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Maio de 2019 Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro Novo Modelo Regulatório para o Inmetro Diagnóstico e Proposta de um Novo Modelo Regulatório com base na atuação da Dconf Raimisson R Costa (Coordenador) Gustavo J. Kuster Roberta de Freitas Chamusca Pedro H. Brown

Novo Modelo Regulatório para o Inmetro · 2019-07-12 · alocados de forma a maximizar o resultado da regulação. Em termos concretos, há duas linhas de flexibilização a serem

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Maio de 2019

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro

Novo Modelo Regulatório para o Inmetro

Diagnóstico e Proposta de um Novo Modelo Regulatório com base na atuação da Dconf

Raimisson R Costa (Coordenador)

Gustavo J. Kuster

Roberta de Freitas Chamusca

Pedro H. Brown

RESUMO EXECUTIVO

Este relatório apresenta a proposta do novo modelo regulatório para o Instituto

Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O objetivo deste novo

modelo é elevar a performance regulatória, reduzir a carga administrativa, estimular a

inovação e a competitividade do setor produtivo, bem como alinhar o país às melhores

práticas internacionais na regulação de produtos. Tais iniciativas estão intrinsicamente

ligadas à diretriz do governo federal de promover um ambiente regulatório no Brasil de

maior liberdade econômica como estratégia de desenvolvimento.

Para situar o contexto histórico em que o modelo vigente foi construído e auxiliar

a compreensão do cenário atual, o relatório apresenta, inicialmente, um breve relato da

evolução do arcabouço regulatório do Inmetro. Desde o início, as atividades do Instituto,

por meio da Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf) se misturavam no

desempenho de diversos papeis, em especial, o de regulamentador/regulador de

produtos, insumos e serviços fornecidos no país e o de provedor de esquemas de

avaliação da conformidade. Este último ganhou primazia ao longo das décadas de 90 e

anos 2000, atrelado a políticas públicas nacionais de maior promoção da produtividade

e competitividade da indústria brasileira. O esforço para ser o provedor de esquemas

(programas) de avaliação da conformidade acabou por moldar o modelo regulatório e

ainda produziu um aumento expressivo do número de programas de avaliação da

conformidade (PAC) para serem gerenciados pela Dconf, consumindo a maior parte dos

recursos disponíveis.

Os elementos que caracterizam o modelo regulatório atual são uma agenda

regulatória voltada para analisar e atender demandas externas de diversas origens

(fabricantes, importadores, organismos de avaliação da conformidade – OAC,

reguladores, órgãos de governo, etc.), regulamentos técnicos específicos (por objeto),

prescritivos e associados a esquemas de avaliação da conformidade com gestão

centralizada. Além disso, tem-se um controle de mercado voltado, fundamentalmente,

para verificar o cumprimento dos procedimentos de avaliação da conformidade.

O diagnóstico do modelo regulatório corrente foi realizado para responder à

questão sobre o quanto este formato contribui para a consecução dos objetivos

finalísticos do Inmetro, no que tange às atividades regulatórias, e o quanto do resultado

do modelo atual é explicado por suas próprias características. Os objetivos finalísticos

do Inmetro foram deduzidos a partir do Art. 3º da Lei nº 9.933, de 1999, como sendo a

promoção da segurança, a proteção da vida e da saúde humana, animal e vegetal e do

meio ambiente e a prevenção de práticas enganosas de comércio na sua área de

competência legal.

A performance regulatória, ou seja, a efetividade e o custo-efetividade do

cumprimento dos objetivos finalísticos pelo modelo regulatório atual, não pôde ser

avaliada diretamente. Assim, foram utilizados três indicadores – focalização, cobertura

e compliance – que, de forma indireta, serviram ao propósito de avaliar a efetividade do

modelo regulatório corrente. Respectivamente, os indicadores traduzem o quanto as

ações regulatórias são direcionadas para a resolução de problemas regulatórios

concretos, o quanto dos objetos do escopo regulatório do Inmetro é atualmente

regulado e qual o nível de conformidade dos agentes regulados.

Os resultados da avaliação desses indicadores mostram um desalinhamento

entre os objetivos finalísticos do Inmetro no campo regulatório e o modelo atualmente

em vigor. Inicialmente, verifica-se a baixa focalização do modelo vigente, fruto dos

seguintes fatores: i) concorrência do papel regulatório com o papel de provedor de

esquemas de avaliação da conformidade para outros regulamentadores, traduzida por

um estoque regulatório composto por 60% de itens de competência legal do Inmetro;

ii) ausência de um sistema de monitoramento de problemas regulatórios robusto; e iii)

uso massivo da fiscalização formal, focada na verificação da presença do Selo de

Identificação da Conformidade. Em sequência, apesar do grande esforço de ampliação

do número de objetos regulamentados com conformidade avaliada, constatou-se a

baixa cobertura regulatória, estimada em apenas 12% do escopo de competência legal

do Inmetro. Por fim, o índice de conformidade se situa em torno de 60%, a despeito do

alto grau de prescrição de regras e do uso intensivo de esquemas de avaliação da

conformidade compulsórios.

A regulamentação específica (por objeto), prescritiva, associada quase que

exclusivamente à avaliação da conformidade, a gestão dos esquemas de avaliação da

conformidade centralizada no Inmetro e o excessivo controle pré-mercado têm por

corolário a baixa eficiência operacional e de alocação de recursos, o que explica o baixo

alcance da regulação. Os recursos disponíveis para a Diretoria foram praticamente

consumidos com a manutenção das atividades do modelo atual, tirando o foco da

principal atividade de um regulamentador, que é a identificação e resolução de

problemas regulatórios. Isso num contexto em que os recursos estão cada vez mais

escassos, especialmente os humanos e orçamentários. Adicionalmente, o modelo

vigente criou um ambiente regulatório de desestímulo à inovação, à competividade e

ao acesso a outros mercados em função do desalinhamento com outros modelos

regulatórios mais robustos, descritos a seguir.

Quando se compara o modelo regulatório atual com as melhores práticas

internacionais de regulação de produtos de consumo, notadamente as da União

Europeia e dos Estados Unidos da América (EUA), percebem-se algumas diferenças

notórias. Esses modelos são caracterizados por uma regulação baseada em riscos, com

regulamentos gerais que especificam os objetivos a serem perseguidos (por exemplo,

não expor os consumidores a riscos), focando as atividades regulatórias no

monitoramento de problemas regulatórios, sendo as ações regulatórias formuladas e

priorizadas a partir desse monitoramento. As especificações técnicas pormenorizadas

de cada objeto para fins de cumprimento dos requisitos gerais expressos nos

regulamentos ficam a cargo dos organismos de normalização. Com isso, tem-se um

modelo mais eficiente e flexível para lidar com e priorizar os problemas regulatórios de

maior relevância.

Tomando essas práticas como inspiração e tendo como norte a resolução dos

problemas do modelo atual, concebeu-se a proposta de um novo modelo regulatório,

sustentado por três pilares e um princípio geral. Os pilares são: i) um ambiente

normativo baseado em regulamentos gerais e requisitos essenciais, visando ao aumento

da cobertura do escopo legal e à diminuição de regras prescritivas; ii) o foco na resolução

dos problemas regulatórios para a ampliação da focalização da atividade regulatória; e

iii) o aumento da responsabilização dos fornecedores com o propósito de ampliar o nível

de compliance dos agentes regulados. O princípio da flexibilidade, que é a base do

modelo e permeia os três pilares, se relaciona à ideia de eficiência e proporcionalidade

das ações regulatórias.

No ambiente normativo do modelo proposto, há a separação de regras que

prescrevem o comportamento desejado para os agentes regulados das regras

vinculadas à indução da mudança de comportamento, estas, em particular, relativas à

avaliação da conformidade e ao controle de mercado. Essa separação visa a promover a

desvinculação dos dois conjuntos de regras e, com isso, proporcionar maior flexibilidade

no uso das ferramentas regulatórias. O primeiro grupo de regras é formado por três

níveis de regulamentos. No primeiro nível está o regulamento geral, que ampliará a

cobertura regulatória e permitirá maior capacidade de resposta pelo regulador. No

segundo nível, temos os regulamentos transversais, que podem cobrir tipos de riscos

(químicos, mecânicos, elétricos, etc.) ou um conjunto de objetos (por exemplo, produtos

infantis). No terceiro e último nível estão os regulamentos específicos para cada objeto.

A ideia do novo ambiente normativo é que, como a ação regulatória não depende mais

da elaboração de regulamentos técnicos específicos para cada objeto, a priori, esses só

seriam elaborados quando os demais níveis não forem suficientes para resolução de um

problema.

O foco na resolução de problemas regulatórios envolve, em primeiro lugar, a

construção de uma estratégia de monitoramento de problemas regulatórios robusto,

com aprimoramento das ferramentas de monitoramento atuais e introdução de novas.

O ideal é a combinação de sistemas de monitoramento passivos com sistemas ativos

para contemplar o maior número possível de objetos e aspectos monitorados. O

segundo aspecto desse pilar é a mudança do processo regulatório, que terá como fluxo

principal não mais o processo de regulamentação, mas sim, de detecção de problemas

regulatórios seguido da aplicação, do monitoramento e da avaliação das ações

regulatórias direcionadas para resolução desses problemas.

O aumento da responsabilização do fornecedor passa por uma maior disposição

do Inmetro na aplicação das ações necessárias para induzir a mudança de

comportamento, mas não só isso. Passa também por explicitar nos regulamentos que a

responsabilidade pela resolução dos problemas regulatórios é do próprio fornecedor,

pela ampliação dos instrumentos de enforcement disponíveis e pela adoção de um novo

modelo fiscalização, o qual deve partir de abordagens de persuasão para, de acordo com

o comportamento do ente regulado, ampliar o uso de medidas coercitivas. Há também

a necessidade da maior presença da fiscalização em zonas alfandegadas, bem como em

fábricas e centrais de distribuição.

O princípio geral da flexibilidade perpassa todos os pilares e está associado à

ideia de eficiência e proporcionalidade das ações regulatórias. As ações empregadas

devem ser aquelas estritamente necessárias para a resolução dos problemas

regulatórios e os recursos devem estar disponíveis, na medida do possível, para serem

alocados de forma a maximizar o resultado da regulação. Em termos concretos, há duas

linhas de flexibilização a serem perseguidas, sendo a primeira a ampliação do leque de

ferramentas regulatórias, tal como o uso de estratégias modernas de regulação, como

insights comportamentais e naming and shaming, assim como a introdução de novos

arranjos institucionais para avaliação da conformidade.

A segunda linha da flexibilização é a desvinculação administrativa, ou seja, a liberação

de determinadas obrigações estabelecidas para o Inmetro em atos administrativos ou

em normas do Sistema de Gestão da Qualidade do Inmetro (SGQI) para que os recursos

possam ser alocados de forma mais eficiente a cada ciclo de planejamento das ações

regulatórias.

Por fim, a proposta aqui apresentada constitui um arcabouço geral do novo

modelo regulatório e não esgota as questões necessárias para sua efetiva implantação.

Entre as questões pendentes estão a necessidade de realizar uma avaliação de riscos e

formular estratégias de mitigação; a elaboração de um plano de implementação e

transição; a proposta de novos processos e de nova estrutura organizacional; e a

definição dos recursos necessários para o funcionamento do novo modelo.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processo regulatório atual da Dconf. .................................................. 38

Figura 2. Características do atual modelo regulatório do Inmetro/Dconf ......... 48

Figura 3. Características do modelo regulatório atual e seus efeitos. ............... 91

Figura 4. Outros efeitos negativos do modelo regulatório atual. ...................... 93

Figura 5. Esquema do novo modelo regulatório do Inmetro/Dconf. ............... 112

Figura 6. Ilustração do ambiente normativo do novo modelo regulatório. ..... 113

Figura 7. Processo regulatório do novo modelo............................................... 123

Figura 8. Pirâmide de Enforcement. ................................................................. 125

Figura 9. Arranjos institucionais para os esquemas de avaliação de conformidade

...................................................................................................................................... 130

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Resultados do PVC no período de 2005 a 2016. ................................ 65

Gráfico 2. Número de visitas realizadas e número de fiscais da qualidade na

RBMLQ-I, de 2012 a 2017. .............................................................................................. 72

Gráfico 3. Evolução da quantidade de RT/PAC e de fiscais no período de 2008 a

2017. ............................................................................................................................... 73

Gráfico 4. Número de visitas de fiscalização de produtos regulamentados

previstos e realizados de 2012 a 2018. .......................................................................... 75

Gráfico 5. Número de regulamentos e PAC novos e revisados (aperfeiçoados), e

de portarias complementares publicados no período de 2007 a 2015 ......................... 78

Gráfico 6. Número de RT e PAC publicados entre 1999 e 2018. ........................ 81

Gráfico 7. Taxa de produção de Regulamentos e PAC no período de 2000 a 2018.

........................................................................................................................................ 81

Gráfico 8. Número de RT/PAC versus colaboradores da Dconf de 2011 a 2018.82

Gráfico 9. Número de RT/PAC versus orçamento da Dconf (em R$ 1.000,00), no

período entre 2012 e 2018. ............................................................................................ 83

Gráfico 10. Orçamento executado pela Dconf, entre 2012 e 2018, discriminado

por tipo de despesa. ....................................................................................................... 84

Gráfico 11. Número de registros versus número de colaboradores. ................. 85

Gráfico 12. Número de anuências versus número de colaboradores. ............... 85

Gráfico 13. Evolução das anuências automáticas. ............................................. 86

Gráfico 14. Reclamações, junto à Ouvidoria do Inmetro, por “má qualidade no

atendimento” (por área finalística) ................................................................................ 88

Gráfico 15. Distribuição percentual dos PAC, por tempo decorrido da publicação

inicial ou último aperfeiçoamento. ................................................................................ 89

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Histórico das atribuições do Inmetro. ............................................... 34

Quadro 2. Estrutura administrativa dos esquemas de certificação do Inmetro. 43

Quadro 3. Estrutura administrativa dos esquemas de DF do Inmetro. ............. 44

Quadro 4. Objetivos do Inmetro nas “área de avaliação da conformidade” ..... 52

Quadro 5. Notas Técnicas de ARR de 2015 a 2016. ............................................ 58

Quadro 6. Legislação harmonizada da União Europeia para produtos. ............. 97

Quadro 7. Exemplos ilustrativos de artigos do Regulamento Geral que

prescreverá a mudança de comportamento desejada. ............................................... 115

Quadro 8. Exemplos de conteúdo abordado nos Regulamentos Gerais de

Avaliação da Conformidade e de Controle de Mercado .............................................. 119

Quadro 9. Sistema de Monitoramento de Problemas Regulatórios dos

Consumidores ............................................................................................................... 121

Quadro 10. Regulamentos Técnicos e Programas de Avaliação da Conformidade

Compulsórios ................................................................................................................ 143

Quadro 11. Programas de Avaliação da Conformidade Voluntários ................ 150

Quadro 12. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de Análise .. 173

Quadro 13. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de

Desenvolvimento .......................................................................................................... 173

Quadro 14. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de

Implementação ............................................................................................................. 174

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Origem das demandas por RT ou PAC (período de 2012 a 2014). ...... 60

Tabela 2. Quantidade vendida de produtos “regulados” e “não regulados”, por

unidade de medida. ........................................................................................................ 63

Tabela 3. Número de Registros e Anuências do Inmetro/Dconf, de 2011 a 2018.

........................................................................................................................................ 69

Tabela 4. Número de objetos fiscalizáveis, visitas e ações de fiscalização por ano,

de 2011 a 2018. .............................................................................................................. 71

Tabela 5. Índices de irregularidade de produtos fiscalizados versus índices de não

conformidade no PVC, de 2011 a 2018. ......................................................................... 73

Tabela 6. Número de demandas externas relativas à Dconf, recebidas via

Ouvidoria, no período de 2011 a 2017. .......................................................................... 86

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AID Análise Inicial de Demandas

AIR Análise de Impacto Regulatório

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ARR Avaliação de Resultados Regulatórios

BEIS Business, Energy & Industrial Strategy

CASCO Comitê de Avaliação da Conformidade Conformity Assessment Committee

CBAC Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade

CBP Customs and Border Protection

CE Comissão Europeia

CGCRE Coordenação Geral de Acreditação

CGIEE Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

CPSA Consumer Product Safety Act

CPSC Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA US Consumer Product Safety Commission

DCONF Diretoria de Avaliação da Conformidade

DF Declaração da Conformidade do Fornecedor

DIAPE Divisão de Articulação Externa e Desenvolvimento de Projetos Especiais

DIQRE Divisão de Qualidade Regulatória

DIVIG Divisão de Vigilância de Mercado

DPDC Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor

EIV Estudo de Impacto e Viabilidade

EUA Estados Unidos da América

GCC US General Certificate of Conformity

CPC US Children’s Product Certificate

GPS US General Product Safety Provision

GPSD Diretiva Geral de Segurança de Produtos General Product Safety Directive

GTMR Grupo de Trabalho do novo Modelo Regulatório

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

INT Instituto Nacional de Tecnologia

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO Organização Internacional para Normalização International Organization for Standardization

kg Quilograma

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MME Ministério de Minas e Energia

NEISS National Electronic Injury Surveillance System

NMO National Measurements Office

OAC Organismo de Avaliação da Conformidade

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OPSS Office for Product Safety and Standards

PAC Programa de Avaliação da Conformidade

PAP Programa de Análise de Produtos

PAQ Plano de Ação Quadrienal

PBAC Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade

PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem

PBQP Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PEFC Programme for the Endorsement of Forest Certification

PIA Pesquisa da Indústria Anual

PRODLIST Lista de Produtos da Indústria

PVC Programa de Verificação da Conformidade

RAPEX Sistema de Intercâmbio Rápido de Informações da União Europeia Rapid Exchange of Information System

RBMLQ-I Rede Brasileira de Metrologia Legal e da Qualidade - Inmetro

RT Regulamento Técnico

SBAC Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

SBC Sistema Brasileiro de Certificação

SENACON Secretaria Nacional do Consumidor

SGI Sistema de Gestão Integrada da RBMLQ-I

SGQI Sistema de Gestão da Qualidade do Inmetro

STI Secretaria de Tecnologia Industrial

UE União Europeia

Un. Unidade

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 21

2 HISTÓRICO .............................................................................................................. 23

3 DESCRIÇÃO DO MODELO REGULATÓRIO ATUAL ................................................... 35

3.1 Macroprocesso de Regulamentação e Avaliação da Conformidade ............... 36

3.2 Características do Modelo Regulatório Atual .................................................. 39

3.2.1 Agenda Regulatória formada a partir de demandas externas ................. 39

3.2.2 Regulamentos específicos (por objeto) e prescritivos ............................. 41

3.2.3 Objetos “regulados” e “não regulados” dentro do escopo regulatório... 42

3.2.4 Esquemas próprios de avaliação da conformidade, com gestão

centralizada e preponderância do uso da certificação .......................................... 42

3.2.5 Ações de controle focadas no cumprimento dos procedimentos de

avaliação da conformidade .................................................................................... 45

3.3 Síntese do Modelo Regulatório Atual da Dconf .............................................. 47

4 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................... 49

4.1 Definição dos objetivos finalísticos .................................................................. 49

4.2 Avaliação da performance do modelo regulatório atual ................................. 53

4.2.1 Avaliação da efetividade regulatória: focalização, cobertura e compliance

56

4.2.2 Avaliação da eficiência operacional e da eficiência na alocação de

recursos. ................................................................................................................. 66

4.2.3 Responsabilização ..................................................................................... 76

4.2.4 Outras consequências dos regulamentos específicos e esquemas de

avaliação da conformidade prescritivos ................................................................. 77

4.2.5 Produção de regulamentos e PAC versus disponibilidade de recursos ... 79

4.3 Conclusões do diagnóstico............................................................................... 90

5 ANÁLISE COMPARATIVA COM OUTROS MODELOS REGULATÓRIOS ..................... 95

5.1 Modelo regulatório na União Europeia ........................................................... 95

5.2 Modelo regulatório norte-americano ............................................................ 102

5.3 Modelo regulatório do Reino Unido .............................................................. 107

6 Proposta de novo modelo .................................................................................... 111

6.1 Ambiente normativo baseado em regulamentos gerais e em requisitos

essenciais .................................................................................................................. 112

6.1.1 Regras de prescrição do comportamento desejado dos agentes regulados

114

6.1.2 Normas Técnicas e a presunção de conformidade ................................ 118

6.1.3 Regras de indução da mudança de comportamento dos agentes

regulados .............................................................................................................. 119

6.2 Foco na resolução de problemas regulatórios .............................................. 120

6.2.1 Estratégia de Monitoramento de Problemas Regulatórios ................... 120

6.2.2 Processo regulatório do novo modelo ................................................... 122

6.3 Responsabilização do fornecedor .................................................................. 124

6.4 Flexibilidade ................................................................................................... 127

6.4.1 Ampliação do leque de ferramentas regulatórias .................................. 128

6.4.2 Desvinculação administrativa ................................................................. 130

7 Conclusão.............................................................................................................. 133

8 Referências ........................................................................................................... 137

ANEXO 1. ESTOQUE REGULATÓRIO DO INMETRO/DCONF .......................................... 143

ANEXO 2. LISTA DE PRODUTOS DO ESCOPO REGULATÓRIO DO INMETRO ................. 153

ANEXO 3. PLANEJAMENTO DAS ETAPAS DE ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO E

IMPLEMENTAÇÃO ......................................................................................................... 173

21

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório é resultado das atividades do Grupo de Trabalho de novo

Modelo Regulatório (GTMR), instituído em 28 de janeiro de 2019. O objetivo central do

trabalho do GTMR consistiu na formulação de uma proposta de novo modelo

regulatório para o Inmetro, considerando a atuação nas “áreas de avaliação da

conformidade” de insumos, produtos e serviços, tal como especifica o inciso IV do Art.

3º da Lei nº 9.933, de 20 de dezembro de 1999.

Cabe ressaltar que, ainda que as discussões tenham sido centralizadas em um

grupo específico de servidores, as ideias aqui apresentadas foram influenciadas por

debates que vem ocorrendo há anos.

Além deste capítulo introdutório, o relatório contempla outros seis capítulos. No

capítulo 2 é apresentado o histórico da formação do modelo regulatório atual da Dconf,

desde a criação do Inmetro, abordando as várias transformações ocorridas ao longo dos

anos a partir das mudanças de contexto e alterações do marco legal. O terceiro capítulo

retrata o modelo regulatório atual da Diretoria, apresentando seus processos e

particularidades. No capítulo seguinte é feito o diagnóstico, cujo propósito é avaliar o

alcance dos objetivos institucionais através de alguns indicadores que buscam medir, de

forma indireta, a efetividade e o custo-efetividade do atual modelo regulatório.

Antes da formulação da proposta, apresentamos, no capítulo 5, a análise de três

modelos regulatórios internacionais – da União Europeia, dos EUA e do Reino Unido –

que serviram de inspiração para a construção do conceito do novo modelo regulatório

que, então, é apresentado no sexto capítulo. Finalmente, no último capítulo antes das

Referências, tecemos nossas considerações finais sobre o trabalho apresentado, bem

como as suas limitações, sugerindo ainda alguns encaminhamentos para uma eventual

futura implantação da proposta formulada.

23

2 HISTÓRICO

Para entender como o Inmetro se desenvolveu nos diversos papeis que ocupou

e ocupa, é importante analisar a lei de criação do Instituto, assim como as leis

subsequentes que as alteraram, bem como as resoluções do Conselho Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) que, durante considerável

período de tempo, direcionaram as atividades do Inmetro. O histórico apresentado

neste capítulo foi elaborado com base nos seguintes documentos, que podem ser

obtidos no sítio do Inmetro:

Exposição de Motivos que encaminhou o projeto de Lei para criação do

Inmetro EM/GM/nº79, de 31 de outubro de 1973;

Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973;

Resolução Conmetro nº 01, de 08 de setembro de 1977;

Resolução Conmetro nº 05, de 13 de setembro de 1978;

Resolução Conmetro nº 06, de 16 de outubro de 1978;

Resolução Conmetro nº 03, de 17 de março de 1980;

Resolução Conmetro nº 05, de 26 de julho de 1988;

Resolução Conmetro nº 08, de 24 de agosto de 1992;

Resolução Conmetro nº 02, de 11 de dezembro de 1997;

Resolução Conmetro nº 04, de 16 de dezembro de 1998;

Lei nº 9.933, de 20 de dezembro de 1999;

Resolução Conmetro nº 02, de 2002;

Lei nº 12.545, de 14 de dezembro de 2011;

Portaria Inmetro nº 252, de 27 de maio de 2015.

Além dos documentos supracitados, foi fundamental para elaboração deste

breve histórico a análise dos seguintes trabalhos acadêmicos, que abordam o histórico

de criação do Inmetro e o desenvolvimento das atividades de regulamentação técnica e

de avaliação da conformidade pelo Instituto:

BARROS, Marcia (2004) - Estudo comparativo do Sistema Brasileiro de

Avaliação da Conformidade com o sistema da Comunidade Europeia;

CHAMUSCA, Roberta F. (2016) - Proposição de uma sistemática para

seleção de tipos de esquemas de certificação de produtos; e

NOGUEIRA, Camila B. (2016) - Os modelos regulatórios do Brasil e dos

Estados Unidos da América para segurança de produtos de consumo:

Estudo comparativo entre Inmetro e CPSC.

24

No final da década de 60, existiam quatro instituições com papeis importantes

nas áreas de metrologia científica, metrologia legal e normalização. Eram elas:

o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), com atuação nas áreas de metrologia científica

e legal, incluindo atividades de fiscalização; o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT),

com atribuições no campo da metrologia; o Instituto Nacional de Pesos e Medidas

(INPM), com atividades na área de metrologia legal; e a Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), que atuava no campo da normalização (BARROS, 2004; NOGUEIRA,

2016).

Enquanto ações eram tomadas no sentido de fortalecer o INPM nas funções de

metrologia legal e científica, o governo brasileiro refletia sobre a necessidade de integrar

essas atividades com as atividades de normalização e de certificação de conformidade,

tema que ganhava alta relevância no cenário de comércio internacional que se

desenhava. As discussões que o governo brasileiro mantinha com outros países,

notadamente Japão e EUA, apontavam para a criação de um único instituto que

congregasse os três pilares tecnológicos da época – metrologia, normalização e

certificação de conformidade (BARROS, 2004).

No cenário internacional, cabe destaque à criação, em 1971, do Certico, Comitê

de Certificação da Organização Internacional para Normalização (International

Organization for Standardization – ISO), que tinha por objetivo criar normas sobre o

processo de certificação de produtos, tema este que crescia em quantidade de demanda

por normas no fórum internacional de normalização. Cabe ressaltar que esse comitê,

devido à importância que continuou tendo, foi ampliado e revisto em 1984, se tornando

o Comitê de Avaliação da Conformidade (Conformity Assessment Committee – Casco).

Em 1972, foi criada, no âmbito do Ministério da Indústria e do Comércio, a

Secretaria de Tecnologia Industrial (STI) com o objetivo de estabelecer um programa de

informação tecnológica e industrial para desenvolver a normalização, a certificação da

qualidade, a metrologia e organizar o sistema de propriedade industrial. Essa secretaria

teria como órgãos executivos o INT, o INPM e o Instituto Nacional de Propriedade

Intelectual (INPI).

25

Nesse contexto, foi encaminhado para o Congresso a proposta de lei que criaria

o Inmetro, com a exposição de motivos EM/GM/nº/79, que estabelecia, como

justificativa para sua criação, as seguintes necessidades:

(...) disciplinar, do ponto de vista qualitativo, a produção e

comercialização de bens manufaturados entregues ao consumidor

brasileiro, inclusive aqueles importados, os quais nem sempre atendem a

requisitos mínimos e razoáveis de qualidade e segurança.

(...) estabelecer normas e procedimentos, técnicos e administrativos, que

promovam a melhoria e regulamentem a verificação da qualidade dos

produtos industriais destinados à exportação, visto que a sua reputação e

competitividade no mercado internacional dependerão, cada vez mais, da

sua qualidade dimensional, material e funcional. (...) estudar de forma

sistemática as dificuldades e as potencialidades do mercado externo no

que diz respeito às normas e especificações de qualidade, internacionais,

peculiares a cada mercado nacional, propondo as medidas adequadas

para assegurar a defesa dos interesses do nosso comércio exterior.

(...) desenvolver de forma racional, integrada e extensiva a todo o

território nacional, a normalização, a inspeção, a certificação e a

fiscalização das características metrológicas, materiais e funcionais dos

bens manufaturados, tanto os produzidos no País quanto os importados.

(BOTELHO, 1973)

Ainda na exposição de motivos, são apresentados os principais objetivos para a

criação do Conmetro e do Inmetro, quais sejam:

Como órgão normativo e supervisor do Sistema, o Projeto prevê a criação

de um Conselho – Conmetro, ao qual caberá formular a política de

metrologia, normalização e qualidade industrial, coordenando,

regulamentando e supervisionando a sua execução.

Como órgão executivo central da política estabelecida pelo Conmetro, o

Projeto de Lei propõe a ampliação das atribuições do INPM e sua

reformulação institucional, transformando-o em Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, com caráter

de autarquia federal. Esta medida visa criar as condições para o Instituto,

que é um dos instrumentos básicos de atuação deste Ministério na área

tecnológica, possa contribuir eficazmente para a progressiva elevação

dos padrões de qualidade da indústria nacional. (BOTELHO, 1973,

grifo nosso).

Fica evidente, pela exposição de motivos, o caráter de autoridade reguladora que

se pretendia atribuir para o conjunto Conmetro/Inmetro, mesmo que misturada com as

atividades de normalização e certificação de conformidade, além da expectativa de que

o Instituto atuasse na elevação dos padrões de qualidade da indústria nacional.

Conquanto a exposição de motivos tenha elencado várias expectativas para o

Instituto, a lei propriamente dita foi bastante simples ao definir as competências do

Conmetro e do Inmetro, deixando margem para muitas interpretações. Extraímos da Lei

26

nº 5.966, de 1973 (versão original), as competências de ambas as entidades, que são

descritas a seguir:

Art. 3º Compete ao CONMETRO: a) formular e supervisionar a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação da qualidade de produtos industriais, prevendo mecanismo de consulta que harmonizem os interesses públicos das empresas industriais do consumidor; (...) e) fixar critérios e procedimentos para certificação da qualidade de materiais e produtos industriais; f) fixar critérios e procedimentos para aplicação das penalidades no caso de Infração a dispositivo da legislação referente à metrologia, à normalização industrial, à certificação da qualidade de produtos industriais e aos atos normativos dela decorrentes; (...) Art. 4º É criado o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO, autarquia federal, vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, com personalidade jurídica e patrimônio próprios. (...) § 2º O Regulamento Geral do INMETRO será baixado por decreto do Poder Executivo. (...) Art. 5º O INMETRO será o órgão executivo central do Sistema definido no artigo 1 desta Lei, podendo, mediante autorização do CONMETRO, credenciar entidades públicas ou privadas para a execução de atividades de sua competência, exceto as de metrologia legal. (BRASIL, 1973b)

O Inmetro começou a sua efetiva implementação sem que as suas competências

e limites de atuação estivessem claramente definidos. No ano de 1977, foi publicado o

primeiro Regimento Interno do Instituto, que definiu a sua estrutura básica (BRASIL,

1977). Entre as diretorias do Inmetro com atividades específicas, figuravam a Diretoria

de Normalização e a Diretora de Qualidade Industrial, com as competências de orientar,

coordenar e executar, respectivamente, as atividades de normalização e de certificação

da qualidade dos produtos industriais (BRASIL, 1977). Nesse mesmo ano, enquanto a

implementação do Inmetro ocorria, foi publicada a Resolução Conmetro nº 1/19771, que

transferiu momentaneamente para a secretaria executiva do Conmetro, executada pela

STI, as funções de órgão executivo do Sistema, na área de normalização e qualidade

industrial.

No ano de 1978, foram publicadas duas Resoluções Conmetro, a nº 5 e a nº 6,

dois marcos relevantes para a implementação do Sistema criado pela Lei nº 5.966/1973.

1 Essa Resolução ficou em vigor até março de 1980 quando, então, foi revogada pela Resolução Conmetro nº 3/1980.

27

Essas Resoluções criaram o subsistema de certificação da qualidade de produtos

industriais e regulamentaram a sua organização. O sistema criado era “dotado de regras

e procedimentos próprios para execução da certificação da qualidade através da

certificação de conformidade” (CONMETRO, 1978a). A Resolução Conmetro nº 6/1978

estabeleceu as seguintes responsabilidades para o Inmetro:

I.3) Ao INMETRO cabe: a) Aprovar regulamentos específicos dos produtos; b) Aprovar e revogar a licença para uso da Marca de Conformidade; c) Emitir o Certificado de Conformidade; d) Credenciar laboratórios e inspetores; e) Contactar organismos internacionais (nível técnico); f) Executar o controle técnico, jurídico, administrativo e contábil das atividades de Certificação de Conformidade; a) Executar serviços de inspeção; b) Ensaiar e emitir laudos técnicos; c) Outros encargos relacionados com a atividade específica. I.4) O INMETRO poderá criar Comitês e/ou Grupos de Trabalhos, com as seguintes finalidades: a) Emitir parecer para concessão da licença para uso da marca e emissão de Certificados de Conformidade; b) Emitir parecer para aprovação dos regulamentos específicos de produtos; c) Emitir parecer sobre o credenciamento de entidade nos termos desta Resolução; d) Analisar a adequação de normas aos requisitos de Certificação de Conformidade do Subsistema; e) Analisar as solicitações de Certificação de Conformidade; f) Analisar os relatórios de inspeção, laudos de ensaios e de pareceres; g) Analisar e emitir os necessários pareceres para o credenciamento de laboratório e inspetores (...) II.3) Os pedidos de Certificado de Conformidade deverão ser dirigidos ao INMETRO para análise preliminar que, para tanto, estipulará uma taxa correspondente. II.4) Sendo favorável o resultado da análise preliminar, o INMETRO indicará ao interessado o laboratório onde deverão ser executados os ensaios pertinentes, cujas despesas correrão por conta do próprio interessado. (CONMETRO, 1978b, p. 1 e 2)

Como se pode observar, as atividades de regulamentação, normalização,

acreditação, que na época era denominada “credenciamento”, e certificação estão

totalmente misturadas nesse primeiro documento. No modelo inicial do Sistema

Brasileiro de Certificação (SBC), o Inmetro não somente atuava como regulamentador e

acreditador, atividades que executa até os dias de hoje, mas também atuava como

normalizador e conduzia todo o processo de certificação, na medida em que analisava

as solicitações de certificação, analisava os relatórios de ensaio e tomava a decisão final

sobre a emissão do certificado de conformidade e da licença de uso da marca.

28

Em julho de 1988, o Conmetro, por meio da Resolução nº 5/1988, reconheceu o

esforço governamental no sentido de afirmar a certificação de conformidade como

instrumento para a melhoria da qualidade dos produtos fabricados no País,

reconhecendo ainda a “(...) experiência acumulada pelo INMETRO, em suas atividades

como órgão certificador do SINMETRO” (CONMETRO, 1988, p. 1). A referida Resolução

instituiu os oito modelos de certificação estabelecidos pela ISO como os modelos de

referência para as atividades de certificação no Brasil.

Apesar de não haver um levantamento preciso sobre os regulamentos e

procedimentos de certificação publicados pelo Inmetro até então, alguns já eram bem

conhecidos e inovadores para época como, por exemplo, o programa de certificação

voluntária de etiquetagem de refrigeradores domésticos.

No ano de 1990, foi formulado o Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade (PBQP), um dos mecanismos nas Diretrizes da Política Industrial e de

Comércio Exterior do governo Collor, através do Decreto nº 99.675, de 7 de novembro

de 1990. O PBQP pode ser dividido em 3 fases importantes, quais sejam: 1) Formulação

e Implementação, de 1990 a 1995; 2) Reorientação Estratégica, de 1996 a 1997; e 3)

Realinhamento Estratégico, de 1998 a 2001 (FERNANDES, 2011).

Em sua primeira fase, o PBQP tinha como objetivo “apoiar o esforço brasileiro de

modernidade através da promoção da qualidade e produtividade, com vistas a

aumentar a competitividade de bens e serviços produzidos no país” (FERNANDES, 2011,

p. 96). Durante essa primeira fase, foi estabelecido o Novo Modelo do Sistema Brasileiro

de Certificação, elaborado “através do esforço conjunto de 39 entidades da sociedade

brasileira” (CONMETRO, 1992), e que estabeleceu novas diretrizes para as atividades de

certificação. O que se pretendia, com o Novo Modelo, era consolidar o SBC, aumentando

o número de produtos certificados e promovendo o reconhecimento internacional da

certificação brasileira.

Para isso, duas estratégias foram adotadas, quais sejam a descentralização

operacional e a integração dos agentes interessados na certificação. Dentro da

estratégia de descentralização, as certificações, que até então eram conduzidas

exclusivamente pelo Inmetro, passaram a ser realizadas por organismos de certificação

29

“credenciados”2, ou seja, cuja competência fosse reconhecida pelo Inmetro. A segunda

estratégia, a de integração, consistiu na criação do Comitê Brasileiro de Certificação,

com o objetivo de planejar e avaliar a atividade de certificação no Brasil (CHAMUSCA,

2016). Cabia ao Inmetro, além de exercer a Secretaria Executiva do Comitê, as seguintes

atividades:

(...) b) Credenciar Organismos de Certificação, Organismos de Inspeção e Laboratórios de Ensaios; c) Auditar os Organismos de Certificação, Organismos de Inspeção (Agentes de Inspeção), Laboratórios de Ensaios e órgãos de Qualificação de Pessoal Credenciado; d) Divulgar e promover o Sistema Brasileiro de Certificação; e) Promover a articulação para o reconhecimento internacional do Sistema Brasileiro de Certificação; f) Coordenar, no âmbito do Governo, a certificação compulsória. (CONMETRO, 1992, p. 9, grifo nosso)

A percepção que se tem, ao analisar o contexto da época e os documentos

produzidos, é que aos poucos e cada vez mais, a atuação do Inmetro foi sendo

direcionada para a atividade de avaliação da conformidade, na proposição e

desenvolvimento de políticas e programas nesse campo. Pode-se dizer que a atividade

regulatória do Inmetro passa a ser uma atividade acessória da atividade de avaliação da

conformidade na medida em que o Instituto cada vez mais se envolve na promoção do

Sistema Brasileiro de Certificação.

A Resolução Conmetro nº 8/1992 ao criar o “Novo Modelo do Sistema Brasileiro

de Certificação” estabeleceu as seguintes premissas:

A Certificação de Conformidade pode ser compulsória ou voluntária. A Certificação é de natureza compulsória quando exigida pelo Governo para a comercialização de produtos e serviços. (...) A certificação compulsória deve, necessariamente, ser (feita) utilizando-se o modelo de certificação número 5 da IS0. O Sistema Brasileiro de Certificação deve ter como um dos seus objetivos a promoção da certificação voluntária, através de (Organismos de Certificação de Conformidade) OCC. (CONMETRO, 1992, p. 8, grifo nosso)

Cinco anos mais tarde, o SBC foi reformulado, através da publicação da

Resolução Conmetro nº 2/1997, buscando maior alinhamento entre as atividades

realizadas no Brasil e as diretrizes internacionais, no sentido de promover a equivalência

2 O termo “credenciamento” foi substituído pelo termo “acreditação” a partir da publicação da Resolução Conmetro nº 5, de 10 de dezembro de 2003.

30

e o reconhecimento dos certificados de conformidade expedidos no país e no âmbito de

sistemas de outros países, favorecendo, assim, as trocas comerciais (CHAMUSCA, 2016).

A partir da publicação do Termo de Referência do SBC, o Inmetro, que já atuava na

atividade de “credenciamento” (acreditação), passou a ser reconhecimento como o

organismo oficial de “credenciamento” (acreditação) brasileiro.

Nessa época, as discussões técnicas no Inmetro em torno do tema avaliação da

conformidade fervilhavam. A estrutura do Instituto havia mudado bastante desde a sua

criação. A então Diretoria de Normalização, Qualidade e Produtividade (Dinqp), que

concentrava as atividades de normalização, avaliação da conformidade e acreditação

(BRASIL, 1991), passaria, em breve, por profundas modificações, quando então não mais

realizaria a atividade de aprovação de normas da ABNT, as chamadas NR1 e NR2, e

separaria as atividades de avaliação da conformidade das de acreditação. Cabe ressaltar

que, nessa época, os Programas de Avaliação da Conformidade (PAC) do Inmetro eram

formalizados por meio de regras específicas, que eram documentos internos citados em

portarias.

Vinte e seis anos após a criação do Inmetro, e sem que o regulamento geral do

Instituto fosse publicado através de Decreto do poder executivo, como a própria Lei nº

5.966/1976 determinava, foi publicada a Lei nº 9.933/1999, que dispõe sobre as

competências do Conmetro e do Inmetro. Essa Lei evidencia o papel de regulamentador

técnico do Conmetro e a possibilidade de o Inmetro elaborar e expedir regulamentos

técnicos em áreas que lhe forem determinadas pelo Conselho, tal como destacamos a

seguir:

Art. 2º O Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro, órgão colegiado da estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973, é competente para expedir atos normativos e regulamentos técnicos, nos campos da Metrologia e da Avaliação da Conformidade de produtos, de processos e de serviços. § 1º Os regulamentos técnicos deverão dispor sobre características técnicas de insumos, produtos finais e serviços que não constituam objeto da competência de outros órgãos e de outras entidades da Administração Pública Federal, no que se refere a aspectos relacionados com segurança, prevenção de práticas enganosas de comércio, proteção da vida e saúde humana, animal e vegetal, e com o meio ambiente. (...) Art. 3º O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,

31

Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei no 5.966, de 1973, é competente para: I - elaborar e expedir regulamentos técnicos nas áreas que lhe forem determinadas pelo Conmetro; (BRASIL, 1999).

O papel secundário de regulamentador técnico, conferido ao Inmetro na Lei nº

9.933/1999, juntamente com o crescimento nacional e internacional das discussões

sobre avaliação da conformidade, serviram para reforçar o papel de desenvolvedor e

gestor de esquemas de avaliação da conformidade exercido pelo Instituto.

Três anos após a publicação da Lei 9.933/1999, o Conmetro publicou a Resolução

nº 4/2002 que ampliou o Sistema Brasileiro de Certificação (SBC) para Sistema Brasileiro

de Avaliação da Conformidade (SBAC), aprovando ainda o seu termo de referência e o

regimento interno do então criado Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade

(CBAC). A reformulação e transformação do SBC em SBAC deveu-se “à crescente

demanda pela implementação de outras modalidades de avaliação da conformidade

além da certificação” (CONMETRO, 2002b, p. 1).

O termo de referência do SBAC fortaleceu ainda mais o papel de desenvolvedor

de esquemas de avaliação da conformidade, colocando o Inmetro como o órgão

responsável por “coordenar a implantação de programas de avaliação da conformidade

no âmbito do SBAC” (CONMETRO, 2002b) o que foi a base para que, durante muitos

anos, o Inmetro se entendesse como o único órgão de governo com competência formal

para desenvolver esses programas. As competências do Inmetro, no âmbito do SBAC,

conforme o termo de referência de 2002 que ainda está vigente são as seguintes:

4.2. Compete ao INMETRO (...) e) Articular-se, no âmbito do Governo, com os diferentes agentes de sistemas de avaliação da conformidade existentes, buscando a sua compatibilização; f) Estabelecer as diretrizes e critérios para a atividade de avaliação da conformidade; g) Gerenciar a concessão e uso de marcas de avaliação da conformidade no âmbito do SBAC, garantindo sua identificação única; h) Coordenar a implantação de programas de avaliação da conformidade no âmbito do SBAC; i) No desenvolvimento de programas de Avaliação da Conformidade compor Comissões Técnicas com a participação de todas as entidades representativas das partes interessadas no tema em questão, para propor o conteúdo dos elementos básicos do programa. (CONMETRO, 2002b)

32

O desenvolvimento e a aprovação do Guia de Boas Práticas de Regulamentação,

em dezembro de 2007, pode ser considerado como um marco na retomada, de forma

institucional, da atividade de regulamentação do Inmetro. O seu desenvolvimento se

deu, sob coordenação do Inmetro, no âmbito do Comitê Brasileiro de Regulamentação

(CBR), constituindo o primeiro documento do gênero no Brasil.

Enquanto as discussões sobre o papel do Inmetro como regulamentador foram

crescendo e ganhando corpo na Instituição, foi publicada, no ano de 2011, a Lei

nº 12.545, que alterou sensivelmente a Lei nº 9.933/1999, e colocou o Inmetro,

efetivamente, na posição de regulamentador técnico. Apesar de ainda manter a falta de

clareza tanto em relação à atividade de avaliação da conformidade versus à atividade de

regulamentação técnica quanto em relação à definição do escopo de atuação do

Instituto, a Lei nº 12.545/2011 deixa clara a independência do Inmetro em relação ao

Conmetro para regular:

Art. 3º O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei nº 5.966, de 1973, é competente para: (...) IV - exercer poder de polícia administrativa, expedindo regulamentos técnicos nas áreas de avaliação da conformidade de produtos, insumos e serviços, desde que não constituam objeto da competência de outros órgãos ou entidades da administração pública federal, abrangendo os seguintes aspectos: a) segurança; b) proteção da vida e da saúde humana, animal e vegetal; c) proteção do meio ambiente; e d) prevenção de práticas enganosas de comércio; (BRASIL, 2011)

A publicação dessa Lei alterou profundamente não só o papel do Inmetro como

também a sua relação com o Conmetro e o comitê assessor em avaliação da

conformidade – o CBAC. O Inmetro, que antes da publicação da Lei nº 12.545/2011

necessitava da aprovação do Conselho para desenvolver regulamentos técnicos e,

consequentemente programas de avaliação da conformidade compulsórios, passou a

ter autonomia para gerir a sua agenda regulatória, atividade até então impensável e,

por isso, não planejada.

A partir de 2011 podemos dizer que o Inmetro é forçado a voltar a pensar como

regulamentador e ente de estado. As discussões sobre o escopo de atuação do Inmetro

33

e as delegações de competência passam a ser recorrentes na Diretoria de Avaliação da

Conformidade. As relações com o Conmetro e com o CBAC também passam a ser

questionadas, pois o Inmetro não tem mais a necessidade da anuência do Conselho para

atuar como regulamentador técnico, mesmo que até então isso fosse, para o Inmetro,

sinônimo de desenvolvedor de esquemas de avaliação da conformidade.

A relação com o CBAC também passa a ser mais conflituosa, pois o Comitê, que

havia se transformado mais em um fórum para pressionar o Instituto no

desenvolvimento desse ou daquele PAC do que um propositor de políticas e diretrizes

para atividade de avaliação da conformidade, sente a mudança que começa a ocorrer e

a consequente perda de domínio sobre a Agenda Regulatória do Inmetro.

No ano de 2015, o Inmetro publica a Portaria nº 252 com as Diretrizes de

Regulamentação do Instituto. Como pode ser observado a seguir, “os considerandos” e

o Art. 1º da Portaria deixam bem claro esse novo momento:

Considerando que a regulamentação, para o Inmetro, é um instrumento importante à proteção do consumidor, à inovação e à competitividade da indústria nacional, contribuindo para a promoção do crescimento econômico do país; Considerando que o Inmetro regulamenta visando à segurança e saúde dos brasileiros, à proteção do meio ambiente e prevenção de práticas enganosas de comércio no Brasil, para o fortalecimento da economia e da sociedade brasileira; Considerando que as medidas regulatórias do Inmetro visam criar ambiente de regramento capaz de fornecer a justa concorrência; Considerando que da regulamentação técnica decorre o efetivo exercício de poder de polícia administrativa; Considerando que a regulamentação é uma atividade complexa e que transcende os dados puramente técnicos, necessitando de adequada visão estratégica para interpretação destes, assim como de permanente debate com as partes impactadas, tais como consumidores, cadeia produtiva, entre outras; Considerando a importância do fortalecimento da capacidade institucional para gestão em regulamentação, de interesse coletivo ou geral, e da facilitação do acesso à informação, resolve:

Art. 1º Cientificar que as Diretrizes de Regulamentação do Inmetro visam dar formalização e transparência ao processo de regulamentação da Instituição, com base nas boas práticas nacionais e internacionais, de forma a promover eficácia e

eficiência na adoção e aplicação de regulamentos técnicos expedidos no âmbito de sua área legal de atuação. (INMETRO, 2015b)

Quadro 1O Quadro 1 elenca as principais etapas da evolução dos papeis do

Inmetro.

34

Quadro 1. Histórico das atribuições do Inmetro.

Fonte: Elaboração própria.

Conforme sintetizamos acima, o Inmetro foi, ao longo dos anos, mudando a sua forma de atuar

na sociedade. Nos primeiros anos desde a sua efetiva implantação, podemos afirmar que as suas

principais atribuições eram normalizar e certificar produtos industriais. A partir da descentralização

operacional, em 1992, a atividade de normalização ficou a cargo da ABNT e a certificação passou a ser

exercida por organismos de terceira parte acreditados pelo Inmetro. Além do fortalecimento da atividade

de reconhecimento da competência de OAC, a atuação do Inmetro como provedor de esquemas de

avaliação da conformidade foi reforçada, não somente no campo compulsório, mas também, no campo

voluntário. O papel de regulamentador do Instituto começou a tomar vulto em 1999, quando esta função

foi finalmente explicitada em lei, sendo consolidado em 2011 com a revisão do marco legal e a conquista

da independência do Conmetro para o exercício da atividade. Mais recentemente, a função reguladora

do Instituto começou a ganhar destaque a partir da definição, em Portaria Inmetro, de regras de

transparência, proporcionalidade, análise de impacto regulatório e avaliação de resultados regulatórios.

35

3 DESCRIÇÃO DO MODELO REGULATÓRIO ATUAL

Neste capítulo descreve-se o modelo regulatório “nas áreas de avaliação da

conformidade” do Inmetro, atualmente sob responsabilidade da Diretoria de Avaliação

da Conformidade (Dconf). O que chamamos aqui de modelo regulatório diz respeito a

como a regulação funciona para tratar problemas regulatórios. Refere-se ao conjunto

de atos normativos, processos, atividades e práticas institucionais, assim como à forma

como os agentes vinculados à regulação se organizam e interagem. O conceito é mais

restrito do que o de sistema regulatório de Brown (2006), que engloba o conjunto de

leis que regem a regulação e aspectos de governança regulatória. Esses aspectos são

relevantes, mas não são cobertos por este trabalho, cabendo ser tratados em momento

posterior.

Para descrever o modelo regulatório do Inmetro “nas áreas de avaliação da

conformidade” é preciso, primeiramente, esclarecer o que entendemos por regulação.

A definição de regulação não é única, flutuando entre um sentido mais restrito, como

sinônimo de regras, leis e regulamentos, e outro mais amplo, abarcando qualquer ação

destinada a induzir o comportamento dos agentes econômicos (LEVI-FAUR, 2011). O

conceito adotado neste trabalho envolve dois momentos da regulação, sendo o

primeiro quando o regulador prescreve o comportamento desejado para os agentes

regulados para atingir determinados fins regulatórios e, o segundo, quando o regulador

se utiliza de um conjunto de ações regulatórias para induzir o comportamento do agente

regulado. No modelo tradicional de regulação, trata-se da definição de uma regra

(comando) e fiscalização do seu cumprimento (controle), mas a definição não abarca

somente esse tipo de regulação.

A forma como a Dconf prescreve a mudança de comportamento e induz essa

mudança foi moldada historicamente pela sua atuação, inicialmente, no Sistema

Brasileiro de Certificação (SBC) e, posteriormente, no Sistema Brasileiro de Avaliação da

Conformidade (SBAC), em cuja esfera tem a competência de coordenar a implantação

de programas de avaliação da conformidade (CONMETRO, 2002b). Como abordamos no

capítulo anterior, a Diretoria desenvolveu, ao longo dos anos, a visão de dona de

esquemas de avaliação da conformidade de objetos específicos para atingir fins

36

diversos, inclusive, fora do escopo de competência regulatória do Inmetro. A

compreensão de que fazemos regulação, e de que isso deve se refletir no nosso negócio,

é algo mais recente, que se formou, talvez, nos últimos cinco a 10 anos.

A seguir, descreveremos o macroprocesso de regulamentação e avaliação da

conformidade, executado pela Dconf. Na sequência, detalhamos as principais

características do modelo regulatório atual da Diretoria e, por fim, apresentamos uma

síntese do modelo vigente, esquematizando como essas características se inserem no

conceito de regulação por nós adotado (prescrição e indução da mudança de

comportamento).

3.1 Macroprocesso de Regulamentação e Avaliação da Conformidade

Embora a competência regulatória da Dconf esteja estabelecida no atual

Regimento Interno (MDIC, 2017), nos documentos do Sistema de Gestão da Qualidade

do Inmetro (SGQI) o macroprocesso da Dconf ainda é denominado tão somente

“Avaliação da Conformidade de Produtos, Processos e Serviços” (INMETRO, 2014a).

Assim, os processos operacionais do macroprocesso regulatório ainda não estão

formalmente mapeados, de forma que a descrição aqui exposta não é a oficial.

Apresentamos aqui, de forma resumida, o processo regulatório da Diretoria, que se

baseia nas recentes discussões internas sobre o macroprocesso, coordenadas pela

Assessoria Executiva e de Apoio à Gestão.

O macroprocesso atual pode ser divido em quatro etapas, quais sejam, a Análise,

o Desenvolvimento, a Implementação e o Monitoramento/Controle. A análise é a etapa

inicial, tanto de novas iniciativas regulatórias, quanto de revisão de medidas em vigor.

Ela pode ser reativa, quando o Inmetro recebe solicitações externas para regulamentar

objetos não cobertos pela regulação atual ou para rever regulamentos vigentes, ou

ainda, proativa, quando o Inmetro decide, por iniciativa própria, estabelecer novo

regulamento ou aperfeiçoar (revisar) um regulamento em vigor.

No processo atual de análise de novas medidas, que é essencialmente reativo

como veremos no item 3.2, existe um primeiro filtro – a Análise Inicial de Demanda

(AID), que busca identificar, a partir de demandas externas, a existência de um problema

regulatório no âmbito da competência legal do Inmetro/Dconf (INMETRO, 2018b). O

37

segundo filtro consiste na Análise de Impacto Regulatório (AIR), que tem a finalidade de

subsidiar a tomada de decisão (INMETRO, 2018c). Se a decisão for pela adoção de uma

medida regulatória, a etapa seguinte é o processo de desenvolvimento da medida.

O desenvolvimento3 de regulamentos e esquemas de avaliação da

conformidade, é conduzido por técnicos do Inmetro/Dconf com o suporte de uma

Comissão Técnica, formada por representantes das partes interessadas, e compreende

a definição de requisitos técnicos e/ou de requisitos de avaliação da conformidade para

cada objeto. A fase de desenvolvimento se encerra com a publicação da medida

regulatória no Diário Oficial da União quando, então, tem início a etapa de

implementação.

A implementação perdura até a entrada em vigor do último prazo de adequação

definido na Portaria que aprova o regulamento/esquema de avaliação da conformidade.

Nessa etapa, são realizadas uma série de atividades, que incluem ações de divulgação,

atendimento à sociedade, monitoramento da acreditação de organismos de avaliação

da conformidade (OAC) e da adesão dos entes regulados, harmonização de práticas de

avaliação da conformidade e acompanhamento do processo de normalização.

Especialmente no caso de medidas regulatórias suportadas por avaliação da

conformidade, as ações desenvolvidas na fase de implementação são importantes para

assegurar a mudança de comportamento dos agentes de mercado antes da entrada em

vigor do regulamento.

Após o vencimento dos prazos de adequação, inicia-se a fase de monitoramento

e controle. Embora o monitoramento e controle sejam processos distintos, foram

agregados aqui em função da ausência de um processo de monitoramento formalmente

instituído. O monitoramento a que nos referimos engloba o recebimento, a análise e o

tratamento de dados relacionados à medida regulatória, sendo realizado de forma

dispersa em vários processos. É realizado, via de regra, de forma reativa, e não visa, de

forma estruturada, a verificar a efetividade da medida regulatória. Os processos de

3 Não abordamos, aqui, a descrição do desenvolvimento de outros tipos de medidas regulatórias, para os quais não há procedimentos formais estabelecidos.

38

investigação de denúncias e de verificação da conformidade (PVC) são exemplos de

monitoramento, respectivamente, reativo (passivo) e ativo.

O controle realizado na Dconf pode ser divido em dois tipos, a saber: os controles

pré-mercado e os controles pós-mercado. Como os nomes sugerem, o primeiro tipo de

controle compreende as atividades de verificação prévia ao fornecimento do produto

ou serviço no mercado, e incluem o registro e a anuência. O segundo tipo de controle é

feito quando os produtos e serviços já estão sendo fornecidos no mercado, e abrangem

a fiscalização “formal” e a fiscalização técnica.

Retornando à etapa de análise do ciclo regulatório(ver Figura 1), temos a

Avaliação de Resultados Regulatórios (ARR), que “visa a avaliar a eficácia, eficiência,

efetividade, pertinência e/ou adequação das medidas regulatórias estabelecidas pelo

Inmetro” (INMETRO, 2018d, p. 5). Esse processo tem por objetivo apresentar, ao

tomador de decisão, possíveis necessidades de complementação, revogação,

aperfeiçoamento, substituição ou continuidade da medida regulatória.

Figura 1. Processo regulatório atual da Dconf.

Fonte: Elaboração própria.

Análise

Desenvolvimento

Implementação

Manutenção/ Controle

Entrada

39

3.2 Características do Modelo Regulatório Atual

3.2.1 Agenda Regulatória formada a partir de demandas externas

Como vimos no capítulo anterior, até 2011, o Inmetro dependia da formalização

do Conmetro sobre as áreas que deveria ou poderia regulamentar (BRASIL, 1999). Assim,

as primeiras medidas regulatórias publicadas pelo Inmetro, ainda na década de 70,

foram determinadas pelo Conselho.

Em 1996, foi criado o Programa de Análise de Produtos (PAP) que, inicialmente,

ensaiava produtos de consumo a partir de reclamações recebidas através do

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). A exigência de avaliação

da conformidade de determinados produtos, como a certificação compulsória para

fósforos de segurança e estabilizadores de tensão e a declaração compulsória da

conformidade do fornecedor de isqueiros, decorreu de análises realizadas no âmbito do

PAP4. Mas, apesar de alguns regulamentos terem sido originados de um monitoramento

interno, não era possível falar, ainda, de uma agenda regulatória, pois o PAP não tinha

esse propósito e a maior parte das demandas por regulamentação continuavam vindo

do Conmetro.

Nos anos 2000, com a criação do Programa Brasileiro de Avaliação da

Conformidade (PBAC), surge a ideia de desenvolver uma agenda de longo prazo para a

atividade de avaliação da conformidade (CONMETRO, 2002a). Assim, em 2004, foi

publicado o primeiro Plano de Ação Quadrienal (PAQ), abrangendo o conjunto de

objetos (produtos, serviços, processos e profissionais) para os quais se estudaria a

criação ou se desenvolveria programas (esquemas) de avaliação da conformidade em

um período de quatro anos (CONMETRO, 2004). Nessa época, o Inmetro ainda não tinha

competência normativa própria e o PAQ manifestava formalmente a delegação do

Conmetro ao Instituto. A carteira de objetos era inicialmente formada pela Dconf a

partir de uma ampla pesquisa junto à sociedade e, posteriormente, discutida,

modificada e aprovada no CBAC e, na sequência, no Conmetro (CONMETRO, 2004). Ou

4 Ver os PAP divulgados em http://www.inmetro.gov.br/consumidor/prodAnalisados.asp: caixas de fósforo, em 03/03/1996; estabilizadores de voltagem, em 13/10/1996; e isqueiros descartáveis a gás, em 14/03/1999.

40

seja, as demandas por regulamentação, associada à avaliação da conformidade, eram

quase que estritamente de origem externa5.

Posteriormente à publicação da Lei nº 12.545/2011, que deu autonomia ao

Inmetro para regulamentar objetos sem a delegação prévia do Conmetro, começou-se

na Dconf um esforço de desvencilhar a agenda de regulador da agenda de

desenvolvedor de esquemas de avaliação da conformidade vinculada ao CBAC. Nesse

sentido, no âmbito da extinta Divisão de Articulação Externa e Desenvolvimento de

Projetos Especiais (Diape), foram criados dois novos processos: o monitoramento de

regulamentadores, com o propósito de identificar temas regulatórios de competência

legal do Inmetro que estariam sendo tratados por reguladores congêneres de outros

países, e o processo de identificação proativa de problemas, que consistia na análise de

bases de dados, como a da Ouvidoria, a fim de identificar, a partir de reclamações dos

consulentes, possíveis temas a serem objeto de análise e regulamentação.

Enquanto o segundo processo não saiu do papel, o monitoramento de

regulamentadores estrangeiros vigorou por certo período. Houve até um momento em

que havia certo equilíbrio entre demandas internas e externas entre os objetos

selecionados para análise, o que se reflete na Agenda Regulatória 2017-20186, na qual

40% dos objetos selecionados para AID e AIR são de origem interna. No entanto, se

observarmos os nove itens que estão com estudo em andamento, veremos que somente

um – filtro de linha – é de origem interna. Isso decorre do fato de os processos que

originam demandas internas por regulação terem sido descontinuados.

Na prática, a atual Divisão de Qualidade Regulatória (Diqre) se dedica apenas aos

processos de AID e AIR para novas demandas regulatórias, não mais fazendo o

monitoramento de reguladores estrangeiros, tampouco o mapeamento de bases de

dados. E o PAP, que contribuía para a identificação interna de novas demandas

regulatórias, não teve nenhuma análise divulgada no ano de 2018. Dessa forma,

5 Alguns objetos atualmente regulamentados foram inseridos no PAQ a partir de análises do PAP, ou seja, a regulamentação decorre de um monitoramento interno. São alguns exemplos: reator eletromagnético, cadeiras infantis para automóvel (dispositivo de retenção infantil), escadas domésticas metálicas, colchão de espumas. Essas informações estão disponíveis em http://www.inmetro.gov.br/consumidor/prodAnalisados.asp.

6 A Agenda Regulatória 2017-2018, atualizada em 01/04/2019, está disponível em http://www.inmetro.gov.br/qualidade/agenda-regulatoria-inmetro.asp.

41

mantidos os processos como estão atualmente, a tendência é que as próximas

atualizações da Agenda Regulatória representem apenas demandas de origem externa.

Consequentemente, o estoque regulatório que, atualmente é majoritariamente

composto por regulamentos e programas de avaliação da conformidade derivados de

demandas externas, seguirá mantendo esse perfil.

3.2.2 Regulamentos específicos (por objeto) e prescritivos

Toda a fase de prescrição de mudança de comportamento, desde o processo de

análise até o processo de desenvolvimento da medida regulatória (design), é

estruturada para tratar produto a produto. Se analisarmos os itens da Agenda

Regulatória 2017-2018 para estudo pela Dconf, encontraremos não somente objetos

específicos, mas também situações específicas de uso desses objetos. Por exemplo:

luminárias LED para uso interno (por que não incluir as de uso externo?), fabricação de

veículos acessíveis de categorias M2 e M3 para transporte escolar em áreas urbanas (e

os outros tipos de categorias de veículos acessíveis, outras finalidades de transporte e

outros tipos de áreas de circulação?).

Como consequência de demandas específicas e de análises individuais para

objetos específicos, o estoque regulatório da Dconf é formado essencialmente por

regulamentos e esquemas de avaliação da conformidade específicos para cada objeto.

Além disso, podemos dizer que esses regulamentos e esquemas específicos são

prescritivos. O que caracterizamos aqui como prescrição é, primeiramente, a definição,

no regulamento (ou no esquema de avaliação da conformidade) de um conjunto

extenso de requisitos que devem ser atendidos pelo objeto (em geral, todos ou quase

todos os requisitos da(s) norma(s) técnica(s) de referência, e não somente àqueles

relacionados ao problema que se quer mitigar).

A prescrição também reside na definição das características que o objeto deve

possuir ou da forma que o fornecedor deve agir para que o objeto regulamentado

atenda aos requisitos especificados. Assim, é comum que os regulamentos e esquemas

de avaliação da conformidade estabelecidos pelo Inmetro definam características de

projeto, especificação de matéria-prima, métodos de produção e de controle do

processo produtivo, entre outros.

42

3.2.3 Objetos “regulados” e “não regulados” dentro do escopo regulatório

O corolário da regulamentação específica por objetos é a coexistência de objetos

“regulados” e “não regulados” na esfera de competência regulatória do Inmetro. São

considerados regulados aqueles objetos para os quais foram estabelecidos

regulamentos técnicos ou esquemas de avaliação da conformidade e sobre os quais o

Inmetro pode aplicar alguma ação de enforcement para sanar um problema regulatório

identificado e/ou coibir uma prática indesejável pelo ente regulado. Para os demais

objetos, ainda que se identifique um problema regulatório e se constate a competência

legal do Instituto para agir em prol da solução do problema, o Inmetro não pode efetuar

nenhuma ação de enforcement (aplicação de multa ao fornecedor, apreensão do

produto, etc.) em face da inexistência de regulamento ou esquema de avaliação da

conformidade específico para o objeto em questão.

Portanto, sempre que um problema regulatório novo é constatado, o Inmetro

não dispõe de formas para induzir a mudança de comportamento dos agentes de

mercado para sanar o problema. Antes, é preciso prescrever a regra específica,

regulamentando o objeto para, então, poder aplicar uma ação de controle. Como

veremos no diagnóstico, esse processo pode levar muitos anos.

3.2.4 Esquemas próprios de avaliação da conformidade, com gestão centralizada e

preponderância do uso da certificação

O estoque regulatório do Inmetro é composto atualmente por 196 medidas

regulatórias, sendo 156 de caráter compulsório e 40 de aplicação voluntária (vide

Anexo 1). Das medidas do estoque, 183 são esquemas de avaliação da conformidade de

propriedade do Instituto, sendo que aproximadamente 57% desse total (111 PAC)

referem-se a objetos e aspectos de sua competência regulatória. Os 43% restantes

seriam relativos a objetos e aspectos de competência legal de outros regulamentadores.

Esses dados foram extraídos do sítio do Inmetro e carecem de análise mais detalhada

sobre a real competência regulatória7. Neste tópico, nos restringiremos a analisar os 111

PAC em que o Inmetro figura como regulamentador.

7 Informação obtida a partir da coluna “órgão regulamentador” das tabelas disponíveis no sítio do Inmetro, no endereço informado na nota de rodapé anterior.

43

A maior parte dos esquemas de avaliação da conformidade de competência legal

do Inmetro (86, o que representa 77% do total) adota a certificação como mecanismo

de atestação. A declaração da conformidade do fornecedor (DF) é usada em 24

esquemas (cerca de 22% do total) e apenas um esquema de avaliação da conformidade

(eficiência energética de edificações) se baseia na inspeção. As razões para a

predominância do uso da certificação são históricas, conforme abordamos no capítulo

anterior.

Os esquemas de avaliação da conformidade estabelecidos pelo Inmetro

apresentam governança semelhante, com pequenas diferenças em função do

mecanismo de atestação da conformidade (certificação, DF ou inspeção) utilizado. No

Quadro 2 e no Quadro 3 a seguir, destacamos, para os dois principais mecanismos de

atestação empregados nos esquemas estabelecidos pelo Inmetro/Dconf (certificação e

DF), os atores e suas principais responsabilidades.

Quadro 2. Estrutura administrativa dos esquemas de certificação do Inmetro.

Fonte: Elaboração própria.

44

Quadro 3. Estrutura administrativa dos esquemas de DF do Inmetro.

Fonte: Elaboração própria.

Comparando os dois quadros anteriores, percebemos em ambos os tipos de

esquemas – certificação ou DF – atores em comum com responsabilidades em comum.

É o caso do Inmetro/Dconf (proprietário e administrador dos esquemas), do

Inmetro/Cgcre (acreditador oficial brasileiro) e da Comissão Técnica (grupo formado por

entidades representativas das partes interessadas, que atuam conforme as regras

estabelecidas na Portaria Inmetro nº 76/2011). O fornecedor é outro ator comum aos

dois tipos de esquemas, mas que apresenta diferentes responsabilidades, visto que na

DF ele também é o responsável pela avaliação e atestação da conformidade. Cabe

destacar que embora o fornecedor, na DF, possa utilizar laboratórios e outros OAC para

realizar atividades de avaliação da conformidade (ensaio, auditoria, inspeção), ele não

transfere a responsabilidade de avaliação e atestação para os organismos contratados.

No caso da certificação, a responsabilidade pela avaliação e pela certificação é

do organismo de certificação, embora o fornecedor permaneça responsável por garantir

a conformidade do objeto de avaliação da conformidade. Os organismos de certificação

têm papel relevante nos esquemas de certificação, pois são eles que operam o esquema

e, nos casos em que o registro de objeto não é exigido, autorizam o uso do Selo de

Identificação da Conformidade.

45

Ainda com relação aos atores, salientamos o papel dos órgãos delegados da Rede

Brasileira de Metrologia e Qualidade do Inmetro (RBMLQ-I) que, no caso específico da

declaração do fornecedor de serviços, atuam como organismo de avaliação da

conformidade de terceira parte, em nome do Inmetro, verificando se o fornecedor

possui, de fato, capacidade para fornecer o serviço. Embora estejamos falando de um

esquema de atestação de primeira parte, a simples declaração do fornecedor não é

suficiente sem o aval do agente da RBMLQ-I e, em última instância, do Inmetro.

No que se refere às responsabilidades, percebemos, no arranjo administrativo

atual dos programas, uma alta concentração de responsabilidades para o Inmetro. Em

primeiro lugar, o Instituto exerce o papel de proprietário dos esquemas, o que implica

no dever de assumir total responsabilidade pelos seus objetivos, conteúdo e

integridade, conforme recomenda a norma ABNT NBR ISO/IEC 17067:2015. Além disso,

a Dconf é também responsável por escrever as regras de avaliação da conformidade,

bem como ajustá-las ou revisá-las sempre que necessário, o que faz com o suporte das

Comissões Técnicas. Adicionalmente, como administradora dos esquemas, desempenha

uma série de atividades, que englobam ações de divulgação, monitoramento da

acreditação dos OAC, fornecimento de orientações e esclarecimento de dúvidas às

partes interessadas, harmonização da operação dos OAC, acompanhamento do

processo de normalização, entre outras. Por fim, cabe ainda ao Inmetro a análise

periódica dos PAC.

3.2.5 Ações de controle focadas no cumprimento dos procedimentos de avaliação da

conformidade

Quanto às ações de controle, verifica-se a predominância de instrumentos

voltados para induzir o cumprimento dos procedimentos de avaliação da conformidade.

Entre essas ações, destacam-se a anuência e o registro como ferramentas de controle

pré-mercado, e o PVC e a fiscalização “formal” como instrumentos de controle pós-

mercado. Há ainda, no aspecto de controle pós-mercado, a previsão de realização da

chamada fiscalização técnica, idealizada com o propósito de avaliar os aspectos

intrínsecos de objetos regulamentados, fugindo à regra da mera verificação da presença

do Selo de Identificação da Conformidade e de marcações obrigatórias. No entanto,

46

como essa atividade praticamente não é exercida, não cabe incluí-la como parte

constitutiva do modelo atual.

O Registro de Objeto (registro) é o “ato pelo qual o Inmetro, na forma da lei,

autoriza, condicionado à existência de Atestado da Conformidade, a utilização do Selo

de Identificação da Conformidade e a comercialização do objeto” (INMETRO, 2016, p.2).

Na aplicação da Lei nº 9.933/1999, alterada pela Lei nº 12.545/2011, o registro somente

é exigido para objetos sujeitos à avaliação da conformidade compulsória. No processo

de concessão, manutenção e renovação do registro, impõe-se ao solicitante do registro

a necessidade de apresentação de um atestado de conformidade, seja na forma de um

certificado ou de uma declaração.

A anuência é a “autorização de uma Licença de Importação expedida pelo órgão

governamental encarregado de efetuar determinado controle prévio ao desembaraço

aduaneiro da mercadoria” (INMETRO, 2015a, p.8). A lei não condiciona a anuência à

avaliação da conformidade, mas, na prática, o Inmetro somente anui produtos sujeitos

à avaliação da conformidade compulsória, seja na forma de certificação ou de DF. Para

os casos em que há regulamento específico que determine o registro do produto, a

anuência é condicionada ao registro prévio; nos casos em que o regulamento específico

do objeto não exige o registro8, a anuência é feita com base na existência de um

atestado de conformidade.

A fiscalização “formal” compreende, de maneira geral, as dezenas de milhares

de visitas anuais realizadas por fiscais da RBMLQ-I em estabelecimentos comerciais, a

fim de verificar quase que exclusivamente a presença do Selo de Identificação da

Conformidade (“Selo do Inmetro”) e a existência de marcações obrigatórias no produto.

Adotamos o termo “formal” simplesmente para diferenciar esse tipo de fiscalização (que

se concentra na forma, na aparência exterior do objeto) da fiscalização técnica,

mencionada em parágrafo anterior deste tópico. O termo oficial, que consta no

Vocabulário Inmetro de Avaliação da Conformidade, é fiscalização (INMETRO, 2015a, p.

11).

8 Ainda há regulamentos, expedidos previamente à instituição legal do Registro de Objeto, que não exigem esse tipo de controle pré-mercado.

47

O PVC consiste em “verificar no mercado a permanência da conformidade de

um produto aos requisitos técnicos especificados” (INMETRO, 2015a, p.16). Trata-se,

portanto, mais de uma atividade de monitoramento do que controle, ainda que possa

acarretar sanções administrativas quando constatada uma não conformidade

(irregularidade em relação ao requisito técnico). Afirma-se isso porque seu enfoque

primário é verificar se o produto que ostenta o Selo de Identificação da Conformidade,

cuja conformidade foi atestada a partir de um processo de certificação ou declaração da

conformidade do fornecedor, segue, após sua introdução no mercado, atendendo aos

requisitos especificados.

Nota-se, assim, que o foco de todas essas atividades é induzir o cumprimento

dos procedimentos de avaliação da conformidade, ou seja, a atestação da conformidade

dos objetos regulamentados e, não necessariamente, a mudança de comportamento do

ente regulado para a mitigação de um problema regulatório. É claro que, na medida em

que os requisitos especificados tenham relação com o problema regulatório, o

cumprimento dos procedimentos de avaliação da conformidade pode, potencialmente,

evitar a sua ocorrência (do problema). A grande questão é que as ações de controle

enfocam muito mais o meio do que os fins.

3.3 Síntese do Modelo Regulatório Atual da Dconf

Neste último tópico, apresentamos, na forma esquemática da

Figura 2, as principais características do modelo regulatório atual da Dconf,

abordadas no item 3.2, enquadrando-as nas principais fases da regulação, referenciadas

na introdução deste capítulo, quais sejam, a prescrição da mudança de comportamento

desejada e a indução dessa mudança.

48

Figura 2. Características do atual modelo regulatório do Inmetro/Dconf

Fonte: Elaboração própria.

A Agenda Regulatória é formada na fase de Análise, etapa inicial da prescrição

da mudança de comportamento desejada, e, como vimos, essa fase atualmente se

restringe à avaliação de demandas externas por medidas regulatórias. A prescrição da

mudança de comportamento também inclui a definição das regras em si, ou seja, o

design (desenho) das medidas regulatórias. São características dessa fase os

regulamentos específicos (por objeto) e prescritivos, a coexistência de objetos

“regulados” e “não regulados” no escopo regulatório, o estabelecimento de medidas

regulatórias baseadas em avaliação da conformidade com predomínio do mecanismo

da certificação e, também, a gestão centralizada dos esquemas próprios de avaliação da

conformidade.

As ações de controle pré e pós-mercado focadas no cumprimento dos

procedimentos de avaliação da conformidade caracterizam a fase de indução da

mudança de comportamento desejada, também chamada por nós de delivery.

49

4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico apresentado neste capítulo consiste na avaliação do modelo

regulatório atual, que objetiva responder a seguinte pergunta: Em que medida o

Inmetro vem cumprindo satisfatoriamente os seus objetivos institucionais

estabelecidos pelo ordenamento jurídico no que a lei denomina como “áreas de

avaliação da conformidade”? A relevância dessa questão é óbvia, pois se a resposta

indicar elevado nível de cumprimento dos objetivos, não haveria, a princípio,

necessidade de mudança do modelo, exceto por uma insatisfação com o contexto atual.

Antes de avançar com a avaliação propriamente dita, primeiramente definimos,

no item 4.1, quais são os objetivos institucionais nas “áreas de avaliação da

conformidade”. Em seguida, no item 4.2, avaliamos a performance do modelo

regulatório atual através de alguns indicadores, que servem de base para estimar a

efetividade do modelo vigente para o alcance dos objetivos institucionais. A avaliação

também inclui considerações sobre a eficiência do modelo corrente em termos de

operação e de alocação de recursos, bem como sobre algumas características próprias

do modelo que apontam para a sua exaustão. Nessa análise, mostramos o descompasso,

ao longo dos anos, entre as necessidades de recursos requeridos pelo modelo

regulatório e o volume de recursos destinados à sua operação e manutenção.

Ao final, no item 4.3, fazemos uma breve conclusão, em que apresentamos um

resumo dos principais resultados do diagnóstico e quando fazemos a associação entre a

baixa performance do modelo regulatório atual e suas características principais.

4.1 Definição dos objetivos finalísticos

As competências do Inmetro estão definidas no Art. 3º da Lei nº 9.933/1999, que

foi derrogado pela Lei nº 12.545/2011. A partir da sua publicação, o inciso IV do referido

artigo, que define o escopo de competência legal do Inmetro no exercício do poder de

polícia administrativa “nas áreas de avaliação da conformidade”, passou a ter a seguinte

redação:

Art. 3º O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

(Inmetro), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Exterior, criado pela Lei nº 5.966, de 1973, é competente para:

50

(...)

IV - exercer poder de polícia administrativa, expedindo regulamentos

técnicos nas áreas de avaliação da conformidade de produtos, insumos

e serviços, desde que não constituam objeto da competência de

outros órgãos ou entidades da administração pública federal,

abrangendo os seguintes aspectos:

a) segurança;

b) proteção da vida e da saúde humana, animal e vegetal;

c) proteção do meio ambiente; e

d) prevenção de práticas enganosas de comércio; (BRASIL, 1999, grifo nosso).

Primeiramente, é preciso observar que o inciso não fala explicitamente em

objetivos. Ele define o meio (“regulamentos técnicos”), os objetos a serem

regulamentados (“produtos, insumos e serviços”) e a delimitação do escopo de

competência (“que não constituam objeto da competência de outros órgãos ou

entidades da administração pública federal”). Ou seja, a competência legal é residual (e

em alguns casos suplementar, complementando à ação de outros órgãos) e circunscrita

a alguns aspectos (“segurança, proteção da vida e da saúde humana, animal e vegetal,

proteção do meio ambiente e prevenção de práticas enganosas de comércio”).

Ainda que os objetivos não estejam explícitos na lei, é possível deduzi-los a partir

desse conjunto de aspectos que abrangem a competência legal do Instituto.

Interpretamos que os objetivos institucionais do Inmetro “nas áreas de avaliação da

conformidade” estariam ligados à promoção da segurança, à proteção da vida

(humana, animal e vegetal), à proteção do meio ambiente e à prevenção de práticas

enganosas de comércio.

Orientações para a delimitação da competência legal residual do Inmetro são

fornecidas no DOQ-Dconf-013 (INMETRO, 2018a) e, por essa razão, optamos por não

discorrer sobre esse assunto neste estudo. Cabe, no entanto, tecer algumas

considerações sobre os possíveis significados do termo “nas áreas de avaliação da

conformidade”. Uma vez que a avaliação da conformidade não constitui área de

atuação, e sim, ferramenta ou meio para alcance de objetivos, indaga-se sobre a

intenção do legislador com o uso do termo na lei.

A confusão terminológica suscita o debate sobre a avaliação da conformidade,

que poderia constituir o objetivo-fim ou a atividade-meio exclusiva, neste caso, sempre

51

vinculada à regulamentação técnica. A interpretação de avaliação da conformidade

como objetivo-fim nos parece equivocada, vide que a própria Organização Internacional

para Normalização (ISO) esclarece que ela pode ser usada pelos reguladores para auxiliá-

los na consecução dos objetivos de suas políticas públicas, sendo uma ferramenta

regulatória, como destacamos no trecho a seguir:

Conformity assessment can be used by regulators to help them implement

public policy objectives. It can be used as a regulatory tool to confirm

compliance and take corrective actions. When designed and used

appropriately, mandatory conformity assessment requirements can enable

efficient market operation and access, and protect health, safety and the

environment. (ISO, 2019, p.5, grifo nosso)

Portanto, a avaliação da conformidade funciona como uma ferramenta, ou seja,

um meio de demonstração de que um objeto apresenta determinadas características. O

efeito dela é a redução da assimetria de informação relativa às características avaliadas.

Na ausência da assimetria de informação, ela não produz o efeito esperado e, portanto,

é dispensável.

No que se refere à avaliação da conformidade como atividade-meio exclusiva,

embora seja uma interpretação possível da lei, é algo que também descartamos, tendo

em vista que o Inmetro já publicou regulamentos técnicos sem uso da avaliação da

conformidade. Atualmente, dos 196 itens que compõem o estoque regulatório do

Inmetro/Dconf, 13 são regulamentos técnicos9 sem mecanismo de avaliação da

conformidade associado.

Seja qual for a intepretação correta do termo “nas áreas de avaliação da

conformidade” do Art. 3º da Lei 9.933/1999, o fato é que o Inmetro desenvolveu ao

longo do tempo um grande número de programas (esquemas) de avaliação da

conformidade, dentro e fora do seu escopo legal, como já mencionamos anteriormente.

O uso da ferramenta de avaliação da conformidade para objetos e aspectos da

9 Na realidade, 12 regulamentos foram instituídos pelo Inmetro através de Portaria. O 13º, conforme o disposto no sítio do Inmetro, refere-se ao Decreto nº 9.315, de 20 de março de 2018, publicado pela Casa Civil da Presidência da República, que atribui ao Inmetro o exercício de poder de polícia administrativa na fabricação, na importação e na comercialização de tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, vernizes e materiais similares para revestimento de superfícies, quanto ao limite máximo de chumbo permitido.

52

competência legal do Inmetro parece ter se dado muito mais por razões históricas (ver

capítulo 2) e por uma opção de controle pré-mercado do que por uma imposição legal.

Quanto ao elevado número de esquemas de avaliação da conformidade

estabelecidos para outros regulamentadores, estimado em 74 do total de 183

programas de sua propriedade, podemos inferir que isso se deve à competência do

Inmetro para “executar, coordenar e supervisionar as atividades de avaliação da

conformidade compulsória (...) exercidas por competência que lhe seja delegada”

(BRASIL, 1999), ainda que, na prática, essa delegação não tenha sido feita na forma

como dispõe a lei (REIS; MONTEIRO, 2015). Soma-se à essa competência a atribuição

dada ao Inmetro pelo Conmetro de coordenar a implantação de programas de avaliação

da conformidade no âmbito do SBAC (CONMETRO, 2002b), que muitas vezes é

entendida pelos atores do Sistema como exercer a propriedade, definir as regras,

administrar e avaliar periodicamente os esquemas.

Diante do exposto, concluímos pela existência de dois objetivos-fins relacionados

à atuação do Inmetro nas “áreas de avaliação da conformidade”, que são apresentados

no

Quadro 1. O primeiro diz respeito à promoção da segurança, à proteção da vida

(humana, animal e vegetal) e do meio ambiente e à prevenção de práticas enganosas de

comércio no âmbito de sua competência legal. O segundo estaria relacionado à

execução, coordenação e supervisão das atividades de avaliação da conformidade

compulsória para outros regulamentadores.

Quadro 4. Objetivos do Inmetro nas “áreas de avaliação da conformidade”

Objetivo-fim 1: Promover a segurança, a proteção à vida (humana, animal e vegetal), do meio-ambiente e a prevenção de práticas enganosas de comércio na sua área de competência legal Meio: Regulação

Objetivo-fim 2: Executar, coordenar e supervisionar as atividades de avaliação da conformidade Meio: Esquemas da avaliação da conformidade

Fonte: Elaboração própria.

Embora o termo regulamento técnico seja o “meio” destacado no Art. 3º para o

objetivo-fim 1, utilizamos o termo regulação para englobar outros “meios” possíveis de

53

implementação pelo Inmetro para o alcance dos objetivos. A regulação engloba um

conjunto de “meios” pelos quais o Estado pode influir no comportamento de agentes

privados para atingir determinados fins. Esse conjunto de “meios” inclui também ações

de controle de mercado e medidas alternativas à regulamentação tradicional como, por

exemplo, campanhas educativas.

Ainda que reconheçamos, tanto pelo aspecto legal quanto pelo aspecto

histórico, a legitimidade de ambos os papéis do Inmetro – o de regulador e o de

“provedor” / coordenador de esquemas de avaliação da conformidade, daremos foco,

na avaliação, à verificação do cumprimento dos objetivos regulatórios. Essa escolha

parte da percepção de que esse é o papel mais relevante, no sentido dos resultados

(positivos ou negativos) que o exercício da atividade proporciona à sociedade, e

também, do fato de que há um projeto em execução para o repensar do segundo papel

(projeto scheme support).

4.2 Avaliação da performance do modelo regulatório atual

Em um trabalho publicado no ano de 2012, a Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) elenca quatro indicadores para medir a

performance regulatória: a efetividade, o custo-efetividade, a eficiência e a equidade. A

efetividade está relacionada ao alcance do objetivo regulatório, ou seja, à mudança da

situação que motivou primariamente a ação regulatória. O custo-efetividade e a

eficiência medem a relação custo-benefício da ação regulatória, com a diferença de que

o segundo monetiza os valores dos benefícios associados à mudança provocada pela

regulação. O quarto indicador, a equidade, preocupa-se com os efeitos distributivos da

ação, ou seja, se para o alcance dos objetivos alguns agentes regulados estão sendo

sobrecarregados em relação a outros agentes. (OECD, 2012)

Dos quatro indicadores mencionados, optamos por utilizar a efetividade e o

custo-efetividade para a avaliação da performance do modelo regulatório atual. O

indicador efetividade busca responder a seguinte pergunta: 1) Qual é o desempenho do

modelo regulatório atual no tocante ao alcance dos objetivos institucionais de

promoção da segurança, de proteção da saúde (humana, animal e vegetal) e do meio

ambiente, e de prevenção de práticas enganosas de comércio? O custo-efetividade

54

complementa o indicador anterior, no sentido de responder à seguinte pergunta:

2) O quanto o modelo regulatório atual despende de recursos na obtenção de seus

resultados?

Poderíamos, em tese, medir o desempenho do modelo em relação ao alcance

dos objetivos institucionais (efetividade) a partir da relação entre o número de

problemas regulatórios resolvidos e o número total de problemas regulatórios dentro

do escopo de competência regulatória do Inmetro/Dconf. O termo “problema

regulatório” é definido no Guia Orientativo para Elaboração de Análise de Impacto

Regulatório como “aquele que resulta em distorções no funcionamento do mercado ou

em limitação no alcance de objetivo público específico, demandando a tomada de

decisão pelo (...) órgão regulador” (CASA CIVIL, 2018, p. 95). No caso do Inmetro,

estamos falando em problemas relacionados à segurança, à proteção da vida (humana,

animal e vegetal), à proteção do meio ambiente e à prevenção de práticas enganosas de

comércio, dentro da sua esfera de competência legal.

Afirmar que determinada situação constitui um problema regulatório guarda

algum nível de subjetividade, evidentemente. Não obstante, em termos práticos, isso

poderia ser avaliado se o Inmetro dispusesse de um sistema de monitoramento de

problemas para todo o seu escopo de atuação (isto é, para todos os produtos, insumos

e serviços da sua área de competência regulatória), a partir do qual fosse possível

mensurar o quantitativo de problemas tratados e solucionados pelo Instituto. O Sistema

Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (SINMAC) é o sistema de que

dispomos atualmente para monitorar os casos de danos ao consumidor causados por

produtos e serviços. No entanto, como apresentamos a seguir, o conjunto de dados

desse sistema está muito aquém do desejável para servir ao propósito de

monitoramento de problemas regulatórios.

Em 2017, o SINMAC recebeu um total de 308 relatos, oriundos majoritariamente

da Ouvidoria do Inmetro (52% dos relatos) e do link disponível no sítio do Inmetro (39%

dos relatos)10. O número de relatos registrados no sistema do Inmetro é muito inferior

10 Esses dados constam no relatório disponibilizado na página do SINMAC no sítio do Inmetro, disponível no endereço eletrônico http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/sinmac-2018.pdf, acesso em 11 de abril de 2019.

55

aos dados de sistemas de monitoramento usados em sistemas regulatórios de outros

países com escopo semelhante ao do Inmetro. Por exemplo, no Canadá, o Programa de

Segurança de Produtos de Consumo da Health Canada recebeu em 2017 o quantitativo

de 2.395 relatos referentes a produtos de consumo11. No mesmo ano, o Sistema de

Alerta Rápido (Rapex) da União Europeia obteve 2.201 alertas sobre produtos (não

alimentares) perigosos12. No Canadá, a Comissão Australiana da Concorrência e do

Consumidor (ACCC) recebe, em média, 10.600 relatos anuais sobre segurança de

produtos13. Isso sem falar no sistema de vigilância da Comissão de Segurança de

Produtos de Consumo (CPSC) dos EUA, o National Electronic Injury Surveillance System

(NEISS)14, cujo volume de dados é muito superior ao de todos esses países.

Os dados comparativos poderiam até suscitar a hipótese de que os produtos

comercializados no Brasil são mais seguros do que os vendidos nos locais de comparação

e, por isso, o menor número de casos relatados. No entanto, se compararmos as

categorias de produtos que mais suscitaram registros/alertas no Canadá e no Reino

Unido com os tipos de produtos com maior percentual de acidentes de consumo

registrados no SINMAC, perceberemos correlações. Por exemplo, entre os dez produtos

com maior número de relatos no Canadá estão os fogões e fornos elétricos e as panelas

de pressão; no Brasil, o fogão foi o produto que mais causou acidentes de consumo em

2017 (15% dos registros) e as panelas também figuram na lista, com 6% dos registros.

Na União Europeia, os brinquedos aparecem no topo da lista de alertas, figurando

também na lista do SINMAC com 6% do total de acidentes de consumo.

A comparação feita nos leva a conclusão de que o nosso sistema atual de

monitoramento é ainda insuficiente para o fim a que se propõe, sendo pouco utilizado

pela sociedade brasileira. Perto do “Reclame Aqui”, plataforma que congrega um

11https://www.canada.ca/en/health-canada/services/publications/product-safety/consumer-product-safety-surveillance-report/2017.html.

12https://ec.europa.eu/consumers/consumers_safety/safety_products/rapex/alerts/repository/content/pages/rapex/reports/docs/Rapex_annual_Report_2017.pdf.

13 Dado divulgado pelo presidente da ACCC, Rod Sims, no Congresso Nacional do Consumidor realizado em 2018. Disponível em https://www.accc.gov.au/speech/2018-product-safety-and-consumer-protection-priorities, acesso em 11 de abril de 2019.

14 O NEISS pode ser acessado no endereço eletrônico https://www.cpsc.gov/Research--Statistics/NEISS-Injury-Data.

56

conjunto de dados de reclamações de consumidores no Brasil, e que possui 15 milhões

de consumidores cadastrados e 42 milhões de visualizações por mês15, o SINMAC ainda

tem muito para evoluir. Assim, considerando a precariedade dos dados do nosso sistema

para fins de monitoramento de problemas regulatórios, não conseguimos mensurar o

indicador de efetividade do modelo regulatório e, consequentemente, tampouco o

indicador de custo-efetividade.

Na impossibilidade de mensurar o indicador de efetividade, pensamos em outros

parâmetros que poderiam ser utilizados para, indiretamente, avaliar a performance do

modelo regulatório atual do Inmetro/Dconf. Elencamos, assim, três parâmetros – a

focalização, a cobertura e o compliance (conformidade), que detalharemos no subitem

4.2.1. De forma semelhante, ao invés de medir o custo-efetividade, buscaremos

mensurar a eficiência do modelo através da sua eficiência operacional e da eficiência na

alocação de recursos. Trataremos desses aspectos no subitem 4.2.2. Análises

complementares são feitas nos tópicos 4.2.3 a 4.2.5.

4.2.1 Avaliação da efetividade regulatória: focalização, cobertura e compliance

4.2.1.1 Focalização

Na avaliação de políticas públicas, o termo focalização é utilizado para avaliar o

quantitativo de beneficiários de uma determinada política pública ou programa que

representa, de fato, o público-alvo da medida (ANUATTI-NETO, FERNANDES e PAZELLO;

2001). Neste trabalho, usaremos o parâmetro focalização para avaliar o quanto as ações

regulatórias do Inmetro/Dconf estão orientadas para a solução de problemas

regulatórios concretos. Iniciamos a nossa avaliação, buscando responder a seguinte

pergunta: Qual percentual dos regulamentos e programas de avaliação da

conformidade foram criados em função da identificação de problemas regulatórios

concretos?

Primeiramente, resgatamos aqui o número de medidas que compõem o estoque

regulatório da Dconf. Como mostra o ANEXO 1. ESTOQUE REGULATÓRIO DO

INMETRO/DCONF, nosso ambiente normativo é formado por um total de 196 medidas

15 https://www.reclameaqui.com.br/institucional/.

57

regulatórias, sendo 183 esquemas de avaliação da conformidade, 12 regulamentos

técnicos publicados pelo Inmetro e um decreto publicado pela Casa Civil da Presidência

da República. Dos 183 programas de avaliação da conformidade (PAC), 72 seriam

relativos a objetos/temas de competência legal de outros regulamentadores. Ou seja, a

princípio, 63% do estoque regulatório seria da competência legal do Inmetro, enquanto

37% refere-se a medidas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do

Conselho Nacional de Trânsito (Contran), do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(Conama), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outros.

Esses dados iniciais respondem, em parte, a pergunta inicial. Vemos que 37% do

estoque regulatório corresponde a esquemas de avaliação da conformidade motivados

não pela existência de problemas regulatórios da competência legal do Inmetro, mas

sim, pela solicitação de outros regulamentadores federais. A partir dos dados

apresentados, percebemos o quanto o foco de atuação regulatória da Dconf acaba

sendo desviado para o exercício do papel de “provedor” de esquemas de avaliação da

conformidade no âmbito do SBAC. Este é, pois, o primeiro fator que contribui

negativamente para o parâmetro focalização.

E o que podemos dizer dos regulamentos e PAC concernentes a objetos e

aspectos de competência legal do Inmetro? Teriam eles sido motivados pela existência

de problemas regulatórios? A resposta a esta pergunta depende de uma avaliação caso

a caso, sendo objeto da Avaliação de Problema, que constitui um dos tipos possíveis de

avaliação no atual processo de Avaliação de Resultados Regulatórios (ARR) do Inmetro.

Esse processo foi formalizado em dezembro de 2018, através da publicação da NIT-

Diqre-003 (INMETRO, 2018d), de modo que somente uma nota técnica preliminar foi

finalizada até o momento. A ARR para Rodas Automotivas16 concluiu que havia um

problema que justificou a ação regulatória do Inmetro para o objeto em questão. No

entanto, não é possível extrapolar os resultados de um estudo para os demais 123 itens

do estoque regulatório que seriam de competência legal do Inmetro.

16 A Nota Técnica nº 07/2019/Diqre-Dconf-Inmetro, referente à ARR Preliminar para Rodas Automotivas, está disponível no processo SEI nº 0052600.003226/2019-15, bem como no sítio do Inmetro, na página de tomada de subsídios http://www.inmetro.gov.br/qualidade/subsidio.asp.

58

O processo de ARR substituiu o extinto processo de Análise Crítica de Programas

de Avaliação da Conformidade, que destinava-se a “verificar de modo sistemático se os

problemas apontados pelo demandante, quando da apresentação da demanda, foram

solucionados ou minimizados com o PAC” (INMETRO, 2014b). As notas técnicas desse

processo que tivemos acesso para análise são de 2015 e 2016. São ao todo sete estudos

realizados no período, para objetos ou aspectos de competência legal do Inmetro, que

apresentam alguma conclusão relativa à existência de um problema regulatório que

motivou a criação do PAC. Considerando as 124 medidas em vigor que seriam de

competência legal do Inmetro, os estudos realizados representam pouco mais de 5% do

estoque regulatório atual e, como não há aleatoriedade na seleção dos objetos

estudados, não é possível afirmar que as conclusões dos estudos são representativas do

estoque.

De toda forma, chama a atenção o fato de que apenas um dos sete estudos

concluiu que havia de fato um problema regulatório que motivou a criação da medida,

conforme apresentamos no Quadro 5. É o caso do PAC para estabilizadores de tensão

monofásicos, cuja origem foi a identificação de problemas no PAP realizado em 1996,

que constatou mau desempenho do produto em relação aos requisitos de segurança

estabelecidos em norma técnica. Para os demais PAC, as análises, realizadas com base

documental ou em dados do PAP, não concluíram pela existência de problemas

regulatórios.

Quadro 5. Notas Técnicas de ARR de 2015 a 2016.

Objeto Nota Técnica nº Identificado problema?

Base de dados

Adaptadores de plugues e tomadas

Dconf/Diape/047/2015 Não Diversos

Artigos Escolares Dconf/Diape/015/2016 Não PAP

Capacete de Motociclistas Dconf/Diape/032/2016 Não Documental

Estabilizador de Tensão Dconf/Diape/004/2016 Sim PAP

Extintores de Incêndio Dconf/Diape/014/2016 Não Documental

Plugues e Tomadas Dconf/Diape/047/2015 Não Diversos

Recipiente Transportável para Gás Liquefeito de Petróleo

Dconf/Diape/039/2015 Não Documental

Fonte: Base de dados da extinta Diape (U:\PROCESSOS_OPERACIONAIS_2014_2016).

59

Cabe ressaltar que alguns dos programas avaliados são bastante antigos, das

décadas de 80 e 90, quando nem sequer os processos de identificação de demandas por

PAC ou de identificação de problemas regulatórios haviam sido implementados. Em

geral, esses programas eram criados pelo entendimento de que o atendimento aos

requisitos da norma técnica era necessário. Como exemplo, citamos a Portaria Inmetro

nº 9, de 19 de janeiro de 1994, que instituiu a certificação compulsória de extintores de

incêndio, e que apresentava as seguintes motivações para a certificação do produto:

Considerando a existência de Normas Brasileiras que definem as

condições exigíveis à fabricação, inspeção, manutenção e/ou recarga de

extintores de incêndio;

Considerando a existência de Laboratório Credenciado pelo INMETRO

para realização dos ensaios previstos nas NBR’s ou o acompanhamento

destes por técnicos designados pelo INMETRO ou Organismo de

Certificação Credenciado (OCC), em empresas fabricantes e de

manutenção de extintores de incêndio, resolve:

Art. 1° Tornar obrigatória a certificação de extintores de incêndio com

capacidade de agente extintor mínima de 1 kg e máxima de 100 kg ou 150

L. (INMETRO, 1994, p.1)

A identificação de problemas regulatórios para justificar a criação de medidas

regulatórias pelo Inmetro/Dconf data de 2010, com a efetiva implementação do

processo de AIR, na época chamado de Estudo de Impacto e Viabilidade (EIV). O EIV

tinha como propósito auxiliar na escolha do mecanismo de mecanismo de avaliação da

conformidade posteriormente à decisão já tomada sobre a regulamentação do produto.

O processo decisório era fundamentado na identificação de demandas por PAC, seja de

forma sistemática, através de pesquisas ou aplicação de questionários, seja por

demandas espontâneas que chegavam ao Inmetro.

As demandas eram então discutidas no âmbito do Comitê Brasileiro de Avaliação

da Conformidade (CBAC) e, posteriormente, materializadas na forma dos Planos de Ação

Quadrienal (PAQ). É difícil analisar a origem das demandas constantes nos PAQ, mas

podemos destacar três tipos de demandantes principais, quais sejam o próprio governo,

o setor produtivo e os consumidores. A

Tabela 1 mostra a origem das demandas de 2012 a 2014, período para o qual a

extinta Diape (atual Diqre) mapeava a origem das demandas de forma mais sistemática.

60

Tabela 1.Origem das demandas por RT ou PAC (período de 2012 a 2014).

Origem 2012 2013 2014 Total

Nº % Nº % Nº % Nº %

Setor produtivo 28 44% 28 32% 1 7% 57 34%

Consumidor 12 19% 37 43% 1 7% 50 30%

Governo 17 27% 15 17% 1 7% 33 20%

Outros 7 11% 7 8% 1 7% 15 9%

Interna 0 0% 0 0% 11 73% 11 7%

Total 64 100% 87 100% 15 100% 166 100%

Fonte: Base de dados da extinta Diape (U:\PROCESSOS_OPERACIONAIS_até_DEZ_2013 \Processos Operacionais\PO Identificação

e Priorização das Demandas\Apresentações de Demandas_Reuniões de Coordenação).

Como apresentado na tabela anterior, verifica-se, no período analisado, a

predominância de demandas do setor produtivo, seguidas das apresentadas por

consumidores e pelo governo (incluídas a administração direta e indireta). Essas

demandas não tinham que demonstrar a existência de um problema regulatório para

que fossem aceitas, pelo menos não da forma estruturada como é realizada nos

processos de AID e AIR atualmente. Mesmo que tivessem, nada garante que

correspondessem aos problemas regulatórios que deveriam ser priorizados em cada

período.

A tentativa de mudar essa lógica surgiu com a criação dos processos de

monitoramento de regulamentadores e identificação proativa de problemas, em 2014.

Neste ano, como mostra a tabela, houve uma clara mudança na tendência, em favor de

temas identificados internamente, revertendo a lógica de formação da agenda

regulatória a partir de demandas externas. No entanto, como apresentamos

anteriormente, o processo de identificação proativa de problemas não chegou a sair do

papel e o processo de monitoramento de regulamentadores estrangeiros foi

descontinuado.

Em resumo, a análise indica que as medidas regulatórias instituídas pelo

Inmetro, quer no âmbito de sua competência legal ou no campo de atuação de outros

regulamentadores (PAC), não foram necessariamente motivadas pela identificação de

problemas regulatórios. Reconhecemos as limitações da análise para essa conclusão,

uma vez que não fizemos a avaliação das motivações para criação de cada uma das 196

61

medidas que compõem o estoque regulatório do Inmetro/Dconf, mas entendemos que

essa conclusão é plausível haja visto o processo histórico de formação do atual modelo

regulatório, apresentado no Capítulo 2.

Ao mesmo tempo, o processo regulatório vigente não enfatiza o mapeamento

e a priorização de problemas regulatórios, focando na análise de demandas externas.

O sistema existente para monitoramento de acidentes de consumo (SINMAC) é, ainda,

incipiente para fins de monitoramento passivo de problemas (ver discussão do item 4.2)

e pouco recurso é investido no monitoramento ativo de problemas (fiscalização técnica

e PVC), como abordaremos no item 4.2.2. Concluímos, assim, que o modelo atual tem

uma baixa focalização.

4.2.1.2 Cobertura

A cobertura refere-se ao quanto do escopo de nossa competência legal é coberto

pelos regulamentos vigentes. Esse parâmetro busca mensurar o quantitativo de

insumos, produtos e serviços de competência regulatória do Inmetro que é abarcado

pelas medidas regulatórias publicadas e em vigor. A mensuração da cobertura, pois,

envolve a comparação do tamanho do mercado atualmente “regulado” pelo Inmetro,

isto é, abarcado pelas medidas regulatórias vigentes, e o tamanho do mercado sob sua

competência regulatória, que chamaremos de mercado “do escopo regulatório”.

Para estimar a cobertura da regulação, utilizamos como base os dados da

Pesquisa da Indústria Anual – Produto (PIA-Produto), do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE). A PIA-Produto investiga informações referentes a produtos e

serviços produzidos pela indústria nacional, tendo por base a Lista de Produtos da

Indústria (Prodlist-Indústria), elaborada pelo IBGE a partir da Classificação Nacional de

Atividades Econômicas (CNAE 2.0) e da Nomenclatura Comum do Mercosul17. Utilizamos

como referência a pesquisa do ano de 2015.

Na tabela da PIA-Produtos, os produtos e serviços industriais são categorizados

em classes de atividades. Considerando o elevado número de produtos e serviços

17 https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/industria/9044-pesquisa-

industrial-anual-produto.html?=&t=o-que-e

62

listados, da ordem de 29.000, para tornar a análise factível, a identificação dos itens

pertencentes ao escopo de competência regulatória do Inmetro foi feita em duas

etapas. Primeiramente, analisamos as classes de atividades para, num primeiro filtro,

excluir as atividades econômicas (e, consequentemente, seus produtos e serviços

vinculados) não relacionadas aos aspectos de competência regulatória do Inmetro. Para

as CNAE restantes, analisamos de forma pormenorizada cada código Prodlist.

Antes de apresentarmos os dados, julgamos oportuno ressaltar que há um nível

de imprecisão considerável na análise. Em primeiro lugar porque, dada a competência

residual do Inmetro, a definição exata de que um determinado objeto pertence ao seu

escopo de regulação requereria uma análise mais aprofundada, investigando se o objeto

em questão faz parte do escopo de outro regulador. Há que se considerar também que

um mesmo objeto pode ainda estar sujeito à regulação de dois ou mais reguladores

(competências suplementares). Por ser complexa e trabalhosa, essa análise minuciosa

não foi feita pelo grupo de trabalho.

Outro ponto é que cada código Prodlist, muitas vezes, abrange vários tipos de

produtos e, em alguns dos casos, existe medida regulatória do Inmetro para apenas uma

parcela desses produtos. Para simplificar o trabalho, consideramos como “regulado”

todos os produtos de um código Prodlist que contivesse pelo menos um produto já

objeto de regulamento ou programa de avaliação da conformidade instituído pelo

Inmetro. Essa simplificação tem como consequência óbvia a superestimação da

cobertura atual. Por fim, salientamos que, pelo tempo despendido na análise, não foi

possível dedicação criteriosa na classificação dos códigos, o que pode ser compensado

a partir de análise posterior mais aprofundada.

Feitas as ressalvas, a análise da PIA-Produtos resultou em um total de 650

códigos Prodlist cujos produtos/serviços estariam, a princípio, sob a esfera de

competência legal do Inmetro. Ou seja, 650 descrições de produtos que pertenceriam

ao nosso escopo regulatório. Desse total, apenas 88 (13% do escopo regulatório) seriam

atualmente objeto de regulamento ou esquema de avaliação da conformidade. A

relação está disponível no ANEXO 2. LISTA DE PRODUTOS DO ESCOPO REGULATÓRIO DO

INMETRO. O valor de vendas da indústria em 2015 relativo aos 650 códigos do escopo

63

regulatório foi de R$ 430,43 bilhões, dos quais R$ 106,42 bilhões (aproximadamente

25% do total) correspondem ao escopo regulado atualmente.

Para estimar a participação em termos de quantidade vendida, consideramos

somente as duas unidades de medida de maior frequência – unidade (un.) e quilograma

(kg). Os valores informados em mil unidades e em toneladas também foram

contabilizados a partir da sua conversão para as respectivas unidades de medida (un. e

kg), multiplicando-os por mil. Os valores correspondentes às demais unidades de

medidas, que representam 5% do total de códigos de produtos, não foram

contabilizados. A Tabela 2 a seguir mostra as quantidades vendidas de produtos

“regulados” e “não regulados” por unidade de medida.

Tabela 2. Quantidade vendida de produtos “regulados” e “não regulados”, por unidade de medida.

Unidades “Não regulado” “Regulado” Total

(Escopo regulatório) Quant. % Quant. %

un. (milhões) 40.087 85% 6.853 15% 46.940 un.

kg (milhões) 36.282 92% 3.366 8% 39.621 kg

Fonte: Elaboração própria com base na PIA -Produto (2015).

Quando consideramos as quantidades de venda, as participações dos produtos

regulados são substancialmente menores do que sua correspondência em termos de

valor monetário estimado (25% do total), mas estão na mesma ordem de grandeza do

número de códigos Prodlist/tipos de produtos (13% do total). Para os produtos

informados em unidades vendidas, a participação dos regulados é de 15%, e para os

produtos vendidos em toneladas, de 8%. Fazendo-se uma ponderação da participação

relativa de cada unidade de medida (por código Prodlist), temos um percentual de

cobertura estimado dos produtos regulados de 12%.

A diferença de cobertura entre o valor monetário das vendas e a quantidade

vendida é obviamente explicada pelo maior valor monetário médio dos produtos

regulados em comparação aos produtos não regulados. O valor monetário dos produtos

não tem, a priori, maior relevância para análise proposta neste estudo, a não ser se

houvesse correlação entre o valor e a chance de ocorrer problemas regulatórios com o

produto. Não temos motivo para crer que tal correlação exista. Por isso, consideraremos

que a cobertura, ou seja, o quantitativo de insumos, produtos e serviços de

64

competência regulatória do Inmetro atualmente abrangido pelas medidas

regulatórias vigentes, é da ordem de 12%.

Como explicamos anteriormente, esse percentual provavelmente superestima

a participação real, porque os códigos Prodlist relativos aos produtos regulados, em

muitos casos, englobam também produtos não regulados. De todo o escopo regulatório

sob responsabilidade do Inmetro, no máximo 12% correspondem a insumos, produtos

e serviços regulados, sendo que todo o restante pode ser comercializado sem nenhum

tipo de controle técnico por parte do Instituto.

4.2.1.3 Compliance

O terceiro parâmetro, compliance, busca avaliar se as ações regulatórias do

Inmetro estão produzindo as mudanças de comportamento desejadas dos agentes

regulados, mudanças essas que são necessárias para a resolução dos problemas

regulatórios. A pergunta que buscamos responder aqui é a seguinte: qual é o nível de

compliance (conformidade) dos agentes regulados em relação à regulação vigente?

A resposta à pergunta anterior depende da existência de algum sistema de

monitoramento ou avaliação a partir do qual seja possível avaliar o atendimento dos

produtos aos requisitos especificados nos regulamentos, como o uso de ensaios

laboratoriais, por exemplo. Os melhores dados de compliance disponíveis no Inmetro

“nas áreas de avaliação da conformidade” são os provenientes do Programa de

Verificação da Conformidade (PVC), programa de coleta e ensaios de amostras de

produtos regulamentados objetos de avaliação da conformidade compulsória. Como

mencionamos no capítulo anterior, o objetivo do PVC é avaliar se os produtos colocados

no mercado mantém a conformidade (compliance) aos regulamentos vigentes.

Uma ressalva importante é que a coleta de amostras para ensaio não segue um

desenho amostral para dar representatividade aos resultados nem para todo o escopo

regulado nem para o mercado de um dado produto. Em geral, os modelos de produtos

são selecionados com algum viés de seleção, pois a elaboração da “carteira” de PVC leva

em consideração, por exemplo, histórico de reclamações, denúncias e resultados de PVC

anteriores, dados da fiscalização da RBMLQ-I e alertas de recall (INMETRO, 2015c). Esse

65

viés de seleção de produtos pode implicar na subestimação do real nível de compliance.

Ainda, cabe destacar que nem todos os objetos regulados foram alvo de PVC.

O Gráfico 1 apresenta os resultados da análise dos dados relativos ao PVC

realizados no período de 2005 a 2016. Ao longo desses anos, um total de 1.224 modelos

de produtos foram ensaiados e os resultados indicaram 489 modelos não conformes e

735 modelos conformes aos requisitos especificados. O índice de conformidade varia

ano a ano, sendo o pior índice obtido no ano de 2005 (37%) e o melhor índice, no ano

de 2016 (86%). O percentual médio de conformidade (compliance), considerando o

total de modelos ensaiados em todo o período é de 60%. A tendência temporal é pouco

útil para análise, pelos motivos citados anteriormente.

Gráfico 1. Resultados do PVC no período de 2005 a 2016.

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados do PVC.

Uma observação importante é que o PVC considera como não conformes

os modelos que apresentaram ao menos uma não conformidade. Essas não

conformidades variam desde a ausência de uma informação na embalagem do produto

até o não atendimento a requisitos físicos, mecânicos ou químicos, por exemplo.

Embora a inexistência de informação correta na embalagem do produto, especialmente

relativa a perigos, possa ser causa de acidentes, acreditamos que sua contribuição para

66

a ocorrência de acidentes é, em geral, menor do que à não observância a requisitos

físicos, mecânicos ou químicos. O que queremos enfatizar aqui é que nem sempre a não

conformidade identificada é, de fato, um problema regulatório.

Cabe ressaltar também que o percentual de compliance, estimado em 60%, não

pode ser inteiramente atribuído à regulação do Inmetro. Para afirmar isso, seria

necessário avaliar o cenário contrafactual, isto é, mensurar o nível de compliance aos

mesmos requisitos do regulamento na ausência da regulação. Isso porque diversos

agentes poderiam apresentar o comportamento esperado pelo regulador mesmo na

ausência da regulação. Uma vez que este trabalho se propõe a avaliar os resultados do

atual modelo regulatório, a avaliação de impacto, que compararia o nível de compliance

atual com o cenário contrafactual, seria a avaliação desejável. No entanto, considerando

que esse tipo de avaliação é bastante complexa e trabalhosa para o escopo deste

trabalho, ela não será feita.

4.2.2 Avaliação da eficiência operacional e da eficiência na alocação de recursos.

Para avaliar a eficiência operacional e a eficiência na alocação de recursos do

processo regulatório atual podemos dividi-los em dois momentos: o primeiro nos

recursos e tempo incorridos na mudança de comportamento dos agentes regulados

para a resolução de um problema regulatório e o segundo são os recursos na

manutenção da mudança de comportamento obtida. Nesse processo há recursos

despendidos tanto pelo Inmetro como por agentes de mercado (OAC, fornecedores e

consumidores). Daremos foco nos recursos dependidos pelo Inmetro, haja vista a

dificuldade de estimar o segundo.

A primeira pergunta que fazemos é: Quanto tempo leva a resolução de um

problema regulatório ainda não tratado e o quanto isso implica em recursos? O

problema regulatório é “resolvido” por meio da mudança de comportamento dos

agentes regulados. Podemos dividir esse processo em três momentos:

A prescrição da mudança de comportamento pretendida pelo regulador;

A mudança de comportamento do regulado; e

A mudança na situação que caracteriza o problema.

67

No processo regulatório atual, o primeiro momento compreende três etapas,

quais sejam a Análise, o Desenvolvimento e a Implementação, iniciando com o processo

de AID e terminando com os vencimentos dos prazos de adequação. A mudança de

comportamento e da situação-problema ocorre no ambiente externo à organização.

Mesmo que todos os processos sob controle do regulador sejam bem executados, não

há garantias de que o comportamento dos agentes será modificado no sentido

pretendido. O comportamento tem múltiplas causas e influências além da ação

regulatória. Posteriormente à prescrição da mudança de comportamento, o regulador

deve monitorar os regulados e a situação-problema para avaliar se os objetivos foram

alcançados.

O ANEXO 3. PLANEJAMENTO DAS ETAPAS DE ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO E

IMPLEMENTAÇÃO detalha todas as atividades de cada processo até o vencimento dos

prazos de adequação. Vale ressaltar que o roteiro previsto no referido Anexo não é

obrigatório. Ademais, nem todos os tempos previstos para cada execução de processo

e atividade são monitorados, de forma que não correspondem necessariamente ao

tempo médio despendido em cada atividade. Esses tempos podem ser inclusive maiores

do que os previstos nesse planejamento.

No planejamento apresentado no ANEXO 3. PLANEJAMENTO DAS ETAPAS DE

ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO, os processos de AID, de AIR, de

Desenvolvimento e de Implementação demandam tempo de execução de 2 meses,

9 meses, 12 meses e 36 meses, respectivamente, totalizando 59 meses

(aproximadamente 5 anos). Esses são prazos típicos de PAC, que demandam tempo para

acreditação de laboratórios e realização dos ensaios além do esforço de adequação dos

processos produtivos ao regulamento.

No entanto, dados mais recentes evidenciam que o tempo para análise e

desenvolvimento de novas medidas é maior que o prazo típico mencionado

anteriormente. Por exemplo, a AIR para Esquadrias, elaborada de acordo com as

diretrizes da Casa Civil da Presidência da República (2018), levou 18 meses para ser

concluída, sem contar o tempo para tomada de decisão. E no tocante ao

desenvolvimento de medidas, o último tempo médio mensurado pela área responsável

68

por esse processo foi de 29 meses. Isso resultaria num tempo de até 83 meses (cerca de

7 anos!) para o desenvolvimento de uma nova medida.

Esses tempos mostram de forma clara a ineficiência do modelo atual para tratar

problemas regulatórios “novos”, isto é, problemas relacionados a objetos ainda não

“regulados”. E isso de certa forma independe do nível de gravidade e urgência do

problema em questão. Isso porque a elaboração de estudos de impacto e a elaboração

de regulamentos são tarefas trabalhosas, que não podem ser executadas como linhas

de produção. A pressa pode resultar num regulamento disfuncional, com pouca

efetividade e com impactos negativos para a sociedade.

Em termos de alocação de recursos, em geral os dois primeiros processos (AID e

AIR) contam com um colaborador, e os dois últimos (desenvolvimento e

implementação), com 2 colaboradores. Nos três primeiros, o tempo empregado por

cada colaborador em cada atividade é praticamente integral, podendo, em algumas

etapas (como durante a tomada de subsídios e consulta pública, por exemplo) se dedicar

a outras atividades em paralelo. Se desconsiderarmos o tempo gasto na etapa de

implementação, e considerarmos o tempo integral gasto pelos servidores nas demais

atividades, tomando por base uma despesa média mensal por servidor do Inmetro em

2018 de R$ 17.468,14, temos um custo somente com pessoal de

R$ 908.343,47, em dois anos, para cada medida regulatória. Esse custo ainda não leva

em conta as demais despesas do Instituto, que são rateadas pelas diversas áreas.

É claro que a premissa de que os servidores gastam tempo integral com essas

medidas acaba por superestimar esses custos. Na prática, os técnicos mesclam essas

atividades com outras, como as relacionadas com a própria gestão do programa (prestar

informações, reuniões, etc.). É difícil dizer ao certo como esses técnicos organizam suas

horas de trabalhos, mas de toda forma mesmo se dedicarem metade do tempo o valor

gasto seria de R$ 454.171,73.

Esses valores servem apenas para ilustrar o custo dessas atividades. Não

refletem o custo adicional de introduzir um novo regulamento, uma vez que essas

despesas são incorridas independentemente da “produção” ou revisão de

regulamentos. Esse fato é importante porque, como essa capacidade (em termos de

homens-hora disponíveis) é limitada, o efeito do aumento de regulamentos implica em

69

esgotamento da nossa capacidade de tratar problemas regulatórios novos, a não ser que

deixássemos de tratar os problemas regulatórios dos itens do atual estoque.

A segunda pergunta desta seção é relativa ao custo de manutenção da mudança

de comportamento dos agentes já regulados. As atividades relacionadas a isso são

principalmente as atividades de controle pré e pós-mercado (registro, anuência e

fiscalização), mas incluem também a gestão diária dos regulamentos (prestar

informações, reuniões, edição de portarias complementares, etc.). A princípio, as

atividades de controle são mais importantes para a manutenção da mudança de

comportamento, porém é importante destacar que as atividades de gestão consomem

os mesmos tempo e recursos necessários para tratar problemas regulatórios novos.

Vamos inicialmente avaliar os gastos com as atividades de controle e posteriormente

faremos algumas considerações sobre a segunda.

Tanto o registro quanto a anuência são atualmente aplicados a PAC

compulsórios, embora a Lei nº 9.933/1999 não vede a anuência de produtos

regulamentados sem avaliação da conformidade associada. Nem todos os PAC

compulsórios atuais preveem o registro, mas praticamente todos possuem a anuência

controlada. A Tabela 3 mostra a evolução dessas atividades. O aumento do número é,

evidentemente, provocado pelo aumento do número de objetos com registro

obrigatório e sujeitos a licenciamento não automático. Há uma tendência de que todos

os objetos de PAC compulsórios passem pelos dois tipos de controle pré-mercado, com,

inclusive, metas no contrato de gestão (de 77% para 2018. Atualmente esse percentual

é de 64%).

Tabela 3. Número de Registros e Anuências do Inmetro/Dconf, de 2011 a 2018.

Ano Registros Deferidos Anuências

2011 604 55.189

2012 4.198 62.069

2013 8.200 80.068

2014 9.896 131.844

2015 8.027 266.278

2016 7.639 32.116

2017 8.299 230.252

2018 7.599 205.721

Fonte: Inmetro.

70

Comparando o número de PAC com registro (64) e o número de registros

deferidos, temos uma média de 119 registros por ano por programa. Para a anuência, a

relação é de 1.595 análises realizadas por programa, aqui incluindo também os que não

têm registro obrigatório (129 no total, contabilizando apenas os PAC de produtos). O

primeiro valor é influenciado pela quantidade de objetos e periodicidade dos ensaios de

manutenção relativos de cada programa. O segundo depende do volume de importação

dos produtos com conformidade avaliada. Nos dois casos, é importante salientar que há

influência das condições de mercado. Numa crise econômica, o volume de produção e

importação será menor e, por consequência, desde que mantidas as mesmas condições,

o volume de solicitações de registros e anuência também será menor.

A avaliação da efetividade específica dessas atividades poderia ser feita medindo

o quanto elas acrescentam no compliance dos agentes regulados, uma vez que se tratam

de medidas de controle. A dificuldade dessa avaliação inviabiliza a sua realização nesse

momento, o que também impede uma análise mais criteriosa. A eficiência dessas sem a

avaliação da efetividade, por exemplo, medindo a presteza (tempo) com que são

realizadas pelos técnicos responsáveis, também não pode ser estimada.

O problema para realizar essa avaliação é duplo: o primeiro é de que há um

trade-off claro, nesse caso, entre o tempo despendido nas análises e a sua qualidade.

Embora essas atividades, na maior parte dos casos, consistam hoje numa simples

conferência de documentos e comparação de informações prestadas com informações

disponíveis em outros bancos de dados, a probabilidade de falha nessa conferência deve

crescer com o número de análises por técnico. A especialização, certamente, traz ganhos

de eficiência, mas como a operação é feita por pessoas há limitações para esses ganhos.

Checagens posteriores permitiriam mensurar a qualidade das análises, porém, além de

tal checagem não existir, poderia tornar os processos ainda mais morosos.

O segundo problema é que essas atividades passaram por diversas mudanças

organizacionais ao longo dos últimos anos, o que torna a quantificação da sua

“eficiência” a partir do histórico sem sentido. De fato, o indicador mais monitorado para

essas atividades pré-mercado é o tempo médio para concessão de um registro ou

anuência a partir da solicitação, com prazos atuais em torno 15 dias para registro e 8 a

71

10 dias para anuência. Ocorre que esses prazos, além de sofrerem alterações

substantivas em função de mudanças organizacionais, são contingentes ao cenário

econômico.

O fato é que a inclusão de mais objetos sujeitos ao registro e à anuência implica

necessidade de mais pessoas para a realização dessas atividades. Na AIR realizada

recentemente para esquadrias, foi estimada uma produtividade média de análises de

registros, durante um período de relativa estabilidade dessa atividade (de julho de 2015

a setembro de 2016), de 817 análises mensais por técnico, ou 8.985 análises por ano

(INMETRO, 2019). Segundo o estudo, a entrada de um único PAC compulsório (no caso

específico, para esquadrias) poderia resultar na necessidade de alocação ou contração de

mais 3 a 17 pessoas, dependendo do cenário. Se os dados não permitem avaliar a

efetividade e eficiência dessas atividades, por outro lado mostram claramente que elas

constituem um gargalo para o crescimento do modelo atual. Isso será mais bem discutido

quando compararmos o crescimento da produção normativa da Dconf com o crescimento

da disponibilidade de recursos ao longo do tempo, no tópico 4.2.5.

A Tabela 4 mostra os dados relativos à fiscalização no comércio. O número de

objetos fiscalizáveis refere-se ao número de objetos regulamentados e fiscalizados pela

rede, segundo codificação utilizada no Sistema de Gestão Integrada (SGI) da RBMLQ-I.

O número de visitas corresponde ao número de vezes que algum fiscal foi a um

estabelecimento para fins de fiscalização, o número de ações compreende os números

de objetos fiscalizados nessas visitas, e o número de unidades é o número de produtos

à venda ou em estoque desses objetos.

Tabela 4. Número de objetos fiscalizáveis, visitas e ações de fiscalização por ano, de 2011 a 2018.

Ano Objetos Visitas Ações Unidades Fiscais

2011 167 Sem dados Sem dados Sem dados 108

2012 322 115.442 820.057 132.129.752 103

2013 464 121.716 951.760 125.123.876 89

2014 473 126.619 1.052.409 84.353.764 122

2015 477 93.855 763.985 67.684.728 127

2016 557 71.549 605.144 56.178.710 105

2017 563 72.614 641.406 51.212.689 90

2018 586 69.776 635.218 62.147.625 Sem dados

Fonte: Inmetro.

72

É sintomático o fato de ter ocorrido uma queda do número de estabelecimentos

visitados a partir de 2014 pari passu o aumento do número de objetos fiscalizados. Há,

evidente, uma desconexão entre as duas coisas. A explicação provável para isso é a

redução de recursos para essa atividade, apesar de a necessidade ter sido ampliada com

o aumento do número objetos a serem fiscalizados.

O Gráfico 2 compara a evolução do número de fiscais da qualidade com o número

de visitas realizadas. Há um descolamento das tendências em alguns anos, mostrando

que a variação do número de fiscais não é a única explicação para a redução do número

de visitas. Ademais, o número de fiscais da qualidade não reflete exclusivamente o

homem-hora disponibilizado na fiscalização formal porque em alguns casos os fiscais

exercem a fiscalização tanto da qualidade quanto da metrologia legal.

Gráfico 2. Número de visitas realizadas e número de fiscais da qualidade na RBMLQ-I, de 2012 a 2017.

Fonte: SGI/Inmetro, Nota Técnica nº 10000/2017/Divig/Dconf -Inmetro.

O Gráfico 3, extraído da Nota Técnica nº 10000/2017/Divig/Dconf-Inmetro,

ilustra o descompasso entre o número de fiscais da qualidade e o número de objetos

fiscalizáveis, citados anteriormente.

60

70

80

90

100

110

120

130

140

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

130.000

2012 2013 2014 2015 2016 2017

de

Fisc

ais

de

Vis

itas

Visitas Fiscais

73

Gráfico 3. Evolução da quantidade de RT/PAC e de fiscais no período de 2008 a 2017.

Fonte: Nota Técnica nº 10000/2017/Divig/Dconf -Inmetro.

Vemos que não faz sentido estimar o número de visitas de fiscalização

necessárias para cada objeto regulamentado a partir desses números, cuja correlação é

em função da alocação de recursos e não da necessidade. Outra explicação seria ter

havido aumento da eficiência da fiscalização compensando a redução de recursos. O

aumento da eficiência ocorreria com uma melhor focalização nas visitas realizadas,

privilegiando estabelecimentos com maior probabilidade de comercializar produtos

irregulares.

A Tabela 5 mostra os índices de irregularidade encontrados nessas visitas,

medidos pela relação entre o número de unidades irregulares identificadas na

fiscalização e o número total de unidades fiscalizadas. O número de unidades

fiscalizadas corresponde ao número de unidades em estoque em cada ação de

fiscalização. Na tabela, comparamos os índices de irregularidades nas ações de

fiscalização aos percentuais de modelos não conformes nos PVC, apresentados no item

4.2.1.3.

Tabela 5. Índices de irregularidade de produtos fiscalizados versus índices de não conformidade no PVC, de 2011 a 2018.

Ano Índice de

Irregularidade (Fiscalização)

Índice de não conformidade

(PVC)

2011 1,00% 58%

2012 2,91% 49%

2013 7,33% 56%

2014 2,26% 38%

74

2015 2,97% 44%

2016 1,87% 15%

2017 4,78% Sem dados

2018 7,96% Sem dados

Média (2011 a 2016) 3,29% 43%

Média (2011 a 2018) 3,88% Não calculada

Fonte: Elaboração própria, com base em SGI/Inmetro e PVC.

Se admitirmos os dados da PVC como representativos do percentual de

irregularidades do mercado, este índice serve de base para avaliarmos a eficiência da

fiscalização formal. Os dados mostram, então, o quanto essas ações de fiscalização são

ineficientes. Entre 2011 e 2016 o índice médio de irregularidades obtido a partir da

fiscalização formal foi de pouco mais de 3%, enquanto, no mesmo período, o índice

médio de não conformidades obtido através de dados do PVC foi de 43%.

Avaliar a efetividade dessas ações é bastante difícil e vai além do esforço

disponível para a realização deste estudo. Para isso, teríamos que comparar um cenário

contrafactual (qual seria o índice de irregularidade na ausência da fiscalização?), o que

demandaria um esforço analítico considerável. Entretanto, a simples comparação com

índice do PVC já dá indícios de que a efetividade da fiscalização, da forma como é feita

atualmente, é baixa.

Para estimar o custo dessas ações, tomamos como base a estimativa de custo

por visita registrada na Nota Técnica nº 10000/2017/Divig/Dconf-Inmetro. Para o ano

de 2015, esse valor foi de R$ 383,57, estimado pela relação entre o investimento

realizado na RBMLQ-I naquele ano e o total de visitas realizadas, entre outras

considerações. Atualizando esse valor com base no Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, temos, para o ano de 2018, um custo por visita de

R$ 465,85. Multiplicando esse valor pelo número de visitas realizadas em 2018 temos

um custo total de R$ 32.505.149,60.

É claro que essa metodologia é questionável porque toma por base o

investimento ao invés do custeio, entre outros aspectos a serem considerados. Um

estudo mais aprofundando sobre isso deve ser feito posteriormente, inclusive utilizando

dados mais atualizados. Por ora, ele serve para ilustrar a dimensão possível dos recursos

que estariam sendo desperdiçados com uma fiscalização ineficiente, ineficaz e não

75

efetiva. Essa conclusão já foi apontada em outros trabalhos, como na Nota Técnica

supramencionada (nº 10000/2017/Divig/Dconf) e em outra Nota Técnica elaborada em

2016 (sem numeração) com o título “Cenário da Fiscalização da Área da ‘Qualidade’ e

Apresentação de Propostas para Aperfeiçoamento em prol de uma Atuação mais Efetiva

e mais Eficiente do Inmetro e da RBMLQ-I”.

Não bastasse a fiscalização ser ineficiente, ineficaz e não efetiva, ela ainda

constitui meta do contrato de gestão, como mostra o Gráfico 1. Entre 2016 e 2018 a

meta se situava em entre 40 e 42 mil visitas. É sintomático também a discrepância entre

a meta e o realizado entre 2016 e 2018, o que torna a meta prevista sem sentido, o que

resultou num aumento da meta próximo ao que era costumeiramente realizado.

Gráfico 4. Número de visitas de fiscalização de produtos regulamentados previstos e realizados de 2012 a 2018.

Fonte: Divig.

Em resumo, o modelo regulatório apresenta uma relação custo-efetividade

elevada e baixa eficiência tanto para tratar problemas novos quanto para manter os já

tratados. Em relação ao tratamento de novos problemas, chama a atenção o tempo

(inaceitável) para tratar de um problema regulatório novo, tempo suficiente para o

contexto modificar completamente a situação-problema que motivou a análise inicial.

Pelo lado da manutenção, vemos que as atividades principais (registro, anuência e

fiscalização) são custosas e ineficientes.

76

Ressaltamos que avaliamos a eficiência operacional e a eficiência na alocação de

recursos do modelo regulatório atual olhando apenas pelo lado do Inmetro, sem levar

em conta o impacto para o setor produtivo. Esse ponto é muito importante, mas

infelizmente não será possível de ser aprofundando nesse estudo. No entanto, é possível

perceber que o impacto para a produção e prestação de serviços dessas atividades é

potencialmente elevado, especialmente as atividades de consentimento (registro e

anuência), cujo ato de autorização é pré-condição para o exercício da atividade

produtiva. Se o Inmetro demorar 30 dias para a concessão de um registro, são 30 dias

em que a empresa deixa de operar; se a anuência demorar esse mesmo período, são 30

dias para que o produto possa ser embarcado. Fora isso, temos o impacto da burocracia

e custos administrativos da adoção de regulamentos prescritivos.

4.2.3 Responsabilização

Neste trabalho, a responsabilização compreende as consequências assumidas

pelos agentes regulados quando incorrem em irregularidades. São, em geral,

penalidades aplicadas pelos órgãos delegados (RBMLQ-I) ou diretamente pelo Inmetro

no exercício do poder de política administrativa. Para que a responsabilização seja

efetiva, é necessário que o regulador disponha de mecanismos de detecção dessas

irregularidades e aplique as ações regulatórias adequadas em cada caso.

No modelo regulatório atual, a detecção é feita de duas formas principais: pela

fiscalização formal realizada pelos fiscais da RBMLQ-I nas visitas a estabelecimentos

comerciais e pelo já citado PVC. Fora essas duas atividades, a detecção pode ser feita a

partir do recebimento de denúncias de agentes privados. Espera-se que, uma vez

constatada a irregularidade, o regulador defina a resposta correta, aplique-a, monitore

o seu efeito e, se for necessário, aplique outra resposta ao problema em questão até a

mudança de comportamento pretendido.

Infelizmente, a vigilância de mercado exercida atualmente pelo Inmetro não é

organizada dessa forma, especialmente quanto às etapas de monitoramento e

reavaliação da ação. Em geral, as ações consistem em sanções administrativas,

sobretudo autuações e multas. Uma forma mais simples de realização dessa avaliação

seria verificar em quantos casos a detecção de uma irregularidade resultou na aplicação

77

de uma sanção administrativa. Outra questão é se essa sanção guarda

proporcionalidade ao problema em questão, ou se é uma medida capaz de provocar a

mudança de comportamento. Para o caso de multas, o valor médio dessas e a taxa de

efetivo pagamento nos dá uma ideia sobre o nível de responsabilização dos mesmos.

Essa análise não será aprofundada aqui pelo tempo disponível e esforço

necessário para a sua realização. Recomendamos que seja feito posteriormente, caso se

entenda ser necessário. Basear-nos-emos na análise e conclusão da Nota Técnica

realizada no âmbito da Divisão de Vigilância de Mercado (Divig) em 2016 (COSCARELLI,

2016).

A Nota Técnica mostra em primeiro lugar que a fiscalização formal possui um

baixo nível de efetividade. Esse resultado foi demonstrado no tópico anterior deste

estudo, comparando o índice de irregularidade dessa atividade com o percentual de não

conformidade do PVC. O segundo resultado demonstrando por Coscarelli (2016) é de

que o valor médio das multas aplicadas às irregularidades identificadas na fiscalização

formal é muito baixo, tornando a irregularidade em si mais atraente para o fornecedor

do que o pagamento da própria multa. Para se ter uma ideia, segundo a Nota Técnica

(COSCARELLI, 2016), o valor médio das multas para os anos de 2012, 2013, 2014 e 2015

foram de R$ 10,02, R$ 4,48, R$ 23,61 e R$ 23,90, respectivamente.

4.2.4 Outras consequências dos regulamentos específicos e esquemas de avaliação

da conformidade prescritivos

Como vimos anteriormente, o modelo regulatório “das áreas de avaliação da

conformidade” do Inmetro é caracterizado pela existência de objetos “não regulados” e

“regulados” por meio de regulamentos aplicados para cada objeto específico. Além

disso, a maior parte desses regulamentos, além de prescrever as características técnicas

dos objetos, ainda prescreve o procedimento de avaliação da conformidade que,

quando compulsório, deve ser seguido para atestar a conformidade dos objetos como

condição prévia à sua comercialização, como mostraremos adiante.

Adotamos aqui o termo “prescritivo” para denotar o excesso de regras, isto é, a

inclusão de regras desnecessárias e, ainda, com forma e rigor inadequados. O impacto

maior disso é, sem dúvida, sobre o agente regulado, manifestado em custos de

78

adequação e custos administrativos excessivos. Para o regulador também há prejuízo,

sendo uma das consequências diretas do excesso de prescrição o esforço maior nas

correções e revisões das regras. As correções são feitas pelas chamadas “portarias

complementares”, compreendendo modificações pontuais (ajustes e esclarecimentos)

nos regulamentos e PAC, que podem ser motivados por várias causas. Em relação às

revisões, podemos pontuar duas diferenças marcantes em relação às meras correções

(elaboração de portarias complementares). Em primeiro lugar, a revisão implica, em

tese, uma mudança mais substantiva, inclusive com revogação da portaria anterior e

substituição por uma nova. Em segundo lugar, a revisão, também chamada de

aperfeiçoamento, é realizada pelo Inmetro com o suporte de uma comissão técnica,

assim como ocorre na elaboração de um regulamento novo. O que percebemos é o

aumento significativo da publicação de portarias complementares, como mostra o

Gráfico 5 a seguir.

Gráfico 5. Número de regulamentos e PAC novos e revisados (aperfeiçoados), e de portarias complementares publicados no período de 2007 a 2015

Fonte: Elaboração própria.

O gráfico anterior evidencia que o número de portarias complementares

publicadas anualmente é significativamente maior do que o número de publicações de

regulamentos e PAC novos ou aperfeiçoados, e também, que esse número vem

crescendo ao longo dos anos. As motivações para a publicação de portarias

complementares vão além da necessidade de correções (ajustes) ou esclarecimentos,

79

mas incluem também a alteração (em geral, postergação) dos prazos para os entes

regulados se adequarem às regras estabelecidas.

Embora em algum nível a edição de portarias complementares seja inevitável e

ainda que não tenhamos feito aqui a investigação das razões para a publicação de cada

uma das portarias complementares publicadas no período de 2007 a 2015, apontamos

algumas motivações para a edição de portarias de ajustes e esclarecimentos. A primeira

delas é a prescrição excessiva, que acaba ensejando correções, seja pela identificação

de erros pelos próprios técnicos do Inmetro ou, sobretudo, pelas reclamações dos

agentes impactados. Outra provável causa é a falta de critério e de cuidado na definição

dos requisitos, o que não é necessariamente resultado da “má vontade” ou

“incompetência” dos técnicos para elaboração do regulamento. Ocorre que os técnicos

responsáveis por elaborar regulamentos específicos e esquemas de avaliação da

conformidade não são, via de regra, especialistas nos objetos que regulam, o que torna

o trabalho mais complexo e laborioso e, consequentemente, sujeito a erros, ainda que

com o apoio das comissões técnicas.

O aumento do número de portarias complementares também aponta para a

baixa capacidade atual da Dconf em realizar os aperfeiçoamentos integrais dos

regulamentos e PAC, como veremos com mais detalhes no próximo tópico (item 4.2.5).

O transtorno para o agente regulado é evidente, com a dificuldade adicional de

compreensão de quais regras têm que seguir, gerando aumento do número de pedidos

de esclarecemos ao Inmetro. Internamente, o impacto maior da elaboração de portarias

complementares consiste no retrabalho, consumindo os mesmos recursos utilizados na

elaboração de novos regulamentos.

4.2.5 Produção de regulamentos e PAC versus disponibilidade de recursos

Vimos como o processo regulatório do modelo atual demanda recursos, tanto

para tratar problemas novos quanto para manter os problemas já tratados “resolvidos”,

vale dizer, manter a mudança de comportamento dos agentes regulados tal como

previstos pelo regulamento. Cada novo regulamento (via de regra, um PAC

compulsório), gera a necessidade de recursos para o exercício de diversas atividades. É

difícil estimar precisamente os recursos necessários para essa atividade, até porque

80

mudanças de procedimentos podem gerar variações substantivas nos recursos

despendidos, com impactos, obviamente, na qualidade e resultados.

Como exemplo, estimamos nas seções anteriores a alocação de recursos para os

processos de Análise, Desenvolvimento e Implementação (processos de tratamento de

problemas regulatórios novos) e de Anuência, Registro e Fiscalização (processos de

manutenção da resolução de problemas já tratados). Fora isso, há que se considerar

ainda a atividade de gestão diária dos Regulamentos Técnicos (RT) e PAC, que incluem

uma série de atividades, entre elas, o atendimento a demandas ou denúncias advindas

da sociedade.

O que vamos mostrar neste tópico é como a produção normativa do

Inmetro/Dconf cresceu nos últimos anos, gerando a necessidade de recursos adicionais

para a sua manutenção, ao mesmo tempo em que a disponibilidade de recursos para a

sua manutenção foi reduzida. Alguns desses dados já foram mostrados anteriormente

neste trabalho, mas serão reproduzidos novamente aqui para fins de comparação.

O Gráfico 6 a seguir descreve a evolução do número de RT e PAC publicados ao

longo do período de 1999 até 201818. A partir da análise do gráfico, verifica-se uma taxa

de crescimento quase que exponencial a partir 2002, o que é justificado pelo histórico

apresentado no capítulo 2, de tal forma que o número de medidas regulatórias vigente

em 2018 chega a quase nove vezes a quantidade de 1999. A taxa média de crescimento

do número de medidas no período foi de 12,6% ao ano, o que ilustra bem a escalada da

produção normativa nesse período.

18 O gráfico não inclui o Decreto nº 9.315/2018, publicado pela Presidência da República em 2018, que trata do limite de chumbo em tintas em tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, de vernizes e materiais similares para revestimento de superfícies.

81

Gráfico 6. Número de RT e PAC publicados entre 1999 e 2018.

Fonte: Elaboração própria.

Por outra via, o Gráfico 7 mostra de forma muito clara um arrefecimento dessa

escalada, primeiramente, a partir de 2008, mas, sobretudo, a partir de 2012. Se

dividirmos o intervalo de tempo em três períodos – de 2000 a 2007, de 2008 a 2012 e

de 2013 a 2018 – temos uma taxa média de crescimento de 20,6%, 9,8% e 2,3%,

respectivamente. Sem analisar ainda os recursos, temos aí um primeiro indício de

esgotamento do modelo, em termos de capacidade de produção normativa. Basta ver

que o incremento nos anos de 2016 a 2018 foram nulos.

Gráfico 7. Taxa de produção de Regulamentos e PAC no período de 2000 a 2018.

Fonte: Elaboração própria.

22 26 32 35 3746

5363

76

96106

113127

139 143 145 151 155 155 155

0 0 2 3 4 4 5 1017 21 23 25 26 31 33 35 39 40 40 40

22 2634 38 41

5058

73

93

117129

138153

170 176 180190 195 195 195

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Compulsório (PAC + RT) Voluntários (PAC) Total

82

No aspecto dos recursos, comparamos aqui a evolução de pessoal e de

orçamento com o número de Regulamentos Técnicos (RT) e PAC. O Gráfico 8 apresenta

a comparação entre o número de RT/PAC publicados e o número de colaboradores

ativos na Dconf no período de 2011 a 2018. Há um evidente descompasso entre a

evolução da necessidade de pessoal para a produção normativa do Instituto e a sua

disponibilidade, a partir de 2014. Como o modelo atual torna a expansão da regulação

fortemente dependente de pessoal, em função especialmente das suas características,

esse descompasso já é suficiente para explicar o esgotamento do modelo, notadamente

a partir de 2014. Essa análise não entra no mérito da alocação de pessoal segundo as

necessidades que a produção normativa gera em cada área interna, o que poderia

explicar, pelo menos em parte, o desempenho de cada área. Essa análise foge ao

propósito deste estudo.

Gráfico 8. Número de RT/PAC versus colaboradores da Dconf de 2011 a 2018.

Fonte: Cexec.

O Gráfico 9 mostra que, da mesma maneira que ocorreu com o pessoal, há um

descompasso evidente entre a evolução do orçamento da Dconf e o número de RT/PAC

no período de 2012 a 2018. O orçamento executado pela diretoria, que já foi da ordem

de R$ 12 milhões em 2013, caiu para cerca de R$ 3 milhões em 2017. Entretanto, a

correlação entre a queda de recursos orçamentários e o desempenho da diretoria na

elevação do número de RT/PAC não é tão direta como na comparação com o pessoal.

83

Gráfico 9. Número de RT/PAC versus orçamento da Dconf (em R$ 1.000,00), no período entre 2012 e 2018.

Fonte: Dconf/Siplan.

Para entender melhor como a redução orçamentária pode ter afetado a nossa

capacidade de desenvolver novos regulamentos, o Gráfico 10 discrimina o orçamento

executado entre 2012 e 2018 por tipo de despesa. Os gastos com pessoal, que

responderam pela maior parcela do orçamento em todo o período, são basicamente

despesas com terceirizados, bolsistas e estagiários, uma vez que os salários dos

servidores não provêm do orçamento do Inmetro. O segundo tipo de despesa em

termos de importância são as contribuições realizadas a organismos internacionais,

como a OCDE e o Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC). Em

relação aos demais tipos de despesa, se destacam dois gastos relevantes com a

aquisição de equipamentos ocorridos em 2013 e 2014 (R$ 1 milhão e R$ 745 mil,

respectivamente). Os demais gastos são poucos expressivos, com percentual menor do

que 10% do total, embora se deva ressaltar que também sofreram redução quando

comparados ao início do período, como é o caso de gastos com viagens, por exemplo.

84

Gráfico 10. Orçamento executado pela Dconf, entre 2012 e 2018, discriminado por tipo de despesa.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Siplan.

Percebe-se, pela análise do gráfico anterior, que há dois movimentos marcantes

de redução de gastos. O primeiro refere-se às despesas com pessoal, de 2013 para 2014,

que caíram de R$ 4.530.507,00 para R$ 1.631.749,00, mantendo-se mais ou menos

nesse patamar nos anos seguintes. O segundo diz respeito às contribuições para a OCDE

e o PEFC, que chegaram a alcançar o patamar de

R$ 5.287.120 em 2013, e cessaram no ano de 2016.

O Gráfico 11 e o Gráfico 12 mostram, respectivamente, as relações entre o

número de registros e de anuências por colaborador ativo na Dconf para o período de

2011 a 2018. Novamente, temos uma incompatibilidade entre recursos e necessidade

ao longo do tempo.

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Pessoas Viagem Contribuições Equipamentos Outros

85

Gráfico 11. Número de registros versus número de colaboradores.

Fonte: Cexec.

Gráfico 12. Número de anuências versus número de colaboradores.

Fonte: Cexec.

86

Gráfico 13. Evolução das anuências automáticas.

Fonte: Cexec.

Outra atividade que consome recursos que competem com a elaboração de

regulamentos e PAC são as demandas externas que chegam à Dconf via Ouvidoria do

Inmetro, apresentadas na Tabela 6. De 2011 a 2017, a média de demandas recebidas

girou em torno de 14 mil demandas, sem uma tendência clara de elevação ou redução,

mesmo com um aumento do número de RT/PAC. A maior parte dessas demandas é

relativa a pedidos de informações (média de 90% por ano no período).

Tabela 6. Número de demandas externas relativas à Dconf, recebidas via Ouvidoria, no período de 2011 a 2017.

Tipo de Demanda 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Informação 12.677 13.197 14.540 13.149 12.105 12.097 9.650

Reclamação 497 511 568 650 2.092 1.851 1053

Denúncia 75 81 90 35 24 32 56

Sugestão 246 376 305 282 195 141 122

Crítica 57 46 40 190 22 21 31

Elogio 10 4 8 5 3 1 3

Total 13.562 14.215 15.551 14.311 14.441 14.143 10.915

Fonte: Ouvidoria/Inmetro (http://www.inmetro.gov.br/ouvidoria/balanco_gerencial.asp ).

87

Chama atenção o aumento substantivo das reclamações em 2015. Esse aumento

é explicado pelo acidente ocorrido com o berço, de uma determinada marca, que

resultou na morte de um bebê de 6 meses por sufocamento, o que resultou num total

de 1.621 reclamações registradas na Ouvidoria do Inmetro. Segundo os dados da

Ouvidoria (2015, 2016), o número de reclamações relativas às atividades de registro e

anuência saltaram de 48 em 2015 para 971 em 2016.

A redução do número total de atendimentos em 2017 é atribuída pela Ouvidoria

a dois fenômenos em particular, quais sejam o fim da crise de anuência e registro, com

queda expressiva no número de reclamações, e a interrupção por 6 meses no serviço de

Call Center, principal fonte de recebimento de demandas.

O fato de o aumento das demandas não ter acompanhado o aumento no número

de RT/PAC pode ser explicado por diversos fatores. As iniciativas de elaboração de

respostas a perguntas frequentes (FAQ) pela área de regulamentação, por exemplo,

pode ter reduzido a demanda por pedido de esclarecimentos. Outra explicação plausível

é o menor interesse da população pelos PAC que surgiram posteriormente a 2011. Esses

são exemplos de explicações possíveis, mas a identificação das causas reais foge ao

escopo de trabalho.

O que é importante salientar é que o atendimento à sociedade é uma atividade

relacionada ao estabelecimento de regulamentos e PAC e que a realização dessa

atividade compete com a elaboração de regulamentos futuros, uma vez que, via de

regra, ambas as atividades são realizadas pelos mesmos técnicos da Dconf que atuam

nos processos de desenvolvimento e implementação. Registra-se que, em 2018, ficaram

sem resposta 382 das 7.400 demandas recebidas pela Dconf. Ou seja, 5% das

manifestações recebidas ficaram sem resposta.

Cabe destacar que a Dconf é, historicamente, a área mais demandada pelos

cidadãos. Em 2018, pouco mais de 30% das demandas recebidas pela Ouvidoria do

Inmetro referem-se às atividades da Diretoria. O último relatório divulgado pela

Ouvidoria chama a atenção para a proporção entre o número de reclamações por

insatisfação dos usuários e o número de reclamações recebidas. Como mostra o

Gráfico 14 a seguir.

88

Gráfico 14. Reclamações, junto à Ouvidoria do Inmetro, por “má qualidade no atendimento” (por área finalística)

Fonte: Ouvidoria/Inmetro (2018).

Por fim, lembrando que mais de 90% do estoque regulatório do Inmetro/Dconf

é constituído por esquemas de avaliação da conformidade, mostraremos aqui que o não

cumprimento adequado da gestão desses PAC, vem a comprometer a integridade dos

programas e, por consequência, a perda de confiança no SBAC e a redução da

credibilidade no Selo de Identificação da Conformidade (marca de conformidade).

Até hoje, a gestão dos PAC sempre foi muito focada na etapa de

desenvolvimento/aperfeiçoamento, de forma que os principais indicadores disponíveis

na Diretoria são relativos a esses processos. Assim, a administração dos PAC, salvo

poucas exceções, sempre teve papel secundário. Um dado que sustenta essa afirmação

é a não priorização das atividades de implementação e manutenção19 de PAC no plano

de trabalho de 2018 da extinta Assessoria de Medidas Regulatórias. Dos 148 programas

nessas fases, apenas 33 (22%) foram priorizados para acompanhamento pelos dez

técnicos da área. Os 115 PAC restantes foram distribuídos entre os três gestores da área,

que administravam esses programas de forma passiva.

19 A implementação constitui a fase que compreende o período de tempo compreendido entre a publicação do PAC e o final dos prazos de adequação. No caso de programas voluntários, que não têm prazo de adequação, o período de implementação é de 12 meses. Ao término da implementação, o PAC entra na fase de manutenção até que passe por ajustes (parciais ou totais).

89

Como resultado, elencamos a seguir algumas consequências da precária

administração dos programas:

a) Prorrogação de prazos para entrada em vigor dos PAC, motivada pela

ausência ou insuficiência de organismos de avaliação da conformidade

acreditados;

b) Demora ou ausência de resposta à solicitação de informações pelas partes

interessadas;

c) Problemas relativos à atuação dos OAC na operação dos PAC;

d) Casos diversos de referência nos PAC de normas técnicas canceladas ou de

revisões antigas, em função do não acompanhamento do processo de

normalização.

Cabe destacar também a baixa capacidade de execução de análises críticas

periódicas e de aperfeiçoamentos dos PAC. No que se refere aos aperfeiçoamentos, o

que vimos, nos últimos anos, foi um aumento significativo de portarias complementares

e a redução do número de programas aperfeiçoados, como já mostramos no item 4.2.4.

No Gráfico 15 a seguir, apresentamos os dados relativos ao tempo decorrido desde a

publicação ou último aperfeiçoamento dos 110 PAC relativos a objetos e aspectos da

competência regulatória do Inmetro/Dconf.

Gráfico 15. Distribuição percentual dos PAC, por tempo decorrido da publicação inicial ou último aperfeiçoamento.

28%

51%

21%

1 a 5 anos dapublicação/últimoaperfeiçoamento

6 a 10 anos dapublicação/últimoaperfeiçoamento

mais de 11 anos desde apublicação/últimoaperfeiçoamento

90

Fonte: Elaboração própria.

O gráfico anterior mostra que a maior parte dos PAC de competência regulatória

do Inmetro foram publicados ou aperfeiçoados há mais de cinco anos. Desses 79 PAC,

apenas 22 (menos de 30%) foram objeto de análise crítica ou avaliação de resultados no

período de 2009 a 2018. Ademais, dos 22 PAC que passaram por algum tipo de análise,

somente seis foram priorizados para aperfeiçoamento na Agenda Regulatória de 2018.

Em resumo, além de termos uma baixa capacidade para analisar periodicamente os

programas, temos também uma baixa capacidade para implementar as melhorias

sugeridas nessas análises.

Seguramente, contribui para os resultados apresentados o fato de a gestão dos

PAC ser centralizada na figura do Inmetro, ou seja, de o Inmetro ser responsável por

executar todas as atividades, desde a elaboração das regras, passando pela

administração diária dos programas até a avaliação periódica dos mesmos. Dado o

número expressivo de esquemas de avaliação da conformidade e o número cada vez

mais reduzido de recursos humanos, a capacidade de realizar todas as atividades

necessárias para todos os esquemas fica prejudicada.

4.3 Conclusões do diagnóstico

A partir do diagnóstico, concluímos que o modelo regulatório atual possui baixa

performance, não sendo capaz de alcançar os objetivos institucionais nas “áreas de

avaliação da qualidade”, quais sejam, promover a segurança, a proteção da vida

(humana, animal e vegetal) e do meio ambiente, e a prevenção de práticas enganosas

de comércio. Isso deve-se, em nossa análise, às características do próprio modelo

vigente, que implicam em baixa focalização, baixa cobertura e baixo compliance, além

da baixa eficiência operacional e na alocação de recursos.

Esquematizamos essas conclusões na Figura 3 a seguir, que reflete como as

características do modelo regulatório vigente têm prejudicado a efetividade e a

eficiência da ação reguladora do Inmetro, afetando, consequentemente, o alcance dos

objetivos institucionais, além de produzir outros efeitos adversos sobre os quais

falaremos adiante.

91

Figura 3. Características do modelo regulatório atual e seus efeitos.

Fonte: Elaboração própria.

São características do modelo, na fase de análise, a formulação de uma agenda

regulatória focada quase que exclusivamente em atender e tratar demandas externas,

o que está associado ao monitoramento de problemas regulatórios ainda insuficiente.

Isso repercute na baixa focalização, mas também, na eficiência de alocação de recursos.

Como já mencionado, essas demandas nem sempre são motivadas por problemas

regulatórios concretos, reduzindo o alcance do tratamento a esses problemas, ao

mesmo tempo em que os recursos são desperdiçados em ações não direcionadas para

os objetivos regulatórios.

Na fase de design, a regulamentação por objeto afeta a cobertura regulatória,

estimada em apenas 12% do escopo de competência legal do Inmetro. Além disso, a

forma como regulamentamos atualmente, de forma prescritiva e com uso massivo da

avaliação da conformidade, têm também consequência direta tanto sobre a eficiência

operacional quanto sobre a alocação de recursos. Essa forma de regular é demorada,

92

podendo chegar a sete anos como mostramos, e altamente dependente de recursos

humanos para as etapas de formulação, manutenção e revisão.

Como vimos, ao longo dos anos, percebemos a redução de pessoal para a

realização das atividades, como também, o contingenciamento orçamentário. Uma vez

que o modelo vigente requer fortemente o emprego de pessoas para a sua operação,

fica evidente que a maneira como regulamos atualmente não consegue sustentar a

gestão eficaz de um estoque regulatório que só fez crescer ao longo do tempo. Há,

claramente, um esgotamento do modelo atual para tratamento de problemas

regulatórios novos ou mesmo para manutenção das medidas regulatórias existentes,

considerando os recursos atualmente disponíveis.

Do lado do controle, temos processos, atividades e alocação de recursos voltados

primordialmente para induzir que agentes de mercado cumpram as regras dos

programas de avaliação da conformidade. O registro observa a existência do atestado

de conformidade, a anuência observa a existência do registro e/ou do atestado de

conformidade e a fiscalização formal observa principalmente a existência ou não do Selo

de Identificação da Conformidade. Assim, sob o aspecto do delivery, percebemos,

inicialmente, que o foco das atividades de controle pré e pós mercado não reside na

resolução de problemas regulatórios, mas na verificação do mero cumprimento de

regras, o que também repercute para a baixa focalização.

Evidenciamos também que a baixa aplicação de medidas de enforcement resulta

na baixa responsabilização dos agentes regulados, que acabam por descumprir os

regulamentos vigentes, o que foi verificado através do percentual médio de

conformidade (compliance) de 60%. Além disso, constatamos a baixa eficiência na

alocação de recursos a partir de um alto investimento nas ações de fiscalização formal,

que resultam em um índice médio de irregularidade de pouco mais de 3%, em

detrimento da aplicação de investimentos em atividades como o PVC e a fiscalização

técnica, que têm maior potencial em revelar os reais índices de compliance.

Por fim, concluímos que as características do modelo regulatório atual não têm

efeito negativo somente sobre a baixa efetividade e eficiência regulatória, mas também

sobre a atividade econômica do país e a inserção dos produtos nacionais em outros

mercados. A regulamentação prescritiva atrapalha a inovação e a regulamentação

93

específica dificulta a convergência regulatória em função da necessidade de

harmonização de regulamentos. Além disso, a imposição excessiva de regras e de

controles pré-mercado – incluindo, aqui, não somente a exigência de registro e

anuência, mas também a imposição da certificação para a colocação de produtos no

mercado e para a oferta de serviços, impõem um fardo regulatório excessivo para os

agentes regulados, prejudicando a competividade no mercado. Esses outros efeitos

adversos do modelo vigente são apresentados na Figura 4 a seguir.

Figura 4. Outros efeitos negativos do modelo regulatório atual.

Fonte: Elaboração própria.

Modelo atual

Desestímulo à competitividade

Desestímulo à inovação

Dificuldade de inserção em

outros mercados

Fardo regulatório

95

5 ANÁLISE COMPARATIVA COM OUTROS MODELOS REGULATÓRIOS

5.1 Modelo regulatório na União Europeia

Historicamente, a evolução da legislação da União Europeia (UE) para produtos

caracterizou-se por quatro fases principais, a saber: i) Antiga Abordagem; ii) Nova

Abordagem; iii) Concepção dos Instrumentos de Avaliação da Conformidade; e iv) Novo

Quadro Legislativo (COMISSÃO EUROPEIA, 2016). A Antiga Abordagem refletia a forma

tradicional como as autoridades nacionais elaboravam a regulamentação técnica, de

forma pormenorizada, geralmente motivada por uma falta de confiança no rigor dos

operadores econômicos nas áreas de saúde pública e segurança. A regulamentação,

nessa fase, era caracterizada por textos prescritivos que continham todos os requisitos

técnicos e procedimentos administrativos que deveriam ser cumpridos pelos

operadores econômicos (COMISSÃO EUROPEIA, 2016).

A Nova Abordagem (New Approach), instituída em 1985, definiu que a legislação

deveria se limitar aos requisitos essenciais, que definem os resultados a alcançar ou os

riscos a tratar, sem especificar, contudo, as soluções técnicas para tal. Estas podem ser

estabelecidas em normas ou outras especificações técnicas, ou ainda, ser desenvolvidas

a partir de literatura especializada, ficando a escolha ao critério do fabricante. Essa

flexibilidade permite que os fabricantes escolham o modo como vão cumprir os

requisitos e permite, igualmente, a adaptação de materiais e produtos à evolução

tecnológica (COMISSÃO EUROPEIA, 2016).

Cinco anos mais tarde, em 1990, foi publicada a Decisão 90/683/CEE, que

estabelecia as orientações gerais e os procedimentos específicos de avaliação da

conformidade. A concepção dos instrumentos de avaliação da conformidade surgiu da

percepção de que a definição dos requisitos essenciais e a elaboração das normas

europeias harmonizadas não eram suficientes para criar o nível de confiança necessário

entre os Estados-Membros da UE (COMISSÃO EUROPEIA, 2016).

O Novo Quadro Legislativo (New Legislative Framework) foi adotado em 2008

com foco em melhorar o mercado interno de mercadorias e reforçar as condições para

a colocação de uma vasta gama de produtos no mercado da UE. Trata-se de um pacote

96

de medidas destinadas a melhorar a vigilância de mercado e a melhorar a avaliação da

conformidade. Também esclarece o uso da marcação CE e cria uma caixa de ferramentas

para uso na regulamentação de produtos.20 A mudança reforçou a aplicação da

legislação do mercado interno europeu. Segundo informações prestadas pela Comissão

Europeia (CE), o Novo Quadro Legislativo apresenta as seguintes vantagens:

melhora as regras de fiscalização do mercado para proteger melhor tanto os

consumidores como os profissionais contra produtos perigosos, incluindo os

importados de fora da UE. Em particular, isso se aplica a procedimentos para

produtos que possam representar perigo à saúde ou ao meio ambiente;

estabelece regras claras e transparentes para a acreditação de organismos de

avaliação da conformidade;

aumenta a qualidade e a confiança na avaliação da conformidade dos produtos,

através de regras mais rigorosas e claras sobre os requisitos para a notificação

dos organismos de avaliação da conformidade;

esclarece o significado da marcação CE e aumenta a sua credibilidade;

estabelece um quadro jurídico comum para os produtos industriais, sob a forma

de um conjunto de medidas a utilizar na futura legislação. Isso inclui definições

de termos comumente usados na legislação de produtos e procedimentos para

permitir que futuras legislações setoriais se tornem mais consistentes e fáceis de

implementar.

O Novo Quadro Legislativo consiste nos seguintes documentos:

Regulamento (CE) nº 765/2008, que estabelece os requisitos de acreditação e

fiscalização (vigilância do mercado) dos produtos;

Decisão nº 768/2008/CE, relativa a um quadro comum para a comercialização de

produtos, que inclui disposições de referência a serem incorporadas sempre que

a legislação sobre produtos for revista;

Regulamento (CE) nº 764/2008, que estabelece procedimentos para a aplicação

de certas regras técnicas nacionais a produtos legalmente comercializados

noutro país da UE.

Um dos principais objetivos da Comissão Europeia é harmonizar a legislação de

produtos segundo as disposições de referência da Decisão nº 768/2008/CE. As diretivas

e regulamentos que atualmente integram a legislação harmonizada são apresentados

no Quadro 6 a seguir.

20 Fonte: https://ec.europa.eu/growth/single-market/goods/new-legislative-framework_en

97

Quadro 6. Legislação harmonizada da União Europeia para produtos.

1. Segurança dos brinquedos - Diretiva 2009/48/UE, de 18/06/2009. 2. Equipamentos sob pressão transportáveis - Diretiva 2010/35/UE, de 16/06/2010. 3. Restrição de substâncias perigosas em equipamentos elétricos e eletrônicos - Diretiva 2011/65/UE, de 08/06/2011. 4. Produtos de construção - Regulamento (UE) n.º 305/2011, de 09/03/2011. 5. Artigos pirotécnicos - Diretiva 2013/29/UE, de 12/06/2013. 6. Embarcações de recreio e motos aquáticas - Diretiva 2013/53/UE, de 20/11/2013. 7. Explosivos para uso civil - Diretiva 2014/28/UE, de 18/06/2009. 8. Vasos sob pressão - Diretiva 2014/29/UE, de 26/02/2014. 9. Compatibilidade eletromagnética - Diretiva 2014/30/UE, de 26/02/2014. 10. Instrumentos de pesagem não automáticos - Diretiva 2014/31/UE, de 26/02/2014. 11. Instrumentos de medição - Diretiva 2014/32/UE, de 26/02/2014. 12. Elevadores - Diretiva 2014/33/UE, de 26/02/2014. 13. Equipamentos e sistemas de proteção para uso em atmosferas potencialmente explosivas (ATEX) - Diretiva 2014/34/UE, de 26/02/2014. 14. Equipamentos de rádio - Diretiva 2014/53/UE, de 16/04/2014. 15. Equipamentos elétricos de baixa tensão - Diretiva 2014/35/UE, de 26/02/2014. 16. Equipamentos sob pressão (> 0,5 bar) - Diretiva 2014/68/UE, de 15/05/2014. 17. Equipamentos marítimos - Diretiva 2014/90/UE, de 23/07/2014. 18. Instalações de transporte por cabo - Regulamento (UE) n.º 2016/424, de 09/03/2016. 19. Equipamentos de proteção individual - Regulamento (UE) n.º 2016/425, de 09/03/2016. 20. Aparelhos a gás - Regulamento (UE) n.º 2016/426, de 09/03/2016. 21. Dispositivos médicos - Regulamento (UE) n.º 2017/745, de 05/04/2017. 22. Dispositivos médicos para diagnóstico in vitro - Regulamento (UE) n.º 2017/746, de 05/04/2017.

Fonte: https://ec.europa.eu/growth/single -market/goods/new-legislative-framework_en.

Observamos que há mais de 30 anos a UE estabeleceu um novo modo de

regulamentar, que tentava resolver muitos dos mesmos problemas que estamos

enfrentando no Brasil neste momento. Com exceção das preocupações de

uniformização das práticas em nível regional, todas as outras se aplicam praticamente

sem alterações ao nosso caso. Mesmo as preocupações de harmonização, com as

devidas ressalvas, podem ser transpostas para as enormes diferenças regionais

presentes e nos desafios que o Inmetro enfrenta ao tentar aplicar uma regra de caráter

geral, desenhada em nível federal, em todas as unidades da federação.

Enquanto a Europa tinha a preocupação de melhorar o mercado interno de

mercadorias e reforçar as condições para a colocação de uma vasta gama de produtos

no mercado da UE, pode-se afirmar que hoje o Brasil deve estar preparado para a

entrada de novos produtos inovadores em um ritmo cada vez maior devido à

98

globalização e a integração cada vez maior do nosso parque produtivo às cadeias globais

de valor.

A Europa também se preocupou em melhorar as regras de fiscalização do

mercado para proteger melhor tanto os consumidores como os profissionais contra

produtos perigosos, incluindo os importados de fora da UE. Essa mesma questão aflige

o Inmetro, principalmente considerando que os acidentes de consumo são um tema

cada vez mais observado pelas autoridades públicas, por sua relevância social e

econômica, assim como o controle das fronteiras se torna cada vez mais importante

para evitar a concorrência desleal de produtos de baixa qualidade e inseguros, que

obtêm vantagens indevidas por serem comercializados a preços mais baixos.

Assim como a marca CE, há um grande desconhecimento da população brasileira

sobre o verdadeiro significado do Selo de Identificação da Conformidade,

principalmente no que tange à logomarca do Inmetro. Enquanto muitos acreditam que

o Selo significa qualidade em seu sentido mais amplo, ou seja, durabilidade, usabilidade,

ergonomia, praticidade, etc., na maioria das vezes ele representa tão somente o

atendimento a requisitos mínimos de segurança. Isso faz com que várias demandas que

seriam originalmente aderentes aos órgãos de defesa do consumidor sejam

encaminhadas ao Instituto.

A constatação mais interessante, entretanto, pode ser extraída a partir da

observação mais pormenorizada da lista de regulamentos apresentada. Pode-se

perceber que, dos 22 itens que a compõe, a priori, 13 seriam de responsabilidade

regulatória do Inmetro, total ou parcialmente, a saber: segurança de brinquedos;

equipamento sob pressão transportável; restrição de substâncias perigosas em

equipamentos elétricos e eletrônicos; produtos de construção; vasos sob pressão;

compatibilidade eletromagnética; instrumentos de pesagem não automáticos;

instrumentos de medição; elevadores; equipamentos e sistemas de proteção para

atmosferas explosivas; equipamentos elétricos de baixa tensão; equipamentos sob

pressão; e aparelhos a gás. A quantidade de regulamentos que seriam de

responsabilidade do Inmetro versus o universo de regulamentos publicados pela UE

demostra inequivocamente o quão vasto é o escopo regulatório que recai sobre o

“regulador residual” nacional.

99

Outro ponto interessante é também identificar a evolução desses regulamentos.

Enquanto o mais antigo, de segurança de brinquedos, foi publicado em 2009, o mais

recente, de dispositivos médicos para diagnóstico in vitro, foi publicado apenas em

2017. Aqui cabe ressaltar que o regulamento de segurança de brinquedos, de 2009,

ainda está vigente. Ou seja, mais de 10 anos de estabilidade regulatória, o que só foi

possível através da utilização de requisitos gerais e o reconhecimento de normas

europeias e internacionais como complemento da regulamentação.

A normalização, aliás, é um ponto que merece destaque no ambiente regulatório

da UE. As normas europeias exercem uma importante função no mercado interno,

graças à utilização das normas harmonizadas21 na presunção da conformidade dos

produtos com os requisitos essenciais estabelecidos na legislação. Isso quer dizer que o

cumprimento das normas harmonizadas confere a presunção de conformidade com os

requisitos essenciais. Em optando por não utilizar as normas harmonizadas, o fabricante

não se beneficia da presunção de conformidade.

Cabe ressaltar que atender à norma não é necessário nem suficiente. De

qualquer, forma o fornecedor ainda fica obrigado a realizar a análise de risco do seu

produto para evitar que consumidores ou o meio ambiente sejam prejudicados por

questões não previstas no regulamento, sejam elas advindas da inovação trazida aos

produtos ou da combinação de características de diversos produtos em um só. Um

exemplo disso pode ser um brinquedo que possua bateria interna, porta de

carregamento e conexão à internet, como deve ser cada vez mais comum com a

popularização da internet das coisas. Esse produto teria que atender simultaneamente

aos regulamentos de segurança dos brinquedos, compatibilidade eletromagnética,

equipamentos de rádio e dispositivos elétricos de baixa tensão.

Para produtos com regras harmonizadas (Quadro 6 apresentado anteriormente),

na maioria dos casos, é exigido que o fornecedor ateste a conformidade dos produtos

21 Segundo o Regulamento (UE) nº 1.025/2012, “norma harmonizada é uma norma europeia aprovada com base num pedido apresentado pela Comissão Europeia, tendo em vista a aplicação de legislação da União em matéria de harmonização”. A relação das normas harmonizadas aplicáveis aos produtos sujeitos à legislação harmonizada da União pode ser consultada em http://ec.europa.eu/growth/single-market/european-standards/harmonised-standards/.

100

através de uma declaração da conformidade (DF). Neste caso, o interessante é saber

que, para as autoridades de vigilância de mercado, não basta apenas um documento

dizendo que o produto está conforme. É necessário que o fornecedor tenha documentos

que comprovem a conformidade do produto, ainda que isso não seja exigido ex-ante.

Para muitos fornecedores, a forma mais fácil de subsidiar sua DF é realizar a certificação

do produto. Essa certificação que, em muitos casos, é uma certificação de tipo, é feita

por organismos acreditados, mas que possuem esquemas próprios de avaliação da

conformidade, o que gera mais concorrência no setor.

Cabe, também, destacar a Diretiva Geral de Segurança de Produtos (GPSD, na

sigla em inglês) da União Europeia.22 Essa diretiva existe para garantir, de uma forma

ainda mais ampla, que apenas produtos seguros sejam vendidos no mercado. A diretiva

relativa à segurança geral dos produtos também complementa a legislação específica

do setor. Como apresentamos anteriormente, regras específicas de segurança se

aplicam a brinquedos, produtos elétricos e eletrônicos, cosméticos, produtos químicos

e outros grupos específicos de produtos.

É com base na atuação das autoridades de vigilância de mercado de cada país

que a UE, através da GPSD e dos regulamentos específicos de cada setor, estabeleceu e

mantém o Rapex. Esse Sistema de Alerta Rápido permite que 31 países europeus e a

Comissão Europeia troquem rapidamente informações sobre produtos não alimentares

perigosos. Produtos que representam riscos para a saúde e a segurança podem ser

rastreados e rapidamente retirados do mercado. Se um produto perigoso for

encontrado em qualquer um dos países que participam do sistema, a autoridade

nacional deve enviar informações sobre o produto ao Rapex.

As autoridades de fiscalização do mercado cooperam estreitamente com as

alfândegas, que desempenham um papel importante na proteção dos consumidores

contra quaisquer produtos perigosos importados de fora da UE. Para operacionalizar a

GPSD, além da Decisão da Comissão (CE, 2010), sobre a qual falaremos a seguir, há

também a edição de uma comunicação periódica (anual)23 onde são listadas as normas

22 Fonte: https://ec.europa.eu/info/general-product-safety-directive_en. 23 https://eur-lex.europa.eu/legal-

content/EN/TXT/PDF/?uri=uriserv:OJ.C_.2017.267.01.0007.01.ENG

101

harmonizadas que são utilizadas como referência pelas autoridades de vigilância de

mercado.

A GPSD, por ser muito genérica, precisou de legislação complementar para ser

efetivamente aplicada, sendo uma das principais a Decisão da Comissão, de

16 de dezembro de 2009, que estabelece orientações relativas à gestão do Rapex e do

procedimento de notificação. Nesse documento são apresentadas relevantes

definições, como as de risco, perigo e produto. A seguir, apresentamos alguns perigos

que a GPSD tenta evitar:

O perigo é a propriedade intrínseca ao produto que é susceptível de provocar uma lesão no consumidor que o utiliza. Pode assumir diversas formas: — perigo mecânico, por exemplo quando existem arestas afiadas susceptíveis de cortar os dedos, ou aberturas pequenas onde os dedos podem ficar entalados; — perigo de asfixia, por exemplo quando um brinquedo tem peças pequenas que podem soltar-se e ser engolidas por uma criança provocando asfixia; — perigo de sufocamento, por exemplo se um capuz de anoraque tiver cordões deslizantes que podem provocar estrangulamento; — perigo elétrico, por exemplo se existirem elementos elétricos sob tensão que podem causar um choque elétrico; — perigo de incêndio ou de aquecimento, por exemplo no caso da ventoinha de um aquecedor, que pode sobreaquecer, incendiar-se e provocar queimaduras; — perigo térmico, por exemplo a superfície exterior de um forno, que pode provocar queimaduras; — perigo químico, por exemplo no caso de uma substância tóxica que pode intoxicar o consumidor imediatamente após a ingestão, ou de uma substância cancerígena que pode provocar cancro a longo prazo. Alguns produtos químicos podem ser prejudiciais para o consumidor apenas na sequência de uma exposição repetida; — perigo microbiológico, como uma contaminação bacteriológica de produtos cosméticos que possa causar uma infecção cutânea; — perigo de ruído, como os toques de chamada demasiado altos nos brinquedos que imitam celulares, que podem afetar a capacidade auditiva das crianças; — outros perigos, por exemplo de explosão, implosão, pressão sônica e ultrassônica, pressão de fluidos ou radiação proveniente de fontes de raios laser. (CE, 2009, p. 41)

Vários desses perigos são observados por normas e pelos regulamentos

expedidos pelo Inmetro. Produtos infantis por exemplo, têm preocupação especial com

perigos mecânicos e químicos. No caso de eletrodomésticos, há preocupação com

perigos elétricos, mas não há nenhum regulamento hoje publicado pelo Inmetro que

contemple de forma tão abrangente uma proteção do nível da GPSD.

102

O fato de o Brasil não possuir restrições e proteções desse nível traz dois

prejuízos imediatos para o país. O primeiro é que muitas inovações podem deixar de vir

para o mercado interno por dificuldades no processo de avaliação da conformidade,

principalmente quando elas não se encaixarem em uma das categorias estritas definidas

previamente. O segundo é a fragilidade dos controles internos do país que, por não ter

restrições equivalentes aos melhores e maiores mercados do mundo, acaba recebendo

o que não consegue entrar na Europa e nos EUA, ou seja, produtos de baixa qualidade

e inseguros, que, como dito anteriormente, competem em desigualdade de condições

com produtos importados de melhor qualidade e aqueles produzidos no país.

5.2 Modelo regulatório norte-americano

Os dados apresentados neste estudo a respeito do modelo regulatório

americano na área de segurança de produtos se limitam ao modelo atual praticado pela

Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA (US Consumer Product Safety

Commision - CPSC).

Cabe aqui uma primeira explicação sobre a natureza das Commissions

americanas, como a CPSC, a Federal Communications Commission, a Federal Trade

Commission, dentre outras. Essas Comissões são órgãos criados por lei e considerados

independentes do Executivo, vinculadas diretamente ao Legislativo. Portanto, não são

sujeitas a várias determinações do Chefe de Estado e seus membros não podem ser

exonerados ad nutum (NOGUEIRA, 2016). Isso as torna fundamentalmente diferentes

de qualquer agência reguladora brasileira, órgão ou entidade da administração direta,

autárquica ou fundacional nacional. Talvez o único exemplo que temos mais parecido

seria o Tribunal de Contas da União, que é considerado um “órgão de extração

constitucional” (TCU, 2019).

A CPSC é encarregada de proteger o público contra riscos irracionais de

ferimentos ou morte associados ao uso de milhares de tipos de produtos de consumo

sob jurisdição da Comissão. As mortes, os ferimentos e os danos à propriedade relativos

aos incidentes de produtos de consumo custam aos EUA mais de $ 1 trilhão anualmente.

A CPSC está empenhada em proteger os consumidores dos produtos que representem

perigos mecânicos, elétricos, químicos ou de incêndio. O trabalho da Comissão para

103

garantir a segurança de produtos como brinquedos, berços, ferramentas elétricas,

isqueiros e produtos químicos domésticos, contribuiu para um declínio na taxa de

mortes e lesões associadas a produtos de consumo ao longo dos últimos 40 anos (CPSC,

2019).

A CPSC administra e aplica várias leis federais. Essas leis, relacionadas abaixo,

supracitadas autorizam a Comissão a proteger o público contra riscos não razoáveis de

ferimentos e mortes associados a produtos de consumo (CPSC, 2019).

Consumer Product Safety Act (CPSA)

Consumer Product Safety Improvement Act (CPSIA)

Public Law 112-28: Updates to CPSIA

Children's Gasoline Burn Prevention Act (CGCPA)

Federal Hazardous Substances Act (FHSA)

Child Safety Protection Act (CSPA)

Labeling of Hazardous Art Materials Act (LHAMA)

Flammable Fabrics Act (FFA)

Poison Prevention Packaging Act (PPPA)

Refrigerator Safety Act (RSA)

Virginia Graeme Baker Pool and Spa Safety Act (VGB Act)

Child Nicotine Poisoning Prevention Act of 2015 (CNPPA)

Drywall Safety Act of 2012 (DSA)

A CPSC publica alguns regulamentos para implementar as leis que administra e

aplica. Esses regulamentos especificam os requisitos que se aplicam a indivíduos,

empresas e outros. Mesmo que não exista um regulamento obrigatório para um

determinado produto, pode haver normas voluntárias ou informações de certificação

que se apliquem ao tipo de produto. O pessoal da Comissão participa do

desenvolvimento de normas voluntárias (CPSC, 2019).

Fato que merece destaque é que, antes de 1972, as normas de segurança para

produto de consumo eram definidas em nível estadual e, como as normas estaduais

eram muitas vezes diferentes, consequentemente havia grande discrepância entre elas.

Normas conflitantes eram um problema para os fabricantes que tentavam manter

custos baixos de produção, pois implicavam no cumprimento dos diferentes

regulamentos de cada estado. Com a criação da CPSC, as normas de segurança passaram

a ser uniformes em nível federal (FLAHERTY, 2009) apud (NOGUEIRA, 2016).

104

A lei de segurança de produtos de consumo - o Consumer Product Safety Act

(CPSA) – estabeleceu uma espécie de regulamento geral ao determinar, em sua seção

15, que todos os produtos de consumo, independentemente de regulamentação

específica, devem ser seguros (EUA, 1972) apud (NOGUEIRA, 2016). A CPSC adota um

modelo em que é exigida uma obrigação geral ex-ante para que apenas produtos

seguros possam ser colocados no mercado pelos fornecedores. Tal obrigação é

denominada General Product Safety Provision (GPS) ou disposição geral de segurança

(OCDE, 2008) apud (NOGUEIRA, 2016).

Essa determinação de cumprimento compulsório por qualquer fornecedor que

atue no mercado dos EUA estabeleceu uma forma diferente de relacionamento entre o

fornecedor e o regulamentador, na medida em que, primeiramente, estabelece uma

grande responsabilidade ao fornecedor, que deve manter a segurança do seu produto

independentemente da existência ou não de regulamento específico e, em segundo

lugar, oferece maior liberdade ao regulamentador para uma ação de vigilância de

mercado mais abrangente, focada em análise de riscos oferecidos por produtos

inseguros, e para a atuação mais seletiva na regulamentação técnica propriamente dita

(NOGUEIRA, 2016).

A CPSC não competência legal sobre serviços, tampouco jurisdição sobre

algumas categorias de produtos, que são regulados por outras agências federais, como

por exemplo, bebidas alcoólicas, armas de fogo, veículos, alimentos, medicamentos,

saneantes, cosméticos e equipamentos de proteção individual (NOGUEIRA, 2016). Nesse

ponto, cabe destacar que a competência residual do Inmetro é maior do que a da CPSC

em vários casos. Além dos serviços, o Inmetro regula materiais para construção civil,

partes e peças automotivas, equipamentos para a indústria, além de produtos que são

do escopo de outros órgãos e nos são delegados formalmente.

A CPSC é uma “agência” orientada por dados, o que quer dizer que todas as suas

ações, quer seja de atuação no mercado ou de regulamentação, são baseadas em

informações que demonstrem tendências e riscos potenciais emergentes. Dentre as

fontes de informações mais relevantes estão os bancos de dados mantidos pela própria

CPSC, que atualmente são cinco, quais sejam: a) dados de lesão e potencial lesão (IPII),

b) atestados de óbitos relacionados a produtos, c) investigações aprofundadas (INDP),

105

c) Sistema Nacional Eletrônico de Vigilância de Lesões (NEISS) e d) Informações de

varejistas (NOGUEIRA, 2016).

A segunda fonte de entrada possível, específica para o início de um processo

regulatório, é a petição, que pode ser apresentada por qualquer empresa ou cidadão

com um pedido fundamentado de atuação da CPSC. Segundo Page e colaboradores

(1974), a criação da ferramenta de petição por cidadãos em geral representou um

avanço na participação dos consumidores nos processos de regulação. A lei define

regras e exige cumprimento de requisitos mínimos para a apresentação e aceite da

petição (EUA, 1972) apud (NOGUEIRA, 2016).

Outras duas fontes de informação para a atuação da CPSC são os estudos e

ensaios conduzidos em seu Centro Nacional para Avaliação e Ensaios de Produtos

(National Product Testing and Evaluation Center). Esses estudos e ensaios são realizados

com base nos dados e tendências observados nos bancos de dados supracitados e nos

relatos de riscos feitos pelos fornecedores de forma direta. É importante ressaltar que

de acordo com a lei de segurança de produtos (CPSA), seção 15b, os fornecedores estão

obrigados a informar riscos identificados em relação aos produtos que fabricam,

importam ou comercializam em até, no máximo, 24 horas (EUA, 2008) apud (NOGUEIRA,

2016).

A CPSC utiliza três métodos para a vigilância de produtos regulamentados no

mercado, atuando no varejo, no comércio eletrônico e em portos e aeroportos. Todas

as ações de fiscalização são feitas de forma direta por investigadores de campo, que são

servidores da CPSC. As ações de vigilância são orientadas, sobretudo, para a retirada dos

produtos inseguros do mercado e das mãos do consumidor (CPSC, 2011) apud

(NOGUEIRA, 2016).

Essas ações de vigilância não estão limitadas aos produtos que possuam

regulamentação específica, já que a CPSC possui, pelo CPSA, uma jurisdição sobre todos

os produtos de consumo (excetuados aqueles já citados), independentemente da

regulamentação específica dos mesmos. Assim, qualquer produto que suscite suspeita

quanto à segurança pode ser fiscalizado, investigado e sofrer ações de recall e/ou

aplicação de penalidades. Além disso, a responsabilidade sobre o produtos é

106

compartilhada entre todos os membros da cadeia de comercialização, desde o

fabricante até o vendedor de varejo (EUA, 2008) apud (NOGUEIRA, 2016).

No varejo, a atuação inclui a triagem de produtos em lojas para ensaios, além da

execução de verificações possíveis de serem realizadas no campo, como checagem de

rótulos e requisitos que não exijam ensaios laboratoriais. No comércio eletrônico, há

uma equipe de investigação dedicada para a vigilância específica dessa forma de

comércio, alguns em tempo integral, e são checados o cumprimento de recalls já

anunciados e banimentos, além da compra de amostras para ensaios (CPSC, 2011) apud

(NOGUEIRA, 2016).

A vigilância de produtos importados é uma das grandes prioridades da Comissão

(CPSC, 2015). Para atuação nos portos, a CPSC trabalha com a autoridade de controle de

aduana dos EUA, a Customs and Border Protection, objetivando verificar as violações às

regras gerais de segurança e aos regulamentos vigentes, evitando, assim, que produtos

inseguros sejam colocados no mercado de consumo dos EUA (NOGUEIRA, 2016).

Podemos identificar algumas diferenças fundamentais entre os modelos

americano e brasileiro. No caso americano, após estabelecer o escopo de abrangência

de atuação da CPSC através da definição do termo produto de consumo e dos escopos

estabelecidos pelas outras leis que ela administra, não cabe mais separar produtos entre

regulados e não regulados. Todos os produtos que estão no escopo devem cumprir os

comandos da lei, havendo ou não regulamento específico para eles. Isso inclui, como

dito anteriormente, requisitos de segurança química, elétrica, mecânica,

inflamabilidade, dentre outros. Há também uma deferência às normas técnicas. O

entendimento é similar ao europeu no sentido de utilizar os requisitos específicos e

métodos de ensaio constantes em normas nacionais e internacionais para identificar

riscos apresentados pelos produtos.

Por fim, é interessante pontuar que a CPSC utiliza mecanismos de avaliação da

conformidade para todos os produtos regulados24. O mecanismo pode ser a exigência

24 https://www.cpsc.gov/Business--Manufacturing/Testing-Certification/Lab-Accreditation/Rules-Requiring-a-General-Certificate-of-Conformity/

107

de um Certificado Geral de Conformidade (General Certificate of Conformity - GCC)25 ou

de um Certificado de Produto Infantil (Children’s Product Certificate - CPC)26. Esses

certificados de conformidade se assemelham muito ao que chamamos de declaração de

conformidade do fornecedor, ou seja, um mecanismo de atestação de primeira parte27.

A diferença entre um CPC e um GCC é que o primeiro exige que os ensaios sejam

realizados em laboratórios notificados, que podem ou não ser de terceira parte e podem

ou não ser acreditados.

Nota-se, aqui, uma semelhança ente o modelo americano da CPSC e o da União

Europeia no que se refere à atestação da conformidade dos produtos colocados no

mercado, que se baseia, em ambos os casos, na declaração da conformidade do

fornecedor (DF).

5.3 Modelo regulatório do Reino Unido

O Reino Unido é um caso bem interessante para ser estudado no momento atual

da história. Sendo parte da União Europeia e, consequentemente, do mercado comum

europeu, o Reino Unido esteve vinculado às determinações relevantes de segurança de

produtos emanadas pelo Parlamento Europeu em função do trabalho desenvolvido na

Comissão Europeia. No entanto, por causa do recente plebiscito quanto à permanência

ou não do Reino Unido na União Europeia, onde a maioria decidiu pela saída (Brexit), o

Reino Unido se viu numa posição de ter que recriar suas regras internamente.

A reformulação das regras teve um objetivo muito claro, qual seja o de manter

acesso ao mercado comum mesmo após o denominado Brexit. Para isso, a União Eurpeia

estabeleceu que os regulamentos de segurança de produtos, mais especificamente

aqueles que tratam da marcação CE, deveriam continuar a ser cumpridos pelo Reino

Unido. Independentemente dessa decisão, caberia então ao Reino Unido criar um órgão

25 Mais informações sobre os requisitos de um GCC podem ser encontradas em https://www.cpsc.gov/Business--Manufacturing/Testing-Certification/General-Certificate-of-Conformity.

26 Mais informações sobre os requisitos de um CPC podem ser encontradas em https://www.cpsc.gov/Testing-Certification/Childrens-Product-Certificate-CPC.

27 Exemplos de certificados para roupas para adultos e colchões podem ser encontrados em https://www.cpsc.gov/Business--Manufacturing/Testing-Certification/General-Certificate-of-Conformity-GCC.

108

regulador de fato, e não mais somente um órgão fiscalizador da segurança de produtos.

A questão de qual modelo institucional poderia ser usado foi muito debatida.

Nesse mesmo período, por uma coincidência infeliz do destino, dois grandes

eventos negativos envolvendo a segurança de produtos ocorreram. O primeiro foi um

incêndio de grandes proporções em um edifício em Londres, que posteriormente ficou

conhecido como “Grenfell Tower fire”28. O segundo foi uma série de incêndios causados

por secadoras de roupa da fabricante Whirpool, que ocorreram em diversas residências

em todo o Reino Unido.

Esses eventos influenciaram o Ministro das Pequenas Empresas, Consumidores

e Responsabilidade Corporativa, Margot James, a solicitar um relatório a uma comissão

independente que apresentasse recomendações para melhorar a segurança dos

produtos de consumo, como bens da linha branca, e para o processo de recall29. O

relatório, elaborado pelo Grupo de Trabalho em Segurança de Produtos e Recalls, faz

um apanhado muito interessante do cenário da segurança de produtos no Reino Unido

naquele momento. Dentre suas recomendações constavam a necessidade de uma

autoridade central com capacidade para dar suporte à tomada de decisão e

coordenação das autoridades locais e as empresas que eles regulam, a necessidade de

um guia de ações corretivas e recalls, e a necessidade de estabelecer uma autoridade

primária.

Cale aqui uma citação direta do Relatório Final do Grupo de Trabalho em

Segurança de Produtos e Recalls30:

Unlike many areas of regulation (such as food safety, medicines, health

safety, etc.) product safety regulation does not have a Government body

or resources dedicated to providing technical and scientific capability

and co-ordination to support enforcement. (…)

At Central Government level, responsibility for product safety falls to a small

specialist Product Safety policy team, now part of Regulatory Delivery

within BEIS. (Grifos nossos)

28 Grenfell Tower fire: https://en.wikipedia.org/wiki/Grenfell_Tower_fire.

29 Relatório ao Ministro Margot James: https://www.gov.uk/government/publications/report-to-margot-james.

30 Relatório disponível em https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/630364/wgprs-report.pdf.

109

A partir dessas e outras observações e recomendações feitas pelo Grupo de

Trabalho, o Governo Britânico decidiu adotar algumas medidas para aumentar o nível

de segurança de produtos de consumo oferecidos no mercado britânico. Uma dessas

medidas foi a criação do Office for Product Safety and Standards (OPSS), em janeiro de

2018, pelo Department for Business, Energy & Industrial Strategy (BEIS), com o objetivo

de aprimorar a proteção para os consumidores e o meio ambiente e de impulsionar a

produtividade, o crescimento e a confiança dos negócios.

O OPSS assumiu as responsabilidades do antigo Regulatory Delivery31, incluindo

a de autoridade primária e o código dos reguladores. É também responsável por

aumentar a capacidade nacional em segurança de produtos e pelo desenvolvimento de

mecanismos que apoiem o crescimento das pequenas empresas e implementem a visão

da estratégia industrial de simplificar a regulação. As atribuições do OPSS são as

seguintes:

Desenvolvimento da capacidade nacional em segurança de produtos e regulação

técnica;

Desenvolvimento de políticas sobre segurança de produtos, metrologia e

regulatory delivery (implementação);

Autoridade primária32;

Compromissos para uma melhor regulamentação industrial local;

Emissão de regulamentos técnicos;

Aprovação de modelos de medidores de utilidades e definição de regras de

metrologia legal;

Regulação técnica em preparação para o Brexit;

Regulatory Delivery internacional;

Serviços técnicos do NMO (National Measurements Office, Metrologia Legal);

Normas e política de acreditação;

Insights de negócios através do painel de referência empresarial e outros; e

Patrocínio do British Hallmarking Council.

O escopo de atuação do OPSS é incrivelmente similar ao do Inmetro, com a

exceção do National Physical Laboratory, que realiza parte das ações que no Inmetro

são feitas pela Diretoria de Metrologia Legal. Anteriormente à criação do OPSS, o antigo

31 https://www.gov.uk/government/organisations/regulatory-delivery.

32 https://www.gov.uk/government/publications/primary-authority-overview.

110

Better Regulatory Delivery Office e o NMO já haviam se fundido para criar o Regulatory

Delivery, o que explica em parte o amplo escopo de atividades desse novo escritório.

Ao contrário de outras autoridades de segurança de produtos do mundo, o OPSS

também agrega funções de acreditação, metrologia legal e ponto focal de barreiras

técnicas. Posteriormente, ficou definido que ele também ficaria responsável pelos

regulamentos de eficiência energética no Reino Unido, espelhando o que há na Europa,

focando a convergência regulatória num período pós-Brexit.

Essa incrível similaridade com o Inmetro torna o OPSS um ótimo estudo de caso.

Mais interessante ainda é observar seu movimento de recriar os regulamentos europeus

na área de segurança de produtos, eficiência energética, metrologia legal, dentre

outros, numa tentativa de buscar convergência regulatória para facilitar a abertura dos

mercados consumidores para os produtos ali produzidos.

111

6 PROPOSTA DE NOVO MODELO

A proposta do novo modelo regulatório para a Dconf foi construída a partir do

diagnóstico, retratado no capítulo 4. Do diagnóstico, depreendem-se dois objetivos a

serem perseguidos pelo novo modelo regulatório. O primeiro refere-se à ampliação da

performance regulatória (efetividade e eficiência) através do aumento da focalização,

da cobertura e do compliance. O segundo relaciona-se à redução de efeitos adversos da

atividade regulatória para a atividade econômica. Desburocratização, simplificação

administrativa e otimização de recursos são nortes que orientaram a concepção do

modelo.

Para construir um modelo regulatório capaz de atingir esses objetivos não é

preciso “reinventar a roda”, na medida em que já existe experiência internacional sobre

o tema. No capítulo anterior mostramos dois casos bem-sucedidos de modelos

regulatórios voltados para a regulação de produtos de consumos, o dos EUA e o da União

Europeia, que foram tomados como referência para elaboração da proposta aqui

apresentada33.

O novo modelo regulatório, esquematizado na

Figura 5, é sustentado por três pilares. O primeiro é um ambiente normativo

baseado em regulamentos gerais e requisitos essenciais, visando ao aumento da

cobertura do escopo legal e à diminuição de regras prescritivas. O segundo pilar enfatiza

que o processo regulatório terá como foco a resolução de problemas regulatórios, com

o fortalecimento das atividades de monitoramento e o emprego de ações regulatórias

planejadas e priorizadas a partir dos problemas identificados, ampliando assim a

focalização. O terceiro pilar compreende o aumento da responsabilização dos

fornecedores a fim de ampliar o nível de compliance dos agentes regulados.

33 Por ser uma entidade regulatória recente, não mencionamos o OPSS como referência para a construção da proposta. No entanto, como exposto no capítulo anterior, por ser uma instituição com atividades correlatas às do Inmetro e por ter um modelo regulatório baseado no da União Europeia, julgamos relevante acompanhar o seu desenvolvimento como entidade reguladora.

112

Figura 5. Esquema do novo modelo regulatório do Inmetro/Dconf.

Fonte: Elaboração própria.

Na base dos três pilares, temos um princípio geral: o de flexibilidade. Esse

princípio se relaciona à ideia de eficiência e proporcionalidade das ações regulatórias.

As ações empregadas devem ser aquelas estritamente necessárias para a resolução dos

problemas regulatórios e os recursos devem estar disponíveis, na medida do possível,

para serem alocados de forma a maximizar o resultado da regulação. Na sequência,

apresentaremos os pilares do modelo de forma mais detalhada.

6.1 Ambiente normativo baseado em regulamentos gerais e em requisitos

essenciais

O ambiente normativo contempla as “regras do jogo”, definindo como ele pode

e deve ser “jogado” pelos diversos atores que compõem o sistema regulatório. A ideia

base para o ambiente normativo é de que a regras que prescrevem a mudança de

comportamento desejada para os agentes econômicos devem se limitar, no que for

possível, ao estabelecimento de requisitos gerais e essenciais, definindo os resultados a

alcançar ou os riscos a serem evitados, ao invés de especificar as soluções técnicas

113

específicas para tal. Essas especificações técnicas ficam a cargo das normas técnicas,

elaboradoras pelo(s) organismo(s) de normalização, com algum nível de

acompanhamento pelo regulador.

A proposta separa o ambiente normativo em três níveis, conforme ilustrado na

Figura 6. No primeiro nível estão os regulamentos(s) geral(is), que prescrevem regras

abrangentes aplicadas a todos os atores que compõem o sistema regulatório, tais como

a Diretiva Geral de Segurança de Produtos Europeia (Diretiva 2001/95/CE) e o

Regulamento (CE) nº 765/2008. No segundo nível estão os que chamamos regulamentos

transversais, que versam sobre um conjunto de objetos (por exemplo, produtos infantis,

produtos elétricos) ou sobre riscos específicos (químicos, mecânicos, etc.). O terceiro

nível contempla os regulamentos específicos, aplicados a objetos específicos (ex.: fogão,

geladeira, brinquedos, etc.).

Figura 6. Ilustração do ambiente normativo do novo modelo regulatório.

Fonte: Elaboração própria.

Além da distribuição em níveis, os regulamentos são separados em dois grandes

grupos. O primeiro grupo é formado por regras aplicadas a todos os agentes regulados,

definindo o comportamento desejado para esses atores. O segundo grupo é composto

por regras que regem as atividades de controle de mercado e de avaliação da

conformidade, ou seja, são as ferramentas para a indução da mudança de

114

comportamento. O intuito dessa separação é a desvinculação e a flexibilidade de

aplicação dessas ferramentas como forma de ampliar a eficiência do seu uso para a

resolução de problemas regulatórios, como abordaremos mais adiante.

Os três níveis de regulamento se aplicam de forma cumulativa, o que significa

dizer que regulamentos transversais e específicos só precisam acrescentar algum

requisito quando as provisões mais genéricas, contidas nos regulamentos mais gerais,

não forem suficientes para evitar ou reduzir o risco. Há ainda, um efeito cumulativo

dentro de um mesmo nível de regulamento, ou seja, um produto que possua

simultaneamente características de produto infantil e elétrico, por exemplo, deverá

atender a todos os regulamentos específicos e transversais aplicáveis, além do geral.

Nos subitens 6.1.1 a 6.1.3 detalharemos um pouco mais os tipos de regras do novo

ambiente normativo.

6.1.1 Regras de prescrição do comportamento desejado dos agentes regulados

6.1.1.1 Nível 1 – Regulamentos Gerais

Tomando como inspiração a Diretiva Geral de Segurança de Produtos - Diretiva

2001/95/CE da União Europeia, no primeiro nível temos um Regulamento Geral, guarda-

chuva, que estabelece requisitos gerais aplicados a todos os entes regulados. Embora

julguemos que a definição desses requisitos gerais devam ser objeto de estudo e

proposição futura, sugerimos que o Regulamento Geral contemple, pelo menos, os

seguintes tópicos:

a) Proibição da comercialização em território nacional de objetos (insumos,

produtos e serviços) que não observem os aspectos previstos no inciso IV do

Art.3º da Lei nº 9.933/1999;

b) Definição da responsabilidade pela resolução de problemas regulatórios

como sendo do fornecedor e não do regulador;

c) Definição das responsabilidades dos demais entes da cadeia de

fornecimento dos insumos, produtos e serviços;

d) Definição de que qualquer problema regulatório que for identificado pelo

fornecedor deve ser informado para o consumidor e para o regulador;

115

e) Definição de que quando for identificado um problema regulatório pelo

fornecedor, este deve adotar as medidas necessárias para que o problema

seja sanado;

Assim, ainda que a elaboração de uma minuta de Regulamento Geral não esteja

no escopo deste trabalho, apresentamos no Quadro 7 um exemplo de redação de

artigos que poderiam compor esse regulamento, apenas com o propósito de ilustrar a

ideia apresentada.

Quadro 7. Exemplos ilustrativos de artigos do Regulamento Geral que prescreverá a mudança de comportamento desejada.

Art. 1º. Os insumos, produtos e serviços ofertados no mercado nacional, que estejam sob a competência legal do Inmetro, devem ser fornecidos de forma a não oferecer riscos à segurança e a saúde humana, animal e vegetal, ao meio ambiente, e a não promover práticas desleais de comércio.

Parágrafo único. A competência legal do Inmetro, no que tange aos aspectos referidos no caput, é residual, abrangendo os insumos, produtos e serviços que não constituam objeto da competência de outros órgãos e de outras entidades da Administração Pública Federal.

Art. 2º. Os fornecedores devem cumprir os Regulamentos expedidos pelo Inmetro, responsabilizando-se integralmente pelos insumos, produtos e serviços disponibilizados no mercado brasileiro.

Parágrafo único. A comprovação do atendimento aos requisitos estabelecidos pela autoridade regulamentadora não afasta a obrigação do fornecedor de fazer a avaliação de risco de seus produtos.

(...)

Art. 3º. As infrações aos Regulamentos expedidos pelo Inmetro ensejarão as penalidades previstas na Lei nº 9.933/1999.

Fonte: Elaboração própria.

O Regulamento Geral é a base para construção do novo ambiente normativo,

cujos benefícios podem ser resumidos nos seguintes:

1) Aumento da cobertura. No diagnóstico, foi identificado como um dos fatores que

influenciam a baixa efetividade do modelo regulatório atual a baixa cobertura da

regulação, estimada em 12% atualmente. A partir do Regulamento Geral, todo o

escopo de regulação do Inmetro estará coberto e passível de algum tipo de ação

regulatória.

2) Aumento da responsabilização. A existência do Regulamento Geral possibilitará

a aplicação de sanções quando forem identificados insumos, produtos ou

serviços que ofereçam riscos à sociedade, independentemente da existência de

um regulamento transversal ou específico para o objeto em questão.

116

3) Aumento da eficiência no tratamento de novos problemas regulatórios, uma vez

que a resposta do regulador ao problema será quase que imediata,

diferentemente do modelo atual que requer a elaboração de uma regra

específica para um objeto ainda não regulamentado, o que pode levar cerca de

7 anos (ver diagnóstico) para surtir o efeito desejado.

4) Aumento da previsibilidade. O Regulamento Geral gera um ambiente de

previsibilidade para todo o setor uma vez que dá clareza quanto às regras e

responsabilidades dos agentes no sistema regulatório. Além disso, protege o

consumidor sem onerar desnecessariamente a indústria, uma vez que regula

sem imposição de obrigações burocráticas.

6.1.1.2 Nível 2 – Regulamentos transversais

O segundo nível do ambiente normativo será composto por regulamentos

transversais e setoriais, cujo conteúdo versa sobre especificações técnicas para um

conjunto de aspectos/riscos ou de objetos. Como dissemos, esses regulamentos

poderão abarcar setores com características comuns (produtos infantis, produtos da

construção civil, produtos elétricos, etc.), ou ainda, tratar determinados tipos de riscos

(químicos, elétricos, etc.).

Esses regulamentos, quando tratarem de setores ou famílias de produtos, devem

abordar riscos específicos que os itens que compõem esse escopo podem oferecer.

Deverão ser mais específicos do que o regulamento geral, porém, só serão elaborados

quando houver riscos em um setor ou família de produtos que justifiquem sua

elaboração. De forma semelhante, quando necessário, poderão ser elaborados

regulamentos para tratar tipos específicos de riscos, tais como químicos ou elétricos,

que podem estar presentes em mais de uma família de produtos.

Uma das vantagens desses regulamentos é estabelecer, em um único

documento, requisitos aplicáveis a uma série de objetos. Há com isso um potencial de

promover a simplificação administrativa a partir da redução do número de Portarias

tramitadas e publicadas no Diário Oficial da União, bem como dos recursos empregados

para a elaboração de regulamentos específicos que versem sobre questões em comum.

Citemos, como exemplo, um Regulamento Setorial para Produtos Infantis. Ele

contemplaria requisitos essenciais para produtos atualmente regulamentados pelo

Inmetro (como berços, brinquedos, cadeiras de alimentação e carrinhos para crianças)

e abrangeria também inúmeros produtos destinados ao público infantil que ainda não

117

são regulamentados pelo Inmetro, mas que, muito provavelmente, oferecem riscos

semelhantes aos produtos atualmente regulamentados.

6.1.1.3 Nível 3 – Regulamentos específicos

O terceiro nível contempla os regulamentos específicos, aplicados, como o nome

sugere, para um objeto. Observa-se que no novo modelo proposto para o Inmetro a

edição desse tipo de regulamento não é proibida, assim como no caso do modelo

europeu. Porém, os regulamentos específicos funcionam de forma subsidiária. A regra

geral é a criação de regulamentos com requisitos essenciais, ficando a cargo das normas

técnicas as especificações técnicas pormenorizadas.

A edição de regulamentos específicos (por objeto) é a prática corrente do

modelo regulatório atual. A diferença fundamental aqui é que a publicação de um novo

regulamento não constitui condição necessária para a ação regulatória, na medida em

que o escopo de competência legal do Inmetro já estaria regulamentado pelos

regulamentos dos dois primeiros níveis. Os regulamentos específicos seriam, portanto,

dispensáveis, e sua edição só ocorreria em casos excepcionais, quando as ações

regulatórias de resposta (ver item 6.2), fundamentadas pelos regulamentos já existentes

de níveis 1 e 2, não forem suficientes para a resolução do novo problema que se

apresentar.

Além do critério geral, mais abstrato, para edição de regulamentos específicos (ou

seja, se a situação-problema assim o exigir), podemos citar algumas situações mais

concretas que poderiam ensejar a criação de regulamentos nível 3, como as seguintes:

Quando não existir norma técnica específica para o objeto que possa ser usada

como referência para avaliar o atendimento aos requisitos do regulamento geral

e/ou dos regulamentos transversais;

Nos programas de etiquetagem, quando houver necessidade de harmonizar os

critérios e procedimentos para avaliar a eficiência energética; e

Na internalização de regulamentos técnicos do Mercado Comum do Sul

(Mercosul).

Ressaltamos que esse tipo de regulamento constituiu a exceção no ambiente

normativo. Isso porque, como se demonstrou no diagnóstico, essa forma de

regulamentação é ineficiente e tem sido uma das causas da baixa cobertura, efetividade

eficiência do atual modelo regulatório.

118

6.1.2 Normas Técnicas e a presunção de conformidade

Um conceito importante a ser introduzido no ambiente normativo é o de

“presunção de conformidade”. Por esse dispositivo, os fornecedores de objetos que

atendem às normas técnicas específicas gozam de presunção de conformidade aos

requisitos técnicos dos regulamentos aos quais essas normas estão referenciadas.

Entretanto, o atendimento às normas técnicas não afasta a possibilidade de aplicação

de sanções ou de medidas de restrição da comercialização de objetos, quando esses

apresentarem problemas regulatórios.

Deste modo, mantem-se o caráter voluntário das normas técnicas (não

constituindo regulamentos técnicos), que cumprem papel de guia para os fornecedores

cumprirem os requisitos essenciais, ao mesmo tempo em que resguarda os reguladores

de adotarem medidas de controle quando esses produtos, mesmo assim, se mostrarem,

por exemplo, inseguros. Ademais, essas normas técnicas podem ser utilizadas como

base para o controle de mercado, especialmente quando envolver a realização de

ensaios laboratoriais.

Fica claro que nesse modelo o normalizador exerce um papel mais relevante do

que no atual sistema regulatório, na medida em que a normalização constituirá o palco

principal de discussões sobre requisitos técnicos específicos dos objetos regulados. Isso

demanda, entre outras coisas, uma relação mais próxima do regulador com o

normalizador. No âmbito da União Europeia, inclusive, a normalização é regulamentada

pelo Regulamento (UE) nº 1.025/2012, com regras de transparência e participação de

interessados, acesso a micro e pequenas empresas, entre outras.

Neste trabalho, não elaboramos uma proposta de regulamentação para

atividade de normalização (tal como existe na UE), mas salientamos que essa atividade

assume um papel importante no novo modelo e, em função disso, deve ser objeto de

discussão mais aprofundada posteriormente com a ABNT e, possivelmente, no âmbito

do Conmetro, que é o fórum que estabelece as diretrizes para a atividade de

normalização no país.

119

6.1.3 Regras de indução da mudança de comportamento dos agentes regulados

No grupo de regras relativas às atividades de indução da mudança de

comportamento desejado dos agentes regulados, temos a regulamentação das

atividades de avaliação da conformidade e de controle de mercado. Esse ambiente

normativo também é formado por três níveis, porém não os detalharemos nessa

proposta, ficando esse detalhamento a cargo das discussões posteriores. Como exemplo

de regulamentos gerais aplicados a essas atividades tem-se o já citado Regulamento (CE)

765/2008. O Quadro 8 a seguir apresenta uma lista exemplificativas de assuntos que

podem ser abordados nesses regulamentos.

Quadro 8. Exemplos de conteúdo abordado nos Regulamentos Gerais de Avaliação da Conformidade e de Controle de Mercado

Regulamento Geral de Avaliação da Conformidade

1. Define as formas de atestação e atividades de avaliação da conformidade.

2. Define os critérios a serem utilizados na escolha das atividades de avaliação da conformidade aplicadas a cada objeto, tais como:

(a) Adequação da atividade ao tipo de produto; (b) Natureza dos riscos inerentes ao produto e à adequação da avaliação da

conformidade ao tipo e ao nível de risco; (c) Necessidade de evitar a imposição de atividades que possam representar um encargo

excessivo aos regulados em relação aos riscos abrangidos pelos regulamentos.

4. Estabelece orientações para tratamento diferenciado a micro e pequenas empresas e para produtos fabricados por encomenda e produção de pequenas séries.

6. Define os tipos de arranjos institucionais possíveis para a propriedade ou administração dos esquemas de avaliação da conformidade (ex.: próprios do regulamentador com gestão centralizada, próprio do regulamentador com gestão descentralizada, próprios dos OAC).

7. Define orientações para a escolha do tipo de arranjo institucional adequado em cada caso.

8. Define regras para seleção de organismos que realizam as atividades de avaliação da conformidade.

9. Define regras para designação de OAC.

Regulamento Geral de Controle de Mercado

1. Estabelece os princípios e objetivos gerais que regem as atividades de controle de mercado (baseada em riscos, fiscalização responsiva, etc.).

2. Define a estratégia de monitoramento de problemas regulatórios.

3. Define, observando a lei, as respostas regulatórias possíveis de serem aplicadas.

4. Define, em linhas gerais, os critérios a serem utilizados para escolha da resposta regulatória adequada.

5. Estabelece o regime de cooperação com a RBMLQ-I.

6. Estabelece o regime de cooperação entre OAC e as atividades de controle de mercado.

7. Define as obrigações de prestação de informações pelos agentes regulados para as atividades de controle de mercado.

8. Estabelece as regras gerais para o Registro e para a Anuência.

Fonte: Elaboração própria.

120

6.2 Foco na resolução de problemas regulatórios

O segundo pilar postula que o foco da atuação regulatória deve ser a resolução

de problemas regulatórios. No diagnóstico mostramos que um dos motivos dos

resultados negativos da efetividade regulatória era a baixa focalização, explicada pela

forma como a agenda regulatória foi historicamente montada a partir das demandas

externas por PAC, além da ausência de um monitoramento efetivo de problemas

regulatórios. O aumento da focalização inclui a construção de uma estratégia para o

monitoramento de problemas, mas passa também pela mudança da constituição e

funcionamento de todos o processo regulatório, como veremos nos tópicos 6.2.1 e 6.2.2

a seguir.

6.2.1 Estratégia de Monitoramento de Problemas Regulatórios

A base para mudança do foco para os problemas regulatórios é uma estratégia

de monitoramento capaz de identificar de forma efetiva os problemas regulatórios

relativos ao escopo de competência legal do Inmetro “nas áreas de avaliação da

conformidade”. Além de detectar os problemas, é preciso também identificar outras

informações relativas aos problemas que possibilitem inferência sobre a sua

importância em termos de gravidade, urgência, abrangência, persistência, etc.

Há diversos tipos de sistemas de monitoramento de problemas regulatórios que

podem ser utilizados. Alguns desses são custosos, como o realizado pela CPSC em

hospitais selecionados a partir de um desenho amostral que torne os resultados

representativos de todo o mercado regulado. Outros sistemas são mais baratos, como

os de recebimento de demandas da sociedade via Ouvidoria do órgão.

Como já abordamos neste estudo, os sistemas de monitoramento podem ser

reativos (passivos) ou proativos (ativos). Os sistemas passivos compreende aqueles

alimentados por informações fornecidas de forma voluntária e espontânea por agentes

externos, enquanto os sistemas proativos compreendem a coleta de informações de

forma ativa pelo regulador. Em geral, os sistemas passivos são mais baratos, a depender,

é claro, da sua concepção. No Quadro 9 a seguir apresentamos uma proposta de

reestruturação do recebimento de denúncias e reclamações pelo Inmetro para a

finalidade de monitoramento reativo de problemas.

121

Quadro 9. Sistema de Monitoramento de Problemas Regulatórios dos Consumidores

Uma maneira de construir um sistema de monitoramento (reativo) de problemas regulatórios de maneira eficiente é reestruturar o sistema de recebimento de coleta e tratamento de denúncias e reclamações do consumidor. Hoje, quando um consumidor faz uma denúncia ou reclamação sobre um produto ou serviço na Ouvidoria do Inmetro, ou mesmo no SINMAC, a análise e o tratamento da demanda são realizadas por um técnico do Inmetro.

A mudança aqui proposta é de que, ao invés de o tratamento da denúncia ou reclamação ser feita pelo Inmetro, a demanda seja tratada pelo próprio fornecedor do produto, a exemplo de como funciona em empresas de telefonia móvel e banda larga reguladas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em concessionárias de energia elétrica reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e em operadoras de planos de saúde reguladas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Outro exemplo é o site Reclame Aqui.

No novo sistema proposto, o consumidor informaria o problema regulatório (acidente de consumo, dano ao meio ambiente, etc.), informações sobre o objeto (fornecedor, marca, modelo, etc.) e informações que permitam inferir a relevância do problema (gravidade, frequência, etc.). O fornecedor seria então notificado sobre a denúncia/reclamação e, a partir da notificação, iniciaria a contagem de tempo para tratamento da demanda (alguns sistemas fixam prazo para o tratamento pelo fornecedor). No sistema, assim que o tratamento for concluído (se for concluído), o consumidor seria informado, podendo contestar a informação de conclusão do processo.

A ideia é que a partir do momento que os problemas regulatórios são “resolvidos” pelos próprios fornecedores, a intervenção pelo regulador torna-se desnecessária. O sistema, de fato, funcionaria como uma forma de coletar informações que possibilitariam a identificação, pelo regulador, objetos, fornecedores e problemas mais relatados (segundo a sua ordem de importância) e que mereceriam atenção do regulador e aplicação de alguma ação regulatória.

O Inmetro já conta com o SINMAC, sistema que permite o recebimento dessas reclamações/denúncias, com a diferença de que o fornecedor não é acionado no processo. Comparando o volume de informações recebidas no sistema com, por exemplo, o Reclame Aqui (ver 4.2), percebe-se que o volume é muito baixo para a representatividade que ser quer para o monitoramento no Novo Modelo Regulatório.

A nossa crença é de que tal sistema, se implantado, ampliará substancialmente o volume de reclamações/denúncias recebidas pelo Inmetro porque o não tratamento dos problemas regulatórios poderá suscitar algum tipo de ação do regulador, inclusive de penalidades caso se caracterize o descumprimento de algum regulamento. O acionamento do fornecedor como primeira instância de tratamento do problema ainda desonera os técnicos do Inmetro de analisar e tratar caso a caso, fato evidentemente inviável pela dimensão do mercado sob responsabilidade do órgão (mesmo se considerarmos somente os objetos já regulados).

Fonte: Elaboração própria.

O ideal é conjugar sistemas passivos com sistemas ativos de monitoramento,

pois determinados tipos de problemas regulatórios não são facilmente identificados

pelos usuários finais. Exemplos disso são os riscos de intoxicação com substâncias

químicas presentes nos produtos de consumo, mas também riscos de quedas, quebras,

tombamentos, entre tantos outros.

122

Muitos desses riscos são identificados apenas a partir da realização de ensaios

laboratoriais, que podem ser feitos em laboratórios próprios, de parceiros ou

contratados. A escolha da melhor forma de viabilizar a realização desses ensaios é

condicionada, evidentemente, pela disponibilidade de recursos. Comparando

laboratórios próprios com a contratação de terceiros, temos a princípio que o primeiro

tem custo inicial (investimento) mais elevado, mas um custo variável menor, o que

favorece a realização de um grande volume de ensaios. No entanto, tanto o custeio de

laboratórios próprios como a contratação de ensaios em laboratórios de terceiros

podem ser afetados por eventuais contingenciamentos orçamentários.

A alternativa de trabalhar com parcerias mitiga os riscos envolvidos na utilização

de laboratórios próprios e na contratação de terceiros, mas depende de arranjos

interinstitucionais, visto que a efetivação da parceria depende de

recompensas/benefícios percebidos pela instituição parceira. Neste trabalho não

definimos o arranjo ideal para viabilizar a realização dos ensaios laboratoriais, mas

indicamos que um misto dos três tipos seja o mais indicado para dirimir os riscos de cada

um.

6.2.2 Processo regulatório do novo modelo

Neste item descrevemos a proposta de como o processo regulatório do novo

modelo funcionaria. O ponto principal da mudança é o deslocamento do foco atual nos

processos e atividades de elaboração de regras e gestão de programas de avaliação da

conformidade para o processo de vigilância de mercado. A Figura 7 ilustra o novo

processo regulatório proposto, que é formado por dois ciclos, sendo o principal o da

vigilância de mercado, em azul na figura. O segundo ciclo, em verde, é o da

regulamentação (elaboração de regulamentos), que é também integrado ao primeiro

ciclo.

123

Figura 7. Processo regulatório do novo modelo.

Fonte: Elaboração própria.

Para entender a diferença do processo regulatório proposto para o novo modelo

em relação ao que é realizado no modelo atual, o ponto de partida é observar o que

acontece a partir da identificação de um problema regulatório (detecção). Quando isso

ocorrer, o primeiro ciclo acionado é o da vigilância de mercado, que vai analisar e definir

respostas regulatórias para o problema detectado. Definida a resposta, ela será, então,

aplicada. Os passos seguintes são o monitoramento (para ver se a resposta regulatória

provocou o efeito esperado) e a avaliação da necessidade de se manter, alterar ou

ampliar a resposta regulatória aplicada. Partindo do pressuposto de que os

regulamentos geral e transversal já estarão estabelecidos, o fluxo de regulamentação

(que também consiste em uma resposta regulatória) só será ativado para resolver um

problema regulatório quando o fluxo da vigilância de mercado for insuficiente para isso.

Como exemplo, imaginem que a equipe de vigilância de mercado detecte um

grande volume de relatos de acidentes com um produto infantil que está provocando

lesões moderadas em crianças. A equipe identifica que todos os casos são relativos a um

modelo específico de brinquedo. A equipe então define como resposta o envio de uma

notificação à empresa, informando sobre o descumprimento ao Regulamento

Transversal para Produtos Infantis34 e sobre as possíveis punições aplicáveis decorrentes

34 Este é um caso hipotético e não significa que será estabelecido, necessariamente, um regulamento transversal para produtos infantis.

124

do descumprimento. Após o envio da notificação, a equipe monitora para ver, após

algum tempo, se o número de relatos de acidentes com o modelo em questão foi

reduzido. Em caso positivo, entende-se que o problema foi solucionado e que não

requer qualquer nova ação regulatória. Em caso negativo, a equipe deve reavaliar o caso

em questão e definir uma nova resposta, como, por exemplo, aplicação de multa,

interdição, apreensão, cancelamento do registro (se existente), alerta aos

consumidores, entre tantas outras.

O exemplo ilustra bem o funcionamento do processo regulatório no novo

modelo. O ciclo da vigilância de mercado é o ciclo principal para resolução dos

problemas regulatórios e o ciclo de regulamentação só é acionado quando aquele for

insuficiente para resolução do problema. Isso pode acontecer quando as ferramentas

típicas de vigilância de mercado não forem suficientes ou quando houver a necessidade

de elaboração ou revisão de regulamentos no ambiente normativo.

Fica claro que o processo tende a ser muito mais ágil para resolver problemas

regulatórios do que o modelo atual, cujo tempo de resolução de problemas pode

demorar entre 5 e 7 anos, como mostramos no diagnósticos. Retomando o exemplo

citado anteriormente, suponha que a equipe de vigilância de mercado entenda que a

resposta adequada seja a realização de um recall compulsório em colaboração com o

DPDC/Senacon/MJ. O tempo para fechar o ciclo corresponde ao tempo que leva o recall

e um período fixado para o monitoramento.

6.3 Responsabilização do fornecedor

O terceiro pilar guarda vínculo com o terceiro resultado que afeta negativamente

a efetividade regulatória, qual seja, o nível baixo de compliance. Pontuamos no

diagnóstico que esse resultado está associado ao fato de as atividades de controle

estarem fundamentalmente focadas com a verificação do cumprimento dos

procedimentos de avaliação da conformidade e não necessariamente com o

atendimento a requisitos relacionados a questões de segurança, saúde, meio ambiente

e práticas enganosas de comércio.

O aumento da responsabilização dos agentes regulados passa por uma maior

disposição do órgão em aplicar as ações necessárias para induzir a mudança de

125

comportamento, mas não só isso. Passa também por explicitar nos regulamentos que a

responsabilidade pela resolução dos problemas regulatórios é do fornecedor, de uma

ampliação dos instrumentos de enforcement utilizados atualmente pelo Inmetro, assim

como pela implantação de um novo modelo fiscalização.

Nesse sentido, propomos uma diversificação das ações utilizadas no modelo

regulatório atual, que vão além das ações previstas no Art. 8º da Lei nº 9.933/1999, as

quais, de forma geral, têm caráter essencialmente punitivo. A proposta do novo modelo,

inspirada no trabalho desenvolvido por Ayres & Braithwaite (1992), é de adotar

diferentes estratégias, que variam entre persuasão e punição, na tentativa de obter o

comportamento desejado dos entes regulados, ou seja, o aumento do nível de

compliance, que atualmente é estimado em 60%. A Figura 8 apresenta a hierarquia das

diferentes estratégias de enforcement do novo modelo regulatório.

Figura 8. Pirâmide de Enforcement.

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Braithwaite (2002).

Na base da pirâmide de enforcement estão as abordagens persuasivas e, à

medida que subimos os níveis, as ações do regulador passam a ser cada vez mais

punitivas. A ideia é variar as ações de enforcement de acordo com o comportamento do

ente regulado (regulação responsiva), privilegiando inicialmente as estratégias de

persuasão e adotando ações cada vez mais punitivas a depender da recalcitrância ou

reincidência do regulado. Cabe destacar que algumas das ações mencionadas na

126

pirâmide podem ser utilizadas pelo Inmetro com total liberdade, enquanto outras

dependem de ações de parceiros, como é o caso do recall, de competência da Secretaria

Nacional do Consumidor (Senacon), e da penalização criminal, que depende da ação do

Ministério Público.

A estratégia de naming and shaming pode também ser utilizada como uma ação

de enforcement que, para algumas empresas pode ser vista como uma ação não punitiva

enquanto que para outras pode ter um efeito mais punitivo do que a aplicação de multas

(BALDWIN, CAVE & LODGE, 2012). Essa ideia já foi inclusive ventilada para divulgar os

nomes de empresas com produtos não conformes no Programa de Verificação da

Conformidade (PVC), mas nunca chegou a ser implementada pelo Inmetro.

Aliada à mudança de foco, o Inmetro necessita de infraestrutura de apoio para

as ações de fiscalização da segurança intrínseca dos produtos. Como exemplo, um

laboratório central de ensaios permitirá ao Inmetro determinar a conformidade e a

segurança dos produtos, de maneira direta, sem depender somente das informações

produzidas pelo fornecedor e pelos OAC. Os ensaios poderiam também ser viabilizados

por meio de parcerias com entidades públicas e privadas, como mencionamos no tópico

6.2.1.

O detalhamento sobre a estratégia de fiscalização foge ao escopo de desse

trabalho, mas podemos apontar algumas estratégias para organização dessas ações,

quais sejam:

Considerando a escassez de recursos, entendemos os fiscais da RBMLQ-I

só iriam a campo quando acionados a partir de uma estratégia

fiscalizatória, construída a partir do recebimento de denúncias, entre

outros fatores. A ideia é utilizar (parte) dos recursos que atualmente são

destinados à fiscalização (que, como vimos no diagnóstico, é ineficiente)

para financiar, por exemplo, um laboratório próprio de ensaios.

Deslocamento das equipes de fiscalização existentes para escritórios

criados nos portos em parceria com a Receita Federal e para roteiros de

fiscalização que busquem fabricantes irregulares, assim como grandes

centros de distribuição de produtos contrabandeados e pirateados.

A fiscalização dos portos e aeroportos poderia ser exercida com base no

modelo adotado pelos EUA, onde a Customs and Border Protection (CBP)

e a CPSC trocam informações sobre os carregamentos que chegam, a

última processa os dados num sistema de análise de riscos e atribui uma

127

nota para cada contêiner. Baseada nessa nota de risco, o inspetor da

CPSC escolhe aqueles que quer fiscalizar, solicita à CBP a disponibilização

da mercadoria em área apropriada, realiza testes rápidos através de

equipamentos portáteis e retira amostras para serem ensaiadas no

National Product Testing and Evaluation Center.

A fiscalização de fabricantes e comerciantes poderia ser feita com base

no modelo europeu, onde os fiscais recebem um roteiro criado com base

em informações provenientes dos outros estados membros e vão às ruas

em busca de fabricantes que possuem indícios de irregularidades e de

comerciantes que são suspeitos de comercializarem produtos irregulares

e objetos de recall.

A fiscalização de pequenos comerciantes poderia ser realizada (quase)

exclusivamente com base em denúncias de consumidores e,

preferencialmente, em parceria com outros órgãos que possuem maior

capilaridade, como Vigilâncias Sanitárias e PROCON municipais e

estaduais.

Como apoio a fiscalização, poderia ser desenvolvida uma ferramenta

tecnológica que permitisse ao consumidor avaliar a conformidade do

produto no momento da compra e denunciar qualquer suspeita de

irregularidade diretamente para o Inmetro.

Por fim, o modelo de penalização mudaria para prever multas mais

adequadas ao nível da irregularidade encontrada, assim como a

capacidade econômica de cada empresa, a suspensão e o cancelamento

de registro por prazos mais longos do que os previstos hoje, efetivamente

impedindo a atuação daquela empresa e de seus sócios no mercado por

um longo prazo e a adoção de mecanismos de naming and shaming que

permitam que os cidadãos tomem conhecimento das ações do Inmetro e

realizem suas decisões de compra de forma mais consciente.

6.4 Flexibilidade

Na base dos pilares do novo modelo está o princípio fundamental, que perpassa

todos os pilares, que é a flexibilidade. Esse princípio se relaciona à ideia de eficiência e

proporcionalidade das ações regulatórias. As ações empregadas devem ser aquelas

estritamente necessárias para a resolução dos problemas regulatórios e os recursos

devem estar disponíveis, na medida do possível, para serem alocados de forma a

maximizar o resultado da regulação. Com isso podemos falar em “regulação base zero”

como norte a ser perseguido no modelo regulatório, similarmente ao conceito de

“orçamento base zero”, que preconiza que o orçamento deve ser revisto a cada novo

planejamento sem o comprometimento prévio de recursos. Em termos concretos,

128

podemos citar duas linhas de flexibilização, detalhadas nos tópicos 6.4.1 e 6.4.2 a seguir

– a ampliação do leque de ferramentas regulatórias e a desvinculação administrativa.

6.4.1 Ampliação do leque de ferramentas regulatórias

A discussão sobre a ampliação do leque de ferramentas regulatórias não é nova

na Dconf. A publicação do DOQ-Dconf-012, no fim de 2017, pode ser considerada uma

ação de diversificação do leque de ações regulatórias a serem utilizadas pelo Inmetro,

que se restringiam basicamente ao uso de PAC, com gestão centralizada. O referido

documento orientativo apresenta as medidas regulatórias que podem ser adotadas pelo

Inmetro, na área de atuação da Dconf, para modificar o comportamento dos agentes

econômicos e/ou dos cidadãos e, consequentemente, evitar ou mitigar os problemas

regulatórios identificados. Tais medidas abrangem desde a tradicional regulamentação

técnica, com ou sem uso da avaliação da conformidade, até as medidas alternativas ao

comando e controle, como campanhas educativas e de orientação, recomendações

técnicas, termos de ajustamento de conduta e estímulo à normalização técnica

(INMETRO, 2017).

Embora consideremos que o documento de medidas regulatórias represente um

avanço em matéria de regulação na Dconf, reforçamos que a atuação da Diretoria não

deve estar limitada às medidas nele previstas. Faz-se mister que o Inmetro acompanhe

a atuação de seus pares e de entidades internacionais de referência em matéria de

regulação a fim de estar atento à possibilidade de implementar novas abordagens

regulatórias. Aliás, como veremos em seguida, um mesmo tipo de abordagem pode vir

a ser utilizada tanto na fase de design (prescrição da mudança de comportamento

desejada) como na fase de controle (indução do comportamento desejado). Daí a nossa

opção por adotar o termo genérico “ação regulatória”.

A título de exemplo de nova ação regulatória, citamos o behavioural insights (ou

insights comportamentais). Trata-se de uma abordagem indutiva de comportamento

que, segundo a OCDE (2017), tem sido amplamente utilizada para a implementação e

compliance de políticas públicas já vigentes, mas com grande potencial para ser aplicada

na fase de formulação (design) das intervenções no mercado. Outro exemplo é a

estratégia de naming and shaming (nomear e envergonhar), que consiste na divulgação

129

pública de uma lista de objetos ou fornecedores que apresentam características

indesejadas para engendrar a mudança de comportamento que se almeja.

A divulgação pública de informação pode ser considerada um tipo de regulação

não fortemente intervencionista (BALDWIN, CAVE & LODGE, 2012). Sob esse aspecto, o

Programa de Análise de Produtos (PAP), que ensaia produtos e divulga um relatório com

as marcas conformes e não conformes aos requisitos técnicos normativos, pode ser

encarado como uma ação regulatória não intervencionista. Seu efeito de induzir a

mudança de comportamento nos agentes de mercado sem a necessidade de

regulamentação pode ser amplificado mediante parcerias com a mídia, como a que

existiu durante muitos anos com o programa Fantástico da Rede Globo de Televisão.

Ainda no contexto da diversificação de ações regulatórias, temos ainda algumas

ideias em relação às ferramentas de controle pré-mercado. Uma delas diz respeito a

novas soluções para uso da avaliação da conformidade nos esquemas regulatórios do

Inmetro. Conforme abordamos no capítulo de diagnóstico, o modelo regulatório atual é

fortemente calcado em esquemas de avaliação da conformidade e a gestão desses

esquemas é bastante centralizada na figura do proprietário (Inmetro), que é responsável

pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento das regras de avaliação da conformidade e

pela análise crítica periódica dos esquemas, além de assumir todas as atividades

envolvidas na sua administração.

Essa centralização de responsabilidades, associada ao aumento crescente de

programas e considerável redução de recursos humanos, implica em problemas na

gestão dos esquemas e, consequentemente, na possibilidade de perda de confiança

nessa ferramenta, perda de credibilidade na marca institucional (que está vinculada ao

Selo de Identificação da Conformidade), além da redução de compliance. Para contornar

esses problemas e evitar suas consequências, propomos a aplicação de diferentes

arranjos de governança dos esquemas de avaliação da conformidade, que variam desde

o arranjo atual, pautado na centralização das responsabilidades no Inmetro, até um

arranjo similar ao adotado no modelo europeu, em que as responsabilidades estão mais

centradas nos OAC e no organismo de acreditação. Entre esses dois arranjos, haveria

ainda uma estrutura mista, em que as atividades de desenvolvimento/aperfeiçoamento,

administração e/ou análise periódica poderiam ficar a cargo de outra entidade, com

130

algum nível de supervisão e controle do Inmetro a depender de fatores como os riscos

associados ao objeto de avaliação da conformidade. Exemplos de diferentes tipos de

arranjos são apresentados na Figura 9 a seguir.

Figura 9. Arranjos institucionais para os esquemas de avaliação de conformidade

Fonte: Elaboração própria.

6.4.2 Desvinculação administrativa

A desvinculação administrativa compreende a liberação de determinadas

obrigações estabelecidas para o Inmetro/Dconf em atos administrativos ou em normas

do Sistema de Gestão da Qualidade do Inmetro (SGQI). Isto é, o que buscamos é maior

discricionariedade para definir como executar determinadas atividades e ações

regulatórias conforme a situação e conveniência, e nesse sentido uma alocação de

recursos mais eficiente. Como vimos no diagnóstico, as atividades de registro, anuência

e gestão dos PAC, da forma como estão concebidas atualmente, estão fortemente

calcadas no emprego de recursos humanos do Inmetro, e ainda comprometem grande

parte dos recursos da diretoria.

O registro de objeto é, sem dúvida alguma, o caso mais grave de vinculação

administrativa para a Dconf. Como abordamos no capítulo do diagnóstico, o registro é

131

requerido sempre que a avaliação da conformidade é exigida para o fornecimento de

um produto ou serviço, e os procedimentos relativos ao registro são estabelecidos no

regulamento aprovado pela Portaria Inmetro nº 512/2016. Esta estabelece que a

concessão, a manutenção e a renovação do registro é atrelada à atestação (declaração

ou certificação) inicial, à manutenção e à renovação da atestação, sendo a validade do

registro vinculada à validade da atestação. A Portaria especifica também que o registro

deve ser concedido, concomitantemente, por modelo/família de produto, por CNPJ e

por unidade fabril/local de instalação, mediante a análise de documentação anexada ao

Sistema Orquestra pelo fornecedor. Isso implica a necessidade de aumento do efetivo

de colaboradores à medida que se amplia o número de objetos passíveis de registro, de

forma que o prazo legal (15 dias) para análise seja obedecido.

Especialmente nos casos de registro de objetos sujeitos à declaração do

fornecedor, o processo de análise tende a ser menos eficiente ainda, pois cabe ao

analista avaliar relatórios de ensaios, planilhas de especificações técnicas (para objetos

regulamentados no âmbito do Programa Brasileiro de Etiquetagem), memoriais

descritivos e outros documentos que venham a ser exigidos nos Requisitos de Avaliação

da Conformidade específicos. Mais crítico ainda é o caso do registro de serviços que

envolve a verificação da conformidade por agentes da RBMLQ-I, tal como determina os

Requisitos Gerais para Declaração da Conformidade do Fornecedor de Serviços (Portaria

Inmetro no 485/2011).

Se compararmos a forma como usamos a declaração da conformidade do

fornecedor com o modo que a União Europeia e os EUA adotam essa ferramenta de

controle pré-mercado, fica evidente a elevada carga administrativa que se impõe aos

entes regulados e ao Inmetro quando se vincula a atestação da conformidade ao registro

de objeto tal como é realizado atualmente. Outra prática que, apesar de não obrigatória,

compromete recursos expressivos é a fiscalização formal realizada pelos fiscais da

RBMLQ-I. Como vimos no diagnóstico, essa atividade consiste basicamente em verificar

a presença do Selo de Identificação da Conformidade e outras marcações e que o nível

de efetividade como indutora da mudança de comportamento é muito baixa.

Entendemos que essa deve funcionar apenas de forma reativa e integrada com uma

132

estratégia de fiscalização. Com isso é possível a disponibilização de um volume de

recursos considerável, aplicados de forma pouco eficiente na RBMLQ-I.

133

7 CONCLUSÃO

Este estudo objetivou apresentar uma proposta de novo modelo regulatório para

a Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf) do Instituto Nacional de Metrologia,

Qualidade e Tecnogia (Inmetro), limitando-se a elaborar a concepção geral de um novo

modelo, e deixando a cargo de etapas posteriores o aprofundamento das análises que

embasaram a sua concepção assim como o debate em torno da sua implementação.

Entre os motivos para a proposição de um novo modelo regulatório, temos a

baixa performance regulatória, os efeitos adversos para a economia (desestímulo à

inovação e à competividade, dificuldade para inserção em outros mercados, etc.), o

desalinhamento com as melhores práticas internacionais de regulação de produtos e as

iniciativas do governo federal de promover um ambiente regulatório no país de maior

liberdade econômica como estratégia de desenvolvimento econômico. De fato, esses

fatores tornam premente a revisão do modelo atual. Podemos dizer que a própria razão

de ser das atividades exercidas pelo Inmetro nesse campo passam por essa mudança.

A construção da proposta partiu de uma análise histórico de como chegamos até

a situação vigente, passando por um diagnóstico que demonstrou a baixa efetividade e

eficiência do modelo atual, bem como o seu esgotamento, finalizando pela análise de

outros modelos regulatórios bem sucedidos nesse sentido, notadamente os modelos

europeu e norte-americano.

A proposta é composta por três pilares e um princípio geral. Os pilares são: i) um

ambiente normativo baseado em regulamentos gerais e requisitos essenciais, visando

ao aumento da cobertura do escopo legal e à diminuição de regras prescritivas; ii) o foco

na resolução dos problemas regulatórios para a ampliação da focalização da atividade

regulatória; e iii) o aumento da responsabilização dos fornecedores com o propósito de

ampliar o nível de compliance dos agentes regulados. O princípio da flexibilidade, que é

a base do modelo e permeia os três pilares, se relaciona à ideia de eficiência e

proporcionalidade das ações regulatórias.

A proposta apresentada fornece o arcabouço geral e conceitual de um novo

modelo regulatório, mas ela não esgota a discussão necessária para a sua efetiva

134

implantação. Abaixo listamos alguns dos pontos necessários ainda para serem debatidos

nas próximas etapas deste trabalho:

Avaliação de riscos e estratégias de mitigação;

Planos de transição e de implementação;

Novos processos e estrutura organizacional; e

Recursos.

A discussão sobre cada item supracitado foge ao alcance deste trabalho, mas são

fundamentais para que o novo modelo seja bem sucedido. Para a avaliação de risco, por

exemplo, temos que o novo modelo preconiza a mudança de comportamento de

diversos agentes públicos e privados. Além do próprio regulador, entre esses agentes

destacam-se o acreditador, o normalizador, os fiscalizadores (RBMLQ-I) e

principalmente os agentes regulados. Podemos ainda destacar as parcerias com

entidades diversas para apoio às ações de controle pós-mercado necessárias para

compensar o menor controle prévio. Há o risco de que alguns desses agentes não se

comportem da maneira esperada e o quanto isso pode afetar o funcionamento do novo

modelo deve ser avaliado e formuladas medidas de mitigação. Podemos ainda citar

outros riscos (operacionais, institucionais, jurídicos e financeiros).

No plano de implementação ainda deve ser prevista uma etapa de intenso

debate com as partes interessadas, haja vista que as discussões ainda têm se restringido

ao público interno. A percepção das partes interessadas sobre o novo modelo é inclusive

um bom insumo para a análise de riscos. Para a transição é importante definir uma

estratégia que minimize o impacto negativo das migrações dos objetos dos

regulamentos específicos para o regulamento geral.

Com relação aos processos e estrutura organizacionais, esses devem ser

obviamente modificados e adaptados ao novo modelo. Alguns dos existentes devem

permanecer e/ou serem reformulados, como aqueles relacionados ao monitoramento

de problemas regulatórios. As atividades de boas práticas regulatórias permanecem, e

podem integrar uma divisão que incorpore outras atividades de avaliação. A área que

deve passar por maior reformulação é a atividade de regulamentação, uma vez que no

novo modelo os regulamentos específicos, que requerem um esforço substancial de

gestão, serão a exceção.

135

Um caso particular que deve ser objeto de estudo mais aprofundado é o

Programa Brasileira de Etiquetagem (PBE). Embora seja possível criar regras gerais para

a etiquetagem (nos moldes da Diretiva 2010/30/UE, por exemplo), possivelmente

haverá necessidade de regulamentos específicos uma vez que os métodos e critérios de

avaliação da eficiência energética, assim como aspectos como o grafismo da etiqueta,

são específicos para cada objeto. Ademais, é próprio desses programas a existência de

bases de dados de produtos através das quais o consumidor pode comparar os diversos

produtos existentes no mercado com relação à eficiência energética assim como em

relação a outros aspectos.

Por fim, devem ser estimados os recursos necessários para o funcionamento do

novo modelo e prever mecanismos de financiamento e parcerias para que ele seja

sustentável. É certo que se contar exclusivamente com recursos orçamentários a

efetividade do novo modelo será reduzida. A realização de parcerias e redes de

cooperação é essencial nas diversas etapas que compreendem o processo regulatório,

a saber: monitoramento de problemas regulatórios, definição/prescrição das regras de

mudança de comportamento e atividades de indução da mudança do comportamento.

Por fim, destacamos que o debate em torno dessa proposta deva ser ampliado

para toda a sociedade, até porque essa é a beneficiária final do sucesso dessa mudança.

Deve-se pensar em diversos meios pelos quais a participação efetiva das partes

interessadas deva ser promovida.

137

8 REFERÊNCIAS

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138

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139

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140

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143

ANEXO 1. ESTOQUE REGULATÓRIO DO INMETRO/DCONF

Quadro 10. Regulamentos Técnicos e Programas de Avaliação da Conformidade Compulsórios

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

1 Adaptadores de plugues e tomadas PAC Certificação Inmetro

2 Agente redutor de líquido automotivo - Arla 32

PAC Certificação Inmetro

3 Agulhas hipodérmicas estéreis para uso único e agulhas gengivais estéreis para uso único

PAC Certificação Anvisa

4 Andadores Infantis PAC Certificação Inmetro

5 Aquecedores de água a gás, dos tipos instantâneo e de acumulação

PAC Certificação Inmetro

6 Aplicação, Reparo e Reforma de Revestimento Interno de Tanque de Carga Rodoviário destinado ao Transporte de Produtos Perigosos

PAC DF Inmetro

7 Artigos escolares PAC Certificação Inmetro

8 Artigos para festas PAC Certificação Inmetro

9 Assentos para espectadores de eventos esportivos

PAC Certificação Inmetro

10 Barras e fios de aço destinados a armadura para estrutura de concreto armado

PAC Certificação Inmetro

11 Berços infantis PAC Certificação Inmetro

12 Bijuterias e Joias RT Não aplicável Inmetro

13 Bloco de concreto para alvenaria RT Não aplicável Inmetro

14 Bombas e motobombas centrífugas PAC DF Inmetro

15 Brinquedos PAC Certificação Inmetro

16 Cabos de aço de uso geral PAC Certificação Inmetro

17 Cadeiras de alimentação para crianças PAC Certificação Inmetro

18 Cadeiras plásticas monobloco PAC Certificação Inmetro

19 Caldeiras e vasos de pressão de produção seriada

PAC Certificação Inmetro

20 Cantoneiras de aço laminadas a quente para montagem de torres de transmissão de energia elétrica

PAC DF Inmetro

21 Capacete de segurança para uso na indústria

PAC Certificação MTE

22 Capacetes para condutores e passageiros de motocicletas e similares

PAC Certificação Inmetro

23 Carrinhos para Crianças PAC Certificação Inmetro

24 Centrífugas de Roupas PAC Certificação Inmetro

144

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

25 Chupetas PAC Certificação Anvisa

26 Cilindros de alta pressão para armazenamento de gás natural veicular como combustível, a bordo de veículos automotores

PAC Certificação Contran

27 Colchões e colchonetes de espuma fluxível de poliuretano

PAC Certificação Inmetro

28 Colchões de Mola PAC Certificação Inmetro

29 Colete de segurança de alta visibilidade PAC DF Denatran

30 Componentes automotivos para motocicletas, motonetas, ciclomotores, triciclos e quadriciclos

PAC Certificação Inmetro

31 Componentes Automotivos - Anexos I a VII

PAC Certificação Inmetro

32 Componentes de bicicleta de uso adulto PAC Certificação Inmetro

33 Componentes cerâmicos para alvenaria RT Não aplicável Inmetro

34 Componentes do sistema para gás natural veicular

PAC Certificação Inmetro

35 Componentes dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para proteção contra quedas com diferença de nível

PAC Certificação MTE

36 Componentes dos sistemas de compressão de gás natural veicular e de gás natural comprimido

PAC Certificação Inmetro

37 Componentes dos sistemas de descarga e de abastecimento de combustíveis

PAC Certificação Conama

38 Concessão em florestas públicas PAC Outro MMA

39 Condicionadores de ar PAC DF Inmetro

40 Conexões de ferro fundido maleável para a condução de fluidos

PAC Certificação Inmetro

41 Construção, montagem e funcionamento de sistemas automáticos não metrológicos de fiscalização de trânsito

PAC DF Contran

42 Contentores intermediários para granéis (IBC) utilizado no transporte de produtos perigosos

PAC Certificação ANTT

43 Conversores catalíticos destinados à reposição

PAC DF MMA-Ibama

44 Copos plásticos descartáveis PAC Certificação Inmetro

45 Disjuntores PAC Certificação Inmetro

46 Dispositivos elétricos de baixa tensão RT Não aplicável Inmetro

47 Dispositivos de retenção para crianças PAC Certificação Inmetro

48 Eixos veiculares PAC Certificação Contran

145

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

49 Embalagens individualizadas de alimentos do tipo blister, para segurança de utilização e precaução de acidentes na manipulação

RT Não aplicável Inmetro

50 Embalagens destinada ao envasilhamento de álcool

PAC Certificação Anvisa

51 Embalagens grandes utilizadas no transporte de produtos perigosos

PAC Certificação ANTT

52 Embalagens recondicionadas utilizadas no transporte terrestre de produtos perigosos

PAC Certificação ANTT

53 Embalagens refabricadas utilizadas no transporte terrestre de produtos perigosos

PAC Certificação ANTT

54 Embalagens utilizadas no transporte terrestre de produtos perigosos

PAC Certificação MT

55 Equipamentos de certificação digital padrão ICP-Brasil

PAC Certificação ITI

56 Equipamentos para consumo de água PAC Certificação Inmetro

57 Equipamentos de proteção Individual (EPI) - Luvas Isolantes de Borracha

PAC Certificação MTE

58 Equipamentos de proteção individual (EPI): Peças semifaciais filtrantes para partículas

PAC Certificação MTE

59 Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas, nas condições de gases e vapores inflamáveis e poeiras combustíveis

PAC Certificação Inmetro

60 Equipamentos elétricos sob regime de vigilância sanitária

PAC Certificação Anvisa

61 Equipamentos para aquecimento solar de água

PAC Certificação Inmetro

62 Equipos de Uso Único de Transfusão, de Infusão Gravitacional e de Infusão para Uso com Bomba de Infusão

PAC Certificação Anvisa

63 Escadas metálicas domésticas PAC Certificação Inmetro

64 Estabilizadores de tensão monofásicos, com saída de tensão alternada, com tensão nominal de até 250 V em potências de até 3kVA/3KW

PAC Certificação Inmetro

65 Extintores de incêndio PAC Certificação Inmetro

66 Fabricação de veículos acessíveis de características rodoviárias para transporte coletivo de Passageiros

PAC Certificação SNPD

67 Fabricação de veículos acessíveis de características urbanas para transporte coletivo de passageiros

PAC Certificação SNPD

146

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

68 Fabricantes, Encarroçadores e/ou Transformadores de Veículos Rodoviários e Fabricantes de Equipamentos Veiculares

PAC Inspeção Contran

69 Fios, cabos e cordões flexíveis elétricos PAC Certificação Inmetro

70 Fogões e fornos a gás de uso doméstico PAC Certificação Inmetro

71 Fornos de micro-ondas PAC Certificação Inmetro

72 Fornos elétricos comerciais PAC Certificação Inmetro

73 Fósforos de segurança PAC Certificação Inmetro

74 Fusíveis tipo rolha e tipo cartucho RT Não aplicável Inmetro

75 Implantes mamários PAC Certificação Anvisa

76 Indicadores de pressão para extintores de incêndio

PAC Certificação Inmetro

77 Inspeção da adaptação de acessibilidade em veículos de Características Rodoviárias para o Transporte Coletivo de Passageiros

PAC Inspeção SNPD

78 Inspeção da adaptação de acessibilidade em veículos de caraterísticas urbanas para o transporte coletivo de passageiros

PAC Inspeção SNPD

79 Inspeção de segurança veicular - veículos rodoviários

PAC Inspeção Contran

80 Inspeção de segurança veicular de veículos rodoviários automotores com sistema de gás natural veicular - RTQ n° 37

PAC Inspeção Contran

81 Inspeção de veículos e equipamentos rodoviários para o transporte de produtos perigosos

PAC Inspeção MT

82 Inspeção na construção de tanque de carga em plástico reforçado com fibra de vidro para o transporte rodoviário de produtos perigosos a granel - Grupo 4B e 4C (RTQ PRFVc)

PAC Inspeção MT

83 Inspeção periódica de tanque de carga em plástico reforçado com fibra de vidro para o transporte rodoviário de produtos a granel - Grupos 4B e 4C (RTQ PRFVi)

PAC Inspeção MT

84 Inspeção técnica e manutenção de extintores de incêndio

PAC DF Inmetro

85 Interruptores para instalações elétricas fixas domésticas e análogas.

PAC Certificação Inmetro

86 Isqueiros a Gás PAC DF Inmetro

87 Lâmpadas LED com dispositivo integrado à base

PAC Certificação Inmetro

147

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

88 Lâmpadas de uso doméstico - Linha incandescente

PAC DF Inmetro

89 Lâmpadas fluorescentes compactas com reator integrado à base

PAC DF Inmetro

90 Lâmpadas vapor de sódio a alta pressão PAC DF Inmetro

91 Líquidos para freios hidráulico para veículos automotores

PAC Certificação Inmetro

92 Limite de chumbo em tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, de vernizes e materiais similares para revestimento de superfícies

R Não aplicável Casa Civil

93 Luminárias para Iluminação Pública Viária

PAC Certificação Inmetro

94 Luvas cirúrgicas e de procedimento não cirúrgico de borracha natural, borracha sintética e de misturas de borrachas sintéticas

PAC Certificação Anvisa e MTE

95 Luvas de proteção contra agentes biológicos, não sujeitas ao regime de vigilância sanitária, de borracha natural, borracha sintética, misturas de borracha natural e sintética, e de policloreto de vinila

PAC Certificação MTE

96 Mamadeiras e bicos de mamadeira PAC Certificação Anvisa

97 Mangueiras de PVC Plastificado para Instalações Domésticas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)

PAC Certificação Inmetro

98 Máquinas de lavar roupa de uso doméstico

PAC DF Inmetro

99 Motores elétricos trifásicos de indução rotor gaiola de esquilo

PAC DF CGIEE-MME, MDIC/Inmetro e

MCT

100 Móveis escolares - cadeiras e mesas para conjunto aluno individual

PAC Certificação Inmetro

101 Panelas metálicas PAC Certificação Inmetro

102 Pneus de bicicletas de uso adulto PAC Certificação Inmetro

103 Pino-rei para veículo rodoviário destinado ao transporte de cargas e produtos perigosos

PAC Certificação Inmetro

104 Plataformas elevatórias veiculares PAC Certificação Inmetro

105 Plataformas Elevatórias Veiculares para Veículos com Características Rodoviárias

PAC Certificação Inmetro

106 Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo

PAC Certificação Inmetro

107 Pneus novos PAC Certificação Inmetro

108 Pó para extinção de incêndio PAC Certificação Inmetro

148

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

109 Potência sonora de aparelhos de som e seus similares

RT Não aplicável Inmetro

110 Potência sonora de produtos eletrodomésticos

PAC Certificação Conama

111 Preservativos masculinos PAC Certificação Anvisa

112 Produtos Têxteis RT Não aplicável Inmetro

113 Quinta-Roda utilizada em veículo rodoviário destinado ao transporte de cargas e de produtos perigosos

PAC Certificação Inmetro

114 Reatores eletromagnéticos para lâmpadas à vapor de sódio e lâmpadas à vapor metálico (Halogenetos)

PAC DF Inmetro

115 Reatores eletrônicos alimentados em corrente alternada para lâmpadas fluorescentes tubulares retilíneas, circulares e compactas

PAC Certificação Inmetro

116 Reatores para lâmpadas fluorescentes tubulares

RT Não aplicável Inmetro

117 Recipientes transportáveis para gás liquefeito de petróleo - GLP

PAC Certificação Inmetro

118 Reforma de Pneus PAC DF Inmetro

119 Refrigeradores e seus assemelhados, de uso doméstico

PAC DF Inmetro

120 Registrador Eletrônico de Ponto PAC Certificação MTE

121 Registro do peso bruto total (PBT) e da capacidade máxima de tração (CMT)

RT Não aplicável Contran

122 Registro de descontaminador de equipamentos para transporte de produtos perigosos

PAC DF ANTT

123 Registro de empresa inspetora de contentores intermediário para granéis (IBC) destinados ao transporte terrestre de produtos perigosos

PAC DF ANTT

124 Registro de fabricante de dispositivo de acoplamento mecânico (Engate)

PAC DF Contran

125 Registro do fabricante de dispositivo quebra-mato

PAC DF Contran

126 Registro do instalador de sistemas de gás natural veicular (GNV) em veículos rodoviários automotores

PAC DF Inmetro

127 Reguladores de baixa pressão para gases liquefeitos de petróleo (GLP) com capacidade de vazão de até 4 kg/h

PAC Certificação ANP

128 Requalificação de Cilindros Destinados ao Armazenamento de Gás Natural Veicular (GNV)

PAC DF Inmetro

129 Reservatório de água potável RT Não aplicável Inmetro

130 Rodas automotivas PAC Certificação Inmetro

149

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

131 Segurança de aparelhos eletrodomésticos e similares

PAC Certificação Inmetro

132 Segurança de bicicletas de uso infantil PAC Certificação Inmetro

133 Seringas hipodérmicas estéreis de uso único

PAC Certificação Anvisa

134 Serviço de adaptação de dispositivo de fixação de contêiner

PAC Certificação Inmetro

135 Serviço de adaptação de eixo veicular auxiliar

PAC Certificação Contran

136 Serviço de comissionamento em postos de abastecimento de gás natural veicular (GNV)

PAC Certificação Conama

137 Serviço de ensaio de estanqueidade em instalações subterrâneas

PAC Certificação Conama

138 Serviço de Inspeção de Contêiner-Tanque Destinado ao Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos

PAC Inspeção ANTT

139 Serviço de instalação e retirada de sistema de abastecimento subterrâneo de combustíveis - SASC

PAC Certificação Conama

140 Serviço de instalação em postos de abastecimento de gás natural veicular (GNV)

PAC Certificação Conama

141 Serviço de inspeção de recipientes Transportáveis para Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) realizado por empresas distribuidoras de GLP

PAC Certificação ANP

142 Serviço de requalificadoras de recipientes transportáveis de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)

PAC Certificação ANP

143 Sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica (Módulo, controlador de carga, Inversor e bateria)

PAC DF Inmetro

144 Tanque de armazenamento subterrâneo de combustível

PAC Certificação Conama

145 Tanques aéreos de armazenamento de derivados de petróleo e outros combustíveis

PAC Certificação Conama

146 Tanques de Carga Rodoviários Destinados ao Transporte de Produtos Perigosos

PAC Certificação ANTT

147 Tanques portáteis utilizados no transporte terrestre de produtos perigosos

PAC Certificação ANTT

148 Televisores PAC DF Inmetro

149 Telha cerâmica e telha de concreto RT Não aplicável Inmetro

150

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

150 Tubos de aço-carbono ou tubos de aço micro ligados, com ou sem costura para montagem de torres de transmissão de energia elétrica

PAC DF Inmetro

151 Tubos de Aço-Carbono para Usos Comuns e para Tubos de Aço-Carbono para Usos em Altas Temperaturas

PAC Certificação Inmetro

152 Tubulação não metálica subterrânea para combustível automotivo

PAC Certificação Conama

153 Veículos Porta-Contêiner e Dispositivos de Fixação de Contêiner

PAC Certificação Contran

154 Ventiladores de Mesa, Parede, Pedestal e Circuladores de Ar ou aparelhos comercializados para este fim

PAC Certificação Inmetro

155 Ventiladores de teto de uso residencial PAC DF Inmetro

156 Vidros de Segurança Automotivos PAC Certificação Contran

Fonte: http://inmetro.gov.br/qualidade/rtepac/compulsorios.asp

Quadro 11. Programas de Avaliação da Conformidade Voluntários

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

1 Auditores de fabricação de extintores de incêndio

PAC Certificação Inmetro

2 Água mineral natural e água natural envasadas

PAC Certificação Inmetro

3 Aerogeradores PAC Certificação Inmetro

4 Bens de informática PAC Certificação Inmetro

5 Cachaça PAC Certificação MAPA

6 Cadeia de custódia para produtos de base florestal

PAC Certificação Inmetro

7 Centro de treinamento de cão-guia para cegos

PAC DF Corde

8 Classificação dos meios de hospedagem PAC DF Inmetro

9 Competência de pessoas na área de turismo

PAC Certificação MTur

10 Condutores na área de turismo de aventura

PAC Certificação MTur

11 Contagem de passageiros de veículo de transporte

PAC Certificação Inmetro

12 Cursos de auditores de sistema de gestão ambiental

PAC Certificação Inmetro

13 Cursos de auditores de sistema de gestão da qualidade

PAC Certificação Inmetro

14 Cursos de qualificação social e profissional financiados com recursos do fundo de amparo ao trabalhador

PAC Certificação MTE

151

Nº Objeto Tipo Mecanismo de AC

Órgão regulamentador

15 Fibras beneficiadas de sisal PAC Certificação MAPA

16 Instalações elétricas de baixa tensão PAC Certificação Inmetro

17 Interruptores e/ou disjuntores e corrente diferenciais e residenciais

PAC Certificação Inmetro

18 Instalações e equipamentos na produção de cestas de alimentos

PAC Certificação Inmetro

19 Lâmpadas decorativas – Linha incandescentes

PAC DF Inmetro

20 Manejo florestal sustentável PAC Certificação Inmetro

21 Mangueiras de incêndio PAC Certificação Inmetro

22 Materiais e equipamentos da construção civil

PAC Certificação Inmetro

23 Eficiência energética de edificações PAC Inspeção Inmetro

24 Painel de madeira compensada de uso estrutural e não estrutural

PAC Certificação Inmetro

25 Pirarucu (Arapaima gigas) salgado seco PAC Certificação Inmetro

26 Produção integrada agropecuária PAC Certificação MAPA

27 Profissionais da área da construção civil e urbanitários

PAC Certificação Inmetro

28 Profissionais de controle tecnológico de concreto

PAC Certificação Inmetro

29 Profissionais na área de turismo PAC Certificação MTur

30 Serviços próprios de inspeção de equipamentos (SPIE)

PAC Certificação MTE

31 Sistema de gestão da responsabilidade social

PAC Certificação Inmetro

32 Sistema de gestão da segurança em turismo de aventura

PAC Certificação MTur

33 Sistema de gestão da sustentabilidade para meios de hospedagem

PAC Certificação MTur

34 Sustentabilidade do processo produtivo de couro

PAC Certificação Inmetro

35 Tintas utilizadas em dispositivos antifurto para tratativas de numerário

PAC Certificação Inmetro

36 Transformadores de distribuição em líquido isolante

PAC DF Inmetro

37 Treinadores e instrutores de cão-guia para cego

PAC Certificação Corde

38 Válvulas industriais para instalações de exploração, produção, refino e transporte de produtos de petróleo

PAC Certificação Inmetro

39 Veículos leves de passageiros e comerciais leves

PAC DF Inmetro

40 Vidro temperado plano PAC Certificação Inmetro

Fonte: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/rtepac/voluntarios.asp

153

ANEXO 2. LISTA DE PRODUTOS DO ESCOPO REGULATÓRIO DO INMETRO

Prodlist (descrição) Regulamentado?

"Airbags" (bolsas infláveis de segurança com sistema de insuflação) NÃO

Abridores de garrafas ou de latas, cortadores de legumes, cortadores e raladores de queijos, batedores de ovos e outras ferramentas para uso doméstico

NÃO

Absorventes e tampões higiênicos de qualquer matéria NÃO

Acessórios e equipamentos, não especificados, para segurança e proteção SIM

Acoplamentos, embreagens, placas, mandris, dispositivos eletromagnéticos, suas partes e peças

NÃO

Agendas NÃO

Agulhas de costura e alfinetes (exceto agulhas para máquinas); agulhas de tricô ou de crochê, furadores para bordar e semelhantes de ferro ou aço

NÃO

Álbuns para amostras ou para coleções NÃO

Alicates (mesmo cortantes), tenazes, pinças e ferramentas semelhantes NÃO

Almofadas, pufes, travesseiros e semelhantes SIM

Alviões, picaretas, enxadas, sachos, ancinhos e raspadeiras NÃO

Amplificadores de radiofrequência NÃO

Âncoras, fateixas e suas partes e peças, de ferro e aço NÃO

Anúncios, cartazes e placas indicadoras, painéis e letreiros luminosos, etc. NÃO

Apagador para quadros, lousas e semelhantes NÃO

Aparas e outros desperdícios de couro; serragem, pó e farinha de couro NÃO

Aparelhos de ar condicionado de paredes, de janelas ou transportáveis, inclusive os do tipo split system

SIM

Aparelhos de ar condicionado para veículos SIM

Aparelhos de sinalização acústica para veículos automotores NÃO

Aparelhos e dispositivos para liquefação do ar ou outros gases NÃO

Aparelhos elétricos de alarme, para proteção contra roubo ou incêndio e aparelhos semelhantes

NÃO

Aparelhos elétricos de outros tipos para iluminação SIM

Aparelhos elétricos de outros tipos para sinalização acústica ou visual (campainhas, sirenes e semelhantes)

NÃO

Aparelhos elétricos de sinalização, de segurança, para controle de tráfego de vias férreas, terrestres, fluviais, etc.

NÃO

Aparelhos não elétricos de iluminação SIM

Aparelhos ou equipamentos de ar condicionado para uso central SIM

Aparelhos para filtrar ou depurar líquidos; aparelhos para filtrar óleos minerais nos motores de combustão interna

NÃO

Aparelhos para galvanoplastia, eletrólise ou eletroforese NÃO

Aparelhos para tratamento térmico de materiais NÃO

Apitos, chamarizes, caixa de música ou outros instrumentos musicais, não especificados

NÃO

Aquecedores solares de água SIM

Armações de madeira para concreto NÃO

Armários de madeira para uso residencial, exceto embutidos ou modulados

NÃO

154

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Armários de plástico de uso residencial NÃO

Armários embutidos ou modulados de madeira de uso residencial, exceto para cozinhas

NÃO

Armários metálicos de uso residencial NÃO

Aros e raios para bicicletas SIM

Arruelas, rebites, cavilhas, contra pinos e outros artefatos não roscados de ferro e aço

NÃO

Arruelas, rebites, cavilhas, contra pinos e outros artefatos não roscados, de cobre

NÃO

Artefatos de alumínio para uso doméstico (panelas, baixelas, secadores de roupas, etc.), exceto para higiene e toucador

NÃO

Artefatos de ferro e aço para higiene e toucador (bacias, saboneteiras, chuveiros não elétricos, etc.)

NÃO

Artefatos de ferro e aço para serviço de mesa (bandejas, pratos, saleiros, baldes para gelo, xícaras, cinzeiros, etc.)

NÃO

Artefatos de ferro e aço para uso doméstico (panelas, assadeiras, escorredores de louças, secadores de roupas, etc.)

NÃO

Artefatos de joalheria e suas partes, de metais folheados ou chapeados de metais preciosos

SIM

Artefatos de joalheria e suas partes, de metais preciosos SIM

Artefatos de metais não ferrosos (exceto alumínio), para uso doméstico (baixelas, travessas, canecas, etc.)

NÃO

Artefatos de metais não ferrosos para higiene e toucador NÃO

Artefatos de ourivesaria e suas partes, de metais comuns folheados ou chapeados de metais preciosos

NÃO

Artefatos de ourivesaria e suas partes, de metais preciosos NÃO

Artefatos de papel ou papel-cartão gomado ou adesivo em tiras ou em rolos

NÃO

Artefatos de papel para aparelhos registradores, inclusive em bobinas NÃO

Artefatos de papel, de pasta ("ouate") ou de mantas de fibra de celulose para usos doméstico e higiênico-sanitário

NÃO

Artefatos de pérolas naturais ou cultivadas, de pedras preciosas ou semipreciosas e de pedras sintéticas ou reconstituídas

NÃO

Artefatos diversos de alumínio NÃO

Artefatos diversos de alumínio trefilado NÃO

Artefatos diversos de cobre trefilado NÃO

Artefatos diversos de ferro e aço NÃO

Artefatos diversos de ferro e aço trefilados NÃO

Artefatos diversos de metais não ferrosos (exceto alumínio), não especificados anteriormente

NÃO

Artefatos diversos de níquel trefilado NÃO

Artefatos diversos de papel, papel-cartão ou pasta ("ouate") de celulose, exceto para uso doméstico e higiênico-sanitário

NÃO

Artefatos diversos de serralheria, exceto esquadrias NÃO

Artefatos impressos de papelaria, não especificados NÃO

Artefatos não especificados NÃO

Artigos de borracha para higiene ou farmácia NÃO

Artigos de borracha vulcanizada para usos não especificados NÃO

155

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Artigos de couro natural ou reconstituído para usos técnicos (correias transportadoras, correias de transmissão, juntas, tubos, mangueiras etc.)

NÃO

Artigos de seleiro ou de correeiro para quaisquer animais, de qualquer material (arreios, selas, focinheiras, coleiras, etc.)

NÃO

Artigos diversos de borracha endurecida NÃO

Artigos diversos de cortiça natural; cortiça aglomerada e artigos diversos de cortiça aglomerada

NÃO

Artigos diversos de couro natural ou reconstituído NÃO

Artigos diversos de matérias vegetais, para entrançar (esteiras, divisórias, cestos, artigos domésticos, enfeites, etc.)

NÃO

Artigos diversos de papel impressos para festas NÃO

Artigos diversos de papel-filtro e de outros papéis, papel-cartão ou pastas NÃO

Artigos diversos para correspondência (aerogramas, bilhetes-postais ou outros artigos para correspondência)

NÃO

Artigos e equipamentos de proteção para esporte (joelheiras, cotoveleiras, luvas, etc.)

NÃO

Artigos e equipamentos para cultura física, ginástica ou atletismo, não especificados

NÃO

Artigos e equipamentos para esportes aquáticos (pranchas, esquis, tobogãs, pés de pato, máscaras para mergulho, etc.)

NÃO

Artigos e equipamentos para esportes, não especificados NÃO

Artigos e equipamentos para golfe (tacos, bolas, etc.) NÃO

Artigos e equipamentos para pesca (anzóis, iscas, puçás, molinetes, varas ou caniços, etc.)

NÃO

Artigos e equipamentos para tênis de mesa (raquetes, bolas, mesas, etc.) NÃO

Artigos para festas, carnaval e outros divertimentos; artigos de magia e semelhantes

NÃO

Assentos e cadeiras de madeira para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de madeira, exceto para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de materiais não especificados, exceto para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de materiais não especificados, para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de metal para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de metal, exceto para escritório, inclusive cadeiras de praia

NÃO

Assentos e cadeiras de plástico para escritório NÃO

Assentos e cadeiras de plástico, exceto para escritório NÃO

Balcões e vitrines de madeira NÃO

Balcões e vitrines de metal NÃO

Bancos de madeira NÃO

Bancos de metal NÃO

Bancos de metal para veículos automotores NÃO

Bancos de plástico NÃO

Bancos ou cadeiras de vime, bambu e materiais semelhantes, para qualquer uso

NÃO

Bancos, exceto de metal, para veículos automotores NÃO

Bandejas, travessas, pratos, copos e artigos semelhantes de papel ou papel-cartão, impressos ou não

NÃO

Barras de aços ao carbono NÃO

156

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Barras, vergalhões, fio-máquina e outros produtos longos de aço, relaminados

NÃO

Barris, cubas, dornas e outras obras de tanoeiro NÃO

Barris, tambores e recipientes semelhantes (exceto latas) de ferro e aço para acondicionamento de produtos, com capacidade inferior a 50L

NÃO

Barrotes, caibros, vigas e semelhantes de madeira para estrutura de construções em geral

NÃO

Bengalas, bengalas-assento, chicotes e artefatos semelhantes NÃO

Berços de madeira NÃO

Berços de metal NÃO

Bicicletas e esteiras ergométricas NÃO

Bicicletas e outros ciclos (incluídos os triciclos), sem motor NÃO

Bijuterias de metais comuns (brincos, braceletes, pulseiras, colares, etc.) SIM

Bijuterias, exceto de metais comuns (abotoaduras, brincos, braceletes, pulseiras, colares, etc.)

SIM

Blocos e chapas filtrantes, de pasta de papel NÃO

Bobinas ou chapas de aços inoxidáveis, inclusive tiras NÃO

Bobinas, carretéis e outras obras de madeira torneada NÃO

Bolas de futebol, inclusive as câmaras-de-ar NÃO

Bolas para esportes (exceto golfe, tênis de mesa e futebol) NÃO

Bolsas e mochilas de qualquer material, inclusive bolsas térmicas NÃO

Bombas centrífugas, não especificados, inclusive eletrobombas NÃO

Bombas de ar ou de vácuo NÃO

Bombas injetoras, de qualquer tipo, para veículos automotores, inclusive partes

NÃO

Bombas para líquidos, combustíveis e lubrificantes, não especificados, inclusive bombas para concreto

NÃO

Bombas volumétricas alternativas NÃO

Bombas volumétricas rotativas NÃO

Bonecos e bonecas de qualquer material, mesmo com mecanismos, representando seres humanos

SIM

Borracha endurecida (por exemplo ebonite) em barras, perfis, tubos, chapas, massas, blocos ou formas semelhantes

NÃO

Borrachas de apagar NÃO

Botões de qualquer material NÃO

Box para banheiro com estrutura de alumínio NÃO

Brinquedos não especificados, de qualquer material, motorizados, inclusive acessórios

SIM

Brinquedos não especificados, de qualquer material, não motorizados SIM

Brinquedos ou conjuntos de modelos reduzidos para montagem ou construção

SIM

Brinquedos representando animais ou seres não humanos SIM

Briquetes, lenhas ou carvões ecológicos NÃO

Cabides de madeira para roupas NÃO

Cabos coaxiais e outros condutores elétricos coaxiais SIM

Cabos de fibras ópticas constituídos por fibras embainhadas individualmente, para transmissão de informações

SIM

Cabos de madeira para ferramentas, vassouras, escovas, etc. NÃO

157

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Cachimbos, piteiras e suas partes NÃO

Cadeados NÃO

Cadeiras de rodas e outros veículos para inválidos, mesmo com motor ou outro mecanismo de propulsão

NÃO

Cadeiras para salões de cabeleireiro NÃO

Cadernos NÃO

Caixas de fundição NÃO

Caixas de marcha (velocidade) e suas partes, para veículos automotores NÃO

Caixas e estojos para ferramentas, cosméticos (estojos para pintura do rosto), cigarreiras, etc.

NÃO

Caixilhos, alizares, soleiras e semelhantes de madeira NÃO

Caixões ou urnas mortuários NÃO

Caixotes, caixas, engradados, barricas e embalagens semelhantes de madeira

NÃO

Calhas, cumeeiras, claraboias e outros artefatos de zinco para construção NÃO

Câmaras-de-ar para máquinas e outros usos, exceto para veículos e para bolas esportivas

NÃO

Câmaras-de-ar usadas em automóveis, camionetas ou utilitários NÃO

Câmaras-de-ar usadas em aviões NÃO

Câmaras-de-ar usadas em bicicletas e motociclos NÃO

Câmaras-de-ar usadas em motocicletas NÃO

Câmaras-de-ar usadas em ônibus e caminhões NÃO

Camas, beliches e outros tipos de camas de madeira NÃO

Camas, beliches e outros tipos de camas de metal NÃO

Câmeras de vídeo NÃO

Canetas esferográficas, canetas e marcadores, lapiseiras e artefatos semelhantes, inclusive partes

NÃO

Capachos e tapetes de borracha, inclusive para veículos NÃO

Capacitores (condensadores) fixos para linhas elétricas qualquer dielétrico NÃO

Capacitores variáveis ou ajustáveis NÃO

Carimbos e sinetes; datadores e numeradores manuais NÃO

Carneiros hidráulicos NÃO

Carretéis, bobinas e suportes semelhantes de papel, papel-cartão e pasta de papel

NÃO

Carrinhos de madeira para chá ou bebidas NÃO

Carrinhos de metal para chá ou bebidas NÃO

Carrinhos e veículos semelhantes para bebê SIM

Carrinhos para bonecos SIM

Cartas de jogar (baralhos) SIM

Carteiras para dinheiro ou documentos, porta-níqueis, cigarreiras, etc., de couro natural ou artificial ou de outras matérias têxteis

NÃO

Cartões e etiquetas de acionamento por aproximação NÃO

Cartões inteligentes - "smart cards" (cartões incorporando um circuito integrado eletrônico)

NÃO

Cartonagens (caixas) para escritórios (caixas classificadoras de cartas, arquivadores, guias e semelhantes)

NÃO

Cartuchos para impressoras NÃO

158

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Catalisador de gases de escapamento para veículos automotores NÃO

Chapas e tiras, distendidas, de ferro e aço NÃO

Chapas, bobinas e outros laminados metálicos cortados em qualquer forma

NÃO

Chapas, bobinas, fitas e tiras de aço, relaminadas, inclusive revestidas, pintadas ou envernizadas

NÃO

Chaveiros de materiais diversos, exceto plástico SIM

Chaves de fenda (comuns, automáticas, etc.) NÃO

Chaves de porcas, manuais, e chaves de caixa intercambiáveis NÃO

Chaves para cadeados e fechaduras, apresentadas isoladamente NÃO

Chicotes elétricos para transmissão de energia, exceto para veículos NÃO

Chupetas, bicos para mamadeira e similares, de borracha NÃO

Cintos de segurança para veículos automotores NÃO

Cintos, boias, coletes e equipamentos semelhantes de borracha para salvamento

NÃO

Circuito impresso NÃO

Circuitos integrados eletrônicos (processadores e controladores; memórias; circuitos lógicos, híbridos; do tipo "chipset", etc.)

NÃO

Cisalhas para metais, corta-tubos, corta-pinos, saca-bocados e ferramentas semelhantes

NÃO

Classificadores, fichários, porta-canetas e semelhantes de metal, para escritório

NÃO

Cofres e caixas de segurança (cofres fortes) e artefatos semelhantes, de metal

NÃO

Colchões de algodão, crina, penas ou outras matérias semelhantes SIM

Colchões de borracha, de plásticos alveolares ou de espumas de plástico, inclusive colchões ortopédicos

SIM

Colchões de molas metálicas, não especificados SIM

Comandos elétricos para travamento de portas, movimentação de vidros ou de antenas, para veículos automotores

NÃO

Cômodas de madeira NÃO

Componentes elétricos de ignição para motores a explosão ou diesel e suas partes (chaves, velas, bobinas, alternadores, etc.)

NÃO

Componentes, partes e peças de madeira para móveis (portas, laterais, prateleiras e semelhantes)

NÃO

Compressores de ar montados sobre chassis com rodas e rebocáveis. SIM

Compressores usados em aparelhos de refrigeração comerciais ou domésticos

SIM

Computadores pessoais de mesa (PC desktops) NÃO

Conectores para circuito impresso NÃO

Confecção de roupas íntimas SIM

Congeladores (freezers) para usos industrial e comercial NÃO

Construção de embarcações e estruturas flutuantes NÃO

Controladores eletrônicos automáticos para veículos automotores (ignição, suspensão, freios, transmissão)

NÃO

Controle remoto para aparelhos eletroeletrônicos NÃO

Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de alumínio, com alma de aço, não isolados

NÃO

159

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de alumínio, sem alma de aço, não isolados

NÃO

Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de cobre, não isolados NÃO

Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de ferro e aço, não isolados

NÃO

Correias de transmissão de borracha vulcanizada NÃO

Correias transportadoras de borracha vulcanizada, reforçadas com metal, plástico ou outro material

NÃO

Correntes antiderrapantes e suas partes e peças, de ferro e aço NÃO

Correntes cortantes de serras NÃO

Correntes e cadeias de cobre e suas partes e peças NÃO

Correntes, cadeias e suas partes e peças, de ferro e aço, não especificados NÃO

Cortiça natural em cubos, chapas, folhas ou tiras; desperdícios de cortiça; cortiça triturada, granulada ou pulverizada

NÃO

Couro reconstituído à base de couro ou de fibras de couro, em chapas, folhas ou tiras

NÃO

Couros e peles acamurçados (incluída a camurça combinada) NÃO

Couros e peles de bovinos curtidos ao cromo (wet blue / box call) ou secos ("crust")

NÃO

Couros e peles de bovinos e equídeos apergaminhados ou preparados após curtimento ou secagem

NÃO

Couros e peles de bovinos e equídeos simplesmente curtidos, exceto ou cromo, ou recurtidos

NÃO

Couros e peles metalizados, envernizados ou revestidos NÃO

Couros ou peles de répteis ou de outros animais, curtidas ou "crust", apergaminhadas ou preparadas após curtimento

NÃO

Couros ou peles depiladas de caprinos ou de ovinos, curtidas ou "crust", apergaminhadas ou preparadas após curtimento

NÃO

Couros ou peles depiladas de suínos, curtidas ou "crust", apergaminhadas ou preparadas após curtimento

NÃO

Curtimento e outras preparações de couro NÃO

Desperdícios e resíduos de pilhas, baterias e acumuladores elétricos NÃO

Desperdícios ou aparas de papel ou de papel-cartão NÃO

Desperdícios, resíduos ou sucatas da produção de laminados longos de aços

NÃO

Desperdícios, resíduos ou sucatas da produção de laminados planos de aços

NÃO

Desperdícios, resíduos ou sucatas da produção de semiacabados de aços NÃO

Despojos em bruto, não comestíveis, de animais (pelos, cerdas, glândulas, ossos, etc.) - exceto suínos

NÃO

Despojos em bruto, não comestíveis, de suínos (pelos e cerdas, glândulas, ossos, etc.)

NÃO

Diamantes industriais trabalhados, mas não montados nem engastados NÃO

Diamantes não industriais trabalhados, mas não montados nem engastados

NÃO

Diodos, transistores; dispositivos fotossensíveis semicondutores; diodos emissores de luz; cristais piezoelétricos e outros dispositivos semelhantes

NÃO

Dispositivos para comando de acelerador, marcha, etc., do tipo dos utilizados por pessoas incapacitadas

NÃO

160

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Dobradiças de qualquer tipo NÃO

Eixos de transmissão com diferencial, mesmo com outros órgãos de transmissão, para veículos automotores

NÃO

Eixos, exceto de transmissão ou suas partes (terceiro eixo, truck) para veículos automotores

NÃO

Eixos, semieixos, engrenagens, mancais, juntas de articulação ou outras peças para transmissão para veículos automotores

NÃO

Eletrodos, escovas e outros artigos de carvão ou grafita para usos elétricos NÃO

Eletroímãs NÃO

Embalagens descartáveis de folhas de alumínio, utilizadas para acondicionar alimentos, tipo "quentinhas"

NÃO

Embalagens diversas de papel (exceto sacos, sacolas e bolsas), impressas SIM

Embalagens diversas de pasta de celulose SIM

Embreagens ou suas partes para veículos automotores NÃO

Envelopes de papel, impressos NÃO

Equipamentos de outros tipos para estúdio NÃO

Equipamentos para refrigeração ou para ar condicionado, com capacidade não superior a 120.000 BTU

NÃO

Escadas de alumínio SIM

Escadas de ferro e aço SIM

Escadas e degraus de madeira NÃO

Escovas de dentes NÃO

Escovas para cabelos e outras escovas de toucador NÃO

Escovas para usos diversos; pincéis de barba NÃO

Escovas que constituam partes de máquinas, aparelhos ou veículos NÃO

Esponjas, luvas e semelhantes, para limpeza e polimento, de fios de alumínio

NÃO

Esponjas, luvas e semelhantes, para limpeza e polimento, de fios de cobre NÃO

Estantes de madeira de uso residencial NÃO

Estantes metálicas de uso residencial NÃO

Estatuetas e outros objetos de ornamentação, em madeira NÃO

Estatuetas e outros objetos metálicos para ornamentação NÃO

Estojos de madeira para serviços de mesa, para objetos científicos, para joias, uso escolar, etc.

NÃO

Estojos para usos diversos (óculos, binóculos, máquinas fotográficas, instrumentos musicais), de couro natural ou artificial ou de matérias têxteis

NÃO

Estufas industriais não elétricas NÃO

Etiquetas adesivas de papel, impressas NÃO

Etiquetas não adesivas (TAG) impressas ou não NÃO

Fabricação de artefatos de couro não especificados anteriormente NÃO

Fabricação de artefatos de madeira, palha, cortiça, vime e material trançado não especificados anteriormente, exceto móveis

NÃO

Fabricação de artefatos para pesca e esporte NÃO

Fabricação de cabines, carrocerias e reboques para veículos automotores NÃO

Fabricação de cartolina e papel-cartão NÃO

Fabricação de embalagens de material plástico NÃO

161

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Fabricação de equipamentos de transmissão para fins industriais SIM

Fabricação de estruturas metálicas NÃO

Fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados SIM

Fabricação de impermeabilizantes, solventes e produtos afins NÃO

Fabricação de medicamentos para uso humano SIM

Fabricação de outras máquinas e equipamentos para uso na extração mineral, exceto na extração de petróleo

NÃO

Fabricação de periféricos para equipamentos de informática NÃO

Fabricação de produtos de papel para usos doméstico e higiênico-sanitário

NÃO

Fabricação de produtos de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado para uso comercial e de escritório

NÃO

Fabricação de produtos de trefilados de metal NÃO

Facas de uso profissional NÃO

Facas e lâminas cortantes para máquinas ou para aparelhos mecânicos NÃO

Faróis (lâmpadas) ou projetores, em unidades seladas SIM

Faróis ou outros aparelhos para iluminação e sinalização visual para veículos automotores

NÃO

Fechaduras ou ferrolhos para usos diversos, exceto para veículos automotores e móveis

NÃO

Fechaduras para móveis NÃO

Fechaduras para veículos automotores NÃO

Fechos ecler (fecho de correr) e suas partes NÃO

Ferragens para encadernação, clipes, grampos em barretas e artefatos semelhantes de metal, para escritório

NÃO

Ferragens para linhas elétricas (braçadeiras, suportes, olhais ou anéis, etc.)

NÃO

Ferramentas e armações de ferramentas de madeira; formas, alargadeiras e esticadores de madeira para calçados

NÃO

Ferramentas intercambiáveis de chanfrar, moldurar, ranhurar, etc., para ferramentas manuais ou para máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas intercambiáveis de embutir, estampar ou puncionar para ferramentas manuais ou para máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas intercambiáveis de fresar (fresas de dentes, facas-fresas, etc.), para ferramentas manuais ou para máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas intercambiáveis de perfuração e sondagem (trépanos, coroas ou brocas) para ferramentas manuais ou máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas intercambiáveis para ferramentas manuais, mesmo mecânicas ou para máquinas-ferramenta, não especificados

NÃO

Ferramentas intercambiáveis para furar, mandrilar, roscar ou filetar, para ferramentas manuais ou para máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas intercambiáveis para tornear, para ferramentas manuais ou para máquinas-ferramenta

NÃO

Ferramentas manuais, não especificados (diamantes de vidraceiro, punções, saca-rebites, ferros de soldar, almotolias, bigornas, forjas portáteis, etc.)

NÃO

Ferramentas para pedreiros, moldadores, estucadores, pintores, etc. (colheres, raspadores, espátulas, corta-vidros, etc.)

NÃO

162

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Ferrocério e outras ligas pirofóricas sob qualquer forma; combustíveis líquidos ou gasosos para carregar isqueiros ou acendedores

NÃO

Fibras ópticas; feixes e cabos de fibras ópticas, não embainhadas individualmente, usados principalmente em aparelhos de óptica

SIM

Filtros de ar para motores à explosão ou diesel NÃO

Filtros de ar, de óleo ou de combustível para motores de veículos automotores

NÃO

Filtros eletrostáticos e outros aparelhos para filtrar ou depurar gases NÃO

Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão menor ou igual a 1.000 V

SIM

Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão superior a 1.000 V

SIM

Fios, cabos ou condutores de alumínio ou de outros metais (exceto cobre), isolados, para bobinar

SIM

Fios, cabos ou condutores de cobre, isolados, para bobinar SIM

Fios, cabos ou condutores elétrico de outros tipos, munidos de peças de conexão, tensão menor ou igual a 1.000 V

SIM

Fios, varetas, tubos, eletrodos e artefatos semelhantes para soldagem NÃO

Fitas para máquinas de escrever e fitas impressoras semelhantes; almofadas para carimbos

NÃO

Fivelas, colchetes, ilhoses e artefatos semelhantes de metal comum NÃO

Foices, ferramentas para cortar grama ou outras ferramentas manuais para agricultura, horticultura ou silvicultura, não especificados

NÃO

Folhas de serras, de todos os tipos, para serras manuais ou mecânicas, inclusive folhas circulares ou discos

NÃO

Folhas para folheados, laminas e folhas para compensados (contraplacados) ou para madeiras estratificadas semelhantes

SIM

Folhas pautadas NÃO

Forcados e forquilhas NÃO

Formulários contínuos impressos NÃO

Fornos de indução industriais NÃO

Fornos de micro-ondas SIM

Fornos industriais elétricos e aparelhos semelhantes NÃO

Fornos industriais não elétricos, exceto para padarias NÃO

Fornos para defumação NÃO

Fraldas descartáveis de qualquer matéria NÃO

Freios (travões), servo-freios para veículos automotores NÃO

Freios, cubos de freios e suas partes, para bicicletas SIM

Gabinetes ou móveis para receber equipamento para produção de frio NÃO

Garrafas térmicas e outros recipientes isotérmicos e suas partes, exceto as ampolas de vidro

NÃO

Gemas (pedras preciosas (exceto diamantes) ou semipreciosas) trabalhadas, mas não enfiadas, montadas ou engastadas

NÃO

Geradores de sinais elétricos NÃO

Grades ou redes de fios de ferro e aço, inclusive revestidas NÃO

Grampos, armelas, percevejos, tachas, pregos e semelhantes, de ferro e aço

NÃO

163

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Grupos de compressão, cujo condensador seja constituído por um trocador de calor, não especificados

NÃO

Guarda-chuvas, sombrinhas e guarda-sóis NÃO

Guarnições, ferragens e artefatos semelhantes para construção civil NÃO

Guarnições, ferragens e artefatos semelhantes para móveis NÃO

Guarnições, ferragens e artefatos semelhantes para usos não especificados

NÃO

Guarnições, ferragens e artefatos semelhantes para veículos automotores NÃO

Hélices para embarcações e suas pás NÃO

Ímãs permanentes, mantas e outros artefatos semelhantes com propriedades magnéticas

NÃO

Impressoras ou outros equipamentos de informática multifuncionais NÃO

Impressoras, exceto multifuncionais NÃO

Impressos fiscais padronizados ou personalizados (guias e formulários fiscais, recibos, DARF, etc.), com controle de adulteração

NÃO

Impressos padronizados para uso comercial (formulários em bloco, blocos de encomendas, de recibos, de apontamentos, etc., não fiscais)

NÃO

Injeção eletrônica NÃO

Instrumentos e aparelhos musicais de brinquedo SIM

Instrumentos musicais de cordas (violinos, violão, guitarras, etc.), exceto eletrônicos

NÃO

Instrumentos musicais de percussão (tambores, pratos, triângulos, maracás, etc.)

NÃO

Instrumentos musicais de sopro (vento): clarinetes, saxofones, trompetes, flautas, fagotes, oboés, etc.

NÃO

Instrumentos musicais elétricos ou eletrônicos (guitarras elétricas, teclados, sintetizadores)

NÃO

Instrumentos, modelos e aparelhos concebidos para demonstração NÃO

Isoladores para uso elétrico NÃO

Isqueiros e outros acendedores, mesmo mecânicos ou elétricos e suas partes, exceto pedras e pavios

SIM

Isqueiros elétrico para veículos automotores NÃO

Jogos acionados por fichas ou moedas SIM

Jogos de fios para velas de ignição e outros chicotes elétricos para veículos automotores

NÃO

Jogos de salão, jogos de competição e outros artigos para jogos n.e. (mesas especiais para jogos e seus acessórios, boliches, autoramas, etc.)

SIM

Juntas metaloplásticas, juntas de vedação mecânicas e outras, inclusive selos mecânicos

NÃO

Juntas, gaxetas e semelhantes de borracha vulcanizada não endurecida (para veículos, máquinas, etc.)

NÃO

Lâmpadas de vapor de mercúrio ou de sódio ou lâmpadas de halogeneto metálico

SIM

Lâmpadas e tubos incandescentes de halógenos, de tungstênio e de outros tipos - exceto ultravioleta e infravermelho

SIM

Lâmpadas fluorescentes SIM

Lâmpadas ou tubos de descarga, não especificados, exceto de raios ultravioleta

SIM

164

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Lâmpadas ou tubos de raios ultravioleta ou infravermelhos, inclusive lâmpadas de arco

SIM

Lâmpadas, tubos ou válvulas, eletrônicos, não especificados NÃO

Lanternas manuais SIM

Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria SIM

Lápis para escrever ou desenhar; minas para lápis ou lapiseira; giz SIM

Latas de alumínio para embalagem de produtos diversos NÃO

Latas de ferro e aço para embalagem de produtos diversos com capacidade inferior a 50L, inclusive aerossol

NÃO

Leitores NÃO

Lenços ou toalhas de papel para mãos NÃO

Limas, grosas e ferramentas semelhantes NÃO

Limpadores ou desembaçadores de para-brisas para veículos automotores, inclusive partes

NÃO

Lustres, luminárias, abajures e outros aparelhos de iluminação elétrica SIM

Luvas de borracha para segurança e proteção, inclusive para uso doméstico

NÃO

Luvas de couro para segurança e proteção SIM

Machados, podões e ferramentas semelhantes com gume NÃO

Madeira compensada (contraplacada), madeira folheada e madeiras estratificadas semelhantes

SIM

Madeira densificada (MDF), em blocos, pranchas, lâminas ou perfis SIM

Madeira perfilada ou perfis de molduras de madeira NÃO

Malas, maletas, valises e semelhantes para viagem, de qualquer material NÃO

Manequins e artigos semelhantes NÃO

Máquinas de lavar louça para uso doméstico SIM

Máquinas de lavar ou secar roupa para uso doméstico SIM

Máquinas e aparelhos auxiliares para vídeo (geradores de efeitos especiais e de caracteres digitais, controlador de edição, misturador digital, etc.)

NÃO

Máquinas motrizes, não especificados NÃO

Máquinas ou aparelhos elétricos, com função própria, não especificados NÃO

Máquinas para conservação de sorvetes, não domésticas NÃO

Máquinas para produção de frio e bombas de calor, não especificados NÃO

Máquinas tomadoras de votos ou de apostas NÃO

Marfim, ossos, chifres e outras matérias animais para entalhar, e suas obras

NÃO

Martelos e marretas NÃO

Matérias vegetais ou minerais de entalhar trabalhadas e obras dessas matérias; cápsulas de gelatina digeríveis para medicamentos

NÃO

Mesas de madeira para escritório NÃO

Mesas de metal para escritório NÃO

Mesas de plástico de uso residencial NÃO

Mesinhas de cabeceira de madeira NÃO

Mesinhas de vime, bambu e semelhantes (para centro, canto, etc.) NÃO

Metais preciosos, não especificados (paládio, platina, etc.) e suas ligas em formas brutas ou semimanufaturadas

NÃO

165

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Mobiliários para medicina, odontologia ou veterinária (cadeiras de dentistas, mesas cirúrgicas, etc.), inclusive partes

NÃO

Modelos para moldes NÃO

Moedas NÃO

Moedores de carne ou café, cortadores de legumes e outros aparelhos mecânicos de acionamento manual para uso doméstico

NÃO

Molas de cobre NÃO

Molas e folhas de molas de ferro e aço, de qualquer espécie, exceto para veículos

NÃO

Molas e folhas de molas de ferro e aço, de qualquer espécie, para veículos automotores

NÃO

Moldes para fabricação de peças de borracha ou plástico NÃO

Moldes para fabricação de peças de metal ou para carbonetos metálicos; coquilhas

NÃO

Moldes para materiais minerais NÃO

Moldes para vidros NÃO

Molduras de madeira para quadros, fotografias, espelhos ou objetos semelhantes

NÃO

Molduras para fotografias, gravuras e semelhantes, de metal NÃO

Monitores de vídeo e projetores para computadores NÃO

Motores a explosão para propulsão de embarcações NÃO

Motores de partida (arranque) para motores de explosão de veículos automotores

NÃO

Motores diesel e semi-diesel para tratores NÃO

Motores diesel e semi-diesel para veículos rodoviários - exceto ônibus, caminhões, tratores e máquinas

NÃO

Motores hidráulicos, inclusive de movimento retilíneo NÃO

Motores pneumáticos, inclusive de movimento retilíneo (cilindros) NÃO

Móveis de bambu, vime e de materiais não especificados, para qualquer uso

NÃO

Móveis de madeira para cozinhas, exceto modulados NÃO

Móveis de plástico, não especificados, para qualquer uso NÃO

Móveis diversos de madeira para escritório, exceto modulados NÃO

Móveis diversos de madeira para instalações comerciais, para escolas, igrejas, oficinas e outras instalações semelhantes

NÃO

Móveis diversos de metal para escritório NÃO

Móveis modulados de madeira para cozinhas NÃO

Móveis modulados de madeira para escritório, não especificados NÃO

Móveis modulados de metal para escritório, não especificados NÃO

Núcleos de pó ferromagnéticos NÃO

Obras de tripa, de bexiga ou de tendões NÃO

Painéis de fibras de madeira, mesmo aglomeradas com resinas ou com outros aglutinantes (MDF e outros)

SIM

Painéis de madeira para assoalhos NÃO

Painéis de partículas de madeira, mesmo aglomeradas com resinas ou com outros aglutinantes

SIM

Painéis indicadores a cristais líquidos ou diodos emissores de luz NÃO

166

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Painéis ou quadros (incompletos) para instrumentos dos veículos automotores

NÃO

Painéis ou quadros de instrumentos (completos) para veículos automotores

NÃO

Paletes, estrados e semelhantes de ferro e aço, para movimentação de carga

NÃO

Palha (lã) de aço; esponjas, luvas ou artefatos semelhantes de fios de aço NÃO

Papel carbono, papel autocopiativo e outros papéis para cópia ou duplicação, em rolos ou folhas

NÃO

Papel de parede e revestimentos de parede semelhantes (papel para vitrais)

NÃO

Papel em rolos contínuos utilizados na fabricação de papéis higiênicos, lenços, toalhas ou semelhantes para usos doméstico ou sanitário

NÃO

Papel gomado ou adesivo (autoadesivos) NÃO

Papel higiênico NÃO

Papel imprensa ou papel jornal em rolos ou em folhas NÃO

Papel kraft para embalagem, não revestido, exceto encrespado ou estampado

NÃO

Papel kraft, para sacos de grande capacidade, não revestido, encrespado, estampado ou perfurado

NÃO

Papel kraft, revestido de matéria inorgânica, exceto para uso gráfico NÃO

Papel para cigarros não cortado, papel-feltro ou papéis de outros tipos, não revestidos

NÃO

Papel para cigarros, cortado em dimensões próprias, em folhas, tubos ou rolos

NÃO

Papel-cartão ou cartolina kraftliner para cobertura, não revestido NÃO

Papel-cartão ou cartolina revestido ou impregnado de substâncias betuminosas, plástico, cera, etc., mesmo coloridos ou decorados

NÃO

Papel-cartão ou cartolina revestidos com substâncias inorgânicas (papel-cartão kraft, couché leve)

NÃO

Papel-filtro NÃO

Para-choques de qualquer material, inclusive partes, para veículos automotores

NÃO

Parafusos, ganchos, pinos ou pernos, porcas e outros artefatos roscados de ferro e aço

NÃO

Parafusos, ganchos, pinos, porcas, tachas, pregos e artefatos semelhantes de cobre

NÃO

Parafusos, pregos, tachas, escápulas, pinos e artefatos semelhantes de alumínio

NÃO

Para-lamas para veículos automotores NÃO

Partes de outros materiais elétricos, não especificados, para motores e para veículos automotores

NÃO

Partes de plástico para móveis NÃO

Partes e acessórios de patins NÃO

Partes e peças de cadeiras para salões de cabeleireiro NÃO

Partes e peças de máquinas para impressão, inclusive auxiliares NÃO

Partes e peças de metal para assentos e cadeiras de metal, exceto para veículos

NÃO

Partes e peças de metal para ferramentas manuais NÃO

167

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Partes e peças de metal para móveis NÃO

Partes e peças de metal para serras manuais (armações, arcos, cabos, etc.) NÃO

Partes e peças de vime, bambu e semelhantes para móveis NÃO

Partes e peças para aparelhos de ar condicionado SIM

Partes e peças para aparelhos de iluminação - exceto de plástico e vidro SIM

Partes e peças para aparelhos elétricos para sinalização e alarme NÃO

Partes e peças para aparelhos para tratamento térmico de materiais NÃO

Partes e peças para aquecedores de água, à gás ou energia solar NÃO

Partes e peças para assentos e cadeiras de madeira, exceto para veículos NÃO

Partes e peças para assentos e cadeiras de materiais não especificados, exceto para veículos

NÃO

Partes e peças para bombas de ar ou de vácuo NÃO

Partes e peças para bombas para líquidos, combustíveis e lubrificantes NÃO

Partes e peças para cadeados, fechaduras e ferrolhos NÃO

Partes e peças para fornos industriais elétricos e aparelhos semelhantes NÃO

Partes e peças para fornos industriais não elétricos NÃO

Partes e peças para lâmpada e tubos elétricos incandescentes, etc. SIM

Partes e peças para máquinas de lavar louça para uso doméstico SIM

Partes e peças para máquinas de lavar roupa para uso doméstico SIM

Partes e peças para máquinas e aparelhos elétricos, não especificados NÃO

Partes e peças para motores, pneumáticos ou à vapor NÃO

Partes e peças para queimadores, fornalhas, grelhas e dispositivos semelhantes

NÃO

Partes e peças para reatores para lâmpadas e tubos de descarga SIM

Partes e peças para refrigeradores ou congeladores (freezers) para uso doméstico

NÃO

Partes e peças para refrigeradores, congeladores e semelhantes para uso industrial e comercial

NÃO

Partes e peças para resistores elétricos NÃO

Partes e peças para turbinas à gás; partes e peças para máquinas motrizes n.e.

NÃO

Partes e peças para turbinas a vapor NÃO

Partes e peças para turbinas e rodas hidráulicas NÃO

Partes e peças para válvulas, torneiras e registros NÃO

Partes e peças para ventiladores e coifas para uso industrial NÃO

Partes ou peças de motores a explosão ou de motores estacionários diesel ou semidiesel para máquinas ou equipamentos industriais

NÃO

Partes ou peças de outros tipos para montagem de semicondutores NÃO

Partes ou peças para capacitores elétricos fixos, variáveis, ajustáveis NÃO

Partes ou peças para circuitos integrados eletrônicos NÃO

Partes ou peças para tubos de imagem, lâmpadas, tubos ou válvulas, eletrônicos, não especificados

NÃO

Partes ou peças, inclusive modulares, de qualquer material para bancos de veículos automotores

NÃO

Partes, guarnições e acessórios para bengalas, bengalas-assento, chicotes e artefatos semelhantes

NÃO

168

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Partes, peças e acessórios para carrinhos e veículos semelhantes para bebê

SIM

Partes, peças e acessórios para instrumentos musicais NÃO

Partes, peças e acessórios para veículos automotores, não especificados NÃO

Partes, peças ou acessórios para bonecos, inclusive vestuário ou seus acessórios

SIM

Pás, inclusive as de uso doméstico NÃO

Pastas de couro para documentos ou para estudantes NÃO

Pastas de matérias fibrosas celulósicas, exceto de madeira NÃO

Pastas mecânicas (quimitermomecânicas, termomecânicas) de madeira NÃO

Pastas químicas de madeira para dissolução (cruas, semibranqueadas ou branqueadas)

NÃO

Pastas químicas de madeira, processo à soda ou sulfato, exceto pastas para dissolução

NÃO

Pastas químicas de madeira, processo sulfito, branqueadas ou não NÃO

Pastas semiquímicas de madeira; pastas mecanoquímicas de madeira NÃO

Patins para gelo e patins de rodas, inclusive os fixados em calçados NÃO

Peças e acessórios para cadeiras de rodas e outros veículos para inválidos NÃO

Peças e acessórios para máquinas para processamento de dados e suas unidades periféricas

NÃO

Peças e acessórios para o sistema de freios (pratos, tambores, cilindros, etc.), para veículos automotores

NÃO

Peças e acessórios para tratores agrícolas NÃO

Peças e acessórios para tratores, exceto agrícolas NÃO

Peças moldadas em pó metálico (sinterizadas) ou revestidas NÃO

Peças ou acessórios para o sistema de direção ou suspensão, não especificados, para veículos automotores

NÃO

Peças ou acessórios para os sistemas de marcha ou transmissão, não especificados, para veículos automotores

NÃO

Peças ou acessórios, não especificados, para o sistema de motor de veículos automotores (blocos de cilindro, virabrequins, carburadores, válvulas, polias, juntas, etc.)

NÃO

Pedras preciosas ou semipreciosas sintéticas, mesmo trabalhadas, mas não enfiadas, montadas ou engastadas

NÃO

Peneiras e crivos manuais NÃO

Pentes, travessas, grampos, rolos e artigos semelhantes para cabelos NÃO

Pérolas cultivadas trabalhadas, exceto enfiadas, montadas ou engastadas NÃO

Pias, cubas e lavatórios, banheiras e semelhantes de ferro e aço NÃO

Pigmentos à água para acabamento de couros NÃO

Pincéis e escovas para artistas, para aplicação de cosméticos e para usos semelhantes

NÃO

Pincéis e escovas para pintar, envernizar e para usos semelhantes; bonecas e rolos para pintar

NÃO

Piscinas de plástico NÃO

Placas de circuito impresso montadas, para informática NÃO

Placas de fundo para moldes NÃO

Placas indicadoras, placas sinalizadoras e semelhantes; números, letras e sinais diversos de metal

NÃO

169

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Plainas, formões, goivas e ferramentas manuais semelhantes, para trabalhar madeira

NÃO

Plaquetas ou pastilhas, varetas, pontas e objetos semelhantes, para ferramentas, não montados, de carbonetos metálicos sinterizados ou de ceramais ("cermets")

NÃO

Plotters, mesa digitalizadora, mouse e outras unidades de entrada ou de saída, não especificados

NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em automóveis, camionetas ou utilitários

NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em aviões NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em bicicletas e motociclos NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em máquinas ou outros usos NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em motocicletas NÃO

Pneumáticos novos de borracha, usados em ônibus e caminhões NÃO

Pneumáticos recauchutados, recondicionados, remoldados ou recapados NÃO

Pó de diamantes, de gemas (pedras preciosas ou semipreciosas) ou de pedras sintéticas

NÃO

Poltronas e sofás de vime, bambu e semelhantes, exceto para escritório NÃO

Portas blindadas e compartimentos para casas-fortes NÃO

Portas para veículos automotores NÃO

Prateleiras de madeira NÃO

Produção de artefatos estampados de metal; metalurgia do pó NÃO

Protetores, bandas de rodagem amovíveis para pneumáticos (camelbacks) e "flaps" de borracha

NÃO

Quadros ou lousas para escrever ou desenhar NÃO

Quebra-cabeças SIM

Queimadores para alimentar fornalhas, de combustíveis líquidos NÃO

Queimadores, fornalhas automáticas, grelhas mecânicas e dispositivos semelhantes

NÃO

Radiadores ou suas partes para veículos automotores NÃO

Raquetes de tênis e raquetes semelhantes, mesmo não encordadas, exceto para tênis de mesa

NÃO

Reatores para lâmpadas ou tubos de descarga SIM

Recipiente refrigerador, com circulação de fluido refrigerador NÃO

Recipientes de ferro, aço ou alumínio com capacidade inferior a 300L, isotérmicos, refrigerados a nitrogênio líquido, utilizados para sêmen, sangue, tecidos biológicos ou similares

NÃO

Recipientes tubulares de alumínio para aerossóis, com capacidade igual ou inferior a 700 cm3

NÃO

Recipientes tubulares flexíveis de alumínio NÃO

Refrigeradores ou congeladores (freezers), inclusive combinados, para uso doméstico

SIM

Refrigeradores, vitrinas, câmaras frigoríficas e semelhantes para produção de frio para usos industrial e comercial

NÃO

Reservatórios, barris, tambores, caixas e recipientes semelhantes de alumínio, com capacidade não superior a 300 L

NÃO

170

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Reservatórios, barris, tambores, latas (exceto para gases), de ferro e aço com capacidade igual ou superior a 50 L e inferior a 300 L, para embalagem ou transporte de produtos diversos

NÃO

Resfriadores de leite NÃO

Resistores (resistências) elétricos, incluídos os reostatos ou potenciômetros, exceto resistências de aquecimento

NÃO

Rodízios, com rodas de qualquer material NÃO

Rodos de borracha ou de outras matérias flexíveis NÃO

Roupas de cama (colchas, cobertores, lençóis, etc.), de tecidos, quando não integradas à tecelagem

SIM

Sacos, sacolas e bolsas de papel, impressos SIM

Secantes preparados NÃO

Serras manuais NÃO

Sinos, gonzos e artefatos semelhantes, não elétricos NÃO

Sistemas de suspensão e suas partes, inclusive os amortecedores de suspensão para veículos automotores

NÃO

Soquetes para microestruturas eletrônicas NÃO

Sucatas metálicas, não especificados NÃO

Suportes (ganchos) para vestuário, para artefatos de tecido, para escovas, para chaves, etc.

NÃO

Tacos e frisos de madeira para assoalhos, forros de madeira, exceto de madeira folheada ou compensada

NÃO

Tanques elétricos para lavar roupas (tanquinho), para uso doméstico SIM

Tecidos de algodão crus ou alvejados, exceto combinados SIM

Tecidos de algodão crus ou alvejados, inclusive combinados SIM

Tecidos de algodão tintos ou estampados, exceto combinados SIM

Tecidos de algodão tintos, estampados ou tintos em fio, inclusive combinados

SIM

Tecidos de algodão, denominados "denim" com fios tintos em "índigo blue"

SIM

Tecidos revestidos ou impregnados, inclusive as entretelas NÃO

Teclados para equipamento de informática NÃO

Telas metálicas tecidas, de fios de ferro e aço, inclusive revestidas NÃO

Telas preparadas para pintura NÃO

Telas, grades e redes de fios de alumínio NÃO

Telas, grades e redes de fios de cobre; chapas e tiras, distendidas, de cobre NÃO

Telas, grades e redes de fios de níquel; chapas e tiras, distendidas, de níquel

NÃO

Terminais de autoatendimento bancário NÃO

Terminais para automação comercial ou serviços NÃO

Tesouras de podar, tesouras de tosquiar, tesouras-serrote ou ferramentas semelhantes

NÃO

Tesouras do tipo comum (costura, cozinha, unhas, etc.) NÃO

Tesouras para usos profissionais (cabeleireiros, coreeiros, chapeleiros, etc.)

NÃO

Toalhas ou guardanapos de papel para mesas NÃO

Tornos de apertar, sargentos e semelhantes NÃO

Transcodificador ou conversor de padrões de televisão NÃO

171

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Triciclos, patinetes, carros de pedais ou outros brinquedos infantis de locomoção, motorizados

SIM

Triciclos, patinetes, carros de pedais ou outros brinquedos infantis de locomoção, não motorizados

SIM

Troféus, copos, taças e objetos comemorativos semelhantes, de metais comuns

NÃO

Tubos de imagem para receptores de televisão e monitores de vídeo; tubos de captação para câmeras de televisão; válvulas, lâmpadas e outros tubos

NÃO

Tubos isolantes e suas peças, para máquinas, aparelhos e instalações elétricas, exceto de cerâmica ou de plástico

NÃO

Turbinas à gás, não especificados NÃO

Turbinas a vapor NÃO

Turbinas e rodas hidráulicas NÃO

Turbinas, motores e outros dispositivos eólicos NÃO

Unidades de máquinas automáticas para processamento de dados, não especificados

NÃO

Unidades de memória (unidades de discos, unidades de fitas ou outras unidades semelhantes)

NÃO

Unidades fornecedoras de água ou sucos, inclusive bebedouros NÃO

Unidades fornecedoras de bebidas carbonatadas NÃO

Utensílios de madeira para mesa e cozinha, inclusive caixas para condimentos

NÃO

Válvulas de expansão termostáticas ou pressostáticas NÃO

Válvulas de retenção NÃO

Válvulas de segurança ou de alívio NÃO

Válvulas e dispositivos semelhantes para transmissão óleo-hidráulicas ou pneumáticas

NÃO

Válvulas redutoras de pressão NÃO

Válvulas solenoides NÃO

Válvulas tipo borboleta NÃO

Válvulas tipo esfera NÃO

Válvulas tipo gaveta NÃO

Válvulas tipo globo NÃO

Válvulas tipo macho NÃO

Válvulas, torneiras, registros e dispositivos semelhantes, não especificados - inclusive hidráulicos e pneumáticas

NÃO

Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações; esponjas para aplicação de produtos de toucador

NÃO

Vassouras de qualquer material NÃO

Vassouras mecânicas de uso manual, exceto as motorizadas NÃO

Velas, pavios, círios e artigos semelhantes NÃO

Ventiladores e coifas (exaustores) para uso industrial NÃO

Vergalhões de aços ao carbono NÃO

Vestuário e acessórios de borracha para segurança e proteção, exceto capacetes e luvas

NÃO

Vestuário, de couro natural ou reconstituído NÃO

Virabrequins, eixos e mancais para máquinas industriais NÃO

172

Prodlist (descrição) Regulamentado?

Volantes ou polias para equipamentos industriais NÃO

Volantes, barras ou caixas de direção para veículos automotores NÃO

173

ANEXO 3. PLANEJAMENTO DAS ETAPAS DE ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO

E IMPLEMENTAÇÃO

Quadro 12. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de Análise

Processo/Atividades Nº de Colaboradores - Mês

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

AN

ÁLI

SE

Análise de demanda 1 1

Levantamento de dados 1 1 1 1

1ª reunião com partes interessadas 1

Redação da AIR preliminar 1

2ª reunião com partes interessadas 1

Tomada de subsídios 1 1

3ª reunião com partes interessadas 1

Redação do relatório final da AIR 1

Processo decisório 1

Tempo total/Recursos humanos 11 meses / 1 colaborador para cada análise

Quadro 13. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de Desenvolvimento

Processo/Atividades Nº de Colaboradores - Mês

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

DES

ENV

OLV

IMEN

TO

Análise dos insumos 2

Formação da Comissão Técnica 2 2

Análise da base normativa 2

Reunião com especialistas 2

Visita técnica aos fabricantes 2

Visita técnica aos laboratórios 2

Reuniões com Comissão Técnica 2 2 2

Elaboração da Portaria de CP 2 2 2 2

Consulta Pública 2 2

Divulgação da Consulta Pública 2 2

Consolidação da CP 2

Elaboração da Portaria definitiva 2

Publicação da Portaria definitiva 2

Tempo total/Recursos humanos 12 meses / 2 colaboradores para cada medida

174

Quadro 14. Tempo e recursos humanos envolvidos no processo de Implementação

Mês Atividades do processo de Implementação

Monitoramento de OAC

acreditados ou em processo de acreditação

Monitoramento da adesão do setor produtivo

Outras ações (divulgação e suporte à Ouvidoria e ao

controle de mercado)

24 Quando demandado

25 Quando demandado

26 Quando demandado

27 2 2 Quando demandado

28 Quando demandado

29 Quando demandado

30 Quando demandado

31 2 2 Quando demandado

32 Quando demandado

33 Quando demandado

34 Quando demandado

35 2 2 Quando demandado

36 Quando demandado

37 Quando demandado

38 Quando demandado

39 2 2 Quando demandado

40 Quando demandado

41 Quando demandado

42 Quando demandado

43 2 2 Quando demandado

44 Quando demandado

45 Quando demandado

46 Quando demandado

47 2 2 Quando demandado

48 Quando demandado

49 Quando demandado

50 Quando demandado

51 2 2 Quando demandado

52 Quando demandado

53 Quando demandado

54 Quando demandado

55 2 2 Quando demandado

56 Quando demandado

57 Quando demandado

58 Quando demandado

59 2 2 Quando demandado

Tempo total/Recursos humanos 36 meses / 2 colaboradores para cada medida

175

Mês

Implementação do PAC (Nº de Colaboradores)

Monitoramento e acompanhamento junto à Cgcre dos processos de acreditação de OAC e laboratórios

Monitoramento e acompanhamento da adesão do setor ao Setor

Treinamento da RBMLQ-I

Demais ações de divulgação do Programa

24

25

26

27

28

29 2 2 2

30

31

32

33

34

35 2 2 2 2

36 2

37

38

39

40

41 2 2 2

42

43

44

45

46

47 2 2 2

48

49

50

51

52

53 2 2 2

54

55

56

57

58

59 2 2 2