Nucleo Especifico - Ciencia da Religião - Cristologia

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    Disciplina: Cristologia

    Disponvel em:

    http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-

    acessoem13/06/2016- Texto

    Os discursos em torno da pessoa de Jesus Cristo figuram entre as maiores

    controvrsias que a igreja enfrentou e teve que equacionar desde os seus

    primrdios. Nem mesmo as decises de Calcednia, em 451, conseguiram

    fazer cessar as controvrsias cristolgicas; elas continuam vivas at hoje. A

    igreja no pode omitir-se de perguntar pelas implicaes que a cristologia

    concebida por seus lderes tem para os nossos dias.

    Um desses lderes que deu especial ateno cristologia foi Dietrich

    Bonhoeffer. Mrtir cristo evanglico na Alemanha nazista executado aos 39

    anos em abril de 1945, h 50 anos Bonhoeffer desperta hoje interesse na

    discusso teolgica. Ele se tornou conhecido internacionalmente, tendo suas

    obras traduzidas para diversas lnguas. Discipulado e Resistncia e

    Submisso, e.g.j foram traduzidos para mais de 16 idiomas; Vida em

    Comunho, alm de traduzido, j foi publicado em mais de 20 novas edies

    na Alemanha.

    http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-acessoem13/06/2016http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-acessoem13/06/2016http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-acessoem13/06/2016http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-acessoem13/06/2016http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=375-acessoem13/06/2016
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    Catlicos e protestantes, os ecumenistas e os evanglicos em geral,

    conservadores e progressistas, os telogos da libertao, todos encontram em

    Bonhoeffer subsdios para seus projetos teolgicos. Tambm na Amrica

    Latina, Bonhoeffer tornou-se respeitado, sendo abordado e citado em centenas

    de artigos e livros.1

    Dada a importncia do assunto e o respaldo que Bonhoeffer tem na atualidade,

    o objetivo deste trabalho detectar os enfoques cristolgicos na obra do nosso

    autor. Duas caractersticas da obra de Bonhoeffer so relevantes na

    compreenso deste artigo:

    1. A diversidade dos gneros dos escritos de Bonhoeffer. H escritos de

    natureza eminentemente cientfica: Sanctorum CommunioeAkt und Sein;

    outras so de natureza muito pessoal: Discipulado; de ordem meditativa: Vida

    em Comunho; ou ainda de carter fragmentrio: tica, etc. Essa diversidade

    reflete, no por ltimo, o engajamento de Bonhoeffer em realidades das mais

    diversas.

    2. A linguagem contundente. Muitas vezes Bonhoeffer se articula em termos

    contraditrios. O leitor atento ser cauteloso ao lidar com a linguagem de nosso

    telogo, para no us-la contra a vontade do mesmo e de forma unilateral; o

    que tambm inclui o chamado mundo adulto, a interpretao a-religiosade

    termos bblicos, entre outras coisas.

    Este ensaio procurar expor e analisar a cristologia de Bonhoeffer com base

    principalmente, ainda que no exclusivamente, nas suas prelees na poca

    em que foi professor de teologia, na dcada de trinta. A razo desse

    procedimento que nestas prelees, encontramos as bases para as

    articulaes cristolgicas que apareceram em suas obras posteriores. Nossa

    preocupao aqui foi de manter a estrutura original proposta pelo prprio

    Bonhoeffer. Abordaremos tambm a relevncia do tema em duas de suas

    obras posteriores: Discipulado e tica.

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    Quem e quem foi Jesus Cristo?

    O livro Wer ist und wer war Jesus Christus? Seine Geschichte und sein

    Geheimnis uma reconstruo das prelees sobre cristologia, proferidas em

    1933 na Universidade de Berlim, feita por Eberhard Bethge, cunhado deBonhoeffer. Para faz-la, Bethge se baseou em anotaes de estudantes de

    teologia que assistiram as referidas prelees.2

    Lidamos, portanto, com uma obra de carter fragmentrio. No obstante,

    percebe-se uma linha-mestra que perpassa toda a obra, culminando na

    pergunta: Quem Jesus Cristo para ns hoje? O que mais chama a ateno a sequncia dos assuntos abordados nas prelees: Bonhoeffer parte do Cristo

    presente e s ento aborda, na segunda parte, a questo do Jesus histrico.

    Com isso ele difere da grande maioria das abordagens cristolgicas clssicas,

    tanto antigas quanto recentes.3

    1. Def in io de Cri st ol og ia Bonhoeffer define cristologia em linguagem

    dialtica: Cristologia significa palavra da Palavra de Deus. Cristologia

    logologia.4

    Na cristologia, o logos de Deus que est no centro e no o logos humano.

    Por se tratar do logos de Deus, deparamos com a verdadeira transcendncia

    que faz da cristologia a cincia teolgica pura e simplesmente.5Bonhoeffer fala

    do confronto do logos humano com o contra-logos, que Cristo. Nesse

    confronto o logos humano far de tudo para absorver ocontra-logos, mas isso

    impossvel, porque este no uma ideia mas uma pessoa palavra

    encarnada com reivindicaes absolutas e atinge o logoshumano

    existencialmente. Ao logos humano resta apenas exclamar: Quem s tu? Fala

    [tu] mesmo! Quem tu s, s tu Deus mesmo?6A resposta a esta pergunta

    fundamental para o homem e ela s pode vir do logos de Deus mesmo. A

    transcendncia e a imanncia se encontram e a existncia do logoshumano

    questionada. Desta forma, a pergunta pela existncia a pergunta pela

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    transcendncia e vice-versa.7Bonhoeffer retoma a cristologia como cincia e

    afirma que essa questo s pode ser discutida quando a reivindicao de

    Cristo ser, ele mesmo, o logos de Deus for pressuposta. Trata-se da revelao

    contingente de Deus em Cristo. Esta revelao no pode ser cientificamente

    afirmada ou contestada. A igreja , portanto, o lugar prprio da cristologia

    como cincia: A cristologia comologologia possibilita primeiro a cincia como

    tal.9 Quando confrontada com o contra-logos, a razo humana est diante

    daWer-Frage[pergunta sobre a identidade], descobrindo, assim, os seus

    prprios limites.

    Inconformado com isso, o contra-logoslana mo da linguagem religiosa para

    reagir e se esquivar dologos de Deus. Mas isso no possvel, pois este no

    somente o encarnado mas tambm o ressurreto, contra o qual a razo humana

    no pode lutar.10

    Na ressurreio do logos est a diferena entre o confrontar-se com gnios da

    humanidade como Scrates e Goethe e o confrontar-se com Cristo, de

    quem no dependem cultura ou ethos, mas vida e

    morte, salvao e condenao.

    11

    Cristo no objeto de investigao, mas sujeito de deciso. Basicamente, s

    existem duas possibilidades de encontro com Jesus Cristo: O homem tem de

    morrer ou o homem mata Jesus.12Tendo conscincia disso, a igreja iniciar

    sua doutrina de Cristo com silncio.13

    Num segundo momento da introduo, Bonhoeffer discute a relao entre

    cristologia e soteriologia e pergunta: A obra interpreta a pessoa ou a pessoa

    interpreta a obra?.14 A obra de Cristo no inequvoca, mas acontece no

    incgnito da histria, e s pode ser reconhecida mediante a revelao de sua

    pessoa, que interpreta a sua obra. Teologicamente falando, a cristologia tem

    prioridade diante da soteriologia, muito embora no se possa e no se deva

    separar pessoa e obra de Jesus Cristo.15

    2. O Cristo Presenteo pro me

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    A presena da pessoa de Jesus Cristo como crucificado e ressurreto

    fundamental para o desdobramento da questo cristolgica. Essa presena, no

    entanto, no deve ser confundida com o agir de Cristo que atinge a

    comunidade como uma imagem abstrata, a qual o reduz a uma fora impessoal

    que nada mais do que um Cristo imanente, morto e, como tal, idealizado. 16

    Surge, porm, a pergunta sobre como essa presena de Cristo deve ser

    pensada para manter a integridade de sua pessoa. A ressurreio no suprimiu

    a natureza humana de Cristo, razo porque sua presena requer que ele seja

    simultnea e inteiramente homem e Deus. Em outros termos, humanidade e

    divindade de Cristo no existem isoladamente no homem Jesus, Deus

    Deus.17Este o ponto de partida da cristologia.

    A presena de Cristo, porm, abscndita, [Rm 8.3], que

    abrange o mundo entre tentao e pecado.18O que escandaliza o homem

    no a encarnao de Cristo, mas a sua presena na configurao (Gestalt)

    do , concretizado na proclamao da igreja. Nela, ele est

    presente na forma (Gestalt) da Palavra, dos sacramentos e da comunidade.19

    Bonhoeffer pergunta pela estrutura pessoal (Personstruktur) de Cristo e a

    define como a estrutura-pro-medo Deus-Homem Jesus Cristo.20Exatamente

    na configurao do [homoima sarks] Cristo pro me. Nesta

    estruturapro me, Cristo autor [Anfnger], cabea [Haupt] e primognito

    [Erstgeborener] dos irmos, e est no lugar deles diante de Deus.21

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    Mdulo II

    A Forma do Cristo Presente pro me

    Bonhoeffer fala de trs formas22do Cristo presente pro me.

    1. Cristo como Palavra

    Esta terminologia reveste-se de enorme riqueza: Cristo, a Palavra, a

    Verdade.23 Ele a Palavra que existe desde o princpio, instrumento da

    criao e veiculador da revelao de Deus. Deus se ligou a esta palavra para

    comunicar-se com o logos humano. Mas, apesar de encarnado, o logos de

    Deus no pode ser confundido com o logos humano, pois diferente e est

    separado deste. Enquanto o logos humano palavra em forma de ideia,

    genericamente acessvel, Cristo Palavra que acontece na histria como

    alocuo viva ao homem. E, como tal, essa Palavra reclama comunho com o

    ser humano e o coloca, na verdade, diante de Deus. Exatamente neste sentido

    ele o Cristopro me, alocuo viva, ordenadora e perdoadora [Jo 14.6].

    Bonhoeffer fala da presena de Cristo no s na palavra da igreja, mas

    tambm como palavra da igreja, referindo-se com isso pregao, na qual o

    Cristo inteiro est presente razo porque o sermo ocupa lugar de destaque

    no culto da igreja. A Palavra de Deus se encarna na palavra humana da

    pregao, onde a incapacidade humana e a promessa de Deus so um. 24

    2. Cris to como Sacramento

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    O sacramento a proclamao do evangelho como a palavra da pregao

    tambm o . Portanto, sacramento palavra de Deus que assume corpo.25A

    diferena entre a palavra da pregao e o[s] sacramento[s] existe apenas na

    forma e no na essncia:

    A palavra da pregao a forma na qual o logos [de Deus] alcana

    o logos humano. O sacramento a forma na qual o logos [de Deus] alcana o

    homem na sua natureza.26

    No entanto, Bonhoeffer no tem uma compreenso mgica do sacramento,

    pois o que faz dos elementos [gua, po e vinho] sacramento a palavra de

    Deus proferida sobre os mesmos. E essa Palavra chama-se Jesus Cristo.27O

    sacramento no uma segunda encarnao do logos, mas nele o logos

    encarnado est presente na forma de escndalo.28

    Nas pginas seguintes, Bonhoeffer menciona tendncias extremas

    concernentes compreenso de sacramento no luteranismo e calvinismo, e

    mostra que a questo da presena de Cristo no sacramento no pode ser

    respondida pela razo humana, ainda que esta apele para a Palavra de Deus.

    No devemos perguntar como Cristo pode estar presente no sacramento, mas

    sim quem est presente. Nesse ltimo caso, a resposta inequvoca: presente

    est a pessoa inteira do Deus-Homem no seu ser exaltado [Erhohung], e no

    seu esvaziar-se [Erniedrigung].29 impossvel diferenciar entre Cristo como

    Palavra e Cristo como Sacramento. Em ambos ele Palavra que julga e

    perdoa; ele o histrico e crucificado, o ressurreto e assunto ao cu, o Deus -

    Homem, revelado como irmo e Senhor, como criatura e criador.30

    3. Cris to com o Comunidade

    A realidade do Cristo presente concreta no tempo e no espao. Cristo no s

    est presente na comunidade, mas ele mesmo a comunidade em virtude do

    seu ser-pro-me.31Assim, a comunidade a destinatria da revelao,

    revelao e palavra de Deus simultaneamente razo porque ela o nicoambiente prprio da cristologia como cincia katexochenpor excelncia.32A

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    comunidade concreta (emprica) a forma de existncia do Cristo entronizado

    e auto-esvaziado, e contm, como a palavra e o sacramento, a forma de

    tropeo, pois a comunidade est no [homoima sarks] do

    velho Ado.33

    Mdulo III

    O Lugar do Cristo Presente pro me

    Sob a mesma temtica e dentro da mesma estruturapro me Bonhoeffer

    pergunta pelo lugar de Cristo e destaca sua funo mediadora. O Cristo

    presente na Palavra, no sacramento e na comunidade est no centro daexistncia humana, da histria e da natureza, ou seja, Cristo est no lugar do

    homem diante de Deus. Este o seu limite e novo centro, o cumprimento da

    lei.34Ele tambm est no lugar da histria diante de Deus, estabelecendo um

    novo relacionamento entre igreja e estado.35Em relao natureza, Cristo a

    , na qual a mesma redimida.36As implicaes disso tudo so que

    o homem, a histria e a natureza no podem ser separados de fato.

    Encontramos o desdobramento dessas implicaesprincipalmente na tica de

    Bonhoeffer.37

    O Cristo histrico

    A f e a pregao crist no podem abdicar do Cristo histrico, a menos que

    tudo o que foi dito sobre o Cristo presente, opro me, seja mera fico ou

    iluso. Mas a questo que imediatamente se impe : como chegar ao Cristo

    histrico?

    1. A Pesquisa Histrica da Teologia Liberal

    Num primeiro momento, Bonhoeffer aborda o empreendimento que o

    liberalismo clssico tem feito por meio da anlise cientfica para chegar ao

    Jesus Histrico, separando-o do Cristo querigmtico da igreja primitiva. Ele

    conclui que este empreendimento porta o germe do fracasso em seu bojo,

    porque no h como separar o Cristo do Jesus de Nazar.38

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    Num segundo momento, Bonhoeffer esclarece que no se trata de

    menosprezar a pesquisa cientfica, mas de demonstrar os limites da mesma.

    No resta dvida de que a (teologia) dogmtica no pode abrir mo da certeza

    da historicidade de Jesus Cristo. Qual , ento, a funo da pesquisa histrica

    neste contexto? A pesquisa histrica nunca pode negar absolutamente porque

    ela pode afirmar absolutamente.39Isto tem consequncias radicais para o

    valor que se pode dar pesquisa puramente histrica frente ao fenmeno da

    historicidade de Jesus Cristo.40

    Portanto, o veredito da pesquisa histrica sobre a historicidade de Jesus Cristo

    e sua importncia para a dogmtica no tem valor absoluto, pois no existe

    acesso ao personagem histrico Jesus somente pelaHistorie [Histria].41

    2. O Auto-Testemunho do Ressurreto

    A natureza do objeto de pesquisa o Cristo presente, anunciado, que no

    outro seno Jesus Nazareno, crucificado e ressurretofaz com que a pesquisa

    histrica esbarre nos limites inerentes de sua natureza. Por outro lado, o auto-

    testemunho de Jesus Cristo, como ele transmitido no todo da Escritura,

    produz a f e abre o caminho para si mesmo como histrico.42

    3. A Interpretao do Cristo Histrico

    Aps as abordagens do Cristo presentepro mee do acesso ao Cristo histrico,

    Bonhoeffer introduz as interpretaes da pessoa de Jesus Cristo. Aqui comeaa funo da cristologia como critrio de interpretao. Bonhoeffer fala

    da cristologia crtica, ou negativa, e dacristologia positiva.43Cada uma delas

    tem a sua funo na interpretao do Cristo histrico.

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    Mdulo IV

    A Funo da Cristologia Crtica

    A cristologia crtica, tarefa da igreja oficial com base nas decises conciliares,

    delimita o espao dentro do qual a interpretao cristolgica deve se

    articular, i.e., ela estabelece o critrio para discernir entre o certo e o errado apartir de Cristo.44

    A cristologia crtica deve operar, necessariamente, com os termos heresia e

    confisso, pois confisso (credo ou profisso de f) s faz sentido diante de

    heresia. Por falta de Lehrautoritt [autoridade magisterial] da igreja hodierna

    para discernir entre o certo e o errado, a partir de Cristo, o termo heresia

    praticamente inexiste.45

    Definida a funo da cristologia crtica, Bonhoeffer discute uma srie de

    heresias cristolgicas, resultantes de vrios fatores. A causa maior, porm,

    est no fato da cristologia positiva no se ter mantido dentro do espao

    delimitado pela cristologia crtica, mas ter lanado mo de meios filosfico-

    racionais para tornar compreensvel a incompreensibilidade da pessoa de

    Jesus Cristo.46

    A cristologia crtica deve primar pela integridade de Jesus Cristo como

    verdadeiro Deus e verdadeiro Homem simultaneamente, ou seja, ela deve

    vigiar sobre o contedo teolgico que proclamado e as categorias adequadas

    de raciocnio cristolgico. Bonhoeffer defende a declarao de Calcednia

    contra acusaes de que ela represente a helenizao da cristologia.

    Nela,e.g., o termo [ousia] significa a essncia de Deus, a causa

    mesmo, a totalidade de Deus ou tambm a totalidade do homem.47

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    A cristologia crtica no se articula na categoria de coisas (objetos), mas de

    pessoas e aponta para o prprio fato a partir do qual se pode saber quem

    Deus.48

    A Funo da Cristologia Positiva

    A Encarnao de Deus. A encarnao de Deus em Jesus Cristo o ponto

    nevrlgico da cristologia. Mostrar isso a funo da cristologia positiva.

    interessante observar como Bonhoeffer exercita a cristologia positiva sob a

    custdia da cristologia crtica. A pergunta crucial : Quem o encarnado?

    1. Ele o Deus que se tornou homem como ns.49No ser homem, com

    todas as implicaes, Jesus Cristo o Deuspro nobis [em nosso favor]. A

    afirmao de que ele Deus no representa nenhum acrscimo ao seu ser

    homem, mas o veredito que o atinge verticalmente de cima, qualificando-o

    integralmente como Deus. Ainda mais, o homem Jesus Cristo totalmente

    Deus.50O nascimento e o batismo de Jesus so dois eventos que no tratam

    da doutrina das duas naturezas, como se um tratasse da natureza humana e o

    outro da divina. Num evento (nascimento) trata-se do ser da Palavra de

    Deusem Jesus Cristo e no outro (batismo) trata-se da descida da Palavra de

    Deus sobre Jesus:

    A criana na manjedoura o Deus inteiro... A chamada pelo batismo

    [Taufberufung] a confirmao do primeiro evento... A manjedoura mostra o

    homem que Deus. O batismo mostra, em relao a Jesus, o Deus que

    chama.51

    Em ltima anlise, no nos compete falar de encarnao como tal, mas do

    encarnado somente.52

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    2. O encarnado o Deus glorificado.53A partir da encarnao, o Deus Trino

    se une com a humanidade para toda a eternidadeo que tambm inclui o juzo

    final. Isso significa dizer que a encarnao mensagem da glorificao do

    Deus que v sua honra no fato de ser homem.54

    Jesus Cristoo Auto-Esvaziadoe Exaltado. No auto-esvaziamento, Jesus

    Cristo entra voluntariamente no mundo do pecado e da morte 55 e assume

    nossa sarx pecaminosa, com todas as suas disposies e inclinaes naturais.

    Ao olho humano, os atos de Jesus so ambguos e, por isso, sujeitos s mais

    diversas interpretaes; a sua impecabilidade no perceptvel externamente.

    No fato de Jesus Cristo carregar o pecado, ele se torna ladro, assassino e

    adltero como ns.56Essa condio de Jesus Cristo escandaliza o homem

    religioso, mas exatamente nela que ele ao mesmo tempo o sem Pecado, o

    Santo, o Eterno, o Senhor, o Filho do Pai.57Neste auto-esvaziamento temos a

    forma do Cristo pro nobis, reconhecvel apenas pela f em Jesus Cristo, a qual

    abre mo de todas as medidas de garantia e se apoia na Palavra de Deus,

    suportando o escndalo do auto-esvaziamento de Cristo.58

    Jesus Cristo, o exaltado por Deus, no elimina a incgnita em torno do Deus-

    Homem. Pelo contrrio, o caminho da igreja o caminho atravs daquele que

    se auto-esvaziou. E somente pela volta de Cristo em glria que a incgnita do

    Deus-Homem, o Senhor crucificado, ressurreto e exaltado superada

    definitivamente.59At l a tenso inerente cristologia deve ser mantida e

    suportada.

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    Mdulo V

    A importncia da Cristologia na Teologia de Bonhoeffer

    Obedecendo as limitaes deste artigo, trataremos sucintamente da relevncia

    da cristologia na teologia de Bonhoeffer. Para isso, analisaremos duas de suasprincipais obras: Discipulado e tica. Uma anlise, superficial que seja,

    revelar a importncia fundamental da cristologia para a teologia de nosso

    telogo. De fato, pode-se dizer que a cristologia o clmax de todo o labor

    teolgico, que tanto cristaliza como permeia todas as suas obras.60

    1.A Cristologia em Discipulado

    O livro surgiu em 1937 e se destinava principalmente aos alunos de teologia do

    seminrio de Finkenwalde, que tinha sido fechado naquele mesmo ano por

    ordem de Himmler, o chefe da temida SS de Hitler.61Discipulado62

    considerado um marco que sinaliza profundas mudanas na teologia de

    Bonhoeffer, e por isso tem sido visto, por alguns, com reservas.63

    Com Discipulado, Bonhoeffer formula sua preocupao de anos em resgatar o

    significado do seguimento de Jesus Cristo para a igreja de seu tempo, que

    estava morta e era incapaz de proclamar concretamente o mandamento de

    Deus que vem de Cristo.64Essa crise atingiu tambm a igreja

    confessante.65O objetivo do Kirchenkampf [luta da igreja] no era, segundo

    Bonhoeffer, converter Hitler, mas a converso da prpria igreja.66

    Percebe-se que Bonhoeffer apela para a concreo da f crist. Depois de

    especificar a realidade do Cristo presentepro me[por mim] oupro nobis[por

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    ns], mais tarde aparece opro allis[por outros].67A preocupao com o

    seguimento de Jesus formulada nos seguintes termos: Que pretendia Jesus

    dizer? Que espera de ns hoje?; e nas palavras, no nos interessa tanto

    saber as ideias deste ou daquele expoente da igreja, mas aquilo que Jesus

    quer o que queremos descobrir.68

    O discipulado no deve ser mal-entendido: compromisso incondicional com

    Cristo.69Num primeiro momento, Bonhoeffer confronta e define graa

    baratae graa preciosaa partir de Cristotnica que perpassa a obra toda, do

    prefcio at as ltimas pginas. A graa preciosa a encarnao de

    Deus.70 A graa barata a negao da encarnao do verbo de Deus71e

    consiste no perdo, consolo e sacramento, que a igreja se arroga possuir,

    como se fossem graa, tesouro inesgotvel, mas que so transformados em

    princpio que redunda na justificao dos pecados e no do pecador. Graa

    assim concebida cruel e inimiga mortal da igreja e do seguidor de Cristo.72

    Para contrapor a graa barata, necessrio que o discpulo de Cristo responda

    ao chamamento incondicional de seu Mestre. Somente desta forma a graa

    preciosao alcana concretamente.73A este chamado incondicional para o

    discipulado corresponde a obedincia incondicional74que une a Cristo e sua

    cruz.75 Neste sentido, o discipulado a unio com o Cristo sofredor.76

    Mediante o chamado incondicional, amparado por sua autoridade, Cristo se

    torna o nico mediador entre eu e Deus, entre eu e o mundo, e entre os

    homens e as coisas.77A partir do sermo do monte, Bonhoeffer ilustra a

    concretude do discipulado e a funo mediadora de Cristo, que abrange todasas esferas do relacionamento humano.78Aqui encontramos uma das

    afirmaes cristolgicas centrais emDiscipulado.A mediao de Cristo uma

    categoria histrica que mantm o aspecto pessoal do compromisso com o

    mundo.

    medida em que tivermos parte em Cristo, o encarnado, temos parte em toda

    a humanidade que ele tomou sobre si. Na natureza humana de Cristo sabemo-nos aceitos e suportados. Por isso, nossa nova natureza humana consiste em

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    carregarmos a misria e a culpa dos outros. O encarnado faz de seus

    discpulos irmos de todos os homens.79

    Mdulo VI

    2.A Cristologia na tica de Bonhoeffer

    Bonhoeffer comeou a escrever a tica em 1940, mas no pde conclu-la por

    causa de incidentes ligados ao regime nazista alemo. Eberhard Bethge,porm, a publicou, em 1949, como obra pstuma de Bonhoeffer. um trabalho

    incompleto, de carter fragmentrio, assim como outros produzidos por

    Bonhoeffer. Isto explica porque o nosso autor no tratou mais detalhadamente,

    inclusive certos aspectos da cristologia.80

    O interesse de Bonhoeffer pela tica, entretanto, surgiu cedo e, no quadro

    geral, de sua teologia, representa a tarefa de maior apreo e relevncia.

    81

    Defato, temas abordados nas obras anteriores so retomados na tica, com um

    enfoque cristolgico muito concreto. E, apesar de ser uma obra incompleta,

    possvel detectar nela, claramente, a funo da cristologia nos temas

    abordados. H uma concentrao cada vez maior em Jesus Cristo, a partir do

    qual se definem todos os temas discutidos.82

    A realidade do Cristo presente pro me, pressuposto nas prelees de

    cristologia dentro da igreja emprica, na tica ampliada para o mundo

    inteiro. O senhorio de Cristo no se limita ao mbito da igreja emprica, mas

    abrange a realidade do mundo.

    Quanto mais exclusivamente reconhecermos e confessarmos Cristo como

    nosso Senhor, tanto mais se descortinar para ns a amplitude do seu

    senhorio.83

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    A encarnao de Deus em Jesus Cristo est no centro da tica e representa a

    aceitao do mundo por parte de Deus. Deus e o mundo so vistos do mesmo

    e de um s nguloJesus Cristo.

    Quem olha para Jesus Cristo v, de fato, Deus e o mundo em um s.

    Doravante no pode ver mais Deus sem o mundo, nem o mundo sem Deus. 84

    Encarnao, crucificao e ressurreio (inclusive a exaltao), a exemplo das

    prelees de cristologia, esto inseparavelmente ligadas umas s outras.85O

    Filho eterno junto ao Pai em eternidade o reconciliador crucificado e o

    Senhor ressuscitado e exaltado,86 e como tal o mediador, no qual Deus

    julga/condena e aceita/reconcilia o homem e a humanidade consigo mesmo.

    O vulto do reconciliador, do Homem-Deus Jesus Cristo, pe-se entre Deus e o

    mundo, coloca-se no centro de tudo o que acontece. Nele se desvenda o

    mistrio do mundo, assim como nele se revela o mistrio de Deus.87

    Na cruz de Cristo se revela o que o mundo e quem Deus . Como luzeiro, ela

    est no centro do mundo, atestando o senhorio de Jesus Cristo que se estende

    por todo o mundo, possibilitando a vida na presena de Deus.

    A cruz da reconciliao a libertao para a vida diante de Deus em meio a

    um mundo mpio, a libertao para viver em autntica mundanalidade.88

    A partir da encarnao a realidade re-definir e a histria entra em cena,i.e.,

    realidade e histria esto vinculadas cristologia. Pelo fato de Deus ter amadoe reconciliado o mundo em Cristo, sua realidade ter entrado na realidade deste

    mundo, no mais podem existir duas realidades, mas uma s: a realidade

    revelada em Cristo, na realidade do mundo.89 Portanto, desvinculados de

    Jesus Cristo no podemos falar adequadamente nem de Deus nem do mundo.

    A realidade de Deus no permite mais a reflexo em duas esferas, uma sacra e

    outra profana.90Ela envolve o mundo humano integralmente: trabalho,

    matrimnio, autoridade e igreja, os quais devem existir por intermdio deCristo, em funo de Cristo e em Cristo.91

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    Embora a histria no seja capaz de abranger a realidade de Deus, ela no

    desprezvel. Pelo contrrio, a concretude da realidade da revelao contingente

    de Deus em Cristo requer a histria concreta. Bonhoeffer reserva amplo

    espao na tica para desenvolver a relao cristologia-histria:

    O conceito de herana histrica, ligado conscincia da temporalidade e

    avesso a qualquer interpretao mitolgica, s possvel onde a entrada de

    Deus na histria, em determinado lugar e momento (i.e., a encarnao de Deus

    em Jesus Cristo), consciente ou inconscientemente determina o raciocnio.

    Aqui a histria se torna sria, sem que seja canonizada. O sim e o no de

    Deus histria que aprendemos na encarnao e crucificao de Jesus Cristo

    introduzem uma infinita, e irremovvel, tenso em qualquer momento

    histrico...92

    A partir de Jesus Cristo h nova luz sobre a realidade da histria. O presente

    no mais determinado pelo passado, mas pelo futuro, que Cristo. 93Isto

    caracteriza a dimenso histrico-escatolgica da cristologia.

    Consideraes finais

    Por causa das circunstncias especficas da poca, Bonhoeffer no pode

    revisar e concluir sua obra teolgica como um todo. No final desta pesquisa

    surgem perguntas tais como:

    1. Qual a contribuio de Bonhoeffer para a teologia moderna?

    Apesar de seu carter fragmentrio, a teologia de Bonhoeffer uma unidade

    no sentido de ser um desenvolvimento contnuo. Nesse desenvolvimento, o

    desdobramento teolgico dos temas abordados no revoga posies

    anteriores, mas representa um aprofundamento dos mesmos. Pode-se falar de

    uma unidade crescente que parte de um centro.

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    2. Qual a importncia da cristologia na obra de Bonhoeffer?

    A pessoa de Jesus Cristo, a cristologia, o centro da teologia. Pode-se dizer

    que a cristologia a oxigenao da teologia de Bonhoeffer. Teologia no

    uma cincia abstrata, desvinculada da realidade deste mundo, mas concreta.

    Isto se deve revelao contingente de Deus que concreta na encarnao,

    crucificao, morte e ressurreio de Jesus Cristo. Aqui palpita o corao de

    toda a teologia. A cristologia presente emSanctorum Communio, depois

    destacada emAkt und Sein, desenvolvida em seus aspectos prticos e

    incondicionais em Discipulado, ressurge na tica com grande mpeto e abrange

    o mundo como campo de concreo do senhorio de Deus em Jesus Cristo.

    No resta dvida de que Bonhoeffer tenha ajudado a abrir o caminho da

    teologia para a realidade conflitante deste mundo. No entanto, limitar-se a dizer

    isso seria no compreender nosso telogo. Sua preocupao com o mundo e

    sua linguagem contundente s se compreende a partir de uma preocupao

    maior, que a proclamao do mandamento concreto de Deus para este

    mundo. No tarefa da igreja correr atrs dos problemas mundanos, ou

    antecipar-se a eles para tornar-se atraente. A tarefa da igreja proclamar o

    caminho para Deus, para o homem e para o mundo. Bonhoeffer pode,

    igualmente, ajudar-nos a redes cobrir nossa tarefa e propsito como discpulos,

    telogos ou igreja em nosso contexto latino-americanoe isso a partir de uma

    reflexo ampla e profunda da pessoa e obra de Jesus Cristo, o lagosde Deus.

    preciso superar o raciocnio que parte dos problemas humanos e que de l

    pergunta por solues; ele no bblico! O caminho de Jesus Cristo, e comisso o caminho de todo o raciocnio cristo, no vai do mundo a Deus, mas de

    Deus ao mundo. Isto significa que a essncia do evangelho no consiste em

    solucionar problemas mundanos. Tampouco seria esta a tarefa essencial da

    igreja. No se deve inferir disso, evidentemente, que a igreja no tenha

    nenhuma tarefa nesse sentido. Mas, s saberemos qual a sua tarefa legtima

    quando tivermos encontrado o ponto de partida correto. A mensagem da igreja

    para o mundo no pode ser outra seno a Palavra de Deus ao mundo, querdizer, Jesus Cristo e a salvao neste nome.94

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    Notas Bibliogrficas

    1Cf. Ervino Schmidt, Um Encontro com Dietrich Bonhoeffer, emContexto

    Pastoralmaro/abril 1993,

    Gustavo Gutirrez,A Fora Histrica dos Pobres (Petrpolis: Vozes, 19842),

    314ss;

    Ernesto J. Bernhoeft,No Caminho para a Liberdade(RJ: CPB, 1966); Prcoro

    Velasques Filho, Uma tica para Nossos Dias(S. Bernardo do Campo: Editeo,

    1977).

    2D. Bonhoeffer, Wer ist und wer war Jesus Christus? Seine Geschichte und

    sein Geheimnis(Hamburgo: Furche Verlag, 1962).

    3Cf. D. Bonhoeffer,Wer ist und wer war Jesus Christus?, 67s.

    4Ibid., 9s.

    5Ibid., 10, especialmente a expresso Wissenschaft katexochen.

    6Ibid., 12s.

    7Ibid., 14s. Transcendncia e imanncia esto inseparavelmente ligadas.

    Nessa relao se define toda a questo da antropologia; cf. tambm Ernst

    Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers(Berlim: Evangelische

    Verlagsansalt,1977), 104.

    8Ibid., 16s; cf. tambmAkt und Sein Transzedentalphilosophie und Ontologie

    in der systematischen Theologie(Munique: Chr. Kayser Verlag, 1956), 12,58ss.

    9Wer ist und wer war Jesus Christus?, 10,17.

    10Ibid., 18. Bonhoeffer menciona a pergunta de Pilatos a Jesus, Quem tu s?,

    como exemplo de linguagem religiosa.

    11Ibid., 19

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    12Ibid., 21. Homem, aqui, inclui o telogo.

    13Ibid., 9.

    14Ibid., 23. Obra e pessoa no texto sereferem a Cristo.

    15Ibid., 24-26.

    16Ibid., 27-30. Bonhoeffer menciona a ressurreio de Cristo, a partir de 1 Co

    15, como elemento fundamental para a pregao e f crist.

    17Ibid., 30s.

    18

    Ibid., 31.19Ibid., 31s. O original Gestalt pode ser traduzido de vrias formas. Palavra,

    sacramentos e comunidade so termos-chave daqui em diante; cf. 35-50.

    20Ibid., 32s; cf.tambmAkt und Sein, 68.

    21Wer ist und wer war Jesus Christus?, 34s. Cf., tambm, neste contexto o

    termo nova humanidade.

    22O termo original Gestalt permite vrias tradues, cf. D.

    Bonhoeffer, tica (So Leopoldo: Sinodal, 1985), 44, em que o termo foi

    traduzido por vulto. No nosso contexto, porm, mais apropriado traduzi-lo

    por forma.

    23

    Wer ist und wer war Jesus Christus?, 35.24Ibid., 39s; cf.tambm Gesammelte Schriftenvol.4 (Munique: Kaiser Verlag,

    1961), que consiste, na maior parte, de interpretaes e sermes.

    25Das Wort im Sakrament ist leibgegewordenes Wort,cf. Wer ist und wer war

    Jesus Christus?, 41.

    26Ibid., 41.

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    27Ibid., 42.

    28Ibid., 43.

    29Ibid., 47.

    30Ibid., 478.

    31Ibid., 49.

    32Ibid., 9-11, 16, 35s.

    33Ibid., 50; cf. tambm emAkt und Sein, 116-139.

    34

    Wer ist und wer war Jesus Christus?, 51-53.35Ibid., 53-57.

    36Ibid., 58s.

    37tica, 74ss, 83ss, 107ss, 184ss;cf.tambm Resistncia e Submisso(RJ e

    So Leopoldo: Paz e Terra & Sinodal, 19802).

    38Ibid., 60-63.

    39Ibid., 64. Negar ou afirmar referem-se aos detalhes na pesquisa histrica.

    40O desdobramento da teologia liberal em seu tempo ureo no chegou a

    outras concluses significativas do que as de Albert Schweitzer e de Wilhem

    Wrede; cf. tambm Rudolf Bultmann, Crer e Compreender: Artigos

    Selecionados, (ed.) W. Altmann (So Leopoldo: Sinodal, 1987); Theologie des

    Neuen Testaments(Tbingen: J.C.B. Mohr, 19842); G. F. Hasel, Teologia do

    Novo Testamento (RJ: JUERP, 1988); K. Berger,Exegese des Neuen

    Testaments(Heidelberg: Quelle & Meyer, 1977).

    41Wer ist und wer war Jesus Christus?, 63-65

    42Ibid., 65-67. interessante observar que Bonhoeffer no apela para a

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    inspirao verbal da Bblia como alternativa pesquisa histrico-crtica para

    chegar ao Jesus histrico. A historicidade de Jesus Cristo est sob o duplo

    aspecto da histria e f, estreitamente ligados um ao outro.

    43Ibid., 68s, 108ss.

    44Ibid., 68. Nesse contexto, Bonhoeffer introduz os termos Hresie, Bekenntnis

    e Irrlehre. Ele tambm menciona o valor das decises conciliares da antiga

    igreja, especialmente a de Calcednia [A.D. 451], fato quase sempre ignorado

    pelos intrpretes de Bonhoeffer. Cf., tambm, 69, 86-88, 100s, 105, 107.45Ibid., 69s. O termo heresia surge a partir da fraternidade da igreja em

    relao ao errante. Nessas observaes, Bonhoeffer caracteriza os conclios

    ecumnicos como faltosos sobre a definio dos termos heresia e

    confisso.Cf., tambm, E. Feil,Die Theologie Dietrich Bonhoeffer, 61s; E.

    Bethge, Dietrich Bonhoeffer, 539-554.

    46Wer ist und wer war Jesus Christus?, 68s. Por motivos de espao, no nos

    permitido descrever as discusses em torno das controvrsias cristolgicas que

    Bonhoeffer aborda.

    47Ibid., 105.

    48Ibid., 106s. Bonhoeffer mantm at o fim a Wer-Frage[pergunta sobre a

    identidade]: Das Chalcedonense ist selbts schliesslich die Wer-Frage.

    49Ibid., 108.

    50Ibid., 109s. Percebe-se como Bonhoeffer mantm a tenso dos paradoxos da

    declarao de Calcednia.

    51Ibid., 110.

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    52Ibid., 111. Tambm a questo do nascimento virginal no pode dissolver os

    paradoxos da encarnao.

    53Ibid., 111.

    54Ibid., 112.

    55Das Prinzip der Erniedrigung ist nicht die Menschheit Christi, sondem das

    moima sarkj [homoima sarks], cf. Wer ist und wer war Jesus Christus?,

    114, 115s.

    56

    Ibid., 116. Bonhoeffer se reporta a Lutero neste ponto.57Ibid., 117. Bonhoeffer mantm, sem qualquer tentativa de resoluo, os

    paradoxos da cristologia.

    58Ibid., 119-121.

    59Ibid., 121-124.

    60Cf.a avaliao de E. Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers, 172; e E.

    Bethge, Dietrich Bonhoeffer, 265.

    61Battista Mondin, Os Grandes Telogos do Sculo Vinte(SP: Paulinas, 1987),

    vol. 2: 169.

    62Traduo do ttulo original alemo Nachfolge.

    63Cf.E. Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers; 177ss, E. Bethge, Dietrich

    Bonhoeffer, 515-527.

    64Cf.Bonhoeffer, Gesammelte Scriften, vol. 1: 37,40s, 63, 140ss, 150ss, 162;

    cf., tambm, Bethge,Dietrich Bonhoeffer, 224s.

    65Nome dado aos cristos que, na Alemanha, resistiram o nazismo. Cf.

    Resistncia e Submisso, 158, 184s.

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    66Gesammelte Scriften, vol. 1: 42s.

    67A preocupao com a concreo da f crist se mostra ainda mais evidente

    natica; cf., tambm, o crescimento da importncia da cristologia nos sermes

    de Bonhoeffer, cf. Gesammelte Schriften, vol. 4: 17ss, 26ss, 34ss, 88ss, 101ss,

    246s. Nessas pregaes, atheologia crucis explicitada, cf.E. Bethge,Dietrich

    Bonhoeffer, 281s, 506-508. A partir destas constataes no se pode dizer

    que Discipulado inicia uma fase completamente nova na biografia de

    Bonhoeffer, que represente uma ruptura com o seu passado,cf. Resistncia e

    Submisso, 127-129.

    68Discipulado, 3.

    69Ibid., 21.

    70Ibid., 10. Ela preciosa porque custou a Deus a vida do seu prprio filho.

    71Ibid., 9.

    72Ibid., 9s, 17s.

    73Ibid., 20s.

    74Ibid., 20-36.

    75Ibid., 42ss.

    76Ibid., 46. Bonhoeffer observa que o sofrimento da igreja de Cristo no tem

    qualquer valor expiatrio.

    77Ibid., 49s, 144. Cristo o fim da relao imediata do homem com o mundo

    que o cerca.Cf.,tambm,Vida em Comunho(So Leopoldo: Sinodal, 19862).

    78Ibid., Discipulado, 56-120.

    79Ibid., 191, 135ss.

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    80tica, 9-13; Bethge,Dietrich Bonhoeffer, 803s.; B. Mondim, Os Grandes

    Telogos, vol. 2:172.

    81s vezes penso que j tenho minha vida realizada e apenas deveria

    completar a tica,cf. Resistncia e Submisso, 89; cf.tambm Gesammelte

    Schriften, vol. 1: 33, 63, 143ss; vol. 2: 384; tica, 9s; Bethge,Dietrich

    Bonhoeffer, 803-811.

    82tica, 27-29, 34s, 36, 38, 44, 49ss, 54ss,765, 108-112, 122-125, 128, 163ss,

    178-188.83Ibid., 38; cf., tambm,Gesammelte Schriften, vol. 1: 144; Bethge, Dietrich

    Bonhoeffer, 806; Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers, 250-252.

    84Ibid., 44.

    85Ibid., 45,47-49, 164.

    86Ibid., 163s.

    87Ibid., 44s.

    88Ibid., 163.

    89Ibid., 112.

    90Ibid., 107, 110-115.

    91Ibid., 117.

    92Ibid., 54.

    93Cf.,tambm, a citao de D. Bonhoeffer; cf. Feil, Die Theologie Dietrich

    Bonhoeffers, 202s.

    94tica, 198.