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CORONEL EUGÊNIO MARDEL 3 4 (O 9 D E A B R IL) SUBSÍDIOS para a historia DA 4.a BRIGADA DO C. E. P. Com autorização do Ministério da Guerra * S.a EDIÇÃO i ti LISBOA SERVIÇOS GRÁFICOS DO EXÉRCITO 1923

(O 9 D E A B R IL ) - Casa de Sarmento · (O 9 DE ABRIL DE 1918) IV Brigada, o Minho em nós confia Seu nome honrado entrega em nossas mãos E seu nome, que soou, de sempre, a valentia

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CORONEL EUGÊNIO MARDEL 34

( O 9 D E A B R I L )

SUBSÍDIOS p a r a a h is t o r ia DA 4.a BRIGADA DO C. E. P.

Com autorização do Ministério da Guerra *

S.a EDIÇÃO

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ti

LISBOA

SERVIÇOS GRÁFICOS DO EXÉRCITO 1923

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A “BRIGADA DO MINHO” NA FLANDRES(O 9 DE ABRIL DE 1918)

IV Brigada, o Minho em nós confia Seu nome honrado entrega em nossas mãos E seu nome, que soou, de sempre, a valentia Aos quatro Batalhões, — unidos como irmãos Tudo a mesma Familia — há-de servir de guia.

Canção da «Brigada do Minho» FRANÇA - Julho de 1917.

(De E. Sardinha).

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Prefácio àa Z.a eàicão

Confesso a minha admiração, — e esta palavra ainda não exprime todo o meu pensamento, — quando verifiquei que a l.a edição dêste livro se es- gotára dez dias após a sua apresentação em público! Não me faltaram logo numerosos amigos que me aconselharam a mandar distribuir uma nova edi­ção, alegando que não tinha o direito de impedir que fôsse divulgado um trabalho, que a História um dia apreciará, visto como todas as afirmações feitas são justificadas pelos respectivos documentos.

As palavras dos amigos, as referências elogio­sas feitas em público pelo Excelentissimo Ministro da Guerra, o Sr. Coronel Fernando Augusto Frei- ria, e a comprovada protecção do distinto Chefe% do Gabinete do mesmo Ministro o Ex.1110 Sr. Te­nente-Coronel Antonio Couceiro de Albuquerque, — pessoas que aliam à qualidade de Amigos a ele­vada estatura intelectual de dirigentes superiores do Exército, — convenceram-me a publicar esta2.a edição, que não é nem correcta nem aumen-

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tada (1), pois não tenho coisa alguma a emendar, nem posso desenvolver alguns pontos, que se tor­nariam interessantes, se fôsse possível e conve­niente dar-lhes uma amplitude maior.

E já agora, — seguindo o propósito de testemu­nhar o que afirmo, — não posso deixar de pedir vénia ao Ex.m0 Sr. Coronel Freiria para publicar aqui o seu discurso, justo e veemente, pronunciado por ocasião do lançamento da primeira pedra para o Monumento aos Mortos da Guerra, em Lisboa, no dia 9 de Abril de 1923.

(1) Apenas se transcrevem os Decretos publicados na Ordem do Exército (2.a série) n.° 7 de 21 de Abril de 1923, que seguem êste prefácio.

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Recompensas concedidas à bandeira da « Brigada do Minho» e ao IV batalhão da mesma brigada, pertencente ao Regimento de

Infantaria n.° 20, por decretos de 7 de Abril de 1923, publicados na "Ordem do Exército» n.° 7 (2 .a série)

de 21 de Abril de 1923

Tendo em consideração os feitos e a forma brilhante e corajosa como a «Brigada do Minho», composta dos batalhões de infantaria n.os 3, 8, 20 e 29, se houve nos campos de bata­lha em França, especialmente no combate, de 9 de Abril de 1918, quando ocupava o sector de Fauquissart, sôbre o qual incidiu mais rigorosamente o ataque alemão, que àquela brigada, quási sem apoios e reservas, suportou com corajosa firmeza e resistência, como o atesta o elevado número de mortos, feridos, prisioneiros em oficiais e praças ;

Atendendo ainda a que a bandeira da referida brigada, se não é regulamentar, foi contudo oficialmente reconhecida e solenemente entregue por uma ordem de serviço emanada do comando superior das forças em operações:

Hei por bem, sob proposta do Ministro da Guerra, decre­tar que a referida bandeira da «Brigada do Minho» seja con­decorada com a Cruz de Guerra de l .a classe, sendo aplicável aos oficiais e praças que fizeram parte do quartel general da mesma brigada, o disposto no artigo 42.° do Decreto n.° 8,357 de 25 de Agosto de 1922.

O Ministro da Guerra o faça publicar. Paços do Govêrno da República, 7 de Abril de 1923. — António José de Almeida» Fernando Augusto Freiria.

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Atendendo aos brilhantes feitos praticados nos campos de batalha, em França, pelo batalhão de infantaria n.° 20 e tendo em atenção a coragem e bravura com que repeliu o inimigo no combate de 12 de Março de 1918: hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, que o referido batalhão, que constituiu o quarto batalhão da «Brigada do Minho», seja condecorado com a Cruz de Guerra de l.a classe como recompensa dos serviços relevantes que prestou, concor­rendo de maneira notável para o bom nome do exército por­tuguês, sendo-lhe aplicável o disposto nos artigos 41.° e 42.° do decreto N.° 8:357, de 25 de Agosto de 1922.

O Ministro da Guerra o faça publicar. Paços do Governo da República, 7 de Abril de 1923. - Antônio José de Almeida, Fernando Augusto Freiria.

*

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Oistmso de h a Excelência o Ministro da Gaetta, Coronel íernando Angnsto freltia, proferido pei ocasião do lançamento da

primeira pedra para o Monumento aos mortos la goerra, em Lisboa, oo dia 9 de ibril de 1923

Neste momento em que, aproveitando a comemoração do 5.° aniversário da memorável batalha de La Lys, se lança a 1.® pedra do Monumento aos Mortos da Guerra e se cele­bra o esforço da Raça; quando Portugal, como aliás a Europa inteira, ainda bem longe de se encontrar refeito do grande abalo produzido pela maior guerra que a história registra, se debate numa crise que o desalento faz prolongar, oportuno é rememorar os factos passados para deles tirarmos a indispen­sável confiança em nós proprios e o necessário querer, para vencer as dificuldades das horas que passam.

Nenhuma ocasião mais azada para um tal objectivo se pode oferecer do que esta que ora se apresenta e que certamente alguém, com mais adequados dotes, melhor poderia aprovei­tar fazendo despertar nos peitos portugueses a salutar reac- ção que a todos se impõe.

Reconhecendo, pois, triste é confessá-lo, a insuficiência sugestiva da minha descolorida palavra, para levar a cabo a honrosa missão que me impuzeram, apenas confio no poder de sinceridade da minha linguagem para traduzir a inque­brantável fé nos destinos da nossa Pátria.

Assim, que aqueles que em mim delegaram a honra de hoje aqui falar, me relevem a falta de brilho da oração e que os que me escutam apenas vejam nas minhas afirmativas a

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tradução fiel dos sentimentos dum português que em todos os seus actos, no passado como no futuro, sempre foi e será orientádo pelo desejo de bem servir a Pátria.

A Comissão Nacional para o Monumento aos Mortos da Guerra, escolhendo para o lançamento da primeira pedra de tal monumento o dia 9 de Abril em que se comemora o es­forço da Raça, teve a nítida compreensão do que representa a associação dessas duas ideas. Com efeito, prepetuar a me­mória de todos aquêles que pela Pátria morreram é assinalar ad perpetuum o esforço colectivo de todos os seus filhos, na ância de bem a honrar. £ a acção dos portugueses no dia que hoje se celebra, afirmou bem, na verdade, as qualidades su­periores da Raça, atestadas nesses milhares de covais dos que» em holocausto ao bom nome da Pátria, jazem em terras dis­tantes.

Pelo esforço da Raça, Portugal se constituiu em naciona­lidade independente na primeira metade do século XII, alar­gando sucessivamente o seu território metropolitano até à conquista definitiva do Algarve, um século decorrido; pelo esforço da Raça, Portugal, durante os séculos XV e XVI, se tornou grande entre os maiores pelas suas descobertas marí­timas e pelas conquistas e domínios em todas as partes do mundo; pelo esforço da Raça, em meiados do século XVII, Portugal, reagindo, liberta-se dos 60 anos de cativeiro em que foi lançado numa época de desalentos criada pelos insucessos dum rei sonhador e pelo abaixamento de carácteres ; pelo es­forço da Raça, Portugal, nos inícios do século XIX, dá o pri­meiro golpe nas ambições do maior génio guerreiro dêsse sé­culo, libertando o seu território e contribuindo para a liber­tação da Península do domínio das águias napoleónicas; pelo esforço da Raça, finalmente, na Grande Guerra, onde foram levados pelos compromissos duma velha aliança e pelo dever

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de conservação do património que os nossos antepassados nos legaram, os portugueses joram sempre portugueses.

Faço esta afirmativa franca e desassombradamente, com as responsabilidades dos cargos que, durante 18 meses, exerci no C. E. P. em França, não por mim, mas por êles, pelos Soldados de Portugal.

Assisti à chegada das primeiras forças portuguesas à Flandres, por uma fria madrugada de Fevereiro de 1917, al­gumas horas antes do nascer do sol. A escuridão era ainda profunda, só atenuáda pelos pálidos reflexos da frouxa ilu­minação da gare de Aire-Sur-Là-Lys, incidindo sobre o solo coberto de neve que continuava caindo abundantemente.

Ouve-se o silvo da locomotiva e poucos minutos depois, dum comboio militar recemchegado, começam desembarcando os nossos serranos.

Ainda se não apagou do meu espírito a delorosa impres­são sofrida nessa ocasião. Mixto de dõr e de vergonha pelo miserável estado em que se apresentavam as primeiras fôrças portuguesas perante os nossos aliados ingleses e franceses que comnosco ali as aguardavam.

Êstes soldados, que durante dias se conservaram embar­cados no Tejo, mal alojados e faltos de higiene, que depois sofreram os enjoos da viagem para o norte da França sujeitos ao perigo iminente dos submarinos, que, seguidamente, mal desembarcados em Brest, foram metidos no comboio, muitos em wagons abertos, fazendo assim uma viagem de 37 horas consecutivas; desembarcaram em Aire-Sur-Là-Lys rôtos, su­jos, desalentados, mais com o aspecto de sórdidos mendigos do que militares válidos para uma tal guerra.

Pois bem, êstes mesmos portugueses que quasi houve ne­cessidade de sequestrar das vistas da população nos primei­ros dias após a sua chegada, acantonando-os em povoações distantes da cidade do Aire, devidamente cuidados e mano­brados, quinzejdias passados jâ desfilavam garbosamente pe­las ruas dessa mesma cidade, faziam notáveis progressos na instrução das especialidades"críadas nesta guerra e em pouco

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mais de metade do tempo que era uso ser consumido em tais instruções pelos soldados dos nossos aliados, já os portugue­ses eram considerádos prontos e, como verdadeiros valores, se­guiam para as trincheiras, primeiro para fazerem a sua se­mana de aprendizagem, depois para definitivamente assumi­rem as responsabilidades da defesa do sector que nos foi confiádo.

Eis uma indiscutivel primeira manifestação do esforço da Raça, continuamente seguida por tantas outras e por forma tal que, nesta orientação, os nossos gambuzios na frente, tendo adquirido o aplomb e a rigidez dos seus camaradas ingleses, conservavam sôbre êles a superioridade do espírito dos meri­dionais e todo o ardor militar da nossa Raça.

Meses e meses seguidos se conservaram os nossos solda­dos na frente, sem serem rendidos e ainda o esforço da Raça e a ância de bem honrarem a sua Pátriá ali os manteve, pre­senciando sucessivas rendições das unidades inglesas a seu lado, que vinham para o descanço à rectaguarda e de novo voltavam à frente, encontrando la porventura os mesmos por­tugueses.

Dá-se o 9 de Abril e êsses portugueses já física e moral­mente atingidos, quando na vespera lhes fôra notificádo que tinha chegado o desejado dia de regresso à rectaguarda para se refazerem num bem merecido repouso, isto é, no crítico pe­ríodo duma rendição, são atacados por 8 Divisões de tropas escolhidas alemãs e no último arranco de verdadeira epopeia, na Red-House, em Là Couture e em outros pontos, batem-se até ao exgotamento das suas munições e da própria vida.

Se da Flandres passarmos à África, que outros admi­ráveis exemplos do esfôrço da Raça ali se nos deparam!! !

Nessa maior porção do nosso (património, em cli­mas depauperantes para os europeus, em regiões inóspitas a mais de mil quilómetros da costa, com a quási completa

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ausência de comunicações ou ligações, exgotadOs pela fadiga, atacados pelas febres, escassamente alimentádos e por vezes, dias sucessivos com absoluta carência de água que lhes abrandasse a sêde, os portuguêses, arrastando-se lá em muito peores condições do que na Flandres, sofrendo o que nós nem sequer poderemos imaginar, exuberantemente demons­traram o esforço da Raça, fazendo em tais condições o que poucos dificilmente egualariam e nenhuns excederiam.

Em Angola, de Naulila às cacimbas da Mongua, que série de feitos brilhantes e dos que mais teem marcado nas campanhas coloniais dos últimos anos! ! !

Para não me alargar na exposição de outros factos ape­nas me referirei aos memoráveis combates de 18, 19 e 20 de Agosto de 1915, qúe precederam a tomáda da embala do sóba dos Cuanhamas.

Após uma série de marchas difíceis em que dias houve que não foi possível avançar mais de 3 quilómetros, já de­pauperados pelo clima e abrasados pela sêde, privádos de transportes por falta de gado de tracção que o inimigo e a falta de água iam inutilisando, a coluna do intrépido e inérgico General Pereira de Eça é fortemente atacada pelo inimigo, os aguerridos e temidos cuanhamas que, contra a nossa espectativa, já dispunham de aperfeiçoádas armas de fogo e conheciam um pouco a tactica europeia.

Aí, ao findar o combate do primeiro dia, para afastar o inimigo que vinha esboçando uma manobra visando ao nosso completo envolvimento, que por fim acabou por efectivar, o grupo de esquadrões de cavalaria realisa a sua memorável carga e, ao deixar o quadrado, clarins tocando a marcha de guerra, os seus camaradas que ficavam, todo o resto da coluna, oficiais e praças, impulsionados pelo mais sincero patriotismo, expontaneamente entoam a Portuguesa, o Hino Nacional!.. . Que magnífica e sublime manifestação de civismo; como esses portuguêses se mostraram dignos dos seus maiores, de Nuno Alvares, de Albuquerque, Duarte Pacheco e tantos outros! ! ! . . .

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No dia 20 cabe a vez ao batalhão de marinha de se evidenciar na acção, suportando quási êle só durante todo o dia, pois se combateu de manhã à noite, o ataque violenta dos cuanhamas. Nada cedeu e briosamente cumpriu a sua missão.

No entanto, a situação da nossa coluna era das mais crí­ticas e não seria possível aguenta-la durante muitos dias. Os víveres e munições iam desaparecendo e não se via forma de fazer o necessário reabastecimento. £ ’ então que agentes de ligação são enviádos às duas outras colunas operando no Evale e no Cuamato, com as quais já de há muito se tinha perdido o contacto, afim de as fazer concentrar nas cacim­bas, trazendo-lhes com. o seu apoio material e mrral, as mu» nições e viveres que os da Mongua tanto careciam.

Os emissários, rompendo o cêrco, valorosamente se de­sempenham de tão importante missão e a coluna do Cuamato,. igualmente gasta e depauperada, acorrendo ao chamamento, realisa a maior emais rapida marcha até hoje registada em' campanhas coloniais, chega no momento oportuno e decide da victória.

Dias passados, concentradas as tres colunas, rápida­mente se organisa o movimento de progressão para a embala,, agora ainda em condições mais difíceis. Com efeito, durante, os anteriores combates da Mongua, o inimigo, para nos imo- bilisar, alvejara de preferência o nosso gado de tracção e nele nos produzira cerca de 400 baixas, Assim, falhos da transportes, afastando nos da água, a sêde mais uma vez se fez dolorosamente sentir, forçando-nos a deixar pelo caminho- unidades completas, a tal ponto que à embala, com o Quartel General, apenas chegou o valente batalhão de marinha e uma peça de montanha arrastada por um cavalo montada de oficial. , .

• Através, pois, todos êstes obstáculos o esforço da Raça bem incarnado na pessoa do General Pereira de Eça, cuja inergia raciocinada venceu as vicissitudes do seu fisico atin­gido pelas febres, sem desfalecimentos, soube impulsionar

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todos os que serviram sob as suas ordens, íazendo-o apontar como a alma de toda a campanha que victoriosamente con­duziu até final.

*

Dirijamos agora o nosso exame para a outra costa, para Moçambique, e na ordem de ideias que vimos expendendo, factos não menos valiosos se nos apresentam para a compro­vação da nossa tese.

Nevala, Nhamacurra e a defeza da serra Mocula, são, por assim dizer, os padrões marcantes do nosso esforço naquela colónia.

Ali, o inimigo ainda é mais valoroso. Combatemos con­tra os ascáris de Von Littow Yorbek, valoroso general ale­mão, de tal nomeáda que pueril seria n’este momento encare­cer. Defrontámo-nos contra tropas aguerridas, organisadas, disciplinadas e instruídas à alemã* dotadas de extraordiná­ria mobilidade e armadas com os mais aperfeiçoados modê- los, de tal valia que os nossos aliàdos ingleses, em regra, com elas só se empenhavam em combate quando estivessem segu­ros de poder dispor de efectivo duplo do do adversário.

Lutámos sob a acção dum clima ainda mais insalubre e desfavorável que o de Angola, onde as baixas a êle devi­das, antes mesmo do início da campanha, atingiram mais de um terço dos efectívos iniciais. E no entanto bem cumprimos o nosso dever.

Em Newala, as nossas tropas, sofrendo rijo ataque dos alemães, viram-se envolvidas num apertado cêrco, sofrendo durante dias sucessivos, sempre em combate, as maiores pri­vações. Por fim tendo quási exgotadas as munições e impos­sibilitadas de progredir, decidem-se a romper o cêrco e num rasgo de audácia e heroísmo, noite alta, tentam aventura e a coberto da escuridão e da densidade das florestas conseguem o seu objectivo retirando para áquem do Rovuma.

Na serra Mocula uma só companhia nossa, por tal fórma se comportou, que forçou Von Littow a sôbre ela concentrar

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todas as suas forças disponíveis, as quais, por êle próprio comandadas, só após um renhido combate de 3 dias consegui­ram desalojar-nos das posições.

É nesta brilhante defesa que, como extraordinário feito de epopêa, um oficial.português, porventura a mais empol­gante figura de heroe desta campanha, firme no seu posto, conserva-se até final manobrando pessoalmente a sua metra- tralhadora e a ela abraçado morre gloriosamente, quando já todos os seus camaradas tinham abandonado a posição. Que o nome de Viriato de Lacerda para sempre fique gravado nos corações portugueses e o seu feito sirva de exemplo a to­dos os militares.

Em Moçambique também os heroicos marinheiros pres­taram o seu concurso sofrendo pesadas perdas nas várias tra­vessias do Rovuma em que eles, como é tradicional, colabo­raram com energia, valôr e patriotismo.

Para terminar esta exposição de factos, de sobejo conhe­cidos, por certo, mas que necessário foi reúnir para demons­tração dos meus desígnios, referir-me-hei agora à impressio­nante odisséa de Carvalho Araújo, o mais recente e brilhante feito de combate da nossa marinha de guerra, por si só sufi­ciente para atestar o esforço da Raça

Tendo-se-lhe confiádo a missão de comboiar o vapôr por­tuguês «San Miguel» numa viagem para a Madeira e Açores, viu-se «Carvalho Araújo» atacado no alto mar por um sub­marino alemão de grande tonelagem e superiormente artilha­do. Conscio do seu dever não hesita e apesar da disparidade de meios de acção, contra um adversário assignaladamente superior, na certeza dum combate para êle desastroso, mas como único meio de atingir o seu fim permitindo ao «San Miguel» afastar-se e aportar à Madeira, lança-se na lucta, verdadeira peleja do pigmeu contra o gigante. A tripulação do pequeno vapôr bate-se dnrante horas contra o poderoso

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submarino inimigo e por fim, exgotadas por completo as mu­nições, é forçada a render-se tendo-se sacrificado no cumpri­mento do dever.

Carvalho Araújo, o heroico comandante, perde a vida na emprêsa, mas com o seu gesto salvou a de todos aqueles cuja segurança lhe fôra confiáda e que no «San Miguel», forçando a marcha, graças ao tempo que o combate lhe ga­rantiu, conseguiram chegar a salvo ao porto de destino.

*

E’ para tornar perdurável ás futuras gerações estas últi­mas manifestações do esforço da Raça que a Comissão Nacio­nal, delegada do Governo, aqui realísa hoje a cerimónia do lançamento da primeira pedra do monumento aos mortos da guerra, homenagem que todos nós lhe tributámos e que, tanto para aquêles a quem se presta como para os seus vindouros, constitui o maior título de glória que um cidadão e em espe­cial um militar poderá ambicionar, pois que ela é prestada aos que morreram pela Pátria,

Como militar, antigo combatente da Grande Guerra, hoje acidentalmente Chefe do Exército, em meu nome e no do Governo da República, aqui venho render o preito de mere­cida homenagem àqueles que, à custa dos maiores sacrifícios, e com sublime abnegação, souberam bem cumprir os seus deveres como cidadãos e soldados, honrando o nome de Portugal.

Todos esses portugueses quizeram e foram dignos das Suas tradições; em todos o exemplo dos mortos gloriosos seus antepassados actuou, tornando-os valorosos e engrande­cendo-os; em todos se manifestaram as qualidades indómitas da Raça portuguesa fazendo-se admirar nas virtudes mili­tares que em vários períodos da nossa historia, por nacionais e extrangeiros, já teem sido postas em destaque; todos bem mereceram da Pátria que reconhecendo-lhes os serviços neste local os vai deixar assinalados.

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Mas para que o esfôrço dispendído não redunde estéril, para que à memória dos Heróis alguma coisa de útil lhe consagremos, para que ao seu sacrifício correspondamos oferecendo-lhes a justa recompensa dos trabalhos sofridos, para que prosigamos nos seus patrióticos desígnios da integra manutenção do nosso património, necessário é que todosf comungando no mesmo ideal, nos unamos num só esfôrço redentor e nesta hora solene prometamos esquecer dissidên­cias e rancores para unicamente nos lembrarmos que somos filhos da mesma terra, dessa terra que êles tão nobre­mente honraram e por cujo resurgimento deram a vida

Soldados da Flandres, meus bravos camaradas, deno­dados combatentes das nossas campanhas coloniais, heroicos marinheiros da nossa Marinha de Guerra, que a lição de elevado patriotismo que na terra, no mar e no ar destes durante a Grande Guerra jámais seja esquecida pelos vossos concidadãos; que o exemplo do vosso civismo perdure e que êle, atestando o esfôrço da Raça, lhes sirva de incitamento ao seu procedimento futuro avigorando-lhes a fé nos destinos da Patria por cujo resurgimento, amanhã como ontem, unidos como verdadeiros portugueses, lhes cumpre luctar e vencer»

9 de Abril de 1923.

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Prefácio ào l.a eòição

Limito-me a apresentar êste trabalho sem entrar na apreciação dos factos ; os leitores que os co ­nhecerem tirarão as conclusões ditadas pelas suas consciências: os que os não conhecerem tirá-las hão, segundo o seu critério, em face dos documen­tos expostos.

Nunca tive o propósito de me tornar notável cm coisa alguma; mas sendo conhecido na udo Minho» pela Mãe da Brigada, julgo que me não ficará mal a tentativa de tornar mais conhecida a acção das valentíssimas Tropas Minhotas na Flan- dres, e, em especial, no célebre dia 9 de Abril de 1918, em que o Corpo Expedicionário Português recebeu e sustentou, no limite das suas forças, um rude ataque inimigo.

A minha querida Brigada, aquela que foi cons­tituída pelos batalhões do 3, do 8, do 20 e do 29, todos do Minho, desapareceu em 9 de Abril ci­tado, como é fácil verificar pelos documentos aqui mencionados; os meus queridos Filhos que a mão

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forte e genuinamente Portuguesa do Coronel Al­meida Barbosa reuniu sob a Bandeira da "Brigada do Minho», morreram, foram feridos ou feitos pri­sioneiros ; e os restantes receberam mais tarde por companheiros os Militares, que as necessida­des da Grande Guerra lhes mandaram, para que se albergassem na Casa Honrada, que a "do Mi­nho» lhes abria num dever de hospitalidade.

Um dia, — Deus sabe quando será? — a Histó­ria há-de tomar conta de todos os depoimentos, fará a justiça devida e assentará no critério são de uma Imparcialidade absoluta. Para essa Histó­ria apresento já o meu depoimento ; e, porque desejei basear as minhas palavras no parecer de quantos as possam confirmar, junto as opiniões de tantos Oficiaes portuguezes e estrangeiros quantos se dignaram responder ao meu pedido, o qual sempre se limitou a solicitar uma opinião justa do que viram, pois nem o meu carácter, nem o deles aceitariam qualquer outra fórma de procedi­mento.

Não se deve, suponho eu, fazer afirmações em matéria histórica, sem que as possamos compro­var; eis porque ajuntei a êste trabalho a cópia de alguns documentos oficiais; e, julguei tornar mais acessível a sua leitura proporcionando os gráficos indispensáveis.

Trata-se apenas de uma história resumida da acção da «Brigada do Minho» em 9 de Abril de 1918.

Diz-seto que se prova e prova-se o que se diz.

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Se alguém quizer ver no trabalho que fiz, um desejo de rebaixar qualquer, engana-se. Os Portu­gueses na Guerra, foram sempre Portugueses; — e tudo está dito assim; — mas "Brigada do Minho» houve só uma, na Flandres, em 9 de Abril de 1918.

E preciso fazer-lhe justiça.Êste pequeno resumo da acção da "Brigada

do Minho» na Flandres não poderia fazer-se sem as palavras de incentivo, que recebi de quási todos os Camaradas, a quem participei o meu plano, e sem que me apoiassem as palavras justas, que muitos me dirigiram, com o fim de testemunhar as minhas afirmações. A todos manifesto a Ami­zade grata e sincera que nos liga.

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Meu caro camarada e presado amigo.

Lisboa, 12-VII-1922.

Pede-me para lhe dizer qual foi a acção da «Brigada do Minho» antes e depois do 9 de Abril, seu valor combativo, resistência, etc., etc.

É para mim sempre muito agradável satisfazer ao pe­dido de um camarada, com quem servi, e tanto mais, quando êle invoca o meu testemunho para um acto de justiça.

A «Brigada do Minho» foi, das da segunda divisão, a que primeiro se reuniu em França, e portanto a que mais depressa se aprontou a entrar em acção.

Concluído o tirocínio nas unidades britânicas, por onde tinham passado as brigadas da primeira divisão, e estavam passando as da segunda, entrou, no dia 23 de Setembro de 1917, nas trincheiras, a render uma da primeira divisão, de que alguns batalhões contavam já 4 meses de permanência na frente, tendo, anteriormente, auxiliado o trabalho de repa­ração das obras de defeza. Desta data até 9 de Abril de 1918, isto é, durante seis meses e meio, nunca deixou a «Brigada do Minho» de prestar ininterruptamente, serviço em primeira linha.

Emquahto comandei o C. E. P., não houve a registar nos batalhões que a compunham, acto algum censurável; antes, nêles se manteve rigorosa disciplina, ordem e subordinação, para o que muito concorreu a boa índole da nossa gente do

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Minho, mas especialmente a acção do ilustre e dedicado comandante o coronel Almeida Barbosa, de V. Ex.a, que por algum tempo foi comandante interino e de um grupo de ofi­ciais solícitos e zelosos, que muito bem compreenderam e cumpriram o seu dever.

No dia da Batalha, guarnecia a «Brigada» o sector de Fauquissart, onde ruais duramente se fez sentir o ataque ini­migo, e onde mais encarniçada foi a resistência, bem provada pelo número de mortos caídos no campo. Ao passo que da «Brigada do Minho» morreram 15 oficiais, e 6 das unidades que com ela cooperaram — artelharia, metralhadoras e mor­teiros—; das outras três brigadas morreram apenas 3 oficiais, um alferes por cada uma delas e 4 subalternos das unidades de artelharia e metralhadoras. Assim : o número de oficiais, mortos no dia 9 de Abril, pertencentes à «Brigada do Minho, foi cinco vezes maior do que o dos mortos nas outras 3 bri­gadas da divisão, a tomar como verdadeiras as informações do «Livro d'Ouro da Infantaria», últimamente publicado. A mortalidade dos soldados do Minho, comparada com as bai­xas, por morte, dos soldados das outras brigadas, foi consi­derávelmente maior. A eloquência dos números diz mais que qualquer narração.

Sem de forma alguma pretender disvirtuar a acção dos batalhões das outras brigadas, em primeira linha, que se ba­teram bem, em geral, demorando o avanço do inimigo, e só cedendo terreno perante a esmagadora superioridade numé­rica no assalto ao sector guarnecido pela divisão portuguesa, seria injusto se não apontasse a «Brigada do Minho» como a que mais se distinguiu em conjunto.

Os batalhões de infantaria n.os 3, 8 e 29 já foram, pelo Govêrno da Rèpública condecorados com a Çruz de Guerra e Medalha de Valor Militar. O batalhão de Infantaria n.° 20, que, como aqueles se distinguiu, não recebeu ainda o mere­cido galardão. Estou confiado, em que lhe será conferido, um dia, quando o Ex.mo Ministro da Guerra tiver conhecimento da desigualdade, havida entre unidades, que, lado a lado,

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€ com a mesma coragem, se esforçaram por garantir a honra da Pátria e levantar o nome do Exército.

A Bandeira, bordada e oferecida pelas senhoras de Viana do Castelo, insígnia privativa da «Brigada do Minho», se, a exemplo do que a outras Bandeiras do Exército foi conce­dido, receber qualquer distinção, seria, onde quer que fôsse recolhida, já que a unidade, a que foi doada, não virá nunca mais a constituir-se, olhada com veneração e orgulho por todos os que, fazendo parte da «Brigada do Minho» expo- zeram a vida, combatendo em França pela Liberdade dos Povos, e Glória de Portugal.

Pode o meu camarada fazer desta carta o uso que enten­der, agradecendo-lhe o ter-me facultado a oportunidade ce apresentar um alvitre, que, realizado, tanta satisfação dará a V. Ex.a e aos que consigo serviram sob o comando do Coronel Almeida Barbosa, oficial por quem tenho grande considera­ção e a quem propuz para a graduação no pôsto imediato pelas suas qualidades militares e pela forma correcta e dedicada como sempre comandou a Brigada, e interinamente a Divisão.

A minha proposta, porém, não foi superiormente apro­vada.

De V. Ex.aCam.da Am.° e Obrg.d°

a) F. Tamagnini.

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Meu caro Mardel

Coimbra, 28-8-922.

Há muito tempo que eu principiei a escrever um livreco sob o título «Na Flandres e nos Açores», estando devidamente capitulado, sendo certo, porém, que o capítulo àcerca da «Brigada do Minho» estava em branco como estão no mesmo estado muitos outros.

Desgostos de várias espécies tem obstado a que me dedique à terminação de tal obra. Bem sei que daí só podem resultar benefícios para as letras pátrias, pois o trabalho re­dundará insípido e desenxabido. Coisas de velho. E creia que só pela muita amizade que lhe consagro, e também pela grande simpatia que sempre me mereceram os homens dos Matacões, e em especial o seu Comandante, é que achei em mim a força precisa para escrever essas mal cerzidas re­gras. Julgo que, nas questões de detalhe, não ha êrro, pois reportei-me às notas que possuo, mas, se o houver, o meu caro amigo introduzir-lhe hà as alterações necessárias. Por essas notas, e ainda por outras reminiscências, é que eu vejo que estive na Flandres... e a dentro da zona perigosa.

Contos largos, contos largos! Como a minha letra é pés- cima, pedi ao Baltazar, meu genro e meu ajudante, para a sopiar.

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E o meu estimado Mardel faz muito bem em publicar o seu relatório. Todos deviam proceder como o meu amigo. Eu espero anciosamente êsse seu trabalho, que, sem dúvida, deve marcar.

Disponha sempre do meu invalidoso préstimo.

Um abraço do seu am.° e cam.da obg.do

a) Sintas MachadoGeneral

/A Brigada do Minho (1)

A 4,a Brigada, constituída pelos batalhões dos Regimen­tos de Infantaria n.os 3 8, 20 e 29, e comandada superiormente pelo meu velho amigo e condiscípulo, coronel Adolfo Barbosa, oficial ilustrado, inteligente e activo, era conhecida pela deno­minação que encabeça estas ma! cerzidas linhas. Caracteri- zava-se, em especial, pela usança de «matacões», barba cor­tada á laia de suiças. Se a memória me não atraiçoa, creio que, a quando das guerras Peninsular e da Liberdade, já os soldados minhotos se distinguiam por esta espécie de apên­dice capilar. Se assim foi, a tradição, um século depois per­sistia em terras da Flandres, em plena conflagração europêa, sendo motivo de jactanciosa chança para os que a continua­vam tão longe da Mãe Pátria.

Desempenados, robustos, olhar vivaz, sofredores, rijos, e disciplinados, os homens dessa unidade da Divisão do meu comando, quando deparava com eles nos campos de ínstru-

(1> Excerto do lirro em preparação «Na Flandres e nos Açores».

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çSo, nas estradas, nas trincheiras, evocavam sempre ao meu espírito a Terra onde fôra nado e criado. Perante a minha ima­ginativa, via então desfilar os verdejantes campos da mais lin­da e encantadora província portuguesa, as suas incomparáveis paisagens, as suas montanhas e colinas de formoso recorte e cobertas de soutos e de pinhais, as formosíssimas margens dos seus rios bordados de choupos e de freixos, as suas vice­jantes vinhas de enforcado, os seus caminhos trepando a cabe­ços de onde a vista, espraiando-se por largos e amplos ho­rizontes, descortina panoramas de uma beleza maravilhosa, as suas brancas casarias dispersas pelas encostas, os seus habitantes, animados por um alto espírito de religiosidade e de fé, agarrados às suas fainas campesinas, valorizando c ter­reno com o seu penoso esfôrço e o seu suor honrado e dedi­cando-lhe uma afeição, uma ternura e um apego amoráveis. E como estas lembranças me golpeavam a alma de infindas saudades!

Um dia, aí pelos meados de Agosto de 1917, a 4.* Brigada entrou no sector de Fleurbaix, onde ia treinar-se no serviço próprio das trincheiras. Não sei bem por que motivo espa- lhou-se à chucha calada a mentirosa e aleivosíssima atoarda de que as praças estavam descontentes e mal humoradas. Parti imediatamente para ali, encontrando-me com o seu coman­dante, homem de juízo e peito sãos, que imediatamente me convenceu do despropositado e absurdo de tais farfalharias. E realmente era incontroverso que os seus «magalas» se esta­vam comportando com um aprumo, uma correcção e um valor digno dos mais rasgados elogios. Nessa situação, como em todas as outras em que se viram envolvidos, souberam êles prestigiar e enobrecer a sua província. Mas, êsse seu aprumo não excluía a alegria que, geralmente, particulariza o minhoto, e, assim, numa frigidíssima manhã dos começos de Janeiro de 1918, fui encontrá-los em Paradis-Nord e Paradis-Sud, numa visita inesperada que fiz à Brigada, muito contentes, impando de satisfação, cantando e dançando. Nem parecia que se es­tava em guerra, tal o júbilo que se notava nesses rapazes da

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região do Minho, tão pitoresca, tão atractiva, tão cheia de encantos, tão genuinamente portuguêsa. E eram prontos e lépidos na resposta. Aí vai um caso:

Numa data que não posso precisar, a ração de pão foi bastante diminuída durante uns dias, e isso por causa, segundo se afirmou ao tempo, de dificuldades nos transportes marítimos ingleses. Ao fim, porém, de curto prazo voltou o pão a ter o mesmo pêso que anteriormente e a ser de exce­lente qualidade. Ora, nessa altura, encontrei nas trincheiras um soldadito do 8 de infantaria, ajoujado sob o fardo de umas tantas rações de pão, de latas de conserva, etc. Dirigi-lhe a palavra:

—Então, agora, já tens pão com fartura, não é assim?—É verdade, meu general. Êle andava «ausente» mas

com mêdo de completar deserção, já se apresentou. Vai ficar «a gancho», que é para não se ausentar outra vez.

E lá se foi a rir, galgando muito lampeiro a distância que o separava dos seus camaradas, a quem ia levar o al­moço, ao passo que eu me quedei, pensativo, seguindo-o com a vista, a confirmar-me no acerto de que homens destes são capazes dos maiores rasgos de valentia, da mais ousada cora­gem, da mais extremada indiferença pela vida, de muita abnegação, capazes emfim, dos mais heroicos e generosos sacrifícios. Excelentes soldados os da 4.a Brigada, como, em regra, o% de todo o Exército Português. Não os há nem mais dedicados, nem mais sóbrios, nem mais pacientes, nem mais valorosos, nem mais patriotas. Afirmo-o em público e raso, sem receio de contestação.

Coimbra, Agosto de 1923.

a) Simas Machado.General

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Meu caro M ardei e muito presado Amigo

Tiveste a honra de comandar durante algum tempo, em­bora interinamente, em França, a «Brigada do Minho>, honra que muitos devem invejar-te, porque comandar tropas em que o espírito de corpo tanto se manifestava, em que o cum­primento do dever era a sua aspiração única e em que os la­ços da disciplina sempre se mantiveram íntegros, é realmente uma honra, que nem a todos foi dado merecer.

Para corresponder a essa situação privilegiada que as circunstâncias te crearam, pretendes tornar público o que foi a acção da tropa do teu comando durante a sua estada em França e, nomeadamente, no dia 9 de Abril de 1918, data em que as fôrças Portuguesas sofreram o embate das tropas ale­mãs em efectivo esmagadoramente superior. Não precisas da minha aprovação aos teus actos, mas não posso deixar de te significar quanto aprecio a tua iniciativa, que oxalá por ou­tros fôsse seguida, para assim o país conhecer bem qual a soma de sacrifícios feitos pelos que, levados pelos que em Portugal ficaram, na Flandres sacrificaram a sua vida, a sua saúde ou a tranquilidade do seu espírito, para devidamente honrarem os compromissos que, em nome da Nação, para com os Aliados se haviam tomado. Bem hajas, pois, pela idéa que vais pôr em prática e, oxalá que, assim, conhecidos os factos então ocorridos, expostos singelamente e com verdade< a todos se faça a justiça a que têem direito incontestável.

Pedes-me a minha colaboração, solicitando que te diga o que penso da tua Brigada, o que ela foi e o que fez. Agra­deço-te a gentileza e vou dizer de minha justiça, recordan-

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do-te, porem, a pouca valia do depoimento. Assumindo o lugar de Chefe do Estado Maior do C. E. P. em 1 de Março de 1918, pouco mais de um mês estive em contacto com as tropas que comandavas, pois, logo a 9 de Abril se dava o ataque à frente guarnecida pelas tropas Portuguesas, estando, desde 6 do mesmo mès, a divisão a que pertencia a tua Bri­gada encorporada no XI. Corpo britânico.

Embora pouco valiosa, por todas as razões, vou expôr-te a minha opinião, baseada em factos que citarei de memória, pois não tenho à mão os documentos necessários para fazer uma narrativa minuciosa; e, que os tivesse, não usaria deles, como é fácil de compreender.

Da «Brigada do Minho», tive sempre a melhor impres­são *, póde dizer-se que desde a minha chegada ao Quartel General, onde todos dela me fizeram as melhores referências.

Em 12 de Março, quando o inimigo fez um raid sôbre a nossa frente, rompendo-a, foi um batalhão da «Brigada do Minho», o da direita, se a minha memória me não atraiçoa, que conseguiu salvar a situação, algo crítica, do sub-sector onde o raid incidira com maior violência.

0 mês de Março de 1918 foi bastante penoso para o C. E, P .; os constantes bombardeamentos, o frequente emprego de gazes e os repetidos raids, de parte a parte, produziram, neste mês, nas nossas tropas, baixas bem mais numerosas do que as sofridas em todos os anteriores meses da campanha. Daqui uma importante diminuição nos efectivos disponíveis para combate. Mas não foi só êste o efeito da actividade des­envolvida naquele mês; outros se produziram e de não menor importância: a fadiga acentuou-se, porque os trabalhos ne­cessários à defeza e os bombardeamentos tornaram, perfeita­mente teórico, o chamado período de descanso das tropas; a depressão moral manifestou-se, já pela longa permanência em França, longe da terra natal, já pelas imprudentes promessas feitas de uma próxima rendição que não se realizava nem era realizável, por circunstâncias várias, que não vem a propó­sito enumerar.

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Foi neste estado das tropas que surgiu o ataque alemão, em 9 de Abril. Se eu ajuízo da sua violência, tu melhor do que eu o podes fazer, porque mais de perto o sentiste. Não estava, como já disse, a 2.a Divisão, tácticamente, sob as or­dens do C. E. P., mas o Q, G. C. ainda com ela mantinha as suas ligações, pois só em 9 devia retirar, como retirou, para Samer. Essas ligações para pouco serviram, pois que, tendo r começado o bombardeamento às 4 h. 15 m., às 7 h. ficaram to­talmente cortadas, sendo a última comunicação recebida a de que, na frente da 4.a B. I., apareciam colunas de infantaria inimiga.

O que fez a «Brigada do Minho» em face deste ataque ? Não sou eu que responderei a esta interrogação; dou a pala­vra ao seu comandante para descrever os detalhes da sua acção e à estatística que dirá quantos mortos, feridos e pri­sioneiros teve aquela Brigada, naquele memorável dia. Quem caiu morto no campo de batalha não se furtou a combater; quem é feito prisioneiro no seu pôsto não póde ser arguido de voltar as costas ao inimigo.

E tu sabes bem, meu caro Mardel, que a crítica fácil do indígena e a crítica menos justa do estranjeiro, tem apre­ciado, por vezes, de modo pouco favorável a acção das tropas Portuguesas na Flandres. Isso, porém, são contos mais lar­gos, que, se tiver tempo, paciência e a necessária autorização, procurarei pôr, ao que espero, no seu devido pé.

Por agora, aqui fica o meu depoimento, sem valia, repito; dêle farás o uso que entenderes, sentindo, porém, que não te possa servir para grande coisa.

Crê-me sempre com muita estima

26-F evereiro-1923.

Velho Amigo e Camarada agradecido,

a) João /. Sinel de Cordes.

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Lisboa, 9 dc Fevereiro de 1923.

Meu caro Camarada e muito Presado Amigo

Em resposta à tua carta, venho dizer-te as minhas im­pressões sôbre a 4 a B. I. (Brigada do Minho) durante o tempo em que exerci o cargo de Chefe do Estado Maior do C. E. P.

É com o maior prazer que satisfaço o teu pedido não só em virtude de ser sempre agradável recordar factos de que colhemos uma boa impressão, mas muito especialmente por­que me permite o poder render, com toda a Justiça, o preito da minha sincera homenagem àqueles que, à custa dos maio­res sacrifícios e com sublime abnegação, souberam bem cum­prir os seus deveres como soldados e honrar o nome de Por­tugal.

A 4.a B. I. (Brigada do Minho), organizada em França com os B. I. n.os 3, 8, 29 e 20, manifestou-se sempre como uma unidade de élite, tendo, justamente merecido elogiosas refe­rências dos Comandos superiores a que esteve subordinada. Não só quando recebeu o baptismo de fogo na l.a linha, en­quadrada nas tropas do Exército Britânico, como, em seguida, na defeza do Sector de Ferme du Bois, que ocupou durante três meses fazendo parte da l.a Divisão, revelou sempre mui­ta coesão, disciplina, valentia e acentuado espírito militar.

A forma como foi comandada pelo Coronel Adolfo de Al­meida Barbosa e posteriormente pelo 2.° Comandante e o modo como funcionavam os diversos serviços no seu Quartel

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General também muito concorreram, Justiça é dizê-lo, para valorizar a 4.a B. I.

No cumprimento dos deveres do meu cargo, várias vezes percorri o Sector de Ferme du Bois, quando estava ocupado pela 4.a B. I. Nessas visitas, em que fui acompanhado pelo 2.® Comandante da Brigada, fiquei sempre muito bem impressio­nado com a correcção e disciplina das tropas e com o modo como eram executados os diversos serviços.

Posteriormente ao meu regresso de França, a 4.® B. I. teve ocasião de confirmar o seu valor, especialmente na memorá­vel Batalha de La Lys em que ocupava o Sector de Fauquis- sart. Provam-no, entre outros factos, as heroicas defesas do Sub-Sector n.° 2 (B . 1. 8) e de Red House (B. 1. 29), a avul­tada percentagem das baixas sofridas pelos oficiais e o pro­cedimento do seu digno Comandante ferido no Pôsto de Comando.

São estas as minhas impressões sôbre a «Brigada do Mi­nho», a cuja disciplina, patriotismo e valoroso procedimento presto a minha modesta mas sincera homenagem como sol­dado Português e antigo Chefe do Estado Maior do Corpo Expedicionário.

Dispõe sempre do teu

velho amigo e Camarada obrig.0

a) Roberto da Cunha Baptista.

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Dear Sir.

British General Headquarters,

Southern Ireland,

30th November, 1922.

1 have the honour to acknowledge your letter o£ the 20th November, and to thank you for the honour you have done me in asking me to write a few words for the book you intend publishing. I have had the privelege of reading the foreword written on the 21st November by my old friend Colonel C. A. Ker in response to a similar request from you, and I feel that I cannot do better than associate myself with the sentiments he has so ably expressed with regard to the fine record of the «Brigada do Minho» during the trying but glorious days of 1918.

* Believe me,

Yours very truly,

a) /. E. S. Brind.(late Brifadler-General, General Staff, XI. Corps).

Colonel Eugênio Carlos Mardel,

Rua Rosa Araújo 27-r/c.

Lisboa, Portugal.

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21-XI-22.

Mon cher Colonel.

J’étais enchanté de recevoir votre aimable lettre du 14 no- vembre, dans laquelle vous me dites votre intention d'écrire l'histoire de ]a Brigade de Minho pendant la grande guerre — Vous y trouverez un sujet digne de votre plume, et je suis con* vaincu que vous y ferez toute justice—

Le général Tamagnini, le colonel Roberto Baptista, et bien d’autres officiers supérieurs de 1’armée portugaise m’ont maintes fois vanté les éloges de cette admirable brigade et, avec le temps, j ’ai eu moi-même l ’occasion de juger combien ces éloges étaient bien mérités.

La brigade se composait d’un magnifique personnel, súr et ferme sur le front, et faisant preuve de toutes les qualités militaires pendant son service à 1’arrière— Les hommes de Minho imposèrent 1’admiration à tous ceux avec lesquels ils se trouvèrent en rapport, et soutinrent les plus hautes tradi- tions des nobles Arméez du Portugal.

Agréez, je vous prie, mon cher colonel, mes compliments les plus sincères.

a) Charles A. Kerancien chef de la misston britanniqoe-

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Viana do Castelo, 2 de Janeiro de 1923.

Meu caro am.° Mardel.

Pedis-me a minha opinião sôbre o procedimento da «Bri­gada do Minho» na Grande Guerra.

Bem sabeis que a 4.a B. I. foi, a meu pedido, constituída pelos quatro batalhões fornecidos pelos Regimentos de In­fantaria 3, 8, 20 e 29, pertencentes à 8.a Divisão do Exército de guarnição no Minho.

Se a 4.a B. I. (do Minho), segundo o dizer do Sr. Coro­nel Freiria no seu livro acerca da grande guerra em breve alcançou bem merecido renome; se ela mereceu de diferentes comandos britânicos algumas elogiosas referências, durante a permanência das suas companhias e batalhões junto das unidades inglesas, especialmente fazendo sobressair o facto de pelo batalhão do 29 terem sido feitos três prisioneiros alemães, quando cooperando numa brigada inglesa em Fieurbaix na noite de 23/24 de Agosto de 1917 suportou um violento ataque inimigo, sofrendo por èssa ocasião umas trinta baixas, entre mortos e feridos; se ela na noite de 23/24 de Setembro do mesmo ano, tendo na véspera tomado conta do Sector de Ferme du Bois, estando a frente guarnecida pelo 3 e pelo 8, repeliu com energia um forte ataque alemão, produzindo muitas baixas ao inimigo; se ela procedeu da mesma forma na noite seguinte contra um novo ataque que lhe fôra diri­gido e bem assim em todos os subsequentes até 30 de Dezem-

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bro nesse sector; se ela durante o mês de Março de 1918 no Sector de Fauquissart (Laventie), que guarnecia desde o prin­cípio de Fevereiro, continuou, não obstante os amiudados ataques nesse mês contra a frente Portuguesa, a conservar intacto o sector que lhe havia sido confiado, salientando-se o batalhão do 20, que com bravura e coragem repeliu o ini­migo no violento ataque de 12 do referido mês de Março, não permitindo que êle tomasse qualquer elemento da Linha A, foi porque aprouve a Deus que o 0- G. da Brigada, não só no que diz respeito aos que por mim foram escolhidos, como também aos que dêle faziam parte por determinação supe­rior, fôsse constitiiido por oficiais dotados dum zêlo, boa von­tade e trabalho inexcedíveis, estando entre êles o Capitão Raúl Maria Narchial Franco, e bem assim que tivessem competência os quadros das diversas unidades e que fôsse boa a índole dos soldados.

Se depois da Batalha de 9 de Abril, lembrai-vos que em 5 me despedi do pessoal do Q. G. da Brigada, dizendo que me não foi permitido ficar a comandá-la, como tinha solicitado ao Comando do C. E. P., em vez de ir para a rèctaguarda comandar a divisão que ia para descanso e fazendo-vos ver que o meu maior desgosto seria que a Brigada não continuasse a cumprir o seu dever, como sempre o tinha cumprido até àquela data, se, repito, depois da Batalha o General alemão, que vos fez prisioneiro juntamente com o Capitão Agnelo João Taveira Moreira, esquecido, bem como outros, na distribuição das recompensas, depois de vos interrogar disse para o seu estado maior «blessé etprisonnier avec beaucoup d’honneur», se nessa Batalha morreram 15 oficiais da 4.a B. I. (do Minho) e nas outras três brigadas apenas morreram 3 oficiais, é por­que a violência do ataque e a tenacidade da defesa devia ter sido muito superior no sector de Fauquissart (Laventie), é porque a Brigada talassa, como os seus detractores a apeli­daram, continuou a cumprir o seu dever, satisfazendo assim às aspirações do seu comandante efectivo, que no cumpri­mento da ordem superior teve de deixar a sua filha querida

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nessa fogueira de Laventie, já bastante atiada desde os prin­cípios de Março.

Por último devo dizer-vos que, depois da Batalha, foi, com os destroços da 4.a B. I. juntamente com os restos doutras unidades de Infantaria, constituída uma brigada, que, mais adiante em 27 de Maio dêsse ano, foi oficialmente pelo Comando do C. E. P. designada por «Brigada do Minho», não obstante a heterogeneidade dos seus elementos, pois tinha os soldados do 10, do 13, do 1, 2 e 5, alêm de outros em menor número de diversos regimentos e que, apezar disso, não me consta ter havido necessidade de repressão de qualquer acto de indisciplina, que por ela fôsse praticado até 12 de Setem­bro do citado ano de 1918, data em que saí de Mametz por ter sido convidado, uns dias antes, pelo Comando do C. E. P. a entrar no gôso de licença de Campanha, entregando o Comando de Divisão, que interinamente exercia, vendo-me assim na circunstância de abandonar os soldados do Minho que comigo haviam partido para França e que ainda ali se encontravam, pois tencionava regressar a Portugal junta­mente com êles.

Pode o meu caro amigo fazer desta carta o uso que en­tender e creia-me sempre

Seu dedicado amigo

a) Adolfo Almeida Barbosa.

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Lisboa, 5 de Janeiro de 1923.

Meu Caro Mardel.

Para satisfazer ao pedido feito, quando em Londres des­empenhava o cargo de Adido Militar, dirigi-me a diferentes individualidades em destaque que mais de perto lidaram com as forças Portuguesas em França, afim de colher opiniões acerca da forma como se comportou a «Brigada do Minho» no dia 9 de Abril, sob o teu comando. É-me grato ter de afirmar que de todas recebi as melhores referências relativa­mente à acção daquela unidade e, entre aquelas, se conta o tenente-general Haking que comandou o XI. Corpo Britânico ao qual estava adstrita a Divisão Portuguêsa. Êste general, que tanto interêsse manifestou pelas nossas tropas, durante o tempo que estiveram sob o seu comando, enviou-me uma carta atenciosa, onde me informa ter feito, em tempos, um relatório sôbre o 9 de Abril, no qual frizou as grandes difi­culdades com que lutaram as Tropas Portuguesas naquele memorável dia, e a sua acção após uma tão longa permanên­cia na linha.

Já agora, devo dizer que, durante o tempo em que, junto do Quartel General do 1.® Exército Britânico, exerci o cargo de Chefe da Missão Portuguesa de Ligação, ouvi, sempre, elo­giosas referências à acção da Brigada do Minho que nessa luta de sacrifício, que foi o 9 de Abril, concorreu, com pe­sada contribuição, para deter o avanço das hostes inimigas.

Teu amigo certo e muito obrigado,

a) Arthur Ivens Ferraz.4

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Meu presado Camarada.

Solicita-me V. Ex.° as minhas impressões no C. E. P. so­bre o valor e acção da chamada «Brigada do Minho» que V. Ex,a teve a dita de Comandar interinamente. Embora de pouca valia seja esta minha opinião, no entanto, como é sin­cera e me dá ensejo de prestar o testemunho da minha admi­ração a uma das unidades que na Flandres, honrou o nome da nossa Pátria, ela aí vai, sucinta e verdadeira.

A «Brigada do Minho», constituída pelos batalhões de infantaria n.oS 3, 8, 20 e 29, após à sua chegada a França, ma­nifestou logo um arreigado espírito de corpo que, dia a dia, cada vez mais se ia enraizando, lhe deu ensejo a avigorar-se na disciplina e no desejo de sobresair em valentia e esforço em todos os pontos e situações em que se encontrou.

Déla conservo as melhores impressões e, consequente­mente, aqui as deixo consignadas, com prazer e orgulho de tal unidade ter feito parte da 2.a Divisão do C. E. P. de que fui Chefe do Estado Maior.

Aceite meu presado Camarada os protestos da muita Amizade e estima do seu admirador e grato

Lisboa, 30 de Agosto de 1922.

a) Fernando Freiria.

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Meu Coronel.

Solicitou V. Ex.a o meu testemunho sobre a acção da Brigada do Minho na Grande Guerra. Penhora-me, em ex­tremo, a honra de juntar as minhas descoloridas palavras a tantas outras de igual sinceridade, que V. Ex.a está coligindo, com a sua fé patriótica e a sua grande alma de soldado, no Livro de Ouro da Brigada do Minho, que é o relatório do comando de V. Ex.a.

Os heroicos soldados minhotos merecem bem essa supre­ma homenagem de quem os comandou, embora interinamente, mas que sob o seu comando os teve no dia do mais intenso batalhar, que ficará na nossa História com o nome de Bata­lha do Lys; de V. Ex.a, que os teve sob as suas ordens e com eles foi feito prisioneiro e, como muitos dêles, foi um ferido glorioso da Brigada do Minho nesse sector de Fauquissart, onde os quatro batalhões do nosso ridente Minho, a provín­cia do nosso sonho, combateram homèricamente, afirmando as qualidades superiores da Raça.

Diz V. Ex.a que conheço bem os feitos dos nossos minho­tos na Grande Guerra. De facto fui seu camarada no Sul de Angola e em França; acompanhei-os no C- E. P., por dever do meu cargo, desde os campos de instrução até, por alto dever moral, às primeiras linhas, onde muitas vezes os fui ver, se­guindo-os nos mais emocionantes episódios de abnegação e de heroísmo, que V* E xa não deixará de referir nesse Livro

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de Ouro tão religiosamente ideado pelo seu formoso espírito de Homem de Bem e de Comandante, que sentiu a grandeza da sua missão.

Na tarefa, em que uma comissão de antigos combatentes está empenhada e à qual dou um concurso muito devotado, embora minguádo, a tarefa de erguermos em França, em Angola e em Moçambique os Padrões da Grande Guerra* pronunciei, em Braga, Barcelos e Viana de Castelo, palavras sentidissímas exaltando o esforço do Soldado Minhoto na Grande Guerra. Correspondendo a uma gentilíssima visita de V. Ex.a ofereci-lhe o manuscrito do discurso de Viana de Castelo. Nessas palavras sem eloquência, mas profundamente comovidas, e que V. Ex.a quiz publicar, procurei dizer a mi­nha admiração pelos nossos Soldados do Minho.

Como os outros, foram Soldados de Portugal! A mesma auréola de fantasia e de sonho dourou as suas frontes! A mesma força de Raça os impeliu! A mesma ânsia de futuro os guiou! Mas a Brigada do Minho marcou um lugar de destaque e atestando-o ficaram esses milhares de covais em Terra Francesa; Mortos, que caíram em apogêo; Santos, que se sacrificaram pela Grandeza e Glória da Bandeira! Êste lugar excepcional foi-lhe dado, meu Coronel, porque V. Ex.a, o seu antecessor e comandante efectivo dessa Brigada do Minho e os seus subordinados tiveram a intuição psicológica do comando, dando espírito a essa Colectividade, criando em tôrno dêsses quatro Batalhões a atmosfera de carinho, a fôrça de tradição, a invencível Alma da Região, onde êsses Soldados tinham os seus afectos mais sentidos, fazendo-lhes ouvir as palavras santas das Mães e das Noivas, das Es­posas e dos Filhos. Nos seus corações viveram esses dois afectos, que elevam o Homem: o sentimento da Pátria e o sentimento da Família. Foi a Religião sublime duma he­rança de oito séculos, foram os Mortos gloriosos, que perpe­tuam a Nacionalidade, que os manteve serenos, persistentes e valorosos, sacrificando-se quando foi necessário, engrande­cendo-se no convencimento de que os seus actos eram o élo

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magnífico, que ligaria na História o Passado de Glória a um Futuro de Ressurgimento.

Não perca a Brigada do Minho essa fôrça superior, que a manteve. Sirva de exemplo. Continue vivendo. Conte as suas páginas de resolução. Arvore a sua Bandeira, como estandarte do Dever, essa Bandeira duma tão comovente história, bordada por Senhoras do Minho para os seus he­roicos Soldados.

Há, uma data — 9 de Abril — que deveria reunir todos os Soldados do nosso Minho. Faça apêlo, meu Coronel, aos seus Camaradas da Brigada do Minho e todos os anos — no dia 9 de Abril — o dia simbólico do nosso máximo esfôrço, o dia em que a 2 a Divisão Portuguesa na Flandres, tão bem soube cumprir a sua missão de sacrifício, nessa data comemorando os dias grandes de esfôrço no Sul de Angola, de «raids» e de patrulhas nas terras de neve do Norte da França, reunam-se em Viana do Castelo, em torno da Bandeira da Brigada do Minho, contingentes dos novos soldados dos Batalhões de Braga, Guimarães, Barcelos e Valença num juramento de Fé, no engrandecimento da República pela acção cívica de quantos sentem a responsabilidade da hora de incertezas, que a Grande Guerra trouxe nas suas tremendas conse­quências.

As municipalidades duma tão forte influência na nossa vida colectiva cooperariam nesse Dia do Minho e quantos antigos combatentes não correriam a ver a sua Bandeira, a evocar os dias grandes da sua radiosa mocidade, cada ano mais distante, contando nas suas Aldeias, essas Aldeias duma tão suave carícia, os episódios dessa Epopeia, em que tinham cooperado, recordando os seus Mortos, ostentando orgulhosos a sua Cruz de Guerra, o seu Valor Militar, a sua Tôrre e Espada, a sua Medalha da Vitória ou a sua simples Medalha Comemorativa.

\<• Realize, meu Coronel, esta Obra e assim o Livro de Ouro da Brigada do Minho será lido todos os anos, as suas páginas terão a iluminura de recordações, que o torne eterno, a

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Brigada do Minho será a mais bela tradição do Esfôrço de Portugal na Grande Guerra.

Eis o meu depoimento e estas singelas palavras exprimem a minha maior admiração pelo Soldado Minhoto.

De V. Ex.‘ M > At.t0 Sub.° e Amigo Resp.r

Lisboa, 25 de Dezembro de 1922.

a) Henrique Pires Monteiro.Tenente-Coronel do C. E- M-

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Meu Ex m0 Coronel.

Reconhecidíssimo pela distinção da sua carta, venho pe- nhoràdamente agradecer-lhe.

Por certo que outros nossos camaradas foram convidados por V. Ex.a, a dizer o que se lhe oferecia sôbre a sua querida «Brigada do Minho» a quem segundo já ouvi referir, o pró­prio General Hacking chamava a sua Brigada: Há de por­tanto já ter V. Ex.a preciosíssimos elementos, proficientemente exposto o assunto, como eu não sei nem posso fazê-lo.

No entanto, e dentro do meu «métier» do Serviço de Es­tatística, também desejo cooperar obscuramente e dizer alguma coisa que talvez seja inédito. Pena é que eu não disponha da elegância de forma para bem alevantàdamente fazer a justiça que merece a «Brigada do Minho» sem o menor desprimôr para as outras unidades do C. E. P.

Falecendo-me esse predicado limitar-me hei à eloquência dos números.

A «Brigada do Minho», permaneceu nas linhas durante o largo espaço de 8 mêses e o seu efectivo em 9 da Abril era cêrca de 104 oficiais e 2500 praças.

Perdeu do seu efectivo em mortos 22 oficiais e 141 praças havendo ainda 54 praças desaparecidas, presumivelmente mortas. Bateu assim o «record» em perdas.

Vejamos porém, como essas perdas, de heróis que ficaram juncando os Campos da Flandres são eloquentes no seu si­lêncio de morte.

E1 facto notável que a densidade das sepulturas, já tôdas identificadas pela Comissão Portuguesa de Sepulturas de Guerra, decresce sensivelmente da esquerda para a direita do nosso Sector: Ao passo que em Fauquissart foi bastante ele­vado o número de sepulturas encontradas, para a direita é

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quási núlo. Ora todos nós somos sabedores que era a «Bri­gada do Minho» que ocupava em 9 de Abril aquele Sector E como se teriam comportado aqueles que o defendiam ? A ateslá-lo estão as singelas inscrições cora que o inimigo assi­nalou cavalheirescamente em muitas Campas a bravura do Soldado Português. E assim se encontravam em tôscos peda­ços de madeira assinalando o heroísmo de um Português, muitas vezes desconhecido, inscrições como estas — «Hier Ruht in Golt ein Portugiese» (Aqui repousa em Deus um Por" tuguês) — «Hier Ruht ein Taffer Portugiese Kriger» (Aqui jaz um valente camarada Português).

Num pequeno entrincheiramento foram encontrados al­guns cadáveres tendo próximo uma metralhadora e mais de 10.000 cartuchos detonados! Que obscura epopeia isto pode­ria ter representado?!

Assim também, no reduto Fort d'Esquin ocupado por Metralhadoras Pesadas, foram encontradas sinalizações que atestam a maneira como souberam morrer aqueles que lá fi­caram, pelas honrosas inscrições de homenagem deixadas pelo inimigo.

Muito mais teria a dizer da «Brigada do Minho» onde sempre foi bem levantado o espírito do Corpo, que desde o Sr. Coronel Barbosa até ao último dos subalternos, sempre todos souberam cultivar, revelando-o até nos tradicionais ♦ Matacões» que todos usavam.

Mas esta vai longa e decerto bastante destoará das res­tantes em pobreza de linguagem e falta de elegância na forma.

Reiterando os meus respeitosos agradecimentos pela dis­tinção imerecida, permita-me que me assine.

Lisboa, 6 de Dezembro de 1922.

De V. Ex." Camarada e respeitador sempre obrigado

a) Cesário Augusto de Almeida VianaTenente-coronel

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Ex.m° Snr. Coronel, Eugênio Carlos MardeL

Meu Presado Camarada e Amigo

Foi com grande satisfação que tive conhecimento de que V. Ex.a se dispunha a coligir os seus apontamentos e impres­sões pessoais sôbre o 9 de Abril e a compilar outras notas, de forma a, pela sua publicação, prestar uma justa homenagem à Brigada do Minho, de que V. Ex.a era 2.° comandante e que efectivamente comandou naquela jornada histórica; e muito agradeço a honra que me fez, solicitando a minha colabora­ção que, embora modèsta e despretenciosa, gostosamente lhe dou.

Quando, na madrugada de 9 de Abril de 1918, o exército de Von Quast se lançou impetuosamente sôbre a frente La Bassée-Armentiéres, a Brigada do Minho (4.a B. I.) guarnecia o sector de Fauquissarl, tendo no seu flanco direito a 6.a B. I. da 2.a Div. do C. E. P. e no flanco esquerdo a 119.a B. I. da 40.a Divisão Britânica. O seu dispositivo era o seguinte: Inf. 20 e Inf. 8, em primeira linha; Inf. 29 em apoio e Inf. 3 em reserva. No sector da Brigada, o 6.® G. B. A.

Participavam os homens da Brigada do Minho, como não podia deixar de ser, das qualidades indómitas da Raça Por­tuguesa e neles se manifestavam as virtudes militares que, em tantos períodos da nossa História, por nacionais e estran- jeiros têem sido admiradas; essas virtudes encontravam-se

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em larga escala na 4.a B. I., constituída com os batalhões dos regimentos minhotos, cujos oficiais e praças, sentiam que além dos laços do dever e da disciplina, dos do perigo comum, dos da estima, camaradagem e dedicação que todos mútuamente se devem, havia outro, também não menos sólido, que foi in- teligentemenle cultivado e aproveitado para manter mais es­treitos aqueles: o do culto pela província querida em que nasceram, acrescendo assim o espírito de solidariedade entre si, enraizando novas energias morais com o orgulho de per­tencer à sua Brigada do Minho, cujas qualidades e méritos justificadamente procuravam engrandecer.

Mas a Brigada do Minho, não obstante os dedicados esforços de muitos dos homens que a compunham, não podia dei­xar de enfermar também do mal que atacava as outras tropas do C. E. P., e que era de várias ordens, dêle tendo dado con­tas ao comando da 2.a Divisão os diversos comandantes e chefes de serviço. Todos sabem como os efectivos se achavam depauperados, faltando na Brigada do Minho 38,8 °/0 de ofi­ciais e 30 °/0 de praças; por outro lado, com os acontecimen­tos políticos que se produziram em Portugal, tinha chegado até às tropas o eco tentador da sua retirada breve para o País e de roulements de oficiais e praças, o que estava bem longe de qualquer possibilidade.

E, como se tudo isto não bastasse, havia o facto incon­testado do serviço extenuante e demasiàdamente prolongado que tinha incumbido às tropas Portuguesas que, sem serem rendidas, de há muito guarneciam um sector cujo desenvol­vimento era grande em relação aos seus efectivos reais. E êsse estado de fadiga é reconhecido pelo Marechal Sir Douglas Haig nas considerações que precedem a descrição da ofensiva de 9 de Abril, exprimindo-se ali do seguinte m odo:

«Na primeira semana de Abril tomaram-se disposições para render as divisões Portuguesas que há muito tempo es­tavam guarnecendo ininterruptamente o sector e tinham ne­cessidade de repouso. Esta rendição devia estar concluída na manhã de 10 de Abril».

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De facto, na noite de 8 para 9 de Abril, o Q. G. 2, de harmonia com as instruções superiores, elaborava as ordens para aquela rendição, tendo já na tarde de 8 sido prevenidas algumas unidades de que iam ser substituídas na guarnição dos sectores. Não se previa para aquela data um ataque do inimigo, de tão larga envergadura, sendo assim surpreendido o comando britânico e sendo também surpreendidas as tropas portuguesas que contavam confiar no dia 9 a honrosa missão de que estavam incumbidas, aos seus camaradas do Exército Britânico e vir para a rectaguarda gozar um repouso bem me­recido e largamente justificado.

0 expesso nevoeiro da manhã de 9 de Abril foi o mais eficaz auxiliar do Von Quast, cuja infantaria em efectivos es­magadores e acompanhada de metralhadoras em profusão, se lançou ferozmente ao ataque, depois de um intensíssimo bombardeamento de toda a zona do nosso sector com grana­das de todos os calibres e gazes asfixiantes. «Tão devastador tinha sido o bombardeamento e tão eficaz a destruição das redes de fio de ferro que, pode dizer-se, desapareceram as posições avançadas, penetrando os alemães imediatamente nas defesas principais», no dizer de Conan Doyie, no V. vo­lume do livro <The British Campaign in France and Flan- dres*t dizendo também o mesmo autor que «o ataque princi­pal dos alemães caiu sôbre a frente Portuguesa, e foi tal a sua impetuosidade, que nenhuma culpa pode ser lançada a tro­pas inexperientes que cederam perante tão terrível golpe que teria sido formidável mesmo quando dirigido contra os me­lhores soldados do mundo».

A Brigada do Minho, cobrindo Laventie, sofreu, como as outras tropas os efeitos terríveis do bombardeamento e a im­petuosidade do choque, resiitindo nas suas posições, tanto quanto lho permitiam os meios materiais de que dispunha, por ventura mais do que humanamente seria possível. Mas a sua situação, no flanco esquerdo da divisão, tendo à sua es­querda as tropas britânicas, era particularmente delicada, porque os alemães procuraram exercer ainda um maior es-

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íôrço nos pontos de ligação das tropas britânicas e Portu­guesas, que consideravam, e não sem alguma razão, como pontos fracos. E conseguiram o seu objectivo; a 40.® Divisão expedia às 8 h. e 50 m. um telegrama ao Q. G. 2 noticiando a entrada do inimigo em D. Post, o que é confirmado por Sir Douglas Haig a pag. 296 do seu relatório (tradução fran­cesa), nos seguintes termos: «Entre as oito e nove horas, o inimigo conseguiu ocupar os postos avançados do Batalhão da direita da 40.® Divisão.. . »

Assim, os alemães tendo aberto uma brecha mais pro­funda no flanco direito da divisão britânica e infiltrando-se pelo intervalo entre as duas divisões, caíram sôbre o flanco da Brigada do Minho que se encontrou desta forma na mais crítica das condições. As perdas sofridas atestam bem os es­forços que, numa luta desesperada, foram feitos naquela trá­gica emergência para o cumprimento da sua missão e para salvar a honra do Exército Português e, ao evocar êsle dia memorável saúdo carinhòsamente e com entusiasmo todos aqueles que souberam cumprir o seu dever e curvo-me res- peitòsamente perante a memória daqueles que lá ofereceram a sua vida em holocausto pela Pátria.

a) Vitorino GodinhoTenente-coronel do C. E. M. e ex-chefe do Estado Maior

da 2.a Dir. do C. E. P.

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Meu Ex.mo Coronel e Amigo.

Junto remeto a homenagem que presto à saudosa «Bri­gada do Minho», que tanto estimei e em especial os oficiais Comandantes e do seu Estado Maior, com quem tantas rela­ções mantive e tanto fiquei admirando pelas suas belas qua­lidades e atenções que sempre me dispensaram.

Com toda a consideração sou

Cam da m > Ob.d° e De.d°

a) Abílio A. V. de Passos e Souza.

Eivas, 22-7-922

Recordar o tempo em que servi em França no C. E. P., em contacto com a Brigada do Minho, o que teve logar após ao seu desembarque na Flandres, é prestar a consagração devida àqueles que sacrificaram a vida na defesa da Pátria e manifestar toda a admiração aos que atravez das mais árduas dificuldades conseguiram cumprir honradamente o seu dever,

A Brigada do Minho revelou desde a sua organização a maior disciplina, homogeniedade moral e intenso patriotismo,

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que tanto influíram no papel notável que depois desempe­nhou.

Quiz a sorte, que na ocasião do seu baptismo de sangue na l .a linha, junto das tropas Britânicas, fôsse sujeita às mais duras provas que afrontou com notável valor, passando desde logo a designação de Brigada do Minho a constituir um dos mais belos títulos de glória, pelo que recebeu públicamente os merecidos elogios do Comando Britânico.

Na defeza da frente do sector Português manifestou a maior valentia, defrontando-se sempre na melhor disposição moral com um inimigo aguerrido por três anos de luta intensa.

Durante os primeiros meses do ano de 1918, suportaram as tropas Portuguesas as mais duras provas, perante as ar­remetidas a que diáriamente o inimigo procedia, com o fim de obter informações sobre a nossa frente e aluir moral e mate­rialmente uma das zonas escolhidas para as grandes ofensi­vas de 1918 e em que o alto Comando Alemão depositava as maiores esperanças para terminar de vez com a guerra, obtendo a vitória que devia subjugar os aliados.

Depois da primeira ofensiva alemã contra a frente entre Arras e La Fère, que foi iniciada em 21 de Março, mais pre­cárias se tornaram as condições das tropas Portuguesas nas linhas, já de organização defensiva tão fraca como pela falta de apoio das tropas Britânicas, que correram para o sul afim de taparem a brecha naquele troço da frente e que tanto ameaçava a existência do Exército Britânico em França.

A necessidade de retirar da nossa frente duas briga­das, afim de lhes garantir o repouso e treino indispensáveis, fez aumentar a frente dos sectores das restantes brigadas ao mesmo tempo que os seus efectivos se reduziam considerável­mente em virtude das baixas.

Surgiu finalmente o dia 9 de Abril, dia escolhido pelos Alemães para romper a frente entre Armentiéres e La Bassée, cuja acção ofensiva preparada segundo a mais recente dou­trina táctica ia actuar contra as nossas tropas tão reduzidas física e numericamente. Neste dia, ã Brigada do Minho elevou

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um monumento de heroísmo, disputando valorósamente e a peito descoberto a passagem à avalanche alemã e, só quando envolvida e atacada por todos os lados e depois de uma série de brilhantes acções locais, é subjugada por uma superiori­dade numérica esmagadora. As suas perdas tendo sido enor­mes, atestam o seu heroísmo e o encarniçamento da luta.

Pôr em relevo os feitos heroicos das nossas tropas, ao mesmo tempo que constitui uma justa consagração e a mais alta recompensa, assegura a transmissão da herança dos com­promissos históricos que tanto contribuem para manter ar­dente o culto do Patriotismo.

Terminando estas linhas dedicadas à saudosa Brigada do Minho apresento o preito da minha maior veneração à me­mória dos Heróis que tendo sacrificado a vida na defeza da Pátria juntaram mais uma parcela de glória ao património heroico da nossa Raça.

Manifesto ainda o testemunho da minha grande admira­ção aos oficiais e praças da mesma Brigada, que teem a sa­tisfação espiritual de terem contribuído pelo seu esfôrço para a grandeza do nome Português e em especial aos Ilustres •Comandantes da Brigada e oficiais do seu Estado Maior.

Eivas, 22 de Julho de 1922.

a) Abílio Augusto Valdez de Passos e Souza.Tenente-coronel

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Meu Ex.mo Coronel

A imerecida distinção que para mim representa a carta que V. Ex.a me dirigiu para que eu escrevesse alguma coisa sôbre a situação da «Brigada do Minho», na Flandres, se me enche de júbilo por me fornecer um ensejo de manifestar públicamente a admiração que eu sempre tive por essa Bri­gada, acabrunha-me por não poder prestar-lhe, conforme o meu desejo, uma homenagem digna da atitude brilhante que sempre manteve e que a colocou, com toda a justiça, na van­guarda da infantaria Portuguesa da Grande Guerra.

Os feitos da «Brigada do Minho» são conhecidos, embora nem sempre unanimemente reconhecidos, por todos os que passaram por França; constam de documentos oficiais hon- rosissimos, dèsde os relatórios dos comandantes das unidades inglesas onde foram tirocinar, até aos da batalha de «La-Lys» e aos que justificam as condecorações e louvores que lhe fo­ram concedidos; atestam-nos as suas estatísticas de mortos e feridos; pertencem enfim à História.

E essa história que eu seria incapaz de esboçar sequer, para a qual não faltam materiais e a que a «Brigada do Mi­nho» tem absoluto direito, pena imparcial e autorisada a fará um dia, estou certo disso, porque a Verdade e a Justiça o hão-de exigir.

Referir-me hei, pois, sómente aos factores morais, a que eu atribuo em grande parte os êxitos obtidos: o «espírito do corpo», o «brio colectivo», o «sentimento do dever e da honra militares» que com tanta previdência o seu coman­dante soube criar e com tanta persistência soube manter.

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Dissolvido o regimento, unidade tradicional entre nós, para, por necessidades de adaptação à organização inglesa, se crearem grupos de quatro batalhões, a que chamámos bri­gadas, estava quebrada a tradição, estava desfeito o «espí­rito de corpo».

Êstes batalhões de diversas proveniências não tinham a ligá-los mais do que o débil laço de um agrupamento táctico superior, de recente formação, sem história e sem tradições. Era pouco para manter elevado e forte o moral de soldados que tinham de bater-se em país estranjeiro, sob um clima hóstil e por uma causa que êles, na sua grande maioria, nunca compreenderam.

Era preciso unir fortemente todos êstes homens, conjugar todos os esforços, unificar todas as vontades, isto é, criar, por assim dizer «ab ovo» o «espírito do corpo», que era, aliás, imperiosamente exigido pela missão táctica que a êsses agrupamentos havia de ser atribuída.

Nomeado seu comandante, quando da organização da Brigada, o Sr. Coronel Adolfo d’Almeida Barbosa soube vêr êste estado de coisas e, o que é mais, soube, com intuição previsora, com serenidade imperturbável e com férria von­tade, porque intuição, vontade, serenidade e bondade são os traços mais característicos do seu carácter, modificá-lo por forma insuperável.

Unificou o seu Quartel General, identificou-o de tal forma com o seu modo de ser, que êle constituiu até ao 9 de Abril um comando verdadeiramente modelar; conseguiu reu­nir na sua Brigada, e sabe Deus à custa de quantos esfor­ços e de quanta perseverança, os quatro batalhões oriundos do Minho indo assim buscar ao espírito regionalista o pri­meiro élo da cadeia que tão fortemente os havia de futuro ligar, fazendo dêles um blóco homogénio onde se fundiam todos os esforços qualquer que fôsse a sua região d’origem.

Dados êstes primeiros passos, a fria e inexpressiva desi­gnação de 4,a B. I. dava lugar à de «Brigada do Minho» — E esta já tinha história, já tinha tradições; tinha a história e as

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tradições heroicas da sua tão querida província natal, eram os descendentes dos Minhotos de Caminha e da linha do Ave, eram os mantenedores dos loiros dos Minhotos de matacões da Guerra Peninsular — e êsses Minhotos quizeram e foram dignos das suas tradições, bateram-se com denôdo pela Ban­deira que o seu Minho, num gesto galante, lhes enviava para os nortear no campo de batalha.

Arrancar êstes milhares de homens ao pessimismo am­biente, à invasão do desânimo que intimida e que esterilisa tôdas as vontades, e ao descoroçoamento que faz abandonar tôda a emprêza ardua pela persuasão da inutilidade do es­forço — constitue difícil tarefa que só um verdadeiro chefe consegue realizar. Êste desalento que perturba a consciência e enfraquece a vontade, que leva ao azedume espiritual e ao desprêzo de si próprio, nunca o conheceram os da «Brigada do Minho», porque o seu comandante, com inexcedível tacto e inegualável carinho, soube elevar cada um ao aprêço da própria dignidade e todos ao convencimento íntimo da velha máxima, sem a consciência da qual não há exército que va­lha, de que «a honra está na luta e não na vitória, quando a causa é bôa».

a) João Diogo Guerreiro TeloTenente-Coronel do C. E. M,

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Lisboa, 9 de Julho de 1922.

Meu Ex.mo Coronel e Amigo.

Acuso a recepção da carta de V. Ex.a, à qual tenho hoje o gosto de responder.

Pode V. Ex.a crer, que é sempre, cheio de satisfação, que eu presto a minha homenagem a alguém, quando ela é me­recida.

Pena é, que não saiba traduzir essa homenagem, em estilo levantado como seria mistér.

Tive a honra de servir sempre no Q. G. 1., em França; até ao armistício, tendo portanto ocasião de conhecer bem a «Brigada do Minho» do tempo em que ela se achou incorpo­rada na l .a D. I. do C. E. P.

Dela fiquei, meu Ex.mo Coronel, com a melhor das im­pressões, já pelas suas qualidades militares, propriamente ditas, já pelo seu grande e notável espírito de corpo.

Não assisti ao 9 de Abril, por isso apenas tenho uma im­pressão do que foi a «Brigada do Minho» nêsse combate, ti­rada dos interrogatórios que fiz aos nossos prisioneiros em Cherbourg, depois do seu regresso da Alemanha.

Desses relatos e declarações de prisioneiros, eu concluí, sem sombra de dúvida, que a «Brigada do Minho» se tinha mais uma vez imposto e evidenciado pelo cumprimento do dever e pelos seus actos de valor, já colectivos já individuais.

Aqui tem V. Ex.a, em poucas palavras a minha impressão sobre a «Brigada do Minho» que bem alto procurou sempre levantar o bom nome do Exército e da Pátria Portuguesa.

De V. Ex.a, com a maior consideração e estima

a) Antônio Couceiro d'Albuquerque.

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Meu Coronel e Ex.mo Amigo

Acuso a recepção da carta de V. Ex.* de 14 do corrente, mas não a de 12 de Dezembro a que V. Ex.a naquela se re­fere.

Recebida hontem a sua segunda carta, já hoje lhe res­pondo com o maior prazer.

Pede-me V. Ex.a a minha opinião e testemunho sôbre a Brigada do Minho e sôbre o facto concreto da entrega do seu relatório, após o seu regresso da Alemanha, na repartição do 0 . G. do C. E. P. em Roquetoire, que eu então chefiava-

A minha opinião, meu Ex.m0 Coronel, é de fraco valor e para de uma forma geral me referir à Brigada do Minho é pouca a categoria das funções subordinadas que eu desem­penhava no 0- G. da 1.* Divisão do C. E. P. na época em que estive em contacto com as suas unidades.

No entanto asseguro a V. E x.a que não só o espírito do corpo, elevado a um alto grau, como também a disciplina vo­luntária, que existiam na Brigada do Minho emquanto viveu as suas horas difíceis, se impunham ao respeito daqueles, que como eu, tiveram ocasião de estar em relações de serviço com essa tropa, que soube honrar o nome que adoptou e mostrar qual o espírito militar e a dedicação profissional dos chefes que a conduziam.

Quanto ao testemunho da entrega do seu relatório no Q. G. do C. E. P., em Roquetoire, em dia que não sei precisar, mas em seguida ao regresso de V. Ex.a da Alemanha, tem-no V Ex.a absolutamente.

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Não me recordo se êsse relatório continuou no Arquivo da Repartição de Operações (que eu então chefiava interina- mente por ser apenas capitão) até ao seu envio para Portugal, ou se pelo tacto de conter informações relativas a prisioneiros de guerra foi depois entregue na Repartição de Informações do mesmo Q. G., que eu também chefiava interinamente, cumulativamenle com a primeira, mas que depois entreguei ao então major do C. E. M. Sr. José Ramos, devendo neste •caso ter sido por êle enviado para Portugal para o Estado Maior do Exército.

Aqui tem V. Ex.* a gostosa satisfação do seu desejo.Peço-lhe que continue a dispor do

^ De V. Ex a At.° e M .° Obg 0

a) Álvaro Teles Ferreira de Passos

Paris, 20 de Fevereiro de 1923.

P./E - 38 Rue Viola Paris (XVe)

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Meu Ex.m0 Coronel e presadíssimo Amigo.

Sinto o maior prazer em contribuir para que justiça inteira seja feita à gloriosa «Brigada do Minho» pela sua valiosa acção na Flandres.

Não tem êste depoimento nem a autoridade, nem a impor­tância que o meu amigo benévolamente lhe atribue. Mas se outros nomes mais categorizados e menos desconhecidos poderão produzir em favor da sua Brigada os testemunhos de glória, a que ela tem direito, nenhum decerto o fará com mais conhecimento de causa, nem maior cópia de provas imediatas.

Tanto na qualidade de delegado do Chefe do Estado Maior da Divisão, quando a 4.a Brigada já estava na frente, como ao depois desde a entrada em 1.* linha da Divisão até ao funesto dia 9 de Abril, vivi realmente muito íntimamente e lidei muito de perto com as suas tropas. Aprendi a conhecê- las bem. Tanto mais à vontade me sinto para falar delas.

Sob o comando do seu tão venerado e querido coronel a «Brigada do Minho» tornou-se em breve, (podemos dizê-lo sem ofensa para as outras), uma tropa notável. Com inteligência, com amôr, o coronel Adolfo de Almeida Barbosa soube de quatro batalhões, oriundos de vários regimentos desconexos e dispersos, fazer uma unidade, que não era só unidade orgâ­nica, porque era também uma unidade moral.

0 laço regional era o èlo, que a todos prendia, mas se era êsse o motivo da unidade, a substância, a essência, a argamassa daquela união era a maneira, carinhosa e forte

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ao mesmo tempo, como o seu Comando a conduziu até ao dia da batalha.

Pai e Chefe ao mesmo tempo! Um mau destino e a injus­tiça de vulgares politicantes atirou para o olvido essa sim­pática figura de velho militar, leal, valente e bondoso, que noutro país com menos politiquice e mais patriotismo estaria hoje venerado por todos e coberto de merecidas honras.

A sua extrema bondade violentará a natural modéstia, para me desculpar estas palavras de justiça que não posso deixar de lhe tributar ao falar da sua querida Brigada.

É um desabafo de quem solidáriamente, como militar, se sente também vexado pelo esquecimento injusto a que o vê condenado.

Com o Coronel Barbosa colaborou na formação da Bri­gada uma magnífica plêiade de oficiais, tal que seria difícil encontrar melhor a todos os respeitos. Sob a sua conduta a «Brigada do Minho» tornou-se depressa a Brigada modela entre as Brigadas do C. E. P.

Não lhe faltaram por isso, nem invejas, nem malque­renças. Mas com nobre indiferença ela soube seguir o seu caminho.. .

Sacrificou-se como nenhuma outra, porque nenhuma outra Brigada teve de permanência continuada em l.a linha o tempo que ela suportou.

Por isso chegou ao 9 de Abril cheia de fadiga, desfal­cada, absolutamente necessitada de imediato repouso e ur­gente reconstituição.

Tendo-lhe sido pedido mais algum tempo de sacrifício, ficou na linha. Foi assim que o inimigo a foi encontrar, guarnecendo o sector de Fauquissart.

Do modo como ela se comportou nessa tremenda batalha, V. Ex.a, meu coronel, que então a comandava, melhor que eu poderá falar.

Se todos fizeram o que poderam e resistiram, como lhe foi possível, de justiça é dizer-se que de todas as Brigadas da Divisão a do Minho foi a única, que manobrou e com-

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bateu como unidade de batalha em obediência ao determi­nado no Plano de Defesa do Sector: — Apoios e reservas marchando para a frente a fundir-se na Linha de Principal Resistência.

Foi também e talvez por isso a que mais sofreu. As suas enormes perdas darão ao historiador ideia do seu tenaz combater.

A resistência da Red House, onde se imortalizou o glo­rioso mutilado, major Xavier da Costa, foi breve, foi mais curta que o facto de Lacouture no outro extremo do sector divisional, mas a História ha de fixá-la no mesmo grau de glória, porque foi em verdade um gloriosíssimo episódio daquele trágico dia 9.

Lisboa, 3 de Dezembro de 1922.

a) Vasco de Carvalhodo Estado Maior da 2.® Dirisão do C. E. P.

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Este relatório foi elaborado no Campo de Prisio­neiros de Breesen, sem auxílio de nenhum documento, alem dos dados fornecidos por uns relatórios sumá­rios dos Batalhões de Infantaria 3,8 e 20, por recor­dações de factos passados e ainda por informações càlhidas de oficiais e praças, feridos e prisioneiros, por mim e pelo infatigável trabalhador, valente leal e dedicado amigo o Capitão de Infantaria, grana­deiro da Brigada, Agnelo João Taveira Moreira, que durante o cativeiro sempre me acompanhou, e que, no decorrer da Batalha, em cumprimento de um dever militar, se sacrificou, ficando gravemente ferido. Tendo sido concluído em 16 de Dezembro de 1918, e por mim entregue no Quartel General do C. E. P. em Roquetoire no dia 6 de Janeiro de 1919, ao então capitão do S. E. M. Sr. Álvaro Teles Ferreira de Passos, em serviço no referido Q. G., quando ali me apresentei de regresso da situação de “Prisioneiro de Guerra» na Alemanha.

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CÓPIA

C . E . P .2,a Divisão

4 . a B . I .(do Minho)

RELATÓRIO

A 4.a Brigada de Infantaria (do Minho), que desde 7 de Fevereiro do corrente ano de 1918 (1), guarnecia e tinha a seu cargo a responsabilidade do sector de "Fauquissartw, tendo a cooperar com ela tacticamente o 6.° Grupo de Baterias de Arti-. lharia, 4.° Grupo de Metralhadoras Pesadas e as 4.as baterias de morteiros médios e morteiros pesa­dos, tinha as suas forças distribuídas no referido

(1) A ordem de operações n.° 19 de 20 de Janeiro de 1918 do Q. G. 2 determinava:

I — A 4.a B. I. e 4.® B. M. M. vão render no sector de Fauquissart a 6." B. I., passando esta a fazer parte da re­serva divisionária.

III — O comando do sector Fauquissart será assumido pelo comando da 4.a B. I. e o da reserva divisionária pelo comandante da 6.a B. I. às 9 horas do dia X -j- 2».

Como aditamento a esta ordem em 27 de Janeiro às 17 horas o Q. G. 2 determinava: «O dia X, é o dia 5 de Feve­reiro de 1918*.

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sector n o dia 8 de A bril da seguinte fo rm a : (V id e m apa A)

BATALHÃO I. 20:

C o m a séde d o co m a n d o em T em p le -B a r, o cu p a v a o S. S. 1. (Fauquissart I) c o m 3 c o m ­panhias na / . a linha e um a em apoio.

BATALHÃO I. 8:

C o m a séde d o co m a n d o em H yde-P ark , o cu p a v a o S. S. 2. (Fauquissart II) c o m 3 com p a n h ia s em 7.a linha e um a em apoio.

• B A T A L H Ã O 1 .2 9 :

C o m a séde d o co m a n d o em R ed -H ou se , constituía o apoio d o s bata lhões em prim eira linha, ten d o as suas com p a n h ia s d istribuídas p elos p ostos de a p o io da 2 .a linha.

ROAD-BENDLONELYVANOERIEMASSELÓTHOUGOMONTDEAD-ENDRED-HOUSEPICANTIN

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B A T A L H Ã O I. 3 :

C o m séde d o co m a n d o em "L aven tie» constituía a reserva ten d o tôdas as c o m p a ­nhias acantonadas nesta p osiçã o .

4 .a B. M . L. e b em assim o s m orteiros m éd ios e pesados, g ru p o d e m etralhadoras pesadas, ach avam -se d istribu ídos pelas respectivas p o s ições d o s d o is su b -sectores .

O s parques das un idades da B rigada a ch avam -se con cen tra da s em "P o n t-R iq u e il" .

A 4 .a B. I. ligava-se n o seu fla n co d ireito c o m a 6 .a B. I. e n o fla n co esqu erdo co m um a brigada escocesa (1) que havia dias o cu p a v a o sector de "F leu rba ix«, v in da da ofensiva d o "S o m m e « d e 21 d e M a rço .

O efectivo da brigada achava-se extrem am ente red u zid o , po is em p rin cíp io de A bril faltavam -lhe em pessoal e anim al, para o seu co m p le to , a p rò - x im adam en te 51 oficiais, 1300 praças e 85 solípe- des (2), o que era d ev id o não só às baixas que dia a dia a b rigad a vinha s o fre n d o nas op e ra çõ e s c o m o in im igo m as ainda ao r ig o r d o clim a a que os P ortugueses n ão estavam habituados, e tam bém

(1) 119,a Brigada da 40.a Divisão Britânica.(2) Vidè nota A.

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aos v io len tos e á rduos trabalhos que sem d escan so eram ex ig id os às tropas da Brigada, d esd e que seguiu da zon a da rectaguarda para a frente em 21 de Julho de 1917, prim eiro para a instrução eml . a linha p o r en qu adram ento su cessivo de c o m p a ­nhias, e d epo is de bata lhões sem e com resp on sa ­b ilidade, nos sectores o cu p a d o s p o r tropas inglesas, d esd e "F leu rba ix» a «A rm en tière» e e m "B eu vry» (1), d e p o is nas rep arações d o sector "N eu v -C h a p e lle « , o cu p a d o pela 2.a Brigada, durante o p e r ío d o inten­sivo de instrução n o m ês de A g o s to e parte de

'S e te m b ro de 1917 (2 ); mais tarde na o cu p a ç ã o d o

(1) Por ordem do comando da 2.a Divisão marcharam res- pectivamente nos dias 15, 18 e 21 de Julho de 1917, quatro companhias dos batalhões da 4.a Brigada (3, 8 e 29) para instrução em l.a linha, junto das tropas da 57.a Divisão in­glesa ; e o Q. G. para junto da 170.a Brigada inglesa, onde permaneceu até 31 de Julho

Em nota 467 do Q. G. da 2.a Divisão, de 4 de Agosto, é determinada a partida dos batalhões 3. 8 e 29, respectiva- mente nos dias 15, 18 e 21, para junto duma brigada inglesa, a fim de completar a sua instrução em l .a linha.

Por ordem da mesma Divisão de 23 de Agosto, marchou do seu bivaque ao S. de Inghem (para instrução junto da 5.» Brigada britânica) o batalhão de infantaria 20, («Beuvry»).

Em nota 715 da mesma Divisão, determina-se a marcha da l.8 companhia do batalhão de infantaria 3 para continuar junto dum batalhão da 172.a Brigada da 57.a Divisão britânica.

(2) No princípio do relatório do Ex.mo General Gomes da Costa, eomandante da 2.* Divisão, do C. E. P. de 3 de Maio de 1918, lê-se:

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sector d e «F erm e du B ois» d esd e o dia 23 d e Se­tem b ro , em q ue se ren deu a prim eira B. I. até 30 de D e ze m b ro (1) p o rq u e fo i rend ida pela 2 .a B. I.,

«Em 31 de Julho pedia algumas companhias da 2.* Divisão para ajudar os trabalhos de fortificação, pois não tinha pessoal bastante» (Vidè nota B).

Na nota 275 do Q G. do C. E. P. de 19 de Julho de 1917, em que se fazia o «aviso» de marcha para as linhas à Brigada, determinava-se também:

«. . . 0 batalhão de infantaria 20, que se en­contra em serviço no sector de «Neuve-Chapelle» deve recolher até a manhã de 21 ao seu local de estacionam ento.»..........................................................

(1) A ordem de operações n.° 1 do C. E. P. — R. O. de 20 de Setembro de 1917 determinava:

1. ° A 4.a brigada, as 4.as B. M, L e B . M. M. pas­sam a fazer parte da l .a Divisão a partir do dia 22 do corrente em substituição da 1.“ Brigada, 1." B. M. L e l.a B. M. M. que recolhem à zona de concentra­ção do C. E, P

2. ° A rendição da l.a B. I. pela 4.a B. I. começaráem 22.................................................. ..............................

3. ° 0 comando do sector passará para o coman­dante da 4.a Brigada às 6 horas de 23 do corrente. . •

A ordem de operações n.° 13 do C. E P — R. O. de 24 de Dezembro de 1917 determinava:

l.° A 2 / B. I , a 3 a B. L M. e a 3.a B. M. M. vão render a 4.* B. I , a 4.a B. M. L. e a 4.a B. M. M, no sector do «Ferme du Bois» devendo a rendição da B. I. começar no dia 28 e estar terminada em 3 0 ...

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v in d o , então, constitu ir a reserva da 2 .a D ivisão, e, lo g o em segu ida além da instrução, em pregada para o enterram ento d o ca b o , e ex ecu çã o de ur­gentes reparações d os p ostos da linha de aldeias (1), d o c o r p o , e o cu p a çã o efectiva de a lguns d os m es­m os , que eram b atidos c o m insistência pelo ini­m ig o e fina lm ente na o cu p a ç ã o d o sector de “ FauquissarU d esd e 7 d e Fevereiro (2), em que

2, ° Após a rendição as unidades rendidas mar­cham para a área de reserva da 2.® Divisão, ficando a 4 a B. I. como reserva da mesma.

3. ° 0 coronel Sr. José Domingues Péres assumirá às 10 horas do dia 30 o comando da l.a Divisão, de­vendo o coronel, Sr. Adolfo Barbosa retomar nesse dia o comando da 4.® B. I.»

(1) Em 13 de Janeiro de 1918 é determinado à 4.a B. I., pela nota n.° 21 do Q. G. da 2.a Divisão:

« . . .Que por determinação do Exército os tra­balhos na linha do Corpo passem a ser feitos por dois batalhões da Brigada de reserva, os quais tra­balharão directamente sob as ordens do comando da engenharia do Exército.

Dêste modo suspendem-se desde já os trabalhos que ali se estavam efectuando (com excepção das experiências nos abrigos de metralhadoras) devendo os detalhes para o trabalho dos batalhões ser comu­nicado oportunamente».

(2) A nota n.° 84 do Q. G. da 2 .a Divisão de 31 de Janeiro de 1918 dirigida ao comando do C. E. P. dizia:

«Devido a ter de se efectuar a rendição da 6 .a"B. I. pela 4,a B. I. na l.a linha a partir de 5 de Fe-

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ren deu a 6.a B. I., até ao dia 9 de A bril em que se d eu a ofensiva alem ã con tra a frente Portuguesa.

D urante to d o êste p e r io d o de tem p o, que d e ­co rreu de 21 d e Julho d e 1917 a 9 de A bril de 1918, com p orta ra m -se as tropas da B rigada sem pre de m o ld e a m erecer o e lo g io e lo u v o r das instâncias superiores (1), quer Portuguesas quer Inglesas, re­p e lin d o co m energia to d o s os "ra id s" e ataques in im igos e ten d o ev id en cia d o sem pre um alto es­p írito o fen s iv o , sem pre q ue se en con trava em l .a linha. É um a p rova flagrante o en orm e d isp ên d io d e m u n ições d e m etralhadoras, e de m uitos m o r­teiros especia lm ente na perm anência n o sector de «F erm e du B o is » , em que ch eg ou a atingir o ex ­traordinário co n su m o d e 1352 projécteis de m orte i-

vereiro cm harmonia com a ordem de operações n.° 19 dêste Q. G ; rogo a V. Ex.a se digne ponderar a S E x.a o General comandante do C. E. P. a ne­cessidade de que cesse a partir de 3 de Fevereiro o fornecimento de pessoal desta Divisão para trabalhos na linha do Corpo, conforme o determinado na nota n .0 107 da R . O . dêsse Comando, a fim de obter o descanso preciso para que os batalhões da 4 .a B . I. possam entrar na l . a linha em condições favoráveis.

Informo V. Ex.* para conhecimento de Sua Ex.a o General que êste trabalho tem sido desempenhado sempre pelas mesmas tropas devido à impossibili­dade pela situação das tropas de os fazer executar por fracções diferentes».

(1) Vidè nota C

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ros ligeiros n o p razo de 24 horas, c o m o deve c o n s ­tar d o s m apas estatísticos existentes n o C . E. P. (1).

N ão obstan te a im pecável d iscip lina e b o a v o n ­tade sem pre m anifestada pelas tropas das un idades da B rigada n o cu m p rim en to d o s seus deveres, era bem evidente o ca n sa ço e a fad iga física das tropas, especia lm ente n os ú ltim os tem p os e, já, na o cu p a ­çã o d o sector d e "F auqu issart», resultante d o p r o ­gress ivo a crésc im o de activ idade de o p e ra ções p or parte d o in im igo , especia lm ente de b o m b a rd e a ­m en tos a to d o o m om en to , que dem oliam quási p or co m p le to as trincheiras, im p e d in d o a co n ti­n u idade e regu laridade das rep arações e aum en­tan do o já d e si d u ro , extrem am ente fatigante, trabalho das tropas da B rigada, sen d o cad a vez m aiores as faltas n o pessoal em virtude das baixas e d o s doen tes p o r fad iga, eva cu a dos para o s h o s ­pitais, e, n ão se n d o as m esm as p ren ch idas, resul­tava co m o d e cré sc im o d o s e fectivos um excess ivo trabalh o para o s restantes, a acrescentar ao q ue já lhes com p etia . A ssim , em virtude da g ra n d e exten­são e d esen volv im en to das trincheiras a gu arn ecer

(1) Relatório de «Operações e Informações» n.° 47, de 9 de Novembro de 1917, do sector de «Ferme du Bois» — Na 1/ Parte — Operações, consta:

c) — Morteiros de trincheira — Ligeiros 1352 sôbre Sa- voiony Trench-Boar’s Head-S. 22. c. e S. 10. d, — Médios 83 sôbre a l." e 2.a linhas e trincheiras de comunicação em S. 16. c. e S. 16. a. (Vidè nota Q.)

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p o r tão red u z id o e fectivo , era evidentem ente en ­fra qu ecid a a den sidade de resistência, e sucedia que especia lm ente durante a noite (desde o A pos­tos da tarde ao da m a n h ã ); c o m o os p ostos da 1.* linha a bsorv ia m os efectivos das companhias eml .a linha, ficava a 2.a linha fracam ente reduzida pela q ue esta tinha que ser re forçada durante o m esm o e sp a ço d e tem p o p o r com p a n h ia s d o b a ­ta lhão d e apoio ou d e reserva, saídas das trinchei­ras às vezes no mesmo dia e ten d o p ortan to um d e sca n so cad a vez m ais red u zid o (1).

P o r ou tro la d o o d e sca n ço d o s bata lhões quer em apoio, e m uito especia lm ente na reserva, era m uito p rob lem á tico , e por vezes mesmo não existia p ois estan do êste ú ltim o a ca n ton a d o em "L ava n - tie», e sen d o esta c id a d e b om b a rd ea d a diàriainente e a d iversas horas n o m esm o dia (2), n ão era p os ­sível o m ín im o d esca n so às tropas ali a cantonadas,

(1) A nota n.° 91 O. do Q. G. da 4.a Brigada de 5 de Março de 1918, para o comando da 2.a Divisão comunicava o seguinte:

«Havendo absoluta necessidade de guarnecer melhor a B. Line, e atendendo ao pequeno efectivo de qualquer dos batalhões que guarnece o sub-sector, determinei que o comandante do Batalhão de reserva pusesse à disposição dos comandantes do mesmo sub-sector, diàriamente, uma companhia desde o «A postos» da tarde até o «A postos» da manhã.

(2) Vidè nota D.

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p o is durante o dia tinham d e evacuar os seus a cantonam en tos, para o s loca is d e co n ce n tra çã o d eterm in a d os e durante a noite ou lhes suced ia o m esm o ou tinham d e ir para a frente re força r a2.a linha ou o a p o io .

O n ú m ero de baixas sofr idas pelos batalhões, nos a ca n ton a m en tos de «L avantie», era m ais ele­v a d o d o qu e os so fr id os nas trincheiras. O esgota ­m en to fís ico , a falta de regu laridade e d ificu ld ad e na co n ce ssã o das prom etidas licen ças de cam pan h a , o que veio tirar as esperanças d e um d esca n so re- tem p era d or às fadigas e sacrifícios so fr id os e tam ­bém a im pressão d e que tinham sid o , talvez, es­q u ec id os o s serv iços p restados durante tanto tem p o , resultante da última p roc la m a çã o d o Ex.m0 G eneral G o m e s da C osta (1), influiram n o m oral das tropas c o m o não p od ia deixar de suceder, cr ia n d o -lh es um certo abatim ento e cau san d o-lh es um natural scep tic ism o. N o entanto cum priram as tropas da brigada sem pre o seu dever, sem a m en or hesita­çã o prontas a sacrificarem -se até ao fim c o m o bem o dem onstraram , m an ten do sem pre a mais c o m ­pleta d iscip lina sem a m en or p ertu rbação de qua l­quer ord em , nem m esm o a p ós os lam entáveis a con tecim en tos su ced id os às u n idades da 2 .a B ri­gada , a con tecim en tos que apezar de todas as reser­vas chegaram ao con h e c im e n to das praças prim eiro q ue o ficia lm en te ao c o m a n d o d o Q . G . da m inha

(1) Vidè nota E

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B rigada, a con tecim en tos êstes, que im ped iram a ren ­d ição , já determ inada, da 4.a B rigada pela 5 .a Bri­gada , para o q ue chegaram a fazer-se o s necessários re con h ecim en tos p o r oficia is das u n idades desta B rigada (1) v isto a 5.a B rigada ter de ir ren der n o sector d e «F erm e du B ois» a 2.a B rigada (2) sen d o

(1) Na parte do relatório do Chefe do E. M. da 2.a Divi­são transcrito na «Batalha do Lys> do Ex.m<> General Gomes da Costa, a páginas 239 se diz :

«. . .N o dia 4 deu-se uma grave insubordina­ção na 2.a B. I. (que devia ficar com a 2.a Divisão em substituição da 3.a Brigada), a qual, tendo o seu foco principal no Batalhão de Infantaria 7, atingiu outras unidades.

Assim esta Brigada tem de ser posta de parte e substituida pela 3.® B. I. que guarnecia o sector de «Neuve Chapelle» e já estava prevenida que ia para descanso*.

No relatório do mesmo Chefe do Estado Maior d iz:

«Segundo proposta do comandante da 2 3 Divisão e autorização do Corpo a 2,® B. I. devia render a 3 a B. I. a partir de 5 de Abril e a 5 a B. I. renderia

a 4.a..............»

(2) A ordem de operações n.° 42 de 31 de Março de 1918 do 0- G. da 2.a Divisão determinava:

« / — A 5.a B. I. e 5.a B. M. M. vão render no sector de «Fauquissart» a 4.® B. I. e 4.® B M. M. que passa a fazer parte da reserva divisionária

/ / — A rendição iniciar se há no dia X que opor­tunamente será indicado.

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p o r co n se q u ê n c ia a B rigada d o m eu co m a n d o a única sacrificada (1).

D e tu d o quanto relatado fica, fo i d a d o , co m tôda a lea ldade e clareza, con h e c im e n to oficia l às instâncias superiores quer verba lm ente quer p o r escrito.

N os p rin cíp ios de A bril e em cu m p rim en to dum a circu lar d o Q . G . da 2.a D ivisão fo i p o r m im en v iad o àquele co m a n d o um circu n stan ciad o relatório (2), re ferin d o o estado fís ico e m oral das

IV — Ás 9 horas do dia X -I 2 o comando do sector de «Fouquissart» passará para o comando da 5.a B. I. bem como a responsabilidade do serviço que comporta à Brigada de reserva para o comando da 4.a B. I.

V — RECONHECIMENTOS — Os comandantesda 4 .a e 5 a B I., ordenarão desde já os reconheci­mentos necessários para que a rendição mútua dos serviços na linha e na Village Line se faça sem des- continiiidade na defesa e combinarão directamente os restantes detalhes da r e n d iç ã o ........................... >

(1) Em 6 de Abril de 1918, é recebido no 0 G. da Bri­gada expedido pelo 0» G 2 o aditamento à ordem de opera­ções n .0 42 de 31 de Março de 1918, seguinte:

«Fica sem efeito a execução da ordem n.° 42 (o que se comunicou às unidades da Brigada pela Cir­cular n.° 22 de 6 de Abril (Vidè nota F).

(2) Vidè nota G.

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tropas da B rigada so b to d o s os p ontos de vista e a lv itrando que a B rigada d o m eu co m a n d o reti­rasse para a zon a da rectaguarda, a íim de ter um d escan so que não tinha havia mais de oito meses, d e se reorgan izar, de se retem perar e de gan h ar novas forças para voltar à frente em co n d iç õ e s de arrostar eficazm ente co m as inúm eras asperezas da guerra d e trincheiras.

N ão obstante êste relatório, fo i receb id a ord em para que na noite de 6 /7 d e A bril os sectores sofressem um a m o d ifica çã o n os seus lim ites (1) de que resultou o sector de "Fauquissart» um acrés­c im o d e frente d e 500 m etros o que ve io agravar mais as c o n d iç õ e s de defesa d im in u in d o a d ensi­d ad e de resistência.

Em 7 de A bril p or oca siã o da últim a co n fe rê n ­c i a . realizada n o Q . G . da 2 .a D ivisão em «Les~ trem » (2) eu expu z na p resen ça d o respectivo com a n d a n te da D ivisão Ex.mo Sr. G eneral G o m e s da C osta, ao E x.ra0 Sr. G eneral H aking, c o m a n ­dante d o X I c o r p o d o 1.® E xército Inglês, ao qual as tropas Portuguesas se achavam su bord in adas, havia a lguns dias, apròx im ádam en te o m esm o que co n s ­tava d o m eu relatório que atraz a lu d o a p rove itan d o a oca siã o de relem brar os serv iços prestados pela

(1) Vidè nota H.(2) Vidè nota I.

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B rigada d o m eu co m a n d o (1), já então so b o co m a n d o su perior d o re ferido G eneral ing lês, ten d o êste d ecla rad o que a 4.a B rigada seria a prim eira a ser ren d ida e q ue entretanto a ia m andar re força r com oficia is e 300 praças p o r bata lhão, re fo rço s estes que não chegaram a ser receb id os .

A B rigada tinha p o r m issão ún ica a defesa à outrance da l .a e 2 .a linha, resistindo nesta ú l­tim a até ao fim (2), segu n d o as ord en s recebidas, as quais m e foram repetidas verba lm ente p e lo E x.mo G eneral G o m e s da C osta, com an d an te da2.a D ivisão, ainda na véspera da ofensiva , n o Q . G . da B rigada ("Lavantie»)-

(1) Gráfico da permanência nas linhas das brigadas da 2.a Divisão (Vidè gráfico III)

4. ° Brigada

5. a Brigada

6. a Brigada

(2) 0 relatório do Chefe do E. M da 2. Divisão diz:

« . . . que a Divisão era considerada como que uma fôrça inteiramente em postos avançados onde, devia manter-se e sacrificar-se até qúe chegasse o grosso da coluna que seria provávelmente desti­nado a ocupar a linha do Corpo». (Vidé nota I),

A síntese do modo de ver (que consta da nota acima ci­tada) do Sr. General Haking, comandante do XI Corpo, no caso de ataque do inimigo era que:

«A Divisão tinha que morrer na B. Line*.

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Em virtude de ord en s d im anadas d o c o m a n d o da D ivisão, especia lm ente d ep o is d os p rim eiros d ias de M a rço , e de in fo rm a ções superiores de q ue o in im igo parecia preparar um ataque que teria p o r provável o b je c t iv o "N eu ve C h ap elle», e, que p orta n to a 4.a B rigada teria de intervir n o m e sm o mais ou m en os d irectam ente, em virtude da sua situação d e p rox im idade, in fo rm a ções q ue co n d i­ziam co m a activividade m anifestada p e lo in im ig o em "ra ids» de e fectivo relativam ente im portante sôb re as un idades da D ivisão e inclusivam ente o S. S. 1. c o m um a crescen te actividade de artelharia de to d o s os calibres e n o m ov im en to desu sado o b serv a d o nas trincheiras, (1) zonas da rectaguarda d o in im igo , p e los ob serva d ores o que foi su perior­m ente c o m u n ica d o ; foram tom adas sem perda d e tem p o tôdas as d isp os ições tendentes a aum entar as c o n d iç õ e s de resistência das tropas, intensifi­ca n d o as reparações, apressando as ob ra s a reali- sar, m e lh ora n d o e re fo rça n d o as defesas acessórias e con stru in d o outras novas co m um a certa d ificu l­dad e em vista da falta d e material, co n s tru in d o -se n ova s p o s içõ e s quer defensivas quer ofensivas para m orte iros re fo rça n d o as d ota ções de m u n ições nas trincheiras e p on tos d e a p o io da 2 .a linha, distri­b u in d o -a s de fo rm a a facilitar os ráp idos m unicia - m en tos em qualquer circunstância, m e lh ora n d o -se o sistêm a de ligações , o rg a n isa n d o -se os p ostos

(1) Vidè nota J.

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o p t ic o s dev idam en te orien tados e adestrados, c o n ­cen tra n d o -se os parques em lo ca l a p rop r ia d o para que as viaturas estivessem a to d o o m o m e n to aptas a d esem p en h ar os d iversos serv iços que as circunstâncias ind icassem , en v id a n d o -se to d o s os e s fo r ço s para que as tropas pudessem actuar nas m elh ores co n d içõ e s possíveis.

Na noite de 9 /10 de M a rço se g u n d o o rd em da D ivisão, (1) estava-se em r ig orosa p reven ção , c n o -

(1) A ordem de operações n.° 27 do 0* G. da 2.a Divisão de 9 de Março de 1018 determinava:

« / — Sendo muito provável que o inimigo pro­cure render ou reforçar as suas Divisões na nossa frente a artelharia divisionária em cooperação com a artelharia da l.a Divisão, a artelharia pesada di­visionária em serviço no Corpo Português e os mor­teiros pesados, médios, vão executar...

II — O ohjectivo do bombardeamento é bater e impedir a concentração e reforço de infantaria ini­miga.

IV — As B. I. em l .a linha exercerão a máxima vigilância e tomarão as necessárias disposições para fazer face a uma provável represália.

Numa' nota sobre a situação na frente de «Neuve Cha- pelle» até «Armentières» do 0 G do C. E. P. de 9 de Março de 1918 diz no seu n.° 10 (informações prestadas por prisio­neiros) :

«10—INTENÇÕES—Um prisioneiro da 81.a Div. R, declara crer que será feita uma ofensiva a S. E. de «Armentières>. Um prisioneiro da 44.a Div. R, ca-

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serva n d o -se tod a a B rigada nas suas p o s içõ e s de com b a te , o rd em que persistiu co m mais ou m en os intensidade durante a lguns dias. Entretanto os tra­ba lh os con tinuavam co m toda a energia sem pre tendentes a m elh ora r e co n so lid a r a resistência d e ­fensiva d o sector .

Na tarde, e noite de 8 de A bril pelas 6h 3 ) m e 23h 30m foi ord en ad a a m archa para a frente de duas com pa n h ia s d o batalhão de infantaria 3 para reforçar o batalhão d e a p o io a quem eu tinha o r ­d en a d o o re fô r ço da 2.a linha co m duas co m p a ­nhias (2).

pturado hoje, diz que é definitivamente esperada ' uma ofensiva e não tem conhecimento algum de

qualquer ataque demonstrativo. Êste prisioneiro de­clara ainda que a ofensiva deve começar em 10 ou 12 de Março. Dois prisioneiros da 81.a Div. R. decla­ram que um ataque demonstrativo com artelharia deve efectuar-se em 10 de Março na área de «Neuve Chapelle».

(2) Vide nota K (transcripção da ordem de rendição da 2* Divisão, recebida depois das 0 horas de 9 de Abril de 1918 no Q. G. da Brigada) na qual se determinava a rendição das 3,a, 5.a e 6.a Brigada em 9 e da 4 a Brigada em 10 de Abril.

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9 DE ABRIL

Á s 4 h 15m, d o dia 9 de A bril d o corren te a no e n co n tra n d o -m e n o p o s to a van çad o de co m b a te d o Q . G . da Brigada, o n d e pernoitava co m o a judante da B rigada, c o m o oficia l g ran adeiro e c o m o c o m a n ­dante da se cçã o de telegrafistas, c o m e ç o u a ou v ir-se um v io len tíssim o b om b a rd ea m en to d e artelharia e de m orte iros que incid ia so b re um a vasta zon a c o m ­p reen d en d o , além das trincheiras, as p o v o a ç õ e s à rectaguarda, co m a n d o s e cru zam en tos d e estradas, etc. (1). Im ediatam ente se estabeleceu a liga çã o te le fón ica c o m os bata lhões de infataria 8, 20 e 29 q ue estacionavam em l . a lin h a e a p o io d o n d e

(1) O relatório do capitão-ajudante Narchial Franco da­tado de 12 de Abril de 1918 d iz :

« . . .n o abrigo de chapa de ferro que estava sendo coberto de «beton» e que servia de «pôsto de comando» encontrava-se o comandante interino da brigada, tenente-coronel Eugênio Carlos Mardel Ferreira, o capitão-ajudante Raul Maria Narchial Franco, o capitão, oficial granadeiro, Agnelo João Taveira Moreira e o tenente, comandante da sec­ção de telegrafistas, Henrique José Rebelo Branco, quando às 4 horas precisas de 9 rompeu um violento bombardeamento inimigo».

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se ob teve a resposta d e que estavam a inteirar-se da situação e q ue lo g o qu e dela estivessem d ev i­dam en te in fo rm a d o s a com u n ica riam , e ainda a p e d id o d o s co m a n d o s d o s bata lhões em l .a linha S. O. S , o que se transm itiu a o c o m a n d o da ar- telharia, já p o r ord en an ças , p e d id o , que fo i r e n o ­v a d o em vista da p ou ca intensidade d o fo g o da nossa artelharia c o n fo r m e co m u n ica çã o d o co m a n ­dante d o batalhão d e infantaria 20 . (1)

(1) O relatório do comandante do 6.° G. B. A. de 18 de Abril de 1918, tenente-coronel Teotónio Morais Sarmento, diz:

« . . . Em seguida falou-nos pelo telefone o comandante da artelharia da 2.a Divisão, a quem respondemos que, ainda o não podíamos informar visto, àquela data, ainda nada sabermos. Estabele­cendo em seguida ligação telefónica com a 4.* B. I. mal tínhamos começado a falar, foi esta ligação cor­tada . .»

O relatório do comandante interino do batalhão de infantaria 20, datado de 19 de Novembro de 1918, (cuja cópia entreguei juntamente com o meu relatório), d iz :

«. . As comunicações telefónicas em breve fo­ram cortadas, não podendo falar-se com a bataria de protecção desde o início, e, pouco depois, com o 0- G, da 4.a B. I Contudo, emquanto por minha ordem eram postos em execução todos os meios de ligação, falei com o capitão-ajudante Narchial Franco a quem informei rápidamente do que se passava e pedi para comunicar ao Grupo de Artelharia o córte das comunicações solicitando o seu auxílio.

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Em d a d o m om en to as liga ções tele fón icas c o m os bata lhões da frente c o m o s co m a n d o s de B riga­das laterais, c o m o c o m a n d o d e D iv isão e c o m o c o m a n d o d e Artelharia foram cortadas quási sim ul­tâneam ente, ca so que nunca su cedera em «ra id s» e ataques anteriores, e êste facto fez criar a suspeita d e qu e as m esm as n ão fora m cortadas sóm en te pela artelharia, m as p o r qua lqu er ou tro m eio estranho, c o m o o da esp ion agem , p o is que a ch a n d o se os ca ­b o s te le fón icos en terrados em quasi tôda a sua exten­são e a p ro fu n d id a d e relativam ente g ra n d e não parecia fácil que os m esm os fossem co rta d os ao m esm o tem p o, segu in d o êles diversas d ire cções , tanto m ais que a estação telefón ica , ú n ico p o n to o n d e todas elas se reuniam , estava ainda nessa oca siã o intacta b em c o m o as suas p rox im ida des .

Em vista da rutura das linhas telefón icas e te­legráficas, que se p rocuraram lo g o reparar, (1) im ediatam ente se restabeleceram as liga ções p o r m eio de ord en a n ça s d e cavalaria da escolta d o Q . G ., estafetas, ciclistas e m otociclista , em dili­gên cia n o C o m a n d o da B rigada, fica n d o assim as liga ções com pletam en te asseguradas, em b ora su-

(1) O relatório do capitão-ajudante Narchial Franco já citado d iz :

« . . . O Comandante da secção de telegrafistas ordenou imediatamente a saída de guardas fios para restabelecimento das linhas telefónicas e as orde­nanças de cavalaria preparavam-se para serviço, saindo logo uma para o comando do 6.° G. B. A.»

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jeitas às d em ora s e in con ven ien tes resultantes de tal m eio d e transm issão.

A s ord en a n ça s d e cavalaria foram em pregadas especia lm ente para a liga çã o co m o Q . G . da 2 .a D ivisão e c o m a n d o de artelharia, assim c o m o o m otocic lista e as o rd en a n ça s a pé (ciclistas) c o m o s batalhões. A liga çã o p o r m eio de postos ó ticos to rn ou -se im possível, em virtude da d en sida de d o n evoe iro , que n ã o perm itia a v isão a a lguns m e­tros (1). A su p o s içã o d e que se tratava dum a re­taliação p o r parte d o in im igo às fortes op era ções da nossa artelharia, efectuadas n os dias anteriores e ainda na vespera, ou m esm o dum “ raid» em fô rça c o m o os que n os ú ltim os tem p os o in im igo vinha execu tan d o sô b re a frente Portuguesa, deu log a r à convicção de que se tratava dum ataque em regra, não só p e lo facto d o estranho e in esp licá - vel co rte das lig a ções tele fón icas e telegráficas, m as a inda pela v io lên cia extraord in ária d o b o m -

(1) O relatório datado de 18 de Abril de 1918 do então tenente-coronel de artelharia Teotónio Morais Sarmento, co­mandante do 6.° G. B. A. que apoiava a 4.a B. I. relata :

« Ligação óptica também era impossível, pois o nevoeiro era de tal forma espesso, que a poucos metros de distância não era possível ver qualquer luz.

Saindo da cabine, e olhando durante algum tempo na direcção das linhas, tive ocasião de veri­ficar que não se via nenhum very-ligt, com certeza devido ao espesso nevoeiro»,

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bardea m en to e pela extensão da área batida pela artelharia inim iga.

N o co m a n d o d o Q . G . da B rigada, além d os oficia is que m e a com p an h a vam q u a n d o co m e ç o u o b om b a rd ea m en to , apresentaram -se p o u c o d ep o is o l .° e 2.° ad juntos d o Q . G ., com an d an te da 4 .1B. M . L. e d o 4.° G . M . e o oficia l, g ran adeiro d o Batalhão de Infantaria 3 (em reserva), c o m o oficial d e liga çã o d o re ferid o batalhão.

A o co m a n d o d o batalhão d e infantaria 3 (1) fo i dada o rd em , cerca das 4 h. 30.,n, para que m andasse avançar as forças que aiuda se e n co n ­travam acantonadas, c o m o reserva, em "Lavantie»' (duas com pa n h ia s), para se apresentarem ao c o ­m andante d o batalhão de apoio na R ed-H ause.

Entretanto da frente iam sen d o receb id as c o ­m u n icações , p o r in term éd io das ord en an ças , de

(1) O relatório do capitão Alberto Augusto do Vale, comandante interino do batalhão de infantaria 3, datado de 19 de Abril de 1918, relata:

«Às 5 horas recebi ordem do Q. G. da 4.a B. I. para que as forças em reserva seguissem a reforçar o batalhão de apoio e S S. I , aonde ficavam à dispo­sição dos respectivos comandantes de batalhão.

Condiz com êste, também, o relatório do 2.° comandante interino do mesmo batalhão, capitão Manuel Fernandes da Costa, dizendo:

« . . . para que mandasse avançar as duas com­panhias que estavam em Lavantie..

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que o b om b a rd ea m en to con tinuava d e cada vez mais in tenso e sem tréguas co m granadas de tôdas as espécies e ca libres, e ainda m orte iros (1) insis­tin do sem pre n o p e d id o de a u gm en to d e intensi­d a d e d o S . O. S., da n ossa artilharia, que n ão co rresp on d ia ás necessidades d e o ca s iã o ; c o m efeito o fo g o d e artelharia era fra co e em nada se assim ilhava, a o que em sim p les «ra ids» a m esm a costum ava fazer.

Em vista d e tu d o isto con tin u ou -se a insistir c o m o co m a n d o da artelharia (2) para intensificar o fo g o m a n ten d o -o na m áxim a activ idade até 2.a o rd em .

D e tôdas as co m u n ica çõ e s im portantes re ce b i­das era d a d o co n h e c im e n to a o c o m a n d o da d iv i­são. (3).

C êrca das 6 horas apresen tou -se n o p o sto d e c o m a n d o da B rigada o cap itão Q uaresm a (em ser-

(1) Vide nota L,(2) O relatório do comandante da 6.a G. B. A. tenente-

coronel Sarmento, já citado, refere:

«Pelas 8 horas chegaram seguidamente duas ordenanças da 4.® B. I. pedindo uma para que con­tinuasse o S . O . S em «Fauquissart» I, e a outra a mesma coisa para «Fauquissart» II» •

(3) Do relatório da batalha do Chefe do Estado Maior da 2.* Divisão já citado (alínea b) do n .° 3, consta:

Sector de «Fauquissart» .*b) Comunicações recebidas no Q. G. da Divisão do co ­

mando do sector (4 .a B .0 I .) .

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v iç o n o co m a n d o d o Q . O . da 2.a D ivisão) a c o m ­p a n h a d o de ou tro ofic ia l, c o m o en v iad os d aqu ele c o m a n d o afim d e se inteirarem da situação.

D ep o is de o fazerem regressaram ao co m a n d o da D ivisão, lev a n d o tôdas as in fo rm a ções , até ali receb idas, d o que havia já s id o d a d o co n h e c i­m en to a o m esm o co m a n d o . (1).

Comunicação expedida pelas 4 h 35m. pelo comando da 4 .a B I. com destino ao 0- G. 2, diz:

«O inimigo iniciou um forte bombardeamento que tem atingido «Lavantie», havendo largo em­prego de gazes. Não tenho uma única ligação telefó­nica, mas procuro restabelecê-las».

Comunicação expedida ás 7 horas pelo comando da 4 a B. I. com destino ao Q. G. 2. diz:

«Informa o batalhão de apoio (infantaria 29) que o inimigo avança em frente S .S . II. (infantaria 8)».

Comunicação expedida ás 10.h 10.m pelo comando da 4 a B . I . com destino ao Q. G . 2. d iz:

«Inimigo depois de 6 horas de combate ocupou as nossas linhas A e B, tendo nós baixas muito importantes. Espero ordens Está-se reunindo os sobreviventes e resistindo sempre».

(1) O mesmo relatório e respeitante ao mesmo sector diz:

«Pelas 5.h 30.m foi enviado pelo comando da Divisão um oficial do Q . G. capitão Quaresma, ofi­cial ás ordens, à 4 .a B. I , afim de ali se informar da situação; êste oficirl regressou pelas 7.h 30.m rela­tando o seguinte:

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P o r êste oficia l se co n firm o u a c o n v ic ç ã o d e q u e se tratava dum ataque em regra, q u e se es ­tendia n ão só a tôda a frente Portuguesa, m as a inda a os sectores ingleses dum e d ou tro la d o da m esm a frente.

A situação perm aneceu c o m o até aqui e sou be p o r co m u n ica çã o receb id a d o batalhão de in fan ­taria 8, que o in im igo avançava em on d a s d e as­salto na frente d o su b -se c to r e sq u erd o (S. S. II) pelas 8 horas.

O utra com u n ica çã o d o batalhão de infantaria 20, declarava que caíam iá m orteiros n o co m a n d o d o batalhão, o que denotava que o in im igo ia ga ­n h an d o terreno a p rox im a n d o -se da 2 .a linha o n d e se resistia tenazm ente.

O b o m b a rd e a m e n to sôb re "L avan tie» não d i-

«Que a estrada de La Bassée está sendo forte­mente bombardeada e está quási intransitável para viaturas».

Tendo chegado a «Lavantie» pelas 6 h 30m re­cebeu as seguintes informações:

«Que aos batalhões de apoio e reserva já tinha sido ordenado o avanço para a linha.

Que as comunicações telegráficas e telefónicas estavam interrompidas; mas as ligações com a frente estavam mantidas por estafetas e ciclistas ao longo da estrada Picantin.

As 6.h 40.m nada de anormal no S. S. I., no cen- tro e esquerda do S. S. II., faltando apenas noticias da companhia da direita.

Que «Fauquissart» II tinha pedido S. O. S. às 4.h 35 m.» .

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m inuía d e intensidade, con tin u a n d o a ser batida a p o v o a ç ã o c o m um ch u veiro de granadas d e to d o s o s ca libres, e m uito especia lm ente a rua d e "L a G a re» , quási p ou p a da até então e o n d e ficavam as repartições d o Q . G ., b o le tos d o seu pessoal e — o p ôsto de c o m a n d o — num a b r ig o (1), ainda em construção, s o b um telheiro, con stru ção esta que se fazia c o m tôdas as reservas, o que não ob stou a que o m esm o fosse insistentem ente v isad o p o r artelharia d e g ro sso ca lib re d o que resu ltou a d er­rocad a dos* ed ifíc ios p róx im os e o có rte das a rv o ­res fronteiras, até q u e um a outra gran ada incid iu precisa m ente sô b re a casa con tígua , que derruiu p or co m p le to , s ô b re o a b rigo , sen d o êste levan ­tado em pêso e d e s lo ca d o d o seu sítio, c o m a ex­p losão da m esm a, e fortem en te d eteriora do , se n d o tod os que nêle se achavam a rro ja d os a o ch ão, fica n d o ferido nas m ãos e o lh o s o tenente H enri-

(1) Nola 347 (R. O.) do 0* G. do C. E. P. de 12 de Março de 1918 dirigida à 2.a Divisão, diz no n.° 6.° o seguinte:

<N.° 6.° É absolutamente necessário que os pos­tos de comando estejam prontos a ser ocupados, visto que os atuais locais de comando são quási todos conhecidos do inimigo e serão, por certo, forte­mente bombardeados durante as operações activas. As suas ligações telefónicas e telegráficas devem ser asseguradas.

Não havendo posições de comando que con­venham, deverão preparar-se abrigos à prova de granada, no local onde actualmente se acha insta­lado o respectivo comando».

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que José R eb e lo B ra n co com an d an te da s e cçã o de telegrafistas, q ue fo i im ediatam ente co n d u z id o p e lo 2.° ad junto, tenente A lp ed rin h a e p o r m im , ao p o sto d e s o co r ro s , sita na m esm a rua e distante uns 70 m etros, o qual, d ep o is d e p en sa do , fo i eva­cu a d o n o a u tom óvel lige iro d o Q . O ., visto n ão haver já ca rro sanitário a u tom óvel. (1).

Q u a n d o regressei ao p ôsto d e c o m a n d o vi q ue o m esm o continuava a ser visado, se n d o nessa o c a ­sião atingida um a das casas fronteiras, e p o r êste facto e especia lm ente p o rq u e seg u n d o as co m u n i­ca ções d o intérprete inglês, ca p itã o D artford , na casa o n d e se a lojava a m issão inglesa, havia fáceis co m u n ica çõ e s co m a rectaguarda , o rd en e i q ue o p ôsto d e co m a n d o fôsse transferido para aquela casa, que ficava precisam ente ao la d o d o p ôsto de s o co r ro s , o que se fez im ediàtam ente.

Na casa da m issão inglesa a presen tou -se-m e um cap itão inglês, a co m p a n h a d o d e ord en an ças , d estin ado a estabelecer liga ções c o m a brigada inglesa, cu jo Q . G . estacionava em «N o u v e a u -M o n -

0 relatório do capitão-ajudante Narchial Franco, já citado d iz:

«Unja granada de grosso calibre e de canhão de tiro tenso vem rebentar junto ao «Posto de Comando» que desmantelou, atirando-nos de encontro uns aos outros; ficou ferido o tenente Henrique José Rebelo Branco, que pelo tenente-coronel Mardei e pelo te­nente Alpedrinha foi logo conduzido ao pôsto de so­corros» .

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d e » (1) m as q ue tinha liga ções directas c o m o C o m a n d o d o X I C o rp o . A êsse oficia l foram dadas as in fo rm a ções so b re a situação o q ue êle trans­mitiu para a rectaguarda.

M ais in form a ções foram n o entanto ch e g a n d o da frente e entre elas a de que o in im igo tinha pe­netrado nas linhas p e lo f la n co esq u erd o o cu p a d o pelas tropas inglesas (2).

P o u c o d ep o is um a ord en a n ça d o bata lhão de infantaria 20 com u n ica va que os alem ães haviam o c u p a d o parte da l .a linha, ten d o s id o m ortos ou prision eiros os seus defen sores, q u a n d o resistiam .

M ais tarde, d o batalhão de infantaria 29, c o ­m u n icava-se q ue o in im igo havia atravessado a "R u e du B a q u erôt” e estava já à sua retaguarda, m as que n o entanto p rocurava-se resistir. A o m es­m o tem p o receb ia m -se in form a ções de que tropas inglêsas (3) se dirigiam para a fren te ; o que foi

No relatório do mesmo oficial d iz:«Entretanto tinha-se apresentado um oficial in­

glês, que disse estar encarregado de transmitir in­formações para uma brigada inglêsa, que por seu turno, as transmitia ao XI Corpo».

(2) Vidé nota M.(3) O relatório do major C. S. Glover, da missão inglêsa

datado de 12 de Abril de 1918 relata:«9,30 a. m. — Captain Dartford also

reports that at about this hour 3 brilish platoons were seen tnocving from the norlh to occupy the Lavan- tie defenses.»

«9,30 a. m.— O capitão Dartford tam- bêm diz que pouco mais ou me­nos a esta hora três pelotões in­gleses foram vistos marchando do Norte para ocupar [as defesas de Lavantie».

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co m u n ica d o ao batalhão de infantaria 29 pela o r ­d enan ça d o m esm o batalhão, in d ica n d o -se -lh e «q u e resistisse reu n in d o to d o s os h om en s que p o - desse para tal fim , p o is que tropas frescas seguiam já para a frente» o que igualm ente e pela m esm a ord en a n ça foi co m u n ica d o a infantaria 8 e 2 0 ; receb id a pelas 10 h. e 15 m . que fo i a últim a da frente e transm itida lo g o para a brigada inglesa a fim de ser transm itida ao C o m a n d o da 2.a D ivisão p o r in term éd io d o C o rp o , ao m e sm o tem p o q u e p o r ord en a n ça era enviada d irectam ente à m esm a D ivisão.

Á s 9 h. e 15 m . m andei segu ir para a recta- guarda o cap itão tesou reiro Lim a B arreto, c o m o d in h eiro ainda existente n o co fre , que para tal fim fo i tran sportad o a o p ró p r io lo ca l e aí aberto , na im p ortân cia d e 500 fra n cos , apenas, v isto a res­tante ter s id o p o r m inha o rd em d epositad a n o dia 8 na P agadoria . (1)

(1) Declaro que no arquivo da 4.* B. I (Brigada do Mi­nho), existe um documento de entrega em 8 de Abril de 1918 na Inspecção das Pagadorias da quantia de vinte mil quatro­centos e sessenta e cinco francos, (20.46),00). Êste documento acha-se assinado pelo Chefe dos Serviços Administrativos da Brigada, Capitão do Serviço de Administração Militar, Augus­to Campilho de Lima Barreto, com o recibo do adjunto do Inspector das Pagadorias, José Martins, capitão equiparado.— Lisboa, 7 de Janeiro de 1923. O Chefe dos Serviços Adminis­trativos do C. E P. (a) sobre o selo em branco, Júlio Eugênio Segurado Achemann, tenente coronel de A. M

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M ais tarde, em virtude da situação se tornar cada vez m ais crítica, m andei segu ir para a recta - guarda o au tom óvel ligeiro , já de regresso d o transporte d o tenente B ran co , assim c o m o o s am a­nuenses d o Q . G . tran sportan d o o D iário de C am ­panha, livros d e ord en s, etc.

Pelas 10 h ., c o m e ç o u a aparecer um ou ou tro so ld a d o fug itivo das linhas que in form aram que as trincheiras estavam com p letam en te arrasadas, que o s alem ães as ocu p av am e avançavam já em gran ­des m a ssa s ; êstes h om en s foram en v iad os para a frente (ap o io ) e dadas instruções à guarda d o Q . G . para evitar que qua isquer praças seguissem para a rectaguarda.

Á s 10 h. e 30 m . h ou ve co m u n ica çã o d e q u e estavam se n d o batidas p o r m etralhadoras as en ­tradas e saídas de Lavantie.

P o r isto, co n c lu í da p rox im ida de e a v a n ço d o in im igo , e que a resistência havia s id o quebrada e portanto as tropas que guarneciam as trincheiras se achavam cercad as ou aniqOiladas. Em face d isto (1) e c o m o a nossa perm anência em Lavan-

(1) O relatório do major G. S. Glover da missão inglesa, já citado, relata:

10 .a m. — Captain Cartford with 4 th B. de H, Q. (Left. B.de) States tbat

about this time as there was no doubt from the nnmber of strug. glers passing that enemy was atta« cking in force and had taken onr

10 a. m, — O capitão Dartford, com o Q. G, da 4." B. I. (Brigada da esquerda) relata qne a esta hora como não havia dúvida, segundo os combatentes que passavam, de que o inimigo estava atacando em força

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tie d e nada servia, dada a com p leta falta de e le­m en tos de resistência, nesta lo ca lida de , e a ten den d o a o facto de que seria um crim e e não já o cu m ­p rim en to dum a ord em a p erm an ência até à ch e ­gada d o s alem ães, o rd en e i a transferência d o Q . G . (1) para "N ou veau -M on d ew , o n d e p o r in term é-

forward System B. de H. Q. moved bach to Nouveau Monde. They ne- ver succeeded in stablishing them- selves at Nouveau Mcnde and tt is thaught that all the Brigade Staff were eilhpr killed or wound by the enemy barrage».

e que tinha tomado o nosso sistema avançado, o O. G- retirou para Nouveau Monde.

N3o conseguiram estabelecei-se em Nouveau Monde e pensa se que to* do o Estado Maior da Brigada te­nha sido morto ou ferido pelas barragens inimigas».

(1) Do relatório do capitão Vale, já citado, consta:«De novo voltei ao Q. G. na ocasião em que ali

entravam feridos o alferes-ajudante do batalhão de infantaria 3 e o l . ° sargento Ribas; nesta altura e porque o comando de momento a momento fôsse cada vez mais alvejado, o E x.mu Comandante resolveu e or­denou que lodos retirassem para "Nouveau-Monde»; assim se fez, procurando-se as emergências até àquela povoação, sempre debaixo da artelharia inimiga, que ia já alongando o seu tiro. Cheguei a «Nouveau-Mon- de» seriam 11 h. 30 m., acompanhado do capitão adjunto da 4.a B. I. Luís Ribeiro, que ali morreu com um estilhaço de granada, junto ao pôsto de socorros».

O alferes granadeiro do batalhão de infantaria 3, Vieira, relata:

«Depois das 11 h- e de terem sido recebidas no­tícias da aproximação do inimigo e de se sentirem as metralhadoras inimigas baterem as saídas de «La- vantie», o E x.mo Comandante deu ordem para se re­tirar para «Nouveau-Monde» por pequenos grupos».

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d io da brigada inglesa se com u n ica sse c o m o X I C o r p o d o exército ing lês e p ortan to ind irectam ente c o m o Q . G . da 2 .a D ivisão.

Para tal fim foram inutilisados p e lo fo g o os d o cu m e n to s q ue ainda existiam , q ue p oderia m a proveitar a o in im igo e q u e n ão fôsse possível transportar ou fôssem inúteis e em segu ida os o fi­ciais saíram p o r g ru p o s d e d o is ou três, a co m p a ­n h ad os das o rd en a n ça s que a inda havia, c o m o intervalo de alguns m inutos, para haver m ais p ro ­bab ilidades de algum ch egar ao re fer id o lo ca l, ou ao Q . G . ing lês distante uns 800 m . transm itindo as in fo rm a çõ e s que havia, que eram d o co n h e c i­m en to de to d o s os oficia is na previsão d e uns terem de substituir os ou tros . A ssim , se b em m e re co rd o , saíram cap itão R ibeiro , l .° ad ju n to , ca p i­tão M on tês, com an d an te d o 4.° G . M ., cap itão S im ões, com a n d a n te d o 4 .° B. M . L., tenente V ieira, d e infantaria 3, tenente Frias, d o 4.° G . M ., a lfe­res G raça , de infantaria 3, tenente A lpedrinh a ,2 .° ad junto, cap itão A g n e lo M oreira , oficia l gran a ­d e iro da Brigada, cap itão N archial F ran co , a ju ­dante da B rigada e cap itão D artford , oficia l de li­g a çã o d o exército in g lê s ; p o d e ser que mais a lguns oficia is tivessem tam bém segu id o , m as não m e re co rd o .

Q u a n d o o tenente A lp ed rin h a e o cap itão A g n e lo M oreira iam a sair n ão o puderam fazer já, po is naquele m om en to caía um a forte barragem sôb re a rua, em frente da porta, se n d o p rec iso p rocu rar

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utilizar outra saída da casa, v in d o êste ú ltim o o fi ­cial co m u n ica r -m e o ca so , m as n ão p o d e n d o ter­m inar, p orq u e , então, a casa fo i atingida em ch e io p o r um a granada d e g r o ss o ca libre , e, apezar d o s seus quatro pavim en tos, fo i d erroca d a p o r c o m ­pleto até ao fu n d o da cave, e de que resultou ficar m orto o cap itão ing lês a que atraz m e referi e fe ­rid os eu e o cap itão M oreira , em estado de c o m ­pleta inabilidade, além de soterrar outras pessoas, que ali ficaram .

D esd e então perdi a n o çã o d o tem p o, pois p e rd em os o s sen tidos p o r e sp a ço de tem p o q ue não sei precisar. (Os nossos relógios ficaram pa­rados nas 10 h. 30 m.).

O que é certo é que já d e p o is de rean im ados, fo m o s s o co r r id o s p o r so ld a d o s sanitários alem ães e mais tarde tran sportados para o pôsto de socor­ros a lem ão insta lado já n o ed ifíc io d o Q . O . da B rigada o n d e p erm a n ecem os até à noite d e 12, em que fo m o s eva cu a dos para "L illev, ten d o n ós ali s id o pen sados p e lo cap itão m é d ico L evy d 'A lm e id a e tenente m é d ico Z u quet, n o dia 10.

*

* ♦

Cumpre-me o dever de deixar bem expresso e registado, neste relatório, o valor, sangue-frio, coragem e denodo demonstrado pelos agentes de ligação quer do Q. G. da Brigada, quer dos bata-

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lhões, que n o seu esp in h osíss im o se rv iço s o b um a ch u va de m etralha, atravessaram as sucessivas b a r­ragens, d a n d o assim um ex em p lo flagrante da sua d iscip lina e da nítida co m p re e n sã o d os seus deveres.

É -m e im possível, p o r falta d e e lèm entos, in d i­car o s n om es dêsses h om en s, q ue eu vi estate­larem -se, d e ca n sa ço e fad iga, n o ch ã o , a p ós a entrega d o s respectivos d esp a ch os (1).

O s com an d an tes d os bata lhões d e infantaria 8, m a jor A n ibal C o e lh o M on ta lvão , de infantaria 29, m a jor José X a v ier B arbosa da C osta, d e infanta­ria 20, cap itão Jerón im o P in to M o n ten eg ro C ar­neiro, q ue pela form a c o m o dirigiram as suas tropas, pelas m ed idas e d isp os ições tom adas, evi­denciaram bem , a m ais alta com p etên c ia e c o m ­p reen são nítida d o s seus deveres, e as m ais c o m ­pletas qualidades de san gu e-frio , cora g em e v a lor militar.

(1) O relatório do capitão-ajudante Narchial Franco re­lata:

«Durante todo o combate não vi senão sacrifícios e abnegações.

No Q. G. da Brigada, tivemos sempre junto de nós as ordenanças, a escolta e tratadores, etc., que andavam entre o rebentamento das granadas sempre que era preciso».

Os relatórios dos oficiais dos batalhões referem- se ao procedimento cheio de coragem, valentia e va­lor dos seus agentes de ligação.

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P elos relatórios que op ortu n am en te serão p re ­sentes p e los com an d an tes d o s bata lhões da Bri­gada , B. M . L. e ch efes d e serv iço , se ajuizará bem c o m o se h ou veram o s seus su b ord in a d os e bem assim aquêles que eventual m ente tiveram s o b o seu co m a n d o .

Em quan to aos oficia is d o Q . O . qu e estiveram presentes e cu ja con d u ta d irectam en te apreciei, cap itão-a ju d an te da Brigada, Raul M aria N archial F ran co , cap itão, l .° a d ju n to , Luís G o n za g a Pereira R ibeiro , cap itão gran a deiro , A g n e lo João Taveira M oreira , tenente, 2.° ad ju n to , A n téro M oreira da R osa A lp ed rin h a , tenente, com an d an te da se cçã o d e telegrafistas, H enrique José R eb e lo B ran co , ca ­p itão d o exército inglês, intérprete, D artford , que sem p re m e a com p an h a ra m , m a n ten d o -se n os seus p ostos c o m a mais com pleta seren idade e calm a, durante o d esen rolar da Batalha, ev id en c ia n d o sem pre a m áxim a com p etên c ia e d e d ica çã o n o d esem p en h o d o s d everes a seu ca rg o e a m ais co m p le ta qua lidade d e san gu e-frio , co ra g em e va ­lo r militar.

E gualm ente revelaram perfeita ca lm a, sangue- fr io e co ra g em , o cap itão com a n d a n te da 4.a G . M ., M on tez , cap itão com a n d a n te da 4 .a B . M . L., V er- g ílio S im ões e alferes d e infantaria 3, V ieira .

R egistados aqui ficam igualm ente o ch e fe d e ser­v iço d e saúde, interino da B rigada, ca p itã o -m éd ico , Levy d 'A lm eid a e ten en te -m éd ico , A n to n io d e O li­veira Zu qu et, p e lo san gu e-fr io , co ra g e m , a bn ega çã o

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e va lor d e q ue deram prova , p o is estando n o "p o s to de s o c o r r o s » em "N o u v e a u -M o n d e » , que fo i duram ente b o m b a rd e a d o , m a n ten do-se ali ju n to d o alferes Lage, q ue estava gravem en te ferido, sen d o aquele seg u n d o o ficia l que já pela segu n da vez dá p rova d e tais á ctos d e va len tia ; e o ch efe d o s serv iços adm inistrativos, tesoureiro, cap itão d o s S. A . M ., Luís C a m p ilh o Lim a B arreto, o qual d eb a ix o de b om b a rd ea m en to se m e apresentou para retirar d o co fre a restante existência, se n d o o m esm o co fre tran sportad o a o loca l o n d e m e achava, segu in d o êste oficia l, p o r m inha o rd em , para a rectaguarda, d a n d o assim p rova d e co ra g em , valentia, san gu e-frio e da co m p reen sã o nítida d o s seus deveres.

F inalm ente se to rn ou d ig n o d e reg isto especia l o «ch au ffeu r» d o au tom óvel lige iro da brigada , c a b o Canas, pela co ra g em e v a lor de qu e d eu p rova na co n d u çã o d o tenente B ra n co à am bu lân cia e d o seu regresso a «L avantie», apesar d o terrível b o m ­bardea m en to (1).

(1) Relata o capitão-ajudante Narchial Franço:

«O automóvel da Brigada tinha ficado sob umas ruínas, o «chauffeur» l . ° cabo Canas, com uma cora­gem a tôda a prova, foi com algumas ordenanças sa­far o carro que imediàtamente concertou e ràpida- mente foi conduzir a S.te Venant, o tenente Branco, ferido e que por falta de transportes ainda se con­servava em «Lavantie».

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A B andeira da — "B rigada d o M in h o » — que havia s id o en viada p e lo M in istério da G uerra (1) o fe re c id a p o r um g r u p o d e fam ílias d o s oficia is da B rigada, fo ra levada para a rectaguarda dias antes p o r um oficia l da B rigada (2) e entregue ao P orta - B andeira da m esm a, alferes A n tó n io d o s Reis, que d esem pen h ava então o ca rg o d e a judante de ca m p o d o E x.m0 C o ro n e l A d o lfo A lm eid a B arbosa (com a n d a n te e fectivo da B rigada), com a n d a n te in ­terin o da l .a D iv isão d o C . E. P.

A B andeira que a co m p a n h o u o batalhão de infantaria 3, que se achava n o m eu b o lê to , foi d ece r to aniqu ilada p e lo b om b a rd ea m en to , po is m esm o fe r id o con segu i ser tran sportad o a o lo ca l o n d e Ela se encontrava , que estava já, então, p o r c o m p le to d estru ído

(1) Vidè nota N.(2) Capitão, granadeiro da Brigada, Agnelo João Taveira

Moreira.

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Até aqui d e ixo eu relatado tu d o quanto d e facto tive con h e c im e n to d irecto , antes da ofensiva e d u ­rante ela.

T in h a -m e fica d o a c o n v ic ç ã o de q ue as tropas da m inha B rigada haviam cu m p r in d o o seu dever com plètam ente , m a n ten d o -se até ao fim n os seus p ostos d e com bate , não a rred a n d o pé e cu m ­p r in d o integralm ente as o rd en s receb id as d e se sustentarem a to d o o transe, o fe re ce n d o ao in im igo um a resistência tenaz, mas que fo i ven cid a pela d e s p r o p o r ç ã o d o s e fectivos levad os ao assalto em o p e ra çõ e s desta natureza na actual guerra . N ão m e enganei e c o m o rg u lh o o certifico , e essa certeza c o m e ç o u a rad icar-se em m im , q u a n d o n o dia dez d e A bril fui v isitado n o "p ô s to de s o co r ro s ale­mão»/ de "Lavantie»/ (1), o n d e m e en con trava co m o cap itão M oreira, p o r um general a lem ão, co m a n ­dante dum a das d iv isões de ataque, segu n d o in ­fo rm a çõ e s a p ós co lh idas, o qual d ep o is m e inter­r o g o u em (francês) s ô b re o e fectivo, un idades, e tc .; a que resp on d i se g u n d o o m eu dever de O ficia l, in d a g o u da hora a que fui ferido e em que fui feito p rision eiro , após o que m u d ou p o r co m p le to

(1) 0 pôsto de socorros alemão instalou-se no próprio Q. G. da 4.a B. I., o qual durante a batalha fôra poupado.

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d e atitude d iz e n d o -m e : "B lessé et prision ier a v e c b ea u cou p d 'h o n n e u r» sa u d a n d o -m e m ilitarm ente, bem c o m o os oficiaes que o a com p an h a vam .

P regu n tou a inda se eu precisava algum a co isa , retiran do-se .

Á s preguntas dêste general, p rocu ra n d o , in q u e - rir d o s e fectivos da B rigada, da artelharia que com : ela coop era v a , das reservas im ediatas da B rigada, das tropas à rectaguarda, da existência de cavala ­ria, n o que insistiu e em coisas idênticas que n ã o p o sso precisar, forta leceu -m e mais a co n v ic çã o de q ue as tropas de assalto en con traram um a resis­tência tenaz em relação aos e fectivos en co n tra d o s , p e lo que se a dm irou da falta de reservas lo g o à rectaguarda d o 1.° sistem a, tanto m ais qu e a resis­tência da linha d o C o r p o e n om eadam en te d o p ôsto d e «L avantie» e d e "L a F lin q u e», V illage - L ine, fo i p o r certo fàcilm ente aniquilada, sem o que os alem ães n ão p oderiam en tra rem «L avantie», tão rapidam ente.

M ais tarde p e lo relato das praças d o s bata lhões da B rigada q ue en con tre i n os hospitaes e pelas in ­fo rm a çõ e s das m esm as, verifiquei que a m inha co n v ic çã o sô b re o p ro ce d im e n to da B rigada era perfeitam ente justificada, pois q ue as tropas se sustentaram va lentem ente n os seus p ostos apezar da v io lên cia , con tin u id ad e e variedade d o b o m b a r ­deam en to q ue durante a lgum as horas in cid iu sôb re o sector, lavran d o o terreno p a lm o a p a lm o, resis­t in d o a o a v a n ço in im igo c o m o s seus e lem en tos

/

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p róp rios e m esm o c o r p o a c o r p o , n ão obstan te a a cçã o d esm ora lisadora (1) q ue teve so b re o s o l­d a d o a fraca a ctiv idade d e f o g o da nossa artelha- ria, d a n d o -lh es a im pressão d o a b a n d o n o , c o m o ' êles m anifestavam sem pre q ue tal se dava pela frase b em co n h e c id a das trin ch eiras—a artelharia não faz fogo, a nossa artelharia abandona-nos— (2}>

(1) O relatorio sumário do Comandante de 1. 20, datado - de 19 de Novembro de 1918 e cuja cópia acompanhou o meu relatorio, d iz :

«Ás 4 h, 30m, e só então, começou a distinguir-se o fogo da nossa artelharia, ouvindo-se fracamente e de forma pouco intensa, o que contrastava extraor­dináriamente com o do inimigo, forte e esmagador».

E’ justo afirmar que a artelharia Portuguesa auxiliou Sempre eficazmente a Infantaria ; e, se em 9 de Abril mais não fez, foi certamente por falta de munições, devido à difi­culdade de remuniciamento; podendo-se também explicar aquela impressão pelo contraste estabelecido, então, entre o fogo das nossas reduzidas batarias e a intensidade do fogo da artelharia inimiga, que assestou sôbre o nosso sector cerca de 1600 bocas de fogo, acrescendo ainda e muito especialmente a circunstancia da artelharia pesada inglesa, que ainda na vespera, em cooperação com a nossa artelharia de campanha, realisára uma' formidável operação, ter retirado sem de tal haver conhecimento na Brigada.

(2) Opinião dum oficial do Estado Maior alemão mani­festada aos oficiais Portugueses, prisioneiros, quando da sua passagem pela cidadela de L ille :

«Estou informado que o vosso soldado, resistiu bastante, e no caso inverso, se sôbre a linha alemã

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U m a das p rovas evidentes da resistência o fe re ­cida pelas tropas da Brigada, é o e levad íssim o n ú ­m ero d e baixas sofr idas tanto em oficia is (1) c o m o em praças (2) durante a ofensiva . C om p an h ia s que avançavam para re força r as p o s içõ e s da frente so b , as barragens da artelharia in im iga, ch egavam ao seu destin o d izim adas e reduzidas a um p u n h a d o d e h om en s. O restante fôra m orto ou ferid o pelo ca m in h o .

S eg u n d o as in fo rm a ções en tão co lh idas, os a le­m ães em pregaram nesta ofensiva (3) para mais de 1500 ca n h ões na sua preparação e 4 d iv isões para o ataque im ediato à frente Portuguesa, o cu p a d a p or um a d iv isão apenas, e desfalcada.

N o dia 12 à noite, q u a n d o era eva cu a d o d e La- vantie, con tinuava o a va n ço d e tropas in im igas em co lu n as cerradas, seg u in d o quer pelas estradas, quer p e los ca m p o s paralèlam ente a estas, num d es­pejar in in terrupto d esd e o dia 9, c o m o tive oca siã o de apreciar pessoalm ente.

Era im possível às tropas da B rigada fazer m ais d o que fizeram con tra o s e fectivos e m eios em p re ­g a d o s p e los alem ães.

fosse feito, sem ser suíicientemente contrabatido um bombardeamento idêntico ao que foi executado sôbre o sector Português, o soldado alemão não teria re­sistido mais».

(1) l Vidè resumo de baixas em oficiais e praças e apên-(2) j dices II-III-IV-V e gráficos I e II.(3) Vidè nota O.

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T e n d o um efectivo reduzid íssim o e o cu p a n d o um a área de en trincheiram entos excessivam ente g ra n d e , sem a b rigos suficientes para pessoal, q u er p e lo seu restrito n ú m ero , quer pela sua re­sistência, s o b a a cçã o d o mais terrível e m ortífero f o g o de m etralha, v om ita d o p or centenas e cen te­nas d e ca n h ões e m orteiros, a Brigadà sacrificou- se no seu posto de honra, segundo as ordens rece­bidas. (1)

g l ó r ia a o s M o r t o s , q u e v e r t e n d o o s e u s a n g u e

p e l a P Á T R IA , h o n r a n d o -A , ja m a is A v e r ã o .

Bressen, 16 de D ezem b ro de 1918.

O Comandante interino,

a) Eugênio Carlos Mardel Ferreiro.Tenente-Coronel, 2.° Comandante da 4.® B. I.

(1) A forma como a 4.a Brigada se houve na Batalha de 9 de Abril, bem depressa foi reconhecida pelo Comando do Corpo, como bem o demonstra a Ordem de Serviço n.° 142 de 27 de Maio de 1918, cujo artigo l.° se transcreve:

« 1 Brigada do Minho.

a) — Que em todos os documentos oficiais a 4.a Brigada de Infantaria do C. E. P., seja designada por Bri­gada do Minho, correspondendo esta designação ao

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seu recrutamento principal e a uma aspiração dos oficiais e praças que constituíam esta Brigada e con­sagrando o heroísmo e valor com que combateram na Batalha de 9 de Abril.

b) — Que à Bridada do Minho seja entregue uma Ban­deira oferecida por uma Comissão de Senhoras do Minho.

c) — Que as tropas da 2.® Divisão se encontrem em paradaàmanhã, *8, às 17 horas para a entrega solene da Bandeira da Brigada do Minho. (Vidè nota P).2.® .............................................................................................

O sub-Chefe do Estado Maior, interino

a) Henrique Pires MonteiroMajor

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Resumo (a) das baixas em Oficiais das Unidades da 4.a Brigada de Infantaria na Batalha de 9 de Abril:

Unidades

Mor

los

_ ......

......

......

..Fe

ridos

e

pris

ione

iros

Ferid

os

Pris

ione

iros

TOTA

L

0 c M A ►t ■<3 » <3 01

0 . G............í : 1 i

1 2 j 6 | 1 | 10 1 Efectivo da Bn-Inf. 3 . . . 4 ! 1 j 4 í 8 j 17 gada , em 8/9 —Inf. 8. . . . 1 | 2 2 15 ! 20 í 104 (d) oficiais.Inf. 20 • . . 8 2 ! 2 6 18Inf. 20 . . . 1 1 1 j 4 ! 13 ! 19 i4.* B. M. L. - ! - Í 1 I 1 j 2 1

Soma. . 15 j 8 19 1 44 | 86(6) (í>) | W (c) | (c)

Q u arte l G en era l da 4 .a B. I.

C om a n d a n te (interino), fe r id o e p ris ion e iro . A judante, fer ido .l . ° A d ju n to , m orto .

(a) Êste «Resumo de baixas de Oficiais», que acompa­nhava o meu relatório, está agora devidamente rectificado, nas respectivas estações oficiais.

(b) Vidè «apêndice» onde constam as respectivas relações nominais.

(c) Vidè «apêndice». Relação dos oficiais presentes na Brigada em 8/9 de Abril.

(d) Estão incluídos neste número os provisores que esta­vam à rectaguarda.

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2.° A d ju n to , fe r id o .O ficia l G ran a deiro , fe r id o e prision eiro . C om an d an te da S ecçã o de Telegrafistas, fe r id o ,

ev a cu a d o durante a batalha.C . S. S., prision eiro . . . . »C . S. A ., fe r id o . vP orta -B andeira (in terino), ferido .C h efe da banda, ferido .

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Resumo das baixas em Praças das Unidades da 4.a Bri­gada de Infantaria, na Batalha de 9 de Abril ( f ) .

UnidadesOTÍoE

Des

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ecid

os

Ferid

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a­do

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. B. n

.“ Prisioneiros

SOM

A

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ro

(e)

Inf. 3 ................. 36 (d) 5 22 308 14 385Inf. 8 ................. 53 (d) 10 25 373 13 474Inf. 29 . . . . 30 (d) 13 15 335 16 409Inf. 20 . . . 30 {d) 13 26 363 15 447

4 .a B. M . L. (o) . - — — — — —

Soma. . . 149 41 88 1379 58 1715

(») (à) w 1437

{a) Não obtivemos elementos para precisar as baixas. (6) Vidè «apêndice» onde constam as respectivasrelações.(c) Impossível obter dados sôbre prisioneiros feridos.(d) Estão incluídas as praças adidas à Brigada de outros

Batalhões.(e) Existem 53 casos de praças prisioneiras, cuja situação

não foi ainda averiguada ou identificada, não se sabendo- porém, a que brigadas ou unidades pertencem.

( / ) Referido a 31 de Janeiro de 1920.

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N O T A S

NOTA A

É por assim dizer impossível precisar os efectivos das unidades da 4.a Brigada, na linha, na noite de 8/9 de Abril, pois não se encontra documento bastante donde se possa fa­zer essa investigação:

Assim o «Diário de Campanha da 4.a B. I.» (escriturado até 6 de Abril) dá no seu artigo 3.°, nêste dia, o seguinte efe-ctivo:

Oficiais ‘ .......................................... 100Praças................................................... 3119Cavalos . . ......................................... 44M u a res ................................... ■ . . 186Viaturas.............................................. 78

O Relatório do Chefe do E, M. da 2.a Divisão dá como presentes, na 4.a B. I . :

O ficia is ............................................... 103Praças ......................... . . . . . 3167

e indicando que faltavam para o completo do seu efectivo :

O ficia is............................................... 65Praças....................... 1325

e diz que: «das 9028 praças das três brigadas, descontando os homens das formações dos Q. G. e dos Comandos dos Ba­talhões e vários impedimentos indispensáveis ao bom funcio-

9

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namento dos serviços, representam um máximo de 4800 es­pingardas utilisáveis na linha». (1)

O Relatório do Sr. General Comandante da 2.a Divisão indica o seguinte efectivo à 4.a B. I.:

O ficia is........................... .................... 100Praças................................................... 3077

e diz: «dos números, que apresento, é preciso porém deduzir um grande número de oficiais e praças dispersas por vários impedimentos e serviços, e que portanto se não deviam con­tar para combate nesse dia».

Apresenta igualmente um mapa representativo dos efecti- vos que ficaram, depois de deduzidas as baixas sofridas em 8/9 o qual dá para a 4.a Brigada os seguintes dados :

Unidades

Em 8 Perdas de 8/9 Efectivos em 9

Oficiais Praças Oficiais Praças Oficiais Praças

0 . G ................. 10 57 7 27 3 30Inf. 3 .............. 22 743 17 410 5 333Inf. 8 .............. 26 782 21 529 5 253Inf. 29 . . . . 21 770 17 415 4 ' 355Inf. 20 . . . . 21 725 19 538 2 1874 .a B. M. L. . 4 73 1 16 3 57

Soma. . . 104 3150 82 1935 22 1215

O relatório do Ajudante do Batalhão de I. 29, datado de 15 de Abril de 1918, dá como tendo o batalhão na tarde de 8 ;

(1) Seja 1600 espingardas utilizáveis na linha, por brigada,

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O ficia is ............................................... 21Praças................................................... 758

dando como desaparecidos na Batalha:

O ficia is ............................................... 17Praças................................................... 519

O relatório do Comando do batalhão de I. 29, feito pelo Capitão da 2.a Comp.a José dos Santos e Cunha (que estava do antecedente na Ambulância) datado de 19 de Junho de 1919, dá como efectivo do batalhão na linha:

O fic ia is ........................................... 21Praças. ........................................... 522

O relatório de I. 8 dá como sendo o efectivo do batalhão 700 homens dispondo apenas nas linhas de 2/3 ou sejam:

Homens............................................... 460

Do relatório do alferes de lnf. 20, Alfredo Augusto Alves vê-se que, segundo êle, na linha as companhias apresentavam as seguintes espingardas:

1. a com panhia............................... 682. a » ......................................... 823 a » 664.a » ?

O Capitão Alberto Augusto do Vale, Comandante interino de I. 3, dá no seu relatório datado de 19 de Abril de 1918, o batalhão com o seguinte efectivo:

O ficia is ............................................... 18Praças.............................................. 709

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e declara que os batalhões dispunham na linha das seguintes espingardas:

I. 3I. 8I. 29I. 20

550550400

7

Pelo meu presente relatório, digo a pag. 67, que em prin­cípios de Abril faltavam:

Oficiais ................................... 51Praças.................................................. 1300

Por estes dados tão diferentes se vê a impossibilidade de precisar o efectivo das unidades (a não ser em oficiais) antes da Batalha.

Não se errará muito se se disser que o efectivo dos bata­lhões em média não iria além de 650 homens, dispondo na li­nha no máximo de 500 espingardas.

NOTA B

A nota de 31 de Julho, dirigida ao Q. G. do C. E. P. a que o Ex mo General Gomes da Costa se refere no seu relató­rio, relativa ao emprêgo das tropas da 4,a Brigada para repa­rações do sector de «Neuve Chapelle», ocupado então pela 2,a Brigada, dizia o seguinte:..........................................................................................

São necessários trabalhadores, e, estando uma Brigada da 2.a Divisão na área desta Divisão, natural e simples se me afigura lançar mão dela para nêste trabalho se reunir aos sapadores mineiros. A nota n 0 12 dêsse 0* G., porém, tira-me qualquer autoridade sôbre essa Brigada e assim, como único recurso para poder cumprir as ordens do Exmo General do

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XI. Corpo só me resta que Sua Ex a o General Comandante do C. E. P., mande pôr a minha disposição a Brigada citada, que eu empregarei nos trabalhos necessários e durante o tempo necessário para a sua execução.

Por esta iorma eu farei escalar os batalhões para o ser­viço de reparações e poderei executar a ordem que recebi».

IMOTA C

L o u v o r e s o o le c t iv o s (1)

Ordem de Serviço n.° 306 da /.a Divisão áe 21 de Fevereiro de 19J8, transcrita no Art. l.° da O. S. n.° 54

da 4 ? B. /. de 22 de Fevereiro de 1918

«Art.0 l.° — Louvores — a) — Que louva o Coronel Adolfo Almeida Barbosa, comandante da 4.a B. I., pela inteligência, dedicação e zêlo pelo serviço de que deu prova durante o tempo em que esteve servindo na 1.® Divisão.

b)—Que louva os oficiais e praças da 4.a Brigada de Infan­taria pela disciplina, coragem e dedicação pelo serviço de que deram repetidas provas durante o tempo que fizeram parte da l.a Divisão».

Ordem de Serviço n.° 156 da / .a Divisão de 24 de Setembro de 1917

«Louvor — Que louva os comandantes, oficiais e praças dos Batalhões de Infantaria n.° 3 e 8, pela atitude serena e

(1) Cópia do artigo 3.° da ordem regimental n.° 10S do 15-IV de 1917 do Regimento de Infantaria n.° 3 :

Louvor — Por Sua Ex.a o Ministro da Guerra foi louvado o l.° batalhão, que ontem partiu, pela forma correctfssima e aprumo com que se apresrntou ao desembarque e embarque em Lisboa.

É-me muito grato publicar êste louvor ao regimento — a) Adolfo Almeida Barbosa, coronel.

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firme que mostraram no combate de hoje repelindo o inimigo e causando-lhe baixas».

Ordem de Serviço n.° 179 da 4.a B. /. de 23 de Novembro de 1917

«Citação com Louvor — a) — O batalhão de Infantaria n.° 29, pela forma brilhante como soube repelir o forte ataque inimigo de ontem, demonstrando excelente calma e ótima disposição moral».

Ordem de Serviço n.° 217 da 4 s B. 1. de 31 de Dezembro de 1917

«Que seja louvada a 4.a B. M. L. porque durante a sua permanência na frente manteve sempre, em virtude de ordens da Brigada, um-espírito ofensivo».

Ordem de Serviço n.° 78 da 2 * Divisão de 19 de Março de 1918, transcrita na O . S. da 4 .a B . I. n .° 80

de 20 de Março de 1918

«Louvor — Que o Batalhão de Infantaria n." 20 seja lou­vado pela disciplina, coragem e bravura com que repeliu o inimigo no violento ataque de 12 do corrente, não permitindo que ele tomasse um só elemento da linha A» (1).

Ordem de Serviço n.° 200 da 4 a B. /. de 14 de Dezembro de 1917

«Citação com louvor— Que sejam louvados — a) — Oficial, sargentos e mats praças do l.° pelotão da 3.a companhia do. Batalhão de Infantaria n.° 8. por na manhã de 13 do corrente, quando guarnecia um posto de l.a linha, terem com método

(1) Vidè nota Q — (Relatório do combate de 12 de Março).

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e bom critério impedido que uma forte patrulha de combate inimiga penetrasse nas nossas linhas, obrigando-a a retirar, tendo deixado um morto dos seus junto ao nosso arame».

R e fe r ê n c ia s e lo g io s a s

Ordem de Serviço n.° 78 da 4 .a B . I de 15 de Agosto de 1917

«Tendo Sua Ex,a o Comandante da Brigada verificado nas suas visitas cotidianas, às trincheiras a forma como era desempenhado tôdo o fatigante serviço da l .a linha, é-lhe muito agradavel salientar o zêlo e dedicação de todos os ofi­ciais e praças da 4 a companhia do Batalhão de Infantaria n ° 3 manifestados no modo irrepreensível como se encontra­vam em todas as ocasiões e a maneira dedicada com que venciam quaisquer dificuldades, dando um alto exemplo do Militar Português disciplinado».

Ordem de Serviço da 4 .a B . I. de 18 de Jatiho de 1917 — transcreve o Boletim

de informações n.° 18 — (Art. 9.°)

« . .Infantaria n.° 3, quando esteve na l .a linha em ins­trução ocupando um sector com responsabilidade, repeliu um «raid» inimigo com os seus próprios meios sem ter pedido & O. S., tendo-lhe o comandante da Brigada Inglesa mani­festado a sua satisfação por tal facto. Na manha de 15, Infan­taria n.° 8 repeliu à granada de mão, metralhadora e espin­garda um «raid» feito pelos alemães sôbre a Companhia da esquerda, sem ter pedido 5. O. S.».

Ordem de Serviço n .° 106 da 4 ,a B . I. de 12 de Setembro de 1917

«Que cita como digna de ser imitada a forma como a 4 / Companhia do Batalhão de Infantaria n.° 3 soube desem-

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penhar-se dos serviços de reparação de trincheiras de 1 a 7 do corrente no sector confiado à 2.a B. I.».

Ordem de Serviço n .° 89 de 26 de Agosto de 1917 da 4.a B . / . — transcreve a parte do Boletim de Informações

n.° 23 de 25 de Agosto de 1917

«Frente Portuguesa — 2.a Divisão — Um «raid» de tropas especialisadas procurou penetrar no sector ocupado pelo Ba­talhão de Infantaria n.° 29, em instrução na Divisão 57.a, acompanhado por um violento ataque de artelharia. Os ale­mães foram repelidos corajosamente pelas nossas tropas que fizeram 3 prisioneiros e colheram identificações importantes; não ihá por enquanto informes mais detalhados sobre esta acção».

Ordem de serviço n.° 90 da 4 .a B . I. de 27 de Agosto de 1918

«Referência elogiosa — Que lhe é muito agradavel cons­tatar a forma zelosa, dedicada e digna de constituir exemplo, como o Batalhão de Infantaria n.° 29 se comportou no com­bate de 23/24 do corrente, quando resistiu valorosamente ao ataque inimigo, efectuado com tropas especiais e no sub- sector que o referido Batalhão guarnecia, do que resultou fi­car vencedor e obter três prisioneiros, captura importante como foi reconhecida pelo Comando da 57.a Divisão Inglesa, sob as ordens do qual o mesmo Batalhão se encontra».

Ordem de Serviço n.° 90 de 27 de Agosto — transcreve a parte do Boletim de Informações n.° 24

de 27 de Agosto de 1917

«Frente Portuguesa — 2.a Divisão — (Tradução do § 3.° do Boletim da 57.a Divisão)— «O facto capital do dia consis­tiu no sucesso obtido pelas tropas do C. E. P. (Batalhão de Infantaria n.° 29) contra os alemães que tentaram fazer um

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«raid» em força no S. S. de Boutillerie. Os nossos bravos aliados, apezar das perdas sofridas portaram-se duma ma­neira exemplar, capturando 3 prisioneiros alemães, sem que êstes consseguissem obter identificações.

Ás 3 horas repetiu o ataque, na frente e no flanco do posto n .° 5, foi pressentida uma patrulha num efectivo apro­ximado de 20 homens e às 3 horas e 30 minutos atacou o re­ferido pôsto à granada de mão e metralhadoras, sendo repe­lido com o auxilio das metralhadoras e morteiros pesados sôbre tôda a frente da 3.® companhia».

Do Diário de Campanha do dia 23 de Agosto de 1917 (referindo-se ao Batalhão d 'lnf.a 29)

« . . .0 Batalhão foi telegráficamente elogiado pelo Comandante da 57.a Divisão e pelo General Comandante da 2.® Divisão do C. E. P.».

O Boletim de Injormações n ° 135 de 12 de Março de 1918 do Q. G . do C. E. P . — R. I.

«Frente do Corpo — Actividade do inimigo — Infantaria — Depois duma intensa preparação de artelharia, o inimigo num efectivo aproximado de 400 homens, atacou as nossas li­nhas na direita do sector de «Fauquissart» e esquerda do de «Chapigny».

O ataque foi feito por três vagas de assalto, tendo os alemães sido complètamente repelidos com grandes baixas e deixado nas nossas mãos 7 prisioneiros».

Art.° l . ° da Ordem de Serviço n.° 19 da 2 .a Divisão de 19 de Janeiro de 1918, transcrita

na ordem de Serviço da 4 .a B . 1. de 22 de Janeiro

«l.° Que com muito agrado manda transcrever para conhe­cimento de oficiais, sargentos e mais praças da Divisão a se-

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guinte passagem do relatório do Marechal de Campo Coman­dante em Chefe das Forças Expedicionárias Britânicas:

— «Durante o presente ano o Corpo Expedicionário Por­tuguês tomou o seu logar nas linhas e por muitos meses já tem guarnecido um sector da frente britânica. Ainda que não tenha sido empenhado em operações de grande ofeDsiva« contudo num grande número de «raids» e outras operações de menor envergadura, os oficiais e praças do Corpo Expedi­cionário Português têem demonstrado ser valentes e eficientes soldados» •

NOTA D

Relatório de Operações e Informações da 4 .a B. I. N .° 129 de 11 de Março de 1918.

I n fo r m a ç õ e s

g) — Informações várias — Das 13h às 14h o inimigo bom­bardeou com granadas de 7,7 e 12 a l.a e 2.a linha do S. S. 2. Foi pedida represália à nossa artelharia que fez calar a arte- lharia inimiga.

Ás 6 horas o inimigo repetiu o bombardeamento sôbre a l.a e 2.a linha do mesmo S. S., com artelharia e morteiròs, empregando algumas granadas de gaz; em virtude do denso nevoeiro e do bastante riiido que se ouvia na linha inimiga, foi pedido 5 . O. S. à nossa artelharia durante 15m, findos os quais se normalisou a situação.

Relatório N 0 130 de 12 de Março

g) — Informações várias — Ãs 5,50 horas o inimigo, após uma grande barragem com morteiros e artelharia na l.a e 2.a linhas, estradas e caminhos de emergência, sobretudo na

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direita do Sector, fez avançar a sua infantaria num efectivo aproximado a 400 homens em 3 vagas de assalto.

Foi pedido S. O. S. à nossa artelharía que prontamente rompeu fogo, tendo sido o inimigo repelido, deixando em nosso poder 1 morto e 4 prisioneiros, um dêles oficial, que foi ferido, e um sargento enfermeiro.

Pouco depois de repelido o ataque, viu-se grande movi­mento junto do arame e 1." linha inimiga, lezantando mortos e feridos.

O inimigo fez uso de granadas de gazes, algumas sobre Lavantie, onde foi dado o alarme.

Quando amanheceu já o balão de Aubers estava em observação.

As nossas forças mantiveram sempre as suas posições.As tropas atacantes pertenciam às tropas especíaes tendo

todas um braçal branco,A's 18,30 o inimigo bombardeou com granadas explosivas

e shrapnels o pôsto de combate do comando dêste Sector, em M. 24, a. não tendo o abrigo sido atingido.

Relatório N,° 131 de 13 de Março

h) — Informações várias — A’s 23 horas, na ocasião em que no sector à nossa esquerda havia S. O. S. caíram algumas granadas e morteiros sôbre a companhia da esquerda do S S. I., e por terem nessa ocasião sido observados movimentos anormais suspeitos na l.a linha inimiga em N. 13. c. e N. 13 d. foi pedido também S. O S à nossa artelharia, não tendo todavia o inimigo pronunciado nenhum ataque de infantaria, normalisando-se a situação pouco tempo depois.

Parece existir uma posição de artelharia em N. 32. a. 25. 55, que faz fôgo sôbre Lavantie.

O balão de Aubers subiu às 5 h e desceu às 13 Tornando a subir às 14,30, foi atacado pelos nossos aeroplanos, tendo de aterrar.

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Relçtório N .° 132 de 14 de Março

g) — Informações várias — Durante todo o dia o inimigo bombardeou Lavantie com granadas de 7,7 e 15, explosivas e com balas, vindo o tiro com direcção S. E., batendo de prefe­rência os cruzamentos em M. 4, b. e c.

A’s 13 horas voou um aeroplano sobre a cidade deixando um sinal com fumo que se conservou bastante tempo no art por cima do pôsto de combate do Comando deste Sector em M . 4. a., parecendo regular o tiro de artelharia inimiga.

Próximo das 18 horas subiu o balão de Aubers.A’s 6 h. foi pedido S. O. S. pelas companhias da direita e

centro do S. S. I. havendo nessa altura S. O. S. no sector à nossa direita; antes da interferência da nossa artelharia o inimigo bombardeou iníensamente o flanco direito do S. S. L rasando com fogos de metralhadora os nossos parapeitos.

A infantaria inimiga que foi vista na «terra de ninguém* não conseguiu chegar ao nosso parapeito, tendo sido obrigada a retirar pelo fogo das nossas linhas

Relatório N.° 133 de 15 de Março

h) — Informações várias — O inimigo depois das 12 horas continuou bombardeando Lavantie, batendo de preferência os cruzamentos e as ruas de Paradis e Amoureuse. O canhão ligeiro continuou importunando as nossas forças, tendo on­tem feito fôgo de N. 25. c. 95. 50 e N. 26. A. 90. 50.

O balão de Aubers subiu às 4 h,30. A esta hora o inimigo bombardeou com morteiros e artelharia o nosso arame no flanco do S. S. 2 e bateu também o terreno entre a nossa 1.* e 2.® linha.

Relatório N.° 135 de 17 de Março

g) — Informações várias — O inimigo fez uso de sinais luminosos na l.a e 2.® linhas em frente do S. S. 2.; às 11 horas

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o inimigo lançou algumas granadas sôbre Lavantie, caindo uma no cruzamento junto do Comando deste sector.

Subiram 3 balões; às 13 horas os aeroplanos incendiaram o da esquerda de Aubers.

Parece haver uma posição de artelharia na estrada em N. 20. b.

Relatório N.° 136 de 18 de Março

g) — Informações várias — A artelharia inimiga fez fogo sôbre Lavantie às 9 h,30, empregando poucas granadas mas com grande velocidade de tiro.

Relatório N.° 137 de 19 de Março

g) — Informações várias — O inimigo teve durante o dia 7 balões em observação, o que prejudicou bastante os tra­balhos.

A’s 20h,40 foi pedido S. O. S. por tôdas as companhias do S. S. 2. O pedido de S. O. S. é justificado por terem saltado fora do parapeito vários grupos de homens que tentaram aproximar-se da nossa linha, chegando um dêsses grupos ao nosso arame estabelecendo-se com uma metralhadora em N. 14. c. 30. 50.

Devido ao fogo das nossas metralhadoras o inimigo teve de retirar, tendo a artelharia bombardeado até às 22,30.

Em frente à Drury Laive, estendendo-se sôbre a frente da companhia da esquerda do S. S. I., foi vista uma patrulha inimiga pelas 21 horas. Esta patrulha, que se aproximou das nossas linhas, foi repelida pelos fogos de metralhadora e espingarda, e bem assim com o auxílio da nossa artelharia para a qual se pediu S. O S.

Das 7",30 às l l h,30 o inimigo bombardeou toda a povoação de Lavantie com grande número de projécteis, tendo causado bastantes estragos materiais, mortos e ferimentos.

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Relatório N .° 138 de 20 de Março

{ — Informações várias— Quando se procedeu à rendição no S. S. 2. às 20 horas, teve esta de ser suspensa até às 20,30 em virtude de ter sido pedido S. O. S. pelo S. S. 1.

A’s 8,30 foi bombardeado LavanHe com uma peça de tiro tenso, tendo sido atingidas varias casas da Rua da Gare, entre elas a que servia de aquartelamento à formação desta Brigada.

Das llh,30 às 13 ,30 foi bombardeado o Pôsto de Socorros de Lavantie que teve de ser evacuado.

Em virtude do forte bombardeamento que o inimigo fez sôbre a l.a linha no S. S. I. foi, às 21 horas, pedido S. O. S. pela companhia da esquerda deste S. S., tendo sido reforçada esta companhia, mas não tendo o inimigo pronunciado ne­nhum ataque de infantaria,

Relatório N .° 139 de 21 de Março

f) — Informações várias — Ás 2lh 30 foi pedido S. O. S. pela companhia do centro do S. S, I. em virtude do intenso bombardeamento seguido de nuvens de fumo, tendo sido vista uma patrulha inimiga no efectivo aproximado de 20 homens, que não chegou a aproximar-se. Foram feitos vários sinaes em frente do S. S. I. As 4h 30 o inimigo iniciou um intenso bombardeamento sôbre Lavantie e posições da artelharia, empregando granadas de todos os calibres e entre elas cerca de 400 de gaz, tendo também empregado o canhão de tiro tenso com grande velocidade de tiro. O bombardeamento foi continuado e intenso até às 9h 30. No início do bombardea­mento foi também atingido o batalhão de apoio com granadas de gaz.

Relatório N .0 140 de 22 de Março

g) —Informações várias — Das 13h 30 às 15h o inimigo con­tinuou o bombardeamento de Lavantie com muitas granadas

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de gaz,. tendo lançado também durante êsse bombardeamento granadas explosivas de grosso calibre nas proximidades do Comando da Brigada à nossa direita. A noite decorreu calma, tendo sido vistas às 5h duas patrulhas inimigas, de reconhe­cimento, próximo do nosso arame e em frente da companhia da esquerda do S. S. 2., tendo sido repelidas com o fogo das nossas metralhadoras.

Relatório N 0 141 de 23 de Março

g)— Informações várias—A’s 19 horas houve um incêndio provocado pela artelharia inimiga em M. 5. b. A esta hora o inimigo lançou 6 granadas sôbre as proximidades deste Comando, sendo duas delas de gaz. Ás 20b 30 bombardeou a «Rue des Amoureux» tendo uma das granadas atingido a caserna duma companhia do Batalhão de reserva, tendo morto dois soldados e ferido quatro.

Relatório N ,° 146 de 28 de Março

g) — Informações várias — Aumentou a actividade da artelharia inimiga.

Das 5 h às 8h o inimigo com 7,7 e 15 bateu as posições das nossas batarias, provocando um incêndio à, esquerda e recta- guarda de Lavantie.

Bateu com gazes as proximidades da 3 / Bateria.Bateu com Shrapnels a Rue Masselot — linha B — nas

proximidades do comando da companhia da esquerda do S. S. I. e trincheira Strand.

Bombardeou também com 10,5 e 7,7 a trincheira Mas­selot e proximidades do comando da companhia da direita do mesmo S. S.

O fogo continuou até às 9 horas, mas menos intenso sendo na última hora que o inimigo encurtou o tiro, atin­gindo a linha de Fauquissart I.

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Relatório N.° 150 de 1 de Abril

g) — Informações várias — Ás 4h, 40 nas companhias do centro e esquerda do S. S. 2 começou a sentir-se um cheiro a gaz de cloro e mostarda, espirrando e tossindo muitos dos homens, chegando alguns a vomitar; como não houvesse nesse momento bombardeamento de arteiharia foi pedido «S. O. S. gaz» à nossa arteiharia e deu-se o signal de «gaz alarme» com os Strombos. Na companhia do centro do S. S. I. foi também pedido S. O. S. gaz, saindo dos cilindros e só uma pequena nuvem foi vista em frente da companhia do centro do S. S. I.

Á nossa arteiharia foi mandado alto fogo às 5h 30. Dois ou três aeroplanos inimigos aproveitaram a ocasião em que a nossa arteiharia fazia S. O. S. contra gaz para descobrirem as posições e, logo que estes passaram as linhas, pouco de­pois a nossa arteiharia foi batida com tiro muito rápido.

Relatório N.° 152 de 3 de Abril

g) — Informações várias — Ás 14 horas o inimigo bom­bardeou com peças de 15 as proximidades do Comando do batalhão de apoio e a l.a linha do S. S. 2. Foi pedida repre­sália à nossa arteiharia.

Relatório N 0 153 de 4 de Abril

g) — Informações várias — As 5 horas o inimigo lançou algumas granadas sôbre Lavantie entre elas algumas de gaz com cheiro pronunciado a cloro.

Relatório N .° 154 de 5 de Abril

f) — Informações várias — Ás 14h, 30 a arteiharia inimiga começou batendo com bastante actividade as proximidades do comando do Batalhão do S. S. I. tendo o fogo continuado

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até às 16 horas e cortando as comunicações do mesmo co­mando com a Artelharia e com o Comando da Brigada; foi pedida represália à nossa artelharia, procedendo-se em se­guida à reparação das comunicações.

Relatório N .° 155 de 6 de Abril

g)—Informações várias—Ás 12*» 30 o inimigo bombardeou com granadas de 10,5 as proximidades do Comando do Bata­lhão de apoio durante 15 minutos.

Relatório N .° 156 de 7 de Abril

g) - Informações várias—O inimigo bombardeou por três vezes durante o dia o Comando do Batalhão do S. S. I. com granadas de 10,5, 15 e 21 cujos tiros vêm do S. E., tendo re­pelido o bombardeamento hoje às 5h 30, visando especialmente o pôsto de soccorros daquele S. S.

Parece que o bombardeamento era devido à Engenharia ter construído uma trincheira à rectaguarda do Comando daquele S. S., para enterramento do cabo, trincheira que ficou incompleta, tendo certamente o relêvo do terreno sido notado por qualquer fotografia de aeroplano; pelo menos as granadas concentravam-se com grande preferência sobre êstes trabalhos. O Comando do Batalhão teve de ser evacuado por duas vezes.

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NOTA E

P r o c la m a ç ã o d o E x.m° G en era l G om es da C o sta a o a s s u m ir o C om an d o

da 2 .a D iv isã o em 2 0 d e M a rço d e 1918

Soldados!

Ao assumir o comando da 2.a Divisão (1) que vai substi­tuir a l.a, na frente de batalha, tenho o maior prazer em saudar em vós os continuadores da obra da 1 a Divisão.

Já por várias vezes a 2.a Divisão tem tido oportunidade de demonstrar que possue as qualidades de bravura, disci­plina e ?bnegação que constituem o fundo do carácter Por­tuguês. Para essas qualidades apelo agora que vamos entrar num período de maior actividade e em que portanto, todos teremos de redobrar de esforços para bater e vencer o ini­migo.

Temos nas nossas mãos a honra de Portugal!Decidem-se neste momento e neste campo de batalha os

destinos da nossa Pátria.A 2.a Divisão saberá manter a honra de Portugal e ga­

rantir o futuro da Pátria, batendo-se com valor, com bravura, cora alegria no logar que a 1." Divisão lhe confia.

Soldados!A 2.* Divisão manter-se há firme, disciplinada, unida, sob

o meu comando como se manteve sempre a l.a Divisão.

(1) A 4.* B. I. esteve sob as ordens do Ex.n'° General Gomes da Costa no sector de Ferme dn Bois desde 23 de Setembro a 30 de Dezembro de 1917 (vidè louvor na nota C), e acbava-se guarnecendo o sector de Fauquissart desde 7 de Fevereiro de 1918.

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0 vosso novo General saudando em vós a tradicional valentia, resistência e disciplina do soldado Português, espera ter de se orgulhar em vos ter comandado e convosco brada:

Viva Portugal!Viva a 2.a Divisão !

a) Gomes da CostaGeneral

NOTA F

Circular secreta n.° 22 — Em campanha 6 de Abril de 1918.

Aos Srs. Comandantes de Batalhão, 3, 8, 20 e 29 e 4.a B. M. L.

Em virtude da determinação do l.° Exército, algumas forças da l .a Divisão, que há longos meses prestam serviço em França, foram mandadas repousar para a zona da recta- guarda, sendo substituídas por forças da 2." Divisão, com muito menos tempo de serviço de campanha.

Por estas circunstâncias, a 5.a B. I. foi render a 3.a B. I., motivo porque fica sem efeito a execução do determinado na Ordem de Operações n.° 19 de 3 do corrente.

O Ex.in<> Sr. Coronel Adolfo Almeida Barbosa, Coman­dante interino da l.a Divisão e que, no desempenho das suas actuais funções, vae também para a zona da rectaguarda. veio ontem,—na qualidade de Comandante efectivo da nossa Bri­gada—apresentar as suas despedidas às nossas tropas, tendo manifestado, o desejo de que lhes fosse transmitida a certeza, de que vae possuído, de que a Brigada há-de continuar as tra­dições honrosas, que soube manter, e nunca lhe dará motivos para se envergonhar de, em tôda a parte, altivamente dizer que é o Comandante da «Brigada do Minho».

Disse Sua Ex.a que mais alguns sacrifícios nos são agora pedidos, quando, evidentemente, necessitávamos de algum

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repouso; mas que pode asseverar estar-se tratando activa- mente de nos poder ser garantido um período de descanso, que aproveitaremos para nos reconstituirmos.

Sabe Sua Ex.a muito bem que nunca desanimou a «Bri­gada do Minho», e que apenas a resistência iísica tém dimi­nuído, mercê dos pesados serviços, que temos tido; espera, porém, que se continue resistindo, até que as circunstâncias permitam o ser-nos dado o descanço indispensável.

0 nosso sempre lembrado Comandante disse, por fim, que o menor desfalecimento no cumprimento do Dever, por parte da sua Brigada, é uma mancha na História gloriosa do Minho e da nossa Brigada, cuja Bandeira é o símbolo da Pátria e da Honra— e que um facto dêsses seria o maior des­gosto e a maior ofensa que lhe poderia ser dado sofrer.

Coisa alguma tenho a aumentar às palavras do meu Comandante. Olhos fitos na Pátria, onde temos os nossos Pais, Mulheres e Filhos — onde está a nossa Família, que apenas nos tem por defensores — o nosso papel é trabalhar e sacrificarmo-nos com Honra. 0 Comandante interino da Bri­gada. a) Eugênio Carlos Mardel Ferreira.—Tenente-coronel.

NOTA G

Cópia do relatório enviado pelo comando da 4." B. I. em cumprimento do determinado na circular confidencial n.° 4 do Q. G. da 2.a Divisão de 1I-V-918. t

«Em campanha, 4 de Abril de 1918. - - Confidencial. — Relatório

Respondendo, como me cumpre, à circular n.° 4 da 1.»Rep. do 0. G. 2 de 1 do corrente, devo dizer o seguinte: /

Por diversas vezes já êste Quartel General julgou do seu 'dever informar as instâncias superiores de certos factos, que reputava graves e os quais não podiam ser remediados ape­nas pela acção do mesmo Q. G., por se imporem medidas, que iam além da sua competência.

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Assim foram expedidas algumas notas confidenciais, que, por cópia se juntam.

— A 4.® Brigada de Infantaria, de que sempre tenho sido o 2.° comandante efectivo, e que agora comando interina­mente, tomou á responsabilidade na defesa dum sector, (Ferme du Bois) em 23 de Setembro de 1917 e aí se conservou até 30 de Dezembro do mesmo, em que passou a fazer parte da Reserva Divisionária; mas, já muito antes daquela data lhe foram exigidos grandes esforços, quer durante os períodcs de tirocínio em sectores ingleses (Fleurbaix-Armentières - Beuvry), em que o batalhão do 29 resistiu valentemente a um combate inimigo, merecendo especiais e elogiosas refe­rências do comando da Divisão inglesa (23 24 Agosto), em que algumas companhias do 3 s*uportaram o forte bombar­deamento e ataque a Armentières; quer auxiliando os tra­balhos de reparação do sector de Neuve Chapelle, ao tempo guarnecido pela 2,a Brigada de Infantaria.

Sobre a forma, como a 4.a Brigada se portou sempre, falam bem alto as referências elogiosas das instâncias supe­riores e nomeadamente o louvor especial de Sua Ex.a o General comandante da 1.* Divisão, quando a nossa Brigada terminou o serviço na mesma.

Passando em 31 de Dezembro de 1917 a fazer parte da Reserva Divisionária, depois de 98 dias seguidos de serviço nas trincheiras, não ficou em descanso a 4.a Brigada, pois além de activa a sua instrução, teve de prejudicar ainda esta, com os sucessivos e numerosos contingentes (algumas vezes um batalhão) diários, que fornecia para trabalhos de enterramento do cabo para comunicações telegráficas, além de um certo efectivo, que permanentemente guarnecia os postos da linha das aldeias, e além dos trabalhos activos de reconhecimentos de postos, estudos de caminhos' de emer­gência e até de muitos trabalhos de reparações de entrin- cheiramentos.

— Em 7 de 'Fevereiro de 1918 entrou a 4.a Brigada de Infantaria novamente nas trincheiras, guarnecendo o sector

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de Fauquissart e fornecendo ao mesmo tempo grupos de trabalhadores (250 a 350 homens em média) diariamente para o referido serviço de enterramento de cabo armado, além de 40 homens, em média, também diàríamente, para coadjuvar a 4.a companhia de sapadores mineiros, em trabalhos de reparação de trincheiras e outros, e além, ainda, dos homens que eram requisitados diàríamente pelo Town Major para limpeza de Lavantie.

— O excesso de fadiga ocasionado por todos êstes ser­viços foi tão grande, que as Autoridades Superiores deter­minaram a suspensão do fornecimento de homens para os trabalhos de enterramento de cabo, continuando, porém, todos os outros serviços.

— Conhece V. Ex.a muito bem a actividade do inimigo sôbre o sector de «Fauquissart», e os factos são tão recentesf que julgo não ter necessidade de recordar os sucessivos bom­bardeamentos, com granadas de gaz e explosivas de todos os calibres, que temos sofrido.

No Quartel General da Brigada a maioria dos oficiais e graduados não tem podido despir-se há quasi um mês, e al­guns deles não têm baixado ao hospital, apesar de ser essa a opinião médica (1); acontecendo até que um sargento foi obri-

(1) Para exemplo do que citamos, basta copiar um atestado escrito pelo Chefe dos Serviços de Saúde, Capitão • médico Joaquim d’Assunção Ferraz Júnior, em 30 de Março de 1918, a respeito de um oficial do Q, G., que se recusou a ser hospitalisado, e ficou em 1." linha até 9 de Abril de 1918, em que foi ferido e gazeado ;

— «Em conformidade com a ordem de S. Ex-a o Comandante da «Brigada devo certificar que êste Sr, Oficial, devido ao excesso de tra* cbalho que tem tido durante o corrente mês, está sendo portador duma «surménage» física, como consequência de sucessivas noites sem dor- «mir e da comoção produzida pelo troar quási contínuo dos canhões «e rebentar das granadas em tôrno dêste Q. G,, tendo determinado «perturbações do aparelho digesttvo, com intolerância gástrica, hepa- «tite, diarreia, tenesmo, e perturbações do aparelho circulatório, no* «tando-se um desdobramento do l.° tom no foco aórtico e sõpro ané* «mico acentuado, e a acção continua de gazes. — Em Campanha, 30 «de Março de 1918—»,

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gado a ir à junta, que imediatamente o julgou incapaz por ter os pulmões afectados.

Nos batalhões, há muitos casos concretos, que poderia ci­tar, se Sua Ex.a o General o determinasse, para provar as minhas afirmações.

— Em consequência do enorme dispêndio de energias fí­sicas — que vêm de longe — como complemento dos inevitá­veis resultados duma campanha, começou a ser desfalcado sériamente o efectivo de cada batalhão, sucedendo que à me. dida que iam baixando aos hospitais e ambulâncias, bastan. tes oficiais e praças (que não foram substituídos) aumentava o trabalho para os que ficavam. Assim a redução dos efecti- vos é tão grande, que, devendo estar (segundo o Plano de Defesa) em «Lavantie», um Batalhão de reserva e uma companhia do Batalhão de Apoio; há muito que é necessário mandar reforçar desde o «a postos» da tarde até ao «a pos­tos» da manhã, as fôrças nas trincheiras, sucedendo que, em reserva, nêste espaço de tempo apenas há normálmente duas companhias, do que resulta haver trabalho seguido para as fôrças, que nem sequer podem aproveitar o período de Reserva para a sua limpeza pessoal.

Tem sido admirável, debaixo de todos os pontos de vista, a conduta das tropas da Brigada, sacrificando-se honrada- mente para continuarem as tradições honradas da nossa Pá­tria ; mas, se a fôrça moral nunca nos faltou, o mesmo não pode dizer-se da resistência física, que, independentemente da nossa vontade, vai decaindo velozmente, havendo já muitos oficiais, graduados e praças, que não têm baixado aos hospi­tais e ambulâncias por quererem sacrificar-se até ao fim e contra as indicações médicas.

Devo informar sempre os meus superiores com verdade; e assim, cumpre-me afirmar que julgo impossível continuar a dispender a mesma energia física, porque o limite da resis­tência está excedido e é natural que, nestas condições, o mo­ral comece a ressentir-se, já porque os oficiais e graduados faltem, já porque as praças não resistirão desde que lhe falte

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o exemplo dos seus superiores, que hoje ainda veem sacrifi­car-se ao seu lado, mas que, em breve, deixarão de ter junto de si porque o excesso de fadiga os prostrará. O Comandante, interino da Brigada, (a) Eugênio Carlos Mardel Ferreira, Tenente-coronel».

No relatório do Chefe do Estado Maior da 2.a Divisão, já citado, sobre o assunto tratado no relatório, atrás transcrito diz-se:

A 4.* Brigada relatou:«Em consequência do dispêndio enorme de energias físi­

cas que vêem de longe, como complemento dos inevitáveis resultados duma campanha, começou a ser desfalcido sèria- mente o efectivo de cada batalhão, sucedendo que à medida que iam baixando aos hospitaes e ambulâncias bastantes oficiais e praças (que não foram substituídos) aumentava o trabalho para os que ficavam.

Assim, a redução dos efectivos é tão grande que, devendo estar, segundo o plano de defesa, em «Lavantie», um batalhão de reserva e uma companhia do batalhão de apoio, há muito que é necessário reforçar desde o «a postos» da tarde até ao «a postos» da manhã as forças nas trincheiras, sucedendo que em reserva nêsse espaço de tempo, apenas há normalmente duas companhias, do que resulta haver trabalho seguido para as forças que nem sequer podem aproveitar o período em re­serva para a sua limpeza pessoal.

Devo informar sempre os meus superiores com verdade, e assim, cumpre-me informar que julgo impossível continuar a dispender a mesma energia física, porque o limite da resistên­cia está excedido, e é natural que nestas condições o moral comece a ressentir-se, já porque os oficiais e graduados fal­tam, já porque as praças não resistirão, desde que lhes falte o exemplo dos seus superiores, que hoje ainda vêem sacrifi­car-se ao seu lado, mas que em breve deixarão de ter junto de si porque o excesso de fadiga os prostrará.»

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Já em 15-3-918 tinha sido enviada esta nota:É meu dever comunicar a V. Ex.a, para o conhecimento

de Sua Ex.a o Coronel Comandante interino da Divisão (1) o conjunto de circumstâncias extremamente graves que nêste momento assoberbam a Brigada.

Há muitos meses que todas as suas forças prestam, como é sua obrigação, o maior auxílio ao Comando; contudo, a ex­traordinária fadiga causada pelo demasiado trabalho que lhes tem sido exigido, principalmente nêstes últimos dias, origina um grande abatimento físico que, por emquanto, se traduz na quantidade enorme de baixas e convalescenças (ainda dimi­nuída pela boa vontade de todos os graduados e praças).

Apezar desta boa vontade, o excesso de fadiga e a falta de graduados começam a produzir a desorganisação em mui­tos serviços, o que pode originar uma diminuição no moral das tropas, para cuja elevação moral nós temos sempre traba­lhado e trabalhamos. Nestas condições, julgo do meu dever propor a V. Ex.a a saída rápida das tropas desta Brigada para a rectaguarda, afim-de se reconstituir de modo a poder exigir-se dela maior esfôrço.

Termino, informando V. Ex a que só oficiais, não con­tando com os que se encontram nas ambulâncias e de liçença, faltam 29, dos quais 5 capitães e um provisor, sargentos e maís graduados num minimo de 36 e soldados 800, porque conto, como no efectivo, alguns centos de praças que se en contram em várias situações.

— e em 18-3-918 esta outra:« . . . Informo V. Ex.* para conhecimento de Sua Ex.a o

General, que na Brigada do meu comando faltam actualmente as seguintes praças:

1.05 sargentos....................................... 72.05 » e l.° cabos.................... 123Soldados. . « ....................... .... 1037

(1) Era o Comandante efectivo da 4,a Brigada de infantaria, o Ex."’* Coronel Adolfo Almeida Barbosa.

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se acrescentar a isto a falta de corneteiros, sinaleiros, maquei­ros e enfermeiros, há um total de 1196 praças em falta.

— em 24-3-918 ainda esta:Tendo agora baixado ao hospital o Comandante do Ba­

talhão de Infantaria 20, e encontrando-se doente, mas ainda em serviço, o Comandante do Batalhão de Infantaria 29, tendo baixado ao hospital dois oficiais comandantes das secções de sinaleiros (I. 20 e I. 29), faltando 41 oficiais para o completo do efectivo desta B. I., assim o comunico a V. Ex.a, rogando se digne solicitar de Sua Ex.a o General as providências ade­quadas, principalmente na parte respeitante a comandos.

— em 26-3-918 o Comandante de Infantaria 20 mandava êste relatório dum Comandante de pelotão:

«Noite calma. Os nossos homens fazem hoje a vigilância com enorme sacrifício, pois que, enquanto nos primeiros tempos de linha eles respondiam por uma só vez ao Comandante do Pelotão que os rondava, isto apenas acontece hoje simples­mente com o homem que se encontra no parapeito. A fadiga dos homens explica tal aspecto, tornando-se hoje a ronda para o Comandante de Pelotão um trabalho triplicado.

Uma outra coisa hoje se vem notando nos nossos homens: é a falta de vontade para as coisas mais insignificantes. O trabalho exagerado dos primeiros tempos de linhas e um in­verno dentio das trincheiras deve justificar êste outro as­pecto».

E comentava, o Comandante do Batalhão:Tal estado de prostração física não deve surpreender

ninguém, sabendo-se que a unidade do meu comando já tem onze mezes feitos em França, dos quais os primeiro cinco debaixo do regime de violenta preparação, e os restantes desde 23 de Setembro último, sempre nas trincheiras, salvo o mês de Janeiro, passado em La Gorgae num soi-disnnt descanso, que pela continuação, diversidade e imprevisto muito arrasou os meus homens. Êstes voltaram às trincheiras em 11 de Fe­vereiro último, e do que tem sido a vida das trincheiras

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nestes dois meses todos temos a mais vivida impressão, para que se torne necessário fazer-lhe o comentário justificativo do arrasamento físico, em que o soldado se encontra; quando o físico falha, o moral também se ressente; e, se ao fim de dois meses, como estava prescrito e prometido, se não der a esta gente o necessário descanso, direi que dificilmente, sem que­rer ser agourento, poderemos contar com esforços eficientes seus no desempenho da honrosa missão que nos foi confiada. Por isso com antecedência, para que depois me não sejam assacadas em assuntos de tal magnitude responsabilidades, que desde já, por esta forma repudio, levo ao conhecimento das instâncias superiores tal estado de coisas, para com tempo se prevenirem e não remediarem os factos que possam advir».

Acompanhavam êste relatório os relatórios dos Batalhões que se seguem por extracto:

Infantaria 3: «Nos oficiais e praças deste batalhão tem- se notado um certo esgotamento físico que sobretudo há dois meses para cá se tem manifestado pelo número de baixas às ambulâncias e hospitais que é de 117 praças e 6 oficiais, alèm dos que se encontram no gôso da licença da junta. Suspensas essas concessões, de licença, notou-se em todo o pessoal um grande abatimento que se revelou profundo à medida que os dias vão passando.

Forçoso é porém dizer, e nisso julgo poder prestar culto à Verdade e à Razão, que se torna necessário um largo período de descanso para a reconstituição de fôrças, agora mais ou menos exgotadas, e retemperar a energia».

Infantaria 8: « . . . o esgotamento físico e moral provém do seguinte:

1. ° — Longa permanência em França, muito próxima dum ano, sendo aproximádamente metade do tempo nas linhas, durante um longo período de inverno;

2. ° — Trabalhos constantes e nas reparações das trin­cheiras ;

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3. ° — Falta de confortos nos acantonamentos de descansocomo sucedeu em «La Gorgue» onde a lotação das casas foi o dôbro do que costumava ser para os ingleses;

4. ® *— 0 descanso aqui foi ficção, porque em vez de sureparador das forças perdidas na árdua tarefa das trincheiras foram as praças obrigadas a trabalhos variados, desde a des- carga de carvão até à construção de valas para o enterramento do cabo;

5. ° — Excitação nervosa, devida a constantes bombardeamentos e chamadas diárias para a ocupação de postos e re­forços nos sub-sectores, impedindo o descanso nos cinco dias em que se encontravam fóra das linhas».

Infantaria 20: — «As tropas estão cansadas e doentes e o seu moral nunca pode considerar-se bom.

Nestas condições se encontra o Batalhão de Infantaria 20.Estão cansadas, porque tendo feito a Campanha recente

em África vieram também fazer esta em França, sem o inter­valo necessário ao retemperamento, trazendo daquela o palu- dismo e suportando nesta os rigores de um inverno nas trin­cheiras, com magros descansos, alojamentos abertos sem conforto, enxergas ou palha, trabalho físico violento e ali­mentação diferente do que em território pátrio lhes forne­ciam! !.! Êstão doentes! . . .. dizendo o médico:

«Tem ultimamenle baixado ao hospital grande número de soldados com o diagnóstico de astenia, e estou convencido que as baixas vão aumentar consideravelmente.

Para êste estado sanitário das tropas contribuem bastante- os péssimos acantonamentos em que permanecem à recta- guarda, e a estada da maior parte dos soldados em África donde foram na maior parte portadoras do paludismo.

É minha opinião que sem um repouso imediato, prolon­gado e reparador, as praças não podem resistir».

Tendo ouvido igualmente os comandantes de companhias e mais chefes de especialidades, colhi dêles a máxima infor­mação de que o estado moral das suas tropas deixa muito a

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desejar, sendo conveniente um longo descanso reparador. Tem sido a censura à correspondência o elemento melhor para apreciar o estado moral.

Os graduados duma maneira geral não constituem uma excepção, até neles tenho observado idêntico abatimento.

Motivos:a) - - A dificuldade em gosar licenças de campanha em

Portugal;— 0 trabalho físico exigido nas situações de apoio e

reserva após os cinco ou seis dias de l.a linha;c) — A ideia pavorosa de que não voltavam a Portugal,

causando-lhes o desânimo, e arreigado em si de tal maneira que os seus chefes não teem poder para os fazer desviar do perigo de estilhaços, de gaz, e tc ... a que por vezes se expõem sem necessidade ou explicação».

Infantaria 29 — 0 estado moral dos meus homens não é tão bom como seria para desejar, tendo-se depremido bas­tante desde o último relatório.

Motivos:l.° — Devido aos pequenos efectivos de que dispõem as

companhias, não se pode dar às praças um descanso repa­rador.

2.° — A falta de reforços para substituição de baixas, o que faz radicar no espírito das praças que não poderão ter licenças nem ser substituídas no fim dum ano de campanha, como os boatos vindos da rectaguarda lhes fizeram crer, e com que, apesar de lhes ter sido feito ver a dificuldade da sua realização, contavam, principalmente depois que os jor­nais começaram a falar de roulement.

0 médico do batalhão escreve:«Ultimamente porém, o número de doentes que véem à

revista de saúde aumenta de dia para dia, quási todos os homens se encontram depauperados, cansados e estropeados.

Êstes homens não precisam por enquanto de hospitali- sação, mas sim dum grande repouso.

Acho demasiado perigoso não só para êles, como para a

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defesa do sector, conservar por mais tempo estes homens nas linhas».

A 4.a B. M. L. «que se nota nas tropas do meu comando uma certa depressão moral proveniente:

1. °—Da fadiga física: oito meses de serviço na linha.2. °—Falta de efectivação mais extensiva das licenças d

campanha.A 4.a B. I. em resposta a uma anterior circular infor­

mara :« . . .que o moral das tropas da Brigada é bom, e melhor

seria se as praças tivessem a certeza de poderem ir de licença regularmente, e se se procurasse evitar a substituição de ofi­ciais em que as praças teem confiança».

Ordem de serviço n.° 79 de 19 de Março de 1918 da 4 .a B . / .

(Art.0 l . ° — Que transcreve o art.° l.° da 0 . S. n.° 77 da 2 a Divisão de 18-3-918)

«CONGRATULAÇÕES:— Sua Ex.a o General Coman­dante do C. E. P. tem a maior satisfação em tornar público o alto aprêço em que teve a maneira como, durante a ultima quinzena, as tropas do seu comando que se encontram nas linhas souberam mais uma vez demonstrar o valor tradicional do Soldado Português, quer na decisão e energia com que repeliram os ataques quási diários do inimigo, quer na bra­vura com que atacaram na manhã do dia 9, que mereceu as mais lisongeiras congratulações do Governo da República, do Ex,m0 General Comandante em Chefe dos Exércitos Bri­tânicos e do Ex.mj General Comandante do l.° Exército a que o C. E. P, està subordinado.

E tanto mais é para apreciar esse denodado esfôrço das tropas na linha, quanto é certo que pela sua já longa per­manência nas trincheiras (1) elas se encontram naturat-

0 ) Vide gráfico III.

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mente fatigadas, circunstância que Sua E x .a o General Comandante do C E. P. tem na maior consideração, estando em via de rápida solução as providências adotadas de acôrdo com o Governo Português e com as autoridades militares superiores britânicas.

Entretanto, espera Sua Ex.a o General Comandante que todos os seus subordinados continuem empregando os seus melhores esforços e a sua maior abnegação para manter levantado o nome do Exército e da Pátria Portuguesa, por cuja Honra e Liberdade, embora em terra estranha, nos estamos batendo, contribuindo com os Aliados para a derrota final do inimigo comum.

NOTA H

Em 4 de Abril, isto é, na véspera da data em que foi ex­pedida a ordem n.° 44 do Q. G. 2. adiante transcrita, foi pelo comando do 0- G. da Brigada enviada a circular secreta n.° 21 — urgentíssima — aos comandantes dos batalhões e 4.a B. M. L. que se transcreve:

«Por ordem superior, urgentíssima, transmitida verbal­mente ao Ex.m0 Sr. Comandante interino da Brigada, o sector Português vae ficar limitado ou dividido como estava ante- riormente à entrada da 2.a Divisão na frente, a partir de amanhã ou depois.

Nestas condições, os Srs. Comandantes de Batalhão e Ba­taria devem ordenar imediatamente reconhecimentos, enten­dendo-se prèviamente com os comandantes dos sub-sectores contíguos, partindo-se da base de que o nosso actual sector será ampliado até «M. 24. c. 80. 10.» (provavelmente), e que o limite dos nossos sub-sectores será (provávelmente) a «Rue Masselot».

Assim que forem recebidas ordens complementares, serão imediàtamente transmitidas. — Em nome do 2.° Comandante da Brigada, a) Raál Maria Narchial Franco, Capitão-aju­dante.

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Ordem n.° 44 de 5 de Abril de 1918 do Q. G. 2.

1 — A 2.a Divisão passa a defender a frente à respon­sabilidade do Corpo Português

II — O General Comandante da 2.® Divisão assume o comando do sector às 7 horas de 6 do corrente, desde quando fica sob as ordens do General Comandante do XIo Corpo.

III — A frente da Divisão ficará dividida nos seguintessectores de Brigada:

Sector de «Ferme du Bois».........................................Sector de «Neuve Chapelle» — Desde o limite anterior

<inclusivè) até M. 24. c. 70. 20.Sector de «Fauquissart» — Desde o limite anterior até ao

actual limite N, da frente do Corpo.IV - ......................................................................................V - ..............................................................................(1)

VI — A 4.a B. I. na noite 6/7 alongará a sua frente por forma a ocupar o novo sector de «Fauquissart», assumindo a responsabilidade da defeza deste sector a partir das 7 horas do dia 7.

VII - ....................................................................................VIII — Os comandantes dos B. I. combinarão directa-

mente os detalhes da rendição de forma que esta se faça sem descontiuuidade na defesa

NOTA I

Do relatório do Chefe do Estado Maior da 2.® Divisão :..................................................... .. ................................

No dia 7 o Sr. General Haking voltou ao 0* G. 2. e avis­tou-se com os comandantes de Brigada inquirindo directa-

()) — a) A 3,* B. I. sae da linba na noite 6/7 indo ocupar............................— b) A 3-* B. I. passará a 'constituir a Brigada de Infantaria de reserva,

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mente dêstes as faltas de pessoal, que regulavam em média por 350 homens por batalhão e grande número de oficiais.

Prometeu Sua Ex.a envidar os esforços para que se reme­diasse êste mal.

No final fez um pequeno discurso (interpretado pelo Sr. Comandante da Divisão) onde pôs em relevo os serviços pres­tados pelas Tropas Portuguesas na frente e fazendo apêlo para novos sacrifícios. Repetiu aos Comandantes das Bri­gadas o seu ponto de vista ácêrca do emprêgo da Divisão, sintetisando-o nesta frase significativa:

«A DIVISÃO TEM QUE MORRER NA B. LINE»

Nesta segunda visita ao Q. G. 2. era o Sr. General Ha- king acompanhado pelo seu Chefe de Estado Maior, eu tendo ouvido a orientação transmitida aos Comandantes das Bri­gadas pedi para mandar Instrucções claras e precisas a fim de introduzir as modificações necessárias no plano de defeza do sector agora confiado à 2.a Divisão.

Estas instruções não chegaram a vir.Destas duas conferências do Sr. Comandante do XI Corpo,

só pode depreender-se que a Divisão era considerada como que uma força inteiramente em postos avançados, onde devia manter-se e sacrificar-se até que chegasse o grosso da coluna que seria provavelmente destinado a ocupar a linha do Corpo.»

NOTA J

Relatório de operações e informações n.° 133 da 4.a B. /. de 4 de Abril de 1918

l.a parte — Operações;Informam as patrulhas. .......................................................Durante a noite foi notado grande movimento de viatu­

ras e «camions» à rectaguarda das linhas inimigas, parecendoli

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que se dirigiam para Aubers na estrada que passa por N. 22. a.— M. 21. b. e c.

Relatório n.° 154 de 5 de Abril

1 . a parte — Operações:Informam as patrulhas.Que durante a noite se continuou a ouvir movimento de

viaturas à rectaguarda das linhas inimigas, parecendo tam -' * bém ter passado um comboio.

Relatório n.° 155 de 6 de Abril

1 * parte — Operações:Patrulhas informam.Durante a noite continuou a pressentir-se como nas noi­

tes anteriores, algum movimento de viaturas à rectaguarda das linhas inimigas.

2. a parte — Informações:g) Informações várias..............................................................Ás 15 h, 30m voou sôbre as nossas linhas a muito pouca

altura um aeroplano inimigo, que fez tiros de metralhadoras sôbre a 1." linha.

Ás 18h, 50m voltou a passar, vindo da brigada à nossa direita e chegando até à brigada a nossa esquerda, voltando a passar pelas nossas linhas. Foi-lhe feito fogo de metralhado­ras e espingardas.

Das 18h, 30m ás 19h , 20m foi notado grande movimento de homens armados nas estradas N. 14. d. — N. 20, b. e d. e N. 21, c.

Relatório n.° 156 de 7 de Abril

2.a parte — Informações:g) Informações várias................................................O movimento notado ontem pelo sub-sector 1, deu-se no

Fauquissart Road em direcção a Aubers — e foram vistos gru-

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pos de 20 homens armados e equipados. Foi mesmo visto o inimigo na Destilliery desdobrar uma carta, escrever qualquer coisa e olhar atentamente a nossa frente.

Além do movimento de viaturas em direcção a Aubers, foram vistas duas vagonetas no Fauquissart Road completa­mente carregadas.

Relatório n.° 157 de 8 de Abril

1. a parte — Operações:Informam as patrulhas: — Ter continuado a ouvir-se

grande movimento de viaturas à rectaguarda das linhas ini­migas.

2. * parte — Informações:g) Informações várias — Ao escurecer notou-se grande

movimento de homens equipados em N. 26. d. alguns trans­portando caixotes em direcção à linha B. Subiram 2 balões na nossa frente.

4

NOTA K

Ordem de serviço n.° 46 do Q. G. da 2.a Divisão — de * Operações* do dia 9 de Abril de 1918 ás . . . . (?) recebida no 0- G. da Brigada depois das 0 horas de 9) onde é determi­nada a rendição da 4.a Brigada sò no dia 10.

I — A Divisão (menos a artelharia divisionária e mor­teiros) é rendida a partir do dia 9 pelas 50.® e 55.a Divisões, marchando em seguida para a área de reserva do XIo Corpo em harmonia com o qua­dro junto.

I I — Infantaria:

a) — A 3.a B. I. marcha para a área fixada no quadro junto no dia 9 10.

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b) — A 4.* B. I. c rendida no sector de Fauquissarl na noite de 10/11 do corrente por uma Brigada da 50.a Divisão,

c) — A 5 .a B. I. é rendida no sector de Ferme du Bois na noite 9/10 do corrente por uma brigada da 55 a Divisão

d) — A 6.a B . I. é rendida no sector de Neuve Chapelle na noite de 9/10 por uma Brigada da 50.a Divisão.

e) — Comando dos Sectores:

1. ° — O de Ferme du Bois será assumido pelo GeneraComandante da 55.a Divisão depois da rendição estar com­pleta-

2 . ° — Os de Neuve Chapelle e Fauquissart serão assumidos pelo General Comandante da 50.a Divisão pelas 10 horas do dia 10 do corrente.

f ) — Todos os detalhes referentes à rendição serão fixa­dos por acordo entre os Comandantes das Brigadas

g) — Tôdas as Brigadas, excepto a 3 .a, deixam um Bata­lhão para trabalho de salvados até ordens posteriores, os quais ficam às ordens do General Comandante da Divisão 50.a

h) — A 5 .a B. I. deixará nos postos da linha intermediá­ria e da linha do Corpo as guardas necessárias, as quais re­gressarão às suas unidades, depois de rendidas pelas unidades correspondentes da Divisão 50.a e 55.a

III — A rtelh a ria .................................................................IV — Metralhadoras.....................................................

V — Sapadores M in e iro s .............................................VI — Serviço de Saúde — As Brigadas serão acompa­

nhadas pelas secções H. T que lhes estão ades- trictas.

VII— Todas as cartas, fotografias aéreas e documentos de informações serão entregues por completo aos Comandos de tôdas as unidades que os vêm render.

VIII — Secções de Quartéis — Devem comparecer nos se­guintes locais e horas, onde se apresentarão os de­legados deste Q. G. — (Diz respeito às seguintes

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unidades: — 3 .0 B . I. — 5 .a B. I. — 5 .0 G. M. 4 .° G. Aí. — 6 .a B . 1.

I X — Local do 0* G. da Divisão — S.*« Venant a partir das horas de 10.

O Com andante da DIvisSo,

a) Gomes da CostaGeneral

Quadro para acompanhar a ordem de serviço n.° 46

Unidades Dia Horas Locais

3.a B. I. . . 9 10 h. Igreja de Calonne s/Lys (Q. 3. d.60.60).5.* B. I. . . 95.a G. M .. . 9 15 h. Neuve Chapelle (R. 34. a 10. 70).4.o G. M .. . 96.* B. I. . . 9 17 h. Pont Riqueul (R. 10. B. 00. 60).

10 de Abril de 1918:

4 ,a B. I . — Do sector de Fauquissart— para La Gor- gue — Bout de Ville — Riez-Bailleul — Pont-Ri- queul.

Itinerário — Fixados pela Brigada.

NOTA L

Do relatório do capitão-ajudante Raúl Maria Narchiál Franco, datado de 12 de Abril de 1918, consta:

«A primeira comunicação recebida ioi do batalhão do 20 (que guarnecia o S. S I.) informando que as companhias

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da esquerda e centro se mantinham e que da companhia da direita não tinha ainda informações seguras por ter tôdas as linhas cortadas e apenas as estafetas.

Do batalhão do 8 não dizia coisa alguma e do 29 apenas informava ter por êle já sido reforçado. — Pouco depois o batalhão do 29 confirmava estas comunicações e pedia que lhe mandassem reforços.

Do batalhão do 20 e do 29 chegaram mais informações:Do 20, dizendo que o combate era violento, que o ini­

migo fazia largo emprego de morteiros e metralhadoras e que as trincheiras estavam destruídas.

Do 29, dizendo que o batalhão inglês do flanco (119.° Brigada inglêsa) tinha cedido, fazendo que o 8, tivesse de acudir à frente e à esquerda, acção para que não tinha efe- ctivo e de que resultou ter combatido até à última, mas ter sido vencido

Logo a seguir o 20 confirmava estas informações e acres­centava estar lutando o mais possivel para conservar a linha, outr’ora B. e nêsse momento uma sequência de crateras, lutando ainda com a dificuldade de ter o inimigo a procurar envolvê-lo pelo flanco esquerdo; acrescentava que o fogo era violentíssimo, e que as metralhadoras inimigas ceifavam já para a rectaguarda do comando do batalhão; pedia ordens».

«Ás 9 V4 o comandante do 29 mandou uma comunicação e às 9h , 35ra chega-nos outra do 20 (junto êstes dois documen­tos, únicos que pude conservar, porque os guardei na algi­beira do dólman).

«A’s 9 1/4.Continuam chegando aqui homens que decla­

ram que a 2.a linha está abandonada.

a) X. da CostaMajor»

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«Já fiz todo o meu papel de major.Agora é o de homem e o de simples oficial que

procura reunir fugitivos». N

«Batalhão I. 20-9,35.Chegou capitão Queiroz que diz inimigo que

quando retirou, digo, deve ter ocupado 1.® e 2.a linha nossa; que praças que alí resistiram devem estar prisioneiras; o 8 retirou; tôdas as trincheiras desmoronadas e há muitos mortos; não tenho mais informações.

O Comandante,a) / . P. Montenegro Carneiro.

Capitão»NOTA M

O boletim de informações n .° 132 do Q. G. 2 de 17 de Abril de 1918, referente ao dia 9 de Abril, na parte cor­respondente ao sector de Fauquissart ocupado pela 4 aB. I. relata, relativamente às comunicações recebidas das tropas inglesas que guarneciam o sector à nossa esquerda:

Divisão a esquerda:«Até às 6h o inimigo ainda não tinha desenhado nenhum

ataque da infantaria; apenas fogo intenso de artelharia».

«Telegrama desta Divisão emitido às 9 h. relata uma comunicação do seu batalhão da direita informando que o inimigo tinha já penetrado nos postos da l.a linha em N. 9. C. 8. 8. e N. 9. d . 6. 4 .» (Vide mapa B).

«Telegrama da Brigada da direita, emitido às 8,50, informa que um forte contingente inimigo entrou em Dee Post (N. 3. d .) seguindo-se o contra ataque e tendo-se fechado o inimigo com uma barragem naquele posto». (Vide mapa B).

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«0 batalhão de apoio desta mesma Brigada informa às 9,15 que os nossos soldados estão retirando no sector de Fauquissart».

♦ *

No comando do Q. G. 2. foram recebidos os seguintes despachos do sector à nossa esquerda — e que constam do relatório do Chefe do Estado Maior da 2.® Divisão na parte respectiva a comunicações recebidas:

«A's 9,15: um telegrama da 40.* Divisão Britânica expe­dido às 9,2 nos seguintes termos:

«O batalhão da direita relata que o inimigo está nos postos da linha da frente em N. 9. c . 8. 8. e N. 9. d. 6. 4.»

«A’ s 9,55: a 119.“ Brigada (B. da direita) da 40 .*Divisão britânica, expediu às 8,53 com destino à 4 .a B. I. por inter­médio da 2." Divisão, o seguinte telegrama (1):

«Um forte contingente inimigo entrou no posto D. man­dando-se uma fôrça para os expulsar. Temos muitas baixas. Fizemos uma barragem no posto D .»

«A’s 9,50: a 119.* Brigada expediu pelas 91» com destino à 4 .“ B . I. por intermédio do Q. G. 2. o seguinte tele­grama (1):

«Um fogo de barragem está sendo feito sôbre a linha de apoio».

«A’s 10h : a 119.“ Brigada expediu às 9, 15 com destino à 4 .a B. I. por intermédio do Q. G. 2. o seguinte tele­grama :(1)

NSo foram recebidos no comando da 4.* B- I., ficando portanto no 0* G. da 2,* Divisão visto constarem do relatório do respectivo Chefe do Estado Maior.

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«0 batalhão em reserva informa que portugueses retiram na sua direita».

**

0 relatório do C. E. M. da 2 .a Divisão transcrito no livro «Batalha de Lys» a páginas 248, diz :

«B — Noticias das Divisões contíguas: b) — Flanco esquerdo — Os telegramas recebidos depois

das 9 e emitidos às 8,50 e 9 horas, informam que o inimigo penetrou nos postos da l.a linha em N. 9 . c . 8. 8. e N. 9. d . 6. 4. e em Dee Post (N. 3. d .) ficando êste último à rectaguarda da B. Line, mostrando-se assim que às 8,50 já o inimigo tinha feito brecha na direita da Divisão à nossa esquerda. . . »

** ♦

O relatório do alferes Manuel de Lacerda d’Almeida, alferes miliciano de artelharia, adjunto da 6 .a G. B. A. expõe:

«(...sendopara notar, e que bem ressalta, a diferença de situação do S. S. II de Fauquissart e o sector de Fleurbaix.

A’s 8h o comandante da 2 .a bataria recebeu ordem do oficial de ligação junto do comando do batalhão da esquerda para cessar o S . O. S. Esta ordem veio por escrito.. . Isto é às 8* (ou 20m antes, que seria a duração do trajecto) no sub sector 2 (S. S. 2) ainda se ignorava que estivesse para se dar o ataque alemão. Por outro lado a ordenança passára pela Red-House e lá ainda não havia alemães.

Pelas 9 h a 2 .a bataria voltou a fazer fogo de S . 0 S. por indicação do oficial inglês que alí fôra do batalhão inglês vizinho que informou do ataque alemão. 0 coman­dante da ? . a bataria mandou o alferes Lourenço estabelecer

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ligação, e êste oficial que alí chega pelas 10 h, sabe que esta Brigada já tem ordem de retirar e que os alemães já estavam próximos.

Sem dúvida a bataria foi atacada à mesma hora, porque as poucas praças sobreviventes dizem «que fizeram fogo até às 10h e 30m, hora a que se acabaram as munições e que os boches apareceram na posição; como não tivessem meios de defeza, retiraram, vendo então a cabine onde estavam os o fi­ciais tôda destriiida».

O relatório do alferes miliciano do 3.® G. B. A. em ser­viço no 6.° G. B. A., na 2 a bataria, José Joaquim Lourenço, diz:

« ..................Êste S. O. S. durou até às 7*» 30m, horaque se apresentaram na cabine, onde eu estava com os res­tantes oficiais e com 8 soldados feridos, duas ordenanças do batalhão de infantaria n.° 8, com uma ordem escrita e assi­nada pelo agente de ligação, alferes Ignez, que pedia para mandar «alto fogo»; e mandar calar a artelharia inglesa. O meu Comandante de bataria, Alferes Quinhones, mandou fa­zer «alto fogo»; como se ouvisse grande bombardeamento nas nossas linhas de infantaria, o alferes Quinhones ordenou que duas peças fizessem fogo.

Ás 8h a ordenança do próprio oficial de ligação se apre­sentou na «cabine» com ordem escrita e assinada pelo alferes Ignez, dando ordem para fazer «alto fogo» e para mandar ca­lar a artilharia inglesa, visio que nas nossas linhas de infan­taria já nada havia de anormal e que o bombardeamento era só para a rectaguarda. A esta ordem o alferes Quinhones mandou fazer «alto fogo» e continuaram na «cabine» reco­lhendo os feridos, até que às 9 h e 20m, se apresentou um ofi­cial inglês preguntando porque não faziam fogo. O meu co­mandante de bataria informou-o das ordens recebidas e êle então informou-nos de que a artelharia inglesa continuava o fogo e que os boches avançavam e pediu para o acompanhar

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um oficial, afim de ir receber ordens a uma brigada de in­fantaria inglesa Fui eu o nomeado, acompanhado pelo l.° cabo telegrafista n ° 838 da l.a bataria, Albino Pereira, minha or­denança, segui o oficial inglês, debaixo de intenso bombar­deamento .........................................................................................

Pedi para pelo telefone me pôr em comunicação com o meu grupo, o que não foi possível por as ligações estarem cortadas.

Havia ali trincheiras que imediatamente foram abando­nadas e os oficiais me informaram de que havia ordem de retirada, e me deram ordem para os acompanhar, visto que nenhuma ordem podia transmitir à minha bataria; deviam ser 10*» e 30m quando recebi esta ordem.....................................

O relatório do alferes adjunto do 6.° G. B. A , Jose dos Santos Rodrigues Braz, datado de 17 de Abril de 1918, d iz :

«Sobre o avanço na esquerda do sector:................. 0 Comandante da bataria mandou o alferes

Lourenço à B. I. inglesa estabelecer ligação e êste oficial que ali chega depois das 10h soube que esta Brigada já tinha ordem para retirar e que os alemães já estavam próximos. Efectivamente as metralhadoras alemãs já batiam a rua (?) entre esta brigada e a 2.“ bataria. E de presumir que os ale­mães tivessem entrado por Picadilly, desembocando na rua du Baquerot e se tivessem dirigido ao batalhão de apoio na Red-House »

O relatório do alferes miliciano de infantaria 8, António Maria Loureiro datado de 20 de Abril de 1918, d iz :

«Hora a que entraram*nas linhas e em vários pontos:Ás 7 h 35m cessava o bombardeamento de morteiros e

artelharia à nossa linha A, trincheiras de comunicação e ter­reno compreendido entre trincheiras, continuando*a artelha­ria que batia uns 50m à rectaguarda do nossa linha B.

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Ás 8h pouco mais ou menos, foram vistos os primeiros inimigos, na altura da nossa linha B. dentro do sector inglês à nossa esquerda (esquerda de Fauquissart II — Bond Sreet.)

Do relatório do alferes de infantaria 8, Carlos Cruz, datado de 20 de Abril de 1918:

« . . . O inimigo foi visto pelas 8h 15m apróximadamente entre a nossa 1 * e 2.' linha vindo do lado do sector inglês à nossa esquerda.» o que igualmente é confirmado pelo alfe­res do mesmo batalhão Manuel Ioaquim Domingues no seu relatório de 20 de Abril de 1918.

Dos «apontamentos para o relatório de combate» do comandante do batalhão de infantaria 8, major Montalvão, (cuja cópia acompanhou o meu relatório entregue em França) consta no seu n .° 13:

«Ás 9»25 o inimigo alonga o tiro.Os soldados inimigos apresentavam-se vindos quási todos

da esquerda do lado dos ingleses e da frente da rua Tilleloy ví que eram 9,30».

** *

O relatório do major G. S. Glover, chefe da missão inglesa junto da 2.* Divisão datado de 12 de Abril de 1918, relata:

8. a, m, — At abont thís honr 40 th Division reported that enemy ha d occopied a small portion of their front line in N. 9. c. and were attacklng the Portuguese.

Ás 8. a. m. — Pouco mais ou menos a esta hora, a 40.* Divisão relatou que o inimigo tinha ocnpado uma pequena parte da sua linha da frente em N. 9. c. e estava ata* cando os Portugueses.

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Bombardment still very heavy bnt by this time most of the ias shelliní appeared to hare ceased.

As far as can be ascertained the enemy attack commenced shortly after 7. a. tn. and by 8. a. m. most of the front line was captored.

No reports were received of the capta* re of the front line but from re* ports of captain Dartford wiih 4 th B- de H. 0-i Bnrns witb 10 th in- fantary in Ferme dn Bois 1 and Lt. Dyer in Neuve Chapelle II.

It is clear that the B. Line was taken aboat 9. a. m-

9. 30. a. m. — It is reported by cap­tain Dartford that strugglers were commencing to retire thioagh La­vantie abont this time.

Captain Dartford also reports that at about this honr 3 british pia- toons were seen mooving from the north to occapy the Layantie de- fences.

9 . 45. a. m . — There seems to be small donbt that the B. Line was taken along: most of lhe front by 9. a- m.

10, a. m .—Abont this time a copy of a pigeon message by right B.de of 40 th Division was received stating that Portngnese were faliing back and that the British flank wonld have to be drawn back soon.

10- a. m- — Captain Dartford with 4 th B. de H. Q. (Left B- de) States that abont this time as there was no donbt from the number of strng- giers passing that the enemy was

O bombardeamento era ainda mnito violento, mas naquela ocasião pa­recia que os projécteis de gaz ti­nham cessado.

Tanto quanto se pode afiançar o ata- qne do inimigo começon próximo das 7 h. ; e às 8 h. a maior parte da linha da frente estava feita prisioneira.

Não se receben informação qnanto à tomada da linha da frente mas segando informação do capitão Dartford com o Q. G. da 4.* B. 1, e Borns com infantaria 10, em Ferme dn Bois I, e tenente Dyer em Nenve Chapelle II.

Está claro qne a linha B. foi tomada ponco mais ou menos às 9 h,

As 9. 30, a- m. — Informa o capitão Dartford qne os combatentes, por esta hora, estavam começando a retirar por Lavantie.

O capitão Dartford também conta qne ponco mais on menos a esta bora 3 pelotões ingleses foram vistos marchando do Norte para irem ocupar as defesas de Lavantie.

9- 45. a. m. — Parece haver poucas dúvidas de que a linha B. foi tomada ao longo da maior parte da frente pelas 9 h.

10. a. m. — Foi recebida uma men* sagem trazida por um pombo da brigada da direita da 40." Divisão dizendo que os Portugueses estavam retirando e que o flanco dos in­gleses seria brevemente obrigado a retirar.

10- a. m.—O Capitão Dartford com o Q. G, da 4." B. 1. (Brigada da esquerdai relata que a esta hora como não havia dúvida devido aos combatentes que passavam de

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attacking in force and had taken onr forward system, B.de H. O* moved bach to Nonvean Monde* They never succeeded in stabli- sbing themselves at Nonvean Monde and it is thaught that all the Bri- gade Staff were either killed or wound by the enemy barrage.

(Traducção dum trecho Dougles Haig’s a pág. 220).

At about 7. o. a. m. on the 9 th April. A thick fog which again made observation impossible, the enemy appears to have attacked the left brigade of the Portugnese Division in strength and to have broken into their trenches,

A few minutes afterwards, the area of attack spread scnth and nortb. Shortly after 7. o- a- m. the right brigade of the 40 th Division re- ported that an attack had deve- loped on their front and was being held but that machine gun- ners near their righthand post conld see the enemy moving rapidly throogh the sector to the sauth of them.

Between 8. o. a. m. and 9. o. a, m the enemy sncceeded in occupying the forward posts of right bat- talion of the 40 th Division and attacked nortbwards along the Rue Petillon and Rue de Bois.

At 10, 15. a. ra,, however. this troops were already in Rouge de Bont. more than ?000 yards in rear of the head quarters of the 40 th Division's rigt baltaiion, which, at

qne o inimigo estava atacando em fôrça e qne tinha tomado o nosso sis­tema avançado; o Q. G. retirou para Nouveau- Monde Não conse­guiram estabelecer-se em Nonvean Monde e pensa-se qne todo o Es­tado Maior da Brigada tenha sido morto on ferido pela barragem inimiga.

do livro Despaíches de Sir

Pelas 7 horas da manhã de 9 de Abril, no meio dum espesso ne­voeiro que novamente tornon a observação impossível o inimiga parece ter atacado a brigada es­querda da 2.a Divisão Portugnesa com violência e ter penetrado nas suas trincheiras.

Poucos minntos depois a área do ata­que estendia-se de Sul a Norte. Pouco depois das 7 horas da ma­nhã a Brigada da direita da 40." Divisão preveniu que um ataque se tinha desenvolvido na sua frente, e estava sendo sústentado, mas qne metralhadoras perto do sen poste da direita, podiam ver o inimigo mechendo-se rápidamente atravee do sector para o Sul deles.

Entre as 8 e as 9 horas da manhã o inimigo conseguira ocupar os pos­tos avançados do batalhão da di­reita da 40.* Divisão e atacou para o Norte ao longo da Rua Pétillon e Rua du Bois.

Ás 10,15 da manhã contudo estas tropas já estavam em Rouge de Bout, mais de 7000 jardas para a rectaguarda do Q. G. do Batalhão da direita da 40.“ Divisão que a

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(his hour, were still holding out of Petillon. Later in the morning, the 40 th IMvision was pnshed back, by pressure on its front and flank lo a position facing south between Bois Grenier, Fleurbaix and Saiíly- -sur-la-Lys, its right brigade in particular having lost heavily.

essa hora se estava ainda mantendo fâra de Petillon. Mais (arde, de ma- nhâ ainda, a 40.'' Divisão foi impelida pela pressão na sua frente e flanco para uma posição Sul entre Bois Grenier-Fleurbaix e Sailly-sur-la- »Lys, tendo a sua Brigada da di­reita, especialmente, sofrido gran­des pardas.

NOTA N

CÓPIA— Do ofício comunicando a recepção da Bandeira (1) e a sua remessa ao 0- G. T. do C. E. P. para ser enviada ao seu destino •

Comando Militar de Viana do Castelo. — Á Ex.”’1 Comis­são de Senhoras ofertante do Estandarte dedicado à Brigada do Minho.

Remeto a V. Ex.a a cópia da nota recebida da Repartição do Gabinete do Ministério da Guerra n.° 4952 de 3 do cor­rente.

«Incumbe-me Sua Ex.ao Ministro de comunicar a V. Ex.a que foi entregue nesta Repartição a Bandeira oferecida à Bri­gada do Minho, a qual nesta data é remetida ao 0* G. T. do C. E. P. a fim de a enviar ao seu destino. O mesmo Ex.mo Ministro me encarrega de dizer a V. Ex.a se digne trans­mitir os seus maiores agradecimentos às Senhoras que tão gentilmente se dedicaram a êste primoroso trabalho, dupla­mente valioso pela execução artística e pelo sentimento pa­triótico— Pelo Chefe do Gabinete, a) José Maria Martinho, capitão. — Está conforme. Quartel em Viana do Castelo, 5 de Outubro de 1917. — Q Comandante militar, a) Eduardo Augusto de Sousa Sarmento, coronel».

(1) A Bandeira foi bordada pela esposa do infeliz capitão Luiz Gonzaga do Carmo Pereira Ribeiro. Ex.,lll‘ Sr.“ D. Maria Isabel da Cunha Palhares Ribeiro e pela filha do Ex.l,,# Comandante efectivo da Brigada, Ex."‘a Sr.* D. Maria Amélia de Morais Barbosa.

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NOTA O

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A «Revista Militar» n.os 6 e 7 de 1919 publica sob o tí­tulo «Resumo Histórico» e firmado pelo Ex.m0 General Tho- maz Antonio Garcia Rosado, então Comandante do C. E P. a páginas 422 o seguinte:

«Entretanto o ataque lançado pelo VI. Exército (Von Quasl) progredia sôbre a frente compreendida entre o Canal de La Bassée e o Bois Grenier. Êste Exército dispondo de 4 divisões em l.a linha, 4 em 2.a e 3 em 3.a, empregou o seu pri­meiro e maior esforço contra a frente ocupada pela Divisão Portuguesa, a qual se bateu valentemente, sendo obrigada a ceder perante as possantes vagas de assalto, que eram cons­tantemente renovadas à medida que iam sendo esmagadas pelo fogo da defesa».

«A Batalha do Lys», a páginas 114: do Ex.mo General Gomes da Costa, d iz :

O peso principal do ataque incidiu sôbre as tropas Por­tuguesas que ocupavam o centro do sector atacado. 0 bom­bardeamento preliminar da artelharia, muito violento em tôda a frente atacada, revestiu excepcional intensidade sôbre a frente Portuguesa. Numa frente de 17 mil jardas os alemães, lançaram 17 divisões, 8 das quais só no Sector Português! . . . »

Informações oficiais dão como estando em l.a linha, per­tencentes às divisões do Exército Von Quast na noite 8/9 de Abril, as seguintes divisões que se achavam reunidas em 3 grupos, ou corpos do Exército, pela seguinte forma:

Grupo de L il le ...............................

Grupo de Aubers. .........................

( 49 — Res. j 32.í 10 — Ersatz. f 81 — Res.

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177

Grupo de Loos . .

Grupo de Souchez,

44 — Res.4 — Ersatz.

207 22012-R e s .

O sector Lys-Canal de La Bassée onde se produziu o ata­que de 9 de Abril, abrangia todo o sector de «Aubers» e me­tade de cada um dos sectores de «Lille» e de «Loos».

NOTA P

Ordem do Exército N.° 25 (2.a Série) de 22 de Novembro de 1919 (Páginas 1642)

. . . Louvados e conjuntamente condecorados com a me­dalha de ouro de valor militar as unidades do exército abaixo designadas que fizeram parte do Corpo Expedicionário Por­tuguês, em recompensa dos brilhantes feitos de armas quepraticaram e respectivamente lhes vão indicados....................

Batalhão de infantaria N.° 29 — porque, encontrando-se no dia 9 de Abril de 1918 na situação de apoio aos batalhões de 1 * linha, no Sector de Fauquissart, se bateu com extraor­dinária valentia, reforçando as linhas avançadas e resistindo tenazmente no Red House, não obstante as consideráveis baixas em oficiais e praças que sofreu, em conseqiiuencia do violento bombardeamento inimigo, demonstrando coragem, abnegação e valor militar enexcedíveis, qualidades estas já patenteadas em acções anteriores.

l.a 3.a e 4.a companhias do batalhão de infantaria N.° 3 — porque, estando de reserva em Lavantie no dia 9 de Abril de 1918, e indo, não obstante a formidável barragem da arte- lharia inimiga, reforçar o batalhão de infantaria n.° 29, em apoio em Fauquissart, se bateram denodadamente na defesa

12

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daquele sector, revelando extraordinária coragem e grande valor militar.

Ordem do Exército N.° 10 (2.a Série) de 10 de Julho de 1920 (páginas 428)

Tendo em consideração os altos feitos de valor pratica­dos nos campos de batalha em França pelas unidades do exército Português abaixo indicadas^: hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, que sejam louvadas econjuntamente condecoradas c o m ................................................................... ... e com a classe da Cruz de Guerra, que lhesvão respectivamente indicadas,.................................................................... as seguintes unidades:

Batalhão de infantaria N." 8 — pela brilhante conduta que demonstrou por ocasião da batalha de 9 de Abril de 1918, guarnecendo o flanco esquerdo do sector Português em liga­ção com as tropas britânicas, mantendo-se com a maior fir­meza nas suas posições, opondo tenaz resistência ao avanço do inimigo até ser envolvido por forças extraordinariamente superiores, demonstrando coragem, patriotismo e alta com­preensão do dever.

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NOTA aO - E _ 3?_

4.® B. I. (do Minho) Sector de «Ferme du Bois»

Mapa do consumo de munições, desde 23 de Setembro a 29 de Dezembro de 1917

Cartuchos Granadas de infantaria Morteiros Very-ifghfs Foguetões

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Em campanha, 28-2-918, O Oficial granadeiro,a) Agnelo João Taveira Moreira

Capitão

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NOTA R

Relatório do combate de 12 de Março de 1918

A) — Situação das força s : — No S. S. I. — Batalhão do 20, reforçado desde o «a postos da tarde» com uma compa­nhia do Batalhão do 29.

No S. S. 2 — Batalhão do 3.No apoio — Batalhão do 8 menos uma companhia.Na reserva — 3 companhias do Batalhão do 29 mais uma

companhia do Batalhão do 8.As restantes forças que habitualmente estão no sector,

nos seus locais.B) — Hora do começo do ataque: — 5 horas e 45 minutos.C) — Hora a que a situação se normalisou: — 8 horas.Dj — Descrição do ataque: — A nossa artelharia estava

executando o fogo, que tinha sido ordenado superiormente em 10, quando o inimigo começou um violentíssimo tiro de des­truição e barragem sôbre as nossas l .a e 2 a linbas, procu­rando atingir todo o sectôr, e intensificando o fôgo de prefe­rencia no S. S. 1, com granadas de vários calibres, morteiros e metralhadoras;—concentrando ainda o fôgo especialmente sôbre a direita e centro, visando todas as trincheiras de comunicação. O principal objectivo foi a trincheira «ELGIN» percebendo-se que o ataque era o prolongamento de outro feito no sector à direita.

Pedido S. O. S., a nossa artelharia respondeu, bem como as nossas metralhadoras, o que, reunido à acção das tropas de Infantaria, manteve o adversário fóra sempre das nossas linhas.

No nosso S. S. 1 estabeleceu-se flanqueamento para a di­reita, por assim ser necessário, devido à situação tactica no sector vizinho.

Algumas patrulhas inimigas, que procuraram aproximar- se da frente das nossas companhias da esquerda, foram repe­lidas imediatamente.

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0 inimigo deveria vir em número aproximado a 400 ho­mens, foi completamente repelido.

E) — Petdas:I M ortos...................................................... N.

0,lcla,s 1 Ferido........................................................... 11 M ortos........................................................ 10

Praças < Feridos....................................................... 34( Desaparecidos.......................................... 2

F) — Material inutílisado: — Há bastante material de guerra e de aquartelamento, que se inutilisou sob o violen­tíssimo bombardeamento.

G) — Material apreendido ao i n i m i g o 50 granadas de m ão; 4 bornais com víveres e cartuchos; 5 cantis; 1 caixa com fita de metralhadora 3 espingardas ; 2 sabres; 3 enge­nhos explosivos; 1 pano de tenda; 2 cinturões com pala e 1 respirador anti-gaz.

H) — Prisioneiros: — Fizemos 4 prisioneiros, sendo um dêles oficial e ferido, e um sargento enfermeiro.

Também foi recolhido um morto.

I) — C on su m o d e m u n iç õ e s

Car tachos S. A. A.

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J) — «Foram louvados em Ordem da Brigada de hoje:»— 1 — Batalhão de Infantaria N.° 20 : — Alferes Aníbal Tar- rinho comandante de um pelotão em l .a linha, no ataque de 12 de Março de 1918, no Sector de «Fauquissart», mostrou

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excepcional coragem e sangue frio, pelas próprias praças admirado ; sabendo que três soldados tinham desaparecido, durante o combale, dirigiu-se à trincheira do sector contíguo, da direita, para os rehaver, aprisionando nessa ocasião um soldado inimigo; e, tendo sido ferido, ainda que ligeiramente, continuou no seu pôsto.— Os 2.0S sargentos da l.a companhia, n.° 911, António Joaquim de Sousa e Castro, e n.° 501, An­tónio Cerqueira Maciel, pelas notáveis qualidades de disci­plina e sangue-frio, que demonstraram sob o bombardeamento violento, trabalhando ainda, durante o combate de 12 de Março de 1918, para desenterrarem uns soldados, que haviam sido soterrados, — O l.° cabo, Joaquim Ribeiro, n.° 566 da 2.® companhia, porque, tendo demonstrado repetidas vezes ines- cedível abnegação e notável coragem, oferecendo-se para tomar parte em patrulhas de combate, e, sendo chefe de uma secção de metralhadoras, que apoiava o flanco direito da campanhia, no ataque de 12 de Março de 1918, não só man­teve com energia a sua guarnição, mostrando mais uma vez excepcionais qualidades de sangue-frio e coragem, mas repeliu o inimigo, que já se tinha aproximado e estabelecera duas metralhadoras no parapeito do Sector contíguo, da direita.— Os l .oS cabos Alfredo Vides n.° 553, Bernardino Barbosa n.® 620 e os soldados, Antonio Lopes Regufe n,° 612 e Plácido da Costa Castanho n.° 613, todos da 2.a companhia, porque, sabendo da falta de três soldados, durante o combate de 12 de Março de 1918, foram procura-los à trincheira do Sector contíguo, da direita, fazendo nessa ocasião prisioneiro um soldado inimigo. — O 2.° sargento, Joaquim Marques Ribeiro da Fonseca, n.° 567 da 2.a companhia, porque, no ataque de 12 de Março de 1918, quando o fôgo inimigo atingia a sua maior violência, dirigiu alegremente os soldados do seu pe­lotão, revelando grande serenidade e desprendimento. — O 1.® cabo Alfredo da Silva Fontão, n.° 359 da 2,a companhia, porque, no ataque de 12 de Março de 1918, achando-se inter­rompidas as comunicações telefónicas, ofereceu-se para fazer a ligação entre o Comando e a l.a linha de combate, o que

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fez, pela trincheira, sob a acção do fogo de barragem, de­monstrando uma elevada compreensão dos seus deveres e um notável desprendimento pela vida. — 0 2° sargento, Ramiro António Ferreira da Silva, n.° 707 da 3 a companhia, porque, sendo comandante de uma secção de metralhadoras, no ata­que de 12 de Março de 1918, deu provas de muita coragem e muito sangue-frio, repelindo o inimigo, que avançava para o seu pôsto, e mantendo-o sob fogo violento do adversário. — 0 soldado Joaquim da Costa, n.° 651 da 3.a companhia, sendo n.° 1 numa secção de metralhadoras, no ataque de 12 de Março de 1918, deu provas de muita coragem, muita energia e muito sangue-frio, repelindo o inimigo, que avançava para o seu pôsto, e mantendo-o sob o fogo violento do adversário

2— Batalhão de Infantaria N.° 3: — O alferes da 2.a com­panhia, Leonardo Campos de Almeida, porque, no ataque de 12 de Março de 1918, soube dar explendidos exemplos de coragem e sangue-frio, mantendo as suas praças paciente e intrèpidamente nos seus lugares, onde aguardavam, sob a barragem do inimigo, que lhes pertencesse actuar. — 0 1.° cabo José Gomes Barreiros n.° 465 da 2.® companhia, porque, no ataque de 12 de Março de 1918, sabendo que uma guar­nição de metralhadora, abandonara esta, sob a violência do fogo inimigo, foi imediatamente tomar posse da mesma me­tralhadora, apesar de não ser especialista, e com ela fez fogo, até encravar, conservando-se no seu pôsto de combate até aparecer um especialista, que da mesma se encarregou.

K) — 1 — Pouco depois de repelido o ataque viu-se que o inimigo procurava levantar mortos e feridos, junto do seu arame e l.a linha;

2 — 0 inimigo fez uso de grande número de granadas de gazes, algumas sôbre a <Rue Bacquerot» ê «Lavantie»;

3 — Quando amanheceu já o balão de «Aubers» estava em observação;

4 — 0 bombardeamento inimigo incidiu, na linha B, principalmente de M. 18- d. 22. 80. para a direita.

5 — Algumas granadas, que razavam a linha B reben-

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tavam imediatamente, talvez devido à altura demasiada dos pára-costas •

Quartel General da 4 .a B. I ., em 15 de Março de 1918.— O Comandante interino da Brigada, (a) Eugênio Carlos Mar- del Ferreira, tenente-coronel.

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G ráfico I

Baixas por morte dos Oficiais nas Brigadas de Infantaria na Batalha de 9 de Abril (1)

4.® Brigada

5.® Brigada

6.® Brigada

3.® Brigada

Nas tropas que cooperaram com as Brigadas

4.® Brigada

5." Brigada

6.® Brigada

(1) Vide apênd ice VI.

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G ráfico II

Baixas por morte das Praças nas Brigadas de Infantaria na Batalha de 9 de Abril (1)

3.a Brigada - . . -

4." Brigada ■■■■ - ■— =

5.® Brigada —

6.a Brigada ........— ' 1 -11 -

Praças desaparecidas nas Brigadas de Infantaria na Batalha de 9 de Abril (2)

3.a Brigada = =

4.a Brigada r :-= =

5® Brigada

6.a Brigada

(1) N ão estão in clu íd a s as p raça s adidas.(2 Q u e se podem con sid era r m ortos m as c u ja id en tifica çã o f a lt a .

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G ráfico III\

Permanência nas trincheiras das tropas de infantaria da 2 .a Divisão

4 « B. I. — Ferme du Bois — de 23 de Setembro a 30 de Dezembro de 1917 Fauquissarl — de 6 de Fevereiro a 9 de Abril de 1918

5* B. I. — Fleurbaix — de u a 22 de Dezembro de i9>7C h a p in y — de 22 d e D ezem bro 0 S de M a rço de 1918

Ferm e du B o is — de 7 de A b r il a 9 de A b r il de 1918

6 .* B , /. — F a u q u is sa r t— de 22 de N ovem bro de 1 9 17 a 8 de F ev e r e ir o i e 1918

C h a p tn y \ . g d e M w c q a g d e A M l d e zg j8 h e u v e C h a p e lle»

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Apêndice f

OFICIAIS PRESENTES NA BRIGADA DE 8 /9 DE ABRIL DE 1918

Q u artel G en era l da 4 .a B. I. (a)

Comandante Interino, 2.° Comandante, Tenente-Coronel, Eugênio Carlos Mardel Ferreira, ferido e prisioneiro.

Ajudante, Capitão, Raul Maria Narchial Franco, ferido.7.° Adjunto, Capitão, Luís Gonzaga do Carmo Pereira

Ribeiro, morto.Granadeiro,f Capitão, Agnelo João Taveira Moreira, fe­

rido e prisioneiro.2 .° Adjunto, Tenente, Antero Moreira da Rosa Alpe-

drinha, ferido.Comandante da Secção de Telegrajistas, Tenente, Hen­

rique José Rebelo Branco, ferido (b).Porta-Bandeira, interino, Tenente, Francisco Gonçalves

Calheiros, ferido.

(a; — Faziam parte do Q. G. da Brigada e estavam à rectaguarda por mo* tivo de serviço :

Coronel, Adolfo Almeida Barbosa, Comandante etectivo da Brigada, coman* dando interinamente a 1," Divisão.

Alferes miliciano, António dos Reis, Porta-Bandeira, acompanhava como ajndante o Rx.rao Comandante, estando por isso em diligência na l , a Divisão.

Alferes equiparado, Jacinto d'Almeida Mota, Serviço Religioso, em diligência no acompanhamento de comboios de feridos a Portugal-

(b) — Evacuado durante a Batalha.

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Chefe dos Serviços de Saúde, interino, Capitão, Levy de Carvalho Almeida, prisioneiro.

Chefe dos Serviços Administrativos, Capitão, Augusto Campilho de Lima Barreto, íerido.

Chefe dos Serviços Veterinários, Tenente, Alberto Alfredo da Silva Lobo. (a)

Adjunto dos Serviços Veterinários, Alferes, Álvaro Fer- nandes Lapa. (a)

Chefe da Banda, Tenente, Inácio Maria da Costa, ferido.Chefe do Serviço Postal, Alferes equiparado, Manoel

Lopes.

I.* B ata lh ã o — In fan taria n.° 8

Comandante interino, Capitão, Alberto Augusto do Vale.Oficial de Metralhadoras, Alferes miliciano, José Apoli-

nário da Silva Dias, morto.Oficial Observador, Alferes, Adelino Augusto d’Almefda

Graça, prisioneiro.Oficial Granadeiro, Tenente, Manoel Joaquim de Car­

valho Vieira.Serviço de Saúde (Médicos) Tenente, António d’01iveira

Zuquet, prisioneiro e Tenente Adelino dos Santos Diniz, fe­rido. (b)

Oficial Sapador Ajudante interino, Alferes, Américo Pinto da Silva Oliveira, ferido.

Oficial Sinaleiro, Alferes, José Simões, ferido.Oficial Provisor, Alferes, Albano Amilcar Rodrigues de

Soure. (c)l . a companhia, Alferes, Manoel Ribeiro da Lage, ferido

e prisioneiro, Alferes, António Fernandes de Sousa Santos, prisioneiro e Alferes, Álvaro Pereira Ribeiro, prisioneiro.

(a) — Estavam à rectaguarda nos Parques.(b) — Estavam de serviço no pôsto de socorros de Lavantie.(c) — Estava no Parque.

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2. a companhia, Tenente, Júlio Mesquita Gouveia Durão, prisioneiro e Alferes, Leonardo Campos de Almeida (Inf. 19), prisioneiro.

3. a companhia, Alferes miliciano, António Macedo Mar­tins de Lima, prisioneiro.

4. a companhia, Alferes, José Henriques Cordeiro, morto, Alferes miliciano, Casimiro Gonçalves Rapazote, prisioneiro e Alferes, Agnelo Maldonado, morto.

Reserva de Oficiais, Capitão, Manoel Fernandes Costa, <2.° Comandante), Alferes, Joaquim Correia, morto, Alferes, Mário d’Almeida, ferido.

2.* B ata lh ã o — In fan taria n.° 8

Comandante, Major, Aníbal Coelho de Montalvão pri­sioneiro.

Ajudante, Tenente, Crispim Soares Gomes, prisioneiro.Oficial Observador, Alferes, Manoel dos Santos, prisio­

neiro.Oficial Granadeiro, Alferes, António Bernardo Pé Curto

Ramos, prisioneiro.Oficial Sinaleiro, Alferes, Francisco de Passos Brandão,

prisioneiro.Serviço de Saúde (Médicos) Tenente, Aníbal Cardoso de

Freitas, ferido e Sebastião Espadinha Corpas, prisioneiro.Oficial Sapador, Alferes miliciano, Alberto Cândido Re­

belo Branco, prisioneiro.Oficial Provisor, Alferes, Manoel Faria d’Almeida (1)l.a companhia, Capitão, Viriato Augusto Garcia, ferido,

Alferes Alfredo Ambrósio Ferreira, morto, e Alferes miliciano, António Pinheiro Falcão, prisioneiro.

2.a companhia, Alferes, António Maria Loureiro, Alfe­res, Carlos da Cruz e Alferes, Manoel Joaquim Domingues.

(1) — Estara no Parque»

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3. a companhia, Capitão, Joaquim Vila Chã Rodrigues Leite, ferido e prisioneiro, Alferes miliciano, Carlos da Silveira Malheiro, ferido e prisioneiro, Alferes miliciano, Joaquim Diogo Correia, prisioneiro e Aspirante a Oficial, Frederico Au­gusto Mendonça, prisioneiro.

4. a companhia, Alferes, José Rodrigues Clarinho. prisio­neiro, Alfeies miliciano, Francisco António Nunes de Carva­lho, prisioneiro e alferes miliciano, João da Silva Júnior,, prisioneiro.

Reserva de Oficiais‘ Alferes, Augusto José Machado, pri­sioneiro e Capitão, Luís Torquato de Freitas Garcia, prisio­neiro. (a)

III B ata lh ã o — In fan taria n.° 29

Comandante interino, Major, José Xavier Barbosa da Costa ferido e prisioneiro.

Ajudante do Batalhão, Ajferes, João Hermínio Barbosa,Oficial de Metralhadoras, Alferes, Américo Jacob dos

Anjos Pires.Oficial Sapador, Alferes, Alexandre de Jesus Cabeças,

morto.Serviço de Saúde — Médicos — Tenentes, José Alberto de

Bastos e Manuel Correia de Carvalho, feridos.2. ° Comandante Interino, Capitão, Alberto da Silva

Matos, morto.l,a Companhia, Capitão, Julio Soares Serrão Machado,

morto, Tenente miliciano, Eduardo da Fonseca Guerreiro, morto e Alferes miliciano José António Freitas de Barros.

2 a Campanhia, Alferes, José Maria Pereira, morto, Alfe­res Camilo Gomes Palha d Almeida prisioneiro.

3. a Companhia, Capitão, Júlio Augusto da Costa Almeida, prisioneiro, Alferes, José Pedro de Matos, prisioneiro, Luís

(a) — 2-° Comandante do B. d'Inf, n 0 8

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Antonio Bento Pereira, prisioneiro, Alferes José Mendes Ri­beiro, morto, Tenente, Alfredo Guimarães (1)

4.a Companhia, Alferes, Francisco Garcia Ribeiro, pri­sioneiro, Alferes, José Antonio Peixoto, morto, Alferes mili­ciano Artur Marques Salgado, ferido e prisioneiro.

Reservo, Aspirante-Oficial miliciano, Alcindio Ferreira dos Santos, prisioneiro.

IV B ata lh ão — In fan taria H.° 2 0

Comandante, interino, Capitão, Jerónimo Pinto Montene- gro Carneiro, prisioneiro.

Ajudante do Batalhão, Tenente, Manoel Antonio Vieira, prisioneiro.

Oficial de Metralhadoras, Alferes, José Antunes Prazeres, prisioneiro.

Oficial Observador, Alferes, José dos Santos Carneiro, prisioneiro.

Oficial Granadeiro, Alferes, Júlio Cesar de Carvalho, pri­sioneiro.

(Serviço de Saude) Médicos, Tenente, Alberto Baeta da Veiga, ferido.

Oficiais Sapadores, Alferes, Francisco da Silva Freire, prisioneiro e Alferes miliciano, Gualtar Monteiro Alves, pri­sioneiro. (2)

Oficial Provisor, Alferes, Albino Gomes d’Almeida. (3)l.a companhia, Capitão, Antonio de Magalhães Cerqueira

de Queiroz, ferido, Alferes, Francisco Assis Cardoso de Ran­gel. Alferes, Antonio Biscaia de Macedo Cordeiro Rosa, pri­sioneiro e Alferes, Serafim de Jesus Rodrigues, ferido e pri­sioneiro.

(1) Pertencia à arma de Cavalaria (Cavalaria n.° 2).(2) — Em deliíência na Brigada—pertencia a Infantaria n.o 10-desempenhava

o serviço de oficial sinaleiro.(3) —Em serviço no parque.

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2. a companhia, Alferes, Alfredo Augusto Alves, ferido e Alferes, Aníbal Tarrinho, prisioneiro.

3. a companhia, Alferes, Januário Joaquim Lopes de Sousa, prisioneiro, Alferes. Joaquim Ferreira da Silva, ferido e An* tonio da Silva Marinho Pinto, morto.

4. a companhia, (l) Alferes, Domingos José Vieira de An­drade, prisioneiro, Alferes, António Nunes Vitoria prisioneiro e Alferes miliciano, Antonio Valerio Carvalho, prisioneiro.

4.» B . M . L .

Comandante, Capitão, Virgílio Damasceno Simões, ferido, Alferes, Armelim Cândido de Moura Diniz, Alferes, Joaquim Carlos dos Santos Alberto e Alferes, Luís Carlos de Lacerda Nunes (Inf. 16), prisioneiro.

(t) Um pelotão da 4.a companhia era comandada pelo sarfento ajudante Frederico Marques Lopes (Inf. 14).

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ApéndtooJl

OFICIAIS — B a ix a s pop m o rte na B ata lha d e 9 d e A bril na 4 .a B. I. (I)

Q . G . — C apitão, Luís G o n z a g a d o C a rm o Pereira R ibeiro .

Inf. 3 — A lferes, João H enrique C o rd e ir o .Inf. 3 — A g n e lo M a ld o n a d o (I. 16L Inf. 3 — A lferes, Joaquim C orre ia (I. 5).Inf. 3 — A lferes, José A p o lin a rio da Silva D ias. Inf. 8 — A lferes, A lfred o A m b r o s io Ferreira. Inf. 29 — C apitão, A lb erto da Silva M atos.Inf. 29 — C apitão, Julio Soares Serrão da Silva

M a ch a d o (E. M . I.)Inf. 29 — Tenente, E du a rd o da F on seca G u er­

reiro (I. 33).

(1) Nas tropas que cooperaram com a 4,a B. I . :4.® G. M. — Capitão, Antonio Madeira Montês Júnior.4.° G. M. — Capitão, António Bento Pais de Andorinho

Falcato.4.° G. M. — Capitão, Francisco de Sousa Silva Frias.4.° G. M.— Tenente, Afonso Fino Bento de Sousa.6.° G. B. A. — Alferes, Pedro Carrazedo de Campos Viana

de Andrade.4.® B. M. M. — Alferes, João Paulo da Veiga Pestana

(Inf. 30).4.° B. M. M. — Alferes, Julio Alberto de Sousa Flores

(Inf. 18)\

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Inf. 29 — T enen te , A lfre d o G uim arães (C av. 2). Inf. 29 — A lferes, José Pereira (I. 12).Inf. 29 — A lferes, A lexan d re d e Jesus C ab eça s . Inf. 29 — A lferes, José M en des R ib e iro (Inf. 28). Inf. 29 — A lferes, José A n to n io P e ix o to (I. 31). Inf. 20 — A lferes, A n to n io da Silva M arin h o

P in to .

B a ix a s p o r fe r im e n to s na m e sm a B ata lh a

Q. G. — Comandante Interino, (2.° comandante). Tenente- coronel, Eugênio Carlos Mardel Ferreira.

Q. G. — Ajudante, Capitão, Raul Maria Narchial Franco. 0- G. — Granadeiro, Capitão, Agnelo JoãoTaveira Moreira. Q< G. — 2.° Adjunto, Tenente, Antéro Moreira da Rosa

Alpedrinha.0* G. — Com. S. T. Ten. te, Henrique Rebelo Branco.

» — Porta Bandeira int.° Tenente, Francisco Gonçal­ves Calheiros. (1 3 )

Q. G. — Chefe dos S . ' A . Capitão, Augusto Campilho de Lima Barreto.

0- G. — Chefe da Banda, Tenente, Inácio Maria da Costa Inf.a 3 — Oficial Sinaleiro, Alferes, José Simões.

» — » Sapador Alferes, António Pinto da Sil­va Oliveira-

Inf.a 3 — Tenente, Adelino dos Santos Diniz.» — Alferes, Manuel Ribeiro Lage.» — » , Mario de Almeida

Inf.a 8 — Tenente-Medico, Anibal Cardoso de Freitas.» - - Capitão, Viriato Augusto Garcia.» — » , Joaquim Vila Chã Rodrigues Leite.» — Alferes, Carlos da Silveira Malheiro

Inf.a 29 — Major, Comandante do Batalhão, José Xavier Barbosa da Costa.

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Iaf.a 29 — Tenente-médico, José Alberto de Bastos.» — Tenente-médico, Manuel Correia de Carvalho.* — Alferes, Artur Marques Salgado.

Inf.a 20 — Tenente-médico, Alberto Baeta da Veiga.» — Capitão, António de Magalhães Cerqueira de

Queiroz.Inf.a 20 — Alferes, Alfredo Augusto Alves.

» — Alferes, Joaquim Ferreira da Silva.» — Alferes, Serafim de Jesus Rodrigues.

4.® B. L M. Capitão, Virgílio Damasceno Simões.

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Apêndice Hl

PRAÇAS

B a ix a s p o r m o rte na B ata lha d e 9 d e A bril

I Batalhão — Infantaria n.° 3

1. a Companhia

S o ld a d o n .° 58, E m íd io R ibe iro .S o ld a d o n .° 402, José A fo n s o A ra ú jo .S o ld a d o n.° 425, F ra n c isco G on ça lv es .S o ld a d o n.° 432, P orfírio M anuel A lves. S o ld a d o n.° 540, João A lves Laginha.S o ld a d o n .3 673, F ra n cisco L o u re n ço Laran-

geira.2. a Companhia

S o ld a d o n.° 455, L in o T ra n co so .S o ld a d o n.° 473, (I. 30), José M aria de C arva lho. S o ld a d o n .° 496, (I. 32), A n tó n io C o e lh o da

Silva.S o ld a d o n.° 526, João José Pires.

3. a Companhia \

2.° S argen to n.° 265, José G o n ça lv e s C o e lh o . C orn ete iro n .° 307, A n tó n io R odrigu es.

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\

202

C orn ete iro n.° 526, B ern ard in o Júlio Dias. S o ld a d o n .° 148, João Pereira da R och a .l .° C a b o n.° 159, José C arlos Ferreira.S o ld a d o n.° 182, G aspar d e Sousa.S o ld a d o n.° 468, A d e lin o de Sousa.S o ld a d o n.° 494, (I. 32), C u stód io Vieira C le ­

m ente.S o ld a d o n.° 525, M anuel G o n ça lv e s V ilas B oas. S o ld a d o n.° 362, A n tó n io M anuel V az.S o ld a d o n.° 485, José B arbosa .

4* Companhia

2° Sargento n.° 186, A rtur R odrigu es L ou ro .2.° Sargento n-.° 241, A n tó n io R ibas.l . ° C a b o n.° 141, M anuel R ib e iro da V aiada. l .° C a b o n .° 162, João M a ce iro .1.® C a b o n.° 429, A n tó n io G o n ça lv e s M alheiro . S o ld a d o n.° 70, José Joaquim R odrigu es de Lim a. S o ld a d o n.° 191, A n to n io d e Sá Leones. S o ld a d o n.° 361, M anuel P into.S o ld a d o n.° 368, José V az d e B rito.S o ld a d o n.° 386, C esário B arbeiro A lves d e B rito. S o ld a d o n.° 405, José A fo n s o .S o ld a d o n .° 430, José N arciso P into.S o ld a d o n.° 432, E varisto Pereira.S o ld a d o n .° 477, M anuel C ova s.S o ld a d o n.° 511, A n tó n io Pereira.S o ld a d o n.° 535, M anuel da Silva.

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203

II Batalhão — Infantaria n.° 8 %

/ . a Companhia

1. ° C a b o n.° 468, M anuel d e C arva lh o .S o ld a d o n.° 439, M anuel A n tó n io G om es . S o ld a d o n.° 490, Joaquim da C osta G o m e s . S o ld a d o n.° 498, João G om es .S o ld a d o n.° 507, M anuel d 'A ra u jo .S o ld a d o n.° 567, A n tó n io Joaquim L opes. S o ld a d o n.° 589, D o m in g o s B arbosa .2. ° C a b o n.° 591, João Joaquim d e Sá Faria. S o ld a d o n.° 622, José A lves da L age.S o ld a d o n.° 652, M anuel Dias G om es . C orn ete iro n .° 732, A rn a ld o d os Santos. S o ld a d o n.° 769, Joaquim da Silva. .S o ld a d o n.° 818, M anuel Luís da Silva.

2 .a CompanhiaS o ld a d o n.° 231, José de Sousa Soares.2.° C a b o n.° 400, Z e fe r in o R ibeiro .S o ld a d o n.° 48 s, José Joaquim de Sousa. S o ld a d o n.° 450, Joaquim A lves C arneiro . S o ld a d o n.° 483, A lfre d o Pereira.S o ld a d o n.° 489, A n tó n io L op es Pereira. S o ld a d o n.° 524, A n tó n io Larangeira.S o ld a d o n.° 591, A n tó n io G on ça lv es d os Santos. S o ld a d o n.° 700, (I. 18), R o d r ig o F ran cisco

C oen trã o .S o ld a d o n .° 138, M iguel R odrigu es A fo n s o .

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204

3* Companhia

S o ld a d o n.° 223, João V eiga .1. ° C a b o n .° 241, A n to n io F ernandes D ias. S o ld a d o n .° 245, José P inheiro .S o ld a d o n.° 278, José M artins.S o ld a d o n .° 292, A n tó n io da C unha.2 . ° C a b o n.° 343, (1 .6), Felix D o m in g o s C avadas. 2.° Sargento n .° 349, A rtur A lfre d o G o m e s

Pereira.S o ld a d o n.° 357, M anuel de A ra ú jo R ibeiro .2 .° S argen to n.° 378, E du a rd o A n to n io D uarte

da F on seca .S o ld a d o n.° 447, José d e O liveira e Silva. S o ld a d o n.° 491, F ran cisco Ferreira B arbosa . S o ld a d o n.° 517, A n tó n io da C osta V az Ferreira. S o ld a d o n .° 524, Joaquim José d e O liveira. S o ld a d o n.° 535, A g ostin h o M atos D ias. S o ld a d o n .° 541, A d e lin o José d e Sá.S o ld a d o n.° 548, D o m in g o s R odrigu es.S o ld a d o n .° 650, A n tó n io C erqueira .

4 .a Companhia

S o ld a d o n.° 56, A n tó n io Ferreira d e Sousa. S o ld a d o n.° 229, Jerón im o Ferreira d e C arva lho. S o ld a d o n.° 318, D o m in g o s da C unha B randão. S o ld a d o n .° 345, A n tó n io d e C arvalho.S o ld a d o n.° 348, L ea n dro Ferreira.S o ld a d o n .° 399, João Ferreira.

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205

S o ld a d o n .° 405, C am ilo D ias.S o ld a d o n.° 484, José Joaquim Fernandes. S o ld a d o n .° 541, Júlio R ib e iro G o m e s .S o ld a d o n.° 542, A n tó n io A lves P ontes. S o ld a d o n.° 551, A n tó n io B arbosa .S o ld a d o n .° 596, F ra n c isco M agalhães.S o ld a d o n.° 560, Joaquim Luiz da Silva.

III Batalhão— Infantaria n.° 29

/ . a Companhia

S o ld a d o n.° 34, D o m in g o s José L op es P ortela Júnior.

S o ld a d o n.° 143, F ran cisco N ogueira .S o ld a d o n.° 187, Joaquim A n tón io de A ra ú jo . S o ld a d o n.° 311, B ern ard in o Ferreira.S o ld a d o n.° 464, A ve lin o de O liveira.2.° Sargento n.° 360, M anuel Lima.S o ld a d o n.° 554, L ou ren ço R odrigu es.S o ld a d o n.° 562, João C orreia .2.° Sargento n .° 643, A n tó n io Joaquim de S é .

2 -a Companhia

S o ld a d o n.° 337, S ilvério de Jesus Pires. S o ld a d o n.° 389, João A n tó n io M a ch a d o . l .° C a b o n.° 367, A d e lin o da Silva B arbosa. S o ld a d o n.° 387, A n tón io d o s Santos.S o ld a d o n.° 78, A n tó n io Joaquim F ran cisco .

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206

S o ld a d o n.° 287, José.M aria C erqueira.2.° S argen to n.° 325, E rnesto P in h eiro d o s San­

to s . 'S o ld a d o n .° 365, A lex an d re A ve lin o de A lm eid a . S o ld a d o n.° 385, F ra n cisco P into.S o ld a d o n .° 403 , José B arbosa .S o ld a d o n .° 404, João de Sousa.S o ld a d o (I. 32), n.° 309, José P a ch e co .

4 .a Companhia

S o ld a d o n.° 274, D o m in g o s C erqueira .S o ld a d o n.° 375, José A n tó n io d e C a m p os . S o ld a d o n .° 342, José M aria F ern an des Júnior. S o ld a d o n .° 389, M anuel d e Jesus Sousa. S o ld a d o n .° 449, Luiz M oreira .

. S o ld a d o n.° 453, M anuel de Jesus C am p os.2.° Sargento n.° 475, José L o u ren ço G o d in h o . l .° Sargento A d e lin o d o s Santos Silva.S o ld a d o (?) A n tó n io M artins.

IV Batalhão — Infantaria n.° 20• i

/ .a Companhia

S o ld a d o n.° 248, Luiz G il da Silva Freire. S o ld a d o n .° 631, Zacarias C orreia . 'S o ld a d o n.° 201, F ra n cisco d e A lm eid a . S o ld a d o n.° 444, A n tó n io d e A n d ra d e .S o ld a d o n.° 548, R o d r ig o G on ça lv es .

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207

1. ° cabo n.° 610, João da Cunha.Soldado n.° 753, João Luiz.Soldado n.° 843, António de Andrade Bastos.2. ° sargento n.° 504, Joaquim Machado.

2. a Companhia

Soldado (1. 32), n.° 53, Manuel de Rezende. Soldado n.° 388, Francisco de Oliveira Freitas. Soldado n.° 549, Domingos de Freitas.Soldado n.'J 559, José Joaquim Pereira.Soldado n.° 301, António Fernandes.Soldado n.° 211, José Joaquim da Silva Ribeiro.

3. a Companhia

Soldado n.° 360, João Urbano.Soldado n.° 402, Manuel Joaquim Fernandes

Rocha.1. ° cabo n.° 476, Inácio Mendes da Cunha. Soldado n.° 614, Bernardino Ribeiro.2. ° sargento n.° 623, Manuel de Sousa Guedes. l.° cabo n.° 642, Albano Alves da Silva. Soldado n.° 881, Francisco de Bastos.

4* Companhia

Soldado n.° 373, Domingos de Abreu.Soldado n.° 437, João Moreira.

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208

Soldado n.° 453, Joaquim de Sousa. Soldado n.° 543, Bento Rodrigues. Soldado n.° 577, Francisco Ribeiro. Soldado n.° 570, Augusto Bento Pereira. l.° cabo n.° 598, José de Freitas. Soldado n.° 602, Joaquim da Cunha.

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Apêndice IV

PRAÇAS

D e s a p a re c id a s na B ata lha d e d d e A bril

I Batalhão — Infantaria n.° 3

/ . a Companhia

Soldado n.° 609, João Alves da Devesa.

3. * Companhia

Soldado n.° 237, Francisco António da Cruz Ribeiro.

Soldado n.° 312, Daniel Lourenço Esteves. Soldado n.° 461, Aurélio Alves de Azevedo.

4 . a Companhia

Soldado n.° 450, António Pinto.

I Batalhão — Infantaria n.° 8

/ . a Companhia

2.° sargento n.° 471, Álvaro José Fernandes. Soldado n.° 291, Porfírio Ribeiro Vilaça.

14

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210

Soldado n.° 348, Joaquim Ribeiro.Soldado n.° 807, Manuel Gonçalves. •

2. a Companhia

Soldado n.° 238, Francisco Veiga.Soldado n.° 219, José de Faria Pereira.

3. a Companhia

Soldado n.° 289, António da Rocha. Soldado n.° 310, Miguel Peixoto da Silva. Soldado Zózino Manuel,Soldado n.° 379, Bernardo Teixeira.

III Batalhão — Infantaria n.° 29

7.a CompanhiaSoldado n.° 72, Erancisco Emílio Machado. Soldado n.° 180, Porfírio Barbosa.Soldado n.° 243, Álvaro Gonçalves. l.° cabo n.° 421, Gaspar Rodrigues. Soldado n.° 504, Guilherme da Cunha.

2. a CompanhiaSoldado n.° 536, Manuel Ferreira.

3. a CompanhiaSoldado n.° 359, José Luiz.l.° cabo n.° 479, Manuel Pires Leitão.

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4? CompanhiaSoldado n.° 284, Manuel de Sousa Barros. Soldado n.° 293, Manuel de Amorim. Soldado n.° 298, José de Amorim.Soldado n.° 322, Manuel de Sousa Peixoto. Soldado n.° 485, José Maria Teixeira.

IV Batalhão — Infantaria n.° 20

/.a CompanhiaSoldado n.° 283, António Gomes da Silva. Soldado n.° 399 Arnaldo de Sousa. Soldado n.° 571, Rodrigo Marinho.

2. a CompanhiaSoldado n.° 506, António Ferreira.

V3. a Companhia

1. ° cabo n.° 379, José Clemente Peixoto. Soldado n.° 631, Bernardino Pereira.

4. a Ccmpanhia2. ° sargento Manuel Francisco Mendes. Soldado n.° 403, José de Oliveira.Soldado n.° 430, Luiz Gomes.Soldado n.° 444, António Correia.Soldado n.° 462, Alfredo Felix.Soldado n.° 578, António Ferreira.Soldado n.° 621, António Saldanha.

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A p ê n d i c e V

PRAÇAS

B a ix a s p o r fe r im e n to s na B ata lha d e 9 d e A bril e q u e fo ra m tr a ta d a s n o s h o s p ita is a lia d o s

I Batalhão — Infantaria n.° 3

7.a CompanhiaSoldado n.° 606, José Parente. F. E. G. no cotovelo e

ante-braço direito com fractura dos ossos.Soldado n.” 668, José Pau Matos. F. E. G. na coxa

esquerda.Soldado n.° 515, soldado José Rodrigues. F. E. G. na

nádega e espádua esquerda.Soldado n.° 109, Francisco Alves Rio Costa F. E. G. no

pé, coxa e testículo direitos.Soldado n.° 427, Serafim M. Ramos. F. E. G. na perna

direita.1. ° cabo n.° 291, João Leitão. Ferimentos múltiplos su­

perficiais d®s membros superiores.Soldado n.° 213, José Maria Alves F. E. G. no braço

direito.Soldado n.° 530, Casimiro Carvalho. Intoxicação por

gazes,2 .a Companhia

2. ° sargento, n.° 561, Álvaro de Castro. F. E. Gi na mão esquerda.

Corneteiro. n.° 605, João Dias da Costa. Fractura da tíbia e cotovelo. — Ferimentos múltiplos superficiais dos membros superiores.

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214

Soldado n.° 633, Aureliano dos Santos, F. E. G. no pri­meiro dedo do pé esquerdo.

Soldado, n.° 139, José Maria da Silva F. E. G. no ven­tre e mão direita.

Soldado n.° 349, José Domingues. F. E. G. na perna e mão esquerda.

Soldado n.° 529, Adriano Dias Barbosa. F. E. G. no om­bro esquerdo, pé direito e perna esquerda.

3 a CompanhiaSoldado n .° 306, Francisco Pinto. F. E. G. no braço di­

reito.Soldado n .° 485, José Barbosa. F. E. G. na nádega es­

querda e fractura do ilíaco e do estecoral.Soldado n.° 506, Luís Gonçalves. Fractura fechada do

ante-braço esquerdo (cúbito e rádio).Soldado n .° 530, António de Matos. Estilhaço na córnea

direita.

4 a CompanhiaCorneteiro 540, Américo Jesus. F. E. G ante-braço di­

reito .Soldado n .° 385, Manoel Esteves Lourenço. F. E. G. na

região sacro-ilíaca.

5 a CompanhiaSoldado n .° 102, Domingos Pedreiro. Saturamento-gazes.

II Batalhão — Infantaria n.° 8

/ . a CompanhiaSoldado n .° 515, Francisco Moreira. Ferido no peitoral

direito.

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Soldado n .° 662, Domingos Dias Miranda. F. E. G. no dedo do pé esquerdo.

Soldado n.° 499, Antonio Sousa. F. E. G. por bala na mão esquerda.

Soldado n .° 382, Joaquim Martins C. Leite. F. E. G. na mão esquerda cont. coxa esquerda.

Soldado n.° 822, Manuel da Costa Ferreira. F . E. G. na cabeça.

Soldado n .° 538, Domingos Lopes Granjo. F. E. G. no couro cabeludo.

Soldado n.° 403, Manuel Gomes Viana F. E G. na mão direita.

Soldado n ° 28, Rodrigo Ferreira C. Martins. Ligeira intoxicação, gazes.

Soldado n.° 105, José Gonçalves da Costa. Ferido por bala de espingarda no l . ° dedo da mão direita.

2 . a CompanhiaSoldado n.0.. Joaquim de Sousa Carvalho. F. E. G.

no braço esquerdo.Soldado n.° 652, Manuel António Barbosa. F. E. G. na

perna direita.Soldado n.° 684, Silvino da Silva. Intoxicação, gazes.

3 . a Companhial.° Cabo n.° 383, Manuel Lourenço Fernandes Monteiro.

Gazeado.Soldado n.° 692, Adriano Antero M. Alves. Intoxicação

pelos gazes.Soldado n.° 403, Joaquim da Silva Oliveira Intoxicação

pelos gazes.Soldado n ° 568, Joaquim Fernandes Faria. F. E. G. na

cabeça.Soldado n.° 688, António Pinheiro Carregai. Gazes.

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Soldado n.° 401, Manuel Batista Silva. Soterramento.Soldado n ° 400, José Inácio Magalhães. F. E. G. no-

pé e perna esquerda.Soldado n.° 501, José da Silva, F. E. G. mão direita.Soldado n.° 344, Afonso Ferreira Salgado. F. E . G. na

coxa direita e fractura do fémur.

4* CompanhiaSoldado n.° 445, José Ferreira da Silva. F. E. G. na

cabeça.Soldado n.° 690, João Tomé. Gazeado.Soldado n.° 419, João Azevedo Carvalho Gazeado.Soldado n.° 44, Guilherme Anjos Lopes. F. E. G. su­

perficial couro cabeludo.

IV Batalhão — Infantaria n.° 20

> 7 .a Companhia1. ° Cabo n.° 590, Álvaro Fernandes. F. E. olho esquerdo.Soldado n.° 742, António Alberto F. E. G. nádega di­

reita. Gazes.Soldado n.° 676, Avelino Lemos. Gazeado.Soldado n.° 171, José da Silva Freitas. Fractura dos

maxilares.Soldado n.° 440, José Joaquim Teixeira. F. na coxa es­

querda por bala de espingarda.Soldado n.° 213, Manuel Pereira. F. E. no joelho direito.

2.& Companhia2. ° Sargento n.° 376, Alberto José Maria. Intoxicação

pelos gazes.Soldado n.® 452, António Joaquim. F. E. G. na coxa

esquerda.

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Soldado n.° 294, Carlos Oliveira. F. E. G. nas coxas.Soldado n.° 319, Albano Mendes. F . no calcanhar es­

querdo.Soldado n.° 507, Joaquim de Moura. F . no ombro es­

querdo por esfilhaço.Soldado n.° 451, José Vicente da Silva. F. E. G. no ôlho

esquerdo.Soldado n.° 395, Francisco Teixeira. Gazeado. Contusões

múltiplas.Soldado n.° 473, António Ferreira. Gazes.Soldado n.° 454, Abilio da Cunha. Gazes.Soldado n.° 428, José Bento. F. E. G. nas espáduas

arterite.Soldado n.° 459, António Justino. F. E. G do corpo e

perna esquerda.Soldado n.° 333, José da Silva Freitas, F. por bala na

face. Fractura do maxilar inferior.

3.a Companhia*

Soldado n.° 165, Francisco Faria, F. E. G. no braço es­querdo. Amputação.

Soldado n.° 678, Manuel de Freitas, Gazeado.

4? Companhia

Soldado n.° 499, João Batista Gonçalves. Gazeado. Con­tusão.

Soldado n.° 561, José de Araújo. Gazeado.

5.a CompanhiaSoldado n.° 579, Firmino Rodrigues. Intoxicação por

gazesSoldado n.° 325, António Teixeira Gazes.

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FormaçãoN.° 213, José da Silva. F. na perna e braço direito por

E G. fractura perna direita.N." 917, 2 ° Sargento, José d’ Abreu, F. superf. na face

ant.° da coxa esquerda por estilhaço de granada.

lil Batalhão — Infantaria n.° 29

/.“ Companhial.° Cabo n ° 557, Joaquim Peixoto. F. contusa na coxa

direitaSoldado n.° 353, Artur Dias Galvão F. E. G. no ombro

direitoSoldado n .° 492, António Lopes. F. E. G. na coxa

esquerda.Soldado n.° 330, António Joaquim. F. E. G. no joelho

direito2. a Companhia

Soldado n .° 364, José de Sousa Silva. F. E. G. ante­braço esquerdo.

Soldado n.° 508, Albino da Silva. F. E G. ante-braço direito.

Soldado n.° 244, Laurentino Martins Afonso Feridas múltiplas.

Soldado n.® 569, Salvador Monteiro. F. E. G. nos testículos.

Soldado n .° 286, Alfredo Pereira. F. E. G.Soldado n.° 4^1, Zacarias Pereira da Silva. F. E. G.

mão e punho direitos.

3. a CompanhiaSoldado n.® 255, Manuel Joaquim da Silva F. E. G. ante­

braço direito.

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Soldado n .° 286, António Mitros. F. E. G. na região ■escapular.

4? Companhia2.° Sargento n.° 476, André de Lemos F. E. G. região

temporal e frontal direita.Soldado, n .° 276, Manuel Rodrigues. Pequeno feri"

mento na face, região nasal, lado esquerdo.Soldado n.° 110, António Joaquim, F. E. G. perna e pé

esquerdo.//.* Companhia

Soldado n.° 68, José Araújo. Feridas extensas nas faces anteriores das coxas.

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Apêndice Vi

R e la çã o co m p le ta d o s o f ic ia is m o r to s n o d ia 9 d e A bril d e 1918, d u ran te a «B atalha d e La Lys> i

4* Brigada

Q . G . — C apitão, Luiz G o n za g a d o C a rm o P e­reira R ibeiro .

Inf. 3 — A l f e r e s , José H enrique C ord e iro , A g n e lo M a ld o n a d o , (Inf. 16). Joaquim C orreia (Inf. 5) e José A p o lin á rio da Silva Dias.

Inf. 8 — A lferes, A lfred o A m b r ó s io Ferreira. Inf. 29 — Capitães, A lb e rto da Silva M atos e

Júlio Soares Serrão da Silva M a ch a d o (E. M . I.). Tenentes, E du ardo da F on seca G u erre iro (In f. 33) e A lfred o G uim arães (C av . 2). A lferes, José P e ­reira (Inf. 19). A lexan d re d e Jesus C ab eça s (Inf. 22). José M en d es R ibeiro (Inf. 28) e José A n tó n io P e ixoto (In f. 31).

Inf. 2 0 — A lferes, A n ton io da Silva M arin h o P in ­to (Inf. 8).

I

Tropas adstritas:

4.° G . M . — Capitães, A n tó n io M adeira M o n te z Júnior (5.°). A n tón io B ento Pais A n d o r in d o F a l-

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cato (5.°) e F ran cisco de Sousa Silva e Frias (E. M . I.). Tenente, A fo n s o F in o B ento d e Sousa.

6.° G . B . A . — A lferes P ed ro C arrazeda d e C a m p os V iana de A n drad e (A . I.).

4 .a B. M . M . — A lferes, J oão P au lo da V eiga Pestana (inf. 30) e Júlio A lb erto d e Sousa F lores (Inf. 18).

5 .a Brigada

Inf. 4 — A lferes, A n tó n io E u gên io da Silva S am pa io (Inf. 30).

Trepas adstritas:

2.° G . M . — A lferes, H enrique Pim enta D io g o da Silva.

ó .a Brigada

Q . G .— A lferes, F ran cisco P in to V id iga l (Inf. 2).

Tropas adstritas:

3.° G . M . — T enente, M anuel A u gu sto Farinha da Silva (Inf. 13).

l .° G . B. A . — Tenentes, Joaquim V idal P i­n h eiro (R. O . C .) e A u rélio de M e n d o n ça e P in h o (Art. 2).

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Inf. 1 5 - (Inf. 17).

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3.a Brigada

- A lferes, A lb erto Pereira da C osta

Tropas divisionárias:

P olícia de tráfico -A lfe re s , João Batista (Cav. 11). C . M . n.° 2 — Tenente, A lexan d re S a lvad or

R ibeiro (Art. 2}.4 -° G . B. A . — A lferes, B raulio Pires (C av. 2).