Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    1/62

    24

    DISSERTAO DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINAARTIGO DE REVISO BIBLIOGRFICA

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    2/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    HELENA FILIPA MARINHO NASCIMENTO

    NNoovvoossMMaarrccaaddoorreessddeeLLeessooRReennaallAAgguuddaa

    Dissertao de Mestrado Integrado emMedicina submetida ao Instituto deCincias Biomdicas Abel Salazar

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    3/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    NNDDIICCEE

    RREESSUUMMOO ........................................................................................................................ 8

    AABBSSTTRRAACCTT ..................................................................................................................... 9

    PPRREEMMBBUULLOO ................................................................................................................ 10

    CCAAPPTTUULLOO11..LESO RENAL AGUDA .............................................................................. 11

    11..11 DDEEFFIINNIIOO.................................................................................................................. 11CCRRIITTRRIIOOSSRRIIFFLLEE.............................................................................................................. 13

    CCRRIITTRRIIOOSSAAKKIINN................................................................................................................ 14

    CCRRIITTEERRIIOOSSRRIIFFLLEEVVSSCCRRIITTEERRIIOOSSAAKKIINN............................................................................ 15

    11..22 EEPPIIDDEEMMIIOOLLOOGGIIAA.......................................................................................................... 16

    11..33 FFIISSIIOOPPAATTOOLLOOGGIIAA........................................................................................................ 18LLRRAAPPRR--RREENNAALL................................................................................................................. 18

    LLRRAAIINNTTRRNNSSEECCAA................................................................................................................ 19

    LLRRAAPPSS--RREENNAALL................................................................................................................. 22

    CAPTULO 2.BIOMARCADORES DE LESO RENAL AGUDA.............................................. 23

    22..11 BBIIOOMMAARRCCAADDOORREESSTTRRAADDIICCIIOONNAAIISS.............................................................................. 24

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    4/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22..44 CCIITTOOQQUUIINNAASSIINNFFLLAAMMAATTRRIIAASS::IILL--1188.................................................................... 43

    CCOONNCCLLUUSSOOEEPPEERRSSPPEETTIIVVAASSFFUUTTUURRAASS ......................................................................... 45

    RREEFFEERRNNCCIIAASSBBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAASS .................................................................................... 46

    AANNEEXXOO ....................................................................................................................... 58

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    5/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    NNDDIICCEEDDEEFFIIGGUURRAASS

    Figura 1: Classificao de LRA: RIFLE e AKIN...15

    Figura 2: Classificao e principais causas de LRA...18

    Figura 3: Fisiopatologia da LRA isqumica..21

    Figura 4: Novos marcadores vs marcadores tradicionais..24

    Figura 5: Anlise da expresso de KIM-1 no rim normal e 48-h ps-isquemia no rim derato embrionrio41

    NNDDIICCEEDDEEGGRRFFIICCOOSS

    Grfico 1: Mortalidade em UCI de acordo com a classe RIFLE mxima.13Grfico 2: Durao do internamento em UCI de acordo com a classe RIFLE

    mxima... 13

    Grfico 3: Representao esquemtica dos novos marcadores de LRA aps cirurgia

    cardaca em adultos.27

    Grfico 4: Curvas ROC para os valores mximos das primeiras 6h aps CCT para os

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    6/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    NNDDIICCEEDDEETTAABBEELLAASS

    Tabela 1: Definies de LRA publicadas na literatura....12

    Tabela 2: Frmacos frequentemente associados a nefrotoxicidade em UCI.....21

    Tabela 3: Funes e caractersticas de um marcador ideal de LRA....23

    Tabela 4: Fatores que afetam os marcadores tradicionais de LRA..26

    Tabela 5: Vantagens da CysC em relao aos marcadores tradicionais....28Tabela 6: Variaes dos nveis plasmticos/sricos e urinrios de 1M com diferentes

    condies patolgicas. .31

    Tabela 7: Correlao de medidas de NGAL na urina (ng/mL) 2h, 4h e 6h aps cirurgia

    cardaca com fatores clnicos independentes..38

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    7/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    AABBRREEVVIIAATTUURRAASSEESSIIGGLLAASS

    1M: 1-microglobulina;

    AAP: Alanina aminopeptidase;

    AKIN: Acute Kidney Injury Network;

    AQDI: Acute Dialysis Quality Initiative;

    AUC:Area under the relative operating characteristiccurve;2M: 2-microglobulina;

    BEST: Kidney Beginning and Ending Supportive Therapy for the Kidney;

    CC: Cirurgia cardaca;

    CCT: Cirurgia cardiotorcica;

    DU: Dbito urinrio;

    ELISA: Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay;

    FP: Falsos positivos;

    FR: Funo renal;

    GGT: Gama-glutamil transpeptidase;

    GST: Glutatio-S-transferase;

    IL 18 I t l i 18

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    8/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    TSR: Terapia de substituio renal;

    UCI: Unidade de cuidados intensivos;51Cr-EDTA: Iotholamate, chromiumethylenediamine tetraacetic acid;99Tc-DTPA: Diethylenetriamine pentaacetic acid.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    9/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    RREESSUUMMOO

    A leso renal aguda constitui um problema de sade major associado a morbilidade e

    mortalidade elevadas. A baixa sensibilidade e especificidade dos marcadores

    clssicos de disfuno renal, creatinina e ureia sricas, impossibilitam a identificao

    precoce de leso renal aguda, com perda de oportunidade teraputica. A abordagem

    diagnstica e teraputica constitui um domnio em constante evoluo e novosmarcadores sricos e urinrios so alvo de investigao.

    O objetivo principal desta reviso a descrio dos novos marcadores de leso renal

    aguda e a anlise comparativa das suas potencialidades diagnsticas e preditivas de

    leso renal aguda em contexto clnico.

    A cistatina C constitui um marcador com vantagem sobre a creatinina srica, de baixo

    custo e com aplicao presente no diagnstico de disfuno renal. Alm deste

    marcador existe uma nova gerao de biomarcadores promissores, como os

    marcadores induzveis: gelatinase neutroflica associada lipocalina, netrina-1 e

    molcula de leso renal-1, com perfil diagnstico especfico e sensvel, mas com

    li i l i li i d l l d i di ibilid d A d

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    10/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    AABBSSTTRRAACCTT

    Acute kidney injury is a major health problem associated with high morbidity and

    mortality. The classic markers of renal dysfunction, serum creatinine and urea, have

    low sensitivity and specificity that preclude an early identification of the acute kidney

    injury and miss the therapeutic goal. The need for an early diagnosis of acute kidney

    injury leaded to large investigation in order to define new serum and urinary markers ofacute kidney injury.

    The purpose of this review is to outline the new markers of acute kidney injury and

    compare their diagnostic and predictive potential of acute kidney injury in the clinical

    setting.

    Cystatin C is a low cost marker, with advantages over serum creatinine, used currently

    in the diagnosis of renal dysfunction. In addition, there is a new generation of promising

    biomarkers, such as inducible markers with a specific and sensitive diagnostic profile,

    but with limited clinical application because of their high cost and unavailability. This

    class of biomarkers includes the neutrophil gelatinase associated with lipocalin, the

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    11/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    PPRREEMMBBUULLOO

    Apesar dos avanos teraputicos, a leso renal aguda (LRA) isqumica/nefrotxica

    uma doena multifatorial, extremamente frequente em contexto hospitalar,

    principalmente em unidade de cuidados intensivos (UCI). A LRA pode complicar vrias

    condies mdico-cirrgicas e associa-se a uma elevada taxa de mortalidade (TM) e

    morbilidade.

    Classicamente so descritas trs fases na LRA: instalao, manuteno/estado e

    recuperao. As principais medidas para evitar esta condio devem ser

    implementadas nas fases inicias, antes da elevao dos tradicionais marcadores. Com

    uma crtica janela teraputica, apenas a deteo precoce permite uma interveno

    adequada.

    Os tradicionais biomarcadores, creatinina e ureia, so insensveis e inespecficos para

    a deteo de LRA em estadios precoces, o que limita as opes teraputicas. Estes

    marcadores so consequncias funcionais e no refletem diretamente a leso celular,

    o que justifica o atraso na sua elevao.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    12/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    CCAAPPTTUULLOO11..LESO RENAL AGUDA

    11..11 DDEEFFIINNIIOO

    LRA, anteriormente designada por insuficincia renal aguda (IRA) (1), classicamente

    definida como uma queda rpida, abrupta e sustentada da taxa de filtrao glomerular

    (TFG), num curto intervalo de tempo. Conforme a gravidade e durao pode traduzir-

    se em distrbios hidro-eletrolticos e cido-base e na acumulao de produtos e

    toxinas urmicas. Inerente a esta classificao est a indefinio dos termos "rpida",

    "abrupta" e "sustentada" (2).

    Nas ltimas dcadas, mais de 20 termos e 35 definies diferentes de LRA foram

    utilizados na literatura cientfica. Esta multiplicidade de enunciados constitui um

    entrave aos progressos na investigao epidemiolgica, teraputica e preventiva da

    LRA (1-5) (tabela 1).

    Bellomo et al. (3)e Kellum et al. (4) reconheceram a impossibilidade de uma definio

    perfeita e salientaram a urgncia de uma definio consensual aplicvel na clnica.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    13/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Tabela 1:Definies de LRA publicadas na literatura. Adaptado de Mehta e Chertow (2003). (6).

    Autor DefinioSolomon et al., Tepel et al.,Schwab et al., Weisberg et al., Stevens et al.and others

    Aumento de 0,5mg/dL na SCr em 48h

    Hou et al. Aumento de 0,5mg/dL na SCr, seSCrbasal1,9mg/dL, ou aumento de 1,0mg/dL naSCr, se SCrbasalentre 2,0 e 4,9mg/dL, ou aumentode 1,5mg/dL na SCr, se SCrbasal5,0mg/dl

    Shusterman et al. Aumento de 0,9mg/dL na SCr, seSCrbasal2mg/dL em indivduos comfuno renal prvia normal, ou sbitoaumento de50% na SCr, com IRC basal ligeira a moderadacom SCr

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    14/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    CCRRIITTRRIIOOSSRRIIFFLLEE

    Em 2004, em resposta a esta necessidade de uma classificao unificadora, o grupo

    internacional Acute Dialysis Quality Initiative (AQDI) (7) desenvolveu os critrios

    RIFLE(8) baseados na gravidade do dano renal, que compreendem trs estadios: (R)

    Risk of renal dysfunction, (I) Injury to the kidney e(F) Failure of kidney function,e dois

    outcomes: (L) Loss of kidney function e (E)End-stage kidney disease(figura1). Este

    sistema inclui dois parmetros fceis de avaliar: a elevao da creatinina srica, a

    partir da linha de base e o dbito urinrio (DU). A gravidade da LRA determinada

    pelo parmetro mais grave. Os dois outcomesso definidos pela durao da perda da

    funo renal (FR): quatro semanas e trs meses, respetivamente.

    Esta classificao categrica abrange todo o espectro de disfuno renal aguda, com

    elevada sensibilidade num extremo (R) e alta especificidade no extremo oposto (E). O

    estadio R tem mais falsos positivos (FP), enquanto no estadio E os critrios de

    incluso so mais rigorosos e mais especficos, com aumento dos falsos negativos (8).

    Estudos publicados validaram a aplicao desta classificao, comprovando o seu

    valor na deteo e estratificao da LRA, bem como o seu potencial prognstico a

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    15/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Este sistema apresenta algumas limitaes. Os critrios estabelecidos para cada

    estadio no so baseados em evidncia e necessrio um valor de creatinina srica

    basal ou a estimativa da TFG atravs de equaes matemticas. Apesar do

    doseamento fcil da creatinina e do DU, a sua correlao com o decrscimo agudo da

    FR no proporcional e condicionada por fatores extrarrenais, como a massa

    muscular e o estado de hidratao. As alteraes do DU so pouco especficas para

    detetar LRA, que pode estar presente com diurese normal (8).

    CCRRIITTRRIIOOSSAAKKIINN

    Dois estudos (11,12) revelaram que o aumento de creatinina srica de

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    16/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    CCRRIITTRRIIOOSSRRIIFFLLEEVVSSCCRRIITTRRIIOOSSAAKKIINN

    Bagshaw et al. (15), Lopes et al. (16) e Chang et al. (17) demonstraram que, em

    doentes graves em UCI, os critrios AKIN condicionam um aumento no significativo

    na identificao de indivduos com LRA (1,1%, 6,6% e 7,9%) e no tm repercusses

    na mortalidade hospitalar (15,16). A anlise de Bagshaw et al. (15) decorreu apenas

    nas primeiras 24h, o que exclui a evoluo em 48h da classificao AKIN.

    Segundo Joannidis et al. (18), os erros de classificao so menos frequentes com os

    critrios RIFLE. O cruzamento de dados das duas classificaes revelou que a

    classificao AKIN apresentou 10,5% falsos negativos em oposio aos 3,5% da

    RIFLE.

    A anlise comparativa destas classificaes foi alvo de diversas publicaes sem umconsenso evidente. Contudo, parece consensual a existncia de um aumento

    progressivo na mortalidade hospitalar com o agravamento do estadio em ambas as

    classificaes, o que refora a sua aplicabilidade na prtica clnica (15-19). Uma

    reviso de Cruz et al. (19) demonstrou o crescente recurso aos critrios RIFLE e AKIN

    para a definio da LRA, o que revela a aceitao encorajadora de uma definio

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    17/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    11..22 EEPPIIDDEEMMIIOOLLOOGGIIAA

    A LRA constitui um problema frequente, particularmente grave em doentes cirrgicos e

    em estado crtico, que aumenta significativamente a mortalidade, a durao do

    internamento e os custos hospitalares(10,13,20).

    Apesar de mltiplas investigaes epidemiolgicas, a inexistncia de uma definio

    nica dificulta a estimativa de incidncias e outcomes, bem como a comparao eintegrao de resultados (21). Os estudos multicntricos BEST (22) e PICARD (23)

    so exemplos de disparidades nas incidncias e outcomes de LRA na ausncia de

    critrios-padro. Previamente introduo dos critrios RIFLE/AKIN, as incidncias

    LRA publicadas variavam entre 1 e 30% (5).

    A incidncia e outcomesde LRA dependem do contexto e populao-alvo. Estima-seque a incidncia hospitalar esteja entre os 5 e os 7% (5,24), podendo superar os 50%

    em UCI (10,25). A incidncia hospitalar cerca de 5 a 10 vezes superior

    LRA comunitria (5,24).

    Vrios autores verificaram uma tendncia crescente da incidncia de LRA. Xue et al.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    18/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    manuteno de uma TM> 40%. Este decrscimo na mortalidade intra-hospitalar

    corroborada por Xue et al. (26) (TM1992=38,8% e TM2001=32,2%) e Waikar et al. (27)

    (TM1988=40,4% e TM2002=20,3%).

    As principais causas de LRA dependem do contexto do doente (5). A doena pr-renal

    e a NTA constituem as causas major de LRA intra-hospitalar e representam 75% dos

    casos de LRA (32). Algumas publicaes (22,33) apontam a spsis como a etiologia

    mais frequente de LRA, sendo responsvel por cerca de 30 a 50% dos casos (5). Em

    contrapartida, Cruz et al. (34)e Piccinni et al. (10) indicam a hipovolmia (30-40%),

    seguida da spsis (13-25%) como as causas mais frequentes de LRA nas UCI

    italianas.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    19/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    11..33 FFIISSIIOOPPAATTOOLLOOGGIIAA

    A LRA pode ser classificada em: 1-pr-renal (70%) que constitui uma resposta

    fisiolgica hipoperfuso renal, com preservao da integridade renal; 2-renal ou

    intrnseca (25%) associada a leso parenquimatosa; 3-ps-renal (5%) resultante de

    obstruo urinria (35)(figura 2).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    20/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    perfuso renal e podem precipitar ou agravar a LRA em indivduos suscetveis com

    comorbilidades ou quando usados em associao (39). Os idosos so particularmente

    suscetveis devido ao elevado nmero de comorbilidades, reduo da reserva renal

    e ativao basal dos mecanismos de autorregulao (40).

    Na depleo de volume, para manter a perfuso renal e a TFG, complexos

    mecanismos de compensao neuro-hormonais so ativados, nomeadamente: o

    sistema nervoso simptico, o sistema renina angiotensina aldosterona e a hormona

    antidiurtica. Contudo, caso a condio subjacente persista ou seja muito grave, estes

    mecanismos podem ser superados e a LRA pr-renal estabelece-se com uma reduo

    da TFG e consequente elevao da creatinina e ureia sricas (35).

    A LRA pr-renal potencialmente reversvel se a hipoperfuso for corrigida em 24 a

    48h e depende do tratamento do distrbio subjacente, da reposio hidro-electroltica

    e da eliminao de eventuais agentes nocivos presentes. A durao da hipoperfuso

    est inversamente relacionada com a possibilidade de reverso da LRA e a isquemia

    prolongada leva a LRA intrnseca. A deteo precoce da LRA , por isso,

    imprescindvel para a recuperao da FR e preservao da integridade tecidual

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    21/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Na fase pr-renalh ativao dos mecanismos de compensao renal em resposta

    reduo da perfuso renal e a vasoconstrio renal resultante provoca uma reduo

    na oxigenao celular com sofrimento renal (35).

    Durante a fase de instalao, a isquemia mantida conduz destruio do

    citoesqueleto e da bordadura de escova do epitlio tubular, com translocao para a

    superfcie apical das bombas Na+-K+-ATPase e com perda da polaridade celular. A

    redistribuio das molculas de adeso celular e a perda das junes intercelulares

    apertadas conduz descamao das clulas tubulares, com formao de cilindros que

    obstruem o lmen tubular e consequente aumento da presso intratubular e

    diminuio da TFG (42,43). Contudo, ainda possvel restaurar o fluxo

    sanguneo renal e reverter a leso (35). A poro terminal do tbulo proximal (TP) e a

    poro medular do ramo ascendente espesso da ansa de Henleconstituem as regiesdo nefrnio mais vulnerveis leso isqumica, quer pela localizao medular, regio

    menos profundida, quer pelo elevado consumo energtico exigido para a reabsoro

    por transporte ativo de cloreto de sdio (42).

    Seguem-se as fases de ampliaoe de manuteno, nas quais a leso epitelial est

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    22/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Figura 3:Fisiopatologia da LRA isqumica. Adaptado de Vaidya et al. (2008) (45).

    NTA nefrotxica

    As nefrotoxinas endgenas ou exgenas provocam LRA por diferentes mecanismos,

    nomeadamente: vasoconstrio intraglomerular, leso direta do epitlio tubular e

    obstruo intratubular (35).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    23/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    LLRRAAPPSS--RREENNAALL

    Na LRA ps-renal, a obstruo pode ser intraluminal (litase, cogulos, fungos,

    necrose papilar) ou extraluminal (neoplasia, fibrose retroperitoneal). No trato superior,

    apenas as obstrues bilaterais ou unilaterais em rim nico funcionante se traduzem

    em LRA (35,36,38,41). A obstruo urinria inferior, mais prevalente, resulta

    de hiperplasia benigna da prstata, carcinoma da prstata ou do colo uterino e

    distrbios retroperitoneais (38,41).

    A durao da obstruo est inversamente relacionada com a recuperao da FR e

    esta etiologia deve ser rapidamente excluda. A oligoanria frequente, mas a diurese

    pode estar preservada (35,38,41).

    O tratamento passa pela correo da obstruo e tratamento da condio subjacente,que condiciona o prognstico (36).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    24/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    CAPTULO 2.BIOMARCADORES DE LESO RENAL AGUDA

    Um biomarcador ideal para o diagnstico precoce de LRA deve apresentar

    determinadas caractersticas e cumprir algumas funes (tabela 3).

    Como pouco provvel que um nico marcador preencha todos os requisitos

    definidos, aconselhvel um painel de marcadores para prever, diagnosticar e

    monitorizar a disfuno renal.

    Tabela 3:Funes e caractersticas de um marcador ideal de LRA. Adaptado de Urbschat et al. (2011)

    (32), Massey (2004) (46), Bagshaw and Gibney (2008) (47), Nguyen and Devarajan (2008) (48).

    Funes CaractersticasDeteo de LRA precoce Endgeno, hidrossolvel, no txico, noinvasivo

    Identificao de redues na funo glomerular Produo a uma taxa constanteMnima ligao a protenas

    Avaliao da gravidade e probabilidade deprogresso

    Filtrao glomerular livreSem secreo, reabsoro tubular

    Monitorizao da resposta teraputica Sem metabolizao ou eliminao extrarrenalDeterminao dos subtipos fisiopatolgicos: pr-renal, intrnseca e ps-renal

    Avaliao fcil, rpida, barata e disponvel, emamostras acessveis como sangue e urina

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    25/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..11 BBIIOOMMAARRCCAADDOORREESSTTRRAADDIICCIIOONNAAIISS

    A introduo do termo leso renal aguda traduz uma mudana de paradigma na

    abordagem doena renal aguda. Como os marcadores clssicos de disfuno renal

    dependem do decrscimo da TFG, permitem o diagnstico apenas algumas horas a

    dias aps o evento inicial, quando o compromisso da FR est j estabelecido (32,49)

    (figura 4).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    26/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Gault (Ccr = [ (140idade) x peso/] (72 x Scr) (x 0.85 se sexo feminino) e Modification

    of Diet in Renal Disease (MDRD) (GFR = 186 x (Scr) 1,154 x (idade) 0,203 (x

    0,742 se sexo feminino ou x 1,212 se raa negra) (32,52).

    Apesar da ampla investigao, a determinao da LRA depende ainda dos tradicionais

    biomarcadores endgenos: creatinina e ureia (32).

    CCRREEAATTIINNIINNAA

    A creatinina srica constitui o marcador padro para a deteo de compromisso da FR

    por ser uma protena endgena, de baixo peso molecular (113Da), produzida a uma

    taxa constante e livremente filtrada (46,47,52,53).

    Esta molcula relativamente especfica para a disfuno renal, sobrestima a TFG em

    10 a 40% devido secreo tubular (46,47,52).Alm disso, alguns frmacos alteram

    esta secreo. A sua concentrao srica depende da taxa de produo e do volume

    de distribuio corporal (54). Assim, fatores como idade, sexo, massa muscular,

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    27/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    UURREEIIAA

    A ureia uma molcula endgena, hidrossolvel e de baixo peso molecular (60Da)

    que deriva do metabolismo proteico e constitui um marcador urmico. Este marcador

    tem baixa sensibilidade e especificidade para LRA porque a sua concentrao srica

    modulada por fatores renais e extrarrenais, independentes da leso/disfuno renal. A

    taxa de produo de ureia no constante e um aumento da ureia srica pode resultar

    de condies extrarrenais como intake ou catabolismo proteico aumentado,

    hemorragia GI, trauma e terapia com glucocorticoides, sem que a FR esteja diminuda.

    Em contrapartida, uma doena heptica avanada ou um baixo intake proteico

    determinam uma diminuio na concentrao de ureia, sem mudanas na TFG (32,47)

    (tabela 4).

    Tabela 4: Fatores que afetam os marcadores tradicionais de LRA. Adaptado de Bagshaw and Gibney

    (2008) (47).

    Marcadorsrico

    Aumento Diminuio

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    28/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22 NNOOVVOOSSBBIIOOMMAARRCCAADDOORREESS

    Investigaes no mbito da LRA procuram indicadores sensveis que traduzam

    alteraes celulares nas fases pr-renal/instalao, potencialmente reversveis. Trata-

    se de uma janela de oportunidade estreita, principalmente nos casos de NTA (49).

    A anlise urinria constitui um mtodo no-invasivo, disponvel e de baixo custo. A

    pesquisa de marcadores urinrios especficos e sensveis para a LRA precoce marcouas ltimas dcadas. Os marcadores urinrios podem ser protenas ou enzimas

    expressas de forma constitutiva nas clulas tubulares renais, que so excretadas na

    leso tubular aguda ou podem ser marcadores induzveis, isto , produtos de genes

    cuja transcrio/traduo ativada na leso tubular (58). O perfil de elevao dos

    vrios marcadores tem sido estudado em vrias situaes clnicas como por exemplo

    a cirurgia cardaca (grfico 3).

    Apesar das referidas vantagens, o doseamento de marcadores urinrios pode ser

    influenciado pelo estado de hidratao do doente e pelos diurticos, sendo intil na

    presena de oligoanria onde a anlise srica assume particular relevncia (59).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    29/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22..11PPRROOTTEENNAASSDDEEBBAAIIXXOOPPEESSOOMMOOLLEECCUULLAARR

    O valor de PBPM no diagnstico precoce de LRA tem sido amplamente estudado, e a

    sua fcil e rpida determinao podem ser determinantes para a aplicao na prtica

    clnica (61). Destacam-se a cysC, a 1-microglobulina (1M), a 2-microglobulina (2M)

    e a protena de ligao ao retinol (RBP) (59).

    Estas molculas livremente filtradas no glomrulo, pelo seu peso molecular

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    30/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Em doentes submetidos a substituio valvular cardaca (53) a cysC srica mostrou

    ser mais sensvel que a creatinina srica (area under the relative operatingcharacteristic curve (AUC)=0,876 vs 0,801) e apresentou correlao superior com a

    clearance da creatinina (r=0,751 vs0,629). Atingiu o valor mximo ao 2dia e a

    creatinina srica apenas ao 3dia.

    Em UCI (67), a cysC srica apresentou tambm um elevado valor diagnstico de LRA

    (sensibilidade 55% e 82%), nos 2 dias que precederam a elevao srica da

    creatinina50%. Um aumento de 50% de cysC srica precedeu a elevao da

    creatinina em 1,50,6 dias. Uzun et al. (68) observaram uma sensibilidade superior da

    cysC srica na deteo de disfuno renal em doentes previamente saudveis e com

    doena renal prvia comparativamente creatinina srica (98% vs 80%) e com

    especificidade semelhante (99% e 100%) para um cut-offde 1,36mg/L.

    Em doentes submetidos a cateterismo cardaco, um cut-off de cysC de 1,3mg/L

    apresenta sensibilidade=88% e especificidade=96% para disfuno renal, em

    oposio aos 63% e 80% da creatinina para um cut-offde 1,2mg/dL (68).

    No ps-operatrio de CCT, a cysC urinria revelou-se superior creatinina e cysC

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    31/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Apesar da menor variabilidade interindividual em comparao com a creatinina

    (32,51,53,70) e da no influncia do sexo, as concentraes sricas da CysCaumentaram com a idade (0,820,17mg/L, 36-50 anos e 1,070,21mg/L, 50-65 anos)

    (68) e foram influenciadas pelas hormonas tiroideias (71,72) e pelo tratamento

    glucocorticoide (73).

    O hipotiroidismo, sintomtico ou subclnico, associa-se a uma diminuio nos valores

    de cysC e o inverso observado no hipertiroidismo. Assim a funo tiroideia deve ser

    sempre avaliada na determinao da cysC (71,72).

    Segundo Risch et al. (73), a teraputica glucocorticoide em transplantados renais

    associou-se a um aumento reversvel da cysC srica, pelo que a TFG parece ser

    subestimada por este mtodo. Esta variao dose-dependente (500mg vs 10mg

    metilprednisolona intravenosa) e no se verifica com a ciclosporina A. Os autores

    estimaram o aumento da cysC com glucocorticoides em baixas doses entre 0,20 e

    1,85mg/L. Estes resultados no foram reportados por Zhu et al.(53) e Bkenkamp et

    al. (74) que apontaram valores de cysC sricos inalterados em doentes submetidos a

    CCT e em crianas com sndrome nefrtica cortico-sensvel tratados com baixas

    doses de corticoide (dexametasona 10mg/dia (53) e prednisolona

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    32/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Tabela 6: Variaes dos nveis plasmticos/sricos e urinrios de 1M com diferentes condies

    patolgicas. Adaptado de Penders and Delanghe (2004) (75).

    Nveis plasmticos/sricos de 1MAumentados Inalterados Diminudos

    - Diminuio da TFG- Melanoma Maligno

    - Reaes de fase aguda- Neoplasias- Doenas do SNC- Infees- Artrite reumatide- Artrite- Hepatite

    - Seropositividade HIV- Insuficincia heptica grave- Cirrose heptica

    Nveis urinrios de 1M

    Aumentados

    - Comprometimento da funo tubular(intoxicao por metais pesados, nefropatia dos Balcs)- Nefrolitase- Obstruo ureteral crnica- Nefropatia diabtica- Diminuio da TFG

    HIV: vrus da imunodeficincia adquirida.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    33/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22--MMIICCRROOGGLLOOBBUULLIINNAA

    A 2M constituda por uma cadeia polipeptdica nica (100 aminocidos), homloga

    cadeia leve da molcula de major histocompatibility classI, expressa na superfcie

    das clulas nucleadas (76,77). A sua forma monomrica (11,8 kDa) livremente

    filtrada pelo glomrulo (68,59).Os nveis sricos mdios de 2M (0,753,04mg/dL) no

    so significativamente influenciados pelo sexo ou idade. Comparativamente

    creatinina srica, este marcador srico apresenta sensibilidade superior (86% vs 80%)mas menor especificidade (92% vs 100%) para a deteo de disfuno renal, para um

    cut-offde 2,51mg/L (68).

    Como marcador urinrio, a sua utilidade clnica est limitada pela instabilidade em

    meio cido e necessidade de alcalinizao das amostras urinrias (78).

    PPRROOTTEENNAADDEELLIIGGAAOOAAOORREETTIINNOOLL

    O RBP sintetizado no fgado e envolvido no transporte da vitamina A tem baixo peso

    molecular (21kDa) e livremente filtrado e reabsorvido no TP (59).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    34/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22..22EENNZZIIMMAASSTTUUBBUULLAARREESS

    As enzimas tubulares esto presentes constitutivamente nos tbulos renais e a sua

    excreo renal consequncia direta da leso tubular. As enzimas tubulares

    estudadas incluem enzimas citoslicas (glutatio-S-trasnferase (GST)), enzimas

    lisossomais (NAG) e enzimas da bordadura em escova do tbulo proximal (alanina

    aminopeptidase (AAP), fosfatase alcalina (AP) e gama-glutamil-transpeptidase (GGT)).

    IISSOOEENNZZIIMMAASSGGLLUUTTAATTIIOO--SS--TTRRAANNSSFFEERRAASSEE

    As enzimas GST tm expresso constitutiva no citoplasma do epitlio tubular renal e a

    sua excreo urinria aumenta na LRA. As 3 classes estruturais -GST, -GST e -

    GST (58,59) apresentam uma distribuio heterognea no nefrnio humano. A -GST

    expressa ao nvel do TP e a isoforma -GST est presente nas clulas do ramo fino

    da ansa de Henle, tbulo contornado distal e ducto coletor, pelo que a -GST

    considerada um marcador de leso do TP e a -GST do nefrnio distal (79,80).

    Westhuyzen et al. (81) estudaram o valor da elevao urinria de enzimas tubulares

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    35/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    leso tubular proximal e distal associadas. Porm, no foi comprovada uma correlao

    entre a excreo urnria destas enzimas e a variao de creatinina srica ou da TFG.A elevada sensibilidade destes marcadores para a deteo de leso tubular com um

    elevado nmero de FP e a necessidade de um armazenamento correto de urina com

    adio de estabilizadores enzimticos so desvantagens para a sua utilizao (59).

    NN--AACCEETTIILL----((DD))--GGLLUUCCOOSSAAMMIINNIIDDAASSEE

    O NAG uma glicosidase lisossomal do TP, de elevado peso molecular (>130 kDa).

    Ausente em condies fisiolgicas, a sua elevao

    urinria poder refletir leso tubular renal (32,84).

    Num estudo caso-controlo ps-CC peditrica, oNAG urinrio comeou a aumentar nas primeiras 6h

    (AUC12h=0,69, AUC24h=0,70 e AUC36h=0,71) e manteve-

    se elevado at s 48h nos doentes que desenvolveram

    LRA, precedendo a elevao da creatinina srica que

    ocorreu s 24h (85) (grfico 6).

    Grfico 6: Concentraes urinriasde KIM-1 e NAG aps cirurgiacardaca peditrica. Retirado de Hanet al. (2008) (85).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    36/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    AALLAANNIINNAAAAMMIINNOOPPEEPPTTIIDDAASSEE,,FFOOSSFFAATTAASSEEAALLCCAALLIINNAAEEGGAAMMAA--GGLLUUTTAAMMIILL

    TTRRAANNSSPPEEPPTTIIDDAASSEE

    A AAP, a PA e a GGT so enzimas da bordadura em escova do TP. A sua excreo

    urinria aumentada implica leso da bordadura em escova, com perda das

    microvilosidades (59).

    A instabilidade enzimtica pode limitar a sua aplicao na clnica e a sua determinao

    deve decorrer at 4h aps a colheita urinria, com recurso cromatografia (59,62).

    A sua validade como marcadores de LRA no est ainda clarificada.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    37/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22..33 BBIIOOMMAARRCCAADDOORREESSIINNDDUUZZVVEEIISS

    Os biomarcadores induzveis habitualmente no esto presentes nas clulas tubulares

    renais ou na urina, sendo a sua deteo celular ou urinria uma resposta direta

    leso celular dos tbulos renais (58).

    GGEELLAATTIINNAASSEENNEEUUTTRROOFFLLIICCAAAASSSSOOCCIIAADDAALLIIPPOOCCAALLIINNAA

    A NGAL uma glicoprotena ligada gelatinase (25kDa), expressa nos grnulos

    especficos dos neutrfilos e membro da famlia das lipocalinas, caracterizadas pela

    ligao a pequenas molculas lipoflicas (86,87).

    Cowland et al. (88) revelaram a expresso constitutiva desta molcula na medulassea, compatvel com a associao linhagem neutroflica. Foram analisados 50

    tipos de tecidos humanos e detetados elevados nveis de NGAL em rgos como o

    estmago, apndice, clon, traqueia e pulmo. Esta distribuio em rgos expostos a

    microrganismos, associada ausncia de expresso no intestino delgado,

    virtualmente estril, compatvel com um papel de scavengerde produtos bacterianos.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    38/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    induo de NGAL parece compatvel com uma resposta intrnseca das clulas

    tubulares leso independentemente da atividade neutroflica que ocorre maistardiamente.

    Diversos estudos em humanos confirmaram o

    valor diagnstico deste promissor marcador

    urinrio. No contexto de CC peditrica, verificou-

    se uma elevao precoce (2h) e persistente daNGAL urinria (de 1,6 para 147g/L) que se

    correlacionou com o desenvolvimento de LRA

    (AUC2h=0,998, para um cut-off de 50g/L) (92)

    (grfico 8).

    Em adultos aps CC, esta elevao apresentou pico s 3h e persistia s 18h

    (AUC18h=0,80, com limiar 213ng/ml) (93). Outro estudo no ps-operatrio de CC em

    adultos corroborou estes resultados (AUC=0,705 entrada da UCI) (56) (grfico 4). A

    elevao menos expressiva em adultos pode resultar da maior incidncia de

    comorbilidades nas faixas etrias mais elevadas, associadas a disfuno renal e

    valores mais elevados de NGAL basal (94).

    Grfico 8: As concentraes urinriasmdias de NGAL aps intervenocardaca. Retirado de Misha et al. (2005)(92).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    39/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    se significativamente logo s 2h (8 e 4 vezes) e s 6h o aumento foi de 10 e 5 vezes

    respetivamente (99) (grficos 10,11,12).

    Grficos 10,11,12: Valores mdios para a creatinina srica, NGAL urinria e plasmtica aps a

    administrao de contraste.Retirados de Hirsch et al. (2007)(99).

    Alguns autores reportaram um aumento da produo de NGAL noutros tecidos, no

    contexto de LRA, nomeadamente no fgado, que constitui o poolsistmico de NGAL.

    Alm disso, o aumento de NGAL srico na LRA pode ser condicionado por um

    aumento da sua libertao por neutrfilos, macrfagos e outras clulas inflamatrias, e

    Grfico 10 Grfico 11 Grfico 12

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    40/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    A capacidade diagnstica (AUC=0,96, cut-off=150ng/mL) e preditiva da durao

    da LRA (R=0,57) e do internamento hospitalar (R=0,44) de NGAL 2h aps CC foicorroborada por Dent et al. (101). A concentrao urinria de NGAL s 12h alm de

    correlao com os restantes fatores, constituiu um indicador de mortalidade (R=0,48).

    Em consequncia da sua ao anti-apopttica, a NGAL apontada como mtodo

    teraputico promissor para a LRA. Num modelo animal (102), a sua administrao 1h

    antes, durante ou 1h aps isquemia condicionou uma melhoria morfolgica e funcionalimportante, evidenciada pela diminuio do dano histopatolgico tubular e pelos

    valores de creatinina srica. Contudo, ensaios com animais lipocalin 2-deficient (103)

    mostraram que este dfice no aumenta a sensibilidade a fenmenos de isquemia-

    reperfuso. Mais estudos sero necessrios para avaliar esta potencialidade.

    NNEETTRRIINNAA--11

    A netrina-1 uma molcula semelhante laminina, membro da famlia de protenas

    extracelulares que regulam a migrao de neurnios e cones de crescimento axonal

    (laminin related family of axon-guidance molecules) (104). Amplamente expressa em

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    41/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    de netrina-1, no endotlio renal, pode promover a ativao endotelial e infiltrao

    leucocitria e contribuir para a leso tubular. Assim, a NGAL parece desempenhar umpapel na regenerao tubular com potencial utilizao na recuperao da integridade

    renal (107). Estes resultados so corroborados por Ly et al.(108) que comprovaram a

    funo de inibio da migrao leucocitria da netrina-1 endotelial.

    O ensaio de Reeves et al.(105) em animais transplantados renais evidenciou o papel

    da netrina-1 na regenerao tubular renal aps a LRA, mediante estmulo daproliferao e migrao epitelial e inibio da

    apoptose. Este marcador est presente nas clulas

    epiteliais do tbulo renal em rins transplantados

    30min aps a reperfuso e a sua excreo urinria

    constitui um marcador inicial de leso tubular renal.

    Apenas 1h aps os fenmenos de isquemia-

    reperfuso e 3h aps a administrao de cisplatina

    observou-se a elevao urinria da netrina-1, com

    valor mximo s 6h, ainda detetvel s 72h. Por

    seu turno, a creatinina srica aumentou a partir das 6h (com pico s 24h) aps o

    Grfico 14: Expresso de netrina-1 naurina e de creatinina no soro derato aps isquemia-reperfuso. Retiradode Reeves et al. (2008) (105).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    42/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    MMOOLLCCUULLAADDEELLEESSOORREENNAALL--11

    A KIM-1 tambm designada Tim-1 (T-cell immunoglobulin and mucin-containing

    molecule) uma glicoprotena transmembranar de adeso epitelial, anloga a uma

    molcula de adeso celular (mucosal addressin cell adhesion molecule1), membro da

    superfamlia das imunoglobulinas com um domnio Ig-like e um domnio de mucina na

    poro extracelular (110,111). A clivagem do domnio extra-celular para o lmen

    tubular, regulada pelas quinasesmitogen-activated protein, determina a sua excreourinria de forma estvel (112,113).

    Estudos em animais revelaram que esta molcula

    praticamente indetetvel no tecido renal, em condies

    fisiolgicas, aumenta significativamente a sua expresso nas

    clulas em regenerao do TP, aps um evento isqumico.As clulas do segmento S3 do TP especialmente sensveis

    apresentam um aumento dramtico da expresso de KIM-1

    cerca de 48h aps uma LRA isqumica. Esta molcula

    parece integrar os processos de proliferao,

    desdiferenciao e migrao celular, que intervm no

    Figura 5: Anlise daexpresso de KIM-1 no rimnormal e 48-h ps-isquemiano rim de rato embrionrio.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    43/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Um estudo realizado com alguns biomarcadores urinrios destacou a capacidade de

    KIM-1, a par com -GST, de identificar no contexto de CC, o desenvolvimento de LRAnos estdios 1 e 3 de AKIN (58).

    Destaca-se que a deteo de KIM-1 em biopsias de aloenxertos renais pode ser til no

    diagnstico de leso epitelial significativamente correlacionada com a reduo da TFG

    (r=0,587) (124).

    A medio urinria de KIM-1 incua, reprodutvel, fcil e rpida, com potencial

    aplicao na clnica, embora mais estudos sejam em contextos clnicos reais sejam

    necessrios.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    44/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    22..22..44 CCIITTOOQQUUIINNAASSIINNFFLLAAMMAATTRRIIAASS::IILL--1188

    Em virtude do papel da inflamao na LRA vrios estudos avaliaram a capacidade

    preditiva e diagnstica das interleucinas. A interleucina-18 (IL-18) uma citoquina

    inflamatria (18 kDa), membro da superfamlia da IL-1, constitutivamente expressa no

    nfron distal (125,126).

    Modelos animais (127,128) enfatizaram o papel deletrio da IL-18 na LRA isqumica,

    reconhecendo esta molcula como um potencial alvo teraputico. A ao desta

    citoquina depende da sua ativao pela caspase-1, logo inibidores desta ltima

    enzima constituem potenciais agentes protetores renais. Porm, a inibio da IL-18 em

    ratinhos transgnicos no permitiu prevenir a LRA induzida por cisplatina, com um

    aumento de 2,5 vezes de IL-18 no rim (129).

    Apesar de alguns autores (57,97,130-132) afirmarem que a uIL-18 um teste

    alternativo no diagnstico de LRA e da disponibilidade no mercado de kitsELISA para

    fcil e rpida utilizao, a sua utilidade clnica ainda controversa.

    Apresenta um bom desempenho, superando a creatinina, no diagnstico de LRA em

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    45/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    Este marcador parece constituir um marcador inespecfico de inflamao e no um

    marcador de LRA. Como se trata de uma molcula inflamatria tambm libertada pormacrfagos no contexto de uma resposta inflamatria. De facto, as suas propriedades

    pr-inflamatrias e a sua up-regulation em doenas inflamatrias pode limitar a

    sua aplicao (133).

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    46/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    CCOONNCCLLUUSSOOEEPPEERRSSPPEETTIIVVAASSFFUUTTUURRAASS

    O presente trabalho constitui uma reviso da aplicabilidade dos novos biomarcadores

    sricos e urinrios na deteo precoce de LRA na rotina diria. A avaliao

    comparativa do valor diagnstico e prognstico de cada marcador permitiu reconhecer

    vantagens e desvantagens.

    Neste domnio, novas ferramentas de identificao de potenciais marcadores esto emdesenvolvimento. Contudo, a nova gerao de biomarcadores ainda uma rea

    experimental. Os resultados mais promissores so dos marcadores induzveis. A

    expresso renal e urinria destes marcadores induzida em resposta leso tubular de

    diferentes etiologias confere especificidade significativa. Assim, a NGAL e a netrina-1

    constituem alternativas com bom perfil diagnstico de LRA precoce, em modelos

    experimentais e em contextos clnicos reais. Da mesma forma, a KIM-1 apresentou

    vantagens em modelos animais, embora a investigao em clnica seja ainda

    incipiente. Apesar das potencialidades destes novos indicadores, o custo da sua

    determinao laboratorial e a sua indisponibilidade podem limitar a sua aplicao.

    Marcadores como as PBPM apresentam mtodos de deteo de baixo custo, rpidos

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    47/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    RREEFFEERRNNCCIIAASSBBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAASS

    1. Srisawat N, Hoste EEA, Kellum JA. Modern Classification of Acute Kidney. BloodPurification. 2010;29:300-307.

    2. Hilton R. Defining acute renal failure. Canadian Medical Association journal.2011;183:1167-9.

    3. Bellomo R, Kellum J, Ronco C. Acute renal failure: time for consensus. Intensivecare medicine. 2001;27:1685-8.

    4. Kellum JA, Levin N, Bouman C, Lameire N. Developing a consensus classificationsystem for acute. Current Opinion in Critical Care. 2002;8:509-514.

    5. Yong K, Dogra G, Boudville N, Pinder M, Lim W. Acute Kidney Injury:

    Controversies Revisited. International Journal of Nephrology. 2011;2011:1-17.

    6. Mehta RL, Chertow GM. Acute Renal Failure Definitions and Classification:Timefor Change? Journal of the American Society of Nephrology. 2003;14:2178-87.

    7. Ronco C, Kellum JA, Mehta R. Acute dialysis quality initiative (ADQI). Nephrology,dialysis, transplantation. 2001;16:1555-1558.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    48/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    13. Chertow GM, Burdick E, Honour M, Bonventre JV, Bates DW. Acute kidney injury,

    mortality, length of stay, and costs in hospitalized patients. Journal of theAmerican Society of Nephrology. 2005;16:3365-70.

    14. Mehta RL, Kellum JA, Shah SV, Molitoris BA, Ronco C, Warnock DG, et al. AcuteKidney Injury Network: report of an initiative to improve outcomes in acute kidneyinjury. Critical Care. 2007;11:R31.

    15. Bagshaw SM, George C, Bellomo R, Management AD. Acute Kidney InjuryNetwork: report of an initiative to improve outcomes in acute kidney injury.Nephrology, dialysis, transplantation. 2008;23:1569-74.

    16. Lopes JA, Fernandes P, Jorge S, Gonalves S, Alvarez A, Costa e Silva Z, et al.Acute kidney injury in intensive care unit patients: a comparison between theRIFLE and the Acute Kidney Injury Network classifications. Critical Care.2008;12:R110.

    17. Chang CH, Lin CY, Tian YC, Jenq CC, Chang MY, Chen YC, et al. Acute kidneyinjury classification: comparison of AKIN and RIFLE criteria. SHOCK.2010;33:247-52.

    18. Joannidis M, Metnitz B, Bauer P, Schusterschitz N, Moreno R, Druml W, et al.Acute kidney injury in critically ill patients classified by AKIN versus RIFLE using

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    49/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    25. Hoste E, Clermont G, Kersten A, Venkataraman R, Angus D, De Bacquer D, et al.

    RIFLE criteria for acute kidney injury are associated with hospital mortality incritically ill patients: a cohort analysis. Critical care. 2006;10:R73.

    26. Xue J, Daniels F, Star R, Kimmel P, Eggers P, Molitoris B, et al. Incidence andmortality of acute renal failure in Medicare beneficiaries, 1992 to 2001. Journal ofthe American Society of Nephrology. 2006;17:1135-42.

    27. Waikar S, Curhan G, Wald R, McCarthy E, Chertow G. Declining mortality inpatients with acute renal failure, 1988 to 2002. Journal of the American Society ofNephrology. 2006;17:1143-50.

    28. Bagshaw S, George C, Bellomo R, Committee ADM. Changes in the incidenceand outcome for early acute kidney injury in a cohort of Australian intensive careunits. Critical care. 2007;11:R68.

    29. Hsu C, McCulloch C, Fan D, Ordoez J, Chertow G, Go A. Community-basedincidence of acute renal failure. Kidney international. 2007;72:208-12.

    30. Ympa Y, Sakr Y, Reinhart K, Vincent J. Has mortality from acute renal failuredecreased? A systematic review of the literature. The American journal ofmedicine. 2005;118:827-32.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    50/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    38. Agrawal M, Swartz R. Acute renal failure. American family physician.

    2000;61:2077-88.

    39. Rosner MH, Okusa MD. Drug-associated acute kidney injury in the intensive careunit. In Clinical Nephrotoxins: Renal Injury from Drugs and Chemicals.: Springer;2008. p.29-41.

    40. Pascual J, Liao F, Ortuo J. The elderly patient with acute renal failure. Journalof the American Society of Nephrology. 1995;6:144-53.

    41. Thadhani R, Pascual M, Bonventre J. Acute renal failure. The New Englandjournal of medicine. 1996;334:1448-60.

    42. Tsagalis G. Update of acute kidney injury: intensive care nephrology. Hippokratia.2011;15:53-68.

    43. Bagshaw S, Bellomo R, Devarajan P, Johnson C, Karvellas C, Kutsiogiannis D, etal. [Review article: Acute kidney injury in critical illness]. Canadian journal ofanaesthesia = Journal canadien d'anesthsie. 2010;57:985-98.

    44. Ko G, Grigoryev D, Linfert D, Jang H, Watkins T, Cheadle C, et al. Transcriptionalanalysis of kidneys during repair from AKI reveals possible roles for NGAL andKIM-1 as biomarkers of AKI-to-CKD transition. American journal of physiology.Renal physiology. 2010;298:F1472-83.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    51/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    52. Stevens L, Coresh J, Greene T, Levey A. Assessing kidney function--measured

    and estimated glomerular filtration rate. The New England journal of medicine.2006;354:2473-83.

    53. Zhu J, Yin R, Wu H, Yi J, Luo L, Dong G, et al. Cystatin C as a reliable marker ofrenal function following heart valve replacement surgery with cardiopulmonarybypass. Clinica chimica acta; international journal of clinical chemistry.2006;374:116-21.

    54. Lameire N, Hoste E. Reflections on the definition, classification, and diagnosticevaluation of acute renal failure. Current opinion in critical care. 2004;10:468-75.

    55. Bellomo R, Kellum J, Ronco C. Defining acute renal failure: physiologicalprinciples. Intensive care medicine. 2004;30:33-7.

    56. Koyner J, Bennett M, Worcester E, Ma Q, Raman J, Jeevanandam V, et al.

    Urinary cystatin C as an early biomarker of acute kidney injury following adultcardiothoracic surgery. Kidney international. 2008;74:1059-69.

    57. Parikh C, Jani A, Mishra J, Ma Q, Kelly C, Barasch J, et al. Urine NGAL and IL-18are predictive biomarkers for delayed graft function following kidneytransplantation. American journal of transplantation : official journal of theAmerican Society of Transplantation and the American Society of Transplant

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    52/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    64. Barrett A, Davies M, Grubb A. The place of human gamma-trace (cystatin C)

    amongst the cysteine proteinase inhibitors. Biochemical and biophysical researchcommunications. 1984;30:631-6.

    65. Abrahamson M, Barrett A, Salvesen G, Grubb A. Isolation of six cysteineproteinase inhibitors from human urine. Their physicochemical and enzyme kineticproperties and concentrations in biological fluids. The Journal of biologicalchemistry. 1986;261:11282-9.

    66. Abrahamson M, Olafsson I, Palsdottir A, Ulvsbck M, Lundwall A, Jensson O, etal. Structure and expression of the human cystatin C gene. The Biochemicaljournal. 1990;268:287-94.

    67. Herget-Rosenthal S, Marggraf G, Hsing J, Gring F, Pietruck F, Janssen O, et al.Early detection of acute renal failure by serum cystatin C. Kidney international.2004;66:1115-22.

    68. Uzun H, Ozmen Keles M, Ataman R, Aydin S, Kalender B, Uslu E, et al. Serumcystatin C level as a potentially good marker for impaired kidney function. Clinicalbiochemistry. 2005;38:792-8.

    69. Artunc F, Fischer I, Risler T, Erley C. Improved estimation of GFR by serumcystatin C in patients undergoing cardiac catheterization. International journal of

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    53/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    76. Berggrd I, Bearn A. Isolation and properties of a low molecular weight beta-2-

    globulin occurring in human biological fluids. The Journal of biological chemistry.1968;243:4095-103.

    77. Cunningham B, Berggrd I. Structure, evolution and significance of beta2-microglobulin. Transplantation reviews. 1974;21:3-14.

    78. Davey P, Gosling P. beta 2-Microglobulin instability in pathological urine. Clinicalchemistry. 1982;28:1330-3.

    79. Harrison D, Kharbanda R, Cunningham D, McLellan L, Hayes J. Distribution ofglutathione S-transferase isoenzymes in human kidney: basis for possiblemarkers of renal injury. Journal of clinical pathology. 1989;42:624-8.

    80. Sundberg A, Appelkvist E, Dallner G, Nilsson R. Glutathione transferases in theurine: sensitive methods for detection of kidney damage induced by nephrotoxic

    agents in humans. Environmental health perspectives. 1994;102:293-6.

    81. Westhuyzen J, Endre Z, Reece G, Reith D, Saltissi D, Morgan T. Measurement oftubular enzymuria facilitates early detection of acute renal impairment in theintensive care unit. Nephrology, dialysis, transplantation : official publication of theEuropean Dialysis and Transplant Association - European Renal Association.2003;18:543-51.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    54/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    87. Kjeldsen L, Bainton D, Sengelv H, Borregaard N. Identification of neutrophil

    gelatinase-associated lipocalin as a novel matrix protein of specific granules inhuman neutrophils. Blood. 1994;83:799-807.

    88. Cowland J, Borregaard N. Molecular characterization and pattern of tissueexpression of the gene for neutrophil gelatinase-associated lipocalin fromhumans. Genomics. 1997;45:17-23.

    89. Nielsen B, Borregaard N, Bundgaard J, Timshel S, Sehested M, Kjeldsen L.

    Induction of NGAL synthesis in epithelial cells of human colorectal neoplasia andinflammatory bowel diseases. 1996;38:414-20.

    90. Mori K, Lee H, Rapoport D, Drexler I, Foster K, Yang J, et al. Endocytic delivery oflipocalin-siderophore-iron complex rescues the kidney from ischemia-reperfusioninjury. The Journal of clinical investigation. 2005;115:610-21.

    91. Mishra J, Ma Q, Prada A, Mitsnefes M, Zahedi K, Yang J, et al. Identification ofneutrophil gelatinase-associated lipocalin as a novel early urinary biomarker forischemic renal injury. Journal of the American Society of Nephrology.2003;14:2534-43.

    92. Mishra J, Dent C, Tarabishi R, Mitsnefes M, Ma Q, Kelly C, et al. Neutrophilgelatinase-associated lipocalin (NGAL) as a biomarker for acute renal injury after

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    55/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    98. Niemann C, Walia A, Waldman J, Davio M, Roberts J, Hirose R, et al. Acute

    kidney injury during liver transplantation as determined by neutrophil gelatinase-associated lipocalin. Liver transplantation : official publication of the AmericanAssociation for the Study of Liver Diseases and the International LiverTransplantation Society. 2009;15:1852-60.

    99. Hirsch R, Dent C, Pfriem H, Allen J, Beekman R3, Ma Q, et al. NGAL is an earlypredictive biomarker of contrast-induced nephropathy in children. Pediatricnephrology (Berlin, Germany). 2007;22:2089-95.

    100. Bennett M, Dent C, Ma Q, Dastrala S, Grenier F, Workman R, et al. Urine NGALpredicts severity of acute kidney injury after cardiac surgery: a prospective study.Clinical journal of the American Society of Nephrology. 2008;3:665-73.

    101. Dent C, Ma Q, Dastrala S, Bennett M, Mitsnefes M, Barasch J, et al. Plasmaneutrophil gelatinase-associated lipocalin predicts acute kidney injury, morbidity

    and mortality after pediatric cardiac surgery: a prospective uncontrolled cohortstudy. Critical care (London, England). 2007;11:R127.

    102. Mishra J, Mori K, Ma Q, Kelly C, Yang J, Mitsnefes M, et al. Amelioration ofischemic acute renal injury by neutrophil gelatinase-associated lipocalin. Journalof the American Society of Nephrology. 2004;15:3073-82.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    56/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    109. Ramesh G, Kwon O, Ahn K. Netrin-1: a novel universal biomarker of human

    kidney injury. Transplantation proceedings. 2010;42:1519-22.

    110. Ichimura T, Bonventre J, Bailly V, Wei H, Hession C, Cate R, et al. Kidney injurymolecule-1 (KIM-1), a putative epithelial cell adhesion molecule containing a novelimmunoglobulin domain, is up-regulated in renal cells after injury. The Journal ofbiological chemistry. 1998;273:4135-42.

    111. van Timmeren M, van den Heuvel M, Bailly V, Bakker S, van Goor H, Stegeman

    C. Tubular kidney injury molecule-1 (KIM-1) in human renal disease. The Journalof pathology. 2007;212:209-17.

    112. Bailly V, Zhang Z, Meier W, Cate R, Sanicola M, Bonventre J. Shedding of kidneyinjury molecule-1, a putative adhesion protein involved in renal regeneration. TheJournal of biological chemistry. 2002;277:39739-48.

    113. Zhang Z, Humphreys B, Bonventre J. Shedding of the urinary biomarker kidneyinjury molecule-1 (KIM-1) is regulated by MAP kinases and juxtamembraneregion. Journal of the American Society of Nephrology : JASN. 2007;18:2704-14.

    114. Kuehn E, Park K, Somlo S, Bonventre J. Kidney injury molecule-1 expression inmurine polycystic kidney disease. American journal of physiology. Renalphysiology. 2002;283:F1326-36.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    57/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    120. Prozialeck W, Edwards J, Lamar P, Liu J, Vaidya V, Bonventre J. Expression of

    kidney injury molecule-1 (Kim-1) in relation to necrosis and apoptosis during theearly stages of Cd-induced proximal tubule injury. Toxicology and appliedpharmacology. 2009;283:306-14.

    121. Tonomura Y, Tsuchiya N, Torii M, Uehara T. Evaluation of the usefulness ofurinary biomarkers for nephrotoxicity in rats. Toxicology. 2010;273:53-9.

    122. Chaturvedi S, Farmer T, Kapke G. Assay validation for KIM-1: human urinary

    renal dysfunction biomarker. International journal of biological sciences.2009;5:128-34.

    123. Han W, Bailly V, Abichandani R, Thadhani R, Bonventre J. Kidney InjuryMolecule-1 (KIM-1): a novel biomarker for human renal proximal tubule injury.Kidney international. 2002;62:237-44.

    124. Zhang P, Rothblum L, Han W, Blasick T, Potdar S, Bonventre J. Kidney injurymolecule-1 expression in transplant biopsies is a sensitive measure of cell injury.Kidney international. 2008;73:608-14.

    125. Gauer S, Sichler O, Obermller N, Holzmann Y, Kiss E, Sobkowiak E, et al. IL-18is expressed in the intercalated cell of human kidney. Kidney international.2007;72:1081-7.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    58/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    131. Parikh C, Mishra J, Thiessen-Philbrook H, Dursun B, Ma Q, Kelly C, et al. Urinary

    IL-18 is an early predictive biomarker of acute kidney injury after cardiac surgery.Kidney international. 2006;70:199-203.

    132. Washburn K, Zappitelli M, Arikan A, Loftis L, Yalavarthy R, Parikh C, et al. Urinaryinterleukin-18 is an acute kidney injury biomarker in critically ill children.Nephrology, dialysis, transplantation : official publication of the European Dialysisand Transplant Association - European Renal Association. 2008;23:566-72.

    133. Haase M, Bellomo R, Story D, Davenport P, Haase-Fielitz A. Urinary interleukin-18 does not predict acute kidney injury after adult cardiac surgery: a prospectiveobservational cohort study. Critical care (London, England). 2008;12:R96.

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    59/62

    Novos Marcadores de Leso Renal Aguda

    AANNEEXXOO

    TTAABBEELLAA RREESSUUMMOO:: NNOOVVOOSS BBIIOOMMAARRCCAADDOORREESS DDEE LLEESSOORREENNAALLAAGGUUDDAA

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    60/62

    Tabela Resumo:Novos biomarcadores de LRA.

    Marcador/Peso

    MolecularOrigem

    SoroUrina

    Caractersticas Vantagens Limitaes MtodoContextos

    clnicos/experimentais

    Protenasdebaixopesom

    olecular(PBPM)

    (130 kDa

    -GlicosidaseLisossomal

    -Bordaduraem escova doTP

    Urina

    -Elevado pesomolecular

    -No sofre filtraoglomerular

    -Marcador de leso do TP

    -Valor prognstico

    -Elevao pode traduziraumento da atividadelisossomal, DM ou exposiocrnica ao ltio

    Colorimetria

    LRA-T,UCI,NTA-NO,CC(peditrica)LEC, AN.

    Alaninaaminopeptidas

    e(AAP)

    -Bordadura emescova do TP Urina

    -Presena na urinaresulta de leso damembrana dabordadura emescova, comperda dasmicrovilosidades

    -Instabilidade enzimtica

    -Medida

  • 7/24/2019 Novos Marcadores de Lesao Renal Aguda (1)

    62/62

    Marcadores

    indutveis

    Gelatinaseneutroflicaassociada

    lipocalina

    (NGAL)

    25kDa

    -Glicoprotenaligada gelatinase

    -Expresso

    nos grnulosespecficosdos neutrfilos

    Soro/Urina

    - Em condiesfisiolgicas:expresso reduzida

    no rim

    -Expresso aumentada no epitlioem desdiferenciao/ proliferaodo TP-Papel no processo de reparaoe re-epitelizao tubular renal

    -Valor diagnstico e prognstico-Potencial alvo teraputico emestudo

    ELISA,

    Luminex-

    basedassay

    LRA-I/T,CCpeditricae em

    adultos,UCI, TR,TH, ICP

    Netrina-1

    72 kDa

    -Molculasemelhante laminina

    Urina

    -Protena de elevadopeso molecular-Em condiesfisiolgicas:expresso abundanteno endotlio vascular;ausente no epitliotubular, circulaosistmica e urina

    -Papel na inibioleucocitria-Papel na restituioda funo tubularrenal

    -Em resposta a fenmenos deisquemia-reperfuso: aumento daexpresso tubular e diminuio daexpresso endotelial-Valor diagnstico e prognstico-Potencial valor

    teraputico/preventivo de LRA

    LRA-I/T,SE, CC,TR

    Molcula deleso renal-1

    (KIM-1)

    -Glicoprotenatransmembranar Urina

    -Em condiesfisiolgicas: ausente

    -Expresso aumentada no epitlioem desdiferenciao/ proliferaodo TP (S3)

    LRA-I/T,TR, CC,

    ARDS

    Citoquinas

    inflamatrias

    Interleucina -18(IL-18)

    18 kDa

    -Citoquinainflamatria

    Urina-Expressoconstitutiva nonefrnio distal

    -Valor diagnstico e prognstico

    -Potencial alvo teraputico emestudo

    -Utilidade diagnsticacontroversa

    -Marcador inespecfico deinflamao

    UCI, TR,CC

    Abreviaturas: AN: asfixia neonatal, ARDS: Sndrome da angustia respiratria, CA: cateterismo cardaco, CC: cirurgia cardaca, CCT: cirurgia cardio-torcica,

    ICP: interveno coronria percutnea, LEC: litotripsia extra-corporal, LRA-I: leso renal aguda isqumica, LRA-T: LRA nefrotxica, SE: sepsis, TH:

    transplante heptico, TR: transplante renal.