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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Coordenadoria de Estudos e Desenvolvimento de Projetos Especiais - CEDEPE Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais - NEMOS Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social RELATÓRIO FINAL Projeto: AVALIAÇÃO DO TRABALHO SOCIAL E DOS IMPACTOS NA VIDA DAS FAMÍLIAS NO PMCMV: MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais ... · 3.1. A cidade de Osasco 3.2. Trabalho Social em Osasco: contexto institucional 3.3. Política Municipal de Habitação

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RELATÓRIO FINAL

Projeto:

AVALIAÇÃO DO TRABALHO SOCIAL E DOS IMPACTOS NA VIDA DAS FAMÍLIAS NO PMCMV: MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

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LISTA DE QUADROS Quadro 1: Participantes da REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA

Quadro 2: Fatores para análise- REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Déficit habitacional: Região Metropolitana de São Paulo, Osasco e municípios do entorno

Tabela 2. Origem das famílias do Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Escalas de análise REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA

Figura 2 Escalas de análise REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA

Figura 3 Fotos do Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

Figura 4: Fotos das áreas de origem - Osasco

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SUMÁRIO

Pg.

Apresentação 04

I. Percurso metodológico 06

1.1. Metodologia da Rede de Pesquisa Cidade Moradia 07

1.2. Metodologia da pesquisa PUCSP 11

1.3. Matriz de indicadores e variáveis e seus conceitos de referência

2. Normativos do trabalho social na habitação de interesse social

2.1. Contextos e percurso histórico

2.2. Reflexões sobre lacunas e tensões entre os normativos e as possibilidades de trabalho social

3. Trabalho Social em Osasco e o PMCMV

3.1. A cidade de Osasco

3.2. Trabalho Social em Osasco: contexto institucional

3.3. Política Municipal de Habitação de Osasco e trabalho social

3.4. Empreendimento Flor de Jasmim/PMCMV

3.5. Reflexões sobre o trabalho social no PMCMV em Osasco

4. Avaliação dos impactos sociais e econômicos nas famílias beneficiárias do PMCMV

4.1. A pesquisa com moradores: empreendimento Flor de Jasmim – Osasco

4.2.1. Condição socioeconômica dos moradores e inserção no mundo do trabalho

4.2.2. Direito à cidade e inserção urbana

4.2.3. Acesso à cidade e serviços

4.2.4. Perspectiva de futuro

4.2. A pesquisa com moradores: empreendimento São Roque – SP

5. Aprendizados da pesquisa

5.1.Sobre o trabalho social

5.2. Sobre os impactos na vida das famílias a)

5.3. Sobre a metodologia de avaliação

5.4. Desdobramentos da pesquisa

Referências

Anexos: Quadro do Normativos sobre Trabalho Social Instrumentos de coleta de dados

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Apresentação

Apresentamos o relatório final da pesquisa “Avaliação do trabalho social e dos

impactos na vida das famílias no PMCMV: município de Osasco/SP”, Edital

MCTI/CNPq/MCIDADES Nº 11/2012, processo nº 550649-2012.

Participam desse projeto o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais

(NEMOS) do Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social e a Coordenadoria

de Estudos e Desenvolvimento de Projetos Especiais (CEDEPE) da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo - PUCSP.

A pesquisa teve início em março de 2013 e contou com a seguinte equipe de

pesquisadores:

Professores e especialistas

Rosangela d. O. da Paz Coordenação – NEMOS/PUCSP

Maria de Lourdes P. Rodrigues Pesquisadora especialista - bolsista

Marisa A. Blanco Pesquisadora especialista - bolsista

Vergílio A. Santos Pesquisador – CEDEPE/PUCSP

Carola Carbajal Arregui Pesquisadora – CEDEPE/PUCSP

Maria Lúcia Carvalho da Silva Professora colaboradora - NEMOS

Mariangela B. Wanderley Professora colaboradora – NEMOS/CEDEPE

Raquel Raichelis Professora colaboradora - CEDEPE

Kleyd Taboada Especialista – colaboradora externa

Alunos - PUCSP

Sabrina Barretto Mestranda Ciências Sociais - bolsista

Carolina Lopes de Oliveira Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Cammylla A. S. Bretas Pinto Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Beatriz Oliveira de Sousa Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Guilherme F. Nogueira Sennes Aluno de graduação Ciências Sociais -bolsista

Lucia Lotufo Aluna de graduação Relações Internacionais -bolsista

Maria Cândida Luna Lacerda de Almeida Aluna de graduação Geografia -bolsista

Andrew Roger Cardoso Guimarães Aluno de graduação Serviço Social -bolsista

Fernanda Carpanelli Mestranda Serviço Social/PUCSP (sem bolsa)

Contamos também com a colaboração em reuniões e oficinas das profas Dras. Lúcia

Bógus e Marisa Borin e da professora Dra. Yara Pisanelli G. de Castro na definição da

amostra de moradores para a pesquisa de campo.

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O projeto integra a Rede de Estudos dos empreendimentos do PMCMV – chamada de

REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA, uma articulação nacional que reúne onze

projetos de instituições de ensino e pesquisa selecionadas no Edital

MCTI/CNPq/MCIDADES Nº 11/2012, com perspectivas analíticas em comum sobre a

inserção urbana, a qualidade e o acesso à moradia, os impactos urbanos, ambientais,

sociais e econômicos dos investimentos habitacionais do PMCMV.

Quadro 1: Participantes da REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA Estado Universidade/

Instituições Coordenação Temática / território específicos

SP IAU-USP São Carlos

Lúcia Zanin Shimbo Dimensões econômico-produtivas, tecnológica, urbanística, arquitetônica e de desempenho ambiental na região central do estado de São Paulo

IAU-USP S.Carlos / Peabiru

Cibele Saliba Rizek Pesquisa exploratória em todo o universo da produção da modalidade MCMV-Entidades no estado de São Paulo e incursões etnográficas em casos selecionados

FAU-USP (LabCidade)

Raquel Rolnik Ferramentas de avaliação da inserção urbana a partir da produção nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas

PUC-SP Rosangela D. O. da Paz

Trabalho Social e impactos econômicos e sociais na vida das famílias beneficiárias de empreendimento em Osasco

Pólis Nelson Saule Júnior

Impactos urbanos, ambientais e sociais junta às famílias beneficiárias da produção na Região Metropolitana da Baixada Santista

RJ UFRJ / IPPUR Adauto Lúcio Cardoso

Impactos urbanos e sociais da produção na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

UFRJ / PROURB

Luciana da Silva Andrade

Pesquisa-intervenção, avaliação dos projetos em contraponto com as necessidades e potencialidades dos moradores em empreendimento selecionado no Rio de Janeiro

MG UFMG / Práxis Denise Morado Nascimento

Inserção urbana e pressupostos de projeto e da organização espacial das unidades na produção na Região Metropolitana de Belo Horizonte

RN UFRN Maria Dulce Picanço Bentes Sobrinha

Qualidade dos projetos e impactos urbanos e ambientais na produção na Região Metropolitana de Natal

CE UFC Luis Renato Bezerra Pequeno

Arranjos institucionais e papel dos agentes envolvidos na produção na Região Metropolitana de Fortaleza

PA UFPA José Júlio Ferreira Lima

Impactos urbanos e econômicos nas decorrentes da produção Região Metropolitana de Belém e no Sudeste do Pará

Durante os anos de 2013 e 2014 a REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA promoveu,

além de trocas de materiais e debates virtuais, encontros presenciais para discussão

dos resultados dos levantamentos dos empreendimentos e dos agentes no território

estadual, municipal e local, definição de prioridades de trabalho e construção de eixos

analíticos comuns, compartilhamento de estudos e análises das pesquisas.

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A articulação de uma rede de instituições com perspectivas analíticas em comum sobre

a inserção urbana, a qualidade e o acesso à moradia, os impactos urbanos, ambientais,

sociais e econômicos dos investimentos habitacionais do PMCMV no estado de São

Paulo e no País, potencializou os estudos e fortaleceu o campo da avaliação e

monitoramento das políticas públicas. Além disto, a rede tem perspectiva de

continuidade com a realização de seminários, participação em congressos e

publicações conjuntas.

Esse relatório expressa os resultados da pesquisa com moradores de dois

empreendimentos do PMCMV, um em Osasco e outro em São Paulo, e a pesquisa e

reflexões sobre o trabalho social em programas habitacionais.

Ao tratarmos da inserção urbana e do trabalho social realizado nos conjuntos

produzidos pelo Programa Minha Casa Minha Vida, tanto do ponto de vista dos

padrões de segregação sócio espacial vigentes, como do ponto de vista de seus

impactos nas vidas das famílias moradoras procuramos estabelecer um diálogo com

um dos temas centrais de debate das políticas habitacionais contemporâneas: quais

necessidades sociais estão sendo atendidas?, Que cidades estão sendo construídas?

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1. Percurso Metodológico

Este projeto de pesquisa desenvolve-se em duas linhas, avaliação da execução e dos

resultados do Trabalho Social do PMCMV na cidade de Osasco/SP e avaliação dos

impactos sociais e econômicos nas famílias beneficiárias do PMCMV, as quais se

articulam com as avaliações de inserção urbana dos empreendimentos desenvolvida

pelas equipes da Rede e busca apreender e identificar os processos, resultados e

impactos das intervenções na vida das pessoas, famílias e organizações populares, na

promoção de mudanças nas relações sociais, nas condições reais de vida e na

motivação aos processos participativos.

O objetivo geral do projeto buscou contribuir para o desenvolvimento científico e para

o aprimoramento do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) vinculado a

Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, em particular para a

avaliação do Trabalho Social e dos impactos sociais e econômicos nas famílias

beneficiárias do PMCMV. Os objetivos específicos do projeto são:

Elaborar metodologia de monitoramento e avaliação dos resultados do

Trabalho Social realizado com as famílias beneficiárias do PMCMV e os

impactos sociais e econômicos nas famílias beneficiárias do PMCMV.

Executar avaliação da execução e dos resultados do Trabalho Social

realizado com as famílias beneficiárias do PMCMV e os impactos sociais e

econômicos nas famílias beneficiárias do PMCMV no município de Osasco.

Analisar o desenvolvimento do PMCMV na cidade de Osasco, articulando os

aspectos de inserção urbana, trabalho social e impactos sociais;

Identificar os mecanismos de operacionalização do trabalho social e sua

adequação aos princípios e objetivos do PMCMV;

Elaborar uma abordagem metodológica quali-quantitativa que permita

apreender processos e resultados do trabalho social;

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Analisar as formas de organização do trabalho social e o desempenho dos

diferentes segmentos sociais envolvidos no seu desenvolvimento;

Construir indicadores de processo, resultado e impacto que permitam a

comparação com parâmetros regionais/nacionais e, igualmente, com

padrões de qualidade/cobertura que se busca atingir;

Estimular o debate, no desenvolvimento da pesquisa, sobre a temática da

moradia, a fim de ampliar o conhecimento e agregar força social com vistas

ao acesso ao direito;

Identificar as motivações e as formas de acesso ao programa levando em

conta a inserção urbana e a moradia.

1.1. Metodologia da Rede de Pesquisa Cidade Moradia

Como já explicitado o projeto inseriu-se na Rede de Pesquisa Cidade Moradia que

construiu uma metodologia inovadora comum entre as equipes, respeitando as

particularidades de cada projeto, com os objetivos de analisar o padrão de inserção

urbana dos empreendimentos do PMCMV e caracterizar o impacto urbano dos

empreendimentos, notadamente sobre os padrões de segregação sócio-espacial.

Nessa perspectiva a metodologia da Rede partiu de levantamentos e análises em

quatro escalas: região (metropolitana), município, empreendimento e unidade

habitacional.

Figura 1: Escalas de analise - REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA

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Em cada escala definiu-se fatores para análise:

Quadro 2: fatores para análise- REDE DE PESQUISA CIDADE MORADIA ESCALAS: fatores para análise

Região/metropolitana Município Empreendimento Unidade habitacional

Localização dos empreendimentos nos municípios das regiões (metropolitanas ou não) por faixa de renda, modalidade, porte do empreendimento e construtora

Identificação dos empreendimentos contíguos e dos agrupamentos

Localização dos empreendimentos X Mancha urbanizada / X Infraestrutura (IBEU, etc) / X Oferta de empregos (onde houver a informação)

Comparação das fases 1 e 2 do MCMV

Relação entre a quantidade de unidades do MCMV e o total de domicílios e/ou déficit de cada município da região

Áreas com restrições ambientais estabelecidas pela legislação

Produção MCMV por faixas de renda

Perfil socioeconômico da população

Relação da implantação dos empreendimentos do MCMV com as seguintes variáveis:

Uso e Ocupação do Solo

Centralidades

Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo

Acesso a infraestrutura urbana

Água, esgoto, iluminação pública, pavimentação e coleta de lixo

Equipamentos Públicos

Legislação Municipal

Zoneamento de Interesse Social

Zoneamento ambiental

Mobilidade Urbana

Demanda, déficit e produção

Padrões de uso e ocupação do solo no entorno dos empreendimentos

Oferta de comércio, serviços, equipamentos públicos e áreas de lazer no entorno dos empreendimentos

Padrões de parcelamento do solo no empreendimento e em seu entorno

Identificação de barreiras físicas (topográficas ou construtivas)

Acesso a transporte e condições de mobilidade

Relação da implantação do empreendimento com a malha urbana

Equipamentos e áreas comuns nos condomínios ou loteamentos

Projetos urbanísticos e arquitetônicos (objetivos de equipes específicas):

• Uso misto

• Diversidade de moradores versus configurações familiares variadas

• Densidade (moradores por m2 construído)

• Individualização / acessbilidade / privacidade

• Variedade / complexidade espacial

• Limites e fronteiras (segregação e/ou integração sócio-espacial)

• Adaptabilidade e compacidade (relacionada ao programa arquitetônico)

• Economia de recursos (materiais, sistemas construtivos, tecnologias e recursos naturais)

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As equipes participantes da Rede definiram coletivamente instrumentos de pesquisa e eixos de

análise. Os instrumentos de pesquisa definidos são:

MAPEAMENTO: produção de mapas georreferenciados com localização dos

empreendimentos e cruzamento com indicadores sociais e urbanos; utilização de

ferramentas de análise espacial; mapas do entorno dos empreendimentos.

ENTREVISTAS: identificação de informantes qualificados nos campos da

operacionalização da política e gestão dos empreendimentos: administração municipal

/ estadual; Caixa; empresas; síndicos.

ANÁLISE DOCUMENTAL: identificação e análise das legislações e dos normativos que

influenciam a localização e a conformação dos empreendimentos; análise dos projetos

arquitetônicos.

PESQUISA SOCIAL: aplicação de questionários em amostras representativas dos

empreendimentos voltados para a faixa 1 / análises qualitativas e/ou etnografias.

Merece destaque nessa apresentação o instrumento questionário para pesquisa com moradores

dos conjuntos habitacionais, prioritário no projeto da PUCSP para avaliação dos impactos

socioeconômicos na vida das famílias. Parte das equipes participantes da Rede não havia previsto

a realização de pesquisa com moradores em seus projetos originais, entretanto, a discussão

coletiva apontou a importância de ouvir os moradores sobre suas condições de vida e avaliações

sobre os empreendimentos. Dessa forma, realizou-se esforço de construção de uma matriz de

avaliação e de um questionário com questões comuns e específicas, atendendo as realidades

regionais. A Rede também definiu um plano amostral comum e somou esforços na atividade de

coleta de dados (aplicação de questionários) e na sistematização e processamento das

informações.

Com relação às análises, a Rede estabeleceu eixos analíticos comuns, a saber:

a) Segregação, Inserção Urbana e Cidade

b) Desenho, Projeto e Produção

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c) Agentes e Operação do PMCMV

d) Demanda, Oferta e Formas de Apropriação dos Empreendimentos

e) Política Habitacional versus Regulação do PMCMV

Como será possível verificar pelos resultados alcançados em cada projeto participante da Rede, o

diálogo e a articulação das pesquisas operaram uma retro-alimentação dos estudos, possibilitando

a superação de limitações, avançando nas análises, potencializando resultados e fortalecendo o

campo da avaliação e monitoramento das políticas públicas.

1.2. Metodologia da pesquisa PUCSP

No projeto da PUCSP a metodologia adotada adquiriu contornos específicos, tendo em vista o

objeto e objetivos de avaliação do trabalho social e dos impactos socioeconômicos na vida das

famílias no PMCMV, a partir da experiência do município de Osasco/SP.

A pesquisa social constitui-se em produção de conhecimento, questiona e reconstrói a realidade,

a partir de critérios, parâmetros, indicadores e variáveis. A natureza qualitativa do projeto

buscou captar a visão dos sujeitos, no caso moradores, síndicos, gestores, técnicos e

representantes de agentes públicos, combinando a coleta de dados quantitativos e qualitativos.

Nesta perspectiva a metodologia constitui-se em um processo que se inicia na análise do contexto

social, na pesquisa bibliográfica e documental, procurando apreender os acúmulos produzidos na

academia e pelos agentes públicos nas políticas sociais, para então mergulhar na dimensão

empírica da experiência concreta de implementação de projetos do Programa MCMV.

Para o Nemos e a Cedepe (PUCSP) a participação dos diversos sujeitos sociais, técnicos sociais

responsáveis pela execução das ações e grupos de população beneficiários do Programa, é

elemento constituinte da metodologia. O estabelecimento de um diálogo durante todo o

processo de pesquisa, apresentando o projeto, discutindo questões, ouvindo sugestões,

devolvendo resultados, dá sentido a uma produção de conhecimento comprometida com

mudanças e enfrentamento das desigualdades sociais. Dessa forma, o processo contou com

inúmeros momentos de discussão com os profissionais que atuam no trabalho social, foram

realizadas reuniões, oficinas e rodas de conversa. Da mesma forma o projeto foi apresentado em

assembléia dos moradores.

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O projeto de pesquisa configurou-se em duas frentes, que mantêm relações e interdependências:

a avaliação do trabalho social e a avaliação dos impactos sociais e econômicos nas famílias

beneficiárias do PMCMV/Osasco. Estas frentes tiveram procedimentos e dinâmicas próprias, mas

que dialogam entre si e se complementam nas reflexões. O trabalho social destina-se as famílias

atendidas pelo Programa, e, portanto, espera-se que os resultados impactem a vida e o modo de

organização das famílias. Mas, por outro lado, os impactos sociais e econômicos do Programa nas

famílias referem-se a uma multiplicidade de fatores, como o desenho dos projetos, a inserção dos

empreendimentos e das pessoas na cidade, as possibilidades de acesso a serviços, as

características e regras funcionamento, etc., e, portanto, extrapolam os limites do trabalho social.

Neste sentido, partimos da premissa de que o trabalho social é um importante elemento da

política habitacional que contribui para o sucesso dos empreendimentos, mas não é o único

responsável pelos resultados, positivos ou negativos.

Avaliação do trabalho social

A análise conceitual e operativa do PMCMV e de seus normativos tem centralidade na avaliação

do trabalho social. Buscou-se compreender o trabalho social nos programas habitacionais nas

diversas conjunturas, desde o período do Banco Nacional da Habitação (BNH) até o PMCMV, com

destaque para os normativos sobre trabalho social. A análise dos marcos institucionais e

normativos do PMCMV e do trabalho social procurou compreender a consistência, coerência e a

direção técnica e política presentes nos normativos. Na mesma direção, a análise do trabalho

social em Osasco recuperou o percurso na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação

nos últimos dez anos, seus objetivos, estratégias, condições institucionais (recursos humanos e

materiais) e seus resultados.

Esta frente contou com os seguintes procedimentos metodológicos:

a) Estudos e análises dos marcos institucionais e normativos do PMCMV e do Trabalho Social.

b) Pesquisa documental sobre o trabalho social do município de Osasco.

c) Pesquisa qualitativa:

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- realização de dinâmica de grupo intitulado de “roda de conversa” com profissionais

assistentes sociais de diversas prefeituras para discussão dos marcos conceituais sobre

trabalho social, limites e entraves.

- realização de grupo focal com técnicos sociais da Prefeitura de Osasco para discussão do

trabalho social no município, e em particular no Conjunto Habitacional Flor de Jasmim.

- entrevista com secretário municipal da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento do

Município de Osasco, Sérgio Gonçalves.

- entrevista com técnica responsável pelo trabalho social da Caixa Econômica

Federal/Osasco, Sra Keila Alves Biasoli. Registra-se aqui que a entrevista com a técnica só

foi possível após autorização da instância federal, após vários meses de espera e envio

prévio de roteiro de questões, mesmo assim, não foi autorizado gravar a entrevista.

- entrevista com Sra. Solange Aparecida Siqueira, técnico social da empresa INTEGRAÇÃO –

Orientação Social, responsável pelo trabalho social durante o processo de mudança dos

moradores para o Conjunto Habitacional Flor de Jasmim.

- entrevista com Sra. Elzira Marques Leão, assistente social, gerente do trabalho social do

Departamento de Urbanização de Assentamentos Precários da Secretária Nacional de

Habitação do Ministério das Cidades

Para as entrevistas e grupo focal elaboramos roteiro de questões (anexo)

Avaliação dos impactos na vida das famílias

Para a análise dos impactos sociais e econômicos nas famílias beneficiárias o principal instrumento

de pesquisa foi a elaboração e aplicação de questionário com uma amostra de moradores de dois

empreendimentos e entrevistas com síndicos e representantes de blocos.

Para a pesquisa com moradores estabeleceu-se um tempo mínimo de moradia de seis meses. No

projeto inicial indicou-se a realização de pesquisa com moradores de dois empreendimentos da

Faixa 1 (faixa de renda de até R$ 1.600,00) no município de Osasco. No entanto, até maio de 2013

havia apenas um conjunto habitacional concluído e entregue aos moradores em Osasco nesta

faixa de renda (o segundo empreendimento só foi entregue em setembro de 2014).

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Nesse cenário e em discussão na Rede, decidimos somar esforços e realizar a pesquisa

conjuntamente com LABCidades/FAU/USP, em dois empreendimentos, sendo um em Osasco e

outro em São Paulo. Esta opção levou em consideração o fato de não haver projeto de pesquisa

aprovado no município de São Paulo, cidade importante para as reflexões da Rede. Assim,

realizamos a pesquisa no Condomínio Flor de Jasmim (Osasco) e no Condomínio São Roque

(Sapopemba/São Paulo). As equipes LABCidade/FAU-USP e da PUCSP atuaram juntas em campo,

aplicando os questionários nos dois empreendimentos selecionados. Também em caráter

colaborativo, participamos da pesquisa de campo no empreendimento Iguape, na região de

Itaquera/SP. As análises dos conjuntos São Roque e Iguape ficaram sob a responsabilidade do

LABCidades/FAU/USP.

Para a pesquisa de campo com moradores dos conjuntos habitacionais foram adotados os

seguintes procedimentos:

a) Plano amostral: as equipes da Rede discutiram e chegaram a um plano amostral comum que

permite análises comparativas entre os empreendimentos1.

Para dar consistência aos cruzamentos de dados, a amostra definida foi de 100 domicílios nos

empreendimentos com 100 até 500 unidades habitacionais.

No caso das quatro equipes do Estado de São Paulo totalizou-se 930 questionários que foram

processados conjuntamente.

b) Questionário:

Para a construção do instrumento de coleta de dados junto aos moradores partimos da

elaboração de uma matriz de indicadores e variáveis consensuada na Rede. A partir da matriz cada

equipe formulou questões que foram compatibilizadas e sistematizadas pelas equipes do

IPPPUR/RJ e PUCSP. O questionário resultante desse processo2 passou por pré-teste e adaptações

locais ou regionais. As quatro equipes do Estado de São Paulo adotaram o questionário proposto

pela PUCSP e processaram as informações conjuntamente.

1 No caso da PUCSP contamos com a colaboração da Profa. Dra. Yara Pisanelli G. de Castro. 2 Questionário em anexo.

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Da mesma forma foi discutido e elaborado pela Rede um roteiro de questões para entrevistas com

os síndicos dos empreendimentos (anexo).

Os conceitos e a matriz de indicadores e variáveis adotados para a construção do questionário e

análises será apresentada no item 4.1. deste relatório.

c) Preparação da pesquisa de campo

Para a organização da pesquisa de campo nos empreendimentos foram tomadas as seguintes

providências:contato prévio com síndicos para agendamento da pesquisa; elaboração de cartazes,

carta aos moradores e crachás para todos os pesquisadores; Xerox dos questionários, aluguel de

transporte, alimentação (lanches), etc.

No Conjunto Flor de Jasmim, a pesquisa de campo foi precedida de apresentação em uma

assembléia com moradores, para explicar e esclarecer os objetivos.

d) Seleção e treinamento dos pesquisadores de campo

Contamos na pesquisa de campo com entrevistadores, alunos da graduação e pós graduação, que

foram selecionados e treinados por um pesquisador supervisor do trabalho de campo. A equipe da

PUCSP também treinou os pesquisadores-alunos do LABCidades/FAU/USP. Participaram da

pesquisa de campo:

Rosangela D. O. da Paz Coordenação – NEMOS/PUCSP

Maria de Lourdes da Paz Rodrigues Pesquisadora especialista - bolsista

Marisa Almeida Blanco Pesquisadora especialista - bolsista

Vergílio A. Santos Pesquisador – CEDEPE/PUCSP

Sabrina Barretto Mestranda Ciências Sociais - bolsista

Fernanda Carpanelli Mestranda Serviço Social/PUCSP (sem bolsa)

Márcia Torres Rodrigues Doutoranda Serviço Social/PUCSP (sem bolsa)

Carolina Lopes de Oliveira Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Cammylla A. S. Bretas Pinto Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Beatriz Oliveira de Sousa Aluna de graduação Serviço Social -bolsista

Andrew Roger Cardoso Guimarães Aluno de graduação Serviço Social -bolsista

Alessandra Felice Cunha Aluno da graduação Serviço Social

Cleiton Vinicius da Rosa Aluno da graduação Serviço Social

Fernanda Moreira Caixerta Aluna da graduação Serviço Social

Fernando Augusto Salomão Aluno da graduação Serviço Social

Helen Keiko Yamada Aluna da graduação Serviço Social

Márcio Silva Campelo Aluno da graduação Serviço Social

Marcos Anderson Repetto de Oliveira Aluno da graduação Serviço Social

William Antonio Alves de Sousa Aluno da graduação Serviço Social

Fábio Martinez S. Pucci Aluno da graduação Ciências Sociais

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1.3.. Matriz de indicadores e variáveis e seus conceitos de referência

Compõem o desenho da matriz dimensões avaliativas, composta por indicadores e variáveis. As

dimensões são os eixos analíticos, conceitos orientadores da avaliação. São quatro dimensões que

se articulam e se interpenetram, combinando diferentes instrumentos de coleta de dados, dos

quais o questionário com moradores se destaca, por trazer o olhar daqueles que vivem

cotidianamente nos conjuntos habitacionais.

Dimensões:

a) Condições socioeconômicas e inserção no mundo do trabalho;

b) Direito á cidade e inserção urbana;

c) Trabalho social, participação e sociabilidade;

d) Satisfação e necessidades do morador.

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AS dimensões são compostas por indicadores sintéticos. Para esta metodologia definiu-se um conjunto de nove indicadores.

Quadro: MATRIZ AVALIATIVA: DIMENSÕES E INDICADORES Dimensões Indicadores

I. Condições socioeconômicas e inserção

no mundo do trabalho

1. Perfil socioeconômico da família

2. Situação de Trabalho

II. Direito à Cidade e Inserção Urbana

3. Condições de moradia

4. Mobilidade urbana

5. Acesso à cidade e a serviços

III. Trabalho social, Participação e

Sociabilidade

6. Sociabilidade

7. Participação

8. Avaliação sobre o Trabalho Social

IV. Satisfação e Necessidades do Morador

9. Avaliação do morador sobre suas necessidades, condições de moradia e relações sociais

Como se pode observar, os indicadores delimitam, para efeito da avaliação, a compreensão que se

tem de cada dimensão analítica, construindo conceitos de referência.

Condições socioeconômicas e inserção no mundo do trabalho

Refere-se ao perfil das famílias, do ponto de vista da sua origem, composição, faixa etária,

escolaridade, presença de pessoas com deficiência, idosos e de mulheres chefes de família, renda

e despesas com moradia. Refere-se também a situação de trabalho, com ou sem vínculo

empregatício e desemprego no mundo do trabalho.

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Direito à cidade e inserção urbana

Para fins dessa metodologia de avaliação, direito à cidade e inserção urbana refere-se às

condições de moradia, mobilidade urbana e acesso à cidade e a serviços públicos.

As condições de moradia são avaliadas em dois níveis: da unidade habitacional (UH) e do conjunto

habitacional (CH). Para a UH considera-se a adequação do tamanho da moradia versus o tamanho

da família; presença de sinais de deteriorização do imóvel (por exemplo: umidade e rachaduras);

densidade habitacional (número de pessoas por dormitório)e a titulação de propriedade do

imóvel.No CH considera-se o tempo de moradia, a localização do empreendimento, a existência de

áreas de uso comum e a existência de problemas construtivos no conjunto.

A mobilidade urbana na perspectiva do direito à cidade e inserção urbana considera a frequência e

proximidade do transporte público, o tempo gasto para o deslocamento para e escola e trabalho,

existência de equipamentos comunitários adaptados a pessoas com mobilidade reduzida e

existência de rebaixamento de calçadas em pontos de travessia.

O acesso à cidade e a serviços públicos procura captar a centralidade territorial na vida do

morador, a existência e uso de comércio serviço e de equipamento sociais (saúde, educação,

assistência, cultura, lazer, segurança), presença da coleta pública de lixo (existência, frequência e

suficiência), existência meios de comunicação (telefone, correio, código de endereçamento postal,

canais comunitários, internet), presença de policiamento.

Trabalho social, participação e sociabilidade

Trabalho social é um componente da política habitacional que tem a participação social como eixo

central de atuação em um processo de trabalho.

A participação é reconhecida como um valor democrático e sua concretização fundamental nas

políticas públicas. Participação social “engloba todas as formas de exercício coletivo da cidadania,

em seus diferentes níveis e na diversidade e pluralidade das formas de organização da sociedade,

que transformam as relações entre Estado e Sociedade Civil e contribuem para a criação de novas

esferas públicas” (PAZ, 2002, p.35). Organizam-se nos centros urbanos movimentos sociais que

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reivindicam moradias, infraestrutura e melhorias urbanas, e também o direito a participar da

gestão da cidade e das políticas de habitação.

Sociabilidade é um conceito relacionado às relações sociais que se estabelecem nos territórios, no

tempo e no espaço, envolvendo a cultura e as relações de poder que se expressam nos modos de

vida, e, portanto, condicionado pelas condições de vida, as ofertas e possibilidades.

Para esta metodologia sociabilidade refere-se a identificação de problemas com vizinhança, a

proximidade da família, amigos, organização comunitária e a presença de violência urbana. A

participação considera a existência de organização do condomínio ou comunitária, a participação

em movimentos, organizações e rede, o diálogo com o poder público e o estabelecimento de

regras e pactos de convivência.

Para a avaliação dos moradores sobre o Trabalho Social considera-se a existência do trabalho

social 90 dias antes e 180 pós-ocupação, as atividades realizadas, os vínculos e referências dos

moradores com equipe técnica para encaminhamento e solução de demanda.

Satisfação e necessidades do morador

Refere-se à avaliação do morador sobre suas necessidades, condições de moradia e relações

sociais, em particular sobre a moradia, serviços urbanos e relações sociais, o diálogo com o poder

público, o acesso ao emprego, acesso a creches e ensino fundamental. Busca captar também a

existência do desejo de mudar do imóvel e seus motivos, e quais necessidades não estão sendo

atendidas.

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Cada indicador é composto por um conjunto de variáveis.

Quadro: Indicadores e variáveis - Dimensão I: Condições socioeconômicas e inserção no mundo

do trabalho: Indicador Variáveis

1. Perfil socioeconômico da família

1.1. Origem

1.2. Composição das famílias

1.3. Composição de Renda

1.4. Faixa Etária

1.5. Gênero

1.6. Escolaridade

1.7. (%) de pessoas com deficiência física

1.8. ( %) de famílias com renda provenientes de programas de transferência de renda

1.9.( %) de mulheres responsáveis (chefes) da família

1.10. (%) de famílias com idosos com 65 anos ou mais e renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo (público potencial do Benefício de Prestação Continuada)

1.11. Despesas com o imóvel

1.12. (%) de famílias que não constam do cadastro elaborado no início da intervenção

2. Situação de Trabalho

2.1. Ocupação/atividade principal preponderante

2.2. (%) de desemprego de responsáveis de família

2.3. (%) de responsáveis e adultos da família sem vínculos (empregado sem registro, autônomo não contribuinte e trabalho eventual)

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Quadro: Indicadores e variáveis - Dimensão II: Direito à Cidade e Inserção Urbana

Indicador Variáveis

3. Condições

de moradia

UN

IDA

DE

HA

BIT

AC

ION

AL:

3.1.tamanho da moradia/ tamanho da família

3.2. (%) de domicílios com sinais de umidade e/ou rachaduras/outros

3.3. Documento de titulação das famílias

3.4. Número de pessoas por dormitório

CO

NJU

NTO

H

AB

ITA

CIO

NA

L: 3.5. Tempo moradia

3.7. Localização

3.8. Existência de áreas de uso comum

3.9. Existência de problemas construtivos

Indicador Variáveis

4. Mobilidade

urbana

4.1. Frequência e proximidade do transporte público

4.2. Tempo gasto para o deslocamento para os equipamentos educacionais

4.3. Tempo gasto para o deslocamento para o trabalho

4.4. Equipamentos comunitários adaptados a pessoas com mobilidade reduzida

4.5. Rebaixamento de calçadas em pontos de travessia

5. Acesso à cidade e a serviços

5.1. Qual é/ era o centro para a vida do morador

5.2.Existência e uso de comércio serviços

5.3.Existência e uso de equipamento sociais (saúde, educação, assistência, cultura, lazer, segurança)

5.4.Coleta pública de lixo: existência, frequência, e suficiência de pontos de coleta

5.5. Existência de telefone, correio, canais comunitários de informação, Internet

5.6. Existência de CEP (Código de Endereçamento Postal) para uso da população

5.7. Presença de policiamento

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Quadro: Indicadores e variáveis - Dimensão III: Trabalho social, Participação e Sociabilidade

Indicador Variáveis

6. Sociabilidade

6.1. Problemas com vizinhança

6.2. Proximidade família, amigos, organização comunitária (contar com/ contar para)

6.3. Presença de violência urbana

7. Participação

7.1. Existência de organização do condomínio e/ comunitária

7.2. Participação em movimentos, organizações e redes

7.3. Diálogo com o poder público

7.4. Estabelecimento de regras e pactos de convivência

8. Avaliação sobre o Trabalho Social

8.1. Existência do Trabalho Social 90 dias antes e 180 pós-ocupação

8.2. Atividades realizadas

8.3. Vínculo e Referências com equipe técnica para encaminhamento / solução de demanda

Quadro: e variáveis - Dimensão IV: Satisfação e Necessidades do Morador

Indicador Variáveis

9. Avaliação do Morador sobre necessidades, condições de moradia e relações sociais

9.1. Satisfação em relação a moradia, serviços urbanos e relações sociais

9.2. Avaliação do morador sobre o diálogo com o poder público.

9.3. Alteração no acesso ao emprego

9.4. (%) de crianças com e sem acesso a creches

9.5. (%) de crianças e adolescentes fora do ensino fundamental

9.6. Desejo de mudar do imóvel (motivos)

9.7. Necessidades não atendidas (O que gostaria que tivesse?)

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2. Normativos do trabalho social na habitação de interesse social

Para a análise sobre os normativos relativos ao trabalho social em habitação de interesse social é

fundamental compreender os diferentes contextos e o processo que levaram a formulação dessas

regulações. Para isso, recorreremos à construção de uma linha do tempo, destacando alguns

programas e suas concepções, em três momentos da história brasileira: a) o período de 1964 à

1986; b) o período de 1987 à 199 ; e c) o período de 2003 até a atualidade. Esse exercício buscou

localizar as concepções sobre trabalho social que deram origem aos atuais normativos,

identificando continuidades e descontinuidades.

2.1. Contextos e percurso histórico

Primeiro tempo – 1964 à 1986 – Banco Nacional da Habitação

Criado após o golpe militar, em 1964, o Banco Nacional de Habitação (BNH), teve como principal

missão, fortalecer a economia, criar empregos e financiar empreendimentos imobiliários e de

saneamento. Era um banco de segunda linha e sua principal fonte de recursos era o Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimo (SBPE), que ele captava e geria e de onde retirava os recursos para o financiamento

imobiliário e de saneamento.

Foi a principal instituição federal que se debruçou sobre a questão urbana brasileira mentor e

criador do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro do Saneamento (SFS) e

do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

No financiamento imobiliário, o BNH atendia ao mercado imobiliário através do SBPE e com os

recursos do FGTS, financiava os agentes promotores e financeiros na construção de habitações de

interesse social para famílias de média e baixa renda, estas últimas através dos projetos e

programas das Companhias municipais e estaduais de Habitação (COHAB) e das Cooperativas

Habitacionais. É neste grupo de mutuários, os de média e baixa renda, que o BNH iniciou a oferta

de recursos para o desenvolvimento de trabalho social com as famílias.

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Os conjuntos habitacionais construídos pelas Companhias de Habitação eram na maioria das vezes

nas periferias das cidades, distantes dos locais de trabalho e de vivencia das famílias, carentes de

recursos públicos, projetados e executados para serem padronizados e de construção de baixo

custo.

Nas Companhias de Habitação, o recurso para o trabalho social era gerado através de Taxa de

Apoio Comunitário (TAC). Essa taxa, criada em 1973, visava à manutenção dos conjuntos

habitacionais e seus equipamentos comunitários e ainda o pagamento de profissional de serviço

social. A taxa era embutida no custo do financiamento imobiliário e paga pelo mutuário, dessa

forma, constituía-se num recurso que deveria voltar para as famílias, através do trabalho social

desenvolvido pelas COHAB’s.

No geral, o trabalho social desenvolvido nesse período preocupava-se com a seleção de demanda

ou dos futuros moradores (no caso a demanda era aberta, oriunda da inscrição individualizada das

famílias nas Companhias de Habitação), a adimplência dos mutuários e a organização comunitária,

especialmente após a mudança, criando as Associações de Moradores para gerir os espaços

comunitários ofertados nos Conjuntos Habitacionais, também chamados de Centros Comunitários,

que eram muitas vezes, o único equipamento existente no território, repassado à população

através de comodato.

Pode-se dizer que as atividades realizadas pelo trabalho social na primeira fase do BNH (anos

1960) tiveram um forte caráter administrativo e de controle da demanda e inadimplência.

Junto as Cooperativas Habitacionais, criadas para atender os trabalhadores sindicalizados, havia a

realização de trabalho social através dos Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais

(Inocoop’s). As equipes dos Inocoop’s eram os agentes assessores das cooperativas desde a sua

criação, realizavam e aprovavam os projetos dos empreendimentos, faziam o acompanhamento

da obra e permaneciam nos conjuntos habitacionais após a entrega das unidades através de suas

equipes sociais.

O BNH possuía na Carteira de Cooperativas Habitacionais uma Seção de Desenvolvimento

Comunitário, inicialmente sem estrutura nem plano de ação. O 1º Encontro dos INOCOOPs,

realizado em 1972, sinalizou para o compromisso do Banco em dar suporte ao trabalho

social dos agentes. A partir daí estruturou equipes e definiu diretrizes e o arcabouço

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metodológico do Trabalho Social em Habitação. Constituiu e contratou equipe técnica

própria, criando o Subprograma de Desenvolvimento Comunitário (SUDEC), em 16 de

janeiro de 1975, através da Resolução de Diretoria 40/75, que institucionalizou o trabalho

social nacionalmente, nos vários programas geridos e ofertados pelo Banco a Estados e

Municípios, programas estes que atendiam a populações diferenciadas, especialmente por

faixas de renda. O SUDEC encontrava-se no âmbito dos projetos e programas do setor de

Estudos e Pesquisas/Treinamento e Assistência Técnica (ESPES/TREINAT) e daí advinham os

seus recursos.

Assim, o trabalho social passou a ser uma exigência nos Programas Habitacionais das

Companhias de Habitação e nos Programas de Cooperativas Habitacionais, a partir de 1975

e na década de 80 do século XX, nos Programas destinados à populações de baixíssima

renda, como o Programa de Erradicação da Sub-Habitação (PROMORAR), o João de Barro e

o Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados (PROFILURB), bem como nos

Programas de Saneamento para População de Baixa Renda (PROSANEAR). (PAZ e TABOADA,

2010, p.44)

O trabalho social desenvolvido a partir de então objetivava a participação dos mutuários, a

conscientização dos direitos e deveres do cidadão. Necessário lembrar que a demanda das

Cooperativas Habitacionais era constituída de trabalhadores sindicalizados com renda superior a

três salários mínimos. Na época, década de setenta, situavam-se no extrato mais baixo da classe

média.

A metodologia para a execução do trabalho social no Programa de Cooperativas Habitacionais,

assessoradas pelas equipes dos Inocoop’s, previa algumas fases ou momentos do trabalho social.

As fases eram a de anterior as obras, durante as obras e posterior às obras.

Fase anterior às obras:

Em primeiro lugar era papel das equipes sociais assessorar a constituição das Cooperativas

Habitacionais. Essa ação desenvolvida em conjunto com os profissionais da área jurídica,

tinha como objetivo discutir o cooperativismo, legislação, histórico, formas de ação, para

que os grupos de interessados nos sindicatos visitados formassem as cooperativas

habitacionais e assim, adquirissem sua casa própria de forma mais barata, pois este era a

grande atração para esta forma de ação.

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Formada a Cooperativa e autorizada a funcionar pelo BNH, sua diretoria passava a discutir

com os seus associados as possibilidades de projetos habitacionais, com a assessoria da

equipe técnica (advogados, engenheiros, arquitetos economistas, administradores e

assistentes sociais) dos Inocoop’s.

Definido o terreno, sua compra e a aprovação do projeto do empreendimento eram

submetidos à Assembleia Geral de associados para aprovação.

A partir daí eram promovidas reuniões para esclarecimentos sobre o projeto, seus tempos

e seus custos, direitos e deveres dos associados das Cooperativas Habitacionais. Estas

reuniões de pré – obras eram mobilizadas e conduzidas pelas equipes sociais.

Normalmente à noite ou nos fins de semana, pois os interessados no assunto afluíam de

diversas regiões da cidade e a grande maioria, se não todos, tinham o horário comercial

comprometido com o trabalho. Nesta fase ainda do pré-obras, se instalava um plantão de

atendimento à demanda na sede das Cooperativas, plantão feito pelas equipes sociais e

pelos funcionários das Cooperativas.

Fase de Obras

Uma das ações da equipe social era o levantamento dos recursos da área onde se

desenvolveria o projeto, pois este diagnóstico era fundamental para a mobilização dos

cooperativados na busca de implantação de serviços públicos inexistentes ou mal

dimensionados para o atendimento da demanda advinda do novo empreendimento.

O passo seguinte era a constituição de grupos por temas específicos ligados aos serviços

públicos que se mobilizavam e percorriam os corredores das entidades públicas atrás dos

serviços que achavam necessários, como por exemplo: linha de ônibus, escola, creche,

equipamento de saúde, etc. Essa mobilização e trabalho preparavam os mutuários para a

discussão da representação popular.

Havia acompanhamento da obra, com a constituição de uma comissão, com visitas

periódicas e um trabalho de discussão e gestão condominial, no caso de construções

verticalizadas.

Em São Paulo, o Inocoop/SP oferecia Cursos de Treinamento para Síndicos, e entre os que

participavam dos cursos eram eleitos os Síndicos, os subsíndicos e as Comissões Fiscais dos

futuros condomínios.

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A proposta era de autogestão condominial. Para além da questão de gestão, a equipe

social trabalhava o tema morar em condomínio, muito focada nos regulamentos internos

dos prédios, ou seja, na convivência respeitosa entre vizinhos.

Ainda em São Paulo, foram realizadas algumas experiências exitosas, como por exemplo, a

montagem de uma casa modelo e a capacitação dos mutuários em grupos de construção

dos seus móveis. O Inocoop/SP contratou uma designer, que propôs móveis

especialmente desenhados para dois grandes conjuntos residenciais, nos bairros de

Pinheiros e Butantã, esta designer auxiliada pela equipe social, montou um grupo de

interessados na fabricação dos móveis para a nova casa.

Pos Ocupação

Na fase de pós-ocupação, que durava em média um ano, o trabalho focava-se na

constituição de Associações de Moradores, no uso dos espaços públicos e privados, na

constituição de grupos de interesses específicos (jovens e mulheres e crianças). As

atividades e o sentido desses grupos objetivavam a participação, o lúdico, o esportivo e

recreativo. Ou seja, criar espaços de convivência nos novos conjuntos habitacionais. A pós-

ocupação era obrigatória e ao seu término deveria estar constituída e registrada a

Associação de Moradores e os equipamentos coletivos existentes, tais como praças,

Centros Comunitários, devidamente em uso, cuidado pela comunidade e dada em

comodato para a Associação que os representava.

A partir da segunda metade dos anos 1970, foram lançados programas destinados à população

com renda mensal inferior a três salários mínimo, que visavam obras de urbanização, melhorias

habitacionais, regularização de lotes, apoio à autoconstrução, e alguns equipamentos urbanos

(PROFILURB, PROMORAR e JOÃO DE BARRO). Esses programas não priorizaram a produção de

novas unidades habitacionais e seus resultados não foram significativos. Importa destacar que o

trabalho social nos projetos destinados às favelas mobilizava a população para o conhecimento e

discussão do projeto, que muitas vezes envolvia remoções de famílias para execução de obras.

Destaca-se também a incorporação no trabalho social de temas ligados ao meio ambiente (ênfase

nos projetos do PROSANEAR), como as redes de água e esgoto e a coleta de lixo; como também a

discussão de projetos de geração de trabalho e renda.

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De acordo com Paz e Taboada (2010), o BNH criou o Programa de Desenvolvimento Comunitário

(PRODEC) que viabilizou recursos financeiros para os programas e projetos ligados às Companhias

de Habitação (COHAB), através do Fundo de Participação Comunitária (FPC), criado em setembro

de 1980 (Resolução BNH nº 85/1980). Na mesma direção, foi criado em março de 1981, o Fundo

Comunitário de Programas Cooperativos (FCPC), para os Programas e Projetos da Carteira de

Habitação (Resolução BNH nº 104/81).

A experiência do SUDEC e posteriormente do PRODEC alcançou um nível de

sustentabilidade, através do fundo rotativo, que quando da extinção do BNH, a Caixa

Econômica Federal (CEF), sucessora do Banco, manteve a sua execução. Os projetos

utilizaram-se dos recursos do fundo rotativo até o ano de 1991 (PAZ e TABOADA, 2010, p.

49)

O contexto político da segunda metade dos anos 1970 e primeira metade dos anos 1980 foi

marcado pela retomada das lutas sociais, sindicais, por melhores condições de vida (luta contra a

caristia, etc.) e contra a ditadura militar, contando com significativo apoio das Comunidades

Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica e de militantes de esquerda que atuavam nas periferias

das cidades. Esse cenário favoreceu o surgimento de movimentos de moradia, como os de favela e

de loteamentos clandestinos nos grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo

Horizonte. As lutas por redemocratização do País amplificaram os movimentos, que se

generalizam nas cidades, com ocupações de terrenos públicos e privados, reivindicações por

moradia, urbanização, regularização, mutirão e autogestão e serviços urbanos.

Nesse período o trabalho social desenvolvido nas prefeituras das capitais e metrópoles, configura-

se como um aliado na organização dos movimentos, em especial o de favelas e mutirões.

De acordo com Paz e Taboada (2010),

A atuação das equipes técnicas envolvidas nos projetos habitacionais passa a ter como eixo

central o apoio às reivindicações e à organização popular. A tônica da ação dos

profissionais, que atuavam em programas habitacionais, era o incentivo à organização de

comissões de moradores, de grupos de mulheres que reivindicavam creches e

equipamentos públicos, de movimentos de resistência e ocupação de áreas públicas e

privadas. Os movimentos de moradia passam a identificar os técnicos como aliados de suas

lutas, num contexto mais amplo de lutas pela redemocratização do País.

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Os profissionais na década de1980 passam a se opor ao modelo de remoção, onde as

famílias eram deslocadas para áreas muito distantes, não sendo respeitados os laços de

vizinhança já estabelecidos, e nem mesmo a forma de obtenção de renda das famílias, que

naturalmente estava ligada ao ‘lócus’ da moradia.

A proposta passa a ser da ‘negociação’ com as famílias para a desocupação de áreas

consideradas impróprias, modelo adotado em vários programas do BNH à época. Essa nova

posição teve influência de urbanistas e de organismos internacionais que defendiam a

permanência das famílias nas favelas, através de sua urbanização. (PAZ E TABOADA, 2010,

p. 48)

A partir do Decreto nº 2.291 de 21 de novembro de 1986, o presidente José Sarney decretou o

fechamento do Banco Nacional de Habitação. Este acabou sendo incorporado pela Caixa

Econômica Federal, tornando a questão habitacional uma mera política setorial para esta

instituição que não possuía qualquer tradição com relação ao tema.

Segundo tempo – 1987 à 1998 - Caixa Econômica Federal

Com a extinção do BNH a política habitacional foi subordinada à diversos órgãos: Ministério da

Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente – MHU (1987), Ministério de Habitação e do Bem-Estar

Social – MBES (1988), Secretaria Especial de Habitação e Ação Comunitária – SEAC (1989),

Ministério da Ação Social – MAS (1990), Ministério do Bem-Estar Social – MBES (1992), Secretaria

de Política Urbana – SEPURB (1995) e Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR/PR (1999-

2003). CARDOSO E ARAGÃO (2013) chamam atenção para o fato de que a extinção do BNH atingiu

as COHAB’s, algumas foram extintas, outras ficaram insolventes.

Com a Constituição de 1988, estados e municípios passam a ter o papel de promotor de

programas habitacionais, mas desprovidos de uma política nacional com diretrizes e

financiamento. As ações na esfera dos municípios e cidades voltaram-se pra urbanização de

assentamentos precários e algumas experiências importantes de mutirão habitacional como da

gestão da prefeita Luiza Erundina em São Paulo.

De acordo com CARDOSO E ARAGÃO (2013),

Entre 1994 e 2002, a ocorrência de crises financeiras internacionais que atingiram a

economia brasileira levou o governo federal à adoção de medidas de austeridade

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fiscal, seguindo as prescrições do Fundo Monetário Internacional, incluindo-se aí a

limitação ao endividamento do setor público. Isso teve como consequência forte

restrição dos empréstimos do FGTS para a produção de moradias por Estados e

Municípios, o que levou à redução quase absoluta dos financiamentos previstos no

Programa Pró-Moradia, que se delineava, até 1997, como o principal programa para

apoio à atuação dos governos locais no setor habitacional (OLIVEIRA, 2000, apud

CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p. 24).

Para “substituir” o Pró-Moradia, como alternativa para o financiamento da

produção de novas unidades habitacionais, o governo FHC criou o Programa de

Arrendamento Residencial (PAR). Contando com um mix de recursos do FGTS e do

OGU, o programa permitiu certo grau de subsídios, reduzindo o valor das

prestações dos financiamentos, sem prejudicar a saúde financeira do FGTS. Do

ponto de vista institucional, o programa era operado pela Caixa Econômica Federal

e o crédito era repassado para companhias construtoras que, após a produção,

entregavam os empreendimentos para a Caixa, responsável pela alocação da

população a ser beneficiada. Nesse modelo, cabia aos municípios o cadastramento

da demanda, que depois seria “filtrada” pela Caixa a partir dos seus critérios de

risco. A criação de incentivos para novos empreendimentos era realizada

basicamente através da redução das exigências urbanísticas e, eventualmente,

através da cessão de terrenos. Outra inovação do programa foi a cessão dos imóveis

através do sistema de arrendamento, o que reduzia o risco, permitindo acelerar as

retomadas em casos de inadimplência. O PAR se destinava à faixa de renda de 3 a 6

Salários Mínimos, mas os primeiros estudos avaliativos mostraram que as

populações atendidas se concentravam nos limites superiores da faixa (ARAUJO et

allii, 2003, apud CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p. 23 a 25).

Neste período o trabalho social conduzido pela Caixa, era a continuidade dos Programas e

projetos herdados do BNH com recursos do PRODEC.

Na gestão Itamar Franco, foi criado o Programa Habitar (1994) e este Programa introduziu o

trabalho social, admitido como contrapartida de estados e municípios.

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Ao final da primeira gestão FHC, a partir de 1999, influenciado pelos elementos de preparação do

Programa Habitar Brasil BID, no Programa Habitar sob a gestão da SEPURB, o desenvolvimento de

trabalho social junto às populações beneficiárias de programas e/ou projetos com recursos

advindos do Orçamento Geral da União (OGU) passou a ser uma exigência.

A inovação era a que o governo federal passava a incluir nos custos do empreendimento a ser

contratado, recursos para o desenvolvimento do trabalho social, sendo que parte destes recursos

era a fundo perdido, ou seja, a custo zero, para os municípios e estados. O limitador neste caso

estava na dependência de aprovação dos recursos através de emendas parlamentares. O Governo

Federal também ofertava através de empréstimo de recursos do FGTS, o Programa Pro Moradia,

onde o trabalho social estava entre as exigências de enquadramento. Neste caso o limitador era a

capacidade de endividamento de estados e municípios.

O trabalho social também era realizado nos empreendimentos do PAR, com recursos do governo

federal. O foco principal do trabalho social era a gestão condominial e patrimonial, uma vez que os

empreendimentos no PAR eram de propriedade da CAIXA.

A experiência de execução de projetos integrados e integrais (intervenções físicas e sociais

concomitantes), adquirida com a contratação e desenvolvimento do Programa Habitar Brasil-BID,

a partir de 1999 reforçou a necessidade do desenvolvimento desse trabalho, demonstrou a

eficácia de projetos integrados em comparação ao modelo de trabalho anterior, onde essa

integração não era exigida (PAZ E TABOADA, 2010, p. 48).

Terceiro tempo – 2003 a atualidade - Ministério das Cidades

Com a criação do Ministério das Cidades amplia-se a concepção e o reconhecimento do trabalho

social que passa a ser concebido como um direito do cidadão na Política Nacional de Habitação e

sua exigência é estendida para os Programas de Saneamento Ambiental Integrado, em particular

com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007.

É somente com o Governo Lula que o Programa Habitar Brasil BID, aprovado e contratado com o

organismo internacional em 1999, deslancha, pois até então, as dificuldades orçamentárias e

financeiras haviam impedido a sua execução conforme previsto no Acordo de Empréstimo.

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O Programa Habitar Brasil BID possuía os componentes principais: Desenvolvimento Institucional

e Melhoramento de Bairros. O objetivo especifico do componente Melhoramento de Bairros,

visava a inclusão social de famílias que habitavam assentamentos precários, por meio da execução

de ações integradas de desenvolvimento comunitário e urbanização dos assentamentos.

(MCIDADES, Regulamento Operacional do Programa, 2004)

No Programa Habitar Brasil BID, o trabalho social era um dos componentes do Subprograma de

Urbanização de Assentamentos Precários, que possuía como objetivo geral “a elaboração,

desenvolvimento e implantação de projetos integrados de urbanização de assentamentos

subnormais, que compreendam a regularização fundiária/dominial e a execução de obras e

serviços de infraestrutura urbana e de ações de recuperação ambiental nessas áreas, assegurando

a efetiva mobilização e participação da comunidade em todas as etapas de sua implementação” e

que assim se definia:

Um conjunto de ações que visem promover a mobilização e organização

comunitária, a educação sanitária e ambiental, a capacitação profissional e a

implantação de atividades voltadas à geração de trabalho e renda para as famílias

residentes na área do projeto, limitado a R$ 320 reais por família de repasse de

recursos. (MCIDADES, Manual do Programa Habitar Brasil BID – Orientações do

Subprograma de Urbanização de Assentamentos Precários, 2004).

A proposição, elaboração, execução. monitoramento e avaliação dos projetos integrados era

atribuição das Unidades Executoras Municipais (UEM). Este era apresentado em duas fases:

Elegibilidade I e Elegibilidade II, que destacavam os requisitos de cada área ou projeto para que o

mesmo fosse apresentado e aprovado. Estes requisitos diziam respeito às condições: Dominiais,

Urbanísticos e de Engenharia, Ambientais, Social e Econômico-financeiro nas duas fases.

Quanto ao trabalho social, o HBB apresentou uma série de inovações. O conhecimento da

realidade com dados primários; adesão das famílias aos projetos, tendo que ser assinado um

Termo de Adesão e Compromisso de pelo menos 80% da população alvo; projetos de trabalho

social com Diagnóstico, Objetivos, Cronogramas de atividades e de desembolso de recurso,

metodologias e prazos claramente definidos; exigência de um Plano de reassentamento da

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população, explicitado, debatido e aprovado pelas famílias; comprovação da existência de

cadastro das famílias para impedir que fossem contempladas mais de uma vez.

Foi também neste Programa que se exigiu pela primeira vez a existência de um profissional de

serviço social ou de sociologia, com experiência profissional comprovada, para responder

tecnicamente pelo trabalho social e que na terceirização do trabalho, as empresas deveriam ser

especializadas na área. No projeto de trabalho social, as etapas metodológicas estavam bem

definidas: Diagnóstico Integrado da área e da população; elaboração de Projeto e Execução de

Trabalho Social, nas fases de pré-obras, obras e na pós-ocupação. No Manual, de acordo com as

fases do Programa, o conteúdo do trabalho social aparecia como recomendações aos

proponentes, nos eixos de Mobilização e Organização Comunitária (MOC), Educação Ambiental e

Sanitária (ESA) e Geração de Trabalho e Renda (GER). O monitoramento dos projetos era feito

trimestralmente através da elaboração dos Relatórios Trimestrais, que encaminhados, via Caixa,

ao Ministério das Cidades, eram transformados nos Relatórios de Acompanhamento Semestrais

enviados ao BID.

A Caixa possuía um monitoramento mais completo, pois recebia mensalmente, os relatórios de

medição que ensejava a liberação de recursos. Também foi neste Programa que se orientou pela

primeira vez, a não liberação de recursos de obras se o trabalho social não fosse executado.

Durante o processo de sua implementação, o HBB produziu uma discussão nacional sobre

Avaliação do Programa, com participação da academia, prefeituras, estados e Caixa, que resultou

numa Matriz de Indicadores de valor inestimável e que foi utilizada pela maioria dos 119 projetos

contratados.

Com o lançamento do PAC, em 2007, os projetos do HBB que ainda não haviam sido concluídos,

foram direcionados para os Projetos Prioritários de Investimentos – PPI favelas, no guarda chuva

do PAC, somente no sentido de obter recursos para sua conclusão, pois as regras e normativos

continuaram sendo as do Regulamento Operacional do Programa e de seus Manuais. Oficialmente

o HBB encerrou-se em 2008, quando se realizou em Brasília, um Seminário de Avaliação e de

encerramento do Programa, conforme previsto no acordo de empréstimo.

Atendendo à reivindicação dos movimentos sociais, em 2004 é criado o Programa

Crédito Solidário voltado ao atendimento de necessidades habitacionais da

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população de baixa renda organizadas em cooperativas e/ou associações, visando a

produção e aquisição de novas habitações ou a conclusão e reforma de moradias

existentes, mediante concessão de financiamento diretamente ao beneficiário. Este

programa aproveitou-se da existência do Fundo de Desenvolvimento Social – FDS,

criado em 1993 para financiar programas sociais locais e que estava praticamente

inoperante (NAIME, 2009, apud CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p.30). O programa

representou uma grande conquista dos movimentos de moradia, que passou a

contar com recursos federais para apoiar as ações de provisão habitacional

baseadas na autogestão. (CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p.30).

De 2003 a 2005, a equipe do Ministério das Cidades buscou estruturar suas políticas, aprovando

no Conselho das Cidades em 2004 a Política Nacional de Habitação que foi complementada e

regulamentada em 2005 pela Lei n.º 11.124, aprovada pelo Congresso Nacional que dispõe sobre

o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), cria o Fundo Nacional de Habitação

de Interesse Social (FNHIS) e institui o seu Conselho Gestor.

De acordo com CARDOSO E ARAGÃO (2013),

O Fundo foi instalado em 2006, contando com um compromisso do Presidente da República

junto ao movimento de moradia em alocar recursos na magnitude de R$ 1 bilhão por ano. A

grande mudança trazida pelo Fundo disse respeito à possibilidade de que a política

habitacional passasse a contar com subsídios diretos, viabilizando assim o atendimento à

habitação de baixa renda.

Juntamente com os recursos dos “descontos” do FGTS, estabelecidos pela Resolução 460, a

criação do FNHIS marca um momento inovador na política habitacional, em que se

manifesta um claro compromisso do governo federal em subsidiar a produção de moradias

para as amadas de mais baixa renda, atendendo assim a uma demanda que se manifestava

já claramente a partir das críticas à atuação do BNH. O cenário de crescimento econômico

que se desenha a partir de então irá ter reflexos na redução dos indicadores de pobreza e

desigualdade resultado, em parte dos programas de transferência de renda (o Bolsa

Família), em parte da elevação real do valor do salário mínimo e na emergência e

consolidação da Classe C, que passará a ser considerado um “nicho de mercado” com

importância crescente, passando a fazer parte das estratégias empresariais do setor

imobiliário. Considerando o cenário nacional positivo, e visando reforçá-lo, o Governo Lula

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lançou em 2007 um plano destinado promover o crescimento econômico – o Plano de

Aceleração do Crescimento (PAC),com um ambicioso programa de investimentos em

infraestrutura.” (CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p. 30 e 31)

Em março de 2009, com o objetivo de criar condições de ampliação do mercado

habitacional para atendimento das famílias com renda de até 10 salários mínimos (SM), o

governo anuncia o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Estabelecendo um patamar

de subsídio direto, proporcional à renda das famílias, este Programa busca claramente

impactar a economia através dos efeitos multiplicadores gerados pela indústria da

construção. Além dos subsídios, o PMCMV aumentou o volume de crédito para aquisição e

produção de habitações, ao mesmo tempo em que reduziu os juros. Com a criação do

Fundo Garantidor da Habitação, foram aportados recursos para pagamento das prestações

em caso de inadimplência por desemprego e outras eventualidades. Desta forma, buscou-

se manter o desenvolvimento do setor imobiliário e reaquecer as atividades do ramo da

construção civil, que experimentava uma fase de intenso crescimento desde 2006, mas que

vinha sofrendo impactos da crise econômica. (CARDOSO E ARAGÃO, 2013, p. 35 e 36)

O MCMV se desenvolve em três propostas distintas, ou seja:

1. Com recursos do FAR, tendo com o agentes promotores os entes públicos (estados, municípios

e Distrito Federal), sendo o Agente Financeiro a Caixa e posteriormente sendo também admitido o

Banco do Brasil, tendo como normativo para o trabalho social as Instruções Normativas, n.º

27/2007, n.º 50/2008 e º 08/2009.

2. Com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), tendo as Entidades habilitadas como

proponentes das operações e Caixa como Agente Financeiro, instruções normativas diferenciadas

e proposta de trabalho mais simplificada e diferenciada das instruções do FAR para o trabalho

social;

3) Com recursos do Orçamento Geral da União (OGU), tendo como Agentes proponentes estados

e municípios menores de 50 mil habitantes, e operados por Agentes Financeiro privados

autorizados pelo MF, instrução normativa específica para o trabalho social, sem recursos do

governo federal e exigindo trabalho social como contrapartida do município.

Nos dois Programas - PAC e MCMV -, a exigência da existência de um trabalho social com os

beneficiários é mantida. Apesar dos Programas, na sua concepção, terem sido gestados fora do

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Ministério das Cidades, o trabalho social, seus conceitos, definições, diretrizes, objetivos e

conteúdos foi pactuado no Ministério das Cidades com a participação da Caixa Econômica Federal.

Na primeira fase do PMCMV os normativos previam o trabalho social através da rede de

credenciados dos agentes financeiros. Na segunda estabelece-se a possibilidade do protagonismo

dos municípios realizarem o trabalho social.

A Instrução Normativa nº 8 do Ministério das Cidades (2009) define o trabalho social como “um

conjunto de ações que visam promover a autonomia, o protagonismo social e o desenvolvimento

da população beneficiária, de forma a favorecer a sustentabilidade do empreendimento, mediante

a abordagem dos seguintes temas: mobilização e organização comunitária, educação sanitária e

ambiental e geração de trabalho e renda”.

Foi publicado novo normativo sobre o trabalho social, que trás alterações significativas no

conteúdo do trabalho e no financiamento das ações (PORTARIA Nº 21, de 22 de janeiro de 2014).

Aliás, esta Portaria propõe no seu artigo 1.º:

Art. 1º Aprovar o Manual de Instruções do Trabalho Social dos Programas e Ações do Ministério

das Cidades, contendo normas e orientações para elaboração, contratação e execução do Trabalho

Social nas intervenções de habitação e saneamento objetos de operações de repasse ou

financiamento firmadas com o setor público; intervenções de habitação objetos de operações de

repasse com entidades privadas sem fins lucrativos; nas intervenções inseridas no Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) dos demais programas que envolvam o deslocamento

involuntário de famílias; bem como, naquelas executadas no âmbito do programa Minha Casa

Minha Vida, em todas as suas modalidades. (MCIDADES, 2014), ou seja, uma instrução única para

todos os programas e projetos de trabalho social na habitação e saneamento. Sustenta a mesma

definição de Trabalho Social, ou seja:

“O Trabalho Social, de que trata este Manual, compreende um conjunto de estratégias, processos e

ações, realizado a partir de estudos diagnósticos integrados e participativos do território,

compreendendo as dimensões: social, econômica, produtiva, ambiental e político-institucional do

território e da população beneficiária, além das características da intervenção, visando promover o

exercício da participação e a inserção social dessas famílias, em articulação com as demais políticas

públicas, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida e para a sustentabilidade dos bens,

equipamentos e serviços implantados.”

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E informa os objetivos do trabalho social para todos os programas e projetos geridos pelo

MCIDADES:

Objetivo Geral

Promover a participação social, a melhoria das condições de vida, a efetivação dos direitos sociais

dos beneficiários e a sustentabilidade da intervenção.

Objetivo Específicos

Promover a participação dos beneficiários nos processos de decisão, implantação,

manutenção e acompanhamento dos bens e serviços previstos na intervenção, a fim de

adequá-los às necessidades e à realidade local e estimular a plena apropriação pelas

famílias beneficiárias.

Fomentar processos de liderança, a organização e a mobilização comunitária, contribuindo

para a gestão democrática e participativa dos processos implantados.

Estimular o desenvolvimento da cidadania e dos laços sociais e comunitários.

Apoiar a implantação da gestão condominial quando as habitações forem produzidas sob

essa modalidade.

Articular as políticas de habitação e saneamento básico com as políticas públicas de

educação, saúde, desenvolvimento urbano, assistência social, trabalho, meio ambiente,

recursos hídricos, educação ambiental, segurança alimentar, segurança pública, entre

outras, promovendo, por meio da intersetoralidade, a efetivação dos direitos e o

desenvolvimento local.

Fomentar processos de inclusão produtiva coerentes com o potencial econômico e as

características culturais da região, promovendo capacitação profissional e estímulo à

inserção no ensino formal, especialmente de mulheres chefes de família, em situação de

pobreza extrema, visando à redução do analfabetismo, o estímulo a sua autonomia e à

geração de renda.

Apoiar processos socioeducativos que englobem informações sobre os bens, equipamentos

e serviços implantados, estimulando a utilização adequada destes, assim como atitudes

saudáveis em relação ao meio ambiente e à vida.

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Fomentar o diálogo entre os beneficiários e o poder público local, com o intuito de

contribuir para o aperfeiçoamento da intervenção e o direcionamento aos demais

programas e políticas públicas, visando ao atendimento das necessidades e

potencialidades dos beneficiários.

Articular a participação dos beneficiários com movimentos sociais, redes, associações,

conselhos mais amplos do que os das áreas de intervenção, buscando a sua inserção em

iniciativas mais abrangentes de democratização e de participação.

2.10 Fomentar a constituição de organizações representativas dos beneficiários e

fortalecer as já existentes.

Contribuir para a sustentabilidade da intervenção, a ser alcançada por meio da

permanência das famílias no novo habitat, da adequada utilização dos equipamentos

implantados, da garantia de acesso aos serviços básicos, da conservação e manutenção da

intervenção física e, quando for o caso, do retorno dos investimentos.

Gerir ações sociais associadas à execução das obras e dos reassentamentos, quando

houver.

Como novidade o Manual destaca as condições operacionais e a aplicabilidade do trabalho social,

definindo as atribuições do ministério das cidades, do agente financeiro mandatário da união, dos

Proponentes de projetos e das famílias atendidas.

Aos Eixos de Trabalho Social, destaca-se como eixo de trabalho o acompanhamento e a gestão

social dos projetos; no eixo destinado as questões ambientais destaca-se o cuidado com o

patrimônio publico e privado, e o Eixo de Geração e Renda passa a se chamar desenvolvimento

socioeconômico.

O Projeto de Trabalho Social passa a ser apresentado em dois momentos distintos, com conteúdos

diferenciados, na fase de concepção e na fase de implementação do trabalho social.

O último trabalho, ou projeto do Proponente é a apresentação de um Plano de Desenvolvimento

Sócio Territorial, para as operações que atendam a um número superior a 500 famílias ou com

valores contratados acima de R$ 400 mil reais no caso de operações de saneamento. O Manual do

Programa não conceitua este Plano, o que com certeza trará muitas confusões no momento de

sua aplicação, pois não está claramente definido para o que este plano se desenvolve.

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Subentende-se que o Plano deve ser uma estratégia de continuidade das ações do trabalho social

na macroárea. A maior novidade da Portaria e de seu Manual são as diferentes condições

operacionais para as ações do trabalho social no MCMV-E, MCMV Rural e o MCMV com recursos

do FAR para cidades abaixo de 50 mil habitantes.

As reflexões da equipe de pesquisa apontam para avanços e limites desses normativos. São

avanços importantes o reconhecimento do trabalho social como um componente da política

habitacional e urbana, articulado às diretrizes da política urbana e habitacional do País e também

a definição de parâmetros para a execução do trabalho social e o seu financiamento.

Por outro lado, os normativos apresentam problemas e limites, ao estabelecer conteúdos para o

trabalho social que não encontram capacidade institucional e técnica das equipes locais.

A configuração da gestão da política habitacional nos municípios é muito diversa, seja pelo porte

dos municípios, orçamento ou estrutura administrativa, mas em geral a configuração em especial

das equipes técnicas é precária pelo processo histórico de desmonte das políticas sociais.

Na trajetória das políticas públicas a habitação de interesse social até a Constituição de 1988 não

era atribuição municipal, e as ações nesse campo, quando eram desenvolvidas, eram definidas

como campo da política de assistência social, uma “ajuda para os mais pobres”, ou o atendimento

emergencial para áreas de risco, etc. Ainda hoje, em muitos municípios o trabalho social nos

projetos habitacionais ou o atendimento emergencial está locado nas secretarias ou

departamentos de assistência social, sem que haja o reconhecimento da habitação como lócus

próprio da política pública e, assim, as ações praticadas são reduzidas a prestação de alguns

serviços e atendimentos individualizados e imediatistas com vistas a minimizar condições de

habitabilidade prá lá de precárias.

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2.2. Reflexões sobre lacunas e tensões entre os normativos e as possibilidades de trabalho social

Inadequação dos normativos de trabalho social frente a escala dos projetos

O estudo sobre a Instrução Normativa n.º 27/2007, a Instrução Normativa n.º 08/2009 revelam

que as regras para a contratação e execução do trabalho social pelos agentes públicos, foram

reeditando conceitos, metodologia e eixos de trabalho social definidos anteriormente no HBB. No

entanto, essa reedição revelou-se inadequada ou insuficiente, tendo em vista as características

dos projetos (em especial os do PAC), muito diferentes do HBB, pela escala, tipologia de

intervenções urbanas e volume de recursos envolvidos. As orientações para o trabalho social

construídas no HBB atendiam ao escopo de um programa para áreas menores e também para um

universo menor de famílias. O trabalho social passa a ter novos desafios a partir do PAC e do

PMCMV, com a contratação de grandes obras e projetos habitacionais e de infraestrutura. Nesse

cenário as referências normativas não dão conta da nova realidade. Não foram redefinidas

concepção, metodologia e instrumentos de trabalho social para grandes projetos habitacionais

e/ou intervenções urbanas. Observou-se ainda que projetos do PAC foram contratados sem o

trabalho social, desrespeitando a regra e aprofundando o descompasso entre obra e trabalho

social.

A grande maioria dos projetos do PAC até então contratados, conviveu um período com

orientações destes Normativos (Instrução Normativa n.º 27 de junho de 2007 e a Instrução

Normativa n.º 08 de março de 2009), e com as novas orientações do PMCMV, o que produziu

alguns desentendimentos e algumas confusões.

O PMCMV é um programa de escala nacional, com metas grandiosas definidas, dirigido ao

mercado imobiliário, para atender famílias com até renda de 10 salários mínimos, e que subsidia

as famílias de zero a 03 salários mínimos vigentes. Somente nessa faixa de renda, conhecida como

faixa 1, o trabalho social é exigido. Suas regras de contratação e os seus tempos são diferentes dos

praticados até então. Trabalhar com demanda aberta, com pouco tempo até a entrega das obras,

trouxe algumas dificuldades para as equipes sociais.

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Frente a essas lacunas, pode-se entender que a Portaria 21/2014 é uma resposta a esses novos

desafios.

A utilização do Cadastro Único dos Programas Sociais – CadÚnico

A Instrução Normativa n.º 27/2007 introduziu nos projetos de trabalho social a exigência de

utilização do Cadastro Único dos Programas Sociais – CADÚNICO3, como instrumento para

elaboração do diagnóstico social e para registrar os benefícios recebidos pelas famílias.

A adoção do CADÚNICO para coleta de dados e informações das famílias de baixa renda no país

representa um avanço nas políticas sociais, pela unificação, controle e transparência dos dados da

população beneficiada pelos programas sociais, entretanto, sua utilização nos projetos de trabalho

social em habitação enfrentou dificuldades. Nos estados e municípios a responsabilidade de

operacionalização do CADÚNICO localiza-se em diferentes órgãos públicos e as equipes têm

dificuldades de acesso aos dados, nem sempre disponíveis, além da necessidade de senha de

acesso, que nos municípios é competência de um servidor público da área de promoção social.

Os normativos que se seguem reiteram a exigência do CADÚNICO, mas exigem a participação da

equipe social desde a concepção do projeto e a falta de acesso aos dados impede uma discussão

integrada de projeto. Com as novas orientações da Portaria 21, estes problemas certamente serão

superados.

Prazo de início do Trabalho Social

A exigência de Trabalho Social iniciar somente após a assinatura dos contratos de repasse

(presente na Instrução Normativa n.º 27/2007 e a Instrução Normativa n.º 08/2009) representou

uma limitação, inclusive porque o tempo de maturação e aprovação dos projetos é extenso. O que

deveria ter ficado claro era que os recursos de repasse somente seriam colocados á disposição do

executor após a assinatura dos contratos de repasse, mas a ação junto à população para

3 O CadÚnico é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), obrigatório para seleção de beneficiários de programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família e o PMCMV. Constitui uma base de informações sobre a situação socioeconômica das famílias cadastradas, podendo ser usada pelos governos municipais, estaduais. O CadÚnico é regulado pelos seguintes normativos: Decreto nº 6.135/07, pelas Portarias nº 177, de 16 de junho de 2011, e nº 274, de 10 de outubro de 2011, e Instruções Normativas nº 1 e nº 2, de 26 de agosto de 2011, e as Instruções Normativas nº 3 e nº 4, de 14 de outubro de 2011, Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastrounico, acesso em 19/09/2014.

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diagnóstico, seleção de demanda, discussão de projetos, ou outras ações que se fizessem

necessárias deveriam compor as ações do projeto, por conta do executor, na fase de concepção.

A Portaria 21/2014 apresenta avanços ao definir uma fase pré-contratual para o trabalho social

com a apresentação e seleção de propostas até a assinatura do instrumento de repasse/

financiamento.

Responsabilidade técnica

Na Instrução Normativa n.º 08/2009 havia a exigência expressa de que as ações e atividades do

Trabalho Social fossem de responsabilidade técnica de um profissional de Serviço Social ou de

Ciências Sociais/Sociologia, consideradas as áreas mais preparadas academicamente para esta

ação.

A Portaria 21/2014 traz uma alteração significativa nesse quesito ao definir que o coordenador,

responsável técnico, deverá preferencialmente ser formado em Serviço Social ou Sociologia,

abrindo a possibilidade para qualquer outra profissão de nível superior, desde que tenha

experiência em ações socioeducativas em intervenções de saneamento e de habitação.

O Coordenador, que será Responsável Técnico pela execução do Trabalho

Social, deverá compor o quadro de servidores do Proponente/Agente

Executor, ter graduação em nível superior, preferencialmente em Serviço

Social ou Sociologia, com experiência de prática profissional em ações

socioeducativas em intervenções de saneamento e de habitação. (PORTARIA

21/2014)

Cronograma de obras e trabalho social

Na Instrução Normativa n.º 08/2009 exigia-se cronogramas ajustados de obras e de trabalho

social, possível de ser realizado uma vez que o normativo propunha ações e conteúdos para o

trabalho social nas diferentes fases dos empreendimentos. Por outro lado, recomendava-se que a

liberação de recursos de repasse levasse em consideração o cumprimento das metas do projeto

social.

No Anexo II da Instrução Normativa n.º 08/2009 define-se melhor a ação da equipe social na fase

de concepção do projeto, a sua apresentação conjunta para a aprovação e contratação do

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empreendimento e quanto ao o uso do CADUNICO e ao início do trabalho e de suas ações com

recursos transferidos pela União. Retira-se a exigência de que trabalho social e obras devem ser

concomitantes e a liberação de recursos para o trabalho social está condicionada somente à sua

execução.

Já na Portaria n.º 21/2014 não está explicitado a relação direta entre obras e trabalho social.

Exige-se a apresentação de cronograma físico financeiro, porém este não está necessariamente

ligado ao cronograma físico financeiro das obras.

Conceito e conteúdos do trabalho social

Alguns conceitos, expressos na Instrução Normativa 27, davam o tom do trabalho social:

participação cidadã, organização dos grupos existentes e gestão democrática dos recursos

implantados e transparência das informações e intersetorialidade das políticas públicas. A Norma

propunha a execução do trabalho social permeado por eixos: Mobilização e Organização

Comunitária; Educação Sanitária e Ambiental e Geração de Trabalho e Renda, o que já era

bastante combatido pelos executores dos projetos, especialmente os do PAC, que pensavam suas

metodologias de maneiras diferenciadas.

A Instrução Normativa n.º 08/2009, que vigorou até recentemente, introduziu na definição do

Trabalho Social que ele se destina a favorecer a sustentabilidade dos empreendimentos, alterando

significativamente o discurso sobre o trabalho social como garantia de direitos do cidadão, que era

o disposto até então. O TS passa a ser uma funcionalidade para que os empreendimentos sejam

sustentáveis, o que é uma grande perda para o propósito do trabalho. Os eixos passam a ser

considerados temas para o trabalho social e se repetem enquanto objetivos do trabalho.

Na Portaria 21/2014 reitera-se essa tendência de subordinação do trabalho social a

sustentabilidade do empreendimento e a visão do trabalho social enquanto produtos.

Com relação aos conteúdos de trabalho a Instrução Normativa n.º 08/2009, e a Portaria 21/2014,

traz recomendações expressas para as ações nas diferentes fases do projetos e sugestões de

conteúdos para a execução do Trabalho Social com os beneficiários.

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Recursos para o trabalho social

Destaca-se na IN 08/2009 o valor significativo dos recursos colocados à disposição das equipes

para o trabalho social, percentual que variava de 1,5% a 2,00% das obras do PAC ou do PMCMV e

ainda a definição do que é permitido a aplicação destes recursos. Os recursos passam a ser objeto

de disputa entre diferentes agentes executores, como empresas, Cohabs, prefeituras e

empreiteiras.

A Portaria 21/2014 retoma esta questão no sentido da definição de que o trabalho social deve ser

licitado separadamente das obras e executado quando terceirizado por empresas que possuam

em seus objetivos a realização de trabalho social.

Quanto a recursos para o trabalho social a Portaria 21/2014, traz algumas mudanças:

1 Na composição de investimento das intervenções devem ser assegurados recursos para

execução do Trabalho Social, observando-se, os seguintes percentuais de investimento:

a) obrigatoriamente, para os projetos de habitação: no mínimo 2,5 % (dois e meio por

cento) do valor de investimento, do instrumento de repasse/financiamento, sem limite

máximo;

b) nos casos de saneamento integrado e drenagem urbana em que estiver previsto

remanejamento/reassentamento de famílias: 2,5% (dois e meio por cento) a 3% (três

por cento) do valor de investimento do instrumento de repasse/financiamento;

c) para as intervenções de saneamento das modalidades de abastecimento de água e

esgotamento sanitário, drenagem urbana e saneamento integrado sem

remanejamento/reassentamento de famílias, projetos de manejo de resíduos sólidos

que envolverem ações com catadores: de 1% (um por cento) a 3% (três por cento) do

valor de investimento do instrumento de repasse/financiamento; e

d) nos projetos de saneamento integrado conjugados com operações do Programa Minha

Casa Minha Vida - MCMV: de 2,5% (dois e meio por cento) a 3% (três por cento) do

valor de investimento do instrumento de repasse/financiamento de saneamento.

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2 Os recursos necessários ao pagamento das ações do Trabalho Social deverão integrar o

Valor de Investimento (VI) da intervenção, o Quadro de Composição do Investimento

(QCI) e o cronograma físico-financeiro da intervenção.

3 Os recursos de repasse, financiamento ou contrapartida aportados para as ações do

Trabalho Social deverão ser utilizados, exclusivamente, no pagamento das despesas

abaixo relacionadas:

a) elaboração do PTS e do PDST, se necessário, incluindo a elaboração ou atualização do

diagnóstico socioterritorial, estudos, pesquisas e de cadastros das famílias, exceto os

custos de cadastramento no CadÚnico;

b) contratação de consultoria e de serviços técnicos especializados para execução de

atividades específicas e complementares necessárias para apoiar o Proponente/Agente

Executor no desenvolvimento do Trabalho Social, tais como gestão condominial,

instrumentos de planejamento, monitoramento e avaliação, além de temas específicos

contidos nos eixos e fases previstos neste normativo, para os quais o

Proponente/Agente Executor, comprovadamente, não possua quadro de pessoal;

c) capacitação envolvendo oficinas educativas, seminários, e outras ações, inclusive

aquelas voltadas para o fortalecimento das entidades da organização da sociedade civil,

quando estas se encontrarem tanto na área de intervenção quanto na macroárea e

atuarem dentro da área de intervenção;

d) produção e aquisição de material pedagógico e de divulgação das ações do Trabalho

Social;

e) compra e locação de materiais permanentes a serem utilizados no desenvolvimento do

Trabalho Social, como por exemplo, computadores, impressoras, data-show,

equipamento de filmagem e de fotografia, indispensáveis para a execução, o registro e

a difusão das ações do projeto social, desde que o Proponente/Agente Executor não

disponha de tais materiais e, caso tenham sido adquiridos, ao final deverão ser

incorporados ao patrimônio do Proponente/Agente Executor para continuidade das

ações;

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e) a compra e locação prevista na alínea “e” refere-se apenas às ações de Trabalho

Social executadas diretamente pela equipe do Proponente/Agente Executor, sendo

vedada para as ações executadas por empresas terceirizadas, uma vez que estas já

deverão possuir as condições necessárias para o seu desenvolvimento;

f) contratação de apoio logístico para suporte das atividades programadas no projeto, tais

como: aluguel, instalação e manutenção do escritório/plantão social; transporte;

telefonia; e internet; desde que essenciais para dar viabilidade ao desenvolvimento das

atividades programadas, sendo vedada a aquisição de veículos;

g) custeio de projetos de geração de renda e inclusão social, produtiva e econômica dos

beneficiários, inclusive os elaborados por entidades da sociedade civil, desde que

presentes na macroárea e atuem na área de intervenção. Estes projetos devem

apresentar condições de exequibilidade e contribuir para a inserção produtiva,

admitindo-se a compra de equipamentos para dar viabilidade aos referidos projetos; e

4 Os recursos deverão ser aplicados em conformidade com a Lei de Diretrizes

Orçamentárias aplicável ao exercício financeiro respectivo, sendo vedadas as despesas

relacionadas no art. 52, da Portaria Interministerial nº 507, de 24 de novembro de 2011,

assim como aquelas destinadas à compra de materiais permanentes para dar

funcionalidade a equipamentos públicos, tais como escola, creche, hospital, entre

outros;

4.1.É vedado o pagamento de custas cartorárias voltadas à formalização de

condomínios.

5 Os custos com a Avaliação Pós-Intervenção não integram os recursos destinados ao

Trabalho Social, sendo, quando exigível em ato normativo específico, obrigatórios na

composição de investimento da intervenção. (MCIDADES, Portaria 21/2014)

A destinação de recursos para o trabalho social é um avanço dos normativos que sustentam a

definição de que ele é um componente da PNH. O volume de recursos (1,5%% sobre o valor da

obra) gera disputas entre os diversos agentes e merece um olhar detalhado sobre a qualidade dos

serviços prestados.

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Agentes nacionais: Secretaria Nacional de Habitação (SNH)/ Ministério das Cidades e CAIXA

ECONÔMICA FEDERAL

Com os novos normativos, o papel da SNH é de regulação e monitoramento. Diferente de períodos

anteriores (como o do HBB, o controle), acompanhamento e recebimento de relatórios passou a

ser de responsabilidade da CAIXA, que por sua vez, quando solicitada, envia planilhas de dados,

projetos ou relatórios.

Dessa forma, a relação das equipes das prefeituras é muito mais com o agente financeiro do que

com o Ministério.

A Caixa Econômica Federal possui papeis significativos dentro dos Programas Habitacionais. É o

gestor do FAR, do FGTS, além e ser o Agente Financeiro das operações e também o mandatário

do Governo Federal no Estado ou Município, e, ainda, é a quem os Agentes Promotores (estados,

municípios e Distrito Federal) entregam seus projetos para análise, aprovação e

acompanhamento.

Estes papéis trouxeram um grande poder às equipes da Caixa, que para a contratação do Trabalho

Social, definiram regras próprias no Caderno de Orientações Técnicas (COTS)4, que muitas vezes

destoaram dos Normativos do Programa definidos pelo Ministério das Cidades, causando grande

desconforto nas equipes de trabalho social de Estados e Municípios. Este conflito de orientações

está claramente expresso na Instrução Normativa n.º 08/2009, que no item sobre a apresentação

de projetos, destacava que a metodologia de implementação do projeto é uma escolha do Ente

Federado, talvez para reduzir a interferência da Caixa nos projetos apresentados. Por outro lado

há de se destacar que estes papéis desempenhados pela CAIXA em vários dos Programas do

Governo Federal traz um acúmulo de serviços que muitas vezes as equipes técnicas da Caixa não

dão conta de desempenhar, e isto tem ficado claro no tempo muito longo para análises e

aprovação de projetos, bem como para o acompanhamento e monitoramento das operações

contratadas que demandam desembolso de recursos, nem sempre nos prazos previstos nas regras

dos Programas.

4 Com a publicação da Portaria 21 a CAIXA tomou a decisão de retirar do site o COTS, pois as orientações para os municípios estão contidas na Portaria do MCidades.

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A CAIXA também é responsável pela análise e aprovação da demanda a ser atendida nos projetos

do MCMV. Este procedimento é bastante demorado, pois exige a indicação do CADUNICO, a

análise dos dados de cada mutuário no CADMUT e em outros sistemas da Caixa. O tempo

decorrido na definição da demanda indicada por municípios e ou entidades pode em alguns casos

interferir no atendimento às famílias, uma vez que há flutuação dos perfis das famílias por conta

do tempo de análise e isto é um fator dificultador do trabalho. O tempo para aprovar o projeto e

o perfil das famílias, muitas vezes impossibilitando o atendimento da demanda inicialmente

apresentada.

De acordo com informações de entrevistados da pesquisa a CAIXA tem a função de técnico social,

mas não uma carreira específica da área social. Dessa forma, há o aproveitamento de funcionários

internos com formação de nível superior para ocupar essa função, no geral sem experiência

profissional na área social e sim na párea bancária.

Vale lembrar que o Banco do Brasil passou a ser também agente financeiro do PMCMV, mas não

temos informações sobre sua estrutura para gerência do trabalho social.

O Município e o trabalho social

As entrevistas com profissionais da área social apontam que apesar de no MCMV 2 o município ter

um papel central na definição das áreas e projetos, ainda persiste uma visão que secundariza o

trabalho social, observada pela ausência de equipes multidisciplinares nas secretarias

responsáveis pelo Programa para acompanhar e participar de definições em todo o processo.

Em muitos municípios a execução do trabalho social do MCMV está locada na secretaria

responsável pela política de assistência social, seja por um arranjo institucional pela falta de

profissionais da área social (em especial assistentes sociais), seja por uma concepção equivocada

de que trabalho social é competência da política de assistência social e não da política de

habitação.

Como reflete nossa entrevistada,

[...] o trabalho social é um processo em construção, um processo inclusive de difícil

construção pelas dificuldades que temos com os agentes financeiros, com a própria

fragilidade no município em termos de equipe, o quantitativo das equipes,...o

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trabalho social não depende só do funcionamento de uma equipe social eficiente,

eu entendo que ele começa pela formulação de bons projetos e esses bons projetos

depende também de que o município se posicione. (entrevista com EML, 2013).

A falta de estrutura e de pessoal nas prefeituras no contexto de aprovação de projetos leva a uma

maior terceirização de serviços, que no caso do trabalho social exige muito acompanhamento,

supervisão, que as pequenas equipes das prefeituras, pelo acúmulo de trabalho, não tem condição

de fazer. Essa situação gera uma autonomia e desconexão do trabalho terceirizado com o

planejamento que se reflete nas famílias e na organização social dos empreendimentos.

A Secretaria Nacional de Habitação tem feito esforços e investimentos na capacitação técnica dos

municípios, com publicações, seminários e cursos, mas é fato que há um déficit de estrutura de

gestão nos municípios desde os anos 1990, com os limites orçamentários e as políticas neoliberais.

No caso do trabalho social registra-se a partir de 2010 dois cursos à distância que introduziram os

conteúdos centrais para o trabalho. Mas apesar dessas iniciativas pouco se investiu em recursos

humanos (verificada pela ausência de concursos na área), equipamentos, fluxos, atribuições e

competências. A tônica tem sido a terceirização de serviços com baixa capacidade de intervenção

direta. Avalia-se que a Política Nacional de Habitação carece de induzir um reordenamento

institucional através de programas de desenvolvimento institucional e de implantação do Sistema

Nacional de Habitação articulado nas três esferas de governo.

A lei é clara a competência o trabalho social é do ente publico municipal, que precisa ser apoiado e

fortalecido. A entrevista realizada com técnica da Caixa Econômica federal, responsável pelo

município de Osasco, revela que na sua área de atuação há um grande despreparo das prefeituras

para o trabalho social, destacando que em geral há falta pessoal e de capacitação técnica, e ainda

que o setor jurídico das prefeituras deixa as licitações de trabalho social para 2º plano. A

entrevista reconheceu que a prefeitura de Osasco é uma exceção nesse cenário.

Monitoramento e avaliação

O sistema de monitoramento introduzido leva em consideração o porte do empreendimento para

a apresentação de Relatórios ao Ministério das Cidades, o que podemos considerar comouma boa

prática. Somente são apresentados Relatórios semestrais para os contratos superiores a nove

milhões de reais. Os relatórios de medição do trabalho social são apresentados à Caixa

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mensalmente, nos projetos de qualquer valor, com o propósito de liberação de recursos.

Finalmente a Avaliação de Pós Ocupação, com a Matriz desenvolvida para o HBB é adotada para

projetos com valores superiores a nove milhões de reais, o que pode ser um exercício difícil para

as equipes de projeto, uma vez que a concepção e forma de atuar do HBB eram muito diferentes

dos propósitos do PAC e do PMCMV.

Condomínio e gestão condominial

Nas grandes cidades e até nas cidades médias, a decisão de ofertar empreendimentos

verticalizados, trouxe também uma grande complicação para as famílias de baixíssima renda, pois

além da prestação da casa, teriam que pagar pela gestão administrativa do condomínio, já que as

alternativas de autogestão condominial, em muitos projetos do PAC e do MCMV não foram

aceitas pela Caixa. Na primeira fase do PMCMV a gestão condominial que envolve muito mais do

preparar as famílias para a vivência em condomínios, torna-se uma obrigação ou responsabilidade

do Trabalho Social.

A Portaria 518 de novembro de 2013, do Ministério das Cidades, disciplinou o assunto,

estabelecendo o desenvolvimento das ações de gestão condominial e patrimonial através de

empresa especializada para execução dos serviços e destinando recursos para a execução dessas

atividades do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) correspondente a 0,5% (meio por cento)

do valor de aquisição da unidade habitacional aportado pelo FAR, por um período de no mínimo,

12 (doze) meses, com início 30 (trinta) dias antes da ocupação do empreendimento. Através dessa

Portaria a gestão condominial deixa de ser responsabilidade do trabalho social. Os aspectos

contábeis, jurídicos e administrativos de condomínio não são trabalho social, mas são elementos

que interferem diretamente na sociabilidade e convivência da nova moradia.

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3. . Trabalho Social em Osasco e o PMCMV 3.1. A cidade de Osasco

O Município de Osasco, localizado na região metropolitana de São Paulo, teve, como grande parte

das grandes cidades brasileiras, um processo de expansão urbana desigual e excludente,

caracterizado pela precariedade e informalidade. Osasco, único distrito integrante do município de

São Paulo, obteve a sua emancipação político administrativa em 1962.

As Rodovias Anhanguera, Castelo Branco, Raposo Tavares e o Rodoanel Mário Covas facilitam o

acesso à cidade. O município faz fronteira com São Paulo, Carapicuíba, Barueri, Taboão da Serra,

Cotia e Santana de Parnaíba.

Figura 2: Mapa cidade de Osasco

Fonte: PM Osasco (2012)

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Mapa da cidade e do Zoneamento – Osasco Fonte: PMOsasco, 2013, disponível em: www.osasco.sp.gov.br/habitacao

Segundo Carvalho (2009), a configuração de Osasco seguiu o modelo de expansão periférica da

cidade de São Paulo, onde a alternativa habitacional para importantes parcelas da população se

deu via aquisição de lotes em loteamentos populares, quase sempre à margem do mercado

formal, reforçando, assim, a precariedade e informalidade do acesso à cidade e à moradia. É

diante desse cenário que Bonduki (1998) afirma que o acesso à habitação de interesse social no

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Brasil esteve historicamente caracterizado pelo trinômio loteamento periférico, casa própria e

autoconstrução.

O processo de formação do território de Osasco está diretamente ligado à industrialização da

Região Metropolitana de São Paulo e ao processo de expansão periférica da área urbanizada de

São Paulo. A instalação das primeiras indústrias ocorreu no fim do século XIX e início do século XX.

O período pós guerra alavancou a implantação de grandes indústrias tornando Osasco, que então

era distrito do município de São Paulo, importante território industrial, que a partir dos anos 50

reúne contingente expressivo de população migrante.

Outro fator a ser considerado na análise da expansão urbana irregular encontra-se relacionado à

emancipação de Osasco em 1962, elevado a categoria de município, posto que nessa época

diversos loteamentos se encontravam em análise de projeto para fins de implantação ou haviam

sido aprovados naquele ano. Tal situação provocou a ausência de um acompanhamento técnico e

um maior controle territorial, em face da necessidade de estruturação institucional e técnica do

novo município. Datam dessa época loteamentos que até hoje se encontram em processo de

regularização.

Como no município de São Paulo, o número de favelas em Osasco e sua população moradora

deram um enorme salto a partir dos anos 1980. Em 1970, Osasco tinha duas favelas e 378

moradores. Em 1980 existiam 40 favelas no município, que abrigavam 3.936 habitações e 19.397

moradores. Em 1985 o número de moradores de favelas já tinha crescido 80% em relação aos

números de 1980, somando 94 assentamentos com 6.554 casas e 35.000 habitantes. Em 2005,

esses números subiram para 158 assentamentos, 16.479 casas e 88.000 habitantes, o que

representa um crescimento da população favelada de 250% em 20 anos, e 450% em 25 anos.

(IBGE – Censos Demográficos de 1970 e 1980.Para dados de 1985, Plano Estrutural do Município

de Osasco, 1986.Para dados de 2005, Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação da

Prefeitura do Município de Osasco).

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Em 2010, a Fundação João Pinheiro estimava para todas as regiões metropolitanas um déficit

habitacional5 de 1.764.965 unidades, sendo que a Região Metropolitana de São Paulo, sozinha,

concentrava 862.158 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2010). Comparando Osasco, com os municípios

do seu entorno, a cidade com 666.649 habitantes possuía um déficit habitacional, em 2010, de

31.305 unidades, perdendo apenas da cidade de São Paulo, com 11.253.503 habitantes e um déficit

habitacional de 571.188 unidades.

Tabela 1. Déficit habitacional: Região Metropolitana de São Paulo, Osasco e municípios do entorno

Unidade Territorial Déficit

Habitacional Total

Déficit Habitacional Total

para domicílios sem rendimento

Déficit Habitacional Total para domicílios com rendimento 0-3

salários mínimos

Metropolitana de São Paulo 862.158 31.059 489.389

São Paulo 571.188 20.219 323.256

Osasco 31.305 1.601 17.806

Carapicuíba 15.038 732 8.297

Barueri 10.123 258 6.556

Taboão da Serra 10.023 221 5.623

Santana de Parnaíba 3.365 122 1.810

Cotia 7.270 235 3.942

Fonte: Fundação João Pinheiro, 2010.

Mesmo sendo, a 6ª maior cidade do Estado de São Paulo em termos populacionais6 e o 11º PIB

entre os 5.565 municípios brasileiros7, Osasco possuía, em 2007, 143 núcleos habitacionais, com

30.266 domicílios precários, representando 16,72% da população total da cidade. No geral, esses

domicílios estavam implantados sobre áreas públicas municipais destinadas originalmente a

espaços de lazer e recreação, praças, equipamentos públicos, sistema viário, bem como em áreas

de preservação ambiental, à beira de rios e córregos, e, consequentemente, sujeitas a enchentes.

5 Para a metodologia desenvolvida pela Fundação João Pinheiros o déficit habitacional é calculado a partir da soma de quatro componentes: (1º) domicílios precários; (2º) coabitação familiar; (3º) ônus excessivo com aluguel urbano; e (4º) adensamento excessivo de domicílios alugados (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIROS, 2010).

6 Segundo o Censo IBGE 2010, Osasco ocupa o 6º lugar no ranking do estado de São Paulo, figurando dentre as mais populosas, com 666.649 habitantes, ficando atrás somente de São Paulo, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo e Santo André. 7 Segundo últimos dados divulgados pelo IBGE (Base ano de 2011), o ranking das 10 cidades de maior concentração do PIB brasileiro, em ordem decrescente, foram: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Guarulhos, Fortaleza, Campinas, Osasco e Salvador. A cidade de Osasco, juntamente com Campinas e Guarulhos foram as cidades paulistas que figuraram nesse ranking em meio às capitais brasileiras, ficando à frente de Salvador e Recife, por exemplo. Fonte: IBGE,PIB_municipios 2011.

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A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Osasco estimava, em 2006,

em torno de 60% do território com algum tipo de irregularidade fundiária (Carvalho, 2009).

A forma de uso desordenado do território da cidade de Osasco ao longo do tempo,

com ocupação quase total de seus espaços públicos destinados a áreas verdes e

institucionais, obriga um repensar de estratégias de reordenamento e recuperação

urbana. (SEHDU, 2009.2012 -Realizações e Perspectivas 2 p.33.)

As áreas de risco detectadas, que não haviam sido objeto de intervenção anterior, passaram a ser

prioritárias na inclusão dos programas habitacionais de Regularização Fundiária, Urbanização de

Favelas, Provisão Habitacional e Bolsa Aluguel.

3.2. Trabalho Social em Osasco: contexto institucional

Em 2005, na gestão do prefeito Emídio de Souza (PT) houve uma mudança na Secretaria de

Habitação que passa a ser Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEHDU) e o

trabalho social começa a ser estruturado. O prefeito convidou profissionais, arquitetos, assistentes

sociais que atuaram na prefeitura de São Paulo para comporem o secretariado e equipes, entre

eles, o secretário Sergio Gonçalves e a assistente social Maria de Lourdes Paz Rodrigues que

atuaram na Secretaria de Habitação de São Paulo.

Até esse momento, a Secretaria de Habitação atuava, de forma precária, em duas frentes: o

Programa do Habitar Brasil-BID (HBB), com um projeto habitacional em andamento (área

denominada área Y onde seriam construídas 728 unidades), e outra frente de atendimento

individualizado, com serviços de concessão de espaço para construção de barracos, doação de

madeiras, e comprovante de endereço. Essa era a política municipal de habitação, ou a ausência

de política municipal, que em certa medida é responsável pelo alto índice de irregularidade da

terra em Osasco (70%). Na área técnica a equipe existente era a do HBB, por exigência do

programa federal, composta por uma assistente social, uma engenheira, uma arquiteta. A equipe

do HBB era o núcleo, pequeno, mas melhor estruturado da Secretaria, dispunha de espaço físico

(uma sala), com computador, material, recurso pra contratar assessoria. A outra frente de

trabalho da Secretaria não tinha estrutura nem planejamento, entregava madeira, fazia remoção

de áreas de obras públicas, apenas com funcionários operacionais e administrativos e alguns

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engenheiros, não dispunham de assistentes sociais, mas tinham pessoas ligadas a políticos da

cidade (vereadores), que eram contratados para fazer a relação com os moradores.

O trabalho social nas favelas ou núcleos habitacionais (chamadas em Osasco de áreas livres) era

inexistente até 2005, prevaleciam as relações clientelistas, de favor e eleitoreiras. As áreas não

tinha nomes, eram denominadas de A a Y e todas tinham um presidente, que se relacionavam

diretamente com o secretário de habitação. Um exemplo da relação clientelista e eleitoreira é de

que o secretário daquela época era um vereador e o cadastro social das famílias exigia o número

do título de eleitor.

Com a mudança de gestão, na Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano cria-se a

Departamento de Habitação de Interesse Social com três coordenações – Técnica, Regularização

Fundiária e Social – que passam a fazer a interlocução com as áreas e seus “presidentes” e, aos

poucos, começam a mudar as relações com a população. O desafio era construir um novo desenho

da política, romper com a prática clientelista e tuteladora e promover a participação e uma

direção coletiva.

Outro desafio importante da nova gestão referia-se ao conjunto dos funcionários da SEHDU mudar

a concepção de trabalho social, introduzir novos conceitos e parâmetros, considerando a

qualidade da moradia. Não havia assistentes sociais na Secretaria, os existentes na prefeitura

estavam lotados na Secretaria da Saúde ou da Assistência Social. Num primeiro momento a

alternativa foi contratar, convidar pessoas para compor a equipe. A contratação de profissionais

através da terceirização foi uma alternativa, mas com uma peculiaridade, os profissionais

trabalhavam subordinados ao Departamento de Trabalho Social, garantindo a direção política,

apesar de uma condição de trabalho desigual entre funcionários públicos e os chamados

terceirizados.

Destacam-se entre os princípios norteadores da Política Municipal de Habitação do município

(2005): o reconhecimento à moradia digna como direito social; a participação da sociedade civil na

definição, gestão e controle da política habitacional e urbana; ações de inclusão social e

fortalecimento das organizações locais; articulação da política de habitação com as demais

políticas urbanas e sociais, considerando a qualidade da moradia (infra-estrutura, equipamentos

sociais e serviços coletivos).

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A precariedade das áreas, as fortes chuvas e emergências levaram a SEHDU a criar o Programa

Bolsa Aluguel, e a dar diretrizes para a Política Municipal de Habitação, onde o trabalho social

passa a ter um papel de destaque na política e na estrutura administrativa da SEHDU

(coordenação). O trabalho social passou a priorizar o trabalho com as comissões de moradores, a

representação e autonomia política.

O trabalho social evoluiu significativamente dos anos 2005 a 2013. Essa é a terceira gestão, com

continuidade na SEHDU. Nesse sentido, para avaliar o trabalho social em um programa ou projeto

é preciso compreender a trajetória, seus avanços, percalços, o lugar que ocupa na política e na

estrutura de gestão.

Além de uma coordenação específica, de inclusão do trabalho nas diretrizes da política, ocorreu a

estruturação de uma equipe social com a realização de concurso público, que hoje conta com uma

equipe com 20 profissionais, entre os quais assistentes sociais, sociólogos e psicólogos, espaço

físico, computadores, etc. O departamento passou a responder pelo plantão de atendimento, pelo

cadastro e pelo trabalho social junto às áreas de urbanização e regularização fundiária. A equipe

técnica social organizou-se por região (norte e sul) e por programas.

Com as frentes de trabalho e equipes definidas estabeleceu-se um plano de ação para áreas

incluídas no Programa de Urbanização, no Programa de Regularização Fundiária e no Programa de

Subsídio Habitacional - PSH. A identificação das lideranças locais, a formação de comissões, a

realização de assembleias com moradores, oficinas de trabalho, reuniões envolvendo diversos

agentes públicos e a criação de fóruns foram algumas das ações adotadas que se constituíram em

instrumentos facilitadores para a recepção da proposta e dos profissionais responsáveis pelo

trabalho nas diversas áreas.

O Departamento de Trabalho Social adotou algumas estratégias:

• Integração da equipe social e o diálogo permanente com os profissionais das áreas de

regularização e urbanística, garantindo informação em tempo real, com vistas à

instrumentalização dos moradores;

• Instalação de grupos de negociação com a participação da equipe técnica, Comissão de

Representantes e moradores envolvidos;

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• Realização de assembléias para a escolha de representantes;

• Reuniões intersecretariais;

• Palestras e oficinas de sensibilização com equipamentos públicos e organizações não

governamentais;

• Reuniões sistemáticas com grupos de moradores para discussão das regras do projeto;

• Formação de comissões de moradores para acompanhamento das obras.

Um exemplo do trabalho integrado na SEHDU foi na regularização fundiária, com investimento em

capacitação técnica (cursos, palestras, etc.) e uma atuação conjunta nas áreas das equipes –

regularização, física e social - realizando assembléias, formando comissões de representantes com

o objetivo de criar um fórum de regularização fundiária para que a população acompanhasse todo

o processo. Foi elaborado um guia de orientação da regularização, chamado de “os dez passos”.

Aconteceram quatro fóruns e todos com grande participação de todas as áreas. Paralelamente,

eram definidas as áreas que seriam urbanizadas e identificadas as áreas para a provisão. A

coordenação social participava das decisões, reuniões e discussões com os representantes. O

trabalho de regularização fundiária foi premiado.

Em agosto de 2006 é criado o Conselho Municipal de Habitação e as comissões de moradores,

representantes passam a se articular diretamente com o conselho e a dialogar com o secretário.

Do ponto de vista dos movimentos de moradia, Osasco teve importantes movimentos nos anos

1970 e 1980 articulados com a Igreja católica (em exemplo foi a liderança de Sônia Rainho), mas a

partir dos anos 1990 foram se fragmentando e fragilizando.

O Departamento de Trabalho Social teve de 2005 até o momento três diretoras assistentes sociais:

Maria de Lourdes Paz Rodrigues, Elma Gomes, Sandra Simões. Podem-se identificar marcas nessas

gestões. A primeira gestão buscou a estruturação do trabalho social, de conhecimento e

diagnóstico das áreas, entrar nas áreas, mapear, cadastrar e iniciar o processo de diálogo. A

população começou a conhecer a SEHDU através das ações integradas pelas equipes. Na gestão da

Elma Gomes chegaram os recursos do PAC, sendo possível contratar profissionais, além dos que

estavam chegando pelo concurso. A equipe cresceu, mas com pouca ou nenhuma experiência na

área habitacional. Foi necessário investir na capacitação e formar a equipe para e na ação de

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implantação dos projetos, pois o momento demandava ações de mobilização para

acompanhamento das obras e das mudanças das famílias das antigas moradias, monitoramento

das famílias transferidas temporariamente para o aluguel e depois para as moradias definitivas. A

gestão da Sandra Simões, pode-se dizer que traz a marca de resgatar a participação popular, de

restabelecer os fóruns e ao mesmo tempo em dar continuidade à implementação dos projetos.

Nessa gestão ocorre o PMCMV que estabelece regras próprias para o trabalho social e exige

negociações com a Caixa Econômica federal, como por exemplo, a exigência de sorteio das

unidades habitacionais, que a equipe social contrapropôs com o trabalho de escolha de

vizinhança.

Observa-se nessas gestões a continuidade de concepção de diretrizes para o trabalho social, a

participação é o eixo condutor, que vai se refletir nas obras e intervenções nas áreas.

A trajetória na cidade de Osasco revela um investimento na estruturação do trabalho social na

política pública e na sua gestão. Esse aspecto merece destaque, pois fará toda a diferença na

análise dos resultados do trabalho social. Em 2005 havia apenas um profissional, hoje há uma

equipe com mais de 20 profissionais.

3.3. Política Municipal de Habitação de Osasco e trabalho social

A Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano - SEHDU é a responsável a Política de

Habitação, promovendo a implantação de programas e projetos de urbanização, regularização e

de provisão habitacional. De acordo com Sérgio Gonçalves, secretário municipal, o “PMCMV não é

a política, mas instrumento fundamental para inserção da política habitacional no município”. Na

sua avaliação o fato de a prefeitura de Osasco ter estruturado uma secretaria de habitação e

desenvolvimento urbano facilita o desenvolvimento do programa e destaca: “... o PMCMV é muito

bom porque é subsidio direto. É possível compor a política com este programa desde que haja

acompanhamento do trabalho social e inserção na cidade legal. Habitação não é só casa”.

Nesse sentido a SEHDU definiu uma Política Municipal de Habitação (PMH) e realiza um conjunto

diversificado de programas, entre eles, Regularização Fundiária, Bolsa Aluguel, Urbanização e

Provisão Habitacional.

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São diretrizes da Política Municipal de Habitação:

garantir a permanência das famílias nas áreas ocupadas sempre que não implicar em risco de

vida para os moradores e não comprometer o meio ambiente;

promover a erradicação das áreas de risco ocupadas;

viabilizar, para a população de baixa renda, a aplicação de subsídios para o acesso à moradia;

promover a produção de unidades habitacionais com recursos próprios e com o incentivo a

cooperativas e mutirões;

promover parcerias com a iniciativa privada;

estabelecer acordos com outros órgãos públicos municipais, estaduais e federais;

promover a urbanização de favelas e sua inserção na malha urbana e de serviços.

São princípios da PMH:

a intervenção no processo de uso, ocupação e valorização do solo para garantir o acesso

democrático à cidade e evitar a exclusão social;

o reconhecimento à moradia digna como direito social;

a participação da sociedade civil na definição, gestão e controle da política habitacional e

urbana;

a articulação da política de habitação com as políticas urbanas e sociais, considerando a

qualidade de moradia (infraestrutura, equipamentos sociais e serviços coletivos);

a oferta de programas e projetos habitacionais condizentes com as diferentes realidades

socioeconômicas da demanda;

o respeito ao meio ambiente;

ações de inclusão social e fortalecimento do patrimônio social da comunidade.

estabelecer processo de gestão democrática nas áreas de intervenção, com participação de

representes da população.

Para estruturação da PMH a SEHDU promoveu a revisão do Plano Diretor e do Código de Obras,

introduzindo a Outorga Onerosa, a criação do Conselho e do Fundo Municipal de Desenvolvimento

Urbano e Habitacional e a regulamentação das Zonas Especiais de Interesse Social. Estas ações

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contribuíram para a consolidação do Programa Bairro Novo, voltado especialmente para

urbanização de favelas, provisão habitacional e regularização fundiária.

A partir de parceria com o Ministério das Cidades por meio do Programa de Aceleração do

Crescimento - PAC, do Programa de Subsídio de Habitação de Interesse Social - PSH e do

Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, a SEHDU viabilizou recursos para urbanização das

principais favelas da cidade e a implementação do Programa de Regularização, além de

proporcionar ampliação de construção de novas unidades habitacionais. É nesse contexto e na

direção de uma política urbana includente que está inserido o empreendimento Flor de Jasmim.

a) Programa de Regularização Fundiária

No Município de Osasco é possível identificar loteamentos irregulares em que o morador adquiriu

o lote e ali reside a várias décadas, porém não consegue transferir para o seu nome a propriedade

da terra. A falta de matrícula do lote impossibilita também a aprovação da construção e o pedido

de alvará de comércio ou serviço, o que gera inúmeros outros problemas tanto para os moradores

como para o poder público municipal.

O Programa de Regularização Fundiária busca enfrentar esse quadro e envolve três ações

complementares: físico-habitacional (melhoria das condições habitabilidade nos assentos

informais), social (garantia de participação democrática da população, buscando articulação com

outros programas e políticas públicas) e jurídica (aplicação das leis que assegurem a permanência

da população nas áreas ocupadas e garantam direitos a moradia). Para o desenvolvimento do

programa foram previstos recurso do orçamento municipal, mas também do Governo Federal, via

Ministério das Cidades.

O principal objetivo da regularização é aplicar os instrumentos jurídicos previstos no Estatuto da

Cidade (Lei Fed.10.247/01) e na Medida Provisória 2220/01 para garantir aos moradores das áreas

ocupadas a segurança jurídica da posse.

A partir de 2005, a Prefeitura do Município de Osasco buscou promover a regularização das áreas

demarcadas como ZEIS, em consonância com o Estatuto das Cidades. Para tanto, foram utilizados

os recursos do governo federal por meio do Programa de Subsídio para Habitação de Interesse

Social – PSH. Com esse recurso foi possível demarcar os lotes e quadras, fazer o cadastramento

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das famílias, promover melhorias habitacionais, substituir as moradias precárias e de madeira por

embriões, além de recuperar praças e construir quadras poliesportivas. Cabe, no entanto, destacar

que as moradias foram autoconstruídas, em sua maioria com recursos dos próprios moradores.

O trabalho técnico social no programa de regularização fundiária busca viabilizar o acesso às

informações sobre o processo da intervenção junto aos moradores, na perspectiva do direito à

moradia digna, à cidade e seus serviços.

As ações são articuladas entre as equipes de regularização fundiária, técnica social e de

participação popular:

Atividades de mobilização;

Assembléias sobre esclarecimentos do Programa de Regularização e do Programa de

Subsidio Habitacional;

Reuniões para a escolha dos membros da comissão de urbanização e regularização

fundiária;

Reuniões com a comissão para discussão e aprovação do plano;

Criação do Fórum de Regularização Fundiária.

Entre as estratégias adotadas destaca-se o investimento no papel dos representantes da comissão

como multiplicadores de informações, discutindo a importância da participação social, da

representatividade e dos direitos e deveres sociais que a nova condição fundiária e formal do

loteamento proporcionará a todos os moradores.

Outra instancia de participação constituída foi a comissão de ZEIS, inseridas no contexto do

programa de regularização, que demanda a desafetação das áreas públicas e demarcação de

Zonas Especiais de Interesse Social.

Para viabilizar a outorga de títulos de concessão das terras de uso comum do povo, foi necessária

a aprovação de duas leis, demarcando Zonas Especiais de Interesse Social- ZEIS (em substituição a

legislação anterior) e tratando da desafetação das áreas de uso comum do povo demarcadas como

ZEIS.

O Programa prevê ainda a elaboração de uma cartilha de pós-regularização, abordando a

transferência da posse e regularização da construção.

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b) Programa Bolsa Aluguel

O Programa Bolsa Aluguel foi criado em 2005 pela Lei Municipal nº 3.932/2005 e Decreto Lei n.

9.403/20058 como parte da Política Municipal de Habitação e visa atender “famílias em situações

habitacionais de emergência, em situação de rua ou moradores de áreas submetidas às

intervenções urbanas de interesse público” (artigo 2/ Lei n. 3.932/2005).

As famílias beneficiárias deste programa residem em diversas regiões do município, em imóveis

alugados, e foram removidas de áreas de risco. O Programa já beneficiou cerca de 320 famílias que

aguardam atendimento em programas de provisão habitacional. Para selecionar as famílias para o

empreendimento Flor de Jasmim, foi utilizado como principal critério, o tempo de inclusão no

programa, sendo selecionadas famílias inseridas no programa no ano de 2005, bem como o

vínculo com as áreas beneficiadas, abrangendo assim as famílias removidas em razão do incêndio

ocorrido em 2006 na área da Eletropaulo, localizada no Jardim Aliança. É diante deste quadro que

foram selecionadas 76 famílias beneficiárias do Programa Bolsa Aluguel para atendimento

habitacional no Residencial Flor de Jasmim.

c) Programa de Urbanização de favelas

O Programa de Urbanização de Favelas do Município visa a requalificação física dos espaços

urbanos e a inclusão destes espaços na “cidade formal”. A SEHDU prioriza áreas consolidadas e

isentas de problemas ambientais, associando a urbanização a projetos de provisão habitacional

sem que haja o deslocamento das populações atendidas.

As intervenções ocorridas nas áreas Colinas D’Oeste/ Morro do Socó e Portais do Campo e Menck,

contemplam a substituição de moradias de baixo padrão construtivo nas margens do córrego, a

eliminação das áreas de risco e implantação de infraestrutura urbana. Para a elaboração dos

projetos, município utilizou recursos próprios e para a execução das obras estabeleceu convênio

para adesão ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por intermédio do Ministério das

Cidades.

O trabalho social nesse Programa participa de todas as fases do planejamento e intervenções e

inclui entre suas atribuições a articulação e intersetorialidade com as demais secretarias

8 Alterações feitas em: LEI Nº 4195, de 03 de janeiro de 2008; LEI Nº 4453, de 27 de outubro de 2010.

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municipais, através da formação de Grupo de Trabalho Intersecretarial. São realizadas ações

educativas, promovidas pela SEHDU com a participação de outras secretarias municipais, como

plantio de árvores, limpeza de fundo de vales e do córrego, implantação de lixeiras e de placas

com orientação sobre os problemas causados pelo acúmulo de lixo, com o objetivo de minimizar

os graves problemas ambientais das áreas.

A equipe técnica social parte do pressuposto da importância da participação e do território no

cotidiano das relações sociais e assume como ferramenta o diagnóstico socioeconômico integrado

para delimitar as ações nas áreas de intervenção, sempre em discussão com os moradores.

e) Programa Habitacional de Provisão – PMCMV

Com o lançamento do PMCMV em abril de 2009, o município de Osasco imediatamente adere ao

Programa e inicia as inscrições, viabilizando para a população um hotsite na internet. As inscrições

alcançaram o número de 63.635 interessados, sendo que deste universo foram consideradas as

inscrições em que os titulares declaravam renda de até 3 salários mínimos, residência no

município de Osasco e que não possuíam casa própria em área particular, critérios orientados

pelas diretrizes municipais de atendimento habitacional. Diante de tais critérios obteve-se um

universo de 43.324 inscrições, que inseridos no Cadastro da Prefeitura de Osasco passaram a

compor a demanda habitacional do município.

O fato do Programa Minha Casa Minha Vida determinar o acesso das famílias pela

faixa de rendimento, destacou a necessidade de considerar outros fatores que

acentuassem as fragilidades e contradições do nosso universo de inscritos.

Partindo do princípio de transparência de gestão, foi desenvolvido o Índice de

Prioridade para Atendimento Habitacional - IPAH como um instrumento que

possibilita identificar diferentes vulnerabilidades para classificar, hierarquizar e

selecionar as demandas para atendimento no MCMV.

Os conceitos definidos pela Política Nacional de Assistência Social, em que a família,

sua configuração e seu ciclo de vida determinam o seu grau de vulnerabilidade,

foram utilizados como de base de sustentação do IPAH. Além da variável da família,

o IPAH considera outras dimensões que, quando associadas, demonstram

diferentes vulnerabilidades: condição econômica, condições de moradia, acesso a

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programas sociais, Índice de Exclusão Social por Área no território (desenvolvido

pela Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão). (SEHDU- Departamento

de Trabalho Social -Empreendimento Flor de Jasmim: histórico da demanda)

A aplicação do IPAH ao universo de inscritos resultou no número de 1.194, identificados como

segmento prioritário para o atendimento habitacional. Este segmento caracteriza-se pela

predominância de famílias monoparentais, chefiadas por mulheres, com dependentes crianças,

adultos, idosos e deficientes, moradores no município há mais de 16 anos, em sua maioria em

imóvel alugado.

Importante é ressaltar que Diretoria Social do Departamento de Habitação de Interesse Social da

SEHDU, orientada pelos princípios e diretrizes da política de habitação de interesse social no

município e a respectiva execução dos programas habitacionais, e sobretudo levando em conta o

reconhecimento e a importância das instancias de participação existentes, apresenta o IPAH, ao

Conselho Municipal de Habitação para discussão e deliberação. Com decisão exitosa, em reunião

extraordinária realizada em 14 de junho de 2012, o Conselho confere ao IPAH força de

instrumento para priorização no cadastro da Prefeitura Municipal de Osasco.

Definição da demanda

Como metodologia do trabalho social para definição da demanda, a partir do universo de 1.194

inscritos, foram estabelecidos contatos e realizadas visitas domiciliares, objetivando verificar a

condição de vulnerabilidade social declarada pelos mesmos.

Desse modo, para o empreendimento Flor de Jasmim, foram selecionadas famílias que tinham

entre os seu integrantes deficientes e cadeirantes. Foram incluídas 13 famílias selecionadas do

Cadastro do Web Site PMO e selecionadas 13 para permutas habitacionais.

Mais uma vez, pode ser identificado no processo de desenvolvimento do trabalho social o

reconhecimento das necessidades expressas pela população alvo e a busca por alternativas de

solução, adequadas a situações reais vivenciadas no território de intervenção. É nessa direção que

a permuta entre empreendimentos de interesse social do município passa a ser incorporada como

alternativa de atendimento de provisão habitacional às famílias residentes nas áreas de

intervenção, em que está prevista a remoção de suas respectivas moradias. Considerada ainda,

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nessa alternativa, a condição de renda familiar superior a R$ 1.600,00, fator impeditivo para

acesso ao PMCMV.

Em síntese, a composição da demanda para o primeiro empreendimento do PMCMV em Osasco, o

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim, levou em conta as áreas identificadas pela prefeitura em

condições de insalubridade, risco à vida e obra pública, além daquelas com ação de reintegração

de posse. Foram destinadas ainda, cotas para atender as famílias que compõem o cadastro do

web site realizado em 2009, bem como demandas dos movimentos sociais existentes no

município. Igualmente respeitadas as cotas de 3% para idosos e 3% para deficientes, estabelecida

pelos respectivos estatutos.

3.4. Empreendimento Flor de Jasmim /PMCMV

O Conjunto Habitacional Flor de Jasmim foi construído pela CEI - CENTRAL DE EMPREENDIMENTOS

IMOBILIÁRIOS e entregue aos moradores em março de 2013. E destinado a famílias provenientes

de áreas de risco, como a faixa de transmissão de energia do Jardim Aliança, da ocupação do MTST

“Carlos Lamarca”, de famílias moradoras na área CK - Favela do Jd. D’Avila (beira córrego), de

famílias atendidas pelo Programa Bolsa Aluguel, e ainda idosos e famílias com pessoas com

deficiência cadastradas pela prefeitura.

São 420 apartamentos distribuídos em 21 blocos, 20 unidades habitacionais por bloco, 16

unidades adaptadas, 134 vagas de estacionamento, sendo 06 para pessoa com deficiência. O

conjunto é um condomínio, com muro e portaria. Os apartamentos têm dois dormitórios, sala,

cozinha e lavanderia com fornecimento individualizado de água e gás. Cada bloco tem cinco

andares, com quatro apartamentos por andar. Há 16 apartamentos adaptados para pessoas com

deficiência e 34 vagas de estacionamento. Algumas fotos ilustram o conjunto habitacional:

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Figura 3: fotos do Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

Fonte:http://www.paginazero.com.br/site/cidades/8808-prefeitura-de-osasco-entrega-420-unidades-habitacionais-no-belmonte.html

Fonte: http://www.visaooeste.com.br/prefeitura-entrega-420-moradias-no-jardim-belmonte/

Fonte:http://www. osasco.sp.gov.br/InternaNot.aspx?id=6213

Fonte:http://valdecircosta.blogspot.com.br/2013/03/o-prefeito-jorge-lapas-acompanhado-da.html

Fonte: http://valdecircosta.blogspot.com.br/2013/03/moradores-do-assentamento-lamarca-mudam.html

Áreas de Origem da Demanda

Jardim Aliança - área localizada sob a rede de alta tensão da Eletropaulo, FOI objeto de ação de

reintegração de posse deferida à concessionária de energia elétrica. Existiam moradias precárias,

predominantemente de madeira, com exceção de algumas mistas (madeira e alvenaria). A

ocupação situava-se em bairro residencial em processo de regularização fundiária, embora

caracterizada como área em situação de risco de incêndio. Acrescenta-se a situação a existência

de risco de deslizamento do terreno em desnível.

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Ao longo do período de ocupação houve incêndio ou escorregamento das moradias, com registro

de ocorrências no ano de 2006, quando foram removidas 26 moradias sendo seus moradores

inseridos no Programa Bolsa Aluguel. Nos anos subsequentes, sucedem episódios de pequenos

incêndios, contidos pelos moradores mediante instrução do Corpo de Bombeiros, quando foram

utilizados extintores instalados no território pela concessionária. Também, houve

escorregamentos de moradias, que foram remanejadas para espaços existentes no interior da

própria área através da intervenção da equipe técnica social.

Segundo os relatos dos moradores, a ocupação é datada do final da década de 1990, originada por

famílias provenientes de diversas áreas do município de Osasco. A Eletropaulo Metropolitana

Eletricidade de São Paulo S/A, na qualidade de proprietária, moveu um processo de reintegração

de posse em 2001 contra as famílias ocupantes da área, cuja sentença judicial foi favorável à

concessionária. Em setembro de 2009, houve a retomada do processo judicial de reintegração de

posse por parte da Eletropaulo, ocasião em que ocorreu a reafirmação do acordo verbal já

existente entre a Prefeitura de Osasco e a empresa concessionária com vistas ao atendimento

habitacional desta população. Com o estabelecimento de acordo judicial, decidiu-se priorizar o

atendimento dos moradores no primeiro empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida

executado no município.

Em relação a organização local verifica-se a existência de um grupo de representantes de

moradores, constituído por meio da metodologia do SDI – Slum Dwellers International, norteada

pelo auto-recenseamento, intercâmbio e poupança comunitária. Esta metodologia, oriunda de

organizações internacionais, envolve práticas que auxiliam na organização das comunidades para

a promoção do desenvolvimento social e econômico local, destacada pela importância da

transformação a partir do investimento nas pessoas e em suas comunidades. O

autorecenseamento consiste em fazer com que os próprios moradores construam o censo da

comunidade, se cadastrando para conhecerem ainda mais a realidade em que vivem, bem como

suas vulnerabilidades e potencialidades. O autorecenseamento é ainda uma técnica de

mobilização comunitária que possibilita ampliar o conhecimento do espaço local fortalecendo

todos os envolvidos no processo. A partir do autorecenseamento realizado pelos moradores em

2010 e do acompanhamento realizado pela equipe social, foram identificadas 181 famílias

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residentes na área, incluídas no PMCMV - Residencial Flor de Jasmim. (SEHDU- Departamento de

Trabalho Social -Empreendimento Flor de Jasmim: histórico da demanda)

Assentamento Carlos Lamarca- Novo Osasco - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST

O Assentamento Carlos Lamarca, composto por famílias associadas ao Movimento dos

Trabalhadores Sem Teto – MTST, que após sofrer despejos de outros locais da região

metropolitana, instalou-se em um equipamento público municipal desativado, localizado no bairro

Novo Osasco. As moradias ali instaladas, se caracterizavam pela precariedade de sua construção

em madeira e alvenaria, sendo algumas ajustadas à partes da estrutura da edificação existente. O

prédio localizado em bairro residencial, com acesso realizado por meio de vias pavimentadas,

apresentava condições de insalubridade posto que a estrutura apresentava rachaduras e

infiltrações, decorrentes da ausência de manutenção ao longo dos anos da ocupação, como

também densidade habitacional superior ao previsto pela estrutura de alvenaria. Ao longo do

período de ocupação ocorreram incêndios, colocando os moradores em situação de risco.

A trajetória de ocupação desses integrantes do MTST - Assentamento Carlos Lamarca iniciou-se

em 2002, com a ocupação por 270 familias, de uma área particular no bairro Parque dos Príncipes

no município de Osasco. Havendo o despejo, estas famílias se instalaram em um alojamento

provisório na cidade de Guarulhos, lá permanecendo até o ano de 2003, quando houve outro

despejo. Seguiram-se então novas ocupações no município de Osasco, culminando no

assentamento no equipamento municipal desativado.

Em 2005, a atual gestão municipal assumiu o compromisso de atender os moradores do

assentamento e beneficiá-los com Habitação de Interesse Social. Dessa forma, as 97 famílias

identificadas como residentes no assentamento, foram cadastradas e atendidas no Residencial

Flor de Jasmim. Esta demanda foi definida como prioritária para atendimento no primeiro

empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida no município. (SEHDU- Departamento de

Trabalho Social -Empreendimento Flor de Jasmim: histórico da demanda)

É através de uma coordenação local, composta por moradores do assentamento na condição de

representantes, que se expressa a organização constituída.

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ÁREA CK – Jardim D’Avila

A área denominada CK está localizada no Jardim D´Ávila, zona norte do município de Osasco. Nela

estavam instaladas moradias à beira do córrego Ribeirão Vermelho, sendo algumas sob as torres

de alta tensão, em condições precárias, predominantemente constituídas por madeira, outras

localizadas ao longo das margens do córrego, representando situação de risco de escorregamento.

Os relatos dos moradores dão conta de que a área passou a ser ocupada a partir da reivindicação

junto à prefeitura da cessão de lotes para construir moradias. No ano de 2003, mediante

permissão da prefeitura e também responsável pela definição dos lotes, famílias associadas ao

Movimento de Luta por Moradia – MLP ocuparam área pública localizada no Jd. D´Ávila. No

entanto, a ocupação foi além dos lotes definidos pela prefeitura, estendendo-se até as margens do

córrego, colocando os lotes ali implantados em situação de risco.

As intervenções da SEHDU, por meio de ações combinadas como a urbanização da área ocupada

com permissão da prefeitura, envolveu a canalização do córrego Ribeirão Vermelho, cuja

execução é responsabilidade do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo

– DAEE, bem como a remoção e reassentamento das famílias ocupantes de Área de Preservação

Ambiental - APP, em programas de provisão habitacional.

A área permite realizar obras de urbanização, com implantação da infraestrutura necessária e

remanejamento habitacional em lotes residenciais, considerando tratar-se de moradias

adensadas, com duas ou três famílias em cada lote.

A remoção de 40 famílias e o reassentamento no empreendimento Flor de Jasmim possibilitará o

remanejamento adequado no território, das moradias remanescentes, de modo a atender os

padrões urbanísticos necessários ao processo de regularização fundiária da área. A Área CK tem

como instancia organizada a Associação de Moradores, constituída por grupo representativo de

moradores da área.

O trabalho social com a demanda pode ser percebido na fala de nossas entrevistadas:

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O contrato foi assinado em outubro de 2010 e ai começamos de fato preparar as

famílias para esse empreendimento, mas antes era um trabalho que já tínhamos

com as famílias, mas o formato MCMV começou no final de 2010.

[...] já havia um trabalho que a equipe fazia nessas áreas.

[..] a gente tinha reuniões de planejamento toda semana para poder organizar

quais eram as ações e até nortear a metodologia, porque como era o primeiro

empreendimento, então era uma coisa muito nova para todo mundo, então a gente

precisava sentar sempre organizar e planejar direitinho.

Jardim Aliança - A gente fazia visitas, a partir do momento, no final de 2009 e

começo de 2010 que teve esse auto recenciamento a gente voltou para ajudar os

moradores que tinham alguma pendência, fazer uma checagem porque era

composto por uma comissão, um falava que o outro inseriu alguém, então a gente

ia lá também um pouco para mediar essa relação. E fazer essa checagem de quem

estava na área e de quem não estava, ai a gente fazia esses acompanhamentos,

essas visitas nas áreas, mas fazíamos também reuniões para explicar os processos

para os moradores porque eles tinham muito medo que viesse a reintegração de

posse do dia para noite, durante a noite, que a polícia entraria com a cavalaria sem

eles estarem sabendo ... Quando foi lançado o MCMV surgiu uma perspectiva de

atende-los no programa de provisão habitacional, então a gente começou a fazer as

reuniões lá na área para falar um pouco do programa.

Lamarca- [...] o movimento tinha negociado 100 unidades com a Prefeitura e era

isso que a gente seguia e eles podiam indicar essa demanda. Então eles indicaram

quem seriam essas 100 famílias. A gente já não tinha tanta autonomia para

determinar, para fazer os estudos de caso.

Além disso teve a área CK que teve um processo parecido com o processo MTST

porque eram famílias que já tinham ocupado espaços públicos e tiveram lá uma

área destinada que foi autorizada para ocupação e tinham também um acordo de

atender as famílias que estavam na beira do córrego muito mal alocadas.

O Bolsa Aluguel a gente tinha um acompanhamento desde pelo menos 2009... a

gente fazia reuniões bimestrais para falar do programa, para falar dos programas

habitacionais que surgiam. Quando também foi lançado MCMV a gente fazia essas

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reuniões para informar os moradores e para fazer um acompanhamento de como

eles estavam no aluguel.

Processo de ocupação e presença do tráfico

O Conjunto Habitacional Flor de Jasmim, apesar do trabalho de organização nas áreas de demanda

passou por um processo de disputa pelos apartamentos. O grupo do Assentamento Carlos

Lamarca organizou a ocupação dos prédios antes da sua entrega, mas o grupo de moradores do

Jardim Aliança, sabendo previamente dessa ação, organizou-se para impedir a ocupação e

defender seus direitos de moradia.

Merece reflexão a presença do tráfico no Flor de Jasmim. Como nos demais bairros das regiões

precárias das cidades, a violência e tráfico encontram espaço para crescer e se organizar. O medo

contribui para o isolamento das famílias, mesmo quando há espaços ou áreas comuns de convívio

para crianças, idosos, ficam vazios ou dominados pelos grupos de jovens do tráfico. No CH Flor de

Jasmim, quando perguntados sobre o que mais gostam, os espaços coletivos do condomínio

aparecem bem abaixo da média da pesquisa.

No caso do CH Flor de Jasmim o comércio de drogas é feito dentro do conjunto, espaços de

brinquedos de crianças foram destruídos, apartamento que armazenava e distribuía a droga. Com

três meses de mudança das famílias para o conjunto, o muro do condomínio foi aumentado para

possibilitar a venda de drogas em uma espécie de guichê, batizado pela imprensa de “muro do

pó9.

9 A reportagem do Jornal da Record documentou a movimentação da venda de drogas no local. Disponível em: http://noticias.r7.com/videos/muro-do-po-traficantes-vendem-drogas-com-tranquilidade-em-osasco-sp-/idmedia/527ac9d30cf2fd718a0db359.html

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Fonte: http://noticias.r7.com/videos/muro-do-po-traficantes-vendem-drogas-com-tranquilidade-em-osasco-sp-/idmedia/527ac9d30cf2fd718a0db359.html

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Fonte: http://noticias.r7.com/videos/muro-do-po-traficantes-vendem-drogas-com-tranquilidade-em-osasco-sp-/idmedia/527ac9d30cf2fd718a0db359.html

Notícias na imprensa:

Fonte:http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=81191 Atualizado em 12/11/2013

Dise acaba com o “Muro do Pó” no Jardim Belmonte, em Osasco

Um apartamento no Residencial Flor de Jasmim escondia uma central de distribuição de cocaína Juliana Oliveira e Maranhão ([email protected]) Policiais do Departamento de Narcótico da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE)/Seccional de Osasco, estouraram na madrugada de ontem, um apartamento no Conjunto Residencial Flor de Jasmim, no Jardim Belmonte, em Osasco, que escondia uma central de distribuição, de armazenamento e de preparo de cocaína que abastecia um local conhecido popularmente como “Muro do Pó”. Ninguém foi preso. De acordo com a polícia, as drogas eram fracionadas e embaladas para atender os usuários que buscavam o entorpecente em uma parede existente no próprio residencial, para facilitar o “serviço” os traficantes fizeram vários buracos no muro por onde passavam a droga e recebiam o dinheiro. Além disso, eles também se protegiam da polícia, já que conseguiam observar a chegada das viaturas. Os investigadores informaram que o apartamento foi invadido, mas não era utilizado como moradia, somente para a produção dos entorpecentes. O residencial foi construído por meio de uma parceria entre a administração municipal e o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, para atender moradores de áreas de risco da cidade. Segundo a Dise, foram realizadas outras tentativas de flagrar o trafico no local, mas eles conseguiam escapar por conhecer as rotas de fuga. Na madrugada de ontem a equipe do delegado da Dise, Fernando Shimidt, invadiu o local, onde foram apreendidos 427 pinos com cocaína, um quilo de cocaína em sacola que seriam preparados para o consumo final, além de balanças de precisão e materiais para embalar drogas. Ninguém foi preso. A central de distribuição funcionava em um apartamento invadido no conjunto residencial popular Flor de Jasmim, que não era utilizado como moradia.

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Fonte: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=81313&search Atualizado em 19/11/2013

Casal é preso com 59 micro-pontos de LSD no “Muro do Pó” em Osasco

A dupla foi detida durante operação para coibir a ação de traficantes em um condomínio habitacional popular

Juliana Oliveira e Maranhão ([email protected]) Um casal foi preso por policiais do Departamento de Narcótico da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE)/Seccional de Osasco, na noite de domingo, 17, com 59 pontos de LSD em um ponto conhecido popularmente como “Muro do Pó”, no Jardim Belmonte. As prisões aconteceram durante a Operação Transversal Sul, que tem como objetivo coibir a ação de traficantes no local. Por volta de 23h30, a equipes conseguiram localizar um importante gerente do tráfico no Conjunto Residencial Flor de Jasmim, no Jardim Belmonte, acompanhado de uma jovem de 18 anos. O casal estava em um veículo GM Chevette e transportavam 59 pontos de LSD, quatro celulares, R$ 445,00. De acordo com a polícia, o valor de cada micro-ponto varia de acordo com a “balada” podendo custar entre R$ 40,00 e U$ 100,00. Essa foi a segunda apreensão de entorpecentes realizada pela Dise no conjunto de moradia popular em menos de uma semana. No último dia 12, os policiais estouraram uma central de distribuição, de armazenamento e de preparo de cocaína que abastecia o “Muro do Pó”, mas ninguém havia sido encontrado. Na ocasião as equipes do delegado da Dise, Fernando Shimidt, invadiram o apartamento e localizaram 427 pinos com cocaína, um quilo de cocaína em sacola que seriam preparados para o consumo final, além de balanças de precisão e materiais para embalar drogas. A central de distribuição funcionava em um apartamento invadido no conjunto residencial popular Flor de Jasmim, que não era utilizado como moradia.

Essas cenas dialogam com a recente produção acadêmica de professores como Cabanes, Vera

Telles, Cibele Rizek e Gabriel Feltran que refletem, a partir de estudos etnográficos, sobre as

relações sociais nas periferias das cidades. Telles (2011) chama a atenção sobre as fronteiras

porosas entre o legal e o ilegal, o formal e informal que transitam, de forma descontínua e

intermitente pelos territórios. As noções de porosidade e de liminaridade são retomadas na leitura

do legal e ilegal por Rizek (2012) e por Feltran (2011).

Nossa pesquisa revela a ambiguidade da percepção dos moradores. O sentimento de medo

convive com o sentimento de proteção e de satisfação pela obtenção da sua moradia, a

propriedade de imóvel. Foram frequentes respostas assim: “Tá ruim, mas é meu”, “da porta (do

apartamento) pra dentro está bom”, “o problema está da porta pra fora”, “as crianças não podem

sair pra brincar”, “jogam bola dentro do apartamento”.

A presença do tráfico, a violência cotidiana das cidades que se expressam nos PMCMV são

reveladores do que Cibele Risek (seminário da Rede/2014) afirmava sobre “a porosidade entre o

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que é legal e o que é ilegal”. Como afirma Caldeira “[...] a violência e o medo combinam-se a

processos de mudança social nas cidades contemporâneas, gerando novas formas de segregação

espacial e discriminação social” (Caldeira, 2000, p.9).

Esse cenário impacta diretamente o trabalho social que não é responsável pela presença do

tráfico. Há questões estruturais nas cidades em “novos tempos da produção financeirizada e

mundializada (RIZEK, 2012). As questões estruturais e de segurança pública ultrapassam a

competência do trabalho social, por outro lado, há um risco de criminalização mais uma vez a

pobreza e dos movimentos sociais.

[...] o outro plano em que se dá a regulação dos negócios locais: a gestão das várias

ilegalidades e práticas criminosas que perpassam o mundo urbano, que transbordam,

certamente, o perímetro local, mas que se entrelaçam nas pontas pobres do varejo da

droga e fazem de uma pequena biqueira o ponto sensível de suas operações justamente

nas suas conexões com as circunstâncias locais, entre as regras da sociabilidade vicinal, os

sempre instáveis acordos com a polícia, e também a nem sempre pacífica relação com

organizações criminosas: acertos sobre procedimentos, horas, lugares e circunstâncias para

as transações ilícitas ou, então, acordos de conveniência para impedir disputas indesejáveis

entre grupos que atuam em territórios contíguos. Também: arbitragens difíceis quando as

desavenças envolvem organizações criminosas, e a situação beira soluções de morte.

O que está em jogo nisso tudo são microrregulações do negócio da droga, a sua face miúda,

poderíamos dizer, que se conecta com os fatos e circunstâncias, artefatos e redes sociais

que compõem a vida local. ( TELLES e HIRATA, 2007, p. 187)

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3.5. Reflexões sobre o trabalho social no PMCMV em Osasco

- roda de conversa - entrevista CAIXA, SERGIO

A trajetória na cidade de Osasco revela um investimento na estruturação do trabalho social na

política pública e na sua gestão. Esse aspecto merece destaque, já que é um diferencial qualitativo

quando comparado com outras prefeituras do mesmo porte. Em 2005 havia apenas um

profissional, em 2013 havia uma equipe com mais de 20 profissionais.

Há que se chamar a atenção que o CH Flor de Jasmim é da primeira fase do PMCMV, o que lhe traz

peculiaridades no desenho e modo de operação do Programa. Nesse caso a prefeitura

encaminhou a demanda para a Caixa Econômica Federal que licitou diretamente o trabalho social,

entre empresas credenciadas e de acordo com as definições do COTS. A empresa contratada foi a

Integração Orientação Social, que já trabalhava com a Caixa há doze anos. A Caixa contratou por

seis meses para um projeto básico de mudança para o empreendimento e formação do

condomínio. Prazo considerado pequeno para a complexidade de atividades a serem

desenvolvidas.

Como disse nossa entrevistada da empresa contratada, o prazo e o escopo do projeto foram

limitantes para o desenvolvimento do trabalho social, [...] “de certa forma, fica meio amarrado,

engessado, dentro destas ações, Não tem mesmo como fugir, em função do prazo e em função da

proposta mesmo. ... você precisa cumprir aquelas atividades”

Dessa forma, a equipe social chega na área, praticamente as vésperas da mudança, sem ter

estabelecido um conhecimento prévio das famílias e do território, e o mais grave, sem

entrosamento e planejamento com a equipe social da prefeitura. O cenário era o seguinte: a

equipe social da prefeitura trabalhou com as famílias em suas áreas de origem, definiu a demanda,

e a Caixa contratou uma empresa para executar uma ordem de serviço. As diferenças e tensões

entre as equipes foram se explicitando. Isso não podia dar certo.

[...]Eles chegavam muito descontextualizados de quem era aquela

população, a gente tinha uma expectativa melhor (assistente social da

PMOsasco).

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[...] Eles estão lá para constituir os condomínios. E as famílias que tinham

vulnerabilidade e na hora de pensar um valor, essas questões passavam ao

lado. (assistente social da PMOsasco).

De acordo com o projeto de trabalho estabelecido com a Caixa a primeira atividade com a

população é uma reunião de sensibilização, mas como disse nossa entrevista, a atividade foi

comprometida pelo tempo.

Qual é a proposta da reunião? É mostrar para estas pessoas que vão estar indo

morar no empreendimento, o que é o Programa Minha Casa, Minha Vida; quais são

os direitos, os deveres; o que ela pode fazer, o que ela não pode; qual é o tipo do

empreendimento, qual é a tipologia das unidades; o que tem próximo do

empreendimento; para se situar. Porque, muitas vezes é um grupo que está indo

pro empreendimento que ele não sabe para onde ele vai.

Em Osasco, nós não tivemos tempo de fazer este tipo de reunião, de sentar... O que

nós tivemos, só, em contato com eles, foi organizar essa reunião de sensibilização;

e ver parte documental, fechou demanda, não fechou; a convenção de condomínio

está pronta, não está; tanto que, neste período... foram só duas ou três reuniões...

Importante relatar que antes da reunião de sensibilização foi realizado reuniões na Caixa entre a

equipe da prefeitura e a empresa contratada, mas as diferenças de concepção e de metodologia

foram ficando claras.

Uma diferença significativa refere-se a concepção de processo participativo. A equipe social da

prefeitura já conhecia os moradores, seu modo de organização e a equipe contratada não, mas

esta tinha um certo “script” definido em seu plano de trabalho.

teve o dia da Assembleia, a reunião de sensibilização onde nós (empresa)

queríamos tirar um grupo, na hora, mas a Prefeitura não, já tem esse grupo, que

são os líderes do empreendimento que inclusive, eram, são algumas pessoas

chaves.

O tensionamento entre prefeitura e contratada do trabalho social também foi expresso na

questão da Convenção de Condomínio e do regimento Interno.

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Nestas reuniões, teve um certo desencontro, né? Porque a Prefeitura, acho que

imaginava que o trabalho social ia caminhar, como, por exemplo, vamos construir,

vamos elaborar a convenção de condomínio com a população; vamos elaborar o

regimento interno com a população... só que não é feito dessa forma. Porque, o

Minha Casa, Minha Vida, quando você entra com o empreendimento, você já tem

que entrar com a parte documental. Convenção de Condomínio registrada, e quem

registra esse documento é a Construtora.

E, aí, teve um certo desencontro, porque o pessoal da Habitação, eles queriam que

nós construíssemos a Convenção de Condomínio com a população. E, aí, a gente

tentou explicar: não, a gente pode discutir com a população o regimento interno,

que é um documento apartado da Convenção. Ele não faz parte da Convenção,

tanto que a população pode mudar quando achar necessário. A Convenção, não, a

Convenção é um documento caro pra você mudar em cartório.

Outra exemplo de conflito de orientação metodológica entre prefeitura e contratada refere-se a

chamada “taxa de implantação”, como explica nossa entrevistada:

Uma outra questão que, também, foi um pouco difícil, foi a implantação... a taxa de

implantação que é um valor que se coloca antes da população mudar pro

empreendimento... a gente coloca um valor pequeno, que isso até é discutido,

aprovado nesta reunião de sensibilização, a gente diz isso pra população que é para

a população ter em caixa este valor para equipar algumas coisas do Condomínio.

Colocar um quadro de aviso, capacho, lá tem um salão de festas super grande, um

centro social, comprar umas cadeiras, geladeira, micro-ondas, para eles poderem

estar utilizando, né? Então, isso ficou um pouco complicado por que nós recebemos

como informação que a população tinha optado por fazer uma brinquedoteca

naquele espaço. Tem que discutir isso com a população, não é... vamos ver no dia

da reunião geral... se vai ser brinquedoteca, se vai equipar este salão com

cadeiras... como é que vai ser?

A assistente social terceirizada revelou que se ressentiu da falta da presença do município na

condução do trabalho e que encaminhava suas demandas para a Caixa e não dialogava

diretamente com a prefeitura. Sem dúvida, esse foi um grande equívoco dessa fase do PMCMV,

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que foi corrigido com a ênfase no protagonismo do ente municipal na definição do trabalho

municipal.

A gente encaminhava diretamente para a CAIXA as demandas... porque a gente

presta serviço para a CAIXA. Sempre assim. A gente encaminhava para a CAIXA, e a

CAIXA encaminhava para a Prefeitura. Era demanda de escola, tinha muitas crianças

que estavam sem ir à escola, não tinham conseguido matrícula... creche, posto de

saúde... mas a maioria ali era escola.

Sorteio X Escolha

Articulação intersecretarial

A pesquisa com os moradores apontam indicadores do trabalho social.

Se compararmos os dados do CH Flor de Jasmim com os números gerais das quatro equipes do

estado de São Paulo que participam da Rede Cidade e Moradia (Sub-Rede SP) observamos que

79,4% tiveram contato com a equipe social, enquanto que na amostra de toda a Rede esse

percentual é de 56,4%, uma diferença significativa, ainda mais quando os normativos definem a

obrigatoriedade do trabalho social no momento anterior e posterior à mudança para o

empreendimento.

Contato com a equipe social

Total dos empreendimentos da

Sub Rede/SP * Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Antes da mudança 183 19,7 23 23,7

Depois da mudança 86 9,4 3 3,1

Antes e depois da mudança 254 27,3 51 52,6

Não teve nenhum contato 385 41,2 20 20,6

Não sabe 1 0,1 0 0,0

Não se aplica 11 1,2 0 0,0

Não respondeu 10 1,1 0 0,0

Base 930 100,0 97 100,0 Fonte: PMCMV/PUCSP (2014)

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A pesquisa revela ainda que é alto o índice (mais de 90%) de reconhecimento das atividades que

realizadas pela equipe social como reuniões gerais, ou específicas para orientação (sobre

documentação, condomínio, preparação de mudança, serviços e oportunidades no novo local de

moradia) e ainda visitas e organização do condomínio. Por outro lado, é evidente a pouca

participação no projeto (definição do tamanho, nº de cômodos, área comum), tanto do CH Flor de

Jasmim (75%) como em toda a rede (90%), o que revela a pouca flexibilidade e diversidade dos

projetos e uma padronização da tipologia.

Mas o dado mais significativo do trabalho social no CH Flor de Jasmim refere-se ao processo de

definição da moradia e da vizinhança.

Participação na a definição do grupo de vizinhança

Total dos empreendimentos da

Sub Rede/SP* Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Sim 183 21,3 60 62,5

Não 652 75,9 30 31,3

Não respondeu 24 2,8 6 6,3

Base 859 100,0 96 100,0 Fonte: PMCMV/PUCSP (2014)

Contrariando orientação da Caixa Econômica Federal que define o sorteio das unidades

habitacionais como o procedimento “mais democrátivco”, a equipe de Osasco desenvolveu um

processo de escolha de grupos de vizinhança que faz a diferença na área.

“No sorteio a pessoa se emociona, chora, abraça o gerente... A gerente chora junto com a

pessoa, ela vai falar coisas ela se emociona” (AS entrevistada)

Eu tive uma discussão [sobre sorteio] com a CAIXA em Brasília, tivemos que ir pra lá pra

conseguir não ter sorteio das unidades e sim que ele [cidadão] pudesse escolher o vizinho e

o apartamento que ele quer ter. Um dos diretores da CEF disse que o sorteio é o modo mais

justo e imparcial que existe, pois as pessoas saem de lá sabendo que não teve interferência

de ninguém e eu completei - atribuindo seus problemas à sorte, a si mesmo ou à Deus que

foi bondoso com elas, e aí não reclama (AS entrevistada)

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Essa questão remete a discussão de como se constrói a DEMANDA do Programa. Que necessidades

estão sendo atendidas? Como e quem seleciona as famílias beneficiárias? Como se distribui as

unidades habitacionais?

Para a população na faixa de até R$ 1.600,00, moradores de favelas, áreas de risco e de bolsa

aluguel, com muitas mulheres chefes de família, baixa escolaridade, com inserção precária no

mercado de trabalho, o PMCMV se apresenta como alternativa de moradia própria, mas com

inúmeras contradições e conflitos, já revelado nos primeiros momentos da mudança para a

moradia. O principal deles é o custo da moradia.

O PMCMV estimula o consumo, facilita o crédito individual e reforça valores e a ideologia da

propriedade e do consumo. O valor da prestação, somado ao condomínio, água, luz, gás, aos

gastos com a manutenção colocam em risco a permanência das famílias de menor renda e nos faz

refletir sobre se esta é a alternativa para essa população. Como em outros programas, será

possível observar a inadimplência e um movimento de venda dos imóveis e de retorno para áreas

de origem.

Acho isso muito cruel, porque existe toda uma propaganda de que finalmente você

que ganha um salário mínimo conseguiu acessar a moradia com uma política

altamente subsidiada, mas a vida dele não permite que ele se mantenha lá (AS).

O que expulsa as pessoas são as taxas, água, luz,... não tem mais tarifa social, [tem

ainda] porteiro, faxineiro..... (AS)

Outra questão central diz respeito ao modelo de gestão condominial, inspirado nos condomínios

do mercado de classe média, os quais tem se revelado inadequados para o modo de vida da

população de baixa renda, reproduzindo o autoritarismo, a centralização e não favorecendo o

convívio, a participação e a sociabilidade. A verticalização e os projetos arquitetônicos são

definidores desse modelo, ao reforçarem o condomínio enquanto espaço fechado, privado,

murado e não aberto, público. As ruas do conjunto habitacional são de responsabilidades do

condomínio e não da prefeitura, pois com os muros se configuram como espaços privados.

As regras de convivência dos condomínios significam mudanças profundas no modo de vida e

convívio nas famílias e nas relações com os novos vizinhos que precisam ser trabalhadas e não

definidas de “cima para baixo”. As famílias oriundas de áreas irregulares e de risco têm o desafio

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de construir um novo modo de vida, que transite da informalidade para a formalidade, sem

necessariamente constituir numa camisa de força que as enquadre em modelos pré-definidos.

A figura do síndico ocupa lugar central nesse debate. Com a mudança eles substituem as

lideranças das áreas, tornam-se “chefes” das áreas, resolvendo toda ordem de problemas, não há

lugar para organização social e participação dos moradores. Novas formas de convivência e

sociabilidade não são estimuladas. Por outro lado, os síndicos se sentem abandonados pelo poder

público e refém do tráfico que se instala nos conjuntos habitacionais.

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4. Avaliação dos impactos sociais e econômicos nas famílias beneficiárias do PMCMV

4.1. A pesquisa com moradores: empreendimento Flor de Jasmim – Osasco

O texto a seguir apresenta a análise dos impactos sociais, econômicos e territoriais nas famílias

beneficiárias do primeiro empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida, na cidade de

Osasco, realizado a partir de pesquisa junto aos moradores.

A análise focalizou os seguintes aspectos:

4.2.1. Condição socioeconômica dos moradores e inserção no mundo do trabalho.

4.2.2. Direito à cidade e inserção urbana.

4.2.3. Acesso à cidade e serviços.

4.2.4. Perspectiva de futuro.

4.2.1. Condição socioeconômica dos moradores e inserção no mundo do trabalho

Busca-se nesse item situar e compreender quem são os sujeitos da intervenção a partir das

condições de origem que geraram uma demanda por habitação de interesse social e a condição

socioeconômica e inserção no mundo do trabalho das famílias. Aos efeitos de compreender quem

são os beneficiários do PMCMV/Flor de Jasmim, em Osasco, serão abordados nesta dimensão, três

eixos de análise:

a) Origem das famílias do Residencial Flor de Jasmim;

b) Perfil dos moradores: configurações familiares e ciclo de vida;

c) Perfil socioeconômico e inserção no mundo do trabalho.

a) Origem das famílias do Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

Como já exposto, uma das características do primeiro empreendimento do PMMV, em Osasco, é

que a provisão das novas moradias foi direcionada para atender um conjunto de demandas

organizadas e negociadas, a partir de 2005, entre a SEHDU e grupos e movimentos de moradores,

priorizando, sobretudo, a situação de risco existente em algumas áreas da cidade. Segundo

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relatório sobre o histórico da demanda, do Departamento de Trabalho Social da Secretaria de

Habitação e Desenvolvimento Urbano:

A composição do empreendimento Flor de Jasmim buscou contemplar áreas identificadas pela prefeitura municipal que sofriam ação de reintegração de posse, remoção por obra pública, insalubridade e risco à vida. Foram destinadas ainda cotas para atender as famílias que compõem o cadastro do web site, bem como demandas dos movimentos sociais existentes no município (SEHDU/DTS, 2013, p.8).

Conforme pode ser observado na Tabela 2, do total das 420 unidades novas, apenas 3,1%

representam inscrições realizadas via site do Programa. De fato, no Conjunto Flor de Jasmim

habitam majoritariamente moradores que provem: do Jardim Aliança (43,1%), do assentamento

Carlos Lamarca no bairro Novo Osasco (23,1%), da área CK do Jardim D´Ávila (9,5%), do Programa

Bolsa Aluguel (18,1%) e das permutas realizadas com projetos PAC e HBB (3,1%).

Tabela 2. Origem das famílias do Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

Origem: Área ou Programa Número de famílias

na %

Jardim Aliança 181 43,1

Assentamento Carlos Lamarca/ Novo Osasco 97 23,1

Programa Bolsa Aluguel 76 18,1

Jardim D'Ávila - Área CK 40 9,5

Permutas com projetos PAC e HBB 13 3,1

Web site da PMO 13 3,1

Base 420 100,0

Fonte: Dados da SEHDU/ Prefeitura Municipal de Osasco

Ao considerar as áreas de origem da demanda, identificadas na Figura 1, é possível destacar como

denominador comum a situação de risco das áreas de ocupação, ora localizadas em terrenos onde

existiam redes de alta tensão, com ocorrência de incêndios, ora face à sua localização na beira de

córregos ou em terrenos com desníveis pronunciados que derivavam em deslizamentos e

enchentes frequentes. Aliado a isso, destaca-se, também a precariedade e insalubridade das

moradias, com predominância de construções de madeira no Jardim Aliança10 e no setor CK do

Jardim D´Ávila e de condições de insalubridade, rachaduras e infiltrações, decorrentes da ausência

10 O Jardim Aliança estava ocupado desde o final da década de 1990 com famílias de diversas áreas do município. Ao longo do período de ocupação houve incidências de incêndio ou escorregamento das moradias. Em 2006 foram removidas 26 moradias e as famílias inseridas no Programa Bolsa Aluguel.

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de manutenção ao longo dos anos da ocupação, bem como densidade habitacional superior ao

previsto pela estrutura de alvenaria no Assentamento Carlos Lamarca no bairro Novo Osasco.

As áreas passaram por processos organizativos diversos. O Jardim Aliança, ao ser objeto de ação

de reintegração de posse e face ao estabelecimento de acordo judicial, resultou na inserção total

do universo de famílias pertencentes á área no PMCMV. O desenvolvimento do trabalho social sob

a metodologia do SDI (Slum Dwellers International) realizada pela ONG Interação, resultou na

constituição de um grupo de representantes de moradores, no processo de auto-recenseamento

das famílias e do território e na promoção de intercâmbio e poupança comunitária. Essa

experiência de mobilização comunitária, que teve o acompanhamento realizado pela equipe social

da Secretaria, gerou não só o conhecimento, mas também uma identidade com o território e os

seus vínculos, que se evidencia na avaliação dos moradores.

Figura 4: Fotos das áreas de origem/Osasco

Fonte: PMO (2013)

Fonte: PMO (2013)

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O assentamento Carlos Lamarca, no bairro Novo Osasco, era composto por famílias associadas ao

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que sofreram despejos de outros locais da região

metropolitana, passaram por uma ocupação no município de Guarulhos, antes de se instalar num

prédio de equipamento público municipal desativado. A reivindicação de habitação de interesse

social no processo de negociação com a gestão municipal, iniciado em 2005, resultou na indicação

por parte do Movimento de 97 famílias residentes no assentamento, que passariam a ser

cadastradas e atendidas no Residencial Flor de Jasmim. A área CK do Jardim D´Ávila teve um

processo parecido que o Assentamento Carlos Lamarca, mas vinculado ao Movimento de Luta por

Moradia (MLP), que reivindicou junto à prefeitura a cessão de lotes para construção de moradias.

Como a ocupação foi além dos lotes definidos pela prefeitura, estendendo-se até as margens do

córrego, as intervenções pela SEHDU resultaram, entre outras, na remoção de 40 famílias

cadastradas e reassentadas no empreendimento Flor de Jasmim.

Do Programa Bolsa Aluguel foram beneficiadas famílias removidas de áreas de risco, devido ao

desabamento de suas moradias, como aquelas provenientes do Morro do Socó - Colinas D´Oeste,

área AC – Jd. Bussocaba, Pinheirinho – Rochdale, ou então removidas para execução de obras

públicas, como aquelas de origem das áreas AC – Jd. Bussocada, BS – Jd. Turíbio, e AZ – Santo

Antônio, ou ainda famílias em risco de vulnerabilidade provenientes da demanda da Secretaria de

Promoção e Assistência Social. Embora pertencentes a um mesmo Programa, a dispersão do ponto

de vista territorial, faz diferença no processo de organização desse grupo a pesar das reuniões

realizadas pela equipe social da Prefeitura. A diferença na capacidade/trajetória organizativa desse

último emerge como um desafio ao longo do processo do trabalho social, conforme apontado pelo

grupo focal com técnicos da equipe social da Secretaria:

[...] Os grupos mais organizados são aqueles que estavam nas áreas concentradas

no mesmo território. Já as famílias do Programa Bolsa Aluguel são bastante apáticas

em alguns momentos [...] (Grupo Focal com Equipe Social da SEDHU).

Inclusive a organização dos moradores nos blocos de apartamentos obedeceu a um processo de

escolha que teve como base a preservação dos vínculos de convivência e vizinhança traçados nas

diferentes áreas de origem. Dimensão que é reconhecida pelos moradores quando 62,5% dos

entrevistados afirmam ter participado na definição dos grupos de vizinhança, e que se destaca

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quando comparado o empreendimento Flor de Jasmim com outros empreendimentos presentes

na pesquisa realizada na Rede, que indica essa vivência somente em 21,3% dos entrevistados.

Tabela 3. Participação dos moradores na definição do grupo de vizinhança

Participação na a definição do grupo de

vizinhança

Total dos empreendimentos da

Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Sim 183 21,3 60 62,5

Não 652 75,9 30 31,3

Não respondeu 24 2,8 6 6,3

Base 859 100,0 96 100,0

Base reduzida: só responderam os primeiros moradores da unidade habitacional Fonte: questionário PUC-SP

Há aqui uma opção metodológica do trabalho social que, ao romper com soluções genéricas como

o sorteio das unidades, constrói um percurso junto com os moradores para fortalecer um processo

que supõe profundas mudanças. Não há dúvidas em termos da importância do ganho ao direito à

moradia, mas essa mudança supõe, também, perdas de referencias relacionais, de identificação,

identidade e intimidade com os antigos territórios de moradia, que precisam ser reconstituídos e

construídos no novo local.

Outro elemento que se destaca do ponto de vista da origem é a localização geográfica diversa das

áreas e famílias, tomando como referência o local de moradia do Residencial Flor de Jasmim.

Assim, enquanto o Assentamento Carlos Lamarca no bairro Novo Osasco está situado próximo à

localização do empreendimento do PMCMV, o Jardim Aliança, o Jardim D´Ávila e parte da

demanda do Bolsa Aluguel provêem de regiões mais ao norte do município. A mudança quanto à

localização do bairro de origem e do novo bairro de moradia assume uma centralidade na

avaliação dos moradores, que será analisada na dimensão Direito à Cidade e inserção urbana.

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Figura 1 – Localização do origen dos moradores no Conjunto Habitacional Flor de Jasmim

Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

As 97 famílias entrevistadas também apresentaram proporcionalidade semelhante quanto à suas

origens em relação ao total de moradores do Conjunto Flor de Jasmim, conforme se pode

observar na Tabela 4. Das 97 famílias entrevistadas, 49,5% são originárias do Jardim Aliança, 19,5%

do Assentamento Lamarca do bairro Novo Osasco, 7,2% do Jardim D´Ávila e nos outros bairros,

com 22,7% estão presentes no Programa Bolsa Aluguel, os moradores inscritos via web site e os

que acessaram via permuta do HBB e PAC. Segue o perfil dos moradores do Conjunto Habitacional

Flor de Jasmim.

Tabela 4. Bairro de origem das famílias

Bairro onde morava antes da mudança para o Condomínio

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Jardim Aliança 48 49,5

Novo Osasco/Lamarca 19 19,5

Jardim D'Ávila 7 7,2

Outros bairros 22 22,7

Não respondeu 1 1,0

Base 97 100,0

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

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b) Perfil dos moradores: configurações familiares e ciclo de vida

Outra particularidade do PMCMV em Osasco foi a constituição de um instrumento de gestão,

discutido e legitimado em instâncias de participação formal da cidade, para apoiar e orientar o

processo de classificação, hierarquização e seleção das demandas para atendimento no Programa.

Isto se deu porque para a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano do município: “o

fato do Programa Minha Casa Minha Vida determinar o acesso das famílias pela faixa de

rendimento, destacou a necessidade de considerar outros fatores que acentuassem as fragilidades

e contradições do nosso universo de inscritos” (SEHDU/DTS, 2013, pag7).

Para tanto, construíram e adotaram o Índice de Prioridade Habitacional (IPAH) que, além do

critério de rendimentos estipulado pelo Programa em nível nacional, incorporou variáveis relativas

à condição socioeconômica, ciclo de vida e configuração familiar, condições de moradia, acesso a

programas sociais e o índice de exclusão social dos territórios, da Secretaria de Desenvolvimento,

Trabalho e Inclusão (SEHDU, 2013)11.

Segundo o relatório do Departamento de Trabalho Social (SEHDU/DTS, 2013), na época de

lançamento do Programa no município, as inscrições alcançaram 63.635 interessados, dos quais

43.324 adequavam-se aos critérios orientados pelas diretrizes municipais de atendimento

habitacional (rendimentos de até 3 salários mínimos, residir no município e não possuir casa

própria em área particular).

A aplicação do IPAH ao universo dos 43.324 inscritos resultou na identificação de 1.194 titulares,

identificados como segmento prioritário para o atendimento habitacional e caracterizado pela

incidência de famílias monoparentais, famílias chefiadas por mulheres, com dependentes crianças,

adultos, idosos e deficientes e moradores no município há mais de 16 anos.

A análise do perfil dos moradores do primeiro empreendimento do PMCMV permite identificar a

predominância de casais jovens, entre 25 e 45 anos, com alta relação de dependência de crianças

e adolescentes de 0 a 14 anos.

A média de idade dos chefes de famílias é 39,9 anos, sendo que 70% têm entre 25 a 45 anos. A

existência de chefes de família nos extremos etários, jovens e idosos, é relativamente pequena no

11 SEHDU. Realizações e perspectivas 2: uma cidade cada dia melhor. 2009-2012. Osasco: SEHDU, 2013.

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Condomínio (2,1% e 4,1%, respectivamente) e está abaixo do padrão encontrado na totalidade

dos empreendimentos pesquisados na Rede.

Tabela 5. Idade do chefe da família

Idade do chefe de família

Total dos empreendimentos da

Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

18 a 24 anos 49 5,3 2 2,1

25 a 35 anos 295 31,7 33 34,0

36 a 45 anos 279 30,0 35 36,1

46 a 59 anos 201 21,6 23 23,7

60 anos ou mais 95 10,2 4 4,1

Não respondeu 11 1,2 0 0,0

Média em anos 41.38 39.92

Base 930 100,0 97 100,0 Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Ao considerar todos os integrantes das famílias entrevistadas, a idade média dos moradores desce

para 24.3 anos, revelando a incidência de crianças e adolescentes no total da população, conforme

Tabela 6. Assim, as pessoas de 0 a 17 anos alcançam quase 40% do total dos moradores, questão

que ganha centralidade quando avaliados os espaços de convívio do Condomínio e o acesso a

serviços no território. De fato, a análise da composição etária dos chefes de família e dos demais

integrantes evidencia que, comparando Flor de Jasmim com a totalidade dos empreendimentos

estudados na Rede, em Osasco, as famílias do PMCMV tendem a ser mais jovens, representando

uma demanda por serviços públicos de saúde e de educação, lazer, cultura e esportes.

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Tabela 6. Idade de todos os moradores

Idade dos moradores

Total dos empreendimentos da Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Até 3 anos 274 8,3 33 9,3

04 a 05 anos 137 4,1 15 4,2

06 a 14 anos 679 20,5 77 21,6

15 a 17 anos 206 6,2 17 4,8

18 a 29 anos 657 19,8 74 20,8

30 a 45 anos 854 25,8 104 29,2

46 a 59 anos 331 10,0 30 8,4

60 ou mais 155 4,7 5 1,4

Não respondeu 17 0,5 1 0,3

Média 26.46 24.38

Base 3.310 100,0 356 100,0

Base: total de moradores Fonte: questionário PUC-SP

Nas famílias entrevistadas predomina a chefia feminina (59,8%) e do total de chefes 55,7% são

casados e/ou em união consensual, sendo 29,9% solteiros e 14,4% divorciados e viúvos.

Tabela 7. Chefe de família: estado civil e sexo

Chefe de família Total dos empreendimentos

da Rede Conjunto Habitacional

Flor de Jasmim / Osasco

na % na % Estado Civil

Solteiro 273 29,4 29 29,9

Casado 287 30,9 18 18,6

Divorciado 78 8,4 7 7,2

Viúvo 62 6,7 7 7,2

União consensual 223 24,0 36 37,1

Não respondeu 7 0,8 0 0,0

Sexo na % na %

Masculino 346 37,2 39 40,2

Feminino 584 62,8 58 59,8

Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios

Fonte: questionário PUC-SP

No conjunto Flor de Jasmim convivem diferentes realidades e necessidades postas por

configurações familiares diversas. Observa-se na Tabela 8 que 8,3% das unidades habitacionais são

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de domicílios unipessoais e compostos por um casal, onde não há pessoas com deficiência. As

pessoas que moram sozinhas representam 5,2% do total, sem moradores acima de 60 anos, e os

casais que moram sozinhos representam 3,1%.

De outro lado, 57,7% dos domicílios têm na sua composição um casal de cônjuges, na maioria com

crianças, adolescentes e jovens. Ao mesmo tempo, do total de 56 famílias nessa condição, a

incidência de pessoas com deficiência alcança 5,4%.

Quase um terço (27,8%) das famílias são monoparentais chefiadas por mulheres, na sua maioria

com adolescentes e jovens (embora a metade delas possua também crianças até 14 anos). De

outro lado, a maior incidência de pessoas com deficiência se encontra nesse grupo, representando

9 dos 27 domicílios com mulheres sem cônjuges.

E, 6% dos domicílios estão compostos por outras configurações, entre as quais, predominam os

chefes masculinos, sem cônjuge, com filhos, enteados e outros parentes.

Dessa forma, fica explícito que pensar em família hoje significa reconhecer e entender as diversas

configurações familiares existentes, que não se explicam mais numa concepção estereotipada,

configurada sob o modelo de família-padrão. E que essa nova compreensão supõe um desafio

para as políticas sociais em termos de reconhecer especificidades que imprimem intensidades

diversas do ponto de vista da proteção. Tome-se como referência, a situação de quase 30% dos

domicílios no Flor de Jasmim, onde a mulher é chefe de família, trabalhadora, mãe, responsável

pela socialização dos seus filhos, mas também cuidadora, em função da incidência de pessoas com

deficiência.

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Tabela 8. Configurações familiares

Configurações familiares

Total dos empreendimentos da

Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Chefe da família que mora sozinho 40 4,3 5 5,2

Homens 10 25,0 1 20,0

até 60 anos 6 60,0 1 100,0

acima 60 anos 4 40,0 0 0,0

Mulheres 30 75,0 4 80,0

até 60 anos 16 53,3 4 100,0

acima 60 anos 14 46,7 0 0,0

Existência de pessoa com deficiência 3 7,5 0 0,0

Chefe e Cônjuge 80 8,6 3 3,1

Existência de pessoa com deficiência 10 12,5 0 0,0

Chefe e Cônjuge com outras pessoas no domicilio 478 51,4 56 57,7

com pessoas de 0 a 29 anos 464 97,1 55 98,2

com pessoas de 0 a 14 anos 400 83,7 50 89,3

Existência de pessoa com deficiência 61 12,8 3 5,4

Mulheres chefe sem cônjuge 281 30,2 27 27,8

com pessoas de 0 a 29 anos 255 90,7 25 92,6

com pessoas de 0 a 14 anos 184 65,5 15 55,6

com pessoas acima 60 anos 51 18,1 3 11,1

Existência de pessoa com deficiência 48 17,1 9 33,3

Chefes masculinos com outras pessoas no domicílio 51 5,5 6 6,2

Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Evidentemente essas configurações familiares se traduzem numa composição diferenciada em

termos de número de moradores no domicílio, conforme pode ser observado no Gráfico 1.

Embora a média seja de 3,6 pessoas por domicílio, no conjunto Flor de Jasmim é possível observar

unidades habitacionais que variam de um morador e chegam até 12 moradores. Ainda que não

existam no condomínio famílias numerosas, quase 20% dos domicílios possuem 5 ou mais

moradores, questão que, como veremos posteriormente, incidirá na avaliação dos entrevistados

sobre a adequação da moradia ao tamanho da família.

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O que chama a atenção é que independentemente da composição familiar e do número de

moradores, todos os apartamentos no Conjunto Habitacional Flor de Jasmim possuem dois

dormitórios, revelando um padrão de oferta habitacional onde o desenho e o projeto das

unidades pouco dialoga com o perfil das demandas/famílias atendidas. Questão que é inclusive

levantada em depoimento por uma moradora quando foi perguntado o que precisava ser

melhorado no Programa: “Analisar o tamanho das famílias, origem e adequar o apartamento

conforme o número de pessoas” (Mulher chefe de família, mora com seus 4 filhos de 18, 13, 12 e 6

anos de idade, veio como demanda do Programa Bolsa Aluguel e é representante do seu bloco).

c) Condições de emprego e renda

A relação de dependência de crianças e adolescentes numa composição familiar com pais jovens

configura uma estrutura onde as condições de emprego incidem fortemente sobre a qualidade de

vida de seus componentes. E mais, essas condições são alavancas ou impedimentos na

probabilidade desses chefes de família sustentar os custos da nova moradia. Nesse sentido, o

perfil da população precisa ser entendido a partir das condições de emprego e renda dos chefes e

adultos dessas famílias.

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Conforme tabela 9, considerando todos os moradores com 17 anos ou mais, 64,2% trabalharam

no mês anterior à pesquisa. Nota-se, ainda, uma incidência significativa dos que não trabalharam:

35,8% do total. Quando considerados apenas os chefes de família a proporção dos que

trabalharam aumenta apenas para 71,1%, ou seja, um terço deles, também, não tinha trabalhado.

Nos dois casos a proporção dos que não trabalharam é três vezes maior do que a taxa de

desemprego do município de 8,3% (PMO/SDTI/DIESSE, 2012).

Tabela 9. Trabalho: moradores acima de 17 anos e chefes de família

Trabalhou nos últimos 30 dias? (moradores com 17

anos ou mais)

Total dos empreendimentos da Rede

Empreendimento

Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Sim 1292 63,4 138 64,2

Não 747 36,6 77 35,8

Base 2.039 100,0 215 100,0 Base reduzida: total de moradores com 17 anos ou mais Fonte: questionário PUC-SP

Trabalhou nos últimos 30 dias? (chefes da família)

Total dos empreendimentos da

Rede

Empreendimento

Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

Sim 637 68,5 69 71,1

Não 285 30,6 27 27,8

Não respondeu 8 0,9 1 1,0

Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

De outro lado, do total das pessoas que trabalharam um terço possuía vínculos informais, conforme gráfico 2, constituídos por assalariados sem registro, trabalhadores temporários ou eventuais e trabalhadores autônomos sem vínculo com a previdência, o que expressa a precariedade e instabilidade das relações de emprego e das condições de renda desses trabalhadores.

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Os avanços que o município alcançou, na última década, em relação à queda da informalidade,

não se expressam na realidade dos moradores do PMCMV. Note-se que em Osasco, os

empregados com carteira representavam 54,4% dos ocupados, em 2000, passando a 64,1% em

2010, ao passo que os empregados sem carteira passaram de 21,2% para 14,3%

(PMO/SDTI/DIESSE, 2012).

Mesmo considerando a condição de formalidade que alcançou a 68,1% do total, quando

analisados os tipos de ocupação de todos os que trabalharam, é possível perceber a forte

incidência de trabalhadores em setores de baixa produtividade, que alocam os trabalhadores com

menor qualificação e concentram os salários mais baixos: 45% do total dos que trabalharam

realizaram atividades vinculadas a serviços gerais e ao serviço doméstico, 11,4% realizaram

ocupações na área da construção civil e 10% na indústria.

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Tabela 10. Situação no trabalho dos moradores maiores de 17 anos

Ocupação no trabalho

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim /

Osasco

na %

Ajudante/ auxiliar/ serviços gerais 47 33,6

Empregada doméstica/ diarista/ faxineira/ babá/ cuidadora 16 11,4

Pedreiro/ pintor/ eletricista/ encanador/ marceneiro/ vidraceiro/ colocação de esquadrias/ encarregado de obra

16 11,4

Metalúrgico/ montador/ operador de máquina/ soldador/ gráfico 14 10,0

Cozinheiro/ chapeiro/ copeiro 7 5,0

Vendedor 7 5,0

Motorista 5 3,6

Segurança/ vigilante 4 2,9

Frentista/ manobrista/ lavador de carro 4 2,9

Operador de telemarketing 3 2,1

Estoquista/ repositor/ conferente 2 1,4

Açougueiro/ padeiro/ feirante 2 1,4

Costureira 2 1,4

Funcionário público 2 1,4

Atendente de loja/ balconista 2 1,4

Educador/ arte educador 2 1,4

Reciclagem/ coletor 2 1,4

Manicure/ cabeleireira 1 0,7

Cobrador 1 0,7

Agente de saúde 1 0,7

Base 140 100,0

Base reduzida: total de moradores acima de 17 anos que trabalharam nos últimos 30 dias

Fonte: questionário PUC-SP

Inserção precária no mundo do trabalho, num contexto de baixa qualificação, pois um terço dos

moradores adultos do C.H. Flor de Jasmim não conseguiu terminar o ensino fundamental. Embora

essa proporção seja menor nos moradores com 17 anos ou mais (28,9%) que nos chefes de família

(34,0%), denotando uma tendência de melhoria no alcance do ensino fundamental para com os

mais jovens, a incidência da baixa qualificação continua sendo considerável. E mais se

considerarmos que a incidência do ensino superior é insignificante e que apenas 29,9% dos chefes

de família e 11,4% de todas as pessoas com 17 anos ou mais completaram o ensino médio.

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Tabela 11. Escolaridade: chefes de família e moradores com 17 anos ou mais.

Escolaridade

Chefe de família Moradores c/ 17 anos ou mais

Total dos empreendimentos

da Rede

Conjunto Habitacional Flor

de Jasmim/ Osasco

Total dos empreendimentos

da Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/

Osasco

na % na % na % na %

Analfabeto 43 4,6 4 4,1 90 4,4 6 2,8

Alfabetizado s/ especificar o ciclo

28 3,0 3 3,1 51 2,5 4 1,9

Fundamental incompleto

286 30,8 33 34,0 584 28,3 61 28,9

Fundamental completo 165 17,7 17 17,5 327 15,8 39 18,5

Médio incompleto 94 10,1 6 6,2 274 13,3 69 32,7

Médio completo 245 26,3 29 29,9 575 27,8 24 11,4

Superior incompleto 30 3,2 2 2,1 60 2,9 3 1,4

Superior completo 18 1,9 1 1,0 40 1,9 4 1,9

Não soube informar 19 2,0 2 2,1 5 0,2 1 0,5

Base 930 100,0 97 100,0 2.006 100,0 211 100,0

Base: total de domicílios e moradores

Fonte: questionário PUC-SP

Com relação á renda das famílias, 60,8% dos domicílios entrevistados está dentro do critério

estabelecido no Programa de R$ 1.600,00, 19,6% percebem até 2000,00, 11,3% estão acima desse

valor. Embora a média dos entrevistados seja de R$ 1.322,47, 10,3% dos domicílios têm renda de

até R$ 600,00.

Tabela 12. Renda familiar

Renda familiar (em R$)

Total dos empreendimentos

da Rede*

Empreendimento

Flor de Jasmim / Osasco

na % na %

até 600 75 8,1 10 10,3

de 601 a 800 127 13,7 16 16,5

de 801 a 1.000 131 14,1 11 11,3

de 1.001 a 1.200 65 7,0 4 4,1

de 1.201 a 1.600 160 17,2 18 18,6

de 1.601 a 2.000 123 13,2 19 19,6

de 2.001 a 2.400 67 7,2 5 5,2

de 2.401 a 3.000,00 64 6,9 4 4,1

mais de 3.000 42 4,5 2 2,1

Não sabe/ não respondeu 76 8,2 8 8,2

Média em R$ 1.413,82 1.322,47

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Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

A análise da renda deve considerar a condições e contextos desses trabalhadores que, localizados

na base da pirâmide social, têm como denominador comum ocupações de baixa produtividade,

informalidade e presença significativa de desemprego, incidindo, consequentemente, na

instabilidade da renda. Instabilidade e baixa renda se considerar que quase 40% dos entrevistados

pertencem a famílias que tem renda familiar de um salário e meio mínimo nacional.

A centralidade da análise da situação da renda das famílias deve considerar as condições

estruturais que irão potencializar ou cercear a garantia da propriedade recentemente adquirida.

Parte-se do pressuposto de que o Programa MCMV oferece subsídio integral para o Grupo 1

(inicialmente estipulado para a faixa de 0 a 3 salários mínimos) e que o custo para os compradores

não pode ultrapassar o 10% da renda mensal, sendo, no mínimo, R$ 50,00 (segundo normativa

vigente em 2013). Verifica-se no Flor de Jasmim, a adequação desse parâmetro, com uma

prestação em média declarada pelos moradores de R$47,33, que não ultrapassa o 10% da renda

mensal, inclusive da faixa mais baixa observada em 10% de R$ 600,00.

Entretanto, é necessário considerar que a casa própria, especialmente para famílias trabalhadoras,

que vêem de áreas de assentamento, ocupação e favelas, implica em novas despesas além da

prestação da moradia, como condomínio, luz, água e gás.

Observa-se no gráfico a seguir que as despesas de condomínio representam mais do dobro do

valor da prestação da moradia e as despesas de luz, água e gás quase o triplo.

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+

Dessa forma, somadas todas as despesas (prestação, condomínio, luz, água e gás), daria em

média, R$ 267,98, o que representa 37,8% de uma renda familiar de R$ 600,00 e, ainda, 31,3% de

uma renda de um salário mínimo. Os gastos com a moradia só representam 20% de um orçamento

familiar para aqueles que percebem a partir de R$1.100,00, chegando a 14,2% para o teto de

rendimento estipulado para o Grupo 1, de R$ 1600,00. Com isto, fica evidenciado o peso dos

gastos com a moradia para as faixas de renda mais baixas e o risco que representa em termos da

sustentabilidade econômica dessas famílias. A isenção do condomínio e a importância de tarifas

sociais para o Grupo 1 do Minha Casa Minha Vida tornam-se condição da garantia da segurança da

posse e propriedade recentemente adquirida.

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4.2.2. Direito à cidade e inserção urbana

A discussão sobre o Direito à cidade e Inserção urbana dos conjuntos foi inicialmente identificada

com o seguinte preâmbulo:

Com a passagem dos anos, e, em muitos casos, gerações, muitos destes projetos se

transformaram em repositórios dos setores de mais baixa renda das cidades, de

desempregados e/ou de populações precariamente inseridas nos sistemas de

emprego formal das cidades. Segregados do resto da cidade, estes grandes

conjuntos se transformaram em ilhas de pobreza, e mais recentemente de

concentração de problemas sociais como a presença de tráfico de drogas, violência

doméstica e, mais recentemente, como assistimos nos grandes ensembles de Paris

em 2005 e nas periferias inglesas em 2011, de agitação social e explosão de

violência. (Wacquant 2007; Rodriguez&Sugraynes 2005;Logan 2002).

Parte-se do reconhecimento de que o direito à moradia está para além da propriedade e de um

teto sobre paredes. Como já delineado no próprio projeto, trata-se de tomar como perspectiva de

análise o conceito de moradia digna, que remete ao direito à cidade. Como já dizia Milton Santos,

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“por enquanto, o que mais se conseguiu foi consagrar o predomínio de uma visão imobiliária da

cidade, que impede de enxergá-la como uma totalidade.” (Santos, 2002:p.61).

Ao mesmo tempo, cabe reconhecer que, no caso brasileiro, a luta pela moradia está associada a

um processo excludente de urbanização, que resultou em tal grau de precarização das condições

de vida da maioria da população, considerada mais como moradores e menos como cidadãos, na

plenitude da promulgação dos direitos sociais. Nesse contexto, os deslocamentos de indivíduos e

grupos familiares inteiros se configuraram como uma variável constante nos cenários das cidades,

ainda que expressa das mais diversas formas, em função dos motivos e das condições para

deflagração dos movimentos migratórios.

Pode-se afirmar, sem grandes receios, que a transição urbana brasileira foi, e

continua sendo, um gigantesco agenciamento social que levou à produção de novos

territórios e à transformação de territórios existentes. A maioria dessas pessoas foi

desterrada, ou desterritorializada, dos seus locais de moradia sob o impacto de

processos desiguais e conservadores de apropriação das terras rurais em favor de

um modelo concentrador e desigual de desenvolvimento agrícola (NAKANO; KOGA,

2013, p. 145-146).

Romper com este modo de “fazer cidade” é o desafio do qual faz parte o conjunto das políticas

públicas, e importa ressaltar, não exclusiva à política de habitação. Dessa forma, é na perspectiva

da intersetorialidade que também se propõe analisar os elementos constituintes do presente

capítulo, entendendo que em torno do direito à habitação, se colocam também os direitos à

cidade e à cidadania.

Dessa forma, nesta dimensão serão analisados os seguintes aspectos:

a) Sobre a nova moradia

b) As condições de mobilidade urbana

c) Acesso a cidade e serviços

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a) Sobre a nova moradia

O Conjunto Flor de Jasmim foi inaugurado no dia 16 de março de 2013, numa tarde de sábado,

com 420 unidades habitacionais, localizado no Jardim Belmonte, no extremo sul da cidade de

Osasco, na divisa com a cidade de São Paulo conforme pode ser visto na Figura 1. O

empreendimento é constituído por 21 prédios, com 20 unidades habitacionais cada um, sendo 16

unidades adaptadas, todos os apartamentos de 42m2 e 2 dormitórios (SEHDU, 2013).

Figura 2 – Identificação do Conjunto Flor de Jasmim Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

É um condomínio fechado por muros e grades, com uma guarita na entrada, estacionamento e

vaga para pessoas com deficiência, salão de festas, uma quadra esportiva e um espaço de

playground, que estava desativado na época de realização da pesquisa, conforme pode ser

identificado na Figura 3.

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Figura 3 – Configuração do Conjunto Flor de Jasmim Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

Nota-se que as relações estabelecidas entre território, condomínio e apartamento ou a dimensão

entre o público e privado que permeiam a nova condição de vida dos moradores do Conjunto Flor

de Jasmim são evidenciados de forma imbricada nos depoimentos.

A nova moradia, em função do próprio desenho proposto pelo PMCMV, possibilita a titularidade e

propriedade, que foi declarada por 99% dos moradores entrevistados. Dessa forma, fica instituída

a legalidade da moradia e os demais tributos decorrentes dessa condição, o que se torna um

divisor de águas na vida desses moradores.

Se por um lado, como vimos, é importante considerar o peso das despesas com moradia,

especialmente, no que tange ao condomínio, a precariedade da moradia anterior aliada à sua

informalidade não gerava, por sua vez, determinadas despesas próprias da formalidade. Se para a

maioria dos moradores a prestação e o condomínio são despesas que passaram a pagar após o

PMCMV, também para uma grande parcela os gastos com luz (79,1%) e com água (58,4%) foram

novos itens a acrescentar no orçamento familiar, conforme pode ser observado na Tabela 13.

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Tabela 13. Antes não tinha gastos e hoje tem

Gastos com:

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

%

Prestação da moradia 96,8

Condomínio 98,9

Luz 79,1

Água 58,4

Gás 17,2

Base 97

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

A percepção de melhora em termos de moradia é denominador comum das avaliações realizadas

pelos moradores.

O apartamento, o fato de ser próprio, de ser mais confortável é destacado por 64,9% dos

moradores, e percentual similar dos entrevistados preferem a atual moradia que à anterior,

conforme pode ser observado nas tabelas 14 e 15, a seguir.

Tabela 14. Do que mais gosta no Condomínio

Do que mais gosta no Condomínio

Total dos empreendimentos da Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na % na %

Do apartamento/ é próprio 345 37,1 56 57,7

Do sossego/ privacidade 200 21,5 13 13,4

Perto dos vizinhos/ família/ boa convivência

148 15,9 9 9,3

Tem comércio/ serviços perto/ boa infraestrutura

58 6,2 2 2,1

É seguro/ tem cerca/ muro 55 5,9 5 5,2

Administração do condomínio é organizada/ limpo

43 4,6 2 2,1

Apartamento tem mais espaço/ é mais confortável

36 3,9 7 7,2

Fácil acesso ao transporte 26 2,8 2 2,1

Tem porteiro/ portaria 21 2,3 3 3,1

Tem área de lazer para as crianças 16 1,7 0 0,0

Área de lazer/ salão de festas/ quadra 13 1,4 1 1,0

Não pagar aluguel 12 1,3 2 2,1

Gosta do bairro 9 1,0 0 0,0

Próximo do trabalho/ escola 8 0,9 2 2,1

Iluminação 5 0,5 0 0,0

Tem garagem/ estacionamento 5 0,5 3 3,1

Espaço esterno com lixeiras 4 0,4 3 3,1

Não respondeu 123 13,2 12 12,4

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Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios. Resposta Múltipla

Fonte: questionário PUC-SP

Tabela 15. Preferência da moradia

Prefere morar:

Total dos empreendimentos da Rede

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na % na %

Na moradia atual 603 64,8 63 64,9

Na moradia anterior 320 34,4 34 35,1

Não respondeu 7 0,8 0 0,0

Base 930 100,0 97 100,0

Base: total de domicílios. Resposta Múltipla

Fonte: questionário PUC-SP

A avaliação positiva e opção pela nova moradia expressam, não apenas o fato de que os

moradores passaram a ter a casa própria, mas também a indicação de mudanças na situação de

precariedade e problemas relativos à densidade habitacional da moradia anterior.

Prefere morar na moradia atual, por quê?...“É mais confortável, não chove, não tem enchente e

não tem rato”, moradora, de 33 anos, mora com o cônjuge e dois filhos (10 e 11 anos), veio do Jd.

Aliança. (....).“Morava em barraco que estava despencando”, moradora de 33 anos, reside com o

cônjuge (37 anos), um filho (9 anos) e sua irmã de 24 anos. Eram do Jd. Aliança. Do que mais gosta

aqui no condomínio? ....“Gosto daqui porque não passa córrego em volta, sujeira, mato”,

moradora de 40 anos, mora com seu cônjuge, 9 filhos e 1 neto (12 pessoas no apto) e veio do Jd.

Aliança.

O tamanho do apartamento é adequado ao tamanho da família? “Sim. Está bom este tamanho

porque comparado ao anterior que era só um cômodo, este é melhor”, moradora de 27 anos,

reside com companheiro de 30 anos e seus dois filhos de 08 e 13 anos. Vieram do Jd. Aliança.(...).

“Sim. Está ótimo, porque antes morava em um barraco com um cômodo só e um banheiro,

agora cada um tem o seu quarto”, moradora de 30 anos, reside com o marido de 28 e seus dois

filhos de 4 e 8 anos. A família veio do Aliança. Na sua avaliação o apartamento/casa é bem

distribuído? “Sim. Porque agora possui os cômodos divididos”, Moradora de 62 anos, reside com

a filha de 29 anos. Vieram de Novo Osasco (Lamarca).

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Mas, os depoimentos dos moradores expressam, também, uma percepção de mudança na

condição de cidadão. Quando indagados sobre o principal benefício do Programa, os moradores

destacaram: “A moradia. O direito à moradia”, Marcos, 34 anos, mora com a cônjuge e dois filhos

de 9 e 6 anos de idade. Veio do Bolsa Aluguel. “ ter oportunidade de uma moradia digna e

própria, ter endereço legalizado”, moradora de 47 anos, mora com o neto e outro parente,

vieram do Bolsa Aluguel. “Conquistar a casa própria”, Moradora 28 anos, reside com marido e dos

filhos de 3 e 5 anos. Vieram do Jardim Aliança. “Oportunidade de adquirir uma vida digna”,

Moradora 35 anos, reside com marido e dos filhos de 7 e 12 anos. Vieram do Jardim Aliança.

“Segurança que não perderão a moradia”, moradora de 27 anos, reside com filho de 3 anos, veio

de Novo Osasco (Lamarca),

A despeito dessa avaliação positiva, há uma série de questões emergentes nas falas e opinião dos

entrevistados, que indicam elementos a ser considerados e repensados nas estratégias e modos

do Programa acontecer.

Em relação às dimensões da nova moradia, 74,2% dos entrevistados respondeu que eram

melhores que da moradia anterior, conforme a tabela 16. Percentual semelhante considerou

também que a nova moradia estava adequada ao tamanho da família.

Tabela 16. Tamanho da moradia

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Tamanho da moradia anterior x atual Adequação do apartamento ao tamanho da

moradia

na % na %

Aumentou 72 74,2 É adequado 71 73,2

Diminuiu 20 20,6 Não é adequado 25 25,8

Está igual 5 5,2 Não soube informar 1 1,0

Base 97 100,0 Base 97 100,0

Base: total de domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Porém, 25,8% dos entrevistados apontaram a falta de adequação do apartamento face ao

tamanho da família, o que não surpreende ao considerar que 19,6% dos domicílios possuem 5 ou

mais moradores. Daqueles que afirmaram o tamanho da nova moradia ser inadequado à família,

identificaram os espaços sendo reduzidos e a quantidade de cômodos insuficientes, bem como

problemas de espaço para os cadeirantes, conforme tabela 17.

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Os depoimentos reafirmam e revelam que a configuração familiar é determinante na necessidade

de se pensar os espaços: “tem duas meninas e um rapaz já grande, dai poderia ter outro quarto

(3º quarto) para esse rapaz que não irá querer dormir com as irmãs pequenas”. (Moradora de 39

anos, que reside com o marido e seus três filhos de 16, 11 e 10 anos. Vieram do Jd. Aliança). Mas,

mesmo para aqueles avaliam adequado o tamanho do apartamento, fica expectativa da família

não crescer: “É adequado, sim, porque a família até agora é pequena e espero que fique assim”.

(Moradora de 21 anos reside com o marido de 26 e seus dois filhos de 3 e 1 ano. Veio do Jd.

Aliança).

Tabela 17. Motivos de inadequação do tamanho da moradia nova

Por que não é adequado o tamanho para a família?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Referências ao tamanho 17 68,0

Muito pequeno/ falta espaço/ é apertado 13 76,5

A família é grande/ muita gente 1 5,9

Não tem espaço para cadeirante 2 11,8

Referências aos cômodos 11 44,0

Deveria ter mais dormitórios 6 54,5

Cozinha é pequena 3 27,3

Área de serviço/ lavanderia é pequena 1 9,1

Base 25

Base reduzida: moradores que afirmaram que o tamanho do apartamento não é adequado Fonte: questionário PUC-SP

A maior incidência quanto à má distribuição na moradia12 (78% das respostas) recaiu sobre trio

“cozinha, área de serviço e lavanderia”: cozinha/ área de serviço e lavanderia estão juntas/ seria

melhor se fossem separadas/ são pequenas. Também estes itens foram lembrados quando

perguntados sobre algum ambiente que sentiam falta na nova moradia: lavanderia com mais

espaço (22,2% das respostas). A dupla quintal/jardim foi a mais lembrada como ambientes que

sentiam falta na nova moradia (33% das respostas), e por fim a varanda ou sacada compuseram o

terceiro item da lista (13% das respostas).

Parece que os espaços que os moradoresmais sentem falta seriam aqueles próprios para convívio

ou conectados com a área externa: cozinha separada e maior, quintal, jardim, varanda ou sacada.

12 Ver tabelas 40 e 41 sobre distribuição e motivos da má distribuição, ema anexo 1.

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De outro lado, nesse primeiro ano de residência, 69,1% dos domicílios entrevistados indicarem ter

enfrentado problemas construtivos. O gráfico, a seguir, expressa as incidências de problemas

indicados pelos moradores na nova moradia, destacando-se: barulho/ruídos (51), rachaduras/piso

(41) e falta de conforto térmico (35). Foram contabilizadas 26 incidências para problemas

hidráulicos (vazamento, infiltração) que se fossem somadas às incidências de rachaduras/piso e

falta de conforto térmico, totalizariam 102 incidências de problemas relativos ao aspecto

construtivo da nova moradia, existentes em 69,1% dos domicílios entrevistados.

Gráfico 5. Incidência de problemas na nova moradia

Base: Total de domicílios. Resposta Múltipla. Fonte: questionário PUC-SP

Este cenário indica que a qualidade de vida na nova moradia estaria sendo afetada tanto dentro

do ambiente privado (qualidade construtiva da moradia) quanto no ambiente coletivo (barulho),

que diz respeito tanto aos aspectos construtivos e ao modelo condominial.

b) Das condições de mobilidade urbana

Para o morador da região metropolitana de São Paulo é praticamente impossível ter como

referência somente o município de residência, pois a dinâmica metropolitana impõe a realização

de uma diversidade de percursos para se conseguir acessar respostas às demandas

socioeconômicas e culturais.

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Estes percursos implicam em quantidade de deslocamentos, variedades de meios para esses

deslocamentos, gastos em tempo e dinheiro para realizá-los, além dos desgastes físicos e mentais

inerentes a esse cotidiano de viagens necessárias para suprimento das diferentes necessidades.

O seguinte depoimento expressa o significado que a mobilidade urbana tem na vida cotidiana dos

moradores do Conjunto Flor de Jasmim: “Lá (o bairro anterior) a acessibilidade era boa, em tudo.

Por esse motivo eu gostaria de morar lá (bancos, mercado, restaurante, pronto socorro, lotérica,

borracharia, reciclagem). A moradia atual complicou tudo, não tem serviços, lá eu ia a pé. Já por

conforto, segurança de vida, eu prefiro aqui.”

Nota-se que além da existência dos serviços (bancos, mercado, restaurante, pronto socorro,

lotérica etc), o detalhe é que no território anterior, se “ia a pé”, se acessava mais facilmente aos

serviços. Essas condições de existência e acesso a pé aos serviços é que se mostra como a

“acessibilidade boa”. Na moradia nova, a expressão é: “complicou tudo, não tem serviços”.

Nesse sentido, trata-se aqui de analisar o sentido do acesso no cotidiano dos moradores de Flor de

Jasmim. No caso da saúde, DONABEDIAN (1984 apud AZEVEDO ET AL) define o acesso como “o

grau de ajuste entre as características dos recursos de saúde e as da população no processo de

busca e obtenção de assistência a saúde”.13 Sobre esses acessos é que tratará este item

envolvendo os serviços de educação, saúde, trabalho e transporte urbano.

Educação e saúde

Quanto à da mudança em relação aos estudos, a quase totalidade dos entrevistados afirmou que

as pessoas da família que estudavam continuaram seus estudos, conforme demonstra a tabela a

seguir. Somente 15 pessoas que estudavam interromperam seus estudos de um total de 342 com

a mudança para o Conjunto Flor de Jasmim.

13 AZEVEDO, A.L.M. e COSTA, A.M. A estreita porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS): uma avaliação do acesso na Estratégia de Saúde da Família. In Interface Comunicação Saúde Educação, v.14 n.35, out/dez.2010.

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Tabela 18. Interrupção dos estudos em função da mudança

Com a mudança alguém na família deixou de estudar?

Conjunto Habitacional Flor

de Jasmim/ Osasco

na %

Sim 15 4,6

Não 327 95,6

Base 342 100,0

Base: moradores que frequentavam escola antes da mudança Fonte: questionário PUC-SP

Importa destacar que embora a maioria dos estudantes não tenham interrompido seus estudos

em função da mudança, de um total de 112 respostas, 57% responderam que a escola localiza-se

no próprio bairro, e 43% afirmaram estudar fora do bairro ou em outro município.

Ao analisar as respostas sobre o meio utilizado de acesso à escola se percebe que embora parte

significativa vá à pé (quase 40%), o restante faz uso de algum tipo de transporte, com destaque

para as vans, ônibus e transporte escolar público, o que indica uma distância importante da escola

para além das imediações do conjunto. Ou seja, mais da metade dos estudantes do Conjunto Flor

de Jasmim necessitam realizar um deslocamento diário razoável para acessar a escola.

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Comparativamente à moradia anterior, os depoimentos indicam uma piora no acesso à escola em

relação ao tempo gasto de deslocamento. Houve redução do percentual de moradores que

conseguiam anteriormente gastar menos de 30 minutos para chegar à escola: de 84% para 53%. E,

em contrapartida, aumentou significativamente os casos de moradores que passaram a gastar de

30 minutos a 1 hora de percurso à escola, de 13% para 40%. Também estes dados corroboram a

evidência de que em relação ao acesso à escola, a mudança impactou em uma piora no quesito

deslocamento.

Tabela 19. Tempo médio de deslocamento até à escola

Tempo médio de deslocamento até a

escola

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Moradia anterior Moradia atual

na % na %

Menos de 30 minutos 82 83,7 56 55,4

De 30 minutos a 1 h. 13 13,3 40 39,6

De 1:05hs a 2hs. 2 2,0 5 5,0

Mais de 2hs. 1 1,0 0 0,0

Base 98 100,0 101 100,0

Base: moradores que frequentavam escola antes da mudança e depois da mudança Fonte: questionário PUC-SP

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De um total de 77 respostas, 66% afirmaram que as despesas em relação a transporte para escola

permaneceu a mesma, porém, 20% disseram que não tinham essa despesa, e passaram a ter.

Também este percentual somado aos 6,5% que disseram perceber um aumento nessa despesa,

corresponde a 26,5% desse grupo de moradores que tiveram um impacto no orçamento em

relação aos gastos com transporte para a escola.

Tabela 20. Despesa com transporte para a escola

Despesa com transporte para a escola

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Ficou igual 51 66,2

Não gastava nada e agora gasta 16 20,8

Aumentou 5 6,5

Gastava antes e agora não gasta 4 5,2

Diminuiu 1 1,3

Base 77 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

De um universo de 31 crianças e adolescentes que necessitavam de vaga em escolas, 74%

conseguiram obter, porém, 8 crianças não acessaram vaga. Embora numericamente possa parecer

um dado não significativo, se faz necessário constar que para estas 8 crianças a mudança significou

a negação de um direito de cidadania fundamental para seu desenvolvimento. Importa ressaltar

ainda que 32% das crianças e adolescentes tiveram que mudar de escola, o que implica também

em um processo de reterritorialização da vida escolar, além da desterritorialização da moradia.

Tabela 21. Acesso à vaga em escola

Conseguiu vaga

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Sim 23 74,2

Não 8 25,8

Base 31 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

O mapa a seguir identifica a localização das escolas de ensino fundamental e médio a um raio de

300 metros de distância em relação ao Conjunto Flor de Jasmim, porém, na prática, essa distância

corresponde a um percurso de 770 metros. Já a UBS fica a um raio de 550 metros, e corresponde a

um percurso de 585 metros. E ainda, note-se que parte dos equipamentos, mesmo sendo

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próximos da moradia, está localizada no município de São Paulo ou que impede o acesso dos

moradores de Osasco.

O depoimento de um morador sobre a preferência que tem pela moradia anterior evidencia o

peso que o acesso aos serviços e à cidade tem no cotidiano das famílias:

Prefere morar na moradia anterior por que? “Por causa do acesso à UBS (tem uma UBS próxima

do condomínio, mas não pode ser atendido) e os gastos de agora com a condução.”

Esse depoimento em particular revela que embora exista uma UBS nas proximidades do Conjunto

Flor de Jasmim, não se pode acessá-la, pois, de acordo com as áreas de abrangência definidas pela

política de saúde, a UBS próxima, mas localizada no município de São Paulo, não está referenciada

para os moradores do conjunto. Ou seja, o critério territorial de inclusão estabelecido pela lógica

político-administrativa terminou, neste caso, excluindo parte dos moradores em função das novas

dinâmicas socioterritoriais em curso.

Figura 4. Localização e distâncias dos equipamentos de saúde e educação Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

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A presença dos serviços básicos de educação (fundamental e infantil) é a mais reconhecida pelos

moradores entrevistados, seguidos da presença de creche e UBS, ficando a delegacia/ posto

policial em terceiro plano, conforme se pode observar na tabela a seguir:

Tabela 22. Existência de serviços básicos públicos próximos ao condomínio

Existência de serviços básicos públicos próximos ao condomínio.

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Existe

na %

UBS/ Posto de Saúde 42 43,3

Creche 42 43,3

Escola pública infantil 51 52,6

Escola pública de ensino fundamental 68 70,1

Delegacia/ Posto de Polícia Comunitária 29 29,9

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

De modo semelhante, a próxima tabela destaca as referências dos moradores como outros

serviços próximos ao condomínio, a escola pública de ensino médio (63,9%) e o Hospital / Pronto

Socorro (42,6%). Chama a atenção o percentual que não se lembrava de nenhum serviço próximo,

ficando em terceiro lugar da lista: 23,7%.

Tabela 23. Existência de outros serviços próximos ao condomínio

Existência de outros serviços públicos próximos ao condomínio.

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Existe

na %

Escola pública de ensino médio 62 63,9

Hospital/Pronto Socorro 41 42,3

Nenhum 23 23,7

Clube esportivo 10 10,3

Biblioteca pública 10 10,3

Centro de Referência da Assistência Social - CRAS 8 8,2

Conselho Tutelar 8 8,2

Casa de cultura 3 3,1

Telecentro 2 2,1

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

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Interessante observar que em relação a estes outros serviços, também foi registrado sobre a

utilização dos mesmos pelos moradores. A diferença em relação à tabela anterior é a inversão na

incidência: enquanto a escola de ensino médio foi o serviço mais lembrado pelos moradores, o

hospital/pronto socorro mostrou-se o mais utilizado (28,9%). A escola de ensino médio foi citada

como de uso de 16,5% dos entrevistados. Embora com percentual bem inferior quanto ao uso,

atingindo apenas 6,2% dos entrevistados, o CRAS – Centro de Referência da Assistência Social

apareceu como o terceiro serviço mais utilizado, e ultrapassando, inclusive, o clube esportivo e

biblioteca pública, que na tabela anterior foram mais lembrados que o próprio CRAS.

Tabela 24. Utilização de serviços próximos ao condomínio

Utiliza os serviços públicos próximos ao condomínio.

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Utiliza

na %

Hospital/Pronto Socorro 28 28,9

Escola pública de ensino médio 16 16,5

Centro de Referência da Assistência Social – CRAS 6 6,2

Clube esportivo 4 4,1

Biblioteca pública 4 4,1

Conselho Tutelar 3 3,1

Casa de cultura 2 2,1

Telecentro 0 0,0

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Chama atenção ainda na tabela 27 a baixa utilização de serviço de cultura e a ausência de

utilização do telecentro que, foram também os serviços menos lembrados pelos moradores. Em se

tratando de serviços importantes para atendimento de demandas da população de adolescentes e

jovens, resta verificar a questão da qualidade dos mesmos para justificar a baixa incidência tanto

na lembrança quanto na sua utilização.

Aqui se verifica que a necessidade de se questionar o grau de acessibilidade aos serviços públicos

dos moradores do Conjunto Flor de Jasmim, entendendo que a existência dos equipamentos não é

suficiente para caracterizar a garantia de acesso aos serviços previstos nos mesmos. É

essencialmente do acesso à cidade e à cidadania que tratará o item 4 deste capítulo.

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Trabalho

O mapa de densidade de empregos, tomando como referência as cidades de Osasco e São Paulo,

demonstra claramente como as maiores incidências de oferta de emprego localizam-se na cidade

de São Paulo, em sua região central e no centro expandido em direção sudoeste, e no caso de

Osasco em seu perímetro central. Ou seja, além das condições de precariedade e informalidade

anteriormente analisadas, os trabalhadores do Conjunto Flor de Jasmim, de fato, encontram-se

mais distantes desses pólos concentradores de ofertas de emprego.

Figura 5 – Mapa de densidade de empregos – São Paulo e Osasco Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

Em relação ao o local de trabalho, a maior parte dos entrevistados exerce suas ocupações fora do

bairro e até mesmo em outras cidades (69%), conforme a tabela a seguir:

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Tabela 25. Local onde exerce a ocupação

Local onde exerce a ocupação

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Outro bairro 53 38,1

Outro município 43 30,9

No bairro 28 20,1

No domicílio 15 10,8

Base 139 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

Considerando o fato de que a maior parte dos entrevistados trabalha em locais distantes do

próprio bairro, a maioria significativa declarou o ônibus (78,6%) como meio de transporte mais

utilizado para acesso ao trabalho, seguido de carro/moto (7,6%) e a pé (6,1%).

Tabela 26.Localização do trabalho

Local onde exerce a ocupação

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Ônibus 103 78,6

Carro/moto 10 7,6

A pé 8 6,1

Bicicleta 3 2,3

Van/kombi 2 1,5

Trem 2 1,5

Metrô 2 1,5

Outros 1 0,8

Não soube informar 8 5,8

Base 139 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

As declarações sobre o tempo de deslocamento para trabalho demonstram claramente como a

mudança significou um aumento na distância em relação ao local de trabalho, pois a maioria dos

entrevistados (cerca de 70%) revelou que da moradia anterior o tempo gasto para trabalhar

variava entre menos de 30 minutos a 1 hora. E, da moradia atual o tempo gasto subiu para um

intervalo de mais de 30 minutos a 2 horas, abarcando também 70% dos entrevistados, conforme a

tabela a seguir.

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Tabela 27. Tempo médio de deslocamento para o local de trabalho

Tempo médio de deslocamento até o

trabalho

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Moradia anterior Moradia atual

na % Na %

De 1:05hs a 2hs. 29 25,4 49 38,6

De 30 minutos a 1 h. 24 21,1 38 29,9

Menos de 30 minutos 52 45,6 22 17,3

Mais de 2hs. 9 7,9 18 14,2

Base 114 100,0 127 100,0 Fonte: questionário PUC-SP

A figura a seguir demonstra esse aumento médio do tempo de deslocamento dos trabalhadores

moradores do Conjunto Flor de Jasmim, em relação à moradia anterior. Nota-se ainda que o

Conjunto Flor de Jasmim localiza-se no epicentro de concentração de maior quantidade de viagens

realizadas por dia na cidade de Osasco, entre 10.001 a 52.000 viagens.

Figura 6 – Tempo de deslocamento até o trabalho – Conjunto Flor de Jasmim Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

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Dessa forma, a mudança impactou não somente no tempo de deslocamento dos trabalhadores,

mas também nos gastos com transporte para o trabalho em relação à moradia anterior. A tabela

31 evidencia que na situação anterior havia um percentual significativo que não tinha gastos com

transporte para ir ao trabalho e, que somados àqueles trabalhadores que gastavam até R$3,00,

correspondiam a uma parcela 72% nessa condição. Porém, na situação atual na nova moradia,

51,2% gastam mais de R$3,00 a R$6,00, e 29,1% despendem mais de R$10,00 a R$50,00.

Observa-se, a partir desse cenário, que provavelmente um dos mais fortes impactos advindos com

a mudança tenha sido em relação ao acesso ao local de trabalho, implicando em aumento de

tempo de deslocamento e de gastos com transporte.

Tabela 28. Despesa com transporte para o trabalho

Despesa com transporte para o trabalho

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Moradia anterior Moradia atual na % na %

Nada 26 23,6 15 11,8

Até 3,00 54 49,1 1 0,8

Mais de 3,00 a 6,00 13 11,8 65 51,2

Mais de 6,00 a 10,00 17 15,5 7 5,5

Mais de 10,00 a 50,00 0 0,0 37 29,1

Mais de 50,00 0 0,0 2 1,6

Média 7,92 10,32

Base 110 100,0 127 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

Transporte

Em relação ao serviço de transporte, as respostas dos moradores comparando à situação anterior,

demonstra que não há uma unanimidade, conforme demonstra a tabela 29, a seguir.

Tabela 29. Opinião sobre o transporte público

Comparando com a moradia anterior, os serviços melhoraram, pioraram ou

estão iguais?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Transporte público

melhorou 27 28,4

piorou 37 38,9

está igual 31 32,6

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

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Observa-se que apesar de não ocorrer uma unanimidade nas opiniões quanto ao transporte

público, a maioria (quase 39%) indicou uma piora nas condições desse serviço. A figura a seguir

pode indicar algumas prováveis razões que justifiquem essa piora. A partir dos raios de distância

em relação aos atuais pontos de ônibus, observa-se que há uma discrepância entre o ponto mais

próximo e o mais distante a partir do centro do Conjunto Flor de Jasmim, que varia de 130 a 500

metros, o que significa dizer que para se chegar até o ponto mais distante de ônibus se deverá

percorrer quatro vezes mais em relação ao mais próximo. O tempo médio gasto até o ponto mais

próximo dos moradores é de 15 minutos (95% das respostas).

Figura 7 - Situação do transporte público – Conjunto Flor de Jasmim Fonte: LabCidades/ FAU/ USP

Também se verifica que 22% das respostas da pesquisa de amostragem indicam um tempo de

espera nos pontos de ônibus que varia de 30 minutos até uma hora. Ou seja, associado ao tempo

de caminhada até o ponto, deve se acrescentar o tempo de espera até acessar o meio de

transporte. Mesmo aqueles que esperam menos tempo (até 15 minutos de espera), necessitam

calcular no mínimo 30 minutos para acessar o ônibus (15 minutos de caminhada).

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Quando foi perguntado sobre as condições de acesso ao trabalho, que deve incluir a questão de

mobilidade percebe-se que a maioria indica uma piora significativa, abrangendo 51% dos

entrevistados.

Tabela 30. Qualidade do acesso ao trabalho

Comparando com a moradia anterior, os serviços melhoraram, pioraram ou estão

iguais?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Acesso ao trabalho

Melhorou 17 18,1

Piorou 48 51,1

Está igual 29 30,9

Base 94 100,0

Fonte: questionário PUC-SP

Estes dados corroboram as informações obtidas em relação ao tempo e gastos com deslocamento

para o trabalho atualmente despendidos pelos moradores, e que indica forte impacto no

orçamento familiar e qualidade de vida das famílias.

c) Acesso à cidade e serviços

Para análise sobre os impactos na qualidade de vida dos moradores em relação à localização do

Conjunto Flor de Jasmim, foram analisadas as respostas quanto à qualidade dos serviços

existentes próximos e no entorno do conjunto, comparativamente aos locais anteriores de

moradia.

Infraestrutura urbana

Em relação aos serviços essenciais de infraestrutura urbana, nota-se a preponderância de opiniões

que avaliam a melhora no novo local de moradia, reafirmando a mudança com relação à

precariedade das condições de origem das famílias atendidas pelos PMCMV. Foram destaque no

reconhecimento dos moradores o fornecimento de água e acesso à rede de esgoto que obtiveram

opinião positiva de melhora em mais de 60% dos entrevistados, seguidos do fornecimento de

energia elétrica e coleta de lixo, em mais de 55%, conforme a tabela 33.

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Tabela 31. Opinião sobre a qualidade de serviços urbanos no conjunto

Comparando com a moradia anterior, os serviços melhoraram, pioraram ou estão iguais?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Fornecimento de água

Melhorou 62 63,9

Piorou 2 2,1

Está igual 33 34,0

Rede de esgoto

Melhorou 61 62,9

Piorou 10 10,3

Está igual 26 26,8

Fornecimento de energia elétrica

Melhorou 56 57,7

Piorou 7 7,2

Está igual 34 35,1

Coleta de lixo

Melhorou 54 55,7

Piorou 14 14,4

Está igual 29 29,9

Iluminação pública

Melhorou 46 47,4

Piorou 16 16,5

Está igual 35 36,1

Base 97 100,0

Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Também em relação às condições internas ao Conjunto Flor de Jasmim, os moradores reconhecem

melhora ou manutenção em relação à qualidade da pavimentação e acesso das áreas comuns,

conforme se pode observar na tabela a seguir.

Tabela 32. Qualidade de pavimentação e acessos das áreas comuns do condomínio

Comparando com a moradia anterior, os serviços melhoraram, pioraram ou estão iguais?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Pavimentação

Melhorou 41 42,7

Piorou 19 19,8

Está igual 36 37,5

Acesso de veículos

Melhorou 38 40,0

Piorou 21 22,1

Está igual 36 37,9

Acesso de pedestres (calçada)

Melhorou 40 41,7

Piorou 29 30,2

Está igual 27 28,1

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

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Quando se toca na qualidade do acesso fora do condomínio, percebe-se que há uma insatisfação

mais generalizada entre os moradores. Ou seja, embora se reconheça a melhora nas condições

habitacionais e do próprio espaço comum da nova moradia, se evidencia dificuldades

anteriormente não existentes quanto ao acesso a serviços e comércio, conforme tabela 35. Faz

exceção o serviço dos correios, que é indicado como melhora para 41,2% do universo

entrevistado.

Tabela 33. Qualidade de acesso a serviços e comércio

Comparando com a moradia anterior, os serviços melhoraram, pioraram ou estão iguais?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

Na %

Correios

Melhorou 40 41,2

Piorou 21 21,6

Está igual 36 37,1

Telefone público

Melhorou 11 11,7

Piorou 42 44,7

Está igual 41 43,6

Acesso a serviços e equipamentos sociais

Melhorou 13 14,3

Piorou 51 56,0

Está igual 27 29,7

Acesso aos locais de comércio

Melhorou 9 9,3

Piorou 73 75,3

Está igual 15 15,5

Base 97 100,0 Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Os moradores se dividem, inclusive quanto à utilização do comércio local, ficando entre o próprio

bairro onde está o conjunto, mas também com alta incidência de outros bairros da cidade que

alcança 44,9% das menções, conforme aponta a tabela a seguir.

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Os depoimentos dos moradores revelam um sentimento forte sobre a falta dos serviços e do

comércio local que acessavam a pé na moradia anterior:

Sente falta de algum ambiente/ espaço que tinha na moradia anterior? “De tudo, menos do

barraco, só que tinha médico, banco, açougue, aqui nada é perto, tudo é caro.”

A ambiguidade de sentimentos se mostra bem concreta na comparação entre o que se acessava

na moradia anterior e o que não se acessa mais. Reitera-se, no comércio como nos serviços que a

medida da proximidade (perto, ira a pé) prevalece como referência de acesso. Como também os

impactos que a distância e a localização da nova moradia provocam no custo de vida das famílias:

“aqui nada é perto, tudo é caro”.

Acesso à cidade e à cidadania: entre o feijão e o sonho.

As informações coletadas sobre as atuais condições de vida, após praticamente um ano de

mudança para a nova moradia no Conjunto Flor de Jasmim parecem variar entre, de um lado, o

sonho realizado da casa própria e, por outro, uma mistura de saudade, tristeza e decepção pelo

fato de não mais poder usufruir da dinâmica de vida anterior já estabelecida: os vínculos com

amigos e parentes, a proximidade dos serviços e do trabalho.

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Nesse contexto, o Programa Minha Casa Minha Vida se apresenta das mais diferentes formas para

os moradores do Conjunto Flor de Jasmim. Há depoimentos emocionados, como: “Esse programa

é muito bom.” (chorou) “A casa é um sonho, e a Caixa realizou esse sonho da casa própria”.

“Aqui é a casa própria, dai realizou o sonho.”

Ao mesmo tempo, há depoimentos desiludidos: “Isso foi uma ilusão, um sonho que virou

pesadelo. Morar aqui não tem nada a ver com um condomínio.”

É como disse um dos moradores: “Melhorou, mas é tudo longe”.

O contraponto entre o longe e o perto aparece de forma muito nítida para comparar a vida

anterior e avaliar a atual moradia, que extrapola o sonho realizado da casa própria, indicando que

a localização da moradia também faz diferença: “Porque era perto de tudo, e lá minha família se

sentia melhor.”

E chama a atenção o “sentir-se melhor”. Trata-se da dimensão subjetiva, porém, tão concreta

quanto o fato de apropriar-se da moradia: “Porque na moradia anterior estava perto dos amigos

e tinha mais liberdade”.

De fato, o local de origem e as trajetórias de vida anterior emergem como elemento importante

para a avaliação do Programa.

O depoimento de uma moradora do Rochedale evidencia alguns tipos de rompimentos que

ocorreram com a mudança e, consequentemente, o sofrimento desse processo de mudança do

território, que tinha como o Jardim Rochedale (bairro vizinho ao Jardim Aliança) sua referência:

“No Rochedale eu tenho toda minha família e todos os serviços. No começo chorava todos os

dias, tive até depressão. Se eu pudesse compraria uma casa no Rochedale.”

Os vínculos afetivos vivenciados no antigo território se mostram tão importantes no processo de

mudança, inclusive, para uma moradora do Jardim Aliança que demonstrou estar satisfeita com a

atual moradia pelo fato dos antigos amigos terem se mudado juntamente com ela. Quando

perguntada sobre o que mais gosta aqui no condomínio, sua resposta foi a seguinte: “Amizade

trazida do antigo bairro”.

A importância dos vínculos sociais para as famílias pode ser também verificada a partir da

constatação do tempo de residência na moradia anterior, conforme demonstra a tabela a seguir.

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Praticamente 70% das famílias entrevistadas tinha uma permanência acima de 5 anos,

relativamente longa, considerando que 30% encontrava-se na moradia anterior há mais de 10

anos. Trata-se de um tempo de duração de moradia, mas também de convivência no território,

que os depoimentos dos moradores do Jardim Aliança deixaram vir à tona.

Embora a maioria dos moradores admita que morassem em área de risco, de acordo com a tabela

34, se percebe que o tempo de permanência possibilitou a construção de vínculos sociais, que

configuravam de alguma maneira uma rede de proteção social no território. Ou seja, eram

conviventes a precariedade do lugar e os vínculos sociais, a tal ponto que os depoimentos

distinguem com nitidez o que se ganhou e o que se perdeu no processo de mudança.

Tabela 34. Localização da moradia em área de risco

A moradia anterior estava localizada em área de risco?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

% %

Sim 67 69,1

Não 29 29,9

Não soube informar 1 1,0

Base 97 100,0

Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

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Percebe-se, que a pesar da situação de risco e precariedade habitacional anterior, o tempo de

permanência possibilitou a construção de vínculos sociais, que configuravam de alguma maneira

uma rede de proteção social no território. Ou seja, eram conviventes a precariedade do lugar e os

vínculos sociais, a tal ponto que os depoimentos distinguem com nitidez o que se ganhou e o que

se perdeu no processo de mudança.

Outra moradora do Jardim Aliança expressa sinteticamente a representação da mudança: “O

bairro antigo era melhor, mas a casa não era boa.”

O desafio que se coloca ao Conjunto Flor de Jasmim está para além dos muros do condomínio: a

experiência anterior dos moradores denota que havia uma dinâmica já conquistada e construída

de acesso à cidade. Morava-se mal, mas se acessava os serviços básicos e se tinha vínculos

constituídos.

O efeito do “muro do pó”: para além das crônicas dos noticiários

A condição de legalidade não significou a anulação da convivência com o mundo do ilícito, o que

tem significado para os moradores do Conjunto Flor de Jasmim a convivência também com a

violência. Os moradores identificam que a moradia atual se apresenta como mais violenta do que

a anterior, são 68% de respostas afirmativas.

Tabela 35. Presença da violência na moradia anterior e atual

A violência comparada com a moradia anterior

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

É mais violento 66 68,0

É menos violento 29 29,9

Não soube informar 2 2,1

Base 97 100,0

Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Dessa forma, praticamente 63% das respostas identificam como violento o condomínio Flor de

Jasmim.

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Tabela 36. Presença da violência no condomínio

O Condomínio é violento?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Sim 61 62,9

Não 36 37,1

Base 97 100,0

Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Esse cenário é traduzido por alguns moradores como a convivência permitida entre os diferentes

atores que fazem parte do mundo ilícito, incluindo a figura da polícia. Seguem os depoimentos:

“A existência do tráfico com consentimento da polícia, que ‘comparece’ para receber. O poder

público sabe e não faz nada. Os moradores e lideranças são lembradas e chamadas em ‘época de

eleição’. Número de crianças sem atividades e no ‘meio do tráfico’. Prefeito, deputados e

vereadores deveriam sair do gabinete para conhecer o condomínio”.

¨Só esses policiais que ficam entrando em apartamento que não tem nada a ver, as crianças não

podem brincar. É muito perigoso.”

Assim, os motivos de maior identificação com a questão da violência giram em torno de três

convivências: o tráfico, os vizinhos e a polícia. Alguns depoimentos revelam a difícil convivência

cotidiana em meio a esse emaranhado de situações que envolvem o tênue limite entre a vida

privada e o mundo público: “Não é possível utilizar as áreas comuns do condomínio por causa da

violência” (brigas entre mulheres e homens com uso de facas e armas de fogo). Se o mesmo

apartamento fosse no bairro anterior não haveria problemas e estariam satisfeitos.”Ou ainda:

“Problemas de vizinhança. Muito barulho, briga, não é civilizado. Mesmo na favela não existia

isso. Aqui você não pode ter amizade com ninguém, só bom dia, boa tarde. Sinceramente eu não

queria ter vindo pra cá, é gente de todo lugar, é difícil.”

De fato, a mudança e o desenho do projeto habitacional proposto geraram uma nova geografia

nas relações de sociabilidade e de convivência com o tráfico e a polícia. O modelo condominial não

só é externo à cultura da população que proveem de favelas e assentamentos, como também

tendeu à privatização e regulamentação dos espaços públicos e ao confinamento intra-muros de

uma situação de violência que reedita uma nova situação de risco.

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Chama à atenção a falta de referências institucionais e organizativas para os moradores como

agentes de proteção em situações de necessidade, que ficam concentrados, essencialmente na

rede primária de contatos das pessoas: família, vizinhos e amigos.

Se de um lado, a violência permeia e estrutura as sociabilidades no novo local, a escolha de

vizinhança das diversas áreas emerge como fator protetivo e de referências dos moradores do Flor

de Jasmim. Os parentes, vizinhos e amigos aos quais recorrem em caso de necessidade estão

localizados, principalmente no condomínio, seguido do bairro anterior.

Gráfico 11. Localização das referências em situação de necessidade

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Condomínio Bairro Atual Bairro Anterior Outros

Parentes

Vizinhos

Amigos

Talvez um dos grandes desafios a serem enfrentados pelos moradores seja essas novas tessituras

que se formam em torno do processo de reterritorialização: novas convivências e novas

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sociabilidades que reconfiguram as relações privadas e públicas, dentro e fora do apartamento,

dentro e fora do condomínio.

Como se pode perceber, a realização do sonho da casa própria se mistura com a decepção diante

de outros sonhos não realizados, como também de conquistas anteriores que já não se fazem

mais presentes no novo lugar.

i. Perspectivas de futuro

Diante do novo cenário e a partir das avaliações, desejos e expectativas expressos pelos

moradores, se pode identificar alguns “desejos de cidade e de cidadania”, ainda que permeados

de decepções misturadas a sinais de esperança.

É importante o percentual daqueles que em apenas um ano no novo local já pensaram, em algum

momento, em se mudar do condomínio, quase 60% dos entrevistados.

Tabela 37. Aspiração de mudança de moradia

Em algum momento pensou em se mudar do condomínio?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Sim 57 58,8

Não 40 41,2

Não respondeu 0 0,0

Base 97 100,0

Base: total dos domicílios Fonte: questionário PUC-SP

Os motivos expressos por aqueles que pensaram em mudar-se do condomínio revelam que os

problemas com segurança e violência aparecem em primeira ordem (72%). Em seguida, com

significativa presença, a distancia dos locais de trabalho, motivo indicado por quase 30% dos

entrevistados, o que reforça o impacto da mudança sobre esse aspecto da vida cotidiana das

famílias do Conjunto Flor de Jasmim.

Com percentuais semelhantes aparecem como motivos de pensar em mudança: problema com a

vizinhança e falta de condições de pagamento da prestação e das contas de condomínio, água e de

luz.

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Interessante notar que tanto o processo de mudança gerou três novos cenários para as famílias do

Conjunto Flor de Jasmim: o “preço” da legalidade, novos vizinhos e a convivência com o ilícito.

Estes três elementos parecem exercer um peso considerável na avaliação sobre a qualidade de

vida das famílias, a ponto de fazerem pensar em mudar-se, apesar da avaliação geral de que a

nova moradia apresenta-se muito melhor que a anterior.

Tabela 38. Motivos para pensar em mudança do condomínio

Por que motivo pensou em se mudar do condomínio?

Conjunto Habitacional Flor de Jasmim/ Osasco

na %

Problemas de segurança e violência 41 71,9

Distância dos locais de trabalho 17 29,8

Problema com a vizinhança 12 21,1

Falta de condições de pagamento da prestação e das contas de condomínio, água e de luz

12 21,1

Problema de transporte 10 17,5

Problemas familiares 4 7,0

Tamanho do apartamento/casa 3 5,3

Não respondeu 2 3,5

Base 57 100,0

Base reduzida: moradores que pensam em se mudar do Condomínio Fonte: questionário PUC-SP

Sobre as novas expectativas em relação ao condomínio, importa ressaltar a valorização que se dá

ao acesso a áreas de lazer (com destaque para crianças) e práticas esportivas para os moradores,

que juntas correspondem a 90% das respostas dos moradores que fazem referência a propostas

de melhoria no interior do conjunto habitacional.

Tabela 39. Expectativas de melhorias do condomínio

O que gostaria que tivesse no condomínio

Conjunto Habitacional Flor de

Jasmim / Osasco

na %

Referências ao interior do Condomínio 55 35,3

Espaços para atividades com as crianças/ playground/ parquinho

32 58,2

Área de lazer e equipamentos esportivos para os moradores

18 32,7

Garagem/ garagem coberta/mais vagas no estacionamento

4 7,3

Área de serviço/ lavanderia coletiva/ local para estender a roupa

3 5,5

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Melhorias nos materiais construtivos/ piso/ revestimento/ pintura

7 12,7

Área verde/ jardim/ 1 1,8

Referências ao entorno do Condomínio 20 12,8

Infraestrutura de comércio/ serviços: padaria/ feira/ farmácia/ Correios

12 60,0

Posto de saúde/ pronto socorro 4 20,0

Escolas/ creche/ escola para adultos 3 15,0

Posto policial/ base comunitária 5 25,0

Praças/ parque 3 15,0

Biblioteca 3 15,0

Segurança: controle no acesso das pessoas/ guarita/ muro

21 13,5

Administração do condomínio 14 9,0

Mais organização 8 57,1

Respeito às regras 4 28,6

Uso do salão de festa gratuito 1 7,1

Problemas com síndico 2 14,3

Referências às Políticas Sociais; cursos/ atividades/ oficinas/ projetos sociais/ orientações

4 2,6

Referências à convivência/ união entre os moradores

5 3,2

Referências às atividades culturais: espaços para atividades culturais para idosos/ mulheres

2 1,3

Qualidade de vida: mais sossego/ silêncio 2 1,3

Base 156 100,0 Base: resposta múltipla Fonte: questionário PUC-SP

Os depoimentos dos moradores referendam este destaque em suas expectativas.

“Que tivesse algum projeto social para atender os jovens do condomínio com atividades que

ocupassem o tempo.”

“Elaborar melhor as áreas de lazer (quadra e parquinho)”

“Aula de música, lazer para as crianças, teatro, biblioteca. Cabeça desocupada é oficina do

diabo.”

A existência de recursos a serem acessados no entorno do condomínio foi o segundo aspecto mais

levantado pelos moradores, com um total de 12,8% das menções, concentradas no comércio local

e serviços que atendessem as demandas das famílias do seu cotidiano. Do total de 20 menções, 12

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apontaram necessidade de melhoria de infraestrutura de comércio e serviços com padaria, feira,

farmácia, correios. Em seguida destacou-se posto policial e, em terceiro lugar, o posto de saúde.

Quanto ao aspecto administrativo do condomínio, os entrevistados apontaram majoritariamente a

necessidade de maior organização e, em seguida, do respeito às regras.

Percebe-se, de um lado, que as perspectivas de futuro dos moradores estão muito mais

relacionadas à preocupação com as crianças e os jovens, símbolos de futuro no ciclo da vida. De

outro lado, se colocam expectativas para se acessar a pé os serviços e o comércio local, que

atendam às necessidades básicas das famílias. Esse quadro de futuro traçado pelos moradores

demonstra o quanto se trata de um conjunto de expectativas que dizem respeito à vida cotidiana,

às demandas comuns a famílias que precisam além de morar: sobreviver, se divertir, ser feliz.

Transformando a tabela sobre as expectativas no entorno do condomínio em um gráfico de

incidências, se observa o quanto o cotidiano de vivência e sobrevivência se sobrepõe às

necessidades eventuais de serviço de segurança pública ou até mesmo de saúde e educação.

Gráfico 12. Expectativas em relação ao entorno do condomínio

Base: resposta múltipla Fonte: questionário PUC-SP

No caso dos moradores do Conjunto Flor de Jasmim o que mais parece se desejar é de uma

moradia em que a infraestrutura do cotidiano esteja acessível a pé: padaria, feira, açougue,

mercado, farmácia, banco. Demonstra-se que o habitar é também dar conta das demandas do dia

a dia, do miúdo das necessidades humanas e sociais. De preferência, a pé.

Talvez nessas perspectivas é que se coloque a escala do cotidiano para se construir os acessos

necessários à cidade e à cidadania. Para tanto, se faz igualmente urgente que o direito à moradia

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envolva essa escala em sua dinâmica de atuação, capaz de incorporar não apenas os “limites” de

abrangência, mas essencialmente os “conteúdos” que essa escala envolve: a pé, perto, sentir bem.

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5. Aprendizados da pesquisa

5.1. Sobre o trabalho social

É preciso reconhecer que o PMCMV é audacioso no seu desenho, nos recursos aportados e na

escala nacional. Mas há dentro dele muitas contradições. Os estudos de inserção urbana já

apontam que esse é um Programa de crédito imobiliário, que atende a interesses da construção

civil e do mercado imobiliário. Observa-se que o Programa tem interferido nas cidades, na

dinâmica territorial e na vida das famílias beneficiárias. As cidades brasileiras, em particular

aquelas das regiões metropolitanas, encontram-se precarizadas de serviços urbanos e sociais e os

projetos não alavancam processos de planejamento urbano e de investimentos das outras áreas.

A precariedade dos territórios de implantação dos projetos se expressa nos serviços e transportes

escassos e precários, na ausência do poder público das diversas políticas nesses novos territórios

que foram criados pelo poder público. Terminada as obras e os prazos de contrato retiram-se

empreiteiras, equipes da secretaria ou aqueles prestadores de serviços terceirizados. Os serviços

de saúde, educação, assistência social cultura e esporte, transporte, previstos “só no papel”, não

tem previsão de implantação ou ampliação, ficando sobrecarregados com as novas demandas.

Que cidades estão se criando?

Na nossa visão os princípios que norteiam o trabalho social afirmam o direito à cidade; o direito a

moradia digna; o direito à organização e participação da população em todos os momentos do

processo construtivo e no controle democrático da política habitacional; a compreensão integrada

da política habitacional às políticas urbanas e sociais e o respeito ao meio ambiente. Nessa

perspectiva compreende-se que o trabalho social é um componente essencial da política

habitacional e urbana e, portanto, deve ser sistemático, contínuo e interdisciplinar,

articulado às diretrizes da política urbana e habitacional do País.

Configura-se como processo de trabalho em territórios determinados, que efetiva

um amplo leque de ações, permeado por uma perspectiva socioeducativa e política,

pautado nos valores democráticos e de justiça social. O horizonte do trabalho é a

melhoria da qualidade de vida das pessoas, a defesa dos direitos sociais, o acesso à

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cidade, à moradia, aos serviços públicos e o incentivo e fortalecimento da

participação e organização autônoma da população. (Paz e Taboada, 2010).

Pode-se observar que o trabalho social está presente em diversos organismos públicos e privados,

nos mais diferentes programas de habitação, se desenvolvendo durante as diferentes fases ou

momentos de implementação de um empreendimento ou projeto integrado, devendo

necessariamente começar antes do início das obras e continuar após o seu término. Essa

processualidade impõe a necessidade da interlocução e planejamento entre as diferentes equipes,

a engenharia, arquitetura e o jurídico e as equipes sociais, buscando a visão de totalidade e a

integração das diversas intervenções.

Nessa direção são diretrizes para o trabalho social:

O reconhecimento da função social e do direito à cidade;

O território enquanto espaço de vida, dinâmico, de relações sociais e de explicitação dos

conflitos. A exclusão territorial se expressa principalmente na segregação espacial e

urbana, na ausência de acesso a cidade e aos bens e serviços produzidos socialmente, na

ausência de segurança pública e justiça;

A intersetorialidade: articulação da política habitacional, com política urbana e demais

políticas sociais, através do desenvolvimento de projetos integrados, de ações

intersetoriais;

A participação social: o reconhecimento da legitimidade da participação da sociedade civil

organizada e dos movimentos sociais na definição, gestão e controle da política

habitacional através da criação de espaços institucionais e de espaços próprios e

autônomos dos movimentos sociais

O respeito às famílias e moradores das áreas de intervenção, como o direito das famílias

em permanecerem na área ocupada, minimizando ao máximo o número de famílias a

serem removidas, como também as características culturais daquele segmento social.

Intervenções /ações de caráter coletivo na perspectiva de fomentar a formulação de

alternativas de atendimento habitacional a partir das necessidades expressas por

segmentos organizados da população.

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São muitas e enormes as questões á refletir.

Afinal, à que veio o Trabalho Social nos programas habitacionais? Para controlar a população?

Viabilizar a obra e dar sustentabilidade econômica ao empreendimento? Apoiar e reforçar a

participação e organização coletiva? Qual o lugar do trabalho social na política de habitação? Qual

a direção política?

A base do trabalho social é a quem as unidades habitacionais se destinam. O mais importante é

perguntar prá quem? Com quem você trabalha ? E, rever os conceitos.

O Trabalho Social faz a diferença, mas não resolve problemas estruturais do Programa

(projeto/obra/ inserção urbana, mobilidade) e do contexto social (acesso a serviços/ tráfico). As

escolhas metodológicas, as estratégias devem ser definidas de acordo com as características sócio-

culturais-organizativas da população, do diagnóstico socioterritorial, mas também de acordo com

o porte dos projetos e empreendimentos.

Entendemos que esse estudo tem muitos desafios, uma contribuição para a política habitacional,

para atuação profissional e para os movimentos de moradia que lutam e negociam com o poder

público por uma política urbana e habitacional que atendam os interesses da população.

“Repertórios” - novas estratégias pro trabalho social

[...] com certeza esse repertorio não é tão pobre assim, tem muita

coisa boa por aí, é uma questão da gente descobrir (entrevistada)

Uma questão central para repensar novas estratégias de trabalho é olhar para além do

empreendimento, do conjunto habitacional, olhar para o território, para os sujeitos presentes e as

relações que se estabelecem nos territórios, olhar para as potencialidades e fragilidades. Trabalhar

para além dos muros do empreendimento é o desafio.

Um bom exemplo, as chamadas atividades de geração de renda, desconectadas da dinâmica social

e econômica do território reduzem-se a atividades de lazer ou de socialização, sem resultados no

mundo do trabalho e na renda das famílias. Sem articulação com programas de outras secretarias

e ministérios que capacitem jovens e adultos para o mercado de trabalho, essas atividades

tendem ao fracasso.

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5.2. Sobre os impactos sociais e econômicos na vida das famílias 5.3.Sobre metodologia de avaliação 5.4. Desdobramentos da pesquisa

Esta pesquisa, para além dos seus resultados, apresenta desdobramentos importantes. Em

primeiro lugar há que se destacar a Rede de Pesquisa Cidade e Moradia que potencializou os

estudos através da troca de saberes e informações e que pretende continuar articulando novos

estudos, seminários e publicações conjuntas.

Na PUCSP a pesquisa gerou o interesse de alunos de pós graduação e da graduação. Fruto do

projeto teremos em 2015 duas dissertações de mestrado, nas áreas de Ciências Sociais e Serviço

Social, bem como um trabalho de conclusão de curso e duas iniciações científicas da graduação

em Serviço Social. A pesquisa terá desdobramentos também em novos estudos e artigos.

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BONDUKI, Nabil G. Origens da habitação social no Brasil. Arquitetura moderna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade: FAPESP, 1998.

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_________________________. Manual do Programa Habitar Brasil BID – Orientações do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Precários, 2004.

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_________________________. Instrução Normativa nº 27. Brasília, 2007.

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CABANES, Robert e TELLES, Vera S. (orgs). Nas tramas da cidade: Trajetórias urbanas e seus territórios. São Paulo, Humanitas. 2006.

CARDOSO, Adauto Lucio (org). O Programa Minha Casa Minha Vida e seus efeitos territoriais. Rio de

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CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidades de muros – crime, segregação e cidadania em São Paulo. S.P., Editora 34 / EDUSP, 2000.

CARVALHO, Patryck A. Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia: fundamentos jurídico- urbanísticos, aplicabilidade e gestão pós-titulação, no Município de Osasco, São Paulo. In: Anais do V Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico – Manaus 2008: O Direito Urbanístico nos 20 anos da Constituição Brasileira de 1988 – Balanço e Perspectivas / [Organizado por] Nelson Saule Júnior et al. Porto Alegre: Magister, 2009.

CONSÓRCIO INSTITUTO VIA PÚBLICA/LabHab-FUPAM/Logos Engenharia.Plano Nacional de Habitação, produto 5. Disponível em: http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/biblioteca/produtos/planhab_produto5.pdf., 2009.

FELTRAN, G. S. . Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias de São Paulo. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp/CEM, 2011. v. 1. 366p .

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de Estatística e Informações. Déficit habitacional no Brasil 2008. Belo Horizonte: FJP, 2010.

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KOGA, Dirce e NAKANO, Kazuo. Os territórios da urbanidade e a promoção da saúde. In: SOARES, Cassia e CAMPOS, Celia (orgs). Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Barueri: Manole, 2013. p. 143-172.

MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades – alternativas para a crise urbana. R.J., Editora Vozes, 2002.

MARQUES, Eduardo (coord.) Assentamentos precários no Brasil urbano. Ministério das Cidades/Secretaria Nacional de Habitação e Centro de Estudos da Metrópole / Cebrap, Brasília, 2007.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Edusp, 2002.

RIZEK, Cibele S. Trabalho, Moradia e Cidade - Zonas de indiferenciação. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, p. 41-50, 2012.

SEHDU/DTS. Empreendimento Flor de Jasmim: histórico da demanda. Entrega do conjunto habitacional: março de 2013. Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Departamento de Trabalho Social. Osasco: julho, 2013.

ONU-HABITAT. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, Relatório: Estado das Cidades da América Latina e do Caribe 2012 – Rumo a uma nova transição urbana. 2012. Disponível em: http://estaticog1.globo.com/2012/08/21/Estado-de-las-Ciudades-de-America-Latina-y-el-Caribe-2012.pdf

PAZ, Rosangela D. O. da e TABOADA, Kleyd Junqueira. CONCEITOS BÁSICOS PARA INTERVENÇÕES HABITACIONAIS. In Trabalho social em programas e projetos de habitação de interesse social. MINISTÉRIO DAS CIDADES. CURSO À DISTÂNCIA, 2010.

PAZ, Rosangela D. O. da. Dimensões e Indicadores de Participação Social na Avaliação de Programas Habitacionais. Tese de Doutorado, Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social, PUC-SP, 2002.

PMO/SDTI/DIESSE. Caracterização socioeconômica do município de Osasco: um panorama das mudanças da primeira década do século XXI. Prefeitura do Município de Osasco. Secretaria De Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Osasco: PMO/SDTI/Dieese, 2012.

TELLES, Vera S. A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte. Argvmentvm. 2011.

TELLES, Vera S. Ilegalismos urbanos e a cidade. Novos Estudos., CEBRAP, no 84, pp.152-173, 2009.

________ e HIRATA, Daniel. Cidade e práticas urbanas: Nas fronteiras incertas entre o ilegal, o informal e o ilícito. Revista de Estudos Avançados da USP, vol. 21, no 61, pp. 171-191. 2007.

SEHDU 2009.2012 Realizações e Perspectivas 2 p.33).

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Anexos

QUADROS: NORMATIVOS SOBRE O TRABALHO SOCIAL

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QUADROS: NORMATIVOS DO MINISTÉRIO DAS CIDADES SOBRE O TRABALHO SOCIAL

NORMATIVO Objeto DESTAQUES PARA O TRABALHO SOCIAL

IN 27 DE 14 DE JUNHO DE 2007

Regulamenta o Desenvolvimento de Trabalho Social executado no âmbito das ações programáticas do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS.

Estende as orientações para o trabalho social, originalmente pensadas para o HBB, para as ações programáticas do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS.

IN Nº 50, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2008

Regulamenta o trabalho social executado em intervenções de provisão habitacional e de urbanização de assentamentos precários das Ações e Programas geridos pelo Ministério das Cidades

Mantêm as orientações para o trabalho social, originalmente pensadas para o HBB, para as intervenções de provisão habitacional e urbanização de assentamentos precários.

IN 08 DE 26 DE MARÇO DE 2009

Regulamenta o trabalho social executado em intervenções de provisão habitacional e de urbanização de assentamentos precários das ações e programas geridos pelo Ministério das Cidades.

II DEFINIÇÃO O Trabalho Social na urbanização de assentamentos precários ou de favelas é um conjunto de ações que visam promover a autonomia, o protagonismo social e o desenvolvimento da população beneficiária, de forma a favorecer a sustentabilidade do empreendimento, mediante a abordagem dos seguintes temas: mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental e geração de trabalho e renda. VII CONTEÚDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO SOCIAL 1 Mobilização e Organização Comunitária 2 Em Educação Sanitária e Ambiental 3 Em Geração de Trabalho e Renda

LEI NO 11.977 DE 07 DE JULHO DE 2009

Dispõe sobre o programa MCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas

Art. 3 inciso 5º "Os Estados, Municípios e Distrito Federal que aderirem ao PMCMV serão responsáveis pela execução do trabalho técnico e social pós ocupação dos empreendimentos implantados, na forma estabelecida em termo de adesão a ser definido em regulamento"

PORTARIA 93 DE 24/02/2010

Aquisição e alienação de imóveis sem prévio arrendamento no âmbito do PAR e do PMCMV

Item 8 - Trabalho Técnico Social "O trabalho técnico social terá como objetivo viabilizar o exercício da participação cidadã, mediante trabalho informativo e educativo, que favoreça a organização da população, a educação sanitária e ambiental e a gestão comunitária, visando promover a melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiadas. 8.1 O trabalho técnico social será implementado de acordo com as seguintes diretrizes: a) divulgação de informações sobre o Programa; b) estímulo à organização comunitária visando à autonomia na gestão democrática dos processos implantados; c) discussão, planejamento e implantação de gestão condominial; e d) disseminação de conceitos de educação patrimonial e educação ambiental, que internalizados pelos beneficiários favorecem a correta ocupação e manutenção dos imóveis e dos espaços comuns. 8.2 Os recursos oriundos do FAR para execução do trabalho técnico social estão limitados à 0,5% sobre o somatório dos custos do

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terreno e edificações, urbanização, infraestrutura interna, inclusive BDI, de cada empreendimento."

LEI NO 12.424, DE 16 DE JUNHO DE 2011

Altera a Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas, as Leis nos 10.188, de 12 de fevereiro de 2001, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 4.591, de 16 de dezembro de 1964, 8.212, de 24 de julho de 1991, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

Art. 3 inciso 5º "Os Estados, Municípios e Distrito Federal que aderirem ao PMCMV serão responsáveis pela execução do trabalho técnico e social pós ocupação dos empreendimentos implantados, na forma estabelecida em termo de adesão a ser definido em regulamento"

DECRETO 7499 DE 16/06/2011

Regulamenta o PMCMV Cap. V - Disposições Gerais, Art. 23 item II "Executar o trabalho técnico e social pós ocupação dos empreendimentos implantados, definido como um conjunto de ações que visão promover o desenvolvimento da população beneficiaria, de forma a favorecer a sustentabilidade do empreendimento, mediante a abordagem dos temas mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental, e geração de trabalho e renda."

PORTARIA 325 DE 07/07/2011

Transferência de recurso ao FAR Disposições Gerais - g) execução de trabalho social, entendido como um conjunto de ações inclusivas, de caráter sócio educativas, voltadas para o fortalecimento da autonomia das famílias, sua inclusão produtiva e a participação cidadã, contribuindo para a sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais. 3.4 DISTRITO FEDERAL, ESTADOS E MUNICÍPIOS ou respectivos órgãos das administrações direta ou indireta, que aderirem ao Programa: a.2) executar o Trabalho Social junto aos beneficiários dos empreendimentos implantados, conforme o disposto no Anexo V dessa Portaria; a.4) firmar, a cada empreendimento, Instrumento de Compromisso de instalação ou de ampliação dos equipamentos e serviços, e de responsabilidade pela execução do projeto de Trabalho Social, de que tratam os incisos IV do art. art. 6º e II do art. 23, ambos do Decreto nº. 7.499, de 16 de junho de 2011. Diretrizes Gerais: 1.5 O trabalho social observará o disposto na Instrução Normativa nº. 8, de 26 de março de 2009, sendo executado com recursos do Termo de Compromisso ou Contrato de Empréstimo e, nos casos em que essa não se aplicar, considerar as disposições do Anexo V, desta Portaria. Anexo V - "O Trabalho Social, de que trata esse Anexo, tem por objetivo proporcionar a execução de ações de caráter informativo e educativo junto aos beneficiários, que promovam o exercício da participação cidadã, favoreça a organização da população e a gestão comunitária dos espaços comuns, na perspectiva de contribuir para fortalecer a melhoria da qualidade de vida das famílias e a sustentabilidade dos empreendimentos. A execução do Trabalho Social será de responsabilidade do Poder Público local onde está sendo executado o empreendimento, ou no caso em que o Estado aportar contrapartidas, sua responsabilidade será definida entre os entes públicos envolvidos, expressas no Instrumento de Compromisso na alínea a.4, do item 3.4, do Anexo I dessa Portaria. DIRETRIZES

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a) estímulo ao exercício da participação cidadã; b) formação de entidades representativas dos beneficiários, estimulando a sua participação e exercício do controle social; c) intersetorialidade na abordagem do Trabalho Social; d) disponibilização de informações sobre as políticas de proteção social; e) articulação com outras políticas públicas de inclusão social; e f) desenvolvimento de ações visando à elevação sócio-econômica e à qualidade de vida das famílias e sustentabilidade dos empreendimentos. OBJETIVOS a) disseminar informações detalhadas sobre o Programa, o papel de cada agente envolvido e os direitos e deveres dos beneficiários; b) fomentar a organização comunitária visando à autonomia na gestão democrática dos processos implantados; c) estimular o desenvolvimento da consciência de coletividade e dos laços sociais e comunitários, por meio de atividades que fomentem o sentimento de pertencimento da população local; d) assessorar e acompanhar, quando for o caso, a implantação da gestão condominial, orientando a sua formação nos aspectos legais e organizacionais; e) disseminar noções de educação patrimonial e ambiental, de relações de vizinhança e participação coletiva, visando a sustentabilidade do empreendimento, por meio de atividades informativas e educativas; e discussões coletivas; f) orientar os beneficiários em relação ao planejamento e gestão do orçamento familiar; g) estimular a participação dos beneficiários nos processos de discussão, implementação e manutenção dos bens e serviços, a fim de adequá-los às necessidades e à realidade local; h) promover a articulação do trabalho social com as demais políticas públicas e ações de saúde, saneamento, educação, cultura, esporte, assistência social, justiça, trabalho e renda, e com os conselhos setoriais e de defesa de direito, associações e demais instâncias de caráter participativo, na perspectiva da inserção dos beneficiários nestas políticas pelos setores competentes; i) articular e promover programas e ações de geração de trabalho e renda existentes na região indicando as vocações produtivas e potencialidades dos grupos locais e do território; j) promover capacitações e ações geradoras de trabalho e renda; e k) acompanhar, junto aos órgãos responsáveis no município, as providências para o acesso dos beneficiários às tarifas sociais. ETAPAS E CONTEÚDO MÍNIMO DO PROJETO O Trabalho Social será desenvolvido em duas etapas: 3.1 Etapa pré-contratual 3.1.1 Será iniciada, no mínimo, 90 (noventa) dias antes do término da obra, contemplando, no mínimo, os seguintes conteúdos: a) informações sobre o Programa, os critérios de participação e as condições contratuais; b) orientações sobre os procedimentos para a entrega dos imóveis; c) informações e acompanhamento do acesso dos beneficiários às tarifas sociais; d) informações e acompanhamento sobre oferta e localização de serviços públicos essenciais de educação, saúde, lazer, segurança pública e assistência social e acompanhamento dos processos de transferência escolar e demais serviços de educação; e) orientações sobre o processo de mudança de endereço no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal - CADÚNICO e do Programa Bolsa Família. f) noções básicas sobre organização comunitária e as alternativas de representações dos beneficiários; e g) nos casos de condomínios,

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informações básicas sobre gestão condominial, estimativa de custos e estratégias para reduzi-los. 3.2 - Etapa pós-contratual 3.2.1 Será iniciada, preferencialmente, após a assinatura de todos os contratos com os beneficiários do empreendimento, contemplando, no mínimo, os seguintes conteúdos: a) Organização Comunitária, visando o desenvolvimento comunitário, por meio do fortalecimento de laços de vizinhança, abordada por meio das seguintes ações: a.1) instituição e/ou consolidação das organizações de base, estimulando a criação de organismos representativos dos beneficiários e o desenvolvimento de grupos sociais e de comissões de interesses; a.2) Promover a constituição de associação de moradores, , registro do estatuto, quando for caso; a.3) Coordenar a formação do condomínio, seus procedimentos de legalização, eleição do síndico e do(s) conselho(s), e elaboração do regimento interno, entre outros; a.4) identificação e capacitação de lideranças e grupos representativos em processos de gestão comunitária, com a discussão do papel das associações e congêneres, orientando sobre as questões de formalização e apoiando a legalização dessa representatividade; a.5) estímulo à promoção de atitudes e condutas sociais vinculadas ao novo morar, valorizando a organização como instrumento próprio de representação dos interesses dos beneficiários; a.6) apoio à participação comunitária na promoção de atitudes e condutas ligadas ao zelo e ao bom funcionamento dos equipamentos sociais e comunitários disponibilizados; a.7) articulação com as políticas públicas locais, monitorando o acesso aos serviços de educação e às tarifas sociais; a.8) estímulo, nos casos de empreendimentos sob forma de condomínios, à participação dos beneficiários em todas as fases do processo de implantação do condomínio, promovendo a discussão e a pactuação das normas de convivência e do uso dos espaços comuns e apoiando nos procedimentos de legalização do condomínio; e a.9) estabelecimento de parcerias com os órgãos governamentais e não governamentais para encaminhamento e respostas às demandas identificadas, na etapa pré-contratual. b) Educação Ambiental, abordada por meio das seguintes ações: b.1) difusão de noções sobre higiene, saúde e doenças individuais e da coletividade; e b.2) divulgação de informações sobre o uso racional dos recursos naturais, como a água e a energia elétrica; e sobre a preservação e conservação ambiental e manejo de resíduos sólidos. c) Educação Patrimonial, abordada por meio das seguintes ações: c.1) estímulo à correta apropriação e uso dos espaços e equipamentos de uso comum; c.2) repasse de informações básicas sobre manutenção preventiva da moradia e dos equipamentos coletivos, e sobre os sistemas de água, esgoto, coleta de resíduos sólidos e de aquecimento solar, quando for o caso, e treinamento para o uso adequado desses sistemas. d) Planejamento e Gestão do Orçamento Familiar, abordado por meio das seguintes ações: d.1) divulgação de informações sobre organização e planejamento do orçamento familiar, e sobre a racionalização dos gastos com moradia; e d.2) orientação às famílias sobre as tarifas sociais dos serviços públicos. e) Geração de Trabalho e Renda, abordada por meio das seguintes ações e.1) mapeamento de vocações dos beneficiários e produtivas do entorno do empreendimento e região;

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e.2) encaminhamento aos serviços de intermediação de mão de obra por meio dos sistemas de emprego; e aos serviços de formação de núcleos associativos de produção e de micro-crédito produtivo; e e.3) promoção de projetos de capacitação para o trabalho e de geração de trabalho e renda. 4. ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROJETO DE TRABALHO SOCIAL 4.1 O Projeto de Trabalho Social - PTS deverá ser protocolado pelo poder público na instituição financeira oficial federal, responsável pela contratação do empreendimento, no máximo em 210 (duzentos e dez) dias antes do término da obra. 4.2 A instituição financeira oficial federal deverá finalizar o resultado da análise do PTS em, no máximo, 60 (sessenta) dias após a data de recebimento. 4.3 O PTS dar-se-á, no mínimo, a partir de 90 (noventa) dias antes da conclusão das obras, e será desenvolvido até 180 (cento e oitenta) dias após a assinatura de contrato com o último beneficiário do empreendimento e a instituição financeira oficial federal,prorrogáveis por mais 180 (cento e oitenta) dias, quando necessário. 4.3.1 Quando a alienação e a entrega das unidades habitacionais de um empreendimento for efetuada em períodos distintos, as ações pré e pós-contratual serão consideradas para cada conjunto de unidades entregues. 4.3.2 No caso dos empreendimentos contratados até a data de publicação dessa Portaria, o PTS deverá ser adequado ao estágio atual do trabalho social realizado junto aos respectivos beneficiários. 4.3.3 Nos casos de atendimento a um grupo de famílias provenientes de um mesmo assentamento irregular, que tiverem que ser relocadas, excepcionalmente, o PTS, em sua etapa pré-contratual, poderá ter seu início na seleção da demanda ou no cadastramento das famílias, 4.3.3.1 Nesse caso, a duração do PTS será definida pelo poder público responsável por sua elaboração. 4.4 O PTS deverá ter como referência para sua elaboração o perfil da população beneficiada, abrangendo informações sobre a composição familiar e de seu responsável,bem como o levantamento das demandas das famílias nas áreas de educação, saúde, lazer e atendimentos especiais, visando sua adequar as ações propostas às características do grupo atendido. 4.5 As atividades desenvolvidas deverão ser avaliadas e monitoradas contínua e sistematicamente, com a participação da equipe técnica e dos beneficiários, perpassando todas as etapas do Trabalho Social, possibilitando ajustes necessários e o redirecionamento das ações, quando for o caso. 4.5.1 O Ente Federado deverá encaminhar à instituição financeira oficial federal relatórios periódicos de execução, de acordo com o PTS aprovado. ORIGEM, ALOCAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS RECURSOS 5.1 Os recursos financeiros necessários para a execução do Trabalho Social serão repassados para o ente público, mediante formalização de convênio entre o poder público executor e a instituição financeira oficial federal, responsável pela contratação do empreendimento, após a aprovação do Projeto de Trabalho Social - PTS. 5.2 Para os empreendimentos a serem entregues a partir da publicação desta Portaria, os recursos para execução do PTS corresponderão a até 1,5% do valor de aquisição da unidade habitacional, nos casos de loteamentos, e até 2% para empreendimentos sob a forma de condomínios. 5.3 Para os empreendimentos entregues até a data da publicação desta Portaria, poderá ser executado trabalho social, total ou complementar, nos termos desse Anexo, que não excedam os limites previstos no item 5.2, observadas as ações realizadas e o estágio atual de execução do projeto.

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5.4 As liberações de recursos serão realizadas, após a aprovação dos relatórios periódicos de execução encaminhados pelo ente público e a conformidade com as metas e cronogramas constantes do PTS. 6. DISPOSIÇÕES GERAIS 6.1 A execução do PTS poderá ser realizada pelo poder público com equipe própria ou terceirizada, e será coordenado por profissional do quadro de servidores do ente público com formação compatível e experiência comprovada em ações de desenvolvimento comunitário; 6.2 O Projeto de Trabalho Social - PTS deverá ser assinado por Responsável Técnico devidamente habilitado para tal; 6.3 O poder público deverá garantir a execução do PTS com equipe própria, no caso de licitação para execução do mesmo no todo ou em parte, até que a empresa contratada assuma a sua execução; 6.4 As empresas a serem contratadas deverão ter entre as suas finalidades o Trabalho Social, possuir experiência comprovada em Trabalho Social em habitação e apresentar corpo técnico com experiência comprovada, compatível com a natureza e o volume das ações a serem contratadas. 6.5 O Ministério das Cidades publicará Manual de Procedimentos para orientar a operacionalização deste normativo. 6.6 O PTS deverá prever avaliação de resultados de acordo com indicadores a serem definidos pelo Ministério das Cidades em normativo específico; e 6.7 Esta regulamentação não abrange as operações contratadas no âmbito da aquisição dos imóveis oriundos do FRGPS - Fundo do Regime Geral de Previdência Social.

PORTARIA 465 DE 03/10/2011

Dispõe as diretrizes gerais para a aquisição e alienação da imóveis por transferência de recursos ao Fundo de Arrendamento Residencial – FAR, no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU, integrante do Programa Minha Casa Minha Vida - PMCMV

Incluidos: 4.1.1 Para cumprimento do disposto no subitem anterior, a instituição financeira oficial federal deverá notificar formalmente o ente público quando o empreendimento alcançar cinqüenta por cento de execução. 4.1.1.1 Para os empreendimentos que na data da publicação desta Portaria se encontram com percentual superior ao fixado acima, a instituição financeira oficial federal deverá notificar formalmente o ente público, no prazo máximo de trinta dias após a publicação desta Portaria. 4.1.2 Os empreendimentos contratados até 08 de julho de 2011 poderão ter a execução do Trabalho Social sob a responsabilidade da instituição financeira oficial federal responsável por sua contratação. 4.1.2.1 Nesses casos, serão desenvolvidas as atividades dispostas no item 3 deste Anexo, excetuadas as estabelecidas nas sub-alíneas “a.7”, “a.9”, “d.2”, “e.2” e “e.3” do subitem 3.2.1. 4.3.2 Caso o ente público deseje assumir a responsabilidade pela complementação do trabalho social já iniciado ou concluído, deverá manifestar interesse formalmente à instituição financeira oficial federal responsável até trinta dias após ser notificado formalmente pela instituição financeira oficial federal. 4.3.2.1 O PTS deverá ser adequado ao estágio do trabalho social realizado ou em andamento junto aos respectivos beneficiários. 5.3.1 Nos casos enquadrados no subitem 4.1.2 o desenvolvimento das atividades terão seu custeio limitado a meio por cento do valor de aquisição da unidade habitacional. 5.3.1.1 O ente público poderá executar trabalho social complementar contendo, no mínimo, as atividades excetuadas no subitem 4.1.2.1 deste Anexo, utilizando recursos também de forma complementar, até os limites previstos no subitem 5.2. deste anexo. Alterados: 4.1 O Projeto de Trabalho Social - PTS deverá ser protocolado pelo poder público na instituição financeira oficial federal, responsável

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pela contratação do empreendimento, no prazo máximo de trinta dias após ser notificado formalmente pela instituição financeira oficial federal. 4.2 A instituição financeira oficial federal deverá finalizar o resultado da análise do PTS em, no máximo, trinta dias após a data de recebimento. 4.3.2 Caso o ente público deseje assumir a responsabilidade pela complementação do trabalho social já iniciado ou concluído, deverá manifestar interesse formalmente à instituição financeira oficial federal responsável até trinta dias após ser notificado formalmente pela instituição financeira oficial federal. (CONTEUDO TODO MODIFICADO) 5.2 Para os empreendimentos a serem contratados a partir de 08 de julho de 2011, os recursos para execução do PTS corresponderão a um e meio por cento do valor de aquisição da unidade habitacional, nos casos de loteamentos, e a dois por centos para empreendimentos sob a forma de condomínios. 5.3 Para os empreendimentos contratados até 08 de julho de 2011, poderá ser executado Trabalho Social, total ou complementarmente, nos termos desse Anexo, respeitados os percentuais estabelecidos no subitem 5.2 e observadas as ações realizadas, o estágio atual de execução do projeto e os valores já liberados.

PORTARIA 521 DE 22/10/2012

Dá nova redação à Portaria n° 465, de 3 de outubro de 2011, do Ministério das Cidades, que dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição e alienação de imóveis por meio do Fundo de Arrendamento Residencial - FAR, no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana - PNHU, integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV.

DIRETRIZES GERAIS 1.5 Nas operações de aquisição de unidades habitacionais vinculadas às intervenções inseridas no Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, que estejam sob gestão do Ministério das Cidades, o trabalho social observará o disposto na Instrução Normativa nº 8, de 26 de março de 2009, sendo executado com recursos do Termo de Compromisso ou Contrato de Empréstimo e, nos casos em que essa não se aplicar, considerará as disposições do Anexo V desta Portaria. 1.5.1 O trabalho social nas operações de aquisição habitacionais vinculadas às intervenções inseridas no PAC, que não estejam sob gestão do Ministério das Cidades, 4. ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROJETO DE TRABALHO SOCIAL 4.1 O Projeto de Trabalho Social - PTS deverá ser protocolado, pelo poder público, na instituição financeira oficial federal responsável pela contratação do empreendimento, no prazo máximo de noventa dias após ser notificado formalmente pela referida instituição. 4.1.1 Para cumprimento do disposto no subitem anterior, a instituição financeira oficial federal deverá notificar formalmente o ente público quando o empreendimento alcançar 40% (quarenta por cento) de execução.

PORTARIA Nº

317, DE 18 DE

JULHO DE

2013

Dispõe sobre medidas e procedimentos a

serem adotados nos casos de deslocamentos

involuntários de famílias de seu local de

moradia ou de exercício de suas atividades

econômicas, provocados pela execução de

programa e ações, sob gestão do Ministério

das Cidades, inseridos no Programa de

Aceleração do Crescimento - PAC.

V - Participação, Mediação e Resolução de Conflitos, e Trabalho Social

1. É obrigatória a instituição de mecanismos de participação e de mediação e resolução de conflitos, bem como a implementação de

trabalho social para as famílias afetadas nos termos do ato normativo específico do MCidades sobre Trabalho Social.

PORTARIA Nº 518, DE 8 DE NOVEMBRO

Dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição, requalificação e alienação de imóveis com recursos advindos da

1.1 O responsável pela gestão condominial e patrimonial fica autorizado a contratar empresa especializada para execução dos serviços. 2.3 O recurso para a execução dessas atividades será disponibilizado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) à instituição financeira e corresponderá a 0,5% (meio por cento) do valor de aquisição da unidade habitacional aportado pelo FAR, para

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DE 2013

integralização de conta no Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).

empreendimentos sob a forma de condomínio e sob a forma de loteamento verticalizad 3 A duração do desenvolvimento das ações de apoio à gestão condominial e patrimonial será de, no mínimo, 12 (doze) meses, com início 30 (trinta) dias antes da ocupação do empreendimento. 4 O desenvolvimento das ações de apoio à gestão condominial e patrimonial deverá ser articulado com as do Trabalho Social, incentivando a autogestão na administração dos condomínios e evitando sobreposição de atividades ou controvérsias de orientação.

PORTARIA Nº 595, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2013

Dispõe sobre os parâmetros de priorização e sobre o processo de seleção dos beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV.

Três critérios nacionais:

- Famílias residentes em áreas de risco ou insalubre, ou desabrigadas.

- Famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar

- Famílias de que façam parte pessoas com deficiência.

Até três critérios adicionais:

- Devem harmonizar-se com os nacionais

- Contemplar critérios de territorialidade ou de vulnerabilidade social

- Aprovação pelos Conselhos Distritais ou Municipais de Habitação ou Conselhos de Assistência Social

- Publicação por meio de Decreto

Lista de Beneficiários Número de famílias indicadas = Número de UH + 30% (lista de reserva) Idosos = 3% das uh para idosos (mais de 60 anos), em cumprimento ao Estatuto do Idoso Pessoa com deficiência = Número indicado pelo poder público – UH adaptadas mínimo de 3%

CadUnico: Todos os grupos familiares indicados devem estar cadastrados no CadUnico

PORTARIA Nº 21, DE 22 DE JANEIRO DE 2014

Aprova o Manual de Instruções do Trabalho Social nos Programas e Ações do Ministério das Cidades

I.DEFINIÇÃO 1. O Trabalho Social, de que trata este Manual, compreende um conjunto de estratégias, processos e ações, realizado a partir de estudos diagnósticos integrados e participativos do território, compreendendo as dimensões: social, econômica, produtiva, ambiental e político-institucional do território e da população beneficiária, além das características da intervenção, visando promover o exercício da participação e a inserção social dessas famílias, em articulação com as demais políticas públicas, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida e para a sustentabilidade dos bens, equipamentos e serviços implantados. III EIXOS

1 Mobilização, organização e fortalecimento social– prevê processos de informação, mobilização, organização e capacitação da

população beneficiária visando promover a autonomia e o protagonismo social, bem como o fortalecimento das organizações

existentes no território, a constituição e a formalização de novas representações e novos canais de participação e controle social.

2 Acompanhamento e gestão social da intervenção –visa promover a gestão das ações sociais necessárias para a consecução da

intervenção, incluindo o acompanhamento, a negociação e interferências ocorridas ao longo da sua execução, bem como, preparar

e acompanhar a comunidade para compreensão desta, de modo a minimizar os aspectos negativos vivenciados pelos beneficiários

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e evidenciar os ganhos ocasionados ao longo do processo, contribuindo para sua implementação.

3 Educação ambiental e patrimonial – visa promover mudanças de atitude em relação ao meio ambiente, ao patrimônio e à vida saudável, fortalecendo a percepção crítica da população sobre os aspectos que influenciam sua qualidade de vida, além de refletir sobre os fatores sociais, políticos, culturais e econômicos que determinam sua realidade, tornando possível alcançar a sustentabilidade ambiental e social da intervenção.

4 Desenvolvimento socioeconômico – objetiva a articulação de políticas públicas, o apoio e a implementação de iniciativas de

geração de trabalho e renda, visando à inclusão produtiva, econômica e social, de forma a promover o incremento da renda familiar

e a melhoria da qualidade de vida da população, fomentando condições para um processo de desenvolvimento socioterritorial de

médio e longo prazo.

IV PLANEJAMENTO 1 A participação da equipe social deve ocorrer nas fases de planejamento, execução e avaliação da intervenção, trabalhando de forma integrada com as demais equipes do projeto, sendo que o planejamento do Trabalho Social deve se dar em 3 (três) etapas, constituídas, no mínimo, por: a) Projeto de Trabalho Social Preliminar– PTS-P a ser apresentado na seleção da proposta pelo MCIDADES, define os objetivos e o escopo geral do Trabalho Social a ser implementado e o valor de investimento destinado para esse fim no instrumento de repasse/financiamento. a.1) O PTS-P deverá ser aprovado pelo Agente Operador/Financeiro para assinatura do instrumento de repasse/financiamento. a.2) Caso o Proponente/Agente Executor tenha condição de apresentar o Projeto de Trabalho Social – PTS na seleção/contratação, está automaticamente dispensado do PTS-P. b) Projeto de Trabalho Social - PTS, a ser apresentado pelo Proponente/Agente Executor e aprovado pelo Agente Operador/Financeiro entre a assinatura do instrumento de repasse/financiamento e a autorização do início de obras, devendo detalhar o Trabalho Social a ser desenvolvido nas fases de obras e pós-obras nos seus 4 (quatro) eixos, em consonância com o cronograma de obras. c) Plano de Desenvolvimento Socioterritorial - PDST, que deve ser apresentado pelo Proponente/Agente Executor e aprovado pelo Agente Operador/Financeiro conforme indicado no cronograma do PTS, até no máximo o final da Fase de Obras, para as operações de habitação com número de famílias beneficiárias acima de 500 (quinhentas) e, nas de saneamento, quando o valor destinado às ações do Trabalho Social for superior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), sendo facultativo nos demais casos. V FASES DE EXECUÇÃO 1 .A elaboração, a entrega à MANDATÁRIA e a execução do PTS-P, PTS e PDST deverão obedecer aos marcos temporais apresentados no Quadro 1.

Fases 1. Pré-contratação 2. Pré-obras 3. Obras 4. Pós-obra

Marcos Da apresentação e Da assinatura do Do início de obras até a Da conclusão das obras

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Temporais seleção de propostas até a assinatura do instrumento de repasse/ financiamento

instrumento de repasse/ Financiamento até o início das obras

conclusão/ mudança das famílias

oumudança das famílias, pelo período de 6 a 12 meses

Instrumento de Planejamento

PTS-P PTS PTS ou PDST PTS e PDST

Atividades - execução das ações para a elaboração e aprovação do PTS

- Execução das ações do PTS para essa fase

- Execução das ações do PTS - Elaboração e aprovação no do PDST - Eventual início da execução do PDST

- Execução do PTS e PDST

VII EQUIPE TÉCNICA 3. O Coordenador, que será Responsável Técnico pela execução do Trabalho Social, deverá compor o quadro de servidores do Proponente/Agente Executor, ter graduação em nível superior, preferencialmente em Serviço Social ou Sociologia, com experiência de prática profissional em ações socioeducativas em intervenções de saneamento e de habitação.

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QUADRO: NORMATIVOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL SOBRE O TRABALHO SOCIAL - PROGRAMA MCMV

NORMATIVO Objeto DESTAQUES PARA O TRABALHO SOCIAL

COTS CADERNO DE ORIENTAÇÃO TÉCNICO SOCIAL (Agosto de 2012)

Finalidade de apoiar as equipes técnicas dos Estados, Distrito Federal, Municípios, Entidades Organizadoras no desenvolvimento do Trabalho Técnico Social (TTS) nos Programas sob gestão do Ministério das Cidades operacionalizados pela Caixa.

Definição de TS: “O Trabalho Técnico Social é o conjunto de ações que visam promover a autonomia e o protagonismo social, planejadas para criar mecanismos capazes de viabilizar a participação dos beneficiários nos processos de decisão, implantação e manutenção dos bens/serviços, adequando-os às necessidades e à realidade dos grupos sociais atendidos, além de incentivar a gestão participativa para a sustentabilidade do empreendimento”. COTS: Orienta a elaboração do PROJETO DE TRABALHO TÉCNICO SOCIAL – PTTS. Atribuição da CAIXA: “analisar, acompanhar, avaliar e atestar a execução do Projeto de TTS”. Destaques: Relatórios/medições: “O principal instrumento de monitoramento das atividades do PTTS são os Relatórios de Acompanhamento, utilizados como comprovação da realização de atividades para fins de liberação de recursos”. Parecer: “Quando o PTTS for executado por empresa terceirizada contratada pelo Proponente/Tomador, os relatórios parciais e o final devem ser encaminhados à CAIXA, acompanhados de um parecer, sucinto, assinado pelo Responsável Técnico do Ente Federado, atestando a execução das atividades, a aplicação dos recursos, a procedência das despesas e a validade dos documentos comprobatórios”. Equipe técnica: “ As normativas do Ministério das Cidades especificam que a equipe técnica deve ser coordenada por um Responsável Técnico (RT) com formação em Serviço Social e/ou Ciências Sociais/Sociologia e sua assinatura e registro profissional deverão constar no projeto e nos relatórios de acompanhamento”. “A execução do Trabalho Técnico Social pode ser em regime direto, indireto ou misto, ou seja, poderá ser realizada pelo Proponente/Tomador, terceirizada total ou parcialmente. Nos casos de regime indireto ou misto, compete ao RT do Proponente/Tomador a supervisão ou coordenação dos trabalhos terceirizados”.

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Anexos

PESQUISA DE CAMPO COM MORADORES:

QUESTIONÁRIO COM POPULAÇÃO – FAR

MODELO DE FICHA POR EMPREENDIMENTO

MODELO DE CARTA DE APRESENTAÇÃO

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REDE PMCMV

Programa Minha Casa Minha Vida: Estudos Avaliativos

Edital MCTI/CNPq/MCidades no. 11/2012

QUESTIONARIO COM POPULAÇÃO – FAR

Entrevistador:_______________ Número do Questionário: ____

IDENTIFICAÇÃO

Nome do Empreendimento:

Apartamento: Bloco: Nome do Entrevistado: Data da Entrevista:

Morador reassentado/deslocado da área (nome): Horário de início:

Data da mudança da família para o imóvel (mês/ano): Horário de término:

I – COMPOSIÇÃO FAMILIAR

1. Quadro: Composição Familiar

1.1 Primeiro Nome

1.2 Posição familiar

1.3 Sexo

1.4 Idade

1.5 Estado

civil

1.6 Trabalha

atualmente

1.7 Possui alguma

deficiência

1

2

3

4

5

6

7

8

Legenda

Posição familiar 1. Chefe 2. Cônjuge 3. Filho(a) 4. Enteado(a) 5. Neto 6. Pai/ Mãe 7. Sogro(a) 8. Irmão(ã) 9. Outro parente 10. Agregado

Sexo

1. M 2. F

Idade

No de anos ou meses

Estado civil 1. Solteiro 2. Casado 3.Divorciado 4. Viúvo 5. União consensual

Trabalha atualmente 1. Sim 2.Não

Pessoa com deficiência

1. Não 2. Motora 3. Cadeirante 4. Mental 5. Visual 6. Auditivo 7. Mudez

8. Múltipla

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II. ACESSO À EDUCAÇÃO 2. Quadro: Escolaridade, tempo de deslocamento e despesas 2.1 Primeiro Nome (transcreva os números e nomes do quadro anterior)

2.2 Escolaridade

2.3 Com a mudança de moradia alguma pessoa deixou de estudar? Quem?

2.4 Com a mudança de moradia alguma pessoa retomou os estudos? Quem?

2.5 A escola onde estuda está situada: LEIA AS ALTERNATIVAS

2.6 Qual é o meio de transporte até escola (RM)

Tempo médio de deslocamento (casa-escola-casa)

Despesa com transporte (Custo diário, para casa-escola-casa)

2.7 Da casa anterior para escola

2.8 Da casa atual para escola

2.9 Da casa anterior para escola

2.10 Da casa atual para escola

LEGENDA PARA PREENCHIMENTO

ESCOLARIDADE

Com a mudança deixou de estudar?

Com a mudança retomou os estudos?

A escola onde estuda está situada:

Meio de transporte Tempo médio de deslocamento (para escola)

Despesa com transporte (Custo diário, para escola)

1. analfabeto 2. alfabetizado 3. creche 4. pré-escola 5. fundamental 1completo 6. fundamental 1 incompleto 7. fundamental 2 completo 8. fundamental 2 incompleto 9. ensino médio completo 10. ensino médio incompleto 11. superior completo 12. superior incompleto

1. Sim 2. Não

1. Sim 2. Não

1. No bairro 2. Outro bairro 3. Outro Município

1.Ônibus 2.Van/kombi 3.Trem 4. Metrô 5. A pé 6.Carro/moto 7.Bicicleta 8.Transporte escolar público 9. Transporte escolar privado 10. Outros

1. Menos de 30 minutos 2. De 30 minutos a 1 h. 3. De 1:05hs a 2hs. 4. Mais de 2hs.

R$____

3. Para as crianças e adolescentes houve alteração de creche, pré-escola e ou escola após sua mudança para moradia atual? (RU)

1. Sim 2. Não

3.1. Caso sim, conseguiu vaga na creche ou escola próxima a sua moradia atual? (RU)

1. Sim 2. Não

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III – FORMAS DE ACESSO AO IMÓVEL

4. Em qual bairro ou comunidade o Sr./ Sra.(cada equipe coloca sua nomenclatura local) morava antes?

_____________________________________________________________________________

5. Sua moradia anterior estava localizada em: (RU)

1. Loteamento

2. Favela

3. Outra. qual? ______________________________________________

5.1. A sua moradia anterior era: (RU)

1. Própria

2. Alugada

3. Cedida

4. Outra. qual? ______________________________________________

5.2. A sua moradia anterior estava localizada em área de risco? (RU)

1. Sim

2. Não

6. Quanto tempo residiu na moradia anterior? (RU)

1. Menos de 1 ano

2. De 1 a 2 anos

3. Mais de 2 a 5 anos

4. Mais de 5 a 10 anos

5. Acima de 10 anos

7. Quais foram os motivos de mudança da moradia anterior para o atual?

________________________________________________________________________________

8. Qual foi a forma de acesso a atual moradia? (leia as alternativas)

1. Reassentamento

2. Sorteio/cadastro no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

3. Indicação por entidades ou movimentos cadastrados

4. Outra forma

(Para quem respondeu as alternativas 2, 3 e 4 – Vá para a questão 10)

9. Em caso de despejo ou remoção, o órgão público responsável avisou com antecedência? (RU)

(só para quem respondeu reassentamento na pergunta anterior)

1. Sim 2. Não

9.1. O órgão responsável pela remoção possibilitou a escolha de alternativas?

1. Sim Quais? (RM)

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1.1. Aluguel social 1.4. Alojamento

1.2. Indenização 1.5. MCMV

1.3. Compra assistida 99. Não se aplica

2. Não

9.2. Teve alguma reunião para debater o processo de remoção? (RU)

1. Sim Quantas?___________ 2. Não

9.3. A decisão final foi consenso entre as pessoas? (RU)

1. Sim 2. Não Por que?____________________________________________________

10. Vocês são os primeiros moradores deste apartamento/casa? (RU)

1. Sim 2. Não

11. Este apartamento/casa é: (RU)

1. Próprio

2. Alugado. Qual é o valor do aluguel? R$ ______________

3. Cedido

12. O Sr. (a) recebeu a seguinte documentação?

(99) NSA (só para o primeiro morador)

TIPOS DE DOCUMENTOS 1. SIM

2, Não

3. Não sabe/

não respondeu

1. Contrato

2. Manual da CAIXA

3. Planta com medidas

4. Planta sem medidas

5. Descrição do material utilizado na construção

6. Descrição das instalações elétricas

7. Descrição das instalações hidráulicas

13. O Sr.(a) teve alguma destas dificuldades no acesso/para conseguir ao apartamento/ casa? (RM)

(leia as alternativas) (só para o primeiro morador)

1. Muita documentação

2. Comprovação de renda

3. Tempo de espera desde o cadastro até a entrega da casa

4. Outros. Qual?___________________________________________________________________

5. Não tive dificuldades

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IV. TRABALHO, RENDA E TRANSPORTE

14. Quadro: Trabalho, renda, tempo de deslocamento para o trabalho. 14.1

Primeiro Nome (transcreva os

números e nomes do quadro anterior)

14.2 Trabalhou

nos últimos 30 dias?

14.3 Qual a sua ocupação principal?

14.4 Situação de

trabalho

14.5 Local onde

exerce ocupação/ trabalho

14.6 Meio de

transporte da (casa-

trabalho-casa)

Tempo médio de deslocamento (casa-trabalho-

casa)

Custo diário (casa-trabalho-casa)

14.11 Renda

Mensal (R$)

14.12 Participa de Programa de

Transferência de Renda

14.7 Da moradia anterior ao

trabalho

14.8 Da moradia

atual ao trabalho

14.9 Da moradia anterior ao

trabalho (R$)

14.10 Da atual

moradia ao trabalho (R$)

Trabalhou nos últimos 30 dias 1. Sim 2. Não

Ocupação (atividade principal)

Descreva a atividade

ou

99. Não se aplica

Situação de Trabalho 1.Assalariado com registro 2.Assalariado sem registro 3. Trabalhador temporário 4.Funcionário público 5. Empregador 6. Autônomo c/ contribuição INSS 7. Autônomo s/ contribuição INSS 8. Trabalho eventual (bico)

9.Desempregado 10.Aposentado/ Pensionista/ BPC 11. Dona de casa

12. Estagiário 13 . Não trabalha

99. Não se aplica

Local onde exerce o trabalho 1. No domicílio 2 .No bairro 3 .Outro bairro 4. Outro município

Meios de transporte (p/ o trabalho) 1.ônibus 2.van/kombi 3.trem 4. metrô 5. a pé 6.carro/moto 7. Bicicleta 8.outros 99. Não se aplica

Tempo médio de deslocamento p/ o trabalho

1. Menos de 30 minutos. 2. De 30 minutos a 1 h. 3. De 1:05hs a 2hs. 4. Mais de 2hs. 99. Não se aplica.

Custo diário (do transporte para o trabalho) R$_____ 99.Não se aplica

Renda Mensal (R$)

(não incluir transferência

de renda) R$_____

Participa de algum programas de transferência de renda? 1. Não 2. Bolsa Familia 3. Renda Cidadã 4. Outros

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15. Após a mudança para o condomínio algum membro da família mudou de emprego?

1. Sim 2. Não

15.1. (Se sim) Quem mudou de emprego após a mudança para o apartamento/ casa?

(Preenchimento apenas para as pessoas que mudaram de emprego)

15.2. Primeiro nome 15.3. Qual o motivo?

16. A mudança de endereço influenciou a rotina de algum membro da família no tempo e custos com

transportes? 1. Sim 2. Não

16.1. (Se sim) Quem? (Preenchimento apenas para as pessoas que mudaram a rotina no tempo e custo com transporte)

16.2. Primeiro nome

16.3. Tempo de deslocamento (casa-trabalho-casa)

16.4. Custos com transportes (casa-trabalho-casa)

(colocar o valor em reais, não a variação)

1. Aumentou

(minutos)

2. Diminuiu

(minutos)

1. Aumentou

(R$)

2. Diminuiu

(R$)

17. Quanto tempo o Sr.(a) leva para chegar ao ponto de ônibus mais próximo? (RU)

1. Menos de 15 minutos 2. Mais de 15 minutos

18. Qual o tempo aproximado de espera do transporte coletivo? (RU)

1. Até quinze minutos 2. Entre 15 e trinta minutos 3. De trinta minutos a uma hora 4. Mais de uma hora 5. Não sabe

19. O Sr.(a) poderia me informar o valor das seguintes despesas: (99) NSA

Despesas 19.1. moradia anterior 19.2. moradia atual

1. Aluguel (R$)_____________ (R$)_____________

2. Prestação da moradia (R$)_____________ (R$)_____________

3. Condomínio (R$) (R$)_____________ (R$)_____________

4. Luz (R$)_____________ (R$)_____________

5. Água (R$)_____________ (R$)_____________

6. Gás (R$)_____________ (R$)_____________

7. Telefone/internet/TV a cabo (R$)_____________ (R$)_____________

8. outras (ex: IPTU) (R$)_____________ (R$)_____________

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V. TRABALHO SOCIAL, SOCIABILIDADE E PARTICIPAÇÃO

20. O Sr.(a) ou alguém de sua família teve contato com a equipe social? (pode ser assistente social da prefeitura, da empresa contratada) (RU)

1. antes da mudança

2. depois da mudança

3.antes e depois da mudança

4. não teve nenhum contato (vá para a 23)

21. A equipe social promoveu algumas das seguintes atividades ? (RM) (Leia as alternativas)

1. reuniões para orientações sobre documentação, escolha das unidades e preparação da mudança

2. visita aos serviços públicos de educação, saúde,lazer, assistência social próximos ao condomínio

3. visitas ao condomínio, ao apartamento ou casa antes da mudança

4. discussão sobre organização de condomínio

5. realização ou encaminhamentos para cursos profissionalizantes após mudança

6. outras:_____________________________________________________________________________

22. O Sr.(a) ou alguém de sua família, participou de alguma das atividades citadas?

1. Sim Quais atividades? ___________________________(coloque o código da questão

anterior)

2. Não

23. Antes de mudar para a atual moradia, o Sr.(a) procurou saber se a região oferecia comércio/ serviços/ transporte necessários ao seu dia-a-dia? (RU) (só para o primeiro morador)

1. Sim 2. Não

24. Houve participação dos moradores: (só para o primeiro morador)

24. 1. Na definição do local do conjunto habitacional? (RU)

1. Sim 2. Não

24. 2. Na definição do projeto (tamanho, no de cômodos, definição de áreas comuns, etc)? (RU)

1. Sim 2. Não

24. 3. Na definição do grupo de vizinhança? (RU)

1. Sim 2. Não

24. 4. Se sim, conte como foi a escolha do seu apartamento:

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

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25. O Sr. (a) tem conhecimento de regras de convivência existentes no condomínio? (RU)

1.. Sim 2. Não

25.1. (Se afirmativo) O Sr.(a) poderia me informar como foram feitas essas regras?

1. Definidas coletivamente em assembleias ou reuniões

2. Estabelecidas pela prefeitura/ Cohab / CAIXA

3. Partes definidas coletivamente em assembleias e partes estabelecidas pela prefeitura

4. Estabelecidas pela empresa contratada para o trabalho social

5. Não sei

26. Existe algum tipo de organização no condomínio, conjunto ou na proximidade (RM)

(leia as alternativas)

TEM PARTICIPA

1. SIM 2. NÃO 1. SIM 2. NÃO

1. Associação de moradores

2. Conselho gestor do Condomínio

3. Organização cultural

4. Organização esportiva

5. Cooperativas

6. Movimentos sociais (grupos de reivindicação)

7. Organização religiosa

8. Grupos autônomos de interesse (mulher/jovem/ idoso)

27. O Sr.(a) ou sua família já recorreu a alguém para reclamar deste condomínio? (RU)

1. Sim 2. Não

27.1. (Se afirmativo) A quem recorreu? (RM)

1. Síndico

2. Prefeitura

3. CAIXA

4.COHAB

5. Associação de moradores

6. Ouvidoria municipal ou defensoria pública (Polis)

7. Construtora

8. Outros ______________________________________

28. Qual o motivo de sua reclamação? (RM)

1. Problemas na construção

2. Problemas de vizinhança

3. Problemas com pagamentos de: condomínio, água e luz

4. Outro _________________________________

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29. Quando o (a) Sr.(a) necessita de ajuda (ou em caso de emergência), que pessoas ou organizações costuma procurar? Indique onde estão situadas: (RM)

Quem procura: Onde estão situadas:

1. Algum parente 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

2. Algum (a) vizinho (a) 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

3. Algum (a) amigo (a) 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

4. Associação/ Movimento 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

5. Igreja 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

6. Instituição Pública 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

7. Outro. Especificar: ___________________

1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

30. Em caso de ajuda ou de emergência, você costuma ser procurado? (RU)

1.Não 2.Sim

30.1. (Caso afirmativo) Quem te procura? Onde estão situadas. (RM)

Quem procura: Onde estão situadas:

1. Algum parente 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

2. Algum (a) vizinho (a) 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

3. Algum (a) amigo (a) 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

4. Associação/ Movimento 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

5. Igreja 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

6. Instituição Pública 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

7. Outro. Especificar: ____________________ 1. No Condomínio 2. No bairro atual

3. No bairro anterior 4. Outro município 5. Outro bairro

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VI. AVALIAÇÃO DO MORADOR

31. Comparando com sua moradia anterior o(a) Sr.(a) diria que o tamanho da moradia atual: (RU) (Leia as alternativas)

1. Aumentou

2. Diminuiu

3. Está igual

31.1. O tamanho do apartamento/casa atual é adequado ao tamanho da família? (RU)

1. Sim 2. Não Por que?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

32. Na sua avaliação o apartamento/casa é bem distribuído? (planta) (RU)

1. Sim Por que? _____________________________

2. Não Por que? _____________________________

33. Sr.(a) sente falta de algum ambiente/espaço que tinha na moradia anterior? (RU)

1. Sim Qual(ais)? __________________________________________________________

2. Não

34. O apartamento/casa novo apresentou alguns desses problemas?(RM) (leia as alternativas)

1. Umidade 7. Barulho (Ruídos)

2. Rachaduras 8. Serviços de telefonia/internet

3. Vazamentos 9. Abastecimento de água

4. Frio 10. Rede elétrica

5. Calor 11. Nenhum

6. Outro (especificar) _____________________________________________

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35. Os seguintes serviços públicos estão próximos (até 30 minutos a pé) de onde você mora?

Caso exista o serviço, alguém se sua família utiliza? (leia as alternativas)

Serviços Existência de Serviços Se afirmativo

1. Sim 2. Não 3. Não sabe 1. Utiliza 2. Não Utiliza

1. UBS / Posto de Saúde

2. Creche

3. Escola pública infantil

4. Escola do ensino fundamental

5. Delegacia/ Posto de polícia comunitária

36. O seu bairro e/ou região é atendido pelos seguintes serviços públicos? (leia as alternativas)

Serviços Existência de Serviços Se afirmativo

1. Sim 2. Não 3. Não sabe 1. Utiliza 2. Não Utiliza

1. Hospital/Pronto Socorro

2. Escola pública de ensino médio

3. Conselho Tutelar

4. Centro de Referência da Assistência Social - CRAS

5. Clube esportivo

6. Casa de cultura

7. Telecentro

8. Biblioteca pública

37. Comparando com a sua moradia anterior os serviços, melhoraram, pioraram ou está igual? (leia as

alternativas)

1. melhorou 2. piorou 3. igual

1. Fornecimento de água

2. Rede de esgoto

3. Fornecimento de energia elétrica

4. Coleta de lixo

5. Transporte público

6. Pavimentação

7. Iluminação pública

8. Correios

9. Telefone público

10. Acesso de veículos

11. Acesso de pedestres (calçada)

12. Acesso a serviços e equipamentos sociais

13. Acesso aos locais de comércio

14. Acesso ao trabalho

15. Acesso à escola

16. Presença de Policiamento

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38. O Sr. (a) e sua família utilizam comércio e serviços em qual destes locais? (RM) (leia as

alternativas)

1. no condomínio

2. no bairro do condomínio

3. em outro bairro deste município

4. outro município

39. O que o Sr.(a) gostaria que tivesse no conjunto habitacional?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

40. Na sua avaliação esse Condomínio é violento/perigoso? (RU)

1. Sim 2. Não

41. O Sr.(a) considera que aqui é mais violento/perigoso que sua moradia anterior? (RU)

1. Sim 2. Não

42. Em algum momento o Sr.(a) pensou em mudar deste condomínio? (RU)

1. Sim 2. Não

42. 1. (Se afirmativa), qual o motivo: (RM)

1. Falta de condições de pagamento da prestação e das contas de condomínio, água e de luz

2. Problemas familiares

3. Distância dos locais de trabalhos

4. Tamanho do apartamento/casa

5. Problema com a vizinhança

6. Problema de transporte

7. Problemas de segurança e violência

(para quem responder a alternativa 7, faça a pergunta 7.1)

7.1. Dê um exemplo_________________________________________________________

43. O Sr.(a) prefere morar:

1. Na moradia atual

2. Na moradia anterior

Por que?

___________________________________________________________________

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44. Do que o Sr.(a) mais gosta aqui no Condomínio? (máximo 3)

1.___________________________________________________________________________________

2.___________________________________________________________________________________

3.___________________________________________________________________________________

45. O que o Sr.(a) menos gosta aqui no Condomínio? (máximo 3)

1.___________________________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________________________

3.___________________________________________________________________________________

VII – ANOTAÇÕES (complementares)

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

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MODELO DE FICHA DE EMPREENDIMENTO

Nome do(s) empreendimento(s)

Endereço(s) do(s) empreendimento(s)

Construtora

Incorporadora:

Programa (FAR, Entidades, FGTS)

Data de assinatura do Contrato:

Data de entrega das unidades

Número de unidades

Área do terreno

Área construída

Área da unidade

Número de dormitórios

Tipologia (casa geminada, casa, prédio com x andares, p. ex)

Equipamentos/Áreas de lazer interno ao condomínio (p. ex. salão de festas, churrasqueira, piscina, quadra esportiva, parquinho, etc.)

Faixa de Renda do Empreendimento:

( ) Loteamento ( ) Condomínio

O empreendimento foi resultado de: (multi-resposta)

1. Iniciativa ou reivindicação da associação ou comissão de moradores

2. Iniciativa da Prefeitura

3. Iniciativa do Governo Estadual

4. Iniciativa da Imobiliária, loteadora ou construtora

5. Outros

6. Não sabe

Moradores reassentados/deslocados de (Secretaria Municipal de Habitação):

Houve trabalho técnico social? ( ) Sim ( ) Não (Secretaria Municipal de Habitação):

Quando as assistentes sociais iniciaram o trabalho?_______________(mês/ano)

Quais projetos foram encaminhados pelas assistentes sociais? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O que está incluído no condomínio? (perguntar para o síndico)

1. Água 2. Gás 3. Luz das áreas comuns 4. Manutenção 5. Funcionário

6. Outros

Caso seja FAR: O poder público ofereceu opções de empreendimentos do MCMV? (Secretaria Municipal de Habitação) A Prefeitura convidou alguém de cada família para conhecer o imóvel antes da escolha? (Secretaria Municipal de Habitação)

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LOCALIZAR NO MAPA, SE POSSÍVEL:

UBS / Posto de Saúde

Escola pública de ensino fundamental

Creche

Posto de polícia comunitária

Praça

Hospital/Pronto Socorro

Escola pública de ensino médio

Delegacia

Delegacia da mulher

CRAS- Centro de Referência da Assistência Social

Conselho tutelar

Área pública para a prática de esportes

Centro Cultural

Lona Cultural

Parque

Acesso público à internet

Biblioteca pública

Padaria

Mercado ou supermercado

Banco

Lotérica

Feira

Shopping

Cinema

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MODELO DE CARTA DE APRESENTAÇÃO São Paulo, 19 de outubro de 2013. Prezado(a) Morador(a)

Somos da CEDEPE-PUC, Coordenadoria de Estudos e Desenvolvimento de Projetos Especiais da Pontifícia Universidade Católica e estamos realizando uma pesquisa sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida..

O objetivo do nosso trabalho é avaliar o impacto dos conjuntos habitacionais produzidos pelo programa MCMV na cidade e na qualidade de vida de seus moradores. Para isso, os dados para a pesquisa serão coletados por meio de entrevistas com as famílias do Condomínio São Roque. Várias equipes como nós estão fazendo também esta pesquisa em todo o Brasil.

A entrevista busca saber o que os moradores acham do apartamento e do bairro, o que melhorou e piorou na sua vida após a mudança para o condomínio. E por isso, sua opinião e experiência são muito importantes para nós!

A equipe de pesquisadores que realizará as entrevistas é coordenada pela Profa. Rosangela Paz.

Informamos ainda que a identidade e os dados pessoais do(a) entrevistado(a) serão mantidos em sigilo.

Estamos à disposição para eventuais esclarecimentos.

Agradecemos por sua colaboração!

_______________________ Profa. Rosangela Paz Equipe CEDEPE- PUCSP

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São Paulo, 03 de dezembro de 2013. Residencial Flor de Jasmim Prezado Sr. Sindico

Vimos através desta solicitar a cessão do salão de festas, como espaço de apoio para a realização da pesquisa de Avaliação do Trabalho Social e dos Impactos na Vida das Famílias beneficiárias do programa MCMV .

De acordo com contato telefônico, reiteramos que o horário de aplicação da referida pesquisa será das 9h às 16h .

Certos de contar com sua colaboração desde já agradecemos.

______________________

Dra. Rosangela Dias O. da Paz

Coordenadora da Pesquisa

Assistente Social, professora do Programa de Pós Graduação Serviço Social da PUCSP

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Anexos

ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO E ENTREVISTA COM SÍNDICO

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ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO/ ENTREVISTA COM SÍNDICO

1. O condomínio apresentou alguns desses problemas (múltipla escolha)

[ ] 1. Rachaduras [ ] 7. Coleta de lixo insuficiente

[ ] 2. Vazamentos [ ] 8. Coleta de lixo inexistente

[ ] 3. Barulho (Ruídos) [ ] 9. Esgotamento Sanitário

[ ] 4. Poluição do ar [ ] 10. Segurança

[ ] 5. Iluminação Pública [ ]11. Nenhum

[ ] 6. Rede elétrica [ ]12. Outro (especificar) ___________________________________

1.1. Alguma casa/apartamento já foi ocupada ilegalmente (invadida)?

1. Sim 2. Não

2. O condomínio já recorreu a alguém para reclamar de algum desses problemas?

1. Sim Se sim, a quem recorreu?

[...] 1. Prefeitura

[...] 2. CAIXA

[...] 3.COHAB

[...] 4. Associação de moradores

[...] 5. Ouvidoria municipal

[...] 6. Construtora

[...] 7. Outros _______________ _______________________

2. Não

3. Há rebaixamento de calçadas em locais de travessia para atender as pessoas com mobilidade reduzida?

1. Sim 2. Não

4. No condomínio existe algum dos seguintes espaços de uso comum?

Tipo 1. Sim 2.Não

1. Quadra esportiva

2. Parque infantil

3. Salão de festas

4. Churrasqueira

5. Outros: __________________________________________

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5. Os espaços comunitários são adaptados às pessoas com mobilidade reduzida?

1. Sim 2. Não

6. O bairro é atendido pelos seguintes serviços? (múltipla escolha)

Serviços

1. Existência de Serviços

1. Sim

2. Não

3. Não sabe

1. UBS / Posto de Saúde

2. Hospital/Pronto Socorro

3. Escola pública infantil

4. Escola pública de ensino fundamental

5. Escola pública de ensino médio

6. Creche

7. Delegacia

8.CRAS- Centro de Referência da Assistência Social

9. Clube esportivo

10. Teatro

11. Casa de cultura

12. Parque

13. Telecentro

14. Cinema

15. Biblioteca pública

7. As correspondências chegam normalmente? 1. Sim 2.Não

8. Há transporte coletivo próximo ao condomínio? 1. Sim 2.Não

9. Existe alguma dessas formas de organização social no condomínio ou na proximidade? (múltipla escolha)

[...] 1. Associação de moradores [...] 6. Movimentos sociais (grupos de reivindicação) [...] 2. Conselho gestor do Condomínio [...]7. Organização religiosa [...] 3. Organização cultural [...] 8. Grupos autônomos de interesse (mulher/jovem/ idoso) [...] 4. Organização esportiva Qual? ___________________________ [...] 5. Cooperativas [...] 9. Não existe

10. Quais dos seguintes serviços comerciais estão disponíveis no entorno do condomínio?

serviços comerciais 1.Sim 2.Não 3. Não sabe

1. Padaria

2. Mercado ou supermercado

3 . Banco

4 . Lotérica

5 . Açougue

6 . Feira

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10.1 Quais deles já existiam antes da construção do empreendimento/condomínio?

serviços comerciais 1.Sim 2.Não 3. Não sabe

1. Padaria

2. Mercado ou supermercado

3 . Banco

4 . Lotérica

5 . Açougue

6 . Feira

11. Existem atividades de manutenção do condomínio pelos moradores?

1. Sim Quais? ______________________________________________________________

2. Nã 12. Existem problemas com o pagamento do condomínio (inadimplência)? __________________________________________________________________________________ 13. Quais as principais reclamações feitas?

Observações: _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Anexos

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM TÉCNICOS E SECRETÁRIO MUNICIPAL (Osasco)

ROTEIRO GRUPO FOCAL

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Roteiro para entrevista com gestores - Município de Osasco

Nome :_______________________________________________________________

Cargo e/ou função: ______________________________________________________

Período em que trabalhou no PMCMV: _____________________________________

Responsabilidades no desenvolvimento do PMCMV:

Procedimentos gerais do órgão

1. Discorra sobre o histórico e o contexto da implantação do PMCMV no município.

2. Destaque as justificativas do município para adesão ao PMCMV

Procedimentos região Osasco

3. Quais foram as contrapartidas do município para implementação do PMCMV

4. Como se dá a interlocução entre o poder público local e a CEF?

5. Existe interferência da CEF no que se refere a definição e avaliação do projeto?

6. A execução do empreendimento Flor de Jasmim foi acompanhada pela CEF?

Procedimentos/metodologia para o trabalho social

7. Existe interferência da CEF no âmbito da execução e avaliação do Trabalho Social?

8. O desenvolvimento do Trabalho Social no empreendimento Flor de Jasmim foi acompanhado pela CEF?

Procedimentos Flor de Jasmim

9. Como foi definida a demanda para o Conjunto Flor de Jasmim?

10. Houve participação dos moradores durante o desenvolvimento da obra? Cite elementos facilitadores e dificultadores da participação.

11. Como foram atribuídas as UHs aos moradores ? (Escolha, sorteio, instrumentos e estratégias utilizadas)

12. Os moradores foram esclarecidos sobre as normas e condições do Programa? Em que momentos? Como foi desenvolvido esse processo informativo?

13. Contratação para o trabalho social: relacionar c/ metas da “proposta”

14. O Trabalho Social realizado pela terceirizada alcançou as metas estabelecidas no PTS

15. Observações complementares

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Roteiro – Grupo Focal

Breve apresentação

I - Na experiência de vocês com o CH Flor de Jasmim, quais as competências,

responsabilidades da equipe social?

- é diferente do que está nos normativos (PMCMV/ CEF) ?

- trabalho pré com a demanda total e particularidades de cada segmento que

compõem a totalidade; como foi o trabalho com cada um deles? Relatos

-

II - Participação

- Como foi participação dos moradores durante o desenvolvimento da obra?

- Cite elementos que facilitaram e dificultaram a participação (na definição de projeto,

no processo de mudança e no pós )

- Que atividades foram desenvolvidas para constituição e/ou fortalecimento de grupos

representativos da população moradora no Conjunto Habitacional Flor de Jasmim?

- Quais foram as negociações e pactos estabelecidos com a população?

- Foram discutidas regras de convivência coletiva? Como foi desenvolvido o processo

de discussão?

- Existência de conflitos: sim ou não e as formas de enfrentamento

III-Estratégias de ocupação das unidades

- Como foram atribuídas as unidades habitacionais (sorteio ou escolha e os

instrumentos de discussão)

- Justifique a alternativa escolhida (por que foi melhor?)

- Os moradores foram orientados quanto às possibilidades alteração/ melhorias das

unidades habitacionais? De que forma foram oferecidas essas orientações?

- Tem ocorrido vendas de UH?

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IV- Estratégias de informação

- Os moradores foram esclarecidos sobre as normas e condições do Programa? Em

quais momentos?

- Como foi desenvolvido esse processo informativo?

V - Articulação

- Foram desenvolvidas ações integradas com outras Secretarias ou serviços? Cite

exemplos de ações desenvolvidas.

- Foram identificados serviços de saúde, escolas, esporte, lazer e assistência no bairro

onde está situado o empreendimento? Os moradores foram informados e /ou

encaminhados?

VI- O que é importante para o antes / durante / depois da ocupação para o trabalho

social

Entrada de outros agentes : terceirizadas X equipe técnica social – continuidade/

descontinuidade do trabalho social no território

VII- Relações

- trabalho social direto x terceirizado

- equipe física x social

- empreiteira /construtora

VIII- Observações complementares