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Ser AMMA é informar ano 1 • número 6 • outubro/novembro de 2013 Eleição direta nos tribunais será prioridade da nova gestão da AMB Página 11 Vara da Infância de Imperatriz luta pela humanização de abrigo Página 12 AMMA presta homenagem à desembargadora Madalena Serejo Páginas 4 e 5 Magistratura no enfrentamento da violência no sistema prisional Páginas 8, 9 e 10

Novo olhar da Magistratura ajuda a mudar a realidade de ... · Juiz Delvan Tavares e funcionárias em um dos berçarios da Casa da Criança Crianças exercem atividades lúdicas acompanhadas

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Juiz Delvan Tavares e funcionárias em um dos berçarios da Casa da Criança

Crianças exercem atividades lúdicas acompanhadas por monitora

Quem entra na Casa da Criança sente desde a porta o amor e a dedi-cação de todos os funcionários - entre enfermeiras, assistentes sociais, cuidadoras e das cozinheiras, que preparam a alimentação seguindo à risca o cardápio montado por nutricionistas. Dormitórios, sala para as refeições, cozinha, tudo é muito bem cuidado e com uma higiene im-pecável, mas é no berçário que o amor fala mais alto. É lá que estão os bebês de até dois anos aguardando o período de adoção, sob a supervi-são constante das auxiliares.

As crianças têm histórias de vida muito parecidas. Sofreram agres-são e maus tratos do pai, da mãe ou de ambos. O pequeno W., hoje com 8 meses, era tão espancado que chegou a ser hospitalizado em UTI para não morrer. A mãe o repudiou desde que nasceu. A avó tem interesse em fi car com a criança, mas mora em um lixão de Imperatriz. O caso está sendo avaliado porque a legislação determina que a prioridade é manter a criança na família antes de partir para a adoção.

O pequeno C. chegou ao abrigo com 4 meses. Nasceu em casa sem qualquer tipo de assistência médica e a própria mãe foi quem lhe cortou o umbigo com os dentes. Além de C. a jovem já tinha dado à luz a ou-tros sete fi lhos, muitos deles já adotados por outras famílias. A menina A.B., também vítima de agressão, chegou ao abrigo com dois meses e já está com 1 ano e 4 meses, tudo indica que será adotada em breve.

A maioria dos bebês já tem pessoas interessadas na adoção, mas a Vara da Infância tem que seguir determinados procedimentos antes da destituição do poder familiar. O mesmo já não acontece com as crian-ças maiores, cujo interesse dos que querem adotar é mínimo. O histó-rico da família biológica às vezes assusta e faz com que os adotantes prefi ram os bebês.

O juiz Delvan Tavares relata que há casos de irmãos estarem no abrigo por terem sofrido maus tratos dos pais e, para alguns, o retorno à família é quase impossível devido à violência que persiste. Esta é a situação vivida por quatro meninas com idade dos 4 aos 12 anos que vi-nham sofrendo abuso sexual do próprio pai. O mais grave é que a mãe protege o marido. O caso foi denunciado por vizinhos. Os depoimentos das crianças confi rmaram a denúncia.

Quem conversa com os funcionários da Casa Abrigo ouve relatos tristes, mas também alguns com fi nal feliz, como o caso do três irmãos que estão sendo assistidos por uma jovem de Imperatriz, solteira, que todo fi nal de semana vai buscá-los para passear, alimentando o sonho de um dia poder adotá-los.

Novo olhar da Magistratura ajuda a mudara realidade de crianças abrigadas de Imperatriz

Abrigados à espera de um lar

O bebê D.L., atualmente com 11 meses, foi abandonado no hospital pela mãe, uma usuária de drogas de 14 anos. Com W. a história foi ainda pior. Aos quatro meses ele foi retirado da mãe por conse-lheiros tutelares, após denúncias de vizinhos de que estaria sofren-do constantes espancamentos. As sequelas são tantas que a criança hoje se alimenta por sonda. São relatos cruéis que não fazem parte de nenhum fi lme de fi cção. É a his-tória da quase totalidade dos me-ninos e meninas abrigados na Casa da Criança de Imperatriz.

O olhar diferenciado e a luta diária de um magistrado têm con-seguido amenizar o sofrimento e lançar uma luz de dignidade e bons tratos sobre as crianças abri-gadas da antiga Casa de Passagem de Imperatriz. Desde que o juiz Delvan Tavares assumiu a Vara da Infância e Juventude, há pouco mais de dois anos, reconstruir o antigo abrigo destinado a crianças em situação de risco se tornou algo mais que um objetivo, mas uma batalha árdua. Em maio de 2012, o sonho se tornou realidade e a Casa da Criança passou a ser referência do Judiciário de todo o Brasil.

Poucas unidades do Judiciário voltadas para o recolhimento de crianças à espera de adoção é tão bem estruturada e tem um aten-dimento tão humanizado como a Casa da Criança. Fruto de uma

parceria entre o Poder Judiciário e a Prefeitura de Imperatriz, gestora da instituição, a Casa funciona em prédio do Poder Judiciário, todo reformado a partir de doações re-sultantes de campanha defl agrada pela Vara da Infância e Juventude da comarca e que mobilizou co-merciantes, empresários, autori-dades e populares.

Um contingente de 20 funcio-nários disponibilizados pela ad-ministração municipal, entre co-ordenação, monitores, zeladores, cozinheiras e seguranças, garante o atendimento aos menores. Com 12 cômodos, o prédio, todo clima-tizado, dispõe de recepção, sala de atendimento, sala de enferma-gem, refeitório, área de lazer, ba-nheiros (masculino e feminino), berçário com banheiro e cozinha privativos e cozinha industrial. Biblioteca e brinquedoteca equi-padas com livros e brinquedos completam as instalações.

“A nossa iniciativa não foi ape-nas construir um prédio novo, mas uma nova realidade. O ob-jetivo é estabelecer uma nova maneira de encarar a questão do acolhimento. Estabelecer um di-visor de águas, um antes e depois não só na estrutura física, mas no tratamento das crianças acolhi-das. Um tratamento de qualidade, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente”, destacou o juiz Delvan Tavares.

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Eleição direta nos tribunais seráprioridade da nova gestão da AMBPágina 11

Vara da Infância de Imperatriz lutapela humanização de abrigoPágina 12

AMMA presta homenagemà desembargadora Madalena SerejoPáginas 4 e 5

Magistratura no enfrentamento da violência no sistema prisional Páginas 8, 9 e 10

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Jornal Compartilhar é o informativo bimestral da Associação dos Magistrados do Maranhão - AMMA. Rua do Egito, 351 - Centro - CEP: 65010-190. Fones: (98) 3221-4414 / 3232-1947 / 3231-8073

E-mails: [email protected][email protected]

ExpedienteMagistrados têm até o dia 13 para responder ao censo do CNJ

Diretoria Executiva - biênio 2013/2014Gervásio Protásio dos Santos Júnior - Presidente

Marcelo Silva Moreira - 1º Vice-PresidenteÂngelo Antônio Alencar dos Santos - 2º Vice-Presidente

Adelvam Nascimento Pereira - 3º Vice-PresidenteMarilse Carvalho Medeiros - Secretária-Geral

Clênio Lima Corrêa - Secretário-AdjuntoCarlos Veloso - Tesoureiro-Geral

Lavínia Helena Macedo Coelho - Tesoureira-Adjunta

Membros do Conselho Fiscal Andréa Furtado Perlmutter Lago

Luís Carlos Dutra dos SantosCelso Orlando Aranha Pinheiro Junior

Jorge Antônio Sales LeiteHolídice Cantanhede Barros

Artigo

Juízes não são justiceiros. Não devem agir para satis-fazer o espírito de vingança, individual ou coletivo. Não é sua função acusar ou defen-der quem quer que seja, nem tampouco é seu papel comba-ter a criminalidade nas ruas. A tarefa que lhes foi destina-da pela ordem constitucional é a de julgar com uma visão plural, de modo a contribuir, em última análise, para o bem comum.

Cabe ao magistrado, após examinar os fatos, ponde-rar as suas circunstâncias e formatá-los aos termos da lei, proferir, ao fi nal, uma deci-são que solucione o confl ito, condenando ou absolvendo a quem está sendo acusado da prática de algum ato ilícito.

Tais atividades devem ser realizadas com absoluta im-parcialidade. É o que se es-pera de um juiz no Estado Democrático que, ao decidir uma ação, seja cível ou crimi-nal, o faça de forma imparcial, sem ideias pré-concebidas e sempre tendo a Constituição e a lei como norte, evitando as paixões de qualquer natureza.

Ressalta-se: agradar ou de-sagradar à opinião pública,

Suplentes do Conselho Fiscal Artur Gustavo Azevedo do Nascimento

Ana Beatriz Jorge de CarvalhoCyrilo Anselmo de Freitas

Jornalista ResponsávelJacqueline Barros Heluy - DRT 840 MA

Assistente: Zaíra AlmeidaFotos

Biné MoraisProjeto Gráfi co

Ideia Propaganda & MarketingDiretor de Arte

Márcio VeigaDiagramação

Wemerson Duarte

Os juízes não são justiceiros, são juízes

Desembargadores e juízes têm até o dia 13 de dezembro para res-ponder à 2ª etapa do Censo Nacional dos Magistrados, pesquisa cria-da pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para defi nir o perfi l dos 17 mil magistrados que atuam em 91 tribunais e três conselhos do Judiciário brasileiro. O formulário contém 71 perguntas, cujo tempo estimado de resposta é dez minutos. O estudo, inédito, pretende le-vantar informações pessoais do magistrado como sexo, estado civil, média de horas trabalhadas, e abordar também questões mais subje-tivas, como avaliações relacionadas à promoção na carreira, à relação com o CNJ e até mesmo a situações de confl ito durante a prestação jurisdicional.

ou aos membros dos demais Poderes, não se insere na agen-da do magistrado. A sua função é, essencialmente, contramajo-ritária e, muitas das vezes, tem a difícil missão de proteger a sociedade dos seus próprios instintos de “justiça a qualquer preço”.

Essa refl exão é oportuna no atual momento em que o esta-do do Maranhão passa por uma crise sem precedentes no siste-ma de segurança pública e pri-sional como forma de contra-por os argumentos que, à guisa de escamotear as verdadeiras razões para termos alcançado índices alarmantes de violên-cia, sobretudo na região me-tropolitana de São Luís, tentam transferir a responsabilidade ao Judiciário.

A surrada cantilena “a polícia prende, a justiça solta”, repetida à exaustão por certas autorida-des policiais e replicada pela imprensa em programas sen-sacionalistas, é um subterfúgio para justifi car a incompetência.

Ora, se a prisão for ilegal, a obrigação do juiz é relaxá-la, e se assim não proceder, comete-rá ele juiz um ilícito. Portanto, a quantidade de relaxamento de prisão é diretamente propor-

cional à “qualidade das prisões” realizadas, e abrir exceção a esse controle constitucional, o que por vezes é clamado pela “opinião pública”, é possibilitar que, amanhã, qualquer cidadão de bem seja vítima desse tipo de seletividade.

O que chama a atenção do observador atento é que os de-tratores do Judiciário se esque-cem de alardear que, por falta de investimentos do Executivo ao longo dos anos, há no Ma-ranhão um défi cit de mais de duas mil vagas no sistema car-cerário; a Justiça manda pren-der, porém, não há lugar para colocar os presos. Esquecem, ainda, de dizer que há milhares de mandados de prisão expedi-dos por ordem dos juízes e não cumpridos por falta de pessoal sufi ciente e de estrutura neces-sária para rastrear os foragidos ou que as casas de internação dos menores infratores estão interditadas por falta de condi-ções mínimas para abrigá-los. E ainda que a briosa Polícia Mi-litar tem apenas a metade do contingente que necessitaria para trabalhar de forma ade-quada.

Transferir responsabilidades para justifi car omissões não solu-

cionará a crise de segurança em que estamos imersos. E aqui vale a mesma fórmula para a resolução de qualquer proble-ma, a qual o primeiro passo para resolvê-lo é reconhecer que existe um problema. O se-gundo é priorizar as medidas que irão solucioná-lo, sem olvi-dar que, no caso do Maranhão, essas passam necessariamente pela valorização e reconheci-mento dos homens e mulheres que compõem a Polícia Militar e Civil do estado.

O leque de medidas que devem ser tomadas pelo Go-verno do Estado para com-bater a crise de segurança é extenso, contudo, certamen-te, entre elas não se encontra a transformação de juízes em justiceiros. Se isso viesse a ocorrer não teríamos apenas a falência do sistema de se-gurança pública, mas do pró-prio Estado Democrático.

Gervásio SantosPresidente da Associação

dos Magistrados do Maranhão - AMMA

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Eleição direta nos tribunais e retorno do ATS serão prioridades da nova gestão da AMB

Conheça o futuro Conselho Executivo e Fiscal da AMB

Manter atuação constante em de-fesa das prerrogativas, lutar pelo res-tabelecimento do ATS, pela recom-posição dos subsídios e por eleições diretas nos tribunais estão entre as prioridades da nova gestão da Asso-ciação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que toma posse no dia 17 de dezembro, tendo como presidente o juiz João Ricardo dos Costa (TJRS). A Chapa 1 - Unidade e Valorização foi eleita com um total de 5.628 vo-tos (59,35%).

No Maranhão, a Magistratura associada à AMMA compareceu em peso na votação, conferindo à Chapa 1 o percentual de 95,93% dos votos.

A Chapa 2 - AMB para os Ma-gistrados – Justiça para o Brasil, comandada pelo desembargador Roberto Bacellar, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), obteve 3.746 votos (39,50%). A diferença foi de 1.882 votos. Brancos e nulos totalizaram, respectivamente, 75 e 34 votos. Ao todo, 9.483 magis-trados participaram da escolha do novo presidente da AMB.

Integrante da chapa vitoriosa, no cargo de coordenador da Justi-ça Estadual a partir de dezembro,

o presidente da AMMA, juiz Ger-vásio Santos, acompanhou toda a apuração na sede social do Calhau, ao lado de outros membros da Di-retoria Executiva e da Comissão Eleitoral. Após a divulgação ofi cial do resultado, Gervásio agradeceu, mais uma vez, o apoio recebido dos colegas, apoio este que, segundo ele, demonstra o reconhecimento ao trabalho que vem realizando à frente do associativismo da Magis-tratura brasileira.

O reconhecimento à atuação de Gervásio Santos à frente do associa-tivismo e a sua importância na vi-tória da Chapa 1 foram destacados pelo desembargador Cláudio Baldi-no Maciel (TJRS), ex-presidente da AMB. “Quero externar meu pro-fundo reconhecimento e admiração pelo Gervásio, homem a quem tan-to o Judiciário do Maranhão deve por sua elevação, e porque, imere-cidamente vencido na eleição ante-rior, dedicou-se a esta eleição com o mesmo empenho e vontade, de-monstrando, na prática, o que é ser homem de ideias e projetos genero-sos, muito além de seus interesses pessoais. Tenho orgulho de ser seu colega e amigo”, disse Baldino.

Eleições diretas e ATSA nova gestão da AMB pre-

tende intensifi car a mobilização da classe política e da sociedade pela aprovação da PEC 187, que estabelece as eleições diretas nos tribunais.

De acordo com João Ricardo, essa luta, caso seja vitoriosa, sig-nifi cará a retirada de um resquí-cio autoritário da ditadura militar ainda existente dentro do Poder Judiciário brasileiro. “Nós temos que inaugurar um novo modelo no Judiciário, constitucionalmen-te adequado aos anseios da socie-dade.”

Lutar pelo restabelecimento do ATS é outra prioridade para a nova diretoria da AMB. Na ava-liação de João Ricardo, a recupe-ração dessa prerrogativa é muito importante porque a carreira da Magistratura vem sofrendo um processo de desestímulo muito sério ao longo dos anos.

“A recomposição dos adicio-nais por tempo de serviço vem atender a uma reivindicação da Magistratura no sentido de esti-mular os juízes e contemplá-los pelo tempo de serviço prestado.”

Perfi lJoão Ricardo dos Santos Costa

é titular do 1º Juizado da 16ª Vara Cível de Porto Alegre e professor de Direitos Humanos da Escola Su-perior da Magistratura. É ex-presi-dente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e ocu-pou a vice-presidência de Direitos Humanos da AMB de 2008 a 2010. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universida-de do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 1984, com pós-graduação em Direito (Unisinos, 2001), ingressou na Magistratura em agosto de 1990. Atuou nas comarcas de Planalto, Taquari e Canoas.

PRESIDENTEJoão Ricardo dos Santos Costa (Ajuris – RS)

VICE-PRESIDENTES

Meio AmbienteAdriano Gustavo Veiga Seduvim (Amepa – PA)

ComunicaçãoGil Francisco de Paula Xavier Fernandes Guerra (Amapar – PR)

PrerrogativasHadja Rayanne Holanda de Alencar (Amarn – RS)

CulturalMaria de Fátima dos Santos Gomes Muniz de Oliveira (Apamagis – SP)

Trabalhistas LegislativosMaria Madalena Telesca (Amatra – RS)

InteriorizaçãoNartir Dantas Weber (Amab – BA)

Assuntos LegislativosNelson Missias de Morais (Amagis – MG)

Efetividade da JurisdiçãoPaulo Mello Feijó (Amaerj – RJ)

Direitos HumanosRicardo de Araujo Barreto (ACM – CE)

InstitucionalSérgio Luiz Junkes (AMC – SC)

AdministrativoWilson da Silva Dias (Asmego – GO)

COORDENADORES

Justiça EstadualGervásio Protásio dos Santos Junior (AMMA – MA)

Justiça do TrabalhoAntonio Oldemar Coêlho dos Santos (Amatra – PA)

Justiça FederalRogério Favreto (Ajufergs – RS)

Justiça MilitarEdmundo Franca de Oliveira (Amajum – RJ)

AposentadosNelma Torres Padilha (Almagis – AL)

Conselho FiscalHelvecio de Brito Maia Neto (Asmeto – TO)

Luiz Gonzaga Mendes Marques (Amansul – MS)Hermínia Maria Silveira Azoury (Amages – ES)

11Ser AMMA é Compartilhar

Policial mostra as marcas das balas na parede do Fórum de Paço do Lumiar

O aumento da criminalidade, agravado pelos recentes episó-dios de violência praticados por facções pela disputa do tráfi co na capital, fez com que a Associa-ção dos Magistrados protocolas-se requerimento no Tribunal de Justiça, solicitando a criação do Fundo de Segurança dos Magis-trados (Funseg) no Maranhão. O objetivo é que o Funseg esteja em atividade já em 2014, a fi m de ga-rantir mais segurança nas unida-des judiciárias maranhenses.

A luta da AMMA para a cria-ção do Funseg teve início em abril de 2013, quando foi encaminha-do requerimento solicitando que o presidente do Tribunal de Justi-ça envidasse esforços com o obje-tivo de dar cumprimento integral

Magistradas recebem apoio AMMA pede Fundo de Segurança

Em meio à guerra dentro e fora do Complexo Penitenciário de Pe-drinhas estão os juízes, a quem cabe julgar os processos dos membros das facções, e que tentam condu-zir com calma a rotina de trabalho, mesmo sabendo que não dispõem de segurança em suas unidades judiciais, e nem fora delas. “Esta-mos lidando com processos que envolvem criminosos perigosos e precisamos de mais segurança para podermos trabalhar com tranqui-lidade”, declarou a juíza Jacqueli-

ne Caracas, titular da Comarca de Paço do Lumiar, que passou a in-tegrar recentemente a Comarca da Ilha de São Luís.

O Fórum de Paço do Lumiar, município que integra a Ilha de São Luís, está instalado em um imóvel dentro do bairro Maiobão, um con-junto habitacional com mais de três mil moradores que sofrem com a total ausência de políticas públicas. Na mesma semana da rebelião com mortes e fugas no Complexo de Pedrinhas, a unidade do Judiciário

amanheceu com suas paredes ex-ternas e janelas de vidro crivadas de balas, possivelmente disparadas de uma arma ponto 40.

O policial que fazia a segurança do prédio à noite viu quando um carro desceu a rua e parou em fren-te ao fórum. O passageiro ao lado do condutor simplesmente sacou a arma e deu vários tiros na fachada. Nenhum aviso foi dado ou deixado. Uma ameaça? As juízas que atuam na comarca não descartam a possi-bilidade, pois o Maiobão é um dos bairros de São Luís onde a guerra pelo controle do tráfi co entre as facções denominadas Bonde dos 40 e Comando da Capital está mais acirrada.

Os magistrados preferem não relatar muitos fatos para não se ex-por, já que a segurança de que eles dispõem tanto no fórum quanto no trajeto para suas residências é mí-nima. Há informações que a “cra-colândia” do Maiobão esteja insta-lada ao lado da delegacia, a menos de 300 metros do fórum. Em dias de confl ito entre trafi cantes a dele-

gacia fi ca fechada. Nem os policiais se arriscam no enfrentamento.

Grande parte dos processos que tramitam na Comarca de Paço do Lumiar, que conta com seis juízas, envolve tráfi co de drogas e homicí-dios praticados por supostos trafi -cantes. Uma das magistradas relata que as testemunhas de acusação, em sua maioria, mudam todo o de-poimento durante a audiência, ne-gando tudo o que disseram na fase do inquérito policial, o que difi culta o convencimento do magistrado sobre os fatos expostos no processo.

A mesma juíza informou que já houve caso de testemunha ter sido ameaçada dentro do fórum, mo-mento antes da audiência, e que algumas delas até choram pedindo proteção à família. “Um policial que atuava como testemunha pediu até pelo amor de Deus para sair da audiência porque temia chegar em casa e não encontrar a família viva”, disse uma das magistradas, ao rela-tar o poder de intimidação que os trafi cantes exercem sobre os mora-dores e até sobre a própria polícia.

No dia seguinte ao atentado ao Fórum de Paço do Lumiar, houve uma reunião na própria comarca, que contou com a pre-sença do presidente da Associa-ção dos Magistrados do Mara-nhão (AMMA), juiz Gervásio Santos, do diretor de Segurança da entidade, Rodrigo Nina, do corregedor-geral de Justiça, de-sembargador Cleones Cunha, e do representante da Comissão de Segurança Institucional do Tri-bunal de Justiça.

O objetivo da reunião foi traçar um plano de ação para garantir mais segurança aos magistrados, que temem pela própria vida e dos servidores do Judiciário. Além das juízas de Paço do Lumiar, estive-ram presentes também os juízes da

Ataque a fórum aumenta insegurança de juízas da Comarca de Paço do Lumiar

à Resolução nº 104 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 06 de abril de 2010, que dispõe sobre medidas administrativas de se-gurança no Poder Judiciário, em especial no que tange à criação do Funseg.

A Resolução do CNJ deter-mina que os Tribunais de Justiça deverão buscar a aprovação de lei estadual que disponha so-bre a criação de Fundo Estadual de Segurança dos Magistrados, com a fi nalidade de assegurar os recursos necessários à implanta-ção e manutenção do Sistema de Segurança dos Magistrados, à es-truturação, aparelhamento, mo-dernização e adequação tecnoló-gica dos meios utilizados nessas atividades de segurança.

Comarca de São José de Ribamar, município vizinho que também passou a integrar a Comarca da Ilha de São Luís.

Todos os juízes relataram ao corregedor que vivenciam proble-mas semelhantes aos de Paço do Lumiar com relação a processos envolvendo homicídios por trá-fi co de drogas. Uma das juízas de Ribamar informou que possui um processo com 17 réus, todos inte-grantes do tráfi co.

A Corregedoria se compro-meteu a elaborar um plano com uma série de medidas para ga-rantir mais segurança aos ma-gistrados, inclusive detalhando adoção de normas referentes à transferência de presos para as audiências.

Especial

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As obras do salão de festas e da nova sede admi-nistrativa da AMMA, no Complexo Esportivo e Social do Calhau, estão em ritmo acelerado e a previsão é que sejam entregues dentro do prazo previsto, que é fevereiro de 2014. A construção do salão de festas, que se iniciou primeiro, já se

encontra na fase de alvenaria e de cobertura do prédio.

O presidente da AMMA reuniu-se com as li-deranças da Assembleia Legislativa para expli-car aos parlamentares as razões que fi zeram a AMMA ingressar com mandado de segurança contra ato da governadora que efetuou cortes no orçamento do Poder Judiciário no Projeto

de Lei Orçamentária para o ano de 2014.

A AMMA protocolou requerimento no Tribu-nal de Justiça, solicitando que o anteprojeto de Lei Complementar que cria o Fundo de Segu-rança dos Magistrados (Funseg) seja incluído para discussão e votação na próxima sessão administrativa do TJMA, de modo que, já em

2014, o Fundo esteja em funcionamento a fi m de garantir mais se-gurança nas unidades judiciárias maranhenses.

A juíza Samira Barros Heluy, da 2ª Vara de Ita-pecuru-Mirim, coordenou, no período de 17 de setembro a 18 de outubro, o III Mutirão Carce-rário do Amazonas, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). O

relatório sobre o trabalho realizado no Mutirão foi apresentado pela magistrada no dia 18 de outubro, na sede do TJAM, com a presença do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), minis-tro Joaquim Barbosa.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câ-mara Federal aprovou por unanimidade a PEC 187/2012, de autoria do deputado Wellington Fagundes (PR-MT), que propõe alteração do artigo 96 da Constituição Federal e permite elei-ções diretas para os tribunais, com votação favo-

rável ao parecer do relator, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA).

A AMMA encaminhou requerimento ao TJMA solicitando que seja estendida aos juízes que ad-ministram unidades autônomas do Judiciário a mesma gratifi cação concedida aos diretores de fóruns, considerando que esses magistrados exercem, ao lado da jurisdição, atividade admi-

nistrativa. Esse foi um dos itens deliberados na reunião da Diretoria Executiva, ocorrida em 8 de novembro.

Proposta Orçamentária 2014 será apreciada em Assembleia Geral

Fique por dentro das notícias da AMMA. Acompanhe diariamente

as nossas informações no site www.amma.com.brA Associação dos Magistrados

do Maranhão realizará, no dia 14 de dezembro, mais uma Assem-bleia Geral dos Associados, para votação e discussão da Proposta Orçamentária da entidade para o ano de 2014, aprovada pela Di-retoria Executiva e disponível no site www.amma.com.br para análise prévia dos associados. A assembleia acontecerá a partir das 9h (primeira convocação), no auditório José Joaquim Ramos Filgueiras, no Fórum Desembar-gador Sarney Costa.

Além da Proposta Orçamen-tária, será discutida também uma pauta de pleitos administrativos, relacionados à estrutura funcional e fi nanceira, além de reivindica-ções de interesse da categoria para que sejam encaminhadas ao Tribu-nal de Justiça do Estado do Mara-nhão (TJMA) no decorrer do ano de 2014.

A Diretoria Executiva destaca que a participação dos associados será fundamental para organizar todo o planejamento da entidade para o próximo ano.

Transmissão onlineTodos os associados estão convidados a participar da assem-

bleia, mesmo os que residem em suas comarcas no interior do es-tado. Quem não puder estar presente no fórum, poderá acompa-nhar as discussões por meio da página na internet, onde também poderá dar a sua opinião. Serão computados apenas os votos onli-ne dos associados que estiverem fora de São Luís.

O diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da AMMA, juiz Ferdinando Serejo, idealizador do sistema de trans-missão online, tomou todo o cuidado para garantir que a assem-bleia também possa ser assistida em qualquer computador ou ce-lular, tanto iPhone como Android.

Aqueles que pretendem postar seus comentários diretamente na página do evento, a recomendação é que acessem antecipadamen-te o link que será disponibilizado somente aos usuários registra-dos. Ao acessar o link, o associado encontrará todas as instruções detalhadas sobre como se movimentar na página e acompanhar a Assembleia em tempo real.

A outra forma do associado participar diretamente da assem-bleia na forma online é acompanhar tudo pelo twitter @AMMA-Magistrados. O objetivo da AMMA é garantir que o maior número de associados participe do evento, seja por meio da internet ou na forma presencial, a fi m de que as deliberações possam ser tomadas em conjunto para o fortalecimento da entidade e novas conquistas para a Magistratura.

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Madalena Serejo: uma trajetória que virou medalha

Festa de premiação reunirámagistrados e convidados, dia 20

Por meio da Resolução 05/2013, a atual Diretoria Executiva da As-sociação dos Magistrados do Ma-ranhão instituiu a Medalha Ma-dalena Serejo, em substituição ao Prêmio AMMA de Melhores Prá-ticas do Judiciário, que tem cum-prido o seu papel nos últimos seis anos. Mais do que um instrumento para identifi car, disseminar e reco-nhecer as práticas bem sucedidas da Justiça maranhense, a comenda homenageia a desembargadora fa-lecida no dia 9 de março deste ano.

A Associação dos Magistrados reconheceu em Madalena Serejo uma magistrada à frente do seu tempo, que nunca tergiversou com a ética, além de ter sido uma das primeiras mulheres a ingressar na Magistratura do Maranhão.

“Madalena Serejo sempre foi um exemplo a ser seguido pelos magistrados do Maranhão. Ela possuía conduta ética impecável e uma preocupação contínua com o aprimoramento, duas qualidades indispensáveis para a formação do bom magistrado”, declarou o presi-

dente da Associação dos Magistra-dos, juiz Gervásio Santos.

Foram 37 anos dedicados à Ma-gistratura maranhense. Nascida em Buriti (MA), Madalena Alves Serejo obteve o grau de Bacharel em Direito no ano de 1963 pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Antes de ser aprovada em concurso e nomeada como juíza de direito em 1970, exerceu o cargo de promotora de justiça em sua terra natal no ano de 1965.

A desembargadora Madalena Serejo foi promovida sucessiva-mente por merecimento, até che-gar a São Luís em 1986. Foi dire-tora do Fórum Desembargador Sarney Costa, supervisora do Jui-zado Informal de Pequenas Cau-sas, juíza eleitoral e juíza auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça. Exerceu também a função de dire-tora da Esmam.

No período de setembro a de-zembro de 2007, a magistrada presidiu o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), período em que inaugurou o há-

bito de manter o gabinete sempre aberto a magistrados e pessoas da comunidade, e a ambos ouvia com atenção. Mulher, esposa, mãe e magistrada, Madalena Serejo era conhecida dentro e fora da magis-tratura pela seriedade profi ssional e posições fi rmes.

“Madalena Serejo foi uma mu-lher, mãe e magistrada exemplar! Um exemplo de profi ssional e pro-fessora. Para mim, Madalena era como minha mãe na Magistratu-

ra”, testemunha o corregedor-geral de Justiça, desembargador Cleones Carvalho Cunha.

Com uma carreira exemplar e reconhecida por toda a Magistra-tura, Madalena Serejo se despediu da Corte de Justiça em 18 de ju-nho de 2008, quando participou da sua última sessão do Pleno na condição de desembargadora, 11 anos depois de ser promovida, por antiguidade, para a Magistratura de 2º Grau.

Com data marcada para o dia 20 de dezembro, a partir das 21h, no Buff et Panette, na Avenida dos Ho-landeses, a festa de premiação da Medalha Madalena Serejo prestará reconhecimento às boas práticas executadas por magistrados no ano de 2013 e, também, aos juízes que obtiveram o melhor desempenho jurisdicional neste mesmo período.

Poderá concorrer à Medalha qualquer integrante da Magistratu-ra estadual que faça parte da Asso-ciação dos Magistrados do Mara-nhão e em pleno exercício das suas funções judicantes, com exceção daqueles que integram a Diretoria Executiva da referida entidade.

De acordo com o regulamento divulgado no site da AMMA, se-rão consideradas práticas inova-doras as atividades criativas e com resultados comprovados, executa-das por magistrados com o obje-tivo de aumentar a qualidade dos serviços jurisdicionais entregues aos cidadãos.

Já a presteza na atividade ju-risdicional é aquela identifi cada segundo índices de produtividade apurados pelo Tribunal de Justiça do Maranhão para a aferição da “gratifi cação de produtividade ju-diciária”.

A categoria “prestação juris-dicional” terá automaticamente

como inscritos todos os magistra-dos em atividade na Justiça esta-dual maranhense que façam parte da Associação dos Magistrados do Maranhão.

A Medalha Madalena Serejo também poderá, por deliberação da Diretoria Executiva da AMMA, ser excepcionalmente concedida a outras pessoas, sejam elas magis-trados ou não, que contribuem ou contribuíram efetivamente para a melhoria da Justiça maranhense ou brasileira.

InscriçõesOs juízes que forem concorrer

na categoria Boas Práticas podem

efetuar suas inscrições, que serão encerradas no dia 9 de dezem-bro, pelo email [email protected] ou, presencialmente, na sede administrativa da AMMA, na Rua do Egito. O candidato terá que informar o seu nome, cargo, comarca e o nome do projeto que concorre nesta categoria.

Os trabalhos concorrentes deve-rão ser apresentados em três vias, acompanhados de cópia em mídia eletrônica no ato da inscrição.

A Comissão Avaliadora da Me-dalha Madalena Serejo é composta pelo desembargador Lourival Se-rejo e os juízes José Nilo Ribeiro Filho e Isabela Lago.

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velam a face violenta do sistema prisional Especial

Juízes da Execução e o presidente da AMMA, Gervásio Santos, fi zeram análise sobre a rebelião e cobraram providências

Juiz José Costa

Continua na página 10

Juiz pede estrutura em unidades para menores

No meio desta onda de violên-cia, a Magistratura maranhense tenta conduzir o seu trabalho em estado de constante alerta para que o Poder Executivo cumpra a Lei de Execuções Penais e mante-nha respeito à Constituição Fede-ral no que tange à dignidade dos que cumprem penas em presídios. Na avaliação do juiz Fernando Mendonça, da 2ª Vara de Execu-ções Penais, o problema do siste-ma prisional é ausência de gestão técnica ao longo dos anos, o que fez com que o Estado perdesse o controle sobre a administração dos presídios.

Como exemplo de que o crime organizado opera livremente na estrutura funcional do presídio, ele informou que, em vistoria rea-lizada no Complexo de Pedrinhas cinco dias após a rebelião, foram encontrados 400 celulares, além de quatro armas de fogo pesadas e várias armas brancas. “Como essas armas estão entrando?”, questio-nou o magistrado.

O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Roberto de Paula, traçou um diagnóstico da situação do Complexo Penitenciário de Pedri-nhas após a última rebelião que resultou nos nove assassinatos.

3.200internos no Complexo

Penitenciário de Pedrinhas

47internos mortos no sistema

prisional do Maranhão de janeiro a outubro de 2013

9internos mortos

na rebelião de outubro de 2013

12vagas na única unidade da capital para medidas

socioeducativas

“Se não houver uma ação do go-verno do estado voltada à reestrutu-ração e construção de novas unidades para o cumprimento de medidas so-cioeducativas, o Maranhão também

será palco de rebeliões sangrentas em unidades prisionais para menores in-fratores, a exemplo do que aconteceu no Complexo de Pedrinhas.” O alerta é do juiz José dos Santos Costa, da 2ª Vara da Infância da capital.

José Costa alertou que a preca-riedade das unidades para adoles-centes infratores é tão grave quan-to a dos adultos que cumprem pena no sistema penitenciário. Segundo ele, só há uma unidade em todo o estado para os que cum-prem medidas socioeducativas, com apenas 12 vagas, na capital, e duas para os provisórios, uma em São Luís e outra em Imperatriz, ambas muito acima da capacidade de internação. Uma das unidades de internação de São Luís está in-

terditada há mais de um ano, sem que nenhuma providência tenha sido tomada até agora.

Segundo José Costa, a cada dia aumenta mais a incidência de atos criminosos praticados por adoles-centes e que se não houver uma ação enérgica e emergencial do go-verno do estado para solucionar o problema, a criminalidade vai au-mentar. “Nós não temos para onde mandar esses adolescentes infrato-res, não há vagas, as unidades estão lotadas. Só nos restam duas opções: ou amontoá-los em um espaço re-duzido para que se matem ou dei-xar esses infratores soltos nas ruas, cometendo mais crimes”, alertou.

Ele fi xou portaria determinan-do à Secretaria de Administração Penitenciária que a partir de 1º de dezembro seja adotado o scanner corporal nas visitas íntimas no presídio, a fi m de evitar constran-gimento aos visitantes, que hoje são submetidos à vistoria com toque manual, inclusive mulheres dos presos.

Outra medida determinada por Roberto de Paula é que a Se-cretaria garanta o direito dos pre-sos de remirem suas penas através do trabalho ou do estudo, e caso isto não seja realizado até o fi nal de outubro, a partir de janeiro

será aplicada a remissão presumi-da da pena. “Não somos nós, juí-zes, que estamos inventando isso, é o que determina a Lei de Execu-ção Penal.”

Roberto de Paula informou que o grande debate que se acen-tua a partir da última rebelião é a necessidade emergencial de cons-trução de novos presídios, pois os presos estão amontoados, não têm nem onde dormir. Segundo ele, no Complexo de Pedrinhas es-tão 3.200 presos, um dos menores índices de todo o país, o que de-monstra claramente que o Judiciá-rio do Maranhão está sendo atuan-

te, pois não há presos com prazos vencidos.

O juiz Roberto de Paula chamou atenção para a necessidade urgen-te de construção de uma unidade de segurança máxima em São Luís, como forma de inibir a disputa das facções dentro dos presídios. Segun-do ele, um decreto emergencial da governadora Roseana Sarney prevê a construção de 10 unidades prisio-nais em todo o estado. Ele afi rmou que a gravidade no sistema prisional permanece e só começará a ser sana-da quando o decreto emergencial do governo começar a ser concretizado e as ações visualizadas.

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Disputa entre facções e superlotação rev

Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Às 23h30 do dia 9 de outubro de 2013, um incêndio foi detectado por agentes penitenciários em um dos pavilhões do presídio. O fogo foi contido, mas as cenas de des-truição, morte e violência se pro-longaram durante a madrugada e nos dias seguintes, revelando a face cruel de uma realidade até então ig-norada pelos órgãos de Segurança Pública, mas não pelo Judiciário. Juízes da Execução já haviam aler-tado que a explosão do barril de pólvora em que se transformou o sistema penitenciário do Maranhão era uma questão de tempo.

A rebelião no Complexo Peni-tenciário de Pedrinhas resultou em nove mortos, 13 feridos, celas des-truídas e cerca de 30 foragidos. Os números ofi ciais do massacre do dia 9 de outubro nunca foram con-fi rmados pela Secretaria de Segu-rança Pública, prevalecendo o que foi divulgado na imprensa.

Na mesma noite da fuga, cinco ônibus foram incendiados em pon-tos diferentes da cidade. Nos dias

Os membros das duas facções se matam dentro do Comple-xo Penitenciário de Pedrinhas e de lá ordenam as execuções que acontecem do lado de fora, não apenas de outros trafi cantes, como também de policiais militares, a exemplo do soldado Francinaldo Pereira, assassinado na noite do dia 10 de novembro, quando se en-contrava em serviço dentro do trailer da PM que foi metralhado por bandidos no bairro Vila Nova.

O assassinato do policial fez aumentar a insatisfação popular e as reivindicações por mais segurança, resultando na destituição, no dia 18 de novembro, do então comandante da Polícia Militar, Coronel Francklin Pacheco. A governadora Roseana Sarney decidiu substitui-lo pelo Coronel Aldimar Zanone Porto, na expectativa de que um conjunto de medidas possa ser adotado para garantir mais segurança à população e acalmar os ânimos da sociedade.

A governadora decretou, ainda, estado de emergência no sistema prisional do Maranhão, solicitando a presença da Força Nacional, que passou a atuar dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. As medidas adotadas, no entanto, não impediram que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), externasse publicamente, por meio de nota divulgada na imprensa, preocupação com o número de mortes no sistema prisional maranhense. De janeiro a outubro deste ano, foram catalogadas 47 mortes de internos, das quais 41 ocorreram somente no Complexo de Pedrinhas, segundo dados da Secretaria de Segurança.

seguintes, São Luís foi tomada por notícias, negadas pela polícia, de que grupos criminosos estariam realizando arrastões em vários bairros, prometendo uma onda de assassinatos para acertos de contas. Instalou-se o pânico na população e a capital maranhense, durante três dias, fi cou sob toque de recolher. Comércio fechou as portas, aulas em escolas e universidades foram suspensas, repartições públicas não funcionaram e ônibus só circula-vam até às 18h.

Só a partir desses episódios é que a população maranhense to-mou conhecimento, por meio do próprio secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, que duas facções criminosas estão em guer-ra pela disputa do tráfi co de drogas em São Luís: o Bonde dos 40, que tem esta denominação por seus integrantes usarem armas modelo ponto 40, e o Comando da Capital. A primeira facção seria composta por integrantes de outras facções do tráfi co do Rio de Janeiro que se instalaram em São Luís, e a segunda tenta se manter.

Execuções também nas ruas

Policiais percorrem pavilhão onde teve início a última rebelião em Pedrinhas Juízes e promotores fi zeram vistoria no complexo de Pedrinhas após rebelião

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“Minhas primeiras lembranças de infância estão atreladas à fi gura de mi-nha mãe vestindo uma toga, chegando em casa com os braços abarrotados de processos, varando as noites proferin-do sentenças. Magistrada, administra-dora, líder, julgadora, amiga, professo-ra, conselheira, confi dente e mãe. Não só minha mãe e de meus irmãos, mas de todos que cruzaram seu caminho, pois resumindo, foi isso que ela foi, uma verdadeira mãe da Magistratura, sempre disposta a cuidar, zelar, punir, tudo isso com uma voz serena, um olhar manso, e uma atitude tão fi rme, que levava todos a se curvarem, cedo ou tarde, à sua pessoa. Espero, por-tanto, que a Medalha Madalena Serejo prestigie, em vida, os magistrados que, a exemplo da homenageada, amam a sua profi ssão e a ela se dedicam incon-dicionalmente.”

Fernanda SerejoFilha de Madalena Serejo

Legado de admiração deixado aos fi lhos e magistrados

“Eu era pequeno, por volta de uns 10 anos, morava no Bairro do Monte Castelo em uma casa bem humilde, paredes somente no reboco, sem tinta. Ali, comecei a sentir as primeiras impressões de quem era minha mãe. Na-quela época, todos os dias, eu, como uma criança levada que fui, adorava brincar na rua, de pegador, esconde-esconde, queimado e todas as outras brincadeiras que infelizmente hoje não são mais permitidas às crianças e essas brincadeiras muitas das vezes se estendiam até mais tarde.

Eu, da rua de casa ouvia o som forte da máquina de escrever que rajava sem parar, voltava da rua, entrava em casa, tomava banho, me preparava para dormir, e quantas vezes eu não ia dormir ao som da máquina de escrever Oli-vetti, que não raro varava a madrugada em seu incessante trabalho. O tempo foi passando, fui crescendo e percebendo a verdadeira devoção que ela tinha para com seu trabalho. O compromisso e a dedicação em grau exagerado que ela tinha com seu trabalho para mim ficou bem claro lá pelo final de minha adolescência, no entanto, eu ainda não sabia muito bem o que era essa coisa de ser magistrado, sabia que ela era juíza de direito, mas não tinha noção exata do que isso realmente significava. Por influência dela e de meu irmão mais velho, entrei na faculdade de direito, bem como no escritório de advocacia deste último, Benevenuto Serejo, local onde me encontrei, onde despertei para a advocacia, local onde descobri o que ia ser quando crescesse.

Formei-me, passei no exame da OAB e pedi a ela que me permitisse tra-balhar em seu gabinete como assessor, com o escopo de aprender e experi-mentar a visão do magistrado no processo penal. Ela aceitou e então fui com ela trabalhar no Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Lá eu pude conhecer minha mãe em todas as suas nuances e vertentes. Que mulher ad-mirável, que pessoa humana. Foi nessa época que eu tive a noção exata do que vem a ser um magistrado, compromisso a qualquer prova, extrema pre-ocupação com prisões ilegais, tanto que em seu gabinete a ordem era julgar os pedidos de liminar em habeas corpus no mesmo dia em que chegavam ao gabinete e assim era feito, as liminares eram julgadas no mesmo dia, ou negando ou concedendo, tramitações rápidas. Todos os processos eram por ela analisados, todas as decisões eram lidas e por ela revisadas, nunca se baseando somente nas impressões do assessor, sempre à procura da verdade que aflorava dos autos e essa procura era minuciosa, muitas das vezes as soluções eram encontradas nas entrelinhas. Mas dentre todas essas nuances a que mais me fazia admirá-la era o cuidado e o zelo, bem como a preocupa-ção de não errar, o medo de cometer uma injustiça, tanto que na dúvida, as absolvições eram certas, por mais que tal decisão parecesse injusta aos olhos da sociedade, pois ela julgava sem medo de repercussão. Para ela processo não tinha nome, cara, nem cor, todos eram julgados da mesma maneira.

Ela fazia o que tinha quer ser feito, independentemente de quem eram as partes e fazia sem medo de mídia, do que iam falar, mesmo porque tinha cer-teza de sua reputação de magistrada que não se deixava corromper. Foram três anos de intenso aprendizado e de uma agradável e iluminada convivência, que muito me ajudou e me ajuda até hoje em minha vida pessoal e profissional.

Madalena Serejo, que mulher tu foste, que legado tu deixaste aos teus fi-lhos da vida e da Magistratura, pois como poucos tu personificaste a imagem do correto e da incessante busca da perfeição, do verdadeiro magistrado, compromissada, preocupada, zelosa, sensível, extremamente empática (“Meu filho, só se sabe a dor de arrastar quando se é arrastado”), incansável na busca da verdade, conhecimento jurídico apurado e, sobretudo, coragem para fazer o que era certo. A tua entrega de vida e dedicação à Magistratura foram tamanhas, que chegaste a um nível em que acabou por te fundir com teu ofício, chegando ao ponto de que, quando pensávamos em Madalena Se-rejo, logo nos vinha à mente a imagem de como deveria ser um magistrado. Por esses motivos, Madalena Serejo, é que teus filhos da Magistratura vão te homenagear com a criação de uma medalha que terá gravada o teu nome, para que tua luta por uma Magistratura honrada não seja esquecida com o tempo, sendo a tua medalha a eterna renovação dos valores que fizeram de ti uma pessoa inesquecível.”

Carlos Armando Alves SerejoFilho de Madalena Serejo

“Madalena Serejo sempre foi um exemplo a ser seguido pelos magistra-dos do Maranhão. Ela possuía conduta ética impecável e uma preocupação contínua com o aprimoramento, duas qualidades indispensáveis para a for-mação do bom magistrado.”

Juiz Gervásio SantosPresidente da AMMA

“Madalena Serejo foi uma mulher, mãe e magistrada exemplar! Um exem-plo de profi ssional e professora. Para mim, Madalena era como minha mãe na Magistratura. Lembro dela em 2012, quando eu já era corregedor, ela trou-xe um grupo de alunos para conhecer a estrutura do Judiciário maranhense, o seu carinho e atenção com aqueles estudantes de Direito, demonstrando a eles a paixão pela Magistratura, como sempre teve. É com muita saudade que eu a guardo na lembrança.”

Desembargador Cleones Carvalho Cunha

Corregedor-geral de Justiça do Maranhão

“Ser um dos fi lhos de Madalena Se-rejo é um privilégio inimaginável, pois apesar de termos o seu tempo disputa-do/dividido com a profi ssão de juíza, ela nos ensinou valores éticos, morais e humanos, e nos envolveu numa aura de muito amor durante toda sua exis-tência, passando para cada um dos fi -lhos o senso de responsabilidade e in-dependência, e em especial o respeito e amor ao próximo, independente de raça, cor e prestígio. Falar das realiza-ções da Mãe e Juíza Madalena Serejo não tem fi m, é como contar as estrelas do céu, onde com certeza e com a per-missão de Deus ela está esperando por nós, se fi zermos por merecer. Ela fez.”

Benevenuto SerejoFilho de Madalena Serejo

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“Não consigo exercer o meu trabalho com plenitude”

Compartilhar - Qual é a atu-al situação do Fórum de Olinda Nova?

Anelise - A situação do fórum é péssima. O prédio foi interdita-do dia 25 de junho, mas as obras começaram somente no dia 14 de agosto, com previsão de 150 dias para conclusão. Até o dia 31 de outubro, nada havia sido feito, exceto a escavação do Fórum. Os materiais chegaram no dia 30 e os pedreiros fi caram um bom tempo sem fazer nada. Antes da própria interdição, não havia no Fórum rede lógica, elétrica e de telefone que funcionasse de forma satis-fatória. Já vieram técnicos da Oi dizer que o problema é de todo o cabeamento. Também já foram fei-tos contatos com a Cemar, que já realizou testes e diagnosticou que o problema é do cabeamento inter-no do prédio. O problema está no fórum. Tenho servidores amontoa-dos em torno de um ponto porque a rede lógica não foi distribuída. Nunca tive telefone em meu gabi-nete porque a rede lógica nunca funcionou.

Compartilhar - Ao identifi car os problemas, quais foram as me-didas adotadas pela senhora?

Anelise - Ao chegar ao fórum, de imediato relatei à Corregedoria os problemas identifi cados, tendo sido feita comunicação em feverei-ro de 2012 à Diretoria de Engenha-ria do Tribunal de Justiça sobre o resultado caótico do fórum. A par-tir daí, várias comunicações foram feitas. Em setembro de 2012, fi z um ofício tanto para a Diretoria de En-genharia quanto para a Correge-doria dizendo que, se não fossem

tomadas providências, eu teria que interditar o fórum porque des-de a minha chegada até setem-bro de 2012, o que eram fissuras viraram rachaduras, diversos aparelhos elétricos e eletrônicos foram queimados, e quando fa-lamos de dinheiro público isso se torna mais sério quando se trata de dinheiro privado. Pedi providências e a Corregedoria se colocou ao meu lado nesse pleito pedindo que a Diretoria de En-genharia tomasse providências, mas nada foi feito. Desde feve-reiro até maio de 2013, eu fiz mais de 30 ofícios relatando os problemas, incluindo pedido de autorização para instalação da sala da Promotoria.

Compartilhar – Em que situ-ação estava a estrutura do fórum quando da interdição do prédio?

Anelise - Visivelmente a gente via as rachaduras do prédio piora-rem. Um dos engenheiros do Tri-bunal veio aqui e disse que o pré-dio estava condenado. Em maio, o diretor do Fórum do Tribunal esteve aqui e disse que o prédio já deveria ter sido interditado há muito tempo. A gente fi ca com aquela sensação de descaso com a vida do outro e com a própria coisa pública. A população já é tão carente e merece ter um fórum em boas condições, com uma comar-ca que funcione bem, e funcionar bem implica ter uma boa estru-tura. Eu mesma já fui vítima de queimadura neste fórum, ao en-costar sem querer no interruptor. É desestimulante saber que temos uma coisa que pode funcionar e não funciona.

Compartilhar – E como se deu, enfi m, o início das obras do Fórum de Olinda Nova?

Anelise - A própria Diretoria de Engenharia contatou a construtora Primor e, pela informação que me foi passada, foi contratada a em-presa D.A. Construções para fazer as obras de reforma, isso depois de muita insistência. Após a interdi-ção, enviei novos ofícios cobrando o início das obras, até que a em-presa veio até o fórum para fazer vistorias e iniciar as obras. Minha expectativa é que seja cumprido o acordo que a Diretoria de Enge-nharia fez comigo de entregar o fórum reformado no prazo de 150 dias. Não sendo cumprido o prazo, que pelo menos me seja dada uma estrutura de trabalho para que eu não deixe a população “na mão”.

Compartilhar – Com a inter-dição do fórum, como se encon-tram as atividades da comarca?

Anelise - O atendimento está suspenso, porque seria necessário diminuir o fl uxo dessa estrutu-ra que é muito pequena, mas to-dos os outros serviços continuam funcionando da mesma forma. Apenas casos urgentes serão aten-didos, como pedidos de liminares.

Não posso deixar que esse fl uxo se mantenha como antes para evitar que menos pessoas sejam atingidas se alguma coisa acontecer. Parar eu não posso parar, porque tem uma população de 13 mil pessoas que depende de mim.

Compartilhar – Por fi m, como você se sente enquanto magistra-da com todos esses entraves no Fórum de Olinda Nova?

Anelise - Entendo que a Magis-tratura não é só o trabalho de gabi-nete. Posso trabalhar em qualquer lugar, mas o meu trabalho não é só isso, tenho também um trabalho social, de dar atendimento às pesso-as, uma palavra basta para resolver muitas questões, mas eu não posso atender uma pessoa nessas condi-ções. Sinto que o meu trabalho está sendo prejudicado porque eu não posso exercê-lo com plenitude. Des-pacho, decisão eu consigo fazer, mas não é só isso. Muitas ações deixam de ser distribuídas porque eu con-verso com as partes e o problema se resolve. Sinto que o meu potencial está subutilizado, não consigo exer-cer o meu trabalho com plenitude. Sinto-me frustrada porque, ainda que a culpa não seja minha, eu sou juíza titular dessa unidade.

O presidente da AMMA, juiz Gervásio Santos, visitou no último dia 31 de outubro as instalações do Fó-rum Ministro Astolfo Henrique Serra, da Comarca de Olinda Nova do Maranhão, interditado desde o dia 26 de junho devido às péssimas condições estruturais.

Mesmo já tendo passado mais de 100 dos 150 dias de prazo para a entrega do fórum reformado, a cargo da empresa D.A. Construções Ltda., designada pela Diretoria de Engenharia do Tribunal de Justiça do Mara-nhão (TJMA), ainda há muito o que ser feito no fórum. As obras vão desde a escavação do piso, ao teto, apesar de o prédio ter sido construído há menos de cinco anos pela empresa Primor.

A visita foi acompanhada pela juíza titular da unidade, Anelise Nogueira Reginato, que relatou ao Infor-mativo Compartilhar os problemas que levaram à interdição do prédio, com sério risco de desabamento.

Presidente da AMMA e juíza Anelise em frente ao Fórum de Olinda Nova

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“Não consigo exercer o meu trabalho com plenitude”

Compartilhar - Qual é a atu-al situação do Fórum de Olinda Nova?

Anelise - A situação do fórum é péssima. O prédio foi interdita-do dia 25 de junho, mas as obras começaram somente no dia 14 de agosto, com previsão de 150 dias para conclusão. Até o dia 31 de outubro, nada havia sido feito, exceto a escavação do Fórum. Os materiais chegaram no dia 30 e os pedreiros fi caram um bom tempo sem fazer nada. Antes da própria interdição, não havia no Fórum rede lógica, elétrica e de telefone que funcionasse de forma satis-fatória. Já vieram técnicos da Oi dizer que o problema é de todo o cabeamento. Também já foram fei-tos contatos com a Cemar, que já realizou testes e diagnosticou que o problema é do cabeamento inter-no do prédio. O problema está no fórum. Tenho servidores amontoa-dos em torno de um ponto porque a rede lógica não foi distribuída. Nunca tive telefone em meu gabi-nete porque a rede lógica nunca funcionou.

Compartilhar - Ao identifi car os problemas, quais foram as me-didas adotadas pela senhora?

Anelise - Ao chegar ao fórum, de imediato relatei à Corregedoria os problemas identifi cados, tendo sido feita comunicação em feverei-ro de 2012 à Diretoria de Engenha-ria do Tribunal de Justiça sobre o resultado caótico do fórum. A par-tir daí, várias comunicações foram feitas. Em setembro de 2012, fi z um ofício tanto para a Diretoria de En-genharia quanto para a Correge-doria dizendo que, se não fossem

tomadas providências, eu teria que interditar o fórum porque des-de a minha chegada até setem-bro de 2012, o que eram fissuras viraram rachaduras, diversos aparelhos elétricos e eletrônicos foram queimados, e quando fa-lamos de dinheiro público isso se torna mais sério quando se trata de dinheiro privado. Pedi providências e a Corregedoria se colocou ao meu lado nesse pleito pedindo que a Diretoria de En-genharia tomasse providências, mas nada foi feito. Desde feve-reiro até maio de 2013, eu fiz mais de 30 ofícios relatando os problemas, incluindo pedido de autorização para instalação da sala da Promotoria.

Compartilhar – Em que situ-ação estava a estrutura do fórum quando da interdição do prédio?

Anelise - Visivelmente a gente via as rachaduras do prédio piora-rem. Um dos engenheiros do Tri-bunal veio aqui e disse que o pré-dio estava condenado. Em maio, o diretor do Fórum do Tribunal esteve aqui e disse que o prédio já deveria ter sido interditado há muito tempo. A gente fi ca com aquela sensação de descaso com a vida do outro e com a própria coisa pública. A população já é tão carente e merece ter um fórum em boas condições, com uma comar-ca que funcione bem, e funcionar bem implica ter uma boa estru-tura. Eu mesma já fui vítima de queimadura neste fórum, ao en-costar sem querer no interruptor. É desestimulante saber que temos uma coisa que pode funcionar e não funciona.

Compartilhar – E como se deu, enfi m, o início das obras do Fórum de Olinda Nova?

Anelise - A própria Diretoria de Engenharia contatou a construtora Primor e, pela informação que me foi passada, foi contratada a em-presa D.A. Construções para fazer as obras de reforma, isso depois de muita insistência. Após a interdi-ção, enviei novos ofícios cobrando o início das obras, até que a em-presa veio até o fórum para fazer vistorias e iniciar as obras. Minha expectativa é que seja cumprido o acordo que a Diretoria de Enge-nharia fez comigo de entregar o fórum reformado no prazo de 150 dias. Não sendo cumprido o prazo, que pelo menos me seja dada uma estrutura de trabalho para que eu não deixe a população “na mão”.

Compartilhar – Com a inter-dição do fórum, como se encon-tram as atividades da comarca?

Anelise - O atendimento está suspenso, porque seria necessário diminuir o fl uxo dessa estrutu-ra que é muito pequena, mas to-dos os outros serviços continuam funcionando da mesma forma. Apenas casos urgentes serão aten-didos, como pedidos de liminares.

Não posso deixar que esse fl uxo se mantenha como antes para evitar que menos pessoas sejam atingidas se alguma coisa acontecer. Parar eu não posso parar, porque tem uma população de 13 mil pessoas que depende de mim.

Compartilhar – Por fi m, como você se sente enquanto magistra-da com todos esses entraves no Fórum de Olinda Nova?

Anelise - Entendo que a Magis-tratura não é só o trabalho de gabi-nete. Posso trabalhar em qualquer lugar, mas o meu trabalho não é só isso, tenho também um trabalho social, de dar atendimento às pesso-as, uma palavra basta para resolver muitas questões, mas eu não posso atender uma pessoa nessas condi-ções. Sinto que o meu trabalho está sendo prejudicado porque eu não posso exercê-lo com plenitude. Des-pacho, decisão eu consigo fazer, mas não é só isso. Muitas ações deixam de ser distribuídas porque eu con-verso com as partes e o problema se resolve. Sinto que o meu potencial está subutilizado, não consigo exer-cer o meu trabalho com plenitude. Sinto-me frustrada porque, ainda que a culpa não seja minha, eu sou juíza titular dessa unidade.

O presidente da AMMA, juiz Gervásio Santos, visitou no último dia 31 de outubro as instalações do Fó-rum Ministro Astolfo Henrique Serra, da Comarca de Olinda Nova do Maranhão, interditado desde o dia 26 de junho devido às péssimas condições estruturais.

Mesmo já tendo passado mais de 100 dos 150 dias de prazo para a entrega do fórum reformado, a cargo da empresa D.A. Construções Ltda., designada pela Diretoria de Engenharia do Tribunal de Justiça do Mara-nhão (TJMA), ainda há muito o que ser feito no fórum. As obras vão desde a escavação do piso, ao teto, apesar de o prédio ter sido construído há menos de cinco anos pela empresa Primor.

A visita foi acompanhada pela juíza titular da unidade, Anelise Nogueira Reginato, que relatou ao Infor-mativo Compartilhar os problemas que levaram à interdição do prédio, com sério risco de desabamento.

Presidente da AMMA e juíza Anelise em frente ao Fórum de Olinda Nova

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Disputa entre facções e superlotação rev

Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Às 23h30 do dia 9 de outubro de 2013, um incêndio foi detectado por agentes penitenciários em um dos pavilhões do presídio. O fogo foi contido, mas as cenas de des-truição, morte e violência se pro-longaram durante a madrugada e nos dias seguintes, revelando a face cruel de uma realidade até então ig-norada pelos órgãos de Segurança Pública, mas não pelo Judiciário. Juízes da Execução já haviam aler-tado que a explosão do barril de pólvora em que se transformou o sistema penitenciário do Maranhão era uma questão de tempo.

A rebelião no Complexo Peni-tenciário de Pedrinhas resultou em nove mortos, 13 feridos, celas des-truídas e cerca de 30 foragidos. Os números ofi ciais do massacre do dia 9 de outubro nunca foram con-fi rmados pela Secretaria de Segu-rança Pública, prevalecendo o que foi divulgado na imprensa.

Na mesma noite da fuga, cinco ônibus foram incendiados em pon-tos diferentes da cidade. Nos dias

Os membros das duas facções se matam dentro do Comple-xo Penitenciário de Pedrinhas e de lá ordenam as execuções que acontecem do lado de fora, não apenas de outros trafi cantes, como também de policiais militares, a exemplo do soldado Francinaldo Pereira, assassinado na noite do dia 10 de novembro, quando se en-contrava em serviço dentro do trailer da PM que foi metralhado por bandidos no bairro Vila Nova.

O assassinato do policial fez aumentar a insatisfação popular e as reivindicações por mais segurança, resultando na destituição, no dia 18 de novembro, do então comandante da Polícia Militar, Coronel Francklin Pacheco. A governadora Roseana Sarney decidiu substitui-lo pelo Coronel Aldimar Zanone Porto, na expectativa de que um conjunto de medidas possa ser adotado para garantir mais segurança à população e acalmar os ânimos da sociedade.

A governadora decretou, ainda, estado de emergência no sistema prisional do Maranhão, solicitando a presença da Força Nacional, que passou a atuar dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. As medidas adotadas, no entanto, não impediram que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), externasse publicamente, por meio de nota divulgada na imprensa, preocupação com o número de mortes no sistema prisional maranhense. De janeiro a outubro deste ano, foram catalogadas 47 mortes de internos, das quais 41 ocorreram somente no Complexo de Pedrinhas, segundo dados da Secretaria de Segurança.

seguintes, São Luís foi tomada por notícias, negadas pela polícia, de que grupos criminosos estariam realizando arrastões em vários bairros, prometendo uma onda de assassinatos para acertos de contas. Instalou-se o pânico na população e a capital maranhense, durante três dias, fi cou sob toque de recolher. Comércio fechou as portas, aulas em escolas e universidades foram suspensas, repartições públicas não funcionaram e ônibus só circula-vam até às 18h.

Só a partir desses episódios é que a população maranhense to-mou conhecimento, por meio do próprio secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, que duas facções criminosas estão em guer-ra pela disputa do tráfi co de drogas em São Luís: o Bonde dos 40, que tem esta denominação por seus integrantes usarem armas modelo ponto 40, e o Comando da Capital. A primeira facção seria composta por integrantes de outras facções do tráfi co do Rio de Janeiro que se instalaram em São Luís, e a segunda tenta se manter.

Execuções também nas ruas

Policiais percorrem pavilhão onde teve início a última rebelião em Pedrinhas Juízes e promotores fi zeram vistoria no complexo de Pedrinhas após rebelião

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“Minhas primeiras lembranças de infância estão atreladas à fi gura de mi-nha mãe vestindo uma toga, chegando em casa com os braços abarrotados de processos, varando as noites proferin-do sentenças. Magistrada, administra-dora, líder, julgadora, amiga, professo-ra, conselheira, confi dente e mãe. Não só minha mãe e de meus irmãos, mas de todos que cruzaram seu caminho, pois resumindo, foi isso que ela foi, uma verdadeira mãe da Magistratura, sempre disposta a cuidar, zelar, punir, tudo isso com uma voz serena, um olhar manso, e uma atitude tão fi rme, que levava todos a se curvarem, cedo ou tarde, à sua pessoa. Espero, por-tanto, que a Medalha Madalena Serejo prestigie, em vida, os magistrados que, a exemplo da homenageada, amam a sua profi ssão e a ela se dedicam incon-dicionalmente.”

Fernanda SerejoFilha de Madalena Serejo

Legado de admiração deixado aos fi lhos e magistrados

“Eu era pequeno, por volta de uns 10 anos, morava no Bairro do Monte Castelo em uma casa bem humilde, paredes somente no reboco, sem tinta. Ali, comecei a sentir as primeiras impressões de quem era minha mãe. Na-quela época, todos os dias, eu, como uma criança levada que fui, adorava brincar na rua, de pegador, esconde-esconde, queimado e todas as outras brincadeiras que infelizmente hoje não são mais permitidas às crianças e essas brincadeiras muitas das vezes se estendiam até mais tarde.

Eu, da rua de casa ouvia o som forte da máquina de escrever que rajava sem parar, voltava da rua, entrava em casa, tomava banho, me preparava para dormir, e quantas vezes eu não ia dormir ao som da máquina de escrever Oli-vetti, que não raro varava a madrugada em seu incessante trabalho. O tempo foi passando, fui crescendo e percebendo a verdadeira devoção que ela tinha para com seu trabalho. O compromisso e a dedicação em grau exagerado que ela tinha com seu trabalho para mim ficou bem claro lá pelo final de minha adolescência, no entanto, eu ainda não sabia muito bem o que era essa coisa de ser magistrado, sabia que ela era juíza de direito, mas não tinha noção exata do que isso realmente significava. Por influência dela e de meu irmão mais velho, entrei na faculdade de direito, bem como no escritório de advocacia deste último, Benevenuto Serejo, local onde me encontrei, onde despertei para a advocacia, local onde descobri o que ia ser quando crescesse.

Formei-me, passei no exame da OAB e pedi a ela que me permitisse tra-balhar em seu gabinete como assessor, com o escopo de aprender e experi-mentar a visão do magistrado no processo penal. Ela aceitou e então fui com ela trabalhar no Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Lá eu pude conhecer minha mãe em todas as suas nuances e vertentes. Que mulher ad-mirável, que pessoa humana. Foi nessa época que eu tive a noção exata do que vem a ser um magistrado, compromisso a qualquer prova, extrema pre-ocupação com prisões ilegais, tanto que em seu gabinete a ordem era julgar os pedidos de liminar em habeas corpus no mesmo dia em que chegavam ao gabinete e assim era feito, as liminares eram julgadas no mesmo dia, ou negando ou concedendo, tramitações rápidas. Todos os processos eram por ela analisados, todas as decisões eram lidas e por ela revisadas, nunca se baseando somente nas impressões do assessor, sempre à procura da verdade que aflorava dos autos e essa procura era minuciosa, muitas das vezes as soluções eram encontradas nas entrelinhas. Mas dentre todas essas nuances a que mais me fazia admirá-la era o cuidado e o zelo, bem como a preocupa-ção de não errar, o medo de cometer uma injustiça, tanto que na dúvida, as absolvições eram certas, por mais que tal decisão parecesse injusta aos olhos da sociedade, pois ela julgava sem medo de repercussão. Para ela processo não tinha nome, cara, nem cor, todos eram julgados da mesma maneira.

Ela fazia o que tinha quer ser feito, independentemente de quem eram as partes e fazia sem medo de mídia, do que iam falar, mesmo porque tinha cer-teza de sua reputação de magistrada que não se deixava corromper. Foram três anos de intenso aprendizado e de uma agradável e iluminada convivência, que muito me ajudou e me ajuda até hoje em minha vida pessoal e profissional.

Madalena Serejo, que mulher tu foste, que legado tu deixaste aos teus fi-lhos da vida e da Magistratura, pois como poucos tu personificaste a imagem do correto e da incessante busca da perfeição, do verdadeiro magistrado, compromissada, preocupada, zelosa, sensível, extremamente empática (“Meu filho, só se sabe a dor de arrastar quando se é arrastado”), incansável na busca da verdade, conhecimento jurídico apurado e, sobretudo, coragem para fazer o que era certo. A tua entrega de vida e dedicação à Magistratura foram tamanhas, que chegaste a um nível em que acabou por te fundir com teu ofício, chegando ao ponto de que, quando pensávamos em Madalena Se-rejo, logo nos vinha à mente a imagem de como deveria ser um magistrado. Por esses motivos, Madalena Serejo, é que teus filhos da Magistratura vão te homenagear com a criação de uma medalha que terá gravada o teu nome, para que tua luta por uma Magistratura honrada não seja esquecida com o tempo, sendo a tua medalha a eterna renovação dos valores que fizeram de ti uma pessoa inesquecível.”

Carlos Armando Alves SerejoFilho de Madalena Serejo

“Madalena Serejo sempre foi um exemplo a ser seguido pelos magistra-dos do Maranhão. Ela possuía conduta ética impecável e uma preocupação contínua com o aprimoramento, duas qualidades indispensáveis para a for-mação do bom magistrado.”

Juiz Gervásio SantosPresidente da AMMA

“Madalena Serejo foi uma mulher, mãe e magistrada exemplar! Um exem-plo de profi ssional e professora. Para mim, Madalena era como minha mãe na Magistratura. Lembro dela em 2012, quando eu já era corregedor, ela trou-xe um grupo de alunos para conhecer a estrutura do Judiciário maranhense, o seu carinho e atenção com aqueles estudantes de Direito, demonstrando a eles a paixão pela Magistratura, como sempre teve. É com muita saudade que eu a guardo na lembrança.”

Desembargador Cleones Carvalho Cunha

Corregedor-geral de Justiça do Maranhão

“Ser um dos fi lhos de Madalena Se-rejo é um privilégio inimaginável, pois apesar de termos o seu tempo disputa-do/dividido com a profi ssão de juíza, ela nos ensinou valores éticos, morais e humanos, e nos envolveu numa aura de muito amor durante toda sua exis-tência, passando para cada um dos fi -lhos o senso de responsabilidade e in-dependência, e em especial o respeito e amor ao próximo, independente de raça, cor e prestígio. Falar das realiza-ções da Mãe e Juíza Madalena Serejo não tem fi m, é como contar as estrelas do céu, onde com certeza e com a per-missão de Deus ela está esperando por nós, se fi zermos por merecer. Ela fez.”

Benevenuto SerejoFilho de Madalena Serejo

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Madalena Serejo: uma trajetória que virou medalha

Festa de premiação reunirámagistrados e convidados, dia 20

Por meio da Resolução 05/2013, a atual Diretoria Executiva da As-sociação dos Magistrados do Ma-ranhão instituiu a Medalha Ma-dalena Serejo, em substituição ao Prêmio AMMA de Melhores Prá-ticas do Judiciário, que tem cum-prido o seu papel nos últimos seis anos. Mais do que um instrumento para identifi car, disseminar e reco-nhecer as práticas bem sucedidas da Justiça maranhense, a comenda homenageia a desembargadora fa-lecida no dia 9 de março deste ano.

A Associação dos Magistrados reconheceu em Madalena Serejo uma magistrada à frente do seu tempo, que nunca tergiversou com a ética, além de ter sido uma das primeiras mulheres a ingressar na Magistratura do Maranhão.

“Madalena Serejo sempre foi um exemplo a ser seguido pelos magistrados do Maranhão. Ela possuía conduta ética impecável e uma preocupação contínua com o aprimoramento, duas qualidades indispensáveis para a formação do bom magistrado”, declarou o presi-

dente da Associação dos Magistra-dos, juiz Gervásio Santos.

Foram 37 anos dedicados à Ma-gistratura maranhense. Nascida em Buriti (MA), Madalena Alves Serejo obteve o grau de Bacharel em Direito no ano de 1963 pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Antes de ser aprovada em concurso e nomeada como juíza de direito em 1970, exerceu o cargo de promotora de justiça em sua terra natal no ano de 1965.

A desembargadora Madalena Serejo foi promovida sucessiva-mente por merecimento, até che-gar a São Luís em 1986. Foi dire-tora do Fórum Desembargador Sarney Costa, supervisora do Jui-zado Informal de Pequenas Cau-sas, juíza eleitoral e juíza auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça. Exerceu também a função de dire-tora da Esmam.

No período de setembro a de-zembro de 2007, a magistrada presidiu o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), período em que inaugurou o há-

bito de manter o gabinete sempre aberto a magistrados e pessoas da comunidade, e a ambos ouvia com atenção. Mulher, esposa, mãe e magistrada, Madalena Serejo era conhecida dentro e fora da magis-tratura pela seriedade profi ssional e posições fi rmes.

“Madalena Serejo foi uma mu-lher, mãe e magistrada exemplar! Um exemplo de profi ssional e pro-fessora. Para mim, Madalena era como minha mãe na Magistratu-

ra”, testemunha o corregedor-geral de Justiça, desembargador Cleones Carvalho Cunha.

Com uma carreira exemplar e reconhecida por toda a Magistra-tura, Madalena Serejo se despediu da Corte de Justiça em 18 de ju-nho de 2008, quando participou da sua última sessão do Pleno na condição de desembargadora, 11 anos depois de ser promovida, por antiguidade, para a Magistratura de 2º Grau.

Com data marcada para o dia 20 de dezembro, a partir das 21h, no Buff et Panette, na Avenida dos Ho-landeses, a festa de premiação da Medalha Madalena Serejo prestará reconhecimento às boas práticas executadas por magistrados no ano de 2013 e, também, aos juízes que obtiveram o melhor desempenho jurisdicional neste mesmo período.

Poderá concorrer à Medalha qualquer integrante da Magistratu-ra estadual que faça parte da Asso-ciação dos Magistrados do Mara-nhão e em pleno exercício das suas funções judicantes, com exceção daqueles que integram a Diretoria Executiva da referida entidade.

De acordo com o regulamento divulgado no site da AMMA, se-rão consideradas práticas inova-doras as atividades criativas e com resultados comprovados, executa-das por magistrados com o obje-tivo de aumentar a qualidade dos serviços jurisdicionais entregues aos cidadãos.

Já a presteza na atividade ju-risdicional é aquela identifi cada segundo índices de produtividade apurados pelo Tribunal de Justiça do Maranhão para a aferição da “gratifi cação de produtividade ju-diciária”.

A categoria “prestação juris-dicional” terá automaticamente

como inscritos todos os magistra-dos em atividade na Justiça esta-dual maranhense que façam parte da Associação dos Magistrados do Maranhão.

A Medalha Madalena Serejo também poderá, por deliberação da Diretoria Executiva da AMMA, ser excepcionalmente concedida a outras pessoas, sejam elas magis-trados ou não, que contribuem ou contribuíram efetivamente para a melhoria da Justiça maranhense ou brasileira.

InscriçõesOs juízes que forem concorrer

na categoria Boas Práticas podem

efetuar suas inscrições, que serão encerradas no dia 9 de dezem-bro, pelo email [email protected] ou, presencialmente, na sede administrativa da AMMA, na Rua do Egito. O candidato terá que informar o seu nome, cargo, comarca e o nome do projeto que concorre nesta categoria.

Os trabalhos concorrentes deve-rão ser apresentados em três vias, acompanhados de cópia em mídia eletrônica no ato da inscrição.

A Comissão Avaliadora da Me-dalha Madalena Serejo é composta pelo desembargador Lourival Se-rejo e os juízes José Nilo Ribeiro Filho e Isabela Lago.

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velam a face violenta do sistema prisional Especial

Juízes da Execução e o presidente da AMMA, Gervásio Santos, fi zeram análise sobre a rebelião e cobraram providências

Juiz José Costa

Continua na página 10

Juiz pede estrutura em unidades para menores

No meio desta onda de violên-cia, a Magistratura maranhense tenta conduzir o seu trabalho em estado de constante alerta para que o Poder Executivo cumpra a Lei de Execuções Penais e mante-nha respeito à Constituição Fede-ral no que tange à dignidade dos que cumprem penas em presídios. Na avaliação do juiz Fernando Mendonça, da 2ª Vara de Execu-ções Penais, o problema do siste-ma prisional é ausência de gestão técnica ao longo dos anos, o que fez com que o Estado perdesse o controle sobre a administração dos presídios.

Como exemplo de que o crime organizado opera livremente na estrutura funcional do presídio, ele informou que, em vistoria rea-lizada no Complexo de Pedrinhas cinco dias após a rebelião, foram encontrados 400 celulares, além de quatro armas de fogo pesadas e várias armas brancas. “Como essas armas estão entrando?”, questio-nou o magistrado.

O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Roberto de Paula, traçou um diagnóstico da situação do Complexo Penitenciário de Pedri-nhas após a última rebelião que resultou nos nove assassinatos.

3.200internos no Complexo

Penitenciário de Pedrinhas

47internos mortos no sistema

prisional do Maranhão de janeiro a outubro de 2013

9internos mortos

na rebelião de outubro de 2013

12vagas na única unidade da capital para medidas

socioeducativas

“Se não houver uma ação do go-verno do estado voltada à reestrutu-ração e construção de novas unidades para o cumprimento de medidas so-cioeducativas, o Maranhão também

será palco de rebeliões sangrentas em unidades prisionais para menores in-fratores, a exemplo do que aconteceu no Complexo de Pedrinhas.” O alerta é do juiz José dos Santos Costa, da 2ª Vara da Infância da capital.

José Costa alertou que a preca-riedade das unidades para adoles-centes infratores é tão grave quan-to a dos adultos que cumprem pena no sistema penitenciário. Segundo ele, só há uma unidade em todo o estado para os que cum-prem medidas socioeducativas, com apenas 12 vagas, na capital, e duas para os provisórios, uma em São Luís e outra em Imperatriz, ambas muito acima da capacidade de internação. Uma das unidades de internação de São Luís está in-

terditada há mais de um ano, sem que nenhuma providência tenha sido tomada até agora.

Segundo José Costa, a cada dia aumenta mais a incidência de atos criminosos praticados por adoles-centes e que se não houver uma ação enérgica e emergencial do go-verno do estado para solucionar o problema, a criminalidade vai au-mentar. “Nós não temos para onde mandar esses adolescentes infrato-res, não há vagas, as unidades estão lotadas. Só nos restam duas opções: ou amontoá-los em um espaço re-duzido para que se matem ou dei-xar esses infratores soltos nas ruas, cometendo mais crimes”, alertou.

Ele fi xou portaria determinan-do à Secretaria de Administração Penitenciária que a partir de 1º de dezembro seja adotado o scanner corporal nas visitas íntimas no presídio, a fi m de evitar constran-gimento aos visitantes, que hoje são submetidos à vistoria com toque manual, inclusive mulheres dos presos.

Outra medida determinada por Roberto de Paula é que a Se-cretaria garanta o direito dos pre-sos de remirem suas penas através do trabalho ou do estudo, e caso isto não seja realizado até o fi nal de outubro, a partir de janeiro

será aplicada a remissão presumi-da da pena. “Não somos nós, juí-zes, que estamos inventando isso, é o que determina a Lei de Execu-ção Penal.”

Roberto de Paula informou que o grande debate que se acen-tua a partir da última rebelião é a necessidade emergencial de cons-trução de novos presídios, pois os presos estão amontoados, não têm nem onde dormir. Segundo ele, no Complexo de Pedrinhas es-tão 3.200 presos, um dos menores índices de todo o país, o que de-monstra claramente que o Judiciá-rio do Maranhão está sendo atuan-

te, pois não há presos com prazos vencidos.

O juiz Roberto de Paula chamou atenção para a necessidade urgen-te de construção de uma unidade de segurança máxima em São Luís, como forma de inibir a disputa das facções dentro dos presídios. Segun-do ele, um decreto emergencial da governadora Roseana Sarney prevê a construção de 10 unidades prisio-nais em todo o estado. Ele afi rmou que a gravidade no sistema prisional permanece e só começará a ser sana-da quando o decreto emergencial do governo começar a ser concretizado e as ações visualizadas.

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Jornal Compartilhar é o informativo bimestral da Associação dos Magistrados do Maranhão - AMMA. Rua do Egito, 351 - Centro - CEP: 65010-190. Fones: (98) 3221-4414 / 3232-1947 / 3231-8073

E-mails: [email protected][email protected]

ExpedienteMagistrados têm até o dia 13 para responder ao censo do CNJ

Diretoria Executiva - biênio 2013/2014Gervásio Protásio dos Santos Júnior - Presidente

Marcelo Silva Moreira - 1º Vice-PresidenteÂngelo Antônio Alencar dos Santos - 2º Vice-Presidente

Adelvam Nascimento Pereira - 3º Vice-PresidenteMarilse Carvalho Medeiros - Secretária-Geral

Clênio Lima Corrêa - Secretário-AdjuntoCarlos Veloso - Tesoureiro-Geral

Lavínia Helena Macedo Coelho - Tesoureira-Adjunta

Membros do Conselho Fiscal Andréa Furtado Perlmutter Lago

Luís Carlos Dutra dos SantosCelso Orlando Aranha Pinheiro Junior

Jorge Antônio Sales LeiteHolídice Cantanhede Barros

Artigo

Juízes não são justiceiros. Não devem agir para satis-fazer o espírito de vingança, individual ou coletivo. Não é sua função acusar ou defen-der quem quer que seja, nem tampouco é seu papel comba-ter a criminalidade nas ruas. A tarefa que lhes foi destina-da pela ordem constitucional é a de julgar com uma visão plural, de modo a contribuir, em última análise, para o bem comum.

Cabe ao magistrado, após examinar os fatos, ponde-rar as suas circunstâncias e formatá-los aos termos da lei, proferir, ao fi nal, uma deci-são que solucione o confl ito, condenando ou absolvendo a quem está sendo acusado da prática de algum ato ilícito.

Tais atividades devem ser realizadas com absoluta im-parcialidade. É o que se es-pera de um juiz no Estado Democrático que, ao decidir uma ação, seja cível ou crimi-nal, o faça de forma imparcial, sem ideias pré-concebidas e sempre tendo a Constituição e a lei como norte, evitando as paixões de qualquer natureza.

Ressalta-se: agradar ou de-sagradar à opinião pública,

Suplentes do Conselho Fiscal Artur Gustavo Azevedo do Nascimento

Ana Beatriz Jorge de CarvalhoCyrilo Anselmo de Freitas

Jornalista ResponsávelJacqueline Barros Heluy - DRT 840 MA

Assistente: Zaíra AlmeidaFotos

Biné MoraisProjeto Gráfi co

Ideia Propaganda & MarketingDiretor de Arte

Márcio VeigaDiagramação

Wemerson Duarte

Os juízes não são justiceiros, são juízes

Desembargadores e juízes têm até o dia 13 de dezembro para res-ponder à 2ª etapa do Censo Nacional dos Magistrados, pesquisa cria-da pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para defi nir o perfi l dos 17 mil magistrados que atuam em 91 tribunais e três conselhos do Judiciário brasileiro. O formulário contém 71 perguntas, cujo tempo estimado de resposta é dez minutos. O estudo, inédito, pretende le-vantar informações pessoais do magistrado como sexo, estado civil, média de horas trabalhadas, e abordar também questões mais subje-tivas, como avaliações relacionadas à promoção na carreira, à relação com o CNJ e até mesmo a situações de confl ito durante a prestação jurisdicional.

ou aos membros dos demais Poderes, não se insere na agen-da do magistrado. A sua função é, essencialmente, contramajo-ritária e, muitas das vezes, tem a difícil missão de proteger a sociedade dos seus próprios instintos de “justiça a qualquer preço”.

Essa refl exão é oportuna no atual momento em que o esta-do do Maranhão passa por uma crise sem precedentes no siste-ma de segurança pública e pri-sional como forma de contra-por os argumentos que, à guisa de escamotear as verdadeiras razões para termos alcançado índices alarmantes de violên-cia, sobretudo na região me-tropolitana de São Luís, tentam transferir a responsabilidade ao Judiciário.

A surrada cantilena “a polícia prende, a justiça solta”, repetida à exaustão por certas autorida-des policiais e replicada pela imprensa em programas sen-sacionalistas, é um subterfúgio para justifi car a incompetência.

Ora, se a prisão for ilegal, a obrigação do juiz é relaxá-la, e se assim não proceder, comete-rá ele juiz um ilícito. Portanto, a quantidade de relaxamento de prisão é diretamente propor-

cional à “qualidade das prisões” realizadas, e abrir exceção a esse controle constitucional, o que por vezes é clamado pela “opinião pública”, é possibilitar que, amanhã, qualquer cidadão de bem seja vítima desse tipo de seletividade.

O que chama a atenção do observador atento é que os de-tratores do Judiciário se esque-cem de alardear que, por falta de investimentos do Executivo ao longo dos anos, há no Ma-ranhão um défi cit de mais de duas mil vagas no sistema car-cerário; a Justiça manda pren-der, porém, não há lugar para colocar os presos. Esquecem, ainda, de dizer que há milhares de mandados de prisão expedi-dos por ordem dos juízes e não cumpridos por falta de pessoal sufi ciente e de estrutura neces-sária para rastrear os foragidos ou que as casas de internação dos menores infratores estão interditadas por falta de condi-ções mínimas para abrigá-los. E ainda que a briosa Polícia Mi-litar tem apenas a metade do contingente que necessitaria para trabalhar de forma ade-quada.

Transferir responsabilidades para justifi car omissões não solu-

cionará a crise de segurança em que estamos imersos. E aqui vale a mesma fórmula para a resolução de qualquer proble-ma, a qual o primeiro passo para resolvê-lo é reconhecer que existe um problema. O se-gundo é priorizar as medidas que irão solucioná-lo, sem olvi-dar que, no caso do Maranhão, essas passam necessariamente pela valorização e reconheci-mento dos homens e mulheres que compõem a Polícia Militar e Civil do estado.

O leque de medidas que devem ser tomadas pelo Go-verno do Estado para com-bater a crise de segurança é extenso, contudo, certamen-te, entre elas não se encontra a transformação de juízes em justiceiros. Se isso viesse a ocorrer não teríamos apenas a falência do sistema de se-gurança pública, mas do pró-prio Estado Democrático.

Gervásio SantosPresidente da Associação

dos Magistrados do Maranhão - AMMA

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Eleição direta nos tribunais e retorno do ATS serão prioridades da nova gestão da AMB

Conheça o futuro Conselho Executivo e Fiscal da AMB

Manter atuação constante em de-fesa das prerrogativas, lutar pelo res-tabelecimento do ATS, pela recom-posição dos subsídios e por eleições diretas nos tribunais estão entre as prioridades da nova gestão da Asso-ciação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que toma posse no dia 17 de dezembro, tendo como presidente o juiz João Ricardo dos Costa (TJRS). A Chapa 1 - Unidade e Valorização foi eleita com um total de 5.628 vo-tos (59,35%).

No Maranhão, a Magistratura associada à AMMA compareceu em peso na votação, conferindo à Chapa 1 o percentual de 95,93% dos votos.

A Chapa 2 - AMB para os Ma-gistrados – Justiça para o Brasil, comandada pelo desembargador Roberto Bacellar, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), obteve 3.746 votos (39,50%). A diferença foi de 1.882 votos. Brancos e nulos totalizaram, respectivamente, 75 e 34 votos. Ao todo, 9.483 magis-trados participaram da escolha do novo presidente da AMB.

Integrante da chapa vitoriosa, no cargo de coordenador da Justi-ça Estadual a partir de dezembro,

o presidente da AMMA, juiz Ger-vásio Santos, acompanhou toda a apuração na sede social do Calhau, ao lado de outros membros da Di-retoria Executiva e da Comissão Eleitoral. Após a divulgação ofi cial do resultado, Gervásio agradeceu, mais uma vez, o apoio recebido dos colegas, apoio este que, segundo ele, demonstra o reconhecimento ao trabalho que vem realizando à frente do associativismo da Magis-tratura brasileira.

O reconhecimento à atuação de Gervásio Santos à frente do associa-tivismo e a sua importância na vi-tória da Chapa 1 foram destacados pelo desembargador Cláudio Baldi-no Maciel (TJRS), ex-presidente da AMB. “Quero externar meu pro-fundo reconhecimento e admiração pelo Gervásio, homem a quem tan-to o Judiciário do Maranhão deve por sua elevação, e porque, imere-cidamente vencido na eleição ante-rior, dedicou-se a esta eleição com o mesmo empenho e vontade, de-monstrando, na prática, o que é ser homem de ideias e projetos genero-sos, muito além de seus interesses pessoais. Tenho orgulho de ser seu colega e amigo”, disse Baldino.

Eleições diretas e ATSA nova gestão da AMB pre-

tende intensifi car a mobilização da classe política e da sociedade pela aprovação da PEC 187, que estabelece as eleições diretas nos tribunais.

De acordo com João Ricardo, essa luta, caso seja vitoriosa, sig-nifi cará a retirada de um resquí-cio autoritário da ditadura militar ainda existente dentro do Poder Judiciário brasileiro. “Nós temos que inaugurar um novo modelo no Judiciário, constitucionalmen-te adequado aos anseios da socie-dade.”

Lutar pelo restabelecimento do ATS é outra prioridade para a nova diretoria da AMB. Na ava-liação de João Ricardo, a recupe-ração dessa prerrogativa é muito importante porque a carreira da Magistratura vem sofrendo um processo de desestímulo muito sério ao longo dos anos.

“A recomposição dos adicio-nais por tempo de serviço vem atender a uma reivindicação da Magistratura no sentido de esti-mular os juízes e contemplá-los pelo tempo de serviço prestado.”

Perfi lJoão Ricardo dos Santos Costa

é titular do 1º Juizado da 16ª Vara Cível de Porto Alegre e professor de Direitos Humanos da Escola Su-perior da Magistratura. É ex-presi-dente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e ocu-pou a vice-presidência de Direitos Humanos da AMB de 2008 a 2010. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universida-de do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 1984, com pós-graduação em Direito (Unisinos, 2001), ingressou na Magistratura em agosto de 1990. Atuou nas comarcas de Planalto, Taquari e Canoas.

PRESIDENTEJoão Ricardo dos Santos Costa (Ajuris – RS)

VICE-PRESIDENTES

Meio AmbienteAdriano Gustavo Veiga Seduvim (Amepa – PA)

ComunicaçãoGil Francisco de Paula Xavier Fernandes Guerra (Amapar – PR)

PrerrogativasHadja Rayanne Holanda de Alencar (Amarn – RS)

CulturalMaria de Fátima dos Santos Gomes Muniz de Oliveira (Apamagis – SP)

Trabalhistas LegislativosMaria Madalena Telesca (Amatra – RS)

InteriorizaçãoNartir Dantas Weber (Amab – BA)

Assuntos LegislativosNelson Missias de Morais (Amagis – MG)

Efetividade da JurisdiçãoPaulo Mello Feijó (Amaerj – RJ)

Direitos HumanosRicardo de Araujo Barreto (ACM – CE)

InstitucionalSérgio Luiz Junkes (AMC – SC)

AdministrativoWilson da Silva Dias (Asmego – GO)

COORDENADORES

Justiça EstadualGervásio Protásio dos Santos Junior (AMMA – MA)

Justiça do TrabalhoAntonio Oldemar Coêlho dos Santos (Amatra – PA)

Justiça FederalRogério Favreto (Ajufergs – RS)

Justiça MilitarEdmundo Franca de Oliveira (Amajum – RJ)

AposentadosNelma Torres Padilha (Almagis – AL)

Conselho FiscalHelvecio de Brito Maia Neto (Asmeto – TO)

Luiz Gonzaga Mendes Marques (Amansul – MS)Hermínia Maria Silveira Azoury (Amages – ES)

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Policial mostra as marcas das balas na parede do Fórum de Paço do Lumiar

O aumento da criminalidade, agravado pelos recentes episó-dios de violência praticados por facções pela disputa do tráfi co na capital, fez com que a Associa-ção dos Magistrados protocolas-se requerimento no Tribunal de Justiça, solicitando a criação do Fundo de Segurança dos Magis-trados (Funseg) no Maranhão. O objetivo é que o Funseg esteja em atividade já em 2014, a fi m de ga-rantir mais segurança nas unida-des judiciárias maranhenses.

A luta da AMMA para a cria-ção do Funseg teve início em abril de 2013, quando foi encaminha-do requerimento solicitando que o presidente do Tribunal de Justi-ça envidasse esforços com o obje-tivo de dar cumprimento integral

Magistradas recebem apoio AMMA pede Fundo de Segurança

Em meio à guerra dentro e fora do Complexo Penitenciário de Pe-drinhas estão os juízes, a quem cabe julgar os processos dos membros das facções, e que tentam condu-zir com calma a rotina de trabalho, mesmo sabendo que não dispõem de segurança em suas unidades judiciais, e nem fora delas. “Esta-mos lidando com processos que envolvem criminosos perigosos e precisamos de mais segurança para podermos trabalhar com tranqui-lidade”, declarou a juíza Jacqueli-

ne Caracas, titular da Comarca de Paço do Lumiar, que passou a in-tegrar recentemente a Comarca da Ilha de São Luís.

O Fórum de Paço do Lumiar, município que integra a Ilha de São Luís, está instalado em um imóvel dentro do bairro Maiobão, um con-junto habitacional com mais de três mil moradores que sofrem com a total ausência de políticas públicas. Na mesma semana da rebelião com mortes e fugas no Complexo de Pedrinhas, a unidade do Judiciário

amanheceu com suas paredes ex-ternas e janelas de vidro crivadas de balas, possivelmente disparadas de uma arma ponto 40.

O policial que fazia a segurança do prédio à noite viu quando um carro desceu a rua e parou em fren-te ao fórum. O passageiro ao lado do condutor simplesmente sacou a arma e deu vários tiros na fachada. Nenhum aviso foi dado ou deixado. Uma ameaça? As juízas que atuam na comarca não descartam a possi-bilidade, pois o Maiobão é um dos bairros de São Luís onde a guerra pelo controle do tráfi co entre as facções denominadas Bonde dos 40 e Comando da Capital está mais acirrada.

Os magistrados preferem não relatar muitos fatos para não se ex-por, já que a segurança de que eles dispõem tanto no fórum quanto no trajeto para suas residências é mí-nima. Há informações que a “cra-colândia” do Maiobão esteja insta-lada ao lado da delegacia, a menos de 300 metros do fórum. Em dias de confl ito entre trafi cantes a dele-

gacia fi ca fechada. Nem os policiais se arriscam no enfrentamento.

Grande parte dos processos que tramitam na Comarca de Paço do Lumiar, que conta com seis juízas, envolve tráfi co de drogas e homicí-dios praticados por supostos trafi -cantes. Uma das magistradas relata que as testemunhas de acusação, em sua maioria, mudam todo o de-poimento durante a audiência, ne-gando tudo o que disseram na fase do inquérito policial, o que difi culta o convencimento do magistrado sobre os fatos expostos no processo.

A mesma juíza informou que já houve caso de testemunha ter sido ameaçada dentro do fórum, mo-mento antes da audiência, e que algumas delas até choram pedindo proteção à família. “Um policial que atuava como testemunha pediu até pelo amor de Deus para sair da audiência porque temia chegar em casa e não encontrar a família viva”, disse uma das magistradas, ao rela-tar o poder de intimidação que os trafi cantes exercem sobre os mora-dores e até sobre a própria polícia.

No dia seguinte ao atentado ao Fórum de Paço do Lumiar, houve uma reunião na própria comarca, que contou com a pre-sença do presidente da Associa-ção dos Magistrados do Mara-nhão (AMMA), juiz Gervásio Santos, do diretor de Segurança da entidade, Rodrigo Nina, do corregedor-geral de Justiça, de-sembargador Cleones Cunha, e do representante da Comissão de Segurança Institucional do Tri-bunal de Justiça.

O objetivo da reunião foi traçar um plano de ação para garantir mais segurança aos magistrados, que temem pela própria vida e dos servidores do Judiciário. Além das juízas de Paço do Lumiar, estive-ram presentes também os juízes da

Ataque a fórum aumenta insegurança de juízas da Comarca de Paço do Lumiar

à Resolução nº 104 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 06 de abril de 2010, que dispõe sobre medidas administrativas de se-gurança no Poder Judiciário, em especial no que tange à criação do Funseg.

A Resolução do CNJ deter-mina que os Tribunais de Justiça deverão buscar a aprovação de lei estadual que disponha so-bre a criação de Fundo Estadual de Segurança dos Magistrados, com a fi nalidade de assegurar os recursos necessários à implanta-ção e manutenção do Sistema de Segurança dos Magistrados, à es-truturação, aparelhamento, mo-dernização e adequação tecnoló-gica dos meios utilizados nessas atividades de segurança.

Comarca de São José de Ribamar, município vizinho que também passou a integrar a Comarca da Ilha de São Luís.

Todos os juízes relataram ao corregedor que vivenciam proble-mas semelhantes aos de Paço do Lumiar com relação a processos envolvendo homicídios por trá-fi co de drogas. Uma das juízas de Ribamar informou que possui um processo com 17 réus, todos inte-grantes do tráfi co.

A Corregedoria se compro-meteu a elaborar um plano com uma série de medidas para ga-rantir mais segurança aos ma-gistrados, inclusive detalhando adoção de normas referentes à transferência de presos para as audiências.

Especial

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As obras do salão de festas e da nova sede admi-nistrativa da AMMA, no Complexo Esportivo e Social do Calhau, estão em ritmo acelerado e a previsão é que sejam entregues dentro do prazo previsto, que é fevereiro de 2014. A construção do salão de festas, que se iniciou primeiro, já se

encontra na fase de alvenaria e de cobertura do prédio.

O presidente da AMMA reuniu-se com as li-deranças da Assembleia Legislativa para expli-car aos parlamentares as razões que fi zeram a AMMA ingressar com mandado de segurança contra ato da governadora que efetuou cortes no orçamento do Poder Judiciário no Projeto

de Lei Orçamentária para o ano de 2014.

A AMMA protocolou requerimento no Tribu-nal de Justiça, solicitando que o anteprojeto de Lei Complementar que cria o Fundo de Segu-rança dos Magistrados (Funseg) seja incluído para discussão e votação na próxima sessão administrativa do TJMA, de modo que, já em

2014, o Fundo esteja em funcionamento a fi m de garantir mais se-gurança nas unidades judiciárias maranhenses.

A juíza Samira Barros Heluy, da 2ª Vara de Ita-pecuru-Mirim, coordenou, no período de 17 de setembro a 18 de outubro, o III Mutirão Carce-rário do Amazonas, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). O

relatório sobre o trabalho realizado no Mutirão foi apresentado pela magistrada no dia 18 de outubro, na sede do TJAM, com a presença do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), minis-tro Joaquim Barbosa.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câ-mara Federal aprovou por unanimidade a PEC 187/2012, de autoria do deputado Wellington Fagundes (PR-MT), que propõe alteração do artigo 96 da Constituição Federal e permite elei-ções diretas para os tribunais, com votação favo-

rável ao parecer do relator, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA).

A AMMA encaminhou requerimento ao TJMA solicitando que seja estendida aos juízes que ad-ministram unidades autônomas do Judiciário a mesma gratifi cação concedida aos diretores de fóruns, considerando que esses magistrados exercem, ao lado da jurisdição, atividade admi-

nistrativa. Esse foi um dos itens deliberados na reunião da Diretoria Executiva, ocorrida em 8 de novembro.

Proposta Orçamentária 2014 será apreciada em Assembleia Geral

Fique por dentro das notícias da AMMA. Acompanhe diariamente

as nossas informações no site www.amma.com.brA Associação dos Magistrados

do Maranhão realizará, no dia 14 de dezembro, mais uma Assem-bleia Geral dos Associados, para votação e discussão da Proposta Orçamentária da entidade para o ano de 2014, aprovada pela Di-retoria Executiva e disponível no site www.amma.com.br para análise prévia dos associados. A assembleia acontecerá a partir das 9h (primeira convocação), no auditório José Joaquim Ramos Filgueiras, no Fórum Desembar-gador Sarney Costa.

Além da Proposta Orçamen-tária, será discutida também uma pauta de pleitos administrativos, relacionados à estrutura funcional e fi nanceira, além de reivindica-ções de interesse da categoria para que sejam encaminhadas ao Tribu-nal de Justiça do Estado do Mara-nhão (TJMA) no decorrer do ano de 2014.

A Diretoria Executiva destaca que a participação dos associados será fundamental para organizar todo o planejamento da entidade para o próximo ano.

Transmissão onlineTodos os associados estão convidados a participar da assem-

bleia, mesmo os que residem em suas comarcas no interior do es-tado. Quem não puder estar presente no fórum, poderá acompa-nhar as discussões por meio da página na internet, onde também poderá dar a sua opinião. Serão computados apenas os votos onli-ne dos associados que estiverem fora de São Luís.

O diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da AMMA, juiz Ferdinando Serejo, idealizador do sistema de trans-missão online, tomou todo o cuidado para garantir que a assem-bleia também possa ser assistida em qualquer computador ou ce-lular, tanto iPhone como Android.

Aqueles que pretendem postar seus comentários diretamente na página do evento, a recomendação é que acessem antecipadamen-te o link que será disponibilizado somente aos usuários registra-dos. Ao acessar o link, o associado encontrará todas as instruções detalhadas sobre como se movimentar na página e acompanhar a Assembleia em tempo real.

A outra forma do associado participar diretamente da assem-bleia na forma online é acompanhar tudo pelo twitter @AMMA-Magistrados. O objetivo da AMMA é garantir que o maior número de associados participe do evento, seja por meio da internet ou na forma presencial, a fi m de que as deliberações possam ser tomadas em conjunto para o fortalecimento da entidade e novas conquistas para a Magistratura.

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Juiz Delvan Tavares e funcionárias em um dos berçarios da Casa da Criança

Crianças exercem atividades lúdicas acompanhadas por monitora

Quem entra na Casa da Criança sente desde a porta o amor e a dedi-cação de todos os funcionários - entre enfermeiras, assistentes sociais, cuidadoras e das cozinheiras, que preparam a alimentação seguindo à risca o cardápio montado por nutricionistas. Dormitórios, sala para as refeições, cozinha, tudo é muito bem cuidado e com uma higiene im-pecável, mas é no berçário que o amor fala mais alto. É lá que estão os bebês de até dois anos aguardando o período de adoção, sob a supervi-são constante das auxiliares.

As crianças têm histórias de vida muito parecidas. Sofreram agres-são e maus tratos do pai, da mãe ou de ambos. O pequeno W., hoje com 8 meses, era tão espancado que chegou a ser hospitalizado em UTI para não morrer. A mãe o repudiou desde que nasceu. A avó tem interesse em fi car com a criança, mas mora em um lixão de Imperatriz. O caso está sendo avaliado porque a legislação determina que a prioridade é manter a criança na família antes de partir para a adoção.

O pequeno C. chegou ao abrigo com 4 meses. Nasceu em casa sem qualquer tipo de assistência médica e a própria mãe foi quem lhe cortou o umbigo com os dentes. Além de C. a jovem já tinha dado à luz a ou-tros sete fi lhos, muitos deles já adotados por outras famílias. A menina A.B., também vítima de agressão, chegou ao abrigo com dois meses e já está com 1 ano e 4 meses, tudo indica que será adotada em breve.

A maioria dos bebês já tem pessoas interessadas na adoção, mas a Vara da Infância tem que seguir determinados procedimentos antes da destituição do poder familiar. O mesmo já não acontece com as crian-ças maiores, cujo interesse dos que querem adotar é mínimo. O histó-rico da família biológica às vezes assusta e faz com que os adotantes prefi ram os bebês.

O juiz Delvan Tavares relata que há casos de irmãos estarem no abrigo por terem sofrido maus tratos dos pais e, para alguns, o retorno à família é quase impossível devido à violência que persiste. Esta é a situação vivida por quatro meninas com idade dos 4 aos 12 anos que vi-nham sofrendo abuso sexual do próprio pai. O mais grave é que a mãe protege o marido. O caso foi denunciado por vizinhos. Os depoimentos das crianças confi rmaram a denúncia.

Quem conversa com os funcionários da Casa Abrigo ouve relatos tristes, mas também alguns com fi nal feliz, como o caso do três irmãos que estão sendo assistidos por uma jovem de Imperatriz, solteira, que todo fi nal de semana vai buscá-los para passear, alimentando o sonho de um dia poder adotá-los.

Novo olhar da Magistratura ajuda a mudara realidade de crianças abrigadas de Imperatriz

Abrigados à espera de um lar

O bebê D.L., atualmente com 11 meses, foi abandonado no hospital pela mãe, uma usuária de drogas de 14 anos. Com W. a história foi ainda pior. Aos quatro meses ele foi retirado da mãe por conse-lheiros tutelares, após denúncias de vizinhos de que estaria sofren-do constantes espancamentos. As sequelas são tantas que a criança hoje se alimenta por sonda. São relatos cruéis que não fazem parte de nenhum fi lme de fi cção. É a his-tória da quase totalidade dos me-ninos e meninas abrigados na Casa da Criança de Imperatriz.

O olhar diferenciado e a luta diária de um magistrado têm con-seguido amenizar o sofrimento e lançar uma luz de dignidade e bons tratos sobre as crianças abri-gadas da antiga Casa de Passagem de Imperatriz. Desde que o juiz Delvan Tavares assumiu a Vara da Infância e Juventude, há pouco mais de dois anos, reconstruir o antigo abrigo destinado a crianças em situação de risco se tornou algo mais que um objetivo, mas uma batalha árdua. Em maio de 2012, o sonho se tornou realidade e a Casa da Criança passou a ser referência do Judiciário de todo o Brasil.

Poucas unidades do Judiciário voltadas para o recolhimento de crianças à espera de adoção é tão bem estruturada e tem um aten-dimento tão humanizado como a Casa da Criança. Fruto de uma

parceria entre o Poder Judiciário e a Prefeitura de Imperatriz, gestora da instituição, a Casa funciona em prédio do Poder Judiciário, todo reformado a partir de doações re-sultantes de campanha defl agrada pela Vara da Infância e Juventude da comarca e que mobilizou co-merciantes, empresários, autori-dades e populares.

Um contingente de 20 funcio-nários disponibilizados pela ad-ministração municipal, entre co-ordenação, monitores, zeladores, cozinheiras e seguranças, garante o atendimento aos menores. Com 12 cômodos, o prédio, todo clima-tizado, dispõe de recepção, sala de atendimento, sala de enferma-gem, refeitório, área de lazer, ba-nheiros (masculino e feminino), berçário com banheiro e cozinha privativos e cozinha industrial. Biblioteca e brinquedoteca equi-padas com livros e brinquedos completam as instalações.

“A nossa iniciativa não foi ape-nas construir um prédio novo, mas uma nova realidade. O ob-jetivo é estabelecer uma nova maneira de encarar a questão do acolhimento. Estabelecer um di-visor de águas, um antes e depois não só na estrutura física, mas no tratamento das crianças acolhi-das. Um tratamento de qualidade, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente”, destacou o juiz Delvan Tavares.

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Ser AMMA é informarano 1 • número 6 • outubro/novembro de 2013

Eleição direta nos tribunais seráprioridade da nova gestão da AMBPágina 11

Vara da Infância de Imperatriz lutapela humanização de abrigoPágina 12

AMMA presta homenagemà desembargadora Madalena SerejoPáginas 4 e 5

Magistratura no enfrentamento da violência no sistema prisional Páginas 8, 9 e 10