14
REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006 www.nutritime.com.br Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012 1981 ARTIGO NÚMERO 177 FEIJÃO GANDU EM TRÊS ALTURAS DE CORTENA ALIMENTAÇÃO DE RUMINATES PALUDO, Alexsandra 1* ; SANTOS, Nayara Fernandes dos 1 ; MOREIRA, Thiago Simas de Oliveira 1 ; OLIVEIRA, Washington Lacerda de 1 ; SILVA, Marco Antônio Pereira da 2 1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. 2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. *Endereço eletrônico para correspondência: [email protected]

Nutritime - artigo 177nutritime.com.br/arquivos_internos/artigos/Nutritime - artigo 177_.pdf · PALUDO, Alexsandra 1*; SANTOS, Nayara Fernandes dos 1; MOREIRA, Thiago Simas de Oliveira

  • Upload
    lamdung

  • View
    223

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1981

ARTIGO NÚMERO 177

FEIJÃO GANDU EM TRÊS ALTURAS DE CORTENA ALIMENTAÇÃO DE

RUMINATES

PALUDO, Alexsandra1*; SANTOS, Nayara Fernandes dos1; MOREIRA, Thiago Simas de Oliveira1; OLIVEIRA, Washington Lacerda de1; SILVA, Marco Antônio Pereira da2

1Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. 2Professor do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. *Endereço eletrônico para correspondência: [email protected]

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1982

Feijão guandu em três diferentes alturas de corte na alimentação de ruminantes

PALUDO, Alexsandra1*; SANTOS, Nayara Fernandes dos1; MOREIRA, Thiago Simas de Oliveira1; OLIVEIRA, Washington Lacerda de1; SILVA, Marco Antônio Pereira da2

1Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. 2Professor do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano-Campus Rio Verde, Goiás, Brasil. *Endereço eletrônico para correspondência: [email protected]

RESUMO - A atividade pecuária tem como principal custo à alimentação, onde a maior

parte é oriunda de gramíneas tropicais que contribuem relativamente pouco com o

fornecimento de proteína. Por isso, o feijão guandu (Cajanus cajan) tem se mostrado

uma excelente fonte de nutrientes uma vez que, manejado corretamente quanto a altura

de corte, pode otimizar sua utilização pelo animal. Podendo ser fornecido de várias

maneiras, de acordo com a necessidade que melhor se adeque a realidade da produção

animal. No experimento foi utilizado o delineamento de blocos casualizados com

objetivo de avaliar o feijão guandu em três alturas de corte (repetições) e sua respectiva

composição nutricional, bem como produção de massa verde, porcentagem de caule e

folha e diâmetros dos caules. Também se avaliou a degradabilidade do mesmo, este com

três bovinos canulados no rúmen alimentados com silagem duas vezes ao dia. As

amostras foram incubadas nos períodos de 0, 6, 12, 24, 48, e 96 horas. Não houve

alteração (P>0,05) na fração solúvel de todos os tratamentos observados. Houve

alteração na fração potencialmente degradada e na taxa de passagem dessa fração. A

degradabilidade efetiva e a potencial também foi diferente. Esses resultados indicam

que o corte do feijão guandu, em diferentes alturas, afeta a sua degradabilidade ruminal.

Palavras-chave adicionais: Cajanus cajan, caule, degradabilidade, folha, leguminosa

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1983

Pigeon pea in three different cutting heights in ruminant feed

SUMMARY - The cattle industry has a major cost to food, where the majority is

derived from tropical grasses that contribute relatively little to the supply of protein.

Therefore, the pigeon pea (Cajanus cajan) has proved an excellent source of nutrients

because, handled properly as the cutting height can optimize its use by the animal. Can

be supplied in various ways, according to the need that best fits the reality of animal

production. In the experiment we used a randomized block design to evaluate the pigeon

pea in three cutting heights (repetitions) and accompanying nutritional composition and

production of green mass, percentage of stem and leaf and stem diameters. We also

assessed the degradability of the same, this one with three rumen cannulated cattle fed

silage twice daily. The samples were incubated for periods of 0, 6, 12, 24, 48, and 96

hours. There was no change (P> 0.05) in the soluble fraction of all observed treatments.

There were changes in the fraction potentially degraded and the rate of passage of this

fraction. The effective degradability and the potential was also different. These results

indicate that cutting the pigeon pea at different times, affects its degradability.

Keywords: Cajanus Cajan , Stem, Degradability , Leaf, Forage Legumes

Introdução

As regiões de clima tropical

possuem alto potencial de produção de

forragens. No entanto, a produtividade

animal nestas regiões é baixa se

comparada à de regiões temperadas,

pois as plantas tropicais produzem

grande quantidade de matéria seca de

baixo valor nutritivo.

Para as leguminosas de verão,

tem-se o feijão guandu (Cajanus cajan),

originário na África, possuindo elevada

adaptabilidade ao ambiente tropical,

muito capacitado para fixar nitrogênio

atmosférico, podendo ser utilizado para

cobertura do solo, cultura forrageira ou

produção de grãos (SILVEIRA et al.,

2005).

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1984

O setor agropecuário tem sido um

dos principais responsáveis pela boa

fase da economia nacional, contribuindo

para geração de novos empregos e

conquistando outros mercados para

exportação. Neste setor, a pecuária se

destaca como fonte de renda e proteína

animal, sendo que no Brasil esta

atividade é baseada, em sua grande

maioria, no uso das pastagens

(EVANGELISTA & LOPES, 2005).

As plantas ditas leguminosas são

as preferidas como adubos verdes

devido à fixação biológica do nitrogênio

atmosférico e à produção de grande

quantidade de massa rica em elementos

minerais (PAULO et al., 2006).

Considerando que, dificilmente

apenas uma cultura tenha capacidade

para prover forragem durante todo o

ano, a característica apresentada pelo

guandu, de crescer em períodos

adversos que limitam o crescimento de

outras forrageiras, constitui-se em uma

importante alternativa para a produção

de alimentos de alta qualidade e

diminuição de custos com

armazenamento de forragem no período

da entressafra (RAO et al., 2002).

A utilização no Brasil, como

banco de proteína para produção animal

é estudada e divulgada principalmente

para pequenos produtores por ser uma

alternativa de baixo custo para

alimentação dos animais no período

seco (CAVALCANTE, 2009).

Segundo BRODERICK (1995),

normalmente as leguminosas

apresentam taxas de degradação e a

degradabilidade dos nutrientes mais

altas que às gramíneas. Como a fonte de

proteína para a alimentação animal é um

dos fatores mais limitantes da produção,

torna-se indispensável o estudo da

utilização de forrageiras tropicais ricas

em proteína e de menor custo.

As folhas e ramos finos

apresentam teores de proteína bruta

entre 16 e 20%, enquanto que a

digestibilidade da matéria seca pode

variar de 50 a 65%. Os ganhos de peso

estão em torno de 500 a 800

g/animal/dia e entre 400 a 700

kg/ha/ano, respectivamente para o

período chuvoso e seco (COSTA et al.,

2001).

A degradação ruminal dos

alimentos é fundamental para se avaliar

a qualidade do nutriente e a quantidade

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1985

de nutrientes disponível para os

microrganismos no rúmen que chega ao

intestino (MOREIRA, 2003). Dessa

forma, a técnica in situ tem sido adotada

como metodologia padrão para

caracterização da degradabilidade

ruminal do nitrogênio, por fornecer

melhores comparações com os

resultados in vivo (MOLINA, 2002).

A determinação da

degradabilidade no rúmen, sem

considerar a taxa de passagem, pode

superestimar a extensão da degradação,

uma vez que as partículas dos alimentos

estão sujeitas à passagem para o

compartimento seguinte antes de ser

completamente degradadas (LADEIRA,

2001).

A extensão da degradação de

fontes protéicas no rúmen é variável e

as diferenças estão relacionadas

principalmente a fatores intrínsecos ao

alimento, à espécie animal e às

influências da natureza da dieta sobre o

ambiente ruminal (VOLDEN, 2002).

O guandú é uma planta de

múltiplo uso e pode ser empregado

tanto na alimentação humana, como

forragem animal, apresenta potencial

para pastejo consorciado com

gramíneas, como feno e nos consórcios

de espécies usadas na silagem, tanto na

forma de forragem fresca quanto no

consumo direto dos grãos verde. Sua

proteína é rica em lisina, leucina e

histidina, porém, pobre em metionina,

treonina e o triptofano. Entretanto,

alguns acessos de guandú apresentam

consideráveis compostos polifenólicos

que inibem a digestão de algumas

enzimas, tais como: tripsina,

quimiotripsina e amilase (CARVALHO,

2006).

O conhecimento da

degradabilidade ruminal das diferentes

frações dos alimentos é de grande

importância (TONANI et al., 2001),

pois permite alterar os ingredientes

utilizados nas rações, possibilitando

maximizar a produtividade e minimizar

os custos. Além disso, permite

identificar fatores que afetam o

consumo voluntário de forragens, como

o grau de maturidade, a relação caule-

folha e a forma de processamento

(LADEIRA et al., 2001).

A temperatura média que lhe é

mais favorável, conforme VIEIRA et aI.

(2001), varia de 18 a 29°C, mas, com

umidade adequada e solo razoavelmente

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1986

fértil, tolera temperaturas médias de até

35°C.

Para PORTAS & SOUZA (2006),

no entanto, o mínimo de nutrientes que

deverá se disponibilizar para o feijão

guandú é 40 kg de fósforo (P2O5) e 40

kg de potássio (K2O) por hectare.

O guandú cresce e desenvolve-se

bem em solos cujo pH varia entre 5,0 e

8,0. Em solos ácidos seu crescimento é

bastante afetado por níveis tóxicos de

alumínio (Al+), porém, mostra-se bem

adaptado em solos que predominam no

bioma cerrado. Para PHATAK, et al.

(1993) a utilização do feijão guandú

como espécie forrageira é ideal como

fonte de proteína barata e pode

substituir outras fontes de alimentação

animal, com elevados rendimentos de

proteína bruta.

Neste trabalho objetivou-se avaliar

o feijão guandú em três alturas de corte

quanto à degradabilidade da matéria

seca em diferentes alturas de corte (1,0;

1,5 e 2,0 m) e produção de massa verde,

porcentagem de caule e de folha, bem

como diâmetro dos caules.

Material e Métodos

O experimento foi realizado no

Viveiro Experimental do IF Goiano –

Campus Rio Verde-GO no período de

Julho de 2008 a Julho de 2009. O

delineamento utilizado foi o de blocos

casualizados com seis repetições. Os

tratamentos foram três alturas de corte

sendo T1: 1,0m (ALT1); T2: 1,5m

(ALT2) e T3: 2,0m (ALT3) de altura.

O plantio foi realizado em uma

área total de 48m2 com parcelas de 1 x

1m. O plantio se deu em linhas

distanciadas em 0,50m, com distância

entre plantas de 0,25m. O feijão guandú

recebeu adubação com uréia na

dosagem de 100 kg/ha.

As amostras foram avaliadas

quanto à produção de massa verde,

porcentagem de caule e de folha e

diâmetro dos caules. Também será

analisada quanto ao seu teor de matéria

seca (MS) e o teor de proteína bruta

(PB) de acordo com a AOAC (1990).

As amostras colhidas foram pesadas e

separadas em caule e folha,

determinando-se a porcentagem dos

mesmos. Imediatamente foi medido o

diâmetro dos caules.

Para a avaliação da

degradabilidade ruminal foram

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1987

utilizados três bovinos (330 kg PV)

implantados com cânula ruminal.

Os animais foram alimentados

com silagem de acordo com as

recomendações de NOCEK & RUSSEL

(1988). Os animais foram adaptados por

14 dias, sendo alimentados duas vezes

ao dia.

As amostras a serem incubadas

foram moídas em peneiras de 5 mm.

Posteriormente, cerca de 7g foram

pesadas e colocadas em sacos de

monofilamento de poliéster, fabricados

em náilon (ANKON-BAR DIAMOND,

INC., Parma Idaho - USA), com

dimensão de 10 cm x 17 cm e diâmetro

de poros de 53 micra.

Os sacos foram fechados

utilizando argolas de metal e borracha,

sendo anexados a uma corrente por

meio de ganchos. Esta corrente,

contendo uma âncora de cerca de 600g

foi colocada no rúmen e anexada no

exterior da cânula.

As amostras foram incubadas em

quadruplicata por animal por tempo de

incubação. Os tempos de incubação

serão de 0, 6, 12, 24, 48 e 96 horas,

perfazendo um total de quatro dias de

incubação. Os sacos serão retirados ao

mesmo tempo.

Após a incubação, retirados os

sacos, estes foram lavados em água

corrente (± 30 ºC) e posteriormente em

máquina de lavar. As amostras do

tempo zero foram colocadas no

experimento a partir da retirada dos

sacos incubados, sendo posteriormente

processadas de modo semelhante às

demais.

Após serem lavados, os sacos

foram submetidos à secagem em estufa

de ventilação forçada, à 55ºC, por 72

horas e pesados. Os dados foram

avaliados usando se os programas

SAEG para a determinação dos

parâmetros de degradação e os mesmos

foram então submetidos ao teste de

Tukey (P<0,05).

A porcentagem de

desaparecimento de matéria seca por

tempo de incubação foi calculada pela

proporção de alimento que restaram nos

sacos após incubação ruminal.

A degradabilidade foi calculada

através da equação descrita por

MEHREZ & ORSKOV (1977) sendo

ela:

p= a + b (1- e - c t) onde:

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1988

p= taxa de degradação no tempo t;

a= intercepto representando a

porção prontamente solúvel no rúmen;

b= fração insolúvel, mas

potencialmente degradável;

c= taxa constante de

degradabilidade da fração b;

t= tempo de incubação;

sendo que a + b ≤ 100.

A degradabilidade efetiva (DE)

foi calculada através da equação

descrita por ORSKOV & McDONALD

(1979), assumindo uma taxa fracional

de passagem de 5 %/h.

Resultados e Discussão

Na tabela 1 pode-se observar

que a quantidade de matéria verde está

estreitamente relacionada com a altura

das plantas, assim como a porcentagem

de folha e caule das mesmas.

Tabela 1 - Produção de matéria verde (PMV), Porcentagem de folha (PF), porcentagem

de caule (PC) e diâmetro do caule (DC) do feijão guandú (Cajanus cajan)

em três alturas de corte.

Altura de corte (m) PMV (kg/m2) PF (%) PC (%) DC (cm)

1,0 1,11c 53,33b 43,01b 0,66b

1,5 2,83b 38,16a 61,82ª 0,86a

2,0 4,85a 37,38ab 64,78ª 1,17a

Letras iguais na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Observa-se que plantas de menor

porte (1,0 m) apresentam um maior

rendimento na produção de folhas, e

que as seguintes alturas (1,5 e 2,0 m)

não apresentaram uma variação

significativa. Plantas de corte médio

(ALT2) a corte alto (ALT3)

apresentaram produção de caule

relativamente parecida, com grande

diferença em relação às plantas de corte

baixo (ALT1).

O diâmetro dos caules interfere

na produção da massa verde, sendo que

quanto maior o diâmetro maior será sua

quantidade de massa verde (Tabela 1),

isto interferindo na relação folha x caule

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1989

sendo maior a produção de folhas em

plantas com menor altura de corte, e

conseqüentemente menor será a

porcentagem de caule. Constatou-se que

plantas com diâmetro acima de 1,17cm

(ALT3) têm uma porcentagem de folhas

inferior às plantas que apresentaram

diâmetro entre 0.66 e 0.86 cm (ALT1 e

ALT2). SEIFFERT & THIAGO (1983)

consideram que caules com espessura

acima de 1,0 cm são lenhosos e inúteis

para o gado. Também se pode observar

que a altura da planta está

consideravelmente relacionada com a

espessura dos caules que são

determinantes para a porcentagem de

matéria verde apresentadas para cada

altura de corte.

Os parâmetros de

degradabilidade ruminal da matéria seca

estão contidos na Tabela 2.

Tabela 2- Fração a (solúvel), fração b (insolúvel mais potencialmente degradável) e c

(taxa de degradação da fração b) do Feijão Guandú em três alturas de corte

(1,0m=T1, 1,5m=T2 e 2,0m=T3).

Alimento a (%) b (%) c (h-1)

Inteiro T1 13,02 37,73 a 0,059 b

Inteiro T2 18,82 22,85 bcd 0,188 a

Inteiro T3 14,77 16,16 cd 0,085 b

Folha T1 13,95 31,00 ab 0,087 b

Folha T2 12,59 41,35 a 0,076 b

Folha T3 24,66 22,39 bcd 0,031 b

Caule T1 18,72 28,46 abc 0,036 b

Caule T2 17,70 21,76 bcd 0,039 b

Caule T3 19,93 13,66 d 0,037 b

Letras diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tuckey.

Não houve alteração (P>0,05) na

fração solúvel de todos os tratamentos

observados. Quanto à fração

potencialmente solúvel (b) observa-se

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1990

que para o tratamento 1,5 m tanto a

folha quanto o material inteiro tiveram

os maiores valores e o Caule T3 (2,0 m)

e o Inteiro T3(2,0 m) obtiveram os

menores resultados. Indicando que o

aumento na altura de corte alterou a

fração potencialmente degradada da

planta. COSTA et al.(2003) destacam

que, no manejo de leguminosas

arbustivas, parâmetros relacionados

com a resposta morfofisiológica e

sobrevivência das plantas devem ser

considerados, destacando-se neste

caso, o estádio de crescimento e

altura de corte em que as plantas são

colhidas, os quais afetam

marcadamente o rendimento e a

qualidade da forragem.

Plantas em estágio de

desenvolvimento avançado, como as

representadas por T3 (2m), que

apresentam idade de aproximadamente

120 dias possuem parede celular mais

espessa, assim dificultando a

digestibilidade da planta, o que pode ser

observado para os tratamentos T2 e T3

(caule e planta inteira) na taxa de

digestibilidade efetiva e potencial.

A taxa de passagem da fração b

(c) do feijão guandú inteiro cortado a

1,5m de altura foi maior.

De acordo com os testes de

degradabilidade expressas na Tabela 3,

com diferentes níveis de ingestão 2, 5 e

8%, todos demonstraram diferença entre

os tratamentos.

Tabela 3: Degradabilidade efetiva (DE) em diferentes taxas de passagem (2, 5 e 8%) e

degradabilidade potencial (DP) do feijão guandú em três alturas de corte.

Alimento DE (%) k= 2 DE (%) k=5 DE (%) k= 8 DP (%)

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1991

Letras diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tuckey.

Folha T2 (1,5m) e Caule T1

(1,0m) a 2% forneceram maiores

resultados de degradabilidade efetiva,

enquanto que o Inteiro T3 (2,0m) e o

Caule T3 (2,0m) obtiveram os menores

resultados. Com nível médio (5%) a

degradabilidade efetiva dos alimentos

Inteiro T2 (1,5m) e Caule T1 (1,0m)

foram maiores, enquanto que o Inteiro

T3 (2,0m) e o Caule T3 (2,0m)

menores.A 8% Inteiro T2 (1,5m) e o

caule T1 (1,0m) apresentaram

degradabilidade efetiva maior e o

Inteiro T3 (2,0m) e o Caule T3 (2,0m)

foram os menores. A Degradabiliddade

Potencial de Folha T2 (1,5m) e Inteiro

T1 (1,0m) foram maiores, enquanto que

o Inteiro T3(2,0m) e o Caule T3 (2,0)

foram menores.

CONCLUSÃO

Portanto, avaliando os resultados

obtidos recomenda-se altura de corte de

1,0m devido a sua grande porcentagem

de folhas e baixa espessura de caule,

favorecendo um possível fornecimento

aos animais ou processos de

armazenamento como a fenação e

otimizando a fração potencialmente

degradada do mesmo, bem como a sua

degradabilidade efetiva e potencial.

Inteiro T1 39,86 a 32,33 ab 28,24 abcd 50,75 ab

Inteiro T2 39,49 a 36,91 a 34,90 a 41,67 bcd

Inteiro T3 26,41 b 23,87 c 22,43 d 30,93 e

Folha T1 39,02 a 33,46 ab 29,93 abc 44,95 abc

Folha T2 40,68 a 33,28 ab 29,30 abcd 53,95 a

Folha T3 38,30 a 33,47 ab 31,20 abc 47, 06 abc

Caule T1 40,42 a 34,79 a 31,50 ab 47,18 abc

Caule T2 31,73 b 26,92 bc 24,58 bcd 39,47 cde

Caule T3 28,73 b 25,68 c 24,20 cd 33,59 de

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1992

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOAC. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official

methods of analysis. 15th ed. Arlington, VA. 1990.

BRODERICK, G.A. Desirable characteristics of forage legumes for improving

protein utilization in ruminants. Journal of Animal Science, v.73, p.2760-2773, 1995.

CARVALHO, A.M.; AMABILE, R.F.; Cerrado Adubação Verde. EMBRAPA,

Planaltina – DF, p.98 – 103. 2006.

CAVALCANTE, A.N.R. Orientações técnicas para a formação de bancos de

sementes de plantas forrageiras para agricultores familiares. Circular técnica 40.

Embrapa caprinos e ovinos: Sobral-CE. 14p, 2009.

COSTA, N. de L.; TOWSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; OLIVEIRA, J.R. da C.

Resposta do Guandu (Cajanus cajan) à altura e Freqüência de Corte. Porto Velho:

Embrapa Rondônia, p. 3, 2003.

EVANGELISTA, A.R.; LOPES, J. Pastejo rotacionado (intermitente) para vacas

leiteiras, Belo Horizonte, MG, 2005. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE GADO DE LEITE,

3. Belo Horizonte. Anais...Belo Horizonte: Escola de Veterinária, p.92, 2005.

LADEIRA, M.M.; RODRIGUEZ, N.M.; GONÇALVES, L.C. et al. Cinética

ruminal do feno de Stylosanthes guianensis. Arquivo Brasileiro de Medicina

Veterinária e Zootecnia, v.53, n.2, p.1-8, 2001.

MEHREZ. A.Z.; ORSKOV, E.R. A study of the artificial fiber bag technique for

determining the digestibility of feeds in the rumen. Journal of Agriculture Science.

88:6450-6550, 1977.

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1993

MOLINA, L.R.; RODRIGUEZ, N.M.; GONÇALVES, L.C. et al. Degradabilidade

in situ da matéria seca e da proteína bruta das silagens de seis genótipos de sorgo

(Sorghum bicolor L. Moench), com e sem tanino no grão, ensilados no estádio de grão

farináceo. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.39, n.5,

p.233-237, 2002.

MOREIRA, J.F.C.; RODRIGUEZ, N.M.; FERNANDES, P.C.C. et al. Concentrados

protéicos para bovinos. 1. Digestibilidade in situ da matéria seca e da proteína bruta.

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, n.3, p.315- 323,

2003.

NOCEK, J.E.; RUSSEL, J.B. Protein and energy as an integrated system.

Relationship of ruminal protein and carbohydrate availability to microbial synthesis and

milk production. Journal of Dairy Science 71:2070-2107, 1988.

ORSKOV, E.R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the

rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. Journal of

Agriculture Science. 92:499-510, 1979.

PAULO, E.M; BERTON, R.S.; CAVICHIOLI, J.C.; KASAI, F.S. Produtividade do

cafeeiro Mundo Novo enxertado e submetido à adubação verde antes e após a recepa.

Bragantia, v. 65, n. 1, p. 115, 2006.

PHATAK, S. C.; NADIMPAL, R.G.; TIWARI, S. C.; BHARDWAJ, H. L.

Pigeonpeas: colheita nova potencial para os Estados Unidos do Sudeste. In: JANICK, J.;

SIMON, J. E. (Eds.). Colheitas Novas. New York: Wiley, p. 597-599, 1993.

PORTAS, A.A.; SOUZA, J.A.. Guandu em recuperação de pastagens e na

integração agricultura–pecuária. Campinas; CECOR/CATI, 2006.

REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

www.nutritime.com.br

Fiejao guandu em três alturas de corte na alimentação de ruminantes

Artigo 177 - Volume 9 - Número 05 – p. 1981– 1994 - Setembro/ Outubro 2012

1994

RAO, S.C.; COLEMAN, S.W.; MAYEUX. H.S. Forage Production and Nutritive

Value of Selected Pigeonpea Ecotypes in the Southern Grain Plains. Crop Science, v.

42, n. 4, p. 1259-1263, 2002.

SEIFFERT, N.F.; THIAGO, L.R.L.S. Legumineira cultura forrageira para produção

de proteína: guandu (Cajanus cajan). EMBRAPA-CNPGC, p.52, 1983.

SILVEIRA, P.M.; BRAZ, A.J.B.P.; KLIEMANN, H.J. & ZIMMERMANN, F.J.P.

Acumulação de nutrientes no limbo foliar de guandu e estilosantes. Pesquisa

Agropecuária Tropical, 35:133-138, 2005.

TONANI, F.L.; RUGGIERI, A.C.; QUEIROZ, A.C. et al. Degradabilidade ruminal

in situ da matéria seca e da fibra em detergente neutro em silagens de híbridos de sorgo

colhidos em diferentes épocas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e

Zootecnia, v.53, n.1, p.100-104, 2001.

VIEIRA, R F.; VIEIRA, C.; VIEIRA, R.F. Leguminosas graníferas. Viçosa:

Editora UFV, 206 p. 2001.

VOLDEN, H.; MYDLAND, L.T.; OLAISEN, V. Apparent ruminal degradation and

rumen escape of soluble nitrogen fractions in grass and grass silage administered

intraruminally to lactating dairy cows. Journal of Animal Science, v.80, p.2704-2716,

2002.