérica para designartodos os integrantes das carreiras da AGU, que se dedicam ao consultio

possuem como instrumento básico de trabalho o CPC, pois naturalmentea preenção de litígios e a orientação da forma como se proceder emjuío faem parte de seu trabalho cotidiano.

  Destarte, obsera-se a importância do CPC como instrumento detrabalho e de constante consulta dos procuradores da união, mas tambémé preciso sublinhar que o Código de Processo Ciil se particularia comouma das normas de prerrogatias aos que se dedicam à adocacia pública.

Assim, uma mudança como a ora esperada em muito tem a afetar arotina de trabalho dos integrantes da AGU e muita releância apresentapara a União e suas Autarquias, e, dessa forma, para a sociedade comoum todo. O mesmo ocorrendo com os demais membros da advocacia

pública e os entes públicos por estes representados.

Não se pode olidar que o texto do CPC de 1973 foi – durante esteconsideráel tempo de igência – objeto de diersas alterações, especial-mente não se pode esquecer da importância das modiicações que restaramconhecidas como minirreformas do CPC. Estas, lideradas basicamente pelosMinistros Athos Gusmão Carneiro e Sálio de Figueiredo Teixeira, tieramo mérito de aproximar o texto do Código Buaid a temas tão importantesna atualidade, como da efetividade da tutela jurisdicional, da garantia da

autoridade das decisões judiciais (contempt of court )2, da celeridade, da

instrumentalidade, da duração raoáel do processo entre outros.

O rápido trâmite da minirreforma se destacou como o grande diferencialpara que esta tenha sido a tônica para adequar o processo ciil brasileiroàs necessidades da atualidade. Por outro lado, por se mostrarem comomodiicações isoladas, as minirreformas trouxeram o efeito colateral dafalta de sistematiação, da falta de uniformidade, o que diiculta o trabalho

do estudioso do direito e especialmente de seus aplicadores.O texto do Código de Buaid, de tão alterado e reformado, passou a

reelar até mesmo dispositios contraditórios, o que se tornou alo deconstantes críticas doutrinárias e de toda comunidade jurídica, que pre-

a por um direito harmonioso, coerente, imprescindíel para um estadomínimo de segurança jurídica.

2. Cf. GRINOvER, Ada Pellegrini. Ética, Abuso do Processo e Resistência às Ordens Judiciárias: O

comtempt of court . Revista de Processo Civil. São Paulo: Reista dos Tribunais, nº 102, pp.219-227. Ano 26, Abril-Junho 2001.

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Esta percepção encontra-se eidenciada na exposição de motios doprojeto do noo CPC:

O enfraquecimento da coesão entre as normas processuais foi uma con-

seqüência natural do método consistente em se incluírem, aos poucos,alterações no CPC, comprometendo a sua forma sistemática. A com-

plexidade resultante desse processo confunde-se, até certo ponto, comessa desorganiação, comprometendo a celeridade e gerando questõeseitáeis (= pontos que geram polêmica e atraem atenção dos magistra-

dos) que subtraem indeidamente a atenção do operador do direito.3

Nesse contexto, a iniciatia do noo CPC foi muito bem recebida, en-

contrando o seu projeto de lei, com algumas alterações, aproação peloSenado, aguardando, no momento, apreciação e deliberação pela Câmara

dos Deputados.

O anunciado sucesso do projeto parece se encontrar na capacidadetécnica e empenho dos membros da comissão e no fato de esta ter dialo -

gado com os mais diersos setores da sociedade e da comunidade jurídica.Nesse sentido, registra-se a ocorrência de diersas audiências públicas,a abertura da comissão para sugestões das carreiras representatias daadocacia pública, o contato da comissão com a Ordem dos Adogadosdo Brasil – OAB, com a Associação Nacional dos Magistrados e mesmocom a própria AGU e procuradorias de estados e municípios.

Tudo isso, não blinda o noel texto de críticas, mas confere, por certo,uma maior legitimidade a este noo instrumento de trabalho dos ado-

gados públicos e priados, grande base procedimental para a realiaçãodo direito material.

As mudanças são astas e precisamente no âmbito da AdocaciaPública não são poucas. Assim, a intenção do presente estudo é se de-

bruçar sobre as alterações que atingem à adocacia pública. Busca-se,pois, preparar o procurador da união e demais adogados públicos para

a grande reforma que se aproxima, apresentar os debates que se formamem torno das alterações em relação à Faenda Pública, bem como, aindaem tempo, tecer as críticas e elogios que se façam pertinentes à futurasistemática processual.

Logo, em capítulo inicial, comenta-se a participação da AGU e pro-

curadorias de estados e municípios no processo de reforma e se fa um

3. Anteprojeto do Noo Código de Processo Ciil. Disponíel em: http://www.senado.go.br/senado/noocpc/pdf/Anteprojeto.pdf. Acesso em 14 de Abril de 2011.

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apanhado das principais noidades do projeto do noo código em relaçãoà Faenda Pública, para então conferir a cada uma das modiicações mais

releantes capítulo próprio, como se fa em relação à mudança de praoprocessual juntamente com a prerrogatia de ista pessoal dos autos, ànoa sistemática dos honorários adocatícios, à alteração enolendo oreexame necessário, ao surgimento do cumprimento de sentença contrao Poder Publico, resguardando, ainda, um capítulo para outras modii-

cações que apresentam menor impacto em face do erário e da atuaçãodo adogado público.

Em conclusão, mergulha-se numa relexão quanto às antagens e des-

antagens da noa sistemática comentada em relação à Faenda Pública.

1. A FAZENDA PÚBLICA E O DEBATE DEMOCRÁTICO EM TORNO DAELABORAÇÃO DE UM NOVO CPC

Não há dúida, uma reforma que busque efetiidade consideráel noobjetio de duração raoáel do processo precisa lear especiicamente emconsideração a Fazenda Pública, termo utilizado em seu sentido corrente,

que enole os entes federatios, suas autarquias e fundações públicas.4 

Isso porque o Estado, como é de conhecimento comum, ocupa grande

parte do trabalho do Judiciário, no caso especíico da AGU, pode-se acres-centar que seguramente a União, suas autarquias e fundações públicas,em conjunto, apresentam-se como parte em mais ações judiciais do quequalquer outro litigante. O parecer PGFN/CRJ/No 756/20105  destaca,

inclusie, que “mais de 60% das demandas judiciais em curso são contraa Fazenda Publica”.

Portanto, em que pese a profunda necessidade de manutenção pelaUnião, Estados e Municípios, suas autarquias e fundações públicas, dealgumas das tradicionais prerrogatias, mostra-se natural o fato de oprojeto do noel código buscar apresentar uma noa roupagem paraatuação da Advocacia Pública.

4. O processualista Leonardo Carneiro da Cunha esclarece o termo Faenda Pública: “Na erdade,a expressão Faenda Pública representa a personiicação do Estado, abrangendo as pessoasjurídicas de direito público. No processo em que haja a presença de uma pessoa jurídica dedireito público, esta pode ser designada, genericamente, de Faenda Pública”. (CUNHA. LeonardoCarneiro da., A Faenda Pública em Juío. 5ª Ed. São Paulo: Dialética, 2007, p. 15).

5. PARECER PGFN/CRJ/Nº 756/2010. p. 7. Disponíel em: www.pgfn.go.br/noticias/Parecer%20756-2010.pdf. Acesso em 28 de março de 2011.

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 Nesse ponto, não se pode deixar de registrar que o texto propostoresera uma seção, no capítulo referente aos Procuradores, para a Ado-

cacia Pública, assim denominando tal seção.

De logo, o texto proposto deine a função da Adocacia Pública, comharmonia ao tomado como paradigma para a construção do presenteestudo, apontando, pois, que incumbe à Adocacia Pública, na forma dalei, defender e promoer os interesses públicos da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação judicial,em todos os âmbitos federatios, das pessoas jurídicas de direito públicoque integram a Administração direta e indireta.

Logo em seguida, obsera-se umas das grandes modiicações propos-tas, qual seja a ixação de prao geral em dobro para a Faenda Pública,afastando o antigo prao em quádruplo para contestar.

O mesmo dispositio, por outro lado, confere uma prerrogatia degrande importância, a ista pessoal do processo como marco inicial dacontagem dos praos contra o Poder Público.

Outra inovação que atinge, de forma direta, a Fazenda Pública refere-

-se aos honorários adocatícios. Isso porque, no Código Buaid, preia-se,

nas causas enolendo a Faenda Pública, a possibilidade de arbitramentode honorários adocatícios por equidade.

O projeto do noo CPC não repete tal sistemática, em que pese tratede forma particulariada o Poder Público. Mister destacar que nas cau-

sas que não enolem a Faenda Pública a regra estabelecida pelo nootexto é a de ixação de honorários no percentual de 10 a 20% do alorda condenação da condenação, do proeito, do beneício ou da antagemeconômica obtidos, neste ponto repetindo a sistemática anterior.

Releante, também, a mudança proposta no que se refere ao reexamenecessário, também conhecido como recurso de oício. Este, como se sabe,ocorre quando a Faenda Pública é condenada ou tem embargos contraa sua execução de díida atia julgados procedentes.

O texto do CPC ainda em igor afasta do reexame necessário, isto é,a necessidade de análise da questão pelo Tribunal de segundo grau, ascondenações que não enolem alor superior a 60 salários mínimos. Jáo texto em ias de aproação apresenta o alor de 1000 salários mínimoscomo critério para que seja a questão submetida ao reexame necessário.

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Imperatio realçar também o desaparecimento dos embargos à exe-

cução da Faenda Pública em se tratando de execução de títulos judiciais.

Assim, passa-se a aplicar sistemática semelhante ao cumprimento desentença também aos processos em que o executado é o Poder Público.Os embargos do deedor no noo texto restringem-se, então, às execuçõesde títulos extrajudiciais, até mesmo quando enoler a Faenda Pública.

Outras pequenas modiicações também foram estabelecidas, mas estascausam um impacto indireto ou mais acanhado à Faenda Pública, comoé o caso da simpliicação do sistema recursal, da criação do incidente dejulgamento conjunto de demandas repetitias, da possibilidade de o réuformular pedido independentemente do expediente formal da reconen-

ção, do cabimento em preliminar de contestação da incorreção do alorda causa e da indeida concessão do beneício da justiça gratuita, bemcomo as duas espécies de incompetência.

Merece destaque, ainda, a disciplina expressa da tutela sumária queisa a proteger o direito eidente, independentemente de  periculum in

mora, o desaparecimento do liro das ações cautelares, a ausência depreisão do agrao retido, mudança no regime de preclusão além deoutras inoações a que se fará menção no desenrolar do presente estudo.

 Em suma, diersas noidades que surgem com o objetio de simpli-icar o processo, tornando-o mais lee, mais célere, sem, em princípio,suprimir o direito de defesa e obserar o necessário contraditório.

Cabe, nesse cenário, apontar que a Adocacia Geral da União tambémprocurou participar do processo de ediicação do noo CPC, criando grupode trabalho para apresentar sugestões ao texto proposto no anteprojeto,tendo como foco “a defesa dos interesses públicos em juío e da preser-

ação de garantias processuais”.6 

O Grupo de Trabalho, coordenado pelo Diretor da Escola da AGU, Je-

fferson Carus Guedes, criado em pela Portaria nº 337 de 17 de março de2010 do Adogado Geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, participoude audiências públicas e foi fundamental para a consolidação da posiçãoda AGU em relação ao anteprojeto.7 A AGU, nesse sentido, eniou propos-

tas e sugestões de modiicações por intermédio do Ministério da Justiça,

6. Disponíel em: http://www.agu.go.br/sistemas/si te/TemplateImagemTexto.aspx?idConteudo=132673&id_site=1105. Acesso em 29 de março de 2011.

7. . Disponíel em: http://ww w.agu.go.br/sistemas/site/TemplateImagemTextoThumb.aspx?idConteudo=150058&id_site=3. Acesso em 30 de março de 2011.

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que centraliadas por tal ministério, transformaram-se em propostas deemenda ao anteprojeto.8

Destacam-se entre as propostas do Grupo de Trabalho da AGU a manu-

tenção dos praos recursais diferenciados nos moldes atuais; manutençãodo efeito suspensio recursal em face da Faenda Publica; manutençãodo atual critério de equidade preisto no art. 20, § 4º, do CPC, referenteà ixação dos honorários adocatícios de sucumbência; criação de Títuloespecíico da Faenda Pública na Parte Geral no noo CPC.9 

A mobiliação da AGU e procuradorias de estados e município já sereletiu em algumas mudanças no texto que foi aproado pelo Senado,

como, por exemplo, em relação à questão enolendo a ixação doshonorários.

O fato é que a busca pela manutenção das prerrogatias e proteção aoerário são fortes argumentos da AGU em conjunto com diersas procura-

dorias do estado e do município para que ao menos se amplie o debateem torno de alguns dispositios apresentados pelo noel texto.

Passemos, então, à análise mais aprofundada das alterações.

2. PRAZO EM DOBRO E VISTA PESSOAL DOS AUTOS

Como já se adiantou, na Seção dedicada à Adocacia Pública, eriica-

-se uma das principais noidades em relação à Faenda Pública no nooCPC, a mudança de prao para manifestação de seu representante judicial.

Como se sabe, o CPC de 1973 (Art. 188) confere à Faenda Públicaprao em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.

Tal prerrogatia, em especial o prao em quádruplo, isto é, de 60 diaspara contestar, foi historicamente alo de diersas críticas. Tal prao chega

a ser colocado por muitos como uma das raões principais da falta deceleridade do processo judicial.

8. Disponíel em: http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticia/PROPOSTAS+DA+AGU+PARA+REFORMA+DO+CPC+DEvEM+SER+AvALIADAS+PELO+RELATOR+NO+SENADO_71648.shtml.Acesso em 23 de março de 2011.

9. Conclusões Preliminares e Sugestões do Grupo de Trabalho Instituído na Adocacia-Geral daUnião para Acompanhar os Trabalhos da Comissão de Juristas Criada pelo Senado Federalcom vistas à Elaboração do Anteprojeto do Noo Código de Processo Ciil (CPC). Disponíelem: www.csagupfn.com.br/.../ESCOLA_DA_AGU_-_GT_AGU_-_CPC_-_Consolidado%5B1%5D.pdf.Acesso em 30 de Março de 2011.

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É comum, na pratica, ouir-se que não há raão para tal distinçãoda Faenda. Diem não ser aceitáel que um particular tenha apenas ¼

do prao da Faenda Pública para contestar e ½ do prao para recorrer.No entanto, quem conhece o cotidiano de uma Procuradoria, seja de

um grande município, seja a de um Estado, seja a de uma das carreirasda AGU, diicilmente considera exagerado o prao conferido pelo CPC deBuaid ao Poder Público.

O fato é que, ia de regra, além do olumoso número de processosé corriqueira a diiculdade das procuradorias de obter informações ne-

cessárias da Administração para a realiação da defesa judicial. Nesse

sentido, obsere-se a posição do Procurador Federal Daniel Guametti:Como é cediço, as procuradorias faendárias, além do eleado olumede trabalho a que estão sujeitas, dependem em regra, para a elabora-

ção da defesa judicial do Ente Público, de informações e documentos

que encontram-se distribuídos pelos órgãos da Administração Pública.Assim, a redução do prao para a Faenda contestar as ações judiciaispor certo irá criar risco a qualidade de sua defesa, podendo inclusieiniabiliar o princípio da eentualidade (art. 300 do atual CPC), ou seja,a alegação na contestação de toda matéria defensória.10

Assim, muitas ees este prao se mostra até mesmo curto por ser,

comumente, tarefa árdua lograr obter da Administração Pública as in-formações necessárias para defender o ato impugnado judicialmente.

Não se pode olidar, nesse diapasão, que a boa defesa da Administraçãopriilegia o interesse público. Esclareça-se, uma resposta judicial dignaem patrocínio judicial da Administração afora sua grande importânciana proteção ao erário, o que é do interesse geral, apresenta releânciabasilar para que a Administração, quando equiocada, possa oltar aostrilhos da juridicidade.

É fundamental que o adogado público consiga compreender o posicio-namento administratio em cada caso concreto, pois além da necessidadede conferir ao Poder Público uma defesa robusta, esse entendimento se

fa necessário para que o procurador, quando constatada e ilegalidadedo ato, possa realiar propostas de acordo e orientar a Administraçãosobre como proceder futuramente.

10. SANTOS, Daniel Guarnetti dos. A Fazenda Pública no anteprojeto do novo Código de ProcessoCivil. Breves considerações. Jus Naigandi, Teresina, ano 15, n. 2708, 30 no. 2010. Disponíelem: <http://jus.uol.com.br/reista/texto/17934>. Acesso em: 14 de abril de 2011.

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Pode-se airmar, por outro lado, que com a constante melhora naorganiação das Procuradorias, especialmente no âmbito da AGU, ins-

tituição relatiamente noa, é possíel que se torne mais ágil o contatoentre Administração e representante judicial, de forma que se tornefactíel uma contestação mais célere. Em relação ao olume de trabalhodas Procuradorias, apenas num longo prao e com a progressia estru-

turação das carreiras é que se pode pensar em uma situação na qualmostre prescindíel o alargamento dos praos.

Atualmente não resta dúvida, de que as Procuradorias, em sua grande

maioria, têm o prao em quádruplo e em dobro como indispensáeis parauma defesa escorreita. Não é por outra raão que a AGU, em conjunto

com procuradorias de estados e de municípios, defendem a manutençãoda prerrogatia em comento no noo CPC.11 

No entanto, conforme já se destacou o texto proposto não mantém oprao em quádruplo, em que pese mantenha uma diferenciação de praointeressante para as Procuradorias.

vale, nesse ponto, destacar especiicamente, o dispositio proposto,já com texto aproado pelo Senado:

Art. 106. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suasrespectias autarquias e fundações de direito público goarão de prao

em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagemterá início a partir da ista pessoal dos autos.12 

veriica-se então que, apesar de a proposta não preer o prao emquádruplo, esta tra noidade dupla para a adocacia pública. Em pri-meiro lugar, o prao em dobro para todas as manifestações processuais,em segundo, mas também de grande alor, o início do prao a partir daista pessoal dos autos.

Ora, há um ganho de prao para os adogados públicos em relação adiersas manifestações como contrarraões, especiicação de proas, istas

entre outras. A Faenda Pública que no antigo CPC tem prao diferenciadoapenas para contestar e recorrer, no noo CPC apresenta prao dilatado(em dobro) para todas as suas manifestações processuais.

11.  Disponíel em: http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticia/PROPOSTAS+DA+AGU+PARA+REFORMA+DO+CPC+DEvEM+SER+AvALIADAS+PELO+RELATOR+NO+SENADO_71648.shtml.Acesso em 25 de março de 2011.

12.  Parecer da comissão temporária da reforma do código de processo ciil, sobre o Projeto de Leido Senado nº 166, de 2010, que dispõe sobre a reforma do Código de Processo Ciil. Disponíelem: http://www.migalhas.com.br/arquio_artigo/art20101217-02.pdf. Acesso em 13 de abrilde 2011.

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Tal prerrogatia é de ultosa releância, em especial, no que se refereao prao dobrado para contrarraões, ainda mais quando se considera que

o noo CPC mantém a possibilidade de improcedência liminar, dispositiosemelhante ao atual Art 285-A, que permite ao Magistrado, de plano,julgar improcedente o pedido sem citar a outra parte, caso presentes osrequisitos legais para tanto, hipóteses em que, haendo apelação, a partecontrária é citada para oferecer contrarraões. Nesse tipo de situação, aFaenda Pública, que teria prao em quádruplo para contestar, por tersido apenas citada para contrarraões, acaba tendo que formular toda asua defesa no prao simples de 15 dias. O noo CPC, como se nota, nãomantém esta incoerência.

Em relação ao início do prao com ista pessoal dos autos, dee-seressaltar o alia de tal preisão para o Adogado Público. Isso porqueumas das grandes diiculdades de todo e qualquer representante judicialé a constante impossibilidade de realiar sua manifestação antes de 

ter istas dos autos, o que não se mostra diferente para o adogadopúblico.

Não são poucos os casos em que tão somente o texto que constado mandado ou da publicação se mostra insuiciente para que o repre-

sentante judicial entenda o que se passa no processo e possa realiar o

procedimento ou elaborar a peça cabíel.

De tal modo, até mesmo a prerrogatia de intimação por mandado semostra insuiciente, pois além da diiculdade de entendimento ressaltada,o mandado normalmente não em acompanhado dos documentos queinstruem o processo, em especial os que instruem a inicial.

Dessa forma, é corrente a impossibilidade de elaboração de peças,para cumprimento do prao, antes da ista dos autos. Isso fa com que,até mesmo o prao em quádruplo, em algumas situações se mostre in-

suiciente, em especial quando se trabalha com processos de comarcaslongínquas.

Pode-se destacar, ainda, que no caso do agrao de instrumento, a pe-

tição do recurso dee ir acompanhada de cópias obrigatórias de peçasdos autos, o que, por óbio, somente é possíel se realiar a partir domomento em que o representante judicial tem ista dos autos.

Quando se pensa em processos em comarcas longínquas, isto é, longedas Procuradorias, não é diícil entender que o prao de 20 dias para oadogado público interpor agrao de instrumento é consumido em grande

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parte com o tempo necessário para se obter istas e tirar cópia dos autos,restando pequeno lapso temporal para a própria elaboração do agrao.

Logo, a prerrogatia de ista dos autos da Adocacia Pública, que nãose fa presente no CPC de Buaid, mostra-se como umas das noidadespositias apresentadas pelo noo CPC, para que o adogado público possanão somente cumprir seus praos, mas também apresentar manifestaçõesde qualidade.

3. HONORÁRIOS EM PERCENTUAIS PREVIAMENTE DEFINIDOS

  A Modiicação que aparentemente tem proocado, de início, maio-

res debates no cenário democrático refere-se à alteração da sistemáticaenolendo a ixação do alor de honorários adocatícios nas causas emque a Faenda Pública é condenada.

Como se adiantou, o texto do CPC ainda não reogado estabelece aixação de honorários por equidade nas condenações à Faenda Pública,alendo a transcrição de tal dispositio do Art. 20 do CPC:

§ 4º Nas causas de pequeno alor, nas de alor inestimáel, naquelasem que não houer condenação ou for encida a Faenda Pública, e nasexecuções, embargadas ou não, os honorários serão ixados consoante

apreciação eqüitatia do jui, atendidas as normas das alíneas a, b e cdo parágrafo anterior.

Destarte, a regra envolvendo a Fazenda Pública, em razão de uma

preocupação com o gasto público, é pela ixação dos honorários, encidaa Faenda Pública, conforme apreciação equitatia do jui. De forma quecabe ao magistrado uma ixação baseada no caso concreto para recom-

pensar o adogado por seu trabalho sem atingir a Faenda Pública demodo supostamente excessio.

Como se sabe, tal dispositio possibilitou, no tempo de sua igência,a ixação de honorários adocatícios em percentual inferior a 10% dovalor da condenação nas causas em que restou vencida a Fazenda Pública.

Isso porque a regra geral do CPC de Buaid, mantida no noel Código,é de ixação dos honorários entre o mínimo de de por cento (10%) e omáximo de inte por cento (20%) sobre o alor da condenação.

A ressala enolendo a Faenda Pública, pois, como sempre se in-

terpretou, refere-se à possibilidade de reduir os alores dos honoráriosde forma a preserar e proteger o Erário.

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O projeto do noo CPC estabelecia regra especíica, todaia diferenteem relação à ixação de honorários nas causas em que é sucumbente a

Faenda Pública. Atente-se ao seguinte dispositio proposto13:

§ 3º Nas causas em que for encida a Faenda Pública, os honoráriosserão ixados entre o mínimo de cinco por cento e o máximo de depor cento sobre o alor da condenação, do proeito, do beneício ouda vant agem econômica obtidos, obserados os parâmetros do § 2º.

A alteração, portanto, tem como ponto principal o estabelecimentode um percentual mínimo de honorários contra a Faenda Pública. Dessemodo, independente do alor total do proeito econômico e da condenaçãosofrida pela Faenda Pública, a condenação em honorários adocatícios,

não poderia, caso aproado tal texto, ser ixada em percentual inferior a5% do alor de tal proeito.

vê-se que o texto proposto pela Comissão preocupou-se com o gastopúblico e tratou a Faenda Pública de modo diferenciado, estabelecendocom percentual máximo de condenação em honorários adocatícios, opercentual mínimo ixado para as causas que não enolam a FaendaPública.

Dessa forma, a Faenda Pública, regra geral, não pagaria alor superior

a 10% da condenação a título de honorários adocatícios. A ressala icaapor conta do parágrafo seguinte do texto proposto. Atente-se:

§ 4º Nas causas em que for inestimáel ou irrisório o proeito, o be -

neício ou a antagem econômica, o jui ixará o alor dos honoráriosadocatícios em atenção ao disposto no § 2º.

Como se adiantou, contudo, a grande controérsia que tem leadoao confronto de posição entre as carreiras de adogados públicos e osadogados priados, refere-se à impossibilidade de ixação de honoráriosem alor inferior a 5% do alor da condenação.

Nesse sentido, registre-se a posição contrária da AGU diulgada naimpressa. valendo a transcrição de trecho de notícia com airmação doAdogado Geral da União:

O Adogado-Geral da União, ministro Lui Inácio Lucena Adams, res-

saltou que os honorários de processos contra o Estado podem chegar a

13.  Anteprojeto do Noo Código de Processo Ciil. Disponíel em: http://www.senado.go.br/senado/noocpc/pdf/Anteprojeto.pdf. Acesso em 14 de Abril de 2011.

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milhões. “Já tiemos ações que enoliam R$ 1 trilhão. De acordo com onoo texto do CPC, se a União perdesse, seria obrigada a pagar R$ 100milhões ao adogado que atuou no caso”, explica.14

A Ordem dos Adogados do Brasil, por outro lado, reagiu com decla-

rações do Presidente de seu Conselho Federal, apontando a necessidadede ixação de honorários adocatícios em alores dignos.

O presidente nacional da Ordem dos Adogados do Brasil, Ophir Ca-

alcante, manifestou nesta segunda-feira (23/8) sua total “indignação”contra posição da AGU. “Por entender que a luta pelos honorários desucumbência é de toda a adocacia, a OAB se manifesta indignada contraesse tipo de posicionamento da AGU que, ao lutar pelo achatamento doshonorários nas ações contra a Faenda Pública, labora contra os pró-

prios integrantes da adocacia pública que mantém uma luta – apoiadapela OAB – para ter direito a honorários de sucumbência”, criticou opresidente nacional da OAB.15

O fato é que de um lado é possíel obserar a preocupação e prei-são do aumento do gasto público e de outro a luta dos adogados pelaaloriação do produto de seu trabalho.

A questão foi objeto de alteração pelo relator geral do projeto de leido noo CPC no Senado, Senador valter Pereira. Portanto, o texto apro-

ado pelo Senado procura um meio termo nesse debate democrático16:

§ 3º Nas causas em que a Faenda Pública for parte, os honorários serãoixados dentro seguintes percentuais, obserando os referenciais do § 2º:

I – mínimo de de e máximo de inte por cento nas ações de até du -

entos salários mínimos;

II – mínimo de oito e máximo de de por cento nas ações acima deduentos até dois mil salários mínimos;

III – mínimo de cinco e máximo de oito por cento nas ações acima dedois mil até inte mil salários mínimos;

Iv – mínimo de três e máximo de cinco por cento nas ações acima deinte mil até cem mil salários mínimos;

14. Disponíel em: http://www.agu.go.br/sistemas/site/TemplateImagemTextoThumb.aspx?idConteudo=148675&id_site=3. Acesso 07 de abril de 2011.

15. Disponíel em: http://www.oabmarilia.org.br/index.php?op=mostra_destaque&op1=596. Acessoem 07 de Abril de 2011.

16.  Parecer da comissão temporária da reforma do código de processo ciil, sobre o Projeto de Leido Senado nº 166, de 2010, que dispõe sobre a reforma do Código de Processo Ciil. Disponíelem: http://www.migalhas.com.br/arquio_artigo/art20101217-02.pdf. Acesso em 13 de abrilde 2011.

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v – mínimo de um e máximo de três por cento nas ações acima de cemmil salários mínimos.

vê-se, pois, que o texto aproado no Senado possibilita a ixaçãode honorários adocatícios em alor superior a 10%, até 20%, nascondenações em que encida a Faenda Pública, mas dependendo doalor do proeito econômico os percentuais são alterados, de modo amitigar a ixação de honorários em alores milionários em detrimentodo Erário.

No contexto das alterações enolendo a ixação de honorários,obsera-se, ainda, a criação pelo noo CPC dos honorários por sucum-

bência recursal, conforme consta do anteprojeto e foi mantido pelo textoaproado pelo Senado:

§ 7º A instância recursal, de oício ou a requerimento da parte, ixará

noa erba honorária adocatícia, obserando-se o disposto nos § § 2º e

3º e o limite total de inte e cinco por cento para a fase de conhecimento.

Certamente haerá feroroso debate em relação à aplicação de taldispositio em se tratando das causas em que a Faenda Pública restarencida. Isto é, se o limite total de 25% será aplicáel à Faenda Públicae, caso aceita tal aplicação, se esta independerá do alor enolido.

Não resta dúida de que, caso tal texto seja aproado também pelaCâmara e seja sancionado pelo Presidente da república, inúmeras açõesjudiciais versarão sobre tal questão.

Em princípio, entende-se, em posicionamento pessoal, que tais hono-

rários se aplicariam contra a Faenda Pública em raão da menção dodispositio ao § 3º, mas só nas causas em que os honorários, pelo alorda ação, possam ser aplicados de 10% a 20%, isto é, nas ações de até200 salários mínimos. Isso porque, caso contrário, de nada adiantaria a

limitação dos percentuais de honorários contra a Faenda Pública nascausas de valores mais elevados.

4. REEXAME NECESSÁRIO RESERVADO PARA CAUSAS DE MAIOR IM-

PACTO FINANCEIRO

O texto proposto procura uma noa roupagem para o reexame ne-

cessário, também chamado de remessa oicial ou recurso de oício, emque pese seja lugar comum na doutrina a airmação de que a falta devoluntariedade afasta de tal instituto a natureza de recurso.

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A sistemática estabelecida pelo reexame necessário é bastante sim-

ples, condiciona-se o trânsito em julgado da sentença de primeiro grau

ao reexame da questão pelo Juío ad quem, ou seja, pelo Tribunal com-petente. No CPC atual, assim como no texto proposto para o noo CPC,o reexame necessário é reserado para as causas em que a Faenda Pú-

blica seja condenada e para os embargos à execução contra a execuçãoiscal quando julgados procedentes em primeiro grau. Dessa forma, emtais situações, o processo não se resole antes de apreciada e julgada ademanda processual pelo primeiro e segundo grau de jurisdição.

Há, no entanto, exceções ao reexame necessário, relacionadas tantoà posição consolidada pela jurisprudência no que se refere questão de

direito envolvida, quanto ao valor da condenação ou valor demandadona execução iscal no caso de embargos à execução.

Assim, o CPC atual já apresenta tais exceções. valendo a transcriçãodo texto ainda em igor.

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produindo efeitosenão depois de conirmada pelo tribunal, a sentença:

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município,e as respectias autarquias e fundações de direito público;

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execuçãode díida atia da Faenda Pública (art. 585, vI).

§ 1º Nos casos preistos neste artigo, o jui ordenará a remessa dosautos ao tribunal, haja ou não apelação; não o faendo, deerá o presi -

dente do tribunal avocá-los.

§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ouo direito controertido, for de alor certo não excedente a 60 (sessenta)salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos dodeedor na execução de díida atia do mesmo alor.

§ 3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença

estier fundada em jurisprudência do plenário do Supremo TribunalFederal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

No que tange ao não reexame nos caso em que há posição consoli-dada da jurisprudência, o texto proposto apresenta mudanças sutis, quemerecem destaque.

Conforme já aproado pelo Senado, não são submetidas à remessanecessária as sentenças fundadas em súmula do STJ e do STF, acórdãos do

STJ e STF proferido no julgamento de causas repetitias. Ainda apresentaa noidade de não submeter ao reexame as causas fundadas no enten-

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dimento irmado em incidente de resolução de demandas repetitias oude assunção de competência.

Sabe-se que o incidente de resolução de demandas repetitias é iguranoa apresentada pelo texto proposto, obsere-se trecho da Exposiçãode Motios do noo CPC:

Com os mesmos objetios, criou-se, com inspiração no direito alemão,o já referido incidente de Resolução de Demandas Repetitias, queconsiste na identiicação de processos que contenham a mesma ques-

tão de direito, que estejam ainda no primeiro grau de jurisdição, paradecisão conjunta.17

Trata-se da possibilidade dos Tribunais de Justiça e Tribunais Regio-

nais Federais julgarem em conjunto as causas repetidas no âmbito de suaesfera de competência. Tais julgamentos, por já apresentarem a posiçãodo segundo grau dispensam, como se adiantou, o reexame necessário.

O mesmo se dá no caso das sentenças fundadas no incidente de

assunção de competência, que também é inoação proposta no texto jáaproado pelo Senado. Para seu melhor entendimento cabe o dispostono próprio texto proposto:

Art. 900. Ocorrendo releante questão de direito, que faça conenientepreenir ou compor diergência entre órgãos fracionários do tribunal,

deerá o relator, de oício ou a requerimento das partes ou do MinistérioPúblico, propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o Regi-mento Interno indicar; reconhecendo o interesse público na assunçãode competência, esse órgão colegiado dará conhecimento ao Presidentedo Tribunal e julgará o recurso.

§ 1º Cientiicado da assunção da competência, o Presidente do Tribunal,dando-lhe ampla publicidade, determinará a suspensão dos demaisrecursos que versem sobre a mesma questão.

§ 2º A decisão proferida com base neste artigo inculará todos os órgãosfracionários, salvo revisão de tese, na forma do regimento interno do

tribunal.18

Em relação à dispensa referente ao alor da causa, há consideráelnoidade no texto proposto e no texto aproado pelo Senado. Uma sig-

niicatia ampliação no alor é a proposta.

17. Anteprojeto do Noo Código de Processo Ciil. Disponíel em: http://www.senado.go.br/senado/noocpc/pdf/Anteprojeto.pdf. Acesso em 14 de Abril de 2011.

18. Parecer da comissão temporária da reforma do código de processo ciil, sobre o Projeto de Leido Senado nº 166, de 2010, que dispõe sobre a reforma do Código de Processo Ciil. Disponíelem: http://www.migalhas.com.br/arquio_artigo/art20101217-02.pdf. Acesso em 13 de abrilde 2011.

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O alor, como se obserou do texto ainda não reogado, era o de 60salários mínimos. A comissão de juristas propuseram o aumento de tal

alor para 1000 salários mínimos.Dessa forma, apenas as condenações e embargos em execução iscal

que extrapolassem o alor de 1000 salários mínimos dariam ensejo aoreexame necessário.

O sentido da alteração é a busca da duração raoáel do processo,pois reduindo-se os casos de reexame necessário é possíel não apenasdesafogar os Tribunais como também proporcionar que cada caso tenhauma solução inal mais célere no caso de a Faenda Pública não recorre.

No entanto, não se pode pensar apenas no tempo que se gasta comtal remessa oicial; é preciso buscar as raões que fundamentam e fun -

damentaram a sua própria criação até mesmo sua manutenção atual nodireito brasileiro.

Uma e mais, a questão é ista sob o enfoque do gasto público, daimportância e potencial impacto da decisão judicial em relação ao erário.Desse modo, a demanda precisa ser leada ao Tribunal, ou seja, ao se-

gundo grau, para que apenas se consolide um prejuío à Faenda Públicaquando a questão passou por profundo exame.

Isso porque a condenação do Estado, seja qual for a esfera federatiade que se trate, é a condenação do poo. A receita para pagamento dessascondenações são os recursos que a população paga ao Estado, sendo acondenação do Estado a condenação de todos, que pagarão mais tributosou erão um Estado mais fragiliado no momento de inestir em políticaspúblicas.

Assim, a condenação do Estado é possíel e legítima, mas o níel decuidado para tanto dee ser eleado em raão do seu impacto social.

Sabe-se que a falta de estrutura de diersas procuradorias bem comoo grande número de processos a que a Faenda Pública se submete sãoraões pelas quais muitas condenações ocorrem sem que o Poder Públicotenha usufruído de uma defesa mínima.

Portanto, não é diícil imaginar, num país de mais de cinco mil muni-

cípios, que muitas ees a defesa judicial do erário praticamente inexistepela própria falta de um corpo de procuradores ou pela ausência deum mínimo de materiais e de organiação para funcionamento de umaprocuradoria.

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O problema de estrutura, porém, apesar de se normalmente maisacentuado nos municípios, atinge todas as esferas federatias, o que em

sendo minimiado, especialmente na esfera da União, por uma paulatinapolítica de aloriação e fortalecimento das procuradorias, consideradoseu papel de fundamental importância para a proteção do erário e dajuridicidade.

Além disso, o comentado grande número de processos que atingemo poder público também diiculta seriamente o exame aprofundado dasdemandas pelas procuradorias e pelos Juíos de primeiro grau.

Em raão desse quadro, o reexame necessário foi concebido e ainda

hoje é mantido. Todaia, sabe-se que na prática os Tribunais tambémsão atingidos por erdadeira aalanche de processos, não sendo possíelmuitas ees que o processo receba um tratamento mais aprofundadono segundo grau.

Logo, em que pese a proposta fragilie em certa medida a posiçãoda Faenda Pública, parece uma solução raoáel resguardar o reexamenecessário para causas de maior alor, eitando que estas recebam omesmo tratamento das causas que enolem alores de pouca monta e,portanto, de pequeno impacto ao erário.

Arriscado concluir, todaia, que o alor de 1000 salários mínimos –atualmente equialente a pouco mais de meio milhão de reais – seja omais adequado para tanto, em raão exatamente de seu eleadíssimo alor.Nesse sentido, atente-se à opinião do Procurador Federal Átila da Rold:

hipótese do parágrafo 2º, que dispensa a remessa obrigatória em raãodo alor da condenação, sofreu substancial alteração no anteprojetoalcançando o alor de mil salários-mínimos. Indubitaelmente, o elea-

do alor estipulado no anteprojeto é exagerado e não corresponde aocenário jurídico nacional composto na sua maioria de ações indiiduais

com pequena ou média repercussão econômica. Nesse ponto, melhorseria ter mantido o raoáel alor estabelecido pela Lei nº 10.235/2001.Certamente, tal dispositio dee sofrer emendas na Câmara dos Deputadosdurante os debates do processo legislatio. Caso contrário, o eleadoalor preisto para a dispensa do reexame obrigatório poderá traerconsequências econômicas indesejáeis aos cofres da Faenda Públicaatingindo a sociedade em geral.19

19. ROESLER, Átila Da Rold. O reexame necessário no anteprojeto do novo CPC.  Jus Navigandi,

Teresina, ano 15, n. 2546, 21 jun. 2010. Disponíel em: <http://jus.uol.com.br/reista/tex-

to/15062>. Acesso em: 13 de abril de 2011.

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O alor de 1000 salários mínimos foi, nesse contexto, repensado noSenado, em que se buscou um meio termo, considerando especialmente

a maior fragilidade das procuradorias dos municípios e o alor correntede suas causas.

O alor de 1000 salários mínimos apenas restou como parâmetro paraas causas que enolem a União e suas Autarquias, o que deixa a FaendaPública Federal numa situação de maior fragilidade. Não prealecendoaté o momento a posição da AGU, que buscaa a manutenção do reexamenecessário, com relação ao valor, nos moldes do CPC atual.

vale, nesse ponto, a transcrição do texto aproado pelo Senado:

Art. 483. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produindo efeitosenão depois de conirmada pelo tribunal, a sentença:

I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípiose as respectias autarquias e fundações de direito público;

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execuçãode díida atia da Faenda Pública;

III – que, proferida contra os entes elencados no inciso I, não puderindicar, desde logo, o valor da condenação

§ 1º Nos casos preistos neste artigo, o jui ordenará a remessa dos autos

ao tribunal, haja ou não apelação; não o faendo, deerá o presidentedo respectio tribunal aocá-los.

§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que o alor dacondenação, do proeito, do beneício ou da antagem econômica emdiscussão for de valor certo inferior a:

I – mil salários mínimos para União e as respectias autarquias e

fundações de direito público;

II – quinhentos salários mínimos para os Estados, o Distrito Federale as respectias autarquias e fundações de direito público, bem assim

para as capitais dos Estados;

III – cem salários mínimos para todos os demais municípios e respectiasautarquias e fundações de direito público.

§ 3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentençaestiver fundada em:

I – súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal deJustiça;

II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo SuperiorTribunal de Justiça em julgamento de casos repetitios;

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III – entendimento irmado em incidente de resolução de demandasrepetitias ou de assunção de competência.20

5. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Como se sabe o cumprimento de sentença refere-se à sistemática in-

troduida no CPC por minirreforma leada a cabo pela lei 11.232/2005.A base de tal reforma encontra-se na busca da maior efetividade da tu-

tela jurisdicional pela realiação de um processo sincrético, sem que sefaça necessário a existência de processos diersos apenas em raão dadiferente naturea do proimento pleiteado.

Dessa forma, com a referida lei, regra geral, caiu por terra a necessidadede se iniciar um noo processo, o de execução, para obter o cumprimentodo título judicial transitado em julgado nos casos de obrigação de pagarquantia certa.

A execução, em se tratando de condenação transitada em julgado apagar alor pecuniário, com a sistemática do cumprimento de sentença,passou a ser mera fase processual, mera continuidade do processo e nãoprocesso distinto. Com isso, como se sabe, obtee-se ganho em celeridadee efetividade da tutela jurisdicional.

Contudo, o cumprimento de sentença não alcançou a Faenda Públicacomo condenada. Assim, na sistemática ainda não reogada, para que sepossa buscar a efetiidade de sentença condenatória transitada em julga-

do contra a Faenda Pública, há necessidade da instauração de um nooprocesso, o processo de execução contra a Faenda Pública. Cabe, assim,à Faenda opor embargos à execução, em dinâmica diersa, portanto, aocumprimento de sentença que além de se tratar de mera fase do processonão admite embargos à execução, mas tão somente o que se denominoude impugnação ao cumprimento de sentença.

O texto proposto não realia tal diferenciação, destarte, o cumprimentode sentença passa a ser aplicáel à Faenda Pública como executada, comodeedora, reserando-se o processo de execução e os próprios embargos àexecução para as execuções fundadas em títulos executios extrajudiciais.

20. Parecer da comissão temporária da reforma do código de processo ciil, sobre o Projeto de Leido Senado nº 166, de 2010, que dispõe sobre a reforma do Código de Processo Ciil. Disponíelem: http://www.migalhas.com.br/arquio_artigo/art20101217-02.pdf. Acesso em 13 de abrilde 2011.

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Apresenta, pois, o texto proposto Seção denominada “Do cumprimentode obrigação de pagar quantia certa pela Faenda Pública”, atente-se ao

primeiro dispositio de tal Seção:Art. 519. Transitada em julgado a sentença que impuser à FaendaPública o deer de pagar quantia certa, ou, se for o caso, a decisão quejulgar a liquidação, o exequente apresentará demonstratio discriminadoe atualiado do crédito contendo:

I – o nome completo, o número do cadastro de pessoas ísicas ou docadastro nacional de pessoas jurídicas do exequente;

II – o índice de correção monetária adotado;

III – a taxa dos juros de mora aplicada;

Iv – o termo inicial e o termo inal dos juros e da correção monetáriautiliados;

v – especiicação dos eentuais descontos obrigatórios realiados.

§ 1º Haendo pluralidade de exequentes, cada um deerá apresentaro seu próprio demonstratio, aplicando-se à hipótese, se for o caso, odisposto nos § § 1º e 2º do art. 112.

§ 2º A multa preista no § 1º do art. 509 não se aplica à Faenda Pública.21

Do referido texto, destaca-se a não aplicação da multa de 10% (§ 1º

do art. 509) pelo não cumprimento espontâneo da sentença judicial queestabeleceu obrigação de pagar quantia certa.

Tal multa já encontra preisão no cumprimento de sentença preistono CPC ainda igente, o que, como se apontou, não se aplicaa contra aFaenda Pública. A raão da não aplicação ser mantida adém da im-

possibilidade de pagamento judicial pela Faenda por outra forma quenão seja por meio de precatório ou RPv, que possuem prao superior depagamento em comparação aos 15 dias para cumprimento espontâneoapós a intimação.

Em relação às questões que podem ser suscitadas na impugnação,pode-se apontar que houe a mera repetição do que atualmente já esta-

belece o Art. 741 do CPC ainda igente, que ersa sobre o que pode seralegado pela Faenda Pública em embargos à execução.

O texto proposto acrescenta pequenas noidades, muitas já atualmen-

te aplicadas, como a necessidade de declaração do alor incontroerso

21. Loc. cit.

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quando se alega excesso de execução, bem como o cumprimento imediatodo alor incontroerso, logicamente por precatório/RPv.

A proposta ainda apresenta a dinâmica dos pagamentos de obrigaçõesde pequeno alor, além de especiicar que tipo de declaração de incons-

titucionalidade pode ser alegada como fundamento da inexigibilidade dotítulo. Esclarece-se que apenas a aplicação ou interpretação de lei tidapelo STF como incompatíeis com a Constituição no controle concentra-

do, bem como as de execução suspensa pelo Senado Federal, pode gerara inexigibilidade por incompatibilidade do título com a ConstituiçãoFederal. Atente-se:

§ 4º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-

-se também inexigíel o título judicial fundado em lei ou ato normatiodeclarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundadoem aplicação ou interpretação da lei ou ato normatio tidas pelo SupremoTribunal Federal como incompatíeis com a Constituição da Repúblicaem controle concentrado de constitucionalidade ou quando a norma

tier sua execução suspensa pelo Senado Federal.22

Trata-se de inoação interessante, pois eita toda uma controérsiaquanto a possibilidade, ou não, de se alegar a inexigibilidade com base emdecisão proferida pelo STF no controle incidental. Todaia, não consideraa tendência de objetiação do controle difuso pelo STF, nem fa preisão

em relação às súmulas inculantes.O que se pode sublinhar, pois, é que, em que pese a mudança de

perspectia, transformando a execução de título judicial contra a FaendaPública, em regra, como fase e não como processo autônomo, pouco deemudar a atuação prática dos adogados públicos e a situação da FaendaPública na sistemática proposta.

6. OUTRAS ALTERAÇÕES RELEVANTES

Comentadas as alterações propostas que prometem maiores impac-

tos ao erário e ao cotidiano dos adogados públicos, cabe enfatiar aexistência de outras alterações releantes que atingem, de forma tênue,à Faenda Pública.

Dee-se, de logo, comentar sobre a simpliicação do sistema recursalpromoido pelo texto proposto. Para se ter uma ideia, o texto propostoestabelece que salo os embargos de declaração, cujo prao de interpo-

sição é de cinco dias, os recursos são interponíeis em quine dias úteis.

22. Loc. cit.

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Digno de nota, nesse sentido, o desaparecimento do agrao retido. Paratanto, o noo texto propõe uma alteração no sistema da preclusão, de modo

que todas as questões decididas antes da sentença podem ser objeto deapelação. Em sintonia com tal mudança, foi resguardada a existência doagrao de instrumento para as hipóteses de concessão, ou não, de tutelade urgência; para as interlocutórias de mérito, para as interlocutóriasproferidas na execução (e no cumprimento de sentença) e para todos osdemais casos a respeito dos quais houer preisão legal expressa.

No que di respeito ao recurso de apelação, cabe grifar a retirada dojuío de admissibilidade do primeiro grau de jurisdição, propondo-se queseja exercido apenas no segundo grau de jurisdição, de forma que deixade existir o agrao de instrumento para destrancar recurso de apelação.

Fa-se imprescindíel sublinhar que ditas inoações merecem aplau-

sos, pois além de extinguirem recurso dispensáel do sistema jurídico,acabam com o problema prático da conersão em retido dos agraos deinstrumentos interpostos para impugnar o deferimento ou indeferimentode pedido de tutela antecipada. Trata-se de questão com imediata relaçãocom a Fazenda Pública que teve muitos de seus agravos de instrumentos

contra antecipação de tutela conertidos, por óbio de forma equiocada,

em agravo retido.

A esperada extinção dos embargos infringentes também consta daproposta, que ressala a necessidade declaração e fundamentação dooto encido, que sere para ins de prequestionamento. Este também éfacilitado pela seguinte preisão:

Art. 979. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embar-

gante pleiteou, para ins de prequestionamento, ainda que os embargosde declaração não sejam admitidos, caso o tribunal superior considereexistentes omissão, contradição ou obscuridade.23

Referidas mudanças também possuem releância imediata para aFazenda Pública, considerando a necessidade constante do Poder Público

de lear as questões às últimas instâncias para obter posição inal do Ju-

diciário, até mesmo para eentual modiicação na atuação administratia.

Outra proposta releante se apresenta em estender a autoridade dacoisa julgada às questões prejudiciais. Como se sabe, em acordo com o

23. Loc. cit.

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texto do noo CPC, isso somente seria possíel com a propositura da açãodeclaratória incidental, que será extinta com a aproação do texto proposto.

Dessa forma, o sistema tende a se mostrar mais coerente, conside-

rando que uma futura decisão sobre uma questão deve considerar não

apenas o dispositio de outra relacionada ao assunto, mas também osfundamentos dessa outra decisão transitada em julgado.

Tal alteração prooca um impacto especial em relação ao modo de seorientar a Administração para o cumprimento das decisões judiciais, deforma que esta dee ser alertada a restar atenta às questões decididas nafundamentação de sentenças transitadas em julgados quando apreciarem

outros pedidos administratios dos atingidos por tal sentença. Trata-sede uma radical inoação, que leará tempo para integrar a dinâmica tantoda administração como dos demais jurisdicionados.

Noidade que desperta grande interesse refere-se a criação do inci-dente de julgamento conjunto de demandas repetitias comentado nocapítulo referente ao reexame necessário. Possibilita-se aos Tribunais deJustiça e Tribunais Regionais Federais, julgarem as demandas repetidasapresentando a posição do Tribunal. Tal inoação, em princípio, mostra-

-se salutar por possibilitar que as questões repetidas recebam, de forma

célere, um tratamento uniforme pelo Judiciário, o que se apresenta rele-ante para a Faenda Pública pelo fato de possibilitar a rápida adequaçãoadministratia ao considerado como correto pelo poder Judiciário, bemcomo para que se eite a reiteração de demandas repetidas em matériasque a Administração agiu em conformidade com o entendimento alber-

gado pelo Judiciário.

Neste ponto, não se pode deixar de destacar a manutenção da impro-

cedência prima facie ou liminar do pedido, preista no texto atual no Art.285-A. Na proposta, com texto já aproado pelo Senado, a improcedência

liminar recebeu tratamento mais especíico e tee suas hipóteses amplia-das e modiicadas, alendo o destaque do seguinte dispositio proposto:

Art. 307. O jui julgará liminarmente improcedente o pedido que sefundamente em matéria exclusiamente de direito, independentementeda citação do réu, se este:

I – contrariar súmula do Supremo Tribunal Federal ou do SuperiorTribunal de Justiça;

II – contrariar acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou peloSuperior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitios;

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III – contrariar entendimento irmado em incidente de resolução dedemandas repetitias ou de assunção de competência.

§ 1º O jui também poderá julgar liminarmente improcedente o pedidose eriicar, desde logo, a ocorrência a decadência ou a prescrição.

§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito emjulgado da sentença.

§ 3º Aplica-se a este artigo, no que couber, o disposto no art. 306.24

Trata-se de dispositio de extremo interesse para a Adocacia Públi-

ca, pois eita que esta seja acionada para contestar demandas repetidasque apresentam fundamentação e pedidos contrários ao posicionamento

adotado pelo Judiciário. vale sublinhar que o Art. 306 referido pelo dis-positio supracitado aponta a possibilidade do Juío de retratação peloMagistrado em caso de recurso de apelação, o fato de que o réu será citadopara responder a eentual recurso de apelação e que, sendo a sentençareformada, o prao para contestação começará a correr com o retornodos autos ao primeiro grau.

Não se pode deixar de sublinhar as noidades referentes à respostado réu, importantes para a dinâmica da Adocacia Pública que na maioriados casos defende a Administração Pública na condição de réu.

Entre as modiicações destaca-se a possibilidade de o réu formu-

lar pedido independentemente do expediente formal da reconenção,que deixa de existir. O pedido contraposto passa a ocupar a posição dareconenção, nele podendo se alegar pretensão própria do réu, conexacom a ação principal ou com o fundamento da defesa, não sendo extintose o autor desistir da ação. Tal inoação pode se mostrar como um bominstrumento para reduir o desenfreado número de ações infundadascontra o Poder Público, na medida em que resta simpliicada a possibili-

dade deste contra-atacar e de a parte autora restar não apenas com umasentença de improcedência, mas com eentual sentença de condenação.

  Ainda quanto à resposta do réu, destaca-se da proposta a possibi-lidade de alegar em preliminar de contestação a incorreção do alor dacausa, a indeida concessão do beneício da justiça gratuita, bem comoas duas espécies de incompetência.

24.  Loc. cit.

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Sabe-se que não são poucas as ações intentadas contra o PoderPúblico em que o alor da causa é ixado sem qualquer rigor pela

parte autora, que ainda deixa expresso que se trata de ixação do alorda causa apenas para ins iscais. O equíoco da parte autora em talprocedimento é manifesto, no entanto o pequeno proeito potencialpara a Faenda com eentual alteração de alor, na grande maioria doscasos não compensa a atuação do adogado público na realiação doincidente especíico de impugnação ao alor da causa preisto no CPCainda em igor. Logo, nada mais salutar que simpliicação traida coma possibilidade de alegação em preliminar de contestação, integrando,pois, a petição na qual o adogado público concentra seus esforços.Certamente a inexatidão do alor da causa passará a ter um combatemais irme pela Adocacia Pública.

Situação semelhante ocorre em relação às concessões indeidas dobeneício de justiça gratuita. A Justiça Gratuita se apresenta como um dosmais importantes instrumentos para garantir o acesso à justiça, sendobasilar em um estado democrático de direito. Todavia, a justiça gratuita

dee abranger apenas os pobres na forma da lei e aqueles que não podemarcar com os custos do processo sem restar incapacitado de arcar comsuas necessidades essenciais.

Todaia, é do conhecimento comum que se repete, no Judiciário, o usoperertido da Justiça Gratuita, especialmente em ações contra o PoderPúblico. Tal abuso não deixa de ser, muitas ees, enfrentado de formaenérgica pelo Judiciário e pela Faenda Pública em raão da complexi-

dade de seu procedimento, que apresenta praticamente a estrutura deum noo processo apenas para discutir o cabimento da Justiça Gratuita.A simpliicação proposta é, portanto, digna de aplausos, pois mune aFazenda e demais litigantes de ferramenta contra o uso descabido daJustiça Gratuita, que muitas ees garante uma adocacia sem riscos paraas partes que demandam judicialmente o Poder Público.

Em relação à possibilidade de alegação da incompetência relatiacomo preliminar de contestação, pode-se sublinhar sua importânciaespecial para a Faenda Pública Federal, que sistematicamente obserapessoas que buscam Juíos de primeiro grau com entendimento maisfaoráel a sua demanda nos diersos locais do país, em que pese aincompetência relatia desses Juíos. Assim, embora não houessegrande complexidade na exceção de incompetência, a sua substituiçãopor mera preliminar em contestação colabora com uma atuação mais

forte da Advocacia Pública contra tal abuso.

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Cabe, ainda, comentário em relação à tutela sumária criada no textoproposto, que procura proteger o direito eidente, independente do  pe-

riculum in mora. A proteção a tutela de eidência já se mostraa comouma preocupação do presidente da comissão elaboradora do noo CPC,o Ministro Lui Fux. Para melhor esclarecer tal inoação, transcree-setrecho da Exposição de Motios:

O Noo CPC agora deixa clara a possibilidade de concessão de tutela deurgência e de tutela à eidência. Considerou-se coneniente esclarecerde forma expressa que a resposta do Poder Judiciário dee ser rápidanão só em situações em que a urgência decorre do risco de eicáciado processo e do eentual perecimento do próprio direito. Tambémem hipóteses em que as alegações da parte se reelam de juridicidade

ostensia dee a tutela ser antecipadamente (total ou parcialmente)concedida, independentemente de  periculum in mora, por não haerraão releante para a espera, até porque, ia de regra, a demora doprocesso gera agraamento do dano.25 

A Adocacia Pública dee ser atingida de forma acentuada por talmodiicação, que dee lear ao aumento do número de proimentosantecipatórios contra o Poder Público, todaia, caso esta possibilidadenão seja utilizada de uma forma abusiva, vislumbra-se, ao menos, uma

diminuição no pagamento de juros pelo Poder Público nas ações em que

a sucumbência é de extrema probabilidade.Finalmente, pode-se mencionar ainda que o noo CPC não apresenta

liro das ações cautelares, de modo que foram extintas as cautelares nomi-nadas. Na noa sistemática o proimento cautelar é alcançado pela simplesdemonstração do  fumus boni juris e periculum in mora, tudo conforme

disciplinado na Parte Geral do futuro CPC. Em tal aspecto a importânciapara Adocacia Pública reside na simpliicação de procedimento, salutarpara a boa atuação do proissional que pode dedicar maior parte de seutempo às questões de direito material.

6 CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, dee-se apontar como um dos grandesbeneícios para a Faenda Pública, especialmente considerando a atua-

ção da Adocacia Pública, a comentada simpliicação de procedimentose sistematiação dos dispositios no noo CPC. Passado o período de

25. Anteprojeto do Noo Código de Processo Ciil. Disponíel em: http://www.senado.go.br/senado/noocpc/pdf/Anteprojeto.pdf. Acesso em 14 de Abril de 2011.

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adaptação com as noas normas, o trabalho do adogado público deeser facilitado e o estudo da matéria processual otimiado.

Outro ponto positio se encontra no fato de o texto proposto deixaro sistema processual mais lee, mais enxuto, como menos possibilidadesde recursos ou incidentes descabidos ou de pouca utilidade. Isso podereletir tanto no pagamento de menos juros por parte da Faenda Pública,quanto num trabalho de maior qualidade pelo Poder Judiciário, que, comas mudanças proposta, dee ter pelo menos os tribunais de segundo graue tribunais superiores paulatinamente desafogados.

Ressalta-se, ainda, a importância da regra da ista pessoal dos autos,que se trata de uma prerrogatia importante para os adogados públicos,como também o fato de o texto proposto apresentar uma seção tratandoda Advocacia Pública.

 As desantagens para a Faenda Pública são pontuais, como pareceocorrer com questão da extinção do prao em quádruplo para contestar,com a questão dos honorários adocatícios em percentuais preiamentedeinidos e com a diminuição das hipóteses de reexame necessário.

Algumas das mudanças, como se ê, podem ter impacto releante noerário, bem como na atuação cotidiana dos adogados públicos, dispositios

que podem ser repensados na Câmara dos Deputados, sendo importantea manutenção da atuação irme da AGU e das procuradorias do estado edo município em tal sentido. Tal conduta é até mesmo importante paraque a situação da Faenda Pública não seja ainda mais agraadas poreentuais propostas de emendas que surjam na Câmara dos Deputados.

Dee-se elogiar, pois, referida atuação da AGU e procuradorias, fun-

damental para a ampliação do debate democrático que dee enoler aediicação de um diploma normatio de tamanha importância.

Por tudo isso, a proposta de um noo CPC é bem inda, a forma comoem sendo conduida é elogiáel, mas a otimiação, melhora e debate sãosempre possíeis, deendo os adogados públicos e as entidades a queestão inculadas permanecerem atentos e participando de modo atiode tal processo legislatio.

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