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Diretoria (2000-2003)
PRESIDENTEDr. Rui Alberto Ferriani (Ribeirão Preto, SP)
VICE-PRESIDENTEDr. Fernando Freitas (RS)
SECRETÁRIO EXECUTIVODr. Ricardo Mello Marinho (MG)
TESOUREIRODr. Aloísio José Bedone (Campinas, SP)
CHEFE DOS DELEGADOS REGIONAISDr. Mauri Piazza (PR)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GINECOLOGIA ENDÓCRINA Nº 13 ■ ANO IV ■ JULHO 2002
Artigos recentemente publicados no Journal ofthe American Medical Association (JAMA)trazem dados da continuação do polêmicoestudo HERS (Heart and Estrogen/progestinReplacement Study), que avaliaram osresultados do uso a longo prazo da terapia dereposição hormonal (TRH) contínuacombinada em mulheres na pós-menopausa.Nessa extensão do estudo, as mulheres queconcordaram participar foram seguidas poraproximadamente 7 anos, sendo avaliados nãoapenas os resultados cardiovasculares, mastambém outros resultados como ocorrência detromboembolismo venoso, litíase biliar, câncere sobrevida geral.
O protocolo original do HERS foi desenhadopara determinar o quanto a TRH poderia sercapaz de reduzir a incidência de eventoscardiovasculares em mulheres na pós-menopausa portadoras de doençacardiovascular. Como é do conhecimento detodos, o estudo falhou em demonstrar eficáciada TRH em termos da prevenção secundária deeventos coronarianos, sendo evidenciada,inclusive, uma maior freqüência de eventos nasusuárias de TRH, durante o primeiro ano deuso.
Os autores relatam que as taxas reduzidas deeventos coronarianos observadas no grupo querecebeu TRH, entre o terceiro e o quinto anosde seguimento, não persistiram durante os 2,7anos em que o estudo foi estendido. No relatoatual, as usuárias de TRH apresentaramincidência de eventos coronarianos semelhanteà observada nas usuárias de placebo. Comrelação aos resultados secundários, a TRH foiassociada com aumentos das taxas detromboembolismo venoso e cirurgia do tratobiliar, ao passo que as freqüências de fraturasósseas, câncer e mortalidade geral foramsemelhantes entre os grupos.
Os novos resultados apresentados trazem decara alguns viézes que precisam serconsiderados antes de se partir para umaanálise mais acurada. Durante o período deseguimento, a proporção de mulheres usandoTRH diminuiu em cerca de 45%, por volta dosétimo ano de follow-up, atestando asdificuldades conhecidas em relação à adesão
Novos estudos sobre TRH trazempoucas informações adicionais
das pacientes à terapêutica hormonal. Já nogrupo placebo, cerca de 8 % das mulheresoriginalmente randomizadas para esse grupopassaram a utilizar TRH, de forma queobservamos uma redução em mais da metadeda casuística estudada, o que afetouseriamente a análise estatística dos dados e oestabelecimento de conclusões fidedignas,principalmente quando se realiza acomparação com o estudo inicial.
Na nossa opinião, que é a mesma expressadapela North American Menopause Society(NAMS), os dados devem ser analisados comcautela e as orientações em relação aotratamento de mulheres portadoras de doençacardíaca permanecem as mesmas até entãoconsideradas: “para aquelas que não estãousando TRH, a conduta mais prudente seriaenfatizar outras medidas de redução do riscocardiovascular do que prescrever TRH. Já paraas mulheres que estão usando TRH há váriosanos sem problemas, esse tratamento deve sermantido, em vista dos benefícios em relação àpreservação da massa óssea e melhora dossintomas vasomotores e trofismo vaginal”.
Cada vez mais se estabelece o preceito de queo tratamento das mulheres na pós-menopausa deve ser individualizado e,quando se fala em individualização, deve-seconsiderá-la não somente em relação ao fatode utilizar ou não a TRH, mas tambémquanto ao uso de outras drogas, vias deadministração alternativas, doses menores dehormônios e programas personalizados deexercícios físicos, orientados de acordo com acapacidade física e o perfil da cada paciente. Eos avanços que a cada dia surgem no campoda assistência à mulher climatérica nospossibilitam isso, sempre com o objetivoprincipal de proporcionar a esse grupo depacientes melhorias em sua qualidade de vida,prevenção da ocorrência de doenças eaumento da sobrevida com dignidade.
Um cordial abraço
Rui Alberto FerrianiPresidente da SOBRAGE
George Dantas de AzevedoEditor do Boletim
A infertilidade é caracterizada pela não
ocorrência de gestação espontânea, após
período de pelo menos um ano, com o casal
apresentando atividade sexual regular sem
uso de métodos contraceptivos.
Considerando-se tais condições, estima-se
que, na população geral, cerca de 85% dos
casais apresentarão nesse período, de forma
que o restante buscará auxílio médico com
ginecologista para esclarecimento e resolução
de seus problemas de infertilidade, o que
representa contingente significativo de
pacientes na atualidade.
Um ponto importante a ser considerado é que
não se pode postergar muito o tratamento
realizando baterias excessivas de exames,
especialmente em grupos particulares de
mulheres onde a idade representa um fator
limitante do resultado ou a existência de um
fator de infertilidade bem determinado já
indica o tratamento a ser instituído. Assim,
torna-se necessário otimizar a avaliação da
paciente infértil, realizando apenas exames
que realmente contribuam para o diagnóstico
e o tratamento de cada caso em particular,
sem generalizações ou excessos.
Avaliação da Infertilidade FemininaDr. Fábio Soares de Macedo*
*Professor do Departamento de Tocoginecologia daUniversidade Federal do Rio Grande do Norte.
A avaliação precoce das causas da infertilidade
está indicada em mulheres que apresentem
idade acima de 35 anos, história de oligo/
amenorréia, suspeita de doença tubária,
uterina ou endometriose, e naquelas em que o
companheiro apresente subfertilidade
comprovada ou suspeita. Uma consulta inicial
deve incluir anamnese completa enfatizando a
história menstrual, exame físico geral e
especializado, aconselhamento pré-
concepcional e instruções sobre o melhor
momento para o coito.
História e Exame Físico
Pontos importantes a pesquisar na história
clínica: 1) histórico de gravidez, paridade e
complicações associadas; 2) características do
ciclo menstrual, dismenorréia, sinais clínicos
de ovulação; 3) freqüência sexual, uso de
contracepção e presença de doença
inflamatória pélvica (DIP) ou doença
sexualmente transmissível (DST); 4) tempo
de infertilidade, avaliação e/ou tratamento
anterior; 5) passado de cirurgia abdominal ou
ginecológica; 6) uso de medicamentos,
tabagismo, álcool ou outras drogas; 7) história
familiar de infertilidade ou malformação fetal;
e, 8) sintomas sugestivos de disfunção
tireoidiana dor abdominal, galactorréia,
hirsutismo ou dispareunia.
No exame físico, os seguintes achados devem
sempre ser pesquisados: 1) peso e índice de
massa corporal; 2) palpação da tireóide; 3)
presença de secreção mamária e suas
características; 4) sensibilidade pélvica e
aumento dos órgãos; 5) aspecto da secreção
vaginal; 6) mobilidade, forma, posição e
tamanho do útero; e, 7) presença de massas
pélvicas.
Avaliação diagnósticacomplementar
A avaliação mais dirigida da infertilidade deve
aliar custo e invasibilidade progressiva,
valorizando a história clínica, o exame físico e
a epidemiologia da infertilidade.
Investigação do fator ovulatório
Cerca de 40% das mulheres inférteis
apresentam alguma disfunção ovulatória. A
ausência de ciclicidade menstrual, além da
inexistência de sinais clínicos que presumem
ovulação, como fluidez do muco cervical e
dor do meio do ciclo são indicativos de
anovulação. Entretanto, devemos considerar
que a simples presença de ciclicidade
menstrual não necessariamente indica que a
paciente seja ovulatória. Da mesma forma, a
ocorrência dos eventos indicativos de
ovulação citados previamente não é percebida
por parcela significativa das mulheres, de
forma que a avaliação da presença de um fator
ovulatório freqüentemente demanda a
utilização de outras metodologias. Curva de
temperatura basal monofásica e níveis
séricos de progesterona abaixo de 3,0 ng/ml,
na segunda fase do ciclo, são exames que
podem confirmar a ausência de ovulação. O
uso de kits urinários que analisam o pico do
LH pode identificar pacientes que
apresentarão ovulação. A biopsia
endometrial, realizada por volta do 22o dia
do ciclo, apresentando endométrio
proliferativo diagnostica a ausência da
ovulação. Defeitos de fase lútea poderiam
também ser suspeitados, mas há controvérsias
sobre a eficácia e necessidade deste método.
Ultra-sonografias transvaginais seriadas
podem acompanhar o desenvolvimento
folicular e sua luteinização, sendo método
comprovatório da ovulação. Dosagens
hormonais devem ser solicitadas conforme
cada caso. Assim, níveis de prolactina e
hormônio tíreo-estimulante (TSH) devem
ser aferidos, caso existam dados clínicos que
indiquem uma possível disfunção tireoidiana
ou hiperprolactinemia. Em pacientes
amenorréicas a dosagem do hormônio
folículo-estimulante (FSH) é mandatória,
para estabelecer o diagnóstico diferencial
entre falência ovariana e causas
hipotalâmicas. Uma dosagem isolada do FSH
no terceiro dia do ciclo ou a realização do
teste do clomifeno podem ser úteis na
avaliação da reserva ovariana em pacientes
acima de 35 anos, com cirurgia ovariana
prévia ou naquelas que apresentaram má
resposta ao uso de gonadotrofinas em ciclo
prévio de estimulação ovariana.
Investigação do fator cervical
A avaliação cervical pode identificar quadro
de cervicite crônica, que seja passível de
tratamento. O teste pós-coito tem sua
indicação discutida, pois não apresenta boa
relação custo-benefício, além do fato de que
normalmente o fator cervical é tratado como
esterilidade sem causa aparente (ESCA), ou
seja, através de hiperestimulação ovariana
associada à inseminação artificial ou
fertilização in vitro.
Investigação do fator uterino
Apesar de não ser causa comum de
infertilidade, a presença de fatores uterinos
pode ser avaliada por meio da
histerossalpingografia (HSG), onde é
possível avaliar a posição do útero, presença
de malformações müllerrianas, assim como
imagens de subtração que sugiram pólipos,
miomas ou sinéquias. A ultra-sonografia
aliada ao recurso da histerossonografia,
onde se faz a injeção na cavidade uterina de
solução salina ou substâncias contrastantes,
apresenta boa sensibilidade na detecção de
pólipos, miomas e sinéquias. A histeroscopia
é, sem dúvida, o método mais eficaz para o
diagnóstico, com a vantagem adicional de
possibilitar o tratamento do fator uterino.
Investigação do fator tubário
A oclusão tubária é uma importante causa de
infertilidade feminina, sendo o exame mais
tradicional na avaliação tubária a
histerossalpingografia (HSG). Por meio
desse exame é possível a identificação do local
da obstrução tubária, o que pode ser utilizado
como indicativo de prognóstico operatório.
Na obstrução proximal, deve-se sempre
estabelecer o diagnóstico diferencial com
espasmo tubário, principalmente se a trompa
contralateral estiver normal. Laparoscopia e
cromotubagem devem ser utilizadas em
pacientes com HSG sugestivas de lesão
tubária significativa. Por meio da
laparoscopia, pode-se avaliar o prognóstico e
seqüelas tuboperitoneais, além do fato de que
poderá ser terapêutica, uma vez que permite a
correção de algumas anormalidades tubárias,
através da lise de aderências, salpingoplastias,
etc, com resultados discutidos em termos de
fertilidade futura. A indicação da laparoscopia
diagnóstica não deve ser rotineira e
generalizada, mas sim indicada conforme
cada caso particular. Dessa forma, casais que
apresentem um fator de infertilidade bem
determinado, como, por exemplo, uma
azoospermia e sem indícios de doença tubária
importante, não se beneficiarão da realização
de laparoscopia. Da mesma forma, a idade da
mulher deve ser considerada como fator
limitante, onde a realização de um
procedimento laparoscópico não deve
retardar a indicação de um procedimento
mais efetivo como a fertilização in vitro (FIV).
Por outro lado, em pacientes com forte
suspeita da presença de hidrossalpinge, a
realização de laparoscopia para diagnóstico e
considerando a realização de salpingectomia,
poderá ser benéfica e melhorar os resultados
de uma FIV futura.
Investigação de fatores peritoneais
Endometriose e aderências tubo-ovarianas
podem causar ou contribuir com a
infertilidade. A história clínica e o exame
físico são de grande valia. A ultra-sonografia
pode revelar imagens suspeitas de
endometriomas. A laparosocopia com a
visualização direta é o exame mais importante
para investigar fatores peritoneais. Deve ser
indicada nas seguintes situações: ESCA e na
suspeita de endometriose ou doença tubária
significativa. Na presença de fator masculino
grave, onde a realização de um procedimento
de reprodução assistida já esteja indicada, esse
exame pode ser desnecessário.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GINECOLOGIA ENDÓCRINA Nº 12 ■ ANO IV ■ ABRIL 2002
v i s i t e - n o s
n a i n t e r n e t
HiperprolactinemiaDra. Vivian Ferreira do Amaral*
* Profa. Dra. em Tocoginecologia pela Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto-USP; Coordenadora do Setor deEndometriose, Dor Pélvica Crônica e Infertilidade da SantaCasa de Misericórdia de Curitiba-PR
A prolactina é um hormônio polipeptídico
constituído por uma cadeia de 198
aminoácidos, secretado na hipófise anterior,
endométrio decidualizado e no líquido
amniótico. O hipotálamo controla a secreção
de prolactina através dos lactotrófos da
adeno-hipófise, pela ação inibitória da
dopamina.
Na circulação sanguínea as principais formas
de prolactina são: normoprolactina,
considerada a de maior atividade, com peso
molecular de 23 a 30 KD, macroprolactina,
presente na gravidez e com peso molecular
mais elevado (45 a 55KD), megaprolactina,
que tem peso molecular > 100 KD e cuja
hipersecreção propicia o desenvolvimento de
tumores e prolactina glicosilada, que
aumenta em estados fisiológicos como
gravidez e estímulo com TRH. O iso-
hormônio B tem seu papel fisiológico ainda
em fase de investigação.
A secreção de prolactina é pulsátil, com
diversas variações durante o dia. Seus níveis
circulantes aumentam durante o sono, e, no
período da manhã, diminuem
gradativamente.
Anteriormente, as síndromes
hiperprolactinêmicas eram
conceituadas em:
■ síndrome de Chiari-Frommel: presença de
amenorréia e galactorréia pós-parto, sem o
restabelecimento dos ciclos menstruais
normais.
■ síndrome de Forbes-Albright: presença de
amenorréia e galactorréia devido a
adenoma hipofisário
■ síndrome de Ahumada-Del Castillo:
mesmas manifestações clínicas sem
conclusão sobre o fator causal
Causas de hiperprolactinemia
■ Fisiológicas: gravidez, amamentação,
recém-nascido (4 a 6 semanas de vida),
manipulação mamária, estresse, exercício
físico, coito, sono, primeiras horas pós-
prandiais.
■ Farmacológicas: uso de estrogênios,
androgênios, progestagênios,
anticoncepcionais hormonais orais, terapia
de reposição hormonal, bloqueio dos
receptores dopaminérgicos
(metoclopramida, sulpiride, haloperidol,
veralipride, clorpromazina), inibição da
liberação de dopamina (opiáceos-morfina,
metadona), bloqueio dos receptores da
histamina (cimetidina), anestésicos,
anfetaminas, reserpina, alfametildopa,
antidepressivos tricíclicos (imipramina,
amitriptilina), derivados da papaverina,
inibidores da MAO.
■ Patológicas:
— distúrbios hipotalâmicos: histiocitose,
sarcoidose, granuloma eosinofílico,
radioterapia e tumores
(craniofaringeomas, meningeomas,
disgerminoma)
— distúrbios hipofisários: prolactinomas
(microadenoma se diâmetro < 10mm e
macroadenoma se > 10 mm),
acromegalia, síndrome de Cushing,
síndrome de Nelson
— síndrome da sela vazia
— secção da haste hipofisária
— produção ectópica da prolactina:
carcinoma broncogênico, hipernefroma
— hipotireoidismo primário
— insuficiência renal crônica, hepática e
supra-renal
— lesões da parede torácica: herpes zoster,
cicatrizes cirúrgicas
— lesão medular
■ Idiopáticas (Manifestações Clínicas)
— galactorréia: pode estar presente em 30 a
80% dos casos
— distúrbios menstruais: oligomenorréia,
amenorréia ou mesmo polimenorréia
— infertilidade: em decorrência,
principalmente, do quadro de
anovulação crônica
— hirsutismo
— mastodínea
— sintomas neuro-oftálmicos: comuns nos
casos de macroprolactinomas, podendo
chegar à hemianopsia bitemporal
Diagnóstico
■ anamnese e exame físico: caracterizar bem
os sintomas e afastar uso de medicações,
pesquisar galactorréia, avaliar trofismo
vaginal, etc.
■ dosagem dos níveis basais de prolactina: a
coleta sangüínea deve ser feita pela manhã ,
em jejum, com repouso prévio de meia
hora, através de uma punção venosa única,
de preferência até o 7º-8º dias do ciclo
menstrual. Os valores de normalidade
situam-se entre 5 e 25 ng/ml. Níveis
superiores a 100 ng/mL são sugestivos de
tumores e acima de 200 ng/mL são
praticamente confirmatórios.
■ dosagens dos hormônios tireoidianos e
TSH: devem ser sempre realizadas visando
a afastar um quadro de hipotireoidismo
primário
■ investigação radiológica da sela túrcica:
quando disponíveis, a tomografia axial
computadorizada e a ressonância nuclear
magnética são os métodos mais fidedignos.
Na sua ausência, pode ser realizada a
radiografia simples da sela túrcica, ciente
do fato de que apresenta baixa sensibilidade
para detecção de tumores, especialmente
microadenomas.
■ exame neuro-oftalmológico e do campo
visual (campimetria): apresentam
indicação nos casos de
macroprolactinomas, quando há
manifestações suspeitas de compressão do
quiasma óptico e redução dos campos
visuais periféricos.
A TRH
que repõe a
confiança
da mulher
Tratamento
Nos casos de hiperprolactinemia de causa
farmacológica, suspende-se o uso das
medicações, com restabelecimento rápido dos
ciclos menstruais.
O tratamento clínico é realizado por meio da
utilização de drogas agonistas da dopamina
como a bromocriptina (comprimidos de
2,5mg), bromocriptina SRO (cápsulas de 2,5
ou 5mg) bromocriptina LAR (50mg/injetável/
mês), lisuride (comprimidos de 0,2 mg),
carbegolina (comprimidos de 0,5mg),
pergolide, quimagolide, teguride, ou ergolide.
Inicia-se a bromocriptina com metade da
dose e aumenta-se após 2 a 5 dias, até chegar a
dose final, que deve ser dividida em duas a
três tomadas por dia, durante as refeições. Os
efeitos colaterais (alterações gástricas,
tonturas, cefaléia e hipotensão postural)
tendem a regredir no decorrer do tratamento.
O uso da droga é contínuo, independente do
ciclo menstrual. Após 30 dias, realiza-se nova
dosagem de prolactina e, se persistir elevada,
aumenta-se a dose do medicamento. A
regularização da menstruação costuma
ocorrer em curto prazo (2 a 3 meses de
tratamento) e os ciclos ovulatórios e retorno
da fertilidade podem ocorrer em um período
de 2 a 6 meses. Após normalização dos níveis,
trata-se no mínimo por seis meses e repete-se
a avaliação clinico-laboratorial e, se
necessário, exame radiológico.
Os microadenomas são de crescimento lento
e geralmente sem manifestações compressivas.
Prefere-se iniciar a terapêutica clínica,
reservando-se a cirurgia para os casos de
intolerância à droga, falta de resposta ou
alteração radiológica acentuada. Após
normalização dos níveis de prolactina, o
acompanhamento clínico, laboratorial e
radiológico deve ser anual. Em pacientes
grávidas, suspende-se a medicação e
recomenda-se apenas controle clínico,
oftalmológico e radiológico, conforme a
necessidade.
Para os macroadenomas sem
comprometimento óptico-quiasmático,
inicia-se sempre o tratamento clínico, que
pode ser utilizado inclusive para a redução
pré-cirúrgica do tumor. O tratamento
cirúrgico é uma opção considerada
especialmente nas pacientes com
macroadenomas que apresentam desejo de
engravidar, sem boa resposta ao tratamento
clínico. A radioterapia tem indicações
restritas, em virtude de seus efeitos colaterais,
sendo uma opção terapêutica nos casos em
que o tumor não foi totalmente extirpado ou
em recidivas pós-tratamento cirúrgico.
Congresso SOBRAC/SOBRAGEPara propiciar um evento de alto nível
científico, o Comitê Organizador do V
Congresso Brasileira de Climatério e
Menopausa e o III Congresso Nacional de
Ginecologia Endócrina de 2003 já está
trabalhando a pleno vapor. “O evento,
organizado a cada três anos, será realizado em
São Paulo, e tem se firmado por apresentar o
estado da arte em temas relacionados a
Endocrinologia Ginecológica e Climatério”,
diz Rui Ferriani, presidente da Sobrage e do
Congresso.
O evento anterior, também em São Paulo,
reuniu mais de 1800 participantes, um
recorde. “Nossa meta é melhorar
continuamente, e vamos trabalhar fortemente
para isso. Através dos jornais das duas
entidades e também de outras formas de
comunicação, os interessados no tema vão se
atualizar sobre os convidados confirmados, a
definição das palestras, seminários e mesas
redondas, as empresas que vão participar da
área de exposição, enfim vamos manter um
contato bastante estreito para receber o maior
número de profissionais possíveis”, explica
Ferriani.
O presidente do Congresso, organizando
conjuntamente pela SOBRAGE e SOBRAC,
adianta que Marcos Felipe Silva de Sá, da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, foi
nomeado presidente do Comitê Científico.
Os temas previstos são:
Menopausa: últimos aspectos da medicina
baseada em evidências de reposição
hormonal no climatério, novas
abordagens terapêuticas, medicina
alternativa no climatério, abordagem
multidisciplinar com convidados das
áreas de cardiologia, reumatologia,
dermatologia, psiquiatria e nutrição.
Endocrinologia: aspectos atuais da
resistência insulínica, malformações
genitais, terapêutica hormonal, puberdade
precoce e hemorragia disfuncional.
Mais informações podem ser obtidas
diretamente na secretaria do evento:
(11) 3891 1780, com Regina, e-mail:
As inibinas ovarianas são glicoproteínas
diméricas, membros da família do Fator
Transformador de Crescimento b (TGF-b),
constituídas por uma subunidade a ligada a
uma subunidade b-A (inibina A) ou a uma
subunidade b-B (inibina B), que inibem
seletivamente a secreção hipofisária de FSH1.
A inibina B parece originar-se do conjunto de
folículos antrais, predominando na fase
folicular do ciclo menstrual, enquanto que a
inibina A proviria do folículo pré-ovulatório e
do corpo lúteo2. A reserva ovariana (RO)
relaciona-se ao processo de esgotamento
folicular e qualidade dos oócitos, sendo
investigada com a intenção de prever o futuro
reprodutivo e/ou o sucesso da fertilização in
vitro (FIV)3. Com o avanço da idade há
declínio gradual do número de folículos
ovarianos, levando à redução da inibina B e,
conseqüentemente, ao aumento do FSH4-5.
Essa elevação do FSH, não acompanhado de
alterações no LH, durante a fase folicular
inicial, é o achado mais freqüente associado
ao declínio da RO6.
As dosagens de inibina B têm aplicação clínica
na avaliação da reserva ovariana. Seifer et al
(1997) observaram que mulheres com valores
reduzidos de inibina B (inferiores a 45 pg/ml),
no 3º dia do ciclo menstrual, têm resposta
inadequada na indução da ovulação e com
menor probabilidade de concepção3. Por
outro lado, Corson et al (1999), utilizando-se
O Papel da Inibina B naAvaliação da Reserva OvarianaDra. Eliana Aguiar Petri Nahás*Dra. Anaglória Pontes*
ensaio com inibina B recombinante, que
detecta única forma biologicamente ativa do
hormônio (33kDa), não encontraram
correlação entre a ocorrência de gestações e os
valores de inibina B. Todavia, a maioria das
pesquisas emprega ensaio padrão (ELISA)
com inibina B imunopurificada de fluido
folicular, sensível para pelo menos quatro
formas de inibina B biológica e
imunologicamente ativas (33, 36, 55 e 66kDa).
Esses autores sugerem que enquanto os
ensaios de inibina B não forem padronizados
na rotina, a avaliação da RO com medidas de
FSH e estradiol podem ser utilizadas com
bom prognóstico7. Para Eldar et al (2000)
medidas de inibina B durante a fase folicular
inicial de ciclo induzido com gonadotrofina,
indicariam precocemente o número de
folículos recrutados, com valor preditivo da
hiperestimulação ovariana8. Em recente
estudo, Muttukrishna et al (2000)
compararam as concentrações de inibina B
em mulheres com ciclos menstruais regulares,
divididas em dois grupos, com idade entre os
40 a 50 anos e inferiores a 35 anos.
Verificaram que, naquelas com concentrações
séricas de FSH menor ou igual a 8 mIU/ml,
no 3º dia do ciclo menstrual, os níveis de
inibina B eram semelhantes. Enquanto que,
mulheres com FSH acima desse valor,
mostravam menores concentrações de inibina
B, independentemente da idade9.
A redução natural da fertilidade inicia-se cedo
em mulheres destinadas à falência ovariana
prematura. Embora, ainda não seja possível, a
avaliação correta da idade ovariana seria
crucial no aconselhamento de mulheres
Referências Bibliográficas
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10. Scott RT, Toner JP, Muasher SJ, Oehninger S, Robinson S,Rosenwaks Z. Follicle-stimulating hormone levels on cycle day 3are predictive of in vitro fertilization outcome. Fertil Steril1989;51:651-4.
quanto as suas chances de concepção. Na
prática diária, valores de FSH acima de 15
mIU/ml, no 3º dia do ciclo, são medidas
indiretas de diminuição da reserva ovariana10,
que, no entanto, mostra variabilidade entre os
ciclos. Por outro lado, a inibina B, secretada
diretamente pelas células da granulosa, é
indicador sensível e precoce do declínio da
reserva folicular ovariana ao longo dos anos
reprodutivos.
* Profa. Dra. Departamento de Ginecologia e Obstetrícia daFaculdade de Medicina de Botucatu (UNESP)
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EXPEDIENTE: O jornal da SOBRAGE é uma publicação trimestral dirigida aos médicos organizada pela SOBRAGE - Sociedade Brasileirade Ginecologia Endócrina ■ Editores: Rui A. Ferriani, George Dantas de Azevedo, Fernando Freitas, Ricardo Marinho e Aluisio Bedone ■Produção Editorial: Vogal Comunicações - Tel. (11) 3081-0177 ■ Jornalista Responsável: Alberto Paz - MTb 18.523 ■ Produção Gráfica:Nebraska Composição Gráfica - Tel. (11) 5505-6945/7043 ■ SOBRAGE: Depto. Ginecologia e Obstetrícia - Faculdade Medicina RibeirãoPreto - USP - 1º andar - HC - CEP 14049-900 - Ribeirão Preto - SP - Tel. (16) 602-2821 - E-mail: [email protected] - Home Page:www.sobrage.org.br. Visite-nos! ■ Os conceitos e opiniões nos artigos publicados são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es)
14 a 17 AgostoVII Congresso Paulista deGinecologia e ObstetríciaFax 11-51820573, [email protected]ão Paulo, SP
29 a 31 AgostoIV Jornada Paulista de EndoscopiaGinecológica11-50423358,[email protected]
25 a 28 SetembroIX Congresso Espírito Santense deGinecologia e ObstetríciaV Jornada de EndocrinologiaGinecológica e Climatério doEspírito SantoTel: 27-3325.1765 / 3227.4468E-mail: [email protected]
3 a 5 OutubroNorth American MenopauseSociety - 13th Annual MeetingTel: 440-442.7550 Fax: 440-442.2660E-mail: [email protected] - USA
12 a 16 Outubro58th Annual Meeting AmericanSociety of Reproductive MedicineTel: +1 (205)978.5000Fax: +1 (205)978.5005Seattle - USA
16 a 19 Outubro7º Congresso Brasileiro deObstetrícia e Ginecologia daInfância e AdolescênciaTel: 65-624.5989E-mail: [email protected]á - MT
13 a 16 Novembro22º Congresso de Obstetrícia eGinecologia Norte-NordesteTel: 82-3265474Maceió - AL
18 a 21 NovembroVII Congreso de la FederacionLatinoamericana del Esterilidady FertilidadTel: 598 2 487.5477Fax: 598 2 487.5476E-mail: [email protected]éo - Uruguai
27 a 30 NovembroXX Congresso Brasileiro deReprodução Humana - SBRHSBRH - 11-5055.6494Porto Seguro - BA
12 a 13 DezembroVII Congresso Mundial deFaloplastiaSheraton Hotel - Rio de Janeiro - RJSite: www.7aapsmeeting.com
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