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10 Nutrição Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010 A Fêmea Moderna A produtividade da fêmea suína aumentou de forma substancial nos últi- mos 10 anos devido ao manejo, avanços genéticos e seleção baseada em parâme- tros, tais como tamanho de leitegada, intervalo desmama-estro e eficiência na lactação. É possível ver, na Tabela 1, uma indicação do tipo de progresso alcançado nas 10% melhores granjas comerciais, hoje, na Holanda. Estes dados demonstram a efici- ência da seleção genética balanceada, que traz, associada, maior capacidade reprodu- tiva das fêmeas, vigor e sobrevivência dos leitões, permitindo a produção de leitega- das maiores, sem aumentar a mortalidade dos leitões (Figura 1). Os resultados indi- cam um crescimento estável de 0.35 leitão desmamado/fêmea/ano. Estes valores nos levam a uma estimação para 2020 de 15 – 16 leitões nascidos vivos/leitegada ou 33 leitões desmamados/fêmea/ano. Neste momento não existem evidências de que este melhoramento já tenha alcançado o seu patamar máximo (ex.: raças chinesas com 17 leitões nascidos vivos). Nos últimos anos foi verificado que uma seleção balanceada é de fun- damental importância para equilibrar o aumento do tamanho da leitegada com a vitalidade dos leitões. Entretanto, é de comum conhecimento que o aumento do tamanho da leitegada implica na redução do peso ao nascimento e em variações do peso dentro da leitegada, levando a vi- talidade reduzida até o desmame. Isto é mostrado na Figura 2 para a situação de manejo em que não há acompanhamento direto do parto da fêmea, na qual podemos verificar que a vitalidade do leitão não é apenas dependente do peso ao nascimen- to, mas também da linha genética. A vita- lidade do leitão, assim como o tamanho da leitegada, é uma característica de baixa herdabilidade (h 2 = 0.05, Knol 2000), mas com oportunidades claras para melhora- mento genético. Novos modelos estatísticos e pro- tocolos adicionais de coleta de dados en- tre o nascimento e o desmame têm sido desenvolvidos e testados para combinar o progresso no número de nascidos vivos, a vitalidade dos leitões e a uniformidade da leitegada em progresso genético sustentá- vel para o número de leitões desmamados/ fêmea/ano, ou seja, cada leitão nascido extra deverá nascer vivo e ser desmama- do. Isto é combinado com a seleção para habilidade materna (número de tetas, ga- nho de peso dos leitões até o desmame, etc) e a eficiência alimentar das porcas. A Tabela 2 mostra o progresso genético esperado para uma seleção base- ada em um grande número de leitegadas Dr. Bruno A. N. Silva IPG, Institute for Pig Genetics The Netherlands [email protected] Nutrição Nutrição de Fêmeas Suínas de Alta Performance Reprodutiva nos Trópicos Nutrição de Fêmeas Suínas de Alta Performance Reprodutiva nos Trópicos Tabela 1. Progresso alcançado em produtividade nas 10% melhores granjas comerciais da Holanda entre 2000 e 2009 (IPG, 2010). 2000 2004 2007 2009 # granjas (10% melhores) 48 62 94 95 # fêmeas/granja 287 351 435 489 Leitegadas/porca/ano 2.42 2.43 2.44 2.46 Nascidos vivos/leitegada 12.2 12.7 13.5 14.0 Desmamados/ leitegada 11.0 11.5 12.0 12.5 Desmamados/porca/ano 26.7 27.9 29.4 30.8 Figura 1. Tendência genética para mortalidade pré-desmame e número de leitões nascidos vivos por leitegada (IPG, 2010).

Nutrição Nutrição de Fêmeas Suínas Nutrição de Fêmeas ...ªmeas Suínas de Alta... · peso corporal) com magras (280 g de gor - dura/kg de peso corporal), mas com seme -

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10

Nutrição

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

A Fêmea Moderna

A produtividade da fêmea suína

aumentou de forma substancial nos últi-

mos 10 anos devido ao manejo, avanços genéticos e seleção baseada em parâme-

tros, tais como tamanho de leitegada,

intervalo desmama-estro e eficiência na lactação. É possível ver, na Tabela 1, uma indicação do tipo de progresso alcançado nas 10% melhores granjas comerciais, hoje, na Holanda.

Estes dados demonstram a efici-ência da seleção genética balanceada, que traz, associada, maior capacidade reprodu-

tiva das fêmeas, vigor e sobrevivência dos

leitões, permitindo a produção de leitega-

das maiores, sem aumentar a mortalidade

dos leitões (Figura 1). Os resultados indi-cam um crescimento estável de 0.35 leitão desmamado/fêmea/ano. Estes valores nos

levam a uma estimação para 2020 de 15 – 16 leitões nascidos vivos/leitegada ou 33 leitões desmamados/fêmea/ano. Neste momento não existem evidências de que este melhoramento já tenha alcançado o seu patamar máximo (ex.: raças chinesas com 17 leitões nascidos vivos).

Nos últimos anos foi verificado que uma seleção balanceada é de fun-

damental importância para equilibrar o

aumento do tamanho da leitegada com

a vitalidade dos leitões. Entretanto, é de comum conhecimento que o aumento do

tamanho da leitegada implica na redução do peso ao nascimento e em variações do peso dentro da leitegada, levando a vi-

talidade reduzida até o desmame. Isto é mostrado na Figura 2 para a situação de manejo em que não há acompanhamento direto do parto da fêmea, na qual podemos

verificar que a vitalidade do leitão não é apenas dependente do peso ao nascimen-

to, mas também da linha genética. A vita-

lidade do leitão, assim como o tamanho da leitegada, é uma característica de baixa

herdabilidade (h2 = 0.05, Knol 2000), mas com oportunidades claras para melhora-

mento genético.

Novos modelos estatísticos e pro-

tocolos adicionais de coleta de dados en-

tre o nascimento e o desmame têm sido

desenvolvidos e testados para combinar o

progresso no número de nascidos vivos, a

vitalidade dos leitões e a uniformidade da leitegada em progresso genético sustentá-

vel para o número de leitões desmamados/fêmea/ano, ou seja, cada leitão nascido extra deverá nascer vivo e ser desmama-

do. Isto é combinado com a seleção para habilidade materna (número de tetas, ga-

nho de peso dos leitões até o desmame, etc) e a eficiência alimentar das porcas.

A Tabela 2 mostra o progresso

genético esperado para uma seleção base-

ada em um grande número de leitegadas

Dr. Bruno A. N. Silva

IPG, Institute for Pig Genetics The Netherlands

[email protected]

Nutrição

Nutrição de Fêmeas Suínas de

Alta Performance Reprodutiva nos

Trópicos

Nutrição de Fêmeas Suínas

de Alta Performance

Reprodutiva nos Trópicos

Tabela 1. Progresso alcançado em produtividade nas 10% melhores granjas

comerciais da Holanda entre 2000 e 2009 (IPG, 2010).

2000 2004 2007 2009

# granjas (10% melhores) 48 62 94 95

# fêmeas/granja 287 351 435 489

Leitegadas/porca/ano 2.42 2.43 2.44 2.46

Nascidos vivos/leitegada 12.2 12.7 13.5 14.0

Desmamados/ leitegada 11.0 11.5 12.0 12.5

Desmamados/porca/ano 26.7 27.9 29.4 30.8

Figura 1. Tendência genética para mortalidade pré-desmame e número de leitões nascidos vivos por

leitegada (IPG, 2010).

fenotípicas e informação de família para tamanho de leitegada, peso ao nascimento

e sobrevivência até o desmame, compa-

rado a tendências realizadas entre 2000 e 2004.

A longevidade das fêmeas é re-

levante para uma alta performance re-

produtiva (até o 4º parto o tamanho da leitegada aumenta, Figura 3), bem como para um sistema de produção sustentável. Uma pesquisa com mais de 50 granjas uti-lizando o mesmo material genético mos-

trou que diferenças na longevidade estão diretamente relacionadas aos diferentes

tipos de instalações e manejos adotados pelas granjas. Isto significa que apesar das oportunidades genéticas (longevidade é hereditário h2 = 0.10 – 0.18, mas a um ní-

vel baixo, assim como outros parâmetros

reprodutivos), a escolha da instalação e do sistema de manejo influencia de forma mais efetiva na longevidade das fêmeas.

No entanto, longevidade versus perfor-

mance reprodutiva por ordem de parto

deverá permanecer como parte da seleção genética balanceada.

O intenso trabalho de melho-

ramento genético realizado nos suínos, com o objetivo de obter maior eficiência alimentar e carcaças com maior teor de carne magra, tem provocado alterações significativas nas matrizes atualmente disponíveis no mercado. As matrizes mo-

dernas são mais precoces e produtivas e possuem maior peso corporal, portanto,

são nutricionalmente mais exigentes.

A Nutrição da Fêmea Moderna

Embora os avanços genéticos tenham tornado as fêmeas mais produ-

tivas, elas são mais exigentes nutricio-

nalmente e menos resistentes aos desafios

nutricionais. As necessidades nutricionais

das fêmeas modernas e a disponibilidade

de nutrientes da dieta delas são pouco conhecidas em comparação ao conheci-mento que se tem dos suínos em fase de

crescimento e terminação. O número de pesquisas publicadas durante os últimos

40 anos com fêmeas suínas, de acordo

com o Commonwealth Agricultural

Bureau database (5), equivale a menos de

1% de todas as publicações referentes a suínos. A produtividade dos genótipos modernos aumentou de forma extrema-

mente rápida nos últimos 20 anos, entre-

tanto, os níveis nutricionais adotados para

estes animais ainda são baseados em resul-tados de pesquisas feitas entra a década

70 e o começo dos anos 90 (Agricultural Research Council-ARC) (3) e National

Research Council (NRC) (53). Além disso,

grande parte das recomendações nutricio-

nais atuais adotadas para as fêmeas em

reprodução são extrapolações não verifi-

cadas de pesquisas realizadas com suínos em terminação. Pesquisas mais recentes, utilizando os genótipos modernos, têm mostrado que as necessidades, tanto de

energia quanto de aminoácidos, são muito mais elevadas por uma margem signifi-

cativa do que os níveis propostos pelo

National Research Council (NRC) (53).

Para estabelecer um adequado programa de nutrição para matrizes mo-

dernas, deve-se considerar o material

genético da granja, suas necessidades nutricionais e os fatores que afetam essas

necessidades. Também é preciso enten-

der os diversos aspectos metabólicos da interação entre o genótipo, a nutrição e a reprodução da fêmea suína. Este enten-

dimento é fundamental para que se possa

alcançar, ao mesmo tempo, produtividade e longevidade do plantel.

Nutrição da Fêmea Gestante

Mudanças na nutrição energética

O estado energético da fêmea

gestante pode influenciar diretamente seu desempenho na lactação. O excesso de energia pode causar obesidade ao parto,

o que resulta em um consumo voluntário

reduzido, resultando em perdas corporais elevadas durante a lactação (76,34). Compa-

rando porcas gordas (349 g de gordura/kg de peso corporal) com magras (280 g de gor-dura/kg de peso corporal), mas com seme-

lhantes pesos ao parto, Revell et all (1998)

Figura 2. Relação entre peso ao nascimento e sobrevivência de leitões até o desmame em leitegadas

sem assistência ao parto para duas linhas genéticas (Merks, 2008).

Tabela 2. Progresso genético realizado e esperado para a produtividade de leitões,

sendo 2000 o ano base, e os resultados do Brasil e da Holanda (Merks, 2008).

Realizado

2000

Realizado

2004

Esperado

2008

Esperado

2012

Esperado

2020

Leitegadas/porca/ano 2.45 2.45 2.45 2.45 2.45

Nasc. Vivos/leitegada 12.2 12.6 13.0 13.4 14.2

Mortalidade % 7.5 7.3 7.2 7.1 7.0

Desmamados/

leitegada11.3 11.7 12.1 12.4 13.2

Desmamados/porca/

ano27.6 28.6 29.6 30.5 32.4

Nutrição

12

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

observaram uma redução de 30% no con-

sumo e maior perda de gordura dorsal nas

porcas gordas durante a lactação, efeitos que foram acompanhados por maior con-

centração de ácidos graxos não-esterifica-

dos e glicerol no sangue. A explicação é que altos índices de consumo alimentar

durante a gestação irão reduzir os níveis de insulina durante a lactação e/ou dimi-nuir a sensibilidade à insulina, o que, por

sua vez, resultará em maiores lipólise e nível de NEFA e, consequentemente, em

um apetite reduzido (64).

A redução no consumo voluntário passa ser um problema ainda maior quan-

do se trata de fêmeas de primeiro e segun-

do partos em relação às porcas pluríparas. Matrizes de primeiro parto apresentam menor capacidade de consumo alimentar,

da ordem de 20% (17), quando compara-

das a porcas pluríparas. De acordo com

Boyd et al. (2000), isso pode ser devido à menor capacidade gastrointestinal das

fêmeas jovens. Como as primíparas ainda estão em fase de crescimento, esse insu-

ficiente consumo pode acarretar efeitos mais prejudiciais em sua vida produtiva e reprodutiva futura quando comparadas às

fêmeas pluríparas.

Uma deficiência severa de ener-gia poderá resultar em porcas magras ao

parto, podendo levar a problemas durante

o parto e lactação com redução na capa-

cidade de produção de leite e no peso da leitegada ao desmame. Para controlar de forma mais eficiente o consumo de ener-gia pela fêmea gestante, o uso da alimen-

tação restrita e/ou controlada é realizada. As estimativas de energia para porcas ges-

tantes foram determinadas por Noblet et

al. (1997), nas quais os autores afirmam que mais de 60% das exigências de ener-

gia das fêmeas gestantes são representa-

das pela mantença, estando em torno de 0.44 MJ (ou 105 kcal) de EM/ kg de peso metabólico (PC0.75)/ dia, em condições de termoneutralidade. Este valor, segundo os

mesmos autores, não é significativamente influenciado pela ordem de parto, gesta-

ção e fase da gestação. Mais recentemen-

te, Samuel et al. (2007) reavaliaram as necessidades de energia metabolizável de mantença para genótipos modernos (altas taxas de deposição de tecido magro e pro-

lificidade) e observaram uma necessidade de 0.50 MJ (ou 120 kcal) de EM/ kg de peso metabólico (PC0.75)/ dia. Os mesmos

autores concluíram que o valor sugerido

por Noblet et al. (1997) e NRC(53) para a

atual população de fêmeas está abaixo da necessidade real em, aproximadamente,

14%. A provável explicação para as mu-

danças nas necessidades está relacionada à queda no conteúdo de gordura corporal

e ao aumento do conteúdo de massa pro-

téica, bem como ao aumento das taxas de

turnover protéico dos genótipos moder-nos.

O ganho materno deve ser en-

tendido como o ganho líquido de peso

da porca durante o período de gestação, desconsiderando o ganho de peso atribuí-

do ao útero, placenta, fluidos placentários, fetos e glândula mamária. De acordo com

Tokach et al. (1999), a demanda energé-

tica para ganho materno, considerando a

composição do ganho em 25% de gordura e 15% de proteína, é de, aproximadamen-

te, 4.8 MJ (ou 1150 kcal) de EM/ dia. A contribuição do ganho materno para a exigência energética da matriz é variável e está relacionada à fase de crescimento

da matriz, sendo maior em fêmeas primí-paras.

O crescimento fetal do útero e

da glândula mamária, representando as

necessidades energéticas da reprodução, exige um total de 1.59 MJ (ou 380 kcal) de EM/ dia para uma leitegada equivalen-

te a 12 fetos, independentemente do peso

da fêmea (57). Se considerarmos os genóti-pos modernos, nos quais se observam fê-

meas com 16 fetos, esta exigência seria de

1.98 MJ (ou 473 kcal) de EM/ dia, um au-

mento de 25% na necessidade de energia

para reprodução. Segundo Close (2001),

Figura 3. Relação entre ordem de parto e tamanho da leitegada, como visto em diferentes linhas

genéticas (Merks, 2008).

Figura 4. Exigências energéticas de porcas de primeiro parto (a) e quarto parto (b) em função do

período de gestação (Adaptado de Close, 2001).

Nutrição

14

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

aos 114 dias de gestação, 60% do gasto energético

com a reprodução é de-

vido ao útero gravídico,

e o restante, ao desen-

volvimento da glândula

mamária.

Além de diferi-

rem entre porcas nulípa-

ras e pluríparas, as exi-

gências energéticas se al-

teram durante a gestação (Figura 4). As exigências para ganho materno são maiores no primeiro ter-

ço de gestação e signifi-

cativamente superiores

em porcas primíparas.

Por outro lado, a de-

manda energética para

reprodução é maior no terço final de gestação. A demanda energética total

de uma fêmea gestante depende, também,

da condição corporal da matriz no mo-

mento da cobertura. Segundo Young et

al. (2005), animais com menor reserva de gordura corporal exigem maior quantida-

de de energia para atingirem a condição corporal preconizada para o momento do parto.

Mudanças na nutrição proteíca e

aminoacídica

A restrição alimentar imposta durante a gestação poderá tornar-se um fator limitante para ingestão de proteí-nas, causando deficiências, especialmente durante o terço final da gestação. Assim, considerando um fornecimento limitado

de ração para restringir o consumo de energia, torna-se importante fornecer uma

dieta que permita uma elevada eficiência de utilização da proteína.

Durante a gestação, as exigências protéicas de mantença têm sido estimadas com grande variabilidade, com valores

entre 50 a 133 g de proteína/dia (60), po-

dendo estar relacionada à massa protéica

corporal. Fuller et al., (1989) e National Research Council (NRC) (53) estimaram

a exigência diária de lisina para manten-

ça em 36 mg para cada kg de peso me-

tabólico (PC0,75). Recentemente, Samuel et al. (2008a) avaliaram as necessidades de lisina para mantença em fêmeas de genótipo moderno usando a oxidação de

aminoácidos como indicadores. Estes

autores encontraram que a necessidade

de lisina é de 49 mg/ kg de peso meta-

bólico (PC0,75); este valor excede a atual recomendação (23, 53) em 30%.

Há mais informações disponíveis sobre as exigências de lisina do que de

outro aminoácido essencial. Entretanto, se

aplicarmos a relação de proteína ideal uti-lizando a necessidade de lisina proposto por Samuel et al. (2008a), a necessidade de metionina seria 40% superior à reco-

mendação atual. A metionina desempe-

nha função essencial durante a gestação, incluindo a metilação de DNA durante o desenvolvimento gestacional, o que a

torna extremamente importante para a re-

gulação da expressão genética. Dourmad e Etienne (2002) concluíram que a ne-

cessidade de treonina durante a gestação para as fêmeas modernas é maior do que

o valor proposto pelo National Research

Council (NRC)(53). As autoras atribuem

esta diferença a uma maior retenção de nitrogênio diária observada nas fêmeas

modernas durante a gestação. Estes resul-tados corroboram para a hipótese de que as necessidades de aminoácidos dos genó-

tipos modernos sejam maiores, em virtude de uma maior capacidade de deposição de tecido magro e turnover proteico.

Para que o crescimento fetal e o desenvolvimento do tecido mamário

ocorram de forma rápida durante a fase

final da gestação, as necessidades de ami-noácidos tendem a ser maiores nesta fase,

particularmente em primíparas. Portanto,

o crescimento muscular deverá ser con-

siderado nas fêmeas mais jovens como parte de suas necessidades reprodutivas.

Analisando estudos recentes com fême-

as de genótipos modernos, tem sido dada uma atenção, em particular, ao crescimen-

to fetal(49), desenvolvimento das glândulas

mamárias(28) e crescimento materno (29).

Os resultados obtidos por estes autores

indicam um crescimento cúbico, tanto do

tecido mamário quanto dos fetos, princi-

palmente a partir dos 70 dias de gestação. Resultados, estes, superiores aos observa-

dos em estudos similares nas décadas de

80 e 90.

De acordo com McPherson et al. (2004) e Kim et al. (2009), um feto ganha 17,5 g de proteína corporal do dia 0 ao 70

(0,25 g de proteína/dia) e 203,7 g de pro-

teína do dia 70 ao 114 (4,63 g de proteína/dia). Se considerarmos uma fêmea com 16 fetos, são 4,0 e 74,1 g/dia de ganho protéico para o início e final da gestação, respectivamente. Isto equivale a uma di-

ferença de 70,1 g/dia ou um aumento de 18,5 vezes na taxa de ganho protéico en-

tre as fases inicial e final da gestação. Wu et al. (1999) avaliaram a composição de aminoácidos de fetos suínos durante dife-

rentes fases da gestação e observaram que esta variável muda de forma significativa com o progresso da gestação.

O ganho individual da glândula

mamária é de, aproximadamente, 11,2 g

de proteína do dia 0 até 80 (0,14 g de pro-

teína/dia) e 115,9 g de proteína do dia 80 até 114 (3,41 g de proteína/dia). Se uma

Tabela 3. Ganho de conteúdo protéico (CP) e aminoacídico pelo feto e tecido mamário durante a

gestação (adaptado de Kim et al., 1999a; Wu et al., 1999; Ji et al., 2004; e McPherson et al., 2004).

Item CP Lis Thr Trp Met Val Arg Ile Leu

Tecido fetal

D 0 a 70 de gestação

% em proteína - 7,79 4,04 1,22 2,23 5,30 6,45 3,56 8,12

Ganho, g • d-1 • feto-1 0,25 0,019 0,010 0,003 0,006 0,013 0,016 0,009 0,020

D 70 ao parto

% em proteína - 6,11 3,51 1,20 1,99 4,55 6,84 3,07 7,16

Ganho, g • d-1 • feto-1 4,63 0,283 0,162 0,056 0,092 0,211 0,317 0,142 0,332

Tecido mamário

% em proteína - 7,50 4,25 1,17 1,98 5,70 6,13 4,13 8,37

D 0 a 80 de gestação

Ganho, g • d-1 • glând.-1 0,14 0,011 0,006 0,002 0,003 0,008 0,009 0,006 0,012

D 80 ao parto

Ganho, g • d-1 • glând.-1 3,41 0,256 0,145 0,040 0,068 0,194 0,209 0,141 0,286

Nutrição

16

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

fêmea tem 16 glândulas mamárias, serão 2,2 e 54,6 g/ dia de ganho protéico para

as fases inicial e final da gestação, respec-

tivamente. Isto representa uma diferença de 52,3 g ou um aumento de 24,4 vezes na taxa de ganho proteico entre o início

e o fim da gestação (28). Com base nestes

resultados, é possível determinar o ganho

protéico e aminoacídico dos fetos e do te-

cido mamário durante a gestação (Tabela 3). As mudanças nas taxas e composição dos ganhos de tecidos afetam as necessi-

dades individuais dos aminoácidos para

o crescimento fetal e mamário durante a

gestação.

O National Research Council

(NRC)(53) e o Centraal Veeroederbureau

(CVB) (3), que utilizam modelos baseados em genótipos diferentes dos atuais para estimar as necessidades de lisina para

gestação, indicam níveis de 9 a 10 g/dia de lisina para pluríparas e 11 a 12 g/dia

para nulíparas. Segundo Close (2001), matrizes gestantes pluríparas têm exigên-

cia de lisina da ordem de 10 a 11 g/dia,

enquanto nulíparas ou matrizes em pro-

cesso de crescimento exigem 14 a 15 g/

dia de lisina. A partir da composição ami-noacídica dos diversos tecidos (materno, útero, feto, placenta e glândula mamária) e das mudanças que ocorrem durante a gestação foi possível desenvolvermos um modelo (IPG Sow Model® 2010) baseado no perfil produtivo dos genótipos moder-nos, por meio do qual obtivemos neces-

sidades de lisina da ordem de 12 a 13 g/

dia para pluríparas, enquanto que para

fêmeas nulíparas e primíparas obtivemos

uma necessidade média da ordem de 14

a 16 g/dia de lisina. Nossos resultados

estão próximos aos encontrados por Clo-

se (2001) e superam, aproximadamente, 24% dos requerimentos propostos pelo

National Research Council (NRC)(53) e o

Centraal Veeroederbureau (CVB)(3) (Fi-gura 5). Segundo Ji et al. (2005), baseado nas exigências de mantença, como ganho de tecido materno e crescimento dos con-

ceptos, porcas nulíparas gestantes exigem

6,8 e 15,3 g/dia de lisina digestível antes

e após os 75 dias de gestação. Separan-

do as necessidades em duas fases (antes e após os 75 dias de gestação), obtivemos, com nosso modelo, um requerimento de

10,3 e 17,8 g/dia de lisina digestível para

matrizes nulíparas e 9,2 e 16,6 g/ dia para pluríparas. As diferenças observadas entre os resultados de Ji et al. (2005) e os nos-

sos podem ser atribuídas às diferenças de condição corporal das fêmeas no começo

da gestação, ao número e peso dos fetos e ao genótipo utilizado.

Com base nos resultados das re-

centes pesquisas tem-se estimulado o es-

tabelecimento de programas nutricionais

baseados em mais de uma fase, e não mais uma única dieta durante todo o período de

gestação(49). Embora Clowes et al. (2003a) não tenham encontrado benefícios produ-

tivos e reprodutivos para fêmeas alimen-

tadas com três níveis de proteína durante

a gestação, os autores recomendam tal prática pela redução da excreção total e emissão de amônia, o que pode contribuir para maior produtividade animal e atendi-

mento da legislação ambiental.

A nutrição durante a gestação deve maximizar a retenção protéica e garantir

uma adequada deposição de gordura. Esta estratégia maximiza a liberação de insu-

lina, minimiza os níveis de glucagon, au-

mentando o consumo voluntário de ração durante a lactação (32).

Nutrição materna durante a ges-

tação como uma oportunidade para me-

lhorar peso e uniformidade da leitegada

ao nascimento

A seleção genética para maior prolificidade alcançou bons resultados, aumentando o tamanho da leitegada. As-

sumindo que a capacidade do útero em

manter o número de feto inteiramente for-

mados até o parto é limitada, é aceitável

Figura 5. Comparação das necessidades de lisina digestível para matrizes utilizando dois modelos

diferentes (IPG Sow Model® 2010 – azul; e CVB 1996 – rosa).

Figure 6. Relação entre o número de fetos e o peso médio. O peso fetal foi mensurado

nos dias 46 (l) e 56(n) de gestação (Adaptado de Musser et al., 2004).

Suínos & CiaAno VI - nº 37/2010

17

Nutrição

que se estabeleça uma correlação negati-va entre o aumento do número de fetos e

o seu crescimento individual (Figura 6). Sendo assim, vários autores observaram

aumentos na desuniformidade do peso

dos leitões dentro de uma mesma leitega-

da, bem como a redução do peso médio da leitegada, devido à seleção genética para tamanho de leitegada (45,82,24) (Figura 7).

O peso ao nascimento e sua va-

riação dentro da leitegada representam um fator de interesse, uma vez que tem sido mostrado que estão positivamente correlacionados com a mortalidade pré-

desmame(89). Em leitegadas com grandes

variações na uniformidade ao nascimen-

to, os leitões menores são excluídos do acesso aos tetos funcionais e produtivos,

devido à desvantagem em competir com

os leitões maiores pelos melhores tetos. Estes leitões apresentam menor ingestão de colostro e de leite, o que leva à me-

nor aquisição de imunidade passiva, acar-retando um estado nutricional baixo (65)

Consequentemente, os leitões menores são comprometidos fisiologicamente em termos de reservas de energia, sendo mais

susceptíveis à hipotermia (89).

Em adição, leitegadas com maior variação no peso ao nascimento também apresentam maiores variações de peso ao desmame. Este fato, como não é desejado, resulta em um manejo mais complicado. Leitões que nascem com pesos abaixo da média apresentam índices de crescimen-

to mais lentos e idade mais avançada ao abate(26).

O não atendimento das exigências nutricionais das fêmeas durante a gesta-

ção, associado às necessidades nutricio-

nais elevadas para suportar mais fetos no

útero, pode ser correlacionado ao fenôme-

no denominado restrição do crescimento intrauterino (IUGR) e, por consequência,

afetar negativamente o desempenho da

leitegada por meio do aumento na desu-

niformidade e redução do peso de nasci-mento dos leitões.

A nutrição durante o período pré-ovulatório e suas consequências sobre o desenvolvimento e a sobrevivência em-

brionária têm sido avaliadas por diversos

autores(38, 64, 92, 93). Entretanto, evidências

que provam este efeito são limitadas. Fer-guson et al. (2006), avaliando os efeitos das alterações na quantidade e composi-ção de dietas pré-cobertura em marrãs, não encontraram efeitos sobre variabili-dade no peso da placenta, peso fetal ou

comprimento do feto nos dias 27/28 de

gestação (Tabela 4). Entretanto, os au-

tores encontraram indícios de fetos com

restrição do crescimento intrauterino em muitas leitegadas.

Os efeitos da nutrição pré-ovu-

latória sobre os folículos e oócitos estão associados ao efeito da nutrição sobre a

concentração de hormônios circulantes, tais como hormônios de crescimento e

leptina, mais em especial as considera-

ções de insulina e IGF-I. Concentrações sanguíneas de insulina e IGF-I são consi-deradas importantes mediadores dos efei-

tos da nutrição sobre os ovários. Segundo Yang et al. (2000a), o nível de ingestão de lisina durante a lactação anterior afetou a distribuição e o tamanho dos folículos na população pré-ovulatória, a atividade esteroidogênica dos folículos maiores e a

habilidade do folículo em suportar matu-

ração do oócito (qualidade folicular). De acordo com os autores, estes achados dão suporte fisiológico para a redução obser-vada na performance reprodutiva, resulta-

do de uma ingestão deficiente de aminoá-

cidos durante a lactação.

O nível de energia da dieta tam-

bém tem sido investigado como um fator

relacionado ao desenvolvimento da pla-

centa e do feto. Noblet et al. (1985) obser-varam uma relação direta entre a nutrição

Figura 7. Relação entre o numero de leitões nascidos e o peso médio do leitão dentro da leitegada

(Adaptado de Smit., 2007).

Tabela 4. Efeito da dieta pré-cobertura sobre o crescimento fetal até os dias 27/28 de gestação (Adaptado de Ferguson et al., 2006).

Ma

(n = 10)

1.8 x M

(n = 8)

2.6 x M

(n = 8)

Fibrab

(n = 8)

Proteinab

(n = 8)

Amidob

(n = 8)

Número de leitegadas com fetos IUGRc 1 4 1 1* 0 5#

Número de leitegadas com fetos SGAd 3 2 2 3 4 2

Total de leitegadas com fetos IUGR ou SGA 4 6 3 4 4 7

% de leitegadas contendo fetos com

crescimento inadequado40 75 38 50 50 88

a M = mantença b 1.8 x M isoenergética c IUGR = restrição do crescimento intrauterinod SGA = pequeno para a idade gestacional * Sign. diferente do 1.8 x M controle (p<0.05)

# Sign. diferente do M control (p<0.05)

Nutrição

18

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

materna e o peso fetal, na qual, reduzindo o consumo de ração e, por consequência, a ingestão de energia após os 80 dias de gestação, levou-se à uma redução do cres-

cimento fetal em marrãs. Lawlor et al. (2007) não observaram influência sobre peso ao nascimento, peso ao desmame e

uniformidade da leitegada quando ava-

liaram cinco diferentes níveis de energia

durante a gestação. Laws et al. (2009) observaram que a suplementação de óleo (10%) alterou a distribuição dos pesos dos leitões ao nascimento e melhorou o estado energético dos leitões mais leves. A suplementação de MUFA durante a pri-meira metade da gestação tem mostrado resultados benéficos por meio da redução de leitões com peso baixo ao nascimento. Já o fornecimento de dietas com níveis elevados de PUFA tem um efeito inverso. Kongested (2005) sugeriu que a taxa de prenhez e o tamanho de leitegada podem ser influenciados pelo consumo de ener-gia, entretanto, o autor concluiu que os

resultados de literatura são inconsistentes e não fornecem uma ideia clara da relação ideal entre o fornecimento de energia e a

performance reprodutiva.

A restrição protéica tem sido re-

lacionada com efeitos negativos observa-

dos durante a gestação. Segundo Wu et al. (1998), marrãs recebendo dietas com

baixos níveis de proteína apresentam

concentrações reduzidas de aminoácidos básicos (arginina, lisina e ornitina) e de vários aminoácidos neutros (alanina, glu-

tamina, glycina, prolina, serina, taurina e treonina) na placenta e no endométrio ao nível de 16% a 30%. Uma restrição severa de proteína reduzirá as atividades do óxi-do nítrico sintetase e a síntese de citrulina

a partir da atividade da arginina e ornitina

descarboxilase na placenta e no endomé-

trio em 30% a 51%, 34% a 42% e 44%

a 77%, respectivamente. Estes resultados

mostram evidências da importância da nu-

trição materna, mais especificamente dos aminoácidos da família da arginina sobre

o crescimento fetal, já que as funções afetadas são estritamente relacionadas à angiogênese e ao crescimento da placenta

e embrionário. Mateo et al. (2007) avalia-

ram a suplementação de 1% de L-arginina na dieta para marrãs e observaram um au-

mento em 22% no número de nascidos vi-

vos e 24% no peso da leitegada (Tabela 5). A explicação é que a suplementação de ar-ginina aumentou a síntese de óxido nítrico e de poliaminas, elevando a eficiência no processo de angiogênese e crescimento da

placenta, melhorando a circulação utero-placental, aumentando a transferência de

nutrientes e O2 entre a porca e os fetos e

consequentemente, aumentando a sobre-

vivência e crescimento fetal.

A utilização de aditivos pode ser uma alternativa para melhorar o desem-

penho da leitegada durante a gestação. A suplementação da ração com L-carnitina (Tabela 6) durante a gestação aumentou o tamanho e o peso da leitegada ao nasci-

mento (Ramanau et al., 2008).

A variação na quantidade de ração fornecida tem sido relacionada a melho-

ras do peso da leitegada ao nascimento.

Mahan (1998), avaliando diferentes ní-veis de fornecimento de ração para fême-

as gestantes, observou que aquelas que

receberam 130 gramas de ração adicional por dia pariram um número maior de lei-

tões, mais pesados do que o tratamento controle. Diversos autores (51, 56, 42 11) ob-

servaram efeitos negativos sobre a mor-

talidade, número total de nascidos vivos,

peso da leitegada e uniformidade quando

forneceram quantidades elevadas de ra-

ção em diversas fases da gestação. O que pode ser explicado é que o fornecimento

elevado de ração altera a concentração de progesterona circulante, que, por sua vez, modifica o desenvolvimento do endomé-

trio e sua atividade secretora, afetando a

composição dos fluidos alantóicos que fornecem nutrientes para os fetos(4,19). Re-

centemente, Quesnel et al. (2010) obser-varam que níveis elevados de alimentação (4 vs. 2 kg/ dia) da cobertura até os 28 dias

Tabela 5. Performance reprodutiva de marrãs suplementadas ou não com 1% de L-arginina-HCL

(Adaptado de Mateo et al., 2007).

ParâmetrosTratamento

Erro padrãoControle Arginina

Total nascidos vivos por leitegada (n) 9,37 11,40* 0,56

Peso da leitegada ao nascimento, nascidos vivos (Kg) 13,19 16,38* 0,74

Natimortos por leitegada (n) 1,86 0,66* 0,147

Variação de peso leitões nascidos vivos (Kg) 0,240 0,253 0,017

*Sign. ao nivel de P<0.05

Tabela 6. Efeito da suplementação de L-carnitina (25 ou 50 mg/ kg) durante a gestação sobre o tamanho da leitegada, peso do

leitão ao nascimento (kg) e peso da leitegada ao nascimento (kg) (Adaptado de Ramanau et al., 2008).

Controle 25 mg/kg 50 mg/kgP-value

(25 vs. C)

P-value

(50 vs. C)

P-value

(50 vs. 25)

Número de fêmeas 491 535 521

Total nascidos 11,47 11,76 11,99 0,35 0,04 0,49

Número nascidos vivos 10,60 11,07 11,18 0,04 0,01 0,86

Natimortos & mumif, 0,87 0,68 0,81 0,01 0,46 0,09

Peso nascimento leitão 1,40 1,48 1,51 <0,001 <0,001 0,08

Peso leitegada ao parto 15,07 16,39 16,78 <0,001 <0,001 0,24

Nutrição

20

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

Figura 8. Esquema do metabolismo energético em fêmeas lactantes (Bergsma et al., 2009).

Suínos & CiaAno VI - nº 37/2010

21

Nutrição

de gestação em marrãs prolíficas não afe-

taram a sobrevivência embrionária e não tiveram nenhum efeito benéfico ou detri-mental sobre o tamanho e a variabilidade

dos embriões.

Nutrição da Fêmea Lactante

Mudanças na nutrição energética

Fêmeas em lactação exigem ener-gia para sua mantença e produção de leite. Tais exigências dependem de seu peso,

produção e composição de seu leite e das condições ambientais sob as quais estão alojadas. Embora a mensuração dessas exigências seja difícil, segundo Aherne & Foxcroft (2000), de 25% a 80% das exi-gências energéticas das fêmeas lactantes

são destinadas à produção de leite, e os 25% restantes, à mantença.

Informações atualizadas sobre a necessidade de energia para matrizes lac-

tantes modernas são limitadas. O consumo inadequado de energia durante a lactação faz com que a matriz mobilize nutrientes de diferentes tecidos corporais, levando a

uma significativa perda de peso. A maio-

ria dos trabalhos aponta para exigências

energéticas de mantença semelhantes en-

tre fêmeas gestantes e lactantes. Noblet

et al. (1990) sugerem diferentes valores, 0,46 (ou 110 kcal) e 0,44 (ou 105 kcal) MJ de EM/ kg de peso metabólico (PC0.75) para lactação e gestação, respectivamen-

te. Porém, estas diferenças parecem ser relativamente pequenas, da ordem de 5%.

Mais recentemente, Samuel et al. (2007a, b, c, d) estimaram a energia de manten-

ça para fêmeas lactantes em 0,51 (ou 122

kcal) ± 0,07 (ou 16,73 kcal) MJ de EM/ kg de peso metabólico (PC0.75), 10% su-

perior ao valor proposto por Noblet et al.

(1990).

Para o cálculo da demanda ener-gética para a produção de leite é utilizado o ganho de peso da leitegada no período

de lactação. Porém, novos conceitos têm sido adotados para melhor estimação da produção de leite e eficiência de utiliza-

ção da energia para tal produção. Para que a fêmea suporte um número crescente de

leitões durante a lactação, torna-se extre-

mamente importante mantê-las em uma

condição corporal adequada. Geralmente, o consumo de ração durante a lactação não é suficiente para sustentar uma produ-

ção de leite adequada e manter leitegadas grandes(57,20). Se uma maior demanda por

energia não pode ser atendida via con-

sumo extra, as matrizes são obrigadas a mobilizar suas reservas corporais. Níveis excessivos de mobilização podem tornar-se um problema para a longevidade da

fêmea(13, 14). Como resultado da seleção para suínos mais magros e com maior

eficiência alimentar, o consumo de ração tende a diminuir, pois a alta deposição muscular e a eficiência alimentar são ne-

gativamente correlacionadas com o ape-

tite (Kanis, 1990). Assim sendo, torna-se necessário focar na eficiência lactacional (Figura 8;(6)), ou seja, aumentar a eficiên-

cia energética durante a lactação poderá ser uma solução, levando a uma maior produção de leite com um dado consumo e mobilização de reservas.

Um exemplo de determinação das necessidades de energia para fêmeas lac-

tantes é proposto por Abreu et al. (2005). De acordo com os autores, os dados da

Tabela 7 indicam que as exigências ener-

géticas totais de fêmeas em lactação são muito superiores do que em gestação e que podem, na maioria das condições co-

merciais de criação, não serem atendidas pelo consumo alimentar da fêmea. Isso

implica que a matriz necessitará mobili-zar reservas corporais para atendimento das necessidades nutricionais.

Koketsu et al. (1996), trabalhan-

do com fêmeas primíparas, avaliaram o

uso de rações com altos (69 MJ [ou 16,5 Mcal] EM/dia) ou baixos (27 MJ [ou 6,4 Mcal] EM/dia) níveis de energia, durante um período de lactação de 21 dias. As res-

trições de consumo de energia foram im-

postas durante toda a lactação e durante a primeira, segunda ou terceira semanas

de lactação. Os autores verificaram que o consumo de dietas com níveis elevados de

energia durante toda a lactação promoveu menor perda de peso corporal e menor

intervalo desmame-estro e ainda que a

restrição de consumo de energia em qual-quer período da lactação possui um efeito importante sobre a produtividade das fê-

meas. O efeito do alto consumo de energia

sobre a capacidade reprodutiva das fême-

as após o desmame pode ser atribuído ao perfil de secreções dos hormônios, LH e insulina(20, 85).

Mudanças na nutrição protéica e

aminoacídica

Em sistemas de manejo con-

vencionais, leitões recém-nascidos são capazes de atingir somente uma fração do seu real potencial de crescimento durante

a fase de amamentação(27). Nos últimos

Tabela 7. Exigência diária de energia metabolizável de porcas em lactação em função do peso da matriz e do ganho de peso da

leitegada (adaptado de Abreu et al., 2005).

Energia metabolizável

Peso da porca após o parto (kg)

200 250

Ganho de peso da leitegada (kg/dia)1

2,0 3,0 2,0 3,0

Para mantença (MJ) 24,5 24,5 28,9 28,9

Para produção (MJ) 52,0 79,6 52,0 79,6

Total (MJ) 76,5 104,1 80,9 108,5

Total (Mcal) 18,3 24,9 19,3 25,9

Kg de ração2 5,9 8,0 6,2 8,31 – 10 e 12 leitões para 2,0 e 3,0 kg/dia respectivamente2 – 12,9 MJ (3083 kcal) de EM/ kg

Nutrição

22

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

anos, este fato tem levado pesquisadores

a focarem na importância dos nutrientes,

em particular, os aminoácidos, para oti-

mizar o potencial das glândulas mamárias durante a lactação(34). O crescimento da

glândula mamária durante a lactação afe-

ta a quantidade de leite produzido pelas fêmeas e, por consequência, o crescimen-

to dos leitões(35). Desta forma, o manejo nutricional adotado durante a lactação de-

verá priorizar o máximo crescimento ma-

mário. Kim et al. (1999b) demonstraram que o crescimento mamário é afetado pelo

consumo de aminoácidos e de energia du-

rante a lactação. O crescimento das glân-

dulas mamárias foi maximizado quando as fêmeas receberam 55 g de lisina e 71

MJ (ou 16,9 Mcal) de EM por dia durante a lactação, entretanto, este valor excede a recomendação proposta pelo National Re-

search Council (NRC)(53).

As necessidades de aminoácidos

para maximizar a produtividade de leite também podem ser afetadas pelo tama-

nho da leitegada. A deposição de lisina (ou aminoácidos essenciais) na glândula mamária aumenta em 0,13 g/dia (ou 1,20 g/dia) para cada leitão adicionado à fêmea durante a lactação(37). Nielsen et al. (2002) determinaram a quantidade de lisina utili-

zada pelas glândulas mamárias de fêmeas com diferentes tamanhos de leitegadas

(1,92 g de lisina/dia) para cada leitão extra (por leitegada), durante 21 dias de lactação.

Considerando os resultados obti-

dos por Kim et al. (1999c) e Nielsen et al. (2002), as necessidades de aminoácidos para cada leitão adicional serão maiores do que o acúmulo atual de aminoácidos

pelos tecidos. Estes resultados indicam

que os programas nutricionais atuais não são ideais para o crescimento da glândula mamária, especialmente para as fêmeas

de genótipos modernos, que possuem lei-tegadas grandes e mais glândulas mamá-

rias ativas.

Segundo Abreu et al. (2005), as exigências de proteína e de lisina de fê-

meas lactantes podem ser estimadas fato-

rialmente a partir das exigências para a

mantença e produção de leite, devendo, ainda, ser descontadas as quantidades

fornecidas por meio da mobilização da proteína corporal. Utilizando as equações propostas por Close (2001) e o novo re-

querimento de lisina para mantença pro-

posto por Samuel et al. (2008a), é possível estimar as exigências de lisina para fême-

as lactantes:

De acordo com Samuel et al.

(2008a), as exigências são:

Exigência de lisina para mantença =

0,049 g x peso corporal(kg) 0,75

E segundo Close (2001) são:

Exigência de lisina para produção de

leite:

• Produção de leite (g/dia) = 4 x ganho de peso da leitegada (g/dia)

• Produção de proteína no leite (g/dia) = produção de leite x 0,056

• Produção de lisina total (g/dia) = produ-

ção de proteína no leite (g/dia) x 0,076

• Eficiência de utilização de lisina para produção de leite = 80%

• Digestibilidade da lisina = 90%

Lisina da proteína corporal:

• Proteína mobilizada (g/dia) = perda de peso diária(g) x 0,175

• Eficiência de utilização da proteína do tecido = 85%

• Lisina total mobilizada (g/dia) = proteí-na mobilizada x 0,07

• Digestibilidade da lisina = 90%

A partir das informações acima, na Tabela 8 são apresentadas estimativas de exigência de lisina para fêmeas em lac-

tação com 200 kg de peso, para um perío-

do de lactação de 21 dias.

A produção de leite é relativa-

mente pouco afetada por uma deficiência modesta de proteína na dieta, isto porque

as fêmeas são capazes de mobilizar pro-

teína corporal para suportar as demandas

por aminoácidos para a síntese de leite(69).

Entretanto, uma deficiência severa de pro-

teína na dieta durante a lactação reduz a produção de leite (39,30).

Quando fêmeas não recebem quantidades adequadas de aminoácidos

na dieta, proteínas do tecido materno,

particularmente proteínas musculares es-

queléticas, são mobilizadas para atender à produção de leite. A mobilização ex-

cessiva de proteína materna geralmente

resulta em falhas na atividade reprodutiva

subsequente(30).

Portanto, estabelecer os requeri-mentos de aminoácidos ideais para fêmeas

em lactação não só maximiza a produção de leite para os leitões, mas também auxi-lia na mantença da condição corporal para garantir uma boa longevidade(36). Dour-

mad et al. (1998) afirmaram que fêmeas de alta capacidade produtiva precisam de,

no mínimo, 55 g/ dia de lisina dietética

para minimizar a perda corporal, e este re-

querimento é o mesmo que o proposto por

Kim et al. (1999b) para obter o máximo crescimento da glândula mamária.

O conceito de proteína ideal tem

sido utilizado para estimar as necessida-

des dos diversos aminoácidos, a partir do

conhecimento da exigência de lisina. De

acordo com o ARC (1981), como as ne-

cessidades de aminoácidos para produção de leite pela fêmea são bem maiores do que para outros processos metabólicos, o balanço dietético ideal de aminoácidos relativo à lisina deveria ser semelhante

ao balanço de aminoácidos do leite da fêmea. Entretanto, os estudos de Trottier

et al. (1997) têm demonstrado que o per-fil de aminoácidos extraídos do plasma pela glândula mamária difere, conside-

ravelmente, do perfil de aminoácidos da proteína do leite. Entre os aminoácidos

essenciais, os autores encontraram, res-

pectivamente, uma retenção significativa de arginina, leucina, isoleucina, valina,

fenilalanina e treonina, e não foram ob-

servadas retenção de metionina, lisina e histidina. Estes autores acreditam que

os aminoácidos retidos seriam utilizados para manutenção da glândula mamária, síntese de proteínas estruturais, ou como

fonte de energia.

Outro aspecto que deve ser leva-

do em consideração no estabelecimento das exigências de aminoácidos de fêmeas

lactantes é o grau de mobilização dos te-

cidos corporais durante a lactação. Kim et al. (2001) sugerem diferentes padrões de proteína ideal para fêmeas em lactação, de acordo com o grau de mobilização do tecido muscular. Assim, para fêmeas que

apresentam baixo consumo voluntário de

alimento e substancial mobilização de te-

cidos durante a lactação, a treonina é um aminoácido crítico, enquanto que a valina

torna-se mais importante para fêmeas que

apresentam um alto consumo de alimento

e pouca mobilização de tecidos durante a lactação. A lisina, entretanto, continua a ser o principal aminoácido limitante em

ambos os casos.

Conduzindo um ensaio a campo, Silva et al (2003) verificaram menor perda de peso e proteína corporal em fêmeas

que receberam ração com redução de proteína bruta adicionada de aminoácidos

sintéticos, na qual a relação treonina

Suínos & CiaAno VI - nº 37/2010

23

Nutrição

digestível/lisina digestível foi aumentada.

Embora não tenha havido diferenças para o desempenho da leitegada, as fêmeas

que perderam menos peso apresentaram

menor intervalo desmame-cio.

Nutrição da Fêmea Moderna nos

Trópicos

Efeitos do clima tropical sobre a

produtividade de fêmeas gestantes e

lactantes

Durante a última década, a produ-

ção de suínos em regiões tropicais, como o Brasil, aumentou de forma intensa.

Nestas regiões, a produção e a perfor-mance geralmente permanecem abaixo

daquelas obtidas em países de clima tem-

perado, como na Europa e América do

Norte. Apesar de muitos fatores estarem

envolvidos, o clima é o primeiro fator li-

mitante para uma produtividade eficiente em regiões quentes. Enquanto que o es-

tresse por calor é um desafio ocasional nas regiões de clima temperado por meio das chamadas “ondas de calor”, nas áre-

as tropicais e subtropicais é um desafio constante. Em adição, nestas regiões, os efeitos das temperaturas elevadas podem

ser intensificados pela umidade relativa do ar(70). Os suínos, como animais homeo-

térmicos, possuem um sistema de controle

do ambiente interno, acionado quando o

ambiente externo apresenta situações des-

favoráveis. Sob condições de estresse por calor, os suínos reduzem seu apetite como forma de diminuir a produção de calor en-

dógena, devido ao efeito termogênico do alimento (TEF). Esta redução no consumo é dependente de fatores relacionados à ca-

tegoria animal, tais como peso vivo, raça e sexo, e fatores ambientais, como insta-

lações, manejo alimentar e condições cli-máticas. A redução de consumo de ração resulta em perdas na performance produ-

tiva e reprodutiva dos suínos, o que gera

prejuízos para o setor produtivo. Quando consideramos os genótipos modernos, os efeitos climáticos são mais intensificados devido às taxas elevadas de crescimento,

deposição de tecido muscular e potencial reprodutivo(70).

Segundo Brown-Brandl et al.

(2004), a capacidade de produção de calor dos genótipos modernos é 18,1% superior

a dos genótipos das décadas de 80 e 90. Isto se deve, em grande parte, às mudan-

ças na composição corporal dos animais (mais músculo e menos gordura) e ao au-

mento nas taxas de crescimento de tecido

muscular. Tess et al. (1984) estimaram que para cada 2,1% de aumento na por-

centagem de tecido magro, a produção de calor aumenta em 18,7%. Portanto, é de suma importância considerar estas altera-

ções na capacidade de produção de calor do suíno moderno, já que este fator, asso-

ciado às condições climáticas observadas nos trópicos, implica na necessidade de redefinir conceitos das instalações e de manejo para podermos maximizar o po-

tencial produtivo dos animais.

Altas temperaturas podem afetar

todos os estágios da vida reprodutiva e

produtiva das fêmeas, desde o desenvol-

vimento da puberdade até a reprodução e nascimento dos leitões. Alguns dos efei-tos negativos do clima em matrizes ges-

tantes são atraso no desenvolvimento nor-mal dos níveis de hormônios em marrãs, redução na taxa de concepção, aumento na mortalidade ao nascimento, aumen-

to na incidência de aborto e mortalidade

embrionária(41). Fêmeas destinadas à re-

produção possuem elevado peso corporal e espessa camada de gordura subcutânea e

também apresentam maior atividade me-

tabólica, devido à manutenção dos pro-

cessos reprodutivos, seja manutenção da gestação e/ou da lactação(61,75).

As variações na temperatura am-

biente e o fotoperíodo são os principais fatores externos responsáveis pela inferti-

lidade estacional em fêmeas suínas, repre-

sentando perdas econômicas expressivas

durante os períodos mais quentes do ano.

No período de gestação, a tempe-

ratura elevada pode ser um fator de risco

para aumentar o número de leitões mu-

mificados ou reduzir o número de leitões nascidos vivos, e mesmo quando a expo-

sição ao calor ocorre durante um curto pe-

ríodo do ciclo reprodutivo (três dias antes do estro previsto, prolongando-se até dois

dias após a ocorrência do mesmo), pode aumentar a incidência de cistos ovarianos,

estros tardios, anestros e até mesmo de es-

tros anovulatórios em leitoas(7). Por outro lado, as menores taxas de parto observa-

das no período de verão estão relaciona-

das com distúrbios reprodutivos ocorridos

no início da gestação, provavelmente em consequência da inadequada secreção de LH ou da endometrial, que interferem no

Tabela 8. Estimativa fatorial da exigência de lisina de porcas em lactação com 200 kg

de peso corporal (Adaptado de Close, 2001; e Samuel et al., 2008a)

GPD leitegada (kg/dia) 1,8 2,2 2,6

Produção de leite (kg/dia) 7,2 8,8 10,4

Com 0% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 0 0 0

Exigência lisina digestível (g/dia) 40,9 49,4 57,9

Exigência lisina total (g/dia) 45,4 54,9 64,3

Com 10% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 9,9 9,9 9,9

Exigência lisina digestível (g/dia) 31,0 39,5 48,0

Exigência lisina total (g/dia) 34,4 43,9 53,3

Com 15% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 14,8 14,8 14,8

Exigência lisina digestível (g/dia) 26,1 34,6 43,1

Exigência lisina total (g/dia) 29,0 38,4 47,9

Nutrição

24

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

desenvolvimento normal dos embriões, e da habilidade deles em produzir sinais estrogênicos quando do reconhecimento

materno da gestação (41). Embora não es-

tejam ainda completamente desvendados os mecanismos pelos quais a temperatura

ambiente elevada induz aos distúrbios re-

produtivos na fêmea suína, algumas teo-

rias foram propostas e estão relacionadas ao consumo alimentar, mudanças endócri-nas e elevação da temperatura retal.

Com a elevação da temperatura interna da maternidade, além da máxima

de conforto térmico, a fêmea lactante fica sujeita ao estresse por calor, e à medida que esta condição estressante vai se man-

tendo ou aumentando, o desempenho da

leitegada vai piorando(77). Quanto mais

elevada for a temperatura, maior poderá

ser o estresse por calor. As fêmeas, quando

submetidas ao estresse por calor, passam a

fazer uso do processo de respiração super-ficial, que é pouco eficiente em dissipar o calor corporal, em virtude do menor tem-

po disponível para a saturação do ar ex-

pirado. Animais sob estas condições, para manter a temperatura corporal constante,

aceleram a respiração, reduzem a ingestão de alimentos e aumentam a ingestão de água(80). Em decorrência disto, as fêmeas

diminuem quantitativamente a produção

de leite e aumentam a perda de peso. Isto,

dependendo da intensidade, pode acar-

retar no atraso do cio pós-desmame e/ou em aparecimento de cio infértil e, como

consequência, leva à redução da taxa de concepção (taxa de partos), podendo re-

sultar em aumento da mortalidade em-

brionária naquelas fêmeas que fecunda-

ram. O estresse por calor também pode

ocasionar alterações no comportamento das fêmeas em lactação. Essas alterações comportamentais devido a estresse térmi-

co podem ocasionar alterações na cinética de consumo diário, bem como na redução da ingestão total de alimento pelas fêmeas (Figura 9), redução do tempo de ofereci-mento de leite aos leitões e agitação com mudanças de posicionamento das porcas (elas deitam e levantam mais vezes do que o normal e em decorrência desta agi-

tação ocorre o aumento da mortalidade de leitões por esmagamento)(80). Assim,

constata-se que a falta de bem-estar pode

resultar em consequências graves sobre a

produtividade das matrizes, comprome-

tendo o seu ciclo reprodutivo e o desem-

penho dos leitões.

Na Tabela 9 estão apresentados, de forma resumida, os resultados de algu-

mas pesquisas nas quais as condições de temperatura foram variadas para as fême-

as na maternidade. A partir destes resul-

tados pode-se concluir que se não houver interferências do homem para minimizar as condições de calor nas maternidades nas horas mais quentes do dia, no verão ou mesmo no inverno em algumas regiões do Brasil, a produção de leitões e a pro-

dutividade das porcas pode ser bastante

afetada.

Segundo Prunier et al. (1997), Re-

naudeau et al. (2003) e Silva et al., (2009), três hipóteses podem estar envolvidas na redução da produção de leite de fêmeas estressadas pelo calor: a) o suprimento de nutrientes para a glândula mamária não ser suficiente para atender a produção de leite em virtude do reduzido consumo de alimento; b) diferentemente de fêmeas mantidas sob condição de termoneutrali-dade, fêmeas estressadas por calor podem

ter dificuldades para mobilizar reservas corporais diante da redução de consumo alimentar e c) o fluxo sanguíneo para a glândula mamária pode ser reduzido e, consequentemente, reduzir ainda mais a disponibilidade de nutrientes para a sín-

tese de leite.

No ambiente termoneutro, o ani-

mal apresenta melhor eficiência na utili-zação dos nutrientes, consequência do mí-nimo esforço termorregulatório para man-

Figura 9. Efeito da estação e hora do dia sobre as flutuações diárias da temperatura (linhas pontilhadas) e do consumo de ração em porcas lactantes

(linhas sólidas) (Silva et al., 2009a).

Nutrição

26

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

ter a temperatura corporal(23). Nas regiões tropicais, os suínos estão frequentemente expostos a temperaturas acima das conve-

nientes para o seu conforto térmico.

Por isso que alguns esforços cien-

tíficos têm sido despendidos na busca de alternativas genéticas, nutricionais e/ou

ambientais, que, na impossibilidade de

se eliminar totalmente o desconforto do

animal, minimizem os efeitos negativos fisiológicos e endócrinos causados pelo calor.

Seleção genética como uma

oportunidade para melhorar a

produtividade nos trópicos

Está claro que o desempenho pro-

dutivo e reprodutivo de matrizes suínas é maximizado quando uma combinação ide-

al entre genótipo e ambiente é alcançado. A seleção genética de fêmeas prolíficas, normalmente, é realizada em rebanhos-núcleos e, principalmente, em regiões de clima temperado. Como consequência,

multiplicadores e produtores enfrentam

uma variedade ampla de respostas fren-

tes às diversas condições climáticas, nas quais os seus animais são obrigados a produzir(39). Diferenças reprodutivas en-

tre granjas em regiões tropicais e regiões temperadas têm dado suporte a esta ideia.

De acordo com Bloemhof et al.

(2008), tem sido encontrado uma varia-

bilidade genética suficiente para tolerân-

cia ao estresse por calor para leite, gor-

dura e produção de proteína, permitindo, portanto, a seleção genética para maior tolerância ao calor. Os mesmos autores

mostraram, recentemente, que existem

diferenças entre linhas comerciais para fêmeas em regiões termoneutras (Figura

10), especialmente para a taxa de parição. A utilização de tais estratégias genéticas já são práticas comuns de algumas empre-

sas de genética de suínos, e a utilização destas fêmeas selecionadas para maior to-

lerância ao calor já é realidade em países de regiões tropicais, como, por exemplo, o Brasil.

Na Tabela 10 estão apresentados de forma resumida os resultados de de-

sempenho de três diferentes linhas gené-

ticas para fêmeas em condições de clima tropical (Brasil) e temperado (Holanda) na maternidade. A partir destes resultados

pode-se concluir que diferentes regiões/mercados necessitam de estratégias re-

produtivas otimizadas, ou seja, diferentes linhas genéticas.

Apesar das matrizes selecionadas geneticamente para maior tolerância ao

calor apresentarem resultados produtivos

superiores aos das fêmeas não seleciona-

das, ainda assim existe espaço para estra-

tégias nutricionais e ambientais que visem

à melhora na produtividade, visto que os

resultados de desempenho ainda são infe-

riores aos das fêmeas em condições tem-

peradas.

Alternativas nutricionais e modificações

ambientais para atenuar os efeitos

negativos do clima tropical

Devido ao reconhecimento dos

problemas causados pelas temperaturas

elevadas na eficiência de produção das fê-

meas, os objetivos de várias pesquisas nos últimos anos têm sido o de desenvolver

soluções para aliviar os efeitos negativos das altas temperaturas. Várias técnicas de

manejo têm sido testadas, porém, apenas um número limitado mostrou-se realmen-

te eficiente e viável economicamente.

Aumentar o consumo de alimen-

to pela fêmea é um dos maiores desafios para o nutricionista em condições de clima tropical. A temperatura ambiental elevada

é um dos principais fatores que afetam a

capacidade de consumo alimentar pelas

fêmeas lactantes. Quando esses animais

são submetidos a temperaturas elevadas, condição frequente em regiões tropicais, em geral, ocorre uma redução no consu-

mo de ração, queda na produção de leite, maior perda de peso corporal, aumento no

intervalo desmame-estro e prejuízos no tamanho e peso da leitegada(80).

Alguns trabalhos têm sido reali-

zados na tentativa de estimular o consu-

mo de ração pela porca durante a lacta-

ção. O aumento da capacidade do trato gastrointestinal por meio da alimentação das fêmeas durante a gestação com níveis mais altos de fibra tem sido pesquisado, e alguns resultados favoráveis têm sido

obtidos. Entretanto, níveis muito altos de

fibra dietética podem reduzir o ganho de peso das matrizes e o peso ao nascer dos leitões(54). Além disso, essa prática neces-

sita ser mais bem avaliada em regiões de clima quente, tendo em vista o aumento

da massa visceral dos animais e o con-

sequente aumento da produção de calor metabólico.

A utilização de aditivos pode ser outra alternativa para melhorar o consu-

mo de ração pelas fêmeas. A suplementa-

ção da ração com L-carnitina aumentou em até 11% o consumo de ração pela fê-

mea em lactação, com reflexos positivos na produção de leite e no ganho de peso da leitegada(68).

Ajustes na nutrição protéica po-

dem proporcionar menor desgaste da fê-

Tabela 9. Resumo de experimentos com porcas em lactação estressadas por calor

(Adaptado de revisão de Farmer & Prunier (2002).

Autores Tratamentos

Redução consumo

de ração pela

porca (%)

Perda de peso da

porca (kg)

Redução produção

de leite (%)

Redução ganho de

peso da leitegada

(%)

Messias de Bragança

et al. (1998)

30 oC vs 20,0 oC,

por 20 dias42,9 22,0 vs 8,0 - 21,0

Quiniou & Noblet

(1999)

29 o C vs 18 o C,

por 21 dias45,7 35,0 vs 23,0 17,5 22,5

Pérez Laspiur and

Trotier (2001)

29 o C vs 20 o C,

por 22 dias18,8 15,7 vs 6,8 - 22,0

Renaudeau and

Noblet (2001)

29 o C vs 20 o C,

por 28 dias44,7 34,0 vs 16,0 29,5 26,1

Suínos & CiaAno VI - nº 37/2010

27

Nutrição

mea durante a lactação, principalmente em condições de alta temperatura am-

biental, com benefícios para o seu desem-

penho reprodutivo após o desmame. A redução do consumo de ração pelo animal é uma forma de reduzir o calor gerado nos processos de digestão, absorção e metabo-

lismo dos nutrientes, também conhecido

como incremento calórico. Neste sentido, dietas com menor incremento calórico vêm sendo estudadas em condições de estresse por calor. De acordo com Le Bel-

lego et al. (2001), uma redução de 18,9% para 12,3% no nível de proteína da ração resultou em uma redução da ordem de 7% na produção de calor endógena de suínos de 35kg. Seguindo esta hipótese, Silva et al. (2009b), avaliando os efeitos da re-

dução de proteína bruta (17,3 vs. 14,1 % PB) da ração para fêmeas em lactação sob estresse por calor, observaram que esta re-

dução permitiu um aumento de 12% (540 g/ dia) no consumo diário de ração, o que resultou, segundo os autores, em menor

mobilização de tecido corporal por parte das fêmeas. Renaudeau e Noblet (2001) também observaram que a redução de proteína na ração (17,6 vs. 14,2% PB) au-

mentou o consumo das fêmeas lactantes

sob estresse térmico em 639 g/ dia.

Na prática tem sido sugerido que

aumentando o consumo de ração da fêmea também resulta em aumento da produção de leite. Esta afirmação está correta se con-

siderarmos condições de clima tempera-

do, porém, em condições de clima tropical isto não é observado. Diversos autores(66,

71, 77, 78) validaram alternativas nutricionais

que melhoraram o consumo e a condição corporal das fêmeas lactantes, porém,

sem efeito algum sobre o desempenho das

leitegadas (Tabela 11). A explicação para isto é que a redução da produção de leite em fêmeas estressadas por calor parece ter

envolvimento endócrino. De acordo com Prunier (1997), Renaudeau et al. (2003) e Silva et al., (2006; 2009 e 2009b) estas fêmeas apresentam níveis reduzidos de hormônios catabólicos circulantes, tais como triiodotironina e tiroxina, os quais

exercem importante função no controle do metabolismo celular, reduzindo a pro-

dução de calor metabólico como forma de adaptação ao estresse térmico. Isso resulta em efeito negativo sobre a mobilização de reservas corporais para produção de lei-te e sobre a própria síntese de leite. De Bragança & Prunier (1999) verificaram menores concentrações plasmáticas de cortisol em fêmeas em lactação mantidas

em ambiente a 30 oC quando comparadas

a animais mantidos a 20 oC, o que pode-

ria resultar em menor disponibilidade de

energia para a glândula mamária, uma vez que o cortisol favorece a mobilização das reservas corporais.

O aumento da densidade nutricio-

nal da ração vem sendo sugerida como alternativa de sustentar o aporte de nu-

trientes para a fêmea em lactação: a qual apresenta queda do consumo de alimento

durante períodos de estresse por calor. En-

tretanto, alguns trabalhos têm mostrado

que esta alternativa nem sempre resulta

Figura 10. Médias para três parâmetros de performance reprodutiva [a = taxa de parição (FR); b =

tamanho de leitegada (LS); c = número total de leitões nascidos na primeira inseminação (TNBF)]

em função da máxima temperatura externa no dia de inseminação, para duas linhas de fêmeas,

Yorshire holandês puro (- - -) e uma internacional, Large White puro (—) (Bloemhof et al., 2008).

1 SG Calor = linha genética selecionada para maior tolerância ao estresse por calor

2 NSG Calor = linha genética comum sem seleção para calor

Nutrição

28

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

em benefícios para os animais. Isso pode

ser explicado, em parte, pela limitação da resposta, devido às alterações endócrinas e metabólicas que ocorrem com a fêmea em lactação(16), o que sugere uma limita-

da capacidade de compensar, por meio da

nutrição, os efeitos prejudiciais das altas temperaturas sobre o desempenho das

matrizes suínas lactantes.

A resposta à utilização de altos ní-veis de gordura/energia na ração também foi avaliada em fêmeas sob estresse por

calor. Quando dietas com altos níveis de

gordura foram utilizadas sem aumentar os níveis de proteína bruta (PB) da ração ou o aporte de aminoácidos essenciais

(AAs) essenciais para manter constante a relação CP/EM, a perda corporal e a produção de leite não foram afetadas pelo tratamento(48). Em contrapartida, quando

a dieta foi balanceada de forma correta

para PB ou lisina/EM, o aumento da den-

sidade dos nutrientes em fêmeas lactantes

sob estresse por calor melhorou o ganho

de peso da leitegada por meio do aumento

no nível de gordura do leite, mas não au-

mentou a produção de leite e não limitou a mobilização de reservas corporais(66,75).

Entretanto, a magnitude destes efeitos pa-

rece ser dependente dos níveis de gordura

incorporada à dieta.

Como visto anteriormente, nem

sempre as alternativas nutricionais con-

seguem reverter por completo os efeitos

negativos das altas temperaturas. Sendo

assim, o uso de alterações ambientais pas-

sa a ser uma opção para se obter melhoras significativas nos parâmetros fisiológicos

e nas variáveis de desempenho de fêmeas

em gestação e em lactação e de suas lei-tegadas.

Das alternativas usadas para redu-

zir a exposição da matriz às temperaturas internas elevadas nas salas de gestação, o sistema de acondicionamento por meio de

resfriamento adiabático evaporativo tem

sido mais eficiente do que a ventilação forçada, no sentido de melhorar as con-

dições térmicas da instalação. Entretanto, devem ser utilizadas moderadamente por alterar em demasia a umidade do ambien-

te interno. Uma opção prática é a otimiza-

ção do sistema de ventilação natural, por meio de amplas aberturas nas laterais. De

acordo com Sousa (2010), os sistemas de

resfriamento adiabático evaporativo con-

sistem em mudar o ponto de estado psi-

crométrico do ar, para maior umidade e

menor temperatura mediante o contato do

ar com a superfície umedecida ou líquida,

ou com água aspergida ou pulverizada. Como a pressão de vapor do ar insatura-

do a ser resfriado é menor que a da água

de contato, ocorre a vaporização da água; o calor necessário para esta mudança de estado vem do calor sensível contido no

ar e na água, resultando em decréscimo

da temperatura de ambos, e, consequen-

temente, do ambiente. O sistema de nebu-

lização consiste na formação de gotículas extremamente pequenas, que aumentam a

superfície de uma gota d’água exposta ao

ar e asseguram a evaporação mais rápida. A nebulização associada à movimentação do ar, ocasionado pelos ventiladores, ace-

lera a evaporação e evita que a pulveriza-

ção ocorra em um só local e venha molhar a cama. A nebulização de água sem os ventiladores ou outro sistema de controle

pode conduzir ao umedecimento da cama ou aumento exagerado da umidade relati-

va do local.

Os limites críticos de temperatura

para os suínos na maternidade encontram-

se em condições opostas em relação ao conforto dos animais alojados nelas, pois as fêmeas lactantes suportam bem o frio e

não suportam o calor, enquanto que os lei-tões necessitam de calor e não suportam o frio. Por isso, foi iniciado um processo de estudos de alternativas para melhorar

Tabela 10. Resumo de resultados produtivos da maternidade para porcas

selecionadas ou não para maior tolerância ao calor (dados próprios).

Clima Tropical Temperado

Linha Genética SG calor1 NSG calor2 NSG calor

Performance Maternidade

Média nascidos por leitegada 13,6 11,8 13,7

Média peso nascidos vivos 1,3 1,3 1.4

Natimortos 0,7 0,6 0,5

Performance Desmama

Desmamados por porca 11,4 9,7 12,2

Peso médio/ leitão desmamado, kg 5,6 4,9 6,3

Peso da leitg.ajust.21 dias, kg 64,1 48,2 76,9

Desm./ fêmea coberta/ano 28,5 23,9 30,0

Produção de leite, kg/d 8,7 6,8 10,4

Tabela 11. Resumo de resultados produtivos da maternidade para fêmeas

submetidas a diferentes dietas (Adaptado de Silva et al., 2009b).

DietaSign.1

Variáveis NP LP NP+

Consumo diário de ração, kg/d 4,39 4,93 4,91 *

Perda peso corporal da fêmea, kg 27,0 25,4 21,8 *

Tamanho da leitegada

Ao Parto (após equalização) 12,2 12,4 11,4 NS

Ao Desmame 10,1 10,1 10,7 NS

Peso do leitão ao desmame, kg 7,5 7,4 7,1 NS

GPD leitegada, kg/ dia 2,2 2,1 2,1 NS

Produção de Leite, kg/d 7,6 7,3 7,5 NS1 Sign.: * P<0.05 e NS não significativo.

NP = dieta proteína normal (17,3%)

LP = dieta com redução de proteína (14,1%)

NP+ = dieta NP + complemento de AAs “on top”

Nutrição

30

Suínos & Cia Ano VI - nº 37/2010

o bem-estar ambiental para fêmeas na

maternidade e, por conseguinte, viabili-

zar o potencial produtivo e reprodutivo dos plantéis. Dentre estas alternativas

destacam-se aquelas nas quais é utilizado algum tipo de sistema de resfriamento.

Os sistemas de ventilação forçada não têm sido satisfatórios, pois, muitas ve-

zes, não reduzem a temperatura do ar. Já o sistema de resfriamento evaporativo do

ar, que consiste em incorporar vapor de

água diretamente a ele, causando mudan-

ça em seu ponto de estado psicrométrico (aumento da umidade e redução da tem-

peratura), tem sido difundido com suces-

so, porém, o sistema tem suas limitações, não podendo ser utilizado em regiões de umidade relativa do ar elevada, pois reduz a eficiência do sistema e contribui para aumentar a umidade do microambiente do

leitão, podendo causar desafios imunoló-

gicos para ele.

Silva et al. (2006 e 2009) avalia-

ram um sistema de resfriamento do piso

da fêmea e dietas com diferentes densida-

des na lactação durante o verão. Segundo os autores, o aumento da densidade da

ração como forma de compensar o baixo consumo por causa do calor trouxe apenas

benefícios para a condição corporal das fêmeas, sem aumentar a produção de lei-te e sem benefícios no ganho dos leitões.

Enquanto que para as fêmeas submetidas

ao resfriamento do piso foram verificadas alterações significantes em seus parâme-

tros fisiológicos, bem como no desempe-

nho e produção de leite, o que resultou em um aumento significativo do peso dos lei-tões ao desmame. Na Tabela 12 podem ser visualizados os resultados obtidos nestes trabalhos.

O resfriamento da água de beber

das fêmeas em lactação sob estresse por calor também foi avaliado (Jeon et al., 2006). A utilização deste sistema aumen-

tou em 40% o consumo voluntário das fê-

meas, porém, sem efeitos sobre a produ-

ção de leite ou desempenho dos leitões.

Considerações finais

O programa de seleção genética balanceado mudou completamente o per-

fil produtivo das fêmeas modernas. Essas matrizes são mais precoces e produtivas, possuem maior peso corporal e são mais exigentes nutricionalmente. Além disso,

apresentam menor reserva corporal de

gordura e padrão de consumo de alimento muitas vezes insuficiente para atender à demanda nutricional da fase de gestação e lactação.

Como observado, a nutrição de

fêmeas modernas não é uma tarefa sim-

ples. Vários fatores podem interferir na

capacidade produtiva e reprodutiva des-

ses animais. A nutrição protéica da fêmea

gestante deve ser diferenciada segundo a

ordem de parto. Na lactação, a preocupa-

ção não deve ser somente a produção de

leite e o crescimento da leitegada, mas

também a perda de peso da fêmea. O esta-

belecimento de um programa nutricional

deve levar em consideração o potencial

genético do animal, o número de fetos, o

desenvolvimento do aparelho mamário,

a capacidade de consumo de alimento, a

produção de leite e a mobilização de teci-

dos corporais.

Práticas devem ser adotadas na

granja, visando a maximizar o potencial

genético destes animais. As alternativas

podem envolver modificações químicas

ou físicas da ração ou modificações de

manejo (horário e quantidade das refei-

ções). Em períodos de calor, pode não

ser possível, por meio da nutrição e do

manejo, amenizar o problema da redução

do consumo de ração, necessitando que

sejam adotadas medidas de controle am-

biental das instalações.

Tabela 12. Parâmetros fisiológicos e desempenho de matrizes em lactação e de suas leitegadas, segundo tratamento do piso da

maternidade da fêmea com ou sem resfriamento (Adaptado de Silva et al., 2006).

Variáveis

Tratamento

CV (%) PPiso com resfria-

mento

(28 oC)

Piso sem resfria-

mento

(36 oC)

Temperatura piso 27,6 37,3 6,58 0,01

Parâmetros fisiológicos da porcaa

Frequência respiratória (mov/min) 33,4 80,0 44,93 0,01

Temperatura da nuca (oC) 36,5 37,7 3,70 0,01

Temperatura peitoral em contato (oC) 32,5 37,3 5,90 0,01

Desempenho da porca

Consumo de ração (kg/dia) 6,47 5,60 14,28 0,01

Produção de leite (kg/porca/dia)b 10,22 7,20 16,45 0,01

Variação de peso (kg) -6,9 -12,2 45,63 0,01

Intervalo desmame-estro (dias) 4,0 5,7 41,53 0,01

Desempenho da leitegada

Peso ao desmame (kg) 6,42 5,30 12,88 0,01

Ganho de peso leitão (g/dia) 257 201 15,14 0,01

Suínos & CiaAno VI - nº 37/2010

31

Nutrição

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